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Dorival Caymmi

Dorival Caymmi (Salvador, BA, 30 de abril de 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 16 de agosto de 2008), foi um compositor, violonista, poeta, cantor e pintor brasileiro.

Biografia - Itaú Cultural

Em 1925, estuda no Colégio Olímpio Cruz. Começa a tocar violão sozinho, com alguma ajuda do pai; depois, por sugestão de um tio, compra o método do violonista Canhoto (1889-1928). Além da música, interessa-se por cinema e, em 1927, trabalha na redação do jornal soteropolitano O Imparcial.

Viaja para o Rio de Janeiro em abril de 1938. Trabalha em redações de jornais e frequenta o meio artístico, tocando violão e cantando. Recebe o convite para se apresentar no programa do compositor Lamartine Babo (1904-1963), na Rádio Nacional. É contratado pela TV Tupi e, poucos meses depois, vai para a Rádio Transmissora. Sua canção “O que É que a Baiana Tem?” faz sucesso na voz da cantora Carmem Miranda (1909-1955) no filme Banana da Terra (1939), dirigido por Ruy Costa (1909-1980). O requebrado de mãos e antebraços que caracteriza a performance da cantora é sugestão de Dorival Caymmi. A partir desse encontro, por meio dos filmes de Carmem, a figura estilizada da baiana vira ícone mundial.

Em 1939, grava com Carmem Miranda um disco 78 rpm com as músicas: “O que É que a Baiana Tem?” e “A Preta do Acarajé”, pela Odeon. No mesmo ano, recebe o convite para integrar o elenco da Rádio Mayrink Veiga.

Em 1947, lança o livro Cancioneiro da Bahia, que reúne a obra gravada até então e temas folclóricos, com prefácio e organização de Jorge Amado (1912-2001) e ilustrações do pintor Clóvis Graciano (1907-1988). Também com Jorge Amado, compõe a trilha sonora para a peça Terras do Sem Fim, baseada no romance homônimo do escritor. Em 1948, nasce seu terceiro filho, Danilo Caymmi, que segue o caminho do pai como cantor, compositor e flautista.

Em 1964, o produtor Aloysio de Oliveira (1914-1995) promove o encontro de Dorival Caymmi e Tom Jobim (1927-1994) no álbum Caymmi Visita Tom e Leva Seus Filhos Nana, Dori e Danilo. Os compositores apresentam duas canções inéditas: “Só Tinha de Ser com Você”, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, e ”Das Rosas”, de Caymmi. Esta, em 1965, é gravada pelo cantor norte-americano Andy Williams (1927-2012).

Em 1975, “Modinha para Gabriela”, interpretada pela cantora Gal Costa (1945), é composta para a abertura da novela Gabriela, baseada no romance de Jorge Amado. Em 1990, em parceria com Danilo Caymmi, compõe “Vamos Falar de Teresa” para a trilha sonora da minissérie baseada no romance Teresa Batista, também de Amado.

Em abril de 1994, a série de songbooks produzidos por Almir Chediak (1950-2003) contempla a obra do compositor com dois livros em comemoração aos 80 anos de Dorival. Em 2001, a neta, Stella Caymmi (1962), lança a biografia do avô: Dorival Caymmi – o Mar e o Tempo, pela Editora 34.

Análise

Desde o início da carreira, Dorival Caymmi utiliza harmonias e modulações de meio tom, comuns na música erudita e no jazz. Caymmi prefere a harmonia alterada, com as sétimas, as nonas e a inversão de acordes. Ao buscar sentir os acordes de forma diferente, contraria o pai, que tenta corrigi-lo.

A urbanização tardia de Salvador possibilita que a cidade consolide as tradições presentes no imaginário popular. O compositor aproveita a cultura tradicional presente na cidade, principalmente a de matriz africana, de uma Bahia ainda colonial. As histórias das pretas de sua infância são motivos de composições como “História pro Sinhozinho”:

"Peixe é esse meu filho, peixe é esse meu filho
Não meu pai
Peixe é esse mutum, manganem
É toca do mato guenem, guenem
Suê filho ê
Toca aê marimbaê"

Suas letras trazem aspectos da vida baiana desconhecidos em outros lugares do país, como os balangandãs ou os pregões das baianas A música é diferente do que se ouve nos programas de rádio da época. As festas da Bahia, outra referência, acontecem durante o ano inteiro, sempre ao ar livre e ao alcance de todos. A festa de Nosso Senhor dos Navegantes, por exemplo, é contada no samba “Festa de Rua”:

"Cem barquinhos brancos
Nas ondas do mar
Uma galeota a Jesus levar
Meu Senhor dos Navegantes
Venha me valer. "

Caymmi é fã das revistas de cinema e do rádio, nos quais conhece os ídolos da época, como Mário Reis (1907-1981), Francisco Alves (1898-1952), Silvio Caldas (1908-1998) e as irmãs Carmen e Aurora Miranda (1915-2005). Nesse momento, a rádio vive a chamada Época de Ouro e, por intermédio desses intérpretes, Caymmi escuta composições de Ary Barroso (1903-1964), Noel Rosa (1910-1937), Ismael Silva (1905-1978) e Braguinha (1907-2006).

Quando chega ao Rio de Janeiro, em 1938, Caymmi possui várias músicas compostas. Entre elas, as canções praieiras (gênero inaugurado por ele) “O Mar”, “É Doce Morrer no Mar” e “A Jangada Voltou Só”; os sambas sacudidos “Você Já Foi à Bahia?” e “O que É que a Baiana Tem?”, inspirados nos sambas de roda; e composições baseadas em motivos folclóricos “A Preta do Acarajé” e “Roda Pião”.

Mais tarde, dedica-se aos sambas-canções, bastante criticados. Acostumada a escutar os sambas de roda e as canções praieiras do compositor, alguns críticos estranham o gênero de composição, considerado como romântico, sofisticado e burguês. Na fase urbana do compositor, homenageia o amigo Carlos Guinle (1919-1956) 2, atribuindo a ele algumas parceria musicais, como em “Sábado em Copacabana”, “Valerá a Pena”, “Não Tem Solução”, “Ninguém Sabe Amar”, “Rua Deserta”.

“Marina” (1947) é um samba-canção dessa época, gravado por quatro cantores: Dick Farney (1921-1987), Francisco Alves, Nelson Gonçalves (1919-1998) e o próprio Caymmi, derrubando a determinação das gravadoras da época de não permitir o lançamento de uma composição por mais de um intérprete. A versão de maior sucesso é a de Dick Farney, que faz da canção presença obrigatória em seus shows.

O aumento do número de boates no final dos anos 1940 e começo dos 1950 indica mais proximidade dos artistas com o público. A orquestra é substituída pelo quarteto ou apenas por piano ou violão. Caymmi sempre interpreta suas canções acompanhado do violão, dispensando outros instrumentos. A música que o novo ambiente pede é diferente do que se fazia até então. Inicia-se o processo que desemboca na moderna música popular brasileira. É o auge do samba-canção, influência do bolero que invade o país nos anos 1950.

Caymmi tem composições gravadas pelo cantor João Gilberto (1931) e é apontado como um dos precursores da bossa nova. Sambas-canções como “Nem Eu”, “Rua Deserta”, “Você Não Sabe Amar” trazem arranjos modernos, sobretudo pela utilização de acordes dissonantes e letras concisas, sem o caráter melodramático do momento. Sempre atento, um observador do cotidiano, paciente e sem pressa, raramente utiliza o violão quando compõe. Dorival Caymmi aprende com o folclore e compõe temas que, de tão populares, tornam-se folclóricos, como “Samba da minha Terra”, “Eu Não Tenho Onde Morar” , “Quem Vem pra Beira do Mar” e “Maracangalha”, sucesso no carnaval de 1956. Além de criar um gênero (canções praieiras), sua obra tem várias facetas, do samba de roda (“Roda Pião”) ao sincopado (“Doralice”) e um samba urbano baiano (“Lá Vem a Baiana”, “A Vizinha do Lado”, “Vestido de Bolero”). As poucas composições (em torno de duas centenas) são compensadas pela incidência de obras-primas, obsessivamente lapidadas, como “João Valentão”, “Saudades da Bahia” e “Dora”.

Fonte: DORIVAL Caymmi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia - Wikipédia

Compôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica. Morreu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por conta de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos em consequência de um câncer renal que possuía havia 9 anos. Permanecia em internação domiciliar desde dezembro de 2007. Poeta popular, compôs obras como Saudade da Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina, Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo que a Nega Tem, Rosa Morena.

Filho de Dorival Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi, era casado com Adelaide Tostes, a cantora Stella Maris. Todos os seus três filhos (Nana, Dori e Danilo) também são cantores, assim como suas netas Juliana e Alice.

Biografia

Ele era descendente de italianos pelo lado paterno, as gerações da Bahia começaram com o seu bisavô, que chegou ao Brasil para trabalhar no reparo do Elevador Lacerda. Ainda criança, iniciou sua atividade como músico, ouvindo parentes ao piano. Seu pai era funcionário público e músico amador, tocava, além de piano, violão e bandolim. A mãe, dona de casa, mestiça de portugueses e africanos, cantava apenas no lar. Ouvindo o fonógrafo e depois a vitrola, cresceu sua vontade de compor. Cantava, ainda menino, em um coro de igreja, como baixo-cantante. Com treze anos, interrompe os estudos e começa a trabalhar em uma redação de jornal O Imparcial, como auxiliar. Com o fechamento do jornal, em 1929, torna-se vendedor de bebidas. Em 1930 escreveu sua primeira música: "No Sertão", e aos vinte anos estreou como cantor e violonista em programas da Rádio Clube da Bahia. Já em 1935, passou a apresentar o musical Caymmi e Suas Canções Praieiras. Com 22 anos, venceu, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba A Bahia também dá. Gilberto Martins, um diretor da Rádio Clube da Bahia, o incentiva a seguir uma carreira no sul do país. Em abril de 1938, aos 23 anos, Dorival, viaja de ita (navio que cruza o norte até o sul do Brasil) para cidade do Rio de Janeiro, para conseguir um emprego como jornalista e realizar o curso preparatório de Direito. Com a ajuda de parentes e amigos, fez alguns pequenos trabalhos na imprensa, exercendo a profissão em O Jornal, do grupo Diários Associados, ainda assim, continuava a compor e a cantar. Conheceu, nessa época, Carlos Lacerda e Samuel Wainer.

Foi apresentado ao diretor da Rádio Tupi, e, em 24 de junho de 1938, estreou na rádio cantando duas composições, embora ainda sem contrato. Saiu-se bem como calouro e iniciou a cantar dois dias por semana, além de participar do programa Dragão da Rua Larga. Neste programa, interpretou O que é que a Baiana Tem?, composta em 1938. Com a canção, fez com que Carmen Miranda tivesse uma carreira no exterior, a partir do filme Banana da Terra, de 1938. Sua obra invoca principalmente a tragédia de negros e pescadores da Bahia: O Mar, História de Pescadores É Doce Morrer no Mar, A Jangada Voltou Só, Canoeiro, Pescaria, entre outras. Filho de santo de Mãe Menininha do Gantois, para quem escreveu em 1972 a canção em sua homenagem: "Oração de Mãe Menininha", gravado por grandes nomes como Gal Costa e Maria Bethânia.

Em 1986, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira apresentou o enredo "Caymmi mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira tem". Nesse desfile, com um belo samba a Estação Primeira de Mangueira conquistou o principal título do Carnaval Carioca. Em 2014 foi homenageado pela Escola de Samba Águia de Ouro, que apresentou o enredo: "A Velha Bahia apresenta o centenário do poeta cancioneiro Dorival Caymmi" homenageando o centenário de Dorival Caymmi. A escola finalizou na terceira posição, a mesma posição do ano anterior.

Obras

Nas composições de Caymmi (Maracangalha, 1956; Saudade de Bahia, 1957), a Bahia surge como um local exótico com um discurso típico que estabelecera-se nas primeiras décadas do século XX, com referências à cultura africana, à comida, às danças, à roupa, e, principalmente à religião.

Antecedentes

Com a Primeira Guerra Mundial, um lundu de autoria anônima, com o nome de "A Farofa", trata não tão somente do conflito como também de dendê e vatapá, na canção "O Vatapá". O compositor José Luís alcunhado Caninha, utilizou, ainda em 1921, o vocábulo balangandã, no samba "Quem vem atrás fecha a porta". A culinária baiana foi consagrada no maxixe "Christo nasceu na Bahia", lançado em 1926. No final da década de 1920, associa à Bahia a mulher que ginga, rebola, requebra, remexe e mexe as cadeiras quando está sambando, o que surpreende na linguística, visto que o autor não era nativo do Brasil.

Sucesso

O primeiro grande sucesso "O que é que a baiana tem?" cantada por Carmen Miranda em 1939 não só marca o começo da carreira internacional da Pequena Notável vestida de baiana, mas influenciou também a música popular dentro do Brasil, tornou-se conhecida a ponto de ser imitada e parodiada, como no choro "O que é que a baiana tem?" de Pedro Caetano e Joel de Almeida ou na canção "A baiana diz que tem" de Felipe Colognezi. Apesar das produções anteriores, as composições de Caymmi são as mais lembradas sobre a cultura baiana.

Discografia

  • 1954 Canções Praieiras Odeon

  • 1955 Sambas de Caymmi Odeon

  • 1957 Eu Vou p'ra Maracangalha Odeon

  • 1957 Caymmi e o Mar Odeon

  • 1958 Ary Caymmi e Dorival Barroso Odeon

  • 1959 Caymmi e Seu Violão Odeon

  • 1960 Eu Não Tenho Onde Morar Odeon

  • 1964 Caymmi Visita Tom Elenco

  • 1965 Caymmi and The Girls From Bahia Odeon

  • 1967 Vinicius e Caymmi no Zum Zum Elenco

  • 1972 Caymmi Odeon

  • 1973 Caymmi Também É de Rancho Odeon

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 12 de junho de 2020.

Dorival Caymmi (Salvador, BA, 30 de abril de 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 16 de agosto de 2008), foi um compositor, violonista, poeta, cantor e pintor brasileiro.

Dorival Caymmi

Dorival Caymmi (Salvador, BA, 30 de abril de 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 16 de agosto de 2008), foi um compositor, violonista, poeta, cantor e pintor brasileiro.

Videos

Um certo Dorival Caymmi (Aluisio Didier)

Dorival Caymmi no Jô | 1997

Disco Dorival Caymmi | 1985

Caymmi Visita Tom Jobim | 1964

Biografia - Itaú Cultural

Em 1925, estuda no Colégio Olímpio Cruz. Começa a tocar violão sozinho, com alguma ajuda do pai; depois, por sugestão de um tio, compra o método do violonista Canhoto (1889-1928). Além da música, interessa-se por cinema e, em 1927, trabalha na redação do jornal soteropolitano O Imparcial.

Viaja para o Rio de Janeiro em abril de 1938. Trabalha em redações de jornais e frequenta o meio artístico, tocando violão e cantando. Recebe o convite para se apresentar no programa do compositor Lamartine Babo (1904-1963), na Rádio Nacional. É contratado pela TV Tupi e, poucos meses depois, vai para a Rádio Transmissora. Sua canção “O que É que a Baiana Tem?” faz sucesso na voz da cantora Carmem Miranda (1909-1955) no filme Banana da Terra (1939), dirigido por Ruy Costa (1909-1980). O requebrado de mãos e antebraços que caracteriza a performance da cantora é sugestão de Dorival Caymmi. A partir desse encontro, por meio dos filmes de Carmem, a figura estilizada da baiana vira ícone mundial.

Em 1939, grava com Carmem Miranda um disco 78 rpm com as músicas: “O que É que a Baiana Tem?” e “A Preta do Acarajé”, pela Odeon. No mesmo ano, recebe o convite para integrar o elenco da Rádio Mayrink Veiga.

Em 1947, lança o livro Cancioneiro da Bahia, que reúne a obra gravada até então e temas folclóricos, com prefácio e organização de Jorge Amado (1912-2001) e ilustrações do pintor Clóvis Graciano (1907-1988). Também com Jorge Amado, compõe a trilha sonora para a peça Terras do Sem Fim, baseada no romance homônimo do escritor. Em 1948, nasce seu terceiro filho, Danilo Caymmi, que segue o caminho do pai como cantor, compositor e flautista.

Em 1964, o produtor Aloysio de Oliveira (1914-1995) promove o encontro de Dorival Caymmi e Tom Jobim (1927-1994) no álbum Caymmi Visita Tom e Leva Seus Filhos Nana, Dori e Danilo. Os compositores apresentam duas canções inéditas: “Só Tinha de Ser com Você”, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, e ”Das Rosas”, de Caymmi. Esta, em 1965, é gravada pelo cantor norte-americano Andy Williams (1927-2012).

Em 1975, “Modinha para Gabriela”, interpretada pela cantora Gal Costa (1945), é composta para a abertura da novela Gabriela, baseada no romance de Jorge Amado. Em 1990, em parceria com Danilo Caymmi, compõe “Vamos Falar de Teresa” para a trilha sonora da minissérie baseada no romance Teresa Batista, também de Amado.

Em abril de 1994, a série de songbooks produzidos por Almir Chediak (1950-2003) contempla a obra do compositor com dois livros em comemoração aos 80 anos de Dorival. Em 2001, a neta, Stella Caymmi (1962), lança a biografia do avô: Dorival Caymmi – o Mar e o Tempo, pela Editora 34.

Análise

Desde o início da carreira, Dorival Caymmi utiliza harmonias e modulações de meio tom, comuns na música erudita e no jazz. Caymmi prefere a harmonia alterada, com as sétimas, as nonas e a inversão de acordes. Ao buscar sentir os acordes de forma diferente, contraria o pai, que tenta corrigi-lo.

A urbanização tardia de Salvador possibilita que a cidade consolide as tradições presentes no imaginário popular. O compositor aproveita a cultura tradicional presente na cidade, principalmente a de matriz africana, de uma Bahia ainda colonial. As histórias das pretas de sua infância são motivos de composições como “História pro Sinhozinho”:

"Peixe é esse meu filho, peixe é esse meu filho
Não meu pai
Peixe é esse mutum, manganem
É toca do mato guenem, guenem
Suê filho ê
Toca aê marimbaê"

Suas letras trazem aspectos da vida baiana desconhecidos em outros lugares do país, como os balangandãs ou os pregões das baianas A música é diferente do que se ouve nos programas de rádio da época. As festas da Bahia, outra referência, acontecem durante o ano inteiro, sempre ao ar livre e ao alcance de todos. A festa de Nosso Senhor dos Navegantes, por exemplo, é contada no samba “Festa de Rua”:

"Cem barquinhos brancos
Nas ondas do mar
Uma galeota a Jesus levar
Meu Senhor dos Navegantes
Venha me valer. "

Caymmi é fã das revistas de cinema e do rádio, nos quais conhece os ídolos da época, como Mário Reis (1907-1981), Francisco Alves (1898-1952), Silvio Caldas (1908-1998) e as irmãs Carmen e Aurora Miranda (1915-2005). Nesse momento, a rádio vive a chamada Época de Ouro e, por intermédio desses intérpretes, Caymmi escuta composições de Ary Barroso (1903-1964), Noel Rosa (1910-1937), Ismael Silva (1905-1978) e Braguinha (1907-2006).

Quando chega ao Rio de Janeiro, em 1938, Caymmi possui várias músicas compostas. Entre elas, as canções praieiras (gênero inaugurado por ele) “O Mar”, “É Doce Morrer no Mar” e “A Jangada Voltou Só”; os sambas sacudidos “Você Já Foi à Bahia?” e “O que É que a Baiana Tem?”, inspirados nos sambas de roda; e composições baseadas em motivos folclóricos “A Preta do Acarajé” e “Roda Pião”.

Mais tarde, dedica-se aos sambas-canções, bastante criticados. Acostumada a escutar os sambas de roda e as canções praieiras do compositor, alguns críticos estranham o gênero de composição, considerado como romântico, sofisticado e burguês. Na fase urbana do compositor, homenageia o amigo Carlos Guinle (1919-1956) 2, atribuindo a ele algumas parceria musicais, como em “Sábado em Copacabana”, “Valerá a Pena”, “Não Tem Solução”, “Ninguém Sabe Amar”, “Rua Deserta”.

“Marina” (1947) é um samba-canção dessa época, gravado por quatro cantores: Dick Farney (1921-1987), Francisco Alves, Nelson Gonçalves (1919-1998) e o próprio Caymmi, derrubando a determinação das gravadoras da época de não permitir o lançamento de uma composição por mais de um intérprete. A versão de maior sucesso é a de Dick Farney, que faz da canção presença obrigatória em seus shows.

O aumento do número de boates no final dos anos 1940 e começo dos 1950 indica mais proximidade dos artistas com o público. A orquestra é substituída pelo quarteto ou apenas por piano ou violão. Caymmi sempre interpreta suas canções acompanhado do violão, dispensando outros instrumentos. A música que o novo ambiente pede é diferente do que se fazia até então. Inicia-se o processo que desemboca na moderna música popular brasileira. É o auge do samba-canção, influência do bolero que invade o país nos anos 1950.

Caymmi tem composições gravadas pelo cantor João Gilberto (1931) e é apontado como um dos precursores da bossa nova. Sambas-canções como “Nem Eu”, “Rua Deserta”, “Você Não Sabe Amar” trazem arranjos modernos, sobretudo pela utilização de acordes dissonantes e letras concisas, sem o caráter melodramático do momento. Sempre atento, um observador do cotidiano, paciente e sem pressa, raramente utiliza o violão quando compõe. Dorival Caymmi aprende com o folclore e compõe temas que, de tão populares, tornam-se folclóricos, como “Samba da minha Terra”, “Eu Não Tenho Onde Morar” , “Quem Vem pra Beira do Mar” e “Maracangalha”, sucesso no carnaval de 1956. Além de criar um gênero (canções praieiras), sua obra tem várias facetas, do samba de roda (“Roda Pião”) ao sincopado (“Doralice”) e um samba urbano baiano (“Lá Vem a Baiana”, “A Vizinha do Lado”, “Vestido de Bolero”). As poucas composições (em torno de duas centenas) são compensadas pela incidência de obras-primas, obsessivamente lapidadas, como “João Valentão”, “Saudades da Bahia” e “Dora”.

Fonte: DORIVAL Caymmi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia - Wikipédia

Compôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica. Morreu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por conta de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos em consequência de um câncer renal que possuía havia 9 anos. Permanecia em internação domiciliar desde dezembro de 2007. Poeta popular, compôs obras como Saudade da Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina, Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo que a Nega Tem, Rosa Morena.

Filho de Dorival Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi, era casado com Adelaide Tostes, a cantora Stella Maris. Todos os seus três filhos (Nana, Dori e Danilo) também são cantores, assim como suas netas Juliana e Alice.

Biografia

Ele era descendente de italianos pelo lado paterno, as gerações da Bahia começaram com o seu bisavô, que chegou ao Brasil para trabalhar no reparo do Elevador Lacerda. Ainda criança, iniciou sua atividade como músico, ouvindo parentes ao piano. Seu pai era funcionário público e músico amador, tocava, além de piano, violão e bandolim. A mãe, dona de casa, mestiça de portugueses e africanos, cantava apenas no lar. Ouvindo o fonógrafo e depois a vitrola, cresceu sua vontade de compor. Cantava, ainda menino, em um coro de igreja, como baixo-cantante. Com treze anos, interrompe os estudos e começa a trabalhar em uma redação de jornal O Imparcial, como auxiliar. Com o fechamento do jornal, em 1929, torna-se vendedor de bebidas. Em 1930 escreveu sua primeira música: "No Sertão", e aos vinte anos estreou como cantor e violonista em programas da Rádio Clube da Bahia. Já em 1935, passou a apresentar o musical Caymmi e Suas Canções Praieiras. Com 22 anos, venceu, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba A Bahia também dá. Gilberto Martins, um diretor da Rádio Clube da Bahia, o incentiva a seguir uma carreira no sul do país. Em abril de 1938, aos 23 anos, Dorival, viaja de ita (navio que cruza o norte até o sul do Brasil) para cidade do Rio de Janeiro, para conseguir um emprego como jornalista e realizar o curso preparatório de Direito. Com a ajuda de parentes e amigos, fez alguns pequenos trabalhos na imprensa, exercendo a profissão em O Jornal, do grupo Diários Associados, ainda assim, continuava a compor e a cantar. Conheceu, nessa época, Carlos Lacerda e Samuel Wainer.

Foi apresentado ao diretor da Rádio Tupi, e, em 24 de junho de 1938, estreou na rádio cantando duas composições, embora ainda sem contrato. Saiu-se bem como calouro e iniciou a cantar dois dias por semana, além de participar do programa Dragão da Rua Larga. Neste programa, interpretou O que é que a Baiana Tem?, composta em 1938. Com a canção, fez com que Carmen Miranda tivesse uma carreira no exterior, a partir do filme Banana da Terra, de 1938. Sua obra invoca principalmente a tragédia de negros e pescadores da Bahia: O Mar, História de Pescadores É Doce Morrer no Mar, A Jangada Voltou Só, Canoeiro, Pescaria, entre outras. Filho de santo de Mãe Menininha do Gantois, para quem escreveu em 1972 a canção em sua homenagem: "Oração de Mãe Menininha", gravado por grandes nomes como Gal Costa e Maria Bethânia.

Em 1986, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira apresentou o enredo "Caymmi mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira tem". Nesse desfile, com um belo samba a Estação Primeira de Mangueira conquistou o principal título do Carnaval Carioca. Em 2014 foi homenageado pela Escola de Samba Águia de Ouro, que apresentou o enredo: "A Velha Bahia apresenta o centenário do poeta cancioneiro Dorival Caymmi" homenageando o centenário de Dorival Caymmi. A escola finalizou na terceira posição, a mesma posição do ano anterior.

Obras

Nas composições de Caymmi (Maracangalha, 1956; Saudade de Bahia, 1957), a Bahia surge como um local exótico com um discurso típico que estabelecera-se nas primeiras décadas do século XX, com referências à cultura africana, à comida, às danças, à roupa, e, principalmente à religião.

Antecedentes

Com a Primeira Guerra Mundial, um lundu de autoria anônima, com o nome de "A Farofa", trata não tão somente do conflito como também de dendê e vatapá, na canção "O Vatapá". O compositor José Luís alcunhado Caninha, utilizou, ainda em 1921, o vocábulo balangandã, no samba "Quem vem atrás fecha a porta". A culinária baiana foi consagrada no maxixe "Christo nasceu na Bahia", lançado em 1926. No final da década de 1920, associa à Bahia a mulher que ginga, rebola, requebra, remexe e mexe as cadeiras quando está sambando, o que surpreende na linguística, visto que o autor não era nativo do Brasil.

Sucesso

O primeiro grande sucesso "O que é que a baiana tem?" cantada por Carmen Miranda em 1939 não só marca o começo da carreira internacional da Pequena Notável vestida de baiana, mas influenciou também a música popular dentro do Brasil, tornou-se conhecida a ponto de ser imitada e parodiada, como no choro "O que é que a baiana tem?" de Pedro Caetano e Joel de Almeida ou na canção "A baiana diz que tem" de Felipe Colognezi. Apesar das produções anteriores, as composições de Caymmi são as mais lembradas sobre a cultura baiana.

Discografia

  • 1954 Canções Praieiras Odeon

  • 1955 Sambas de Caymmi Odeon

  • 1957 Eu Vou p'ra Maracangalha Odeon

  • 1957 Caymmi e o Mar Odeon

  • 1958 Ary Caymmi e Dorival Barroso Odeon

  • 1959 Caymmi e Seu Violão Odeon

  • 1960 Eu Não Tenho Onde Morar Odeon

  • 1964 Caymmi Visita Tom Elenco

  • 1965 Caymmi and The Girls From Bahia Odeon

  • 1967 Vinicius e Caymmi no Zum Zum Elenco

  • 1972 Caymmi Odeon

  • 1973 Caymmi Também É de Rancho Odeon

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 12 de junho de 2020.

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Feito com no Rio de Janeiro

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Prepare-se para a melhor experiência em leilões, estamos chegando! 🎉 Por conta da pandemia que estamos enfrentando (Covid-19), optamos por adiar o lançamento oficial para 2023, mas, não resistimos e já liberamos uma prévia! Qualquer dúvida ou sugestão, fale conosco em ola@arrematearte.com.br, seu feedback é muito importante. Caso queira receber nossas novidades, registre-se abaixo. Obrigado e bons lances! ✌️