Carlos Augusto da Silva Zilio (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1944) é um pintor e professor brasileiro.
Biografia - Oficial
Mora grande parte de sua infância no Posto 6, em Copacabana, e ainda em Washington e Jundiaí, devido às transferências profissionais do pai.
Em 1962, ingressa no Instituto de Belas Artes da Guanabara e estuda pintura com Iberê Camargo. Torna-se, em 1966, aluno do Instituto de Psicologia da antiga Universidade do Brasil – atual UFRJ – ao mesmo tempo em que desenvolve sua carreira de artista plástico.
As obras na exposição “Otra figuración” dos artistas argentinos Noé, De La Vega e Macció e a mostra “Opinião 65”, ambas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tiveram grande impacto sobre seu trabalho. Participa de “Opinião 66”, e da histórica “Nova objetividade brasileira”, em 1967.
Em 1965, vê a retrospectiva de Barnett Newman na VIII Bienal de São Paulo, artista que se tornaria uma crescente referência para seu trabalho. participa da IX Bienal de São Paulo e executa o trabalho Lute (marmita),neste período.
No segundo semestre de 1972, casa-se e participa do Salão Nacional de 1973. Com vários artistas, críticos e poetas faz a revista Malasartes em 1974, e viaja para Paris, Londres, Colônia e Nova York para ver a arte contemporânea internacional. Em 1975 realiza sua primeira exposição individual na Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt, no Rio de Janeiro. Nesta época se fazem presentes em seu trabalho a repercussão das obras de Duchamp, dos concretistas russos e da arte conceitual. A exposição “Atensão” é realizada na Sala Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1976, mas, ainda assediado constantemente pela repressão da ditadura, aproveita o convite para participar da X Bienal de Paris e acaba por viver nesta cidade até 1980. Durante sua estadia na França, visita intensamente museus e tem a oportunidade de, com a inauguração do Beaubourg – Centro de Artes George Pompidou, ver importantes exposições como a retrospectiva de Marcel Duchamp, “Paris/Berlim”, “Paris/Moscou” e “Paris/Nova York”.
1977, a retrospectiva de Jasper Johns demarca um momento de sua reaproximação com a pintura, sendo que a exposição “O último Cézanne”, organizada por William Rubin em 1978, torna-se o impacto definitivo que determina a opção de privilegiar em sua produção a prática pictórica. Em Paris, a indagação sobre a cultura brasileira o leva a escrever A querela do Brasil (a questão da identidade da arte brasileira: Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari – 1922/1945), sua tese de doutorado na Universidade de Paris VIII.
De volta ao Brasil, realiza exposição individual em 1982, no Espaço ABC da Funarte, organizada por Paulo Sergio Duarte. Inicia em 1980 atividade como professor, e é autor do projeto, e coordenador, do Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil na PUC-Rio, uma das primeiras iniciativas de pós-graduação desta área no país. Realiza como editor e curador com seus alunos em 1982 e em 1983 as exposições e catálogos de Goeldi e Guignard, e funda a revista Gávea em 1985.
Em 1994, por concurso público, vai para a Escola de Belas Artes da UFRJ, onde cria o projeto da Área de Linguagens Visuais, que visa à formação do artista, no Programa de Pós-Graduação. Em 1992 faz pós-doutorado em Paris com Hubert Damisch, e em 1998 faz estágio sênior com Yve-Alain Bois, nos Estados Unidos.
Realiza em 1996 uma retrospectiva da fase política e inédita de sua obra, organizada por Vanda Mangia Klabin, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Museu de Arte Moderna da Bahia.
Organizadas por Paulo Venâncio Filho, faz as seguintes exposições individuais: no Centro de Arte Hélio Oiticica, em 2000, que abrange a produção da década de 1990; e Trabalhos sobre papel – pinturas e desenhos sobre este suporte, realizados nas três últimas décadas, no Paço Imperial do Rio de Janeiro, em 2004, e na Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2005. Em 2008 exposição inaugural da Galeria Anita Schwartz no Rio de Janeiro e, no mesmo ano, em São Paulo, na Galeria Raquel Arnaud. Em 2010 participa da 29a. Bienal de São Paulo e neste mesmo ano e em 2011, realiza uma exposição que itinera do Museu de Arte Contemporânea do Paraná ao Centro Universitário Maria Antônia USP e ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ainda em 2011 é convidado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) para uma mostra especial de sua produção da década de 1970.
Críticas
"Para compreender estas 25 telas recentes (safra de 83-84) tomemos como ponto de partida as 4 telas intituladas "Jardins de Seurat e de Matisse", expostas na Galeria Paulo Klabin. As 4 telas formam um apêndice, um parênteses importante dentro da nova série de 25 telas, esclarecendo as restantes de uma maneira contundente. Para atualizar o conceito revolucionário de Cézanne, que proclamava que era preciso esquecer o Museu indo diretamente à Natureza, Carlos Zilio redimensiona a questão a partir dos anos 80: como recolocar as referências culturais adquiridas e sedimentadas no museu, em contato e em conflito com a vida, com a própria natureza. Zilio ataca este dilema da maneira mais atual, mais radical, ou seja, de modo mais superficial (o olho se atém na superfície da própria tela que a composição por sua vez dinamiza): representando as questões e lições fundamentais dos mestres Seurat e Matisse, base da pintura do século XX. E procede com o mesmo frescor e a mesma irreverência (via uma POPART Sociologicamente decantada, dos anos 60, e uma "Pattern Painting" debochada dos anos 70, ou seja, via Duchamp (POPART) e Matisse (PATERN PAINTING)). Os sentimentos novos destes criadores pediam uma reformulação imediata e estrutural de seus meios. A mesma alegria, o mesmo deboche, a mesma simplicidade, o mesmo mau gosto (para a época) aliados, enquadrados dentro da visão global de seu projeto, se desprendem destas telas, acre-doces. Pois tragicômicos, os quadros de Carlos Zilio debatem, travam uma luta mortal, um lento corpo a corpo com questões já resolvidas pictòricamente, mas que, psicòticamente não encontram mais eco no nosso dia a dia."
Jorge Guinle (Introdução à uma releitura alegre e comprometida do século XX à luz da recente obra de Carlos Zilio, exto de apresentação da exposição de Carlos Zilio na Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro, 2008)
"A premissa é estritamente moderna: chegar a alcançar uma pictórica, um pensamento de pintura. E se não há como definí-la positivamente, sobram argumentos para apontar tudo o que não pretende ser. Nem vejo necessidade de repeti-los aqui, contra todo gênero de ilustração, paródia ou pastiche. O fato de resistir a enunciados verbais - e exigir, isto sim, verificação plástica- é a melhor prova, via negativa, de seu caráter íntegro. O que distingue as telas recentes de Carlos Zilio seria exatamente a entrega incondicional a este alto e problemático destino moderno da pintura. Nela iniciado, após recusá-la frontalmente e, em seguida, reaproximar-se sobretudo através do discurso teórico, o trabalho de uns anos para cá parece final mente decidido a realizar-se como pintura. E até, sob o peso de considerável erudição, resumir-se a um esforço contemporâneo de pintura. A modéstia adquire, no caso, valor estratégico de libertação: antes de tudo, trata-se de adequar o saber da História da Arte à proporção de um fazer pessoal cotidiano. A aventura estética começaria assim, de maneira singular, a partir de certa renúncia - esquecer-se enquanto saber para cumprir-se como fazer. Mas, é claro, a solução não consiste no apelo sumário ao instintivo. Toda a dificuldade está em aderir por completo a uma disciplina exclusiva de pintura, lançarse aos riscos e incertezas de uma produção sem apoios e cauções extrínsecas. Em arte, ninguém delibera o que é- vê-se, ao contrário, revelado e interrogado pela sequência do trabalho. O preço da autoria é certo estranhamento radical incontornável. Somente uma leitura simplista enxergaria na pintura recente de Carlos Zilio uma vitória irônica sobre todo o seu passado de artista experimental. As telas atuais, coerente, fatalmente, condensam as obsessões e os achados de uma biografia estética que conta já mais de duas décadas. A observação deve ser levada a sério pois chama a atenção para a inextricável relação entre opções formais e conteúdos expressivos que o trabalho encontra -se em vias de demonstrar. Com certeza, ele segue pensando amplamente a forma plástica como veículo de transformação social, em sua dimensão específica; procurando, contudo, reeducá-la para um convívio afetivo, íntimo, na trama de uma vida concreta. Todo o distanciamento crítico, próprio à formação do artista, sofre um contragolpe lírico que visa ajustá-lo à perspectiva realista da construção de uma obra ao longo de uma vida. Daí a natureza essencialmente ambígua de seus signos plásticos. Eles se desejam, acima de tudo, medidas de estruturação espacial, segundo uma lógica abstrata, digamos, pós-minimalista. Nem por isto deixam de sugerir insistentemente signos expressivos. O quadro deve impor-se como agente de reespacialização, apostar em sua força literal de apresentação. E se o pathos do sublime concreto de Barnett Newman tornou-se inviável, o artista parece achar indispensável e urgente reatualizá-lo neste insípido cenário dito pós-moderno. Mas, como o interesse pelo dramático reducionismo plástico de Giacometti por si só atestaria, o quadro também estaria aprendendo a reconhecer-se como coisa pacientesuperfície sensível que abriga e reelabora os traumas e os êxtases acumulados para transmití-los numa imagem comunicativa. É de fato um pouco surpreendente, mas esclarecedor, que este óleo recém conquistado, ansiando por refinamento e densidade, disponha-se já a liberar signos tri-dimensionais. Tais esculturas, obedecendo rigorosamente à mesma démarche da pintura, anunciam muito mais do que um fascínio por Giacometti- reafirmam a pressão imaginária das "figuras" do artista. Sejam o que forem- totens abstratos ou signos espaciais - têm que ser estas e não quaisquer outras figuras. E não há como, pois não há por quê, decidir entre o construtivo e o expressivo. Essas telas partem, desde logo, da superação deste notório dilema, desta controvérsia cultural datada, para tentarem se reapropriar do núcleo produtivo do conflito. Elas movem-se inevitavelmente em termos muito mais avisados e diferenciados, menos heróicos e ideológicos, historicamente mais prudentes, do que aqueles em que se moviam os pioneiros e os "clássicos" modernos. Exatamente para reencontrar e dispor, ainda hoje, de algum senso moderno de liberdade"
Brito, Ronaldo (Totens Abstratos, 1993 - Texto no Catálogo da exposição Carlos Zilio no Paço Imperial, Rio de Janeiro, 1993)
"A pintura de Carlos Zilio tem uma contenção própria. Ela recusa o olhar fácil que só se preocupa com o já visto. Há que perder tempo vendo o que não se sabe. Há um tamanduá nestas telas. Ele está lá, existe como figura e como memória. Mais do que imagem é uma mancha, uma forma sangrada, um espectro, um fantasma. Ser mais mancha que imagem significa que ele não é gráfico, mas pictórico, não tem precisão, nem limite. Desentranha-se de algum fundo indefinido. A história privada - o sentido por trás das coisas - é sempre perigosa em arte. Em tudo. Explica facilitando ou facilita explicando. Cria a tal preocupação com o já visto que nos desobriga diante do sem nome que se apresenta ao olhar e à imaginação. Neste caso, todavia, é inevitável. Não há que temer os fatos, o Real. O tamanduá entrou na pintura de Zílio ainda nos anos 1980. Vinha como memória afetiva, luto diante da perda do pai, homenagem do pintor ao bicho de estimação inusitado. Ele vinha como queda, com caveiras e impressão das mãos. Se lá nas pinturas de 86 ainda era imagem, agora surge como mancha, mais indefinida. É um flash, passa como se fosse um raio inconsciente que se reinventa como pintura, imprimindo-se na tela. Como lidar com estes fantasmas interiores? Assumindo-os. Eles aparecem por todo lado. Na saída do elevador do ateliê, o tamanduá, surpreendentemente ou não, está gravado no chão. O chão foi decalcado para a tela, são continentes e tamanduás marcados na lona usada que cobria o piso e sobre a qual o artista pintava. Uma camada de memória sobre outra. É tudo sobreposição e ruído, a temporalidade da vivência pessoal confundindo-se e reinventando-se junto à temporalidade do que escapou como excesso de pintura. Freudianamente, é a recordação de algo que jamais fora esquecido pois nunca foi consciente. Para não deixar tudo isso dissolver-se no sentimentalismo fácil, mantém-se a austeridade do gesto, a redução da paleta, a tensão da figura e do fundo que enerva a forma. Nos desenhos, o tamanduá é um registro reduzido, mais pacificado e cósmico, deixando de ser susto para ser signo. Ou os dois irmanados: susto e signo, memória e criação"
Osorio, Luiz Camilo (Entre o susto e o signo: os tamanduás de Zilio, 2011 - texto de apresentação da exposição de Carlos Zilio Pinturas no MAM Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 2011)
Exposições individuais
1975
Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt, Rio de Janeiro
1976
Atensão, Sala Experimental, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1982
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1984
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro/span>
1985
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, São Paulo
1987
Galeria Maurício Leite Barbosa, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, São Paulo
Galeria de Arte e Pesquisa do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo / UFES, Vitória, ES
1989
Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1990
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1993
Paço Imperial, Rio de Janeiro
1996
Fundação Castro Maya: pinturas e lançamento de gravura pela Sociedade de Amigos da Gravura da Fundação Castro Maya, Rio de Janeiro
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Joel Edelstein, Rio de Janeiro
1997
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna da Bahia
2000
Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
2001
Centro Universitário Maria Antonia /USP, São Paulo
2003
HAP Galeria, Rio de Janeiro
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
2004
Trabalhos sobre papel, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2005
Trabalhos sobre papel, Pinacoteca do Estado de São Paulo
2006
Manoel Macedo Galeria de Arte, Belo Horizonte
2008
Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
2010
Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba
Centro Universitário Maria Antonia / USP, São Paulo
2011
Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Carlos Zilio: paisagens 1974-1978, Galeria Cândido Portinari, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ
Exposições coletivas
1965
Salão de Abril, Petite Galerie, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1966
Opinião 66, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1967
IX Bienal de São Paulo
IV Salão de Arte Moderna de Brasília
Nova objetividade brasileira, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Ciclo de estudos da arte brasileira, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
1973
XXII Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea, Curitiba, Prêmio de Aquisição
1974
Prospectiva, Museu de Arte Contemporânea /USP, São Paulo
1976
Fifteen modern artists from Brazil, Kresge Art Center, Michigan State University, EUA
Spazio Alternativo 2, Montecatini, Itália
Década de 70, org. Centro de Arte y Comunicación CAYC, de Buenos Aires, Museu de Arte Contemporânea / USP, São Paulo
Arte brasileira: os anos 60/70 – Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Casarão João Alfredo, Recife e Fundação Cultural, Brasília
1977
X Bienal de Paris
1982
Do moderno ao contemporâneo– Coleção Gilberto Chateaubriand, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
1984
Viva a pintura, Petite Galerie, Rio de Janeiro
1985
Exposição inaugural da Galeria Paulo Klabin, São Paulo
1986
Trajetória e encontros, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Ado Malagoli /MARGS, Porto Alegre e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1987
Galeria César Aché, Rio de Janeiro
Trajetória e encontros, Teatro Nacional, Brasília
Solar Grandjean de Montigny, PUC-Rio, Rio de Janeiro
Ao colecionador, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1988
Le déjeuner sur l’art – Manet no Brasil, Escola de Artes Visuais, Rio de Janeiro
1989
Rio hoje, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Comemoração da Revolução Francesa, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro
1990
O rosto e a obra, Instituto Brasil-Estados Unidos - IBEU, Rio de Janeiro
1991
Pintura, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura - IBAC, Rio de Janeiro
1992
Eco Art, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
A caminho de Niterói – Coleção João Sattamini, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Anos 60/70 – Col. Gilberto Chateaubriand, Serviço Social da Indústria/SESI, São Paulo
Brazilian contemporary art – Image distribution project, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura/IBAC, Rio de Janeiro
1993
A caminho de Niterói – Coleção João Sattamini, Centro Cultural São Paulo
Brazilian contemporary art, Museu de Arte Contemporânea / USP, São Paulo
A rarefação dos sentidos – Coleção João Sattamini, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro
O desenho moderno no Brasil – Coleção Gilberto Chateaubriand, Serviço Social da Indústria/SESI, São Paulo
Aspectos da arte brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1994
O desenho moderno no Brasil – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Trincheiras, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Bienal do Século XX, São Paulo
1995
As pinturas de Laura, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro
Uma poética da reflexão, Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal, Rio de Janeiro
1996
Geometria Rio, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Centro Cultural Calouste Gulbenkian, Rio de Janeiro
Anos 70:
fotolinguagem, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro
Escultura no Paço, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Exposição inaugural do Museu de Arte Contemporânea de Niterói
1997
Panorama da arte brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo
As cidades dos artistas, Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo; Galeria Instituto Itaú Cultural, Brasília
1998
Panorama da arte brasileira, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife; Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Maquetes e projetos, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Anos 60/70
Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Broadening the horizons, Pusan Metropolitan Arts Museum, Pusan, Coréia
1999
Objeto cotidiano - anos 60/90, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Panorama da arte brasileira, Museo Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires
Acervo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: uma seleção, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2000
Novas aquisições, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Entre a arte e o design – Coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Arte conceitual e conceitualismos: anos 70 no acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP, MAC USP, São Paulo
Pinturas na coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Pintura anos 90, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Situações limite – arte brasileira: anos 70, Fundação Casa França-Brasil, Rio de Janeiro
Entre a imagem e a palavra, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2001
São ou não são gravuras?, Museu de Arte Moderna de São Paulo; Galeria Instituto Itaú Cultural, Brasília
Aspectos de uma coleção, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Aquisições essenciais, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
A cor na arte brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna Villa-Lobos, São Paulo
Trajetórias, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Marginália 70, O experimentalismo no Super-8 Brasileiro, Anos 70, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
Cinemac, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (filme)
A subversão dos Meios, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
A vos marges, Années 70, festival de curtas em cidades na França até 2004 (filme)
2002
Cidadeprojeto/ cidadexperiência, Museu de Arte Moderna Villa-Lobos, São Paulo
Recorrências; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Diálogo, antagonismo e replicação na coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Identidades – o retrato brasileiro na coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Coletiva do acervo da HAP Galeria, Rio de Janeiro
Mapa do agora – a recente trajetória da arte brasileira: retrospectiva das cinco últimas décadas na coleção João Sattamini, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
São ou não são gravuras?, Museu de Arte de Londrina, Paraná
Caminhos do contemporâneo 1952-2002, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Artefoto, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro
2003
Foto arte 2003 – Brasília, capital da fotografia, mosta ArteFoto, Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília
Arte e sociedade – um relação polêmica, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
23 anos 60, Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte
Imagética, mostra especial do acervo de gravura, Fundação Cultural de Curitiba
2004
A subversão dos meios, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
Arte contemporânea no ateliê de Iberê Camargo, Centro Universitário Maria Antonia/USP, São Paulo
Arte contemporânea brasileira nas coleções do Rio, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Arte contemporânea: uma história em aberto, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Encontros com o modernismo, destaques das coleções Stedelijk Museum/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2005
Retrato como imagem do mundo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Bienal do Mercosul, Porto Alegre
Pratos para a arte VIII, Museu Lasar Segall, São Paulo
Tropicália, Museum of Contemporary Art, Chicago; Barbican Art Gallery, Londres; The Bronx Museum of the Arts, Nova York
Aspectos da Coleção: Abstracionismo Geométrico, Modernismo e Arte Contemporânea, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Carlos Zilio no Cinemac, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (filme)
Encontros com o modernismo, destaques das coleções Stedelijk Museum/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Gilberto Chateaubriand, Pinacoteca de São Paulo
2006
O corpo na arte contemporânea brasileira, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Ao mesmo tempo nosso tempo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Brossa-Brasil: entre a poesia e o objeto, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Gravura em metal, matéria e conceito no ateliê de Iberê Camargo, Fundação Iberê Camargo, Caxias do Sul
Um século de arte brasileira, Coleção Gilberto Chateaubriand, Pinacoteca do Estado de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Abrigo Poético-diálogos com Lygia Clark, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
MAM na Oca: arte contemporânea Brasileira no acervo do MAM-SP, São Paulo
Arquivo Geral, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Rio de Janeiro
Um século de arte brasileira, Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba
Gravura em metal, matéria e conceito no ateliê de Iberê Camargo, Centro Municipal de Cultural Dr. Henrique Ordovás Filho, Caxias do Sul
2007
Universidarte XV, Rio de Janeiro
Arte-Antropologia Representações e Estratégias, Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo
Tropicália, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
A arte como questão anos 70, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
A gravura brasileira na coleção Mônica e Georges Kornis, Caixa Cultural, Rio de Janeiro
Filmes de Artista, Brasil, 1965-1980, Oi Futuro, Rio de janeiro
2008
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Arco, Galeria Raquel Arnaud e Galeria Anita Schwartz, Madrid
Arte Contemporânea, aquisições recentes do acervo da Pinacoteca do Estado, São Paulo
Arte e Memória: Anos Rebeldes, Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre
SPARTE, galerias Anita Schwartz e Raquel Arnaud, São Paulo, 2009, 2010 e 2011
Arquivo Geral, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Rio de Janeiro
Mam SP 60 anos, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Seis décadas de MAM Anos70, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Entre o plano e o espaço, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Ano 01, Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Art Basel, Miami Beach, EUA
1968, Fundação Joaquim Nabuco, Recife,
2009
Brasil, brasileiro, nossa terra, nossa gente, Centro Cultural Banco do Brasil –CCBB, Rio de Janeiro
2010
29a Bienal de São Paulo
Genealogia do Contemporâneo, Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2011
Anos 70, Galeria Progetti, Rio de Janeiro
Genealogias do contemporâneo – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Europália, Art in Brasil 1950-2011, Bruxelas
Cuando Brasil devoró el cine (60-70), Museo Reina Sofia, Madri, 2011
Coleções públicas
Museu de Arte Contemporânea de São Paul
Museu de Arte Contemporânea do Paraná
Museu da Universidade Federal do Espírito Santo
The Newark Museum, New Jersey
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Paço Imperial, Rio de Janeiro
Museu de Arte Contemporânea de Niterói/ Coleção João Sattamini
University of Essex/ Collection of Latin American Arts
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Fonte: Site Oficial Carlos Zilio, consultado pela última vez em 13 de junho de 2020.
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Biografia - Itaú Cultural
Estuda, a partir de 1963, no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde é aluno de Iberê Camargo (1914 - 1994). Forma-se em psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1973. Em 1975, torna-se um dos editores da revista Malasartes. Sua produção dos anos 1960 e 1970 revela um amplo sentido de crítica social, como em Lute (1967) ou em Para um Jovem de Brilhante Futuro (1973). Em 1976, em razão de perseguição política, viaja para Paris, onde, em 1980, conclui doutorado em artes na Universidade de Paris VIII.
Dedica-se unicamente à pintura, passando a realizar trabalhos abstratos a partir de 1978. Após seu retorno ao Brasil, cria e leciona no curso de especialização em História da Arte e História da Arquitetura no Brasil, e também no mestrado em História Social da Cultura, do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ).
É um dos fundadores da revista Gávea, da qual é editor responsável da revista entre 1984 e 1996. Faz pós-doutorado com Hubert Damisch, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, em 1992. Dois anos mais tarde, leciona na Escola de Belas Artes da UFRJ (EBA/UFRJ). Publica, entre outras, a obra A Querela do Brasil: a questão de identidade na arte brasileira, editada pela primeira vez em 1982.
Análise
Carlos Zilio ingressa no Instituto de Belas Artes da Guanabara, no Rio de Janeiro, em 1962. No ano seguinte, freqüenta palestras no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) e inicia estudos de pintura com Iberê Camargo, no Instituto de Belas Artes.
Zilio emerge no cenário artístico brasileiro nos anos 1960, período marcado pela ditadura militar. Adere inicialmente às questões da nova figuração, ao mesmo tempo que aprofunda o comprometimento com o movimento estudantil, no Instituto de Psicologia da UFRJ, onde estuda.
O artista cria máscaras de rostos anônimos, agrupadas em série e que agregadas a outros elementos, como relógios de ponto ou marmitas, como em Lute (1967), fazem com que a obra adquira caráter de denúncia social. Esse trabalho representa o esforço máximo do artista para integrar arte e política. No interior da marmita, em lugar do alimento, uma máscara sem rosto.
Após Lute, o artista interrompe sua produção para se dedicar à militância política. Em março de 1970, é ferido a bala em confronto com a polícia e preso, sendo colocado em liberdade dois anos depois. Na cadeia, Zilio inicia uma série de desenhos e de pinturas em pratos que evocam a violência vivida. Em 1973, cria a obra Para um Jovem de Brilhante Futuro, com uma maleta de executivo (tipo 007), cujo interior é ocupado por fileiras de pregos, com as pontas voltadas para cima. Nesse trabalho, que dialoga principalmente com obras de Marcel Duchamp (1887 - 1968), o artista ironiza a situação social e política do país, sobretudo em relação ao futuro de uma juventude alienada.
Carlos Zilio participa da criação da revista Malasartes, em 1974. Em 1976, exila-se em Paris, onde, em 1980, conclui doutoramento em artes, na Universidade de Paris VIII. Retorna ao Brasil no mesmo ano. Em 1978, decide dedicar-se unicamente à pintura. Contribui para essa escolha, como declara o próprio Zilio, o contato com a obra de Cézanne (1839 - 1906), em exposição do artista ocorrida em Paris nesse período. Seus trabalhos também dialogam com a pintura de artistas norte-americanos, como Barnett Newman (1905 - 1970) ou Jasper Johns (1930). Realiza obras abstratas, pinturas gestuais em que trabalha freqüentemente com uma paleta monocromática.
Fonte: CARLOS Zilio. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 14 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Carlos Zilio: ‘Os desenhos saíam da prisão com as visitas’
O artista plástico, de 69 anos, diz que as obras criadas atrás das grades só foram mostradas pela primeira vez em 1996
Em 1964, eu era um estudante de arte e, embora não fosse militante, vivia intensamente o clima político. Minha geração nas artes plásticas surgiu nesse momento — muito mobilizada pelos acontecimentos no país. E isso apareceu nas mostras “Opinião 65”, “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira” (1967).
No período entre 1964 e 1968, a Censura atuava nas áreas mais críticas — a imprensa e a literatura, por exemplo. As artes plásticas eram um pouco excêntricas, no sentido de fora do centro.
A partir do Ato Institucional número 5, a Censura chegou. Até aquela época, havia a possibilidade de exposições e de troca de ideias. Estética e política formavam uma unidade. Os trabalhos eram feitos pensando em sua multiplicação, em romper com a obra única e ganhar uma dimensão pública.
Depois de 1968, passei a achar mais urgente uma resposta política de intervenção na realidade e fui me engajando cada vez mais. Deixei de produzir arte para me ligar completamente à militância. Não produzi trabalhos entre 1968 e 1969. Em 1970, fui preso.
Na prisão, retomei minha produção com recursos, evidentemente, muito limitados: papel e caneta hidrográfica. Lá, fiz trabalhos que me acompanharam ao longo dos dois anos em que estive preso. Os desenhos saíam da prisão com as visitas. Minha mulher os levava embora. E esses trabalhos só foram mostrados pela primeira vez em 1996, nos museus de Arte Moderna do Rio, de São Paulo e da Bahia. Tive muita dificuldade para expô-los. Temia que fossem percebidos como uma glamourização de minha atuação política. Mas aquilo era a minha vida , não dava para recalcar. O tempo havia passado e, além disso, o país tinha se redemocratizado.
Ao redor de 1974 acho que as artes plásticas foram se rearticulando politicamente. A chamada abertura ensaiava seus primeiros passos, mas não era um processo de concessões.
Nós, artistas, buscamos formular projetos e conquistar espaços para a circulação de nosso trabalho. A censura era algo que a gente ia forçando para testar suas resistências e formular maneiras de superá-la.
Exercício da liberdade
Houve uma politização do espaço artístico no sentido de perceber melhor que a criação, a circulação e o consumo da arte compreendem necessariamente instâncias políticas e ideológicas que envolvem instituições e mercado. Nota-se, nessa época, a presença dos artistas na luta pela definição dessas políticas como, por exemplo, na publicação de “Malasartes”, uma revista dedicada à arte e à cultura contemporâneas. Em 1975, no MAM, houve a criação da Área Experimental, espaço que possibilitou a emergência de obras que retomavam a expressão de Mario Pedrosa (1900-1981). Era a “arte como exercício experimental da liberdade”.
Fonte: O Globo, publicado em 23 de março de 2014.
Crédito fotográfico: O Globo, foto por Fabio Seixo.
Carlos Augusto da Silva Zilio (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1944) é um pintor e professor brasileiro.
Biografia - Oficial
Mora grande parte de sua infância no Posto 6, em Copacabana, e ainda em Washington e Jundiaí, devido às transferências profissionais do pai.
Em 1962, ingressa no Instituto de Belas Artes da Guanabara e estuda pintura com Iberê Camargo. Torna-se, em 1966, aluno do Instituto de Psicologia da antiga Universidade do Brasil – atual UFRJ – ao mesmo tempo em que desenvolve sua carreira de artista plástico.
As obras na exposição “Otra figuración” dos artistas argentinos Noé, De La Vega e Macció e a mostra “Opinião 65”, ambas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tiveram grande impacto sobre seu trabalho. Participa de “Opinião 66”, e da histórica “Nova objetividade brasileira”, em 1967.
Em 1965, vê a retrospectiva de Barnett Newman na VIII Bienal de São Paulo, artista que se tornaria uma crescente referência para seu trabalho. participa da IX Bienal de São Paulo e executa o trabalho Lute (marmita),neste período.
No segundo semestre de 1972, casa-se e participa do Salão Nacional de 1973. Com vários artistas, críticos e poetas faz a revista Malasartes em 1974, e viaja para Paris, Londres, Colônia e Nova York para ver a arte contemporânea internacional. Em 1975 realiza sua primeira exposição individual na Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt, no Rio de Janeiro. Nesta época se fazem presentes em seu trabalho a repercussão das obras de Duchamp, dos concretistas russos e da arte conceitual. A exposição “Atensão” é realizada na Sala Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1976, mas, ainda assediado constantemente pela repressão da ditadura, aproveita o convite para participar da X Bienal de Paris e acaba por viver nesta cidade até 1980. Durante sua estadia na França, visita intensamente museus e tem a oportunidade de, com a inauguração do Beaubourg – Centro de Artes George Pompidou, ver importantes exposições como a retrospectiva de Marcel Duchamp, “Paris/Berlim”, “Paris/Moscou” e “Paris/Nova York”.
1977, a retrospectiva de Jasper Johns demarca um momento de sua reaproximação com a pintura, sendo que a exposição “O último Cézanne”, organizada por William Rubin em 1978, torna-se o impacto definitivo que determina a opção de privilegiar em sua produção a prática pictórica. Em Paris, a indagação sobre a cultura brasileira o leva a escrever A querela do Brasil (a questão da identidade da arte brasileira: Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari – 1922/1945), sua tese de doutorado na Universidade de Paris VIII.
De volta ao Brasil, realiza exposição individual em 1982, no Espaço ABC da Funarte, organizada por Paulo Sergio Duarte. Inicia em 1980 atividade como professor, e é autor do projeto, e coordenador, do Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil na PUC-Rio, uma das primeiras iniciativas de pós-graduação desta área no país. Realiza como editor e curador com seus alunos em 1982 e em 1983 as exposições e catálogos de Goeldi e Guignard, e funda a revista Gávea em 1985.
Em 1994, por concurso público, vai para a Escola de Belas Artes da UFRJ, onde cria o projeto da Área de Linguagens Visuais, que visa à formação do artista, no Programa de Pós-Graduação. Em 1992 faz pós-doutorado em Paris com Hubert Damisch, e em 1998 faz estágio sênior com Yve-Alain Bois, nos Estados Unidos.
Realiza em 1996 uma retrospectiva da fase política e inédita de sua obra, organizada por Vanda Mangia Klabin, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Museu de Arte Moderna da Bahia.
Organizadas por Paulo Venâncio Filho, faz as seguintes exposições individuais: no Centro de Arte Hélio Oiticica, em 2000, que abrange a produção da década de 1990; e Trabalhos sobre papel – pinturas e desenhos sobre este suporte, realizados nas três últimas décadas, no Paço Imperial do Rio de Janeiro, em 2004, e na Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2005. Em 2008 exposição inaugural da Galeria Anita Schwartz no Rio de Janeiro e, no mesmo ano, em São Paulo, na Galeria Raquel Arnaud. Em 2010 participa da 29a. Bienal de São Paulo e neste mesmo ano e em 2011, realiza uma exposição que itinera do Museu de Arte Contemporânea do Paraná ao Centro Universitário Maria Antônia USP e ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ainda em 2011 é convidado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) para uma mostra especial de sua produção da década de 1970.
Críticas
"Para compreender estas 25 telas recentes (safra de 83-84) tomemos como ponto de partida as 4 telas intituladas "Jardins de Seurat e de Matisse", expostas na Galeria Paulo Klabin. As 4 telas formam um apêndice, um parênteses importante dentro da nova série de 25 telas, esclarecendo as restantes de uma maneira contundente. Para atualizar o conceito revolucionário de Cézanne, que proclamava que era preciso esquecer o Museu indo diretamente à Natureza, Carlos Zilio redimensiona a questão a partir dos anos 80: como recolocar as referências culturais adquiridas e sedimentadas no museu, em contato e em conflito com a vida, com a própria natureza. Zilio ataca este dilema da maneira mais atual, mais radical, ou seja, de modo mais superficial (o olho se atém na superfície da própria tela que a composição por sua vez dinamiza): representando as questões e lições fundamentais dos mestres Seurat e Matisse, base da pintura do século XX. E procede com o mesmo frescor e a mesma irreverência (via uma POPART Sociologicamente decantada, dos anos 60, e uma "Pattern Painting" debochada dos anos 70, ou seja, via Duchamp (POPART) e Matisse (PATERN PAINTING)). Os sentimentos novos destes criadores pediam uma reformulação imediata e estrutural de seus meios. A mesma alegria, o mesmo deboche, a mesma simplicidade, o mesmo mau gosto (para a época) aliados, enquadrados dentro da visão global de seu projeto, se desprendem destas telas, acre-doces. Pois tragicômicos, os quadros de Carlos Zilio debatem, travam uma luta mortal, um lento corpo a corpo com questões já resolvidas pictòricamente, mas que, psicòticamente não encontram mais eco no nosso dia a dia."
Jorge Guinle (Introdução à uma releitura alegre e comprometida do século XX à luz da recente obra de Carlos Zilio, exto de apresentação da exposição de Carlos Zilio na Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro, 2008)
"A premissa é estritamente moderna: chegar a alcançar uma pictórica, um pensamento de pintura. E se não há como definí-la positivamente, sobram argumentos para apontar tudo o que não pretende ser. Nem vejo necessidade de repeti-los aqui, contra todo gênero de ilustração, paródia ou pastiche. O fato de resistir a enunciados verbais - e exigir, isto sim, verificação plástica- é a melhor prova, via negativa, de seu caráter íntegro. O que distingue as telas recentes de Carlos Zilio seria exatamente a entrega incondicional a este alto e problemático destino moderno da pintura. Nela iniciado, após recusá-la frontalmente e, em seguida, reaproximar-se sobretudo através do discurso teórico, o trabalho de uns anos para cá parece final mente decidido a realizar-se como pintura. E até, sob o peso de considerável erudição, resumir-se a um esforço contemporâneo de pintura. A modéstia adquire, no caso, valor estratégico de libertação: antes de tudo, trata-se de adequar o saber da História da Arte à proporção de um fazer pessoal cotidiano. A aventura estética começaria assim, de maneira singular, a partir de certa renúncia - esquecer-se enquanto saber para cumprir-se como fazer. Mas, é claro, a solução não consiste no apelo sumário ao instintivo. Toda a dificuldade está em aderir por completo a uma disciplina exclusiva de pintura, lançarse aos riscos e incertezas de uma produção sem apoios e cauções extrínsecas. Em arte, ninguém delibera o que é- vê-se, ao contrário, revelado e interrogado pela sequência do trabalho. O preço da autoria é certo estranhamento radical incontornável. Somente uma leitura simplista enxergaria na pintura recente de Carlos Zilio uma vitória irônica sobre todo o seu passado de artista experimental. As telas atuais, coerente, fatalmente, condensam as obsessões e os achados de uma biografia estética que conta já mais de duas décadas. A observação deve ser levada a sério pois chama a atenção para a inextricável relação entre opções formais e conteúdos expressivos que o trabalho encontra -se em vias de demonstrar. Com certeza, ele segue pensando amplamente a forma plástica como veículo de transformação social, em sua dimensão específica; procurando, contudo, reeducá-la para um convívio afetivo, íntimo, na trama de uma vida concreta. Todo o distanciamento crítico, próprio à formação do artista, sofre um contragolpe lírico que visa ajustá-lo à perspectiva realista da construção de uma obra ao longo de uma vida. Daí a natureza essencialmente ambígua de seus signos plásticos. Eles se desejam, acima de tudo, medidas de estruturação espacial, segundo uma lógica abstrata, digamos, pós-minimalista. Nem por isto deixam de sugerir insistentemente signos expressivos. O quadro deve impor-se como agente de reespacialização, apostar em sua força literal de apresentação. E se o pathos do sublime concreto de Barnett Newman tornou-se inviável, o artista parece achar indispensável e urgente reatualizá-lo neste insípido cenário dito pós-moderno. Mas, como o interesse pelo dramático reducionismo plástico de Giacometti por si só atestaria, o quadro também estaria aprendendo a reconhecer-se como coisa pacientesuperfície sensível que abriga e reelabora os traumas e os êxtases acumulados para transmití-los numa imagem comunicativa. É de fato um pouco surpreendente, mas esclarecedor, que este óleo recém conquistado, ansiando por refinamento e densidade, disponha-se já a liberar signos tri-dimensionais. Tais esculturas, obedecendo rigorosamente à mesma démarche da pintura, anunciam muito mais do que um fascínio por Giacometti- reafirmam a pressão imaginária das "figuras" do artista. Sejam o que forem- totens abstratos ou signos espaciais - têm que ser estas e não quaisquer outras figuras. E não há como, pois não há por quê, decidir entre o construtivo e o expressivo. Essas telas partem, desde logo, da superação deste notório dilema, desta controvérsia cultural datada, para tentarem se reapropriar do núcleo produtivo do conflito. Elas movem-se inevitavelmente em termos muito mais avisados e diferenciados, menos heróicos e ideológicos, historicamente mais prudentes, do que aqueles em que se moviam os pioneiros e os "clássicos" modernos. Exatamente para reencontrar e dispor, ainda hoje, de algum senso moderno de liberdade"
Brito, Ronaldo (Totens Abstratos, 1993 - Texto no Catálogo da exposição Carlos Zilio no Paço Imperial, Rio de Janeiro, 1993)
"A pintura de Carlos Zilio tem uma contenção própria. Ela recusa o olhar fácil que só se preocupa com o já visto. Há que perder tempo vendo o que não se sabe. Há um tamanduá nestas telas. Ele está lá, existe como figura e como memória. Mais do que imagem é uma mancha, uma forma sangrada, um espectro, um fantasma. Ser mais mancha que imagem significa que ele não é gráfico, mas pictórico, não tem precisão, nem limite. Desentranha-se de algum fundo indefinido. A história privada - o sentido por trás das coisas - é sempre perigosa em arte. Em tudo. Explica facilitando ou facilita explicando. Cria a tal preocupação com o já visto que nos desobriga diante do sem nome que se apresenta ao olhar e à imaginação. Neste caso, todavia, é inevitável. Não há que temer os fatos, o Real. O tamanduá entrou na pintura de Zílio ainda nos anos 1980. Vinha como memória afetiva, luto diante da perda do pai, homenagem do pintor ao bicho de estimação inusitado. Ele vinha como queda, com caveiras e impressão das mãos. Se lá nas pinturas de 86 ainda era imagem, agora surge como mancha, mais indefinida. É um flash, passa como se fosse um raio inconsciente que se reinventa como pintura, imprimindo-se na tela. Como lidar com estes fantasmas interiores? Assumindo-os. Eles aparecem por todo lado. Na saída do elevador do ateliê, o tamanduá, surpreendentemente ou não, está gravado no chão. O chão foi decalcado para a tela, são continentes e tamanduás marcados na lona usada que cobria o piso e sobre a qual o artista pintava. Uma camada de memória sobre outra. É tudo sobreposição e ruído, a temporalidade da vivência pessoal confundindo-se e reinventando-se junto à temporalidade do que escapou como excesso de pintura. Freudianamente, é a recordação de algo que jamais fora esquecido pois nunca foi consciente. Para não deixar tudo isso dissolver-se no sentimentalismo fácil, mantém-se a austeridade do gesto, a redução da paleta, a tensão da figura e do fundo que enerva a forma. Nos desenhos, o tamanduá é um registro reduzido, mais pacificado e cósmico, deixando de ser susto para ser signo. Ou os dois irmanados: susto e signo, memória e criação"
Osorio, Luiz Camilo (Entre o susto e o signo: os tamanduás de Zilio, 2011 - texto de apresentação da exposição de Carlos Zilio Pinturas no MAM Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 2011)
Exposições individuais
1975
Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt, Rio de Janeiro
1976
Atensão, Sala Experimental, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1982
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1984
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro/span>
1985
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, São Paulo
1987
Galeria Maurício Leite Barbosa, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, São Paulo
Galeria de Arte e Pesquisa do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo / UFES, Vitória, ES
1989
Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1990
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1993
Paço Imperial, Rio de Janeiro
1996
Fundação Castro Maya: pinturas e lançamento de gravura pela Sociedade de Amigos da Gravura da Fundação Castro Maya, Rio de Janeiro
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Joel Edelstein, Rio de Janeiro
1997
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna da Bahia
2000
Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
2001
Centro Universitário Maria Antonia /USP, São Paulo
2003
HAP Galeria, Rio de Janeiro
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
2004
Trabalhos sobre papel, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2005
Trabalhos sobre papel, Pinacoteca do Estado de São Paulo
2006
Manoel Macedo Galeria de Arte, Belo Horizonte
2008
Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
2010
Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba
Centro Universitário Maria Antonia / USP, São Paulo
2011
Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Carlos Zilio: paisagens 1974-1978, Galeria Cândido Portinari, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ
Exposições coletivas
1965
Salão de Abril, Petite Galerie, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1966
Opinião 66, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1967
IX Bienal de São Paulo
IV Salão de Arte Moderna de Brasília
Nova objetividade brasileira, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Ciclo de estudos da arte brasileira, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
1973
XXII Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea, Curitiba, Prêmio de Aquisição
1974
Prospectiva, Museu de Arte Contemporânea /USP, São Paulo
1976
Fifteen modern artists from Brazil, Kresge Art Center, Michigan State University, EUA
Spazio Alternativo 2, Montecatini, Itália
Década de 70, org. Centro de Arte y Comunicación CAYC, de Buenos Aires, Museu de Arte Contemporânea / USP, São Paulo
Arte brasileira: os anos 60/70 – Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Casarão João Alfredo, Recife e Fundação Cultural, Brasília
1977
X Bienal de Paris
1982
Do moderno ao contemporâneo– Coleção Gilberto Chateaubriand, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
1984
Viva a pintura, Petite Galerie, Rio de Janeiro
1985
Exposição inaugural da Galeria Paulo Klabin, São Paulo
1986
Trajetória e encontros, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Ado Malagoli /MARGS, Porto Alegre e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1987
Galeria César Aché, Rio de Janeiro
Trajetória e encontros, Teatro Nacional, Brasília
Solar Grandjean de Montigny, PUC-Rio, Rio de Janeiro
Ao colecionador, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1988
Le déjeuner sur l’art – Manet no Brasil, Escola de Artes Visuais, Rio de Janeiro
1989
Rio hoje, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Comemoração da Revolução Francesa, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro
1990
O rosto e a obra, Instituto Brasil-Estados Unidos - IBEU, Rio de Janeiro
1991
Pintura, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura - IBAC, Rio de Janeiro
1992
Eco Art, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
A caminho de Niterói – Coleção João Sattamini, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Anos 60/70 – Col. Gilberto Chateaubriand, Serviço Social da Indústria/SESI, São Paulo
Brazilian contemporary art – Image distribution project, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura/IBAC, Rio de Janeiro
1993
A caminho de Niterói – Coleção João Sattamini, Centro Cultural São Paulo
Brazilian contemporary art, Museu de Arte Contemporânea / USP, São Paulo
A rarefação dos sentidos – Coleção João Sattamini, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro
O desenho moderno no Brasil – Coleção Gilberto Chateaubriand, Serviço Social da Indústria/SESI, São Paulo
Aspectos da arte brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1994
O desenho moderno no Brasil – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Trincheiras, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Bienal do Século XX, São Paulo
1995
As pinturas de Laura, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro
Uma poética da reflexão, Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal, Rio de Janeiro
1996
Geometria Rio, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Centro Cultural Calouste Gulbenkian, Rio de Janeiro
Anos 70:
fotolinguagem, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro
Escultura no Paço, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Exposição inaugural do Museu de Arte Contemporânea de Niterói
1997
Panorama da arte brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo
As cidades dos artistas, Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo; Galeria Instituto Itaú Cultural, Brasília
1998
Panorama da arte brasileira, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife; Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Maquetes e projetos, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Anos 60/70
Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Broadening the horizons, Pusan Metropolitan Arts Museum, Pusan, Coréia
1999
Objeto cotidiano - anos 60/90, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Panorama da arte brasileira, Museo Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires
Acervo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: uma seleção, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2000
Novas aquisições, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Entre a arte e o design – Coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Arte conceitual e conceitualismos: anos 70 no acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP, MAC USP, São Paulo
Pinturas na coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Pintura anos 90, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Situações limite – arte brasileira: anos 70, Fundação Casa França-Brasil, Rio de Janeiro
Entre a imagem e a palavra, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2001
São ou não são gravuras?, Museu de Arte Moderna de São Paulo; Galeria Instituto Itaú Cultural, Brasília
Aspectos de uma coleção, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Aquisições essenciais, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
A cor na arte brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna Villa-Lobos, São Paulo
Trajetórias, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Marginália 70, O experimentalismo no Super-8 Brasileiro, Anos 70, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
Cinemac, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (filme)
A subversão dos Meios, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
A vos marges, Années 70, festival de curtas em cidades na França até 2004 (filme)
2002
Cidadeprojeto/ cidadexperiência, Museu de Arte Moderna Villa-Lobos, São Paulo
Recorrências; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Diálogo, antagonismo e replicação na coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Identidades – o retrato brasileiro na coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Coletiva do acervo da HAP Galeria, Rio de Janeiro
Mapa do agora – a recente trajetória da arte brasileira: retrospectiva das cinco últimas décadas na coleção João Sattamini, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
São ou não são gravuras?, Museu de Arte de Londrina, Paraná
Caminhos do contemporâneo 1952-2002, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Artefoto, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro
2003
Foto arte 2003 – Brasília, capital da fotografia, mosta ArteFoto, Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília
Arte e sociedade – um relação polêmica, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
23 anos 60, Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte
Imagética, mostra especial do acervo de gravura, Fundação Cultural de Curitiba
2004
A subversão dos meios, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
Arte contemporânea no ateliê de Iberê Camargo, Centro Universitário Maria Antonia/USP, São Paulo
Arte contemporânea brasileira nas coleções do Rio, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Arte contemporânea: uma história em aberto, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Encontros com o modernismo, destaques das coleções Stedelijk Museum/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2005
Retrato como imagem do mundo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Bienal do Mercosul, Porto Alegre
Pratos para a arte VIII, Museu Lasar Segall, São Paulo
Tropicália, Museum of Contemporary Art, Chicago; Barbican Art Gallery, Londres; The Bronx Museum of the Arts, Nova York
Aspectos da Coleção: Abstracionismo Geométrico, Modernismo e Arte Contemporânea, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Carlos Zilio no Cinemac, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (filme)
Encontros com o modernismo, destaques das coleções Stedelijk Museum/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Gilberto Chateaubriand, Pinacoteca de São Paulo
2006
O corpo na arte contemporânea brasileira, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Ao mesmo tempo nosso tempo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Brossa-Brasil: entre a poesia e o objeto, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Gravura em metal, matéria e conceito no ateliê de Iberê Camargo, Fundação Iberê Camargo, Caxias do Sul
Um século de arte brasileira, Coleção Gilberto Chateaubriand, Pinacoteca do Estado de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Abrigo Poético-diálogos com Lygia Clark, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
MAM na Oca: arte contemporânea Brasileira no acervo do MAM-SP, São Paulo
Arquivo Geral, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Rio de Janeiro
Um século de arte brasileira, Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba
Gravura em metal, matéria e conceito no ateliê de Iberê Camargo, Centro Municipal de Cultural Dr. Henrique Ordovás Filho, Caxias do Sul
2007
Universidarte XV, Rio de Janeiro
Arte-Antropologia Representações e Estratégias, Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo
Tropicália, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
A arte como questão anos 70, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
A gravura brasileira na coleção Mônica e Georges Kornis, Caixa Cultural, Rio de Janeiro
Filmes de Artista, Brasil, 1965-1980, Oi Futuro, Rio de janeiro
2008
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Arco, Galeria Raquel Arnaud e Galeria Anita Schwartz, Madrid
Arte Contemporânea, aquisições recentes do acervo da Pinacoteca do Estado, São Paulo
Arte e Memória: Anos Rebeldes, Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre
SPARTE, galerias Anita Schwartz e Raquel Arnaud, São Paulo, 2009, 2010 e 2011
Arquivo Geral, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Rio de Janeiro
Mam SP 60 anos, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Seis décadas de MAM Anos70, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Entre o plano e o espaço, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Ano 01, Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Art Basel, Miami Beach, EUA
1968, Fundação Joaquim Nabuco, Recife,
2009
Brasil, brasileiro, nossa terra, nossa gente, Centro Cultural Banco do Brasil –CCBB, Rio de Janeiro
2010
29a Bienal de São Paulo
Genealogia do Contemporâneo, Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2011
Anos 70, Galeria Progetti, Rio de Janeiro
Genealogias do contemporâneo – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Europália, Art in Brasil 1950-2011, Bruxelas
Cuando Brasil devoró el cine (60-70), Museo Reina Sofia, Madri, 2011
Coleções públicas
Museu de Arte Contemporânea de São Paul
Museu de Arte Contemporânea do Paraná
Museu da Universidade Federal do Espírito Santo
The Newark Museum, New Jersey
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Paço Imperial, Rio de Janeiro
Museu de Arte Contemporânea de Niterói/ Coleção João Sattamini
University of Essex/ Collection of Latin American Arts
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Fonte: Site Oficial Carlos Zilio, consultado pela última vez em 13 de junho de 2020.
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Biografia - Itaú Cultural
Estuda, a partir de 1963, no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde é aluno de Iberê Camargo (1914 - 1994). Forma-se em psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1973. Em 1975, torna-se um dos editores da revista Malasartes. Sua produção dos anos 1960 e 1970 revela um amplo sentido de crítica social, como em Lute (1967) ou em Para um Jovem de Brilhante Futuro (1973). Em 1976, em razão de perseguição política, viaja para Paris, onde, em 1980, conclui doutorado em artes na Universidade de Paris VIII.
Dedica-se unicamente à pintura, passando a realizar trabalhos abstratos a partir de 1978. Após seu retorno ao Brasil, cria e leciona no curso de especialização em História da Arte e História da Arquitetura no Brasil, e também no mestrado em História Social da Cultura, do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ).
É um dos fundadores da revista Gávea, da qual é editor responsável da revista entre 1984 e 1996. Faz pós-doutorado com Hubert Damisch, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, em 1992. Dois anos mais tarde, leciona na Escola de Belas Artes da UFRJ (EBA/UFRJ). Publica, entre outras, a obra A Querela do Brasil: a questão de identidade na arte brasileira, editada pela primeira vez em 1982.
Análise
Carlos Zilio ingressa no Instituto de Belas Artes da Guanabara, no Rio de Janeiro, em 1962. No ano seguinte, freqüenta palestras no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) e inicia estudos de pintura com Iberê Camargo, no Instituto de Belas Artes.
Zilio emerge no cenário artístico brasileiro nos anos 1960, período marcado pela ditadura militar. Adere inicialmente às questões da nova figuração, ao mesmo tempo que aprofunda o comprometimento com o movimento estudantil, no Instituto de Psicologia da UFRJ, onde estuda.
O artista cria máscaras de rostos anônimos, agrupadas em série e que agregadas a outros elementos, como relógios de ponto ou marmitas, como em Lute (1967), fazem com que a obra adquira caráter de denúncia social. Esse trabalho representa o esforço máximo do artista para integrar arte e política. No interior da marmita, em lugar do alimento, uma máscara sem rosto.
Após Lute, o artista interrompe sua produção para se dedicar à militância política. Em março de 1970, é ferido a bala em confronto com a polícia e preso, sendo colocado em liberdade dois anos depois. Na cadeia, Zilio inicia uma série de desenhos e de pinturas em pratos que evocam a violência vivida. Em 1973, cria a obra Para um Jovem de Brilhante Futuro, com uma maleta de executivo (tipo 007), cujo interior é ocupado por fileiras de pregos, com as pontas voltadas para cima. Nesse trabalho, que dialoga principalmente com obras de Marcel Duchamp (1887 - 1968), o artista ironiza a situação social e política do país, sobretudo em relação ao futuro de uma juventude alienada.
Carlos Zilio participa da criação da revista Malasartes, em 1974. Em 1976, exila-se em Paris, onde, em 1980, conclui doutoramento em artes, na Universidade de Paris VIII. Retorna ao Brasil no mesmo ano. Em 1978, decide dedicar-se unicamente à pintura. Contribui para essa escolha, como declara o próprio Zilio, o contato com a obra de Cézanne (1839 - 1906), em exposição do artista ocorrida em Paris nesse período. Seus trabalhos também dialogam com a pintura de artistas norte-americanos, como Barnett Newman (1905 - 1970) ou Jasper Johns (1930). Realiza obras abstratas, pinturas gestuais em que trabalha freqüentemente com uma paleta monocromática.
Fonte: CARLOS Zilio. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 14 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Carlos Zilio: ‘Os desenhos saíam da prisão com as visitas’
O artista plástico, de 69 anos, diz que as obras criadas atrás das grades só foram mostradas pela primeira vez em 1996
Em 1964, eu era um estudante de arte e, embora não fosse militante, vivia intensamente o clima político. Minha geração nas artes plásticas surgiu nesse momento — muito mobilizada pelos acontecimentos no país. E isso apareceu nas mostras “Opinião 65”, “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira” (1967).
No período entre 1964 e 1968, a Censura atuava nas áreas mais críticas — a imprensa e a literatura, por exemplo. As artes plásticas eram um pouco excêntricas, no sentido de fora do centro.
A partir do Ato Institucional número 5, a Censura chegou. Até aquela época, havia a possibilidade de exposições e de troca de ideias. Estética e política formavam uma unidade. Os trabalhos eram feitos pensando em sua multiplicação, em romper com a obra única e ganhar uma dimensão pública.
Depois de 1968, passei a achar mais urgente uma resposta política de intervenção na realidade e fui me engajando cada vez mais. Deixei de produzir arte para me ligar completamente à militância. Não produzi trabalhos entre 1968 e 1969. Em 1970, fui preso.
Na prisão, retomei minha produção com recursos, evidentemente, muito limitados: papel e caneta hidrográfica. Lá, fiz trabalhos que me acompanharam ao longo dos dois anos em que estive preso. Os desenhos saíam da prisão com as visitas. Minha mulher os levava embora. E esses trabalhos só foram mostrados pela primeira vez em 1996, nos museus de Arte Moderna do Rio, de São Paulo e da Bahia. Tive muita dificuldade para expô-los. Temia que fossem percebidos como uma glamourização de minha atuação política. Mas aquilo era a minha vida , não dava para recalcar. O tempo havia passado e, além disso, o país tinha se redemocratizado.
Ao redor de 1974 acho que as artes plásticas foram se rearticulando politicamente. A chamada abertura ensaiava seus primeiros passos, mas não era um processo de concessões.
Nós, artistas, buscamos formular projetos e conquistar espaços para a circulação de nosso trabalho. A censura era algo que a gente ia forçando para testar suas resistências e formular maneiras de superá-la.
Exercício da liberdade
Houve uma politização do espaço artístico no sentido de perceber melhor que a criação, a circulação e o consumo da arte compreendem necessariamente instâncias políticas e ideológicas que envolvem instituições e mercado. Nota-se, nessa época, a presença dos artistas na luta pela definição dessas políticas como, por exemplo, na publicação de “Malasartes”, uma revista dedicada à arte e à cultura contemporâneas. Em 1975, no MAM, houve a criação da Área Experimental, espaço que possibilitou a emergência de obras que retomavam a expressão de Mario Pedrosa (1900-1981). Era a “arte como exercício experimental da liberdade”.
Fonte: O Globo, publicado em 23 de março de 2014.
Crédito fotográfico: O Globo, foto por Fabio Seixo.
Carlos Augusto da Silva Zilio (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1944) é um pintor e professor brasileiro.
Biografia - Oficial
Mora grande parte de sua infância no Posto 6, em Copacabana, e ainda em Washington e Jundiaí, devido às transferências profissionais do pai.
Em 1962, ingressa no Instituto de Belas Artes da Guanabara e estuda pintura com Iberê Camargo. Torna-se, em 1966, aluno do Instituto de Psicologia da antiga Universidade do Brasil – atual UFRJ – ao mesmo tempo em que desenvolve sua carreira de artista plástico.
As obras na exposição “Otra figuración” dos artistas argentinos Noé, De La Vega e Macció e a mostra “Opinião 65”, ambas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tiveram grande impacto sobre seu trabalho. Participa de “Opinião 66”, e da histórica “Nova objetividade brasileira”, em 1967.
Em 1965, vê a retrospectiva de Barnett Newman na VIII Bienal de São Paulo, artista que se tornaria uma crescente referência para seu trabalho. participa da IX Bienal de São Paulo e executa o trabalho Lute (marmita),neste período.
No segundo semestre de 1972, casa-se e participa do Salão Nacional de 1973. Com vários artistas, críticos e poetas faz a revista Malasartes em 1974, e viaja para Paris, Londres, Colônia e Nova York para ver a arte contemporânea internacional. Em 1975 realiza sua primeira exposição individual na Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt, no Rio de Janeiro. Nesta época se fazem presentes em seu trabalho a repercussão das obras de Duchamp, dos concretistas russos e da arte conceitual. A exposição “Atensão” é realizada na Sala Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1976, mas, ainda assediado constantemente pela repressão da ditadura, aproveita o convite para participar da X Bienal de Paris e acaba por viver nesta cidade até 1980. Durante sua estadia na França, visita intensamente museus e tem a oportunidade de, com a inauguração do Beaubourg – Centro de Artes George Pompidou, ver importantes exposições como a retrospectiva de Marcel Duchamp, “Paris/Berlim”, “Paris/Moscou” e “Paris/Nova York”.
1977, a retrospectiva de Jasper Johns demarca um momento de sua reaproximação com a pintura, sendo que a exposição “O último Cézanne”, organizada por William Rubin em 1978, torna-se o impacto definitivo que determina a opção de privilegiar em sua produção a prática pictórica. Em Paris, a indagação sobre a cultura brasileira o leva a escrever A querela do Brasil (a questão da identidade da arte brasileira: Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari – 1922/1945), sua tese de doutorado na Universidade de Paris VIII.
De volta ao Brasil, realiza exposição individual em 1982, no Espaço ABC da Funarte, organizada por Paulo Sergio Duarte. Inicia em 1980 atividade como professor, e é autor do projeto, e coordenador, do Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil na PUC-Rio, uma das primeiras iniciativas de pós-graduação desta área no país. Realiza como editor e curador com seus alunos em 1982 e em 1983 as exposições e catálogos de Goeldi e Guignard, e funda a revista Gávea em 1985.
Em 1994, por concurso público, vai para a Escola de Belas Artes da UFRJ, onde cria o projeto da Área de Linguagens Visuais, que visa à formação do artista, no Programa de Pós-Graduação. Em 1992 faz pós-doutorado em Paris com Hubert Damisch, e em 1998 faz estágio sênior com Yve-Alain Bois, nos Estados Unidos.
Realiza em 1996 uma retrospectiva da fase política e inédita de sua obra, organizada por Vanda Mangia Klabin, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Museu de Arte Moderna da Bahia.
Organizadas por Paulo Venâncio Filho, faz as seguintes exposições individuais: no Centro de Arte Hélio Oiticica, em 2000, que abrange a produção da década de 1990; e Trabalhos sobre papel – pinturas e desenhos sobre este suporte, realizados nas três últimas décadas, no Paço Imperial do Rio de Janeiro, em 2004, e na Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2005. Em 2008 exposição inaugural da Galeria Anita Schwartz no Rio de Janeiro e, no mesmo ano, em São Paulo, na Galeria Raquel Arnaud. Em 2010 participa da 29a. Bienal de São Paulo e neste mesmo ano e em 2011, realiza uma exposição que itinera do Museu de Arte Contemporânea do Paraná ao Centro Universitário Maria Antônia USP e ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ainda em 2011 é convidado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) para uma mostra especial de sua produção da década de 1970.
Críticas
"Para compreender estas 25 telas recentes (safra de 83-84) tomemos como ponto de partida as 4 telas intituladas "Jardins de Seurat e de Matisse", expostas na Galeria Paulo Klabin. As 4 telas formam um apêndice, um parênteses importante dentro da nova série de 25 telas, esclarecendo as restantes de uma maneira contundente. Para atualizar o conceito revolucionário de Cézanne, que proclamava que era preciso esquecer o Museu indo diretamente à Natureza, Carlos Zilio redimensiona a questão a partir dos anos 80: como recolocar as referências culturais adquiridas e sedimentadas no museu, em contato e em conflito com a vida, com a própria natureza. Zilio ataca este dilema da maneira mais atual, mais radical, ou seja, de modo mais superficial (o olho se atém na superfície da própria tela que a composição por sua vez dinamiza): representando as questões e lições fundamentais dos mestres Seurat e Matisse, base da pintura do século XX. E procede com o mesmo frescor e a mesma irreverência (via uma POPART Sociologicamente decantada, dos anos 60, e uma "Pattern Painting" debochada dos anos 70, ou seja, via Duchamp (POPART) e Matisse (PATERN PAINTING)). Os sentimentos novos destes criadores pediam uma reformulação imediata e estrutural de seus meios. A mesma alegria, o mesmo deboche, a mesma simplicidade, o mesmo mau gosto (para a época) aliados, enquadrados dentro da visão global de seu projeto, se desprendem destas telas, acre-doces. Pois tragicômicos, os quadros de Carlos Zilio debatem, travam uma luta mortal, um lento corpo a corpo com questões já resolvidas pictòricamente, mas que, psicòticamente não encontram mais eco no nosso dia a dia."
Jorge Guinle (Introdução à uma releitura alegre e comprometida do século XX à luz da recente obra de Carlos Zilio, exto de apresentação da exposição de Carlos Zilio na Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro, 2008)
"A premissa é estritamente moderna: chegar a alcançar uma pictórica, um pensamento de pintura. E se não há como definí-la positivamente, sobram argumentos para apontar tudo o que não pretende ser. Nem vejo necessidade de repeti-los aqui, contra todo gênero de ilustração, paródia ou pastiche. O fato de resistir a enunciados verbais - e exigir, isto sim, verificação plástica- é a melhor prova, via negativa, de seu caráter íntegro. O que distingue as telas recentes de Carlos Zilio seria exatamente a entrega incondicional a este alto e problemático destino moderno da pintura. Nela iniciado, após recusá-la frontalmente e, em seguida, reaproximar-se sobretudo através do discurso teórico, o trabalho de uns anos para cá parece final mente decidido a realizar-se como pintura. E até, sob o peso de considerável erudição, resumir-se a um esforço contemporâneo de pintura. A modéstia adquire, no caso, valor estratégico de libertação: antes de tudo, trata-se de adequar o saber da História da Arte à proporção de um fazer pessoal cotidiano. A aventura estética começaria assim, de maneira singular, a partir de certa renúncia - esquecer-se enquanto saber para cumprir-se como fazer. Mas, é claro, a solução não consiste no apelo sumário ao instintivo. Toda a dificuldade está em aderir por completo a uma disciplina exclusiva de pintura, lançarse aos riscos e incertezas de uma produção sem apoios e cauções extrínsecas. Em arte, ninguém delibera o que é- vê-se, ao contrário, revelado e interrogado pela sequência do trabalho. O preço da autoria é certo estranhamento radical incontornável. Somente uma leitura simplista enxergaria na pintura recente de Carlos Zilio uma vitória irônica sobre todo o seu passado de artista experimental. As telas atuais, coerente, fatalmente, condensam as obsessões e os achados de uma biografia estética que conta já mais de duas décadas. A observação deve ser levada a sério pois chama a atenção para a inextricável relação entre opções formais e conteúdos expressivos que o trabalho encontra -se em vias de demonstrar. Com certeza, ele segue pensando amplamente a forma plástica como veículo de transformação social, em sua dimensão específica; procurando, contudo, reeducá-la para um convívio afetivo, íntimo, na trama de uma vida concreta. Todo o distanciamento crítico, próprio à formação do artista, sofre um contragolpe lírico que visa ajustá-lo à perspectiva realista da construção de uma obra ao longo de uma vida. Daí a natureza essencialmente ambígua de seus signos plásticos. Eles se desejam, acima de tudo, medidas de estruturação espacial, segundo uma lógica abstrata, digamos, pós-minimalista. Nem por isto deixam de sugerir insistentemente signos expressivos. O quadro deve impor-se como agente de reespacialização, apostar em sua força literal de apresentação. E se o pathos do sublime concreto de Barnett Newman tornou-se inviável, o artista parece achar indispensável e urgente reatualizá-lo neste insípido cenário dito pós-moderno. Mas, como o interesse pelo dramático reducionismo plástico de Giacometti por si só atestaria, o quadro também estaria aprendendo a reconhecer-se como coisa pacientesuperfície sensível que abriga e reelabora os traumas e os êxtases acumulados para transmití-los numa imagem comunicativa. É de fato um pouco surpreendente, mas esclarecedor, que este óleo recém conquistado, ansiando por refinamento e densidade, disponha-se já a liberar signos tri-dimensionais. Tais esculturas, obedecendo rigorosamente à mesma démarche da pintura, anunciam muito mais do que um fascínio por Giacometti- reafirmam a pressão imaginária das "figuras" do artista. Sejam o que forem- totens abstratos ou signos espaciais - têm que ser estas e não quaisquer outras figuras. E não há como, pois não há por quê, decidir entre o construtivo e o expressivo. Essas telas partem, desde logo, da superação deste notório dilema, desta controvérsia cultural datada, para tentarem se reapropriar do núcleo produtivo do conflito. Elas movem-se inevitavelmente em termos muito mais avisados e diferenciados, menos heróicos e ideológicos, historicamente mais prudentes, do que aqueles em que se moviam os pioneiros e os "clássicos" modernos. Exatamente para reencontrar e dispor, ainda hoje, de algum senso moderno de liberdade"
Brito, Ronaldo (Totens Abstratos, 1993 - Texto no Catálogo da exposição Carlos Zilio no Paço Imperial, Rio de Janeiro, 1993)
"A pintura de Carlos Zilio tem uma contenção própria. Ela recusa o olhar fácil que só se preocupa com o já visto. Há que perder tempo vendo o que não se sabe. Há um tamanduá nestas telas. Ele está lá, existe como figura e como memória. Mais do que imagem é uma mancha, uma forma sangrada, um espectro, um fantasma. Ser mais mancha que imagem significa que ele não é gráfico, mas pictórico, não tem precisão, nem limite. Desentranha-se de algum fundo indefinido. A história privada - o sentido por trás das coisas - é sempre perigosa em arte. Em tudo. Explica facilitando ou facilita explicando. Cria a tal preocupação com o já visto que nos desobriga diante do sem nome que se apresenta ao olhar e à imaginação. Neste caso, todavia, é inevitável. Não há que temer os fatos, o Real. O tamanduá entrou na pintura de Zílio ainda nos anos 1980. Vinha como memória afetiva, luto diante da perda do pai, homenagem do pintor ao bicho de estimação inusitado. Ele vinha como queda, com caveiras e impressão das mãos. Se lá nas pinturas de 86 ainda era imagem, agora surge como mancha, mais indefinida. É um flash, passa como se fosse um raio inconsciente que se reinventa como pintura, imprimindo-se na tela. Como lidar com estes fantasmas interiores? Assumindo-os. Eles aparecem por todo lado. Na saída do elevador do ateliê, o tamanduá, surpreendentemente ou não, está gravado no chão. O chão foi decalcado para a tela, são continentes e tamanduás marcados na lona usada que cobria o piso e sobre a qual o artista pintava. Uma camada de memória sobre outra. É tudo sobreposição e ruído, a temporalidade da vivência pessoal confundindo-se e reinventando-se junto à temporalidade do que escapou como excesso de pintura. Freudianamente, é a recordação de algo que jamais fora esquecido pois nunca foi consciente. Para não deixar tudo isso dissolver-se no sentimentalismo fácil, mantém-se a austeridade do gesto, a redução da paleta, a tensão da figura e do fundo que enerva a forma. Nos desenhos, o tamanduá é um registro reduzido, mais pacificado e cósmico, deixando de ser susto para ser signo. Ou os dois irmanados: susto e signo, memória e criação"
Osorio, Luiz Camilo (Entre o susto e o signo: os tamanduás de Zilio, 2011 - texto de apresentação da exposição de Carlos Zilio Pinturas no MAM Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 2011)
Exposições individuais
1975
Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt, Rio de Janeiro
1976
Atensão, Sala Experimental, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1982
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1984
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro/span>
1985
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, São Paulo
1987
Galeria Maurício Leite Barbosa, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, São Paulo
Galeria de Arte e Pesquisa do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo / UFES, Vitória, ES
1989
Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1990
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1993
Paço Imperial, Rio de Janeiro
1996
Fundação Castro Maya: pinturas e lançamento de gravura pela Sociedade de Amigos da Gravura da Fundação Castro Maya, Rio de Janeiro
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Joel Edelstein, Rio de Janeiro
1997
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna da Bahia
2000
Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
2001
Centro Universitário Maria Antonia /USP, São Paulo
2003
HAP Galeria, Rio de Janeiro
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
2004
Trabalhos sobre papel, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2005
Trabalhos sobre papel, Pinacoteca do Estado de São Paulo
2006
Manoel Macedo Galeria de Arte, Belo Horizonte
2008
Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
2010
Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba
Centro Universitário Maria Antonia / USP, São Paulo
2011
Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Carlos Zilio: paisagens 1974-1978, Galeria Cândido Portinari, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ
Exposições coletivas
1965
Salão de Abril, Petite Galerie, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1966
Opinião 66, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1967
IX Bienal de São Paulo
IV Salão de Arte Moderna de Brasília
Nova objetividade brasileira, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Ciclo de estudos da arte brasileira, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
1973
XXII Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea, Curitiba, Prêmio de Aquisição
1974
Prospectiva, Museu de Arte Contemporânea /USP, São Paulo
1976
Fifteen modern artists from Brazil, Kresge Art Center, Michigan State University, EUA
Spazio Alternativo 2, Montecatini, Itália
Década de 70, org. Centro de Arte y Comunicación CAYC, de Buenos Aires, Museu de Arte Contemporânea / USP, São Paulo
Arte brasileira: os anos 60/70 – Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Casarão João Alfredo, Recife e Fundação Cultural, Brasília
1977
X Bienal de Paris
1982
Do moderno ao contemporâneo– Coleção Gilberto Chateaubriand, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
1984
Viva a pintura, Petite Galerie, Rio de Janeiro
1985
Exposição inaugural da Galeria Paulo Klabin, São Paulo
1986
Trajetória e encontros, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Ado Malagoli /MARGS, Porto Alegre e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1987
Galeria César Aché, Rio de Janeiro
Trajetória e encontros, Teatro Nacional, Brasília
Solar Grandjean de Montigny, PUC-Rio, Rio de Janeiro
Ao colecionador, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1988
Le déjeuner sur l’art – Manet no Brasil, Escola de Artes Visuais, Rio de Janeiro
1989
Rio hoje, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Comemoração da Revolução Francesa, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro
1990
O rosto e a obra, Instituto Brasil-Estados Unidos - IBEU, Rio de Janeiro
1991
Pintura, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura - IBAC, Rio de Janeiro
1992
Eco Art, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
A caminho de Niterói – Coleção João Sattamini, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Anos 60/70 – Col. Gilberto Chateaubriand, Serviço Social da Indústria/SESI, São Paulo
Brazilian contemporary art – Image distribution project, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura/IBAC, Rio de Janeiro
1993
A caminho de Niterói – Coleção João Sattamini, Centro Cultural São Paulo
Brazilian contemporary art, Museu de Arte Contemporânea / USP, São Paulo
A rarefação dos sentidos – Coleção João Sattamini, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro
O desenho moderno no Brasil – Coleção Gilberto Chateaubriand, Serviço Social da Indústria/SESI, São Paulo
Aspectos da arte brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1994
O desenho moderno no Brasil – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Trincheiras, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Bienal do Século XX, São Paulo
1995
As pinturas de Laura, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro
Uma poética da reflexão, Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal, Rio de Janeiro
1996
Geometria Rio, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Centro Cultural Calouste Gulbenkian, Rio de Janeiro
Anos 70:
fotolinguagem, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro
Escultura no Paço, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Exposição inaugural do Museu de Arte Contemporânea de Niterói
1997
Panorama da arte brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo
As cidades dos artistas, Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo; Galeria Instituto Itaú Cultural, Brasília
1998
Panorama da arte brasileira, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife; Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Maquetes e projetos, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Anos 60/70
Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Broadening the horizons, Pusan Metropolitan Arts Museum, Pusan, Coréia
1999
Objeto cotidiano - anos 60/90, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Panorama da arte brasileira, Museo Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires
Acervo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: uma seleção, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2000
Novas aquisições, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Entre a arte e o design – Coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Arte conceitual e conceitualismos: anos 70 no acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP, MAC USP, São Paulo
Pinturas na coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Pintura anos 90, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Situações limite – arte brasileira: anos 70, Fundação Casa França-Brasil, Rio de Janeiro
Entre a imagem e a palavra, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2001
São ou não são gravuras?, Museu de Arte Moderna de São Paulo; Galeria Instituto Itaú Cultural, Brasília
Aspectos de uma coleção, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Aquisições essenciais, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
A cor na arte brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna Villa-Lobos, São Paulo
Trajetórias, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Marginália 70, O experimentalismo no Super-8 Brasileiro, Anos 70, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
Cinemac, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (filme)
A subversão dos Meios, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
A vos marges, Années 70, festival de curtas em cidades na França até 2004 (filme)
2002
Cidadeprojeto/ cidadexperiência, Museu de Arte Moderna Villa-Lobos, São Paulo
Recorrências; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Diálogo, antagonismo e replicação na coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Identidades – o retrato brasileiro na coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Coletiva do acervo da HAP Galeria, Rio de Janeiro
Mapa do agora – a recente trajetória da arte brasileira: retrospectiva das cinco últimas décadas na coleção João Sattamini, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
São ou não são gravuras?, Museu de Arte de Londrina, Paraná
Caminhos do contemporâneo 1952-2002, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Artefoto, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro
2003
Foto arte 2003 – Brasília, capital da fotografia, mosta ArteFoto, Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília
Arte e sociedade – um relação polêmica, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
23 anos 60, Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte
Imagética, mostra especial do acervo de gravura, Fundação Cultural de Curitiba
2004
A subversão dos meios, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
Arte contemporânea no ateliê de Iberê Camargo, Centro Universitário Maria Antonia/USP, São Paulo
Arte contemporânea brasileira nas coleções do Rio, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Arte contemporânea: uma história em aberto, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Encontros com o modernismo, destaques das coleções Stedelijk Museum/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2005
Retrato como imagem do mundo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Bienal do Mercosul, Porto Alegre
Pratos para a arte VIII, Museu Lasar Segall, São Paulo
Tropicália, Museum of Contemporary Art, Chicago; Barbican Art Gallery, Londres; The Bronx Museum of the Arts, Nova York
Aspectos da Coleção: Abstracionismo Geométrico, Modernismo e Arte Contemporânea, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Carlos Zilio no Cinemac, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (filme)
Encontros com o modernismo, destaques das coleções Stedelijk Museum/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Gilberto Chateaubriand, Pinacoteca de São Paulo
2006
O corpo na arte contemporânea brasileira, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Ao mesmo tempo nosso tempo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Brossa-Brasil: entre a poesia e o objeto, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Gravura em metal, matéria e conceito no ateliê de Iberê Camargo, Fundação Iberê Camargo, Caxias do Sul
Um século de arte brasileira, Coleção Gilberto Chateaubriand, Pinacoteca do Estado de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Abrigo Poético-diálogos com Lygia Clark, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
MAM na Oca: arte contemporânea Brasileira no acervo do MAM-SP, São Paulo
Arquivo Geral, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Rio de Janeiro
Um século de arte brasileira, Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba
Gravura em metal, matéria e conceito no ateliê de Iberê Camargo, Centro Municipal de Cultural Dr. Henrique Ordovás Filho, Caxias do Sul
2007
Universidarte XV, Rio de Janeiro
Arte-Antropologia Representações e Estratégias, Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo
Tropicália, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
A arte como questão anos 70, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
A gravura brasileira na coleção Mônica e Georges Kornis, Caixa Cultural, Rio de Janeiro
Filmes de Artista, Brasil, 1965-1980, Oi Futuro, Rio de janeiro
2008
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Arco, Galeria Raquel Arnaud e Galeria Anita Schwartz, Madrid
Arte Contemporânea, aquisições recentes do acervo da Pinacoteca do Estado, São Paulo
Arte e Memória: Anos Rebeldes, Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre
SPARTE, galerias Anita Schwartz e Raquel Arnaud, São Paulo, 2009, 2010 e 2011
Arquivo Geral, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Rio de Janeiro
Mam SP 60 anos, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Seis décadas de MAM Anos70, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Entre o plano e o espaço, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Ano 01, Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Art Basel, Miami Beach, EUA
1968, Fundação Joaquim Nabuco, Recife,
2009
Brasil, brasileiro, nossa terra, nossa gente, Centro Cultural Banco do Brasil –CCBB, Rio de Janeiro
2010
29a Bienal de São Paulo
Genealogia do Contemporâneo, Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2011
Anos 70, Galeria Progetti, Rio de Janeiro
Genealogias do contemporâneo – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Europália, Art in Brasil 1950-2011, Bruxelas
Cuando Brasil devoró el cine (60-70), Museo Reina Sofia, Madri, 2011
Coleções públicas
Museu de Arte Contemporânea de São Paul
Museu de Arte Contemporânea do Paraná
Museu da Universidade Federal do Espírito Santo
The Newark Museum, New Jersey
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Paço Imperial, Rio de Janeiro
Museu de Arte Contemporânea de Niterói/ Coleção João Sattamini
University of Essex/ Collection of Latin American Arts
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Fonte: Site Oficial Carlos Zilio, consultado pela última vez em 13 de junho de 2020.
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Biografia - Itaú Cultural
Estuda, a partir de 1963, no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde é aluno de Iberê Camargo (1914 - 1994). Forma-se em psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1973. Em 1975, torna-se um dos editores da revista Malasartes. Sua produção dos anos 1960 e 1970 revela um amplo sentido de crítica social, como em Lute (1967) ou em Para um Jovem de Brilhante Futuro (1973). Em 1976, em razão de perseguição política, viaja para Paris, onde, em 1980, conclui doutorado em artes na Universidade de Paris VIII.
Dedica-se unicamente à pintura, passando a realizar trabalhos abstratos a partir de 1978. Após seu retorno ao Brasil, cria e leciona no curso de especialização em História da Arte e História da Arquitetura no Brasil, e também no mestrado em História Social da Cultura, do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ).
É um dos fundadores da revista Gávea, da qual é editor responsável da revista entre 1984 e 1996. Faz pós-doutorado com Hubert Damisch, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, em 1992. Dois anos mais tarde, leciona na Escola de Belas Artes da UFRJ (EBA/UFRJ). Publica, entre outras, a obra A Querela do Brasil: a questão de identidade na arte brasileira, editada pela primeira vez em 1982.
Análise
Carlos Zilio ingressa no Instituto de Belas Artes da Guanabara, no Rio de Janeiro, em 1962. No ano seguinte, freqüenta palestras no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) e inicia estudos de pintura com Iberê Camargo, no Instituto de Belas Artes.
Zilio emerge no cenário artístico brasileiro nos anos 1960, período marcado pela ditadura militar. Adere inicialmente às questões da nova figuração, ao mesmo tempo que aprofunda o comprometimento com o movimento estudantil, no Instituto de Psicologia da UFRJ, onde estuda.
O artista cria máscaras de rostos anônimos, agrupadas em série e que agregadas a outros elementos, como relógios de ponto ou marmitas, como em Lute (1967), fazem com que a obra adquira caráter de denúncia social. Esse trabalho representa o esforço máximo do artista para integrar arte e política. No interior da marmita, em lugar do alimento, uma máscara sem rosto.
Após Lute, o artista interrompe sua produção para se dedicar à militância política. Em março de 1970, é ferido a bala em confronto com a polícia e preso, sendo colocado em liberdade dois anos depois. Na cadeia, Zilio inicia uma série de desenhos e de pinturas em pratos que evocam a violência vivida. Em 1973, cria a obra Para um Jovem de Brilhante Futuro, com uma maleta de executivo (tipo 007), cujo interior é ocupado por fileiras de pregos, com as pontas voltadas para cima. Nesse trabalho, que dialoga principalmente com obras de Marcel Duchamp (1887 - 1968), o artista ironiza a situação social e política do país, sobretudo em relação ao futuro de uma juventude alienada.
Carlos Zilio participa da criação da revista Malasartes, em 1974. Em 1976, exila-se em Paris, onde, em 1980, conclui doutoramento em artes, na Universidade de Paris VIII. Retorna ao Brasil no mesmo ano. Em 1978, decide dedicar-se unicamente à pintura. Contribui para essa escolha, como declara o próprio Zilio, o contato com a obra de Cézanne (1839 - 1906), em exposição do artista ocorrida em Paris nesse período. Seus trabalhos também dialogam com a pintura de artistas norte-americanos, como Barnett Newman (1905 - 1970) ou Jasper Johns (1930). Realiza obras abstratas, pinturas gestuais em que trabalha freqüentemente com uma paleta monocromática.
Fonte: CARLOS Zilio. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 14 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Carlos Zilio: ‘Os desenhos saíam da prisão com as visitas’
O artista plástico, de 69 anos, diz que as obras criadas atrás das grades só foram mostradas pela primeira vez em 1996
Em 1964, eu era um estudante de arte e, embora não fosse militante, vivia intensamente o clima político. Minha geração nas artes plásticas surgiu nesse momento — muito mobilizada pelos acontecimentos no país. E isso apareceu nas mostras “Opinião 65”, “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira” (1967).
No período entre 1964 e 1968, a Censura atuava nas áreas mais críticas — a imprensa e a literatura, por exemplo. As artes plásticas eram um pouco excêntricas, no sentido de fora do centro.
A partir do Ato Institucional número 5, a Censura chegou. Até aquela época, havia a possibilidade de exposições e de troca de ideias. Estética e política formavam uma unidade. Os trabalhos eram feitos pensando em sua multiplicação, em romper com a obra única e ganhar uma dimensão pública.
Depois de 1968, passei a achar mais urgente uma resposta política de intervenção na realidade e fui me engajando cada vez mais. Deixei de produzir arte para me ligar completamente à militância. Não produzi trabalhos entre 1968 e 1969. Em 1970, fui preso.
Na prisão, retomei minha produção com recursos, evidentemente, muito limitados: papel e caneta hidrográfica. Lá, fiz trabalhos que me acompanharam ao longo dos dois anos em que estive preso. Os desenhos saíam da prisão com as visitas. Minha mulher os levava embora. E esses trabalhos só foram mostrados pela primeira vez em 1996, nos museus de Arte Moderna do Rio, de São Paulo e da Bahia. Tive muita dificuldade para expô-los. Temia que fossem percebidos como uma glamourização de minha atuação política. Mas aquilo era a minha vida , não dava para recalcar. O tempo havia passado e, além disso, o país tinha se redemocratizado.
Ao redor de 1974 acho que as artes plásticas foram se rearticulando politicamente. A chamada abertura ensaiava seus primeiros passos, mas não era um processo de concessões.
Nós, artistas, buscamos formular projetos e conquistar espaços para a circulação de nosso trabalho. A censura era algo que a gente ia forçando para testar suas resistências e formular maneiras de superá-la.
Exercício da liberdade
Houve uma politização do espaço artístico no sentido de perceber melhor que a criação, a circulação e o consumo da arte compreendem necessariamente instâncias políticas e ideológicas que envolvem instituições e mercado. Nota-se, nessa época, a presença dos artistas na luta pela definição dessas políticas como, por exemplo, na publicação de “Malasartes”, uma revista dedicada à arte e à cultura contemporâneas. Em 1975, no MAM, houve a criação da Área Experimental, espaço que possibilitou a emergência de obras que retomavam a expressão de Mario Pedrosa (1900-1981). Era a “arte como exercício experimental da liberdade”.
Fonte: O Globo, publicado em 23 de março de 2014.
Crédito fotográfico: O Globo, foto por Fabio Seixo.
Carlos Augusto da Silva Zilio (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1944) é um pintor e professor brasileiro.
Biografia - Oficial
Mora grande parte de sua infância no Posto 6, em Copacabana, e ainda em Washington e Jundiaí, devido às transferências profissionais do pai.
Em 1962, ingressa no Instituto de Belas Artes da Guanabara e estuda pintura com Iberê Camargo. Torna-se, em 1966, aluno do Instituto de Psicologia da antiga Universidade do Brasil – atual UFRJ – ao mesmo tempo em que desenvolve sua carreira de artista plástico.
As obras na exposição “Otra figuración” dos artistas argentinos Noé, De La Vega e Macció e a mostra “Opinião 65”, ambas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tiveram grande impacto sobre seu trabalho. Participa de “Opinião 66”, e da histórica “Nova objetividade brasileira”, em 1967.
Em 1965, vê a retrospectiva de Barnett Newman na VIII Bienal de São Paulo, artista que se tornaria uma crescente referência para seu trabalho. participa da IX Bienal de São Paulo e executa o trabalho Lute (marmita),neste período.
No segundo semestre de 1972, casa-se e participa do Salão Nacional de 1973. Com vários artistas, críticos e poetas faz a revista Malasartes em 1974, e viaja para Paris, Londres, Colônia e Nova York para ver a arte contemporânea internacional. Em 1975 realiza sua primeira exposição individual na Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt, no Rio de Janeiro. Nesta época se fazem presentes em seu trabalho a repercussão das obras de Duchamp, dos concretistas russos e da arte conceitual. A exposição “Atensão” é realizada na Sala Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1976, mas, ainda assediado constantemente pela repressão da ditadura, aproveita o convite para participar da X Bienal de Paris e acaba por viver nesta cidade até 1980. Durante sua estadia na França, visita intensamente museus e tem a oportunidade de, com a inauguração do Beaubourg – Centro de Artes George Pompidou, ver importantes exposições como a retrospectiva de Marcel Duchamp, “Paris/Berlim”, “Paris/Moscou” e “Paris/Nova York”.
1977, a retrospectiva de Jasper Johns demarca um momento de sua reaproximação com a pintura, sendo que a exposição “O último Cézanne”, organizada por William Rubin em 1978, torna-se o impacto definitivo que determina a opção de privilegiar em sua produção a prática pictórica. Em Paris, a indagação sobre a cultura brasileira o leva a escrever A querela do Brasil (a questão da identidade da arte brasileira: Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari – 1922/1945), sua tese de doutorado na Universidade de Paris VIII.
De volta ao Brasil, realiza exposição individual em 1982, no Espaço ABC da Funarte, organizada por Paulo Sergio Duarte. Inicia em 1980 atividade como professor, e é autor do projeto, e coordenador, do Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil na PUC-Rio, uma das primeiras iniciativas de pós-graduação desta área no país. Realiza como editor e curador com seus alunos em 1982 e em 1983 as exposições e catálogos de Goeldi e Guignard, e funda a revista Gávea em 1985.
Em 1994, por concurso público, vai para a Escola de Belas Artes da UFRJ, onde cria o projeto da Área de Linguagens Visuais, que visa à formação do artista, no Programa de Pós-Graduação. Em 1992 faz pós-doutorado em Paris com Hubert Damisch, e em 1998 faz estágio sênior com Yve-Alain Bois, nos Estados Unidos.
Realiza em 1996 uma retrospectiva da fase política e inédita de sua obra, organizada por Vanda Mangia Klabin, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Museu de Arte Moderna da Bahia.
Organizadas por Paulo Venâncio Filho, faz as seguintes exposições individuais: no Centro de Arte Hélio Oiticica, em 2000, que abrange a produção da década de 1990; e Trabalhos sobre papel – pinturas e desenhos sobre este suporte, realizados nas três últimas décadas, no Paço Imperial do Rio de Janeiro, em 2004, e na Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2005. Em 2008 exposição inaugural da Galeria Anita Schwartz no Rio de Janeiro e, no mesmo ano, em São Paulo, na Galeria Raquel Arnaud. Em 2010 participa da 29a. Bienal de São Paulo e neste mesmo ano e em 2011, realiza uma exposição que itinera do Museu de Arte Contemporânea do Paraná ao Centro Universitário Maria Antônia USP e ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ainda em 2011 é convidado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) para uma mostra especial de sua produção da década de 1970.
Críticas
"Para compreender estas 25 telas recentes (safra de 83-84) tomemos como ponto de partida as 4 telas intituladas "Jardins de Seurat e de Matisse", expostas na Galeria Paulo Klabin. As 4 telas formam um apêndice, um parênteses importante dentro da nova série de 25 telas, esclarecendo as restantes de uma maneira contundente. Para atualizar o conceito revolucionário de Cézanne, que proclamava que era preciso esquecer o Museu indo diretamente à Natureza, Carlos Zilio redimensiona a questão a partir dos anos 80: como recolocar as referências culturais adquiridas e sedimentadas no museu, em contato e em conflito com a vida, com a própria natureza. Zilio ataca este dilema da maneira mais atual, mais radical, ou seja, de modo mais superficial (o olho se atém na superfície da própria tela que a composição por sua vez dinamiza): representando as questões e lições fundamentais dos mestres Seurat e Matisse, base da pintura do século XX. E procede com o mesmo frescor e a mesma irreverência (via uma POPART Sociologicamente decantada, dos anos 60, e uma "Pattern Painting" debochada dos anos 70, ou seja, via Duchamp (POPART) e Matisse (PATERN PAINTING)). Os sentimentos novos destes criadores pediam uma reformulação imediata e estrutural de seus meios. A mesma alegria, o mesmo deboche, a mesma simplicidade, o mesmo mau gosto (para a época) aliados, enquadrados dentro da visão global de seu projeto, se desprendem destas telas, acre-doces. Pois tragicômicos, os quadros de Carlos Zilio debatem, travam uma luta mortal, um lento corpo a corpo com questões já resolvidas pictòricamente, mas que, psicòticamente não encontram mais eco no nosso dia a dia."
Jorge Guinle (Introdução à uma releitura alegre e comprometida do século XX à luz da recente obra de Carlos Zilio, exto de apresentação da exposição de Carlos Zilio na Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro, 2008)
"A premissa é estritamente moderna: chegar a alcançar uma pictórica, um pensamento de pintura. E se não há como definí-la positivamente, sobram argumentos para apontar tudo o que não pretende ser. Nem vejo necessidade de repeti-los aqui, contra todo gênero de ilustração, paródia ou pastiche. O fato de resistir a enunciados verbais - e exigir, isto sim, verificação plástica- é a melhor prova, via negativa, de seu caráter íntegro. O que distingue as telas recentes de Carlos Zilio seria exatamente a entrega incondicional a este alto e problemático destino moderno da pintura. Nela iniciado, após recusá-la frontalmente e, em seguida, reaproximar-se sobretudo através do discurso teórico, o trabalho de uns anos para cá parece final mente decidido a realizar-se como pintura. E até, sob o peso de considerável erudição, resumir-se a um esforço contemporâneo de pintura. A modéstia adquire, no caso, valor estratégico de libertação: antes de tudo, trata-se de adequar o saber da História da Arte à proporção de um fazer pessoal cotidiano. A aventura estética começaria assim, de maneira singular, a partir de certa renúncia - esquecer-se enquanto saber para cumprir-se como fazer. Mas, é claro, a solução não consiste no apelo sumário ao instintivo. Toda a dificuldade está em aderir por completo a uma disciplina exclusiva de pintura, lançarse aos riscos e incertezas de uma produção sem apoios e cauções extrínsecas. Em arte, ninguém delibera o que é- vê-se, ao contrário, revelado e interrogado pela sequência do trabalho. O preço da autoria é certo estranhamento radical incontornável. Somente uma leitura simplista enxergaria na pintura recente de Carlos Zilio uma vitória irônica sobre todo o seu passado de artista experimental. As telas atuais, coerente, fatalmente, condensam as obsessões e os achados de uma biografia estética que conta já mais de duas décadas. A observação deve ser levada a sério pois chama a atenção para a inextricável relação entre opções formais e conteúdos expressivos que o trabalho encontra -se em vias de demonstrar. Com certeza, ele segue pensando amplamente a forma plástica como veículo de transformação social, em sua dimensão específica; procurando, contudo, reeducá-la para um convívio afetivo, íntimo, na trama de uma vida concreta. Todo o distanciamento crítico, próprio à formação do artista, sofre um contragolpe lírico que visa ajustá-lo à perspectiva realista da construção de uma obra ao longo de uma vida. Daí a natureza essencialmente ambígua de seus signos plásticos. Eles se desejam, acima de tudo, medidas de estruturação espacial, segundo uma lógica abstrata, digamos, pós-minimalista. Nem por isto deixam de sugerir insistentemente signos expressivos. O quadro deve impor-se como agente de reespacialização, apostar em sua força literal de apresentação. E se o pathos do sublime concreto de Barnett Newman tornou-se inviável, o artista parece achar indispensável e urgente reatualizá-lo neste insípido cenário dito pós-moderno. Mas, como o interesse pelo dramático reducionismo plástico de Giacometti por si só atestaria, o quadro também estaria aprendendo a reconhecer-se como coisa pacientesuperfície sensível que abriga e reelabora os traumas e os êxtases acumulados para transmití-los numa imagem comunicativa. É de fato um pouco surpreendente, mas esclarecedor, que este óleo recém conquistado, ansiando por refinamento e densidade, disponha-se já a liberar signos tri-dimensionais. Tais esculturas, obedecendo rigorosamente à mesma démarche da pintura, anunciam muito mais do que um fascínio por Giacometti- reafirmam a pressão imaginária das "figuras" do artista. Sejam o que forem- totens abstratos ou signos espaciais - têm que ser estas e não quaisquer outras figuras. E não há como, pois não há por quê, decidir entre o construtivo e o expressivo. Essas telas partem, desde logo, da superação deste notório dilema, desta controvérsia cultural datada, para tentarem se reapropriar do núcleo produtivo do conflito. Elas movem-se inevitavelmente em termos muito mais avisados e diferenciados, menos heróicos e ideológicos, historicamente mais prudentes, do que aqueles em que se moviam os pioneiros e os "clássicos" modernos. Exatamente para reencontrar e dispor, ainda hoje, de algum senso moderno de liberdade"
Brito, Ronaldo (Totens Abstratos, 1993 - Texto no Catálogo da exposição Carlos Zilio no Paço Imperial, Rio de Janeiro, 1993)
"A pintura de Carlos Zilio tem uma contenção própria. Ela recusa o olhar fácil que só se preocupa com o já visto. Há que perder tempo vendo o que não se sabe. Há um tamanduá nestas telas. Ele está lá, existe como figura e como memória. Mais do que imagem é uma mancha, uma forma sangrada, um espectro, um fantasma. Ser mais mancha que imagem significa que ele não é gráfico, mas pictórico, não tem precisão, nem limite. Desentranha-se de algum fundo indefinido. A história privada - o sentido por trás das coisas - é sempre perigosa em arte. Em tudo. Explica facilitando ou facilita explicando. Cria a tal preocupação com o já visto que nos desobriga diante do sem nome que se apresenta ao olhar e à imaginação. Neste caso, todavia, é inevitável. Não há que temer os fatos, o Real. O tamanduá entrou na pintura de Zílio ainda nos anos 1980. Vinha como memória afetiva, luto diante da perda do pai, homenagem do pintor ao bicho de estimação inusitado. Ele vinha como queda, com caveiras e impressão das mãos. Se lá nas pinturas de 86 ainda era imagem, agora surge como mancha, mais indefinida. É um flash, passa como se fosse um raio inconsciente que se reinventa como pintura, imprimindo-se na tela. Como lidar com estes fantasmas interiores? Assumindo-os. Eles aparecem por todo lado. Na saída do elevador do ateliê, o tamanduá, surpreendentemente ou não, está gravado no chão. O chão foi decalcado para a tela, são continentes e tamanduás marcados na lona usada que cobria o piso e sobre a qual o artista pintava. Uma camada de memória sobre outra. É tudo sobreposição e ruído, a temporalidade da vivência pessoal confundindo-se e reinventando-se junto à temporalidade do que escapou como excesso de pintura. Freudianamente, é a recordação de algo que jamais fora esquecido pois nunca foi consciente. Para não deixar tudo isso dissolver-se no sentimentalismo fácil, mantém-se a austeridade do gesto, a redução da paleta, a tensão da figura e do fundo que enerva a forma. Nos desenhos, o tamanduá é um registro reduzido, mais pacificado e cósmico, deixando de ser susto para ser signo. Ou os dois irmanados: susto e signo, memória e criação"
Osorio, Luiz Camilo (Entre o susto e o signo: os tamanduás de Zilio, 2011 - texto de apresentação da exposição de Carlos Zilio Pinturas no MAM Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 2011)
Exposições individuais
1975
Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt, Rio de Janeiro
1976
Atensão, Sala Experimental, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1982
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1984
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro/span>
1985
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, São Paulo
1987
Galeria Maurício Leite Barbosa, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, São Paulo
Galeria de Arte e Pesquisa do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo / UFES, Vitória, ES
1989
Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1990
Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro
1993
Paço Imperial, Rio de Janeiro
1996
Fundação Castro Maya: pinturas e lançamento de gravura pela Sociedade de Amigos da Gravura da Fundação Castro Maya, Rio de Janeiro
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Galeria Joel Edelstein, Rio de Janeiro
1997
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Carlos Zilio – arte e política: 1966-1976, Museu de Arte Moderna da Bahia
2000
Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
2001
Centro Universitário Maria Antonia /USP, São Paulo
2003
HAP Galeria, Rio de Janeiro
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
2004
Trabalhos sobre papel, Paço Imperial, Rio de Janeiro
2005
Trabalhos sobre papel, Pinacoteca do Estado de São Paulo
2006
Manoel Macedo Galeria de Arte, Belo Horizonte
2008
Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
2010
Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba
Centro Universitário Maria Antonia / USP, São Paulo
2011
Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Carlos Zilio: paisagens 1974-1978, Galeria Cândido Portinari, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ
Exposições coletivas
1965
Salão de Abril, Petite Galerie, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1966
Opinião 66, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1967
IX Bienal de São Paulo
IV Salão de Arte Moderna de Brasília
Nova objetividade brasileira, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Ciclo de estudos da arte brasileira, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
1973
XXII Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
XV Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea, Curitiba, Prêmio de Aquisição
1974
Prospectiva, Museu de Arte Contemporânea /USP, São Paulo
1976
Fifteen modern artists from Brazil, Kresge Art Center, Michigan State University, EUA
Spazio Alternativo 2, Montecatini, Itália
Década de 70, org. Centro de Arte y Comunicación CAYC, de Buenos Aires, Museu de Arte Contemporânea / USP, São Paulo
Arte brasileira: os anos 60/70 – Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Casarão João Alfredo, Recife e Fundação Cultural, Brasília
1977
X Bienal de Paris
1982
Do moderno ao contemporâneo– Coleção Gilberto Chateaubriand, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
1984
Viva a pintura, Petite Galerie, Rio de Janeiro
1985
Exposição inaugural da Galeria Paulo Klabin, São Paulo
1986
Trajetória e encontros, Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Ado Malagoli /MARGS, Porto Alegre e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1987
Galeria César Aché, Rio de Janeiro
Trajetória e encontros, Teatro Nacional, Brasília
Solar Grandjean de Montigny, PUC-Rio, Rio de Janeiro
Ao colecionador, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1988
Le déjeuner sur l’art – Manet no Brasil, Escola de Artes Visuais, Rio de Janeiro
1989
Rio hoje, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Comemoração da Revolução Francesa, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro
1990
O rosto e a obra, Instituto Brasil-Estados Unidos - IBEU, Rio de Janeiro
1991
Pintura, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura - IBAC, Rio de Janeiro
1992
Eco Art, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
A caminho de Niterói – Coleção João Sattamini, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Anos 60/70 – Col. Gilberto Chateaubriand, Serviço Social da Indústria/SESI, São Paulo
Brazilian contemporary art – Image distribution project, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura/IBAC, Rio de Janeiro
1993
A caminho de Niterói – Coleção João Sattamini, Centro Cultural São Paulo
Brazilian contemporary art, Museu de Arte Contemporânea / USP, São Paulo
A rarefação dos sentidos – Coleção João Sattamini, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro
O desenho moderno no Brasil – Coleção Gilberto Chateaubriand, Serviço Social da Indústria/SESI, São Paulo
Aspectos da arte brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1994
O desenho moderno no Brasil – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Trincheiras, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Bienal do Século XX, São Paulo
1995
As pinturas de Laura, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro
Uma poética da reflexão, Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal, Rio de Janeiro
1996
Geometria Rio, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Centro Cultural Calouste Gulbenkian, Rio de Janeiro
Anos 70:
fotolinguagem, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro
Escultura no Paço, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Exposição inaugural do Museu de Arte Contemporânea de Niterói
1997
Panorama da arte brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo
As cidades dos artistas, Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo; Galeria Instituto Itaú Cultural, Brasília
1998
Panorama da arte brasileira, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife; Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Maquetes e projetos, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Anos 60/70
Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Broadening the horizons, Pusan Metropolitan Arts Museum, Pusan, Coréia
1999
Objeto cotidiano - anos 60/90, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Panorama da arte brasileira, Museo Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires
Acervo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: uma seleção, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2000
Novas aquisições, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Entre a arte e o design – Coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Arte conceitual e conceitualismos: anos 70 no acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP, MAC USP, São Paulo
Pinturas na coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Pintura anos 90, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Situações limite – arte brasileira: anos 70, Fundação Casa França-Brasil, Rio de Janeiro
Entre a imagem e a palavra, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2001
São ou não são gravuras?, Museu de Arte Moderna de São Paulo; Galeria Instituto Itaú Cultural, Brasília
Aspectos de uma coleção, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Aquisições essenciais, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
A cor na arte brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna Villa-Lobos, São Paulo
Trajetórias, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Marginália 70, O experimentalismo no Super-8 Brasileiro, Anos 70, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
Cinemac, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (filme)
A subversão dos Meios, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
A vos marges, Années 70, festival de curtas em cidades na França até 2004 (filme)
2002
Cidadeprojeto/ cidadexperiência, Museu de Arte Moderna Villa-Lobos, São Paulo
Recorrências; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Diálogo, antagonismo e replicação na coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Identidades – o retrato brasileiro na coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Coletiva do acervo da HAP Galeria, Rio de Janeiro
Mapa do agora – a recente trajetória da arte brasileira: retrospectiva das cinco últimas décadas na coleção João Sattamini, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
São ou não são gravuras?, Museu de Arte de Londrina, Paraná
Caminhos do contemporâneo 1952-2002, Paço Imperial, Rio de Janeiro
Artefoto, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro
2003
Foto arte 2003 – Brasília, capital da fotografia, mosta ArteFoto, Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília
Arte e sociedade – um relação polêmica, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
23 anos 60, Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte
Imagética, mostra especial do acervo de gravura, Fundação Cultural de Curitiba
2004
A subversão dos meios, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (filme)
Arte contemporânea no ateliê de Iberê Camargo, Centro Universitário Maria Antonia/USP, São Paulo
Arte contemporânea brasileira nas coleções do Rio, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Arte contemporânea: uma história em aberto, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Encontros com o modernismo, destaques das coleções Stedelijk Museum/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2005
Retrato como imagem do mundo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Bienal do Mercosul, Porto Alegre
Pratos para a arte VIII, Museu Lasar Segall, São Paulo
Tropicália, Museum of Contemporary Art, Chicago; Barbican Art Gallery, Londres; The Bronx Museum of the Arts, Nova York
Aspectos da Coleção: Abstracionismo Geométrico, Modernismo e Arte Contemporânea, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Carlos Zilio no Cinemac, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (filme)
Encontros com o modernismo, destaques das coleções Stedelijk Museum/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Gilberto Chateaubriand, Pinacoteca de São Paulo
2006
O corpo na arte contemporânea brasileira, Instituto Itaú Cultural, São Paulo
Ao mesmo tempo nosso tempo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Brossa-Brasil: entre a poesia e o objeto, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Gravura em metal, matéria e conceito no ateliê de Iberê Camargo, Fundação Iberê Camargo, Caxias do Sul
Um século de arte brasileira, Coleção Gilberto Chateaubriand, Pinacoteca do Estado de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Abrigo Poético-diálogos com Lygia Clark, Museu de Arte Contemporânea de Niterói
MAM na Oca: arte contemporânea Brasileira no acervo do MAM-SP, São Paulo
Arquivo Geral, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Rio de Janeiro
Um século de arte brasileira, Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba
Gravura em metal, matéria e conceito no ateliê de Iberê Camargo, Centro Municipal de Cultural Dr. Henrique Ordovás Filho, Caxias do Sul
2007
Universidarte XV, Rio de Janeiro
Arte-Antropologia Representações e Estratégias, Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo
Tropicália, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
A arte como questão anos 70, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
A gravura brasileira na coleção Mônica e Georges Kornis, Caixa Cultural, Rio de Janeiro
Filmes de Artista, Brasil, 1965-1980, Oi Futuro, Rio de janeiro
2008
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Arco, Galeria Raquel Arnaud e Galeria Anita Schwartz, Madrid
Arte Contemporânea, aquisições recentes do acervo da Pinacoteca do Estado, São Paulo
Arte e Memória: Anos Rebeldes, Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre
SPARTE, galerias Anita Schwartz e Raquel Arnaud, São Paulo, 2009, 2010 e 2011
Arquivo Geral, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Rio de Janeiro
Mam SP 60 anos, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Seis décadas de MAM Anos70, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Entre o plano e o espaço, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo
Ano 01, Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Art Basel, Miami Beach, EUA
1968, Fundação Joaquim Nabuco, Recife,
2009
Brasil, brasileiro, nossa terra, nossa gente, Centro Cultural Banco do Brasil –CCBB, Rio de Janeiro
2010
29a Bienal de São Paulo
Genealogia do Contemporâneo, Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
2011
Anos 70, Galeria Progetti, Rio de Janeiro
Genealogias do contemporâneo – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Europália, Art in Brasil 1950-2011, Bruxelas
Cuando Brasil devoró el cine (60-70), Museo Reina Sofia, Madri, 2011
Coleções públicas
Museu de Arte Contemporânea de São Paul
Museu de Arte Contemporânea do Paraná
Museu da Universidade Federal do Espírito Santo
The Newark Museum, New Jersey
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Paço Imperial, Rio de Janeiro
Museu de Arte Contemporânea de Niterói/ Coleção João Sattamini
University of Essex/ Collection of Latin American Arts
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Fonte: Site Oficial Carlos Zilio, consultado pela última vez em 13 de junho de 2020.
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Biografia - Itaú Cultural
Estuda, a partir de 1963, no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde é aluno de Iberê Camargo (1914 - 1994). Forma-se em psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1973. Em 1975, torna-se um dos editores da revista Malasartes. Sua produção dos anos 1960 e 1970 revela um amplo sentido de crítica social, como em Lute (1967) ou em Para um Jovem de Brilhante Futuro (1973). Em 1976, em razão de perseguição política, viaja para Paris, onde, em 1980, conclui doutorado em artes na Universidade de Paris VIII.
Dedica-se unicamente à pintura, passando a realizar trabalhos abstratos a partir de 1978. Após seu retorno ao Brasil, cria e leciona no curso de especialização em História da Arte e História da Arquitetura no Brasil, e também no mestrado em História Social da Cultura, do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ).
É um dos fundadores da revista Gávea, da qual é editor responsável da revista entre 1984 e 1996. Faz pós-doutorado com Hubert Damisch, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, em 1992. Dois anos mais tarde, leciona na Escola de Belas Artes da UFRJ (EBA/UFRJ). Publica, entre outras, a obra A Querela do Brasil: a questão de identidade na arte brasileira, editada pela primeira vez em 1982.
Análise
Carlos Zilio ingressa no Instituto de Belas Artes da Guanabara, no Rio de Janeiro, em 1962. No ano seguinte, freqüenta palestras no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) e inicia estudos de pintura com Iberê Camargo, no Instituto de Belas Artes.
Zilio emerge no cenário artístico brasileiro nos anos 1960, período marcado pela ditadura militar. Adere inicialmente às questões da nova figuração, ao mesmo tempo que aprofunda o comprometimento com o movimento estudantil, no Instituto de Psicologia da UFRJ, onde estuda.
O artista cria máscaras de rostos anônimos, agrupadas em série e que agregadas a outros elementos, como relógios de ponto ou marmitas, como em Lute (1967), fazem com que a obra adquira caráter de denúncia social. Esse trabalho representa o esforço máximo do artista para integrar arte e política. No interior da marmita, em lugar do alimento, uma máscara sem rosto.
Após Lute, o artista interrompe sua produção para se dedicar à militância política. Em março de 1970, é ferido a bala em confronto com a polícia e preso, sendo colocado em liberdade dois anos depois. Na cadeia, Zilio inicia uma série de desenhos e de pinturas em pratos que evocam a violência vivida. Em 1973, cria a obra Para um Jovem de Brilhante Futuro, com uma maleta de executivo (tipo 007), cujo interior é ocupado por fileiras de pregos, com as pontas voltadas para cima. Nesse trabalho, que dialoga principalmente com obras de Marcel Duchamp (1887 - 1968), o artista ironiza a situação social e política do país, sobretudo em relação ao futuro de uma juventude alienada.
Carlos Zilio participa da criação da revista Malasartes, em 1974. Em 1976, exila-se em Paris, onde, em 1980, conclui doutoramento em artes, na Universidade de Paris VIII. Retorna ao Brasil no mesmo ano. Em 1978, decide dedicar-se unicamente à pintura. Contribui para essa escolha, como declara o próprio Zilio, o contato com a obra de Cézanne (1839 - 1906), em exposição do artista ocorrida em Paris nesse período. Seus trabalhos também dialogam com a pintura de artistas norte-americanos, como Barnett Newman (1905 - 1970) ou Jasper Johns (1930). Realiza obras abstratas, pinturas gestuais em que trabalha freqüentemente com uma paleta monocromática.
Fonte: CARLOS Zilio. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 14 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Carlos Zilio: ‘Os desenhos saíam da prisão com as visitas’
O artista plástico, de 69 anos, diz que as obras criadas atrás das grades só foram mostradas pela primeira vez em 1996
Em 1964, eu era um estudante de arte e, embora não fosse militante, vivia intensamente o clima político. Minha geração nas artes plásticas surgiu nesse momento — muito mobilizada pelos acontecimentos no país. E isso apareceu nas mostras “Opinião 65”, “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira” (1967).
No período entre 1964 e 1968, a Censura atuava nas áreas mais críticas — a imprensa e a literatura, por exemplo. As artes plásticas eram um pouco excêntricas, no sentido de fora do centro.
A partir do Ato Institucional número 5, a Censura chegou. Até aquela época, havia a possibilidade de exposições e de troca de ideias. Estética e política formavam uma unidade. Os trabalhos eram feitos pensando em sua multiplicação, em romper com a obra única e ganhar uma dimensão pública.
Depois de 1968, passei a achar mais urgente uma resposta política de intervenção na realidade e fui me engajando cada vez mais. Deixei de produzir arte para me ligar completamente à militância. Não produzi trabalhos entre 1968 e 1969. Em 1970, fui preso.
Na prisão, retomei minha produção com recursos, evidentemente, muito limitados: papel e caneta hidrográfica. Lá, fiz trabalhos que me acompanharam ao longo dos dois anos em que estive preso. Os desenhos saíam da prisão com as visitas. Minha mulher os levava embora. E esses trabalhos só foram mostrados pela primeira vez em 1996, nos museus de Arte Moderna do Rio, de São Paulo e da Bahia. Tive muita dificuldade para expô-los. Temia que fossem percebidos como uma glamourização de minha atuação política. Mas aquilo era a minha vida , não dava para recalcar. O tempo havia passado e, além disso, o país tinha se redemocratizado.
Ao redor de 1974 acho que as artes plásticas foram se rearticulando politicamente. A chamada abertura ensaiava seus primeiros passos, mas não era um processo de concessões.
Nós, artistas, buscamos formular projetos e conquistar espaços para a circulação de nosso trabalho. A censura era algo que a gente ia forçando para testar suas resistências e formular maneiras de superá-la.
Exercício da liberdade
Houve uma politização do espaço artístico no sentido de perceber melhor que a criação, a circulação e o consumo da arte compreendem necessariamente instâncias políticas e ideológicas que envolvem instituições e mercado. Nota-se, nessa época, a presença dos artistas na luta pela definição dessas políticas como, por exemplo, na publicação de “Malasartes”, uma revista dedicada à arte e à cultura contemporâneas. Em 1975, no MAM, houve a criação da Área Experimental, espaço que possibilitou a emergência de obras que retomavam a expressão de Mario Pedrosa (1900-1981). Era a “arte como exercício experimental da liberdade”.
Fonte: O Globo, publicado em 23 de março de 2014.
Crédito fotográfico: O Globo, foto por Fabio Seixo.