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Dnar Rocha

Dnar Rocha (Brasil, Minas Gerais, 21 de julho de 1932 — Brasil, Minas Gerais, 24 de novembro de 2006), foi um artista plástico brasileiro. Em 1951, mudou-se com a família para Juiz de Fora e, dois anos depois, já participava ativamente dos movimentos das artes plásticas. Iniciou sua formação artística na Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras e passou a fazer parte de um grupo de artistas notáveis da época. Em suas obras, Dnar pintava a essência do povo mineiro, de posse de uma paleta de cores vibrantes e contrastantes, imprimia emoções, retratava o cotidiano, as tradições, as crenças e os costumes do povo de Minas Gerais. Recebeu diversos prêmios a longo de sua carreira, inclusive o título de Cidadão Honorário de Juiz de Fora, em comemoração aos 47 anos de carreira (2000). Dnar Rocha deixou um legado imenso para a arte brasileira. Sua obra é considerada referência para a arte mineira contemporânea e continua a inspirar artistas e amantes da cultura popular. Suas obras estão em acervos internacionais, galerias e coleções particulares em todo o mundo, possuindo trabalhos na Embaixada do Brasil em Washington, na Embaixada do Senegal no Brasil, dentre outras.

Biografia Dnar Rocha – Arremate Arte

Dnar Rocha, nascido em Tabuleiro, Minas Gerais, em 1932, foi um artista plástico que transcendeu definições. Mais do que um pintor, ele era um poeta das imagens, capturando a essência do povo mineiro em suas obras vibrantes e carregadas de emoção.

Autodidata, Dnar Rocha iniciou sua carreira artística na década de 1950, rapidamente se destacando no cenário nacional.

Participou de importantes salões de arte, como o Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e o Salão de Artes Plásticas de Belo Horizonte.

Realizou diversas exposições individuais e coletivas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Brasília e outras cidades brasileiras.

Recebeu premiações e reconhecimento por sua obra, incluindo o Prêmio Aquisição do Salão Nacional de Belas Artes.

Marcada por cores vibrantes, formas expressivas e temas relacionados à cultura popular mineira. Retratava o cotidiano do povo, suas tradições, crenças e costumes, com um olhar sensível e humano.

Seus personagens, carregados de emoção e força, transcendiam o realismo, assumindo uma dimensão poética e simbólica.

As paisagens mineiras também eram frequentemente retratadas em suas obras, com suas cores vibrantes e formas exuberantes.

Dnar Rocha deixou um legado imenso para a arte brasileira, com obras que se tornaram referência para a arte mineira contemporânea.

Sua obra está presente em importantes acervos públicos e privados, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.

Sua influência pode ser vista na obra de diversos artistas contemporâneos, que continuam a se inspirar em sua poética singular.

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A vida e a obra de Dnar Rocha – O Tempo

A sensibilidade e o dom de contar histórias eram duas marcas registradas do artista plástico Dnar Rocha, além da habilidade com os pincéis. Seria impossível, então, realizar um documentário acerca das memórias, da obra e da vida de Dnar sem um certo envolvimento emocional. Isso tudo fica bem evidente em "Dnar - pelos Caminhos da Arte", documentário da juiz-forana Éveli Xavier que começa a trilhar seu destino dentro do mercado cinematográfico brasileiro.

O primeiro encontro entre Éveli e Dnar aconteceu em 2004 e não foi provocado já pela vontade de registrar as histórias do artista. "Ele foi ao meu escritório porque queria passar para DVD umas imagens que ele tinha em VHS, da cerimônia em que ele recebeu o título de cidadão honorário de Juiz de Fora (Dnar era nascido em Tabuleiro). Aquilo já estava mofando e ele não queria perder as imagens, por isso ele me procurou para fazer a conversão e nos conhecemos", relembra Éveli, que, na época, ainda estava na faculdade de cinema. Logo, porém, ela se encantou com as narrativas e lembranças de Dnar. "No final de 2004, propus a ele que fizéssemos um documentário. Ele foi supergentil, topou na hora e nas entrevistas eu percebi que ele fazia questão de compartilhar sua vida, as coisas que viu e aprendeu", conta Éveli Xavier. A sensação que fica para o espectador, de fato, era que Dnar tinha consciência de que o artista, fisicamente falando, é efêmero, mas sua obra e suas idéias permanecem para muito além. Morto em 2006, Dnar não chegou a ver o resultado do filme de Éveli. "Recebi a notícia da aprovação em lei de incentivo no mesmo dia da sua morte", lamenta.

No documentário - que tem duas versões: uma média-metragem (37 minutos) e outra curta-metragem (20 minutos) -, Éveli conseguiu reunir depoimentos de agentes fundamentais para a vida e para a obra de Dnar Rocha. "As pessoas realmente se emocionaram ao falar do Dnar. Ele tinha um humanismo e uma gentileza que são cada vez mais raros", afirma Éveli, que agora quer fazer a versão em curta circular pelos festivais.

Fonte: O Tempo, publicado por Liliane Pelegrini, em 29 de abril de 2013. Consultado pela última vez em 13 de março de 2024.

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Dnar Rocha: A arte como sentido da vida, por Jorge Sanglard | Jornal GGN

Dnar Rocha completaria 87 anos, em 21/07/2019, se não tivesse se encantado há quase 13 anos, em 24/11/2006. Num novembro triste, Minas Gerais perdia o artista plástico Dnar Rocha, falecido na Juiz de Fora que o abrigou, desde meados do século XX, e o projetou no universo das cores. Desenhista e pintor, Dnar deixou como exemplo ter sido em vida um dos mais íntegros artistas que escolheram as margens do Paraibuna para realizar sua arte; e seu legado artístico é uma obra que poderia ser a síntese da pintura de Juiz de Fora. Do menino simples nascido na rural Tabuleiro ao grande artista plástico em Juiz de Fora, a trajetória do mineiro Dnar Rocha (21/07/1932 – 24/11/2006), seja no desenho seja na pintura ou ainda na vida, teve como essência o humanismo e o olhar comprometido com os homens e as mulheres. De boiadeiro e prático de farmácia em Tabuleiro a barbeiro e contador em Juiz de Fora, Dnar trilhou vários caminhos para assegurar a subsistência, mas foi na descoberta da arte que encontrou a paixão maior e o sentido da vida.

Dnar integrou o Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio e sempre se colocou ao lado dos artistas, jornalistas e escritores nas campanhas para a preservação e restauração do primeiro museu de Minas Gerais. E relevantes obras de sua autoria integram o acervo do Museu Mariano Procópio.

Já nos primeiros desenhos, ainda nos tempos da barbearia do compositor B. O. (Olber de Oliveira Alves), antigo reduto da escola de samba Feliz Lembrança no bairro São Bernardo, Dnar revelava talento e vontade de alçar vôos mais altos. Por sugestão de um dos freqüentadores, que ganhara um retrato a lápis, conheceu a Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, onde encontrou pintores que foram a fonte de inspiração para avançar e ampliar o conhecimento artístico e a técnica. Nesse tempo, meados dos anos 1950, a alma de desenhista e de pintor já assumia lugar definitivo em sua vida.

Como companheiros de jornada de Dnar, os Bracher (Décio, Celina, Carlos e Nívea), Renato Stehling, Roberto Gil, Heitor Alencar, Sílvio Aragão, Ruy Merheb, Roberto Vieira, Wandyr Ramos, Reydner, Américo Rodrigues e outros expoentes que, a partir do final dos anos 1950, vislumbraram um novo horizonte para a arte mineira. Já no primeiro contato com os pintores que freqüentavam a sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, Dnar percebeu que o local aglutinava pessoas ligadas à cultura de diversas áreas, pois estavam lá também Affonso Romano de Sant’Anna, Luiz Affonso de Queirós Pedreira Ferreira e Wanda Panisset, que se tornariam seus amigos.

A cidade como motivação

Juiz de Fora, algumas cidades da região montanhosa da Zona da Mata mineira e até alguns outros centros urbanos, como a orla da Região dos Lagos, serviram de motivação para sua pintura e seu desenho. Dnar soube extrair a essência de nossas montanhas, de nossas casas, de nossa gente, e ainda transitou com desenvoltura por outras paragens na busca de inspiração. No retrato, o artista realizou algumas pinturas que revelam o avanço técnico alcançado além da sensibilidade e versatilidade artística à flor da pele. Por sua vez, Juiz de Fora e a Zona da Mata mineira tiveram na pintura e no desenho de Dnar expressões maiores do poder da arte quando exercido com paixão e completo domínio artístico. O olhar de Dnar tornou possível vislumbrar a alma da cidade, da região e de sua gente.

O traço de seu desenho, vigoroso e definitivo, demonstra o compromisso com o suporte de papel ao longo de toda sua trajetória de cinco décadas em Juiz de Fora. Já as pinceladas densas e precisas de sua pintura possibilitaram um mergulho na cidade de nossos sonhos. Uma utopia materializada em cores sobre tela. Uma simples casa branca em meio às cores de sua paisagem mineira simbolizava a busca do artista por uma identidade em sua pintura, por uma assinatura, uma marca registrada entre a luz e a sombra, que foram exploradas à exaustão em sua pintura. Meticuloso em seu ofício de pintor e desenhista, Dnar antes de se debruçar sobre o papel ou a tela esquadrinhava cada canto do suporte escolhido e, ao criar, já pensara a obra por inteiro. Um dia, durante uma conversa entre amigos, deixou escapar: nunca partia para o ataque sem vislumbrar todo o panorama. No DVD em sua memória, durante uma entrevista Dnar apontou o caminho: “É como a Nívea Bracher disse uma vez: ‘Meu atelier é dentro da minha cabeça’. Na verdade, sofro tudo dentro da minha cabeça primeiro”. Para, em seguida, arrematar: “É, a pintura me dá medo”.

Na opinião do artista plástico César Brandão, “Dnar Rocha fez sua obra talvez inspirado na frase de Leonardo Da Vinci, ‘pintura é coisa mental’; pois, sua pintura é de extrema inteligência da cor, e nenhum campo cromático é posto ali de forma aleatória; mas, rigorosamente com base no raciocínio. Na feitura de sua obra não há lugar para o espontâneo, o ocasional, ou o gestual emotivo. São cores pensadas, estudadas para ocupar cada espaço da tela; e é necessário ao nosso olho um trabalho de prospecção minuciosa de cada detalhe de sua pintura. Ou seja, é preciso cavar com o olho para perceber a pluralidade de cores em cada canto de sua pintura; onde há uma construção arrojada, na fronteira da abstração. E isso me levou às vezes a dizer ao Dnar que eu gostaria muito de ver suas pinturas em grandes dimensões, em formatos gigantescos; talvez em torno de cinco por dez metros. Como isso, infelizmente, não ocorreu, resta a nós espectadores observarmos cada centímetro de sua pintura, e ali percebermos o gigantismo do pintor Dnar Rocha”.

Em texto para uma exposição, o saudoso Arlindo Daibert (1952 – 1993) afirmou: “sem dúvida alguma, Dnar é um dos mais importantes artistas de sua geração, mas poucos conhecem a importância de sua obra gráfica. Para um espectador atento, o desenho esteve sempre presente em sua obra”.

Para o artista plástico Jorge Arbach, “o arrependimento é irmão do perdão!  Reconhecer o próprio erro é dar início à pratica do perdão conosco mesmo. A pintura de Dnar sempre me levou a essa reflexão. Intuo que a confecção de cada um de seus quadros sempre foi acompanhada de uma dolorosa caminhada rumo ao telúrico. Grossas e carregadas pinceladas retirando lentamente a luminosidade imaculada de cada tela, até não mais existir vestígio do brilho primordial. Imagino que nesse momento, Dnar se deparava com o resultado de sua peregrinação vagante. E, num ato de arrependimento, seguido dum pedido de perdão, eis que surge o branco resgatando a alma errante”.

Em vida, foi um exemplo de generosidade e de simplicidade. Sem Dnar entre nós, fica o compromisso de reflexão com a construção da cidadania, uma de suas lutas. Sempre consciente dos desafios de seu tempo, da importância da consolidação democrática, do combate à injustiça social e da busca de expansão do conhecimento e da educação com qualidade para todos, o artista acreditou na capacidade criativa de nosso povo, uma vez estimulado e valorizado. Ao acreditar na transformação de homens e de mulheres pela educação e pela arte, Dnar revelava o quanto sua trajetória refletia uma concretização dessa vertente possível e ao alcance dos que buscam a realização de seus sonhos.

Uma pintura poética, fruto de uma ‘paixão medida’

Como um artista empenhado na luta pela preservação da memória e do patrimônio histórico e artístico, marcou presença na mobilização pela transformação na antiga fábrica têxtil Bernardo Mascarenhas num centro cultural dinâmico, uma fábrica de arte e cultura, e esteve na linha de frente da campanha pela recuperação do Museu Mariano Procópio e pela criação da Associação Cultural de Apoio ao primeiro museu de Minas Gerais. Também emprestou seu prestígio na jornada em defesa da restauração do Cine Theatro Central. A educação do olhar, associada à percepção lírica do mundo, consiste num procedimento que Dnar articula intencionalmente, segundo o poeta e ensaísta Edimilson de Almeida Pereira: “Sua pintura poética é fruto, portanto, de uma ‘paixão medida’, para evocarmos Carlos Drummond de Andrade, que o lança à cena artística contemporânea. Por isso, os seus cortes geométricos ou seus ensaios com as garrafas, por exemplo, alimentam o diálogo com os modernos, tais como Picasso e Morandi, respectivamente. Diga-se bem, são diálogos aos quais Dnar comparece munido de sua oficina poética dotada de recursos específicos. Recursos desenvolvidos pelo indivíduo que se recusou a deixar as cercanias de sua casa mas que, por conta disso, compreendeu a necessidade de articular um pensamento aberto, sem fronteiras, que traz para o seu convívio todos os nomes e todas as paisagens”. Nesse sentido, assegura Edimilson, “Tabuleiro e Paris, Paraibuna e Tejo, um ensalmo de cura e um manifesto de arte moderna – enquanto motivadores da sensibilidade e da experiência estética – encontram acolhida propícia nas reflexões e na pintura de Dnar”.

Já o jornalista e crítico de arte Walter Sebastião, analisando o desenho de Dnar, garante: “Diante das obras do artista o embate se dá com a construção das imagens numa autêntica ‘dança do intelecto’ entre valores clássicos e não com a expressividade (no sentido de imersão em mundos subjetivos). Dnar Rocha, junto com o poeta Fernando Pessoa, defende o ‘tudo que em mim sente está pensando’. Trata-se de defender um modo específico de produção de conhecimento e singularidade da experiência artística, impedindo que ela se torne cenário para derramamentos sentimentais, ou pior, alguma coisa sem vida própria, incapaz de tensionar o mundo que tem à sua volta”. Para o escritor Affonso Romano de Sant’Anna, reverenciar a memória de Dnar Rocha é “fazer justiça a um pintor que merece reconhecimento e homenagens”.

Ficam a obra e a lembrança de um homem simples, mas capaz de seduzir nosso olhar pela complexidade de sua alma e de sua força inventiva.

Fonte: Jornal GGN. Publicado por Jorge Sanglard em 24 de julho de 2019. Consultado pela última vez em 13 de março de 2024.

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Exposição celebra 90 anos de Dnar Rocha | Tribuna de Minas

Os 90 anos de nascimento do artista plástico mineiro Dnar Rocha, que nasceu em 21 de julho de 1932, serão comemorados até 23 de setembro com a exposição “Dnar”, que foi aberta na última terça-feira (23) no Centro Cultural Dnar Rocha, no Bairro Mariano Procópio. Com curadoria do supervisor de Artes Visuais do Programa Gente em Primeiro Lugar, Carlos Elias de Souza, as 21 obras da mostra integram o acervo da expositora Zaira Martins e de outras coleções particulares e foram cedidas para exibição ao público. A exposição marca a abertura de um novo espaço expositivo no centro cultural, com visitação gratuita de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.

Segundo o coordenador-geral do equipamento urbano, Fernando Valério, as obras que integram a exposição são oriundas de várias fases da vida artística de Dnar. O pintor, nascido em Rio Pomba, veio com sua família para Juiz de Fora em 1951 e iniciou sua formação artística na Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras dois anos depois. Ele fez parte do grupo de artistas plásticos composto por nomes como Nelson Bracher, Renato de Almeida, Décio Bracher e Renato Stehling, entre outros, e realizou sua primeira exposição em 1954.

“São obras que remetem às paisagens mineiras e naturezas mortas. Buscamos, a partir delas, trazer para a exposição essa expressividade que ele tinha ao pintar seus quadros”, explica Valério. “Além de resgatar a memória desse grande artista plástico e valorizar a prata da casa, o Centro Cultural Dnar Rocha atua no sentido de incentivar os cidadãos de Juiz de Fora a conhecerem suas personalidades e a entenderem a relevância que a cidade tem no campo das artes.”

As tratativas para conseguir o empréstimo das obras ficaram por conta de Carlos Elias de Souza. A preparação para a exposição teve início em junho, e “Dnar” marca a abertura do novo espaço expositivo, ocupando o espaço da sala de artes, além do corredor que já era utilizado com o mesmo fim. “É interessante pontuar que Dnar Rocha é um pintor que fala muito do cotidiano e do seu território, e ao trazermos uma exposição do artista que nomeia o espaço estamos fazendo uma reflexão sobre o espaço que ocupamos. Ter uma exposição dele é nos reafirmarmos como espaço de fruição cultural”, afirma Valério.

Exposições e oficinas

Além de servir como espaço para exposições, Fernando Valério destaca que o Centro Cultural Dnar Rocha abriga outras atividades, como as oficinas do programa Gente em Primeiro Lugar, que utiliza o equipamento cultural como sede administrativa. “Temos oficinas de teatro, grafite, artes visuais, musicalização, violão, teclado, capoeira, samba, danças populares e urbanas, balé e novas tecnologias (design gráfico e informática), entre outras”, lista. “São 52 turmas no total, com cerca de 900 pessoas ocupando o espaço toda semana. Além disso, grupos de teatro da cidade utilizam o centro cultural nos finais de semana para seus ensaios.”

Para os próximos meses, a previsão é intercalar as exposições nos dois ambientes destinados para os artistas visuais, e algumas mostras já estão em fase de negociação por meio da supervisão de artes visuais do Gente em Primeiro Lugar. “Nosso objetivo é fazer o artista plástico entender o Centro Cultural Dnar Rocha como espaço para fazer suas mostras, além de passar a receber espetáculos de música e teatro, e que seja um lugar de recepção e distribuição da arte como um todo.”

Fonte: Tribuna de Minas, publicado por Júlio Black, em 24 de agosto de 2022. Consultado pela última vez em 14 de março de 2024.

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Artigo de Jorge Sanglard fala da obra de Dnar Rocha/ A arte como sentido da vida | Liberati News

Há oito anos, num novembro triste, Minas Gerais perdia o artista plástico Dnar Rocha, falecido na Juiz de Fora que o abrigou, desde meados do século XX, e o projetou no universo das cores. Desenhista e pintor, Dnar deixou como exemplo ter sido em vida um dos mais íntegros artistas que escolheram as margens do Paraibuna para realizar sua arte; e seu legado artístico é uma obra que poderia ser a síntese da pintura de Juiz de Fora. Do menino simples nascido na rural Tabuleiro, ao grande artista plástico em Juiz de Fora, a trajetória do mineiro Dnar Rocha (21/07/1932 – 24/11/2006), seja no desenho seja na pintura ou ainda na vida, teve como essência o humanismo e o olhar comprometido com os homens e as mulheres. De boiadeiro e prático de farmácia em Tabuleiro a barbeiro e contador em Juiz de Fora, Dnar trilhou vários caminhos para assegurar a subsistência, mas foi na descoberta da arte que encontrou a paixão maior e o sentido da vida. Já nos primeiros desenhos, ainda nos tempos da barbearia do compositor B. O. (Alber de Oliveira Alves), antigo reduto da escola de samba Feliz Lembrança no bairro São Bernardo, Dnar revelava talento e vontade de alçar vôos mais altos. Por sugestão de um dos frequentadores, que ganhara um retrato a lápis, conheceu a Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, onde encontrou pintores que foram a fonte de inspiração para avançar e ampliar o conhecimento artístico e a técnica. Nesse tempo, meados dos anos 1950, a alma de desenhista e de pintor já assumia lugar definitivo em sua vida. Como companheiros de jornada de Dnar, os Bracher (Décio, Celina, Carlos e Nívea), Renato Stehling, Roberto Gil, Heitor Alencar, Sílvio Aragão, Ruy Merheb, Roberto Vieira, Wandyr Ramos, Reydner, Américo Rodrigues e outros expoentes que, a partir do final dos anos 1950, vislumbraram um novo horizonte para a arte mineira. Já no primeiro contato com os pintores que frequentavam a sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, Dnar percebeu que o local aglutinava pessoas ligadas à cultura de diversas áreas, pois estavam lá também Affonso Romano de Sant’Anna, Luiz Affonso de Queirós Pedreira Ferreira e Wanda Panisset, que se tornariam seus amigos. A memória do desenhista e pintor foi reverenciada com o DVD “Dnar Rocha – pelos caminhos da arte”, com direção e roteiro de Éveli Xavier, e o livro “Dnar, o silêncio das imagens”, organizado por José Alberto Pinho Neves. O DVD “Dnar Rocha – pelos caminhos da arte” foi produzido com recursos da Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura. Já o livro “Dnar, o silêncio das imagens” traz textos de Walter Sebastião, Arlindo Daibert, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, Walmir Ayala, Maraliz de Castro Vieira Christo, Edimilson de Almeida Pereira, Rachel Jardim, Amaury De Battisti, Aquiles Branco, Geraldo Edson de Andrade, entre outros, além do próprio José Alberto, e contou com o apoio da ArcelorMittal. Juiz de Fora, algumas cidades da região montanhosa da Zona da Mata mineira e até alguns outros centros urbanos, como a orla da Região dos Lagos, serviram de motivação para sua pintura e seu desenho. Dnar soube extrair a essência de nossas montanhas, de nossas casas, de nossa gente, e ainda transitou com desenvoltura por outras paragens na busca de inspiração. No retrato, o artista realizou algumas pinturas que revelam o avanço técnico alcançado além da sensibilidade e versatilidade artística à flor da pele. Por sua vez, Juiz de Fora e a Zona da Mata mineira tiveram na pintura e no desenho de Dnar expressões maiores do poder da arte quando exercido com paixão e completo domínio artístico. O olhar de Dnar tornou possível vislumbrar a alma da cidade, da região e de sua gente.

O traço de seu desenho, vigoroso e definitivo, demonstra o compromisso com o suporte de papel ao longo de toda sua trajetória de cinco décadas em Juiz de Fora. Já as pinceladas densas e precisas de sua pintura possibilitaram um mergulho na cidade de nossos sonhos. Uma utopia materializada em cores sobre tela. Uma simples casa branca em meio às cores de sua paisagem mineira simbolizava a busca do artista por uma identidade em sua pintura, por uma assinatura, uma marca registrada entre a luz e a sombra, que foram exploradas à exaustão em sua pintura. Meticuloso em seu ofício de pintor e desenhista, Dnar antes de se debruçar sobre o papel ou a tela esquadrinhava cada canto do suporte escolhido e, ao criar, já pensara a obra por inteiro. Um dia, durante uma conversa entre amigos, deixou escapar: nunca partia para o ataque sem vislumbrar todo o panorama. No DVD em sua memória, durante uma entrevista Dnar apontou o caminho: “É como a Nívea Bracher disse uma vez: ‘Meu atelier é dentro da minha cabeça’. Na verdade, sofro tudo dentro da minha cabeça primeiro”. Para, em seguida, arrematar: “É, a pintura me dá medo”. Na opinião do artista plástico César Brandão, “Dnar Rocha fez sua obra talvez inspirado na frase de Leonardo Da Vinci, ‘pintura é coisa mental’; pois, sua pintura é de extrema inteligência da cor, e nenhum campo cromático é posto ali de forma aleatória; mas, rigorosamente com base no raciocínio. Na feitura de sua obra não há lugar para o espontâneo, o ocasional, ou o gestual emotivo. São cores pensadas, estudadas para ocupar cada espaço da tela; e é necessário ao nosso olho um trabalho de prospecção minuciosa de cada detalhe de sua pintura. Ou seja, é preciso cavar com o olho para perceber a pluralidade de cores em cada canto de sua pintura; onde há uma construção arrojada, na fronteira da abstração. E isso me levou às vezes a dizer ao Dnar que eu gostaria muito de ver suas pinturas em grandes dimensões, em formatos gigantescos; talvez em torno de cinco por dez metros. Como isso, infelizmente, não ocorreu, resta a nós espectadores observarmos cada centímetro de sua pintura, e ali percebermos o gigantismo do pintor Dnar Rocha”. Em texto para uma exposição, o saudoso Arlindo Daibert (1952 – 1993) afirmou: “sem dúvida alguma, Dnar é um dos mais importantes artistas de sua geração, mas poucos conhecem a importância de sua obra gráfica. Para um espectador atento, o desenho esteve sempre presente em sua obra”. Em vida, foi um exemplo de generosidade e de simplicidade. Sem Dnar entre nós, fica o compromisso de reflexão com a construção da cidadania, uma de suas lutas. Sempre consciente dos desafios de seu tempo, da importância da consolidação democrática, do combate à injustiça social e da busca de expansão do conhecimento e da educação com qualidade para todos, o artista acreditou na capacidade criativa de nosso povo, uma vez estimulado e valorizado. Ao acreditar na transformação de homens e de mulheres pela educação e pela arte, Dnar revelava o quanto sua trajetória refletia uma concretização dessa vertente possível e ao alcance dos que buscam a realização de seus sonhos. Como um artista empenhado na luta pela preservação da memória e do patrimônio histórico e artístico, marcou presença na mobilização pela transformação na antiga fábrica têxtil Bernardo Mascarenhas num centro cultural dinâmico, uma fábrica de arte e cultura, e esteve na linha de frente da campanha pela recuperação do Museu Mariano Procópio e pela criação da Associação Cultural de Apoio ao primeiro museu de Minas Gerais. Também emprestou seu prestígio na jornada em defesa da restauração do Cine Theatro Central. A educação do olhar, associada à percepção lírica do mundo, consiste num procedimento que Dnar articula intencionalmente, segundo o poeta e ensaísta Edimilson de Almeida Pereira: “Sua pintura poética é fruto, portanto, de uma ‘paixão medida’, para evocarmos Carlos Drummond de Andrade, que o lança à cena artística contemporânea. Por isso, os seus cortes geométricos ou seus ensaios com as garrafas, por exemplo, alimentam o diálogo com os modernos, tais como Picasso e Morandi, respectivamente. Diga-se bem, são diálogos aos quais Dnar comparece munido de sua oficina poética dotada de recursos específicos. Recursos desenvolvidos pelo indivíduo que se recusou a deixar as cercanias de sua casa mas que, por conta disso, compreendeu a necessidade de articular um pensamento aberto, sem fronteiras, que traz para o seu convívio todos os nomes e todas as paisagens”. Nesse sentido, assegura Edimilson, “Tabuleiro e Paris, Paraibuna e Tejo, um ensalmo de cura e um manifesto de arte moderna – enquanto motivadores da sensibilidade e da experiência estética – encontram acolhida propícia nas reflexões e na pintura de Dnar”. Já o jornalista e crítico de arte Walter Sebastião, analisando o desenho de Dnar, garante: “Diante das obras do artista o embate se dá com a construção das imagens numa autêntica ‘dança do intelecto’ entre valores clássicos e não com a expressividade (no sentido de imersão em mundos subjetivos). Dnar Rocha, junto com o poeta Fernando Pessoa, defende o ‘tudo que em mim sente está pensando’. Trata-se de defender um modo específico de produção de conhecimento e singularidade da experiência artística, impedindo que ela se torne cenário para derramamentos sentimentais, ou pior, alguma coisa sem vida própria, incapaz de tensionar o mundo que tem à sua volta”. Ficam a obra e a lembrança de um homem simples, mas capaz de seduzir nosso olhar pela complexidade de sua alma e de sua força inventiva.

Fonte: Liberati News, publicado por Liberati, em 27 de janeiro de 2015. Consultado pela última vez em 14 de março de 2024.

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A falta que Dnar faz | Tribuna de Minas

Pureza, gentileza, compromisso. São esses os adjetivos mais recorrentes utilizados para se resgatar a figura de Dnar Rocha. Cinco anos depois da morte do pintor, completados na próxima quinta, a memória do artista permanece como símbolo de talento, sensibilidade e um envolvimento com a arte cada vez mais raro, que exige entrega e recusa modismos. A Tribuna ouviu amigos do pintor e críticos de arte para entender a lacuna deixada por Dnar no cenário juiz-forano.

Viúva de Dnar Rocha, Aída Célia de Andrade, planeja para 2012 uma exposição comemorativa aos 80 anos de nascimento de Dnar. Segundo ela, a ideia é reunir telas que pertencem a colecionadores de Juiz de Fora, a começar por seu acervo, com mais de 40 obras. "Os quadros dele continuam a ser vendidos muito rapidamente. O interesse ainda é muito forte."

Espalhadas pelas paredes de seu apartamento, as telas do marido dialogam com as memórias da relação amorosa do casal. Entre paisagens e naturezas-mortas, Aída destaca uma tela com versos na grafia de Dnar. O poema foi uma surpresa para a esposa, dentre as muitas gentilezas que costumavam trocar habitualmente. Inicialmente escrito com carvão em uma tela branca, o presente passou anos na parede, até que a esposa pediu para que as palavras fossem cobertas com tinta para evitar o risco de desaparecer. O artista não só reforçou as letras em preto como cobriu o restante do quadro com cores.

Aída elogia duas iniciativas que ajudaram a perpetuar o legado do artista após sua morte: o livro "Dnar, o silêncio das imagens", organizado por José Alberto Pinho Neves, e o documentário "Dnar Rocha – Pelos caminhos da arte", de Éveli Xavier. Segundo a viúva do pintor, apesar de não ter chegado a ver esses projetos concluídos, Dnar tomou conhecimento de ambos, o que resultou em grande satisfação. "Ele estava muito feliz. A Éveli chegou a passar uma prévia do documentário para o Dnar, e constantemente ele era chamado pela universidade para acompanhar a produção do livro", relata a esposa do artista.

O pró-reitor de Cultura da UFJF, José Alberto Pinho Neves, ressalta que "Dnar, o silêncio das imagens" tenta destacar o compromisso ético do pintor com sua arte. "Ele fez parte de um tipo de artista que é responsável por aquilo que está produzindo. A arte, para ele, não era uma aventura", comenta. Pinho Neves situa Dnar entre outros remanescentes da Sociedade de Artes Antônio Parreiras, como Nívea Bracher. Essa geração delimitou seu espaço geográfico, pintando os morros que circundam a cidade e elevando o termo "provinciano" a um status positivo.

"Tirando os meus irmãos, entre todos os artistas da Antônio Parreiras, Dnar foi meu melhor amigo. Era com quem eu mais me identificava, não só em relação à pintura, mas como ser humano", declara o artista plástico Carlos Bracher, que estabeleceu uma relação de profunda amizade com Dnar. "Era um artista extremamente sensível e intuitivo. Isso é a base de tudo", avalia.

Eliardo França endossa as palavras de Bracher ao destacar a pureza que caracterizava as obras de Dnar. Segundo o artista plástico, tal característica era decorrente da personalidade do pintor, conhecido por sua gentileza e humildade. "Dnar era um homem bom, e sua arte refletia isso", sintetiza.

Nascido em Tabuleiro, em julho de 1932, Dnar Rocha exerceu diferentes ofícios antes de se tornar pintor profissional. Começou a exercitar seu talento ainda nesses tempos, fazendo retratos e desenhos da paisagem rural. O conhecimento técnico veio com o ingresso na Sociedade Antônio Parreiras, na década de 1950, onde conviveu com os Bracher, Renato Stehling, Roberto Gil, Heitor Alencar, Sílvio Aragão, Ruy Merheb e Wandyr Ramos.

Sua obra, a partir desse aprendizado, adquiriu personalidade bem definida, que pode ser identificada pelas pinceladas vigorosas e pela utilização particular das cores. "O Dnar resolveu muito bem essa segunda fase. A trilha dele tem a ver com a do Stehling. Eram dois ramos muito pessoais, mas identificados entre si. Passou por um alumbramento rural, expressionista e "fauve" ao mesmo tempo", avalia Carlos Bracher.

Diretora do documentário "Dnar Rocha – Pelos caminhos da arte", Éveli Xavier teve a oportunidade de conviver com o artista em seus últimos meses de vida. "A força que a vocação artística exercia sobre aquele homem era algo que impressionava toda a equipe, uma espécie de marca registrada que alcançava sua obra", comenta a diretora. A cineasta destaca a simplicidade do artista, que se revelou diante das lentes não só com palavras, mas também através do olhar. "O convívio com Dnar fez diferença na vida de nós todos."

Fonte: Tribuna de Minas, "A falta que Dnar faz", publicado por Leonardo Toledo, em 22 de novembro de 2011. Consultado pela última vez em 14 de março de 2024.

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Centro Cultural Dnar Rocha | Prefeitura de Juiz de Fora

Localizado na antiga Estação Mariano Procópio, o Centro Cultural Dnar Rocha funciona como sede do Programa Gente em Primeiro Lugar, promovido pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por meio da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), em parceria com a Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac). No local, inaugurado em 5 de junho de 2012, funcionam oficinas gratuitas nas áreas de arte, cultura e cidadania, para público a partir de 6 anos, sem limite de idade. Além disso, o equipamento urbano recebe eventos culturais, como ensaios dos mais diversos segmentos e palestras.

O Centro Cultural é formado por três imóveis, que são tombados pelo órgão patrimonial da cidade. Sua estrutura abriga:

• Teatro com capacidade para 70 pessoas, com a divisória fechada, e 250 pessoas com a divisória aberta

• Sala de Dança com linóleo – 30 pessoas.

• Sala de Dança – 30 pessoas • Sala de Capoeira - 50 pessoas

• Sala para camarins

Fonte: Prefeitura de Juiz de Fora. Consultado pela última vez em 13 de março de 2024.

Crédito fotográfico: Acessa.com. Consultado pela última vez em 13 de março de 2024.

Dnar Rocha (Brasil, Minas Gerais, 21 de julho de 1932 — Brasil, Minas Gerais, 24 de novembro de 2006), foi um artista plástico brasileiro. Em 1951, mudou-se com a família para Juiz de Fora e, dois anos depois, já participava ativamente dos movimentos das artes plásticas. Iniciou sua formação artística na Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras e passou a fazer parte de um grupo de artistas notáveis da época. Em suas obras, Dnar pintava a essência do povo mineiro, de posse de uma paleta de cores vibrantes e contrastantes, imprimia emoções, retratava o cotidiano, as tradições, as crenças e os costumes do povo de Minas Gerais. Recebeu diversos prêmios a longo de sua carreira, inclusive o título de Cidadão Honorário de Juiz de Fora, em comemoração aos 47 anos de carreira (2000). Dnar Rocha deixou um legado imenso para a arte brasileira. Sua obra é considerada referência para a arte mineira contemporânea e continua a inspirar artistas e amantes da cultura popular. Suas obras estão em acervos internacionais, galerias e coleções particulares em todo o mundo, possuindo trabalhos na Embaixada do Brasil em Washington, na Embaixada do Senegal no Brasil, dentre outras.

Dnar Rocha

Dnar Rocha (Brasil, Minas Gerais, 21 de julho de 1932 — Brasil, Minas Gerais, 24 de novembro de 2006), foi um artista plástico brasileiro. Em 1951, mudou-se com a família para Juiz de Fora e, dois anos depois, já participava ativamente dos movimentos das artes plásticas. Iniciou sua formação artística na Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras e passou a fazer parte de um grupo de artistas notáveis da época. Em suas obras, Dnar pintava a essência do povo mineiro, de posse de uma paleta de cores vibrantes e contrastantes, imprimia emoções, retratava o cotidiano, as tradições, as crenças e os costumes do povo de Minas Gerais. Recebeu diversos prêmios a longo de sua carreira, inclusive o título de Cidadão Honorário de Juiz de Fora, em comemoração aos 47 anos de carreira (2000). Dnar Rocha deixou um legado imenso para a arte brasileira. Sua obra é considerada referência para a arte mineira contemporânea e continua a inspirar artistas e amantes da cultura popular. Suas obras estão em acervos internacionais, galerias e coleções particulares em todo o mundo, possuindo trabalhos na Embaixada do Brasil em Washington, na Embaixada do Senegal no Brasil, dentre outras.

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A Paisagem Poética | 2015

Sobre Dnar Rocha | 2023

Pintor, homem simples, um artista nato | 2020

Biografia Dnar Rocha – Arremate Arte

Dnar Rocha, nascido em Tabuleiro, Minas Gerais, em 1932, foi um artista plástico que transcendeu definições. Mais do que um pintor, ele era um poeta das imagens, capturando a essência do povo mineiro em suas obras vibrantes e carregadas de emoção.

Autodidata, Dnar Rocha iniciou sua carreira artística na década de 1950, rapidamente se destacando no cenário nacional.

Participou de importantes salões de arte, como o Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e o Salão de Artes Plásticas de Belo Horizonte.

Realizou diversas exposições individuais e coletivas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Brasília e outras cidades brasileiras.

Recebeu premiações e reconhecimento por sua obra, incluindo o Prêmio Aquisição do Salão Nacional de Belas Artes.

Marcada por cores vibrantes, formas expressivas e temas relacionados à cultura popular mineira. Retratava o cotidiano do povo, suas tradições, crenças e costumes, com um olhar sensível e humano.

Seus personagens, carregados de emoção e força, transcendiam o realismo, assumindo uma dimensão poética e simbólica.

As paisagens mineiras também eram frequentemente retratadas em suas obras, com suas cores vibrantes e formas exuberantes.

Dnar Rocha deixou um legado imenso para a arte brasileira, com obras que se tornaram referência para a arte mineira contemporânea.

Sua obra está presente em importantes acervos públicos e privados, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.

Sua influência pode ser vista na obra de diversos artistas contemporâneos, que continuam a se inspirar em sua poética singular.

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A vida e a obra de Dnar Rocha – O Tempo

A sensibilidade e o dom de contar histórias eram duas marcas registradas do artista plástico Dnar Rocha, além da habilidade com os pincéis. Seria impossível, então, realizar um documentário acerca das memórias, da obra e da vida de Dnar sem um certo envolvimento emocional. Isso tudo fica bem evidente em "Dnar - pelos Caminhos da Arte", documentário da juiz-forana Éveli Xavier que começa a trilhar seu destino dentro do mercado cinematográfico brasileiro.

O primeiro encontro entre Éveli e Dnar aconteceu em 2004 e não foi provocado já pela vontade de registrar as histórias do artista. "Ele foi ao meu escritório porque queria passar para DVD umas imagens que ele tinha em VHS, da cerimônia em que ele recebeu o título de cidadão honorário de Juiz de Fora (Dnar era nascido em Tabuleiro). Aquilo já estava mofando e ele não queria perder as imagens, por isso ele me procurou para fazer a conversão e nos conhecemos", relembra Éveli, que, na época, ainda estava na faculdade de cinema. Logo, porém, ela se encantou com as narrativas e lembranças de Dnar. "No final de 2004, propus a ele que fizéssemos um documentário. Ele foi supergentil, topou na hora e nas entrevistas eu percebi que ele fazia questão de compartilhar sua vida, as coisas que viu e aprendeu", conta Éveli Xavier. A sensação que fica para o espectador, de fato, era que Dnar tinha consciência de que o artista, fisicamente falando, é efêmero, mas sua obra e suas idéias permanecem para muito além. Morto em 2006, Dnar não chegou a ver o resultado do filme de Éveli. "Recebi a notícia da aprovação em lei de incentivo no mesmo dia da sua morte", lamenta.

No documentário - que tem duas versões: uma média-metragem (37 minutos) e outra curta-metragem (20 minutos) -, Éveli conseguiu reunir depoimentos de agentes fundamentais para a vida e para a obra de Dnar Rocha. "As pessoas realmente se emocionaram ao falar do Dnar. Ele tinha um humanismo e uma gentileza que são cada vez mais raros", afirma Éveli, que agora quer fazer a versão em curta circular pelos festivais.

Fonte: O Tempo, publicado por Liliane Pelegrini, em 29 de abril de 2013. Consultado pela última vez em 13 de março de 2024.

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Dnar Rocha: A arte como sentido da vida, por Jorge Sanglard | Jornal GGN

Dnar Rocha completaria 87 anos, em 21/07/2019, se não tivesse se encantado há quase 13 anos, em 24/11/2006. Num novembro triste, Minas Gerais perdia o artista plástico Dnar Rocha, falecido na Juiz de Fora que o abrigou, desde meados do século XX, e o projetou no universo das cores. Desenhista e pintor, Dnar deixou como exemplo ter sido em vida um dos mais íntegros artistas que escolheram as margens do Paraibuna para realizar sua arte; e seu legado artístico é uma obra que poderia ser a síntese da pintura de Juiz de Fora. Do menino simples nascido na rural Tabuleiro ao grande artista plástico em Juiz de Fora, a trajetória do mineiro Dnar Rocha (21/07/1932 – 24/11/2006), seja no desenho seja na pintura ou ainda na vida, teve como essência o humanismo e o olhar comprometido com os homens e as mulheres. De boiadeiro e prático de farmácia em Tabuleiro a barbeiro e contador em Juiz de Fora, Dnar trilhou vários caminhos para assegurar a subsistência, mas foi na descoberta da arte que encontrou a paixão maior e o sentido da vida.

Dnar integrou o Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio e sempre se colocou ao lado dos artistas, jornalistas e escritores nas campanhas para a preservação e restauração do primeiro museu de Minas Gerais. E relevantes obras de sua autoria integram o acervo do Museu Mariano Procópio.

Já nos primeiros desenhos, ainda nos tempos da barbearia do compositor B. O. (Olber de Oliveira Alves), antigo reduto da escola de samba Feliz Lembrança no bairro São Bernardo, Dnar revelava talento e vontade de alçar vôos mais altos. Por sugestão de um dos freqüentadores, que ganhara um retrato a lápis, conheceu a Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, onde encontrou pintores que foram a fonte de inspiração para avançar e ampliar o conhecimento artístico e a técnica. Nesse tempo, meados dos anos 1950, a alma de desenhista e de pintor já assumia lugar definitivo em sua vida.

Como companheiros de jornada de Dnar, os Bracher (Décio, Celina, Carlos e Nívea), Renato Stehling, Roberto Gil, Heitor Alencar, Sílvio Aragão, Ruy Merheb, Roberto Vieira, Wandyr Ramos, Reydner, Américo Rodrigues e outros expoentes que, a partir do final dos anos 1950, vislumbraram um novo horizonte para a arte mineira. Já no primeiro contato com os pintores que freqüentavam a sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, Dnar percebeu que o local aglutinava pessoas ligadas à cultura de diversas áreas, pois estavam lá também Affonso Romano de Sant’Anna, Luiz Affonso de Queirós Pedreira Ferreira e Wanda Panisset, que se tornariam seus amigos.

A cidade como motivação

Juiz de Fora, algumas cidades da região montanhosa da Zona da Mata mineira e até alguns outros centros urbanos, como a orla da Região dos Lagos, serviram de motivação para sua pintura e seu desenho. Dnar soube extrair a essência de nossas montanhas, de nossas casas, de nossa gente, e ainda transitou com desenvoltura por outras paragens na busca de inspiração. No retrato, o artista realizou algumas pinturas que revelam o avanço técnico alcançado além da sensibilidade e versatilidade artística à flor da pele. Por sua vez, Juiz de Fora e a Zona da Mata mineira tiveram na pintura e no desenho de Dnar expressões maiores do poder da arte quando exercido com paixão e completo domínio artístico. O olhar de Dnar tornou possível vislumbrar a alma da cidade, da região e de sua gente.

O traço de seu desenho, vigoroso e definitivo, demonstra o compromisso com o suporte de papel ao longo de toda sua trajetória de cinco décadas em Juiz de Fora. Já as pinceladas densas e precisas de sua pintura possibilitaram um mergulho na cidade de nossos sonhos. Uma utopia materializada em cores sobre tela. Uma simples casa branca em meio às cores de sua paisagem mineira simbolizava a busca do artista por uma identidade em sua pintura, por uma assinatura, uma marca registrada entre a luz e a sombra, que foram exploradas à exaustão em sua pintura. Meticuloso em seu ofício de pintor e desenhista, Dnar antes de se debruçar sobre o papel ou a tela esquadrinhava cada canto do suporte escolhido e, ao criar, já pensara a obra por inteiro. Um dia, durante uma conversa entre amigos, deixou escapar: nunca partia para o ataque sem vislumbrar todo o panorama. No DVD em sua memória, durante uma entrevista Dnar apontou o caminho: “É como a Nívea Bracher disse uma vez: ‘Meu atelier é dentro da minha cabeça’. Na verdade, sofro tudo dentro da minha cabeça primeiro”. Para, em seguida, arrematar: “É, a pintura me dá medo”.

Na opinião do artista plástico César Brandão, “Dnar Rocha fez sua obra talvez inspirado na frase de Leonardo Da Vinci, ‘pintura é coisa mental’; pois, sua pintura é de extrema inteligência da cor, e nenhum campo cromático é posto ali de forma aleatória; mas, rigorosamente com base no raciocínio. Na feitura de sua obra não há lugar para o espontâneo, o ocasional, ou o gestual emotivo. São cores pensadas, estudadas para ocupar cada espaço da tela; e é necessário ao nosso olho um trabalho de prospecção minuciosa de cada detalhe de sua pintura. Ou seja, é preciso cavar com o olho para perceber a pluralidade de cores em cada canto de sua pintura; onde há uma construção arrojada, na fronteira da abstração. E isso me levou às vezes a dizer ao Dnar que eu gostaria muito de ver suas pinturas em grandes dimensões, em formatos gigantescos; talvez em torno de cinco por dez metros. Como isso, infelizmente, não ocorreu, resta a nós espectadores observarmos cada centímetro de sua pintura, e ali percebermos o gigantismo do pintor Dnar Rocha”.

Em texto para uma exposição, o saudoso Arlindo Daibert (1952 – 1993) afirmou: “sem dúvida alguma, Dnar é um dos mais importantes artistas de sua geração, mas poucos conhecem a importância de sua obra gráfica. Para um espectador atento, o desenho esteve sempre presente em sua obra”.

Para o artista plástico Jorge Arbach, “o arrependimento é irmão do perdão!  Reconhecer o próprio erro é dar início à pratica do perdão conosco mesmo. A pintura de Dnar sempre me levou a essa reflexão. Intuo que a confecção de cada um de seus quadros sempre foi acompanhada de uma dolorosa caminhada rumo ao telúrico. Grossas e carregadas pinceladas retirando lentamente a luminosidade imaculada de cada tela, até não mais existir vestígio do brilho primordial. Imagino que nesse momento, Dnar se deparava com o resultado de sua peregrinação vagante. E, num ato de arrependimento, seguido dum pedido de perdão, eis que surge o branco resgatando a alma errante”.

Em vida, foi um exemplo de generosidade e de simplicidade. Sem Dnar entre nós, fica o compromisso de reflexão com a construção da cidadania, uma de suas lutas. Sempre consciente dos desafios de seu tempo, da importância da consolidação democrática, do combate à injustiça social e da busca de expansão do conhecimento e da educação com qualidade para todos, o artista acreditou na capacidade criativa de nosso povo, uma vez estimulado e valorizado. Ao acreditar na transformação de homens e de mulheres pela educação e pela arte, Dnar revelava o quanto sua trajetória refletia uma concretização dessa vertente possível e ao alcance dos que buscam a realização de seus sonhos.

Uma pintura poética, fruto de uma ‘paixão medida’

Como um artista empenhado na luta pela preservação da memória e do patrimônio histórico e artístico, marcou presença na mobilização pela transformação na antiga fábrica têxtil Bernardo Mascarenhas num centro cultural dinâmico, uma fábrica de arte e cultura, e esteve na linha de frente da campanha pela recuperação do Museu Mariano Procópio e pela criação da Associação Cultural de Apoio ao primeiro museu de Minas Gerais. Também emprestou seu prestígio na jornada em defesa da restauração do Cine Theatro Central. A educação do olhar, associada à percepção lírica do mundo, consiste num procedimento que Dnar articula intencionalmente, segundo o poeta e ensaísta Edimilson de Almeida Pereira: “Sua pintura poética é fruto, portanto, de uma ‘paixão medida’, para evocarmos Carlos Drummond de Andrade, que o lança à cena artística contemporânea. Por isso, os seus cortes geométricos ou seus ensaios com as garrafas, por exemplo, alimentam o diálogo com os modernos, tais como Picasso e Morandi, respectivamente. Diga-se bem, são diálogos aos quais Dnar comparece munido de sua oficina poética dotada de recursos específicos. Recursos desenvolvidos pelo indivíduo que se recusou a deixar as cercanias de sua casa mas que, por conta disso, compreendeu a necessidade de articular um pensamento aberto, sem fronteiras, que traz para o seu convívio todos os nomes e todas as paisagens”. Nesse sentido, assegura Edimilson, “Tabuleiro e Paris, Paraibuna e Tejo, um ensalmo de cura e um manifesto de arte moderna – enquanto motivadores da sensibilidade e da experiência estética – encontram acolhida propícia nas reflexões e na pintura de Dnar”.

Já o jornalista e crítico de arte Walter Sebastião, analisando o desenho de Dnar, garante: “Diante das obras do artista o embate se dá com a construção das imagens numa autêntica ‘dança do intelecto’ entre valores clássicos e não com a expressividade (no sentido de imersão em mundos subjetivos). Dnar Rocha, junto com o poeta Fernando Pessoa, defende o ‘tudo que em mim sente está pensando’. Trata-se de defender um modo específico de produção de conhecimento e singularidade da experiência artística, impedindo que ela se torne cenário para derramamentos sentimentais, ou pior, alguma coisa sem vida própria, incapaz de tensionar o mundo que tem à sua volta”. Para o escritor Affonso Romano de Sant’Anna, reverenciar a memória de Dnar Rocha é “fazer justiça a um pintor que merece reconhecimento e homenagens”.

Ficam a obra e a lembrança de um homem simples, mas capaz de seduzir nosso olhar pela complexidade de sua alma e de sua força inventiva.

Fonte: Jornal GGN. Publicado por Jorge Sanglard em 24 de julho de 2019. Consultado pela última vez em 13 de março de 2024.

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Exposição celebra 90 anos de Dnar Rocha | Tribuna de Minas

Os 90 anos de nascimento do artista plástico mineiro Dnar Rocha, que nasceu em 21 de julho de 1932, serão comemorados até 23 de setembro com a exposição “Dnar”, que foi aberta na última terça-feira (23) no Centro Cultural Dnar Rocha, no Bairro Mariano Procópio. Com curadoria do supervisor de Artes Visuais do Programa Gente em Primeiro Lugar, Carlos Elias de Souza, as 21 obras da mostra integram o acervo da expositora Zaira Martins e de outras coleções particulares e foram cedidas para exibição ao público. A exposição marca a abertura de um novo espaço expositivo no centro cultural, com visitação gratuita de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.

Segundo o coordenador-geral do equipamento urbano, Fernando Valério, as obras que integram a exposição são oriundas de várias fases da vida artística de Dnar. O pintor, nascido em Rio Pomba, veio com sua família para Juiz de Fora em 1951 e iniciou sua formação artística na Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras dois anos depois. Ele fez parte do grupo de artistas plásticos composto por nomes como Nelson Bracher, Renato de Almeida, Décio Bracher e Renato Stehling, entre outros, e realizou sua primeira exposição em 1954.

“São obras que remetem às paisagens mineiras e naturezas mortas. Buscamos, a partir delas, trazer para a exposição essa expressividade que ele tinha ao pintar seus quadros”, explica Valério. “Além de resgatar a memória desse grande artista plástico e valorizar a prata da casa, o Centro Cultural Dnar Rocha atua no sentido de incentivar os cidadãos de Juiz de Fora a conhecerem suas personalidades e a entenderem a relevância que a cidade tem no campo das artes.”

As tratativas para conseguir o empréstimo das obras ficaram por conta de Carlos Elias de Souza. A preparação para a exposição teve início em junho, e “Dnar” marca a abertura do novo espaço expositivo, ocupando o espaço da sala de artes, além do corredor que já era utilizado com o mesmo fim. “É interessante pontuar que Dnar Rocha é um pintor que fala muito do cotidiano e do seu território, e ao trazermos uma exposição do artista que nomeia o espaço estamos fazendo uma reflexão sobre o espaço que ocupamos. Ter uma exposição dele é nos reafirmarmos como espaço de fruição cultural”, afirma Valério.

Exposições e oficinas

Além de servir como espaço para exposições, Fernando Valério destaca que o Centro Cultural Dnar Rocha abriga outras atividades, como as oficinas do programa Gente em Primeiro Lugar, que utiliza o equipamento cultural como sede administrativa. “Temos oficinas de teatro, grafite, artes visuais, musicalização, violão, teclado, capoeira, samba, danças populares e urbanas, balé e novas tecnologias (design gráfico e informática), entre outras”, lista. “São 52 turmas no total, com cerca de 900 pessoas ocupando o espaço toda semana. Além disso, grupos de teatro da cidade utilizam o centro cultural nos finais de semana para seus ensaios.”

Para os próximos meses, a previsão é intercalar as exposições nos dois ambientes destinados para os artistas visuais, e algumas mostras já estão em fase de negociação por meio da supervisão de artes visuais do Gente em Primeiro Lugar. “Nosso objetivo é fazer o artista plástico entender o Centro Cultural Dnar Rocha como espaço para fazer suas mostras, além de passar a receber espetáculos de música e teatro, e que seja um lugar de recepção e distribuição da arte como um todo.”

Fonte: Tribuna de Minas, publicado por Júlio Black, em 24 de agosto de 2022. Consultado pela última vez em 14 de março de 2024.

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Artigo de Jorge Sanglard fala da obra de Dnar Rocha/ A arte como sentido da vida | Liberati News

Há oito anos, num novembro triste, Minas Gerais perdia o artista plástico Dnar Rocha, falecido na Juiz de Fora que o abrigou, desde meados do século XX, e o projetou no universo das cores. Desenhista e pintor, Dnar deixou como exemplo ter sido em vida um dos mais íntegros artistas que escolheram as margens do Paraibuna para realizar sua arte; e seu legado artístico é uma obra que poderia ser a síntese da pintura de Juiz de Fora. Do menino simples nascido na rural Tabuleiro, ao grande artista plástico em Juiz de Fora, a trajetória do mineiro Dnar Rocha (21/07/1932 – 24/11/2006), seja no desenho seja na pintura ou ainda na vida, teve como essência o humanismo e o olhar comprometido com os homens e as mulheres. De boiadeiro e prático de farmácia em Tabuleiro a barbeiro e contador em Juiz de Fora, Dnar trilhou vários caminhos para assegurar a subsistência, mas foi na descoberta da arte que encontrou a paixão maior e o sentido da vida. Já nos primeiros desenhos, ainda nos tempos da barbearia do compositor B. O. (Alber de Oliveira Alves), antigo reduto da escola de samba Feliz Lembrança no bairro São Bernardo, Dnar revelava talento e vontade de alçar vôos mais altos. Por sugestão de um dos frequentadores, que ganhara um retrato a lápis, conheceu a Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, onde encontrou pintores que foram a fonte de inspiração para avançar e ampliar o conhecimento artístico e a técnica. Nesse tempo, meados dos anos 1950, a alma de desenhista e de pintor já assumia lugar definitivo em sua vida. Como companheiros de jornada de Dnar, os Bracher (Décio, Celina, Carlos e Nívea), Renato Stehling, Roberto Gil, Heitor Alencar, Sílvio Aragão, Ruy Merheb, Roberto Vieira, Wandyr Ramos, Reydner, Américo Rodrigues e outros expoentes que, a partir do final dos anos 1950, vislumbraram um novo horizonte para a arte mineira. Já no primeiro contato com os pintores que frequentavam a sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, Dnar percebeu que o local aglutinava pessoas ligadas à cultura de diversas áreas, pois estavam lá também Affonso Romano de Sant’Anna, Luiz Affonso de Queirós Pedreira Ferreira e Wanda Panisset, que se tornariam seus amigos. A memória do desenhista e pintor foi reverenciada com o DVD “Dnar Rocha – pelos caminhos da arte”, com direção e roteiro de Éveli Xavier, e o livro “Dnar, o silêncio das imagens”, organizado por José Alberto Pinho Neves. O DVD “Dnar Rocha – pelos caminhos da arte” foi produzido com recursos da Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura. Já o livro “Dnar, o silêncio das imagens” traz textos de Walter Sebastião, Arlindo Daibert, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, Walmir Ayala, Maraliz de Castro Vieira Christo, Edimilson de Almeida Pereira, Rachel Jardim, Amaury De Battisti, Aquiles Branco, Geraldo Edson de Andrade, entre outros, além do próprio José Alberto, e contou com o apoio da ArcelorMittal. Juiz de Fora, algumas cidades da região montanhosa da Zona da Mata mineira e até alguns outros centros urbanos, como a orla da Região dos Lagos, serviram de motivação para sua pintura e seu desenho. Dnar soube extrair a essência de nossas montanhas, de nossas casas, de nossa gente, e ainda transitou com desenvoltura por outras paragens na busca de inspiração. No retrato, o artista realizou algumas pinturas que revelam o avanço técnico alcançado além da sensibilidade e versatilidade artística à flor da pele. Por sua vez, Juiz de Fora e a Zona da Mata mineira tiveram na pintura e no desenho de Dnar expressões maiores do poder da arte quando exercido com paixão e completo domínio artístico. O olhar de Dnar tornou possível vislumbrar a alma da cidade, da região e de sua gente.

O traço de seu desenho, vigoroso e definitivo, demonstra o compromisso com o suporte de papel ao longo de toda sua trajetória de cinco décadas em Juiz de Fora. Já as pinceladas densas e precisas de sua pintura possibilitaram um mergulho na cidade de nossos sonhos. Uma utopia materializada em cores sobre tela. Uma simples casa branca em meio às cores de sua paisagem mineira simbolizava a busca do artista por uma identidade em sua pintura, por uma assinatura, uma marca registrada entre a luz e a sombra, que foram exploradas à exaustão em sua pintura. Meticuloso em seu ofício de pintor e desenhista, Dnar antes de se debruçar sobre o papel ou a tela esquadrinhava cada canto do suporte escolhido e, ao criar, já pensara a obra por inteiro. Um dia, durante uma conversa entre amigos, deixou escapar: nunca partia para o ataque sem vislumbrar todo o panorama. No DVD em sua memória, durante uma entrevista Dnar apontou o caminho: “É como a Nívea Bracher disse uma vez: ‘Meu atelier é dentro da minha cabeça’. Na verdade, sofro tudo dentro da minha cabeça primeiro”. Para, em seguida, arrematar: “É, a pintura me dá medo”. Na opinião do artista plástico César Brandão, “Dnar Rocha fez sua obra talvez inspirado na frase de Leonardo Da Vinci, ‘pintura é coisa mental’; pois, sua pintura é de extrema inteligência da cor, e nenhum campo cromático é posto ali de forma aleatória; mas, rigorosamente com base no raciocínio. Na feitura de sua obra não há lugar para o espontâneo, o ocasional, ou o gestual emotivo. São cores pensadas, estudadas para ocupar cada espaço da tela; e é necessário ao nosso olho um trabalho de prospecção minuciosa de cada detalhe de sua pintura. Ou seja, é preciso cavar com o olho para perceber a pluralidade de cores em cada canto de sua pintura; onde há uma construção arrojada, na fronteira da abstração. E isso me levou às vezes a dizer ao Dnar que eu gostaria muito de ver suas pinturas em grandes dimensões, em formatos gigantescos; talvez em torno de cinco por dez metros. Como isso, infelizmente, não ocorreu, resta a nós espectadores observarmos cada centímetro de sua pintura, e ali percebermos o gigantismo do pintor Dnar Rocha”. Em texto para uma exposição, o saudoso Arlindo Daibert (1952 – 1993) afirmou: “sem dúvida alguma, Dnar é um dos mais importantes artistas de sua geração, mas poucos conhecem a importância de sua obra gráfica. Para um espectador atento, o desenho esteve sempre presente em sua obra”. Em vida, foi um exemplo de generosidade e de simplicidade. Sem Dnar entre nós, fica o compromisso de reflexão com a construção da cidadania, uma de suas lutas. Sempre consciente dos desafios de seu tempo, da importância da consolidação democrática, do combate à injustiça social e da busca de expansão do conhecimento e da educação com qualidade para todos, o artista acreditou na capacidade criativa de nosso povo, uma vez estimulado e valorizado. Ao acreditar na transformação de homens e de mulheres pela educação e pela arte, Dnar revelava o quanto sua trajetória refletia uma concretização dessa vertente possível e ao alcance dos que buscam a realização de seus sonhos. Como um artista empenhado na luta pela preservação da memória e do patrimônio histórico e artístico, marcou presença na mobilização pela transformação na antiga fábrica têxtil Bernardo Mascarenhas num centro cultural dinâmico, uma fábrica de arte e cultura, e esteve na linha de frente da campanha pela recuperação do Museu Mariano Procópio e pela criação da Associação Cultural de Apoio ao primeiro museu de Minas Gerais. Também emprestou seu prestígio na jornada em defesa da restauração do Cine Theatro Central. A educação do olhar, associada à percepção lírica do mundo, consiste num procedimento que Dnar articula intencionalmente, segundo o poeta e ensaísta Edimilson de Almeida Pereira: “Sua pintura poética é fruto, portanto, de uma ‘paixão medida’, para evocarmos Carlos Drummond de Andrade, que o lança à cena artística contemporânea. Por isso, os seus cortes geométricos ou seus ensaios com as garrafas, por exemplo, alimentam o diálogo com os modernos, tais como Picasso e Morandi, respectivamente. Diga-se bem, são diálogos aos quais Dnar comparece munido de sua oficina poética dotada de recursos específicos. Recursos desenvolvidos pelo indivíduo que se recusou a deixar as cercanias de sua casa mas que, por conta disso, compreendeu a necessidade de articular um pensamento aberto, sem fronteiras, que traz para o seu convívio todos os nomes e todas as paisagens”. Nesse sentido, assegura Edimilson, “Tabuleiro e Paris, Paraibuna e Tejo, um ensalmo de cura e um manifesto de arte moderna – enquanto motivadores da sensibilidade e da experiência estética – encontram acolhida propícia nas reflexões e na pintura de Dnar”. Já o jornalista e crítico de arte Walter Sebastião, analisando o desenho de Dnar, garante: “Diante das obras do artista o embate se dá com a construção das imagens numa autêntica ‘dança do intelecto’ entre valores clássicos e não com a expressividade (no sentido de imersão em mundos subjetivos). Dnar Rocha, junto com o poeta Fernando Pessoa, defende o ‘tudo que em mim sente está pensando’. Trata-se de defender um modo específico de produção de conhecimento e singularidade da experiência artística, impedindo que ela se torne cenário para derramamentos sentimentais, ou pior, alguma coisa sem vida própria, incapaz de tensionar o mundo que tem à sua volta”. Ficam a obra e a lembrança de um homem simples, mas capaz de seduzir nosso olhar pela complexidade de sua alma e de sua força inventiva.

Fonte: Liberati News, publicado por Liberati, em 27 de janeiro de 2015. Consultado pela última vez em 14 de março de 2024.

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A falta que Dnar faz | Tribuna de Minas

Pureza, gentileza, compromisso. São esses os adjetivos mais recorrentes utilizados para se resgatar a figura de Dnar Rocha. Cinco anos depois da morte do pintor, completados na próxima quinta, a memória do artista permanece como símbolo de talento, sensibilidade e um envolvimento com a arte cada vez mais raro, que exige entrega e recusa modismos. A Tribuna ouviu amigos do pintor e críticos de arte para entender a lacuna deixada por Dnar no cenário juiz-forano.

Viúva de Dnar Rocha, Aída Célia de Andrade, planeja para 2012 uma exposição comemorativa aos 80 anos de nascimento de Dnar. Segundo ela, a ideia é reunir telas que pertencem a colecionadores de Juiz de Fora, a começar por seu acervo, com mais de 40 obras. "Os quadros dele continuam a ser vendidos muito rapidamente. O interesse ainda é muito forte."

Espalhadas pelas paredes de seu apartamento, as telas do marido dialogam com as memórias da relação amorosa do casal. Entre paisagens e naturezas-mortas, Aída destaca uma tela com versos na grafia de Dnar. O poema foi uma surpresa para a esposa, dentre as muitas gentilezas que costumavam trocar habitualmente. Inicialmente escrito com carvão em uma tela branca, o presente passou anos na parede, até que a esposa pediu para que as palavras fossem cobertas com tinta para evitar o risco de desaparecer. O artista não só reforçou as letras em preto como cobriu o restante do quadro com cores.

Aída elogia duas iniciativas que ajudaram a perpetuar o legado do artista após sua morte: o livro "Dnar, o silêncio das imagens", organizado por José Alberto Pinho Neves, e o documentário "Dnar Rocha – Pelos caminhos da arte", de Éveli Xavier. Segundo a viúva do pintor, apesar de não ter chegado a ver esses projetos concluídos, Dnar tomou conhecimento de ambos, o que resultou em grande satisfação. "Ele estava muito feliz. A Éveli chegou a passar uma prévia do documentário para o Dnar, e constantemente ele era chamado pela universidade para acompanhar a produção do livro", relata a esposa do artista.

O pró-reitor de Cultura da UFJF, José Alberto Pinho Neves, ressalta que "Dnar, o silêncio das imagens" tenta destacar o compromisso ético do pintor com sua arte. "Ele fez parte de um tipo de artista que é responsável por aquilo que está produzindo. A arte, para ele, não era uma aventura", comenta. Pinho Neves situa Dnar entre outros remanescentes da Sociedade de Artes Antônio Parreiras, como Nívea Bracher. Essa geração delimitou seu espaço geográfico, pintando os morros que circundam a cidade e elevando o termo "provinciano" a um status positivo.

"Tirando os meus irmãos, entre todos os artistas da Antônio Parreiras, Dnar foi meu melhor amigo. Era com quem eu mais me identificava, não só em relação à pintura, mas como ser humano", declara o artista plástico Carlos Bracher, que estabeleceu uma relação de profunda amizade com Dnar. "Era um artista extremamente sensível e intuitivo. Isso é a base de tudo", avalia.

Eliardo França endossa as palavras de Bracher ao destacar a pureza que caracterizava as obras de Dnar. Segundo o artista plástico, tal característica era decorrente da personalidade do pintor, conhecido por sua gentileza e humildade. "Dnar era um homem bom, e sua arte refletia isso", sintetiza.

Nascido em Tabuleiro, em julho de 1932, Dnar Rocha exerceu diferentes ofícios antes de se tornar pintor profissional. Começou a exercitar seu talento ainda nesses tempos, fazendo retratos e desenhos da paisagem rural. O conhecimento técnico veio com o ingresso na Sociedade Antônio Parreiras, na década de 1950, onde conviveu com os Bracher, Renato Stehling, Roberto Gil, Heitor Alencar, Sílvio Aragão, Ruy Merheb e Wandyr Ramos.

Sua obra, a partir desse aprendizado, adquiriu personalidade bem definida, que pode ser identificada pelas pinceladas vigorosas e pela utilização particular das cores. "O Dnar resolveu muito bem essa segunda fase. A trilha dele tem a ver com a do Stehling. Eram dois ramos muito pessoais, mas identificados entre si. Passou por um alumbramento rural, expressionista e "fauve" ao mesmo tempo", avalia Carlos Bracher.

Diretora do documentário "Dnar Rocha – Pelos caminhos da arte", Éveli Xavier teve a oportunidade de conviver com o artista em seus últimos meses de vida. "A força que a vocação artística exercia sobre aquele homem era algo que impressionava toda a equipe, uma espécie de marca registrada que alcançava sua obra", comenta a diretora. A cineasta destaca a simplicidade do artista, que se revelou diante das lentes não só com palavras, mas também através do olhar. "O convívio com Dnar fez diferença na vida de nós todos."

Fonte: Tribuna de Minas, "A falta que Dnar faz", publicado por Leonardo Toledo, em 22 de novembro de 2011. Consultado pela última vez em 14 de março de 2024.

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Centro Cultural Dnar Rocha | Prefeitura de Juiz de Fora

Localizado na antiga Estação Mariano Procópio, o Centro Cultural Dnar Rocha funciona como sede do Programa Gente em Primeiro Lugar, promovido pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por meio da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), em parceria com a Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac). No local, inaugurado em 5 de junho de 2012, funcionam oficinas gratuitas nas áreas de arte, cultura e cidadania, para público a partir de 6 anos, sem limite de idade. Além disso, o equipamento urbano recebe eventos culturais, como ensaios dos mais diversos segmentos e palestras.

O Centro Cultural é formado por três imóveis, que são tombados pelo órgão patrimonial da cidade. Sua estrutura abriga:

• Teatro com capacidade para 70 pessoas, com a divisória fechada, e 250 pessoas com a divisória aberta

• Sala de Dança com linóleo – 30 pessoas.

• Sala de Dança – 30 pessoas • Sala de Capoeira - 50 pessoas

• Sala para camarins

Fonte: Prefeitura de Juiz de Fora. Consultado pela última vez em 13 de março de 2024.

Crédito fotográfico: Acessa.com. Consultado pela última vez em 13 de março de 2024.

Arremate Arte
Feito com no Rio de Janeiro

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