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Percival Lafer

Percival Lafer (São Paulo, SP, 12 de abril de 1936) é um arquiteto, designer e desenhista industrial de móveis brasileiro. Assumiu a empresa de móveis de seu pai, The Lafer Co. (1927) junto aos seus irmãos, que passou a se chamar “Lafer MP”, iniciais de “Moveis Patenteados”. Seu lema sempre foi a inovação e, com a produção de móveis de qualidade, desenvolvidos para a produção em massa, foi pioneiro do movimento modernista e revolucionou o mercado de móveis no Brasil.

Biografia Oficial

Nascido em 1936, e graduado em Arquitetura pela Universidade Mackenzie, em São Paulo. Ainda muito jovem, apenas egresso da faculdade, precisou assumir, juntamente com seus irmãos, a empresa de móveis do pai, a Lafer. Em razão disso, sua paixão pela arquitetura não pôde ser exercida na totalidade. Alguns exemplos de seu trabalho como arquiteto incluem casas projetadas para amigos pessoais, desenhos de mobiliário urbano e de componentes arquitetônicos.

O trabalho de Percival Lafer como desenhista industrial marcou o segmento moveleiro no Brasil de forma indelével. Desde seu primeiro projeto, seu trabalho foi sempre marcado pela ousadia e pela originalidade. Para ele, cada projeto deveria refletir o estado da arte aplicado a idéias inovadoras. Assim, através de seu modo de interpretar um design contemporâneo, surgiram projetos originais, muitos deles protegidos por patentes. Essa prática o levou a criar a sigla MP, (de Móveis Patenteados), que passou a integrar o logotipo da empresa. Surgia a marca MP Lafer.

Seu objetivo sempre foi o de criar produtos acessíveis não apenas a uma elite de consumidores que sabiam discernir entre um bom e um mau design. Queria conquistar o mercado de massa, até então explorado por produtos de baixa qualidade. Entendeu que para atingir este objetivo, de fazer chegar o bom design a este vasto segmento de mercado, tinha que usar os canais de distribuição que tinham acesso a ele: as grandes lojas de departamentos e o comércio de pequenas lojas de bairro. A fórmula, pioneira na época, demonstrou que o grande público tinha sim interesse em ter um produto de bom desenho, apenas não existia oferta, porque os móveis de design existentes à época eram artesanais, caros, e vendidos em canais elitistas. Foi assim forjado o caminho de uma industria que revolucionou o mercado de móveis no Brasil.

Tudo começou a partir de 1961, quando do lançamento da poltrona MP-1. De perfil esbelto, seu estofamento eliminou radicalmente as tradicionais molas de aço usadas até então, pois utilizava apenas uma lâmina de espuma de poliuretano apoiada em cintas de borracha. A estrutura aparente que suportava os apoios de braço e os pés, era também esbelta porém robusta, pois utilizava perfis metálicos associados à madeira, uma inspiração trazida das aulas de concreto armado da faculdade, a combinação de dois materiais dando origem a um terceiro. Uma poltrona inovadora em sua forma, materiais e acabamento, que fez enorme sucesso junto a uma parcela do público até então distante do consumo de um mobiliário mais sofisticado. Um grande tabu, de que o povo não entendia de design, foi quebrado. Estava aberto o caminho para que uma série de novos produtos fossem criados, para povoar o imaginário do público. O brasileiro, numa primeira fase, e o do mercado internacional, logo em seguida.

Um outro exemplo marcante de mudança foi o sofá-cama MP-7, lançado em 1965. Usando o mesmo conceito de leveza e praticidade da poltrona MP-1, desta vez revolucionando o mercado de sofás-camas. Em contrapartida aos pesados produtos disponíveis à época, oferecia, além da leveza e extremo conforto, a conversão de sofá em cama e vice-versa a um simples toque num pedal. Foi o primeiro de uma longa série de móveis articulados, que pela suas inusitadas características, garantiram à Lafer uma identidade própria. O MP-7 foi o primeiro produto a ter o suporte de uma campanha publicitária, que projetou a imagem da Lafer a nível nacional.

Mas criatividade e dinamismo nem sempre são sinônimos de sucesso no mercado. Antecipando-se em décadas à tendência atual de busca de soluções para economizar espaço, lançou a Mini Sala, um pequeno móvel, um aparador, que se transformava, como num passe de mágica, em uma mesa e 6 cadeiras. Mesmo apoiado por campanha publicitária, o produto simplesmente não “pegou”, o mercado não estava pronto para entender aquele conceito. As matérias primas, agora “encalhadas”, foram integralmente utilizadas num novo projeto, a poltrona Mirage, esta sim, com grande sucesso. Esta metamorfose no uso daqueles mesmos materiais em um projeto de características tão diferentes mostrava que a imaginação, em seu estado mais puro, era a mola propulsora de tantos projetos inovadores.

A inquietude de Percival, se mistura com sua determinação em priorizar as premissas de estética e conforto, sempre com atenção plena aos processos industriais. O que faz com que um novo projeto possa levar anos desde seu primeiro esboço, até sua conclusão. Não importa o tempo, importa atingir o objetivo. Um exemplo marcante foi o mecanismo das poltronas reclináveis atualmente em produção. Muitos anos de gestação, mas hoje um sucesso reconhecido mundialmente.

Diversidade, amplitude e foco, são as palavras que talvez melhor definam a singularidade de Percival Lafer.

Fonte: Site oficial Percival Lafer, consultado pela última vez em 1 de julho de 2020.

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Percival Lafer: o arquiteto com espírito de empreendedor

Percival Lafer estudou Arquitetura na Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, tendo se formado em 1960. Seu sonho inicial era seguir a trilha de jovens arquitetos que estavam revolucionando a Arquitetura Modernista no Brasil, como Paulo Mendes da Rocha, graduado também pelo Mackenzie, mas em 1954.

Seu pai, Benjamin Lafer, havia fundado a primeira loja de móveis com seu sobrenome em 1927, tendo educado outros dois filhos: o também arquiteto Oscar e o engenheiro Samuel. Em 1961, logo em seguida à formatura de Percival, o patriarca da família falece precocemente.

Ainda sob o estigma do luto, os jovens irmãos Lafer decidem continuar a empresa do pai, estabelecendo a seguinte divisão de trabalho: o engenheiro Samuel seria o diretor da fábrica de móveis, o arquiteto Oscar seria o diretor comercial das lojas da marca e o arquiteto Percival seria o diretor de criações.

Já em seu primeiro projeto, apresentado ainda em 1961, Percival introduziu os conceitos que mudariam o perfil da Lafer para sempre. Ele não queria mais seguir com as linhas de móveis tradicionais, mas introduzir o design refinado aos mesmos, trazendo preceitos da Arquitetura Modernista praticada na época.

Sua poltrona MP-001 substituía os estofamentos sobre molas por uma lâmina de espuma de poliuretano, apoiada diretamente em cintas de borracha, sobre uma delgada estrutura de aço revestido com madeira, numa alusão ao conceito do concreto armado tão em voga nas construções.

Segundo Percival Lafer, a poltrona MP-001 “tem linhas arrojadas, e foi concebida para ser produzida em grandes séries, com o objetivo explícito de colocar à disposição de uma grande massa de consumidores um conceito de design que até agora era restrito às elites intelectuais”.

E o que significa a sigla “MP”? Móveis Patenteados. Nesta nova fase da Lafer, a política de patentear suas criações foi decisiva para preservar a exclusividade de suas inovações, especialmente quando Percival começou a receber os primeiros prêmios por suas pesquisas pioneiras no desenho de mobiliário.

Em apenas quatro anos a Lafer passa a exportar seus móveis para países da Europa e depois América do Norte. O aumento do faturamento da empresa é tão grande que a Lafer resolve diversificar seus campos de atuações, ingressando no mobiliário urbano com peças de fibra de vidro, entre as quais se destacam os quiosques para pequenos comércios de rua e o primeiro molde patenteado das famosas cabines telefônicas, conhecidas popularmente como “orelhões” – uma criação da arquiteta sino-brasileira Chu Ming Silveira, lançada pela Companhia Telefônica Brasileira em 1971.

Na década de 1970, a Lafer chegou a empregar diretamente 1.300 funcionários, com uma fábrica de 25 mil metros quadrados em São Bernardo do Campo, várias lojas em São Paulo e Rio de Janeiro, e representações internacionais na Europa e Estados Unidos.

Em 1974 a Lafer apresenta ao mercado brasileiro a linha de produção do automóvel MP Lafer, um icônico modelo esportivo de linhas retrô, que também seria exportado para diversos países, encerrando sua comercialização somente em 1990 – época na qual a Lafer havia passado por uma reengenharia para sobreviver à profunda recessão na economia brasileira, que teve seu ápice na década de 1980.

Reorganizada de forma mais enxuta, a Lafer retomou o foco na criação, produção e venda de móveis de alto padrão em design, ingressando no ambiente hospitalar, instigando Percival Lafer a desenvolver novas soluções, privilegiando sempre o conforto ergonômico e visual de cada criação, de modo que o arquiteto que se tornou empreendedor ultrapassou a impressionante marca de meio século de exercício profissional trabalhando diariamente.

Fonte: Jean Tosetto.com, por Jean Tosetto, publicado em abril de 2016. (Texto publicado originalmente no livro "Arquiteto 1.0 - Um manual para o profissional recém-formado" escrito em parceria com Ênio Padilha pela Editora 893.)

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Percival Lafer ⏤ Quando o design inovador se torna acessível

Uma retrospectiva organizada durante a semana de design de São Paulo no início deste ano deu uma chance única de aprender mais sobre a história e a produção geral do designer brasileiro Percival Lafer .

Recatado e não acostumado a holofotes, o arquiteto / designer tem uma carreira de cinco décadas, embora o público brasileiro só tenha começado a ganhar mais interesse em seu trabalho nos últimos anos. No entanto, isso não pode ser dito para o resto do mundo, especialmente na América do Norte e na Europa, onde o designer é conhecido e endossado há muitos anos.

Oprimido pela atenção inesperada e pelo arquivo completo e sabiamente organizado que foi reunido para sua recente homenagem, Lafer divulgou sua história como designer e fabricante, sua visão sobre seus produtos e a evolução de sua estética ao longo do tempo, mantendo-se apegado ao seu maior paixão: mecanismos e marcenaria.

Logo após o término de seus estudos de arquitetura, a súbita morte de seu pai, um bem-sucedido negociante de móveis com o sonho de produzir sua própria linha, fez Lafer e seus irmãos intervir e transformar a manufatura embrionária em uma verdadeira fábrica de móveis. Com seus irmãos cuidando da administração de empresas, Percival aproveitou ao máximo essa nova realidade e se concentrou nos aspectos de design e desenvolvimento de produtos da empresa.

Em um contexto em que o design bom e bem feito era apenas para a classe alta, Lafer adotou uma abordagem de design e produção que pudesse ser mais amplamente distribuída.

Beneficiando-se da economia de escala de sua manufatura e distribuindo seus móveis em lojas de departamento que costumavam vender a preços mais baixos, as peças de Lafer foram as primeiras a combinar design inovador, ótimos materiais e preço justo.

A inovação sempre foi o leitmotiv de sua maneira de pensar sobre o design, desde o primeiro MP-1, em 1961. Feita de ferro e madeira, esta poltrona utilizou de forma inovadora uma camada de espuma de poliuretano em vez das molas metálicas clássicas, todas suportadas por borracha cintos, tudo em uma estética de design muito novo e fresco.

O MP-13, seu primeiro conjunto completo de sala de estar, também foi um excelente exemplo de seu uso inovador de materiais tradicionais: couro e madeira de jacarandá conectados a suportes de ferro em uma carpintaria meticulosamente projetada, pensada para facilitar a montagem.

Em 1965, o primeiro movimento mecânico foi introduzido no mercado, permitindo transformar o sofá MP-7 em uma cama de solteiro.

Essa paixão por mecanismos seguiu o designer até os dias atuais. Depois de vários modelos de sofá-cama, salas de jantar desmontáveis ​​e componentes reversíveis projetados para servir a vários propósitos, Lafer trouxe sua sofisticação mecânica às suas peças mais modernas, como o sofá Ion e a poltrona reclinável Adele.

Na década de 1970, em busca de inovação e tecnologias para melhorar sua produção, Lafer começou a usar a fibra de vidro mais amplamente. Com mesas centrais, luminárias e janelas pivotantes já em produção para uma comissão nacional de postos públicos, Lafer entendeu que sua fábrica poderia apoiar a produção de um carro esporte, outra de suas paixões. Em 1974, com base na plataforma e nos aspectos mecânicos de um VW Beetle, uma pequena linha de produção foi montada para construir e montar o MP Lafer, um carro nacional muito parecido com o MG. Mais uma vez, o design estava ao alcance de todos que não podiam comprar um carro esporte internacional. Contra todas as probabilidades, e apesar da crise econômica de meados da década de 1980, o MP Lafer foi produzido em mais de 4000 unidades ao longo de quase 20 anos.

Também a partir da década de 1970 é o sistema WoodStick. Muito versáteis, os painéis de madeira intertravados foram usados ​​para moldar mesas e acessórios de parede, permitindo que os clientes criassem painéis de madeira em residências e escritórios. Mais uma vez inovação e versatilidade para um público maior.

Pragmático, Lafer sempre pensou no design como uma maneira de disponibilizar tecnologia e conforto a todas as pessoas. Em vez de idealizar o design ou pensar nele como uma arte, ele acredita que um produto só é bom quando as pessoas gostam dele, não apenas o próprio designer.

Por fim, o que mais caracteriza e identifica seu trabalho das décadas de 1960 e 1970 é a própria alma brasileira de suas obras.

Mal influenciado pelo design do norte da Europa em comparação com a maioria de seus colegas em seus primeiros dias como designer, seu trabalho sempre foi rastreado até suas raízes brasileiras. O uso difuso da madeira local, a força e a dureza de seus designs elegantes e as cores quentes de seus tecidos e couros, fazem dele uma figura fundamental na evolução e afirmação do design brasileiro, dentro e fora das fronteiras do país.

A retrospectiva ocorreu na Loja Teo durante o mês de agosto de 2017.

Fonte: Anniversary Magazine, por Federico Concilio, publicado em 16 de novembro de 2016.

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Entrevista: Percival Lafer: “Não gosto de gerir, mas sei desenhar e criar”

Conheça um dos maiores expoentes do design brasileiro, que produziu desde cadeiras a carros usados por James Bond

Percival Lafer estava concluindo a faculdade de arquitetura, em 1960, quando seu pai morreu. Ele e os três irmãos herdaram uma loja de móveis no bairro paulistano do Cambuci. Como era um negócio já com 33 anos de tradição, manter as coisas como estavam poderia ser uma boa ideia. Mas Percival não gostava de administração e, sim, de criação. Felizmente.

Com os projetos de sua prancheta, a Lafer passou a fabricar poltronas — primeiro para as próprias lojas, em seguida para concorrentes, depois para o mundo. Quando o Brasil começou a universalizar a telefonia, a empresa fabricou orelhões de fibra de vidro. Num tempo em que a importação de automóveis era proibida e faltava exclusividade no trânsito brasileiro, o arquiteto criou o MP Lafer, que se tornou o carro do James Bond no filme 007 Contra o Foguete da Morte.

Aos 82 anos e depois de perder dois irmãos, Percival continua trabalhando diariamente, no mesmo prédio do Cambuci, como responsável pelo design. “Nos primeiros anos eu não tinha hora de ir para casa, agora eu tenho”, diz. “Isso foi o que mudou.” Sua história está no livro Percival Lafer, da Editora Olhares.

A Lafer é uma empresa tradicional, com mais de 90 anos. Como você se envolveu com o negócio?
Meu pai faleceu muito jovem, aos 63 anos. Éramos quatro irmãos e decidimos dar continuidade à loja de móveis que ele tinha começado 33 anos antes, em 1927. Cada um começou a cuidar de uma área da empresa. Mas eu não tinha — e não tenho — características de comerciante ou administrador. Estava me formando em arquitetura no Mackenzie. Eu sabia inventar e desenhar, e nos fundos da loja havia uma pequena oficina, com marceneiro e tapeceiro. Assim fabricamos nossa primeira poltrona, a MP1.

Qual o significado do nome MP, que aparece nos seus móveis e também no carro MP Lafer?
Desde o primeiro móvel, eu tinha o foco em fazer linhas exclusivas, em vez de seguir o padrão. Então, registrava a patente dos desenhos. No início, chamávamos de Móveis Patenteados. Depois, enxugamos o nome para MP.

Patentear móveis parece inusitado, para a década de 60. Ou o produto era refinado e artesanal, ou era comum e massificado. Qual era o seu objetivo?
Eu tinha um sonho de fazer design para o grande público, não para artistas ou elites. Era uma coisa de pouca expressão no Brasil. Nem sequer havia designers no país, porque na época não tínhamos escola de desenho industrial. Arquitetos vez ou outra abriam negócios pontuais. Eu, quando comecei a desenhar, já pensei em fazer um produto para baixar o preço, para o mercado de massa. Queria mesmo era partir para a industrialização em larga escala.

Como o design de massa foi recebido por seus colegas desenhistas?
Meus pares acharam muito estranho. Eu não pertencia, digamos, a uma elite de pessoas que circulavam naquele meio mais artístico. Eu tinha em mente fazer uma coisa diferente.

Como o público recebeu esses móveis?
A classe média consumia móveis de estilo indefinido, em geral feios, pesados. Ao lançar a primeira poltrona, a gente pensou: se não der certo, basta parar e pronto, né? Mas a coisa começou a agradar. Além de vender no nosso endereço, no Cambuci, passamos a fornecer para pequenas lojas de bairro. Depois para lojas de departamentos de São Paulo e, então, pelo Brasil. A coisa foi evoluindo. Dois anos depois, o galpão nos fundos ficou pequeno. Abrimos uma fábrica de 15 mil metros quadrados, em São Bernardo do Campo (SP).

O que você fez para baixar custos e dar escala à produção?
Eu trouxe da indústria automobilística o conceito de compartilhamento de peças: usar a estrutura básica de um carro para lançar uma série de versões, mudando apenas a parte visível. Na fábrica de móveis, eu elaborei uma série de variantes da poltrona MP1. Eram diferentes no aspecto, mas com o mesmo cerne. Isso funcionou porque me permitiu oferecer aquilo que o mercado sempre busca.

A cada três meses, os varejistas me diziam: “bom, você não tem mais novidade, você só faz isso?”. O lojista, mais do que o consumidor, enjoa. Quer sempre algo novo. Fazemos assim até hoje: nossa poltrona reclinável tem construção e característica próprias, mas eu já fiz quase uma centena de variantes. Eu vendo uma linha de poltronas reclináveis para residências e outra para hospitais. Apesar de terem aspecto diferente, no fundo são o mesmo produto. Essa é uma das vantagens de um móvel projetado não apenas pela beleza.

Quais são as outras vantagens?
Produzir em larga escala multiplica as forças — ou as fraquezas — do seu projeto. Você pensa em otimizar aspectos como a logística de estocagem dentro da fábrica, de transporte e armazenagem no revendedor e no uso pelo consumidor final. Busquei soluções como produtos desmontáveis e fáceis de transportar. Isso se intensificou quando nós começamos a exportar.

Como foi o impulso para o exterior?
No começo dos anos 60, o governo criou um programa de estímulo às exportações. Tinha aquele lema, “exportar é o que importa”. A federação das indústrias nos convidou a participar de uma exposição na Suécia. Então, quatro anos depois de começar a fabricar, lá estávamos no berço do design mundial na época, que era a Escandinávia.

Por que ir tão cedo para o epicentro do design mundial? Vocês já se consideravam
maduros?

Mesmo hoje eu não me considero maduro... Eu abracei pela curiosidade, para ir beber na fonte. Foi minha primeira vez na Suécia, numa época em que as viagens eram mais caras... Não era como hoje, que você anda de avião como quem toma um táxi. A ideia era ver o que achavam do que a gente fazia e tentar aprender com eles. Foi mais ou menos isso. E gostaram do produto.

Como a internacionalização precoce moldou os caminhos da empresa?
A gente começou a exportar em 1965 e nunca mais parou. Chegamos a ter 35 franqueados nos Estados Unidos. A internacionalização premiou e reforçou nossa vontade de fazer. Começamos com móveis e estamos com móveis, mas ao longo do curso tivemos alguns episódios de produtos diversificados.

Quais foram eles?
Orelhões, carros, uma série de cabines telefônicas que nós desenhamos e que hoje não existem mais. Teve mobiliário urbano, banca de jornal... Era um exercício de design que também abria portas em outras áreas.

De vendedora de móveis, a Lafer se tornou fabricante de produtos muito diferentes entre si, como móveis, carros e orelhões, para clientes igualmente distintos, como pessoas físicas, lojistas e governos. Quando é hora de abrir o foco?
A busca de novos mercados foi decorrência da verticalização da nossa fábrica. Além de reunir capacidade para trabalhar com madeira, estofamento e metal, nós partimos para a busca de tecnologia em moldados, em fibra de vidro, espumas injetadas... Isso tudo, pensando na produção de móveis.

Depois, percebemos que tínhamos recursos produtivos para partir para outras áreas do mercado. Acho que éramos os únicos com toda essa estrutura. Justamente por isso, pudemos desenvolver outros tipos de produto. Na nossa divisão de fibra de vidro, passamos a produzir o orelhão. Uma arquiteta que trabalhava na Companhia Telefônica Brasileira (CTB) fez o protótipo, nós fizemos o desenvolvimento e colocamos em produção. Durante quase uma década, nos anos 70, fizemos orelhões para o Brasil todo.

Por que fazer um carro? A venda de móveis estava abaixo da expectativa?
A venda de móveis estava boa, mas a vontade de fazer coisas continuava. É o micróbio... Tomamos a decisão de criar o MP Lafer após observar o mercado americano, que estava começando a se abrir para réplicas de automóveis clássicos. Pensei: aqui está uma oportunidade de usar nosso ferramental e o nosso know-how de exportação, pois já mandávamos móveis para os Estados Unidos.

Como foi criar o MP Lafer?
Eu gosto de desenho de automóveis. Mais do que tudo. Nosso ponto de partida foi o MG TD [carro esportivo inglês da década de 50], de um funcionário da empresa. Retrabalhamos suas formas para caberem exatamente sobre um chassi de Fusca. Por coincidência, os dois carros tinham a distância entre as rodas muito parecida, então bastava tirar uma carroceria e aparafusar a outra. A nossa proposta não era fabricar um automóvel do começo ao fim, era fabricar uma carroceria. A parte mecânica já vinha pronta da Volkswagen.

Uma carroceria de carro não é tão diferente de um móvel.
Exatamente! Um carro, para mim, é um sofá sobre rodas. Nunca me propus fabricar componentes mecânicos, motores... Apenas bancos estofados, painel de madeira, carroceria de fibra de vidro, coisas que eu já fazia.

Como é exportar um carro?
Essa foi a grande invertida que nós tomamos quando tentamos levar o MP Lafer para os Estados Unidos. Vimos que não conseguiríamos autorização para vender, porque o governo americano exigia padrões técnicos que o carro não era capaz de atender.

Não era um sofá, afinal...
Não era um sofá... No fim, fomos obrigados a exportar somente a carroceria do MP Lafer, para os americanos montarem sobre o chassi de Fuscas antigos. Isso fugiu ao plano inicial de vender carros prontos nos Estados Unidos. Por outro lado, as vendas no mercado brasileiro superaram em muito a expectativa. Nos anos 70 e 80 o Brasil proibia a importação de carros, e isso abriu espaço para produtos como o nosso.

O plano deu errado. Entretanto, o que vocês não planejavam deu certo...
Isso mesmo. Entre 1974 e 1990, produzimos em torno de 4,3 mil unidades, a maioria destinada ao Brasil. Para a Itália foi uma quantidade grande, um pouco para a Alemanha, para o Japão... O MP Lafer virou carro do James Bond no filme Moonraker [em português, “007 contra o foguete da morte”, rodado no Brasil e lançado em 1979]. Hoje, o MP é um produto vintage. Nasceu como réplica de um carro clássico e se tornou, ele mesmo, cultuado. Tem fã-clubes de Laferistas em vários lugares do mundo, o que me dá muita satisfação.

Como a liberação das importações no Brasil, nos anos 90, mudou o foco da Lafer?
Nós encerramos a produção do carro e de mobiliário urbano. Decidimos ficar restritos à fabricação de móveis, e apenas para as nossas lojas. É nessa situação que estamos hoje. De 1,5 mil funcionários, reduzimos para 140. Essa decisão considerou as mudanças do mercado e também do nosso ritmo de trabalho. Ter indústria no Brasil é uma corrida de obstáculos.

Qual o seu envolvimento hoje nos negócios?
Eu cuido integralmente da criação e tenho ligação com a parte comercial de exportação. Trabalho diariamente na fábrica, das 9h às 17h.

Como seu trabalho mudou ao longo de seis décadas?
Meu turno diminuiu. Nos primeiros anos eu não tinha hora de ir para casa. Agora, eu tenho. Não fui eu que resolvi, foi meu vigor físico... (risos) Eu era um workaholic. Agora, sou só 80%. (risos). Não cheguei a receber um ultimato de médico, a desaceleração foi uma coisa natural. Não sou como o artista plástico Pablo Picasso, que trabalhou até os 100 anos com vigor total.

O arquiteto Oscar Niemeyer também foi longe...
O Niemeyer foi até 104, né?

Isso mesmo. Trabalhar com design faz bem à saúde?
Design?? (risos) Faz bem à saúde fazer o que a gente gosta. É uma dádiva poder só fazer o que eu gosto.

Há outras gerações da família no negócio?
Optamos por não colocar pessoas da família, porque poderia complicar a sociedade.

Como vocês planejam a sucessão na empresa?
É um assunto em aberto. Prefiro não falar disso. Meu objetivo é a continuidade. Que essa jornada possa continuar.

Fonte: Revista PEGN, por Marcelo Moura, publicado em 9 de abril de 2019.

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Lafer SA

A Lafer S/A é uma fabricante brasileira de móveis e automóveis. Foi fundada em 1927 como indústria moveleira e atualmente continua no mercado atuante com a linha de móveis tipo exportação, residencial e hospitalar.

Há mais de 92 anos cria, produz, vende e exporta móveis de alto padrão, reconhecidos no mundo inteiro por seu grande conforto, elegância e ergonomia.

Especializada em móveis articulados, como poltronas reclináveis, sofás para home theaters e sofás-camas, é consagrada há mais de 20 anos pelos sistemas inovadores, eficientes e fáceis de usar que desenvolve em produtos de design contemporâneo.

O rigoroso controle de qualidade na produção garante móveis primorosos, feitos com materiais de altíssima qualidade e acabamento perfeito, para durar a vida toda. E o cuidadoso atendimento ao cliente oferece suporte perene ao seu móvel, para você ficar inteiramente satisfeito e ter a certeza de que ter um móvel Lafer foi um dos melhores investimentos em conforto e bem-estar que você já fez na vida.

Produziu automóveis entre 1974 e 1990.

O total de sua produção foi de aproximadamente 4.300 automóveis.

Automóveis

Os modelos produzidos foram:

  • MP Lafer TD (1974-1982)

  • MP Lafer LL (1976-1979)

  • MP Lafer TX (1978-1981)

  • MP Lafer TI (1978-1981)

Referências: Wikipédia e Site oficial Lafer, consultados pela última vez em 1 de julho de 2020.

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MP Lafer

MP Lafer foi um automóvel da Lafer, lançado em 1974. Apesar da potência insuficiente, o MP Lafer se tornou um carro bastante cobiçado de sua época.

História

Os modelos foram criação de Percival Lafer, dono de uma fábrica de móveis, o MP Lafer era uma réplica bastante fiel do clássico inglês MG TD, mas com mecânica da Fusca, que possuía um motor Boxer de quatro cilindros traseiro refrigerado a ar. Nos primeiros exemplares, produzidos em 1974, foi utilizado o motor VW 1500 cc, substituído pelo VW 1600 cc cerca de seis meses depois. Em 1976 já contabilizava 600 unidades vendidas.

No ano de 1980 chegou a vender 600 unidades. No final de 1983 o modelo TI, lançado cinco anos antes, passaria por mais uma atualização de estilo afastando-o de vez do seu grande inspirador britânico. E também do mercado externo, que continuava preferindo o design original. Em 1986, buscando recuperar a atratividade dos seus carros tornando-os verdadeiramente esportivos, a Lafer preparou um protótipo com motor dianteiro baseado nos antigos MG. Apresentado no XIV Salão com o nome MP-TX.

Em 1990, a produção foi interrompida. Em quase 17 anos, foram construídos cerca de 4.300 automóveis, mais de mil deles exportados para mais de três dezenas de países. Os moldes das carrocerias de fibra de vidro do MP foram enterrados no terreno da fábrica, em São Bernardo do Campo, onde jazem até hoje, sob as fundações de um grande supermercado.

Versões

O MP Lafer teve quatro versões

  • TD: a pioneira, lançada em 1974 (baseado no clássico inglês MG TD);

  • LL: cupê esportivo, lançado em 1976, baseado nos serie SL da Mercedes-Benz;

  • TI: versão de entrada, lançada em 1978, com design bem espartano (versão popular);

  • TX: esportivo, lançado em 1986 com motor dianteiro (estilo MG).

Especificações

  • Motor: Volkswagen, 1.6, 4 cilindros opostos (boxer), 8 válvulas (2 por cilindro), dois carburadores, refrigerado a ar, gasolina

  • Cilindrada: 1.584 cm³

  • Potência: 60 cv a 4.600 rpm

  • Potência Específica: 37,5 cv/litro

  • Torque: 12 kgfm a 2.600 rpm

  • Comprimento: 3.910 mm

  • Largura: 1.570 mm

  • Altura: 1.350 mm

  • Freios: Discos sólidos na dianteira e tambor na traseira

  • Porta-Malas: Não disponível

  • Tração: Traseira

  • Peso: 760 kg

  • Câmbio: Manual de 4 marchas

  • Velocidade Máxima: 126 km/h

  • Aceleração 0 a 100: 21,6 segundos

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 1 de julho de 2020.

Crédito fotográfico: Facebook @Percival LaferOficial. Percival Lafer ganha livro e homenagem durante Prêmio Design MCB, publicado em 19 de outubro de 2018.

Percival Lafer (São Paulo, SP, 12 de abril de 1936) é um arquiteto, designer e desenhista industrial de móveis brasileiro. Assumiu a empresa de móveis de seu pai, The Lafer Co. (1927) junto aos seus irmãos, que passou a se chamar “Lafer MP”, iniciais de “Moveis Patenteados”. Seu lema sempre foi a inovação e, com a produção de móveis de qualidade, desenvolvidos para a produção em massa, foi pioneiro do movimento modernista e revolucionou o mercado de móveis no Brasil.

Percival Lafer

Percival Lafer (São Paulo, SP, 12 de abril de 1936) é um arquiteto, designer e desenhista industrial de móveis brasileiro. Assumiu a empresa de móveis de seu pai, The Lafer Co. (1927) junto aos seus irmãos, que passou a se chamar “Lafer MP”, iniciais de “Moveis Patenteados”. Seu lema sempre foi a inovação e, com a produção de móveis de qualidade, desenvolvidos para a produção em massa, foi pioneiro do movimento modernista e revolucionou o mercado de móveis no Brasil.

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Encontro MP Lafer em SP | 2018

Biografia Oficial

Nascido em 1936, e graduado em Arquitetura pela Universidade Mackenzie, em São Paulo. Ainda muito jovem, apenas egresso da faculdade, precisou assumir, juntamente com seus irmãos, a empresa de móveis do pai, a Lafer. Em razão disso, sua paixão pela arquitetura não pôde ser exercida na totalidade. Alguns exemplos de seu trabalho como arquiteto incluem casas projetadas para amigos pessoais, desenhos de mobiliário urbano e de componentes arquitetônicos.

O trabalho de Percival Lafer como desenhista industrial marcou o segmento moveleiro no Brasil de forma indelével. Desde seu primeiro projeto, seu trabalho foi sempre marcado pela ousadia e pela originalidade. Para ele, cada projeto deveria refletir o estado da arte aplicado a idéias inovadoras. Assim, através de seu modo de interpretar um design contemporâneo, surgiram projetos originais, muitos deles protegidos por patentes. Essa prática o levou a criar a sigla MP, (de Móveis Patenteados), que passou a integrar o logotipo da empresa. Surgia a marca MP Lafer.

Seu objetivo sempre foi o de criar produtos acessíveis não apenas a uma elite de consumidores que sabiam discernir entre um bom e um mau design. Queria conquistar o mercado de massa, até então explorado por produtos de baixa qualidade. Entendeu que para atingir este objetivo, de fazer chegar o bom design a este vasto segmento de mercado, tinha que usar os canais de distribuição que tinham acesso a ele: as grandes lojas de departamentos e o comércio de pequenas lojas de bairro. A fórmula, pioneira na época, demonstrou que o grande público tinha sim interesse em ter um produto de bom desenho, apenas não existia oferta, porque os móveis de design existentes à época eram artesanais, caros, e vendidos em canais elitistas. Foi assim forjado o caminho de uma industria que revolucionou o mercado de móveis no Brasil.

Tudo começou a partir de 1961, quando do lançamento da poltrona MP-1. De perfil esbelto, seu estofamento eliminou radicalmente as tradicionais molas de aço usadas até então, pois utilizava apenas uma lâmina de espuma de poliuretano apoiada em cintas de borracha. A estrutura aparente que suportava os apoios de braço e os pés, era também esbelta porém robusta, pois utilizava perfis metálicos associados à madeira, uma inspiração trazida das aulas de concreto armado da faculdade, a combinação de dois materiais dando origem a um terceiro. Uma poltrona inovadora em sua forma, materiais e acabamento, que fez enorme sucesso junto a uma parcela do público até então distante do consumo de um mobiliário mais sofisticado. Um grande tabu, de que o povo não entendia de design, foi quebrado. Estava aberto o caminho para que uma série de novos produtos fossem criados, para povoar o imaginário do público. O brasileiro, numa primeira fase, e o do mercado internacional, logo em seguida.

Um outro exemplo marcante de mudança foi o sofá-cama MP-7, lançado em 1965. Usando o mesmo conceito de leveza e praticidade da poltrona MP-1, desta vez revolucionando o mercado de sofás-camas. Em contrapartida aos pesados produtos disponíveis à época, oferecia, além da leveza e extremo conforto, a conversão de sofá em cama e vice-versa a um simples toque num pedal. Foi o primeiro de uma longa série de móveis articulados, que pela suas inusitadas características, garantiram à Lafer uma identidade própria. O MP-7 foi o primeiro produto a ter o suporte de uma campanha publicitária, que projetou a imagem da Lafer a nível nacional.

Mas criatividade e dinamismo nem sempre são sinônimos de sucesso no mercado. Antecipando-se em décadas à tendência atual de busca de soluções para economizar espaço, lançou a Mini Sala, um pequeno móvel, um aparador, que se transformava, como num passe de mágica, em uma mesa e 6 cadeiras. Mesmo apoiado por campanha publicitária, o produto simplesmente não “pegou”, o mercado não estava pronto para entender aquele conceito. As matérias primas, agora “encalhadas”, foram integralmente utilizadas num novo projeto, a poltrona Mirage, esta sim, com grande sucesso. Esta metamorfose no uso daqueles mesmos materiais em um projeto de características tão diferentes mostrava que a imaginação, em seu estado mais puro, era a mola propulsora de tantos projetos inovadores.

A inquietude de Percival, se mistura com sua determinação em priorizar as premissas de estética e conforto, sempre com atenção plena aos processos industriais. O que faz com que um novo projeto possa levar anos desde seu primeiro esboço, até sua conclusão. Não importa o tempo, importa atingir o objetivo. Um exemplo marcante foi o mecanismo das poltronas reclináveis atualmente em produção. Muitos anos de gestação, mas hoje um sucesso reconhecido mundialmente.

Diversidade, amplitude e foco, são as palavras que talvez melhor definam a singularidade de Percival Lafer.

Fonte: Site oficial Percival Lafer, consultado pela última vez em 1 de julho de 2020.

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Percival Lafer: o arquiteto com espírito de empreendedor

Percival Lafer estudou Arquitetura na Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, tendo se formado em 1960. Seu sonho inicial era seguir a trilha de jovens arquitetos que estavam revolucionando a Arquitetura Modernista no Brasil, como Paulo Mendes da Rocha, graduado também pelo Mackenzie, mas em 1954.

Seu pai, Benjamin Lafer, havia fundado a primeira loja de móveis com seu sobrenome em 1927, tendo educado outros dois filhos: o também arquiteto Oscar e o engenheiro Samuel. Em 1961, logo em seguida à formatura de Percival, o patriarca da família falece precocemente.

Ainda sob o estigma do luto, os jovens irmãos Lafer decidem continuar a empresa do pai, estabelecendo a seguinte divisão de trabalho: o engenheiro Samuel seria o diretor da fábrica de móveis, o arquiteto Oscar seria o diretor comercial das lojas da marca e o arquiteto Percival seria o diretor de criações.

Já em seu primeiro projeto, apresentado ainda em 1961, Percival introduziu os conceitos que mudariam o perfil da Lafer para sempre. Ele não queria mais seguir com as linhas de móveis tradicionais, mas introduzir o design refinado aos mesmos, trazendo preceitos da Arquitetura Modernista praticada na época.

Sua poltrona MP-001 substituía os estofamentos sobre molas por uma lâmina de espuma de poliuretano, apoiada diretamente em cintas de borracha, sobre uma delgada estrutura de aço revestido com madeira, numa alusão ao conceito do concreto armado tão em voga nas construções.

Segundo Percival Lafer, a poltrona MP-001 “tem linhas arrojadas, e foi concebida para ser produzida em grandes séries, com o objetivo explícito de colocar à disposição de uma grande massa de consumidores um conceito de design que até agora era restrito às elites intelectuais”.

E o que significa a sigla “MP”? Móveis Patenteados. Nesta nova fase da Lafer, a política de patentear suas criações foi decisiva para preservar a exclusividade de suas inovações, especialmente quando Percival começou a receber os primeiros prêmios por suas pesquisas pioneiras no desenho de mobiliário.

Em apenas quatro anos a Lafer passa a exportar seus móveis para países da Europa e depois América do Norte. O aumento do faturamento da empresa é tão grande que a Lafer resolve diversificar seus campos de atuações, ingressando no mobiliário urbano com peças de fibra de vidro, entre as quais se destacam os quiosques para pequenos comércios de rua e o primeiro molde patenteado das famosas cabines telefônicas, conhecidas popularmente como “orelhões” – uma criação da arquiteta sino-brasileira Chu Ming Silveira, lançada pela Companhia Telefônica Brasileira em 1971.

Na década de 1970, a Lafer chegou a empregar diretamente 1.300 funcionários, com uma fábrica de 25 mil metros quadrados em São Bernardo do Campo, várias lojas em São Paulo e Rio de Janeiro, e representações internacionais na Europa e Estados Unidos.

Em 1974 a Lafer apresenta ao mercado brasileiro a linha de produção do automóvel MP Lafer, um icônico modelo esportivo de linhas retrô, que também seria exportado para diversos países, encerrando sua comercialização somente em 1990 – época na qual a Lafer havia passado por uma reengenharia para sobreviver à profunda recessão na economia brasileira, que teve seu ápice na década de 1980.

Reorganizada de forma mais enxuta, a Lafer retomou o foco na criação, produção e venda de móveis de alto padrão em design, ingressando no ambiente hospitalar, instigando Percival Lafer a desenvolver novas soluções, privilegiando sempre o conforto ergonômico e visual de cada criação, de modo que o arquiteto que se tornou empreendedor ultrapassou a impressionante marca de meio século de exercício profissional trabalhando diariamente.

Fonte: Jean Tosetto.com, por Jean Tosetto, publicado em abril de 2016. (Texto publicado originalmente no livro "Arquiteto 1.0 - Um manual para o profissional recém-formado" escrito em parceria com Ênio Padilha pela Editora 893.)

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Percival Lafer ⏤ Quando o design inovador se torna acessível

Uma retrospectiva organizada durante a semana de design de São Paulo no início deste ano deu uma chance única de aprender mais sobre a história e a produção geral do designer brasileiro Percival Lafer .

Recatado e não acostumado a holofotes, o arquiteto / designer tem uma carreira de cinco décadas, embora o público brasileiro só tenha começado a ganhar mais interesse em seu trabalho nos últimos anos. No entanto, isso não pode ser dito para o resto do mundo, especialmente na América do Norte e na Europa, onde o designer é conhecido e endossado há muitos anos.

Oprimido pela atenção inesperada e pelo arquivo completo e sabiamente organizado que foi reunido para sua recente homenagem, Lafer divulgou sua história como designer e fabricante, sua visão sobre seus produtos e a evolução de sua estética ao longo do tempo, mantendo-se apegado ao seu maior paixão: mecanismos e marcenaria.

Logo após o término de seus estudos de arquitetura, a súbita morte de seu pai, um bem-sucedido negociante de móveis com o sonho de produzir sua própria linha, fez Lafer e seus irmãos intervir e transformar a manufatura embrionária em uma verdadeira fábrica de móveis. Com seus irmãos cuidando da administração de empresas, Percival aproveitou ao máximo essa nova realidade e se concentrou nos aspectos de design e desenvolvimento de produtos da empresa.

Em um contexto em que o design bom e bem feito era apenas para a classe alta, Lafer adotou uma abordagem de design e produção que pudesse ser mais amplamente distribuída.

Beneficiando-se da economia de escala de sua manufatura e distribuindo seus móveis em lojas de departamento que costumavam vender a preços mais baixos, as peças de Lafer foram as primeiras a combinar design inovador, ótimos materiais e preço justo.

A inovação sempre foi o leitmotiv de sua maneira de pensar sobre o design, desde o primeiro MP-1, em 1961. Feita de ferro e madeira, esta poltrona utilizou de forma inovadora uma camada de espuma de poliuretano em vez das molas metálicas clássicas, todas suportadas por borracha cintos, tudo em uma estética de design muito novo e fresco.

O MP-13, seu primeiro conjunto completo de sala de estar, também foi um excelente exemplo de seu uso inovador de materiais tradicionais: couro e madeira de jacarandá conectados a suportes de ferro em uma carpintaria meticulosamente projetada, pensada para facilitar a montagem.

Em 1965, o primeiro movimento mecânico foi introduzido no mercado, permitindo transformar o sofá MP-7 em uma cama de solteiro.

Essa paixão por mecanismos seguiu o designer até os dias atuais. Depois de vários modelos de sofá-cama, salas de jantar desmontáveis ​​e componentes reversíveis projetados para servir a vários propósitos, Lafer trouxe sua sofisticação mecânica às suas peças mais modernas, como o sofá Ion e a poltrona reclinável Adele.

Na década de 1970, em busca de inovação e tecnologias para melhorar sua produção, Lafer começou a usar a fibra de vidro mais amplamente. Com mesas centrais, luminárias e janelas pivotantes já em produção para uma comissão nacional de postos públicos, Lafer entendeu que sua fábrica poderia apoiar a produção de um carro esporte, outra de suas paixões. Em 1974, com base na plataforma e nos aspectos mecânicos de um VW Beetle, uma pequena linha de produção foi montada para construir e montar o MP Lafer, um carro nacional muito parecido com o MG. Mais uma vez, o design estava ao alcance de todos que não podiam comprar um carro esporte internacional. Contra todas as probabilidades, e apesar da crise econômica de meados da década de 1980, o MP Lafer foi produzido em mais de 4000 unidades ao longo de quase 20 anos.

Também a partir da década de 1970 é o sistema WoodStick. Muito versáteis, os painéis de madeira intertravados foram usados ​​para moldar mesas e acessórios de parede, permitindo que os clientes criassem painéis de madeira em residências e escritórios. Mais uma vez inovação e versatilidade para um público maior.

Pragmático, Lafer sempre pensou no design como uma maneira de disponibilizar tecnologia e conforto a todas as pessoas. Em vez de idealizar o design ou pensar nele como uma arte, ele acredita que um produto só é bom quando as pessoas gostam dele, não apenas o próprio designer.

Por fim, o que mais caracteriza e identifica seu trabalho das décadas de 1960 e 1970 é a própria alma brasileira de suas obras.

Mal influenciado pelo design do norte da Europa em comparação com a maioria de seus colegas em seus primeiros dias como designer, seu trabalho sempre foi rastreado até suas raízes brasileiras. O uso difuso da madeira local, a força e a dureza de seus designs elegantes e as cores quentes de seus tecidos e couros, fazem dele uma figura fundamental na evolução e afirmação do design brasileiro, dentro e fora das fronteiras do país.

A retrospectiva ocorreu na Loja Teo durante o mês de agosto de 2017.

Fonte: Anniversary Magazine, por Federico Concilio, publicado em 16 de novembro de 2016.

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Entrevista: Percival Lafer: “Não gosto de gerir, mas sei desenhar e criar”

Conheça um dos maiores expoentes do design brasileiro, que produziu desde cadeiras a carros usados por James Bond

Percival Lafer estava concluindo a faculdade de arquitetura, em 1960, quando seu pai morreu. Ele e os três irmãos herdaram uma loja de móveis no bairro paulistano do Cambuci. Como era um negócio já com 33 anos de tradição, manter as coisas como estavam poderia ser uma boa ideia. Mas Percival não gostava de administração e, sim, de criação. Felizmente.

Com os projetos de sua prancheta, a Lafer passou a fabricar poltronas — primeiro para as próprias lojas, em seguida para concorrentes, depois para o mundo. Quando o Brasil começou a universalizar a telefonia, a empresa fabricou orelhões de fibra de vidro. Num tempo em que a importação de automóveis era proibida e faltava exclusividade no trânsito brasileiro, o arquiteto criou o MP Lafer, que se tornou o carro do James Bond no filme 007 Contra o Foguete da Morte.

Aos 82 anos e depois de perder dois irmãos, Percival continua trabalhando diariamente, no mesmo prédio do Cambuci, como responsável pelo design. “Nos primeiros anos eu não tinha hora de ir para casa, agora eu tenho”, diz. “Isso foi o que mudou.” Sua história está no livro Percival Lafer, da Editora Olhares.

A Lafer é uma empresa tradicional, com mais de 90 anos. Como você se envolveu com o negócio?
Meu pai faleceu muito jovem, aos 63 anos. Éramos quatro irmãos e decidimos dar continuidade à loja de móveis que ele tinha começado 33 anos antes, em 1927. Cada um começou a cuidar de uma área da empresa. Mas eu não tinha — e não tenho — características de comerciante ou administrador. Estava me formando em arquitetura no Mackenzie. Eu sabia inventar e desenhar, e nos fundos da loja havia uma pequena oficina, com marceneiro e tapeceiro. Assim fabricamos nossa primeira poltrona, a MP1.

Qual o significado do nome MP, que aparece nos seus móveis e também no carro MP Lafer?
Desde o primeiro móvel, eu tinha o foco em fazer linhas exclusivas, em vez de seguir o padrão. Então, registrava a patente dos desenhos. No início, chamávamos de Móveis Patenteados. Depois, enxugamos o nome para MP.

Patentear móveis parece inusitado, para a década de 60. Ou o produto era refinado e artesanal, ou era comum e massificado. Qual era o seu objetivo?
Eu tinha um sonho de fazer design para o grande público, não para artistas ou elites. Era uma coisa de pouca expressão no Brasil. Nem sequer havia designers no país, porque na época não tínhamos escola de desenho industrial. Arquitetos vez ou outra abriam negócios pontuais. Eu, quando comecei a desenhar, já pensei em fazer um produto para baixar o preço, para o mercado de massa. Queria mesmo era partir para a industrialização em larga escala.

Como o design de massa foi recebido por seus colegas desenhistas?
Meus pares acharam muito estranho. Eu não pertencia, digamos, a uma elite de pessoas que circulavam naquele meio mais artístico. Eu tinha em mente fazer uma coisa diferente.

Como o público recebeu esses móveis?
A classe média consumia móveis de estilo indefinido, em geral feios, pesados. Ao lançar a primeira poltrona, a gente pensou: se não der certo, basta parar e pronto, né? Mas a coisa começou a agradar. Além de vender no nosso endereço, no Cambuci, passamos a fornecer para pequenas lojas de bairro. Depois para lojas de departamentos de São Paulo e, então, pelo Brasil. A coisa foi evoluindo. Dois anos depois, o galpão nos fundos ficou pequeno. Abrimos uma fábrica de 15 mil metros quadrados, em São Bernardo do Campo (SP).

O que você fez para baixar custos e dar escala à produção?
Eu trouxe da indústria automobilística o conceito de compartilhamento de peças: usar a estrutura básica de um carro para lançar uma série de versões, mudando apenas a parte visível. Na fábrica de móveis, eu elaborei uma série de variantes da poltrona MP1. Eram diferentes no aspecto, mas com o mesmo cerne. Isso funcionou porque me permitiu oferecer aquilo que o mercado sempre busca.

A cada três meses, os varejistas me diziam: “bom, você não tem mais novidade, você só faz isso?”. O lojista, mais do que o consumidor, enjoa. Quer sempre algo novo. Fazemos assim até hoje: nossa poltrona reclinável tem construção e característica próprias, mas eu já fiz quase uma centena de variantes. Eu vendo uma linha de poltronas reclináveis para residências e outra para hospitais. Apesar de terem aspecto diferente, no fundo são o mesmo produto. Essa é uma das vantagens de um móvel projetado não apenas pela beleza.

Quais são as outras vantagens?
Produzir em larga escala multiplica as forças — ou as fraquezas — do seu projeto. Você pensa em otimizar aspectos como a logística de estocagem dentro da fábrica, de transporte e armazenagem no revendedor e no uso pelo consumidor final. Busquei soluções como produtos desmontáveis e fáceis de transportar. Isso se intensificou quando nós começamos a exportar.

Como foi o impulso para o exterior?
No começo dos anos 60, o governo criou um programa de estímulo às exportações. Tinha aquele lema, “exportar é o que importa”. A federação das indústrias nos convidou a participar de uma exposição na Suécia. Então, quatro anos depois de começar a fabricar, lá estávamos no berço do design mundial na época, que era a Escandinávia.

Por que ir tão cedo para o epicentro do design mundial? Vocês já se consideravam
maduros?

Mesmo hoje eu não me considero maduro... Eu abracei pela curiosidade, para ir beber na fonte. Foi minha primeira vez na Suécia, numa época em que as viagens eram mais caras... Não era como hoje, que você anda de avião como quem toma um táxi. A ideia era ver o que achavam do que a gente fazia e tentar aprender com eles. Foi mais ou menos isso. E gostaram do produto.

Como a internacionalização precoce moldou os caminhos da empresa?
A gente começou a exportar em 1965 e nunca mais parou. Chegamos a ter 35 franqueados nos Estados Unidos. A internacionalização premiou e reforçou nossa vontade de fazer. Começamos com móveis e estamos com móveis, mas ao longo do curso tivemos alguns episódios de produtos diversificados.

Quais foram eles?
Orelhões, carros, uma série de cabines telefônicas que nós desenhamos e que hoje não existem mais. Teve mobiliário urbano, banca de jornal... Era um exercício de design que também abria portas em outras áreas.

De vendedora de móveis, a Lafer se tornou fabricante de produtos muito diferentes entre si, como móveis, carros e orelhões, para clientes igualmente distintos, como pessoas físicas, lojistas e governos. Quando é hora de abrir o foco?
A busca de novos mercados foi decorrência da verticalização da nossa fábrica. Além de reunir capacidade para trabalhar com madeira, estofamento e metal, nós partimos para a busca de tecnologia em moldados, em fibra de vidro, espumas injetadas... Isso tudo, pensando na produção de móveis.

Depois, percebemos que tínhamos recursos produtivos para partir para outras áreas do mercado. Acho que éramos os únicos com toda essa estrutura. Justamente por isso, pudemos desenvolver outros tipos de produto. Na nossa divisão de fibra de vidro, passamos a produzir o orelhão. Uma arquiteta que trabalhava na Companhia Telefônica Brasileira (CTB) fez o protótipo, nós fizemos o desenvolvimento e colocamos em produção. Durante quase uma década, nos anos 70, fizemos orelhões para o Brasil todo.

Por que fazer um carro? A venda de móveis estava abaixo da expectativa?
A venda de móveis estava boa, mas a vontade de fazer coisas continuava. É o micróbio... Tomamos a decisão de criar o MP Lafer após observar o mercado americano, que estava começando a se abrir para réplicas de automóveis clássicos. Pensei: aqui está uma oportunidade de usar nosso ferramental e o nosso know-how de exportação, pois já mandávamos móveis para os Estados Unidos.

Como foi criar o MP Lafer?
Eu gosto de desenho de automóveis. Mais do que tudo. Nosso ponto de partida foi o MG TD [carro esportivo inglês da década de 50], de um funcionário da empresa. Retrabalhamos suas formas para caberem exatamente sobre um chassi de Fusca. Por coincidência, os dois carros tinham a distância entre as rodas muito parecida, então bastava tirar uma carroceria e aparafusar a outra. A nossa proposta não era fabricar um automóvel do começo ao fim, era fabricar uma carroceria. A parte mecânica já vinha pronta da Volkswagen.

Uma carroceria de carro não é tão diferente de um móvel.
Exatamente! Um carro, para mim, é um sofá sobre rodas. Nunca me propus fabricar componentes mecânicos, motores... Apenas bancos estofados, painel de madeira, carroceria de fibra de vidro, coisas que eu já fazia.

Como é exportar um carro?
Essa foi a grande invertida que nós tomamos quando tentamos levar o MP Lafer para os Estados Unidos. Vimos que não conseguiríamos autorização para vender, porque o governo americano exigia padrões técnicos que o carro não era capaz de atender.

Não era um sofá, afinal...
Não era um sofá... No fim, fomos obrigados a exportar somente a carroceria do MP Lafer, para os americanos montarem sobre o chassi de Fuscas antigos. Isso fugiu ao plano inicial de vender carros prontos nos Estados Unidos. Por outro lado, as vendas no mercado brasileiro superaram em muito a expectativa. Nos anos 70 e 80 o Brasil proibia a importação de carros, e isso abriu espaço para produtos como o nosso.

O plano deu errado. Entretanto, o que vocês não planejavam deu certo...
Isso mesmo. Entre 1974 e 1990, produzimos em torno de 4,3 mil unidades, a maioria destinada ao Brasil. Para a Itália foi uma quantidade grande, um pouco para a Alemanha, para o Japão... O MP Lafer virou carro do James Bond no filme Moonraker [em português, “007 contra o foguete da morte”, rodado no Brasil e lançado em 1979]. Hoje, o MP é um produto vintage. Nasceu como réplica de um carro clássico e se tornou, ele mesmo, cultuado. Tem fã-clubes de Laferistas em vários lugares do mundo, o que me dá muita satisfação.

Como a liberação das importações no Brasil, nos anos 90, mudou o foco da Lafer?
Nós encerramos a produção do carro e de mobiliário urbano. Decidimos ficar restritos à fabricação de móveis, e apenas para as nossas lojas. É nessa situação que estamos hoje. De 1,5 mil funcionários, reduzimos para 140. Essa decisão considerou as mudanças do mercado e também do nosso ritmo de trabalho. Ter indústria no Brasil é uma corrida de obstáculos.

Qual o seu envolvimento hoje nos negócios?
Eu cuido integralmente da criação e tenho ligação com a parte comercial de exportação. Trabalho diariamente na fábrica, das 9h às 17h.

Como seu trabalho mudou ao longo de seis décadas?
Meu turno diminuiu. Nos primeiros anos eu não tinha hora de ir para casa. Agora, eu tenho. Não fui eu que resolvi, foi meu vigor físico... (risos) Eu era um workaholic. Agora, sou só 80%. (risos). Não cheguei a receber um ultimato de médico, a desaceleração foi uma coisa natural. Não sou como o artista plástico Pablo Picasso, que trabalhou até os 100 anos com vigor total.

O arquiteto Oscar Niemeyer também foi longe...
O Niemeyer foi até 104, né?

Isso mesmo. Trabalhar com design faz bem à saúde?
Design?? (risos) Faz bem à saúde fazer o que a gente gosta. É uma dádiva poder só fazer o que eu gosto.

Há outras gerações da família no negócio?
Optamos por não colocar pessoas da família, porque poderia complicar a sociedade.

Como vocês planejam a sucessão na empresa?
É um assunto em aberto. Prefiro não falar disso. Meu objetivo é a continuidade. Que essa jornada possa continuar.

Fonte: Revista PEGN, por Marcelo Moura, publicado em 9 de abril de 2019.

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Lafer SA

A Lafer S/A é uma fabricante brasileira de móveis e automóveis. Foi fundada em 1927 como indústria moveleira e atualmente continua no mercado atuante com a linha de móveis tipo exportação, residencial e hospitalar.

Há mais de 92 anos cria, produz, vende e exporta móveis de alto padrão, reconhecidos no mundo inteiro por seu grande conforto, elegância e ergonomia.

Especializada em móveis articulados, como poltronas reclináveis, sofás para home theaters e sofás-camas, é consagrada há mais de 20 anos pelos sistemas inovadores, eficientes e fáceis de usar que desenvolve em produtos de design contemporâneo.

O rigoroso controle de qualidade na produção garante móveis primorosos, feitos com materiais de altíssima qualidade e acabamento perfeito, para durar a vida toda. E o cuidadoso atendimento ao cliente oferece suporte perene ao seu móvel, para você ficar inteiramente satisfeito e ter a certeza de que ter um móvel Lafer foi um dos melhores investimentos em conforto e bem-estar que você já fez na vida.

Produziu automóveis entre 1974 e 1990.

O total de sua produção foi de aproximadamente 4.300 automóveis.

Automóveis

Os modelos produzidos foram:

  • MP Lafer TD (1974-1982)

  • MP Lafer LL (1976-1979)

  • MP Lafer TX (1978-1981)

  • MP Lafer TI (1978-1981)

Referências: Wikipédia e Site oficial Lafer, consultados pela última vez em 1 de julho de 2020.

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MP Lafer

MP Lafer foi um automóvel da Lafer, lançado em 1974. Apesar da potência insuficiente, o MP Lafer se tornou um carro bastante cobiçado de sua época.

História

Os modelos foram criação de Percival Lafer, dono de uma fábrica de móveis, o MP Lafer era uma réplica bastante fiel do clássico inglês MG TD, mas com mecânica da Fusca, que possuía um motor Boxer de quatro cilindros traseiro refrigerado a ar. Nos primeiros exemplares, produzidos em 1974, foi utilizado o motor VW 1500 cc, substituído pelo VW 1600 cc cerca de seis meses depois. Em 1976 já contabilizava 600 unidades vendidas.

No ano de 1980 chegou a vender 600 unidades. No final de 1983 o modelo TI, lançado cinco anos antes, passaria por mais uma atualização de estilo afastando-o de vez do seu grande inspirador britânico. E também do mercado externo, que continuava preferindo o design original. Em 1986, buscando recuperar a atratividade dos seus carros tornando-os verdadeiramente esportivos, a Lafer preparou um protótipo com motor dianteiro baseado nos antigos MG. Apresentado no XIV Salão com o nome MP-TX.

Em 1990, a produção foi interrompida. Em quase 17 anos, foram construídos cerca de 4.300 automóveis, mais de mil deles exportados para mais de três dezenas de países. Os moldes das carrocerias de fibra de vidro do MP foram enterrados no terreno da fábrica, em São Bernardo do Campo, onde jazem até hoje, sob as fundações de um grande supermercado.

Versões

O MP Lafer teve quatro versões

  • TD: a pioneira, lançada em 1974 (baseado no clássico inglês MG TD);

  • LL: cupê esportivo, lançado em 1976, baseado nos serie SL da Mercedes-Benz;

  • TI: versão de entrada, lançada em 1978, com design bem espartano (versão popular);

  • TX: esportivo, lançado em 1986 com motor dianteiro (estilo MG).

Especificações

  • Motor: Volkswagen, 1.6, 4 cilindros opostos (boxer), 8 válvulas (2 por cilindro), dois carburadores, refrigerado a ar, gasolina

  • Cilindrada: 1.584 cm³

  • Potência: 60 cv a 4.600 rpm

  • Potência Específica: 37,5 cv/litro

  • Torque: 12 kgfm a 2.600 rpm

  • Comprimento: 3.910 mm

  • Largura: 1.570 mm

  • Altura: 1.350 mm

  • Freios: Discos sólidos na dianteira e tambor na traseira

  • Porta-Malas: Não disponível

  • Tração: Traseira

  • Peso: 760 kg

  • Câmbio: Manual de 4 marchas

  • Velocidade Máxima: 126 km/h

  • Aceleração 0 a 100: 21,6 segundos

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 1 de julho de 2020.

Crédito fotográfico: Facebook @Percival LaferOficial. Percival Lafer ganha livro e homenagem durante Prêmio Design MCB, publicado em 19 de outubro de 2018.

Arremate Arte
Feito com no Rio de Janeiro

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