Manabu Mabe (Kumamoto, Kyushu, Japão, 14 de setembro de 1924 — São Paulo, SP, 22 de setembro de 1997) foi um pintor, desenhista e tapeceiro japonês naturalizado brasileiro, pioneiro do abstracionismo no Brasil.
Biografia
Grandes manchas cromáticas criadas com pinceladas largas e rápidas, equilibrando espontaneidade e controle, são marca registrada de Manabu Mabe. O artista explora emplastramento, textura, traço e formas em seu trabalho. Enfim, cria sua própria linguagem lírica da cor, se aproximando do tachismo. Em algumas obras, é possível observar ainda referências à caligrafia japonesa.
Mabe veio com a família do Japão para o Brasil (1934) para trabalhar nas lavouras de café, mas começou a pesquisar pintura e desenho como autodidata - em revistas japonesas e livros de arte. Em Lins, interior de São Paulo, aprendeu a preparar telas e diluir tintas com o pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka.
Mais tarde, na capital paulista, conheceu Tomoo Handa, a quem mostrou seu trabalho. O mestre lhe incentivou a ter a natureza como fonte de inspiração. Passa, então, a integrar o Grupo Seibi - com outros artistas de origem japonesa em São Paulo - e a estudar junto com o Grupo 15. Aprende bastante com Yoshiya Takaoka e, no fim da década de 50, se estafe e passa a se dedicar exclusivamente à pintura (57).
Primeiro se dedica ao estudo de nu artístico e desenho gestual e naturezas mortas em estilo conservador, e depois caminha gradativamente para o impressionismo e fauvismo.
Em alguns momentos, sua obra dialoga com Picasso e Cândido Portinari, com formas geometrizadas na produção da década de 50. Gradualmente adere à abstração, produzindo sua primeira obra abstrata em 1955: Vibração Momentânea.
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Biografia Itaú Cultural
De Kobe, Japão, emigra com a família para o Brasil em 1934, para dedicar-se ao trabalho na lavoura de café no interior do Estado de São Paulo. Interessado em pintura, começa a pesquisar, como autodidata, em revistas japonesas e livros sobre arte. Em 1945, na cidade de Lins, aprende a preparar a tela e a diluir tintas com o pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka. No fim da década de 1940, em São Paulo, conhece o pintor Tomoo Handa a quem apresenta seus trabalhos. Integra-se ao Grupo Seibi e participa das reuniões de estudos do Grupo 15. No ano seguinte adquire conhecimentos técnicos e teóricos com o pintor Yoshiya Takaoka. Nos anos 1950 toma parte nas exposições organizadas pelo Grupo Guanabara. Em 1957 vende seu cafezal em Lins e muda-se para São Paulo para dedicar-se exclusivamente à pintura. No ano seguinte, recebe o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea. Em 1959, é homenageado com o artigo intitulado The Year of Manabu Mabe (O ano de Manabu Mabe), publicado na revista Time, em Nova York. Conquista prêmio de melhor pintor nacional na 5ª Bienal Internacional de São Paulo e prêmio de pintura na 1ª Bienal de Paris. Nos anos 1980 pinta um painel para a Pan American Union em Washington, Estados Unidos; ilustra O Livro de Hai-Kais, tradução de Olga Salvary e edição de Massao Ohno e Roswitha Kempf; e elabora a cortina de fundo do Teatro Provincial, em Kumamoto, Japão.
Comentário Crítico
Manabu Mabe vem com a família para o Brasil em 1934 e trabalha na lavoura de café no interior do Estado de São Paulo. Em 1941, reside na cidade de Lins, onde realiza desenhos a crayon e aquarelas. Dedica-se a essa atividade apenas nos dias de chuva - quando não pode trabalhar - e aos domingos. Adquire suas primeiras tintas a óleo em 1945. Dilui as tintas em querosene e utiliza como suporte para as pinturas o papelão ou a madeira. Nesse período, recebe orientação artística do pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka. Em 1947, em uma viagem a São Paulo conhece o pintor Tomoo Handa, que o incentiva a ter a natureza como fonte de inspiração. No ano seguinte, estuda com o pintor Yoshiya Takaoka, que lhe transmite ensinamentos técnicos e teóricos sobre pintura. Nesse período, participa do Grupo Seibi e integra o Grupo 15, com Yoshiya Takaoka, Shigueto Tanaka e Tomoo Handa, entre outros. Dedica-se ao estudo do nu artístico, pinta paisagens e naturezas-mortas, primeiramente em estilo mais conservador e depois aproxima-se progressivamente do impressionismo e fauvismo.
Na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, toma contato com obras de artistas da Escola de Paris, como Jean Claude Aujame, André Minaux, André Marchand e Bernard Lorjou, experiência que, segundo o próprio artista, modifica sua forma de pensar e a atitude perante a pintura. No começo da década de 1950, apresenta em suas telas formas geometrizadas, aproximando-se do cubismo, e figuras contornadas por grossos traços negros. Sua produção dialoga com a obra de Pablo Picasso e de Candido Portinari, pelos quais mantém forte admiração, como podemos observar em Carregadores ou Colheita de Café, ambas de 1956. Gradualmente, adere à abstração e, em 1955, pinta sua primeira obra abstrata Vibração-Momentânea. Muda-se com a família para São Paulo em 1957, a fim de iniciar a carreira de pintor profissional. Recebe, em 1959, o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, com as pinturas abstratas Grito e Vitorioso, ambas realizadas em 1958. As obras aludem ao sentimento de alegria do artista pelo convite para participação no evento. Vitorioso é ainda uma homenagem à atuação de Pelé na Copa do Mundo do ano anterior.
Em 1959, participa da 5ª Bienal Internacional de São Paulo, com as obras Composição Móvel, Pedaço de Luz e Espaço Branco, todas daquele ano, e recebe o prêmio de Melhor Pintor Nacional. As pinturas destacam-se pelas grandes manchas cromáticas, executadas em gestos rápidos e largos, em que se percebe o equilíbrio entre a espontaneidade e a contenção. Nessas telas, encontramos referências à tradicional arte da caligrafia japonesa. Consagra-se, no mesmo ano, nacional e internacionalmente: é premiado na 1ª Bienal dos Jovens de Paris; a revista Time dedica-lhe um artigo, intitulado The year of Manabu Mabe [O ano de Manabu Mabe]; e, no ano seguinte, é premiado na 30ª Bienal de Veneza. Torna-se assim um dos artistas mais destacados do abstracionismo informal brasileiro. Realiza exposições individuais e participa de mostras coletivas na América Latina, Europa e nos Estados Unidos.
No início de sua trajetória no campo da abstração, Manabu Mabe explora em suas obras o empastamento, a textura e o traço e se revela um colorista de porte. Ao voltar-se para o universo das formas caligráficas, percebe também as possibilidades de criar uma linguagem lírica com a cor. Dessa forma, em meados da década de 1960, começa a aproximar-se também de certos aspectos do tachismo. Os títulos de suas obras evocam emoções ou fenômenos da natureza como, em Canção Melancólica, 1960, Primavera, 1965, Vento de Equador, 1969, Outono Tardio, 1973, Meus Sonhos, 1978 ou Viver, 1989. A partir da década de 1970, cristaliza seus procedimentos anteriores - que reaparecem estilizadamente em quase toda sua produção -, incorpora em seus quadros figuras humanas e formas de animais, apenas insinuadas ou sugeridas, mas que em geral são representadas em grandes dimensões. Paralelamente, as grandes massas transparentes e etéreas com que vinha trabalhando adquirem um aspecto de solidez.
Críticas
"Refiro-me à obra de Manabu Mabe (...) que alcançou uma modesta reputação internacional (...) por suas pinturas gestuais apaixonadamente executadas. (...) Muito bem, mas o entusiasmo criativo, a riqueza de cores e a manipulação apaixonada das tintas têm um limite. Uma pintura, para ser arte, também requer foco, estrutura e um referencial. Desconfio que a maioria daqueles que repudiam a obra de Mabe criticam-na justamente neste ponto. Onde, perguntam, está o seu referencial - (...) o que eles querem mesmo saber é por que essas manchas e borrões são qualificadas como arte. Talvez devêssemos comparar mais ou menos uma dúzia de pinturas de Mabe com igual número produzido por crianças ou por adultos que simplesmente atirem tintas sobre as telas. Se empreendêssemos tal confronto descobriríamos que as diferenças são espantosas e colossais (...). (...) Os quatro ingredientes básicos da arte de Mabe são a paixão, o drama, o risco e a sensibilidade. Juntos, eles representam um artista de excepcional sensibilidade, cujas pinturas encarnam e reencarnam os grandes dramas da paixão contra a passividade, do movimento contra a inércia, e da vida contra a morte".
Theodore F. Wolff (As múltiplas máscaras da arte moderna. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 288.)
"A percepção do artista japonês fê-lo compreender com presteza as novas e surpreendentes afinidades entre suas próprias visões artísticas e as novas visões desenvolvidas a partir da arte moderna ocidental, particularmente com a abstração. (...) A formação de Manabu Mabe levou-o a compreender a relatividade e o parco valor da oposição convencional entre concreto e abstrato, ou entre o ´figurativo´ e o 'informal'. Escrevendo um breve comentário sobre sua obra, destinado à introdução de uma de suas mostras, Mabe declara que, em seu entender, 'figura e abstração são a mesma coisa. O artista não precisa amarrar-se a nenhuma das duas' - pois seu problema é secundário. Ambas me realizam, acrescenta Mabe (...). O que importa para Manabu Mabe não é a afirmação ou a negação da 'figura' sobre o suporte da ´imagem´, mas o acordo íntimo e quase físico com a 'matéria' pictórica; o diálogo penetrante e revelador entre o pintor e a substância cromática em todos os seus sentidos. O pintor deve-se interiorizar para compreender que a matéria o interroga e, quase como a esfinge mítica, exige respostas satisfatórias. A incapacidade de produzi-las significaria o fracasso do artista".
Jayme Maurício (Manabu Mabe. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 24.)
"Nestes últimos anos, Mabe tem dado inflexões diversas à sua pintura sem afastar-se dos princípios básicos com que começou. Sua técnica não mudou, houve porém uma intenção de incorporar a figura em suas composições, que geralmente assumem dimensões em grande escala. As massas transparentes, gasosas, com que se expressava começaram a mostrar solidez. As larvas, as lagartas, as folhas de árvore torcidas, enroladas, pareciam querer manifestar sua presença mas sem deixar-se definir completamente, como octoplasmas. Também a forma humana se insinuava, mas tudo debaixo de um véu de imprecisão. Resquícios de luz, de cor luminosa, bordeavam estas formas, desafiando a definição. Entretanto, seus tons transparentes ou seus planos cromáticos foram sendo cada vez mais ricos e mais vigorosos. Sua personalidade é de ascensão constante. Não é gratuito, portanto, que seja considerado atualmente um dos valores mais sólidos da arte pictórica na América Latina".
José Gómez Sicre (Manabu Mabe. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 46.)
"(...) o artista sintonizado com seu mundo interior e atento à dinâmica do processo pictórico em si preza, acima de tudo, a liberdade de expressão, não admitindo qualquer programa estético estabelecido a priori. Essas manifestações, ora associadas ao expressionismo abstrato, ora ao tachismo, assumem no Brasil algumas particularidades. Uma delas seria a ascenção de pintores nipo-brasileiros ao cenário das artes plásticas, logo se destacando Manabu Mabe, premiado em 1959 nas Bienais de São Paulo e Paris. Além de dar fama ao artista, a premiação confirma a penetração do chamado informalismo, ameaçando a posição vanguardista assumida pelo formalismo geométrico. A pintura gestual, em expansão nos Estados Unidos, Europa e Japão no pós-guerra, encontra receptividade entre os imigrantes japoneses que da cultura ancestral aproveitam a sutil disciplina do traço e a concisão formal para criar obras de impacto. Manabu Mabe conjuga em seus quadros gestos largos e decididos com vastas manchas de cor, equilibrando com sucesso espontaneidade e contenção. Pena que a vitalidade dos primeiros anos se dilua ao longo de sua volumosa produção".
Maria Alice Milliet (MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO. Mostra do Redescobrimento: Brasil 500 anos. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2000. p. 58.)
Depoimentos de Manabu Mabe
"'O que é a arte?' 'Qual a finalidade da minha pintura?' Um certo dia pensei sobre tudo isto e, desde então, já se passaram mais de vinte anos.
Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.
Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, brincar de correr atrás de pássaros, são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância.
O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele interior ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo hoje aos sessenta anos, cuja alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar.
Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza.
Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significa travar uma constante luta comigo mesmo.
O sofrimento e a alegria de produzir.
O que será que me faz ficar assim tão absorto?
É o belo.
O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo.
Que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?
Aos sete anos de idade desenhei um guarda-chuva aos dez uma paisagem de outono.
Aos vinte e dois anos comecei a pintar a óleo sobre tela, frutas e paisagens da colônia e, em 1953 passei a me preocupar com as cores e formas.
Em 1958 explodiram as obras abstratas e as telas passaram a pulsar o sangue rubro de esperança e excitamento.
'Sim, as obras são o registro de minha vida. A partir de então minha vida foi toda talhada de obras'.
Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e de paz, dos desequilíbrios sócio-econômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou.
Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material; como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida".
Manabu Mabe, 1985 (Palavras do artista. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 9.)
"Nunca fui aluno de nenhum mestre, tão pouco pertenci a qualquer escola. Possuo um estilo de pintura que eu mesmo desenvolvi, à custa de muito esforço e perseverança, o qual é facilmente identificável. A título de brincadeira, eu o denominei de "mabismo". Mas esse estilo também foi sofrendo modificações com o decorrer do tempo. As pessoas dizem que ele representa a fusão do oriente com o ocidente, sendo a expressão da poesia lírica, mas eu creio que a minha pintura representa a mim mesmo. Segundo as palavras de um pintor amigo, Kazuo Wakabayashi, eu sou um exemplo raro, entre os japoneses de minha geração, que não teve a experiência da guerra. Diz ele: os japoneses que estavam no Japão, durante a segunda guerra mundial, tornaram-se retraídos, devido a derrota. Mas, o Mabe, que estava no exterior, manteve a sua alegria natural, a qual consegue expressar na sua pintura".
Manabu Mabe - 16 de setembro de 1994 (Chove no Cafezal. Nihon Keizai Shimbun. São Paulo 1994. p. 86)
Exposições Individuais
1957 - Lins SP - Individual, no Clube Linense
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Barcinski
1960 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Instituto de Cultura Uruguaio-Brasileiro
1960 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Galeria Time-Life
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1960 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Sistina
1961 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Rubbers
1961 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Centro de Artes y Letras
1961 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, no Time-Life
1961 - Paris (França) - Individual, na Galerie La Cloche
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Barcinski
1961 - Roma (Itália) - Individual, na Galleria Del´Obelisco
1962 - Paris (França) - Individual, na Galerie La Cloche
1962 - Trieste (Itália) - Individual, na Galleria La Cavana
1962 - Veneza (Itália) - Individual, na Galleria Il Canale
1962 - Washington (Estados Unidos) - Individual, na Pan American Union
1963 - Salvador BA - Individual, na Galeria Querino
1964 - Lima (Peru) - Individual, no Instituto de Arte Contemporânea
1964 - Roma (Itália) - Individual, na Galleria D'Arte Della Casa do Brasil
1967 - Belo Horizonte MG - Individual, no MAP
1967 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
1968 - Cidade do México (México) - Individual, na Galeria Merk-Up
1968 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Catherine Viviano Gallery
1969 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Buchholz
1969 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1970 - Houston (Estados Unidos) - Individual, no Museum of Fine Arts
1970 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Catherine Viviano Gallery
1970 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1971 - São Paulo SP - Individual, Galeria de Arte Ipanema
1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1973 - Tóquio (Japão) - Individual, no Tokuma Art Gallery
1974 - São Paulo SP - Individual, na A Galeria
1975 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
1976 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Stephen Maltz Fine Arts Gallery
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte André
1978 - Kamakura (Japão) - Individual, no Kamakura Museum of Art
1978 - Kumamoto (Japão) - Individual, no Kumamoto Museum of Art
1978 - Osaka (Japão) - Individual, no National Museum of Art
1980 - Miami (Estados Unidos) - Individual, no The Lowe Art Museum
1980 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Individual, no Museum of Modern Art of Latin America
1981 - Paris (França) - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1982 - Miami (Estados Unidos) - Individual, no Meeting Point Art Center
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Manabu Mabe, na Kouros Gallery
1982 - Paris (França) - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1983 - Cidade do Panamá (Panamá) - Individual , na Galeria Arteconsult
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1983 - São Paulo SP - Manabu Mabe: obras recentes, na Galeria de Arte André
1984 - Estocolmo (Suécia) - Individual, na SAC
1984 - Paris (França) - Individual, na FIAC
1984 - Rio de Janeiro RJ - 60 Anos de Mabe, na Realidade Galeria de Arte
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1985 - Londres (Inglaterra) - Manabu Mabe, na I. CAF
1986 - Rio de Janeiro RJ - Manabu Mabe, na Realidade Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Manabu Mabe: obras recentes, no Masp
1987 - Paris (França) - Individual, na FIAC Grand Palais
1988 - Paris (França) - Individual, no Espace Latino-Americain
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1990 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva, na Novo Tempo Galeria de Arte
1990 - Brasília DF - Individual, na Visual Galeria de Arte
1991 - Nagoya (Japão) - Individual, na Saito Gallery
1991 - Osaka (Japão) - Individual, na Yamaki Art Gallery
1991 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret
1992 - Kumamoto (Japão) - Individual, no Tsuruya Art Gallery
1992 - São Paulo SP - Individual, no Museu da Casa Brasileira
1992 - Tóquio (Japão) - Individual, Murauchi Art Gallery
1995 - São Paulo SP - Manabu Mabe: 50 anos de pintura, na Galeria de Arte André
Exposições Coletivas
1950 - Rio de Janeiro RJ - 56º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1950 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Grupo Guanabara, na Galeria Domus
1951 - Lins SP - 1º Salão Linense de Artes Plásticas - medalha de ouro
1951 - Rio de Janeiro RJ - 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1951 - São Paulo SP - 2ª Exposição do Grupo Guanabara, no IAB/SP
1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon - menção honrosa
1952 - São Paulo SP - 1º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Clube Sakura - grande medalha de prata
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no MNBA - prêmio aquisição
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1953 - São Paulo SP - 2º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos - grande medalha de ouro
1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1954 - Tóquio (Japão) - Bienal de Tóquio
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1956 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de ouro
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança
1958 - São Paulo SP - 4ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1958 - São Paulo SP - 7ª Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - grande medalha de ouro
1959 - Dallas (Estados Unidos) - Coletiva, no Dallas Museum of Fine Arts - prêmio aquisição
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus
1959 - Paris (França) - 1ª Bienal de Paris - Prêmio Braun e prêmio bolsa de estudo
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de isenção de júri
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - melhor pintor nacional
1959 - São Paulo SP - 5ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Governador do Estado
1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte da Folha
1960 - São Paulo SP - Exposição dos Sete, na CAC
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Veneza (Itália) - 30ª Bienal de Veneza - Prêmio Fiat
1961 - Boston (Estados Unidos) - Latin American Artists, no Institute of Contemporary Art
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1961 - Washington (Estados Unidos) - Japanese Painters of the Americas
1962 - Bragança Paulista SP - Exposição dos Seis, no Clube Dois
1962 - Colorado (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no Colorado Springs Fine Arts Center
1962 - Córdoba (Argentina) - 1ª Bienal Americana de Arte - 1º prêmio
1962 - Minneapolis (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no Walker Art Center
1962 - San Francisco (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no San Francisco Museum of Art
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1962 - St. Louis (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no City Art Museum
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - Lima (Peru) - Pintura Latino-Americana, no Instituto de Arte Contemporânea
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1963 - Viena (Áustria) e Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, no Museum Fur Angewandte Kunst e no Royal Art College
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no MAM/RJ
1965 - La Paz (Bolívia) - Pintores Nipo-Brasileiros, na Embaixada do Brasil
1965 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, na Royal Academy of Arts
1965 - Oakland (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1965 - Tóquio (Japão) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Washington (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1966 - Cidade do México (México) - Pintura y Grabado del Brasil, no Museu de Arte Moderna
1966 - Rio de Janeiro RJ - O Artista e a Máquina, no MAM/RJ
1966 - São Paulo SP - 10º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1966 - São Paulo SP - Artistas Nipo-Brasileiros, no MAC/USP
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no Museu de arte Contemporãnea, no MAC/USP
1966 - São Paulo SP - O Artista e a Máquina, no Masp
1966 - São Paulo SP - Três Premissas, no MAB/Faap
1966 - Washington (Estados Unidos) - Two Nippo-Brazilian Painters, no Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos
1967 - Chicago (Estados Unidos) - Contemporary American Painting and Sculpture, na Illinois University
1967 - Nova York (Estados Unidos) - International Art Festival, na The New York Hilton Gallery at Rockfeller Center
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - Dez Artistas Nipo-Brasileiros, no Salão Nobre da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1967 - Urbana (Estados Unidos) - Contemporary American Painting and Sculpture, na Universidade de Illinois
1968 - Cidade do México (México) - Coletiva, no Museu de Arte Moderna
1968 - São Paulo SP - Primeira Feira Paulista de Opinião, no Teatro Ruth Escobar
1969 - Porto Alegre RS - Pintores Nipo-Brasileiros, na Galeria Cândido Portinari
1970 - Milão (Itália) - Arte Braziliana Contemporânea, no Consulado do Brasil
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1972 - Medellin (Colômbia) - 3ª Bienal de Medellín, no Museo de Antioquia
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1972 - Tóquio (Japão) - 150 Anos da Independência do Brasil, na Yakult Honsha
1973 - Kyoto (Japão) - Japanese Artists of America, no National Museum of Kyoto
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1973 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1973 - Tóquio (Japão) - Japanese Artists of America, no The Tokyo Museum
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1975 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1977 - Madri (Espanha) - Arte Actual de Iberoamericana, no Instituto de Cultura Hispânica
1977 - San Salvador (El Salvador) - Homenagem à Pintura Latinoamericana
1977 - São Paulo SP - 3ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1977 - São Paulo SP - Mostra de Arte, no Grupo Financeiro BBI
1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall
1978 - São Paulo SP - 3 Gerações de Artistas Nipo-Brasileiros, na Galeria Arte Global
1978 - São Paulo SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall
1979 - Curitiba PR - Artistas Nipo-Brasileiros, no Salão de Exposição do BADEP
1979 - São Paula SP - 4ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1980 - São Paulo SP - Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1980 - São Paulo SP - Mestres do Abstracionismo Lírico no Brasil, na Galeria Eugénie Villien
1981 - Osaka (Japão) - Exposição Latino-Americana de Arte Contemporânea Brasil/Japão, no Museu Nacional de Arte de Osaka
1981 - São Paulo SP - 5ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/SP
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1983 - Atami (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Atami (Japão) - Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Kyoto (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, no MNBA
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1983 - São Paulo SP - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, no Masp
1983 - Tóquio (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1984 - Buenos Aires (Argentina) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Haya (Holanda) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Lisboa (Portugal) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Londres (Inglaterra) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Madri (Espanha) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Milão (Itália) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Paris (França) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1984 - Roma (Itália) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1984 - Washington (Estados Unidos) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1985 - Atami (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Kyoto (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Rio de Janeiro RJ - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1986 - Rio de Janeiro RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte
1986 - São Paulo SP - Antes e Agora: 8 pintores, na Fundação Cásper Líbero
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d?Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Rômulo Maiorana
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no Bronx Museum of the Arts
1988 - Pequim (China) - 1ª Exposição Brasil-China, na Galeria de Belas Artes da China
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1989 - Copenhague (Dinamarca) - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Museu Charlottenborg
1989 - El Paso (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no El Paso Museum of Art
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-Brasileiras, no MNBA
1989 - San Diego (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no San Diego Museum of Art
1989 - San Juan (Porto Rico) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no Instituto de Cultura Puertorriqueña
1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Galeria Itaú Cultural
1990 - Atami (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Brasília DF - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Miami (Estados Unodos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Center for the Arts
1990 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - São Paulo SP - 6º Salão Brasileiro de Arte, na Fundação Mokiti Okada M.O.A.
1990 - São Paulo SP - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1990 - Sapporo (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1990 - Tóquio (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa de Cultura
1992 - São Paulo SP - 7º Salão Brasileiro de Arte, na Fundação Mokiti Okada
1992 - São Paulo SP - Grupo Guanabara: 1950-1959, no Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1993 - São Paulo SP - Exposição Luso-Nipo-Brasileira, na MAB/Faap
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, na Masp
1994 - São Paulo SP - Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP, no MAC/USP
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Brasília DF - Sete Samurais da Arte Brasileira, na LBV
1995 - Niigata (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no The Niigata Prefectual Museum of Modern Art
1995 - São Paulo SP - Brasil-Japão Arte, na Fundação Mokiti Okada M.O.A.
1995 - São Paulo SP - Brasil-Japão de Arte, Fundação Mokiti Okada
1995 - São Paulo SP - Projeto Contato, na Galeria Sesc Paulista
1995 - São Paulo SP - Projeto Contato, na Galeria Sesc Paulista
1995 - Tokushima (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Centro Cultural de Tokushima
1996 - Barra Mansa RJ - 12 Nomes da Pintura Brasileira, no Centro Universitário de Barra Mansa
1996 - Gifu (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no The Museum of Fine Art Gifu
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1970 - 1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Bandeiras, na Galeria de Arte do Sesi
1996 - São Paulo SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Masp
1996 - Tóquio (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Azabu Art Museum
Exposições Póstumas
1997 - Curitiba PR - Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 - Jacareí SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, na Oficina de Artes Santa Helena
1997 - Jacareí SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, na Oficina de Artes Santa Helena
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - Belo Horizonte MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Palácio das Artes
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Ipatinga MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil
1998 - Ipatinga MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, na Fundação São Francisco Xavier. Centro Cultural Usiminas
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1998 - São Paulo SP - Traços e Formas, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1999 - Brasília DF - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, no Ministério das Relações Exteriores
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo - Metamorfose do Consumo, no Itaú Cultural
1999 - São Paulo SP- Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, no Masp
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Individual, no Club Athletico Paulistano
2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, no CCBB
2001 - Rio de Janeiro RJ - Acervo da Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Galeria de Arte André
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Nova André Galeria
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2001 - São Paulo SP - Chove no Cafezal, no Museu da Casa Brasileira
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Além da Tela, na Nova André Galeria
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Os Sete Baluartes do Abstracionismo Brasileiro, na Nova André Galeria
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - Coleção Lauro Eduardo Soutello Alves no Acervo do MAM, no MAM/SP
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA
2004 - Rio de Janeiro RJ - 90 Anos de Tomie Ohtake, no MNBA
2004 - São Paulo SP - Abstração como Linguagem: perfil de um acervo, na Pinakotheke
2004 - São Paulo SP - Gesto e Expressão: o abstracionismo informal nas coleções JP Morgan Chase e MAM, no MAM/SP
2004 - São Paulo SP - Grupo Guanabara, na Galeria Prestes Maia
2004 - São Paulo SP - Manabu Mabe e Yugo Mabe, no Espaço Cultural Vivo
Prêmios
1951 - Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
1951 - Medalha de ouro, 1º Salão Linense de Artes Plásticas, Brasil
1952 - Grande Medalha de Prata, 1º Salão Seibi, Brasil
1952 - Menção honrosa, 47° Salão Paulista de Belas Artes, Brasil
1953 - Grande Medalha de Ouro — prêmio Colônia —, 2º Salão Seibi, Brasil
1953 - Prêmio aquisição, Salão Nacional de Arte Moderna Rio de Janeiro, Brasil
1956 - Pequena Medalha de Prata, V Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1957 - Pequena Medalha de Ouro, VI Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1958 - Grande Medalha de Ouro, VII Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, Brasil
1958 - Prêmio isenção do júri, VII Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brasil
1959 - Prêmio Governador do Estado, VIII Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1959 - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil
1959 - Melhor Pintor Nacional, 5ª Bienal de São Paulo, Brasil
1959 - Prêmio Braun, I Bienal de Paris, França
1959 - Prêmio bolsa de estudos, I Bienal de Paris, França
1959 - Prêmio aquisição, Dallas Museum of Fine Arts, Dallas, Estados Unidos
1960 - Prêmio Fiat, 30ª Bienal de Veneza, Itália
1962 - Primeiro prêmio, I Bienal Americana de Arte Córdoba, Espanha
Obras em museus
Museu de Arte de São Paulo/MASP, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte Moderna /MAM, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte de Contemporânea/MAC USP, São Paulo/SP, Brasil
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte Moderna/MAM, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu Manchete, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu de Arte Moderna/MAM, Salvador/BA, Brasil
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS, Brasil
Museu de Arte de Belo Horizonte, Belo Horizonte/MG, Brasil
The Museum of Contemporany Art, Boston, Estados Unidos
Walker Art Center, Minneapolis, Estados Unidos
Dallas Museum of Fine Arts, Dallas, Estados Unidos
The Museum of Fine Arts, Houston, Estados Unidos
Lowe Art Museum, Miami, Estados Unidos
Museum of Modern Art of Latin America, Washington, Estados Unidos
The National Museum of Art, Kyoto, Japão
Rikka Museum of Art, Tóquio, Japão
The National Museum of Art, Osaka, Japão
The Hakone Open Air Museum, Hakone, Japão
Museum of Art (MOA), Atami, Japão
Iwasaki Art Museum, Kagoshima, Japão
Murauchi Art Museum, Tóquio, Japão
Museo de Belas Artes de Caracas, Venezuela
Fonte: MANABU Mabe. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 03 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Em 1934, chega ao Brasil com a família a bordo do navio La Plata Maru para trabalhar nas lavouras de café de Lins, interior de São Paulo. Foi em Lins que conheceu Tikashi Fukushima. Manabu Mabe era quatro anos mais novo que Tikashi, Tikashi e Mabe estavam decididos a serem pintores, Mabe trabalhava na lavoura e pintava quando chovia. Mabe tem uma infância pobre, adaptando um ateliê no meio da lavoura para pintar naturezas-mortas e paisagens. Consegue realizar a primeira exposição individual em São Paulo (1948), na qual mescla a caligrafia oriental com a pintura feita com manchas. No ano seguinte participa do Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro.
Casa-se com Yoshino em 1951 e tem filhos. Conheceu Tadashi Kaminagai em 1952, Mabe foi um apreciador da arte de Kaminagai, e conta que ficava horas ao lado do artista "admirando as maravilhosas cores que ele pintava uma arara, na varanda da casa do doutor Honda". Ganha o prêmio de pintura na segunda Bienal Internacional de São Paulo (1953), onde são aceitos só dois artistas nipo-brasileiros, Mabe e Tadashi Kaminagai.
Em 1956, participa da Bienal de Arte do Japão e, em 1959, obtém o prêmio de melhor pintor nacional da quinta Bienal de São Paulo e o de destaque internacional na Bienal de Paris.
No livro Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, Cecília França Lourenço descreve o uso do geometrismo e do abstracionismo pelos artistas nipo-brasileiros como que atendendo a um "impulso vital e mesmo cultural, mais facilmente identificado com o gesto, a mancha e as pesquisas formais, sendo por isso mesmo, uma fonte inesgotável e revitalizada através da vivência". Artistas como Mabe e Tikashi Fukushima puderam contribuir de maneira decisiva no desenvolvimento dessa tendência abstrata. Cecília França Lourenço, ao comentar a obra de Tomie Ohtake, quando ela atingiu um nível de maturidade, compara com a obra da artista com a de Fukushima e Mabe, no contexto que ambos os três tinham "certa contenção, sem permitir extravasar totalmente a emoção da obra".
Algumas de suas obras, cerca de 53, avaliadas em mais de US$ 1,24 milhão, foram perdidas no mar, no dia 30 de Janeiro de 1979, quando o Boeing 707-323 Cargo da Varig, registro PP-VLU, sob o comando do mesmo comandante sobrevivente do voo Varig RG-820, desapareceu sobre o oceano cerca de trinta minutos após a decolagem em Tóquio. Nenhum sinal das obras, destroços ou corpos foi encontrado. É conhecido por ser o maior mistério da história da aviação até os dias de hoje. e um dos raríssimos voos civis comerciais que desapareceram sem deixar vestígios. Alguns dos quadros foram posteriormente refeitos pelo pintor.
A arte na década de 80 foi influenciada pelo aparecimento de outros artistas e também pela atuação dos pioneiros, como Tomoo Handa, abstracionistas, como Manabu Mabe, Tikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi e outros, onde atuaram, no desenvolvimento artístico, como também nos interesses da comunidade de artistas.
Realiza, em 1986, uma retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e lança um livro com 156 reproduções de seu trabalho com textos em português, inglês e japonês.
A Revista Veja de 22 de julho de 1988 descreve o fato de que a "importância dada ao trabalho de Mabe, Fukushima e Shiró atraiu ao Brasil uma nova leva de artistas japoneses, que chegaram ao país maduros e com posturas estéticas sedimentadas". O jornal O Estado de S. Paulo de 16 de dezembro de 1989, afirma que na arte brasileira destacam-se os nipo-brasileiros, dentro do chamado abstracionismo informal, onde dentre os adeptos podem ser citados Fukushima, Mabe, Wakabayashi, e Shiró.
Escreve, em 1995, a autobiografia Chove no Cafezal, em japonês, cujo texto original foi publicado em capítulos semanais no jornal Nihon Keizai Shinbum, de Kumamoto, sua região natal. Em 1996 viaja ao Japão para uma grande mostra retrospectiva de sua obra. Em 1997, alguns meses antes de falecer Manabu Mabe, participou de uma vinheta interprogramas pintando o logotipo da extinta Rede Manchete de televisão. No mesmo ano, por causa da Diabetes, Mabe morre em São Paulo por complicações decorrentes de um transplante de rim.
Segundo o crítico de arte Ichiro Hariu, a demanda de obras de arte no Brasil é grande, mas a desigualdade socioeconômica é enorme, e os compradores se limitam a pessoas de classe mais abastada, empresas e órgãos públicos. Segundo Hariu, Ohtake, Fukushima, Mabe e outros são reconhecidos abstracionistas, representativos do Brasil, que contam com muitos apoiadores.
Suas obras encontram-se nos Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Arte Contemporânea de Boston e de Belas Artes de Dallas, entre outros. No Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, encontra-se uma de suas pinturas mais expressivas Natureza-Morta (óleo sobre tela). Também estão no Museu Nacional de Arte da Bolívia e na coleção de arte V+R Sapoznik.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 03 de março de 2017.
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Autobiografia Manabu Mabe
Decada de 20
Nasci em 1924, na localidade de Takara, na vila e atual cidade de Shiranui. A casa onde eu nasci era consideravelmente ampla, tinha nos fundos um espaçoso jardim japonês e, no pátio, um lago em que eu costumava nadar. Construir um jardim como aquele foi um desejo que sempre esteve presente em minha mente desde que imigrei.
Dos tempos de escola, lembro-me da professora Nogushi. Um belo dia, ela elogiou o desenho que fiz do guarda-chuva japonês, durante a aula, dizendo: “Muito bem desenhado. Vocês todos devem desenhar assim”. Este foi, com certeza, um dos primeiros estímulos a minha vocação de pintor.
Decada de 30
Em 1934, meu pai, Soichi Mabe, em companhia de minha mãe, Haru, e cinco filhos, viajaram ao Brasil. O que nos esperava era um serviço novo e desconhecido. Mas havia uma missão a cumprir. Nós imigrantes buscávamos no Brasil um mundo novo para encontrar um caminho a vencer. Belo! Foi a minha primeira definição do Brasil. Cresci sem formação escolar especializada. Minha vida foi sempre orientada pela natureza. Planícies e mais planícies a perder de vista. Plantações de café, fazendas de criação de gado, florestas, caminhos de terra vermelha cortando a mata virgem, o canto dos pássaros, o ruído dos insetos, o barulho da queda das mangas. É indescritível a influência da natureza na formação da minha personalidade e no desenvolvimento das minhas qualidades de pintor. Ao aproximar-me de um fruto de mamão amarelo e maduro, corre um lagarto. É a lembrança que tenho dos idos de 1934, quando, aos 10 anos de idade, mudei para Birigui, cidade do interior de São Paulo. Desde criança sempre gostei de desenhar e trouxe para o Brasil os crayons que usava na escola primária do Japão. Lembro-me da natureza brasileira que se desvendou sob os meus olhos, os peixes nadando nas águas rasas das lagoas e os papagaios disputando uma goiaba madura. E quatro ou cinco anos passaram-se em arrebatamento. Voltei a desenhar novamente. Isto era possível apenas nas horas de folga do serviço de cafeicultura, como nos dias de chuva ou aos domingos.
Década de 40
A primeira vez que usei tinta a óleo foi em 1945. Naquele ano, uma intensa geada arruinou toda a plantação de café e fomos forçados a descansar. Vi uma caixa de tinta numa livraria da cidade e não resisti à vontade de experimentar. Em pouco tempo pintei avidamente paisagens e naturezas-mortas em papelões e tábuas de madeira, dissolvendo a tinta em querosene.
Transpus tudo com tenacidade física e intensa paixão. Ficava entusiasmado com tudo o que fazia. Dizia o meu pai quando eu era menino: "Você é muito exaltado, meu filho". À medida que desenhava, passei a pensar, sofrer e experimentar alegrias como se fora um desenvolvimento de mim mesmo e aprendi, então, sobre a importância do ato de criar.
Naquela época, os meus estudos se baseavam na leitura de revistas de arte provenientes do Japão, ou de coleções de livros de arte. Mesmo assim, era muito difícil consegui-los na colônia, no interior da cidade de Lins, onde me encontrava distante 500 km da Capital, mas meus amigos, artistas veteranos, foram sempre incansáveis encorajadores deste estranho pintor-lavrador.
Com o término da Segunda Guerra Mundial e a derrota do Japão, surgiu entre os imigrantes japoneses o conflito dos grupos que acreditavam na vitória contra o grupo dos que não admitiam a derrota. Assim, com a morte de meu pai, o casamento e a posição de um quase nissei, encontrava-me em situação difícil. Estava entre o japonês e o brasileiro, entre o issei e o nissei.
Década de 50
De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo.
Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor.
Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas.
De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo.
Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor.
Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas.
Dois anos mais tarde, quando recebi o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas — da qual participavam artistas de todo o país — e o Prêmio de Melhor Pintor Nacional na 5ª Bienal de São Paulo, fiquei exultante.
Haviam se passado dez dias desde o recebimento do prêmio da Bienal de São Paulo quando chegou um telegrama do exterior com a notícia: "Manabu Mabe recebeu o prêmio da I Bienal de Jovem de Paris".
Sob estrondoso aplauso e pelas palavras do então presidente da República, Juscelino Kubitschek, "Parabéns, esforce-se cada vez mais em benefício do mundo das Artes Brasileiras", senti-me plenamente recompensado como filho de imigrante.
Foi-me dada oportunidade de apreciar os trabalhos de autores consagrados no mundo inteiro. As minhas ideias, influenciadas por aquelas obras, sofreram mudanças. A pintura, agora, como eu a via, era um verdadeiro combate corpo a corpo; era, em síntese, um espírito de luta.
A revista Time comentou a conquista de prêmios em duas bienais sob o título 1959, o ano de Manabu Mabe e fui apresentado em reportagem de uma página, desde a minha infância até a outorga dos prêmios.
O que é arte? Qual a finalidade da minha pintura? Certo dia pensei sobre tudo isto, e desde então, já se passaram mais de vinte anos. Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.
Década de 60
Quando comecei a ser premiado em várias exposições, o Sr. Francisco Matarazzo observou: “Há muitas pessoas que criticam o por manter a sua nacionalidade japonesa, após tantos reconhecimentos no Brasil. Eu não penso assim, mas que tal se você se naturalizasse?”. Aproveitei o ensejo da inscrição na XXX Bienal de Veneza para me naturalizar. Mamãe ficou calada. Bem posso avaliar o quanto a renúncia a minha nacionalidade deve ter significado para ela. Costumo brincar autodenominando-me de japonês latino, mas no íntimo me considero brasileiro.
Em 1960, conquistei o Prêmio Fiat na Bienal de Veneza. Lembrei-me do Aldemir Martins. Ele tornou-se um grande amigo, um verdadeiro irmão. Nas festas aqui em casa, algumas pessoas nos acham parecidos e ficam na dúvida se ele é japonês ou eu é que sou nordestino.
A minha primeira exposição no exterior ocorreu em 1960, no Uruguai. Foi ao mesmo tempo, a minha primeira viagem ao exterior, desde que chegara ao Brasil. Convidado pelo governo uruguaio e, graças à ajuda do Sr. Walter Wey, da Embaixada do Brasil naquele país, alcancei grande popularidade pelas numerosas obras líricas modernas que expus.
Em janeiro de 1961, a convite da empresa Time-Life, estive em Boston, era minha primeira viagem aos Estados Unidos. Minha vida mudou. Contratos com marchands des arts, incursões pelos Estados Unidos e Europa. Era preciso abrir bem os olhos.
De Roma, Florença, Assis, Milão e Veneza para o verão ao norte da Itália, cruzando as montanhas Dolomites; ao sul, em Nápoles e Sorrento; passando pela Suíça, cheguei à tão sonhada Paris.
Relíquias, ruínas, museus de arte, obras originais... Fiquei emocionado com a Europa que vi pela primeira vez. Lá, convenci-me de que, na obra original há a presença do próprio artista. Compreendi que a pintura é o fruto do esforço e do tempo e que, tanto Picasso como Matisse pintaram despretensiosamente com traços de senso fino e espírito lúdico. Assim, concluí que é indispensável ver as obras originais.
Por ocasião da mostra Dez Pintores Nipo-Brasileiros, realizada nos salões da Pan-American Union, em Washington, o então Embaixador Juracy Magalhães, aconselhou-me a permanecer durante um período mais prolongado e pintar um número maior de obras.
Sua intenção era convidar-me para permanecer na residência oficial da embaixada e apresentar-me a colecionadores de arte nos Estados Unidos.
Fiquei lá 50 dias e, nesse período, produzi muitas obras e fui apresentado a vários colecionadores famosos, entre eles, David Rockfeller. Ele adquiriu três quadros meus e cheguei a visitá-lo, duas ou três vezes, na matriz do Banco Chase Manhattan.
Na época que estive em Washington, por volta de 1965, sob a assistência da embaixada brasileira, o Sr. Juracy Magalhães, embaixador brasileiro dos Estados Unidos (mais tarde chanceler e ministro da Justiça) apresentou-me ao Ministro do Planejamento, Sr. Roberto Campos. Por certo há entre nós grande compatibilidade de gênios, pois nossa amizade permanece. Quando ele foi designado Embaixador da Inglaterra, pude utilizar a embaixada de Londres como se fosse a minha própria casa e, nas recepções promovidas, fui apresentado às personalidades mais ilustres do mundo.
Da longa amizade que nos uniu, aprendi com ele como viver.
Depois de Washington a exposição seguiu para La Paz, Bolívia. Dela participaram Kazuo Wakabayashi, Tikashi Fukushima, Shigueto Tanaka, Rei Kamoto, recém-chegado do Japão, e eu.
Três dias antes da inauguração da exposição, ainda não haviam chegado os quadros de Fukushima e os meus. Com o passar do tempo, a aflição começou a tomar conta de nós. Decidimos pintar novas obras no local. O problema eram as telas. Conseguimos o tecido, mas faltavam os chassis, pois não havia madeira disponível e a derrubada de uma árvore era punida com absoluto rigor. Achamos madeira na fábrica de um industrial e fizemos um trabalho de carpintaria, antes mesmo da pintura. A exposição foi um sucesso e contou com a presença de três mil bolivianos aproximadamente.
Década de 70
No dia 14 de setembro toda família se reúne. É meu aniversário. Esta data me enche de prazer e evoca recordações sobre a minha vida. Aqui, no hemisfério Sul invariavelmente chove. Quando isso ocorria, nos tempos do cafezal, não se trabalhava, e eu podia pintar à vontade. Assim, a chuva deu origem ao pintor Manabu Mabe. Com certeza, é uma dádiva ser agraciado por ela no dia do meu aniversário, como sempre acontece.
Nessa época, para não fugir à regra, as azaleias cor-de-rosa do jardim e as carpas do lago são fustigadas pelas gotas de chuva.
Não me ocorre a lembrança de ter comemorado um aniversário sequer quando trabalhava na lavoura de café.
Minha vida é bela. As coisas belas são o objetivo de minha vida.
A primeira exposição no Japão foi marcada para o período de 11 a 16 de agosto de 1970 e teve como tema principal a paisagem natural do Brasil. Foi um sucesso absoluto. Guiei o casal Imperial durante toda a exposição e este demonstrou particular interesse pela obra intitulada Amazonas. Ao final da visita, a princesa Michiko revelou-me: “Gostaria que o senhor realizasse suas exposições no Japão a cada cinco anos pelo menos”.
Em 1978, o casal esteve no Brasil a fim de participar dos festejos comemorativos dos 70 anos da imigração japonesa. Agradeci-lhes naquela ocasião a presença na exposição do Japão.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil organiza inúmeras exposições coletivas. Naturalmente, em cada uma destas exposições tenho viajado como embaixador cultural e é interessante como o governo trata muito bem os artistas, assim como os diplomatas também são extremamente atenciosos. Dezenas de exposições individuais realizadas no exterior foram levadas a efeito por promoção ou colaboração das embaixadas brasileiras em diversos países.
Viajando pelo exterior, passaram-se dez anos desde o início de meus contatos com oficiais de alto nível. Para quem foi criado no interior do Brasil, tudo foi um aprendizado, uma batalha para viver.
Ainda em 1978, realizei uma exposição retrospectiva no Japão que alcançou grande êxito. Entretanto uma grande tragédia me aguardava em seguida.
Em 30 de janeiro de 1979, numa reunião na casa de Sanematsu Yutaka, meu secretário, um noticiário de rádio dá conta de que um avião de carga da Varig estava desaparecido. Assustado, Sanematsu me disse: “Os quadros da exposição foram embarcados naquele voo”. Fiquei mudo. Cinquenta e sete quadros ao todo, incluindo trabalhos da minha irrecuperável juventude. Praticamente todas as minhas telas mais importantes, as que me trouxeram os primeiros prêmios. Todas haviam sumido.
O primeiro pensamento que me ocorreu, depois do choque, foi: “Felizmente não foi a minha vida”. Quando pequeno, sempre que perdia alguma coisa, minha mãe dizia: “Manabu, este desaparecimento substitui a perda da tua própria vida”.
Decorridos quatorze anos, só agora acabei de entregar as últimas obras em substituição às telas perdidas. Estarão os meus quadros repousando agora nas águas geladas do Polo Norte?
Década de 80
Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza. Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significam travar uma constante luta comigo mesmo. O sofrimento e a alegria de produzir.
O que será que me faz ficar assim tão absorto? É o belo. O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo. De que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?
Nunca fui aluno de nenhum mestre, tão pouco pertenci a qualquer escola. Possuo um estilo de pintura que eu mesmo desenvolvi, à custa de muito esforço e perseverança. A título de brincadeira, eu o denominei de mabismo. Mas esse estilo também vem sofrendo modificações com o decorrer do tempo.
As pessoas dizem que ele representa a fusão do Oriente e do Ocidente, sendo a expressão da poesia lírica, mas eu creio que a minha pintura representa a mim mesmo.
Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, e brincar de correr atrás dos pássaros são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância. O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela, e o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo, sessenta anos depois, a alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar.
Eu tenho muito que fazer ainda, muito que pintar, sempre que puder sentir alguma coisa diferente, um prazer, porque um quadro não é uma coisa que a gente faça um atrás do outro. Um quadro é um pouco da gente.
Tornou-se forte dentro de mim a idéia de composição e começaram a surgir traços negros, seja nas paisagens, seja na natureza-morta. Na verdade, Picasso também utilizou esses traços que são pinturas montadas. Continuei pintando assim por algum tempo, até que comecei a ansiar por mais liberdade. Abandonei as paisagens e fui adentrando no abstrato, baseado, apenas, na composição.
A nossa família, de início, era constituída por dez pessoas. Hoje somos setenta, incluindo os parentes por parte da minha mulher. Da minha família sou o filho mais velho. Depois de mim, Satoru, Michiko (falecido), Hitoko, Yoshiko e Sunao, estes dois últimos nascidos no Brasil. Uma das recordações mais marcantes que tenho é de quando papai solenemente declarou: “Manabu, vamos para o Brasil. É outro país. Vamos viver colhendo café”. Ao ouvir suas palavras aflorou-me, repentinamente, a imagem dos frutos vermelhos do café. Havia acabado de ler o livro Robinson Crusoé, de Daniel Dafoe e, portanto estava eufórico com a perspectiva de aventura. Eu estava tão entusiasmado que não conseguia conter a alegria.
Década de 90
Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e de paz, dos desequilíbrios socioeconômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou. Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material. Como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida.
É preciso crer sempre no sonho e lutar para que ele se torne real.
Tenho a sensação de que venho perseguindo os meus sonhos.
O primeiro deles remonta aquele dia em o meu pai declarou subitamente ”Manabu, vamos ao Brasil”. Como seria um país estrangeiro? E os grãos de café? Os sonhos que eu alimentei no novo país, enquanto brincava caçando pássaros e pescando, variaram desde o estabelecimento de um novo recorde no arremesso de disco, de tornar-me um exímio jogador de beisebol, de ser um grande fazendeiro, até finalmente, o de ser um pintor, assumindo cada vez maior grau de objetividade em relação a minha verdadeira vocação.
Ainda quando trabalhava no cafezal, manifestei o meu desejo de ir a Paris, a fim de estudar pintura, criando embaraços a papai. Para ele, que levava a vida no extremo limite da austeridade como colono, aquilo não poderia ser nada mais do que a exacerbação de sonho. As crianças têm um projeto absurdo. Isso talvez seja privilégio delas.
Fui a São Paulo alimentando o sonho de ser pintor profissional e, no ano seguinte, recebi todos aqueles prêmios e a bolsa de estudos, realizando exposições em várias partes do mundo. Pensei então: ”Quero ceder este prêmio para um jovem. Quero contribuir para a realização de seu sonho”. Bafejado pela sorte, pude concretizar o meu sonho, num piscar de olhos. Mas ele não tem limites.
Atualmente acalento o seguinte ideal: viver em sincronia com a época e produzir obras que, no futuro, possam ser avaliadas como sendo de Mabe. Para tanto, o caminho é longo. Já pintei, até hoje, cerca de três mil e duzentas obras e ainda produzo cinquenta ao ano. Examinando recentemente minhas criações percebo que tenho trabalhado excessivamente nos detalhes. Quero perseguir algo mais simples. Tenho sentido necessidade de mais tempo. Novos projetos surgem a todo instante.
Sabe, desde criança eu vivo no Brasil. Então, personalidade para mim é brasileiro, né? Mas rosto, nem adianta né? Cada vez ficando japonês, mais japonês. Mas sou criado no Brasil, então costume e pensamento muito brasileiro. Agora, a cor forte, essa cor forte é também o sol do interior do Brasil, do Noroeste. Sol quente e céu muito azul. Agora, lá não tem montanha, é um pampa, vai até cem quilômetros a mesma coisa, não tem montanhas, sempre mato. E fruta, por exemplo: gostoso, doce e colorido. Então, desde criança, terra vermelha, céu azul, frutas, passarinhos, papagaio, essas coisas. Muito sentimental e muita vida colorida também.
Trajetória Artística
Década de 40
Em 1942, Mabe começou a traçar a sua trajetória como um dos grandes mestres da pintura. No início fez muitos estudos em papéis com lápis, passando a utilizar também crayons e aquarelas. Somente no ano de 1945, quando passava pela livraria da cidade de Lins, interior de São Paulo, deparou-se pela primeira vez com um tubo de tinta a óleo. Teve então vontade de experimentar esse novo material.
Diluía a tinta a óleo com querosene e pintava sobre papelão. Os temas pintados eram retirados de calendários pendurados na parede da casa. As obras da década de 40 são puramente acadêmicas. São consideradas por ele mesmo como uma fase de estudo, mas já se nota a habilidade genial que expressa em suas obras.
Década de 50
Esta década é o início de sua participação ativa no contexto da arte brasileira. Envia obras aos principais Salões, como o Salão Nacional do Rio de Janeiro, Salão Paulista e as 2ª e 3ª Bienais de São Paulo. Antes de 1965, sua obra tinha características de abstração neocubista, forte influência de Picasso, por quem tinha grande admiração.
1959 seria o ano de Mabe, como relatou a revista Time.
Participa da 5ª Bienal de São Paulo com as seguintes obras:
Composição Móvel, 130 x 130 cm,
Pedaço de Luz, 130 x 120 cm e
Espaço Branco, 120 x 100 cm.
Três obras de manchas gestuais de forte impacto e traços delicados do sumi-ê, arte caligráfica japonesa, mas com a clara necessidade de se libertar da abstração neocubista e partindo para o expressionismo abstrato.
Esta década é o início de sua participação ativa no contexto da arte brasileira. Envia obras aos principais Salões, como o Salão Nacional do Rio de Janeiro, Salão Paulista e as 2ª e 3ª Bienais de São Paulo. Antes de 1965, sua obra tinha características de abstração neocubista, forte influência de Picasso, por quem tinha grande admiração.
Com essas mudanças recebeu o Prêmio de Melhor Pintor Nacional em 1959, das mãos do então presidente da República do Brasil, Juscelino Kubitschek.
Passados dez dias recebe o Prêmio Braun para Melhor Pintor a óleo na I Bienal de Jovens de Paris, além de uma bolsa de estudos de seis meses.
Manabu Mabe dividiu as fases da seguinte maneira:
1947 a 1949 Escola Acadêmica
1950 a 1952 Impressionismo e Fauvismo
1953 a 1957 Semi-Abstracionismo e Neorrealismo
A partir de 1957 parte para o Abstracionismo, mantendo ainda algumas figuras em seus trabalhos.
Década de 60
Em 1960 Mabe viaja pela primeira vez ao exterior. Parte para o Uruguai, onde realiza sua primeira exposição individual em Montevidéu. No ano seguinte vai aos Estados Unidos e Europa. Em 1962, permanece oito meses na Europa, no que chama de viagem cultural.
Em suas composições busca a forma explosiva do tachismo, deixando o lirismo das formas caligráficas do Japão.
As espátulas cobertas de tintas dão a forma e o vigor de suas obras.
Nota-se claramente a força, a vida, feita com a gestualidade oriental.
As cores antes com predominância do preto vão se tornando claras, sem medo de utilizar as matizes como fundo.
Década de 70
O Abstracionismo lírico de Mabe é a marca constante de seu trabalho. A mescla de inspirações entre o Oriente e o Ocidente é visível em suas composições.
As obras dão continuidade à evolução de um artista, mostrando porque um mestre é um mestre.
A preocupação com a concepção até o produto final é sempre uma marca de Mabe. Nada deve ficar faltando, pois toda a obra deve ter vida.
Década de 80
As figuras voltam em suas telas, mas em formas abstratas e sutis.
As espatuladas mesclam as cores e surgem novas formas, novas cores.
As composições são ricas em detalhes. Cada espaço da tela tem sua própria concepção e surgem as formas geométricas em contradição com as formas gestuais.
As cores são cada vez mais vibrantes, não agredindo o espectador ao contemplar a obra.
A vitalidade e a jovialidade é sempre uma constante no trabalho de Mabe. A obra por si só, caminha para a natural evolução do ser humano.
Toda obra dele tem a sua marca, o mabismo.
Década de 90
A vibração das cores, a harmonia das formas, o vigor das pinceladas e o amor à arte estão sempre presentes em suas telas.
A temática das obras dos anos 90 continua sendo uma continuação do trabalho dos anos anteriores, mas sempre transformando o abstrato das telas em formas de esculturas bidimensionais, fazendo com que o espectador admire a obra como se ela estivesse viva, e que saltasse da tela para o mundo real.
A obra de Mabe será sempre Mabe.
Depoimentos
“A história começou assim: Eu conheci o Mabe através de minha mulher. Ela estudava pintura com ele nos fins de semana... Devido a muitas atribuições, às muitas coisas que eu fazia, já não tinha condições de ficar pedindo para ele assinar este ou aquele documento, daí eu passei a ser procurador geral dele...
Nós vimos muitos quadros dele, ele pintando, conheço muitas obras dele. E a gente, se vir, mesmo depois de trinta, quarenta anos, a gente se lembra daquele quadro...
Uns parênteses aqui..., eu acho que o Mabe foi uma pessoa com qualidades que poucos reúnem em uma pessoa só. Era um bom fotógrafo, era um bom pintor, ele filmava bem, escrevia bem... Ele queria aproveitar ao máximo a vida, era uma pessoa de muita paixão pela vida e por tudo... Eu diria para ele que, não só eu, mas a minha família e todos nós perdemos um grande amigo, uma grande pessoa, que está fazendo muita falta para a gente e temos muita saudade dele”.
Yutaka Sanematsu (Marchand, 2002)
“Há dez anos realizava no Museu de Arte de São Paulo uma retrospectiva de Manabu Mabe, brasileiro oriundo do Japão, considerado um pintor de notável personalidade.
O meu primeiro encontro com ele se deu nos tempos dos primeiros avanços do Masp. Sabia de um artista que vinha da lavoura na zona de Lins, decidido a se consagrar no setor da pintura. Nas primeiras tentativas se interessou por telas de expressão paisagística, sintetizadas numa visão pessoal.
Lembro que, por simpatia, adquiri uma destas telas e, a partir daquele dia, segui atentamente seu trabalho, acompanhando sua espontânea evolução para soluções abstratas, acentuando-se em formas de prevalência colorística.
Inaugurada a selva sem fim do Abstracionismo, a figura relegada a um limbo proibido, os seguidores da tendência do Informal começaram a linguajar somente por meio de traços e manchas, combinando variedades de formas, petiscando no infinito do prisma determinador do espectro solar, não esquecendo das duas cores que não são admitidas no concerto: o preto e o branco.
Os puristas, adeptos do comunicar através da cor, arregimentaram um exército tão maciço pelo ingressar de elementos franco-atiradores ingênuos (convencidos em pular a disciplina do aprender e tornar-se produtores de arte, pontualmente levados a sério nas poluições oficiais de arte) que, nos anos 50, olhavam para os figurativos como aos que 'já eram'.
Mas estas avalanchas motivadas pelas tendências são casos comuns nas crônicas, cabendo à história, no tempo oportuno, administrar o direito de sobrevivência. No caso em exame, os sobreviventes não são numerosos desde a época em que Ciurlionis, Kandinsky, Mondrian agitaram as águas do antifigurativo aos cuidados do Cubismo. Depois será a transferência para o Abstracionismo a ganhar popularidade. E Mabe tornou-se, no Brasil, o representante mais vivo da tendência.
Sua índole tinha o destino de fazer saber por intermédio da simbologia da cor. Não precisava de intermediações entre idéia e notação: o manifestar no universo das formas da caligrafia tornou-se estímulo para manifestar-se na linguagem da cor. Mabe pôs-se à obra sem hesitações: quem o viu manejar o pincel improvisando caracteres no papel de seda estendido no chão, com segurança natural, imagina como surgem aquele lançar de cor rápido, formas planas tendentes a uma amplidão mágica, às vezes harmonizadas num único tom, outras em chocantes contrastes, outras ainda equilibradas nos preciosos arabescos das nuanças amigas.
O resultado é sempre uma sonoridade cromática: intensa, exaltada, vizinhança de cores em estreita relação de tons atingindo uma espacialidade luminosa. Fugindo do relativo, Mabe aponta um abstracionismo rigorosamente absoluto para confirmar a ausência de recursos que possam lembrar preferências figurativas.
Seu movimentar de pincéis é franca inspiração, decidida conduta da composição construtiva própria da técnica dos mestres caligráficos, sem impulsões e arrependimentos, abandono a um ideismo que, todavia, controla a seu bel-prazer.
Mabe livra-se, no captar motivos, no borboletear das girândolas ou de fogos de artifício ou no pacato correr das nuvens ou no clamor do irromper de uma tempestade, a fixação de instantes plásticos que afloram em sonoridades de cores afins a sons, linguagem da cor parecendo linguagem musical”.
Pietro Maria Bardi (Fundador do MASP/Museu de Arte de São Paulo, 1986)
“Eu conheci o Mabe dando um prêmio para ele. E ele era o artista dessa época. Gostava de alegria, gostava de gente. Ele foi o único artista que tinha uma festa no dia do aniversário. Dia 14 de setembro tinha uma festa permanente. O Mabe criou um estilo de vida.
A Internet é a mulher da vida, todo mundo quer por a mão, quer pegar, quer ver, quer olhar, e ela tem a possibilidade de fazer tudo isso. A Internet é um museu fácil, acessível, que tem biografia. Não é só ver, tem o escrito, tem o texto também”.
Aldemir Martins (Artista plástico, 2002)
Fonte: Site oficial Manabu Mabe, consultado pela última vez em 03 de março de 2017.
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersa, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Guanabara
A formação do Grupo Guanabara ocorre em 1950, em torno do pintor Tikashi Fukushima. Natural do Japão, ele vem para o Brasil em 1940 e se estabelece, a princípio, no interior do Estado de São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro. Em 1949, muda-se para a capital paulista e abre uma molduraria no antigo largo Guanabara, onde é atualmente a Estação Paraíso do Metrô. A oficina torna-se ponto de encontro de artistas que vêm em busca da excelência do trabalho de molduraria realizado por Fukushima. Os encontros conduzem a idéia de criação de um espaço em que os artistas pudessem discutir seus trabalhos preservando a diversidade de tendências de seus membros.
O grupo chega a contar com 34 membros, na maioria imigrantes italianos e japoneses ou seus descendentes entre eles artistas que pertencem ao Grupo Seibi e ao Grupo dos 15. Entre seus fundadores estão Alzira Pecorari, Armando Pecorari, Arcangelo Ianelli, Marjô, Takeshi Suzuki, Tikashi Fukushima, Tomoo Handa, Yoshiya Takaoka, Tamaki. Posteriormente outros artistas se integram ao grupo, como Alina Okinaka, Hideomi Ohara, Ismenia Coaracy,Takahashi, Manabu Mabe, Masanosuke Hashimoto, Massao Okinaka, Thomaz, Tsukika Okayama e Wega Nery. Outros como Oswald de Andrade Filho e Tomie Ohtake, participam eventualmente das exposições realizadas pelo grupo.
Em sua trajetória o grupo promove cinco exposições coletivas. A primeira delas em 1950, na Galeria Domus. Osório César e Ibiapaba Martins, dois críticos do período, dão um destaque especial à mostra. A segunda, em 1951, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/SP, reúne obras recusadas no 16º Salão Paulista de Belas Artes. O crítico de arte Quirino da Silva defende os artistas e divulga o evento no jornal Diário da Noite. A terceira ocorre em 1953, no ateliê de Fukushima, não tem muita divulgação nem alcança muita repercussão. Em 1958, a quarta exposição é realizada na Associação Cristã de Moços - ACM. É a mais divulgada delas, conta com publicação de catálogo e palestras dos críticos Lourival Gomes Machado e Sérgio Milliet. A última mostra é realizada em 1959, praticamente uma reedição da anterior, montada no mesmo local.
Após dez anos de atividade, o grupo se desfaz. Em 1992, o Escritório de Arte Magalhães Gouveia organiza uma retrospectiva do grupo.
Fonte: GRUPO Guanabara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7.
Manabu Mabe (Kumamoto, Kyushu, Japão, 14 de setembro de 1924 — São Paulo, SP, 22 de setembro de 1997) foi um pintor, desenhista e tapeceiro japonês naturalizado brasileiro, pioneiro do abstracionismo no Brasil.
Biografia
Grandes manchas cromáticas criadas com pinceladas largas e rápidas, equilibrando espontaneidade e controle, são marca registrada de Manabu Mabe. O artista explora emplastramento, textura, traço e formas em seu trabalho. Enfim, cria sua própria linguagem lírica da cor, se aproximando do tachismo. Em algumas obras, é possível observar ainda referências à caligrafia japonesa.
Mabe veio com a família do Japão para o Brasil (1934) para trabalhar nas lavouras de café, mas começou a pesquisar pintura e desenho como autodidata - em revistas japonesas e livros de arte. Em Lins, interior de São Paulo, aprendeu a preparar telas e diluir tintas com o pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka.
Mais tarde, na capital paulista, conheceu Tomoo Handa, a quem mostrou seu trabalho. O mestre lhe incentivou a ter a natureza como fonte de inspiração. Passa, então, a integrar o Grupo Seibi - com outros artistas de origem japonesa em São Paulo - e a estudar junto com o Grupo 15. Aprende bastante com Yoshiya Takaoka e, no fim da década de 50, se estafe e passa a se dedicar exclusivamente à pintura (57).
Primeiro se dedica ao estudo de nu artístico e desenho gestual e naturezas mortas em estilo conservador, e depois caminha gradativamente para o impressionismo e fauvismo.
Em alguns momentos, sua obra dialoga com Picasso e Cândido Portinari, com formas geometrizadas na produção da década de 50. Gradualmente adere à abstração, produzindo sua primeira obra abstrata em 1955: Vibração Momentânea.
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Biografia Itaú Cultural
De Kobe, Japão, emigra com a família para o Brasil em 1934, para dedicar-se ao trabalho na lavoura de café no interior do Estado de São Paulo. Interessado em pintura, começa a pesquisar, como autodidata, em revistas japonesas e livros sobre arte. Em 1945, na cidade de Lins, aprende a preparar a tela e a diluir tintas com o pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka. No fim da década de 1940, em São Paulo, conhece o pintor Tomoo Handa a quem apresenta seus trabalhos. Integra-se ao Grupo Seibi e participa das reuniões de estudos do Grupo 15. No ano seguinte adquire conhecimentos técnicos e teóricos com o pintor Yoshiya Takaoka. Nos anos 1950 toma parte nas exposições organizadas pelo Grupo Guanabara. Em 1957 vende seu cafezal em Lins e muda-se para São Paulo para dedicar-se exclusivamente à pintura. No ano seguinte, recebe o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea. Em 1959, é homenageado com o artigo intitulado The Year of Manabu Mabe (O ano de Manabu Mabe), publicado na revista Time, em Nova York. Conquista prêmio de melhor pintor nacional na 5ª Bienal Internacional de São Paulo e prêmio de pintura na 1ª Bienal de Paris. Nos anos 1980 pinta um painel para a Pan American Union em Washington, Estados Unidos; ilustra O Livro de Hai-Kais, tradução de Olga Salvary e edição de Massao Ohno e Roswitha Kempf; e elabora a cortina de fundo do Teatro Provincial, em Kumamoto, Japão.
Comentário Crítico
Manabu Mabe vem com a família para o Brasil em 1934 e trabalha na lavoura de café no interior do Estado de São Paulo. Em 1941, reside na cidade de Lins, onde realiza desenhos a crayon e aquarelas. Dedica-se a essa atividade apenas nos dias de chuva - quando não pode trabalhar - e aos domingos. Adquire suas primeiras tintas a óleo em 1945. Dilui as tintas em querosene e utiliza como suporte para as pinturas o papelão ou a madeira. Nesse período, recebe orientação artística do pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka. Em 1947, em uma viagem a São Paulo conhece o pintor Tomoo Handa, que o incentiva a ter a natureza como fonte de inspiração. No ano seguinte, estuda com o pintor Yoshiya Takaoka, que lhe transmite ensinamentos técnicos e teóricos sobre pintura. Nesse período, participa do Grupo Seibi e integra o Grupo 15, com Yoshiya Takaoka, Shigueto Tanaka e Tomoo Handa, entre outros. Dedica-se ao estudo do nu artístico, pinta paisagens e naturezas-mortas, primeiramente em estilo mais conservador e depois aproxima-se progressivamente do impressionismo e fauvismo.
Na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, toma contato com obras de artistas da Escola de Paris, como Jean Claude Aujame, André Minaux, André Marchand e Bernard Lorjou, experiência que, segundo o próprio artista, modifica sua forma de pensar e a atitude perante a pintura. No começo da década de 1950, apresenta em suas telas formas geometrizadas, aproximando-se do cubismo, e figuras contornadas por grossos traços negros. Sua produção dialoga com a obra de Pablo Picasso e de Candido Portinari, pelos quais mantém forte admiração, como podemos observar em Carregadores ou Colheita de Café, ambas de 1956. Gradualmente, adere à abstração e, em 1955, pinta sua primeira obra abstrata Vibração-Momentânea. Muda-se com a família para São Paulo em 1957, a fim de iniciar a carreira de pintor profissional. Recebe, em 1959, o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, com as pinturas abstratas Grito e Vitorioso, ambas realizadas em 1958. As obras aludem ao sentimento de alegria do artista pelo convite para participação no evento. Vitorioso é ainda uma homenagem à atuação de Pelé na Copa do Mundo do ano anterior.
Em 1959, participa da 5ª Bienal Internacional de São Paulo, com as obras Composição Móvel, Pedaço de Luz e Espaço Branco, todas daquele ano, e recebe o prêmio de Melhor Pintor Nacional. As pinturas destacam-se pelas grandes manchas cromáticas, executadas em gestos rápidos e largos, em que se percebe o equilíbrio entre a espontaneidade e a contenção. Nessas telas, encontramos referências à tradicional arte da caligrafia japonesa. Consagra-se, no mesmo ano, nacional e internacionalmente: é premiado na 1ª Bienal dos Jovens de Paris; a revista Time dedica-lhe um artigo, intitulado The year of Manabu Mabe [O ano de Manabu Mabe]; e, no ano seguinte, é premiado na 30ª Bienal de Veneza. Torna-se assim um dos artistas mais destacados do abstracionismo informal brasileiro. Realiza exposições individuais e participa de mostras coletivas na América Latina, Europa e nos Estados Unidos.
No início de sua trajetória no campo da abstração, Manabu Mabe explora em suas obras o empastamento, a textura e o traço e se revela um colorista de porte. Ao voltar-se para o universo das formas caligráficas, percebe também as possibilidades de criar uma linguagem lírica com a cor. Dessa forma, em meados da década de 1960, começa a aproximar-se também de certos aspectos do tachismo. Os títulos de suas obras evocam emoções ou fenômenos da natureza como, em Canção Melancólica, 1960, Primavera, 1965, Vento de Equador, 1969, Outono Tardio, 1973, Meus Sonhos, 1978 ou Viver, 1989. A partir da década de 1970, cristaliza seus procedimentos anteriores - que reaparecem estilizadamente em quase toda sua produção -, incorpora em seus quadros figuras humanas e formas de animais, apenas insinuadas ou sugeridas, mas que em geral são representadas em grandes dimensões. Paralelamente, as grandes massas transparentes e etéreas com que vinha trabalhando adquirem um aspecto de solidez.
Críticas
"Refiro-me à obra de Manabu Mabe (...) que alcançou uma modesta reputação internacional (...) por suas pinturas gestuais apaixonadamente executadas. (...) Muito bem, mas o entusiasmo criativo, a riqueza de cores e a manipulação apaixonada das tintas têm um limite. Uma pintura, para ser arte, também requer foco, estrutura e um referencial. Desconfio que a maioria daqueles que repudiam a obra de Mabe criticam-na justamente neste ponto. Onde, perguntam, está o seu referencial - (...) o que eles querem mesmo saber é por que essas manchas e borrões são qualificadas como arte. Talvez devêssemos comparar mais ou menos uma dúzia de pinturas de Mabe com igual número produzido por crianças ou por adultos que simplesmente atirem tintas sobre as telas. Se empreendêssemos tal confronto descobriríamos que as diferenças são espantosas e colossais (...). (...) Os quatro ingredientes básicos da arte de Mabe são a paixão, o drama, o risco e a sensibilidade. Juntos, eles representam um artista de excepcional sensibilidade, cujas pinturas encarnam e reencarnam os grandes dramas da paixão contra a passividade, do movimento contra a inércia, e da vida contra a morte".
Theodore F. Wolff (As múltiplas máscaras da arte moderna. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 288.)
"A percepção do artista japonês fê-lo compreender com presteza as novas e surpreendentes afinidades entre suas próprias visões artísticas e as novas visões desenvolvidas a partir da arte moderna ocidental, particularmente com a abstração. (...) A formação de Manabu Mabe levou-o a compreender a relatividade e o parco valor da oposição convencional entre concreto e abstrato, ou entre o ´figurativo´ e o 'informal'. Escrevendo um breve comentário sobre sua obra, destinado à introdução de uma de suas mostras, Mabe declara que, em seu entender, 'figura e abstração são a mesma coisa. O artista não precisa amarrar-se a nenhuma das duas' - pois seu problema é secundário. Ambas me realizam, acrescenta Mabe (...). O que importa para Manabu Mabe não é a afirmação ou a negação da 'figura' sobre o suporte da ´imagem´, mas o acordo íntimo e quase físico com a 'matéria' pictórica; o diálogo penetrante e revelador entre o pintor e a substância cromática em todos os seus sentidos. O pintor deve-se interiorizar para compreender que a matéria o interroga e, quase como a esfinge mítica, exige respostas satisfatórias. A incapacidade de produzi-las significaria o fracasso do artista".
Jayme Maurício (Manabu Mabe. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 24.)
"Nestes últimos anos, Mabe tem dado inflexões diversas à sua pintura sem afastar-se dos princípios básicos com que começou. Sua técnica não mudou, houve porém uma intenção de incorporar a figura em suas composições, que geralmente assumem dimensões em grande escala. As massas transparentes, gasosas, com que se expressava começaram a mostrar solidez. As larvas, as lagartas, as folhas de árvore torcidas, enroladas, pareciam querer manifestar sua presença mas sem deixar-se definir completamente, como octoplasmas. Também a forma humana se insinuava, mas tudo debaixo de um véu de imprecisão. Resquícios de luz, de cor luminosa, bordeavam estas formas, desafiando a definição. Entretanto, seus tons transparentes ou seus planos cromáticos foram sendo cada vez mais ricos e mais vigorosos. Sua personalidade é de ascensão constante. Não é gratuito, portanto, que seja considerado atualmente um dos valores mais sólidos da arte pictórica na América Latina".
José Gómez Sicre (Manabu Mabe. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 46.)
"(...) o artista sintonizado com seu mundo interior e atento à dinâmica do processo pictórico em si preza, acima de tudo, a liberdade de expressão, não admitindo qualquer programa estético estabelecido a priori. Essas manifestações, ora associadas ao expressionismo abstrato, ora ao tachismo, assumem no Brasil algumas particularidades. Uma delas seria a ascenção de pintores nipo-brasileiros ao cenário das artes plásticas, logo se destacando Manabu Mabe, premiado em 1959 nas Bienais de São Paulo e Paris. Além de dar fama ao artista, a premiação confirma a penetração do chamado informalismo, ameaçando a posição vanguardista assumida pelo formalismo geométrico. A pintura gestual, em expansão nos Estados Unidos, Europa e Japão no pós-guerra, encontra receptividade entre os imigrantes japoneses que da cultura ancestral aproveitam a sutil disciplina do traço e a concisão formal para criar obras de impacto. Manabu Mabe conjuga em seus quadros gestos largos e decididos com vastas manchas de cor, equilibrando com sucesso espontaneidade e contenção. Pena que a vitalidade dos primeiros anos se dilua ao longo de sua volumosa produção".
Maria Alice Milliet (MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO. Mostra do Redescobrimento: Brasil 500 anos. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2000. p. 58.)
Depoimentos de Manabu Mabe
"'O que é a arte?' 'Qual a finalidade da minha pintura?' Um certo dia pensei sobre tudo isto e, desde então, já se passaram mais de vinte anos.
Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.
Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, brincar de correr atrás de pássaros, são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância.
O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele interior ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo hoje aos sessenta anos, cuja alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar.
Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza.
Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significa travar uma constante luta comigo mesmo.
O sofrimento e a alegria de produzir.
O que será que me faz ficar assim tão absorto?
É o belo.
O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo.
Que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?
Aos sete anos de idade desenhei um guarda-chuva aos dez uma paisagem de outono.
Aos vinte e dois anos comecei a pintar a óleo sobre tela, frutas e paisagens da colônia e, em 1953 passei a me preocupar com as cores e formas.
Em 1958 explodiram as obras abstratas e as telas passaram a pulsar o sangue rubro de esperança e excitamento.
'Sim, as obras são o registro de minha vida. A partir de então minha vida foi toda talhada de obras'.
Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e de paz, dos desequilíbrios sócio-econômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou.
Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material; como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida".
Manabu Mabe, 1985 (Palavras do artista. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 9.)
"Nunca fui aluno de nenhum mestre, tão pouco pertenci a qualquer escola. Possuo um estilo de pintura que eu mesmo desenvolvi, à custa de muito esforço e perseverança, o qual é facilmente identificável. A título de brincadeira, eu o denominei de "mabismo". Mas esse estilo também foi sofrendo modificações com o decorrer do tempo. As pessoas dizem que ele representa a fusão do oriente com o ocidente, sendo a expressão da poesia lírica, mas eu creio que a minha pintura representa a mim mesmo. Segundo as palavras de um pintor amigo, Kazuo Wakabayashi, eu sou um exemplo raro, entre os japoneses de minha geração, que não teve a experiência da guerra. Diz ele: os japoneses que estavam no Japão, durante a segunda guerra mundial, tornaram-se retraídos, devido a derrota. Mas, o Mabe, que estava no exterior, manteve a sua alegria natural, a qual consegue expressar na sua pintura".
Manabu Mabe - 16 de setembro de 1994 (Chove no Cafezal. Nihon Keizai Shimbun. São Paulo 1994. p. 86)
Exposições Individuais
1957 - Lins SP - Individual, no Clube Linense
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Barcinski
1960 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Instituto de Cultura Uruguaio-Brasileiro
1960 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Galeria Time-Life
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1960 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Sistina
1961 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Rubbers
1961 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Centro de Artes y Letras
1961 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, no Time-Life
1961 - Paris (França) - Individual, na Galerie La Cloche
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Barcinski
1961 - Roma (Itália) - Individual, na Galleria Del´Obelisco
1962 - Paris (França) - Individual, na Galerie La Cloche
1962 - Trieste (Itália) - Individual, na Galleria La Cavana
1962 - Veneza (Itália) - Individual, na Galleria Il Canale
1962 - Washington (Estados Unidos) - Individual, na Pan American Union
1963 - Salvador BA - Individual, na Galeria Querino
1964 - Lima (Peru) - Individual, no Instituto de Arte Contemporânea
1964 - Roma (Itália) - Individual, na Galleria D'Arte Della Casa do Brasil
1967 - Belo Horizonte MG - Individual, no MAP
1967 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
1968 - Cidade do México (México) - Individual, na Galeria Merk-Up
1968 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Catherine Viviano Gallery
1969 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Buchholz
1969 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1970 - Houston (Estados Unidos) - Individual, no Museum of Fine Arts
1970 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Catherine Viviano Gallery
1970 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1971 - São Paulo SP - Individual, Galeria de Arte Ipanema
1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1973 - Tóquio (Japão) - Individual, no Tokuma Art Gallery
1974 - São Paulo SP - Individual, na A Galeria
1975 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
1976 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Stephen Maltz Fine Arts Gallery
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte André
1978 - Kamakura (Japão) - Individual, no Kamakura Museum of Art
1978 - Kumamoto (Japão) - Individual, no Kumamoto Museum of Art
1978 - Osaka (Japão) - Individual, no National Museum of Art
1980 - Miami (Estados Unidos) - Individual, no The Lowe Art Museum
1980 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Individual, no Museum of Modern Art of Latin America
1981 - Paris (França) - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1982 - Miami (Estados Unidos) - Individual, no Meeting Point Art Center
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Manabu Mabe, na Kouros Gallery
1982 - Paris (França) - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1983 - Cidade do Panamá (Panamá) - Individual , na Galeria Arteconsult
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1983 - São Paulo SP - Manabu Mabe: obras recentes, na Galeria de Arte André
1984 - Estocolmo (Suécia) - Individual, na SAC
1984 - Paris (França) - Individual, na FIAC
1984 - Rio de Janeiro RJ - 60 Anos de Mabe, na Realidade Galeria de Arte
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1985 - Londres (Inglaterra) - Manabu Mabe, na I. CAF
1986 - Rio de Janeiro RJ - Manabu Mabe, na Realidade Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Manabu Mabe: obras recentes, no Masp
1987 - Paris (França) - Individual, na FIAC Grand Palais
1988 - Paris (França) - Individual, no Espace Latino-Americain
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1990 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva, na Novo Tempo Galeria de Arte
1990 - Brasília DF - Individual, na Visual Galeria de Arte
1991 - Nagoya (Japão) - Individual, na Saito Gallery
1991 - Osaka (Japão) - Individual, na Yamaki Art Gallery
1991 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret
1992 - Kumamoto (Japão) - Individual, no Tsuruya Art Gallery
1992 - São Paulo SP - Individual, no Museu da Casa Brasileira
1992 - Tóquio (Japão) - Individual, Murauchi Art Gallery
1995 - São Paulo SP - Manabu Mabe: 50 anos de pintura, na Galeria de Arte André
Exposições Coletivas
1950 - Rio de Janeiro RJ - 56º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1950 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Grupo Guanabara, na Galeria Domus
1951 - Lins SP - 1º Salão Linense de Artes Plásticas - medalha de ouro
1951 - Rio de Janeiro RJ - 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1951 - São Paulo SP - 2ª Exposição do Grupo Guanabara, no IAB/SP
1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon - menção honrosa
1952 - São Paulo SP - 1º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Clube Sakura - grande medalha de prata
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no MNBA - prêmio aquisição
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1953 - São Paulo SP - 2º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos - grande medalha de ouro
1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1954 - Tóquio (Japão) - Bienal de Tóquio
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1956 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de ouro
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança
1958 - São Paulo SP - 4ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1958 - São Paulo SP - 7ª Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - grande medalha de ouro
1959 - Dallas (Estados Unidos) - Coletiva, no Dallas Museum of Fine Arts - prêmio aquisição
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus
1959 - Paris (França) - 1ª Bienal de Paris - Prêmio Braun e prêmio bolsa de estudo
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de isenção de júri
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - melhor pintor nacional
1959 - São Paulo SP - 5ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Governador do Estado
1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte da Folha
1960 - São Paulo SP - Exposição dos Sete, na CAC
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Veneza (Itália) - 30ª Bienal de Veneza - Prêmio Fiat
1961 - Boston (Estados Unidos) - Latin American Artists, no Institute of Contemporary Art
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1961 - Washington (Estados Unidos) - Japanese Painters of the Americas
1962 - Bragança Paulista SP - Exposição dos Seis, no Clube Dois
1962 - Colorado (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no Colorado Springs Fine Arts Center
1962 - Córdoba (Argentina) - 1ª Bienal Americana de Arte - 1º prêmio
1962 - Minneapolis (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no Walker Art Center
1962 - San Francisco (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no San Francisco Museum of Art
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1962 - St. Louis (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no City Art Museum
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - Lima (Peru) - Pintura Latino-Americana, no Instituto de Arte Contemporânea
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1963 - Viena (Áustria) e Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, no Museum Fur Angewandte Kunst e no Royal Art College
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no MAM/RJ
1965 - La Paz (Bolívia) - Pintores Nipo-Brasileiros, na Embaixada do Brasil
1965 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, na Royal Academy of Arts
1965 - Oakland (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1965 - Tóquio (Japão) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Washington (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1966 - Cidade do México (México) - Pintura y Grabado del Brasil, no Museu de Arte Moderna
1966 - Rio de Janeiro RJ - O Artista e a Máquina, no MAM/RJ
1966 - São Paulo SP - 10º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1966 - São Paulo SP - Artistas Nipo-Brasileiros, no MAC/USP
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no Museu de arte Contemporãnea, no MAC/USP
1966 - São Paulo SP - O Artista e a Máquina, no Masp
1966 - São Paulo SP - Três Premissas, no MAB/Faap
1966 - Washington (Estados Unidos) - Two Nippo-Brazilian Painters, no Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos
1967 - Chicago (Estados Unidos) - Contemporary American Painting and Sculpture, na Illinois University
1967 - Nova York (Estados Unidos) - International Art Festival, na The New York Hilton Gallery at Rockfeller Center
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - Dez Artistas Nipo-Brasileiros, no Salão Nobre da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1967 - Urbana (Estados Unidos) - Contemporary American Painting and Sculpture, na Universidade de Illinois
1968 - Cidade do México (México) - Coletiva, no Museu de Arte Moderna
1968 - São Paulo SP - Primeira Feira Paulista de Opinião, no Teatro Ruth Escobar
1969 - Porto Alegre RS - Pintores Nipo-Brasileiros, na Galeria Cândido Portinari
1970 - Milão (Itália) - Arte Braziliana Contemporânea, no Consulado do Brasil
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1972 - Medellin (Colômbia) - 3ª Bienal de Medellín, no Museo de Antioquia
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1972 - Tóquio (Japão) - 150 Anos da Independência do Brasil, na Yakult Honsha
1973 - Kyoto (Japão) - Japanese Artists of America, no National Museum of Kyoto
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1973 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1973 - Tóquio (Japão) - Japanese Artists of America, no The Tokyo Museum
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1975 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1977 - Madri (Espanha) - Arte Actual de Iberoamericana, no Instituto de Cultura Hispânica
1977 - San Salvador (El Salvador) - Homenagem à Pintura Latinoamericana
1977 - São Paulo SP - 3ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1977 - São Paulo SP - Mostra de Arte, no Grupo Financeiro BBI
1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall
1978 - São Paulo SP - 3 Gerações de Artistas Nipo-Brasileiros, na Galeria Arte Global
1978 - São Paulo SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall
1979 - Curitiba PR - Artistas Nipo-Brasileiros, no Salão de Exposição do BADEP
1979 - São Paula SP - 4ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1980 - São Paulo SP - Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1980 - São Paulo SP - Mestres do Abstracionismo Lírico no Brasil, na Galeria Eugénie Villien
1981 - Osaka (Japão) - Exposição Latino-Americana de Arte Contemporânea Brasil/Japão, no Museu Nacional de Arte de Osaka
1981 - São Paulo SP - 5ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/SP
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1983 - Atami (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Atami (Japão) - Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Kyoto (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, no MNBA
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1983 - São Paulo SP - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, no Masp
1983 - Tóquio (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1984 - Buenos Aires (Argentina) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Haya (Holanda) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Lisboa (Portugal) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Londres (Inglaterra) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Madri (Espanha) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Milão (Itália) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Paris (França) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1984 - Roma (Itália) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1984 - Washington (Estados Unidos) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1985 - Atami (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Kyoto (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Rio de Janeiro RJ - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1986 - Rio de Janeiro RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte
1986 - São Paulo SP - Antes e Agora: 8 pintores, na Fundação Cásper Líbero
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d?Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Rômulo Maiorana
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no Bronx Museum of the Arts
1988 - Pequim (China) - 1ª Exposição Brasil-China, na Galeria de Belas Artes da China
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1989 - Copenhague (Dinamarca) - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Museu Charlottenborg
1989 - El Paso (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no El Paso Museum of Art
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-Brasileiras, no MNBA
1989 - San Diego (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no San Diego Museum of Art
1989 - San Juan (Porto Rico) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no Instituto de Cultura Puertorriqueña
1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Galeria Itaú Cultural
1990 - Atami (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Brasília DF - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Miami (Estados Unodos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Center for the Arts
1990 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - São Paulo SP - 6º Salão Brasileiro de Arte, na Fundação Mokiti Okada M.O.A.
1990 - São Paulo SP - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1990 - Sapporo (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1990 - Tóquio (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa de Cultura
1992 - São Paulo SP - 7º Salão Brasileiro de Arte, na Fundação Mokiti Okada
1992 - São Paulo SP - Grupo Guanabara: 1950-1959, no Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1993 - São Paulo SP - Exposição Luso-Nipo-Brasileira, na MAB/Faap
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, na Masp
1994 - São Paulo SP - Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP, no MAC/USP
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Brasília DF - Sete Samurais da Arte Brasileira, na LBV
1995 - Niigata (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no The Niigata Prefectual Museum of Modern Art
1995 - São Paulo SP - Brasil-Japão Arte, na Fundação Mokiti Okada M.O.A.
1995 - São Paulo SP - Brasil-Japão de Arte, Fundação Mokiti Okada
1995 - São Paulo SP - Projeto Contato, na Galeria Sesc Paulista
1995 - São Paulo SP - Projeto Contato, na Galeria Sesc Paulista
1995 - Tokushima (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Centro Cultural de Tokushima
1996 - Barra Mansa RJ - 12 Nomes da Pintura Brasileira, no Centro Universitário de Barra Mansa
1996 - Gifu (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no The Museum of Fine Art Gifu
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1970 - 1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Bandeiras, na Galeria de Arte do Sesi
1996 - São Paulo SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Masp
1996 - Tóquio (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Azabu Art Museum
Exposições Póstumas
1997 - Curitiba PR - Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 - Jacareí SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, na Oficina de Artes Santa Helena
1997 - Jacareí SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, na Oficina de Artes Santa Helena
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - Belo Horizonte MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Palácio das Artes
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Ipatinga MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil
1998 - Ipatinga MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, na Fundação São Francisco Xavier. Centro Cultural Usiminas
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1998 - São Paulo SP - Traços e Formas, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1999 - Brasília DF - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, no Ministério das Relações Exteriores
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo - Metamorfose do Consumo, no Itaú Cultural
1999 - São Paulo SP- Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, no Masp
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Individual, no Club Athletico Paulistano
2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, no CCBB
2001 - Rio de Janeiro RJ - Acervo da Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Galeria de Arte André
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Nova André Galeria
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2001 - São Paulo SP - Chove no Cafezal, no Museu da Casa Brasileira
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Além da Tela, na Nova André Galeria
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Os Sete Baluartes do Abstracionismo Brasileiro, na Nova André Galeria
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - Coleção Lauro Eduardo Soutello Alves no Acervo do MAM, no MAM/SP
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA
2004 - Rio de Janeiro RJ - 90 Anos de Tomie Ohtake, no MNBA
2004 - São Paulo SP - Abstração como Linguagem: perfil de um acervo, na Pinakotheke
2004 - São Paulo SP - Gesto e Expressão: o abstracionismo informal nas coleções JP Morgan Chase e MAM, no MAM/SP
2004 - São Paulo SP - Grupo Guanabara, na Galeria Prestes Maia
2004 - São Paulo SP - Manabu Mabe e Yugo Mabe, no Espaço Cultural Vivo
Prêmios
1951 - Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
1951 - Medalha de ouro, 1º Salão Linense de Artes Plásticas, Brasil
1952 - Grande Medalha de Prata, 1º Salão Seibi, Brasil
1952 - Menção honrosa, 47° Salão Paulista de Belas Artes, Brasil
1953 - Grande Medalha de Ouro — prêmio Colônia —, 2º Salão Seibi, Brasil
1953 - Prêmio aquisição, Salão Nacional de Arte Moderna Rio de Janeiro, Brasil
1956 - Pequena Medalha de Prata, V Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1957 - Pequena Medalha de Ouro, VI Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1958 - Grande Medalha de Ouro, VII Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, Brasil
1958 - Prêmio isenção do júri, VII Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brasil
1959 - Prêmio Governador do Estado, VIII Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1959 - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil
1959 - Melhor Pintor Nacional, 5ª Bienal de São Paulo, Brasil
1959 - Prêmio Braun, I Bienal de Paris, França
1959 - Prêmio bolsa de estudos, I Bienal de Paris, França
1959 - Prêmio aquisição, Dallas Museum of Fine Arts, Dallas, Estados Unidos
1960 - Prêmio Fiat, 30ª Bienal de Veneza, Itália
1962 - Primeiro prêmio, I Bienal Americana de Arte Córdoba, Espanha
Obras em museus
Museu de Arte de São Paulo/MASP, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte Moderna /MAM, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte de Contemporânea/MAC USP, São Paulo/SP, Brasil
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte Moderna/MAM, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu Manchete, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu de Arte Moderna/MAM, Salvador/BA, Brasil
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS, Brasil
Museu de Arte de Belo Horizonte, Belo Horizonte/MG, Brasil
The Museum of Contemporany Art, Boston, Estados Unidos
Walker Art Center, Minneapolis, Estados Unidos
Dallas Museum of Fine Arts, Dallas, Estados Unidos
The Museum of Fine Arts, Houston, Estados Unidos
Lowe Art Museum, Miami, Estados Unidos
Museum of Modern Art of Latin America, Washington, Estados Unidos
The National Museum of Art, Kyoto, Japão
Rikka Museum of Art, Tóquio, Japão
The National Museum of Art, Osaka, Japão
The Hakone Open Air Museum, Hakone, Japão
Museum of Art (MOA), Atami, Japão
Iwasaki Art Museum, Kagoshima, Japão
Murauchi Art Museum, Tóquio, Japão
Museo de Belas Artes de Caracas, Venezuela
Fonte: MANABU Mabe. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 03 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Em 1934, chega ao Brasil com a família a bordo do navio La Plata Maru para trabalhar nas lavouras de café de Lins, interior de São Paulo. Foi em Lins que conheceu Tikashi Fukushima. Manabu Mabe era quatro anos mais novo que Tikashi, Tikashi e Mabe estavam decididos a serem pintores, Mabe trabalhava na lavoura e pintava quando chovia. Mabe tem uma infância pobre, adaptando um ateliê no meio da lavoura para pintar naturezas-mortas e paisagens. Consegue realizar a primeira exposição individual em São Paulo (1948), na qual mescla a caligrafia oriental com a pintura feita com manchas. No ano seguinte participa do Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro.
Casa-se com Yoshino em 1951 e tem filhos. Conheceu Tadashi Kaminagai em 1952, Mabe foi um apreciador da arte de Kaminagai, e conta que ficava horas ao lado do artista "admirando as maravilhosas cores que ele pintava uma arara, na varanda da casa do doutor Honda". Ganha o prêmio de pintura na segunda Bienal Internacional de São Paulo (1953), onde são aceitos só dois artistas nipo-brasileiros, Mabe e Tadashi Kaminagai.
Em 1956, participa da Bienal de Arte do Japão e, em 1959, obtém o prêmio de melhor pintor nacional da quinta Bienal de São Paulo e o de destaque internacional na Bienal de Paris.
No livro Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, Cecília França Lourenço descreve o uso do geometrismo e do abstracionismo pelos artistas nipo-brasileiros como que atendendo a um "impulso vital e mesmo cultural, mais facilmente identificado com o gesto, a mancha e as pesquisas formais, sendo por isso mesmo, uma fonte inesgotável e revitalizada através da vivência". Artistas como Mabe e Tikashi Fukushima puderam contribuir de maneira decisiva no desenvolvimento dessa tendência abstrata. Cecília França Lourenço, ao comentar a obra de Tomie Ohtake, quando ela atingiu um nível de maturidade, compara com a obra da artista com a de Fukushima e Mabe, no contexto que ambos os três tinham "certa contenção, sem permitir extravasar totalmente a emoção da obra".
Algumas de suas obras, cerca de 53, avaliadas em mais de US$ 1,24 milhão, foram perdidas no mar, no dia 30 de Janeiro de 1979, quando o Boeing 707-323 Cargo da Varig, registro PP-VLU, sob o comando do mesmo comandante sobrevivente do voo Varig RG-820, desapareceu sobre o oceano cerca de trinta minutos após a decolagem em Tóquio. Nenhum sinal das obras, destroços ou corpos foi encontrado. É conhecido por ser o maior mistério da história da aviação até os dias de hoje. e um dos raríssimos voos civis comerciais que desapareceram sem deixar vestígios. Alguns dos quadros foram posteriormente refeitos pelo pintor.
A arte na década de 80 foi influenciada pelo aparecimento de outros artistas e também pela atuação dos pioneiros, como Tomoo Handa, abstracionistas, como Manabu Mabe, Tikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi e outros, onde atuaram, no desenvolvimento artístico, como também nos interesses da comunidade de artistas.
Realiza, em 1986, uma retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e lança um livro com 156 reproduções de seu trabalho com textos em português, inglês e japonês.
A Revista Veja de 22 de julho de 1988 descreve o fato de que a "importância dada ao trabalho de Mabe, Fukushima e Shiró atraiu ao Brasil uma nova leva de artistas japoneses, que chegaram ao país maduros e com posturas estéticas sedimentadas". O jornal O Estado de S. Paulo de 16 de dezembro de 1989, afirma que na arte brasileira destacam-se os nipo-brasileiros, dentro do chamado abstracionismo informal, onde dentre os adeptos podem ser citados Fukushima, Mabe, Wakabayashi, e Shiró.
Escreve, em 1995, a autobiografia Chove no Cafezal, em japonês, cujo texto original foi publicado em capítulos semanais no jornal Nihon Keizai Shinbum, de Kumamoto, sua região natal. Em 1996 viaja ao Japão para uma grande mostra retrospectiva de sua obra. Em 1997, alguns meses antes de falecer Manabu Mabe, participou de uma vinheta interprogramas pintando o logotipo da extinta Rede Manchete de televisão. No mesmo ano, por causa da Diabetes, Mabe morre em São Paulo por complicações decorrentes de um transplante de rim.
Segundo o crítico de arte Ichiro Hariu, a demanda de obras de arte no Brasil é grande, mas a desigualdade socioeconômica é enorme, e os compradores se limitam a pessoas de classe mais abastada, empresas e órgãos públicos. Segundo Hariu, Ohtake, Fukushima, Mabe e outros são reconhecidos abstracionistas, representativos do Brasil, que contam com muitos apoiadores.
Suas obras encontram-se nos Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Arte Contemporânea de Boston e de Belas Artes de Dallas, entre outros. No Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, encontra-se uma de suas pinturas mais expressivas Natureza-Morta (óleo sobre tela). Também estão no Museu Nacional de Arte da Bolívia e na coleção de arte V+R Sapoznik.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 03 de março de 2017.
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Autobiografia Manabu Mabe
Decada de 20
Nasci em 1924, na localidade de Takara, na vila e atual cidade de Shiranui. A casa onde eu nasci era consideravelmente ampla, tinha nos fundos um espaçoso jardim japonês e, no pátio, um lago em que eu costumava nadar. Construir um jardim como aquele foi um desejo que sempre esteve presente em minha mente desde que imigrei.
Dos tempos de escola, lembro-me da professora Nogushi. Um belo dia, ela elogiou o desenho que fiz do guarda-chuva japonês, durante a aula, dizendo: “Muito bem desenhado. Vocês todos devem desenhar assim”. Este foi, com certeza, um dos primeiros estímulos a minha vocação de pintor.
Decada de 30
Em 1934, meu pai, Soichi Mabe, em companhia de minha mãe, Haru, e cinco filhos, viajaram ao Brasil. O que nos esperava era um serviço novo e desconhecido. Mas havia uma missão a cumprir. Nós imigrantes buscávamos no Brasil um mundo novo para encontrar um caminho a vencer. Belo! Foi a minha primeira definição do Brasil. Cresci sem formação escolar especializada. Minha vida foi sempre orientada pela natureza. Planícies e mais planícies a perder de vista. Plantações de café, fazendas de criação de gado, florestas, caminhos de terra vermelha cortando a mata virgem, o canto dos pássaros, o ruído dos insetos, o barulho da queda das mangas. É indescritível a influência da natureza na formação da minha personalidade e no desenvolvimento das minhas qualidades de pintor. Ao aproximar-me de um fruto de mamão amarelo e maduro, corre um lagarto. É a lembrança que tenho dos idos de 1934, quando, aos 10 anos de idade, mudei para Birigui, cidade do interior de São Paulo. Desde criança sempre gostei de desenhar e trouxe para o Brasil os crayons que usava na escola primária do Japão. Lembro-me da natureza brasileira que se desvendou sob os meus olhos, os peixes nadando nas águas rasas das lagoas e os papagaios disputando uma goiaba madura. E quatro ou cinco anos passaram-se em arrebatamento. Voltei a desenhar novamente. Isto era possível apenas nas horas de folga do serviço de cafeicultura, como nos dias de chuva ou aos domingos.
Década de 40
A primeira vez que usei tinta a óleo foi em 1945. Naquele ano, uma intensa geada arruinou toda a plantação de café e fomos forçados a descansar. Vi uma caixa de tinta numa livraria da cidade e não resisti à vontade de experimentar. Em pouco tempo pintei avidamente paisagens e naturezas-mortas em papelões e tábuas de madeira, dissolvendo a tinta em querosene.
Transpus tudo com tenacidade física e intensa paixão. Ficava entusiasmado com tudo o que fazia. Dizia o meu pai quando eu era menino: "Você é muito exaltado, meu filho". À medida que desenhava, passei a pensar, sofrer e experimentar alegrias como se fora um desenvolvimento de mim mesmo e aprendi, então, sobre a importância do ato de criar.
Naquela época, os meus estudos se baseavam na leitura de revistas de arte provenientes do Japão, ou de coleções de livros de arte. Mesmo assim, era muito difícil consegui-los na colônia, no interior da cidade de Lins, onde me encontrava distante 500 km da Capital, mas meus amigos, artistas veteranos, foram sempre incansáveis encorajadores deste estranho pintor-lavrador.
Com o término da Segunda Guerra Mundial e a derrota do Japão, surgiu entre os imigrantes japoneses o conflito dos grupos que acreditavam na vitória contra o grupo dos que não admitiam a derrota. Assim, com a morte de meu pai, o casamento e a posição de um quase nissei, encontrava-me em situação difícil. Estava entre o japonês e o brasileiro, entre o issei e o nissei.
Década de 50
De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo.
Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor.
Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas.
De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo.
Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor.
Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas.
Dois anos mais tarde, quando recebi o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas — da qual participavam artistas de todo o país — e o Prêmio de Melhor Pintor Nacional na 5ª Bienal de São Paulo, fiquei exultante.
Haviam se passado dez dias desde o recebimento do prêmio da Bienal de São Paulo quando chegou um telegrama do exterior com a notícia: "Manabu Mabe recebeu o prêmio da I Bienal de Jovem de Paris".
Sob estrondoso aplauso e pelas palavras do então presidente da República, Juscelino Kubitschek, "Parabéns, esforce-se cada vez mais em benefício do mundo das Artes Brasileiras", senti-me plenamente recompensado como filho de imigrante.
Foi-me dada oportunidade de apreciar os trabalhos de autores consagrados no mundo inteiro. As minhas ideias, influenciadas por aquelas obras, sofreram mudanças. A pintura, agora, como eu a via, era um verdadeiro combate corpo a corpo; era, em síntese, um espírito de luta.
A revista Time comentou a conquista de prêmios em duas bienais sob o título 1959, o ano de Manabu Mabe e fui apresentado em reportagem de uma página, desde a minha infância até a outorga dos prêmios.
O que é arte? Qual a finalidade da minha pintura? Certo dia pensei sobre tudo isto, e desde então, já se passaram mais de vinte anos. Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.
Década de 60
Quando comecei a ser premiado em várias exposições, o Sr. Francisco Matarazzo observou: “Há muitas pessoas que criticam o por manter a sua nacionalidade japonesa, após tantos reconhecimentos no Brasil. Eu não penso assim, mas que tal se você se naturalizasse?”. Aproveitei o ensejo da inscrição na XXX Bienal de Veneza para me naturalizar. Mamãe ficou calada. Bem posso avaliar o quanto a renúncia a minha nacionalidade deve ter significado para ela. Costumo brincar autodenominando-me de japonês latino, mas no íntimo me considero brasileiro.
Em 1960, conquistei o Prêmio Fiat na Bienal de Veneza. Lembrei-me do Aldemir Martins. Ele tornou-se um grande amigo, um verdadeiro irmão. Nas festas aqui em casa, algumas pessoas nos acham parecidos e ficam na dúvida se ele é japonês ou eu é que sou nordestino.
A minha primeira exposição no exterior ocorreu em 1960, no Uruguai. Foi ao mesmo tempo, a minha primeira viagem ao exterior, desde que chegara ao Brasil. Convidado pelo governo uruguaio e, graças à ajuda do Sr. Walter Wey, da Embaixada do Brasil naquele país, alcancei grande popularidade pelas numerosas obras líricas modernas que expus.
Em janeiro de 1961, a convite da empresa Time-Life, estive em Boston, era minha primeira viagem aos Estados Unidos. Minha vida mudou. Contratos com marchands des arts, incursões pelos Estados Unidos e Europa. Era preciso abrir bem os olhos.
De Roma, Florença, Assis, Milão e Veneza para o verão ao norte da Itália, cruzando as montanhas Dolomites; ao sul, em Nápoles e Sorrento; passando pela Suíça, cheguei à tão sonhada Paris.
Relíquias, ruínas, museus de arte, obras originais... Fiquei emocionado com a Europa que vi pela primeira vez. Lá, convenci-me de que, na obra original há a presença do próprio artista. Compreendi que a pintura é o fruto do esforço e do tempo e que, tanto Picasso como Matisse pintaram despretensiosamente com traços de senso fino e espírito lúdico. Assim, concluí que é indispensável ver as obras originais.
Por ocasião da mostra Dez Pintores Nipo-Brasileiros, realizada nos salões da Pan-American Union, em Washington, o então Embaixador Juracy Magalhães, aconselhou-me a permanecer durante um período mais prolongado e pintar um número maior de obras.
Sua intenção era convidar-me para permanecer na residência oficial da embaixada e apresentar-me a colecionadores de arte nos Estados Unidos.
Fiquei lá 50 dias e, nesse período, produzi muitas obras e fui apresentado a vários colecionadores famosos, entre eles, David Rockfeller. Ele adquiriu três quadros meus e cheguei a visitá-lo, duas ou três vezes, na matriz do Banco Chase Manhattan.
Na época que estive em Washington, por volta de 1965, sob a assistência da embaixada brasileira, o Sr. Juracy Magalhães, embaixador brasileiro dos Estados Unidos (mais tarde chanceler e ministro da Justiça) apresentou-me ao Ministro do Planejamento, Sr. Roberto Campos. Por certo há entre nós grande compatibilidade de gênios, pois nossa amizade permanece. Quando ele foi designado Embaixador da Inglaterra, pude utilizar a embaixada de Londres como se fosse a minha própria casa e, nas recepções promovidas, fui apresentado às personalidades mais ilustres do mundo.
Da longa amizade que nos uniu, aprendi com ele como viver.
Depois de Washington a exposição seguiu para La Paz, Bolívia. Dela participaram Kazuo Wakabayashi, Tikashi Fukushima, Shigueto Tanaka, Rei Kamoto, recém-chegado do Japão, e eu.
Três dias antes da inauguração da exposição, ainda não haviam chegado os quadros de Fukushima e os meus. Com o passar do tempo, a aflição começou a tomar conta de nós. Decidimos pintar novas obras no local. O problema eram as telas. Conseguimos o tecido, mas faltavam os chassis, pois não havia madeira disponível e a derrubada de uma árvore era punida com absoluto rigor. Achamos madeira na fábrica de um industrial e fizemos um trabalho de carpintaria, antes mesmo da pintura. A exposição foi um sucesso e contou com a presença de três mil bolivianos aproximadamente.
Década de 70
No dia 14 de setembro toda família se reúne. É meu aniversário. Esta data me enche de prazer e evoca recordações sobre a minha vida. Aqui, no hemisfério Sul invariavelmente chove. Quando isso ocorria, nos tempos do cafezal, não se trabalhava, e eu podia pintar à vontade. Assim, a chuva deu origem ao pintor Manabu Mabe. Com certeza, é uma dádiva ser agraciado por ela no dia do meu aniversário, como sempre acontece.
Nessa época, para não fugir à regra, as azaleias cor-de-rosa do jardim e as carpas do lago são fustigadas pelas gotas de chuva.
Não me ocorre a lembrança de ter comemorado um aniversário sequer quando trabalhava na lavoura de café.
Minha vida é bela. As coisas belas são o objetivo de minha vida.
A primeira exposição no Japão foi marcada para o período de 11 a 16 de agosto de 1970 e teve como tema principal a paisagem natural do Brasil. Foi um sucesso absoluto. Guiei o casal Imperial durante toda a exposição e este demonstrou particular interesse pela obra intitulada Amazonas. Ao final da visita, a princesa Michiko revelou-me: “Gostaria que o senhor realizasse suas exposições no Japão a cada cinco anos pelo menos”.
Em 1978, o casal esteve no Brasil a fim de participar dos festejos comemorativos dos 70 anos da imigração japonesa. Agradeci-lhes naquela ocasião a presença na exposição do Japão.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil organiza inúmeras exposições coletivas. Naturalmente, em cada uma destas exposições tenho viajado como embaixador cultural e é interessante como o governo trata muito bem os artistas, assim como os diplomatas também são extremamente atenciosos. Dezenas de exposições individuais realizadas no exterior foram levadas a efeito por promoção ou colaboração das embaixadas brasileiras em diversos países.
Viajando pelo exterior, passaram-se dez anos desde o início de meus contatos com oficiais de alto nível. Para quem foi criado no interior do Brasil, tudo foi um aprendizado, uma batalha para viver.
Ainda em 1978, realizei uma exposição retrospectiva no Japão que alcançou grande êxito. Entretanto uma grande tragédia me aguardava em seguida.
Em 30 de janeiro de 1979, numa reunião na casa de Sanematsu Yutaka, meu secretário, um noticiário de rádio dá conta de que um avião de carga da Varig estava desaparecido. Assustado, Sanematsu me disse: “Os quadros da exposição foram embarcados naquele voo”. Fiquei mudo. Cinquenta e sete quadros ao todo, incluindo trabalhos da minha irrecuperável juventude. Praticamente todas as minhas telas mais importantes, as que me trouxeram os primeiros prêmios. Todas haviam sumido.
O primeiro pensamento que me ocorreu, depois do choque, foi: “Felizmente não foi a minha vida”. Quando pequeno, sempre que perdia alguma coisa, minha mãe dizia: “Manabu, este desaparecimento substitui a perda da tua própria vida”.
Decorridos quatorze anos, só agora acabei de entregar as últimas obras em substituição às telas perdidas. Estarão os meus quadros repousando agora nas águas geladas do Polo Norte?
Década de 80
Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza. Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significam travar uma constante luta comigo mesmo. O sofrimento e a alegria de produzir.
O que será que me faz ficar assim tão absorto? É o belo. O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo. De que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?
Nunca fui aluno de nenhum mestre, tão pouco pertenci a qualquer escola. Possuo um estilo de pintura que eu mesmo desenvolvi, à custa de muito esforço e perseverança. A título de brincadeira, eu o denominei de mabismo. Mas esse estilo também vem sofrendo modificações com o decorrer do tempo.
As pessoas dizem que ele representa a fusão do Oriente e do Ocidente, sendo a expressão da poesia lírica, mas eu creio que a minha pintura representa a mim mesmo.
Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, e brincar de correr atrás dos pássaros são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância. O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela, e o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo, sessenta anos depois, a alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar.
Eu tenho muito que fazer ainda, muito que pintar, sempre que puder sentir alguma coisa diferente, um prazer, porque um quadro não é uma coisa que a gente faça um atrás do outro. Um quadro é um pouco da gente.
Tornou-se forte dentro de mim a idéia de composição e começaram a surgir traços negros, seja nas paisagens, seja na natureza-morta. Na verdade, Picasso também utilizou esses traços que são pinturas montadas. Continuei pintando assim por algum tempo, até que comecei a ansiar por mais liberdade. Abandonei as paisagens e fui adentrando no abstrato, baseado, apenas, na composição.
A nossa família, de início, era constituída por dez pessoas. Hoje somos setenta, incluindo os parentes por parte da minha mulher. Da minha família sou o filho mais velho. Depois de mim, Satoru, Michiko (falecido), Hitoko, Yoshiko e Sunao, estes dois últimos nascidos no Brasil. Uma das recordações mais marcantes que tenho é de quando papai solenemente declarou: “Manabu, vamos para o Brasil. É outro país. Vamos viver colhendo café”. Ao ouvir suas palavras aflorou-me, repentinamente, a imagem dos frutos vermelhos do café. Havia acabado de ler o livro Robinson Crusoé, de Daniel Dafoe e, portanto estava eufórico com a perspectiva de aventura. Eu estava tão entusiasmado que não conseguia conter a alegria.
Década de 90
Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e de paz, dos desequilíbrios socioeconômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou. Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material. Como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida.
É preciso crer sempre no sonho e lutar para que ele se torne real.
Tenho a sensação de que venho perseguindo os meus sonhos.
O primeiro deles remonta aquele dia em o meu pai declarou subitamente ”Manabu, vamos ao Brasil”. Como seria um país estrangeiro? E os grãos de café? Os sonhos que eu alimentei no novo país, enquanto brincava caçando pássaros e pescando, variaram desde o estabelecimento de um novo recorde no arremesso de disco, de tornar-me um exímio jogador de beisebol, de ser um grande fazendeiro, até finalmente, o de ser um pintor, assumindo cada vez maior grau de objetividade em relação a minha verdadeira vocação.
Ainda quando trabalhava no cafezal, manifestei o meu desejo de ir a Paris, a fim de estudar pintura, criando embaraços a papai. Para ele, que levava a vida no extremo limite da austeridade como colono, aquilo não poderia ser nada mais do que a exacerbação de sonho. As crianças têm um projeto absurdo. Isso talvez seja privilégio delas.
Fui a São Paulo alimentando o sonho de ser pintor profissional e, no ano seguinte, recebi todos aqueles prêmios e a bolsa de estudos, realizando exposições em várias partes do mundo. Pensei então: ”Quero ceder este prêmio para um jovem. Quero contribuir para a realização de seu sonho”. Bafejado pela sorte, pude concretizar o meu sonho, num piscar de olhos. Mas ele não tem limites.
Atualmente acalento o seguinte ideal: viver em sincronia com a época e produzir obras que, no futuro, possam ser avaliadas como sendo de Mabe. Para tanto, o caminho é longo. Já pintei, até hoje, cerca de três mil e duzentas obras e ainda produzo cinquenta ao ano. Examinando recentemente minhas criações percebo que tenho trabalhado excessivamente nos detalhes. Quero perseguir algo mais simples. Tenho sentido necessidade de mais tempo. Novos projetos surgem a todo instante.
Sabe, desde criança eu vivo no Brasil. Então, personalidade para mim é brasileiro, né? Mas rosto, nem adianta né? Cada vez ficando japonês, mais japonês. Mas sou criado no Brasil, então costume e pensamento muito brasileiro. Agora, a cor forte, essa cor forte é também o sol do interior do Brasil, do Noroeste. Sol quente e céu muito azul. Agora, lá não tem montanha, é um pampa, vai até cem quilômetros a mesma coisa, não tem montanhas, sempre mato. E fruta, por exemplo: gostoso, doce e colorido. Então, desde criança, terra vermelha, céu azul, frutas, passarinhos, papagaio, essas coisas. Muito sentimental e muita vida colorida também.
Trajetória Artística
Década de 40
Em 1942, Mabe começou a traçar a sua trajetória como um dos grandes mestres da pintura. No início fez muitos estudos em papéis com lápis, passando a utilizar também crayons e aquarelas. Somente no ano de 1945, quando passava pela livraria da cidade de Lins, interior de São Paulo, deparou-se pela primeira vez com um tubo de tinta a óleo. Teve então vontade de experimentar esse novo material.
Diluía a tinta a óleo com querosene e pintava sobre papelão. Os temas pintados eram retirados de calendários pendurados na parede da casa. As obras da década de 40 são puramente acadêmicas. São consideradas por ele mesmo como uma fase de estudo, mas já se nota a habilidade genial que expressa em suas obras.
Década de 50
Esta década é o início de sua participação ativa no contexto da arte brasileira. Envia obras aos principais Salões, como o Salão Nacional do Rio de Janeiro, Salão Paulista e as 2ª e 3ª Bienais de São Paulo. Antes de 1965, sua obra tinha características de abstração neocubista, forte influência de Picasso, por quem tinha grande admiração.
1959 seria o ano de Mabe, como relatou a revista Time.
Participa da 5ª Bienal de São Paulo com as seguintes obras:
Composição Móvel, 130 x 130 cm,
Pedaço de Luz, 130 x 120 cm e
Espaço Branco, 120 x 100 cm.
Três obras de manchas gestuais de forte impacto e traços delicados do sumi-ê, arte caligráfica japonesa, mas com a clara necessidade de se libertar da abstração neocubista e partindo para o expressionismo abstrato.
Esta década é o início de sua participação ativa no contexto da arte brasileira. Envia obras aos principais Salões, como o Salão Nacional do Rio de Janeiro, Salão Paulista e as 2ª e 3ª Bienais de São Paulo. Antes de 1965, sua obra tinha características de abstração neocubista, forte influência de Picasso, por quem tinha grande admiração.
Com essas mudanças recebeu o Prêmio de Melhor Pintor Nacional em 1959, das mãos do então presidente da República do Brasil, Juscelino Kubitschek.
Passados dez dias recebe o Prêmio Braun para Melhor Pintor a óleo na I Bienal de Jovens de Paris, além de uma bolsa de estudos de seis meses.
Manabu Mabe dividiu as fases da seguinte maneira:
1947 a 1949 Escola Acadêmica
1950 a 1952 Impressionismo e Fauvismo
1953 a 1957 Semi-Abstracionismo e Neorrealismo
A partir de 1957 parte para o Abstracionismo, mantendo ainda algumas figuras em seus trabalhos.
Década de 60
Em 1960 Mabe viaja pela primeira vez ao exterior. Parte para o Uruguai, onde realiza sua primeira exposição individual em Montevidéu. No ano seguinte vai aos Estados Unidos e Europa. Em 1962, permanece oito meses na Europa, no que chama de viagem cultural.
Em suas composições busca a forma explosiva do tachismo, deixando o lirismo das formas caligráficas do Japão.
As espátulas cobertas de tintas dão a forma e o vigor de suas obras.
Nota-se claramente a força, a vida, feita com a gestualidade oriental.
As cores antes com predominância do preto vão se tornando claras, sem medo de utilizar as matizes como fundo.
Década de 70
O Abstracionismo lírico de Mabe é a marca constante de seu trabalho. A mescla de inspirações entre o Oriente e o Ocidente é visível em suas composições.
As obras dão continuidade à evolução de um artista, mostrando porque um mestre é um mestre.
A preocupação com a concepção até o produto final é sempre uma marca de Mabe. Nada deve ficar faltando, pois toda a obra deve ter vida.
Década de 80
As figuras voltam em suas telas, mas em formas abstratas e sutis.
As espatuladas mesclam as cores e surgem novas formas, novas cores.
As composições são ricas em detalhes. Cada espaço da tela tem sua própria concepção e surgem as formas geométricas em contradição com as formas gestuais.
As cores são cada vez mais vibrantes, não agredindo o espectador ao contemplar a obra.
A vitalidade e a jovialidade é sempre uma constante no trabalho de Mabe. A obra por si só, caminha para a natural evolução do ser humano.
Toda obra dele tem a sua marca, o mabismo.
Década de 90
A vibração das cores, a harmonia das formas, o vigor das pinceladas e o amor à arte estão sempre presentes em suas telas.
A temática das obras dos anos 90 continua sendo uma continuação do trabalho dos anos anteriores, mas sempre transformando o abstrato das telas em formas de esculturas bidimensionais, fazendo com que o espectador admire a obra como se ela estivesse viva, e que saltasse da tela para o mundo real.
A obra de Mabe será sempre Mabe.
Depoimentos
“A história começou assim: Eu conheci o Mabe através de minha mulher. Ela estudava pintura com ele nos fins de semana... Devido a muitas atribuições, às muitas coisas que eu fazia, já não tinha condições de ficar pedindo para ele assinar este ou aquele documento, daí eu passei a ser procurador geral dele...
Nós vimos muitos quadros dele, ele pintando, conheço muitas obras dele. E a gente, se vir, mesmo depois de trinta, quarenta anos, a gente se lembra daquele quadro...
Uns parênteses aqui..., eu acho que o Mabe foi uma pessoa com qualidades que poucos reúnem em uma pessoa só. Era um bom fotógrafo, era um bom pintor, ele filmava bem, escrevia bem... Ele queria aproveitar ao máximo a vida, era uma pessoa de muita paixão pela vida e por tudo... Eu diria para ele que, não só eu, mas a minha família e todos nós perdemos um grande amigo, uma grande pessoa, que está fazendo muita falta para a gente e temos muita saudade dele”.
Yutaka Sanematsu (Marchand, 2002)
“Há dez anos realizava no Museu de Arte de São Paulo uma retrospectiva de Manabu Mabe, brasileiro oriundo do Japão, considerado um pintor de notável personalidade.
O meu primeiro encontro com ele se deu nos tempos dos primeiros avanços do Masp. Sabia de um artista que vinha da lavoura na zona de Lins, decidido a se consagrar no setor da pintura. Nas primeiras tentativas se interessou por telas de expressão paisagística, sintetizadas numa visão pessoal.
Lembro que, por simpatia, adquiri uma destas telas e, a partir daquele dia, segui atentamente seu trabalho, acompanhando sua espontânea evolução para soluções abstratas, acentuando-se em formas de prevalência colorística.
Inaugurada a selva sem fim do Abstracionismo, a figura relegada a um limbo proibido, os seguidores da tendência do Informal começaram a linguajar somente por meio de traços e manchas, combinando variedades de formas, petiscando no infinito do prisma determinador do espectro solar, não esquecendo das duas cores que não são admitidas no concerto: o preto e o branco.
Os puristas, adeptos do comunicar através da cor, arregimentaram um exército tão maciço pelo ingressar de elementos franco-atiradores ingênuos (convencidos em pular a disciplina do aprender e tornar-se produtores de arte, pontualmente levados a sério nas poluições oficiais de arte) que, nos anos 50, olhavam para os figurativos como aos que 'já eram'.
Mas estas avalanchas motivadas pelas tendências são casos comuns nas crônicas, cabendo à história, no tempo oportuno, administrar o direito de sobrevivência. No caso em exame, os sobreviventes não são numerosos desde a época em que Ciurlionis, Kandinsky, Mondrian agitaram as águas do antifigurativo aos cuidados do Cubismo. Depois será a transferência para o Abstracionismo a ganhar popularidade. E Mabe tornou-se, no Brasil, o representante mais vivo da tendência.
Sua índole tinha o destino de fazer saber por intermédio da simbologia da cor. Não precisava de intermediações entre idéia e notação: o manifestar no universo das formas da caligrafia tornou-se estímulo para manifestar-se na linguagem da cor. Mabe pôs-se à obra sem hesitações: quem o viu manejar o pincel improvisando caracteres no papel de seda estendido no chão, com segurança natural, imagina como surgem aquele lançar de cor rápido, formas planas tendentes a uma amplidão mágica, às vezes harmonizadas num único tom, outras em chocantes contrastes, outras ainda equilibradas nos preciosos arabescos das nuanças amigas.
O resultado é sempre uma sonoridade cromática: intensa, exaltada, vizinhança de cores em estreita relação de tons atingindo uma espacialidade luminosa. Fugindo do relativo, Mabe aponta um abstracionismo rigorosamente absoluto para confirmar a ausência de recursos que possam lembrar preferências figurativas.
Seu movimentar de pincéis é franca inspiração, decidida conduta da composição construtiva própria da técnica dos mestres caligráficos, sem impulsões e arrependimentos, abandono a um ideismo que, todavia, controla a seu bel-prazer.
Mabe livra-se, no captar motivos, no borboletear das girândolas ou de fogos de artifício ou no pacato correr das nuvens ou no clamor do irromper de uma tempestade, a fixação de instantes plásticos que afloram em sonoridades de cores afins a sons, linguagem da cor parecendo linguagem musical”.
Pietro Maria Bardi (Fundador do MASP/Museu de Arte de São Paulo, 1986)
“Eu conheci o Mabe dando um prêmio para ele. E ele era o artista dessa época. Gostava de alegria, gostava de gente. Ele foi o único artista que tinha uma festa no dia do aniversário. Dia 14 de setembro tinha uma festa permanente. O Mabe criou um estilo de vida.
A Internet é a mulher da vida, todo mundo quer por a mão, quer pegar, quer ver, quer olhar, e ela tem a possibilidade de fazer tudo isso. A Internet é um museu fácil, acessível, que tem biografia. Não é só ver, tem o escrito, tem o texto também”.
Aldemir Martins (Artista plástico, 2002)
Fonte: Site oficial Manabu Mabe, consultado pela última vez em 03 de março de 2017.
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersa, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Guanabara
A formação do Grupo Guanabara ocorre em 1950, em torno do pintor Tikashi Fukushima. Natural do Japão, ele vem para o Brasil em 1940 e se estabelece, a princípio, no interior do Estado de São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro. Em 1949, muda-se para a capital paulista e abre uma molduraria no antigo largo Guanabara, onde é atualmente a Estação Paraíso do Metrô. A oficina torna-se ponto de encontro de artistas que vêm em busca da excelência do trabalho de molduraria realizado por Fukushima. Os encontros conduzem a idéia de criação de um espaço em que os artistas pudessem discutir seus trabalhos preservando a diversidade de tendências de seus membros.
O grupo chega a contar com 34 membros, na maioria imigrantes italianos e japoneses ou seus descendentes entre eles artistas que pertencem ao Grupo Seibi e ao Grupo dos 15. Entre seus fundadores estão Alzira Pecorari, Armando Pecorari, Arcangelo Ianelli, Marjô, Takeshi Suzuki, Tikashi Fukushima, Tomoo Handa, Yoshiya Takaoka, Tamaki. Posteriormente outros artistas se integram ao grupo, como Alina Okinaka, Hideomi Ohara, Ismenia Coaracy,Takahashi, Manabu Mabe, Masanosuke Hashimoto, Massao Okinaka, Thomaz, Tsukika Okayama e Wega Nery. Outros como Oswald de Andrade Filho e Tomie Ohtake, participam eventualmente das exposições realizadas pelo grupo.
Em sua trajetória o grupo promove cinco exposições coletivas. A primeira delas em 1950, na Galeria Domus. Osório César e Ibiapaba Martins, dois críticos do período, dão um destaque especial à mostra. A segunda, em 1951, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/SP, reúne obras recusadas no 16º Salão Paulista de Belas Artes. O crítico de arte Quirino da Silva defende os artistas e divulga o evento no jornal Diário da Noite. A terceira ocorre em 1953, no ateliê de Fukushima, não tem muita divulgação nem alcança muita repercussão. Em 1958, a quarta exposição é realizada na Associação Cristã de Moços - ACM. É a mais divulgada delas, conta com publicação de catálogo e palestras dos críticos Lourival Gomes Machado e Sérgio Milliet. A última mostra é realizada em 1959, praticamente uma reedição da anterior, montada no mesmo local.
Após dez anos de atividade, o grupo se desfaz. Em 1992, o Escritório de Arte Magalhães Gouveia organiza uma retrospectiva do grupo.
Fonte: GRUPO Guanabara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7.
24 artistas relacionados
Manabu Mabe (Kumamoto, Kyushu, Japão, 14 de setembro de 1924 — São Paulo, SP, 22 de setembro de 1997) foi um pintor, desenhista e tapeceiro japonês naturalizado brasileiro, pioneiro do abstracionismo no Brasil.
Biografia
Grandes manchas cromáticas criadas com pinceladas largas e rápidas, equilibrando espontaneidade e controle, são marca registrada de Manabu Mabe. O artista explora emplastramento, textura, traço e formas em seu trabalho. Enfim, cria sua própria linguagem lírica da cor, se aproximando do tachismo. Em algumas obras, é possível observar ainda referências à caligrafia japonesa.
Mabe veio com a família do Japão para o Brasil (1934) para trabalhar nas lavouras de café, mas começou a pesquisar pintura e desenho como autodidata - em revistas japonesas e livros de arte. Em Lins, interior de São Paulo, aprendeu a preparar telas e diluir tintas com o pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka.
Mais tarde, na capital paulista, conheceu Tomoo Handa, a quem mostrou seu trabalho. O mestre lhe incentivou a ter a natureza como fonte de inspiração. Passa, então, a integrar o Grupo Seibi - com outros artistas de origem japonesa em São Paulo - e a estudar junto com o Grupo 15. Aprende bastante com Yoshiya Takaoka e, no fim da década de 50, se estafe e passa a se dedicar exclusivamente à pintura (57).
Primeiro se dedica ao estudo de nu artístico e desenho gestual e naturezas mortas em estilo conservador, e depois caminha gradativamente para o impressionismo e fauvismo.
Em alguns momentos, sua obra dialoga com Picasso e Cândido Portinari, com formas geometrizadas na produção da década de 50. Gradualmente adere à abstração, produzindo sua primeira obra abstrata em 1955: Vibração Momentânea.
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Biografia Itaú Cultural
De Kobe, Japão, emigra com a família para o Brasil em 1934, para dedicar-se ao trabalho na lavoura de café no interior do Estado de São Paulo. Interessado em pintura, começa a pesquisar, como autodidata, em revistas japonesas e livros sobre arte. Em 1945, na cidade de Lins, aprende a preparar a tela e a diluir tintas com o pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka. No fim da década de 1940, em São Paulo, conhece o pintor Tomoo Handa a quem apresenta seus trabalhos. Integra-se ao Grupo Seibi e participa das reuniões de estudos do Grupo 15. No ano seguinte adquire conhecimentos técnicos e teóricos com o pintor Yoshiya Takaoka. Nos anos 1950 toma parte nas exposições organizadas pelo Grupo Guanabara. Em 1957 vende seu cafezal em Lins e muda-se para São Paulo para dedicar-se exclusivamente à pintura. No ano seguinte, recebe o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea. Em 1959, é homenageado com o artigo intitulado The Year of Manabu Mabe (O ano de Manabu Mabe), publicado na revista Time, em Nova York. Conquista prêmio de melhor pintor nacional na 5ª Bienal Internacional de São Paulo e prêmio de pintura na 1ª Bienal de Paris. Nos anos 1980 pinta um painel para a Pan American Union em Washington, Estados Unidos; ilustra O Livro de Hai-Kais, tradução de Olga Salvary e edição de Massao Ohno e Roswitha Kempf; e elabora a cortina de fundo do Teatro Provincial, em Kumamoto, Japão.
Comentário Crítico
Manabu Mabe vem com a família para o Brasil em 1934 e trabalha na lavoura de café no interior do Estado de São Paulo. Em 1941, reside na cidade de Lins, onde realiza desenhos a crayon e aquarelas. Dedica-se a essa atividade apenas nos dias de chuva - quando não pode trabalhar - e aos domingos. Adquire suas primeiras tintas a óleo em 1945. Dilui as tintas em querosene e utiliza como suporte para as pinturas o papelão ou a madeira. Nesse período, recebe orientação artística do pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka. Em 1947, em uma viagem a São Paulo conhece o pintor Tomoo Handa, que o incentiva a ter a natureza como fonte de inspiração. No ano seguinte, estuda com o pintor Yoshiya Takaoka, que lhe transmite ensinamentos técnicos e teóricos sobre pintura. Nesse período, participa do Grupo Seibi e integra o Grupo 15, com Yoshiya Takaoka, Shigueto Tanaka e Tomoo Handa, entre outros. Dedica-se ao estudo do nu artístico, pinta paisagens e naturezas-mortas, primeiramente em estilo mais conservador e depois aproxima-se progressivamente do impressionismo e fauvismo.
Na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, toma contato com obras de artistas da Escola de Paris, como Jean Claude Aujame, André Minaux, André Marchand e Bernard Lorjou, experiência que, segundo o próprio artista, modifica sua forma de pensar e a atitude perante a pintura. No começo da década de 1950, apresenta em suas telas formas geometrizadas, aproximando-se do cubismo, e figuras contornadas por grossos traços negros. Sua produção dialoga com a obra de Pablo Picasso e de Candido Portinari, pelos quais mantém forte admiração, como podemos observar em Carregadores ou Colheita de Café, ambas de 1956. Gradualmente, adere à abstração e, em 1955, pinta sua primeira obra abstrata Vibração-Momentânea. Muda-se com a família para São Paulo em 1957, a fim de iniciar a carreira de pintor profissional. Recebe, em 1959, o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, com as pinturas abstratas Grito e Vitorioso, ambas realizadas em 1958. As obras aludem ao sentimento de alegria do artista pelo convite para participação no evento. Vitorioso é ainda uma homenagem à atuação de Pelé na Copa do Mundo do ano anterior.
Em 1959, participa da 5ª Bienal Internacional de São Paulo, com as obras Composição Móvel, Pedaço de Luz e Espaço Branco, todas daquele ano, e recebe o prêmio de Melhor Pintor Nacional. As pinturas destacam-se pelas grandes manchas cromáticas, executadas em gestos rápidos e largos, em que se percebe o equilíbrio entre a espontaneidade e a contenção. Nessas telas, encontramos referências à tradicional arte da caligrafia japonesa. Consagra-se, no mesmo ano, nacional e internacionalmente: é premiado na 1ª Bienal dos Jovens de Paris; a revista Time dedica-lhe um artigo, intitulado The year of Manabu Mabe [O ano de Manabu Mabe]; e, no ano seguinte, é premiado na 30ª Bienal de Veneza. Torna-se assim um dos artistas mais destacados do abstracionismo informal brasileiro. Realiza exposições individuais e participa de mostras coletivas na América Latina, Europa e nos Estados Unidos.
No início de sua trajetória no campo da abstração, Manabu Mabe explora em suas obras o empastamento, a textura e o traço e se revela um colorista de porte. Ao voltar-se para o universo das formas caligráficas, percebe também as possibilidades de criar uma linguagem lírica com a cor. Dessa forma, em meados da década de 1960, começa a aproximar-se também de certos aspectos do tachismo. Os títulos de suas obras evocam emoções ou fenômenos da natureza como, em Canção Melancólica, 1960, Primavera, 1965, Vento de Equador, 1969, Outono Tardio, 1973, Meus Sonhos, 1978 ou Viver, 1989. A partir da década de 1970, cristaliza seus procedimentos anteriores - que reaparecem estilizadamente em quase toda sua produção -, incorpora em seus quadros figuras humanas e formas de animais, apenas insinuadas ou sugeridas, mas que em geral são representadas em grandes dimensões. Paralelamente, as grandes massas transparentes e etéreas com que vinha trabalhando adquirem um aspecto de solidez.
Críticas
"Refiro-me à obra de Manabu Mabe (...) que alcançou uma modesta reputação internacional (...) por suas pinturas gestuais apaixonadamente executadas. (...) Muito bem, mas o entusiasmo criativo, a riqueza de cores e a manipulação apaixonada das tintas têm um limite. Uma pintura, para ser arte, também requer foco, estrutura e um referencial. Desconfio que a maioria daqueles que repudiam a obra de Mabe criticam-na justamente neste ponto. Onde, perguntam, está o seu referencial - (...) o que eles querem mesmo saber é por que essas manchas e borrões são qualificadas como arte. Talvez devêssemos comparar mais ou menos uma dúzia de pinturas de Mabe com igual número produzido por crianças ou por adultos que simplesmente atirem tintas sobre as telas. Se empreendêssemos tal confronto descobriríamos que as diferenças são espantosas e colossais (...). (...) Os quatro ingredientes básicos da arte de Mabe são a paixão, o drama, o risco e a sensibilidade. Juntos, eles representam um artista de excepcional sensibilidade, cujas pinturas encarnam e reencarnam os grandes dramas da paixão contra a passividade, do movimento contra a inércia, e da vida contra a morte".
Theodore F. Wolff (As múltiplas máscaras da arte moderna. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 288.)
"A percepção do artista japonês fê-lo compreender com presteza as novas e surpreendentes afinidades entre suas próprias visões artísticas e as novas visões desenvolvidas a partir da arte moderna ocidental, particularmente com a abstração. (...) A formação de Manabu Mabe levou-o a compreender a relatividade e o parco valor da oposição convencional entre concreto e abstrato, ou entre o ´figurativo´ e o 'informal'. Escrevendo um breve comentário sobre sua obra, destinado à introdução de uma de suas mostras, Mabe declara que, em seu entender, 'figura e abstração são a mesma coisa. O artista não precisa amarrar-se a nenhuma das duas' - pois seu problema é secundário. Ambas me realizam, acrescenta Mabe (...). O que importa para Manabu Mabe não é a afirmação ou a negação da 'figura' sobre o suporte da ´imagem´, mas o acordo íntimo e quase físico com a 'matéria' pictórica; o diálogo penetrante e revelador entre o pintor e a substância cromática em todos os seus sentidos. O pintor deve-se interiorizar para compreender que a matéria o interroga e, quase como a esfinge mítica, exige respostas satisfatórias. A incapacidade de produzi-las significaria o fracasso do artista".
Jayme Maurício (Manabu Mabe. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 24.)
"Nestes últimos anos, Mabe tem dado inflexões diversas à sua pintura sem afastar-se dos princípios básicos com que começou. Sua técnica não mudou, houve porém uma intenção de incorporar a figura em suas composições, que geralmente assumem dimensões em grande escala. As massas transparentes, gasosas, com que se expressava começaram a mostrar solidez. As larvas, as lagartas, as folhas de árvore torcidas, enroladas, pareciam querer manifestar sua presença mas sem deixar-se definir completamente, como octoplasmas. Também a forma humana se insinuava, mas tudo debaixo de um véu de imprecisão. Resquícios de luz, de cor luminosa, bordeavam estas formas, desafiando a definição. Entretanto, seus tons transparentes ou seus planos cromáticos foram sendo cada vez mais ricos e mais vigorosos. Sua personalidade é de ascensão constante. Não é gratuito, portanto, que seja considerado atualmente um dos valores mais sólidos da arte pictórica na América Latina".
José Gómez Sicre (Manabu Mabe. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 46.)
"(...) o artista sintonizado com seu mundo interior e atento à dinâmica do processo pictórico em si preza, acima de tudo, a liberdade de expressão, não admitindo qualquer programa estético estabelecido a priori. Essas manifestações, ora associadas ao expressionismo abstrato, ora ao tachismo, assumem no Brasil algumas particularidades. Uma delas seria a ascenção de pintores nipo-brasileiros ao cenário das artes plásticas, logo se destacando Manabu Mabe, premiado em 1959 nas Bienais de São Paulo e Paris. Além de dar fama ao artista, a premiação confirma a penetração do chamado informalismo, ameaçando a posição vanguardista assumida pelo formalismo geométrico. A pintura gestual, em expansão nos Estados Unidos, Europa e Japão no pós-guerra, encontra receptividade entre os imigrantes japoneses que da cultura ancestral aproveitam a sutil disciplina do traço e a concisão formal para criar obras de impacto. Manabu Mabe conjuga em seus quadros gestos largos e decididos com vastas manchas de cor, equilibrando com sucesso espontaneidade e contenção. Pena que a vitalidade dos primeiros anos se dilua ao longo de sua volumosa produção".
Maria Alice Milliet (MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO. Mostra do Redescobrimento: Brasil 500 anos. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2000. p. 58.)
Depoimentos de Manabu Mabe
"'O que é a arte?' 'Qual a finalidade da minha pintura?' Um certo dia pensei sobre tudo isto e, desde então, já se passaram mais de vinte anos.
Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.
Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, brincar de correr atrás de pássaros, são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância.
O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele interior ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo hoje aos sessenta anos, cuja alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar.
Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza.
Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significa travar uma constante luta comigo mesmo.
O sofrimento e a alegria de produzir.
O que será que me faz ficar assim tão absorto?
É o belo.
O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo.
Que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?
Aos sete anos de idade desenhei um guarda-chuva aos dez uma paisagem de outono.
Aos vinte e dois anos comecei a pintar a óleo sobre tela, frutas e paisagens da colônia e, em 1953 passei a me preocupar com as cores e formas.
Em 1958 explodiram as obras abstratas e as telas passaram a pulsar o sangue rubro de esperança e excitamento.
'Sim, as obras são o registro de minha vida. A partir de então minha vida foi toda talhada de obras'.
Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e de paz, dos desequilíbrios sócio-econômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou.
Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material; como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida".
Manabu Mabe, 1985 (Palavras do artista. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 9.)
"Nunca fui aluno de nenhum mestre, tão pouco pertenci a qualquer escola. Possuo um estilo de pintura que eu mesmo desenvolvi, à custa de muito esforço e perseverança, o qual é facilmente identificável. A título de brincadeira, eu o denominei de "mabismo". Mas esse estilo também foi sofrendo modificações com o decorrer do tempo. As pessoas dizem que ele representa a fusão do oriente com o ocidente, sendo a expressão da poesia lírica, mas eu creio que a minha pintura representa a mim mesmo. Segundo as palavras de um pintor amigo, Kazuo Wakabayashi, eu sou um exemplo raro, entre os japoneses de minha geração, que não teve a experiência da guerra. Diz ele: os japoneses que estavam no Japão, durante a segunda guerra mundial, tornaram-se retraídos, devido a derrota. Mas, o Mabe, que estava no exterior, manteve a sua alegria natural, a qual consegue expressar na sua pintura".
Manabu Mabe - 16 de setembro de 1994 (Chove no Cafezal. Nihon Keizai Shimbun. São Paulo 1994. p. 86)
Exposições Individuais
1957 - Lins SP - Individual, no Clube Linense
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Barcinski
1960 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Instituto de Cultura Uruguaio-Brasileiro
1960 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Galeria Time-Life
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1960 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Sistina
1961 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Rubbers
1961 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Centro de Artes y Letras
1961 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, no Time-Life
1961 - Paris (França) - Individual, na Galerie La Cloche
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Barcinski
1961 - Roma (Itália) - Individual, na Galleria Del´Obelisco
1962 - Paris (França) - Individual, na Galerie La Cloche
1962 - Trieste (Itália) - Individual, na Galleria La Cavana
1962 - Veneza (Itália) - Individual, na Galleria Il Canale
1962 - Washington (Estados Unidos) - Individual, na Pan American Union
1963 - Salvador BA - Individual, na Galeria Querino
1964 - Lima (Peru) - Individual, no Instituto de Arte Contemporânea
1964 - Roma (Itália) - Individual, na Galleria D'Arte Della Casa do Brasil
1967 - Belo Horizonte MG - Individual, no MAP
1967 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
1968 - Cidade do México (México) - Individual, na Galeria Merk-Up
1968 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Catherine Viviano Gallery
1969 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Buchholz
1969 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1970 - Houston (Estados Unidos) - Individual, no Museum of Fine Arts
1970 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Catherine Viviano Gallery
1970 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1971 - São Paulo SP - Individual, Galeria de Arte Ipanema
1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1973 - Tóquio (Japão) - Individual, no Tokuma Art Gallery
1974 - São Paulo SP - Individual, na A Galeria
1975 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
1976 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Stephen Maltz Fine Arts Gallery
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte André
1978 - Kamakura (Japão) - Individual, no Kamakura Museum of Art
1978 - Kumamoto (Japão) - Individual, no Kumamoto Museum of Art
1978 - Osaka (Japão) - Individual, no National Museum of Art
1980 - Miami (Estados Unidos) - Individual, no The Lowe Art Museum
1980 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Individual, no Museum of Modern Art of Latin America
1981 - Paris (França) - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1982 - Miami (Estados Unidos) - Individual, no Meeting Point Art Center
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Manabu Mabe, na Kouros Gallery
1982 - Paris (França) - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1983 - Cidade do Panamá (Panamá) - Individual , na Galeria Arteconsult
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1983 - São Paulo SP - Manabu Mabe: obras recentes, na Galeria de Arte André
1984 - Estocolmo (Suécia) - Individual, na SAC
1984 - Paris (França) - Individual, na FIAC
1984 - Rio de Janeiro RJ - 60 Anos de Mabe, na Realidade Galeria de Arte
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1985 - Londres (Inglaterra) - Manabu Mabe, na I. CAF
1986 - Rio de Janeiro RJ - Manabu Mabe, na Realidade Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Manabu Mabe: obras recentes, no Masp
1987 - Paris (França) - Individual, na FIAC Grand Palais
1988 - Paris (França) - Individual, no Espace Latino-Americain
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1990 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva, na Novo Tempo Galeria de Arte
1990 - Brasília DF - Individual, na Visual Galeria de Arte
1991 - Nagoya (Japão) - Individual, na Saito Gallery
1991 - Osaka (Japão) - Individual, na Yamaki Art Gallery
1991 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret
1992 - Kumamoto (Japão) - Individual, no Tsuruya Art Gallery
1992 - São Paulo SP - Individual, no Museu da Casa Brasileira
1992 - Tóquio (Japão) - Individual, Murauchi Art Gallery
1995 - São Paulo SP - Manabu Mabe: 50 anos de pintura, na Galeria de Arte André
Exposições Coletivas
1950 - Rio de Janeiro RJ - 56º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1950 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Grupo Guanabara, na Galeria Domus
1951 - Lins SP - 1º Salão Linense de Artes Plásticas - medalha de ouro
1951 - Rio de Janeiro RJ - 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1951 - São Paulo SP - 2ª Exposição do Grupo Guanabara, no IAB/SP
1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon - menção honrosa
1952 - São Paulo SP - 1º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Clube Sakura - grande medalha de prata
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no MNBA - prêmio aquisição
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1953 - São Paulo SP - 2º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos - grande medalha de ouro
1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1954 - Tóquio (Japão) - Bienal de Tóquio
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1956 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de ouro
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança
1958 - São Paulo SP - 4ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1958 - São Paulo SP - 7ª Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - grande medalha de ouro
1959 - Dallas (Estados Unidos) - Coletiva, no Dallas Museum of Fine Arts - prêmio aquisição
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus
1959 - Paris (França) - 1ª Bienal de Paris - Prêmio Braun e prêmio bolsa de estudo
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de isenção de júri
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - melhor pintor nacional
1959 - São Paulo SP - 5ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Governador do Estado
1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte da Folha
1960 - São Paulo SP - Exposição dos Sete, na CAC
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Veneza (Itália) - 30ª Bienal de Veneza - Prêmio Fiat
1961 - Boston (Estados Unidos) - Latin American Artists, no Institute of Contemporary Art
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1961 - Washington (Estados Unidos) - Japanese Painters of the Americas
1962 - Bragança Paulista SP - Exposição dos Seis, no Clube Dois
1962 - Colorado (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no Colorado Springs Fine Arts Center
1962 - Córdoba (Argentina) - 1ª Bienal Americana de Arte - 1º prêmio
1962 - Minneapolis (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no Walker Art Center
1962 - San Francisco (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no San Francisco Museum of Art
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1962 - St. Louis (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no City Art Museum
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - Lima (Peru) - Pintura Latino-Americana, no Instituto de Arte Contemporânea
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1963 - Viena (Áustria) e Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, no Museum Fur Angewandte Kunst e no Royal Art College
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no MAM/RJ
1965 - La Paz (Bolívia) - Pintores Nipo-Brasileiros, na Embaixada do Brasil
1965 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, na Royal Academy of Arts
1965 - Oakland (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1965 - Tóquio (Japão) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Washington (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1966 - Cidade do México (México) - Pintura y Grabado del Brasil, no Museu de Arte Moderna
1966 - Rio de Janeiro RJ - O Artista e a Máquina, no MAM/RJ
1966 - São Paulo SP - 10º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1966 - São Paulo SP - Artistas Nipo-Brasileiros, no MAC/USP
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no Museu de arte Contemporãnea, no MAC/USP
1966 - São Paulo SP - O Artista e a Máquina, no Masp
1966 - São Paulo SP - Três Premissas, no MAB/Faap
1966 - Washington (Estados Unidos) - Two Nippo-Brazilian Painters, no Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos
1967 - Chicago (Estados Unidos) - Contemporary American Painting and Sculpture, na Illinois University
1967 - Nova York (Estados Unidos) - International Art Festival, na The New York Hilton Gallery at Rockfeller Center
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - Dez Artistas Nipo-Brasileiros, no Salão Nobre da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1967 - Urbana (Estados Unidos) - Contemporary American Painting and Sculpture, na Universidade de Illinois
1968 - Cidade do México (México) - Coletiva, no Museu de Arte Moderna
1968 - São Paulo SP - Primeira Feira Paulista de Opinião, no Teatro Ruth Escobar
1969 - Porto Alegre RS - Pintores Nipo-Brasileiros, na Galeria Cândido Portinari
1970 - Milão (Itália) - Arte Braziliana Contemporânea, no Consulado do Brasil
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1972 - Medellin (Colômbia) - 3ª Bienal de Medellín, no Museo de Antioquia
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1972 - Tóquio (Japão) - 150 Anos da Independência do Brasil, na Yakult Honsha
1973 - Kyoto (Japão) - Japanese Artists of America, no National Museum of Kyoto
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1973 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1973 - Tóquio (Japão) - Japanese Artists of America, no The Tokyo Museum
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1975 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1977 - Madri (Espanha) - Arte Actual de Iberoamericana, no Instituto de Cultura Hispânica
1977 - San Salvador (El Salvador) - Homenagem à Pintura Latinoamericana
1977 - São Paulo SP - 3ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1977 - São Paulo SP - Mostra de Arte, no Grupo Financeiro BBI
1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall
1978 - São Paulo SP - 3 Gerações de Artistas Nipo-Brasileiros, na Galeria Arte Global
1978 - São Paulo SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall
1979 - Curitiba PR - Artistas Nipo-Brasileiros, no Salão de Exposição do BADEP
1979 - São Paula SP - 4ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1980 - São Paulo SP - Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1980 - São Paulo SP - Mestres do Abstracionismo Lírico no Brasil, na Galeria Eugénie Villien
1981 - Osaka (Japão) - Exposição Latino-Americana de Arte Contemporânea Brasil/Japão, no Museu Nacional de Arte de Osaka
1981 - São Paulo SP - 5ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/SP
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1983 - Atami (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Atami (Japão) - Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Kyoto (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, no MNBA
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1983 - São Paulo SP - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, no Masp
1983 - Tóquio (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1984 - Buenos Aires (Argentina) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Haya (Holanda) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Lisboa (Portugal) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Londres (Inglaterra) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Madri (Espanha) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Milão (Itália) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Paris (França) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1984 - Roma (Itália) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1984 - Washington (Estados Unidos) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1985 - Atami (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Kyoto (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Rio de Janeiro RJ - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1986 - Rio de Janeiro RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte
1986 - São Paulo SP - Antes e Agora: 8 pintores, na Fundação Cásper Líbero
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d?Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Rômulo Maiorana
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no Bronx Museum of the Arts
1988 - Pequim (China) - 1ª Exposição Brasil-China, na Galeria de Belas Artes da China
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1989 - Copenhague (Dinamarca) - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Museu Charlottenborg
1989 - El Paso (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no El Paso Museum of Art
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-Brasileiras, no MNBA
1989 - San Diego (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no San Diego Museum of Art
1989 - San Juan (Porto Rico) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no Instituto de Cultura Puertorriqueña
1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Galeria Itaú Cultural
1990 - Atami (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Brasília DF - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Miami (Estados Unodos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Center for the Arts
1990 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - São Paulo SP - 6º Salão Brasileiro de Arte, na Fundação Mokiti Okada M.O.A.
1990 - São Paulo SP - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1990 - Sapporo (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1990 - Tóquio (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa de Cultura
1992 - São Paulo SP - 7º Salão Brasileiro de Arte, na Fundação Mokiti Okada
1992 - São Paulo SP - Grupo Guanabara: 1950-1959, no Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1993 - São Paulo SP - Exposição Luso-Nipo-Brasileira, na MAB/Faap
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, na Masp
1994 - São Paulo SP - Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP, no MAC/USP
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Brasília DF - Sete Samurais da Arte Brasileira, na LBV
1995 - Niigata (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no The Niigata Prefectual Museum of Modern Art
1995 - São Paulo SP - Brasil-Japão Arte, na Fundação Mokiti Okada M.O.A.
1995 - São Paulo SP - Brasil-Japão de Arte, Fundação Mokiti Okada
1995 - São Paulo SP - Projeto Contato, na Galeria Sesc Paulista
1995 - São Paulo SP - Projeto Contato, na Galeria Sesc Paulista
1995 - Tokushima (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Centro Cultural de Tokushima
1996 - Barra Mansa RJ - 12 Nomes da Pintura Brasileira, no Centro Universitário de Barra Mansa
1996 - Gifu (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no The Museum of Fine Art Gifu
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1970 - 1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Bandeiras, na Galeria de Arte do Sesi
1996 - São Paulo SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Masp
1996 - Tóquio (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Azabu Art Museum
Exposições Póstumas
1997 - Curitiba PR - Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 - Jacareí SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, na Oficina de Artes Santa Helena
1997 - Jacareí SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, na Oficina de Artes Santa Helena
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - Belo Horizonte MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Palácio das Artes
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Ipatinga MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil
1998 - Ipatinga MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, na Fundação São Francisco Xavier. Centro Cultural Usiminas
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1998 - São Paulo SP - Traços e Formas, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1999 - Brasília DF - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, no Ministério das Relações Exteriores
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo - Metamorfose do Consumo, no Itaú Cultural
1999 - São Paulo SP- Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, no Masp
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Individual, no Club Athletico Paulistano
2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, no CCBB
2001 - Rio de Janeiro RJ - Acervo da Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Galeria de Arte André
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Nova André Galeria
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2001 - São Paulo SP - Chove no Cafezal, no Museu da Casa Brasileira
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Além da Tela, na Nova André Galeria
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Os Sete Baluartes do Abstracionismo Brasileiro, na Nova André Galeria
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - Coleção Lauro Eduardo Soutello Alves no Acervo do MAM, no MAM/SP
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA
2004 - Rio de Janeiro RJ - 90 Anos de Tomie Ohtake, no MNBA
2004 - São Paulo SP - Abstração como Linguagem: perfil de um acervo, na Pinakotheke
2004 - São Paulo SP - Gesto e Expressão: o abstracionismo informal nas coleções JP Morgan Chase e MAM, no MAM/SP
2004 - São Paulo SP - Grupo Guanabara, na Galeria Prestes Maia
2004 - São Paulo SP - Manabu Mabe e Yugo Mabe, no Espaço Cultural Vivo
Prêmios
1951 - Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
1951 - Medalha de ouro, 1º Salão Linense de Artes Plásticas, Brasil
1952 - Grande Medalha de Prata, 1º Salão Seibi, Brasil
1952 - Menção honrosa, 47° Salão Paulista de Belas Artes, Brasil
1953 - Grande Medalha de Ouro — prêmio Colônia —, 2º Salão Seibi, Brasil
1953 - Prêmio aquisição, Salão Nacional de Arte Moderna Rio de Janeiro, Brasil
1956 - Pequena Medalha de Prata, V Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1957 - Pequena Medalha de Ouro, VI Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1958 - Grande Medalha de Ouro, VII Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, Brasil
1958 - Prêmio isenção do júri, VII Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brasil
1959 - Prêmio Governador do Estado, VIII Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1959 - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil
1959 - Melhor Pintor Nacional, 5ª Bienal de São Paulo, Brasil
1959 - Prêmio Braun, I Bienal de Paris, França
1959 - Prêmio bolsa de estudos, I Bienal de Paris, França
1959 - Prêmio aquisição, Dallas Museum of Fine Arts, Dallas, Estados Unidos
1960 - Prêmio Fiat, 30ª Bienal de Veneza, Itália
1962 - Primeiro prêmio, I Bienal Americana de Arte Córdoba, Espanha
Obras em museus
Museu de Arte de São Paulo/MASP, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte Moderna /MAM, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte de Contemporânea/MAC USP, São Paulo/SP, Brasil
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte Moderna/MAM, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu Manchete, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu de Arte Moderna/MAM, Salvador/BA, Brasil
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS, Brasil
Museu de Arte de Belo Horizonte, Belo Horizonte/MG, Brasil
The Museum of Contemporany Art, Boston, Estados Unidos
Walker Art Center, Minneapolis, Estados Unidos
Dallas Museum of Fine Arts, Dallas, Estados Unidos
The Museum of Fine Arts, Houston, Estados Unidos
Lowe Art Museum, Miami, Estados Unidos
Museum of Modern Art of Latin America, Washington, Estados Unidos
The National Museum of Art, Kyoto, Japão
Rikka Museum of Art, Tóquio, Japão
The National Museum of Art, Osaka, Japão
The Hakone Open Air Museum, Hakone, Japão
Museum of Art (MOA), Atami, Japão
Iwasaki Art Museum, Kagoshima, Japão
Murauchi Art Museum, Tóquio, Japão
Museo de Belas Artes de Caracas, Venezuela
Fonte: MANABU Mabe. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 03 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Em 1934, chega ao Brasil com a família a bordo do navio La Plata Maru para trabalhar nas lavouras de café de Lins, interior de São Paulo. Foi em Lins que conheceu Tikashi Fukushima. Manabu Mabe era quatro anos mais novo que Tikashi, Tikashi e Mabe estavam decididos a serem pintores, Mabe trabalhava na lavoura e pintava quando chovia. Mabe tem uma infância pobre, adaptando um ateliê no meio da lavoura para pintar naturezas-mortas e paisagens. Consegue realizar a primeira exposição individual em São Paulo (1948), na qual mescla a caligrafia oriental com a pintura feita com manchas. No ano seguinte participa do Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro.
Casa-se com Yoshino em 1951 e tem filhos. Conheceu Tadashi Kaminagai em 1952, Mabe foi um apreciador da arte de Kaminagai, e conta que ficava horas ao lado do artista "admirando as maravilhosas cores que ele pintava uma arara, na varanda da casa do doutor Honda". Ganha o prêmio de pintura na segunda Bienal Internacional de São Paulo (1953), onde são aceitos só dois artistas nipo-brasileiros, Mabe e Tadashi Kaminagai.
Em 1956, participa da Bienal de Arte do Japão e, em 1959, obtém o prêmio de melhor pintor nacional da quinta Bienal de São Paulo e o de destaque internacional na Bienal de Paris.
No livro Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, Cecília França Lourenço descreve o uso do geometrismo e do abstracionismo pelos artistas nipo-brasileiros como que atendendo a um "impulso vital e mesmo cultural, mais facilmente identificado com o gesto, a mancha e as pesquisas formais, sendo por isso mesmo, uma fonte inesgotável e revitalizada através da vivência". Artistas como Mabe e Tikashi Fukushima puderam contribuir de maneira decisiva no desenvolvimento dessa tendência abstrata. Cecília França Lourenço, ao comentar a obra de Tomie Ohtake, quando ela atingiu um nível de maturidade, compara com a obra da artista com a de Fukushima e Mabe, no contexto que ambos os três tinham "certa contenção, sem permitir extravasar totalmente a emoção da obra".
Algumas de suas obras, cerca de 53, avaliadas em mais de US$ 1,24 milhão, foram perdidas no mar, no dia 30 de Janeiro de 1979, quando o Boeing 707-323 Cargo da Varig, registro PP-VLU, sob o comando do mesmo comandante sobrevivente do voo Varig RG-820, desapareceu sobre o oceano cerca de trinta minutos após a decolagem em Tóquio. Nenhum sinal das obras, destroços ou corpos foi encontrado. É conhecido por ser o maior mistério da história da aviação até os dias de hoje. e um dos raríssimos voos civis comerciais que desapareceram sem deixar vestígios. Alguns dos quadros foram posteriormente refeitos pelo pintor.
A arte na década de 80 foi influenciada pelo aparecimento de outros artistas e também pela atuação dos pioneiros, como Tomoo Handa, abstracionistas, como Manabu Mabe, Tikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi e outros, onde atuaram, no desenvolvimento artístico, como também nos interesses da comunidade de artistas.
Realiza, em 1986, uma retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e lança um livro com 156 reproduções de seu trabalho com textos em português, inglês e japonês.
A Revista Veja de 22 de julho de 1988 descreve o fato de que a "importância dada ao trabalho de Mabe, Fukushima e Shiró atraiu ao Brasil uma nova leva de artistas japoneses, que chegaram ao país maduros e com posturas estéticas sedimentadas". O jornal O Estado de S. Paulo de 16 de dezembro de 1989, afirma que na arte brasileira destacam-se os nipo-brasileiros, dentro do chamado abstracionismo informal, onde dentre os adeptos podem ser citados Fukushima, Mabe, Wakabayashi, e Shiró.
Escreve, em 1995, a autobiografia Chove no Cafezal, em japonês, cujo texto original foi publicado em capítulos semanais no jornal Nihon Keizai Shinbum, de Kumamoto, sua região natal. Em 1996 viaja ao Japão para uma grande mostra retrospectiva de sua obra. Em 1997, alguns meses antes de falecer Manabu Mabe, participou de uma vinheta interprogramas pintando o logotipo da extinta Rede Manchete de televisão. No mesmo ano, por causa da Diabetes, Mabe morre em São Paulo por complicações decorrentes de um transplante de rim.
Segundo o crítico de arte Ichiro Hariu, a demanda de obras de arte no Brasil é grande, mas a desigualdade socioeconômica é enorme, e os compradores se limitam a pessoas de classe mais abastada, empresas e órgãos públicos. Segundo Hariu, Ohtake, Fukushima, Mabe e outros são reconhecidos abstracionistas, representativos do Brasil, que contam com muitos apoiadores.
Suas obras encontram-se nos Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Arte Contemporânea de Boston e de Belas Artes de Dallas, entre outros. No Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, encontra-se uma de suas pinturas mais expressivas Natureza-Morta (óleo sobre tela). Também estão no Museu Nacional de Arte da Bolívia e na coleção de arte V+R Sapoznik.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 03 de março de 2017.
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Autobiografia Manabu Mabe
Decada de 20
Nasci em 1924, na localidade de Takara, na vila e atual cidade de Shiranui. A casa onde eu nasci era consideravelmente ampla, tinha nos fundos um espaçoso jardim japonês e, no pátio, um lago em que eu costumava nadar. Construir um jardim como aquele foi um desejo que sempre esteve presente em minha mente desde que imigrei.
Dos tempos de escola, lembro-me da professora Nogushi. Um belo dia, ela elogiou o desenho que fiz do guarda-chuva japonês, durante a aula, dizendo: “Muito bem desenhado. Vocês todos devem desenhar assim”. Este foi, com certeza, um dos primeiros estímulos a minha vocação de pintor.
Decada de 30
Em 1934, meu pai, Soichi Mabe, em companhia de minha mãe, Haru, e cinco filhos, viajaram ao Brasil. O que nos esperava era um serviço novo e desconhecido. Mas havia uma missão a cumprir. Nós imigrantes buscávamos no Brasil um mundo novo para encontrar um caminho a vencer. Belo! Foi a minha primeira definição do Brasil. Cresci sem formação escolar especializada. Minha vida foi sempre orientada pela natureza. Planícies e mais planícies a perder de vista. Plantações de café, fazendas de criação de gado, florestas, caminhos de terra vermelha cortando a mata virgem, o canto dos pássaros, o ruído dos insetos, o barulho da queda das mangas. É indescritível a influência da natureza na formação da minha personalidade e no desenvolvimento das minhas qualidades de pintor. Ao aproximar-me de um fruto de mamão amarelo e maduro, corre um lagarto. É a lembrança que tenho dos idos de 1934, quando, aos 10 anos de idade, mudei para Birigui, cidade do interior de São Paulo. Desde criança sempre gostei de desenhar e trouxe para o Brasil os crayons que usava na escola primária do Japão. Lembro-me da natureza brasileira que se desvendou sob os meus olhos, os peixes nadando nas águas rasas das lagoas e os papagaios disputando uma goiaba madura. E quatro ou cinco anos passaram-se em arrebatamento. Voltei a desenhar novamente. Isto era possível apenas nas horas de folga do serviço de cafeicultura, como nos dias de chuva ou aos domingos.
Década de 40
A primeira vez que usei tinta a óleo foi em 1945. Naquele ano, uma intensa geada arruinou toda a plantação de café e fomos forçados a descansar. Vi uma caixa de tinta numa livraria da cidade e não resisti à vontade de experimentar. Em pouco tempo pintei avidamente paisagens e naturezas-mortas em papelões e tábuas de madeira, dissolvendo a tinta em querosene.
Transpus tudo com tenacidade física e intensa paixão. Ficava entusiasmado com tudo o que fazia. Dizia o meu pai quando eu era menino: "Você é muito exaltado, meu filho". À medida que desenhava, passei a pensar, sofrer e experimentar alegrias como se fora um desenvolvimento de mim mesmo e aprendi, então, sobre a importância do ato de criar.
Naquela época, os meus estudos se baseavam na leitura de revistas de arte provenientes do Japão, ou de coleções de livros de arte. Mesmo assim, era muito difícil consegui-los na colônia, no interior da cidade de Lins, onde me encontrava distante 500 km da Capital, mas meus amigos, artistas veteranos, foram sempre incansáveis encorajadores deste estranho pintor-lavrador.
Com o término da Segunda Guerra Mundial e a derrota do Japão, surgiu entre os imigrantes japoneses o conflito dos grupos que acreditavam na vitória contra o grupo dos que não admitiam a derrota. Assim, com a morte de meu pai, o casamento e a posição de um quase nissei, encontrava-me em situação difícil. Estava entre o japonês e o brasileiro, entre o issei e o nissei.
Década de 50
De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo.
Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor.
Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas.
De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo.
Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor.
Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas.
Dois anos mais tarde, quando recebi o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas — da qual participavam artistas de todo o país — e o Prêmio de Melhor Pintor Nacional na 5ª Bienal de São Paulo, fiquei exultante.
Haviam se passado dez dias desde o recebimento do prêmio da Bienal de São Paulo quando chegou um telegrama do exterior com a notícia: "Manabu Mabe recebeu o prêmio da I Bienal de Jovem de Paris".
Sob estrondoso aplauso e pelas palavras do então presidente da República, Juscelino Kubitschek, "Parabéns, esforce-se cada vez mais em benefício do mundo das Artes Brasileiras", senti-me plenamente recompensado como filho de imigrante.
Foi-me dada oportunidade de apreciar os trabalhos de autores consagrados no mundo inteiro. As minhas ideias, influenciadas por aquelas obras, sofreram mudanças. A pintura, agora, como eu a via, era um verdadeiro combate corpo a corpo; era, em síntese, um espírito de luta.
A revista Time comentou a conquista de prêmios em duas bienais sob o título 1959, o ano de Manabu Mabe e fui apresentado em reportagem de uma página, desde a minha infância até a outorga dos prêmios.
O que é arte? Qual a finalidade da minha pintura? Certo dia pensei sobre tudo isto, e desde então, já se passaram mais de vinte anos. Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.
Década de 60
Quando comecei a ser premiado em várias exposições, o Sr. Francisco Matarazzo observou: “Há muitas pessoas que criticam o por manter a sua nacionalidade japonesa, após tantos reconhecimentos no Brasil. Eu não penso assim, mas que tal se você se naturalizasse?”. Aproveitei o ensejo da inscrição na XXX Bienal de Veneza para me naturalizar. Mamãe ficou calada. Bem posso avaliar o quanto a renúncia a minha nacionalidade deve ter significado para ela. Costumo brincar autodenominando-me de japonês latino, mas no íntimo me considero brasileiro.
Em 1960, conquistei o Prêmio Fiat na Bienal de Veneza. Lembrei-me do Aldemir Martins. Ele tornou-se um grande amigo, um verdadeiro irmão. Nas festas aqui em casa, algumas pessoas nos acham parecidos e ficam na dúvida se ele é japonês ou eu é que sou nordestino.
A minha primeira exposição no exterior ocorreu em 1960, no Uruguai. Foi ao mesmo tempo, a minha primeira viagem ao exterior, desde que chegara ao Brasil. Convidado pelo governo uruguaio e, graças à ajuda do Sr. Walter Wey, da Embaixada do Brasil naquele país, alcancei grande popularidade pelas numerosas obras líricas modernas que expus.
Em janeiro de 1961, a convite da empresa Time-Life, estive em Boston, era minha primeira viagem aos Estados Unidos. Minha vida mudou. Contratos com marchands des arts, incursões pelos Estados Unidos e Europa. Era preciso abrir bem os olhos.
De Roma, Florença, Assis, Milão e Veneza para o verão ao norte da Itália, cruzando as montanhas Dolomites; ao sul, em Nápoles e Sorrento; passando pela Suíça, cheguei à tão sonhada Paris.
Relíquias, ruínas, museus de arte, obras originais... Fiquei emocionado com a Europa que vi pela primeira vez. Lá, convenci-me de que, na obra original há a presença do próprio artista. Compreendi que a pintura é o fruto do esforço e do tempo e que, tanto Picasso como Matisse pintaram despretensiosamente com traços de senso fino e espírito lúdico. Assim, concluí que é indispensável ver as obras originais.
Por ocasião da mostra Dez Pintores Nipo-Brasileiros, realizada nos salões da Pan-American Union, em Washington, o então Embaixador Juracy Magalhães, aconselhou-me a permanecer durante um período mais prolongado e pintar um número maior de obras.
Sua intenção era convidar-me para permanecer na residência oficial da embaixada e apresentar-me a colecionadores de arte nos Estados Unidos.
Fiquei lá 50 dias e, nesse período, produzi muitas obras e fui apresentado a vários colecionadores famosos, entre eles, David Rockfeller. Ele adquiriu três quadros meus e cheguei a visitá-lo, duas ou três vezes, na matriz do Banco Chase Manhattan.
Na época que estive em Washington, por volta de 1965, sob a assistência da embaixada brasileira, o Sr. Juracy Magalhães, embaixador brasileiro dos Estados Unidos (mais tarde chanceler e ministro da Justiça) apresentou-me ao Ministro do Planejamento, Sr. Roberto Campos. Por certo há entre nós grande compatibilidade de gênios, pois nossa amizade permanece. Quando ele foi designado Embaixador da Inglaterra, pude utilizar a embaixada de Londres como se fosse a minha própria casa e, nas recepções promovidas, fui apresentado às personalidades mais ilustres do mundo.
Da longa amizade que nos uniu, aprendi com ele como viver.
Depois de Washington a exposição seguiu para La Paz, Bolívia. Dela participaram Kazuo Wakabayashi, Tikashi Fukushima, Shigueto Tanaka, Rei Kamoto, recém-chegado do Japão, e eu.
Três dias antes da inauguração da exposição, ainda não haviam chegado os quadros de Fukushima e os meus. Com o passar do tempo, a aflição começou a tomar conta de nós. Decidimos pintar novas obras no local. O problema eram as telas. Conseguimos o tecido, mas faltavam os chassis, pois não havia madeira disponível e a derrubada de uma árvore era punida com absoluto rigor. Achamos madeira na fábrica de um industrial e fizemos um trabalho de carpintaria, antes mesmo da pintura. A exposição foi um sucesso e contou com a presença de três mil bolivianos aproximadamente.
Década de 70
No dia 14 de setembro toda família se reúne. É meu aniversário. Esta data me enche de prazer e evoca recordações sobre a minha vida. Aqui, no hemisfério Sul invariavelmente chove. Quando isso ocorria, nos tempos do cafezal, não se trabalhava, e eu podia pintar à vontade. Assim, a chuva deu origem ao pintor Manabu Mabe. Com certeza, é uma dádiva ser agraciado por ela no dia do meu aniversário, como sempre acontece.
Nessa época, para não fugir à regra, as azaleias cor-de-rosa do jardim e as carpas do lago são fustigadas pelas gotas de chuva.
Não me ocorre a lembrança de ter comemorado um aniversário sequer quando trabalhava na lavoura de café.
Minha vida é bela. As coisas belas são o objetivo de minha vida.
A primeira exposição no Japão foi marcada para o período de 11 a 16 de agosto de 1970 e teve como tema principal a paisagem natural do Brasil. Foi um sucesso absoluto. Guiei o casal Imperial durante toda a exposição e este demonstrou particular interesse pela obra intitulada Amazonas. Ao final da visita, a princesa Michiko revelou-me: “Gostaria que o senhor realizasse suas exposições no Japão a cada cinco anos pelo menos”.
Em 1978, o casal esteve no Brasil a fim de participar dos festejos comemorativos dos 70 anos da imigração japonesa. Agradeci-lhes naquela ocasião a presença na exposição do Japão.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil organiza inúmeras exposições coletivas. Naturalmente, em cada uma destas exposições tenho viajado como embaixador cultural e é interessante como o governo trata muito bem os artistas, assim como os diplomatas também são extremamente atenciosos. Dezenas de exposições individuais realizadas no exterior foram levadas a efeito por promoção ou colaboração das embaixadas brasileiras em diversos países.
Viajando pelo exterior, passaram-se dez anos desde o início de meus contatos com oficiais de alto nível. Para quem foi criado no interior do Brasil, tudo foi um aprendizado, uma batalha para viver.
Ainda em 1978, realizei uma exposição retrospectiva no Japão que alcançou grande êxito. Entretanto uma grande tragédia me aguardava em seguida.
Em 30 de janeiro de 1979, numa reunião na casa de Sanematsu Yutaka, meu secretário, um noticiário de rádio dá conta de que um avião de carga da Varig estava desaparecido. Assustado, Sanematsu me disse: “Os quadros da exposição foram embarcados naquele voo”. Fiquei mudo. Cinquenta e sete quadros ao todo, incluindo trabalhos da minha irrecuperável juventude. Praticamente todas as minhas telas mais importantes, as que me trouxeram os primeiros prêmios. Todas haviam sumido.
O primeiro pensamento que me ocorreu, depois do choque, foi: “Felizmente não foi a minha vida”. Quando pequeno, sempre que perdia alguma coisa, minha mãe dizia: “Manabu, este desaparecimento substitui a perda da tua própria vida”.
Decorridos quatorze anos, só agora acabei de entregar as últimas obras em substituição às telas perdidas. Estarão os meus quadros repousando agora nas águas geladas do Polo Norte?
Década de 80
Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza. Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significam travar uma constante luta comigo mesmo. O sofrimento e a alegria de produzir.
O que será que me faz ficar assim tão absorto? É o belo. O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo. De que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?
Nunca fui aluno de nenhum mestre, tão pouco pertenci a qualquer escola. Possuo um estilo de pintura que eu mesmo desenvolvi, à custa de muito esforço e perseverança. A título de brincadeira, eu o denominei de mabismo. Mas esse estilo também vem sofrendo modificações com o decorrer do tempo.
As pessoas dizem que ele representa a fusão do Oriente e do Ocidente, sendo a expressão da poesia lírica, mas eu creio que a minha pintura representa a mim mesmo.
Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, e brincar de correr atrás dos pássaros são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância. O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela, e o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo, sessenta anos depois, a alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar.
Eu tenho muito que fazer ainda, muito que pintar, sempre que puder sentir alguma coisa diferente, um prazer, porque um quadro não é uma coisa que a gente faça um atrás do outro. Um quadro é um pouco da gente.
Tornou-se forte dentro de mim a idéia de composição e começaram a surgir traços negros, seja nas paisagens, seja na natureza-morta. Na verdade, Picasso também utilizou esses traços que são pinturas montadas. Continuei pintando assim por algum tempo, até que comecei a ansiar por mais liberdade. Abandonei as paisagens e fui adentrando no abstrato, baseado, apenas, na composição.
A nossa família, de início, era constituída por dez pessoas. Hoje somos setenta, incluindo os parentes por parte da minha mulher. Da minha família sou o filho mais velho. Depois de mim, Satoru, Michiko (falecido), Hitoko, Yoshiko e Sunao, estes dois últimos nascidos no Brasil. Uma das recordações mais marcantes que tenho é de quando papai solenemente declarou: “Manabu, vamos para o Brasil. É outro país. Vamos viver colhendo café”. Ao ouvir suas palavras aflorou-me, repentinamente, a imagem dos frutos vermelhos do café. Havia acabado de ler o livro Robinson Crusoé, de Daniel Dafoe e, portanto estava eufórico com a perspectiva de aventura. Eu estava tão entusiasmado que não conseguia conter a alegria.
Década de 90
Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e de paz, dos desequilíbrios socioeconômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou. Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material. Como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida.
É preciso crer sempre no sonho e lutar para que ele se torne real.
Tenho a sensação de que venho perseguindo os meus sonhos.
O primeiro deles remonta aquele dia em o meu pai declarou subitamente ”Manabu, vamos ao Brasil”. Como seria um país estrangeiro? E os grãos de café? Os sonhos que eu alimentei no novo país, enquanto brincava caçando pássaros e pescando, variaram desde o estabelecimento de um novo recorde no arremesso de disco, de tornar-me um exímio jogador de beisebol, de ser um grande fazendeiro, até finalmente, o de ser um pintor, assumindo cada vez maior grau de objetividade em relação a minha verdadeira vocação.
Ainda quando trabalhava no cafezal, manifestei o meu desejo de ir a Paris, a fim de estudar pintura, criando embaraços a papai. Para ele, que levava a vida no extremo limite da austeridade como colono, aquilo não poderia ser nada mais do que a exacerbação de sonho. As crianças têm um projeto absurdo. Isso talvez seja privilégio delas.
Fui a São Paulo alimentando o sonho de ser pintor profissional e, no ano seguinte, recebi todos aqueles prêmios e a bolsa de estudos, realizando exposições em várias partes do mundo. Pensei então: ”Quero ceder este prêmio para um jovem. Quero contribuir para a realização de seu sonho”. Bafejado pela sorte, pude concretizar o meu sonho, num piscar de olhos. Mas ele não tem limites.
Atualmente acalento o seguinte ideal: viver em sincronia com a época e produzir obras que, no futuro, possam ser avaliadas como sendo de Mabe. Para tanto, o caminho é longo. Já pintei, até hoje, cerca de três mil e duzentas obras e ainda produzo cinquenta ao ano. Examinando recentemente minhas criações percebo que tenho trabalhado excessivamente nos detalhes. Quero perseguir algo mais simples. Tenho sentido necessidade de mais tempo. Novos projetos surgem a todo instante.
Sabe, desde criança eu vivo no Brasil. Então, personalidade para mim é brasileiro, né? Mas rosto, nem adianta né? Cada vez ficando japonês, mais japonês. Mas sou criado no Brasil, então costume e pensamento muito brasileiro. Agora, a cor forte, essa cor forte é também o sol do interior do Brasil, do Noroeste. Sol quente e céu muito azul. Agora, lá não tem montanha, é um pampa, vai até cem quilômetros a mesma coisa, não tem montanhas, sempre mato. E fruta, por exemplo: gostoso, doce e colorido. Então, desde criança, terra vermelha, céu azul, frutas, passarinhos, papagaio, essas coisas. Muito sentimental e muita vida colorida também.
Trajetória Artística
Década de 40
Em 1942, Mabe começou a traçar a sua trajetória como um dos grandes mestres da pintura. No início fez muitos estudos em papéis com lápis, passando a utilizar também crayons e aquarelas. Somente no ano de 1945, quando passava pela livraria da cidade de Lins, interior de São Paulo, deparou-se pela primeira vez com um tubo de tinta a óleo. Teve então vontade de experimentar esse novo material.
Diluía a tinta a óleo com querosene e pintava sobre papelão. Os temas pintados eram retirados de calendários pendurados na parede da casa. As obras da década de 40 são puramente acadêmicas. São consideradas por ele mesmo como uma fase de estudo, mas já se nota a habilidade genial que expressa em suas obras.
Década de 50
Esta década é o início de sua participação ativa no contexto da arte brasileira. Envia obras aos principais Salões, como o Salão Nacional do Rio de Janeiro, Salão Paulista e as 2ª e 3ª Bienais de São Paulo. Antes de 1965, sua obra tinha características de abstração neocubista, forte influência de Picasso, por quem tinha grande admiração.
1959 seria o ano de Mabe, como relatou a revista Time.
Participa da 5ª Bienal de São Paulo com as seguintes obras:
Composição Móvel, 130 x 130 cm,
Pedaço de Luz, 130 x 120 cm e
Espaço Branco, 120 x 100 cm.
Três obras de manchas gestuais de forte impacto e traços delicados do sumi-ê, arte caligráfica japonesa, mas com a clara necessidade de se libertar da abstração neocubista e partindo para o expressionismo abstrato.
Esta década é o início de sua participação ativa no contexto da arte brasileira. Envia obras aos principais Salões, como o Salão Nacional do Rio de Janeiro, Salão Paulista e as 2ª e 3ª Bienais de São Paulo. Antes de 1965, sua obra tinha características de abstração neocubista, forte influência de Picasso, por quem tinha grande admiração.
Com essas mudanças recebeu o Prêmio de Melhor Pintor Nacional em 1959, das mãos do então presidente da República do Brasil, Juscelino Kubitschek.
Passados dez dias recebe o Prêmio Braun para Melhor Pintor a óleo na I Bienal de Jovens de Paris, além de uma bolsa de estudos de seis meses.
Manabu Mabe dividiu as fases da seguinte maneira:
1947 a 1949 Escola Acadêmica
1950 a 1952 Impressionismo e Fauvismo
1953 a 1957 Semi-Abstracionismo e Neorrealismo
A partir de 1957 parte para o Abstracionismo, mantendo ainda algumas figuras em seus trabalhos.
Década de 60
Em 1960 Mabe viaja pela primeira vez ao exterior. Parte para o Uruguai, onde realiza sua primeira exposição individual em Montevidéu. No ano seguinte vai aos Estados Unidos e Europa. Em 1962, permanece oito meses na Europa, no que chama de viagem cultural.
Em suas composições busca a forma explosiva do tachismo, deixando o lirismo das formas caligráficas do Japão.
As espátulas cobertas de tintas dão a forma e o vigor de suas obras.
Nota-se claramente a força, a vida, feita com a gestualidade oriental.
As cores antes com predominância do preto vão se tornando claras, sem medo de utilizar as matizes como fundo.
Década de 70
O Abstracionismo lírico de Mabe é a marca constante de seu trabalho. A mescla de inspirações entre o Oriente e o Ocidente é visível em suas composições.
As obras dão continuidade à evolução de um artista, mostrando porque um mestre é um mestre.
A preocupação com a concepção até o produto final é sempre uma marca de Mabe. Nada deve ficar faltando, pois toda a obra deve ter vida.
Década de 80
As figuras voltam em suas telas, mas em formas abstratas e sutis.
As espatuladas mesclam as cores e surgem novas formas, novas cores.
As composições são ricas em detalhes. Cada espaço da tela tem sua própria concepção e surgem as formas geométricas em contradição com as formas gestuais.
As cores são cada vez mais vibrantes, não agredindo o espectador ao contemplar a obra.
A vitalidade e a jovialidade é sempre uma constante no trabalho de Mabe. A obra por si só, caminha para a natural evolução do ser humano.
Toda obra dele tem a sua marca, o mabismo.
Década de 90
A vibração das cores, a harmonia das formas, o vigor das pinceladas e o amor à arte estão sempre presentes em suas telas.
A temática das obras dos anos 90 continua sendo uma continuação do trabalho dos anos anteriores, mas sempre transformando o abstrato das telas em formas de esculturas bidimensionais, fazendo com que o espectador admire a obra como se ela estivesse viva, e que saltasse da tela para o mundo real.
A obra de Mabe será sempre Mabe.
Depoimentos
“A história começou assim: Eu conheci o Mabe através de minha mulher. Ela estudava pintura com ele nos fins de semana... Devido a muitas atribuições, às muitas coisas que eu fazia, já não tinha condições de ficar pedindo para ele assinar este ou aquele documento, daí eu passei a ser procurador geral dele...
Nós vimos muitos quadros dele, ele pintando, conheço muitas obras dele. E a gente, se vir, mesmo depois de trinta, quarenta anos, a gente se lembra daquele quadro...
Uns parênteses aqui..., eu acho que o Mabe foi uma pessoa com qualidades que poucos reúnem em uma pessoa só. Era um bom fotógrafo, era um bom pintor, ele filmava bem, escrevia bem... Ele queria aproveitar ao máximo a vida, era uma pessoa de muita paixão pela vida e por tudo... Eu diria para ele que, não só eu, mas a minha família e todos nós perdemos um grande amigo, uma grande pessoa, que está fazendo muita falta para a gente e temos muita saudade dele”.
Yutaka Sanematsu (Marchand, 2002)
“Há dez anos realizava no Museu de Arte de São Paulo uma retrospectiva de Manabu Mabe, brasileiro oriundo do Japão, considerado um pintor de notável personalidade.
O meu primeiro encontro com ele se deu nos tempos dos primeiros avanços do Masp. Sabia de um artista que vinha da lavoura na zona de Lins, decidido a se consagrar no setor da pintura. Nas primeiras tentativas se interessou por telas de expressão paisagística, sintetizadas numa visão pessoal.
Lembro que, por simpatia, adquiri uma destas telas e, a partir daquele dia, segui atentamente seu trabalho, acompanhando sua espontânea evolução para soluções abstratas, acentuando-se em formas de prevalência colorística.
Inaugurada a selva sem fim do Abstracionismo, a figura relegada a um limbo proibido, os seguidores da tendência do Informal começaram a linguajar somente por meio de traços e manchas, combinando variedades de formas, petiscando no infinito do prisma determinador do espectro solar, não esquecendo das duas cores que não são admitidas no concerto: o preto e o branco.
Os puristas, adeptos do comunicar através da cor, arregimentaram um exército tão maciço pelo ingressar de elementos franco-atiradores ingênuos (convencidos em pular a disciplina do aprender e tornar-se produtores de arte, pontualmente levados a sério nas poluições oficiais de arte) que, nos anos 50, olhavam para os figurativos como aos que 'já eram'.
Mas estas avalanchas motivadas pelas tendências são casos comuns nas crônicas, cabendo à história, no tempo oportuno, administrar o direito de sobrevivência. No caso em exame, os sobreviventes não são numerosos desde a época em que Ciurlionis, Kandinsky, Mondrian agitaram as águas do antifigurativo aos cuidados do Cubismo. Depois será a transferência para o Abstracionismo a ganhar popularidade. E Mabe tornou-se, no Brasil, o representante mais vivo da tendência.
Sua índole tinha o destino de fazer saber por intermédio da simbologia da cor. Não precisava de intermediações entre idéia e notação: o manifestar no universo das formas da caligrafia tornou-se estímulo para manifestar-se na linguagem da cor. Mabe pôs-se à obra sem hesitações: quem o viu manejar o pincel improvisando caracteres no papel de seda estendido no chão, com segurança natural, imagina como surgem aquele lançar de cor rápido, formas planas tendentes a uma amplidão mágica, às vezes harmonizadas num único tom, outras em chocantes contrastes, outras ainda equilibradas nos preciosos arabescos das nuanças amigas.
O resultado é sempre uma sonoridade cromática: intensa, exaltada, vizinhança de cores em estreita relação de tons atingindo uma espacialidade luminosa. Fugindo do relativo, Mabe aponta um abstracionismo rigorosamente absoluto para confirmar a ausência de recursos que possam lembrar preferências figurativas.
Seu movimentar de pincéis é franca inspiração, decidida conduta da composição construtiva própria da técnica dos mestres caligráficos, sem impulsões e arrependimentos, abandono a um ideismo que, todavia, controla a seu bel-prazer.
Mabe livra-se, no captar motivos, no borboletear das girândolas ou de fogos de artifício ou no pacato correr das nuvens ou no clamor do irromper de uma tempestade, a fixação de instantes plásticos que afloram em sonoridades de cores afins a sons, linguagem da cor parecendo linguagem musical”.
Pietro Maria Bardi (Fundador do MASP/Museu de Arte de São Paulo, 1986)
“Eu conheci o Mabe dando um prêmio para ele. E ele era o artista dessa época. Gostava de alegria, gostava de gente. Ele foi o único artista que tinha uma festa no dia do aniversário. Dia 14 de setembro tinha uma festa permanente. O Mabe criou um estilo de vida.
A Internet é a mulher da vida, todo mundo quer por a mão, quer pegar, quer ver, quer olhar, e ela tem a possibilidade de fazer tudo isso. A Internet é um museu fácil, acessível, que tem biografia. Não é só ver, tem o escrito, tem o texto também”.
Aldemir Martins (Artista plástico, 2002)
Fonte: Site oficial Manabu Mabe, consultado pela última vez em 03 de março de 2017.
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersa, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Guanabara
A formação do Grupo Guanabara ocorre em 1950, em torno do pintor Tikashi Fukushima. Natural do Japão, ele vem para o Brasil em 1940 e se estabelece, a princípio, no interior do Estado de São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro. Em 1949, muda-se para a capital paulista e abre uma molduraria no antigo largo Guanabara, onde é atualmente a Estação Paraíso do Metrô. A oficina torna-se ponto de encontro de artistas que vêm em busca da excelência do trabalho de molduraria realizado por Fukushima. Os encontros conduzem a idéia de criação de um espaço em que os artistas pudessem discutir seus trabalhos preservando a diversidade de tendências de seus membros.
O grupo chega a contar com 34 membros, na maioria imigrantes italianos e japoneses ou seus descendentes entre eles artistas que pertencem ao Grupo Seibi e ao Grupo dos 15. Entre seus fundadores estão Alzira Pecorari, Armando Pecorari, Arcangelo Ianelli, Marjô, Takeshi Suzuki, Tikashi Fukushima, Tomoo Handa, Yoshiya Takaoka, Tamaki. Posteriormente outros artistas se integram ao grupo, como Alina Okinaka, Hideomi Ohara, Ismenia Coaracy,Takahashi, Manabu Mabe, Masanosuke Hashimoto, Massao Okinaka, Thomaz, Tsukika Okayama e Wega Nery. Outros como Oswald de Andrade Filho e Tomie Ohtake, participam eventualmente das exposições realizadas pelo grupo.
Em sua trajetória o grupo promove cinco exposições coletivas. A primeira delas em 1950, na Galeria Domus. Osório César e Ibiapaba Martins, dois críticos do período, dão um destaque especial à mostra. A segunda, em 1951, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/SP, reúne obras recusadas no 16º Salão Paulista de Belas Artes. O crítico de arte Quirino da Silva defende os artistas e divulga o evento no jornal Diário da Noite. A terceira ocorre em 1953, no ateliê de Fukushima, não tem muita divulgação nem alcança muita repercussão. Em 1958, a quarta exposição é realizada na Associação Cristã de Moços - ACM. É a mais divulgada delas, conta com publicação de catálogo e palestras dos críticos Lourival Gomes Machado e Sérgio Milliet. A última mostra é realizada em 1959, praticamente uma reedição da anterior, montada no mesmo local.
Após dez anos de atividade, o grupo se desfaz. Em 1992, o Escritório de Arte Magalhães Gouveia organiza uma retrospectiva do grupo.
Fonte: GRUPO Guanabara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7.
Manabu Mabe (Kumamoto, Kyushu, Japão, 14 de setembro de 1924 — São Paulo, SP, 22 de setembro de 1997) foi um pintor, desenhista e tapeceiro japonês naturalizado brasileiro, pioneiro do abstracionismo no Brasil.
Biografia
Grandes manchas cromáticas criadas com pinceladas largas e rápidas, equilibrando espontaneidade e controle, são marca registrada de Manabu Mabe. O artista explora emplastramento, textura, traço e formas em seu trabalho. Enfim, cria sua própria linguagem lírica da cor, se aproximando do tachismo. Em algumas obras, é possível observar ainda referências à caligrafia japonesa.
Mabe veio com a família do Japão para o Brasil (1934) para trabalhar nas lavouras de café, mas começou a pesquisar pintura e desenho como autodidata - em revistas japonesas e livros de arte. Em Lins, interior de São Paulo, aprendeu a preparar telas e diluir tintas com o pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka.
Mais tarde, na capital paulista, conheceu Tomoo Handa, a quem mostrou seu trabalho. O mestre lhe incentivou a ter a natureza como fonte de inspiração. Passa, então, a integrar o Grupo Seibi - com outros artistas de origem japonesa em São Paulo - e a estudar junto com o Grupo 15. Aprende bastante com Yoshiya Takaoka e, no fim da década de 50, se estafe e passa a se dedicar exclusivamente à pintura (57).
Primeiro se dedica ao estudo de nu artístico e desenho gestual e naturezas mortas em estilo conservador, e depois caminha gradativamente para o impressionismo e fauvismo.
Em alguns momentos, sua obra dialoga com Picasso e Cândido Portinari, com formas geometrizadas na produção da década de 50. Gradualmente adere à abstração, produzindo sua primeira obra abstrata em 1955: Vibração Momentânea.
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Biografia Itaú Cultural
De Kobe, Japão, emigra com a família para o Brasil em 1934, para dedicar-se ao trabalho na lavoura de café no interior do Estado de São Paulo. Interessado em pintura, começa a pesquisar, como autodidata, em revistas japonesas e livros sobre arte. Em 1945, na cidade de Lins, aprende a preparar a tela e a diluir tintas com o pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka. No fim da década de 1940, em São Paulo, conhece o pintor Tomoo Handa a quem apresenta seus trabalhos. Integra-se ao Grupo Seibi e participa das reuniões de estudos do Grupo 15. No ano seguinte adquire conhecimentos técnicos e teóricos com o pintor Yoshiya Takaoka. Nos anos 1950 toma parte nas exposições organizadas pelo Grupo Guanabara. Em 1957 vende seu cafezal em Lins e muda-se para São Paulo para dedicar-se exclusivamente à pintura. No ano seguinte, recebe o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea. Em 1959, é homenageado com o artigo intitulado The Year of Manabu Mabe (O ano de Manabu Mabe), publicado na revista Time, em Nova York. Conquista prêmio de melhor pintor nacional na 5ª Bienal Internacional de São Paulo e prêmio de pintura na 1ª Bienal de Paris. Nos anos 1980 pinta um painel para a Pan American Union em Washington, Estados Unidos; ilustra O Livro de Hai-Kais, tradução de Olga Salvary e edição de Massao Ohno e Roswitha Kempf; e elabora a cortina de fundo do Teatro Provincial, em Kumamoto, Japão.
Comentário Crítico
Manabu Mabe vem com a família para o Brasil em 1934 e trabalha na lavoura de café no interior do Estado de São Paulo. Em 1941, reside na cidade de Lins, onde realiza desenhos a crayon e aquarelas. Dedica-se a essa atividade apenas nos dias de chuva - quando não pode trabalhar - e aos domingos. Adquire suas primeiras tintas a óleo em 1945. Dilui as tintas em querosene e utiliza como suporte para as pinturas o papelão ou a madeira. Nesse período, recebe orientação artística do pintor e fotógrafo Teisuke Kumasaka. Em 1947, em uma viagem a São Paulo conhece o pintor Tomoo Handa, que o incentiva a ter a natureza como fonte de inspiração. No ano seguinte, estuda com o pintor Yoshiya Takaoka, que lhe transmite ensinamentos técnicos e teóricos sobre pintura. Nesse período, participa do Grupo Seibi e integra o Grupo 15, com Yoshiya Takaoka, Shigueto Tanaka e Tomoo Handa, entre outros. Dedica-se ao estudo do nu artístico, pinta paisagens e naturezas-mortas, primeiramente em estilo mais conservador e depois aproxima-se progressivamente do impressionismo e fauvismo.
Na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, toma contato com obras de artistas da Escola de Paris, como Jean Claude Aujame, André Minaux, André Marchand e Bernard Lorjou, experiência que, segundo o próprio artista, modifica sua forma de pensar e a atitude perante a pintura. No começo da década de 1950, apresenta em suas telas formas geometrizadas, aproximando-se do cubismo, e figuras contornadas por grossos traços negros. Sua produção dialoga com a obra de Pablo Picasso e de Candido Portinari, pelos quais mantém forte admiração, como podemos observar em Carregadores ou Colheita de Café, ambas de 1956. Gradualmente, adere à abstração e, em 1955, pinta sua primeira obra abstrata Vibração-Momentânea. Muda-se com a família para São Paulo em 1957, a fim de iniciar a carreira de pintor profissional. Recebe, em 1959, o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, com as pinturas abstratas Grito e Vitorioso, ambas realizadas em 1958. As obras aludem ao sentimento de alegria do artista pelo convite para participação no evento. Vitorioso é ainda uma homenagem à atuação de Pelé na Copa do Mundo do ano anterior.
Em 1959, participa da 5ª Bienal Internacional de São Paulo, com as obras Composição Móvel, Pedaço de Luz e Espaço Branco, todas daquele ano, e recebe o prêmio de Melhor Pintor Nacional. As pinturas destacam-se pelas grandes manchas cromáticas, executadas em gestos rápidos e largos, em que se percebe o equilíbrio entre a espontaneidade e a contenção. Nessas telas, encontramos referências à tradicional arte da caligrafia japonesa. Consagra-se, no mesmo ano, nacional e internacionalmente: é premiado na 1ª Bienal dos Jovens de Paris; a revista Time dedica-lhe um artigo, intitulado The year of Manabu Mabe [O ano de Manabu Mabe]; e, no ano seguinte, é premiado na 30ª Bienal de Veneza. Torna-se assim um dos artistas mais destacados do abstracionismo informal brasileiro. Realiza exposições individuais e participa de mostras coletivas na América Latina, Europa e nos Estados Unidos.
No início de sua trajetória no campo da abstração, Manabu Mabe explora em suas obras o empastamento, a textura e o traço e se revela um colorista de porte. Ao voltar-se para o universo das formas caligráficas, percebe também as possibilidades de criar uma linguagem lírica com a cor. Dessa forma, em meados da década de 1960, começa a aproximar-se também de certos aspectos do tachismo. Os títulos de suas obras evocam emoções ou fenômenos da natureza como, em Canção Melancólica, 1960, Primavera, 1965, Vento de Equador, 1969, Outono Tardio, 1973, Meus Sonhos, 1978 ou Viver, 1989. A partir da década de 1970, cristaliza seus procedimentos anteriores - que reaparecem estilizadamente em quase toda sua produção -, incorpora em seus quadros figuras humanas e formas de animais, apenas insinuadas ou sugeridas, mas que em geral são representadas em grandes dimensões. Paralelamente, as grandes massas transparentes e etéreas com que vinha trabalhando adquirem um aspecto de solidez.
Críticas
"Refiro-me à obra de Manabu Mabe (...) que alcançou uma modesta reputação internacional (...) por suas pinturas gestuais apaixonadamente executadas. (...) Muito bem, mas o entusiasmo criativo, a riqueza de cores e a manipulação apaixonada das tintas têm um limite. Uma pintura, para ser arte, também requer foco, estrutura e um referencial. Desconfio que a maioria daqueles que repudiam a obra de Mabe criticam-na justamente neste ponto. Onde, perguntam, está o seu referencial - (...) o que eles querem mesmo saber é por que essas manchas e borrões são qualificadas como arte. Talvez devêssemos comparar mais ou menos uma dúzia de pinturas de Mabe com igual número produzido por crianças ou por adultos que simplesmente atirem tintas sobre as telas. Se empreendêssemos tal confronto descobriríamos que as diferenças são espantosas e colossais (...). (...) Os quatro ingredientes básicos da arte de Mabe são a paixão, o drama, o risco e a sensibilidade. Juntos, eles representam um artista de excepcional sensibilidade, cujas pinturas encarnam e reencarnam os grandes dramas da paixão contra a passividade, do movimento contra a inércia, e da vida contra a morte".
Theodore F. Wolff (As múltiplas máscaras da arte moderna. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 288.)
"A percepção do artista japonês fê-lo compreender com presteza as novas e surpreendentes afinidades entre suas próprias visões artísticas e as novas visões desenvolvidas a partir da arte moderna ocidental, particularmente com a abstração. (...) A formação de Manabu Mabe levou-o a compreender a relatividade e o parco valor da oposição convencional entre concreto e abstrato, ou entre o ´figurativo´ e o 'informal'. Escrevendo um breve comentário sobre sua obra, destinado à introdução de uma de suas mostras, Mabe declara que, em seu entender, 'figura e abstração são a mesma coisa. O artista não precisa amarrar-se a nenhuma das duas' - pois seu problema é secundário. Ambas me realizam, acrescenta Mabe (...). O que importa para Manabu Mabe não é a afirmação ou a negação da 'figura' sobre o suporte da ´imagem´, mas o acordo íntimo e quase físico com a 'matéria' pictórica; o diálogo penetrante e revelador entre o pintor e a substância cromática em todos os seus sentidos. O pintor deve-se interiorizar para compreender que a matéria o interroga e, quase como a esfinge mítica, exige respostas satisfatórias. A incapacidade de produzi-las significaria o fracasso do artista".
Jayme Maurício (Manabu Mabe. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 24.)
"Nestes últimos anos, Mabe tem dado inflexões diversas à sua pintura sem afastar-se dos princípios básicos com que começou. Sua técnica não mudou, houve porém uma intenção de incorporar a figura em suas composições, que geralmente assumem dimensões em grande escala. As massas transparentes, gasosas, com que se expressava começaram a mostrar solidez. As larvas, as lagartas, as folhas de árvore torcidas, enroladas, pareciam querer manifestar sua presença mas sem deixar-se definir completamente, como octoplasmas. Também a forma humana se insinuava, mas tudo debaixo de um véu de imprecisão. Resquícios de luz, de cor luminosa, bordeavam estas formas, desafiando a definição. Entretanto, seus tons transparentes ou seus planos cromáticos foram sendo cada vez mais ricos e mais vigorosos. Sua personalidade é de ascensão constante. Não é gratuito, portanto, que seja considerado atualmente um dos valores mais sólidos da arte pictórica na América Latina".
José Gómez Sicre (Manabu Mabe. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 46.)
"(...) o artista sintonizado com seu mundo interior e atento à dinâmica do processo pictórico em si preza, acima de tudo, a liberdade de expressão, não admitindo qualquer programa estético estabelecido a priori. Essas manifestações, ora associadas ao expressionismo abstrato, ora ao tachismo, assumem no Brasil algumas particularidades. Uma delas seria a ascenção de pintores nipo-brasileiros ao cenário das artes plásticas, logo se destacando Manabu Mabe, premiado em 1959 nas Bienais de São Paulo e Paris. Além de dar fama ao artista, a premiação confirma a penetração do chamado informalismo, ameaçando a posição vanguardista assumida pelo formalismo geométrico. A pintura gestual, em expansão nos Estados Unidos, Europa e Japão no pós-guerra, encontra receptividade entre os imigrantes japoneses que da cultura ancestral aproveitam a sutil disciplina do traço e a concisão formal para criar obras de impacto. Manabu Mabe conjuga em seus quadros gestos largos e decididos com vastas manchas de cor, equilibrando com sucesso espontaneidade e contenção. Pena que a vitalidade dos primeiros anos se dilua ao longo de sua volumosa produção".
Maria Alice Milliet (MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO. Mostra do Redescobrimento: Brasil 500 anos. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2000. p. 58.)
Depoimentos de Manabu Mabe
"'O que é a arte?' 'Qual a finalidade da minha pintura?' Um certo dia pensei sobre tudo isto e, desde então, já se passaram mais de vinte anos.
Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.
Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, brincar de correr atrás de pássaros, são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância.
O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele interior ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo hoje aos sessenta anos, cuja alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar.
Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza.
Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significa travar uma constante luta comigo mesmo.
O sofrimento e a alegria de produzir.
O que será que me faz ficar assim tão absorto?
É o belo.
O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo.
Que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?
Aos sete anos de idade desenhei um guarda-chuva aos dez uma paisagem de outono.
Aos vinte e dois anos comecei a pintar a óleo sobre tela, frutas e paisagens da colônia e, em 1953 passei a me preocupar com as cores e formas.
Em 1958 explodiram as obras abstratas e as telas passaram a pulsar o sangue rubro de esperança e excitamento.
'Sim, as obras são o registro de minha vida. A partir de então minha vida foi toda talhada de obras'.
Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e de paz, dos desequilíbrios sócio-econômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou.
Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material; como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida".
Manabu Mabe, 1985 (Palavras do artista. In: MANABU Mabe: vida e obra. São Paulo: Raízes, 1986. p. 9.)
"Nunca fui aluno de nenhum mestre, tão pouco pertenci a qualquer escola. Possuo um estilo de pintura que eu mesmo desenvolvi, à custa de muito esforço e perseverança, o qual é facilmente identificável. A título de brincadeira, eu o denominei de "mabismo". Mas esse estilo também foi sofrendo modificações com o decorrer do tempo. As pessoas dizem que ele representa a fusão do oriente com o ocidente, sendo a expressão da poesia lírica, mas eu creio que a minha pintura representa a mim mesmo. Segundo as palavras de um pintor amigo, Kazuo Wakabayashi, eu sou um exemplo raro, entre os japoneses de minha geração, que não teve a experiência da guerra. Diz ele: os japoneses que estavam no Japão, durante a segunda guerra mundial, tornaram-se retraídos, devido a derrota. Mas, o Mabe, que estava no exterior, manteve a sua alegria natural, a qual consegue expressar na sua pintura".
Manabu Mabe - 16 de setembro de 1994 (Chove no Cafezal. Nihon Keizai Shimbun. São Paulo 1994. p. 86)
Exposições Individuais
1957 - Lins SP - Individual, no Clube Linense
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Barcinski
1960 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Instituto de Cultura Uruguaio-Brasileiro
1960 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Galeria Time-Life
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1960 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Sistina
1961 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Rubbers
1961 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Centro de Artes y Letras
1961 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, no Time-Life
1961 - Paris (França) - Individual, na Galerie La Cloche
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Barcinski
1961 - Roma (Itália) - Individual, na Galleria Del´Obelisco
1962 - Paris (França) - Individual, na Galerie La Cloche
1962 - Trieste (Itália) - Individual, na Galleria La Cavana
1962 - Veneza (Itália) - Individual, na Galleria Il Canale
1962 - Washington (Estados Unidos) - Individual, na Pan American Union
1963 - Salvador BA - Individual, na Galeria Querino
1964 - Lima (Peru) - Individual, no Instituto de Arte Contemporânea
1964 - Roma (Itália) - Individual, na Galleria D'Arte Della Casa do Brasil
1967 - Belo Horizonte MG - Individual, no MAP
1967 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
1968 - Cidade do México (México) - Individual, na Galeria Merk-Up
1968 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Catherine Viviano Gallery
1969 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Buchholz
1969 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1970 - Houston (Estados Unidos) - Individual, no Museum of Fine Arts
1970 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Catherine Viviano Gallery
1970 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1971 - São Paulo SP - Individual, Galeria de Arte Ipanema
1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1973 - Tóquio (Japão) - Individual, no Tokuma Art Gallery
1974 - São Paulo SP - Individual, na A Galeria
1975 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
1976 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Stephen Maltz Fine Arts Gallery
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte André
1978 - Kamakura (Japão) - Individual, no Kamakura Museum of Art
1978 - Kumamoto (Japão) - Individual, no Kumamoto Museum of Art
1978 - Osaka (Japão) - Individual, no National Museum of Art
1980 - Miami (Estados Unidos) - Individual, no The Lowe Art Museum
1980 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Individual, no Museum of Modern Art of Latin America
1981 - Paris (França) - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1982 - Miami (Estados Unidos) - Individual, no Meeting Point Art Center
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Manabu Mabe, na Kouros Gallery
1982 - Paris (França) - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1983 - Cidade do Panamá (Panamá) - Individual , na Galeria Arteconsult
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1983 - São Paulo SP - Manabu Mabe: obras recentes, na Galeria de Arte André
1984 - Estocolmo (Suécia) - Individual, na SAC
1984 - Paris (França) - Individual, na FIAC
1984 - Rio de Janeiro RJ - 60 Anos de Mabe, na Realidade Galeria de Arte
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1985 - Londres (Inglaterra) - Manabu Mabe, na I. CAF
1986 - Rio de Janeiro RJ - Manabu Mabe, na Realidade Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Manabu Mabe: obras recentes, no Masp
1987 - Paris (França) - Individual, na FIAC Grand Palais
1988 - Paris (França) - Individual, no Espace Latino-Americain
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1990 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva, na Novo Tempo Galeria de Arte
1990 - Brasília DF - Individual, na Visual Galeria de Arte
1991 - Nagoya (Japão) - Individual, na Saito Gallery
1991 - Osaka (Japão) - Individual, na Yamaki Art Gallery
1991 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret
1992 - Kumamoto (Japão) - Individual, no Tsuruya Art Gallery
1992 - São Paulo SP - Individual, no Museu da Casa Brasileira
1992 - Tóquio (Japão) - Individual, Murauchi Art Gallery
1995 - São Paulo SP - Manabu Mabe: 50 anos de pintura, na Galeria de Arte André
Exposições Coletivas
1950 - Rio de Janeiro RJ - 56º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1950 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Grupo Guanabara, na Galeria Domus
1951 - Lins SP - 1º Salão Linense de Artes Plásticas - medalha de ouro
1951 - Rio de Janeiro RJ - 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1951 - São Paulo SP - 2ª Exposição do Grupo Guanabara, no IAB/SP
1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon - menção honrosa
1952 - São Paulo SP - 1º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Clube Sakura - grande medalha de prata
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no MNBA - prêmio aquisição
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1953 - São Paulo SP - 2º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos - grande medalha de ouro
1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1954 - Tóquio (Japão) - Bienal de Tóquio
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1956 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de ouro
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança
1958 - São Paulo SP - 4ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1958 - São Paulo SP - 7ª Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - grande medalha de ouro
1959 - Dallas (Estados Unidos) - Coletiva, no Dallas Museum of Fine Arts - prêmio aquisição
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus
1959 - Paris (França) - 1ª Bienal de Paris - Prêmio Braun e prêmio bolsa de estudo
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de isenção de júri
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - melhor pintor nacional
1959 - São Paulo SP - 5ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Governador do Estado
1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte da Folha
1960 - São Paulo SP - Exposição dos Sete, na CAC
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Veneza (Itália) - 30ª Bienal de Veneza - Prêmio Fiat
1961 - Boston (Estados Unidos) - Latin American Artists, no Institute of Contemporary Art
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1961 - Washington (Estados Unidos) - Japanese Painters of the Americas
1962 - Bragança Paulista SP - Exposição dos Seis, no Clube Dois
1962 - Colorado (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no Colorado Springs Fine Arts Center
1962 - Córdoba (Argentina) - 1ª Bienal Americana de Arte - 1º prêmio
1962 - Minneapolis (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no Walker Art Center
1962 - San Francisco (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no San Francisco Museum of Art
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1962 - St. Louis (Estados Unidos) - New Art of Brazil, no City Art Museum
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - Lima (Peru) - Pintura Latino-Americana, no Instituto de Arte Contemporânea
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1963 - Viena (Áustria) e Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, no Museum Fur Angewandte Kunst e no Royal Art College
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no MAM/RJ
1965 - La Paz (Bolívia) - Pintores Nipo-Brasileiros, na Embaixada do Brasil
1965 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, na Royal Academy of Arts
1965 - Oakland (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1965 - Tóquio (Japão) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Washington (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1966 - Cidade do México (México) - Pintura y Grabado del Brasil, no Museu de Arte Moderna
1966 - Rio de Janeiro RJ - O Artista e a Máquina, no MAM/RJ
1966 - São Paulo SP - 10º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1966 - São Paulo SP - Artistas Nipo-Brasileiros, no MAC/USP
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no Museu de arte Contemporãnea, no MAC/USP
1966 - São Paulo SP - O Artista e a Máquina, no Masp
1966 - São Paulo SP - Três Premissas, no MAB/Faap
1966 - Washington (Estados Unidos) - Two Nippo-Brazilian Painters, no Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos
1967 - Chicago (Estados Unidos) - Contemporary American Painting and Sculpture, na Illinois University
1967 - Nova York (Estados Unidos) - International Art Festival, na The New York Hilton Gallery at Rockfeller Center
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - Dez Artistas Nipo-Brasileiros, no Salão Nobre da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1967 - Urbana (Estados Unidos) - Contemporary American Painting and Sculpture, na Universidade de Illinois
1968 - Cidade do México (México) - Coletiva, no Museu de Arte Moderna
1968 - São Paulo SP - Primeira Feira Paulista de Opinião, no Teatro Ruth Escobar
1969 - Porto Alegre RS - Pintores Nipo-Brasileiros, na Galeria Cândido Portinari
1970 - Milão (Itália) - Arte Braziliana Contemporânea, no Consulado do Brasil
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1972 - Medellin (Colômbia) - 3ª Bienal de Medellín, no Museo de Antioquia
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1972 - Tóquio (Japão) - 150 Anos da Independência do Brasil, na Yakult Honsha
1973 - Kyoto (Japão) - Japanese Artists of America, no National Museum of Kyoto
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1973 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1973 - Tóquio (Japão) - Japanese Artists of America, no The Tokyo Museum
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1975 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1977 - Madri (Espanha) - Arte Actual de Iberoamericana, no Instituto de Cultura Hispânica
1977 - San Salvador (El Salvador) - Homenagem à Pintura Latinoamericana
1977 - São Paulo SP - 3ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1977 - São Paulo SP - Mostra de Arte, no Grupo Financeiro BBI
1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall
1978 - São Paulo SP - 3 Gerações de Artistas Nipo-Brasileiros, na Galeria Arte Global
1978 - São Paulo SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall
1979 - Curitiba PR - Artistas Nipo-Brasileiros, no Salão de Exposição do BADEP
1979 - São Paula SP - 4ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1980 - São Paulo SP - Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1980 - São Paulo SP - Mestres do Abstracionismo Lírico no Brasil, na Galeria Eugénie Villien
1981 - Osaka (Japão) - Exposição Latino-Americana de Arte Contemporânea Brasil/Japão, no Museu Nacional de Arte de Osaka
1981 - São Paulo SP - 5ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/SP
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1983 - Atami (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Atami (Japão) - Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Kyoto (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, no MNBA
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1983 - São Paulo SP - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, no Masp
1983 - Tóquio (Japão) - 6ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1984 - Buenos Aires (Argentina) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Haya (Holanda) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Lisboa (Portugal) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Londres (Inglaterra) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Madri (Espanha) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Milão (Itália) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Paris (França) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1984 - Roma (Itália) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1984 - Washington (Estados Unidos) - Mestres do Abstracionismo Brasileiro
1985 - Atami (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Kyoto (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Rio de Janeiro RJ - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1986 - Rio de Janeiro RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte
1986 - São Paulo SP - Antes e Agora: 8 pintores, na Fundação Cásper Líbero
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d?Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Rômulo Maiorana
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no Bronx Museum of the Arts
1988 - Pequim (China) - 1ª Exposição Brasil-China, na Galeria de Belas Artes da China
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1989 - Copenhague (Dinamarca) - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Museu Charlottenborg
1989 - El Paso (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no El Paso Museum of Art
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-Brasileiras, no MNBA
1989 - San Diego (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no San Diego Museum of Art
1989 - San Juan (Porto Rico) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States: 1920-1970, no Instituto de Cultura Puertorriqueña
1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Galeria Itaú Cultural
1990 - Atami (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Brasília DF - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - Miami (Estados Unodos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Center for the Arts
1990 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1990 - São Paulo SP - 6º Salão Brasileiro de Arte, na Fundação Mokiti Okada M.O.A.
1990 - São Paulo SP - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1990 - Sapporo (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas
1990 - Tóquio (Japão) - 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa de Cultura
1992 - São Paulo SP - 7º Salão Brasileiro de Arte, na Fundação Mokiti Okada
1992 - São Paulo SP - Grupo Guanabara: 1950-1959, no Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1993 - São Paulo SP - Exposição Luso-Nipo-Brasileira, na MAB/Faap
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, na Masp
1994 - São Paulo SP - Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP, no MAC/USP
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Brasília DF - Sete Samurais da Arte Brasileira, na LBV
1995 - Niigata (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no The Niigata Prefectual Museum of Modern Art
1995 - São Paulo SP - Brasil-Japão Arte, na Fundação Mokiti Okada M.O.A.
1995 - São Paulo SP - Brasil-Japão de Arte, Fundação Mokiti Okada
1995 - São Paulo SP - Projeto Contato, na Galeria Sesc Paulista
1995 - São Paulo SP - Projeto Contato, na Galeria Sesc Paulista
1995 - Tokushima (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Centro Cultural de Tokushima
1996 - Barra Mansa RJ - 12 Nomes da Pintura Brasileira, no Centro Universitário de Barra Mansa
1996 - Gifu (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no The Museum of Fine Art Gifu
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1970 - 1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Bandeiras, na Galeria de Arte do Sesi
1996 - São Paulo SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Masp
1996 - Tóquio (Japão) - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, no Azabu Art Museum
Exposições Póstumas
1997 - Curitiba PR - Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 - Jacareí SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, na Oficina de Artes Santa Helena
1997 - Jacareí SP - Exposição dos Pintores Nipo-Brasileiros Contemporâneos, na Oficina de Artes Santa Helena
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - Belo Horizonte MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Palácio das Artes
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Ipatinga MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil
1998 - Ipatinga MG - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, na Fundação São Francisco Xavier. Centro Cultural Usiminas
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1998 - São Paulo SP - Traços e Formas, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1999 - Brasília DF - Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, no Ministério das Relações Exteriores
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo - Metamorfose do Consumo, no Itaú Cultural
1999 - São Paulo SP- Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, no Masp
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Individual, no Club Athletico Paulistano
2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, no CCBB
2001 - Rio de Janeiro RJ - Acervo da Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Galeria de Arte André
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Nova André Galeria
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2001 - São Paulo SP - Chove no Cafezal, no Museu da Casa Brasileira
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Além da Tela, na Nova André Galeria
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Os Sete Baluartes do Abstracionismo Brasileiro, na Nova André Galeria
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - Coleção Lauro Eduardo Soutello Alves no Acervo do MAM, no MAM/SP
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA
2004 - Rio de Janeiro RJ - 90 Anos de Tomie Ohtake, no MNBA
2004 - São Paulo SP - Abstração como Linguagem: perfil de um acervo, na Pinakotheke
2004 - São Paulo SP - Gesto e Expressão: o abstracionismo informal nas coleções JP Morgan Chase e MAM, no MAM/SP
2004 - São Paulo SP - Grupo Guanabara, na Galeria Prestes Maia
2004 - São Paulo SP - Manabu Mabe e Yugo Mabe, no Espaço Cultural Vivo
Prêmios
1951 - Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
1951 - Medalha de ouro, 1º Salão Linense de Artes Plásticas, Brasil
1952 - Grande Medalha de Prata, 1º Salão Seibi, Brasil
1952 - Menção honrosa, 47° Salão Paulista de Belas Artes, Brasil
1953 - Grande Medalha de Ouro — prêmio Colônia —, 2º Salão Seibi, Brasil
1953 - Prêmio aquisição, Salão Nacional de Arte Moderna Rio de Janeiro, Brasil
1956 - Pequena Medalha de Prata, V Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1957 - Pequena Medalha de Ouro, VI Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1958 - Grande Medalha de Ouro, VII Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, Brasil
1958 - Prêmio isenção do júri, VII Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brasil
1959 - Prêmio Governador do Estado, VIII Salão Paulista de Arte Moderna, Brasil
1959 - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil
1959 - Melhor Pintor Nacional, 5ª Bienal de São Paulo, Brasil
1959 - Prêmio Braun, I Bienal de Paris, França
1959 - Prêmio bolsa de estudos, I Bienal de Paris, França
1959 - Prêmio aquisição, Dallas Museum of Fine Arts, Dallas, Estados Unidos
1960 - Prêmio Fiat, 30ª Bienal de Veneza, Itália
1962 - Primeiro prêmio, I Bienal Americana de Arte Córdoba, Espanha
Obras em museus
Museu de Arte de São Paulo/MASP, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte Moderna /MAM, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte de Contemporânea/MAC USP, São Paulo/SP, Brasil
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo/SP, Brasil
Museu de Arte Moderna/MAM, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu Manchete, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Museu de Arte Moderna/MAM, Salvador/BA, Brasil
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS, Brasil
Museu de Arte de Belo Horizonte, Belo Horizonte/MG, Brasil
The Museum of Contemporany Art, Boston, Estados Unidos
Walker Art Center, Minneapolis, Estados Unidos
Dallas Museum of Fine Arts, Dallas, Estados Unidos
The Museum of Fine Arts, Houston, Estados Unidos
Lowe Art Museum, Miami, Estados Unidos
Museum of Modern Art of Latin America, Washington, Estados Unidos
The National Museum of Art, Kyoto, Japão
Rikka Museum of Art, Tóquio, Japão
The National Museum of Art, Osaka, Japão
The Hakone Open Air Museum, Hakone, Japão
Museum of Art (MOA), Atami, Japão
Iwasaki Art Museum, Kagoshima, Japão
Murauchi Art Museum, Tóquio, Japão
Museo de Belas Artes de Caracas, Venezuela
Fonte: MANABU Mabe. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 03 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Em 1934, chega ao Brasil com a família a bordo do navio La Plata Maru para trabalhar nas lavouras de café de Lins, interior de São Paulo. Foi em Lins que conheceu Tikashi Fukushima. Manabu Mabe era quatro anos mais novo que Tikashi, Tikashi e Mabe estavam decididos a serem pintores, Mabe trabalhava na lavoura e pintava quando chovia. Mabe tem uma infância pobre, adaptando um ateliê no meio da lavoura para pintar naturezas-mortas e paisagens. Consegue realizar a primeira exposição individual em São Paulo (1948), na qual mescla a caligrafia oriental com a pintura feita com manchas. No ano seguinte participa do Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro.
Casa-se com Yoshino em 1951 e tem filhos. Conheceu Tadashi Kaminagai em 1952, Mabe foi um apreciador da arte de Kaminagai, e conta que ficava horas ao lado do artista "admirando as maravilhosas cores que ele pintava uma arara, na varanda da casa do doutor Honda". Ganha o prêmio de pintura na segunda Bienal Internacional de São Paulo (1953), onde são aceitos só dois artistas nipo-brasileiros, Mabe e Tadashi Kaminagai.
Em 1956, participa da Bienal de Arte do Japão e, em 1959, obtém o prêmio de melhor pintor nacional da quinta Bienal de São Paulo e o de destaque internacional na Bienal de Paris.
No livro Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, Cecília França Lourenço descreve o uso do geometrismo e do abstracionismo pelos artistas nipo-brasileiros como que atendendo a um "impulso vital e mesmo cultural, mais facilmente identificado com o gesto, a mancha e as pesquisas formais, sendo por isso mesmo, uma fonte inesgotável e revitalizada através da vivência". Artistas como Mabe e Tikashi Fukushima puderam contribuir de maneira decisiva no desenvolvimento dessa tendência abstrata. Cecília França Lourenço, ao comentar a obra de Tomie Ohtake, quando ela atingiu um nível de maturidade, compara com a obra da artista com a de Fukushima e Mabe, no contexto que ambos os três tinham "certa contenção, sem permitir extravasar totalmente a emoção da obra".
Algumas de suas obras, cerca de 53, avaliadas em mais de US$ 1,24 milhão, foram perdidas no mar, no dia 30 de Janeiro de 1979, quando o Boeing 707-323 Cargo da Varig, registro PP-VLU, sob o comando do mesmo comandante sobrevivente do voo Varig RG-820, desapareceu sobre o oceano cerca de trinta minutos após a decolagem em Tóquio. Nenhum sinal das obras, destroços ou corpos foi encontrado. É conhecido por ser o maior mistério da história da aviação até os dias de hoje. e um dos raríssimos voos civis comerciais que desapareceram sem deixar vestígios. Alguns dos quadros foram posteriormente refeitos pelo pintor.
A arte na década de 80 foi influenciada pelo aparecimento de outros artistas e também pela atuação dos pioneiros, como Tomoo Handa, abstracionistas, como Manabu Mabe, Tikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi e outros, onde atuaram, no desenvolvimento artístico, como também nos interesses da comunidade de artistas.
Realiza, em 1986, uma retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e lança um livro com 156 reproduções de seu trabalho com textos em português, inglês e japonês.
A Revista Veja de 22 de julho de 1988 descreve o fato de que a "importância dada ao trabalho de Mabe, Fukushima e Shiró atraiu ao Brasil uma nova leva de artistas japoneses, que chegaram ao país maduros e com posturas estéticas sedimentadas". O jornal O Estado de S. Paulo de 16 de dezembro de 1989, afirma que na arte brasileira destacam-se os nipo-brasileiros, dentro do chamado abstracionismo informal, onde dentre os adeptos podem ser citados Fukushima, Mabe, Wakabayashi, e Shiró.
Escreve, em 1995, a autobiografia Chove no Cafezal, em japonês, cujo texto original foi publicado em capítulos semanais no jornal Nihon Keizai Shinbum, de Kumamoto, sua região natal. Em 1996 viaja ao Japão para uma grande mostra retrospectiva de sua obra. Em 1997, alguns meses antes de falecer Manabu Mabe, participou de uma vinheta interprogramas pintando o logotipo da extinta Rede Manchete de televisão. No mesmo ano, por causa da Diabetes, Mabe morre em São Paulo por complicações decorrentes de um transplante de rim.
Segundo o crítico de arte Ichiro Hariu, a demanda de obras de arte no Brasil é grande, mas a desigualdade socioeconômica é enorme, e os compradores se limitam a pessoas de classe mais abastada, empresas e órgãos públicos. Segundo Hariu, Ohtake, Fukushima, Mabe e outros são reconhecidos abstracionistas, representativos do Brasil, que contam com muitos apoiadores.
Suas obras encontram-se nos Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Arte Contemporânea de Boston e de Belas Artes de Dallas, entre outros. No Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, encontra-se uma de suas pinturas mais expressivas Natureza-Morta (óleo sobre tela). Também estão no Museu Nacional de Arte da Bolívia e na coleção de arte V+R Sapoznik.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 03 de março de 2017.
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Autobiografia Manabu Mabe
Decada de 20
Nasci em 1924, na localidade de Takara, na vila e atual cidade de Shiranui. A casa onde eu nasci era consideravelmente ampla, tinha nos fundos um espaçoso jardim japonês e, no pátio, um lago em que eu costumava nadar. Construir um jardim como aquele foi um desejo que sempre esteve presente em minha mente desde que imigrei.
Dos tempos de escola, lembro-me da professora Nogushi. Um belo dia, ela elogiou o desenho que fiz do guarda-chuva japonês, durante a aula, dizendo: “Muito bem desenhado. Vocês todos devem desenhar assim”. Este foi, com certeza, um dos primeiros estímulos a minha vocação de pintor.
Decada de 30
Em 1934, meu pai, Soichi Mabe, em companhia de minha mãe, Haru, e cinco filhos, viajaram ao Brasil. O que nos esperava era um serviço novo e desconhecido. Mas havia uma missão a cumprir. Nós imigrantes buscávamos no Brasil um mundo novo para encontrar um caminho a vencer. Belo! Foi a minha primeira definição do Brasil. Cresci sem formação escolar especializada. Minha vida foi sempre orientada pela natureza. Planícies e mais planícies a perder de vista. Plantações de café, fazendas de criação de gado, florestas, caminhos de terra vermelha cortando a mata virgem, o canto dos pássaros, o ruído dos insetos, o barulho da queda das mangas. É indescritível a influência da natureza na formação da minha personalidade e no desenvolvimento das minhas qualidades de pintor. Ao aproximar-me de um fruto de mamão amarelo e maduro, corre um lagarto. É a lembrança que tenho dos idos de 1934, quando, aos 10 anos de idade, mudei para Birigui, cidade do interior de São Paulo. Desde criança sempre gostei de desenhar e trouxe para o Brasil os crayons que usava na escola primária do Japão. Lembro-me da natureza brasileira que se desvendou sob os meus olhos, os peixes nadando nas águas rasas das lagoas e os papagaios disputando uma goiaba madura. E quatro ou cinco anos passaram-se em arrebatamento. Voltei a desenhar novamente. Isto era possível apenas nas horas de folga do serviço de cafeicultura, como nos dias de chuva ou aos domingos.
Década de 40
A primeira vez que usei tinta a óleo foi em 1945. Naquele ano, uma intensa geada arruinou toda a plantação de café e fomos forçados a descansar. Vi uma caixa de tinta numa livraria da cidade e não resisti à vontade de experimentar. Em pouco tempo pintei avidamente paisagens e naturezas-mortas em papelões e tábuas de madeira, dissolvendo a tinta em querosene.
Transpus tudo com tenacidade física e intensa paixão. Ficava entusiasmado com tudo o que fazia. Dizia o meu pai quando eu era menino: "Você é muito exaltado, meu filho". À medida que desenhava, passei a pensar, sofrer e experimentar alegrias como se fora um desenvolvimento de mim mesmo e aprendi, então, sobre a importância do ato de criar.
Naquela época, os meus estudos se baseavam na leitura de revistas de arte provenientes do Japão, ou de coleções de livros de arte. Mesmo assim, era muito difícil consegui-los na colônia, no interior da cidade de Lins, onde me encontrava distante 500 km da Capital, mas meus amigos, artistas veteranos, foram sempre incansáveis encorajadores deste estranho pintor-lavrador.
Com o término da Segunda Guerra Mundial e a derrota do Japão, surgiu entre os imigrantes japoneses o conflito dos grupos que acreditavam na vitória contra o grupo dos que não admitiam a derrota. Assim, com a morte de meu pai, o casamento e a posição de um quase nissei, encontrava-me em situação difícil. Estava entre o japonês e o brasileiro, entre o issei e o nissei.
Década de 50
De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo.
Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor.
Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas.
De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo.
Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor.
Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas.
Dois anos mais tarde, quando recebi o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas — da qual participavam artistas de todo o país — e o Prêmio de Melhor Pintor Nacional na 5ª Bienal de São Paulo, fiquei exultante.
Haviam se passado dez dias desde o recebimento do prêmio da Bienal de São Paulo quando chegou um telegrama do exterior com a notícia: "Manabu Mabe recebeu o prêmio da I Bienal de Jovem de Paris".
Sob estrondoso aplauso e pelas palavras do então presidente da República, Juscelino Kubitschek, "Parabéns, esforce-se cada vez mais em benefício do mundo das Artes Brasileiras", senti-me plenamente recompensado como filho de imigrante.
Foi-me dada oportunidade de apreciar os trabalhos de autores consagrados no mundo inteiro. As minhas ideias, influenciadas por aquelas obras, sofreram mudanças. A pintura, agora, como eu a via, era um verdadeiro combate corpo a corpo; era, em síntese, um espírito de luta.
A revista Time comentou a conquista de prêmios em duas bienais sob o título 1959, o ano de Manabu Mabe e fui apresentado em reportagem de uma página, desde a minha infância até a outorga dos prêmios.
O que é arte? Qual a finalidade da minha pintura? Certo dia pensei sobre tudo isto, e desde então, já se passaram mais de vinte anos. Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.
Década de 60
Quando comecei a ser premiado em várias exposições, o Sr. Francisco Matarazzo observou: “Há muitas pessoas que criticam o por manter a sua nacionalidade japonesa, após tantos reconhecimentos no Brasil. Eu não penso assim, mas que tal se você se naturalizasse?”. Aproveitei o ensejo da inscrição na XXX Bienal de Veneza para me naturalizar. Mamãe ficou calada. Bem posso avaliar o quanto a renúncia a minha nacionalidade deve ter significado para ela. Costumo brincar autodenominando-me de japonês latino, mas no íntimo me considero brasileiro.
Em 1960, conquistei o Prêmio Fiat na Bienal de Veneza. Lembrei-me do Aldemir Martins. Ele tornou-se um grande amigo, um verdadeiro irmão. Nas festas aqui em casa, algumas pessoas nos acham parecidos e ficam na dúvida se ele é japonês ou eu é que sou nordestino.
A minha primeira exposição no exterior ocorreu em 1960, no Uruguai. Foi ao mesmo tempo, a minha primeira viagem ao exterior, desde que chegara ao Brasil. Convidado pelo governo uruguaio e, graças à ajuda do Sr. Walter Wey, da Embaixada do Brasil naquele país, alcancei grande popularidade pelas numerosas obras líricas modernas que expus.
Em janeiro de 1961, a convite da empresa Time-Life, estive em Boston, era minha primeira viagem aos Estados Unidos. Minha vida mudou. Contratos com marchands des arts, incursões pelos Estados Unidos e Europa. Era preciso abrir bem os olhos.
De Roma, Florença, Assis, Milão e Veneza para o verão ao norte da Itália, cruzando as montanhas Dolomites; ao sul, em Nápoles e Sorrento; passando pela Suíça, cheguei à tão sonhada Paris.
Relíquias, ruínas, museus de arte, obras originais... Fiquei emocionado com a Europa que vi pela primeira vez. Lá, convenci-me de que, na obra original há a presença do próprio artista. Compreendi que a pintura é o fruto do esforço e do tempo e que, tanto Picasso como Matisse pintaram despretensiosamente com traços de senso fino e espírito lúdico. Assim, concluí que é indispensável ver as obras originais.
Por ocasião da mostra Dez Pintores Nipo-Brasileiros, realizada nos salões da Pan-American Union, em Washington, o então Embaixador Juracy Magalhães, aconselhou-me a permanecer durante um período mais prolongado e pintar um número maior de obras.
Sua intenção era convidar-me para permanecer na residência oficial da embaixada e apresentar-me a colecionadores de arte nos Estados Unidos.
Fiquei lá 50 dias e, nesse período, produzi muitas obras e fui apresentado a vários colecionadores famosos, entre eles, David Rockfeller. Ele adquiriu três quadros meus e cheguei a visitá-lo, duas ou três vezes, na matriz do Banco Chase Manhattan.
Na época que estive em Washington, por volta de 1965, sob a assistência da embaixada brasileira, o Sr. Juracy Magalhães, embaixador brasileiro dos Estados Unidos (mais tarde chanceler e ministro da Justiça) apresentou-me ao Ministro do Planejamento, Sr. Roberto Campos. Por certo há entre nós grande compatibilidade de gênios, pois nossa amizade permanece. Quando ele foi designado Embaixador da Inglaterra, pude utilizar a embaixada de Londres como se fosse a minha própria casa e, nas recepções promovidas, fui apresentado às personalidades mais ilustres do mundo.
Da longa amizade que nos uniu, aprendi com ele como viver.
Depois de Washington a exposição seguiu para La Paz, Bolívia. Dela participaram Kazuo Wakabayashi, Tikashi Fukushima, Shigueto Tanaka, Rei Kamoto, recém-chegado do Japão, e eu.
Três dias antes da inauguração da exposição, ainda não haviam chegado os quadros de Fukushima e os meus. Com o passar do tempo, a aflição começou a tomar conta de nós. Decidimos pintar novas obras no local. O problema eram as telas. Conseguimos o tecido, mas faltavam os chassis, pois não havia madeira disponível e a derrubada de uma árvore era punida com absoluto rigor. Achamos madeira na fábrica de um industrial e fizemos um trabalho de carpintaria, antes mesmo da pintura. A exposição foi um sucesso e contou com a presença de três mil bolivianos aproximadamente.
Década de 70
No dia 14 de setembro toda família se reúne. É meu aniversário. Esta data me enche de prazer e evoca recordações sobre a minha vida. Aqui, no hemisfério Sul invariavelmente chove. Quando isso ocorria, nos tempos do cafezal, não se trabalhava, e eu podia pintar à vontade. Assim, a chuva deu origem ao pintor Manabu Mabe. Com certeza, é uma dádiva ser agraciado por ela no dia do meu aniversário, como sempre acontece.
Nessa época, para não fugir à regra, as azaleias cor-de-rosa do jardim e as carpas do lago são fustigadas pelas gotas de chuva.
Não me ocorre a lembrança de ter comemorado um aniversário sequer quando trabalhava na lavoura de café.
Minha vida é bela. As coisas belas são o objetivo de minha vida.
A primeira exposição no Japão foi marcada para o período de 11 a 16 de agosto de 1970 e teve como tema principal a paisagem natural do Brasil. Foi um sucesso absoluto. Guiei o casal Imperial durante toda a exposição e este demonstrou particular interesse pela obra intitulada Amazonas. Ao final da visita, a princesa Michiko revelou-me: “Gostaria que o senhor realizasse suas exposições no Japão a cada cinco anos pelo menos”.
Em 1978, o casal esteve no Brasil a fim de participar dos festejos comemorativos dos 70 anos da imigração japonesa. Agradeci-lhes naquela ocasião a presença na exposição do Japão.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil organiza inúmeras exposições coletivas. Naturalmente, em cada uma destas exposições tenho viajado como embaixador cultural e é interessante como o governo trata muito bem os artistas, assim como os diplomatas também são extremamente atenciosos. Dezenas de exposições individuais realizadas no exterior foram levadas a efeito por promoção ou colaboração das embaixadas brasileiras em diversos países.
Viajando pelo exterior, passaram-se dez anos desde o início de meus contatos com oficiais de alto nível. Para quem foi criado no interior do Brasil, tudo foi um aprendizado, uma batalha para viver.
Ainda em 1978, realizei uma exposição retrospectiva no Japão que alcançou grande êxito. Entretanto uma grande tragédia me aguardava em seguida.
Em 30 de janeiro de 1979, numa reunião na casa de Sanematsu Yutaka, meu secretário, um noticiário de rádio dá conta de que um avião de carga da Varig estava desaparecido. Assustado, Sanematsu me disse: “Os quadros da exposição foram embarcados naquele voo”. Fiquei mudo. Cinquenta e sete quadros ao todo, incluindo trabalhos da minha irrecuperável juventude. Praticamente todas as minhas telas mais importantes, as que me trouxeram os primeiros prêmios. Todas haviam sumido.
O primeiro pensamento que me ocorreu, depois do choque, foi: “Felizmente não foi a minha vida”. Quando pequeno, sempre que perdia alguma coisa, minha mãe dizia: “Manabu, este desaparecimento substitui a perda da tua própria vida”.
Decorridos quatorze anos, só agora acabei de entregar as últimas obras em substituição às telas perdidas. Estarão os meus quadros repousando agora nas águas geladas do Polo Norte?
Década de 80
Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza. Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significam travar uma constante luta comigo mesmo. O sofrimento e a alegria de produzir.
O que será que me faz ficar assim tão absorto? É o belo. O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo. De que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?
Nunca fui aluno de nenhum mestre, tão pouco pertenci a qualquer escola. Possuo um estilo de pintura que eu mesmo desenvolvi, à custa de muito esforço e perseverança. A título de brincadeira, eu o denominei de mabismo. Mas esse estilo também vem sofrendo modificações com o decorrer do tempo.
As pessoas dizem que ele representa a fusão do Oriente e do Ocidente, sendo a expressão da poesia lírica, mas eu creio que a minha pintura representa a mim mesmo.
Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, e brincar de correr atrás dos pássaros são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância. O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela, e o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo, sessenta anos depois, a alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar.
Eu tenho muito que fazer ainda, muito que pintar, sempre que puder sentir alguma coisa diferente, um prazer, porque um quadro não é uma coisa que a gente faça um atrás do outro. Um quadro é um pouco da gente.
Tornou-se forte dentro de mim a idéia de composição e começaram a surgir traços negros, seja nas paisagens, seja na natureza-morta. Na verdade, Picasso também utilizou esses traços que são pinturas montadas. Continuei pintando assim por algum tempo, até que comecei a ansiar por mais liberdade. Abandonei as paisagens e fui adentrando no abstrato, baseado, apenas, na composição.
A nossa família, de início, era constituída por dez pessoas. Hoje somos setenta, incluindo os parentes por parte da minha mulher. Da minha família sou o filho mais velho. Depois de mim, Satoru, Michiko (falecido), Hitoko, Yoshiko e Sunao, estes dois últimos nascidos no Brasil. Uma das recordações mais marcantes que tenho é de quando papai solenemente declarou: “Manabu, vamos para o Brasil. É outro país. Vamos viver colhendo café”. Ao ouvir suas palavras aflorou-me, repentinamente, a imagem dos frutos vermelhos do café. Havia acabado de ler o livro Robinson Crusoé, de Daniel Dafoe e, portanto estava eufórico com a perspectiva de aventura. Eu estava tão entusiasmado que não conseguia conter a alegria.
Década de 90
Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e de paz, dos desequilíbrios socioeconômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou. Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material. Como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida.
É preciso crer sempre no sonho e lutar para que ele se torne real.
Tenho a sensação de que venho perseguindo os meus sonhos.
O primeiro deles remonta aquele dia em o meu pai declarou subitamente ”Manabu, vamos ao Brasil”. Como seria um país estrangeiro? E os grãos de café? Os sonhos que eu alimentei no novo país, enquanto brincava caçando pássaros e pescando, variaram desde o estabelecimento de um novo recorde no arremesso de disco, de tornar-me um exímio jogador de beisebol, de ser um grande fazendeiro, até finalmente, o de ser um pintor, assumindo cada vez maior grau de objetividade em relação a minha verdadeira vocação.
Ainda quando trabalhava no cafezal, manifestei o meu desejo de ir a Paris, a fim de estudar pintura, criando embaraços a papai. Para ele, que levava a vida no extremo limite da austeridade como colono, aquilo não poderia ser nada mais do que a exacerbação de sonho. As crianças têm um projeto absurdo. Isso talvez seja privilégio delas.
Fui a São Paulo alimentando o sonho de ser pintor profissional e, no ano seguinte, recebi todos aqueles prêmios e a bolsa de estudos, realizando exposições em várias partes do mundo. Pensei então: ”Quero ceder este prêmio para um jovem. Quero contribuir para a realização de seu sonho”. Bafejado pela sorte, pude concretizar o meu sonho, num piscar de olhos. Mas ele não tem limites.
Atualmente acalento o seguinte ideal: viver em sincronia com a época e produzir obras que, no futuro, possam ser avaliadas como sendo de Mabe. Para tanto, o caminho é longo. Já pintei, até hoje, cerca de três mil e duzentas obras e ainda produzo cinquenta ao ano. Examinando recentemente minhas criações percebo que tenho trabalhado excessivamente nos detalhes. Quero perseguir algo mais simples. Tenho sentido necessidade de mais tempo. Novos projetos surgem a todo instante.
Sabe, desde criança eu vivo no Brasil. Então, personalidade para mim é brasileiro, né? Mas rosto, nem adianta né? Cada vez ficando japonês, mais japonês. Mas sou criado no Brasil, então costume e pensamento muito brasileiro. Agora, a cor forte, essa cor forte é também o sol do interior do Brasil, do Noroeste. Sol quente e céu muito azul. Agora, lá não tem montanha, é um pampa, vai até cem quilômetros a mesma coisa, não tem montanhas, sempre mato. E fruta, por exemplo: gostoso, doce e colorido. Então, desde criança, terra vermelha, céu azul, frutas, passarinhos, papagaio, essas coisas. Muito sentimental e muita vida colorida também.
Trajetória Artística
Década de 40
Em 1942, Mabe começou a traçar a sua trajetória como um dos grandes mestres da pintura. No início fez muitos estudos em papéis com lápis, passando a utilizar também crayons e aquarelas. Somente no ano de 1945, quando passava pela livraria da cidade de Lins, interior de São Paulo, deparou-se pela primeira vez com um tubo de tinta a óleo. Teve então vontade de experimentar esse novo material.
Diluía a tinta a óleo com querosene e pintava sobre papelão. Os temas pintados eram retirados de calendários pendurados na parede da casa. As obras da década de 40 são puramente acadêmicas. São consideradas por ele mesmo como uma fase de estudo, mas já se nota a habilidade genial que expressa em suas obras.
Década de 50
Esta década é o início de sua participação ativa no contexto da arte brasileira. Envia obras aos principais Salões, como o Salão Nacional do Rio de Janeiro, Salão Paulista e as 2ª e 3ª Bienais de São Paulo. Antes de 1965, sua obra tinha características de abstração neocubista, forte influência de Picasso, por quem tinha grande admiração.
1959 seria o ano de Mabe, como relatou a revista Time.
Participa da 5ª Bienal de São Paulo com as seguintes obras:
Composição Móvel, 130 x 130 cm,
Pedaço de Luz, 130 x 120 cm e
Espaço Branco, 120 x 100 cm.
Três obras de manchas gestuais de forte impacto e traços delicados do sumi-ê, arte caligráfica japonesa, mas com a clara necessidade de se libertar da abstração neocubista e partindo para o expressionismo abstrato.
Esta década é o início de sua participação ativa no contexto da arte brasileira. Envia obras aos principais Salões, como o Salão Nacional do Rio de Janeiro, Salão Paulista e as 2ª e 3ª Bienais de São Paulo. Antes de 1965, sua obra tinha características de abstração neocubista, forte influência de Picasso, por quem tinha grande admiração.
Com essas mudanças recebeu o Prêmio de Melhor Pintor Nacional em 1959, das mãos do então presidente da República do Brasil, Juscelino Kubitschek.
Passados dez dias recebe o Prêmio Braun para Melhor Pintor a óleo na I Bienal de Jovens de Paris, além de uma bolsa de estudos de seis meses.
Manabu Mabe dividiu as fases da seguinte maneira:
1947 a 1949 Escola Acadêmica
1950 a 1952 Impressionismo e Fauvismo
1953 a 1957 Semi-Abstracionismo e Neorrealismo
A partir de 1957 parte para o Abstracionismo, mantendo ainda algumas figuras em seus trabalhos.
Década de 60
Em 1960 Mabe viaja pela primeira vez ao exterior. Parte para o Uruguai, onde realiza sua primeira exposição individual em Montevidéu. No ano seguinte vai aos Estados Unidos e Europa. Em 1962, permanece oito meses na Europa, no que chama de viagem cultural.
Em suas composições busca a forma explosiva do tachismo, deixando o lirismo das formas caligráficas do Japão.
As espátulas cobertas de tintas dão a forma e o vigor de suas obras.
Nota-se claramente a força, a vida, feita com a gestualidade oriental.
As cores antes com predominância do preto vão se tornando claras, sem medo de utilizar as matizes como fundo.
Década de 70
O Abstracionismo lírico de Mabe é a marca constante de seu trabalho. A mescla de inspirações entre o Oriente e o Ocidente é visível em suas composições.
As obras dão continuidade à evolução de um artista, mostrando porque um mestre é um mestre.
A preocupação com a concepção até o produto final é sempre uma marca de Mabe. Nada deve ficar faltando, pois toda a obra deve ter vida.
Década de 80
As figuras voltam em suas telas, mas em formas abstratas e sutis.
As espatuladas mesclam as cores e surgem novas formas, novas cores.
As composições são ricas em detalhes. Cada espaço da tela tem sua própria concepção e surgem as formas geométricas em contradição com as formas gestuais.
As cores são cada vez mais vibrantes, não agredindo o espectador ao contemplar a obra.
A vitalidade e a jovialidade é sempre uma constante no trabalho de Mabe. A obra por si só, caminha para a natural evolução do ser humano.
Toda obra dele tem a sua marca, o mabismo.
Década de 90
A vibração das cores, a harmonia das formas, o vigor das pinceladas e o amor à arte estão sempre presentes em suas telas.
A temática das obras dos anos 90 continua sendo uma continuação do trabalho dos anos anteriores, mas sempre transformando o abstrato das telas em formas de esculturas bidimensionais, fazendo com que o espectador admire a obra como se ela estivesse viva, e que saltasse da tela para o mundo real.
A obra de Mabe será sempre Mabe.
Depoimentos
“A história começou assim: Eu conheci o Mabe através de minha mulher. Ela estudava pintura com ele nos fins de semana... Devido a muitas atribuições, às muitas coisas que eu fazia, já não tinha condições de ficar pedindo para ele assinar este ou aquele documento, daí eu passei a ser procurador geral dele...
Nós vimos muitos quadros dele, ele pintando, conheço muitas obras dele. E a gente, se vir, mesmo depois de trinta, quarenta anos, a gente se lembra daquele quadro...
Uns parênteses aqui..., eu acho que o Mabe foi uma pessoa com qualidades que poucos reúnem em uma pessoa só. Era um bom fotógrafo, era um bom pintor, ele filmava bem, escrevia bem... Ele queria aproveitar ao máximo a vida, era uma pessoa de muita paixão pela vida e por tudo... Eu diria para ele que, não só eu, mas a minha família e todos nós perdemos um grande amigo, uma grande pessoa, que está fazendo muita falta para a gente e temos muita saudade dele”.
Yutaka Sanematsu (Marchand, 2002)
“Há dez anos realizava no Museu de Arte de São Paulo uma retrospectiva de Manabu Mabe, brasileiro oriundo do Japão, considerado um pintor de notável personalidade.
O meu primeiro encontro com ele se deu nos tempos dos primeiros avanços do Masp. Sabia de um artista que vinha da lavoura na zona de Lins, decidido a se consagrar no setor da pintura. Nas primeiras tentativas se interessou por telas de expressão paisagística, sintetizadas numa visão pessoal.
Lembro que, por simpatia, adquiri uma destas telas e, a partir daquele dia, segui atentamente seu trabalho, acompanhando sua espontânea evolução para soluções abstratas, acentuando-se em formas de prevalência colorística.
Inaugurada a selva sem fim do Abstracionismo, a figura relegada a um limbo proibido, os seguidores da tendência do Informal começaram a linguajar somente por meio de traços e manchas, combinando variedades de formas, petiscando no infinito do prisma determinador do espectro solar, não esquecendo das duas cores que não são admitidas no concerto: o preto e o branco.
Os puristas, adeptos do comunicar através da cor, arregimentaram um exército tão maciço pelo ingressar de elementos franco-atiradores ingênuos (convencidos em pular a disciplina do aprender e tornar-se produtores de arte, pontualmente levados a sério nas poluições oficiais de arte) que, nos anos 50, olhavam para os figurativos como aos que 'já eram'.
Mas estas avalanchas motivadas pelas tendências são casos comuns nas crônicas, cabendo à história, no tempo oportuno, administrar o direito de sobrevivência. No caso em exame, os sobreviventes não são numerosos desde a época em que Ciurlionis, Kandinsky, Mondrian agitaram as águas do antifigurativo aos cuidados do Cubismo. Depois será a transferência para o Abstracionismo a ganhar popularidade. E Mabe tornou-se, no Brasil, o representante mais vivo da tendência.
Sua índole tinha o destino de fazer saber por intermédio da simbologia da cor. Não precisava de intermediações entre idéia e notação: o manifestar no universo das formas da caligrafia tornou-se estímulo para manifestar-se na linguagem da cor. Mabe pôs-se à obra sem hesitações: quem o viu manejar o pincel improvisando caracteres no papel de seda estendido no chão, com segurança natural, imagina como surgem aquele lançar de cor rápido, formas planas tendentes a uma amplidão mágica, às vezes harmonizadas num único tom, outras em chocantes contrastes, outras ainda equilibradas nos preciosos arabescos das nuanças amigas.
O resultado é sempre uma sonoridade cromática: intensa, exaltada, vizinhança de cores em estreita relação de tons atingindo uma espacialidade luminosa. Fugindo do relativo, Mabe aponta um abstracionismo rigorosamente absoluto para confirmar a ausência de recursos que possam lembrar preferências figurativas.
Seu movimentar de pincéis é franca inspiração, decidida conduta da composição construtiva própria da técnica dos mestres caligráficos, sem impulsões e arrependimentos, abandono a um ideismo que, todavia, controla a seu bel-prazer.
Mabe livra-se, no captar motivos, no borboletear das girândolas ou de fogos de artifício ou no pacato correr das nuvens ou no clamor do irromper de uma tempestade, a fixação de instantes plásticos que afloram em sonoridades de cores afins a sons, linguagem da cor parecendo linguagem musical”.
Pietro Maria Bardi (Fundador do MASP/Museu de Arte de São Paulo, 1986)
“Eu conheci o Mabe dando um prêmio para ele. E ele era o artista dessa época. Gostava de alegria, gostava de gente. Ele foi o único artista que tinha uma festa no dia do aniversário. Dia 14 de setembro tinha uma festa permanente. O Mabe criou um estilo de vida.
A Internet é a mulher da vida, todo mundo quer por a mão, quer pegar, quer ver, quer olhar, e ela tem a possibilidade de fazer tudo isso. A Internet é um museu fácil, acessível, que tem biografia. Não é só ver, tem o escrito, tem o texto também”.
Aldemir Martins (Artista plástico, 2002)
Fonte: Site oficial Manabu Mabe, consultado pela última vez em 03 de março de 2017.
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersa, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Guanabara
A formação do Grupo Guanabara ocorre em 1950, em torno do pintor Tikashi Fukushima. Natural do Japão, ele vem para o Brasil em 1940 e se estabelece, a princípio, no interior do Estado de São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro. Em 1949, muda-se para a capital paulista e abre uma molduraria no antigo largo Guanabara, onde é atualmente a Estação Paraíso do Metrô. A oficina torna-se ponto de encontro de artistas que vêm em busca da excelência do trabalho de molduraria realizado por Fukushima. Os encontros conduzem a idéia de criação de um espaço em que os artistas pudessem discutir seus trabalhos preservando a diversidade de tendências de seus membros.
O grupo chega a contar com 34 membros, na maioria imigrantes italianos e japoneses ou seus descendentes entre eles artistas que pertencem ao Grupo Seibi e ao Grupo dos 15. Entre seus fundadores estão Alzira Pecorari, Armando Pecorari, Arcangelo Ianelli, Marjô, Takeshi Suzuki, Tikashi Fukushima, Tomoo Handa, Yoshiya Takaoka, Tamaki. Posteriormente outros artistas se integram ao grupo, como Alina Okinaka, Hideomi Ohara, Ismenia Coaracy,Takahashi, Manabu Mabe, Masanosuke Hashimoto, Massao Okinaka, Thomaz, Tsukika Okayama e Wega Nery. Outros como Oswald de Andrade Filho e Tomie Ohtake, participam eventualmente das exposições realizadas pelo grupo.
Em sua trajetória o grupo promove cinco exposições coletivas. A primeira delas em 1950, na Galeria Domus. Osório César e Ibiapaba Martins, dois críticos do período, dão um destaque especial à mostra. A segunda, em 1951, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/SP, reúne obras recusadas no 16º Salão Paulista de Belas Artes. O crítico de arte Quirino da Silva defende os artistas e divulga o evento no jornal Diário da Noite. A terceira ocorre em 1953, no ateliê de Fukushima, não tem muita divulgação nem alcança muita repercussão. Em 1958, a quarta exposição é realizada na Associação Cristã de Moços - ACM. É a mais divulgada delas, conta com publicação de catálogo e palestras dos críticos Lourival Gomes Machado e Sérgio Milliet. A última mostra é realizada em 1959, praticamente uma reedição da anterior, montada no mesmo local.
Após dez anos de atividade, o grupo se desfaz. Em 1992, o Escritório de Arte Magalhães Gouveia organiza uma retrospectiva do grupo.
Fonte: GRUPO Guanabara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7.