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Teixeira Lopes

António Teixeira Lopes (Vila Nova de Gaia, Portugal, 27 de outubro de 1866 — São Mamede de Ribatua, Alijó, 21 de junho de 1942) foi um escultor português. Iniciou os estudos de escultura com o seu pai, o escultor José Joaquim Teixeira Lopes, e foi discípulo de Soares dos Reis, na Academia Portuense de Belas-Artes, de Cavalier e Barrias, na École de Paris. Teixeira Lopes, lecionou escultura na Escola de Belas-Artes do Porto e, diante do apreço pelas artes plásticas, foi influenciado pelos neoflorentinos e desenvolveu um particular gosto pelo lirismo no tratamento da figura humana. Suas primeiras obras parisienses, Ofélia e Botão de Rosa, denunciam uma admiração pela escultura de Falguière. É notável o dramatismo da expressão facial e corporal nas peças A Viúva e Caridade (Museu do Chiado), nas alegorias à História (no jazigo de Oliveira Martins, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa) e à Dor (estátua funerária no Cemitério de Agramonte, no Porto). O artista também criou obras de cunho religioso para igrejas e hospitais, como Rainha Santa Isabel (Igreja de Santa Clara-a-Nova), Senhora de Fátima (Hospital de Fátima) e Santo Isidoro (Igreja Paroquial de Santo Isidoro, em Marco de Canaveses). Teixeira Lopes dedicou-se à escultura monumental nas homenagens a Soares dos Reis (Gaia), Infante D. Henrique, Afonso de Albuquerque, Camões, Antero de Quental, Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós (localizada no Largo Barão de Quintela, em Lisboa). O artista também fez retrato nos bustos e estátuas de Teófilo Braga (em bronze na Câmara Municipal de Lisboa e em mármore na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Gaia), de Ramalho Ortigão (Museu Nacional de Soares dos Reis) e Augusto Rosa (Museu do Chiado). Expôs, principalmente em Portugal e França e foi condecorado com a 1.ª medalha do Grémio Artístico (1897), com o Grand Prix do Salon de Paris (1900) e a Grã-Cruz de Santiago da Espada.

Biografia

Era filho do escultor José Joaquim Teixeira Lopes e de Raquel Pereira de Meireles; irmão do arquiteto José Teixeira Lopes, seu colaborador em muitos trabalhos e na construção da sua grande casa.

Iniciou a aprendizagem de escultura na oficina de seu pai em 1881. Em 1882 ingressou na Academia Portuense de Belas-Artes, onde foi aluno de Soares dos Reis e Marques de Oliveira.

Em 1885, quando frequentava o terceiro ano do curso, foi para Paris completar os estudos. Ingressou na École des Beaux-Arts, onde teve como orientadores Gauthier e Berthet, obtendo vários prémios. Nos anos seguintes continuou a apresentar trabalhos em exposições (em Portugal e França).

Fez parte da Maçonaria, tendo sido iniciado em 1898 na Loja Ave Labor do Grande Oriente Lusitano Unido, com o nome simbólico de Rude.

Entre 1899 e 1904 executou obras de particular relevo: monumento fúnebre de Oliveira Martins; A História (Cemitério dos Prazeres, Lisboa); monumento de homenagem ao horticultor e floricultor José Marques Loureiro (Jardim da Cordoaria, Porto); monumento de Eça de Queiroz, 1903 (Largo Barão de Quintela, Lisboa, 1907).

Em 1900 participou na Exposição Universal de Paris, tendo obtido um Grand Prix e a condecoração de Cavaleiro da Legião de Honra. Esse sucesso consolidou a sua posição e, em 1901, assumiu o lugar de professor de escultura da Academia Portuense de Belas-Artes, que manteve até 1936 (ano da sua jubilação).

Em 1895, com projeto do seu irmão, construiu o seu atelier na Rua do Marquês de Sá da Bandeira, em Vila Nova de Gaia, onde hoje é a Casa-Museu Teixeira Lopes e onde se preserva uma parte significativa da sua obra.

António Teixeira Lopes é o autor das imponentes portas de bronze da Igreja da Candelária, na cidade do Rio de Janeiro (1901); também do monumento onde repousam os restos mortais de Bento Gonçalves da Silva, na praça Tamandaré, em Rio Grande.

A 5 de outubro de 1934, foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Vida pessoal

António Teixeira Lopes passava grandes temporadas na aldeia onde nascera seus Pais, São Mamede de Ribatua, em plena região do Alto Douro Vinhateiro. Aí juntamente com os seus Pais e Irmãos, foi um dos fundadores da Quinta Vila Rachel, propriedade esta produtora de vinhos e azeites de alta qualidade, ainda em atividade nos dias que correm pelas mãos dos seus descendentes.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

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Casa-Museu Teixeira Lopes

A Casa-Museu Teixeira Lopes é um núcleo museológico localizado em Vila Nova de Gaia, Portugal, tendo sido a primeira residência de um artista português a ser transformada em museu.

Foi criado a partir da residência e do ateliê do próprio escultor António Teixeira Lopes (1866-1942), a que, posteriormente, se juntou um espólio do escultor, museólogo e escritor Diogo de Macedo. O conjunto das coleções de Diogo de Macedo e de Teixeira Lopes permite uma visão abrangente das artes visuais do século XIX e das primeiras décadas do século XX.

História

O edifício foi construído em 1895, sob projeto do arquiteto José Teixeira Lopes, irmão do escultor António Teixeira Lopes, para residência e oficina de escultura. Tem uma feição regional, com um pátio povoado de obras de arte e uma ampla escadaria que dá acesso ao andar superior.

As origens da Casa-Museu remontam a 1933, quando o escultor doou a casa e todo o seu espólio ao município de Vila Nova de Gaia, continuando a habitar o espaço até à sua morte em 1942. Em 1975 foram inauguradas as Galerias Diogo de Macedo, em edifício anexo, na sequência da doação de grande parte da obra deste artista à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Em 2001 iniciaram-se obras de melhoramento e remodelação concluídas em 2004.

As oficinas da Casa-Museu Teixeira Lopes, que integram os ateliês onde o escultor trabalhou e esculpiu, continuam ainda hoje a laborar em pleno, constituindo-se como a principal oficina de modelação de estátuas em Portugal. De facto, cerca de 90% da estatuária produzida nos últimos anos em Portugal, e que povoa jardins e parques nacionais e internacionais, saiu deste espaço de caraterísticas únicas de inspiração e execução.

Coleções

As coleções de arte existentes na Casa-Museu Teixeira Lopes e nas Galerias Diogo de Macedo versam, essencialmente, a pintura, a escultura e as artes decorativas.

Pintura

Na Casa-Museu Teixeira Lopes podem encontrar-se obras de pintores portugueses como Vieira Portuense, Vieira Lusitano, Domingos Sequeira, Silva Porto, Sousa Pinto, Marques de Oliveira, José Malhoa, Veloso Salgado, António Carneiro e Acácio Lino; assim como de estrangeiros: Gustave Doré, Jean-Baptiste Pillement, João Glama Ströberle, Auguste Rodin, entre outros. Nas Galerias Diogo de Macedo: Abel Salazar, Sarah Afonso, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Amadeo Modigliani, Francisco Franco de Sousa, Emérico Nunes, Joaquim Lopes, Domingos Sequeira, Heitor Cramez, Frederico Aires, José Tagarro, Manuel Bentes, Milly Possoz, Diego Rivera, Dominguez Alvarez, Álvaro de Brée, Salvador Barata Feyo e Leopoldo de Almeida.

Escultura

Encontra-se, na Casa-Museu, a vasta obra de António Teixeira Lopes, assim como obras de Soares dos Reis, Francisco de Oliveira Ferreira, José Sousa Caldas, José Maria Sá Lemos, Carlos Meireles e Manuel Teixeira Lopes. Nas Galerias Diogo de Macedo: esculturas do próprio artista e de Correia Dias, Salvador Barata Feyo, Álvaro de Brée, Victor Brecheret, Fernando Caldas, José Maria Sá Lemos, Júlio Pomar e Manuel Teixeira Lopes.

Artes decorativas

Podem contar-se centenas de peças vindas das diferentes fábricas gaienses de cerâmica como a Fábrica das Devesas, a Fábrica do Carvalhinho, a Fábrica do Cavaquinho, a Fábrica da Afurada, a Fábrica de Santo António do Vale de Piedade, a Fábrica da Fervença, a Fábrica da Bandeira, a Fábrica de Louça do Senhor d'Além, a Fábrica da Torrinha, a Fábrica do Cavaco, a Fábrica Pereira Valente e a Fábrica de Cerâmica Soares dos Reis. Por seu lado, a coleção de artes decorativas das Galerias Diogo de Macedo reúne peças dos séculos XVI a XX, tais como figuras de presépio de Machado de Castro, marfins indo-portugueses, porcelanas brancas chinesas, bronzes de Macau, mobiliário holandês e italiano, cerâmica da Companhia das Índias, das Caldas da Rainha e de Estremoz.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

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Biografia António Teixeira Lopes - Universidade do Porto

António Teixeira Lopes nasceu em Vila Nova de Gaia a 27 de Outubro de 1866, numa modesta casa próxima da Fábrica Cerâmica das Devesas. Era filho de José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918), ceramista e escultor, e de Raquel Pereira Meireles Teixeira Lopes, naturais da freguesia de São Mamede de Ribatua do concelho duriense de Alijó. Foi batizado a 12 de Novembro de 1866, na Igreja Matriz de Santa Marinha, tendo por padrinho o industrial António de Almeida Costa.

Iniciou a aprendizagem de escultura na oficina paterna e teve o seu primeiro emprego na Fábrica de Cerâmica das Devesas.

Em 1881, numa visita com pai à I exposição coletiva do Centro Artístico Portuense, no Palácio de Cristal, descobriu a sua vocação, quando viu a escultura Flor Agreste de Soares dos Reis.

No ano seguinte ingressou na Academia Portuense de Belas Artes, sem, no entanto, deixar de trabalhar. Nesta escola foi aluno dos mestres Marques de Oliveira e Soares dos Reis.

Depois de terminar o curso, em 1884, com a classificação de dezassete valores, concorreu ao pensionato em Paris, em 1885, mas estranhamente perdeu o concurso para Tomás Costa. Apesar deste contratempo, acabou por prosseguir os estudos na cidade luz, na companhia de José de Brito. António beneficiou de uma subscrição particular para estudar Escultura, enquanto José detinha uma bolsa do rei, para o aperfeiçoamento de Pintura. O seu pai acompanhou-o.

Em Paris recebeu ensinamentos de Paul Berthet e no Salon admirou as obras de Rodin, Merci, Falguière e Barrias. Frequentou a Escola de Artes Decorativas, dirigida por Gautier, mas o ensino aí praticado desiludiu-o. Por esse motivo realizou as provas de admissão às Belas-Artes, nas quais se classificou em primeiro lugar. Inscreveu-se então no curso de Escultura, onde teve aulas com Matias Duval e Ivan. Em 1886 alcançou um primeiro prémio num concurso de ronde-bosse e fez férias em Portugal.

De volta à capital francesa participou no Salon com Retrato de criança, em 1887. No ano seguinte repetiu a experiência com Ofélia e o botão de Rosa. Em 1889 ganhou menções-honrosas com as obras Comungante e Caim, e com A Viúva obteve uma medalha de ouro de terceira classe, no Salon de 1890. No Salon de 1891 apresentou Criança napolitana, no de 1892 os bustos da Condessa de Valenças e de Madame Michon, e no de 1893 expôs a versão em bronze de A Viúva, obra que em 1896 recebeu uma medalha de ouro em Berlim.

As suas influências artísticas foram predominantemente francesas mas também seguiu a escultura de Donatello.

Em 1891 estreou-se a expor individualmente no Palácio da Bolsa, no Porto, lugar onde voltou a mostrar a sua obra com Veloso Salgado, em 1892. Nos anos seguintes continuou a expor, também em Lisboa, e a sua obra foi novamente premiada.

Em 1893 o escultor casou com Adelaide Fontes. Mas este enlace durou apenas um dia, após o qual devolveu a esposa à família. Mais tarde, a partir de 1903 desenvolveu uma relação mais feliz com Aurora, a sua principal modelo.

O sucesso alcançado pelas suas obras permitiu-lhe contactar e conviver com a nobreza, nomeadamente com o rei D. Carlos e o seu irmão D. Afonso, e com a duquesa de Palmela, camareira de D. Amélia que lhe encomendou uma escultura da Rainha Santa, em 1895, destinada a Santa Clara-a-Nova de Coimbra.

Nesse ano, o seu irmão, José Teixeira Lopes (1872-1919), projetou a seu pedido uma Casa-Atelier, na Rua Marquês Sá da Bandeira, no centro de Vila Nova de Gaia, solenemente inaugurado a 27 de Junho de 1896, com a exposição da estátua de madeira pintada da Rainha Santa.

Em 1897 recebeu do Brasil uma grande encomenda. Foi incumbido de produzir as três portas da Igreja de Nossa Senhora da Candelária, do Rio de Janeiro.

Entre 1899 e 1904 executou três obras de inegável qualidade e impacto: o monumento fúnebre de Oliveira Martins - A História - para o Cemitério dos Prazeres, em Lisboa; o monumento de homenagem ao horticultor e floricultor José Marques Loureiro, colocado no Jardim da Cordoaria, no Porto e composto por uma alegoria, a Flora, e um busto do homenageado; e o monumento de Eça de Queiroz, para o Largo Barão de Quintela em Lisboa.

Em 1900 criou Santo Isidoro e uma Agricultura para a Exposição Universal de Paris. Nessa exposição expôs também A Dor, A História e Raquel, tendo obtido um grand prix e a condecoração de Cavaleiro da Legião de Honra.

O triunfo em Paris fortaleceu o seu sucesso e fez dele o sucessor natural de Soares dos Reis. Por isso, em 1901 assumiu o lugar de professor da academia portuense, que manteve até 1936 (ano da sua jubilação), embora tenha, temporariamente, sido interrompido entre 1916 e 1918.

A sua carreira, no entanto, não se fez somente de sucessos. O escultor lamentou a perda do concurso para o monumento do Infante D. Henrique, a projetar na praça portuense do mesmo nome, ganhou pelo eterno rival Tomás Costa, e o chumbo da sua proposta para a imagem de Nossa Senhora de Fátima, preterida pela obra do santeiro José Ferreira de Tedim também não o deixou indiferente.

Em 1933, a Casa-Atelier de Teixeira Lopes foi doada à Câmara Municipal de Gaia, com a condição de o artista residir até ao fim dos seus dias.

Morreu em São Mamede de Ribatua, no dia 21 de Junho de 1942.

O testamento de 1939 fez seu principal herdeiro o sobrinho José Marcello Teixeira Lopes, filho do irmão José e de Joana Maria Emília Bégaut. Naquele documento também constituía como herdeiras as irmãs (Adelaide, Emília e Maria Raquel), outros dois sobrinhos (António Júlio e Manuel Ventura Teixeira Lopes), a cunhada Emília Ernestina, determinou que se entregassem 3 contos à Academia de Belas Artes do Porto, para premiar anualmente o melhor aluno de escultura, e contemplou ainda o caseiro das propriedades durienses, Joaquim Manuel de Castro, as serviçais da casa de Gaia, e os pobres das freguesias de Mafamude e de São Mamede de Ribatua a quem doou 1000$00.

Fonte: Universidade do Porto. Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

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A vida de António Teixeira Lopes – Proximarte

Com uma carreira que se iniciou ainda nas últimas décadas do século XIX e que perdurou durante praticamente toda a primeira metade do século XX, o escultor António Teixeira Lopes afirmou-se como um dos maiores artistas da sua geração, espalhando as suas obras um pouco por todo o país e pelo estrangeiro.

De alma e coração dedicado à família e à arte, rodeou-se de obras que iriam evocar a sua geração, mas também os seus amigos e valores. É sobre ele o presente texto, marcado por uma abordagem à sua vida familiar, académica e de mérito.

António Teixeira Lopes nasceu a 27 de Outubro de 1866, em Vila Nova de Gaia, cidade onde viviam os seus pais, José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918) e Raquel Pereira Meireles (1841-1912), naturais de São Mamede de Ribatua. Era em Gaia que o chefe da família trabalhava, na Fábrica da Cerâmica das Devesas, da qual foi sócio-fundador, juntamente com António de Almeida Costa, que viria a ser padrinho de António.

José Joaquim era escultor e ceramista e isso fez com que António tivesse, desde logo, um contacto muito próximo com a arte, sendo que a sua vertente artística se manifestou desde cedo, algo que se acentuou quando o pai o retirou da escola e decidiu ensiná-lo na Fábrica, ao mesmo tempo que dava oportunidade ao filho de ser criativo. Começou a trabalhar a cerâmica e do Brasil chegaram encomendas de olhos de bonecas que António produzia e a que atribuía muito detalhe.

Não foi, porém, até 1881 que António Teixeira Lopes se decidiu em relação ao que queria fazer profissionalmente. Com uma exposição-bazar, promovida pelo Centro Artístico Portuense, dirigido pelo também escultor António Soares dos Reis (1847- 1889), que teve lugar no Palácio de Cristal, António percebeu que o seu propósito na vida era trabalhar o mármore. Esta exposição mostrava vários tipos de trabalhos, nomeadamente escultura e pintura, marcados pelas influências de Paris e de Roma devido aos artistas que de lá voltavam. Tal como confessou mais tarde, foi a obra Flor Agreste do escultor Soares dos Reis, que viria a ser seu Mestre, que mais o marcou e lhe deu a entender qual o caminho a seguir.

Assim, decide que no início do ano de 1882 se iria inscrever na Academia de Belas Artes do Porto, para ter a oportunidade de ser aluno de Soares dos Reis. Começou por frequentar aulas de Desenho, com Marques de Oliveira (1852- 1927), de modo a adquirir as aptidões necessárias a prestar provas para o ingresso na Academia e, mais importante, nas tão ansiadas aulas de Escultura, algo que consegue após três meses.

Em 1884 consegue distinção nos exames de terceiro ano de Desenho e Escultura, obtendo a classificação de 17 valores no segundo.

É também neste ano que concorre ao concurso de pensionistas para Paris, o qual perde para Tomás Costa (1861-1932), mas, com a ajuda da família, consegue seguir o caminho para a cidade francesa em Maio de 1885.

O concurso de entrada à Academia de Belas Artes de Paris acontece em Julho do mesmo ano e Teixeira Lopes fica em primeiro lugar com uma classificação de vinte pontos, tendo entrada directa para a Academia. Aqui, foi aluno de Pierre-Jules Cavelier (1814-1894) e Louis Ernest Barrias (1841-1905), na cadeira de Escultura, e de Mathias Duval (1844-1907), em Anatomia.

Enquanto estudante em Paris, António Teixeira Lopes obteve sempre boas classificações e conseguiu participar em vários concursos, como a Ronde-Bosse de 1886, que venceu ao apresentar Academia, e o tão aclamado Salon, onde conseguiu expor logo à primeira tentativa, em 1887, apresentando Orfão e Teresinha. Embora seguro das suas capacidades, teve medo de não ser aceite e apesar de, na exposição final, considerar a primeira obra mal colocada, aproveitou esta oportunidade para saber que aspectos melhorar. Depois da participação de 1887, expõe mais 6 anos consecutivos com obras como Ofélia, A Infância de Caim, A Viúva, entre outras.

É em 1887 que decide alugar um atelier na Rua Denfert-Rochereau e assim começa a relacionar-se com vários artistas portugueses, como Carlos Reis (1863-1940), Marques da Silva (1869-1947) e Veloso Salgado (1864-1945), sendo que o pintor veio a ser um dos seus amigos mais próximos por toda a vida. Pode salientar-se o facto de Salgado ter ganho um prémio no Salon de 1889 ao apresentar um retrato de Teixeira Lopes nesse mesmo atelier, sendo a única imagem que existe do interior do mesmo.

Mesmo ao estudar e ao expor constantemente em Paris, António Teixeira Lopes vinha regularmente a Portugal, aproveitando para mostrar algumas das suas obras. Podem destacar-se as seguintes exposições:

• 1890, primeira exposição individual em Portugal realizada na Associação Comercial do Porto, onde expõe Caim, Conde de S. Bento, A República, entre outras obras;

• 20 de agosto de 1892, exposição com Veloso Salgado no Salão Norte do Ateneu Comercial do Porto;

• 1893, Exposição Industrial e Agrícola de Vila Nova de Gaia.

No entanto, essas visitas ao seu país Natal não se faziam só de trabalho e exposições. Como grande homem de família, Teixeira Lopes fazia questão de passar o maior tempo possível com os seus, tanto em Vila Nova de Gaia como na casa de família em São Mamede de Ribatua, conhecida como Quinta Vila Rachel. Os pais e os irmãos tiveram sempre uma importância inigualável na sua vida, sendo objecto de uma grande dedicação por parte do escultor.

Teixeira Lopes regressa definitivamente a Portugal no ano de 1894, mas em 1900 volta a Paris com o seu pai e ambos participam na Exposição Universal de Paris. Sendo que decidiu manter o seu atelier na cidade francesa, dispunha ainda de um espaço que lhe permitiu terminar a execução das obras nos dias anteriores à Exposição. António expõe 6 obras, entre as quais Dor, História e Santo Isidoro, sendo galardoado com o Grand-Prix, e o seu pai expõe Carro de Bois e Agricultura, recebendo uma medalha.

Ainda em 1894, vivendo com algum desafogo económico devido à encomenda do túmulo de João Henrique Andresen, decide construir um espaço para trabalhar e morar em Vila Nova de Gaia, cidade escolhida devido à sua centralidade e por permitir fácil acesso à matéria-prima. O projecto desta casa-atelier é do seu irmão e arquitecto, José Joaquim Teixeira Lopes Júnior (1872-1919), com quem colaborou em várias obras, como o túmulo de Almeida Garrett, o Monumento La Couture, o Portal do Museu Militar, entre outras.

Este espaço, conhecido hoje como Casa-Museu Teixeira Lopes, foi doado pelo escultor à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia no ano de 1933, concretizando o seu desejo de ver a sua casa aberta a todos. Podemos nomear três motivos principais para esta doação: o de António Teixeira Lopes não ter descendência e temer uma separação e perda dos seus bens entre os familiares mais directos; a já referida vontade de tornar este um espaço que toda a gente pudesse visitar; a conservação do seu espólio. É nomeado director-conservador da Casa-Museu, recebendo um ordenado mensal vitalício de quatro mil escudos, podendo habitar a casa, tratar as peças e a sua disposição no espaço de acordo com a sua vontade, bem como realizar visitas guiadas a quem aparecesse.

Nas salas desta casa, António Teixeira Lopes recebia não só os seus familiares como amigos e ainda algumas das personalidades mais distintas da época, como Veloso Salgado, a actriz Italia Vitaliani, a violoncelista Guilhermina Suggia, Ramalho Ortigão e ainda a Rainha D. Amélia.

Foram também muitas as condecorações, medalhas e nomeações que recebeu ao longo da sua vida, não apenas de Portugal, mas de França e Espanha também. A Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada em 1934, a Medalha de Honra da Cidade do Porto em 1936, o grau de Comendador da Legião de Honra em 1918 e 1935 e o grau de Cavaleiro e de Oficial do Governo Francês em 1901 e 1906 são algumas a destacar.

Para além do seu trabalho como escultor, António Teixeira Lopes foi professor da Cadeira de Escultura na Escola de Belas Artes do Porto, cargo que ocupou a partir de 1901 por nomeação no Decreto do Diário de Governo de 24 de Outubro, tendo substituído António Soares dos Reis. O seu percurso como docente foi irregular, tendo abandonado o cargo por duas vezes, a primeira entre 1916 e 1918 e a segunda entre 1929 e 1932. Quando voltou ao ensino em 1932, foi novamente nomeado para o cargo no Diário de Governo de 15 de Março deste ano, ocupando o lugar até atingir o limite de idade, setenta anos, em 1936.

Em 1916 assumiu a presidência da Sociedade Portuense de Belas Artes, fundada por artistas como Guedes de Oliveira (1865-1932) e Marques da Silva em 1898.

Antes da sua morte, legou à Academia uma verba para que anualmente fosse atribuído o prémio “Teixeira Lopes” a quem se revelasse o melhor aluno de escultura. Esta vontade de ajudar o próximo foi algo que o caracterizou durante toda a sua vida, sendo que foram várias as angariações de fundos que organizou para apoiar os mais desfavorecidos, principalmente as crianças.

No início de 1942, retira-se para a sua casa de família em São Mamede de Ribatua, local onde acabaria por falecer a 21 de Junho do mesmo ano, com 76 anos.

António Teixeira Lopes trabalhou até que o corpo lhe não mais permitisse e, por isso, o seu legado continua vivo nos dias de hoje.

Fonte: Proximarte, "A vida de António Teixeira Lopes". Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

A obra de António Teixeira Lopes | Proximarte

A emoção com a qual António Teixeira Lopes carregava as suas obras valeu-lhe uma carreira artística repleta de um sem fim de encomendas. Provenientes de todo o país, mas também do estrangeiro, são muitos os espaços marcados pelas peças do escultor português. A vontade de celebrar as pessoas e as histórias que fizeram o país e o mundo deu lugar a um trabalho que só se findaria aquando a vida.

António Teixeira Lopes trabalhou sobretudo por encomenda, algo que aconteceu logo desde os seus primeiros anos enquanto ser artístico, quando colaborava com o pai, José Joaquim Teixeira Lopes, na Fábrica de Cerâmica das Devesas. Nessa altura, eram os olhos de cerâmica que fazia que puxavam a maior admiração por parte de quem encomendava e comprava. Os olhos, que passaram a gesso, bronze e mármore, iriam ser sempre uma parte marcante das suas peças. Mas já lá vamos.

Avançando um pouco no tempo e concentrando-nos numa altura em que Teixeira Lopes era já um escultor afirmado no meio artístico português, é possível destacar três tipos principais de obras que surgiam destas encomendas:

• retrato/homenagem a várias personalidades, como a Eça de Queiroz, Rafael Bordalo Pinheiro, Soares dos Reis, etc.;

• religioso, como Rainha Santa Isabel, Santo Isidoro, Nossa Senhora de Fátima;

• tumular, como o túmulo da Duquesa de Palmela, mausoléu da actriz Emília Eduarda, A Caridade, etc.

Fosse qual fosse a tipologia da obra a criar, há um elemento comum que as une a todas: a celebração de alguém ou algo que constituía importância para Portugal. Tendo ou não um ligação mais profunda com a pessoa ou o tema, o escultor gaiense sentia que era uma das suas funções, enquanto narrador de histórias em mármore e bronze, imortalizar estes elementos que contribuíram para levar mais além o seu país ou que eram fundamentalmente boas pessoas a lutar pelo bem de quem os rodeava.

Sendo que todas as suas obras se focam na figura humana, o seu processo de trabalho exigia que alguém posasse para ele. No caso de figuras conhecidas, como as já mencionadas acima, Teixeira Lopes pedia aos próprios representados que se dirigissem ao seu atelier; se fosse caso de representar alguém já há muito desaparecido ou um marco religioso ou até emocional, procurava por alguém que se assemelhasse o mais possível à ideia que tinha para a obra. A escultura da Rainha Santa Isabel (na imagem acima), encomendada pela Rainha D. Amélia, integra-se neste último exemplo, sendo que para além de uma modelo, o escultor fez ainda uma investigação exaustiva em textos e contos, para assim conseguir também captar a essência da mulher que ficou conhecida pelo Milagre das Rosas.

Essa vontade de captar para além do que os olhos vêem é também muito característica do trabalho de Teixeira Lopes e por isso as suas obras são marcadamente manifestas de uma grande emoção que trespassa o material trabalhado. Caim, obra realizada ainda durante os seus anos na Academia Francesa, é uma das suas peças mais conhecidas exactamente por isso. Esta figura bíblica aparece-nos em repouso e à espera de algo. Conseguimos perceber cada detalhe do corpo desta criança, mas são os olhos que nos fitam de lado que revelam o peso da sua história. Um olhar de desafio que não mostra medo, que nos atravessa e perturba.

Também A Caridade e A Viúva são exemplo deste olhar que nos conta mais para além do que o corpo e a legenda nos mostram. A primeira mostra-nos uma mulher que segura duas crianças ao colo. Como o nome indica, está relacionada com a vontade de ajudar quem mais precisa e os seus olhos mostram-nos essa preocupação com os mais frágeis ao mesmo tempo que indicam esperança no futuro. É um olhar doce, materno e preocupado. Já A Viúva, que se insere nas obras de cariz trágico que Teixeira Lopes tanto trabalhou, é acompanhada de uns olhos que mostram exactamente essa dor, esse medo do vazio que ficou pela perda do marido e por tudo aquilo que lhe cabe agora a ela continuar. Um olhar cabisbaixo, que acompanha a inclinação da cabeça e do corpo, do qual cai uma lágrima e que parece revelar uma vontade de desistir, como se não houvesse nada mais por que valesse a pena viver.

No que toca às obras de personalidades da sua época, a imaginação ficava um pouco de lado, dando lugar a uma vontade máxima de representar com absoluto pormenor quem era a pessoa em questão. Os retratados, como já referiam, deslocava-me -se ao seu atelier ou o próprio Teixeira Lopes viajava para conseguir algumas sessões de pose. Em casos como de António Soares dos Reis ou Rafael Bordalo Pinheiro, que já tinham falecido aquando o início da obra, o escultor reunia fotografias e pedia a familiares e amigos que descrevessem o objecto do seu trabalho. Desta forma, poderia garantir a tal veracidade interior e emocional que caracterizava a pessoa. Não interessa mostrar só o aspecto físico; quem vê a peça final tem que sair da sua frente com uma ideia do traço de personalidade que construía o indivíduo.

Com este tipo de trabalho, a atenção ao pormenor era essencial. Já foram referidos os olhos que contam histórias e a vontade de ser o mais fiel possível ao representado, mas falemos agora das vestes. Os tecidos que Teixeira Lopes imortaliza no mármore e no bronze são apresentados como se estivessem efectivamente a ser usados. Panejamentos que acompanham e se colam às linhas de cada corpo, deixando transparecer estes volumes. Vincos que aparecem nos sítios certos e que contribuem para dar a dimensão de movimento à peça: pernas que andam, braços que se elevam, torsos que se torcem. Por aqui e por ali há as marcas normais que a roupa acumula ao longo do dia pelo uso, conferindo uma maior vivacidade às esculturas.

Sobre isto há que referir que Teixeira Lopes era, como dá para constatar, muito zeloso nos estudos que fazia dos tecidos, sendo que no seu atelier tinha panos que moldava a esboços de barro e gesso após ver como estes caiam no corpo de quem para si posava. Todo este cuidado permite que as personagens e personalidades se vistam de fluidez e que façam o peso dos materiais usados parecer leves como uma pena ou, lá está, um tecido.

Mas falar da obra deste escultor português não se pode extinguir nestes três focos temáticos, sendo que podemos ainda adicionar um quarto ao conjunto dos seus trabalhos. Refiro-me ao tema da criança, trabalhado por Teixeira Lopes com especial carinho durante toda a sua vida, tanto para ajudar à construção de um tema, como acontece, por exemplo, com as já mencionadas A Viúva e A Caridade, ou simplesmente para mostrar as várias expressões e facetas das crianças, como podemos ver em obras como Três Meninos a Lutar, Menino Dormindo, Isabel, etc. Da calma à tempestuosidade dos comportamentos inesperados que os mais pequenos têm, o escultor português registou de tudo um pouco.

Fazendo parte de uma família numerosa e estando constantemente rodeado de amigos e seus familiares, as crianças foram sempre parte integrante do seu dia e, nos dias de hoje, é possível vê-las a habitar todos os espaços da Casa-Museu Teixeira Lopes. Embora a maior parte não seja de cariz de arte pública, foram estas peças que acabaram por habitar a casa de muitos dos seus colegas, quando decidiu fazer reproduções para vendas ou trocas.

Como já referido, as suas encomendas vieram também de além do território português, chegando, por exemplo, do Brasil, com obras como as Portas da Candelária, que realizou para a Igreja de Nossa Senhora da Candelária no Rio de Janeiro, obra terminada em 1900 no seu atelier em Paris de onde as portas partiram, sendo inauguradas em 1901. Também a obra General Bento Gonçalves, inaugurada em 1909 na Praça Tamandaré no Rio Grande do Sul, foi para solo brasileiro e mostra, uma vez mais, a admiração que existia em relação a António Teixeira Lopes pelo mundo fora.

Num ponto um pouco mais perto de casa, há que destacar o Monumento a La Couture, no qual o escultor presta homenagem aos soldados portugueses que participaram na Batalha de La Lys, em 1918, assinalando a presença de Portugal na Primeira Guerra Mundial. O monumento, que se encontra exactamente em La Couture, foi inaugurado em 1928, de forma a marcar o décimo aniversário do evento. António Teixeira Lopes foi sempre muito sensível a estas questões de vidas em risco e por isso, no meio das ruínas de uma catedral gótica, representa a figura da Pátria encoraja o soldado perante a morte que o tenta apanhar. Novamente uma obra repleta de carga trágica e que apela à reflexão e que foi construída apenas com mão-de-obra portuguesa.

No caso do Monumento a La Couture, tal como em muitas outras, Teixeira Lopes contou com a ajuda de um arquitecto, neste caso o seu sobrinho António Júlio Teixeira Lopes, filho do seu irmão José também arquitecto. Dos trabalhos com José podemos destacar o Túmulo a Almeida Garrett. Este deveria ser colocado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e por esse motivo os irmãos Teixeira Lopes desenharam-o em estilo Manuelino. Já na fase final do projecto, houve a decisão de trocar o Mosteiro pela Igreja de Santa Engrácia (o Panteão Nacional, também em Lisboa), mas António e José recusaram a mudança, pois consideraram que haveria um choque artístico entre a estética específica do túmulo em pedra com o interior marmoreado do Panteão. Assim sendo, o túmulo acabou por ficar no jardim da Casa-Museu, onde ainda pode ser visto actualmente. Também aqui os irmãos revelaram o investimento que faziam com a ideia de representar o homenageado da melhor forma e por isso as laterais do túmulo remetem para títulos de livros e textos do escritor português e com detalhes manuelinos que fariam a ligação com a plástica que se fazia sentir no Mosteiro dos Jerónimos.

Dentro deste grupo das obras rejeitadas podemos ainda incluir o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, maquete que Teixeira Lopes criou para o concurso de uma obra a erigir na Rotunda da Boavista. A sua proposta ficou em segundo lugar. Noutro espectro temos Nossa Senhora de Fátima, uma encomenda feita directamente ao escultor e que, embora tenha sido terminada, não está no local para o qual se destinava. As fiéis, que queriam uma imagem para colocar na basílica a erguer na Cova da Iria, consideraram a obra de Teixeira Lopes demasiado humana. A sua curvatura quase em penitência e os olhos (novamente os olhos) que se apresentam voltados para baixo foram características consideradas pouco divinas; a Nossa Senhora estava, assim, no mesmo patamar de quem lhe rogava.

É esta humanidade aqui criticada que liga todas as obras do escultor gaiense. A mármore e o bronze ganham vida e tornam os sentimentos, os gestos e as personalidades absolutamente visíveis e palpáveis. Mesmo sem saber o título de uma peça conseguimos perceber um pouco do que ela nos quer transmitir.

Assim se caracteriza a obra de António Teixeira Lopes, que não se fixa num estilo específico a não ser no dele próprio. Um toque do Naturalismo e do Romantismo que se liga com a linguagem clássica que marcava a época, mas acima de tudo que transpira com a emoção que o escultor queria transmitir. E tal como o próprio dizia "Sairá da alma e não do cérebro uma obra que emocione".

Nem sempre de vitórias se construiu a carreira artística de Teixeira Lopes, mas é inegável a presença que este tem pelo país. Seja numa rua, num jardim, num museu ou num cemitério é muito provável que já se tenham cruzado com uma das suas obras.

Os finais do século XIX e a primeira metade do século XX, mas também muitos outros momentos e personagens da História, viram-se representar pelas mãos deste escultor que devotou a sua alma e a sua vida à Escultura.

Fonte: Proximarte, "A obra de António Teixeira Lopes". Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

Crédito fotográfico: Proximarte, "A vida de António Teixeira Lopes". Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

António Teixeira Lopes (Vila Nova de Gaia, Portugal, 27 de outubro de 1866 — São Mamede de Ribatua, Alijó, 21 de junho de 1942) foi um escultor português. Iniciou os estudos de escultura com o seu pai, o escultor José Joaquim Teixeira Lopes, e foi discípulo de Soares dos Reis, na Academia Portuense de Belas-Artes, de Cavalier e Barrias, na École de Paris. Teixeira Lopes, lecionou escultura na Escola de Belas-Artes do Porto e, diante do apreço pelas artes plásticas, foi influenciado pelos neoflorentinos e desenvolveu um particular gosto pelo lirismo no tratamento da figura humana. Suas primeiras obras parisienses, Ofélia e Botão de Rosa, denunciam uma admiração pela escultura de Falguière. É notável o dramatismo da expressão facial e corporal nas peças A Viúva e Caridade (Museu do Chiado), nas alegorias à História (no jazigo de Oliveira Martins, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa) e à Dor (estátua funerária no Cemitério de Agramonte, no Porto). O artista também criou obras de cunho religioso para igrejas e hospitais, como Rainha Santa Isabel (Igreja de Santa Clara-a-Nova), Senhora de Fátima (Hospital de Fátima) e Santo Isidoro (Igreja Paroquial de Santo Isidoro, em Marco de Canaveses). Teixeira Lopes dedicou-se à escultura monumental nas homenagens a Soares dos Reis (Gaia), Infante D. Henrique, Afonso de Albuquerque, Camões, Antero de Quental, Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós (localizada no Largo Barão de Quintela, em Lisboa). O artista também fez retrato nos bustos e estátuas de Teófilo Braga (em bronze na Câmara Municipal de Lisboa e em mármore na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Gaia), de Ramalho Ortigão (Museu Nacional de Soares dos Reis) e Augusto Rosa (Museu do Chiado). Expôs, principalmente em Portugal e França e foi condecorado com a 1.ª medalha do Grémio Artístico (1897), com o Grand Prix do Salon de Paris (1900) e a Grã-Cruz de Santiago da Espada.

Teixeira Lopes

António Teixeira Lopes (Vila Nova de Gaia, Portugal, 27 de outubro de 1866 — São Mamede de Ribatua, Alijó, 21 de junho de 1942) foi um escultor português. Iniciou os estudos de escultura com o seu pai, o escultor José Joaquim Teixeira Lopes, e foi discípulo de Soares dos Reis, na Academia Portuense de Belas-Artes, de Cavalier e Barrias, na École de Paris. Teixeira Lopes, lecionou escultura na Escola de Belas-Artes do Porto e, diante do apreço pelas artes plásticas, foi influenciado pelos neoflorentinos e desenvolveu um particular gosto pelo lirismo no tratamento da figura humana. Suas primeiras obras parisienses, Ofélia e Botão de Rosa, denunciam uma admiração pela escultura de Falguière. É notável o dramatismo da expressão facial e corporal nas peças A Viúva e Caridade (Museu do Chiado), nas alegorias à História (no jazigo de Oliveira Martins, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa) e à Dor (estátua funerária no Cemitério de Agramonte, no Porto). O artista também criou obras de cunho religioso para igrejas e hospitais, como Rainha Santa Isabel (Igreja de Santa Clara-a-Nova), Senhora de Fátima (Hospital de Fátima) e Santo Isidoro (Igreja Paroquial de Santo Isidoro, em Marco de Canaveses). Teixeira Lopes dedicou-se à escultura monumental nas homenagens a Soares dos Reis (Gaia), Infante D. Henrique, Afonso de Albuquerque, Camões, Antero de Quental, Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós (localizada no Largo Barão de Quintela, em Lisboa). O artista também fez retrato nos bustos e estátuas de Teófilo Braga (em bronze na Câmara Municipal de Lisboa e em mármore na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Gaia), de Ramalho Ortigão (Museu Nacional de Soares dos Reis) e Augusto Rosa (Museu do Chiado). Expôs, principalmente em Portugal e França e foi condecorado com a 1.ª medalha do Grémio Artístico (1897), com o Grand Prix do Salon de Paris (1900) e a Grã-Cruz de Santiago da Espada.

Biografia

Era filho do escultor José Joaquim Teixeira Lopes e de Raquel Pereira de Meireles; irmão do arquiteto José Teixeira Lopes, seu colaborador em muitos trabalhos e na construção da sua grande casa.

Iniciou a aprendizagem de escultura na oficina de seu pai em 1881. Em 1882 ingressou na Academia Portuense de Belas-Artes, onde foi aluno de Soares dos Reis e Marques de Oliveira.

Em 1885, quando frequentava o terceiro ano do curso, foi para Paris completar os estudos. Ingressou na École des Beaux-Arts, onde teve como orientadores Gauthier e Berthet, obtendo vários prémios. Nos anos seguintes continuou a apresentar trabalhos em exposições (em Portugal e França).

Fez parte da Maçonaria, tendo sido iniciado em 1898 na Loja Ave Labor do Grande Oriente Lusitano Unido, com o nome simbólico de Rude.

Entre 1899 e 1904 executou obras de particular relevo: monumento fúnebre de Oliveira Martins; A História (Cemitério dos Prazeres, Lisboa); monumento de homenagem ao horticultor e floricultor José Marques Loureiro (Jardim da Cordoaria, Porto); monumento de Eça de Queiroz, 1903 (Largo Barão de Quintela, Lisboa, 1907).

Em 1900 participou na Exposição Universal de Paris, tendo obtido um Grand Prix e a condecoração de Cavaleiro da Legião de Honra. Esse sucesso consolidou a sua posição e, em 1901, assumiu o lugar de professor de escultura da Academia Portuense de Belas-Artes, que manteve até 1936 (ano da sua jubilação).

Em 1895, com projeto do seu irmão, construiu o seu atelier na Rua do Marquês de Sá da Bandeira, em Vila Nova de Gaia, onde hoje é a Casa-Museu Teixeira Lopes e onde se preserva uma parte significativa da sua obra.

António Teixeira Lopes é o autor das imponentes portas de bronze da Igreja da Candelária, na cidade do Rio de Janeiro (1901); também do monumento onde repousam os restos mortais de Bento Gonçalves da Silva, na praça Tamandaré, em Rio Grande.

A 5 de outubro de 1934, foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Vida pessoal

António Teixeira Lopes passava grandes temporadas na aldeia onde nascera seus Pais, São Mamede de Ribatua, em plena região do Alto Douro Vinhateiro. Aí juntamente com os seus Pais e Irmãos, foi um dos fundadores da Quinta Vila Rachel, propriedade esta produtora de vinhos e azeites de alta qualidade, ainda em atividade nos dias que correm pelas mãos dos seus descendentes.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

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Casa-Museu Teixeira Lopes

A Casa-Museu Teixeira Lopes é um núcleo museológico localizado em Vila Nova de Gaia, Portugal, tendo sido a primeira residência de um artista português a ser transformada em museu.

Foi criado a partir da residência e do ateliê do próprio escultor António Teixeira Lopes (1866-1942), a que, posteriormente, se juntou um espólio do escultor, museólogo e escritor Diogo de Macedo. O conjunto das coleções de Diogo de Macedo e de Teixeira Lopes permite uma visão abrangente das artes visuais do século XIX e das primeiras décadas do século XX.

História

O edifício foi construído em 1895, sob projeto do arquiteto José Teixeira Lopes, irmão do escultor António Teixeira Lopes, para residência e oficina de escultura. Tem uma feição regional, com um pátio povoado de obras de arte e uma ampla escadaria que dá acesso ao andar superior.

As origens da Casa-Museu remontam a 1933, quando o escultor doou a casa e todo o seu espólio ao município de Vila Nova de Gaia, continuando a habitar o espaço até à sua morte em 1942. Em 1975 foram inauguradas as Galerias Diogo de Macedo, em edifício anexo, na sequência da doação de grande parte da obra deste artista à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Em 2001 iniciaram-se obras de melhoramento e remodelação concluídas em 2004.

As oficinas da Casa-Museu Teixeira Lopes, que integram os ateliês onde o escultor trabalhou e esculpiu, continuam ainda hoje a laborar em pleno, constituindo-se como a principal oficina de modelação de estátuas em Portugal. De facto, cerca de 90% da estatuária produzida nos últimos anos em Portugal, e que povoa jardins e parques nacionais e internacionais, saiu deste espaço de caraterísticas únicas de inspiração e execução.

Coleções

As coleções de arte existentes na Casa-Museu Teixeira Lopes e nas Galerias Diogo de Macedo versam, essencialmente, a pintura, a escultura e as artes decorativas.

Pintura

Na Casa-Museu Teixeira Lopes podem encontrar-se obras de pintores portugueses como Vieira Portuense, Vieira Lusitano, Domingos Sequeira, Silva Porto, Sousa Pinto, Marques de Oliveira, José Malhoa, Veloso Salgado, António Carneiro e Acácio Lino; assim como de estrangeiros: Gustave Doré, Jean-Baptiste Pillement, João Glama Ströberle, Auguste Rodin, entre outros. Nas Galerias Diogo de Macedo: Abel Salazar, Sarah Afonso, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Amadeo Modigliani, Francisco Franco de Sousa, Emérico Nunes, Joaquim Lopes, Domingos Sequeira, Heitor Cramez, Frederico Aires, José Tagarro, Manuel Bentes, Milly Possoz, Diego Rivera, Dominguez Alvarez, Álvaro de Brée, Salvador Barata Feyo e Leopoldo de Almeida.

Escultura

Encontra-se, na Casa-Museu, a vasta obra de António Teixeira Lopes, assim como obras de Soares dos Reis, Francisco de Oliveira Ferreira, José Sousa Caldas, José Maria Sá Lemos, Carlos Meireles e Manuel Teixeira Lopes. Nas Galerias Diogo de Macedo: esculturas do próprio artista e de Correia Dias, Salvador Barata Feyo, Álvaro de Brée, Victor Brecheret, Fernando Caldas, José Maria Sá Lemos, Júlio Pomar e Manuel Teixeira Lopes.

Artes decorativas

Podem contar-se centenas de peças vindas das diferentes fábricas gaienses de cerâmica como a Fábrica das Devesas, a Fábrica do Carvalhinho, a Fábrica do Cavaquinho, a Fábrica da Afurada, a Fábrica de Santo António do Vale de Piedade, a Fábrica da Fervença, a Fábrica da Bandeira, a Fábrica de Louça do Senhor d'Além, a Fábrica da Torrinha, a Fábrica do Cavaco, a Fábrica Pereira Valente e a Fábrica de Cerâmica Soares dos Reis. Por seu lado, a coleção de artes decorativas das Galerias Diogo de Macedo reúne peças dos séculos XVI a XX, tais como figuras de presépio de Machado de Castro, marfins indo-portugueses, porcelanas brancas chinesas, bronzes de Macau, mobiliário holandês e italiano, cerâmica da Companhia das Índias, das Caldas da Rainha e de Estremoz.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

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Biografia António Teixeira Lopes - Universidade do Porto

António Teixeira Lopes nasceu em Vila Nova de Gaia a 27 de Outubro de 1866, numa modesta casa próxima da Fábrica Cerâmica das Devesas. Era filho de José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918), ceramista e escultor, e de Raquel Pereira Meireles Teixeira Lopes, naturais da freguesia de São Mamede de Ribatua do concelho duriense de Alijó. Foi batizado a 12 de Novembro de 1866, na Igreja Matriz de Santa Marinha, tendo por padrinho o industrial António de Almeida Costa.

Iniciou a aprendizagem de escultura na oficina paterna e teve o seu primeiro emprego na Fábrica de Cerâmica das Devesas.

Em 1881, numa visita com pai à I exposição coletiva do Centro Artístico Portuense, no Palácio de Cristal, descobriu a sua vocação, quando viu a escultura Flor Agreste de Soares dos Reis.

No ano seguinte ingressou na Academia Portuense de Belas Artes, sem, no entanto, deixar de trabalhar. Nesta escola foi aluno dos mestres Marques de Oliveira e Soares dos Reis.

Depois de terminar o curso, em 1884, com a classificação de dezassete valores, concorreu ao pensionato em Paris, em 1885, mas estranhamente perdeu o concurso para Tomás Costa. Apesar deste contratempo, acabou por prosseguir os estudos na cidade luz, na companhia de José de Brito. António beneficiou de uma subscrição particular para estudar Escultura, enquanto José detinha uma bolsa do rei, para o aperfeiçoamento de Pintura. O seu pai acompanhou-o.

Em Paris recebeu ensinamentos de Paul Berthet e no Salon admirou as obras de Rodin, Merci, Falguière e Barrias. Frequentou a Escola de Artes Decorativas, dirigida por Gautier, mas o ensino aí praticado desiludiu-o. Por esse motivo realizou as provas de admissão às Belas-Artes, nas quais se classificou em primeiro lugar. Inscreveu-se então no curso de Escultura, onde teve aulas com Matias Duval e Ivan. Em 1886 alcançou um primeiro prémio num concurso de ronde-bosse e fez férias em Portugal.

De volta à capital francesa participou no Salon com Retrato de criança, em 1887. No ano seguinte repetiu a experiência com Ofélia e o botão de Rosa. Em 1889 ganhou menções-honrosas com as obras Comungante e Caim, e com A Viúva obteve uma medalha de ouro de terceira classe, no Salon de 1890. No Salon de 1891 apresentou Criança napolitana, no de 1892 os bustos da Condessa de Valenças e de Madame Michon, e no de 1893 expôs a versão em bronze de A Viúva, obra que em 1896 recebeu uma medalha de ouro em Berlim.

As suas influências artísticas foram predominantemente francesas mas também seguiu a escultura de Donatello.

Em 1891 estreou-se a expor individualmente no Palácio da Bolsa, no Porto, lugar onde voltou a mostrar a sua obra com Veloso Salgado, em 1892. Nos anos seguintes continuou a expor, também em Lisboa, e a sua obra foi novamente premiada.

Em 1893 o escultor casou com Adelaide Fontes. Mas este enlace durou apenas um dia, após o qual devolveu a esposa à família. Mais tarde, a partir de 1903 desenvolveu uma relação mais feliz com Aurora, a sua principal modelo.

O sucesso alcançado pelas suas obras permitiu-lhe contactar e conviver com a nobreza, nomeadamente com o rei D. Carlos e o seu irmão D. Afonso, e com a duquesa de Palmela, camareira de D. Amélia que lhe encomendou uma escultura da Rainha Santa, em 1895, destinada a Santa Clara-a-Nova de Coimbra.

Nesse ano, o seu irmão, José Teixeira Lopes (1872-1919), projetou a seu pedido uma Casa-Atelier, na Rua Marquês Sá da Bandeira, no centro de Vila Nova de Gaia, solenemente inaugurado a 27 de Junho de 1896, com a exposição da estátua de madeira pintada da Rainha Santa.

Em 1897 recebeu do Brasil uma grande encomenda. Foi incumbido de produzir as três portas da Igreja de Nossa Senhora da Candelária, do Rio de Janeiro.

Entre 1899 e 1904 executou três obras de inegável qualidade e impacto: o monumento fúnebre de Oliveira Martins - A História - para o Cemitério dos Prazeres, em Lisboa; o monumento de homenagem ao horticultor e floricultor José Marques Loureiro, colocado no Jardim da Cordoaria, no Porto e composto por uma alegoria, a Flora, e um busto do homenageado; e o monumento de Eça de Queiroz, para o Largo Barão de Quintela em Lisboa.

Em 1900 criou Santo Isidoro e uma Agricultura para a Exposição Universal de Paris. Nessa exposição expôs também A Dor, A História e Raquel, tendo obtido um grand prix e a condecoração de Cavaleiro da Legião de Honra.

O triunfo em Paris fortaleceu o seu sucesso e fez dele o sucessor natural de Soares dos Reis. Por isso, em 1901 assumiu o lugar de professor da academia portuense, que manteve até 1936 (ano da sua jubilação), embora tenha, temporariamente, sido interrompido entre 1916 e 1918.

A sua carreira, no entanto, não se fez somente de sucessos. O escultor lamentou a perda do concurso para o monumento do Infante D. Henrique, a projetar na praça portuense do mesmo nome, ganhou pelo eterno rival Tomás Costa, e o chumbo da sua proposta para a imagem de Nossa Senhora de Fátima, preterida pela obra do santeiro José Ferreira de Tedim também não o deixou indiferente.

Em 1933, a Casa-Atelier de Teixeira Lopes foi doada à Câmara Municipal de Gaia, com a condição de o artista residir até ao fim dos seus dias.

Morreu em São Mamede de Ribatua, no dia 21 de Junho de 1942.

O testamento de 1939 fez seu principal herdeiro o sobrinho José Marcello Teixeira Lopes, filho do irmão José e de Joana Maria Emília Bégaut. Naquele documento também constituía como herdeiras as irmãs (Adelaide, Emília e Maria Raquel), outros dois sobrinhos (António Júlio e Manuel Ventura Teixeira Lopes), a cunhada Emília Ernestina, determinou que se entregassem 3 contos à Academia de Belas Artes do Porto, para premiar anualmente o melhor aluno de escultura, e contemplou ainda o caseiro das propriedades durienses, Joaquim Manuel de Castro, as serviçais da casa de Gaia, e os pobres das freguesias de Mafamude e de São Mamede de Ribatua a quem doou 1000$00.

Fonte: Universidade do Porto. Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

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A vida de António Teixeira Lopes – Proximarte

Com uma carreira que se iniciou ainda nas últimas décadas do século XIX e que perdurou durante praticamente toda a primeira metade do século XX, o escultor António Teixeira Lopes afirmou-se como um dos maiores artistas da sua geração, espalhando as suas obras um pouco por todo o país e pelo estrangeiro.

De alma e coração dedicado à família e à arte, rodeou-se de obras que iriam evocar a sua geração, mas também os seus amigos e valores. É sobre ele o presente texto, marcado por uma abordagem à sua vida familiar, académica e de mérito.

António Teixeira Lopes nasceu a 27 de Outubro de 1866, em Vila Nova de Gaia, cidade onde viviam os seus pais, José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918) e Raquel Pereira Meireles (1841-1912), naturais de São Mamede de Ribatua. Era em Gaia que o chefe da família trabalhava, na Fábrica da Cerâmica das Devesas, da qual foi sócio-fundador, juntamente com António de Almeida Costa, que viria a ser padrinho de António.

José Joaquim era escultor e ceramista e isso fez com que António tivesse, desde logo, um contacto muito próximo com a arte, sendo que a sua vertente artística se manifestou desde cedo, algo que se acentuou quando o pai o retirou da escola e decidiu ensiná-lo na Fábrica, ao mesmo tempo que dava oportunidade ao filho de ser criativo. Começou a trabalhar a cerâmica e do Brasil chegaram encomendas de olhos de bonecas que António produzia e a que atribuía muito detalhe.

Não foi, porém, até 1881 que António Teixeira Lopes se decidiu em relação ao que queria fazer profissionalmente. Com uma exposição-bazar, promovida pelo Centro Artístico Portuense, dirigido pelo também escultor António Soares dos Reis (1847- 1889), que teve lugar no Palácio de Cristal, António percebeu que o seu propósito na vida era trabalhar o mármore. Esta exposição mostrava vários tipos de trabalhos, nomeadamente escultura e pintura, marcados pelas influências de Paris e de Roma devido aos artistas que de lá voltavam. Tal como confessou mais tarde, foi a obra Flor Agreste do escultor Soares dos Reis, que viria a ser seu Mestre, que mais o marcou e lhe deu a entender qual o caminho a seguir.

Assim, decide que no início do ano de 1882 se iria inscrever na Academia de Belas Artes do Porto, para ter a oportunidade de ser aluno de Soares dos Reis. Começou por frequentar aulas de Desenho, com Marques de Oliveira (1852- 1927), de modo a adquirir as aptidões necessárias a prestar provas para o ingresso na Academia e, mais importante, nas tão ansiadas aulas de Escultura, algo que consegue após três meses.

Em 1884 consegue distinção nos exames de terceiro ano de Desenho e Escultura, obtendo a classificação de 17 valores no segundo.

É também neste ano que concorre ao concurso de pensionistas para Paris, o qual perde para Tomás Costa (1861-1932), mas, com a ajuda da família, consegue seguir o caminho para a cidade francesa em Maio de 1885.

O concurso de entrada à Academia de Belas Artes de Paris acontece em Julho do mesmo ano e Teixeira Lopes fica em primeiro lugar com uma classificação de vinte pontos, tendo entrada directa para a Academia. Aqui, foi aluno de Pierre-Jules Cavelier (1814-1894) e Louis Ernest Barrias (1841-1905), na cadeira de Escultura, e de Mathias Duval (1844-1907), em Anatomia.

Enquanto estudante em Paris, António Teixeira Lopes obteve sempre boas classificações e conseguiu participar em vários concursos, como a Ronde-Bosse de 1886, que venceu ao apresentar Academia, e o tão aclamado Salon, onde conseguiu expor logo à primeira tentativa, em 1887, apresentando Orfão e Teresinha. Embora seguro das suas capacidades, teve medo de não ser aceite e apesar de, na exposição final, considerar a primeira obra mal colocada, aproveitou esta oportunidade para saber que aspectos melhorar. Depois da participação de 1887, expõe mais 6 anos consecutivos com obras como Ofélia, A Infância de Caim, A Viúva, entre outras.

É em 1887 que decide alugar um atelier na Rua Denfert-Rochereau e assim começa a relacionar-se com vários artistas portugueses, como Carlos Reis (1863-1940), Marques da Silva (1869-1947) e Veloso Salgado (1864-1945), sendo que o pintor veio a ser um dos seus amigos mais próximos por toda a vida. Pode salientar-se o facto de Salgado ter ganho um prémio no Salon de 1889 ao apresentar um retrato de Teixeira Lopes nesse mesmo atelier, sendo a única imagem que existe do interior do mesmo.

Mesmo ao estudar e ao expor constantemente em Paris, António Teixeira Lopes vinha regularmente a Portugal, aproveitando para mostrar algumas das suas obras. Podem destacar-se as seguintes exposições:

• 1890, primeira exposição individual em Portugal realizada na Associação Comercial do Porto, onde expõe Caim, Conde de S. Bento, A República, entre outras obras;

• 20 de agosto de 1892, exposição com Veloso Salgado no Salão Norte do Ateneu Comercial do Porto;

• 1893, Exposição Industrial e Agrícola de Vila Nova de Gaia.

No entanto, essas visitas ao seu país Natal não se faziam só de trabalho e exposições. Como grande homem de família, Teixeira Lopes fazia questão de passar o maior tempo possível com os seus, tanto em Vila Nova de Gaia como na casa de família em São Mamede de Ribatua, conhecida como Quinta Vila Rachel. Os pais e os irmãos tiveram sempre uma importância inigualável na sua vida, sendo objecto de uma grande dedicação por parte do escultor.

Teixeira Lopes regressa definitivamente a Portugal no ano de 1894, mas em 1900 volta a Paris com o seu pai e ambos participam na Exposição Universal de Paris. Sendo que decidiu manter o seu atelier na cidade francesa, dispunha ainda de um espaço que lhe permitiu terminar a execução das obras nos dias anteriores à Exposição. António expõe 6 obras, entre as quais Dor, História e Santo Isidoro, sendo galardoado com o Grand-Prix, e o seu pai expõe Carro de Bois e Agricultura, recebendo uma medalha.

Ainda em 1894, vivendo com algum desafogo económico devido à encomenda do túmulo de João Henrique Andresen, decide construir um espaço para trabalhar e morar em Vila Nova de Gaia, cidade escolhida devido à sua centralidade e por permitir fácil acesso à matéria-prima. O projecto desta casa-atelier é do seu irmão e arquitecto, José Joaquim Teixeira Lopes Júnior (1872-1919), com quem colaborou em várias obras, como o túmulo de Almeida Garrett, o Monumento La Couture, o Portal do Museu Militar, entre outras.

Este espaço, conhecido hoje como Casa-Museu Teixeira Lopes, foi doado pelo escultor à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia no ano de 1933, concretizando o seu desejo de ver a sua casa aberta a todos. Podemos nomear três motivos principais para esta doação: o de António Teixeira Lopes não ter descendência e temer uma separação e perda dos seus bens entre os familiares mais directos; a já referida vontade de tornar este um espaço que toda a gente pudesse visitar; a conservação do seu espólio. É nomeado director-conservador da Casa-Museu, recebendo um ordenado mensal vitalício de quatro mil escudos, podendo habitar a casa, tratar as peças e a sua disposição no espaço de acordo com a sua vontade, bem como realizar visitas guiadas a quem aparecesse.

Nas salas desta casa, António Teixeira Lopes recebia não só os seus familiares como amigos e ainda algumas das personalidades mais distintas da época, como Veloso Salgado, a actriz Italia Vitaliani, a violoncelista Guilhermina Suggia, Ramalho Ortigão e ainda a Rainha D. Amélia.

Foram também muitas as condecorações, medalhas e nomeações que recebeu ao longo da sua vida, não apenas de Portugal, mas de França e Espanha também. A Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada em 1934, a Medalha de Honra da Cidade do Porto em 1936, o grau de Comendador da Legião de Honra em 1918 e 1935 e o grau de Cavaleiro e de Oficial do Governo Francês em 1901 e 1906 são algumas a destacar.

Para além do seu trabalho como escultor, António Teixeira Lopes foi professor da Cadeira de Escultura na Escola de Belas Artes do Porto, cargo que ocupou a partir de 1901 por nomeação no Decreto do Diário de Governo de 24 de Outubro, tendo substituído António Soares dos Reis. O seu percurso como docente foi irregular, tendo abandonado o cargo por duas vezes, a primeira entre 1916 e 1918 e a segunda entre 1929 e 1932. Quando voltou ao ensino em 1932, foi novamente nomeado para o cargo no Diário de Governo de 15 de Março deste ano, ocupando o lugar até atingir o limite de idade, setenta anos, em 1936.

Em 1916 assumiu a presidência da Sociedade Portuense de Belas Artes, fundada por artistas como Guedes de Oliveira (1865-1932) e Marques da Silva em 1898.

Antes da sua morte, legou à Academia uma verba para que anualmente fosse atribuído o prémio “Teixeira Lopes” a quem se revelasse o melhor aluno de escultura. Esta vontade de ajudar o próximo foi algo que o caracterizou durante toda a sua vida, sendo que foram várias as angariações de fundos que organizou para apoiar os mais desfavorecidos, principalmente as crianças.

No início de 1942, retira-se para a sua casa de família em São Mamede de Ribatua, local onde acabaria por falecer a 21 de Junho do mesmo ano, com 76 anos.

António Teixeira Lopes trabalhou até que o corpo lhe não mais permitisse e, por isso, o seu legado continua vivo nos dias de hoje.

Fonte: Proximarte, "A vida de António Teixeira Lopes". Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

A obra de António Teixeira Lopes | Proximarte

A emoção com a qual António Teixeira Lopes carregava as suas obras valeu-lhe uma carreira artística repleta de um sem fim de encomendas. Provenientes de todo o país, mas também do estrangeiro, são muitos os espaços marcados pelas peças do escultor português. A vontade de celebrar as pessoas e as histórias que fizeram o país e o mundo deu lugar a um trabalho que só se findaria aquando a vida.

António Teixeira Lopes trabalhou sobretudo por encomenda, algo que aconteceu logo desde os seus primeiros anos enquanto ser artístico, quando colaborava com o pai, José Joaquim Teixeira Lopes, na Fábrica de Cerâmica das Devesas. Nessa altura, eram os olhos de cerâmica que fazia que puxavam a maior admiração por parte de quem encomendava e comprava. Os olhos, que passaram a gesso, bronze e mármore, iriam ser sempre uma parte marcante das suas peças. Mas já lá vamos.

Avançando um pouco no tempo e concentrando-nos numa altura em que Teixeira Lopes era já um escultor afirmado no meio artístico português, é possível destacar três tipos principais de obras que surgiam destas encomendas:

• retrato/homenagem a várias personalidades, como a Eça de Queiroz, Rafael Bordalo Pinheiro, Soares dos Reis, etc.;

• religioso, como Rainha Santa Isabel, Santo Isidoro, Nossa Senhora de Fátima;

• tumular, como o túmulo da Duquesa de Palmela, mausoléu da actriz Emília Eduarda, A Caridade, etc.

Fosse qual fosse a tipologia da obra a criar, há um elemento comum que as une a todas: a celebração de alguém ou algo que constituía importância para Portugal. Tendo ou não um ligação mais profunda com a pessoa ou o tema, o escultor gaiense sentia que era uma das suas funções, enquanto narrador de histórias em mármore e bronze, imortalizar estes elementos que contribuíram para levar mais além o seu país ou que eram fundamentalmente boas pessoas a lutar pelo bem de quem os rodeava.

Sendo que todas as suas obras se focam na figura humana, o seu processo de trabalho exigia que alguém posasse para ele. No caso de figuras conhecidas, como as já mencionadas acima, Teixeira Lopes pedia aos próprios representados que se dirigissem ao seu atelier; se fosse caso de representar alguém já há muito desaparecido ou um marco religioso ou até emocional, procurava por alguém que se assemelhasse o mais possível à ideia que tinha para a obra. A escultura da Rainha Santa Isabel (na imagem acima), encomendada pela Rainha D. Amélia, integra-se neste último exemplo, sendo que para além de uma modelo, o escultor fez ainda uma investigação exaustiva em textos e contos, para assim conseguir também captar a essência da mulher que ficou conhecida pelo Milagre das Rosas.

Essa vontade de captar para além do que os olhos vêem é também muito característica do trabalho de Teixeira Lopes e por isso as suas obras são marcadamente manifestas de uma grande emoção que trespassa o material trabalhado. Caim, obra realizada ainda durante os seus anos na Academia Francesa, é uma das suas peças mais conhecidas exactamente por isso. Esta figura bíblica aparece-nos em repouso e à espera de algo. Conseguimos perceber cada detalhe do corpo desta criança, mas são os olhos que nos fitam de lado que revelam o peso da sua história. Um olhar de desafio que não mostra medo, que nos atravessa e perturba.

Também A Caridade e A Viúva são exemplo deste olhar que nos conta mais para além do que o corpo e a legenda nos mostram. A primeira mostra-nos uma mulher que segura duas crianças ao colo. Como o nome indica, está relacionada com a vontade de ajudar quem mais precisa e os seus olhos mostram-nos essa preocupação com os mais frágeis ao mesmo tempo que indicam esperança no futuro. É um olhar doce, materno e preocupado. Já A Viúva, que se insere nas obras de cariz trágico que Teixeira Lopes tanto trabalhou, é acompanhada de uns olhos que mostram exactamente essa dor, esse medo do vazio que ficou pela perda do marido e por tudo aquilo que lhe cabe agora a ela continuar. Um olhar cabisbaixo, que acompanha a inclinação da cabeça e do corpo, do qual cai uma lágrima e que parece revelar uma vontade de desistir, como se não houvesse nada mais por que valesse a pena viver.

No que toca às obras de personalidades da sua época, a imaginação ficava um pouco de lado, dando lugar a uma vontade máxima de representar com absoluto pormenor quem era a pessoa em questão. Os retratados, como já referiam, deslocava-me -se ao seu atelier ou o próprio Teixeira Lopes viajava para conseguir algumas sessões de pose. Em casos como de António Soares dos Reis ou Rafael Bordalo Pinheiro, que já tinham falecido aquando o início da obra, o escultor reunia fotografias e pedia a familiares e amigos que descrevessem o objecto do seu trabalho. Desta forma, poderia garantir a tal veracidade interior e emocional que caracterizava a pessoa. Não interessa mostrar só o aspecto físico; quem vê a peça final tem que sair da sua frente com uma ideia do traço de personalidade que construía o indivíduo.

Com este tipo de trabalho, a atenção ao pormenor era essencial. Já foram referidos os olhos que contam histórias e a vontade de ser o mais fiel possível ao representado, mas falemos agora das vestes. Os tecidos que Teixeira Lopes imortaliza no mármore e no bronze são apresentados como se estivessem efectivamente a ser usados. Panejamentos que acompanham e se colam às linhas de cada corpo, deixando transparecer estes volumes. Vincos que aparecem nos sítios certos e que contribuem para dar a dimensão de movimento à peça: pernas que andam, braços que se elevam, torsos que se torcem. Por aqui e por ali há as marcas normais que a roupa acumula ao longo do dia pelo uso, conferindo uma maior vivacidade às esculturas.

Sobre isto há que referir que Teixeira Lopes era, como dá para constatar, muito zeloso nos estudos que fazia dos tecidos, sendo que no seu atelier tinha panos que moldava a esboços de barro e gesso após ver como estes caiam no corpo de quem para si posava. Todo este cuidado permite que as personagens e personalidades se vistam de fluidez e que façam o peso dos materiais usados parecer leves como uma pena ou, lá está, um tecido.

Mas falar da obra deste escultor português não se pode extinguir nestes três focos temáticos, sendo que podemos ainda adicionar um quarto ao conjunto dos seus trabalhos. Refiro-me ao tema da criança, trabalhado por Teixeira Lopes com especial carinho durante toda a sua vida, tanto para ajudar à construção de um tema, como acontece, por exemplo, com as já mencionadas A Viúva e A Caridade, ou simplesmente para mostrar as várias expressões e facetas das crianças, como podemos ver em obras como Três Meninos a Lutar, Menino Dormindo, Isabel, etc. Da calma à tempestuosidade dos comportamentos inesperados que os mais pequenos têm, o escultor português registou de tudo um pouco.

Fazendo parte de uma família numerosa e estando constantemente rodeado de amigos e seus familiares, as crianças foram sempre parte integrante do seu dia e, nos dias de hoje, é possível vê-las a habitar todos os espaços da Casa-Museu Teixeira Lopes. Embora a maior parte não seja de cariz de arte pública, foram estas peças que acabaram por habitar a casa de muitos dos seus colegas, quando decidiu fazer reproduções para vendas ou trocas.

Como já referido, as suas encomendas vieram também de além do território português, chegando, por exemplo, do Brasil, com obras como as Portas da Candelária, que realizou para a Igreja de Nossa Senhora da Candelária no Rio de Janeiro, obra terminada em 1900 no seu atelier em Paris de onde as portas partiram, sendo inauguradas em 1901. Também a obra General Bento Gonçalves, inaugurada em 1909 na Praça Tamandaré no Rio Grande do Sul, foi para solo brasileiro e mostra, uma vez mais, a admiração que existia em relação a António Teixeira Lopes pelo mundo fora.

Num ponto um pouco mais perto de casa, há que destacar o Monumento a La Couture, no qual o escultor presta homenagem aos soldados portugueses que participaram na Batalha de La Lys, em 1918, assinalando a presença de Portugal na Primeira Guerra Mundial. O monumento, que se encontra exactamente em La Couture, foi inaugurado em 1928, de forma a marcar o décimo aniversário do evento. António Teixeira Lopes foi sempre muito sensível a estas questões de vidas em risco e por isso, no meio das ruínas de uma catedral gótica, representa a figura da Pátria encoraja o soldado perante a morte que o tenta apanhar. Novamente uma obra repleta de carga trágica e que apela à reflexão e que foi construída apenas com mão-de-obra portuguesa.

No caso do Monumento a La Couture, tal como em muitas outras, Teixeira Lopes contou com a ajuda de um arquitecto, neste caso o seu sobrinho António Júlio Teixeira Lopes, filho do seu irmão José também arquitecto. Dos trabalhos com José podemos destacar o Túmulo a Almeida Garrett. Este deveria ser colocado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e por esse motivo os irmãos Teixeira Lopes desenharam-o em estilo Manuelino. Já na fase final do projecto, houve a decisão de trocar o Mosteiro pela Igreja de Santa Engrácia (o Panteão Nacional, também em Lisboa), mas António e José recusaram a mudança, pois consideraram que haveria um choque artístico entre a estética específica do túmulo em pedra com o interior marmoreado do Panteão. Assim sendo, o túmulo acabou por ficar no jardim da Casa-Museu, onde ainda pode ser visto actualmente. Também aqui os irmãos revelaram o investimento que faziam com a ideia de representar o homenageado da melhor forma e por isso as laterais do túmulo remetem para títulos de livros e textos do escritor português e com detalhes manuelinos que fariam a ligação com a plástica que se fazia sentir no Mosteiro dos Jerónimos.

Dentro deste grupo das obras rejeitadas podemos ainda incluir o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, maquete que Teixeira Lopes criou para o concurso de uma obra a erigir na Rotunda da Boavista. A sua proposta ficou em segundo lugar. Noutro espectro temos Nossa Senhora de Fátima, uma encomenda feita directamente ao escultor e que, embora tenha sido terminada, não está no local para o qual se destinava. As fiéis, que queriam uma imagem para colocar na basílica a erguer na Cova da Iria, consideraram a obra de Teixeira Lopes demasiado humana. A sua curvatura quase em penitência e os olhos (novamente os olhos) que se apresentam voltados para baixo foram características consideradas pouco divinas; a Nossa Senhora estava, assim, no mesmo patamar de quem lhe rogava.

É esta humanidade aqui criticada que liga todas as obras do escultor gaiense. A mármore e o bronze ganham vida e tornam os sentimentos, os gestos e as personalidades absolutamente visíveis e palpáveis. Mesmo sem saber o título de uma peça conseguimos perceber um pouco do que ela nos quer transmitir.

Assim se caracteriza a obra de António Teixeira Lopes, que não se fixa num estilo específico a não ser no dele próprio. Um toque do Naturalismo e do Romantismo que se liga com a linguagem clássica que marcava a época, mas acima de tudo que transpira com a emoção que o escultor queria transmitir. E tal como o próprio dizia "Sairá da alma e não do cérebro uma obra que emocione".

Nem sempre de vitórias se construiu a carreira artística de Teixeira Lopes, mas é inegável a presença que este tem pelo país. Seja numa rua, num jardim, num museu ou num cemitério é muito provável que já se tenham cruzado com uma das suas obras.

Os finais do século XIX e a primeira metade do século XX, mas também muitos outros momentos e personagens da História, viram-se representar pelas mãos deste escultor que devotou a sua alma e a sua vida à Escultura.

Fonte: Proximarte, "A obra de António Teixeira Lopes". Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

Crédito fotográfico: Proximarte, "A vida de António Teixeira Lopes". Consultado pela última vez em 18 de novembro de 2022.

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