Eliseu d'Angelo Visconti (Santa Caterina, Salerno, Itália, 30 de julho de 1866 — Rio de Janeiro, RJ, 15 de outubro de 1944) foi um pintor, desenhista, designer e professor ítalo-brasileiro ativo entre os séculos XIX e XX. É considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período, o mais expressivo representante da pintura impressionista e um pioneiro do design no Brasil.
Biografia Itaú Cultural
Vem com a família para o Rio de Janeiro, entre 1873 e 1875, e, em 1883, passa a estudar no Liceu de Artes e Ofícios, com Victor Meirelles (1832-1903) e Estêvão Silva (ca.1844-1891). No ano seguinte, sem deixar o Liceu, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), tendo como professores Zeferino da Costa (1840-1915), Rodolfo Amoedo (1857-1941), Henrique Bernardelli (1858-1936), Victor Meirelles e José Maria de Medeiros (1849-1925). Em 1888, abandona a Aiba para integrar o Ateliê Livre, que tem por objetivo atualizar o ensino tradicional. Com as mudanças ocorridas com a Proclamação da República, a Aiba transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Visconti volta a frequentá-la e recebe, em 1892, o prêmio de viagem ao exterior. Vai à Paris e ingressa na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts [Escola Nacional e Especial de Belas Artes]; cursa arte decorativa na École Guérin, com Eugène Samuel Grasset (ca.1841-1917), um dos introdutores do art nouveau na França. Viaja à Madri, onde realiza cópias de Diego Velázquez (1599-1660), no Museo del Prado [Museu do Prado], e à Itália, onde estuda a pintura florentina. Em 1900, regressa ao Brasil e, no ano seguinte, expõe pela primeira vez na Enba. Executa o ex-libris para a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e vence o concurso para selos postais e cartas-bilhetes, em 1904. Em 1905 é convidado pelo prefeito da cidade, engenheiro Pereira Passos, para realizar painéis para a decoração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre 1908 e 1913, é professor de pintura na Enba, cargo a que renuncia por descontentamento com as normas do ensino. Retorna à Europa para realizar também, entre 1913 e 1916, a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e só se fixa definitivamente no Brasil em 1920. Segundo alguns estudiosos, é considerado um praticante do art nouveau e do desenho industrial e gráfico no Brasil, com obras em cerâmica, tecidos e luminárias.
Análise
Eliseu Visconti, frequenta, em 1883, o Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro; estuda depois na Aiba. Em 1888, estuda no Ateliê Livre, em protesto ao ensino tradicional da Aiba e estruturado nos moldes da Académie Julian, de Paris.
Com a República, modifica-se a direção da Aiba, que passa a se chamar Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Eliseu Visconti volta a frequentar a instituição e com o restabelecimento do prêmio de viagem ao exterior, é o primeiro aluno a recebê-lo, em 1892. Aperfeiçoa-se em Paris na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts. Estuda também arte decorativa na École Guérin, com Eugène Samuel Grasset, de onde provém seu interesse pelo movimento art nouveau. O contato com as obras de mestres italianos do Renascimento, especialmente Sandro Botticelli (ca.1444 - 1510) e com o simbolismo, se traduz em sua pintura principalmente pela linearidade das figuras, como em Giuventú (1898) e A Dança das Oréades (1899), premiadas na Exposição Internacional de Paris, em 1900, ano em que regressa ao Brasil.
Vivendo um momento de modernização da arte no Brasil, sua obra abre-se às principais tendências internacionais do fim do século XIX e início do século XX. Busca estreitar as relações entre arte e indústria e realiza no Rio de Janeiro, em 1901, uma exposição individual que inclui seus projetos para objetos em ferro, cerâmica, marchetaria, vitrais, estamparia de tecidos e papel de parede. A partir de 1903 alterna períodos na França e no Brasil. Em 1904 executa o ex-libris para a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e vence um concurso para selos postais e cartas-bilhetes. Em 1905, realiza o retrato da escultora Nicolina Vaz de Assis (1874 - 1941), um de seus trabalhos mais representativos no gênero, no qual procura ressaltar a elegância e a dignidade da figura. No mesmo ano, é convidado pelo prefeito do Rio de Janeiro, engenheiro Pereira Passos, para executar a decoração (pano de boca, painel decorativo circular do plafond e friso sobre o proscênio) do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Revela grande influência do impressionismo e passa a utilizar cores mais claras e luminosas. O pano de boca do teatro é uma de suas obras mais alegóricas, de caráter levemente simbolista. Relativo ao progresso das artes e da civilização, ele apresenta uma reunião de homens célebres: artistas, músicos e poetas de várias épocas, estrangeiros e brasileiros, em cortejo que tem como figura principal o compositor Carlos Gomes (1836 - 1896). Além desses personagens, há figuras femininas que dançam envoltas em panejamentos esvoaçantes, em fundo de azuis e rosas, realizado com pinceladas leves.
Os modelos para seus quadros, em grande parte, passam a ser sua mulher, Louise Visconti (1882 - 1954), e seus filhos. O artista começa a destacar-se por suas qualidades de colorista. Em Maternidade (1906), elas podem ser vistas no azul da saia de seda da mulher, com reflexos prateados, e no branco da blusa e do chapéu. Para o crítico de arte Mário Pedrosa (1900 - 1981) o contraste das cores e a beleza das texturas dos panos são os assuntos principais da tela. É uma obra que resulta das pesquisas realizadas em contato direto com a natureza, como os estudos de paisagem que faz do jardim de Luxemburgo, em Paris. É nomeado em 1906, ainda na França, professor da cadeira de pintura da Enba, cargo que ocupa de 1908 a 1913. Nesse período, seu trabalho aproxima-se do pontilhismo, como por exemplo, em A Rosa (1909). Em O Retrato de Gonzaga Duque (1908/1910), pinta o maior crítico de arte do período, de modo realista, com uma bem-composta superposição de tons castanhos em fundo escuro.
Em 1913, volta à França para fazer a decoração do foyer do Theatro Municipal, composto de três painéis: Música, Inspiração Poética e Inspiração Musical, nos quais mostra figuras etéreas, vaporosas, em fundo de tons suaves e indefinidos, criando uma atmosfera de sonho. Em 1920, regressa definitivamente ao Brasil. Pinta inúmeras paisagens, como Cura de Sol (1920), cujo cenário é sua pequena propriedade em St. Hubert, nos arredores de Paris. Em Moça no Trigal (s.d.) apresenta uma delicadeza de tons e meias-tintas, "dourados, amarelos, com ligeiras curvas descendentes para os graves roxos e sem remontar aos verdes".1 Considerado pela crítica um renovador da pintura de paisagem no Brasil, anos depois, pinta paisagens de Teresópolis, Rio de Janeiro, como Quaresmas (1942) ou Roupa Estendida (1944), nas quais procura captar o vapor atmosférico da serra, com grande preocupação com a cor e a luz. Para a estudiosa Maria José Sanches, Visconti apresenta a manifestação da luminosidade brasileira, sem deixar de vincular-se à técnica impressionista.
Eliseu Visconti realiza muitos auto-retratos. Mais sóbrios no começo do século, são trabalhados com cores claras e vibrantes e pinceladas largas, no decorrer das décadas de 1930 e 1940. Em vários deles, representa-se como pintor, segurando a paleta ou os pincéis, como em Ilusões Perdidas (1933). Artista eclético, dedica-se com liberdade à sua produção artística, na qual dialoga com tendências contemporâneas como o art nouveau, o simbolismo, o pontilhismo e o impressionismo, buscando a atualização da arte no país.
Críticas
"Com Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, J. Medeiros e Zeferino da Costa, aprendeu um ofício - o ofício do pintor. Mas foi consigo mesmo, passando na Europa por um estágio útil de observação dos mestres, principalmente dos venezianos, que aprendeu algo mais sério e mais profundo que é a pintura propriamente dita, a pintura que nos deu na madureza e que vale independentemente da influência que possam ter os nossos sentidos os temas que representa. Não se contentou em pintar por moldes ou imitar o já feito. Criou. Plasmou um estilo. Firmou uma personalidade. E por isso, porque ultrapassou os limites do ofício, é ele o grande pintor que é. Alguém já afirmou que a decadência da pintura começa quando da necessidade de criar se passa, insensivelmente, ao desejo de imitar. Esse estado de decadência nunca o encontrareis em Eliseu Visconti. Ainda um dia destes, em uma casa comercial nas imediações da Avenida, vi exposta uma paisagem sua, de 1891, de quando era ainda aluno da Escola. Que promissora personalidade revelava já a esse tempo, na adolescência! A Escola de Belas Artes era então, como de certo modo continua sendo, um simples prolongamento, com outro rótulo, dos métodos de ensino da Academia Imperial, malgrado a aparente renovação de quadros promovida pela República. Eliseu Visconti vinha da Academia e, evidentemente, numa obra desse tempo tem de ser latentes as influências limitadoras. Na paisagem a que me refiro, falta ainda o sentido do ar livre, da luz luminosa, da cor liberta da tirania dos terras. Ide porém olhá-la, senhoras e senhores, para que possais aquilatar por vós mesmos, comparando-a com o que tem feito depois no Brasil, da força que ela nos mostra do grande pintor que surgia! Eliseu Visconti podia ter parado aí, variando apenas os temas, e teria feito tanto quanto fez a maioria dos seus contemporâneos. Sua personalidade, porém, era argamassa na insatisfação, no movimento, na evolução. Não pararia nunca. Ele repetia sempre, a discípulos e amigos, que Arte é movimento e que ao artista, eterno insatisfeito, como à vida, só a morte poderá deter. E só ela, com efeito, o deteve".
Frederico Barata (Eliseu Visconti e seu tempo. Rio de Janeiro: Zelio Valverde, 1944. p. 192-194)
"Visconti foi o mais importante artista do primeiro terço do século no país não só porque sabia pintar, mas porque pintava, apesar de tudo, uma coisa nova. Não se tratava, no caso dele, de conservar resíduos de neoclassicismo ou do academismo alegórico. Sempre vibrou uníssono com problemas de seu tempo, malgrado fosse geracionalmente tardio (...) para ter sido artista de vanguarda. Assim não se intelectualizou nem se radicalizou. Mas no conceito de intimidade que infundia na sua noção de arte foi vivo e se transformou, criou um mundo delicioso de cor tênue (...)".
Mário Barata (AYALA, Walmir (Org. ); CAVALCANTI, Carlos (Org. ). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Brasília: MEC: INL, 1973.)
"Visconti será a figura exponencial do surgimento da pintura moderna no país, que a partir dele não cessará de enriquecer-se com os frutos dos movimentos constantes de renovação que se irão apresentando no tumulto cultural dos grandes centros europeus. Introduzindo, finalmente, o impressionismo e o divisionismo na pintura brasileira, Visconti é o precursor dessa atualização que irá se processando até Anita Malfatti; com sua exposição de 1917 e, em seguida, radicalizada pela Semana de Arte Moderna em São Paulo (1922). O que significa a atuação de Visconti em nosso movimento modernista surge, inestimável, nesta nova declaração sua, que deixa a descoberto toda sua objetividade artística: ´O espírito quer renovação e é a própria natureza que nos impele a esse movimento universal. Nela nada está parado´".
Quirino Campofiorito (História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.)
"O impressionismo é a revelação de sua verdadeira personalidade; a palheta aproxima-se da pureza do prisma solar, e ele pode, então, entregar-se aos cantos de tenor de seu colorido. Dificilmente distingue entre acessórios e principal, entre fundos e personagens. As próprias decorações do Municipal (teto e foyer) só em parte se defendem, e isso mesmo apenas pela leveza dos tons, a vibração cromática da fatura dividida, a melodia (a nosso gosto adocicado demais) dos rosas e azuis, no meio dos quais as figuras, plasticamente pobres, esvoaçam, perdidas, sem destaques nem privilégios. Mesmo depois desse negócio íntimo, com a sensação e a improvisação impressionista, e quando ainda mitiga o processo divisionista, limitando-o ora a fundos ora a determinadas figuras isoladas (Crisálida), o colorista não desarma. Em St. Hubert, onde a individualidade do pintor se acentua até atingir os contornos precisos da fase final brasileira das paisagens de Teresópolis, ele não resiste aos encantos de uma melopéia tonal que flui do verde ao amarelo e do vermelho ao roxo, sem tropeços (Outono, St. Hubert). A atmosfera doce, medida da Ilha de França, o embala. A seqüência tonal é melódica, correntia, mal interrompida por sincopados em vermelho. O artista é empolgado pelos problemas puramente pictóricos e colorísticos: a delicadeza dos tons e das meias-tintas, dourados, amarelos, com ligeiras curvas descendentes para os graves roxos e sem remontar aos verdes (Trigal). E, Flores de Rua, St. Hubert, com as suas pinceladas curtas, as figurinhas que brincam na calçada, que são? Manchas, tons, flores, como as que pendem dos galhos e se inclinam sobre muros. Mais tarde, no Brasil, sob a luz tropical ainda indomada na nossa pintura, Visconti é um conquistador de atmosfera. E aquela ciência da luz e do colorido que aprendeu em França vai servi-lo agora para dominar o vapor atmosférico. Será esta a grande contribuição".
Mário Pedrosa (Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III. São Paulo: Edusp, 1998. p. 128.)
Depoimento Eliseu Visconti
"Sou presentista. A arte não pode parar. Modifica-se permanentemente. Agrada agora o que antes era detestado. Isto é evolução e não é possível fugir aos seus efeitos. O homem não para. Vai sempre adiante. Os futuristas, os cubistas são todos expressões respeitáveis, artistas que tateiam, procurando alguma coisa que ainda não alcançaram. Eles agitam, sacodem, renovam. São dignos, por conseguinte, de toda admiração".
Eliseu Visconti (Impressionismo Viscontiniano. 1982. 139p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, São Paulo, 1982. p.14.)
Exposições Individuais
1901 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1903 - São Paulo SP - Individual, no Salão Nobre do Banco Construtor e Agrícola
1905 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Esboço da Obra do Pano de Boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na Casa Vieitas
1908 - Paris (França) - Exposição de Parte da Obra do Pano de Boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no Ateliê de Puvis de Chavannes
1910 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Casa Vieitas
1920 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Jorge
1926 - Rio de Janeiro - Retrospectiva, na Galeria Jorge
Exposições Coletivas
1888 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - medalha de prata
1889 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Atelier Livre, em um sobrado localizado na Rua do Ouvidor
1890 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa
1893 - Chicago (Estados Unidos) - Exposição Internacional Colombiana
1893 - Paris (França) - Salão de Paris
1894 - Paris (França) - Salão de Paris
1894 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de segunda classe
1895 - Paris (França) - Salão de Paris
1896 - Munique (Alemanha) - Salão de Munique
1896 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1897 - Paris (França) - Salão de Paris
1897 - Rio de Janeiro RJ - 4ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de 1ª classe
1898 - Paris (França) - Salão de Paris
1898 - Rio de Janeiro RJ - 5ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1899 - Paris (França) - Salão de Paris
1900 - Paris (França) - Exposição Universal de Paris - medalha de prata
1900 - Paris (França) - Pedro Weingartner, Pedro Américo e Eliseu Visconti
1900 - Paris (França) - Salão de Paris
1900 - Saint Louis (Estados Unidos) - Exposição Nacional de Saint Louis
1902 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1903 - Rio de Janeiro RJ - 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Aquarelistas
1904 - Saint Louis (Estados Unidos) - Exposição de Saint-Louis
1905 - Paris (França) - Salão de Paris
1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1906 - Paris (França) - Salão de Paris
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Chicago (Estados Unidos) - Exposição de Chicago - medalha de ouro
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Rio de Janeiro RJ - 17ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Santiago (Chile) - Exposición Internacional de Bellas Artes
1911 - Rio de Janeiro RJ - 18ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1911 - São Paulo SP - Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de honra
1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência - medalha de honra
1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1933 - Pittsburg (Estados Unidos) - Exposição de Pittsburg
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, na Enba
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - Pittsburgh (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting, no Carnegie Institute
1935 - Rio de Janeiro RJ - 41º Salão Nacional de Belas Artes, na Enba
1936 - Cleveland (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting, no Toledo Museum of Art
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência
1936 - Toledo (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - São Paulo SP - Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
Exposições Póstumas
1945 - Rio de Janeiro RJ - 51º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1945 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1949 - Rio de Janeiro RJ - Eliseu Visconti: retrospectiva , no MNBA
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Mar
1961 - Rio de Janeiro RJ - O Rio na Pintura Brasileira, na Biblioteca Estadual da Guanabara
1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1967 - São Paulo SP - Gomide, Osir e Visconti, na Art Galeria
1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970, na Pinacoteca do Estado
1972 - São Paulo SP - A Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1976 - São Paulo SP - O Retrato na Coleção da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado
1977 - Rio de Janeiro RJ - Aspectos da Paisagem Brasileira: 1816-1916, no MNBA
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Arte Global
1978 - Belo Horizonte MG - Individual, no Palácio das Artes
1978 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1978 - Brasília DF - Individual, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1978 - Olinda PE - Individual, no Museu de Arte Sacra
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Rio de Janeiro RJ - Eliseu Visconti e a Arte Decorativa, no Solar Grandjean de Montigny
1982 - São Paulo SP - 80 Anos da Arte Brasileira, no MAB/Faap
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, no MAM/SP
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Rio de Janeiro RJ - O Rio de Janeiro de Machado de Assis, no CCBB
1991 - São Paulo SP - O Desejo na Academia: 1847-1916, na Pinacoteca do Estado
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Rio de Janeiro RJ - Comemorativa dos 50 anos de morte do pintor, no MNBA
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1997 - Rio de Janeiro RJ - Ar: exposição de artes plásticas, brinquedos, objetos e maquetes, no Paço Imperial
1999 - Rio de Janeiro RJ - Acervo do Solar Grandjean de Montigny, no Solar Grandjean de Montigny
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, no Margs
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, no Margs
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Eliseu Visconti - estudos do corpo, na Pinacoteca do Estado
2000 - São Paulo SP - O Café, no Banco Real
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB/Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural
Fonte: ELISEU Visconti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Mar. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Nascido na comuna de Giffoni Valle Piana, província de Salerno, na região italiana da Campânia, imigra em 1873 com sua irmã Marianella para o Brasil, indo diretamente para a fazenda de propriedade de Luís de Sousa Breves, o barão de Guararema, em Além Paraíba. A profunda afeição da Baronesa pelo pequeno Eliseu coloca-o ainda jovem estudando no Rio de Janeiro. Após um frustrado início na música, ingressa em 1882 no Liceu de Artes e Ofícios. Três anos depois, sem abandonar o Liceu, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes, tendo como professores Zeferino da Costa, Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, Victor Meirelles e José Maria de Medeiros.
Prêmio de viagem ao estrangeiro
Em 1890, Eliseu Visconti acompanha o grupo dos "modernos", formado por professores e alunos que se rebelam contra as normas de ensino e abandonam a Academia de Belas Artes para fundar o "Ateliê Livre". Aprovadas as reformas pelo governo republicano, a Academia transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes. Visconti volta a frequentá-la e, após um concurso, recebe em 1892 o primeiro prêmio de viagem ao exterior concedido pela República, viajando no ano seguinte para a França. Aprovado no processo de admissão da École nationale supérieure des beaux-arts, abandona essa conservadora Escola ainda em 1894 e inscreve-se na École normale d'enseignement du dessin (École Guérin), onde foi aluno de Eugène Samuel Grasset, considerado uma das mais destacadas expressões do Art Nouveau. Frequenta também a Academia Julian, tendo como mestres Bouguereau e Ferrier. De temperamento inquieto e espírito aberto às inovações, Visconti mostra, em importantes trabalhos do período de sua formação na França e na America do Sul, influências dos movimentos simbolista, impressionista e art-nouveau. Viaja a Madri para cumprimento de suas tarefas de bolsista, onde realiza cópias de Diego Velázquez, absorvendo soluções para os efeitos de reflexão da luz natural, mais tarde utilizadas em alguns de seus trabalhos. Na capital francesa, expõe consecutivamente nos salões de arte e, após receber Medalha de Prata na Exposição Universal de 1900 por suas obras Oréadas e Gioventù, Visconti regressa ao Brasil. Naquele momento, não foi possível trazer consigo a jovem francesa Louise Palombe, companheira desde 1898 e com quem Visconti ficaria casado pelo resto de sua vida. Louise se tornaria uma figura marcante e inspiradora da obra de Visconti.
Primeira exposição
Em 1901, Visconti organiza sua primeira exposição individual na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Além das telas a óleo trazidas da França, expõe os trabalhos de design, resultado de seu aprendizado com Grasset. Em 1903, leva sua exposição a São Paulo e participa com 16 projetos do concurso de selos postais organizado pela Casa da Moeda. Os projetos de Visconti, com forte influência do art nouveau, vencem o concurso e são publicados com elogios no Brasil e no exterior, inclusive na revista francesa “L’Illustration”. Mas os selos de Visconti jamais seriam impressos, o que causou grande mágoa ao artista. A pioneira incursão de Visconti pelo design incluiu ainda cartazes, cerâmicas, tecidos, papéis de parede, vitrais e luminárias.
Decorador do Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Aquela primeira exposição de Visconti, que teve boa acolhida apenas entre críticos da época, como Gonzaga Duque, seria em parte responsável pelo convite que lhe fez o prefeito Pereira Passos para executar os trabalhos de decoração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, realizados em Paris, em duas etapas. Entre 1905 e 1908 Eliseu Visconti executa o pano de boca, o plafond (teto sobre a plateia) e o friso sobre o palco (proscênio). E entre 1913 e 1916, pinta os painéis do foyer do Theatro, considerados uma obra prima da pintura decorativista no Brasil. Durante esses períodos de permanência na França, no início do século XX, Visconti assimila definitivamente as lições do impressionismo, incorporadas essencialmente às paisagens de Saint Hubert, vilarejo na região de Île-de-France, onde residia a família de Louise.
Professor
Em junho de 1906, Visconti foi eleito para substituir Henrique Bernardelli na primeira cadeira de Pintura da antiga Escola Nacional de Belas Artes, cargo que só veio a assumir no ano seguinte, e no qual permaneceu até 1913, quando pediu exoneração para retornar à Europa e realizar a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre seus discípulos podem ser destacados Henrique Cavalleiro, Marques Júnior, Raimundo Cela, Isolina Machado, Agenor de Barros, João Batista Bordon e Oscar Boeira, entre outros artistas que se afirmariam na cena artística carioca dos anos 1920.
Impressionismo
Após sua volta definitiva ao Brasil, em 1920, outra luminosidade e outras cores exerceriam influência sobre ele, levando-o a criar um impressionismo próprio, retratado em suas paisagens de Teresópolis, cheias de atmosfera luminosa e transparente, de radiosa vibração tropical. Para Mário Pedrosa, o mais renomado crítico de arte do século XX, com as paisagens de Saint Hubert e de Teresópolis, Visconti é o inaugurador da pintura brasileira, o seu marco divisório. E complementa Mário Pedrosa: Nasce uma nova paisagem na pintura do Brasil {...}. Foi pena que o movimento moderno brasileiro, no seu início, não tivesse tido contato com Visconti. Os seus precursores teriam tido muito que aprender com o velho artista, mais experimentado, senhor da técnica da luz, aprendido diretamente na escola do neoimpressionismo.
Outras decorações e medalha de honra
Após 1920, a fluência nas diversas técnicas e a maestria com que administra o uso das cores associado aos efeitos de luz tornam-se uma característica das telas de Visconti. Participa do processo de contínua modernização urbana da cidade do Rio de Janeiro, executando importantes decorações para a Biblioteca Nacional, para o Palácio Tiradentes e para o Palácio Pedro Ernesto.
Em 1922, é agraciado com a Medalha de Honra na Exposição Internacional do Centenário da Independência. Acompanha com interesse os acontecimentos da Semana de Arte Moderna, para a qual não foi convidado. Pietro Maria Bardi comentaria: "Esqueceram o único realmente moderno de sua época, que era Visconti".
Realiza na Galeria Jorge, em 1926, nova exposição de design, reapresentando os trabalhos antigos e expondo agora os selos postais premiados em 1904, bem como o ex-libris e o emblema da Biblioteca Nacional.
De volta ao Teatro Municipal
O alargamento do palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em meados da década de 1930, iria proporcionar a Visconti um retorno às emoções da mocidade. O artista executa um novo friso sobre a boca de cena (friso sobre o proscênio), em perfeita harmonia com as demais decorações. Em 2008, durante a reforma do Teatro Municipal para a festa do seu centenário, foi encontrado por acaso o proscênio primitivo. Ao contrário do que se imaginava, o proscênio primitivo, escondido há mais de setenta anos, foi preservado, afastado do atual e em bom estado de conservação. No mesmo período em que executa o novo friso, entre 1934 e 1936, Visconti leciona no curso de extensão universitária de artes decorativas da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Para Guilherme Cunha Lima, tem início então, com Visconti, o ensino de design no Brasil.
Visconti designer
No Brasil, Eliseu Visconti foi quem trilhou os primeiros passos do desenho aplicado às indústrias e às artes gráficas, atividades hoje que se inserem na denominação "design". Paralelamente à sua produtiva e louvada carreira como pintor, Visconti produziu selos, cartazes, projetos de pratos e de jarros para serem executados em cerâmica, vitrais, marchetaria, luminárias, ex-libris, estamparia de tecidos e papel de parede, dando os primeiros passos para o surgimento de uma profissão décadas mais tarde - o designer.
Morte
Trabalhador incansável e artista de vanguarda, Visconti produziu obra de valor universal, utilizando como instrumental, ao longo de suas diversas fases, técnicas e influências naturalistas, renascentistas, realistas, pontilhistas, impressionistas e neorrealistas. Prosseguiria Eliseu Visconti na busca incansável pelo novo, evoluindo em sua técnica e desconhecendo estágios de decadência. Entretanto, três meses após ser golpeado na cabeça em um assalto ao seu ateliê, falece o artista em 15 de outubro de 1944, aos 78 anos de idade. A atualidade de Visconti permanece, retratada em obras com tal grau de versatilidade que, se colocaram como o mais expressivo representante do impressionismo e como pioneiro do nosso design, revelam sua capital importância dentre os artistas que anteciparam a modernização da arte brasileira.
O Projeto Eliseu Visconti
Iniciado em 2004 com a construção do site oficial do pintor, o Projeto Eliseu Visconti foi criado por Tobias Stourdzé Visconti, neto do artista, com o objetivo de preservar e divulgar a memória da vida e da obra do pintor Eliseu Visconti, além de responsabilizar-se pela guarda e organização de todo acervo documental sobre sua obra. Dentre as diversas atividades cumpridas pelo Projeto, destacam-se a realização de sete exposições sobre a obra de Visconti, a restauração das pinturas de Visconti no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a publicação do livro sobre a vida e a obra do artista e o lançamento do Catálogo Raisonné de Eliseu Visconti.
Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado em 20 de março de 2018.
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Estudo a Obra do Mestre e Cito suas Principais Fases
De modo geral há que distinguir na obra de Eliseu Visconti três fases distintas: aquela em que se observa a influência dos artistas da Renascença, e de modo marcante, a de Botticelli — a que resulta da familiaridade com os retratos italianos e espanhõis dos séculos XVI e XVII — e, finalmente, a fase impressionista com a sua conseqüente evolução: divisionismo e pontilhismo.
Da fase Renascentista há que destacar a “Dança das Oréadas”, tela magistral, premiada com a medalha de prata na Exposição Universal de Paris de 1900; “Juventude”, a obra prima pictórica de intensa e expressiva espiritualidade. À ela poder-se-ia aplicar a célebre frase de Da Vinci – “pintura é coisa mental”. Considero-a, entre todas, a mais representativa da fase Renascentista. Ainda com a inflluência Renscentista citarei “A Providência Divina Guiando Pedro Álvares Cabral” — atualmente faz parte do Museu Ipiranga de S. Paulo; e, finalmente, “Recompensa de S. Sebastião”, premiada com medalha de ouro na Exposição de S. Luiz – Estados Unidos – em 1909 que faz parte do patrimônio do Museu Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro.
Como exemplos da influência dos retratistas italianos e espanhóis dos séculos XVI e XVII, há que assinalar, entre outros, os retratos da escultora Nicolina Vaz de Assis e do crítico de arte Gonzaga Duque. No primeiro, de fato, a disposição da figura na tela, ou seja a sua composição, bem como o colorido, muito se assemelha ao retrato de “Balthazar de Castiglione”, de Rafael, exposto no Louvre; o segundo, apresenta reminiscências técnicas de Velasquez.
Visconti, como é notório, realizou inúmeras cópias de quadros de Velasquez, inclusive a do célebre quadro “Rendição de Breada”, como envio correspondente à sua condição de aluno-pensionista da Escola de Belas Artes. Essa cópia de execução magistral é verdadeiramente notável. Dir-se-ia que o mestre quando nela trabalhava recebia o espirito de Velasquez, consequentemente, é natural que tivesse recebido também essas influências que eu diria mediúnicas.
No seu admirável estudo sobre a obra e a personalidade de Visconti, publicado no “Correio Brasiliense”, diz o desembargador Hugo Auler: “Visconti criou o seu impressionismo, sua técnica e estilos próprios para expressar suas belas criações pictóricas”. Certo, certíssimo. Porque na verdade o mestre não se limitou a transpor para a tela, literalmente, a fórmula impressionista, se não, a condicionar ou adaptar essa fórmula ao seu temperamento sensível de artista, dando à ela uma característica própria, individual. Assim fizeram também os grandes artista como Besnard, Segantini, o belga Rysselberghe e tantos outros.
Baseado na técnica impressionista — compreendido ai o pontilhismo e o divisionismo — há que destacar inúmeros trabalhos, dentre os quais avulta a magistral decoração do Teatro Municipal do Rio, a qual abrange o “foyer” o “plafond” e a rotunda — exceção do Pano de Boca em que o mestre empregou técnica diferente. Essa obra verdadeiramente genial, única no seu gênero na América Latina, representa o resultado das experiências que o mestre vinha realizando, há muito tempo, para empreender essa concepção de arte, baseada no pontilhismo e no divisionismo.
A partir de 1910, depois de realizada essa grande obra, vemos Visconti executando várias telas de cavalete, entre as quais “Maternidade”, trabalho marcante de sua fase pré-impressionista, pertencente à Pinacoteca do Estado de S. Paulo, e vários retratos, paisagens e estudos, hoje, dispersos em coleções particulares; sem esquecer também a série de paisagens executadas em Teresópolis, onde estudou as vibrações da luz e da atmosfera.
Embora essa nova técnica e suas modalidades (nova para nós) tenha sido matéria já superada na Europa, no seu tempo, todavia não invalida a influência marcante que Visconti exerceu no meio artístico brasileiro, trazendo essa nova concepção de arte, pois, a bem dizer, nada tínhamos a não ser processos acadêmicos.
Rompendo com esses processos, Visconti preparava o grande advento da arte moderna no Brasil, da qual foi de fato o precursor.
No catálogo da primeira exposição realizada no Museu de Belas Artes, após sua morte, encontrei essa passagem apócrifa, que passo a transcrever: “ A obra e a vida de Eliseu d’ Angelo Visconti constituem para a arte brasileira um fonte perene de ensinamentos onde os artistas encontrarão sempre os mais belos exemplos de honestidade profissional aliados a um dos mais brilhantes temperamentos de artista de que se orgulha nosso País”.
Henrique Campos Cavalleiro, em agosto de 1975.
Fonte: Instituto Eliseu Visconti, consultado pela última vez em 20 de março de 2018.
Eliseu d'Angelo Visconti (Santa Caterina, Salerno, Itália, 30 de julho de 1866 — Rio de Janeiro, RJ, 15 de outubro de 1944) foi um pintor, desenhista, designer e professor ítalo-brasileiro ativo entre os séculos XIX e XX. É considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período, o mais expressivo representante da pintura impressionista e um pioneiro do design no Brasil.
Biografia Itaú Cultural
Vem com a família para o Rio de Janeiro, entre 1873 e 1875, e, em 1883, passa a estudar no Liceu de Artes e Ofícios, com Victor Meirelles (1832-1903) e Estêvão Silva (ca.1844-1891). No ano seguinte, sem deixar o Liceu, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), tendo como professores Zeferino da Costa (1840-1915), Rodolfo Amoedo (1857-1941), Henrique Bernardelli (1858-1936), Victor Meirelles e José Maria de Medeiros (1849-1925). Em 1888, abandona a Aiba para integrar o Ateliê Livre, que tem por objetivo atualizar o ensino tradicional. Com as mudanças ocorridas com a Proclamação da República, a Aiba transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Visconti volta a frequentá-la e recebe, em 1892, o prêmio de viagem ao exterior. Vai à Paris e ingressa na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts [Escola Nacional e Especial de Belas Artes]; cursa arte decorativa na École Guérin, com Eugène Samuel Grasset (ca.1841-1917), um dos introdutores do art nouveau na França. Viaja à Madri, onde realiza cópias de Diego Velázquez (1599-1660), no Museo del Prado [Museu do Prado], e à Itália, onde estuda a pintura florentina. Em 1900, regressa ao Brasil e, no ano seguinte, expõe pela primeira vez na Enba. Executa o ex-libris para a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e vence o concurso para selos postais e cartas-bilhetes, em 1904. Em 1905 é convidado pelo prefeito da cidade, engenheiro Pereira Passos, para realizar painéis para a decoração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre 1908 e 1913, é professor de pintura na Enba, cargo a que renuncia por descontentamento com as normas do ensino. Retorna à Europa para realizar também, entre 1913 e 1916, a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e só se fixa definitivamente no Brasil em 1920. Segundo alguns estudiosos, é considerado um praticante do art nouveau e do desenho industrial e gráfico no Brasil, com obras em cerâmica, tecidos e luminárias.
Análise
Eliseu Visconti, frequenta, em 1883, o Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro; estuda depois na Aiba. Em 1888, estuda no Ateliê Livre, em protesto ao ensino tradicional da Aiba e estruturado nos moldes da Académie Julian, de Paris.
Com a República, modifica-se a direção da Aiba, que passa a se chamar Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Eliseu Visconti volta a frequentar a instituição e com o restabelecimento do prêmio de viagem ao exterior, é o primeiro aluno a recebê-lo, em 1892. Aperfeiçoa-se em Paris na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts. Estuda também arte decorativa na École Guérin, com Eugène Samuel Grasset, de onde provém seu interesse pelo movimento art nouveau. O contato com as obras de mestres italianos do Renascimento, especialmente Sandro Botticelli (ca.1444 - 1510) e com o simbolismo, se traduz em sua pintura principalmente pela linearidade das figuras, como em Giuventú (1898) e A Dança das Oréades (1899), premiadas na Exposição Internacional de Paris, em 1900, ano em que regressa ao Brasil.
Vivendo um momento de modernização da arte no Brasil, sua obra abre-se às principais tendências internacionais do fim do século XIX e início do século XX. Busca estreitar as relações entre arte e indústria e realiza no Rio de Janeiro, em 1901, uma exposição individual que inclui seus projetos para objetos em ferro, cerâmica, marchetaria, vitrais, estamparia de tecidos e papel de parede. A partir de 1903 alterna períodos na França e no Brasil. Em 1904 executa o ex-libris para a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e vence um concurso para selos postais e cartas-bilhetes. Em 1905, realiza o retrato da escultora Nicolina Vaz de Assis (1874 - 1941), um de seus trabalhos mais representativos no gênero, no qual procura ressaltar a elegância e a dignidade da figura. No mesmo ano, é convidado pelo prefeito do Rio de Janeiro, engenheiro Pereira Passos, para executar a decoração (pano de boca, painel decorativo circular do plafond e friso sobre o proscênio) do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Revela grande influência do impressionismo e passa a utilizar cores mais claras e luminosas. O pano de boca do teatro é uma de suas obras mais alegóricas, de caráter levemente simbolista. Relativo ao progresso das artes e da civilização, ele apresenta uma reunião de homens célebres: artistas, músicos e poetas de várias épocas, estrangeiros e brasileiros, em cortejo que tem como figura principal o compositor Carlos Gomes (1836 - 1896). Além desses personagens, há figuras femininas que dançam envoltas em panejamentos esvoaçantes, em fundo de azuis e rosas, realizado com pinceladas leves.
Os modelos para seus quadros, em grande parte, passam a ser sua mulher, Louise Visconti (1882 - 1954), e seus filhos. O artista começa a destacar-se por suas qualidades de colorista. Em Maternidade (1906), elas podem ser vistas no azul da saia de seda da mulher, com reflexos prateados, e no branco da blusa e do chapéu. Para o crítico de arte Mário Pedrosa (1900 - 1981) o contraste das cores e a beleza das texturas dos panos são os assuntos principais da tela. É uma obra que resulta das pesquisas realizadas em contato direto com a natureza, como os estudos de paisagem que faz do jardim de Luxemburgo, em Paris. É nomeado em 1906, ainda na França, professor da cadeira de pintura da Enba, cargo que ocupa de 1908 a 1913. Nesse período, seu trabalho aproxima-se do pontilhismo, como por exemplo, em A Rosa (1909). Em O Retrato de Gonzaga Duque (1908/1910), pinta o maior crítico de arte do período, de modo realista, com uma bem-composta superposição de tons castanhos em fundo escuro.
Em 1913, volta à França para fazer a decoração do foyer do Theatro Municipal, composto de três painéis: Música, Inspiração Poética e Inspiração Musical, nos quais mostra figuras etéreas, vaporosas, em fundo de tons suaves e indefinidos, criando uma atmosfera de sonho. Em 1920, regressa definitivamente ao Brasil. Pinta inúmeras paisagens, como Cura de Sol (1920), cujo cenário é sua pequena propriedade em St. Hubert, nos arredores de Paris. Em Moça no Trigal (s.d.) apresenta uma delicadeza de tons e meias-tintas, "dourados, amarelos, com ligeiras curvas descendentes para os graves roxos e sem remontar aos verdes".1 Considerado pela crítica um renovador da pintura de paisagem no Brasil, anos depois, pinta paisagens de Teresópolis, Rio de Janeiro, como Quaresmas (1942) ou Roupa Estendida (1944), nas quais procura captar o vapor atmosférico da serra, com grande preocupação com a cor e a luz. Para a estudiosa Maria José Sanches, Visconti apresenta a manifestação da luminosidade brasileira, sem deixar de vincular-se à técnica impressionista.
Eliseu Visconti realiza muitos auto-retratos. Mais sóbrios no começo do século, são trabalhados com cores claras e vibrantes e pinceladas largas, no decorrer das décadas de 1930 e 1940. Em vários deles, representa-se como pintor, segurando a paleta ou os pincéis, como em Ilusões Perdidas (1933). Artista eclético, dedica-se com liberdade à sua produção artística, na qual dialoga com tendências contemporâneas como o art nouveau, o simbolismo, o pontilhismo e o impressionismo, buscando a atualização da arte no país.
Críticas
"Com Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, J. Medeiros e Zeferino da Costa, aprendeu um ofício - o ofício do pintor. Mas foi consigo mesmo, passando na Europa por um estágio útil de observação dos mestres, principalmente dos venezianos, que aprendeu algo mais sério e mais profundo que é a pintura propriamente dita, a pintura que nos deu na madureza e que vale independentemente da influência que possam ter os nossos sentidos os temas que representa. Não se contentou em pintar por moldes ou imitar o já feito. Criou. Plasmou um estilo. Firmou uma personalidade. E por isso, porque ultrapassou os limites do ofício, é ele o grande pintor que é. Alguém já afirmou que a decadência da pintura começa quando da necessidade de criar se passa, insensivelmente, ao desejo de imitar. Esse estado de decadência nunca o encontrareis em Eliseu Visconti. Ainda um dia destes, em uma casa comercial nas imediações da Avenida, vi exposta uma paisagem sua, de 1891, de quando era ainda aluno da Escola. Que promissora personalidade revelava já a esse tempo, na adolescência! A Escola de Belas Artes era então, como de certo modo continua sendo, um simples prolongamento, com outro rótulo, dos métodos de ensino da Academia Imperial, malgrado a aparente renovação de quadros promovida pela República. Eliseu Visconti vinha da Academia e, evidentemente, numa obra desse tempo tem de ser latentes as influências limitadoras. Na paisagem a que me refiro, falta ainda o sentido do ar livre, da luz luminosa, da cor liberta da tirania dos terras. Ide porém olhá-la, senhoras e senhores, para que possais aquilatar por vós mesmos, comparando-a com o que tem feito depois no Brasil, da força que ela nos mostra do grande pintor que surgia! Eliseu Visconti podia ter parado aí, variando apenas os temas, e teria feito tanto quanto fez a maioria dos seus contemporâneos. Sua personalidade, porém, era argamassa na insatisfação, no movimento, na evolução. Não pararia nunca. Ele repetia sempre, a discípulos e amigos, que Arte é movimento e que ao artista, eterno insatisfeito, como à vida, só a morte poderá deter. E só ela, com efeito, o deteve".
Frederico Barata (Eliseu Visconti e seu tempo. Rio de Janeiro: Zelio Valverde, 1944. p. 192-194)
"Visconti foi o mais importante artista do primeiro terço do século no país não só porque sabia pintar, mas porque pintava, apesar de tudo, uma coisa nova. Não se tratava, no caso dele, de conservar resíduos de neoclassicismo ou do academismo alegórico. Sempre vibrou uníssono com problemas de seu tempo, malgrado fosse geracionalmente tardio (...) para ter sido artista de vanguarda. Assim não se intelectualizou nem se radicalizou. Mas no conceito de intimidade que infundia na sua noção de arte foi vivo e se transformou, criou um mundo delicioso de cor tênue (...)".
Mário Barata (AYALA, Walmir (Org. ); CAVALCANTI, Carlos (Org. ). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Brasília: MEC: INL, 1973.)
"Visconti será a figura exponencial do surgimento da pintura moderna no país, que a partir dele não cessará de enriquecer-se com os frutos dos movimentos constantes de renovação que se irão apresentando no tumulto cultural dos grandes centros europeus. Introduzindo, finalmente, o impressionismo e o divisionismo na pintura brasileira, Visconti é o precursor dessa atualização que irá se processando até Anita Malfatti; com sua exposição de 1917 e, em seguida, radicalizada pela Semana de Arte Moderna em São Paulo (1922). O que significa a atuação de Visconti em nosso movimento modernista surge, inestimável, nesta nova declaração sua, que deixa a descoberto toda sua objetividade artística: ´O espírito quer renovação e é a própria natureza que nos impele a esse movimento universal. Nela nada está parado´".
Quirino Campofiorito (História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.)
"O impressionismo é a revelação de sua verdadeira personalidade; a palheta aproxima-se da pureza do prisma solar, e ele pode, então, entregar-se aos cantos de tenor de seu colorido. Dificilmente distingue entre acessórios e principal, entre fundos e personagens. As próprias decorações do Municipal (teto e foyer) só em parte se defendem, e isso mesmo apenas pela leveza dos tons, a vibração cromática da fatura dividida, a melodia (a nosso gosto adocicado demais) dos rosas e azuis, no meio dos quais as figuras, plasticamente pobres, esvoaçam, perdidas, sem destaques nem privilégios. Mesmo depois desse negócio íntimo, com a sensação e a improvisação impressionista, e quando ainda mitiga o processo divisionista, limitando-o ora a fundos ora a determinadas figuras isoladas (Crisálida), o colorista não desarma. Em St. Hubert, onde a individualidade do pintor se acentua até atingir os contornos precisos da fase final brasileira das paisagens de Teresópolis, ele não resiste aos encantos de uma melopéia tonal que flui do verde ao amarelo e do vermelho ao roxo, sem tropeços (Outono, St. Hubert). A atmosfera doce, medida da Ilha de França, o embala. A seqüência tonal é melódica, correntia, mal interrompida por sincopados em vermelho. O artista é empolgado pelos problemas puramente pictóricos e colorísticos: a delicadeza dos tons e das meias-tintas, dourados, amarelos, com ligeiras curvas descendentes para os graves roxos e sem remontar aos verdes (Trigal). E, Flores de Rua, St. Hubert, com as suas pinceladas curtas, as figurinhas que brincam na calçada, que são? Manchas, tons, flores, como as que pendem dos galhos e se inclinam sobre muros. Mais tarde, no Brasil, sob a luz tropical ainda indomada na nossa pintura, Visconti é um conquistador de atmosfera. E aquela ciência da luz e do colorido que aprendeu em França vai servi-lo agora para dominar o vapor atmosférico. Será esta a grande contribuição".
Mário Pedrosa (Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III. São Paulo: Edusp, 1998. p. 128.)
Depoimento Eliseu Visconti
"Sou presentista. A arte não pode parar. Modifica-se permanentemente. Agrada agora o que antes era detestado. Isto é evolução e não é possível fugir aos seus efeitos. O homem não para. Vai sempre adiante. Os futuristas, os cubistas são todos expressões respeitáveis, artistas que tateiam, procurando alguma coisa que ainda não alcançaram. Eles agitam, sacodem, renovam. São dignos, por conseguinte, de toda admiração".
Eliseu Visconti (Impressionismo Viscontiniano. 1982. 139p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, São Paulo, 1982. p.14.)
Exposições Individuais
1901 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1903 - São Paulo SP - Individual, no Salão Nobre do Banco Construtor e Agrícola
1905 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Esboço da Obra do Pano de Boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na Casa Vieitas
1908 - Paris (França) - Exposição de Parte da Obra do Pano de Boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no Ateliê de Puvis de Chavannes
1910 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Casa Vieitas
1920 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Jorge
1926 - Rio de Janeiro - Retrospectiva, na Galeria Jorge
Exposições Coletivas
1888 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - medalha de prata
1889 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Atelier Livre, em um sobrado localizado na Rua do Ouvidor
1890 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa
1893 - Chicago (Estados Unidos) - Exposição Internacional Colombiana
1893 - Paris (França) - Salão de Paris
1894 - Paris (França) - Salão de Paris
1894 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de segunda classe
1895 - Paris (França) - Salão de Paris
1896 - Munique (Alemanha) - Salão de Munique
1896 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1897 - Paris (França) - Salão de Paris
1897 - Rio de Janeiro RJ - 4ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de 1ª classe
1898 - Paris (França) - Salão de Paris
1898 - Rio de Janeiro RJ - 5ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1899 - Paris (França) - Salão de Paris
1900 - Paris (França) - Exposição Universal de Paris - medalha de prata
1900 - Paris (França) - Pedro Weingartner, Pedro Américo e Eliseu Visconti
1900 - Paris (França) - Salão de Paris
1900 - Saint Louis (Estados Unidos) - Exposição Nacional de Saint Louis
1902 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1903 - Rio de Janeiro RJ - 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Aquarelistas
1904 - Saint Louis (Estados Unidos) - Exposição de Saint-Louis
1905 - Paris (França) - Salão de Paris
1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1906 - Paris (França) - Salão de Paris
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Chicago (Estados Unidos) - Exposição de Chicago - medalha de ouro
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Rio de Janeiro RJ - 17ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Santiago (Chile) - Exposición Internacional de Bellas Artes
1911 - Rio de Janeiro RJ - 18ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1911 - São Paulo SP - Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de honra
1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência - medalha de honra
1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1933 - Pittsburg (Estados Unidos) - Exposição de Pittsburg
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, na Enba
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - Pittsburgh (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting, no Carnegie Institute
1935 - Rio de Janeiro RJ - 41º Salão Nacional de Belas Artes, na Enba
1936 - Cleveland (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting, no Toledo Museum of Art
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência
1936 - Toledo (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - São Paulo SP - Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
Exposições Póstumas
1945 - Rio de Janeiro RJ - 51º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1945 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1949 - Rio de Janeiro RJ - Eliseu Visconti: retrospectiva , no MNBA
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Mar
1961 - Rio de Janeiro RJ - O Rio na Pintura Brasileira, na Biblioteca Estadual da Guanabara
1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1967 - São Paulo SP - Gomide, Osir e Visconti, na Art Galeria
1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970, na Pinacoteca do Estado
1972 - São Paulo SP - A Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1976 - São Paulo SP - O Retrato na Coleção da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado
1977 - Rio de Janeiro RJ - Aspectos da Paisagem Brasileira: 1816-1916, no MNBA
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Arte Global
1978 - Belo Horizonte MG - Individual, no Palácio das Artes
1978 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1978 - Brasília DF - Individual, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1978 - Olinda PE - Individual, no Museu de Arte Sacra
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Rio de Janeiro RJ - Eliseu Visconti e a Arte Decorativa, no Solar Grandjean de Montigny
1982 - São Paulo SP - 80 Anos da Arte Brasileira, no MAB/Faap
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, no MAM/SP
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Rio de Janeiro RJ - O Rio de Janeiro de Machado de Assis, no CCBB
1991 - São Paulo SP - O Desejo na Academia: 1847-1916, na Pinacoteca do Estado
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Rio de Janeiro RJ - Comemorativa dos 50 anos de morte do pintor, no MNBA
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1997 - Rio de Janeiro RJ - Ar: exposição de artes plásticas, brinquedos, objetos e maquetes, no Paço Imperial
1999 - Rio de Janeiro RJ - Acervo do Solar Grandjean de Montigny, no Solar Grandjean de Montigny
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, no Margs
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, no Margs
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Eliseu Visconti - estudos do corpo, na Pinacoteca do Estado
2000 - São Paulo SP - O Café, no Banco Real
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB/Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural
Fonte: ELISEU Visconti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Mar. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Nascido na comuna de Giffoni Valle Piana, província de Salerno, na região italiana da Campânia, imigra em 1873 com sua irmã Marianella para o Brasil, indo diretamente para a fazenda de propriedade de Luís de Sousa Breves, o barão de Guararema, em Além Paraíba. A profunda afeição da Baronesa pelo pequeno Eliseu coloca-o ainda jovem estudando no Rio de Janeiro. Após um frustrado início na música, ingressa em 1882 no Liceu de Artes e Ofícios. Três anos depois, sem abandonar o Liceu, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes, tendo como professores Zeferino da Costa, Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, Victor Meirelles e José Maria de Medeiros.
Prêmio de viagem ao estrangeiro
Em 1890, Eliseu Visconti acompanha o grupo dos "modernos", formado por professores e alunos que se rebelam contra as normas de ensino e abandonam a Academia de Belas Artes para fundar o "Ateliê Livre". Aprovadas as reformas pelo governo republicano, a Academia transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes. Visconti volta a frequentá-la e, após um concurso, recebe em 1892 o primeiro prêmio de viagem ao exterior concedido pela República, viajando no ano seguinte para a França. Aprovado no processo de admissão da École nationale supérieure des beaux-arts, abandona essa conservadora Escola ainda em 1894 e inscreve-se na École normale d'enseignement du dessin (École Guérin), onde foi aluno de Eugène Samuel Grasset, considerado uma das mais destacadas expressões do Art Nouveau. Frequenta também a Academia Julian, tendo como mestres Bouguereau e Ferrier. De temperamento inquieto e espírito aberto às inovações, Visconti mostra, em importantes trabalhos do período de sua formação na França e na America do Sul, influências dos movimentos simbolista, impressionista e art-nouveau. Viaja a Madri para cumprimento de suas tarefas de bolsista, onde realiza cópias de Diego Velázquez, absorvendo soluções para os efeitos de reflexão da luz natural, mais tarde utilizadas em alguns de seus trabalhos. Na capital francesa, expõe consecutivamente nos salões de arte e, após receber Medalha de Prata na Exposição Universal de 1900 por suas obras Oréadas e Gioventù, Visconti regressa ao Brasil. Naquele momento, não foi possível trazer consigo a jovem francesa Louise Palombe, companheira desde 1898 e com quem Visconti ficaria casado pelo resto de sua vida. Louise se tornaria uma figura marcante e inspiradora da obra de Visconti.
Primeira exposição
Em 1901, Visconti organiza sua primeira exposição individual na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Além das telas a óleo trazidas da França, expõe os trabalhos de design, resultado de seu aprendizado com Grasset. Em 1903, leva sua exposição a São Paulo e participa com 16 projetos do concurso de selos postais organizado pela Casa da Moeda. Os projetos de Visconti, com forte influência do art nouveau, vencem o concurso e são publicados com elogios no Brasil e no exterior, inclusive na revista francesa “L’Illustration”. Mas os selos de Visconti jamais seriam impressos, o que causou grande mágoa ao artista. A pioneira incursão de Visconti pelo design incluiu ainda cartazes, cerâmicas, tecidos, papéis de parede, vitrais e luminárias.
Decorador do Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Aquela primeira exposição de Visconti, que teve boa acolhida apenas entre críticos da época, como Gonzaga Duque, seria em parte responsável pelo convite que lhe fez o prefeito Pereira Passos para executar os trabalhos de decoração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, realizados em Paris, em duas etapas. Entre 1905 e 1908 Eliseu Visconti executa o pano de boca, o plafond (teto sobre a plateia) e o friso sobre o palco (proscênio). E entre 1913 e 1916, pinta os painéis do foyer do Theatro, considerados uma obra prima da pintura decorativista no Brasil. Durante esses períodos de permanência na França, no início do século XX, Visconti assimila definitivamente as lições do impressionismo, incorporadas essencialmente às paisagens de Saint Hubert, vilarejo na região de Île-de-France, onde residia a família de Louise.
Professor
Em junho de 1906, Visconti foi eleito para substituir Henrique Bernardelli na primeira cadeira de Pintura da antiga Escola Nacional de Belas Artes, cargo que só veio a assumir no ano seguinte, e no qual permaneceu até 1913, quando pediu exoneração para retornar à Europa e realizar a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre seus discípulos podem ser destacados Henrique Cavalleiro, Marques Júnior, Raimundo Cela, Isolina Machado, Agenor de Barros, João Batista Bordon e Oscar Boeira, entre outros artistas que se afirmariam na cena artística carioca dos anos 1920.
Impressionismo
Após sua volta definitiva ao Brasil, em 1920, outra luminosidade e outras cores exerceriam influência sobre ele, levando-o a criar um impressionismo próprio, retratado em suas paisagens de Teresópolis, cheias de atmosfera luminosa e transparente, de radiosa vibração tropical. Para Mário Pedrosa, o mais renomado crítico de arte do século XX, com as paisagens de Saint Hubert e de Teresópolis, Visconti é o inaugurador da pintura brasileira, o seu marco divisório. E complementa Mário Pedrosa: Nasce uma nova paisagem na pintura do Brasil {...}. Foi pena que o movimento moderno brasileiro, no seu início, não tivesse tido contato com Visconti. Os seus precursores teriam tido muito que aprender com o velho artista, mais experimentado, senhor da técnica da luz, aprendido diretamente na escola do neoimpressionismo.
Outras decorações e medalha de honra
Após 1920, a fluência nas diversas técnicas e a maestria com que administra o uso das cores associado aos efeitos de luz tornam-se uma característica das telas de Visconti. Participa do processo de contínua modernização urbana da cidade do Rio de Janeiro, executando importantes decorações para a Biblioteca Nacional, para o Palácio Tiradentes e para o Palácio Pedro Ernesto.
Em 1922, é agraciado com a Medalha de Honra na Exposição Internacional do Centenário da Independência. Acompanha com interesse os acontecimentos da Semana de Arte Moderna, para a qual não foi convidado. Pietro Maria Bardi comentaria: "Esqueceram o único realmente moderno de sua época, que era Visconti".
Realiza na Galeria Jorge, em 1926, nova exposição de design, reapresentando os trabalhos antigos e expondo agora os selos postais premiados em 1904, bem como o ex-libris e o emblema da Biblioteca Nacional.
De volta ao Teatro Municipal
O alargamento do palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em meados da década de 1930, iria proporcionar a Visconti um retorno às emoções da mocidade. O artista executa um novo friso sobre a boca de cena (friso sobre o proscênio), em perfeita harmonia com as demais decorações. Em 2008, durante a reforma do Teatro Municipal para a festa do seu centenário, foi encontrado por acaso o proscênio primitivo. Ao contrário do que se imaginava, o proscênio primitivo, escondido há mais de setenta anos, foi preservado, afastado do atual e em bom estado de conservação. No mesmo período em que executa o novo friso, entre 1934 e 1936, Visconti leciona no curso de extensão universitária de artes decorativas da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Para Guilherme Cunha Lima, tem início então, com Visconti, o ensino de design no Brasil.
Visconti designer
No Brasil, Eliseu Visconti foi quem trilhou os primeiros passos do desenho aplicado às indústrias e às artes gráficas, atividades hoje que se inserem na denominação "design". Paralelamente à sua produtiva e louvada carreira como pintor, Visconti produziu selos, cartazes, projetos de pratos e de jarros para serem executados em cerâmica, vitrais, marchetaria, luminárias, ex-libris, estamparia de tecidos e papel de parede, dando os primeiros passos para o surgimento de uma profissão décadas mais tarde - o designer.
Morte
Trabalhador incansável e artista de vanguarda, Visconti produziu obra de valor universal, utilizando como instrumental, ao longo de suas diversas fases, técnicas e influências naturalistas, renascentistas, realistas, pontilhistas, impressionistas e neorrealistas. Prosseguiria Eliseu Visconti na busca incansável pelo novo, evoluindo em sua técnica e desconhecendo estágios de decadência. Entretanto, três meses após ser golpeado na cabeça em um assalto ao seu ateliê, falece o artista em 15 de outubro de 1944, aos 78 anos de idade. A atualidade de Visconti permanece, retratada em obras com tal grau de versatilidade que, se colocaram como o mais expressivo representante do impressionismo e como pioneiro do nosso design, revelam sua capital importância dentre os artistas que anteciparam a modernização da arte brasileira.
O Projeto Eliseu Visconti
Iniciado em 2004 com a construção do site oficial do pintor, o Projeto Eliseu Visconti foi criado por Tobias Stourdzé Visconti, neto do artista, com o objetivo de preservar e divulgar a memória da vida e da obra do pintor Eliseu Visconti, além de responsabilizar-se pela guarda e organização de todo acervo documental sobre sua obra. Dentre as diversas atividades cumpridas pelo Projeto, destacam-se a realização de sete exposições sobre a obra de Visconti, a restauração das pinturas de Visconti no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a publicação do livro sobre a vida e a obra do artista e o lançamento do Catálogo Raisonné de Eliseu Visconti.
Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado em 20 de março de 2018.
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Estudo a Obra do Mestre e Cito suas Principais Fases
De modo geral há que distinguir na obra de Eliseu Visconti três fases distintas: aquela em que se observa a influência dos artistas da Renascença, e de modo marcante, a de Botticelli — a que resulta da familiaridade com os retratos italianos e espanhõis dos séculos XVI e XVII — e, finalmente, a fase impressionista com a sua conseqüente evolução: divisionismo e pontilhismo.
Da fase Renascentista há que destacar a “Dança das Oréadas”, tela magistral, premiada com a medalha de prata na Exposição Universal de Paris de 1900; “Juventude”, a obra prima pictórica de intensa e expressiva espiritualidade. À ela poder-se-ia aplicar a célebre frase de Da Vinci – “pintura é coisa mental”. Considero-a, entre todas, a mais representativa da fase Renascentista. Ainda com a inflluência Renscentista citarei “A Providência Divina Guiando Pedro Álvares Cabral” — atualmente faz parte do Museu Ipiranga de S. Paulo; e, finalmente, “Recompensa de S. Sebastião”, premiada com medalha de ouro na Exposição de S. Luiz – Estados Unidos – em 1909 que faz parte do patrimônio do Museu Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro.
Como exemplos da influência dos retratistas italianos e espanhóis dos séculos XVI e XVII, há que assinalar, entre outros, os retratos da escultora Nicolina Vaz de Assis e do crítico de arte Gonzaga Duque. No primeiro, de fato, a disposição da figura na tela, ou seja a sua composição, bem como o colorido, muito se assemelha ao retrato de “Balthazar de Castiglione”, de Rafael, exposto no Louvre; o segundo, apresenta reminiscências técnicas de Velasquez.
Visconti, como é notório, realizou inúmeras cópias de quadros de Velasquez, inclusive a do célebre quadro “Rendição de Breada”, como envio correspondente à sua condição de aluno-pensionista da Escola de Belas Artes. Essa cópia de execução magistral é verdadeiramente notável. Dir-se-ia que o mestre quando nela trabalhava recebia o espirito de Velasquez, consequentemente, é natural que tivesse recebido também essas influências que eu diria mediúnicas.
No seu admirável estudo sobre a obra e a personalidade de Visconti, publicado no “Correio Brasiliense”, diz o desembargador Hugo Auler: “Visconti criou o seu impressionismo, sua técnica e estilos próprios para expressar suas belas criações pictóricas”. Certo, certíssimo. Porque na verdade o mestre não se limitou a transpor para a tela, literalmente, a fórmula impressionista, se não, a condicionar ou adaptar essa fórmula ao seu temperamento sensível de artista, dando à ela uma característica própria, individual. Assim fizeram também os grandes artista como Besnard, Segantini, o belga Rysselberghe e tantos outros.
Baseado na técnica impressionista — compreendido ai o pontilhismo e o divisionismo — há que destacar inúmeros trabalhos, dentre os quais avulta a magistral decoração do Teatro Municipal do Rio, a qual abrange o “foyer” o “plafond” e a rotunda — exceção do Pano de Boca em que o mestre empregou técnica diferente. Essa obra verdadeiramente genial, única no seu gênero na América Latina, representa o resultado das experiências que o mestre vinha realizando, há muito tempo, para empreender essa concepção de arte, baseada no pontilhismo e no divisionismo.
A partir de 1910, depois de realizada essa grande obra, vemos Visconti executando várias telas de cavalete, entre as quais “Maternidade”, trabalho marcante de sua fase pré-impressionista, pertencente à Pinacoteca do Estado de S. Paulo, e vários retratos, paisagens e estudos, hoje, dispersos em coleções particulares; sem esquecer também a série de paisagens executadas em Teresópolis, onde estudou as vibrações da luz e da atmosfera.
Embora essa nova técnica e suas modalidades (nova para nós) tenha sido matéria já superada na Europa, no seu tempo, todavia não invalida a influência marcante que Visconti exerceu no meio artístico brasileiro, trazendo essa nova concepção de arte, pois, a bem dizer, nada tínhamos a não ser processos acadêmicos.
Rompendo com esses processos, Visconti preparava o grande advento da arte moderna no Brasil, da qual foi de fato o precursor.
No catálogo da primeira exposição realizada no Museu de Belas Artes, após sua morte, encontrei essa passagem apócrifa, que passo a transcrever: “ A obra e a vida de Eliseu d’ Angelo Visconti constituem para a arte brasileira um fonte perene de ensinamentos onde os artistas encontrarão sempre os mais belos exemplos de honestidade profissional aliados a um dos mais brilhantes temperamentos de artista de que se orgulha nosso País”.
Henrique Campos Cavalleiro, em agosto de 1975.
Fonte: Instituto Eliseu Visconti, consultado pela última vez em 20 de março de 2018.
Eliseu d'Angelo Visconti (Santa Caterina, Salerno, Itália, 30 de julho de 1866 — Rio de Janeiro, RJ, 15 de outubro de 1944) foi um pintor, desenhista, designer e professor ítalo-brasileiro ativo entre os séculos XIX e XX. É considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período, o mais expressivo representante da pintura impressionista e um pioneiro do design no Brasil.
Biografia Itaú Cultural
Vem com a família para o Rio de Janeiro, entre 1873 e 1875, e, em 1883, passa a estudar no Liceu de Artes e Ofícios, com Victor Meirelles (1832-1903) e Estêvão Silva (ca.1844-1891). No ano seguinte, sem deixar o Liceu, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), tendo como professores Zeferino da Costa (1840-1915), Rodolfo Amoedo (1857-1941), Henrique Bernardelli (1858-1936), Victor Meirelles e José Maria de Medeiros (1849-1925). Em 1888, abandona a Aiba para integrar o Ateliê Livre, que tem por objetivo atualizar o ensino tradicional. Com as mudanças ocorridas com a Proclamação da República, a Aiba transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Visconti volta a frequentá-la e recebe, em 1892, o prêmio de viagem ao exterior. Vai à Paris e ingressa na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts [Escola Nacional e Especial de Belas Artes]; cursa arte decorativa na École Guérin, com Eugène Samuel Grasset (ca.1841-1917), um dos introdutores do art nouveau na França. Viaja à Madri, onde realiza cópias de Diego Velázquez (1599-1660), no Museo del Prado [Museu do Prado], e à Itália, onde estuda a pintura florentina. Em 1900, regressa ao Brasil e, no ano seguinte, expõe pela primeira vez na Enba. Executa o ex-libris para a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e vence o concurso para selos postais e cartas-bilhetes, em 1904. Em 1905 é convidado pelo prefeito da cidade, engenheiro Pereira Passos, para realizar painéis para a decoração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre 1908 e 1913, é professor de pintura na Enba, cargo a que renuncia por descontentamento com as normas do ensino. Retorna à Europa para realizar também, entre 1913 e 1916, a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e só se fixa definitivamente no Brasil em 1920. Segundo alguns estudiosos, é considerado um praticante do art nouveau e do desenho industrial e gráfico no Brasil, com obras em cerâmica, tecidos e luminárias.
Análise
Eliseu Visconti, frequenta, em 1883, o Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro; estuda depois na Aiba. Em 1888, estuda no Ateliê Livre, em protesto ao ensino tradicional da Aiba e estruturado nos moldes da Académie Julian, de Paris.
Com a República, modifica-se a direção da Aiba, que passa a se chamar Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Eliseu Visconti volta a frequentar a instituição e com o restabelecimento do prêmio de viagem ao exterior, é o primeiro aluno a recebê-lo, em 1892. Aperfeiçoa-se em Paris na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts. Estuda também arte decorativa na École Guérin, com Eugène Samuel Grasset, de onde provém seu interesse pelo movimento art nouveau. O contato com as obras de mestres italianos do Renascimento, especialmente Sandro Botticelli (ca.1444 - 1510) e com o simbolismo, se traduz em sua pintura principalmente pela linearidade das figuras, como em Giuventú (1898) e A Dança das Oréades (1899), premiadas na Exposição Internacional de Paris, em 1900, ano em que regressa ao Brasil.
Vivendo um momento de modernização da arte no Brasil, sua obra abre-se às principais tendências internacionais do fim do século XIX e início do século XX. Busca estreitar as relações entre arte e indústria e realiza no Rio de Janeiro, em 1901, uma exposição individual que inclui seus projetos para objetos em ferro, cerâmica, marchetaria, vitrais, estamparia de tecidos e papel de parede. A partir de 1903 alterna períodos na França e no Brasil. Em 1904 executa o ex-libris para a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e vence um concurso para selos postais e cartas-bilhetes. Em 1905, realiza o retrato da escultora Nicolina Vaz de Assis (1874 - 1941), um de seus trabalhos mais representativos no gênero, no qual procura ressaltar a elegância e a dignidade da figura. No mesmo ano, é convidado pelo prefeito do Rio de Janeiro, engenheiro Pereira Passos, para executar a decoração (pano de boca, painel decorativo circular do plafond e friso sobre o proscênio) do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Revela grande influência do impressionismo e passa a utilizar cores mais claras e luminosas. O pano de boca do teatro é uma de suas obras mais alegóricas, de caráter levemente simbolista. Relativo ao progresso das artes e da civilização, ele apresenta uma reunião de homens célebres: artistas, músicos e poetas de várias épocas, estrangeiros e brasileiros, em cortejo que tem como figura principal o compositor Carlos Gomes (1836 - 1896). Além desses personagens, há figuras femininas que dançam envoltas em panejamentos esvoaçantes, em fundo de azuis e rosas, realizado com pinceladas leves.
Os modelos para seus quadros, em grande parte, passam a ser sua mulher, Louise Visconti (1882 - 1954), e seus filhos. O artista começa a destacar-se por suas qualidades de colorista. Em Maternidade (1906), elas podem ser vistas no azul da saia de seda da mulher, com reflexos prateados, e no branco da blusa e do chapéu. Para o crítico de arte Mário Pedrosa (1900 - 1981) o contraste das cores e a beleza das texturas dos panos são os assuntos principais da tela. É uma obra que resulta das pesquisas realizadas em contato direto com a natureza, como os estudos de paisagem que faz do jardim de Luxemburgo, em Paris. É nomeado em 1906, ainda na França, professor da cadeira de pintura da Enba, cargo que ocupa de 1908 a 1913. Nesse período, seu trabalho aproxima-se do pontilhismo, como por exemplo, em A Rosa (1909). Em O Retrato de Gonzaga Duque (1908/1910), pinta o maior crítico de arte do período, de modo realista, com uma bem-composta superposição de tons castanhos em fundo escuro.
Em 1913, volta à França para fazer a decoração do foyer do Theatro Municipal, composto de três painéis: Música, Inspiração Poética e Inspiração Musical, nos quais mostra figuras etéreas, vaporosas, em fundo de tons suaves e indefinidos, criando uma atmosfera de sonho. Em 1920, regressa definitivamente ao Brasil. Pinta inúmeras paisagens, como Cura de Sol (1920), cujo cenário é sua pequena propriedade em St. Hubert, nos arredores de Paris. Em Moça no Trigal (s.d.) apresenta uma delicadeza de tons e meias-tintas, "dourados, amarelos, com ligeiras curvas descendentes para os graves roxos e sem remontar aos verdes".1 Considerado pela crítica um renovador da pintura de paisagem no Brasil, anos depois, pinta paisagens de Teresópolis, Rio de Janeiro, como Quaresmas (1942) ou Roupa Estendida (1944), nas quais procura captar o vapor atmosférico da serra, com grande preocupação com a cor e a luz. Para a estudiosa Maria José Sanches, Visconti apresenta a manifestação da luminosidade brasileira, sem deixar de vincular-se à técnica impressionista.
Eliseu Visconti realiza muitos auto-retratos. Mais sóbrios no começo do século, são trabalhados com cores claras e vibrantes e pinceladas largas, no decorrer das décadas de 1930 e 1940. Em vários deles, representa-se como pintor, segurando a paleta ou os pincéis, como em Ilusões Perdidas (1933). Artista eclético, dedica-se com liberdade à sua produção artística, na qual dialoga com tendências contemporâneas como o art nouveau, o simbolismo, o pontilhismo e o impressionismo, buscando a atualização da arte no país.
Críticas
"Com Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, J. Medeiros e Zeferino da Costa, aprendeu um ofício - o ofício do pintor. Mas foi consigo mesmo, passando na Europa por um estágio útil de observação dos mestres, principalmente dos venezianos, que aprendeu algo mais sério e mais profundo que é a pintura propriamente dita, a pintura que nos deu na madureza e que vale independentemente da influência que possam ter os nossos sentidos os temas que representa. Não se contentou em pintar por moldes ou imitar o já feito. Criou. Plasmou um estilo. Firmou uma personalidade. E por isso, porque ultrapassou os limites do ofício, é ele o grande pintor que é. Alguém já afirmou que a decadência da pintura começa quando da necessidade de criar se passa, insensivelmente, ao desejo de imitar. Esse estado de decadência nunca o encontrareis em Eliseu Visconti. Ainda um dia destes, em uma casa comercial nas imediações da Avenida, vi exposta uma paisagem sua, de 1891, de quando era ainda aluno da Escola. Que promissora personalidade revelava já a esse tempo, na adolescência! A Escola de Belas Artes era então, como de certo modo continua sendo, um simples prolongamento, com outro rótulo, dos métodos de ensino da Academia Imperial, malgrado a aparente renovação de quadros promovida pela República. Eliseu Visconti vinha da Academia e, evidentemente, numa obra desse tempo tem de ser latentes as influências limitadoras. Na paisagem a que me refiro, falta ainda o sentido do ar livre, da luz luminosa, da cor liberta da tirania dos terras. Ide porém olhá-la, senhoras e senhores, para que possais aquilatar por vós mesmos, comparando-a com o que tem feito depois no Brasil, da força que ela nos mostra do grande pintor que surgia! Eliseu Visconti podia ter parado aí, variando apenas os temas, e teria feito tanto quanto fez a maioria dos seus contemporâneos. Sua personalidade, porém, era argamassa na insatisfação, no movimento, na evolução. Não pararia nunca. Ele repetia sempre, a discípulos e amigos, que Arte é movimento e que ao artista, eterno insatisfeito, como à vida, só a morte poderá deter. E só ela, com efeito, o deteve".
Frederico Barata (Eliseu Visconti e seu tempo. Rio de Janeiro: Zelio Valverde, 1944. p. 192-194)
"Visconti foi o mais importante artista do primeiro terço do século no país não só porque sabia pintar, mas porque pintava, apesar de tudo, uma coisa nova. Não se tratava, no caso dele, de conservar resíduos de neoclassicismo ou do academismo alegórico. Sempre vibrou uníssono com problemas de seu tempo, malgrado fosse geracionalmente tardio (...) para ter sido artista de vanguarda. Assim não se intelectualizou nem se radicalizou. Mas no conceito de intimidade que infundia na sua noção de arte foi vivo e se transformou, criou um mundo delicioso de cor tênue (...)".
Mário Barata (AYALA, Walmir (Org. ); CAVALCANTI, Carlos (Org. ). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Brasília: MEC: INL, 1973.)
"Visconti será a figura exponencial do surgimento da pintura moderna no país, que a partir dele não cessará de enriquecer-se com os frutos dos movimentos constantes de renovação que se irão apresentando no tumulto cultural dos grandes centros europeus. Introduzindo, finalmente, o impressionismo e o divisionismo na pintura brasileira, Visconti é o precursor dessa atualização que irá se processando até Anita Malfatti; com sua exposição de 1917 e, em seguida, radicalizada pela Semana de Arte Moderna em São Paulo (1922). O que significa a atuação de Visconti em nosso movimento modernista surge, inestimável, nesta nova declaração sua, que deixa a descoberto toda sua objetividade artística: ´O espírito quer renovação e é a própria natureza que nos impele a esse movimento universal. Nela nada está parado´".
Quirino Campofiorito (História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.)
"O impressionismo é a revelação de sua verdadeira personalidade; a palheta aproxima-se da pureza do prisma solar, e ele pode, então, entregar-se aos cantos de tenor de seu colorido. Dificilmente distingue entre acessórios e principal, entre fundos e personagens. As próprias decorações do Municipal (teto e foyer) só em parte se defendem, e isso mesmo apenas pela leveza dos tons, a vibração cromática da fatura dividida, a melodia (a nosso gosto adocicado demais) dos rosas e azuis, no meio dos quais as figuras, plasticamente pobres, esvoaçam, perdidas, sem destaques nem privilégios. Mesmo depois desse negócio íntimo, com a sensação e a improvisação impressionista, e quando ainda mitiga o processo divisionista, limitando-o ora a fundos ora a determinadas figuras isoladas (Crisálida), o colorista não desarma. Em St. Hubert, onde a individualidade do pintor se acentua até atingir os contornos precisos da fase final brasileira das paisagens de Teresópolis, ele não resiste aos encantos de uma melopéia tonal que flui do verde ao amarelo e do vermelho ao roxo, sem tropeços (Outono, St. Hubert). A atmosfera doce, medida da Ilha de França, o embala. A seqüência tonal é melódica, correntia, mal interrompida por sincopados em vermelho. O artista é empolgado pelos problemas puramente pictóricos e colorísticos: a delicadeza dos tons e das meias-tintas, dourados, amarelos, com ligeiras curvas descendentes para os graves roxos e sem remontar aos verdes (Trigal). E, Flores de Rua, St. Hubert, com as suas pinceladas curtas, as figurinhas que brincam na calçada, que são? Manchas, tons, flores, como as que pendem dos galhos e se inclinam sobre muros. Mais tarde, no Brasil, sob a luz tropical ainda indomada na nossa pintura, Visconti é um conquistador de atmosfera. E aquela ciência da luz e do colorido que aprendeu em França vai servi-lo agora para dominar o vapor atmosférico. Será esta a grande contribuição".
Mário Pedrosa (Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III. São Paulo: Edusp, 1998. p. 128.)
Depoimento Eliseu Visconti
"Sou presentista. A arte não pode parar. Modifica-se permanentemente. Agrada agora o que antes era detestado. Isto é evolução e não é possível fugir aos seus efeitos. O homem não para. Vai sempre adiante. Os futuristas, os cubistas são todos expressões respeitáveis, artistas que tateiam, procurando alguma coisa que ainda não alcançaram. Eles agitam, sacodem, renovam. São dignos, por conseguinte, de toda admiração".
Eliseu Visconti (Impressionismo Viscontiniano. 1982. 139p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, São Paulo, 1982. p.14.)
Exposições Individuais
1901 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1903 - São Paulo SP - Individual, no Salão Nobre do Banco Construtor e Agrícola
1905 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Esboço da Obra do Pano de Boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na Casa Vieitas
1908 - Paris (França) - Exposição de Parte da Obra do Pano de Boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no Ateliê de Puvis de Chavannes
1910 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Casa Vieitas
1920 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Jorge
1926 - Rio de Janeiro - Retrospectiva, na Galeria Jorge
Exposições Coletivas
1888 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - medalha de prata
1889 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Atelier Livre, em um sobrado localizado na Rua do Ouvidor
1890 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa
1893 - Chicago (Estados Unidos) - Exposição Internacional Colombiana
1893 - Paris (França) - Salão de Paris
1894 - Paris (França) - Salão de Paris
1894 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de segunda classe
1895 - Paris (França) - Salão de Paris
1896 - Munique (Alemanha) - Salão de Munique
1896 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1897 - Paris (França) - Salão de Paris
1897 - Rio de Janeiro RJ - 4ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de 1ª classe
1898 - Paris (França) - Salão de Paris
1898 - Rio de Janeiro RJ - 5ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1899 - Paris (França) - Salão de Paris
1900 - Paris (França) - Exposição Universal de Paris - medalha de prata
1900 - Paris (França) - Pedro Weingartner, Pedro Américo e Eliseu Visconti
1900 - Paris (França) - Salão de Paris
1900 - Saint Louis (Estados Unidos) - Exposição Nacional de Saint Louis
1902 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1903 - Rio de Janeiro RJ - 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Aquarelistas
1904 - Saint Louis (Estados Unidos) - Exposição de Saint-Louis
1905 - Paris (França) - Salão de Paris
1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1906 - Paris (França) - Salão de Paris
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Chicago (Estados Unidos) - Exposição de Chicago - medalha de ouro
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Rio de Janeiro RJ - 17ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Santiago (Chile) - Exposición Internacional de Bellas Artes
1911 - Rio de Janeiro RJ - 18ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1911 - São Paulo SP - Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de honra
1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência - medalha de honra
1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1933 - Pittsburg (Estados Unidos) - Exposição de Pittsburg
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, na Enba
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - Pittsburgh (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting, no Carnegie Institute
1935 - Rio de Janeiro RJ - 41º Salão Nacional de Belas Artes, na Enba
1936 - Cleveland (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting, no Toledo Museum of Art
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência
1936 - Toledo (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - São Paulo SP - Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
Exposições Póstumas
1945 - Rio de Janeiro RJ - 51º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1945 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1949 - Rio de Janeiro RJ - Eliseu Visconti: retrospectiva , no MNBA
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Mar
1961 - Rio de Janeiro RJ - O Rio na Pintura Brasileira, na Biblioteca Estadual da Guanabara
1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1967 - São Paulo SP - Gomide, Osir e Visconti, na Art Galeria
1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970, na Pinacoteca do Estado
1972 - São Paulo SP - A Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1976 - São Paulo SP - O Retrato na Coleção da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado
1977 - Rio de Janeiro RJ - Aspectos da Paisagem Brasileira: 1816-1916, no MNBA
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Arte Global
1978 - Belo Horizonte MG - Individual, no Palácio das Artes
1978 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1978 - Brasília DF - Individual, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1978 - Olinda PE - Individual, no Museu de Arte Sacra
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Rio de Janeiro RJ - Eliseu Visconti e a Arte Decorativa, no Solar Grandjean de Montigny
1982 - São Paulo SP - 80 Anos da Arte Brasileira, no MAB/Faap
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, no MAM/SP
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Rio de Janeiro RJ - O Rio de Janeiro de Machado de Assis, no CCBB
1991 - São Paulo SP - O Desejo na Academia: 1847-1916, na Pinacoteca do Estado
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Rio de Janeiro RJ - Comemorativa dos 50 anos de morte do pintor, no MNBA
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1997 - Rio de Janeiro RJ - Ar: exposição de artes plásticas, brinquedos, objetos e maquetes, no Paço Imperial
1999 - Rio de Janeiro RJ - Acervo do Solar Grandjean de Montigny, no Solar Grandjean de Montigny
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, no Margs
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, no Margs
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Eliseu Visconti - estudos do corpo, na Pinacoteca do Estado
2000 - São Paulo SP - O Café, no Banco Real
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB/Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural
Fonte: ELISEU Visconti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Mar. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Nascido na comuna de Giffoni Valle Piana, província de Salerno, na região italiana da Campânia, imigra em 1873 com sua irmã Marianella para o Brasil, indo diretamente para a fazenda de propriedade de Luís de Sousa Breves, o barão de Guararema, em Além Paraíba. A profunda afeição da Baronesa pelo pequeno Eliseu coloca-o ainda jovem estudando no Rio de Janeiro. Após um frustrado início na música, ingressa em 1882 no Liceu de Artes e Ofícios. Três anos depois, sem abandonar o Liceu, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes, tendo como professores Zeferino da Costa, Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, Victor Meirelles e José Maria de Medeiros.
Prêmio de viagem ao estrangeiro
Em 1890, Eliseu Visconti acompanha o grupo dos "modernos", formado por professores e alunos que se rebelam contra as normas de ensino e abandonam a Academia de Belas Artes para fundar o "Ateliê Livre". Aprovadas as reformas pelo governo republicano, a Academia transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes. Visconti volta a frequentá-la e, após um concurso, recebe em 1892 o primeiro prêmio de viagem ao exterior concedido pela República, viajando no ano seguinte para a França. Aprovado no processo de admissão da École nationale supérieure des beaux-arts, abandona essa conservadora Escola ainda em 1894 e inscreve-se na École normale d'enseignement du dessin (École Guérin), onde foi aluno de Eugène Samuel Grasset, considerado uma das mais destacadas expressões do Art Nouveau. Frequenta também a Academia Julian, tendo como mestres Bouguereau e Ferrier. De temperamento inquieto e espírito aberto às inovações, Visconti mostra, em importantes trabalhos do período de sua formação na França e na America do Sul, influências dos movimentos simbolista, impressionista e art-nouveau. Viaja a Madri para cumprimento de suas tarefas de bolsista, onde realiza cópias de Diego Velázquez, absorvendo soluções para os efeitos de reflexão da luz natural, mais tarde utilizadas em alguns de seus trabalhos. Na capital francesa, expõe consecutivamente nos salões de arte e, após receber Medalha de Prata na Exposição Universal de 1900 por suas obras Oréadas e Gioventù, Visconti regressa ao Brasil. Naquele momento, não foi possível trazer consigo a jovem francesa Louise Palombe, companheira desde 1898 e com quem Visconti ficaria casado pelo resto de sua vida. Louise se tornaria uma figura marcante e inspiradora da obra de Visconti.
Primeira exposição
Em 1901, Visconti organiza sua primeira exposição individual na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Além das telas a óleo trazidas da França, expõe os trabalhos de design, resultado de seu aprendizado com Grasset. Em 1903, leva sua exposição a São Paulo e participa com 16 projetos do concurso de selos postais organizado pela Casa da Moeda. Os projetos de Visconti, com forte influência do art nouveau, vencem o concurso e são publicados com elogios no Brasil e no exterior, inclusive na revista francesa “L’Illustration”. Mas os selos de Visconti jamais seriam impressos, o que causou grande mágoa ao artista. A pioneira incursão de Visconti pelo design incluiu ainda cartazes, cerâmicas, tecidos, papéis de parede, vitrais e luminárias.
Decorador do Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Aquela primeira exposição de Visconti, que teve boa acolhida apenas entre críticos da época, como Gonzaga Duque, seria em parte responsável pelo convite que lhe fez o prefeito Pereira Passos para executar os trabalhos de decoração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, realizados em Paris, em duas etapas. Entre 1905 e 1908 Eliseu Visconti executa o pano de boca, o plafond (teto sobre a plateia) e o friso sobre o palco (proscênio). E entre 1913 e 1916, pinta os painéis do foyer do Theatro, considerados uma obra prima da pintura decorativista no Brasil. Durante esses períodos de permanência na França, no início do século XX, Visconti assimila definitivamente as lições do impressionismo, incorporadas essencialmente às paisagens de Saint Hubert, vilarejo na região de Île-de-France, onde residia a família de Louise.
Professor
Em junho de 1906, Visconti foi eleito para substituir Henrique Bernardelli na primeira cadeira de Pintura da antiga Escola Nacional de Belas Artes, cargo que só veio a assumir no ano seguinte, e no qual permaneceu até 1913, quando pediu exoneração para retornar à Europa e realizar a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre seus discípulos podem ser destacados Henrique Cavalleiro, Marques Júnior, Raimundo Cela, Isolina Machado, Agenor de Barros, João Batista Bordon e Oscar Boeira, entre outros artistas que se afirmariam na cena artística carioca dos anos 1920.
Impressionismo
Após sua volta definitiva ao Brasil, em 1920, outra luminosidade e outras cores exerceriam influência sobre ele, levando-o a criar um impressionismo próprio, retratado em suas paisagens de Teresópolis, cheias de atmosfera luminosa e transparente, de radiosa vibração tropical. Para Mário Pedrosa, o mais renomado crítico de arte do século XX, com as paisagens de Saint Hubert e de Teresópolis, Visconti é o inaugurador da pintura brasileira, o seu marco divisório. E complementa Mário Pedrosa: Nasce uma nova paisagem na pintura do Brasil {...}. Foi pena que o movimento moderno brasileiro, no seu início, não tivesse tido contato com Visconti. Os seus precursores teriam tido muito que aprender com o velho artista, mais experimentado, senhor da técnica da luz, aprendido diretamente na escola do neoimpressionismo.
Outras decorações e medalha de honra
Após 1920, a fluência nas diversas técnicas e a maestria com que administra o uso das cores associado aos efeitos de luz tornam-se uma característica das telas de Visconti. Participa do processo de contínua modernização urbana da cidade do Rio de Janeiro, executando importantes decorações para a Biblioteca Nacional, para o Palácio Tiradentes e para o Palácio Pedro Ernesto.
Em 1922, é agraciado com a Medalha de Honra na Exposição Internacional do Centenário da Independência. Acompanha com interesse os acontecimentos da Semana de Arte Moderna, para a qual não foi convidado. Pietro Maria Bardi comentaria: "Esqueceram o único realmente moderno de sua época, que era Visconti".
Realiza na Galeria Jorge, em 1926, nova exposição de design, reapresentando os trabalhos antigos e expondo agora os selos postais premiados em 1904, bem como o ex-libris e o emblema da Biblioteca Nacional.
De volta ao Teatro Municipal
O alargamento do palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em meados da década de 1930, iria proporcionar a Visconti um retorno às emoções da mocidade. O artista executa um novo friso sobre a boca de cena (friso sobre o proscênio), em perfeita harmonia com as demais decorações. Em 2008, durante a reforma do Teatro Municipal para a festa do seu centenário, foi encontrado por acaso o proscênio primitivo. Ao contrário do que se imaginava, o proscênio primitivo, escondido há mais de setenta anos, foi preservado, afastado do atual e em bom estado de conservação. No mesmo período em que executa o novo friso, entre 1934 e 1936, Visconti leciona no curso de extensão universitária de artes decorativas da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Para Guilherme Cunha Lima, tem início então, com Visconti, o ensino de design no Brasil.
Visconti designer
No Brasil, Eliseu Visconti foi quem trilhou os primeiros passos do desenho aplicado às indústrias e às artes gráficas, atividades hoje que se inserem na denominação "design". Paralelamente à sua produtiva e louvada carreira como pintor, Visconti produziu selos, cartazes, projetos de pratos e de jarros para serem executados em cerâmica, vitrais, marchetaria, luminárias, ex-libris, estamparia de tecidos e papel de parede, dando os primeiros passos para o surgimento de uma profissão décadas mais tarde - o designer.
Morte
Trabalhador incansável e artista de vanguarda, Visconti produziu obra de valor universal, utilizando como instrumental, ao longo de suas diversas fases, técnicas e influências naturalistas, renascentistas, realistas, pontilhistas, impressionistas e neorrealistas. Prosseguiria Eliseu Visconti na busca incansável pelo novo, evoluindo em sua técnica e desconhecendo estágios de decadência. Entretanto, três meses após ser golpeado na cabeça em um assalto ao seu ateliê, falece o artista em 15 de outubro de 1944, aos 78 anos de idade. A atualidade de Visconti permanece, retratada em obras com tal grau de versatilidade que, se colocaram como o mais expressivo representante do impressionismo e como pioneiro do nosso design, revelam sua capital importância dentre os artistas que anteciparam a modernização da arte brasileira.
O Projeto Eliseu Visconti
Iniciado em 2004 com a construção do site oficial do pintor, o Projeto Eliseu Visconti foi criado por Tobias Stourdzé Visconti, neto do artista, com o objetivo de preservar e divulgar a memória da vida e da obra do pintor Eliseu Visconti, além de responsabilizar-se pela guarda e organização de todo acervo documental sobre sua obra. Dentre as diversas atividades cumpridas pelo Projeto, destacam-se a realização de sete exposições sobre a obra de Visconti, a restauração das pinturas de Visconti no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a publicação do livro sobre a vida e a obra do artista e o lançamento do Catálogo Raisonné de Eliseu Visconti.
Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado em 20 de março de 2018.
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Estudo a Obra do Mestre e Cito suas Principais Fases
De modo geral há que distinguir na obra de Eliseu Visconti três fases distintas: aquela em que se observa a influência dos artistas da Renascença, e de modo marcante, a de Botticelli — a que resulta da familiaridade com os retratos italianos e espanhõis dos séculos XVI e XVII — e, finalmente, a fase impressionista com a sua conseqüente evolução: divisionismo e pontilhismo.
Da fase Renascentista há que destacar a “Dança das Oréadas”, tela magistral, premiada com a medalha de prata na Exposição Universal de Paris de 1900; “Juventude”, a obra prima pictórica de intensa e expressiva espiritualidade. À ela poder-se-ia aplicar a célebre frase de Da Vinci – “pintura é coisa mental”. Considero-a, entre todas, a mais representativa da fase Renascentista. Ainda com a inflluência Renscentista citarei “A Providência Divina Guiando Pedro Álvares Cabral” — atualmente faz parte do Museu Ipiranga de S. Paulo; e, finalmente, “Recompensa de S. Sebastião”, premiada com medalha de ouro na Exposição de S. Luiz – Estados Unidos – em 1909 que faz parte do patrimônio do Museu Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro.
Como exemplos da influência dos retratistas italianos e espanhóis dos séculos XVI e XVII, há que assinalar, entre outros, os retratos da escultora Nicolina Vaz de Assis e do crítico de arte Gonzaga Duque. No primeiro, de fato, a disposição da figura na tela, ou seja a sua composição, bem como o colorido, muito se assemelha ao retrato de “Balthazar de Castiglione”, de Rafael, exposto no Louvre; o segundo, apresenta reminiscências técnicas de Velasquez.
Visconti, como é notório, realizou inúmeras cópias de quadros de Velasquez, inclusive a do célebre quadro “Rendição de Breada”, como envio correspondente à sua condição de aluno-pensionista da Escola de Belas Artes. Essa cópia de execução magistral é verdadeiramente notável. Dir-se-ia que o mestre quando nela trabalhava recebia o espirito de Velasquez, consequentemente, é natural que tivesse recebido também essas influências que eu diria mediúnicas.
No seu admirável estudo sobre a obra e a personalidade de Visconti, publicado no “Correio Brasiliense”, diz o desembargador Hugo Auler: “Visconti criou o seu impressionismo, sua técnica e estilos próprios para expressar suas belas criações pictóricas”. Certo, certíssimo. Porque na verdade o mestre não se limitou a transpor para a tela, literalmente, a fórmula impressionista, se não, a condicionar ou adaptar essa fórmula ao seu temperamento sensível de artista, dando à ela uma característica própria, individual. Assim fizeram também os grandes artista como Besnard, Segantini, o belga Rysselberghe e tantos outros.
Baseado na técnica impressionista — compreendido ai o pontilhismo e o divisionismo — há que destacar inúmeros trabalhos, dentre os quais avulta a magistral decoração do Teatro Municipal do Rio, a qual abrange o “foyer” o “plafond” e a rotunda — exceção do Pano de Boca em que o mestre empregou técnica diferente. Essa obra verdadeiramente genial, única no seu gênero na América Latina, representa o resultado das experiências que o mestre vinha realizando, há muito tempo, para empreender essa concepção de arte, baseada no pontilhismo e no divisionismo.
A partir de 1910, depois de realizada essa grande obra, vemos Visconti executando várias telas de cavalete, entre as quais “Maternidade”, trabalho marcante de sua fase pré-impressionista, pertencente à Pinacoteca do Estado de S. Paulo, e vários retratos, paisagens e estudos, hoje, dispersos em coleções particulares; sem esquecer também a série de paisagens executadas em Teresópolis, onde estudou as vibrações da luz e da atmosfera.
Embora essa nova técnica e suas modalidades (nova para nós) tenha sido matéria já superada na Europa, no seu tempo, todavia não invalida a influência marcante que Visconti exerceu no meio artístico brasileiro, trazendo essa nova concepção de arte, pois, a bem dizer, nada tínhamos a não ser processos acadêmicos.
Rompendo com esses processos, Visconti preparava o grande advento da arte moderna no Brasil, da qual foi de fato o precursor.
No catálogo da primeira exposição realizada no Museu de Belas Artes, após sua morte, encontrei essa passagem apócrifa, que passo a transcrever: “ A obra e a vida de Eliseu d’ Angelo Visconti constituem para a arte brasileira um fonte perene de ensinamentos onde os artistas encontrarão sempre os mais belos exemplos de honestidade profissional aliados a um dos mais brilhantes temperamentos de artista de que se orgulha nosso País”.
Henrique Campos Cavalleiro, em agosto de 1975.
Fonte: Instituto Eliseu Visconti, consultado pela última vez em 20 de março de 2018.
Eliseu d'Angelo Visconti (Santa Caterina, Salerno, Itália, 30 de julho de 1866 — Rio de Janeiro, RJ, 15 de outubro de 1944) foi um pintor, desenhista, designer e professor ítalo-brasileiro ativo entre os séculos XIX e XX. É considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período, o mais expressivo representante da pintura impressionista e um pioneiro do design no Brasil.
Biografia Itaú Cultural
Vem com a família para o Rio de Janeiro, entre 1873 e 1875, e, em 1883, passa a estudar no Liceu de Artes e Ofícios, com Victor Meirelles (1832-1903) e Estêvão Silva (ca.1844-1891). No ano seguinte, sem deixar o Liceu, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), tendo como professores Zeferino da Costa (1840-1915), Rodolfo Amoedo (1857-1941), Henrique Bernardelli (1858-1936), Victor Meirelles e José Maria de Medeiros (1849-1925). Em 1888, abandona a Aiba para integrar o Ateliê Livre, que tem por objetivo atualizar o ensino tradicional. Com as mudanças ocorridas com a Proclamação da República, a Aiba transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Visconti volta a frequentá-la e recebe, em 1892, o prêmio de viagem ao exterior. Vai à Paris e ingressa na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts [Escola Nacional e Especial de Belas Artes]; cursa arte decorativa na École Guérin, com Eugène Samuel Grasset (ca.1841-1917), um dos introdutores do art nouveau na França. Viaja à Madri, onde realiza cópias de Diego Velázquez (1599-1660), no Museo del Prado [Museu do Prado], e à Itália, onde estuda a pintura florentina. Em 1900, regressa ao Brasil e, no ano seguinte, expõe pela primeira vez na Enba. Executa o ex-libris para a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e vence o concurso para selos postais e cartas-bilhetes, em 1904. Em 1905 é convidado pelo prefeito da cidade, engenheiro Pereira Passos, para realizar painéis para a decoração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre 1908 e 1913, é professor de pintura na Enba, cargo a que renuncia por descontentamento com as normas do ensino. Retorna à Europa para realizar também, entre 1913 e 1916, a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e só se fixa definitivamente no Brasil em 1920. Segundo alguns estudiosos, é considerado um praticante do art nouveau e do desenho industrial e gráfico no Brasil, com obras em cerâmica, tecidos e luminárias.
Análise
Eliseu Visconti, frequenta, em 1883, o Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro; estuda depois na Aiba. Em 1888, estuda no Ateliê Livre, em protesto ao ensino tradicional da Aiba e estruturado nos moldes da Académie Julian, de Paris.
Com a República, modifica-se a direção da Aiba, que passa a se chamar Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Eliseu Visconti volta a frequentar a instituição e com o restabelecimento do prêmio de viagem ao exterior, é o primeiro aluno a recebê-lo, em 1892. Aperfeiçoa-se em Paris na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts. Estuda também arte decorativa na École Guérin, com Eugène Samuel Grasset, de onde provém seu interesse pelo movimento art nouveau. O contato com as obras de mestres italianos do Renascimento, especialmente Sandro Botticelli (ca.1444 - 1510) e com o simbolismo, se traduz em sua pintura principalmente pela linearidade das figuras, como em Giuventú (1898) e A Dança das Oréades (1899), premiadas na Exposição Internacional de Paris, em 1900, ano em que regressa ao Brasil.
Vivendo um momento de modernização da arte no Brasil, sua obra abre-se às principais tendências internacionais do fim do século XIX e início do século XX. Busca estreitar as relações entre arte e indústria e realiza no Rio de Janeiro, em 1901, uma exposição individual que inclui seus projetos para objetos em ferro, cerâmica, marchetaria, vitrais, estamparia de tecidos e papel de parede. A partir de 1903 alterna períodos na França e no Brasil. Em 1904 executa o ex-libris para a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e vence um concurso para selos postais e cartas-bilhetes. Em 1905, realiza o retrato da escultora Nicolina Vaz de Assis (1874 - 1941), um de seus trabalhos mais representativos no gênero, no qual procura ressaltar a elegância e a dignidade da figura. No mesmo ano, é convidado pelo prefeito do Rio de Janeiro, engenheiro Pereira Passos, para executar a decoração (pano de boca, painel decorativo circular do plafond e friso sobre o proscênio) do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Revela grande influência do impressionismo e passa a utilizar cores mais claras e luminosas. O pano de boca do teatro é uma de suas obras mais alegóricas, de caráter levemente simbolista. Relativo ao progresso das artes e da civilização, ele apresenta uma reunião de homens célebres: artistas, músicos e poetas de várias épocas, estrangeiros e brasileiros, em cortejo que tem como figura principal o compositor Carlos Gomes (1836 - 1896). Além desses personagens, há figuras femininas que dançam envoltas em panejamentos esvoaçantes, em fundo de azuis e rosas, realizado com pinceladas leves.
Os modelos para seus quadros, em grande parte, passam a ser sua mulher, Louise Visconti (1882 - 1954), e seus filhos. O artista começa a destacar-se por suas qualidades de colorista. Em Maternidade (1906), elas podem ser vistas no azul da saia de seda da mulher, com reflexos prateados, e no branco da blusa e do chapéu. Para o crítico de arte Mário Pedrosa (1900 - 1981) o contraste das cores e a beleza das texturas dos panos são os assuntos principais da tela. É uma obra que resulta das pesquisas realizadas em contato direto com a natureza, como os estudos de paisagem que faz do jardim de Luxemburgo, em Paris. É nomeado em 1906, ainda na França, professor da cadeira de pintura da Enba, cargo que ocupa de 1908 a 1913. Nesse período, seu trabalho aproxima-se do pontilhismo, como por exemplo, em A Rosa (1909). Em O Retrato de Gonzaga Duque (1908/1910), pinta o maior crítico de arte do período, de modo realista, com uma bem-composta superposição de tons castanhos em fundo escuro.
Em 1913, volta à França para fazer a decoração do foyer do Theatro Municipal, composto de três painéis: Música, Inspiração Poética e Inspiração Musical, nos quais mostra figuras etéreas, vaporosas, em fundo de tons suaves e indefinidos, criando uma atmosfera de sonho. Em 1920, regressa definitivamente ao Brasil. Pinta inúmeras paisagens, como Cura de Sol (1920), cujo cenário é sua pequena propriedade em St. Hubert, nos arredores de Paris. Em Moça no Trigal (s.d.) apresenta uma delicadeza de tons e meias-tintas, "dourados, amarelos, com ligeiras curvas descendentes para os graves roxos e sem remontar aos verdes".1 Considerado pela crítica um renovador da pintura de paisagem no Brasil, anos depois, pinta paisagens de Teresópolis, Rio de Janeiro, como Quaresmas (1942) ou Roupa Estendida (1944), nas quais procura captar o vapor atmosférico da serra, com grande preocupação com a cor e a luz. Para a estudiosa Maria José Sanches, Visconti apresenta a manifestação da luminosidade brasileira, sem deixar de vincular-se à técnica impressionista.
Eliseu Visconti realiza muitos auto-retratos. Mais sóbrios no começo do século, são trabalhados com cores claras e vibrantes e pinceladas largas, no decorrer das décadas de 1930 e 1940. Em vários deles, representa-se como pintor, segurando a paleta ou os pincéis, como em Ilusões Perdidas (1933). Artista eclético, dedica-se com liberdade à sua produção artística, na qual dialoga com tendências contemporâneas como o art nouveau, o simbolismo, o pontilhismo e o impressionismo, buscando a atualização da arte no país.
Críticas
"Com Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, J. Medeiros e Zeferino da Costa, aprendeu um ofício - o ofício do pintor. Mas foi consigo mesmo, passando na Europa por um estágio útil de observação dos mestres, principalmente dos venezianos, que aprendeu algo mais sério e mais profundo que é a pintura propriamente dita, a pintura que nos deu na madureza e que vale independentemente da influência que possam ter os nossos sentidos os temas que representa. Não se contentou em pintar por moldes ou imitar o já feito. Criou. Plasmou um estilo. Firmou uma personalidade. E por isso, porque ultrapassou os limites do ofício, é ele o grande pintor que é. Alguém já afirmou que a decadência da pintura começa quando da necessidade de criar se passa, insensivelmente, ao desejo de imitar. Esse estado de decadência nunca o encontrareis em Eliseu Visconti. Ainda um dia destes, em uma casa comercial nas imediações da Avenida, vi exposta uma paisagem sua, de 1891, de quando era ainda aluno da Escola. Que promissora personalidade revelava já a esse tempo, na adolescência! A Escola de Belas Artes era então, como de certo modo continua sendo, um simples prolongamento, com outro rótulo, dos métodos de ensino da Academia Imperial, malgrado a aparente renovação de quadros promovida pela República. Eliseu Visconti vinha da Academia e, evidentemente, numa obra desse tempo tem de ser latentes as influências limitadoras. Na paisagem a que me refiro, falta ainda o sentido do ar livre, da luz luminosa, da cor liberta da tirania dos terras. Ide porém olhá-la, senhoras e senhores, para que possais aquilatar por vós mesmos, comparando-a com o que tem feito depois no Brasil, da força que ela nos mostra do grande pintor que surgia! Eliseu Visconti podia ter parado aí, variando apenas os temas, e teria feito tanto quanto fez a maioria dos seus contemporâneos. Sua personalidade, porém, era argamassa na insatisfação, no movimento, na evolução. Não pararia nunca. Ele repetia sempre, a discípulos e amigos, que Arte é movimento e que ao artista, eterno insatisfeito, como à vida, só a morte poderá deter. E só ela, com efeito, o deteve".
Frederico Barata (Eliseu Visconti e seu tempo. Rio de Janeiro: Zelio Valverde, 1944. p. 192-194)
"Visconti foi o mais importante artista do primeiro terço do século no país não só porque sabia pintar, mas porque pintava, apesar de tudo, uma coisa nova. Não se tratava, no caso dele, de conservar resíduos de neoclassicismo ou do academismo alegórico. Sempre vibrou uníssono com problemas de seu tempo, malgrado fosse geracionalmente tardio (...) para ter sido artista de vanguarda. Assim não se intelectualizou nem se radicalizou. Mas no conceito de intimidade que infundia na sua noção de arte foi vivo e se transformou, criou um mundo delicioso de cor tênue (...)".
Mário Barata (AYALA, Walmir (Org. ); CAVALCANTI, Carlos (Org. ). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Brasília: MEC: INL, 1973.)
"Visconti será a figura exponencial do surgimento da pintura moderna no país, que a partir dele não cessará de enriquecer-se com os frutos dos movimentos constantes de renovação que se irão apresentando no tumulto cultural dos grandes centros europeus. Introduzindo, finalmente, o impressionismo e o divisionismo na pintura brasileira, Visconti é o precursor dessa atualização que irá se processando até Anita Malfatti; com sua exposição de 1917 e, em seguida, radicalizada pela Semana de Arte Moderna em São Paulo (1922). O que significa a atuação de Visconti em nosso movimento modernista surge, inestimável, nesta nova declaração sua, que deixa a descoberto toda sua objetividade artística: ´O espírito quer renovação e é a própria natureza que nos impele a esse movimento universal. Nela nada está parado´".
Quirino Campofiorito (História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.)
"O impressionismo é a revelação de sua verdadeira personalidade; a palheta aproxima-se da pureza do prisma solar, e ele pode, então, entregar-se aos cantos de tenor de seu colorido. Dificilmente distingue entre acessórios e principal, entre fundos e personagens. As próprias decorações do Municipal (teto e foyer) só em parte se defendem, e isso mesmo apenas pela leveza dos tons, a vibração cromática da fatura dividida, a melodia (a nosso gosto adocicado demais) dos rosas e azuis, no meio dos quais as figuras, plasticamente pobres, esvoaçam, perdidas, sem destaques nem privilégios. Mesmo depois desse negócio íntimo, com a sensação e a improvisação impressionista, e quando ainda mitiga o processo divisionista, limitando-o ora a fundos ora a determinadas figuras isoladas (Crisálida), o colorista não desarma. Em St. Hubert, onde a individualidade do pintor se acentua até atingir os contornos precisos da fase final brasileira das paisagens de Teresópolis, ele não resiste aos encantos de uma melopéia tonal que flui do verde ao amarelo e do vermelho ao roxo, sem tropeços (Outono, St. Hubert). A atmosfera doce, medida da Ilha de França, o embala. A seqüência tonal é melódica, correntia, mal interrompida por sincopados em vermelho. O artista é empolgado pelos problemas puramente pictóricos e colorísticos: a delicadeza dos tons e das meias-tintas, dourados, amarelos, com ligeiras curvas descendentes para os graves roxos e sem remontar aos verdes (Trigal). E, Flores de Rua, St. Hubert, com as suas pinceladas curtas, as figurinhas que brincam na calçada, que são? Manchas, tons, flores, como as que pendem dos galhos e se inclinam sobre muros. Mais tarde, no Brasil, sob a luz tropical ainda indomada na nossa pintura, Visconti é um conquistador de atmosfera. E aquela ciência da luz e do colorido que aprendeu em França vai servi-lo agora para dominar o vapor atmosférico. Será esta a grande contribuição".
Mário Pedrosa (Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III. São Paulo: Edusp, 1998. p. 128.)
Depoimento Eliseu Visconti
"Sou presentista. A arte não pode parar. Modifica-se permanentemente. Agrada agora o que antes era detestado. Isto é evolução e não é possível fugir aos seus efeitos. O homem não para. Vai sempre adiante. Os futuristas, os cubistas são todos expressões respeitáveis, artistas que tateiam, procurando alguma coisa que ainda não alcançaram. Eles agitam, sacodem, renovam. São dignos, por conseguinte, de toda admiração".
Eliseu Visconti (Impressionismo Viscontiniano. 1982. 139p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, São Paulo, 1982. p.14.)
Exposições Individuais
1901 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1903 - São Paulo SP - Individual, no Salão Nobre do Banco Construtor e Agrícola
1905 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Esboço da Obra do Pano de Boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na Casa Vieitas
1908 - Paris (França) - Exposição de Parte da Obra do Pano de Boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no Ateliê de Puvis de Chavannes
1910 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Casa Vieitas
1920 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Jorge
1926 - Rio de Janeiro - Retrospectiva, na Galeria Jorge
Exposições Coletivas
1888 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - medalha de prata
1889 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Atelier Livre, em um sobrado localizado na Rua do Ouvidor
1890 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa
1893 - Chicago (Estados Unidos) - Exposição Internacional Colombiana
1893 - Paris (França) - Salão de Paris
1894 - Paris (França) - Salão de Paris
1894 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de segunda classe
1895 - Paris (França) - Salão de Paris
1896 - Munique (Alemanha) - Salão de Munique
1896 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1897 - Paris (França) - Salão de Paris
1897 - Rio de Janeiro RJ - 4ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de 1ª classe
1898 - Paris (França) - Salão de Paris
1898 - Rio de Janeiro RJ - 5ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1899 - Paris (França) - Salão de Paris
1900 - Paris (França) - Exposição Universal de Paris - medalha de prata
1900 - Paris (França) - Pedro Weingartner, Pedro Américo e Eliseu Visconti
1900 - Paris (França) - Salão de Paris
1900 - Saint Louis (Estados Unidos) - Exposição Nacional de Saint Louis
1902 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1903 - Rio de Janeiro RJ - 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Aquarelistas
1904 - Saint Louis (Estados Unidos) - Exposição de Saint-Louis
1905 - Paris (França) - Salão de Paris
1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1906 - Paris (França) - Salão de Paris
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Chicago (Estados Unidos) - Exposição de Chicago - medalha de ouro
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Rio de Janeiro RJ - 17ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Santiago (Chile) - Exposición Internacional de Bellas Artes
1911 - Rio de Janeiro RJ - 18ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1911 - São Paulo SP - Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de honra
1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência - medalha de honra
1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1933 - Pittsburg (Estados Unidos) - Exposição de Pittsburg
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, na Enba
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - Pittsburgh (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting, no Carnegie Institute
1935 - Rio de Janeiro RJ - 41º Salão Nacional de Belas Artes, na Enba
1936 - Cleveland (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting, no Toledo Museum of Art
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência
1936 - Toledo (Estados Unidos) - The 1935 International Exhibition of Painting
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1940 - São Paulo SP - Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
Exposições Póstumas
1945 - Rio de Janeiro RJ - 51º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1945 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1949 - Rio de Janeiro RJ - Eliseu Visconti: retrospectiva , no MNBA
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Mar
1961 - Rio de Janeiro RJ - O Rio na Pintura Brasileira, na Biblioteca Estadual da Guanabara
1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1967 - São Paulo SP - Gomide, Osir e Visconti, na Art Galeria
1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970, na Pinacoteca do Estado
1972 - São Paulo SP - A Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1976 - São Paulo SP - O Retrato na Coleção da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado
1977 - Rio de Janeiro RJ - Aspectos da Paisagem Brasileira: 1816-1916, no MNBA
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Arte Global
1978 - Belo Horizonte MG - Individual, no Palácio das Artes
1978 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1978 - Brasília DF - Individual, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1978 - Olinda PE - Individual, no Museu de Arte Sacra
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Rio de Janeiro RJ - Eliseu Visconti e a Arte Decorativa, no Solar Grandjean de Montigny
1982 - São Paulo SP - 80 Anos da Arte Brasileira, no MAB/Faap
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, no MAM/SP
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Rio de Janeiro RJ - O Rio de Janeiro de Machado de Assis, no CCBB
1991 - São Paulo SP - O Desejo na Academia: 1847-1916, na Pinacoteca do Estado
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Rio de Janeiro RJ - Comemorativa dos 50 anos de morte do pintor, no MNBA
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1997 - Rio de Janeiro RJ - Ar: exposição de artes plásticas, brinquedos, objetos e maquetes, no Paço Imperial
1999 - Rio de Janeiro RJ - Acervo do Solar Grandjean de Montigny, no Solar Grandjean de Montigny
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, no Margs
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, no Margs
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Eliseu Visconti - estudos do corpo, na Pinacoteca do Estado
2000 - São Paulo SP - O Café, no Banco Real
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB/Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural
Fonte: ELISEU Visconti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Mar. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Nascido na comuna de Giffoni Valle Piana, província de Salerno, na região italiana da Campânia, imigra em 1873 com sua irmã Marianella para o Brasil, indo diretamente para a fazenda de propriedade de Luís de Sousa Breves, o barão de Guararema, em Além Paraíba. A profunda afeição da Baronesa pelo pequeno Eliseu coloca-o ainda jovem estudando no Rio de Janeiro. Após um frustrado início na música, ingressa em 1882 no Liceu de Artes e Ofícios. Três anos depois, sem abandonar o Liceu, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes, tendo como professores Zeferino da Costa, Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, Victor Meirelles e José Maria de Medeiros.
Prêmio de viagem ao estrangeiro
Em 1890, Eliseu Visconti acompanha o grupo dos "modernos", formado por professores e alunos que se rebelam contra as normas de ensino e abandonam a Academia de Belas Artes para fundar o "Ateliê Livre". Aprovadas as reformas pelo governo republicano, a Academia transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes. Visconti volta a frequentá-la e, após um concurso, recebe em 1892 o primeiro prêmio de viagem ao exterior concedido pela República, viajando no ano seguinte para a França. Aprovado no processo de admissão da École nationale supérieure des beaux-arts, abandona essa conservadora Escola ainda em 1894 e inscreve-se na École normale d'enseignement du dessin (École Guérin), onde foi aluno de Eugène Samuel Grasset, considerado uma das mais destacadas expressões do Art Nouveau. Frequenta também a Academia Julian, tendo como mestres Bouguereau e Ferrier. De temperamento inquieto e espírito aberto às inovações, Visconti mostra, em importantes trabalhos do período de sua formação na França e na America do Sul, influências dos movimentos simbolista, impressionista e art-nouveau. Viaja a Madri para cumprimento de suas tarefas de bolsista, onde realiza cópias de Diego Velázquez, absorvendo soluções para os efeitos de reflexão da luz natural, mais tarde utilizadas em alguns de seus trabalhos. Na capital francesa, expõe consecutivamente nos salões de arte e, após receber Medalha de Prata na Exposição Universal de 1900 por suas obras Oréadas e Gioventù, Visconti regressa ao Brasil. Naquele momento, não foi possível trazer consigo a jovem francesa Louise Palombe, companheira desde 1898 e com quem Visconti ficaria casado pelo resto de sua vida. Louise se tornaria uma figura marcante e inspiradora da obra de Visconti.
Primeira exposição
Em 1901, Visconti organiza sua primeira exposição individual na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Além das telas a óleo trazidas da França, expõe os trabalhos de design, resultado de seu aprendizado com Grasset. Em 1903, leva sua exposição a São Paulo e participa com 16 projetos do concurso de selos postais organizado pela Casa da Moeda. Os projetos de Visconti, com forte influência do art nouveau, vencem o concurso e são publicados com elogios no Brasil e no exterior, inclusive na revista francesa “L’Illustration”. Mas os selos de Visconti jamais seriam impressos, o que causou grande mágoa ao artista. A pioneira incursão de Visconti pelo design incluiu ainda cartazes, cerâmicas, tecidos, papéis de parede, vitrais e luminárias.
Decorador do Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Aquela primeira exposição de Visconti, que teve boa acolhida apenas entre críticos da época, como Gonzaga Duque, seria em parte responsável pelo convite que lhe fez o prefeito Pereira Passos para executar os trabalhos de decoração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, realizados em Paris, em duas etapas. Entre 1905 e 1908 Eliseu Visconti executa o pano de boca, o plafond (teto sobre a plateia) e o friso sobre o palco (proscênio). E entre 1913 e 1916, pinta os painéis do foyer do Theatro, considerados uma obra prima da pintura decorativista no Brasil. Durante esses períodos de permanência na França, no início do século XX, Visconti assimila definitivamente as lições do impressionismo, incorporadas essencialmente às paisagens de Saint Hubert, vilarejo na região de Île-de-France, onde residia a família de Louise.
Professor
Em junho de 1906, Visconti foi eleito para substituir Henrique Bernardelli na primeira cadeira de Pintura da antiga Escola Nacional de Belas Artes, cargo que só veio a assumir no ano seguinte, e no qual permaneceu até 1913, quando pediu exoneração para retornar à Europa e realizar a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre seus discípulos podem ser destacados Henrique Cavalleiro, Marques Júnior, Raimundo Cela, Isolina Machado, Agenor de Barros, João Batista Bordon e Oscar Boeira, entre outros artistas que se afirmariam na cena artística carioca dos anos 1920.
Impressionismo
Após sua volta definitiva ao Brasil, em 1920, outra luminosidade e outras cores exerceriam influência sobre ele, levando-o a criar um impressionismo próprio, retratado em suas paisagens de Teresópolis, cheias de atmosfera luminosa e transparente, de radiosa vibração tropical. Para Mário Pedrosa, o mais renomado crítico de arte do século XX, com as paisagens de Saint Hubert e de Teresópolis, Visconti é o inaugurador da pintura brasileira, o seu marco divisório. E complementa Mário Pedrosa: Nasce uma nova paisagem na pintura do Brasil {...}. Foi pena que o movimento moderno brasileiro, no seu início, não tivesse tido contato com Visconti. Os seus precursores teriam tido muito que aprender com o velho artista, mais experimentado, senhor da técnica da luz, aprendido diretamente na escola do neoimpressionismo.
Outras decorações e medalha de honra
Após 1920, a fluência nas diversas técnicas e a maestria com que administra o uso das cores associado aos efeitos de luz tornam-se uma característica das telas de Visconti. Participa do processo de contínua modernização urbana da cidade do Rio de Janeiro, executando importantes decorações para a Biblioteca Nacional, para o Palácio Tiradentes e para o Palácio Pedro Ernesto.
Em 1922, é agraciado com a Medalha de Honra na Exposição Internacional do Centenário da Independência. Acompanha com interesse os acontecimentos da Semana de Arte Moderna, para a qual não foi convidado. Pietro Maria Bardi comentaria: "Esqueceram o único realmente moderno de sua época, que era Visconti".
Realiza na Galeria Jorge, em 1926, nova exposição de design, reapresentando os trabalhos antigos e expondo agora os selos postais premiados em 1904, bem como o ex-libris e o emblema da Biblioteca Nacional.
De volta ao Teatro Municipal
O alargamento do palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em meados da década de 1930, iria proporcionar a Visconti um retorno às emoções da mocidade. O artista executa um novo friso sobre a boca de cena (friso sobre o proscênio), em perfeita harmonia com as demais decorações. Em 2008, durante a reforma do Teatro Municipal para a festa do seu centenário, foi encontrado por acaso o proscênio primitivo. Ao contrário do que se imaginava, o proscênio primitivo, escondido há mais de setenta anos, foi preservado, afastado do atual e em bom estado de conservação. No mesmo período em que executa o novo friso, entre 1934 e 1936, Visconti leciona no curso de extensão universitária de artes decorativas da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Para Guilherme Cunha Lima, tem início então, com Visconti, o ensino de design no Brasil.
Visconti designer
No Brasil, Eliseu Visconti foi quem trilhou os primeiros passos do desenho aplicado às indústrias e às artes gráficas, atividades hoje que se inserem na denominação "design". Paralelamente à sua produtiva e louvada carreira como pintor, Visconti produziu selos, cartazes, projetos de pratos e de jarros para serem executados em cerâmica, vitrais, marchetaria, luminárias, ex-libris, estamparia de tecidos e papel de parede, dando os primeiros passos para o surgimento de uma profissão décadas mais tarde - o designer.
Morte
Trabalhador incansável e artista de vanguarda, Visconti produziu obra de valor universal, utilizando como instrumental, ao longo de suas diversas fases, técnicas e influências naturalistas, renascentistas, realistas, pontilhistas, impressionistas e neorrealistas. Prosseguiria Eliseu Visconti na busca incansável pelo novo, evoluindo em sua técnica e desconhecendo estágios de decadência. Entretanto, três meses após ser golpeado na cabeça em um assalto ao seu ateliê, falece o artista em 15 de outubro de 1944, aos 78 anos de idade. A atualidade de Visconti permanece, retratada em obras com tal grau de versatilidade que, se colocaram como o mais expressivo representante do impressionismo e como pioneiro do nosso design, revelam sua capital importância dentre os artistas que anteciparam a modernização da arte brasileira.
O Projeto Eliseu Visconti
Iniciado em 2004 com a construção do site oficial do pintor, o Projeto Eliseu Visconti foi criado por Tobias Stourdzé Visconti, neto do artista, com o objetivo de preservar e divulgar a memória da vida e da obra do pintor Eliseu Visconti, além de responsabilizar-se pela guarda e organização de todo acervo documental sobre sua obra. Dentre as diversas atividades cumpridas pelo Projeto, destacam-se a realização de sete exposições sobre a obra de Visconti, a restauração das pinturas de Visconti no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a publicação do livro sobre a vida e a obra do artista e o lançamento do Catálogo Raisonné de Eliseu Visconti.
Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado em 20 de março de 2018.
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Estudo a Obra do Mestre e Cito suas Principais Fases
De modo geral há que distinguir na obra de Eliseu Visconti três fases distintas: aquela em que se observa a influência dos artistas da Renascença, e de modo marcante, a de Botticelli — a que resulta da familiaridade com os retratos italianos e espanhõis dos séculos XVI e XVII — e, finalmente, a fase impressionista com a sua conseqüente evolução: divisionismo e pontilhismo.
Da fase Renascentista há que destacar a “Dança das Oréadas”, tela magistral, premiada com a medalha de prata na Exposição Universal de Paris de 1900; “Juventude”, a obra prima pictórica de intensa e expressiva espiritualidade. À ela poder-se-ia aplicar a célebre frase de Da Vinci – “pintura é coisa mental”. Considero-a, entre todas, a mais representativa da fase Renascentista. Ainda com a inflluência Renscentista citarei “A Providência Divina Guiando Pedro Álvares Cabral” — atualmente faz parte do Museu Ipiranga de S. Paulo; e, finalmente, “Recompensa de S. Sebastião”, premiada com medalha de ouro na Exposição de S. Luiz – Estados Unidos – em 1909 que faz parte do patrimônio do Museu Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro.
Como exemplos da influência dos retratistas italianos e espanhóis dos séculos XVI e XVII, há que assinalar, entre outros, os retratos da escultora Nicolina Vaz de Assis e do crítico de arte Gonzaga Duque. No primeiro, de fato, a disposição da figura na tela, ou seja a sua composição, bem como o colorido, muito se assemelha ao retrato de “Balthazar de Castiglione”, de Rafael, exposto no Louvre; o segundo, apresenta reminiscências técnicas de Velasquez.
Visconti, como é notório, realizou inúmeras cópias de quadros de Velasquez, inclusive a do célebre quadro “Rendição de Breada”, como envio correspondente à sua condição de aluno-pensionista da Escola de Belas Artes. Essa cópia de execução magistral é verdadeiramente notável. Dir-se-ia que o mestre quando nela trabalhava recebia o espirito de Velasquez, consequentemente, é natural que tivesse recebido também essas influências que eu diria mediúnicas.
No seu admirável estudo sobre a obra e a personalidade de Visconti, publicado no “Correio Brasiliense”, diz o desembargador Hugo Auler: “Visconti criou o seu impressionismo, sua técnica e estilos próprios para expressar suas belas criações pictóricas”. Certo, certíssimo. Porque na verdade o mestre não se limitou a transpor para a tela, literalmente, a fórmula impressionista, se não, a condicionar ou adaptar essa fórmula ao seu temperamento sensível de artista, dando à ela uma característica própria, individual. Assim fizeram também os grandes artista como Besnard, Segantini, o belga Rysselberghe e tantos outros.
Baseado na técnica impressionista — compreendido ai o pontilhismo e o divisionismo — há que destacar inúmeros trabalhos, dentre os quais avulta a magistral decoração do Teatro Municipal do Rio, a qual abrange o “foyer” o “plafond” e a rotunda — exceção do Pano de Boca em que o mestre empregou técnica diferente. Essa obra verdadeiramente genial, única no seu gênero na América Latina, representa o resultado das experiências que o mestre vinha realizando, há muito tempo, para empreender essa concepção de arte, baseada no pontilhismo e no divisionismo.
A partir de 1910, depois de realizada essa grande obra, vemos Visconti executando várias telas de cavalete, entre as quais “Maternidade”, trabalho marcante de sua fase pré-impressionista, pertencente à Pinacoteca do Estado de S. Paulo, e vários retratos, paisagens e estudos, hoje, dispersos em coleções particulares; sem esquecer também a série de paisagens executadas em Teresópolis, onde estudou as vibrações da luz e da atmosfera.
Embora essa nova técnica e suas modalidades (nova para nós) tenha sido matéria já superada na Europa, no seu tempo, todavia não invalida a influência marcante que Visconti exerceu no meio artístico brasileiro, trazendo essa nova concepção de arte, pois, a bem dizer, nada tínhamos a não ser processos acadêmicos.
Rompendo com esses processos, Visconti preparava o grande advento da arte moderna no Brasil, da qual foi de fato o precursor.
No catálogo da primeira exposição realizada no Museu de Belas Artes, após sua morte, encontrei essa passagem apócrifa, que passo a transcrever: “ A obra e a vida de Eliseu d’ Angelo Visconti constituem para a arte brasileira um fonte perene de ensinamentos onde os artistas encontrarão sempre os mais belos exemplos de honestidade profissional aliados a um dos mais brilhantes temperamentos de artista de que se orgulha nosso País”.
Henrique Campos Cavalleiro, em agosto de 1975.
Fonte: Instituto Eliseu Visconti, consultado pela última vez em 20 de março de 2018.