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Takashi Murakami

Takashi Murakami (Tóquio, Japão, 1962), também conhecido como o Andy Warhol japonês, é um empresário, cineasta e prolífico artista contemporâneo japonês cujo trabalho abrange da pintura as mídias digitais.

Biografia Wikipédia

Licenciou-se pela Universidade Nacional de Belas Artes e Música de Tóquio obtendo a graduação em Nihonga (pintura tradicional japonesa). Entrou no mundo da arte contemporânea em 1990 sob a tutela do artista Masato Nakamura. Em 1993 criou o seu alter ego Mr. DOB. Começou então a ser reconhecido dentro e fora do Japão pela sua particular síntese entre a arte tradicional e contemporânea japonesa e a arte pop norte-americana.

Ele cunhou o termo superflat, que descreve tanto a estética característica da tradição artística japonesa e a natureza do pós-guerra a cultura e a sociedade japonesa.

Superflat também é usado como um apelido para descrever o estilo de Murakami e de outros artistas japoneses que ele influenciou.

Conta com muitas exposições em variados locais de todo o mundo. Em maio de 2009 expôs no Museu Guggenheim Bilbau mas a sua exposição mais famosa foi no Palácio de Versalhes. A sua obra abarca múltiplas formas artísticas: o animé, pintura, escultura, desenho industrial e moda.

Em 2009 a revista TIME definiu-o como o mais influente representante da cultura japonesa contemporânea.

Em 2011 a empresa Google pediu a ele que fizesse um Google's Doodle para o solstício de inverno no hemisfério sul.

Em 2019 fez um videoclipe para a billie eilish, "you should see me in a crown".

Obras

  • Na sua arte Takashi Murakami consegue mostrar um contraste entre a arte tradicional e a arte moderna.

  • Em algumas das suas obras, Murakami usa pinturas tradicionais populares e dá-lhes o seu toque fazendo-nos refletir em como o conceito de arte mudou ao longo do tempo.

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 26 de abril de 2020.

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Takashi Murakami


O japonês que superou Andy Warhol na produção globalizada e massiva de arte faz um pós-pop ambíguo, mistura de fofura e perversidade

The Factory (a Fábrica), o mítico estúdio que Andy Warhol criou nos anos 1960 na Rua Lexington, em Nova York, para inundar o mundo das artes com uma produção vertiginosa, fica minúsculo na comparação. O mundo das artes mudou definitivamente de escala. Warhol tinha meia dúzia de auxiliares e seu mercado eram os EUA e, depois, alguns países europeus. Takashi Murakami vende para os cinco continentes, mora entre Tóquio, Nova York e Los Angeles e mantém ocupada uma centena de assistentes, em três “fábricas”: em Tóquio, trabalham 50 assistentes no estúdio central e mais uma dezena no estúdio de animação. Na sede norte-americana, em Long Island (NY), há outros 40 auxiliares e mais uma dezena no escritório nova-iorquino, que coordena a produção executiva de sua agenda de exposições ao redor do mundo, em estreito diálogo com as galerias que o representam.

A próxima exposição individual de Murakami será inaugurada em 9 de fevereiro e fica em cartaz até 24 de junho, no Gatar Museum, em Doha (Golfo Pérsico). Denominada sugestivamente de Ego, é a primeira em grande escala do artista no Oriente Médio. Acontece depois do sucesso da individual no Palácio de Versalhes (França), em 2010, e na galeria Gagosian de Roma, no ano passado.

Em pouco mais de duas décadas, Murakami criou um império onde jamais o sol se põe: o Kaikai Kiki Company Limited. O nome da empresa dá a pista para entender sua produção. São dois personagens onipresentes na obra: Kaikai é um bebê róseo e feliz metido em uma fantasia de coelho, Kiki tem expressões diabólicas e dentes serrilhados de diabinho. Ambos saltaram do universo otaku, ou seja, da cultura de massa japonesa baseada no animê (desenho animado) e no mangá (história em quadrinhos).

A cultura oficial japonesa detesta as manifestações otaku na mesma medida em que venera a cerimônia do chá. Mas Murakami é a melhor representação da cultura japonesa contemporânea. Uma cultura multifacetada que trata as fraturas do pós-guerra e as sequelas atômicas de Hiroshima e Nagasaki desenvolvendo uma fascinante relação de amor e ódio com o Ocidente. Algo novo que refaz os mitos de bravura não mais pelas sagas dos samurais, mas pela ação dos super-heróis apropriados da tradição ocidental dos estúdios de HQ da Marvel e da Disney.

De Warhol à Disney

Legenda: Release chakra’s gate at this instant (2008), acrílica e folha de platina sobre tela.

A aparente banalidade da obra de Murakami é apenas isso: aparente. O artista é autor do Manifesto Superflat (2000), texto sofisticado em que defende uma arte feita de superfícies planas, em oposição à tradição ocidental da perspectiva renascentista. Seria possível imaginar a maestria de desenho de Murakami sem que houvesse, antes, o mestre nipônico da gravura em madeira (xilogravura) Hokusai? Foi Hokusai, com as séries de panorâmicas misturadas a personagens, quem prefigurou o universo planar do desenho animado de qualquer latitude. Também da mesma época (Período Edo, séculos 16 a 19), a pintura Kanô (fundo de ouro), é rigorosamente planar ao criar cenas em diversas distâncias e também influenciou Murakami, que focou seus estudos universitários nesse assunto.

Warhol, autodidata alérgico a teorias, também transformou suas pinturas em superfícies planares e esse é um dos traços a unir a arte pop do norte-americano ao pop otaku de Murakami, além do uso de matrizes serigráficas na pintura. Mas a personalidade dos dois não podia ser mais diversa. Warhol ganhou de seus assistentes o apelido de Drella, por combinar a candura de Cinderela e o utilitarismo vampiresco de Drácula. Algo a ver com Kaikai e Kiki? Difícil saber diante da notória discrição oriental. Mas Warhol não costumava criar oportunidades profissionais para seus assistentes. Murakami já tem uma década dessa prática. “Kaikai Kiki também trabalha para nutrir e desenvolver a próxima geração de artistas”, diz ele em seu site oficial.

Murakami concebeu e organiza, desde 2001, a Geisai Art Fair, uma feira de arte originalíssima, em que não há a mediação de galerias. Os jovens talentos são selecionados por um júri de curadores de prestígio e participam de uma mostra com duração de um único dia, com acesso direto a colecionadores e a um público especializado. A próxima feira Geisai acontece dia 14 de setembro, em Tóquio. O evento anterior foi apresentado em paralelo à feira Miami Basel, em dezembro.

Além disso, Murakami participa de coletivas com seus assistentes mais talentosos, revelando nomes como Yoshitomo Nara e, atualmente, Akane Koide (que começou a expor na Geisai com 15 anos), autora de retratos de uma juventude que se autoflagela om lâmina como reação ao vazio consumista. Assim como Nara no passado e Koide na atualidade, muitos jovens povoam os estúdios de Murakami, somando competências para executar projetos do astro.

O processo de trabalho assemelha-se ao dos estúdios Disney, onde o roteiro e as características dos personagens são esboçados pelo autor e completados pela equipe. Curto-circuito no conceito de autoria? Sim, toneladas disso. Mas o artista garante que acompanha todos os detalhes e estágios de produção de uma peça. A internet e a webcam estão aí mesmo para tornar essa versão aceitável como verdadeira.

As cores, por exemplo. Ninguém que já teve o privilégio de ver ao vivo uma pintura de Murakami deixou de ficar impressionado com a sutileza das centenas (centenas!) de camadas de tinta sobrepostas com total controle de registro de impressão serigráfica, bordas nítidas e cromatismo intenso e complexo.

Luxo e arte

Em entrevista ao site www.paris-art.com em novembro de 2006, quando de sua exposição de pinturas na parisiense Galerie Perrotin, o artista confirmou que “a serigrafia me permite trabalhar com camadas sucessivas; a pintura se acumula e os tons mudam em razão desse acúmulo. A textura evolui nesse processo. (…) O trabalho serigráfico, mecânico, permite obter uma base de trabalho que depois é terminado à mão”. Nas fases preparatórias, observa ele ainda, “o computador é muito útil, para desenvolver a ideia principal e estabelecer um plano geral. Logo a seguir, meus assistentes executam o meu projeto. Dirijo e acompanho tudo que acontece e, no fim das contas, é como se eu mesmo pintasse todas as peças”.

A aparente fofura do elenco de personagens de Murakami, moldado nas histórias em quadrinhos infantis, guarda diversos signos do mal-estar cultural gerado pelo embate entre o Japão tradicional e o Japão do século 21. Os cogumelos vermelhos com bolinhas brancas, constantes nos trabalhos do artista, remetem ao cogumelo alucinógeno Amanita muscaria, mas também ao grande cogumelo, o maior de todos: o da bomba atômica. Um de seus protagonistas ganhou o nome de Little Boy (garotinho), o mesmo nome da bomba que foi lançada sobre Hiroshima.

Assim como Warhol, Murakami fez do mundo da moda e da publicidade algo integrado à sua produção. A convite do designer Marc Jacobs, diretor artístico da Louis Vuitton, Murakami desenvolveu, a partir de 2000, séries de padronagens para bolsas e outros acessórios fashion. As mais famosas e disputadas são as séries Eye Love Monogram (2003) e Cerises (Cerejas, 2005). Mas novamente Murakami foi muito além: instalou uma loja Vuitton no meio do espaço expositivo de sua mostra retrospectiva, em 2007, no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (Moca), com bolsas de tiragens especialmente criadas para ser vendidas nesse local. Como obras de arte.

“Isso significou o ponto mais alto dessa colaboração entre o mundo da arte e o mundo da moda”, disse Yves Carcelle, presidente internacional (CEO) da marca. Marc Jacobs observa que o evento no Moca “foi um monumental casamento entre arte e comércio, para ser registrado tanto nos livros de história da moda como de história da arte. A melhor parte disso tudo é que continua, cresce, se transforma e fascina”.

Para Murakami, “essa experiência na indústria do luxo é transferível ao mundo da arte. A comparação funciona perfeitamente. A sede de novidade é tão grande quanto, ela é a marca de fábrica da arte contemporânea, que vive bradando pela renovação”.

Fonte: Select, por Angélica de Moraes, publicado em 28 de março de 2012. (Publicado originalmente na edição impressa #4)

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O pop japonês de Takashi Murakami no Instituto Tomie Ohtake

Pela primeira vez na América do Sul, célebre artista japonês apresenta obra que transita entre as culturas oriental e ocidental, entre o "fofo" e o bizarro e entre a crítica e a adesão aos gostos do mercado

Tudo parece grandioso no universo artístico de Takashi Murakami. Seja a dimensão das obras – o artista japonês chegou a produzir um quadro de 100 metros de comprimento; o tamanho de seu estúdio perto de Tóquio, onde trabalham cerca de 100 funcionários; os valores estrondosos de seus trabalhos, que alcançam alguns milhões de dólares; e a influência que Murakami alcançou no mundo da cultura pop, tendo feito parcerias com músicos como Kanye West e Pharrel Williams e com grifes como Louis Vuitton. Criador de uma empresa com escritórios no Japão e nos EUA (a Kaikai Co.), de uma galeria de arte em Tókio e organizador de uma feira de arte bienal que promove novos artistas, Murakami montou um verdadeiro império que vai muito além das fronteiras de seu país.

Inevitavelmente, é grandiosa também a repercussão controversa que sua produção e atuação receberam ao longo das décadas. O artista de 57 anos, que possui 1,6 milhão de seguidores no Instagram, coleciona fãs e críticos ao redor do mundo, desde aqueles que o consideram um gênio comparável a Jeff Koons, Damien Hirst ou mesmo Andy Warhol até os que o enxergam mais como uma personalidade pop do que como um artista de produção relevante. Para alguns, a estreita relação de Murakami com o mercado carrega também ironia, crítica ao sistema e profundidade artística; para outros, trata-se apenas do reflexo de uma produção de fácil aceitação, estrategicamente pensada para agradar demandas comerciais.

Seja como for, no destacado currículo de Murakami – que inclui individuais nos mais importantes museus dos EUA, Europa e Ásia – surpreendentemente não havia ainda nenhuma exposição na América do Sul. A lacuna é suprida agora com a mostra Murakami por Murakami, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, que reúne grandes pinturas, esculturas, vídeos e animações feitas pelo artista ao longo de sua carreira, especialmente na última década.

Em entrevista à ARTE!Brasileiros concedida em uma das salas da mostra, as roupas coloridas e extravagantes vestidas pelo artista contrastavam com a formalidade de seu comportamento, o ar pacato e o volume baixo de sua voz. “O mundo da crítica e o mercado não andam juntos, são coisas distintas”, afirma Murakami. “O curioso é que eu recebo muitas críticas, mas continuo vendendo. E quem compra meus trabalhos conhece essas críticas, mas às vezes é isso mesmo que faz com que me apoiem comprando minha arte. Então eu acho que a discussão sobre o que é bom ou ruim, a crítica, não é algo negativo. Ela fala sobre o impacto que um trabalho tem e inclusive agrega valor à arte.”

Estudioso desde jovem do nihonga, estilo de pintura tradicional japonesa, o artista também bebeu desde cedo nas linguagens mais modernas do mangá e do anime – os quadrinhos e animações que são a base da cultura otaku, associada aos jovens japoneses. Nos anos 1990, no entanto, ao se aproximar do universo artístico norte-americano, Murakami passou a desenvolver uma produção que transitava entre oriente e ocidente, entre a pop art e as correntes de seu país. Uma certa obsessão por ser aceito nos EUA, segundo palavras do próprio artista, acabou por dar resultado em meados daquela década, período em que o artista concebeu também seu mais famoso e longevo personagem, o Mr. DOB.

Evocando ao mesmo tempo personagens como Mickey Mouse, de Walt Disney, e Doraemon, do mangá japonês, Mr. DOB ganhou maior complexidade ao incorporar, para além da simpatia, inocência e “fofura” destes ícones, ares de ironia, violência e bizarrice. O resultado é uma curiosa figura com atributos ambíguos, assim como grande parte da obra de Murakami. Em esculturas, quadros e animações, o personagem foi ganhando versões distintas ao longo do tempo, sendo muitas vezes considerado uma espécie de alter ego do artista. Assim como Murakami, Mr. DOB passaria a ser visto simultaneamente como agente capitalizador – transformado em camisetas, bonés e bonequinhos – e elemento crítico da sociedade de consumo.

Já aclamado internacionalmente, Murakami cunhou o termo superflat no ano 2000, para descrever um estilo pictórico nipônico realizado em imagens bidimensionais. Através de um manifesto, o artista enquadrou sua própria produção dentro do termo, mas destacou que superflat se referia também a características para além da pintura: “achatadas”, ou planas, seriam não apenas as figuras representadas, mas também a difícil distinção entre arte erudita e arte comercial. O manifesto se refere ainda à complicada relação entre Japão e EUA após a Segunda Guerra, considerando que a influência americana teve consequências diretas na cultura nipônica desenvolvida nas décadas seguintes.

Reviravolta

Uma grande tragédia ocorrida em 2011 no Japão – com o terremoto e o tsunami que deixaram milhares de mortos na costa leste do país – resultou também em uma virada radical na obra de Murakami. Ao acompanhar as notícias sobre as mortes, destruições e as crianças que ficaram órfãs, o artista se sentiu impelido a retomar suas raízes culturais. “Ali eu senti que precisava virar minha arte do avesso. Até então eu usava muito uma gramática da arte nova-yorkina, mas a partir de 2011 comecei a inserir mais essa história e cultura japonesas dentro da minha arte”, afirma.

Boa parte das obras expostas no Instituto Tomie Ohtake são deste período mais recente, no qual Murakami estreitou também seus laços com o Zen Budismo. Alguns exemplos são os grandiosos quadros – o maior da mostra de com 10 metros de comprimento – com motivos tradicionais, animais e feras mitológicas ou com os célebres arhats, que no budismo são seres que alcançaram elevada estatura espiritual. A exposição conta ainda com uma série de vídeos e animações; esculturas banhadas a ouro que transparecem um lado mais “gracioso” da produção do artista; um autorretrato escultórico de silicone com dispositivos robóticos, que apresenta o próprio artista em tamanho real; uma série pinturas de ares inquietantes baseada em trabalhos de Francis Bacon (1909-1992); e, claro, uma parte dedicada ao Mr. DOB.

Estranhamente, apesar de afirmar a crescente proximidade de sua obra com a cultura japonesa, Murakami soa rígido ao dizer que não tem mais vontade de expor em seu país – uma mostra aberta recentemente em uma galeria foi uma exceção, por conta de um projeto pontual de terceiros. Isso porque não considera que seu trabalho é bem recebido no Japão como foi em outros países, inclusive por conta da pouca distinção entre cultura de massa – mangá e anime – e as artes plásticas. “Quando eu expus os 500 arhats [a obra de 100 metros] em Tóquio, as pessoas acharam legal, gostaram, mas ninguém se dispôs a preservar, a cuidar. Não sinto o trabalho valorizado. E ali, em 2015, eu senti que o Japão não daria mais, no sentido de que minha arte ali não era considerada artes plásticas, que eu considero que é o principal”, conclui.

Fonte: Arte Brasileiros, por Marcos Grinspum Ferraz, publicado em 6 de dezembro de 2019

Crédito fotográfico: Blog ArteArt

Takashi Murakami (Tóquio, Japão, 1962), também conhecido como o Andy Warhol japonês, é um empresário, cineasta e prolífico artista contemporâneo japonês cujo trabalho abrange da pintura as mídias digitais.

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Takashi Murakami

Takashi Murakami (Tóquio, Japão, 1962), também conhecido como o Andy Warhol japonês, é um empresário, cineasta e prolífico artista contemporâneo japonês cujo trabalho abrange da pintura as mídias digitais.

Videos

Exposição no Instituto Tomie Ohtake

Conversa com Takashi Murakami

Exposição "Polvo come sua própria perna"

Takashi Murakami

Curta metragem: Isso é um sonho?

Murakami guia em sua própria exposição

Tudo sobre a exposição no instituto Tomie

First Love - Louis Vuitton

Parceria com cristais Swarovski

Biografia Wikipédia

Licenciou-se pela Universidade Nacional de Belas Artes e Música de Tóquio obtendo a graduação em Nihonga (pintura tradicional japonesa). Entrou no mundo da arte contemporânea em 1990 sob a tutela do artista Masato Nakamura. Em 1993 criou o seu alter ego Mr. DOB. Começou então a ser reconhecido dentro e fora do Japão pela sua particular síntese entre a arte tradicional e contemporânea japonesa e a arte pop norte-americana.

Ele cunhou o termo superflat, que descreve tanto a estética característica da tradição artística japonesa e a natureza do pós-guerra a cultura e a sociedade japonesa.

Superflat também é usado como um apelido para descrever o estilo de Murakami e de outros artistas japoneses que ele influenciou.

Conta com muitas exposições em variados locais de todo o mundo. Em maio de 2009 expôs no Museu Guggenheim Bilbau mas a sua exposição mais famosa foi no Palácio de Versalhes. A sua obra abarca múltiplas formas artísticas: o animé, pintura, escultura, desenho industrial e moda.

Em 2009 a revista TIME definiu-o como o mais influente representante da cultura japonesa contemporânea.

Em 2011 a empresa Google pediu a ele que fizesse um Google's Doodle para o solstício de inverno no hemisfério sul.

Em 2019 fez um videoclipe para a billie eilish, "you should see me in a crown".

Obras

  • Na sua arte Takashi Murakami consegue mostrar um contraste entre a arte tradicional e a arte moderna.

  • Em algumas das suas obras, Murakami usa pinturas tradicionais populares e dá-lhes o seu toque fazendo-nos refletir em como o conceito de arte mudou ao longo do tempo.

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 26 de abril de 2020.

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Takashi Murakami


O japonês que superou Andy Warhol na produção globalizada e massiva de arte faz um pós-pop ambíguo, mistura de fofura e perversidade

The Factory (a Fábrica), o mítico estúdio que Andy Warhol criou nos anos 1960 na Rua Lexington, em Nova York, para inundar o mundo das artes com uma produção vertiginosa, fica minúsculo na comparação. O mundo das artes mudou definitivamente de escala. Warhol tinha meia dúzia de auxiliares e seu mercado eram os EUA e, depois, alguns países europeus. Takashi Murakami vende para os cinco continentes, mora entre Tóquio, Nova York e Los Angeles e mantém ocupada uma centena de assistentes, em três “fábricas”: em Tóquio, trabalham 50 assistentes no estúdio central e mais uma dezena no estúdio de animação. Na sede norte-americana, em Long Island (NY), há outros 40 auxiliares e mais uma dezena no escritório nova-iorquino, que coordena a produção executiva de sua agenda de exposições ao redor do mundo, em estreito diálogo com as galerias que o representam.

A próxima exposição individual de Murakami será inaugurada em 9 de fevereiro e fica em cartaz até 24 de junho, no Gatar Museum, em Doha (Golfo Pérsico). Denominada sugestivamente de Ego, é a primeira em grande escala do artista no Oriente Médio. Acontece depois do sucesso da individual no Palácio de Versalhes (França), em 2010, e na galeria Gagosian de Roma, no ano passado.

Em pouco mais de duas décadas, Murakami criou um império onde jamais o sol se põe: o Kaikai Kiki Company Limited. O nome da empresa dá a pista para entender sua produção. São dois personagens onipresentes na obra: Kaikai é um bebê róseo e feliz metido em uma fantasia de coelho, Kiki tem expressões diabólicas e dentes serrilhados de diabinho. Ambos saltaram do universo otaku, ou seja, da cultura de massa japonesa baseada no animê (desenho animado) e no mangá (história em quadrinhos).

A cultura oficial japonesa detesta as manifestações otaku na mesma medida em que venera a cerimônia do chá. Mas Murakami é a melhor representação da cultura japonesa contemporânea. Uma cultura multifacetada que trata as fraturas do pós-guerra e as sequelas atômicas de Hiroshima e Nagasaki desenvolvendo uma fascinante relação de amor e ódio com o Ocidente. Algo novo que refaz os mitos de bravura não mais pelas sagas dos samurais, mas pela ação dos super-heróis apropriados da tradição ocidental dos estúdios de HQ da Marvel e da Disney.

De Warhol à Disney

Legenda: Release chakra’s gate at this instant (2008), acrílica e folha de platina sobre tela.

A aparente banalidade da obra de Murakami é apenas isso: aparente. O artista é autor do Manifesto Superflat (2000), texto sofisticado em que defende uma arte feita de superfícies planas, em oposição à tradição ocidental da perspectiva renascentista. Seria possível imaginar a maestria de desenho de Murakami sem que houvesse, antes, o mestre nipônico da gravura em madeira (xilogravura) Hokusai? Foi Hokusai, com as séries de panorâmicas misturadas a personagens, quem prefigurou o universo planar do desenho animado de qualquer latitude. Também da mesma época (Período Edo, séculos 16 a 19), a pintura Kanô (fundo de ouro), é rigorosamente planar ao criar cenas em diversas distâncias e também influenciou Murakami, que focou seus estudos universitários nesse assunto.

Warhol, autodidata alérgico a teorias, também transformou suas pinturas em superfícies planares e esse é um dos traços a unir a arte pop do norte-americano ao pop otaku de Murakami, além do uso de matrizes serigráficas na pintura. Mas a personalidade dos dois não podia ser mais diversa. Warhol ganhou de seus assistentes o apelido de Drella, por combinar a candura de Cinderela e o utilitarismo vampiresco de Drácula. Algo a ver com Kaikai e Kiki? Difícil saber diante da notória discrição oriental. Mas Warhol não costumava criar oportunidades profissionais para seus assistentes. Murakami já tem uma década dessa prática. “Kaikai Kiki também trabalha para nutrir e desenvolver a próxima geração de artistas”, diz ele em seu site oficial.

Murakami concebeu e organiza, desde 2001, a Geisai Art Fair, uma feira de arte originalíssima, em que não há a mediação de galerias. Os jovens talentos são selecionados por um júri de curadores de prestígio e participam de uma mostra com duração de um único dia, com acesso direto a colecionadores e a um público especializado. A próxima feira Geisai acontece dia 14 de setembro, em Tóquio. O evento anterior foi apresentado em paralelo à feira Miami Basel, em dezembro.

Além disso, Murakami participa de coletivas com seus assistentes mais talentosos, revelando nomes como Yoshitomo Nara e, atualmente, Akane Koide (que começou a expor na Geisai com 15 anos), autora de retratos de uma juventude que se autoflagela om lâmina como reação ao vazio consumista. Assim como Nara no passado e Koide na atualidade, muitos jovens povoam os estúdios de Murakami, somando competências para executar projetos do astro.

O processo de trabalho assemelha-se ao dos estúdios Disney, onde o roteiro e as características dos personagens são esboçados pelo autor e completados pela equipe. Curto-circuito no conceito de autoria? Sim, toneladas disso. Mas o artista garante que acompanha todos os detalhes e estágios de produção de uma peça. A internet e a webcam estão aí mesmo para tornar essa versão aceitável como verdadeira.

As cores, por exemplo. Ninguém que já teve o privilégio de ver ao vivo uma pintura de Murakami deixou de ficar impressionado com a sutileza das centenas (centenas!) de camadas de tinta sobrepostas com total controle de registro de impressão serigráfica, bordas nítidas e cromatismo intenso e complexo.

Luxo e arte

Em entrevista ao site www.paris-art.com em novembro de 2006, quando de sua exposição de pinturas na parisiense Galerie Perrotin, o artista confirmou que “a serigrafia me permite trabalhar com camadas sucessivas; a pintura se acumula e os tons mudam em razão desse acúmulo. A textura evolui nesse processo. (…) O trabalho serigráfico, mecânico, permite obter uma base de trabalho que depois é terminado à mão”. Nas fases preparatórias, observa ele ainda, “o computador é muito útil, para desenvolver a ideia principal e estabelecer um plano geral. Logo a seguir, meus assistentes executam o meu projeto. Dirijo e acompanho tudo que acontece e, no fim das contas, é como se eu mesmo pintasse todas as peças”.

A aparente fofura do elenco de personagens de Murakami, moldado nas histórias em quadrinhos infantis, guarda diversos signos do mal-estar cultural gerado pelo embate entre o Japão tradicional e o Japão do século 21. Os cogumelos vermelhos com bolinhas brancas, constantes nos trabalhos do artista, remetem ao cogumelo alucinógeno Amanita muscaria, mas também ao grande cogumelo, o maior de todos: o da bomba atômica. Um de seus protagonistas ganhou o nome de Little Boy (garotinho), o mesmo nome da bomba que foi lançada sobre Hiroshima.

Assim como Warhol, Murakami fez do mundo da moda e da publicidade algo integrado à sua produção. A convite do designer Marc Jacobs, diretor artístico da Louis Vuitton, Murakami desenvolveu, a partir de 2000, séries de padronagens para bolsas e outros acessórios fashion. As mais famosas e disputadas são as séries Eye Love Monogram (2003) e Cerises (Cerejas, 2005). Mas novamente Murakami foi muito além: instalou uma loja Vuitton no meio do espaço expositivo de sua mostra retrospectiva, em 2007, no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (Moca), com bolsas de tiragens especialmente criadas para ser vendidas nesse local. Como obras de arte.

“Isso significou o ponto mais alto dessa colaboração entre o mundo da arte e o mundo da moda”, disse Yves Carcelle, presidente internacional (CEO) da marca. Marc Jacobs observa que o evento no Moca “foi um monumental casamento entre arte e comércio, para ser registrado tanto nos livros de história da moda como de história da arte. A melhor parte disso tudo é que continua, cresce, se transforma e fascina”.

Para Murakami, “essa experiência na indústria do luxo é transferível ao mundo da arte. A comparação funciona perfeitamente. A sede de novidade é tão grande quanto, ela é a marca de fábrica da arte contemporânea, que vive bradando pela renovação”.

Fonte: Select, por Angélica de Moraes, publicado em 28 de março de 2012. (Publicado originalmente na edição impressa #4)

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O pop japonês de Takashi Murakami no Instituto Tomie Ohtake

Pela primeira vez na América do Sul, célebre artista japonês apresenta obra que transita entre as culturas oriental e ocidental, entre o "fofo" e o bizarro e entre a crítica e a adesão aos gostos do mercado

Tudo parece grandioso no universo artístico de Takashi Murakami. Seja a dimensão das obras – o artista japonês chegou a produzir um quadro de 100 metros de comprimento; o tamanho de seu estúdio perto de Tóquio, onde trabalham cerca de 100 funcionários; os valores estrondosos de seus trabalhos, que alcançam alguns milhões de dólares; e a influência que Murakami alcançou no mundo da cultura pop, tendo feito parcerias com músicos como Kanye West e Pharrel Williams e com grifes como Louis Vuitton. Criador de uma empresa com escritórios no Japão e nos EUA (a Kaikai Co.), de uma galeria de arte em Tókio e organizador de uma feira de arte bienal que promove novos artistas, Murakami montou um verdadeiro império que vai muito além das fronteiras de seu país.

Inevitavelmente, é grandiosa também a repercussão controversa que sua produção e atuação receberam ao longo das décadas. O artista de 57 anos, que possui 1,6 milhão de seguidores no Instagram, coleciona fãs e críticos ao redor do mundo, desde aqueles que o consideram um gênio comparável a Jeff Koons, Damien Hirst ou mesmo Andy Warhol até os que o enxergam mais como uma personalidade pop do que como um artista de produção relevante. Para alguns, a estreita relação de Murakami com o mercado carrega também ironia, crítica ao sistema e profundidade artística; para outros, trata-se apenas do reflexo de uma produção de fácil aceitação, estrategicamente pensada para agradar demandas comerciais.

Seja como for, no destacado currículo de Murakami – que inclui individuais nos mais importantes museus dos EUA, Europa e Ásia – surpreendentemente não havia ainda nenhuma exposição na América do Sul. A lacuna é suprida agora com a mostra Murakami por Murakami, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, que reúne grandes pinturas, esculturas, vídeos e animações feitas pelo artista ao longo de sua carreira, especialmente na última década.

Em entrevista à ARTE!Brasileiros concedida em uma das salas da mostra, as roupas coloridas e extravagantes vestidas pelo artista contrastavam com a formalidade de seu comportamento, o ar pacato e o volume baixo de sua voz. “O mundo da crítica e o mercado não andam juntos, são coisas distintas”, afirma Murakami. “O curioso é que eu recebo muitas críticas, mas continuo vendendo. E quem compra meus trabalhos conhece essas críticas, mas às vezes é isso mesmo que faz com que me apoiem comprando minha arte. Então eu acho que a discussão sobre o que é bom ou ruim, a crítica, não é algo negativo. Ela fala sobre o impacto que um trabalho tem e inclusive agrega valor à arte.”

Estudioso desde jovem do nihonga, estilo de pintura tradicional japonesa, o artista também bebeu desde cedo nas linguagens mais modernas do mangá e do anime – os quadrinhos e animações que são a base da cultura otaku, associada aos jovens japoneses. Nos anos 1990, no entanto, ao se aproximar do universo artístico norte-americano, Murakami passou a desenvolver uma produção que transitava entre oriente e ocidente, entre a pop art e as correntes de seu país. Uma certa obsessão por ser aceito nos EUA, segundo palavras do próprio artista, acabou por dar resultado em meados daquela década, período em que o artista concebeu também seu mais famoso e longevo personagem, o Mr. DOB.

Evocando ao mesmo tempo personagens como Mickey Mouse, de Walt Disney, e Doraemon, do mangá japonês, Mr. DOB ganhou maior complexidade ao incorporar, para além da simpatia, inocência e “fofura” destes ícones, ares de ironia, violência e bizarrice. O resultado é uma curiosa figura com atributos ambíguos, assim como grande parte da obra de Murakami. Em esculturas, quadros e animações, o personagem foi ganhando versões distintas ao longo do tempo, sendo muitas vezes considerado uma espécie de alter ego do artista. Assim como Murakami, Mr. DOB passaria a ser visto simultaneamente como agente capitalizador – transformado em camisetas, bonés e bonequinhos – e elemento crítico da sociedade de consumo.

Já aclamado internacionalmente, Murakami cunhou o termo superflat no ano 2000, para descrever um estilo pictórico nipônico realizado em imagens bidimensionais. Através de um manifesto, o artista enquadrou sua própria produção dentro do termo, mas destacou que superflat se referia também a características para além da pintura: “achatadas”, ou planas, seriam não apenas as figuras representadas, mas também a difícil distinção entre arte erudita e arte comercial. O manifesto se refere ainda à complicada relação entre Japão e EUA após a Segunda Guerra, considerando que a influência americana teve consequências diretas na cultura nipônica desenvolvida nas décadas seguintes.

Reviravolta

Uma grande tragédia ocorrida em 2011 no Japão – com o terremoto e o tsunami que deixaram milhares de mortos na costa leste do país – resultou também em uma virada radical na obra de Murakami. Ao acompanhar as notícias sobre as mortes, destruições e as crianças que ficaram órfãs, o artista se sentiu impelido a retomar suas raízes culturais. “Ali eu senti que precisava virar minha arte do avesso. Até então eu usava muito uma gramática da arte nova-yorkina, mas a partir de 2011 comecei a inserir mais essa história e cultura japonesas dentro da minha arte”, afirma.

Boa parte das obras expostas no Instituto Tomie Ohtake são deste período mais recente, no qual Murakami estreitou também seus laços com o Zen Budismo. Alguns exemplos são os grandiosos quadros – o maior da mostra de com 10 metros de comprimento – com motivos tradicionais, animais e feras mitológicas ou com os célebres arhats, que no budismo são seres que alcançaram elevada estatura espiritual. A exposição conta ainda com uma série de vídeos e animações; esculturas banhadas a ouro que transparecem um lado mais “gracioso” da produção do artista; um autorretrato escultórico de silicone com dispositivos robóticos, que apresenta o próprio artista em tamanho real; uma série pinturas de ares inquietantes baseada em trabalhos de Francis Bacon (1909-1992); e, claro, uma parte dedicada ao Mr. DOB.

Estranhamente, apesar de afirmar a crescente proximidade de sua obra com a cultura japonesa, Murakami soa rígido ao dizer que não tem mais vontade de expor em seu país – uma mostra aberta recentemente em uma galeria foi uma exceção, por conta de um projeto pontual de terceiros. Isso porque não considera que seu trabalho é bem recebido no Japão como foi em outros países, inclusive por conta da pouca distinção entre cultura de massa – mangá e anime – e as artes plásticas. “Quando eu expus os 500 arhats [a obra de 100 metros] em Tóquio, as pessoas acharam legal, gostaram, mas ninguém se dispôs a preservar, a cuidar. Não sinto o trabalho valorizado. E ali, em 2015, eu senti que o Japão não daria mais, no sentido de que minha arte ali não era considerada artes plásticas, que eu considero que é o principal”, conclui.

Fonte: Arte Brasileiros, por Marcos Grinspum Ferraz, publicado em 6 de dezembro de 2019

Crédito fotográfico: Blog ArteArt

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