Carlos Oswald (Florença, Itália, 18 de outubro de 1882 — Petrópolis, RJ, 14 de fevereiro de 1971) foi um pintor, desenhista, gravador, decorador, escritor e professor italo-brasileiro. Gradua-se como físico-matemático em 1902, pelo Instituto Galileo Galilei, em Florença. No ano seguinte, ingressa na Accademia di Belle Arti di Firenze. Viaja para o Brasil pela primeira vez em 1906 e realiza no Rio de Janeiro a primeira exposição individual no país. Retorna à Europa em 1908, estuda gravura com o americano Carl Strauss em Florença e viaja para Munique, onde aprende a técnica da água-forte. Em 1911, participa da decoração do pavilhão do Brasil, na Exposição Internacional de Turim. Faz a segunda viagem ao Rio de Janeiro em 1913 e realiza uma exposição com Eugênio Latour (1874 – 1942) na Escola Nacional de Belas Artes – Enba. É nomeado, no ano seguinte, professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e efetivado em 1930. Nesse ano, faz o desenho final do Monumento ao Cristo Redentor. A obra é executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875 – 1961) e instalada no Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, em 1931. A partir de 1946, ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas – FGV. Publica, em 1957, a autobiografia Como Me Tornei Pintor.
Biografia Carlos Oswald | Wikipédia
Carlos Oswald (Florença, 18 de outubro de 1882 — Petrópolis, 1971) foi um pintor, desenhista, gravador, decorador, escritor e professor registrado como brasileiro no Vice Consulado do Império do Brasil, em Florença.
Biografia
Filho primogênito do compositor brasileiro Henrique Oswald e de Laudômia Bombernard Gasperini (de origem francesa e toscana), além de ter sido o responsável pelo desenho final do Cristo Redentor, monumento que se encontra na cidade do Rio de Janeiro, no morro do Corcovado, foi o precursor da gravura no Brasil. Mestre de famosos artistas, como Fayga Ostrower e Poty Lazzarotto, Carlos Oswald deixou extenso legado de obras primas. Parte delas, se encontram no acervo do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Detalhes da sua vida foram materializados nas 229 páginas do livro escrito por sua filha, Maria Isabel Oswald Monteiro, Carlos Oswald, 1882-1971: Pintor da luz e dos reflexos, publicado pela Casa Jorge Editorial no ano de 2000. Em 2007, o artista teve sua vida levada para as telas através do filme-documentário Carlos Oswald - O Poeta da Luz, dirigido por Regis Faria e com Fernando Eiras no papel de Carlos Oswald. A abordagem enfoca o grande descaso dos brasileiros com a arte e os artistas nacionais, além de revelar mais informações sobre a trajetória do renomado artista.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
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Biografia Carlos Oswald | Itaú Cultural
Gradua-se como físico-matemático em 1902, pelo Instituto Galileo Galilei, em Florença. No ano seguinte, ingressa na Accademia di Belle Arti di Firenze. Viaja para o Brasil pela primeira vez em 1906 e realiza no Rio de Janeiro a primeira exposição individual no país. Retorna à Europa em 1908, estuda gravura com o americano Carl Strauss (1873-1957) em Florença e viaja para Munique, onde aprende a técnica da água-forte. Em 1911, participa da decoração do pavilhão do Brasil, na Exposição Internacional de Turim. Faz a segunda viagem ao Rio de Janeiro em 1913 e realiza uma exposição com Eugênio Latour (1874-1942) na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). É nomeado, no ano seguinte, professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e efetivado em 1930. Nesse ano, faz o desenho final do Monumento ao Cristo Redentor. A obra é executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875-1961) e instalada no Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, em 1931. A partir de 1946, ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas - FGV. Publica, em 1957, a autobiografia Como Me Tornei Pintor.
Análise
Carlos Oswald tem uma produção bastante diversificada. Dedica-se à execução de paisagens e de naturezas-mortas, mas, como aponta o historiador da arte Quirino Campofiorito (1902-1993), os temas religiosos se impõem em sua pintura, sempre comprometidos com as características litúrgicas. Realiza ainda diversos trabalhos decorativos para o Palácio São Joaquim e Palácio Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro.
Pioneiro da gravura em metal (água-forte e água-tinta) no Brasil, sua obra permite afirmar o caráter expressivo da técnica. Em gravuras como Boi à Tarde, 1908, Carregando Madeiras, 1909 ou Bois Descansando, 1910, é possível observar o diálogo com as obras de artistas italianos como Giuseppe de Nittis (1846-1884) e Giovanni Fattori (1825-1908). Para Oswald, a gravura é a mais espiritual das artes plásticas, por ter como base a linha e o ponto, cuja imaterialidade possibilita a expressão de estados de alma artísticos.
Carlos Oswald é o responsável pela formação de novas gerações de gravadores no Brasil, como Poty (1924-1998), Darel (1924), Fayga Ostrower (1920-2001), Renina Katz (1926), Henrique Oswald (1918-1965) e Orlando DaSilva (1923).
Críticas
"A obra de Carlos Oswald tem sempre seu enfoque na forma. Mesmo na pintura em fases como os estudos de luz artificial (Retrato de Azeredo Coutinho) ou a Petropolitana (Rua em Petropólis), em que a cor é parte em destaque, a forma é importante na estrutura do quadro (...). Essa preferência já demonstrada quando troca o estudo musical pelo aprendizado numa escola de engenharia. Também constatamos a compreensão que se tem da forma quando faz desenhos para esculturas, em destaque os estudos em que se baseou a construção do monumento ao Cristo Redentor. Sendo assim, nada mais natural do que seu carinho pelo desenho e em especial pela gravura.
A forma verbal não lhe passa desapercebida, como podemos ver no escritor de Como me Tornei Pintor e no colaborador freqüente de jornais e revistas, sempre preferindo divulgar os primores da gravura". — Orlando DaSilva (CARLOS Oswald. Texto de Orlando DaSilva. Apresentação de Alcidio Mafra de Souza. Rio de Janeiro: MNBA, 1982).
"Demonstra-se um pintor com características muito pessoais, como, dentre brasileiros só se verifica com Eliseu Visconti, sempre disposto a estender uma obra com marcas vivas de artista inquieto e atento a atividades que não se restringissem ao manejo dos pincéis ou da modelagem. Visconti partiu para as artes industriais e valorizou-as como mister criativo. Carlos Oswald, senhor, também, de quanto a pintura oferece, dirigiu-se para as artes gráficas, que no Brasil continuavam a ter descrédito no paralelo com as artes tidas, ainda, como maiores. (...) Carlos Oswald rompe o preconceito e é o primeiro artista no Brasil a juntar gravura sobre metal ('água-forte' e 'água-tinta') aos afazeres mais legítimos da atividade artística. Desenvolve uma personalidade que não parou de demonstrar incontido entusiasmo profissional, ativando o sentimento criativo tanto na pintura como no desenho, na gravura e na ilustração, ao que se deve acrescentar a atividade literária em que muito se distendeu conhecimentos e idéias artísticas, particularmente no que concerne à arte sacra.
Sua longa permanência em Florença, onde tem formação toda sua condição de artista, lhe acentua as influências predominantes na parte de sua obra que se desenvolve até 1913. A partir de então, o que se pode chamar de período brasileiro estende-se num permanente evoluir que sempre o identifica entre os nossos maiores artistas. A forma como se define, igualmente, pintor, desenhista e gravador - absolutamente seguro nos três distintos terrenos - já o singuraliza na arte brasileira. Nenhum exemplo idêntico se encontra entre nossos artistas, até que Carlos Oswald se torne senhor das três técnicas, em todas realizando-se de modo decidido" — Quirino Campofiorito (CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. p. 263-264).
"A trajetória de artistas que sentiram a presença do simbolismo no primeiro vintênio do século, mas se encaminharam finalmente para uma predominância de soluções acadêmicas, pode ser representada por Carlos Oswald (...). Em telas a óleo fez Retrato de Azevedo Coutinho e Boi com Carro Vermelho (...), conhecidas obras em gama simbolista. Todavia nas decorações pictóricas, em edifícios, vai sobretudo realizar obras acadêmicas. Também da gravura forte de sua fase italiana declina para um academismo nos retratos e nas obras de sentimento religioso" — Walter Zanini (ZANINI, Walter, org. História geral da arte no Brasil. Apresentação de Walther Moreira Salles. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, Fundação Djalma Guimarães, 1983).
Depoimentos
"Certamente outro artista, mais cedo ou mais tarde, teria ocupado o meu lugar de pioneiro da gravura em princípio de 1900, mais o fato indiscutível é que fui eu a dirigir, iniciar, acompanhar até a maturidade o movimento da arte gráfica no Brasil. Disto me orgulho e seria uma falsa modéstia o querer ficar escondido e esquecido. Sei que em todo o mundo o despertar do interesse pela gravura nasceu e se desenvolveu no nosso século pelas razões que todos conhecem: 'sintetismo', em oposição à exagerada policromia dos pós-impressionistas; entusiasmo pela ressurreição desta arte que tinha sido morta pelos processos mecânicos derivantes da fotografia; o misterioso de seus efeitos de claro-escuro e sua técnica de feitio alquimista; sua prática que lhe facilitava a repetição em muitos exemplares e que a tornava uma arte mais harmoniosa com os nossos costumes democráticos; uma arte democrática, enfim; e, finalmente, seu caráter de novidade que fazia arregalar os olhos não só ao público em geral, mas à maioria dos próprios artistas quando se lhes falava de água-forte, ponta-seca, água-tinta, mezzotinta, talho-doce, xilografia, etc." — Carlos Oswald, 1957 (GRAVURA Brasileira/textos de Leon Kossovitc e Mayra Laudanna, Ricardo Resende; apresentação Ricardo Ribenboim. São Paulo: Cosac & Naify/Itaú Cultural, 2000, p. 38).
"Ao examinar a vida de meu pai, procurando abstrair minha condição de filha, admiro-me sempre não somente com a sua versatilidade, mas também com seu dinamismo. Seu diário permite-nos acompanhar dias riquíssimos de atividades, projetos e realizações, como também uma visão de conceitos de grande interesse. Habituado a registrar, ao fim do dia, tudo o que fizera, deixa-me por vezes perplexa ante a quantidade e diversidade de suas ocupações. Chego à conclusão que apesar de sua aparência franzina tinha saúde de ferro. Ou seria a fortaleza do espírito dominando o corpo e a mente? Nenhum gênero ele deixou de abordar, por vezes concomitantemente. Fez pintura mural e de cavalete, gravura, desenho e ilustrações, foi vitralista, professor e articulista, tudo isso sem deixar de manter uma intensa vida social freqüentando concertos, reuniões e exposições. E esteve sempre presente como pai em nossas vidas, embora suas atividades mais ainda se multiplicassem ao atender a qualquer chamado relativo a assunto de arte. Fez parte de comissões institucionais as mais diversas, interessando-se profundamente pelo que fazia, dando-se todo a qualquer empreendimente com o qual resolvesse colaborar. Quem o conhecesse socialmente não faria idéia da profundidade de sua vida religiosa. Dela não falava. Falavam as obras. Aceitava as pessoas como eram, não pretendia transformar ninguém nem procurava incutir nos outros suas próprias convicções. Isto não quer dizer que não gostasse, e muito, de uma polêmica sobre arte, quando se inflamava mostrando todo o ardor do sangue italiano, como citou Manuel Bandeira" — Maria Isabel Oswald Monteiro (MONTEIRO, Maria Isabel Oswald. Carlos Oswald (1882-1971): pintor da luz e dos reflexos. Rio de Janeiro: Casa Jorge Editorial, 2000, p. 159).
Exposições Individuais
1904 - Florença (Itália) - Individual
1906 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Escola de Música
1906 - Roma (Itália) - Individual
1907 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Rua Chile
1910 - Munique (Alemanha) - Individual
1911 - Paris (França) - Individual
1917 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Jorge
1918 - São Paulo SP - Individual, na Rua Libero Badaró, 111
1920 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Jorge
1938 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Heubergen
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
Exposições Coletivas
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 2º grau
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 1º grau
1911 - Paris (França) - Salão de Artes de Paris
1911 - Turim (Itália) - Exposição Internacional de Turim
1912 - Florença (Itália) - Coletiva - Prêmio Província de Firenze
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de bronze
1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - pequena medalha de ouro
1913 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald e Eugênio Latour, na Enba
1914 - Rio de Janeiro RJ - 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1915 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1916 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - grande medalha de prata
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Carioca de Gravura a Água-Forte
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rosário (Argentina) - 11º Salão de Arte do Rosario, na Comisión Municipal de Belas Artes
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald e Hans Steiner, na Galeria Ibeu Copacabana
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição de Arte Brasileira, na Burlington House
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Religiosa, no MNBA
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Victory Art Gallery
1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1958 - Rio de Janeiro RJ - O Trabalho na Arte, no MNBA
1969 - Ouro Preto MG - Salão de Ouro Preto
Exposições Póstumas
1971 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Aliança Francesa
1972 - Petrópolis RJ - Individual, Salão Wim van Dijk
1974 - São Paulo SP - Mostra da Gravura Brasileira, Fundação Bienal
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Cesar Aché
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu Nacional de Belas Artes
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Fundação Biblioteca Nacional
1978 - São Paulo SP - Carlos Oswald: gravuras e desenhos, Graphus Galeria de Arte
1979 - Curitiba PR - 2ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, Centro de Criatividade
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Museu Nacional de Belas Artes
1981 - Washington (Estados Unidos) - A Pionner of Printmarking in Brasil, Brazilian-American Cultural Institute
1982 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald: cem anos, Museu Nacional de Belas Artes
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, PUC/RJ. Solar Grandjean de Montigny
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, Museu de Arte Moderna
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, Museu de Arte Moderna
1983 - São Paulo SP - Carlos Oswald: gravuras de várias épocas, Museu Lasar Segall
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Porto Alegre RS - Gravuras: uma trajetória no tempo, Cambona Centro de Arte
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, Museu Nacional de Belas Artes
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal
1986 - Curitiba PR - 7ª Acervo do Museu Nacional da Gravura - Casa da Gravura, Museu Guido Viaro
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, Pinacoteca do Estado
1988 - Curitiba PR - Oswaldo Goeldi e Carlos Oswald - MNBA, Centro Cultural Palacete Leão Junior
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, Pinacoteca do Estado
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, Espaço Cultural da Unifor
1990 - Rio de Janeiro RJ - Ibeu: 1940-1990, Galeria Ibeu Copacabana
1991 - São Paulo SP - Projeto: 100 anos de Paulista, Casa das Rosas
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, Centro Cultural do Banco do Brasil
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, Pinacoteca do Estado
1994 -São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, Galeria de Arte do Sesi
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, Paço das Artes
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, Centro Cultural do Banco do Brasil
1998 - Rio de Janeiro RJ - O Rio Jamais Visto, Centro Cultural do Banco do Brasil
1999 - Rio de Janeiro RJ - Acervo do Solar Grandjean de Montigny, PUC/RJ. Solar Grandjean de Montigny
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Coleção Armando Sampaio: gravura brasileira, Centro de Artes Calouste Gulbenkian
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaugaleria
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaugaleria l
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, Instituto Cultural Banco Santos
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2005 - Campos dos Goytacazes RJ - Imagem Sitiada, Sesc
2005 - Petrópolis RJ - Imagem Sitiada, Galeria Sesc Petrópolis
2005 - Rio de Janeiro RJ - Imagem Sitiada, Galeria Sesc Copacabana
2010 - Porto Alegre RS - Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
2010 - São Paulo SP - Carlos Oswald 1882-1971: o resgate de um mestre, Caixa Cultural. Galeria da Paulista
2010 - São Paulo SP - Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas, Instituto Tomie Ohtake
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
Fonte: CARLOS Oswald. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 10 de junho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Carlos Oswald | Site Oficial
“Numa manhã, em Paris, saí para mandar emoldurar uma aquarela: abrindo a porta da Maison Boulanger, no Montparnasse, o vento desenrolou o embrulho e o meu trabalho caiu do outro lado do balcão. A mocinha funcionária da casa apanhou o papel e esticando os braços, afastou-o dos olhos para melhor apreciá-lo; inclinou a cabeça e disse sorrindo: Oh! la lumière!
É isto mesmo, penso eu agora, despertado pela lembrança daquele fato aparentemente insignificante, é isto mesmo o pintor: um indivíduo que tem a possibilidade de transformar um pedaço de papel amarrotado em lumière, em luz.” — Carlos Oswald, Sobre Pintura, Jornal do Commercio, 1963.
Carlos Oswald nasceu em Florença, Itália, aos 18 de outubro de 1882, filho primogênito do compositor brasileiro Henrique Oswald, e de Laudômia Bombernard Gasperini. Do pai, vem-lhe o sangue suiço-alemão (do avô Jean-Jacques Oschwald, que simplificou seu sobrenome para Oswald), e o italiano, da avó paterna Carlotta Luiza Horácia Cantagalli, nascida em Livorno. Da mãe, herda o sangue francês da avó, Maria Bombernard, e o toscano puro dos Gasperini.
Foi registrado como brasileiro no Vice Consulado do Império do Brasil em Florença e batizado com os nomes de Carlos Julião Jaime Ignacio Alexandre Maria na Basílica de S. João Baptista de Florença, igreja onde tambem foram batizados gênios como Giotto, Miguel Ângelo, Boticelli e outros artistas plásticos.
Teve quatro irmãos: Alfredo Mário Henrique Alberto Leão; Maria Carla Horácia Ana; Charlotte Marie Herminie, morta aos três anos de idade, e a caçula, Henriqueta Margherita.
Sua infância foi tranqüila. Faz os estudos preparatórios na “Scuole Pie” dos jesuitas. É aluno diligente, ganhando prêmios ao fim de cada ano e escolhendo o violoncelo como instrumento a ser estudado. Alfredo e as irmãs estudavam piano. Em ambiente absolutamente musical, Carlos acostumou-se a dormir todas as noites ao som do piano do pai, do canto da mãe, excelente contralto, e da música de câmara executada por músicos que freqüentavam a casa.
Henrique Oswald jamais deixou que afrouxassem os elos que o prendiam ao Brasil. Recebia sempre os brasileiros que passavam por Florença, como nos dá o depoimento do autor de “Ana em Veneza”, João Silvério Trevisan, quando nos conta da passagem de Alberto Nepomuceno pela casa dos Oswald em Fiesole, bairro de Florença onde nasceu Carlos. O padrinho de Carlos foi Ignacio Porto Alegre, filho de Manoel de Araujo Porto Alegre.
Carlos estuda violoncelo com o grande violoncelista florentino Cinganelli. Em breve, entanto, descobre não ser esta sua vocação. Era excessivamente tímido, o que prejudicava as apresentações em público. Entusiasma-se com os progressos das ciências, e resolve ser engenheiro. Em julho de 1898 submete-se ao primeiro exame para a admissão ao Instituto Técnico Galileu Galilei, que formava os futuros engenheiros. Cursa até o quarto ano, faltando um apenas para tornar-se engenheiro. Mas contenta-se com o diploma de físico-matemático, e resolve não atrasar mais sua verdadeira vocação, que reconhecia, não era nem música nem ciência, mas a pintura. Antes da resolução definitiva hesitou ainda; pensou em ser arquiteto, carreira que o seduzia, chegando a fazer estudos neste sentido. Inscreveu-se na Escola de Diplomacia (com vistas em uma carreira no Brasil, seu objeto de desejo maior) e até pensou em ingressar na Escola de Química. Mas a Arte reivindicou seus direitos, e ei-lo enfim matriculando-se na Academia de Belas Artes, onde seguirá o curso de modelo vivo.
Na Academia não somente todas as línguas eram faladas, visto para ela acorrerem estudantes de todo o mundo, mas também debatiam-se todas as correntes artísticas. Carlos então toma conhecimento, em primeiro lugar, dos “impressionistas”, (na Itália os “macchiaoli”, movimento impressionista independente do dos franceses). Na Academia freqüenta também a aula de pintura. Mais tarde abjurará seus métodos, defendendo a maior liberdade artística do aluno. Ouve também conselhos do pintor Odoardo Gelli, seu primeiro professor, “o grande apaixonado das cores”, faz cópias em museus e percorre os campos buscando uma que foi de suas grandes paixões, a paisagem.
Tendo seu pai Henrique Oswald fixado residência no Brasil, nomeado para o cargo de diretor do Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, Carlos começa a enviar quadros para serem expostos no Salão. Em 1904 consegue a “Menção Honrosa de 1º grau”, com ‘Paisagem à beira do Arno’.
Carlos percorre cidades da Itália: Veneza, San Gemigniano, Forte dei Marmi, importante em sua obra pelos estudos de bois que ali realizou e que usaria em quadros e painéis futuros. Em 1904 ganha no Salão deste ano a “Menção Honrosa de 2º Grau”, com outra paisagem: ‘Pinheiral em Viareggio’. Carlos resolve então expor no Brasil e para aqui parte pelo vapor “Minas Gerais” chegando em junho de 1906.
Sua emoção é profunda. Tendo no âmago de sua alma o sentimento da cidadania brasileira, é quando em contato com a cor e a luz de nossa Terra que expande sua arte, procurando na paisagem e nas pessoas realizar-se completamente como artista. Mora na Tijuca e de lá se desloca para conhecer toda a cidade. No Jardim Botânico descobre a palmeira, que será tema de futuras gravuras e quadros. Vai ao Corcovado, que mais tarde ajudará a coroar com a imagem do Cristo Redentor. Visita nossas igrejas barrocas, maravilhando-se e afirmando: “…neste gênero o Brasil atinge um nível superior a tudo que se executou neste período na Europa.” Conhece as praias e pinta o mar. Vai ao Campo de Sant’Ana e ao Passeio Público, pintando as centenárias figueiras.
Aqui pinta o autoretrato à maneira de Carrière, monocromático, que expõe no Salão de 1907. Já em 1906 recebera crítica favorável do Gonzaga Duque, conhecido crítico de arte, sobre seu quadro “O Violinista”.
Sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro dá-se no ano de 1907. As críticas são favoráveis e Carlos retorna revigorado a sua Florença para terminar o curso na Academia.
Já então pintor feito, Carlos começa a colher os primeiros resultados de seu trabalho. Vê quatro quadros seus serem aceitos na “Promotrice” de Florença, conceituada exposição anual que aceitava pintores de qualquer nacionalidade, sujeitos entretanto à avaliação.
Carlos viaja pela Itália, enriquecendo o próprio acervo de imagens, com a intenção de ampliar suas possibilidades. Absorve as novas tendências, que passariam pelo crivo de sua sensibilidade, na escolha de um estilo próprio.
Em 1908 começa a trabalhar no ateliê de Carl Strauss, agua-fortista americano de origem alemã. É quando descobre a gravura em metal, que seria uma paixão em sua vida. Visita a Alemanha, onde expõe e estuda, apresentando já uma técnica segura e definitiva.
Em 1910 é convidado pelo Governo do Brasil a decorar a “Sala de Música” do Pavilhão Brasileiro na Exposição Internacional de Turim. A seu lado, o que havia de mais representativo da arte brasileira: João e Arthur Timotheo da Costa, Carlos e Rodolfo Chambelland, Eugênio Latour, etc. Como os trabalhos deveriam ser executados em Paris, para lá parte ele, quando aluga uma sala para usar como ateliê e toma conhecimento de todas as vanguardas francesas. Sofre a influência do lionês Puvis de Chavanne cujo estilo o influenciaria daí por diante quando de execuções de murais. Esta exposição em Turim, de grande importância histórica para o Brasil, seria praticamente esquecida, pois foi toda desmanchada no término da mesma.
A família toda se transferiria em seguida para o Brasil pois Henrique Oswald fora oficialmente chamado a ocupar uma cátedra de piano no Instituto Nacional de Música (hoje Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro).
Em 1913 Carlos embarca com seu irmão Alfredo para o Rio de Janeiro, pensando ele em fazer exposições aqui e depois retornar a Florença, onde deixa inclusive um ateliê montado, e seu irmão Alfredo a cumprir contratos de uma série de concertos em que se apresentaria como pianista. Os dois pensavam em retornar logo à Europa, mas com o advento da lª Guerra Mundial, adiariam seus planos. Carlos integra-se à vida artistica do Rio de Janeiro, apresentando seus trabalhos em uma exposição em conjunto com o amigo Eugène Latour. Logo em seguida, sendo convidado para inaugurar a Oficina de Gravura do Liceu de Artes e Ofícios, da Sociedade Propagadora de Belas Artes, entidade quase centenária, resolve estabelecer-se definitivamente no Brasil, o que aliás sempre fora seu desejo maior.
Funda então o que viria a ser a “Escola Carioca de Gravura” a primeira do Brasil e que formaria excelentes gravadores. Daí por diante, Carlos passa a ser o grande difusor da Gravura, presente em todas as suas manifestações.
Casa-se em setembro de 1917 com Maria Gertrudes Menezes Bicalho, filha do engenheiro Francisco Bicalho, construtor do Cais do Porto do Rio de Janeiro, da nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, da abertura da Avenida Central, e outros grandes empreendimentos de nossa engenharia.
Maria Gertrudes, tratada por todos de Lilita, era gêmea, e teve em sua primeira gestação os gêmeos Francisco de Paula e Henrique Carlos, logo seguidos por Maria Isabel, José Lucas, Maria Beatriz, Maria Carlota, e Maria Thereza, totalizando em pouco tempo sete filhos. Lilita foi maravilhosa companheira por mais de cinqüenta anos, sempre atenta para que Carlos pudesse dedicar-se inteiramente ao seu trabalho.
Foi realmente a partir de 1918 que a carreira de Carlos se firmou. Grande êxito nas exposições realizadas, permitiram-lhe já em 1918 construir sua casa na Rua Piratini 78, mais tarde Carmela Dutra, onde residiu toda a vida, dividindo-a entretanto com a casa de Petrópolis, à Rua Carlos Gomes 42, comprada por seu pai e que ele compraria mais tarde das irmãs, fazendo tanto da casa da Tijuca como da de Petrópolis, um centro de expansão da Arte.
Em 1918 conhece o poeta Paul Claudel e seu secretário Darius Milhaud, desenvolvendo com ambos uma bela amizade. Fez de Milhaud, que se celebraria mais tarde na França como um dos elementos da música de vanguarda, integrando o Grupo “Les Six”, um retrato cubista, que levado para Paris fez muito sucesso.
Na primeira década do século, a pintura de Carlos é quase exclusivamente profana. São paisagens, naturezas mortas, retratos, composições com a figura da mulher. Seu nu “Estudo de reflexos”, premiado na Exposição Promotrice de Florença, hoje no Museu Nacional de Belas Artes, em estilo impressionista, dá bem idéia de sua pintura nesta época. Pinta também muito composições com a figura do boi que estudara em Forte dei Marmi, de onde nos vem o mármore de Carrara. Um dos mais conhecidos, também do acervo do Museu Nacional de Belas Artes, é o “Último Esforço”, óleo onde se vê bois no esforço de puxar um navio para a terra. Existe uma gravura com o mesmo tema, talvez das mais belas de sua obra.
Na segunda década do século, Carlos pinta sobretudo a mulher, mas aí já em seus afazeres domésticos, mais a mulher-mãe, a mulher-irmã, a mulher-esposa. E começa então a pintar seus primeiros quadros sacros: “Eu sou a Luz do Mundo”, seu primeiro Sagrado Coração de Jesus. Ele estava então no auge dos estudos sobre efeitos de luz, usando o resultado de suas pesquisas em quase todos os quadros pintados nesta época. Aliás era então conhecido como o pintor dos efeitos de luz, e a crítica o saúda por isto. É desta época também um de seus quadros que mais sucesso alcançou. Pintado inicialmente para a Igreja do Brás em São Paulo, Carlos iria repetir esta composição em outro quadro que foi editado pela Stehli&Fr;ères da Suíça que o divulgaria por todo o mundo ocidental. Trata-se da “Santa Ceia do Senhor” reproduzida por centenas de vezes, guardando sempre a composição, mas variando na cor, no ambiente, nas expressões dos Apóstolos. Deste quadro aliás já aconteceram muitas falsificações, a maioria delas grosseira o que denuncia imediatamente sua origem.
É também por volta de 1915 que Carlos tem sua primeira encomenda para um mural. Trata-se dos dois murais que se encontram no Palácio S. Joaquim, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, representando a “Primeira Missa no Rio de Janeiro” e “A batalha dos Tamoios”. Também executou o “plafond” para a Capela do mesmo Palácio.
As duas primeiras décadas do século foram talvez as mais férteis na produção de Carlos Oswald. Ele via seu talento reconhecido, a família crescendo, os trabalhos se multiplicando.
Com o advento do modernismo, depois da Semana de Arte Moderna de 1922, as encomendas oficiais começaram a rarear. Não acompanhando as novas tendências, permanecendo fiel à sua maneira de entender e fazer arte, Carlos prosseguiu em seu trabalho, acompanhado por um público sempre crescente, que o apoiava. A partir de 1930 as encomendas de quadros de assunto religioso sobressaiam-se em sua obra. Painéis para igrejas, vitrais, cenas do Evangelho, que ele realizava com a religiosidade que lhe era peculiar.
O trabalho de gravador e professor continuava. Lecionando ainda no Liceu, Gravura e Desenho, continuava em sua residência regularmente o ofício de gravador, executando nesta época algumas de suas mais belas gravuras.
Em 1946 funda com alguns colaboradores a S.B.A.C. Sociedade Brasileira de Arte Cristã que se propunha não somente difundir como controlar o mau gosto imperante em algumas igrejas. Por meio de artigos em jornais e revistas, de conferências e exposições, a S.B.A.C. vai difundindo novos conceitos de Arte Sacra, ganhando adeptos e se espalhando pelo Brasil.
Em 1943 Carlos mandara vir de Petrópolis a prensa que pertencera a Henrique Bernardelli, cópia da de Rembrandt. E a Rua Piratiny 78, na Tijuca, passa a ser mais um núcleo de gravura, aberto à impressão de alunos e amigos.
Em 1946, com Tomás Santa Rosa e Alex Leskoschek, inicia um curso de Gravura na Fundação Getúlio Vargas, que embora tenha durado apenas um ano, despertou para a gravura artistas como Fayga Ostrower e outros.
Fundou também por esta época o “Ateliê de Arte”, tendo como companheiros seus ex-aluno José d’Avila, seu filho Henrique C. Bicalho Oswald, e o gravador austríaco Hessheimer. A alma do empreendimento era o húngaro Peter Morris, um idealista que arriscou tudo o que tinha nesta empreitada que infelizmente não logrou êxito.
Carlos Oswald participou durante anos do Júri para os Salões Oficiais da Escola de Belas Artes. Também era presença obrigatória em qualquer Concurso ou Salão quando se tratava de Gravura. Foi membro do Conselho de Arte do I.B.E.U. tendo atuação ativa e empreendedora.
Chamado pelo arquiteto Heitor da Silva Costa na ocasião da criação e construção do Cristo Redentor do Corcovado, fez os estudos e desenhos da estátua, detalhados no naturalismo, partindo depois para o sintetismo, estilo que gostava de usar em seus murais de Arte Sacra, como comprova aliás, a Matriz de Santa Therezinha do Túnel, onde tanto o mosaico como os painéis e os vitrais são de sua autoria. É dele, aliás, a idéia do Cristo de braços abertos, dando a impressão, ao ser visto de longe, de uma cruz plantada no granito.
Durante muitos anos foi professor. Primeiramente no Liceu de Artes e Ofícios, onde lecionou Gravura e Desenho, e particularmente em seu ateliê. Formou artistas do naipe de Hans Steiner, Poty, Orlando DaSilva, e muitos outros.
Participou de Comissões de Arte. A mais importante foi o Conselho Nacional de Belas Artes, em 1951. Havia duas Seções: a tradicionalista, representada por Flexa Ribeiro (crítico de arte), Henrique Cavallero (pintor, Leão Veloso (escultor) e Carlos Oswald (água-fortista). A Seção Modernista era representada por Tomás Santa Rosa (crítico), Iberê Camargo (pintor), Bruno Giorgi (escultor) e Oswaldo Goeldi (xilógrafo). Dois membros perpétuos, o Dr. Rodrigo Mello Franco de Andrade, Diretor do Patrimônio Artístico, e Oswald Teixeira, Diretor do Museu Nacional de Belas Artes.
Perde o filho pintor Henrique, no dia 12 de dezembro de 1965. Em 13 de maio de 1969 morre sua bem amada Lilita. Ele ainda lhe sobreviveria dois anos, embora já totalmente cego pelo glaucoma que lhe destruiu uma das maiores alegrias de sua vida, a sua essência, a pintura. Preso a uma cadeira de rodas, passou a desenvolver seu lado espiritual. Sempre fora extraordinariamente religioso. Falece em Petrópolis, no dia 14 de fevereiro de 1971 – Maria Isabel Oswald Monteiro
Dados Biográficos de Carlos Oswald
Cronologia organizada por Paulo Leonel Vergolino em 2012
1882 – Nasce em Florença, em 18 de outubro, e é registrado no Consulado Brasileiro. Filho de Henrique Oswald e Laudomia Gasperini Oswald. Batizado no Batistério de Firenze, Itália.
1897– Estuda violoncelo com Sbolci e, posteriormente, com Césare Cinganelli.
1898 – Matricula-se no Instituto Galileo Galilei, diplomando-se físico-matemático.
1903 – Ingressa na Academia de Belas Artes de Florença. Seu pai é nomeado Diretor do Instituto Nacional de Música e vem para o Brasil, deixando Carlos Oswald na Europa. Aluga ateliê na Rua Böklin.
1906 – Primeira viagem ao Brasil.
1906/1907 – Exposição individual na Escola de Música, na Avenida Rio Branco, fundada à época por Henrique Oswald, Leão Veloso e Francisco Braga.
1908 – Retorno a Florença. Toma contato com a arte moderna. Primeiras gravuras.
1909 – Participa da XVI Exposição Geral de Belas Artes, na qual ganha menção honrosa de 1º. grau.
1909/1910 – Viaja à Alemanha. Participa da Exposição de Glasspalatz, em Munique. Volta a Florença.
1911 – Expõe no Salão de Paris. Vai a Turim para a inauguração da Exposição Internacional, onde encontra seu pai e seu irmão Alfredo, contratados para realizar concertos. Volta a Florença.
1911/1913 – Intensifica estudo dos bois do Forte dei Marmi, dedicando-se ao estudo anatômico.
1912 – Medalha de Bronze na XIX Exposição Geral de Belas Artes.
1913 – Em março, embarca para o Brasil. Expõe com Eugênio Latour (Rio de Janeiro 1874-1942) na Escola Nacional de Belas Artes. Participa da XX Exposição Geral de Belas Artes.
1914 – A 1ª. Guerra Mundial impede seu regresso à Europa. Torna-se professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Faz as primeiras gravuras com temática religiosa. Primeira litografia.
1915 – Primeiros quadros sacros: A primeira missa, no Rio de Janeiro e A Batalha das canoas, para o Palácio São Joaquim. Participa da XXII Exposição Geral de Belas Artes, da qual faz parte do júri de Desenho, Artes Gráficas e Gravura de Medalhas.
1917 – Em 27 de setembro, casa-se com Maria Gertrudes Bicalho, filha do engenheiro Francisco Bicalho e Izabel Menezes Bicalho. É membro do júri de pintura na Exposição de Belas Artes.
1918 – Exposição individual em São Paulo, à Rua Libero Badaró. Membro do júri de Gravura de Medalhas da Exposição Geral de Belas Artes.
1919 – Mora à Rua Piratiny, 78 (atual Carmela Dutra), Tijuca, cujo terreno e construção da casa foram frutos da venda de obras provenientes da exposição feita no ano anterior, em São Paulo. Primeira Exposição Carioca de Gravura à Água Forte.
1920 – A Oficina de Gravura no Liceu de Artes e Ofícios é fechada, e a prensa de rolos de madeira – instalada até então no ateliê mantido em Paris – é vendida em Florença.
1922 – Mora em Petrópolis. Início da fase petropolitana. Participa da XXIX Exposição Geral de Belas Artes, e faz parte do júri de Artes Gráficas e Artes Aplicadas.
1922/1926 – Realiza três exposições individuais em São Paulo.
1923 – Membro do júri da XXX Exposição Geral de Belas Artes.
1926 – Nasce Terezinha. Sua família é constituída pelo casal e sete filhos.
1928 – Lançamento do livro “A Oração de Natal”, de Aloysio de Castro, com ilustrações em litografia.
1929 – Participa da XXXVI Exposição Geral de Belas Artes.
1930 – Realiza os croquis finais para o Monumento do Cristo Redentor. Obra executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875-1961) e inaugurada no Morro do Corcovado, em 1931. É reaberta a Oficina de Gravura do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Atividades em vitral.
1933 – Primeira conferência e primeiro trabalho impresso. Membro do júri de pintura da Exposição Geral de Belas Artes.
1934 – Primeira Via Sacra em pintura.
1937/1945 – É membro do júri e/ou da Comissão Organizadora do Salão Nacional de Belas Artes.
1940 – Expõe no Instituto Brasil – Estados Unidos com seu aluno Hans Steiner (Áustria, 1910 – Itália, 1974).
1942 – Com Hans Steiner realiza um filme de demonstração sobre a técnica da gravura para o Instituto Nacional do Cinema Educativo.
1946 – É fundador e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Arte Cristã. Ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas. Grava a Via Sacra.
1950 – Funda o Ateliê de Arte junto com outros.
1952 – Membro da Comissão Nacional de Belas Artes.
1953 – Palestra no MNBA, na sala de exposição de gravura.
1957 – Recebe a Ordem Equestre de São Gregório Magno, conferida pelo Papa Pio XII. Publica “Como me tornei pintor”.
1959 – Roubam-lhe quase todas as chapas em cobre.
1962 – Recebe uma série de homenagens pelo seu octogésimo aniversário. O MNBA inaugura exposição e placa comemorativa em homenagem ao artista.
1963 – O MNBA adquire quase toda a sua obra gravada.
1964 – Últimos trabalhos gravados para seu álbum, editado pela GAE (Gravura de Arte Editora, RJ)
1965 – Falece o também gravador Henrique Bicalho Oswald, seu filho.
1966 – Últimas pinturas. Uma Via Sacra.
1968 – Homenagem do Salão Petropolitano de Pintura.
1969 – Homenagem do III Salão de Ouro Preto. Edita-se o álbum “Carlos Oswald, o gravador: catálogo raisonné”, com seus últimos trabalhos gravados. Falece Maria Gertrudes Bicalho, sua esposa.
1971 – 14 de fevereiro: Carlos Oswald falece em sua casa de Petrópolis.
1971 – “Primeira Exposição Póstuma”, na Galeria da Aliança Francesa de Botafogo.
1972 – Exposição Carlos Oswald, Salão Win van Dijk, Petrópolis.
1974 – Mostra da Gravura Brasileira, Fundação Bienal de São Paulo.
1977 – Carlos Oswald, Galeria Cesar Ache, RJ.
1978 – Carlos Oswald, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; I Salão Nacional de Artes Plásticas. Mostra Paralela “Três mestres da gravura no Brasil: Carlos Oswald, gravuras, desenhos”, Galeria Graphus, SP.
1979 – Lançamento do álbum “Carlos Oswald” com dez gravuras (Graphus, SP).
1979/1980 – II Mostra Anual de Gravura, Cidade de Curitiba, Sala Especial.
1981 – Cinquentenário do Cristo Redentor, MNBA. Entre 23 de outubro e 20 de novembro: “Carlos Oswald (1881-1971): a pioneer of printmaking in Brasil”, Washington, Art Gallery of the Brazilian American Cultural Institute, Estados Unidos.
1982 – Exposição do Centenário de Carlos Oswald, Museu Nacional de Belas Artes, MEC, Rio de Janeiro. Curadoria de seu aluno, o também gravador Orlando DaSilva.
2000 – Publicação do livro “Carlos Oswald (1882 – 1971): pintor da luz e dos reflexos”, de Maria Isabel Oswald Monteiro (filha do artista), Edição Casa Jorge.
2002 – Lançamento do livro: “Gravura em metal”, organizado por Marco Buti e Anna Letycia, onde constam dez gravuras de sua autoria, restauradas posteriormente pelo mestre Roberto Grassmann.
2004 – Figura na Exposição “A Arte da gravura”, realizada no Arte SESC Flamengo, RJ, com curadoria de Ileana Padilha.
2007 – É foco no filme-documentário “Carlos Oswald: o poeta da luz”, dirigido por Régis Faria, e tendo Fernando Eiras no papel do artista.
2008 – Uma de suas obras figura na Exposição “Gravura brasileira na Coleção de Mônica e George Kornis”, realizada na Caixa Cultural, no centro de São Paulo.
2010 – Exposições na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, RJ e São Paulo, SP, com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
2011 – Exposições na CAIXA Cultural Brasília, DF com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
2012 – Exposições na CAIXA Cultural Curitiba, PR com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
Fonte: Oswald Art. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
Crédito fotográfico: Biblioteca digital Luso-Brasileira. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
Carlos Oswald (Florença, Itália, 18 de outubro de 1882 — Petrópolis, RJ, 14 de fevereiro de 1971) foi um pintor, desenhista, gravador, decorador, escritor e professor italo-brasileiro. Gradua-se como físico-matemático em 1902, pelo Instituto Galileo Galilei, em Florença. No ano seguinte, ingressa na Accademia di Belle Arti di Firenze. Viaja para o Brasil pela primeira vez em 1906 e realiza no Rio de Janeiro a primeira exposição individual no país. Retorna à Europa em 1908, estuda gravura com o americano Carl Strauss em Florença e viaja para Munique, onde aprende a técnica da água-forte. Em 1911, participa da decoração do pavilhão do Brasil, na Exposição Internacional de Turim. Faz a segunda viagem ao Rio de Janeiro em 1913 e realiza uma exposição com Eugênio Latour (1874 – 1942) na Escola Nacional de Belas Artes – Enba. É nomeado, no ano seguinte, professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e efetivado em 1930. Nesse ano, faz o desenho final do Monumento ao Cristo Redentor. A obra é executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875 – 1961) e instalada no Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, em 1931. A partir de 1946, ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas – FGV. Publica, em 1957, a autobiografia Como Me Tornei Pintor.
Biografia Carlos Oswald | Wikipédia
Carlos Oswald (Florença, 18 de outubro de 1882 — Petrópolis, 1971) foi um pintor, desenhista, gravador, decorador, escritor e professor registrado como brasileiro no Vice Consulado do Império do Brasil, em Florença.
Biografia
Filho primogênito do compositor brasileiro Henrique Oswald e de Laudômia Bombernard Gasperini (de origem francesa e toscana), além de ter sido o responsável pelo desenho final do Cristo Redentor, monumento que se encontra na cidade do Rio de Janeiro, no morro do Corcovado, foi o precursor da gravura no Brasil. Mestre de famosos artistas, como Fayga Ostrower e Poty Lazzarotto, Carlos Oswald deixou extenso legado de obras primas. Parte delas, se encontram no acervo do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Detalhes da sua vida foram materializados nas 229 páginas do livro escrito por sua filha, Maria Isabel Oswald Monteiro, Carlos Oswald, 1882-1971: Pintor da luz e dos reflexos, publicado pela Casa Jorge Editorial no ano de 2000. Em 2007, o artista teve sua vida levada para as telas através do filme-documentário Carlos Oswald - O Poeta da Luz, dirigido por Regis Faria e com Fernando Eiras no papel de Carlos Oswald. A abordagem enfoca o grande descaso dos brasileiros com a arte e os artistas nacionais, além de revelar mais informações sobre a trajetória do renomado artista.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
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Biografia Carlos Oswald | Itaú Cultural
Gradua-se como físico-matemático em 1902, pelo Instituto Galileo Galilei, em Florença. No ano seguinte, ingressa na Accademia di Belle Arti di Firenze. Viaja para o Brasil pela primeira vez em 1906 e realiza no Rio de Janeiro a primeira exposição individual no país. Retorna à Europa em 1908, estuda gravura com o americano Carl Strauss (1873-1957) em Florença e viaja para Munique, onde aprende a técnica da água-forte. Em 1911, participa da decoração do pavilhão do Brasil, na Exposição Internacional de Turim. Faz a segunda viagem ao Rio de Janeiro em 1913 e realiza uma exposição com Eugênio Latour (1874-1942) na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). É nomeado, no ano seguinte, professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e efetivado em 1930. Nesse ano, faz o desenho final do Monumento ao Cristo Redentor. A obra é executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875-1961) e instalada no Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, em 1931. A partir de 1946, ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas - FGV. Publica, em 1957, a autobiografia Como Me Tornei Pintor.
Análise
Carlos Oswald tem uma produção bastante diversificada. Dedica-se à execução de paisagens e de naturezas-mortas, mas, como aponta o historiador da arte Quirino Campofiorito (1902-1993), os temas religiosos se impõem em sua pintura, sempre comprometidos com as características litúrgicas. Realiza ainda diversos trabalhos decorativos para o Palácio São Joaquim e Palácio Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro.
Pioneiro da gravura em metal (água-forte e água-tinta) no Brasil, sua obra permite afirmar o caráter expressivo da técnica. Em gravuras como Boi à Tarde, 1908, Carregando Madeiras, 1909 ou Bois Descansando, 1910, é possível observar o diálogo com as obras de artistas italianos como Giuseppe de Nittis (1846-1884) e Giovanni Fattori (1825-1908). Para Oswald, a gravura é a mais espiritual das artes plásticas, por ter como base a linha e o ponto, cuja imaterialidade possibilita a expressão de estados de alma artísticos.
Carlos Oswald é o responsável pela formação de novas gerações de gravadores no Brasil, como Poty (1924-1998), Darel (1924), Fayga Ostrower (1920-2001), Renina Katz (1926), Henrique Oswald (1918-1965) e Orlando DaSilva (1923).
Críticas
"A obra de Carlos Oswald tem sempre seu enfoque na forma. Mesmo na pintura em fases como os estudos de luz artificial (Retrato de Azeredo Coutinho) ou a Petropolitana (Rua em Petropólis), em que a cor é parte em destaque, a forma é importante na estrutura do quadro (...). Essa preferência já demonstrada quando troca o estudo musical pelo aprendizado numa escola de engenharia. Também constatamos a compreensão que se tem da forma quando faz desenhos para esculturas, em destaque os estudos em que se baseou a construção do monumento ao Cristo Redentor. Sendo assim, nada mais natural do que seu carinho pelo desenho e em especial pela gravura.
A forma verbal não lhe passa desapercebida, como podemos ver no escritor de Como me Tornei Pintor e no colaborador freqüente de jornais e revistas, sempre preferindo divulgar os primores da gravura". — Orlando DaSilva (CARLOS Oswald. Texto de Orlando DaSilva. Apresentação de Alcidio Mafra de Souza. Rio de Janeiro: MNBA, 1982).
"Demonstra-se um pintor com características muito pessoais, como, dentre brasileiros só se verifica com Eliseu Visconti, sempre disposto a estender uma obra com marcas vivas de artista inquieto e atento a atividades que não se restringissem ao manejo dos pincéis ou da modelagem. Visconti partiu para as artes industriais e valorizou-as como mister criativo. Carlos Oswald, senhor, também, de quanto a pintura oferece, dirigiu-se para as artes gráficas, que no Brasil continuavam a ter descrédito no paralelo com as artes tidas, ainda, como maiores. (...) Carlos Oswald rompe o preconceito e é o primeiro artista no Brasil a juntar gravura sobre metal ('água-forte' e 'água-tinta') aos afazeres mais legítimos da atividade artística. Desenvolve uma personalidade que não parou de demonstrar incontido entusiasmo profissional, ativando o sentimento criativo tanto na pintura como no desenho, na gravura e na ilustração, ao que se deve acrescentar a atividade literária em que muito se distendeu conhecimentos e idéias artísticas, particularmente no que concerne à arte sacra.
Sua longa permanência em Florença, onde tem formação toda sua condição de artista, lhe acentua as influências predominantes na parte de sua obra que se desenvolve até 1913. A partir de então, o que se pode chamar de período brasileiro estende-se num permanente evoluir que sempre o identifica entre os nossos maiores artistas. A forma como se define, igualmente, pintor, desenhista e gravador - absolutamente seguro nos três distintos terrenos - já o singuraliza na arte brasileira. Nenhum exemplo idêntico se encontra entre nossos artistas, até que Carlos Oswald se torne senhor das três técnicas, em todas realizando-se de modo decidido" — Quirino Campofiorito (CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. p. 263-264).
"A trajetória de artistas que sentiram a presença do simbolismo no primeiro vintênio do século, mas se encaminharam finalmente para uma predominância de soluções acadêmicas, pode ser representada por Carlos Oswald (...). Em telas a óleo fez Retrato de Azevedo Coutinho e Boi com Carro Vermelho (...), conhecidas obras em gama simbolista. Todavia nas decorações pictóricas, em edifícios, vai sobretudo realizar obras acadêmicas. Também da gravura forte de sua fase italiana declina para um academismo nos retratos e nas obras de sentimento religioso" — Walter Zanini (ZANINI, Walter, org. História geral da arte no Brasil. Apresentação de Walther Moreira Salles. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, Fundação Djalma Guimarães, 1983).
Depoimentos
"Certamente outro artista, mais cedo ou mais tarde, teria ocupado o meu lugar de pioneiro da gravura em princípio de 1900, mais o fato indiscutível é que fui eu a dirigir, iniciar, acompanhar até a maturidade o movimento da arte gráfica no Brasil. Disto me orgulho e seria uma falsa modéstia o querer ficar escondido e esquecido. Sei que em todo o mundo o despertar do interesse pela gravura nasceu e se desenvolveu no nosso século pelas razões que todos conhecem: 'sintetismo', em oposição à exagerada policromia dos pós-impressionistas; entusiasmo pela ressurreição desta arte que tinha sido morta pelos processos mecânicos derivantes da fotografia; o misterioso de seus efeitos de claro-escuro e sua técnica de feitio alquimista; sua prática que lhe facilitava a repetição em muitos exemplares e que a tornava uma arte mais harmoniosa com os nossos costumes democráticos; uma arte democrática, enfim; e, finalmente, seu caráter de novidade que fazia arregalar os olhos não só ao público em geral, mas à maioria dos próprios artistas quando se lhes falava de água-forte, ponta-seca, água-tinta, mezzotinta, talho-doce, xilografia, etc." — Carlos Oswald, 1957 (GRAVURA Brasileira/textos de Leon Kossovitc e Mayra Laudanna, Ricardo Resende; apresentação Ricardo Ribenboim. São Paulo: Cosac & Naify/Itaú Cultural, 2000, p. 38).
"Ao examinar a vida de meu pai, procurando abstrair minha condição de filha, admiro-me sempre não somente com a sua versatilidade, mas também com seu dinamismo. Seu diário permite-nos acompanhar dias riquíssimos de atividades, projetos e realizações, como também uma visão de conceitos de grande interesse. Habituado a registrar, ao fim do dia, tudo o que fizera, deixa-me por vezes perplexa ante a quantidade e diversidade de suas ocupações. Chego à conclusão que apesar de sua aparência franzina tinha saúde de ferro. Ou seria a fortaleza do espírito dominando o corpo e a mente? Nenhum gênero ele deixou de abordar, por vezes concomitantemente. Fez pintura mural e de cavalete, gravura, desenho e ilustrações, foi vitralista, professor e articulista, tudo isso sem deixar de manter uma intensa vida social freqüentando concertos, reuniões e exposições. E esteve sempre presente como pai em nossas vidas, embora suas atividades mais ainda se multiplicassem ao atender a qualquer chamado relativo a assunto de arte. Fez parte de comissões institucionais as mais diversas, interessando-se profundamente pelo que fazia, dando-se todo a qualquer empreendimente com o qual resolvesse colaborar. Quem o conhecesse socialmente não faria idéia da profundidade de sua vida religiosa. Dela não falava. Falavam as obras. Aceitava as pessoas como eram, não pretendia transformar ninguém nem procurava incutir nos outros suas próprias convicções. Isto não quer dizer que não gostasse, e muito, de uma polêmica sobre arte, quando se inflamava mostrando todo o ardor do sangue italiano, como citou Manuel Bandeira" — Maria Isabel Oswald Monteiro (MONTEIRO, Maria Isabel Oswald. Carlos Oswald (1882-1971): pintor da luz e dos reflexos. Rio de Janeiro: Casa Jorge Editorial, 2000, p. 159).
Exposições Individuais
1904 - Florença (Itália) - Individual
1906 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Escola de Música
1906 - Roma (Itália) - Individual
1907 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Rua Chile
1910 - Munique (Alemanha) - Individual
1911 - Paris (França) - Individual
1917 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Jorge
1918 - São Paulo SP - Individual, na Rua Libero Badaró, 111
1920 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Jorge
1938 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Heubergen
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
Exposições Coletivas
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 2º grau
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 1º grau
1911 - Paris (França) - Salão de Artes de Paris
1911 - Turim (Itália) - Exposição Internacional de Turim
1912 - Florença (Itália) - Coletiva - Prêmio Província de Firenze
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de bronze
1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - pequena medalha de ouro
1913 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald e Eugênio Latour, na Enba
1914 - Rio de Janeiro RJ - 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1915 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1916 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - grande medalha de prata
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Carioca de Gravura a Água-Forte
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rosário (Argentina) - 11º Salão de Arte do Rosario, na Comisión Municipal de Belas Artes
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald e Hans Steiner, na Galeria Ibeu Copacabana
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição de Arte Brasileira, na Burlington House
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Religiosa, no MNBA
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Victory Art Gallery
1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1958 - Rio de Janeiro RJ - O Trabalho na Arte, no MNBA
1969 - Ouro Preto MG - Salão de Ouro Preto
Exposições Póstumas
1971 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Aliança Francesa
1972 - Petrópolis RJ - Individual, Salão Wim van Dijk
1974 - São Paulo SP - Mostra da Gravura Brasileira, Fundação Bienal
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Cesar Aché
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu Nacional de Belas Artes
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Fundação Biblioteca Nacional
1978 - São Paulo SP - Carlos Oswald: gravuras e desenhos, Graphus Galeria de Arte
1979 - Curitiba PR - 2ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, Centro de Criatividade
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Museu Nacional de Belas Artes
1981 - Washington (Estados Unidos) - A Pionner of Printmarking in Brasil, Brazilian-American Cultural Institute
1982 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald: cem anos, Museu Nacional de Belas Artes
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, PUC/RJ. Solar Grandjean de Montigny
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, Museu de Arte Moderna
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, Museu de Arte Moderna
1983 - São Paulo SP - Carlos Oswald: gravuras de várias épocas, Museu Lasar Segall
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Porto Alegre RS - Gravuras: uma trajetória no tempo, Cambona Centro de Arte
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, Museu Nacional de Belas Artes
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal
1986 - Curitiba PR - 7ª Acervo do Museu Nacional da Gravura - Casa da Gravura, Museu Guido Viaro
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, Pinacoteca do Estado
1988 - Curitiba PR - Oswaldo Goeldi e Carlos Oswald - MNBA, Centro Cultural Palacete Leão Junior
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, Pinacoteca do Estado
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, Espaço Cultural da Unifor
1990 - Rio de Janeiro RJ - Ibeu: 1940-1990, Galeria Ibeu Copacabana
1991 - São Paulo SP - Projeto: 100 anos de Paulista, Casa das Rosas
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, Centro Cultural do Banco do Brasil
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, Pinacoteca do Estado
1994 -São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, Galeria de Arte do Sesi
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, Paço das Artes
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, Centro Cultural do Banco do Brasil
1998 - Rio de Janeiro RJ - O Rio Jamais Visto, Centro Cultural do Banco do Brasil
1999 - Rio de Janeiro RJ - Acervo do Solar Grandjean de Montigny, PUC/RJ. Solar Grandjean de Montigny
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Coleção Armando Sampaio: gravura brasileira, Centro de Artes Calouste Gulbenkian
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaugaleria
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaugaleria l
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, Instituto Cultural Banco Santos
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2005 - Campos dos Goytacazes RJ - Imagem Sitiada, Sesc
2005 - Petrópolis RJ - Imagem Sitiada, Galeria Sesc Petrópolis
2005 - Rio de Janeiro RJ - Imagem Sitiada, Galeria Sesc Copacabana
2010 - Porto Alegre RS - Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
2010 - São Paulo SP - Carlos Oswald 1882-1971: o resgate de um mestre, Caixa Cultural. Galeria da Paulista
2010 - São Paulo SP - Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas, Instituto Tomie Ohtake
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
Fonte: CARLOS Oswald. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 10 de junho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Carlos Oswald | Site Oficial
“Numa manhã, em Paris, saí para mandar emoldurar uma aquarela: abrindo a porta da Maison Boulanger, no Montparnasse, o vento desenrolou o embrulho e o meu trabalho caiu do outro lado do balcão. A mocinha funcionária da casa apanhou o papel e esticando os braços, afastou-o dos olhos para melhor apreciá-lo; inclinou a cabeça e disse sorrindo: Oh! la lumière!
É isto mesmo, penso eu agora, despertado pela lembrança daquele fato aparentemente insignificante, é isto mesmo o pintor: um indivíduo que tem a possibilidade de transformar um pedaço de papel amarrotado em lumière, em luz.” — Carlos Oswald, Sobre Pintura, Jornal do Commercio, 1963.
Carlos Oswald nasceu em Florença, Itália, aos 18 de outubro de 1882, filho primogênito do compositor brasileiro Henrique Oswald, e de Laudômia Bombernard Gasperini. Do pai, vem-lhe o sangue suiço-alemão (do avô Jean-Jacques Oschwald, que simplificou seu sobrenome para Oswald), e o italiano, da avó paterna Carlotta Luiza Horácia Cantagalli, nascida em Livorno. Da mãe, herda o sangue francês da avó, Maria Bombernard, e o toscano puro dos Gasperini.
Foi registrado como brasileiro no Vice Consulado do Império do Brasil em Florença e batizado com os nomes de Carlos Julião Jaime Ignacio Alexandre Maria na Basílica de S. João Baptista de Florença, igreja onde tambem foram batizados gênios como Giotto, Miguel Ângelo, Boticelli e outros artistas plásticos.
Teve quatro irmãos: Alfredo Mário Henrique Alberto Leão; Maria Carla Horácia Ana; Charlotte Marie Herminie, morta aos três anos de idade, e a caçula, Henriqueta Margherita.
Sua infância foi tranqüila. Faz os estudos preparatórios na “Scuole Pie” dos jesuitas. É aluno diligente, ganhando prêmios ao fim de cada ano e escolhendo o violoncelo como instrumento a ser estudado. Alfredo e as irmãs estudavam piano. Em ambiente absolutamente musical, Carlos acostumou-se a dormir todas as noites ao som do piano do pai, do canto da mãe, excelente contralto, e da música de câmara executada por músicos que freqüentavam a casa.
Henrique Oswald jamais deixou que afrouxassem os elos que o prendiam ao Brasil. Recebia sempre os brasileiros que passavam por Florença, como nos dá o depoimento do autor de “Ana em Veneza”, João Silvério Trevisan, quando nos conta da passagem de Alberto Nepomuceno pela casa dos Oswald em Fiesole, bairro de Florença onde nasceu Carlos. O padrinho de Carlos foi Ignacio Porto Alegre, filho de Manoel de Araujo Porto Alegre.
Carlos estuda violoncelo com o grande violoncelista florentino Cinganelli. Em breve, entanto, descobre não ser esta sua vocação. Era excessivamente tímido, o que prejudicava as apresentações em público. Entusiasma-se com os progressos das ciências, e resolve ser engenheiro. Em julho de 1898 submete-se ao primeiro exame para a admissão ao Instituto Técnico Galileu Galilei, que formava os futuros engenheiros. Cursa até o quarto ano, faltando um apenas para tornar-se engenheiro. Mas contenta-se com o diploma de físico-matemático, e resolve não atrasar mais sua verdadeira vocação, que reconhecia, não era nem música nem ciência, mas a pintura. Antes da resolução definitiva hesitou ainda; pensou em ser arquiteto, carreira que o seduzia, chegando a fazer estudos neste sentido. Inscreveu-se na Escola de Diplomacia (com vistas em uma carreira no Brasil, seu objeto de desejo maior) e até pensou em ingressar na Escola de Química. Mas a Arte reivindicou seus direitos, e ei-lo enfim matriculando-se na Academia de Belas Artes, onde seguirá o curso de modelo vivo.
Na Academia não somente todas as línguas eram faladas, visto para ela acorrerem estudantes de todo o mundo, mas também debatiam-se todas as correntes artísticas. Carlos então toma conhecimento, em primeiro lugar, dos “impressionistas”, (na Itália os “macchiaoli”, movimento impressionista independente do dos franceses). Na Academia freqüenta também a aula de pintura. Mais tarde abjurará seus métodos, defendendo a maior liberdade artística do aluno. Ouve também conselhos do pintor Odoardo Gelli, seu primeiro professor, “o grande apaixonado das cores”, faz cópias em museus e percorre os campos buscando uma que foi de suas grandes paixões, a paisagem.
Tendo seu pai Henrique Oswald fixado residência no Brasil, nomeado para o cargo de diretor do Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, Carlos começa a enviar quadros para serem expostos no Salão. Em 1904 consegue a “Menção Honrosa de 1º grau”, com ‘Paisagem à beira do Arno’.
Carlos percorre cidades da Itália: Veneza, San Gemigniano, Forte dei Marmi, importante em sua obra pelos estudos de bois que ali realizou e que usaria em quadros e painéis futuros. Em 1904 ganha no Salão deste ano a “Menção Honrosa de 2º Grau”, com outra paisagem: ‘Pinheiral em Viareggio’. Carlos resolve então expor no Brasil e para aqui parte pelo vapor “Minas Gerais” chegando em junho de 1906.
Sua emoção é profunda. Tendo no âmago de sua alma o sentimento da cidadania brasileira, é quando em contato com a cor e a luz de nossa Terra que expande sua arte, procurando na paisagem e nas pessoas realizar-se completamente como artista. Mora na Tijuca e de lá se desloca para conhecer toda a cidade. No Jardim Botânico descobre a palmeira, que será tema de futuras gravuras e quadros. Vai ao Corcovado, que mais tarde ajudará a coroar com a imagem do Cristo Redentor. Visita nossas igrejas barrocas, maravilhando-se e afirmando: “…neste gênero o Brasil atinge um nível superior a tudo que se executou neste período na Europa.” Conhece as praias e pinta o mar. Vai ao Campo de Sant’Ana e ao Passeio Público, pintando as centenárias figueiras.
Aqui pinta o autoretrato à maneira de Carrière, monocromático, que expõe no Salão de 1907. Já em 1906 recebera crítica favorável do Gonzaga Duque, conhecido crítico de arte, sobre seu quadro “O Violinista”.
Sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro dá-se no ano de 1907. As críticas são favoráveis e Carlos retorna revigorado a sua Florença para terminar o curso na Academia.
Já então pintor feito, Carlos começa a colher os primeiros resultados de seu trabalho. Vê quatro quadros seus serem aceitos na “Promotrice” de Florença, conceituada exposição anual que aceitava pintores de qualquer nacionalidade, sujeitos entretanto à avaliação.
Carlos viaja pela Itália, enriquecendo o próprio acervo de imagens, com a intenção de ampliar suas possibilidades. Absorve as novas tendências, que passariam pelo crivo de sua sensibilidade, na escolha de um estilo próprio.
Em 1908 começa a trabalhar no ateliê de Carl Strauss, agua-fortista americano de origem alemã. É quando descobre a gravura em metal, que seria uma paixão em sua vida. Visita a Alemanha, onde expõe e estuda, apresentando já uma técnica segura e definitiva.
Em 1910 é convidado pelo Governo do Brasil a decorar a “Sala de Música” do Pavilhão Brasileiro na Exposição Internacional de Turim. A seu lado, o que havia de mais representativo da arte brasileira: João e Arthur Timotheo da Costa, Carlos e Rodolfo Chambelland, Eugênio Latour, etc. Como os trabalhos deveriam ser executados em Paris, para lá parte ele, quando aluga uma sala para usar como ateliê e toma conhecimento de todas as vanguardas francesas. Sofre a influência do lionês Puvis de Chavanne cujo estilo o influenciaria daí por diante quando de execuções de murais. Esta exposição em Turim, de grande importância histórica para o Brasil, seria praticamente esquecida, pois foi toda desmanchada no término da mesma.
A família toda se transferiria em seguida para o Brasil pois Henrique Oswald fora oficialmente chamado a ocupar uma cátedra de piano no Instituto Nacional de Música (hoje Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro).
Em 1913 Carlos embarca com seu irmão Alfredo para o Rio de Janeiro, pensando ele em fazer exposições aqui e depois retornar a Florença, onde deixa inclusive um ateliê montado, e seu irmão Alfredo a cumprir contratos de uma série de concertos em que se apresentaria como pianista. Os dois pensavam em retornar logo à Europa, mas com o advento da lª Guerra Mundial, adiariam seus planos. Carlos integra-se à vida artistica do Rio de Janeiro, apresentando seus trabalhos em uma exposição em conjunto com o amigo Eugène Latour. Logo em seguida, sendo convidado para inaugurar a Oficina de Gravura do Liceu de Artes e Ofícios, da Sociedade Propagadora de Belas Artes, entidade quase centenária, resolve estabelecer-se definitivamente no Brasil, o que aliás sempre fora seu desejo maior.
Funda então o que viria a ser a “Escola Carioca de Gravura” a primeira do Brasil e que formaria excelentes gravadores. Daí por diante, Carlos passa a ser o grande difusor da Gravura, presente em todas as suas manifestações.
Casa-se em setembro de 1917 com Maria Gertrudes Menezes Bicalho, filha do engenheiro Francisco Bicalho, construtor do Cais do Porto do Rio de Janeiro, da nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, da abertura da Avenida Central, e outros grandes empreendimentos de nossa engenharia.
Maria Gertrudes, tratada por todos de Lilita, era gêmea, e teve em sua primeira gestação os gêmeos Francisco de Paula e Henrique Carlos, logo seguidos por Maria Isabel, José Lucas, Maria Beatriz, Maria Carlota, e Maria Thereza, totalizando em pouco tempo sete filhos. Lilita foi maravilhosa companheira por mais de cinqüenta anos, sempre atenta para que Carlos pudesse dedicar-se inteiramente ao seu trabalho.
Foi realmente a partir de 1918 que a carreira de Carlos se firmou. Grande êxito nas exposições realizadas, permitiram-lhe já em 1918 construir sua casa na Rua Piratini 78, mais tarde Carmela Dutra, onde residiu toda a vida, dividindo-a entretanto com a casa de Petrópolis, à Rua Carlos Gomes 42, comprada por seu pai e que ele compraria mais tarde das irmãs, fazendo tanto da casa da Tijuca como da de Petrópolis, um centro de expansão da Arte.
Em 1918 conhece o poeta Paul Claudel e seu secretário Darius Milhaud, desenvolvendo com ambos uma bela amizade. Fez de Milhaud, que se celebraria mais tarde na França como um dos elementos da música de vanguarda, integrando o Grupo “Les Six”, um retrato cubista, que levado para Paris fez muito sucesso.
Na primeira década do século, a pintura de Carlos é quase exclusivamente profana. São paisagens, naturezas mortas, retratos, composições com a figura da mulher. Seu nu “Estudo de reflexos”, premiado na Exposição Promotrice de Florença, hoje no Museu Nacional de Belas Artes, em estilo impressionista, dá bem idéia de sua pintura nesta época. Pinta também muito composições com a figura do boi que estudara em Forte dei Marmi, de onde nos vem o mármore de Carrara. Um dos mais conhecidos, também do acervo do Museu Nacional de Belas Artes, é o “Último Esforço”, óleo onde se vê bois no esforço de puxar um navio para a terra. Existe uma gravura com o mesmo tema, talvez das mais belas de sua obra.
Na segunda década do século, Carlos pinta sobretudo a mulher, mas aí já em seus afazeres domésticos, mais a mulher-mãe, a mulher-irmã, a mulher-esposa. E começa então a pintar seus primeiros quadros sacros: “Eu sou a Luz do Mundo”, seu primeiro Sagrado Coração de Jesus. Ele estava então no auge dos estudos sobre efeitos de luz, usando o resultado de suas pesquisas em quase todos os quadros pintados nesta época. Aliás era então conhecido como o pintor dos efeitos de luz, e a crítica o saúda por isto. É desta época também um de seus quadros que mais sucesso alcançou. Pintado inicialmente para a Igreja do Brás em São Paulo, Carlos iria repetir esta composição em outro quadro que foi editado pela Stehli&Fr;ères da Suíça que o divulgaria por todo o mundo ocidental. Trata-se da “Santa Ceia do Senhor” reproduzida por centenas de vezes, guardando sempre a composição, mas variando na cor, no ambiente, nas expressões dos Apóstolos. Deste quadro aliás já aconteceram muitas falsificações, a maioria delas grosseira o que denuncia imediatamente sua origem.
É também por volta de 1915 que Carlos tem sua primeira encomenda para um mural. Trata-se dos dois murais que se encontram no Palácio S. Joaquim, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, representando a “Primeira Missa no Rio de Janeiro” e “A batalha dos Tamoios”. Também executou o “plafond” para a Capela do mesmo Palácio.
As duas primeiras décadas do século foram talvez as mais férteis na produção de Carlos Oswald. Ele via seu talento reconhecido, a família crescendo, os trabalhos se multiplicando.
Com o advento do modernismo, depois da Semana de Arte Moderna de 1922, as encomendas oficiais começaram a rarear. Não acompanhando as novas tendências, permanecendo fiel à sua maneira de entender e fazer arte, Carlos prosseguiu em seu trabalho, acompanhado por um público sempre crescente, que o apoiava. A partir de 1930 as encomendas de quadros de assunto religioso sobressaiam-se em sua obra. Painéis para igrejas, vitrais, cenas do Evangelho, que ele realizava com a religiosidade que lhe era peculiar.
O trabalho de gravador e professor continuava. Lecionando ainda no Liceu, Gravura e Desenho, continuava em sua residência regularmente o ofício de gravador, executando nesta época algumas de suas mais belas gravuras.
Em 1946 funda com alguns colaboradores a S.B.A.C. Sociedade Brasileira de Arte Cristã que se propunha não somente difundir como controlar o mau gosto imperante em algumas igrejas. Por meio de artigos em jornais e revistas, de conferências e exposições, a S.B.A.C. vai difundindo novos conceitos de Arte Sacra, ganhando adeptos e se espalhando pelo Brasil.
Em 1943 Carlos mandara vir de Petrópolis a prensa que pertencera a Henrique Bernardelli, cópia da de Rembrandt. E a Rua Piratiny 78, na Tijuca, passa a ser mais um núcleo de gravura, aberto à impressão de alunos e amigos.
Em 1946, com Tomás Santa Rosa e Alex Leskoschek, inicia um curso de Gravura na Fundação Getúlio Vargas, que embora tenha durado apenas um ano, despertou para a gravura artistas como Fayga Ostrower e outros.
Fundou também por esta época o “Ateliê de Arte”, tendo como companheiros seus ex-aluno José d’Avila, seu filho Henrique C. Bicalho Oswald, e o gravador austríaco Hessheimer. A alma do empreendimento era o húngaro Peter Morris, um idealista que arriscou tudo o que tinha nesta empreitada que infelizmente não logrou êxito.
Carlos Oswald participou durante anos do Júri para os Salões Oficiais da Escola de Belas Artes. Também era presença obrigatória em qualquer Concurso ou Salão quando se tratava de Gravura. Foi membro do Conselho de Arte do I.B.E.U. tendo atuação ativa e empreendedora.
Chamado pelo arquiteto Heitor da Silva Costa na ocasião da criação e construção do Cristo Redentor do Corcovado, fez os estudos e desenhos da estátua, detalhados no naturalismo, partindo depois para o sintetismo, estilo que gostava de usar em seus murais de Arte Sacra, como comprova aliás, a Matriz de Santa Therezinha do Túnel, onde tanto o mosaico como os painéis e os vitrais são de sua autoria. É dele, aliás, a idéia do Cristo de braços abertos, dando a impressão, ao ser visto de longe, de uma cruz plantada no granito.
Durante muitos anos foi professor. Primeiramente no Liceu de Artes e Ofícios, onde lecionou Gravura e Desenho, e particularmente em seu ateliê. Formou artistas do naipe de Hans Steiner, Poty, Orlando DaSilva, e muitos outros.
Participou de Comissões de Arte. A mais importante foi o Conselho Nacional de Belas Artes, em 1951. Havia duas Seções: a tradicionalista, representada por Flexa Ribeiro (crítico de arte), Henrique Cavallero (pintor, Leão Veloso (escultor) e Carlos Oswald (água-fortista). A Seção Modernista era representada por Tomás Santa Rosa (crítico), Iberê Camargo (pintor), Bruno Giorgi (escultor) e Oswaldo Goeldi (xilógrafo). Dois membros perpétuos, o Dr. Rodrigo Mello Franco de Andrade, Diretor do Patrimônio Artístico, e Oswald Teixeira, Diretor do Museu Nacional de Belas Artes.
Perde o filho pintor Henrique, no dia 12 de dezembro de 1965. Em 13 de maio de 1969 morre sua bem amada Lilita. Ele ainda lhe sobreviveria dois anos, embora já totalmente cego pelo glaucoma que lhe destruiu uma das maiores alegrias de sua vida, a sua essência, a pintura. Preso a uma cadeira de rodas, passou a desenvolver seu lado espiritual. Sempre fora extraordinariamente religioso. Falece em Petrópolis, no dia 14 de fevereiro de 1971 – Maria Isabel Oswald Monteiro
Dados Biográficos de Carlos Oswald
Cronologia organizada por Paulo Leonel Vergolino em 2012
1882 – Nasce em Florença, em 18 de outubro, e é registrado no Consulado Brasileiro. Filho de Henrique Oswald e Laudomia Gasperini Oswald. Batizado no Batistério de Firenze, Itália.
1897– Estuda violoncelo com Sbolci e, posteriormente, com Césare Cinganelli.
1898 – Matricula-se no Instituto Galileo Galilei, diplomando-se físico-matemático.
1903 – Ingressa na Academia de Belas Artes de Florença. Seu pai é nomeado Diretor do Instituto Nacional de Música e vem para o Brasil, deixando Carlos Oswald na Europa. Aluga ateliê na Rua Böklin.
1906 – Primeira viagem ao Brasil.
1906/1907 – Exposição individual na Escola de Música, na Avenida Rio Branco, fundada à época por Henrique Oswald, Leão Veloso e Francisco Braga.
1908 – Retorno a Florença. Toma contato com a arte moderna. Primeiras gravuras.
1909 – Participa da XVI Exposição Geral de Belas Artes, na qual ganha menção honrosa de 1º. grau.
1909/1910 – Viaja à Alemanha. Participa da Exposição de Glasspalatz, em Munique. Volta a Florença.
1911 – Expõe no Salão de Paris. Vai a Turim para a inauguração da Exposição Internacional, onde encontra seu pai e seu irmão Alfredo, contratados para realizar concertos. Volta a Florença.
1911/1913 – Intensifica estudo dos bois do Forte dei Marmi, dedicando-se ao estudo anatômico.
1912 – Medalha de Bronze na XIX Exposição Geral de Belas Artes.
1913 – Em março, embarca para o Brasil. Expõe com Eugênio Latour (Rio de Janeiro 1874-1942) na Escola Nacional de Belas Artes. Participa da XX Exposição Geral de Belas Artes.
1914 – A 1ª. Guerra Mundial impede seu regresso à Europa. Torna-se professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Faz as primeiras gravuras com temática religiosa. Primeira litografia.
1915 – Primeiros quadros sacros: A primeira missa, no Rio de Janeiro e A Batalha das canoas, para o Palácio São Joaquim. Participa da XXII Exposição Geral de Belas Artes, da qual faz parte do júri de Desenho, Artes Gráficas e Gravura de Medalhas.
1917 – Em 27 de setembro, casa-se com Maria Gertrudes Bicalho, filha do engenheiro Francisco Bicalho e Izabel Menezes Bicalho. É membro do júri de pintura na Exposição de Belas Artes.
1918 – Exposição individual em São Paulo, à Rua Libero Badaró. Membro do júri de Gravura de Medalhas da Exposição Geral de Belas Artes.
1919 – Mora à Rua Piratiny, 78 (atual Carmela Dutra), Tijuca, cujo terreno e construção da casa foram frutos da venda de obras provenientes da exposição feita no ano anterior, em São Paulo. Primeira Exposição Carioca de Gravura à Água Forte.
1920 – A Oficina de Gravura no Liceu de Artes e Ofícios é fechada, e a prensa de rolos de madeira – instalada até então no ateliê mantido em Paris – é vendida em Florença.
1922 – Mora em Petrópolis. Início da fase petropolitana. Participa da XXIX Exposição Geral de Belas Artes, e faz parte do júri de Artes Gráficas e Artes Aplicadas.
1922/1926 – Realiza três exposições individuais em São Paulo.
1923 – Membro do júri da XXX Exposição Geral de Belas Artes.
1926 – Nasce Terezinha. Sua família é constituída pelo casal e sete filhos.
1928 – Lançamento do livro “A Oração de Natal”, de Aloysio de Castro, com ilustrações em litografia.
1929 – Participa da XXXVI Exposição Geral de Belas Artes.
1930 – Realiza os croquis finais para o Monumento do Cristo Redentor. Obra executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875-1961) e inaugurada no Morro do Corcovado, em 1931. É reaberta a Oficina de Gravura do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Atividades em vitral.
1933 – Primeira conferência e primeiro trabalho impresso. Membro do júri de pintura da Exposição Geral de Belas Artes.
1934 – Primeira Via Sacra em pintura.
1937/1945 – É membro do júri e/ou da Comissão Organizadora do Salão Nacional de Belas Artes.
1940 – Expõe no Instituto Brasil – Estados Unidos com seu aluno Hans Steiner (Áustria, 1910 – Itália, 1974).
1942 – Com Hans Steiner realiza um filme de demonstração sobre a técnica da gravura para o Instituto Nacional do Cinema Educativo.
1946 – É fundador e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Arte Cristã. Ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas. Grava a Via Sacra.
1950 – Funda o Ateliê de Arte junto com outros.
1952 – Membro da Comissão Nacional de Belas Artes.
1953 – Palestra no MNBA, na sala de exposição de gravura.
1957 – Recebe a Ordem Equestre de São Gregório Magno, conferida pelo Papa Pio XII. Publica “Como me tornei pintor”.
1959 – Roubam-lhe quase todas as chapas em cobre.
1962 – Recebe uma série de homenagens pelo seu octogésimo aniversário. O MNBA inaugura exposição e placa comemorativa em homenagem ao artista.
1963 – O MNBA adquire quase toda a sua obra gravada.
1964 – Últimos trabalhos gravados para seu álbum, editado pela GAE (Gravura de Arte Editora, RJ)
1965 – Falece o também gravador Henrique Bicalho Oswald, seu filho.
1966 – Últimas pinturas. Uma Via Sacra.
1968 – Homenagem do Salão Petropolitano de Pintura.
1969 – Homenagem do III Salão de Ouro Preto. Edita-se o álbum “Carlos Oswald, o gravador: catálogo raisonné”, com seus últimos trabalhos gravados. Falece Maria Gertrudes Bicalho, sua esposa.
1971 – 14 de fevereiro: Carlos Oswald falece em sua casa de Petrópolis.
1971 – “Primeira Exposição Póstuma”, na Galeria da Aliança Francesa de Botafogo.
1972 – Exposição Carlos Oswald, Salão Win van Dijk, Petrópolis.
1974 – Mostra da Gravura Brasileira, Fundação Bienal de São Paulo.
1977 – Carlos Oswald, Galeria Cesar Ache, RJ.
1978 – Carlos Oswald, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; I Salão Nacional de Artes Plásticas. Mostra Paralela “Três mestres da gravura no Brasil: Carlos Oswald, gravuras, desenhos”, Galeria Graphus, SP.
1979 – Lançamento do álbum “Carlos Oswald” com dez gravuras (Graphus, SP).
1979/1980 – II Mostra Anual de Gravura, Cidade de Curitiba, Sala Especial.
1981 – Cinquentenário do Cristo Redentor, MNBA. Entre 23 de outubro e 20 de novembro: “Carlos Oswald (1881-1971): a pioneer of printmaking in Brasil”, Washington, Art Gallery of the Brazilian American Cultural Institute, Estados Unidos.
1982 – Exposição do Centenário de Carlos Oswald, Museu Nacional de Belas Artes, MEC, Rio de Janeiro. Curadoria de seu aluno, o também gravador Orlando DaSilva.
2000 – Publicação do livro “Carlos Oswald (1882 – 1971): pintor da luz e dos reflexos”, de Maria Isabel Oswald Monteiro (filha do artista), Edição Casa Jorge.
2002 – Lançamento do livro: “Gravura em metal”, organizado por Marco Buti e Anna Letycia, onde constam dez gravuras de sua autoria, restauradas posteriormente pelo mestre Roberto Grassmann.
2004 – Figura na Exposição “A Arte da gravura”, realizada no Arte SESC Flamengo, RJ, com curadoria de Ileana Padilha.
2007 – É foco no filme-documentário “Carlos Oswald: o poeta da luz”, dirigido por Régis Faria, e tendo Fernando Eiras no papel do artista.
2008 – Uma de suas obras figura na Exposição “Gravura brasileira na Coleção de Mônica e George Kornis”, realizada na Caixa Cultural, no centro de São Paulo.
2010 – Exposições na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, RJ e São Paulo, SP, com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
2011 – Exposições na CAIXA Cultural Brasília, DF com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
2012 – Exposições na CAIXA Cultural Curitiba, PR com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
Fonte: Oswald Art. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
Crédito fotográfico: Biblioteca digital Luso-Brasileira. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
Carlos Oswald (Florença, Itália, 18 de outubro de 1882 — Petrópolis, RJ, 14 de fevereiro de 1971) foi um pintor, desenhista, gravador, decorador, escritor e professor italo-brasileiro. Gradua-se como físico-matemático em 1902, pelo Instituto Galileo Galilei, em Florença. No ano seguinte, ingressa na Accademia di Belle Arti di Firenze. Viaja para o Brasil pela primeira vez em 1906 e realiza no Rio de Janeiro a primeira exposição individual no país. Retorna à Europa em 1908, estuda gravura com o americano Carl Strauss em Florença e viaja para Munique, onde aprende a técnica da água-forte. Em 1911, participa da decoração do pavilhão do Brasil, na Exposição Internacional de Turim. Faz a segunda viagem ao Rio de Janeiro em 1913 e realiza uma exposição com Eugênio Latour (1874 – 1942) na Escola Nacional de Belas Artes – Enba. É nomeado, no ano seguinte, professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e efetivado em 1930. Nesse ano, faz o desenho final do Monumento ao Cristo Redentor. A obra é executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875 – 1961) e instalada no Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, em 1931. A partir de 1946, ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas – FGV. Publica, em 1957, a autobiografia Como Me Tornei Pintor.
Biografia Carlos Oswald | Wikipédia
Carlos Oswald (Florença, 18 de outubro de 1882 — Petrópolis, 1971) foi um pintor, desenhista, gravador, decorador, escritor e professor registrado como brasileiro no Vice Consulado do Império do Brasil, em Florença.
Biografia
Filho primogênito do compositor brasileiro Henrique Oswald e de Laudômia Bombernard Gasperini (de origem francesa e toscana), além de ter sido o responsável pelo desenho final do Cristo Redentor, monumento que se encontra na cidade do Rio de Janeiro, no morro do Corcovado, foi o precursor da gravura no Brasil. Mestre de famosos artistas, como Fayga Ostrower e Poty Lazzarotto, Carlos Oswald deixou extenso legado de obras primas. Parte delas, se encontram no acervo do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Detalhes da sua vida foram materializados nas 229 páginas do livro escrito por sua filha, Maria Isabel Oswald Monteiro, Carlos Oswald, 1882-1971: Pintor da luz e dos reflexos, publicado pela Casa Jorge Editorial no ano de 2000. Em 2007, o artista teve sua vida levada para as telas através do filme-documentário Carlos Oswald - O Poeta da Luz, dirigido por Regis Faria e com Fernando Eiras no papel de Carlos Oswald. A abordagem enfoca o grande descaso dos brasileiros com a arte e os artistas nacionais, além de revelar mais informações sobre a trajetória do renomado artista.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
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Biografia Carlos Oswald | Itaú Cultural
Gradua-se como físico-matemático em 1902, pelo Instituto Galileo Galilei, em Florença. No ano seguinte, ingressa na Accademia di Belle Arti di Firenze. Viaja para o Brasil pela primeira vez em 1906 e realiza no Rio de Janeiro a primeira exposição individual no país. Retorna à Europa em 1908, estuda gravura com o americano Carl Strauss (1873-1957) em Florença e viaja para Munique, onde aprende a técnica da água-forte. Em 1911, participa da decoração do pavilhão do Brasil, na Exposição Internacional de Turim. Faz a segunda viagem ao Rio de Janeiro em 1913 e realiza uma exposição com Eugênio Latour (1874-1942) na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). É nomeado, no ano seguinte, professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e efetivado em 1930. Nesse ano, faz o desenho final do Monumento ao Cristo Redentor. A obra é executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875-1961) e instalada no Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, em 1931. A partir de 1946, ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas - FGV. Publica, em 1957, a autobiografia Como Me Tornei Pintor.
Análise
Carlos Oswald tem uma produção bastante diversificada. Dedica-se à execução de paisagens e de naturezas-mortas, mas, como aponta o historiador da arte Quirino Campofiorito (1902-1993), os temas religiosos se impõem em sua pintura, sempre comprometidos com as características litúrgicas. Realiza ainda diversos trabalhos decorativos para o Palácio São Joaquim e Palácio Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro.
Pioneiro da gravura em metal (água-forte e água-tinta) no Brasil, sua obra permite afirmar o caráter expressivo da técnica. Em gravuras como Boi à Tarde, 1908, Carregando Madeiras, 1909 ou Bois Descansando, 1910, é possível observar o diálogo com as obras de artistas italianos como Giuseppe de Nittis (1846-1884) e Giovanni Fattori (1825-1908). Para Oswald, a gravura é a mais espiritual das artes plásticas, por ter como base a linha e o ponto, cuja imaterialidade possibilita a expressão de estados de alma artísticos.
Carlos Oswald é o responsável pela formação de novas gerações de gravadores no Brasil, como Poty (1924-1998), Darel (1924), Fayga Ostrower (1920-2001), Renina Katz (1926), Henrique Oswald (1918-1965) e Orlando DaSilva (1923).
Críticas
"A obra de Carlos Oswald tem sempre seu enfoque na forma. Mesmo na pintura em fases como os estudos de luz artificial (Retrato de Azeredo Coutinho) ou a Petropolitana (Rua em Petropólis), em que a cor é parte em destaque, a forma é importante na estrutura do quadro (...). Essa preferência já demonstrada quando troca o estudo musical pelo aprendizado numa escola de engenharia. Também constatamos a compreensão que se tem da forma quando faz desenhos para esculturas, em destaque os estudos em que se baseou a construção do monumento ao Cristo Redentor. Sendo assim, nada mais natural do que seu carinho pelo desenho e em especial pela gravura.
A forma verbal não lhe passa desapercebida, como podemos ver no escritor de Como me Tornei Pintor e no colaborador freqüente de jornais e revistas, sempre preferindo divulgar os primores da gravura". — Orlando DaSilva (CARLOS Oswald. Texto de Orlando DaSilva. Apresentação de Alcidio Mafra de Souza. Rio de Janeiro: MNBA, 1982).
"Demonstra-se um pintor com características muito pessoais, como, dentre brasileiros só se verifica com Eliseu Visconti, sempre disposto a estender uma obra com marcas vivas de artista inquieto e atento a atividades que não se restringissem ao manejo dos pincéis ou da modelagem. Visconti partiu para as artes industriais e valorizou-as como mister criativo. Carlos Oswald, senhor, também, de quanto a pintura oferece, dirigiu-se para as artes gráficas, que no Brasil continuavam a ter descrédito no paralelo com as artes tidas, ainda, como maiores. (...) Carlos Oswald rompe o preconceito e é o primeiro artista no Brasil a juntar gravura sobre metal ('água-forte' e 'água-tinta') aos afazeres mais legítimos da atividade artística. Desenvolve uma personalidade que não parou de demonstrar incontido entusiasmo profissional, ativando o sentimento criativo tanto na pintura como no desenho, na gravura e na ilustração, ao que se deve acrescentar a atividade literária em que muito se distendeu conhecimentos e idéias artísticas, particularmente no que concerne à arte sacra.
Sua longa permanência em Florença, onde tem formação toda sua condição de artista, lhe acentua as influências predominantes na parte de sua obra que se desenvolve até 1913. A partir de então, o que se pode chamar de período brasileiro estende-se num permanente evoluir que sempre o identifica entre os nossos maiores artistas. A forma como se define, igualmente, pintor, desenhista e gravador - absolutamente seguro nos três distintos terrenos - já o singuraliza na arte brasileira. Nenhum exemplo idêntico se encontra entre nossos artistas, até que Carlos Oswald se torne senhor das três técnicas, em todas realizando-se de modo decidido" — Quirino Campofiorito (CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. p. 263-264).
"A trajetória de artistas que sentiram a presença do simbolismo no primeiro vintênio do século, mas se encaminharam finalmente para uma predominância de soluções acadêmicas, pode ser representada por Carlos Oswald (...). Em telas a óleo fez Retrato de Azevedo Coutinho e Boi com Carro Vermelho (...), conhecidas obras em gama simbolista. Todavia nas decorações pictóricas, em edifícios, vai sobretudo realizar obras acadêmicas. Também da gravura forte de sua fase italiana declina para um academismo nos retratos e nas obras de sentimento religioso" — Walter Zanini (ZANINI, Walter, org. História geral da arte no Brasil. Apresentação de Walther Moreira Salles. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, Fundação Djalma Guimarães, 1983).
Depoimentos
"Certamente outro artista, mais cedo ou mais tarde, teria ocupado o meu lugar de pioneiro da gravura em princípio de 1900, mais o fato indiscutível é que fui eu a dirigir, iniciar, acompanhar até a maturidade o movimento da arte gráfica no Brasil. Disto me orgulho e seria uma falsa modéstia o querer ficar escondido e esquecido. Sei que em todo o mundo o despertar do interesse pela gravura nasceu e se desenvolveu no nosso século pelas razões que todos conhecem: 'sintetismo', em oposição à exagerada policromia dos pós-impressionistas; entusiasmo pela ressurreição desta arte que tinha sido morta pelos processos mecânicos derivantes da fotografia; o misterioso de seus efeitos de claro-escuro e sua técnica de feitio alquimista; sua prática que lhe facilitava a repetição em muitos exemplares e que a tornava uma arte mais harmoniosa com os nossos costumes democráticos; uma arte democrática, enfim; e, finalmente, seu caráter de novidade que fazia arregalar os olhos não só ao público em geral, mas à maioria dos próprios artistas quando se lhes falava de água-forte, ponta-seca, água-tinta, mezzotinta, talho-doce, xilografia, etc." — Carlos Oswald, 1957 (GRAVURA Brasileira/textos de Leon Kossovitc e Mayra Laudanna, Ricardo Resende; apresentação Ricardo Ribenboim. São Paulo: Cosac & Naify/Itaú Cultural, 2000, p. 38).
"Ao examinar a vida de meu pai, procurando abstrair minha condição de filha, admiro-me sempre não somente com a sua versatilidade, mas também com seu dinamismo. Seu diário permite-nos acompanhar dias riquíssimos de atividades, projetos e realizações, como também uma visão de conceitos de grande interesse. Habituado a registrar, ao fim do dia, tudo o que fizera, deixa-me por vezes perplexa ante a quantidade e diversidade de suas ocupações. Chego à conclusão que apesar de sua aparência franzina tinha saúde de ferro. Ou seria a fortaleza do espírito dominando o corpo e a mente? Nenhum gênero ele deixou de abordar, por vezes concomitantemente. Fez pintura mural e de cavalete, gravura, desenho e ilustrações, foi vitralista, professor e articulista, tudo isso sem deixar de manter uma intensa vida social freqüentando concertos, reuniões e exposições. E esteve sempre presente como pai em nossas vidas, embora suas atividades mais ainda se multiplicassem ao atender a qualquer chamado relativo a assunto de arte. Fez parte de comissões institucionais as mais diversas, interessando-se profundamente pelo que fazia, dando-se todo a qualquer empreendimente com o qual resolvesse colaborar. Quem o conhecesse socialmente não faria idéia da profundidade de sua vida religiosa. Dela não falava. Falavam as obras. Aceitava as pessoas como eram, não pretendia transformar ninguém nem procurava incutir nos outros suas próprias convicções. Isto não quer dizer que não gostasse, e muito, de uma polêmica sobre arte, quando se inflamava mostrando todo o ardor do sangue italiano, como citou Manuel Bandeira" — Maria Isabel Oswald Monteiro (MONTEIRO, Maria Isabel Oswald. Carlos Oswald (1882-1971): pintor da luz e dos reflexos. Rio de Janeiro: Casa Jorge Editorial, 2000, p. 159).
Exposições Individuais
1904 - Florença (Itália) - Individual
1906 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Escola de Música
1906 - Roma (Itália) - Individual
1907 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Rua Chile
1910 - Munique (Alemanha) - Individual
1911 - Paris (França) - Individual
1917 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Jorge
1918 - São Paulo SP - Individual, na Rua Libero Badaró, 111
1920 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Jorge
1938 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Heubergen
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
Exposições Coletivas
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 2º grau
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 1º grau
1911 - Paris (França) - Salão de Artes de Paris
1911 - Turim (Itália) - Exposição Internacional de Turim
1912 - Florença (Itália) - Coletiva - Prêmio Província de Firenze
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de bronze
1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - pequena medalha de ouro
1913 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald e Eugênio Latour, na Enba
1914 - Rio de Janeiro RJ - 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1915 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1916 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - grande medalha de prata
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Carioca de Gravura a Água-Forte
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rosário (Argentina) - 11º Salão de Arte do Rosario, na Comisión Municipal de Belas Artes
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald e Hans Steiner, na Galeria Ibeu Copacabana
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição de Arte Brasileira, na Burlington House
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Religiosa, no MNBA
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Victory Art Gallery
1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1958 - Rio de Janeiro RJ - O Trabalho na Arte, no MNBA
1969 - Ouro Preto MG - Salão de Ouro Preto
Exposições Póstumas
1971 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Aliança Francesa
1972 - Petrópolis RJ - Individual, Salão Wim van Dijk
1974 - São Paulo SP - Mostra da Gravura Brasileira, Fundação Bienal
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Cesar Aché
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu Nacional de Belas Artes
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Fundação Biblioteca Nacional
1978 - São Paulo SP - Carlos Oswald: gravuras e desenhos, Graphus Galeria de Arte
1979 - Curitiba PR - 2ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, Centro de Criatividade
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Museu Nacional de Belas Artes
1981 - Washington (Estados Unidos) - A Pionner of Printmarking in Brasil, Brazilian-American Cultural Institute
1982 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald: cem anos, Museu Nacional de Belas Artes
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, PUC/RJ. Solar Grandjean de Montigny
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, Museu de Arte Moderna
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, Museu de Arte Moderna
1983 - São Paulo SP - Carlos Oswald: gravuras de várias épocas, Museu Lasar Segall
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Porto Alegre RS - Gravuras: uma trajetória no tempo, Cambona Centro de Arte
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, Museu Nacional de Belas Artes
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal
1986 - Curitiba PR - 7ª Acervo do Museu Nacional da Gravura - Casa da Gravura, Museu Guido Viaro
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, Pinacoteca do Estado
1988 - Curitiba PR - Oswaldo Goeldi e Carlos Oswald - MNBA, Centro Cultural Palacete Leão Junior
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, Pinacoteca do Estado
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, Espaço Cultural da Unifor
1990 - Rio de Janeiro RJ - Ibeu: 1940-1990, Galeria Ibeu Copacabana
1991 - São Paulo SP - Projeto: 100 anos de Paulista, Casa das Rosas
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, Centro Cultural do Banco do Brasil
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, Pinacoteca do Estado
1994 -São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, Galeria de Arte do Sesi
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, Paço das Artes
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, Centro Cultural do Banco do Brasil
1998 - Rio de Janeiro RJ - O Rio Jamais Visto, Centro Cultural do Banco do Brasil
1999 - Rio de Janeiro RJ - Acervo do Solar Grandjean de Montigny, PUC/RJ. Solar Grandjean de Montigny
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Coleção Armando Sampaio: gravura brasileira, Centro de Artes Calouste Gulbenkian
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaugaleria
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaugaleria l
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, Instituto Cultural Banco Santos
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2005 - Campos dos Goytacazes RJ - Imagem Sitiada, Sesc
2005 - Petrópolis RJ - Imagem Sitiada, Galeria Sesc Petrópolis
2005 - Rio de Janeiro RJ - Imagem Sitiada, Galeria Sesc Copacabana
2010 - Porto Alegre RS - Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
2010 - São Paulo SP - Carlos Oswald 1882-1971: o resgate de um mestre, Caixa Cultural. Galeria da Paulista
2010 - São Paulo SP - Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas, Instituto Tomie Ohtake
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
Fonte: CARLOS Oswald. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 10 de junho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Carlos Oswald | Site Oficial
“Numa manhã, em Paris, saí para mandar emoldurar uma aquarela: abrindo a porta da Maison Boulanger, no Montparnasse, o vento desenrolou o embrulho e o meu trabalho caiu do outro lado do balcão. A mocinha funcionária da casa apanhou o papel e esticando os braços, afastou-o dos olhos para melhor apreciá-lo; inclinou a cabeça e disse sorrindo: Oh! la lumière!
É isto mesmo, penso eu agora, despertado pela lembrança daquele fato aparentemente insignificante, é isto mesmo o pintor: um indivíduo que tem a possibilidade de transformar um pedaço de papel amarrotado em lumière, em luz.” — Carlos Oswald, Sobre Pintura, Jornal do Commercio, 1963.
Carlos Oswald nasceu em Florença, Itália, aos 18 de outubro de 1882, filho primogênito do compositor brasileiro Henrique Oswald, e de Laudômia Bombernard Gasperini. Do pai, vem-lhe o sangue suiço-alemão (do avô Jean-Jacques Oschwald, que simplificou seu sobrenome para Oswald), e o italiano, da avó paterna Carlotta Luiza Horácia Cantagalli, nascida em Livorno. Da mãe, herda o sangue francês da avó, Maria Bombernard, e o toscano puro dos Gasperini.
Foi registrado como brasileiro no Vice Consulado do Império do Brasil em Florença e batizado com os nomes de Carlos Julião Jaime Ignacio Alexandre Maria na Basílica de S. João Baptista de Florença, igreja onde tambem foram batizados gênios como Giotto, Miguel Ângelo, Boticelli e outros artistas plásticos.
Teve quatro irmãos: Alfredo Mário Henrique Alberto Leão; Maria Carla Horácia Ana; Charlotte Marie Herminie, morta aos três anos de idade, e a caçula, Henriqueta Margherita.
Sua infância foi tranqüila. Faz os estudos preparatórios na “Scuole Pie” dos jesuitas. É aluno diligente, ganhando prêmios ao fim de cada ano e escolhendo o violoncelo como instrumento a ser estudado. Alfredo e as irmãs estudavam piano. Em ambiente absolutamente musical, Carlos acostumou-se a dormir todas as noites ao som do piano do pai, do canto da mãe, excelente contralto, e da música de câmara executada por músicos que freqüentavam a casa.
Henrique Oswald jamais deixou que afrouxassem os elos que o prendiam ao Brasil. Recebia sempre os brasileiros que passavam por Florença, como nos dá o depoimento do autor de “Ana em Veneza”, João Silvério Trevisan, quando nos conta da passagem de Alberto Nepomuceno pela casa dos Oswald em Fiesole, bairro de Florença onde nasceu Carlos. O padrinho de Carlos foi Ignacio Porto Alegre, filho de Manoel de Araujo Porto Alegre.
Carlos estuda violoncelo com o grande violoncelista florentino Cinganelli. Em breve, entanto, descobre não ser esta sua vocação. Era excessivamente tímido, o que prejudicava as apresentações em público. Entusiasma-se com os progressos das ciências, e resolve ser engenheiro. Em julho de 1898 submete-se ao primeiro exame para a admissão ao Instituto Técnico Galileu Galilei, que formava os futuros engenheiros. Cursa até o quarto ano, faltando um apenas para tornar-se engenheiro. Mas contenta-se com o diploma de físico-matemático, e resolve não atrasar mais sua verdadeira vocação, que reconhecia, não era nem música nem ciência, mas a pintura. Antes da resolução definitiva hesitou ainda; pensou em ser arquiteto, carreira que o seduzia, chegando a fazer estudos neste sentido. Inscreveu-se na Escola de Diplomacia (com vistas em uma carreira no Brasil, seu objeto de desejo maior) e até pensou em ingressar na Escola de Química. Mas a Arte reivindicou seus direitos, e ei-lo enfim matriculando-se na Academia de Belas Artes, onde seguirá o curso de modelo vivo.
Na Academia não somente todas as línguas eram faladas, visto para ela acorrerem estudantes de todo o mundo, mas também debatiam-se todas as correntes artísticas. Carlos então toma conhecimento, em primeiro lugar, dos “impressionistas”, (na Itália os “macchiaoli”, movimento impressionista independente do dos franceses). Na Academia freqüenta também a aula de pintura. Mais tarde abjurará seus métodos, defendendo a maior liberdade artística do aluno. Ouve também conselhos do pintor Odoardo Gelli, seu primeiro professor, “o grande apaixonado das cores”, faz cópias em museus e percorre os campos buscando uma que foi de suas grandes paixões, a paisagem.
Tendo seu pai Henrique Oswald fixado residência no Brasil, nomeado para o cargo de diretor do Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, Carlos começa a enviar quadros para serem expostos no Salão. Em 1904 consegue a “Menção Honrosa de 1º grau”, com ‘Paisagem à beira do Arno’.
Carlos percorre cidades da Itália: Veneza, San Gemigniano, Forte dei Marmi, importante em sua obra pelos estudos de bois que ali realizou e que usaria em quadros e painéis futuros. Em 1904 ganha no Salão deste ano a “Menção Honrosa de 2º Grau”, com outra paisagem: ‘Pinheiral em Viareggio’. Carlos resolve então expor no Brasil e para aqui parte pelo vapor “Minas Gerais” chegando em junho de 1906.
Sua emoção é profunda. Tendo no âmago de sua alma o sentimento da cidadania brasileira, é quando em contato com a cor e a luz de nossa Terra que expande sua arte, procurando na paisagem e nas pessoas realizar-se completamente como artista. Mora na Tijuca e de lá se desloca para conhecer toda a cidade. No Jardim Botânico descobre a palmeira, que será tema de futuras gravuras e quadros. Vai ao Corcovado, que mais tarde ajudará a coroar com a imagem do Cristo Redentor. Visita nossas igrejas barrocas, maravilhando-se e afirmando: “…neste gênero o Brasil atinge um nível superior a tudo que se executou neste período na Europa.” Conhece as praias e pinta o mar. Vai ao Campo de Sant’Ana e ao Passeio Público, pintando as centenárias figueiras.
Aqui pinta o autoretrato à maneira de Carrière, monocromático, que expõe no Salão de 1907. Já em 1906 recebera crítica favorável do Gonzaga Duque, conhecido crítico de arte, sobre seu quadro “O Violinista”.
Sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro dá-se no ano de 1907. As críticas são favoráveis e Carlos retorna revigorado a sua Florença para terminar o curso na Academia.
Já então pintor feito, Carlos começa a colher os primeiros resultados de seu trabalho. Vê quatro quadros seus serem aceitos na “Promotrice” de Florença, conceituada exposição anual que aceitava pintores de qualquer nacionalidade, sujeitos entretanto à avaliação.
Carlos viaja pela Itália, enriquecendo o próprio acervo de imagens, com a intenção de ampliar suas possibilidades. Absorve as novas tendências, que passariam pelo crivo de sua sensibilidade, na escolha de um estilo próprio.
Em 1908 começa a trabalhar no ateliê de Carl Strauss, agua-fortista americano de origem alemã. É quando descobre a gravura em metal, que seria uma paixão em sua vida. Visita a Alemanha, onde expõe e estuda, apresentando já uma técnica segura e definitiva.
Em 1910 é convidado pelo Governo do Brasil a decorar a “Sala de Música” do Pavilhão Brasileiro na Exposição Internacional de Turim. A seu lado, o que havia de mais representativo da arte brasileira: João e Arthur Timotheo da Costa, Carlos e Rodolfo Chambelland, Eugênio Latour, etc. Como os trabalhos deveriam ser executados em Paris, para lá parte ele, quando aluga uma sala para usar como ateliê e toma conhecimento de todas as vanguardas francesas. Sofre a influência do lionês Puvis de Chavanne cujo estilo o influenciaria daí por diante quando de execuções de murais. Esta exposição em Turim, de grande importância histórica para o Brasil, seria praticamente esquecida, pois foi toda desmanchada no término da mesma.
A família toda se transferiria em seguida para o Brasil pois Henrique Oswald fora oficialmente chamado a ocupar uma cátedra de piano no Instituto Nacional de Música (hoje Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro).
Em 1913 Carlos embarca com seu irmão Alfredo para o Rio de Janeiro, pensando ele em fazer exposições aqui e depois retornar a Florença, onde deixa inclusive um ateliê montado, e seu irmão Alfredo a cumprir contratos de uma série de concertos em que se apresentaria como pianista. Os dois pensavam em retornar logo à Europa, mas com o advento da lª Guerra Mundial, adiariam seus planos. Carlos integra-se à vida artistica do Rio de Janeiro, apresentando seus trabalhos em uma exposição em conjunto com o amigo Eugène Latour. Logo em seguida, sendo convidado para inaugurar a Oficina de Gravura do Liceu de Artes e Ofícios, da Sociedade Propagadora de Belas Artes, entidade quase centenária, resolve estabelecer-se definitivamente no Brasil, o que aliás sempre fora seu desejo maior.
Funda então o que viria a ser a “Escola Carioca de Gravura” a primeira do Brasil e que formaria excelentes gravadores. Daí por diante, Carlos passa a ser o grande difusor da Gravura, presente em todas as suas manifestações.
Casa-se em setembro de 1917 com Maria Gertrudes Menezes Bicalho, filha do engenheiro Francisco Bicalho, construtor do Cais do Porto do Rio de Janeiro, da nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, da abertura da Avenida Central, e outros grandes empreendimentos de nossa engenharia.
Maria Gertrudes, tratada por todos de Lilita, era gêmea, e teve em sua primeira gestação os gêmeos Francisco de Paula e Henrique Carlos, logo seguidos por Maria Isabel, José Lucas, Maria Beatriz, Maria Carlota, e Maria Thereza, totalizando em pouco tempo sete filhos. Lilita foi maravilhosa companheira por mais de cinqüenta anos, sempre atenta para que Carlos pudesse dedicar-se inteiramente ao seu trabalho.
Foi realmente a partir de 1918 que a carreira de Carlos se firmou. Grande êxito nas exposições realizadas, permitiram-lhe já em 1918 construir sua casa na Rua Piratini 78, mais tarde Carmela Dutra, onde residiu toda a vida, dividindo-a entretanto com a casa de Petrópolis, à Rua Carlos Gomes 42, comprada por seu pai e que ele compraria mais tarde das irmãs, fazendo tanto da casa da Tijuca como da de Petrópolis, um centro de expansão da Arte.
Em 1918 conhece o poeta Paul Claudel e seu secretário Darius Milhaud, desenvolvendo com ambos uma bela amizade. Fez de Milhaud, que se celebraria mais tarde na França como um dos elementos da música de vanguarda, integrando o Grupo “Les Six”, um retrato cubista, que levado para Paris fez muito sucesso.
Na primeira década do século, a pintura de Carlos é quase exclusivamente profana. São paisagens, naturezas mortas, retratos, composições com a figura da mulher. Seu nu “Estudo de reflexos”, premiado na Exposição Promotrice de Florença, hoje no Museu Nacional de Belas Artes, em estilo impressionista, dá bem idéia de sua pintura nesta época. Pinta também muito composições com a figura do boi que estudara em Forte dei Marmi, de onde nos vem o mármore de Carrara. Um dos mais conhecidos, também do acervo do Museu Nacional de Belas Artes, é o “Último Esforço”, óleo onde se vê bois no esforço de puxar um navio para a terra. Existe uma gravura com o mesmo tema, talvez das mais belas de sua obra.
Na segunda década do século, Carlos pinta sobretudo a mulher, mas aí já em seus afazeres domésticos, mais a mulher-mãe, a mulher-irmã, a mulher-esposa. E começa então a pintar seus primeiros quadros sacros: “Eu sou a Luz do Mundo”, seu primeiro Sagrado Coração de Jesus. Ele estava então no auge dos estudos sobre efeitos de luz, usando o resultado de suas pesquisas em quase todos os quadros pintados nesta época. Aliás era então conhecido como o pintor dos efeitos de luz, e a crítica o saúda por isto. É desta época também um de seus quadros que mais sucesso alcançou. Pintado inicialmente para a Igreja do Brás em São Paulo, Carlos iria repetir esta composição em outro quadro que foi editado pela Stehli&Fr;ères da Suíça que o divulgaria por todo o mundo ocidental. Trata-se da “Santa Ceia do Senhor” reproduzida por centenas de vezes, guardando sempre a composição, mas variando na cor, no ambiente, nas expressões dos Apóstolos. Deste quadro aliás já aconteceram muitas falsificações, a maioria delas grosseira o que denuncia imediatamente sua origem.
É também por volta de 1915 que Carlos tem sua primeira encomenda para um mural. Trata-se dos dois murais que se encontram no Palácio S. Joaquim, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, representando a “Primeira Missa no Rio de Janeiro” e “A batalha dos Tamoios”. Também executou o “plafond” para a Capela do mesmo Palácio.
As duas primeiras décadas do século foram talvez as mais férteis na produção de Carlos Oswald. Ele via seu talento reconhecido, a família crescendo, os trabalhos se multiplicando.
Com o advento do modernismo, depois da Semana de Arte Moderna de 1922, as encomendas oficiais começaram a rarear. Não acompanhando as novas tendências, permanecendo fiel à sua maneira de entender e fazer arte, Carlos prosseguiu em seu trabalho, acompanhado por um público sempre crescente, que o apoiava. A partir de 1930 as encomendas de quadros de assunto religioso sobressaiam-se em sua obra. Painéis para igrejas, vitrais, cenas do Evangelho, que ele realizava com a religiosidade que lhe era peculiar.
O trabalho de gravador e professor continuava. Lecionando ainda no Liceu, Gravura e Desenho, continuava em sua residência regularmente o ofício de gravador, executando nesta época algumas de suas mais belas gravuras.
Em 1946 funda com alguns colaboradores a S.B.A.C. Sociedade Brasileira de Arte Cristã que se propunha não somente difundir como controlar o mau gosto imperante em algumas igrejas. Por meio de artigos em jornais e revistas, de conferências e exposições, a S.B.A.C. vai difundindo novos conceitos de Arte Sacra, ganhando adeptos e se espalhando pelo Brasil.
Em 1943 Carlos mandara vir de Petrópolis a prensa que pertencera a Henrique Bernardelli, cópia da de Rembrandt. E a Rua Piratiny 78, na Tijuca, passa a ser mais um núcleo de gravura, aberto à impressão de alunos e amigos.
Em 1946, com Tomás Santa Rosa e Alex Leskoschek, inicia um curso de Gravura na Fundação Getúlio Vargas, que embora tenha durado apenas um ano, despertou para a gravura artistas como Fayga Ostrower e outros.
Fundou também por esta época o “Ateliê de Arte”, tendo como companheiros seus ex-aluno José d’Avila, seu filho Henrique C. Bicalho Oswald, e o gravador austríaco Hessheimer. A alma do empreendimento era o húngaro Peter Morris, um idealista que arriscou tudo o que tinha nesta empreitada que infelizmente não logrou êxito.
Carlos Oswald participou durante anos do Júri para os Salões Oficiais da Escola de Belas Artes. Também era presença obrigatória em qualquer Concurso ou Salão quando se tratava de Gravura. Foi membro do Conselho de Arte do I.B.E.U. tendo atuação ativa e empreendedora.
Chamado pelo arquiteto Heitor da Silva Costa na ocasião da criação e construção do Cristo Redentor do Corcovado, fez os estudos e desenhos da estátua, detalhados no naturalismo, partindo depois para o sintetismo, estilo que gostava de usar em seus murais de Arte Sacra, como comprova aliás, a Matriz de Santa Therezinha do Túnel, onde tanto o mosaico como os painéis e os vitrais são de sua autoria. É dele, aliás, a idéia do Cristo de braços abertos, dando a impressão, ao ser visto de longe, de uma cruz plantada no granito.
Durante muitos anos foi professor. Primeiramente no Liceu de Artes e Ofícios, onde lecionou Gravura e Desenho, e particularmente em seu ateliê. Formou artistas do naipe de Hans Steiner, Poty, Orlando DaSilva, e muitos outros.
Participou de Comissões de Arte. A mais importante foi o Conselho Nacional de Belas Artes, em 1951. Havia duas Seções: a tradicionalista, representada por Flexa Ribeiro (crítico de arte), Henrique Cavallero (pintor, Leão Veloso (escultor) e Carlos Oswald (água-fortista). A Seção Modernista era representada por Tomás Santa Rosa (crítico), Iberê Camargo (pintor), Bruno Giorgi (escultor) e Oswaldo Goeldi (xilógrafo). Dois membros perpétuos, o Dr. Rodrigo Mello Franco de Andrade, Diretor do Patrimônio Artístico, e Oswald Teixeira, Diretor do Museu Nacional de Belas Artes.
Perde o filho pintor Henrique, no dia 12 de dezembro de 1965. Em 13 de maio de 1969 morre sua bem amada Lilita. Ele ainda lhe sobreviveria dois anos, embora já totalmente cego pelo glaucoma que lhe destruiu uma das maiores alegrias de sua vida, a sua essência, a pintura. Preso a uma cadeira de rodas, passou a desenvolver seu lado espiritual. Sempre fora extraordinariamente religioso. Falece em Petrópolis, no dia 14 de fevereiro de 1971 – Maria Isabel Oswald Monteiro
Dados Biográficos de Carlos Oswald
Cronologia organizada por Paulo Leonel Vergolino em 2012
1882 – Nasce em Florença, em 18 de outubro, e é registrado no Consulado Brasileiro. Filho de Henrique Oswald e Laudomia Gasperini Oswald. Batizado no Batistério de Firenze, Itália.
1897– Estuda violoncelo com Sbolci e, posteriormente, com Césare Cinganelli.
1898 – Matricula-se no Instituto Galileo Galilei, diplomando-se físico-matemático.
1903 – Ingressa na Academia de Belas Artes de Florença. Seu pai é nomeado Diretor do Instituto Nacional de Música e vem para o Brasil, deixando Carlos Oswald na Europa. Aluga ateliê na Rua Böklin.
1906 – Primeira viagem ao Brasil.
1906/1907 – Exposição individual na Escola de Música, na Avenida Rio Branco, fundada à época por Henrique Oswald, Leão Veloso e Francisco Braga.
1908 – Retorno a Florença. Toma contato com a arte moderna. Primeiras gravuras.
1909 – Participa da XVI Exposição Geral de Belas Artes, na qual ganha menção honrosa de 1º. grau.
1909/1910 – Viaja à Alemanha. Participa da Exposição de Glasspalatz, em Munique. Volta a Florença.
1911 – Expõe no Salão de Paris. Vai a Turim para a inauguração da Exposição Internacional, onde encontra seu pai e seu irmão Alfredo, contratados para realizar concertos. Volta a Florença.
1911/1913 – Intensifica estudo dos bois do Forte dei Marmi, dedicando-se ao estudo anatômico.
1912 – Medalha de Bronze na XIX Exposição Geral de Belas Artes.
1913 – Em março, embarca para o Brasil. Expõe com Eugênio Latour (Rio de Janeiro 1874-1942) na Escola Nacional de Belas Artes. Participa da XX Exposição Geral de Belas Artes.
1914 – A 1ª. Guerra Mundial impede seu regresso à Europa. Torna-se professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Faz as primeiras gravuras com temática religiosa. Primeira litografia.
1915 – Primeiros quadros sacros: A primeira missa, no Rio de Janeiro e A Batalha das canoas, para o Palácio São Joaquim. Participa da XXII Exposição Geral de Belas Artes, da qual faz parte do júri de Desenho, Artes Gráficas e Gravura de Medalhas.
1917 – Em 27 de setembro, casa-se com Maria Gertrudes Bicalho, filha do engenheiro Francisco Bicalho e Izabel Menezes Bicalho. É membro do júri de pintura na Exposição de Belas Artes.
1918 – Exposição individual em São Paulo, à Rua Libero Badaró. Membro do júri de Gravura de Medalhas da Exposição Geral de Belas Artes.
1919 – Mora à Rua Piratiny, 78 (atual Carmela Dutra), Tijuca, cujo terreno e construção da casa foram frutos da venda de obras provenientes da exposição feita no ano anterior, em São Paulo. Primeira Exposição Carioca de Gravura à Água Forte.
1920 – A Oficina de Gravura no Liceu de Artes e Ofícios é fechada, e a prensa de rolos de madeira – instalada até então no ateliê mantido em Paris – é vendida em Florença.
1922 – Mora em Petrópolis. Início da fase petropolitana. Participa da XXIX Exposição Geral de Belas Artes, e faz parte do júri de Artes Gráficas e Artes Aplicadas.
1922/1926 – Realiza três exposições individuais em São Paulo.
1923 – Membro do júri da XXX Exposição Geral de Belas Artes.
1926 – Nasce Terezinha. Sua família é constituída pelo casal e sete filhos.
1928 – Lançamento do livro “A Oração de Natal”, de Aloysio de Castro, com ilustrações em litografia.
1929 – Participa da XXXVI Exposição Geral de Belas Artes.
1930 – Realiza os croquis finais para o Monumento do Cristo Redentor. Obra executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875-1961) e inaugurada no Morro do Corcovado, em 1931. É reaberta a Oficina de Gravura do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Atividades em vitral.
1933 – Primeira conferência e primeiro trabalho impresso. Membro do júri de pintura da Exposição Geral de Belas Artes.
1934 – Primeira Via Sacra em pintura.
1937/1945 – É membro do júri e/ou da Comissão Organizadora do Salão Nacional de Belas Artes.
1940 – Expõe no Instituto Brasil – Estados Unidos com seu aluno Hans Steiner (Áustria, 1910 – Itália, 1974).
1942 – Com Hans Steiner realiza um filme de demonstração sobre a técnica da gravura para o Instituto Nacional do Cinema Educativo.
1946 – É fundador e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Arte Cristã. Ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas. Grava a Via Sacra.
1950 – Funda o Ateliê de Arte junto com outros.
1952 – Membro da Comissão Nacional de Belas Artes.
1953 – Palestra no MNBA, na sala de exposição de gravura.
1957 – Recebe a Ordem Equestre de São Gregório Magno, conferida pelo Papa Pio XII. Publica “Como me tornei pintor”.
1959 – Roubam-lhe quase todas as chapas em cobre.
1962 – Recebe uma série de homenagens pelo seu octogésimo aniversário. O MNBA inaugura exposição e placa comemorativa em homenagem ao artista.
1963 – O MNBA adquire quase toda a sua obra gravada.
1964 – Últimos trabalhos gravados para seu álbum, editado pela GAE (Gravura de Arte Editora, RJ)
1965 – Falece o também gravador Henrique Bicalho Oswald, seu filho.
1966 – Últimas pinturas. Uma Via Sacra.
1968 – Homenagem do Salão Petropolitano de Pintura.
1969 – Homenagem do III Salão de Ouro Preto. Edita-se o álbum “Carlos Oswald, o gravador: catálogo raisonné”, com seus últimos trabalhos gravados. Falece Maria Gertrudes Bicalho, sua esposa.
1971 – 14 de fevereiro: Carlos Oswald falece em sua casa de Petrópolis.
1971 – “Primeira Exposição Póstuma”, na Galeria da Aliança Francesa de Botafogo.
1972 – Exposição Carlos Oswald, Salão Win van Dijk, Petrópolis.
1974 – Mostra da Gravura Brasileira, Fundação Bienal de São Paulo.
1977 – Carlos Oswald, Galeria Cesar Ache, RJ.
1978 – Carlos Oswald, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; I Salão Nacional de Artes Plásticas. Mostra Paralela “Três mestres da gravura no Brasil: Carlos Oswald, gravuras, desenhos”, Galeria Graphus, SP.
1979 – Lançamento do álbum “Carlos Oswald” com dez gravuras (Graphus, SP).
1979/1980 – II Mostra Anual de Gravura, Cidade de Curitiba, Sala Especial.
1981 – Cinquentenário do Cristo Redentor, MNBA. Entre 23 de outubro e 20 de novembro: “Carlos Oswald (1881-1971): a pioneer of printmaking in Brasil”, Washington, Art Gallery of the Brazilian American Cultural Institute, Estados Unidos.
1982 – Exposição do Centenário de Carlos Oswald, Museu Nacional de Belas Artes, MEC, Rio de Janeiro. Curadoria de seu aluno, o também gravador Orlando DaSilva.
2000 – Publicação do livro “Carlos Oswald (1882 – 1971): pintor da luz e dos reflexos”, de Maria Isabel Oswald Monteiro (filha do artista), Edição Casa Jorge.
2002 – Lançamento do livro: “Gravura em metal”, organizado por Marco Buti e Anna Letycia, onde constam dez gravuras de sua autoria, restauradas posteriormente pelo mestre Roberto Grassmann.
2004 – Figura na Exposição “A Arte da gravura”, realizada no Arte SESC Flamengo, RJ, com curadoria de Ileana Padilha.
2007 – É foco no filme-documentário “Carlos Oswald: o poeta da luz”, dirigido por Régis Faria, e tendo Fernando Eiras no papel do artista.
2008 – Uma de suas obras figura na Exposição “Gravura brasileira na Coleção de Mônica e George Kornis”, realizada na Caixa Cultural, no centro de São Paulo.
2010 – Exposições na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, RJ e São Paulo, SP, com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
2011 – Exposições na CAIXA Cultural Brasília, DF com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
2012 – Exposições na CAIXA Cultural Curitiba, PR com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
Fonte: Oswald Art. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
Crédito fotográfico: Biblioteca digital Luso-Brasileira. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
Carlos Oswald (Florença, Itália, 18 de outubro de 1882 — Petrópolis, RJ, 14 de fevereiro de 1971) foi um pintor, desenhista, gravador, decorador, escritor e professor italo-brasileiro. Gradua-se como físico-matemático em 1902, pelo Instituto Galileo Galilei, em Florença. No ano seguinte, ingressa na Accademia di Belle Arti di Firenze. Viaja para o Brasil pela primeira vez em 1906 e realiza no Rio de Janeiro a primeira exposição individual no país. Retorna à Europa em 1908, estuda gravura com o americano Carl Strauss em Florença e viaja para Munique, onde aprende a técnica da água-forte. Em 1911, participa da decoração do pavilhão do Brasil, na Exposição Internacional de Turim. Faz a segunda viagem ao Rio de Janeiro em 1913 e realiza uma exposição com Eugênio Latour (1874 – 1942) na Escola Nacional de Belas Artes – Enba. É nomeado, no ano seguinte, professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e efetivado em 1930. Nesse ano, faz o desenho final do Monumento ao Cristo Redentor. A obra é executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875 – 1961) e instalada no Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, em 1931. A partir de 1946, ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas – FGV. Publica, em 1957, a autobiografia Como Me Tornei Pintor.
Biografia Carlos Oswald | Wikipédia
Carlos Oswald (Florença, 18 de outubro de 1882 — Petrópolis, 1971) foi um pintor, desenhista, gravador, decorador, escritor e professor registrado como brasileiro no Vice Consulado do Império do Brasil, em Florença.
Biografia
Filho primogênito do compositor brasileiro Henrique Oswald e de Laudômia Bombernard Gasperini (de origem francesa e toscana), além de ter sido o responsável pelo desenho final do Cristo Redentor, monumento que se encontra na cidade do Rio de Janeiro, no morro do Corcovado, foi o precursor da gravura no Brasil. Mestre de famosos artistas, como Fayga Ostrower e Poty Lazzarotto, Carlos Oswald deixou extenso legado de obras primas. Parte delas, se encontram no acervo do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Detalhes da sua vida foram materializados nas 229 páginas do livro escrito por sua filha, Maria Isabel Oswald Monteiro, Carlos Oswald, 1882-1971: Pintor da luz e dos reflexos, publicado pela Casa Jorge Editorial no ano de 2000. Em 2007, o artista teve sua vida levada para as telas através do filme-documentário Carlos Oswald - O Poeta da Luz, dirigido por Regis Faria e com Fernando Eiras no papel de Carlos Oswald. A abordagem enfoca o grande descaso dos brasileiros com a arte e os artistas nacionais, além de revelar mais informações sobre a trajetória do renomado artista.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
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Biografia Carlos Oswald | Itaú Cultural
Gradua-se como físico-matemático em 1902, pelo Instituto Galileo Galilei, em Florença. No ano seguinte, ingressa na Accademia di Belle Arti di Firenze. Viaja para o Brasil pela primeira vez em 1906 e realiza no Rio de Janeiro a primeira exposição individual no país. Retorna à Europa em 1908, estuda gravura com o americano Carl Strauss (1873-1957) em Florença e viaja para Munique, onde aprende a técnica da água-forte. Em 1911, participa da decoração do pavilhão do Brasil, na Exposição Internacional de Turim. Faz a segunda viagem ao Rio de Janeiro em 1913 e realiza uma exposição com Eugênio Latour (1874-1942) na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). É nomeado, no ano seguinte, professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e efetivado em 1930. Nesse ano, faz o desenho final do Monumento ao Cristo Redentor. A obra é executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875-1961) e instalada no Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, em 1931. A partir de 1946, ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas - FGV. Publica, em 1957, a autobiografia Como Me Tornei Pintor.
Análise
Carlos Oswald tem uma produção bastante diversificada. Dedica-se à execução de paisagens e de naturezas-mortas, mas, como aponta o historiador da arte Quirino Campofiorito (1902-1993), os temas religiosos se impõem em sua pintura, sempre comprometidos com as características litúrgicas. Realiza ainda diversos trabalhos decorativos para o Palácio São Joaquim e Palácio Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro.
Pioneiro da gravura em metal (água-forte e água-tinta) no Brasil, sua obra permite afirmar o caráter expressivo da técnica. Em gravuras como Boi à Tarde, 1908, Carregando Madeiras, 1909 ou Bois Descansando, 1910, é possível observar o diálogo com as obras de artistas italianos como Giuseppe de Nittis (1846-1884) e Giovanni Fattori (1825-1908). Para Oswald, a gravura é a mais espiritual das artes plásticas, por ter como base a linha e o ponto, cuja imaterialidade possibilita a expressão de estados de alma artísticos.
Carlos Oswald é o responsável pela formação de novas gerações de gravadores no Brasil, como Poty (1924-1998), Darel (1924), Fayga Ostrower (1920-2001), Renina Katz (1926), Henrique Oswald (1918-1965) e Orlando DaSilva (1923).
Críticas
"A obra de Carlos Oswald tem sempre seu enfoque na forma. Mesmo na pintura em fases como os estudos de luz artificial (Retrato de Azeredo Coutinho) ou a Petropolitana (Rua em Petropólis), em que a cor é parte em destaque, a forma é importante na estrutura do quadro (...). Essa preferência já demonstrada quando troca o estudo musical pelo aprendizado numa escola de engenharia. Também constatamos a compreensão que se tem da forma quando faz desenhos para esculturas, em destaque os estudos em que se baseou a construção do monumento ao Cristo Redentor. Sendo assim, nada mais natural do que seu carinho pelo desenho e em especial pela gravura.
A forma verbal não lhe passa desapercebida, como podemos ver no escritor de Como me Tornei Pintor e no colaborador freqüente de jornais e revistas, sempre preferindo divulgar os primores da gravura". — Orlando DaSilva (CARLOS Oswald. Texto de Orlando DaSilva. Apresentação de Alcidio Mafra de Souza. Rio de Janeiro: MNBA, 1982).
"Demonstra-se um pintor com características muito pessoais, como, dentre brasileiros só se verifica com Eliseu Visconti, sempre disposto a estender uma obra com marcas vivas de artista inquieto e atento a atividades que não se restringissem ao manejo dos pincéis ou da modelagem. Visconti partiu para as artes industriais e valorizou-as como mister criativo. Carlos Oswald, senhor, também, de quanto a pintura oferece, dirigiu-se para as artes gráficas, que no Brasil continuavam a ter descrédito no paralelo com as artes tidas, ainda, como maiores. (...) Carlos Oswald rompe o preconceito e é o primeiro artista no Brasil a juntar gravura sobre metal ('água-forte' e 'água-tinta') aos afazeres mais legítimos da atividade artística. Desenvolve uma personalidade que não parou de demonstrar incontido entusiasmo profissional, ativando o sentimento criativo tanto na pintura como no desenho, na gravura e na ilustração, ao que se deve acrescentar a atividade literária em que muito se distendeu conhecimentos e idéias artísticas, particularmente no que concerne à arte sacra.
Sua longa permanência em Florença, onde tem formação toda sua condição de artista, lhe acentua as influências predominantes na parte de sua obra que se desenvolve até 1913. A partir de então, o que se pode chamar de período brasileiro estende-se num permanente evoluir que sempre o identifica entre os nossos maiores artistas. A forma como se define, igualmente, pintor, desenhista e gravador - absolutamente seguro nos três distintos terrenos - já o singuraliza na arte brasileira. Nenhum exemplo idêntico se encontra entre nossos artistas, até que Carlos Oswald se torne senhor das três técnicas, em todas realizando-se de modo decidido" — Quirino Campofiorito (CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. p. 263-264).
"A trajetória de artistas que sentiram a presença do simbolismo no primeiro vintênio do século, mas se encaminharam finalmente para uma predominância de soluções acadêmicas, pode ser representada por Carlos Oswald (...). Em telas a óleo fez Retrato de Azevedo Coutinho e Boi com Carro Vermelho (...), conhecidas obras em gama simbolista. Todavia nas decorações pictóricas, em edifícios, vai sobretudo realizar obras acadêmicas. Também da gravura forte de sua fase italiana declina para um academismo nos retratos e nas obras de sentimento religioso" — Walter Zanini (ZANINI, Walter, org. História geral da arte no Brasil. Apresentação de Walther Moreira Salles. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, Fundação Djalma Guimarães, 1983).
Depoimentos
"Certamente outro artista, mais cedo ou mais tarde, teria ocupado o meu lugar de pioneiro da gravura em princípio de 1900, mais o fato indiscutível é que fui eu a dirigir, iniciar, acompanhar até a maturidade o movimento da arte gráfica no Brasil. Disto me orgulho e seria uma falsa modéstia o querer ficar escondido e esquecido. Sei que em todo o mundo o despertar do interesse pela gravura nasceu e se desenvolveu no nosso século pelas razões que todos conhecem: 'sintetismo', em oposição à exagerada policromia dos pós-impressionistas; entusiasmo pela ressurreição desta arte que tinha sido morta pelos processos mecânicos derivantes da fotografia; o misterioso de seus efeitos de claro-escuro e sua técnica de feitio alquimista; sua prática que lhe facilitava a repetição em muitos exemplares e que a tornava uma arte mais harmoniosa com os nossos costumes democráticos; uma arte democrática, enfim; e, finalmente, seu caráter de novidade que fazia arregalar os olhos não só ao público em geral, mas à maioria dos próprios artistas quando se lhes falava de água-forte, ponta-seca, água-tinta, mezzotinta, talho-doce, xilografia, etc." — Carlos Oswald, 1957 (GRAVURA Brasileira/textos de Leon Kossovitc e Mayra Laudanna, Ricardo Resende; apresentação Ricardo Ribenboim. São Paulo: Cosac & Naify/Itaú Cultural, 2000, p. 38).
"Ao examinar a vida de meu pai, procurando abstrair minha condição de filha, admiro-me sempre não somente com a sua versatilidade, mas também com seu dinamismo. Seu diário permite-nos acompanhar dias riquíssimos de atividades, projetos e realizações, como também uma visão de conceitos de grande interesse. Habituado a registrar, ao fim do dia, tudo o que fizera, deixa-me por vezes perplexa ante a quantidade e diversidade de suas ocupações. Chego à conclusão que apesar de sua aparência franzina tinha saúde de ferro. Ou seria a fortaleza do espírito dominando o corpo e a mente? Nenhum gênero ele deixou de abordar, por vezes concomitantemente. Fez pintura mural e de cavalete, gravura, desenho e ilustrações, foi vitralista, professor e articulista, tudo isso sem deixar de manter uma intensa vida social freqüentando concertos, reuniões e exposições. E esteve sempre presente como pai em nossas vidas, embora suas atividades mais ainda se multiplicassem ao atender a qualquer chamado relativo a assunto de arte. Fez parte de comissões institucionais as mais diversas, interessando-se profundamente pelo que fazia, dando-se todo a qualquer empreendimente com o qual resolvesse colaborar. Quem o conhecesse socialmente não faria idéia da profundidade de sua vida religiosa. Dela não falava. Falavam as obras. Aceitava as pessoas como eram, não pretendia transformar ninguém nem procurava incutir nos outros suas próprias convicções. Isto não quer dizer que não gostasse, e muito, de uma polêmica sobre arte, quando se inflamava mostrando todo o ardor do sangue italiano, como citou Manuel Bandeira" — Maria Isabel Oswald Monteiro (MONTEIRO, Maria Isabel Oswald. Carlos Oswald (1882-1971): pintor da luz e dos reflexos. Rio de Janeiro: Casa Jorge Editorial, 2000, p. 159).
Exposições Individuais
1904 - Florença (Itália) - Individual
1906 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Escola de Música
1906 - Roma (Itália) - Individual
1907 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Rua Chile
1910 - Munique (Alemanha) - Individual
1911 - Paris (França) - Individual
1917 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Jorge
1918 - São Paulo SP - Individual, na Rua Libero Badaró, 111
1920 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Jorge
1938 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Heubergen
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
Exposições Coletivas
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 2º grau
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 1º grau
1911 - Paris (França) - Salão de Artes de Paris
1911 - Turim (Itália) - Exposição Internacional de Turim
1912 - Florença (Itália) - Coletiva - Prêmio Província de Firenze
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de bronze
1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - pequena medalha de ouro
1913 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald e Eugênio Latour, na Enba
1914 - Rio de Janeiro RJ - 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1915 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1916 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - grande medalha de prata
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Carioca de Gravura a Água-Forte
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rosário (Argentina) - 11º Salão de Arte do Rosario, na Comisión Municipal de Belas Artes
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald e Hans Steiner, na Galeria Ibeu Copacabana
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição de Arte Brasileira, na Burlington House
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Religiosa, no MNBA
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Victory Art Gallery
1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1958 - Rio de Janeiro RJ - O Trabalho na Arte, no MNBA
1969 - Ouro Preto MG - Salão de Ouro Preto
Exposições Póstumas
1971 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Aliança Francesa
1972 - Petrópolis RJ - Individual, Salão Wim van Dijk
1974 - São Paulo SP - Mostra da Gravura Brasileira, Fundação Bienal
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Cesar Aché
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu Nacional de Belas Artes
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Fundação Biblioteca Nacional
1978 - São Paulo SP - Carlos Oswald: gravuras e desenhos, Graphus Galeria de Arte
1979 - Curitiba PR - 2ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, Centro de Criatividade
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Museu Nacional de Belas Artes
1981 - Washington (Estados Unidos) - A Pionner of Printmarking in Brasil, Brazilian-American Cultural Institute
1982 - Rio de Janeiro RJ - Carlos Oswald: cem anos, Museu Nacional de Belas Artes
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, PUC/RJ. Solar Grandjean de Montigny
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, Museu de Arte Moderna
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, Museu de Arte Moderna
1983 - São Paulo SP - Carlos Oswald: gravuras de várias épocas, Museu Lasar Segall
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Porto Alegre RS - Gravuras: uma trajetória no tempo, Cambona Centro de Arte
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, Museu Nacional de Belas Artes
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal
1986 - Curitiba PR - 7ª Acervo do Museu Nacional da Gravura - Casa da Gravura, Museu Guido Viaro
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, Pinacoteca do Estado
1988 - Curitiba PR - Oswaldo Goeldi e Carlos Oswald - MNBA, Centro Cultural Palacete Leão Junior
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, Pinacoteca do Estado
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, Espaço Cultural da Unifor
1990 - Rio de Janeiro RJ - Ibeu: 1940-1990, Galeria Ibeu Copacabana
1991 - São Paulo SP - Projeto: 100 anos de Paulista, Casa das Rosas
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, Centro Cultural do Banco do Brasil
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, Pinacoteca do Estado
1994 -São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, Galeria de Arte do Sesi
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, Paço das Artes
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, Centro Cultural do Banco do Brasil
1998 - Rio de Janeiro RJ - O Rio Jamais Visto, Centro Cultural do Banco do Brasil
1999 - Rio de Janeiro RJ - Acervo do Solar Grandjean de Montigny, PUC/RJ. Solar Grandjean de Montigny
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Coleção Armando Sampaio: gravura brasileira, Centro de Artes Calouste Gulbenkian
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, Museu Nacional de Belas Artes
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaugaleria
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, Itaugaleria l
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, Instituto Cultural Banco Santos
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2005 - Campos dos Goytacazes RJ - Imagem Sitiada, Sesc
2005 - Petrópolis RJ - Imagem Sitiada, Galeria Sesc Petrópolis
2005 - Rio de Janeiro RJ - Imagem Sitiada, Galeria Sesc Copacabana
2010 - Porto Alegre RS - Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
2010 - São Paulo SP - Carlos Oswald 1882-1971: o resgate de um mestre, Caixa Cultural. Galeria da Paulista
2010 - São Paulo SP - Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas, Instituto Tomie Ohtake
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
Fonte: CARLOS Oswald. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 10 de junho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Carlos Oswald | Site Oficial
“Numa manhã, em Paris, saí para mandar emoldurar uma aquarela: abrindo a porta da Maison Boulanger, no Montparnasse, o vento desenrolou o embrulho e o meu trabalho caiu do outro lado do balcão. A mocinha funcionária da casa apanhou o papel e esticando os braços, afastou-o dos olhos para melhor apreciá-lo; inclinou a cabeça e disse sorrindo: Oh! la lumière!
É isto mesmo, penso eu agora, despertado pela lembrança daquele fato aparentemente insignificante, é isto mesmo o pintor: um indivíduo que tem a possibilidade de transformar um pedaço de papel amarrotado em lumière, em luz.” — Carlos Oswald, Sobre Pintura, Jornal do Commercio, 1963.
Carlos Oswald nasceu em Florença, Itália, aos 18 de outubro de 1882, filho primogênito do compositor brasileiro Henrique Oswald, e de Laudômia Bombernard Gasperini. Do pai, vem-lhe o sangue suiço-alemão (do avô Jean-Jacques Oschwald, que simplificou seu sobrenome para Oswald), e o italiano, da avó paterna Carlotta Luiza Horácia Cantagalli, nascida em Livorno. Da mãe, herda o sangue francês da avó, Maria Bombernard, e o toscano puro dos Gasperini.
Foi registrado como brasileiro no Vice Consulado do Império do Brasil em Florença e batizado com os nomes de Carlos Julião Jaime Ignacio Alexandre Maria na Basílica de S. João Baptista de Florença, igreja onde tambem foram batizados gênios como Giotto, Miguel Ângelo, Boticelli e outros artistas plásticos.
Teve quatro irmãos: Alfredo Mário Henrique Alberto Leão; Maria Carla Horácia Ana; Charlotte Marie Herminie, morta aos três anos de idade, e a caçula, Henriqueta Margherita.
Sua infância foi tranqüila. Faz os estudos preparatórios na “Scuole Pie” dos jesuitas. É aluno diligente, ganhando prêmios ao fim de cada ano e escolhendo o violoncelo como instrumento a ser estudado. Alfredo e as irmãs estudavam piano. Em ambiente absolutamente musical, Carlos acostumou-se a dormir todas as noites ao som do piano do pai, do canto da mãe, excelente contralto, e da música de câmara executada por músicos que freqüentavam a casa.
Henrique Oswald jamais deixou que afrouxassem os elos que o prendiam ao Brasil. Recebia sempre os brasileiros que passavam por Florença, como nos dá o depoimento do autor de “Ana em Veneza”, João Silvério Trevisan, quando nos conta da passagem de Alberto Nepomuceno pela casa dos Oswald em Fiesole, bairro de Florença onde nasceu Carlos. O padrinho de Carlos foi Ignacio Porto Alegre, filho de Manoel de Araujo Porto Alegre.
Carlos estuda violoncelo com o grande violoncelista florentino Cinganelli. Em breve, entanto, descobre não ser esta sua vocação. Era excessivamente tímido, o que prejudicava as apresentações em público. Entusiasma-se com os progressos das ciências, e resolve ser engenheiro. Em julho de 1898 submete-se ao primeiro exame para a admissão ao Instituto Técnico Galileu Galilei, que formava os futuros engenheiros. Cursa até o quarto ano, faltando um apenas para tornar-se engenheiro. Mas contenta-se com o diploma de físico-matemático, e resolve não atrasar mais sua verdadeira vocação, que reconhecia, não era nem música nem ciência, mas a pintura. Antes da resolução definitiva hesitou ainda; pensou em ser arquiteto, carreira que o seduzia, chegando a fazer estudos neste sentido. Inscreveu-se na Escola de Diplomacia (com vistas em uma carreira no Brasil, seu objeto de desejo maior) e até pensou em ingressar na Escola de Química. Mas a Arte reivindicou seus direitos, e ei-lo enfim matriculando-se na Academia de Belas Artes, onde seguirá o curso de modelo vivo.
Na Academia não somente todas as línguas eram faladas, visto para ela acorrerem estudantes de todo o mundo, mas também debatiam-se todas as correntes artísticas. Carlos então toma conhecimento, em primeiro lugar, dos “impressionistas”, (na Itália os “macchiaoli”, movimento impressionista independente do dos franceses). Na Academia freqüenta também a aula de pintura. Mais tarde abjurará seus métodos, defendendo a maior liberdade artística do aluno. Ouve também conselhos do pintor Odoardo Gelli, seu primeiro professor, “o grande apaixonado das cores”, faz cópias em museus e percorre os campos buscando uma que foi de suas grandes paixões, a paisagem.
Tendo seu pai Henrique Oswald fixado residência no Brasil, nomeado para o cargo de diretor do Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, Carlos começa a enviar quadros para serem expostos no Salão. Em 1904 consegue a “Menção Honrosa de 1º grau”, com ‘Paisagem à beira do Arno’.
Carlos percorre cidades da Itália: Veneza, San Gemigniano, Forte dei Marmi, importante em sua obra pelos estudos de bois que ali realizou e que usaria em quadros e painéis futuros. Em 1904 ganha no Salão deste ano a “Menção Honrosa de 2º Grau”, com outra paisagem: ‘Pinheiral em Viareggio’. Carlos resolve então expor no Brasil e para aqui parte pelo vapor “Minas Gerais” chegando em junho de 1906.
Sua emoção é profunda. Tendo no âmago de sua alma o sentimento da cidadania brasileira, é quando em contato com a cor e a luz de nossa Terra que expande sua arte, procurando na paisagem e nas pessoas realizar-se completamente como artista. Mora na Tijuca e de lá se desloca para conhecer toda a cidade. No Jardim Botânico descobre a palmeira, que será tema de futuras gravuras e quadros. Vai ao Corcovado, que mais tarde ajudará a coroar com a imagem do Cristo Redentor. Visita nossas igrejas barrocas, maravilhando-se e afirmando: “…neste gênero o Brasil atinge um nível superior a tudo que se executou neste período na Europa.” Conhece as praias e pinta o mar. Vai ao Campo de Sant’Ana e ao Passeio Público, pintando as centenárias figueiras.
Aqui pinta o autoretrato à maneira de Carrière, monocromático, que expõe no Salão de 1907. Já em 1906 recebera crítica favorável do Gonzaga Duque, conhecido crítico de arte, sobre seu quadro “O Violinista”.
Sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro dá-se no ano de 1907. As críticas são favoráveis e Carlos retorna revigorado a sua Florença para terminar o curso na Academia.
Já então pintor feito, Carlos começa a colher os primeiros resultados de seu trabalho. Vê quatro quadros seus serem aceitos na “Promotrice” de Florença, conceituada exposição anual que aceitava pintores de qualquer nacionalidade, sujeitos entretanto à avaliação.
Carlos viaja pela Itália, enriquecendo o próprio acervo de imagens, com a intenção de ampliar suas possibilidades. Absorve as novas tendências, que passariam pelo crivo de sua sensibilidade, na escolha de um estilo próprio.
Em 1908 começa a trabalhar no ateliê de Carl Strauss, agua-fortista americano de origem alemã. É quando descobre a gravura em metal, que seria uma paixão em sua vida. Visita a Alemanha, onde expõe e estuda, apresentando já uma técnica segura e definitiva.
Em 1910 é convidado pelo Governo do Brasil a decorar a “Sala de Música” do Pavilhão Brasileiro na Exposição Internacional de Turim. A seu lado, o que havia de mais representativo da arte brasileira: João e Arthur Timotheo da Costa, Carlos e Rodolfo Chambelland, Eugênio Latour, etc. Como os trabalhos deveriam ser executados em Paris, para lá parte ele, quando aluga uma sala para usar como ateliê e toma conhecimento de todas as vanguardas francesas. Sofre a influência do lionês Puvis de Chavanne cujo estilo o influenciaria daí por diante quando de execuções de murais. Esta exposição em Turim, de grande importância histórica para o Brasil, seria praticamente esquecida, pois foi toda desmanchada no término da mesma.
A família toda se transferiria em seguida para o Brasil pois Henrique Oswald fora oficialmente chamado a ocupar uma cátedra de piano no Instituto Nacional de Música (hoje Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro).
Em 1913 Carlos embarca com seu irmão Alfredo para o Rio de Janeiro, pensando ele em fazer exposições aqui e depois retornar a Florença, onde deixa inclusive um ateliê montado, e seu irmão Alfredo a cumprir contratos de uma série de concertos em que se apresentaria como pianista. Os dois pensavam em retornar logo à Europa, mas com o advento da lª Guerra Mundial, adiariam seus planos. Carlos integra-se à vida artistica do Rio de Janeiro, apresentando seus trabalhos em uma exposição em conjunto com o amigo Eugène Latour. Logo em seguida, sendo convidado para inaugurar a Oficina de Gravura do Liceu de Artes e Ofícios, da Sociedade Propagadora de Belas Artes, entidade quase centenária, resolve estabelecer-se definitivamente no Brasil, o que aliás sempre fora seu desejo maior.
Funda então o que viria a ser a “Escola Carioca de Gravura” a primeira do Brasil e que formaria excelentes gravadores. Daí por diante, Carlos passa a ser o grande difusor da Gravura, presente em todas as suas manifestações.
Casa-se em setembro de 1917 com Maria Gertrudes Menezes Bicalho, filha do engenheiro Francisco Bicalho, construtor do Cais do Porto do Rio de Janeiro, da nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, da abertura da Avenida Central, e outros grandes empreendimentos de nossa engenharia.
Maria Gertrudes, tratada por todos de Lilita, era gêmea, e teve em sua primeira gestação os gêmeos Francisco de Paula e Henrique Carlos, logo seguidos por Maria Isabel, José Lucas, Maria Beatriz, Maria Carlota, e Maria Thereza, totalizando em pouco tempo sete filhos. Lilita foi maravilhosa companheira por mais de cinqüenta anos, sempre atenta para que Carlos pudesse dedicar-se inteiramente ao seu trabalho.
Foi realmente a partir de 1918 que a carreira de Carlos se firmou. Grande êxito nas exposições realizadas, permitiram-lhe já em 1918 construir sua casa na Rua Piratini 78, mais tarde Carmela Dutra, onde residiu toda a vida, dividindo-a entretanto com a casa de Petrópolis, à Rua Carlos Gomes 42, comprada por seu pai e que ele compraria mais tarde das irmãs, fazendo tanto da casa da Tijuca como da de Petrópolis, um centro de expansão da Arte.
Em 1918 conhece o poeta Paul Claudel e seu secretário Darius Milhaud, desenvolvendo com ambos uma bela amizade. Fez de Milhaud, que se celebraria mais tarde na França como um dos elementos da música de vanguarda, integrando o Grupo “Les Six”, um retrato cubista, que levado para Paris fez muito sucesso.
Na primeira década do século, a pintura de Carlos é quase exclusivamente profana. São paisagens, naturezas mortas, retratos, composições com a figura da mulher. Seu nu “Estudo de reflexos”, premiado na Exposição Promotrice de Florença, hoje no Museu Nacional de Belas Artes, em estilo impressionista, dá bem idéia de sua pintura nesta época. Pinta também muito composições com a figura do boi que estudara em Forte dei Marmi, de onde nos vem o mármore de Carrara. Um dos mais conhecidos, também do acervo do Museu Nacional de Belas Artes, é o “Último Esforço”, óleo onde se vê bois no esforço de puxar um navio para a terra. Existe uma gravura com o mesmo tema, talvez das mais belas de sua obra.
Na segunda década do século, Carlos pinta sobretudo a mulher, mas aí já em seus afazeres domésticos, mais a mulher-mãe, a mulher-irmã, a mulher-esposa. E começa então a pintar seus primeiros quadros sacros: “Eu sou a Luz do Mundo”, seu primeiro Sagrado Coração de Jesus. Ele estava então no auge dos estudos sobre efeitos de luz, usando o resultado de suas pesquisas em quase todos os quadros pintados nesta época. Aliás era então conhecido como o pintor dos efeitos de luz, e a crítica o saúda por isto. É desta época também um de seus quadros que mais sucesso alcançou. Pintado inicialmente para a Igreja do Brás em São Paulo, Carlos iria repetir esta composição em outro quadro que foi editado pela Stehli&Fr;ères da Suíça que o divulgaria por todo o mundo ocidental. Trata-se da “Santa Ceia do Senhor” reproduzida por centenas de vezes, guardando sempre a composição, mas variando na cor, no ambiente, nas expressões dos Apóstolos. Deste quadro aliás já aconteceram muitas falsificações, a maioria delas grosseira o que denuncia imediatamente sua origem.
É também por volta de 1915 que Carlos tem sua primeira encomenda para um mural. Trata-se dos dois murais que se encontram no Palácio S. Joaquim, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, representando a “Primeira Missa no Rio de Janeiro” e “A batalha dos Tamoios”. Também executou o “plafond” para a Capela do mesmo Palácio.
As duas primeiras décadas do século foram talvez as mais férteis na produção de Carlos Oswald. Ele via seu talento reconhecido, a família crescendo, os trabalhos se multiplicando.
Com o advento do modernismo, depois da Semana de Arte Moderna de 1922, as encomendas oficiais começaram a rarear. Não acompanhando as novas tendências, permanecendo fiel à sua maneira de entender e fazer arte, Carlos prosseguiu em seu trabalho, acompanhado por um público sempre crescente, que o apoiava. A partir de 1930 as encomendas de quadros de assunto religioso sobressaiam-se em sua obra. Painéis para igrejas, vitrais, cenas do Evangelho, que ele realizava com a religiosidade que lhe era peculiar.
O trabalho de gravador e professor continuava. Lecionando ainda no Liceu, Gravura e Desenho, continuava em sua residência regularmente o ofício de gravador, executando nesta época algumas de suas mais belas gravuras.
Em 1946 funda com alguns colaboradores a S.B.A.C. Sociedade Brasileira de Arte Cristã que se propunha não somente difundir como controlar o mau gosto imperante em algumas igrejas. Por meio de artigos em jornais e revistas, de conferências e exposições, a S.B.A.C. vai difundindo novos conceitos de Arte Sacra, ganhando adeptos e se espalhando pelo Brasil.
Em 1943 Carlos mandara vir de Petrópolis a prensa que pertencera a Henrique Bernardelli, cópia da de Rembrandt. E a Rua Piratiny 78, na Tijuca, passa a ser mais um núcleo de gravura, aberto à impressão de alunos e amigos.
Em 1946, com Tomás Santa Rosa e Alex Leskoschek, inicia um curso de Gravura na Fundação Getúlio Vargas, que embora tenha durado apenas um ano, despertou para a gravura artistas como Fayga Ostrower e outros.
Fundou também por esta época o “Ateliê de Arte”, tendo como companheiros seus ex-aluno José d’Avila, seu filho Henrique C. Bicalho Oswald, e o gravador austríaco Hessheimer. A alma do empreendimento era o húngaro Peter Morris, um idealista que arriscou tudo o que tinha nesta empreitada que infelizmente não logrou êxito.
Carlos Oswald participou durante anos do Júri para os Salões Oficiais da Escola de Belas Artes. Também era presença obrigatória em qualquer Concurso ou Salão quando se tratava de Gravura. Foi membro do Conselho de Arte do I.B.E.U. tendo atuação ativa e empreendedora.
Chamado pelo arquiteto Heitor da Silva Costa na ocasião da criação e construção do Cristo Redentor do Corcovado, fez os estudos e desenhos da estátua, detalhados no naturalismo, partindo depois para o sintetismo, estilo que gostava de usar em seus murais de Arte Sacra, como comprova aliás, a Matriz de Santa Therezinha do Túnel, onde tanto o mosaico como os painéis e os vitrais são de sua autoria. É dele, aliás, a idéia do Cristo de braços abertos, dando a impressão, ao ser visto de longe, de uma cruz plantada no granito.
Durante muitos anos foi professor. Primeiramente no Liceu de Artes e Ofícios, onde lecionou Gravura e Desenho, e particularmente em seu ateliê. Formou artistas do naipe de Hans Steiner, Poty, Orlando DaSilva, e muitos outros.
Participou de Comissões de Arte. A mais importante foi o Conselho Nacional de Belas Artes, em 1951. Havia duas Seções: a tradicionalista, representada por Flexa Ribeiro (crítico de arte), Henrique Cavallero (pintor, Leão Veloso (escultor) e Carlos Oswald (água-fortista). A Seção Modernista era representada por Tomás Santa Rosa (crítico), Iberê Camargo (pintor), Bruno Giorgi (escultor) e Oswaldo Goeldi (xilógrafo). Dois membros perpétuos, o Dr. Rodrigo Mello Franco de Andrade, Diretor do Patrimônio Artístico, e Oswald Teixeira, Diretor do Museu Nacional de Belas Artes.
Perde o filho pintor Henrique, no dia 12 de dezembro de 1965. Em 13 de maio de 1969 morre sua bem amada Lilita. Ele ainda lhe sobreviveria dois anos, embora já totalmente cego pelo glaucoma que lhe destruiu uma das maiores alegrias de sua vida, a sua essência, a pintura. Preso a uma cadeira de rodas, passou a desenvolver seu lado espiritual. Sempre fora extraordinariamente religioso. Falece em Petrópolis, no dia 14 de fevereiro de 1971 – Maria Isabel Oswald Monteiro
Dados Biográficos de Carlos Oswald
Cronologia organizada por Paulo Leonel Vergolino em 2012
1882 – Nasce em Florença, em 18 de outubro, e é registrado no Consulado Brasileiro. Filho de Henrique Oswald e Laudomia Gasperini Oswald. Batizado no Batistério de Firenze, Itália.
1897– Estuda violoncelo com Sbolci e, posteriormente, com Césare Cinganelli.
1898 – Matricula-se no Instituto Galileo Galilei, diplomando-se físico-matemático.
1903 – Ingressa na Academia de Belas Artes de Florença. Seu pai é nomeado Diretor do Instituto Nacional de Música e vem para o Brasil, deixando Carlos Oswald na Europa. Aluga ateliê na Rua Böklin.
1906 – Primeira viagem ao Brasil.
1906/1907 – Exposição individual na Escola de Música, na Avenida Rio Branco, fundada à época por Henrique Oswald, Leão Veloso e Francisco Braga.
1908 – Retorno a Florença. Toma contato com a arte moderna. Primeiras gravuras.
1909 – Participa da XVI Exposição Geral de Belas Artes, na qual ganha menção honrosa de 1º. grau.
1909/1910 – Viaja à Alemanha. Participa da Exposição de Glasspalatz, em Munique. Volta a Florença.
1911 – Expõe no Salão de Paris. Vai a Turim para a inauguração da Exposição Internacional, onde encontra seu pai e seu irmão Alfredo, contratados para realizar concertos. Volta a Florença.
1911/1913 – Intensifica estudo dos bois do Forte dei Marmi, dedicando-se ao estudo anatômico.
1912 – Medalha de Bronze na XIX Exposição Geral de Belas Artes.
1913 – Em março, embarca para o Brasil. Expõe com Eugênio Latour (Rio de Janeiro 1874-1942) na Escola Nacional de Belas Artes. Participa da XX Exposição Geral de Belas Artes.
1914 – A 1ª. Guerra Mundial impede seu regresso à Europa. Torna-se professor de gravura e desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Faz as primeiras gravuras com temática religiosa. Primeira litografia.
1915 – Primeiros quadros sacros: A primeira missa, no Rio de Janeiro e A Batalha das canoas, para o Palácio São Joaquim. Participa da XXII Exposição Geral de Belas Artes, da qual faz parte do júri de Desenho, Artes Gráficas e Gravura de Medalhas.
1917 – Em 27 de setembro, casa-se com Maria Gertrudes Bicalho, filha do engenheiro Francisco Bicalho e Izabel Menezes Bicalho. É membro do júri de pintura na Exposição de Belas Artes.
1918 – Exposição individual em São Paulo, à Rua Libero Badaró. Membro do júri de Gravura de Medalhas da Exposição Geral de Belas Artes.
1919 – Mora à Rua Piratiny, 78 (atual Carmela Dutra), Tijuca, cujo terreno e construção da casa foram frutos da venda de obras provenientes da exposição feita no ano anterior, em São Paulo. Primeira Exposição Carioca de Gravura à Água Forte.
1920 – A Oficina de Gravura no Liceu de Artes e Ofícios é fechada, e a prensa de rolos de madeira – instalada até então no ateliê mantido em Paris – é vendida em Florença.
1922 – Mora em Petrópolis. Início da fase petropolitana. Participa da XXIX Exposição Geral de Belas Artes, e faz parte do júri de Artes Gráficas e Artes Aplicadas.
1922/1926 – Realiza três exposições individuais em São Paulo.
1923 – Membro do júri da XXX Exposição Geral de Belas Artes.
1926 – Nasce Terezinha. Sua família é constituída pelo casal e sete filhos.
1928 – Lançamento do livro “A Oração de Natal”, de Aloysio de Castro, com ilustrações em litografia.
1929 – Participa da XXXVI Exposição Geral de Belas Artes.
1930 – Realiza os croquis finais para o Monumento do Cristo Redentor. Obra executada na França pelo escultor Paul Landowski (1875-1961) e inaugurada no Morro do Corcovado, em 1931. É reaberta a Oficina de Gravura do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Atividades em vitral.
1933 – Primeira conferência e primeiro trabalho impresso. Membro do júri de pintura da Exposição Geral de Belas Artes.
1934 – Primeira Via Sacra em pintura.
1937/1945 – É membro do júri e/ou da Comissão Organizadora do Salão Nacional de Belas Artes.
1940 – Expõe no Instituto Brasil – Estados Unidos com seu aluno Hans Steiner (Áustria, 1910 – Itália, 1974).
1942 – Com Hans Steiner realiza um filme de demonstração sobre a técnica da gravura para o Instituto Nacional do Cinema Educativo.
1946 – É fundador e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Arte Cristã. Ministra curso de gravura na Fundação Getúlio Vargas. Grava a Via Sacra.
1950 – Funda o Ateliê de Arte junto com outros.
1952 – Membro da Comissão Nacional de Belas Artes.
1953 – Palestra no MNBA, na sala de exposição de gravura.
1957 – Recebe a Ordem Equestre de São Gregório Magno, conferida pelo Papa Pio XII. Publica “Como me tornei pintor”.
1959 – Roubam-lhe quase todas as chapas em cobre.
1962 – Recebe uma série de homenagens pelo seu octogésimo aniversário. O MNBA inaugura exposição e placa comemorativa em homenagem ao artista.
1963 – O MNBA adquire quase toda a sua obra gravada.
1964 – Últimos trabalhos gravados para seu álbum, editado pela GAE (Gravura de Arte Editora, RJ)
1965 – Falece o também gravador Henrique Bicalho Oswald, seu filho.
1966 – Últimas pinturas. Uma Via Sacra.
1968 – Homenagem do Salão Petropolitano de Pintura.
1969 – Homenagem do III Salão de Ouro Preto. Edita-se o álbum “Carlos Oswald, o gravador: catálogo raisonné”, com seus últimos trabalhos gravados. Falece Maria Gertrudes Bicalho, sua esposa.
1971 – 14 de fevereiro: Carlos Oswald falece em sua casa de Petrópolis.
1971 – “Primeira Exposição Póstuma”, na Galeria da Aliança Francesa de Botafogo.
1972 – Exposição Carlos Oswald, Salão Win van Dijk, Petrópolis.
1974 – Mostra da Gravura Brasileira, Fundação Bienal de São Paulo.
1977 – Carlos Oswald, Galeria Cesar Ache, RJ.
1978 – Carlos Oswald, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; I Salão Nacional de Artes Plásticas. Mostra Paralela “Três mestres da gravura no Brasil: Carlos Oswald, gravuras, desenhos”, Galeria Graphus, SP.
1979 – Lançamento do álbum “Carlos Oswald” com dez gravuras (Graphus, SP).
1979/1980 – II Mostra Anual de Gravura, Cidade de Curitiba, Sala Especial.
1981 – Cinquentenário do Cristo Redentor, MNBA. Entre 23 de outubro e 20 de novembro: “Carlos Oswald (1881-1971): a pioneer of printmaking in Brasil”, Washington, Art Gallery of the Brazilian American Cultural Institute, Estados Unidos.
1982 – Exposição do Centenário de Carlos Oswald, Museu Nacional de Belas Artes, MEC, Rio de Janeiro. Curadoria de seu aluno, o também gravador Orlando DaSilva.
2000 – Publicação do livro “Carlos Oswald (1882 – 1971): pintor da luz e dos reflexos”, de Maria Isabel Oswald Monteiro (filha do artista), Edição Casa Jorge.
2002 – Lançamento do livro: “Gravura em metal”, organizado por Marco Buti e Anna Letycia, onde constam dez gravuras de sua autoria, restauradas posteriormente pelo mestre Roberto Grassmann.
2004 – Figura na Exposição “A Arte da gravura”, realizada no Arte SESC Flamengo, RJ, com curadoria de Ileana Padilha.
2007 – É foco no filme-documentário “Carlos Oswald: o poeta da luz”, dirigido por Régis Faria, e tendo Fernando Eiras no papel do artista.
2008 – Uma de suas obras figura na Exposição “Gravura brasileira na Coleção de Mônica e George Kornis”, realizada na Caixa Cultural, no centro de São Paulo.
2010 – Exposições na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, RJ e São Paulo, SP, com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
2011 – Exposições na CAIXA Cultural Brasília, DF com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
2012 – Exposições na CAIXA Cultural Curitiba, PR com curadoria de Paulo Leonel Gomes Vergolino.
Fonte: Oswald Art. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.
Crédito fotográfico: Biblioteca digital Luso-Brasileira. Consultado pela última vez em 10 de junho de 2024.