Émile Gallé (Nancy, França, 8 de maio de 1846 — Idem, 23 de setembro de 1904) foi um famoso mestre vidraceiro francês, além de um exímio ceramista, ebanista e marceneiro, sendo consagrado como um dos expoentes da Art Nouveau, tendo fundado a famosa Escola de Nancy, um dos mais importantes polos do movimento art Nouveau na França, em 1901.
Biografia
Desde cedo Émile Gallé demonstrava interesse pela natureza. Aproveita, então, as formas que observa nas plantas e flores, ao criar e decorar suas obras em vidro. Aprendeu o ofício com o pai, conhecido pintor de porcelanas: Charles Gallet.
Émille foi bastante influenciado pelas artes decorativas medievais e também pela estética islâmica. Durante a década de 1880, se encanta com a arte japonesa - principalmente as exóticas fauna e flora -, o que transparece em seus trabalhos.
O artista ainda se aventurou no trabalho com madeira, desenhando e esculpindo móveis, dando nova vida à marchetaria. A princípio seus móveis eram genéricos, massificados e confeccionados no estilo renascentista. Até o momento em que trouxe também para esta arte a influência oriental, ousando na escolha de materiais - o bambu, por exemplo - e dedicando visível apreço aos entalhes.
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Biografia Wikipédia
Trabalhou com vidros opacos e semitransparentes, ganhando fama internacional pelos motivos florais. Em termos de mobiliário reinaugurou a tradição da marchetaria. A principal temática de seus artefatos são flores e folhagens, realizadas em camadas sobrepostas de vidro, técnica por ele desenvolvida, trabalhando com maestria a opacidade e translucidez do material. Uma produção de fins de século XIX e início do Século XX, traz especificamente paisagens tropicais, inspiradas no Rio de Janeiro.
Seu pai, Charles Louis Édouard Gallé (1818-1902), nasceu na Picardia. Aprendeu o ofício de pintor em porcelana, mais tarde começou a viajar para o leste da França para vender as porcelanas da manufatura Bougon & Chalotas. Em 1843 ele visitou a cidade de Nancy para vender porcelanas para a loja de Jean Martin Reinemer, lá ele conheceu a sua futura esposa A jovem Fany. Seu sogro logo veio a falecer e Charles se associa a sua sogra para levar à frente o negócio familiar, aplicando todo seu conhecimento artístico ele cria peças únicas que dará início a manufatura Gallé de cerâmicas e vidros artísticos .
Antes de assumir a direção artística do negócio paterno, Émile dedicou-se aos estudos e mudou várias vezes de cidade. Em 1862 mudou-se para Weimar, não para estudar vidraria, mas filosofia, botânica, mineralogia e zoologia - o que indica a sua paixão pela flora e pela fauna. A sua ligação à mineralogia o fez especializar-se na técnica do fabrico do vidro, o que lhe permitiu realizar numerosas invenções nesse âmbito.
O jovem Gallé deixava-se encantar pela atmosfera de Weimar, a cidade dos poetas: ali conheceu e aprendeu a apreciar a música de Franz Liszt e Richard Wagner. Em 1886, mudou-se para Meisenthal, na Lorena, um importante centro de fabricação de vidros, e realizou práticas profissionais no local de trabalho de um antigo companheiro do seu pai durante muitos anos. Na fábrica de vidros artísticos Burgun-Schverer aprendeu a difícil arte do vidro soprado. Esses primeiros anos foram acompanhados de estudos sobre pintura. Também elaborou desenhos que eventualmente poderiam ser de utilidade na empresa do pai.
Em 1871 surgiu a oportunidade de representar o negócio familiar numa exposição em Londres. Lá conheceu o movimento Arts and Crafts e visitou muitas vezes o Museu de Artes e Ofícios, onde entrou em contacto com a arte japonesa. A sua relação com o Japão fortaleceu-se graças à profunda amizade que entabulou com o biólogo Tokuso Takasima, que se instalara em Nancy por volta de 1880 para estudar dasonomia.
Em 1878, Gallé foi contratado como perito no departamento de plantas da Exposição Universal de Paris.
A mudança decisiva no desenvolvimento deste artista data de 1874, altura em que o pai lhe passou a direção artística do ateliê. Quatro anos mais tarde, conseguiu o triunfo na Exposição Universal de Paris com um vidro que despertou muito interesse - o clair de lune, assim chamado em razão do seu tom de safira resultante da adição de óxido de cobalto.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 17 de abril de 2017.
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Análise
"Evocar o trabalho de Emile Gallé é considerar três técnicas diferentes: cerâmica, madeira e vidro. Daí o apelido de "homo triplex" atribuído ao artista por seu amigo, o crítico de arte Roger Marx. Mas desde seu tempo, e muito depois de seu desaparecimento, foi o trabalho de vidro de Gallé que foi o assunto do maior número de artigos, estudos e comentários de jornalistas e historiadores de art. (...) Ernest Tisserand escreve um artigo sobre a obra de vidro de Gallé e Lalique, cujas palavras são elogiadas pelo Nancéien: “Ele colocou o poema em vidro e, para alcançar seus objetivos, fez tais invenções. técnicas, realizavam tais feitos materiais de força ... ”Da mesma forma, podemos nos surpreender com o comentário de Le Corbusier sobre o artista:“ A vida de Gallé é bela, compartilhado entre o estudo direto da natureza e o capricho do fogo em seus fornos. Gallé deixa objetos belos, plásticos e obras sensíveis ... Gallé é um homem louvável e seu trabalho é louvável. ” (…) Na obra de Gallé, é possível ressaltar que este, em particular os pedaços de vidro, nunca ficou indiferente e que manteve um lugar especial na imaginação coletiva do século XX. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão para essa longa mania e essa constante admiração. em particular as peças de vidro, nunca deixadas indiferentes, e que mantinha na imaginação coletiva do século XX um lugar de escolha. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão dessa longa mania e dessa constante admiração. em particular as peças de vidro, nunca deixadas indiferentes, e que mantinha na imaginação coletiva do século XX um lugar de escolha. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão dessa longa mania e dessa constante admiração."
THOMAS, Valérie, 2004 (Glass na obra de Émile Gallé. Em: Émile Gallé et le Verre, a coleção do Museu da Escola de Nancy. Somogy Éditions d'Art / Museu da Escola de Nancy, p. 22-23)
Cronologia
1846 - Nasce em Nancy, na França.
1862 - Estuda Botânica na Université de Nancy.
1865 - Estuda Filosofia e Mineralogia em Weimar e no atelier de Arquitetura e Arte , até 1866.
1866 - Torna-se aprendiz de vitraleiro na Burgun und Schverer, em Meisenthal, na Alemanha.
1877 - Assume a diretoria da empresa de sua família.
1878 - Expõe seus trabalhos pela primeira vez na Exposition Universelle de Paris, e é premiado com quatro medalhas de ouro.
1884 - Expõe cerca de 300 peças em vidro, de grande diversidade artística, na Union Centrale des Arts Décoratifs, em Paris.
1885 - Estuda arte oriental e técnicas de pintura com seu colega e artista botânico japonês, Hokkai [Tokuso] Takashima.
1889 - É premiado novamente na Exposition Universelle por seus móveis e peças de vidro e cerâmica.
1900 - É nomeado Comandante da Légion d'Honneur.
1901 - Funda a École de Nancy, também conhecida como Alliance Provinciale des Industries d’Art.
1904 - Morre em Nancy, aos 58 anos, vítima de leucemia.
Fonte: Aegis Education, consultado em 12 de março de 2020.
Crédito fotográfico: Pintura de Victor Prouvé (1892) / Foto disponibilizada pelo Musée d'Orsay
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A importância de Gallé
Gallé é uma das figuras mais destacadas das artes aplicadas de sua época e um dos pioneiros do estilo art Nouveau. Também foi precursor do estudo da genética e evolução no mundo vegetal. Este seu trabalho, desconhecido do público em geral, é, no entanto, de grande relevância, uma vez que precede o de Gregor Mendel (1822 – 1884), conhecido como o “pai da genética”, e anuncia as suas principais linhas. Na porta de sua oficina em Nancy, pode-se ainda ler o lema que a emoldura: “Nossas raízes estão no fundo da floresta, entre o musgo, ao redor das nascentes”. Também suas peças mostram a sua paixão por esse tema, já que muitas apresentavam motivos vegetais com flores e folhas em suas decorações.
Como citado, Gallé foi exímio na produção de móveis e cerâmicas, mas ele se superou na produção de vidros artísticos. São estas peças que farão a sua fama.
O trabalho em vidro
É bastante impróprio falarmos do trabalho em vidro de Émile Gallé, sob o nome de “pâte de verre” (pasta de vidro). No fundo, o seu trabalho é marcado pela produção não apenas destes vidros fundidos de material granulado com opacidade, mas principalmente pela sua produção “soufflé” (soprada), não em vidro, mas em cristal, ou seja, com a adição de sais de chumbo. Sua técnica refinada permitia que se adicionassem novas camadas coloridas de óxidos metálicos, antes de soprar a peça, retrabalhando-a com novas inclusões de camadas de óxidos, folhas de ouro ou prata. As peças, então, eram ornadas em gravações com ácido fluorídrico proporcionando uma decoração conhecida como “cameo”. Por ser um trabalho delicado, no resfriamento, as diferenças na expansão dessas camadas causavam acidentes muito frequentes, quebrando-as, o que acabou tornando estas peças, raridades.
Gallé foi também o inventor de várias técnicas, incluindo a mais conhecida delas, a da marchetaria de vidro, desenvolvida em 1898, que consistia em depositar pequenas inclusões de vidro na pasta fundida.
A assinatura
Cada peça traz a assinatura de Gallé, com centenas de variantes que dão origem ao catálogo, mas nem todas são referenciadas. Com raras exceções, as peças são todas assinadas, seja embaixo, seja no corpo da peça. Durante a vida de Gallé, as assinaturas foram particularmente procuradas e supervisionadas pelo próprio artista. Posteriormente, após 1904, as marcas “Gallé” se tornaram relativamente padronizadas. As assinaturas e marcas permitem, em princípio, datar as peças. Na produção de peças entre os anos de 1904 e 1906, a assinatura é precedida por uma pequena estrela. Depois de 1906, já tendo Gallé falecido, esta marca foi abolida, já que passou a ser considerada mórbida pelos apreciadores desta arte.
A produção depois da morte de Gallé
De 1904 a 1914, a produção ficou muito próxima das peças industriais que saíram da fábrica de Gallé antes de sua morte. São quase exclusivamente peças de vidro multicamadas gravadas com ácido, às vezes retocadas pela trituração para eliminar falhas, e os padrões de decoração são quase os mesmos que os criados durante a sua vida. De 1918 a 1936, uma produção padronizada e em grande escala acontece. A maioria das peças no mercado hoje remonta a esta época, sendo em vidro e revestida com ácido ou multicamadas. A produção é de boa qualidade técnica, pelo menos para as grandes peças. Neste período novos padrões foram criados, às vezes se distanciando do estilo art Nouveau, com decorações estilizadas e se utilizando de uma nova técnica denominada de sopro de molde. Mas a banalização dessa produção em larga escala e a falta de renovação artística, agravada por uma crise econômica, pôs fim à produção da fábrica de Gallé em 1936, ano em que encerra suas atividades.
As falsificações
Por fim, cabe ressaltar que a alta demanda pelas peças de vidro artístico de Gallé no final da década de 1980, começou a atrair falsificadores para esses objetos artísticos. Muitas falsificações começaram a circular no mercado internacional, forjando razoavelmente as assinaturas originais do mestre vidreiro, às vezes acompanhadas da menção “Tip”. Essas falsificações, na maioria das vezes cópias medíocres, são interpretações de lâmpadas e vasos acidados, podendo ser reconhecidas por certos detalhes técnicos que denotam a qualidade inferior da sua execução, incompatível com as peças originais.
Fonte: Reliquiano, por José Márcio Viezzi Molfi em 13 de agosto de 2018.
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Art Nouveau, por Itaú Cultural
Estilo artístico que se desenvolve entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Europa e nos Estados Unidos, espalhando-se para o resto do mundo, e que interessa mais de perto às Artes Aplicadas: arquitetura, artes decorativas, design, artes gráficas, mobiliário e outras. O termo tem origem na galeria parisiense L'Art Nouveau, aberta em 1895 pelo comerciante de arte e colecionador Siegfried Bing. O projeto de redecoração da casa de Bing por arquitetos e designers modernos é apresentado na Exposição Universal de Paris de 1900, Art Nouveau Bing, conferindo visibilidade e reconhecimento internacional ao movimento. A designação modern style, amplamente utilizada na França, reflete as raízes inglesas do novo estilo ornamental. O movimento social e estético inglês Arts and Crafts, liderado por William Morris (1834-1896), está nas origens do art nouveau ao atenuar as fronteiras entre belas-artes e artesanato pela valorização dos ofícios e trabalhos manuais, e pela recuperação do ideal de produção coletiva, segundo o modelo das guildas medievais. O art nouveau dialoga mais decididamente com a produção industrial em série. Os novos materiais do mundo moderno são amplamente utilizados (o ferro, o vidro e o cimento), assim como são valorizadas a lógica e a racionalidade das ciências e da engenharia. Nesse sentido, o estilo acompanha de perto os rastros da industrialização e o fortalecimento da burguesia.
O art nouveau se insere no coração da sociedade moderna, reagindo ao historicismo da Arte Acadêmica do século XIX e ao sentimentalismo e expressões líricas dos românticos, e visa adaptar-se à vida cotidiana, às mudanças sociais e ao ritmo acelerado da vida moderna. Mas sua adesão à lógica industrial e à sociedade de massas se dá pela subversão de certos princípios básicos à produção em série, que tende aos materiais industrializáveis e ao acabamento menos sofisticado. A "arte nova" revaloriza a beleza, colocando-a ao alcance de todos, pela articulação estreita entre arte e indústria.
A fonte de inspiração primeira dos artistas é a natureza, as linhas sinuosas e assimétricas das flores e animais. O movimento da linha assume o primeiro plano dos trabalhos, ditando os contornos das formas e o sentido da construção. Os arabescos e as curvas, complementados pelos tons frios, invadem as ilustrações, o mundo da moda, as fachadas e os interiores, atestam o balaústre da escada da Casa Solvay, 1894/1899, em Bruxelas, do arquiteto e projetista belga Victor Horta (1861-1947); as cerâmicas e os objetos de vidro do artesão e designer francês Emile Gallé (1846-1904); a fachada do Ateliê Elvira, 1898, em Munique, do alemão August Endell (1871-1925); os interiores do norte-americano Louis Comfort Tiffany (1848-1933); as pinturas, os vitrais e painéis do holandês Jan Toorop (1858-1928); o Castel Beránger e estações de metrô, de Hector Guimard (1867-1942), em Paris; a Casa Milá, 1905/1910, e o Parque Güell, de Antoni Gaudí (1852-1926), em Barcelona; a Villa d'Uccle, 1896, do arquiteto e projetista belga Henry van de Velde (1863-1957). Um traço destacado de Van de Velde e de outros arquitetos ligados ao movimento é a idéia modernista da unidade dos projetos, que articula o interno e o externo, a função e a forma, a utilidade e o ornamento. Tanto na sua residência - a Villa d'Uccle - quanto em outros ambientes que constrói - The Havana Company Cigar Store ou a Haby Babershop, 1900, ambas em Berlim -, Van de Velde mobiliza pintores, escultores, decoradores e outros profissionais, que trabalham de modo integrado na construção dos espaços, da estrutura do edifício aos detalhes do acabamento.
O art nouveau é um estilo eminentemente internacional, com denominações variadas nos diferentes países. Na Alemanha, é chamado jugendstil, em referência à revista Die Jugend, 1896; na Itália, stile liberty; na Espanha, modernista; na Áustria, sezessionstil. Os três maiores expoentes austríacos do art nouveau, integrantes da Secessão vienense, são o pintor Gustav Klimt (1862-1918), o arquiteto Joseph Olbrich (1867-1908) - responsável, entre outros, pelo Palácio da Secessão, 1898, em Viena - e o arquiteto e designer Josef Hoffmann (1870-1956), autor dos átrios da Casa Moser, 1901/1903, da Casa Koller, 1902, e do Palácio da Secessão. Os trabalhos de Klimt são emblemáticos do modo como a pintura se associa diretamente à decoração e à ilustração no art nouveau. Suas figuras femininas, de tom alegórico e forte sensualidade - por exemplo, o retrato de corpo inteiro de Emilie Flöge, 1902, Judite I, 1901, e As Três Idades da Mulher, 1908 -, têm grande impacto em pintores vienenses como Oskar Kokoschka (1886-1980) e Egon Schiele (1890-1918).
Ainda no terreno da pintura, é possível lembrar o nome do suíço Ferdinand Hodler (1853-1918) e suas obras de expressão simbolismo como O Desapontado, 1890; os pintores integrantes do grupo belga Les Vingt (Les XX) - James Ensor (1860-1949), Toorop e Van de Velde -; e o inglês Aubrey Vincent Beardsley (1872-1898), ilustrador, entre outros, da versão inglesa de Salomé, de Oscar Wilde (1854-1900).
No Brasil, observam-se leituras e apropriações de aspectos do estilo art nouveau na arquitetura e na pintura decorativa. Em sintonia com o boom da borracha, 1850/1910, as cidades de Belém e Manaus assistem à incorporação de elementos do art nouveau, seja na residência de Antonio Faciola (decorada com peças de Gallé e outros artesãos franceses) seja naquela construída por Victor Maria da Silva, ambas em Belém. Menos que um art nouveau típico, o estilo na região encontra-se mesclado às representações da natureza e do homem amazônicos, e aos grafismos da arte marajoara, como indicam as peças decorativas de Theodoro Braga (1872-1953) e os trabalhos do português Correia Dias (1892-1935). A casa de Braga em São Paulo, 1937, exemplifica as confluências entre o art nouveau e os motivos marajoaras.
A Vila Penteado, prédio atualmente pertencente à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) -, na rua Maranhão, é considerada um dos mais representativos exemplares de art nouveau em São Paulo. Projetada pelo arquiteto Carlos Ekman (1866-1940), em 1902, a residência segue o padrão menos rebuscado do estilo sezession austríaco. Na fachada externa, nota-se o discreto emprego de arabescos e formas florais. No monumental hall de entrada, pinturas de Carlos de Servi (1871-1947), Oscar Pereira da Silva (1867-1939) e ornamentação de Paciulli. Victor Dubugras (1868-1933) é outro arquiteto notável pelas construções art nouveau que projeta na cidade, por exemplo, a casa da rua Marquês de Itu, número 80, ou a residência do doutor Horácio Sabino na avenida Paulista esquina com a rua Augusta, ou ainda a estação de ferro de Mairinque, São Paulo, 1906.
No modernismo de 1922, os nomes dos artistas decoradores John Graz (1891-1980) e dos irmãos Regina Graz (1897-1973) e Antonio Gomide (1895-1967), todos alunos de Ferdinand Hodler, evidenciam influências do art nouveau no Brasil. No campo das artes gráficas, alguns trabalhos de Di Cavalcanti (1897-1976) - Projeto para Cartaz (Carnaval), s.d. e de J. Carlos (1884-1950) - por exemplo, as aquarelas Um Suicídio, 1914, e Garota na Onda, s.d. - se beneficiam do vocabulário formal da "arte nova".
Fonte: ART Nouveau. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 17 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Émile Gallé (Nancy, França, 8 de maio de 1846 — Idem, 23 de setembro de 1904) foi um famoso mestre vidraceiro francês, além de um exímio ceramista, ebanista e marceneiro, sendo consagrado como um dos expoentes da Art Nouveau, tendo fundado a famosa Escola de Nancy, um dos mais importantes polos do movimento art Nouveau na França, em 1901.
Biografia
Desde cedo Émile Gallé demonstrava interesse pela natureza. Aproveita, então, as formas que observa nas plantas e flores, ao criar e decorar suas obras em vidro. Aprendeu o ofício com o pai, conhecido pintor de porcelanas: Charles Gallet.
Émille foi bastante influenciado pelas artes decorativas medievais e também pela estética islâmica. Durante a década de 1880, se encanta com a arte japonesa - principalmente as exóticas fauna e flora -, o que transparece em seus trabalhos.
O artista ainda se aventurou no trabalho com madeira, desenhando e esculpindo móveis, dando nova vida à marchetaria. A princípio seus móveis eram genéricos, massificados e confeccionados no estilo renascentista. Até o momento em que trouxe também para esta arte a influência oriental, ousando na escolha de materiais - o bambu, por exemplo - e dedicando visível apreço aos entalhes.
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Biografia Wikipédia
Trabalhou com vidros opacos e semitransparentes, ganhando fama internacional pelos motivos florais. Em termos de mobiliário reinaugurou a tradição da marchetaria. A principal temática de seus artefatos são flores e folhagens, realizadas em camadas sobrepostas de vidro, técnica por ele desenvolvida, trabalhando com maestria a opacidade e translucidez do material. Uma produção de fins de século XIX e início do Século XX, traz especificamente paisagens tropicais, inspiradas no Rio de Janeiro.
Seu pai, Charles Louis Édouard Gallé (1818-1902), nasceu na Picardia. Aprendeu o ofício de pintor em porcelana, mais tarde começou a viajar para o leste da França para vender as porcelanas da manufatura Bougon & Chalotas. Em 1843 ele visitou a cidade de Nancy para vender porcelanas para a loja de Jean Martin Reinemer, lá ele conheceu a sua futura esposa A jovem Fany. Seu sogro logo veio a falecer e Charles se associa a sua sogra para levar à frente o negócio familiar, aplicando todo seu conhecimento artístico ele cria peças únicas que dará início a manufatura Gallé de cerâmicas e vidros artísticos .
Antes de assumir a direção artística do negócio paterno, Émile dedicou-se aos estudos e mudou várias vezes de cidade. Em 1862 mudou-se para Weimar, não para estudar vidraria, mas filosofia, botânica, mineralogia e zoologia - o que indica a sua paixão pela flora e pela fauna. A sua ligação à mineralogia o fez especializar-se na técnica do fabrico do vidro, o que lhe permitiu realizar numerosas invenções nesse âmbito.
O jovem Gallé deixava-se encantar pela atmosfera de Weimar, a cidade dos poetas: ali conheceu e aprendeu a apreciar a música de Franz Liszt e Richard Wagner. Em 1886, mudou-se para Meisenthal, na Lorena, um importante centro de fabricação de vidros, e realizou práticas profissionais no local de trabalho de um antigo companheiro do seu pai durante muitos anos. Na fábrica de vidros artísticos Burgun-Schverer aprendeu a difícil arte do vidro soprado. Esses primeiros anos foram acompanhados de estudos sobre pintura. Também elaborou desenhos que eventualmente poderiam ser de utilidade na empresa do pai.
Em 1871 surgiu a oportunidade de representar o negócio familiar numa exposição em Londres. Lá conheceu o movimento Arts and Crafts e visitou muitas vezes o Museu de Artes e Ofícios, onde entrou em contacto com a arte japonesa. A sua relação com o Japão fortaleceu-se graças à profunda amizade que entabulou com o biólogo Tokuso Takasima, que se instalara em Nancy por volta de 1880 para estudar dasonomia.
Em 1878, Gallé foi contratado como perito no departamento de plantas da Exposição Universal de Paris.
A mudança decisiva no desenvolvimento deste artista data de 1874, altura em que o pai lhe passou a direção artística do ateliê. Quatro anos mais tarde, conseguiu o triunfo na Exposição Universal de Paris com um vidro que despertou muito interesse - o clair de lune, assim chamado em razão do seu tom de safira resultante da adição de óxido de cobalto.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 17 de abril de 2017.
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Análise
"Evocar o trabalho de Emile Gallé é considerar três técnicas diferentes: cerâmica, madeira e vidro. Daí o apelido de "homo triplex" atribuído ao artista por seu amigo, o crítico de arte Roger Marx. Mas desde seu tempo, e muito depois de seu desaparecimento, foi o trabalho de vidro de Gallé que foi o assunto do maior número de artigos, estudos e comentários de jornalistas e historiadores de art. (...) Ernest Tisserand escreve um artigo sobre a obra de vidro de Gallé e Lalique, cujas palavras são elogiadas pelo Nancéien: “Ele colocou o poema em vidro e, para alcançar seus objetivos, fez tais invenções. técnicas, realizavam tais feitos materiais de força ... ”Da mesma forma, podemos nos surpreender com o comentário de Le Corbusier sobre o artista:“ A vida de Gallé é bela, compartilhado entre o estudo direto da natureza e o capricho do fogo em seus fornos. Gallé deixa objetos belos, plásticos e obras sensíveis ... Gallé é um homem louvável e seu trabalho é louvável. ” (…) Na obra de Gallé, é possível ressaltar que este, em particular os pedaços de vidro, nunca ficou indiferente e que manteve um lugar especial na imaginação coletiva do século XX. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão para essa longa mania e essa constante admiração. em particular as peças de vidro, nunca deixadas indiferentes, e que mantinha na imaginação coletiva do século XX um lugar de escolha. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão dessa longa mania e dessa constante admiração. em particular as peças de vidro, nunca deixadas indiferentes, e que mantinha na imaginação coletiva do século XX um lugar de escolha. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão dessa longa mania e dessa constante admiração."
THOMAS, Valérie, 2004 (Glass na obra de Émile Gallé. Em: Émile Gallé et le Verre, a coleção do Museu da Escola de Nancy. Somogy Éditions d'Art / Museu da Escola de Nancy, p. 22-23)
Cronologia
1846 - Nasce em Nancy, na França.
1862 - Estuda Botânica na Université de Nancy.
1865 - Estuda Filosofia e Mineralogia em Weimar e no atelier de Arquitetura e Arte , até 1866.
1866 - Torna-se aprendiz de vitraleiro na Burgun und Schverer, em Meisenthal, na Alemanha.
1877 - Assume a diretoria da empresa de sua família.
1878 - Expõe seus trabalhos pela primeira vez na Exposition Universelle de Paris, e é premiado com quatro medalhas de ouro.
1884 - Expõe cerca de 300 peças em vidro, de grande diversidade artística, na Union Centrale des Arts Décoratifs, em Paris.
1885 - Estuda arte oriental e técnicas de pintura com seu colega e artista botânico japonês, Hokkai [Tokuso] Takashima.
1889 - É premiado novamente na Exposition Universelle por seus móveis e peças de vidro e cerâmica.
1900 - É nomeado Comandante da Légion d'Honneur.
1901 - Funda a École de Nancy, também conhecida como Alliance Provinciale des Industries d’Art.
1904 - Morre em Nancy, aos 58 anos, vítima de leucemia.
Fonte: Aegis Education, consultado em 12 de março de 2020.
Crédito fotográfico: Pintura de Victor Prouvé (1892) / Foto disponibilizada pelo Musée d'Orsay
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A importância de Gallé
Gallé é uma das figuras mais destacadas das artes aplicadas de sua época e um dos pioneiros do estilo art Nouveau. Também foi precursor do estudo da genética e evolução no mundo vegetal. Este seu trabalho, desconhecido do público em geral, é, no entanto, de grande relevância, uma vez que precede o de Gregor Mendel (1822 – 1884), conhecido como o “pai da genética”, e anuncia as suas principais linhas. Na porta de sua oficina em Nancy, pode-se ainda ler o lema que a emoldura: “Nossas raízes estão no fundo da floresta, entre o musgo, ao redor das nascentes”. Também suas peças mostram a sua paixão por esse tema, já que muitas apresentavam motivos vegetais com flores e folhas em suas decorações.
Como citado, Gallé foi exímio na produção de móveis e cerâmicas, mas ele se superou na produção de vidros artísticos. São estas peças que farão a sua fama.
O trabalho em vidro
É bastante impróprio falarmos do trabalho em vidro de Émile Gallé, sob o nome de “pâte de verre” (pasta de vidro). No fundo, o seu trabalho é marcado pela produção não apenas destes vidros fundidos de material granulado com opacidade, mas principalmente pela sua produção “soufflé” (soprada), não em vidro, mas em cristal, ou seja, com a adição de sais de chumbo. Sua técnica refinada permitia que se adicionassem novas camadas coloridas de óxidos metálicos, antes de soprar a peça, retrabalhando-a com novas inclusões de camadas de óxidos, folhas de ouro ou prata. As peças, então, eram ornadas em gravações com ácido fluorídrico proporcionando uma decoração conhecida como “cameo”. Por ser um trabalho delicado, no resfriamento, as diferenças na expansão dessas camadas causavam acidentes muito frequentes, quebrando-as, o que acabou tornando estas peças, raridades.
Gallé foi também o inventor de várias técnicas, incluindo a mais conhecida delas, a da marchetaria de vidro, desenvolvida em 1898, que consistia em depositar pequenas inclusões de vidro na pasta fundida.
A assinatura
Cada peça traz a assinatura de Gallé, com centenas de variantes que dão origem ao catálogo, mas nem todas são referenciadas. Com raras exceções, as peças são todas assinadas, seja embaixo, seja no corpo da peça. Durante a vida de Gallé, as assinaturas foram particularmente procuradas e supervisionadas pelo próprio artista. Posteriormente, após 1904, as marcas “Gallé” se tornaram relativamente padronizadas. As assinaturas e marcas permitem, em princípio, datar as peças. Na produção de peças entre os anos de 1904 e 1906, a assinatura é precedida por uma pequena estrela. Depois de 1906, já tendo Gallé falecido, esta marca foi abolida, já que passou a ser considerada mórbida pelos apreciadores desta arte.
A produção depois da morte de Gallé
De 1904 a 1914, a produção ficou muito próxima das peças industriais que saíram da fábrica de Gallé antes de sua morte. São quase exclusivamente peças de vidro multicamadas gravadas com ácido, às vezes retocadas pela trituração para eliminar falhas, e os padrões de decoração são quase os mesmos que os criados durante a sua vida. De 1918 a 1936, uma produção padronizada e em grande escala acontece. A maioria das peças no mercado hoje remonta a esta época, sendo em vidro e revestida com ácido ou multicamadas. A produção é de boa qualidade técnica, pelo menos para as grandes peças. Neste período novos padrões foram criados, às vezes se distanciando do estilo art Nouveau, com decorações estilizadas e se utilizando de uma nova técnica denominada de sopro de molde. Mas a banalização dessa produção em larga escala e a falta de renovação artística, agravada por uma crise econômica, pôs fim à produção da fábrica de Gallé em 1936, ano em que encerra suas atividades.
As falsificações
Por fim, cabe ressaltar que a alta demanda pelas peças de vidro artístico de Gallé no final da década de 1980, começou a atrair falsificadores para esses objetos artísticos. Muitas falsificações começaram a circular no mercado internacional, forjando razoavelmente as assinaturas originais do mestre vidreiro, às vezes acompanhadas da menção “Tip”. Essas falsificações, na maioria das vezes cópias medíocres, são interpretações de lâmpadas e vasos acidados, podendo ser reconhecidas por certos detalhes técnicos que denotam a qualidade inferior da sua execução, incompatível com as peças originais.
Fonte: Reliquiano, por José Márcio Viezzi Molfi em 13 de agosto de 2018.
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Art Nouveau, por Itaú Cultural
Estilo artístico que se desenvolve entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Europa e nos Estados Unidos, espalhando-se para o resto do mundo, e que interessa mais de perto às Artes Aplicadas: arquitetura, artes decorativas, design, artes gráficas, mobiliário e outras. O termo tem origem na galeria parisiense L'Art Nouveau, aberta em 1895 pelo comerciante de arte e colecionador Siegfried Bing. O projeto de redecoração da casa de Bing por arquitetos e designers modernos é apresentado na Exposição Universal de Paris de 1900, Art Nouveau Bing, conferindo visibilidade e reconhecimento internacional ao movimento. A designação modern style, amplamente utilizada na França, reflete as raízes inglesas do novo estilo ornamental. O movimento social e estético inglês Arts and Crafts, liderado por William Morris (1834-1896), está nas origens do art nouveau ao atenuar as fronteiras entre belas-artes e artesanato pela valorização dos ofícios e trabalhos manuais, e pela recuperação do ideal de produção coletiva, segundo o modelo das guildas medievais. O art nouveau dialoga mais decididamente com a produção industrial em série. Os novos materiais do mundo moderno são amplamente utilizados (o ferro, o vidro e o cimento), assim como são valorizadas a lógica e a racionalidade das ciências e da engenharia. Nesse sentido, o estilo acompanha de perto os rastros da industrialização e o fortalecimento da burguesia.
O art nouveau se insere no coração da sociedade moderna, reagindo ao historicismo da Arte Acadêmica do século XIX e ao sentimentalismo e expressões líricas dos românticos, e visa adaptar-se à vida cotidiana, às mudanças sociais e ao ritmo acelerado da vida moderna. Mas sua adesão à lógica industrial e à sociedade de massas se dá pela subversão de certos princípios básicos à produção em série, que tende aos materiais industrializáveis e ao acabamento menos sofisticado. A "arte nova" revaloriza a beleza, colocando-a ao alcance de todos, pela articulação estreita entre arte e indústria.
A fonte de inspiração primeira dos artistas é a natureza, as linhas sinuosas e assimétricas das flores e animais. O movimento da linha assume o primeiro plano dos trabalhos, ditando os contornos das formas e o sentido da construção. Os arabescos e as curvas, complementados pelos tons frios, invadem as ilustrações, o mundo da moda, as fachadas e os interiores, atestam o balaústre da escada da Casa Solvay, 1894/1899, em Bruxelas, do arquiteto e projetista belga Victor Horta (1861-1947); as cerâmicas e os objetos de vidro do artesão e designer francês Emile Gallé (1846-1904); a fachada do Ateliê Elvira, 1898, em Munique, do alemão August Endell (1871-1925); os interiores do norte-americano Louis Comfort Tiffany (1848-1933); as pinturas, os vitrais e painéis do holandês Jan Toorop (1858-1928); o Castel Beránger e estações de metrô, de Hector Guimard (1867-1942), em Paris; a Casa Milá, 1905/1910, e o Parque Güell, de Antoni Gaudí (1852-1926), em Barcelona; a Villa d'Uccle, 1896, do arquiteto e projetista belga Henry van de Velde (1863-1957). Um traço destacado de Van de Velde e de outros arquitetos ligados ao movimento é a idéia modernista da unidade dos projetos, que articula o interno e o externo, a função e a forma, a utilidade e o ornamento. Tanto na sua residência - a Villa d'Uccle - quanto em outros ambientes que constrói - The Havana Company Cigar Store ou a Haby Babershop, 1900, ambas em Berlim -, Van de Velde mobiliza pintores, escultores, decoradores e outros profissionais, que trabalham de modo integrado na construção dos espaços, da estrutura do edifício aos detalhes do acabamento.
O art nouveau é um estilo eminentemente internacional, com denominações variadas nos diferentes países. Na Alemanha, é chamado jugendstil, em referência à revista Die Jugend, 1896; na Itália, stile liberty; na Espanha, modernista; na Áustria, sezessionstil. Os três maiores expoentes austríacos do art nouveau, integrantes da Secessão vienense, são o pintor Gustav Klimt (1862-1918), o arquiteto Joseph Olbrich (1867-1908) - responsável, entre outros, pelo Palácio da Secessão, 1898, em Viena - e o arquiteto e designer Josef Hoffmann (1870-1956), autor dos átrios da Casa Moser, 1901/1903, da Casa Koller, 1902, e do Palácio da Secessão. Os trabalhos de Klimt são emblemáticos do modo como a pintura se associa diretamente à decoração e à ilustração no art nouveau. Suas figuras femininas, de tom alegórico e forte sensualidade - por exemplo, o retrato de corpo inteiro de Emilie Flöge, 1902, Judite I, 1901, e As Três Idades da Mulher, 1908 -, têm grande impacto em pintores vienenses como Oskar Kokoschka (1886-1980) e Egon Schiele (1890-1918).
Ainda no terreno da pintura, é possível lembrar o nome do suíço Ferdinand Hodler (1853-1918) e suas obras de expressão simbolismo como O Desapontado, 1890; os pintores integrantes do grupo belga Les Vingt (Les XX) - James Ensor (1860-1949), Toorop e Van de Velde -; e o inglês Aubrey Vincent Beardsley (1872-1898), ilustrador, entre outros, da versão inglesa de Salomé, de Oscar Wilde (1854-1900).
No Brasil, observam-se leituras e apropriações de aspectos do estilo art nouveau na arquitetura e na pintura decorativa. Em sintonia com o boom da borracha, 1850/1910, as cidades de Belém e Manaus assistem à incorporação de elementos do art nouveau, seja na residência de Antonio Faciola (decorada com peças de Gallé e outros artesãos franceses) seja naquela construída por Victor Maria da Silva, ambas em Belém. Menos que um art nouveau típico, o estilo na região encontra-se mesclado às representações da natureza e do homem amazônicos, e aos grafismos da arte marajoara, como indicam as peças decorativas de Theodoro Braga (1872-1953) e os trabalhos do português Correia Dias (1892-1935). A casa de Braga em São Paulo, 1937, exemplifica as confluências entre o art nouveau e os motivos marajoaras.
A Vila Penteado, prédio atualmente pertencente à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) -, na rua Maranhão, é considerada um dos mais representativos exemplares de art nouveau em São Paulo. Projetada pelo arquiteto Carlos Ekman (1866-1940), em 1902, a residência segue o padrão menos rebuscado do estilo sezession austríaco. Na fachada externa, nota-se o discreto emprego de arabescos e formas florais. No monumental hall de entrada, pinturas de Carlos de Servi (1871-1947), Oscar Pereira da Silva (1867-1939) e ornamentação de Paciulli. Victor Dubugras (1868-1933) é outro arquiteto notável pelas construções art nouveau que projeta na cidade, por exemplo, a casa da rua Marquês de Itu, número 80, ou a residência do doutor Horácio Sabino na avenida Paulista esquina com a rua Augusta, ou ainda a estação de ferro de Mairinque, São Paulo, 1906.
No modernismo de 1922, os nomes dos artistas decoradores John Graz (1891-1980) e dos irmãos Regina Graz (1897-1973) e Antonio Gomide (1895-1967), todos alunos de Ferdinand Hodler, evidenciam influências do art nouveau no Brasil. No campo das artes gráficas, alguns trabalhos de Di Cavalcanti (1897-1976) - Projeto para Cartaz (Carnaval), s.d. e de J. Carlos (1884-1950) - por exemplo, as aquarelas Um Suicídio, 1914, e Garota na Onda, s.d. - se beneficiam do vocabulário formal da "arte nova".
Fonte: ART Nouveau. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 17 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Émile Gallé (Nancy, França, 8 de maio de 1846 — Idem, 23 de setembro de 1904) foi um famoso mestre vidraceiro francês, além de um exímio ceramista, ebanista e marceneiro, sendo consagrado como um dos expoentes da Art Nouveau, tendo fundado a famosa Escola de Nancy, um dos mais importantes polos do movimento art Nouveau na França, em 1901.
Biografia
Desde cedo Émile Gallé demonstrava interesse pela natureza. Aproveita, então, as formas que observa nas plantas e flores, ao criar e decorar suas obras em vidro. Aprendeu o ofício com o pai, conhecido pintor de porcelanas: Charles Gallet.
Émille foi bastante influenciado pelas artes decorativas medievais e também pela estética islâmica. Durante a década de 1880, se encanta com a arte japonesa - principalmente as exóticas fauna e flora -, o que transparece em seus trabalhos.
O artista ainda se aventurou no trabalho com madeira, desenhando e esculpindo móveis, dando nova vida à marchetaria. A princípio seus móveis eram genéricos, massificados e confeccionados no estilo renascentista. Até o momento em que trouxe também para esta arte a influência oriental, ousando na escolha de materiais - o bambu, por exemplo - e dedicando visível apreço aos entalhes.
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Biografia Wikipédia
Trabalhou com vidros opacos e semitransparentes, ganhando fama internacional pelos motivos florais. Em termos de mobiliário reinaugurou a tradição da marchetaria. A principal temática de seus artefatos são flores e folhagens, realizadas em camadas sobrepostas de vidro, técnica por ele desenvolvida, trabalhando com maestria a opacidade e translucidez do material. Uma produção de fins de século XIX e início do Século XX, traz especificamente paisagens tropicais, inspiradas no Rio de Janeiro.
Seu pai, Charles Louis Édouard Gallé (1818-1902), nasceu na Picardia. Aprendeu o ofício de pintor em porcelana, mais tarde começou a viajar para o leste da França para vender as porcelanas da manufatura Bougon & Chalotas. Em 1843 ele visitou a cidade de Nancy para vender porcelanas para a loja de Jean Martin Reinemer, lá ele conheceu a sua futura esposa A jovem Fany. Seu sogro logo veio a falecer e Charles se associa a sua sogra para levar à frente o negócio familiar, aplicando todo seu conhecimento artístico ele cria peças únicas que dará início a manufatura Gallé de cerâmicas e vidros artísticos .
Antes de assumir a direção artística do negócio paterno, Émile dedicou-se aos estudos e mudou várias vezes de cidade. Em 1862 mudou-se para Weimar, não para estudar vidraria, mas filosofia, botânica, mineralogia e zoologia - o que indica a sua paixão pela flora e pela fauna. A sua ligação à mineralogia o fez especializar-se na técnica do fabrico do vidro, o que lhe permitiu realizar numerosas invenções nesse âmbito.
O jovem Gallé deixava-se encantar pela atmosfera de Weimar, a cidade dos poetas: ali conheceu e aprendeu a apreciar a música de Franz Liszt e Richard Wagner. Em 1886, mudou-se para Meisenthal, na Lorena, um importante centro de fabricação de vidros, e realizou práticas profissionais no local de trabalho de um antigo companheiro do seu pai durante muitos anos. Na fábrica de vidros artísticos Burgun-Schverer aprendeu a difícil arte do vidro soprado. Esses primeiros anos foram acompanhados de estudos sobre pintura. Também elaborou desenhos que eventualmente poderiam ser de utilidade na empresa do pai.
Em 1871 surgiu a oportunidade de representar o negócio familiar numa exposição em Londres. Lá conheceu o movimento Arts and Crafts e visitou muitas vezes o Museu de Artes e Ofícios, onde entrou em contacto com a arte japonesa. A sua relação com o Japão fortaleceu-se graças à profunda amizade que entabulou com o biólogo Tokuso Takasima, que se instalara em Nancy por volta de 1880 para estudar dasonomia.
Em 1878, Gallé foi contratado como perito no departamento de plantas da Exposição Universal de Paris.
A mudança decisiva no desenvolvimento deste artista data de 1874, altura em que o pai lhe passou a direção artística do ateliê. Quatro anos mais tarde, conseguiu o triunfo na Exposição Universal de Paris com um vidro que despertou muito interesse - o clair de lune, assim chamado em razão do seu tom de safira resultante da adição de óxido de cobalto.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 17 de abril de 2017.
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Análise
"Evocar o trabalho de Emile Gallé é considerar três técnicas diferentes: cerâmica, madeira e vidro. Daí o apelido de "homo triplex" atribuído ao artista por seu amigo, o crítico de arte Roger Marx. Mas desde seu tempo, e muito depois de seu desaparecimento, foi o trabalho de vidro de Gallé que foi o assunto do maior número de artigos, estudos e comentários de jornalistas e historiadores de art. (...) Ernest Tisserand escreve um artigo sobre a obra de vidro de Gallé e Lalique, cujas palavras são elogiadas pelo Nancéien: “Ele colocou o poema em vidro e, para alcançar seus objetivos, fez tais invenções. técnicas, realizavam tais feitos materiais de força ... ”Da mesma forma, podemos nos surpreender com o comentário de Le Corbusier sobre o artista:“ A vida de Gallé é bela, compartilhado entre o estudo direto da natureza e o capricho do fogo em seus fornos. Gallé deixa objetos belos, plásticos e obras sensíveis ... Gallé é um homem louvável e seu trabalho é louvável. ” (…) Na obra de Gallé, é possível ressaltar que este, em particular os pedaços de vidro, nunca ficou indiferente e que manteve um lugar especial na imaginação coletiva do século XX. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão para essa longa mania e essa constante admiração. em particular as peças de vidro, nunca deixadas indiferentes, e que mantinha na imaginação coletiva do século XX um lugar de escolha. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão dessa longa mania e dessa constante admiração. em particular as peças de vidro, nunca deixadas indiferentes, e que mantinha na imaginação coletiva do século XX um lugar de escolha. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão dessa longa mania e dessa constante admiração."
THOMAS, Valérie, 2004 (Glass na obra de Émile Gallé. Em: Émile Gallé et le Verre, a coleção do Museu da Escola de Nancy. Somogy Éditions d'Art / Museu da Escola de Nancy, p. 22-23)
Cronologia
1846 - Nasce em Nancy, na França.
1862 - Estuda Botânica na Université de Nancy.
1865 - Estuda Filosofia e Mineralogia em Weimar e no atelier de Arquitetura e Arte , até 1866.
1866 - Torna-se aprendiz de vitraleiro na Burgun und Schverer, em Meisenthal, na Alemanha.
1877 - Assume a diretoria da empresa de sua família.
1878 - Expõe seus trabalhos pela primeira vez na Exposition Universelle de Paris, e é premiado com quatro medalhas de ouro.
1884 - Expõe cerca de 300 peças em vidro, de grande diversidade artística, na Union Centrale des Arts Décoratifs, em Paris.
1885 - Estuda arte oriental e técnicas de pintura com seu colega e artista botânico japonês, Hokkai [Tokuso] Takashima.
1889 - É premiado novamente na Exposition Universelle por seus móveis e peças de vidro e cerâmica.
1900 - É nomeado Comandante da Légion d'Honneur.
1901 - Funda a École de Nancy, também conhecida como Alliance Provinciale des Industries d’Art.
1904 - Morre em Nancy, aos 58 anos, vítima de leucemia.
Fonte: Aegis Education, consultado em 12 de março de 2020.
Crédito fotográfico: Pintura de Victor Prouvé (1892) / Foto disponibilizada pelo Musée d'Orsay
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A importância de Gallé
Gallé é uma das figuras mais destacadas das artes aplicadas de sua época e um dos pioneiros do estilo art Nouveau. Também foi precursor do estudo da genética e evolução no mundo vegetal. Este seu trabalho, desconhecido do público em geral, é, no entanto, de grande relevância, uma vez que precede o de Gregor Mendel (1822 – 1884), conhecido como o “pai da genética”, e anuncia as suas principais linhas. Na porta de sua oficina em Nancy, pode-se ainda ler o lema que a emoldura: “Nossas raízes estão no fundo da floresta, entre o musgo, ao redor das nascentes”. Também suas peças mostram a sua paixão por esse tema, já que muitas apresentavam motivos vegetais com flores e folhas em suas decorações.
Como citado, Gallé foi exímio na produção de móveis e cerâmicas, mas ele se superou na produção de vidros artísticos. São estas peças que farão a sua fama.
O trabalho em vidro
É bastante impróprio falarmos do trabalho em vidro de Émile Gallé, sob o nome de “pâte de verre” (pasta de vidro). No fundo, o seu trabalho é marcado pela produção não apenas destes vidros fundidos de material granulado com opacidade, mas principalmente pela sua produção “soufflé” (soprada), não em vidro, mas em cristal, ou seja, com a adição de sais de chumbo. Sua técnica refinada permitia que se adicionassem novas camadas coloridas de óxidos metálicos, antes de soprar a peça, retrabalhando-a com novas inclusões de camadas de óxidos, folhas de ouro ou prata. As peças, então, eram ornadas em gravações com ácido fluorídrico proporcionando uma decoração conhecida como “cameo”. Por ser um trabalho delicado, no resfriamento, as diferenças na expansão dessas camadas causavam acidentes muito frequentes, quebrando-as, o que acabou tornando estas peças, raridades.
Gallé foi também o inventor de várias técnicas, incluindo a mais conhecida delas, a da marchetaria de vidro, desenvolvida em 1898, que consistia em depositar pequenas inclusões de vidro na pasta fundida.
A assinatura
Cada peça traz a assinatura de Gallé, com centenas de variantes que dão origem ao catálogo, mas nem todas são referenciadas. Com raras exceções, as peças são todas assinadas, seja embaixo, seja no corpo da peça. Durante a vida de Gallé, as assinaturas foram particularmente procuradas e supervisionadas pelo próprio artista. Posteriormente, após 1904, as marcas “Gallé” se tornaram relativamente padronizadas. As assinaturas e marcas permitem, em princípio, datar as peças. Na produção de peças entre os anos de 1904 e 1906, a assinatura é precedida por uma pequena estrela. Depois de 1906, já tendo Gallé falecido, esta marca foi abolida, já que passou a ser considerada mórbida pelos apreciadores desta arte.
A produção depois da morte de Gallé
De 1904 a 1914, a produção ficou muito próxima das peças industriais que saíram da fábrica de Gallé antes de sua morte. São quase exclusivamente peças de vidro multicamadas gravadas com ácido, às vezes retocadas pela trituração para eliminar falhas, e os padrões de decoração são quase os mesmos que os criados durante a sua vida. De 1918 a 1936, uma produção padronizada e em grande escala acontece. A maioria das peças no mercado hoje remonta a esta época, sendo em vidro e revestida com ácido ou multicamadas. A produção é de boa qualidade técnica, pelo menos para as grandes peças. Neste período novos padrões foram criados, às vezes se distanciando do estilo art Nouveau, com decorações estilizadas e se utilizando de uma nova técnica denominada de sopro de molde. Mas a banalização dessa produção em larga escala e a falta de renovação artística, agravada por uma crise econômica, pôs fim à produção da fábrica de Gallé em 1936, ano em que encerra suas atividades.
As falsificações
Por fim, cabe ressaltar que a alta demanda pelas peças de vidro artístico de Gallé no final da década de 1980, começou a atrair falsificadores para esses objetos artísticos. Muitas falsificações começaram a circular no mercado internacional, forjando razoavelmente as assinaturas originais do mestre vidreiro, às vezes acompanhadas da menção “Tip”. Essas falsificações, na maioria das vezes cópias medíocres, são interpretações de lâmpadas e vasos acidados, podendo ser reconhecidas por certos detalhes técnicos que denotam a qualidade inferior da sua execução, incompatível com as peças originais.
Fonte: Reliquiano, por José Márcio Viezzi Molfi em 13 de agosto de 2018.
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Art Nouveau, por Itaú Cultural
Estilo artístico que se desenvolve entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Europa e nos Estados Unidos, espalhando-se para o resto do mundo, e que interessa mais de perto às Artes Aplicadas: arquitetura, artes decorativas, design, artes gráficas, mobiliário e outras. O termo tem origem na galeria parisiense L'Art Nouveau, aberta em 1895 pelo comerciante de arte e colecionador Siegfried Bing. O projeto de redecoração da casa de Bing por arquitetos e designers modernos é apresentado na Exposição Universal de Paris de 1900, Art Nouveau Bing, conferindo visibilidade e reconhecimento internacional ao movimento. A designação modern style, amplamente utilizada na França, reflete as raízes inglesas do novo estilo ornamental. O movimento social e estético inglês Arts and Crafts, liderado por William Morris (1834-1896), está nas origens do art nouveau ao atenuar as fronteiras entre belas-artes e artesanato pela valorização dos ofícios e trabalhos manuais, e pela recuperação do ideal de produção coletiva, segundo o modelo das guildas medievais. O art nouveau dialoga mais decididamente com a produção industrial em série. Os novos materiais do mundo moderno são amplamente utilizados (o ferro, o vidro e o cimento), assim como são valorizadas a lógica e a racionalidade das ciências e da engenharia. Nesse sentido, o estilo acompanha de perto os rastros da industrialização e o fortalecimento da burguesia.
O art nouveau se insere no coração da sociedade moderna, reagindo ao historicismo da Arte Acadêmica do século XIX e ao sentimentalismo e expressões líricas dos românticos, e visa adaptar-se à vida cotidiana, às mudanças sociais e ao ritmo acelerado da vida moderna. Mas sua adesão à lógica industrial e à sociedade de massas se dá pela subversão de certos princípios básicos à produção em série, que tende aos materiais industrializáveis e ao acabamento menos sofisticado. A "arte nova" revaloriza a beleza, colocando-a ao alcance de todos, pela articulação estreita entre arte e indústria.
A fonte de inspiração primeira dos artistas é a natureza, as linhas sinuosas e assimétricas das flores e animais. O movimento da linha assume o primeiro plano dos trabalhos, ditando os contornos das formas e o sentido da construção. Os arabescos e as curvas, complementados pelos tons frios, invadem as ilustrações, o mundo da moda, as fachadas e os interiores, atestam o balaústre da escada da Casa Solvay, 1894/1899, em Bruxelas, do arquiteto e projetista belga Victor Horta (1861-1947); as cerâmicas e os objetos de vidro do artesão e designer francês Emile Gallé (1846-1904); a fachada do Ateliê Elvira, 1898, em Munique, do alemão August Endell (1871-1925); os interiores do norte-americano Louis Comfort Tiffany (1848-1933); as pinturas, os vitrais e painéis do holandês Jan Toorop (1858-1928); o Castel Beránger e estações de metrô, de Hector Guimard (1867-1942), em Paris; a Casa Milá, 1905/1910, e o Parque Güell, de Antoni Gaudí (1852-1926), em Barcelona; a Villa d'Uccle, 1896, do arquiteto e projetista belga Henry van de Velde (1863-1957). Um traço destacado de Van de Velde e de outros arquitetos ligados ao movimento é a idéia modernista da unidade dos projetos, que articula o interno e o externo, a função e a forma, a utilidade e o ornamento. Tanto na sua residência - a Villa d'Uccle - quanto em outros ambientes que constrói - The Havana Company Cigar Store ou a Haby Babershop, 1900, ambas em Berlim -, Van de Velde mobiliza pintores, escultores, decoradores e outros profissionais, que trabalham de modo integrado na construção dos espaços, da estrutura do edifício aos detalhes do acabamento.
O art nouveau é um estilo eminentemente internacional, com denominações variadas nos diferentes países. Na Alemanha, é chamado jugendstil, em referência à revista Die Jugend, 1896; na Itália, stile liberty; na Espanha, modernista; na Áustria, sezessionstil. Os três maiores expoentes austríacos do art nouveau, integrantes da Secessão vienense, são o pintor Gustav Klimt (1862-1918), o arquiteto Joseph Olbrich (1867-1908) - responsável, entre outros, pelo Palácio da Secessão, 1898, em Viena - e o arquiteto e designer Josef Hoffmann (1870-1956), autor dos átrios da Casa Moser, 1901/1903, da Casa Koller, 1902, e do Palácio da Secessão. Os trabalhos de Klimt são emblemáticos do modo como a pintura se associa diretamente à decoração e à ilustração no art nouveau. Suas figuras femininas, de tom alegórico e forte sensualidade - por exemplo, o retrato de corpo inteiro de Emilie Flöge, 1902, Judite I, 1901, e As Três Idades da Mulher, 1908 -, têm grande impacto em pintores vienenses como Oskar Kokoschka (1886-1980) e Egon Schiele (1890-1918).
Ainda no terreno da pintura, é possível lembrar o nome do suíço Ferdinand Hodler (1853-1918) e suas obras de expressão simbolismo como O Desapontado, 1890; os pintores integrantes do grupo belga Les Vingt (Les XX) - James Ensor (1860-1949), Toorop e Van de Velde -; e o inglês Aubrey Vincent Beardsley (1872-1898), ilustrador, entre outros, da versão inglesa de Salomé, de Oscar Wilde (1854-1900).
No Brasil, observam-se leituras e apropriações de aspectos do estilo art nouveau na arquitetura e na pintura decorativa. Em sintonia com o boom da borracha, 1850/1910, as cidades de Belém e Manaus assistem à incorporação de elementos do art nouveau, seja na residência de Antonio Faciola (decorada com peças de Gallé e outros artesãos franceses) seja naquela construída por Victor Maria da Silva, ambas em Belém. Menos que um art nouveau típico, o estilo na região encontra-se mesclado às representações da natureza e do homem amazônicos, e aos grafismos da arte marajoara, como indicam as peças decorativas de Theodoro Braga (1872-1953) e os trabalhos do português Correia Dias (1892-1935). A casa de Braga em São Paulo, 1937, exemplifica as confluências entre o art nouveau e os motivos marajoaras.
A Vila Penteado, prédio atualmente pertencente à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) -, na rua Maranhão, é considerada um dos mais representativos exemplares de art nouveau em São Paulo. Projetada pelo arquiteto Carlos Ekman (1866-1940), em 1902, a residência segue o padrão menos rebuscado do estilo sezession austríaco. Na fachada externa, nota-se o discreto emprego de arabescos e formas florais. No monumental hall de entrada, pinturas de Carlos de Servi (1871-1947), Oscar Pereira da Silva (1867-1939) e ornamentação de Paciulli. Victor Dubugras (1868-1933) é outro arquiteto notável pelas construções art nouveau que projeta na cidade, por exemplo, a casa da rua Marquês de Itu, número 80, ou a residência do doutor Horácio Sabino na avenida Paulista esquina com a rua Augusta, ou ainda a estação de ferro de Mairinque, São Paulo, 1906.
No modernismo de 1922, os nomes dos artistas decoradores John Graz (1891-1980) e dos irmãos Regina Graz (1897-1973) e Antonio Gomide (1895-1967), todos alunos de Ferdinand Hodler, evidenciam influências do art nouveau no Brasil. No campo das artes gráficas, alguns trabalhos de Di Cavalcanti (1897-1976) - Projeto para Cartaz (Carnaval), s.d. e de J. Carlos (1884-1950) - por exemplo, as aquarelas Um Suicídio, 1914, e Garota na Onda, s.d. - se beneficiam do vocabulário formal da "arte nova".
Fonte: ART Nouveau. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 17 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Émile Gallé (Nancy, França, 8 de maio de 1846 — Idem, 23 de setembro de 1904) foi um famoso mestre vidraceiro francês, além de um exímio ceramista, ebanista e marceneiro, sendo consagrado como um dos expoentes da Art Nouveau, tendo fundado a famosa Escola de Nancy, um dos mais importantes polos do movimento art Nouveau na França, em 1901.
Biografia
Desde cedo Émile Gallé demonstrava interesse pela natureza. Aproveita, então, as formas que observa nas plantas e flores, ao criar e decorar suas obras em vidro. Aprendeu o ofício com o pai, conhecido pintor de porcelanas: Charles Gallet.
Émille foi bastante influenciado pelas artes decorativas medievais e também pela estética islâmica. Durante a década de 1880, se encanta com a arte japonesa - principalmente as exóticas fauna e flora -, o que transparece em seus trabalhos.
O artista ainda se aventurou no trabalho com madeira, desenhando e esculpindo móveis, dando nova vida à marchetaria. A princípio seus móveis eram genéricos, massificados e confeccionados no estilo renascentista. Até o momento em que trouxe também para esta arte a influência oriental, ousando na escolha de materiais - o bambu, por exemplo - e dedicando visível apreço aos entalhes.
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Biografia Wikipédia
Trabalhou com vidros opacos e semitransparentes, ganhando fama internacional pelos motivos florais. Em termos de mobiliário reinaugurou a tradição da marchetaria. A principal temática de seus artefatos são flores e folhagens, realizadas em camadas sobrepostas de vidro, técnica por ele desenvolvida, trabalhando com maestria a opacidade e translucidez do material. Uma produção de fins de século XIX e início do Século XX, traz especificamente paisagens tropicais, inspiradas no Rio de Janeiro.
Seu pai, Charles Louis Édouard Gallé (1818-1902), nasceu na Picardia. Aprendeu o ofício de pintor em porcelana, mais tarde começou a viajar para o leste da França para vender as porcelanas da manufatura Bougon & Chalotas. Em 1843 ele visitou a cidade de Nancy para vender porcelanas para a loja de Jean Martin Reinemer, lá ele conheceu a sua futura esposa A jovem Fany. Seu sogro logo veio a falecer e Charles se associa a sua sogra para levar à frente o negócio familiar, aplicando todo seu conhecimento artístico ele cria peças únicas que dará início a manufatura Gallé de cerâmicas e vidros artísticos .
Antes de assumir a direção artística do negócio paterno, Émile dedicou-se aos estudos e mudou várias vezes de cidade. Em 1862 mudou-se para Weimar, não para estudar vidraria, mas filosofia, botânica, mineralogia e zoologia - o que indica a sua paixão pela flora e pela fauna. A sua ligação à mineralogia o fez especializar-se na técnica do fabrico do vidro, o que lhe permitiu realizar numerosas invenções nesse âmbito.
O jovem Gallé deixava-se encantar pela atmosfera de Weimar, a cidade dos poetas: ali conheceu e aprendeu a apreciar a música de Franz Liszt e Richard Wagner. Em 1886, mudou-se para Meisenthal, na Lorena, um importante centro de fabricação de vidros, e realizou práticas profissionais no local de trabalho de um antigo companheiro do seu pai durante muitos anos. Na fábrica de vidros artísticos Burgun-Schverer aprendeu a difícil arte do vidro soprado. Esses primeiros anos foram acompanhados de estudos sobre pintura. Também elaborou desenhos que eventualmente poderiam ser de utilidade na empresa do pai.
Em 1871 surgiu a oportunidade de representar o negócio familiar numa exposição em Londres. Lá conheceu o movimento Arts and Crafts e visitou muitas vezes o Museu de Artes e Ofícios, onde entrou em contacto com a arte japonesa. A sua relação com o Japão fortaleceu-se graças à profunda amizade que entabulou com o biólogo Tokuso Takasima, que se instalara em Nancy por volta de 1880 para estudar dasonomia.
Em 1878, Gallé foi contratado como perito no departamento de plantas da Exposição Universal de Paris.
A mudança decisiva no desenvolvimento deste artista data de 1874, altura em que o pai lhe passou a direção artística do ateliê. Quatro anos mais tarde, conseguiu o triunfo na Exposição Universal de Paris com um vidro que despertou muito interesse - o clair de lune, assim chamado em razão do seu tom de safira resultante da adição de óxido de cobalto.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 17 de abril de 2017.
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Análise
"Evocar o trabalho de Emile Gallé é considerar três técnicas diferentes: cerâmica, madeira e vidro. Daí o apelido de "homo triplex" atribuído ao artista por seu amigo, o crítico de arte Roger Marx. Mas desde seu tempo, e muito depois de seu desaparecimento, foi o trabalho de vidro de Gallé que foi o assunto do maior número de artigos, estudos e comentários de jornalistas e historiadores de art. (...) Ernest Tisserand escreve um artigo sobre a obra de vidro de Gallé e Lalique, cujas palavras são elogiadas pelo Nancéien: “Ele colocou o poema em vidro e, para alcançar seus objetivos, fez tais invenções. técnicas, realizavam tais feitos materiais de força ... ”Da mesma forma, podemos nos surpreender com o comentário de Le Corbusier sobre o artista:“ A vida de Gallé é bela, compartilhado entre o estudo direto da natureza e o capricho do fogo em seus fornos. Gallé deixa objetos belos, plásticos e obras sensíveis ... Gallé é um homem louvável e seu trabalho é louvável. ” (…) Na obra de Gallé, é possível ressaltar que este, em particular os pedaços de vidro, nunca ficou indiferente e que manteve um lugar especial na imaginação coletiva do século XX. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão para essa longa mania e essa constante admiração. em particular as peças de vidro, nunca deixadas indiferentes, e que mantinha na imaginação coletiva do século XX um lugar de escolha. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão dessa longa mania e dessa constante admiração. em particular as peças de vidro, nunca deixadas indiferentes, e que mantinha na imaginação coletiva do século XX um lugar de escolha. Obviamente, são as técnicas de vidro desenvolvidas, desenvolvidas e aprimoradas pelo artista que são a principal razão dessa longa mania e dessa constante admiração."
THOMAS, Valérie, 2004 (Glass na obra de Émile Gallé. Em: Émile Gallé et le Verre, a coleção do Museu da Escola de Nancy. Somogy Éditions d'Art / Museu da Escola de Nancy, p. 22-23)
Cronologia
1846 - Nasce em Nancy, na França.
1862 - Estuda Botânica na Université de Nancy.
1865 - Estuda Filosofia e Mineralogia em Weimar e no atelier de Arquitetura e Arte , até 1866.
1866 - Torna-se aprendiz de vitraleiro na Burgun und Schverer, em Meisenthal, na Alemanha.
1877 - Assume a diretoria da empresa de sua família.
1878 - Expõe seus trabalhos pela primeira vez na Exposition Universelle de Paris, e é premiado com quatro medalhas de ouro.
1884 - Expõe cerca de 300 peças em vidro, de grande diversidade artística, na Union Centrale des Arts Décoratifs, em Paris.
1885 - Estuda arte oriental e técnicas de pintura com seu colega e artista botânico japonês, Hokkai [Tokuso] Takashima.
1889 - É premiado novamente na Exposition Universelle por seus móveis e peças de vidro e cerâmica.
1900 - É nomeado Comandante da Légion d'Honneur.
1901 - Funda a École de Nancy, também conhecida como Alliance Provinciale des Industries d’Art.
1904 - Morre em Nancy, aos 58 anos, vítima de leucemia.
Fonte: Aegis Education, consultado em 12 de março de 2020.
Crédito fotográfico: Pintura de Victor Prouvé (1892) / Foto disponibilizada pelo Musée d'Orsay
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A importância de Gallé
Gallé é uma das figuras mais destacadas das artes aplicadas de sua época e um dos pioneiros do estilo art Nouveau. Também foi precursor do estudo da genética e evolução no mundo vegetal. Este seu trabalho, desconhecido do público em geral, é, no entanto, de grande relevância, uma vez que precede o de Gregor Mendel (1822 – 1884), conhecido como o “pai da genética”, e anuncia as suas principais linhas. Na porta de sua oficina em Nancy, pode-se ainda ler o lema que a emoldura: “Nossas raízes estão no fundo da floresta, entre o musgo, ao redor das nascentes”. Também suas peças mostram a sua paixão por esse tema, já que muitas apresentavam motivos vegetais com flores e folhas em suas decorações.
Como citado, Gallé foi exímio na produção de móveis e cerâmicas, mas ele se superou na produção de vidros artísticos. São estas peças que farão a sua fama.
O trabalho em vidro
É bastante impróprio falarmos do trabalho em vidro de Émile Gallé, sob o nome de “pâte de verre” (pasta de vidro). No fundo, o seu trabalho é marcado pela produção não apenas destes vidros fundidos de material granulado com opacidade, mas principalmente pela sua produção “soufflé” (soprada), não em vidro, mas em cristal, ou seja, com a adição de sais de chumbo. Sua técnica refinada permitia que se adicionassem novas camadas coloridas de óxidos metálicos, antes de soprar a peça, retrabalhando-a com novas inclusões de camadas de óxidos, folhas de ouro ou prata. As peças, então, eram ornadas em gravações com ácido fluorídrico proporcionando uma decoração conhecida como “cameo”. Por ser um trabalho delicado, no resfriamento, as diferenças na expansão dessas camadas causavam acidentes muito frequentes, quebrando-as, o que acabou tornando estas peças, raridades.
Gallé foi também o inventor de várias técnicas, incluindo a mais conhecida delas, a da marchetaria de vidro, desenvolvida em 1898, que consistia em depositar pequenas inclusões de vidro na pasta fundida.
A assinatura
Cada peça traz a assinatura de Gallé, com centenas de variantes que dão origem ao catálogo, mas nem todas são referenciadas. Com raras exceções, as peças são todas assinadas, seja embaixo, seja no corpo da peça. Durante a vida de Gallé, as assinaturas foram particularmente procuradas e supervisionadas pelo próprio artista. Posteriormente, após 1904, as marcas “Gallé” se tornaram relativamente padronizadas. As assinaturas e marcas permitem, em princípio, datar as peças. Na produção de peças entre os anos de 1904 e 1906, a assinatura é precedida por uma pequena estrela. Depois de 1906, já tendo Gallé falecido, esta marca foi abolida, já que passou a ser considerada mórbida pelos apreciadores desta arte.
A produção depois da morte de Gallé
De 1904 a 1914, a produção ficou muito próxima das peças industriais que saíram da fábrica de Gallé antes de sua morte. São quase exclusivamente peças de vidro multicamadas gravadas com ácido, às vezes retocadas pela trituração para eliminar falhas, e os padrões de decoração são quase os mesmos que os criados durante a sua vida. De 1918 a 1936, uma produção padronizada e em grande escala acontece. A maioria das peças no mercado hoje remonta a esta época, sendo em vidro e revestida com ácido ou multicamadas. A produção é de boa qualidade técnica, pelo menos para as grandes peças. Neste período novos padrões foram criados, às vezes se distanciando do estilo art Nouveau, com decorações estilizadas e se utilizando de uma nova técnica denominada de sopro de molde. Mas a banalização dessa produção em larga escala e a falta de renovação artística, agravada por uma crise econômica, pôs fim à produção da fábrica de Gallé em 1936, ano em que encerra suas atividades.
As falsificações
Por fim, cabe ressaltar que a alta demanda pelas peças de vidro artístico de Gallé no final da década de 1980, começou a atrair falsificadores para esses objetos artísticos. Muitas falsificações começaram a circular no mercado internacional, forjando razoavelmente as assinaturas originais do mestre vidreiro, às vezes acompanhadas da menção “Tip”. Essas falsificações, na maioria das vezes cópias medíocres, são interpretações de lâmpadas e vasos acidados, podendo ser reconhecidas por certos detalhes técnicos que denotam a qualidade inferior da sua execução, incompatível com as peças originais.
Fonte: Reliquiano, por José Márcio Viezzi Molfi em 13 de agosto de 2018.
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Art Nouveau, por Itaú Cultural
Estilo artístico que se desenvolve entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Europa e nos Estados Unidos, espalhando-se para o resto do mundo, e que interessa mais de perto às Artes Aplicadas: arquitetura, artes decorativas, design, artes gráficas, mobiliário e outras. O termo tem origem na galeria parisiense L'Art Nouveau, aberta em 1895 pelo comerciante de arte e colecionador Siegfried Bing. O projeto de redecoração da casa de Bing por arquitetos e designers modernos é apresentado na Exposição Universal de Paris de 1900, Art Nouveau Bing, conferindo visibilidade e reconhecimento internacional ao movimento. A designação modern style, amplamente utilizada na França, reflete as raízes inglesas do novo estilo ornamental. O movimento social e estético inglês Arts and Crafts, liderado por William Morris (1834-1896), está nas origens do art nouveau ao atenuar as fronteiras entre belas-artes e artesanato pela valorização dos ofícios e trabalhos manuais, e pela recuperação do ideal de produção coletiva, segundo o modelo das guildas medievais. O art nouveau dialoga mais decididamente com a produção industrial em série. Os novos materiais do mundo moderno são amplamente utilizados (o ferro, o vidro e o cimento), assim como são valorizadas a lógica e a racionalidade das ciências e da engenharia. Nesse sentido, o estilo acompanha de perto os rastros da industrialização e o fortalecimento da burguesia.
O art nouveau se insere no coração da sociedade moderna, reagindo ao historicismo da Arte Acadêmica do século XIX e ao sentimentalismo e expressões líricas dos românticos, e visa adaptar-se à vida cotidiana, às mudanças sociais e ao ritmo acelerado da vida moderna. Mas sua adesão à lógica industrial e à sociedade de massas se dá pela subversão de certos princípios básicos à produção em série, que tende aos materiais industrializáveis e ao acabamento menos sofisticado. A "arte nova" revaloriza a beleza, colocando-a ao alcance de todos, pela articulação estreita entre arte e indústria.
A fonte de inspiração primeira dos artistas é a natureza, as linhas sinuosas e assimétricas das flores e animais. O movimento da linha assume o primeiro plano dos trabalhos, ditando os contornos das formas e o sentido da construção. Os arabescos e as curvas, complementados pelos tons frios, invadem as ilustrações, o mundo da moda, as fachadas e os interiores, atestam o balaústre da escada da Casa Solvay, 1894/1899, em Bruxelas, do arquiteto e projetista belga Victor Horta (1861-1947); as cerâmicas e os objetos de vidro do artesão e designer francês Emile Gallé (1846-1904); a fachada do Ateliê Elvira, 1898, em Munique, do alemão August Endell (1871-1925); os interiores do norte-americano Louis Comfort Tiffany (1848-1933); as pinturas, os vitrais e painéis do holandês Jan Toorop (1858-1928); o Castel Beránger e estações de metrô, de Hector Guimard (1867-1942), em Paris; a Casa Milá, 1905/1910, e o Parque Güell, de Antoni Gaudí (1852-1926), em Barcelona; a Villa d'Uccle, 1896, do arquiteto e projetista belga Henry van de Velde (1863-1957). Um traço destacado de Van de Velde e de outros arquitetos ligados ao movimento é a idéia modernista da unidade dos projetos, que articula o interno e o externo, a função e a forma, a utilidade e o ornamento. Tanto na sua residência - a Villa d'Uccle - quanto em outros ambientes que constrói - The Havana Company Cigar Store ou a Haby Babershop, 1900, ambas em Berlim -, Van de Velde mobiliza pintores, escultores, decoradores e outros profissionais, que trabalham de modo integrado na construção dos espaços, da estrutura do edifício aos detalhes do acabamento.
O art nouveau é um estilo eminentemente internacional, com denominações variadas nos diferentes países. Na Alemanha, é chamado jugendstil, em referência à revista Die Jugend, 1896; na Itália, stile liberty; na Espanha, modernista; na Áustria, sezessionstil. Os três maiores expoentes austríacos do art nouveau, integrantes da Secessão vienense, são o pintor Gustav Klimt (1862-1918), o arquiteto Joseph Olbrich (1867-1908) - responsável, entre outros, pelo Palácio da Secessão, 1898, em Viena - e o arquiteto e designer Josef Hoffmann (1870-1956), autor dos átrios da Casa Moser, 1901/1903, da Casa Koller, 1902, e do Palácio da Secessão. Os trabalhos de Klimt são emblemáticos do modo como a pintura se associa diretamente à decoração e à ilustração no art nouveau. Suas figuras femininas, de tom alegórico e forte sensualidade - por exemplo, o retrato de corpo inteiro de Emilie Flöge, 1902, Judite I, 1901, e As Três Idades da Mulher, 1908 -, têm grande impacto em pintores vienenses como Oskar Kokoschka (1886-1980) e Egon Schiele (1890-1918).
Ainda no terreno da pintura, é possível lembrar o nome do suíço Ferdinand Hodler (1853-1918) e suas obras de expressão simbolismo como O Desapontado, 1890; os pintores integrantes do grupo belga Les Vingt (Les XX) - James Ensor (1860-1949), Toorop e Van de Velde -; e o inglês Aubrey Vincent Beardsley (1872-1898), ilustrador, entre outros, da versão inglesa de Salomé, de Oscar Wilde (1854-1900).
No Brasil, observam-se leituras e apropriações de aspectos do estilo art nouveau na arquitetura e na pintura decorativa. Em sintonia com o boom da borracha, 1850/1910, as cidades de Belém e Manaus assistem à incorporação de elementos do art nouveau, seja na residência de Antonio Faciola (decorada com peças de Gallé e outros artesãos franceses) seja naquela construída por Victor Maria da Silva, ambas em Belém. Menos que um art nouveau típico, o estilo na região encontra-se mesclado às representações da natureza e do homem amazônicos, e aos grafismos da arte marajoara, como indicam as peças decorativas de Theodoro Braga (1872-1953) e os trabalhos do português Correia Dias (1892-1935). A casa de Braga em São Paulo, 1937, exemplifica as confluências entre o art nouveau e os motivos marajoaras.
A Vila Penteado, prédio atualmente pertencente à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) -, na rua Maranhão, é considerada um dos mais representativos exemplares de art nouveau em São Paulo. Projetada pelo arquiteto Carlos Ekman (1866-1940), em 1902, a residência segue o padrão menos rebuscado do estilo sezession austríaco. Na fachada externa, nota-se o discreto emprego de arabescos e formas florais. No monumental hall de entrada, pinturas de Carlos de Servi (1871-1947), Oscar Pereira da Silva (1867-1939) e ornamentação de Paciulli. Victor Dubugras (1868-1933) é outro arquiteto notável pelas construções art nouveau que projeta na cidade, por exemplo, a casa da rua Marquês de Itu, número 80, ou a residência do doutor Horácio Sabino na avenida Paulista esquina com a rua Augusta, ou ainda a estação de ferro de Mairinque, São Paulo, 1906.
No modernismo de 1922, os nomes dos artistas decoradores John Graz (1891-1980) e dos irmãos Regina Graz (1897-1973) e Antonio Gomide (1895-1967), todos alunos de Ferdinand Hodler, evidenciam influências do art nouveau no Brasil. No campo das artes gráficas, alguns trabalhos de Di Cavalcanti (1897-1976) - Projeto para Cartaz (Carnaval), s.d. e de J. Carlos (1884-1950) - por exemplo, as aquarelas Um Suicídio, 1914, e Garota na Onda, s.d. - se beneficiam do vocabulário formal da "arte nova".
Fonte: ART Nouveau. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 17 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7