Dimitri Ismailovitch (1892, Kiev, Ucrânia – 1976, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), foi um pintor e desenhista ucraniano. Formado na Escola de Belas Artes da Ucrânia entre 1918 e 1919, mudou-se para o Brasil e pouco tempo depois já era considerado um mestre do realismo, tornando-se um dos mais requisitados artistas da sociedade carioca em 1930. Dimitri era um exímio retratista. Suas pinturas ilustravam abstrações, paisagens, naturezas-mortas e arte sacra, além de se dedicar a estudos etnográficos e à documentação da flora. Ganhou medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes, e pequena medalha de prata no Salão Paulista de Belas Artes.
Biografia resumida
Natural de Kiev, Ucrânia (anteriormente uma das Repúblicas da União Soviética) ingressou na Academia de Belas-Artes da Ucrânia em 1918 e depois estudou arte bizantina e persa em Constantinopla. Em 1927, desembarcou no Brasil e logo em seguida tornou-se amigo do escritor Graça Aranha, que o apresentou a intelectuais brasileiros. Três anos depois de chegar, ele já estava à vontade no ambiente modernista, participando de exposições que propagavam a nova estética.
Em 1931, participou do Salão Revolucionário realizado na Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro. Ficou conhecido como retratista, mas pintou abstrações, paisagens, naturezas-mortas e arte sacra, além de se dedicar a estudos etnográficos e à documentação da flora.
Por influência de amigos brasileiros, veio a Minas atrás de um artista que eles adoravam: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. O russo viajou por Ouro Preto, Congonhas e outras cidades coloniais para conhecer o legado do mestre do barroco. Admirado, pintou a 'Santa Ceia', em 1945, com figuras de apóstolos inspiradas nas esculturas do mineiro.
Obteve medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes, e pequena medalha de prata no Salão Paulista de Belas Artes.
“Dimitri Ismailovitch foi um outro descobridor de Aleijadinho”, afirma Margareth Monteiro, curadora da mostra que será aberta hoje, em Ouro Preto. E destaca: a reverência do russo a Antônio Francisco Lisboa se deu numa época em que a obra do escultor estava praticamente esquecida.
Quem for à Sala Manoel da Costa Athaide, no Museu da Inconfidência, verá a Santa Ceia de Ismailovitch, estudos de aspectos de esculturas de Aleijadinho e 13 paisagens de cidades coloniais. A moldura da obra 'Santa Ceia', foi feita pelo escultor Tadashi Kaminagai e segue a estética barroca e remete às volutas da arquitetura do século 18.
O russo perambulou por Minas Gerais durante cerca de 20 anos.
Dimitri foi um dos pintores que retratou o crème de la crème da elite artística e intelectual do Brasil, além de socialites, políticos e empresários. Rafael Cardoso, em seu livro Modernismo em preto e branco (São Paulo: Companhia das Letras, 2022), narra em detalhes, no capítulo final, a trajetória desse pintor.
Dentre suas obras, um quadro de 1945 intitulado Ceia em homenagem a Aleijadinho, chama atenção pelo estilo das figuras humanas que são traduções intersemióticas das esculturas do artista mineiro. Contudo, o que pretendemos tratar neste texto, de forma muito breve, é do quadro Sodade do cordão, de 1940.
A exposição 'A Santa Ceia de Ismailovitch' foi apresentada no Museu Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Entre as peças está a pintura (um tríptico) que traz o pintor e seu amigo, o compositor Heitor Villa-Lobos, em blocos carnavalescos cariocas.
As peças pertencem ao colecionador carioca Eduardo Cavalcanti, que há uma década vem reunindo obras de Ismailovitch, amigo de seu pai.
O artista faleceu no Rio de Janeiro, em 1976.
Algumas das obras de Ismailovitich estão no Museu Pushkin (em Moscou, na Rússia), no Harvard Art Museum (em Cambridge, nos EUA) e na Bibliothèque Nationale de France (em Paris). No Brasil, há trabalhos dele na Pinacoteca do Estado de São Paulo e nos museus Nacional e de Belas-Artes, ambos no Rio de Janeiro.
Exposições Coletivas
1931 - Salão Revolucionário
1939 - 6º Salão Paulista de Belas Artes
1940 - 7º Salão Paulista de Belas Artes
1949 - 15º Salão Paulista de Belas Artes
1952 - 17º Salão Paulista de Belas Artes
1970 - 75º Salão Nacional de Belas Artes
1976 - O Retrato na Coleção da Pinacoteca
Exposições Póstumas
1984 - Salão de 31
1984 - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1998 - Acervo: Instituto de Artes 90 Anos
1998 - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira
2000 - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960
2004 - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone
2016 - Linguagens do corpo carioca [a vertigem do Rio]
Críticas
"...Não há dúvida que a sua técnica é também das mais sólidas, disso resulta que os seus quadros a óleo, feitos há mais de trinta anos, encontram-se hoje tão bem conservados como no momento em que foram pintados, creio que esse é um dos maiores elogios que podem ser feitos ao pintor, dono de um métier dos mais vigorosos, numa época em que tantos pintores modernos ignoram quase totalmente o esplêndido artesanato dos mestres antigos." – Antonio Bento.
“Naquelas imagens está um olhar que analisa com acuidade realista o estilo, o movimento e o sentimento das obras de Aleijadinho. Nesse sentido, é um outro tipo de documentação” — Margareth Monteiro.
Fontes:
DIMITRI Ismailovitch. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 02 de maio de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
MACHADO, Rico. “Sodade do cordão” de Dimitri Ismailovitch, um retrato modernista do Brasil sob a pena de um artista ucraniano. Acesso em: 2 de maio de 2022.
Crédito fotográfico: Facebook dedicado ao artista. Consultado pela última vez em 2 de maio de 2022.
Dimitri Ismailovitch (1892, Kiev, Ucrânia – 1976, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), foi um pintor e desenhista ucraniano. Formado na Escola de Belas Artes da Ucrânia entre 1918 e 1919, mudou-se para o Brasil e pouco tempo depois já era considerado um mestre do realismo, tornando-se um dos mais requisitados artistas da sociedade carioca em 1930. Dimitri era um exímio retratista. Suas pinturas ilustravam abstrações, paisagens, naturezas-mortas e arte sacra, além de se dedicar a estudos etnográficos e à documentação da flora. Ganhou medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes, e pequena medalha de prata no Salão Paulista de Belas Artes.
Biografia resumida
Natural de Kiev, Ucrânia (anteriormente uma das Repúblicas da União Soviética) ingressou na Academia de Belas-Artes da Ucrânia em 1918 e depois estudou arte bizantina e persa em Constantinopla. Em 1927, desembarcou no Brasil e logo em seguida tornou-se amigo do escritor Graça Aranha, que o apresentou a intelectuais brasileiros. Três anos depois de chegar, ele já estava à vontade no ambiente modernista, participando de exposições que propagavam a nova estética.
Em 1931, participou do Salão Revolucionário realizado na Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro. Ficou conhecido como retratista, mas pintou abstrações, paisagens, naturezas-mortas e arte sacra, além de se dedicar a estudos etnográficos e à documentação da flora.
Por influência de amigos brasileiros, veio a Minas atrás de um artista que eles adoravam: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. O russo viajou por Ouro Preto, Congonhas e outras cidades coloniais para conhecer o legado do mestre do barroco. Admirado, pintou a 'Santa Ceia', em 1945, com figuras de apóstolos inspiradas nas esculturas do mineiro.
Obteve medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes, e pequena medalha de prata no Salão Paulista de Belas Artes.
“Dimitri Ismailovitch foi um outro descobridor de Aleijadinho”, afirma Margareth Monteiro, curadora da mostra que será aberta hoje, em Ouro Preto. E destaca: a reverência do russo a Antônio Francisco Lisboa se deu numa época em que a obra do escultor estava praticamente esquecida.
Quem for à Sala Manoel da Costa Athaide, no Museu da Inconfidência, verá a Santa Ceia de Ismailovitch, estudos de aspectos de esculturas de Aleijadinho e 13 paisagens de cidades coloniais. A moldura da obra 'Santa Ceia', foi feita pelo escultor Tadashi Kaminagai e segue a estética barroca e remete às volutas da arquitetura do século 18.
O russo perambulou por Minas Gerais durante cerca de 20 anos.
Dimitri foi um dos pintores que retratou o crème de la crème da elite artística e intelectual do Brasil, além de socialites, políticos e empresários. Rafael Cardoso, em seu livro Modernismo em preto e branco (São Paulo: Companhia das Letras, 2022), narra em detalhes, no capítulo final, a trajetória desse pintor.
Dentre suas obras, um quadro de 1945 intitulado Ceia em homenagem a Aleijadinho, chama atenção pelo estilo das figuras humanas que são traduções intersemióticas das esculturas do artista mineiro. Contudo, o que pretendemos tratar neste texto, de forma muito breve, é do quadro Sodade do cordão, de 1940.
A exposição 'A Santa Ceia de Ismailovitch' foi apresentada no Museu Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Entre as peças está a pintura (um tríptico) que traz o pintor e seu amigo, o compositor Heitor Villa-Lobos, em blocos carnavalescos cariocas.
As peças pertencem ao colecionador carioca Eduardo Cavalcanti, que há uma década vem reunindo obras de Ismailovitch, amigo de seu pai.
O artista faleceu no Rio de Janeiro, em 1976.
Algumas das obras de Ismailovitich estão no Museu Pushkin (em Moscou, na Rússia), no Harvard Art Museum (em Cambridge, nos EUA) e na Bibliothèque Nationale de France (em Paris). No Brasil, há trabalhos dele na Pinacoteca do Estado de São Paulo e nos museus Nacional e de Belas-Artes, ambos no Rio de Janeiro.
Exposições Coletivas
1931 - Salão Revolucionário
1939 - 6º Salão Paulista de Belas Artes
1940 - 7º Salão Paulista de Belas Artes
1949 - 15º Salão Paulista de Belas Artes
1952 - 17º Salão Paulista de Belas Artes
1970 - 75º Salão Nacional de Belas Artes
1976 - O Retrato na Coleção da Pinacoteca
Exposições Póstumas
1984 - Salão de 31
1984 - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1998 - Acervo: Instituto de Artes 90 Anos
1998 - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira
2000 - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960
2004 - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone
2016 - Linguagens do corpo carioca [a vertigem do Rio]
Críticas
"...Não há dúvida que a sua técnica é também das mais sólidas, disso resulta que os seus quadros a óleo, feitos há mais de trinta anos, encontram-se hoje tão bem conservados como no momento em que foram pintados, creio que esse é um dos maiores elogios que podem ser feitos ao pintor, dono de um métier dos mais vigorosos, numa época em que tantos pintores modernos ignoram quase totalmente o esplêndido artesanato dos mestres antigos." – Antonio Bento.
“Naquelas imagens está um olhar que analisa com acuidade realista o estilo, o movimento e o sentimento das obras de Aleijadinho. Nesse sentido, é um outro tipo de documentação” — Margareth Monteiro.
Fontes:
DIMITRI Ismailovitch. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 02 de maio de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
MACHADO, Rico. “Sodade do cordão” de Dimitri Ismailovitch, um retrato modernista do Brasil sob a pena de um artista ucraniano. Acesso em: 2 de maio de 2022.
Crédito fotográfico: Facebook dedicado ao artista. Consultado pela última vez em 2 de maio de 2022.
Dimitri Ismailovitch (1892, Kiev, Ucrânia – 1976, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), foi um pintor e desenhista ucraniano. Formado na Escola de Belas Artes da Ucrânia entre 1918 e 1919, mudou-se para o Brasil e pouco tempo depois já era considerado um mestre do realismo, tornando-se um dos mais requisitados artistas da sociedade carioca em 1930. Dimitri era um exímio retratista. Suas pinturas ilustravam abstrações, paisagens, naturezas-mortas e arte sacra, além de se dedicar a estudos etnográficos e à documentação da flora. Ganhou medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes, e pequena medalha de prata no Salão Paulista de Belas Artes.
Biografia resumida
Natural de Kiev, Ucrânia (anteriormente uma das Repúblicas da União Soviética) ingressou na Academia de Belas-Artes da Ucrânia em 1918 e depois estudou arte bizantina e persa em Constantinopla. Em 1927, desembarcou no Brasil e logo em seguida tornou-se amigo do escritor Graça Aranha, que o apresentou a intelectuais brasileiros. Três anos depois de chegar, ele já estava à vontade no ambiente modernista, participando de exposições que propagavam a nova estética.
Em 1931, participou do Salão Revolucionário realizado na Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro. Ficou conhecido como retratista, mas pintou abstrações, paisagens, naturezas-mortas e arte sacra, além de se dedicar a estudos etnográficos e à documentação da flora.
Por influência de amigos brasileiros, veio a Minas atrás de um artista que eles adoravam: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. O russo viajou por Ouro Preto, Congonhas e outras cidades coloniais para conhecer o legado do mestre do barroco. Admirado, pintou a 'Santa Ceia', em 1945, com figuras de apóstolos inspiradas nas esculturas do mineiro.
Obteve medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes, e pequena medalha de prata no Salão Paulista de Belas Artes.
“Dimitri Ismailovitch foi um outro descobridor de Aleijadinho”, afirma Margareth Monteiro, curadora da mostra que será aberta hoje, em Ouro Preto. E destaca: a reverência do russo a Antônio Francisco Lisboa se deu numa época em que a obra do escultor estava praticamente esquecida.
Quem for à Sala Manoel da Costa Athaide, no Museu da Inconfidência, verá a Santa Ceia de Ismailovitch, estudos de aspectos de esculturas de Aleijadinho e 13 paisagens de cidades coloniais. A moldura da obra 'Santa Ceia', foi feita pelo escultor Tadashi Kaminagai e segue a estética barroca e remete às volutas da arquitetura do século 18.
O russo perambulou por Minas Gerais durante cerca de 20 anos.
Dimitri foi um dos pintores que retratou o crème de la crème da elite artística e intelectual do Brasil, além de socialites, políticos e empresários. Rafael Cardoso, em seu livro Modernismo em preto e branco (São Paulo: Companhia das Letras, 2022), narra em detalhes, no capítulo final, a trajetória desse pintor.
Dentre suas obras, um quadro de 1945 intitulado Ceia em homenagem a Aleijadinho, chama atenção pelo estilo das figuras humanas que são traduções intersemióticas das esculturas do artista mineiro. Contudo, o que pretendemos tratar neste texto, de forma muito breve, é do quadro Sodade do cordão, de 1940.
A exposição 'A Santa Ceia de Ismailovitch' foi apresentada no Museu Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Entre as peças está a pintura (um tríptico) que traz o pintor e seu amigo, o compositor Heitor Villa-Lobos, em blocos carnavalescos cariocas.
As peças pertencem ao colecionador carioca Eduardo Cavalcanti, que há uma década vem reunindo obras de Ismailovitch, amigo de seu pai.
O artista faleceu no Rio de Janeiro, em 1976.
Algumas das obras de Ismailovitich estão no Museu Pushkin (em Moscou, na Rússia), no Harvard Art Museum (em Cambridge, nos EUA) e na Bibliothèque Nationale de France (em Paris). No Brasil, há trabalhos dele na Pinacoteca do Estado de São Paulo e nos museus Nacional e de Belas-Artes, ambos no Rio de Janeiro.
Exposições Coletivas
1931 - Salão Revolucionário
1939 - 6º Salão Paulista de Belas Artes
1940 - 7º Salão Paulista de Belas Artes
1949 - 15º Salão Paulista de Belas Artes
1952 - 17º Salão Paulista de Belas Artes
1970 - 75º Salão Nacional de Belas Artes
1976 - O Retrato na Coleção da Pinacoteca
Exposições Póstumas
1984 - Salão de 31
1984 - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1998 - Acervo: Instituto de Artes 90 Anos
1998 - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira
2000 - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960
2004 - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone
2016 - Linguagens do corpo carioca [a vertigem do Rio]
Críticas
"...Não há dúvida que a sua técnica é também das mais sólidas, disso resulta que os seus quadros a óleo, feitos há mais de trinta anos, encontram-se hoje tão bem conservados como no momento em que foram pintados, creio que esse é um dos maiores elogios que podem ser feitos ao pintor, dono de um métier dos mais vigorosos, numa época em que tantos pintores modernos ignoram quase totalmente o esplêndido artesanato dos mestres antigos." – Antonio Bento.
“Naquelas imagens está um olhar que analisa com acuidade realista o estilo, o movimento e o sentimento das obras de Aleijadinho. Nesse sentido, é um outro tipo de documentação” — Margareth Monteiro.
Fontes:
DIMITRI Ismailovitch. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 02 de maio de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
MACHADO, Rico. “Sodade do cordão” de Dimitri Ismailovitch, um retrato modernista do Brasil sob a pena de um artista ucraniano. Acesso em: 2 de maio de 2022.
Crédito fotográfico: Facebook dedicado ao artista. Consultado pela última vez em 2 de maio de 2022.
Dimitri Ismailovitch (1892, Kiev, Ucrânia – 1976, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), foi um pintor e desenhista ucraniano. Formado na Escola de Belas Artes da Ucrânia entre 1918 e 1919, mudou-se para o Brasil e pouco tempo depois já era considerado um mestre do realismo, tornando-se um dos mais requisitados artistas da sociedade carioca em 1930. Dimitri era um exímio retratista. Suas pinturas ilustravam abstrações, paisagens, naturezas-mortas e arte sacra, além de se dedicar a estudos etnográficos e à documentação da flora. Ganhou medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes, e pequena medalha de prata no Salão Paulista de Belas Artes.
Biografia resumida
Natural de Kiev, Ucrânia (anteriormente uma das Repúblicas da União Soviética) ingressou na Academia de Belas-Artes da Ucrânia em 1918 e depois estudou arte bizantina e persa em Constantinopla. Em 1927, desembarcou no Brasil e logo em seguida tornou-se amigo do escritor Graça Aranha, que o apresentou a intelectuais brasileiros. Três anos depois de chegar, ele já estava à vontade no ambiente modernista, participando de exposições que propagavam a nova estética.
Em 1931, participou do Salão Revolucionário realizado na Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro. Ficou conhecido como retratista, mas pintou abstrações, paisagens, naturezas-mortas e arte sacra, além de se dedicar a estudos etnográficos e à documentação da flora.
Por influência de amigos brasileiros, veio a Minas atrás de um artista que eles adoravam: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. O russo viajou por Ouro Preto, Congonhas e outras cidades coloniais para conhecer o legado do mestre do barroco. Admirado, pintou a 'Santa Ceia', em 1945, com figuras de apóstolos inspiradas nas esculturas do mineiro.
Obteve medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes, e pequena medalha de prata no Salão Paulista de Belas Artes.
“Dimitri Ismailovitch foi um outro descobridor de Aleijadinho”, afirma Margareth Monteiro, curadora da mostra que será aberta hoje, em Ouro Preto. E destaca: a reverência do russo a Antônio Francisco Lisboa se deu numa época em que a obra do escultor estava praticamente esquecida.
Quem for à Sala Manoel da Costa Athaide, no Museu da Inconfidência, verá a Santa Ceia de Ismailovitch, estudos de aspectos de esculturas de Aleijadinho e 13 paisagens de cidades coloniais. A moldura da obra 'Santa Ceia', foi feita pelo escultor Tadashi Kaminagai e segue a estética barroca e remete às volutas da arquitetura do século 18.
O russo perambulou por Minas Gerais durante cerca de 20 anos.
Dimitri foi um dos pintores que retratou o crème de la crème da elite artística e intelectual do Brasil, além de socialites, políticos e empresários. Rafael Cardoso, em seu livro Modernismo em preto e branco (São Paulo: Companhia das Letras, 2022), narra em detalhes, no capítulo final, a trajetória desse pintor.
Dentre suas obras, um quadro de 1945 intitulado Ceia em homenagem a Aleijadinho, chama atenção pelo estilo das figuras humanas que são traduções intersemióticas das esculturas do artista mineiro. Contudo, o que pretendemos tratar neste texto, de forma muito breve, é do quadro Sodade do cordão, de 1940.
A exposição 'A Santa Ceia de Ismailovitch' foi apresentada no Museu Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Entre as peças está a pintura (um tríptico) que traz o pintor e seu amigo, o compositor Heitor Villa-Lobos, em blocos carnavalescos cariocas.
As peças pertencem ao colecionador carioca Eduardo Cavalcanti, que há uma década vem reunindo obras de Ismailovitch, amigo de seu pai.
O artista faleceu no Rio de Janeiro, em 1976.
Algumas das obras de Ismailovitich estão no Museu Pushkin (em Moscou, na Rússia), no Harvard Art Museum (em Cambridge, nos EUA) e na Bibliothèque Nationale de France (em Paris). No Brasil, há trabalhos dele na Pinacoteca do Estado de São Paulo e nos museus Nacional e de Belas-Artes, ambos no Rio de Janeiro.
Exposições Coletivas
1931 - Salão Revolucionário
1939 - 6º Salão Paulista de Belas Artes
1940 - 7º Salão Paulista de Belas Artes
1949 - 15º Salão Paulista de Belas Artes
1952 - 17º Salão Paulista de Belas Artes
1970 - 75º Salão Nacional de Belas Artes
1976 - O Retrato na Coleção da Pinacoteca
Exposições Póstumas
1984 - Salão de 31
1984 - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1998 - Acervo: Instituto de Artes 90 Anos
1998 - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira
2000 - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960
2004 - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone
2016 - Linguagens do corpo carioca [a vertigem do Rio]
Críticas
"...Não há dúvida que a sua técnica é também das mais sólidas, disso resulta que os seus quadros a óleo, feitos há mais de trinta anos, encontram-se hoje tão bem conservados como no momento em que foram pintados, creio que esse é um dos maiores elogios que podem ser feitos ao pintor, dono de um métier dos mais vigorosos, numa época em que tantos pintores modernos ignoram quase totalmente o esplêndido artesanato dos mestres antigos." – Antonio Bento.
“Naquelas imagens está um olhar que analisa com acuidade realista o estilo, o movimento e o sentimento das obras de Aleijadinho. Nesse sentido, é um outro tipo de documentação” — Margareth Monteiro.
Fontes:
DIMITRI Ismailovitch. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 02 de maio de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
MACHADO, Rico. “Sodade do cordão” de Dimitri Ismailovitch, um retrato modernista do Brasil sob a pena de um artista ucraniano. Acesso em: 2 de maio de 2022.
Crédito fotográfico: Facebook dedicado ao artista. Consultado pela última vez em 2 de maio de 2022.