Madeleine Ribeiro Bonnet Colaço (Tânger, Marrocos, 1907 — Rio de Janeiro, RJ, 2001), mais conhecida como Madeleine Colaço foi uma artista plástica e tapeceira marroquina, conhecida por suas tapeçarias com cores vibrantes e qualidade incomparáveis, que ganharam maior destaque no Brasil e no mundo. Criadora do ponto brasileiro, Madeleine tornou-se referência mundial e nacional, deixando um legado na arte da tapeçaria do mundo.
Biografia – Itaú Cultural
Marroquina, Madeleine Ribeiro Bonnet é filha de pai francês e mãe norte americana e também tem uma irmã chamada Clemência.
Em 1922, aos 12 anos, muda-se para Paris, onde estuda com a sua irmã Clemência no colégio Saint Marie de Neully, completando os estudos básicos em Londres. Em 1925, durante uma de suas férias escolares, sugeriu, quase por uma brincadeira, que aproveitassem para conhecer melhor Tânger.
Retornaram, então, à cidade natal. Madeleine participou de uma excursão no Palácio de Kasbah, onde viu um grupo de moças tecendo tapetes e ficou tão encantada, que foi convidada a se juntar a elas. Este foi o primeiro contato da artista com a arte têxtil. A partir daquela experiência, tornou-se aprendiz na arte da tapeçaria na escola do Palácio de Kasbah.
Nos anos seguintes, em viagens para Inglaterra e França, estudou coleções de tapeçaria em diferentes museus.
Em 1928, com apenas 21 anos, muda-se para Lisboa, onde conhece e aprende a técnica tradicional do ponto de Arraiolos, desenvolvida desde o século XVI na pequena cidade com o mesmo nome. Neste mesmo ano conheceu o escritor, jornalista e intelectual português Tomaz Ribeiro Colaço, que mais tarde tornou-se o seu marido. Após se casarem, Madeleine adotou o sobrenome Colaço, pelo qual é mundialmente conhecida.
Ambos viveram na Espanha e, no ano seguinte, em 1929, nasce Concessa Colaço. Em 1940, mudaram-se para o Brasil, escolhendo inicialmente a cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, para morar. Nesta época, a tapeçaria de Madeleine sofre influências de cores e formas brasileiras, sendo retratada em suas obras a flora e fauna do Brasil.
Em 1949, a família de Medeleine comprou uma fazenda no Espraiado, na serra de Maricá, há 70 km do Rio de Janeiro. A casa era um antigo moinho de farinha de mandioca, que foi reformada pelo casal e tornou-se a Escola Thomaz Colaço, centro de ensino profissionalizante voltado à alfabetização e à formação de artesãs, que se mantém ativo até 1978.
No Espraiado, Madeleine transformou a busca de mão de obra para executar as tapeçarias numa bem sucedida experiência comunitária, ensinando as mulheres e filhas de agricultores da região a bordarem.
Fascinada ao que tinha ao alcance dos olhos em sua fazenda, aves de nomes sonoros, formas e cores raras, Madeleine passou a aproveitá-las como tema recorrente de suas tapeçarias.
Madeleine desenvolveu no Brasil, um tipo de tapeçaria original, banhado de cor e de luz, usando fios e pontos diversos, sobre uma entretela pré-existente, nada mais além disso.
Na sua busca por algo novo, Madeleine criou um ponto de bordado, que ficou conhecido como ponto Colaço e, posteriormente, como ponto brasileiro, tal como foi registrada no Centre Internacional de la Tapisserie Ancienne et Moderne (Centro Internacional da Tapeçaria Antiga e Moderna), em Lausanne, Suíça, com a ajuda de Marie Cuttoli, artista muito importante da arte e tapeçaria francesa.
Realiza sua primeira mostra individual em 1953, no Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro. Entre as décadas de 1960 e 1990, exibe suas obras no país e no exterior. De 1986 a 2000, expõe bienalmente na Galeria Jacques Ardies, em São Paulo. Em 1987, recebe do governo brasileiro a comenda da Ordem de Rio Branco.
Comentário crítico
A obra de Madeleine Colaço ocupa posição de destaque na história da tapeçaria no Brasil. E o impacto que a convivência com a natureza e a cultura brasileiras, desde a década de 1940, têm em seu trabalho é decisivo para a consolidação dessa posição. Isso porque, da técnica de bordado aos motivos e padrões ornamentais, as tapeçarias de Colaço incorporam aspectos característicos do país. No caso do "ponto brasileiro", assim batizado pela colecionadora francesa Marie Cuttoli (1879-1973), é o ritmo e a cadência do samba que são incorporados à técnica do bordado. Diz a artista: "Eu escutava um samba [...] quando percebi que o ato de bordar também poderia ter uma cadência, impor um ritmo à agulha".
Os "sambas bordados" de Colaço, como têm sido chamados, tomam por base o ponto de Arraiolos, aprendido em Portugal, mas introduzem variações, incorporando o imprevisto e o aleatório. Ao invés de trabalhar sempre numa mesma direção, como é a norma no ponto português, a artista propõe um "modo livre e criativo de trabalhar com a agulha, sem qualquer direção pré-determinada". Essa liberdade se estende a outros aspectos técnicos: a artista não produz cartões preparatórios, mas desenha os motivos diretamente na tela; escolhe materiais variados, desde lã e algodão a fios acrílicos e metálicos, realizando muitas vezes misturas ousadas de cores.
Os motivos inspiram-se principalmente na exuberância da fauna e flora brasileiras, mas também nas festas e em personagens populares, nos azulejos e na arquitetura das casas e igrejas coloniais. Estas últimas transformam-se em padrões geométricos que, aliados ao colorido, chegam por vezes a lembrar a pintura de Alfredo Volpi (1896-1988).
Exposições Individuais
1953 - Individual Madeleine Colaço no Ministério da Educação e Cultura, Rio de Janeiro, RJ
Exposições Coletivas
30.11.1972 - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, São Paulo, SP
1974 - 1ª Mostra Brasileira de Tapeçaria
11.10.1980 - Encontro de Tapeceiros Nacionais do Estado de São Paulo
09.10.1982 - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste
08.04.1987 - 20ª Chapel Art Show
27.04.1988 - 21ª Chapel Art Show
22.11.1994 - Grande Exposição de Arte Naif Brasileira
21.11.2000 - Arte Naif
Exposições Póstumas
11.06.2002 - Arte Naïf 2002
19.11.2002 - Arte Naïf 2002
2009 - "Madeleine Colaço: a tapeceira dos trópicos", Salvador, BA
2009 - "Madeleine Colaço: a tapeceira dos trópicos", Rio de Janeiro, RJ
2011 - Arte Naïf 2011
2018 - Artistas no Acervo da CAIXA, Caixa Cultural Brasília, DF
Fonte: MADELEINE Colaço. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 03 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia - Galeria de Arte André
Um dos nomes mais importantes da tapeçaria brasileira, Madeleine Ribeiro Colaço estudou tapeçaria no Marrocos, França, Inglaterra e Portugal, seguindo uma tradição familiar que remontava ao seu bisavô, que era tapeceiro de Lyon, França. Seus temas preferidos foram fauna e flora brasileiras, igrejas, fachadas coloniais, festas, paisagens, "sambas" e a estética barroca em suas várias manifestações.
Em seus trabalhos misturou seda, lã, algodão e fios metálicos. Criou um bordado, chamado de "ponto brasileiro" - uma nova maneira de bordar, trabalhando ao acaso em todas as direções e fugindo de um desenho rígido - registrado no Centre Internacional de la Tapisserie, em Lausanne, na Suíça.
A nova técnica, aliada à sensibilidade e às vivências internacionais de Madeleine, que incluía culturas diferentes, brasileiras, marroquinas e francesas, resultou numa arte colorida e refinada, muito distante do simples artesanato. 1928 - Casou com o jornalista português Thomaz Ribeiro Colaço. 1940 - Veio morar no Brasil com o marido, fugindo da ditadura de Salazar, em Portugal. 1963 - Expôs, pela primeira vez, suas tapeçarias bordadas no Rio de Janeiro. Manteve, ao longo de muitos anos, um ateliê com dezenas de artesãs perto de Maricá, RJ.
Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil, EUA e, principalmente, na Europa. Foram organizadas, entre outras, duas exposições póstumas com os seus trabalhos: 2007 - Galeria Jacques Ardies, São Paulo, SP. 2009 - Madeleine Colaço - A Tapeceira dos Trópicos, Caixa Cultural, Salvador, BA.
Fonte: Galeria de Arte André, "Madeleine Colaço". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.
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Madeleine Colaço - Mapa de Cultura
Madeleine Colaço foi a tapeceira que inventou o "ponto brasileiro" - o primeiro ponto de costura novo na arte da tapeçaria criado nos últimos 400 anos. Ele foi chamado apropriadamente de Samba ou The Brazilian Point e abandonou os padrões lineares usuais.
O nome surgiu do movimento que faz - "leva o ponto pra cá, leva o ponto pra lá", como se a agulha dançasse na tela. As principais inspirações de Madeleine foram a fauna, a flora e o folclore brasileiros.
Madeleine Mathews Bonne nasceu em 1907 em Tanger, no Marrocos, de mãe americana e pai francês. Casou-se com o jornalista e escritor português, Thomaz Ribeiro Colaço. Com a perseguição política da ditadura Salazar, em Portugal, Madeleine e Thomaz emigraram para o Brasil com os filhos Concessa e Jorge.
Na propriedade do Espraiado, em Maricá, Madeleine continuou a dedicar-se à sua arte: os tapetes. Ela estudou tapeçaria no Marrocos, Inglaterra, França e Portugal e tornou-se conhecida na Europa e nos Estados Unidos. Em 1987, foi condecorada pelo governo brasileiro com a Ordem de Rio Branco.
Madeleine manteve no Espraiado uma escola para crianças onde as ensinou, por 27 anos, a ler, escrever e a confeccionar tapetes com o estilo e a técnica que havia desenvolvido. A casa do Espraiado, cercada de matas, flores e animais, foi o local onde produziu a maior parte de sua obra. Madeleine Colaço faleceu no Rio de Janeiro, em 2001, aos 94 anos de idade.
Família
A família Colaço tem tradição artística há gerações. Thomaz Ribeiro Colaço, escritor e jornalista, fundou e dirigiu em Portugal o semanário literário O Fradique, no início do século XX.
Jorge Colaço, filho de Thomaz e Madeleine, foi um dos maiores azulejistas de Portugal na primeira metade do século XX, onde executou vários projetos de prédios públicos e palácios. Também há obras dele no exterior e no Brasil. Sua arte em azulejos adorna residências particulares no Rio e em São Paulo.
Concessa Colaço, a irmã, também dedicou sua vida à tapeçaria, desenvolvendo uma carreira internacional. Atualmente reside em Maricá o neto da tapeceira Madeleine, o artista plástico Edymundo Colaço, que mantém na cidade atelier de pintura e cerâmica.
Fonte: Mapa de Cultura, "Madeleine Colaço". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.
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Biografia - Madeleine Colaço
Madeleine Colaço, Brasileira nascida em Tânger em 1907, de pais franco-americanos, casou-se em 1928 com o escritor e jornalista português Thomaz Ribeiro Colaço. Em 1940 o casal transferiu-se para o Brasil, fugindo da ditadura de Salazar.
Estudou a arte da tapeçaria no Marrocos, na França, na Inglaterra e em Portugal criando um ponto bordado batizado por Marie Cutolie de Ponto Brasileiro.
Os "sambas" bordados de Madeleine Colaço, utilizando uma frase que ela mesma inventou, são dominados pelos ritmos pulsantes alcançados através de uma justaposição de cor e texturas sutis. Ela consegue este efeito em parte com a mistura de fios de diversos materiais: lã, seda, algodão e fios metálicos e também com uma mistura de pontos: o Ponto Brasileiro (criado por ela) o "point coulée" (ponto usado na célebre tapeçaria da Reine Matilde no séc. XI) e arraiolos.
O seu bisavó Antoine Bonnet desenhava os brocados de seda fabricados em Lyon no século passado.
Ponto Brasileiro
O ponto brasileiro deve ser trabalhado em todas as direções e com um jeito irregular, ao acaso, para que não haja uma estrutura rígida.
A agulha sambando produz um ponto que age como a pincelada do pintor, retrocedendo no fundo da tapeçaria, chegando a ser simplesmente um meio de alcançar, no fim, o efeito artístico desejado.
O livro
O livro "Madeleine Colaço", da Editora Index, foi lançado em 1998 e fala sobre a vida e a obra da artista, abordando o Ponto Brasileiro e apresentando algumas tapeçarias.
Fonte: Madeleine Colaço. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
O legado de Madeleine
Os trabalhos feitos pelas "Tapeceiras do Espraiado" são resultados da técnica do "Ponto Brasileiro" aprendida com Madeleine Colaço. Atualmente, o Ateliê da Ilma Macedo é destaque nas edições do "Espraiado de Portas Abertas" (evento de turismo rural no bairro do Espraiado/Maricá).
O Ateliê é o berço de criação, produção e comercialização das "Tapeceiras do Espraiado", que se dedicam à arte aprendida quando tinham 9, 10, 12 anos de idade. Ilma Macedo, uma das poucas remanescentes alunas de Madeleine Colaço, e suas amigas conhecidas como "Tapeceiras do Espraiado" se esforçam para manter viva a arte de uma técnica tão única que recebeu o nome de "Ponto Brasileiro" e também conhecido como "samba bordado" porque para Madeleine Colaço, a agulha se tornava um pandeiro”.
O "Ponto Brasileiro" foi criado nas terras do Espraiado, e depois foi registrado no Centro Internacional da Tapeçaria Antiga e Moderna, em Lausanne, na Suíça.
Mas, as "Tapeceiras do Espraiado" além de confeccionarem tapeçarias de grande porte, também produzem tapeçarias menores, almofadas, mochilas e bolsas. São peças primorosas, verdadeiras obras de arte.
Documentário sobre as tapeceiras do Espraiado
Em 2017, o atual prefeito da cidade de Maricá (RJ), Fabiano Horta, tinha feito um pedido às escolas de samba para que, quando o carnaval retornasse, o samba enredo contasse a história da cidade. A carnavalesca e artista plástica Beth Morgado trouxe a ideia de apresentar a história das tapeceiras, relembrando a passagem de Madeleine Colaço, sua filha Concessa Colaço e o legado da família Colaço, a legião de tapeceiras que aprenderam a arte da tapeçaria e até hoje produzem tapetes, bolsas, carteiras e outros produtos com o "ponto brasileiro", primeira técnica criada no Brasil, na cidade de Maricá, pela mestre tapeceira Madeleine Colaço na década de 50.
Concessa Colaço
Natural de Portugal Concessa Colaço (1929) é filha de Madeleine e Thomaz Colaço. Herdou de sua mãe o talento para a tapeçaria. Iniciou-se na tapeçaria no final dos anos 60, ampliando a oficina de sua mãe e, assim como sua genitora, também criou um novo ponto, o “corrido”, inspirado nas tapeçarias do século XI, da Rainha Matilde da França. Seus trabalhos utilizam lãs e sedas naturais, nunca materiais sintéticos.
Suas obras possuem amplo reconhecimento nacional e internacional, já tendo sido vendidas para inúmeras celebridades mundiais, tais como, por exemplo, a Rainha Fabiola da Bélgica e a socialite Lourdes Catão, dentre várias outras. Tapeçarias de Concessa Colaço também integram a decoração do Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente do Brasil.
Dedicando-se também, de forma paralela e esporádica, ao campo musical, Concessa Colaço chegou a ter um samba de sua autoria - “A Verdade da Vida” - gravado por Elizeth Cardoso.
Fonte: Arnaldo Chieus, "Concessa Colaço, Mestre Tapeceira", publicado em 22 de julho de 2015. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Arte da Tapeçaria do Espraiado é tombada pela Prefeitura
“A gente crê que vai vencer, tem que ter esperança.” A frase é de Vera Lúcia, uma das tapeceiras do grupo que resiste no Espraiado. Vera, Ilma Macedo e Maria de Lourdes Pereira formam o grupo de tapeceiras que aprenderam o ofício com Madeleine Colaço e que agora têm um motivo a mais para sorrir: a Prefeitura declarou no último dia 15/01, a Arte da Tapeçaria do Espraiado como Patrimônio Histórico, Artístico, Ambiental e Cultural do município.
O subsecretário de Comércio, Empreendedorismo e Defesa do Consumidor, Luciano Leal, contou que a iniciativa pretende estimular o crescimento da arte. “O tombamento visa a criação de políticas públicas de fortalecimento da arte na cidade. Esta proposta consiste na estruturação das ações de proteção e conservação da Arte da Tapeçaria, difundida e enraizada no bairro do Espraiado”, disse.
Ainda segundo Luciano, esse tombamento é uma forma de fortalecer as raízes culturais da cidade. “Antes de pensar no futuro é importante conhecer e preservar na memória e fontes culturais, no sentido da afirmação de sua identidade e pertinência a sua cidade. Se as pessoas têm conhecimento de suas próprias origens e conscientemente sabem da relevância das mesmas para suas vidas, passarão a valorizar transmitindo-o para as gerações futuras”, completou.
“O tombamento é muito importante para que a arte fique viva, senão daqui a pouco ninguém fala mais sobre – ninguém mais aprende a tapeçaria”, disse a tapeceira Maria de Lourdes Pereira.
“A gente já considerava a tapeçaria patrimônio de Maricá desde que a Madeleine Colaço escolheu o Espraiado para viver. Agora, com o tombamento, a gente pode ter mais força, mais esperança de que a nossa arte não vai acabar. Com o apoio da Prefeitura estamos esperançosas de que tudo vai melhorar”, contou Ilma Macedo, que é coordenadora do grupo das tapeceiras.
Ela explicou o porquê do diferencial da arte. “Todas as telas são peças únicas, não sei em outros lugares, mas aqui inclusive fazemos pontos diferenciais, como o “rabo de rato”. Não tem bordado com esse ponto, ele foi criado pela Madeleine Colaço, que deu certo. Até hoje esse ponto é um destaque aqui para a gente”, disse.
No próximo domingo, 02/02, será realizado mais uma edição do evento “Espraiado de Portas Abertas”, onde são apresentadas bebidas, comidas, artesanato e músicas típicas do local. As obras de tapeçaria estarão disponíveis para os visitantes durante a festa. O ateliê das tapeceiras do Espraiado fica na Estrada Duas Águas, em frente ao Bar do Djalma.
Fonte: Prefeitura de Maricá, "Arte da Tapeçaria do Espraiado é tombada pela Prefeitura", publicado por Vinícius Amparo, em 31 de janeiro de 2020. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Curiosidades
O ex-presidente do Brasil, Michel Temer, fez uma visita ao presente da China, na época Xi Jinping, e levou dois presentes: uma camisa autografada do jogador de futebol Pelé e um tapete de Madeleine Colaço.
Fontes:
Veja, "Temer entrega camisa autografada por Pelé a Xi Jinping", matéria escrita e publicada por Gabriel Mascarenhas, em 1 de setembro de 2017. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
M1News, "Documentário: Tapeceiras do Espraiado - Legado de Madeleine Colaço", publicado em 15 de abril de 2019. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Crédito fotográfico: Site Madeleine Colaço. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Madeleine Ribeiro Bonnet Colaço (Tânger, Marrocos, 1907 — Rio de Janeiro, RJ, 2001), mais conhecida como Madeleine Colaço foi uma artista plástica e tapeceira marroquina, conhecida por suas tapeçarias com cores vibrantes e qualidade incomparáveis, que ganharam maior destaque no Brasil e no mundo. Criadora do ponto brasileiro, Madeleine tornou-se referência mundial e nacional, deixando um legado na arte da tapeçaria do mundo.
Biografia – Itaú Cultural
Marroquina, Madeleine Ribeiro Bonnet é filha de pai francês e mãe norte americana e também tem uma irmã chamada Clemência.
Em 1922, aos 12 anos, muda-se para Paris, onde estuda com a sua irmã Clemência no colégio Saint Marie de Neully, completando os estudos básicos em Londres. Em 1925, durante uma de suas férias escolares, sugeriu, quase por uma brincadeira, que aproveitassem para conhecer melhor Tânger.
Retornaram, então, à cidade natal. Madeleine participou de uma excursão no Palácio de Kasbah, onde viu um grupo de moças tecendo tapetes e ficou tão encantada, que foi convidada a se juntar a elas. Este foi o primeiro contato da artista com a arte têxtil. A partir daquela experiência, tornou-se aprendiz na arte da tapeçaria na escola do Palácio de Kasbah.
Nos anos seguintes, em viagens para Inglaterra e França, estudou coleções de tapeçaria em diferentes museus.
Em 1928, com apenas 21 anos, muda-se para Lisboa, onde conhece e aprende a técnica tradicional do ponto de Arraiolos, desenvolvida desde o século XVI na pequena cidade com o mesmo nome. Neste mesmo ano conheceu o escritor, jornalista e intelectual português Tomaz Ribeiro Colaço, que mais tarde tornou-se o seu marido. Após se casarem, Madeleine adotou o sobrenome Colaço, pelo qual é mundialmente conhecida.
Ambos viveram na Espanha e, no ano seguinte, em 1929, nasce Concessa Colaço. Em 1940, mudaram-se para o Brasil, escolhendo inicialmente a cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, para morar. Nesta época, a tapeçaria de Madeleine sofre influências de cores e formas brasileiras, sendo retratada em suas obras a flora e fauna do Brasil.
Em 1949, a família de Medeleine comprou uma fazenda no Espraiado, na serra de Maricá, há 70 km do Rio de Janeiro. A casa era um antigo moinho de farinha de mandioca, que foi reformada pelo casal e tornou-se a Escola Thomaz Colaço, centro de ensino profissionalizante voltado à alfabetização e à formação de artesãs, que se mantém ativo até 1978.
No Espraiado, Madeleine transformou a busca de mão de obra para executar as tapeçarias numa bem sucedida experiência comunitária, ensinando as mulheres e filhas de agricultores da região a bordarem.
Fascinada ao que tinha ao alcance dos olhos em sua fazenda, aves de nomes sonoros, formas e cores raras, Madeleine passou a aproveitá-las como tema recorrente de suas tapeçarias.
Madeleine desenvolveu no Brasil, um tipo de tapeçaria original, banhado de cor e de luz, usando fios e pontos diversos, sobre uma entretela pré-existente, nada mais além disso.
Na sua busca por algo novo, Madeleine criou um ponto de bordado, que ficou conhecido como ponto Colaço e, posteriormente, como ponto brasileiro, tal como foi registrada no Centre Internacional de la Tapisserie Ancienne et Moderne (Centro Internacional da Tapeçaria Antiga e Moderna), em Lausanne, Suíça, com a ajuda de Marie Cuttoli, artista muito importante da arte e tapeçaria francesa.
Realiza sua primeira mostra individual em 1953, no Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro. Entre as décadas de 1960 e 1990, exibe suas obras no país e no exterior. De 1986 a 2000, expõe bienalmente na Galeria Jacques Ardies, em São Paulo. Em 1987, recebe do governo brasileiro a comenda da Ordem de Rio Branco.
Comentário crítico
A obra de Madeleine Colaço ocupa posição de destaque na história da tapeçaria no Brasil. E o impacto que a convivência com a natureza e a cultura brasileiras, desde a década de 1940, têm em seu trabalho é decisivo para a consolidação dessa posição. Isso porque, da técnica de bordado aos motivos e padrões ornamentais, as tapeçarias de Colaço incorporam aspectos característicos do país. No caso do "ponto brasileiro", assim batizado pela colecionadora francesa Marie Cuttoli (1879-1973), é o ritmo e a cadência do samba que são incorporados à técnica do bordado. Diz a artista: "Eu escutava um samba [...] quando percebi que o ato de bordar também poderia ter uma cadência, impor um ritmo à agulha".
Os "sambas bordados" de Colaço, como têm sido chamados, tomam por base o ponto de Arraiolos, aprendido em Portugal, mas introduzem variações, incorporando o imprevisto e o aleatório. Ao invés de trabalhar sempre numa mesma direção, como é a norma no ponto português, a artista propõe um "modo livre e criativo de trabalhar com a agulha, sem qualquer direção pré-determinada". Essa liberdade se estende a outros aspectos técnicos: a artista não produz cartões preparatórios, mas desenha os motivos diretamente na tela; escolhe materiais variados, desde lã e algodão a fios acrílicos e metálicos, realizando muitas vezes misturas ousadas de cores.
Os motivos inspiram-se principalmente na exuberância da fauna e flora brasileiras, mas também nas festas e em personagens populares, nos azulejos e na arquitetura das casas e igrejas coloniais. Estas últimas transformam-se em padrões geométricos que, aliados ao colorido, chegam por vezes a lembrar a pintura de Alfredo Volpi (1896-1988).
Exposições Individuais
1953 - Individual Madeleine Colaço no Ministério da Educação e Cultura, Rio de Janeiro, RJ
Exposições Coletivas
30.11.1972 - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, São Paulo, SP
1974 - 1ª Mostra Brasileira de Tapeçaria
11.10.1980 - Encontro de Tapeceiros Nacionais do Estado de São Paulo
09.10.1982 - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste
08.04.1987 - 20ª Chapel Art Show
27.04.1988 - 21ª Chapel Art Show
22.11.1994 - Grande Exposição de Arte Naif Brasileira
21.11.2000 - Arte Naif
Exposições Póstumas
11.06.2002 - Arte Naïf 2002
19.11.2002 - Arte Naïf 2002
2009 - "Madeleine Colaço: a tapeceira dos trópicos", Salvador, BA
2009 - "Madeleine Colaço: a tapeceira dos trópicos", Rio de Janeiro, RJ
2011 - Arte Naïf 2011
2018 - Artistas no Acervo da CAIXA, Caixa Cultural Brasília, DF
Fonte: MADELEINE Colaço. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 03 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia - Galeria de Arte André
Um dos nomes mais importantes da tapeçaria brasileira, Madeleine Ribeiro Colaço estudou tapeçaria no Marrocos, França, Inglaterra e Portugal, seguindo uma tradição familiar que remontava ao seu bisavô, que era tapeceiro de Lyon, França. Seus temas preferidos foram fauna e flora brasileiras, igrejas, fachadas coloniais, festas, paisagens, "sambas" e a estética barroca em suas várias manifestações.
Em seus trabalhos misturou seda, lã, algodão e fios metálicos. Criou um bordado, chamado de "ponto brasileiro" - uma nova maneira de bordar, trabalhando ao acaso em todas as direções e fugindo de um desenho rígido - registrado no Centre Internacional de la Tapisserie, em Lausanne, na Suíça.
A nova técnica, aliada à sensibilidade e às vivências internacionais de Madeleine, que incluía culturas diferentes, brasileiras, marroquinas e francesas, resultou numa arte colorida e refinada, muito distante do simples artesanato. 1928 - Casou com o jornalista português Thomaz Ribeiro Colaço. 1940 - Veio morar no Brasil com o marido, fugindo da ditadura de Salazar, em Portugal. 1963 - Expôs, pela primeira vez, suas tapeçarias bordadas no Rio de Janeiro. Manteve, ao longo de muitos anos, um ateliê com dezenas de artesãs perto de Maricá, RJ.
Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil, EUA e, principalmente, na Europa. Foram organizadas, entre outras, duas exposições póstumas com os seus trabalhos: 2007 - Galeria Jacques Ardies, São Paulo, SP. 2009 - Madeleine Colaço - A Tapeceira dos Trópicos, Caixa Cultural, Salvador, BA.
Fonte: Galeria de Arte André, "Madeleine Colaço". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.
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Madeleine Colaço - Mapa de Cultura
Madeleine Colaço foi a tapeceira que inventou o "ponto brasileiro" - o primeiro ponto de costura novo na arte da tapeçaria criado nos últimos 400 anos. Ele foi chamado apropriadamente de Samba ou The Brazilian Point e abandonou os padrões lineares usuais.
O nome surgiu do movimento que faz - "leva o ponto pra cá, leva o ponto pra lá", como se a agulha dançasse na tela. As principais inspirações de Madeleine foram a fauna, a flora e o folclore brasileiros.
Madeleine Mathews Bonne nasceu em 1907 em Tanger, no Marrocos, de mãe americana e pai francês. Casou-se com o jornalista e escritor português, Thomaz Ribeiro Colaço. Com a perseguição política da ditadura Salazar, em Portugal, Madeleine e Thomaz emigraram para o Brasil com os filhos Concessa e Jorge.
Na propriedade do Espraiado, em Maricá, Madeleine continuou a dedicar-se à sua arte: os tapetes. Ela estudou tapeçaria no Marrocos, Inglaterra, França e Portugal e tornou-se conhecida na Europa e nos Estados Unidos. Em 1987, foi condecorada pelo governo brasileiro com a Ordem de Rio Branco.
Madeleine manteve no Espraiado uma escola para crianças onde as ensinou, por 27 anos, a ler, escrever e a confeccionar tapetes com o estilo e a técnica que havia desenvolvido. A casa do Espraiado, cercada de matas, flores e animais, foi o local onde produziu a maior parte de sua obra. Madeleine Colaço faleceu no Rio de Janeiro, em 2001, aos 94 anos de idade.
Família
A família Colaço tem tradição artística há gerações. Thomaz Ribeiro Colaço, escritor e jornalista, fundou e dirigiu em Portugal o semanário literário O Fradique, no início do século XX.
Jorge Colaço, filho de Thomaz e Madeleine, foi um dos maiores azulejistas de Portugal na primeira metade do século XX, onde executou vários projetos de prédios públicos e palácios. Também há obras dele no exterior e no Brasil. Sua arte em azulejos adorna residências particulares no Rio e em São Paulo.
Concessa Colaço, a irmã, também dedicou sua vida à tapeçaria, desenvolvendo uma carreira internacional. Atualmente reside em Maricá o neto da tapeceira Madeleine, o artista plástico Edymundo Colaço, que mantém na cidade atelier de pintura e cerâmica.
Fonte: Mapa de Cultura, "Madeleine Colaço". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.
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Biografia - Madeleine Colaço
Madeleine Colaço, Brasileira nascida em Tânger em 1907, de pais franco-americanos, casou-se em 1928 com o escritor e jornalista português Thomaz Ribeiro Colaço. Em 1940 o casal transferiu-se para o Brasil, fugindo da ditadura de Salazar.
Estudou a arte da tapeçaria no Marrocos, na França, na Inglaterra e em Portugal criando um ponto bordado batizado por Marie Cutolie de Ponto Brasileiro.
Os "sambas" bordados de Madeleine Colaço, utilizando uma frase que ela mesma inventou, são dominados pelos ritmos pulsantes alcançados através de uma justaposição de cor e texturas sutis. Ela consegue este efeito em parte com a mistura de fios de diversos materiais: lã, seda, algodão e fios metálicos e também com uma mistura de pontos: o Ponto Brasileiro (criado por ela) o "point coulée" (ponto usado na célebre tapeçaria da Reine Matilde no séc. XI) e arraiolos.
O seu bisavó Antoine Bonnet desenhava os brocados de seda fabricados em Lyon no século passado.
Ponto Brasileiro
O ponto brasileiro deve ser trabalhado em todas as direções e com um jeito irregular, ao acaso, para que não haja uma estrutura rígida.
A agulha sambando produz um ponto que age como a pincelada do pintor, retrocedendo no fundo da tapeçaria, chegando a ser simplesmente um meio de alcançar, no fim, o efeito artístico desejado.
O livro
O livro "Madeleine Colaço", da Editora Index, foi lançado em 1998 e fala sobre a vida e a obra da artista, abordando o Ponto Brasileiro e apresentando algumas tapeçarias.
Fonte: Madeleine Colaço. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
O legado de Madeleine
Os trabalhos feitos pelas "Tapeceiras do Espraiado" são resultados da técnica do "Ponto Brasileiro" aprendida com Madeleine Colaço. Atualmente, o Ateliê da Ilma Macedo é destaque nas edições do "Espraiado de Portas Abertas" (evento de turismo rural no bairro do Espraiado/Maricá).
O Ateliê é o berço de criação, produção e comercialização das "Tapeceiras do Espraiado", que se dedicam à arte aprendida quando tinham 9, 10, 12 anos de idade. Ilma Macedo, uma das poucas remanescentes alunas de Madeleine Colaço, e suas amigas conhecidas como "Tapeceiras do Espraiado" se esforçam para manter viva a arte de uma técnica tão única que recebeu o nome de "Ponto Brasileiro" e também conhecido como "samba bordado" porque para Madeleine Colaço, a agulha se tornava um pandeiro”.
O "Ponto Brasileiro" foi criado nas terras do Espraiado, e depois foi registrado no Centro Internacional da Tapeçaria Antiga e Moderna, em Lausanne, na Suíça.
Mas, as "Tapeceiras do Espraiado" além de confeccionarem tapeçarias de grande porte, também produzem tapeçarias menores, almofadas, mochilas e bolsas. São peças primorosas, verdadeiras obras de arte.
Documentário sobre as tapeceiras do Espraiado
Em 2017, o atual prefeito da cidade de Maricá (RJ), Fabiano Horta, tinha feito um pedido às escolas de samba para que, quando o carnaval retornasse, o samba enredo contasse a história da cidade. A carnavalesca e artista plástica Beth Morgado trouxe a ideia de apresentar a história das tapeceiras, relembrando a passagem de Madeleine Colaço, sua filha Concessa Colaço e o legado da família Colaço, a legião de tapeceiras que aprenderam a arte da tapeçaria e até hoje produzem tapetes, bolsas, carteiras e outros produtos com o "ponto brasileiro", primeira técnica criada no Brasil, na cidade de Maricá, pela mestre tapeceira Madeleine Colaço na década de 50.
Concessa Colaço
Natural de Portugal Concessa Colaço (1929) é filha de Madeleine e Thomaz Colaço. Herdou de sua mãe o talento para a tapeçaria. Iniciou-se na tapeçaria no final dos anos 60, ampliando a oficina de sua mãe e, assim como sua genitora, também criou um novo ponto, o “corrido”, inspirado nas tapeçarias do século XI, da Rainha Matilde da França. Seus trabalhos utilizam lãs e sedas naturais, nunca materiais sintéticos.
Suas obras possuem amplo reconhecimento nacional e internacional, já tendo sido vendidas para inúmeras celebridades mundiais, tais como, por exemplo, a Rainha Fabiola da Bélgica e a socialite Lourdes Catão, dentre várias outras. Tapeçarias de Concessa Colaço também integram a decoração do Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente do Brasil.
Dedicando-se também, de forma paralela e esporádica, ao campo musical, Concessa Colaço chegou a ter um samba de sua autoria - “A Verdade da Vida” - gravado por Elizeth Cardoso.
Fonte: Arnaldo Chieus, "Concessa Colaço, Mestre Tapeceira", publicado em 22 de julho de 2015. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Arte da Tapeçaria do Espraiado é tombada pela Prefeitura
“A gente crê que vai vencer, tem que ter esperança.” A frase é de Vera Lúcia, uma das tapeceiras do grupo que resiste no Espraiado. Vera, Ilma Macedo e Maria de Lourdes Pereira formam o grupo de tapeceiras que aprenderam o ofício com Madeleine Colaço e que agora têm um motivo a mais para sorrir: a Prefeitura declarou no último dia 15/01, a Arte da Tapeçaria do Espraiado como Patrimônio Histórico, Artístico, Ambiental e Cultural do município.
O subsecretário de Comércio, Empreendedorismo e Defesa do Consumidor, Luciano Leal, contou que a iniciativa pretende estimular o crescimento da arte. “O tombamento visa a criação de políticas públicas de fortalecimento da arte na cidade. Esta proposta consiste na estruturação das ações de proteção e conservação da Arte da Tapeçaria, difundida e enraizada no bairro do Espraiado”, disse.
Ainda segundo Luciano, esse tombamento é uma forma de fortalecer as raízes culturais da cidade. “Antes de pensar no futuro é importante conhecer e preservar na memória e fontes culturais, no sentido da afirmação de sua identidade e pertinência a sua cidade. Se as pessoas têm conhecimento de suas próprias origens e conscientemente sabem da relevância das mesmas para suas vidas, passarão a valorizar transmitindo-o para as gerações futuras”, completou.
“O tombamento é muito importante para que a arte fique viva, senão daqui a pouco ninguém fala mais sobre – ninguém mais aprende a tapeçaria”, disse a tapeceira Maria de Lourdes Pereira.
“A gente já considerava a tapeçaria patrimônio de Maricá desde que a Madeleine Colaço escolheu o Espraiado para viver. Agora, com o tombamento, a gente pode ter mais força, mais esperança de que a nossa arte não vai acabar. Com o apoio da Prefeitura estamos esperançosas de que tudo vai melhorar”, contou Ilma Macedo, que é coordenadora do grupo das tapeceiras.
Ela explicou o porquê do diferencial da arte. “Todas as telas são peças únicas, não sei em outros lugares, mas aqui inclusive fazemos pontos diferenciais, como o “rabo de rato”. Não tem bordado com esse ponto, ele foi criado pela Madeleine Colaço, que deu certo. Até hoje esse ponto é um destaque aqui para a gente”, disse.
No próximo domingo, 02/02, será realizado mais uma edição do evento “Espraiado de Portas Abertas”, onde são apresentadas bebidas, comidas, artesanato e músicas típicas do local. As obras de tapeçaria estarão disponíveis para os visitantes durante a festa. O ateliê das tapeceiras do Espraiado fica na Estrada Duas Águas, em frente ao Bar do Djalma.
Fonte: Prefeitura de Maricá, "Arte da Tapeçaria do Espraiado é tombada pela Prefeitura", publicado por Vinícius Amparo, em 31 de janeiro de 2020. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Curiosidades
O ex-presidente do Brasil, Michel Temer, fez uma visita ao presente da China, na época Xi Jinping, e levou dois presentes: uma camisa autografada do jogador de futebol Pelé e um tapete de Madeleine Colaço.
Fontes:
Veja, "Temer entrega camisa autografada por Pelé a Xi Jinping", matéria escrita e publicada por Gabriel Mascarenhas, em 1 de setembro de 2017. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
M1News, "Documentário: Tapeceiras do Espraiado - Legado de Madeleine Colaço", publicado em 15 de abril de 2019. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Crédito fotográfico: Site Madeleine Colaço. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Madeleine Ribeiro Bonnet Colaço (Tânger, Marrocos, 1907 — Rio de Janeiro, RJ, 2001), mais conhecida como Madeleine Colaço foi uma artista plástica e tapeceira marroquina, conhecida por suas tapeçarias com cores vibrantes e qualidade incomparáveis, que ganharam maior destaque no Brasil e no mundo. Criadora do ponto brasileiro, Madeleine tornou-se referência mundial e nacional, deixando um legado na arte da tapeçaria do mundo.
Biografia – Itaú Cultural
Marroquina, Madeleine Ribeiro Bonnet é filha de pai francês e mãe norte americana e também tem uma irmã chamada Clemência.
Em 1922, aos 12 anos, muda-se para Paris, onde estuda com a sua irmã Clemência no colégio Saint Marie de Neully, completando os estudos básicos em Londres. Em 1925, durante uma de suas férias escolares, sugeriu, quase por uma brincadeira, que aproveitassem para conhecer melhor Tânger.
Retornaram, então, à cidade natal. Madeleine participou de uma excursão no Palácio de Kasbah, onde viu um grupo de moças tecendo tapetes e ficou tão encantada, que foi convidada a se juntar a elas. Este foi o primeiro contato da artista com a arte têxtil. A partir daquela experiência, tornou-se aprendiz na arte da tapeçaria na escola do Palácio de Kasbah.
Nos anos seguintes, em viagens para Inglaterra e França, estudou coleções de tapeçaria em diferentes museus.
Em 1928, com apenas 21 anos, muda-se para Lisboa, onde conhece e aprende a técnica tradicional do ponto de Arraiolos, desenvolvida desde o século XVI na pequena cidade com o mesmo nome. Neste mesmo ano conheceu o escritor, jornalista e intelectual português Tomaz Ribeiro Colaço, que mais tarde tornou-se o seu marido. Após se casarem, Madeleine adotou o sobrenome Colaço, pelo qual é mundialmente conhecida.
Ambos viveram na Espanha e, no ano seguinte, em 1929, nasce Concessa Colaço. Em 1940, mudaram-se para o Brasil, escolhendo inicialmente a cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, para morar. Nesta época, a tapeçaria de Madeleine sofre influências de cores e formas brasileiras, sendo retratada em suas obras a flora e fauna do Brasil.
Em 1949, a família de Medeleine comprou uma fazenda no Espraiado, na serra de Maricá, há 70 km do Rio de Janeiro. A casa era um antigo moinho de farinha de mandioca, que foi reformada pelo casal e tornou-se a Escola Thomaz Colaço, centro de ensino profissionalizante voltado à alfabetização e à formação de artesãs, que se mantém ativo até 1978.
No Espraiado, Madeleine transformou a busca de mão de obra para executar as tapeçarias numa bem sucedida experiência comunitária, ensinando as mulheres e filhas de agricultores da região a bordarem.
Fascinada ao que tinha ao alcance dos olhos em sua fazenda, aves de nomes sonoros, formas e cores raras, Madeleine passou a aproveitá-las como tema recorrente de suas tapeçarias.
Madeleine desenvolveu no Brasil, um tipo de tapeçaria original, banhado de cor e de luz, usando fios e pontos diversos, sobre uma entretela pré-existente, nada mais além disso.
Na sua busca por algo novo, Madeleine criou um ponto de bordado, que ficou conhecido como ponto Colaço e, posteriormente, como ponto brasileiro, tal como foi registrada no Centre Internacional de la Tapisserie Ancienne et Moderne (Centro Internacional da Tapeçaria Antiga e Moderna), em Lausanne, Suíça, com a ajuda de Marie Cuttoli, artista muito importante da arte e tapeçaria francesa.
Realiza sua primeira mostra individual em 1953, no Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro. Entre as décadas de 1960 e 1990, exibe suas obras no país e no exterior. De 1986 a 2000, expõe bienalmente na Galeria Jacques Ardies, em São Paulo. Em 1987, recebe do governo brasileiro a comenda da Ordem de Rio Branco.
Comentário crítico
A obra de Madeleine Colaço ocupa posição de destaque na história da tapeçaria no Brasil. E o impacto que a convivência com a natureza e a cultura brasileiras, desde a década de 1940, têm em seu trabalho é decisivo para a consolidação dessa posição. Isso porque, da técnica de bordado aos motivos e padrões ornamentais, as tapeçarias de Colaço incorporam aspectos característicos do país. No caso do "ponto brasileiro", assim batizado pela colecionadora francesa Marie Cuttoli (1879-1973), é o ritmo e a cadência do samba que são incorporados à técnica do bordado. Diz a artista: "Eu escutava um samba [...] quando percebi que o ato de bordar também poderia ter uma cadência, impor um ritmo à agulha".
Os "sambas bordados" de Colaço, como têm sido chamados, tomam por base o ponto de Arraiolos, aprendido em Portugal, mas introduzem variações, incorporando o imprevisto e o aleatório. Ao invés de trabalhar sempre numa mesma direção, como é a norma no ponto português, a artista propõe um "modo livre e criativo de trabalhar com a agulha, sem qualquer direção pré-determinada". Essa liberdade se estende a outros aspectos técnicos: a artista não produz cartões preparatórios, mas desenha os motivos diretamente na tela; escolhe materiais variados, desde lã e algodão a fios acrílicos e metálicos, realizando muitas vezes misturas ousadas de cores.
Os motivos inspiram-se principalmente na exuberância da fauna e flora brasileiras, mas também nas festas e em personagens populares, nos azulejos e na arquitetura das casas e igrejas coloniais. Estas últimas transformam-se em padrões geométricos que, aliados ao colorido, chegam por vezes a lembrar a pintura de Alfredo Volpi (1896-1988).
Exposições Individuais
1953 - Individual Madeleine Colaço no Ministério da Educação e Cultura, Rio de Janeiro, RJ
Exposições Coletivas
30.11.1972 - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, São Paulo, SP
1974 - 1ª Mostra Brasileira de Tapeçaria
11.10.1980 - Encontro de Tapeceiros Nacionais do Estado de São Paulo
09.10.1982 - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste
08.04.1987 - 20ª Chapel Art Show
27.04.1988 - 21ª Chapel Art Show
22.11.1994 - Grande Exposição de Arte Naif Brasileira
21.11.2000 - Arte Naif
Exposições Póstumas
11.06.2002 - Arte Naïf 2002
19.11.2002 - Arte Naïf 2002
2009 - "Madeleine Colaço: a tapeceira dos trópicos", Salvador, BA
2009 - "Madeleine Colaço: a tapeceira dos trópicos", Rio de Janeiro, RJ
2011 - Arte Naïf 2011
2018 - Artistas no Acervo da CAIXA, Caixa Cultural Brasília, DF
Fonte: MADELEINE Colaço. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 03 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia - Galeria de Arte André
Um dos nomes mais importantes da tapeçaria brasileira, Madeleine Ribeiro Colaço estudou tapeçaria no Marrocos, França, Inglaterra e Portugal, seguindo uma tradição familiar que remontava ao seu bisavô, que era tapeceiro de Lyon, França. Seus temas preferidos foram fauna e flora brasileiras, igrejas, fachadas coloniais, festas, paisagens, "sambas" e a estética barroca em suas várias manifestações.
Em seus trabalhos misturou seda, lã, algodão e fios metálicos. Criou um bordado, chamado de "ponto brasileiro" - uma nova maneira de bordar, trabalhando ao acaso em todas as direções e fugindo de um desenho rígido - registrado no Centre Internacional de la Tapisserie, em Lausanne, na Suíça.
A nova técnica, aliada à sensibilidade e às vivências internacionais de Madeleine, que incluía culturas diferentes, brasileiras, marroquinas e francesas, resultou numa arte colorida e refinada, muito distante do simples artesanato. 1928 - Casou com o jornalista português Thomaz Ribeiro Colaço. 1940 - Veio morar no Brasil com o marido, fugindo da ditadura de Salazar, em Portugal. 1963 - Expôs, pela primeira vez, suas tapeçarias bordadas no Rio de Janeiro. Manteve, ao longo de muitos anos, um ateliê com dezenas de artesãs perto de Maricá, RJ.
Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil, EUA e, principalmente, na Europa. Foram organizadas, entre outras, duas exposições póstumas com os seus trabalhos: 2007 - Galeria Jacques Ardies, São Paulo, SP. 2009 - Madeleine Colaço - A Tapeceira dos Trópicos, Caixa Cultural, Salvador, BA.
Fonte: Galeria de Arte André, "Madeleine Colaço". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.
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Madeleine Colaço - Mapa de Cultura
Madeleine Colaço foi a tapeceira que inventou o "ponto brasileiro" - o primeiro ponto de costura novo na arte da tapeçaria criado nos últimos 400 anos. Ele foi chamado apropriadamente de Samba ou The Brazilian Point e abandonou os padrões lineares usuais.
O nome surgiu do movimento que faz - "leva o ponto pra cá, leva o ponto pra lá", como se a agulha dançasse na tela. As principais inspirações de Madeleine foram a fauna, a flora e o folclore brasileiros.
Madeleine Mathews Bonne nasceu em 1907 em Tanger, no Marrocos, de mãe americana e pai francês. Casou-se com o jornalista e escritor português, Thomaz Ribeiro Colaço. Com a perseguição política da ditadura Salazar, em Portugal, Madeleine e Thomaz emigraram para o Brasil com os filhos Concessa e Jorge.
Na propriedade do Espraiado, em Maricá, Madeleine continuou a dedicar-se à sua arte: os tapetes. Ela estudou tapeçaria no Marrocos, Inglaterra, França e Portugal e tornou-se conhecida na Europa e nos Estados Unidos. Em 1987, foi condecorada pelo governo brasileiro com a Ordem de Rio Branco.
Madeleine manteve no Espraiado uma escola para crianças onde as ensinou, por 27 anos, a ler, escrever e a confeccionar tapetes com o estilo e a técnica que havia desenvolvido. A casa do Espraiado, cercada de matas, flores e animais, foi o local onde produziu a maior parte de sua obra. Madeleine Colaço faleceu no Rio de Janeiro, em 2001, aos 94 anos de idade.
Família
A família Colaço tem tradição artística há gerações. Thomaz Ribeiro Colaço, escritor e jornalista, fundou e dirigiu em Portugal o semanário literário O Fradique, no início do século XX.
Jorge Colaço, filho de Thomaz e Madeleine, foi um dos maiores azulejistas de Portugal na primeira metade do século XX, onde executou vários projetos de prédios públicos e palácios. Também há obras dele no exterior e no Brasil. Sua arte em azulejos adorna residências particulares no Rio e em São Paulo.
Concessa Colaço, a irmã, também dedicou sua vida à tapeçaria, desenvolvendo uma carreira internacional. Atualmente reside em Maricá o neto da tapeceira Madeleine, o artista plástico Edymundo Colaço, que mantém na cidade atelier de pintura e cerâmica.
Fonte: Mapa de Cultura, "Madeleine Colaço". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.
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Biografia - Madeleine Colaço
Madeleine Colaço, Brasileira nascida em Tânger em 1907, de pais franco-americanos, casou-se em 1928 com o escritor e jornalista português Thomaz Ribeiro Colaço. Em 1940 o casal transferiu-se para o Brasil, fugindo da ditadura de Salazar.
Estudou a arte da tapeçaria no Marrocos, na França, na Inglaterra e em Portugal criando um ponto bordado batizado por Marie Cutolie de Ponto Brasileiro.
Os "sambas" bordados de Madeleine Colaço, utilizando uma frase que ela mesma inventou, são dominados pelos ritmos pulsantes alcançados através de uma justaposição de cor e texturas sutis. Ela consegue este efeito em parte com a mistura de fios de diversos materiais: lã, seda, algodão e fios metálicos e também com uma mistura de pontos: o Ponto Brasileiro (criado por ela) o "point coulée" (ponto usado na célebre tapeçaria da Reine Matilde no séc. XI) e arraiolos.
O seu bisavó Antoine Bonnet desenhava os brocados de seda fabricados em Lyon no século passado.
Ponto Brasileiro
O ponto brasileiro deve ser trabalhado em todas as direções e com um jeito irregular, ao acaso, para que não haja uma estrutura rígida.
A agulha sambando produz um ponto que age como a pincelada do pintor, retrocedendo no fundo da tapeçaria, chegando a ser simplesmente um meio de alcançar, no fim, o efeito artístico desejado.
O livro
O livro "Madeleine Colaço", da Editora Index, foi lançado em 1998 e fala sobre a vida e a obra da artista, abordando o Ponto Brasileiro e apresentando algumas tapeçarias.
Fonte: Madeleine Colaço. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
O legado de Madeleine
Os trabalhos feitos pelas "Tapeceiras do Espraiado" são resultados da técnica do "Ponto Brasileiro" aprendida com Madeleine Colaço. Atualmente, o Ateliê da Ilma Macedo é destaque nas edições do "Espraiado de Portas Abertas" (evento de turismo rural no bairro do Espraiado/Maricá).
O Ateliê é o berço de criação, produção e comercialização das "Tapeceiras do Espraiado", que se dedicam à arte aprendida quando tinham 9, 10, 12 anos de idade. Ilma Macedo, uma das poucas remanescentes alunas de Madeleine Colaço, e suas amigas conhecidas como "Tapeceiras do Espraiado" se esforçam para manter viva a arte de uma técnica tão única que recebeu o nome de "Ponto Brasileiro" e também conhecido como "samba bordado" porque para Madeleine Colaço, a agulha se tornava um pandeiro”.
O "Ponto Brasileiro" foi criado nas terras do Espraiado, e depois foi registrado no Centro Internacional da Tapeçaria Antiga e Moderna, em Lausanne, na Suíça.
Mas, as "Tapeceiras do Espraiado" além de confeccionarem tapeçarias de grande porte, também produzem tapeçarias menores, almofadas, mochilas e bolsas. São peças primorosas, verdadeiras obras de arte.
Documentário sobre as tapeceiras do Espraiado
Em 2017, o atual prefeito da cidade de Maricá (RJ), Fabiano Horta, tinha feito um pedido às escolas de samba para que, quando o carnaval retornasse, o samba enredo contasse a história da cidade. A carnavalesca e artista plástica Beth Morgado trouxe a ideia de apresentar a história das tapeceiras, relembrando a passagem de Madeleine Colaço, sua filha Concessa Colaço e o legado da família Colaço, a legião de tapeceiras que aprenderam a arte da tapeçaria e até hoje produzem tapetes, bolsas, carteiras e outros produtos com o "ponto brasileiro", primeira técnica criada no Brasil, na cidade de Maricá, pela mestre tapeceira Madeleine Colaço na década de 50.
Concessa Colaço
Natural de Portugal Concessa Colaço (1929) é filha de Madeleine e Thomaz Colaço. Herdou de sua mãe o talento para a tapeçaria. Iniciou-se na tapeçaria no final dos anos 60, ampliando a oficina de sua mãe e, assim como sua genitora, também criou um novo ponto, o “corrido”, inspirado nas tapeçarias do século XI, da Rainha Matilde da França. Seus trabalhos utilizam lãs e sedas naturais, nunca materiais sintéticos.
Suas obras possuem amplo reconhecimento nacional e internacional, já tendo sido vendidas para inúmeras celebridades mundiais, tais como, por exemplo, a Rainha Fabiola da Bélgica e a socialite Lourdes Catão, dentre várias outras. Tapeçarias de Concessa Colaço também integram a decoração do Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente do Brasil.
Dedicando-se também, de forma paralela e esporádica, ao campo musical, Concessa Colaço chegou a ter um samba de sua autoria - “A Verdade da Vida” - gravado por Elizeth Cardoso.
Fonte: Arnaldo Chieus, "Concessa Colaço, Mestre Tapeceira", publicado em 22 de julho de 2015. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Arte da Tapeçaria do Espraiado é tombada pela Prefeitura
“A gente crê que vai vencer, tem que ter esperança.” A frase é de Vera Lúcia, uma das tapeceiras do grupo que resiste no Espraiado. Vera, Ilma Macedo e Maria de Lourdes Pereira formam o grupo de tapeceiras que aprenderam o ofício com Madeleine Colaço e que agora têm um motivo a mais para sorrir: a Prefeitura declarou no último dia 15/01, a Arte da Tapeçaria do Espraiado como Patrimônio Histórico, Artístico, Ambiental e Cultural do município.
O subsecretário de Comércio, Empreendedorismo e Defesa do Consumidor, Luciano Leal, contou que a iniciativa pretende estimular o crescimento da arte. “O tombamento visa a criação de políticas públicas de fortalecimento da arte na cidade. Esta proposta consiste na estruturação das ações de proteção e conservação da Arte da Tapeçaria, difundida e enraizada no bairro do Espraiado”, disse.
Ainda segundo Luciano, esse tombamento é uma forma de fortalecer as raízes culturais da cidade. “Antes de pensar no futuro é importante conhecer e preservar na memória e fontes culturais, no sentido da afirmação de sua identidade e pertinência a sua cidade. Se as pessoas têm conhecimento de suas próprias origens e conscientemente sabem da relevância das mesmas para suas vidas, passarão a valorizar transmitindo-o para as gerações futuras”, completou.
“O tombamento é muito importante para que a arte fique viva, senão daqui a pouco ninguém fala mais sobre – ninguém mais aprende a tapeçaria”, disse a tapeceira Maria de Lourdes Pereira.
“A gente já considerava a tapeçaria patrimônio de Maricá desde que a Madeleine Colaço escolheu o Espraiado para viver. Agora, com o tombamento, a gente pode ter mais força, mais esperança de que a nossa arte não vai acabar. Com o apoio da Prefeitura estamos esperançosas de que tudo vai melhorar”, contou Ilma Macedo, que é coordenadora do grupo das tapeceiras.
Ela explicou o porquê do diferencial da arte. “Todas as telas são peças únicas, não sei em outros lugares, mas aqui inclusive fazemos pontos diferenciais, como o “rabo de rato”. Não tem bordado com esse ponto, ele foi criado pela Madeleine Colaço, que deu certo. Até hoje esse ponto é um destaque aqui para a gente”, disse.
No próximo domingo, 02/02, será realizado mais uma edição do evento “Espraiado de Portas Abertas”, onde são apresentadas bebidas, comidas, artesanato e músicas típicas do local. As obras de tapeçaria estarão disponíveis para os visitantes durante a festa. O ateliê das tapeceiras do Espraiado fica na Estrada Duas Águas, em frente ao Bar do Djalma.
Fonte: Prefeitura de Maricá, "Arte da Tapeçaria do Espraiado é tombada pela Prefeitura", publicado por Vinícius Amparo, em 31 de janeiro de 2020. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Curiosidades
O ex-presidente do Brasil, Michel Temer, fez uma visita ao presente da China, na época Xi Jinping, e levou dois presentes: uma camisa autografada do jogador de futebol Pelé e um tapete de Madeleine Colaço.
Fontes:
Veja, "Temer entrega camisa autografada por Pelé a Xi Jinping", matéria escrita e publicada por Gabriel Mascarenhas, em 1 de setembro de 2017. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
M1News, "Documentário: Tapeceiras do Espraiado - Legado de Madeleine Colaço", publicado em 15 de abril de 2019. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Crédito fotográfico: Site Madeleine Colaço. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Madeleine Ribeiro Bonnet Colaço (Tânger, Marrocos, 1907 — Rio de Janeiro, RJ, 2001), mais conhecida como Madeleine Colaço foi uma artista plástica e tapeceira marroquina, conhecida por suas tapeçarias com cores vibrantes e qualidade incomparáveis, que ganharam maior destaque no Brasil e no mundo. Criadora do ponto brasileiro, Madeleine tornou-se referência mundial e nacional, deixando um legado na arte da tapeçaria do mundo.
Biografia – Itaú Cultural
Marroquina, Madeleine Ribeiro Bonnet é filha de pai francês e mãe norte americana e também tem uma irmã chamada Clemência.
Em 1922, aos 12 anos, muda-se para Paris, onde estuda com a sua irmã Clemência no colégio Saint Marie de Neully, completando os estudos básicos em Londres. Em 1925, durante uma de suas férias escolares, sugeriu, quase por uma brincadeira, que aproveitassem para conhecer melhor Tânger.
Retornaram, então, à cidade natal. Madeleine participou de uma excursão no Palácio de Kasbah, onde viu um grupo de moças tecendo tapetes e ficou tão encantada, que foi convidada a se juntar a elas. Este foi o primeiro contato da artista com a arte têxtil. A partir daquela experiência, tornou-se aprendiz na arte da tapeçaria na escola do Palácio de Kasbah.
Nos anos seguintes, em viagens para Inglaterra e França, estudou coleções de tapeçaria em diferentes museus.
Em 1928, com apenas 21 anos, muda-se para Lisboa, onde conhece e aprende a técnica tradicional do ponto de Arraiolos, desenvolvida desde o século XVI na pequena cidade com o mesmo nome. Neste mesmo ano conheceu o escritor, jornalista e intelectual português Tomaz Ribeiro Colaço, que mais tarde tornou-se o seu marido. Após se casarem, Madeleine adotou o sobrenome Colaço, pelo qual é mundialmente conhecida.
Ambos viveram na Espanha e, no ano seguinte, em 1929, nasce Concessa Colaço. Em 1940, mudaram-se para o Brasil, escolhendo inicialmente a cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, para morar. Nesta época, a tapeçaria de Madeleine sofre influências de cores e formas brasileiras, sendo retratada em suas obras a flora e fauna do Brasil.
Em 1949, a família de Medeleine comprou uma fazenda no Espraiado, na serra de Maricá, há 70 km do Rio de Janeiro. A casa era um antigo moinho de farinha de mandioca, que foi reformada pelo casal e tornou-se a Escola Thomaz Colaço, centro de ensino profissionalizante voltado à alfabetização e à formação de artesãs, que se mantém ativo até 1978.
No Espraiado, Madeleine transformou a busca de mão de obra para executar as tapeçarias numa bem sucedida experiência comunitária, ensinando as mulheres e filhas de agricultores da região a bordarem.
Fascinada ao que tinha ao alcance dos olhos em sua fazenda, aves de nomes sonoros, formas e cores raras, Madeleine passou a aproveitá-las como tema recorrente de suas tapeçarias.
Madeleine desenvolveu no Brasil, um tipo de tapeçaria original, banhado de cor e de luz, usando fios e pontos diversos, sobre uma entretela pré-existente, nada mais além disso.
Na sua busca por algo novo, Madeleine criou um ponto de bordado, que ficou conhecido como ponto Colaço e, posteriormente, como ponto brasileiro, tal como foi registrada no Centre Internacional de la Tapisserie Ancienne et Moderne (Centro Internacional da Tapeçaria Antiga e Moderna), em Lausanne, Suíça, com a ajuda de Marie Cuttoli, artista muito importante da arte e tapeçaria francesa.
Realiza sua primeira mostra individual em 1953, no Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro. Entre as décadas de 1960 e 1990, exibe suas obras no país e no exterior. De 1986 a 2000, expõe bienalmente na Galeria Jacques Ardies, em São Paulo. Em 1987, recebe do governo brasileiro a comenda da Ordem de Rio Branco.
Comentário crítico
A obra de Madeleine Colaço ocupa posição de destaque na história da tapeçaria no Brasil. E o impacto que a convivência com a natureza e a cultura brasileiras, desde a década de 1940, têm em seu trabalho é decisivo para a consolidação dessa posição. Isso porque, da técnica de bordado aos motivos e padrões ornamentais, as tapeçarias de Colaço incorporam aspectos característicos do país. No caso do "ponto brasileiro", assim batizado pela colecionadora francesa Marie Cuttoli (1879-1973), é o ritmo e a cadência do samba que são incorporados à técnica do bordado. Diz a artista: "Eu escutava um samba [...] quando percebi que o ato de bordar também poderia ter uma cadência, impor um ritmo à agulha".
Os "sambas bordados" de Colaço, como têm sido chamados, tomam por base o ponto de Arraiolos, aprendido em Portugal, mas introduzem variações, incorporando o imprevisto e o aleatório. Ao invés de trabalhar sempre numa mesma direção, como é a norma no ponto português, a artista propõe um "modo livre e criativo de trabalhar com a agulha, sem qualquer direção pré-determinada". Essa liberdade se estende a outros aspectos técnicos: a artista não produz cartões preparatórios, mas desenha os motivos diretamente na tela; escolhe materiais variados, desde lã e algodão a fios acrílicos e metálicos, realizando muitas vezes misturas ousadas de cores.
Os motivos inspiram-se principalmente na exuberância da fauna e flora brasileiras, mas também nas festas e em personagens populares, nos azulejos e na arquitetura das casas e igrejas coloniais. Estas últimas transformam-se em padrões geométricos que, aliados ao colorido, chegam por vezes a lembrar a pintura de Alfredo Volpi (1896-1988).
Exposições Individuais
1953 - Individual Madeleine Colaço no Ministério da Educação e Cultura, Rio de Janeiro, RJ
Exposições Coletivas
30.11.1972 - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, São Paulo, SP
1974 - 1ª Mostra Brasileira de Tapeçaria
11.10.1980 - Encontro de Tapeceiros Nacionais do Estado de São Paulo
09.10.1982 - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste
08.04.1987 - 20ª Chapel Art Show
27.04.1988 - 21ª Chapel Art Show
22.11.1994 - Grande Exposição de Arte Naif Brasileira
21.11.2000 - Arte Naif
Exposições Póstumas
11.06.2002 - Arte Naïf 2002
19.11.2002 - Arte Naïf 2002
2009 - "Madeleine Colaço: a tapeceira dos trópicos", Salvador, BA
2009 - "Madeleine Colaço: a tapeceira dos trópicos", Rio de Janeiro, RJ
2011 - Arte Naïf 2011
2018 - Artistas no Acervo da CAIXA, Caixa Cultural Brasília, DF
Fonte: MADELEINE Colaço. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 03 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia - Galeria de Arte André
Um dos nomes mais importantes da tapeçaria brasileira, Madeleine Ribeiro Colaço estudou tapeçaria no Marrocos, França, Inglaterra e Portugal, seguindo uma tradição familiar que remontava ao seu bisavô, que era tapeceiro de Lyon, França. Seus temas preferidos foram fauna e flora brasileiras, igrejas, fachadas coloniais, festas, paisagens, "sambas" e a estética barroca em suas várias manifestações.
Em seus trabalhos misturou seda, lã, algodão e fios metálicos. Criou um bordado, chamado de "ponto brasileiro" - uma nova maneira de bordar, trabalhando ao acaso em todas as direções e fugindo de um desenho rígido - registrado no Centre Internacional de la Tapisserie, em Lausanne, na Suíça.
A nova técnica, aliada à sensibilidade e às vivências internacionais de Madeleine, que incluía culturas diferentes, brasileiras, marroquinas e francesas, resultou numa arte colorida e refinada, muito distante do simples artesanato. 1928 - Casou com o jornalista português Thomaz Ribeiro Colaço. 1940 - Veio morar no Brasil com o marido, fugindo da ditadura de Salazar, em Portugal. 1963 - Expôs, pela primeira vez, suas tapeçarias bordadas no Rio de Janeiro. Manteve, ao longo de muitos anos, um ateliê com dezenas de artesãs perto de Maricá, RJ.
Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil, EUA e, principalmente, na Europa. Foram organizadas, entre outras, duas exposições póstumas com os seus trabalhos: 2007 - Galeria Jacques Ardies, São Paulo, SP. 2009 - Madeleine Colaço - A Tapeceira dos Trópicos, Caixa Cultural, Salvador, BA.
Fonte: Galeria de Arte André, "Madeleine Colaço". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.
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Madeleine Colaço - Mapa de Cultura
Madeleine Colaço foi a tapeceira que inventou o "ponto brasileiro" - o primeiro ponto de costura novo na arte da tapeçaria criado nos últimos 400 anos. Ele foi chamado apropriadamente de Samba ou The Brazilian Point e abandonou os padrões lineares usuais.
O nome surgiu do movimento que faz - "leva o ponto pra cá, leva o ponto pra lá", como se a agulha dançasse na tela. As principais inspirações de Madeleine foram a fauna, a flora e o folclore brasileiros.
Madeleine Mathews Bonne nasceu em 1907 em Tanger, no Marrocos, de mãe americana e pai francês. Casou-se com o jornalista e escritor português, Thomaz Ribeiro Colaço. Com a perseguição política da ditadura Salazar, em Portugal, Madeleine e Thomaz emigraram para o Brasil com os filhos Concessa e Jorge.
Na propriedade do Espraiado, em Maricá, Madeleine continuou a dedicar-se à sua arte: os tapetes. Ela estudou tapeçaria no Marrocos, Inglaterra, França e Portugal e tornou-se conhecida na Europa e nos Estados Unidos. Em 1987, foi condecorada pelo governo brasileiro com a Ordem de Rio Branco.
Madeleine manteve no Espraiado uma escola para crianças onde as ensinou, por 27 anos, a ler, escrever e a confeccionar tapetes com o estilo e a técnica que havia desenvolvido. A casa do Espraiado, cercada de matas, flores e animais, foi o local onde produziu a maior parte de sua obra. Madeleine Colaço faleceu no Rio de Janeiro, em 2001, aos 94 anos de idade.
Família
A família Colaço tem tradição artística há gerações. Thomaz Ribeiro Colaço, escritor e jornalista, fundou e dirigiu em Portugal o semanário literário O Fradique, no início do século XX.
Jorge Colaço, filho de Thomaz e Madeleine, foi um dos maiores azulejistas de Portugal na primeira metade do século XX, onde executou vários projetos de prédios públicos e palácios. Também há obras dele no exterior e no Brasil. Sua arte em azulejos adorna residências particulares no Rio e em São Paulo.
Concessa Colaço, a irmã, também dedicou sua vida à tapeçaria, desenvolvendo uma carreira internacional. Atualmente reside em Maricá o neto da tapeceira Madeleine, o artista plástico Edymundo Colaço, que mantém na cidade atelier de pintura e cerâmica.
Fonte: Mapa de Cultura, "Madeleine Colaço". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.
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Biografia - Madeleine Colaço
Madeleine Colaço, Brasileira nascida em Tânger em 1907, de pais franco-americanos, casou-se em 1928 com o escritor e jornalista português Thomaz Ribeiro Colaço. Em 1940 o casal transferiu-se para o Brasil, fugindo da ditadura de Salazar.
Estudou a arte da tapeçaria no Marrocos, na França, na Inglaterra e em Portugal criando um ponto bordado batizado por Marie Cutolie de Ponto Brasileiro.
Os "sambas" bordados de Madeleine Colaço, utilizando uma frase que ela mesma inventou, são dominados pelos ritmos pulsantes alcançados através de uma justaposição de cor e texturas sutis. Ela consegue este efeito em parte com a mistura de fios de diversos materiais: lã, seda, algodão e fios metálicos e também com uma mistura de pontos: o Ponto Brasileiro (criado por ela) o "point coulée" (ponto usado na célebre tapeçaria da Reine Matilde no séc. XI) e arraiolos.
O seu bisavó Antoine Bonnet desenhava os brocados de seda fabricados em Lyon no século passado.
Ponto Brasileiro
O ponto brasileiro deve ser trabalhado em todas as direções e com um jeito irregular, ao acaso, para que não haja uma estrutura rígida.
A agulha sambando produz um ponto que age como a pincelada do pintor, retrocedendo no fundo da tapeçaria, chegando a ser simplesmente um meio de alcançar, no fim, o efeito artístico desejado.
O livro
O livro "Madeleine Colaço", da Editora Index, foi lançado em 1998 e fala sobre a vida e a obra da artista, abordando o Ponto Brasileiro e apresentando algumas tapeçarias.
Fonte: Madeleine Colaço. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
O legado de Madeleine
Os trabalhos feitos pelas "Tapeceiras do Espraiado" são resultados da técnica do "Ponto Brasileiro" aprendida com Madeleine Colaço. Atualmente, o Ateliê da Ilma Macedo é destaque nas edições do "Espraiado de Portas Abertas" (evento de turismo rural no bairro do Espraiado/Maricá).
O Ateliê é o berço de criação, produção e comercialização das "Tapeceiras do Espraiado", que se dedicam à arte aprendida quando tinham 9, 10, 12 anos de idade. Ilma Macedo, uma das poucas remanescentes alunas de Madeleine Colaço, e suas amigas conhecidas como "Tapeceiras do Espraiado" se esforçam para manter viva a arte de uma técnica tão única que recebeu o nome de "Ponto Brasileiro" e também conhecido como "samba bordado" porque para Madeleine Colaço, a agulha se tornava um pandeiro”.
O "Ponto Brasileiro" foi criado nas terras do Espraiado, e depois foi registrado no Centro Internacional da Tapeçaria Antiga e Moderna, em Lausanne, na Suíça.
Mas, as "Tapeceiras do Espraiado" além de confeccionarem tapeçarias de grande porte, também produzem tapeçarias menores, almofadas, mochilas e bolsas. São peças primorosas, verdadeiras obras de arte.
Documentário sobre as tapeceiras do Espraiado
Em 2017, o atual prefeito da cidade de Maricá (RJ), Fabiano Horta, tinha feito um pedido às escolas de samba para que, quando o carnaval retornasse, o samba enredo contasse a história da cidade. A carnavalesca e artista plástica Beth Morgado trouxe a ideia de apresentar a história das tapeceiras, relembrando a passagem de Madeleine Colaço, sua filha Concessa Colaço e o legado da família Colaço, a legião de tapeceiras que aprenderam a arte da tapeçaria e até hoje produzem tapetes, bolsas, carteiras e outros produtos com o "ponto brasileiro", primeira técnica criada no Brasil, na cidade de Maricá, pela mestre tapeceira Madeleine Colaço na década de 50.
Concessa Colaço
Natural de Portugal Concessa Colaço (1929) é filha de Madeleine e Thomaz Colaço. Herdou de sua mãe o talento para a tapeçaria. Iniciou-se na tapeçaria no final dos anos 60, ampliando a oficina de sua mãe e, assim como sua genitora, também criou um novo ponto, o “corrido”, inspirado nas tapeçarias do século XI, da Rainha Matilde da França. Seus trabalhos utilizam lãs e sedas naturais, nunca materiais sintéticos.
Suas obras possuem amplo reconhecimento nacional e internacional, já tendo sido vendidas para inúmeras celebridades mundiais, tais como, por exemplo, a Rainha Fabiola da Bélgica e a socialite Lourdes Catão, dentre várias outras. Tapeçarias de Concessa Colaço também integram a decoração do Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente do Brasil.
Dedicando-se também, de forma paralela e esporádica, ao campo musical, Concessa Colaço chegou a ter um samba de sua autoria - “A Verdade da Vida” - gravado por Elizeth Cardoso.
Fonte: Arnaldo Chieus, "Concessa Colaço, Mestre Tapeceira", publicado em 22 de julho de 2015. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Arte da Tapeçaria do Espraiado é tombada pela Prefeitura
“A gente crê que vai vencer, tem que ter esperança.” A frase é de Vera Lúcia, uma das tapeceiras do grupo que resiste no Espraiado. Vera, Ilma Macedo e Maria de Lourdes Pereira formam o grupo de tapeceiras que aprenderam o ofício com Madeleine Colaço e que agora têm um motivo a mais para sorrir: a Prefeitura declarou no último dia 15/01, a Arte da Tapeçaria do Espraiado como Patrimônio Histórico, Artístico, Ambiental e Cultural do município.
O subsecretário de Comércio, Empreendedorismo e Defesa do Consumidor, Luciano Leal, contou que a iniciativa pretende estimular o crescimento da arte. “O tombamento visa a criação de políticas públicas de fortalecimento da arte na cidade. Esta proposta consiste na estruturação das ações de proteção e conservação da Arte da Tapeçaria, difundida e enraizada no bairro do Espraiado”, disse.
Ainda segundo Luciano, esse tombamento é uma forma de fortalecer as raízes culturais da cidade. “Antes de pensar no futuro é importante conhecer e preservar na memória e fontes culturais, no sentido da afirmação de sua identidade e pertinência a sua cidade. Se as pessoas têm conhecimento de suas próprias origens e conscientemente sabem da relevância das mesmas para suas vidas, passarão a valorizar transmitindo-o para as gerações futuras”, completou.
“O tombamento é muito importante para que a arte fique viva, senão daqui a pouco ninguém fala mais sobre – ninguém mais aprende a tapeçaria”, disse a tapeceira Maria de Lourdes Pereira.
“A gente já considerava a tapeçaria patrimônio de Maricá desde que a Madeleine Colaço escolheu o Espraiado para viver. Agora, com o tombamento, a gente pode ter mais força, mais esperança de que a nossa arte não vai acabar. Com o apoio da Prefeitura estamos esperançosas de que tudo vai melhorar”, contou Ilma Macedo, que é coordenadora do grupo das tapeceiras.
Ela explicou o porquê do diferencial da arte. “Todas as telas são peças únicas, não sei em outros lugares, mas aqui inclusive fazemos pontos diferenciais, como o “rabo de rato”. Não tem bordado com esse ponto, ele foi criado pela Madeleine Colaço, que deu certo. Até hoje esse ponto é um destaque aqui para a gente”, disse.
No próximo domingo, 02/02, será realizado mais uma edição do evento “Espraiado de Portas Abertas”, onde são apresentadas bebidas, comidas, artesanato e músicas típicas do local. As obras de tapeçaria estarão disponíveis para os visitantes durante a festa. O ateliê das tapeceiras do Espraiado fica na Estrada Duas Águas, em frente ao Bar do Djalma.
Fonte: Prefeitura de Maricá, "Arte da Tapeçaria do Espraiado é tombada pela Prefeitura", publicado por Vinícius Amparo, em 31 de janeiro de 2020. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Curiosidades
O ex-presidente do Brasil, Michel Temer, fez uma visita ao presente da China, na época Xi Jinping, e levou dois presentes: uma camisa autografada do jogador de futebol Pelé e um tapete de Madeleine Colaço.
Fontes:
Veja, "Temer entrega camisa autografada por Pelé a Xi Jinping", matéria escrita e publicada por Gabriel Mascarenhas, em 1 de setembro de 2017. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
M1News, "Documentário: Tapeceiras do Espraiado - Legado de Madeleine Colaço", publicado em 15 de abril de 2019. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.
Crédito fotográfico: Site Madeleine Colaço. Consultado pela última vez em 4 de março de 2022.