Orlando Rabello Teruz (Rio de Janeiro, RJ, 18 de agosto de 1902 — idem, 17 de agosto de 1984), conhecido como Teruz, foi um pintor e professor brasileiro.
Biografia
Seus temas são populares: a favela, as cidades do interior, as passista de frevo, jogos de criança e jovens moças. Tanto na temática quanto na técnica, é facilmente reconhecido ao longo de toda a sua carreira, preferindo aprofundar-se nelas ao invés de variar. Suas telas têm um quê de onírico, muitas vezes abusando de tons terrosos e vermelhos. Como tantos de sua geração, bebe no Modernismo. Inclusive, trabalhou com Cândido Portinari e Lúcio Costa pela implementação da divisão moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940.
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Biografia Itaú Cultural
Estuda na Escola Nacional de Belas Artes - Enba entre 1920 e 1923, é aluno de Baptista da Costa e Rodolfo Chambelland, tendo, no ano seguinte, sua primeira participação na Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1934, recebe Prêmio de Viagem ao Exterior, que usufruí apenas em 1939, quando viaja para França, Holanda e Itália, mas é obrigado a interrompê-la devido à deflagração da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945. Trabalha com Lucio Costa e Candido Portinari pela implementação da divisão moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940. No ano de 1944, integra a Exposição de Pinturas Modernas Brasileiras, realizada na Burlington House, sede da Royal Academy of Art de Londres. Participa em 1951 e 1953 da 1ª e 2ª Bienais Internacionais de São Paulo. Trabalha como professor de pintura no Instituto de Belas Artes da Guanabara em meados de 1950. Seus trabalhos são expostos em diversas mostras individuais, tanto no Brasil quanto exterior, durante os anos 1960, passando também a interar importantes coleções de todo mundo, como as do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, do Museu Nacional de Belas Artes - MNBA e do Museu Hermitage, de São Petesburgo, Rússia. Na década de 1970, inicia com a família a formação de seu museu particular no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Análise
Em livro dedicado à obra de Orlando Teruz, o escritor Carlos Heitor Cony (1926) aponta que o trabalho do pintor, formal e temático, aproxima-se da produção de Candido Portinari, com quem convive desde a formação na Enba. Ambos propõem uma pintura moderna, que foge de soluções determinadas pelo estudo acadêmico, mas mantém relação com a tradição.
Como Portinari, Teruz possui domínio das técnicas de pintura e de desenho de observação, aprimoradas durante a formação na Enba. Cenas de infância estão presentes em todos os períodos da vasta produção do pintor, além de temas dedicados a cavalos e reuniões populares. Segundo o historiador e crítico de arte Walmir Ayala (1933-1991), a concepção de modernidade de Teruz coincide com “os anseios da semente modernista: um cotidiano de brasilidade, nas cenas e figuras reconhecíveis à primeira vista como nossas” 1.
O crítico atenta também para a característica constitutiva da pintura de Teruz: um “nível intermediário entre o antigo e o novo, a norma e a ruptura, segundo um encaminhamento percorrido pouco a pouco, cotidianamente, sem maiores contradições ou inquietudes” 2. Nesse limiar entre tradicional e moderno, Teruz recorre, por vezes, a soluções trazidas pelos movimentos de vanguarda. Exemplos são as ambientações oníricas, recurso marcante do surrealismo e presente na produção tardia do artista, como em Cavalos (1969) ou Rosas (1965). Mais uma vez aqui, o rebaixamento dos tons de marrom e azul remete ao Portinari da década de 1940. A partir dos anos 1930, temas religiosos também permeiam a produção de Teruz.
Críticas
"Uma das características mais óbvias da obra de Teruz é a sensualidade. Não apenas o desenho redondo, de formas cheias e carnais, mas o calor de suas tintas, o peculiar jogo de luz que realça as formas - sejam as ancas de um cavalo ou as pernas de uma menina. No caso de seus nus, sem nunca resvalar para vulgaridade, ele consegue transmitir sua visão erótica da mulher, seja no barroco de suas redondezas, seja na postura desleixada e mole das pernas ou braços. Curiosamente, Teruz pintou seus temas com tanta sensualidade que nunca teve espaço para o erótico propriamente dito. Seus nus são, em sua totalidade, castos. Com exceção de duas ou três incursões mais fortes ao erótico, como a moça e o cavalo, onde dois de seus temas prediletos se mesclam e, por se mesclarem, formam um duplo sentido. Já o tema da maternidade, uma de suas constantes, encontra em Teruz um dos expoentes mais fartos da pintura brasileira".
Carlos Heitor Cony (Orlando Teruz: pintor. s.l., Galeria de Arte Antônio Bandeira, Acervo Teruz, Korum, 1985.)
Acervos
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museu Hermitage - São Petesburgo (Rússia)
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Exposições Individuais
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Atrium
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Oca
1967 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret
1971 - Recife PE - Individual, na Ranulpho Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - menção honrosa
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - medalha de bronze
1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - medalha de prata
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, Escola Nacional de Belas Artes
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1933 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, Palacete Campinas
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao exterior
1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Social, Clube de Cultura Moderna
1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, Esplanada Hotel de São Paulo
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao país
1944 - Londres (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, Royal Academy of Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, Salas Nacionales de Exposición
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, Comisión Municipal de Cultura
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança
1958 - Vaticano - Mostra Internacional de Arte Sacra
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, Galeria da Collectio
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, Museu Lasar Segall
1978 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Brasil Arte Turismo, no Hotel Copacabana Palace
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, Banco Itaú
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Brasileira
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, Museu de Arte Contemporânea
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Fortaleza CE - 7° Salão Nacional de Artes Plásticas
Exposições Póstumas
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, Museu de Arte de São Paulo
1986 - São Paulo SP - Tempo de Madureza, Ranulpho Galeria de Arte
1989 - São Paulo SP - Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, Ranulpho Galeria de Arte
1991 - São Paulo SP - Chico e os Bichos, Ranulpho Galeria de Arte
1996 - Barra Mansa RJ - 12 Nomes da Pintura Brasileira, Centro Universitário de Barra Mansa
2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, Centro Cultural do Banco do Brasil
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, Nova André Galeria
2002 - São Paulo SP - Paisagens do Imaginário, Nova André Galeria
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - 7 Visões, Nova André Galeria
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, Itaú Cultural
2006 - Recife PE - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Instituto Cultural Banco Real
2006 - Rio de Janeiro RJ - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Banco Real
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Biografia Wikipédia
É pai e avô dos artistas plásticos Rogério Teruz e Alexandre Teruz, Luciana e Claudia Teruz.
Estudou na Escola Nacional de Belas Artes entre 1920 e 1923, com João Batista da Costa e Rodolfo Chambelland. Em 1934 recebeu o prêmio de viagem ao estrangeiro, mas por problemas burocráticos só foi usufruí-lo em 1939. Viajou para França, Holanda e Itália, mas foi obrigado a retornar ao Brasil devido à deflagração da segunda guerra mundial.
Em meados de 1950 foi professor de pintura no Instituto de Belas Artes da Guanabara. Na década de 1970, iniciou com a família a formação de seu museu particular, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Realizou diversas exposições individuais, no Brasil e no exterior, e participou da 1ª e 2ª Bienais Internacionais de São Paulo, em 1951 e 1953.
Postumamente, suas obras participam do evento Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal, em 1984.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 21 de abril de 2017.
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Sangue árabe e coração brasileiro
Descendente de árabes, Orlando Teruz nasceu no Rio de Janeiro em 1902 e faleceu na mesma cidade em 1984.
Tinha 18 anos quando matriculou-se na Escola Nacional de Belas-Artes, tendo tido por mestres a Rodolfo Chambeland e Batista da Costa, entre outros.
A partir de 1924, participou do Salão Nacional de Belas Artes, conquistando sucessivamente menção honrosa (1924), medalha de bronze (1925), medalha de prata (1926), o prêmio de viagem ao estrangeiro (1937) e o prêmio de viagem pelo Brasil (1942).
Em 1931, com vários outros artistas de orientação moderna, foi um dos expositores do chamado Salão Revolucionário, organizado por Lúcio Costa.
O mundo descobre o artista
Integrou, também, representações de artistas brasileiros em várias coletivas realizadas fora do país, em Londres, 1944; Buenos Aires e Montevidéu, 1945, Vaticano, 1958, etc.
Realizou também inúmeras individuais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.
Vários museus possuem obras suas, entre eles o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e o de Museu de Artes de São Paulo, o Hermitage em São Petesburgo, o Carlsberg de Copenhague e o do Vaticano.
Ateliê transformado em museu
Durante uma carreira, que se estendeu por mais de 60 anos, pintou possivelmente 8 mil quadros. Nem toda obra está catalogada, e sua família estima que, no total, foram produzidas em torno de 13 mil obras.
Muitos de seus melhores quadros foram conservados como patrimônio familiar.Num gesto de raro despreendimento, a família renunciou à venda dessas obras, fundando o Museu Teruz, mantido na antiga residência-ateliê da Muda da Tijuca, no Rio de Janeiro.Os dois filhos do artista, Rogério e Alexandre, são igualmente pintores.
Mais profundidade do que diversidade
Sobre seu estilo, comenta o crítico José Roberto Teixeira Leite:
Ao longo de uma extensa carreira de mais de seis décadas, pouco modificou-se o estilo de Teruz: a sua é uma pintura adivinhável em sua tipicidade, imutável em sua técnica e em sua temática, decerto porque esse artista, bem cedo, de posse de seus recursos expressivos e de um mundo-de-idéias próprio, preferiu explorá-los quase que até à exaustão e à monotonia.
Preferiu, em outras palavras, aprofundar a diversificar, dando de um único tema seguidas interpretações - favelas no morro, cavalos, passistas de frevo, cirandas, negrinhas de duros seios e meninas na gangorra.
Teruz domina a técnica da pintura, apreendida junto a mestres corno Chambelland e Batista da Costa.
Mas é tolo falar, como se tem falado tanto, em técnica dos primitivos flamengos ou dos primitivos italianos em relação a esse artista: o fato de ter visto nesse ou naquele museu esse ou aquele quadro não deu evidentemente a Teruz a posse de um procedimento técnico à la Van Eyck ou à la Antonello, simplesmente porque, em tais artistas, técnica e ideal pictórico são interligados, uma complementando o outro.
Uma técnica genuina
Prossegue Teixeira Leite:
Mais, porém, do que simplesmente pintor, Teruz é artista, alguém dotado de emoção que, através de sua arte, transmite essa emoção a outros.
Se muitas vezes, sobretudo a partir da década de 1960, à força de tanta repetição, certos tons brilhosos nos enfadam, a composição nos parece fácil e o desenho frouxo, em outras - mormente no começo de sua carreira - o que pinta possui o dom de tocar-nos, não evocasse ele o longínquo mundo da infância, as humildes alegrias do povo sofrido, o cenário de morros e cidades do interior.
Tudo é mesclado com freqüência a certa nota metafísica ou onírica - cavalos de sonho, de crinas arrepiadas ao vento como os de Füssli -, e a discreta atmosfera erótica, traduzida em jovens corpos femininos de redondos contornos, coxas à mostra, o colo desnudo, roliços braços e pernas em movimentos frenéticos, numa atmosfera bem brasileira de sensualidade.
Fonte: “500 anos de pintura brasileira”
Orlando Rabello Teruz (Rio de Janeiro, RJ, 18 de agosto de 1902 — idem, 17 de agosto de 1984), conhecido como Teruz, foi um pintor e professor brasileiro.
Biografia
Seus temas são populares: a favela, as cidades do interior, as passista de frevo, jogos de criança e jovens moças. Tanto na temática quanto na técnica, é facilmente reconhecido ao longo de toda a sua carreira, preferindo aprofundar-se nelas ao invés de variar. Suas telas têm um quê de onírico, muitas vezes abusando de tons terrosos e vermelhos. Como tantos de sua geração, bebe no Modernismo. Inclusive, trabalhou com Cândido Portinari e Lúcio Costa pela implementação da divisão moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940.
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Biografia Itaú Cultural
Estuda na Escola Nacional de Belas Artes - Enba entre 1920 e 1923, é aluno de Baptista da Costa e Rodolfo Chambelland, tendo, no ano seguinte, sua primeira participação na Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1934, recebe Prêmio de Viagem ao Exterior, que usufruí apenas em 1939, quando viaja para França, Holanda e Itália, mas é obrigado a interrompê-la devido à deflagração da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945. Trabalha com Lucio Costa e Candido Portinari pela implementação da divisão moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940. No ano de 1944, integra a Exposição de Pinturas Modernas Brasileiras, realizada na Burlington House, sede da Royal Academy of Art de Londres. Participa em 1951 e 1953 da 1ª e 2ª Bienais Internacionais de São Paulo. Trabalha como professor de pintura no Instituto de Belas Artes da Guanabara em meados de 1950. Seus trabalhos são expostos em diversas mostras individuais, tanto no Brasil quanto exterior, durante os anos 1960, passando também a interar importantes coleções de todo mundo, como as do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, do Museu Nacional de Belas Artes - MNBA e do Museu Hermitage, de São Petesburgo, Rússia. Na década de 1970, inicia com a família a formação de seu museu particular no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Análise
Em livro dedicado à obra de Orlando Teruz, o escritor Carlos Heitor Cony (1926) aponta que o trabalho do pintor, formal e temático, aproxima-se da produção de Candido Portinari, com quem convive desde a formação na Enba. Ambos propõem uma pintura moderna, que foge de soluções determinadas pelo estudo acadêmico, mas mantém relação com a tradição.
Como Portinari, Teruz possui domínio das técnicas de pintura e de desenho de observação, aprimoradas durante a formação na Enba. Cenas de infância estão presentes em todos os períodos da vasta produção do pintor, além de temas dedicados a cavalos e reuniões populares. Segundo o historiador e crítico de arte Walmir Ayala (1933-1991), a concepção de modernidade de Teruz coincide com “os anseios da semente modernista: um cotidiano de brasilidade, nas cenas e figuras reconhecíveis à primeira vista como nossas” 1.
O crítico atenta também para a característica constitutiva da pintura de Teruz: um “nível intermediário entre o antigo e o novo, a norma e a ruptura, segundo um encaminhamento percorrido pouco a pouco, cotidianamente, sem maiores contradições ou inquietudes” 2. Nesse limiar entre tradicional e moderno, Teruz recorre, por vezes, a soluções trazidas pelos movimentos de vanguarda. Exemplos são as ambientações oníricas, recurso marcante do surrealismo e presente na produção tardia do artista, como em Cavalos (1969) ou Rosas (1965). Mais uma vez aqui, o rebaixamento dos tons de marrom e azul remete ao Portinari da década de 1940. A partir dos anos 1930, temas religiosos também permeiam a produção de Teruz.
Críticas
"Uma das características mais óbvias da obra de Teruz é a sensualidade. Não apenas o desenho redondo, de formas cheias e carnais, mas o calor de suas tintas, o peculiar jogo de luz que realça as formas - sejam as ancas de um cavalo ou as pernas de uma menina. No caso de seus nus, sem nunca resvalar para vulgaridade, ele consegue transmitir sua visão erótica da mulher, seja no barroco de suas redondezas, seja na postura desleixada e mole das pernas ou braços. Curiosamente, Teruz pintou seus temas com tanta sensualidade que nunca teve espaço para o erótico propriamente dito. Seus nus são, em sua totalidade, castos. Com exceção de duas ou três incursões mais fortes ao erótico, como a moça e o cavalo, onde dois de seus temas prediletos se mesclam e, por se mesclarem, formam um duplo sentido. Já o tema da maternidade, uma de suas constantes, encontra em Teruz um dos expoentes mais fartos da pintura brasileira".
Carlos Heitor Cony (Orlando Teruz: pintor. s.l., Galeria de Arte Antônio Bandeira, Acervo Teruz, Korum, 1985.)
Acervos
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museu Hermitage - São Petesburgo (Rússia)
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Exposições Individuais
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Atrium
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Oca
1967 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret
1971 - Recife PE - Individual, na Ranulpho Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - menção honrosa
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - medalha de bronze
1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - medalha de prata
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, Escola Nacional de Belas Artes
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1933 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, Palacete Campinas
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao exterior
1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Social, Clube de Cultura Moderna
1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, Esplanada Hotel de São Paulo
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao país
1944 - Londres (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, Royal Academy of Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, Salas Nacionales de Exposición
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, Comisión Municipal de Cultura
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança
1958 - Vaticano - Mostra Internacional de Arte Sacra
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, Galeria da Collectio
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, Museu Lasar Segall
1978 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Brasil Arte Turismo, no Hotel Copacabana Palace
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, Banco Itaú
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Brasileira
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, Museu de Arte Contemporânea
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Fortaleza CE - 7° Salão Nacional de Artes Plásticas
Exposições Póstumas
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, Museu de Arte de São Paulo
1986 - São Paulo SP - Tempo de Madureza, Ranulpho Galeria de Arte
1989 - São Paulo SP - Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, Ranulpho Galeria de Arte
1991 - São Paulo SP - Chico e os Bichos, Ranulpho Galeria de Arte
1996 - Barra Mansa RJ - 12 Nomes da Pintura Brasileira, Centro Universitário de Barra Mansa
2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, Centro Cultural do Banco do Brasil
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, Nova André Galeria
2002 - São Paulo SP - Paisagens do Imaginário, Nova André Galeria
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - 7 Visões, Nova André Galeria
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, Itaú Cultural
2006 - Recife PE - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Instituto Cultural Banco Real
2006 - Rio de Janeiro RJ - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Banco Real
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Biografia Wikipédia
É pai e avô dos artistas plásticos Rogério Teruz e Alexandre Teruz, Luciana e Claudia Teruz.
Estudou na Escola Nacional de Belas Artes entre 1920 e 1923, com João Batista da Costa e Rodolfo Chambelland. Em 1934 recebeu o prêmio de viagem ao estrangeiro, mas por problemas burocráticos só foi usufruí-lo em 1939. Viajou para França, Holanda e Itália, mas foi obrigado a retornar ao Brasil devido à deflagração da segunda guerra mundial.
Em meados de 1950 foi professor de pintura no Instituto de Belas Artes da Guanabara. Na década de 1970, iniciou com a família a formação de seu museu particular, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Realizou diversas exposições individuais, no Brasil e no exterior, e participou da 1ª e 2ª Bienais Internacionais de São Paulo, em 1951 e 1953.
Postumamente, suas obras participam do evento Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal, em 1984.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 21 de abril de 2017.
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Sangue árabe e coração brasileiro
Descendente de árabes, Orlando Teruz nasceu no Rio de Janeiro em 1902 e faleceu na mesma cidade em 1984.
Tinha 18 anos quando matriculou-se na Escola Nacional de Belas-Artes, tendo tido por mestres a Rodolfo Chambeland e Batista da Costa, entre outros.
A partir de 1924, participou do Salão Nacional de Belas Artes, conquistando sucessivamente menção honrosa (1924), medalha de bronze (1925), medalha de prata (1926), o prêmio de viagem ao estrangeiro (1937) e o prêmio de viagem pelo Brasil (1942).
Em 1931, com vários outros artistas de orientação moderna, foi um dos expositores do chamado Salão Revolucionário, organizado por Lúcio Costa.
O mundo descobre o artista
Integrou, também, representações de artistas brasileiros em várias coletivas realizadas fora do país, em Londres, 1944; Buenos Aires e Montevidéu, 1945, Vaticano, 1958, etc.
Realizou também inúmeras individuais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.
Vários museus possuem obras suas, entre eles o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e o de Museu de Artes de São Paulo, o Hermitage em São Petesburgo, o Carlsberg de Copenhague e o do Vaticano.
Ateliê transformado em museu
Durante uma carreira, que se estendeu por mais de 60 anos, pintou possivelmente 8 mil quadros. Nem toda obra está catalogada, e sua família estima que, no total, foram produzidas em torno de 13 mil obras.
Muitos de seus melhores quadros foram conservados como patrimônio familiar.Num gesto de raro despreendimento, a família renunciou à venda dessas obras, fundando o Museu Teruz, mantido na antiga residência-ateliê da Muda da Tijuca, no Rio de Janeiro.Os dois filhos do artista, Rogério e Alexandre, são igualmente pintores.
Mais profundidade do que diversidade
Sobre seu estilo, comenta o crítico José Roberto Teixeira Leite:
Ao longo de uma extensa carreira de mais de seis décadas, pouco modificou-se o estilo de Teruz: a sua é uma pintura adivinhável em sua tipicidade, imutável em sua técnica e em sua temática, decerto porque esse artista, bem cedo, de posse de seus recursos expressivos e de um mundo-de-idéias próprio, preferiu explorá-los quase que até à exaustão e à monotonia.
Preferiu, em outras palavras, aprofundar a diversificar, dando de um único tema seguidas interpretações - favelas no morro, cavalos, passistas de frevo, cirandas, negrinhas de duros seios e meninas na gangorra.
Teruz domina a técnica da pintura, apreendida junto a mestres corno Chambelland e Batista da Costa.
Mas é tolo falar, como se tem falado tanto, em técnica dos primitivos flamengos ou dos primitivos italianos em relação a esse artista: o fato de ter visto nesse ou naquele museu esse ou aquele quadro não deu evidentemente a Teruz a posse de um procedimento técnico à la Van Eyck ou à la Antonello, simplesmente porque, em tais artistas, técnica e ideal pictórico são interligados, uma complementando o outro.
Uma técnica genuina
Prossegue Teixeira Leite:
Mais, porém, do que simplesmente pintor, Teruz é artista, alguém dotado de emoção que, através de sua arte, transmite essa emoção a outros.
Se muitas vezes, sobretudo a partir da década de 1960, à força de tanta repetição, certos tons brilhosos nos enfadam, a composição nos parece fácil e o desenho frouxo, em outras - mormente no começo de sua carreira - o que pinta possui o dom de tocar-nos, não evocasse ele o longínquo mundo da infância, as humildes alegrias do povo sofrido, o cenário de morros e cidades do interior.
Tudo é mesclado com freqüência a certa nota metafísica ou onírica - cavalos de sonho, de crinas arrepiadas ao vento como os de Füssli -, e a discreta atmosfera erótica, traduzida em jovens corpos femininos de redondos contornos, coxas à mostra, o colo desnudo, roliços braços e pernas em movimentos frenéticos, numa atmosfera bem brasileira de sensualidade.
Fonte: “500 anos de pintura brasileira”
Orlando Rabello Teruz (Rio de Janeiro, RJ, 18 de agosto de 1902 — idem, 17 de agosto de 1984), conhecido como Teruz, foi um pintor e professor brasileiro.
Biografia
Seus temas são populares: a favela, as cidades do interior, as passista de frevo, jogos de criança e jovens moças. Tanto na temática quanto na técnica, é facilmente reconhecido ao longo de toda a sua carreira, preferindo aprofundar-se nelas ao invés de variar. Suas telas têm um quê de onírico, muitas vezes abusando de tons terrosos e vermelhos. Como tantos de sua geração, bebe no Modernismo. Inclusive, trabalhou com Cândido Portinari e Lúcio Costa pela implementação da divisão moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940.
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Biografia Itaú Cultural
Estuda na Escola Nacional de Belas Artes - Enba entre 1920 e 1923, é aluno de Baptista da Costa e Rodolfo Chambelland, tendo, no ano seguinte, sua primeira participação na Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1934, recebe Prêmio de Viagem ao Exterior, que usufruí apenas em 1939, quando viaja para França, Holanda e Itália, mas é obrigado a interrompê-la devido à deflagração da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945. Trabalha com Lucio Costa e Candido Portinari pela implementação da divisão moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940. No ano de 1944, integra a Exposição de Pinturas Modernas Brasileiras, realizada na Burlington House, sede da Royal Academy of Art de Londres. Participa em 1951 e 1953 da 1ª e 2ª Bienais Internacionais de São Paulo. Trabalha como professor de pintura no Instituto de Belas Artes da Guanabara em meados de 1950. Seus trabalhos são expostos em diversas mostras individuais, tanto no Brasil quanto exterior, durante os anos 1960, passando também a interar importantes coleções de todo mundo, como as do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, do Museu Nacional de Belas Artes - MNBA e do Museu Hermitage, de São Petesburgo, Rússia. Na década de 1970, inicia com a família a formação de seu museu particular no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Análise
Em livro dedicado à obra de Orlando Teruz, o escritor Carlos Heitor Cony (1926) aponta que o trabalho do pintor, formal e temático, aproxima-se da produção de Candido Portinari, com quem convive desde a formação na Enba. Ambos propõem uma pintura moderna, que foge de soluções determinadas pelo estudo acadêmico, mas mantém relação com a tradição.
Como Portinari, Teruz possui domínio das técnicas de pintura e de desenho de observação, aprimoradas durante a formação na Enba. Cenas de infância estão presentes em todos os períodos da vasta produção do pintor, além de temas dedicados a cavalos e reuniões populares. Segundo o historiador e crítico de arte Walmir Ayala (1933-1991), a concepção de modernidade de Teruz coincide com “os anseios da semente modernista: um cotidiano de brasilidade, nas cenas e figuras reconhecíveis à primeira vista como nossas” 1.
O crítico atenta também para a característica constitutiva da pintura de Teruz: um “nível intermediário entre o antigo e o novo, a norma e a ruptura, segundo um encaminhamento percorrido pouco a pouco, cotidianamente, sem maiores contradições ou inquietudes” 2. Nesse limiar entre tradicional e moderno, Teruz recorre, por vezes, a soluções trazidas pelos movimentos de vanguarda. Exemplos são as ambientações oníricas, recurso marcante do surrealismo e presente na produção tardia do artista, como em Cavalos (1969) ou Rosas (1965). Mais uma vez aqui, o rebaixamento dos tons de marrom e azul remete ao Portinari da década de 1940. A partir dos anos 1930, temas religiosos também permeiam a produção de Teruz.
Críticas
"Uma das características mais óbvias da obra de Teruz é a sensualidade. Não apenas o desenho redondo, de formas cheias e carnais, mas o calor de suas tintas, o peculiar jogo de luz que realça as formas - sejam as ancas de um cavalo ou as pernas de uma menina. No caso de seus nus, sem nunca resvalar para vulgaridade, ele consegue transmitir sua visão erótica da mulher, seja no barroco de suas redondezas, seja na postura desleixada e mole das pernas ou braços. Curiosamente, Teruz pintou seus temas com tanta sensualidade que nunca teve espaço para o erótico propriamente dito. Seus nus são, em sua totalidade, castos. Com exceção de duas ou três incursões mais fortes ao erótico, como a moça e o cavalo, onde dois de seus temas prediletos se mesclam e, por se mesclarem, formam um duplo sentido. Já o tema da maternidade, uma de suas constantes, encontra em Teruz um dos expoentes mais fartos da pintura brasileira".
Carlos Heitor Cony (Orlando Teruz: pintor. s.l., Galeria de Arte Antônio Bandeira, Acervo Teruz, Korum, 1985.)
Acervos
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museu Hermitage - São Petesburgo (Rússia)
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Exposições Individuais
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Atrium
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Oca
1967 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret
1971 - Recife PE - Individual, na Ranulpho Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - menção honrosa
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - medalha de bronze
1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - medalha de prata
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, Escola Nacional de Belas Artes
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1933 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, Palacete Campinas
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao exterior
1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Social, Clube de Cultura Moderna
1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, Esplanada Hotel de São Paulo
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao país
1944 - Londres (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, Royal Academy of Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, Salas Nacionales de Exposición
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, Comisión Municipal de Cultura
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança
1958 - Vaticano - Mostra Internacional de Arte Sacra
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, Galeria da Collectio
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, Museu Lasar Segall
1978 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Brasil Arte Turismo, no Hotel Copacabana Palace
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, Banco Itaú
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Brasileira
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, Museu de Arte Contemporânea
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Fortaleza CE - 7° Salão Nacional de Artes Plásticas
Exposições Póstumas
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, Museu de Arte de São Paulo
1986 - São Paulo SP - Tempo de Madureza, Ranulpho Galeria de Arte
1989 - São Paulo SP - Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, Ranulpho Galeria de Arte
1991 - São Paulo SP - Chico e os Bichos, Ranulpho Galeria de Arte
1996 - Barra Mansa RJ - 12 Nomes da Pintura Brasileira, Centro Universitário de Barra Mansa
2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, Centro Cultural do Banco do Brasil
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, Nova André Galeria
2002 - São Paulo SP - Paisagens do Imaginário, Nova André Galeria
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - 7 Visões, Nova André Galeria
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, Itaú Cultural
2006 - Recife PE - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Instituto Cultural Banco Real
2006 - Rio de Janeiro RJ - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Banco Real
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Biografia Wikipédia
É pai e avô dos artistas plásticos Rogério Teruz e Alexandre Teruz, Luciana e Claudia Teruz.
Estudou na Escola Nacional de Belas Artes entre 1920 e 1923, com João Batista da Costa e Rodolfo Chambelland. Em 1934 recebeu o prêmio de viagem ao estrangeiro, mas por problemas burocráticos só foi usufruí-lo em 1939. Viajou para França, Holanda e Itália, mas foi obrigado a retornar ao Brasil devido à deflagração da segunda guerra mundial.
Em meados de 1950 foi professor de pintura no Instituto de Belas Artes da Guanabara. Na década de 1970, iniciou com a família a formação de seu museu particular, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Realizou diversas exposições individuais, no Brasil e no exterior, e participou da 1ª e 2ª Bienais Internacionais de São Paulo, em 1951 e 1953.
Postumamente, suas obras participam do evento Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal, em 1984.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 21 de abril de 2017.
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Sangue árabe e coração brasileiro
Descendente de árabes, Orlando Teruz nasceu no Rio de Janeiro em 1902 e faleceu na mesma cidade em 1984.
Tinha 18 anos quando matriculou-se na Escola Nacional de Belas-Artes, tendo tido por mestres a Rodolfo Chambeland e Batista da Costa, entre outros.
A partir de 1924, participou do Salão Nacional de Belas Artes, conquistando sucessivamente menção honrosa (1924), medalha de bronze (1925), medalha de prata (1926), o prêmio de viagem ao estrangeiro (1937) e o prêmio de viagem pelo Brasil (1942).
Em 1931, com vários outros artistas de orientação moderna, foi um dos expositores do chamado Salão Revolucionário, organizado por Lúcio Costa.
O mundo descobre o artista
Integrou, também, representações de artistas brasileiros em várias coletivas realizadas fora do país, em Londres, 1944; Buenos Aires e Montevidéu, 1945, Vaticano, 1958, etc.
Realizou também inúmeras individuais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.
Vários museus possuem obras suas, entre eles o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e o de Museu de Artes de São Paulo, o Hermitage em São Petesburgo, o Carlsberg de Copenhague e o do Vaticano.
Ateliê transformado em museu
Durante uma carreira, que se estendeu por mais de 60 anos, pintou possivelmente 8 mil quadros. Nem toda obra está catalogada, e sua família estima que, no total, foram produzidas em torno de 13 mil obras.
Muitos de seus melhores quadros foram conservados como patrimônio familiar.Num gesto de raro despreendimento, a família renunciou à venda dessas obras, fundando o Museu Teruz, mantido na antiga residência-ateliê da Muda da Tijuca, no Rio de Janeiro.Os dois filhos do artista, Rogério e Alexandre, são igualmente pintores.
Mais profundidade do que diversidade
Sobre seu estilo, comenta o crítico José Roberto Teixeira Leite:
Ao longo de uma extensa carreira de mais de seis décadas, pouco modificou-se o estilo de Teruz: a sua é uma pintura adivinhável em sua tipicidade, imutável em sua técnica e em sua temática, decerto porque esse artista, bem cedo, de posse de seus recursos expressivos e de um mundo-de-idéias próprio, preferiu explorá-los quase que até à exaustão e à monotonia.
Preferiu, em outras palavras, aprofundar a diversificar, dando de um único tema seguidas interpretações - favelas no morro, cavalos, passistas de frevo, cirandas, negrinhas de duros seios e meninas na gangorra.
Teruz domina a técnica da pintura, apreendida junto a mestres corno Chambelland e Batista da Costa.
Mas é tolo falar, como se tem falado tanto, em técnica dos primitivos flamengos ou dos primitivos italianos em relação a esse artista: o fato de ter visto nesse ou naquele museu esse ou aquele quadro não deu evidentemente a Teruz a posse de um procedimento técnico à la Van Eyck ou à la Antonello, simplesmente porque, em tais artistas, técnica e ideal pictórico são interligados, uma complementando o outro.
Uma técnica genuina
Prossegue Teixeira Leite:
Mais, porém, do que simplesmente pintor, Teruz é artista, alguém dotado de emoção que, através de sua arte, transmite essa emoção a outros.
Se muitas vezes, sobretudo a partir da década de 1960, à força de tanta repetição, certos tons brilhosos nos enfadam, a composição nos parece fácil e o desenho frouxo, em outras - mormente no começo de sua carreira - o que pinta possui o dom de tocar-nos, não evocasse ele o longínquo mundo da infância, as humildes alegrias do povo sofrido, o cenário de morros e cidades do interior.
Tudo é mesclado com freqüência a certa nota metafísica ou onírica - cavalos de sonho, de crinas arrepiadas ao vento como os de Füssli -, e a discreta atmosfera erótica, traduzida em jovens corpos femininos de redondos contornos, coxas à mostra, o colo desnudo, roliços braços e pernas em movimentos frenéticos, numa atmosfera bem brasileira de sensualidade.
Fonte: “500 anos de pintura brasileira”
Orlando Rabello Teruz (Rio de Janeiro, RJ, 18 de agosto de 1902 — idem, 17 de agosto de 1984), conhecido como Teruz, foi um pintor e professor brasileiro.
Biografia
Seus temas são populares: a favela, as cidades do interior, as passista de frevo, jogos de criança e jovens moças. Tanto na temática quanto na técnica, é facilmente reconhecido ao longo de toda a sua carreira, preferindo aprofundar-se nelas ao invés de variar. Suas telas têm um quê de onírico, muitas vezes abusando de tons terrosos e vermelhos. Como tantos de sua geração, bebe no Modernismo. Inclusive, trabalhou com Cândido Portinari e Lúcio Costa pela implementação da divisão moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940.
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Biografia Itaú Cultural
Estuda na Escola Nacional de Belas Artes - Enba entre 1920 e 1923, é aluno de Baptista da Costa e Rodolfo Chambelland, tendo, no ano seguinte, sua primeira participação na Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1934, recebe Prêmio de Viagem ao Exterior, que usufruí apenas em 1939, quando viaja para França, Holanda e Itália, mas é obrigado a interrompê-la devido à deflagração da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945. Trabalha com Lucio Costa e Candido Portinari pela implementação da divisão moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940. No ano de 1944, integra a Exposição de Pinturas Modernas Brasileiras, realizada na Burlington House, sede da Royal Academy of Art de Londres. Participa em 1951 e 1953 da 1ª e 2ª Bienais Internacionais de São Paulo. Trabalha como professor de pintura no Instituto de Belas Artes da Guanabara em meados de 1950. Seus trabalhos são expostos em diversas mostras individuais, tanto no Brasil quanto exterior, durante os anos 1960, passando também a interar importantes coleções de todo mundo, como as do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, do Museu Nacional de Belas Artes - MNBA e do Museu Hermitage, de São Petesburgo, Rússia. Na década de 1970, inicia com a família a formação de seu museu particular no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Análise
Em livro dedicado à obra de Orlando Teruz, o escritor Carlos Heitor Cony (1926) aponta que o trabalho do pintor, formal e temático, aproxima-se da produção de Candido Portinari, com quem convive desde a formação na Enba. Ambos propõem uma pintura moderna, que foge de soluções determinadas pelo estudo acadêmico, mas mantém relação com a tradição.
Como Portinari, Teruz possui domínio das técnicas de pintura e de desenho de observação, aprimoradas durante a formação na Enba. Cenas de infância estão presentes em todos os períodos da vasta produção do pintor, além de temas dedicados a cavalos e reuniões populares. Segundo o historiador e crítico de arte Walmir Ayala (1933-1991), a concepção de modernidade de Teruz coincide com “os anseios da semente modernista: um cotidiano de brasilidade, nas cenas e figuras reconhecíveis à primeira vista como nossas” 1.
O crítico atenta também para a característica constitutiva da pintura de Teruz: um “nível intermediário entre o antigo e o novo, a norma e a ruptura, segundo um encaminhamento percorrido pouco a pouco, cotidianamente, sem maiores contradições ou inquietudes” 2. Nesse limiar entre tradicional e moderno, Teruz recorre, por vezes, a soluções trazidas pelos movimentos de vanguarda. Exemplos são as ambientações oníricas, recurso marcante do surrealismo e presente na produção tardia do artista, como em Cavalos (1969) ou Rosas (1965). Mais uma vez aqui, o rebaixamento dos tons de marrom e azul remete ao Portinari da década de 1940. A partir dos anos 1930, temas religiosos também permeiam a produção de Teruz.
Críticas
"Uma das características mais óbvias da obra de Teruz é a sensualidade. Não apenas o desenho redondo, de formas cheias e carnais, mas o calor de suas tintas, o peculiar jogo de luz que realça as formas - sejam as ancas de um cavalo ou as pernas de uma menina. No caso de seus nus, sem nunca resvalar para vulgaridade, ele consegue transmitir sua visão erótica da mulher, seja no barroco de suas redondezas, seja na postura desleixada e mole das pernas ou braços. Curiosamente, Teruz pintou seus temas com tanta sensualidade que nunca teve espaço para o erótico propriamente dito. Seus nus são, em sua totalidade, castos. Com exceção de duas ou três incursões mais fortes ao erótico, como a moça e o cavalo, onde dois de seus temas prediletos se mesclam e, por se mesclarem, formam um duplo sentido. Já o tema da maternidade, uma de suas constantes, encontra em Teruz um dos expoentes mais fartos da pintura brasileira".
Carlos Heitor Cony (Orlando Teruz: pintor. s.l., Galeria de Arte Antônio Bandeira, Acervo Teruz, Korum, 1985.)
Acervos
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museu Hermitage - São Petesburgo (Rússia)
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Exposições Individuais
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Atrium
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Oca
1967 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret
1971 - Recife PE - Individual, na Ranulpho Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - menção honrosa
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - medalha de bronze
1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - medalha de prata
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, Escola Nacional de Belas Artes
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes
1933 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, Palacete Campinas
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao exterior
1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Social, Clube de Cultura Moderna
1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, Esplanada Hotel de São Paulo
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao país
1944 - Londres (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, Royal Academy of Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, Salas Nacionales de Exposición
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, Comisión Municipal de Cultura
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança
1958 - Vaticano - Mostra Internacional de Arte Sacra
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, Galeria da Collectio
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, Museu Lasar Segall
1978 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Brasil Arte Turismo, no Hotel Copacabana Palace
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, Banco Itaú
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Brasileira
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, Museu de Arte Contemporânea
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Fortaleza CE - 7° Salão Nacional de Artes Plásticas
Exposições Póstumas
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, Museu de Arte de São Paulo
1986 - São Paulo SP - Tempo de Madureza, Ranulpho Galeria de Arte
1989 - São Paulo SP - Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, Ranulpho Galeria de Arte
1991 - São Paulo SP - Chico e os Bichos, Ranulpho Galeria de Arte
1996 - Barra Mansa RJ - 12 Nomes da Pintura Brasileira, Centro Universitário de Barra Mansa
2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, Centro Cultural do Banco do Brasil
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, Nova André Galeria
2002 - São Paulo SP - Paisagens do Imaginário, Nova André Galeria
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - 7 Visões, Nova André Galeria
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, Itaú Cultural
2006 - Recife PE - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Instituto Cultural Banco Real
2006 - Rio de Janeiro RJ - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real, Banco Real
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Biografia Wikipédia
É pai e avô dos artistas plásticos Rogério Teruz e Alexandre Teruz, Luciana e Claudia Teruz.
Estudou na Escola Nacional de Belas Artes entre 1920 e 1923, com João Batista da Costa e Rodolfo Chambelland. Em 1934 recebeu o prêmio de viagem ao estrangeiro, mas por problemas burocráticos só foi usufruí-lo em 1939. Viajou para França, Holanda e Itália, mas foi obrigado a retornar ao Brasil devido à deflagração da segunda guerra mundial.
Em meados de 1950 foi professor de pintura no Instituto de Belas Artes da Guanabara. Na década de 1970, iniciou com a família a formação de seu museu particular, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Realizou diversas exposições individuais, no Brasil e no exterior, e participou da 1ª e 2ª Bienais Internacionais de São Paulo, em 1951 e 1953.
Postumamente, suas obras participam do evento Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal, em 1984.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 21 de abril de 2017.
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Sangue árabe e coração brasileiro
Descendente de árabes, Orlando Teruz nasceu no Rio de Janeiro em 1902 e faleceu na mesma cidade em 1984.
Tinha 18 anos quando matriculou-se na Escola Nacional de Belas-Artes, tendo tido por mestres a Rodolfo Chambeland e Batista da Costa, entre outros.
A partir de 1924, participou do Salão Nacional de Belas Artes, conquistando sucessivamente menção honrosa (1924), medalha de bronze (1925), medalha de prata (1926), o prêmio de viagem ao estrangeiro (1937) e o prêmio de viagem pelo Brasil (1942).
Em 1931, com vários outros artistas de orientação moderna, foi um dos expositores do chamado Salão Revolucionário, organizado por Lúcio Costa.
O mundo descobre o artista
Integrou, também, representações de artistas brasileiros em várias coletivas realizadas fora do país, em Londres, 1944; Buenos Aires e Montevidéu, 1945, Vaticano, 1958, etc.
Realizou também inúmeras individuais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.
Vários museus possuem obras suas, entre eles o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e o de Museu de Artes de São Paulo, o Hermitage em São Petesburgo, o Carlsberg de Copenhague e o do Vaticano.
Ateliê transformado em museu
Durante uma carreira, que se estendeu por mais de 60 anos, pintou possivelmente 8 mil quadros. Nem toda obra está catalogada, e sua família estima que, no total, foram produzidas em torno de 13 mil obras.
Muitos de seus melhores quadros foram conservados como patrimônio familiar.Num gesto de raro despreendimento, a família renunciou à venda dessas obras, fundando o Museu Teruz, mantido na antiga residência-ateliê da Muda da Tijuca, no Rio de Janeiro.Os dois filhos do artista, Rogério e Alexandre, são igualmente pintores.
Mais profundidade do que diversidade
Sobre seu estilo, comenta o crítico José Roberto Teixeira Leite:
Ao longo de uma extensa carreira de mais de seis décadas, pouco modificou-se o estilo de Teruz: a sua é uma pintura adivinhável em sua tipicidade, imutável em sua técnica e em sua temática, decerto porque esse artista, bem cedo, de posse de seus recursos expressivos e de um mundo-de-idéias próprio, preferiu explorá-los quase que até à exaustão e à monotonia.
Preferiu, em outras palavras, aprofundar a diversificar, dando de um único tema seguidas interpretações - favelas no morro, cavalos, passistas de frevo, cirandas, negrinhas de duros seios e meninas na gangorra.
Teruz domina a técnica da pintura, apreendida junto a mestres corno Chambelland e Batista da Costa.
Mas é tolo falar, como se tem falado tanto, em técnica dos primitivos flamengos ou dos primitivos italianos em relação a esse artista: o fato de ter visto nesse ou naquele museu esse ou aquele quadro não deu evidentemente a Teruz a posse de um procedimento técnico à la Van Eyck ou à la Antonello, simplesmente porque, em tais artistas, técnica e ideal pictórico são interligados, uma complementando o outro.
Uma técnica genuina
Prossegue Teixeira Leite:
Mais, porém, do que simplesmente pintor, Teruz é artista, alguém dotado de emoção que, através de sua arte, transmite essa emoção a outros.
Se muitas vezes, sobretudo a partir da década de 1960, à força de tanta repetição, certos tons brilhosos nos enfadam, a composição nos parece fácil e o desenho frouxo, em outras - mormente no começo de sua carreira - o que pinta possui o dom de tocar-nos, não evocasse ele o longínquo mundo da infância, as humildes alegrias do povo sofrido, o cenário de morros e cidades do interior.
Tudo é mesclado com freqüência a certa nota metafísica ou onírica - cavalos de sonho, de crinas arrepiadas ao vento como os de Füssli -, e a discreta atmosfera erótica, traduzida em jovens corpos femininos de redondos contornos, coxas à mostra, o colo desnudo, roliços braços e pernas em movimentos frenéticos, numa atmosfera bem brasileira de sensualidade.
Fonte: “500 anos de pintura brasileira”