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Artur Barrio

Artur Alípio Barrio de Sousa Lopes (Porto, Portugal, 1945), mais conhecido como Artur Barrio, é um artista multimídia e desenhista luso-brasileiro que vive no Rio de Janeiro desde 1955. Antes de se mudar para o Brasil, chegou a morar por um ano em Luanda, na Angola. Foi um dos primeiros artistas a realizar gigantescas instalações com composições caóticas, onde misturava múltiplos elementos. A maioria de suas obras não pode ser guardada em museus nem pendurada na parede. Ele faz arte conceitual, cria performances, e valoriza a experiência e não a imagem ou o objeto. Suas intervenções caracterizam-se pela utilização de materiais efêmeros e precários, como o sal, o papel higiênico, o sangue, o pó de café, o pão, a carne. Uma de suas obras mais conhecidas é justamente a intitulada Livro de carne, um pedaço de carne talhado em forma de livro que, após alguns dias, decompõe-se diante do público e tem de ser reposto a cada 3 dias.

Biografia - Itaú Cultural

Em 1955, passa a viver no Rio de Janeiro. Começa a se dedicar à pintura em 1965 e, a partir de 1967, freqüenta a Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesse período, realiza os "cadernos livres", com registros e anotações que se afastam das linguagens tradicionais. Em 1969, começa a criar as Situações: trabalhos de grande impacto, realizados com materiais orgânicos como lixo, papel higiênico, detritos humanos e carne putrefata (como as Trouxas Ensangüentadas), com os quais realiza intervenções no espaço urbano. No mesmo ano, escreve um manifesto no qual contesta as categorias tradicionais da arte e sua relação com o mercado, e a situação social e política na América Latina. Em 1970, na mostra Do Corpo à Terra, espalha as Trouxas Ensangüentadas em um rio em Belo Horizonte. Barrio documenta essas situações com o uso de fotografia, cadernos de artista e filmes Super-8. Cria também instalações e esculturas, nas quais emprega objetos cotidianos. Realiza constantes viagens, e reside também na África e na Europa - em Portugal, na França e na Holanda. Desde a metade da década de 1990, ocorrem várias publicações e exposições que procuram recuperar sua obra.

Análise

Artur Barrio começa a dedicar-se à pintura em 1965, no Rio de Janeiro. Dois anos mais tarde, entra na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesse período, desenha muito e faz. seus "cadernos-livros", obras em forma de registro e anotações que se afastam das linguagens tradicionais. Em 1969, inicia as Situações: trabalhos feitos com dejetos, materiais orgânicos e objetos nada convencionais. São atos efêmeros e provocativos, uma interferência artística no ambiente. Segundo a historiadora Sheila Cabo, com Situações, "Barrio desenvolve a relação arte/vida no sentido da recuperação da vida e repotencialização da arte". No mesmo ano, lança seu Manifesto: um brado "contra as categorias da arte" e a situação política e social do terceiro mundo.

Barrio joga 14 trouxas com carne, ossos e sangue no rio, em Belo Horizonte, durante a coletiva Do Corpo à Terra, em 1970. A ação tem apelo político, e é associada aos assassinatos do regime militar e dos grupos de extermínio. Muitas vezes, ele realiza as situações longe dos olhos do público e documenta essas ações por meio de filmes em Super-8, fotografia, cadernos e livros de artista. Esse material se torna parte de seu trabalho. Barrio também faz instalações ao ar livre, como Blooshluss (1972); e esculturas que utilizam objetos do cotidiano, como Navalha Relógio (1970) e 1) Dentro para Fora. 2) Simples (1970).

Retorna a Portugal em 1974. Presencia a Revolução dos Cravos e realiza situações como 4 Movimentos e 4 Pedras e a escultura Metal/Sebo Frio/Calor. No mesmo ano, expõe desenhos no Rio de Janeiro, São Paulo e Islândia. No ano seguinte, passa a morar em Paris. Lá, o Centre Georges Pompidou adquire seus cadernos de registro e livros de artista, como o Livro de Carne (1977). Nessa época faz performances, arte postal, esculturas, livros e cadernos de artista. Em 1982, expõe pela primeira vez o conjunto de quadros e desenhos intitulado Série Africana, em que retoma o trabalho com a cor e a pintura. Três anos depois mostra as obras desta série na 17ª Bienal Internacional de São Paulo. Apresenta na Galeria do Centro Empresarial do Rio de Janeiro, em 1987, a Experiência nº 1. Com este trabalho, inicia uma série de instalações em que atua diretamente sobre as paredes da galeria, sulcando-as e prendendo objetos em sua superfície. Em 1996, o Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB do Rio de Janeiro realiza retrospectiva de sua obra, com registros das Situações.

Críticas

"Desde o início dos anos 60, Barrio vem se interessando pelas sobras, pelos resíduos que deixamos. Note-se que esse interesse nada tem a ver com um discurso de fundo ecológico, com a velha denúncia da implacabilidade da razão instrumental, da destruição da natureza, do buraco de ozônio, da morte das baleias e de outros tantos terrores contemporâneos. É certo que as trouxas ensanguentadas espalhadas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte em 1970 justificavam-se parcialmente como comentários sobre a hedionda vida subterrânea gerada pela ditadura militar. Mas não se esgotavam aí. Também superavam a esfera da denúncia os quinhentos sacos plásticos contendo sangue, pedaços de unha, saliva (escarro), merda, meleca, ossos, etc. , igualmente dispersos no Rio de Janeiro. Como as trouxas, os sacos eram abandonados pelo seu autor à curiosidade e à manipulação dos transeuntes anônimos, que eventualmente passavam a co-autores do trabalho. Detritos cuja deriva era registrada - não interceptada - pelo artista, que, ele também um transeunte, atentava às reações psicorgânicas destes.

Como já é patente na descrição desses trabalhos, ou situações, como definia o próprio artista, tornava-se muito difícil caracterizá-los como obra de arte, mesmo que se tenha em mente o grau de experimentação daqueles anos. Um exame mais detalhado demonstra seu afastamento tanto do objeto, tal como era tratado pela arte pop, quanto da eleição de novos materiais, caso da arte povera e mais ainda da orientação formalista dos minimalistas".

Agnaldo Farias (BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 23., 1996, São Paulo, SP. Catálogo da Exposição Universalis. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1996. p.45.)

"A arte de Barrio expõe o constrangimento econômico do Terceiro Mundo. Barrio sustentou dois embates: pela liberdade de expressão na ditadura e contra a desigualdade de expressão no capitalismo. Sua estratégia denuncia o condicionamento da produção pelos materiais artísticos no Terceiro Mundo. Não se tratava de história, disponibilidade ou custo dos materiais: 'o processo não era de conseguir os meios (ainda que mínimos), mas o de fazer'. Barrio enfrenta a politização dos materiais da linguagem para desenvolver estratégias de superação, atuando nas etapas de produção, distribuição e apropriação da arte (...). Para Barrio, o registro de obras responde à apropriação da arte, irredutível à condição de mercadoria: 'as coisas não são indicadas (representadas), mas sim vividas'. Reviu seu estatuto: 'abro mão de meu enquadramento como artista'; e a produção de consumo: 'o trabalho não é recuperado pois foi criado para ser abandonado e seguir sua trajetória de envolvimento psicológico'; testando a ideologia do mercado, desconstruiu os signos com que se reconhecia na operação artística uma possível formação de valor de troca".

Paulo Herkenhoff (Barrio - Liberdade, Igualdade e Ira. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000.p.25-28.)

"É revelador como na poética de Barrio manifesta-se, com intensidade, o duplo sentido do termo escatologia que se refere, então, não apenas aos dejetos do corpo, mas também à 'doutrina sobre a consumação do tempo e da história'. Isto porque elementos orgânicos de putrefação garantida são, antes de mais nada, metáforas da dialética vida/morte inerente à consideração humana. O contexto da forte repressão política fornece os parâmetros necessários para se compreender este trabalho, no momento de sua formulação. Da adversidade vivemos, conclui Hélio Oiticica em Esquema Geral da Nova Objetividade (1967). Esta adversidade do contexto brasileiro e, nesse caso, carioca aproximou o trabalho de Barrio de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Cildo Meireles e Antônio Manuel. O gesto toma o sentido da ação a ser francamente compartilhada através de obras, um ativismo que se faz pelo envolvimento das pessoas, subvertendo, definitivamente, a idéia institucionalizada e passiva de público de arte".

Cristina Freire (Artur Barrio: sic transit gloria mundi. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000. p.21-24.)

"A obra de Artur Barrio constitui, na sua singularidade radical, um caso muito particular do modo como a arte pode renunciar à sua objectualidade, numa crítica particular das suas condições de produção, circulação e consumo na sociedade contemporânea. Barrio não produz 'obras de arte', antes suscita situações nas quais constrói um discurso pessoal em que se apropria do real, reconstituindo-o poética e politicamente nos resíduos desse mesmo real que evidencia e que nos são freqüentemente ocultados pela domesticação social do gosto e pela autolegitimação social do objeto artístico. Os seus projetos são constituídos por situações em que o artista utiliza materiais precários e perecíveis, muitas vezes orgânicos, que impossibilitam a sua reapropriação por parte de um sistema da arte ainda comprometido com a circulação feiticista do objecto ou do documento".

João Fernandes (Artur Barrio: Registros. In: BARRIO, Artur. Regist(r)os. Porto: Fundação de Serralves, 2000. p.16-19.)

Depoimentos

"Ver através de símbolos é também uma maneira de ver. Mas o que pretendo é fazer justamente aquilo que eu acho que as coisas são. As trouxas ensangüentadas ou os pães não eram simbólicos. Não simbolizavam nada. Eram o que eram. Pedaços de carne e pão que, mais tarde, tentaram associar com outras coisas da realidade brasileira ou internacional, ou com aspectos filosóficos. Para mim, eles têm um sentido concreto. Por que não se tenta analisar o pão pela matéria, pelo que ele é? O mesmo acontece com o trabalho da vendedora de peixes, que desenvolvi em Portugal. Aquilo não é símbolo. É uma profissão. Um ser humano que vende peixes de porta em porta. Estamos cheios de símbolos. (...) Eu achava que o simbólico não cabia no meu trabalho, mas tudo foi caminhando para esse lado. Os observadores captaram a coisa que seria mais fácil".

Artur Barrio (Entrevista a Márcio Doctors - O Globo, 27/11/1987. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000. p. 53.)

Exposições Individuais

1967 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos, na Galeria Gemini

1973 - Rio de Janeiro RJ - Super 8, Slides e Trabalhos, na Veste Sagrada Organização Criativa

1974 - Rio de Janeiro RJ - Registros e Desenhos, na Central de Arte Contemporânea

1974 - São Paulo SP - Artur Barrio: desenhos, na Galeria Millan

1974 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Mobile

1975 - Paris (França) - Plenitude, no Espace Cairn

1977 - Porto (Portugal) - Artur Barrio: desenhos, registros, audiovisuais, na Galeria Alvarez

1978 - Rio de Janeiro RJ - Projetos Realizados e Quase Realizados, no MAM/RJ

1978 - São Paulo SP - Cadernos-Livros, na Pinacoteca do Estado

1979 - Paris (França) - Vitrine pour l'Art Actuel, no Espace Cairn

1980 - Paris (França) - Extensão, no Espace Cairn

1980 - Paris (França) - Marfim Africano, no Espace Cairn

1980 - Paris (França) - Movimento Congelado, no Espace Cairn

1981 - Paris (França) - A Partida de Tênis, no Espace Cairn

1981 - Paris (França) - Volto em 5', no Espace Cairn

1981 - Rio de Janeiro RJ - Registros de Trabalho, na Galeria Sérgio Milliet

1982 - Paris (França) - D'Après le Dernier Portolano, no Espace Cairn

1982 - São Paulo SP - Série Africana, na Galeria de Arte São Paulo

1983 - Amsterdã (Holanda) - Minha Cabeça Está Vazia, Meus Olhos Estão Cheios, na Gallerij Suspekt

1983 - Paris (França) - Minha Cabeça Está Vazia, Meus Olhos Estão Cheios, no Espace Cairn

1983 - Rio de Janeiro RJ - Minha Cabeça Está Vazia, Meus Olhos Estão Cheios, no MAM/RJ

1983 - São Paulo SP - Série Africana, na Galeria de Arte São Paulo

1984 - Amsterdã (Holanda) - Registros, na Fundação Makkon

1984 - Eidhoven (Alemanha) Registros, na Fundação Het Apallo Huis

1984 - Rio de Janeiro RJ - Registros, na Galeria MP2 Arte

1986 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: pinturas e desenhos, na Petite Galerie

1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Millan

1987 - Rio de Janeiro RJ - Experiência nº 1, na Galeria do Centro Empresarial do Rio de Janeiro

1988 - Rio de Janeiro RJ e São Paulo SP - Artur Barrio: pinturas, na Galeria Montesanti

1989 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: pinturas, na Galeria Montesanti

1989 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: pinturas, no Artur Fidalgo Escritório de Arte

1989 - Rio de Janeiro RJ - Experiência nº 4, na Galeria do Centro Empresarial do Rio de Janeiro

1989 - São Paulo SP - Artur Barrio: pinturas e desenhos, na Kate Art Gallery

1991 - Rio de Janeiro RJ - Experiência nº 5, no Espaço Cultural Sérgio Porto

1993 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: desenhos e colagens, na Galeria Goudard

1993 - Rio de Janeiro RJ - Extensão, na Galeria Ibeu Copacabana

1993 - Rio de Janeiro RJ - Variantes, na Galeria Saramenha

1993 - Genebra (Suíça) - Variantes, na Galerie Brot und Käse

1995 - Rio de Janeiro RJ - Uma Extensão no Tempo, no Paço Imperial

1996 - Rio de Janeiro RJ - Situações: Artur Barrio: registro, no CCBB

1997 - São Paulo SP - Artur Barrio: fragmentos, na Galeria de Arte São Paulo

1997 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: fragmentos, na Galeria Cohn Edelstein

1998 - Niterói RJ - O Sonho do Arqueólogo, no MAC/Niterói

1999 - Fortaleza CE - Individual, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

1999 - Porto (Portugal) - Individual, na Galeria André Viana

1999 - Porto Alegre RS - Individual, na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo

1999 - São Paulo SP - Individual, na Nova Galeria de Arte

2000 - Porto (Portugal) - Regist(R)os, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves

2000 - Rio de Janeiro RJ - Desígnio, no Artur Fidalgo Escritório de Arte

2001 - São Paulo SP - A Metáfora dos Fluxos, no Paço das Artes

2001 - Salvador BA - A Metáfora dos Fluxos, no MAM/BA

2001 - Rio de Janeiro RJ - A Metáfora dos Fluxos, no MAM/RJ

2002 - Brasília DF - Minha Cabeça Está Vazia/Meus Olhos Estão Cheios

2002 - Rio de Janeiro RJ - Minha Cabeça Está Vazia/Meu Olho Está Cheio, no MAM/RJ

2002 - Rio de Janeiro RJ - Sub: homenagem a Pierre Vogel, no Artur Fidalgo Escritório de Arte

2002 - São Paulo SP - Minha Cabeça Está Vazia/Meu Olho Está Cheio, na Pinacoteca do Estado

Exposições Coletivas

1967 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Celina

1968 - Rio de Janeiro RJ - Feira de Arte do Rio de Janeiro, no MAM/RJ

1969 - Paris (França) - 6ª Bienal de Paris

1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ

1970 - Belo Horizonte MG - Do Corpo à Terra, no Parque Municipal

1970 - Curitiba PR - Situações Mínimas, no MAC/PR

1970 - Nova York (Estados Unidos) - Information, no MoMA

1970 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Verão, no MAM/RJ

1971 - Mayaguez (Porto Rico) - Creatión, na Universidad de Mayaguez

1972 - Curitiba PR - Quatro Encontros de Arte Moderna, no MAC/PR

1973 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Brasileira Contemporânea, no Centro de Arte y Comunicación

1973 - Campinas SP - 9º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC

1973 - Paris (França) - Coletiva, no Musée Gallièra

1973 - Rio de Janeiro RJ - Indagação sobre a Natureza: significado e função da obra de arte, na Galeria Ibeu Copacabana

1973 - São Paulo SP - Expo-Projeção 73, no Espaço Grife

1974 - Campinas SP - 9º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC

1974 - São Paulo SP - 8ª Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP

1974 - São Paulo SP - Prospectiva 74, no MAC/USP

1975 - Lisboa (Portugal) - Desenho Brasileiro, na Fundação Calouste Gulbenkian

1975 - Lisboa (Portugal) - Dois Encontros Internacionais de Arte, no Palácio dos Coruchéus

1975 - Viana do Castelo (Portugal) - Dois Encontros Internacionais de Arte

1975 - Viena (Áustria) - Desenho Brasileiro, no Museu Albertina

1976 - Lansing (Estados Unidos) - Modern Art in Brazil, no Kresge Art Museum

1976 - Londres (Inglaterra) - Arte de Sistemas/América Latina, no Institute of Contemporary Art

1976 - Michigan (Estados Unidos) - Modern Art in Brazil, na Kresge Art Gallery, na Michigan State University

1976 - Paris (França) - Arte de Sistemas/América Latina, no Espace Cairn

1976 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Arte Agora: Brasil, no MAM/RJ

1977 - Antuérpia (Bélgica) - Arte Postal, no ICC

1977 - Edewecht (Alemanha) - Youths, na Realschule

1977 - Gent (Bélgica) - Text, Sound and Image, Small Press Festival, no Prokazwart Zall

1977 - Lansing (Estados Unidos) - Arte Postal, no Kresge Art Museum

1977 - Madri (Espanha) - Exposição no Museo de Bellas Artes

1977 - Paris (França) - Arte Postal, no Espace Cairn

1977 - Paris (França) - Edições e Comunicações Marginais da América Latina, na Maison de la Culture du Havre

1977 - Rio de Janeiro RJ - Identification of Artist - a book, na EAV/Parque Lage

1977 - São Paulo SP - Poéticas Visuais, no MAC/USP

1978 - São Paulo SP - Anna Bella Geiger e Artur A. Barrio, na Pinacoteca do Estado

1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap

1979 - Paris (França) - Lectures, no Espace Cairn

1979 - Paris (França) - Mail Art, na Galerie Diagonale

1980 - Milão (Itália) - Quasi Cinema

1981 - Amsterdã (Holanda) - Mail-Art: expressions, na Fundação Makkon

1981 - Paris (França) - Grand Dieu, Épargnons cela à Notre Pays, no Espace Cairn

1981 - Paris (França) - Livres d'Artiste, no Centre Georges Pompidou

1981 - Rio de Janeiro RJ - Quase Cinema, na MAM/RJ

1981 - São Paulo SP - 16ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1982 - Rio de Janeiro RJ - Contemporaneidade: homenagem a Mário Pedrosa, no MAM/RJ

1982 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Mancha e a Figura, no MAM/RJ

1983 - Rio de Janeiro RJ - 3000 Metros Cúbicos, no Espaço Cultural Sérgio Porto

1983 - São Paulo SP - 17ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1983 - São Paulo SP - Arte na Rua

1984 - Rio de Janeiro RJ - Intervenções no Espaço Urbano, na Funarte

1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubrind: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Funarte

1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1985 - São Paulo SP - Arte Novos Meios/Multimeios: Brasil 70/80, no MAB/Faap

1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro e Artista no Brasil, no CCSP

1986 - Porto Alegre RS - Coleção Rubem Knijnik: arte brasileira anos 60/70/80, no Margs

1986 - Rio e Janeiro RJ - Depoimento de uma Geração: 1969-70, na Galeria de Arte Banerj

1987 - Amsterdã (Holanda) - Autobiografische Notities, na Gallerij Klove

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1988 - Rio de Janeiro RJ - Expressão e Conceito Anos 70, na Galeria Gilberto Chateaubriand

1988 - Rio de Janeiro RJ - O Eterno é Efêmero, na Petite Galerie

1989 - Rio de Janeiro RJ - Rio Hoje, no MAM/RJ

1989 - São Paulo SP - O Pequeno Infinito e o Grande Circunscrito, na Arco Arte Contemporânea Galeria Bruno Musatti

1991 - Rio de Janeiro RJ - Imagem sobre Imagem, no Espaço Cultural Sérgio Porto

1992 - Paris (França) - Filmes, Vídeos sobre Artistas, no Centre Georges Pompidou

1992 - São Paulo SP - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - Brasília DF - Um Olhar sobre Joseph Beuys, na Fundação Athos Bulcão

1993 - Florença (Itália) - Brasil Segni d'Arte, na Biblioteca Nationale Centrale di Firenze

1993 - Milão (Itália) - Brasil Segni d'Arte, na Biblioteca Nazionale Braidense

1993 - Rio de Janeiro RJ - Arte Erótica, no MAM/RJ

1993 - Roma (Itália) - Brasil Segni d'Arte, no Centro de Estudos Brasileiros

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - Veneza (Itália) - Brasil Segni d'Arte, na Fondazione Scientífica Querini Stampalia

1994 - Belo Horizonte MG - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70

1994 - Colônia (Alemanha) - Desenho Brasileiro, na Karmelita Kunsthaus

1994 - Penápolis SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, na Galeria Itaú Cultural

1994 - Rio de Janeiro RJ - As Potências do Orgânico, no Museus Castro Maya. Museu do Açude

1994 - Rio de Janeiro RJ - Livro-Objeto: a fronteira dos vazios, no CCBB

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1994 - Rio de Janeiro RJ - Trincheiras: arte e política no Brasil, no MAM/RJ

1994 - Rio de Janeiro RJ - Via Fax, no Museu do Telephone

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1994 - São Paulo SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, no Itaú Cultural

1995 - Belo Horizonte MG - Libertinos/Libertários, no Centro Cultural UFMG

1995 - Rio de Janeiro RJ - Libertinos/Libertários, na Funarte

1995 - São Paulo SP - Livro-Objeto: a fronteira dos vazios, no MAM/SP

1996 - Belo Horizonte MG - Impressões Itinerantes, no Palácio das Artes

1996 - Brasília DF - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, na Itaú Galeria

1996 - Rio de Janeiro RJ - Mensa/Mensae, no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/Funarte

1996 - Rio de Janeiro RJ - O Grito, no MNBA

1996 - São Paulo SP - 23ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1997 - Little Rock (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Arkansas Art Center

1997 - Nova York (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Museo del Barrio

1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal

1997 - Porto Alegre RS - Vertente Política, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1997 - Rio de Janeiro RJ - Arte Cinema: anos 60/70, no CCBB

1997 - Rio de Janeiro RJ - Há Sopa, com Tunga, no Paço Imperial

1997 - São Paulo SP - Além da Forma/No Limite da Forma, na Casa das Rosas

1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Austin (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, na Archer M. Huntington Art Gallery

1998 - Barcelona (Espanha) - Out of Actions Between Performance and the Object: 1949-1979, no Museu d'Art Contemporani

1998 - Barcelona (Espanha) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Museum d'Art Contemporani

1998 - Caracas (Venezuela) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Museo de Bellas Artes

1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Los Angeles (Estados Unidos) - Out of Actions Between Performance and the Object: 1949-1979, no The Museum of Contemporary Art

1998 - Los Angeles (Estados Unidos) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Museum of Contemporary Art

1998 - Minnesota (Estados Unidos) - Studies in Latin American Contemporary Culture, na University of Minnesota

1998 - Monterrey (México) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Museo de Arte Contemporáneo

1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, no MAC/Niterói

1998 - Niterói RJ - Ocupações Descobrimentos, com Antonio Manuel, no MAC/Niterói

1998 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Funarte

1998 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1998 - Rio de Janeiro RJ - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1998 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos: Cildo Meireles, Artur Barrio e Luiz Fonseca, no Paço Imperial

1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Rio de Janeiro RJ - Hélio Oiticica e a Cena Americana, no Centro de Arte Hélio Oiticica

1998 - Rio de Janeiro RJ - Poéticas da Cor, no Centro Cultural Light

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - Afinidades Eletivas I: o olhar do colecionador, na Casa das Rosas

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - Canibáliafetiva, n'A Estufa

1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1998 - São Paulo SP - Teoria dos Valores, no MAM/SP

1998 - Viena (Áustria) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no National Museum of Art - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Austrian Museum of Applied Arts

1999 - Miami (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Miami Art Museum

1999 - Nova York (Estados Unidos) - Beyond Identities: Global Conceptualism: Local Contexts, mostra itinerante organizada pelo Queens Museum of Art

1999 - Porto (Portugal) - Circa 1968, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves

1999 - Rio de Janeiro RJ - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no MAM/RJ

1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no Itaú Cultural

1999 - Tóquio (Japão) - Out of Actions Between Performance and the Object: 1949-1979, no Hara Museum of Contemporary Art

1999 - Tóquio e Osaka (Japão) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Hara Museum of Contemporary Art

2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma

2000 - Kwangju (Coréia do Sul) - Bienal de Kwangju

2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, na Fundação Calouste Gulbenkian

2000 - Madri (Espanha) - Versiones del Sur: Cinco Propuestas en Torno a la Arte en América, no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia

2000 - Niterói RJ - Coleção Sattamini: dos materiais às diferenças internas, no MAC de Niterói

2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira - anos 70, na Casa França-Brasil

2000 - Santa Vitória do Palmar e Chuí RS - Fronteiras - instalação de obra

2000 - São Paulo SP - Arte Conceitual e Conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC/USP, na Galeria de Arte do Sesi

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Contemporânea, na Fundação Bienal

2001 - Belo Horizonte MG - Do Corpo à Terra: um marco radical na arte brasileira, no Itaú Cultural

2001 - Campinas SP - (quase) Efêmera Arte, no Itaú Cultural

2001 - Paris (França) - Da Adversidade Vivemos, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris

2001 - Porto Alegre RS - Coleção Liba e Rubem Knijnik: arte brasileira contemporânea, no MARGS

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2001 - São Paulo SP - 27º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/SP

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Kassel (Alemanha) - 11ª Documenta, no Museum Fridericianum

2002 - Londres (Reino Unido) - Vivências: dialogues between the works of Brazilian artists from the 1960s to 2002, no New Art Gallery Walsall

2002 - Niterói RJ - A Recente Coleção do MAC, no

2002 - Niterói RJ - Acervo em Papel, no MAC/Niterói

2002 - Niterói RJ - Coleção Sattamini: esculturas e objetos, no MAC/Niterói

2002 - Niterói RJ - Diálogo, Antagonismo e Replicação na Coleção Sattamini no MAC/Niterói

2002 - Porto Alegre RS - Violência e Paixão, no Santander Cultural

2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no CCBB

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Imagem e a Palavra: módulo 2, na Sala MAM-Cittá América

2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

2002 - Rio de Janeiro RJ - Morro/Labirinto, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - 1º Mostra Rio Arte Contemporânea, no MAM/RJ

2002 - Rio de Janeiro RJ - 27º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/RJ

2002 - Salvador BA - 27º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/BA

2002 - São Paulo SP - A Forma e a Imagem Técnica na Arte do Rio de Janeiro: 1950-1975, no Paço das Artes

2002 - São Paulo SP - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Instituto Tomie Ohtake

2002 - São Paulo SP - Paralela, no Galpão localizado na Avenida Matarazzo, 530

2003 - Brasília DF - Artefoto, no CCBB

2003 - Niterói RJ - Apropriações: Curto-Circuito de Experiências Participativas, no MAC/Niterói

2003 - Porto Alegre RS - Mostra Transversal, no Memorial do Rio Grande do Sul

2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Diálogo, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES

2003 - Rio de Janeiro RJ - Desenho Anos 70, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte

2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

2003 - São Paulo SP - A Subversão dos Meios, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - Acervo 2003 / 2004, na Galeria Luisa Strina

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP

2003 - São Paulo SP - Galeria Luisa Strina: artistas representados, na Galeria Luisa Strina

2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP

2004 - Rio de Janeiro RJ - 30 Artistas, no Mercedes Viegas Escritório de Arte

2004 - Rio de Janeiro RJ - Arte Contemporânea Brasileira nas Coleções do Rio, no MAM/SP

2004 - Rio de Janeiro RJ - Novas Aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ

2004 - Rio de Janeiro RJ - Tudo é Brasil, no Paço Imperial

2004 - São Paulo SP - 26º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

2004 - São Paulo SP - Tudo é Brasil, no Itaú Cultural

2005 - Londres (Reino Unido) - Citizens, no Pitzhanger Manor Museum

Fonte: ARTUR Barrio. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Entrevista com Artur Barrio: “No campo das artes não existem fronteiras”

Artur Alípio Barrio de Sousa Lopes passou a viver no Rio de Janeiro em 1955. Começou a se dedicar à pintura em 1965. A partir de 1967 frequentou a Escola Nacional de Belas Artes – Enba. Nesse período, realiza os cadernos livres, com registros e anotações que se afastam das linguagens tradicionais. Em 1969, começa a criar as “Situações”: trabalhos de grande impacto, realizados com materiais orgânicos como lixo, papel higiênico, detritos humanos e carne putrefata (como as “Trouxas Ensanguentadas”), com os quais realiza intervenções no espaço urbano. No mesmo ano, escreve um manifesto no qual contesta as categorias tradicionais da arte, sua relação com o mercado, e a situação social e política na América Latina. Em 1970, na mostra “Do Corpo à Terra”, espalha as “Trouxas Ensanguentadas” em um rio em Belo Horizonte. Barrio documenta essas situações com o uso de fotografia, cadernos de artista e filmes Super-8. Cria também instalações e esculturas, nas quais emprega objetos cotidianos. Realiza constantes viagens, e reside também na África e na Europa – em Portugal, na França e na Holanda. Desde a metade da década de 1990, ocorrem várias publicações e exposições que procuram recuperar sua obra. “O público é muito estranho e depois de uma longa experiência cheguei à conclusão de que pelo menos em relação ao meu trabalho não são “cocriadores silenciosos“ e muito menos barulhentos”, afirma.

Artur, em que momento a arte deve exercer um papel social?

Quando quiser e bem entender! Penso que o meio não determina esse momento já que a arte não é um produto do meio, portanto, essa “obrigação” depende do exercício crítico do artista ao momento, ou seja, a esse momento e da maneira que bem entender e melhor achar. Há momentos da História da Arte que bem demonstram isso.

E em que momento ela deve ser insubordinada?

Sempre, esse é o estigma, já que: a criatividade é o princípio objetivo da ideia acoplada ao gesto tendo como princípio o de romper com a estética vigente que hoje situa-se, de mais em mais, em torno da arteMercado que é o de tornar útil [cifrão] o inútil nesse espaço especulativo e, que, terá como ponto final o retorno do artista à obra encomendada: tema, técnica, dimensões, moldura, materiais, etc.

E, aí, ressurgirá o artista, mas não o artista criador, ou seja, o A-nartista e sim o artesãoContemporâneo que girará dentro de um certo meio social como mera figura decorativa de interesse financeiro e sumamente distante de ideias, de ideias críticas já que ele [artistaArtesão] não pensa, ou melhor, deixou de pensar, pois, evidentemente o que “pensa“ é o que possui o capital para financiar arte, a arte inerente ao seu grau social, mas, tudo isso, é um “déjà vu de há alguns séculos auparavant”… e, do outro lado, mas a alguns km abaixo numa diagonal ilusoriamente próxima situa-se o rebanho.

Que mal lê não porque tenha problemas oculares, que mal ouve e que pouco pensa porque não tem tempo para esses luxos já que muito pena, mas que, no fim, geralmente é sempre levado para um lado ou outro atrás do flautista e suas nuances musicais, as de sempre. Em conclusão: penso que a arte deve ser sempre insubordinada para que com isso fique o mais distante da “saúva, da pouca saúde“ e da leucotomia social.

Em que momento de sua carreira acredita que a sua arte exerceu esse papel social?

No campo das artes não existem fronteiras… o meu objetivo sempre foi o do rompimento dos limites da arte inserindo nesse processo ideias e uso de materiais efêmeros [o que continuo a fazer] do uso dos mesmos em condições adversas ou não; distanciando-me assim dos limites impostos pelo meio artístico e condicionamento estético.

Em alguns momentos coincidiram [esse rompimento] com momentos de conturbação social podendo dizer-se que a minha “arte exerceu esse papel social”.

O meu interesse é a Arte, o que penso que seja arte, hoje, do Paleolítico ao agora, aqui.

Evidentemente que o discurso político ou Arte Política interessa-me, mas não ocupa um espaço primordial em meu pensamento, não tenho a pretensão de dizer o que os outros devem dizer ou fazer, o meu trabalho fala por si só.

E em que momento ela teve essa insubordinação?

Sempre, desde o início em 1967… Tinha e sempre tive, tenho, uma certa ânsia de liberdade.

O poder criativo de um artista está mais presente no que ele vê ou no que ele sente?

Ver é sentir… sentir é ver… Disso talvez surgirá o “poder criativo“ ou, talvez, esse poder criativo ele [o artista] já o tenha, mas falta-lhe ou sente falta de uma base para poder exprimir o que sente e vê esse despoletar dá-se ou pode surgir devido à maceração, à exigência até à exaustão, para que não fique na superfície [não superficial] mesmo que para isso tenha que mergulhar fundo, muito fundo… Penso em meu trabalho “4 dias 4 noites” (1970) e do qual até hoje chegam-me ressonâncias profundas.

Falando ainda sobre insubordinação. O seu “Livro de Carne” teve esse caráter em sua visão?

Não penso em insubordinação ou submissão no momento de criar assim sendo o “Livro de Carne”. Apenas subverteu certos cânones, mas quais? Quem já tinha “lido” algum “Livro de Carne” anterior a esse livro?

O público sempre é envolvido em suas criações. Considera-os como “cocriadores silenciosos” de suas obras?

Não sei! O público é muito estranho e depois de uma longa experiência cheguei à conclusão de que pelo menos em relação ao meu trabalho não são “cocriadores silenciosos“ e muito menos barulhentos.

Qual o fio condutor que acredita ser primordial em todos os seus trabalhos?

A solidão.

O cineasta Glauber Rocha, dizia que a função do artista é violentar. Você quis trazer essa violência a tona com “Trouxas Ensanguentadas” de 1970?

Apesar de admirar o imenso trabalho cinematográfico de Glauber Rocha, penso eu que Goya é um bom exemplo no referente às “Trouxas Ensanguentadas” ou Sófocles com “Antígona”, mas também poderia citar “O Enigma de Isidore Ducasse“ de Man Ray ou “O Boi Abatido“ de Rembrandt além de “Tiradentes Esquartejado“ de Pedro Américo e, porque não Luis Buñuel e Salvador Dalí com “O Cão Andaluz”. Mas em termos mais rasos:

A Guerra do Vietnã, a guerra de guerrilha pela independência das colônias portuguesas isto é, contra a ditadura de Salazar etc, etc… e, além disso, a arrogância das ditaduras dos generais com seu festival de arbitrariedades [América Latina]. Localmente, o AI-5 com suas sequências e consequências… mas que, apesar disso, ainda se sentia ao longe um grito de liberdade. As “Trouxas Ensanguentadas “ são um grito de carne, ossos, sangue… envolto em um tecido de cor branca brutalmente amarrado e no qual [notavam-se] marcas de tiros e golpes de objetos perfurantes… As “Trouxas Ensanguentas” tinham como motor a denúncia da violência, da tortura.

“Trouxas Ensanguentadas” teria o mesmo impacto nos dias atuais ou somos atualmente mais omissos com os horrores da nossa civilização?

Penso que não, mas pensar isso, hoje, é diluir ou diminuir a força desse trabalho já que o mesmo é histórico e mantém sua força plena nos tempos que correm, não é um trabalho datado, pois, rompeu e ainda rompe com os cânones da arte e seus limites e é aí onde se situa o seu campo de batalha, sua guerra, o seu objetivo maior. As variantes no tempo enquanto que, ou seja, a sua própria efemeridade não o diminuíram, pelo contrário, o ser humano é que continua o mesmo aparentemente imutável em seus horrores, discrepâncias e preocupações com o “outro“.

A História não se repete, mas como na antiga “Grécia“ a denúncia dará a quem denuncie e o prove, o direito à ou às propriedades do denunciado… Metaforicamente hoje, nos tempos que correm, o amanhã brilha sob um firmamento sem fim. “Esse brilho de tão forte que é faz com que as pálpebras inflame-se a ponto de sentir o mundo transformar-se imperceptivelmente em uma sombra projetada através de um plasma mental redutivo não crítico nas mentes dos que não ouvem, não leem e mal veem“. Situação T/T,1 ou “Trouxas Ensanguentadas” jamais ornarão uma sala de jantar sobrepostas a um sofá de tonalidade creme [ou de qualquer outra tonalidade ou cor]… o odor e a sujidade dos materiais são determinantes.

“Horrores civilizacionais” onde o século XX foi prenhe e, aparentemente, o medo e o receio de situar-se neste início de século [XXI] inicia e começa a provocar um retrocesso palpável, visualAuditivamente forte, aqui, neste planeta “Azul“ onde surgem de mais em mais processos políticosalvatórioseligiosos delirantemente dirigidos para um beco denominado, redundantemente, “Sem Saída”.

O que lhe incomoda em nossa sociedade e que o mundo das artes ainda não captou?

A imutabilidade, a estagnação, a desigualdade social, a crença de que à Terra é plana ou voltará a ser, o pé de goiabeira com uma senhora de uma certa idade e posição ensinando ao descalço como se elevar em seus galhos sem se ferir, e o uso da palavra deus para tudo e nada.

Evidentemente isso é algo que o mundo da arte ainda não captou exceto, penso eu, os que não podem desassociar a arte do vil metal. Esses, tentarão dar peso à anedota retransformando-se em artesãos, criando coisas a que denominarão arte e esse tipo de afirmação aparecerá como algo sério e instigante ao pensamento, ao conhecimento [anedótico] de nosso momento, nosso tempo, onde a fragilidade histórica e crítica será envolvida na escuridão glauca, animista, ridícula, sinistra da Idade Média. O País do Futuro nos Espera.

Fonte: Panorama Mercantil, publicado por Eder Fonseca em 22 de abril de 2016.

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Biografia - Wikipédia

Ingressou na Escola de Belas Artes em 1967 e, nesse mesmo ano, fez sua primeira exposição com desenhos na Galeria Gemini. Embora resida no Rio de Janeiro, comumente o artista passa alguns períodos curtos em países como França e Holanda. Foi um dos primeiros artistas a realizar gigantescas instalações com composições caóticas, onde misturava múltiplos elementos.

Participou de exposições no Brasil e no exterior, entre elas, do Salão de Bússola no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969); da exposição Information, em Nova Iorque (1970); e da Documenta 11 de Kassel (2002), na Alemanha, um dos mais importantes eventos de arte contemporânea do mundo. Foi vencedor do Premio Velázquez de Artes Plásticas de 2011, concedido pelo Ministério da Cultura da Espanha, recebendo 90.000 euros; e representante único do Brasil na Bienal de Veneza, no mesmo ano.

A maioria de suas obras não pode ser guardada em museus nem pendurada na parede. Ele faz arte conceitual, cria performances, e valoriza a experiência e não a imagem ou o objeto. Suas intervenções caracterizam-se pela utilização de materiais efêmeros e precários, como o sal, o papel higiênico, o sangue, o pó de café, o pão, a carne. Uma de suas obras mais conhecidas é justamente a intitulada Livro de carne, um pedaço de carne talhado em forma de livro que, após alguns dias, decompõe-se diante do público e tem de ser reposto a cada 3 dias. O livro de carne participou de exposições em Paris e na Bienal de São Paulo.

Durante sua vida, Barrio vivenciou períodos de repressão política, começando pelo salazarismo (Portugal), passando pelo aumento da repressão na Angola devido aos movimentos que clamavam pela independência do país e, por fim, a ditadura brasileira. Essas opressões políticas e o resultante cerceamento de liberdade e dos diretos civis refletiram na arte de Barrio, que apresenta fortes marcas de insurgência contra a cultura totalitária.

Uma das principais obra de Artur Barrio foi o LIVRO DE CARNE,1978-1979.

Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado 10 de março de 2018.

Artur Alípio Barrio de Sousa Lopes (Porto, Portugal, 1945), mais conhecido como Artur Barrio, é um artista multimídia e desenhista luso-brasileiro que vive no Rio de Janeiro desde 1955. Antes de se mudar para o Brasil, chegou a morar por um ano em Luanda, na Angola. Foi um dos primeiros artistas a realizar gigantescas instalações com composições caóticas, onde misturava múltiplos elementos. A maioria de suas obras não pode ser guardada em museus nem pendurada na parede. Ele faz arte conceitual, cria performances, e valoriza a experiência e não a imagem ou o objeto. Suas intervenções caracterizam-se pela utilização de materiais efêmeros e precários, como o sal, o papel higiênico, o sangue, o pó de café, o pão, a carne. Uma de suas obras mais conhecidas é justamente a intitulada Livro de carne, um pedaço de carne talhado em forma de livro que, após alguns dias, decompõe-se diante do público e tem de ser reposto a cada 3 dias.

Artur Barrio

Artur Alípio Barrio de Sousa Lopes (Porto, Portugal, 1945), mais conhecido como Artur Barrio, é um artista multimídia e desenhista luso-brasileiro que vive no Rio de Janeiro desde 1955. Antes de se mudar para o Brasil, chegou a morar por um ano em Luanda, na Angola. Foi um dos primeiros artistas a realizar gigantescas instalações com composições caóticas, onde misturava múltiplos elementos. A maioria de suas obras não pode ser guardada em museus nem pendurada na parede. Ele faz arte conceitual, cria performances, e valoriza a experiência e não a imagem ou o objeto. Suas intervenções caracterizam-se pela utilização de materiais efêmeros e precários, como o sal, o papel higiênico, o sangue, o pó de café, o pão, a carne. Uma de suas obras mais conhecidas é justamente a intitulada Livro de carne, um pedaço de carne talhado em forma de livro que, após alguns dias, decompõe-se diante do público e tem de ser reposto a cada 3 dias.

Videos

Artur Barrio, intervenções, desenhos e pinturas | 1989

Metrópolis: Artur Barrio | 2017

Trouxas ensanguentadas | 2021

Biografia - Itaú Cultural

Em 1955, passa a viver no Rio de Janeiro. Começa a se dedicar à pintura em 1965 e, a partir de 1967, freqüenta a Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesse período, realiza os "cadernos livres", com registros e anotações que se afastam das linguagens tradicionais. Em 1969, começa a criar as Situações: trabalhos de grande impacto, realizados com materiais orgânicos como lixo, papel higiênico, detritos humanos e carne putrefata (como as Trouxas Ensangüentadas), com os quais realiza intervenções no espaço urbano. No mesmo ano, escreve um manifesto no qual contesta as categorias tradicionais da arte e sua relação com o mercado, e a situação social e política na América Latina. Em 1970, na mostra Do Corpo à Terra, espalha as Trouxas Ensangüentadas em um rio em Belo Horizonte. Barrio documenta essas situações com o uso de fotografia, cadernos de artista e filmes Super-8. Cria também instalações e esculturas, nas quais emprega objetos cotidianos. Realiza constantes viagens, e reside também na África e na Europa - em Portugal, na França e na Holanda. Desde a metade da década de 1990, ocorrem várias publicações e exposições que procuram recuperar sua obra.

Análise

Artur Barrio começa a dedicar-se à pintura em 1965, no Rio de Janeiro. Dois anos mais tarde, entra na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesse período, desenha muito e faz. seus "cadernos-livros", obras em forma de registro e anotações que se afastam das linguagens tradicionais. Em 1969, inicia as Situações: trabalhos feitos com dejetos, materiais orgânicos e objetos nada convencionais. São atos efêmeros e provocativos, uma interferência artística no ambiente. Segundo a historiadora Sheila Cabo, com Situações, "Barrio desenvolve a relação arte/vida no sentido da recuperação da vida e repotencialização da arte". No mesmo ano, lança seu Manifesto: um brado "contra as categorias da arte" e a situação política e social do terceiro mundo.

Barrio joga 14 trouxas com carne, ossos e sangue no rio, em Belo Horizonte, durante a coletiva Do Corpo à Terra, em 1970. A ação tem apelo político, e é associada aos assassinatos do regime militar e dos grupos de extermínio. Muitas vezes, ele realiza as situações longe dos olhos do público e documenta essas ações por meio de filmes em Super-8, fotografia, cadernos e livros de artista. Esse material se torna parte de seu trabalho. Barrio também faz instalações ao ar livre, como Blooshluss (1972); e esculturas que utilizam objetos do cotidiano, como Navalha Relógio (1970) e 1) Dentro para Fora. 2) Simples (1970).

Retorna a Portugal em 1974. Presencia a Revolução dos Cravos e realiza situações como 4 Movimentos e 4 Pedras e a escultura Metal/Sebo Frio/Calor. No mesmo ano, expõe desenhos no Rio de Janeiro, São Paulo e Islândia. No ano seguinte, passa a morar em Paris. Lá, o Centre Georges Pompidou adquire seus cadernos de registro e livros de artista, como o Livro de Carne (1977). Nessa época faz performances, arte postal, esculturas, livros e cadernos de artista. Em 1982, expõe pela primeira vez o conjunto de quadros e desenhos intitulado Série Africana, em que retoma o trabalho com a cor e a pintura. Três anos depois mostra as obras desta série na 17ª Bienal Internacional de São Paulo. Apresenta na Galeria do Centro Empresarial do Rio de Janeiro, em 1987, a Experiência nº 1. Com este trabalho, inicia uma série de instalações em que atua diretamente sobre as paredes da galeria, sulcando-as e prendendo objetos em sua superfície. Em 1996, o Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB do Rio de Janeiro realiza retrospectiva de sua obra, com registros das Situações.

Críticas

"Desde o início dos anos 60, Barrio vem se interessando pelas sobras, pelos resíduos que deixamos. Note-se que esse interesse nada tem a ver com um discurso de fundo ecológico, com a velha denúncia da implacabilidade da razão instrumental, da destruição da natureza, do buraco de ozônio, da morte das baleias e de outros tantos terrores contemporâneos. É certo que as trouxas ensanguentadas espalhadas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte em 1970 justificavam-se parcialmente como comentários sobre a hedionda vida subterrânea gerada pela ditadura militar. Mas não se esgotavam aí. Também superavam a esfera da denúncia os quinhentos sacos plásticos contendo sangue, pedaços de unha, saliva (escarro), merda, meleca, ossos, etc. , igualmente dispersos no Rio de Janeiro. Como as trouxas, os sacos eram abandonados pelo seu autor à curiosidade e à manipulação dos transeuntes anônimos, que eventualmente passavam a co-autores do trabalho. Detritos cuja deriva era registrada - não interceptada - pelo artista, que, ele também um transeunte, atentava às reações psicorgânicas destes.

Como já é patente na descrição desses trabalhos, ou situações, como definia o próprio artista, tornava-se muito difícil caracterizá-los como obra de arte, mesmo que se tenha em mente o grau de experimentação daqueles anos. Um exame mais detalhado demonstra seu afastamento tanto do objeto, tal como era tratado pela arte pop, quanto da eleição de novos materiais, caso da arte povera e mais ainda da orientação formalista dos minimalistas".

Agnaldo Farias (BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 23., 1996, São Paulo, SP. Catálogo da Exposição Universalis. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1996. p.45.)

"A arte de Barrio expõe o constrangimento econômico do Terceiro Mundo. Barrio sustentou dois embates: pela liberdade de expressão na ditadura e contra a desigualdade de expressão no capitalismo. Sua estratégia denuncia o condicionamento da produção pelos materiais artísticos no Terceiro Mundo. Não se tratava de história, disponibilidade ou custo dos materiais: 'o processo não era de conseguir os meios (ainda que mínimos), mas o de fazer'. Barrio enfrenta a politização dos materiais da linguagem para desenvolver estratégias de superação, atuando nas etapas de produção, distribuição e apropriação da arte (...). Para Barrio, o registro de obras responde à apropriação da arte, irredutível à condição de mercadoria: 'as coisas não são indicadas (representadas), mas sim vividas'. Reviu seu estatuto: 'abro mão de meu enquadramento como artista'; e a produção de consumo: 'o trabalho não é recuperado pois foi criado para ser abandonado e seguir sua trajetória de envolvimento psicológico'; testando a ideologia do mercado, desconstruiu os signos com que se reconhecia na operação artística uma possível formação de valor de troca".

Paulo Herkenhoff (Barrio - Liberdade, Igualdade e Ira. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000.p.25-28.)

"É revelador como na poética de Barrio manifesta-se, com intensidade, o duplo sentido do termo escatologia que se refere, então, não apenas aos dejetos do corpo, mas também à 'doutrina sobre a consumação do tempo e da história'. Isto porque elementos orgânicos de putrefação garantida são, antes de mais nada, metáforas da dialética vida/morte inerente à consideração humana. O contexto da forte repressão política fornece os parâmetros necessários para se compreender este trabalho, no momento de sua formulação. Da adversidade vivemos, conclui Hélio Oiticica em Esquema Geral da Nova Objetividade (1967). Esta adversidade do contexto brasileiro e, nesse caso, carioca aproximou o trabalho de Barrio de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Cildo Meireles e Antônio Manuel. O gesto toma o sentido da ação a ser francamente compartilhada através de obras, um ativismo que se faz pelo envolvimento das pessoas, subvertendo, definitivamente, a idéia institucionalizada e passiva de público de arte".

Cristina Freire (Artur Barrio: sic transit gloria mundi. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000. p.21-24.)

"A obra de Artur Barrio constitui, na sua singularidade radical, um caso muito particular do modo como a arte pode renunciar à sua objectualidade, numa crítica particular das suas condições de produção, circulação e consumo na sociedade contemporânea. Barrio não produz 'obras de arte', antes suscita situações nas quais constrói um discurso pessoal em que se apropria do real, reconstituindo-o poética e politicamente nos resíduos desse mesmo real que evidencia e que nos são freqüentemente ocultados pela domesticação social do gosto e pela autolegitimação social do objeto artístico. Os seus projetos são constituídos por situações em que o artista utiliza materiais precários e perecíveis, muitas vezes orgânicos, que impossibilitam a sua reapropriação por parte de um sistema da arte ainda comprometido com a circulação feiticista do objecto ou do documento".

João Fernandes (Artur Barrio: Registros. In: BARRIO, Artur. Regist(r)os. Porto: Fundação de Serralves, 2000. p.16-19.)

Depoimentos

"Ver através de símbolos é também uma maneira de ver. Mas o que pretendo é fazer justamente aquilo que eu acho que as coisas são. As trouxas ensangüentadas ou os pães não eram simbólicos. Não simbolizavam nada. Eram o que eram. Pedaços de carne e pão que, mais tarde, tentaram associar com outras coisas da realidade brasileira ou internacional, ou com aspectos filosóficos. Para mim, eles têm um sentido concreto. Por que não se tenta analisar o pão pela matéria, pelo que ele é? O mesmo acontece com o trabalho da vendedora de peixes, que desenvolvi em Portugal. Aquilo não é símbolo. É uma profissão. Um ser humano que vende peixes de porta em porta. Estamos cheios de símbolos. (...) Eu achava que o simbólico não cabia no meu trabalho, mas tudo foi caminhando para esse lado. Os observadores captaram a coisa que seria mais fácil".

Artur Barrio (Entrevista a Márcio Doctors - O Globo, 27/11/1987. In: BARRIO, Artur. Artur Barrio: a metáfora dos fluxos 2000/1968. São Paulo: Paço das Artes, 2000. p. 53.)

Exposições Individuais

1967 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos, na Galeria Gemini

1973 - Rio de Janeiro RJ - Super 8, Slides e Trabalhos, na Veste Sagrada Organização Criativa

1974 - Rio de Janeiro RJ - Registros e Desenhos, na Central de Arte Contemporânea

1974 - São Paulo SP - Artur Barrio: desenhos, na Galeria Millan

1974 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Mobile

1975 - Paris (França) - Plenitude, no Espace Cairn

1977 - Porto (Portugal) - Artur Barrio: desenhos, registros, audiovisuais, na Galeria Alvarez

1978 - Rio de Janeiro RJ - Projetos Realizados e Quase Realizados, no MAM/RJ

1978 - São Paulo SP - Cadernos-Livros, na Pinacoteca do Estado

1979 - Paris (França) - Vitrine pour l'Art Actuel, no Espace Cairn

1980 - Paris (França) - Extensão, no Espace Cairn

1980 - Paris (França) - Marfim Africano, no Espace Cairn

1980 - Paris (França) - Movimento Congelado, no Espace Cairn

1981 - Paris (França) - A Partida de Tênis, no Espace Cairn

1981 - Paris (França) - Volto em 5', no Espace Cairn

1981 - Rio de Janeiro RJ - Registros de Trabalho, na Galeria Sérgio Milliet

1982 - Paris (França) - D'Après le Dernier Portolano, no Espace Cairn

1982 - São Paulo SP - Série Africana, na Galeria de Arte São Paulo

1983 - Amsterdã (Holanda) - Minha Cabeça Está Vazia, Meus Olhos Estão Cheios, na Gallerij Suspekt

1983 - Paris (França) - Minha Cabeça Está Vazia, Meus Olhos Estão Cheios, no Espace Cairn

1983 - Rio de Janeiro RJ - Minha Cabeça Está Vazia, Meus Olhos Estão Cheios, no MAM/RJ

1983 - São Paulo SP - Série Africana, na Galeria de Arte São Paulo

1984 - Amsterdã (Holanda) - Registros, na Fundação Makkon

1984 - Eidhoven (Alemanha) Registros, na Fundação Het Apallo Huis

1984 - Rio de Janeiro RJ - Registros, na Galeria MP2 Arte

1986 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: pinturas e desenhos, na Petite Galerie

1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Millan

1987 - Rio de Janeiro RJ - Experiência nº 1, na Galeria do Centro Empresarial do Rio de Janeiro

1988 - Rio de Janeiro RJ e São Paulo SP - Artur Barrio: pinturas, na Galeria Montesanti

1989 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: pinturas, na Galeria Montesanti

1989 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: pinturas, no Artur Fidalgo Escritório de Arte

1989 - Rio de Janeiro RJ - Experiência nº 4, na Galeria do Centro Empresarial do Rio de Janeiro

1989 - São Paulo SP - Artur Barrio: pinturas e desenhos, na Kate Art Gallery

1991 - Rio de Janeiro RJ - Experiência nº 5, no Espaço Cultural Sérgio Porto

1993 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: desenhos e colagens, na Galeria Goudard

1993 - Rio de Janeiro RJ - Extensão, na Galeria Ibeu Copacabana

1993 - Rio de Janeiro RJ - Variantes, na Galeria Saramenha

1993 - Genebra (Suíça) - Variantes, na Galerie Brot und Käse

1995 - Rio de Janeiro RJ - Uma Extensão no Tempo, no Paço Imperial

1996 - Rio de Janeiro RJ - Situações: Artur Barrio: registro, no CCBB

1997 - São Paulo SP - Artur Barrio: fragmentos, na Galeria de Arte São Paulo

1997 - Rio de Janeiro RJ - Artur Barrio: fragmentos, na Galeria Cohn Edelstein

1998 - Niterói RJ - O Sonho do Arqueólogo, no MAC/Niterói

1999 - Fortaleza CE - Individual, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

1999 - Porto (Portugal) - Individual, na Galeria André Viana

1999 - Porto Alegre RS - Individual, na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo

1999 - São Paulo SP - Individual, na Nova Galeria de Arte

2000 - Porto (Portugal) - Regist(R)os, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves

2000 - Rio de Janeiro RJ - Desígnio, no Artur Fidalgo Escritório de Arte

2001 - São Paulo SP - A Metáfora dos Fluxos, no Paço das Artes

2001 - Salvador BA - A Metáfora dos Fluxos, no MAM/BA

2001 - Rio de Janeiro RJ - A Metáfora dos Fluxos, no MAM/RJ

2002 - Brasília DF - Minha Cabeça Está Vazia/Meus Olhos Estão Cheios

2002 - Rio de Janeiro RJ - Minha Cabeça Está Vazia/Meu Olho Está Cheio, no MAM/RJ

2002 - Rio de Janeiro RJ - Sub: homenagem a Pierre Vogel, no Artur Fidalgo Escritório de Arte

2002 - São Paulo SP - Minha Cabeça Está Vazia/Meu Olho Está Cheio, na Pinacoteca do Estado

Exposições Coletivas

1967 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Celina

1968 - Rio de Janeiro RJ - Feira de Arte do Rio de Janeiro, no MAM/RJ

1969 - Paris (França) - 6ª Bienal de Paris

1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ

1970 - Belo Horizonte MG - Do Corpo à Terra, no Parque Municipal

1970 - Curitiba PR - Situações Mínimas, no MAC/PR

1970 - Nova York (Estados Unidos) - Information, no MoMA

1970 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Verão, no MAM/RJ

1971 - Mayaguez (Porto Rico) - Creatión, na Universidad de Mayaguez

1972 - Curitiba PR - Quatro Encontros de Arte Moderna, no MAC/PR

1973 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Brasileira Contemporânea, no Centro de Arte y Comunicación

1973 - Campinas SP - 9º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC

1973 - Paris (França) - Coletiva, no Musée Gallièra

1973 - Rio de Janeiro RJ - Indagação sobre a Natureza: significado e função da obra de arte, na Galeria Ibeu Copacabana

1973 - São Paulo SP - Expo-Projeção 73, no Espaço Grife

1974 - Campinas SP - 9º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC

1974 - São Paulo SP - 8ª Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP

1974 - São Paulo SP - Prospectiva 74, no MAC/USP

1975 - Lisboa (Portugal) - Desenho Brasileiro, na Fundação Calouste Gulbenkian

1975 - Lisboa (Portugal) - Dois Encontros Internacionais de Arte, no Palácio dos Coruchéus

1975 - Viana do Castelo (Portugal) - Dois Encontros Internacionais de Arte

1975 - Viena (Áustria) - Desenho Brasileiro, no Museu Albertina

1976 - Lansing (Estados Unidos) - Modern Art in Brazil, no Kresge Art Museum

1976 - Londres (Inglaterra) - Arte de Sistemas/América Latina, no Institute of Contemporary Art

1976 - Michigan (Estados Unidos) - Modern Art in Brazil, na Kresge Art Gallery, na Michigan State University

1976 - Paris (França) - Arte de Sistemas/América Latina, no Espace Cairn

1976 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Arte Agora: Brasil, no MAM/RJ

1977 - Antuérpia (Bélgica) - Arte Postal, no ICC

1977 - Edewecht (Alemanha) - Youths, na Realschule

1977 - Gent (Bélgica) - Text, Sound and Image, Small Press Festival, no Prokazwart Zall

1977 - Lansing (Estados Unidos) - Arte Postal, no Kresge Art Museum

1977 - Madri (Espanha) - Exposição no Museo de Bellas Artes

1977 - Paris (França) - Arte Postal, no Espace Cairn

1977 - Paris (França) - Edições e Comunicações Marginais da América Latina, na Maison de la Culture du Havre

1977 - Rio de Janeiro RJ - Identification of Artist - a book, na EAV/Parque Lage

1977 - São Paulo SP - Poéticas Visuais, no MAC/USP

1978 - São Paulo SP - Anna Bella Geiger e Artur A. Barrio, na Pinacoteca do Estado

1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap

1979 - Paris (França) - Lectures, no Espace Cairn

1979 - Paris (França) - Mail Art, na Galerie Diagonale

1980 - Milão (Itália) - Quasi Cinema

1981 - Amsterdã (Holanda) - Mail-Art: expressions, na Fundação Makkon

1981 - Paris (França) - Grand Dieu, Épargnons cela à Notre Pays, no Espace Cairn

1981 - Paris (França) - Livres d'Artiste, no Centre Georges Pompidou

1981 - Rio de Janeiro RJ - Quase Cinema, na MAM/RJ

1981 - São Paulo SP - 16ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1982 - Rio de Janeiro RJ - Contemporaneidade: homenagem a Mário Pedrosa, no MAM/RJ

1982 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Mancha e a Figura, no MAM/RJ

1983 - Rio de Janeiro RJ - 3000 Metros Cúbicos, no Espaço Cultural Sérgio Porto

1983 - São Paulo SP - 17ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1983 - São Paulo SP - Arte na Rua

1984 - Rio de Janeiro RJ - Intervenções no Espaço Urbano, na Funarte

1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubrind: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Funarte

1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1985 - São Paulo SP - Arte Novos Meios/Multimeios: Brasil 70/80, no MAB/Faap

1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro e Artista no Brasil, no CCSP

1986 - Porto Alegre RS - Coleção Rubem Knijnik: arte brasileira anos 60/70/80, no Margs

1986 - Rio e Janeiro RJ - Depoimento de uma Geração: 1969-70, na Galeria de Arte Banerj

1987 - Amsterdã (Holanda) - Autobiografische Notities, na Gallerij Klove

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1988 - Rio de Janeiro RJ - Expressão e Conceito Anos 70, na Galeria Gilberto Chateaubriand

1988 - Rio de Janeiro RJ - O Eterno é Efêmero, na Petite Galerie

1989 - Rio de Janeiro RJ - Rio Hoje, no MAM/RJ

1989 - São Paulo SP - O Pequeno Infinito e o Grande Circunscrito, na Arco Arte Contemporânea Galeria Bruno Musatti

1991 - Rio de Janeiro RJ - Imagem sobre Imagem, no Espaço Cultural Sérgio Porto

1992 - Paris (França) - Filmes, Vídeos sobre Artistas, no Centre Georges Pompidou

1992 - São Paulo SP - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - Brasília DF - Um Olhar sobre Joseph Beuys, na Fundação Athos Bulcão

1993 - Florença (Itália) - Brasil Segni d'Arte, na Biblioteca Nationale Centrale di Firenze

1993 - Milão (Itália) - Brasil Segni d'Arte, na Biblioteca Nazionale Braidense

1993 - Rio de Janeiro RJ - Arte Erótica, no MAM/RJ

1993 - Roma (Itália) - Brasil Segni d'Arte, no Centro de Estudos Brasileiros

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - Veneza (Itália) - Brasil Segni d'Arte, na Fondazione Scientífica Querini Stampalia

1994 - Belo Horizonte MG - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70

1994 - Colônia (Alemanha) - Desenho Brasileiro, na Karmelita Kunsthaus

1994 - Penápolis SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, na Galeria Itaú Cultural

1994 - Rio de Janeiro RJ - As Potências do Orgânico, no Museus Castro Maya. Museu do Açude

1994 - Rio de Janeiro RJ - Livro-Objeto: a fronteira dos vazios, no CCBB

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1994 - Rio de Janeiro RJ - Trincheiras: arte e política no Brasil, no MAM/RJ

1994 - Rio de Janeiro RJ - Via Fax, no Museu do Telephone

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1994 - São Paulo SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, no Itaú Cultural

1995 - Belo Horizonte MG - Libertinos/Libertários, no Centro Cultural UFMG

1995 - Rio de Janeiro RJ - Libertinos/Libertários, na Funarte

1995 - São Paulo SP - Livro-Objeto: a fronteira dos vazios, no MAM/SP

1996 - Belo Horizonte MG - Impressões Itinerantes, no Palácio das Artes

1996 - Brasília DF - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, na Itaú Galeria

1996 - Rio de Janeiro RJ - Mensa/Mensae, no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/Funarte

1996 - Rio de Janeiro RJ - O Grito, no MNBA

1996 - São Paulo SP - 23ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1997 - Little Rock (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Arkansas Art Center

1997 - Nova York (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Museo del Barrio

1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal

1997 - Porto Alegre RS - Vertente Política, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1997 - Rio de Janeiro RJ - Arte Cinema: anos 60/70, no CCBB

1997 - Rio de Janeiro RJ - Há Sopa, com Tunga, no Paço Imperial

1997 - São Paulo SP - Além da Forma/No Limite da Forma, na Casa das Rosas

1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Austin (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, na Archer M. Huntington Art Gallery

1998 - Barcelona (Espanha) - Out of Actions Between Performance and the Object: 1949-1979, no Museu d'Art Contemporani

1998 - Barcelona (Espanha) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Museum d'Art Contemporani

1998 - Caracas (Venezuela) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Museo de Bellas Artes

1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Los Angeles (Estados Unidos) - Out of Actions Between Performance and the Object: 1949-1979, no The Museum of Contemporary Art

1998 - Los Angeles (Estados Unidos) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Museum of Contemporary Art

1998 - Minnesota (Estados Unidos) - Studies in Latin American Contemporary Culture, na University of Minnesota

1998 - Monterrey (México) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Museo de Arte Contemporáneo

1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, no MAC/Niterói

1998 - Niterói RJ - Ocupações Descobrimentos, com Antonio Manuel, no MAC/Niterói

1998 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Funarte

1998 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1998 - Rio de Janeiro RJ - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1998 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos: Cildo Meireles, Artur Barrio e Luiz Fonseca, no Paço Imperial

1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

1998 - Rio de Janeiro RJ - Hélio Oiticica e a Cena Americana, no Centro de Arte Hélio Oiticica

1998 - Rio de Janeiro RJ - Poéticas da Cor, no Centro Cultural Light

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - Afinidades Eletivas I: o olhar do colecionador, na Casa das Rosas

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - Canibáliafetiva, n'A Estufa

1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1998 - São Paulo SP - Teoria dos Valores, no MAM/SP

1998 - Viena (Áustria) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no National Museum of Art - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Austrian Museum of Applied Arts

1999 - Miami (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Miami Art Museum

1999 - Nova York (Estados Unidos) - Beyond Identities: Global Conceptualism: Local Contexts, mostra itinerante organizada pelo Queens Museum of Art

1999 - Porto (Portugal) - Circa 1968, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves

1999 - Rio de Janeiro RJ - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no MAM/RJ

1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no Itaú Cultural

1999 - Tóquio (Japão) - Out of Actions Between Performance and the Object: 1949-1979, no Hara Museum of Contemporary Art

1999 - Tóquio e Osaka (Japão) - Out of Actions: between performance and the object, 1949-1979, no Hara Museum of Contemporary Art

2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma

2000 - Kwangju (Coréia do Sul) - Bienal de Kwangju

2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, na Fundação Calouste Gulbenkian

2000 - Madri (Espanha) - Versiones del Sur: Cinco Propuestas en Torno a la Arte en América, no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia

2000 - Niterói RJ - Coleção Sattamini: dos materiais às diferenças internas, no MAC de Niterói

2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira - anos 70, na Casa França-Brasil

2000 - Santa Vitória do Palmar e Chuí RS - Fronteiras - instalação de obra

2000 - São Paulo SP - Arte Conceitual e Conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC/USP, na Galeria de Arte do Sesi

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Contemporânea, na Fundação Bienal

2001 - Belo Horizonte MG - Do Corpo à Terra: um marco radical na arte brasileira, no Itaú Cultural

2001 - Campinas SP - (quase) Efêmera Arte, no Itaú Cultural

2001 - Paris (França) - Da Adversidade Vivemos, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris

2001 - Porto Alegre RS - Coleção Liba e Rubem Knijnik: arte brasileira contemporânea, no MARGS

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2001 - São Paulo SP - 27º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/SP

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Kassel (Alemanha) - 11ª Documenta, no Museum Fridericianum

2002 - Londres (Reino Unido) - Vivências: dialogues between the works of Brazilian artists from the 1960s to 2002, no New Art Gallery Walsall

2002 - Niterói RJ - A Recente Coleção do MAC, no

2002 - Niterói RJ - Acervo em Papel, no MAC/Niterói

2002 - Niterói RJ - Coleção Sattamini: esculturas e objetos, no MAC/Niterói

2002 - Niterói RJ - Diálogo, Antagonismo e Replicação na Coleção Sattamini no MAC/Niterói

2002 - Porto Alegre RS - Violência e Paixão, no Santander Cultural

2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no CCBB

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Imagem e a Palavra: módulo 2, na Sala MAM-Cittá América

2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

2002 - Rio de Janeiro RJ - Morro/Labirinto, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - 1º Mostra Rio Arte Contemporânea, no MAM/RJ

2002 - Rio de Janeiro RJ - 27º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/RJ

2002 - Salvador BA - 27º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/BA

2002 - São Paulo SP - A Forma e a Imagem Técnica na Arte do Rio de Janeiro: 1950-1975, no Paço das Artes

2002 - São Paulo SP - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Instituto Tomie Ohtake

2002 - São Paulo SP - Paralela, no Galpão localizado na Avenida Matarazzo, 530

2003 - Brasília DF - Artefoto, no CCBB

2003 - Niterói RJ - Apropriações: Curto-Circuito de Experiências Participativas, no MAC/Niterói

2003 - Porto Alegre RS - Mostra Transversal, no Memorial do Rio Grande do Sul

2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Diálogo, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES

2003 - Rio de Janeiro RJ - Desenho Anos 70, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte

2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

2003 - São Paulo SP - A Subversão dos Meios, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - Acervo 2003 / 2004, na Galeria Luisa Strina

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP

2003 - São Paulo SP - Galeria Luisa Strina: artistas representados, na Galeria Luisa Strina

2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP

2004 - Rio de Janeiro RJ - 30 Artistas, no Mercedes Viegas Escritório de Arte

2004 - Rio de Janeiro RJ - Arte Contemporânea Brasileira nas Coleções do Rio, no MAM/SP

2004 - Rio de Janeiro RJ - Novas Aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ

2004 - Rio de Janeiro RJ - Tudo é Brasil, no Paço Imperial

2004 - São Paulo SP - 26º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

2004 - São Paulo SP - Tudo é Brasil, no Itaú Cultural

2005 - Londres (Reino Unido) - Citizens, no Pitzhanger Manor Museum

Fonte: ARTUR Barrio. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Entrevista com Artur Barrio: “No campo das artes não existem fronteiras”

Artur Alípio Barrio de Sousa Lopes passou a viver no Rio de Janeiro em 1955. Começou a se dedicar à pintura em 1965. A partir de 1967 frequentou a Escola Nacional de Belas Artes – Enba. Nesse período, realiza os cadernos livres, com registros e anotações que se afastam das linguagens tradicionais. Em 1969, começa a criar as “Situações”: trabalhos de grande impacto, realizados com materiais orgânicos como lixo, papel higiênico, detritos humanos e carne putrefata (como as “Trouxas Ensanguentadas”), com os quais realiza intervenções no espaço urbano. No mesmo ano, escreve um manifesto no qual contesta as categorias tradicionais da arte, sua relação com o mercado, e a situação social e política na América Latina. Em 1970, na mostra “Do Corpo à Terra”, espalha as “Trouxas Ensanguentadas” em um rio em Belo Horizonte. Barrio documenta essas situações com o uso de fotografia, cadernos de artista e filmes Super-8. Cria também instalações e esculturas, nas quais emprega objetos cotidianos. Realiza constantes viagens, e reside também na África e na Europa – em Portugal, na França e na Holanda. Desde a metade da década de 1990, ocorrem várias publicações e exposições que procuram recuperar sua obra. “O público é muito estranho e depois de uma longa experiência cheguei à conclusão de que pelo menos em relação ao meu trabalho não são “cocriadores silenciosos“ e muito menos barulhentos”, afirma.

Artur, em que momento a arte deve exercer um papel social?

Quando quiser e bem entender! Penso que o meio não determina esse momento já que a arte não é um produto do meio, portanto, essa “obrigação” depende do exercício crítico do artista ao momento, ou seja, a esse momento e da maneira que bem entender e melhor achar. Há momentos da História da Arte que bem demonstram isso.

E em que momento ela deve ser insubordinada?

Sempre, esse é o estigma, já que: a criatividade é o princípio objetivo da ideia acoplada ao gesto tendo como princípio o de romper com a estética vigente que hoje situa-se, de mais em mais, em torno da arteMercado que é o de tornar útil [cifrão] o inútil nesse espaço especulativo e, que, terá como ponto final o retorno do artista à obra encomendada: tema, técnica, dimensões, moldura, materiais, etc.

E, aí, ressurgirá o artista, mas não o artista criador, ou seja, o A-nartista e sim o artesãoContemporâneo que girará dentro de um certo meio social como mera figura decorativa de interesse financeiro e sumamente distante de ideias, de ideias críticas já que ele [artistaArtesão] não pensa, ou melhor, deixou de pensar, pois, evidentemente o que “pensa“ é o que possui o capital para financiar arte, a arte inerente ao seu grau social, mas, tudo isso, é um “déjà vu de há alguns séculos auparavant”… e, do outro lado, mas a alguns km abaixo numa diagonal ilusoriamente próxima situa-se o rebanho.

Que mal lê não porque tenha problemas oculares, que mal ouve e que pouco pensa porque não tem tempo para esses luxos já que muito pena, mas que, no fim, geralmente é sempre levado para um lado ou outro atrás do flautista e suas nuances musicais, as de sempre. Em conclusão: penso que a arte deve ser sempre insubordinada para que com isso fique o mais distante da “saúva, da pouca saúde“ e da leucotomia social.

Em que momento de sua carreira acredita que a sua arte exerceu esse papel social?

No campo das artes não existem fronteiras… o meu objetivo sempre foi o do rompimento dos limites da arte inserindo nesse processo ideias e uso de materiais efêmeros [o que continuo a fazer] do uso dos mesmos em condições adversas ou não; distanciando-me assim dos limites impostos pelo meio artístico e condicionamento estético.

Em alguns momentos coincidiram [esse rompimento] com momentos de conturbação social podendo dizer-se que a minha “arte exerceu esse papel social”.

O meu interesse é a Arte, o que penso que seja arte, hoje, do Paleolítico ao agora, aqui.

Evidentemente que o discurso político ou Arte Política interessa-me, mas não ocupa um espaço primordial em meu pensamento, não tenho a pretensão de dizer o que os outros devem dizer ou fazer, o meu trabalho fala por si só.

E em que momento ela teve essa insubordinação?

Sempre, desde o início em 1967… Tinha e sempre tive, tenho, uma certa ânsia de liberdade.

O poder criativo de um artista está mais presente no que ele vê ou no que ele sente?

Ver é sentir… sentir é ver… Disso talvez surgirá o “poder criativo“ ou, talvez, esse poder criativo ele [o artista] já o tenha, mas falta-lhe ou sente falta de uma base para poder exprimir o que sente e vê esse despoletar dá-se ou pode surgir devido à maceração, à exigência até à exaustão, para que não fique na superfície [não superficial] mesmo que para isso tenha que mergulhar fundo, muito fundo… Penso em meu trabalho “4 dias 4 noites” (1970) e do qual até hoje chegam-me ressonâncias profundas.

Falando ainda sobre insubordinação. O seu “Livro de Carne” teve esse caráter em sua visão?

Não penso em insubordinação ou submissão no momento de criar assim sendo o “Livro de Carne”. Apenas subverteu certos cânones, mas quais? Quem já tinha “lido” algum “Livro de Carne” anterior a esse livro?

O público sempre é envolvido em suas criações. Considera-os como “cocriadores silenciosos” de suas obras?

Não sei! O público é muito estranho e depois de uma longa experiência cheguei à conclusão de que pelo menos em relação ao meu trabalho não são “cocriadores silenciosos“ e muito menos barulhentos.

Qual o fio condutor que acredita ser primordial em todos os seus trabalhos?

A solidão.

O cineasta Glauber Rocha, dizia que a função do artista é violentar. Você quis trazer essa violência a tona com “Trouxas Ensanguentadas” de 1970?

Apesar de admirar o imenso trabalho cinematográfico de Glauber Rocha, penso eu que Goya é um bom exemplo no referente às “Trouxas Ensanguentadas” ou Sófocles com “Antígona”, mas também poderia citar “O Enigma de Isidore Ducasse“ de Man Ray ou “O Boi Abatido“ de Rembrandt além de “Tiradentes Esquartejado“ de Pedro Américo e, porque não Luis Buñuel e Salvador Dalí com “O Cão Andaluz”. Mas em termos mais rasos:

A Guerra do Vietnã, a guerra de guerrilha pela independência das colônias portuguesas isto é, contra a ditadura de Salazar etc, etc… e, além disso, a arrogância das ditaduras dos generais com seu festival de arbitrariedades [América Latina]. Localmente, o AI-5 com suas sequências e consequências… mas que, apesar disso, ainda se sentia ao longe um grito de liberdade. As “Trouxas Ensanguentadas “ são um grito de carne, ossos, sangue… envolto em um tecido de cor branca brutalmente amarrado e no qual [notavam-se] marcas de tiros e golpes de objetos perfurantes… As “Trouxas Ensanguentas” tinham como motor a denúncia da violência, da tortura.

“Trouxas Ensanguentadas” teria o mesmo impacto nos dias atuais ou somos atualmente mais omissos com os horrores da nossa civilização?

Penso que não, mas pensar isso, hoje, é diluir ou diminuir a força desse trabalho já que o mesmo é histórico e mantém sua força plena nos tempos que correm, não é um trabalho datado, pois, rompeu e ainda rompe com os cânones da arte e seus limites e é aí onde se situa o seu campo de batalha, sua guerra, o seu objetivo maior. As variantes no tempo enquanto que, ou seja, a sua própria efemeridade não o diminuíram, pelo contrário, o ser humano é que continua o mesmo aparentemente imutável em seus horrores, discrepâncias e preocupações com o “outro“.

A História não se repete, mas como na antiga “Grécia“ a denúncia dará a quem denuncie e o prove, o direito à ou às propriedades do denunciado… Metaforicamente hoje, nos tempos que correm, o amanhã brilha sob um firmamento sem fim. “Esse brilho de tão forte que é faz com que as pálpebras inflame-se a ponto de sentir o mundo transformar-se imperceptivelmente em uma sombra projetada através de um plasma mental redutivo não crítico nas mentes dos que não ouvem, não leem e mal veem“. Situação T/T,1 ou “Trouxas Ensanguentadas” jamais ornarão uma sala de jantar sobrepostas a um sofá de tonalidade creme [ou de qualquer outra tonalidade ou cor]… o odor e a sujidade dos materiais são determinantes.

“Horrores civilizacionais” onde o século XX foi prenhe e, aparentemente, o medo e o receio de situar-se neste início de século [XXI] inicia e começa a provocar um retrocesso palpável, visualAuditivamente forte, aqui, neste planeta “Azul“ onde surgem de mais em mais processos políticosalvatórioseligiosos delirantemente dirigidos para um beco denominado, redundantemente, “Sem Saída”.

O que lhe incomoda em nossa sociedade e que o mundo das artes ainda não captou?

A imutabilidade, a estagnação, a desigualdade social, a crença de que à Terra é plana ou voltará a ser, o pé de goiabeira com uma senhora de uma certa idade e posição ensinando ao descalço como se elevar em seus galhos sem se ferir, e o uso da palavra deus para tudo e nada.

Evidentemente isso é algo que o mundo da arte ainda não captou exceto, penso eu, os que não podem desassociar a arte do vil metal. Esses, tentarão dar peso à anedota retransformando-se em artesãos, criando coisas a que denominarão arte e esse tipo de afirmação aparecerá como algo sério e instigante ao pensamento, ao conhecimento [anedótico] de nosso momento, nosso tempo, onde a fragilidade histórica e crítica será envolvida na escuridão glauca, animista, ridícula, sinistra da Idade Média. O País do Futuro nos Espera.

Fonte: Panorama Mercantil, publicado por Eder Fonseca em 22 de abril de 2016.

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Biografia - Wikipédia

Ingressou na Escola de Belas Artes em 1967 e, nesse mesmo ano, fez sua primeira exposição com desenhos na Galeria Gemini. Embora resida no Rio de Janeiro, comumente o artista passa alguns períodos curtos em países como França e Holanda. Foi um dos primeiros artistas a realizar gigantescas instalações com composições caóticas, onde misturava múltiplos elementos.

Participou de exposições no Brasil e no exterior, entre elas, do Salão de Bússola no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969); da exposição Information, em Nova Iorque (1970); e da Documenta 11 de Kassel (2002), na Alemanha, um dos mais importantes eventos de arte contemporânea do mundo. Foi vencedor do Premio Velázquez de Artes Plásticas de 2011, concedido pelo Ministério da Cultura da Espanha, recebendo 90.000 euros; e representante único do Brasil na Bienal de Veneza, no mesmo ano.

A maioria de suas obras não pode ser guardada em museus nem pendurada na parede. Ele faz arte conceitual, cria performances, e valoriza a experiência e não a imagem ou o objeto. Suas intervenções caracterizam-se pela utilização de materiais efêmeros e precários, como o sal, o papel higiênico, o sangue, o pó de café, o pão, a carne. Uma de suas obras mais conhecidas é justamente a intitulada Livro de carne, um pedaço de carne talhado em forma de livro que, após alguns dias, decompõe-se diante do público e tem de ser reposto a cada 3 dias. O livro de carne participou de exposições em Paris e na Bienal de São Paulo.

Durante sua vida, Barrio vivenciou períodos de repressão política, começando pelo salazarismo (Portugal), passando pelo aumento da repressão na Angola devido aos movimentos que clamavam pela independência do país e, por fim, a ditadura brasileira. Essas opressões políticas e o resultante cerceamento de liberdade e dos diretos civis refletiram na arte de Barrio, que apresenta fortes marcas de insurgência contra a cultura totalitária.

Uma das principais obra de Artur Barrio foi o LIVRO DE CARNE,1978-1979.

Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado 10 de março de 2018.

Arremate Arte
Feito com no Rio de Janeiro

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