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Francisco Brennand

Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand (Recife, PE, 11 de junho de 1927 - Idem, 19 de dezembro de 2019), conhecido como Brennand, foi um ceramista, escultor, desenhista, pintor, tapeceiro, gravador e Ilustrador, estabelecendo-se como grande nome da cerâmica e escultura brasileira.

Biografia

Montou no bairro da Várzea, em Recife (PE), a Oficina Cerâmica Francisco Brennand (1971), um espaço quase onírico povoado por esculturas um tanto surrealistas, e com jardim idealizado por Roberto Burle Marx.

Francisco Brennand já demonstrava talento para as artes. Na infância e adolescência, passava o tempo das aulas desenhando caricaturas dos professores. Em 1945, Ariano Suassuna, seu colega de classe, convidou-o para ilustrar os poemas que publicava no jornal do colégio, também organizado por ele.

Começou a ser instruído em pintura por Álvaro Amorim, um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco. Aproximou-se também de Cícero Dias, quando o artista expatriado em Paris expôs em Recife, chegando mesmo a viajar para a França a convite dele.

Estabeleceu-se como grande nome da escultura brasileira, tendo participado de várias mostras e exposições, e ganhado reconhecimento internacional. Sua oficina é ponto turístico na capital pernambucana.

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Biografia Itaú Cultural

Inicia sua formação em 1942, aprendendo a modelar com Abelardo da Hora (1924). Posteriormente, recebe orientação em pintura de Álvaro Amorim (19-?) e Murilo Lagreca (1899 - 1985). No fim dos anos 1940, pinta principalmente naturezas-mortas, realizadas com grande simplificação formal. Em 1949, viaja para a França, incentivado por Cicero Dias (1907 - 2003). Freqüenta cursos com André Lhote (1885 - 1962) e Fernand Léger (1881 - 1955) em Paris, em 1951. Conhece obras de Pablo Picasso (1881 - 1973) e Joán Miró (1893 - 1983) e descobre na cerâmica seu principal meio de expressão. Entre 1958 a 1999, realiza diversos painéis e murais cerâmicos em várias cidades do Brasil e dos Estados Unidos. Em 1971, inicia a restauração de uma velha olaria de propriedade paterna, próxima a Recife, transformando-a em ateliê, onde expõe permanentemente objetos cerâmicos, painéis e esculturas. Em 1993, é realizada grande retrospectiva de sua produção na Staatliche Kunsthalle, em Berlim. É publicado o livro Brennand, pela editora Métron, com texto de Olívio Tavares de Araújo, em 1997. Em 1998, é realizada a retrospectiva Brennand: Esculturas 1974-1998, na Pinacoteca do Estado - Pesp, em São Paulo. Desde os anos 1990, são lançados vários vídeos sobre sua obra, entre eles, Francisco Brennand: Oficina de Mitos, pela Rede Sesc/Senac de Televisão, em 2000.

Análise

Francisco Brennand inicia sua carreira como pintor e escultor no fim da década de 1940. Em seus quadros, pinta flores e frutos que parecem flutuar no espaço pictórico, realizados com linhas simplificadas e cores puras. Posteriormente, descobre seu meio de expressão na cerâmica, incentivado por obras de Pablo Picasso (1881 - 1973), Joán Miró (1893 - 1983) e Léger (1881 - 1955), que conhece durante uma estada em Paris. Em 1971, reforma a fábrica de cerâmica de seu pai, próxima a Recife, então quase abandonada, transformando-a em um ateliê, que povoa de seres fantásticos, representados em relevos, painéis, objetos cerâmicos e esculturas.

O artista trabalha a cerâmica não só com a forma mas também com a cor. Obtém uma grande quantidade de tonalidades por meio das variações de temperatura que atuam sobre os pigmentos durante a queima das peças.

As esculturas de Brennand apresentam o caráter de tótens, ou se relacionam a signos da tradição popular. Em muitas obras, apresenta criaturas aterradoras, monstros, seres deformados ou que revelam um caráter trágico. Algumas esculturas estão ligadas a rituais de fertilidade, de culturas arcaicas, apresentando um caráter fortemente sexual. Produz figuras que freqüentemente têm um aspecto trágico, cuja estranheza é acentuada pelo acabamento rude.

Críticas

"Sua obra, somando cerâmica e pintura, jamais deixou de identificar-se com a origem nordestina - o toque e o cheiro da terra, as emanações de imagens que ali afloram, realidade e fantasia coletivas, coisas de toda a gente. Mas, nem de longe um ´ingênuo´, ele se situa entre os que exigem de si mesmos o conhecimento constante das motivações de cada recurso utilizado, sondando avanços, policiando o acordo de rudeza e refinamento. Não será errado perceber nele, e na sua obra, uma nova manifestação do elo típico entre a casa-grande e a senzala, que a estrutura social do Nordeste transpôs inevitavelmente à seara da arte. A fonte popular vale, portanto, como a seiva de que se alimenta o fidalgo Brennand. (O dado aristocrático, de nobiliarquia assumida, marcou o Movimento Armorial, um paralelo à escola pernambucana de pintura, de que ele também foi pilar. ) Aproveita dela certas constantes essenciais, como a ânsia de exorcizar o real pela investigação do imaginoso, a reinvenção da natureza próxima segundo uma flora e uma fauna fantásticas, a insistência no épico de heroísmos simples, a fusão de amor e morte sagrando o cotidiano num mar de forças primordiais. De início, até meados da década de 60, houve no que ele produziu uma tendência ao narrativo, quase irmanado à literatura de cordel, de colorido franco e humor frequente. Depois, e ainda hoje, passaram a predominar os elementos da fauna e da flora, isolados ou mesclados".

Roberto Pontual (PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987.)

"É irresistível qualificar essas esculturas de totêmicas. Aliás, na linha da qualificação, poderíamos dizer que essa obra é filha do surrealismo, da metafísica e do fantástico. E essa rotulação não nos ajudaria a entender melhor o artista, a sua obra e de que maneira essa obra nos fala de nossas intuições. Pois se trata disto, do desvendamento de um mundo interior, de percepções submersas, de memórias e emoções, até então, para sempre soterradas. (...) É evidente que a obra de Francisco Brennand não trata apenas da estética. Esse valor, de uma maneira ou de outra, serve, também, de referência para essas obras. É uma maneira de observar, elemento de sinalização, ponte de entendimento. Mas não o principal desta obra, que não caminha por linhas retas, não se desenvolve historicamente em relação a si mesma, não tem a preocupação da coerência ou do diálogo imediato com o público".

Jacob Klintowitz (KLINTOWITZ, Jacob. Brennand e os seres de fogo. Os Novos viajantes. São Paulo: Sesc, 1993.)

"Nós nordestinos, nos preocupamos em sermos fiéis à terra, aos mitos, às histórias, às formas e cores da região. Não nos damos por satisfeitos senão quando sentimos que tais coisas estão agredindo os outros à primeira vista, de dentro de nossas obras. Em Francisco Brennand, porém, não existe esta ânsia. Ele absolutamente não se preocupa em verificar se o que está fazendo no momento corresponde ou não ao mundo que o cerca, se está ou não em conformidade com o seu tempo. Aqui, adota uma linha vista num jarro persa, ali se inspira num desenho renascentista, acolá num friso grego ou medieval. O fato é que o Brasil e o Nordeste são exatamente os herdeiros legítimos da tradição ocidental, latina, barroca, luxuriante da cultura mediterrânea. E como ele ao mesmo tempo absorve naturalmente tudo aquilo que o redeia, o resultado é que sua obra é a mais universal e a mais fiel à terra de quantas já saíram do Nordeste".

Ariano Suassuna (FERRAZ, Marilourdes. Oficina cerâmica Francisco Brennand: usina de sonhos. Recife: AIP, 1997.)

Exposições Individuais

1960 - São Paulo SP - Pinturas e Cerâmicas, no MAM/SP

1961 - Salvador BA - Pinturas e Cerâmicas, no MAM/BA

1961 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Luís

1961 - Olinda PE - Pinturas e Cerâmicas, na Galeria da Ribeira

1963 - Natal RN - Individual, na Galeria de Arte e Prefeitura Municipal

1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie

1969 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia

1969 - João Pessoa PB - Individual, na UFPB

1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie

1976 - Washington (Estados Unidos) - Desenhos e Cerâmica de Francisco Brennand, na Association of The Inter-American Development

1989 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Montessanti - Roesler

1989 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Galeria The South Bank Center - Royal Festival Hall

1993 - Berlim (Alemanha) - Pinturas e Cerâmicas, no Museu Staatliche Kunsthalle Berlin

1994 - Recife PE - Pinturas, na Galeria Espaço Vivo

1994 - Recife PE - Pinturas, na Plêiade Galeria

1998 - São Paulo SP - Individual, na Pinacoteca do Estado

1999 - Brasília DF - Individual, no Teatro Nacional de Brasília

2000 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Casa França-Brasil

2000 - Recife PE - Brennand: a procura da forma, no Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco

2000 - Manaus AM - Esculturas e Desenhos, no Centro Cultural Palácio Rio Negro

2004 - Curitiba PR - Brennand Esculturas: o homem e a natureza, no Museu Oscar Niemeyer

Exposições Coletivas

1947 - Recife PE - 6º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco - 1º prêmio

1948 - Recife PE - 7º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco - 1º prêmio

1950 - Recife PE - 9º Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco - 2º prêmio

1953 - Recife PE - 12º Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco

1954 - Recife PE - 13º Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco

1955 - Barcelona (Espanha) - 3ª Bienal Hispano-Americana

1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes - medalha de prata

1956 - São Paulo SP - 50 Anos de Paisagem Brasileira, no MAM/SP

1959 - Oostende (Bélgica) - Exposição Internacional de Cerâmica e Pintura

1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho

1959 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria de Arte das Folhas, concorrendo ao Prêmio Leirner

1960 - Recife PE - Pintores Contemporâneos, na Igreja São Pedro dos Clérigos

1961 - Recife PE - 1ª Exposição da Cerâmica Artística, no 5º Congresso Nacional de Cerâmica, na Galeria da Prefeitura Municipal

1961 - Recife PE - Pintores Pernambucanos, na Galeria da Prefeitura Municipal

1962 - Recife PE - Pintura Religiosa em Pernambuco, no Atelier São Bento

1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf , no MAM/SP

1964 - Punta del Este (Uruguai) - Bienal de Artes Plásticas

1965 - Porto Alegre RS - Seis Artistas de Pernambuco, no Margs

1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas

1970 - Recife PE - Movimento Armorial, na Igreja de S. Pedro do Clérigos

1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio

1975 - Faenza (Itália) - 33º Concorso Internazionale della Cerámica d'Arte Contemporánea

1976 - São Paulo SP - O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler

1977 - Rio de Janeiro RJ - 2º Arte Agora: visão da terra, no MAM/RJ

1977 - Washington (Estados Unidos) - The Original and its Reproduction: a Melhoramentos project, no Brazilian-American Cultural Institute

1978 - Filadélfia (Estados Unidos) - The Original and its Reproduction: a Melhoramentos project, no Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos

1979 - Recife PE - Escultura Brasileira, na Galeria Arteespaço

1980 - Recife PE - Coletiva, na Casa de Cultura de Pernambuco

1980 - Recife PE - Pintores Brasileiros, Galeria Vila Rica

1981 - Rio de Janeiro RJ - Mostra da Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Barbican Art Gallery

1985 - Brasília DF - Brasilidade e Independência, no Teatro Nacional Cláudio Santoro

1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1986 - Brasília DF - Pernambucanos em Brasília, na ECT Galeria de Arte

1988 - São Paulo SP - 63/66 Figura e Objeto, na Galeria Millan

1989 - Portugal - 2ª Bienal Internacional de Óbidos

1989 - Recife PE - Artistas Contemporâneos Pernambucanos, no Espaço Cultural Josael de Oliveira

1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1990 - Veneza (Itália) - 44ª Bienal de Veneza

1991 - Recife PE - Estética de Resistência, na Galeria Artespaço

1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa da Cultura

1992 - Recife PE - Interpretações, na Galeria Futuro 25

1992 - São Paulo SP - Estética de Resistência, na Galeria Montessanti - Roesler

1992 - Sevilha (Espanha) - Exposição Universal, na Expo'92

1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich

1994 - São Paulo SP - Marinhas, na Galeria Nara Roesler

1994 - São Paulo SP - Os Novos Viajantes, no Sesc Pompéia

1995 - Caracas (Venezuela) - 2ª Bienal Barro de América, no Museo de Arte Contemporáneo de Caracas Sofía Imber

1995 - Maracaibo (Venezuela) - 2ª Bienal do Barro

1995 - São Paulo SP - Coletiva, no Masp

1995 - São Paulo SP - Filhos do Abaporu - Cerâmica, na Arte Brasil

1996 - Recife PE - Arte e Literatura, na Rodrigues Galeria de Artes

1996 - Recife PE - Arte e Religião, na Galeria Futuro 25

1996 - Recife PE - Artistas Plásticos na Mansão dos Antiquários

1996 - Recife PE - Cerâmica e Porcelana, no Museu do Estado de Pernambuco

1996 - Recife PE - Pernambucanidade e Regionalismo da Pintura Brasileira, no Citibank

1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ

1996 - Salvador BA - Exposição da ABAV-Recife

1997 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: Perfil de uma Identidade, na sede do Banco Safra

1997 - Washington (Estados Unidos) - Escultura Brasileira: Perfil de uma Identidade, no Centro Cultural do BID

1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural

2000 - Recife PE - Ateliê Pernambuco: homenagem a Bajado e acervo do Mamam, no Mamam

2000 - São Paulo SP - Arte Erótica Brasileira, na Galeria Nara Roesler

2000 - São Paulo SP - Cerâmica Brasileira: construção de uma linguagem, no Centro Brasileiro Britânico

2000 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: da Pinacoteca ao Jardim da Luz, na Pinacoteca do Estado

2000 - São Paulo SP - Os Anjos Estão de Volta, na Pinacoteca do Estado

2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, no CCBB

2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte

2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP

2005 - São Paulo SP - Acervo 2005, no MAB/Faap

Fonte: FRANCISCO Brennand. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 27 de Fev. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia Wikipédia

Foi autor de dois importantes espaços culturais da cidade do Recife: a Oficina Cerâmica Francisco Brennand e o Parque das Esculturas Francisco Brennand.

Em 2017 foi agraciado com a Medalha do Mérito Guararapes - Grã Cruz, a mais alta honraria do Estado de Pernambuco.

Nasceu em 11 de junho de 1927 nas terras do antigo Engenho São João, na cidade brasileira do Recife, filho de Ricardo de Almeida Brennand e Olímpia Padilha Nunes Coimbra. É descendente de Edward Brennand, originário de Manchester, na Inglaterra, que veio para o Brasil em 1820 para trabalhar em uma empresa ferroviária inglesa.

Em 1917, o pai de Francisco Brennand, Ricardo, criou a primeira fábrica de cerâmicas da família — a Cerâmica São João — nas terras do antigo engenho do bairro da Várzea, no Recife, herança recebida de D. Maria da Conceição do Rego Barros Lacerda, uma prima de sua mãe.

Durante o ensino médio, após conhecer o trabalho do escultor Abelardo da Hora, Francisco Brennand desenvolveu seu interesse pelo desenho e pela literatura. No mesmo período conheceu Débora de Moura Vasconcelos, sua futura esposa, e Ariano Suassuna, seu colega de classe, com quem produzia um jornal literário, encarregando-se de realizar as ilustrações para os textos e poemas de Ariano.

Painel de Francisco Brennand no exterior do icônico edifício sede da Bacardi, em Miami, Estados Unidos.

Inicialmente, Brennand acreditava ser a cerâmica uma arte utilitária, menor, e por isso dedicou-se sobretudo à pintura a óleo. Entretanto, ao chegar à França, em 1948, deparou-se com uma exposição de cerâmicas de Picasso, e descobre que muitos dos artistas da Escola de Paris haviam passado pela cerâmica: além de Picasso, Chagall, Matisse, Braque, Gauguin, e sobretudo o catalão Joan Miró.

Já no início da década de 1950, de passagem por Barcelona, Brennand descobre Antoni Gaudí, cujas obras — com suas formas sinuosas e o uso do trencadís, tradicional técnica catalã — causam-lhe forte impressão. Após o seu primeiro período na Europa (1948–1951), Brennand retorna ao Brasil mas, logo em 1952, decide aprofundar-se no conhecimento das técnicas da cerâmica, iniciando estágio em uma fábrica de majólicas na cidade de Deruta, na província de Perúgia, Itália. Durante esse estágio, Brennand inicia suas experiências com o uso de esmaltes cerâmicos e queimas sucessivas da peça, em temperaturas variadas. A cada entrada da peça no forno, é aplicada uma camada diferente de esmalte, o que dá à superfície uma grande variedade de cores e texturas.

Na década de 1970, Brennand participa do Movimento Armorial, juntamente com Ariano Suassuna, seu principal idealizador.

No seu ateliê, instalado nas terras do antigo Engenho (depois Cerâmica) São João, no bairro da Várzea, no Recife, estão expostas muitas de suas obras, parte delas dispostas a céu aberto, em um grande jardim central.

Morte

Morreu em 19 de dezembro de 2019, vítima de infecção respiratória no Real Hospital Português de Beneficência, na cidade do Recife. O artista plástico estava fazendo um tratamento contra uma pneumonia. O corpo foi velado na Capela Imaculada Conceição, na Oficina Cerâmica Francisco Brennand e cremado no cemitério Morada da Paz, em Paulista/PE.

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 27 de fevereiro de 2017

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O fantástico mundo de Francisco Brennand

Pintor, escultor e muralista de estilo incomparável, o pernambucano redefiniu o uso da cerâmica na arte e na arquitetura. Sua obra monumental está eternizada na Oficina construída sobre as ruínas de uma fábrica fundada por seu pai — uma propriedade fascinante que completou cem anos em 2017.

O arrebatamento toma conta de quem chega à Oficina Brennand, no bairro da Várzea, subúrbio do Recife. Isolados da cidade por um cinturão de mata densa, os galpões onde funcionaram a Cerâmica São João, fundada em 1917, hoje formam um singular santuário dedicado às artes. Por trás de cada detalhe dessa obra colossal está o pintor, escultor e ceramista Francisco Brennand. A Oficina Brennand é um complexo arquitetônico formado por vários núcleos construtivos que ocupam cerca de 15 mil metros quadrados. Há um jardim projetado por Burle Marx, uma capela restaurada por Paulo Mendes da Rocha, um Templo do Sacrifício que remete ao massacre das civilizações pré-colombianas, galerias distintas dedicadas à cerâmica e à pintura, lagos, fontes e totens, formando um impressionante museu aberto. No total, mais de mil peças de Francisco Brennand podem ser vistas — e tocadas.

É impressionante como esse artista visionário conseguiu criar tanto a partir do barro. Repleta de citações literárias, filosóficas e religiosas, sua obra se articula formando um só monumento, tão grandioso quanto inefável. Protegido pela muralha sobre a qual um exército de “pássaros roca” se posta em sentinela, um imponente pátio abriga um templo e uma praça de esculturas. A inspiração para os pássaros-guardiões remonta a uma passagem de “As Mil e Uma Noites”. Com fonte, espelho d’água e cisnes negros, a Praça Mítica exibe releituras de Adão e Eva, Vênus, imagens de santos, animais fantásticos e seres imaginários. Ao lado da praça está o Templo ao Ovo Primordial, obra de significado emblemático para Brennand. “O ovo é o símbolo da imortalidade. As coisas são eternas porque se reproduzem”, afirma o artista. O ovo, tão bem-guardado no templo, é também um marco na reocupação da antiga cerâmica que o pai de Francisco Brennand fundou quando tinha apenas 20 anos. “Na minha infância, essa fábrica era palco de brincadeiras com meus irmãos. Um lugar misterioso. Os fornos, na nossa imaginação, tinham certa semelhança com catacumbas”.

Com as mãos sobre a inseparável bengala, o artista conta como surgiu a ideia de fazer de lá seu ateliê. “Um belo dia, atravessando a ponte que ligava nossa outra propriedade ao lado de cá, eu encontrei essa fábrica em ruínas. Senti que era meu dever recuperá-la”. Enchendo-se de coragem, foi dizer ao pai o que pretendia. “Estava com 45 anos, era imensamente jovem e absolutamente irresponsável”, admite. Com a anuência do pai, cuja única condição foi que Francisco não pedisse ajuda financeira aos irmãos, o artista deu início à obra de sua vida. Reativou a fábrica e nela passou a produzir uma cerâmica pouco ortodoxa. Ele misturava materiais que, levados à temperatura de 1400ºC, fundiam-se num espécie de rocha, dura e resistente como o quartzo.

Alma ao Diabo

Foi essa cerâmica original que garantiu os recursos para Oficina nos primeiros anos. Procurado por um grupo de jovens arquitetos que conheciam seu trabalho, Brennand venceu a concorrência para fornecer o revestimento do edifício-sede da então poderosa Sudene. “Eu não vendi minha alma para o Diabo. Nunca deixei de ser um artista para ser um empresário”, diz ele.

Sua cerâmica faz sucesso em edifícios de todo o País. Com o dinheiro entrando, Brennand viu que era possível manter parte das peças que produzia. Assim, os vazios que resultavam da retirada de equipamentos industriais da Oficina foram preenchidos com esculturas e murais. Ainda assim, seu sanutário permaneceria secreto por muito tempo. “Onze anos depois de eu ter restaurado a fábrica, um motorista de táxi trouxe quatro turistas de São Paulo. Eles ficaram admirados. Lá fora, o taxista me abordou e disse: ‘Isso aqui parece o Egito’. Eu entendi que ele estava em busca de uma analogia para a palavra mistério. Percebi que deveria seguir trabalhando daquela mesma forma”.

Volta às origens

Brennand nunca se considerou um escultor, uma vez que não esculpe e sim molda peças no barro. “Eu aprendi por tabela, com os artesãos e especialistas em porcelana vindos da Europa e dos Estados Unidos para trabalhar com meu pai. Sou um artista que soube tirar proveito do conhecimento não só familiar como também dos estrangeiros que andaram por aqui”, afirma. “À medida que eu estudava a origem dessas terras, onde se inscreve a Batalha de Guararapes, pude compreender que esse lugar deveria ser eternizado. Aqui há uma história a glorificar. Tem a dimensão do sagrado”.

Hoje, com as limitações impostas pela idade, Francisco Brennand se dedica exclusivamente à pintura, sua atividade original como artista, iniciada em 1942. Então com 15 anos, foi encarregado de acompanhar o restauro de uma coleção de pinturas

que seu pai havia adquirido. O restaurador, Álvaro Amorim, um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco, incentivou o jovem a pintar. Em 1947, ao participar do Salão do Museu de Arte do Estado, o então aprendiz ficou em primeiro lugar — feito que repetiria no ano seguinte.

De lá para cá são mais de 90 exposições em todo o mundo, além do reconhecimento da crítica e de outros artistas, caso de sumidades com Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto. O escritor Jorge Amado, que conhecia pintura profundamente, jamais poupou elogios ao pernambucano: “Mestre Francisco Brennand, hoje o principal artista do Brasil, um dos grandes da arte contemporânea”.

Fonte: Istoé, por Celso Masson, Recife (PE), em 11 de novembro de 2016.

Crédito fotográfico: Foto: Fred Jordão

Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand (Recife, PE, 11 de junho de 1927 - Idem, 19 de dezembro de 2019), conhecido como Brennand, foi um ceramista, escultor, desenhista, pintor, tapeceiro, gravador e Ilustrador, estabelecendo-se como grande nome da cerâmica e escultura brasileira.

Francisco Brennand

Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand (Recife, PE, 11 de junho de 1927 - Idem, 19 de dezembro de 2019), conhecido como Brennand, foi um ceramista, escultor, desenhista, pintor, tapeceiro, gravador e Ilustrador, estabelecendo-se como grande nome da cerâmica e escultura brasileira.

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Morre, aos 92 anos

Biografia

Montou no bairro da Várzea, em Recife (PE), a Oficina Cerâmica Francisco Brennand (1971), um espaço quase onírico povoado por esculturas um tanto surrealistas, e com jardim idealizado por Roberto Burle Marx.

Francisco Brennand já demonstrava talento para as artes. Na infância e adolescência, passava o tempo das aulas desenhando caricaturas dos professores. Em 1945, Ariano Suassuna, seu colega de classe, convidou-o para ilustrar os poemas que publicava no jornal do colégio, também organizado por ele.

Começou a ser instruído em pintura por Álvaro Amorim, um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco. Aproximou-se também de Cícero Dias, quando o artista expatriado em Paris expôs em Recife, chegando mesmo a viajar para a França a convite dele.

Estabeleceu-se como grande nome da escultura brasileira, tendo participado de várias mostras e exposições, e ganhado reconhecimento internacional. Sua oficina é ponto turístico na capital pernambucana.

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Biografia Itaú Cultural

Inicia sua formação em 1942, aprendendo a modelar com Abelardo da Hora (1924). Posteriormente, recebe orientação em pintura de Álvaro Amorim (19-?) e Murilo Lagreca (1899 - 1985). No fim dos anos 1940, pinta principalmente naturezas-mortas, realizadas com grande simplificação formal. Em 1949, viaja para a França, incentivado por Cicero Dias (1907 - 2003). Freqüenta cursos com André Lhote (1885 - 1962) e Fernand Léger (1881 - 1955) em Paris, em 1951. Conhece obras de Pablo Picasso (1881 - 1973) e Joán Miró (1893 - 1983) e descobre na cerâmica seu principal meio de expressão. Entre 1958 a 1999, realiza diversos painéis e murais cerâmicos em várias cidades do Brasil e dos Estados Unidos. Em 1971, inicia a restauração de uma velha olaria de propriedade paterna, próxima a Recife, transformando-a em ateliê, onde expõe permanentemente objetos cerâmicos, painéis e esculturas. Em 1993, é realizada grande retrospectiva de sua produção na Staatliche Kunsthalle, em Berlim. É publicado o livro Brennand, pela editora Métron, com texto de Olívio Tavares de Araújo, em 1997. Em 1998, é realizada a retrospectiva Brennand: Esculturas 1974-1998, na Pinacoteca do Estado - Pesp, em São Paulo. Desde os anos 1990, são lançados vários vídeos sobre sua obra, entre eles, Francisco Brennand: Oficina de Mitos, pela Rede Sesc/Senac de Televisão, em 2000.

Análise

Francisco Brennand inicia sua carreira como pintor e escultor no fim da década de 1940. Em seus quadros, pinta flores e frutos que parecem flutuar no espaço pictórico, realizados com linhas simplificadas e cores puras. Posteriormente, descobre seu meio de expressão na cerâmica, incentivado por obras de Pablo Picasso (1881 - 1973), Joán Miró (1893 - 1983) e Léger (1881 - 1955), que conhece durante uma estada em Paris. Em 1971, reforma a fábrica de cerâmica de seu pai, próxima a Recife, então quase abandonada, transformando-a em um ateliê, que povoa de seres fantásticos, representados em relevos, painéis, objetos cerâmicos e esculturas.

O artista trabalha a cerâmica não só com a forma mas também com a cor. Obtém uma grande quantidade de tonalidades por meio das variações de temperatura que atuam sobre os pigmentos durante a queima das peças.

As esculturas de Brennand apresentam o caráter de tótens, ou se relacionam a signos da tradição popular. Em muitas obras, apresenta criaturas aterradoras, monstros, seres deformados ou que revelam um caráter trágico. Algumas esculturas estão ligadas a rituais de fertilidade, de culturas arcaicas, apresentando um caráter fortemente sexual. Produz figuras que freqüentemente têm um aspecto trágico, cuja estranheza é acentuada pelo acabamento rude.

Críticas

"Sua obra, somando cerâmica e pintura, jamais deixou de identificar-se com a origem nordestina - o toque e o cheiro da terra, as emanações de imagens que ali afloram, realidade e fantasia coletivas, coisas de toda a gente. Mas, nem de longe um ´ingênuo´, ele se situa entre os que exigem de si mesmos o conhecimento constante das motivações de cada recurso utilizado, sondando avanços, policiando o acordo de rudeza e refinamento. Não será errado perceber nele, e na sua obra, uma nova manifestação do elo típico entre a casa-grande e a senzala, que a estrutura social do Nordeste transpôs inevitavelmente à seara da arte. A fonte popular vale, portanto, como a seiva de que se alimenta o fidalgo Brennand. (O dado aristocrático, de nobiliarquia assumida, marcou o Movimento Armorial, um paralelo à escola pernambucana de pintura, de que ele também foi pilar. ) Aproveita dela certas constantes essenciais, como a ânsia de exorcizar o real pela investigação do imaginoso, a reinvenção da natureza próxima segundo uma flora e uma fauna fantásticas, a insistência no épico de heroísmos simples, a fusão de amor e morte sagrando o cotidiano num mar de forças primordiais. De início, até meados da década de 60, houve no que ele produziu uma tendência ao narrativo, quase irmanado à literatura de cordel, de colorido franco e humor frequente. Depois, e ainda hoje, passaram a predominar os elementos da fauna e da flora, isolados ou mesclados".

Roberto Pontual (PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987.)

"É irresistível qualificar essas esculturas de totêmicas. Aliás, na linha da qualificação, poderíamos dizer que essa obra é filha do surrealismo, da metafísica e do fantástico. E essa rotulação não nos ajudaria a entender melhor o artista, a sua obra e de que maneira essa obra nos fala de nossas intuições. Pois se trata disto, do desvendamento de um mundo interior, de percepções submersas, de memórias e emoções, até então, para sempre soterradas. (...) É evidente que a obra de Francisco Brennand não trata apenas da estética. Esse valor, de uma maneira ou de outra, serve, também, de referência para essas obras. É uma maneira de observar, elemento de sinalização, ponte de entendimento. Mas não o principal desta obra, que não caminha por linhas retas, não se desenvolve historicamente em relação a si mesma, não tem a preocupação da coerência ou do diálogo imediato com o público".

Jacob Klintowitz (KLINTOWITZ, Jacob. Brennand e os seres de fogo. Os Novos viajantes. São Paulo: Sesc, 1993.)

"Nós nordestinos, nos preocupamos em sermos fiéis à terra, aos mitos, às histórias, às formas e cores da região. Não nos damos por satisfeitos senão quando sentimos que tais coisas estão agredindo os outros à primeira vista, de dentro de nossas obras. Em Francisco Brennand, porém, não existe esta ânsia. Ele absolutamente não se preocupa em verificar se o que está fazendo no momento corresponde ou não ao mundo que o cerca, se está ou não em conformidade com o seu tempo. Aqui, adota uma linha vista num jarro persa, ali se inspira num desenho renascentista, acolá num friso grego ou medieval. O fato é que o Brasil e o Nordeste são exatamente os herdeiros legítimos da tradição ocidental, latina, barroca, luxuriante da cultura mediterrânea. E como ele ao mesmo tempo absorve naturalmente tudo aquilo que o redeia, o resultado é que sua obra é a mais universal e a mais fiel à terra de quantas já saíram do Nordeste".

Ariano Suassuna (FERRAZ, Marilourdes. Oficina cerâmica Francisco Brennand: usina de sonhos. Recife: AIP, 1997.)

Exposições Individuais

1960 - São Paulo SP - Pinturas e Cerâmicas, no MAM/SP

1961 - Salvador BA - Pinturas e Cerâmicas, no MAM/BA

1961 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Luís

1961 - Olinda PE - Pinturas e Cerâmicas, na Galeria da Ribeira

1963 - Natal RN - Individual, na Galeria de Arte e Prefeitura Municipal

1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie

1969 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia

1969 - João Pessoa PB - Individual, na UFPB

1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie

1976 - Washington (Estados Unidos) - Desenhos e Cerâmica de Francisco Brennand, na Association of The Inter-American Development

1989 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Montessanti - Roesler

1989 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Galeria The South Bank Center - Royal Festival Hall

1993 - Berlim (Alemanha) - Pinturas e Cerâmicas, no Museu Staatliche Kunsthalle Berlin

1994 - Recife PE - Pinturas, na Galeria Espaço Vivo

1994 - Recife PE - Pinturas, na Plêiade Galeria

1998 - São Paulo SP - Individual, na Pinacoteca do Estado

1999 - Brasília DF - Individual, no Teatro Nacional de Brasília

2000 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Casa França-Brasil

2000 - Recife PE - Brennand: a procura da forma, no Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco

2000 - Manaus AM - Esculturas e Desenhos, no Centro Cultural Palácio Rio Negro

2004 - Curitiba PR - Brennand Esculturas: o homem e a natureza, no Museu Oscar Niemeyer

Exposições Coletivas

1947 - Recife PE - 6º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco - 1º prêmio

1948 - Recife PE - 7º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco - 1º prêmio

1950 - Recife PE - 9º Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco - 2º prêmio

1953 - Recife PE - 12º Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco

1954 - Recife PE - 13º Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco

1955 - Barcelona (Espanha) - 3ª Bienal Hispano-Americana

1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes - medalha de prata

1956 - São Paulo SP - 50 Anos de Paisagem Brasileira, no MAM/SP

1959 - Oostende (Bélgica) - Exposição Internacional de Cerâmica e Pintura

1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho

1959 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria de Arte das Folhas, concorrendo ao Prêmio Leirner

1960 - Recife PE - Pintores Contemporâneos, na Igreja São Pedro dos Clérigos

1961 - Recife PE - 1ª Exposição da Cerâmica Artística, no 5º Congresso Nacional de Cerâmica, na Galeria da Prefeitura Municipal

1961 - Recife PE - Pintores Pernambucanos, na Galeria da Prefeitura Municipal

1962 - Recife PE - Pintura Religiosa em Pernambuco, no Atelier São Bento

1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf , no MAM/SP

1964 - Punta del Este (Uruguai) - Bienal de Artes Plásticas

1965 - Porto Alegre RS - Seis Artistas de Pernambuco, no Margs

1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas

1970 - Recife PE - Movimento Armorial, na Igreja de S. Pedro do Clérigos

1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio

1975 - Faenza (Itália) - 33º Concorso Internazionale della Cerámica d'Arte Contemporánea

1976 - São Paulo SP - O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler

1977 - Rio de Janeiro RJ - 2º Arte Agora: visão da terra, no MAM/RJ

1977 - Washington (Estados Unidos) - The Original and its Reproduction: a Melhoramentos project, no Brazilian-American Cultural Institute

1978 - Filadélfia (Estados Unidos) - The Original and its Reproduction: a Melhoramentos project, no Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos

1979 - Recife PE - Escultura Brasileira, na Galeria Arteespaço

1980 - Recife PE - Coletiva, na Casa de Cultura de Pernambuco

1980 - Recife PE - Pintores Brasileiros, Galeria Vila Rica

1981 - Rio de Janeiro RJ - Mostra da Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Barbican Art Gallery

1985 - Brasília DF - Brasilidade e Independência, no Teatro Nacional Cláudio Santoro

1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1986 - Brasília DF - Pernambucanos em Brasília, na ECT Galeria de Arte

1988 - São Paulo SP - 63/66 Figura e Objeto, na Galeria Millan

1989 - Portugal - 2ª Bienal Internacional de Óbidos

1989 - Recife PE - Artistas Contemporâneos Pernambucanos, no Espaço Cultural Josael de Oliveira

1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1990 - Veneza (Itália) - 44ª Bienal de Veneza

1991 - Recife PE - Estética de Resistência, na Galeria Artespaço

1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa da Cultura

1992 - Recife PE - Interpretações, na Galeria Futuro 25

1992 - São Paulo SP - Estética de Resistência, na Galeria Montessanti - Roesler

1992 - Sevilha (Espanha) - Exposição Universal, na Expo'92

1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich

1994 - São Paulo SP - Marinhas, na Galeria Nara Roesler

1994 - São Paulo SP - Os Novos Viajantes, no Sesc Pompéia

1995 - Caracas (Venezuela) - 2ª Bienal Barro de América, no Museo de Arte Contemporáneo de Caracas Sofía Imber

1995 - Maracaibo (Venezuela) - 2ª Bienal do Barro

1995 - São Paulo SP - Coletiva, no Masp

1995 - São Paulo SP - Filhos do Abaporu - Cerâmica, na Arte Brasil

1996 - Recife PE - Arte e Literatura, na Rodrigues Galeria de Artes

1996 - Recife PE - Arte e Religião, na Galeria Futuro 25

1996 - Recife PE - Artistas Plásticos na Mansão dos Antiquários

1996 - Recife PE - Cerâmica e Porcelana, no Museu do Estado de Pernambuco

1996 - Recife PE - Pernambucanidade e Regionalismo da Pintura Brasileira, no Citibank

1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ

1996 - Salvador BA - Exposição da ABAV-Recife

1997 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: Perfil de uma Identidade, na sede do Banco Safra

1997 - Washington (Estados Unidos) - Escultura Brasileira: Perfil de uma Identidade, no Centro Cultural do BID

1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural

2000 - Recife PE - Ateliê Pernambuco: homenagem a Bajado e acervo do Mamam, no Mamam

2000 - São Paulo SP - Arte Erótica Brasileira, na Galeria Nara Roesler

2000 - São Paulo SP - Cerâmica Brasileira: construção de uma linguagem, no Centro Brasileiro Britânico

2000 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: da Pinacoteca ao Jardim da Luz, na Pinacoteca do Estado

2000 - São Paulo SP - Os Anjos Estão de Volta, na Pinacoteca do Estado

2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, no CCBB

2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte

2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP

2005 - São Paulo SP - Acervo 2005, no MAB/Faap

Fonte: FRANCISCO Brennand. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 27 de Fev. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia Wikipédia

Foi autor de dois importantes espaços culturais da cidade do Recife: a Oficina Cerâmica Francisco Brennand e o Parque das Esculturas Francisco Brennand.

Em 2017 foi agraciado com a Medalha do Mérito Guararapes - Grã Cruz, a mais alta honraria do Estado de Pernambuco.

Nasceu em 11 de junho de 1927 nas terras do antigo Engenho São João, na cidade brasileira do Recife, filho de Ricardo de Almeida Brennand e Olímpia Padilha Nunes Coimbra. É descendente de Edward Brennand, originário de Manchester, na Inglaterra, que veio para o Brasil em 1820 para trabalhar em uma empresa ferroviária inglesa.

Em 1917, o pai de Francisco Brennand, Ricardo, criou a primeira fábrica de cerâmicas da família — a Cerâmica São João — nas terras do antigo engenho do bairro da Várzea, no Recife, herança recebida de D. Maria da Conceição do Rego Barros Lacerda, uma prima de sua mãe.

Durante o ensino médio, após conhecer o trabalho do escultor Abelardo da Hora, Francisco Brennand desenvolveu seu interesse pelo desenho e pela literatura. No mesmo período conheceu Débora de Moura Vasconcelos, sua futura esposa, e Ariano Suassuna, seu colega de classe, com quem produzia um jornal literário, encarregando-se de realizar as ilustrações para os textos e poemas de Ariano.

Painel de Francisco Brennand no exterior do icônico edifício sede da Bacardi, em Miami, Estados Unidos.

Inicialmente, Brennand acreditava ser a cerâmica uma arte utilitária, menor, e por isso dedicou-se sobretudo à pintura a óleo. Entretanto, ao chegar à França, em 1948, deparou-se com uma exposição de cerâmicas de Picasso, e descobre que muitos dos artistas da Escola de Paris haviam passado pela cerâmica: além de Picasso, Chagall, Matisse, Braque, Gauguin, e sobretudo o catalão Joan Miró.

Já no início da década de 1950, de passagem por Barcelona, Brennand descobre Antoni Gaudí, cujas obras — com suas formas sinuosas e o uso do trencadís, tradicional técnica catalã — causam-lhe forte impressão. Após o seu primeiro período na Europa (1948–1951), Brennand retorna ao Brasil mas, logo em 1952, decide aprofundar-se no conhecimento das técnicas da cerâmica, iniciando estágio em uma fábrica de majólicas na cidade de Deruta, na província de Perúgia, Itália. Durante esse estágio, Brennand inicia suas experiências com o uso de esmaltes cerâmicos e queimas sucessivas da peça, em temperaturas variadas. A cada entrada da peça no forno, é aplicada uma camada diferente de esmalte, o que dá à superfície uma grande variedade de cores e texturas.

Na década de 1970, Brennand participa do Movimento Armorial, juntamente com Ariano Suassuna, seu principal idealizador.

No seu ateliê, instalado nas terras do antigo Engenho (depois Cerâmica) São João, no bairro da Várzea, no Recife, estão expostas muitas de suas obras, parte delas dispostas a céu aberto, em um grande jardim central.

Morte

Morreu em 19 de dezembro de 2019, vítima de infecção respiratória no Real Hospital Português de Beneficência, na cidade do Recife. O artista plástico estava fazendo um tratamento contra uma pneumonia. O corpo foi velado na Capela Imaculada Conceição, na Oficina Cerâmica Francisco Brennand e cremado no cemitério Morada da Paz, em Paulista/PE.

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 27 de fevereiro de 2017

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O fantástico mundo de Francisco Brennand

Pintor, escultor e muralista de estilo incomparável, o pernambucano redefiniu o uso da cerâmica na arte e na arquitetura. Sua obra monumental está eternizada na Oficina construída sobre as ruínas de uma fábrica fundada por seu pai — uma propriedade fascinante que completou cem anos em 2017.

O arrebatamento toma conta de quem chega à Oficina Brennand, no bairro da Várzea, subúrbio do Recife. Isolados da cidade por um cinturão de mata densa, os galpões onde funcionaram a Cerâmica São João, fundada em 1917, hoje formam um singular santuário dedicado às artes. Por trás de cada detalhe dessa obra colossal está o pintor, escultor e ceramista Francisco Brennand. A Oficina Brennand é um complexo arquitetônico formado por vários núcleos construtivos que ocupam cerca de 15 mil metros quadrados. Há um jardim projetado por Burle Marx, uma capela restaurada por Paulo Mendes da Rocha, um Templo do Sacrifício que remete ao massacre das civilizações pré-colombianas, galerias distintas dedicadas à cerâmica e à pintura, lagos, fontes e totens, formando um impressionante museu aberto. No total, mais de mil peças de Francisco Brennand podem ser vistas — e tocadas.

É impressionante como esse artista visionário conseguiu criar tanto a partir do barro. Repleta de citações literárias, filosóficas e religiosas, sua obra se articula formando um só monumento, tão grandioso quanto inefável. Protegido pela muralha sobre a qual um exército de “pássaros roca” se posta em sentinela, um imponente pátio abriga um templo e uma praça de esculturas. A inspiração para os pássaros-guardiões remonta a uma passagem de “As Mil e Uma Noites”. Com fonte, espelho d’água e cisnes negros, a Praça Mítica exibe releituras de Adão e Eva, Vênus, imagens de santos, animais fantásticos e seres imaginários. Ao lado da praça está o Templo ao Ovo Primordial, obra de significado emblemático para Brennand. “O ovo é o símbolo da imortalidade. As coisas são eternas porque se reproduzem”, afirma o artista. O ovo, tão bem-guardado no templo, é também um marco na reocupação da antiga cerâmica que o pai de Francisco Brennand fundou quando tinha apenas 20 anos. “Na minha infância, essa fábrica era palco de brincadeiras com meus irmãos. Um lugar misterioso. Os fornos, na nossa imaginação, tinham certa semelhança com catacumbas”.

Com as mãos sobre a inseparável bengala, o artista conta como surgiu a ideia de fazer de lá seu ateliê. “Um belo dia, atravessando a ponte que ligava nossa outra propriedade ao lado de cá, eu encontrei essa fábrica em ruínas. Senti que era meu dever recuperá-la”. Enchendo-se de coragem, foi dizer ao pai o que pretendia. “Estava com 45 anos, era imensamente jovem e absolutamente irresponsável”, admite. Com a anuência do pai, cuja única condição foi que Francisco não pedisse ajuda financeira aos irmãos, o artista deu início à obra de sua vida. Reativou a fábrica e nela passou a produzir uma cerâmica pouco ortodoxa. Ele misturava materiais que, levados à temperatura de 1400ºC, fundiam-se num espécie de rocha, dura e resistente como o quartzo.

Alma ao Diabo

Foi essa cerâmica original que garantiu os recursos para Oficina nos primeiros anos. Procurado por um grupo de jovens arquitetos que conheciam seu trabalho, Brennand venceu a concorrência para fornecer o revestimento do edifício-sede da então poderosa Sudene. “Eu não vendi minha alma para o Diabo. Nunca deixei de ser um artista para ser um empresário”, diz ele.

Sua cerâmica faz sucesso em edifícios de todo o País. Com o dinheiro entrando, Brennand viu que era possível manter parte das peças que produzia. Assim, os vazios que resultavam da retirada de equipamentos industriais da Oficina foram preenchidos com esculturas e murais. Ainda assim, seu sanutário permaneceria secreto por muito tempo. “Onze anos depois de eu ter restaurado a fábrica, um motorista de táxi trouxe quatro turistas de São Paulo. Eles ficaram admirados. Lá fora, o taxista me abordou e disse: ‘Isso aqui parece o Egito’. Eu entendi que ele estava em busca de uma analogia para a palavra mistério. Percebi que deveria seguir trabalhando daquela mesma forma”.

Volta às origens

Brennand nunca se considerou um escultor, uma vez que não esculpe e sim molda peças no barro. “Eu aprendi por tabela, com os artesãos e especialistas em porcelana vindos da Europa e dos Estados Unidos para trabalhar com meu pai. Sou um artista que soube tirar proveito do conhecimento não só familiar como também dos estrangeiros que andaram por aqui”, afirma. “À medida que eu estudava a origem dessas terras, onde se inscreve a Batalha de Guararapes, pude compreender que esse lugar deveria ser eternizado. Aqui há uma história a glorificar. Tem a dimensão do sagrado”.

Hoje, com as limitações impostas pela idade, Francisco Brennand se dedica exclusivamente à pintura, sua atividade original como artista, iniciada em 1942. Então com 15 anos, foi encarregado de acompanhar o restauro de uma coleção de pinturas

que seu pai havia adquirido. O restaurador, Álvaro Amorim, um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco, incentivou o jovem a pintar. Em 1947, ao participar do Salão do Museu de Arte do Estado, o então aprendiz ficou em primeiro lugar — feito que repetiria no ano seguinte.

De lá para cá são mais de 90 exposições em todo o mundo, além do reconhecimento da crítica e de outros artistas, caso de sumidades com Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto. O escritor Jorge Amado, que conhecia pintura profundamente, jamais poupou elogios ao pernambucano: “Mestre Francisco Brennand, hoje o principal artista do Brasil, um dos grandes da arte contemporânea”.

Fonte: Istoé, por Celso Masson, Recife (PE), em 11 de novembro de 2016.

Crédito fotográfico: Foto: Fred Jordão

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