A linha fica em segundo plano na arte de Virgílio Lopes Rodrigues, para deixar que o trabalho gestual brilhe. Sua economia nos traços fica ainda mais evidente quando trabalha em pequenos suportes. Além das telas, pintou objetos dos mais diversos, como caixas de charutos. Era, antes de tudo, fascinado pelas marinhas, que, em suas obras, se apresentam com extremo domínio da luz e contrastes de cores complementares.
Além de artista, atuava no comércio de arte, se tornando leiloeiro conhecido. Ainda mantinha uma pequena barraca em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde vendia materiais de pintura.
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Biografia completa
Estuda na colônia agrícola Frei Caneca, em Pernambuco, dirigida por religiosos . Antes de completar 20 anos de idade, transfere-se para o Rio de Janeiro com a intenção de matricular-se no Colégio Militar, intuito frustrado devido a uma enfermidade. Nessa cidade, dedica-se ao comércio de arte, trabalhando no escritório do leiloeiro Joaquim Dias dos Santos, por ocasião da dispersão dos bens da Família Imperial em 1890. Organiza em 1893, ao lado de Eduardo de Sá (1866-1940) e Décio Villares (1851-1931), uma exposição no antigo Paço da cidade do Rio de Janeiro, em benefício do projeto de criação de uma Academia Livre de Belas Artes. No dia de abertura, a exposição é malograda pela eclosão da Revolta da Armada e a Academia não chega a funcionar. Organizando a exposição, Rodrigues toma conhecimento do trabalho de Santa-Olalla (1870-1895), pintor espanhol residente no Rio de Janeiro, com o qual passa a tomar lições de pintura e estabelece estreita amizade. Por incentivo do pintor, frequenta, em meados de 1894, o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Torna-se um leiloeiro conhecido, dedicando-se paralelamente à pintura. Mantém uma barraca na praia de Copacabana, com materiais para a produção de pinturas, onde recebia artistas como Manuel Faria, Gastão Formenti, Vicente Leite e Artur Lucas, pintores com os quais realiza, em 1926, a Exposição dos Cinco. Apoia a carreira de artistas como Santa-Olalla e Oswaldo Teixeira. Em 1897 participa de sua primeira Exposição Geral de Belas Artes, seguida de muitas outras, chegando a obter a grande medalha de prata na Exposição Geral de 1930.
Análise
Virgílio Lopes Rodrigues, em entrevista ao jornalista Angyone Costa (1888-1954), afirmou ser um artista amador, que conciliava a produção pictórica com o trabalho no comércio 1. Não obstante, dedicou-se avidamente à paisagem marinha, retratando-a do natural. Explorou pequenos formatos, onde seus temas singelos adquirem maior concisão, utilizando mesmo suportes incomuns como ;tampas de caixas de charuto, tal como fizera Castagneto (1851-1900) em suas populares marinhas nas décadas de 1880 e 90.
As marinhas de Rodrigues, em geral, apresentam áreas de grande luminosidade, combinando poucos elementos estruturais e contrastes entre cores complementares. A linha é posta em segundo plano por uma pincelada que sugere discreta inquietação. Esta economia formal e a tendência ao tratamento gestual revelam o impacto das pinturas de Castagneto sobre sua produção, como em Jangadas a beira mar na qual a alta luz domina toda a composição e chega a suprimir as extremidades das figuras desenhadas, sendo a forma muito mais o resultado da sombra que da linha. Percebe-se por outro lado, em menor grau, os ensinamentos de Santa-Olalla (1870-1895) quanto à fatura e à definição dos planos espaciais. Em Igrejinha de Copacabana (1901) é a composição que estrutura a imagem e possibilita a distinção entre os planos. A pincelada é aparente, porém controlada, e o desenho comedido nos detalhes transforma-se em volume apenas nas porções de terra do primeiro plano.
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Cronologia
1882 – Mudou-se para o Rio de Janeiro com a intenção de matricular-se no Colégio Militar, mas não conseguiu ingressar nessa escola.
Década de 1890 – Tornou-se ajudante de Joaquim Dias dos Santos no leilão dos bens da família imperial promovido no Paço de São Cristóvão.
1894 – Passou a frequentar o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Abriu uma barraca com materiais necessários para a confecção de telas na praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
Participou, entre outras, das seguintes exposições coletivas:
1897 – 4ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1923 – 1º Salão da Primavera, Rio de Janeiro; 30ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, menção honrosa de 2º grau.
1926 – 1º Salão de Outono, Rio de Janeiro; 33ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, menção honrosa de 1º grau.
1926 – Exposição dos Cinco, Rio de Janeiro.
1927 – 34ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, medalha de bronze.
1930 – 37ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, pequena medalha de prata.
1933 – 39ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Foram realizadas algumas exposições póstumas:
1944 – 50º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1980 – Mostra Grandes Marinhistas Brasileiros, Rio de Janeiro.
1982 – Exposição organizada pela Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro.
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Fontes:
VIRGÍLIO Lopes Rodrigues. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24572/virgilio-lopes-rodrigues>. Acesso em: 03 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
A linha fica em segundo plano na arte de Virgílio Lopes Rodrigues, para deixar que o trabalho gestual brilhe. Sua economia nos traços fica ainda mais evidente quando trabalha em pequenos suportes. Além das telas, pintou objetos dos mais diversos, como caixas de charutos. Era, antes de tudo, fascinado pelas marinhas, que, em suas obras, se apresentam com extremo domínio da luz e contrastes de cores complementares.
Além de artista, atuava no comércio de arte, se tornando leiloeiro conhecido. Ainda mantinha uma pequena barraca em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde vendia materiais de pintura.
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Biografia completa
Estuda na colônia agrícola Frei Caneca, em Pernambuco, dirigida por religiosos . Antes de completar 20 anos de idade, transfere-se para o Rio de Janeiro com a intenção de matricular-se no Colégio Militar, intuito frustrado devido a uma enfermidade. Nessa cidade, dedica-se ao comércio de arte, trabalhando no escritório do leiloeiro Joaquim Dias dos Santos, por ocasião da dispersão dos bens da Família Imperial em 1890. Organiza em 1893, ao lado de Eduardo de Sá (1866-1940) e Décio Villares (1851-1931), uma exposição no antigo Paço da cidade do Rio de Janeiro, em benefício do projeto de criação de uma Academia Livre de Belas Artes. No dia de abertura, a exposição é malograda pela eclosão da Revolta da Armada e a Academia não chega a funcionar. Organizando a exposição, Rodrigues toma conhecimento do trabalho de Santa-Olalla (1870-1895), pintor espanhol residente no Rio de Janeiro, com o qual passa a tomar lições de pintura e estabelece estreita amizade. Por incentivo do pintor, frequenta, em meados de 1894, o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Torna-se um leiloeiro conhecido, dedicando-se paralelamente à pintura. Mantém uma barraca na praia de Copacabana, com materiais para a produção de pinturas, onde recebia artistas como Manuel Faria, Gastão Formenti, Vicente Leite e Artur Lucas, pintores com os quais realiza, em 1926, a Exposição dos Cinco. Apoia a carreira de artistas como Santa-Olalla e Oswaldo Teixeira. Em 1897 participa de sua primeira Exposição Geral de Belas Artes, seguida de muitas outras, chegando a obter a grande medalha de prata na Exposição Geral de 1930.
Análise
Virgílio Lopes Rodrigues, em entrevista ao jornalista Angyone Costa (1888-1954), afirmou ser um artista amador, que conciliava a produção pictórica com o trabalho no comércio 1. Não obstante, dedicou-se avidamente à paisagem marinha, retratando-a do natural. Explorou pequenos formatos, onde seus temas singelos adquirem maior concisão, utilizando mesmo suportes incomuns como ;tampas de caixas de charuto, tal como fizera Castagneto (1851-1900) em suas populares marinhas nas décadas de 1880 e 90.
As marinhas de Rodrigues, em geral, apresentam áreas de grande luminosidade, combinando poucos elementos estruturais e contrastes entre cores complementares. A linha é posta em segundo plano por uma pincelada que sugere discreta inquietação. Esta economia formal e a tendência ao tratamento gestual revelam o impacto das pinturas de Castagneto sobre sua produção, como em Jangadas a beira mar na qual a alta luz domina toda a composição e chega a suprimir as extremidades das figuras desenhadas, sendo a forma muito mais o resultado da sombra que da linha. Percebe-se por outro lado, em menor grau, os ensinamentos de Santa-Olalla (1870-1895) quanto à fatura e à definição dos planos espaciais. Em Igrejinha de Copacabana (1901) é a composição que estrutura a imagem e possibilita a distinção entre os planos. A pincelada é aparente, porém controlada, e o desenho comedido nos detalhes transforma-se em volume apenas nas porções de terra do primeiro plano.
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Cronologia
1882 – Mudou-se para o Rio de Janeiro com a intenção de matricular-se no Colégio Militar, mas não conseguiu ingressar nessa escola.
Década de 1890 – Tornou-se ajudante de Joaquim Dias dos Santos no leilão dos bens da família imperial promovido no Paço de São Cristóvão.
1894 – Passou a frequentar o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Abriu uma barraca com materiais necessários para a confecção de telas na praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
Participou, entre outras, das seguintes exposições coletivas:
1897 – 4ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1923 – 1º Salão da Primavera, Rio de Janeiro; 30ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, menção honrosa de 2º grau.
1926 – 1º Salão de Outono, Rio de Janeiro; 33ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, menção honrosa de 1º grau.
1926 – Exposição dos Cinco, Rio de Janeiro.
1927 – 34ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, medalha de bronze.
1930 – 37ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, pequena medalha de prata.
1933 – 39ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Foram realizadas algumas exposições póstumas:
1944 – 50º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1980 – Mostra Grandes Marinhistas Brasileiros, Rio de Janeiro.
1982 – Exposição organizada pela Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro.
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Fontes:
VIRGÍLIO Lopes Rodrigues. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24572/virgilio-lopes-rodrigues>. Acesso em: 03 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
A linha fica em segundo plano na arte de Virgílio Lopes Rodrigues, para deixar que o trabalho gestual brilhe. Sua economia nos traços fica ainda mais evidente quando trabalha em pequenos suportes. Além das telas, pintou objetos dos mais diversos, como caixas de charutos. Era, antes de tudo, fascinado pelas marinhas, que, em suas obras, se apresentam com extremo domínio da luz e contrastes de cores complementares.
Além de artista, atuava no comércio de arte, se tornando leiloeiro conhecido. Ainda mantinha uma pequena barraca em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde vendia materiais de pintura.
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Biografia completa
Estuda na colônia agrícola Frei Caneca, em Pernambuco, dirigida por religiosos . Antes de completar 20 anos de idade, transfere-se para o Rio de Janeiro com a intenção de matricular-se no Colégio Militar, intuito frustrado devido a uma enfermidade. Nessa cidade, dedica-se ao comércio de arte, trabalhando no escritório do leiloeiro Joaquim Dias dos Santos, por ocasião da dispersão dos bens da Família Imperial em 1890. Organiza em 1893, ao lado de Eduardo de Sá (1866-1940) e Décio Villares (1851-1931), uma exposição no antigo Paço da cidade do Rio de Janeiro, em benefício do projeto de criação de uma Academia Livre de Belas Artes. No dia de abertura, a exposição é malograda pela eclosão da Revolta da Armada e a Academia não chega a funcionar. Organizando a exposição, Rodrigues toma conhecimento do trabalho de Santa-Olalla (1870-1895), pintor espanhol residente no Rio de Janeiro, com o qual passa a tomar lições de pintura e estabelece estreita amizade. Por incentivo do pintor, frequenta, em meados de 1894, o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Torna-se um leiloeiro conhecido, dedicando-se paralelamente à pintura. Mantém uma barraca na praia de Copacabana, com materiais para a produção de pinturas, onde recebia artistas como Manuel Faria, Gastão Formenti, Vicente Leite e Artur Lucas, pintores com os quais realiza, em 1926, a Exposição dos Cinco. Apoia a carreira de artistas como Santa-Olalla e Oswaldo Teixeira. Em 1897 participa de sua primeira Exposição Geral de Belas Artes, seguida de muitas outras, chegando a obter a grande medalha de prata na Exposição Geral de 1930.
Análise
Virgílio Lopes Rodrigues, em entrevista ao jornalista Angyone Costa (1888-1954), afirmou ser um artista amador, que conciliava a produção pictórica com o trabalho no comércio 1. Não obstante, dedicou-se avidamente à paisagem marinha, retratando-a do natural. Explorou pequenos formatos, onde seus temas singelos adquirem maior concisão, utilizando mesmo suportes incomuns como ;tampas de caixas de charuto, tal como fizera Castagneto (1851-1900) em suas populares marinhas nas décadas de 1880 e 90.
As marinhas de Rodrigues, em geral, apresentam áreas de grande luminosidade, combinando poucos elementos estruturais e contrastes entre cores complementares. A linha é posta em segundo plano por uma pincelada que sugere discreta inquietação. Esta economia formal e a tendência ao tratamento gestual revelam o impacto das pinturas de Castagneto sobre sua produção, como em Jangadas a beira mar na qual a alta luz domina toda a composição e chega a suprimir as extremidades das figuras desenhadas, sendo a forma muito mais o resultado da sombra que da linha. Percebe-se por outro lado, em menor grau, os ensinamentos de Santa-Olalla (1870-1895) quanto à fatura e à definição dos planos espaciais. Em Igrejinha de Copacabana (1901) é a composição que estrutura a imagem e possibilita a distinção entre os planos. A pincelada é aparente, porém controlada, e o desenho comedido nos detalhes transforma-se em volume apenas nas porções de terra do primeiro plano.
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Cronologia
1882 – Mudou-se para o Rio de Janeiro com a intenção de matricular-se no Colégio Militar, mas não conseguiu ingressar nessa escola.
Década de 1890 – Tornou-se ajudante de Joaquim Dias dos Santos no leilão dos bens da família imperial promovido no Paço de São Cristóvão.
1894 – Passou a frequentar o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Abriu uma barraca com materiais necessários para a confecção de telas na praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
Participou, entre outras, das seguintes exposições coletivas:
1897 – 4ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1923 – 1º Salão da Primavera, Rio de Janeiro; 30ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, menção honrosa de 2º grau.
1926 – 1º Salão de Outono, Rio de Janeiro; 33ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, menção honrosa de 1º grau.
1926 – Exposição dos Cinco, Rio de Janeiro.
1927 – 34ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, medalha de bronze.
1930 – 37ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, pequena medalha de prata.
1933 – 39ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Foram realizadas algumas exposições póstumas:
1944 – 50º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1980 – Mostra Grandes Marinhistas Brasileiros, Rio de Janeiro.
1982 – Exposição organizada pela Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro.
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Fontes:
VIRGÍLIO Lopes Rodrigues. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24572/virgilio-lopes-rodrigues>. Acesso em: 03 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
A linha fica em segundo plano na arte de Virgílio Lopes Rodrigues, para deixar que o trabalho gestual brilhe. Sua economia nos traços fica ainda mais evidente quando trabalha em pequenos suportes. Além das telas, pintou objetos dos mais diversos, como caixas de charutos. Era, antes de tudo, fascinado pelas marinhas, que, em suas obras, se apresentam com extremo domínio da luz e contrastes de cores complementares.
Além de artista, atuava no comércio de arte, se tornando leiloeiro conhecido. Ainda mantinha uma pequena barraca em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde vendia materiais de pintura.
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Biografia completa
Estuda na colônia agrícola Frei Caneca, em Pernambuco, dirigida por religiosos . Antes de completar 20 anos de idade, transfere-se para o Rio de Janeiro com a intenção de matricular-se no Colégio Militar, intuito frustrado devido a uma enfermidade. Nessa cidade, dedica-se ao comércio de arte, trabalhando no escritório do leiloeiro Joaquim Dias dos Santos, por ocasião da dispersão dos bens da Família Imperial em 1890. Organiza em 1893, ao lado de Eduardo de Sá (1866-1940) e Décio Villares (1851-1931), uma exposição no antigo Paço da cidade do Rio de Janeiro, em benefício do projeto de criação de uma Academia Livre de Belas Artes. No dia de abertura, a exposição é malograda pela eclosão da Revolta da Armada e a Academia não chega a funcionar. Organizando a exposição, Rodrigues toma conhecimento do trabalho de Santa-Olalla (1870-1895), pintor espanhol residente no Rio de Janeiro, com o qual passa a tomar lições de pintura e estabelece estreita amizade. Por incentivo do pintor, frequenta, em meados de 1894, o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Torna-se um leiloeiro conhecido, dedicando-se paralelamente à pintura. Mantém uma barraca na praia de Copacabana, com materiais para a produção de pinturas, onde recebia artistas como Manuel Faria, Gastão Formenti, Vicente Leite e Artur Lucas, pintores com os quais realiza, em 1926, a Exposição dos Cinco. Apoia a carreira de artistas como Santa-Olalla e Oswaldo Teixeira. Em 1897 participa de sua primeira Exposição Geral de Belas Artes, seguida de muitas outras, chegando a obter a grande medalha de prata na Exposição Geral de 1930.
Análise
Virgílio Lopes Rodrigues, em entrevista ao jornalista Angyone Costa (1888-1954), afirmou ser um artista amador, que conciliava a produção pictórica com o trabalho no comércio 1. Não obstante, dedicou-se avidamente à paisagem marinha, retratando-a do natural. Explorou pequenos formatos, onde seus temas singelos adquirem maior concisão, utilizando mesmo suportes incomuns como ;tampas de caixas de charuto, tal como fizera Castagneto (1851-1900) em suas populares marinhas nas décadas de 1880 e 90.
As marinhas de Rodrigues, em geral, apresentam áreas de grande luminosidade, combinando poucos elementos estruturais e contrastes entre cores complementares. A linha é posta em segundo plano por uma pincelada que sugere discreta inquietação. Esta economia formal e a tendência ao tratamento gestual revelam o impacto das pinturas de Castagneto sobre sua produção, como em Jangadas a beira mar na qual a alta luz domina toda a composição e chega a suprimir as extremidades das figuras desenhadas, sendo a forma muito mais o resultado da sombra que da linha. Percebe-se por outro lado, em menor grau, os ensinamentos de Santa-Olalla (1870-1895) quanto à fatura e à definição dos planos espaciais. Em Igrejinha de Copacabana (1901) é a composição que estrutura a imagem e possibilita a distinção entre os planos. A pincelada é aparente, porém controlada, e o desenho comedido nos detalhes transforma-se em volume apenas nas porções de terra do primeiro plano.
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Cronologia
1882 – Mudou-se para o Rio de Janeiro com a intenção de matricular-se no Colégio Militar, mas não conseguiu ingressar nessa escola.
Década de 1890 – Tornou-se ajudante de Joaquim Dias dos Santos no leilão dos bens da família imperial promovido no Paço de São Cristóvão.
1894 – Passou a frequentar o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Abriu uma barraca com materiais necessários para a confecção de telas na praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
Participou, entre outras, das seguintes exposições coletivas:
1897 – 4ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1923 – 1º Salão da Primavera, Rio de Janeiro; 30ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, menção honrosa de 2º grau.
1926 – 1º Salão de Outono, Rio de Janeiro; 33ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, menção honrosa de 1º grau.
1926 – Exposição dos Cinco, Rio de Janeiro.
1927 – 34ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, medalha de bronze.
1930 – 37ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, pequena medalha de prata.
1933 – 39ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Foram realizadas algumas exposições póstumas:
1944 – 50º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1980 – Mostra Grandes Marinhistas Brasileiros, Rio de Janeiro.
1982 – Exposição organizada pela Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro.
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Fontes:
VIRGÍLIO Lopes Rodrigues. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24572/virgilio-lopes-rodrigues>. Acesso em: 03 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7