Ascânio Maria Martins Monteiro (Fao, Portugal, 1941), mais conhecido como Ascânio MMM é um escultor e arquiteto português, radicado no Brasil. Frequentou a Escola de Belas Artes de Portugal, onde aperfeiçoou suas técnicas de desenho, e formou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Participou de salões e exposições, como o I Salão de Abril (MAM/1966), o XV Salão Nacional de Arte Moderna (MEC/1966) e a IX Bienal de São Paulo (1967). Arrematou diversos prêmios, como o Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura no I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ (1967); o Prêmio de Isenção de Júri (1968) e Prêmio de Aquisição no Salão da Bússola do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969), um dos mais importantes salões da época. Devido sua importância na arte de esculturas e arquitetura, há esculturas públicas do artista no Rio de Janeiro, São Paulo, Japão e Portugal.
Biografia – Itaú Cultural
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fão, Portugal, 1941). Escultor e arquiteto. Nascido em Portugal, aos 17 anos mudou-se de para o Rio de Janeiro. Frequenta a Escola de Belas Artes entre 1963 e 1964 para aperfeiçoar-se em técnicas de desenho. Em 1969, formou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Durante os anos 1970, inicia experimentações volumétricas com ripas de madeira em módulos pintados de branco, organizadas em eixo, emblemáticas em sua produção artística. Essas progressões verticais e horizontais articulam-se para propor uma volumetria escultórica que, em alguns trabalhos, contam com o espectador para configurar outros arranjos formais. Na década seguinte, explora as possibilidades oferecidas por madeiras como ipê, freijó, mogno em estado cru para a construção de relevos e esculturas. Sua pesquisa subsequente continua priorizando a linguagem abstrata construtiva e introduz outros materiais industriais, como alumínio e arame inox. A escala das obras é ampliada, e esculturas públicas são comissionadas para as cidades de Lisboa, Tóquio, São Paulo e Rio de Janeiro.
Ao longo da carreira, Ascânio MMM participa de duas Bienais de São Paulo (1967 e 1979), da 2a Bienal da Bahia (1968) e da 1a Bienal do Mercosul em Porto Alegre (1997). Além delas, também participa de exposições individuais no Rio de Janeiro (Museu de Arte Moderna 1976, 1984, 1999 e 2008), Belo Horizonte e São Paulo e faz parte de diversas mostras. Em 1972, ganha o Grande Prêmio para Escultura, no 4º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1997, é condecorado como comendador com a Ordem do Mérito pelo presidente de Portugal. Suas obras fazem parte de coleções, como da Fundação Edson Queiroz, em Fortaleza, e do Itaú Cultural, e de acervos do Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Museu de Arte Moderna e Museu Nacional de Belas Artes, ambos no Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Nos anos 2000, são publicados os livros Ascânio MMM: Poética da Razão e Ascânio MMM, que oferecem análise crítica de sua trajetória artística, feita por diversos curadores.
Análise
O pensamento arquitetônico pressupõe atenção à volumetria nascida da geometria. Ascânio MMM projeta e executa a obra escultórica associando o rigor matemático à intuição lírica, com resultado harmônico. Sua trajetória é impulsionada pela formação acadêmica: “foi através da arquitetura que cheguei à arte”. No entanto, se as aulas de geometria descritiva e matemática possibilitam organização do pensamento tridimensional, a sensibilidade do artista opera construindo formas que se projetam no espaço de modo calculadamente barroco.
Sua filiação estética – a abstração geométrica – é vinculada ao pensamento moderno da arquitetura e urbanismo, como o sistema modular para escala humana do arquiteto suíço Le Corbusier (1887-1965). Também acomoda a influência das vanguardas de arte concreta e neoconcreta dos anos 1950 e 1960, como dos artistas brasileiros Lygia Clark (1920-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980), do escultor suíço Max Bill (1908-1994) e do francês Jean Arp (1887-1966).
O jogo de luz e sombra proposto pelas esculturas brancas da década de 1970 articula ritmo, ora em progressão ora em ruptura, com torções sempre relacionadas com a escala humana.
Nos anos 1980, a madeira é destituída da pintura branca. As características de cada tipo de madeira escolhida – texturas e cores – são incorporadas às esculturas e aos objetos tridimensionais, como a série Fitangulares, desenvolvida nos anos 1980. Nessa obra, o módulo – fundamental na poética de Ascânio – aparece nas partições graduais que criam um compasso regido pela forma delimitada pela própria matéria, a madeira.
A série Piramidais utiliza alumínio na construção de volumes que se apresentam ao mesmo tempo densos e ocos. Neste trabalho, o módulo, que em seu conjunto remete à colmeias metálicas, constrói e encapsula o vazio do interior. Marca, em um de seus lados, a organização estrutural por empilhamento e, de modo concomitante, a insuficiência de matéria. Além da força da matéria presente na forma robusta que se instala, a forma piramidal é impregnada de carga simbólica, que sinaliza a problemática da escala que Ascânio explora em suas obras públicas.
Tubos de alumínio retangulares seccionados formam a unidade construtiva de obras que produz para diferentes cidades. É o caso de Piramidal 12.5 (1991-1999), instalada em Fão, Portugal, às margens do rio Cávado. Nesta obra, Ascânio retoma com veemência o debate sobre densidade e permeabilidade. A maneira com que o ângulo da ponta da pirâmide se projeta, como a proa de um navio, apresenta registro afetivo da ligação do artista com o mar.
Nas esculturas desenvolvidas nos anos 2000, o olhar atravessa-as, como em Flexo 3 (2004), construída com malha de alumínio e arame inox. A estrutura, apoiada no chão, tem as pontas retorcidas, apontando para o centro. Mais uma vez, resistência e permanência são possíveis pela característica do material, que é reorganizado em sua escala e forma pelas mãos do artista.
Na série Qualas (2007), o alumínio torna-se maleável pelo uso de argolas de tamanhos variados, que fixam a trama em módulos construídos para que se desprendam a partir de um tubo rígido, feito do mesmo material e preso ao teto. A gravidade permite que as formas descendam e atravessem planos espaciais, em uma topografia não ensaiada, como se o diálogo entre formas retas e torcidas fosse repercutido pelo tempo. Assim, a escultura adquire imaterialidade e imprevisibilidade.
Críticas
"As esculturas em perfil de alumínio destinam-se antes de tudo ao olhar. Só a visão pode perceber a alternância entre solidez e leveza experimentada ao deslocarmo-nos em sua volta. Diante delas é possível vermos, retrospectivamente, que a obra de Ascânio começa na superfície das formas (esculturas helicoidais pintadas), ultrapassa a sua pele (esculturas em madeira crua) e, finalmente, penetra as suas entranhas (piramidais em alumínio). Superfície, carne e entranhas da obra desvelam-se simultaneamente numa espécie de síntese da trajetória do escultor por intermédio de operações construtivas deliberadas (escolha do material modular, planejamento do corte, articulação das partes etc. ). Pele e estofo existem apenas funcionalmente, determinados pela estrutura. Os módulos vazados igualam conjuntos que, resistentes ao tato, transparecem vibrantes ao olhar, único sentido capaz de atravessar o corpo da obra, contínua e variadamente. A forma piramidal, cuja carga simbólica dispensa comentários, funciona nas esculturas de Ascânio como um paradigma do construtivismo. As pirâmides de pedra das antigas civilizações não tinham função utilitária definida. O futuro preencheu-as de mistérios ocultos nos pesados blocos de pedra com que foram erguidas. Os Piramidais também diferem dos seus símiles utilitários contemporâneos, mas não pretendem, na sua leveza construída, encerrar outro mistério que não o da sua própria presença" — Fernando Cocchiarale (Cocchiarale, Fernando. Ascânio MMM. In: Ascânio MMM. n. p).
"'É um ato de construção: tijolo em cima de tijolo'.Ascânio define com essa frase seu trabalho de escultor. A associação não poderia ser mais clara com a formação de arquiteto do artista. E, de fato, toda a sua obra tem como base o rigor arquitetônico. Assim, o ciclo criativo é aberto com o estudo de módulos em escala reduzida, as maquetas, com os quais o escultor projeta e calcula a forma e o tamanho de cada peça, não deixando margem para nenhum tipo de possível dispersão. Quase toda a obra de Ascânio vem sendo produzida em madeira. O alumínio já foi usado em dado momento - com ele foram feitos aglomerados, colméias que se repetiam, diminuindo gradativamente de volume até chegar ao vértice, formando cortes transversais de pirâmides - com resultados bem diferentes do que foi conseguido até agora em madeira. (...) Sem abstrair nenhuma das exigências que se fez até agora - ao contrário, aumentou-as - e com a fatalidade do verdadeiro criador, ele reinventa corajosamente todas as suas concepções e nos dá uma demonstração vigorosa de que está disposto a realizar: uma obra plena e íntegra, com raiz no real e destinada a influir no homem" — Francisco Bittencourt (Bittencourt, Francisco. Ascânio: tese e antítese. In: Ascânio MMM: obras. n. p).
"Ascânio então trabalhava com um único elemento: a ripa. Com essa materialidade mínima, Ascânio criava sinuosos movimentos; abria-as (suas obras) para curvas, semicurvas, sinuosidades, volutas. Um construtivismo da torção, do equilíbrio como suspensão para o vôo, para o arrojo da matéria que vai para o espaço como que para explodir e, ao mesmo tempo, produz tensão e harmonia. A torção calculada desregulava o olhar, introduzindo o espectador no jogo entre rigor e ordem. Daí surge a estratégia de Ascânio: um barroquismo estrutural. Ao mesmo tempo, tais obras são despojadas; elas articulam seu próprio ritmo; não estão presas a nenhum ilusionismo. Ao contrário, são ordenações estruturais que geram a tensão formal das suas obras. O trabalho com ripas serradas, furadas e coladas, é feito de modo que elas, devido a sua estruturação, criem um espaço não previamente determinado. ´O espaço não é uma ordem, já pronta, em que os objetivos vão sendo colocados. Ao contrário, é a ordenação dos elementos da obra que orienta a sua estruturação´, analisava o pintor Ronaldo do Rego Macedo em 1981. Mesmo o que é ótico nos seus relevos depende dessas estruturas em andamento, sintetizadas quase didaticamente nas suas famosas caixas lúdicas de 1968-1969, objetos que manipulados pelo espectador são geradores de complexas formas" — Wilson Coutinho (Coutinho, Wilson. Ascânio MMM. In: Ascânio MMM: piramidais. n. p).
"As esculturas de Ascânio MMM que se tornaram mais conhecidas, aquelas que estão mais presentes em espaços públicos, me parecem manifestações plásticas de partituras de Terry Riley ou Steve Reich. A cor branca, evitando floreios cromáticos, a decalagem mínima do ângulo em progressão aritmética, diferenciando as sucessivas superposições dos elementos - as ripas -, mantendo sempre o mesmo deslocamento em torno do eixo gerando a torção helicoidal, o rigor disciplinado da estrutura, tudo lembra na sua concepção a música dos pioneiros do que veio se chamar música minimalista. Elegantes nas curvas, não escapam de serem definidas como barrocas. (Aliás, vício brasileiro: por aqui, toda vez que o crítico vê uma curva decente prega-lhe a etiqueta de forte conotação histórica; e não haveria problema se o uso generalizado do termo não eclipsasse questões mais próximas.) Na verdade, as curvas de Ascânio, nas esculturas de ripas descoladas, são suntuosas e ao mesmo tempo discretas, no sentido estrito da palavra, porque estão contaminadas pelo raciocínio lógico-matemático e poderiam, perfeitamente, ser representadas em claros algoritmos. Lançam generosas senóides no ar procurando apoio em tangentes do solo. Em outros casos erguem-se verticais, como totens da razão, partindo da torção helicóide inicial para finalizarem, às vezes, em uma superfície retangular mais prolongada. Conviveram com uma experiência participativa no final dos anos 60, trabalhos de exceção realizados em caixas que se deixam manipular pelo espectador. No entanto, mesmo neste caso, o jogo e o aspecto lúdico estão submetidos à assepsia geométrica, à estética requintada avessa a excessos subjetivos." — Paulo Sérgio Duarte (DUARTE, Paulo Sérgio. A razão como dogma poético. In: Ascânio MMM. Ascânio MMM. Rio de Janeiro, Andrea Jakobson, 2005, p. 8).
Exposições Individuais
1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Celina
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Grupo B
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Arte Global
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1979 - São Paulo SP - Individual, na Skultura Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Fitangulares, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin
1986 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Suzanna Sassoun
1989 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1990 - Porto (Portugal) - Individual, na Galeria Zen
1991 - São Paulo SP - Piramidais, no Subdistrito Comercial de Arte
1994 - Belo Horizonte MG - Individual, no Palácio das Artes
1994 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1995 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111
1996 - Rio de Janeiro RJ - Atelier Finep, no Paço Imperial
1996 - São Paulo SP - Individual, no Masp
2000 - Rio de Janeiro RJ - Pirâmidais IV, no MAM/RJ
2005 - São Paulo SP - Individual, na Dan Galeria
Exposições Coletivas
1966 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Abril, no MAM/RJ
1966 - Brasília DF - 3º Salão de Arte Moderna, no Teatro Nacional
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1967 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Artes Plásticas, na FAU/UFRJ - 1º prêmio em escultura e 1º prêmio em pintura
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Curitiba PR - 25º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1968 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Arte Universitária, na PUC/RJ - 1º prêmio pesquisa
1968 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Esso, no MAM/RJ
1968 - Salvador BA - 2º Bienal da Bahia
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1969 - Rio de Janeiro RJ - Pré-Bienal de Paris, no MAM/RJ
1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1970 - Belo Horizonte MG - 2º Salão Nacional de Arte Contemporânea
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1970 - Rio de Janeiro RJ - 8º Resumo de Arte JB
1970 - São Paulo SP - 2º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Múltiplos, no Petite Galeria
1971 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão da Eletrobrás, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1971 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1972 - São Paulo SP - 4º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - grande prêmio em escultura
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1972 - São Paulo SP - Exposição de Múltiplos, na Galeria Múltipla de Arte
1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte Contemporânea
1973 - Rio de Janeiro RJ - 5 Escultores, na Galeria Ipanema
1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1973 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Grupo B
1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileiro, no MAM/SP
1977 - Ouro Preto MG - Encontro Nacional de Escultores, na Secretaria de Cultura
1977 - Rio de Janeiro RJ - Escultura ao Ar Livre, na Galeria de Arte Sesc Tijuca
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA e Palácio Gustavo Capanema - prêmio de viagem ao exterior
1978 - São Paulo SP - Objeto na Arte: Brasil Anos 60, no MAB/Faap
1979 - Rio de Janeiro RJ - Escultores Brasileiros, na Galeria Aktuell
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1980 - Goiânia GO - 9 Escultores, na Casa Grande Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Do Moderno ao Contemporâneo. Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Lisboa (Portugal) - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA e Galeria Sérgio Milliet - sala especial
1984 - Londres (Inglaterra) - Portrait of Country - Brazilian Modern Art, no Barbican Center
1984 - Rio de Janeiro RJ - Madeira: matéria de arte, no MAM/RJ
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1985 - Niterói RJ - Uma Questão de Ordem, na UFF. Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Encontros, na Petite Galerie
1985 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Maria Leontina, na Petite Galeria
1985 - São Paulo SP - 17º Panorama de Arte Atual Brasileira - Fortmas Tridimensionais, no MAM/SP
1986 - Fortaleza CE - Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, na Fundação Demócrito Bezerra
1986 - Rio de Janeiro RJ - Depoimento de uma Geração: 1969-70, na Galeria de Arte Banerj
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador, no MAM/RJ
1988 - Rio de Janeiro RJ - Uma Escultura para o Mar de Angra, na EAV/ Parque Lage
1989 - Lisboa (Portugal) - 2º Forum de Arte Contemporânea, no Forum Picoas
1989 - Rio de Janeiro RJ - Geometria sem Manifesto, na Gabinete de Arte Cleide Wanderley
1992 - Rio de Janeiro RJ - Brazilian Contemporary Art, na EAV/Parque Lage
1992 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção: Anos 70/90, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Escultura Só, no MAM/SP
1994 - Lisboa (Portugal) - 1ª Exposição Comemorativa dos 30 Anos da Galeria, na Galeria 111
1996 - Brasília DF - Arte e Espaço Urbano: quinze propostas - Ministério das Relações Exteriores, no Palácio do Itamaraty
1996 - Rio de Janeiro RJ - 3 Dimensões: Ascânio MMM, Eduardo Frota e Walter Guerra, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
1997 - Porto Alegre RS - Vertente Construtiva e Design, no Espaço Cultural Ulbra
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - Múltiplos, no Valu Oria Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira anos 70, na Fundação Casa França-Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2003 - Rio de Janeiro RJ - Pequenos Formatos, na LGC Arte Hoje
2005 - Rio de Janeiro RJ - Chroma, no MAM/RJ
2006 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz de conta a vertigem, no Itaú Cultural
Fonte: ASCÂNIO MMM. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Acesso em: 11 de janeiro de 2023. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia – Wikipédia
Ascânio MMM é um artista plástico cuja obra foi construída na interseção entre arquitetura e escultura. Expoente do construtivismo, é celebrado como um importante escultor brasileiro. Seus trabalhos de maior relevância e destaque são esculturas em espaços públicos, como na sede da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e a Módulo Rio, no pátio do Edifício Argentina, na Praia de Botafogo, RJ. Atuante desde a década de 60, trabalha diariamente no seu ateliê e participa de diversas exposições no Brasil.
Esculturas em espaços públicos
Falar no nome de Ascânio MMM significa pensar em esculturas em espaços públicos. Até a década de 90, ele e Franz Weissmann foram os artistas com presença de esculturas construtivas em espaços públicos do Brasil. Em depoimento para Paulo Herkenhoff, é o próprio artista quem afirma que sua obra tornou-se mais conhecida através das oito esculturas em espaços públicos do que através de dezenas de exposições que ele participou em museus e galerias.
As obras públicas de Ascânio estão espalhadas por cidades como Rio de Janeiro, Lisboa, Fão (vila natal) e Tóquio. No Rio de Janeiro, cidade onde o artista reside, seus trabalhos já são referências na paisagem da cidade.
Módulo Rio foi instalada na Praia de Botafogo, no pátio do Edifício Argentina. Segundo o artista, foi pedido uma escultura que acompanhasse a verticalidade dos edifícios, mas ele ficou “ preocupado com a altura dos prédios. Não podia confrontá-los. Os arquitetos do prédio, quando me chamaram para apresentar o projeto, queriam que eu fizesse uma escultura com tendências para verticalidade, acompanhando os prédios e as palmeiras. Consegui convencê-los a a colocar uma escultura mais horizontal que se esparramasse no chão, para evitar o confronto com a verticalidade dos prédios e dialogar com o entorno. Falei da minha experiência com a Praça da Sé e eles concordaram. Essa escultura está montada no piso de granito comum aos pedestres. Parece que desceu do pedestal para dialogar com as pessoas que passam diariamente pelo local”.
Essa fala do artista explicita um traço marcante de sua obra: a preocupação com a relação com o espectador e a com o espaço no qual as obras são exibidas ou instaladas, evidenciando o nexo indissociável entre arte e arquitetura que acompanhou todo o seu percurso de criação.
Com essa escultura, o artista apresenta a teoria por detrás da sua obra, ao afirmar que ele sente “que há uma distância entre a obra exposta em museus – espaços fechados – e espaços abertos. A sensação que eu tenho é que, no primeiro caso, a pessoa vai ao seu encontro, e no segundo a obra vai ao encontro da pessoa. As pessoas que circulam na cidade ganham intimidade com a obra.”
Essa relação com o social, com o outro, e com o potencial educativo da arte, que elabora nossa forma de ver o mundo, é um caráter essencial da poética de Ascânio MMM. Sua outra famosa escultura está instalada em frente à sede Prefeitura do Rio, um dos prédios mais importantes da cidade, em uma via por onde circulam todos os dias milhares de pessoas.
Anos de formação e início da carreira (1963-1977)
O artista possui um duplo percurso de formação: a de arquiteto e a de escultor. Em 1963, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) da Universidade do Brasil (atual EBA da UFRJ), tendo ficado até 1964. Em 1965, ele entra também na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da mesma universidade, onde conclui o curso em 1969.
Na ENBA, Ascânio se aproximou de uma geração de artistas que vieram a ser fundamentais para a arte brasileira. Frequentavam o círculo universitário Artur Barrio, Antonio Manuel e Raymundo Colares, para citar alguns dos nomes importantes.
Nessa época, há uma confluência e simultaneidade entre seus dois percursos. Na ENBA, ele se interessa por desenho já com o intuito de se tornar arquiteto; do lado da faculdade de arquitetura, o artista realiza uma vontade que vinha desde a infância. O artista, vindo de uma família de imigrantes, almeja uma profissão segura no novo país.
Entre 1965 e 1966, ele divide ateliê com Antonio Manuel e outros alunos da ENBA e recebe o convite de Ivan Serpa para frequentar seu ateliê aos domingos. também frequenta as casas de Raymundo Colares e de Vera Roitman. Junto com esses dois últimos e com as artistas Wanda Pimentel e Odila Ferraz formam um grupo cuja tradição é se encontrar todos os dias no final da tarde no bar do MAM, também frequentado por Mário Pedrosa e Frederico Morais.
O artista participa de salões e exposições, como o I Salão de Abril (MAM/1966), o XV Salão Nacional de Arte Moderna (MEC/1966) e a IX Bienal de São Paulo (1967), para citar alguns, mostrando obras que constrói antes mesmo de se formar, é rapidamente notado pela crítica, sobretudo por Frederico Morais e Francisco Bittencourt, e arremata diversos prêmios, como o Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura no I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ (1967), cujo júri foi composto por nomes como o de Mário Pedrosa, que era professor da FAU na altura; o Prêmio de Isenção de Júri (1968) e Prêmio de Aquisição no Salão da Bússola do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969), um dos mais importantes salões da época.
Em 1968, constrói a primeira escultura branca. Em 1969, ano de conclusão do curso de Arquitetura, ele realiza sua primeira individual, na Galeria Celina. São dessa época seus múltiplos e suas Caixas Lúdicas de madeira, as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados e, portanto, objetos manipuláveis que ele cria por referência ao conceito de participação do espectador, caro a uma artista como Lygia Clark, que cria seus Bichos entre os anos 1960 e 1964.
Por ocasião dessa primeira exposição, o crítico Francisco Bittencourt define o artista como “um dos nomes mais representativos da vanguarda visual brasileira”, justificando que ele “foi o escolhido para esta exposição de encerramento que tantos elogios recebeu da crítica e do público”. Já Frederico Morais, ao apresentar o artista, classifica a obra do artista como a “expressão pura entre a forma e a lei, uma obra de arte como realidade que pode ser controlada e observada".
Em exposição na Galeria Banerj ao lado de outros artistas 20 anos depois, em 1986, a “Depoimento de uma geração (1969/1970)” o próprio artista relembra esse período inicial dos anos de formação. A exposição se chamava “Depoimento de uma geração (1969/1970)”, curada por Frederico Morais. Ascânio MMM participa ao lado de uma série de artistas como Antonio Manuel, Artur Barrio, Cildo Meireles, Wanda Pimentel e a proposta da coletiva era discutir o trágico período pós AI-5 no Brasil, apontando os caminhos que o grupo de artistas trilhou naquele momento político de endurecimento e ataque à cultura.
Em depoimento para a Galeria Banerj, o artista recorda como, em 1968, a situação chegava ao extremo. A geração anterior que foi a referência do artista estava fora do país e uma parte dos estudantes universitários havia sumido da universidade. Os militares fecharam a pré-Bienal de Paris no MAM, que havia escolhido a representação brasileira para a Bienal. Muitos artistas ficaram pressionados pela repressão e os que puderam saíram do país. Ascânio era diretamente envolvido na política estudantil, participou do velório de Edson Luís, estudante morto pela ditadura no Restaurante Calabouço, e pertencia ao grupo responsável pela parte gráfica do jornal do Diretório Acadêmico da FAU às vésperas do AI-5. Mesmo com esse cenário contraditório, o artista segue produzindo, participando de exposições e recebendo prêmios e ótimas resenhas.
Nos primeiros anos após conclusão do curso na FAU, o artista se mudou para Vitória-ES onde trabalhou como arquiteto em uma empresa terceirizada pela Companhia Vale do Rio Doce. Sua formação em arquitetura permitiu que ele se estruturasse 1977, quando decide o seu caminho definitivamente pela escultura e pelas artes visuais. Como recorda, foi uma decisão difícil porque ele tinha um salário mensal e fez a opção de abdicar dele, buscando outras vias para se estabelecer como artista. No entanto, a relação entre o escultor e o arquiteto tem uma saudável parceria, como uma relação construtiva.
O desenvolvimento da carreira (1970-1979)
Apesar de um curto percurso, os anos 70 marcam um período de maturidade para o artista. O pontapé inicial da década é o VII Resumo JB uma mostra coletiva promovida pelo Jornal do Brasil de ampla visibilidade, na qual 17 críticos escolheram as 15 melhores exposições individuais do ano Em 1971, é convidado por Walter Zanini para expor pela primeira vez fora do país, na 11ª Bienal de Antuérpia.
No ano seguinte, uma exposição sua em uma galeria do Rio, a Grupo B, ganha contornos históricos importantes: o catálogo tem textos de Antonio Manuel e de Lygia Pape, que, além de assinar o texto, também faz a programação visual e dirige uma série de fotografias do artista que atualmente pode ser considerada valiosa do ponto de vista cultural. A artista chamou o fotógrafo Sebastião Barbosa para fazer as fotografias e nas imagens, o artista empunha uma furadeira como se estivesse efetuando o mesmo gesto de apontar uma arma. No contexto político brasileiro, com artistas perseguidos e exilados, Lygia, ao fotografar Ascânio e tendo sido presa nos anos de chumbo, enviava uma mensagem clara: a obra do artista é a sua arma; e a arte jamais se dobraria ao autoritarismo vigente.
Ainda nessa conjuntura, entre 1975 e 1976, acontecem duas manifestações de artistas animam o cenário das artes brasileiras. Depois do boicote internacional à Bienal de São Paulo e o fechamento da Bienal da Bahia por parte da censura imposta pela ditadura, a classe artística se rebelou contra o prefácio do catálogo da XIII Bienal Internacional de São Paulo. Uma nova geração de artistas, dentre eles Ascânio MMM, Paulo Herkenhoff, Tunga, Antonio Manuel, Waltercio Caldas, Ana Maria Maiolino, Cildo Meireles, em protesto contra o novo Salão Agora I/Brasil 70/75 patrocinado pelo Jornal do Brasil e pela Light, em substituição ao Salão de Verão, a ser inaugurado no MAM, se recusou a participar.
Em 1976, ao artista ganha sua primeira individual em uma instituição de peso, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). Com texto do crítico Frederico Morais, os trabalhos de Ascânio MMM trazem a marca de “um construtivismo pobre e brasileiro”, tão bem notada por Morais. A expressão “construtivismo pobre” acabou sendo definitiva e foi citada por diversos críticos para se referir ao trabalho do artista posteriormente, como Francisco Bittencourt e Paulo Herkenhoff.
No texto de Morais, o crítico chama atenção para o uso da desprezada ripa de madeira, material fundamental usado pelo artista para construir suas esculturas. Esse material não-nobre evocaria um compromisso com a realidade social brasileira e a obra do artista transitaria entre a vontade construtiva e o barroco, oscilando entre o rigor da escultura e o fascínio dos movimentos de luz e sombra convocados pelo olhar. O crítico ainda o compara a Alfredo Volpi, afirmando que a têmpera está para Volpi como a ripa está para Ascânio. Vê no trabalho do artista um eco do concretismo de Volpi, um “comportamento algo proletário e artesanal”.
Ainda nesse mesmo ano, Ascânio MMM expõe na Galeria Arte Global em São Paulo e Francisco Bittecourt, outro entusiasta do começo de sua carreira, descreve suas obras como “desafio em ligar formas diferentes e até conflitantes num delicado equilíbrio”.
A consolidação do artista (1980-1989)
Já sedimentado como um artista de peso no cenário artístico brasileiro, Ascânio MMM se envolve junto com Kate Sherpenberg, Orlando Mollica, Luiz Americo Guandenzi como signatário do manifesto “ Por um MAM para a Cidade do Rio de Janeiro”, com o intuito de estudarem a viabilidade de novos lugares para expor artes plásticas, reafirmando seu compromisso não só com a visibilidade dos novos artistas, mas também com a difusão e a democratização do acesso da arte para o grande público.
Em 1981, Ronaldo do Rêgo Macedo, ao escrever sobre a individual do artista na Galeria Paulo Klabin, chama atenção para dois elementos que convivem nos trabalhos do artista: uma “poética da flexão, da torção e da dobra “e uma “obra elaborada a partir de um motivo central: a luz”. Atenta também para uma “reunião cordial de forças oponentes”, “entre o cálculo e a ação”, traços que acompanhariam sua extensa produção e que foram notados por muitos estudiosos.
Em 1982, é convidado para atuar como arquiteto e reformar a Sala Bernadelli no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Além disso, organiza o catálogo e a exposição de Marc Ferrez na galeria do museu.
No ano seguinte, inaugura a maior escultura de alumínio ao ar livre do Rio, Módulo Rio, abrigada até os dias de hoje no Edifício Argentina, no Centro Empresarial Rio, a convite dos arquitetos do prédio Claudio Fortes e Roberto Vitor.
O ano de 1984 marca uma virada significativa em sua produção quando ele apresenta suas “Fitangulares”, com as quais o artista abandona as ripas pintadas de branco – que marcaram definitivamente a primeira fase do seu trabalho, conhecida como “Fase branca”, para utilizar diferentes tipos de madeira exposta na cor crua, com seus veios aparentes. Segundo o crítico e curador Marcio Doctors, esse novo momento põe em evidência a paixão pela madeira, leva “o material às infinitas possibilidades”. Há aqui um segundo aspecto, que apresenta uma inversão do trabalho: “se, antes, as ripas espalhavam-se em leque em torno de um eixo, agora elas se fecham para juntas formarem um grande eixo sólido” e o crítico define Ascânio MMM como um “operário das próprias esculturas”.
Em 1985, o artista é convidado para assinar um dos troféus da Funarj, o Troféu Almirante. No mesmo ano, idealiza na Petite Galerie, junto de Adriano de Aquino e Ronaldo do Rego Macedo, uma exposição chamada “Encontros” em homenagem à Maria Leontina, falecida aos 67 anos.
No catálogo de 1986, que acompanha sua exposição na Petite Galerie, Frederico Morais elenca três questões na fase atual do artista: um desdobramento mais austero das fitangulares, com esculturas que serpenteiam pelas parede; o lado pictórico da escultura e o uso de diferentes ripas de diversas tonalidades de madeira
Em 1989, expõe no Instituto de Arquitetos do Brasil e Wilson Coutinho analisa sua obra pela perspectiva de uma aproximação com o minimalismo, devido ao fato do artista trabalhar com um único elemento, a ripa de madeira. Paralelo a isso, ele identifica um uma certa fenomenologia do material, uma vontade ir à coisa mesma, que ele retira do filósofo Edmund Husserl. Coutinho comparou as Piramidais, a nova pesquisa do artista, à Coluna Infinita de Brancusi, afirmando que tal como esta, a forma piramidal pode expandir-se ao infinito, no seu desejo de desdobrar-se rumo ao céu.
Essa exposição seria inaugurada também em Lisboa e, novamente, Wilson Coutinho faria a apresentação. Como escreve o crítico, Ascânio MMM “introduz o espectador entre rigor e desordem: sinuosos movimentos, curvas e semi-curvas, torção calculada, que desregula o olhar: é como um geômetra que joga dados”.
Galeria do Centro Empresarial Rio
Durante a década de 80, Ascânio manteve dois projetos paralelos ao trabalho de artista. Dirigindo, produzindo catálogos e curando exposições em duas galerias no Rio de Janeiro. Com Ronaldo do Rego Monteiro, desenvolveu programas curatoriais primeiro na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil ( 1981-1982) e depois na Galeria do Centro Empresarial Rio (1983-1989).
Na primeira, expôs figuras importantes da arte brasileira como Franz Weissmann, que inaugurou o espaço, Ione Saldanha, Joaquim Tenreiro e Abraham Palatnik e Maria Leontina, em 1982. Esse programa, sempre acompanhado de catálogos bem executados, integrava as artes plásticas nos debates sobre arquitetura e urbanismo, como salienta Paulo Herkenhoff.
Com o intuito de entender o circuito das artes e de compreender como funcionava a dinâmica entre artistas e galerias, Ascânio MMM se tornou ele mesmo, por um tempo, galerista. Em parceria com o empresário João Fortes, nasceu a Galeria do Centro Empresarial Rio. Esse espaço foi responsável por movimentar a cena artística do Rio de Janeiro na década de 80, onde foi desenvolvido um programa curatorial de arte abstrato-geométrica, além de garantir o lançamento de artistas sem visibilidade, o que fez com que muitos artistas conhecidos do meio atualmente tenham tido sua primeira individual lá, sob a direção de Ascânio e Ronaldo. Artistas como João Modé, Sandra Kogut, Daniel Senise, Arthur Barrão e Angelo Venosa são alguns dos nomes que foram selecionados para exposições individuais.
Na Galeria do Centro Empresarial Rio, foram organizadas cerca de 60 exposições, entre elas Brasil Hightech, com participação de Julio Plaza e de Eduardo Cáqui, e Tendências da Arquitetura Portuguesa. Havia ainda nesse programa curatorial exposições coletivas chamadas Novos novos, coletivas que tiveram participação de Adriana Varejão, Brígida Baltar, Márcia X, entre outros, reforçando o compromisso do artista em ser manter contemporâneo ao seu próprio tempo e servindo de plataforma para jovens artistas que não gozavam de visibilidade e careciam de lugares para expor seus trabalhos.
Esse trabalho junto à Galeria merece destaque na biografia de Ascânio MMM tanto quanto suas obras, tendo em vista que essa programação sustentou o debate em torno das principais questões estéticas do período.
A década das Piramidais (1990-1999)
Os anos 90 começam com uma série de exposições da série Piramidais, incluindo a instalação de esculturas públicas desse perfil.
Em 1993, Ascânio MMM instala a escultura Piramidal 1/1989 na sede do prédio da Nissin, em Tóquio, após dois anos de negociações. No mesmo ano, instala mais uma escultura na sede da Caixa Geral de Depósitos de Lisboa.
Em 1994, é inaugurada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a exposição Grandes piramidais, com curadoria de Fernando Cocchiarale. No catálogo, Cocchiarale vê na obra de Ascânio “uma genealogia de um construtivismo sem projeto ou programa para além da persistência de formas anteriormente trilhadas”, saudando no trabalho de Ascânio MMM uma tarefa incansável na direção contrária ao engessamento formal e ao enclausuramento dogmático, uma vez que, apesar de ser próximo de gerações de artistas brasileiros e apontar explicitamente as influências de que é tributário, o artista nunca se filiou rigidamente a um movimento propriamente dito.
Embora seja rotulado como construtivista, é o próprio artista que salienta que sua obra é marcada pela informalidade característica do construtivismo brasileiro, diferente do construtivismo europeu. Influenciado pela cidade do Rio de Janeiro, pelo carnaval de rua”, lembrando Hélio Oiticica. Se há, de fato, um preceito ou dogma, ele prega liberdade no manuseio das formas.
Por sua vez, é preciso não isolar o artista da história do construtivismo, afirmando que ele possui ligação indissociável com esse movimento da história da arte. Ligação indissociável com a história do construtivismo na arte. De raízes soviéticas, esse projeto estético e político foi testado mais uma vez em função da modernização recente de alguns países periféricos influenciados também pela Bauhaus, nas décadas de 50 e 60.
No Brasil, entre o concretismo paulista, o neoconcretismo carioca, a consolidação paralela da arquitetura e do urbanismo modernos, a construção de Brasília e as produções de artistas não vinculados a movimentos, Ascânio quem mais seguiu o construtivismo histórico: repetição seriada de um único material; fusão entre arte e arquitetura; facilitação do artesanal em detrimento da indústria, incorporação das falhas ou desvios, e a presença do artista em todas as etapas.
Em 1996, por ocasião da exposição do Atelier Finep no Paço Imperial, a crítica Aracy Amaral descreve Ascânio como um indivíduo sempre habitado pelo alter ego de um arquiteto, mas não a serviço de uma construção com utilidade, mas muito mais de arquitetura inútil e utópica e, portanto, a serviço da arte.
Em 1997, é convidado a instalar uma escultura na frente da Catedral da Avenida Chile, no Rio de Janeiro, mas por pedido de Dom Eugênio Sales, que queria uma estátua do Papa no local, ela é transferida para a área em frente ao Centro Administrativo Rio, a Prefeitura, e se torna uma das principais esculturas públicas da cidade.
A década de 90 se encerra para o artista com dois eventos. O primeiro é uma individual do artista no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com a exposição Piramidais de Ascânio MMM: transparência e opacidade. Sobre essa mostra, o crítico Fernando Cocchiarale descreve as piramidais como uma “apropriação de métodos e técnicas impessoais da indústria para subjetivá-los numa poética visual específica” e também como “invenção que se desdobra a partir de elementos mínimos”.
O segundo conduz Ascânio MMM de volta a sua terra natal, onde inaugura Piramidal 12.5 no Largo do Cortinhal, em Fão.
A cor e a nova pesquisa: flexos, qualas e quasos (2000-)
Dois materiais principais são os suportes das esculturas de Ascânio, a madeira e o alumínio. Na década de 60, o artista começa trabalhando com madeira. No início da década de 70, faz as primeiras experimentações com alumínio, como na exposição da Galeria Grupo B. Logo em seguida, retorna à madeira para no começo da década de 80 utilizar novamente alumínio, sobretudo com as esculturas de grandes dimensões para espaços públicos, esculpidas com o metal pintado de branco. É apenas na década de 90 que o artista intensifica sua criação em alumínio, criando estruturas vazadas em alumínio cru, como as piramidais que antes eram esculpidas em madeira.
A virada do século marca, então, uma outra fase: a introdução da cor em suas esculturas nas suas novas pesquisas com alumínio para dar nova vibração ao material.
Um dos traços relevantes que vão acompanhar esse novo período é o destaque do caráter público de sua obra, à maneira de Amílcar de Castro e Franz Weissmann. Segundo Davi Cury, o artista atualiza o esforço comum do modernismo: ser o contínuo esgotamento de uma possibilidade.
Em 2008, apresenta sua nova produção -flexos e qualas- e exibe no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Segundo o curador Paulo Herkenhoff, ele utiliza o conceito de módulo de LeCorbusier como base de todo o seu raciocínio construtivo, e nesse sentido, sua poética é resultante de sua vontade arquitetônica.
O crítico e curador posiciona Ascânio no corpus brasileiro de relações entre arte e arquitetura da década de 60, junto com Lygia Clark, Helio Oiticica, Cildo Meireles e Umberto Costa Barros.
Nos flexos e qualas, frutos de suas novas pesquisas, o artista substituiu na sustentação de suas criações parafusos por arames de aço inoxidável e argolas metálicas, produzindo tramas flexíveis. As esculturas, que antes eram feitas com ripas de madeira ou alumínio, organizadas em progressões verticais ou horizontais agora tem como ponto de partida pequenos quadrados de alumínio. As porcas e parafusos que mantinham os quadrados unidos, foram substituídos por arames e argolas, como já foi dito. Nos flexos, o ponto de partida são planos construídos unindo todos os quadrados com amarrações de arame, depois o artista o artista torce os planos transformando-os em planos que ocupam o espaço. A torção fica no limite que as amarrações que sustentam o plano conseguem sustentar, uma vez que fletir significa dobrar, vergar. No conjunto de obras intituladas qualas, o arame deu lugar a pequenas argolas como elemento de ligação entre as partes.
Em 2014, ele apresenta na Galeria Marcia Barrozo do Amaral os “Quasos”.
Esculturas criadas a partir de 2014, são objetos que inovam ao usar parafusos de diversos comprimentos para articular os módulos de modo a permitir mobilidade Nessas obras, há uma estratégica pulsão desconstrutiva. Os quasos são sua nova expressão, onde as estruturas prévias são desconstruídas em seus próprios elementos, quadrados e parafusos.
Com essas novas pesquisas, Ascânio MMM apresenta uma nova forma de manipular os parafusos: se antes eram apertados, agora são deixados frouxos, o que resulta em estruturas maleáveis. À extraordinária coerência de uma obra construtiva, o escultor propõe a ativação do pensamento visual por desvios.
Em 2015, mostra “Flexos e quasos” na AM Galeria de Arte. Guilherme Bueno coloca como uma questão chave de concepção da escultura de Ascânio a artesania do trabalho. Mesmo quando o artista trabalha com materiais industriais, ele deixa brechas intuitivas como um arquiteto que não submete totalmente a obra ao seu projeto Nota também, como outros críticos, a influência do livro Modulor de Le Corbusier e do arquiteto Frank Lloyd Wright.
Na exposição na Simões de Assis Galeria de Arte, em 2016, o curador e crítico Felipe Scovino retomou o esforço de Paulo Herkenhoff na publicação de Ascânio MMM: Poética da Razão, o principal documento sobre a obra do artista, em reparar a figura de Ascânio para a crítica e a história da arte brasileira.
Essa primeira exposição do artista em Curitiba funciona como uma retrospectiva - palavra que o próprio artista não simpatiza, uma vez que o fato de se referir ao passado não se aplica para artistas que ainda estão em plena atividade de seu pensamento - que reafirma o compromisso estético do artista que marcou a transição do moderno ao contemporâneo do construtivismo brasileiro.
Scovino destaca a influência de Lygia Pape, artista muito próxima de Ascânio, sobretudo no que diz respeito aos Relevos e Tecelares; Lygia Clark, com suas Superfícies Moduladas e a relação entre volume, arquitetura e participação nos Bichos; e também de Franz Weissmann, a quem o artista considera o maior escultor da arte brasileira.
Sobre esse último, o crítico detalha como ele abdica do pedestal, sustenta a obra diretamente no chão, repete módulos vazados, usa novos materiais desconhecidos no Brasil para a escultura, como ferro e alumínio, cuja maior expressão seria Torre neoconcreta.
O texto “As invenções de Ascânio” menciona ainda o círculo de proximidade de Ascânio com artistas da ENBA na década de 60 e contato com o livro Candilis Josic Woods: uma década de arquitectura y urbanismo, de Jürgen Joedicke, que seria uma referência seminal para sua obra.
Além disso, mostra como o artista se interessou por arquitetos que contemplavam um programa social de habitações populares, como Reidy, que não propunha uma escultura como monumento ou triunfo histórico, como mostra as críticas de Ascânio às estátuas do Rio de Janeiro. Ao contrário, Ascânio MMM está interessado em intervir no espaço público para proporcionar uma experiência sensível do espectador.
Outros traços que merecem ser ressaltados do texto é a reafirmação de que o artista não seguiu modismos e repetições, se desenvolvendo como herdeiro do neoconcretismo, mas estabelecendo novos parâmetros para a arte abstrato-geométrica; a fusão da luz e da cor; a fluidez com a qual rigor e delicadeza se interpenetram ; o habitar do espaço tridimensional como compromisso com o espectador e característica sonora e lúdica de sua obra , que privilegia o gozo em detrimento da função.
Já Paulo Myiada, no catálogo para a exposição “As medidas dos corpos” na Casa Triângulo, destaca três elementos caros à práxis do artista: o sofisticado jogo de escalas e espacialidades, a influência definitiva do Modulor, como já havia sido notado anteriormente pela crítica e salienta a importância da prática diária do ateliê, espaço que o artista continua frequentando todos os dias da semana.
Biografia
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fão, Portugal, 16 de setembro de 1941) é um artista nascido no litoral norte de Portugal, em uma aldeia com pouco mais de 3000 habitantes, e radicado no Rio de Janeiro desde 1959, quando chegou com 17 anos para se instalar com sua família. É casado e pai de duas filhas. Trabalha diariamente no seu ateliê, na zona central da cidade, participa de diversas exposições no Brasil e no mundo. É considerado um dos grandes escultores da arte brasileira.
Os primeiros passos do artista: Infância
O período da infância do artista é fundamental para entender características marcantes de sua obra, permeada por influências implícitas que dizem respeito ao seu círculo familiar, a sua vila natal e às contingências implicadas durante essa fase da vida.
Fão era uma vila que havia crescido em torno de um estaleiro, principal atividade econômica da região, que entrara em franca decadência, o que fez um contingente significativo de habitantes da vila emigrar para o Brasil. Seu tio-avô José Linhares mantinha na casa em que ambos residiam uma pequena oficina; marcenaria que funcionava como uma ocupação para ele, espaço que se tornou motivo de fascínio para Ascânio quando era criança. O artista conta, em depoimento para Paulo Herkenhoff, que morava na mesma casa que seu tio-avô porque ele, junto com sua tia-avó, criara a sua mãe, já que a mãe dela havia morrido quando ela tinha apenas 5 anos. Depois de casada ela continuara vivendo com o casal de tios que a criara e o filho Ascânio cresceu, então, nessa mesma casa. Como conta em depoimento para Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: a poética da razão: “Havia também uma plaina curiosa: ela tinha duas regulagens nos dois extremos que tornavam-na côncava ou convexa, talvez para aplainar as cavernas dos barcos. Eu quis trazê-la comigo como recordação, mas ela foi incluída no lote de ferramentas que foi vendido quando viemos para o Rio. Nas paredes havia várias réguas retas e curvas e esquadros de madeira grandes, grandes serras manuais (traçadores) para cortar troncos de árvores, etc. Evidentemente, surgiram lá, vindas do estaleiro. Eu, criança, ficava me perguntando qual era a função de cada peça, para que servia todo aquele aparato. Quando ele morreu eu tinha 12 anos. Foi assim que me familiarizei com as ferramentas: martelo, serrote, formões, máquina de furar, plaina, etc. As ferramentas eram uma espécie de brinquedo para mim. Os atos de serrar, pregar, furar eram suficientes. Mexer com a madeira e as ferramentas tornou-se familiar. Isso foi muito importante, quando comecei na arte, para eu fazer os meus primeiros objetos de madeira em 1964.”
Além disso, um trabalho em uma loja de ferragens na adolescência acabou por intensificar para o artista o fascínio pela construção.
Há também um fato determinante citado no mesmo livro no qual Ascânio encontra uma abertura fundamental para o que viria a ser o seu trabalho tanto como arquiteto quanto artístico. Ao entrar em uma casa de veraneio no pinhal de Fão, construída no bojo da arquitetura modernista portuguesa da década de 50 e totalmente distinta da paisagem arquitetônica com a qual Ascânio estava habituado, onde predominavam casas pintadas de branco com salas repletas de móveis e retratos que mais pareciam museus, o artista tem seu primeiro contato com o modernismo. Tal qual uma epifania, o livro de Herkenhoff mostra como, aos 12 anos de idade, Ascânio “teve a intuição do espaço moderno” que viria a ser definitiva na sua carreira.
Desde muito cedo, o artista já se confronta com o conservadorismo da Igreja Católica portuguesa influenciado pelas primeiras leituras dos romances “Os maias”, “ O crime do padre Amaro” e “O primo Basílio” de Eça de Queiroz. Desenvolve uma certa inquietude pelas velhas formas, traço que o impele na direção de uma vocação para a arquitetura – decisão tomada aos 12 anos de idade - e, posteriormente, para as artes plásticas.
Toda essa conjuntura apareceria como influências na obra de Ascânio MMM: os brancos da arquitetura local; o apreço pelo uso das ferramentas; o contato fortuito com o modernismo; o repúdio às estruturas antigas e forças conservadoras.
Não por acaso, o período da infância do artista tem papel de destaque em diversas entrevistas que concede para catálogos e veículos de informação, tendo em vista a importância que essa fase conferiu à obra do artista.
Crítica
Segundo o crítico Paulo Herkenhoff, a obra do artista se caracteriza por promover uma interação entre filosofia, matemática, arte e arquitetura.
“Depois do Bicho de Clark, Ascânio MMM opera inovadoramente com o toque na geometria e sua reorganização pelo espectador, que passa por etapas de desordem e desejo de ordem, experiência lúdica com a forma, a noção de forma aberta. Ascânio é o artista da fenomenologia do toque construtivo por excelência. Com Caixa 2 (1969), expõe a “vontade construtiva” na recepção do fenômeno estético por seu sujeito percepcional. Tocar não é abdicar da geometria, mas reiterar o desejo de ordem. (...) Depois das estruturas construtivas manipuláveis de Clark, Oiticica, Pape e Willis de Castro, Ascânio e Paulo Roberto Leal – o toque é a vivificação da forma orgânica na experiência (e não sua fruição passiva exclusiva pelo olhar), encontro do corpo com o mundo".
Outros críticos, como Paulo Sérgio Duarte, já haviam observado a importância da lógica e da matemática nas curvas propostas por Ascânio.
Exposições individuais
1969
Galeria Celina, Rio de Janeiro
1972
Galeria Grupo B, Rio de Janeiro
1976
Galeria Arte Global, São Paulo
MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1979
Skultura Galeria de arte , São Paulo
1981
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1986
Galeria Petite Galerie, Rio de Janeiro
1989
Galeria 111, Lisboa, Portugal
Instituto de Arquitetos do Brasil, Rio de Janeiro
1990
Galeria Zen, Porto, Portugal
1991
Piramidais, Subdistrito Comercial de Arte, São Paulo
1994
Grandes piramidais, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro -MAM
Grandes piramidais, Palácio das Artes, Belo Horizonte, Minas Gerais
Retrospectiva, Galeria AM, Belo Horizonte, Minas Gerais
1995
Piramidais, Galeria 111, Lisboa, Portugal
1996
MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo
1997
Atelier Finep, Paço Imperial, Rio de Janeiro
1999
Piramidais III, Museu de Arte Moderna do Rio de janeiro Galeria Coletânea, Rio de Janeiro
2001
Galeria do Poste, Niterói
2005
Dan Galeria, São Paulo
Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, Rio de Janeiro
2008
Flexos e Qualas, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Márcia Barrozo Galeria de Arte, Rio de Janeiro
2014
Quasos, Galeria Márcia Barrozo do Amaral, Rio de Janeiro
2015
Flexos e Quasos, AM Galeria, Belo Horizonte
2016
Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba
Casa Triângulo, São Paulo
Exposições coletivas
1966 I Salão Abril, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
III Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, Brasília
VIII Mostra de Modelagem da ENBA, Rio de Janeiro
1967
XVI Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
I Salão de Artes Plásticas da FAU UFRJ
IX Bienal de São Paulo
I Salão Nacional de Pintura Jovem, Hotel Quitandinha, Petrópolis, RJ
1968
7 Novíssimos 68, Galeria Ibeu, Rio de Janeiro
II Salão ESSO, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XVII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
II Bienal da Bahia, Salvador, Bahia
II Salão de Arte Universitária da PUC-Rio
I Salão Nacional de Arte Universitária de Belo Horizonte
1969
XVII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC
Pré-Bienal de Paris, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Salão da Bússola, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1970
XIX Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
O objeto como tema, Galeria Ibeu, 1970
VIII Resumo JB, MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
II Salão de Nacional de Arte Contemporânea, Belo Horizonte
II Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM- Museu de Arte Moderna, São Paulo
1971
XX Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
I Salão Eletrobrás MAM Rio de Janeiro
Coletiva Grupo B, Rio de Janeiro
Domingos de Criação, MAM, Rio de Janeiro
1972
Protótipos e Múltiplos, Petite Galerie, Rio de Janeiro
IV Panorama da Arte Atual Brasileira, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
XXI Salão Nacional de Arte Moderna
Coletiva de Múltiplos New Style – Rio de Janeiro
Exposição de Múltiplos, Múltipla Galeria, São Paulo
Arte/Brasil/Hoje: 50 anos, Galeria Collectio, São Paulo
1973
XXII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
Salão de Arte contemporânea de Belo Horizonte
Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro
1975
VII Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
Galeria Contorno
1977
Encontro Nacional de Escultores, Secretaria de Cultura, Ouro Preto, Minas Gerais
I Exposição de Escultura ao Ar Livre – SESC da Tijuca
1978
I Salão Nacional de Artes Plásticas, MEC, Rio de Janeiro
O Objeto na arte: Brasil Anos 60, Museu da FAAP, São Paulo
1979
XV Bienal de São Paulo
1980
Casa Grande Galeria de Arte, Goiânia, Goiás
1981
Do Moderno ao Contemporâneo – Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1982
100 anos de Escultura no Brasil, MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo
Brasil – 60 anos de Arte Moderna – Coleção Gilberto Chateaubriand, Fundação Calouste Gulbekian, Lisboa, Portugal
1984
Retrato e Autoretrato da Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Portrait of Country – Brazilian Modern Art from Gilberto Chateaubriand, Barbican Center, Londres, Inglaterra
Madeira Matéria de Arte, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1985
Uma questão de ordem, Galeria da UFF, Niterói
Panorama da Arte Atual Brasileira – Formas Tridimensionais, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Fazer e seus modos, Museum, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, em São Paulo
1986
Depoimento de uma geração 1969/1970, Galeria Banerj, Rio de Janeiro
Primeira Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, Fundação Demócrito Rocha, Fortaleza
1987
Ao Colecionador, MAM- Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1988
Uma Escultura para o Mar de Angra , Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro
1989
I Fórum de Arte Contemporâneo, Fórum Picoas, Lisboa, Portugal
1992
Arte Brasileira na Coleção: Anos 70/90, MAC- Museu de Arte Contemporânea, São Paulo
1992
Galeria de Arte da UFF, Niterói
1994
Primeira Exposição Comemorativa dos 30 anos da Galeria, Galeria 111, Lisboa, Portugal
1996
Projeto Eventos Especiais – 3 Dimensões, Galeria Sérgio Milliet, Rio de Janeiro
Arte e Espaço Urbano, Itamaraty, Brasília
Piramidais, Museu de Arte de São Paulo
1997
I Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, Instituto Cultural Itaú, São Paulo
Arts Plastique Contemporains du Brésil, Musée Nicolas Sursock, Beirute,
1999
Portugal Mar sem Fim, Museu de Arte Contemporâneo do Ceará
2000
Novas Aquisições/ Coleção Gilberto Chateaubriand
MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
IBEU/ Sessenta anos de Arte, Galeria do IBEU, Rio de Janeiro
2002
Caminhos do Contemporâneo: 1952/2002, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2005
Rio Concreto, Galeria Theodor Lindner, Rio de Janeiro
Chroma, MAM – Museu de Arte Moderna,, Rio de Janeiro
2006
Homo Ludens, Do Faz de conta à vertigem, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
2007
Arte como questão – Anos 70, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
Poética da Percepção, Espaço Cultural Vivo, São Paulo
Coleção Manuel de Brito, Algés, Lisboa, Portugal
2008
Lá Fora, Museu da Presidência da República, Viana do Castelo, Portugal
Cor e Forma, Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba,
Panorama dos Panoramas, MAM - Museu de Arte Moderna, São Paulo
MAM 60 anos, MAM- Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Arte Contemporânea e Patrimônio, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2010
Cor e Forma II, Simões de Assis, Galeria de Arte, Curitiba, Paraná
Arquivo Geral, Centro de Artes Helio Oiticica e Centro Carioca de Design, Rio de Janeiro
2011
Vieira da Silva/ Arpad Szenes e a ruptura do espaço na arte brasileira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
Gigante por la própria naturaleza,Instituto Valenciano de Arte Moderno, Valência, Espanha
2012
Geometria da Transformação – Arte construtiva Brasileira na Coleção Fadel, Museu Nacional da Esplanada dos Ministérios, Brasília
Vontade Construtiva na Coleção Fadel, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
O abrigo e o terreno: Arte e sociedade no Brasil I, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
Mitologias por procuração, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
2014
Cromofobia, Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina
Abstrações na Coleção Fundação Edson Queiroz e Coleção Roberto Marinho, Fortaleza
Vontade Construtiva na Coleção Fadel , Museu de Arte Moderna ,São Paulo
Encontro dos Mundos, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
2015
10 Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Sotto Voce, Dominique Lévy Gallery, Londres, Reino Unido
Museu Dançante, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Principais prêmios
1978 - Prêmio Viagem ao exterior , I Salão Nacional de Artes Plásticas, MEC, Rio de Janeiro
1972 - Grande Prêmio para Escultura, IV Panorama da Arte Atual Brasileira , MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo
1971 - Prêmio de Aquisição, I Salão da Eletrobrás, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
1970 - Prêmio de Aquisição, XIX Salão Nacional de Arte Moderna, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1969 - Prêmio de Aquisição, Salão da Bússola, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1968 - Prêmio pesquisa , II Salão de Universitário da PUC-Rio
1968 - Prêmio de Isenção de Júri
1967 - Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura, I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ
1966 - Prêmio escultura não figurativa, II Exposição Geral de Belas Artes ( ENBA-UFRJ)
Obras em museus e instituições
Museu de Arte Contemporânea de São Paulo – MAC, São Paulo
Museu de Arte Moderna, MAM, São Paulo
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Itaú Cultural, São Paulo
Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna, MAM, Rio de Janeiro
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Instituto São Fernando – Coleção Ronaldo César Coelho, Rio de Janeiro
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, Porto Alegre
Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba
Fundação Edson Queiroz, Fortaleza, Brasil
Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina
Principais esculturas públicas
Centro Empresarial Rio, Praia de Botafogo, Rio de Janeiro
Edifício Sede GlaxoSmithKline, Rio de Janeiro
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Cidade Nova
Praça da Sé, São Paulo
Jardim da Luz, Pinacoteca do Estado de São Paulo
Nissin Corporation Building, Tóquio, Japão
Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, Portugal
Largo do Cortinhal, Fão, Portugal
Coleções privadas
Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro
Sérgio Fadel, Rio de Janeiro
Manuel de Brito, Lisboa, Portugal
Norman Foster, Londres, Reino Unido
Peter Klimt, Londres, Reino Unido
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 11 de janeiro de 2023.
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Biografia Oficial Ascânio M.M.M.
Nasceu em Fão, Portugal, em 1941, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sua formação inclui passagem pela Escola Nacional de Belas Artes entre 1963 e 1964, e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), entre 1965 e 1969, onde se graduou. Atuou como arquiteto até 1976.
Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 ainda na FAU e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. Neste mesmo ano, exibiu pela primeira vez seus trabalhos ao público, no I Salão de Abril no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São deste período as Caixas, cubos de madeira sobre as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados.
A “relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia” fixou-se como questão central do seu trabalho durante toda a década de 1970. Neste período, a partir de módulos de ripas de madeira pintadas de branco e um eixo, desenvolveu progressões em torções verticais e horizontais, explorando a questão da luz e sombra.
Na década de 1980, com os relevos e esculturas Fitangulares, interessou-se pela madeira crua, passando a explorar as cores naturais da madeira de diferentes espécies (cedro, mogno, pau marfim, ipê, freijó, etc). Já no final dos anos 1980 surgiram as primeiras Piramidais de madeira.
Nos anos 1990, a questão das grandes dimensões e o espaço público tornaram-se uma preocupação central para Ascânio e as pesquisas com perfis de alumínio se intensificaram. O alumínio tornou-se então a base para a criação de novos trabalhos, sempre utilizando o módulo. As esculturas desta fase caracterizam-se pelos tubos retangulares de alumínio cortados, que geram esculturas de grandes dimensões com vazios internos e sucessões de transparências e opacidades, tornando-as quase imateriais conforme a posição do espectador.
Nos anos 2000, desenvolve os Flexos e Qualas. Nos primeiros, os parafusos que eram usados nas Piramidais foram substituídos por arames de aço inoxidável amarrando os tubos quadrados cortados com um centímetro, e gerando tramas flexíveis. Nos Qualas, a amarração de arame foi substituída por argolas, resultando em uma trama “que se atravessa pelo olhar, pela luz e pelo vento”.
Na década 2010, com os Quasos, mantém seu interesse pelas possibilidades do alumínio, e passa a inverter a lógica convencional do uso dos parafusos de tamanhos variados. Estes trabalhos oferecem torções e flexões resultantes da desconstrução da malha geométrica construída, introduzindo a questão da imprevisibilidade nos seus trabalhos. A cor voltou a ser usada mas de forma sutil.
A produção artística de Ascânio foi objeto de estudo e análise crítica por Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: Poética da Razão (BEĨ Editora, 2012). Em 2005 foi publicado o livro Ascânio MMM (Editora Andrea Jakobsson, 2005), com textos de Paulo Sergio Duarte, Lauro Cavalcanti, Fernando Cocchiarale e Marcio Doctors.
Fonte: Site Ascânio MMM. Consultado pela última vez em 14 de janeiro de 2023.
Crédito fotográfico: Daniela Dacorso, O Globo. Publicado em 11 de agosto de 2012. Consultado pela última vez em 14 de janeiro de 2023.
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fao, Portugal, 1941), mais conhecido como Ascânio MMM é um escultor e arquiteto português, radicado no Brasil. Frequentou a Escola de Belas Artes de Portugal, onde aperfeiçoou suas técnicas de desenho, e formou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Participou de salões e exposições, como o I Salão de Abril (MAM/1966), o XV Salão Nacional de Arte Moderna (MEC/1966) e a IX Bienal de São Paulo (1967). Arrematou diversos prêmios, como o Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura no I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ (1967); o Prêmio de Isenção de Júri (1968) e Prêmio de Aquisição no Salão da Bússola do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969), um dos mais importantes salões da época. Devido sua importância na arte de esculturas e arquitetura, há esculturas públicas do artista no Rio de Janeiro, São Paulo, Japão e Portugal.
Biografia – Itaú Cultural
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fão, Portugal, 1941). Escultor e arquiteto. Nascido em Portugal, aos 17 anos mudou-se de para o Rio de Janeiro. Frequenta a Escola de Belas Artes entre 1963 e 1964 para aperfeiçoar-se em técnicas de desenho. Em 1969, formou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Durante os anos 1970, inicia experimentações volumétricas com ripas de madeira em módulos pintados de branco, organizadas em eixo, emblemáticas em sua produção artística. Essas progressões verticais e horizontais articulam-se para propor uma volumetria escultórica que, em alguns trabalhos, contam com o espectador para configurar outros arranjos formais. Na década seguinte, explora as possibilidades oferecidas por madeiras como ipê, freijó, mogno em estado cru para a construção de relevos e esculturas. Sua pesquisa subsequente continua priorizando a linguagem abstrata construtiva e introduz outros materiais industriais, como alumínio e arame inox. A escala das obras é ampliada, e esculturas públicas são comissionadas para as cidades de Lisboa, Tóquio, São Paulo e Rio de Janeiro.
Ao longo da carreira, Ascânio MMM participa de duas Bienais de São Paulo (1967 e 1979), da 2a Bienal da Bahia (1968) e da 1a Bienal do Mercosul em Porto Alegre (1997). Além delas, também participa de exposições individuais no Rio de Janeiro (Museu de Arte Moderna 1976, 1984, 1999 e 2008), Belo Horizonte e São Paulo e faz parte de diversas mostras. Em 1972, ganha o Grande Prêmio para Escultura, no 4º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1997, é condecorado como comendador com a Ordem do Mérito pelo presidente de Portugal. Suas obras fazem parte de coleções, como da Fundação Edson Queiroz, em Fortaleza, e do Itaú Cultural, e de acervos do Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Museu de Arte Moderna e Museu Nacional de Belas Artes, ambos no Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Nos anos 2000, são publicados os livros Ascânio MMM: Poética da Razão e Ascânio MMM, que oferecem análise crítica de sua trajetória artística, feita por diversos curadores.
Análise
O pensamento arquitetônico pressupõe atenção à volumetria nascida da geometria. Ascânio MMM projeta e executa a obra escultórica associando o rigor matemático à intuição lírica, com resultado harmônico. Sua trajetória é impulsionada pela formação acadêmica: “foi através da arquitetura que cheguei à arte”. No entanto, se as aulas de geometria descritiva e matemática possibilitam organização do pensamento tridimensional, a sensibilidade do artista opera construindo formas que se projetam no espaço de modo calculadamente barroco.
Sua filiação estética – a abstração geométrica – é vinculada ao pensamento moderno da arquitetura e urbanismo, como o sistema modular para escala humana do arquiteto suíço Le Corbusier (1887-1965). Também acomoda a influência das vanguardas de arte concreta e neoconcreta dos anos 1950 e 1960, como dos artistas brasileiros Lygia Clark (1920-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980), do escultor suíço Max Bill (1908-1994) e do francês Jean Arp (1887-1966).
O jogo de luz e sombra proposto pelas esculturas brancas da década de 1970 articula ritmo, ora em progressão ora em ruptura, com torções sempre relacionadas com a escala humana.
Nos anos 1980, a madeira é destituída da pintura branca. As características de cada tipo de madeira escolhida – texturas e cores – são incorporadas às esculturas e aos objetos tridimensionais, como a série Fitangulares, desenvolvida nos anos 1980. Nessa obra, o módulo – fundamental na poética de Ascânio – aparece nas partições graduais que criam um compasso regido pela forma delimitada pela própria matéria, a madeira.
A série Piramidais utiliza alumínio na construção de volumes que se apresentam ao mesmo tempo densos e ocos. Neste trabalho, o módulo, que em seu conjunto remete à colmeias metálicas, constrói e encapsula o vazio do interior. Marca, em um de seus lados, a organização estrutural por empilhamento e, de modo concomitante, a insuficiência de matéria. Além da força da matéria presente na forma robusta que se instala, a forma piramidal é impregnada de carga simbólica, que sinaliza a problemática da escala que Ascânio explora em suas obras públicas.
Tubos de alumínio retangulares seccionados formam a unidade construtiva de obras que produz para diferentes cidades. É o caso de Piramidal 12.5 (1991-1999), instalada em Fão, Portugal, às margens do rio Cávado. Nesta obra, Ascânio retoma com veemência o debate sobre densidade e permeabilidade. A maneira com que o ângulo da ponta da pirâmide se projeta, como a proa de um navio, apresenta registro afetivo da ligação do artista com o mar.
Nas esculturas desenvolvidas nos anos 2000, o olhar atravessa-as, como em Flexo 3 (2004), construída com malha de alumínio e arame inox. A estrutura, apoiada no chão, tem as pontas retorcidas, apontando para o centro. Mais uma vez, resistência e permanência são possíveis pela característica do material, que é reorganizado em sua escala e forma pelas mãos do artista.
Na série Qualas (2007), o alumínio torna-se maleável pelo uso de argolas de tamanhos variados, que fixam a trama em módulos construídos para que se desprendam a partir de um tubo rígido, feito do mesmo material e preso ao teto. A gravidade permite que as formas descendam e atravessem planos espaciais, em uma topografia não ensaiada, como se o diálogo entre formas retas e torcidas fosse repercutido pelo tempo. Assim, a escultura adquire imaterialidade e imprevisibilidade.
Críticas
"As esculturas em perfil de alumínio destinam-se antes de tudo ao olhar. Só a visão pode perceber a alternância entre solidez e leveza experimentada ao deslocarmo-nos em sua volta. Diante delas é possível vermos, retrospectivamente, que a obra de Ascânio começa na superfície das formas (esculturas helicoidais pintadas), ultrapassa a sua pele (esculturas em madeira crua) e, finalmente, penetra as suas entranhas (piramidais em alumínio). Superfície, carne e entranhas da obra desvelam-se simultaneamente numa espécie de síntese da trajetória do escultor por intermédio de operações construtivas deliberadas (escolha do material modular, planejamento do corte, articulação das partes etc. ). Pele e estofo existem apenas funcionalmente, determinados pela estrutura. Os módulos vazados igualam conjuntos que, resistentes ao tato, transparecem vibrantes ao olhar, único sentido capaz de atravessar o corpo da obra, contínua e variadamente. A forma piramidal, cuja carga simbólica dispensa comentários, funciona nas esculturas de Ascânio como um paradigma do construtivismo. As pirâmides de pedra das antigas civilizações não tinham função utilitária definida. O futuro preencheu-as de mistérios ocultos nos pesados blocos de pedra com que foram erguidas. Os Piramidais também diferem dos seus símiles utilitários contemporâneos, mas não pretendem, na sua leveza construída, encerrar outro mistério que não o da sua própria presença" — Fernando Cocchiarale (Cocchiarale, Fernando. Ascânio MMM. In: Ascânio MMM. n. p).
"'É um ato de construção: tijolo em cima de tijolo'.Ascânio define com essa frase seu trabalho de escultor. A associação não poderia ser mais clara com a formação de arquiteto do artista. E, de fato, toda a sua obra tem como base o rigor arquitetônico. Assim, o ciclo criativo é aberto com o estudo de módulos em escala reduzida, as maquetas, com os quais o escultor projeta e calcula a forma e o tamanho de cada peça, não deixando margem para nenhum tipo de possível dispersão. Quase toda a obra de Ascânio vem sendo produzida em madeira. O alumínio já foi usado em dado momento - com ele foram feitos aglomerados, colméias que se repetiam, diminuindo gradativamente de volume até chegar ao vértice, formando cortes transversais de pirâmides - com resultados bem diferentes do que foi conseguido até agora em madeira. (...) Sem abstrair nenhuma das exigências que se fez até agora - ao contrário, aumentou-as - e com a fatalidade do verdadeiro criador, ele reinventa corajosamente todas as suas concepções e nos dá uma demonstração vigorosa de que está disposto a realizar: uma obra plena e íntegra, com raiz no real e destinada a influir no homem" — Francisco Bittencourt (Bittencourt, Francisco. Ascânio: tese e antítese. In: Ascânio MMM: obras. n. p).
"Ascânio então trabalhava com um único elemento: a ripa. Com essa materialidade mínima, Ascânio criava sinuosos movimentos; abria-as (suas obras) para curvas, semicurvas, sinuosidades, volutas. Um construtivismo da torção, do equilíbrio como suspensão para o vôo, para o arrojo da matéria que vai para o espaço como que para explodir e, ao mesmo tempo, produz tensão e harmonia. A torção calculada desregulava o olhar, introduzindo o espectador no jogo entre rigor e ordem. Daí surge a estratégia de Ascânio: um barroquismo estrutural. Ao mesmo tempo, tais obras são despojadas; elas articulam seu próprio ritmo; não estão presas a nenhum ilusionismo. Ao contrário, são ordenações estruturais que geram a tensão formal das suas obras. O trabalho com ripas serradas, furadas e coladas, é feito de modo que elas, devido a sua estruturação, criem um espaço não previamente determinado. ´O espaço não é uma ordem, já pronta, em que os objetivos vão sendo colocados. Ao contrário, é a ordenação dos elementos da obra que orienta a sua estruturação´, analisava o pintor Ronaldo do Rego Macedo em 1981. Mesmo o que é ótico nos seus relevos depende dessas estruturas em andamento, sintetizadas quase didaticamente nas suas famosas caixas lúdicas de 1968-1969, objetos que manipulados pelo espectador são geradores de complexas formas" — Wilson Coutinho (Coutinho, Wilson. Ascânio MMM. In: Ascânio MMM: piramidais. n. p).
"As esculturas de Ascânio MMM que se tornaram mais conhecidas, aquelas que estão mais presentes em espaços públicos, me parecem manifestações plásticas de partituras de Terry Riley ou Steve Reich. A cor branca, evitando floreios cromáticos, a decalagem mínima do ângulo em progressão aritmética, diferenciando as sucessivas superposições dos elementos - as ripas -, mantendo sempre o mesmo deslocamento em torno do eixo gerando a torção helicoidal, o rigor disciplinado da estrutura, tudo lembra na sua concepção a música dos pioneiros do que veio se chamar música minimalista. Elegantes nas curvas, não escapam de serem definidas como barrocas. (Aliás, vício brasileiro: por aqui, toda vez que o crítico vê uma curva decente prega-lhe a etiqueta de forte conotação histórica; e não haveria problema se o uso generalizado do termo não eclipsasse questões mais próximas.) Na verdade, as curvas de Ascânio, nas esculturas de ripas descoladas, são suntuosas e ao mesmo tempo discretas, no sentido estrito da palavra, porque estão contaminadas pelo raciocínio lógico-matemático e poderiam, perfeitamente, ser representadas em claros algoritmos. Lançam generosas senóides no ar procurando apoio em tangentes do solo. Em outros casos erguem-se verticais, como totens da razão, partindo da torção helicóide inicial para finalizarem, às vezes, em uma superfície retangular mais prolongada. Conviveram com uma experiência participativa no final dos anos 60, trabalhos de exceção realizados em caixas que se deixam manipular pelo espectador. No entanto, mesmo neste caso, o jogo e o aspecto lúdico estão submetidos à assepsia geométrica, à estética requintada avessa a excessos subjetivos." — Paulo Sérgio Duarte (DUARTE, Paulo Sérgio. A razão como dogma poético. In: Ascânio MMM. Ascânio MMM. Rio de Janeiro, Andrea Jakobson, 2005, p. 8).
Exposições Individuais
1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Celina
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Grupo B
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Arte Global
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1979 - São Paulo SP - Individual, na Skultura Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Fitangulares, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin
1986 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Suzanna Sassoun
1989 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1990 - Porto (Portugal) - Individual, na Galeria Zen
1991 - São Paulo SP - Piramidais, no Subdistrito Comercial de Arte
1994 - Belo Horizonte MG - Individual, no Palácio das Artes
1994 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1995 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111
1996 - Rio de Janeiro RJ - Atelier Finep, no Paço Imperial
1996 - São Paulo SP - Individual, no Masp
2000 - Rio de Janeiro RJ - Pirâmidais IV, no MAM/RJ
2005 - São Paulo SP - Individual, na Dan Galeria
Exposições Coletivas
1966 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Abril, no MAM/RJ
1966 - Brasília DF - 3º Salão de Arte Moderna, no Teatro Nacional
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1967 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Artes Plásticas, na FAU/UFRJ - 1º prêmio em escultura e 1º prêmio em pintura
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Curitiba PR - 25º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1968 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Arte Universitária, na PUC/RJ - 1º prêmio pesquisa
1968 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Esso, no MAM/RJ
1968 - Salvador BA - 2º Bienal da Bahia
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1969 - Rio de Janeiro RJ - Pré-Bienal de Paris, no MAM/RJ
1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1970 - Belo Horizonte MG - 2º Salão Nacional de Arte Contemporânea
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1970 - Rio de Janeiro RJ - 8º Resumo de Arte JB
1970 - São Paulo SP - 2º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Múltiplos, no Petite Galeria
1971 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão da Eletrobrás, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1971 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1972 - São Paulo SP - 4º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - grande prêmio em escultura
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1972 - São Paulo SP - Exposição de Múltiplos, na Galeria Múltipla de Arte
1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte Contemporânea
1973 - Rio de Janeiro RJ - 5 Escultores, na Galeria Ipanema
1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1973 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Grupo B
1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileiro, no MAM/SP
1977 - Ouro Preto MG - Encontro Nacional de Escultores, na Secretaria de Cultura
1977 - Rio de Janeiro RJ - Escultura ao Ar Livre, na Galeria de Arte Sesc Tijuca
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA e Palácio Gustavo Capanema - prêmio de viagem ao exterior
1978 - São Paulo SP - Objeto na Arte: Brasil Anos 60, no MAB/Faap
1979 - Rio de Janeiro RJ - Escultores Brasileiros, na Galeria Aktuell
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1980 - Goiânia GO - 9 Escultores, na Casa Grande Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Do Moderno ao Contemporâneo. Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Lisboa (Portugal) - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA e Galeria Sérgio Milliet - sala especial
1984 - Londres (Inglaterra) - Portrait of Country - Brazilian Modern Art, no Barbican Center
1984 - Rio de Janeiro RJ - Madeira: matéria de arte, no MAM/RJ
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1985 - Niterói RJ - Uma Questão de Ordem, na UFF. Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Encontros, na Petite Galerie
1985 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Maria Leontina, na Petite Galeria
1985 - São Paulo SP - 17º Panorama de Arte Atual Brasileira - Fortmas Tridimensionais, no MAM/SP
1986 - Fortaleza CE - Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, na Fundação Demócrito Bezerra
1986 - Rio de Janeiro RJ - Depoimento de uma Geração: 1969-70, na Galeria de Arte Banerj
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador, no MAM/RJ
1988 - Rio de Janeiro RJ - Uma Escultura para o Mar de Angra, na EAV/ Parque Lage
1989 - Lisboa (Portugal) - 2º Forum de Arte Contemporânea, no Forum Picoas
1989 - Rio de Janeiro RJ - Geometria sem Manifesto, na Gabinete de Arte Cleide Wanderley
1992 - Rio de Janeiro RJ - Brazilian Contemporary Art, na EAV/Parque Lage
1992 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção: Anos 70/90, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Escultura Só, no MAM/SP
1994 - Lisboa (Portugal) - 1ª Exposição Comemorativa dos 30 Anos da Galeria, na Galeria 111
1996 - Brasília DF - Arte e Espaço Urbano: quinze propostas - Ministério das Relações Exteriores, no Palácio do Itamaraty
1996 - Rio de Janeiro RJ - 3 Dimensões: Ascânio MMM, Eduardo Frota e Walter Guerra, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
1997 - Porto Alegre RS - Vertente Construtiva e Design, no Espaço Cultural Ulbra
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - Múltiplos, no Valu Oria Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira anos 70, na Fundação Casa França-Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2003 - Rio de Janeiro RJ - Pequenos Formatos, na LGC Arte Hoje
2005 - Rio de Janeiro RJ - Chroma, no MAM/RJ
2006 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz de conta a vertigem, no Itaú Cultural
Fonte: ASCÂNIO MMM. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Acesso em: 11 de janeiro de 2023. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia – Wikipédia
Ascânio MMM é um artista plástico cuja obra foi construída na interseção entre arquitetura e escultura. Expoente do construtivismo, é celebrado como um importante escultor brasileiro. Seus trabalhos de maior relevância e destaque são esculturas em espaços públicos, como na sede da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e a Módulo Rio, no pátio do Edifício Argentina, na Praia de Botafogo, RJ. Atuante desde a década de 60, trabalha diariamente no seu ateliê e participa de diversas exposições no Brasil.
Esculturas em espaços públicos
Falar no nome de Ascânio MMM significa pensar em esculturas em espaços públicos. Até a década de 90, ele e Franz Weissmann foram os artistas com presença de esculturas construtivas em espaços públicos do Brasil. Em depoimento para Paulo Herkenhoff, é o próprio artista quem afirma que sua obra tornou-se mais conhecida através das oito esculturas em espaços públicos do que através de dezenas de exposições que ele participou em museus e galerias.
As obras públicas de Ascânio estão espalhadas por cidades como Rio de Janeiro, Lisboa, Fão (vila natal) e Tóquio. No Rio de Janeiro, cidade onde o artista reside, seus trabalhos já são referências na paisagem da cidade.
Módulo Rio foi instalada na Praia de Botafogo, no pátio do Edifício Argentina. Segundo o artista, foi pedido uma escultura que acompanhasse a verticalidade dos edifícios, mas ele ficou “ preocupado com a altura dos prédios. Não podia confrontá-los. Os arquitetos do prédio, quando me chamaram para apresentar o projeto, queriam que eu fizesse uma escultura com tendências para verticalidade, acompanhando os prédios e as palmeiras. Consegui convencê-los a a colocar uma escultura mais horizontal que se esparramasse no chão, para evitar o confronto com a verticalidade dos prédios e dialogar com o entorno. Falei da minha experiência com a Praça da Sé e eles concordaram. Essa escultura está montada no piso de granito comum aos pedestres. Parece que desceu do pedestal para dialogar com as pessoas que passam diariamente pelo local”.
Essa fala do artista explicita um traço marcante de sua obra: a preocupação com a relação com o espectador e a com o espaço no qual as obras são exibidas ou instaladas, evidenciando o nexo indissociável entre arte e arquitetura que acompanhou todo o seu percurso de criação.
Com essa escultura, o artista apresenta a teoria por detrás da sua obra, ao afirmar que ele sente “que há uma distância entre a obra exposta em museus – espaços fechados – e espaços abertos. A sensação que eu tenho é que, no primeiro caso, a pessoa vai ao seu encontro, e no segundo a obra vai ao encontro da pessoa. As pessoas que circulam na cidade ganham intimidade com a obra.”
Essa relação com o social, com o outro, e com o potencial educativo da arte, que elabora nossa forma de ver o mundo, é um caráter essencial da poética de Ascânio MMM. Sua outra famosa escultura está instalada em frente à sede Prefeitura do Rio, um dos prédios mais importantes da cidade, em uma via por onde circulam todos os dias milhares de pessoas.
Anos de formação e início da carreira (1963-1977)
O artista possui um duplo percurso de formação: a de arquiteto e a de escultor. Em 1963, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) da Universidade do Brasil (atual EBA da UFRJ), tendo ficado até 1964. Em 1965, ele entra também na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da mesma universidade, onde conclui o curso em 1969.
Na ENBA, Ascânio se aproximou de uma geração de artistas que vieram a ser fundamentais para a arte brasileira. Frequentavam o círculo universitário Artur Barrio, Antonio Manuel e Raymundo Colares, para citar alguns dos nomes importantes.
Nessa época, há uma confluência e simultaneidade entre seus dois percursos. Na ENBA, ele se interessa por desenho já com o intuito de se tornar arquiteto; do lado da faculdade de arquitetura, o artista realiza uma vontade que vinha desde a infância. O artista, vindo de uma família de imigrantes, almeja uma profissão segura no novo país.
Entre 1965 e 1966, ele divide ateliê com Antonio Manuel e outros alunos da ENBA e recebe o convite de Ivan Serpa para frequentar seu ateliê aos domingos. também frequenta as casas de Raymundo Colares e de Vera Roitman. Junto com esses dois últimos e com as artistas Wanda Pimentel e Odila Ferraz formam um grupo cuja tradição é se encontrar todos os dias no final da tarde no bar do MAM, também frequentado por Mário Pedrosa e Frederico Morais.
O artista participa de salões e exposições, como o I Salão de Abril (MAM/1966), o XV Salão Nacional de Arte Moderna (MEC/1966) e a IX Bienal de São Paulo (1967), para citar alguns, mostrando obras que constrói antes mesmo de se formar, é rapidamente notado pela crítica, sobretudo por Frederico Morais e Francisco Bittencourt, e arremata diversos prêmios, como o Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura no I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ (1967), cujo júri foi composto por nomes como o de Mário Pedrosa, que era professor da FAU na altura; o Prêmio de Isenção de Júri (1968) e Prêmio de Aquisição no Salão da Bússola do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969), um dos mais importantes salões da época.
Em 1968, constrói a primeira escultura branca. Em 1969, ano de conclusão do curso de Arquitetura, ele realiza sua primeira individual, na Galeria Celina. São dessa época seus múltiplos e suas Caixas Lúdicas de madeira, as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados e, portanto, objetos manipuláveis que ele cria por referência ao conceito de participação do espectador, caro a uma artista como Lygia Clark, que cria seus Bichos entre os anos 1960 e 1964.
Por ocasião dessa primeira exposição, o crítico Francisco Bittencourt define o artista como “um dos nomes mais representativos da vanguarda visual brasileira”, justificando que ele “foi o escolhido para esta exposição de encerramento que tantos elogios recebeu da crítica e do público”. Já Frederico Morais, ao apresentar o artista, classifica a obra do artista como a “expressão pura entre a forma e a lei, uma obra de arte como realidade que pode ser controlada e observada".
Em exposição na Galeria Banerj ao lado de outros artistas 20 anos depois, em 1986, a “Depoimento de uma geração (1969/1970)” o próprio artista relembra esse período inicial dos anos de formação. A exposição se chamava “Depoimento de uma geração (1969/1970)”, curada por Frederico Morais. Ascânio MMM participa ao lado de uma série de artistas como Antonio Manuel, Artur Barrio, Cildo Meireles, Wanda Pimentel e a proposta da coletiva era discutir o trágico período pós AI-5 no Brasil, apontando os caminhos que o grupo de artistas trilhou naquele momento político de endurecimento e ataque à cultura.
Em depoimento para a Galeria Banerj, o artista recorda como, em 1968, a situação chegava ao extremo. A geração anterior que foi a referência do artista estava fora do país e uma parte dos estudantes universitários havia sumido da universidade. Os militares fecharam a pré-Bienal de Paris no MAM, que havia escolhido a representação brasileira para a Bienal. Muitos artistas ficaram pressionados pela repressão e os que puderam saíram do país. Ascânio era diretamente envolvido na política estudantil, participou do velório de Edson Luís, estudante morto pela ditadura no Restaurante Calabouço, e pertencia ao grupo responsável pela parte gráfica do jornal do Diretório Acadêmico da FAU às vésperas do AI-5. Mesmo com esse cenário contraditório, o artista segue produzindo, participando de exposições e recebendo prêmios e ótimas resenhas.
Nos primeiros anos após conclusão do curso na FAU, o artista se mudou para Vitória-ES onde trabalhou como arquiteto em uma empresa terceirizada pela Companhia Vale do Rio Doce. Sua formação em arquitetura permitiu que ele se estruturasse 1977, quando decide o seu caminho definitivamente pela escultura e pelas artes visuais. Como recorda, foi uma decisão difícil porque ele tinha um salário mensal e fez a opção de abdicar dele, buscando outras vias para se estabelecer como artista. No entanto, a relação entre o escultor e o arquiteto tem uma saudável parceria, como uma relação construtiva.
O desenvolvimento da carreira (1970-1979)
Apesar de um curto percurso, os anos 70 marcam um período de maturidade para o artista. O pontapé inicial da década é o VII Resumo JB uma mostra coletiva promovida pelo Jornal do Brasil de ampla visibilidade, na qual 17 críticos escolheram as 15 melhores exposições individuais do ano Em 1971, é convidado por Walter Zanini para expor pela primeira vez fora do país, na 11ª Bienal de Antuérpia.
No ano seguinte, uma exposição sua em uma galeria do Rio, a Grupo B, ganha contornos históricos importantes: o catálogo tem textos de Antonio Manuel e de Lygia Pape, que, além de assinar o texto, também faz a programação visual e dirige uma série de fotografias do artista que atualmente pode ser considerada valiosa do ponto de vista cultural. A artista chamou o fotógrafo Sebastião Barbosa para fazer as fotografias e nas imagens, o artista empunha uma furadeira como se estivesse efetuando o mesmo gesto de apontar uma arma. No contexto político brasileiro, com artistas perseguidos e exilados, Lygia, ao fotografar Ascânio e tendo sido presa nos anos de chumbo, enviava uma mensagem clara: a obra do artista é a sua arma; e a arte jamais se dobraria ao autoritarismo vigente.
Ainda nessa conjuntura, entre 1975 e 1976, acontecem duas manifestações de artistas animam o cenário das artes brasileiras. Depois do boicote internacional à Bienal de São Paulo e o fechamento da Bienal da Bahia por parte da censura imposta pela ditadura, a classe artística se rebelou contra o prefácio do catálogo da XIII Bienal Internacional de São Paulo. Uma nova geração de artistas, dentre eles Ascânio MMM, Paulo Herkenhoff, Tunga, Antonio Manuel, Waltercio Caldas, Ana Maria Maiolino, Cildo Meireles, em protesto contra o novo Salão Agora I/Brasil 70/75 patrocinado pelo Jornal do Brasil e pela Light, em substituição ao Salão de Verão, a ser inaugurado no MAM, se recusou a participar.
Em 1976, ao artista ganha sua primeira individual em uma instituição de peso, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). Com texto do crítico Frederico Morais, os trabalhos de Ascânio MMM trazem a marca de “um construtivismo pobre e brasileiro”, tão bem notada por Morais. A expressão “construtivismo pobre” acabou sendo definitiva e foi citada por diversos críticos para se referir ao trabalho do artista posteriormente, como Francisco Bittencourt e Paulo Herkenhoff.
No texto de Morais, o crítico chama atenção para o uso da desprezada ripa de madeira, material fundamental usado pelo artista para construir suas esculturas. Esse material não-nobre evocaria um compromisso com a realidade social brasileira e a obra do artista transitaria entre a vontade construtiva e o barroco, oscilando entre o rigor da escultura e o fascínio dos movimentos de luz e sombra convocados pelo olhar. O crítico ainda o compara a Alfredo Volpi, afirmando que a têmpera está para Volpi como a ripa está para Ascânio. Vê no trabalho do artista um eco do concretismo de Volpi, um “comportamento algo proletário e artesanal”.
Ainda nesse mesmo ano, Ascânio MMM expõe na Galeria Arte Global em São Paulo e Francisco Bittecourt, outro entusiasta do começo de sua carreira, descreve suas obras como “desafio em ligar formas diferentes e até conflitantes num delicado equilíbrio”.
A consolidação do artista (1980-1989)
Já sedimentado como um artista de peso no cenário artístico brasileiro, Ascânio MMM se envolve junto com Kate Sherpenberg, Orlando Mollica, Luiz Americo Guandenzi como signatário do manifesto “ Por um MAM para a Cidade do Rio de Janeiro”, com o intuito de estudarem a viabilidade de novos lugares para expor artes plásticas, reafirmando seu compromisso não só com a visibilidade dos novos artistas, mas também com a difusão e a democratização do acesso da arte para o grande público.
Em 1981, Ronaldo do Rêgo Macedo, ao escrever sobre a individual do artista na Galeria Paulo Klabin, chama atenção para dois elementos que convivem nos trabalhos do artista: uma “poética da flexão, da torção e da dobra “e uma “obra elaborada a partir de um motivo central: a luz”. Atenta também para uma “reunião cordial de forças oponentes”, “entre o cálculo e a ação”, traços que acompanhariam sua extensa produção e que foram notados por muitos estudiosos.
Em 1982, é convidado para atuar como arquiteto e reformar a Sala Bernadelli no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Além disso, organiza o catálogo e a exposição de Marc Ferrez na galeria do museu.
No ano seguinte, inaugura a maior escultura de alumínio ao ar livre do Rio, Módulo Rio, abrigada até os dias de hoje no Edifício Argentina, no Centro Empresarial Rio, a convite dos arquitetos do prédio Claudio Fortes e Roberto Vitor.
O ano de 1984 marca uma virada significativa em sua produção quando ele apresenta suas “Fitangulares”, com as quais o artista abandona as ripas pintadas de branco – que marcaram definitivamente a primeira fase do seu trabalho, conhecida como “Fase branca”, para utilizar diferentes tipos de madeira exposta na cor crua, com seus veios aparentes. Segundo o crítico e curador Marcio Doctors, esse novo momento põe em evidência a paixão pela madeira, leva “o material às infinitas possibilidades”. Há aqui um segundo aspecto, que apresenta uma inversão do trabalho: “se, antes, as ripas espalhavam-se em leque em torno de um eixo, agora elas se fecham para juntas formarem um grande eixo sólido” e o crítico define Ascânio MMM como um “operário das próprias esculturas”.
Em 1985, o artista é convidado para assinar um dos troféus da Funarj, o Troféu Almirante. No mesmo ano, idealiza na Petite Galerie, junto de Adriano de Aquino e Ronaldo do Rego Macedo, uma exposição chamada “Encontros” em homenagem à Maria Leontina, falecida aos 67 anos.
No catálogo de 1986, que acompanha sua exposição na Petite Galerie, Frederico Morais elenca três questões na fase atual do artista: um desdobramento mais austero das fitangulares, com esculturas que serpenteiam pelas parede; o lado pictórico da escultura e o uso de diferentes ripas de diversas tonalidades de madeira
Em 1989, expõe no Instituto de Arquitetos do Brasil e Wilson Coutinho analisa sua obra pela perspectiva de uma aproximação com o minimalismo, devido ao fato do artista trabalhar com um único elemento, a ripa de madeira. Paralelo a isso, ele identifica um uma certa fenomenologia do material, uma vontade ir à coisa mesma, que ele retira do filósofo Edmund Husserl. Coutinho comparou as Piramidais, a nova pesquisa do artista, à Coluna Infinita de Brancusi, afirmando que tal como esta, a forma piramidal pode expandir-se ao infinito, no seu desejo de desdobrar-se rumo ao céu.
Essa exposição seria inaugurada também em Lisboa e, novamente, Wilson Coutinho faria a apresentação. Como escreve o crítico, Ascânio MMM “introduz o espectador entre rigor e desordem: sinuosos movimentos, curvas e semi-curvas, torção calculada, que desregula o olhar: é como um geômetra que joga dados”.
Galeria do Centro Empresarial Rio
Durante a década de 80, Ascânio manteve dois projetos paralelos ao trabalho de artista. Dirigindo, produzindo catálogos e curando exposições em duas galerias no Rio de Janeiro. Com Ronaldo do Rego Monteiro, desenvolveu programas curatoriais primeiro na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil ( 1981-1982) e depois na Galeria do Centro Empresarial Rio (1983-1989).
Na primeira, expôs figuras importantes da arte brasileira como Franz Weissmann, que inaugurou o espaço, Ione Saldanha, Joaquim Tenreiro e Abraham Palatnik e Maria Leontina, em 1982. Esse programa, sempre acompanhado de catálogos bem executados, integrava as artes plásticas nos debates sobre arquitetura e urbanismo, como salienta Paulo Herkenhoff.
Com o intuito de entender o circuito das artes e de compreender como funcionava a dinâmica entre artistas e galerias, Ascânio MMM se tornou ele mesmo, por um tempo, galerista. Em parceria com o empresário João Fortes, nasceu a Galeria do Centro Empresarial Rio. Esse espaço foi responsável por movimentar a cena artística do Rio de Janeiro na década de 80, onde foi desenvolvido um programa curatorial de arte abstrato-geométrica, além de garantir o lançamento de artistas sem visibilidade, o que fez com que muitos artistas conhecidos do meio atualmente tenham tido sua primeira individual lá, sob a direção de Ascânio e Ronaldo. Artistas como João Modé, Sandra Kogut, Daniel Senise, Arthur Barrão e Angelo Venosa são alguns dos nomes que foram selecionados para exposições individuais.
Na Galeria do Centro Empresarial Rio, foram organizadas cerca de 60 exposições, entre elas Brasil Hightech, com participação de Julio Plaza e de Eduardo Cáqui, e Tendências da Arquitetura Portuguesa. Havia ainda nesse programa curatorial exposições coletivas chamadas Novos novos, coletivas que tiveram participação de Adriana Varejão, Brígida Baltar, Márcia X, entre outros, reforçando o compromisso do artista em ser manter contemporâneo ao seu próprio tempo e servindo de plataforma para jovens artistas que não gozavam de visibilidade e careciam de lugares para expor seus trabalhos.
Esse trabalho junto à Galeria merece destaque na biografia de Ascânio MMM tanto quanto suas obras, tendo em vista que essa programação sustentou o debate em torno das principais questões estéticas do período.
A década das Piramidais (1990-1999)
Os anos 90 começam com uma série de exposições da série Piramidais, incluindo a instalação de esculturas públicas desse perfil.
Em 1993, Ascânio MMM instala a escultura Piramidal 1/1989 na sede do prédio da Nissin, em Tóquio, após dois anos de negociações. No mesmo ano, instala mais uma escultura na sede da Caixa Geral de Depósitos de Lisboa.
Em 1994, é inaugurada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a exposição Grandes piramidais, com curadoria de Fernando Cocchiarale. No catálogo, Cocchiarale vê na obra de Ascânio “uma genealogia de um construtivismo sem projeto ou programa para além da persistência de formas anteriormente trilhadas”, saudando no trabalho de Ascânio MMM uma tarefa incansável na direção contrária ao engessamento formal e ao enclausuramento dogmático, uma vez que, apesar de ser próximo de gerações de artistas brasileiros e apontar explicitamente as influências de que é tributário, o artista nunca se filiou rigidamente a um movimento propriamente dito.
Embora seja rotulado como construtivista, é o próprio artista que salienta que sua obra é marcada pela informalidade característica do construtivismo brasileiro, diferente do construtivismo europeu. Influenciado pela cidade do Rio de Janeiro, pelo carnaval de rua”, lembrando Hélio Oiticica. Se há, de fato, um preceito ou dogma, ele prega liberdade no manuseio das formas.
Por sua vez, é preciso não isolar o artista da história do construtivismo, afirmando que ele possui ligação indissociável com esse movimento da história da arte. Ligação indissociável com a história do construtivismo na arte. De raízes soviéticas, esse projeto estético e político foi testado mais uma vez em função da modernização recente de alguns países periféricos influenciados também pela Bauhaus, nas décadas de 50 e 60.
No Brasil, entre o concretismo paulista, o neoconcretismo carioca, a consolidação paralela da arquitetura e do urbanismo modernos, a construção de Brasília e as produções de artistas não vinculados a movimentos, Ascânio quem mais seguiu o construtivismo histórico: repetição seriada de um único material; fusão entre arte e arquitetura; facilitação do artesanal em detrimento da indústria, incorporação das falhas ou desvios, e a presença do artista em todas as etapas.
Em 1996, por ocasião da exposição do Atelier Finep no Paço Imperial, a crítica Aracy Amaral descreve Ascânio como um indivíduo sempre habitado pelo alter ego de um arquiteto, mas não a serviço de uma construção com utilidade, mas muito mais de arquitetura inútil e utópica e, portanto, a serviço da arte.
Em 1997, é convidado a instalar uma escultura na frente da Catedral da Avenida Chile, no Rio de Janeiro, mas por pedido de Dom Eugênio Sales, que queria uma estátua do Papa no local, ela é transferida para a área em frente ao Centro Administrativo Rio, a Prefeitura, e se torna uma das principais esculturas públicas da cidade.
A década de 90 se encerra para o artista com dois eventos. O primeiro é uma individual do artista no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com a exposição Piramidais de Ascânio MMM: transparência e opacidade. Sobre essa mostra, o crítico Fernando Cocchiarale descreve as piramidais como uma “apropriação de métodos e técnicas impessoais da indústria para subjetivá-los numa poética visual específica” e também como “invenção que se desdobra a partir de elementos mínimos”.
O segundo conduz Ascânio MMM de volta a sua terra natal, onde inaugura Piramidal 12.5 no Largo do Cortinhal, em Fão.
A cor e a nova pesquisa: flexos, qualas e quasos (2000-)
Dois materiais principais são os suportes das esculturas de Ascânio, a madeira e o alumínio. Na década de 60, o artista começa trabalhando com madeira. No início da década de 70, faz as primeiras experimentações com alumínio, como na exposição da Galeria Grupo B. Logo em seguida, retorna à madeira para no começo da década de 80 utilizar novamente alumínio, sobretudo com as esculturas de grandes dimensões para espaços públicos, esculpidas com o metal pintado de branco. É apenas na década de 90 que o artista intensifica sua criação em alumínio, criando estruturas vazadas em alumínio cru, como as piramidais que antes eram esculpidas em madeira.
A virada do século marca, então, uma outra fase: a introdução da cor em suas esculturas nas suas novas pesquisas com alumínio para dar nova vibração ao material.
Um dos traços relevantes que vão acompanhar esse novo período é o destaque do caráter público de sua obra, à maneira de Amílcar de Castro e Franz Weissmann. Segundo Davi Cury, o artista atualiza o esforço comum do modernismo: ser o contínuo esgotamento de uma possibilidade.
Em 2008, apresenta sua nova produção -flexos e qualas- e exibe no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Segundo o curador Paulo Herkenhoff, ele utiliza o conceito de módulo de LeCorbusier como base de todo o seu raciocínio construtivo, e nesse sentido, sua poética é resultante de sua vontade arquitetônica.
O crítico e curador posiciona Ascânio no corpus brasileiro de relações entre arte e arquitetura da década de 60, junto com Lygia Clark, Helio Oiticica, Cildo Meireles e Umberto Costa Barros.
Nos flexos e qualas, frutos de suas novas pesquisas, o artista substituiu na sustentação de suas criações parafusos por arames de aço inoxidável e argolas metálicas, produzindo tramas flexíveis. As esculturas, que antes eram feitas com ripas de madeira ou alumínio, organizadas em progressões verticais ou horizontais agora tem como ponto de partida pequenos quadrados de alumínio. As porcas e parafusos que mantinham os quadrados unidos, foram substituídos por arames e argolas, como já foi dito. Nos flexos, o ponto de partida são planos construídos unindo todos os quadrados com amarrações de arame, depois o artista o artista torce os planos transformando-os em planos que ocupam o espaço. A torção fica no limite que as amarrações que sustentam o plano conseguem sustentar, uma vez que fletir significa dobrar, vergar. No conjunto de obras intituladas qualas, o arame deu lugar a pequenas argolas como elemento de ligação entre as partes.
Em 2014, ele apresenta na Galeria Marcia Barrozo do Amaral os “Quasos”.
Esculturas criadas a partir de 2014, são objetos que inovam ao usar parafusos de diversos comprimentos para articular os módulos de modo a permitir mobilidade Nessas obras, há uma estratégica pulsão desconstrutiva. Os quasos são sua nova expressão, onde as estruturas prévias são desconstruídas em seus próprios elementos, quadrados e parafusos.
Com essas novas pesquisas, Ascânio MMM apresenta uma nova forma de manipular os parafusos: se antes eram apertados, agora são deixados frouxos, o que resulta em estruturas maleáveis. À extraordinária coerência de uma obra construtiva, o escultor propõe a ativação do pensamento visual por desvios.
Em 2015, mostra “Flexos e quasos” na AM Galeria de Arte. Guilherme Bueno coloca como uma questão chave de concepção da escultura de Ascânio a artesania do trabalho. Mesmo quando o artista trabalha com materiais industriais, ele deixa brechas intuitivas como um arquiteto que não submete totalmente a obra ao seu projeto Nota também, como outros críticos, a influência do livro Modulor de Le Corbusier e do arquiteto Frank Lloyd Wright.
Na exposição na Simões de Assis Galeria de Arte, em 2016, o curador e crítico Felipe Scovino retomou o esforço de Paulo Herkenhoff na publicação de Ascânio MMM: Poética da Razão, o principal documento sobre a obra do artista, em reparar a figura de Ascânio para a crítica e a história da arte brasileira.
Essa primeira exposição do artista em Curitiba funciona como uma retrospectiva - palavra que o próprio artista não simpatiza, uma vez que o fato de se referir ao passado não se aplica para artistas que ainda estão em plena atividade de seu pensamento - que reafirma o compromisso estético do artista que marcou a transição do moderno ao contemporâneo do construtivismo brasileiro.
Scovino destaca a influência de Lygia Pape, artista muito próxima de Ascânio, sobretudo no que diz respeito aos Relevos e Tecelares; Lygia Clark, com suas Superfícies Moduladas e a relação entre volume, arquitetura e participação nos Bichos; e também de Franz Weissmann, a quem o artista considera o maior escultor da arte brasileira.
Sobre esse último, o crítico detalha como ele abdica do pedestal, sustenta a obra diretamente no chão, repete módulos vazados, usa novos materiais desconhecidos no Brasil para a escultura, como ferro e alumínio, cuja maior expressão seria Torre neoconcreta.
O texto “As invenções de Ascânio” menciona ainda o círculo de proximidade de Ascânio com artistas da ENBA na década de 60 e contato com o livro Candilis Josic Woods: uma década de arquitectura y urbanismo, de Jürgen Joedicke, que seria uma referência seminal para sua obra.
Além disso, mostra como o artista se interessou por arquitetos que contemplavam um programa social de habitações populares, como Reidy, que não propunha uma escultura como monumento ou triunfo histórico, como mostra as críticas de Ascânio às estátuas do Rio de Janeiro. Ao contrário, Ascânio MMM está interessado em intervir no espaço público para proporcionar uma experiência sensível do espectador.
Outros traços que merecem ser ressaltados do texto é a reafirmação de que o artista não seguiu modismos e repetições, se desenvolvendo como herdeiro do neoconcretismo, mas estabelecendo novos parâmetros para a arte abstrato-geométrica; a fusão da luz e da cor; a fluidez com a qual rigor e delicadeza se interpenetram ; o habitar do espaço tridimensional como compromisso com o espectador e característica sonora e lúdica de sua obra , que privilegia o gozo em detrimento da função.
Já Paulo Myiada, no catálogo para a exposição “As medidas dos corpos” na Casa Triângulo, destaca três elementos caros à práxis do artista: o sofisticado jogo de escalas e espacialidades, a influência definitiva do Modulor, como já havia sido notado anteriormente pela crítica e salienta a importância da prática diária do ateliê, espaço que o artista continua frequentando todos os dias da semana.
Biografia
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fão, Portugal, 16 de setembro de 1941) é um artista nascido no litoral norte de Portugal, em uma aldeia com pouco mais de 3000 habitantes, e radicado no Rio de Janeiro desde 1959, quando chegou com 17 anos para se instalar com sua família. É casado e pai de duas filhas. Trabalha diariamente no seu ateliê, na zona central da cidade, participa de diversas exposições no Brasil e no mundo. É considerado um dos grandes escultores da arte brasileira.
Os primeiros passos do artista: Infância
O período da infância do artista é fundamental para entender características marcantes de sua obra, permeada por influências implícitas que dizem respeito ao seu círculo familiar, a sua vila natal e às contingências implicadas durante essa fase da vida.
Fão era uma vila que havia crescido em torno de um estaleiro, principal atividade econômica da região, que entrara em franca decadência, o que fez um contingente significativo de habitantes da vila emigrar para o Brasil. Seu tio-avô José Linhares mantinha na casa em que ambos residiam uma pequena oficina; marcenaria que funcionava como uma ocupação para ele, espaço que se tornou motivo de fascínio para Ascânio quando era criança. O artista conta, em depoimento para Paulo Herkenhoff, que morava na mesma casa que seu tio-avô porque ele, junto com sua tia-avó, criara a sua mãe, já que a mãe dela havia morrido quando ela tinha apenas 5 anos. Depois de casada ela continuara vivendo com o casal de tios que a criara e o filho Ascânio cresceu, então, nessa mesma casa. Como conta em depoimento para Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: a poética da razão: “Havia também uma plaina curiosa: ela tinha duas regulagens nos dois extremos que tornavam-na côncava ou convexa, talvez para aplainar as cavernas dos barcos. Eu quis trazê-la comigo como recordação, mas ela foi incluída no lote de ferramentas que foi vendido quando viemos para o Rio. Nas paredes havia várias réguas retas e curvas e esquadros de madeira grandes, grandes serras manuais (traçadores) para cortar troncos de árvores, etc. Evidentemente, surgiram lá, vindas do estaleiro. Eu, criança, ficava me perguntando qual era a função de cada peça, para que servia todo aquele aparato. Quando ele morreu eu tinha 12 anos. Foi assim que me familiarizei com as ferramentas: martelo, serrote, formões, máquina de furar, plaina, etc. As ferramentas eram uma espécie de brinquedo para mim. Os atos de serrar, pregar, furar eram suficientes. Mexer com a madeira e as ferramentas tornou-se familiar. Isso foi muito importante, quando comecei na arte, para eu fazer os meus primeiros objetos de madeira em 1964.”
Além disso, um trabalho em uma loja de ferragens na adolescência acabou por intensificar para o artista o fascínio pela construção.
Há também um fato determinante citado no mesmo livro no qual Ascânio encontra uma abertura fundamental para o que viria a ser o seu trabalho tanto como arquiteto quanto artístico. Ao entrar em uma casa de veraneio no pinhal de Fão, construída no bojo da arquitetura modernista portuguesa da década de 50 e totalmente distinta da paisagem arquitetônica com a qual Ascânio estava habituado, onde predominavam casas pintadas de branco com salas repletas de móveis e retratos que mais pareciam museus, o artista tem seu primeiro contato com o modernismo. Tal qual uma epifania, o livro de Herkenhoff mostra como, aos 12 anos de idade, Ascânio “teve a intuição do espaço moderno” que viria a ser definitiva na sua carreira.
Desde muito cedo, o artista já se confronta com o conservadorismo da Igreja Católica portuguesa influenciado pelas primeiras leituras dos romances “Os maias”, “ O crime do padre Amaro” e “O primo Basílio” de Eça de Queiroz. Desenvolve uma certa inquietude pelas velhas formas, traço que o impele na direção de uma vocação para a arquitetura – decisão tomada aos 12 anos de idade - e, posteriormente, para as artes plásticas.
Toda essa conjuntura apareceria como influências na obra de Ascânio MMM: os brancos da arquitetura local; o apreço pelo uso das ferramentas; o contato fortuito com o modernismo; o repúdio às estruturas antigas e forças conservadoras.
Não por acaso, o período da infância do artista tem papel de destaque em diversas entrevistas que concede para catálogos e veículos de informação, tendo em vista a importância que essa fase conferiu à obra do artista.
Crítica
Segundo o crítico Paulo Herkenhoff, a obra do artista se caracteriza por promover uma interação entre filosofia, matemática, arte e arquitetura.
“Depois do Bicho de Clark, Ascânio MMM opera inovadoramente com o toque na geometria e sua reorganização pelo espectador, que passa por etapas de desordem e desejo de ordem, experiência lúdica com a forma, a noção de forma aberta. Ascânio é o artista da fenomenologia do toque construtivo por excelência. Com Caixa 2 (1969), expõe a “vontade construtiva” na recepção do fenômeno estético por seu sujeito percepcional. Tocar não é abdicar da geometria, mas reiterar o desejo de ordem. (...) Depois das estruturas construtivas manipuláveis de Clark, Oiticica, Pape e Willis de Castro, Ascânio e Paulo Roberto Leal – o toque é a vivificação da forma orgânica na experiência (e não sua fruição passiva exclusiva pelo olhar), encontro do corpo com o mundo".
Outros críticos, como Paulo Sérgio Duarte, já haviam observado a importância da lógica e da matemática nas curvas propostas por Ascânio.
Exposições individuais
1969
Galeria Celina, Rio de Janeiro
1972
Galeria Grupo B, Rio de Janeiro
1976
Galeria Arte Global, São Paulo
MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1979
Skultura Galeria de arte , São Paulo
1981
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1986
Galeria Petite Galerie, Rio de Janeiro
1989
Galeria 111, Lisboa, Portugal
Instituto de Arquitetos do Brasil, Rio de Janeiro
1990
Galeria Zen, Porto, Portugal
1991
Piramidais, Subdistrito Comercial de Arte, São Paulo
1994
Grandes piramidais, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro -MAM
Grandes piramidais, Palácio das Artes, Belo Horizonte, Minas Gerais
Retrospectiva, Galeria AM, Belo Horizonte, Minas Gerais
1995
Piramidais, Galeria 111, Lisboa, Portugal
1996
MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo
1997
Atelier Finep, Paço Imperial, Rio de Janeiro
1999
Piramidais III, Museu de Arte Moderna do Rio de janeiro Galeria Coletânea, Rio de Janeiro
2001
Galeria do Poste, Niterói
2005
Dan Galeria, São Paulo
Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, Rio de Janeiro
2008
Flexos e Qualas, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Márcia Barrozo Galeria de Arte, Rio de Janeiro
2014
Quasos, Galeria Márcia Barrozo do Amaral, Rio de Janeiro
2015
Flexos e Quasos, AM Galeria, Belo Horizonte
2016
Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba
Casa Triângulo, São Paulo
Exposições coletivas
1966 I Salão Abril, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
III Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, Brasília
VIII Mostra de Modelagem da ENBA, Rio de Janeiro
1967
XVI Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
I Salão de Artes Plásticas da FAU UFRJ
IX Bienal de São Paulo
I Salão Nacional de Pintura Jovem, Hotel Quitandinha, Petrópolis, RJ
1968
7 Novíssimos 68, Galeria Ibeu, Rio de Janeiro
II Salão ESSO, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XVII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
II Bienal da Bahia, Salvador, Bahia
II Salão de Arte Universitária da PUC-Rio
I Salão Nacional de Arte Universitária de Belo Horizonte
1969
XVII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC
Pré-Bienal de Paris, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Salão da Bússola, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1970
XIX Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
O objeto como tema, Galeria Ibeu, 1970
VIII Resumo JB, MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
II Salão de Nacional de Arte Contemporânea, Belo Horizonte
II Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM- Museu de Arte Moderna, São Paulo
1971
XX Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
I Salão Eletrobrás MAM Rio de Janeiro
Coletiva Grupo B, Rio de Janeiro
Domingos de Criação, MAM, Rio de Janeiro
1972
Protótipos e Múltiplos, Petite Galerie, Rio de Janeiro
IV Panorama da Arte Atual Brasileira, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
XXI Salão Nacional de Arte Moderna
Coletiva de Múltiplos New Style – Rio de Janeiro
Exposição de Múltiplos, Múltipla Galeria, São Paulo
Arte/Brasil/Hoje: 50 anos, Galeria Collectio, São Paulo
1973
XXII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
Salão de Arte contemporânea de Belo Horizonte
Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro
1975
VII Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
Galeria Contorno
1977
Encontro Nacional de Escultores, Secretaria de Cultura, Ouro Preto, Minas Gerais
I Exposição de Escultura ao Ar Livre – SESC da Tijuca
1978
I Salão Nacional de Artes Plásticas, MEC, Rio de Janeiro
O Objeto na arte: Brasil Anos 60, Museu da FAAP, São Paulo
1979
XV Bienal de São Paulo
1980
Casa Grande Galeria de Arte, Goiânia, Goiás
1981
Do Moderno ao Contemporâneo – Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1982
100 anos de Escultura no Brasil, MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo
Brasil – 60 anos de Arte Moderna – Coleção Gilberto Chateaubriand, Fundação Calouste Gulbekian, Lisboa, Portugal
1984
Retrato e Autoretrato da Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Portrait of Country – Brazilian Modern Art from Gilberto Chateaubriand, Barbican Center, Londres, Inglaterra
Madeira Matéria de Arte, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1985
Uma questão de ordem, Galeria da UFF, Niterói
Panorama da Arte Atual Brasileira – Formas Tridimensionais, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Fazer e seus modos, Museum, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, em São Paulo
1986
Depoimento de uma geração 1969/1970, Galeria Banerj, Rio de Janeiro
Primeira Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, Fundação Demócrito Rocha, Fortaleza
1987
Ao Colecionador, MAM- Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1988
Uma Escultura para o Mar de Angra , Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro
1989
I Fórum de Arte Contemporâneo, Fórum Picoas, Lisboa, Portugal
1992
Arte Brasileira na Coleção: Anos 70/90, MAC- Museu de Arte Contemporânea, São Paulo
1992
Galeria de Arte da UFF, Niterói
1994
Primeira Exposição Comemorativa dos 30 anos da Galeria, Galeria 111, Lisboa, Portugal
1996
Projeto Eventos Especiais – 3 Dimensões, Galeria Sérgio Milliet, Rio de Janeiro
Arte e Espaço Urbano, Itamaraty, Brasília
Piramidais, Museu de Arte de São Paulo
1997
I Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, Instituto Cultural Itaú, São Paulo
Arts Plastique Contemporains du Brésil, Musée Nicolas Sursock, Beirute,
1999
Portugal Mar sem Fim, Museu de Arte Contemporâneo do Ceará
2000
Novas Aquisições/ Coleção Gilberto Chateaubriand
MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
IBEU/ Sessenta anos de Arte, Galeria do IBEU, Rio de Janeiro
2002
Caminhos do Contemporâneo: 1952/2002, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2005
Rio Concreto, Galeria Theodor Lindner, Rio de Janeiro
Chroma, MAM – Museu de Arte Moderna,, Rio de Janeiro
2006
Homo Ludens, Do Faz de conta à vertigem, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
2007
Arte como questão – Anos 70, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
Poética da Percepção, Espaço Cultural Vivo, São Paulo
Coleção Manuel de Brito, Algés, Lisboa, Portugal
2008
Lá Fora, Museu da Presidência da República, Viana do Castelo, Portugal
Cor e Forma, Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba,
Panorama dos Panoramas, MAM - Museu de Arte Moderna, São Paulo
MAM 60 anos, MAM- Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Arte Contemporânea e Patrimônio, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2010
Cor e Forma II, Simões de Assis, Galeria de Arte, Curitiba, Paraná
Arquivo Geral, Centro de Artes Helio Oiticica e Centro Carioca de Design, Rio de Janeiro
2011
Vieira da Silva/ Arpad Szenes e a ruptura do espaço na arte brasileira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
Gigante por la própria naturaleza,Instituto Valenciano de Arte Moderno, Valência, Espanha
2012
Geometria da Transformação – Arte construtiva Brasileira na Coleção Fadel, Museu Nacional da Esplanada dos Ministérios, Brasília
Vontade Construtiva na Coleção Fadel, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
O abrigo e o terreno: Arte e sociedade no Brasil I, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
Mitologias por procuração, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
2014
Cromofobia, Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina
Abstrações na Coleção Fundação Edson Queiroz e Coleção Roberto Marinho, Fortaleza
Vontade Construtiva na Coleção Fadel , Museu de Arte Moderna ,São Paulo
Encontro dos Mundos, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
2015
10 Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Sotto Voce, Dominique Lévy Gallery, Londres, Reino Unido
Museu Dançante, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Principais prêmios
1978 - Prêmio Viagem ao exterior , I Salão Nacional de Artes Plásticas, MEC, Rio de Janeiro
1972 - Grande Prêmio para Escultura, IV Panorama da Arte Atual Brasileira , MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo
1971 - Prêmio de Aquisição, I Salão da Eletrobrás, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
1970 - Prêmio de Aquisição, XIX Salão Nacional de Arte Moderna, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1969 - Prêmio de Aquisição, Salão da Bússola, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1968 - Prêmio pesquisa , II Salão de Universitário da PUC-Rio
1968 - Prêmio de Isenção de Júri
1967 - Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura, I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ
1966 - Prêmio escultura não figurativa, II Exposição Geral de Belas Artes ( ENBA-UFRJ)
Obras em museus e instituições
Museu de Arte Contemporânea de São Paulo – MAC, São Paulo
Museu de Arte Moderna, MAM, São Paulo
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Itaú Cultural, São Paulo
Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna, MAM, Rio de Janeiro
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Instituto São Fernando – Coleção Ronaldo César Coelho, Rio de Janeiro
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, Porto Alegre
Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba
Fundação Edson Queiroz, Fortaleza, Brasil
Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina
Principais esculturas públicas
Centro Empresarial Rio, Praia de Botafogo, Rio de Janeiro
Edifício Sede GlaxoSmithKline, Rio de Janeiro
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Cidade Nova
Praça da Sé, São Paulo
Jardim da Luz, Pinacoteca do Estado de São Paulo
Nissin Corporation Building, Tóquio, Japão
Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, Portugal
Largo do Cortinhal, Fão, Portugal
Coleções privadas
Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro
Sérgio Fadel, Rio de Janeiro
Manuel de Brito, Lisboa, Portugal
Norman Foster, Londres, Reino Unido
Peter Klimt, Londres, Reino Unido
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 11 de janeiro de 2023.
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Biografia Oficial Ascânio M.M.M.
Nasceu em Fão, Portugal, em 1941, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sua formação inclui passagem pela Escola Nacional de Belas Artes entre 1963 e 1964, e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), entre 1965 e 1969, onde se graduou. Atuou como arquiteto até 1976.
Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 ainda na FAU e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. Neste mesmo ano, exibiu pela primeira vez seus trabalhos ao público, no I Salão de Abril no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São deste período as Caixas, cubos de madeira sobre as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados.
A “relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia” fixou-se como questão central do seu trabalho durante toda a década de 1970. Neste período, a partir de módulos de ripas de madeira pintadas de branco e um eixo, desenvolveu progressões em torções verticais e horizontais, explorando a questão da luz e sombra.
Na década de 1980, com os relevos e esculturas Fitangulares, interessou-se pela madeira crua, passando a explorar as cores naturais da madeira de diferentes espécies (cedro, mogno, pau marfim, ipê, freijó, etc). Já no final dos anos 1980 surgiram as primeiras Piramidais de madeira.
Nos anos 1990, a questão das grandes dimensões e o espaço público tornaram-se uma preocupação central para Ascânio e as pesquisas com perfis de alumínio se intensificaram. O alumínio tornou-se então a base para a criação de novos trabalhos, sempre utilizando o módulo. As esculturas desta fase caracterizam-se pelos tubos retangulares de alumínio cortados, que geram esculturas de grandes dimensões com vazios internos e sucessões de transparências e opacidades, tornando-as quase imateriais conforme a posição do espectador.
Nos anos 2000, desenvolve os Flexos e Qualas. Nos primeiros, os parafusos que eram usados nas Piramidais foram substituídos por arames de aço inoxidável amarrando os tubos quadrados cortados com um centímetro, e gerando tramas flexíveis. Nos Qualas, a amarração de arame foi substituída por argolas, resultando em uma trama “que se atravessa pelo olhar, pela luz e pelo vento”.
Na década 2010, com os Quasos, mantém seu interesse pelas possibilidades do alumínio, e passa a inverter a lógica convencional do uso dos parafusos de tamanhos variados. Estes trabalhos oferecem torções e flexões resultantes da desconstrução da malha geométrica construída, introduzindo a questão da imprevisibilidade nos seus trabalhos. A cor voltou a ser usada mas de forma sutil.
A produção artística de Ascânio foi objeto de estudo e análise crítica por Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: Poética da Razão (BEĨ Editora, 2012). Em 2005 foi publicado o livro Ascânio MMM (Editora Andrea Jakobsson, 2005), com textos de Paulo Sergio Duarte, Lauro Cavalcanti, Fernando Cocchiarale e Marcio Doctors.
Fonte: Site Ascânio MMM. Consultado pela última vez em 14 de janeiro de 2023.
Crédito fotográfico: Daniela Dacorso, O Globo. Publicado em 11 de agosto de 2012. Consultado pela última vez em 14 de janeiro de 2023.
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fao, Portugal, 1941), mais conhecido como Ascânio MMM é um escultor e arquiteto português, radicado no Brasil. Frequentou a Escola de Belas Artes de Portugal, onde aperfeiçoou suas técnicas de desenho, e formou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Participou de salões e exposições, como o I Salão de Abril (MAM/1966), o XV Salão Nacional de Arte Moderna (MEC/1966) e a IX Bienal de São Paulo (1967). Arrematou diversos prêmios, como o Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura no I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ (1967); o Prêmio de Isenção de Júri (1968) e Prêmio de Aquisição no Salão da Bússola do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969), um dos mais importantes salões da época. Devido sua importância na arte de esculturas e arquitetura, há esculturas públicas do artista no Rio de Janeiro, São Paulo, Japão e Portugal.
Biografia – Itaú Cultural
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fão, Portugal, 1941). Escultor e arquiteto. Nascido em Portugal, aos 17 anos mudou-se de para o Rio de Janeiro. Frequenta a Escola de Belas Artes entre 1963 e 1964 para aperfeiçoar-se em técnicas de desenho. Em 1969, formou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Durante os anos 1970, inicia experimentações volumétricas com ripas de madeira em módulos pintados de branco, organizadas em eixo, emblemáticas em sua produção artística. Essas progressões verticais e horizontais articulam-se para propor uma volumetria escultórica que, em alguns trabalhos, contam com o espectador para configurar outros arranjos formais. Na década seguinte, explora as possibilidades oferecidas por madeiras como ipê, freijó, mogno em estado cru para a construção de relevos e esculturas. Sua pesquisa subsequente continua priorizando a linguagem abstrata construtiva e introduz outros materiais industriais, como alumínio e arame inox. A escala das obras é ampliada, e esculturas públicas são comissionadas para as cidades de Lisboa, Tóquio, São Paulo e Rio de Janeiro.
Ao longo da carreira, Ascânio MMM participa de duas Bienais de São Paulo (1967 e 1979), da 2a Bienal da Bahia (1968) e da 1a Bienal do Mercosul em Porto Alegre (1997). Além delas, também participa de exposições individuais no Rio de Janeiro (Museu de Arte Moderna 1976, 1984, 1999 e 2008), Belo Horizonte e São Paulo e faz parte de diversas mostras. Em 1972, ganha o Grande Prêmio para Escultura, no 4º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1997, é condecorado como comendador com a Ordem do Mérito pelo presidente de Portugal. Suas obras fazem parte de coleções, como da Fundação Edson Queiroz, em Fortaleza, e do Itaú Cultural, e de acervos do Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Museu de Arte Moderna e Museu Nacional de Belas Artes, ambos no Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Nos anos 2000, são publicados os livros Ascânio MMM: Poética da Razão e Ascânio MMM, que oferecem análise crítica de sua trajetória artística, feita por diversos curadores.
Análise
O pensamento arquitetônico pressupõe atenção à volumetria nascida da geometria. Ascânio MMM projeta e executa a obra escultórica associando o rigor matemático à intuição lírica, com resultado harmônico. Sua trajetória é impulsionada pela formação acadêmica: “foi através da arquitetura que cheguei à arte”. No entanto, se as aulas de geometria descritiva e matemática possibilitam organização do pensamento tridimensional, a sensibilidade do artista opera construindo formas que se projetam no espaço de modo calculadamente barroco.
Sua filiação estética – a abstração geométrica – é vinculada ao pensamento moderno da arquitetura e urbanismo, como o sistema modular para escala humana do arquiteto suíço Le Corbusier (1887-1965). Também acomoda a influência das vanguardas de arte concreta e neoconcreta dos anos 1950 e 1960, como dos artistas brasileiros Lygia Clark (1920-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980), do escultor suíço Max Bill (1908-1994) e do francês Jean Arp (1887-1966).
O jogo de luz e sombra proposto pelas esculturas brancas da década de 1970 articula ritmo, ora em progressão ora em ruptura, com torções sempre relacionadas com a escala humana.
Nos anos 1980, a madeira é destituída da pintura branca. As características de cada tipo de madeira escolhida – texturas e cores – são incorporadas às esculturas e aos objetos tridimensionais, como a série Fitangulares, desenvolvida nos anos 1980. Nessa obra, o módulo – fundamental na poética de Ascânio – aparece nas partições graduais que criam um compasso regido pela forma delimitada pela própria matéria, a madeira.
A série Piramidais utiliza alumínio na construção de volumes que se apresentam ao mesmo tempo densos e ocos. Neste trabalho, o módulo, que em seu conjunto remete à colmeias metálicas, constrói e encapsula o vazio do interior. Marca, em um de seus lados, a organização estrutural por empilhamento e, de modo concomitante, a insuficiência de matéria. Além da força da matéria presente na forma robusta que se instala, a forma piramidal é impregnada de carga simbólica, que sinaliza a problemática da escala que Ascânio explora em suas obras públicas.
Tubos de alumínio retangulares seccionados formam a unidade construtiva de obras que produz para diferentes cidades. É o caso de Piramidal 12.5 (1991-1999), instalada em Fão, Portugal, às margens do rio Cávado. Nesta obra, Ascânio retoma com veemência o debate sobre densidade e permeabilidade. A maneira com que o ângulo da ponta da pirâmide se projeta, como a proa de um navio, apresenta registro afetivo da ligação do artista com o mar.
Nas esculturas desenvolvidas nos anos 2000, o olhar atravessa-as, como em Flexo 3 (2004), construída com malha de alumínio e arame inox. A estrutura, apoiada no chão, tem as pontas retorcidas, apontando para o centro. Mais uma vez, resistência e permanência são possíveis pela característica do material, que é reorganizado em sua escala e forma pelas mãos do artista.
Na série Qualas (2007), o alumínio torna-se maleável pelo uso de argolas de tamanhos variados, que fixam a trama em módulos construídos para que se desprendam a partir de um tubo rígido, feito do mesmo material e preso ao teto. A gravidade permite que as formas descendam e atravessem planos espaciais, em uma topografia não ensaiada, como se o diálogo entre formas retas e torcidas fosse repercutido pelo tempo. Assim, a escultura adquire imaterialidade e imprevisibilidade.
Críticas
"As esculturas em perfil de alumínio destinam-se antes de tudo ao olhar. Só a visão pode perceber a alternância entre solidez e leveza experimentada ao deslocarmo-nos em sua volta. Diante delas é possível vermos, retrospectivamente, que a obra de Ascânio começa na superfície das formas (esculturas helicoidais pintadas), ultrapassa a sua pele (esculturas em madeira crua) e, finalmente, penetra as suas entranhas (piramidais em alumínio). Superfície, carne e entranhas da obra desvelam-se simultaneamente numa espécie de síntese da trajetória do escultor por intermédio de operações construtivas deliberadas (escolha do material modular, planejamento do corte, articulação das partes etc. ). Pele e estofo existem apenas funcionalmente, determinados pela estrutura. Os módulos vazados igualam conjuntos que, resistentes ao tato, transparecem vibrantes ao olhar, único sentido capaz de atravessar o corpo da obra, contínua e variadamente. A forma piramidal, cuja carga simbólica dispensa comentários, funciona nas esculturas de Ascânio como um paradigma do construtivismo. As pirâmides de pedra das antigas civilizações não tinham função utilitária definida. O futuro preencheu-as de mistérios ocultos nos pesados blocos de pedra com que foram erguidas. Os Piramidais também diferem dos seus símiles utilitários contemporâneos, mas não pretendem, na sua leveza construída, encerrar outro mistério que não o da sua própria presença" — Fernando Cocchiarale (Cocchiarale, Fernando. Ascânio MMM. In: Ascânio MMM. n. p).
"'É um ato de construção: tijolo em cima de tijolo'.Ascânio define com essa frase seu trabalho de escultor. A associação não poderia ser mais clara com a formação de arquiteto do artista. E, de fato, toda a sua obra tem como base o rigor arquitetônico. Assim, o ciclo criativo é aberto com o estudo de módulos em escala reduzida, as maquetas, com os quais o escultor projeta e calcula a forma e o tamanho de cada peça, não deixando margem para nenhum tipo de possível dispersão. Quase toda a obra de Ascânio vem sendo produzida em madeira. O alumínio já foi usado em dado momento - com ele foram feitos aglomerados, colméias que se repetiam, diminuindo gradativamente de volume até chegar ao vértice, formando cortes transversais de pirâmides - com resultados bem diferentes do que foi conseguido até agora em madeira. (...) Sem abstrair nenhuma das exigências que se fez até agora - ao contrário, aumentou-as - e com a fatalidade do verdadeiro criador, ele reinventa corajosamente todas as suas concepções e nos dá uma demonstração vigorosa de que está disposto a realizar: uma obra plena e íntegra, com raiz no real e destinada a influir no homem" — Francisco Bittencourt (Bittencourt, Francisco. Ascânio: tese e antítese. In: Ascânio MMM: obras. n. p).
"Ascânio então trabalhava com um único elemento: a ripa. Com essa materialidade mínima, Ascânio criava sinuosos movimentos; abria-as (suas obras) para curvas, semicurvas, sinuosidades, volutas. Um construtivismo da torção, do equilíbrio como suspensão para o vôo, para o arrojo da matéria que vai para o espaço como que para explodir e, ao mesmo tempo, produz tensão e harmonia. A torção calculada desregulava o olhar, introduzindo o espectador no jogo entre rigor e ordem. Daí surge a estratégia de Ascânio: um barroquismo estrutural. Ao mesmo tempo, tais obras são despojadas; elas articulam seu próprio ritmo; não estão presas a nenhum ilusionismo. Ao contrário, são ordenações estruturais que geram a tensão formal das suas obras. O trabalho com ripas serradas, furadas e coladas, é feito de modo que elas, devido a sua estruturação, criem um espaço não previamente determinado. ´O espaço não é uma ordem, já pronta, em que os objetivos vão sendo colocados. Ao contrário, é a ordenação dos elementos da obra que orienta a sua estruturação´, analisava o pintor Ronaldo do Rego Macedo em 1981. Mesmo o que é ótico nos seus relevos depende dessas estruturas em andamento, sintetizadas quase didaticamente nas suas famosas caixas lúdicas de 1968-1969, objetos que manipulados pelo espectador são geradores de complexas formas" — Wilson Coutinho (Coutinho, Wilson. Ascânio MMM. In: Ascânio MMM: piramidais. n. p).
"As esculturas de Ascânio MMM que se tornaram mais conhecidas, aquelas que estão mais presentes em espaços públicos, me parecem manifestações plásticas de partituras de Terry Riley ou Steve Reich. A cor branca, evitando floreios cromáticos, a decalagem mínima do ângulo em progressão aritmética, diferenciando as sucessivas superposições dos elementos - as ripas -, mantendo sempre o mesmo deslocamento em torno do eixo gerando a torção helicoidal, o rigor disciplinado da estrutura, tudo lembra na sua concepção a música dos pioneiros do que veio se chamar música minimalista. Elegantes nas curvas, não escapam de serem definidas como barrocas. (Aliás, vício brasileiro: por aqui, toda vez que o crítico vê uma curva decente prega-lhe a etiqueta de forte conotação histórica; e não haveria problema se o uso generalizado do termo não eclipsasse questões mais próximas.) Na verdade, as curvas de Ascânio, nas esculturas de ripas descoladas, são suntuosas e ao mesmo tempo discretas, no sentido estrito da palavra, porque estão contaminadas pelo raciocínio lógico-matemático e poderiam, perfeitamente, ser representadas em claros algoritmos. Lançam generosas senóides no ar procurando apoio em tangentes do solo. Em outros casos erguem-se verticais, como totens da razão, partindo da torção helicóide inicial para finalizarem, às vezes, em uma superfície retangular mais prolongada. Conviveram com uma experiência participativa no final dos anos 60, trabalhos de exceção realizados em caixas que se deixam manipular pelo espectador. No entanto, mesmo neste caso, o jogo e o aspecto lúdico estão submetidos à assepsia geométrica, à estética requintada avessa a excessos subjetivos." — Paulo Sérgio Duarte (DUARTE, Paulo Sérgio. A razão como dogma poético. In: Ascânio MMM. Ascânio MMM. Rio de Janeiro, Andrea Jakobson, 2005, p. 8).
Exposições Individuais
1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Celina
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Grupo B
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Arte Global
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1979 - São Paulo SP - Individual, na Skultura Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Fitangulares, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin
1986 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Suzanna Sassoun
1989 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1990 - Porto (Portugal) - Individual, na Galeria Zen
1991 - São Paulo SP - Piramidais, no Subdistrito Comercial de Arte
1994 - Belo Horizonte MG - Individual, no Palácio das Artes
1994 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1995 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111
1996 - Rio de Janeiro RJ - Atelier Finep, no Paço Imperial
1996 - São Paulo SP - Individual, no Masp
2000 - Rio de Janeiro RJ - Pirâmidais IV, no MAM/RJ
2005 - São Paulo SP - Individual, na Dan Galeria
Exposições Coletivas
1966 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Abril, no MAM/RJ
1966 - Brasília DF - 3º Salão de Arte Moderna, no Teatro Nacional
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1967 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Artes Plásticas, na FAU/UFRJ - 1º prêmio em escultura e 1º prêmio em pintura
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Curitiba PR - 25º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1968 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Arte Universitária, na PUC/RJ - 1º prêmio pesquisa
1968 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Esso, no MAM/RJ
1968 - Salvador BA - 2º Bienal da Bahia
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1969 - Rio de Janeiro RJ - Pré-Bienal de Paris, no MAM/RJ
1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1970 - Belo Horizonte MG - 2º Salão Nacional de Arte Contemporânea
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1970 - Rio de Janeiro RJ - 8º Resumo de Arte JB
1970 - São Paulo SP - 2º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Múltiplos, no Petite Galeria
1971 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão da Eletrobrás, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1971 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1972 - São Paulo SP - 4º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - grande prêmio em escultura
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1972 - São Paulo SP - Exposição de Múltiplos, na Galeria Múltipla de Arte
1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte Contemporânea
1973 - Rio de Janeiro RJ - 5 Escultores, na Galeria Ipanema
1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1973 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Grupo B
1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileiro, no MAM/SP
1977 - Ouro Preto MG - Encontro Nacional de Escultores, na Secretaria de Cultura
1977 - Rio de Janeiro RJ - Escultura ao Ar Livre, na Galeria de Arte Sesc Tijuca
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA e Palácio Gustavo Capanema - prêmio de viagem ao exterior
1978 - São Paulo SP - Objeto na Arte: Brasil Anos 60, no MAB/Faap
1979 - Rio de Janeiro RJ - Escultores Brasileiros, na Galeria Aktuell
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1980 - Goiânia GO - 9 Escultores, na Casa Grande Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Do Moderno ao Contemporâneo. Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Lisboa (Portugal) - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA e Galeria Sérgio Milliet - sala especial
1984 - Londres (Inglaterra) - Portrait of Country - Brazilian Modern Art, no Barbican Center
1984 - Rio de Janeiro RJ - Madeira: matéria de arte, no MAM/RJ
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1985 - Niterói RJ - Uma Questão de Ordem, na UFF. Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Encontros, na Petite Galerie
1985 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Maria Leontina, na Petite Galeria
1985 - São Paulo SP - 17º Panorama de Arte Atual Brasileira - Fortmas Tridimensionais, no MAM/SP
1986 - Fortaleza CE - Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, na Fundação Demócrito Bezerra
1986 - Rio de Janeiro RJ - Depoimento de uma Geração: 1969-70, na Galeria de Arte Banerj
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador, no MAM/RJ
1988 - Rio de Janeiro RJ - Uma Escultura para o Mar de Angra, na EAV/ Parque Lage
1989 - Lisboa (Portugal) - 2º Forum de Arte Contemporânea, no Forum Picoas
1989 - Rio de Janeiro RJ - Geometria sem Manifesto, na Gabinete de Arte Cleide Wanderley
1992 - Rio de Janeiro RJ - Brazilian Contemporary Art, na EAV/Parque Lage
1992 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção: Anos 70/90, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Escultura Só, no MAM/SP
1994 - Lisboa (Portugal) - 1ª Exposição Comemorativa dos 30 Anos da Galeria, na Galeria 111
1996 - Brasília DF - Arte e Espaço Urbano: quinze propostas - Ministério das Relações Exteriores, no Palácio do Itamaraty
1996 - Rio de Janeiro RJ - 3 Dimensões: Ascânio MMM, Eduardo Frota e Walter Guerra, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
1997 - Porto Alegre RS - Vertente Construtiva e Design, no Espaço Cultural Ulbra
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - Múltiplos, no Valu Oria Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira anos 70, na Fundação Casa França-Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2003 - Rio de Janeiro RJ - Pequenos Formatos, na LGC Arte Hoje
2005 - Rio de Janeiro RJ - Chroma, no MAM/RJ
2006 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz de conta a vertigem, no Itaú Cultural
Fonte: ASCÂNIO MMM. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Acesso em: 11 de janeiro de 2023. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia – Wikipédia
Ascânio MMM é um artista plástico cuja obra foi construída na interseção entre arquitetura e escultura. Expoente do construtivismo, é celebrado como um importante escultor brasileiro. Seus trabalhos de maior relevância e destaque são esculturas em espaços públicos, como na sede da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e a Módulo Rio, no pátio do Edifício Argentina, na Praia de Botafogo, RJ. Atuante desde a década de 60, trabalha diariamente no seu ateliê e participa de diversas exposições no Brasil.
Esculturas em espaços públicos
Falar no nome de Ascânio MMM significa pensar em esculturas em espaços públicos. Até a década de 90, ele e Franz Weissmann foram os artistas com presença de esculturas construtivas em espaços públicos do Brasil. Em depoimento para Paulo Herkenhoff, é o próprio artista quem afirma que sua obra tornou-se mais conhecida através das oito esculturas em espaços públicos do que através de dezenas de exposições que ele participou em museus e galerias.
As obras públicas de Ascânio estão espalhadas por cidades como Rio de Janeiro, Lisboa, Fão (vila natal) e Tóquio. No Rio de Janeiro, cidade onde o artista reside, seus trabalhos já são referências na paisagem da cidade.
Módulo Rio foi instalada na Praia de Botafogo, no pátio do Edifício Argentina. Segundo o artista, foi pedido uma escultura que acompanhasse a verticalidade dos edifícios, mas ele ficou “ preocupado com a altura dos prédios. Não podia confrontá-los. Os arquitetos do prédio, quando me chamaram para apresentar o projeto, queriam que eu fizesse uma escultura com tendências para verticalidade, acompanhando os prédios e as palmeiras. Consegui convencê-los a a colocar uma escultura mais horizontal que se esparramasse no chão, para evitar o confronto com a verticalidade dos prédios e dialogar com o entorno. Falei da minha experiência com a Praça da Sé e eles concordaram. Essa escultura está montada no piso de granito comum aos pedestres. Parece que desceu do pedestal para dialogar com as pessoas que passam diariamente pelo local”.
Essa fala do artista explicita um traço marcante de sua obra: a preocupação com a relação com o espectador e a com o espaço no qual as obras são exibidas ou instaladas, evidenciando o nexo indissociável entre arte e arquitetura que acompanhou todo o seu percurso de criação.
Com essa escultura, o artista apresenta a teoria por detrás da sua obra, ao afirmar que ele sente “que há uma distância entre a obra exposta em museus – espaços fechados – e espaços abertos. A sensação que eu tenho é que, no primeiro caso, a pessoa vai ao seu encontro, e no segundo a obra vai ao encontro da pessoa. As pessoas que circulam na cidade ganham intimidade com a obra.”
Essa relação com o social, com o outro, e com o potencial educativo da arte, que elabora nossa forma de ver o mundo, é um caráter essencial da poética de Ascânio MMM. Sua outra famosa escultura está instalada em frente à sede Prefeitura do Rio, um dos prédios mais importantes da cidade, em uma via por onde circulam todos os dias milhares de pessoas.
Anos de formação e início da carreira (1963-1977)
O artista possui um duplo percurso de formação: a de arquiteto e a de escultor. Em 1963, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) da Universidade do Brasil (atual EBA da UFRJ), tendo ficado até 1964. Em 1965, ele entra também na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da mesma universidade, onde conclui o curso em 1969.
Na ENBA, Ascânio se aproximou de uma geração de artistas que vieram a ser fundamentais para a arte brasileira. Frequentavam o círculo universitário Artur Barrio, Antonio Manuel e Raymundo Colares, para citar alguns dos nomes importantes.
Nessa época, há uma confluência e simultaneidade entre seus dois percursos. Na ENBA, ele se interessa por desenho já com o intuito de se tornar arquiteto; do lado da faculdade de arquitetura, o artista realiza uma vontade que vinha desde a infância. O artista, vindo de uma família de imigrantes, almeja uma profissão segura no novo país.
Entre 1965 e 1966, ele divide ateliê com Antonio Manuel e outros alunos da ENBA e recebe o convite de Ivan Serpa para frequentar seu ateliê aos domingos. também frequenta as casas de Raymundo Colares e de Vera Roitman. Junto com esses dois últimos e com as artistas Wanda Pimentel e Odila Ferraz formam um grupo cuja tradição é se encontrar todos os dias no final da tarde no bar do MAM, também frequentado por Mário Pedrosa e Frederico Morais.
O artista participa de salões e exposições, como o I Salão de Abril (MAM/1966), o XV Salão Nacional de Arte Moderna (MEC/1966) e a IX Bienal de São Paulo (1967), para citar alguns, mostrando obras que constrói antes mesmo de se formar, é rapidamente notado pela crítica, sobretudo por Frederico Morais e Francisco Bittencourt, e arremata diversos prêmios, como o Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura no I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ (1967), cujo júri foi composto por nomes como o de Mário Pedrosa, que era professor da FAU na altura; o Prêmio de Isenção de Júri (1968) e Prêmio de Aquisição no Salão da Bússola do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969), um dos mais importantes salões da época.
Em 1968, constrói a primeira escultura branca. Em 1969, ano de conclusão do curso de Arquitetura, ele realiza sua primeira individual, na Galeria Celina. São dessa época seus múltiplos e suas Caixas Lúdicas de madeira, as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados e, portanto, objetos manipuláveis que ele cria por referência ao conceito de participação do espectador, caro a uma artista como Lygia Clark, que cria seus Bichos entre os anos 1960 e 1964.
Por ocasião dessa primeira exposição, o crítico Francisco Bittencourt define o artista como “um dos nomes mais representativos da vanguarda visual brasileira”, justificando que ele “foi o escolhido para esta exposição de encerramento que tantos elogios recebeu da crítica e do público”. Já Frederico Morais, ao apresentar o artista, classifica a obra do artista como a “expressão pura entre a forma e a lei, uma obra de arte como realidade que pode ser controlada e observada".
Em exposição na Galeria Banerj ao lado de outros artistas 20 anos depois, em 1986, a “Depoimento de uma geração (1969/1970)” o próprio artista relembra esse período inicial dos anos de formação. A exposição se chamava “Depoimento de uma geração (1969/1970)”, curada por Frederico Morais. Ascânio MMM participa ao lado de uma série de artistas como Antonio Manuel, Artur Barrio, Cildo Meireles, Wanda Pimentel e a proposta da coletiva era discutir o trágico período pós AI-5 no Brasil, apontando os caminhos que o grupo de artistas trilhou naquele momento político de endurecimento e ataque à cultura.
Em depoimento para a Galeria Banerj, o artista recorda como, em 1968, a situação chegava ao extremo. A geração anterior que foi a referência do artista estava fora do país e uma parte dos estudantes universitários havia sumido da universidade. Os militares fecharam a pré-Bienal de Paris no MAM, que havia escolhido a representação brasileira para a Bienal. Muitos artistas ficaram pressionados pela repressão e os que puderam saíram do país. Ascânio era diretamente envolvido na política estudantil, participou do velório de Edson Luís, estudante morto pela ditadura no Restaurante Calabouço, e pertencia ao grupo responsável pela parte gráfica do jornal do Diretório Acadêmico da FAU às vésperas do AI-5. Mesmo com esse cenário contraditório, o artista segue produzindo, participando de exposições e recebendo prêmios e ótimas resenhas.
Nos primeiros anos após conclusão do curso na FAU, o artista se mudou para Vitória-ES onde trabalhou como arquiteto em uma empresa terceirizada pela Companhia Vale do Rio Doce. Sua formação em arquitetura permitiu que ele se estruturasse 1977, quando decide o seu caminho definitivamente pela escultura e pelas artes visuais. Como recorda, foi uma decisão difícil porque ele tinha um salário mensal e fez a opção de abdicar dele, buscando outras vias para se estabelecer como artista. No entanto, a relação entre o escultor e o arquiteto tem uma saudável parceria, como uma relação construtiva.
O desenvolvimento da carreira (1970-1979)
Apesar de um curto percurso, os anos 70 marcam um período de maturidade para o artista. O pontapé inicial da década é o VII Resumo JB uma mostra coletiva promovida pelo Jornal do Brasil de ampla visibilidade, na qual 17 críticos escolheram as 15 melhores exposições individuais do ano Em 1971, é convidado por Walter Zanini para expor pela primeira vez fora do país, na 11ª Bienal de Antuérpia.
No ano seguinte, uma exposição sua em uma galeria do Rio, a Grupo B, ganha contornos históricos importantes: o catálogo tem textos de Antonio Manuel e de Lygia Pape, que, além de assinar o texto, também faz a programação visual e dirige uma série de fotografias do artista que atualmente pode ser considerada valiosa do ponto de vista cultural. A artista chamou o fotógrafo Sebastião Barbosa para fazer as fotografias e nas imagens, o artista empunha uma furadeira como se estivesse efetuando o mesmo gesto de apontar uma arma. No contexto político brasileiro, com artistas perseguidos e exilados, Lygia, ao fotografar Ascânio e tendo sido presa nos anos de chumbo, enviava uma mensagem clara: a obra do artista é a sua arma; e a arte jamais se dobraria ao autoritarismo vigente.
Ainda nessa conjuntura, entre 1975 e 1976, acontecem duas manifestações de artistas animam o cenário das artes brasileiras. Depois do boicote internacional à Bienal de São Paulo e o fechamento da Bienal da Bahia por parte da censura imposta pela ditadura, a classe artística se rebelou contra o prefácio do catálogo da XIII Bienal Internacional de São Paulo. Uma nova geração de artistas, dentre eles Ascânio MMM, Paulo Herkenhoff, Tunga, Antonio Manuel, Waltercio Caldas, Ana Maria Maiolino, Cildo Meireles, em protesto contra o novo Salão Agora I/Brasil 70/75 patrocinado pelo Jornal do Brasil e pela Light, em substituição ao Salão de Verão, a ser inaugurado no MAM, se recusou a participar.
Em 1976, ao artista ganha sua primeira individual em uma instituição de peso, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). Com texto do crítico Frederico Morais, os trabalhos de Ascânio MMM trazem a marca de “um construtivismo pobre e brasileiro”, tão bem notada por Morais. A expressão “construtivismo pobre” acabou sendo definitiva e foi citada por diversos críticos para se referir ao trabalho do artista posteriormente, como Francisco Bittencourt e Paulo Herkenhoff.
No texto de Morais, o crítico chama atenção para o uso da desprezada ripa de madeira, material fundamental usado pelo artista para construir suas esculturas. Esse material não-nobre evocaria um compromisso com a realidade social brasileira e a obra do artista transitaria entre a vontade construtiva e o barroco, oscilando entre o rigor da escultura e o fascínio dos movimentos de luz e sombra convocados pelo olhar. O crítico ainda o compara a Alfredo Volpi, afirmando que a têmpera está para Volpi como a ripa está para Ascânio. Vê no trabalho do artista um eco do concretismo de Volpi, um “comportamento algo proletário e artesanal”.
Ainda nesse mesmo ano, Ascânio MMM expõe na Galeria Arte Global em São Paulo e Francisco Bittecourt, outro entusiasta do começo de sua carreira, descreve suas obras como “desafio em ligar formas diferentes e até conflitantes num delicado equilíbrio”.
A consolidação do artista (1980-1989)
Já sedimentado como um artista de peso no cenário artístico brasileiro, Ascânio MMM se envolve junto com Kate Sherpenberg, Orlando Mollica, Luiz Americo Guandenzi como signatário do manifesto “ Por um MAM para a Cidade do Rio de Janeiro”, com o intuito de estudarem a viabilidade de novos lugares para expor artes plásticas, reafirmando seu compromisso não só com a visibilidade dos novos artistas, mas também com a difusão e a democratização do acesso da arte para o grande público.
Em 1981, Ronaldo do Rêgo Macedo, ao escrever sobre a individual do artista na Galeria Paulo Klabin, chama atenção para dois elementos que convivem nos trabalhos do artista: uma “poética da flexão, da torção e da dobra “e uma “obra elaborada a partir de um motivo central: a luz”. Atenta também para uma “reunião cordial de forças oponentes”, “entre o cálculo e a ação”, traços que acompanhariam sua extensa produção e que foram notados por muitos estudiosos.
Em 1982, é convidado para atuar como arquiteto e reformar a Sala Bernadelli no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Além disso, organiza o catálogo e a exposição de Marc Ferrez na galeria do museu.
No ano seguinte, inaugura a maior escultura de alumínio ao ar livre do Rio, Módulo Rio, abrigada até os dias de hoje no Edifício Argentina, no Centro Empresarial Rio, a convite dos arquitetos do prédio Claudio Fortes e Roberto Vitor.
O ano de 1984 marca uma virada significativa em sua produção quando ele apresenta suas “Fitangulares”, com as quais o artista abandona as ripas pintadas de branco – que marcaram definitivamente a primeira fase do seu trabalho, conhecida como “Fase branca”, para utilizar diferentes tipos de madeira exposta na cor crua, com seus veios aparentes. Segundo o crítico e curador Marcio Doctors, esse novo momento põe em evidência a paixão pela madeira, leva “o material às infinitas possibilidades”. Há aqui um segundo aspecto, que apresenta uma inversão do trabalho: “se, antes, as ripas espalhavam-se em leque em torno de um eixo, agora elas se fecham para juntas formarem um grande eixo sólido” e o crítico define Ascânio MMM como um “operário das próprias esculturas”.
Em 1985, o artista é convidado para assinar um dos troféus da Funarj, o Troféu Almirante. No mesmo ano, idealiza na Petite Galerie, junto de Adriano de Aquino e Ronaldo do Rego Macedo, uma exposição chamada “Encontros” em homenagem à Maria Leontina, falecida aos 67 anos.
No catálogo de 1986, que acompanha sua exposição na Petite Galerie, Frederico Morais elenca três questões na fase atual do artista: um desdobramento mais austero das fitangulares, com esculturas que serpenteiam pelas parede; o lado pictórico da escultura e o uso de diferentes ripas de diversas tonalidades de madeira
Em 1989, expõe no Instituto de Arquitetos do Brasil e Wilson Coutinho analisa sua obra pela perspectiva de uma aproximação com o minimalismo, devido ao fato do artista trabalhar com um único elemento, a ripa de madeira. Paralelo a isso, ele identifica um uma certa fenomenologia do material, uma vontade ir à coisa mesma, que ele retira do filósofo Edmund Husserl. Coutinho comparou as Piramidais, a nova pesquisa do artista, à Coluna Infinita de Brancusi, afirmando que tal como esta, a forma piramidal pode expandir-se ao infinito, no seu desejo de desdobrar-se rumo ao céu.
Essa exposição seria inaugurada também em Lisboa e, novamente, Wilson Coutinho faria a apresentação. Como escreve o crítico, Ascânio MMM “introduz o espectador entre rigor e desordem: sinuosos movimentos, curvas e semi-curvas, torção calculada, que desregula o olhar: é como um geômetra que joga dados”.
Galeria do Centro Empresarial Rio
Durante a década de 80, Ascânio manteve dois projetos paralelos ao trabalho de artista. Dirigindo, produzindo catálogos e curando exposições em duas galerias no Rio de Janeiro. Com Ronaldo do Rego Monteiro, desenvolveu programas curatoriais primeiro na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil ( 1981-1982) e depois na Galeria do Centro Empresarial Rio (1983-1989).
Na primeira, expôs figuras importantes da arte brasileira como Franz Weissmann, que inaugurou o espaço, Ione Saldanha, Joaquim Tenreiro e Abraham Palatnik e Maria Leontina, em 1982. Esse programa, sempre acompanhado de catálogos bem executados, integrava as artes plásticas nos debates sobre arquitetura e urbanismo, como salienta Paulo Herkenhoff.
Com o intuito de entender o circuito das artes e de compreender como funcionava a dinâmica entre artistas e galerias, Ascânio MMM se tornou ele mesmo, por um tempo, galerista. Em parceria com o empresário João Fortes, nasceu a Galeria do Centro Empresarial Rio. Esse espaço foi responsável por movimentar a cena artística do Rio de Janeiro na década de 80, onde foi desenvolvido um programa curatorial de arte abstrato-geométrica, além de garantir o lançamento de artistas sem visibilidade, o que fez com que muitos artistas conhecidos do meio atualmente tenham tido sua primeira individual lá, sob a direção de Ascânio e Ronaldo. Artistas como João Modé, Sandra Kogut, Daniel Senise, Arthur Barrão e Angelo Venosa são alguns dos nomes que foram selecionados para exposições individuais.
Na Galeria do Centro Empresarial Rio, foram organizadas cerca de 60 exposições, entre elas Brasil Hightech, com participação de Julio Plaza e de Eduardo Cáqui, e Tendências da Arquitetura Portuguesa. Havia ainda nesse programa curatorial exposições coletivas chamadas Novos novos, coletivas que tiveram participação de Adriana Varejão, Brígida Baltar, Márcia X, entre outros, reforçando o compromisso do artista em ser manter contemporâneo ao seu próprio tempo e servindo de plataforma para jovens artistas que não gozavam de visibilidade e careciam de lugares para expor seus trabalhos.
Esse trabalho junto à Galeria merece destaque na biografia de Ascânio MMM tanto quanto suas obras, tendo em vista que essa programação sustentou o debate em torno das principais questões estéticas do período.
A década das Piramidais (1990-1999)
Os anos 90 começam com uma série de exposições da série Piramidais, incluindo a instalação de esculturas públicas desse perfil.
Em 1993, Ascânio MMM instala a escultura Piramidal 1/1989 na sede do prédio da Nissin, em Tóquio, após dois anos de negociações. No mesmo ano, instala mais uma escultura na sede da Caixa Geral de Depósitos de Lisboa.
Em 1994, é inaugurada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a exposição Grandes piramidais, com curadoria de Fernando Cocchiarale. No catálogo, Cocchiarale vê na obra de Ascânio “uma genealogia de um construtivismo sem projeto ou programa para além da persistência de formas anteriormente trilhadas”, saudando no trabalho de Ascânio MMM uma tarefa incansável na direção contrária ao engessamento formal e ao enclausuramento dogmático, uma vez que, apesar de ser próximo de gerações de artistas brasileiros e apontar explicitamente as influências de que é tributário, o artista nunca se filiou rigidamente a um movimento propriamente dito.
Embora seja rotulado como construtivista, é o próprio artista que salienta que sua obra é marcada pela informalidade característica do construtivismo brasileiro, diferente do construtivismo europeu. Influenciado pela cidade do Rio de Janeiro, pelo carnaval de rua”, lembrando Hélio Oiticica. Se há, de fato, um preceito ou dogma, ele prega liberdade no manuseio das formas.
Por sua vez, é preciso não isolar o artista da história do construtivismo, afirmando que ele possui ligação indissociável com esse movimento da história da arte. Ligação indissociável com a história do construtivismo na arte. De raízes soviéticas, esse projeto estético e político foi testado mais uma vez em função da modernização recente de alguns países periféricos influenciados também pela Bauhaus, nas décadas de 50 e 60.
No Brasil, entre o concretismo paulista, o neoconcretismo carioca, a consolidação paralela da arquitetura e do urbanismo modernos, a construção de Brasília e as produções de artistas não vinculados a movimentos, Ascânio quem mais seguiu o construtivismo histórico: repetição seriada de um único material; fusão entre arte e arquitetura; facilitação do artesanal em detrimento da indústria, incorporação das falhas ou desvios, e a presença do artista em todas as etapas.
Em 1996, por ocasião da exposição do Atelier Finep no Paço Imperial, a crítica Aracy Amaral descreve Ascânio como um indivíduo sempre habitado pelo alter ego de um arquiteto, mas não a serviço de uma construção com utilidade, mas muito mais de arquitetura inútil e utópica e, portanto, a serviço da arte.
Em 1997, é convidado a instalar uma escultura na frente da Catedral da Avenida Chile, no Rio de Janeiro, mas por pedido de Dom Eugênio Sales, que queria uma estátua do Papa no local, ela é transferida para a área em frente ao Centro Administrativo Rio, a Prefeitura, e se torna uma das principais esculturas públicas da cidade.
A década de 90 se encerra para o artista com dois eventos. O primeiro é uma individual do artista no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com a exposição Piramidais de Ascânio MMM: transparência e opacidade. Sobre essa mostra, o crítico Fernando Cocchiarale descreve as piramidais como uma “apropriação de métodos e técnicas impessoais da indústria para subjetivá-los numa poética visual específica” e também como “invenção que se desdobra a partir de elementos mínimos”.
O segundo conduz Ascânio MMM de volta a sua terra natal, onde inaugura Piramidal 12.5 no Largo do Cortinhal, em Fão.
A cor e a nova pesquisa: flexos, qualas e quasos (2000-)
Dois materiais principais são os suportes das esculturas de Ascânio, a madeira e o alumínio. Na década de 60, o artista começa trabalhando com madeira. No início da década de 70, faz as primeiras experimentações com alumínio, como na exposição da Galeria Grupo B. Logo em seguida, retorna à madeira para no começo da década de 80 utilizar novamente alumínio, sobretudo com as esculturas de grandes dimensões para espaços públicos, esculpidas com o metal pintado de branco. É apenas na década de 90 que o artista intensifica sua criação em alumínio, criando estruturas vazadas em alumínio cru, como as piramidais que antes eram esculpidas em madeira.
A virada do século marca, então, uma outra fase: a introdução da cor em suas esculturas nas suas novas pesquisas com alumínio para dar nova vibração ao material.
Um dos traços relevantes que vão acompanhar esse novo período é o destaque do caráter público de sua obra, à maneira de Amílcar de Castro e Franz Weissmann. Segundo Davi Cury, o artista atualiza o esforço comum do modernismo: ser o contínuo esgotamento de uma possibilidade.
Em 2008, apresenta sua nova produção -flexos e qualas- e exibe no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Segundo o curador Paulo Herkenhoff, ele utiliza o conceito de módulo de LeCorbusier como base de todo o seu raciocínio construtivo, e nesse sentido, sua poética é resultante de sua vontade arquitetônica.
O crítico e curador posiciona Ascânio no corpus brasileiro de relações entre arte e arquitetura da década de 60, junto com Lygia Clark, Helio Oiticica, Cildo Meireles e Umberto Costa Barros.
Nos flexos e qualas, frutos de suas novas pesquisas, o artista substituiu na sustentação de suas criações parafusos por arames de aço inoxidável e argolas metálicas, produzindo tramas flexíveis. As esculturas, que antes eram feitas com ripas de madeira ou alumínio, organizadas em progressões verticais ou horizontais agora tem como ponto de partida pequenos quadrados de alumínio. As porcas e parafusos que mantinham os quadrados unidos, foram substituídos por arames e argolas, como já foi dito. Nos flexos, o ponto de partida são planos construídos unindo todos os quadrados com amarrações de arame, depois o artista o artista torce os planos transformando-os em planos que ocupam o espaço. A torção fica no limite que as amarrações que sustentam o plano conseguem sustentar, uma vez que fletir significa dobrar, vergar. No conjunto de obras intituladas qualas, o arame deu lugar a pequenas argolas como elemento de ligação entre as partes.
Em 2014, ele apresenta na Galeria Marcia Barrozo do Amaral os “Quasos”.
Esculturas criadas a partir de 2014, são objetos que inovam ao usar parafusos de diversos comprimentos para articular os módulos de modo a permitir mobilidade Nessas obras, há uma estratégica pulsão desconstrutiva. Os quasos são sua nova expressão, onde as estruturas prévias são desconstruídas em seus próprios elementos, quadrados e parafusos.
Com essas novas pesquisas, Ascânio MMM apresenta uma nova forma de manipular os parafusos: se antes eram apertados, agora são deixados frouxos, o que resulta em estruturas maleáveis. À extraordinária coerência de uma obra construtiva, o escultor propõe a ativação do pensamento visual por desvios.
Em 2015, mostra “Flexos e quasos” na AM Galeria de Arte. Guilherme Bueno coloca como uma questão chave de concepção da escultura de Ascânio a artesania do trabalho. Mesmo quando o artista trabalha com materiais industriais, ele deixa brechas intuitivas como um arquiteto que não submete totalmente a obra ao seu projeto Nota também, como outros críticos, a influência do livro Modulor de Le Corbusier e do arquiteto Frank Lloyd Wright.
Na exposição na Simões de Assis Galeria de Arte, em 2016, o curador e crítico Felipe Scovino retomou o esforço de Paulo Herkenhoff na publicação de Ascânio MMM: Poética da Razão, o principal documento sobre a obra do artista, em reparar a figura de Ascânio para a crítica e a história da arte brasileira.
Essa primeira exposição do artista em Curitiba funciona como uma retrospectiva - palavra que o próprio artista não simpatiza, uma vez que o fato de se referir ao passado não se aplica para artistas que ainda estão em plena atividade de seu pensamento - que reafirma o compromisso estético do artista que marcou a transição do moderno ao contemporâneo do construtivismo brasileiro.
Scovino destaca a influência de Lygia Pape, artista muito próxima de Ascânio, sobretudo no que diz respeito aos Relevos e Tecelares; Lygia Clark, com suas Superfícies Moduladas e a relação entre volume, arquitetura e participação nos Bichos; e também de Franz Weissmann, a quem o artista considera o maior escultor da arte brasileira.
Sobre esse último, o crítico detalha como ele abdica do pedestal, sustenta a obra diretamente no chão, repete módulos vazados, usa novos materiais desconhecidos no Brasil para a escultura, como ferro e alumínio, cuja maior expressão seria Torre neoconcreta.
O texto “As invenções de Ascânio” menciona ainda o círculo de proximidade de Ascânio com artistas da ENBA na década de 60 e contato com o livro Candilis Josic Woods: uma década de arquitectura y urbanismo, de Jürgen Joedicke, que seria uma referência seminal para sua obra.
Além disso, mostra como o artista se interessou por arquitetos que contemplavam um programa social de habitações populares, como Reidy, que não propunha uma escultura como monumento ou triunfo histórico, como mostra as críticas de Ascânio às estátuas do Rio de Janeiro. Ao contrário, Ascânio MMM está interessado em intervir no espaço público para proporcionar uma experiência sensível do espectador.
Outros traços que merecem ser ressaltados do texto é a reafirmação de que o artista não seguiu modismos e repetições, se desenvolvendo como herdeiro do neoconcretismo, mas estabelecendo novos parâmetros para a arte abstrato-geométrica; a fusão da luz e da cor; a fluidez com a qual rigor e delicadeza se interpenetram ; o habitar do espaço tridimensional como compromisso com o espectador e característica sonora e lúdica de sua obra , que privilegia o gozo em detrimento da função.
Já Paulo Myiada, no catálogo para a exposição “As medidas dos corpos” na Casa Triângulo, destaca três elementos caros à práxis do artista: o sofisticado jogo de escalas e espacialidades, a influência definitiva do Modulor, como já havia sido notado anteriormente pela crítica e salienta a importância da prática diária do ateliê, espaço que o artista continua frequentando todos os dias da semana.
Biografia
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fão, Portugal, 16 de setembro de 1941) é um artista nascido no litoral norte de Portugal, em uma aldeia com pouco mais de 3000 habitantes, e radicado no Rio de Janeiro desde 1959, quando chegou com 17 anos para se instalar com sua família. É casado e pai de duas filhas. Trabalha diariamente no seu ateliê, na zona central da cidade, participa de diversas exposições no Brasil e no mundo. É considerado um dos grandes escultores da arte brasileira.
Os primeiros passos do artista: Infância
O período da infância do artista é fundamental para entender características marcantes de sua obra, permeada por influências implícitas que dizem respeito ao seu círculo familiar, a sua vila natal e às contingências implicadas durante essa fase da vida.
Fão era uma vila que havia crescido em torno de um estaleiro, principal atividade econômica da região, que entrara em franca decadência, o que fez um contingente significativo de habitantes da vila emigrar para o Brasil. Seu tio-avô José Linhares mantinha na casa em que ambos residiam uma pequena oficina; marcenaria que funcionava como uma ocupação para ele, espaço que se tornou motivo de fascínio para Ascânio quando era criança. O artista conta, em depoimento para Paulo Herkenhoff, que morava na mesma casa que seu tio-avô porque ele, junto com sua tia-avó, criara a sua mãe, já que a mãe dela havia morrido quando ela tinha apenas 5 anos. Depois de casada ela continuara vivendo com o casal de tios que a criara e o filho Ascânio cresceu, então, nessa mesma casa. Como conta em depoimento para Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: a poética da razão: “Havia também uma plaina curiosa: ela tinha duas regulagens nos dois extremos que tornavam-na côncava ou convexa, talvez para aplainar as cavernas dos barcos. Eu quis trazê-la comigo como recordação, mas ela foi incluída no lote de ferramentas que foi vendido quando viemos para o Rio. Nas paredes havia várias réguas retas e curvas e esquadros de madeira grandes, grandes serras manuais (traçadores) para cortar troncos de árvores, etc. Evidentemente, surgiram lá, vindas do estaleiro. Eu, criança, ficava me perguntando qual era a função de cada peça, para que servia todo aquele aparato. Quando ele morreu eu tinha 12 anos. Foi assim que me familiarizei com as ferramentas: martelo, serrote, formões, máquina de furar, plaina, etc. As ferramentas eram uma espécie de brinquedo para mim. Os atos de serrar, pregar, furar eram suficientes. Mexer com a madeira e as ferramentas tornou-se familiar. Isso foi muito importante, quando comecei na arte, para eu fazer os meus primeiros objetos de madeira em 1964.”
Além disso, um trabalho em uma loja de ferragens na adolescência acabou por intensificar para o artista o fascínio pela construção.
Há também um fato determinante citado no mesmo livro no qual Ascânio encontra uma abertura fundamental para o que viria a ser o seu trabalho tanto como arquiteto quanto artístico. Ao entrar em uma casa de veraneio no pinhal de Fão, construída no bojo da arquitetura modernista portuguesa da década de 50 e totalmente distinta da paisagem arquitetônica com a qual Ascânio estava habituado, onde predominavam casas pintadas de branco com salas repletas de móveis e retratos que mais pareciam museus, o artista tem seu primeiro contato com o modernismo. Tal qual uma epifania, o livro de Herkenhoff mostra como, aos 12 anos de idade, Ascânio “teve a intuição do espaço moderno” que viria a ser definitiva na sua carreira.
Desde muito cedo, o artista já se confronta com o conservadorismo da Igreja Católica portuguesa influenciado pelas primeiras leituras dos romances “Os maias”, “ O crime do padre Amaro” e “O primo Basílio” de Eça de Queiroz. Desenvolve uma certa inquietude pelas velhas formas, traço que o impele na direção de uma vocação para a arquitetura – decisão tomada aos 12 anos de idade - e, posteriormente, para as artes plásticas.
Toda essa conjuntura apareceria como influências na obra de Ascânio MMM: os brancos da arquitetura local; o apreço pelo uso das ferramentas; o contato fortuito com o modernismo; o repúdio às estruturas antigas e forças conservadoras.
Não por acaso, o período da infância do artista tem papel de destaque em diversas entrevistas que concede para catálogos e veículos de informação, tendo em vista a importância que essa fase conferiu à obra do artista.
Crítica
Segundo o crítico Paulo Herkenhoff, a obra do artista se caracteriza por promover uma interação entre filosofia, matemática, arte e arquitetura.
“Depois do Bicho de Clark, Ascânio MMM opera inovadoramente com o toque na geometria e sua reorganização pelo espectador, que passa por etapas de desordem e desejo de ordem, experiência lúdica com a forma, a noção de forma aberta. Ascânio é o artista da fenomenologia do toque construtivo por excelência. Com Caixa 2 (1969), expõe a “vontade construtiva” na recepção do fenômeno estético por seu sujeito percepcional. Tocar não é abdicar da geometria, mas reiterar o desejo de ordem. (...) Depois das estruturas construtivas manipuláveis de Clark, Oiticica, Pape e Willis de Castro, Ascânio e Paulo Roberto Leal – o toque é a vivificação da forma orgânica na experiência (e não sua fruição passiva exclusiva pelo olhar), encontro do corpo com o mundo".
Outros críticos, como Paulo Sérgio Duarte, já haviam observado a importância da lógica e da matemática nas curvas propostas por Ascânio.
Exposições individuais
1969
Galeria Celina, Rio de Janeiro
1972
Galeria Grupo B, Rio de Janeiro
1976
Galeria Arte Global, São Paulo
MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1979
Skultura Galeria de arte , São Paulo
1981
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1986
Galeria Petite Galerie, Rio de Janeiro
1989
Galeria 111, Lisboa, Portugal
Instituto de Arquitetos do Brasil, Rio de Janeiro
1990
Galeria Zen, Porto, Portugal
1991
Piramidais, Subdistrito Comercial de Arte, São Paulo
1994
Grandes piramidais, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro -MAM
Grandes piramidais, Palácio das Artes, Belo Horizonte, Minas Gerais
Retrospectiva, Galeria AM, Belo Horizonte, Minas Gerais
1995
Piramidais, Galeria 111, Lisboa, Portugal
1996
MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo
1997
Atelier Finep, Paço Imperial, Rio de Janeiro
1999
Piramidais III, Museu de Arte Moderna do Rio de janeiro Galeria Coletânea, Rio de Janeiro
2001
Galeria do Poste, Niterói
2005
Dan Galeria, São Paulo
Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, Rio de Janeiro
2008
Flexos e Qualas, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Márcia Barrozo Galeria de Arte, Rio de Janeiro
2014
Quasos, Galeria Márcia Barrozo do Amaral, Rio de Janeiro
2015
Flexos e Quasos, AM Galeria, Belo Horizonte
2016
Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba
Casa Triângulo, São Paulo
Exposições coletivas
1966 I Salão Abril, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
III Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, Brasília
VIII Mostra de Modelagem da ENBA, Rio de Janeiro
1967
XVI Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
I Salão de Artes Plásticas da FAU UFRJ
IX Bienal de São Paulo
I Salão Nacional de Pintura Jovem, Hotel Quitandinha, Petrópolis, RJ
1968
7 Novíssimos 68, Galeria Ibeu, Rio de Janeiro
II Salão ESSO, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XVII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
II Bienal da Bahia, Salvador, Bahia
II Salão de Arte Universitária da PUC-Rio
I Salão Nacional de Arte Universitária de Belo Horizonte
1969
XVII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC
Pré-Bienal de Paris, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Salão da Bússola, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1970
XIX Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
O objeto como tema, Galeria Ibeu, 1970
VIII Resumo JB, MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
II Salão de Nacional de Arte Contemporânea, Belo Horizonte
II Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM- Museu de Arte Moderna, São Paulo
1971
XX Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
I Salão Eletrobrás MAM Rio de Janeiro
Coletiva Grupo B, Rio de Janeiro
Domingos de Criação, MAM, Rio de Janeiro
1972
Protótipos e Múltiplos, Petite Galerie, Rio de Janeiro
IV Panorama da Arte Atual Brasileira, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
XXI Salão Nacional de Arte Moderna
Coletiva de Múltiplos New Style – Rio de Janeiro
Exposição de Múltiplos, Múltipla Galeria, São Paulo
Arte/Brasil/Hoje: 50 anos, Galeria Collectio, São Paulo
1973
XXII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
Salão de Arte contemporânea de Belo Horizonte
Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro
1975
VII Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
Galeria Contorno
1977
Encontro Nacional de Escultores, Secretaria de Cultura, Ouro Preto, Minas Gerais
I Exposição de Escultura ao Ar Livre – SESC da Tijuca
1978
I Salão Nacional de Artes Plásticas, MEC, Rio de Janeiro
O Objeto na arte: Brasil Anos 60, Museu da FAAP, São Paulo
1979
XV Bienal de São Paulo
1980
Casa Grande Galeria de Arte, Goiânia, Goiás
1981
Do Moderno ao Contemporâneo – Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1982
100 anos de Escultura no Brasil, MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo
Brasil – 60 anos de Arte Moderna – Coleção Gilberto Chateaubriand, Fundação Calouste Gulbekian, Lisboa, Portugal
1984
Retrato e Autoretrato da Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Portrait of Country – Brazilian Modern Art from Gilberto Chateaubriand, Barbican Center, Londres, Inglaterra
Madeira Matéria de Arte, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1985
Uma questão de ordem, Galeria da UFF, Niterói
Panorama da Arte Atual Brasileira – Formas Tridimensionais, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Fazer e seus modos, Museum, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, em São Paulo
1986
Depoimento de uma geração 1969/1970, Galeria Banerj, Rio de Janeiro
Primeira Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, Fundação Demócrito Rocha, Fortaleza
1987
Ao Colecionador, MAM- Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1988
Uma Escultura para o Mar de Angra , Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro
1989
I Fórum de Arte Contemporâneo, Fórum Picoas, Lisboa, Portugal
1992
Arte Brasileira na Coleção: Anos 70/90, MAC- Museu de Arte Contemporânea, São Paulo
1992
Galeria de Arte da UFF, Niterói
1994
Primeira Exposição Comemorativa dos 30 anos da Galeria, Galeria 111, Lisboa, Portugal
1996
Projeto Eventos Especiais – 3 Dimensões, Galeria Sérgio Milliet, Rio de Janeiro
Arte e Espaço Urbano, Itamaraty, Brasília
Piramidais, Museu de Arte de São Paulo
1997
I Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, Instituto Cultural Itaú, São Paulo
Arts Plastique Contemporains du Brésil, Musée Nicolas Sursock, Beirute,
1999
Portugal Mar sem Fim, Museu de Arte Contemporâneo do Ceará
2000
Novas Aquisições/ Coleção Gilberto Chateaubriand
MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
IBEU/ Sessenta anos de Arte, Galeria do IBEU, Rio de Janeiro
2002
Caminhos do Contemporâneo: 1952/2002, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2005
Rio Concreto, Galeria Theodor Lindner, Rio de Janeiro
Chroma, MAM – Museu de Arte Moderna,, Rio de Janeiro
2006
Homo Ludens, Do Faz de conta à vertigem, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
2007
Arte como questão – Anos 70, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
Poética da Percepção, Espaço Cultural Vivo, São Paulo
Coleção Manuel de Brito, Algés, Lisboa, Portugal
2008
Lá Fora, Museu da Presidência da República, Viana do Castelo, Portugal
Cor e Forma, Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba,
Panorama dos Panoramas, MAM - Museu de Arte Moderna, São Paulo
MAM 60 anos, MAM- Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Arte Contemporânea e Patrimônio, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2010
Cor e Forma II, Simões de Assis, Galeria de Arte, Curitiba, Paraná
Arquivo Geral, Centro de Artes Helio Oiticica e Centro Carioca de Design, Rio de Janeiro
2011
Vieira da Silva/ Arpad Szenes e a ruptura do espaço na arte brasileira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
Gigante por la própria naturaleza,Instituto Valenciano de Arte Moderno, Valência, Espanha
2012
Geometria da Transformação – Arte construtiva Brasileira na Coleção Fadel, Museu Nacional da Esplanada dos Ministérios, Brasília
Vontade Construtiva na Coleção Fadel, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
O abrigo e o terreno: Arte e sociedade no Brasil I, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
Mitologias por procuração, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
2014
Cromofobia, Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina
Abstrações na Coleção Fundação Edson Queiroz e Coleção Roberto Marinho, Fortaleza
Vontade Construtiva na Coleção Fadel , Museu de Arte Moderna ,São Paulo
Encontro dos Mundos, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
2015
10 Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Sotto Voce, Dominique Lévy Gallery, Londres, Reino Unido
Museu Dançante, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Principais prêmios
1978 - Prêmio Viagem ao exterior , I Salão Nacional de Artes Plásticas, MEC, Rio de Janeiro
1972 - Grande Prêmio para Escultura, IV Panorama da Arte Atual Brasileira , MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo
1971 - Prêmio de Aquisição, I Salão da Eletrobrás, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
1970 - Prêmio de Aquisição, XIX Salão Nacional de Arte Moderna, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1969 - Prêmio de Aquisição, Salão da Bússola, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1968 - Prêmio pesquisa , II Salão de Universitário da PUC-Rio
1968 - Prêmio de Isenção de Júri
1967 - Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura, I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ
1966 - Prêmio escultura não figurativa, II Exposição Geral de Belas Artes ( ENBA-UFRJ)
Obras em museus e instituições
Museu de Arte Contemporânea de São Paulo – MAC, São Paulo
Museu de Arte Moderna, MAM, São Paulo
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Itaú Cultural, São Paulo
Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna, MAM, Rio de Janeiro
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Instituto São Fernando – Coleção Ronaldo César Coelho, Rio de Janeiro
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, Porto Alegre
Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba
Fundação Edson Queiroz, Fortaleza, Brasil
Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina
Principais esculturas públicas
Centro Empresarial Rio, Praia de Botafogo, Rio de Janeiro
Edifício Sede GlaxoSmithKline, Rio de Janeiro
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Cidade Nova
Praça da Sé, São Paulo
Jardim da Luz, Pinacoteca do Estado de São Paulo
Nissin Corporation Building, Tóquio, Japão
Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, Portugal
Largo do Cortinhal, Fão, Portugal
Coleções privadas
Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro
Sérgio Fadel, Rio de Janeiro
Manuel de Brito, Lisboa, Portugal
Norman Foster, Londres, Reino Unido
Peter Klimt, Londres, Reino Unido
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 11 de janeiro de 2023.
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Biografia Oficial Ascânio M.M.M.
Nasceu em Fão, Portugal, em 1941, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sua formação inclui passagem pela Escola Nacional de Belas Artes entre 1963 e 1964, e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), entre 1965 e 1969, onde se graduou. Atuou como arquiteto até 1976.
Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 ainda na FAU e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. Neste mesmo ano, exibiu pela primeira vez seus trabalhos ao público, no I Salão de Abril no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São deste período as Caixas, cubos de madeira sobre as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados.
A “relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia” fixou-se como questão central do seu trabalho durante toda a década de 1970. Neste período, a partir de módulos de ripas de madeira pintadas de branco e um eixo, desenvolveu progressões em torções verticais e horizontais, explorando a questão da luz e sombra.
Na década de 1980, com os relevos e esculturas Fitangulares, interessou-se pela madeira crua, passando a explorar as cores naturais da madeira de diferentes espécies (cedro, mogno, pau marfim, ipê, freijó, etc). Já no final dos anos 1980 surgiram as primeiras Piramidais de madeira.
Nos anos 1990, a questão das grandes dimensões e o espaço público tornaram-se uma preocupação central para Ascânio e as pesquisas com perfis de alumínio se intensificaram. O alumínio tornou-se então a base para a criação de novos trabalhos, sempre utilizando o módulo. As esculturas desta fase caracterizam-se pelos tubos retangulares de alumínio cortados, que geram esculturas de grandes dimensões com vazios internos e sucessões de transparências e opacidades, tornando-as quase imateriais conforme a posição do espectador.
Nos anos 2000, desenvolve os Flexos e Qualas. Nos primeiros, os parafusos que eram usados nas Piramidais foram substituídos por arames de aço inoxidável amarrando os tubos quadrados cortados com um centímetro, e gerando tramas flexíveis. Nos Qualas, a amarração de arame foi substituída por argolas, resultando em uma trama “que se atravessa pelo olhar, pela luz e pelo vento”.
Na década 2010, com os Quasos, mantém seu interesse pelas possibilidades do alumínio, e passa a inverter a lógica convencional do uso dos parafusos de tamanhos variados. Estes trabalhos oferecem torções e flexões resultantes da desconstrução da malha geométrica construída, introduzindo a questão da imprevisibilidade nos seus trabalhos. A cor voltou a ser usada mas de forma sutil.
A produção artística de Ascânio foi objeto de estudo e análise crítica por Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: Poética da Razão (BEĨ Editora, 2012). Em 2005 foi publicado o livro Ascânio MMM (Editora Andrea Jakobsson, 2005), com textos de Paulo Sergio Duarte, Lauro Cavalcanti, Fernando Cocchiarale e Marcio Doctors.
Fonte: Site Ascânio MMM. Consultado pela última vez em 14 de janeiro de 2023.
Crédito fotográfico: Daniela Dacorso, O Globo. Publicado em 11 de agosto de 2012. Consultado pela última vez em 14 de janeiro de 2023.
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fao, Portugal, 1941), mais conhecido como Ascânio MMM é um escultor e arquiteto português, radicado no Brasil. Frequentou a Escola de Belas Artes de Portugal, onde aperfeiçoou suas técnicas de desenho, e formou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Participou de salões e exposições, como o I Salão de Abril (MAM/1966), o XV Salão Nacional de Arte Moderna (MEC/1966) e a IX Bienal de São Paulo (1967). Arrematou diversos prêmios, como o Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura no I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ (1967); o Prêmio de Isenção de Júri (1968) e Prêmio de Aquisição no Salão da Bússola do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969), um dos mais importantes salões da época. Devido sua importância na arte de esculturas e arquitetura, há esculturas públicas do artista no Rio de Janeiro, São Paulo, Japão e Portugal.
Biografia – Itaú Cultural
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fão, Portugal, 1941). Escultor e arquiteto. Nascido em Portugal, aos 17 anos mudou-se de para o Rio de Janeiro. Frequenta a Escola de Belas Artes entre 1963 e 1964 para aperfeiçoar-se em técnicas de desenho. Em 1969, formou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Durante os anos 1970, inicia experimentações volumétricas com ripas de madeira em módulos pintados de branco, organizadas em eixo, emblemáticas em sua produção artística. Essas progressões verticais e horizontais articulam-se para propor uma volumetria escultórica que, em alguns trabalhos, contam com o espectador para configurar outros arranjos formais. Na década seguinte, explora as possibilidades oferecidas por madeiras como ipê, freijó, mogno em estado cru para a construção de relevos e esculturas. Sua pesquisa subsequente continua priorizando a linguagem abstrata construtiva e introduz outros materiais industriais, como alumínio e arame inox. A escala das obras é ampliada, e esculturas públicas são comissionadas para as cidades de Lisboa, Tóquio, São Paulo e Rio de Janeiro.
Ao longo da carreira, Ascânio MMM participa de duas Bienais de São Paulo (1967 e 1979), da 2a Bienal da Bahia (1968) e da 1a Bienal do Mercosul em Porto Alegre (1997). Além delas, também participa de exposições individuais no Rio de Janeiro (Museu de Arte Moderna 1976, 1984, 1999 e 2008), Belo Horizonte e São Paulo e faz parte de diversas mostras. Em 1972, ganha o Grande Prêmio para Escultura, no 4º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1997, é condecorado como comendador com a Ordem do Mérito pelo presidente de Portugal. Suas obras fazem parte de coleções, como da Fundação Edson Queiroz, em Fortaleza, e do Itaú Cultural, e de acervos do Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Museu de Arte Moderna e Museu Nacional de Belas Artes, ambos no Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Nos anos 2000, são publicados os livros Ascânio MMM: Poética da Razão e Ascânio MMM, que oferecem análise crítica de sua trajetória artística, feita por diversos curadores.
Análise
O pensamento arquitetônico pressupõe atenção à volumetria nascida da geometria. Ascânio MMM projeta e executa a obra escultórica associando o rigor matemático à intuição lírica, com resultado harmônico. Sua trajetória é impulsionada pela formação acadêmica: “foi através da arquitetura que cheguei à arte”. No entanto, se as aulas de geometria descritiva e matemática possibilitam organização do pensamento tridimensional, a sensibilidade do artista opera construindo formas que se projetam no espaço de modo calculadamente barroco.
Sua filiação estética – a abstração geométrica – é vinculada ao pensamento moderno da arquitetura e urbanismo, como o sistema modular para escala humana do arquiteto suíço Le Corbusier (1887-1965). Também acomoda a influência das vanguardas de arte concreta e neoconcreta dos anos 1950 e 1960, como dos artistas brasileiros Lygia Clark (1920-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980), do escultor suíço Max Bill (1908-1994) e do francês Jean Arp (1887-1966).
O jogo de luz e sombra proposto pelas esculturas brancas da década de 1970 articula ritmo, ora em progressão ora em ruptura, com torções sempre relacionadas com a escala humana.
Nos anos 1980, a madeira é destituída da pintura branca. As características de cada tipo de madeira escolhida – texturas e cores – são incorporadas às esculturas e aos objetos tridimensionais, como a série Fitangulares, desenvolvida nos anos 1980. Nessa obra, o módulo – fundamental na poética de Ascânio – aparece nas partições graduais que criam um compasso regido pela forma delimitada pela própria matéria, a madeira.
A série Piramidais utiliza alumínio na construção de volumes que se apresentam ao mesmo tempo densos e ocos. Neste trabalho, o módulo, que em seu conjunto remete à colmeias metálicas, constrói e encapsula o vazio do interior. Marca, em um de seus lados, a organização estrutural por empilhamento e, de modo concomitante, a insuficiência de matéria. Além da força da matéria presente na forma robusta que se instala, a forma piramidal é impregnada de carga simbólica, que sinaliza a problemática da escala que Ascânio explora em suas obras públicas.
Tubos de alumínio retangulares seccionados formam a unidade construtiva de obras que produz para diferentes cidades. É o caso de Piramidal 12.5 (1991-1999), instalada em Fão, Portugal, às margens do rio Cávado. Nesta obra, Ascânio retoma com veemência o debate sobre densidade e permeabilidade. A maneira com que o ângulo da ponta da pirâmide se projeta, como a proa de um navio, apresenta registro afetivo da ligação do artista com o mar.
Nas esculturas desenvolvidas nos anos 2000, o olhar atravessa-as, como em Flexo 3 (2004), construída com malha de alumínio e arame inox. A estrutura, apoiada no chão, tem as pontas retorcidas, apontando para o centro. Mais uma vez, resistência e permanência são possíveis pela característica do material, que é reorganizado em sua escala e forma pelas mãos do artista.
Na série Qualas (2007), o alumínio torna-se maleável pelo uso de argolas de tamanhos variados, que fixam a trama em módulos construídos para que se desprendam a partir de um tubo rígido, feito do mesmo material e preso ao teto. A gravidade permite que as formas descendam e atravessem planos espaciais, em uma topografia não ensaiada, como se o diálogo entre formas retas e torcidas fosse repercutido pelo tempo. Assim, a escultura adquire imaterialidade e imprevisibilidade.
Críticas
"As esculturas em perfil de alumínio destinam-se antes de tudo ao olhar. Só a visão pode perceber a alternância entre solidez e leveza experimentada ao deslocarmo-nos em sua volta. Diante delas é possível vermos, retrospectivamente, que a obra de Ascânio começa na superfície das formas (esculturas helicoidais pintadas), ultrapassa a sua pele (esculturas em madeira crua) e, finalmente, penetra as suas entranhas (piramidais em alumínio). Superfície, carne e entranhas da obra desvelam-se simultaneamente numa espécie de síntese da trajetória do escultor por intermédio de operações construtivas deliberadas (escolha do material modular, planejamento do corte, articulação das partes etc. ). Pele e estofo existem apenas funcionalmente, determinados pela estrutura. Os módulos vazados igualam conjuntos que, resistentes ao tato, transparecem vibrantes ao olhar, único sentido capaz de atravessar o corpo da obra, contínua e variadamente. A forma piramidal, cuja carga simbólica dispensa comentários, funciona nas esculturas de Ascânio como um paradigma do construtivismo. As pirâmides de pedra das antigas civilizações não tinham função utilitária definida. O futuro preencheu-as de mistérios ocultos nos pesados blocos de pedra com que foram erguidas. Os Piramidais também diferem dos seus símiles utilitários contemporâneos, mas não pretendem, na sua leveza construída, encerrar outro mistério que não o da sua própria presença" — Fernando Cocchiarale (Cocchiarale, Fernando. Ascânio MMM. In: Ascânio MMM. n. p).
"'É um ato de construção: tijolo em cima de tijolo'.Ascânio define com essa frase seu trabalho de escultor. A associação não poderia ser mais clara com a formação de arquiteto do artista. E, de fato, toda a sua obra tem como base o rigor arquitetônico. Assim, o ciclo criativo é aberto com o estudo de módulos em escala reduzida, as maquetas, com os quais o escultor projeta e calcula a forma e o tamanho de cada peça, não deixando margem para nenhum tipo de possível dispersão. Quase toda a obra de Ascânio vem sendo produzida em madeira. O alumínio já foi usado em dado momento - com ele foram feitos aglomerados, colméias que se repetiam, diminuindo gradativamente de volume até chegar ao vértice, formando cortes transversais de pirâmides - com resultados bem diferentes do que foi conseguido até agora em madeira. (...) Sem abstrair nenhuma das exigências que se fez até agora - ao contrário, aumentou-as - e com a fatalidade do verdadeiro criador, ele reinventa corajosamente todas as suas concepções e nos dá uma demonstração vigorosa de que está disposto a realizar: uma obra plena e íntegra, com raiz no real e destinada a influir no homem" — Francisco Bittencourt (Bittencourt, Francisco. Ascânio: tese e antítese. In: Ascânio MMM: obras. n. p).
"Ascânio então trabalhava com um único elemento: a ripa. Com essa materialidade mínima, Ascânio criava sinuosos movimentos; abria-as (suas obras) para curvas, semicurvas, sinuosidades, volutas. Um construtivismo da torção, do equilíbrio como suspensão para o vôo, para o arrojo da matéria que vai para o espaço como que para explodir e, ao mesmo tempo, produz tensão e harmonia. A torção calculada desregulava o olhar, introduzindo o espectador no jogo entre rigor e ordem. Daí surge a estratégia de Ascânio: um barroquismo estrutural. Ao mesmo tempo, tais obras são despojadas; elas articulam seu próprio ritmo; não estão presas a nenhum ilusionismo. Ao contrário, são ordenações estruturais que geram a tensão formal das suas obras. O trabalho com ripas serradas, furadas e coladas, é feito de modo que elas, devido a sua estruturação, criem um espaço não previamente determinado. ´O espaço não é uma ordem, já pronta, em que os objetivos vão sendo colocados. Ao contrário, é a ordenação dos elementos da obra que orienta a sua estruturação´, analisava o pintor Ronaldo do Rego Macedo em 1981. Mesmo o que é ótico nos seus relevos depende dessas estruturas em andamento, sintetizadas quase didaticamente nas suas famosas caixas lúdicas de 1968-1969, objetos que manipulados pelo espectador são geradores de complexas formas" — Wilson Coutinho (Coutinho, Wilson. Ascânio MMM. In: Ascânio MMM: piramidais. n. p).
"As esculturas de Ascânio MMM que se tornaram mais conhecidas, aquelas que estão mais presentes em espaços públicos, me parecem manifestações plásticas de partituras de Terry Riley ou Steve Reich. A cor branca, evitando floreios cromáticos, a decalagem mínima do ângulo em progressão aritmética, diferenciando as sucessivas superposições dos elementos - as ripas -, mantendo sempre o mesmo deslocamento em torno do eixo gerando a torção helicoidal, o rigor disciplinado da estrutura, tudo lembra na sua concepção a música dos pioneiros do que veio se chamar música minimalista. Elegantes nas curvas, não escapam de serem definidas como barrocas. (Aliás, vício brasileiro: por aqui, toda vez que o crítico vê uma curva decente prega-lhe a etiqueta de forte conotação histórica; e não haveria problema se o uso generalizado do termo não eclipsasse questões mais próximas.) Na verdade, as curvas de Ascânio, nas esculturas de ripas descoladas, são suntuosas e ao mesmo tempo discretas, no sentido estrito da palavra, porque estão contaminadas pelo raciocínio lógico-matemático e poderiam, perfeitamente, ser representadas em claros algoritmos. Lançam generosas senóides no ar procurando apoio em tangentes do solo. Em outros casos erguem-se verticais, como totens da razão, partindo da torção helicóide inicial para finalizarem, às vezes, em uma superfície retangular mais prolongada. Conviveram com uma experiência participativa no final dos anos 60, trabalhos de exceção realizados em caixas que se deixam manipular pelo espectador. No entanto, mesmo neste caso, o jogo e o aspecto lúdico estão submetidos à assepsia geométrica, à estética requintada avessa a excessos subjetivos." — Paulo Sérgio Duarte (DUARTE, Paulo Sérgio. A razão como dogma poético. In: Ascânio MMM. Ascânio MMM. Rio de Janeiro, Andrea Jakobson, 2005, p. 8).
Exposições Individuais
1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Celina
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Grupo B
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Arte Global
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1979 - São Paulo SP - Individual, na Skultura Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Fitangulares, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin
1986 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Suzanna Sassoun
1989 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1990 - Porto (Portugal) - Individual, na Galeria Zen
1991 - São Paulo SP - Piramidais, no Subdistrito Comercial de Arte
1994 - Belo Horizonte MG - Individual, no Palácio das Artes
1994 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1995 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111
1996 - Rio de Janeiro RJ - Atelier Finep, no Paço Imperial
1996 - São Paulo SP - Individual, no Masp
2000 - Rio de Janeiro RJ - Pirâmidais IV, no MAM/RJ
2005 - São Paulo SP - Individual, na Dan Galeria
Exposições Coletivas
1966 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Abril, no MAM/RJ
1966 - Brasília DF - 3º Salão de Arte Moderna, no Teatro Nacional
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1967 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Artes Plásticas, na FAU/UFRJ - 1º prêmio em escultura e 1º prêmio em pintura
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Curitiba PR - 25º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1968 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Arte Universitária, na PUC/RJ - 1º prêmio pesquisa
1968 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Esso, no MAM/RJ
1968 - Salvador BA - 2º Bienal da Bahia
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1969 - Rio de Janeiro RJ - Pré-Bienal de Paris, no MAM/RJ
1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1970 - Belo Horizonte MG - 2º Salão Nacional de Arte Contemporânea
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1970 - Rio de Janeiro RJ - 8º Resumo de Arte JB
1970 - São Paulo SP - 2º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Múltiplos, no Petite Galeria
1971 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão da Eletrobrás, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1971 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1972 - São Paulo SP - 4º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - grande prêmio em escultura
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1972 - São Paulo SP - Exposição de Múltiplos, na Galeria Múltipla de Arte
1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte Contemporânea
1973 - Rio de Janeiro RJ - 5 Escultores, na Galeria Ipanema
1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio Gustavo Capanema
1973 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Grupo B
1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileiro, no MAM/SP
1977 - Ouro Preto MG - Encontro Nacional de Escultores, na Secretaria de Cultura
1977 - Rio de Janeiro RJ - Escultura ao Ar Livre, na Galeria de Arte Sesc Tijuca
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA e Palácio Gustavo Capanema - prêmio de viagem ao exterior
1978 - São Paulo SP - Objeto na Arte: Brasil Anos 60, no MAB/Faap
1979 - Rio de Janeiro RJ - Escultores Brasileiros, na Galeria Aktuell
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1980 - Goiânia GO - 9 Escultores, na Casa Grande Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Do Moderno ao Contemporâneo. Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Lisboa (Portugal) - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA e Galeria Sérgio Milliet - sala especial
1984 - Londres (Inglaterra) - Portrait of Country - Brazilian Modern Art, no Barbican Center
1984 - Rio de Janeiro RJ - Madeira: matéria de arte, no MAM/RJ
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1985 - Niterói RJ - Uma Questão de Ordem, na UFF. Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Encontros, na Petite Galerie
1985 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Maria Leontina, na Petite Galeria
1985 - São Paulo SP - 17º Panorama de Arte Atual Brasileira - Fortmas Tridimensionais, no MAM/SP
1986 - Fortaleza CE - Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, na Fundação Demócrito Bezerra
1986 - Rio de Janeiro RJ - Depoimento de uma Geração: 1969-70, na Galeria de Arte Banerj
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador, no MAM/RJ
1988 - Rio de Janeiro RJ - Uma Escultura para o Mar de Angra, na EAV/ Parque Lage
1989 - Lisboa (Portugal) - 2º Forum de Arte Contemporânea, no Forum Picoas
1989 - Rio de Janeiro RJ - Geometria sem Manifesto, na Gabinete de Arte Cleide Wanderley
1992 - Rio de Janeiro RJ - Brazilian Contemporary Art, na EAV/Parque Lage
1992 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção: Anos 70/90, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Escultura Só, no MAM/SP
1994 - Lisboa (Portugal) - 1ª Exposição Comemorativa dos 30 Anos da Galeria, na Galeria 111
1996 - Brasília DF - Arte e Espaço Urbano: quinze propostas - Ministério das Relações Exteriores, no Palácio do Itamaraty
1996 - Rio de Janeiro RJ - 3 Dimensões: Ascânio MMM, Eduardo Frota e Walter Guerra, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
1997 - Porto Alegre RS - Vertente Construtiva e Design, no Espaço Cultural Ulbra
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - Múltiplos, no Valu Oria Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira anos 70, na Fundação Casa França-Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2003 - Rio de Janeiro RJ - Pequenos Formatos, na LGC Arte Hoje
2005 - Rio de Janeiro RJ - Chroma, no MAM/RJ
2006 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz de conta a vertigem, no Itaú Cultural
Fonte: ASCÂNIO MMM. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Acesso em: 11 de janeiro de 2023. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia – Wikipédia
Ascânio MMM é um artista plástico cuja obra foi construída na interseção entre arquitetura e escultura. Expoente do construtivismo, é celebrado como um importante escultor brasileiro. Seus trabalhos de maior relevância e destaque são esculturas em espaços públicos, como na sede da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e a Módulo Rio, no pátio do Edifício Argentina, na Praia de Botafogo, RJ. Atuante desde a década de 60, trabalha diariamente no seu ateliê e participa de diversas exposições no Brasil.
Esculturas em espaços públicos
Falar no nome de Ascânio MMM significa pensar em esculturas em espaços públicos. Até a década de 90, ele e Franz Weissmann foram os artistas com presença de esculturas construtivas em espaços públicos do Brasil. Em depoimento para Paulo Herkenhoff, é o próprio artista quem afirma que sua obra tornou-se mais conhecida através das oito esculturas em espaços públicos do que através de dezenas de exposições que ele participou em museus e galerias.
As obras públicas de Ascânio estão espalhadas por cidades como Rio de Janeiro, Lisboa, Fão (vila natal) e Tóquio. No Rio de Janeiro, cidade onde o artista reside, seus trabalhos já são referências na paisagem da cidade.
Módulo Rio foi instalada na Praia de Botafogo, no pátio do Edifício Argentina. Segundo o artista, foi pedido uma escultura que acompanhasse a verticalidade dos edifícios, mas ele ficou “ preocupado com a altura dos prédios. Não podia confrontá-los. Os arquitetos do prédio, quando me chamaram para apresentar o projeto, queriam que eu fizesse uma escultura com tendências para verticalidade, acompanhando os prédios e as palmeiras. Consegui convencê-los a a colocar uma escultura mais horizontal que se esparramasse no chão, para evitar o confronto com a verticalidade dos prédios e dialogar com o entorno. Falei da minha experiência com a Praça da Sé e eles concordaram. Essa escultura está montada no piso de granito comum aos pedestres. Parece que desceu do pedestal para dialogar com as pessoas que passam diariamente pelo local”.
Essa fala do artista explicita um traço marcante de sua obra: a preocupação com a relação com o espectador e a com o espaço no qual as obras são exibidas ou instaladas, evidenciando o nexo indissociável entre arte e arquitetura que acompanhou todo o seu percurso de criação.
Com essa escultura, o artista apresenta a teoria por detrás da sua obra, ao afirmar que ele sente “que há uma distância entre a obra exposta em museus – espaços fechados – e espaços abertos. A sensação que eu tenho é que, no primeiro caso, a pessoa vai ao seu encontro, e no segundo a obra vai ao encontro da pessoa. As pessoas que circulam na cidade ganham intimidade com a obra.”
Essa relação com o social, com o outro, e com o potencial educativo da arte, que elabora nossa forma de ver o mundo, é um caráter essencial da poética de Ascânio MMM. Sua outra famosa escultura está instalada em frente à sede Prefeitura do Rio, um dos prédios mais importantes da cidade, em uma via por onde circulam todos os dias milhares de pessoas.
Anos de formação e início da carreira (1963-1977)
O artista possui um duplo percurso de formação: a de arquiteto e a de escultor. Em 1963, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) da Universidade do Brasil (atual EBA da UFRJ), tendo ficado até 1964. Em 1965, ele entra também na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da mesma universidade, onde conclui o curso em 1969.
Na ENBA, Ascânio se aproximou de uma geração de artistas que vieram a ser fundamentais para a arte brasileira. Frequentavam o círculo universitário Artur Barrio, Antonio Manuel e Raymundo Colares, para citar alguns dos nomes importantes.
Nessa época, há uma confluência e simultaneidade entre seus dois percursos. Na ENBA, ele se interessa por desenho já com o intuito de se tornar arquiteto; do lado da faculdade de arquitetura, o artista realiza uma vontade que vinha desde a infância. O artista, vindo de uma família de imigrantes, almeja uma profissão segura no novo país.
Entre 1965 e 1966, ele divide ateliê com Antonio Manuel e outros alunos da ENBA e recebe o convite de Ivan Serpa para frequentar seu ateliê aos domingos. também frequenta as casas de Raymundo Colares e de Vera Roitman. Junto com esses dois últimos e com as artistas Wanda Pimentel e Odila Ferraz formam um grupo cuja tradição é se encontrar todos os dias no final da tarde no bar do MAM, também frequentado por Mário Pedrosa e Frederico Morais.
O artista participa de salões e exposições, como o I Salão de Abril (MAM/1966), o XV Salão Nacional de Arte Moderna (MEC/1966) e a IX Bienal de São Paulo (1967), para citar alguns, mostrando obras que constrói antes mesmo de se formar, é rapidamente notado pela crítica, sobretudo por Frederico Morais e Francisco Bittencourt, e arremata diversos prêmios, como o Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura no I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ (1967), cujo júri foi composto por nomes como o de Mário Pedrosa, que era professor da FAU na altura; o Prêmio de Isenção de Júri (1968) e Prêmio de Aquisição no Salão da Bússola do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1969), um dos mais importantes salões da época.
Em 1968, constrói a primeira escultura branca. Em 1969, ano de conclusão do curso de Arquitetura, ele realiza sua primeira individual, na Galeria Celina. São dessa época seus múltiplos e suas Caixas Lúdicas de madeira, as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados e, portanto, objetos manipuláveis que ele cria por referência ao conceito de participação do espectador, caro a uma artista como Lygia Clark, que cria seus Bichos entre os anos 1960 e 1964.
Por ocasião dessa primeira exposição, o crítico Francisco Bittencourt define o artista como “um dos nomes mais representativos da vanguarda visual brasileira”, justificando que ele “foi o escolhido para esta exposição de encerramento que tantos elogios recebeu da crítica e do público”. Já Frederico Morais, ao apresentar o artista, classifica a obra do artista como a “expressão pura entre a forma e a lei, uma obra de arte como realidade que pode ser controlada e observada".
Em exposição na Galeria Banerj ao lado de outros artistas 20 anos depois, em 1986, a “Depoimento de uma geração (1969/1970)” o próprio artista relembra esse período inicial dos anos de formação. A exposição se chamava “Depoimento de uma geração (1969/1970)”, curada por Frederico Morais. Ascânio MMM participa ao lado de uma série de artistas como Antonio Manuel, Artur Barrio, Cildo Meireles, Wanda Pimentel e a proposta da coletiva era discutir o trágico período pós AI-5 no Brasil, apontando os caminhos que o grupo de artistas trilhou naquele momento político de endurecimento e ataque à cultura.
Em depoimento para a Galeria Banerj, o artista recorda como, em 1968, a situação chegava ao extremo. A geração anterior que foi a referência do artista estava fora do país e uma parte dos estudantes universitários havia sumido da universidade. Os militares fecharam a pré-Bienal de Paris no MAM, que havia escolhido a representação brasileira para a Bienal. Muitos artistas ficaram pressionados pela repressão e os que puderam saíram do país. Ascânio era diretamente envolvido na política estudantil, participou do velório de Edson Luís, estudante morto pela ditadura no Restaurante Calabouço, e pertencia ao grupo responsável pela parte gráfica do jornal do Diretório Acadêmico da FAU às vésperas do AI-5. Mesmo com esse cenário contraditório, o artista segue produzindo, participando de exposições e recebendo prêmios e ótimas resenhas.
Nos primeiros anos após conclusão do curso na FAU, o artista se mudou para Vitória-ES onde trabalhou como arquiteto em uma empresa terceirizada pela Companhia Vale do Rio Doce. Sua formação em arquitetura permitiu que ele se estruturasse 1977, quando decide o seu caminho definitivamente pela escultura e pelas artes visuais. Como recorda, foi uma decisão difícil porque ele tinha um salário mensal e fez a opção de abdicar dele, buscando outras vias para se estabelecer como artista. No entanto, a relação entre o escultor e o arquiteto tem uma saudável parceria, como uma relação construtiva.
O desenvolvimento da carreira (1970-1979)
Apesar de um curto percurso, os anos 70 marcam um período de maturidade para o artista. O pontapé inicial da década é o VII Resumo JB uma mostra coletiva promovida pelo Jornal do Brasil de ampla visibilidade, na qual 17 críticos escolheram as 15 melhores exposições individuais do ano Em 1971, é convidado por Walter Zanini para expor pela primeira vez fora do país, na 11ª Bienal de Antuérpia.
No ano seguinte, uma exposição sua em uma galeria do Rio, a Grupo B, ganha contornos históricos importantes: o catálogo tem textos de Antonio Manuel e de Lygia Pape, que, além de assinar o texto, também faz a programação visual e dirige uma série de fotografias do artista que atualmente pode ser considerada valiosa do ponto de vista cultural. A artista chamou o fotógrafo Sebastião Barbosa para fazer as fotografias e nas imagens, o artista empunha uma furadeira como se estivesse efetuando o mesmo gesto de apontar uma arma. No contexto político brasileiro, com artistas perseguidos e exilados, Lygia, ao fotografar Ascânio e tendo sido presa nos anos de chumbo, enviava uma mensagem clara: a obra do artista é a sua arma; e a arte jamais se dobraria ao autoritarismo vigente.
Ainda nessa conjuntura, entre 1975 e 1976, acontecem duas manifestações de artistas animam o cenário das artes brasileiras. Depois do boicote internacional à Bienal de São Paulo e o fechamento da Bienal da Bahia por parte da censura imposta pela ditadura, a classe artística se rebelou contra o prefácio do catálogo da XIII Bienal Internacional de São Paulo. Uma nova geração de artistas, dentre eles Ascânio MMM, Paulo Herkenhoff, Tunga, Antonio Manuel, Waltercio Caldas, Ana Maria Maiolino, Cildo Meireles, em protesto contra o novo Salão Agora I/Brasil 70/75 patrocinado pelo Jornal do Brasil e pela Light, em substituição ao Salão de Verão, a ser inaugurado no MAM, se recusou a participar.
Em 1976, ao artista ganha sua primeira individual em uma instituição de peso, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). Com texto do crítico Frederico Morais, os trabalhos de Ascânio MMM trazem a marca de “um construtivismo pobre e brasileiro”, tão bem notada por Morais. A expressão “construtivismo pobre” acabou sendo definitiva e foi citada por diversos críticos para se referir ao trabalho do artista posteriormente, como Francisco Bittencourt e Paulo Herkenhoff.
No texto de Morais, o crítico chama atenção para o uso da desprezada ripa de madeira, material fundamental usado pelo artista para construir suas esculturas. Esse material não-nobre evocaria um compromisso com a realidade social brasileira e a obra do artista transitaria entre a vontade construtiva e o barroco, oscilando entre o rigor da escultura e o fascínio dos movimentos de luz e sombra convocados pelo olhar. O crítico ainda o compara a Alfredo Volpi, afirmando que a têmpera está para Volpi como a ripa está para Ascânio. Vê no trabalho do artista um eco do concretismo de Volpi, um “comportamento algo proletário e artesanal”.
Ainda nesse mesmo ano, Ascânio MMM expõe na Galeria Arte Global em São Paulo e Francisco Bittecourt, outro entusiasta do começo de sua carreira, descreve suas obras como “desafio em ligar formas diferentes e até conflitantes num delicado equilíbrio”.
A consolidação do artista (1980-1989)
Já sedimentado como um artista de peso no cenário artístico brasileiro, Ascânio MMM se envolve junto com Kate Sherpenberg, Orlando Mollica, Luiz Americo Guandenzi como signatário do manifesto “ Por um MAM para a Cidade do Rio de Janeiro”, com o intuito de estudarem a viabilidade de novos lugares para expor artes plásticas, reafirmando seu compromisso não só com a visibilidade dos novos artistas, mas também com a difusão e a democratização do acesso da arte para o grande público.
Em 1981, Ronaldo do Rêgo Macedo, ao escrever sobre a individual do artista na Galeria Paulo Klabin, chama atenção para dois elementos que convivem nos trabalhos do artista: uma “poética da flexão, da torção e da dobra “e uma “obra elaborada a partir de um motivo central: a luz”. Atenta também para uma “reunião cordial de forças oponentes”, “entre o cálculo e a ação”, traços que acompanhariam sua extensa produção e que foram notados por muitos estudiosos.
Em 1982, é convidado para atuar como arquiteto e reformar a Sala Bernadelli no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Além disso, organiza o catálogo e a exposição de Marc Ferrez na galeria do museu.
No ano seguinte, inaugura a maior escultura de alumínio ao ar livre do Rio, Módulo Rio, abrigada até os dias de hoje no Edifício Argentina, no Centro Empresarial Rio, a convite dos arquitetos do prédio Claudio Fortes e Roberto Vitor.
O ano de 1984 marca uma virada significativa em sua produção quando ele apresenta suas “Fitangulares”, com as quais o artista abandona as ripas pintadas de branco – que marcaram definitivamente a primeira fase do seu trabalho, conhecida como “Fase branca”, para utilizar diferentes tipos de madeira exposta na cor crua, com seus veios aparentes. Segundo o crítico e curador Marcio Doctors, esse novo momento põe em evidência a paixão pela madeira, leva “o material às infinitas possibilidades”. Há aqui um segundo aspecto, que apresenta uma inversão do trabalho: “se, antes, as ripas espalhavam-se em leque em torno de um eixo, agora elas se fecham para juntas formarem um grande eixo sólido” e o crítico define Ascânio MMM como um “operário das próprias esculturas”.
Em 1985, o artista é convidado para assinar um dos troféus da Funarj, o Troféu Almirante. No mesmo ano, idealiza na Petite Galerie, junto de Adriano de Aquino e Ronaldo do Rego Macedo, uma exposição chamada “Encontros” em homenagem à Maria Leontina, falecida aos 67 anos.
No catálogo de 1986, que acompanha sua exposição na Petite Galerie, Frederico Morais elenca três questões na fase atual do artista: um desdobramento mais austero das fitangulares, com esculturas que serpenteiam pelas parede; o lado pictórico da escultura e o uso de diferentes ripas de diversas tonalidades de madeira
Em 1989, expõe no Instituto de Arquitetos do Brasil e Wilson Coutinho analisa sua obra pela perspectiva de uma aproximação com o minimalismo, devido ao fato do artista trabalhar com um único elemento, a ripa de madeira. Paralelo a isso, ele identifica um uma certa fenomenologia do material, uma vontade ir à coisa mesma, que ele retira do filósofo Edmund Husserl. Coutinho comparou as Piramidais, a nova pesquisa do artista, à Coluna Infinita de Brancusi, afirmando que tal como esta, a forma piramidal pode expandir-se ao infinito, no seu desejo de desdobrar-se rumo ao céu.
Essa exposição seria inaugurada também em Lisboa e, novamente, Wilson Coutinho faria a apresentação. Como escreve o crítico, Ascânio MMM “introduz o espectador entre rigor e desordem: sinuosos movimentos, curvas e semi-curvas, torção calculada, que desregula o olhar: é como um geômetra que joga dados”.
Galeria do Centro Empresarial Rio
Durante a década de 80, Ascânio manteve dois projetos paralelos ao trabalho de artista. Dirigindo, produzindo catálogos e curando exposições em duas galerias no Rio de Janeiro. Com Ronaldo do Rego Monteiro, desenvolveu programas curatoriais primeiro na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil ( 1981-1982) e depois na Galeria do Centro Empresarial Rio (1983-1989).
Na primeira, expôs figuras importantes da arte brasileira como Franz Weissmann, que inaugurou o espaço, Ione Saldanha, Joaquim Tenreiro e Abraham Palatnik e Maria Leontina, em 1982. Esse programa, sempre acompanhado de catálogos bem executados, integrava as artes plásticas nos debates sobre arquitetura e urbanismo, como salienta Paulo Herkenhoff.
Com o intuito de entender o circuito das artes e de compreender como funcionava a dinâmica entre artistas e galerias, Ascânio MMM se tornou ele mesmo, por um tempo, galerista. Em parceria com o empresário João Fortes, nasceu a Galeria do Centro Empresarial Rio. Esse espaço foi responsável por movimentar a cena artística do Rio de Janeiro na década de 80, onde foi desenvolvido um programa curatorial de arte abstrato-geométrica, além de garantir o lançamento de artistas sem visibilidade, o que fez com que muitos artistas conhecidos do meio atualmente tenham tido sua primeira individual lá, sob a direção de Ascânio e Ronaldo. Artistas como João Modé, Sandra Kogut, Daniel Senise, Arthur Barrão e Angelo Venosa são alguns dos nomes que foram selecionados para exposições individuais.
Na Galeria do Centro Empresarial Rio, foram organizadas cerca de 60 exposições, entre elas Brasil Hightech, com participação de Julio Plaza e de Eduardo Cáqui, e Tendências da Arquitetura Portuguesa. Havia ainda nesse programa curatorial exposições coletivas chamadas Novos novos, coletivas que tiveram participação de Adriana Varejão, Brígida Baltar, Márcia X, entre outros, reforçando o compromisso do artista em ser manter contemporâneo ao seu próprio tempo e servindo de plataforma para jovens artistas que não gozavam de visibilidade e careciam de lugares para expor seus trabalhos.
Esse trabalho junto à Galeria merece destaque na biografia de Ascânio MMM tanto quanto suas obras, tendo em vista que essa programação sustentou o debate em torno das principais questões estéticas do período.
A década das Piramidais (1990-1999)
Os anos 90 começam com uma série de exposições da série Piramidais, incluindo a instalação de esculturas públicas desse perfil.
Em 1993, Ascânio MMM instala a escultura Piramidal 1/1989 na sede do prédio da Nissin, em Tóquio, após dois anos de negociações. No mesmo ano, instala mais uma escultura na sede da Caixa Geral de Depósitos de Lisboa.
Em 1994, é inaugurada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a exposição Grandes piramidais, com curadoria de Fernando Cocchiarale. No catálogo, Cocchiarale vê na obra de Ascânio “uma genealogia de um construtivismo sem projeto ou programa para além da persistência de formas anteriormente trilhadas”, saudando no trabalho de Ascânio MMM uma tarefa incansável na direção contrária ao engessamento formal e ao enclausuramento dogmático, uma vez que, apesar de ser próximo de gerações de artistas brasileiros e apontar explicitamente as influências de que é tributário, o artista nunca se filiou rigidamente a um movimento propriamente dito.
Embora seja rotulado como construtivista, é o próprio artista que salienta que sua obra é marcada pela informalidade característica do construtivismo brasileiro, diferente do construtivismo europeu. Influenciado pela cidade do Rio de Janeiro, pelo carnaval de rua”, lembrando Hélio Oiticica. Se há, de fato, um preceito ou dogma, ele prega liberdade no manuseio das formas.
Por sua vez, é preciso não isolar o artista da história do construtivismo, afirmando que ele possui ligação indissociável com esse movimento da história da arte. Ligação indissociável com a história do construtivismo na arte. De raízes soviéticas, esse projeto estético e político foi testado mais uma vez em função da modernização recente de alguns países periféricos influenciados também pela Bauhaus, nas décadas de 50 e 60.
No Brasil, entre o concretismo paulista, o neoconcretismo carioca, a consolidação paralela da arquitetura e do urbanismo modernos, a construção de Brasília e as produções de artistas não vinculados a movimentos, Ascânio quem mais seguiu o construtivismo histórico: repetição seriada de um único material; fusão entre arte e arquitetura; facilitação do artesanal em detrimento da indústria, incorporação das falhas ou desvios, e a presença do artista em todas as etapas.
Em 1996, por ocasião da exposição do Atelier Finep no Paço Imperial, a crítica Aracy Amaral descreve Ascânio como um indivíduo sempre habitado pelo alter ego de um arquiteto, mas não a serviço de uma construção com utilidade, mas muito mais de arquitetura inútil e utópica e, portanto, a serviço da arte.
Em 1997, é convidado a instalar uma escultura na frente da Catedral da Avenida Chile, no Rio de Janeiro, mas por pedido de Dom Eugênio Sales, que queria uma estátua do Papa no local, ela é transferida para a área em frente ao Centro Administrativo Rio, a Prefeitura, e se torna uma das principais esculturas públicas da cidade.
A década de 90 se encerra para o artista com dois eventos. O primeiro é uma individual do artista no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com a exposição Piramidais de Ascânio MMM: transparência e opacidade. Sobre essa mostra, o crítico Fernando Cocchiarale descreve as piramidais como uma “apropriação de métodos e técnicas impessoais da indústria para subjetivá-los numa poética visual específica” e também como “invenção que se desdobra a partir de elementos mínimos”.
O segundo conduz Ascânio MMM de volta a sua terra natal, onde inaugura Piramidal 12.5 no Largo do Cortinhal, em Fão.
A cor e a nova pesquisa: flexos, qualas e quasos (2000-)
Dois materiais principais são os suportes das esculturas de Ascânio, a madeira e o alumínio. Na década de 60, o artista começa trabalhando com madeira. No início da década de 70, faz as primeiras experimentações com alumínio, como na exposição da Galeria Grupo B. Logo em seguida, retorna à madeira para no começo da década de 80 utilizar novamente alumínio, sobretudo com as esculturas de grandes dimensões para espaços públicos, esculpidas com o metal pintado de branco. É apenas na década de 90 que o artista intensifica sua criação em alumínio, criando estruturas vazadas em alumínio cru, como as piramidais que antes eram esculpidas em madeira.
A virada do século marca, então, uma outra fase: a introdução da cor em suas esculturas nas suas novas pesquisas com alumínio para dar nova vibração ao material.
Um dos traços relevantes que vão acompanhar esse novo período é o destaque do caráter público de sua obra, à maneira de Amílcar de Castro e Franz Weissmann. Segundo Davi Cury, o artista atualiza o esforço comum do modernismo: ser o contínuo esgotamento de uma possibilidade.
Em 2008, apresenta sua nova produção -flexos e qualas- e exibe no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Segundo o curador Paulo Herkenhoff, ele utiliza o conceito de módulo de LeCorbusier como base de todo o seu raciocínio construtivo, e nesse sentido, sua poética é resultante de sua vontade arquitetônica.
O crítico e curador posiciona Ascânio no corpus brasileiro de relações entre arte e arquitetura da década de 60, junto com Lygia Clark, Helio Oiticica, Cildo Meireles e Umberto Costa Barros.
Nos flexos e qualas, frutos de suas novas pesquisas, o artista substituiu na sustentação de suas criações parafusos por arames de aço inoxidável e argolas metálicas, produzindo tramas flexíveis. As esculturas, que antes eram feitas com ripas de madeira ou alumínio, organizadas em progressões verticais ou horizontais agora tem como ponto de partida pequenos quadrados de alumínio. As porcas e parafusos que mantinham os quadrados unidos, foram substituídos por arames e argolas, como já foi dito. Nos flexos, o ponto de partida são planos construídos unindo todos os quadrados com amarrações de arame, depois o artista o artista torce os planos transformando-os em planos que ocupam o espaço. A torção fica no limite que as amarrações que sustentam o plano conseguem sustentar, uma vez que fletir significa dobrar, vergar. No conjunto de obras intituladas qualas, o arame deu lugar a pequenas argolas como elemento de ligação entre as partes.
Em 2014, ele apresenta na Galeria Marcia Barrozo do Amaral os “Quasos”.
Esculturas criadas a partir de 2014, são objetos que inovam ao usar parafusos de diversos comprimentos para articular os módulos de modo a permitir mobilidade Nessas obras, há uma estratégica pulsão desconstrutiva. Os quasos são sua nova expressão, onde as estruturas prévias são desconstruídas em seus próprios elementos, quadrados e parafusos.
Com essas novas pesquisas, Ascânio MMM apresenta uma nova forma de manipular os parafusos: se antes eram apertados, agora são deixados frouxos, o que resulta em estruturas maleáveis. À extraordinária coerência de uma obra construtiva, o escultor propõe a ativação do pensamento visual por desvios.
Em 2015, mostra “Flexos e quasos” na AM Galeria de Arte. Guilherme Bueno coloca como uma questão chave de concepção da escultura de Ascânio a artesania do trabalho. Mesmo quando o artista trabalha com materiais industriais, ele deixa brechas intuitivas como um arquiteto que não submete totalmente a obra ao seu projeto Nota também, como outros críticos, a influência do livro Modulor de Le Corbusier e do arquiteto Frank Lloyd Wright.
Na exposição na Simões de Assis Galeria de Arte, em 2016, o curador e crítico Felipe Scovino retomou o esforço de Paulo Herkenhoff na publicação de Ascânio MMM: Poética da Razão, o principal documento sobre a obra do artista, em reparar a figura de Ascânio para a crítica e a história da arte brasileira.
Essa primeira exposição do artista em Curitiba funciona como uma retrospectiva - palavra que o próprio artista não simpatiza, uma vez que o fato de se referir ao passado não se aplica para artistas que ainda estão em plena atividade de seu pensamento - que reafirma o compromisso estético do artista que marcou a transição do moderno ao contemporâneo do construtivismo brasileiro.
Scovino destaca a influência de Lygia Pape, artista muito próxima de Ascânio, sobretudo no que diz respeito aos Relevos e Tecelares; Lygia Clark, com suas Superfícies Moduladas e a relação entre volume, arquitetura e participação nos Bichos; e também de Franz Weissmann, a quem o artista considera o maior escultor da arte brasileira.
Sobre esse último, o crítico detalha como ele abdica do pedestal, sustenta a obra diretamente no chão, repete módulos vazados, usa novos materiais desconhecidos no Brasil para a escultura, como ferro e alumínio, cuja maior expressão seria Torre neoconcreta.
O texto “As invenções de Ascânio” menciona ainda o círculo de proximidade de Ascânio com artistas da ENBA na década de 60 e contato com o livro Candilis Josic Woods: uma década de arquitectura y urbanismo, de Jürgen Joedicke, que seria uma referência seminal para sua obra.
Além disso, mostra como o artista se interessou por arquitetos que contemplavam um programa social de habitações populares, como Reidy, que não propunha uma escultura como monumento ou triunfo histórico, como mostra as críticas de Ascânio às estátuas do Rio de Janeiro. Ao contrário, Ascânio MMM está interessado em intervir no espaço público para proporcionar uma experiência sensível do espectador.
Outros traços que merecem ser ressaltados do texto é a reafirmação de que o artista não seguiu modismos e repetições, se desenvolvendo como herdeiro do neoconcretismo, mas estabelecendo novos parâmetros para a arte abstrato-geométrica; a fusão da luz e da cor; a fluidez com a qual rigor e delicadeza se interpenetram ; o habitar do espaço tridimensional como compromisso com o espectador e característica sonora e lúdica de sua obra , que privilegia o gozo em detrimento da função.
Já Paulo Myiada, no catálogo para a exposição “As medidas dos corpos” na Casa Triângulo, destaca três elementos caros à práxis do artista: o sofisticado jogo de escalas e espacialidades, a influência definitiva do Modulor, como já havia sido notado anteriormente pela crítica e salienta a importância da prática diária do ateliê, espaço que o artista continua frequentando todos os dias da semana.
Biografia
Ascânio Maria Martins Monteiro (Fão, Portugal, 16 de setembro de 1941) é um artista nascido no litoral norte de Portugal, em uma aldeia com pouco mais de 3000 habitantes, e radicado no Rio de Janeiro desde 1959, quando chegou com 17 anos para se instalar com sua família. É casado e pai de duas filhas. Trabalha diariamente no seu ateliê, na zona central da cidade, participa de diversas exposições no Brasil e no mundo. É considerado um dos grandes escultores da arte brasileira.
Os primeiros passos do artista: Infância
O período da infância do artista é fundamental para entender características marcantes de sua obra, permeada por influências implícitas que dizem respeito ao seu círculo familiar, a sua vila natal e às contingências implicadas durante essa fase da vida.
Fão era uma vila que havia crescido em torno de um estaleiro, principal atividade econômica da região, que entrara em franca decadência, o que fez um contingente significativo de habitantes da vila emigrar para o Brasil. Seu tio-avô José Linhares mantinha na casa em que ambos residiam uma pequena oficina; marcenaria que funcionava como uma ocupação para ele, espaço que se tornou motivo de fascínio para Ascânio quando era criança. O artista conta, em depoimento para Paulo Herkenhoff, que morava na mesma casa que seu tio-avô porque ele, junto com sua tia-avó, criara a sua mãe, já que a mãe dela havia morrido quando ela tinha apenas 5 anos. Depois de casada ela continuara vivendo com o casal de tios que a criara e o filho Ascânio cresceu, então, nessa mesma casa. Como conta em depoimento para Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: a poética da razão: “Havia também uma plaina curiosa: ela tinha duas regulagens nos dois extremos que tornavam-na côncava ou convexa, talvez para aplainar as cavernas dos barcos. Eu quis trazê-la comigo como recordação, mas ela foi incluída no lote de ferramentas que foi vendido quando viemos para o Rio. Nas paredes havia várias réguas retas e curvas e esquadros de madeira grandes, grandes serras manuais (traçadores) para cortar troncos de árvores, etc. Evidentemente, surgiram lá, vindas do estaleiro. Eu, criança, ficava me perguntando qual era a função de cada peça, para que servia todo aquele aparato. Quando ele morreu eu tinha 12 anos. Foi assim que me familiarizei com as ferramentas: martelo, serrote, formões, máquina de furar, plaina, etc. As ferramentas eram uma espécie de brinquedo para mim. Os atos de serrar, pregar, furar eram suficientes. Mexer com a madeira e as ferramentas tornou-se familiar. Isso foi muito importante, quando comecei na arte, para eu fazer os meus primeiros objetos de madeira em 1964.”
Além disso, um trabalho em uma loja de ferragens na adolescência acabou por intensificar para o artista o fascínio pela construção.
Há também um fato determinante citado no mesmo livro no qual Ascânio encontra uma abertura fundamental para o que viria a ser o seu trabalho tanto como arquiteto quanto artístico. Ao entrar em uma casa de veraneio no pinhal de Fão, construída no bojo da arquitetura modernista portuguesa da década de 50 e totalmente distinta da paisagem arquitetônica com a qual Ascânio estava habituado, onde predominavam casas pintadas de branco com salas repletas de móveis e retratos que mais pareciam museus, o artista tem seu primeiro contato com o modernismo. Tal qual uma epifania, o livro de Herkenhoff mostra como, aos 12 anos de idade, Ascânio “teve a intuição do espaço moderno” que viria a ser definitiva na sua carreira.
Desde muito cedo, o artista já se confronta com o conservadorismo da Igreja Católica portuguesa influenciado pelas primeiras leituras dos romances “Os maias”, “ O crime do padre Amaro” e “O primo Basílio” de Eça de Queiroz. Desenvolve uma certa inquietude pelas velhas formas, traço que o impele na direção de uma vocação para a arquitetura – decisão tomada aos 12 anos de idade - e, posteriormente, para as artes plásticas.
Toda essa conjuntura apareceria como influências na obra de Ascânio MMM: os brancos da arquitetura local; o apreço pelo uso das ferramentas; o contato fortuito com o modernismo; o repúdio às estruturas antigas e forças conservadoras.
Não por acaso, o período da infância do artista tem papel de destaque em diversas entrevistas que concede para catálogos e veículos de informação, tendo em vista a importância que essa fase conferiu à obra do artista.
Crítica
Segundo o crítico Paulo Herkenhoff, a obra do artista se caracteriza por promover uma interação entre filosofia, matemática, arte e arquitetura.
“Depois do Bicho de Clark, Ascânio MMM opera inovadoramente com o toque na geometria e sua reorganização pelo espectador, que passa por etapas de desordem e desejo de ordem, experiência lúdica com a forma, a noção de forma aberta. Ascânio é o artista da fenomenologia do toque construtivo por excelência. Com Caixa 2 (1969), expõe a “vontade construtiva” na recepção do fenômeno estético por seu sujeito percepcional. Tocar não é abdicar da geometria, mas reiterar o desejo de ordem. (...) Depois das estruturas construtivas manipuláveis de Clark, Oiticica, Pape e Willis de Castro, Ascânio e Paulo Roberto Leal – o toque é a vivificação da forma orgânica na experiência (e não sua fruição passiva exclusiva pelo olhar), encontro do corpo com o mundo".
Outros críticos, como Paulo Sérgio Duarte, já haviam observado a importância da lógica e da matemática nas curvas propostas por Ascânio.
Exposições individuais
1969
Galeria Celina, Rio de Janeiro
1972
Galeria Grupo B, Rio de Janeiro
1976
Galeria Arte Global, São Paulo
MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1979
Skultura Galeria de arte , São Paulo
1981
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1986
Galeria Petite Galerie, Rio de Janeiro
1989
Galeria 111, Lisboa, Portugal
Instituto de Arquitetos do Brasil, Rio de Janeiro
1990
Galeria Zen, Porto, Portugal
1991
Piramidais, Subdistrito Comercial de Arte, São Paulo
1994
Grandes piramidais, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro -MAM
Grandes piramidais, Palácio das Artes, Belo Horizonte, Minas Gerais
Retrospectiva, Galeria AM, Belo Horizonte, Minas Gerais
1995
Piramidais, Galeria 111, Lisboa, Portugal
1996
MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo
1997
Atelier Finep, Paço Imperial, Rio de Janeiro
1999
Piramidais III, Museu de Arte Moderna do Rio de janeiro Galeria Coletânea, Rio de Janeiro
2001
Galeria do Poste, Niterói
2005
Dan Galeria, São Paulo
Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, Rio de Janeiro
2008
Flexos e Qualas, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Márcia Barrozo Galeria de Arte, Rio de Janeiro
2014
Quasos, Galeria Márcia Barrozo do Amaral, Rio de Janeiro
2015
Flexos e Quasos, AM Galeria, Belo Horizonte
2016
Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba
Casa Triângulo, São Paulo
Exposições coletivas
1966 I Salão Abril, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
III Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, Brasília
VIII Mostra de Modelagem da ENBA, Rio de Janeiro
1967
XVI Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
I Salão de Artes Plásticas da FAU UFRJ
IX Bienal de São Paulo
I Salão Nacional de Pintura Jovem, Hotel Quitandinha, Petrópolis, RJ
1968
7 Novíssimos 68, Galeria Ibeu, Rio de Janeiro
II Salão ESSO, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XVII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
II Bienal da Bahia, Salvador, Bahia
II Salão de Arte Universitária da PUC-Rio
I Salão Nacional de Arte Universitária de Belo Horizonte
1969
XVII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC
Pré-Bienal de Paris, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Salão da Bússola, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1970
XIX Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
O objeto como tema, Galeria Ibeu, 1970
VIII Resumo JB, MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
II Salão de Nacional de Arte Contemporânea, Belo Horizonte
II Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM- Museu de Arte Moderna, São Paulo
1971
XX Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
I Salão Eletrobrás MAM Rio de Janeiro
Coletiva Grupo B, Rio de Janeiro
Domingos de Criação, MAM, Rio de Janeiro
1972
Protótipos e Múltiplos, Petite Galerie, Rio de Janeiro
IV Panorama da Arte Atual Brasileira, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
XXI Salão Nacional de Arte Moderna
Coletiva de Múltiplos New Style – Rio de Janeiro
Exposição de Múltiplos, Múltipla Galeria, São Paulo
Arte/Brasil/Hoje: 50 anos, Galeria Collectio, São Paulo
1973
XXII Salão Nacional de Arte Moderna, MEC, Rio de Janeiro
Salão de Arte contemporânea de Belo Horizonte
Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro
1975
VII Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
Galeria Contorno
1977
Encontro Nacional de Escultores, Secretaria de Cultura, Ouro Preto, Minas Gerais
I Exposição de Escultura ao Ar Livre – SESC da Tijuca
1978
I Salão Nacional de Artes Plásticas, MEC, Rio de Janeiro
O Objeto na arte: Brasil Anos 60, Museu da FAAP, São Paulo
1979
XV Bienal de São Paulo
1980
Casa Grande Galeria de Arte, Goiânia, Goiás
1981
Do Moderno ao Contemporâneo – Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1982
100 anos de Escultura no Brasil, MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo
Brasil – 60 anos de Arte Moderna – Coleção Gilberto Chateaubriand, Fundação Calouste Gulbekian, Lisboa, Portugal
1984
Retrato e Autoretrato da Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Portrait of Country – Brazilian Modern Art from Gilberto Chateaubriand, Barbican Center, Londres, Inglaterra
Madeira Matéria de Arte, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1985
Uma questão de ordem, Galeria da UFF, Niterói
Panorama da Arte Atual Brasileira – Formas Tridimensionais, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Fazer e seus modos, Museum, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, em São Paulo
1986
Depoimento de uma geração 1969/1970, Galeria Banerj, Rio de Janeiro
Primeira Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, Fundação Demócrito Rocha, Fortaleza
1987
Ao Colecionador, MAM- Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1988
Uma Escultura para o Mar de Angra , Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro
1989
I Fórum de Arte Contemporâneo, Fórum Picoas, Lisboa, Portugal
1992
Arte Brasileira na Coleção: Anos 70/90, MAC- Museu de Arte Contemporânea, São Paulo
1992
Galeria de Arte da UFF, Niterói
1994
Primeira Exposição Comemorativa dos 30 anos da Galeria, Galeria 111, Lisboa, Portugal
1996
Projeto Eventos Especiais – 3 Dimensões, Galeria Sérgio Milliet, Rio de Janeiro
Arte e Espaço Urbano, Itamaraty, Brasília
Piramidais, Museu de Arte de São Paulo
1997
I Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, Instituto Cultural Itaú, São Paulo
Arts Plastique Contemporains du Brésil, Musée Nicolas Sursock, Beirute,
1999
Portugal Mar sem Fim, Museu de Arte Contemporâneo do Ceará
2000
Novas Aquisições/ Coleção Gilberto Chateaubriand
MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
IBEU/ Sessenta anos de Arte, Galeria do IBEU, Rio de Janeiro
2002
Caminhos do Contemporâneo: 1952/2002, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2005
Rio Concreto, Galeria Theodor Lindner, Rio de Janeiro
Chroma, MAM – Museu de Arte Moderna,, Rio de Janeiro
2006
Homo Ludens, Do Faz de conta à vertigem, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
2007
Arte como questão – Anos 70, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
Poética da Percepção, Espaço Cultural Vivo, São Paulo
Coleção Manuel de Brito, Algés, Lisboa, Portugal
2008
Lá Fora, Museu da Presidência da República, Viana do Castelo, Portugal
Cor e Forma, Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba,
Panorama dos Panoramas, MAM - Museu de Arte Moderna, São Paulo
MAM 60 anos, MAM- Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Arte Contemporânea e Patrimônio, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2010
Cor e Forma II, Simões de Assis, Galeria de Arte, Curitiba, Paraná
Arquivo Geral, Centro de Artes Helio Oiticica e Centro Carioca de Design, Rio de Janeiro
2011
Vieira da Silva/ Arpad Szenes e a ruptura do espaço na arte brasileira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
Gigante por la própria naturaleza,Instituto Valenciano de Arte Moderno, Valência, Espanha
2012
Geometria da Transformação – Arte construtiva Brasileira na Coleção Fadel, Museu Nacional da Esplanada dos Ministérios, Brasília
Vontade Construtiva na Coleção Fadel, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
O abrigo e o terreno: Arte e sociedade no Brasil I, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
Mitologias por procuração, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
2014
Cromofobia, Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina
Abstrações na Coleção Fundação Edson Queiroz e Coleção Roberto Marinho, Fortaleza
Vontade Construtiva na Coleção Fadel , Museu de Arte Moderna ,São Paulo
Encontro dos Mundos, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
2015
10 Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Sotto Voce, Dominique Lévy Gallery, Londres, Reino Unido
Museu Dançante, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
Principais prêmios
1978 - Prêmio Viagem ao exterior , I Salão Nacional de Artes Plásticas, MEC, Rio de Janeiro
1972 - Grande Prêmio para Escultura, IV Panorama da Arte Atual Brasileira , MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo
1971 - Prêmio de Aquisição, I Salão da Eletrobrás, MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo
1970 - Prêmio de Aquisição, XIX Salão Nacional de Arte Moderna, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1969 - Prêmio de Aquisição, Salão da Bússola, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1968 - Prêmio pesquisa , II Salão de Universitário da PUC-Rio
1968 - Prêmio de Isenção de Júri
1967 - Primeiro prêmio para pintura e primeiro prêmio para escultura, I Salão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ
1966 - Prêmio escultura não figurativa, II Exposição Geral de Belas Artes ( ENBA-UFRJ)
Obras em museus e instituições
Museu de Arte Contemporânea de São Paulo – MAC, São Paulo
Museu de Arte Moderna, MAM, São Paulo
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Itaú Cultural, São Paulo
Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna, MAM, Rio de Janeiro
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Instituto São Fernando – Coleção Ronaldo César Coelho, Rio de Janeiro
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, Porto Alegre
Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba
Fundação Edson Queiroz, Fortaleza, Brasil
Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina
Principais esculturas públicas
Centro Empresarial Rio, Praia de Botafogo, Rio de Janeiro
Edifício Sede GlaxoSmithKline, Rio de Janeiro
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Cidade Nova
Praça da Sé, São Paulo
Jardim da Luz, Pinacoteca do Estado de São Paulo
Nissin Corporation Building, Tóquio, Japão
Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, Portugal
Largo do Cortinhal, Fão, Portugal
Coleções privadas
Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro
Sérgio Fadel, Rio de Janeiro
Manuel de Brito, Lisboa, Portugal
Norman Foster, Londres, Reino Unido
Peter Klimt, Londres, Reino Unido
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 11 de janeiro de 2023.
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Biografia Oficial Ascânio M.M.M.
Nasceu em Fão, Portugal, em 1941, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sua formação inclui passagem pela Escola Nacional de Belas Artes entre 1963 e 1964, e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), entre 1965 e 1969, onde se graduou. Atuou como arquiteto até 1976.
Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 ainda na FAU e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. Neste mesmo ano, exibiu pela primeira vez seus trabalhos ao público, no I Salão de Abril no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São deste período as Caixas, cubos de madeira sobre as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados.
A “relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia” fixou-se como questão central do seu trabalho durante toda a década de 1970. Neste período, a partir de módulos de ripas de madeira pintadas de branco e um eixo, desenvolveu progressões em torções verticais e horizontais, explorando a questão da luz e sombra.
Na década de 1980, com os relevos e esculturas Fitangulares, interessou-se pela madeira crua, passando a explorar as cores naturais da madeira de diferentes espécies (cedro, mogno, pau marfim, ipê, freijó, etc). Já no final dos anos 1980 surgiram as primeiras Piramidais de madeira.
Nos anos 1990, a questão das grandes dimensões e o espaço público tornaram-se uma preocupação central para Ascânio e as pesquisas com perfis de alumínio se intensificaram. O alumínio tornou-se então a base para a criação de novos trabalhos, sempre utilizando o módulo. As esculturas desta fase caracterizam-se pelos tubos retangulares de alumínio cortados, que geram esculturas de grandes dimensões com vazios internos e sucessões de transparências e opacidades, tornando-as quase imateriais conforme a posição do espectador.
Nos anos 2000, desenvolve os Flexos e Qualas. Nos primeiros, os parafusos que eram usados nas Piramidais foram substituídos por arames de aço inoxidável amarrando os tubos quadrados cortados com um centímetro, e gerando tramas flexíveis. Nos Qualas, a amarração de arame foi substituída por argolas, resultando em uma trama “que se atravessa pelo olhar, pela luz e pelo vento”.
Na década 2010, com os Quasos, mantém seu interesse pelas possibilidades do alumínio, e passa a inverter a lógica convencional do uso dos parafusos de tamanhos variados. Estes trabalhos oferecem torções e flexões resultantes da desconstrução da malha geométrica construída, introduzindo a questão da imprevisibilidade nos seus trabalhos. A cor voltou a ser usada mas de forma sutil.
A produção artística de Ascânio foi objeto de estudo e análise crítica por Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: Poética da Razão (BEĨ Editora, 2012). Em 2005 foi publicado o livro Ascânio MMM (Editora Andrea Jakobsson, 2005), com textos de Paulo Sergio Duarte, Lauro Cavalcanti, Fernando Cocchiarale e Marcio Doctors.
Fonte: Site Ascânio MMM. Consultado pela última vez em 14 de janeiro de 2023.
Crédito fotográfico: Daniela Dacorso, O Globo. Publicado em 11 de agosto de 2012. Consultado pela última vez em 14 de janeiro de 2023.