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Galileo Ugo Emendabili (Ancona, 8 de maio de 1898 - São Paulo, 14 de janeiro de 1974), mais conhecido como Emendabili, foi um escultor ítalo-brasileiro. Especializou-se em escultural através do Curso Superior de Escultura na Real Academia de Belas Artes de Urbino, mas a sua trajetória artística começou na Itália, onde se destacou pela criação de monumentos e esculturas funerárias, como o busto do político Giuseppe Mazzini e o monumento "Libertà", que demonstrava sua oposição ao regime fascista. Em 1923, Emendabili emigrou para o Brasil, onde rapidamente se estabeleceu na cena artística de São Paulo, criando marcos icônicos como o Monumento a Ramos de Azevedo e o Obelisco de São Paulo, este último homenageando a Revolução Constitucionalista de 1932. Em São Paulo, Emendabili também se destacou na arte funerária, com suas obras presentes em diversos cemitérios da cidade, refletindo a influência da escultura clássica italiana. Sua contribuição artística foi amplamente reconhecida, resultando em prêmios e títulos honorários.
Galileo Emendabili | Arremate Arte
Galileo Ugo Emendabili, conhecido como Galileo Emendabili, foi um escultor ítalo-brasileiro nascido em 8 de maio de 1898 em Ancona, Itália, e falecido em 14 de janeiro de 1974 em São Paulo, Brasil. Ele se destacou principalmente por suas obras monumentais e esculturas funerárias. Emendabili iniciou sua formação artística na Itália, onde esculpiu o busto do político Giuseppe Mazzini e criou o monumento "Libertà", em homenagem ao republicano Giuseppe Meloni, evidenciando seu talento e sua oposição ao regime fascista italiano.
Em 1923, Emendabili emigrou para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Lá, ele rapidamente se integrou à cena artística local, trabalhando inicialmente como entalhador e depois fundando seu próprio ateliê. Entre suas obras mais conhecidas estão o Monumento a Ramos de Azevedo e o Obelisco de São Paulo, ambos marcos significativos na paisagem paulistana. O obelisco, feito de mármore travertino, é um tributo à Revolução Constitucionalista de 1932 e destaca a dedicação de Emendabili à escultura monumental. Seu trabalho também pode ser visto em diversos cemitérios de São Paulo, onde ele aplicou seu talento à arte funerária, deixando um legado duradouro na cidade.
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Biografia Galileo Ugo Emendabili | Wikipédia
Galileo Ugo Emendabili (Ancona, 8 de maio de 1898 - São Paulo, 14 de janeiro de 1974) foi um escultor ítalo-brasileiro responsável pela criação de diversas esculturas funerárias e de célebres monumentos artísticos na cidade de São Paulo, como o Obelisco Mausoléu dos Heróis de 32 (1970), o Monumento a Luiz Pereira Barreto (1929) e o Monumento a Ramos de Azevedo (1934). Nascido e criado nas regiões de Ancona, Urbino e Genova, na Itália, Emendabili se mudou para São Paulo, Brasil com 25 anos de idade e residiu na capital até o fim da vida.
Infância na Itália
Filho de Ludovico Emendabili, que era artesão moveleiro, e de Enrica Angioletti, Galileo Emendabili nasceu em 1898 na comuna de Ancona, na Itália. Parte de uma família numerosa de dez filhos, já aos oito anos de idade Galileo virou aprendiz de entalhador de móveis no atelier de Augusto Clementi, um ebanista (marceneiro especializado em Ébano), surdo-mudo, de grande relevância na Itália. Por meio deste contato com o mestre surdo-mudo e com os demais aprendizes do atelier, Emendabili começa a dominar a linguagem gestual, que foi essencial para a comunicação dentro do atelier. Em 1908, Galileo ajuda o pai com o trabalho produzindo móveis artesanais na fábrica do progenitor.
Um dos primeiros incentivos que Galileo teve para ingressar no ofício de escultor foi em 1909 através de Don Enrico Ruschioni, Capelão da Igreja do Santíssimo Sacramento. Ao ver o jovem esboçando uma Nossa Senhora sobre um fragmento de pedra lavrada com cacos de tijolos e cerâmicas, o capelão recomendou que Emendabili estudasse Belas Artes, o que de fato aconteceu 6 anos depois.
Estudos na Real Academia de Belas Artes de Urbino
Ingressando no Curso Superior de Escultura na Real Academia de Belas Artes de Urbino, Emendabili matricula-se para a turma de 1915 especializando-se em escultura. Por conta do início da Primeira Guerra Mundial, a classe que havia começado com 52 alunos em 1915, em 1918 apenas tinha 32 alunos. Durante os seus anos de estudo, Emendabili dividiu o aluguel de um quarto com o colega Urbano Polverini, além de ter que fazer suas refeições diárias com apenas 75 centavos cada. Com o colega de quarto, em 1916 Emendabili abriu seu primeiro atelier artístico no Palazzo Passerini, no Corso Vittorio Emanuele II.
Sendo destaque entre os colegas de turma, em 1918 Emendabili recebeu pela banca examinadora do Real Instituto de Belas Artes uma bolsa de estudos artísticos para financiar as viagens que ele faria pelo eixo Urbino - Roma. Junto ao Ministério da Instrução Pública, Emendabili foi nomeado para receber a bolsa por unanimidade, o que o possibilitou entrar em contato com obras de grandes nomes da escultura como Ivan Mestrovic e Adolfo Wildt, além de conseguir visitar com frequência o escultor Arturo Dazzi, que possuía um atelier em Roma.
Ganhando notoriedade na seara da escultura na Itália, Emendabili passa a assinar, ainda em 1918, a revista artística conservadora Valori Plastici, fundada por Mario Broglio no mesmo ano. Emendabili também assinava em 1918 outra revista que exaltava o retorno aos conceitos clássicos da arte: chamada Architettura e Arti Figurative, o periódico tinha como diretor Gustavo Gianoni e Marcelo Piacentini, que mais tarde seria nomeado como arquiteto do regime fascista de Benito Mussolini. Foi por meio da contribuição na Architettura e Arti Figurative que Emendabili aprofundou contato com o expressionismo de Adolfo Wildt.
Depois de 5 anos estudando na Real Academia de Belas Artes, Emendabili gradua-se com distinção em Escultura no ano de 1919.
Início da carreira e primeiras obras
Depois de ter graduado em Escultura, Emendabili abre, em 1919, o seu segundo atelier italiano na Via Barilari, em Ancona, no mesmo quarteirão em que seu pai Ludovico Emendabili havia transferido a fábrica de móveis que possuía. Lá, Emendabili esculpe Busto femminile. Em 1920, o escultor abre o seu terceiro atelier na Itália, na Via Stagni, em Ancona, onde ele entalha a escultura o Porta-Bandeira de Combate do Real Explorador Ancona, que mais tarde foi exposta no Museo Sacrario della Marina al Vittoriano, em Roma.
Em 1921, Galileo Emendabili esculpe o busto a Giuseppe Mazzini, político revolucionário responsável pela unificação italiana, sediado na Residenza Municipale; a sede do Governo Municipal de Ancona. Sua primeira exposição artística, a Esposizione Regionale D'Arte, foi feita em conjunto com outros artistas, como Urbano Polverini, Filandro Castellani e Vittorio Morelli. Aclamada pela crítica italiana de arte, a exposição foi considerada por Luigi Serra da revista Emporium como revolucionária e capaz de romper com a "monotonia de uma homogeneidade meticulosamente lapidada, de agrupamentos metódicos".
Em 1921 Emendabili foi escolhido para esculpir a obra Libertà, um monumento em homenagem ao republicano Giuseppe Meloni, jovem que fora emboscado e assassinado por guardas do fascismo italiano. A escultura memoriral, que mescla traços do art déco e do expressionismo, foi erigida no cemitério Tavernelle no túmulo de Giuseppe Meloni. Entretanto, a construção da obra apenas acentuou a oposição de Emendabili ao fascismo italiano, tornando-o oficialmente um intelectual de oposição pelo regime de Mussolini.
Em 1923, Galileo Emendabili casa-se com Malvina Manfrini, com quem permaneceu casado até o fim da vida. Galileo e Malvina tiveram dois filho, Plínio e Fiammetta.
Para fugir do governo fascista de Mussolini, em junho de 1923 Emendabili parte de Genova a navio com a esposa para Buenos Aires. Durante a viagem a bordo, Emendabili é avisado pelo comandante de que estão tramando o assassinato do escultor a bordo, por conta de sua oposição ao regime político italiano vigente. Por isso, Emendabili decide mudar de destino e desembarca com a esposa no Porto de Santos, em São Paulo, no dia 3 de julho de 1923. De lá, parte para São Paulo, cidade que já sediava grande comunidade italiana. Em São Paulo, Emendabili reside até a morte.
De Urbino para São Paulo
Galileo Emendabili inicia sua trajetória artística no Brasil na cidade de São Paulo, no ano de 1923. Começa trabalhando como vendedor de tintas, mas, no mesmo ano, consegue seu primeiro ofício artístico no novo país, remontando ao primeiro trabalho que teve em Ancona: entalhador. A direção do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo contratou Emendabili prontamente quando viu um esboço que ele fizera com primazia em um recorte de papel. No mesmo ano, Emendabili esculpe sua primeira obra fora da Itália, a Maternidade Eslava, que atualmente está na coleção de Emanuel Araújo.
Em 1924, Emendabili abre seu primeiro atelier artístico em São Paulo, na Rua das Flores, que hoje é a Praça Clóvis Bevilaqua. É neste estúdio que Emendabili planeja o memorial Sons Celestiais para o túmulo da família Borin Refinetti Rappa, obra consoante com a arquitetura do art-déco que está no Cemitério Araçá. Constituído por duas figuras femininas com liras e um pranteador no centro, o memorial foi uma de suas primeiras esculturas feitas em São Paulo, e marca o início da trajetória de arte funerária de Emendabili em São Paulo.
Como reflete Silvana Brunelli Zimmerman, estudiosa do escultorː
“ O túmulo da família Borin, denominado de Sons Celestiais, apresenta duas musas quase idênticas, com seus atributos específicos – as liras – talvez uma possível correlação com a vida do morto. Emendabili, nessas figuras, apesar das longas túnicas e do tratamento meticuloso dedicado às dobras do planejamento, que realçam as partes dos corpos femininos, optou por uma iconografia “atualizada”, devido a ausência da tradicional coroa de flores ou mesmo de louros. ”
Em 1925, Emendabili ganha seu primeiro concurso artístico, obtendo o primeiro lugar no prêmio Concurso Internacional para o Monumento a Luiz Pereira Barreto, cientista e cafeicultor.
Monumento a Luiz Pereira Barreto
Vencedor do edital público para a construção do monumento realizado pela Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, Emendabili começou a criar o monumento em 1925 e espantou-se com o rigor academicista que a comissão avaliadora da escultura impunha para a realização da obra. Entretanto, Emendabili conseguiu produzir o monumento com liberdade estética (vista a partir das representações femininas nas laterais da obra) ao mesmo tempo que seguia com as orientações do edital. Finalizado em 1928 por Emendabili em seu próprio atelier na Rua das Flores, em fevereiro de 1929 o monumento foi instalado com o aval da Prefeitura de São Paulo na Praça Marechal Deodoro, que na época não contava com nenhuma outra obra artística. No dia 3 de maio de 1929, o Monumento a Luiz Pereira Barreto foi inaugurado, mas Emendabili não compareceu à solenidade. Em 2000, a obra foi restaurada dentro do projeto de revitalização da Praça Marechal Deodoro.
A arte funerária de Galileo Emendabili
Ao longo de sua vida, Galileo Emendabili planejou e construiu diversas esculturas funerárias; obras destinadas para homenagear túmulos de famílias em cemitérios. A partir das esculturas que fez, Emendabili se tornou um dos principais expoentes da arte funerária em São Paulo, sendo possível encontrar obras suas em muitos cemitérios da capital, como o Cemitério da Consolação e o do Araçá.
Foi exatamente a partir de suas esculturas funerárias que Emendabili começou a ganhar destaque no meio artístico paulistano. Por conta da revalorização dos ideais clássicos da arte presente em suas obras, a estatuária emendabiliana trouxe à São Paulo, que já estava sendo influenciada pela arte moderna, traços da arte italiana clássica. Com isso, Emendabili ganhou destaque e renome entre os artistas mais conservadores.
Veja a seguir quais são as principais esculturas funerárias esculpidas por Galileo Emendabili em São Pauloː
Mário de Andrade, artista modernista brasileiro, foi um grande admirador de Emendabili, tecendo a ele diversos elogios. Durante uma visita ao segundo atelier de Emendabili, na rua Bela Cintra, Mário de Andrade se deparou com Cristo Bom Pastor, que atualmente está no Cemitério Municipal, em Tatuí. Admirado pela obra, em 1942 ele comentaː
“ (...) recordo que vi, no seu "atelier" da rua Bela Cintra, cheinho de planos, desenhos, projetos e esboços, um Cristo que me emocionou profundamente. Não era o Cristo manso, perdulário de ternura, militante dos perdões, que ali estava pronto para o milagre de metamorfosear-se, saindo do gesso para o bronze e, pois, para a Eternidade. Era um Cristo altivo, eu quase diria insolente - o Cristo sobranceiro que um dia perdeu a paciência e expulsou os vendilhões do templo. Emendabili ficou esse sentimento ou ressentimento de Cristo no belo rosto erguido na testa ampla, repositório de idéias de libertação dos oprimidos... ”
Monumento a Ramos de Azevedo
Já em seu segundo atelier na Rua Bela Cintra, em 1929 Emendabili se inscreve no concurso internacional para o monumento em homenagem a Ramos de Azevedo, célebre arquiteto paulistano que foi autor de diversos edifícios públicos e privados em São Paulo. Vencedor do concurso, em 1929 Emendabili já começa o trabalho para o monumento, esculpindo a figuração de toda a obra, que possui sete figuras acopladas à peça principal, diretamente no gesso e depois em granito Itaquera e bronze. Até 1933, o escultor consegue fundir e montar todas as partes do Monumento a Ramos de Azevedo, resultando em uma obra com 22 toneladas e 25 metros de altura. Na época, São Paulo não possuía esculturas dessa dimensão, o que causou espanto e admiração dos paulistanos.
Inaugurada em 25 de janeiro de 1934 (aniversário da cidade de São Paulo), o Monumento a Ramos de Azevedo teve como primeira localização a Avenida Tiradentes, em frente ao que hoje é o museu da Pinacoteca. O local fora escolhido pois, na época, a Pinacoteca era a sede do Liceu de Artes e Ofícios, do qual Ramos de Azevedo havia sido diretor. Entretanto, em 1967 o monumento foi retirado da Avenida Tiradentes devido às obras da linha norte-sul do metrô e do alargamento da avenida.
Foi apenas em 1972, 5 anos após o desmontamento do monumento, que a Prefeitura de São Paulo decidiu que ele seria constituído na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, na USP. Em 1975, a escultura foi montada próxima à Escola Politécnica, edifício cujo um dos criadores foi o próprio Ramos de Azevedo. Sobre o processo de criação da figura de Ramos de Azevedo na escultura, Emendabili escreveu em 1929:
“Na estátua, procurei e creio ter conseguido reproduzir, da maneira mais realística possível, sem esquecer, porém, os preceitos da arte sã, a figura típica e majestosa do arquiteto máximo de São Paulo; a cabeça é o seu retrato representado de maneira vigorosa, e a sua postura é, praticamente, a mesma que o Ilustre Construtor adotava normalmente nos dias de sua vida, seja na intimidade, em conversação amigável com pessoas gradas, seja em seu gabinete de trabalho, ou em suas construções, ao analisar a construção que se ia dando aos seus planos grandiosos.”
Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32
Em 1934, pouco após o fim da Revolução Constitucionalista de 1932, Galileo Emendabili participa do concurso internacional para erigir o Mausoléu aos Heróis Constitucionalistas e recebe o prêmio de primeiro lugar com a maquete "32" e até mesmo o segundo lugar com a maquete "Constituição".
Mesmo que Emendabili tenha ganhado o concurso no ano de 1934, a pedra fundamental do Obelisco só foi lançada em 1949. O atraso de 15 anos para o início da construção se deve principalmente ao governo de Vargas, que não era favorável à homenagem aos constitucionalistas. Mas é apenas em 1951 que o contrato de produção do Mausoléu é assinado, o que requereu uma aceleração no ritmo da construção do monumento para ele participar dos festejos do IV Centenário.
Com execução confiada ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler, o local escolhido para o Mausoléu Obelisco foi na área do Parque do Ibirapuera - perto da Avenida Pedro Álvares Cabral - no bairro da Vila Mariana, Centro-Sul da cidade de São Paulo. O obelisco é parcialmente inaugurado em 1958, no dia 9 de julho, por conta da data comemorativa à Revolução Constitucionalista, mas a inauguração total do monumento acontece apenas em 1970.
Sobre a responsabilidade de construir um monumento desta relevância e sobre a relação que tinha com São Paulo, Emendabili comenta ao jornal Última Hora em 7 de julho de 1958ː
“Quando cheguei ao Brasil, integrei-me completamente na vida brasileira. Nada tinha a não ser minha esposa e eu mesmo. Nove anos após minha chegada estourou a Revolução Constitucionalista. Pode parecer estranho que um italiano tenha sentido tão profundamente este movimento tipicamente brasileiro. Mas em nove anos, aprendi a querer bem o Brasil e particularmente São Paulo. Em virtude desse amor é que aderi com todo entusiasmo à Revolução. E foi ainda por amor à causa paulista, por ter compreendido a santa finalidade da revolução que procurei lembrar para sempre os feitos dos soldados de São Paulo nesse movimento."
Estrutura do Obelisco
Planejado em conjunto por Emendabili e Ulrich Elder, o Mausoléu é feito de mármore interino e constituído por um obelisco oco de 72 metros de altura. No terço inferior da estrutura foram dispostos quatro grandes relevos em cada uma das quatro faces, esculpidos por Emendabili para representar os quatro constitucionalistas homenageados: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Três portas de bronze dão acesso à parte interna do monumento, que tem formato de cruz. Exatamente no centro do interior do Obelisco está a estátua do soldado constitucionalista, esculpida em mármore por Emendabili.
Por ser um mausoléu, o Monumento aos Heróis de 32 abriga os restos mortais dos combatentes que morreram durante a Revolução Constitucionalista em ossários, além de acolher também os túmulos do orador Ibrahim Nobre e do poeta Guilherme de Almeida. Paulo Emendabili Carvalhosa, neto de Galileo Emendabili, diz que o monumento está permeado com uma simbologia representada pelo número 9, data principal da revolução. Pensado intencionalmente pelo escultor, é possível encontrar o número 9 em diferentes aspectos do Obelisco: são 9 degraus até a cripta do monumento; a altura da base do Obelisco até o topo é de 72 metros (7+9=12); e a distância da cripta até o topo é 81 metros (8+1=9, 9 ao quadrado é 81).
Fechado em 2002 para restauração, o Obelisco de São Paulo só foi aberto novamente em 2014, após restauro de mais de R$10 milhões. O Obelisco é tombado pelo CONDEPHAAT e pelo Conpresp.
Condecorações e fim da vida
Durante e após a construção do Obelisco de São Paulo, Emendabili continuou se dedicando a célebres projetos de escultura, para nomear algumas: Fundadores de São Bernardo do Campo – João Ramalho e Bartira, Adão e Eva - Troca de Corações, Meditação, Amerigo Vespucci e Cristo Triunfante na Cruz. Por conta de sua enorme contribuição artística ao estado de São Paulo, Emendabili recebe em 1962 o título honorário de Cidadão Paulistano, em 1972 o título de Cidadão da Cidade de Águas de Lindóia e de Cidadão da Cidade de São Bernardo do Campo. Em 1973, a coletividade italiana Circolo Italiano entrega a Emendabili o prêmio "Presença Italiana no Brasil", que apenas é conferido a cidadãos brasileiros natos.
Em 1969 a saúde de Galileo Emendabili começa a piorar: com a retirada do Monumento a Ramos de Azevedo da Av. Tiradentes e com seu consequente abandono, o escultor sofre seu primeiro infarto. Para tentar reverter a situação de desleixo em que sua escultura se encontrava, Emendabili entra em confronto público com o prefeito de São Paulo, Paulo Salim Maluf, que inicia um processo para cassar o atelier de Emendabili. Com boa parte da imprensa a seu lado, o escultor consegue espaço em veículos como a Rádio Bandeirantes para lutar contra a perseguição, juntamente com o advogado Otávio Mamede. Por conta de seu estado débil de saúde, ainda em 1969 Emendabili inicia seus trabalhos de desenho e pintura, uma vez que a escultura se provava uma tarefa extenuante.
Após sucessivos infartos, frutos da pressão em cima de Emendabili para que ele deixasse de se pronunciar sobre o abandono do Monumento a Ramos de Azevedo, o escultor ítalo-brasileiro falece no dia 14 de janeiro de 1974, com 76 anos, oferecendo ao Brasil 51 anos de árduo trabalho no campo da escultura, arquitetura, desenhos, pintura, mosaicos, afrescos e cerâmicas. Deixou dois filhos e nove netos.
A última escultura concebida e executada por Galileo Emendabili foi Pietà, que atualmente integra o acervo do MASP.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
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Galileo Emendabili | Itaú Cultural
Matricula-se, em 1915, no curso especial de escultura da Academia Real de Belas Artes de Urbino, na Itália, e estuda com Domenico Jollo. Posteriormente, freqüenta o ateliê de Arturo Dazzi (1881 - 1966), em Roma, e tem contato com obras de Ivan Mestrovic (1883 - 1962), Arturo Martini (1889 - 1947) e Adolfo Wildt (1868 -1931). Em 1921, executa o monumento tumular do republicano Giuseppe Melon, em Ancona, Itália. Vem para o Brasil em 1923, fixa-se em São Paulo, onde trabalha como entalhador no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Laosp. Em 1925, ganha o 1º prêmio no Concurso Internacional para o Monumento a Pereira Barreto, inaugurado em 1928, na Praça Marechal Deodoro. No ano seguinte, vence o concurso para o Monumento a Ramos de Azevedo, inaugurado em 1934, e atualmente instalado na Cidade Universitária, e o concurso para o Monumento aos Heróis Constitucionalistas de 1932, conhecido como Obelisco, no Ibirapuera. Executa monumentos funerários para os cemitérios São Paulo, da Consolação e do Araçá. Inicia, na década de 1960, trabalhos em desenho, aquarela e cerâmica. Em 1982, é realizado o vídeo Ancona - San Paolo Solo Andata, pela Rádio e Televisão Italiana, sobre sua produção. É publicado, em 1997, o livro Monumento a Ramos de Azevedo: Do Concurso ao Exílio, organizado pela historiadora e crítica de arte Annateresa Fabris, juntamente à mostra sobre a história do monumento na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp.
Análise
Galileo Emendabili tem uma ampla produção em São Paulo, cidade onde chega em 1923. Vence, em 1929, o concurso internacional para a realização do Monumento a Ramos de Azevedo, atualmente na Cidade Universitária. Nessa obra, de concepção clássica, apresenta a estátua do arquiteto, com tratamento realista, associando sua imagem a figuras alegóricas que simbolizam as ciências e as artes e, por fim, progresso, representado em um grande grupo no topo do monumento, composto por um cavalo alado e pelas figuras do Gênio e da Vitória. Em 1934, o escultor realiza uma de suas obras mais famosas, o Monumento aos Heróis Constitucionalistas de 1932, localizado no Parque do Ibirapuera. Com a forma plástica de um obelisco, conta com vários painéis em alto-relevo, de grande síntese formal e marcante expressividade, e ainda com mosaicos desenhados pelo próprio artista.
Emendabili realiza inúmeros monumentos fúnebres para cemitérios em São Paulo, como Ausência, 1944, Paternidade e Porta Místico-Profana, ambas de 1948. Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli, nesses trabalhos o escultor apresenta um diálogo com o Novecento italiano, especialmente com a poética de Mario Sironi (1885 - 1961), na recuperação de valores estéticos do Renascimento italiano e na retomada da sua tradição decorativa e monumental.
Críticas
"Galileo Emendabili é uma 'virtuose' da escultura, que marcou bem nitidamente a sua presença em S. Paulo, através de obras que são, muitas delas, verdadeiras obras-primas. Escultor de pura formação clássica, atingiu sua plenitude, como artista, sem fazer concessões aos modismos em voga, antes abrindo o seu próprio itinerário.
Consciente da integração da escultura nos grandes princípios que informam a arquitetura, Galileo Emendabili magistralmente cinzelou a matéria.
A leveza de sua composição, sua apurada síntese, seu equilíbrio harmonioso em relação ao todo, e sua concepção perfeita da escultura dentro desse todo - essas virtudes fazem de Emendabili um escultor que há de ficar para sempre na história das artes plásticas pelo seu notável valor artístico. Emendabili dá-nos uma bela imagem de grandeza". — Sergio Milliet (MILLIET, Sergio. O Cinzel de Emendabili. In: GALILEO Emendabili. São Paulo: Instituto Italiano di Cultura, MASP, 1987. p. 92).
"O interesse por sua obra (...) não reside apenas na sua presença pública e na propriedade inegável de suas qualidades escultóricas mas, igualmente, pelo fato de ela poder ser pensada como a estruturação de uma poética determinada, a partir da absorção de influxos típicos do debate escultórico europeu e internacional da passagem do século e das primeiras décadas do século XX. Refiro-me ao embate entre um conceito de escultura baseado na revalorização dos ideais ´clássicos´ da arte e aquele voltado para uma práxis escultórica que rompia com aqueles postulados tradicionais da linguagem em questão. Tentando desde já situar a obra de Emendabili dentro deste universo, pode-se dizer que o escultor italiano desenvolve toda a sua obra no sentido de restauração dos conceitos mais tradicionais da escultura. Porém, o sentido restaurador da estatuária emendabiliana não se dá absolutamente em chave acadêmica, tendente à cristalização de conceitos e efeitos consagrados. Se ela não se desenvolve a partir da tradição moderna institucionalizada - Rodin, Brancusi, Arp, etc. -, traz, no entanto, a contaminação de expedientes formais também significativos para uma compreensão mais abrangente da escultura deste século. A princípio, a obra de Emendabili poderia ser colocada no interior de uma outra tradição menos prestigiada, talvez, porém não menos significativa. Refiro-me à tradição do retorno à ordem na escultura deste século que, partindo das teorias e da produção artística do escultor alemão Adolf Hildebrand, passaria - com as devidas adaptações -, por Maillol, Mestrovic, Wildt, Barlach, Wotruba, no plano internacional, e, no cenário brasileiro, por Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Ernesto de Fiori e outros. Dentro dessa tradição, Galileo Emendabili desenvolveria uma obra extremamente singular, repleta de momentos em que o artista alcançaria com grande felicidade a síntese entre forma e conteúdo, sempre tão desejada pelos artistas deste século" — Tadeu Chiarelli (Chiarelli, Tadeu. A obra de Galileo Emendabili: síntese e superação de influências. In: FABRIS, Annateresa (org. ) Monumento a Ramos de Azevedo: do concurso ao exílio. Campinas: Mercado das Letras, 1997. p. 65-66).
Depoimentos
"Sempre fui um solitário. (...) Não tinha o pendor, nem o gosto da vida social. Mas, a partir do meu contato com os ideais e as idéias defendidas em 1922, não pude mais compreender um monumento como simples embasamento com um boneco em cima. O mais importante na escultura é quando se passa da análise para a síntese. (...) Que adianta ver um troféu com muitos ornamentos? Importa é um troféu despojado. Para isso houve mesmo a necessidade da soda cáustica de 1922, uma autêntica revolução estética de conseqüência fecundas e duradouras" — Galileo Emendabili (GALILEO Emendabili. São Paulo: Instituto Italiano di Cultura, MASP, 1987. p. 16).
"Olhe, meu amigo, na arte é como nas religiões. Existem sempre diversos pareceres. Todo aquele que professa uma religião tem-na por verdadeira [...]. Na arte dá-se o mesmo. Apesar de muitos artistas professarem diversas escolas, todos afinal se esforçam para fazer da arte aquilo que ela: é uma expressão intencional de sensibilidade humana. Acrescento mais. Em todas as escolas há artistas com talento e artista sem talento. Os nomes que ficam joeirados pelo tempo são aqueles que acima das teorias impostas pelas escolas foram profundamente humanos, foram essencialmente indivíduos e, portanto, criadores. A principal finalidade da arte é criar. Quem cria consagra-se. Por isso digo, que apesar de não ter pretensões a uma apoteótica consagração, dentro das formas antigas, pretendi fazer alguma coisa de pessoal. Ser original não é ser extravangante. É acima de tudo, ser pessoal" — Galileo Emendabili - 1929 (ZIMMERMANN, Silvana Brunelli. A Obra Escultórica de Galileo Emendabili: uma contribuição para o meio artístico paulistano. Dissertação (Mestrado em Artes) - Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade São Paulo - ECA/USP. 2000. p. 5).
Exposições Individuais
1923 - São Paulo SP - Individual, na Casa Excelsior
1971 - São Paulo SP - Individual, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1972 - São Paulo SP - 50 Anos de Arte no Brasil: esculturas, arquitetura e desenhos, no Paço das Artes
Exposições Póstumas
1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1987 - São Paulo SP - Galileo Emendabili: escultura e desenho, no Espaço Cultural José Duarte Aguiar e Ricardo Camargo
1987 - São Paulo SP - Galileo Emendabili: retrospectiva, no Masp
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1997 - São Paulo SP - Monumento a Ramos de Azevedo: do concurso ao exílio, na Pinacoteca do Estado
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1999 - Ancona (Itália) - Galileo Emendabili: uno scultore emigrante nell'Ancona del primo Novecento, na Sale del Lazzaretto Vanvitelliano
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
Fonte: GALILEO Emendabili. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 23 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Obelisco de São Paulo | Wikipédia
O Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, também conhecido como Obelisco do Ibirapuera ou Obelisco de São Paulo, é um monumento funerário brasileiro que presta uma homenagem aos 713 soldados mortos durante a revolução constitucionalista contra o governo de Getúlio Vargas e por uma nova constituição.
Tombado pelos conselhos estadual e municipal de preservação de patrimônio histórico (CONDEPHAAT).
O Obelisco teve sua reabertura no dia 9 de dezembro de 2014, doze anos após estar com as portas fechadas por causa de uma reforma.
Localização
Localiza na área do Parque do Ibirapuera - ainda que separado do restante do parque pela Avenida Pedro Álvares Cabral - no bairro da Vila Mariana, Centro-Sul da cidade de São Paulo.
O monumento
Símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932, o obelisco é o maior monumento da cidade possuindo um total de 72 metros de altura.
O monumento começou a ser construído em 1947 e teve sua conclusão no ano de 1970, porém sua inauguração ocorreu no dia 9 de julho de 1955, um ano após a abertura do Parque do Ibirapuera e do lançamento do Monumento às Bandeiras. O Obelisco é um projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili (8 de maio de 1898 - 14 de janeiro de 1974), que chegou ao Brasil em 1923, fugindo do regime fascista vigente na Itália. Foi feito em puro mármore travertino e sua execução foi confiada ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler.
Na entrada do monumento, uma série de arcos recebem os visitantes diante de uma luz baixa que produz um tom um tanto sombrio. Poemas e frases do escritor Guilherme de Almeida estão distribuídas por entre o local.
O mausoléu do Obelisco abriga os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (o M.M.D.C.) - mortos durante a Revolução do ano de 1932 - e de outros 713 ex-combatentes.
O interior do Obelisco tem forma de cruz, onde são encontrados painéis feitos com pastilhas de mosaico veneziano que representam o nascimento, o sacrifício e a ressurreição de Jesus. Além disso, podemos encontrar em sua parte interna um total de 800 urnas funerárias e três capelas. O jardim que abriga o monumento aponta para a Avenida 23 de Maio, exatamente a data em que os quatro estudantes revolucionários foram mortos. Os restos mortais de Guilherme de Almeida e Ibrahim de Almeida Nobre, ex-combatentes e, respectivamente, considerados como o poeta de 32 e o tribuno de 32, se encontram sepultados dentro do mausoléu, bem como os de Paulo Virgínio, considerado um mártir do movimento.
Inscrições
O obelisco tem inscrições acompanhadas de ícones em suas quatro faces. Iniciando pela face norte, seguindo pela face oeste, sul, e finalmente leste. O poema escrito é texto de autoria de Guilherme de Almeida, feito em homenagem aos revolucionários de 1932. Abaixo segue o texto:
"Aos épicos de julho de 32, que,
fiéis cumpridores da sagrada promessa
feita a seus maiores - os que
moveram as terras e as gentes por
sua força e fé - na lei puseram sua
força e em São Paulo sua Fé."
Já na parte da base do monumento, junto à entrada da capela e da cripta, voltadas ao Parque do Ibirapuera, há outra inscrição, de autoria do jornalista pinhalense Dr. Antônio Benedicto Machado Florence, embora também comumente atribuída a Guilherme de Almeida:
"Viveram pouco para morrer bem
morreram jovens para viver sempre."
Revolução Constitucionalista de 1932
Em 1932, o Brasil era presidido por Getúlio Vargas que, desde o golpe de estado ocorrido com a Revolução de 1930, governava o país de forma discricionária, sem uma Constituição Federal que delimitasse os poderes do Presidente ou estabelecesse as articulações entre os três poderes da República. Somado a isso, tampouco havia Congresso Nacional, Assembleias legislativas ou Câmaras municipais. Além disso, os estados federados perderam grande parte da autonomia que gozavam na vigência da Constituição de 1891, pois Vargas nomeava interventores leais ao seu regime nos estados federados, alheios a realidade local e em sua maioria militares ligados ao Clube 3 de Outubro, que por vezes entravam em atritos com os grupos políticos dos respectivos estados. A situação de São Paulo no contexto nacional era uma das mais críticas, dado a contínua e crescente insatisfação da classe política e da própria população em geral com a forma com que Vargas lidava politicamente com o estado.
Contrários a esse regime, a população paulista começou a protestar, o que resultou em uma série de manifestações iniciada por aquela ocorrida na Praça da Sé em 25 de janeiro de 1932, data do aniversário da cidade de São Paulo, em que se aglomeraram cerca de 100 mil pessoas. Ao longo dos meses seguintes a insatisfação popular acentuou-se. Na noite do dia 23 de maio, durante outra manifestação, um grupo tentou empastelar a sede do Partido Popular Paulista (ex-Liga Revolucionária), um grupo político-militar encabeçado por Miguel Costa, fundado após a Revolução de 1930 e sustentáculo de apoio no estado ao regime Vargas, cuja sede era na Rua Barão de Itapetininga esquina com a Praça da República, na cidade de São Paulo.
Os membros da organização situados naquele prédio, antecipando-se a invasão, resistiram por meio de armas tão logo os manifestantes se postaram no local. Após a fuzilaria, houve vários feridos e mortos, entre os quais, os nomes das pessoas que deram origem a sigla M.M.D.C.: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. O massacre ocorrido em 23 de maio de 1932 foi uma das razões que precipitou o levante deflagrado em 9 de julho daquele ano contra o regime de Getúlio Vargas, cujo objetivo era depô-lo e convocar novas eleições para a Assembleia Constituinte. Os quatro jovens mortos se tornaram mártires da causa Constitucionalista e a sigla derivada de seus nomes representou a organização civil e militar que articulou e coordenou os esforços de guerra antes e durante o levante.
Em 1955, com o Decreto n.º 24.712 do Governo do Estado de São Paulo, os restos mortais dos quatro jovens da foram trasladados para o Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, incluindo também o de Paulo Virgílio, outro mártir da causa. Em 2011, com a lei federal nº 12.430, os nomes dos quatro jovens foram inscritos no Livro dos Heróis da Pátria, cuja localização é no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.
Simbologia
A soma dos algarismos da altura da obra (72 metros, i.e. 7 + 2) totalizam nove, e também são nove os degraus na entrada. A simbologia é complementada pelo desenho do gramado ao redor do Obelisco, que possui uma área de 1 932 metros quadrados e forma um coração onde está enfincada a espada (o obelisco) que sagrou a vitória política, apesar da derrota militar dos paulistas. Afinal, ao ver seu governo em risco, o presidente Getúlio Vargas deu na época início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma nova constituição nacional.
Outros dados e simbologias são o fato do monumento possuir 72 metros de altura; a sua base maior do trapézio, no chão, para quem olha o monumento de frente, tem 9 metros; já a base menor, em cima, tem sete metros; a largura da cripta, embaixo, é de 32 metros. Dessa forma, quem olha de frente o perfil da planta observa os números 32 - 9 - 7, que remetem ao ano, o dia e ao mês da Revolução Constitucionalista de 1932. Por fim, nota-se que os 33 arcos do mausoléu representam os 33 graus da maçonaria.
Reforma e reabertura
O Obelisco Mausoléu ficou fechado à visitação durante 12 anos, recebendo público apenas em eventos especiais, como por exemplo o de comemoração ao dia 9 de Julho. Ele foi reaberto dia 9 de dezembro de 2014 após passar por uma reforma que solucionou problemas hidráulicos e de acústica no mausoléu. Segundo o Governo do Estado de São Paulo, as obras tiverem um custo em torno de 11 milhões de reais.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
Galileo Ugo Emendabili (Ancona, 8 de maio de 1898 - São Paulo, 14 de janeiro de 1974), mais conhecido como Emendabili, foi um escultor ítalo-brasileiro. Especializou-se em escultural através do Curso Superior de Escultura na Real Academia de Belas Artes de Urbino, mas a sua trajetória artística começou na Itália, onde se destacou pela criação de monumentos e esculturas funerárias, como o busto do político Giuseppe Mazzini e o monumento "Libertà", que demonstrava sua oposição ao regime fascista. Em 1923, Emendabili emigrou para o Brasil, onde rapidamente se estabeleceu na cena artística de São Paulo, criando marcos icônicos como o Monumento a Ramos de Azevedo e o Obelisco de São Paulo, este último homenageando a Revolução Constitucionalista de 1932. Em São Paulo, Emendabili também se destacou na arte funerária, com suas obras presentes em diversos cemitérios da cidade, refletindo a influência da escultura clássica italiana. Sua contribuição artística foi amplamente reconhecida, resultando em prêmios e títulos honorários.
Galileo Emendabili | Arremate Arte
Galileo Ugo Emendabili, conhecido como Galileo Emendabili, foi um escultor ítalo-brasileiro nascido em 8 de maio de 1898 em Ancona, Itália, e falecido em 14 de janeiro de 1974 em São Paulo, Brasil. Ele se destacou principalmente por suas obras monumentais e esculturas funerárias. Emendabili iniciou sua formação artística na Itália, onde esculpiu o busto do político Giuseppe Mazzini e criou o monumento "Libertà", em homenagem ao republicano Giuseppe Meloni, evidenciando seu talento e sua oposição ao regime fascista italiano.
Em 1923, Emendabili emigrou para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Lá, ele rapidamente se integrou à cena artística local, trabalhando inicialmente como entalhador e depois fundando seu próprio ateliê. Entre suas obras mais conhecidas estão o Monumento a Ramos de Azevedo e o Obelisco de São Paulo, ambos marcos significativos na paisagem paulistana. O obelisco, feito de mármore travertino, é um tributo à Revolução Constitucionalista de 1932 e destaca a dedicação de Emendabili à escultura monumental. Seu trabalho também pode ser visto em diversos cemitérios de São Paulo, onde ele aplicou seu talento à arte funerária, deixando um legado duradouro na cidade.
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Biografia Galileo Ugo Emendabili | Wikipédia
Galileo Ugo Emendabili (Ancona, 8 de maio de 1898 - São Paulo, 14 de janeiro de 1974) foi um escultor ítalo-brasileiro responsável pela criação de diversas esculturas funerárias e de célebres monumentos artísticos na cidade de São Paulo, como o Obelisco Mausoléu dos Heróis de 32 (1970), o Monumento a Luiz Pereira Barreto (1929) e o Monumento a Ramos de Azevedo (1934). Nascido e criado nas regiões de Ancona, Urbino e Genova, na Itália, Emendabili se mudou para São Paulo, Brasil com 25 anos de idade e residiu na capital até o fim da vida.
Infância na Itália
Filho de Ludovico Emendabili, que era artesão moveleiro, e de Enrica Angioletti, Galileo Emendabili nasceu em 1898 na comuna de Ancona, na Itália. Parte de uma família numerosa de dez filhos, já aos oito anos de idade Galileo virou aprendiz de entalhador de móveis no atelier de Augusto Clementi, um ebanista (marceneiro especializado em Ébano), surdo-mudo, de grande relevância na Itália. Por meio deste contato com o mestre surdo-mudo e com os demais aprendizes do atelier, Emendabili começa a dominar a linguagem gestual, que foi essencial para a comunicação dentro do atelier. Em 1908, Galileo ajuda o pai com o trabalho produzindo móveis artesanais na fábrica do progenitor.
Um dos primeiros incentivos que Galileo teve para ingressar no ofício de escultor foi em 1909 através de Don Enrico Ruschioni, Capelão da Igreja do Santíssimo Sacramento. Ao ver o jovem esboçando uma Nossa Senhora sobre um fragmento de pedra lavrada com cacos de tijolos e cerâmicas, o capelão recomendou que Emendabili estudasse Belas Artes, o que de fato aconteceu 6 anos depois.
Estudos na Real Academia de Belas Artes de Urbino
Ingressando no Curso Superior de Escultura na Real Academia de Belas Artes de Urbino, Emendabili matricula-se para a turma de 1915 especializando-se em escultura. Por conta do início da Primeira Guerra Mundial, a classe que havia começado com 52 alunos em 1915, em 1918 apenas tinha 32 alunos. Durante os seus anos de estudo, Emendabili dividiu o aluguel de um quarto com o colega Urbano Polverini, além de ter que fazer suas refeições diárias com apenas 75 centavos cada. Com o colega de quarto, em 1916 Emendabili abriu seu primeiro atelier artístico no Palazzo Passerini, no Corso Vittorio Emanuele II.
Sendo destaque entre os colegas de turma, em 1918 Emendabili recebeu pela banca examinadora do Real Instituto de Belas Artes uma bolsa de estudos artísticos para financiar as viagens que ele faria pelo eixo Urbino - Roma. Junto ao Ministério da Instrução Pública, Emendabili foi nomeado para receber a bolsa por unanimidade, o que o possibilitou entrar em contato com obras de grandes nomes da escultura como Ivan Mestrovic e Adolfo Wildt, além de conseguir visitar com frequência o escultor Arturo Dazzi, que possuía um atelier em Roma.
Ganhando notoriedade na seara da escultura na Itália, Emendabili passa a assinar, ainda em 1918, a revista artística conservadora Valori Plastici, fundada por Mario Broglio no mesmo ano. Emendabili também assinava em 1918 outra revista que exaltava o retorno aos conceitos clássicos da arte: chamada Architettura e Arti Figurative, o periódico tinha como diretor Gustavo Gianoni e Marcelo Piacentini, que mais tarde seria nomeado como arquiteto do regime fascista de Benito Mussolini. Foi por meio da contribuição na Architettura e Arti Figurative que Emendabili aprofundou contato com o expressionismo de Adolfo Wildt.
Depois de 5 anos estudando na Real Academia de Belas Artes, Emendabili gradua-se com distinção em Escultura no ano de 1919.
Início da carreira e primeiras obras
Depois de ter graduado em Escultura, Emendabili abre, em 1919, o seu segundo atelier italiano na Via Barilari, em Ancona, no mesmo quarteirão em que seu pai Ludovico Emendabili havia transferido a fábrica de móveis que possuía. Lá, Emendabili esculpe Busto femminile. Em 1920, o escultor abre o seu terceiro atelier na Itália, na Via Stagni, em Ancona, onde ele entalha a escultura o Porta-Bandeira de Combate do Real Explorador Ancona, que mais tarde foi exposta no Museo Sacrario della Marina al Vittoriano, em Roma.
Em 1921, Galileo Emendabili esculpe o busto a Giuseppe Mazzini, político revolucionário responsável pela unificação italiana, sediado na Residenza Municipale; a sede do Governo Municipal de Ancona. Sua primeira exposição artística, a Esposizione Regionale D'Arte, foi feita em conjunto com outros artistas, como Urbano Polverini, Filandro Castellani e Vittorio Morelli. Aclamada pela crítica italiana de arte, a exposição foi considerada por Luigi Serra da revista Emporium como revolucionária e capaz de romper com a "monotonia de uma homogeneidade meticulosamente lapidada, de agrupamentos metódicos".
Em 1921 Emendabili foi escolhido para esculpir a obra Libertà, um monumento em homenagem ao republicano Giuseppe Meloni, jovem que fora emboscado e assassinado por guardas do fascismo italiano. A escultura memoriral, que mescla traços do art déco e do expressionismo, foi erigida no cemitério Tavernelle no túmulo de Giuseppe Meloni. Entretanto, a construção da obra apenas acentuou a oposição de Emendabili ao fascismo italiano, tornando-o oficialmente um intelectual de oposição pelo regime de Mussolini.
Em 1923, Galileo Emendabili casa-se com Malvina Manfrini, com quem permaneceu casado até o fim da vida. Galileo e Malvina tiveram dois filho, Plínio e Fiammetta.
Para fugir do governo fascista de Mussolini, em junho de 1923 Emendabili parte de Genova a navio com a esposa para Buenos Aires. Durante a viagem a bordo, Emendabili é avisado pelo comandante de que estão tramando o assassinato do escultor a bordo, por conta de sua oposição ao regime político italiano vigente. Por isso, Emendabili decide mudar de destino e desembarca com a esposa no Porto de Santos, em São Paulo, no dia 3 de julho de 1923. De lá, parte para São Paulo, cidade que já sediava grande comunidade italiana. Em São Paulo, Emendabili reside até a morte.
De Urbino para São Paulo
Galileo Emendabili inicia sua trajetória artística no Brasil na cidade de São Paulo, no ano de 1923. Começa trabalhando como vendedor de tintas, mas, no mesmo ano, consegue seu primeiro ofício artístico no novo país, remontando ao primeiro trabalho que teve em Ancona: entalhador. A direção do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo contratou Emendabili prontamente quando viu um esboço que ele fizera com primazia em um recorte de papel. No mesmo ano, Emendabili esculpe sua primeira obra fora da Itália, a Maternidade Eslava, que atualmente está na coleção de Emanuel Araújo.
Em 1924, Emendabili abre seu primeiro atelier artístico em São Paulo, na Rua das Flores, que hoje é a Praça Clóvis Bevilaqua. É neste estúdio que Emendabili planeja o memorial Sons Celestiais para o túmulo da família Borin Refinetti Rappa, obra consoante com a arquitetura do art-déco que está no Cemitério Araçá. Constituído por duas figuras femininas com liras e um pranteador no centro, o memorial foi uma de suas primeiras esculturas feitas em São Paulo, e marca o início da trajetória de arte funerária de Emendabili em São Paulo.
Como reflete Silvana Brunelli Zimmerman, estudiosa do escultorː
“ O túmulo da família Borin, denominado de Sons Celestiais, apresenta duas musas quase idênticas, com seus atributos específicos – as liras – talvez uma possível correlação com a vida do morto. Emendabili, nessas figuras, apesar das longas túnicas e do tratamento meticuloso dedicado às dobras do planejamento, que realçam as partes dos corpos femininos, optou por uma iconografia “atualizada”, devido a ausência da tradicional coroa de flores ou mesmo de louros. ”
Em 1925, Emendabili ganha seu primeiro concurso artístico, obtendo o primeiro lugar no prêmio Concurso Internacional para o Monumento a Luiz Pereira Barreto, cientista e cafeicultor.
Monumento a Luiz Pereira Barreto
Vencedor do edital público para a construção do monumento realizado pela Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, Emendabili começou a criar o monumento em 1925 e espantou-se com o rigor academicista que a comissão avaliadora da escultura impunha para a realização da obra. Entretanto, Emendabili conseguiu produzir o monumento com liberdade estética (vista a partir das representações femininas nas laterais da obra) ao mesmo tempo que seguia com as orientações do edital. Finalizado em 1928 por Emendabili em seu próprio atelier na Rua das Flores, em fevereiro de 1929 o monumento foi instalado com o aval da Prefeitura de São Paulo na Praça Marechal Deodoro, que na época não contava com nenhuma outra obra artística. No dia 3 de maio de 1929, o Monumento a Luiz Pereira Barreto foi inaugurado, mas Emendabili não compareceu à solenidade. Em 2000, a obra foi restaurada dentro do projeto de revitalização da Praça Marechal Deodoro.
A arte funerária de Galileo Emendabili
Ao longo de sua vida, Galileo Emendabili planejou e construiu diversas esculturas funerárias; obras destinadas para homenagear túmulos de famílias em cemitérios. A partir das esculturas que fez, Emendabili se tornou um dos principais expoentes da arte funerária em São Paulo, sendo possível encontrar obras suas em muitos cemitérios da capital, como o Cemitério da Consolação e o do Araçá.
Foi exatamente a partir de suas esculturas funerárias que Emendabili começou a ganhar destaque no meio artístico paulistano. Por conta da revalorização dos ideais clássicos da arte presente em suas obras, a estatuária emendabiliana trouxe à São Paulo, que já estava sendo influenciada pela arte moderna, traços da arte italiana clássica. Com isso, Emendabili ganhou destaque e renome entre os artistas mais conservadores.
Veja a seguir quais são as principais esculturas funerárias esculpidas por Galileo Emendabili em São Pauloː
Mário de Andrade, artista modernista brasileiro, foi um grande admirador de Emendabili, tecendo a ele diversos elogios. Durante uma visita ao segundo atelier de Emendabili, na rua Bela Cintra, Mário de Andrade se deparou com Cristo Bom Pastor, que atualmente está no Cemitério Municipal, em Tatuí. Admirado pela obra, em 1942 ele comentaː
“ (...) recordo que vi, no seu "atelier" da rua Bela Cintra, cheinho de planos, desenhos, projetos e esboços, um Cristo que me emocionou profundamente. Não era o Cristo manso, perdulário de ternura, militante dos perdões, que ali estava pronto para o milagre de metamorfosear-se, saindo do gesso para o bronze e, pois, para a Eternidade. Era um Cristo altivo, eu quase diria insolente - o Cristo sobranceiro que um dia perdeu a paciência e expulsou os vendilhões do templo. Emendabili ficou esse sentimento ou ressentimento de Cristo no belo rosto erguido na testa ampla, repositório de idéias de libertação dos oprimidos... ”
Monumento a Ramos de Azevedo
Já em seu segundo atelier na Rua Bela Cintra, em 1929 Emendabili se inscreve no concurso internacional para o monumento em homenagem a Ramos de Azevedo, célebre arquiteto paulistano que foi autor de diversos edifícios públicos e privados em São Paulo. Vencedor do concurso, em 1929 Emendabili já começa o trabalho para o monumento, esculpindo a figuração de toda a obra, que possui sete figuras acopladas à peça principal, diretamente no gesso e depois em granito Itaquera e bronze. Até 1933, o escultor consegue fundir e montar todas as partes do Monumento a Ramos de Azevedo, resultando em uma obra com 22 toneladas e 25 metros de altura. Na época, São Paulo não possuía esculturas dessa dimensão, o que causou espanto e admiração dos paulistanos.
Inaugurada em 25 de janeiro de 1934 (aniversário da cidade de São Paulo), o Monumento a Ramos de Azevedo teve como primeira localização a Avenida Tiradentes, em frente ao que hoje é o museu da Pinacoteca. O local fora escolhido pois, na época, a Pinacoteca era a sede do Liceu de Artes e Ofícios, do qual Ramos de Azevedo havia sido diretor. Entretanto, em 1967 o monumento foi retirado da Avenida Tiradentes devido às obras da linha norte-sul do metrô e do alargamento da avenida.
Foi apenas em 1972, 5 anos após o desmontamento do monumento, que a Prefeitura de São Paulo decidiu que ele seria constituído na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, na USP. Em 1975, a escultura foi montada próxima à Escola Politécnica, edifício cujo um dos criadores foi o próprio Ramos de Azevedo. Sobre o processo de criação da figura de Ramos de Azevedo na escultura, Emendabili escreveu em 1929:
“Na estátua, procurei e creio ter conseguido reproduzir, da maneira mais realística possível, sem esquecer, porém, os preceitos da arte sã, a figura típica e majestosa do arquiteto máximo de São Paulo; a cabeça é o seu retrato representado de maneira vigorosa, e a sua postura é, praticamente, a mesma que o Ilustre Construtor adotava normalmente nos dias de sua vida, seja na intimidade, em conversação amigável com pessoas gradas, seja em seu gabinete de trabalho, ou em suas construções, ao analisar a construção que se ia dando aos seus planos grandiosos.”
Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32
Em 1934, pouco após o fim da Revolução Constitucionalista de 1932, Galileo Emendabili participa do concurso internacional para erigir o Mausoléu aos Heróis Constitucionalistas e recebe o prêmio de primeiro lugar com a maquete "32" e até mesmo o segundo lugar com a maquete "Constituição".
Mesmo que Emendabili tenha ganhado o concurso no ano de 1934, a pedra fundamental do Obelisco só foi lançada em 1949. O atraso de 15 anos para o início da construção se deve principalmente ao governo de Vargas, que não era favorável à homenagem aos constitucionalistas. Mas é apenas em 1951 que o contrato de produção do Mausoléu é assinado, o que requereu uma aceleração no ritmo da construção do monumento para ele participar dos festejos do IV Centenário.
Com execução confiada ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler, o local escolhido para o Mausoléu Obelisco foi na área do Parque do Ibirapuera - perto da Avenida Pedro Álvares Cabral - no bairro da Vila Mariana, Centro-Sul da cidade de São Paulo. O obelisco é parcialmente inaugurado em 1958, no dia 9 de julho, por conta da data comemorativa à Revolução Constitucionalista, mas a inauguração total do monumento acontece apenas em 1970.
Sobre a responsabilidade de construir um monumento desta relevância e sobre a relação que tinha com São Paulo, Emendabili comenta ao jornal Última Hora em 7 de julho de 1958ː
“Quando cheguei ao Brasil, integrei-me completamente na vida brasileira. Nada tinha a não ser minha esposa e eu mesmo. Nove anos após minha chegada estourou a Revolução Constitucionalista. Pode parecer estranho que um italiano tenha sentido tão profundamente este movimento tipicamente brasileiro. Mas em nove anos, aprendi a querer bem o Brasil e particularmente São Paulo. Em virtude desse amor é que aderi com todo entusiasmo à Revolução. E foi ainda por amor à causa paulista, por ter compreendido a santa finalidade da revolução que procurei lembrar para sempre os feitos dos soldados de São Paulo nesse movimento."
Estrutura do Obelisco
Planejado em conjunto por Emendabili e Ulrich Elder, o Mausoléu é feito de mármore interino e constituído por um obelisco oco de 72 metros de altura. No terço inferior da estrutura foram dispostos quatro grandes relevos em cada uma das quatro faces, esculpidos por Emendabili para representar os quatro constitucionalistas homenageados: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Três portas de bronze dão acesso à parte interna do monumento, que tem formato de cruz. Exatamente no centro do interior do Obelisco está a estátua do soldado constitucionalista, esculpida em mármore por Emendabili.
Por ser um mausoléu, o Monumento aos Heróis de 32 abriga os restos mortais dos combatentes que morreram durante a Revolução Constitucionalista em ossários, além de acolher também os túmulos do orador Ibrahim Nobre e do poeta Guilherme de Almeida. Paulo Emendabili Carvalhosa, neto de Galileo Emendabili, diz que o monumento está permeado com uma simbologia representada pelo número 9, data principal da revolução. Pensado intencionalmente pelo escultor, é possível encontrar o número 9 em diferentes aspectos do Obelisco: são 9 degraus até a cripta do monumento; a altura da base do Obelisco até o topo é de 72 metros (7+9=12); e a distância da cripta até o topo é 81 metros (8+1=9, 9 ao quadrado é 81).
Fechado em 2002 para restauração, o Obelisco de São Paulo só foi aberto novamente em 2014, após restauro de mais de R$10 milhões. O Obelisco é tombado pelo CONDEPHAAT e pelo Conpresp.
Condecorações e fim da vida
Durante e após a construção do Obelisco de São Paulo, Emendabili continuou se dedicando a célebres projetos de escultura, para nomear algumas: Fundadores de São Bernardo do Campo – João Ramalho e Bartira, Adão e Eva - Troca de Corações, Meditação, Amerigo Vespucci e Cristo Triunfante na Cruz. Por conta de sua enorme contribuição artística ao estado de São Paulo, Emendabili recebe em 1962 o título honorário de Cidadão Paulistano, em 1972 o título de Cidadão da Cidade de Águas de Lindóia e de Cidadão da Cidade de São Bernardo do Campo. Em 1973, a coletividade italiana Circolo Italiano entrega a Emendabili o prêmio "Presença Italiana no Brasil", que apenas é conferido a cidadãos brasileiros natos.
Em 1969 a saúde de Galileo Emendabili começa a piorar: com a retirada do Monumento a Ramos de Azevedo da Av. Tiradentes e com seu consequente abandono, o escultor sofre seu primeiro infarto. Para tentar reverter a situação de desleixo em que sua escultura se encontrava, Emendabili entra em confronto público com o prefeito de São Paulo, Paulo Salim Maluf, que inicia um processo para cassar o atelier de Emendabili. Com boa parte da imprensa a seu lado, o escultor consegue espaço em veículos como a Rádio Bandeirantes para lutar contra a perseguição, juntamente com o advogado Otávio Mamede. Por conta de seu estado débil de saúde, ainda em 1969 Emendabili inicia seus trabalhos de desenho e pintura, uma vez que a escultura se provava uma tarefa extenuante.
Após sucessivos infartos, frutos da pressão em cima de Emendabili para que ele deixasse de se pronunciar sobre o abandono do Monumento a Ramos de Azevedo, o escultor ítalo-brasileiro falece no dia 14 de janeiro de 1974, com 76 anos, oferecendo ao Brasil 51 anos de árduo trabalho no campo da escultura, arquitetura, desenhos, pintura, mosaicos, afrescos e cerâmicas. Deixou dois filhos e nove netos.
A última escultura concebida e executada por Galileo Emendabili foi Pietà, que atualmente integra o acervo do MASP.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
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Galileo Emendabili | Itaú Cultural
Matricula-se, em 1915, no curso especial de escultura da Academia Real de Belas Artes de Urbino, na Itália, e estuda com Domenico Jollo. Posteriormente, freqüenta o ateliê de Arturo Dazzi (1881 - 1966), em Roma, e tem contato com obras de Ivan Mestrovic (1883 - 1962), Arturo Martini (1889 - 1947) e Adolfo Wildt (1868 -1931). Em 1921, executa o monumento tumular do republicano Giuseppe Melon, em Ancona, Itália. Vem para o Brasil em 1923, fixa-se em São Paulo, onde trabalha como entalhador no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Laosp. Em 1925, ganha o 1º prêmio no Concurso Internacional para o Monumento a Pereira Barreto, inaugurado em 1928, na Praça Marechal Deodoro. No ano seguinte, vence o concurso para o Monumento a Ramos de Azevedo, inaugurado em 1934, e atualmente instalado na Cidade Universitária, e o concurso para o Monumento aos Heróis Constitucionalistas de 1932, conhecido como Obelisco, no Ibirapuera. Executa monumentos funerários para os cemitérios São Paulo, da Consolação e do Araçá. Inicia, na década de 1960, trabalhos em desenho, aquarela e cerâmica. Em 1982, é realizado o vídeo Ancona - San Paolo Solo Andata, pela Rádio e Televisão Italiana, sobre sua produção. É publicado, em 1997, o livro Monumento a Ramos de Azevedo: Do Concurso ao Exílio, organizado pela historiadora e crítica de arte Annateresa Fabris, juntamente à mostra sobre a história do monumento na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp.
Análise
Galileo Emendabili tem uma ampla produção em São Paulo, cidade onde chega em 1923. Vence, em 1929, o concurso internacional para a realização do Monumento a Ramos de Azevedo, atualmente na Cidade Universitária. Nessa obra, de concepção clássica, apresenta a estátua do arquiteto, com tratamento realista, associando sua imagem a figuras alegóricas que simbolizam as ciências e as artes e, por fim, progresso, representado em um grande grupo no topo do monumento, composto por um cavalo alado e pelas figuras do Gênio e da Vitória. Em 1934, o escultor realiza uma de suas obras mais famosas, o Monumento aos Heróis Constitucionalistas de 1932, localizado no Parque do Ibirapuera. Com a forma plástica de um obelisco, conta com vários painéis em alto-relevo, de grande síntese formal e marcante expressividade, e ainda com mosaicos desenhados pelo próprio artista.
Emendabili realiza inúmeros monumentos fúnebres para cemitérios em São Paulo, como Ausência, 1944, Paternidade e Porta Místico-Profana, ambas de 1948. Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli, nesses trabalhos o escultor apresenta um diálogo com o Novecento italiano, especialmente com a poética de Mario Sironi (1885 - 1961), na recuperação de valores estéticos do Renascimento italiano e na retomada da sua tradição decorativa e monumental.
Críticas
"Galileo Emendabili é uma 'virtuose' da escultura, que marcou bem nitidamente a sua presença em S. Paulo, através de obras que são, muitas delas, verdadeiras obras-primas. Escultor de pura formação clássica, atingiu sua plenitude, como artista, sem fazer concessões aos modismos em voga, antes abrindo o seu próprio itinerário.
Consciente da integração da escultura nos grandes princípios que informam a arquitetura, Galileo Emendabili magistralmente cinzelou a matéria.
A leveza de sua composição, sua apurada síntese, seu equilíbrio harmonioso em relação ao todo, e sua concepção perfeita da escultura dentro desse todo - essas virtudes fazem de Emendabili um escultor que há de ficar para sempre na história das artes plásticas pelo seu notável valor artístico. Emendabili dá-nos uma bela imagem de grandeza". — Sergio Milliet (MILLIET, Sergio. O Cinzel de Emendabili. In: GALILEO Emendabili. São Paulo: Instituto Italiano di Cultura, MASP, 1987. p. 92).
"O interesse por sua obra (...) não reside apenas na sua presença pública e na propriedade inegável de suas qualidades escultóricas mas, igualmente, pelo fato de ela poder ser pensada como a estruturação de uma poética determinada, a partir da absorção de influxos típicos do debate escultórico europeu e internacional da passagem do século e das primeiras décadas do século XX. Refiro-me ao embate entre um conceito de escultura baseado na revalorização dos ideais ´clássicos´ da arte e aquele voltado para uma práxis escultórica que rompia com aqueles postulados tradicionais da linguagem em questão. Tentando desde já situar a obra de Emendabili dentro deste universo, pode-se dizer que o escultor italiano desenvolve toda a sua obra no sentido de restauração dos conceitos mais tradicionais da escultura. Porém, o sentido restaurador da estatuária emendabiliana não se dá absolutamente em chave acadêmica, tendente à cristalização de conceitos e efeitos consagrados. Se ela não se desenvolve a partir da tradição moderna institucionalizada - Rodin, Brancusi, Arp, etc. -, traz, no entanto, a contaminação de expedientes formais também significativos para uma compreensão mais abrangente da escultura deste século. A princípio, a obra de Emendabili poderia ser colocada no interior de uma outra tradição menos prestigiada, talvez, porém não menos significativa. Refiro-me à tradição do retorno à ordem na escultura deste século que, partindo das teorias e da produção artística do escultor alemão Adolf Hildebrand, passaria - com as devidas adaptações -, por Maillol, Mestrovic, Wildt, Barlach, Wotruba, no plano internacional, e, no cenário brasileiro, por Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Ernesto de Fiori e outros. Dentro dessa tradição, Galileo Emendabili desenvolveria uma obra extremamente singular, repleta de momentos em que o artista alcançaria com grande felicidade a síntese entre forma e conteúdo, sempre tão desejada pelos artistas deste século" — Tadeu Chiarelli (Chiarelli, Tadeu. A obra de Galileo Emendabili: síntese e superação de influências. In: FABRIS, Annateresa (org. ) Monumento a Ramos de Azevedo: do concurso ao exílio. Campinas: Mercado das Letras, 1997. p. 65-66).
Depoimentos
"Sempre fui um solitário. (...) Não tinha o pendor, nem o gosto da vida social. Mas, a partir do meu contato com os ideais e as idéias defendidas em 1922, não pude mais compreender um monumento como simples embasamento com um boneco em cima. O mais importante na escultura é quando se passa da análise para a síntese. (...) Que adianta ver um troféu com muitos ornamentos? Importa é um troféu despojado. Para isso houve mesmo a necessidade da soda cáustica de 1922, uma autêntica revolução estética de conseqüência fecundas e duradouras" — Galileo Emendabili (GALILEO Emendabili. São Paulo: Instituto Italiano di Cultura, MASP, 1987. p. 16).
"Olhe, meu amigo, na arte é como nas religiões. Existem sempre diversos pareceres. Todo aquele que professa uma religião tem-na por verdadeira [...]. Na arte dá-se o mesmo. Apesar de muitos artistas professarem diversas escolas, todos afinal se esforçam para fazer da arte aquilo que ela: é uma expressão intencional de sensibilidade humana. Acrescento mais. Em todas as escolas há artistas com talento e artista sem talento. Os nomes que ficam joeirados pelo tempo são aqueles que acima das teorias impostas pelas escolas foram profundamente humanos, foram essencialmente indivíduos e, portanto, criadores. A principal finalidade da arte é criar. Quem cria consagra-se. Por isso digo, que apesar de não ter pretensões a uma apoteótica consagração, dentro das formas antigas, pretendi fazer alguma coisa de pessoal. Ser original não é ser extravangante. É acima de tudo, ser pessoal" — Galileo Emendabili - 1929 (ZIMMERMANN, Silvana Brunelli. A Obra Escultórica de Galileo Emendabili: uma contribuição para o meio artístico paulistano. Dissertação (Mestrado em Artes) - Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade São Paulo - ECA/USP. 2000. p. 5).
Exposições Individuais
1923 - São Paulo SP - Individual, na Casa Excelsior
1971 - São Paulo SP - Individual, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1972 - São Paulo SP - 50 Anos de Arte no Brasil: esculturas, arquitetura e desenhos, no Paço das Artes
Exposições Póstumas
1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1987 - São Paulo SP - Galileo Emendabili: escultura e desenho, no Espaço Cultural José Duarte Aguiar e Ricardo Camargo
1987 - São Paulo SP - Galileo Emendabili: retrospectiva, no Masp
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1997 - São Paulo SP - Monumento a Ramos de Azevedo: do concurso ao exílio, na Pinacoteca do Estado
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1999 - Ancona (Itália) - Galileo Emendabili: uno scultore emigrante nell'Ancona del primo Novecento, na Sale del Lazzaretto Vanvitelliano
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
Fonte: GALILEO Emendabili. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 23 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Obelisco de São Paulo | Wikipédia
O Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, também conhecido como Obelisco do Ibirapuera ou Obelisco de São Paulo, é um monumento funerário brasileiro que presta uma homenagem aos 713 soldados mortos durante a revolução constitucionalista contra o governo de Getúlio Vargas e por uma nova constituição.
Tombado pelos conselhos estadual e municipal de preservação de patrimônio histórico (CONDEPHAAT).
O Obelisco teve sua reabertura no dia 9 de dezembro de 2014, doze anos após estar com as portas fechadas por causa de uma reforma.
Localização
Localiza na área do Parque do Ibirapuera - ainda que separado do restante do parque pela Avenida Pedro Álvares Cabral - no bairro da Vila Mariana, Centro-Sul da cidade de São Paulo.
O monumento
Símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932, o obelisco é o maior monumento da cidade possuindo um total de 72 metros de altura.
O monumento começou a ser construído em 1947 e teve sua conclusão no ano de 1970, porém sua inauguração ocorreu no dia 9 de julho de 1955, um ano após a abertura do Parque do Ibirapuera e do lançamento do Monumento às Bandeiras. O Obelisco é um projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili (8 de maio de 1898 - 14 de janeiro de 1974), que chegou ao Brasil em 1923, fugindo do regime fascista vigente na Itália. Foi feito em puro mármore travertino e sua execução foi confiada ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler.
Na entrada do monumento, uma série de arcos recebem os visitantes diante de uma luz baixa que produz um tom um tanto sombrio. Poemas e frases do escritor Guilherme de Almeida estão distribuídas por entre o local.
O mausoléu do Obelisco abriga os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (o M.M.D.C.) - mortos durante a Revolução do ano de 1932 - e de outros 713 ex-combatentes.
O interior do Obelisco tem forma de cruz, onde são encontrados painéis feitos com pastilhas de mosaico veneziano que representam o nascimento, o sacrifício e a ressurreição de Jesus. Além disso, podemos encontrar em sua parte interna um total de 800 urnas funerárias e três capelas. O jardim que abriga o monumento aponta para a Avenida 23 de Maio, exatamente a data em que os quatro estudantes revolucionários foram mortos. Os restos mortais de Guilherme de Almeida e Ibrahim de Almeida Nobre, ex-combatentes e, respectivamente, considerados como o poeta de 32 e o tribuno de 32, se encontram sepultados dentro do mausoléu, bem como os de Paulo Virgínio, considerado um mártir do movimento.
Inscrições
O obelisco tem inscrições acompanhadas de ícones em suas quatro faces. Iniciando pela face norte, seguindo pela face oeste, sul, e finalmente leste. O poema escrito é texto de autoria de Guilherme de Almeida, feito em homenagem aos revolucionários de 1932. Abaixo segue o texto:
"Aos épicos de julho de 32, que,
fiéis cumpridores da sagrada promessa
feita a seus maiores - os que
moveram as terras e as gentes por
sua força e fé - na lei puseram sua
força e em São Paulo sua Fé."
Já na parte da base do monumento, junto à entrada da capela e da cripta, voltadas ao Parque do Ibirapuera, há outra inscrição, de autoria do jornalista pinhalense Dr. Antônio Benedicto Machado Florence, embora também comumente atribuída a Guilherme de Almeida:
"Viveram pouco para morrer bem
morreram jovens para viver sempre."
Revolução Constitucionalista de 1932
Em 1932, o Brasil era presidido por Getúlio Vargas que, desde o golpe de estado ocorrido com a Revolução de 1930, governava o país de forma discricionária, sem uma Constituição Federal que delimitasse os poderes do Presidente ou estabelecesse as articulações entre os três poderes da República. Somado a isso, tampouco havia Congresso Nacional, Assembleias legislativas ou Câmaras municipais. Além disso, os estados federados perderam grande parte da autonomia que gozavam na vigência da Constituição de 1891, pois Vargas nomeava interventores leais ao seu regime nos estados federados, alheios a realidade local e em sua maioria militares ligados ao Clube 3 de Outubro, que por vezes entravam em atritos com os grupos políticos dos respectivos estados. A situação de São Paulo no contexto nacional era uma das mais críticas, dado a contínua e crescente insatisfação da classe política e da própria população em geral com a forma com que Vargas lidava politicamente com o estado.
Contrários a esse regime, a população paulista começou a protestar, o que resultou em uma série de manifestações iniciada por aquela ocorrida na Praça da Sé em 25 de janeiro de 1932, data do aniversário da cidade de São Paulo, em que se aglomeraram cerca de 100 mil pessoas. Ao longo dos meses seguintes a insatisfação popular acentuou-se. Na noite do dia 23 de maio, durante outra manifestação, um grupo tentou empastelar a sede do Partido Popular Paulista (ex-Liga Revolucionária), um grupo político-militar encabeçado por Miguel Costa, fundado após a Revolução de 1930 e sustentáculo de apoio no estado ao regime Vargas, cuja sede era na Rua Barão de Itapetininga esquina com a Praça da República, na cidade de São Paulo.
Os membros da organização situados naquele prédio, antecipando-se a invasão, resistiram por meio de armas tão logo os manifestantes se postaram no local. Após a fuzilaria, houve vários feridos e mortos, entre os quais, os nomes das pessoas que deram origem a sigla M.M.D.C.: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. O massacre ocorrido em 23 de maio de 1932 foi uma das razões que precipitou o levante deflagrado em 9 de julho daquele ano contra o regime de Getúlio Vargas, cujo objetivo era depô-lo e convocar novas eleições para a Assembleia Constituinte. Os quatro jovens mortos se tornaram mártires da causa Constitucionalista e a sigla derivada de seus nomes representou a organização civil e militar que articulou e coordenou os esforços de guerra antes e durante o levante.
Em 1955, com o Decreto n.º 24.712 do Governo do Estado de São Paulo, os restos mortais dos quatro jovens da foram trasladados para o Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, incluindo também o de Paulo Virgílio, outro mártir da causa. Em 2011, com a lei federal nº 12.430, os nomes dos quatro jovens foram inscritos no Livro dos Heróis da Pátria, cuja localização é no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.
Simbologia
A soma dos algarismos da altura da obra (72 metros, i.e. 7 + 2) totalizam nove, e também são nove os degraus na entrada. A simbologia é complementada pelo desenho do gramado ao redor do Obelisco, que possui uma área de 1 932 metros quadrados e forma um coração onde está enfincada a espada (o obelisco) que sagrou a vitória política, apesar da derrota militar dos paulistas. Afinal, ao ver seu governo em risco, o presidente Getúlio Vargas deu na época início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma nova constituição nacional.
Outros dados e simbologias são o fato do monumento possuir 72 metros de altura; a sua base maior do trapézio, no chão, para quem olha o monumento de frente, tem 9 metros; já a base menor, em cima, tem sete metros; a largura da cripta, embaixo, é de 32 metros. Dessa forma, quem olha de frente o perfil da planta observa os números 32 - 9 - 7, que remetem ao ano, o dia e ao mês da Revolução Constitucionalista de 1932. Por fim, nota-se que os 33 arcos do mausoléu representam os 33 graus da maçonaria.
Reforma e reabertura
O Obelisco Mausoléu ficou fechado à visitação durante 12 anos, recebendo público apenas em eventos especiais, como por exemplo o de comemoração ao dia 9 de Julho. Ele foi reaberto dia 9 de dezembro de 2014 após passar por uma reforma que solucionou problemas hidráulicos e de acústica no mausoléu. Segundo o Governo do Estado de São Paulo, as obras tiverem um custo em torno de 11 milhões de reais.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
2 artistas relacionados
Galileo Ugo Emendabili (Ancona, 8 de maio de 1898 - São Paulo, 14 de janeiro de 1974), mais conhecido como Emendabili, foi um escultor ítalo-brasileiro. Especializou-se em escultural através do Curso Superior de Escultura na Real Academia de Belas Artes de Urbino, mas a sua trajetória artística começou na Itália, onde se destacou pela criação de monumentos e esculturas funerárias, como o busto do político Giuseppe Mazzini e o monumento "Libertà", que demonstrava sua oposição ao regime fascista. Em 1923, Emendabili emigrou para o Brasil, onde rapidamente se estabeleceu na cena artística de São Paulo, criando marcos icônicos como o Monumento a Ramos de Azevedo e o Obelisco de São Paulo, este último homenageando a Revolução Constitucionalista de 1932. Em São Paulo, Emendabili também se destacou na arte funerária, com suas obras presentes em diversos cemitérios da cidade, refletindo a influência da escultura clássica italiana. Sua contribuição artística foi amplamente reconhecida, resultando em prêmios e títulos honorários.
Galileo Emendabili | Arremate Arte
Galileo Ugo Emendabili, conhecido como Galileo Emendabili, foi um escultor ítalo-brasileiro nascido em 8 de maio de 1898 em Ancona, Itália, e falecido em 14 de janeiro de 1974 em São Paulo, Brasil. Ele se destacou principalmente por suas obras monumentais e esculturas funerárias. Emendabili iniciou sua formação artística na Itália, onde esculpiu o busto do político Giuseppe Mazzini e criou o monumento "Libertà", em homenagem ao republicano Giuseppe Meloni, evidenciando seu talento e sua oposição ao regime fascista italiano.
Em 1923, Emendabili emigrou para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Lá, ele rapidamente se integrou à cena artística local, trabalhando inicialmente como entalhador e depois fundando seu próprio ateliê. Entre suas obras mais conhecidas estão o Monumento a Ramos de Azevedo e o Obelisco de São Paulo, ambos marcos significativos na paisagem paulistana. O obelisco, feito de mármore travertino, é um tributo à Revolução Constitucionalista de 1932 e destaca a dedicação de Emendabili à escultura monumental. Seu trabalho também pode ser visto em diversos cemitérios de São Paulo, onde ele aplicou seu talento à arte funerária, deixando um legado duradouro na cidade.
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Biografia Galileo Ugo Emendabili | Wikipédia
Galileo Ugo Emendabili (Ancona, 8 de maio de 1898 - São Paulo, 14 de janeiro de 1974) foi um escultor ítalo-brasileiro responsável pela criação de diversas esculturas funerárias e de célebres monumentos artísticos na cidade de São Paulo, como o Obelisco Mausoléu dos Heróis de 32 (1970), o Monumento a Luiz Pereira Barreto (1929) e o Monumento a Ramos de Azevedo (1934). Nascido e criado nas regiões de Ancona, Urbino e Genova, na Itália, Emendabili se mudou para São Paulo, Brasil com 25 anos de idade e residiu na capital até o fim da vida.
Infância na Itália
Filho de Ludovico Emendabili, que era artesão moveleiro, e de Enrica Angioletti, Galileo Emendabili nasceu em 1898 na comuna de Ancona, na Itália. Parte de uma família numerosa de dez filhos, já aos oito anos de idade Galileo virou aprendiz de entalhador de móveis no atelier de Augusto Clementi, um ebanista (marceneiro especializado em Ébano), surdo-mudo, de grande relevância na Itália. Por meio deste contato com o mestre surdo-mudo e com os demais aprendizes do atelier, Emendabili começa a dominar a linguagem gestual, que foi essencial para a comunicação dentro do atelier. Em 1908, Galileo ajuda o pai com o trabalho produzindo móveis artesanais na fábrica do progenitor.
Um dos primeiros incentivos que Galileo teve para ingressar no ofício de escultor foi em 1909 através de Don Enrico Ruschioni, Capelão da Igreja do Santíssimo Sacramento. Ao ver o jovem esboçando uma Nossa Senhora sobre um fragmento de pedra lavrada com cacos de tijolos e cerâmicas, o capelão recomendou que Emendabili estudasse Belas Artes, o que de fato aconteceu 6 anos depois.
Estudos na Real Academia de Belas Artes de Urbino
Ingressando no Curso Superior de Escultura na Real Academia de Belas Artes de Urbino, Emendabili matricula-se para a turma de 1915 especializando-se em escultura. Por conta do início da Primeira Guerra Mundial, a classe que havia começado com 52 alunos em 1915, em 1918 apenas tinha 32 alunos. Durante os seus anos de estudo, Emendabili dividiu o aluguel de um quarto com o colega Urbano Polverini, além de ter que fazer suas refeições diárias com apenas 75 centavos cada. Com o colega de quarto, em 1916 Emendabili abriu seu primeiro atelier artístico no Palazzo Passerini, no Corso Vittorio Emanuele II.
Sendo destaque entre os colegas de turma, em 1918 Emendabili recebeu pela banca examinadora do Real Instituto de Belas Artes uma bolsa de estudos artísticos para financiar as viagens que ele faria pelo eixo Urbino - Roma. Junto ao Ministério da Instrução Pública, Emendabili foi nomeado para receber a bolsa por unanimidade, o que o possibilitou entrar em contato com obras de grandes nomes da escultura como Ivan Mestrovic e Adolfo Wildt, além de conseguir visitar com frequência o escultor Arturo Dazzi, que possuía um atelier em Roma.
Ganhando notoriedade na seara da escultura na Itália, Emendabili passa a assinar, ainda em 1918, a revista artística conservadora Valori Plastici, fundada por Mario Broglio no mesmo ano. Emendabili também assinava em 1918 outra revista que exaltava o retorno aos conceitos clássicos da arte: chamada Architettura e Arti Figurative, o periódico tinha como diretor Gustavo Gianoni e Marcelo Piacentini, que mais tarde seria nomeado como arquiteto do regime fascista de Benito Mussolini. Foi por meio da contribuição na Architettura e Arti Figurative que Emendabili aprofundou contato com o expressionismo de Adolfo Wildt.
Depois de 5 anos estudando na Real Academia de Belas Artes, Emendabili gradua-se com distinção em Escultura no ano de 1919.
Início da carreira e primeiras obras
Depois de ter graduado em Escultura, Emendabili abre, em 1919, o seu segundo atelier italiano na Via Barilari, em Ancona, no mesmo quarteirão em que seu pai Ludovico Emendabili havia transferido a fábrica de móveis que possuía. Lá, Emendabili esculpe Busto femminile. Em 1920, o escultor abre o seu terceiro atelier na Itália, na Via Stagni, em Ancona, onde ele entalha a escultura o Porta-Bandeira de Combate do Real Explorador Ancona, que mais tarde foi exposta no Museo Sacrario della Marina al Vittoriano, em Roma.
Em 1921, Galileo Emendabili esculpe o busto a Giuseppe Mazzini, político revolucionário responsável pela unificação italiana, sediado na Residenza Municipale; a sede do Governo Municipal de Ancona. Sua primeira exposição artística, a Esposizione Regionale D'Arte, foi feita em conjunto com outros artistas, como Urbano Polverini, Filandro Castellani e Vittorio Morelli. Aclamada pela crítica italiana de arte, a exposição foi considerada por Luigi Serra da revista Emporium como revolucionária e capaz de romper com a "monotonia de uma homogeneidade meticulosamente lapidada, de agrupamentos metódicos".
Em 1921 Emendabili foi escolhido para esculpir a obra Libertà, um monumento em homenagem ao republicano Giuseppe Meloni, jovem que fora emboscado e assassinado por guardas do fascismo italiano. A escultura memoriral, que mescla traços do art déco e do expressionismo, foi erigida no cemitério Tavernelle no túmulo de Giuseppe Meloni. Entretanto, a construção da obra apenas acentuou a oposição de Emendabili ao fascismo italiano, tornando-o oficialmente um intelectual de oposição pelo regime de Mussolini.
Em 1923, Galileo Emendabili casa-se com Malvina Manfrini, com quem permaneceu casado até o fim da vida. Galileo e Malvina tiveram dois filho, Plínio e Fiammetta.
Para fugir do governo fascista de Mussolini, em junho de 1923 Emendabili parte de Genova a navio com a esposa para Buenos Aires. Durante a viagem a bordo, Emendabili é avisado pelo comandante de que estão tramando o assassinato do escultor a bordo, por conta de sua oposição ao regime político italiano vigente. Por isso, Emendabili decide mudar de destino e desembarca com a esposa no Porto de Santos, em São Paulo, no dia 3 de julho de 1923. De lá, parte para São Paulo, cidade que já sediava grande comunidade italiana. Em São Paulo, Emendabili reside até a morte.
De Urbino para São Paulo
Galileo Emendabili inicia sua trajetória artística no Brasil na cidade de São Paulo, no ano de 1923. Começa trabalhando como vendedor de tintas, mas, no mesmo ano, consegue seu primeiro ofício artístico no novo país, remontando ao primeiro trabalho que teve em Ancona: entalhador. A direção do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo contratou Emendabili prontamente quando viu um esboço que ele fizera com primazia em um recorte de papel. No mesmo ano, Emendabili esculpe sua primeira obra fora da Itália, a Maternidade Eslava, que atualmente está na coleção de Emanuel Araújo.
Em 1924, Emendabili abre seu primeiro atelier artístico em São Paulo, na Rua das Flores, que hoje é a Praça Clóvis Bevilaqua. É neste estúdio que Emendabili planeja o memorial Sons Celestiais para o túmulo da família Borin Refinetti Rappa, obra consoante com a arquitetura do art-déco que está no Cemitério Araçá. Constituído por duas figuras femininas com liras e um pranteador no centro, o memorial foi uma de suas primeiras esculturas feitas em São Paulo, e marca o início da trajetória de arte funerária de Emendabili em São Paulo.
Como reflete Silvana Brunelli Zimmerman, estudiosa do escultorː
“ O túmulo da família Borin, denominado de Sons Celestiais, apresenta duas musas quase idênticas, com seus atributos específicos – as liras – talvez uma possível correlação com a vida do morto. Emendabili, nessas figuras, apesar das longas túnicas e do tratamento meticuloso dedicado às dobras do planejamento, que realçam as partes dos corpos femininos, optou por uma iconografia “atualizada”, devido a ausência da tradicional coroa de flores ou mesmo de louros. ”
Em 1925, Emendabili ganha seu primeiro concurso artístico, obtendo o primeiro lugar no prêmio Concurso Internacional para o Monumento a Luiz Pereira Barreto, cientista e cafeicultor.
Monumento a Luiz Pereira Barreto
Vencedor do edital público para a construção do monumento realizado pela Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, Emendabili começou a criar o monumento em 1925 e espantou-se com o rigor academicista que a comissão avaliadora da escultura impunha para a realização da obra. Entretanto, Emendabili conseguiu produzir o monumento com liberdade estética (vista a partir das representações femininas nas laterais da obra) ao mesmo tempo que seguia com as orientações do edital. Finalizado em 1928 por Emendabili em seu próprio atelier na Rua das Flores, em fevereiro de 1929 o monumento foi instalado com o aval da Prefeitura de São Paulo na Praça Marechal Deodoro, que na época não contava com nenhuma outra obra artística. No dia 3 de maio de 1929, o Monumento a Luiz Pereira Barreto foi inaugurado, mas Emendabili não compareceu à solenidade. Em 2000, a obra foi restaurada dentro do projeto de revitalização da Praça Marechal Deodoro.
A arte funerária de Galileo Emendabili
Ao longo de sua vida, Galileo Emendabili planejou e construiu diversas esculturas funerárias; obras destinadas para homenagear túmulos de famílias em cemitérios. A partir das esculturas que fez, Emendabili se tornou um dos principais expoentes da arte funerária em São Paulo, sendo possível encontrar obras suas em muitos cemitérios da capital, como o Cemitério da Consolação e o do Araçá.
Foi exatamente a partir de suas esculturas funerárias que Emendabili começou a ganhar destaque no meio artístico paulistano. Por conta da revalorização dos ideais clássicos da arte presente em suas obras, a estatuária emendabiliana trouxe à São Paulo, que já estava sendo influenciada pela arte moderna, traços da arte italiana clássica. Com isso, Emendabili ganhou destaque e renome entre os artistas mais conservadores.
Veja a seguir quais são as principais esculturas funerárias esculpidas por Galileo Emendabili em São Pauloː
Mário de Andrade, artista modernista brasileiro, foi um grande admirador de Emendabili, tecendo a ele diversos elogios. Durante uma visita ao segundo atelier de Emendabili, na rua Bela Cintra, Mário de Andrade se deparou com Cristo Bom Pastor, que atualmente está no Cemitério Municipal, em Tatuí. Admirado pela obra, em 1942 ele comentaː
“ (...) recordo que vi, no seu "atelier" da rua Bela Cintra, cheinho de planos, desenhos, projetos e esboços, um Cristo que me emocionou profundamente. Não era o Cristo manso, perdulário de ternura, militante dos perdões, que ali estava pronto para o milagre de metamorfosear-se, saindo do gesso para o bronze e, pois, para a Eternidade. Era um Cristo altivo, eu quase diria insolente - o Cristo sobranceiro que um dia perdeu a paciência e expulsou os vendilhões do templo. Emendabili ficou esse sentimento ou ressentimento de Cristo no belo rosto erguido na testa ampla, repositório de idéias de libertação dos oprimidos... ”
Monumento a Ramos de Azevedo
Já em seu segundo atelier na Rua Bela Cintra, em 1929 Emendabili se inscreve no concurso internacional para o monumento em homenagem a Ramos de Azevedo, célebre arquiteto paulistano que foi autor de diversos edifícios públicos e privados em São Paulo. Vencedor do concurso, em 1929 Emendabili já começa o trabalho para o monumento, esculpindo a figuração de toda a obra, que possui sete figuras acopladas à peça principal, diretamente no gesso e depois em granito Itaquera e bronze. Até 1933, o escultor consegue fundir e montar todas as partes do Monumento a Ramos de Azevedo, resultando em uma obra com 22 toneladas e 25 metros de altura. Na época, São Paulo não possuía esculturas dessa dimensão, o que causou espanto e admiração dos paulistanos.
Inaugurada em 25 de janeiro de 1934 (aniversário da cidade de São Paulo), o Monumento a Ramos de Azevedo teve como primeira localização a Avenida Tiradentes, em frente ao que hoje é o museu da Pinacoteca. O local fora escolhido pois, na época, a Pinacoteca era a sede do Liceu de Artes e Ofícios, do qual Ramos de Azevedo havia sido diretor. Entretanto, em 1967 o monumento foi retirado da Avenida Tiradentes devido às obras da linha norte-sul do metrô e do alargamento da avenida.
Foi apenas em 1972, 5 anos após o desmontamento do monumento, que a Prefeitura de São Paulo decidiu que ele seria constituído na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, na USP. Em 1975, a escultura foi montada próxima à Escola Politécnica, edifício cujo um dos criadores foi o próprio Ramos de Azevedo. Sobre o processo de criação da figura de Ramos de Azevedo na escultura, Emendabili escreveu em 1929:
“Na estátua, procurei e creio ter conseguido reproduzir, da maneira mais realística possível, sem esquecer, porém, os preceitos da arte sã, a figura típica e majestosa do arquiteto máximo de São Paulo; a cabeça é o seu retrato representado de maneira vigorosa, e a sua postura é, praticamente, a mesma que o Ilustre Construtor adotava normalmente nos dias de sua vida, seja na intimidade, em conversação amigável com pessoas gradas, seja em seu gabinete de trabalho, ou em suas construções, ao analisar a construção que se ia dando aos seus planos grandiosos.”
Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32
Em 1934, pouco após o fim da Revolução Constitucionalista de 1932, Galileo Emendabili participa do concurso internacional para erigir o Mausoléu aos Heróis Constitucionalistas e recebe o prêmio de primeiro lugar com a maquete "32" e até mesmo o segundo lugar com a maquete "Constituição".
Mesmo que Emendabili tenha ganhado o concurso no ano de 1934, a pedra fundamental do Obelisco só foi lançada em 1949. O atraso de 15 anos para o início da construção se deve principalmente ao governo de Vargas, que não era favorável à homenagem aos constitucionalistas. Mas é apenas em 1951 que o contrato de produção do Mausoléu é assinado, o que requereu uma aceleração no ritmo da construção do monumento para ele participar dos festejos do IV Centenário.
Com execução confiada ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler, o local escolhido para o Mausoléu Obelisco foi na área do Parque do Ibirapuera - perto da Avenida Pedro Álvares Cabral - no bairro da Vila Mariana, Centro-Sul da cidade de São Paulo. O obelisco é parcialmente inaugurado em 1958, no dia 9 de julho, por conta da data comemorativa à Revolução Constitucionalista, mas a inauguração total do monumento acontece apenas em 1970.
Sobre a responsabilidade de construir um monumento desta relevância e sobre a relação que tinha com São Paulo, Emendabili comenta ao jornal Última Hora em 7 de julho de 1958ː
“Quando cheguei ao Brasil, integrei-me completamente na vida brasileira. Nada tinha a não ser minha esposa e eu mesmo. Nove anos após minha chegada estourou a Revolução Constitucionalista. Pode parecer estranho que um italiano tenha sentido tão profundamente este movimento tipicamente brasileiro. Mas em nove anos, aprendi a querer bem o Brasil e particularmente São Paulo. Em virtude desse amor é que aderi com todo entusiasmo à Revolução. E foi ainda por amor à causa paulista, por ter compreendido a santa finalidade da revolução que procurei lembrar para sempre os feitos dos soldados de São Paulo nesse movimento."
Estrutura do Obelisco
Planejado em conjunto por Emendabili e Ulrich Elder, o Mausoléu é feito de mármore interino e constituído por um obelisco oco de 72 metros de altura. No terço inferior da estrutura foram dispostos quatro grandes relevos em cada uma das quatro faces, esculpidos por Emendabili para representar os quatro constitucionalistas homenageados: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Três portas de bronze dão acesso à parte interna do monumento, que tem formato de cruz. Exatamente no centro do interior do Obelisco está a estátua do soldado constitucionalista, esculpida em mármore por Emendabili.
Por ser um mausoléu, o Monumento aos Heróis de 32 abriga os restos mortais dos combatentes que morreram durante a Revolução Constitucionalista em ossários, além de acolher também os túmulos do orador Ibrahim Nobre e do poeta Guilherme de Almeida. Paulo Emendabili Carvalhosa, neto de Galileo Emendabili, diz que o monumento está permeado com uma simbologia representada pelo número 9, data principal da revolução. Pensado intencionalmente pelo escultor, é possível encontrar o número 9 em diferentes aspectos do Obelisco: são 9 degraus até a cripta do monumento; a altura da base do Obelisco até o topo é de 72 metros (7+9=12); e a distância da cripta até o topo é 81 metros (8+1=9, 9 ao quadrado é 81).
Fechado em 2002 para restauração, o Obelisco de São Paulo só foi aberto novamente em 2014, após restauro de mais de R$10 milhões. O Obelisco é tombado pelo CONDEPHAAT e pelo Conpresp.
Condecorações e fim da vida
Durante e após a construção do Obelisco de São Paulo, Emendabili continuou se dedicando a célebres projetos de escultura, para nomear algumas: Fundadores de São Bernardo do Campo – João Ramalho e Bartira, Adão e Eva - Troca de Corações, Meditação, Amerigo Vespucci e Cristo Triunfante na Cruz. Por conta de sua enorme contribuição artística ao estado de São Paulo, Emendabili recebe em 1962 o título honorário de Cidadão Paulistano, em 1972 o título de Cidadão da Cidade de Águas de Lindóia e de Cidadão da Cidade de São Bernardo do Campo. Em 1973, a coletividade italiana Circolo Italiano entrega a Emendabili o prêmio "Presença Italiana no Brasil", que apenas é conferido a cidadãos brasileiros natos.
Em 1969 a saúde de Galileo Emendabili começa a piorar: com a retirada do Monumento a Ramos de Azevedo da Av. Tiradentes e com seu consequente abandono, o escultor sofre seu primeiro infarto. Para tentar reverter a situação de desleixo em que sua escultura se encontrava, Emendabili entra em confronto público com o prefeito de São Paulo, Paulo Salim Maluf, que inicia um processo para cassar o atelier de Emendabili. Com boa parte da imprensa a seu lado, o escultor consegue espaço em veículos como a Rádio Bandeirantes para lutar contra a perseguição, juntamente com o advogado Otávio Mamede. Por conta de seu estado débil de saúde, ainda em 1969 Emendabili inicia seus trabalhos de desenho e pintura, uma vez que a escultura se provava uma tarefa extenuante.
Após sucessivos infartos, frutos da pressão em cima de Emendabili para que ele deixasse de se pronunciar sobre o abandono do Monumento a Ramos de Azevedo, o escultor ítalo-brasileiro falece no dia 14 de janeiro de 1974, com 76 anos, oferecendo ao Brasil 51 anos de árduo trabalho no campo da escultura, arquitetura, desenhos, pintura, mosaicos, afrescos e cerâmicas. Deixou dois filhos e nove netos.
A última escultura concebida e executada por Galileo Emendabili foi Pietà, que atualmente integra o acervo do MASP.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
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Galileo Emendabili | Itaú Cultural
Matricula-se, em 1915, no curso especial de escultura da Academia Real de Belas Artes de Urbino, na Itália, e estuda com Domenico Jollo. Posteriormente, freqüenta o ateliê de Arturo Dazzi (1881 - 1966), em Roma, e tem contato com obras de Ivan Mestrovic (1883 - 1962), Arturo Martini (1889 - 1947) e Adolfo Wildt (1868 -1931). Em 1921, executa o monumento tumular do republicano Giuseppe Melon, em Ancona, Itália. Vem para o Brasil em 1923, fixa-se em São Paulo, onde trabalha como entalhador no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Laosp. Em 1925, ganha o 1º prêmio no Concurso Internacional para o Monumento a Pereira Barreto, inaugurado em 1928, na Praça Marechal Deodoro. No ano seguinte, vence o concurso para o Monumento a Ramos de Azevedo, inaugurado em 1934, e atualmente instalado na Cidade Universitária, e o concurso para o Monumento aos Heróis Constitucionalistas de 1932, conhecido como Obelisco, no Ibirapuera. Executa monumentos funerários para os cemitérios São Paulo, da Consolação e do Araçá. Inicia, na década de 1960, trabalhos em desenho, aquarela e cerâmica. Em 1982, é realizado o vídeo Ancona - San Paolo Solo Andata, pela Rádio e Televisão Italiana, sobre sua produção. É publicado, em 1997, o livro Monumento a Ramos de Azevedo: Do Concurso ao Exílio, organizado pela historiadora e crítica de arte Annateresa Fabris, juntamente à mostra sobre a história do monumento na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp.
Análise
Galileo Emendabili tem uma ampla produção em São Paulo, cidade onde chega em 1923. Vence, em 1929, o concurso internacional para a realização do Monumento a Ramos de Azevedo, atualmente na Cidade Universitária. Nessa obra, de concepção clássica, apresenta a estátua do arquiteto, com tratamento realista, associando sua imagem a figuras alegóricas que simbolizam as ciências e as artes e, por fim, progresso, representado em um grande grupo no topo do monumento, composto por um cavalo alado e pelas figuras do Gênio e da Vitória. Em 1934, o escultor realiza uma de suas obras mais famosas, o Monumento aos Heróis Constitucionalistas de 1932, localizado no Parque do Ibirapuera. Com a forma plástica de um obelisco, conta com vários painéis em alto-relevo, de grande síntese formal e marcante expressividade, e ainda com mosaicos desenhados pelo próprio artista.
Emendabili realiza inúmeros monumentos fúnebres para cemitérios em São Paulo, como Ausência, 1944, Paternidade e Porta Místico-Profana, ambas de 1948. Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli, nesses trabalhos o escultor apresenta um diálogo com o Novecento italiano, especialmente com a poética de Mario Sironi (1885 - 1961), na recuperação de valores estéticos do Renascimento italiano e na retomada da sua tradição decorativa e monumental.
Críticas
"Galileo Emendabili é uma 'virtuose' da escultura, que marcou bem nitidamente a sua presença em S. Paulo, através de obras que são, muitas delas, verdadeiras obras-primas. Escultor de pura formação clássica, atingiu sua plenitude, como artista, sem fazer concessões aos modismos em voga, antes abrindo o seu próprio itinerário.
Consciente da integração da escultura nos grandes princípios que informam a arquitetura, Galileo Emendabili magistralmente cinzelou a matéria.
A leveza de sua composição, sua apurada síntese, seu equilíbrio harmonioso em relação ao todo, e sua concepção perfeita da escultura dentro desse todo - essas virtudes fazem de Emendabili um escultor que há de ficar para sempre na história das artes plásticas pelo seu notável valor artístico. Emendabili dá-nos uma bela imagem de grandeza". — Sergio Milliet (MILLIET, Sergio. O Cinzel de Emendabili. In: GALILEO Emendabili. São Paulo: Instituto Italiano di Cultura, MASP, 1987. p. 92).
"O interesse por sua obra (...) não reside apenas na sua presença pública e na propriedade inegável de suas qualidades escultóricas mas, igualmente, pelo fato de ela poder ser pensada como a estruturação de uma poética determinada, a partir da absorção de influxos típicos do debate escultórico europeu e internacional da passagem do século e das primeiras décadas do século XX. Refiro-me ao embate entre um conceito de escultura baseado na revalorização dos ideais ´clássicos´ da arte e aquele voltado para uma práxis escultórica que rompia com aqueles postulados tradicionais da linguagem em questão. Tentando desde já situar a obra de Emendabili dentro deste universo, pode-se dizer que o escultor italiano desenvolve toda a sua obra no sentido de restauração dos conceitos mais tradicionais da escultura. Porém, o sentido restaurador da estatuária emendabiliana não se dá absolutamente em chave acadêmica, tendente à cristalização de conceitos e efeitos consagrados. Se ela não se desenvolve a partir da tradição moderna institucionalizada - Rodin, Brancusi, Arp, etc. -, traz, no entanto, a contaminação de expedientes formais também significativos para uma compreensão mais abrangente da escultura deste século. A princípio, a obra de Emendabili poderia ser colocada no interior de uma outra tradição menos prestigiada, talvez, porém não menos significativa. Refiro-me à tradição do retorno à ordem na escultura deste século que, partindo das teorias e da produção artística do escultor alemão Adolf Hildebrand, passaria - com as devidas adaptações -, por Maillol, Mestrovic, Wildt, Barlach, Wotruba, no plano internacional, e, no cenário brasileiro, por Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Ernesto de Fiori e outros. Dentro dessa tradição, Galileo Emendabili desenvolveria uma obra extremamente singular, repleta de momentos em que o artista alcançaria com grande felicidade a síntese entre forma e conteúdo, sempre tão desejada pelos artistas deste século" — Tadeu Chiarelli (Chiarelli, Tadeu. A obra de Galileo Emendabili: síntese e superação de influências. In: FABRIS, Annateresa (org. ) Monumento a Ramos de Azevedo: do concurso ao exílio. Campinas: Mercado das Letras, 1997. p. 65-66).
Depoimentos
"Sempre fui um solitário. (...) Não tinha o pendor, nem o gosto da vida social. Mas, a partir do meu contato com os ideais e as idéias defendidas em 1922, não pude mais compreender um monumento como simples embasamento com um boneco em cima. O mais importante na escultura é quando se passa da análise para a síntese. (...) Que adianta ver um troféu com muitos ornamentos? Importa é um troféu despojado. Para isso houve mesmo a necessidade da soda cáustica de 1922, uma autêntica revolução estética de conseqüência fecundas e duradouras" — Galileo Emendabili (GALILEO Emendabili. São Paulo: Instituto Italiano di Cultura, MASP, 1987. p. 16).
"Olhe, meu amigo, na arte é como nas religiões. Existem sempre diversos pareceres. Todo aquele que professa uma religião tem-na por verdadeira [...]. Na arte dá-se o mesmo. Apesar de muitos artistas professarem diversas escolas, todos afinal se esforçam para fazer da arte aquilo que ela: é uma expressão intencional de sensibilidade humana. Acrescento mais. Em todas as escolas há artistas com talento e artista sem talento. Os nomes que ficam joeirados pelo tempo são aqueles que acima das teorias impostas pelas escolas foram profundamente humanos, foram essencialmente indivíduos e, portanto, criadores. A principal finalidade da arte é criar. Quem cria consagra-se. Por isso digo, que apesar de não ter pretensões a uma apoteótica consagração, dentro das formas antigas, pretendi fazer alguma coisa de pessoal. Ser original não é ser extravangante. É acima de tudo, ser pessoal" — Galileo Emendabili - 1929 (ZIMMERMANN, Silvana Brunelli. A Obra Escultórica de Galileo Emendabili: uma contribuição para o meio artístico paulistano. Dissertação (Mestrado em Artes) - Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade São Paulo - ECA/USP. 2000. p. 5).
Exposições Individuais
1923 - São Paulo SP - Individual, na Casa Excelsior
1971 - São Paulo SP - Individual, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1972 - São Paulo SP - 50 Anos de Arte no Brasil: esculturas, arquitetura e desenhos, no Paço das Artes
Exposições Póstumas
1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1987 - São Paulo SP - Galileo Emendabili: escultura e desenho, no Espaço Cultural José Duarte Aguiar e Ricardo Camargo
1987 - São Paulo SP - Galileo Emendabili: retrospectiva, no Masp
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1997 - São Paulo SP - Monumento a Ramos de Azevedo: do concurso ao exílio, na Pinacoteca do Estado
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1999 - Ancona (Itália) - Galileo Emendabili: uno scultore emigrante nell'Ancona del primo Novecento, na Sale del Lazzaretto Vanvitelliano
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
Fonte: GALILEO Emendabili. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 23 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Obelisco de São Paulo | Wikipédia
O Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, também conhecido como Obelisco do Ibirapuera ou Obelisco de São Paulo, é um monumento funerário brasileiro que presta uma homenagem aos 713 soldados mortos durante a revolução constitucionalista contra o governo de Getúlio Vargas e por uma nova constituição.
Tombado pelos conselhos estadual e municipal de preservação de patrimônio histórico (CONDEPHAAT).
O Obelisco teve sua reabertura no dia 9 de dezembro de 2014, doze anos após estar com as portas fechadas por causa de uma reforma.
Localização
Localiza na área do Parque do Ibirapuera - ainda que separado do restante do parque pela Avenida Pedro Álvares Cabral - no bairro da Vila Mariana, Centro-Sul da cidade de São Paulo.
O monumento
Símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932, o obelisco é o maior monumento da cidade possuindo um total de 72 metros de altura.
O monumento começou a ser construído em 1947 e teve sua conclusão no ano de 1970, porém sua inauguração ocorreu no dia 9 de julho de 1955, um ano após a abertura do Parque do Ibirapuera e do lançamento do Monumento às Bandeiras. O Obelisco é um projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili (8 de maio de 1898 - 14 de janeiro de 1974), que chegou ao Brasil em 1923, fugindo do regime fascista vigente na Itália. Foi feito em puro mármore travertino e sua execução foi confiada ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler.
Na entrada do monumento, uma série de arcos recebem os visitantes diante de uma luz baixa que produz um tom um tanto sombrio. Poemas e frases do escritor Guilherme de Almeida estão distribuídas por entre o local.
O mausoléu do Obelisco abriga os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (o M.M.D.C.) - mortos durante a Revolução do ano de 1932 - e de outros 713 ex-combatentes.
O interior do Obelisco tem forma de cruz, onde são encontrados painéis feitos com pastilhas de mosaico veneziano que representam o nascimento, o sacrifício e a ressurreição de Jesus. Além disso, podemos encontrar em sua parte interna um total de 800 urnas funerárias e três capelas. O jardim que abriga o monumento aponta para a Avenida 23 de Maio, exatamente a data em que os quatro estudantes revolucionários foram mortos. Os restos mortais de Guilherme de Almeida e Ibrahim de Almeida Nobre, ex-combatentes e, respectivamente, considerados como o poeta de 32 e o tribuno de 32, se encontram sepultados dentro do mausoléu, bem como os de Paulo Virgínio, considerado um mártir do movimento.
Inscrições
O obelisco tem inscrições acompanhadas de ícones em suas quatro faces. Iniciando pela face norte, seguindo pela face oeste, sul, e finalmente leste. O poema escrito é texto de autoria de Guilherme de Almeida, feito em homenagem aos revolucionários de 1932. Abaixo segue o texto:
"Aos épicos de julho de 32, que,
fiéis cumpridores da sagrada promessa
feita a seus maiores - os que
moveram as terras e as gentes por
sua força e fé - na lei puseram sua
força e em São Paulo sua Fé."
Já na parte da base do monumento, junto à entrada da capela e da cripta, voltadas ao Parque do Ibirapuera, há outra inscrição, de autoria do jornalista pinhalense Dr. Antônio Benedicto Machado Florence, embora também comumente atribuída a Guilherme de Almeida:
"Viveram pouco para morrer bem
morreram jovens para viver sempre."
Revolução Constitucionalista de 1932
Em 1932, o Brasil era presidido por Getúlio Vargas que, desde o golpe de estado ocorrido com a Revolução de 1930, governava o país de forma discricionária, sem uma Constituição Federal que delimitasse os poderes do Presidente ou estabelecesse as articulações entre os três poderes da República. Somado a isso, tampouco havia Congresso Nacional, Assembleias legislativas ou Câmaras municipais. Além disso, os estados federados perderam grande parte da autonomia que gozavam na vigência da Constituição de 1891, pois Vargas nomeava interventores leais ao seu regime nos estados federados, alheios a realidade local e em sua maioria militares ligados ao Clube 3 de Outubro, que por vezes entravam em atritos com os grupos políticos dos respectivos estados. A situação de São Paulo no contexto nacional era uma das mais críticas, dado a contínua e crescente insatisfação da classe política e da própria população em geral com a forma com que Vargas lidava politicamente com o estado.
Contrários a esse regime, a população paulista começou a protestar, o que resultou em uma série de manifestações iniciada por aquela ocorrida na Praça da Sé em 25 de janeiro de 1932, data do aniversário da cidade de São Paulo, em que se aglomeraram cerca de 100 mil pessoas. Ao longo dos meses seguintes a insatisfação popular acentuou-se. Na noite do dia 23 de maio, durante outra manifestação, um grupo tentou empastelar a sede do Partido Popular Paulista (ex-Liga Revolucionária), um grupo político-militar encabeçado por Miguel Costa, fundado após a Revolução de 1930 e sustentáculo de apoio no estado ao regime Vargas, cuja sede era na Rua Barão de Itapetininga esquina com a Praça da República, na cidade de São Paulo.
Os membros da organização situados naquele prédio, antecipando-se a invasão, resistiram por meio de armas tão logo os manifestantes se postaram no local. Após a fuzilaria, houve vários feridos e mortos, entre os quais, os nomes das pessoas que deram origem a sigla M.M.D.C.: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. O massacre ocorrido em 23 de maio de 1932 foi uma das razões que precipitou o levante deflagrado em 9 de julho daquele ano contra o regime de Getúlio Vargas, cujo objetivo era depô-lo e convocar novas eleições para a Assembleia Constituinte. Os quatro jovens mortos se tornaram mártires da causa Constitucionalista e a sigla derivada de seus nomes representou a organização civil e militar que articulou e coordenou os esforços de guerra antes e durante o levante.
Em 1955, com o Decreto n.º 24.712 do Governo do Estado de São Paulo, os restos mortais dos quatro jovens da foram trasladados para o Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, incluindo também o de Paulo Virgílio, outro mártir da causa. Em 2011, com a lei federal nº 12.430, os nomes dos quatro jovens foram inscritos no Livro dos Heróis da Pátria, cuja localização é no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.
Simbologia
A soma dos algarismos da altura da obra (72 metros, i.e. 7 + 2) totalizam nove, e também são nove os degraus na entrada. A simbologia é complementada pelo desenho do gramado ao redor do Obelisco, que possui uma área de 1 932 metros quadrados e forma um coração onde está enfincada a espada (o obelisco) que sagrou a vitória política, apesar da derrota militar dos paulistas. Afinal, ao ver seu governo em risco, o presidente Getúlio Vargas deu na época início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma nova constituição nacional.
Outros dados e simbologias são o fato do monumento possuir 72 metros de altura; a sua base maior do trapézio, no chão, para quem olha o monumento de frente, tem 9 metros; já a base menor, em cima, tem sete metros; a largura da cripta, embaixo, é de 32 metros. Dessa forma, quem olha de frente o perfil da planta observa os números 32 - 9 - 7, que remetem ao ano, o dia e ao mês da Revolução Constitucionalista de 1932. Por fim, nota-se que os 33 arcos do mausoléu representam os 33 graus da maçonaria.
Reforma e reabertura
O Obelisco Mausoléu ficou fechado à visitação durante 12 anos, recebendo público apenas em eventos especiais, como por exemplo o de comemoração ao dia 9 de Julho. Ele foi reaberto dia 9 de dezembro de 2014 após passar por uma reforma que solucionou problemas hidráulicos e de acústica no mausoléu. Segundo o Governo do Estado de São Paulo, as obras tiverem um custo em torno de 11 milhões de reais.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
Galileo Ugo Emendabili (Ancona, 8 de maio de 1898 - São Paulo, 14 de janeiro de 1974), mais conhecido como Emendabili, foi um escultor ítalo-brasileiro. Especializou-se em escultural através do Curso Superior de Escultura na Real Academia de Belas Artes de Urbino, mas a sua trajetória artística começou na Itália, onde se destacou pela criação de monumentos e esculturas funerárias, como o busto do político Giuseppe Mazzini e o monumento "Libertà", que demonstrava sua oposição ao regime fascista. Em 1923, Emendabili emigrou para o Brasil, onde rapidamente se estabeleceu na cena artística de São Paulo, criando marcos icônicos como o Monumento a Ramos de Azevedo e o Obelisco de São Paulo, este último homenageando a Revolução Constitucionalista de 1932. Em São Paulo, Emendabili também se destacou na arte funerária, com suas obras presentes em diversos cemitérios da cidade, refletindo a influência da escultura clássica italiana. Sua contribuição artística foi amplamente reconhecida, resultando em prêmios e títulos honorários.
Galileo Emendabili | Arremate Arte
Galileo Ugo Emendabili, conhecido como Galileo Emendabili, foi um escultor ítalo-brasileiro nascido em 8 de maio de 1898 em Ancona, Itália, e falecido em 14 de janeiro de 1974 em São Paulo, Brasil. Ele se destacou principalmente por suas obras monumentais e esculturas funerárias. Emendabili iniciou sua formação artística na Itália, onde esculpiu o busto do político Giuseppe Mazzini e criou o monumento "Libertà", em homenagem ao republicano Giuseppe Meloni, evidenciando seu talento e sua oposição ao regime fascista italiano.
Em 1923, Emendabili emigrou para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Lá, ele rapidamente se integrou à cena artística local, trabalhando inicialmente como entalhador e depois fundando seu próprio ateliê. Entre suas obras mais conhecidas estão o Monumento a Ramos de Azevedo e o Obelisco de São Paulo, ambos marcos significativos na paisagem paulistana. O obelisco, feito de mármore travertino, é um tributo à Revolução Constitucionalista de 1932 e destaca a dedicação de Emendabili à escultura monumental. Seu trabalho também pode ser visto em diversos cemitérios de São Paulo, onde ele aplicou seu talento à arte funerária, deixando um legado duradouro na cidade.
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Biografia Galileo Ugo Emendabili | Wikipédia
Galileo Ugo Emendabili (Ancona, 8 de maio de 1898 - São Paulo, 14 de janeiro de 1974) foi um escultor ítalo-brasileiro responsável pela criação de diversas esculturas funerárias e de célebres monumentos artísticos na cidade de São Paulo, como o Obelisco Mausoléu dos Heróis de 32 (1970), o Monumento a Luiz Pereira Barreto (1929) e o Monumento a Ramos de Azevedo (1934). Nascido e criado nas regiões de Ancona, Urbino e Genova, na Itália, Emendabili se mudou para São Paulo, Brasil com 25 anos de idade e residiu na capital até o fim da vida.
Infância na Itália
Filho de Ludovico Emendabili, que era artesão moveleiro, e de Enrica Angioletti, Galileo Emendabili nasceu em 1898 na comuna de Ancona, na Itália. Parte de uma família numerosa de dez filhos, já aos oito anos de idade Galileo virou aprendiz de entalhador de móveis no atelier de Augusto Clementi, um ebanista (marceneiro especializado em Ébano), surdo-mudo, de grande relevância na Itália. Por meio deste contato com o mestre surdo-mudo e com os demais aprendizes do atelier, Emendabili começa a dominar a linguagem gestual, que foi essencial para a comunicação dentro do atelier. Em 1908, Galileo ajuda o pai com o trabalho produzindo móveis artesanais na fábrica do progenitor.
Um dos primeiros incentivos que Galileo teve para ingressar no ofício de escultor foi em 1909 através de Don Enrico Ruschioni, Capelão da Igreja do Santíssimo Sacramento. Ao ver o jovem esboçando uma Nossa Senhora sobre um fragmento de pedra lavrada com cacos de tijolos e cerâmicas, o capelão recomendou que Emendabili estudasse Belas Artes, o que de fato aconteceu 6 anos depois.
Estudos na Real Academia de Belas Artes de Urbino
Ingressando no Curso Superior de Escultura na Real Academia de Belas Artes de Urbino, Emendabili matricula-se para a turma de 1915 especializando-se em escultura. Por conta do início da Primeira Guerra Mundial, a classe que havia começado com 52 alunos em 1915, em 1918 apenas tinha 32 alunos. Durante os seus anos de estudo, Emendabili dividiu o aluguel de um quarto com o colega Urbano Polverini, além de ter que fazer suas refeições diárias com apenas 75 centavos cada. Com o colega de quarto, em 1916 Emendabili abriu seu primeiro atelier artístico no Palazzo Passerini, no Corso Vittorio Emanuele II.
Sendo destaque entre os colegas de turma, em 1918 Emendabili recebeu pela banca examinadora do Real Instituto de Belas Artes uma bolsa de estudos artísticos para financiar as viagens que ele faria pelo eixo Urbino - Roma. Junto ao Ministério da Instrução Pública, Emendabili foi nomeado para receber a bolsa por unanimidade, o que o possibilitou entrar em contato com obras de grandes nomes da escultura como Ivan Mestrovic e Adolfo Wildt, além de conseguir visitar com frequência o escultor Arturo Dazzi, que possuía um atelier em Roma.
Ganhando notoriedade na seara da escultura na Itália, Emendabili passa a assinar, ainda em 1918, a revista artística conservadora Valori Plastici, fundada por Mario Broglio no mesmo ano. Emendabili também assinava em 1918 outra revista que exaltava o retorno aos conceitos clássicos da arte: chamada Architettura e Arti Figurative, o periódico tinha como diretor Gustavo Gianoni e Marcelo Piacentini, que mais tarde seria nomeado como arquiteto do regime fascista de Benito Mussolini. Foi por meio da contribuição na Architettura e Arti Figurative que Emendabili aprofundou contato com o expressionismo de Adolfo Wildt.
Depois de 5 anos estudando na Real Academia de Belas Artes, Emendabili gradua-se com distinção em Escultura no ano de 1919.
Início da carreira e primeiras obras
Depois de ter graduado em Escultura, Emendabili abre, em 1919, o seu segundo atelier italiano na Via Barilari, em Ancona, no mesmo quarteirão em que seu pai Ludovico Emendabili havia transferido a fábrica de móveis que possuía. Lá, Emendabili esculpe Busto femminile. Em 1920, o escultor abre o seu terceiro atelier na Itália, na Via Stagni, em Ancona, onde ele entalha a escultura o Porta-Bandeira de Combate do Real Explorador Ancona, que mais tarde foi exposta no Museo Sacrario della Marina al Vittoriano, em Roma.
Em 1921, Galileo Emendabili esculpe o busto a Giuseppe Mazzini, político revolucionário responsável pela unificação italiana, sediado na Residenza Municipale; a sede do Governo Municipal de Ancona. Sua primeira exposição artística, a Esposizione Regionale D'Arte, foi feita em conjunto com outros artistas, como Urbano Polverini, Filandro Castellani e Vittorio Morelli. Aclamada pela crítica italiana de arte, a exposição foi considerada por Luigi Serra da revista Emporium como revolucionária e capaz de romper com a "monotonia de uma homogeneidade meticulosamente lapidada, de agrupamentos metódicos".
Em 1921 Emendabili foi escolhido para esculpir a obra Libertà, um monumento em homenagem ao republicano Giuseppe Meloni, jovem que fora emboscado e assassinado por guardas do fascismo italiano. A escultura memoriral, que mescla traços do art déco e do expressionismo, foi erigida no cemitério Tavernelle no túmulo de Giuseppe Meloni. Entretanto, a construção da obra apenas acentuou a oposição de Emendabili ao fascismo italiano, tornando-o oficialmente um intelectual de oposição pelo regime de Mussolini.
Em 1923, Galileo Emendabili casa-se com Malvina Manfrini, com quem permaneceu casado até o fim da vida. Galileo e Malvina tiveram dois filho, Plínio e Fiammetta.
Para fugir do governo fascista de Mussolini, em junho de 1923 Emendabili parte de Genova a navio com a esposa para Buenos Aires. Durante a viagem a bordo, Emendabili é avisado pelo comandante de que estão tramando o assassinato do escultor a bordo, por conta de sua oposição ao regime político italiano vigente. Por isso, Emendabili decide mudar de destino e desembarca com a esposa no Porto de Santos, em São Paulo, no dia 3 de julho de 1923. De lá, parte para São Paulo, cidade que já sediava grande comunidade italiana. Em São Paulo, Emendabili reside até a morte.
De Urbino para São Paulo
Galileo Emendabili inicia sua trajetória artística no Brasil na cidade de São Paulo, no ano de 1923. Começa trabalhando como vendedor de tintas, mas, no mesmo ano, consegue seu primeiro ofício artístico no novo país, remontando ao primeiro trabalho que teve em Ancona: entalhador. A direção do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo contratou Emendabili prontamente quando viu um esboço que ele fizera com primazia em um recorte de papel. No mesmo ano, Emendabili esculpe sua primeira obra fora da Itália, a Maternidade Eslava, que atualmente está na coleção de Emanuel Araújo.
Em 1924, Emendabili abre seu primeiro atelier artístico em São Paulo, na Rua das Flores, que hoje é a Praça Clóvis Bevilaqua. É neste estúdio que Emendabili planeja o memorial Sons Celestiais para o túmulo da família Borin Refinetti Rappa, obra consoante com a arquitetura do art-déco que está no Cemitério Araçá. Constituído por duas figuras femininas com liras e um pranteador no centro, o memorial foi uma de suas primeiras esculturas feitas em São Paulo, e marca o início da trajetória de arte funerária de Emendabili em São Paulo.
Como reflete Silvana Brunelli Zimmerman, estudiosa do escultorː
“ O túmulo da família Borin, denominado de Sons Celestiais, apresenta duas musas quase idênticas, com seus atributos específicos – as liras – talvez uma possível correlação com a vida do morto. Emendabili, nessas figuras, apesar das longas túnicas e do tratamento meticuloso dedicado às dobras do planejamento, que realçam as partes dos corpos femininos, optou por uma iconografia “atualizada”, devido a ausência da tradicional coroa de flores ou mesmo de louros. ”
Em 1925, Emendabili ganha seu primeiro concurso artístico, obtendo o primeiro lugar no prêmio Concurso Internacional para o Monumento a Luiz Pereira Barreto, cientista e cafeicultor.
Monumento a Luiz Pereira Barreto
Vencedor do edital público para a construção do monumento realizado pela Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, Emendabili começou a criar o monumento em 1925 e espantou-se com o rigor academicista que a comissão avaliadora da escultura impunha para a realização da obra. Entretanto, Emendabili conseguiu produzir o monumento com liberdade estética (vista a partir das representações femininas nas laterais da obra) ao mesmo tempo que seguia com as orientações do edital. Finalizado em 1928 por Emendabili em seu próprio atelier na Rua das Flores, em fevereiro de 1929 o monumento foi instalado com o aval da Prefeitura de São Paulo na Praça Marechal Deodoro, que na época não contava com nenhuma outra obra artística. No dia 3 de maio de 1929, o Monumento a Luiz Pereira Barreto foi inaugurado, mas Emendabili não compareceu à solenidade. Em 2000, a obra foi restaurada dentro do projeto de revitalização da Praça Marechal Deodoro.
A arte funerária de Galileo Emendabili
Ao longo de sua vida, Galileo Emendabili planejou e construiu diversas esculturas funerárias; obras destinadas para homenagear túmulos de famílias em cemitérios. A partir das esculturas que fez, Emendabili se tornou um dos principais expoentes da arte funerária em São Paulo, sendo possível encontrar obras suas em muitos cemitérios da capital, como o Cemitério da Consolação e o do Araçá.
Foi exatamente a partir de suas esculturas funerárias que Emendabili começou a ganhar destaque no meio artístico paulistano. Por conta da revalorização dos ideais clássicos da arte presente em suas obras, a estatuária emendabiliana trouxe à São Paulo, que já estava sendo influenciada pela arte moderna, traços da arte italiana clássica. Com isso, Emendabili ganhou destaque e renome entre os artistas mais conservadores.
Veja a seguir quais são as principais esculturas funerárias esculpidas por Galileo Emendabili em São Pauloː
Mário de Andrade, artista modernista brasileiro, foi um grande admirador de Emendabili, tecendo a ele diversos elogios. Durante uma visita ao segundo atelier de Emendabili, na rua Bela Cintra, Mário de Andrade se deparou com Cristo Bom Pastor, que atualmente está no Cemitério Municipal, em Tatuí. Admirado pela obra, em 1942 ele comentaː
“ (...) recordo que vi, no seu "atelier" da rua Bela Cintra, cheinho de planos, desenhos, projetos e esboços, um Cristo que me emocionou profundamente. Não era o Cristo manso, perdulário de ternura, militante dos perdões, que ali estava pronto para o milagre de metamorfosear-se, saindo do gesso para o bronze e, pois, para a Eternidade. Era um Cristo altivo, eu quase diria insolente - o Cristo sobranceiro que um dia perdeu a paciência e expulsou os vendilhões do templo. Emendabili ficou esse sentimento ou ressentimento de Cristo no belo rosto erguido na testa ampla, repositório de idéias de libertação dos oprimidos... ”
Monumento a Ramos de Azevedo
Já em seu segundo atelier na Rua Bela Cintra, em 1929 Emendabili se inscreve no concurso internacional para o monumento em homenagem a Ramos de Azevedo, célebre arquiteto paulistano que foi autor de diversos edifícios públicos e privados em São Paulo. Vencedor do concurso, em 1929 Emendabili já começa o trabalho para o monumento, esculpindo a figuração de toda a obra, que possui sete figuras acopladas à peça principal, diretamente no gesso e depois em granito Itaquera e bronze. Até 1933, o escultor consegue fundir e montar todas as partes do Monumento a Ramos de Azevedo, resultando em uma obra com 22 toneladas e 25 metros de altura. Na época, São Paulo não possuía esculturas dessa dimensão, o que causou espanto e admiração dos paulistanos.
Inaugurada em 25 de janeiro de 1934 (aniversário da cidade de São Paulo), o Monumento a Ramos de Azevedo teve como primeira localização a Avenida Tiradentes, em frente ao que hoje é o museu da Pinacoteca. O local fora escolhido pois, na época, a Pinacoteca era a sede do Liceu de Artes e Ofícios, do qual Ramos de Azevedo havia sido diretor. Entretanto, em 1967 o monumento foi retirado da Avenida Tiradentes devido às obras da linha norte-sul do metrô e do alargamento da avenida.
Foi apenas em 1972, 5 anos após o desmontamento do monumento, que a Prefeitura de São Paulo decidiu que ele seria constituído na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, na USP. Em 1975, a escultura foi montada próxima à Escola Politécnica, edifício cujo um dos criadores foi o próprio Ramos de Azevedo. Sobre o processo de criação da figura de Ramos de Azevedo na escultura, Emendabili escreveu em 1929:
“Na estátua, procurei e creio ter conseguido reproduzir, da maneira mais realística possível, sem esquecer, porém, os preceitos da arte sã, a figura típica e majestosa do arquiteto máximo de São Paulo; a cabeça é o seu retrato representado de maneira vigorosa, e a sua postura é, praticamente, a mesma que o Ilustre Construtor adotava normalmente nos dias de sua vida, seja na intimidade, em conversação amigável com pessoas gradas, seja em seu gabinete de trabalho, ou em suas construções, ao analisar a construção que se ia dando aos seus planos grandiosos.”
Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32
Em 1934, pouco após o fim da Revolução Constitucionalista de 1932, Galileo Emendabili participa do concurso internacional para erigir o Mausoléu aos Heróis Constitucionalistas e recebe o prêmio de primeiro lugar com a maquete "32" e até mesmo o segundo lugar com a maquete "Constituição".
Mesmo que Emendabili tenha ganhado o concurso no ano de 1934, a pedra fundamental do Obelisco só foi lançada em 1949. O atraso de 15 anos para o início da construção se deve principalmente ao governo de Vargas, que não era favorável à homenagem aos constitucionalistas. Mas é apenas em 1951 que o contrato de produção do Mausoléu é assinado, o que requereu uma aceleração no ritmo da construção do monumento para ele participar dos festejos do IV Centenário.
Com execução confiada ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler, o local escolhido para o Mausoléu Obelisco foi na área do Parque do Ibirapuera - perto da Avenida Pedro Álvares Cabral - no bairro da Vila Mariana, Centro-Sul da cidade de São Paulo. O obelisco é parcialmente inaugurado em 1958, no dia 9 de julho, por conta da data comemorativa à Revolução Constitucionalista, mas a inauguração total do monumento acontece apenas em 1970.
Sobre a responsabilidade de construir um monumento desta relevância e sobre a relação que tinha com São Paulo, Emendabili comenta ao jornal Última Hora em 7 de julho de 1958ː
“Quando cheguei ao Brasil, integrei-me completamente na vida brasileira. Nada tinha a não ser minha esposa e eu mesmo. Nove anos após minha chegada estourou a Revolução Constitucionalista. Pode parecer estranho que um italiano tenha sentido tão profundamente este movimento tipicamente brasileiro. Mas em nove anos, aprendi a querer bem o Brasil e particularmente São Paulo. Em virtude desse amor é que aderi com todo entusiasmo à Revolução. E foi ainda por amor à causa paulista, por ter compreendido a santa finalidade da revolução que procurei lembrar para sempre os feitos dos soldados de São Paulo nesse movimento."
Estrutura do Obelisco
Planejado em conjunto por Emendabili e Ulrich Elder, o Mausoléu é feito de mármore interino e constituído por um obelisco oco de 72 metros de altura. No terço inferior da estrutura foram dispostos quatro grandes relevos em cada uma das quatro faces, esculpidos por Emendabili para representar os quatro constitucionalistas homenageados: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Três portas de bronze dão acesso à parte interna do monumento, que tem formato de cruz. Exatamente no centro do interior do Obelisco está a estátua do soldado constitucionalista, esculpida em mármore por Emendabili.
Por ser um mausoléu, o Monumento aos Heróis de 32 abriga os restos mortais dos combatentes que morreram durante a Revolução Constitucionalista em ossários, além de acolher também os túmulos do orador Ibrahim Nobre e do poeta Guilherme de Almeida. Paulo Emendabili Carvalhosa, neto de Galileo Emendabili, diz que o monumento está permeado com uma simbologia representada pelo número 9, data principal da revolução. Pensado intencionalmente pelo escultor, é possível encontrar o número 9 em diferentes aspectos do Obelisco: são 9 degraus até a cripta do monumento; a altura da base do Obelisco até o topo é de 72 metros (7+9=12); e a distância da cripta até o topo é 81 metros (8+1=9, 9 ao quadrado é 81).
Fechado em 2002 para restauração, o Obelisco de São Paulo só foi aberto novamente em 2014, após restauro de mais de R$10 milhões. O Obelisco é tombado pelo CONDEPHAAT e pelo Conpresp.
Condecorações e fim da vida
Durante e após a construção do Obelisco de São Paulo, Emendabili continuou se dedicando a célebres projetos de escultura, para nomear algumas: Fundadores de São Bernardo do Campo – João Ramalho e Bartira, Adão e Eva - Troca de Corações, Meditação, Amerigo Vespucci e Cristo Triunfante na Cruz. Por conta de sua enorme contribuição artística ao estado de São Paulo, Emendabili recebe em 1962 o título honorário de Cidadão Paulistano, em 1972 o título de Cidadão da Cidade de Águas de Lindóia e de Cidadão da Cidade de São Bernardo do Campo. Em 1973, a coletividade italiana Circolo Italiano entrega a Emendabili o prêmio "Presença Italiana no Brasil", que apenas é conferido a cidadãos brasileiros natos.
Em 1969 a saúde de Galileo Emendabili começa a piorar: com a retirada do Monumento a Ramos de Azevedo da Av. Tiradentes e com seu consequente abandono, o escultor sofre seu primeiro infarto. Para tentar reverter a situação de desleixo em que sua escultura se encontrava, Emendabili entra em confronto público com o prefeito de São Paulo, Paulo Salim Maluf, que inicia um processo para cassar o atelier de Emendabili. Com boa parte da imprensa a seu lado, o escultor consegue espaço em veículos como a Rádio Bandeirantes para lutar contra a perseguição, juntamente com o advogado Otávio Mamede. Por conta de seu estado débil de saúde, ainda em 1969 Emendabili inicia seus trabalhos de desenho e pintura, uma vez que a escultura se provava uma tarefa extenuante.
Após sucessivos infartos, frutos da pressão em cima de Emendabili para que ele deixasse de se pronunciar sobre o abandono do Monumento a Ramos de Azevedo, o escultor ítalo-brasileiro falece no dia 14 de janeiro de 1974, com 76 anos, oferecendo ao Brasil 51 anos de árduo trabalho no campo da escultura, arquitetura, desenhos, pintura, mosaicos, afrescos e cerâmicas. Deixou dois filhos e nove netos.
A última escultura concebida e executada por Galileo Emendabili foi Pietà, que atualmente integra o acervo do MASP.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
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Galileo Emendabili | Itaú Cultural
Matricula-se, em 1915, no curso especial de escultura da Academia Real de Belas Artes de Urbino, na Itália, e estuda com Domenico Jollo. Posteriormente, freqüenta o ateliê de Arturo Dazzi (1881 - 1966), em Roma, e tem contato com obras de Ivan Mestrovic (1883 - 1962), Arturo Martini (1889 - 1947) e Adolfo Wildt (1868 -1931). Em 1921, executa o monumento tumular do republicano Giuseppe Melon, em Ancona, Itália. Vem para o Brasil em 1923, fixa-se em São Paulo, onde trabalha como entalhador no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Laosp. Em 1925, ganha o 1º prêmio no Concurso Internacional para o Monumento a Pereira Barreto, inaugurado em 1928, na Praça Marechal Deodoro. No ano seguinte, vence o concurso para o Monumento a Ramos de Azevedo, inaugurado em 1934, e atualmente instalado na Cidade Universitária, e o concurso para o Monumento aos Heróis Constitucionalistas de 1932, conhecido como Obelisco, no Ibirapuera. Executa monumentos funerários para os cemitérios São Paulo, da Consolação e do Araçá. Inicia, na década de 1960, trabalhos em desenho, aquarela e cerâmica. Em 1982, é realizado o vídeo Ancona - San Paolo Solo Andata, pela Rádio e Televisão Italiana, sobre sua produção. É publicado, em 1997, o livro Monumento a Ramos de Azevedo: Do Concurso ao Exílio, organizado pela historiadora e crítica de arte Annateresa Fabris, juntamente à mostra sobre a história do monumento na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp.
Análise
Galileo Emendabili tem uma ampla produção em São Paulo, cidade onde chega em 1923. Vence, em 1929, o concurso internacional para a realização do Monumento a Ramos de Azevedo, atualmente na Cidade Universitária. Nessa obra, de concepção clássica, apresenta a estátua do arquiteto, com tratamento realista, associando sua imagem a figuras alegóricas que simbolizam as ciências e as artes e, por fim, progresso, representado em um grande grupo no topo do monumento, composto por um cavalo alado e pelas figuras do Gênio e da Vitória. Em 1934, o escultor realiza uma de suas obras mais famosas, o Monumento aos Heróis Constitucionalistas de 1932, localizado no Parque do Ibirapuera. Com a forma plástica de um obelisco, conta com vários painéis em alto-relevo, de grande síntese formal e marcante expressividade, e ainda com mosaicos desenhados pelo próprio artista.
Emendabili realiza inúmeros monumentos fúnebres para cemitérios em São Paulo, como Ausência, 1944, Paternidade e Porta Místico-Profana, ambas de 1948. Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli, nesses trabalhos o escultor apresenta um diálogo com o Novecento italiano, especialmente com a poética de Mario Sironi (1885 - 1961), na recuperação de valores estéticos do Renascimento italiano e na retomada da sua tradição decorativa e monumental.
Críticas
"Galileo Emendabili é uma 'virtuose' da escultura, que marcou bem nitidamente a sua presença em S. Paulo, através de obras que são, muitas delas, verdadeiras obras-primas. Escultor de pura formação clássica, atingiu sua plenitude, como artista, sem fazer concessões aos modismos em voga, antes abrindo o seu próprio itinerário.
Consciente da integração da escultura nos grandes princípios que informam a arquitetura, Galileo Emendabili magistralmente cinzelou a matéria.
A leveza de sua composição, sua apurada síntese, seu equilíbrio harmonioso em relação ao todo, e sua concepção perfeita da escultura dentro desse todo - essas virtudes fazem de Emendabili um escultor que há de ficar para sempre na história das artes plásticas pelo seu notável valor artístico. Emendabili dá-nos uma bela imagem de grandeza". — Sergio Milliet (MILLIET, Sergio. O Cinzel de Emendabili. In: GALILEO Emendabili. São Paulo: Instituto Italiano di Cultura, MASP, 1987. p. 92).
"O interesse por sua obra (...) não reside apenas na sua presença pública e na propriedade inegável de suas qualidades escultóricas mas, igualmente, pelo fato de ela poder ser pensada como a estruturação de uma poética determinada, a partir da absorção de influxos típicos do debate escultórico europeu e internacional da passagem do século e das primeiras décadas do século XX. Refiro-me ao embate entre um conceito de escultura baseado na revalorização dos ideais ´clássicos´ da arte e aquele voltado para uma práxis escultórica que rompia com aqueles postulados tradicionais da linguagem em questão. Tentando desde já situar a obra de Emendabili dentro deste universo, pode-se dizer que o escultor italiano desenvolve toda a sua obra no sentido de restauração dos conceitos mais tradicionais da escultura. Porém, o sentido restaurador da estatuária emendabiliana não se dá absolutamente em chave acadêmica, tendente à cristalização de conceitos e efeitos consagrados. Se ela não se desenvolve a partir da tradição moderna institucionalizada - Rodin, Brancusi, Arp, etc. -, traz, no entanto, a contaminação de expedientes formais também significativos para uma compreensão mais abrangente da escultura deste século. A princípio, a obra de Emendabili poderia ser colocada no interior de uma outra tradição menos prestigiada, talvez, porém não menos significativa. Refiro-me à tradição do retorno à ordem na escultura deste século que, partindo das teorias e da produção artística do escultor alemão Adolf Hildebrand, passaria - com as devidas adaptações -, por Maillol, Mestrovic, Wildt, Barlach, Wotruba, no plano internacional, e, no cenário brasileiro, por Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Ernesto de Fiori e outros. Dentro dessa tradição, Galileo Emendabili desenvolveria uma obra extremamente singular, repleta de momentos em que o artista alcançaria com grande felicidade a síntese entre forma e conteúdo, sempre tão desejada pelos artistas deste século" — Tadeu Chiarelli (Chiarelli, Tadeu. A obra de Galileo Emendabili: síntese e superação de influências. In: FABRIS, Annateresa (org. ) Monumento a Ramos de Azevedo: do concurso ao exílio. Campinas: Mercado das Letras, 1997. p. 65-66).
Depoimentos
"Sempre fui um solitário. (...) Não tinha o pendor, nem o gosto da vida social. Mas, a partir do meu contato com os ideais e as idéias defendidas em 1922, não pude mais compreender um monumento como simples embasamento com um boneco em cima. O mais importante na escultura é quando se passa da análise para a síntese. (...) Que adianta ver um troféu com muitos ornamentos? Importa é um troféu despojado. Para isso houve mesmo a necessidade da soda cáustica de 1922, uma autêntica revolução estética de conseqüência fecundas e duradouras" — Galileo Emendabili (GALILEO Emendabili. São Paulo: Instituto Italiano di Cultura, MASP, 1987. p. 16).
"Olhe, meu amigo, na arte é como nas religiões. Existem sempre diversos pareceres. Todo aquele que professa uma religião tem-na por verdadeira [...]. Na arte dá-se o mesmo. Apesar de muitos artistas professarem diversas escolas, todos afinal se esforçam para fazer da arte aquilo que ela: é uma expressão intencional de sensibilidade humana. Acrescento mais. Em todas as escolas há artistas com talento e artista sem talento. Os nomes que ficam joeirados pelo tempo são aqueles que acima das teorias impostas pelas escolas foram profundamente humanos, foram essencialmente indivíduos e, portanto, criadores. A principal finalidade da arte é criar. Quem cria consagra-se. Por isso digo, que apesar de não ter pretensões a uma apoteótica consagração, dentro das formas antigas, pretendi fazer alguma coisa de pessoal. Ser original não é ser extravangante. É acima de tudo, ser pessoal" — Galileo Emendabili - 1929 (ZIMMERMANN, Silvana Brunelli. A Obra Escultórica de Galileo Emendabili: uma contribuição para o meio artístico paulistano. Dissertação (Mestrado em Artes) - Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade São Paulo - ECA/USP. 2000. p. 5).
Exposições Individuais
1923 - São Paulo SP - Individual, na Casa Excelsior
1971 - São Paulo SP - Individual, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1972 - São Paulo SP - 50 Anos de Arte no Brasil: esculturas, arquitetura e desenhos, no Paço das Artes
Exposições Póstumas
1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1987 - São Paulo SP - Galileo Emendabili: escultura e desenho, no Espaço Cultural José Duarte Aguiar e Ricardo Camargo
1987 - São Paulo SP - Galileo Emendabili: retrospectiva, no Masp
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1997 - São Paulo SP - Monumento a Ramos de Azevedo: do concurso ao exílio, na Pinacoteca do Estado
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1999 - Ancona (Itália) - Galileo Emendabili: uno scultore emigrante nell'Ancona del primo Novecento, na Sale del Lazzaretto Vanvitelliano
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
Fonte: GALILEO Emendabili. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 23 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Obelisco de São Paulo | Wikipédia
O Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, também conhecido como Obelisco do Ibirapuera ou Obelisco de São Paulo, é um monumento funerário brasileiro que presta uma homenagem aos 713 soldados mortos durante a revolução constitucionalista contra o governo de Getúlio Vargas e por uma nova constituição.
Tombado pelos conselhos estadual e municipal de preservação de patrimônio histórico (CONDEPHAAT).
O Obelisco teve sua reabertura no dia 9 de dezembro de 2014, doze anos após estar com as portas fechadas por causa de uma reforma.
Localização
Localiza na área do Parque do Ibirapuera - ainda que separado do restante do parque pela Avenida Pedro Álvares Cabral - no bairro da Vila Mariana, Centro-Sul da cidade de São Paulo.
O monumento
Símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932, o obelisco é o maior monumento da cidade possuindo um total de 72 metros de altura.
O monumento começou a ser construído em 1947 e teve sua conclusão no ano de 1970, porém sua inauguração ocorreu no dia 9 de julho de 1955, um ano após a abertura do Parque do Ibirapuera e do lançamento do Monumento às Bandeiras. O Obelisco é um projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili (8 de maio de 1898 - 14 de janeiro de 1974), que chegou ao Brasil em 1923, fugindo do regime fascista vigente na Itália. Foi feito em puro mármore travertino e sua execução foi confiada ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler.
Na entrada do monumento, uma série de arcos recebem os visitantes diante de uma luz baixa que produz um tom um tanto sombrio. Poemas e frases do escritor Guilherme de Almeida estão distribuídas por entre o local.
O mausoléu do Obelisco abriga os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (o M.M.D.C.) - mortos durante a Revolução do ano de 1932 - e de outros 713 ex-combatentes.
O interior do Obelisco tem forma de cruz, onde são encontrados painéis feitos com pastilhas de mosaico veneziano que representam o nascimento, o sacrifício e a ressurreição de Jesus. Além disso, podemos encontrar em sua parte interna um total de 800 urnas funerárias e três capelas. O jardim que abriga o monumento aponta para a Avenida 23 de Maio, exatamente a data em que os quatro estudantes revolucionários foram mortos. Os restos mortais de Guilherme de Almeida e Ibrahim de Almeida Nobre, ex-combatentes e, respectivamente, considerados como o poeta de 32 e o tribuno de 32, se encontram sepultados dentro do mausoléu, bem como os de Paulo Virgínio, considerado um mártir do movimento.
Inscrições
O obelisco tem inscrições acompanhadas de ícones em suas quatro faces. Iniciando pela face norte, seguindo pela face oeste, sul, e finalmente leste. O poema escrito é texto de autoria de Guilherme de Almeida, feito em homenagem aos revolucionários de 1932. Abaixo segue o texto:
"Aos épicos de julho de 32, que,
fiéis cumpridores da sagrada promessa
feita a seus maiores - os que
moveram as terras e as gentes por
sua força e fé - na lei puseram sua
força e em São Paulo sua Fé."
Já na parte da base do monumento, junto à entrada da capela e da cripta, voltadas ao Parque do Ibirapuera, há outra inscrição, de autoria do jornalista pinhalense Dr. Antônio Benedicto Machado Florence, embora também comumente atribuída a Guilherme de Almeida:
"Viveram pouco para morrer bem
morreram jovens para viver sempre."
Revolução Constitucionalista de 1932
Em 1932, o Brasil era presidido por Getúlio Vargas que, desde o golpe de estado ocorrido com a Revolução de 1930, governava o país de forma discricionária, sem uma Constituição Federal que delimitasse os poderes do Presidente ou estabelecesse as articulações entre os três poderes da República. Somado a isso, tampouco havia Congresso Nacional, Assembleias legislativas ou Câmaras municipais. Além disso, os estados federados perderam grande parte da autonomia que gozavam na vigência da Constituição de 1891, pois Vargas nomeava interventores leais ao seu regime nos estados federados, alheios a realidade local e em sua maioria militares ligados ao Clube 3 de Outubro, que por vezes entravam em atritos com os grupos políticos dos respectivos estados. A situação de São Paulo no contexto nacional era uma das mais críticas, dado a contínua e crescente insatisfação da classe política e da própria população em geral com a forma com que Vargas lidava politicamente com o estado.
Contrários a esse regime, a população paulista começou a protestar, o que resultou em uma série de manifestações iniciada por aquela ocorrida na Praça da Sé em 25 de janeiro de 1932, data do aniversário da cidade de São Paulo, em que se aglomeraram cerca de 100 mil pessoas. Ao longo dos meses seguintes a insatisfação popular acentuou-se. Na noite do dia 23 de maio, durante outra manifestação, um grupo tentou empastelar a sede do Partido Popular Paulista (ex-Liga Revolucionária), um grupo político-militar encabeçado por Miguel Costa, fundado após a Revolução de 1930 e sustentáculo de apoio no estado ao regime Vargas, cuja sede era na Rua Barão de Itapetininga esquina com a Praça da República, na cidade de São Paulo.
Os membros da organização situados naquele prédio, antecipando-se a invasão, resistiram por meio de armas tão logo os manifestantes se postaram no local. Após a fuzilaria, houve vários feridos e mortos, entre os quais, os nomes das pessoas que deram origem a sigla M.M.D.C.: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. O massacre ocorrido em 23 de maio de 1932 foi uma das razões que precipitou o levante deflagrado em 9 de julho daquele ano contra o regime de Getúlio Vargas, cujo objetivo era depô-lo e convocar novas eleições para a Assembleia Constituinte. Os quatro jovens mortos se tornaram mártires da causa Constitucionalista e a sigla derivada de seus nomes representou a organização civil e militar que articulou e coordenou os esforços de guerra antes e durante o levante.
Em 1955, com o Decreto n.º 24.712 do Governo do Estado de São Paulo, os restos mortais dos quatro jovens da foram trasladados para o Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, incluindo também o de Paulo Virgílio, outro mártir da causa. Em 2011, com a lei federal nº 12.430, os nomes dos quatro jovens foram inscritos no Livro dos Heróis da Pátria, cuja localização é no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.
Simbologia
A soma dos algarismos da altura da obra (72 metros, i.e. 7 + 2) totalizam nove, e também são nove os degraus na entrada. A simbologia é complementada pelo desenho do gramado ao redor do Obelisco, que possui uma área de 1 932 metros quadrados e forma um coração onde está enfincada a espada (o obelisco) que sagrou a vitória política, apesar da derrota militar dos paulistas. Afinal, ao ver seu governo em risco, o presidente Getúlio Vargas deu na época início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma nova constituição nacional.
Outros dados e simbologias são o fato do monumento possuir 72 metros de altura; a sua base maior do trapézio, no chão, para quem olha o monumento de frente, tem 9 metros; já a base menor, em cima, tem sete metros; a largura da cripta, embaixo, é de 32 metros. Dessa forma, quem olha de frente o perfil da planta observa os números 32 - 9 - 7, que remetem ao ano, o dia e ao mês da Revolução Constitucionalista de 1932. Por fim, nota-se que os 33 arcos do mausoléu representam os 33 graus da maçonaria.
Reforma e reabertura
O Obelisco Mausoléu ficou fechado à visitação durante 12 anos, recebendo público apenas em eventos especiais, como por exemplo o de comemoração ao dia 9 de Julho. Ele foi reaberto dia 9 de dezembro de 2014 após passar por uma reforma que solucionou problemas hidráulicos e de acústica no mausoléu. Segundo o Governo do Estado de São Paulo, as obras tiverem um custo em torno de 11 milhões de reais.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.