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Walton Hoffmann

Walton George Dandrade Hoffmann (Rio de Janeiro, RJ, 22 de janeiro de 1955), mais conhecido como Walton Hoffmann, é um artista plástico brasileiro. Seus trabalhos se referem ao universo infantil e estão ligados a sua herança cultural.

Biografia

Seus trabalhos se referem ao universo infantil e estão ligados a sua herança cultural. O artista busca inspiração no antigo hábito escandinavo (cultivado por seus avós - suecos e islandeses) de recortar figuras em madeira ou papel e, também, na projeção de sombras nas paredes. O "Lego" cujo conceito, em latim, quer dizer: colocar junto, é um jogo inventado por um carpinteiro dinamarquês que também é forte referência em sua obra.

Suas composições são extremamente lúdicas e possibilitam ao espectador realizar uma viagem através da memória. Suas imagens são colhidas em diversas fontes, e se unem a elementos fantásticos, de sonhos e inventados. Transformadas em silhuetas produzem uma linguagem única e pessoal que é transmitida em sua pintura (com ironia e humor) nas formas de jogos, charadas e enigmas.

Walton Hoffmann fez sua primeira individual no Centro Cultural Candido Mendes, em 1994, com telas inspiradas em almanaques e Atlas, já sinalizando o universo de interesse do artista. Dois anos depois, criou suas primeiras caixas pintadas, como jogos de armar. Nesta década, a maturidade do artista se revelou na reapropriação criativa de símbolos como peças de xadrez, brinquedos lego e cartas de baralho, criando inúmeros “Países das Maravilhas” em suas obras.

Teve individuais no Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires, no Museu de Arte Contemporânea de Montevidéu, no Museu de Arte Moderna da Bahia e no Museu Alfredo Andersen, em Curitiba. Participou de feiras internacionais de arte em Paris, Lisboa, Madri e Buenos Aires, e de exposições coletivas em Portugal, Espanha, Chile, Argentina e Bolívia.

Críticas

"Walton Hoffmann que pertence, geracionalmente, a um grupo que redescobre as capacidades expressivas da pintura, anula, voluntariamente, as marcas visíveis da sua individualidade para nos levar de novo ao mundo da infância.Pois não é o jogo o único modo que as crianças tem de dominar e aprisionar o mundo?"

Luísa Soares de Oliveira, crítica de arte portuguesa.

'…. Há algo aliceano nesta pintura ficcional,que desloca a lógica tanto da representação quanto da sua semântica. Como há, no fundo, um tom de natureza morta ressuscitada, de cenas fragmentadas. A pintura "tipográfica" deste pincel a-naturalista sabe disso em sua escrita, sejam telas ou caixas".

Adolfo Montejo Navas, critico espanhol que apresenta sua mostra no centro Cutural Candido Mendes.

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Conversando sobre Arte - Depoimento Walton Hoffmann

"Nasci em Curitiba, Paraná.Meu pais moravam no Rio.Ele era piloto da Panair e vivia viajando. Minha mãe então, achou que seria mais prático voltar para Curitiba para ter seu bebê. Lá poderia contar com o apoio das famílias que de ambos os lados eram de lá. Eu passava as férias escolares na casa de meus avós mas residíamos no Rio.

Do lado materno eram descendentes de suecos e islandeses,do paterno de alemães e ingleses. Com os primeiros, aprendi as brincadeiras de projetar sombras na parede de recortar papeis.Tive contato com as enciclopédias suecas que eram destinadas as crianças.Podíamos utiliza-las sem restrições, desenhando, recortando, colando, tudo era permitido fazer com os livros.Eram feitos exatamente para isso,e assim , despertaram em mim o interesse pelas coisas, pelo mundo.

Me formei em Direito na UERJ, nunca fui buscar o diploma.Trabalhei em companhias de comercio exterior. Achava insuportável a rotina.

Nessa época conheci o Iberê Camargo de quem fiquei muito amigo. Visitava sempre seu atelier e dessa convivência surgiu em mim um olhar crítico para a arte que na época não imaginava pudesse desenvolver.

Nunca frequentei nenhum curso de arte ou pintura. As coisas foram acontecendo.Tinha muitos amigos e conhecidos no meio artístico, mas não me considerava artista. Minha mulher tem um senso estético e um conhecimento profundo em arte,isso me ajudou bastante. Acho que ela foi capaz de antecipar nos anos 80 aqueles artistas que dariam certo, que prosseguiriam com sucesso suas carreiras. Por isso suas colocações sempre foram importantíssimas para mim que iniciei minha produção nos anos 90.

Quando fiz minha primeira exposição, a pintura estava considerada morta. Fiz a série "Memory Games". Procurei uma linguagem própria, individual mesmo. Não queria beber em nenhuma fonte, foi complicado. Entrei na maioria dos salões onde quase todos os trabalhos eram objetos.Tinha muito pouca pintura. Hoje estou fazendo objetos, esculturas e, a pintura está de volta, bombando por ai. Engraçado.Parece que sou do contra.

A observação das coisas do cotidiano e um pouco de sensibilidade me ajudam nas escolhas, no que fazer. Não suporto repetir, fazer a mesma coisa, principalmente beber na fonte de outro.Estou sempre olhando e de uma situação ou qualquer coisa pode nascer um trabalho legal ,como também, te mostrar uma nova vertente.Um artista não pode ter medo de mudanças, não pode e não deve submeter-se às questões do mercado- curadores, galerias, colecionadores.

Um artista deve ter seu pensamento, seu percurso, sua individualidade,mesmo que isso lhe custe algum tempo até que possa firmar-se como tal. É muito fácil seguir uma tendência , uma linha de pensamento esgotada.

Acho muito importante o contato com os críticos e com os curadores. O trabalho cresce com observações, mas é preciso estar atento para não aceitar ou incorrer em imposições. Opiniões são opiniões e não mandatos. Os que incorrem nesse erro, que acreditam em atalhos, não duram um verão. Ninguém deve fazer concessões na sua obra. Isso pode dificultar sua aceitação entre críticos e curadores.

A obra de arte deve ser arte, apenas arte. Tem gente que acha que fazer design é fazer arte.Tem gente que acha que um artista surge do nada, que pode ser invenção de uma galeria mas o percurso é longo, tem que existir a instituição, o pensamento, a sensibilidade, o texto.

Obra de arte também não é ação.O comprador tem que ter a sensibilidade na hora de efetuar a sua compra, não pode e não deve ser convencido pelos outros. Uma opinião aqui, outra ali sem dúvida são importantes nesse critério de avaliação e seleção. Tem artistas que tinham tudo para dar certo, mas por circunstâncias da vida, como casamentos, fizeram com que desistissem, outros passaram em concursos públicos e largaram a arte, porque era mais difícil existir como artista e, olha que eram promessas, apostas garantidas. Quem comprou, como ficou?

Minha experiência como curador,organizador é melhor palavra, surgiu depois de um cancelamento, sem o menor sentido ou explicação de uma mostra agendada.O pequeno poder apenas resolveu desmarcar. Até aí tudo aparentemente normal. As coisas acontecem e o artista fica sem reação.

Decidi então expor a situação e, surgiram as surpresas e manifestações de apoio, imediatamente apareceram convites para fazer a mostra em outras instituições. A primeira foi no Paraná e em seguida em São Paulo. Os espaços eram imensos e seria impossível fazer só. Conversando com o Divino Sobral de Goiás e a Eliane Prolik de Curitiba, resolvemos com o apoio das transportadora Millenium e Atlantis fazer uma mostra que se chamou Heterodoxia. Fizemos exposições em 13 estados, do Pará até Santa Catarina, além de uma no Peru.Contamos com a presença de mais de 100 artistas e curadores como Moacir dos Anjos, Leonor Amarante, Fabio Magalhães, fazendo textos sobre a ação. Foi uma experiência muito boa.

Depois fiz uma escolha para uma galeria comercial no Rio. A receptividade foi excelente. Não digo que faço curadoria, esse é um papel que não me cabe. Faço escolhas. Escolho artistas que tenham um trabalho sólido, como foi o caso da dupla Fernanda Figueiredo/Eduardo Matos. Tinha o espaço, os artistas e aí , coloquei todo mundo em contato com a curadora Daniela Name que avaliou a idéia e fez o texto da individual da dupla. Todo mundo colaborou, não existiu a intenção de fazer uma curadoria.

Essas escolhas também são feitas aqui, com os trabalhos de outros artistas que tenho em casa. Tudo é feito em conjunto com minha mulher. Faço isso também para alguns amigos que coleciono. Apresento opções e não imposições, como já disse, não acredito que arte deva ter o tratamento de ação. Quem entrar nessa, acho que vai se estrepar mais adiante. Tenho trabalhos apenas dos artistas em que acredito.

Acho que as bienais e as feiras são importantérrimas para a arte. O mundo ficou pequeno. Hoje está tudo muito ágil e perto. Todo mundo se conhece, isso é bom, é saudável. Os salões parecem estar sendo substituídos por eles. Os modelos são ultrapassados.

Nunca escrevi sobre meu trabalho.Sempre procurei fazer exposições com textos de críticos e curadores. Agnaldo Farias, Irma Arrestizabal, Luis Camillo Osório, Luisa Interlenghi, Ligia Canongia foram alguns que escreveram sobre meu trabalho.

O Brasil a meu ver é o país do momento.Não sei se é a bola da vez. Essa uma posição perigosa. Pensar isso é pensar curto. O momento é mais real. A gente pode estende-lo. A nossa mentalidade está mudando. Estamos aprendendo a valorizar o que é nosso. Antes as pessoas que se destacavam eram logo hostilizadas pelos seus pares, hoje sinto que já existe um respeito bastante grande quando citamos nossos artistas consagrados. Isso é fundamental para que sejamos reconhecidos.
Não costumo fazer planos. Penso em continuar trabalhando, fazer novos trabalhos.Tenho exposições agendadas em dois museus. Por enquanto é isso. Tenho trabalhado bastante e esse trabalho está sendo colocado em boas coleções e fazendo parte do acervo de instituições respeitadas.Isso para mim está sendo bom, vejo que existe um reconhecimento.

Veja se esta bom meu amigo, pode cortar, mudar sugerir sem constrangimento."

Fonte: ArteArt, por Marcio Fonseca, publicado em 13 de dezembro de 2011.

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Walton Hoffmann apresenta seus diários

A história das pinturas que Walton Hoffmann expõe a partir de hoje na galeria Valu Oria começa em 1994, com um baú empoeirado em Curitiba.

Amigo do pintor gaúcho Iberê Camargo, cujo ateliê frequentava três vezes por semana, Hoffmann decidiu, na viagem, trocar definitivamente a advocacia pelos pincéis.

Em Curitiba, o "carioca adotivo" encontrou sua linguagem artística no meio de pertences de seus bisavós.

Hoffmann passou a produzir incansavelmente -em uma rotina de 15 horas diárias em seu ateliê do Leblon- influenciado pela estética de uma série de almanaques do começo do século.

Sua obra se voltou para a "imortalização da memória viva de seus bisavós".

Silhuetas de pequenas imagens que estavam diluídas nos cadernos de seus antepassados foram ocupando os espaços das telas de Hoffmann.

O artista também incorporou aos símbolos "ancestrais" imagens tão díspares como a silhueta do jogador de basquete Michael Jordan e os contornos de um boi de um anúncio de açougue.

O modo como essas figuras estão dispostas não é aleatório, ao contrário do que sua obra pode sugerir. O artista constrói uma trajetória racional em busca de um equilíbrio plástico das imagens em miniatura.

O tom esgarçado, envelhecido, das figuras também não é acidental.

Depois de desenhar e pintar cada imagem, o artista passa uma pincelada final de água para passar a sensação que suas obras já foram "tocadas", como os almanaques de seus bisavós escandinavos.

Segundo o artista, seus "diários" -título da exposição- são repletos de segredos, chaves e muitas memórias.

Mas esses "enigmas" não fazem com que suas obras, sem títulos, sejam de leitura difícil.

Fonte: Folha de São Paulo, por Cassiano Elek Machado, publicado em 10 de abril de 1997.

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Walton Hoffman e as suas obras de humor ácido

O artista plástico mostra a série “Games and Toys”, com peças de acrílico espelhado, no Espaço 512, no Jardim Botânico

O artista plástico Walton Hoffman é um cara que faz qualquer um rir. Jeito expansivo, humor ácido na medida, simpatia de sobra. Suas obras não são diferentes. Na sua última série “Games and Toys”, que será exposta na semana que vem, de quarta a sábado no Espaço 512 (Rua Jardim Botânico 512), ele põe em xeque a fragilidade moderna usando esculturas que imitam prédios espelhados, formados por pecinhas de quebra-cabeça — uma delas transparente.

— A peça de outra cor destaca a fragilidade — diz Walton. — Os prédios foram feitos logo depois da crise das hipotecas americanas. O conceito é a instabilidade do sonho da classe média, que é ter uma casa. Nos EUA, milhares perderam suas economias sob o fardo das hipotecas. Com essas peças, exagero: dou a sensação de que se tocar, desaba — explica ele, que compara com a relação do animal peçonhento e da presa. — As esculturas atraem as pessoas, mas chegando perto percebe-se que ela pode ruir com um toque, acabando com qualquer possibilidade de ideal. Além disso, não se pode ver o interior, vemos apenas o nosso reflexo. Mas a priori tudo tem uma leitura muito fácil, apesar de todo o fundamento.

O material escolhido foi o acrílico espelhado, difícil de achar. Mas Walton conseguiu algumas folhas para construir seus prédios.

— Comecei a fazer as esculturas há quatro anos. Precisei parar quando não encontrei mais esse tipo de acrílico. Por sorte, uma escola de samba de São Paulo comprou várias folhas e me doou algumas. Com quatro, completei a série — conta ele.

Com obras em coleções como a de Gilberto Chateaubriand, Walton foi advogado por muitos anos (“Não consegui assumir o artista desde cedo”), antes de se dedicar 100% à arte.

— Desde pequeno eu pinto. Fazia telas baseadas em jogos de sombras que meus avós escandinavos me ensinaram. Fiz quadros com centenas de animaizinhos, personagens, tudo em quadradinhos. Até hoje, preciso dessa imposição de limites para criar, é tudo meio Lego — diz ele, que aos 34 anos admitiu a profissão artista. — Quase me separei da minha mulher. Ela jogou um balde de tinta em um quadro. Sorte que ela é restauradora e conseguiu contornar a situação.

Além dos prédios, um skate em que é impossível subir (“Dá vontade de estilhaçá-lo. O homem tem esse perfil destruidor”), por ser feito de pecinhas extremante frágeis; cintos inspirados nos dos halterofilistas (“Mas ouvi dizer que se parecem com os de encontros sadomasoquistas"); e o Poodle de pingue-pongue, que ele imaginou o mascote de uma Olimpíada, estarão na mostra.

— Todas as minhas obras têm uma dose de humor porque eu sou muito mal-humorado — admite (ou faz piada?).

Fonte e crédito fotográfico: O Globo, por Lívia Breves, publicado em 4 de outubro de 2014.

Foto: Walton Hoffman ao lado de um dos seus prédios de acrílico Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo



Walton George Dandrade Hoffmann (Rio de Janeiro, RJ, 22 de janeiro de 1955), mais conhecido como Walton Hoffmann, é um artista plástico brasileiro. Seus trabalhos se referem ao universo infantil e estão ligados a sua herança cultural.

Walton Hoffmann

Walton George Dandrade Hoffmann (Rio de Janeiro, RJ, 22 de janeiro de 1955), mais conhecido como Walton Hoffmann, é um artista plástico brasileiro. Seus trabalhos se referem ao universo infantil e estão ligados a sua herança cultural.

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Obras de Walton Hoffmann

Biografia

Seus trabalhos se referem ao universo infantil e estão ligados a sua herança cultural. O artista busca inspiração no antigo hábito escandinavo (cultivado por seus avós - suecos e islandeses) de recortar figuras em madeira ou papel e, também, na projeção de sombras nas paredes. O "Lego" cujo conceito, em latim, quer dizer: colocar junto, é um jogo inventado por um carpinteiro dinamarquês que também é forte referência em sua obra.

Suas composições são extremamente lúdicas e possibilitam ao espectador realizar uma viagem através da memória. Suas imagens são colhidas em diversas fontes, e se unem a elementos fantásticos, de sonhos e inventados. Transformadas em silhuetas produzem uma linguagem única e pessoal que é transmitida em sua pintura (com ironia e humor) nas formas de jogos, charadas e enigmas.

Walton Hoffmann fez sua primeira individual no Centro Cultural Candido Mendes, em 1994, com telas inspiradas em almanaques e Atlas, já sinalizando o universo de interesse do artista. Dois anos depois, criou suas primeiras caixas pintadas, como jogos de armar. Nesta década, a maturidade do artista se revelou na reapropriação criativa de símbolos como peças de xadrez, brinquedos lego e cartas de baralho, criando inúmeros “Países das Maravilhas” em suas obras.

Teve individuais no Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires, no Museu de Arte Contemporânea de Montevidéu, no Museu de Arte Moderna da Bahia e no Museu Alfredo Andersen, em Curitiba. Participou de feiras internacionais de arte em Paris, Lisboa, Madri e Buenos Aires, e de exposições coletivas em Portugal, Espanha, Chile, Argentina e Bolívia.

Críticas

"Walton Hoffmann que pertence, geracionalmente, a um grupo que redescobre as capacidades expressivas da pintura, anula, voluntariamente, as marcas visíveis da sua individualidade para nos levar de novo ao mundo da infância.Pois não é o jogo o único modo que as crianças tem de dominar e aprisionar o mundo?"

Luísa Soares de Oliveira, crítica de arte portuguesa.

'…. Há algo aliceano nesta pintura ficcional,que desloca a lógica tanto da representação quanto da sua semântica. Como há, no fundo, um tom de natureza morta ressuscitada, de cenas fragmentadas. A pintura "tipográfica" deste pincel a-naturalista sabe disso em sua escrita, sejam telas ou caixas".

Adolfo Montejo Navas, critico espanhol que apresenta sua mostra no centro Cutural Candido Mendes.

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Conversando sobre Arte - Depoimento Walton Hoffmann

"Nasci em Curitiba, Paraná.Meu pais moravam no Rio.Ele era piloto da Panair e vivia viajando. Minha mãe então, achou que seria mais prático voltar para Curitiba para ter seu bebê. Lá poderia contar com o apoio das famílias que de ambos os lados eram de lá. Eu passava as férias escolares na casa de meus avós mas residíamos no Rio.

Do lado materno eram descendentes de suecos e islandeses,do paterno de alemães e ingleses. Com os primeiros, aprendi as brincadeiras de projetar sombras na parede de recortar papeis.Tive contato com as enciclopédias suecas que eram destinadas as crianças.Podíamos utiliza-las sem restrições, desenhando, recortando, colando, tudo era permitido fazer com os livros.Eram feitos exatamente para isso,e assim , despertaram em mim o interesse pelas coisas, pelo mundo.

Me formei em Direito na UERJ, nunca fui buscar o diploma.Trabalhei em companhias de comercio exterior. Achava insuportável a rotina.

Nessa época conheci o Iberê Camargo de quem fiquei muito amigo. Visitava sempre seu atelier e dessa convivência surgiu em mim um olhar crítico para a arte que na época não imaginava pudesse desenvolver.

Nunca frequentei nenhum curso de arte ou pintura. As coisas foram acontecendo.Tinha muitos amigos e conhecidos no meio artístico, mas não me considerava artista. Minha mulher tem um senso estético e um conhecimento profundo em arte,isso me ajudou bastante. Acho que ela foi capaz de antecipar nos anos 80 aqueles artistas que dariam certo, que prosseguiriam com sucesso suas carreiras. Por isso suas colocações sempre foram importantíssimas para mim que iniciei minha produção nos anos 90.

Quando fiz minha primeira exposição, a pintura estava considerada morta. Fiz a série "Memory Games". Procurei uma linguagem própria, individual mesmo. Não queria beber em nenhuma fonte, foi complicado. Entrei na maioria dos salões onde quase todos os trabalhos eram objetos.Tinha muito pouca pintura. Hoje estou fazendo objetos, esculturas e, a pintura está de volta, bombando por ai. Engraçado.Parece que sou do contra.

A observação das coisas do cotidiano e um pouco de sensibilidade me ajudam nas escolhas, no que fazer. Não suporto repetir, fazer a mesma coisa, principalmente beber na fonte de outro.Estou sempre olhando e de uma situação ou qualquer coisa pode nascer um trabalho legal ,como também, te mostrar uma nova vertente.Um artista não pode ter medo de mudanças, não pode e não deve submeter-se às questões do mercado- curadores, galerias, colecionadores.

Um artista deve ter seu pensamento, seu percurso, sua individualidade,mesmo que isso lhe custe algum tempo até que possa firmar-se como tal. É muito fácil seguir uma tendência , uma linha de pensamento esgotada.

Acho muito importante o contato com os críticos e com os curadores. O trabalho cresce com observações, mas é preciso estar atento para não aceitar ou incorrer em imposições. Opiniões são opiniões e não mandatos. Os que incorrem nesse erro, que acreditam em atalhos, não duram um verão. Ninguém deve fazer concessões na sua obra. Isso pode dificultar sua aceitação entre críticos e curadores.

A obra de arte deve ser arte, apenas arte. Tem gente que acha que fazer design é fazer arte.Tem gente que acha que um artista surge do nada, que pode ser invenção de uma galeria mas o percurso é longo, tem que existir a instituição, o pensamento, a sensibilidade, o texto.

Obra de arte também não é ação.O comprador tem que ter a sensibilidade na hora de efetuar a sua compra, não pode e não deve ser convencido pelos outros. Uma opinião aqui, outra ali sem dúvida são importantes nesse critério de avaliação e seleção. Tem artistas que tinham tudo para dar certo, mas por circunstâncias da vida, como casamentos, fizeram com que desistissem, outros passaram em concursos públicos e largaram a arte, porque era mais difícil existir como artista e, olha que eram promessas, apostas garantidas. Quem comprou, como ficou?

Minha experiência como curador,organizador é melhor palavra, surgiu depois de um cancelamento, sem o menor sentido ou explicação de uma mostra agendada.O pequeno poder apenas resolveu desmarcar. Até aí tudo aparentemente normal. As coisas acontecem e o artista fica sem reação.

Decidi então expor a situação e, surgiram as surpresas e manifestações de apoio, imediatamente apareceram convites para fazer a mostra em outras instituições. A primeira foi no Paraná e em seguida em São Paulo. Os espaços eram imensos e seria impossível fazer só. Conversando com o Divino Sobral de Goiás e a Eliane Prolik de Curitiba, resolvemos com o apoio das transportadora Millenium e Atlantis fazer uma mostra que se chamou Heterodoxia. Fizemos exposições em 13 estados, do Pará até Santa Catarina, além de uma no Peru.Contamos com a presença de mais de 100 artistas e curadores como Moacir dos Anjos, Leonor Amarante, Fabio Magalhães, fazendo textos sobre a ação. Foi uma experiência muito boa.

Depois fiz uma escolha para uma galeria comercial no Rio. A receptividade foi excelente. Não digo que faço curadoria, esse é um papel que não me cabe. Faço escolhas. Escolho artistas que tenham um trabalho sólido, como foi o caso da dupla Fernanda Figueiredo/Eduardo Matos. Tinha o espaço, os artistas e aí , coloquei todo mundo em contato com a curadora Daniela Name que avaliou a idéia e fez o texto da individual da dupla. Todo mundo colaborou, não existiu a intenção de fazer uma curadoria.

Essas escolhas também são feitas aqui, com os trabalhos de outros artistas que tenho em casa. Tudo é feito em conjunto com minha mulher. Faço isso também para alguns amigos que coleciono. Apresento opções e não imposições, como já disse, não acredito que arte deva ter o tratamento de ação. Quem entrar nessa, acho que vai se estrepar mais adiante. Tenho trabalhos apenas dos artistas em que acredito.

Acho que as bienais e as feiras são importantérrimas para a arte. O mundo ficou pequeno. Hoje está tudo muito ágil e perto. Todo mundo se conhece, isso é bom, é saudável. Os salões parecem estar sendo substituídos por eles. Os modelos são ultrapassados.

Nunca escrevi sobre meu trabalho.Sempre procurei fazer exposições com textos de críticos e curadores. Agnaldo Farias, Irma Arrestizabal, Luis Camillo Osório, Luisa Interlenghi, Ligia Canongia foram alguns que escreveram sobre meu trabalho.

O Brasil a meu ver é o país do momento.Não sei se é a bola da vez. Essa uma posição perigosa. Pensar isso é pensar curto. O momento é mais real. A gente pode estende-lo. A nossa mentalidade está mudando. Estamos aprendendo a valorizar o que é nosso. Antes as pessoas que se destacavam eram logo hostilizadas pelos seus pares, hoje sinto que já existe um respeito bastante grande quando citamos nossos artistas consagrados. Isso é fundamental para que sejamos reconhecidos.
Não costumo fazer planos. Penso em continuar trabalhando, fazer novos trabalhos.Tenho exposições agendadas em dois museus. Por enquanto é isso. Tenho trabalhado bastante e esse trabalho está sendo colocado em boas coleções e fazendo parte do acervo de instituições respeitadas.Isso para mim está sendo bom, vejo que existe um reconhecimento.

Veja se esta bom meu amigo, pode cortar, mudar sugerir sem constrangimento."

Fonte: ArteArt, por Marcio Fonseca, publicado em 13 de dezembro de 2011.

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Walton Hoffmann apresenta seus diários

A história das pinturas que Walton Hoffmann expõe a partir de hoje na galeria Valu Oria começa em 1994, com um baú empoeirado em Curitiba.

Amigo do pintor gaúcho Iberê Camargo, cujo ateliê frequentava três vezes por semana, Hoffmann decidiu, na viagem, trocar definitivamente a advocacia pelos pincéis.

Em Curitiba, o "carioca adotivo" encontrou sua linguagem artística no meio de pertences de seus bisavós.

Hoffmann passou a produzir incansavelmente -em uma rotina de 15 horas diárias em seu ateliê do Leblon- influenciado pela estética de uma série de almanaques do começo do século.

Sua obra se voltou para a "imortalização da memória viva de seus bisavós".

Silhuetas de pequenas imagens que estavam diluídas nos cadernos de seus antepassados foram ocupando os espaços das telas de Hoffmann.

O artista também incorporou aos símbolos "ancestrais" imagens tão díspares como a silhueta do jogador de basquete Michael Jordan e os contornos de um boi de um anúncio de açougue.

O modo como essas figuras estão dispostas não é aleatório, ao contrário do que sua obra pode sugerir. O artista constrói uma trajetória racional em busca de um equilíbrio plástico das imagens em miniatura.

O tom esgarçado, envelhecido, das figuras também não é acidental.

Depois de desenhar e pintar cada imagem, o artista passa uma pincelada final de água para passar a sensação que suas obras já foram "tocadas", como os almanaques de seus bisavós escandinavos.

Segundo o artista, seus "diários" -título da exposição- são repletos de segredos, chaves e muitas memórias.

Mas esses "enigmas" não fazem com que suas obras, sem títulos, sejam de leitura difícil.

Fonte: Folha de São Paulo, por Cassiano Elek Machado, publicado em 10 de abril de 1997.

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Walton Hoffman e as suas obras de humor ácido

O artista plástico mostra a série “Games and Toys”, com peças de acrílico espelhado, no Espaço 512, no Jardim Botânico

O artista plástico Walton Hoffman é um cara que faz qualquer um rir. Jeito expansivo, humor ácido na medida, simpatia de sobra. Suas obras não são diferentes. Na sua última série “Games and Toys”, que será exposta na semana que vem, de quarta a sábado no Espaço 512 (Rua Jardim Botânico 512), ele põe em xeque a fragilidade moderna usando esculturas que imitam prédios espelhados, formados por pecinhas de quebra-cabeça — uma delas transparente.

— A peça de outra cor destaca a fragilidade — diz Walton. — Os prédios foram feitos logo depois da crise das hipotecas americanas. O conceito é a instabilidade do sonho da classe média, que é ter uma casa. Nos EUA, milhares perderam suas economias sob o fardo das hipotecas. Com essas peças, exagero: dou a sensação de que se tocar, desaba — explica ele, que compara com a relação do animal peçonhento e da presa. — As esculturas atraem as pessoas, mas chegando perto percebe-se que ela pode ruir com um toque, acabando com qualquer possibilidade de ideal. Além disso, não se pode ver o interior, vemos apenas o nosso reflexo. Mas a priori tudo tem uma leitura muito fácil, apesar de todo o fundamento.

O material escolhido foi o acrílico espelhado, difícil de achar. Mas Walton conseguiu algumas folhas para construir seus prédios.

— Comecei a fazer as esculturas há quatro anos. Precisei parar quando não encontrei mais esse tipo de acrílico. Por sorte, uma escola de samba de São Paulo comprou várias folhas e me doou algumas. Com quatro, completei a série — conta ele.

Com obras em coleções como a de Gilberto Chateaubriand, Walton foi advogado por muitos anos (“Não consegui assumir o artista desde cedo”), antes de se dedicar 100% à arte.

— Desde pequeno eu pinto. Fazia telas baseadas em jogos de sombras que meus avós escandinavos me ensinaram. Fiz quadros com centenas de animaizinhos, personagens, tudo em quadradinhos. Até hoje, preciso dessa imposição de limites para criar, é tudo meio Lego — diz ele, que aos 34 anos admitiu a profissão artista. — Quase me separei da minha mulher. Ela jogou um balde de tinta em um quadro. Sorte que ela é restauradora e conseguiu contornar a situação.

Além dos prédios, um skate em que é impossível subir (“Dá vontade de estilhaçá-lo. O homem tem esse perfil destruidor”), por ser feito de pecinhas extremante frágeis; cintos inspirados nos dos halterofilistas (“Mas ouvi dizer que se parecem com os de encontros sadomasoquistas"); e o Poodle de pingue-pongue, que ele imaginou o mascote de uma Olimpíada, estarão na mostra.

— Todas as minhas obras têm uma dose de humor porque eu sou muito mal-humorado — admite (ou faz piada?).

Fonte e crédito fotográfico: O Globo, por Lívia Breves, publicado em 4 de outubro de 2014.

Foto: Walton Hoffman ao lado de um dos seus prédios de acrílico Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo



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