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Marilia Kranz

Marilia Kranz (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1937 — idem 2017), também conhecida pelo pseudônimo Madame K, foi uma pintora, escultora, gravurista e desenhista brasileira. Formada pela Escola Nacional de Belas Artes, Marília era uma mulher de personalidade forte. Sua forte atuação política a conduziu a fundar o partido verde. Ficou conhecida pela postura libertária com que enxergava a sexualidade. Considerada à frente de seu tempo, era corajosa, sempre moderna e foi uma das vozes mais poderosas na defesa da liberdade sexual e na defesa da liberdade. Em suas obras, a artista revela seu amor pelo Rio de Janeiro. Entre as características de seu trabalho, estavam a delicadeza e personalidade de seus traços que Marília apresentava por sua perspectiva, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques. Seu trabalho foi reconhecido nacional e internacionalmente, com 17 exposições individuais, 89 exposições coletivas e 3 prêmios: o Prêmio Aquisição no Salão de Artes de Campinas, Prêmio Aquisição no Salão de Pintura de Florianópolis e o Prêmio Aquisição no Salão de Artes Visuais do Rio de Janeiro.

Biografia — Itaú Cultural

No Rio de Janeiro, cursa a Escola Nacional de Belas Artes (Enba), em 1956 e estuda com Caterina Baratelli, em 1963.

Faz sua primeira exposição individual em 1968 na Galeria Oca, do arquiteto e designer Sérgio Rodrigues (1927-2014).

Em 1989, executa um painel para o Rockfeller Plaza em Nova York, Estados Unidos.

Em 2007, o crítico Frederico Morais (1936) escreve um livro em sua homenagem publicado pela Andrea Jakobson Estúdio.

Faleceu em 20 de dezembro de 2017, aos 80 anos. Morreu em casa, devido a complicações de uma febre chikungunya.

Críticas

"Inicialmente figurativa, passou em tempos mais recentes a trabalhar com formas geométricas superpostas. A seu respeito disse José Roberto Teixeira Leite, em 1968: 'A matéria pictórica é tratada por Marília em termos de coerência com o ascetismo de sua estruturação formal e de seus elencos cromáticos. Fazendo uso de tinta vinílica sobre lisos suportes de eucatex, ou mesmo lançando mão de materiais tradicionais, a pintura evita o impasto numa tentativa bem-sucedida de criar o contraponto ideal para ambos' ". – Roberto Pontual (Dicionário das artes plásticas no Brasil. Apresentação de Antônio Houaiss. Textos de Mário Barata et al. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969).

"O equilíbrio delicado da pintura de Marília, com o saber da individualidade, impõe-se pela dualidade de: espaço x sonhos que podem ser ampliados através da visão pluralista das situações propostas por ela, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques, como o desabrochar das flores num ritual erótico... A mente de Marília capta, com agilidade, os corpos em floração das plantas, projetando-os com êxtase. São formas da natureza, transmutações, metamorfoses de gestos, de carícias do ser vegetal-animal-erotizado, onde a história das imagens são projeções do inconsciente, em um espaço poético... Há, além de tudo isso, uma energia envolvendo os seres em sua totalidade. A energia do amor, emanada do eu mais profundo da artista". – Miguel Jorge (LOUZADA, Júlio. Artes plásticas: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984).

Exposições Individuais

1968 - Rio de Janeiro RJ - Primeira individual, na Galeria Oca

1969 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Mirante das Artes

1971 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Ipanema

1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino

1974 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ

1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta

1979 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta

1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin

1982 - Vitória ES - Marília Kranz: pinturas, na Galeria de Arte e Pesquisa da UFES

1983 - São Paulo SP - Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte

1985 - Brasília DF - Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte

1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1989 - Brasília DF - Individual, na Performance Galeria de Arte

1990 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1992 - Rio de Janeiro RJ - Marília Kranz: pinturas, no MNBA

2003 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA

2004 - São Paulo SP - Paisagens Cariocas, na Lana Botelho Artes Visuais

Exposições Coletivas

1966 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Dezon

1966 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna

1967 - Petrópolis RJ - Salão de Pintura Jovem, no Hotel Quitandinha

1968 - Salvador BA - 3ª Bienal da Bahia

1969 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna

1969 - Campinas SP - Salão de Arte Contemporânea

1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Verão, no MAM/RJ

1970 - Campinas SP - 6º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC

1970 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Verão, no MAM/RJ

1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1970 - São Paulo SP - Pré-Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal

1971 - Campinas SP - 7º Salão de Arte Contemporânea de Campinas - prêmio aquisição

1971 - Rio de Janeiro RJ - Plásticos no Brasil, no Ibeu

1971 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Arte da Eletrobrás, no MAM/RJ - prêmio aquisição

1971 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1971 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Verão, no MAM/RJ - 2 prêmios aquisição

1972 - São Paulo SP - Mostra de Arte Sesquicentenário da Independência e Brasil Plástica - 72, na Fundação Bienal

1972 - São Paulo SP - Múltiplos Brasileiros, na Galeria Múltipla de Arte

1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte

1973 - Porto Alegre RS - 2º Salão de Artes Visuais da Universidade do Rio Grande do Sul

1973 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Artes Visuais do Estado do Rio - prêmio aquisição

1973 - São Paulo SP - Múltiplos Brasileiros, na Galeria Múltipla

1974 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Ipanema

1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - prêmio em escultura

1976 - Rio de Janeiro RJ - 25º Salão Nacional de Arte Moderna

1976 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Dezon

1977 - Brasília DF - Mostra Conjunta com Yuataka Toyota, na Galeria Almarte

1977 - Valparaiso (Chile) - Bienal da Municipalidade

1978 - São Paulo SP - 10º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - prêmio em escultura

1979 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Petite Galerie

1979 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1979 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1980 - Belém PA - Coletiva, na Galeria Teatro da Paz

1980 - Goiânia GO - 9 Escultores, na Casa Grande Galeria de Arte

1980 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu

1981 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Artes Plásticas

1981 - Rio de Janeiro RJ - 21º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1981 - São Paulo SP - 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - prêmio em escultura

1982 - Cidade do México (México) - Bienal do México

1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp

1983 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria do Centro Cultural Cândido Portinari

1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1984 - São Paulo SP - Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1985 - Atami (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão

1985 - Goiânia GO - na Galeria Salão Bandeirante

1985 - Kyoto (Japão) - 7ª xposição de Belas Artes Brasil-Japão

1985 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MAM/RJ

1985 - Rio de Janeiro RJ - Rio Narciso, no Parque Lage

1985 - Rio de Janeiro RJ - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão

1985 - São Paulo SP - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão

1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão

1986 - São Paulo SP - na Galeria Paulo Figueiredo

1987 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro, Fevereiro, Março, na Galeria Banerj

1987 - Washington (Estados Unidos) - na Galeria do Instituto Brasileiro-Americano

1989 - Miami (Estados Unidos) - Mostra, na Cocoanut Grove Gallery

1991 - Rio de Janeiro RJ - 5 Vezes Pintura, na Galeria Moviart

1991 - Rio de Janeiro RJ - Divina Comédia, no MAM/RJ

1992 - Curitiba PR - Coletiva, na Galeria Solar do Rosário

1992 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem Modificada Através dos Movimentos de Arte, no Museu do Primeiro Reinado

1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ

1993 - Estocolmo (Suécia) - The First Annual International Exhibition of Art

1993 - Rio de Janeiro RJ - A Estrela Chorou Rosa, no MAM/RJ

1993 - Rio de Janeiro RJ - Arte Erótica, no MAM/RJ

1994 - Nova York (Estados Unidos) - Coletiva, na CT Gallery

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Rio Continua Lindo, na Rio Design Center

1994 - Rio de Janeiro RJ - Sob o Signo de Gêmeos, na Galeria Saramenha

1995 - Rio de Janeiro RJ - Da Cor do Rio, no Espaço Cultural dos Correios

1995 - Rio de Janeiro RJ - Representações do Feminino, na Rio Design Center

1995 - Rio de Janeiro RJ - Desenhar, na Galeria de Arte Toulouse

1996 - Rio de Janeiro RJ - Construção Eros e Metafísica, no MNBA

1996 - Rio de Janeiro RJ - Fachadas Imaginárias, no Arcos da Lapa

1996 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Studio 999

1996 - Rio de Janeiro RJ - Uma Visão da Arte Brasileira, no Paço Imperial

1997 - Brasília DF - Coletiva, no Palácio do Itamaraty

1997 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos, no Centro de Artes Calouste Goulbekian

1998 - Rio de Janeiro RJ - Poética do Espaço, na Casa de Cultura Laura Alvim

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Campo, no Centro Cultural da Justiça Federal

2002 - São Paulo SP - Múltiplos Brasileiros 30 Anos Depois, na Multipla de Arte

2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte

Fonte: MARÍLIA Kranz. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 09 de maio de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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'Refinada e provocadora', artista plástica Marília Kranz morre aos 80 anos | O Globo

RIO — Pintora, desenhista, gravadora e escultora, Marília Kranz morreu nesta quarta-feira, aos 80 anos, no Rio. A artista plástica carioca estava em casa e não resistiu aos desdobramentos da febre chikungunya que contraiu ainda no ano passado. Ela deixa três filhas: Patrícia, Marcia e Stella.

Com participação intensa tanto no circuito das artes quanto na vida social da cidade, Marília era conhecida por sua personalidade forte e atuante. Certa vez, Millôr Fernandes (1923-2012) a definiu como "refinada e provocadora". Com o pseudônimo de Madame K, era personagem frequente nas colunas do crítico gastronômico carioca Roberto Marinho de Azevedo, o Apicius, no "Jornal do Brasil".

Contemporâneo de Marília, o gravador, fotógrafo e pintor Carlos Vergara lamentou a perda:

— Tivemos uma grande convivência nos anos 1960 e 1970 — lembrou. — Era uma pessoa absolutamente especial, uma mulher livre que exercia a própria liberdade em todas as áreas. Não só no trabalho, como também na vida. Era corajosa e delicada ao mesmo tempo.

Em 1956, Marília cursou a Escola Nacional de Belas Artes e, dez anos depois, participou de sua primeira exposição coletiva. Em 1968, fez a sua inaugural exposição solo na galeria Oca. Em 1989, foi convidada para produzir um painel para o Rockfeller Plaza de Nova York.

Sobre suas obras, o crítico de arte Miguel Jorge escreveu: "O equilíbrio delicado da pintura de Marília, com o saber da individualidade, impõe-se pela dualidade de: espaço x sonhos que podem ser ampliados através da visão pluralista das situações propostas por ela, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques, como o desabrochar das flores num ritual erótico... A mente de Marília capta, com agilidade, os corpos em floração das plantas, projetando-os com êxtase."

Além da militância no mundo das artes, Marília se destacou no campo dos costumes. Ainda jovem, ficou conhecida pela postura libertária com que enxergava a sexualidade. Em entrevista ao GLOBO em 2003, disse:

— A trajetória da mulher do meu tempo é completamente revolucionária. Nós fizemos a grande revolução do século passado, que foi a liberação sexual. Eu, por exemplo, nunca dei para um homem, eles é que deram para mim.

Fonte: O Globo, "'Refinada e provocadora', artista plástica Marília Kranz morre aos 80 anos", publicado em 20 de dezembro de 2017. Consultado pela última vez em 10 de maio de 2022.

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Madame K. que é tantas e apenas uma | Blog Marcio G.

Marilia Kranz pára o Rio, hoje, com a exposição que marca os 40 anos de sua bela carreira

Alguém já escreveu por aí que "Marília Kranz são muitas". Pode ser que seja mais do que isso, porque a fundadora do Partido Verde, pintora, desenhista, gravadora e escultora não pára de se reinventar. E lá se vão 40 anos de carreira - trajetória que será marcada especialmente hoje, no Museu de Arte Moderna, com abertura de exposição e lançamento de livro bilíngue editado pelo estúdio Andrea Jakobsson com patrocínio da Petrobras.

Mas deixa eu me situar e situar você com as seguintes aspas: "Marilia Kranz são duas. Mas cada uma delas, muitas. E sendo tantas e apenas uma, em tudo o que faz, como cidadã e artista plástica, revela-se solidamente coerente", escreveu o crítico de arte Frederico Morais na edição que marca as quatro décadas de trabalho da amiga.

Carioca da gema de Ipanema, Marilia estudou na Belas Artes sem chegar ao diploma - largou a escola no meio do caminho, encheu o saco. Mas isso não a impediu de fazer novos cursos, freqüentar os mais renomados ateliês e ser reconhecida internacionalmente. Já expôs nas grandes metrópoles brasileiras e também nos Estados Unidos, Japão, Chile, México, Suécia, e mais, e mais. Isso, sem contar as casas dos amigos colecionadores - literalmente, todo o elenco do primeiro time do Rio. É dificil adentrar um apartamento colunável na Rui Barbosa, por exemplo, sem dar de cara com um quadro assinado pela pintora. Carmen tem. Lucianita adorava o seu.

O começo de carreira foi interessante. Houve até uma passagem por Londres, onde estudou "educação através da arte" com Tom Hudson, no Cardiff College of Art. Aprendeu de tudo. Inclusive desenho a carvão - rabiscos que, até hoje, transportam os kbytes de seu HD cinzento para o abstrato da tela ou do papel, em seu quarto-ateliê. Claro: antes, tudo é marcado nas páginas de seus já famosos - entre amigos - cadernos. Parêntesis: (o dia em que Marilia resolver expor tais preciosidades, haverá um terremoto; Todo mundo vai querer comprar, mas o Gilberto Chateaubriand levará todos, por certo).

Arco-íris

Dos ocres e marrons e acanhados tons do começo de carreira, Marilia evoluiu para o arco-íris atual. Um arco-íris pastel, diga-se, mas que faz muito bem aos olhos. Iluminada, a alma da artista tem muito mais de amarelos do que de cinzas e de cafés-com-leite. Felizarda por ter nascido em uma cidade que traduz para cartões-postais até seus hidrantes quase-todos-enguiçados, a artista sabe como poucas transpor a paisagem carioca para os traços de sua geometria cheia de poesia - o que na ebulitiva cabeça de Flávio de Aquino mereceu a definição de "geometria metafísica" - ele sabe o que diz.

Refletindo os contornos do Rio, encontros de curvas divinas e retas pagãs, a obra mariliana, às vezes, lembra o casamento, visto de longe, do "gigante adormecido" com o deboche arquitetônico de vidro e concreto que guarda o Edifício Cândido Mendes, Centro da cidade, trambolho que remonta o Rio a Tóquio. "Marilia Kranz é paisagem urbana", também já ouvi dizerem por aí.

Urbana e contemporânea. E alquimista. Muito antes de Paulo Coelho e seus dez mil anos atrás, ela já se aventurava até por poluídos poliuretanos rígidos, veja você, dando vida à "arte impessoal" à qual se referiu, politizada, em um manifesto propagado nos anos 60, defendendo autonomia e desvinculação de símbolos e referências. Seus altos relevos - e aqui cabem também os intelectuais - a encaminharam para a escultura, universo por onde trafega muito menos do que deveria.

Livro

"Marilia Kranz" (R$ 90) contém 204 páginas que traçam a vida e a arte da Marília Kranz artista, ativista política, socialite e musa de todos os seus amigos. Com mais de 100 ilustrações, traz histórias sobre um Rio que não existe mais. A exposição conta com trabalhos datados de 1968, quando tudo começou, até 1974, quando os alto relevo, as esculturas e os materiais até então inusitados, como resinas industriais, epóxi, fibras de vidro, e mais, e mais, começavam a falar mais alto.

Do cenário natural do Rio, aliás, Marília não consegue fugir, quando, com seus fecundos cadernos (aqueles valiosos da preliminar), começa a traçar novas fases. Foi assim, agora, enquanto preparava a mostra de hoje em seu apartamento: "Vasculhei as minhas gavetas e baús para conseguir produzir o livro. E foi emocionante reviver tantas fases da minha trajetória como artista e como mulher - diz a emocionada Madame K, antológica partícipe das orgias gastronômicas do saudoso mestre Apicius.

Fonte: "Madame K que tantas e apenas uma", escrito por Márcio G, publicado em 4 de dezembro de 2007. Consultado pela última vez em 10 de maio de 2022.

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Artista plástica Marília Kranz morre no Rio | G1

Morreu nesta quarta-feira (20), aos 80 anos, a artista plástica Marília Kranz. Pintora, desenhista, gravadora e escultora, ela estava em casa, no bairro onde viveu por toda a vida, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio. Nos últimos meses, Marília estava sob cuidados médicos e não resistiu a complicações de uma febre chikungunya que contraiu ainda no ano passado.

De acordo com parentes, Marília sofria de uma doença neurológica degenerativa que foi agravada com a febre.

"Ela teve encefalite e, juntando a essa coisa neurológica, foi realmente o que acabou. É até bom falar para saberem que a chikungunya teve um efeito devastador", ressaltou Stella Kranz, uma das três filhas - as outras são Patrícia e Márcia Kranz.

"Ela acordou e, logo depois, respirou profundamente... e foi. Bem serena. Bem tranquila", acrescentou Stella.

Outra filha de Marília, Patrícia lembrou da ativa vida política da mãe e do profundo amor que ela tinha pelo Rio de Janeiro. Patrícia caracterizou a mãe como uma mulher libertária, que "criou as filhas para serem mulheres livres".

"Mãe é mãe. Ela era uma mulher extraordinária. Uma grande artista. Cidadã e preocupada com a vida política do País. Amava muito a vida e a Cidade do Rio de Janeiro. Pintava o Rio nos quadros dela. Era muito querida e cheia de amigos. Muito libertária, à frente do tempo dela. Criou as filhas para serem mulheres livres", disse a filha.

'Refinada e provocadora'

Conhecida por sua personalidade forte, Marília foi definida por Millôr Fernandes (1923-2012) como "refinada e provocadora". Era corajosa, sempre moderna e foi uma das vozes mais poderosas na defesa da liberdade sexual e na defesa da liberdade.

Liderança também na política, chegou a ser presa durante a ditadura e foi uma das fundadoras do Partido Verde (PV).

"Ela teve uma vida extraordinária, e isso é o que importa. Teve uma vida para arte desde pequena. Não fez disso só um trabalho, mas um modo de vida. Enfrentava as dificuldades, lutava pelas mulheres por meio das artes plásticas. Era muito politizada e tinha uma relacão intrínseca com o Rio de Janeiro", declarou a filha Stella.

Marília Kranz se formou na Escola Nacional de Belas Artes e ganhou projeção internacional. Os especialistas sempre exaltaram a capacidade rara que ela tinha de equilibrar delicadeza e exuberância visual.

O corpo dela será cremado nesta quinta-feira (21) às 16h no Memorial do Caju. Não haverá velório, conforme a própria artista havia pedido à família. Em janeiro, parentes pretendem fazer uma cerimônia para lançar as cinzas dela ao mar do Arpoador.

Repercussão

Amigos da artista se manifestaram sobre Marília. "Uma perda, uma tristeza. Ela foi pioneira no feminismo, uma mulher libertária, um ecologista que na arte dela isso aparecia. Eu diria que ela era uma Leila Diniz nas artes plásticas, uma mulher vital em tudo", disse o deputado Carlos Minc.

Fonte: G1 Rio, "Artista plástica Marília Kranz morre no Rio", escrito por Nicolás Satriano, publicado em 20 de dezembro de 2017. Consultado pela última vez em 10 de maio de 2022.

Crédito fotográfico: O explorador, "Marilia Kranz". Consultado pela última vez em 10 de maio de 2022.

Marilia Kranz (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1937 — idem 2017), também conhecida pelo pseudônimo Madame K, foi uma pintora, escultora, gravurista e desenhista brasileira. Formada pela Escola Nacional de Belas Artes, Marília era uma mulher de personalidade forte. Sua forte atuação política a conduziu a fundar o partido verde. Ficou conhecida pela postura libertária com que enxergava a sexualidade. Considerada à frente de seu tempo, era corajosa, sempre moderna e foi uma das vozes mais poderosas na defesa da liberdade sexual e na defesa da liberdade. Em suas obras, a artista revela seu amor pelo Rio de Janeiro. Entre as características de seu trabalho, estavam a delicadeza e personalidade de seus traços que Marília apresentava por sua perspectiva, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques. Seu trabalho foi reconhecido nacional e internacionalmente, com 17 exposições individuais, 89 exposições coletivas e 3 prêmios: o Prêmio Aquisição no Salão de Artes de Campinas, Prêmio Aquisição no Salão de Pintura de Florianópolis e o Prêmio Aquisição no Salão de Artes Visuais do Rio de Janeiro.

Marilia Kranz

Marilia Kranz (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1937 — idem 2017), também conhecida pelo pseudônimo Madame K, foi uma pintora, escultora, gravurista e desenhista brasileira. Formada pela Escola Nacional de Belas Artes, Marília era uma mulher de personalidade forte. Sua forte atuação política a conduziu a fundar o partido verde. Ficou conhecida pela postura libertária com que enxergava a sexualidade. Considerada à frente de seu tempo, era corajosa, sempre moderna e foi uma das vozes mais poderosas na defesa da liberdade sexual e na defesa da liberdade. Em suas obras, a artista revela seu amor pelo Rio de Janeiro. Entre as características de seu trabalho, estavam a delicadeza e personalidade de seus traços que Marília apresentava por sua perspectiva, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques. Seu trabalho foi reconhecido nacional e internacionalmente, com 17 exposições individuais, 89 exposições coletivas e 3 prêmios: o Prêmio Aquisição no Salão de Artes de Campinas, Prêmio Aquisição no Salão de Pintura de Florianópolis e o Prêmio Aquisição no Salão de Artes Visuais do Rio de Janeiro.

Biografia — Itaú Cultural

No Rio de Janeiro, cursa a Escola Nacional de Belas Artes (Enba), em 1956 e estuda com Caterina Baratelli, em 1963.

Faz sua primeira exposição individual em 1968 na Galeria Oca, do arquiteto e designer Sérgio Rodrigues (1927-2014).

Em 1989, executa um painel para o Rockfeller Plaza em Nova York, Estados Unidos.

Em 2007, o crítico Frederico Morais (1936) escreve um livro em sua homenagem publicado pela Andrea Jakobson Estúdio.

Faleceu em 20 de dezembro de 2017, aos 80 anos. Morreu em casa, devido a complicações de uma febre chikungunya.

Críticas

"Inicialmente figurativa, passou em tempos mais recentes a trabalhar com formas geométricas superpostas. A seu respeito disse José Roberto Teixeira Leite, em 1968: 'A matéria pictórica é tratada por Marília em termos de coerência com o ascetismo de sua estruturação formal e de seus elencos cromáticos. Fazendo uso de tinta vinílica sobre lisos suportes de eucatex, ou mesmo lançando mão de materiais tradicionais, a pintura evita o impasto numa tentativa bem-sucedida de criar o contraponto ideal para ambos' ". – Roberto Pontual (Dicionário das artes plásticas no Brasil. Apresentação de Antônio Houaiss. Textos de Mário Barata et al. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969).

"O equilíbrio delicado da pintura de Marília, com o saber da individualidade, impõe-se pela dualidade de: espaço x sonhos que podem ser ampliados através da visão pluralista das situações propostas por ela, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques, como o desabrochar das flores num ritual erótico... A mente de Marília capta, com agilidade, os corpos em floração das plantas, projetando-os com êxtase. São formas da natureza, transmutações, metamorfoses de gestos, de carícias do ser vegetal-animal-erotizado, onde a história das imagens são projeções do inconsciente, em um espaço poético... Há, além de tudo isso, uma energia envolvendo os seres em sua totalidade. A energia do amor, emanada do eu mais profundo da artista". – Miguel Jorge (LOUZADA, Júlio. Artes plásticas: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984).

Exposições Individuais

1968 - Rio de Janeiro RJ - Primeira individual, na Galeria Oca

1969 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Mirante das Artes

1971 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Ipanema

1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino

1974 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ

1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta

1979 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta

1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Paulo Klabin

1982 - Vitória ES - Marília Kranz: pinturas, na Galeria de Arte e Pesquisa da UFES

1983 - São Paulo SP - Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte

1985 - Brasília DF - Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte

1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1989 - Brasília DF - Individual, na Performance Galeria de Arte

1990 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1992 - Rio de Janeiro RJ - Marília Kranz: pinturas, no MNBA

2003 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA

2004 - São Paulo SP - Paisagens Cariocas, na Lana Botelho Artes Visuais

Exposições Coletivas

1966 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Dezon

1966 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna

1967 - Petrópolis RJ - Salão de Pintura Jovem, no Hotel Quitandinha

1968 - Salvador BA - 3ª Bienal da Bahia

1969 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna

1969 - Campinas SP - Salão de Arte Contemporânea

1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Verão, no MAM/RJ

1970 - Campinas SP - 6º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC

1970 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Verão, no MAM/RJ

1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1970 - São Paulo SP - Pré-Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal

1971 - Campinas SP - 7º Salão de Arte Contemporânea de Campinas - prêmio aquisição

1971 - Rio de Janeiro RJ - Plásticos no Brasil, no Ibeu

1971 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Arte da Eletrobrás, no MAM/RJ - prêmio aquisição

1971 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1971 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Verão, no MAM/RJ - 2 prêmios aquisição

1972 - São Paulo SP - Mostra de Arte Sesquicentenário da Independência e Brasil Plástica - 72, na Fundação Bienal

1972 - São Paulo SP - Múltiplos Brasileiros, na Galeria Múltipla de Arte

1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte

1973 - Porto Alegre RS - 2º Salão de Artes Visuais da Universidade do Rio Grande do Sul

1973 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Artes Visuais do Estado do Rio - prêmio aquisição

1973 - São Paulo SP - Múltiplos Brasileiros, na Galeria Múltipla

1974 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Ipanema

1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - prêmio em escultura

1976 - Rio de Janeiro RJ - 25º Salão Nacional de Arte Moderna

1976 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Dezon

1977 - Brasília DF - Mostra Conjunta com Yuataka Toyota, na Galeria Almarte

1977 - Valparaiso (Chile) - Bienal da Municipalidade

1978 - São Paulo SP - 10º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - prêmio em escultura

1979 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Petite Galerie

1979 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1979 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1980 - Belém PA - Coletiva, na Galeria Teatro da Paz

1980 - Goiânia GO - 9 Escultores, na Casa Grande Galeria de Arte

1980 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu

1981 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Artes Plásticas

1981 - Rio de Janeiro RJ - 21º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1981 - São Paulo SP - 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - prêmio em escultura

1982 - Cidade do México (México) - Bienal do México

1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp

1983 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria do Centro Cultural Cândido Portinari

1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1984 - São Paulo SP - Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1985 - Atami (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão

1985 - Goiânia GO - na Galeria Salão Bandeirante

1985 - Kyoto (Japão) - 7ª xposição de Belas Artes Brasil-Japão

1985 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MAM/RJ

1985 - Rio de Janeiro RJ - Rio Narciso, no Parque Lage

1985 - Rio de Janeiro RJ - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão

1985 - São Paulo SP - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão

1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão

1986 - São Paulo SP - na Galeria Paulo Figueiredo

1987 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro, Fevereiro, Março, na Galeria Banerj

1987 - Washington (Estados Unidos) - na Galeria do Instituto Brasileiro-Americano

1989 - Miami (Estados Unidos) - Mostra, na Cocoanut Grove Gallery

1991 - Rio de Janeiro RJ - 5 Vezes Pintura, na Galeria Moviart

1991 - Rio de Janeiro RJ - Divina Comédia, no MAM/RJ

1992 - Curitiba PR - Coletiva, na Galeria Solar do Rosário

1992 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem Modificada Através dos Movimentos de Arte, no Museu do Primeiro Reinado

1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ

1993 - Estocolmo (Suécia) - The First Annual International Exhibition of Art

1993 - Rio de Janeiro RJ - A Estrela Chorou Rosa, no MAM/RJ

1993 - Rio de Janeiro RJ - Arte Erótica, no MAM/RJ

1994 - Nova York (Estados Unidos) - Coletiva, na CT Gallery

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Rio Continua Lindo, na Rio Design Center

1994 - Rio de Janeiro RJ - Sob o Signo de Gêmeos, na Galeria Saramenha

1995 - Rio de Janeiro RJ - Da Cor do Rio, no Espaço Cultural dos Correios

1995 - Rio de Janeiro RJ - Representações do Feminino, na Rio Design Center

1995 - Rio de Janeiro RJ - Desenhar, na Galeria de Arte Toulouse

1996 - Rio de Janeiro RJ - Construção Eros e Metafísica, no MNBA

1996 - Rio de Janeiro RJ - Fachadas Imaginárias, no Arcos da Lapa

1996 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Studio 999

1996 - Rio de Janeiro RJ - Uma Visão da Arte Brasileira, no Paço Imperial

1997 - Brasília DF - Coletiva, no Palácio do Itamaraty

1997 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos, no Centro de Artes Calouste Goulbekian

1998 - Rio de Janeiro RJ - Poética do Espaço, na Casa de Cultura Laura Alvim

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Campo, no Centro Cultural da Justiça Federal

2002 - São Paulo SP - Múltiplos Brasileiros 30 Anos Depois, na Multipla de Arte

2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte

Fonte: MARÍLIA Kranz. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 09 de maio de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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'Refinada e provocadora', artista plástica Marília Kranz morre aos 80 anos | O Globo

RIO — Pintora, desenhista, gravadora e escultora, Marília Kranz morreu nesta quarta-feira, aos 80 anos, no Rio. A artista plástica carioca estava em casa e não resistiu aos desdobramentos da febre chikungunya que contraiu ainda no ano passado. Ela deixa três filhas: Patrícia, Marcia e Stella.

Com participação intensa tanto no circuito das artes quanto na vida social da cidade, Marília era conhecida por sua personalidade forte e atuante. Certa vez, Millôr Fernandes (1923-2012) a definiu como "refinada e provocadora". Com o pseudônimo de Madame K, era personagem frequente nas colunas do crítico gastronômico carioca Roberto Marinho de Azevedo, o Apicius, no "Jornal do Brasil".

Contemporâneo de Marília, o gravador, fotógrafo e pintor Carlos Vergara lamentou a perda:

— Tivemos uma grande convivência nos anos 1960 e 1970 — lembrou. — Era uma pessoa absolutamente especial, uma mulher livre que exercia a própria liberdade em todas as áreas. Não só no trabalho, como também na vida. Era corajosa e delicada ao mesmo tempo.

Em 1956, Marília cursou a Escola Nacional de Belas Artes e, dez anos depois, participou de sua primeira exposição coletiva. Em 1968, fez a sua inaugural exposição solo na galeria Oca. Em 1989, foi convidada para produzir um painel para o Rockfeller Plaza de Nova York.

Sobre suas obras, o crítico de arte Miguel Jorge escreveu: "O equilíbrio delicado da pintura de Marília, com o saber da individualidade, impõe-se pela dualidade de: espaço x sonhos que podem ser ampliados através da visão pluralista das situações propostas por ela, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques, como o desabrochar das flores num ritual erótico... A mente de Marília capta, com agilidade, os corpos em floração das plantas, projetando-os com êxtase."

Além da militância no mundo das artes, Marília se destacou no campo dos costumes. Ainda jovem, ficou conhecida pela postura libertária com que enxergava a sexualidade. Em entrevista ao GLOBO em 2003, disse:

— A trajetória da mulher do meu tempo é completamente revolucionária. Nós fizemos a grande revolução do século passado, que foi a liberação sexual. Eu, por exemplo, nunca dei para um homem, eles é que deram para mim.

Fonte: O Globo, "'Refinada e provocadora', artista plástica Marília Kranz morre aos 80 anos", publicado em 20 de dezembro de 2017. Consultado pela última vez em 10 de maio de 2022.

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Madame K. que é tantas e apenas uma | Blog Marcio G.

Marilia Kranz pára o Rio, hoje, com a exposição que marca os 40 anos de sua bela carreira

Alguém já escreveu por aí que "Marília Kranz são muitas". Pode ser que seja mais do que isso, porque a fundadora do Partido Verde, pintora, desenhista, gravadora e escultora não pára de se reinventar. E lá se vão 40 anos de carreira - trajetória que será marcada especialmente hoje, no Museu de Arte Moderna, com abertura de exposição e lançamento de livro bilíngue editado pelo estúdio Andrea Jakobsson com patrocínio da Petrobras.

Mas deixa eu me situar e situar você com as seguintes aspas: "Marilia Kranz são duas. Mas cada uma delas, muitas. E sendo tantas e apenas uma, em tudo o que faz, como cidadã e artista plástica, revela-se solidamente coerente", escreveu o crítico de arte Frederico Morais na edição que marca as quatro décadas de trabalho da amiga.

Carioca da gema de Ipanema, Marilia estudou na Belas Artes sem chegar ao diploma - largou a escola no meio do caminho, encheu o saco. Mas isso não a impediu de fazer novos cursos, freqüentar os mais renomados ateliês e ser reconhecida internacionalmente. Já expôs nas grandes metrópoles brasileiras e também nos Estados Unidos, Japão, Chile, México, Suécia, e mais, e mais. Isso, sem contar as casas dos amigos colecionadores - literalmente, todo o elenco do primeiro time do Rio. É dificil adentrar um apartamento colunável na Rui Barbosa, por exemplo, sem dar de cara com um quadro assinado pela pintora. Carmen tem. Lucianita adorava o seu.

O começo de carreira foi interessante. Houve até uma passagem por Londres, onde estudou "educação através da arte" com Tom Hudson, no Cardiff College of Art. Aprendeu de tudo. Inclusive desenho a carvão - rabiscos que, até hoje, transportam os kbytes de seu HD cinzento para o abstrato da tela ou do papel, em seu quarto-ateliê. Claro: antes, tudo é marcado nas páginas de seus já famosos - entre amigos - cadernos. Parêntesis: (o dia em que Marilia resolver expor tais preciosidades, haverá um terremoto; Todo mundo vai querer comprar, mas o Gilberto Chateaubriand levará todos, por certo).

Arco-íris

Dos ocres e marrons e acanhados tons do começo de carreira, Marilia evoluiu para o arco-íris atual. Um arco-íris pastel, diga-se, mas que faz muito bem aos olhos. Iluminada, a alma da artista tem muito mais de amarelos do que de cinzas e de cafés-com-leite. Felizarda por ter nascido em uma cidade que traduz para cartões-postais até seus hidrantes quase-todos-enguiçados, a artista sabe como poucas transpor a paisagem carioca para os traços de sua geometria cheia de poesia - o que na ebulitiva cabeça de Flávio de Aquino mereceu a definição de "geometria metafísica" - ele sabe o que diz.

Refletindo os contornos do Rio, encontros de curvas divinas e retas pagãs, a obra mariliana, às vezes, lembra o casamento, visto de longe, do "gigante adormecido" com o deboche arquitetônico de vidro e concreto que guarda o Edifício Cândido Mendes, Centro da cidade, trambolho que remonta o Rio a Tóquio. "Marilia Kranz é paisagem urbana", também já ouvi dizerem por aí.

Urbana e contemporânea. E alquimista. Muito antes de Paulo Coelho e seus dez mil anos atrás, ela já se aventurava até por poluídos poliuretanos rígidos, veja você, dando vida à "arte impessoal" à qual se referiu, politizada, em um manifesto propagado nos anos 60, defendendo autonomia e desvinculação de símbolos e referências. Seus altos relevos - e aqui cabem também os intelectuais - a encaminharam para a escultura, universo por onde trafega muito menos do que deveria.

Livro

"Marilia Kranz" (R$ 90) contém 204 páginas que traçam a vida e a arte da Marília Kranz artista, ativista política, socialite e musa de todos os seus amigos. Com mais de 100 ilustrações, traz histórias sobre um Rio que não existe mais. A exposição conta com trabalhos datados de 1968, quando tudo começou, até 1974, quando os alto relevo, as esculturas e os materiais até então inusitados, como resinas industriais, epóxi, fibras de vidro, e mais, e mais, começavam a falar mais alto.

Do cenário natural do Rio, aliás, Marília não consegue fugir, quando, com seus fecundos cadernos (aqueles valiosos da preliminar), começa a traçar novas fases. Foi assim, agora, enquanto preparava a mostra de hoje em seu apartamento: "Vasculhei as minhas gavetas e baús para conseguir produzir o livro. E foi emocionante reviver tantas fases da minha trajetória como artista e como mulher - diz a emocionada Madame K, antológica partícipe das orgias gastronômicas do saudoso mestre Apicius.

Fonte: "Madame K que tantas e apenas uma", escrito por Márcio G, publicado em 4 de dezembro de 2007. Consultado pela última vez em 10 de maio de 2022.

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Artista plástica Marília Kranz morre no Rio | G1

Morreu nesta quarta-feira (20), aos 80 anos, a artista plástica Marília Kranz. Pintora, desenhista, gravadora e escultora, ela estava em casa, no bairro onde viveu por toda a vida, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio. Nos últimos meses, Marília estava sob cuidados médicos e não resistiu a complicações de uma febre chikungunya que contraiu ainda no ano passado.

De acordo com parentes, Marília sofria de uma doença neurológica degenerativa que foi agravada com a febre.

"Ela teve encefalite e, juntando a essa coisa neurológica, foi realmente o que acabou. É até bom falar para saberem que a chikungunya teve um efeito devastador", ressaltou Stella Kranz, uma das três filhas - as outras são Patrícia e Márcia Kranz.

"Ela acordou e, logo depois, respirou profundamente... e foi. Bem serena. Bem tranquila", acrescentou Stella.

Outra filha de Marília, Patrícia lembrou da ativa vida política da mãe e do profundo amor que ela tinha pelo Rio de Janeiro. Patrícia caracterizou a mãe como uma mulher libertária, que "criou as filhas para serem mulheres livres".

"Mãe é mãe. Ela era uma mulher extraordinária. Uma grande artista. Cidadã e preocupada com a vida política do País. Amava muito a vida e a Cidade do Rio de Janeiro. Pintava o Rio nos quadros dela. Era muito querida e cheia de amigos. Muito libertária, à frente do tempo dela. Criou as filhas para serem mulheres livres", disse a filha.

'Refinada e provocadora'

Conhecida por sua personalidade forte, Marília foi definida por Millôr Fernandes (1923-2012) como "refinada e provocadora". Era corajosa, sempre moderna e foi uma das vozes mais poderosas na defesa da liberdade sexual e na defesa da liberdade.

Liderança também na política, chegou a ser presa durante a ditadura e foi uma das fundadoras do Partido Verde (PV).

"Ela teve uma vida extraordinária, e isso é o que importa. Teve uma vida para arte desde pequena. Não fez disso só um trabalho, mas um modo de vida. Enfrentava as dificuldades, lutava pelas mulheres por meio das artes plásticas. Era muito politizada e tinha uma relacão intrínseca com o Rio de Janeiro", declarou a filha Stella.

Marília Kranz se formou na Escola Nacional de Belas Artes e ganhou projeção internacional. Os especialistas sempre exaltaram a capacidade rara que ela tinha de equilibrar delicadeza e exuberância visual.

O corpo dela será cremado nesta quinta-feira (21) às 16h no Memorial do Caju. Não haverá velório, conforme a própria artista havia pedido à família. Em janeiro, parentes pretendem fazer uma cerimônia para lançar as cinzas dela ao mar do Arpoador.

Repercussão

Amigos da artista se manifestaram sobre Marília. "Uma perda, uma tristeza. Ela foi pioneira no feminismo, uma mulher libertária, um ecologista que na arte dela isso aparecia. Eu diria que ela era uma Leila Diniz nas artes plásticas, uma mulher vital em tudo", disse o deputado Carlos Minc.

Fonte: G1 Rio, "Artista plástica Marília Kranz morre no Rio", escrito por Nicolás Satriano, publicado em 20 de dezembro de 2017. Consultado pela última vez em 10 de maio de 2022.

Crédito fotográfico: O explorador, "Marilia Kranz". Consultado pela última vez em 10 de maio de 2022.

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