Kazuo Wakabayashi (Kobe, Japão, 1 de maio de 1931) é um pintor, gravador, desenhista e poeta japonês radicado no Brasil. Foi membro do Grupo Seibi.
Biografia Itaú Cultural
Kazuo Wakabayashi (Kobe, Japão 1931). Pintor. Em 1944, estuda na Escola Técnica de Hikone, em Shiga, Japão. Entre 1947 e 1950, freqüenta a Escola de Belas Artes e a Academia Niki, em Tóquio, e as aulas de desenho e pintura de Kanosuke Tamura. De volta a Kobe, prepara-se para ingressar na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Tóquio, porém abandona a arquitetura em 1950, voltando-se para a pintura. No ano seguinte, integra o grupo Babel, ao lado de Rokuichi, Kaibara, Ko Nishimura e outros. Em 1953, torna-se membro do grupo Seiki e publica álbum de pinturas e poesias e, em 1954, participa do Delta, além de ilustrar os jornais Shinko Shimbum e All Sports. Entre as décadas de 1940 e 1960, participa de salões japoneses recebendo prêmios em 1947, 1950, 1954 e 1959. Em 1961, transfere-se para São Paulo e torna-se membro do Grupo Seibi, apresentado por Manabu Mabe (1924 - 1997) e Tomie Ohtake (1913). Dois anos depois, recebe medalha de ouro tanto no 12º Salão Paulista de Arte Moderna como no 7º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos. É agraciado com o primeiro prêmio no Salão de Abril do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, em 1966. Participa de diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, entre 1963 e 1967, quando é premiado. Em 1992, publica-se o livro Wakabayashi, com apresentação do crítico Jayme Mauricio, e, no ano seguinte, o Paço das Artes, em São Paulo, apresenta uma retrospectiva de sua obra.
Comentário Crítico
Quando Kazuo Wakabayashi chega ao Brasil, em 1961, já é um pintor maduro. Ele desenvolve uma obra abstrata de orientação informal, cuja principal característica é a pesquisa de técnicas, cores e materiais. Trabalha com contornos rigorosos e cores intensas, às vezes, experimentando multiplicar as formas enquanto caracteriza cada uma com alguma diferença em relação às demais, como em Contraponto, 1970, e Sem Título, 1966. Em diferentes obras, cria ritmos com relevos e texturas em superfícies monocromáticas, como em Vermelho, 1964, e Abstração, ca.1960. Em outras, ainda, estabelece relações entre formas e texturas diversas, como em Abstração Azul, 1968, e Abstração Amarela, s.d.
A partir do fim dos anos 1970, Wakabayashi se interessa mais pelo aspecto da textura e do relevo na pintura, muitas vezes optando por trabalhá-los de maneira quase uniforme em toda a superfície da tela, como em Composição em Amarelo, 1971 - na qual a atenção do espectador é conduzida por duas linhas amarelas que limitam verticalmente uma seção do quadro à direita -, ou restringindo textura e relevo dentro de uma superfície circular, como em Composição em Branco, 1983. Nessa obra, o artista parece raspar a tinta, criando uma linha que corta horizontalmente o círculo e revela um fundo avermelhado; logo abaixo dessa linha, uma seção do mesmo círculo não recebe a textura do restante da forma. Em Composição Abstrata, 1970, algo semelhante se dá, desta vez, no entanto, uma esfera é cortada verticalmente, revelando seu interior vermelho.
Wakabayashi desenvolve, num período posterior, trabalhos que remetem à tradição da gravura japonesa ukiyo-e, que trata principalmente de temas da natureza e figuras humanas, como também utiliza estampas de tecidos japoneses colados sobre as telas. Nessas obras, feitas de colagem e pintura, convivem as estampas apropriadas e a pintura que cria texturas, estas podendo se sobrepor ou justapor às primeiras, como em Insinuação em Negro, 1988, Sem Título, 1987, e Composição em Relevo, 1983. Alguns trabalhos ganham títulos que passam a remeter ao tema tratado - é o caso de Onda, 1987, e Mensagem do Mar, 1987.
Fonte: WAKABAYASHI . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersa, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Kazuo Wakabayashi (Kobe, Japão, 1 de maio de 1931) é um pintor, gravador, desenhista e poeta japonês radicado no Brasil. Foi membro do Grupo Seibi.
Biografia Itaú Cultural
Kazuo Wakabayashi (Kobe, Japão 1931). Pintor. Em 1944, estuda na Escola Técnica de Hikone, em Shiga, Japão. Entre 1947 e 1950, freqüenta a Escola de Belas Artes e a Academia Niki, em Tóquio, e as aulas de desenho e pintura de Kanosuke Tamura. De volta a Kobe, prepara-se para ingressar na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Tóquio, porém abandona a arquitetura em 1950, voltando-se para a pintura. No ano seguinte, integra o grupo Babel, ao lado de Rokuichi, Kaibara, Ko Nishimura e outros. Em 1953, torna-se membro do grupo Seiki e publica álbum de pinturas e poesias e, em 1954, participa do Delta, além de ilustrar os jornais Shinko Shimbum e All Sports. Entre as décadas de 1940 e 1960, participa de salões japoneses recebendo prêmios em 1947, 1950, 1954 e 1959. Em 1961, transfere-se para São Paulo e torna-se membro do Grupo Seibi, apresentado por Manabu Mabe (1924 - 1997) e Tomie Ohtake (1913). Dois anos depois, recebe medalha de ouro tanto no 12º Salão Paulista de Arte Moderna como no 7º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos. É agraciado com o primeiro prêmio no Salão de Abril do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, em 1966. Participa de diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, entre 1963 e 1967, quando é premiado. Em 1992, publica-se o livro Wakabayashi, com apresentação do crítico Jayme Mauricio, e, no ano seguinte, o Paço das Artes, em São Paulo, apresenta uma retrospectiva de sua obra.
Comentário Crítico
Quando Kazuo Wakabayashi chega ao Brasil, em 1961, já é um pintor maduro. Ele desenvolve uma obra abstrata de orientação informal, cuja principal característica é a pesquisa de técnicas, cores e materiais. Trabalha com contornos rigorosos e cores intensas, às vezes, experimentando multiplicar as formas enquanto caracteriza cada uma com alguma diferença em relação às demais, como em Contraponto, 1970, e Sem Título, 1966. Em diferentes obras, cria ritmos com relevos e texturas em superfícies monocromáticas, como em Vermelho, 1964, e Abstração, ca.1960. Em outras, ainda, estabelece relações entre formas e texturas diversas, como em Abstração Azul, 1968, e Abstração Amarela, s.d.
A partir do fim dos anos 1970, Wakabayashi se interessa mais pelo aspecto da textura e do relevo na pintura, muitas vezes optando por trabalhá-los de maneira quase uniforme em toda a superfície da tela, como em Composição em Amarelo, 1971 - na qual a atenção do espectador é conduzida por duas linhas amarelas que limitam verticalmente uma seção do quadro à direita -, ou restringindo textura e relevo dentro de uma superfície circular, como em Composição em Branco, 1983. Nessa obra, o artista parece raspar a tinta, criando uma linha que corta horizontalmente o círculo e revela um fundo avermelhado; logo abaixo dessa linha, uma seção do mesmo círculo não recebe a textura do restante da forma. Em Composição Abstrata, 1970, algo semelhante se dá, desta vez, no entanto, uma esfera é cortada verticalmente, revelando seu interior vermelho.
Wakabayashi desenvolve, num período posterior, trabalhos que remetem à tradição da gravura japonesa ukiyo-e, que trata principalmente de temas da natureza e figuras humanas, como também utiliza estampas de tecidos japoneses colados sobre as telas. Nessas obras, feitas de colagem e pintura, convivem as estampas apropriadas e a pintura que cria texturas, estas podendo se sobrepor ou justapor às primeiras, como em Insinuação em Negro, 1988, Sem Título, 1987, e Composição em Relevo, 1983. Alguns trabalhos ganham títulos que passam a remeter ao tema tratado - é o caso de Onda, 1987, e Mensagem do Mar, 1987.
Fonte: WAKABAYASHI . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersa, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Kazuo Wakabayashi (Kobe, Japão, 1 de maio de 1931) é um pintor, gravador, desenhista e poeta japonês radicado no Brasil. Foi membro do Grupo Seibi.
Biografia Itaú Cultural
Kazuo Wakabayashi (Kobe, Japão 1931). Pintor. Em 1944, estuda na Escola Técnica de Hikone, em Shiga, Japão. Entre 1947 e 1950, freqüenta a Escola de Belas Artes e a Academia Niki, em Tóquio, e as aulas de desenho e pintura de Kanosuke Tamura. De volta a Kobe, prepara-se para ingressar na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Tóquio, porém abandona a arquitetura em 1950, voltando-se para a pintura. No ano seguinte, integra o grupo Babel, ao lado de Rokuichi, Kaibara, Ko Nishimura e outros. Em 1953, torna-se membro do grupo Seiki e publica álbum de pinturas e poesias e, em 1954, participa do Delta, além de ilustrar os jornais Shinko Shimbum e All Sports. Entre as décadas de 1940 e 1960, participa de salões japoneses recebendo prêmios em 1947, 1950, 1954 e 1959. Em 1961, transfere-se para São Paulo e torna-se membro do Grupo Seibi, apresentado por Manabu Mabe (1924 - 1997) e Tomie Ohtake (1913). Dois anos depois, recebe medalha de ouro tanto no 12º Salão Paulista de Arte Moderna como no 7º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos. É agraciado com o primeiro prêmio no Salão de Abril do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, em 1966. Participa de diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, entre 1963 e 1967, quando é premiado. Em 1992, publica-se o livro Wakabayashi, com apresentação do crítico Jayme Mauricio, e, no ano seguinte, o Paço das Artes, em São Paulo, apresenta uma retrospectiva de sua obra.
Comentário Crítico
Quando Kazuo Wakabayashi chega ao Brasil, em 1961, já é um pintor maduro. Ele desenvolve uma obra abstrata de orientação informal, cuja principal característica é a pesquisa de técnicas, cores e materiais. Trabalha com contornos rigorosos e cores intensas, às vezes, experimentando multiplicar as formas enquanto caracteriza cada uma com alguma diferença em relação às demais, como em Contraponto, 1970, e Sem Título, 1966. Em diferentes obras, cria ritmos com relevos e texturas em superfícies monocromáticas, como em Vermelho, 1964, e Abstração, ca.1960. Em outras, ainda, estabelece relações entre formas e texturas diversas, como em Abstração Azul, 1968, e Abstração Amarela, s.d.
A partir do fim dos anos 1970, Wakabayashi se interessa mais pelo aspecto da textura e do relevo na pintura, muitas vezes optando por trabalhá-los de maneira quase uniforme em toda a superfície da tela, como em Composição em Amarelo, 1971 - na qual a atenção do espectador é conduzida por duas linhas amarelas que limitam verticalmente uma seção do quadro à direita -, ou restringindo textura e relevo dentro de uma superfície circular, como em Composição em Branco, 1983. Nessa obra, o artista parece raspar a tinta, criando uma linha que corta horizontalmente o círculo e revela um fundo avermelhado; logo abaixo dessa linha, uma seção do mesmo círculo não recebe a textura do restante da forma. Em Composição Abstrata, 1970, algo semelhante se dá, desta vez, no entanto, uma esfera é cortada verticalmente, revelando seu interior vermelho.
Wakabayashi desenvolve, num período posterior, trabalhos que remetem à tradição da gravura japonesa ukiyo-e, que trata principalmente de temas da natureza e figuras humanas, como também utiliza estampas de tecidos japoneses colados sobre as telas. Nessas obras, feitas de colagem e pintura, convivem as estampas apropriadas e a pintura que cria texturas, estas podendo se sobrepor ou justapor às primeiras, como em Insinuação em Negro, 1988, Sem Título, 1987, e Composição em Relevo, 1983. Alguns trabalhos ganham títulos que passam a remeter ao tema tratado - é o caso de Onda, 1987, e Mensagem do Mar, 1987.
Fonte: WAKABAYASHI . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersa, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Kazuo Wakabayashi (Kobe, Japão, 1 de maio de 1931) é um pintor, gravador, desenhista e poeta japonês radicado no Brasil. Foi membro do Grupo Seibi.
Biografia Itaú Cultural
Kazuo Wakabayashi (Kobe, Japão 1931). Pintor. Em 1944, estuda na Escola Técnica de Hikone, em Shiga, Japão. Entre 1947 e 1950, freqüenta a Escola de Belas Artes e a Academia Niki, em Tóquio, e as aulas de desenho e pintura de Kanosuke Tamura. De volta a Kobe, prepara-se para ingressar na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Tóquio, porém abandona a arquitetura em 1950, voltando-se para a pintura. No ano seguinte, integra o grupo Babel, ao lado de Rokuichi, Kaibara, Ko Nishimura e outros. Em 1953, torna-se membro do grupo Seiki e publica álbum de pinturas e poesias e, em 1954, participa do Delta, além de ilustrar os jornais Shinko Shimbum e All Sports. Entre as décadas de 1940 e 1960, participa de salões japoneses recebendo prêmios em 1947, 1950, 1954 e 1959. Em 1961, transfere-se para São Paulo e torna-se membro do Grupo Seibi, apresentado por Manabu Mabe (1924 - 1997) e Tomie Ohtake (1913). Dois anos depois, recebe medalha de ouro tanto no 12º Salão Paulista de Arte Moderna como no 7º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos. É agraciado com o primeiro prêmio no Salão de Abril do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, em 1966. Participa de diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, entre 1963 e 1967, quando é premiado. Em 1992, publica-se o livro Wakabayashi, com apresentação do crítico Jayme Mauricio, e, no ano seguinte, o Paço das Artes, em São Paulo, apresenta uma retrospectiva de sua obra.
Comentário Crítico
Quando Kazuo Wakabayashi chega ao Brasil, em 1961, já é um pintor maduro. Ele desenvolve uma obra abstrata de orientação informal, cuja principal característica é a pesquisa de técnicas, cores e materiais. Trabalha com contornos rigorosos e cores intensas, às vezes, experimentando multiplicar as formas enquanto caracteriza cada uma com alguma diferença em relação às demais, como em Contraponto, 1970, e Sem Título, 1966. Em diferentes obras, cria ritmos com relevos e texturas em superfícies monocromáticas, como em Vermelho, 1964, e Abstração, ca.1960. Em outras, ainda, estabelece relações entre formas e texturas diversas, como em Abstração Azul, 1968, e Abstração Amarela, s.d.
A partir do fim dos anos 1970, Wakabayashi se interessa mais pelo aspecto da textura e do relevo na pintura, muitas vezes optando por trabalhá-los de maneira quase uniforme em toda a superfície da tela, como em Composição em Amarelo, 1971 - na qual a atenção do espectador é conduzida por duas linhas amarelas que limitam verticalmente uma seção do quadro à direita -, ou restringindo textura e relevo dentro de uma superfície circular, como em Composição em Branco, 1983. Nessa obra, o artista parece raspar a tinta, criando uma linha que corta horizontalmente o círculo e revela um fundo avermelhado; logo abaixo dessa linha, uma seção do mesmo círculo não recebe a textura do restante da forma. Em Composição Abstrata, 1970, algo semelhante se dá, desta vez, no entanto, uma esfera é cortada verticalmente, revelando seu interior vermelho.
Wakabayashi desenvolve, num período posterior, trabalhos que remetem à tradição da gravura japonesa ukiyo-e, que trata principalmente de temas da natureza e figuras humanas, como também utiliza estampas de tecidos japoneses colados sobre as telas. Nessas obras, feitas de colagem e pintura, convivem as estampas apropriadas e a pintura que cria texturas, estas podendo se sobrepor ou justapor às primeiras, como em Insinuação em Negro, 1988, Sem Título, 1987, e Composição em Relevo, 1983. Alguns trabalhos ganham títulos que passam a remeter ao tema tratado - é o caso de Onda, 1987, e Mensagem do Mar, 1987.
Fonte: WAKABAYASHI . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersa, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7