Percy Lau (Arequipa, Peru, 1903 - Rio de Janeiro, RJ, 1972) foi um desenhista, ilustrador, gravador e pintor peruano radicado no Brasil. Ficou conhecido pelos seus desenhos a bico de pena, com técnica e precisão até hoje inigualadas.
Biografia Itaú Cultural
Em 1921, transfere-se para Olinda, Pernambuco. É um dos fundadores do Movimento de Arte Moderna do Recife e lá compartilha o ateliê com Augusto Rodrigues (1913 - 1993). Em 1938, estuda no Liceu de Artes e Ofícios com Carlos Oswald (1882 - 1971), no Rio de Janeiro. Durante 30 anos, é ilustrador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que reedita Tipos e Aspectos do Brasil (1960), baseando-se em textos da Revista Brasileira de Geografia, com desenhos do artista. Cria ilustrações para os livros Arraial do Tijuco, de Aires da Mata Machado; E Eles Verão a Deus - o Drama do Aleijadinho, de Kurt Pahlen; Santa Maria do Belém do Grão Pará, de Leandro Tocantins; Vila dos Confins, de Mário Palmério; Guia Histórico e Sentimental de São Luís do Maranhão, de Astolfo Serra; e Maxabombas e Maracatus, de Mário Sette, entre outros. Tanto no trabalho de ilustração, como no desenho e na gravura, Percy Lau destaca-se por registrar os aspectos físicos e humanos do Brasil. Em 1953, recebe medalha de prata no 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Dez anos depois, é premiado como melhor ilustrador pela Câmara Brasileira do Livro. Em 2000, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) promove a exposição Percy Lau: um Desenhista e seu Traço.
Análise
O aspecto documental do trabalho de Percy Lau é sempre ressaltado pela crítica. Ilustrador em diferentes âmbitos, como o IBGE e as editoras Martins, Melhoramentos e Civilização Brasileira, destaca-se registrando a natureza brasileira, tanto humana como física.
Em Tipos e Aspectos do Brasil, de 1940, criado com base em textos da Revista Brasileira de Geografia e mais tarde reeditado pelo IBGE, o artista desenvolve, em bico de pena, ilustrações minuciosas e descritivas, ressaltando elementos característicos de cada região do país, em paisagens e cenas de trabalhadores exercendo suas atividades. A ilustração, ao contrário da fotografia documental, permite que se reúna numa mesma imagem vários elementos impossíveis de aparecerem juntos de outro modo. Como exemplo, Lau retrata, para a seção A Casa do Praiano, o pescador trabalhando na rede de pesca, enquanto a mulher, na casa de pau a pique, cuida da criança e outra traz água num pote que leva à cabeça. Em primeiro plano estão redes estendidas e, ao lado, as galinhas, o barco, o pilão, as cestas e, ao fundo, a Mata Atlântica. Posteriormente, esses desenhos viriam a ilustrar as páginas de vários livros didáticos.
Ao contrário das ilustrações didáticas, em seus desenhos e gravuras Lau substitui o caráter descritivo por uma forma mais sintética, já que sua linha apenas esboça os contornos das figuras em movimento. Ao trabalhar com aquarela, insere as figuras em um fundo quase abstrato, que apenas sugere o campo ou o pasto onde se dá a ação de agricultores e vaqueiros, por exemplo.
No que concerne à ilustração literária, o artista apresenta-se menos descritivo do que nas ilustrações didáticas, concebendo esse tipo de imagem mais como comentário do texto do que como descrição fiel de algum aspecto dele, como nos trabalhos para o romance Vila dos Confins, de Mário Palmério (1916 - 1996).
Críticas
"As suas composições, trabalhadas com a meticulosidade de um apaixonado, inserem uma multidão de elementos os mais variados. Com essas qualidades de observação e cuidadoso ´metier´, se revela um ilustrador apurado, para quem o tempo não intervém, apressando a obra. Percy Lau não hesita diante da dificuldade das soluções mais imprevistas, de um vasto espaço a encher com traços finíssimos ou com as formas mais requintadas das pequeninas flores".
Thomas Santa Rosa (O DESENHO em Pernambuco. Apresentação de Renato Magalhães Gouvêa. Texto de Adão Pinheiro. Recife: Gatsby Arte, 1976.)
"Percy Lau fixa tipos e paisagens brasileiras através de um desenho tão minusioso, que certa vez um crítico classificou o artista como ´o homem do infinitamente pequeno´. Sua obra é um formidável documentário para quem deseje fixar nossos costumes, tipos característicos, paisagens, etc. - Percy hoje tem vontade de se libertar, mas nós ficamos pensando se, com sua libertação, haverá alguém que possa preencher o seu lugar, como grande documentarista da vida brasileira".
Augusto Rodrigues (O DESENHO em Pernambuco. Apresentação de Renato Magalhães Gouvêa. Texto de Adão Pinheiro. Recife: Gatsby Arte, 1976.)
Exposições Individuais
1964 - Peru - Individual, na Galeria Gamesa
1972 - Recife PE - Individual, na Galeria Nega-Fulô
Exposições Coletivas
1937 - Recife PE - Salão do Gabinete de Leitura
1938 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Associação dos Artistas Brasileiros - medalha de prata
1942 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MNBA
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1946 - Paris (França) - Exposição Internacional de Arte Moderna da Cidade de Paris
1946 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MNBA
1947 - Recife PE - Salão do Gabinete de Leitura
1949 - Londres (Inglaterra) - Mostra, no Royal Air France Benevolente Fundation
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna - medalha de prata
1961 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Biblioteca Nacional
1963 - Exposição dos Amigos do Folclore
1970 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte do Servidor Público - medalha de ouro
Exposições Póstumas
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Irlandini
1976 - Recife PE - O Desenho em Pernambuco, na Gatsby Arte
1976 - São Paulo SP - O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
2000 - Rio de Janeiro RJ - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma, na Fundação Casa França-Brasil
Fonte: PERCY Lau. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24538/percy-lau>. Acesso em: 29 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Retratou todos os tipos e aspectos do Brasil e seus desenhos a bico de pena possuem uma técnica e precisão até hoje inigualadas, tamanho o detalhamento de sombras, quantidade de elementos no quadro e composição da cena.
Venceu o Prémio Jabuti 1964 pelas ilustrações da obra Santa Maria do Belém, Grão Pará.
Percy Alfred Lau era desenhista, dedicando-se, quase que exclusivamente, a fazer ilustrações com bico de pena. Contratado pelo IBGE para ilustrar seus livros, viajou o Brasil de norte a sul, estudando paisagens e tipos humanos registrando os costumes da vida do interior, fixando, em imagens, os hábitos regionais, o folclore, o comportamento do povo brasileiro e o cotidiano de inúmeras cidades e vilarejos.
Seu trabalho faz parte do acervo do Museu Nacional de Belas-Artes do Brasil, que possui gravuras, desenhos, capas de livros e grande parte da documentação iconográfica produzida em mais de 30 anos de atividade no Brasil.
Fez também as ilustrações do livro Vila dos Confins, de Mário Palmério, cuja ação se passa no oeste mineiro na década de 1950. Muitas de suas ilustrações foram também utilizadas em livros didáticos de geografia, como os do professor Aroldo de Azevedo.
Em 1944, ilustrou o livro "Arraial do Tijuco, Cidade de Diamantina", do prof. Aires da Mata Machado Filho, com paisagens da cidade.
Fonte: https://www.wikiwand.com/pt/Percy_Lau,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
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Cronologia
1903 – Percy Alfred Lau nasceu na cidade de Arequipa no Peru, em 16 de outubro. Filho de Bruno Lau e Sofia Schön Lau, teve mais cinco irmãos.
1921 – Veio com a família para a América do Sul, cabendo ao Brasil e especialmente a Olinda (Pernambuco), pelo seu clima tropical, o seu novo domicílio, se naturalizando brasileiro.
1933 – Montou um atelier com Augusto Rodrigues, onde faziam decorações, publicidade, letreiros artísticos, quadros de formatura, retratos a óleo de senhoras da sociedade pernambucana. – Conheceu Lula Cardoso Aires, Carlos de Holanda, Moacir de Oliveira, Hélio Feijó, Luís Soares, José Lauria, o caricaturista Mendez entre outros que na arte e na literatura, começavam a desenvolver uma linguagem inspirada no contexto vivo de sua arte e do seu meio. – Iniciou seus estudos de desenho de forma autodidata, fixando os tipos humanos de Olinda, os coqueiros, os mocambos, no qual utilizava lápis, grafite, nanquim e aquarela.
1936 – Em Recife enamorou-se de Ismênia, vizinha de seu atelier, com quem viria a casar-se alguns anos depois.
1938 – Transferiu-se para o Rio de Janeiro.– Trabalhou por um ano na Central do Brasil na execução de maquetes ferroviárias. – Conheceu os artistas Portinari, Di Cavalcanti, Guignard, Pancetti, Djanira, Milton Dacosta, Santa Rosa, Quirino Campofiorito, Heitor dos Prazeres, entre outros. – Ingressou no Liceu de Artes Plásticas e estudou gravura com Carlos Oswald.
1939 – Voltou a Recife, onde se casou com Ismênia. – Retornou em seguida para o Rio de Janeiro, indo residir no bairro de Santa Teresa. – Neste mesmo ano, ingressou no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
1940 – É editado o livro “Tipos e Aspectos do Brasil”, publicado em francês, inglês, espanhol, russo e esperanto, que circulou por três décadas, num total de dez edições.
1941 – Nasceu seu único filho, Frederico Lau. – Mudou-se para Niterói – Estado do Rio de Janeiro.
1942 – Participou como membro de júri do 2º Salão Nacional de Belas Artes, a convite de Oswaldo Teixeira, então diretor do Museu Nacional de Belas Artes.
1943 – Foi convidado para ilustrar “Arraial do Tijuco – cidade de Diamantina “, publicação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, contexto de Aires da Mata Machado.
1946 – Foi doado um desenho a RAF (THE ROYAL BENEVOLENT FUND – Londres).
1949 – Frequentou a Escolinha de Arte do Brasil onde aprendeu xilogravura com Oswald Goeldi.
1950 – A convite da SHELL executou um calendário com temas brasileiros a cores.
1952 – Transferiu-se de Niterói para o bairro da Glória, no Rio de Janeiro.
1953 – Ilustrou para o jornal “O Globo” uma série de desenhos denominados “Coisas Nossas”.
1954 – A Companhia Melhoramentos de São Paulo publicou desenhos de sua autoria, sob forma de baralho, denominado “Quarteto: Nossa Terra – Nossa Gente”. – Mudou-se com a família para o bairro do Leblon.
1956 – Frequentou o curso de História das Artes Plásticas, organizado pela Escolinha de Artes do Brasil – Rio de Janeiro.
1960 – A Seção de Áudio – Visuais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do Ministério de Educação e Cultura – MEC, produziu seus desenhos sob forma de slides.
1963 – Foi premiado pela Câmara Brasileira do Livro como o “Melhor Ilustrador do Ano” pelo livro Santa Maria de Belém do Grão Pará de Leandro Tocantins.
1964 – Realizou para o jornal “O Estado de São Paulo”, os principais estados do Brasil ricamente ilustrados, denominado: Mapa de Bolso.
1965 – Realizou uma série de desenhos denominados “Paisagens Antigas do Rio de Janeiro”.
1967 – Aposentou-se do IBGE. – Foi lançado por ocasião do seu 30º aniversário do IBGE, um calendário com suas ilustrações.
1968 – O Plenipotenciário Germânico convidou-lhe para uma exposição em Bonn, o que infelizmente não aconteceu. – Registrados pelo autor as gravuras a bico de pena que ilustram o livro “Tipos e Aspectos do Brasil”, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
1969 – Foi lançado pela Fundação IBGE o álbum “Percy Lau – suas ilustrações”, com textos de Barbosa leite.
1972 – Faleceu em 12 de Janeiro. – Carlos Drumond de Andrade escreveu no “Jornal do Brasil”, um poema em sua homenagem denominado: “Perda”.
1974 – Produzido filme documentário sobre sua vida e obra, realização SCORPIUS / Embrafilme com direção de Wander Sílvio.
1975 – Foi relançado o livro “Tipos e Aspectos do Brasil” em sua 10ª e última edição.
1978 – Foi inaugurada a “Rua Percy Lau” em Jacarepaguá – Rio de Janeiro.
1985 – Doado pela família um desenho para a XXV Feira da Providência. – A Petrobrás utilizou um dos seus desenhos, sob forma de folheto, em favor dos flagelados do Nordeste, denominado “Solidariedade Já” !
1986 – Um dos seus trabalhos foi reproduzido na Semana Nacional do Meio Ambiente no Rio de Janeiro.
1987 – Foi lançado um calendário com suas ilustrações pelo IBGE, por ocasião do cinquentenário da instituição.
1989 – Foi incluído no livro de “Ilustradores Brasileiros da Literatura Infantil e Juvenil” editado pelo Instituto Nacional do Livro.
1991 – Homenageado com o diploma de “Honra ao Mérito” no 3º Salão de Inverno ARTEC na Galeria CERJ – Niterói.
1992 – Homenageado pelos moradores do prédio onde residiu, no bairro do Leblon, com o nome de “Edifício Percy Lau”.
1994 – Um dos seus desenhos foi capa de catálogo da Fundação Biblioteca Nacional, para a Feira do Livro de Frankfurt – Alemanha.
1995 – Reproduzidas algumas de suas ilustrações sob forma de cartão de natal.
1999 - Exposição na Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes - Rio de Janeiro, RJ
2000 - Exposição Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma
2004 - Exposição coletiva: O Olhar Modernista de JK, realizada em Brasília.
2006 - Exposição coletiva: O Olhar Modernista de JK, realizada em São Paulo.
2013 - Exposição individual: Brasil de ponto à ponto, realizada no Country Club Tijuca no estado do Rio de Janeiro.
Fonte e crédito fotográfico: https://www.percylau.com.br/sobre,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
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Percy Lau, por Julio Reis
Percy Lau nasceu em 1903 na cidade de Arequipa, Peru e faleceu no Rio de Janeiro em 1972. Filho de mãe alemã e pai inglês, mudou-se para o Brasil em 1921 onde se naturalizou. Aos 26 anos faz sua primeira exposição na 1a. Exposição Geral de Belas Artes de Pernambuco. Em 1932 monta atelier com Augusto Rodrigues onde faz decorações, publicidade, pintura mural, letreiros artísticos, quadros de formatura e retratos a óleo de senhoras da sociedade Pernambucana. Expõe no São Independente de Recife e no ano seguinte no Gabinete Português de Leitura e na Casa Laubishe-Hirth. Em 1938 muda-se para o Rio de Janeiro e ganha a medalha de prata na Exposição do Salão Oficial. É contratado pelo IBGE para ilustrar a Revista Brasileira de Geografia, na seção “Tipos e Aspectos do Brasil” que iria abranger os próximos 30 anos de sua vida. Participou de várias exposições nacionais e internacionais como a Exposição Internacional de Arte Moderna de Paris em 1946, sob o patrocínio da Unesco. Também atuou como júri do Salão de Belas Artes na categoria desenho e artes gráficas, junto com Armando Viana, Ubi Bava, Athos Bulcão e Augusto Rodrigues. Produziu um grande painel para a Feira Internacional de Nova York em 1964, para a empresa H.Stern. Em 1983 foi organizada no Museu Nacional de Belas Artes, uma grande exposição comemorativa dos 80 anos de nascimento do artista, com uma retrospectiva de toda sua obra.
A obra de Percy Lau tem relevância nas artes plásticas do Brasil, contribuindo com uma obra pictórica para o patrimônio cultural brasileiro no diz respeito à função da arte como instrumento de preservação da memória cultural e histórico documental das atividades econômicas e culturais do Brasil no século XX. Sua obra é caracterizada pela simplicidade do traço sem contudo perder seu valor artísitico e a precisão com que retratou através das mais variadas técnicas de desenho, bico de pena, guache e aquarela, o Brasil de todas as épocas. Sua obra nos remete diretamente ao universo mostrado por Jean Baptiste Debret já que ambos artistas eram dotados de uma profunda visão antropológica da sociedade na época em que viveram. O exercício de retratar todos os tipos de aspectos culturais do Brasil em todas as suas regiões, descrevendo com dignidade e simplicidade – sem com isso alterar o nível da apurada qualidade técnica de desenhista – nossa cultura e costumes, o folclore e as atividades econômicas desenvolvidas pelo homem do campo, fizeram da obra deixada por Percy lau, um capítulo à parte nas artes brasileiras.
Frederico Morais, em crítica publica no Jornal O Globo em 1974, resume bem a grande obra deixada por Percy Lau: “Ilustrador do IBGE durante 28 anos, seu desenho ficou marcado por este compromisso com a paisagem real do País. O lado documento portanto pesou fortemente sobre a sua criação, contudo, se esta fidelidade à paisagem brasileira, segundo um ângulo institucional impediu no artista vôos mais longos, liberdades, pode-se afirmar também que mesmo o mais rigoroso documentarista, participa do fato documentado com a sua personalidade, sensibilidade e particular visão das coisas do mundo. Percy lau foi um desenhista sensível que soube, graças também ao domínio técnico indiscutível, libertar o lápis, a pena e o pincel em momentos de efusão lírica e de envolvimento emocional ou também de usá-los para simplificar os dados da realidade visual em composições dotadas de grande síntese e espontaneidade de gesto.”
Fonte: http://www.opapeldaarte.com.br/lau-percy/,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
Percy Lau (Arequipa, Peru, 1903 - Rio de Janeiro, RJ, 1972) foi um desenhista, ilustrador, gravador e pintor peruano radicado no Brasil. Ficou conhecido pelos seus desenhos a bico de pena, com técnica e precisão até hoje inigualadas.
Biografia Itaú Cultural
Em 1921, transfere-se para Olinda, Pernambuco. É um dos fundadores do Movimento de Arte Moderna do Recife e lá compartilha o ateliê com Augusto Rodrigues (1913 - 1993). Em 1938, estuda no Liceu de Artes e Ofícios com Carlos Oswald (1882 - 1971), no Rio de Janeiro. Durante 30 anos, é ilustrador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que reedita Tipos e Aspectos do Brasil (1960), baseando-se em textos da Revista Brasileira de Geografia, com desenhos do artista. Cria ilustrações para os livros Arraial do Tijuco, de Aires da Mata Machado; E Eles Verão a Deus - o Drama do Aleijadinho, de Kurt Pahlen; Santa Maria do Belém do Grão Pará, de Leandro Tocantins; Vila dos Confins, de Mário Palmério; Guia Histórico e Sentimental de São Luís do Maranhão, de Astolfo Serra; e Maxabombas e Maracatus, de Mário Sette, entre outros. Tanto no trabalho de ilustração, como no desenho e na gravura, Percy Lau destaca-se por registrar os aspectos físicos e humanos do Brasil. Em 1953, recebe medalha de prata no 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Dez anos depois, é premiado como melhor ilustrador pela Câmara Brasileira do Livro. Em 2000, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) promove a exposição Percy Lau: um Desenhista e seu Traço.
Análise
O aspecto documental do trabalho de Percy Lau é sempre ressaltado pela crítica. Ilustrador em diferentes âmbitos, como o IBGE e as editoras Martins, Melhoramentos e Civilização Brasileira, destaca-se registrando a natureza brasileira, tanto humana como física.
Em Tipos e Aspectos do Brasil, de 1940, criado com base em textos da Revista Brasileira de Geografia e mais tarde reeditado pelo IBGE, o artista desenvolve, em bico de pena, ilustrações minuciosas e descritivas, ressaltando elementos característicos de cada região do país, em paisagens e cenas de trabalhadores exercendo suas atividades. A ilustração, ao contrário da fotografia documental, permite que se reúna numa mesma imagem vários elementos impossíveis de aparecerem juntos de outro modo. Como exemplo, Lau retrata, para a seção A Casa do Praiano, o pescador trabalhando na rede de pesca, enquanto a mulher, na casa de pau a pique, cuida da criança e outra traz água num pote que leva à cabeça. Em primeiro plano estão redes estendidas e, ao lado, as galinhas, o barco, o pilão, as cestas e, ao fundo, a Mata Atlântica. Posteriormente, esses desenhos viriam a ilustrar as páginas de vários livros didáticos.
Ao contrário das ilustrações didáticas, em seus desenhos e gravuras Lau substitui o caráter descritivo por uma forma mais sintética, já que sua linha apenas esboça os contornos das figuras em movimento. Ao trabalhar com aquarela, insere as figuras em um fundo quase abstrato, que apenas sugere o campo ou o pasto onde se dá a ação de agricultores e vaqueiros, por exemplo.
No que concerne à ilustração literária, o artista apresenta-se menos descritivo do que nas ilustrações didáticas, concebendo esse tipo de imagem mais como comentário do texto do que como descrição fiel de algum aspecto dele, como nos trabalhos para o romance Vila dos Confins, de Mário Palmério (1916 - 1996).
Críticas
"As suas composições, trabalhadas com a meticulosidade de um apaixonado, inserem uma multidão de elementos os mais variados. Com essas qualidades de observação e cuidadoso ´metier´, se revela um ilustrador apurado, para quem o tempo não intervém, apressando a obra. Percy Lau não hesita diante da dificuldade das soluções mais imprevistas, de um vasto espaço a encher com traços finíssimos ou com as formas mais requintadas das pequeninas flores".
Thomas Santa Rosa (O DESENHO em Pernambuco. Apresentação de Renato Magalhães Gouvêa. Texto de Adão Pinheiro. Recife: Gatsby Arte, 1976.)
"Percy Lau fixa tipos e paisagens brasileiras através de um desenho tão minusioso, que certa vez um crítico classificou o artista como ´o homem do infinitamente pequeno´. Sua obra é um formidável documentário para quem deseje fixar nossos costumes, tipos característicos, paisagens, etc. - Percy hoje tem vontade de se libertar, mas nós ficamos pensando se, com sua libertação, haverá alguém que possa preencher o seu lugar, como grande documentarista da vida brasileira".
Augusto Rodrigues (O DESENHO em Pernambuco. Apresentação de Renato Magalhães Gouvêa. Texto de Adão Pinheiro. Recife: Gatsby Arte, 1976.)
Exposições Individuais
1964 - Peru - Individual, na Galeria Gamesa
1972 - Recife PE - Individual, na Galeria Nega-Fulô
Exposições Coletivas
1937 - Recife PE - Salão do Gabinete de Leitura
1938 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Associação dos Artistas Brasileiros - medalha de prata
1942 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MNBA
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1946 - Paris (França) - Exposição Internacional de Arte Moderna da Cidade de Paris
1946 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MNBA
1947 - Recife PE - Salão do Gabinete de Leitura
1949 - Londres (Inglaterra) - Mostra, no Royal Air France Benevolente Fundation
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna - medalha de prata
1961 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Biblioteca Nacional
1963 - Exposição dos Amigos do Folclore
1970 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte do Servidor Público - medalha de ouro
Exposições Póstumas
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Irlandini
1976 - Recife PE - O Desenho em Pernambuco, na Gatsby Arte
1976 - São Paulo SP - O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
2000 - Rio de Janeiro RJ - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma, na Fundação Casa França-Brasil
Fonte: PERCY Lau. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24538/percy-lau>. Acesso em: 29 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Retratou todos os tipos e aspectos do Brasil e seus desenhos a bico de pena possuem uma técnica e precisão até hoje inigualadas, tamanho o detalhamento de sombras, quantidade de elementos no quadro e composição da cena.
Venceu o Prémio Jabuti 1964 pelas ilustrações da obra Santa Maria do Belém, Grão Pará.
Percy Alfred Lau era desenhista, dedicando-se, quase que exclusivamente, a fazer ilustrações com bico de pena. Contratado pelo IBGE para ilustrar seus livros, viajou o Brasil de norte a sul, estudando paisagens e tipos humanos registrando os costumes da vida do interior, fixando, em imagens, os hábitos regionais, o folclore, o comportamento do povo brasileiro e o cotidiano de inúmeras cidades e vilarejos.
Seu trabalho faz parte do acervo do Museu Nacional de Belas-Artes do Brasil, que possui gravuras, desenhos, capas de livros e grande parte da documentação iconográfica produzida em mais de 30 anos de atividade no Brasil.
Fez também as ilustrações do livro Vila dos Confins, de Mário Palmério, cuja ação se passa no oeste mineiro na década de 1950. Muitas de suas ilustrações foram também utilizadas em livros didáticos de geografia, como os do professor Aroldo de Azevedo.
Em 1944, ilustrou o livro "Arraial do Tijuco, Cidade de Diamantina", do prof. Aires da Mata Machado Filho, com paisagens da cidade.
Fonte: https://www.wikiwand.com/pt/Percy_Lau,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
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Cronologia
1903 – Percy Alfred Lau nasceu na cidade de Arequipa no Peru, em 16 de outubro. Filho de Bruno Lau e Sofia Schön Lau, teve mais cinco irmãos.
1921 – Veio com a família para a América do Sul, cabendo ao Brasil e especialmente a Olinda (Pernambuco), pelo seu clima tropical, o seu novo domicílio, se naturalizando brasileiro.
1933 – Montou um atelier com Augusto Rodrigues, onde faziam decorações, publicidade, letreiros artísticos, quadros de formatura, retratos a óleo de senhoras da sociedade pernambucana. – Conheceu Lula Cardoso Aires, Carlos de Holanda, Moacir de Oliveira, Hélio Feijó, Luís Soares, José Lauria, o caricaturista Mendez entre outros que na arte e na literatura, começavam a desenvolver uma linguagem inspirada no contexto vivo de sua arte e do seu meio. – Iniciou seus estudos de desenho de forma autodidata, fixando os tipos humanos de Olinda, os coqueiros, os mocambos, no qual utilizava lápis, grafite, nanquim e aquarela.
1936 – Em Recife enamorou-se de Ismênia, vizinha de seu atelier, com quem viria a casar-se alguns anos depois.
1938 – Transferiu-se para o Rio de Janeiro.– Trabalhou por um ano na Central do Brasil na execução de maquetes ferroviárias. – Conheceu os artistas Portinari, Di Cavalcanti, Guignard, Pancetti, Djanira, Milton Dacosta, Santa Rosa, Quirino Campofiorito, Heitor dos Prazeres, entre outros. – Ingressou no Liceu de Artes Plásticas e estudou gravura com Carlos Oswald.
1939 – Voltou a Recife, onde se casou com Ismênia. – Retornou em seguida para o Rio de Janeiro, indo residir no bairro de Santa Teresa. – Neste mesmo ano, ingressou no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
1940 – É editado o livro “Tipos e Aspectos do Brasil”, publicado em francês, inglês, espanhol, russo e esperanto, que circulou por três décadas, num total de dez edições.
1941 – Nasceu seu único filho, Frederico Lau. – Mudou-se para Niterói – Estado do Rio de Janeiro.
1942 – Participou como membro de júri do 2º Salão Nacional de Belas Artes, a convite de Oswaldo Teixeira, então diretor do Museu Nacional de Belas Artes.
1943 – Foi convidado para ilustrar “Arraial do Tijuco – cidade de Diamantina “, publicação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, contexto de Aires da Mata Machado.
1946 – Foi doado um desenho a RAF (THE ROYAL BENEVOLENT FUND – Londres).
1949 – Frequentou a Escolinha de Arte do Brasil onde aprendeu xilogravura com Oswald Goeldi.
1950 – A convite da SHELL executou um calendário com temas brasileiros a cores.
1952 – Transferiu-se de Niterói para o bairro da Glória, no Rio de Janeiro.
1953 – Ilustrou para o jornal “O Globo” uma série de desenhos denominados “Coisas Nossas”.
1954 – A Companhia Melhoramentos de São Paulo publicou desenhos de sua autoria, sob forma de baralho, denominado “Quarteto: Nossa Terra – Nossa Gente”. – Mudou-se com a família para o bairro do Leblon.
1956 – Frequentou o curso de História das Artes Plásticas, organizado pela Escolinha de Artes do Brasil – Rio de Janeiro.
1960 – A Seção de Áudio – Visuais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do Ministério de Educação e Cultura – MEC, produziu seus desenhos sob forma de slides.
1963 – Foi premiado pela Câmara Brasileira do Livro como o “Melhor Ilustrador do Ano” pelo livro Santa Maria de Belém do Grão Pará de Leandro Tocantins.
1964 – Realizou para o jornal “O Estado de São Paulo”, os principais estados do Brasil ricamente ilustrados, denominado: Mapa de Bolso.
1965 – Realizou uma série de desenhos denominados “Paisagens Antigas do Rio de Janeiro”.
1967 – Aposentou-se do IBGE. – Foi lançado por ocasião do seu 30º aniversário do IBGE, um calendário com suas ilustrações.
1968 – O Plenipotenciário Germânico convidou-lhe para uma exposição em Bonn, o que infelizmente não aconteceu. – Registrados pelo autor as gravuras a bico de pena que ilustram o livro “Tipos e Aspectos do Brasil”, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
1969 – Foi lançado pela Fundação IBGE o álbum “Percy Lau – suas ilustrações”, com textos de Barbosa leite.
1972 – Faleceu em 12 de Janeiro. – Carlos Drumond de Andrade escreveu no “Jornal do Brasil”, um poema em sua homenagem denominado: “Perda”.
1974 – Produzido filme documentário sobre sua vida e obra, realização SCORPIUS / Embrafilme com direção de Wander Sílvio.
1975 – Foi relançado o livro “Tipos e Aspectos do Brasil” em sua 10ª e última edição.
1978 – Foi inaugurada a “Rua Percy Lau” em Jacarepaguá – Rio de Janeiro.
1985 – Doado pela família um desenho para a XXV Feira da Providência. – A Petrobrás utilizou um dos seus desenhos, sob forma de folheto, em favor dos flagelados do Nordeste, denominado “Solidariedade Já” !
1986 – Um dos seus trabalhos foi reproduzido na Semana Nacional do Meio Ambiente no Rio de Janeiro.
1987 – Foi lançado um calendário com suas ilustrações pelo IBGE, por ocasião do cinquentenário da instituição.
1989 – Foi incluído no livro de “Ilustradores Brasileiros da Literatura Infantil e Juvenil” editado pelo Instituto Nacional do Livro.
1991 – Homenageado com o diploma de “Honra ao Mérito” no 3º Salão de Inverno ARTEC na Galeria CERJ – Niterói.
1992 – Homenageado pelos moradores do prédio onde residiu, no bairro do Leblon, com o nome de “Edifício Percy Lau”.
1994 – Um dos seus desenhos foi capa de catálogo da Fundação Biblioteca Nacional, para a Feira do Livro de Frankfurt – Alemanha.
1995 – Reproduzidas algumas de suas ilustrações sob forma de cartão de natal.
1999 - Exposição na Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes - Rio de Janeiro, RJ
2000 - Exposição Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma
2004 - Exposição coletiva: O Olhar Modernista de JK, realizada em Brasília.
2006 - Exposição coletiva: O Olhar Modernista de JK, realizada em São Paulo.
2013 - Exposição individual: Brasil de ponto à ponto, realizada no Country Club Tijuca no estado do Rio de Janeiro.
Fonte e crédito fotográfico: https://www.percylau.com.br/sobre,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
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Percy Lau, por Julio Reis
Percy Lau nasceu em 1903 na cidade de Arequipa, Peru e faleceu no Rio de Janeiro em 1972. Filho de mãe alemã e pai inglês, mudou-se para o Brasil em 1921 onde se naturalizou. Aos 26 anos faz sua primeira exposição na 1a. Exposição Geral de Belas Artes de Pernambuco. Em 1932 monta atelier com Augusto Rodrigues onde faz decorações, publicidade, pintura mural, letreiros artísticos, quadros de formatura e retratos a óleo de senhoras da sociedade Pernambucana. Expõe no São Independente de Recife e no ano seguinte no Gabinete Português de Leitura e na Casa Laubishe-Hirth. Em 1938 muda-se para o Rio de Janeiro e ganha a medalha de prata na Exposição do Salão Oficial. É contratado pelo IBGE para ilustrar a Revista Brasileira de Geografia, na seção “Tipos e Aspectos do Brasil” que iria abranger os próximos 30 anos de sua vida. Participou de várias exposições nacionais e internacionais como a Exposição Internacional de Arte Moderna de Paris em 1946, sob o patrocínio da Unesco. Também atuou como júri do Salão de Belas Artes na categoria desenho e artes gráficas, junto com Armando Viana, Ubi Bava, Athos Bulcão e Augusto Rodrigues. Produziu um grande painel para a Feira Internacional de Nova York em 1964, para a empresa H.Stern. Em 1983 foi organizada no Museu Nacional de Belas Artes, uma grande exposição comemorativa dos 80 anos de nascimento do artista, com uma retrospectiva de toda sua obra.
A obra de Percy Lau tem relevância nas artes plásticas do Brasil, contribuindo com uma obra pictórica para o patrimônio cultural brasileiro no diz respeito à função da arte como instrumento de preservação da memória cultural e histórico documental das atividades econômicas e culturais do Brasil no século XX. Sua obra é caracterizada pela simplicidade do traço sem contudo perder seu valor artísitico e a precisão com que retratou através das mais variadas técnicas de desenho, bico de pena, guache e aquarela, o Brasil de todas as épocas. Sua obra nos remete diretamente ao universo mostrado por Jean Baptiste Debret já que ambos artistas eram dotados de uma profunda visão antropológica da sociedade na época em que viveram. O exercício de retratar todos os tipos de aspectos culturais do Brasil em todas as suas regiões, descrevendo com dignidade e simplicidade – sem com isso alterar o nível da apurada qualidade técnica de desenhista – nossa cultura e costumes, o folclore e as atividades econômicas desenvolvidas pelo homem do campo, fizeram da obra deixada por Percy lau, um capítulo à parte nas artes brasileiras.
Frederico Morais, em crítica publica no Jornal O Globo em 1974, resume bem a grande obra deixada por Percy Lau: “Ilustrador do IBGE durante 28 anos, seu desenho ficou marcado por este compromisso com a paisagem real do País. O lado documento portanto pesou fortemente sobre a sua criação, contudo, se esta fidelidade à paisagem brasileira, segundo um ângulo institucional impediu no artista vôos mais longos, liberdades, pode-se afirmar também que mesmo o mais rigoroso documentarista, participa do fato documentado com a sua personalidade, sensibilidade e particular visão das coisas do mundo. Percy lau foi um desenhista sensível que soube, graças também ao domínio técnico indiscutível, libertar o lápis, a pena e o pincel em momentos de efusão lírica e de envolvimento emocional ou também de usá-los para simplificar os dados da realidade visual em composições dotadas de grande síntese e espontaneidade de gesto.”
Fonte: http://www.opapeldaarte.com.br/lau-percy/,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
Percy Lau (Arequipa, Peru, 1903 - Rio de Janeiro, RJ, 1972) foi um desenhista, ilustrador, gravador e pintor peruano radicado no Brasil. Ficou conhecido pelos seus desenhos a bico de pena, com técnica e precisão até hoje inigualadas.
Biografia Itaú Cultural
Em 1921, transfere-se para Olinda, Pernambuco. É um dos fundadores do Movimento de Arte Moderna do Recife e lá compartilha o ateliê com Augusto Rodrigues (1913 - 1993). Em 1938, estuda no Liceu de Artes e Ofícios com Carlos Oswald (1882 - 1971), no Rio de Janeiro. Durante 30 anos, é ilustrador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que reedita Tipos e Aspectos do Brasil (1960), baseando-se em textos da Revista Brasileira de Geografia, com desenhos do artista. Cria ilustrações para os livros Arraial do Tijuco, de Aires da Mata Machado; E Eles Verão a Deus - o Drama do Aleijadinho, de Kurt Pahlen; Santa Maria do Belém do Grão Pará, de Leandro Tocantins; Vila dos Confins, de Mário Palmério; Guia Histórico e Sentimental de São Luís do Maranhão, de Astolfo Serra; e Maxabombas e Maracatus, de Mário Sette, entre outros. Tanto no trabalho de ilustração, como no desenho e na gravura, Percy Lau destaca-se por registrar os aspectos físicos e humanos do Brasil. Em 1953, recebe medalha de prata no 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Dez anos depois, é premiado como melhor ilustrador pela Câmara Brasileira do Livro. Em 2000, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) promove a exposição Percy Lau: um Desenhista e seu Traço.
Análise
O aspecto documental do trabalho de Percy Lau é sempre ressaltado pela crítica. Ilustrador em diferentes âmbitos, como o IBGE e as editoras Martins, Melhoramentos e Civilização Brasileira, destaca-se registrando a natureza brasileira, tanto humana como física.
Em Tipos e Aspectos do Brasil, de 1940, criado com base em textos da Revista Brasileira de Geografia e mais tarde reeditado pelo IBGE, o artista desenvolve, em bico de pena, ilustrações minuciosas e descritivas, ressaltando elementos característicos de cada região do país, em paisagens e cenas de trabalhadores exercendo suas atividades. A ilustração, ao contrário da fotografia documental, permite que se reúna numa mesma imagem vários elementos impossíveis de aparecerem juntos de outro modo. Como exemplo, Lau retrata, para a seção A Casa do Praiano, o pescador trabalhando na rede de pesca, enquanto a mulher, na casa de pau a pique, cuida da criança e outra traz água num pote que leva à cabeça. Em primeiro plano estão redes estendidas e, ao lado, as galinhas, o barco, o pilão, as cestas e, ao fundo, a Mata Atlântica. Posteriormente, esses desenhos viriam a ilustrar as páginas de vários livros didáticos.
Ao contrário das ilustrações didáticas, em seus desenhos e gravuras Lau substitui o caráter descritivo por uma forma mais sintética, já que sua linha apenas esboça os contornos das figuras em movimento. Ao trabalhar com aquarela, insere as figuras em um fundo quase abstrato, que apenas sugere o campo ou o pasto onde se dá a ação de agricultores e vaqueiros, por exemplo.
No que concerne à ilustração literária, o artista apresenta-se menos descritivo do que nas ilustrações didáticas, concebendo esse tipo de imagem mais como comentário do texto do que como descrição fiel de algum aspecto dele, como nos trabalhos para o romance Vila dos Confins, de Mário Palmério (1916 - 1996).
Críticas
"As suas composições, trabalhadas com a meticulosidade de um apaixonado, inserem uma multidão de elementos os mais variados. Com essas qualidades de observação e cuidadoso ´metier´, se revela um ilustrador apurado, para quem o tempo não intervém, apressando a obra. Percy Lau não hesita diante da dificuldade das soluções mais imprevistas, de um vasto espaço a encher com traços finíssimos ou com as formas mais requintadas das pequeninas flores".
Thomas Santa Rosa (O DESENHO em Pernambuco. Apresentação de Renato Magalhães Gouvêa. Texto de Adão Pinheiro. Recife: Gatsby Arte, 1976.)
"Percy Lau fixa tipos e paisagens brasileiras através de um desenho tão minusioso, que certa vez um crítico classificou o artista como ´o homem do infinitamente pequeno´. Sua obra é um formidável documentário para quem deseje fixar nossos costumes, tipos característicos, paisagens, etc. - Percy hoje tem vontade de se libertar, mas nós ficamos pensando se, com sua libertação, haverá alguém que possa preencher o seu lugar, como grande documentarista da vida brasileira".
Augusto Rodrigues (O DESENHO em Pernambuco. Apresentação de Renato Magalhães Gouvêa. Texto de Adão Pinheiro. Recife: Gatsby Arte, 1976.)
Exposições Individuais
1964 - Peru - Individual, na Galeria Gamesa
1972 - Recife PE - Individual, na Galeria Nega-Fulô
Exposições Coletivas
1937 - Recife PE - Salão do Gabinete de Leitura
1938 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Associação dos Artistas Brasileiros - medalha de prata
1942 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MNBA
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1946 - Paris (França) - Exposição Internacional de Arte Moderna da Cidade de Paris
1946 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MNBA
1947 - Recife PE - Salão do Gabinete de Leitura
1949 - Londres (Inglaterra) - Mostra, no Royal Air France Benevolente Fundation
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna - medalha de prata
1961 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Biblioteca Nacional
1963 - Exposição dos Amigos do Folclore
1970 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte do Servidor Público - medalha de ouro
Exposições Póstumas
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Irlandini
1976 - Recife PE - O Desenho em Pernambuco, na Gatsby Arte
1976 - São Paulo SP - O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
2000 - Rio de Janeiro RJ - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma, na Fundação Casa França-Brasil
Fonte: PERCY Lau. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24538/percy-lau>. Acesso em: 29 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Retratou todos os tipos e aspectos do Brasil e seus desenhos a bico de pena possuem uma técnica e precisão até hoje inigualadas, tamanho o detalhamento de sombras, quantidade de elementos no quadro e composição da cena.
Venceu o Prémio Jabuti 1964 pelas ilustrações da obra Santa Maria do Belém, Grão Pará.
Percy Alfred Lau era desenhista, dedicando-se, quase que exclusivamente, a fazer ilustrações com bico de pena. Contratado pelo IBGE para ilustrar seus livros, viajou o Brasil de norte a sul, estudando paisagens e tipos humanos registrando os costumes da vida do interior, fixando, em imagens, os hábitos regionais, o folclore, o comportamento do povo brasileiro e o cotidiano de inúmeras cidades e vilarejos.
Seu trabalho faz parte do acervo do Museu Nacional de Belas-Artes do Brasil, que possui gravuras, desenhos, capas de livros e grande parte da documentação iconográfica produzida em mais de 30 anos de atividade no Brasil.
Fez também as ilustrações do livro Vila dos Confins, de Mário Palmério, cuja ação se passa no oeste mineiro na década de 1950. Muitas de suas ilustrações foram também utilizadas em livros didáticos de geografia, como os do professor Aroldo de Azevedo.
Em 1944, ilustrou o livro "Arraial do Tijuco, Cidade de Diamantina", do prof. Aires da Mata Machado Filho, com paisagens da cidade.
Fonte: https://www.wikiwand.com/pt/Percy_Lau,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
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Cronologia
1903 – Percy Alfred Lau nasceu na cidade de Arequipa no Peru, em 16 de outubro. Filho de Bruno Lau e Sofia Schön Lau, teve mais cinco irmãos.
1921 – Veio com a família para a América do Sul, cabendo ao Brasil e especialmente a Olinda (Pernambuco), pelo seu clima tropical, o seu novo domicílio, se naturalizando brasileiro.
1933 – Montou um atelier com Augusto Rodrigues, onde faziam decorações, publicidade, letreiros artísticos, quadros de formatura, retratos a óleo de senhoras da sociedade pernambucana. – Conheceu Lula Cardoso Aires, Carlos de Holanda, Moacir de Oliveira, Hélio Feijó, Luís Soares, José Lauria, o caricaturista Mendez entre outros que na arte e na literatura, começavam a desenvolver uma linguagem inspirada no contexto vivo de sua arte e do seu meio. – Iniciou seus estudos de desenho de forma autodidata, fixando os tipos humanos de Olinda, os coqueiros, os mocambos, no qual utilizava lápis, grafite, nanquim e aquarela.
1936 – Em Recife enamorou-se de Ismênia, vizinha de seu atelier, com quem viria a casar-se alguns anos depois.
1938 – Transferiu-se para o Rio de Janeiro.– Trabalhou por um ano na Central do Brasil na execução de maquetes ferroviárias. – Conheceu os artistas Portinari, Di Cavalcanti, Guignard, Pancetti, Djanira, Milton Dacosta, Santa Rosa, Quirino Campofiorito, Heitor dos Prazeres, entre outros. – Ingressou no Liceu de Artes Plásticas e estudou gravura com Carlos Oswald.
1939 – Voltou a Recife, onde se casou com Ismênia. – Retornou em seguida para o Rio de Janeiro, indo residir no bairro de Santa Teresa. – Neste mesmo ano, ingressou no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
1940 – É editado o livro “Tipos e Aspectos do Brasil”, publicado em francês, inglês, espanhol, russo e esperanto, que circulou por três décadas, num total de dez edições.
1941 – Nasceu seu único filho, Frederico Lau. – Mudou-se para Niterói – Estado do Rio de Janeiro.
1942 – Participou como membro de júri do 2º Salão Nacional de Belas Artes, a convite de Oswaldo Teixeira, então diretor do Museu Nacional de Belas Artes.
1943 – Foi convidado para ilustrar “Arraial do Tijuco – cidade de Diamantina “, publicação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, contexto de Aires da Mata Machado.
1946 – Foi doado um desenho a RAF (THE ROYAL BENEVOLENT FUND – Londres).
1949 – Frequentou a Escolinha de Arte do Brasil onde aprendeu xilogravura com Oswald Goeldi.
1950 – A convite da SHELL executou um calendário com temas brasileiros a cores.
1952 – Transferiu-se de Niterói para o bairro da Glória, no Rio de Janeiro.
1953 – Ilustrou para o jornal “O Globo” uma série de desenhos denominados “Coisas Nossas”.
1954 – A Companhia Melhoramentos de São Paulo publicou desenhos de sua autoria, sob forma de baralho, denominado “Quarteto: Nossa Terra – Nossa Gente”. – Mudou-se com a família para o bairro do Leblon.
1956 – Frequentou o curso de História das Artes Plásticas, organizado pela Escolinha de Artes do Brasil – Rio de Janeiro.
1960 – A Seção de Áudio – Visuais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do Ministério de Educação e Cultura – MEC, produziu seus desenhos sob forma de slides.
1963 – Foi premiado pela Câmara Brasileira do Livro como o “Melhor Ilustrador do Ano” pelo livro Santa Maria de Belém do Grão Pará de Leandro Tocantins.
1964 – Realizou para o jornal “O Estado de São Paulo”, os principais estados do Brasil ricamente ilustrados, denominado: Mapa de Bolso.
1965 – Realizou uma série de desenhos denominados “Paisagens Antigas do Rio de Janeiro”.
1967 – Aposentou-se do IBGE. – Foi lançado por ocasião do seu 30º aniversário do IBGE, um calendário com suas ilustrações.
1968 – O Plenipotenciário Germânico convidou-lhe para uma exposição em Bonn, o que infelizmente não aconteceu. – Registrados pelo autor as gravuras a bico de pena que ilustram o livro “Tipos e Aspectos do Brasil”, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
1969 – Foi lançado pela Fundação IBGE o álbum “Percy Lau – suas ilustrações”, com textos de Barbosa leite.
1972 – Faleceu em 12 de Janeiro. – Carlos Drumond de Andrade escreveu no “Jornal do Brasil”, um poema em sua homenagem denominado: “Perda”.
1974 – Produzido filme documentário sobre sua vida e obra, realização SCORPIUS / Embrafilme com direção de Wander Sílvio.
1975 – Foi relançado o livro “Tipos e Aspectos do Brasil” em sua 10ª e última edição.
1978 – Foi inaugurada a “Rua Percy Lau” em Jacarepaguá – Rio de Janeiro.
1985 – Doado pela família um desenho para a XXV Feira da Providência. – A Petrobrás utilizou um dos seus desenhos, sob forma de folheto, em favor dos flagelados do Nordeste, denominado “Solidariedade Já” !
1986 – Um dos seus trabalhos foi reproduzido na Semana Nacional do Meio Ambiente no Rio de Janeiro.
1987 – Foi lançado um calendário com suas ilustrações pelo IBGE, por ocasião do cinquentenário da instituição.
1989 – Foi incluído no livro de “Ilustradores Brasileiros da Literatura Infantil e Juvenil” editado pelo Instituto Nacional do Livro.
1991 – Homenageado com o diploma de “Honra ao Mérito” no 3º Salão de Inverno ARTEC na Galeria CERJ – Niterói.
1992 – Homenageado pelos moradores do prédio onde residiu, no bairro do Leblon, com o nome de “Edifício Percy Lau”.
1994 – Um dos seus desenhos foi capa de catálogo da Fundação Biblioteca Nacional, para a Feira do Livro de Frankfurt – Alemanha.
1995 – Reproduzidas algumas de suas ilustrações sob forma de cartão de natal.
1999 - Exposição na Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes - Rio de Janeiro, RJ
2000 - Exposição Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma
2004 - Exposição coletiva: O Olhar Modernista de JK, realizada em Brasília.
2006 - Exposição coletiva: O Olhar Modernista de JK, realizada em São Paulo.
2013 - Exposição individual: Brasil de ponto à ponto, realizada no Country Club Tijuca no estado do Rio de Janeiro.
Fonte e crédito fotográfico: https://www.percylau.com.br/sobre,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
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Percy Lau, por Julio Reis
Percy Lau nasceu em 1903 na cidade de Arequipa, Peru e faleceu no Rio de Janeiro em 1972. Filho de mãe alemã e pai inglês, mudou-se para o Brasil em 1921 onde se naturalizou. Aos 26 anos faz sua primeira exposição na 1a. Exposição Geral de Belas Artes de Pernambuco. Em 1932 monta atelier com Augusto Rodrigues onde faz decorações, publicidade, pintura mural, letreiros artísticos, quadros de formatura e retratos a óleo de senhoras da sociedade Pernambucana. Expõe no São Independente de Recife e no ano seguinte no Gabinete Português de Leitura e na Casa Laubishe-Hirth. Em 1938 muda-se para o Rio de Janeiro e ganha a medalha de prata na Exposição do Salão Oficial. É contratado pelo IBGE para ilustrar a Revista Brasileira de Geografia, na seção “Tipos e Aspectos do Brasil” que iria abranger os próximos 30 anos de sua vida. Participou de várias exposições nacionais e internacionais como a Exposição Internacional de Arte Moderna de Paris em 1946, sob o patrocínio da Unesco. Também atuou como júri do Salão de Belas Artes na categoria desenho e artes gráficas, junto com Armando Viana, Ubi Bava, Athos Bulcão e Augusto Rodrigues. Produziu um grande painel para a Feira Internacional de Nova York em 1964, para a empresa H.Stern. Em 1983 foi organizada no Museu Nacional de Belas Artes, uma grande exposição comemorativa dos 80 anos de nascimento do artista, com uma retrospectiva de toda sua obra.
A obra de Percy Lau tem relevância nas artes plásticas do Brasil, contribuindo com uma obra pictórica para o patrimônio cultural brasileiro no diz respeito à função da arte como instrumento de preservação da memória cultural e histórico documental das atividades econômicas e culturais do Brasil no século XX. Sua obra é caracterizada pela simplicidade do traço sem contudo perder seu valor artísitico e a precisão com que retratou através das mais variadas técnicas de desenho, bico de pena, guache e aquarela, o Brasil de todas as épocas. Sua obra nos remete diretamente ao universo mostrado por Jean Baptiste Debret já que ambos artistas eram dotados de uma profunda visão antropológica da sociedade na época em que viveram. O exercício de retratar todos os tipos de aspectos culturais do Brasil em todas as suas regiões, descrevendo com dignidade e simplicidade – sem com isso alterar o nível da apurada qualidade técnica de desenhista – nossa cultura e costumes, o folclore e as atividades econômicas desenvolvidas pelo homem do campo, fizeram da obra deixada por Percy lau, um capítulo à parte nas artes brasileiras.
Frederico Morais, em crítica publica no Jornal O Globo em 1974, resume bem a grande obra deixada por Percy Lau: “Ilustrador do IBGE durante 28 anos, seu desenho ficou marcado por este compromisso com a paisagem real do País. O lado documento portanto pesou fortemente sobre a sua criação, contudo, se esta fidelidade à paisagem brasileira, segundo um ângulo institucional impediu no artista vôos mais longos, liberdades, pode-se afirmar também que mesmo o mais rigoroso documentarista, participa do fato documentado com a sua personalidade, sensibilidade e particular visão das coisas do mundo. Percy lau foi um desenhista sensível que soube, graças também ao domínio técnico indiscutível, libertar o lápis, a pena e o pincel em momentos de efusão lírica e de envolvimento emocional ou também de usá-los para simplificar os dados da realidade visual em composições dotadas de grande síntese e espontaneidade de gesto.”
Fonte: http://www.opapeldaarte.com.br/lau-percy/,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
Percy Lau (Arequipa, Peru, 1903 - Rio de Janeiro, RJ, 1972) foi um desenhista, ilustrador, gravador e pintor peruano radicado no Brasil. Ficou conhecido pelos seus desenhos a bico de pena, com técnica e precisão até hoje inigualadas.
Biografia Itaú Cultural
Em 1921, transfere-se para Olinda, Pernambuco. É um dos fundadores do Movimento de Arte Moderna do Recife e lá compartilha o ateliê com Augusto Rodrigues (1913 - 1993). Em 1938, estuda no Liceu de Artes e Ofícios com Carlos Oswald (1882 - 1971), no Rio de Janeiro. Durante 30 anos, é ilustrador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que reedita Tipos e Aspectos do Brasil (1960), baseando-se em textos da Revista Brasileira de Geografia, com desenhos do artista. Cria ilustrações para os livros Arraial do Tijuco, de Aires da Mata Machado; E Eles Verão a Deus - o Drama do Aleijadinho, de Kurt Pahlen; Santa Maria do Belém do Grão Pará, de Leandro Tocantins; Vila dos Confins, de Mário Palmério; Guia Histórico e Sentimental de São Luís do Maranhão, de Astolfo Serra; e Maxabombas e Maracatus, de Mário Sette, entre outros. Tanto no trabalho de ilustração, como no desenho e na gravura, Percy Lau destaca-se por registrar os aspectos físicos e humanos do Brasil. Em 1953, recebe medalha de prata no 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Dez anos depois, é premiado como melhor ilustrador pela Câmara Brasileira do Livro. Em 2000, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) promove a exposição Percy Lau: um Desenhista e seu Traço.
Análise
O aspecto documental do trabalho de Percy Lau é sempre ressaltado pela crítica. Ilustrador em diferentes âmbitos, como o IBGE e as editoras Martins, Melhoramentos e Civilização Brasileira, destaca-se registrando a natureza brasileira, tanto humana como física.
Em Tipos e Aspectos do Brasil, de 1940, criado com base em textos da Revista Brasileira de Geografia e mais tarde reeditado pelo IBGE, o artista desenvolve, em bico de pena, ilustrações minuciosas e descritivas, ressaltando elementos característicos de cada região do país, em paisagens e cenas de trabalhadores exercendo suas atividades. A ilustração, ao contrário da fotografia documental, permite que se reúna numa mesma imagem vários elementos impossíveis de aparecerem juntos de outro modo. Como exemplo, Lau retrata, para a seção A Casa do Praiano, o pescador trabalhando na rede de pesca, enquanto a mulher, na casa de pau a pique, cuida da criança e outra traz água num pote que leva à cabeça. Em primeiro plano estão redes estendidas e, ao lado, as galinhas, o barco, o pilão, as cestas e, ao fundo, a Mata Atlântica. Posteriormente, esses desenhos viriam a ilustrar as páginas de vários livros didáticos.
Ao contrário das ilustrações didáticas, em seus desenhos e gravuras Lau substitui o caráter descritivo por uma forma mais sintética, já que sua linha apenas esboça os contornos das figuras em movimento. Ao trabalhar com aquarela, insere as figuras em um fundo quase abstrato, que apenas sugere o campo ou o pasto onde se dá a ação de agricultores e vaqueiros, por exemplo.
No que concerne à ilustração literária, o artista apresenta-se menos descritivo do que nas ilustrações didáticas, concebendo esse tipo de imagem mais como comentário do texto do que como descrição fiel de algum aspecto dele, como nos trabalhos para o romance Vila dos Confins, de Mário Palmério (1916 - 1996).
Críticas
"As suas composições, trabalhadas com a meticulosidade de um apaixonado, inserem uma multidão de elementos os mais variados. Com essas qualidades de observação e cuidadoso ´metier´, se revela um ilustrador apurado, para quem o tempo não intervém, apressando a obra. Percy Lau não hesita diante da dificuldade das soluções mais imprevistas, de um vasto espaço a encher com traços finíssimos ou com as formas mais requintadas das pequeninas flores".
Thomas Santa Rosa (O DESENHO em Pernambuco. Apresentação de Renato Magalhães Gouvêa. Texto de Adão Pinheiro. Recife: Gatsby Arte, 1976.)
"Percy Lau fixa tipos e paisagens brasileiras através de um desenho tão minusioso, que certa vez um crítico classificou o artista como ´o homem do infinitamente pequeno´. Sua obra é um formidável documentário para quem deseje fixar nossos costumes, tipos característicos, paisagens, etc. - Percy hoje tem vontade de se libertar, mas nós ficamos pensando se, com sua libertação, haverá alguém que possa preencher o seu lugar, como grande documentarista da vida brasileira".
Augusto Rodrigues (O DESENHO em Pernambuco. Apresentação de Renato Magalhães Gouvêa. Texto de Adão Pinheiro. Recife: Gatsby Arte, 1976.)
Exposições Individuais
1964 - Peru - Individual, na Galeria Gamesa
1972 - Recife PE - Individual, na Galeria Nega-Fulô
Exposições Coletivas
1937 - Recife PE - Salão do Gabinete de Leitura
1938 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Associação dos Artistas Brasileiros - medalha de prata
1942 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MNBA
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1946 - Paris (França) - Exposição Internacional de Arte Moderna da Cidade de Paris
1946 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MNBA
1947 - Recife PE - Salão do Gabinete de Leitura
1949 - Londres (Inglaterra) - Mostra, no Royal Air France Benevolente Fundation
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna - medalha de prata
1961 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Biblioteca Nacional
1963 - Exposição dos Amigos do Folclore
1970 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte do Servidor Público - medalha de ouro
Exposições Póstumas
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Irlandini
1976 - Recife PE - O Desenho em Pernambuco, na Gatsby Arte
1976 - São Paulo SP - O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
2000 - Rio de Janeiro RJ - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma, na Fundação Casa França-Brasil
Fonte: PERCY Lau. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24538/percy-lau>. Acesso em: 29 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Biografia Wikipédia
Retratou todos os tipos e aspectos do Brasil e seus desenhos a bico de pena possuem uma técnica e precisão até hoje inigualadas, tamanho o detalhamento de sombras, quantidade de elementos no quadro e composição da cena.
Venceu o Prémio Jabuti 1964 pelas ilustrações da obra Santa Maria do Belém, Grão Pará.
Percy Alfred Lau era desenhista, dedicando-se, quase que exclusivamente, a fazer ilustrações com bico de pena. Contratado pelo IBGE para ilustrar seus livros, viajou o Brasil de norte a sul, estudando paisagens e tipos humanos registrando os costumes da vida do interior, fixando, em imagens, os hábitos regionais, o folclore, o comportamento do povo brasileiro e o cotidiano de inúmeras cidades e vilarejos.
Seu trabalho faz parte do acervo do Museu Nacional de Belas-Artes do Brasil, que possui gravuras, desenhos, capas de livros e grande parte da documentação iconográfica produzida em mais de 30 anos de atividade no Brasil.
Fez também as ilustrações do livro Vila dos Confins, de Mário Palmério, cuja ação se passa no oeste mineiro na década de 1950. Muitas de suas ilustrações foram também utilizadas em livros didáticos de geografia, como os do professor Aroldo de Azevedo.
Em 1944, ilustrou o livro "Arraial do Tijuco, Cidade de Diamantina", do prof. Aires da Mata Machado Filho, com paisagens da cidade.
Fonte: https://www.wikiwand.com/pt/Percy_Lau,
consultado pela última vez em 25 de março de 2020.
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Cronologia
1903 – Percy Alfred Lau nasceu na cidade de Arequipa no Peru, em 16 de outubro. Filho de Bruno Lau e Sofia Schön Lau, teve mais cinco irmãos.
1921 – Veio com a família para a América do Sul, cabendo ao Brasil e especialmente a Olinda (Pernambuco), pelo seu clima tropical, o seu novo domicílio, se naturalizando brasileiro.
1933 – Montou um atelier com Augusto Rodrigues, onde faziam decorações, publicidade, letreiros artísticos, quadros de formatura, retratos a óleo de senhoras da sociedade pernambucana. – Conheceu Lula Cardoso Aires, Carlos de Holanda, Moacir de Oliveira, Hélio Feijó, Luís Soares, José Lauria, o caricaturista Mendez entre outros que na arte e na literatura, começavam a desenvolver uma linguagem inspirada no contexto vivo de sua arte e do seu meio. – Iniciou seus estudos de desenho de forma autodidata, fixando os tipos humanos de Olinda, os coqueiros, os mocambos, no qual utilizava lápis, grafite, nanquim e aquarela.
1936 – Em Recife enamorou-se de Ismênia, vizinha de seu atelier, com quem viria a casar-se alguns anos depois.
1938 – Transferiu-se para o Rio de Janeiro.– Trabalhou por um ano na Central do Brasil na execução de maquetes ferroviárias. – Conheceu os artistas Portinari, Di Cavalcanti, Guignard, Pancetti, Djanira, Milton Dacosta, Santa Rosa, Quirino Campofiorito, Heitor dos Prazeres, entre outros. – Ingressou no Liceu de Artes Plásticas e estudou gravura com Carlos Oswald.
1939 – Voltou a Recife, onde se casou com Ismênia. – Retornou em seguida para o Rio de Janeiro, indo residir no bairro de Santa Teresa. – Neste mesmo ano, ingressou no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
1940 – É editado o livro “Tipos e Aspectos do Brasil”, publicado em francês, inglês, espanhol, russo e esperanto, que circulou por três décadas, num total de dez edições.
1941 – Nasceu seu único filho, Frederico Lau. – Mudou-se para Niterói – Estado do Rio de Janeiro.
1942 – Participou como membro de júri do 2º Salão Nacional de Belas Artes, a convite de Oswaldo Teixeira, então diretor do Museu Nacional de Belas Artes.
1943 – Foi convidado para ilustrar “Arraial do Tijuco – cidade de Diamantina “, publicação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, contexto de Aires da Mata Machado.
1946 – Foi doado um desenho a RAF (THE ROYAL BENEVOLENT FUND – Londres).
1949 – Frequentou a Escolinha de Arte do Brasil onde aprendeu xilogravura com Oswald Goeldi.
1950 – A convite da SHELL executou um calendário com temas brasileiros a cores.
1952 – Transferiu-se de Niterói para o bairro da Glória, no Rio de Janeiro.
1953 – Ilustrou para o jornal “O Globo” uma série de desenhos denominados “Coisas Nossas”.
1954 – A Companhia Melhoramentos de São Paulo publicou desenhos de sua autoria, sob forma de baralho, denominado “Quarteto: Nossa Terra – Nossa Gente”. – Mudou-se com a família para o bairro do Leblon.
1956 – Frequentou o curso de História das Artes Plásticas, organizado pela Escolinha de Artes do Brasil – Rio de Janeiro.
1960 – A Seção de Áudio – Visuais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do Ministério de Educação e Cultura – MEC, produziu seus desenhos sob forma de slides.
1963 – Foi premiado pela Câmara Brasileira do Livro como o “Melhor Ilustrador do Ano” pelo livro Santa Maria de Belém do Grão Pará de Leandro Tocantins.
1964 – Realizou para o jornal “O Estado de São Paulo”, os principais estados do Brasil ricamente ilustrados, denominado: Mapa de Bolso.
1965 – Realizou uma série de desenhos denominados “Paisagens Antigas do Rio de Janeiro”.
1967 – Aposentou-se do IBGE. – Foi lançado por ocasião do seu 30º aniversário do IBGE, um calendário com suas ilustrações.
1968 – O Plenipotenciário Germânico convidou-lhe para uma exposição em Bonn, o que infelizmente não aconteceu. – Registrados pelo autor as gravuras a bico de pena que ilustram o livro “Tipos e Aspectos do Brasil”, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
1969 – Foi lançado pela Fundação IBGE o álbum “Percy Lau – suas ilustrações”, com textos de Barbosa leite.
1972 – Faleceu em 12 de Janeiro. – Carlos Drumond de Andrade escreveu no “Jornal do Brasil”, um poema em sua homenagem denominado: “Perda”.
1974 – Produzido filme documentário sobre sua vida e obra, realização SCORPIUS / Embrafilme com direção de Wander Sílvio.
1975 – Foi relançado o livro “Tipos e Aspectos do Brasil” em sua 10ª e última edição.
1978 – Foi inaugurada a “Rua Percy Lau” em Jacarepaguá – Rio de Janeiro.
1985 – Doado pela família um desenho para a XXV Feira da Providência. – A Petrobrás utilizou um dos seus desenhos, sob forma de folheto, em favor dos flagelados do Nordeste, denominado “Solidariedade Já” !
1986 – Um dos seus trabalhos foi reproduzido na Semana Nacional do Meio Ambiente no Rio de Janeiro.
1987 – Foi lançado um calendário com suas ilustrações pelo IBGE, por ocasião do cinquentenário da instituição.
1989 – Foi incluído no livro de “Ilustradores Brasileiros da Literatura Infantil e Juvenil” editado pelo Instituto Nacional do Livro.
1991 – Homenageado com o diploma de “Honra ao Mérito” no 3º Salão de Inverno ARTEC na Galeria CERJ – Niterói.
1992 – Homenageado pelos moradores do prédio onde residiu, no bairro do Leblon, com o nome de “Edifício Percy Lau”.
1994 – Um dos seus desenhos foi capa de catálogo da Fundação Biblioteca Nacional, para a Feira do Livro de Frankfurt – Alemanha.
1995 – Reproduzidas algumas de suas ilustrações sob forma de cartão de natal.
1999 - Exposição na Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes - Rio de Janeiro, RJ
2000 - Exposição Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma
2004 - Exposição coletiva: O Olhar Modernista de JK, realizada em Brasília.
2006 - Exposição coletiva: O Olhar Modernista de JK, realizada em São Paulo.
2013 - Exposição individual: Brasil de ponto à ponto, realizada no Country Club Tijuca no estado do Rio de Janeiro.
Fonte e crédito fotográfico: https://www.percylau.com.br/sobre,
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Percy Lau, por Julio Reis
Percy Lau nasceu em 1903 na cidade de Arequipa, Peru e faleceu no Rio de Janeiro em 1972. Filho de mãe alemã e pai inglês, mudou-se para o Brasil em 1921 onde se naturalizou. Aos 26 anos faz sua primeira exposição na 1a. Exposição Geral de Belas Artes de Pernambuco. Em 1932 monta atelier com Augusto Rodrigues onde faz decorações, publicidade, pintura mural, letreiros artísticos, quadros de formatura e retratos a óleo de senhoras da sociedade Pernambucana. Expõe no São Independente de Recife e no ano seguinte no Gabinete Português de Leitura e na Casa Laubishe-Hirth. Em 1938 muda-se para o Rio de Janeiro e ganha a medalha de prata na Exposição do Salão Oficial. É contratado pelo IBGE para ilustrar a Revista Brasileira de Geografia, na seção “Tipos e Aspectos do Brasil” que iria abranger os próximos 30 anos de sua vida. Participou de várias exposições nacionais e internacionais como a Exposição Internacional de Arte Moderna de Paris em 1946, sob o patrocínio da Unesco. Também atuou como júri do Salão de Belas Artes na categoria desenho e artes gráficas, junto com Armando Viana, Ubi Bava, Athos Bulcão e Augusto Rodrigues. Produziu um grande painel para a Feira Internacional de Nova York em 1964, para a empresa H.Stern. Em 1983 foi organizada no Museu Nacional de Belas Artes, uma grande exposição comemorativa dos 80 anos de nascimento do artista, com uma retrospectiva de toda sua obra.
A obra de Percy Lau tem relevância nas artes plásticas do Brasil, contribuindo com uma obra pictórica para o patrimônio cultural brasileiro no diz respeito à função da arte como instrumento de preservação da memória cultural e histórico documental das atividades econômicas e culturais do Brasil no século XX. Sua obra é caracterizada pela simplicidade do traço sem contudo perder seu valor artísitico e a precisão com que retratou através das mais variadas técnicas de desenho, bico de pena, guache e aquarela, o Brasil de todas as épocas. Sua obra nos remete diretamente ao universo mostrado por Jean Baptiste Debret já que ambos artistas eram dotados de uma profunda visão antropológica da sociedade na época em que viveram. O exercício de retratar todos os tipos de aspectos culturais do Brasil em todas as suas regiões, descrevendo com dignidade e simplicidade – sem com isso alterar o nível da apurada qualidade técnica de desenhista – nossa cultura e costumes, o folclore e as atividades econômicas desenvolvidas pelo homem do campo, fizeram da obra deixada por Percy lau, um capítulo à parte nas artes brasileiras.
Frederico Morais, em crítica publica no Jornal O Globo em 1974, resume bem a grande obra deixada por Percy Lau: “Ilustrador do IBGE durante 28 anos, seu desenho ficou marcado por este compromisso com a paisagem real do País. O lado documento portanto pesou fortemente sobre a sua criação, contudo, se esta fidelidade à paisagem brasileira, segundo um ângulo institucional impediu no artista vôos mais longos, liberdades, pode-se afirmar também que mesmo o mais rigoroso documentarista, participa do fato documentado com a sua personalidade, sensibilidade e particular visão das coisas do mundo. Percy lau foi um desenhista sensível que soube, graças também ao domínio técnico indiscutível, libertar o lápis, a pena e o pincel em momentos de efusão lírica e de envolvimento emocional ou também de usá-los para simplificar os dados da realidade visual em composições dotadas de grande síntese e espontaneidade de gesto.”
Fonte: http://www.opapeldaarte.com.br/lau-percy/,
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