Sérgio Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ, 22 setembro 1927 - idem, 1 setembro 2014), foi um arquiteto e designer brasileiro, sendo um dos pioneiros a transformar o design brasileiro em industrial e torná-lo conhecido mundialmente.
Biografia
Junto com Joaquim Tenreiro e Zanine Caldas foram pioneiros no design industrial. Começou a trabalhar como arquiteto, projetando o Centro Cívico de Curitiba, embora o auge de sua carreira tenha sido como designer de móveis. A inspiração aqui era o próprio Brasil, com seus materiais e formas sinuosas. Usa bastante couro, palha e madeira, em referência sobretudo à cultura indígena.
Seus móveis foram amplamente utilizados no interior dos prédios oficiais em Brasília, a nova capital brasileira, por convite de Lúcio Costa.
Sua peça mais famosa, no entanto, é a poltrona mole, com encaixe inovador e revestimento em couro - em exposição no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York.
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Biografia Itaú Cultural
Ingressa em 1947 na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (FNA), no Rio de Janeiro. Em 1949, atua como professor assistente de David Xavier de Azambuja, que, em 1951, o convida a participar da elaboração do projeto do Centro Cívico de Curitiba, com os arquitetos Olavo Redig de Campos (1906-1984) e Flávio Regis do Nascimento, por intermédio de quem conhece Lucio Costa (1902-1998). Rodrigues forma-se em arquitetura em 1951. Transfere-se para Curitiba, onde cria a Móveis Artesanal Paranaense, em sociedade com os irmãos Hauner, que em 1954 contratam-no para comandar o setor de criação de arquitetura de interiores de sua nova empresa, a Forma S.A., em São Paulo. Nesse período, entra em contato com a produção de diversos designers europeus, conhece Gregori Warchavchik (1896-1972) e Lina Bo Bardi (1914-1992).
Em 1955, pede demissão da Forma, e volta ao Rio de Janeiro. Alimenta a ideia de criar um espaço de produção e comercialização do design brasileiro, que se concretiza com a abertura da Oca, em 1955. Cria na década de 1950 as poltronas Mole, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. De 1959 a 1960, faz os primeiros estudos do SR2 - Sistema de Industrialização de Elementos Modulados Pré-Fabricados para Construção de Arquitetura Habitacional em Madeira. Os protótipos das construções são expostos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). O sistema é utilizado na construção do Iate Clube de Brasília e de dois pavilhões de hospedagem e restaurante da Universidade de Brasília (UnB), em 1962.
Com uma variação da poltrona Mole, recebe o primeiro prêmio no Concorso Internazionale Del Mobile, em 1961, em Cantù, na Itália, escolhido entre mais de 400 convidados de 35 países. Tal premiação dá projeção internacional a sua carreira como designer de móveis. Produzida na Itália pela ISA, a poltrona foi exportada para vários países com o nome de Sheriff.
Com o objetivo de comercializar móveis produzidos em série a preços acessíveis, cria em 1963 a empresa Meia-Pataca, que se mantém no mercado até 1968. Nesse ano, vende a Oca e monta ateliê no Rio de Janeiro, onde trabalha com arquitetura de interiores para residências, escritórios e hotéis e realiza projetos para o Banco Central em Brasília e a sede da Editora Bloch, no Rio de Janeiro, além de desenvolver linhas de móveis para produção industrial. Participa da exposição Mobiliário Brasileiro - Premissas e Realidade, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).
Recebe o Prêmio Lapiz de Plata na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires pelo conjunto de sua obra, em 1987. Participa, com Lucio Costa e Zanine Caldas (1919-2001), da Mostra Brasile 93 - La Costruzione de una Identità Culturale, em Brescia, Itália. Apresenta em 1991, na exposição Falando de Cadeira no MAM/RJ, diversos trabalhos realizados desde os anos 1950. Obtém em 2006, o 1º lugar na categoria mobiliário na 20ª edição do prêmio Design do, em São Paulo, com a poltrona Diz.
Análise
Um dos mais importantes designers de móveis do Brasil, ao lado de nomes como Joaquim Tenreiro (1906-1992) e Zanine Caldas, Sergio Rodrigues tem um papel decisivo na história do mobiliário brasileiro. Autor de vasta obra, inicia a carreira como designer na década de 1950, no Rio de Janeiro, período de consolidação da arquitetura moderna. Em expressa crítica ao ecletismo, desenvolve móveis condizentes com os novos espaços da arquitetura.
São de 1956 duas criações bastante conhecidas, a cadeira CD-7 ou Lucio Costa, de madeira maciça torneada e assento em palhinha - assim apelidada em homenagem ao arquiteto, grande incentivador do trabalho de Rodrigues - e a poltrona PL-7Jockey ou Oscar Niemeyer, com estrutura de madeira e trançado de palhinha, braços esculpidos como peças únicas, com desenho anatômico, solução construtiva considerada autenticamente brasileira por Lucio Costa, embora possam ser percebidas semelhanças com certos trabalhos do arquiteto e designer dinamarquês Finn Juhl (1912-1989).
Num período em que os critérios de nacionalidade e originalidade pautam os julgamentos estéticos na arquitetura e nas artes visuais, diversos comentadores das realizações de Rodrigues, entre eles Lúcio Costa, difundem uma interpretação de seu trabalho como exemplar da singularidade brasileira.
Sua criação mais famosa é a poltrona Mole, de 1957. Confortável e robusta, é considerada um símbolo do design nacional. Tal viés de brasilidade é reforçado pelo comentário do relatório do concurso em Cantù, em 1961, que justifica o 1º prêmio dado à peça pelos critérios de modernidade e expressão de regionalidade. O desejo de conceber um móvel que expressasse a identidade nacional é professado pelo próprio autor e enfatizado por vários comentadores e estudiosos, que associam a poltrona a um modo brasileiro de sentar, a idéias como preguiça e relaxamento, e enfatizam a sintonia dos móveis de Rodrigues com a descontração, informalidade e contestação de um novo estilo de vida da juventude dos anos 1960. Consideram-na uma originalidade, embora a Mole remeta a criações como a 670, de Charles Eames (1907-1978). De fato, o móvel contrasta com os padrões da época, dos delgados pés palitos, trazendo a grossura e a robustez da estrutura de madeira torneada, com correias de couro que formam uma cesta para receber os almofadões, também de couro, o que possibilita ao usuário moldar o corpo anatomicamente ao sentar-se. A poltrona, que integra o acervo do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York, é até hoje um sucesso de vendas.
Rodrigues recebe em 1958 um convite para elaborar peças do mobiliário para o edifício do Congresso Nacional, em Brasília, então em construção. Para a sala de espera, projeta a poltrona PO-3, que recebe mais tarde o nome de Beto, com estrutura de aço cromado e braço de madeira de lei, assento e encosto de espuma. Produz, em 1960, a mesa que fica conhecida como Itamaraty, para o Ministério das Relações Exteriores de Brasília, projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012). Com pequenas variações, o mobiliário é usado na Embaixada do Brasil em Roma.
A convite de Darcy Ribeiro, então reitor da UnB, cria em 1962 os assentos do auditório dos Candangos, projetado pelo arquiteto Alcides da Rocha Miranda (1909-2001), para o que encontra uma criativa solução construtiva: o uso de balancins, que conferem mais conforto e facilitam a passagem de transeuntes. De concepção semelhante é a poltrona criada em 1965 para o auditório Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/DF), de Brasília, menção honrosa no concurso do IAB naquele ano, utilizada em vários auditórios brasileiros, como o Anhembi e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em São Paulo.
Outra poltrona célebre é a Tonico, criada em 1963 para a empresa Meia-Pataca, com almofada roliça para apoio do pescoço, sustentado por cintas reguláveis. De 1973 é a poltrona Leve Kilin PL-104, de madeira maciça e assento e encosto de lona ou couro, premiada pelo IAB em 1975.
Na década de 1980, elabora projetos para hotéis, como a cadeira DAAV e a poltrona Júlia. Nos anos 1990 continua a desenhar móveis, como as cadeiras Chico e Adolpho, feitas para a sala de reuniões da Editora Bloch. A irreverência que marca seus projetos o acompanha ao longo de mais de 50 anos de carreira ininterrupta, notada em projetos, como a espreguiçadeira Nina, de 1992, cujo desenho remete a uma caravela de Pedro Álvares Cabral, na qual ressalta a busca pelo conforto do repouso, com direito a um apoio para livros.
O exame de sua vasta produção de mobiliário permite perceber a preferência pela madeira como material principal, utilizada muitas vezes combinada com o couro ou a palhinha, outras com estofados de tecidos de fibras naturais, como o algodão e a lona e, em menor freqüência, com metal. Vale ressaltar, além do caráter inovador das peças produzidas para a Oca, a importância dessa empresa para o desenvolvimento da indústria de móveis modernos no Brasil, por sua contribuição na difusão do design brasileiro e sua aceitação no mercado. Criada em 1955 como um estúdio de arquitetura de interiores, e galeria de arte, a Oca surge estimulada pela excelente fase por que passava a arquitetura nacional.
De sua atuação como arquiteto, relativamente obliterada pela notoriedade como designer de móveis, destaca-se a idealização do SR2, sistema composto de elementos de madeira pré-fabricados para a construção de arquitetura habitacional. Na década de 1960, foram produzidas e montadas centenas de unidades, muitas delas na floresta amazônica, entre casas, conjuntos habitacionais, pousadas, clubes, restaurantes e postos ambulatoriais.
Fonte: SERGIO Rodrigues. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa230381/sergio-rodrigues>. Acesso em: 25 de Fev. 2016. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Sergio Rodrigues
Sergio Rodrigues é esta figura iluminada de personalidade marcante, que soube transformar suas inquietações numa obra coerente e reveladora da cultura brasileira. Sergio é, sem dúvida alguma, uma das mais admiráveis expressões do design em nosso país. O traço coerente e único inscreveu seu nome na história do design do século 20, sobretudo pela criação de uma grande variedade de produtos, dos quais o mais famoso é a Poltrona Mole.
Ao lado de mestres como Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas, Sergio vem tornando o design brasileiro conhecido internacionalmente. Enquanto Tenreiro, com seus móveis sóbrios, foi o precursor na busca de um novo estilo, Zanine arrancou da madeira todo seu potencial expressivo e Sergio Rodrigues desenvolveu uma ampla experiência de produção, procurando pensar o Brasil pelo design. Ele transformou totalmente a linguagem do móvel, foi generoso no traço e no emprego das madeiras nativas e, como bem afirmou Lucio Costa, “com a criação da Oca integrou a ambientação de interior no movimento de renovação de nossa arquitetura.”
A produção brasileira nesse setor (mobiliário), em meados dos anos 50, ainda estava muito presa aos estilos, e a sua renovação exigiria duas batalhas. Sergio sabia que a única arma de que dispunha era o desenho e foi aí que enveredou.
Inicialmente, como arquiteto, trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos no projeto do Centro Cívico de Curitiba, obra importante no quadro da arquitetura moderna brasileira. Mas, conhecendo com firmeza seus interesses e trilhando por um caminho percorrido por outros grandes arquitetos como João Batista Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Oswaldo Bratke e Paulo Mendes da Rocha ,Sergio saltou da arquitetura para o design do móvel.
Além disso, ele estava absolutamente convicto de que “a arquitetura em que o planejamento do espaço interno não fosse estudado adequadamente não era arquitetura, era escultura”.
Para Lucio Costa, em algumas peças Sergio Rodrigues conseguiu resgatar o espírito da mobília tradicional e também aspectos do Brasil indígena. “De fato, nesse momento ele fez coexistir o Brasil-brasileiro com o Brasil-de-Ipanema, cantada mais tarde (1962) por Tom Jobim e Vinicius de Morais na célebre ‘Garota de Ipanema’, e com o Brasil da industrialização paulista, afinal a Oca era representante de modelos selecionados das principais fábricas de São Paulo.”
Daí porque o nome Oca: um retorno as fontes indígenas, o gosto pelos materiais tradicionais. Sergio lançou-se numa busca permanente de projetos, métodos e materiais para atender adequadamente as necessidades do usuário, alheio a modismos e estilos. Segundo Oscar Niemeyer: “Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sergio Rodrigues.”
Concomitantemente às atividades no setor de mobiliário é fundamental destacar a atuação de Sergio no planejamento de interiores, na ambientação, na cenografia e na decoração. No âmbito dos interiores, colaborou com os mais importantes arquitetos brasileiros e, em sua própria loja – A Oca – prestou várias consultoria no país e no exterior legitimando o “interior design” no Brasil.
“A aproximação de desenho do móvel moderno com certos objetos da cultura brasileira, e a não preocupação com modismos, acentuam o espírito de brasilidade que tanto busca Sergio Rodrigues. Esses dois fatos foram preponderantes da decisão do júri da IV Bienal do Móvel, Cantu, Itália 1961, premiado com a Poltrona Sheriff entre 400 candidatos de 35 países.”
(Textos extraídos do livro Sergio Rodrigues da Maria Cecília Loschiavo. Filósofa, pesquisadora de mobiliário brasileiro e docente na FAUSP)
"Não vamos atribuir tudo a genética, afinal cada um tem seu gênio. Mas que o talento de Sergio Rodrigues tem ascendência, tem. A mais notória delas é a do tio jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues . Outras são a do pai o pintor e ilustrador Roberto Rodrigues que mesmo tendo morrido prematuramente aos 23 anos deixou como legado obra posicionada criticamente em relação aos julgamentos por parte da crítica instituída. E segundo Portinarti, seu colega, “teria sido um dos maiores artistas plásticos do Brasil”. Dentro de uma família intelectualizada por parte do pai, os Rodrigues, pelo lado da mãe, os Mendes de Almeida, (Fernando e Cândido), juristas, jornalistas, foi gerada a personalidade do arquiteto e designer Sergio Rodrigues que recebeu como legado o senso crítico, a exuberância e o humor familiares. Uma das manifestações dessa herança foi a defesa da criação de formas a partir de referências brasileiras, um olhar atento ao que era criado pelo mundo e contrário ao macaquear de referencias. Essa postura tão simples quanto clara, deu a ele a possibilidade de ser o pai das mais celebres criações do design brasileiro."
Adriana Doria Mattos (Jornalista)
Depoimentos
"Foi em 61, creio eu, a consagração Internacional da Poltrona Mole. Conhecendo o longo trabalho de criação e confecção da peça (cotação máxima da nossa arquitetura mobiliária), sempre me referia a ela, falando ou escrevendo, como A Poltrona Que Não Foi Mole. Nos livros Internacionais de crítica especializada é chamada de Sheriff ( não parece tradução de filme de televisão?). Vou me lembrando de Sergio e suas circunstâncias, e escrevendo ao correr da pena ( ao polsar do chip). Mas não lembro tudo nem escrevo tudo. Que sei eu de arquitetura? Bem,vai ver,tudo. Sei de morar, sei de dormir, sei de sentar. De morar sei que devo estar sempre de frente para o mar, olhando para a montanha, e, no Rio, clima tropical,de cara pro nascente. De dormir. Só durmo com os pés da cama voltados para a porta principal de onde pode penetrar o Mal. Embora em minha vida só tenha penetrado o Bem, depois de premir o leve tímpano do seio, que leva direto ao coração.E de sentar, aprendi sentando em areia ( de Ipanema), sentado em banco (de Liceu), e evitando sentar em cadeira de Bauhaus (Gropius mereceu terminar a vida com aquela chata da Alma Mahier).Ainda de sentar. Eu tinha concluído que, como a bunda não vai se modificar no próximo milénio, os arquitetos de móveis tinham que criar a partir dela ( ou delas, se considerarmos a duplicidade dessa singularidade anatômica). Foi aí que o talento estético de Sergio Rodrigues veio ao encontro do meu bom senso e exigencia de conforto e, inesperadamente, empurrou embaixo de mim a já citada Poltrona Mole. Onde não me sentei. Deitei e rolei. Que artefato meus amigos! Uns dizem qué é slouchingly casual, outros que antecipou a Bossa Nova, Sergio Augusto afirma que é um móvel em que a pessoa se repoltreia, e Odilon Ribeiro Coutinho que ” tem o dengo e a moleza libetina da senzala”. Sei lá. Pra mim, essencialmente couro, foi natural curtição. Anatômica, convidativa, insinuante. Atração fatal.Sharon Stone. É prazer sem igual sentar-deitar numa e ficar olhando em frente, uma outra da Bauhaus. Melhor, uma outra Mole.
Millôr Fernandes (desenhista, humorista, dramaturgo, escritor e tradutor)
” O criador do móvel moderno no Brasil “.
Enciclopédia Delta Larrousse.
“um dos 30 assentos mais importantes dos últimos 100 anos”.
Clement Meadmore (Arquiteto e crítico americano de arquitetura e design)
1985: “ um dos principais designers latino americano.”
Míriam Stimpson (Crítica americana)
- “Esta cadeira tem uma estrutura de madeira rígida, suportando uma cesta de tiras de pendurar entrelaçadas. Estes, por sua vez, suportam um único elemento de almofada, costurado nas almofadas do assento, costas e braços, que se sobrepõem à estrutura, permitindo que o corpo pendure, por assim dizer, em uma cesta estofada como uma rede. A frameia baixa e robusta feita de teca polida; as tiras de couro estão presas a ele e podem ser ajustadas para alterar a tensão da barra. Grande liberdade de movimento é permitida, pois é esse design. O xerife talvez seja derivado da família notoriamente desconfortável de cadeiras de estilingue, mas nesse caso as considerações anatômicas foram tratadas de maneira soberba, e o resultado é uma cadeira que não só parece extremamente convidativa e confortável, mas também é. A cadeira do xerife é uma das poucas cadeiras modernas para ter uma aparência completamente informal; parece grande e importante, mas descontraidamente casual, como um milionário que usa Levis desbotado. Surpreendentemente raro no idioma moderno, é a maneira como a aparência desta cadeira promete conforto, assim como o couro amassado da cadeira Eames670. Embora muitas cadeiras modernas sejam de fato muito confortáveis, poucas delas dão valor visual a isso, porque seus sistemas de suporte são ocultos de maneira inteligente e suas superfícies de contato geralmente são intactas. ”
Clement Meadmore (Arquiteto e crítico americano de arquitetura e design)
– 1991: ” Sergio Rodrigues com a criação da OCA integrou a ambientação de interior no movimento de renovação de nossa architetura”.
“ Generoso, em vez de refestelar-se em sua poltrona fabulosa, continua ativo, não para.”
Lúcio Costa (Arquiteto e urbanista)
– 1995: ” É o arquiteto, o ” fazedor de móveis “, o misto de artesão e designer que revolucionou o móvel brasileiro.”
“Sergio Rodrigues é um homem de vanguarda, cuja produção em meados dos anos 50 antecipou as principais propostas do nacionalismo do móvel.
De fato neste momento ele fez coexistir o Brasil – brasileiro com o Brasil – de Ipanema, cantado mais tarde (62) por Tom e Vinícius na célebre “Garota de Ipanema”.
A aproximação do desenho do móvel moderno com certos objetos da cultura brasileira, e a não preocupação com modismos, acentuam o espírito de brasilidade que tanto busca Sergio Rodrigues.
Esses dois fatores foram preponderantes da decisão do júri da IV Bienal Internacional do Móvel , Cantú (Itália, 61) premiando a Poltrona “Mole” entre 400 candidatas.”
Maria Cecília Loschiavo dos Santos (Filósofa e Pesquisadora de Mobiliário)
– 1997: “Há 40 anos, com a criação da Poltrona “Mole”, de autoria do arquiteto Sergio Rodrigues, ocorreu uma das primeiras manifestações de rompimento com a escola Bauhausiana. A proposta elaborada em 1957 se opôs ao radicalismo dos valores do racionalismo e antecedeu ao processo crítico do modernismo que daria origem à condição pós-moderna.”
Paulo Casé (Arquiteto)
Fonte: Site oficial Sergio Rodrigues, consultado pela última vez em 12 de junho de 2019.
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Biografia Wikipédia
Iniciou seu trabalho na arquitetura no projeto do Centro Cívico de Curitiba junto com os também arquitetos David Xavier de Azambuja, Flávio Régis do Nascimento e Olavo Redig de Campos.
Teve o auge da sua carreira nos anos 50 e 60. Trabalhou com design de móveis de acordo com o modernismo no Brasil, trazendo a identidade brasileira para seus projetos tanto nos desenhos, quanto nos materiais tradicionais – couro, palhinha e madeira - exaltando a cultura brasileira e indígena.
"De fato, nesse momento ele fez coexistir o Brasil-brasileiro com o Brasil-de-Ipanema, cantada mais tarde (1962) por Tom Jobim e Vinicius de Morais na célebre "Garota de Ipanema". Oscar Niemeyer.
Contemporâneo de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, seu mobiliário foi utilizado em larga escala na construção da capital brasileira Brasília.
"Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sérgio Rodrigues." Lúcio Costa.
Seu trabalho mais famoso é a poltrona mole de 1957, feita em couro e madeira com inovações de encaixe e estofado que inspiram produtos até hoje. Atualmente, a poltrona Mole integra o acervo do Museu de Arte Moderna (Nova Iorque) (MoMA).
“O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro.” Sérgio Rodrigues.
Ele faleceu na manhã da segunda-feira (1 de setembro de 2014). De acordo com uma das funcionárias do escritório do designer, Sérgio já apresentava um quadro de saúde debilitado há alguns dias. O motivo da morte não foi divulgado.
Exposições
2010 - Sergio Rodrigues: Um Designer dos Trópicos - Rio de Janeiro, Brasil
2009 - Brazil Influence - Bruxelas, Bélgica.
2008 - Brasil Casa Design - Buenos Aires, Argentina.
2008 - Bienal Iberoamericana de Diseño - Madri,Espanha
2008 - Time e Place: Rio de Janeiro 1956/1964 - Moderna Musset - Estocolmo -Suécia
2005 - Expo na 25th Century - Nova York
2000 - Lançamento do livro: Sergio Rodrigues
1998 - Mostra Internacional do Design - Método e Industrialismo - CCBB - Rio de Janeiro
1998 - Bienal de Arquitetura
1997 - 40 anos de Mole- Expo no Rio Design Leblon - Rio de Janeiro.
1993 - Mostra Brasille93 - La Construzione Di Una Identità Culturale Universidade de Brescia- Italia
1992 - Saudades do Brasil: A Era JK - Exposição Itinerante
1991 - Falando de Cadeira- Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro
1987 - Premio Lapiz d e Plata - Buenos Aires
1984 - Cadeira: Evolução e Design - Museu da Casa Brasileira-SP
1984 - Tradição e Ruptura: Desenho Industrial
1982 - O Design no Brasil: História e Realidade- SESC/SP
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2016.
Sérgio Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ, 22 setembro 1927 - idem, 1 setembro 2014), foi um arquiteto e designer brasileiro, sendo um dos pioneiros a transformar o design brasileiro em industrial e torná-lo conhecido mundialmente.
Biografia
Junto com Joaquim Tenreiro e Zanine Caldas foram pioneiros no design industrial. Começou a trabalhar como arquiteto, projetando o Centro Cívico de Curitiba, embora o auge de sua carreira tenha sido como designer de móveis. A inspiração aqui era o próprio Brasil, com seus materiais e formas sinuosas. Usa bastante couro, palha e madeira, em referência sobretudo à cultura indígena.
Seus móveis foram amplamente utilizados no interior dos prédios oficiais em Brasília, a nova capital brasileira, por convite de Lúcio Costa.
Sua peça mais famosa, no entanto, é a poltrona mole, com encaixe inovador e revestimento em couro - em exposição no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York.
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Biografia Itaú Cultural
Ingressa em 1947 na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (FNA), no Rio de Janeiro. Em 1949, atua como professor assistente de David Xavier de Azambuja, que, em 1951, o convida a participar da elaboração do projeto do Centro Cívico de Curitiba, com os arquitetos Olavo Redig de Campos (1906-1984) e Flávio Regis do Nascimento, por intermédio de quem conhece Lucio Costa (1902-1998). Rodrigues forma-se em arquitetura em 1951. Transfere-se para Curitiba, onde cria a Móveis Artesanal Paranaense, em sociedade com os irmãos Hauner, que em 1954 contratam-no para comandar o setor de criação de arquitetura de interiores de sua nova empresa, a Forma S.A., em São Paulo. Nesse período, entra em contato com a produção de diversos designers europeus, conhece Gregori Warchavchik (1896-1972) e Lina Bo Bardi (1914-1992).
Em 1955, pede demissão da Forma, e volta ao Rio de Janeiro. Alimenta a ideia de criar um espaço de produção e comercialização do design brasileiro, que se concretiza com a abertura da Oca, em 1955. Cria na década de 1950 as poltronas Mole, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. De 1959 a 1960, faz os primeiros estudos do SR2 - Sistema de Industrialização de Elementos Modulados Pré-Fabricados para Construção de Arquitetura Habitacional em Madeira. Os protótipos das construções são expostos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). O sistema é utilizado na construção do Iate Clube de Brasília e de dois pavilhões de hospedagem e restaurante da Universidade de Brasília (UnB), em 1962.
Com uma variação da poltrona Mole, recebe o primeiro prêmio no Concorso Internazionale Del Mobile, em 1961, em Cantù, na Itália, escolhido entre mais de 400 convidados de 35 países. Tal premiação dá projeção internacional a sua carreira como designer de móveis. Produzida na Itália pela ISA, a poltrona foi exportada para vários países com o nome de Sheriff.
Com o objetivo de comercializar móveis produzidos em série a preços acessíveis, cria em 1963 a empresa Meia-Pataca, que se mantém no mercado até 1968. Nesse ano, vende a Oca e monta ateliê no Rio de Janeiro, onde trabalha com arquitetura de interiores para residências, escritórios e hotéis e realiza projetos para o Banco Central em Brasília e a sede da Editora Bloch, no Rio de Janeiro, além de desenvolver linhas de móveis para produção industrial. Participa da exposição Mobiliário Brasileiro - Premissas e Realidade, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).
Recebe o Prêmio Lapiz de Plata na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires pelo conjunto de sua obra, em 1987. Participa, com Lucio Costa e Zanine Caldas (1919-2001), da Mostra Brasile 93 - La Costruzione de una Identità Culturale, em Brescia, Itália. Apresenta em 1991, na exposição Falando de Cadeira no MAM/RJ, diversos trabalhos realizados desde os anos 1950. Obtém em 2006, o 1º lugar na categoria mobiliário na 20ª edição do prêmio Design do, em São Paulo, com a poltrona Diz.
Análise
Um dos mais importantes designers de móveis do Brasil, ao lado de nomes como Joaquim Tenreiro (1906-1992) e Zanine Caldas, Sergio Rodrigues tem um papel decisivo na história do mobiliário brasileiro. Autor de vasta obra, inicia a carreira como designer na década de 1950, no Rio de Janeiro, período de consolidação da arquitetura moderna. Em expressa crítica ao ecletismo, desenvolve móveis condizentes com os novos espaços da arquitetura.
São de 1956 duas criações bastante conhecidas, a cadeira CD-7 ou Lucio Costa, de madeira maciça torneada e assento em palhinha - assim apelidada em homenagem ao arquiteto, grande incentivador do trabalho de Rodrigues - e a poltrona PL-7Jockey ou Oscar Niemeyer, com estrutura de madeira e trançado de palhinha, braços esculpidos como peças únicas, com desenho anatômico, solução construtiva considerada autenticamente brasileira por Lucio Costa, embora possam ser percebidas semelhanças com certos trabalhos do arquiteto e designer dinamarquês Finn Juhl (1912-1989).
Num período em que os critérios de nacionalidade e originalidade pautam os julgamentos estéticos na arquitetura e nas artes visuais, diversos comentadores das realizações de Rodrigues, entre eles Lúcio Costa, difundem uma interpretação de seu trabalho como exemplar da singularidade brasileira.
Sua criação mais famosa é a poltrona Mole, de 1957. Confortável e robusta, é considerada um símbolo do design nacional. Tal viés de brasilidade é reforçado pelo comentário do relatório do concurso em Cantù, em 1961, que justifica o 1º prêmio dado à peça pelos critérios de modernidade e expressão de regionalidade. O desejo de conceber um móvel que expressasse a identidade nacional é professado pelo próprio autor e enfatizado por vários comentadores e estudiosos, que associam a poltrona a um modo brasileiro de sentar, a idéias como preguiça e relaxamento, e enfatizam a sintonia dos móveis de Rodrigues com a descontração, informalidade e contestação de um novo estilo de vida da juventude dos anos 1960. Consideram-na uma originalidade, embora a Mole remeta a criações como a 670, de Charles Eames (1907-1978). De fato, o móvel contrasta com os padrões da época, dos delgados pés palitos, trazendo a grossura e a robustez da estrutura de madeira torneada, com correias de couro que formam uma cesta para receber os almofadões, também de couro, o que possibilita ao usuário moldar o corpo anatomicamente ao sentar-se. A poltrona, que integra o acervo do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York, é até hoje um sucesso de vendas.
Rodrigues recebe em 1958 um convite para elaborar peças do mobiliário para o edifício do Congresso Nacional, em Brasília, então em construção. Para a sala de espera, projeta a poltrona PO-3, que recebe mais tarde o nome de Beto, com estrutura de aço cromado e braço de madeira de lei, assento e encosto de espuma. Produz, em 1960, a mesa que fica conhecida como Itamaraty, para o Ministério das Relações Exteriores de Brasília, projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012). Com pequenas variações, o mobiliário é usado na Embaixada do Brasil em Roma.
A convite de Darcy Ribeiro, então reitor da UnB, cria em 1962 os assentos do auditório dos Candangos, projetado pelo arquiteto Alcides da Rocha Miranda (1909-2001), para o que encontra uma criativa solução construtiva: o uso de balancins, que conferem mais conforto e facilitam a passagem de transeuntes. De concepção semelhante é a poltrona criada em 1965 para o auditório Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/DF), de Brasília, menção honrosa no concurso do IAB naquele ano, utilizada em vários auditórios brasileiros, como o Anhembi e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em São Paulo.
Outra poltrona célebre é a Tonico, criada em 1963 para a empresa Meia-Pataca, com almofada roliça para apoio do pescoço, sustentado por cintas reguláveis. De 1973 é a poltrona Leve Kilin PL-104, de madeira maciça e assento e encosto de lona ou couro, premiada pelo IAB em 1975.
Na década de 1980, elabora projetos para hotéis, como a cadeira DAAV e a poltrona Júlia. Nos anos 1990 continua a desenhar móveis, como as cadeiras Chico e Adolpho, feitas para a sala de reuniões da Editora Bloch. A irreverência que marca seus projetos o acompanha ao longo de mais de 50 anos de carreira ininterrupta, notada em projetos, como a espreguiçadeira Nina, de 1992, cujo desenho remete a uma caravela de Pedro Álvares Cabral, na qual ressalta a busca pelo conforto do repouso, com direito a um apoio para livros.
O exame de sua vasta produção de mobiliário permite perceber a preferência pela madeira como material principal, utilizada muitas vezes combinada com o couro ou a palhinha, outras com estofados de tecidos de fibras naturais, como o algodão e a lona e, em menor freqüência, com metal. Vale ressaltar, além do caráter inovador das peças produzidas para a Oca, a importância dessa empresa para o desenvolvimento da indústria de móveis modernos no Brasil, por sua contribuição na difusão do design brasileiro e sua aceitação no mercado. Criada em 1955 como um estúdio de arquitetura de interiores, e galeria de arte, a Oca surge estimulada pela excelente fase por que passava a arquitetura nacional.
De sua atuação como arquiteto, relativamente obliterada pela notoriedade como designer de móveis, destaca-se a idealização do SR2, sistema composto de elementos de madeira pré-fabricados para a construção de arquitetura habitacional. Na década de 1960, foram produzidas e montadas centenas de unidades, muitas delas na floresta amazônica, entre casas, conjuntos habitacionais, pousadas, clubes, restaurantes e postos ambulatoriais.
Fonte: SERGIO Rodrigues. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa230381/sergio-rodrigues>. Acesso em: 25 de Fev. 2016. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Sergio Rodrigues
Sergio Rodrigues é esta figura iluminada de personalidade marcante, que soube transformar suas inquietações numa obra coerente e reveladora da cultura brasileira. Sergio é, sem dúvida alguma, uma das mais admiráveis expressões do design em nosso país. O traço coerente e único inscreveu seu nome na história do design do século 20, sobretudo pela criação de uma grande variedade de produtos, dos quais o mais famoso é a Poltrona Mole.
Ao lado de mestres como Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas, Sergio vem tornando o design brasileiro conhecido internacionalmente. Enquanto Tenreiro, com seus móveis sóbrios, foi o precursor na busca de um novo estilo, Zanine arrancou da madeira todo seu potencial expressivo e Sergio Rodrigues desenvolveu uma ampla experiência de produção, procurando pensar o Brasil pelo design. Ele transformou totalmente a linguagem do móvel, foi generoso no traço e no emprego das madeiras nativas e, como bem afirmou Lucio Costa, “com a criação da Oca integrou a ambientação de interior no movimento de renovação de nossa arquitetura.”
A produção brasileira nesse setor (mobiliário), em meados dos anos 50, ainda estava muito presa aos estilos, e a sua renovação exigiria duas batalhas. Sergio sabia que a única arma de que dispunha era o desenho e foi aí que enveredou.
Inicialmente, como arquiteto, trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos no projeto do Centro Cívico de Curitiba, obra importante no quadro da arquitetura moderna brasileira. Mas, conhecendo com firmeza seus interesses e trilhando por um caminho percorrido por outros grandes arquitetos como João Batista Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Oswaldo Bratke e Paulo Mendes da Rocha ,Sergio saltou da arquitetura para o design do móvel.
Além disso, ele estava absolutamente convicto de que “a arquitetura em que o planejamento do espaço interno não fosse estudado adequadamente não era arquitetura, era escultura”.
Para Lucio Costa, em algumas peças Sergio Rodrigues conseguiu resgatar o espírito da mobília tradicional e também aspectos do Brasil indígena. “De fato, nesse momento ele fez coexistir o Brasil-brasileiro com o Brasil-de-Ipanema, cantada mais tarde (1962) por Tom Jobim e Vinicius de Morais na célebre ‘Garota de Ipanema’, e com o Brasil da industrialização paulista, afinal a Oca era representante de modelos selecionados das principais fábricas de São Paulo.”
Daí porque o nome Oca: um retorno as fontes indígenas, o gosto pelos materiais tradicionais. Sergio lançou-se numa busca permanente de projetos, métodos e materiais para atender adequadamente as necessidades do usuário, alheio a modismos e estilos. Segundo Oscar Niemeyer: “Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sergio Rodrigues.”
Concomitantemente às atividades no setor de mobiliário é fundamental destacar a atuação de Sergio no planejamento de interiores, na ambientação, na cenografia e na decoração. No âmbito dos interiores, colaborou com os mais importantes arquitetos brasileiros e, em sua própria loja – A Oca – prestou várias consultoria no país e no exterior legitimando o “interior design” no Brasil.
“A aproximação de desenho do móvel moderno com certos objetos da cultura brasileira, e a não preocupação com modismos, acentuam o espírito de brasilidade que tanto busca Sergio Rodrigues. Esses dois fatos foram preponderantes da decisão do júri da IV Bienal do Móvel, Cantu, Itália 1961, premiado com a Poltrona Sheriff entre 400 candidatos de 35 países.”
(Textos extraídos do livro Sergio Rodrigues da Maria Cecília Loschiavo. Filósofa, pesquisadora de mobiliário brasileiro e docente na FAUSP)
"Não vamos atribuir tudo a genética, afinal cada um tem seu gênio. Mas que o talento de Sergio Rodrigues tem ascendência, tem. A mais notória delas é a do tio jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues . Outras são a do pai o pintor e ilustrador Roberto Rodrigues que mesmo tendo morrido prematuramente aos 23 anos deixou como legado obra posicionada criticamente em relação aos julgamentos por parte da crítica instituída. E segundo Portinarti, seu colega, “teria sido um dos maiores artistas plásticos do Brasil”. Dentro de uma família intelectualizada por parte do pai, os Rodrigues, pelo lado da mãe, os Mendes de Almeida, (Fernando e Cândido), juristas, jornalistas, foi gerada a personalidade do arquiteto e designer Sergio Rodrigues que recebeu como legado o senso crítico, a exuberância e o humor familiares. Uma das manifestações dessa herança foi a defesa da criação de formas a partir de referências brasileiras, um olhar atento ao que era criado pelo mundo e contrário ao macaquear de referencias. Essa postura tão simples quanto clara, deu a ele a possibilidade de ser o pai das mais celebres criações do design brasileiro."
Adriana Doria Mattos (Jornalista)
Depoimentos
"Foi em 61, creio eu, a consagração Internacional da Poltrona Mole. Conhecendo o longo trabalho de criação e confecção da peça (cotação máxima da nossa arquitetura mobiliária), sempre me referia a ela, falando ou escrevendo, como A Poltrona Que Não Foi Mole. Nos livros Internacionais de crítica especializada é chamada de Sheriff ( não parece tradução de filme de televisão?). Vou me lembrando de Sergio e suas circunstâncias, e escrevendo ao correr da pena ( ao polsar do chip). Mas não lembro tudo nem escrevo tudo. Que sei eu de arquitetura? Bem,vai ver,tudo. Sei de morar, sei de dormir, sei de sentar. De morar sei que devo estar sempre de frente para o mar, olhando para a montanha, e, no Rio, clima tropical,de cara pro nascente. De dormir. Só durmo com os pés da cama voltados para a porta principal de onde pode penetrar o Mal. Embora em minha vida só tenha penetrado o Bem, depois de premir o leve tímpano do seio, que leva direto ao coração.E de sentar, aprendi sentando em areia ( de Ipanema), sentado em banco (de Liceu), e evitando sentar em cadeira de Bauhaus (Gropius mereceu terminar a vida com aquela chata da Alma Mahier).Ainda de sentar. Eu tinha concluído que, como a bunda não vai se modificar no próximo milénio, os arquitetos de móveis tinham que criar a partir dela ( ou delas, se considerarmos a duplicidade dessa singularidade anatômica). Foi aí que o talento estético de Sergio Rodrigues veio ao encontro do meu bom senso e exigencia de conforto e, inesperadamente, empurrou embaixo de mim a já citada Poltrona Mole. Onde não me sentei. Deitei e rolei. Que artefato meus amigos! Uns dizem qué é slouchingly casual, outros que antecipou a Bossa Nova, Sergio Augusto afirma que é um móvel em que a pessoa se repoltreia, e Odilon Ribeiro Coutinho que ” tem o dengo e a moleza libetina da senzala”. Sei lá. Pra mim, essencialmente couro, foi natural curtição. Anatômica, convidativa, insinuante. Atração fatal.Sharon Stone. É prazer sem igual sentar-deitar numa e ficar olhando em frente, uma outra da Bauhaus. Melhor, uma outra Mole.
Millôr Fernandes (desenhista, humorista, dramaturgo, escritor e tradutor)
” O criador do móvel moderno no Brasil “.
Enciclopédia Delta Larrousse.
“um dos 30 assentos mais importantes dos últimos 100 anos”.
Clement Meadmore (Arquiteto e crítico americano de arquitetura e design)
1985: “ um dos principais designers latino americano.”
Míriam Stimpson (Crítica americana)
- “Esta cadeira tem uma estrutura de madeira rígida, suportando uma cesta de tiras de pendurar entrelaçadas. Estes, por sua vez, suportam um único elemento de almofada, costurado nas almofadas do assento, costas e braços, que se sobrepõem à estrutura, permitindo que o corpo pendure, por assim dizer, em uma cesta estofada como uma rede. A frameia baixa e robusta feita de teca polida; as tiras de couro estão presas a ele e podem ser ajustadas para alterar a tensão da barra. Grande liberdade de movimento é permitida, pois é esse design. O xerife talvez seja derivado da família notoriamente desconfortável de cadeiras de estilingue, mas nesse caso as considerações anatômicas foram tratadas de maneira soberba, e o resultado é uma cadeira que não só parece extremamente convidativa e confortável, mas também é. A cadeira do xerife é uma das poucas cadeiras modernas para ter uma aparência completamente informal; parece grande e importante, mas descontraidamente casual, como um milionário que usa Levis desbotado. Surpreendentemente raro no idioma moderno, é a maneira como a aparência desta cadeira promete conforto, assim como o couro amassado da cadeira Eames670. Embora muitas cadeiras modernas sejam de fato muito confortáveis, poucas delas dão valor visual a isso, porque seus sistemas de suporte são ocultos de maneira inteligente e suas superfícies de contato geralmente são intactas. ”
Clement Meadmore (Arquiteto e crítico americano de arquitetura e design)
– 1991: ” Sergio Rodrigues com a criação da OCA integrou a ambientação de interior no movimento de renovação de nossa architetura”.
“ Generoso, em vez de refestelar-se em sua poltrona fabulosa, continua ativo, não para.”
Lúcio Costa (Arquiteto e urbanista)
– 1995: ” É o arquiteto, o ” fazedor de móveis “, o misto de artesão e designer que revolucionou o móvel brasileiro.”
“Sergio Rodrigues é um homem de vanguarda, cuja produção em meados dos anos 50 antecipou as principais propostas do nacionalismo do móvel.
De fato neste momento ele fez coexistir o Brasil – brasileiro com o Brasil – de Ipanema, cantado mais tarde (62) por Tom e Vinícius na célebre “Garota de Ipanema”.
A aproximação do desenho do móvel moderno com certos objetos da cultura brasileira, e a não preocupação com modismos, acentuam o espírito de brasilidade que tanto busca Sergio Rodrigues.
Esses dois fatores foram preponderantes da decisão do júri da IV Bienal Internacional do Móvel , Cantú (Itália, 61) premiando a Poltrona “Mole” entre 400 candidatas.”
Maria Cecília Loschiavo dos Santos (Filósofa e Pesquisadora de Mobiliário)
– 1997: “Há 40 anos, com a criação da Poltrona “Mole”, de autoria do arquiteto Sergio Rodrigues, ocorreu uma das primeiras manifestações de rompimento com a escola Bauhausiana. A proposta elaborada em 1957 se opôs ao radicalismo dos valores do racionalismo e antecedeu ao processo crítico do modernismo que daria origem à condição pós-moderna.”
Paulo Casé (Arquiteto)
Fonte: Site oficial Sergio Rodrigues, consultado pela última vez em 12 de junho de 2019.
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Biografia Wikipédia
Iniciou seu trabalho na arquitetura no projeto do Centro Cívico de Curitiba junto com os também arquitetos David Xavier de Azambuja, Flávio Régis do Nascimento e Olavo Redig de Campos.
Teve o auge da sua carreira nos anos 50 e 60. Trabalhou com design de móveis de acordo com o modernismo no Brasil, trazendo a identidade brasileira para seus projetos tanto nos desenhos, quanto nos materiais tradicionais – couro, palhinha e madeira - exaltando a cultura brasileira e indígena.
"De fato, nesse momento ele fez coexistir o Brasil-brasileiro com o Brasil-de-Ipanema, cantada mais tarde (1962) por Tom Jobim e Vinicius de Morais na célebre "Garota de Ipanema". Oscar Niemeyer.
Contemporâneo de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, seu mobiliário foi utilizado em larga escala na construção da capital brasileira Brasília.
"Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sérgio Rodrigues." Lúcio Costa.
Seu trabalho mais famoso é a poltrona mole de 1957, feita em couro e madeira com inovações de encaixe e estofado que inspiram produtos até hoje. Atualmente, a poltrona Mole integra o acervo do Museu de Arte Moderna (Nova Iorque) (MoMA).
“O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro.” Sérgio Rodrigues.
Ele faleceu na manhã da segunda-feira (1 de setembro de 2014). De acordo com uma das funcionárias do escritório do designer, Sérgio já apresentava um quadro de saúde debilitado há alguns dias. O motivo da morte não foi divulgado.
Exposições
2010 - Sergio Rodrigues: Um Designer dos Trópicos - Rio de Janeiro, Brasil
2009 - Brazil Influence - Bruxelas, Bélgica.
2008 - Brasil Casa Design - Buenos Aires, Argentina.
2008 - Bienal Iberoamericana de Diseño - Madri,Espanha
2008 - Time e Place: Rio de Janeiro 1956/1964 - Moderna Musset - Estocolmo -Suécia
2005 - Expo na 25th Century - Nova York
2000 - Lançamento do livro: Sergio Rodrigues
1998 - Mostra Internacional do Design - Método e Industrialismo - CCBB - Rio de Janeiro
1998 - Bienal de Arquitetura
1997 - 40 anos de Mole- Expo no Rio Design Leblon - Rio de Janeiro.
1993 - Mostra Brasille93 - La Construzione Di Una Identità Culturale Universidade de Brescia- Italia
1992 - Saudades do Brasil: A Era JK - Exposição Itinerante
1991 - Falando de Cadeira- Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro
1987 - Premio Lapiz d e Plata - Buenos Aires
1984 - Cadeira: Evolução e Design - Museu da Casa Brasileira-SP
1984 - Tradição e Ruptura: Desenho Industrial
1982 - O Design no Brasil: História e Realidade- SESC/SP
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2016.
Sérgio Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ, 22 setembro 1927 - idem, 1 setembro 2014), foi um arquiteto e designer brasileiro, sendo um dos pioneiros a transformar o design brasileiro em industrial e torná-lo conhecido mundialmente.
Biografia
Junto com Joaquim Tenreiro e Zanine Caldas foram pioneiros no design industrial. Começou a trabalhar como arquiteto, projetando o Centro Cívico de Curitiba, embora o auge de sua carreira tenha sido como designer de móveis. A inspiração aqui era o próprio Brasil, com seus materiais e formas sinuosas. Usa bastante couro, palha e madeira, em referência sobretudo à cultura indígena.
Seus móveis foram amplamente utilizados no interior dos prédios oficiais em Brasília, a nova capital brasileira, por convite de Lúcio Costa.
Sua peça mais famosa, no entanto, é a poltrona mole, com encaixe inovador e revestimento em couro - em exposição no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York.
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Biografia Itaú Cultural
Ingressa em 1947 na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (FNA), no Rio de Janeiro. Em 1949, atua como professor assistente de David Xavier de Azambuja, que, em 1951, o convida a participar da elaboração do projeto do Centro Cívico de Curitiba, com os arquitetos Olavo Redig de Campos (1906-1984) e Flávio Regis do Nascimento, por intermédio de quem conhece Lucio Costa (1902-1998). Rodrigues forma-se em arquitetura em 1951. Transfere-se para Curitiba, onde cria a Móveis Artesanal Paranaense, em sociedade com os irmãos Hauner, que em 1954 contratam-no para comandar o setor de criação de arquitetura de interiores de sua nova empresa, a Forma S.A., em São Paulo. Nesse período, entra em contato com a produção de diversos designers europeus, conhece Gregori Warchavchik (1896-1972) e Lina Bo Bardi (1914-1992).
Em 1955, pede demissão da Forma, e volta ao Rio de Janeiro. Alimenta a ideia de criar um espaço de produção e comercialização do design brasileiro, que se concretiza com a abertura da Oca, em 1955. Cria na década de 1950 as poltronas Mole, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. De 1959 a 1960, faz os primeiros estudos do SR2 - Sistema de Industrialização de Elementos Modulados Pré-Fabricados para Construção de Arquitetura Habitacional em Madeira. Os protótipos das construções são expostos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). O sistema é utilizado na construção do Iate Clube de Brasília e de dois pavilhões de hospedagem e restaurante da Universidade de Brasília (UnB), em 1962.
Com uma variação da poltrona Mole, recebe o primeiro prêmio no Concorso Internazionale Del Mobile, em 1961, em Cantù, na Itália, escolhido entre mais de 400 convidados de 35 países. Tal premiação dá projeção internacional a sua carreira como designer de móveis. Produzida na Itália pela ISA, a poltrona foi exportada para vários países com o nome de Sheriff.
Com o objetivo de comercializar móveis produzidos em série a preços acessíveis, cria em 1963 a empresa Meia-Pataca, que se mantém no mercado até 1968. Nesse ano, vende a Oca e monta ateliê no Rio de Janeiro, onde trabalha com arquitetura de interiores para residências, escritórios e hotéis e realiza projetos para o Banco Central em Brasília e a sede da Editora Bloch, no Rio de Janeiro, além de desenvolver linhas de móveis para produção industrial. Participa da exposição Mobiliário Brasileiro - Premissas e Realidade, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).
Recebe o Prêmio Lapiz de Plata na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires pelo conjunto de sua obra, em 1987. Participa, com Lucio Costa e Zanine Caldas (1919-2001), da Mostra Brasile 93 - La Costruzione de una Identità Culturale, em Brescia, Itália. Apresenta em 1991, na exposição Falando de Cadeira no MAM/RJ, diversos trabalhos realizados desde os anos 1950. Obtém em 2006, o 1º lugar na categoria mobiliário na 20ª edição do prêmio Design do, em São Paulo, com a poltrona Diz.
Análise
Um dos mais importantes designers de móveis do Brasil, ao lado de nomes como Joaquim Tenreiro (1906-1992) e Zanine Caldas, Sergio Rodrigues tem um papel decisivo na história do mobiliário brasileiro. Autor de vasta obra, inicia a carreira como designer na década de 1950, no Rio de Janeiro, período de consolidação da arquitetura moderna. Em expressa crítica ao ecletismo, desenvolve móveis condizentes com os novos espaços da arquitetura.
São de 1956 duas criações bastante conhecidas, a cadeira CD-7 ou Lucio Costa, de madeira maciça torneada e assento em palhinha - assim apelidada em homenagem ao arquiteto, grande incentivador do trabalho de Rodrigues - e a poltrona PL-7Jockey ou Oscar Niemeyer, com estrutura de madeira e trançado de palhinha, braços esculpidos como peças únicas, com desenho anatômico, solução construtiva considerada autenticamente brasileira por Lucio Costa, embora possam ser percebidas semelhanças com certos trabalhos do arquiteto e designer dinamarquês Finn Juhl (1912-1989).
Num período em que os critérios de nacionalidade e originalidade pautam os julgamentos estéticos na arquitetura e nas artes visuais, diversos comentadores das realizações de Rodrigues, entre eles Lúcio Costa, difundem uma interpretação de seu trabalho como exemplar da singularidade brasileira.
Sua criação mais famosa é a poltrona Mole, de 1957. Confortável e robusta, é considerada um símbolo do design nacional. Tal viés de brasilidade é reforçado pelo comentário do relatório do concurso em Cantù, em 1961, que justifica o 1º prêmio dado à peça pelos critérios de modernidade e expressão de regionalidade. O desejo de conceber um móvel que expressasse a identidade nacional é professado pelo próprio autor e enfatizado por vários comentadores e estudiosos, que associam a poltrona a um modo brasileiro de sentar, a idéias como preguiça e relaxamento, e enfatizam a sintonia dos móveis de Rodrigues com a descontração, informalidade e contestação de um novo estilo de vida da juventude dos anos 1960. Consideram-na uma originalidade, embora a Mole remeta a criações como a 670, de Charles Eames (1907-1978). De fato, o móvel contrasta com os padrões da época, dos delgados pés palitos, trazendo a grossura e a robustez da estrutura de madeira torneada, com correias de couro que formam uma cesta para receber os almofadões, também de couro, o que possibilita ao usuário moldar o corpo anatomicamente ao sentar-se. A poltrona, que integra o acervo do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York, é até hoje um sucesso de vendas.
Rodrigues recebe em 1958 um convite para elaborar peças do mobiliário para o edifício do Congresso Nacional, em Brasília, então em construção. Para a sala de espera, projeta a poltrona PO-3, que recebe mais tarde o nome de Beto, com estrutura de aço cromado e braço de madeira de lei, assento e encosto de espuma. Produz, em 1960, a mesa que fica conhecida como Itamaraty, para o Ministério das Relações Exteriores de Brasília, projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012). Com pequenas variações, o mobiliário é usado na Embaixada do Brasil em Roma.
A convite de Darcy Ribeiro, então reitor da UnB, cria em 1962 os assentos do auditório dos Candangos, projetado pelo arquiteto Alcides da Rocha Miranda (1909-2001), para o que encontra uma criativa solução construtiva: o uso de balancins, que conferem mais conforto e facilitam a passagem de transeuntes. De concepção semelhante é a poltrona criada em 1965 para o auditório Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/DF), de Brasília, menção honrosa no concurso do IAB naquele ano, utilizada em vários auditórios brasileiros, como o Anhembi e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em São Paulo.
Outra poltrona célebre é a Tonico, criada em 1963 para a empresa Meia-Pataca, com almofada roliça para apoio do pescoço, sustentado por cintas reguláveis. De 1973 é a poltrona Leve Kilin PL-104, de madeira maciça e assento e encosto de lona ou couro, premiada pelo IAB em 1975.
Na década de 1980, elabora projetos para hotéis, como a cadeira DAAV e a poltrona Júlia. Nos anos 1990 continua a desenhar móveis, como as cadeiras Chico e Adolpho, feitas para a sala de reuniões da Editora Bloch. A irreverência que marca seus projetos o acompanha ao longo de mais de 50 anos de carreira ininterrupta, notada em projetos, como a espreguiçadeira Nina, de 1992, cujo desenho remete a uma caravela de Pedro Álvares Cabral, na qual ressalta a busca pelo conforto do repouso, com direito a um apoio para livros.
O exame de sua vasta produção de mobiliário permite perceber a preferência pela madeira como material principal, utilizada muitas vezes combinada com o couro ou a palhinha, outras com estofados de tecidos de fibras naturais, como o algodão e a lona e, em menor freqüência, com metal. Vale ressaltar, além do caráter inovador das peças produzidas para a Oca, a importância dessa empresa para o desenvolvimento da indústria de móveis modernos no Brasil, por sua contribuição na difusão do design brasileiro e sua aceitação no mercado. Criada em 1955 como um estúdio de arquitetura de interiores, e galeria de arte, a Oca surge estimulada pela excelente fase por que passava a arquitetura nacional.
De sua atuação como arquiteto, relativamente obliterada pela notoriedade como designer de móveis, destaca-se a idealização do SR2, sistema composto de elementos de madeira pré-fabricados para a construção de arquitetura habitacional. Na década de 1960, foram produzidas e montadas centenas de unidades, muitas delas na floresta amazônica, entre casas, conjuntos habitacionais, pousadas, clubes, restaurantes e postos ambulatoriais.
Fonte: SERGIO Rodrigues. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa230381/sergio-rodrigues>. Acesso em: 25 de Fev. 2016. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Sergio Rodrigues
Sergio Rodrigues é esta figura iluminada de personalidade marcante, que soube transformar suas inquietações numa obra coerente e reveladora da cultura brasileira. Sergio é, sem dúvida alguma, uma das mais admiráveis expressões do design em nosso país. O traço coerente e único inscreveu seu nome na história do design do século 20, sobretudo pela criação de uma grande variedade de produtos, dos quais o mais famoso é a Poltrona Mole.
Ao lado de mestres como Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas, Sergio vem tornando o design brasileiro conhecido internacionalmente. Enquanto Tenreiro, com seus móveis sóbrios, foi o precursor na busca de um novo estilo, Zanine arrancou da madeira todo seu potencial expressivo e Sergio Rodrigues desenvolveu uma ampla experiência de produção, procurando pensar o Brasil pelo design. Ele transformou totalmente a linguagem do móvel, foi generoso no traço e no emprego das madeiras nativas e, como bem afirmou Lucio Costa, “com a criação da Oca integrou a ambientação de interior no movimento de renovação de nossa arquitetura.”
A produção brasileira nesse setor (mobiliário), em meados dos anos 50, ainda estava muito presa aos estilos, e a sua renovação exigiria duas batalhas. Sergio sabia que a única arma de que dispunha era o desenho e foi aí que enveredou.
Inicialmente, como arquiteto, trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos no projeto do Centro Cívico de Curitiba, obra importante no quadro da arquitetura moderna brasileira. Mas, conhecendo com firmeza seus interesses e trilhando por um caminho percorrido por outros grandes arquitetos como João Batista Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Oswaldo Bratke e Paulo Mendes da Rocha ,Sergio saltou da arquitetura para o design do móvel.
Além disso, ele estava absolutamente convicto de que “a arquitetura em que o planejamento do espaço interno não fosse estudado adequadamente não era arquitetura, era escultura”.
Para Lucio Costa, em algumas peças Sergio Rodrigues conseguiu resgatar o espírito da mobília tradicional e também aspectos do Brasil indígena. “De fato, nesse momento ele fez coexistir o Brasil-brasileiro com o Brasil-de-Ipanema, cantada mais tarde (1962) por Tom Jobim e Vinicius de Morais na célebre ‘Garota de Ipanema’, e com o Brasil da industrialização paulista, afinal a Oca era representante de modelos selecionados das principais fábricas de São Paulo.”
Daí porque o nome Oca: um retorno as fontes indígenas, o gosto pelos materiais tradicionais. Sergio lançou-se numa busca permanente de projetos, métodos e materiais para atender adequadamente as necessidades do usuário, alheio a modismos e estilos. Segundo Oscar Niemeyer: “Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sergio Rodrigues.”
Concomitantemente às atividades no setor de mobiliário é fundamental destacar a atuação de Sergio no planejamento de interiores, na ambientação, na cenografia e na decoração. No âmbito dos interiores, colaborou com os mais importantes arquitetos brasileiros e, em sua própria loja – A Oca – prestou várias consultoria no país e no exterior legitimando o “interior design” no Brasil.
“A aproximação de desenho do móvel moderno com certos objetos da cultura brasileira, e a não preocupação com modismos, acentuam o espírito de brasilidade que tanto busca Sergio Rodrigues. Esses dois fatos foram preponderantes da decisão do júri da IV Bienal do Móvel, Cantu, Itália 1961, premiado com a Poltrona Sheriff entre 400 candidatos de 35 países.”
(Textos extraídos do livro Sergio Rodrigues da Maria Cecília Loschiavo. Filósofa, pesquisadora de mobiliário brasileiro e docente na FAUSP)
"Não vamos atribuir tudo a genética, afinal cada um tem seu gênio. Mas que o talento de Sergio Rodrigues tem ascendência, tem. A mais notória delas é a do tio jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues . Outras são a do pai o pintor e ilustrador Roberto Rodrigues que mesmo tendo morrido prematuramente aos 23 anos deixou como legado obra posicionada criticamente em relação aos julgamentos por parte da crítica instituída. E segundo Portinarti, seu colega, “teria sido um dos maiores artistas plásticos do Brasil”. Dentro de uma família intelectualizada por parte do pai, os Rodrigues, pelo lado da mãe, os Mendes de Almeida, (Fernando e Cândido), juristas, jornalistas, foi gerada a personalidade do arquiteto e designer Sergio Rodrigues que recebeu como legado o senso crítico, a exuberância e o humor familiares. Uma das manifestações dessa herança foi a defesa da criação de formas a partir de referências brasileiras, um olhar atento ao que era criado pelo mundo e contrário ao macaquear de referencias. Essa postura tão simples quanto clara, deu a ele a possibilidade de ser o pai das mais celebres criações do design brasileiro."
Adriana Doria Mattos (Jornalista)
Depoimentos
"Foi em 61, creio eu, a consagração Internacional da Poltrona Mole. Conhecendo o longo trabalho de criação e confecção da peça (cotação máxima da nossa arquitetura mobiliária), sempre me referia a ela, falando ou escrevendo, como A Poltrona Que Não Foi Mole. Nos livros Internacionais de crítica especializada é chamada de Sheriff ( não parece tradução de filme de televisão?). Vou me lembrando de Sergio e suas circunstâncias, e escrevendo ao correr da pena ( ao polsar do chip). Mas não lembro tudo nem escrevo tudo. Que sei eu de arquitetura? Bem,vai ver,tudo. Sei de morar, sei de dormir, sei de sentar. De morar sei que devo estar sempre de frente para o mar, olhando para a montanha, e, no Rio, clima tropical,de cara pro nascente. De dormir. Só durmo com os pés da cama voltados para a porta principal de onde pode penetrar o Mal. Embora em minha vida só tenha penetrado o Bem, depois de premir o leve tímpano do seio, que leva direto ao coração.E de sentar, aprendi sentando em areia ( de Ipanema), sentado em banco (de Liceu), e evitando sentar em cadeira de Bauhaus (Gropius mereceu terminar a vida com aquela chata da Alma Mahier).Ainda de sentar. Eu tinha concluído que, como a bunda não vai se modificar no próximo milénio, os arquitetos de móveis tinham que criar a partir dela ( ou delas, se considerarmos a duplicidade dessa singularidade anatômica). Foi aí que o talento estético de Sergio Rodrigues veio ao encontro do meu bom senso e exigencia de conforto e, inesperadamente, empurrou embaixo de mim a já citada Poltrona Mole. Onde não me sentei. Deitei e rolei. Que artefato meus amigos! Uns dizem qué é slouchingly casual, outros que antecipou a Bossa Nova, Sergio Augusto afirma que é um móvel em que a pessoa se repoltreia, e Odilon Ribeiro Coutinho que ” tem o dengo e a moleza libetina da senzala”. Sei lá. Pra mim, essencialmente couro, foi natural curtição. Anatômica, convidativa, insinuante. Atração fatal.Sharon Stone. É prazer sem igual sentar-deitar numa e ficar olhando em frente, uma outra da Bauhaus. Melhor, uma outra Mole.
Millôr Fernandes (desenhista, humorista, dramaturgo, escritor e tradutor)
” O criador do móvel moderno no Brasil “.
Enciclopédia Delta Larrousse.
“um dos 30 assentos mais importantes dos últimos 100 anos”.
Clement Meadmore (Arquiteto e crítico americano de arquitetura e design)
1985: “ um dos principais designers latino americano.”
Míriam Stimpson (Crítica americana)
- “Esta cadeira tem uma estrutura de madeira rígida, suportando uma cesta de tiras de pendurar entrelaçadas. Estes, por sua vez, suportam um único elemento de almofada, costurado nas almofadas do assento, costas e braços, que se sobrepõem à estrutura, permitindo que o corpo pendure, por assim dizer, em uma cesta estofada como uma rede. A frameia baixa e robusta feita de teca polida; as tiras de couro estão presas a ele e podem ser ajustadas para alterar a tensão da barra. Grande liberdade de movimento é permitida, pois é esse design. O xerife talvez seja derivado da família notoriamente desconfortável de cadeiras de estilingue, mas nesse caso as considerações anatômicas foram tratadas de maneira soberba, e o resultado é uma cadeira que não só parece extremamente convidativa e confortável, mas também é. A cadeira do xerife é uma das poucas cadeiras modernas para ter uma aparência completamente informal; parece grande e importante, mas descontraidamente casual, como um milionário que usa Levis desbotado. Surpreendentemente raro no idioma moderno, é a maneira como a aparência desta cadeira promete conforto, assim como o couro amassado da cadeira Eames670. Embora muitas cadeiras modernas sejam de fato muito confortáveis, poucas delas dão valor visual a isso, porque seus sistemas de suporte são ocultos de maneira inteligente e suas superfícies de contato geralmente são intactas. ”
Clement Meadmore (Arquiteto e crítico americano de arquitetura e design)
– 1991: ” Sergio Rodrigues com a criação da OCA integrou a ambientação de interior no movimento de renovação de nossa architetura”.
“ Generoso, em vez de refestelar-se em sua poltrona fabulosa, continua ativo, não para.”
Lúcio Costa (Arquiteto e urbanista)
– 1995: ” É o arquiteto, o ” fazedor de móveis “, o misto de artesão e designer que revolucionou o móvel brasileiro.”
“Sergio Rodrigues é um homem de vanguarda, cuja produção em meados dos anos 50 antecipou as principais propostas do nacionalismo do móvel.
De fato neste momento ele fez coexistir o Brasil – brasileiro com o Brasil – de Ipanema, cantado mais tarde (62) por Tom e Vinícius na célebre “Garota de Ipanema”.
A aproximação do desenho do móvel moderno com certos objetos da cultura brasileira, e a não preocupação com modismos, acentuam o espírito de brasilidade que tanto busca Sergio Rodrigues.
Esses dois fatores foram preponderantes da decisão do júri da IV Bienal Internacional do Móvel , Cantú (Itália, 61) premiando a Poltrona “Mole” entre 400 candidatas.”
Maria Cecília Loschiavo dos Santos (Filósofa e Pesquisadora de Mobiliário)
– 1997: “Há 40 anos, com a criação da Poltrona “Mole”, de autoria do arquiteto Sergio Rodrigues, ocorreu uma das primeiras manifestações de rompimento com a escola Bauhausiana. A proposta elaborada em 1957 se opôs ao radicalismo dos valores do racionalismo e antecedeu ao processo crítico do modernismo que daria origem à condição pós-moderna.”
Paulo Casé (Arquiteto)
Fonte: Site oficial Sergio Rodrigues, consultado pela última vez em 12 de junho de 2019.
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Biografia Wikipédia
Iniciou seu trabalho na arquitetura no projeto do Centro Cívico de Curitiba junto com os também arquitetos David Xavier de Azambuja, Flávio Régis do Nascimento e Olavo Redig de Campos.
Teve o auge da sua carreira nos anos 50 e 60. Trabalhou com design de móveis de acordo com o modernismo no Brasil, trazendo a identidade brasileira para seus projetos tanto nos desenhos, quanto nos materiais tradicionais – couro, palhinha e madeira - exaltando a cultura brasileira e indígena.
"De fato, nesse momento ele fez coexistir o Brasil-brasileiro com o Brasil-de-Ipanema, cantada mais tarde (1962) por Tom Jobim e Vinicius de Morais na célebre "Garota de Ipanema". Oscar Niemeyer.
Contemporâneo de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, seu mobiliário foi utilizado em larga escala na construção da capital brasileira Brasília.
"Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sérgio Rodrigues." Lúcio Costa.
Seu trabalho mais famoso é a poltrona mole de 1957, feita em couro e madeira com inovações de encaixe e estofado que inspiram produtos até hoje. Atualmente, a poltrona Mole integra o acervo do Museu de Arte Moderna (Nova Iorque) (MoMA).
“O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro.” Sérgio Rodrigues.
Ele faleceu na manhã da segunda-feira (1 de setembro de 2014). De acordo com uma das funcionárias do escritório do designer, Sérgio já apresentava um quadro de saúde debilitado há alguns dias. O motivo da morte não foi divulgado.
Exposições
2010 - Sergio Rodrigues: Um Designer dos Trópicos - Rio de Janeiro, Brasil
2009 - Brazil Influence - Bruxelas, Bélgica.
2008 - Brasil Casa Design - Buenos Aires, Argentina.
2008 - Bienal Iberoamericana de Diseño - Madri,Espanha
2008 - Time e Place: Rio de Janeiro 1956/1964 - Moderna Musset - Estocolmo -Suécia
2005 - Expo na 25th Century - Nova York
2000 - Lançamento do livro: Sergio Rodrigues
1998 - Mostra Internacional do Design - Método e Industrialismo - CCBB - Rio de Janeiro
1998 - Bienal de Arquitetura
1997 - 40 anos de Mole- Expo no Rio Design Leblon - Rio de Janeiro.
1993 - Mostra Brasille93 - La Construzione Di Una Identità Culturale Universidade de Brescia- Italia
1992 - Saudades do Brasil: A Era JK - Exposição Itinerante
1991 - Falando de Cadeira- Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro
1987 - Premio Lapiz d e Plata - Buenos Aires
1984 - Cadeira: Evolução e Design - Museu da Casa Brasileira-SP
1984 - Tradição e Ruptura: Desenho Industrial
1982 - O Design no Brasil: História e Realidade- SESC/SP
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2016.
Sérgio Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ, 22 setembro 1927 - idem, 1 setembro 2014), foi um arquiteto e designer brasileiro, sendo um dos pioneiros a transformar o design brasileiro em industrial e torná-lo conhecido mundialmente.
Biografia
Junto com Joaquim Tenreiro e Zanine Caldas foram pioneiros no design industrial. Começou a trabalhar como arquiteto, projetando o Centro Cívico de Curitiba, embora o auge de sua carreira tenha sido como designer de móveis. A inspiração aqui era o próprio Brasil, com seus materiais e formas sinuosas. Usa bastante couro, palha e madeira, em referência sobretudo à cultura indígena.
Seus móveis foram amplamente utilizados no interior dos prédios oficiais em Brasília, a nova capital brasileira, por convite de Lúcio Costa.
Sua peça mais famosa, no entanto, é a poltrona mole, com encaixe inovador e revestimento em couro - em exposição no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York.
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Biografia Itaú Cultural
Ingressa em 1947 na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (FNA), no Rio de Janeiro. Em 1949, atua como professor assistente de David Xavier de Azambuja, que, em 1951, o convida a participar da elaboração do projeto do Centro Cívico de Curitiba, com os arquitetos Olavo Redig de Campos (1906-1984) e Flávio Regis do Nascimento, por intermédio de quem conhece Lucio Costa (1902-1998). Rodrigues forma-se em arquitetura em 1951. Transfere-se para Curitiba, onde cria a Móveis Artesanal Paranaense, em sociedade com os irmãos Hauner, que em 1954 contratam-no para comandar o setor de criação de arquitetura de interiores de sua nova empresa, a Forma S.A., em São Paulo. Nesse período, entra em contato com a produção de diversos designers europeus, conhece Gregori Warchavchik (1896-1972) e Lina Bo Bardi (1914-1992).
Em 1955, pede demissão da Forma, e volta ao Rio de Janeiro. Alimenta a ideia de criar um espaço de produção e comercialização do design brasileiro, que se concretiza com a abertura da Oca, em 1955. Cria na década de 1950 as poltronas Mole, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. De 1959 a 1960, faz os primeiros estudos do SR2 - Sistema de Industrialização de Elementos Modulados Pré-Fabricados para Construção de Arquitetura Habitacional em Madeira. Os protótipos das construções são expostos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). O sistema é utilizado na construção do Iate Clube de Brasília e de dois pavilhões de hospedagem e restaurante da Universidade de Brasília (UnB), em 1962.
Com uma variação da poltrona Mole, recebe o primeiro prêmio no Concorso Internazionale Del Mobile, em 1961, em Cantù, na Itália, escolhido entre mais de 400 convidados de 35 países. Tal premiação dá projeção internacional a sua carreira como designer de móveis. Produzida na Itália pela ISA, a poltrona foi exportada para vários países com o nome de Sheriff.
Com o objetivo de comercializar móveis produzidos em série a preços acessíveis, cria em 1963 a empresa Meia-Pataca, que se mantém no mercado até 1968. Nesse ano, vende a Oca e monta ateliê no Rio de Janeiro, onde trabalha com arquitetura de interiores para residências, escritórios e hotéis e realiza projetos para o Banco Central em Brasília e a sede da Editora Bloch, no Rio de Janeiro, além de desenvolver linhas de móveis para produção industrial. Participa da exposição Mobiliário Brasileiro - Premissas e Realidade, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).
Recebe o Prêmio Lapiz de Plata na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires pelo conjunto de sua obra, em 1987. Participa, com Lucio Costa e Zanine Caldas (1919-2001), da Mostra Brasile 93 - La Costruzione de una Identità Culturale, em Brescia, Itália. Apresenta em 1991, na exposição Falando de Cadeira no MAM/RJ, diversos trabalhos realizados desde os anos 1950. Obtém em 2006, o 1º lugar na categoria mobiliário na 20ª edição do prêmio Design do, em São Paulo, com a poltrona Diz.
Análise
Um dos mais importantes designers de móveis do Brasil, ao lado de nomes como Joaquim Tenreiro (1906-1992) e Zanine Caldas, Sergio Rodrigues tem um papel decisivo na história do mobiliário brasileiro. Autor de vasta obra, inicia a carreira como designer na década de 1950, no Rio de Janeiro, período de consolidação da arquitetura moderna. Em expressa crítica ao ecletismo, desenvolve móveis condizentes com os novos espaços da arquitetura.
São de 1956 duas criações bastante conhecidas, a cadeira CD-7 ou Lucio Costa, de madeira maciça torneada e assento em palhinha - assim apelidada em homenagem ao arquiteto, grande incentivador do trabalho de Rodrigues - e a poltrona PL-7Jockey ou Oscar Niemeyer, com estrutura de madeira e trançado de palhinha, braços esculpidos como peças únicas, com desenho anatômico, solução construtiva considerada autenticamente brasileira por Lucio Costa, embora possam ser percebidas semelhanças com certos trabalhos do arquiteto e designer dinamarquês Finn Juhl (1912-1989).
Num período em que os critérios de nacionalidade e originalidade pautam os julgamentos estéticos na arquitetura e nas artes visuais, diversos comentadores das realizações de Rodrigues, entre eles Lúcio Costa, difundem uma interpretação de seu trabalho como exemplar da singularidade brasileira.
Sua criação mais famosa é a poltrona Mole, de 1957. Confortável e robusta, é considerada um símbolo do design nacional. Tal viés de brasilidade é reforçado pelo comentário do relatório do concurso em Cantù, em 1961, que justifica o 1º prêmio dado à peça pelos critérios de modernidade e expressão de regionalidade. O desejo de conceber um móvel que expressasse a identidade nacional é professado pelo próprio autor e enfatizado por vários comentadores e estudiosos, que associam a poltrona a um modo brasileiro de sentar, a idéias como preguiça e relaxamento, e enfatizam a sintonia dos móveis de Rodrigues com a descontração, informalidade e contestação de um novo estilo de vida da juventude dos anos 1960. Consideram-na uma originalidade, embora a Mole remeta a criações como a 670, de Charles Eames (1907-1978). De fato, o móvel contrasta com os padrões da época, dos delgados pés palitos, trazendo a grossura e a robustez da estrutura de madeira torneada, com correias de couro que formam uma cesta para receber os almofadões, também de couro, o que possibilita ao usuário moldar o corpo anatomicamente ao sentar-se. A poltrona, que integra o acervo do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York, é até hoje um sucesso de vendas.
Rodrigues recebe em 1958 um convite para elaborar peças do mobiliário para o edifício do Congresso Nacional, em Brasília, então em construção. Para a sala de espera, projeta a poltrona PO-3, que recebe mais tarde o nome de Beto, com estrutura de aço cromado e braço de madeira de lei, assento e encosto de espuma. Produz, em 1960, a mesa que fica conhecida como Itamaraty, para o Ministério das Relações Exteriores de Brasília, projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012). Com pequenas variações, o mobiliário é usado na Embaixada do Brasil em Roma.
A convite de Darcy Ribeiro, então reitor da UnB, cria em 1962 os assentos do auditório dos Candangos, projetado pelo arquiteto Alcides da Rocha Miranda (1909-2001), para o que encontra uma criativa solução construtiva: o uso de balancins, que conferem mais conforto e facilitam a passagem de transeuntes. De concepção semelhante é a poltrona criada em 1965 para o auditório Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/DF), de Brasília, menção honrosa no concurso do IAB naquele ano, utilizada em vários auditórios brasileiros, como o Anhembi e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em São Paulo.
Outra poltrona célebre é a Tonico, criada em 1963 para a empresa Meia-Pataca, com almofada roliça para apoio do pescoço, sustentado por cintas reguláveis. De 1973 é a poltrona Leve Kilin PL-104, de madeira maciça e assento e encosto de lona ou couro, premiada pelo IAB em 1975.
Na década de 1980, elabora projetos para hotéis, como a cadeira DAAV e a poltrona Júlia. Nos anos 1990 continua a desenhar móveis, como as cadeiras Chico e Adolpho, feitas para a sala de reuniões da Editora Bloch. A irreverência que marca seus projetos o acompanha ao longo de mais de 50 anos de carreira ininterrupta, notada em projetos, como a espreguiçadeira Nina, de 1992, cujo desenho remete a uma caravela de Pedro Álvares Cabral, na qual ressalta a busca pelo conforto do repouso, com direito a um apoio para livros.
O exame de sua vasta produção de mobiliário permite perceber a preferência pela madeira como material principal, utilizada muitas vezes combinada com o couro ou a palhinha, outras com estofados de tecidos de fibras naturais, como o algodão e a lona e, em menor freqüência, com metal. Vale ressaltar, além do caráter inovador das peças produzidas para a Oca, a importância dessa empresa para o desenvolvimento da indústria de móveis modernos no Brasil, por sua contribuição na difusão do design brasileiro e sua aceitação no mercado. Criada em 1955 como um estúdio de arquitetura de interiores, e galeria de arte, a Oca surge estimulada pela excelente fase por que passava a arquitetura nacional.
De sua atuação como arquiteto, relativamente obliterada pela notoriedade como designer de móveis, destaca-se a idealização do SR2, sistema composto de elementos de madeira pré-fabricados para a construção de arquitetura habitacional. Na década de 1960, foram produzidas e montadas centenas de unidades, muitas delas na floresta amazônica, entre casas, conjuntos habitacionais, pousadas, clubes, restaurantes e postos ambulatoriais.
Fonte: SERGIO Rodrigues. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa230381/sergio-rodrigues>. Acesso em: 25 de Fev. 2016. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Sergio Rodrigues
Sergio Rodrigues é esta figura iluminada de personalidade marcante, que soube transformar suas inquietações numa obra coerente e reveladora da cultura brasileira. Sergio é, sem dúvida alguma, uma das mais admiráveis expressões do design em nosso país. O traço coerente e único inscreveu seu nome na história do design do século 20, sobretudo pela criação de uma grande variedade de produtos, dos quais o mais famoso é a Poltrona Mole.
Ao lado de mestres como Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas, Sergio vem tornando o design brasileiro conhecido internacionalmente. Enquanto Tenreiro, com seus móveis sóbrios, foi o precursor na busca de um novo estilo, Zanine arrancou da madeira todo seu potencial expressivo e Sergio Rodrigues desenvolveu uma ampla experiência de produção, procurando pensar o Brasil pelo design. Ele transformou totalmente a linguagem do móvel, foi generoso no traço e no emprego das madeiras nativas e, como bem afirmou Lucio Costa, “com a criação da Oca integrou a ambientação de interior no movimento de renovação de nossa arquitetura.”
A produção brasileira nesse setor (mobiliário), em meados dos anos 50, ainda estava muito presa aos estilos, e a sua renovação exigiria duas batalhas. Sergio sabia que a única arma de que dispunha era o desenho e foi aí que enveredou.
Inicialmente, como arquiteto, trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos no projeto do Centro Cívico de Curitiba, obra importante no quadro da arquitetura moderna brasileira. Mas, conhecendo com firmeza seus interesses e trilhando por um caminho percorrido por outros grandes arquitetos como João Batista Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Oswaldo Bratke e Paulo Mendes da Rocha ,Sergio saltou da arquitetura para o design do móvel.
Além disso, ele estava absolutamente convicto de que “a arquitetura em que o planejamento do espaço interno não fosse estudado adequadamente não era arquitetura, era escultura”.
Para Lucio Costa, em algumas peças Sergio Rodrigues conseguiu resgatar o espírito da mobília tradicional e também aspectos do Brasil indígena. “De fato, nesse momento ele fez coexistir o Brasil-brasileiro com o Brasil-de-Ipanema, cantada mais tarde (1962) por Tom Jobim e Vinicius de Morais na célebre ‘Garota de Ipanema’, e com o Brasil da industrialização paulista, afinal a Oca era representante de modelos selecionados das principais fábricas de São Paulo.”
Daí porque o nome Oca: um retorno as fontes indígenas, o gosto pelos materiais tradicionais. Sergio lançou-se numa busca permanente de projetos, métodos e materiais para atender adequadamente as necessidades do usuário, alheio a modismos e estilos. Segundo Oscar Niemeyer: “Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sergio Rodrigues.”
Concomitantemente às atividades no setor de mobiliário é fundamental destacar a atuação de Sergio no planejamento de interiores, na ambientação, na cenografia e na decoração. No âmbito dos interiores, colaborou com os mais importantes arquitetos brasileiros e, em sua própria loja – A Oca – prestou várias consultoria no país e no exterior legitimando o “interior design” no Brasil.
“A aproximação de desenho do móvel moderno com certos objetos da cultura brasileira, e a não preocupação com modismos, acentuam o espírito de brasilidade que tanto busca Sergio Rodrigues. Esses dois fatos foram preponderantes da decisão do júri da IV Bienal do Móvel, Cantu, Itália 1961, premiado com a Poltrona Sheriff entre 400 candidatos de 35 países.”
(Textos extraídos do livro Sergio Rodrigues da Maria Cecília Loschiavo. Filósofa, pesquisadora de mobiliário brasileiro e docente na FAUSP)
"Não vamos atribuir tudo a genética, afinal cada um tem seu gênio. Mas que o talento de Sergio Rodrigues tem ascendência, tem. A mais notória delas é a do tio jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues . Outras são a do pai o pintor e ilustrador Roberto Rodrigues que mesmo tendo morrido prematuramente aos 23 anos deixou como legado obra posicionada criticamente em relação aos julgamentos por parte da crítica instituída. E segundo Portinarti, seu colega, “teria sido um dos maiores artistas plásticos do Brasil”. Dentro de uma família intelectualizada por parte do pai, os Rodrigues, pelo lado da mãe, os Mendes de Almeida, (Fernando e Cândido), juristas, jornalistas, foi gerada a personalidade do arquiteto e designer Sergio Rodrigues que recebeu como legado o senso crítico, a exuberância e o humor familiares. Uma das manifestações dessa herança foi a defesa da criação de formas a partir de referências brasileiras, um olhar atento ao que era criado pelo mundo e contrário ao macaquear de referencias. Essa postura tão simples quanto clara, deu a ele a possibilidade de ser o pai das mais celebres criações do design brasileiro."
Adriana Doria Mattos (Jornalista)
Depoimentos
"Foi em 61, creio eu, a consagração Internacional da Poltrona Mole. Conhecendo o longo trabalho de criação e confecção da peça (cotação máxima da nossa arquitetura mobiliária), sempre me referia a ela, falando ou escrevendo, como A Poltrona Que Não Foi Mole. Nos livros Internacionais de crítica especializada é chamada de Sheriff ( não parece tradução de filme de televisão?). Vou me lembrando de Sergio e suas circunstâncias, e escrevendo ao correr da pena ( ao polsar do chip). Mas não lembro tudo nem escrevo tudo. Que sei eu de arquitetura? Bem,vai ver,tudo. Sei de morar, sei de dormir, sei de sentar. De morar sei que devo estar sempre de frente para o mar, olhando para a montanha, e, no Rio, clima tropical,de cara pro nascente. De dormir. Só durmo com os pés da cama voltados para a porta principal de onde pode penetrar o Mal. Embora em minha vida só tenha penetrado o Bem, depois de premir o leve tímpano do seio, que leva direto ao coração.E de sentar, aprendi sentando em areia ( de Ipanema), sentado em banco (de Liceu), e evitando sentar em cadeira de Bauhaus (Gropius mereceu terminar a vida com aquela chata da Alma Mahier).Ainda de sentar. Eu tinha concluído que, como a bunda não vai se modificar no próximo milénio, os arquitetos de móveis tinham que criar a partir dela ( ou delas, se considerarmos a duplicidade dessa singularidade anatômica). Foi aí que o talento estético de Sergio Rodrigues veio ao encontro do meu bom senso e exigencia de conforto e, inesperadamente, empurrou embaixo de mim a já citada Poltrona Mole. Onde não me sentei. Deitei e rolei. Que artefato meus amigos! Uns dizem qué é slouchingly casual, outros que antecipou a Bossa Nova, Sergio Augusto afirma que é um móvel em que a pessoa se repoltreia, e Odilon Ribeiro Coutinho que ” tem o dengo e a moleza libetina da senzala”. Sei lá. Pra mim, essencialmente couro, foi natural curtição. Anatômica, convidativa, insinuante. Atração fatal.Sharon Stone. É prazer sem igual sentar-deitar numa e ficar olhando em frente, uma outra da Bauhaus. Melhor, uma outra Mole.
Millôr Fernandes (desenhista, humorista, dramaturgo, escritor e tradutor)
” O criador do móvel moderno no Brasil “.
Enciclopédia Delta Larrousse.
“um dos 30 assentos mais importantes dos últimos 100 anos”.
Clement Meadmore (Arquiteto e crítico americano de arquitetura e design)
1985: “ um dos principais designers latino americano.”
Míriam Stimpson (Crítica americana)
- “Esta cadeira tem uma estrutura de madeira rígida, suportando uma cesta de tiras de pendurar entrelaçadas. Estes, por sua vez, suportam um único elemento de almofada, costurado nas almofadas do assento, costas e braços, que se sobrepõem à estrutura, permitindo que o corpo pendure, por assim dizer, em uma cesta estofada como uma rede. A frameia baixa e robusta feita de teca polida; as tiras de couro estão presas a ele e podem ser ajustadas para alterar a tensão da barra. Grande liberdade de movimento é permitida, pois é esse design. O xerife talvez seja derivado da família notoriamente desconfortável de cadeiras de estilingue, mas nesse caso as considerações anatômicas foram tratadas de maneira soberba, e o resultado é uma cadeira que não só parece extremamente convidativa e confortável, mas também é. A cadeira do xerife é uma das poucas cadeiras modernas para ter uma aparência completamente informal; parece grande e importante, mas descontraidamente casual, como um milionário que usa Levis desbotado. Surpreendentemente raro no idioma moderno, é a maneira como a aparência desta cadeira promete conforto, assim como o couro amassado da cadeira Eames670. Embora muitas cadeiras modernas sejam de fato muito confortáveis, poucas delas dão valor visual a isso, porque seus sistemas de suporte são ocultos de maneira inteligente e suas superfícies de contato geralmente são intactas. ”
Clement Meadmore (Arquiteto e crítico americano de arquitetura e design)
– 1991: ” Sergio Rodrigues com a criação da OCA integrou a ambientação de interior no movimento de renovação de nossa architetura”.
“ Generoso, em vez de refestelar-se em sua poltrona fabulosa, continua ativo, não para.”
Lúcio Costa (Arquiteto e urbanista)
– 1995: ” É o arquiteto, o ” fazedor de móveis “, o misto de artesão e designer que revolucionou o móvel brasileiro.”
“Sergio Rodrigues é um homem de vanguarda, cuja produção em meados dos anos 50 antecipou as principais propostas do nacionalismo do móvel.
De fato neste momento ele fez coexistir o Brasil – brasileiro com o Brasil – de Ipanema, cantado mais tarde (62) por Tom e Vinícius na célebre “Garota de Ipanema”.
A aproximação do desenho do móvel moderno com certos objetos da cultura brasileira, e a não preocupação com modismos, acentuam o espírito de brasilidade que tanto busca Sergio Rodrigues.
Esses dois fatores foram preponderantes da decisão do júri da IV Bienal Internacional do Móvel , Cantú (Itália, 61) premiando a Poltrona “Mole” entre 400 candidatas.”
Maria Cecília Loschiavo dos Santos (Filósofa e Pesquisadora de Mobiliário)
– 1997: “Há 40 anos, com a criação da Poltrona “Mole”, de autoria do arquiteto Sergio Rodrigues, ocorreu uma das primeiras manifestações de rompimento com a escola Bauhausiana. A proposta elaborada em 1957 se opôs ao radicalismo dos valores do racionalismo e antecedeu ao processo crítico do modernismo que daria origem à condição pós-moderna.”
Paulo Casé (Arquiteto)
Fonte: Site oficial Sergio Rodrigues, consultado pela última vez em 12 de junho de 2019.
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Biografia Wikipédia
Iniciou seu trabalho na arquitetura no projeto do Centro Cívico de Curitiba junto com os também arquitetos David Xavier de Azambuja, Flávio Régis do Nascimento e Olavo Redig de Campos.
Teve o auge da sua carreira nos anos 50 e 60. Trabalhou com design de móveis de acordo com o modernismo no Brasil, trazendo a identidade brasileira para seus projetos tanto nos desenhos, quanto nos materiais tradicionais – couro, palhinha e madeira - exaltando a cultura brasileira e indígena.
"De fato, nesse momento ele fez coexistir o Brasil-brasileiro com o Brasil-de-Ipanema, cantada mais tarde (1962) por Tom Jobim e Vinicius de Morais na célebre "Garota de Ipanema". Oscar Niemeyer.
Contemporâneo de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, seu mobiliário foi utilizado em larga escala na construção da capital brasileira Brasília.
"Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sérgio Rodrigues." Lúcio Costa.
Seu trabalho mais famoso é a poltrona mole de 1957, feita em couro e madeira com inovações de encaixe e estofado que inspiram produtos até hoje. Atualmente, a poltrona Mole integra o acervo do Museu de Arte Moderna (Nova Iorque) (MoMA).
“O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro.” Sérgio Rodrigues.
Ele faleceu na manhã da segunda-feira (1 de setembro de 2014). De acordo com uma das funcionárias do escritório do designer, Sérgio já apresentava um quadro de saúde debilitado há alguns dias. O motivo da morte não foi divulgado.
Exposições
2010 - Sergio Rodrigues: Um Designer dos Trópicos - Rio de Janeiro, Brasil
2009 - Brazil Influence - Bruxelas, Bélgica.
2008 - Brasil Casa Design - Buenos Aires, Argentina.
2008 - Bienal Iberoamericana de Diseño - Madri,Espanha
2008 - Time e Place: Rio de Janeiro 1956/1964 - Moderna Musset - Estocolmo -Suécia
2005 - Expo na 25th Century - Nova York
2000 - Lançamento do livro: Sergio Rodrigues
1998 - Mostra Internacional do Design - Método e Industrialismo - CCBB - Rio de Janeiro
1998 - Bienal de Arquitetura
1997 - 40 anos de Mole- Expo no Rio Design Leblon - Rio de Janeiro.
1993 - Mostra Brasille93 - La Construzione Di Una Identità Culturale Universidade de Brescia- Italia
1992 - Saudades do Brasil: A Era JK - Exposição Itinerante
1991 - Falando de Cadeira- Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro
1987 - Premio Lapiz d e Plata - Buenos Aires
1984 - Cadeira: Evolução e Design - Museu da Casa Brasileira-SP
1984 - Tradição e Ruptura: Desenho Industrial
1982 - O Design no Brasil: História e Realidade- SESC/SP
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2016.