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Georgina de Albuquerque

Georgina de Moura Andrade Albuquerque (Taubaté, SP, 4 de fevereiro de 1885 — Rio de Janeiro, RJ, 29 de agosto de 1962), mais conhecida como Georgina de Albuquerque, foi uma pintora e professora brasileira. Pioneira no impressionismo no Brasil, estudou com Rosalbino Santoro e, após mudar-se para o Rio de Janeiro, frequentou a Escola Nacional de Belas Artes, onde se casou com o pintor Lucílio de Albuquerque. Posteriormente, aprimorou suas habilidades artísticas em Paris, sendo a primeira mulher brasileira a ser aceita na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Georgina destacou-se por suas paisagens, retratos e composições históricas, como "Sessão do Conselho de Estado", obra que revolucionou a pintura histórica ao dar protagonismo à Imperatriz Leopoldina. Além disso, foi a primeira mulher a ocupar a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes e teve importante papel na formação de novos artistas no Brasil.

Georgina de Albuquerque | Arremate Arte

Georgina de Albuquerque (1885-1962) foi uma pintora impressionista brasileira, pioneira no movimento artístico do século XX. Natural de Taubaté, iniciou seus estudos aos 15 anos com Rosalbino Santoro e mais tarde frequentou a Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Em 1906, casou-se com o pintor Lucílio de Albuquerque, com quem viajou para a França. Lá, ela aprimorou suas técnicas na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e na Académie Julian, tornando-se a primeira brasileira a ser aceita nesta prestigiada escola de artes.

Georgina ganhou reconhecimento internacional por suas obras, com destaque para "Sessão do Conselho de Estado" (1922), que retrata a Imperatriz Maria Leopoldina em um momento decisivo para a independência do Brasil. Essa obra é um marco por apresentar uma mulher em posição de poder em uma pintura histórica, rompendo com os paradigmas da arte acadêmica predominante, então dominada por homens. Ao longo de sua carreira, a artista explorou temas como paisagens, nus e retratos, sendo profundamente influenciada pelo impressionismo.

Além de sua produção artística, Georgina teve uma significativa atuação como professora e diretora da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), onde lecionou de 1927 a 1948 e se tornou a primeira mulher a ocupar a diretoria da instituição em 1952. Focada em temas ligados à luz e à cor, sua obra continua sendo celebrada pela crítica e colecionadores, consolidando-a como uma das figuras mais influentes da arte brasileira.

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Georgina de Albuquerque | Itaú Cultural

Georgina de Moura Andrade Albuquerque (Taubaté, São Paulo, 1885 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1962). Pintora, professora. Aos 15 anos, inicia sua formação artística com o pintor italiano Rosalbino Santoro (1857-1942). Muda-se para o Rio de Janeiro em 1904, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) e estudou com Henrique Bernardelli (1858-1936). Em 1906, casa-se com o pintor Lucílio de Albuquerque (1877-1939) e viaja para a França. Em Paris, frequenta a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Ensba) [Escola Nacional Superior de Belas Artes] e ainda a Académie Julian, onde é aluna de Henri Royer. Volta ao Brasil em 1911, expõe em São Paulo e, a partir dessa data, participa regularmente da Exposição Geral de Belas Artes. De 1927 a 1948, leciona desenho artístico na Enba e, em 1935, é professora do curso de artes decorativas do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Em 1940, em sua casa no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, funda o Museu Lucílio de Albuquerque, e institui um curso pioneiro de desenho e pintura para crianças. Entre 1952 e 1954, exerceu o cargo de diretora da Enba.

Análise

Georgina de Albuquerque é uma das principais mulheres brasileiras a conseguir firmar-se como artista no começo do século XX. Em suas pinturas, a artista tem como parâmetro o impressionismo e suas derivações. Elas apresentam uma paleta de cores luminosas, empregada com sensibilidade. Os temas mais constantes de Albuquerque são o nu, o retrato e a paisagem. Em Raio de Sol, s.d. ou Dia de Verão, ca.1920, com amplas pinceladas, ela explora as incidências luminosas e a vibração cromática. A partir de 1920, passa a trabalhar com uma paleta mais sóbria e a realizar pinturas com temas da vida popular, como Duas Roceiras, s.d. ou No Cafezal, ca.1930, entre outras.

Críticas

"(...) D. Georgina é uma pintora de cores claras, segurança de desenho e boa técnica de feitura. Comparada com o marido, Lucílio se nos apresenta como um pintor de maior inspiração, mas menos feliz na técnica. (...) Em compensação falta a esta muito de inspiração interior e, na pesquisa de efeitos de sol, tem dado à carnação de alguns dos seus nus femininos uma coloração evidentemente falsa, de leite, rosa e gelatina. Alguns quadros desse gênero dão a impressão de que uma luz colocada atrás da figura principal encheria de reflexos o primeiro plano da tela. Perdoe-nos, D. Georgina. Mas desejaríamos vê-la preocupar-se menos com os efeitos de luz sobre as formas femininas e empregar o seu magnífico talento em composições de mais responsabilidade, que não constituam variações do eterno tema da moça deitada, casta e ingênua, ao sol. Há de confessar que o seu talento pode produzir muito mais. Tais pequenos senões em nada diminuem os merecimentos da artista, que é uma organização exuberante de talento, capaz de muito fazer pelas artes brasileiras. Tem sensibilidade, calor e vocação, e atira-se a resolver as dificuldades de sua arte com o entusiasmo de crença. Quem assim confia em suas forças muito poderá fazer pelas artes" — Angyone Costa (COSTA, Angyone. A Inquietação das abelhas. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello & Cia. , 1927, p. 18).

"(...) Sua arte é uma renovação constante de maneiras, motivos e coloridos (...) Quanto aos assuntos, não se pode dizer que haja uma preferência marcante. A paisagem, a figura, a natureza-morta, a marinha, o retrato e as composições são por ela abordadas com entusiasmo, transparecendo em todas as mais variadas facetas de seu talento" — Regina Liberalli Laemmert (PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969).

Depoimentos

"(...) Sinto que nasci pintora e que para essa minha paixão estética muito concorreram as impressões da paisagem brasileira. Lidima brasileira, nascida no interior da antiga província de São Paulo, tive minha infância rodeada pelas cenas pitorescas do viver brasileiro de então. Ainda encontrei quase virgem a feracidade da terra paulista, em meu município. Nem as estradas de ferro nem as rodovias que a cortam hoje existiam. Esses elementos, componentes da paisagem, não impressionaram a minha primeira infância. Em compensação, o sol era o mesmo, a alegria da terra moça e florida, era a mesma, o viver simples e campesino do povo talvez fosse, seguramente era, mais sincero, mais exato, mais nosso. Mesmo em casa, sem sair da minha Taubaté, menina bem pequena, eu já ensaiava os meus riscos. Gizava, debuxava desenhos intonsos, fazia figuras. Minha mãe, que era um espírito muito inteligente e muito lúcido, cedo compreendeu o meu pendor pela pintura e, na proporção que as circunstâncias permitiam, tudo facilitava para seu desenvolvimento e perfeição. Era ainda uma crença quando surgiu por ali, procurando no seio carinhoso da terra moça refúgio a achaques que lhe combatiam a saúde, um pintor italiano, Rosalino Santoro. Guardo impressão amável desse primeiro desbravador da minha tendência pictórica. (...) Minha mãe começou a solicitar-lhe as lições que me desejava proporcionar. Santoro resistia. Mas, em virtude da própria moléstia, Santoro necessitava de um ambiente de família e foi em nossa casa que passou horas melhores, recebendo o trato, respeitoso e carinhoso, que é tradicional na família brasileira. (...) Santoro, quando percebeu, estava meu mestre, o primeiro que tive em pintura. Mais tarde, assisti à uma exposição de Parreiras, em São Paulo. Senti um deslumbramento e não me foi mais possível deixar de vir ao Rio, onde a Escola de Belas Artes me fascinava. Vim. Fiz o primeiro ano. Fui aluna de Henrique Bernardelli. Conheci Lucilio (...) Casamo-nos. Partimos pobremente, apenas com a bagagem de dois estudantes, para a Europa, onde vivi cinco anos. Em Paris os meus principais mestres foram Gervais, na École des Beaux-Arts, e Royer, no Curso Julien. Depois trabalhei por conta própria. Frequentei museus e procurei pintar, pintar muito, a todas as horas, a todos os instantes do dia. Nem mesmo quando os meus dois filhos, Dante e Flamingo, eram pequenos, deixei um só dia de trabalhar. É o que faço sempre, constantemente, a todos os momentos" — Georgina de Albuquerque (COSTA, Angyone. A Inquietação das abelhas. Rio de Janeiro : Pimenta de Mello & Cia. , 1927, p. 90-91).

Exposições Individuais

1914 - São Paulo SP - Individual

1914 - Rio de Janeiro RJ - Individual

Exposições Coletivas

1903 - Rio de Janeiro RJ - 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção de 1º grau

1911 - São Paulo SP - Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios

1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - pequena medalha de prata

1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios

1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1914 - Rio de Janeiro RJ - 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1915 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1916 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - grande medalha de prata

1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro

1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1924 - Nova York (Estados Unidos) - National Association of Women Painters and Sculptures

1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1925 - Los Angeles (Estados Unidos) - First Pan-American Exhibition of Oil Painting

1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1926 - Austin (Estados Unidos) - Art Department State Fair of Texas

1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas

1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no International Art Center, Nicholas Roerich Museum

1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes

1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes

1940 - São Paulo SP - Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos

1940 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Belas Artes, no Salão de Arte Almeida Júnior da Prefeitura Municipal de São Paulo

1941 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Belas Artes - medalha de prata e 1º Prêmio Fernando Costa

1942 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1943 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1944 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Auto-Retratos, no MNBA

1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA

1944 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1945 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1947 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - medalha de ouro e 1º Prêmio Governador do Estado

1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850 - 1950, no MNBA

1951 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1953 - São Paulo SP - 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais

1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário

1957 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte, no MNBA

1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança

1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP

Exposições Póstumas

1977 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Lucílio e Georgina de Albuquerque (em comemoração ao centenário de nascimento de Lucílio de Albuquerque), no MNBA

1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes

1981 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Carnaval: imagens e reflexões, na Acervo Galeria de Arte

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp

1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado

1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado

1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira

2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes-RJ, no Margs

2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural

2000 - São Paulo SP - O Café, no Banco Real

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty

2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos

2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado

2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural

Fonte: GEORGINA de Albuquerque. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 04 de setembro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Georgina de Albuquerque | Wikipédia

Considerada uma das primeiras mulheres brasileiras a conseguir firmar-se internacionalmente como artista, Georgina foi também pioneira na pintura histórica nacional. Tal gênero artístico permaneceu restrito ao universo masculino até 1922, quando a artista expôs a obra Sessão do Conselho de Estado. A composição estética da pintura rompeu com os paradigmas academicistas vigentes ao colocar uma mulher como protagonista de um momento histórico brasileiro.

Além da pintura histórica, a obra de Georgina também apresenta telas de naturezas-mortas, nus artísticos, retratos, cenas do cotidiano, bem como paisagens urbanas, provincianas e marinhas.

Georgina foi ainda a primeira mulher a ocupar a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde estudou e lecionou.

Anos de formação

Georgina iniciou os estudos em pintura aos 15 anos, em 1900, na cidade de Taubaté. Sob a tutela do pintor italiano Rosalbino Santoro, que vivia na casa dela, a artista aprendeu os princípios básicos da pintura, como aplicar as leis da perspectiva e as técnicas de mistura de tintas. Como aluna de Santoro, Georgina expôs pela primeira vez, em 1903, na X Exposição Geral de Belas Artes.

Em 1904, aos 19 anos, Georgina mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro. Na capital fluminense, ela ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluna do pintor Henrique Bernardelli. Irmão do escultor Rodolfo Bernardelli e do pintor Félix Bernardelli, Henrique lecionou na escola até 1906, quando foi substituído por Eliseu Visconti. Um ano após ter ingressado na Escola Nacional de Belas Artes, Georgina participou da XII Exposição Geral, mas sem declarar que pertencia à instituição, destacando apenas o nome do mestre dela, Bernardelli.

Em março de 1906, Georgina casou-se com o pintor piauiense Lucílio de Albuquerque, que ela havia conhecido na Escola Nacional de Belas Artes. Laureado, em 1905, com um prêmio que lhe garantia uma viagem ao exterior, Lucílio foi à França no ano seguinte, acompanhado da esposa, para estudar. Georgina completaria a formação artística dela frequentando a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e as aulas livres da Academia Julian. Ela se tornou a primeira mulher brasileira a obter sucesso nas rígidas avaliações de ingresso da Escola Nacional de Belas Artes francesa.

Viagem à França (1906 - 1911)

Durante a estadia dela na Europa, a brasileira foi fortemente influenciada pelas técnicas pictóricas impressionistas, nas quais os artistas buscam representar as formas tais como elas se apresentam sob a deformação da luz. Ela e o marido permanecerem por cinco anos em viagem de aprendizado na França.

Embora tenha frequentado as aulas livres dos estúdios de Julian, não subsistiram registros que confirmem a passagem de Georgina pela Academia. O mesmo aconteceu com a escultora brasileira Julieta de França, que foi ao país estudar após vencer o Prêmio de Viagem da Escola Nacional de Belas Artes, em 1900. Isso se deve ao fato de que os arquivos relativos aos ateliês femininos não eram preservados.

Fixada a residência do casal em Paris, Georgina entrou em contato com artistas como Paul Gervais e Decheneau, os quais lecionavam na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Já na Academia Julian, a pintora paulista conheceu o artista Henry Royer, do qual foi aluna. Tendo como chave da formação o desenho, a Academia Julian exigia "destreza, trabalho e paciência dos seus estudantes", como aponta Ana Paula Cavalcanti Simioni.

A valorização da técnica pictórica do desenho em sua formação teria influenciado, posteriormente, Georgina a redigir a tese acadêmica O Desenho Como Base no Ensino das Artes Plásticas (1942). Nela, a autora defende a noção de que os diferentes estilos e as diferentes épocas das civilizações podem ser caracterizados pelo desenho.

De acordo com o pintor e crítico de arte Quirino Campofiorito, apesar de Georgina ter alcançado o quarto lugar no processo seletivo de ingresso na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, ela não apresentou “igual produtividade” à de Lucílio durante a estadia dos dois em Paris. Para ele, isso pode ser associado ao nascimento dos filhos do casal, uma vez que os encargos domésticos eram irremovíveis à figura materna.

Maturidade artística

Em 1920, Georgina tornou-se a primeira mulher brasileira a participar de um júri de pintura. Tal fato foi resultado da medalha de ouro que ela recebeu um ano antes, na Exposição Geral de Belas-Artes de 1919. Participar de um jurado de pintura ajudou a pintora paulista a consolidar uma base institucional, assim como uma posição bem-sucedida dentro da Academia.

Um dos anos mais emblemáticos para a maturação do estilo artístico de Georgina de Albuquerque foi 1922. Até então, a pintura histórica brasileira era restrita ao universo masculino. Entretanto, com a obra Sessão do Conselho de Estado (óleo sobre tela, 210 cm por 265 cm), Georgina rompe com esse paradigma, tornando-se a primeira pintora histórica brasileira de que se tem registro.

Em Sessão do Conselho de Estado, a artista apresenta uma visão até então inexplorada sobre as representações da Independência do Brasil. Diferentemente da imagem de um processo de independência heroico (como é o caso de Independência ou Morte (1888), de Pedro Américo de Figueiredo), Georgina procura abordar o episódio da perspectiva de um evento diplomático, realizado dentro de um gabinete, e tendo como figura central uma mulher: a Imperatriz Maria Leopoldina.

No ano de 1927, Georgina passou a fazer parte do corpo da Escola Nacional de Belas Artes como livre-docente. Posteriormente, ela assumiu o posto de catedrática-interina, tornando-se, em 1952, a primeira mulher a ocupar a diretoria da instituição.

Obra pictórica

Influência impressionista

As pinturas de Georgina de Albuquerque trazem, como parâmetro, as técnicas pictóricas do Impressionismo e suas derivações. Isso se manifesta na escolha das paletas de cores, as quais são exploradas por meio das incidências luminosas e da vibração cromática do quadro. As obras da pintora paulista radicada na capital fluminense também são reconhecidas pelo tratamento da cor e pelo domínio do desenho da figura humana. Há ainda, dentro dos trabalhos de Georgina, a prevalência de cores claras, resultantes da pesquisa da artista em relação aos efeitos de sol sobre os corpos humanos, como aponta Angyone Costa.

Em 1911, Georgina retornou ao Brasil acompanhada pelo marido Lucílio e pelos filhos deles. Influenciada pela estética impressionista, a artista passou a reproduzir nos trabalhos dela os ensinamentos recebidos ao longo dos cinco anos em que esteve na Europa. De acordo com Arthur Gomes Valle, a influência da técnica pictórica impressionista pode ser associada ao contato de Georgina com os trabalhos de artistas como Paul Gervais, de quem foi aluna na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts.

Para Valle, uma obra de Georgina que representa a influência estética do impressionismo é a pintura Flor de Manacá (Óleo sobre tela, 150 x 130 cm). Nela, a pintora utiliza um tratamento formal baseado na "fatura livre" e "na exacerbação da vibração cromática do quadro". Ainda de acordo com Valle, é possível estabelecer uma relação de parentesco entre o procedimento formal que Gervais empregava em seus quadros e o de Georgina. Conforme explica, a semelhança se evidencia nas pinceladas livres e no caráter "anedótico" das formas que são representadas.

O rótulo de pintora impressionista, comumente dado a Georgina de Albuquerque, é, no entanto, controverso e questionado por críticos de arte como José Roberto Teixeira Leite e Quirino Campofiorito. Para este, o impressionismo europeu foi reproduzido na arte brasileira de forma “diluída”, “sem sua inteira autenticidade”, em um contexto no qual “lhe são adicionados certos preconceitos de técnica e forma”. Portanto, de acordo com Campofiorito, as produções artísticas de Georgina dos anos 1910 não poderiam ser classificadas como desdobramentos da pintura impressionista europeia. Este posicionamento é reafirmado por Teixeira Leite, o qual afirma que a pintora paulista teria apenas um entendimento “singelo” do que seria a técnica pictórica impressionista.

Diante da dificuldade de encaixar Georgina de Albuquerque entre os movimentos artísticos da época, estudiosos e críticos de arte tendem a classificá-la como uma “pintora eclética”. De acordo com Arthur Gomes Valle, essa classificação é, no entanto, reducionista, uma vez que a noção do conceito de ecletismo dentro da pintura do período criativo da artista é vaga e fluida.

A pintura histórica em Sessão do Conselho de Estado (1922)

Pioneirismo e contextualização

A obra Sessão do Conselho de Estado é considerada uma das mais emblemáticas de Georgina de Albuquerque. Pintado a partir da técnica óleo sobre tela, em um panorama de 210 cm por 265 cm, o quadro foi confeccionado em função do edital de Comissão Executiva do Centenário — Secção de Belas Artes, em comemoração aos 100 anos de proclamação de Independência do Brasil. A obra foi exposta pela primeira vez como parte da Exposição de Arte Contemporânea e Arte Retrospectiva do Centenário da Independência, inaugurada em 12 de novembro de 1922. Atualmente, encontra-se no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.

A produção da pintora paulista é considerada pioneira por diversos aspectos. Além de ser a primeira pintura histórica feita por uma mulher, Sessão do Conselho de Estado apresenta o episódio de Independência do Brasil como um evento diplomático realizado dentro de um gabinete, em vez de retratá-lo como um evento histórico triunfal, marcado pelas cenas de guerra em que se destaca a figura heróica masculina.

De acordo com a pesquisadora Ana Paula Cavalcanti Simioni, o quadro transita entre “discretas ousadias e convenções”. Para ela, isso se deve ao fato de que, pela primeira vez, Georgina de Albuquerque se aventurou a pintar uma tela com motivo heróico, no qual ela deslocava o ato da independência — heroicamente retratado pelas figuras masculinas em Independência ou Morte, de Pedro Américo — para o interior de um gabinete, dando protagonismo político à figura feminina e contrariando certas expectativas que até então serviam de respaldo à visão dos elementos que deveriam aparecer em uma pintura histórica. No entanto, Simioni atribui à obra certo “conservadorismo” em relação à forma e à técnica utilizadas. Isto, por sua vez, pode ser atribuído ao viés academicista dado por Georgina de Albuquerque às suas obras.

É possível ainda analisar Sessão do Conselho de Estado partindo de um viés feminista, uma vez que o ano de 1922 foi marcado pela luta feminina em obter o direito ao voto e à cidadania plena. Nesse ano, ocorreu no Brasil o Primeiro Congresso Feminista, organizado por Bertha Lutz, responsável também por fundar, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Simioni chama atenção ao fato de que a obra de Georgina de Albuquerque surge em um momento histórico-social no qual as mulheres que desejavam seguir a carreira artística enfrentavam dificuldades de gênero. Isso se devia ao caráter excludente do sistema acadêmico, que impedia alunas de frequentarem aulas de desenho e estudo do nu artístico, fase fundamental para a formação da carreira do artista. Dentro desse contexto, Vicentis defende que a composição de Sessão do Conselho de Estado oferece respaldo à luta feminista pelo reconhecimento do direito da mulher ao voto e à cidadania plena ao retratar, pela primeira vez, uma mulher decidindo os rumos da política do Brasil.

Composição estética

Para produzir Sessão do Conselho de Estado, Georgina buscou retratar um acontecimento que colocasse a princesa regente Maria Leopoldina como apoiadora da libertação do Brasil em relação à Corte Portuguesa. Para isso, a artista recorreu a fontes do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro como forma de fundamentar sua pesquisa para compor o episódio.

Como aponta Paulo de Vicentis na dissertação Pintura Histórica no Salão do Centenário da Independência do Brasil (2015) é possível traçar semelhanças entre a aparência física de Maria Leopoldina na obra de Georgina com um perfil da imperatriz feito por Jean-Baptiste Debret, o qual se encontra na publicação Voyage Pitoresque et Historique au Brésil (1836).

O quadro apresenta Maria Leopoldina em uma sala com seus Conselheiros de Estado. Sentada em uma cadeira de alto espaldar, ela traz às mãos os despachos da Corte, que entre outras medidas exigiam o retorno de D. Pedro I a Portugal e que fosse restabelecido o controle exclusivo colonial.

Além de Maria Leopoldina, também estão representados na obra: José Bonifácio de Andrada e Silva (em pé e diante da Princesa), Martim Francisco de Andrada e Silva (sentado no lado contíguo da mesa em que Maria Leopoldina se encontra), José Clemente Pereira (atrás de Martim Francisco), Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Manoel Antonio Farinha, Lucas José Obes (o Conselheiro Obes) e Luiz Pereira da Nóbrega.

Recepção

À época, a obra foi bem recebida pela crítica de arte brasileira. Ercole Cremona (pseudônimo de Adalberto de Mattos) escreveu sobre Sessão do Conselho de Estado para a revista Illustração Brasileira: “Georgina de Albuquerque apresenta a Sessão do Conselho de Estado que decidiu a independência, um bello trabalho inspirado nos conceitos de Rocha Pombo: [...] Georgina de Albuquerque emprestou toda a sua grande alma, todo o seu sentimento e a maravilhosa technica ao quadro, onde há figuras movimentadas e bem desenhadas, attitudes resolvidas e gammas resolvidas com grande saber.”

A Revista da Semana, por sua vez, escreveu que o tema tratado por Georgina de Albuquerque no quadro foi realizado “em tela de grandes dimensões, inclinadas ao gosto moderno, alegre aos olhos pela polychromia, grata aos animos pelo assumpto.” No entanto, uma crônica divulgada em O Jornal, para o Salão de 1922, o autor declarava que à obra faltava "mais caráter para a figura de José Bonifácio". Além disso, ele também afirmava que "o fundo do quadro não se apresenta plenamente resolvido, mas o conjunto se equilibra de maneira muito apreciável."

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 4 de setembro de 2024.

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Georgina Albuquerque | História da (P)Arte

Georgina foi uma grande pintora e educadora brasileira. Compartilhou seus pontos de vista sobre a sociedade, a política, como retratava as mulheres no início do século XX e seus os espaços onde elas transitavam; desenhando ou pintando. Ensinando ou sendo diretora de espaços educativos. Uma das artistas responsável por introduzir o movimento impressionista no Brasil.

Primeira mulher a ocupar o cargo de direção da Escola Nacional de Belas Artes no RJ, a ENBA, entre 1952 a 1954. Escola que lecionou desenho de 1927 a 1948.

Foi uma das pioneiras do estilo impressionista no Brasil. Afinidades estilísticas com a pintora Mary Cassatt.

Lecionou na Universidade do Distrito Federal em 1935.

Em 1940, na sua casa no RJ, institui o curso pioneiro de desenho para crianças.

Primeira mulher a realizar uma pintura academicista no Brasil. Na obra, de pintura histórica realizada em 1922, sobre a Independência brasileira, onde também destaca uma mulher e sua importância política. A princesa Leopoldina presidindo a reunião de ruptura colonial entre Brasil e Portugal em 1822.

Georgina, realizou sua formação nas belas artes inicialmente no RJ e seu processo formativo também foi desenvolvido em Paris. Frequentou a École national supérieure des beaux-arts e a famosa Académie Julian.

Participou de diversas exposições individuais sendo a primeira em 1914 em SP, exposições coletivas de 1903 à 1960. Exposições póstumas em locais relevantes como o MASP; MAM RJ; Pinacoteca SP.

Um caminho para estudar e se tornar profissional em arte, para as mulheres, era estudar na França, formar-se na Acadêmia de Rudolph Julian. Para treinar, antes da viagem, as artistas faziam aulas particulares, uma vez na académie Julian, o objetivo era retornar ao Brasil com seu mérito validado na europa.

Julian, percebeu que ensinar mulheres, naquela época de raras oportunidades formativas para elas, seria um rentável negócio, para a clientela internacional. O curso profissionalizante era caro. Fato curioso que para não contrariar os padrões da época, as aulas de desenho com modelo vivo, recebia alguns cuidados como tapar as partes genitais. Não queria perder a prestigiosa fama da escola e ainda formar bem suas alunas.

Georgina, passa por essas etapas de estudo. Primeiro com aulas particulares, depois entra para ENBA, onde conhece seu marido e juntos partem para Paris.

Ao retornar da europa, ajuda a implantar o estilo impressionista, que nesta fase não era mais mal visto entre os acadêmicos. Analisa Ferreira: “Georgina de Albuquerque trouxe de Paris a técnica impressionista, que emprega a beleza e a luminosidade da cor pura como ferramenta de construção, ou reconstrução, da natureza”.

Sobre o movimento impressionista, Ferreira destaca: “Os impressionistas rejeitaram as técnicas tradicionais de pintura por as considerarem incapazes de representar os efeitos naturais, e partiram para a rua em busca da constatação visual na sua forma imediata. Empregando as cores puras justapostas para criar os efeitos de luz e sombra, espaço e volume, proporcionaram a percepção, inclusive, da evidência da bidimensionalidade da tela. E assim escancararam as portas da modernidade, por onde passaram o fauvismo, o expressionismo, e outros “ismos”.

Sobre o gênero pictórico: “Por muito tempo, a pintura histórica foi concebida como a mais importante gênero, impondo-se sobre outros gêneros, como o retrato, a natureza morta, a paisagem. Entre os artistas nacionais que se dedicaram ao gênero não há um nome feminino até 1922, ano emblemático, ao menos segundo uma historiografia da arte modernista.

Dentro do estudo da pesquisadora Ana Paula Cavalcante Simioni, que analisa artistas mulheres, na sociologia da arte, o contexto social da época de Georgina era o seguinte: “Somente então, num período de contestações direta da legitimidade da Academia como instituição propagadora de valores para o campo das artes, é que uma mulher se realiza no gênero.

Refiro-me à tela Sessão de Conselho de Estado (1922) realizada por Georgina.”

A pintora, segundo Simioni: “solucionou deforma singular a questão do tema, relativo à comemoração do centenário da Independência. Em vez de abordar um evento histórico triunfal, como uma cena de batalha, tal qual como sugeri o repertório acerca da pintura histórica, apresentou um episódio diplomático”.

Georgina e a Sonoridade: “Ainda mais destoada é a figura heroica aí representada: uma mulher. A pintura de Georgina desafia esse contexto mental ao se contrapor à de Pedro Américo“. “Sua tela é também uma projeção dos ideais em torno da mulher na época: feminina; culta; forte mas jamais competitiva.” ( Ana Paula Cavalcante Simioni)

O quadro, Sessão do Conselho, encontra-se atualmente no Museu Histórico Nacional, RJ.

No famoso livro 1822 de Laurentino Gomes, encontramos a obra de Georgina entre as pinturas que ajudam a contar a história brasileira. E ainda um perfil sobre quem era a princesa Leopoldina e seu protagonismo no período da Independência. A pesquisadora da PUC- RS, Maria Rita Kehl, traça um perfil psicológico de Leopoldina analisando suas cartas, o que complementa esse estudo sobre a personagem central da tela de Georgina.

Georgina e a Sonoridade: “Ainda mais destoada é a figura heroica aí representada: uma mulher. A pintura de Georgina desafia esse contexto mental ao se contrapor à de Pedro Américo“. “Sua tela é também uma projeção dos ideais em torno da mulher na época: feminina; culta; forte mas jamais competitiva.” ( Ana Paula Cavalcante Simioni)

O quadro, Sessão do Conselho, encontra-se atualmente no Museu Histórico Nacional, RJ.

No famoso livro 1822 de Laurentino Gomes, encontramos a obra de Georgina entre as pinturas que ajudam a contar a história brasileira. E ainda um perfil sobre quem era a princesa Leopoldina e seu protagonismo no período da Independência. A pesquisadora da PUC- RS, Maria Rita Kehl, traça um perfil psicológico de Leopoldina analisando suas cartas, o que complementa esse estudo sobre a personagem central da tela de Georgina.

“Frequentei museus, procurei pintar, pintar muito, a todas as horas, e todos os instantes do dia, nem mesmo quando meus filhos eram pequenos deixei um só dia de trabalhar” — Angyone, Costa: reunião de trechos de coluna “A inquietação das abelhas”, 1927. Rio de Janeiro. Pimenta de Melo & cia. p. 90-91.  (Coluna em revista com relatos de artistas da época). Frase da  artista Georgina de Albuquerque.

Quanto vale uma obra, de uma artista como Georgina?

Durante a busca por informações para escrever sobre o perfil da artista, encontrei a obra a seguir, em um site de leilão de arte, o lance inicial era de 45 mil reais. Descrição da obra no site: “Georgina de Albuquerque (Taubaté, 1885 – Rio de Janeiro, 1962) – D. Glória de Frontin. Óleo sobre tela. Assinado. Cerca 1904. Com 59 x 38 cm. Fase áurea da artista. Muitos consideram um período em que ela se equiparava aos grandes impressionistas franceses.”

Em outro site leiloeiro, encontro, outra obra: “Quadro: Georgina de Albuquerque, óleo, “Mulher olhando o cachorro”, 43x55cm”. Lance inicial é de 1.500 reais.

Exposições Individuais

1914 – São Paulo SP – Individual;

1914 – Rio de Janeiro RJ – Individual.

Exposições Coletivas

1903 – Rio de Janeiro RJ – 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1905 – Rio de Janeiro RJ – 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1906 – Rio de Janeiro RJ – 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1907 – Rio de Janeiro RJ – 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1909 – Rio de Janeiro RJ – 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – menção de 1º grau;

1911 – São Paulo SP – Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios;

1912 – Rio de Janeiro RJ – 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – pequena medalha de prata;

1912 – São Paulo SP – Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios;

1913 – Rio de Janeiro RJ – 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1914 – Rio de Janeiro RJ – 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1915 – Rio de Janeiro RJ – 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1916 – Rio de Janeiro RJ – 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – grande medalha de prata;

1917 – Rio de Janeiro RJ – 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1918 – Rio de Janeiro RJ – 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1919 – Rio de Janeiro RJ – 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – medalha de ouro;

1919 – Rio de Janeiro RJ – 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – medalha de ouro;

1920 – Rio de Janeiro RJ – 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1921 – Rio de Janeiro RJ – 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1922 – Rio de Janeiro RJ – 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1923 – Rio de Janeiro RJ – 30ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1924 – Nova York (Estados Unidos) – National Association of Women Painters and Sculptures;

1924 – Rio de Janeiro RJ – 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1925 – Los Angeles (Estados Unidos) – First Pan-American Exhibition of Oil Painting;

1925 – Rio de Janeiro RJ – 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1926 – Austin (Estados Unidos) – Art Department State Fair of Texas;

1926 – Rio de Janeiro RJ – 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1927 – Rio de Janeiro RJ – 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1928 – Rio de Janeiro RJ – 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1928 – São Paulo SP – Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas;

1929 – Rio de Janeiro RJ – 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1930 – Nova York (Estados Unidos) – The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no International Art Center, Nicholas Roerich Museum;

1930 – Rio de Janeiro RJ – 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1933 – Rio de Janeiro RJ – 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1934 – São Paulo SP – 1º Salão Paulista de Belas Artes;

1937 – São Paulo SP – 5º Salão Paulista de Belas Artes;

1940 – São Paulo SP – Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos;

1940 – São Paulo SP – 7º Salão Paulista de Belas Artes, no Salão de Arte Almeida Júnior da Prefeitura Municipal de São Paulo

1941 – São Paulo SP – 13º Salão Paulista de Belas Artes – medalha de prata e 1º Prêmio Fernando Costa;

1942 – São Paulo SP – 8º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1943 – São Paulo SP – 9º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1944 – Rio de Janeiro RJ – 1ª Exposição de Auto-Retratos, no MNBA;

1944 – Rio de Janeiro RJ – 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA;

1944 – São Paulo SP – 10º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1945 – São Paulo SP – 11º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1947 – São Paulo SP – 13º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1948 – São Paulo SP – 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1949 – São Paulo SP – 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia – medalha de ouro e 1º Prêmio Governador do Estado;

1950 – Rio de Janeiro RJ – Um Século da Pintura Brasileira: 1850 – 1950, no MNBA;

1951 – São Paulo SP – 16º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1953 – São Paulo SP – 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1954 – Goiânia GO – Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais;

1956 – Rio de Janeiro RJ – 1º Salão Ferroviário;1957 – Rio de Janeiro RJ – O Nu na Arte, no MNBA;

1958 – Rio de Janeiro RJ – Salão de Arte A Mãe e a Criança;

1960 – São Paulo SP – Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP.

Exposições Póstumas

1977 – Rio de Janeiro RJ – Exposição Lucílio e Georgina de Albuquerque (em comemoração ao centenário de nascimento de Lucílio de Albuquerque), no MNBA;

1980 – São Paulo SP – A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes;

1981 – Rio de Janeiro RJ – Universo do Carnaval: imagens e reflexões, na Acervo Galeria de Arte;

1984 – São Paulo SP – Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal;

1985 – Rio de Janeiro RJ – 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ;

1985 – São Paulo SP – 100 Obras Itaú, no Masp;

1986 – São Paulo SP – Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado;

1988 – São Paulo SP – Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado;

1989 – Fortaleza CE – Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor;

1994 – São Paulo SP – Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal;

1998 – São Paulo SP – Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira;

2000 – Porto Alegre RS – De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes-RJ, no MARGS;

2000 – São Paulo SP – A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural

2000 – São Paulo SP – O Café, no Banco Real;

2001 – Rio de Janeiro RJ – Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light;

2002 – Brasília DF – Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty;

2002 – São Paulo SP – Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos;

2004 – São Paulo SP – Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado;

2004 – São Paulo SP – O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural.

Fonte: História da (P)Arte, "Georgina Albuquerque". Consultado pela última vez em 4 de setembro de 2024.

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Georgina de Albuquerque: biografia e principais obras | ArtRef

Georgina de Albuquerque foi a primeira pintora brasileira a entrar na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, e a primeira mulher a ocupar a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, além de ser uma das primeiras artistas a conquistar carreira internacional.

De fato, toda a biografia dessa artista esbanja a palavra “pioneira”, colocando Georgina de Albuquerque entre as mais relevantes artistas da história brasileira.

Biografia de Georgina de Albuquerque

Georgina Moura Andrade de Albuquerque nasceu em Taubaté-SP em 1885 e iniciou seus estudos na pintura aos 15 anos de idade. Seu primeiro professor foi o pintor italiano Rosalbino Santoro, com quem aprendeu os princípios básicos da pintura, como perspectiva e teorias de cor, e logo aos 18 anos, ela expõe suas obras pela primeira vez, na X Exposição Geral de Belas Artes.

Um ano depois, Georgina muda-se para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluna do pintor Henrique Bernardelli, que era irmão do escultor Rodolfo Bernardelli e do pintor Félix Bernardelli.  Com apenas um ano de estudo, participa da XII Exposição Geral da instituição. É também nessa escola que Georgina conhece Lucílio de Albuquerque, com quem ela se casa.

Lucílio, que também era pintor, recebe um prêmio artístico que o leva à França e Georgina acompanha o marido e estuda junto com ele. É na Europa que Georgina completa sua formação artística, sendo a primeira brasileira a passar no rigoroso teste de aptidão da École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em Paris, classificada em quarto lugar na seleção. A artista estudou também na Academia Julian.

Georgina foi aluna de Paul Gervais e Decheneau, na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Já na Academia Julian, foi aluna de Henry Royer.

Georgina e Lucílio passaram cinco anos estudando na França e foi nesse período que a artista recebeu toda a influência das técnicas impressionistas que vão permear toda a sua produção ao longo do tempo. Neste período, Georgina teve dois filhos e produzia diariamente, dividindo seu tempo entre a maternidade e a pintura.

Em 1911, Georgina e sua família retornaram ao Brasil. Pelos próximos anos, ela produz diversas obras e participa regularmente de exposições.

Em 1919, Georgina recebeu uma medalha de ouro na Exposição Geral de Belas-Artes, o que lhe deu uma posição bem sucedida dentro da Academia e no ano seguinte ela se torna a primeira mulher brasileira a participar de um júri de pintura.

A obra “Sessão do Conselho de Estado”

Um dos anos mais emblemáticos da sua carreira foi 1922, quando a artista criou a obra “Sessão do Conselho de Estado”, a versão de Georgina para o ato da proclamação da independência do Brasil. Essa é considerada sua principal obra, primeiramente por se tratar de uma pintura histórica. Nessa época, esse gênero de pintura era restrito aos artistas homens e Georgina foi a primeira mulher a executar este tipo de pintura.

Outra razão que eleva a importância da obra “Sessão do Conselho de Estado” é o fato de, ao contrário de outros pintores que retratam a cena da independência do Brasil como um ato heroico, na versão da Georgina, o momento ocorre durante uma reunião dentro de um gabinete e tem como figura central uma mulher: a Imperatriz Maria Leopoldina.

Além de Maria Leopoldina, também estão representados na obra: José Bonifácio de Andrada e Silva (em pé e diante da Princesa), Martim Francisco de Andrada e Silva (sentado no lado contíguo da mesa em que Maria Leopoldina se encontra), José Clemente Pereira (atrás de Martim Francisco), Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Manoel Antonio Farinha, Lucas José Obes (o Conselheiro Obes) e Luiz Pereira da Nóbrega.

Georgina de Albuquerque e o movimento feminista

“Sessão do Conselho de Estado” tem um claro um viés feminista, porque foi também em 1922 que aconteceu no Brasil o primeiro Congresso Feminista e o nascimento da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, quando começava a luta pelo direito das mulheres ao voto.

A pintura surge em um momento histórico-social de luta pela equidade de gênero. A obra pode ser interpretada como um pedido pelo reconhecimento do direito à cidadania da mulher, dando a ela o poder de opinar e decidir os rumos da política do Brasil.

Em 1927, ela passa a dar aulas de desenho na Escola Nacional de Belas Artes.

Em 1938, o marido da Georgina, Lucílio de Albuquerque, morre. Em 1943, ela fundou, no Rio de Janeiro, o Museu Lucílio de Albuquerque.

Em 1952, Georgina atinge o auge da representatividade feminina na arte brasileira, quando passa ocupar a cadeira da diretoria da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Ela foi a primeira mulher a conquistar esse cargo.

Georgina de Albuquerque morreu aos 77 anos no Rio de Janeiro, em agosto de 1962.

Obras de Georgina de Albuquerque

As pinturas de Georgina de Albuquerque trazem as técnicas Impressionistas aprendidas durante seus estudos na Europa.

Sua obra traz naturezas-mortas, nus artísticos, retratos, cenas cotidianas, além de paisagens urbanas, provincianas e marinhas. É possível observar, também, a predominância da figura feminina em seus quadros.

Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 5 de setembro de 2024.

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Mulheres em obras de Georgina de Albuquerque revela preocupação social | USP

Telas da artista com temática sobre representação do trabalho são estudadas no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP

Por Isadora Vitti, da Agência Universitária de Notícias

Anita Malfatti, Tarsila do Amaral. Quando se pensa em pintoras brasileiras reconhecidas na história da arte, a lista não é grande e muitas mulheres sequer são conhecidas e estudadas. Um exemplo é a artista Georgina de Albuquerque (1885-1962), uma das principais mulheres brasileiras a conseguir firmar-se como artista no começo do século XX, mas atualmente pouco estudada e com poucas obras em instituições e museus.

Com o objetivo de analisar a questão da representação do trabalho na produção de Georgina de Albuquerque, a partir da obra No Cafezal, Manuela Nogueira faz seu mestrado no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, sob supervisão da professora Ana Paula Simioni e com bolsa da Fapesp. Quando retrata o trabalho em seus quadros, as mulheres são protagonistas na ação. “No caso da Georgina, ela faz questão de pintar as mulheres trabalhando”, explica Manuela. “Ela queria se inserir nessa questão, e estar dentro desse meio pintando essa temática era interessante naquele momento.”

As pinturas acerca de questões sociais não surgem apenas no modernismo, diferente do pensamento geral. Artistas vinculados ao sistema acadêmico, como Georgina, já pintavam essa temática desde os anos iniciais do século 20, e os modernistas só trouxeram um novo significado a essas questões. “Georgina estava sim em diálogo com os modernistas, no entanto com uma preocupação social não só artística, mas também política”, explica Manuela.

As obras escolhidas para o estudo têm recorte cronológico do final da década de 20 até meados da década de 40. Nelas, a temática do trabalho está majoritariamente representada no campo. Isso está presente tanto na tela O Cafezal, mas também em telas como Mercado,Paiol de Milho e em Roceiras. O contexto da industrialização tem grande importância nessa escolha. A pesquisadora explica: “Por conta da industrialização e do crescimento de grandes cidades, o campo fica como uma memória e ela quer registrar isso por meio da pintura”.

Uma das dificuldades de se pesquisar esse tema é que há poucas telas da Georgina Albuquerque em museus e instituições de arte. No acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo há nove obras da artista, entre elas No Cafezal, mas muitas telas fazem partes de coleções particulares. “Algumas telas estudadas eu só achei em registros, revistas e periódicos, não achei as obras”, afirma Manuela. Além disso, a tela No Cafezal está datada na Pinacoteca como sendo de 1930, mas durante sua pesquisa, Manuela visitou arquivos e confrontando dados descobriu que a obra era anterior a isso, de 1926.

Mulheres na pintura

Georgina de Albuquerque produziu muito em vida. A artista teve grande prestígio na época, foi a primeira mulher a ser diretora da Escola Nacional de Belas Artes, considerada o maior órgão consagrador da arte brasileira, e a única mulher artista a produzir uma tela de história,Sessão do Conselho de Estado, em 1922. Além disso, entre 1906 e 1911 estudou na França, na Académie Julian, uma das primeiras academias de arte a receber mulheres.

A pesquisadora explica que um dos motivos para as obras de Georgina e de outras artistas acadêmicas não serem tão reconhecidas é consequência da crítica e da historiografia da arte brasileira. “A crítica  tem o papel de valorizar mais os modernos, considerados vanguardistas e transgressores, em detrimento da produção que veio antes e dos artistas da academia”.

Além disso, atualmente não há muitos estudos sobre essas artistas a partir do recorte de gênero e para Manuela, considerar a dimensão do gênero é essencial ao se analisar trajetórias e produções de mulheres artistas no Brasil.  “Pensar nessa inserção da mulher no espaço público dentro dessas instituições ainda hoje não é tão bem visto dentro da academia”, conclui.

Fonte: Universidade São Paulo. Consultado pela última vez em 4 de setembro de 2024.

Crédito fotográfico: WikiArt. Consultado pela última vez em 5 de setembro de 2024.

Georgina de Moura Andrade Albuquerque (Taubaté, SP, 4 de fevereiro de 1885 — Rio de Janeiro, RJ, 29 de agosto de 1962), mais conhecida como Georgina de Albuquerque, foi uma pintora e professora brasileira. Pioneira no impressionismo no Brasil, estudou com Rosalbino Santoro e, após mudar-se para o Rio de Janeiro, frequentou a Escola Nacional de Belas Artes, onde se casou com o pintor Lucílio de Albuquerque. Posteriormente, aprimorou suas habilidades artísticas em Paris, sendo a primeira mulher brasileira a ser aceita na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Georgina destacou-se por suas paisagens, retratos e composições históricas, como "Sessão do Conselho de Estado", obra que revolucionou a pintura histórica ao dar protagonismo à Imperatriz Leopoldina. Além disso, foi a primeira mulher a ocupar a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes e teve importante papel na formação de novos artistas no Brasil.

Georgina de Albuquerque

Georgina de Moura Andrade Albuquerque (Taubaté, SP, 4 de fevereiro de 1885 — Rio de Janeiro, RJ, 29 de agosto de 1962), mais conhecida como Georgina de Albuquerque, foi uma pintora e professora brasileira. Pioneira no impressionismo no Brasil, estudou com Rosalbino Santoro e, após mudar-se para o Rio de Janeiro, frequentou a Escola Nacional de Belas Artes, onde se casou com o pintor Lucílio de Albuquerque. Posteriormente, aprimorou suas habilidades artísticas em Paris, sendo a primeira mulher brasileira a ser aceita na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Georgina destacou-se por suas paisagens, retratos e composições históricas, como "Sessão do Conselho de Estado", obra que revolucionou a pintura histórica ao dar protagonismo à Imperatriz Leopoldina. Além disso, foi a primeira mulher a ocupar a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes e teve importante papel na formação de novos artistas no Brasil.

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Georgina de Albuquerque | Arremate Arte

Georgina de Albuquerque (1885-1962) foi uma pintora impressionista brasileira, pioneira no movimento artístico do século XX. Natural de Taubaté, iniciou seus estudos aos 15 anos com Rosalbino Santoro e mais tarde frequentou a Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Em 1906, casou-se com o pintor Lucílio de Albuquerque, com quem viajou para a França. Lá, ela aprimorou suas técnicas na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e na Académie Julian, tornando-se a primeira brasileira a ser aceita nesta prestigiada escola de artes.

Georgina ganhou reconhecimento internacional por suas obras, com destaque para "Sessão do Conselho de Estado" (1922), que retrata a Imperatriz Maria Leopoldina em um momento decisivo para a independência do Brasil. Essa obra é um marco por apresentar uma mulher em posição de poder em uma pintura histórica, rompendo com os paradigmas da arte acadêmica predominante, então dominada por homens. Ao longo de sua carreira, a artista explorou temas como paisagens, nus e retratos, sendo profundamente influenciada pelo impressionismo.

Além de sua produção artística, Georgina teve uma significativa atuação como professora e diretora da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), onde lecionou de 1927 a 1948 e se tornou a primeira mulher a ocupar a diretoria da instituição em 1952. Focada em temas ligados à luz e à cor, sua obra continua sendo celebrada pela crítica e colecionadores, consolidando-a como uma das figuras mais influentes da arte brasileira.

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Georgina de Albuquerque | Itaú Cultural

Georgina de Moura Andrade Albuquerque (Taubaté, São Paulo, 1885 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1962). Pintora, professora. Aos 15 anos, inicia sua formação artística com o pintor italiano Rosalbino Santoro (1857-1942). Muda-se para o Rio de Janeiro em 1904, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) e estudou com Henrique Bernardelli (1858-1936). Em 1906, casa-se com o pintor Lucílio de Albuquerque (1877-1939) e viaja para a França. Em Paris, frequenta a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Ensba) [Escola Nacional Superior de Belas Artes] e ainda a Académie Julian, onde é aluna de Henri Royer. Volta ao Brasil em 1911, expõe em São Paulo e, a partir dessa data, participa regularmente da Exposição Geral de Belas Artes. De 1927 a 1948, leciona desenho artístico na Enba e, em 1935, é professora do curso de artes decorativas do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Em 1940, em sua casa no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, funda o Museu Lucílio de Albuquerque, e institui um curso pioneiro de desenho e pintura para crianças. Entre 1952 e 1954, exerceu o cargo de diretora da Enba.

Análise

Georgina de Albuquerque é uma das principais mulheres brasileiras a conseguir firmar-se como artista no começo do século XX. Em suas pinturas, a artista tem como parâmetro o impressionismo e suas derivações. Elas apresentam uma paleta de cores luminosas, empregada com sensibilidade. Os temas mais constantes de Albuquerque são o nu, o retrato e a paisagem. Em Raio de Sol, s.d. ou Dia de Verão, ca.1920, com amplas pinceladas, ela explora as incidências luminosas e a vibração cromática. A partir de 1920, passa a trabalhar com uma paleta mais sóbria e a realizar pinturas com temas da vida popular, como Duas Roceiras, s.d. ou No Cafezal, ca.1930, entre outras.

Críticas

"(...) D. Georgina é uma pintora de cores claras, segurança de desenho e boa técnica de feitura. Comparada com o marido, Lucílio se nos apresenta como um pintor de maior inspiração, mas menos feliz na técnica. (...) Em compensação falta a esta muito de inspiração interior e, na pesquisa de efeitos de sol, tem dado à carnação de alguns dos seus nus femininos uma coloração evidentemente falsa, de leite, rosa e gelatina. Alguns quadros desse gênero dão a impressão de que uma luz colocada atrás da figura principal encheria de reflexos o primeiro plano da tela. Perdoe-nos, D. Georgina. Mas desejaríamos vê-la preocupar-se menos com os efeitos de luz sobre as formas femininas e empregar o seu magnífico talento em composições de mais responsabilidade, que não constituam variações do eterno tema da moça deitada, casta e ingênua, ao sol. Há de confessar que o seu talento pode produzir muito mais. Tais pequenos senões em nada diminuem os merecimentos da artista, que é uma organização exuberante de talento, capaz de muito fazer pelas artes brasileiras. Tem sensibilidade, calor e vocação, e atira-se a resolver as dificuldades de sua arte com o entusiasmo de crença. Quem assim confia em suas forças muito poderá fazer pelas artes" — Angyone Costa (COSTA, Angyone. A Inquietação das abelhas. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello & Cia. , 1927, p. 18).

"(...) Sua arte é uma renovação constante de maneiras, motivos e coloridos (...) Quanto aos assuntos, não se pode dizer que haja uma preferência marcante. A paisagem, a figura, a natureza-morta, a marinha, o retrato e as composições são por ela abordadas com entusiasmo, transparecendo em todas as mais variadas facetas de seu talento" — Regina Liberalli Laemmert (PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969).

Depoimentos

"(...) Sinto que nasci pintora e que para essa minha paixão estética muito concorreram as impressões da paisagem brasileira. Lidima brasileira, nascida no interior da antiga província de São Paulo, tive minha infância rodeada pelas cenas pitorescas do viver brasileiro de então. Ainda encontrei quase virgem a feracidade da terra paulista, em meu município. Nem as estradas de ferro nem as rodovias que a cortam hoje existiam. Esses elementos, componentes da paisagem, não impressionaram a minha primeira infância. Em compensação, o sol era o mesmo, a alegria da terra moça e florida, era a mesma, o viver simples e campesino do povo talvez fosse, seguramente era, mais sincero, mais exato, mais nosso. Mesmo em casa, sem sair da minha Taubaté, menina bem pequena, eu já ensaiava os meus riscos. Gizava, debuxava desenhos intonsos, fazia figuras. Minha mãe, que era um espírito muito inteligente e muito lúcido, cedo compreendeu o meu pendor pela pintura e, na proporção que as circunstâncias permitiam, tudo facilitava para seu desenvolvimento e perfeição. Era ainda uma crença quando surgiu por ali, procurando no seio carinhoso da terra moça refúgio a achaques que lhe combatiam a saúde, um pintor italiano, Rosalino Santoro. Guardo impressão amável desse primeiro desbravador da minha tendência pictórica. (...) Minha mãe começou a solicitar-lhe as lições que me desejava proporcionar. Santoro resistia. Mas, em virtude da própria moléstia, Santoro necessitava de um ambiente de família e foi em nossa casa que passou horas melhores, recebendo o trato, respeitoso e carinhoso, que é tradicional na família brasileira. (...) Santoro, quando percebeu, estava meu mestre, o primeiro que tive em pintura. Mais tarde, assisti à uma exposição de Parreiras, em São Paulo. Senti um deslumbramento e não me foi mais possível deixar de vir ao Rio, onde a Escola de Belas Artes me fascinava. Vim. Fiz o primeiro ano. Fui aluna de Henrique Bernardelli. Conheci Lucilio (...) Casamo-nos. Partimos pobremente, apenas com a bagagem de dois estudantes, para a Europa, onde vivi cinco anos. Em Paris os meus principais mestres foram Gervais, na École des Beaux-Arts, e Royer, no Curso Julien. Depois trabalhei por conta própria. Frequentei museus e procurei pintar, pintar muito, a todas as horas, a todos os instantes do dia. Nem mesmo quando os meus dois filhos, Dante e Flamingo, eram pequenos, deixei um só dia de trabalhar. É o que faço sempre, constantemente, a todos os momentos" — Georgina de Albuquerque (COSTA, Angyone. A Inquietação das abelhas. Rio de Janeiro : Pimenta de Mello & Cia. , 1927, p. 90-91).

Exposições Individuais

1914 - São Paulo SP - Individual

1914 - Rio de Janeiro RJ - Individual

Exposições Coletivas

1903 - Rio de Janeiro RJ - 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção de 1º grau

1911 - São Paulo SP - Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios

1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - pequena medalha de prata

1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios

1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1914 - Rio de Janeiro RJ - 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1915 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1916 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - grande medalha de prata

1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro

1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1924 - Nova York (Estados Unidos) - National Association of Women Painters and Sculptures

1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1925 - Los Angeles (Estados Unidos) - First Pan-American Exhibition of Oil Painting

1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1926 - Austin (Estados Unidos) - Art Department State Fair of Texas

1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas

1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no International Art Center, Nicholas Roerich Museum

1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes

1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes

1940 - São Paulo SP - Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos

1940 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Belas Artes, no Salão de Arte Almeida Júnior da Prefeitura Municipal de São Paulo

1941 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Belas Artes - medalha de prata e 1º Prêmio Fernando Costa

1942 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1943 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1944 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Auto-Retratos, no MNBA

1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA

1944 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1945 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1947 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - medalha de ouro e 1º Prêmio Governador do Estado

1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850 - 1950, no MNBA

1951 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1953 - São Paulo SP - 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia

1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais

1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário

1957 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte, no MNBA

1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança

1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP

Exposições Póstumas

1977 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Lucílio e Georgina de Albuquerque (em comemoração ao centenário de nascimento de Lucílio de Albuquerque), no MNBA

1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes

1981 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Carnaval: imagens e reflexões, na Acervo Galeria de Arte

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp

1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado

1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado

1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira

2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes-RJ, no Margs

2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural

2000 - São Paulo SP - O Café, no Banco Real

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty

2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos

2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado

2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural

Fonte: GEORGINA de Albuquerque. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 04 de setembro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Georgina de Albuquerque | Wikipédia

Considerada uma das primeiras mulheres brasileiras a conseguir firmar-se internacionalmente como artista, Georgina foi também pioneira na pintura histórica nacional. Tal gênero artístico permaneceu restrito ao universo masculino até 1922, quando a artista expôs a obra Sessão do Conselho de Estado. A composição estética da pintura rompeu com os paradigmas academicistas vigentes ao colocar uma mulher como protagonista de um momento histórico brasileiro.

Além da pintura histórica, a obra de Georgina também apresenta telas de naturezas-mortas, nus artísticos, retratos, cenas do cotidiano, bem como paisagens urbanas, provincianas e marinhas.

Georgina foi ainda a primeira mulher a ocupar a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde estudou e lecionou.

Anos de formação

Georgina iniciou os estudos em pintura aos 15 anos, em 1900, na cidade de Taubaté. Sob a tutela do pintor italiano Rosalbino Santoro, que vivia na casa dela, a artista aprendeu os princípios básicos da pintura, como aplicar as leis da perspectiva e as técnicas de mistura de tintas. Como aluna de Santoro, Georgina expôs pela primeira vez, em 1903, na X Exposição Geral de Belas Artes.

Em 1904, aos 19 anos, Georgina mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro. Na capital fluminense, ela ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluna do pintor Henrique Bernardelli. Irmão do escultor Rodolfo Bernardelli e do pintor Félix Bernardelli, Henrique lecionou na escola até 1906, quando foi substituído por Eliseu Visconti. Um ano após ter ingressado na Escola Nacional de Belas Artes, Georgina participou da XII Exposição Geral, mas sem declarar que pertencia à instituição, destacando apenas o nome do mestre dela, Bernardelli.

Em março de 1906, Georgina casou-se com o pintor piauiense Lucílio de Albuquerque, que ela havia conhecido na Escola Nacional de Belas Artes. Laureado, em 1905, com um prêmio que lhe garantia uma viagem ao exterior, Lucílio foi à França no ano seguinte, acompanhado da esposa, para estudar. Georgina completaria a formação artística dela frequentando a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e as aulas livres da Academia Julian. Ela se tornou a primeira mulher brasileira a obter sucesso nas rígidas avaliações de ingresso da Escola Nacional de Belas Artes francesa.

Viagem à França (1906 - 1911)

Durante a estadia dela na Europa, a brasileira foi fortemente influenciada pelas técnicas pictóricas impressionistas, nas quais os artistas buscam representar as formas tais como elas se apresentam sob a deformação da luz. Ela e o marido permanecerem por cinco anos em viagem de aprendizado na França.

Embora tenha frequentado as aulas livres dos estúdios de Julian, não subsistiram registros que confirmem a passagem de Georgina pela Academia. O mesmo aconteceu com a escultora brasileira Julieta de França, que foi ao país estudar após vencer o Prêmio de Viagem da Escola Nacional de Belas Artes, em 1900. Isso se deve ao fato de que os arquivos relativos aos ateliês femininos não eram preservados.

Fixada a residência do casal em Paris, Georgina entrou em contato com artistas como Paul Gervais e Decheneau, os quais lecionavam na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Já na Academia Julian, a pintora paulista conheceu o artista Henry Royer, do qual foi aluna. Tendo como chave da formação o desenho, a Academia Julian exigia "destreza, trabalho e paciência dos seus estudantes", como aponta Ana Paula Cavalcanti Simioni.

A valorização da técnica pictórica do desenho em sua formação teria influenciado, posteriormente, Georgina a redigir a tese acadêmica O Desenho Como Base no Ensino das Artes Plásticas (1942). Nela, a autora defende a noção de que os diferentes estilos e as diferentes épocas das civilizações podem ser caracterizados pelo desenho.

De acordo com o pintor e crítico de arte Quirino Campofiorito, apesar de Georgina ter alcançado o quarto lugar no processo seletivo de ingresso na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, ela não apresentou “igual produtividade” à de Lucílio durante a estadia dos dois em Paris. Para ele, isso pode ser associado ao nascimento dos filhos do casal, uma vez que os encargos domésticos eram irremovíveis à figura materna.

Maturidade artística

Em 1920, Georgina tornou-se a primeira mulher brasileira a participar de um júri de pintura. Tal fato foi resultado da medalha de ouro que ela recebeu um ano antes, na Exposição Geral de Belas-Artes de 1919. Participar de um jurado de pintura ajudou a pintora paulista a consolidar uma base institucional, assim como uma posição bem-sucedida dentro da Academia.

Um dos anos mais emblemáticos para a maturação do estilo artístico de Georgina de Albuquerque foi 1922. Até então, a pintura histórica brasileira era restrita ao universo masculino. Entretanto, com a obra Sessão do Conselho de Estado (óleo sobre tela, 210 cm por 265 cm), Georgina rompe com esse paradigma, tornando-se a primeira pintora histórica brasileira de que se tem registro.

Em Sessão do Conselho de Estado, a artista apresenta uma visão até então inexplorada sobre as representações da Independência do Brasil. Diferentemente da imagem de um processo de independência heroico (como é o caso de Independência ou Morte (1888), de Pedro Américo de Figueiredo), Georgina procura abordar o episódio da perspectiva de um evento diplomático, realizado dentro de um gabinete, e tendo como figura central uma mulher: a Imperatriz Maria Leopoldina.

No ano de 1927, Georgina passou a fazer parte do corpo da Escola Nacional de Belas Artes como livre-docente. Posteriormente, ela assumiu o posto de catedrática-interina, tornando-se, em 1952, a primeira mulher a ocupar a diretoria da instituição.

Obra pictórica

Influência impressionista

As pinturas de Georgina de Albuquerque trazem, como parâmetro, as técnicas pictóricas do Impressionismo e suas derivações. Isso se manifesta na escolha das paletas de cores, as quais são exploradas por meio das incidências luminosas e da vibração cromática do quadro. As obras da pintora paulista radicada na capital fluminense também são reconhecidas pelo tratamento da cor e pelo domínio do desenho da figura humana. Há ainda, dentro dos trabalhos de Georgina, a prevalência de cores claras, resultantes da pesquisa da artista em relação aos efeitos de sol sobre os corpos humanos, como aponta Angyone Costa.

Em 1911, Georgina retornou ao Brasil acompanhada pelo marido Lucílio e pelos filhos deles. Influenciada pela estética impressionista, a artista passou a reproduzir nos trabalhos dela os ensinamentos recebidos ao longo dos cinco anos em que esteve na Europa. De acordo com Arthur Gomes Valle, a influência da técnica pictórica impressionista pode ser associada ao contato de Georgina com os trabalhos de artistas como Paul Gervais, de quem foi aluna na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts.

Para Valle, uma obra de Georgina que representa a influência estética do impressionismo é a pintura Flor de Manacá (Óleo sobre tela, 150 x 130 cm). Nela, a pintora utiliza um tratamento formal baseado na "fatura livre" e "na exacerbação da vibração cromática do quadro". Ainda de acordo com Valle, é possível estabelecer uma relação de parentesco entre o procedimento formal que Gervais empregava em seus quadros e o de Georgina. Conforme explica, a semelhança se evidencia nas pinceladas livres e no caráter "anedótico" das formas que são representadas.

O rótulo de pintora impressionista, comumente dado a Georgina de Albuquerque, é, no entanto, controverso e questionado por críticos de arte como José Roberto Teixeira Leite e Quirino Campofiorito. Para este, o impressionismo europeu foi reproduzido na arte brasileira de forma “diluída”, “sem sua inteira autenticidade”, em um contexto no qual “lhe são adicionados certos preconceitos de técnica e forma”. Portanto, de acordo com Campofiorito, as produções artísticas de Georgina dos anos 1910 não poderiam ser classificadas como desdobramentos da pintura impressionista europeia. Este posicionamento é reafirmado por Teixeira Leite, o qual afirma que a pintora paulista teria apenas um entendimento “singelo” do que seria a técnica pictórica impressionista.

Diante da dificuldade de encaixar Georgina de Albuquerque entre os movimentos artísticos da época, estudiosos e críticos de arte tendem a classificá-la como uma “pintora eclética”. De acordo com Arthur Gomes Valle, essa classificação é, no entanto, reducionista, uma vez que a noção do conceito de ecletismo dentro da pintura do período criativo da artista é vaga e fluida.

A pintura histórica em Sessão do Conselho de Estado (1922)

Pioneirismo e contextualização

A obra Sessão do Conselho de Estado é considerada uma das mais emblemáticas de Georgina de Albuquerque. Pintado a partir da técnica óleo sobre tela, em um panorama de 210 cm por 265 cm, o quadro foi confeccionado em função do edital de Comissão Executiva do Centenário — Secção de Belas Artes, em comemoração aos 100 anos de proclamação de Independência do Brasil. A obra foi exposta pela primeira vez como parte da Exposição de Arte Contemporânea e Arte Retrospectiva do Centenário da Independência, inaugurada em 12 de novembro de 1922. Atualmente, encontra-se no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.

A produção da pintora paulista é considerada pioneira por diversos aspectos. Além de ser a primeira pintura histórica feita por uma mulher, Sessão do Conselho de Estado apresenta o episódio de Independência do Brasil como um evento diplomático realizado dentro de um gabinete, em vez de retratá-lo como um evento histórico triunfal, marcado pelas cenas de guerra em que se destaca a figura heróica masculina.

De acordo com a pesquisadora Ana Paula Cavalcanti Simioni, o quadro transita entre “discretas ousadias e convenções”. Para ela, isso se deve ao fato de que, pela primeira vez, Georgina de Albuquerque se aventurou a pintar uma tela com motivo heróico, no qual ela deslocava o ato da independência — heroicamente retratado pelas figuras masculinas em Independência ou Morte, de Pedro Américo — para o interior de um gabinete, dando protagonismo político à figura feminina e contrariando certas expectativas que até então serviam de respaldo à visão dos elementos que deveriam aparecer em uma pintura histórica. No entanto, Simioni atribui à obra certo “conservadorismo” em relação à forma e à técnica utilizadas. Isto, por sua vez, pode ser atribuído ao viés academicista dado por Georgina de Albuquerque às suas obras.

É possível ainda analisar Sessão do Conselho de Estado partindo de um viés feminista, uma vez que o ano de 1922 foi marcado pela luta feminina em obter o direito ao voto e à cidadania plena. Nesse ano, ocorreu no Brasil o Primeiro Congresso Feminista, organizado por Bertha Lutz, responsável também por fundar, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Simioni chama atenção ao fato de que a obra de Georgina de Albuquerque surge em um momento histórico-social no qual as mulheres que desejavam seguir a carreira artística enfrentavam dificuldades de gênero. Isso se devia ao caráter excludente do sistema acadêmico, que impedia alunas de frequentarem aulas de desenho e estudo do nu artístico, fase fundamental para a formação da carreira do artista. Dentro desse contexto, Vicentis defende que a composição de Sessão do Conselho de Estado oferece respaldo à luta feminista pelo reconhecimento do direito da mulher ao voto e à cidadania plena ao retratar, pela primeira vez, uma mulher decidindo os rumos da política do Brasil.

Composição estética

Para produzir Sessão do Conselho de Estado, Georgina buscou retratar um acontecimento que colocasse a princesa regente Maria Leopoldina como apoiadora da libertação do Brasil em relação à Corte Portuguesa. Para isso, a artista recorreu a fontes do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro como forma de fundamentar sua pesquisa para compor o episódio.

Como aponta Paulo de Vicentis na dissertação Pintura Histórica no Salão do Centenário da Independência do Brasil (2015) é possível traçar semelhanças entre a aparência física de Maria Leopoldina na obra de Georgina com um perfil da imperatriz feito por Jean-Baptiste Debret, o qual se encontra na publicação Voyage Pitoresque et Historique au Brésil (1836).

O quadro apresenta Maria Leopoldina em uma sala com seus Conselheiros de Estado. Sentada em uma cadeira de alto espaldar, ela traz às mãos os despachos da Corte, que entre outras medidas exigiam o retorno de D. Pedro I a Portugal e que fosse restabelecido o controle exclusivo colonial.

Além de Maria Leopoldina, também estão representados na obra: José Bonifácio de Andrada e Silva (em pé e diante da Princesa), Martim Francisco de Andrada e Silva (sentado no lado contíguo da mesa em que Maria Leopoldina se encontra), José Clemente Pereira (atrás de Martim Francisco), Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Manoel Antonio Farinha, Lucas José Obes (o Conselheiro Obes) e Luiz Pereira da Nóbrega.

Recepção

À época, a obra foi bem recebida pela crítica de arte brasileira. Ercole Cremona (pseudônimo de Adalberto de Mattos) escreveu sobre Sessão do Conselho de Estado para a revista Illustração Brasileira: “Georgina de Albuquerque apresenta a Sessão do Conselho de Estado que decidiu a independência, um bello trabalho inspirado nos conceitos de Rocha Pombo: [...] Georgina de Albuquerque emprestou toda a sua grande alma, todo o seu sentimento e a maravilhosa technica ao quadro, onde há figuras movimentadas e bem desenhadas, attitudes resolvidas e gammas resolvidas com grande saber.”

A Revista da Semana, por sua vez, escreveu que o tema tratado por Georgina de Albuquerque no quadro foi realizado “em tela de grandes dimensões, inclinadas ao gosto moderno, alegre aos olhos pela polychromia, grata aos animos pelo assumpto.” No entanto, uma crônica divulgada em O Jornal, para o Salão de 1922, o autor declarava que à obra faltava "mais caráter para a figura de José Bonifácio". Além disso, ele também afirmava que "o fundo do quadro não se apresenta plenamente resolvido, mas o conjunto se equilibra de maneira muito apreciável."

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 4 de setembro de 2024.

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Georgina Albuquerque | História da (P)Arte

Georgina foi uma grande pintora e educadora brasileira. Compartilhou seus pontos de vista sobre a sociedade, a política, como retratava as mulheres no início do século XX e seus os espaços onde elas transitavam; desenhando ou pintando. Ensinando ou sendo diretora de espaços educativos. Uma das artistas responsável por introduzir o movimento impressionista no Brasil.

Primeira mulher a ocupar o cargo de direção da Escola Nacional de Belas Artes no RJ, a ENBA, entre 1952 a 1954. Escola que lecionou desenho de 1927 a 1948.

Foi uma das pioneiras do estilo impressionista no Brasil. Afinidades estilísticas com a pintora Mary Cassatt.

Lecionou na Universidade do Distrito Federal em 1935.

Em 1940, na sua casa no RJ, institui o curso pioneiro de desenho para crianças.

Primeira mulher a realizar uma pintura academicista no Brasil. Na obra, de pintura histórica realizada em 1922, sobre a Independência brasileira, onde também destaca uma mulher e sua importância política. A princesa Leopoldina presidindo a reunião de ruptura colonial entre Brasil e Portugal em 1822.

Georgina, realizou sua formação nas belas artes inicialmente no RJ e seu processo formativo também foi desenvolvido em Paris. Frequentou a École national supérieure des beaux-arts e a famosa Académie Julian.

Participou de diversas exposições individuais sendo a primeira em 1914 em SP, exposições coletivas de 1903 à 1960. Exposições póstumas em locais relevantes como o MASP; MAM RJ; Pinacoteca SP.

Um caminho para estudar e se tornar profissional em arte, para as mulheres, era estudar na França, formar-se na Acadêmia de Rudolph Julian. Para treinar, antes da viagem, as artistas faziam aulas particulares, uma vez na académie Julian, o objetivo era retornar ao Brasil com seu mérito validado na europa.

Julian, percebeu que ensinar mulheres, naquela época de raras oportunidades formativas para elas, seria um rentável negócio, para a clientela internacional. O curso profissionalizante era caro. Fato curioso que para não contrariar os padrões da época, as aulas de desenho com modelo vivo, recebia alguns cuidados como tapar as partes genitais. Não queria perder a prestigiosa fama da escola e ainda formar bem suas alunas.

Georgina, passa por essas etapas de estudo. Primeiro com aulas particulares, depois entra para ENBA, onde conhece seu marido e juntos partem para Paris.

Ao retornar da europa, ajuda a implantar o estilo impressionista, que nesta fase não era mais mal visto entre os acadêmicos. Analisa Ferreira: “Georgina de Albuquerque trouxe de Paris a técnica impressionista, que emprega a beleza e a luminosidade da cor pura como ferramenta de construção, ou reconstrução, da natureza”.

Sobre o movimento impressionista, Ferreira destaca: “Os impressionistas rejeitaram as técnicas tradicionais de pintura por as considerarem incapazes de representar os efeitos naturais, e partiram para a rua em busca da constatação visual na sua forma imediata. Empregando as cores puras justapostas para criar os efeitos de luz e sombra, espaço e volume, proporcionaram a percepção, inclusive, da evidência da bidimensionalidade da tela. E assim escancararam as portas da modernidade, por onde passaram o fauvismo, o expressionismo, e outros “ismos”.

Sobre o gênero pictórico: “Por muito tempo, a pintura histórica foi concebida como a mais importante gênero, impondo-se sobre outros gêneros, como o retrato, a natureza morta, a paisagem. Entre os artistas nacionais que se dedicaram ao gênero não há um nome feminino até 1922, ano emblemático, ao menos segundo uma historiografia da arte modernista.

Dentro do estudo da pesquisadora Ana Paula Cavalcante Simioni, que analisa artistas mulheres, na sociologia da arte, o contexto social da época de Georgina era o seguinte: “Somente então, num período de contestações direta da legitimidade da Academia como instituição propagadora de valores para o campo das artes, é que uma mulher se realiza no gênero.

Refiro-me à tela Sessão de Conselho de Estado (1922) realizada por Georgina.”

A pintora, segundo Simioni: “solucionou deforma singular a questão do tema, relativo à comemoração do centenário da Independência. Em vez de abordar um evento histórico triunfal, como uma cena de batalha, tal qual como sugeri o repertório acerca da pintura histórica, apresentou um episódio diplomático”.

Georgina e a Sonoridade: “Ainda mais destoada é a figura heroica aí representada: uma mulher. A pintura de Georgina desafia esse contexto mental ao se contrapor à de Pedro Américo“. “Sua tela é também uma projeção dos ideais em torno da mulher na época: feminina; culta; forte mas jamais competitiva.” ( Ana Paula Cavalcante Simioni)

O quadro, Sessão do Conselho, encontra-se atualmente no Museu Histórico Nacional, RJ.

No famoso livro 1822 de Laurentino Gomes, encontramos a obra de Georgina entre as pinturas que ajudam a contar a história brasileira. E ainda um perfil sobre quem era a princesa Leopoldina e seu protagonismo no período da Independência. A pesquisadora da PUC- RS, Maria Rita Kehl, traça um perfil psicológico de Leopoldina analisando suas cartas, o que complementa esse estudo sobre a personagem central da tela de Georgina.

Georgina e a Sonoridade: “Ainda mais destoada é a figura heroica aí representada: uma mulher. A pintura de Georgina desafia esse contexto mental ao se contrapor à de Pedro Américo“. “Sua tela é também uma projeção dos ideais em torno da mulher na época: feminina; culta; forte mas jamais competitiva.” ( Ana Paula Cavalcante Simioni)

O quadro, Sessão do Conselho, encontra-se atualmente no Museu Histórico Nacional, RJ.

No famoso livro 1822 de Laurentino Gomes, encontramos a obra de Georgina entre as pinturas que ajudam a contar a história brasileira. E ainda um perfil sobre quem era a princesa Leopoldina e seu protagonismo no período da Independência. A pesquisadora da PUC- RS, Maria Rita Kehl, traça um perfil psicológico de Leopoldina analisando suas cartas, o que complementa esse estudo sobre a personagem central da tela de Georgina.

“Frequentei museus, procurei pintar, pintar muito, a todas as horas, e todos os instantes do dia, nem mesmo quando meus filhos eram pequenos deixei um só dia de trabalhar” — Angyone, Costa: reunião de trechos de coluna “A inquietação das abelhas”, 1927. Rio de Janeiro. Pimenta de Melo & cia. p. 90-91.  (Coluna em revista com relatos de artistas da época). Frase da  artista Georgina de Albuquerque.

Quanto vale uma obra, de uma artista como Georgina?

Durante a busca por informações para escrever sobre o perfil da artista, encontrei a obra a seguir, em um site de leilão de arte, o lance inicial era de 45 mil reais. Descrição da obra no site: “Georgina de Albuquerque (Taubaté, 1885 – Rio de Janeiro, 1962) – D. Glória de Frontin. Óleo sobre tela. Assinado. Cerca 1904. Com 59 x 38 cm. Fase áurea da artista. Muitos consideram um período em que ela se equiparava aos grandes impressionistas franceses.”

Em outro site leiloeiro, encontro, outra obra: “Quadro: Georgina de Albuquerque, óleo, “Mulher olhando o cachorro”, 43x55cm”. Lance inicial é de 1.500 reais.

Exposições Individuais

1914 – São Paulo SP – Individual;

1914 – Rio de Janeiro RJ – Individual.

Exposições Coletivas

1903 – Rio de Janeiro RJ – 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1905 – Rio de Janeiro RJ – 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1906 – Rio de Janeiro RJ – 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1907 – Rio de Janeiro RJ – 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1909 – Rio de Janeiro RJ – 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – menção de 1º grau;

1911 – São Paulo SP – Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios;

1912 – Rio de Janeiro RJ – 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – pequena medalha de prata;

1912 – São Paulo SP – Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios;

1913 – Rio de Janeiro RJ – 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1914 – Rio de Janeiro RJ – 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1915 – Rio de Janeiro RJ – 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1916 – Rio de Janeiro RJ – 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – grande medalha de prata;

1917 – Rio de Janeiro RJ – 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1918 – Rio de Janeiro RJ – 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1919 – Rio de Janeiro RJ – 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – medalha de ouro;

1919 – Rio de Janeiro RJ – 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba – medalha de ouro;

1920 – Rio de Janeiro RJ – 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1921 – Rio de Janeiro RJ – 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1922 – Rio de Janeiro RJ – 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1923 – Rio de Janeiro RJ – 30ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1924 – Nova York (Estados Unidos) – National Association of Women Painters and Sculptures;

1924 – Rio de Janeiro RJ – 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1925 – Los Angeles (Estados Unidos) – First Pan-American Exhibition of Oil Painting;

1925 – Rio de Janeiro RJ – 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1926 – Austin (Estados Unidos) – Art Department State Fair of Texas;

1926 – Rio de Janeiro RJ – 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1927 – Rio de Janeiro RJ – 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1928 – Rio de Janeiro RJ – 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1928 – São Paulo SP – Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas;

1929 – Rio de Janeiro RJ – 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1930 – Nova York (Estados Unidos) – The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no International Art Center, Nicholas Roerich Museum;

1930 – Rio de Janeiro RJ – 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1933 – Rio de Janeiro RJ – 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;

1934 – São Paulo SP – 1º Salão Paulista de Belas Artes;

1937 – São Paulo SP – 5º Salão Paulista de Belas Artes;

1940 – São Paulo SP – Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos;

1940 – São Paulo SP – 7º Salão Paulista de Belas Artes, no Salão de Arte Almeida Júnior da Prefeitura Municipal de São Paulo

1941 – São Paulo SP – 13º Salão Paulista de Belas Artes – medalha de prata e 1º Prêmio Fernando Costa;

1942 – São Paulo SP – 8º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1943 – São Paulo SP – 9º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1944 – Rio de Janeiro RJ – 1ª Exposição de Auto-Retratos, no MNBA;

1944 – Rio de Janeiro RJ – 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA;

1944 – São Paulo SP – 10º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1945 – São Paulo SP – 11º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1947 – São Paulo SP – 13º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1948 – São Paulo SP – 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1949 – São Paulo SP – 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia – medalha de ouro e 1º Prêmio Governador do Estado;

1950 – Rio de Janeiro RJ – Um Século da Pintura Brasileira: 1850 – 1950, no MNBA;

1951 – São Paulo SP – 16º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1953 – São Paulo SP – 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;

1954 – Goiânia GO – Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais;

1956 – Rio de Janeiro RJ – 1º Salão Ferroviário;1957 – Rio de Janeiro RJ – O Nu na Arte, no MNBA;

1958 – Rio de Janeiro RJ – Salão de Arte A Mãe e a Criança;

1960 – São Paulo SP – Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP.

Exposições Póstumas

1977 – Rio de Janeiro RJ – Exposição Lucílio e Georgina de Albuquerque (em comemoração ao centenário de nascimento de Lucílio de Albuquerque), no MNBA;

1980 – São Paulo SP – A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes;

1981 – Rio de Janeiro RJ – Universo do Carnaval: imagens e reflexões, na Acervo Galeria de Arte;

1984 – São Paulo SP – Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal;

1985 – Rio de Janeiro RJ – 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ;

1985 – São Paulo SP – 100 Obras Itaú, no Masp;

1986 – São Paulo SP – Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado;

1988 – São Paulo SP – Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado;

1989 – Fortaleza CE – Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor;

1994 – São Paulo SP – Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal;

1998 – São Paulo SP – Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira;

2000 – Porto Alegre RS – De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes-RJ, no MARGS;

2000 – São Paulo SP – A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural

2000 – São Paulo SP – O Café, no Banco Real;

2001 – Rio de Janeiro RJ – Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light;

2002 – Brasília DF – Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty;

2002 – São Paulo SP – Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos;

2004 – São Paulo SP – Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado;

2004 – São Paulo SP – O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural.

Fonte: História da (P)Arte, "Georgina Albuquerque". Consultado pela última vez em 4 de setembro de 2024.

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Georgina de Albuquerque: biografia e principais obras | ArtRef

Georgina de Albuquerque foi a primeira pintora brasileira a entrar na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, e a primeira mulher a ocupar a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, além de ser uma das primeiras artistas a conquistar carreira internacional.

De fato, toda a biografia dessa artista esbanja a palavra “pioneira”, colocando Georgina de Albuquerque entre as mais relevantes artistas da história brasileira.

Biografia de Georgina de Albuquerque

Georgina Moura Andrade de Albuquerque nasceu em Taubaté-SP em 1885 e iniciou seus estudos na pintura aos 15 anos de idade. Seu primeiro professor foi o pintor italiano Rosalbino Santoro, com quem aprendeu os princípios básicos da pintura, como perspectiva e teorias de cor, e logo aos 18 anos, ela expõe suas obras pela primeira vez, na X Exposição Geral de Belas Artes.

Um ano depois, Georgina muda-se para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluna do pintor Henrique Bernardelli, que era irmão do escultor Rodolfo Bernardelli e do pintor Félix Bernardelli.  Com apenas um ano de estudo, participa da XII Exposição Geral da instituição. É também nessa escola que Georgina conhece Lucílio de Albuquerque, com quem ela se casa.

Lucílio, que também era pintor, recebe um prêmio artístico que o leva à França e Georgina acompanha o marido e estuda junto com ele. É na Europa que Georgina completa sua formação artística, sendo a primeira brasileira a passar no rigoroso teste de aptidão da École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em Paris, classificada em quarto lugar na seleção. A artista estudou também na Academia Julian.

Georgina foi aluna de Paul Gervais e Decheneau, na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Já na Academia Julian, foi aluna de Henry Royer.

Georgina e Lucílio passaram cinco anos estudando na França e foi nesse período que a artista recebeu toda a influência das técnicas impressionistas que vão permear toda a sua produção ao longo do tempo. Neste período, Georgina teve dois filhos e produzia diariamente, dividindo seu tempo entre a maternidade e a pintura.

Em 1911, Georgina e sua família retornaram ao Brasil. Pelos próximos anos, ela produz diversas obras e participa regularmente de exposições.

Em 1919, Georgina recebeu uma medalha de ouro na Exposição Geral de Belas-Artes, o que lhe deu uma posição bem sucedida dentro da Academia e no ano seguinte ela se torna a primeira mulher brasileira a participar de um júri de pintura.

A obra “Sessão do Conselho de Estado”

Um dos anos mais emblemáticos da sua carreira foi 1922, quando a artista criou a obra “Sessão do Conselho de Estado”, a versão de Georgina para o ato da proclamação da independência do Brasil. Essa é considerada sua principal obra, primeiramente por se tratar de uma pintura histórica. Nessa época, esse gênero de pintura era restrito aos artistas homens e Georgina foi a primeira mulher a executar este tipo de pintura.

Outra razão que eleva a importância da obra “Sessão do Conselho de Estado” é o fato de, ao contrário de outros pintores que retratam a cena da independência do Brasil como um ato heroico, na versão da Georgina, o momento ocorre durante uma reunião dentro de um gabinete e tem como figura central uma mulher: a Imperatriz Maria Leopoldina.

Além de Maria Leopoldina, também estão representados na obra: José Bonifácio de Andrada e Silva (em pé e diante da Princesa), Martim Francisco de Andrada e Silva (sentado no lado contíguo da mesa em que Maria Leopoldina se encontra), José Clemente Pereira (atrás de Martim Francisco), Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Manoel Antonio Farinha, Lucas José Obes (o Conselheiro Obes) e Luiz Pereira da Nóbrega.

Georgina de Albuquerque e o movimento feminista

“Sessão do Conselho de Estado” tem um claro um viés feminista, porque foi também em 1922 que aconteceu no Brasil o primeiro Congresso Feminista e o nascimento da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, quando começava a luta pelo direito das mulheres ao voto.

A pintura surge em um momento histórico-social de luta pela equidade de gênero. A obra pode ser interpretada como um pedido pelo reconhecimento do direito à cidadania da mulher, dando a ela o poder de opinar e decidir os rumos da política do Brasil.

Em 1927, ela passa a dar aulas de desenho na Escola Nacional de Belas Artes.

Em 1938, o marido da Georgina, Lucílio de Albuquerque, morre. Em 1943, ela fundou, no Rio de Janeiro, o Museu Lucílio de Albuquerque.

Em 1952, Georgina atinge o auge da representatividade feminina na arte brasileira, quando passa ocupar a cadeira da diretoria da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Ela foi a primeira mulher a conquistar esse cargo.

Georgina de Albuquerque morreu aos 77 anos no Rio de Janeiro, em agosto de 1962.

Obras de Georgina de Albuquerque

As pinturas de Georgina de Albuquerque trazem as técnicas Impressionistas aprendidas durante seus estudos na Europa.

Sua obra traz naturezas-mortas, nus artísticos, retratos, cenas cotidianas, além de paisagens urbanas, provincianas e marinhas. É possível observar, também, a predominância da figura feminina em seus quadros.

Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 5 de setembro de 2024.

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Mulheres em obras de Georgina de Albuquerque revela preocupação social | USP

Telas da artista com temática sobre representação do trabalho são estudadas no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP

Por Isadora Vitti, da Agência Universitária de Notícias

Anita Malfatti, Tarsila do Amaral. Quando se pensa em pintoras brasileiras reconhecidas na história da arte, a lista não é grande e muitas mulheres sequer são conhecidas e estudadas. Um exemplo é a artista Georgina de Albuquerque (1885-1962), uma das principais mulheres brasileiras a conseguir firmar-se como artista no começo do século XX, mas atualmente pouco estudada e com poucas obras em instituições e museus.

Com o objetivo de analisar a questão da representação do trabalho na produção de Georgina de Albuquerque, a partir da obra No Cafezal, Manuela Nogueira faz seu mestrado no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, sob supervisão da professora Ana Paula Simioni e com bolsa da Fapesp. Quando retrata o trabalho em seus quadros, as mulheres são protagonistas na ação. “No caso da Georgina, ela faz questão de pintar as mulheres trabalhando”, explica Manuela. “Ela queria se inserir nessa questão, e estar dentro desse meio pintando essa temática era interessante naquele momento.”

As pinturas acerca de questões sociais não surgem apenas no modernismo, diferente do pensamento geral. Artistas vinculados ao sistema acadêmico, como Georgina, já pintavam essa temática desde os anos iniciais do século 20, e os modernistas só trouxeram um novo significado a essas questões. “Georgina estava sim em diálogo com os modernistas, no entanto com uma preocupação social não só artística, mas também política”, explica Manuela.

As obras escolhidas para o estudo têm recorte cronológico do final da década de 20 até meados da década de 40. Nelas, a temática do trabalho está majoritariamente representada no campo. Isso está presente tanto na tela O Cafezal, mas também em telas como Mercado,Paiol de Milho e em Roceiras. O contexto da industrialização tem grande importância nessa escolha. A pesquisadora explica: “Por conta da industrialização e do crescimento de grandes cidades, o campo fica como uma memória e ela quer registrar isso por meio da pintura”.

Uma das dificuldades de se pesquisar esse tema é que há poucas telas da Georgina Albuquerque em museus e instituições de arte. No acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo há nove obras da artista, entre elas No Cafezal, mas muitas telas fazem partes de coleções particulares. “Algumas telas estudadas eu só achei em registros, revistas e periódicos, não achei as obras”, afirma Manuela. Além disso, a tela No Cafezal está datada na Pinacoteca como sendo de 1930, mas durante sua pesquisa, Manuela visitou arquivos e confrontando dados descobriu que a obra era anterior a isso, de 1926.

Mulheres na pintura

Georgina de Albuquerque produziu muito em vida. A artista teve grande prestígio na época, foi a primeira mulher a ser diretora da Escola Nacional de Belas Artes, considerada o maior órgão consagrador da arte brasileira, e a única mulher artista a produzir uma tela de história,Sessão do Conselho de Estado, em 1922. Além disso, entre 1906 e 1911 estudou na França, na Académie Julian, uma das primeiras academias de arte a receber mulheres.

A pesquisadora explica que um dos motivos para as obras de Georgina e de outras artistas acadêmicas não serem tão reconhecidas é consequência da crítica e da historiografia da arte brasileira. “A crítica  tem o papel de valorizar mais os modernos, considerados vanguardistas e transgressores, em detrimento da produção que veio antes e dos artistas da academia”.

Além disso, atualmente não há muitos estudos sobre essas artistas a partir do recorte de gênero e para Manuela, considerar a dimensão do gênero é essencial ao se analisar trajetórias e produções de mulheres artistas no Brasil.  “Pensar nessa inserção da mulher no espaço público dentro dessas instituições ainda hoje não é tão bem visto dentro da academia”, conclui.

Fonte: Universidade São Paulo. Consultado pela última vez em 4 de setembro de 2024.

Crédito fotográfico: WikiArt. Consultado pela última vez em 5 de setembro de 2024.

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