Napoleão Potyguara Lazzarotto (Brasil, Curitiba, 29 de março de 1924 - Idem, 8 de maio de 1998), mais conhecido como Poty Lazzarotto ou simplesmente Poty, foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro. Ainda criança, demonstrava um talento notável para o desenho e a pintura, o que não passou despercebido por sua família, que o incentivou a seguir essa vocação. Estudou na Escola de Belas Artes do Paraná e, posteriormente, na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, antes de aperfeiçoar suas habilidades na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em Paris. Influenciado pelo modernismo europeu, Poty tornou-se um dos principais muralistas do Brasil, conhecido por suas obras vibrantes e temáticas que celebram a cultura e a história brasileira. Seus murais, gravuras e desenhos, caracterizados pela simplicidade das formas e cores vivas, estão espalhados por diversas cidades brasileiras, com destaque para Curitiba com mais de 60 de suas obras. Além dos murais, Poty Lazzarotto também ganhou projeção nacional como ilustrador, com mais de 170 títulos ilustrados de autores brasileiros e estrangeiros, incluindo obras de Machado de Assis e Guimarães Rosa. Sua arte, uma celebração da brasilidade, transformava espaços comuns em verdadeiras galerias a céu aberto. Poty recebeu diversas homenagens e prêmios ao longo de sua vida, e seu legado é preservado pelo Instituto Poty Lazzarotto.
Poty Lazzarotto | Arremate Arte
Napoleão Potyguara Lazzarotto, também conhecido como Poty Lazzarotto, foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro. Nasceu em 29 de março de 1924, em Curitiba, Paraná e, desde cedo, a arte pulsava em suas veias. Ainda criança, demonstrava um talento notável para o desenho e a pintura, o que não passou despercebido por sua família, que o incentivou a seguir essa vocação.
Poty ingressou na Escola de Belas Artes do Paraná, onde começou a moldar sua visão artística. Em busca de maior aperfeiçoamento, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na renomada Escola Nacional de Belas Artes. Sua sede de conhecimento o levou, em 1946, à École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em Paris. Na França, Poty teve contato direto com a vanguarda europeia e se deixou influenciar pelos grandes mestres do modernismo.
De volta ao Brasil, Poty rapidamente se destacou como um dos principais muralistas do país. Seu estilo único, que combinava modernismo com influências regionais, encantou críticos e público. Poty tinha uma capacidade rara de transformar espaços comuns em verdadeiras galerias de arte a céu aberto.
Poty é autor de inúmeros murais espalhados por diversas cidades brasileiras. Suas obras são marcadas pela simplicidade das formas, uso vibrante de cores e temas que celebram a cultura e a história do Brasil. Entre suas obras mais icônicas estão os murais na Biblioteca Pública do Paraná, no Teatro Guaíra, na Universidade Federal do Paraná e no Aeroporto Internacional Afonso Pena, todos em Curitiba. Cada mural é uma narrativa visual que capta a essência do povo brasileiro e suas tradições.
Embora seja mais conhecido por seus murais, Poty também se destacou em outras formas de arte. Suas gravuras e desenhos são igualmente impressionantes, caracterizados por um traço firme e expressivo. Além disso, Poty aventurou-se na escultura e na cerâmica, sempre trazendo a mesma paixão e atenção aos detalhes que marcaram sua carreira.
O trabalho de Poty Lazzarotto é uma celebração da brasilidade. Seus murais frequentemente exploram temas do cotidiano, da cultura popular e da história brasileira. Ele tinha um dom especial para capturar a vida em suas diversas facetas, desde cenas rurais até a urbanidade pulsante das grandes cidades. Poty conseguia transformar o banal em belo, o cotidiano em extraordinário.
Poty era um mestre no uso das cores e formas. Seus murais são vibrantes, com uma paleta de cores que captura a atenção e transmite uma energia contagiante. Ele usava formas simples e linhas claras para criar composições complexas e profundamente impactantes.
Ao longo de sua vida, Poty recebeu inúmeras homenagens e prêmios, reconhecendo sua contribuição inestimável à arte e cultura brasileira. Sua obra é objeto de estudo e admiração por críticos de arte, historiadores e o público em geral.
Em homenagem ao legado de Poty, foi criado o Instituto Poty Lazzarotto. Esta instituição se dedica a preservar e divulgar sua obra, além de promover a arte e a cultura no Paraná. O Instituto é um testemunho vivo do impacto duradouro de Poty na cena artística brasileira.
As obras de Poty Lazzarotto já foram exibidas em inúmeras exposições, tanto no Brasil quanto no exterior. Seus murais, desenhos, gravuras e esculturas continuam a encantar e inspirar novas gerações. Além disso, várias publicações sobre sua vida e obra ajudam a manter viva a memória desse grande artista.
Poty Lazzarotto é, sem dúvida, um dos maiores nomes da arte brasileira. Sua capacidade de transformar espaços públicos em galerias de arte, sua habilidade em capturar a essência da cultura brasileira e seu talento versátil fazem dele um artista inesquecível. Seus murais, desenhos e esculturas são um testemunho de seu gênio criativo e continuam a inspirar e encantar.
Poty Lazzarotto não é apenas um nome na história da arte brasileira; ele é uma lenda viva, cuja obra continua a dialogar com o público, transcendo o tempo e as fronteiras. Seu legado é um tesouro nacional, uma celebração da criatividade e da cultura do Brasil.
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Uma marca machista: o gênero da obra de Poty | Governo do Paraná
Poty Lazzarotto é o artista nascido no Paraná que alcançou maior destaque na arte moderna brasileira. Tornou-se conhecido como gravador, ilustrador, e pela grande produção de murais. Esta obra muralista se encontra, sobretudo no Paraná e em Curitiba, onde estão 60 de seus painéis. Na obra de Poty aparecem as marcas paranistas: o pinhão, a araucária, a gralha-azul, como simbolizações do Estado e da identidade do paranaense e do curitibano. Estas obras são alegorias sobre o Paraná, um misto de história e ficção, nos quais sob as imagens e a argamassa jazem ideologias, “idéias que não pertenciam” ao artista (Thompson, 2002), promotoras de um modelo de paranaense, muito interessante ao poder.
A crítica de arte Nilza Procopiak diz que o estilo de Poty é, "uma impressão visceral intrínseca [...] que permanece comparável a uma marca – uma espécie de carimbo mental indelével" (1994, p.8).
Nem só o estilo marca. A onipresença da obra e sua divulgação, o sucesso artístico de Lazzarotto no panorama artístico, a noção romântica do gênio, ― que neste caso, é ampliada pela coincidência do gênio ser nativo e aniversariar com a cidade. Existe ainda uma marca invisível, a mesma que Paulo Freire percebeu em si e em sua obra e a chamou de "marca machista".
Na obra de Poty aparecem as marcas paranistas: o pinhão, a araucária, a gralha-azul, como simbolizações do Estado e da identidade do paranaense e do curitibano. Também existe uma marca invisível, a mesma que Paulo Freire percebeu em si e em sua obra e a chamou de "marca machista".
Freire, ao lançar a Pedagogia do Oprimido, nos Estados Unidos, recebeu, em Genebra, inúmeras cartas de mulheres americanas. As cartas falavam do incômodo por serem excluídas da obra desse educador, e em muito o surpreenderam. Diziam que Freire discutia a opressão, a libertação, criticava, com justa indignação, as estruturas opressoras, mas "com uma linguagem machista, portanto discriminatória", em que não havia lugar para as mulheres (FREIRE, 1992, p.66).
Ora, quando eu falo homem, a mulher necessariamente está incluída. Em certo momento de minhas tentativas, puramente ideológicas, de justificar a mim mesmo a linguagem machista que usava, percebi a mentira ou a ocultação da verdade que havia na afirmação: "quando falo homem, a mulher está incluída". E por que os homens não se acham incluídos quando dizemos: "As mulheres estão decididas a mudar o mundo"? (FREIRE, 1992, p.67).
Anos mais tarde, ao rever sua obra para uma reedição, o educador, assumindo a "marca machista" que sua escrita trazia, compreendeu seu "débito àquelas mulheres [...], por me terem feito ver o quanto a linguagem tem de ideologia" (FREIRE, 1992, p.67). Contudo, o texto revisto parece ter sido publicado apenas nos Estados Unidos. As reedições no Brasil permaneceram com a mesma ideologia. De todo modo, Freire pôde descobrir-se machista.
O que esta reflexão pretende é analisar como esta marca se faz nas pessoas, de que modo ela pôde ser construída, em um homem como Freire, que conseguiu desvelar esquemas tão nefastos da sociedade às pessoas. Qual teria sido a base desta formação em sua época? Quais os instrumentos sociais que teriam auxiliado essa construção naquela época?
Freire nasceu em Recife em 1921, e, como todos então, teve na família o modelo principal de sua formação. Aquele era o esquema da família moderna; quer fosse humilde ou abastada, o modelo era o mesmo. As diferenças de padrões socioculturais não o alteravam. Nele, o pai era o mantenedor, trabalhava para o sustento da casa, esposa e filhos. A mãe, por sua vez, era considerada do lar, doméstica ou manteúda.
As funções do casal nesse esquema surgiram com o desenvolvimento da sociedade capitalista e a indústria moderna, no momento de toda uma redefinição de classes e gêneros. Foi quando estas funções produtivas determinaram, nas práticas e no social, o mundo masculino – da rua – como público, construindo como oposto o mundo privado – da casa – como feminino (VAISTMAN, 2001, p.34). Griselda Pollock diz que as mulheres na modernidade foram vítimas de violência de diferentes formas, o que lhes negou o direito à mobilidade (POLLOCK, 2005, p.127), um espaço restrito, da cozinha para um determinado comércio.
Essa realidade é perceptível ao analisarmos a sociedade brasileira da primeira metade do século XX pela música popular brasileira: "Ela é a dona de tudo, ela é a rainha do lar, ela vale mais para mim, que o céu, que a terra e que o mar. [...] Mamãe, Mamãe, Mamãe, eu te lembro o chinelo na mão, o avental todo sujo de ovo [...]". Esta canção, "Mamãe", de Herivelton Martins e David Nasser, é um exemplo de como esta realidade era vista e reproduzida na sociedade.
Em 1956, à véspera do Dia das Mães, esta valsa, gravada pela cantora Angela Maria (1928), foi um sucesso de vendas nunca mais visto no País: "Pela primeira vez se fez fila para comprar um disco no Brasil. Em uma semana, vendi 300 mil exemplares do 78 rotações com "Mamãe", comenta a cantora. A letra da música descrevia o ideal de "rainha do lar" (FAOUR, 2002, p.67).
Voltando ao início daquele século, três anos depois de Freire nascia Poty, em Curitiba. É possível dizer que a família dos dois não foi construída segundo aquele mesmo esquema: a mãe, responsável pela educação dos filhos e trabalhos domésticos; o pai, responsável pela manutenção da família.
Seria tolo dizer que eles e todos os homens de seu tempo, e mesmo os atuais, não aprenderam de seus pais e mães, e de todo o seu meio, o machismo. A reprodução disso cabe em parte à mulher, escrava de si própria ao criar o homem machista, como disse Simone de Beauvoir, mas a mulher não o faz só (CASTAÑEDA, 2006, p.11). Como disse Hanna Arendt (1906-1975), "estar vivo é estar entre os homens" (ARENDT, 1989), e Freire e Poty foram educados entre os homens de seu tempo. O outro e indispensável modelo nessa construção, para legitimar as emoções e representações, foi o universo simbólico que apresentava, e ainda apresenta, pelas músicas, filmes, novelas e publicidade, "espelhos" às emoções da sociedade.
No documentário "A obra monumental de Poty", aparecem, em meio ao material do artista, catalogado após seu falecimento, revistas (cadernos, desenhos), alguns exemplares da "Revista do Rádio", publicação muito popular entre todas as classes a partir de 1948 até 1970 (FAOUR, 2002, p.21).
Essa revista apresentava detalhes da vida dos astros da rádio, programações, fofocas. Uma de suas colunas era "A pergunta da semana". No número 159 (23/9/1952) a revista indagava: "Qual a melhor profissão para a mulher?". A resposta de algumas celebridades serve para mostrar o imaginário sobre a questão: "Embora eu esteja perfeitamente satisfeita com a minha profissão, acho que a melhor profissão é a de dona de casa", respondia Dircinha Batista (1922-1999), conhecida cantora (FAOUR, 2002, p.122).
Como mencionado, aquele gênero de canção expresso em letras como: "Você só me bate, pretinho, não faz um carinho pra me consolar, e eu que sou tão boazinha, tão direitinha, sei lhe respeitaria [...]"
reproduzia os papéis sociais de homens e mulheres, um "inconsciente ao mesmo tempo coletivo e individual, traço incorporado de uma história individual que impõe a todos os agentes, homens e mulheres, seu sistema de pressupostos imperativos" (BOURDIEU, 2003, p.70) a serem obedecidos e reproduzidos.
A rádio apresentava elementos a legalizar as emoções da sociedade, pois as emoções são sociais, e historicamente construídas (JAGAAR, 1997, p.173). Ensinava pelas músicas, pelas novelas e pelos mitos os comportamentos, como hoje faz a televisão: constrói fantasias, apazigua dores, impulsiona paixões e ensina a homens e mulheres, entre tantas outras coisas, a dominação masculina e o machismo. É uma forma de atribuirmos significações, e esta operação vai além da vida social, "de modo que o indivíduo pode 'localizar-se' nele (o mundo simbólico) mesmo em suas mais solitárias experiências" (BERGER, 2002, p.132).
Poty teve no cinema e na literatura os pilares da formação de seu imaginário. Em suas palavras:
Me lembro até hoje duma fita alemã que vi lá em cima. Guardo muito bem a cena: o pai em mangas de camisa, ao lado dele a mãe compungida, de cabeça baixa o filho. Não me lembro o nome da fita. O filho era um xupô. [...] É um policial alemão: matou uma mulher da vida. Ela acolhia ele nos aposentos dela. Andava mais com a mulher do que com outra coisa. Matou com todos os requintes, estrangulou. Paixão, amor e perdição. Eu não sabia que mulher tinha essas características. Eu não sabia dessas coisas, coisas que o padre chamava de feias no catecismo, mas eu não estava estranhando o assunto (apud NICULITCHEFF, 1994, p. 30).
Possivelmente, o cinema, a literatura e a música certificaram, para Poty, algumas idéias sobre as mulheres e os homens, além de lhe assegurar um museu de imagens em movimento e preto e branco. Com isso, é previsível a representação que Poty daria, em sua obra, aos homens e às mulheres.
Formado em uma sociedade com tais princípios, o artista os reproduziria, cumprindo o papel que lhe foi ensinado.
É este ensinamento, pelos exemplos da família e da sociedade espelhados no simbólico, o que, segundo Pierre Bourdieu, move no homem a "dominação masculina", o fato de que tudo o que recebeu da sociedade faz com que ele tenha que desempenhar este papel e venha a se cobrar por isso. Nas palavras do autor, "deve cumprir para estar agindo corretamente para consigo mesmo, para permanecer digno, a seus próprios olhos, de uma certa idéia de homem" (2003, p.61). Nas suas palavras, o ponto de honra, o princípio do sistema de estratégias de reprodução pelas quais os homens, detentores do monopólio dos instrumentos de produção e reprodução do capital simbólico, visam assegurar a conservação ou o aumento deste capital, estratégias de fecundidade, estratégias de sucessão, estratégias matrimoniais e estratégias educativas [...] pela necessidade da ordem simbólica tornada virtude [...] se perpetuar através da ação de seus agentes (BOURDIEU, 2003, p.62).
Ao observarmos pelo prisma das ciências sociais, podemos perceber sua obra em relação com sua cultura, identificamos em sua mãe a imagem de mulher – representação ideal – que o artista manteve como modelo, não apenas na arte, mas em certos padrões sociais indispensáveis a seu tempo, e que, indiscutivelmente, estiveram presentes na escolha da mulher que seria "a sua".
Analisando a obra pública de Poty quanto à questão da representação dos gêneros, percebe-se o quanto, parafraseando Freire, sua linguagem tem de ideologia machista. Sua primeira obra pública foi a participação na Praça 19 de Dezembro, monumento em comemoração aos 100 anos de emancipação política do Paraná, em que, ao lado de Erbo Stenzel (1911-1980) e Humberto Cozzo, lhe coube a criação do painel de azulejos.
Nessa obra, a imagem da mulher aparece três vezes. Elas figuram na formação da cidade, na recepção a Zacarias Góes de Wasconcellos, o então nomeado primeiro presidente da nova província.
São lavradoras.
Há um detalhe sugestivo: uma das mulheres, abaixada, parece colher algo do chão, enquanto a outra corta o capim junto à araucária, "um enfoque para a cultura da terra, retratada pela trabalhadora rural, que estrategicamente é colocada próximo ao pinheiro" (PEDROSO, 2006, p.25).
No fundo aparece a cidade de Curitiba. É possível que a mulher agachada esteja colhendo pinhões da araucária. Se esta interpretação for pertinente, vale lembrar os signos que o pinhão e a araucária passam a representar no Estado, após o Paranismo. Emblemas identitários e de cunho político.
No primeiro plano, cumprimenta o presidente Zacarias um casal de lavradores. A camponesa traz junto à cintura uma bolsa de semear, o homem um ancinho. Por não aparecer na alegoria nenhuma outra imagem relacionada à agricultura, apenas a colhedora de pinhão, poder-se-ia pensar que é a mata de Araucárias o que ela semeia.
Ao analisar a imagem da mulher que acompanha o homem na recepção ao primeiro presidente, pode-se pensar tratar-se da mesma mulher que se abaixa para colher, dado que há similaridades entre as três figuras: lenço na cabeça e saia ampla. A simbologia da semeadura está ligada à fecundidade. A mulher que semeia, a mesma imagem da produtora, a imagem ligada à mãe, a terra, ao fruto da terra.
Em outra praça de Curitiba, a Praça 29 de Março, uma alegoria de Poty comemora a fundação da cidade e apresenta uma narração de seu desenvolvimento. O nome da praça corresponde à data de aniversário da cidade e, coincidentemente, do artista. Este painel foi realizado em 1967. Toda a imagem empregada nesta narração segue um fio histórico que se inicia com os indígenas, passando pelos ciclos econômicos e pela instalação das instituições na cidade. Há uma menção ao plano urbanístico da cidade.
Ao lado do esquema desse mapa aparecem as linhas de transporte urbano da cidade, que previa o desenvolvimento desta aos seus extremos, norte e sul. Aparentemente, a partir da planta da cidade Lazzarotto teve a sugestão de um movimento humano, de um bailarino que impulsiona um salto.
No texto junto ao painel há uma menção ao futuro: "É dever de cada governante transmitir esta cidade, nem menor nem igual a que recebeu, porém, sob todos os aspectos, mais bela, mais humana e mais sorridente", assinada pelo artista: Potyguara.
Nesse painel as imagens da mulher apresentadas são: a lavradora junto ao homem, a religiosa da Santa Casa de Misericórdia, a esposa enganchada ao esposo, trazendo o filho pela mão, e a santa, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, a padroeira da cidade. Como a representação na alegoria é histórica, a matriz da mulher ideal no esquema moderno é a retratada.
Na alegoria As Artes, na fachada do Teatro Guaíra, em Curitiba, Poty apresenta na composição diversas cenas, algumas delas evidentes com relação ao título, outras cujo emprego é difícil de compreender, como a expulsão de Adão e Eva do Paraíso.
A representação toma um fio histórico a partir de ritos pré-históricos. Chegando ao cinema Poty representa a mulher apenas na ópera, cantando junto ao homem, e na bailarina suspensa nos braços do par.
Ao completar 70 anos, Poty foi homenageado pela Prefeitura de Curitiba com o livro Poty: trilhos, trilhas e traços. A cidade comemorava 300 anos. Este livro foi utilizado na presente pesquisa por apresentar a história do artista. Nele, a biografia é cruzada com reproduções de desenhos e fotos.Trata-se de uma entrevista informal em que Poty conta suas memórias e fatos da cidade ao escritor e amigo Valêncio Xavier. Nas frases do artista, algumas representações da mulher no seu imaginário são perceptíveis:
"Minha avó eu acompanhava quando ia vender verduras", ou ainda: "Foi no Eu Sei Tudo que ouvi falar, pela primeira vez, em Frinéia: os juízes da Grécia Antiga e ela peladinha da silva, magicamente ilustrada por Matamia" (apud NICULITCHEFF, 1994, p.55, grifo do autor).
O livro conta com 207 páginas, das quais 112 são ilustradas. Deste montante de imagens a figura da mulher surge em 12 páginas: a esposa Célia Naves Lazzarotto, a mãe Dona Júlia, a avó lavradora, duas imagens de prostitutas; uma da série de gravuras Mangue (de 1940) e outra mais recente.
Ainda aparecem a mulher lavadeira e duas cenas de sexo. Em uma delas tem-se o homem deitado sobre a mulher, enquanto ela o esfaqueia nas costas; na outra, a mulher no colo do parceiro. A imagem da mulher nua, escapando de um flagrante por dentre as pernas de um general sem calças, é outro desenho de Poty, e uma imagem curiosa, a de mulher negra gestante sendo esfaqueada, ou em pé, sofrendo uma cesariana feita por um homem que não é médico. Há também a jovem retratada na janela.
Outra imagem muito significativa que sugere uma percepção masculina machista ilustra os diversos telefonemas de mulheres que Poty recebeu ao enviuvar. Transparecem, neste desenho, o enfado do homem com a conversa, as intenções das mulheres ao viúvo e a tagarelice. Valêncio comenta que Poty teve o cuidado de tornar ilegíveis os textos que acompanham a fala das mulheres para a publicação da imagem (NICULITCHEFF, 1994, p.193).
É interessante pensar que o artista iniciou sua carreira nos anos quarenta, produzindo em gravura nos primeiros anos, passando à produção de sua obra monumental, à qual se dedicou até o final do século, vendo ao largo o feminismo.
Os anos sessenta foram o período efervescente no debate sobre a condição feminina, o machismo e a dominação. Desde então a participação da mulher na economia e na política tornou-se inegável e fundamental. O feminismo dos anos 60 e 70 foi um dos fatores a descentralizar o sujeito da identidade fixa do período moderno (HALL, 2005, p.46). Auxiliou na transformação daquela realidade, permitindo que a mulher tivesse como escolhas a esfera doméstica, conseqüente ao matrimônio, com ou sem filhos, ou, ainda, a vida profissional aliada à família.
Na mesma época, este movimento, o feminismo, geraria um outro: "A crise do homem". Esta crise seria uma "conseqüência de uma constatação difícil: o carcereiro é também seu prisioneiro ou, em outras palavras, 'a coroa pesa'" (LISBÔA, 1998, p.131). Segundo Maria Regina, esta crise teria se desencadeado com as transformações de comportamento da mulher em relação ao sexo e à moral, e"do questionamento da posição dominadora e patriarcal dos homens na sociedade e na família".
Para a autora, esta crise foi um fenômeno restrito em termos sócio-culturais, e pontuado a um tempo específico. Os homens atingidos pela crise teriam entre 35 e 50 anos e teriam em comum "a constatação dos valores herdados de seus pais". Seriam estes homens jovens nos anos 60 e teriam tomado algum contato "com as novas idéias sobre o relacionamento homem/mulher, relações interpessoais, sexualidade, enfim, o que se convencionou chamar movimentos da contracultura". Segundo Maria Regina,"estes homens tiveram de se rever, se repensar a partir de um novo código, diferente daquele hierárquico em que foram priorizados" (LISBOA, 2000, p.132).
É interessar pensar o "peso da coroa" que Poty, como homem, aprendeu a representar. E, do mesmo modo que a representação que faz da mulher é machista, também o é a representação que faz do homem. Este homem que o artista representou forte, macho, trabalhador, que precisa vencer, nunca falhar. É ele, o homem, quem impulsionaria a economia rumo ao futuro. A coroa, de fato, pesa. A angústia da masculinidade frente a essas imagens do poder masculino não são e não devem ter sido leves no passado.
Marco Radice escreveu O último homem, confissões sobre a crise do papel masculino, em que toma alguns depoimentos anônimos sobre o assunto e aponta algumas idéias interessantes: "não podemos esperar do movimento feminista nenhuma contribuição à revolução cultural do homem que todos os dias toca na sua solidão. Teremos de andar com as próprias pernas" (1982, p.13).
Um de seus anônimos confessores, ao falar do peso da formação machista sobre sua masculinidade, diz, em crise, que não pretendia "inverter o papel e fazer-se de vítima" (RADICE, 1982, p.23). O mesmo confessor, O Intelectual, diz: "não sei modificar meu papel de macho. Não quero dizer 'sou macho até o fim' como defensores do 'quanto pior melhor'. Queria viver minhas contradições e viver, dolorosamente, a condição de homem".
À época, a crise tomou tanta força nas discussões intelectuais que ocorreu em 1985 o primeiro"Simpósio do homem", o que resultou no livro Macho, Masculino-Homem: a sexualidade, o machismo e a crise de identidade do homem brasileiro (LISBÔA, 2000, p.131). No entanto, até as últimas obras públicas de Lazzarotto, a representação da mulher e do homem, nas alegorias, permanece. A representação da mulher é a da esposa e mãe, e, a do homem, o homem do futuro e o pai de família.
Na alegoria de 1987 "O Paraná", a representação da mulher é a da mãe imigrante. O painel, mais que qualquer outro, traz uma mensagem androcêntrica. Neste painel, o homem é o semeador do futuro, ligado ao progresso do Estado, junto a uma revoada de gralhas-azuis, e o chefe de família imigrante também aparece.
Em 1992, Poty termina o painel para a Torre da Telepar, inaugurada um ano antes. A Telepar foi a antiga empresa de telefonia do Estado, vendida naqueles anos. O painel conta a história de Curitiba, e o fio histórico é o mesmo: dos índios àquela atualidade com implementos da telefonia e os que a prefeitura recentemente construíra as estações-tubo do "Ligeirinho".
Este é o painel em que Lazzarotto alcança o maior desenvolvimento técnico. A obra é circular, contornando o centro da torre. Recobre a parede interna, do outro lado, e pelo vidro tem-se a vista panorâmica da cidade. Nesta obra, passados 39 anos da primeira obra pública, a representação da mulher e do homem permanece a mesma.
Nos anos 90, Poty passa a trabalhar em sua poética um misto de suas memórias de infância com o presente. Permanece representando a cidade que viveu no final do século, sustentando o ideal de mulher e de homem dos anos 30, e a família moderna.
Lazzarotto teve a marca machista construída em si e herdou o papel de legá-la ao futuro, fazendo-o por imagens. Produto de determinada sociedade e cultura, sua obra mostra a formação que recebeu, um homem criado em uma sociedade machista, em uma família do esquema moderno, tendo aprendido a reproduzir essas marcas no social.
Fonte: Uma marca machista: o gênero da obra de Poty. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
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Poty Lazzarotto | Wikipédia
Napoleon Potyguara Lazzarotto, conhecido artisticamente como Poty (Curitiba, 29 de março de 1924 – Curitiba, 8 de maio de 1998), foi um desenhista, gravurista, ilustrador, capista e muralista brasileiro.
Filho dos italianos Issac Lazzarotto e Julia Tortato Lazzarotto, começou a se interessar por desenho ainda bem criança. O seu pai era ferroviário e a sua mãe mantinha um restaurante na cidade, o "Vagão do Armistício", muito frequentado por intelectuais paranaenses.
O pai de Poty perdeu um dos braços, devido a um acidente, e para ajudar no orçamento familiar procurava peças de alumínio que eram modeladas em quadros da Santa Ceia, para vender. Poty e seus amigos de infância frequentavam o barracão de seu pai, para ajudar a mover o fole. O barracão que o pai ergueu frente a sua casa, em Curitiba, passou a se chamar "Vagão do Armistício", tornando-se um restaurante desde 1937, sob os cuidados de sua mãe. O governador do Paraná, Manuel Ribas, frequentava o restaurante e, em 1942, premiou Poty com uma bolsa de estudos na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Em 1938, com 14 anos de idade, Poty publicou no jornal Diário da Tarde a história "Haroldo, o Homem Relâmpago", em 6 capítulos.
Em 1943, Hermínio da Cunha César convida Poty para ilustrar seu livro "Lenda da Herva Mate Sapecada", no Rio de Janeiro. Foi o primeiro livro ilustrado por Poty e publicado.
Em 1946, Dalton Trevisan cria a revista "Joaquim", e Poty participa de todos os números, seja com ilustrações, notícias do mundo das artes visuais e/ou comentários sobre arte enviadas da Europa. A "Joaquim", que é editada até 1948, representa uma revolução cultural no Estado do Paraná, tanto no sentido de transformação da literatura, via Dalton, quanto da sua linha editorial, crítica e renovadora como informação e como linguagem. A "Joaquim" representa a primeira conexão do Paraná com outros centros da federação, que publicam na revista seus textos críticos e ensaios, bem como autores estrangeiros nas mais diversas áreas do conhecimento.
Da Europa, graças a uma bolsa de estudos do francês, Poty tem contato com a técnica litográfica, em permanente contribuição à "Joaquim". Voltou ao Brasil em 1948, indo trabalhar no jornal Manhã, de Samuel Wainer, realizando ilustrações para vários jornais do Rio de Janeiro.
Ao longo de sua vida, trabalhou principalmente com desenhos, gravuras, murais, serigrafia, litografia.
Os murais são representativos de sua obra, embora tenha sido o desenho o seu principal veículo de expressão, notadamente as ilustrações que realizou para os mais diversos autores, destacando-se entre esses Dalton Trevisan, considerado o maior contista brasileiro. Em sua execução, Poty empregava materiais diversos, como madeira, vidro (vitrais), cerâmica, azulejo e concreto aparente, esse último um de seus materiais de predileção.
Há obras de Poty espalhadas por diversas cidades do Brasil e do exterior, incluindo murais em Portugal, na França e na Alemanha.
Suas obras também podem ser vistas em diversos locais públicos de Curitiba, como os painéis do pórtico do teatro Guaíra, no saguão do aeroporto Afonso Pena, na praça 29 de Março, na praça 19 de Dezembro e na torre da Telepar.
Faleceu de câncer no pulmão, em 1998. Estava trabalhando, então, em um painel encomendado para a Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Seu último trabalho foi a ilustração para um cartaz encomendado pelo Hospital de Clínicas, em Curitiba, para sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de doações. Foi sepultado no Cemitério Municipal do Água Verde, em Curitiba.
Patrimônio cultural
Em agosto de 2014, algumas de suas obras foram tombadas pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (CEPHA) e reconhecidas como Patrimônio Cultural do Paraná. As obras, com este reconhecimentos, são as localizadas em áreas públicas, como os painéis do Palácio Iguaçu e do Teatro Guaíra.
Dados biográficos
Formou-se na Escola Nacional de Belas Artes em 1945, como resultado de uma bolsa de estudos recebida após a conclusão do curso secundário.
Participou do Liceu de Artes e Ofícios de Carlos Oswald.
Em 1944, realizou ilustrações para os artigos de Ademar Cavalcanti e Carlos Drumond de Andrade no jornal Folha Carioca.
Mudou-se para Paris em 1946, para realizar um curso de artes gráficas, com duração de dois anos, patrocinado pelo governo francês. Nesta ocasião, aprendeu litografia.
Foi responsável pela criação do primeiro mural na União Nacional dos Estudantes (UNE), na Praia do Flamengo, sob o tema O Processo de Kafka. Infelizmente, este trabalho foi destruído pelo Golpe Militar de 1964.
No início da década de 1950 residiu em São Paulo, quando organizou e ministrou cursos de gravura e desenho.
Ganhou o primeiro prêmio da exposição "Gravadores Brasileiros" em Genebra.
Realizou diversas exposições individuais em cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Curitiba.
Realizou exposições individuais no exterior, em Bruxelas, Londres e Washington.
No fim da década de 1960, viajou com os sertanistas Orlando Villas Boas e Noel Nutels para o Xingu, onde fez ilustrações baseadas nos usos e costumes indígenas.
Obras principais
Painel no Centro Politécnico da UFPR, Curitiba, 1961.
Mural na sede da UNE, na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, em 1946. A sede foi destruída e incendiada logo no primeiro dia do Golpe Militar de 1964. Foi seu primeiro mural encomendado.
Mural no Hotel Aeroporto, de propriedade de Ingeborg Rusti, em 1953, como homenagem à emancipação do Paraná. Foi seu primeiro mural no estado do Paraná.
"Monumento ao Primeiro Centenário do Paraná", painel histórico em azulejos na Praça 19 de Dezembro, Curitiba, em 1953.
Murais para o pórtico do Pavilhão de Exposições do Centenário.
"Alegoria ao Paraná", na fachada do Palácio Iguaçu, em Curitiba, apresentada na inauguração do palácio, em 1953.
Painel em azulejos no Largo da Ordem, em Curitiba, representando carroças de verduras, e as colonas italianas e polonesas.
Monumento ao Tropeiro, na Lapa, Paraná.
Painel da fachada do Teatro Guaíra em frente à Praça Santos Andrade, em Curitiba. O painel feito inicialmente foi destruído pelo incêndio que destruiu o teatro posteriormente reconstruído, inclusive o painel.
"Evolução da Comunicação", tema dos vitrais da Biblioteca da PUC-Paraná.
Ilustrações de livros de Guimarães Rosa, Dalton Trevisan, Hermínio da Cunha César, Gilberto Freire.
A partir de 1967, fez cerca de 200 desenhos dos índios do Xingu, que foram expostos na Bélgica e em Londres.
Logomarca da "Sala do Artista", no Solar do Rosário, em Curitiba, feito em 1994, representando o artista plástico.
Em 1996, faz seu primeiro painel em concreto aparente.
Monumento Marco na Rodovia do Café, no Paraná, tendo como tema o café.
Painel Lendas Brasileiras no Crystal Palace Hotel, em Londrina, PR, 1985.
Painel para a Hidrelétrica de Itaipu, em 1998, em parceria com Adroaldo Renato Lenzi.
2 Painéis de azulejos na Sede da OAB-PR (Brasilino Moura 253, Curitiba - PR), em 2009.
Obras literárias Ilustradas
Grande Sertão: Veredas, Sagarana, Corpo de Baile e Magma de Guimarães Rosa;
Assombração do Recife Velho, Gilberto Freire;
Capitães da Areia, Jorge Amado;
Cinco Minutos e Iracema, José de Alencar;
Chapadão do Bugre, Mário Palmério;
Contos de Chekhov, Anton Pavlovich Chekhov;
Crônicas de Curitiba, Em busca de Curitiba Perdida, Dinorá, Ah, é?, Cemitério de Elefantes de Dalton Trevisan e ainda Mistérios de Curitiba e Noites de Insônia (livro formato cordel publicado pelo autor;
Gramática Expositiva do Chão, Manuel de Barros;
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quatro Contos, Helena e Iaiá Garcia, de Machado de Assis;
Parábolas e Fragmentos, Franz Kafka; Trilhos, Trilhas e Traços, Poty Lazzarotto e Valêncio Xavier;
O Quinze, Rachel de Queiroz;
Moby Dick, Herman Melville;
Cobra Norato e outros poemas, Raul Bopp;
Quem mata índio?, Poty e Moysés Paciornick;
Curitiba de Nós, Poty e Valêncio Xavier;
Traços, trilhos e trilhas, Poty e Valêncio Xavier;
Sem Família, Hector Malot (tradução de Virgínia Lefèvre), Editora e Livraria do Chain;
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
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Poty Lazzarotto | Itaú Cultural
Napoleon Potyguara Lazzarotto (Curitiba, Paraná, 1924 – Idem, 1998). Gravador, desenhista, ilustrador, muralista, professor. O artista possui extensa e eclética obra gráfica. No começo da carreira, cria diversas histórias em quadrinhos e ilustra livros de autores nacionais e estrangeiros. Grande propagador da gravura, atua como professor em diversas cidades brasileiras.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1942 e estuda pintura na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Frequenta o curso de gravura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Em 1946, viaja para Paris, onde permanece por um ano. Estuda litografia na École Supérieure des Beaux-Arts, com bolsa do governo francês. No campo da litografia, destaca-se por fazer uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da litografia: pedras litográficas previamente usadas na impressão de rótulos industriais são retrabalhadas pelo artista, que preserva nelas os traços das gravações anteriores.
Em 1950, funda, ao lado de Flávio Motta (1923-2016), a Escola Livre de Artes Plásticas, na qual leciona desenho e gravura. Nessa época, organiza o primeiro curso de gravura do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e, ao longo da década de 1950, estende-o para outras capitais brasileiras, como Curitiba, Salvador e Recife.
Desde os anos 1960 tem destaque como muralista, com diversas obras em edifícios públicos e particulares no país e no exterior. Tem relevante atuação como ilustrador de obras literárias, como as de Jorge Amado (1912-2001), Graciliano Ramos (1892-1953) e Euclides da Cunha (1808-1909). Sobre seu desenho, por vezes busca na estilização das formas o efeito da xilogravura. Entretanto, pode também se alternar entre a mancha e o traço, aproximando-se, por exemplo, da obra de Aldemir Martins (1922-2006) e de outros artistas da geração de 1940 e 1950.
Em 1968, é convidado pelos sertanistas Orlando Villas Boas (1914-2002) e Noel Nutels (1913-1973) para uma estada no Parque Nacional do Xingu, durante a qual realiza cerca de duzentos desenhos sobre os hábitos e costumes dos indígenas. Para a crítica de arte Nilza Procopiak, nesses trabalhos, o artista demonstra notável domínio da forma e da técnica, tanto na gradação entre as espessuras das linhas, como nos planos, nos contornos e na observação dos motivos geométricos presentes na cestaria e na cerâmica.
Poty dedica-se também à realização de obras monumentais em madeira, concreto e cerâmica. Seus murais, vitrais e painéis apresentam ampla relação com a atividade de gravador, principalmente pela aproximação da visualidade da xilogravura. Para o estudioso Orlando DaSilva (1923-2012), um elemento comum em sua produção é o vigor no traço dos desenhos, no corte decisivo e profundo tanto na madeira para a gravura, como na talha e nos murais.
É autor dos livros A propósito de figurinhas (1986) e Curitiba, de nós(1989), em parceria com Valêncio Xavier Niculitcheff (1933-2008). Executa diversos murais, como o da Casa do Brasil, em Paris, em 1950, e o painel para o Memorial da América Latina, em São Paulo, em 1988. A partir dos anos 1980 são lançadas várias publicações sobre sua produção: Poty ilustrador (1988), de Antônio Houaiss (1915-1999); Poty: trilhos, trilhas e traços (1994), de Valêncio Xavier Niculitcheff, e Poty: o lirismo dos anos 90 (2000), de Regina Casillo.
Poty Lazzarotto é um nome de destaque no panorama das artes visuais brasileira. Versátil, sua produção caminha entre a ilustração, a gravura, o mural, o painel e o vitral, além de sua atuação como professor, essencial para a divulgação da gravura no Brasil.
Análise
Poty possui uma extensa obra gráfica, tendo realizado inicialmente diversas histórias em quadrinhos e ilustrado livros de diversos autores nacionais e estrangeiros. Grande propagador da gravura, atua como professor em diversas cidades brasileiras. A ele se deve uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da litografia: pedras litográficas previamente usadas na impressão de rótulos industriais são re-trabalhadas pelo artista que mantém traços das gravações anteriores.
Por vezes seu desenho busca na estilização das formas o efeito da xilogravura. Entretanto, pode também alternar-se entre a mancha e o traço, aproximando-se, por exemplo, da obra de Aldemir Martins (1922-2006) e de outros artistas da geração de 1940 e 1950. Em 1968, o artista é convidado pelos sertanistas Orlando Villas Boas e Noel Nütels para uma estada no Parque Nacional do Xingu, durante a qual realiza cerca de 200 desenhos sobre os hábitos e costumes dos indígenas. Para a crítica de arte Nilza Procopiak, nesses trabalhos, o artista demonstra notável domínio da forma e da técnica, tanto na gradação entre as espessuras das linhas, como nos planos, contornos, na observação dos motivos geométricos presentes na cestaria e na cerâmica.
Poty dedica-se também à realização de obras monumentais em madeira, concreto e cerâmica. Seus murais, vitrais e painéis apresentam ampla relação com a sua atividade de gravador, principalmente pela aproximação à visualidade da xilogravura. Para o estudioso Orlando DaSilva, um elemento em comum em sua produção é o vigor presente no traço dos desenhos, no corte decisivo e profundo da madeira para a gravura, assim como na talha e nos murais.
Críticas
"Ao analisar o conjunto da obra gravada de Poty temos que tomar conhecimento, nem que seja numa olhada panorâmica, de seus trabalhos em outras técnicas. Temos que conhecer o artista gravador, desenhista, ilustrador, muralista, decorador, escultor e isso se transforma em um desafio. Como conciliar seu trabalho mural, especialmente quando em concreto, com as obras gráficas em metal, madeira ou pedra; por que a linha decorativa, quase sempre presente em suas xilos, raramente aparece em suas calcogravuras?
Na sua xilo muitas vezes encontramos vinculações com o mural, mesmo porque em inúmeros casos o material usado é o mesmo, a madeira.
Mas há uma linha comum que une toda a sua obra: é o vigor, quer no traço enérgico de seus desenhos lançados rápida e nervosamente no papel, quer no corte decisivo e fundo na madeira para a xilo, a talha ou o mural; é a tinta engordurando a pedra nas suas litos e criando contrastes marcantes; é o relevo acentuado de seus murais de concreto; é a ferida profunda causada pela ponta-seca ou ácido nas gravuras em metal.
Sabendo de sua personalidade só nos é possível compreender o decorativismo de seus murais e xilos, não só através do estudo do material empregado, mas tomando conhecimento também de sua facilidade e habilidade manual, somando ainda a memória visual, que lhe facilita a linha simplificada e corrida. Essa convivência fácil com a técnica, sem necessidade de evidenciá-la, faz com que encontremos Poty em toda a sua obra, mesmo sendo esta expressa com linguagens diversas.
Percorrendo seus trabalhos vamos nos deter com um pouco mais de atenção nas suas gravuras em metal, que proporcionam chão firme para o estudo que ora fazemos. Elas nos facilitam a compreensão das outras obras suas com técnicas diferentes, mostram-nos seu início, com o artista apresentando-se totalmente despido do ensino escolarizante, que por vezes afoga a personalidade pessoal do aluno. A gravura em metal, dentre todos os trabalhos de técnicas diversas que pratica, é a que melhor deixa revelar o desenhista que, por sua vez, é quem melhor divulga o seu 'eu'. Queremos acentuar aqui que, antes de tudo, Poty é um desenhista". — Orlando DaSilva (DASILVA, Orlando. Poty, o artista gráfico. Curitiba: Fundação Cultural Curitiba, 1980).
"A Poty se deve uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da pedra litográfica usada industrialmente na impressão de rótulos, latas, e outros, que encontram ecos ulteriores em Lotus Lobo e João Câmara: usando as de Ciccillo Matarazzo, com as quais a indústria deste imprimia latas, generalizou o uso artístico delas, o que também fez na Bahia, pondo a serviço dos artistas, aos quais ensinou litografia, as pedras que imprimiam selos de charuto. O trabalho gráfico de Poty é monumental, tanto nos pequenos formatos, como vinhetas e ilustrações de livros da editora José Olympio, onde ilustra, entre outros, Guimarães Rosa e Mário Palmério, quanto nos grandes, em que a mesma limpeza estilizada dos pequenos se estampa, o mais das vezes ritmicamente. Em Poty, a estilização do desenho pode buscar o efeito da xilogravura, pois, muito estilizado no cortante e nos cheios alternados com vazios, vai ao essencial: essencialista, a obra de Poty em todas as técnicas, excetuando-se, genericamente, o metal, tende a mimetizar a xilogravura, decerto na talha, mas também no vitral e no painel de concreto. Seu desenho, entretanto, pode alternar o borrão e o traço, como Aldemir Martins em outra chave, ambos se encontrando na conjugação da mancha abertíssima e da linha muito marcada, traço corrente nos anos 40 e 50". — Leon Kossovitch e Mayra Laudanna (GRAVURA Brasileira: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000. p. 32-33).
Exposições Individuais
1943 - Curitiba PR - Individual, no Cine Palácio
1943 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1944 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1946 - São Paulo SP - Individual, na Biblioteca Municipal
1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1949 - Curitiba PR - Individual, no Cine Broadway
1950 - Salvador BA - Individual, no Teatro Guarany
1951 - Salvador BA - Individual, no Teatro Castro Alves
1953 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Biblioteca Nacional
1957 - Curitiba PR - Individual, na Biblioteca Pública do Paraná
1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1969 - Bruxelas (Bélgica) - Xingu: índios e mitos
1969 - Curitiba PR - Individual, na Galeria Paulo Valente
1969 - Washington (Estados Unidos) - Individual, no Brasilian-American Cultural Institute
1973 - Rio de Janeiro RJ - Garagem do Edifício do Artista, na Rua Senador Vergueiro, 66/702
1974 - Curitiba PR - Poty: 50 anos, no Badep
1974 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Centro Cultural Lume
1982 - Curitiba PR - Individual, na Galeria de Arte Banestado
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Banerj
1982 - Salvador BA - Poty: desenhos, gravuras, tapeçarias, madeiras entalhadas, no Desenbanco. Núcleo de Artes
1983 - Curitiba PR - 40 Anos de Trabalho, no Museu da Gravura
1984 - Curitiba PR - Poty: desenho e gravura, na Galeria de Arte Banestado
1986 - Londrina PR - Poty: desenho, na Galeria de Arte Banestado
1988 - Curitiba PR - Poty e a PUC, na PUC/PR
1988 - Curitiba PR - Poty e o Cinema, no MIS/PR
1988 - Curitiba PR - Poty Ilustrador, no Espaço Cultural IBM
1988 - Rio de Janeiro RJ - Poty Ilustrador, no MNBA
1988 - Brasília DF - Poty Ilustrador, no MAB/DF
1989 - São Paulo SP - Poty Ilustrador, no Museu Lasar Segall
1990 - Curitiba PR - Poty e a Ponta Seca, no Museu da Gravura
1990 - Curitiba PR - Poty Lazzarotto, no Studio R. Krieger
1990 - Curitiba PR - Poty: desenho, na Galeria de Arte Banestado
1993 - Curitiba PR - Poty Lazzarotto e os 300 Anos, na Sala de Pedra - FCC
1994 - Curitiba PR - 40 Desenhos de Poty, na Biblioteca Pública do Paraná
1994 - Curitiba PR - Individual, out-doors espalhados na cidade de Curitiba
1994 - Curitiba PR - Individual, no Museu Metropolitano de Curitiba
1994 - Curitiba PR - Individual, na Associação Cultural Solar do Rosário
1994 - Florianópolis SC - Individual, no Masc
1994 - São Paulo SP - Individual, no Memorial da América Latina
1997 - Curitiba PR - Poty e o Livro, no Museu de Arte do Paraná
1997 - Curitiba PR - Poty: novas gravuras, na Associação Cultural Solar do Rosário
1998 - Curitiba PR - A Obra Monumental de Poty, no Conjunto Cultural da Caixa - itinerante
1998 - Curitiba PR - Individual, na Livraria Curitiba
Exposições Coletivas
1942 - Londres (Inglaterra) - Exposição em Homenagem à RAF
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - menção honrosa em desenho
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição em Homenagem à RAF
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata em desenho e artes gráficas
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Royal Academy of Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata em desenho
1945 - Rio de Janeiro RJ - 51º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze em gravura e pintura
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores Vão à Escola do Povo, na Enba
1948 - Ponta Grossa PR - Arte do Paraná
1949 - Curitiba PR - 6º Salão Paranaense de Belas Artes, no Instituto de Educação - medalha de prata
1949 - Rio de Janeiro RJ - 55º Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna, no MNBA - prêmio viagem ao país
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1950 - Curitiba PR - 1º Salão de Maio, no Centro Cultural Inter Americano
1950 - Curitiba PR - 7º Salão Paranaense de Belas Artes, no Instituto de Educação
1950 - Rio de Janeiro RJ - 56º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de ouro em desenho
1950 - Salvador BA - 2º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - medalha de ouro em gravura
1951 - Curitiba PR - 8º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura
1951 - Salvador BA - 3º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Curitiba PR - 9º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura - medalha de ouro
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, na Funarte
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1953 - Salvador BA - Poty, Carlos Bastos e Raimundo Oliveira, na Galeria Oxumaré
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Genebra (Suíça) - Gravadores Brasileiros, no Museu Rath
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Curitiba PR - 1º Salão da Cidade, na Câmara Municipal - como homenagem dos organizadores ao artista, são expostas, fora de concurso, cinco gravuras
1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - medalha de ouro em gravura
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Porto Alegre RS - 7º Salão de Belas Artes, no Instituto de Belas Artes - medalha de prata em gravura
1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário - 1º prêmio em gravura
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Lima (Peru) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Rio de Janeiro RJ - Salão para Todos, no MEC
1957 - Salvador BA - Nós e as Artes Populares, na Galeria Oxumaré
1959 - Leverkusen (Alemanha) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Viena (Áustria) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Curitiba PR - 1º Salão Anual de Curitiba, no Diário do Paraná
1960 - Hamburgo (Alemanha) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Utrecht (Holanda) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - Curitiba PR - 18º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná
1962 - Roma (Itália) - Bienal de Arte Sacra
1962 - Salzsburgo (Áustria) - Bienal de Arte Sacra
1963 - Lagos (Nigéria) - Artistas Brasileiros Contemporâneos
1965 - Londrina PR - 1º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1965 - Salvador BA - A Gravura na Bahia, na Galeria Convivium
1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The Yale University Art Gallery
1966 - San Diego (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no La Jolla Museum of Art
1966 - New Orleans (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no Isaac Delgado Museum of Art
1966 - San Francisco (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no San Francisco art Museum
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1968 - Rio de Janeiro RJ - A Gravura Brasileira, no Museu Histórico Nacional
1969 - Bruxelas (Bélgica) - Feira organizada pelo Ministério da Indústria e Comércio
1969 - Londrina PR - 5º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1970 - Liverpool (Inglaterra) - 12 Artistas Contemporâneos Brasileiros, na Universidade de Liverpool
1971 - Curitiba PR - 28º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1972 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses
1973 - Curitiba PR - 200 Anos de Arte Religiosa, no DAC
1973 - Curitiba PR - 2ª Feira das Bandeiras - Mostra de Artistas Paranaenses
1973 - Curitiba PR - 30º Salão Paranaense, no Teatro Guaíra
1973 - Curitiba PR - Mostra de Arte - Acervos Particulares, no Badep
1974 - Curitiba PR - Artistas Contemporâneos Paranaenses, na Galeria Eucatexpo
1974 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses de Todos os Tempos, na Galeria Eucatexpo
1974 - Curitiba PR - Coletiva 74, na Galeria Acaiaca
1974 - Londrina PR - 6º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1975 - Curitiba PR - Accrochage do 1º Aniversário, na Galeria Acaiaca
1975 - Curitiba PR - Folia de Reis, na Casa de Arte Alpendre
1976 - Curitiba PR - 1º Salão Passarola, na Galeria Acaiaca
1976 - Curitiba PR - Coletiva Classe A, na Galeria Acaiaca
1976 - Curitiba PR - Exposição São Francisco, na Casa de Arte Alpendre
1976 - Curitiba PR - Panorama da Arte no Paraná: 3 artistas contemporâneos, no Badep
1976 - Curitiba PR - Verão 76, na Galeria Acaiaca
1977 - Curitiba PR - Arte & Economia, no Badep
1977 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1977 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1978 - Curitiba PR - A Arte da Gravura, no Badep
1979 - Curitiba PR - 1ª Mostra do Desenho Brasileiro, no Museu de Arte do Paraná
1979 - Curitiba PR - A Gravura em Madeira, no Badep
1979 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1979 - Curitiba PR - Galeria de Arte Cocaco: 20 anos depois, na Galeria Cocaco
1979 - Curitiba PR - Os Italianos no Paraná, no Badep
1980 - Curitiba PR - 3ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, no Museu da Gravura
1980 - Curitiba PR - Encontro Nacional de Críticos de Arte, na FCC
1980 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1980 - Curitiba PR - Verão: Arte, na Galeria Acaiaca
1981 - Curitiba PR - Ano 7, na Galeria Acaiaca
1981 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1982 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1982 - Penápolis SP - Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - São Paulo SP - Seis Gravadores Expressionistas do Brasil: Segall, Goeldi, Abramo, Renina, Poty, Grassmann, no Museu Lasar Segall
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Recife PE - 50 Anos de Casa Grande & Senzala: exposição itinerante, na Fundação Joaquim Nabuco
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas - sala especial, no MAM/RJ
1984 - Aracaju SE - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - Brasília DF - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - Curitiba PR - Arte Classe Acaiaca, na Galeria Acaiaca
1984 - Curitiba PR - Verão Arte, na Galeria Acaiaca
1984 - Lisboa (Portugal) - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala, no Museu Gulbenkian da Fundação Calouste Gulbenkian
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, no MNBA
1984 - Salvador BA - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - São Paulo SP - Artistas Paranaenses, na Faap
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1984 - Vitória ES - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1985 - Curitiba PR - Desenho, Cor e Forma, no Studio R. Krieger
1985 - Curitiba PR - Ferroviarte, na Estação Rodoferroviária
1985 - Curitiba PR - Vinte Vezes Francisco, na Galeria Acaiaca
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão Preto e Branco, na Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade/Funarte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Um Panorama do Rio, no MNBA
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Curitiba PR - 7ª Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba
1986 - Curitiba PR - 7º Acervo do Museu Nacional da Gravura - Casa da Gravura, no Museu Guido Viaro
1986 - Curitiba PR - Tradição/Contradição, no MAC/PR
1986 - Rio de Janeiro RJ - A Nova Flor de Abacate, Grupo Guignard - 1943 e Os Dissidentes - 1942, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Paraná, Cor e Forma, no MNBA
1987 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses, no Artespaço Saint German des Prés
1987 - Curitiba PR - Coletiva, na Galeria de Arte Banestado
1987 - Curitiba PR - Doze Mestres da Pintura, no Ufizzi Galeria de Arte
1987 - Curitiba PR - Exposição Inaugural do Museu Municipal
1987 - Curitiba PR - São Francisco Revisitado, na Galeria Acaiaca
1987 - Curitiba PR - Verão Arte, na Galeria Acaiaca
1988 - Brasília DF - Poty Ilustrador, no MAB/DF
1988 - Curitiba PR - 8ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, na Casa de Gravura. Solar do Barão
1988 - Curitiba PR - Exposição Inaugural do Museu Municipal, no Museu Municipal de Arte
1988 - Curitiba PR - 8º Gravadores Paranaenses das Décadas de 50/60, no Museu Municipal de Arte
1988 - Curitiba PR - Marinhas: homenagem a Nilo Previdi, no Studio R. Krieger
1988 - Curitiba PR - São Francisco de Assis, na Galeria Acaiaca
1988 - Salvador BA - Os Ilustradores de Jorge Amado, na Fundação Casa de Jorge Amado
1989 - Curitiba PR - 30 Anos, na Galeria Cocaco
1989 - Curitiba PR - Auto-Retrato na Pintura Paranaense, no Museu de Arte do Paraná
1989 - Curitiba PR - Cocaco 30 Anos, na Galeria de Arte Cocaco
1989 - Curitiba PR - Desenho, Cor e Forma, no Studio R. Krieger
1989 - Rio de Janeiro RJ - Gravura Brasileira: 4 temas, na EAV/Parque Lage
1990 - Curitiba PR - 297 Vezes Curitiba, na Galeria Acaiaca
1990 - Curitiba PR - São Francisco da Ordem, na Galeria Acaiaca
1990 - Londrina PR - Coletiva, na Galeria de Arte Banestado
1991 - Curitiba PR - Curitiba Nosso Amor, na Galeria Acaiaca
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Curitiba PR - Reflexão dos Anos 80, no MAC/PR
1992 - Curitiba PR - 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu de Gravura
1992 - Curitiba PR - Enfocando a Gravura em Metal, no Museu da Gravura
1992 - Curitiba PR - Novas Aquisições Minigravuras, no Museu Municipal de Arte
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, no CCBB
1993 - Curitiba PR - Coletiva, na Catedral Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
1993 - Curitiba PR - Homenagens aos 300 Anos de Curitiba, na Galeria Acaiaca
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1993 - Londrina PR - Imagens Gravadas: obras do Acervo do Museu da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu de Arte de Londrina
1994 - Curitiba PR - 301 Anos de Curitiba, na Galeria Acaiaca
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1996 - Curitiba PR - Exposição de Peças e Pinturas, no Museu da Arquidiocese de Curitiba
1996 - Curitiba PR - Há 50 Anos... Joaquim, no Seec
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, no Paço das Artes
1997 - Curitiba PR - A Arte Contemporânea da Gravura, no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba
1997 - São Paulo SP - Paranaenses, na Faap
1998 - Curitiba PR - Traços & Palavras, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rouen (França) - Feira Internacional de Rouen: Poty, Rogério Dias e Armando Merege
Exposições Póstumas
1998 - Curitiba PR - Arte Paranaense: movimento de renovação, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - Curitiba PR - Arte e Cultura: PUC 40 anos, na PUC/PR
1999 - Curitiba PR - Panorama da Arte Brasileira, no Graciosa Country Club
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Literatura Brasileira e Gravura, na ABL
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - Curitiba PR - Exposição Acervo Badep, na Seec
2000 - Curitiba PR - Publicação da Coleção Brasil 500 Anos, na Fundação Cultural de Curitiba
2000 - São Paulo SP - Investigação. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB/Faap
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB/Faap
Fonte: POTY Lazzarotto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 23 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia.vISBN: 978-85-7979-060-7
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100 anos de Poty Lazzarotto: cerca de 500 obras serão expostas no MON | CasaCor
A partir de 12 de abril, a exposição Trilhos e Traços – Poty 100 anos, estará disponível para o público no Museu Oscar Niemeyer (MON). Pensada para comemorar o centenário do desenhista, gravurista e muralista brasileiro, a mostra reúne aproximadamente 500 obras — um recorte da doação de 4 mil peças realizada pela família do artista ao Museu — e possui curadoria de Maria José Justino e Fabricio Vaz Nunes.
Segundo os curadores, além de destacar a importância de sua obra no cenário paranaense, a exposição procura extrapolar as fronteiras regionais e apresentar Poty em sua dimensão universal. “Na sua atividade artística incessante e obstinada, recriou, em imagens, o universo criativo da literatura; em seus murais, plasmou a grande aventura da história universal”, afirmam.
Na mostra, as obras foram organizadas em torno de nove núcleos temáticos presentes na trajetória artística de Poty, representativos das suas diferentes facetas: o Narrador, o Trabalho, o Xingu, o Sagrado, a Guerra, o Cotidiano, o Viajante, o Muralista e o Retratista. “Mas Poty, o piá do Capanema que amava o cinema e as histórias em quadrinhos, é ainda mais que tudo isso”, dizem os curadores.
Sobre o artista
Na literatura brasileira, Poty ilustrou obras destacadas, como Os sertões, de Euclides da Cunha, e Grande Sertão:
Veredas, de Guimarães Rosa, e deu vida aos curitibanos controversos retratados nos contos de Dalton Trevisan.
Mas com seus monumentos ou painéis de azulejo e de concreto aparente, presentes em toda Curitiba, o artista também deixou sua marca no urbanismo. Nos painéis da travessa Nestor de Castro, Poty mostra, de um lado, a cena de uma Curitiba que já não existe, e do outro, a evolução da cidade, surgida em meio ao pinheiral, habitada por imigrantes.
Acervo MON
Em 29 de março de 2022, dia do aniversário de Curitiba – e coincidentemente, data de nascimento do artista Poty Lazzarotto – o MON recebeu a maior coleção já doada à instituição: aproximadamente 4,5 mil peças que constituem um verdadeiro material etnográfico sobre o artista. Tal coleção conta com mais de 3 mil desenhos e 366 gravuras, além de tapeçarias, entalhes, serigrafias e esculturas, entre outros. A doação foi feita diretamente pelo irmão do artista, João Lazzarotto.
Um recorte dessa vasta coleção de Poty poderá ser visto nessa exposição. O eixo central do prédio do Museu se transformará em palco para as maiores coleções recebidas pelo MON, ao lado das mostras de arte asiática e africana.
“Poty, em seu centenário, segue atual, incomparável, e essa nova exposição reforça a importância do artista para a identidade cultural paranaense. Tenho certeza de que a mostra no Museu Oscar Niemeyer introduzirá seu trabalho singular para milhares de pessoas e também para as novas gerações”, afirma Luciana Casagrande Pereira, secretária de estado da Cultura do Paraná.
Fonte: CasaCor. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
Crédito fotográfico: Governo do Paraná. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
Napoleão Potyguara Lazzarotto (Brasil, Curitiba, 29 de março de 1924 - Idem, 8 de maio de 1998), mais conhecido como Poty Lazzarotto ou simplesmente Poty, foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro. Ainda criança, demonstrava um talento notável para o desenho e a pintura, o que não passou despercebido por sua família, que o incentivou a seguir essa vocação. Estudou na Escola de Belas Artes do Paraná e, posteriormente, na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, antes de aperfeiçoar suas habilidades na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em Paris. Influenciado pelo modernismo europeu, Poty tornou-se um dos principais muralistas do Brasil, conhecido por suas obras vibrantes e temáticas que celebram a cultura e a história brasileira. Seus murais, gravuras e desenhos, caracterizados pela simplicidade das formas e cores vivas, estão espalhados por diversas cidades brasileiras, com destaque para Curitiba com mais de 60 de suas obras. Além dos murais, Poty Lazzarotto também ganhou projeção nacional como ilustrador, com mais de 170 títulos ilustrados de autores brasileiros e estrangeiros, incluindo obras de Machado de Assis e Guimarães Rosa. Sua arte, uma celebração da brasilidade, transformava espaços comuns em verdadeiras galerias a céu aberto. Poty recebeu diversas homenagens e prêmios ao longo de sua vida, e seu legado é preservado pelo Instituto Poty Lazzarotto.
Poty Lazzarotto | Arremate Arte
Napoleão Potyguara Lazzarotto, também conhecido como Poty Lazzarotto, foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro. Nasceu em 29 de março de 1924, em Curitiba, Paraná e, desde cedo, a arte pulsava em suas veias. Ainda criança, demonstrava um talento notável para o desenho e a pintura, o que não passou despercebido por sua família, que o incentivou a seguir essa vocação.
Poty ingressou na Escola de Belas Artes do Paraná, onde começou a moldar sua visão artística. Em busca de maior aperfeiçoamento, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na renomada Escola Nacional de Belas Artes. Sua sede de conhecimento o levou, em 1946, à École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em Paris. Na França, Poty teve contato direto com a vanguarda europeia e se deixou influenciar pelos grandes mestres do modernismo.
De volta ao Brasil, Poty rapidamente se destacou como um dos principais muralistas do país. Seu estilo único, que combinava modernismo com influências regionais, encantou críticos e público. Poty tinha uma capacidade rara de transformar espaços comuns em verdadeiras galerias de arte a céu aberto.
Poty é autor de inúmeros murais espalhados por diversas cidades brasileiras. Suas obras são marcadas pela simplicidade das formas, uso vibrante de cores e temas que celebram a cultura e a história do Brasil. Entre suas obras mais icônicas estão os murais na Biblioteca Pública do Paraná, no Teatro Guaíra, na Universidade Federal do Paraná e no Aeroporto Internacional Afonso Pena, todos em Curitiba. Cada mural é uma narrativa visual que capta a essência do povo brasileiro e suas tradições.
Embora seja mais conhecido por seus murais, Poty também se destacou em outras formas de arte. Suas gravuras e desenhos são igualmente impressionantes, caracterizados por um traço firme e expressivo. Além disso, Poty aventurou-se na escultura e na cerâmica, sempre trazendo a mesma paixão e atenção aos detalhes que marcaram sua carreira.
O trabalho de Poty Lazzarotto é uma celebração da brasilidade. Seus murais frequentemente exploram temas do cotidiano, da cultura popular e da história brasileira. Ele tinha um dom especial para capturar a vida em suas diversas facetas, desde cenas rurais até a urbanidade pulsante das grandes cidades. Poty conseguia transformar o banal em belo, o cotidiano em extraordinário.
Poty era um mestre no uso das cores e formas. Seus murais são vibrantes, com uma paleta de cores que captura a atenção e transmite uma energia contagiante. Ele usava formas simples e linhas claras para criar composições complexas e profundamente impactantes.
Ao longo de sua vida, Poty recebeu inúmeras homenagens e prêmios, reconhecendo sua contribuição inestimável à arte e cultura brasileira. Sua obra é objeto de estudo e admiração por críticos de arte, historiadores e o público em geral.
Em homenagem ao legado de Poty, foi criado o Instituto Poty Lazzarotto. Esta instituição se dedica a preservar e divulgar sua obra, além de promover a arte e a cultura no Paraná. O Instituto é um testemunho vivo do impacto duradouro de Poty na cena artística brasileira.
As obras de Poty Lazzarotto já foram exibidas em inúmeras exposições, tanto no Brasil quanto no exterior. Seus murais, desenhos, gravuras e esculturas continuam a encantar e inspirar novas gerações. Além disso, várias publicações sobre sua vida e obra ajudam a manter viva a memória desse grande artista.
Poty Lazzarotto é, sem dúvida, um dos maiores nomes da arte brasileira. Sua capacidade de transformar espaços públicos em galerias de arte, sua habilidade em capturar a essência da cultura brasileira e seu talento versátil fazem dele um artista inesquecível. Seus murais, desenhos e esculturas são um testemunho de seu gênio criativo e continuam a inspirar e encantar.
Poty Lazzarotto não é apenas um nome na história da arte brasileira; ele é uma lenda viva, cuja obra continua a dialogar com o público, transcendo o tempo e as fronteiras. Seu legado é um tesouro nacional, uma celebração da criatividade e da cultura do Brasil.
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Uma marca machista: o gênero da obra de Poty | Governo do Paraná
Poty Lazzarotto é o artista nascido no Paraná que alcançou maior destaque na arte moderna brasileira. Tornou-se conhecido como gravador, ilustrador, e pela grande produção de murais. Esta obra muralista se encontra, sobretudo no Paraná e em Curitiba, onde estão 60 de seus painéis. Na obra de Poty aparecem as marcas paranistas: o pinhão, a araucária, a gralha-azul, como simbolizações do Estado e da identidade do paranaense e do curitibano. Estas obras são alegorias sobre o Paraná, um misto de história e ficção, nos quais sob as imagens e a argamassa jazem ideologias, “idéias que não pertenciam” ao artista (Thompson, 2002), promotoras de um modelo de paranaense, muito interessante ao poder.
A crítica de arte Nilza Procopiak diz que o estilo de Poty é, "uma impressão visceral intrínseca [...] que permanece comparável a uma marca – uma espécie de carimbo mental indelével" (1994, p.8).
Nem só o estilo marca. A onipresença da obra e sua divulgação, o sucesso artístico de Lazzarotto no panorama artístico, a noção romântica do gênio, ― que neste caso, é ampliada pela coincidência do gênio ser nativo e aniversariar com a cidade. Existe ainda uma marca invisível, a mesma que Paulo Freire percebeu em si e em sua obra e a chamou de "marca machista".
Na obra de Poty aparecem as marcas paranistas: o pinhão, a araucária, a gralha-azul, como simbolizações do Estado e da identidade do paranaense e do curitibano. Também existe uma marca invisível, a mesma que Paulo Freire percebeu em si e em sua obra e a chamou de "marca machista".
Freire, ao lançar a Pedagogia do Oprimido, nos Estados Unidos, recebeu, em Genebra, inúmeras cartas de mulheres americanas. As cartas falavam do incômodo por serem excluídas da obra desse educador, e em muito o surpreenderam. Diziam que Freire discutia a opressão, a libertação, criticava, com justa indignação, as estruturas opressoras, mas "com uma linguagem machista, portanto discriminatória", em que não havia lugar para as mulheres (FREIRE, 1992, p.66).
Ora, quando eu falo homem, a mulher necessariamente está incluída. Em certo momento de minhas tentativas, puramente ideológicas, de justificar a mim mesmo a linguagem machista que usava, percebi a mentira ou a ocultação da verdade que havia na afirmação: "quando falo homem, a mulher está incluída". E por que os homens não se acham incluídos quando dizemos: "As mulheres estão decididas a mudar o mundo"? (FREIRE, 1992, p.67).
Anos mais tarde, ao rever sua obra para uma reedição, o educador, assumindo a "marca machista" que sua escrita trazia, compreendeu seu "débito àquelas mulheres [...], por me terem feito ver o quanto a linguagem tem de ideologia" (FREIRE, 1992, p.67). Contudo, o texto revisto parece ter sido publicado apenas nos Estados Unidos. As reedições no Brasil permaneceram com a mesma ideologia. De todo modo, Freire pôde descobrir-se machista.
O que esta reflexão pretende é analisar como esta marca se faz nas pessoas, de que modo ela pôde ser construída, em um homem como Freire, que conseguiu desvelar esquemas tão nefastos da sociedade às pessoas. Qual teria sido a base desta formação em sua época? Quais os instrumentos sociais que teriam auxiliado essa construção naquela época?
Freire nasceu em Recife em 1921, e, como todos então, teve na família o modelo principal de sua formação. Aquele era o esquema da família moderna; quer fosse humilde ou abastada, o modelo era o mesmo. As diferenças de padrões socioculturais não o alteravam. Nele, o pai era o mantenedor, trabalhava para o sustento da casa, esposa e filhos. A mãe, por sua vez, era considerada do lar, doméstica ou manteúda.
As funções do casal nesse esquema surgiram com o desenvolvimento da sociedade capitalista e a indústria moderna, no momento de toda uma redefinição de classes e gêneros. Foi quando estas funções produtivas determinaram, nas práticas e no social, o mundo masculino – da rua – como público, construindo como oposto o mundo privado – da casa – como feminino (VAISTMAN, 2001, p.34). Griselda Pollock diz que as mulheres na modernidade foram vítimas de violência de diferentes formas, o que lhes negou o direito à mobilidade (POLLOCK, 2005, p.127), um espaço restrito, da cozinha para um determinado comércio.
Essa realidade é perceptível ao analisarmos a sociedade brasileira da primeira metade do século XX pela música popular brasileira: "Ela é a dona de tudo, ela é a rainha do lar, ela vale mais para mim, que o céu, que a terra e que o mar. [...] Mamãe, Mamãe, Mamãe, eu te lembro o chinelo na mão, o avental todo sujo de ovo [...]". Esta canção, "Mamãe", de Herivelton Martins e David Nasser, é um exemplo de como esta realidade era vista e reproduzida na sociedade.
Em 1956, à véspera do Dia das Mães, esta valsa, gravada pela cantora Angela Maria (1928), foi um sucesso de vendas nunca mais visto no País: "Pela primeira vez se fez fila para comprar um disco no Brasil. Em uma semana, vendi 300 mil exemplares do 78 rotações com "Mamãe", comenta a cantora. A letra da música descrevia o ideal de "rainha do lar" (FAOUR, 2002, p.67).
Voltando ao início daquele século, três anos depois de Freire nascia Poty, em Curitiba. É possível dizer que a família dos dois não foi construída segundo aquele mesmo esquema: a mãe, responsável pela educação dos filhos e trabalhos domésticos; o pai, responsável pela manutenção da família.
Seria tolo dizer que eles e todos os homens de seu tempo, e mesmo os atuais, não aprenderam de seus pais e mães, e de todo o seu meio, o machismo. A reprodução disso cabe em parte à mulher, escrava de si própria ao criar o homem machista, como disse Simone de Beauvoir, mas a mulher não o faz só (CASTAÑEDA, 2006, p.11). Como disse Hanna Arendt (1906-1975), "estar vivo é estar entre os homens" (ARENDT, 1989), e Freire e Poty foram educados entre os homens de seu tempo. O outro e indispensável modelo nessa construção, para legitimar as emoções e representações, foi o universo simbólico que apresentava, e ainda apresenta, pelas músicas, filmes, novelas e publicidade, "espelhos" às emoções da sociedade.
No documentário "A obra monumental de Poty", aparecem, em meio ao material do artista, catalogado após seu falecimento, revistas (cadernos, desenhos), alguns exemplares da "Revista do Rádio", publicação muito popular entre todas as classes a partir de 1948 até 1970 (FAOUR, 2002, p.21).
Essa revista apresentava detalhes da vida dos astros da rádio, programações, fofocas. Uma de suas colunas era "A pergunta da semana". No número 159 (23/9/1952) a revista indagava: "Qual a melhor profissão para a mulher?". A resposta de algumas celebridades serve para mostrar o imaginário sobre a questão: "Embora eu esteja perfeitamente satisfeita com a minha profissão, acho que a melhor profissão é a de dona de casa", respondia Dircinha Batista (1922-1999), conhecida cantora (FAOUR, 2002, p.122).
Como mencionado, aquele gênero de canção expresso em letras como: "Você só me bate, pretinho, não faz um carinho pra me consolar, e eu que sou tão boazinha, tão direitinha, sei lhe respeitaria [...]"
reproduzia os papéis sociais de homens e mulheres, um "inconsciente ao mesmo tempo coletivo e individual, traço incorporado de uma história individual que impõe a todos os agentes, homens e mulheres, seu sistema de pressupostos imperativos" (BOURDIEU, 2003, p.70) a serem obedecidos e reproduzidos.
A rádio apresentava elementos a legalizar as emoções da sociedade, pois as emoções são sociais, e historicamente construídas (JAGAAR, 1997, p.173). Ensinava pelas músicas, pelas novelas e pelos mitos os comportamentos, como hoje faz a televisão: constrói fantasias, apazigua dores, impulsiona paixões e ensina a homens e mulheres, entre tantas outras coisas, a dominação masculina e o machismo. É uma forma de atribuirmos significações, e esta operação vai além da vida social, "de modo que o indivíduo pode 'localizar-se' nele (o mundo simbólico) mesmo em suas mais solitárias experiências" (BERGER, 2002, p.132).
Poty teve no cinema e na literatura os pilares da formação de seu imaginário. Em suas palavras:
Me lembro até hoje duma fita alemã que vi lá em cima. Guardo muito bem a cena: o pai em mangas de camisa, ao lado dele a mãe compungida, de cabeça baixa o filho. Não me lembro o nome da fita. O filho era um xupô. [...] É um policial alemão: matou uma mulher da vida. Ela acolhia ele nos aposentos dela. Andava mais com a mulher do que com outra coisa. Matou com todos os requintes, estrangulou. Paixão, amor e perdição. Eu não sabia que mulher tinha essas características. Eu não sabia dessas coisas, coisas que o padre chamava de feias no catecismo, mas eu não estava estranhando o assunto (apud NICULITCHEFF, 1994, p. 30).
Possivelmente, o cinema, a literatura e a música certificaram, para Poty, algumas idéias sobre as mulheres e os homens, além de lhe assegurar um museu de imagens em movimento e preto e branco. Com isso, é previsível a representação que Poty daria, em sua obra, aos homens e às mulheres.
Formado em uma sociedade com tais princípios, o artista os reproduziria, cumprindo o papel que lhe foi ensinado.
É este ensinamento, pelos exemplos da família e da sociedade espelhados no simbólico, o que, segundo Pierre Bourdieu, move no homem a "dominação masculina", o fato de que tudo o que recebeu da sociedade faz com que ele tenha que desempenhar este papel e venha a se cobrar por isso. Nas palavras do autor, "deve cumprir para estar agindo corretamente para consigo mesmo, para permanecer digno, a seus próprios olhos, de uma certa idéia de homem" (2003, p.61). Nas suas palavras, o ponto de honra, o princípio do sistema de estratégias de reprodução pelas quais os homens, detentores do monopólio dos instrumentos de produção e reprodução do capital simbólico, visam assegurar a conservação ou o aumento deste capital, estratégias de fecundidade, estratégias de sucessão, estratégias matrimoniais e estratégias educativas [...] pela necessidade da ordem simbólica tornada virtude [...] se perpetuar através da ação de seus agentes (BOURDIEU, 2003, p.62).
Ao observarmos pelo prisma das ciências sociais, podemos perceber sua obra em relação com sua cultura, identificamos em sua mãe a imagem de mulher – representação ideal – que o artista manteve como modelo, não apenas na arte, mas em certos padrões sociais indispensáveis a seu tempo, e que, indiscutivelmente, estiveram presentes na escolha da mulher que seria "a sua".
Analisando a obra pública de Poty quanto à questão da representação dos gêneros, percebe-se o quanto, parafraseando Freire, sua linguagem tem de ideologia machista. Sua primeira obra pública foi a participação na Praça 19 de Dezembro, monumento em comemoração aos 100 anos de emancipação política do Paraná, em que, ao lado de Erbo Stenzel (1911-1980) e Humberto Cozzo, lhe coube a criação do painel de azulejos.
Nessa obra, a imagem da mulher aparece três vezes. Elas figuram na formação da cidade, na recepção a Zacarias Góes de Wasconcellos, o então nomeado primeiro presidente da nova província.
São lavradoras.
Há um detalhe sugestivo: uma das mulheres, abaixada, parece colher algo do chão, enquanto a outra corta o capim junto à araucária, "um enfoque para a cultura da terra, retratada pela trabalhadora rural, que estrategicamente é colocada próximo ao pinheiro" (PEDROSO, 2006, p.25).
No fundo aparece a cidade de Curitiba. É possível que a mulher agachada esteja colhendo pinhões da araucária. Se esta interpretação for pertinente, vale lembrar os signos que o pinhão e a araucária passam a representar no Estado, após o Paranismo. Emblemas identitários e de cunho político.
No primeiro plano, cumprimenta o presidente Zacarias um casal de lavradores. A camponesa traz junto à cintura uma bolsa de semear, o homem um ancinho. Por não aparecer na alegoria nenhuma outra imagem relacionada à agricultura, apenas a colhedora de pinhão, poder-se-ia pensar que é a mata de Araucárias o que ela semeia.
Ao analisar a imagem da mulher que acompanha o homem na recepção ao primeiro presidente, pode-se pensar tratar-se da mesma mulher que se abaixa para colher, dado que há similaridades entre as três figuras: lenço na cabeça e saia ampla. A simbologia da semeadura está ligada à fecundidade. A mulher que semeia, a mesma imagem da produtora, a imagem ligada à mãe, a terra, ao fruto da terra.
Em outra praça de Curitiba, a Praça 29 de Março, uma alegoria de Poty comemora a fundação da cidade e apresenta uma narração de seu desenvolvimento. O nome da praça corresponde à data de aniversário da cidade e, coincidentemente, do artista. Este painel foi realizado em 1967. Toda a imagem empregada nesta narração segue um fio histórico que se inicia com os indígenas, passando pelos ciclos econômicos e pela instalação das instituições na cidade. Há uma menção ao plano urbanístico da cidade.
Ao lado do esquema desse mapa aparecem as linhas de transporte urbano da cidade, que previa o desenvolvimento desta aos seus extremos, norte e sul. Aparentemente, a partir da planta da cidade Lazzarotto teve a sugestão de um movimento humano, de um bailarino que impulsiona um salto.
No texto junto ao painel há uma menção ao futuro: "É dever de cada governante transmitir esta cidade, nem menor nem igual a que recebeu, porém, sob todos os aspectos, mais bela, mais humana e mais sorridente", assinada pelo artista: Potyguara.
Nesse painel as imagens da mulher apresentadas são: a lavradora junto ao homem, a religiosa da Santa Casa de Misericórdia, a esposa enganchada ao esposo, trazendo o filho pela mão, e a santa, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, a padroeira da cidade. Como a representação na alegoria é histórica, a matriz da mulher ideal no esquema moderno é a retratada.
Na alegoria As Artes, na fachada do Teatro Guaíra, em Curitiba, Poty apresenta na composição diversas cenas, algumas delas evidentes com relação ao título, outras cujo emprego é difícil de compreender, como a expulsão de Adão e Eva do Paraíso.
A representação toma um fio histórico a partir de ritos pré-históricos. Chegando ao cinema Poty representa a mulher apenas na ópera, cantando junto ao homem, e na bailarina suspensa nos braços do par.
Ao completar 70 anos, Poty foi homenageado pela Prefeitura de Curitiba com o livro Poty: trilhos, trilhas e traços. A cidade comemorava 300 anos. Este livro foi utilizado na presente pesquisa por apresentar a história do artista. Nele, a biografia é cruzada com reproduções de desenhos e fotos.Trata-se de uma entrevista informal em que Poty conta suas memórias e fatos da cidade ao escritor e amigo Valêncio Xavier. Nas frases do artista, algumas representações da mulher no seu imaginário são perceptíveis:
"Minha avó eu acompanhava quando ia vender verduras", ou ainda: "Foi no Eu Sei Tudo que ouvi falar, pela primeira vez, em Frinéia: os juízes da Grécia Antiga e ela peladinha da silva, magicamente ilustrada por Matamia" (apud NICULITCHEFF, 1994, p.55, grifo do autor).
O livro conta com 207 páginas, das quais 112 são ilustradas. Deste montante de imagens a figura da mulher surge em 12 páginas: a esposa Célia Naves Lazzarotto, a mãe Dona Júlia, a avó lavradora, duas imagens de prostitutas; uma da série de gravuras Mangue (de 1940) e outra mais recente.
Ainda aparecem a mulher lavadeira e duas cenas de sexo. Em uma delas tem-se o homem deitado sobre a mulher, enquanto ela o esfaqueia nas costas; na outra, a mulher no colo do parceiro. A imagem da mulher nua, escapando de um flagrante por dentre as pernas de um general sem calças, é outro desenho de Poty, e uma imagem curiosa, a de mulher negra gestante sendo esfaqueada, ou em pé, sofrendo uma cesariana feita por um homem que não é médico. Há também a jovem retratada na janela.
Outra imagem muito significativa que sugere uma percepção masculina machista ilustra os diversos telefonemas de mulheres que Poty recebeu ao enviuvar. Transparecem, neste desenho, o enfado do homem com a conversa, as intenções das mulheres ao viúvo e a tagarelice. Valêncio comenta que Poty teve o cuidado de tornar ilegíveis os textos que acompanham a fala das mulheres para a publicação da imagem (NICULITCHEFF, 1994, p.193).
É interessante pensar que o artista iniciou sua carreira nos anos quarenta, produzindo em gravura nos primeiros anos, passando à produção de sua obra monumental, à qual se dedicou até o final do século, vendo ao largo o feminismo.
Os anos sessenta foram o período efervescente no debate sobre a condição feminina, o machismo e a dominação. Desde então a participação da mulher na economia e na política tornou-se inegável e fundamental. O feminismo dos anos 60 e 70 foi um dos fatores a descentralizar o sujeito da identidade fixa do período moderno (HALL, 2005, p.46). Auxiliou na transformação daquela realidade, permitindo que a mulher tivesse como escolhas a esfera doméstica, conseqüente ao matrimônio, com ou sem filhos, ou, ainda, a vida profissional aliada à família.
Na mesma época, este movimento, o feminismo, geraria um outro: "A crise do homem". Esta crise seria uma "conseqüência de uma constatação difícil: o carcereiro é também seu prisioneiro ou, em outras palavras, 'a coroa pesa'" (LISBÔA, 1998, p.131). Segundo Maria Regina, esta crise teria se desencadeado com as transformações de comportamento da mulher em relação ao sexo e à moral, e"do questionamento da posição dominadora e patriarcal dos homens na sociedade e na família".
Para a autora, esta crise foi um fenômeno restrito em termos sócio-culturais, e pontuado a um tempo específico. Os homens atingidos pela crise teriam entre 35 e 50 anos e teriam em comum "a constatação dos valores herdados de seus pais". Seriam estes homens jovens nos anos 60 e teriam tomado algum contato "com as novas idéias sobre o relacionamento homem/mulher, relações interpessoais, sexualidade, enfim, o que se convencionou chamar movimentos da contracultura". Segundo Maria Regina,"estes homens tiveram de se rever, se repensar a partir de um novo código, diferente daquele hierárquico em que foram priorizados" (LISBOA, 2000, p.132).
É interessar pensar o "peso da coroa" que Poty, como homem, aprendeu a representar. E, do mesmo modo que a representação que faz da mulher é machista, também o é a representação que faz do homem. Este homem que o artista representou forte, macho, trabalhador, que precisa vencer, nunca falhar. É ele, o homem, quem impulsionaria a economia rumo ao futuro. A coroa, de fato, pesa. A angústia da masculinidade frente a essas imagens do poder masculino não são e não devem ter sido leves no passado.
Marco Radice escreveu O último homem, confissões sobre a crise do papel masculino, em que toma alguns depoimentos anônimos sobre o assunto e aponta algumas idéias interessantes: "não podemos esperar do movimento feminista nenhuma contribuição à revolução cultural do homem que todos os dias toca na sua solidão. Teremos de andar com as próprias pernas" (1982, p.13).
Um de seus anônimos confessores, ao falar do peso da formação machista sobre sua masculinidade, diz, em crise, que não pretendia "inverter o papel e fazer-se de vítima" (RADICE, 1982, p.23). O mesmo confessor, O Intelectual, diz: "não sei modificar meu papel de macho. Não quero dizer 'sou macho até o fim' como defensores do 'quanto pior melhor'. Queria viver minhas contradições e viver, dolorosamente, a condição de homem".
À época, a crise tomou tanta força nas discussões intelectuais que ocorreu em 1985 o primeiro"Simpósio do homem", o que resultou no livro Macho, Masculino-Homem: a sexualidade, o machismo e a crise de identidade do homem brasileiro (LISBÔA, 2000, p.131). No entanto, até as últimas obras públicas de Lazzarotto, a representação da mulher e do homem, nas alegorias, permanece. A representação da mulher é a da esposa e mãe, e, a do homem, o homem do futuro e o pai de família.
Na alegoria de 1987 "O Paraná", a representação da mulher é a da mãe imigrante. O painel, mais que qualquer outro, traz uma mensagem androcêntrica. Neste painel, o homem é o semeador do futuro, ligado ao progresso do Estado, junto a uma revoada de gralhas-azuis, e o chefe de família imigrante também aparece.
Em 1992, Poty termina o painel para a Torre da Telepar, inaugurada um ano antes. A Telepar foi a antiga empresa de telefonia do Estado, vendida naqueles anos. O painel conta a história de Curitiba, e o fio histórico é o mesmo: dos índios àquela atualidade com implementos da telefonia e os que a prefeitura recentemente construíra as estações-tubo do "Ligeirinho".
Este é o painel em que Lazzarotto alcança o maior desenvolvimento técnico. A obra é circular, contornando o centro da torre. Recobre a parede interna, do outro lado, e pelo vidro tem-se a vista panorâmica da cidade. Nesta obra, passados 39 anos da primeira obra pública, a representação da mulher e do homem permanece a mesma.
Nos anos 90, Poty passa a trabalhar em sua poética um misto de suas memórias de infância com o presente. Permanece representando a cidade que viveu no final do século, sustentando o ideal de mulher e de homem dos anos 30, e a família moderna.
Lazzarotto teve a marca machista construída em si e herdou o papel de legá-la ao futuro, fazendo-o por imagens. Produto de determinada sociedade e cultura, sua obra mostra a formação que recebeu, um homem criado em uma sociedade machista, em uma família do esquema moderno, tendo aprendido a reproduzir essas marcas no social.
Fonte: Uma marca machista: o gênero da obra de Poty. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
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Poty Lazzarotto | Wikipédia
Napoleon Potyguara Lazzarotto, conhecido artisticamente como Poty (Curitiba, 29 de março de 1924 – Curitiba, 8 de maio de 1998), foi um desenhista, gravurista, ilustrador, capista e muralista brasileiro.
Filho dos italianos Issac Lazzarotto e Julia Tortato Lazzarotto, começou a se interessar por desenho ainda bem criança. O seu pai era ferroviário e a sua mãe mantinha um restaurante na cidade, o "Vagão do Armistício", muito frequentado por intelectuais paranaenses.
O pai de Poty perdeu um dos braços, devido a um acidente, e para ajudar no orçamento familiar procurava peças de alumínio que eram modeladas em quadros da Santa Ceia, para vender. Poty e seus amigos de infância frequentavam o barracão de seu pai, para ajudar a mover o fole. O barracão que o pai ergueu frente a sua casa, em Curitiba, passou a se chamar "Vagão do Armistício", tornando-se um restaurante desde 1937, sob os cuidados de sua mãe. O governador do Paraná, Manuel Ribas, frequentava o restaurante e, em 1942, premiou Poty com uma bolsa de estudos na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Em 1938, com 14 anos de idade, Poty publicou no jornal Diário da Tarde a história "Haroldo, o Homem Relâmpago", em 6 capítulos.
Em 1943, Hermínio da Cunha César convida Poty para ilustrar seu livro "Lenda da Herva Mate Sapecada", no Rio de Janeiro. Foi o primeiro livro ilustrado por Poty e publicado.
Em 1946, Dalton Trevisan cria a revista "Joaquim", e Poty participa de todos os números, seja com ilustrações, notícias do mundo das artes visuais e/ou comentários sobre arte enviadas da Europa. A "Joaquim", que é editada até 1948, representa uma revolução cultural no Estado do Paraná, tanto no sentido de transformação da literatura, via Dalton, quanto da sua linha editorial, crítica e renovadora como informação e como linguagem. A "Joaquim" representa a primeira conexão do Paraná com outros centros da federação, que publicam na revista seus textos críticos e ensaios, bem como autores estrangeiros nas mais diversas áreas do conhecimento.
Da Europa, graças a uma bolsa de estudos do francês, Poty tem contato com a técnica litográfica, em permanente contribuição à "Joaquim". Voltou ao Brasil em 1948, indo trabalhar no jornal Manhã, de Samuel Wainer, realizando ilustrações para vários jornais do Rio de Janeiro.
Ao longo de sua vida, trabalhou principalmente com desenhos, gravuras, murais, serigrafia, litografia.
Os murais são representativos de sua obra, embora tenha sido o desenho o seu principal veículo de expressão, notadamente as ilustrações que realizou para os mais diversos autores, destacando-se entre esses Dalton Trevisan, considerado o maior contista brasileiro. Em sua execução, Poty empregava materiais diversos, como madeira, vidro (vitrais), cerâmica, azulejo e concreto aparente, esse último um de seus materiais de predileção.
Há obras de Poty espalhadas por diversas cidades do Brasil e do exterior, incluindo murais em Portugal, na França e na Alemanha.
Suas obras também podem ser vistas em diversos locais públicos de Curitiba, como os painéis do pórtico do teatro Guaíra, no saguão do aeroporto Afonso Pena, na praça 29 de Março, na praça 19 de Dezembro e na torre da Telepar.
Faleceu de câncer no pulmão, em 1998. Estava trabalhando, então, em um painel encomendado para a Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Seu último trabalho foi a ilustração para um cartaz encomendado pelo Hospital de Clínicas, em Curitiba, para sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de doações. Foi sepultado no Cemitério Municipal do Água Verde, em Curitiba.
Patrimônio cultural
Em agosto de 2014, algumas de suas obras foram tombadas pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (CEPHA) e reconhecidas como Patrimônio Cultural do Paraná. As obras, com este reconhecimentos, são as localizadas em áreas públicas, como os painéis do Palácio Iguaçu e do Teatro Guaíra.
Dados biográficos
Formou-se na Escola Nacional de Belas Artes em 1945, como resultado de uma bolsa de estudos recebida após a conclusão do curso secundário.
Participou do Liceu de Artes e Ofícios de Carlos Oswald.
Em 1944, realizou ilustrações para os artigos de Ademar Cavalcanti e Carlos Drumond de Andrade no jornal Folha Carioca.
Mudou-se para Paris em 1946, para realizar um curso de artes gráficas, com duração de dois anos, patrocinado pelo governo francês. Nesta ocasião, aprendeu litografia.
Foi responsável pela criação do primeiro mural na União Nacional dos Estudantes (UNE), na Praia do Flamengo, sob o tema O Processo de Kafka. Infelizmente, este trabalho foi destruído pelo Golpe Militar de 1964.
No início da década de 1950 residiu em São Paulo, quando organizou e ministrou cursos de gravura e desenho.
Ganhou o primeiro prêmio da exposição "Gravadores Brasileiros" em Genebra.
Realizou diversas exposições individuais em cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Curitiba.
Realizou exposições individuais no exterior, em Bruxelas, Londres e Washington.
No fim da década de 1960, viajou com os sertanistas Orlando Villas Boas e Noel Nutels para o Xingu, onde fez ilustrações baseadas nos usos e costumes indígenas.
Obras principais
Painel no Centro Politécnico da UFPR, Curitiba, 1961.
Mural na sede da UNE, na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, em 1946. A sede foi destruída e incendiada logo no primeiro dia do Golpe Militar de 1964. Foi seu primeiro mural encomendado.
Mural no Hotel Aeroporto, de propriedade de Ingeborg Rusti, em 1953, como homenagem à emancipação do Paraná. Foi seu primeiro mural no estado do Paraná.
"Monumento ao Primeiro Centenário do Paraná", painel histórico em azulejos na Praça 19 de Dezembro, Curitiba, em 1953.
Murais para o pórtico do Pavilhão de Exposições do Centenário.
"Alegoria ao Paraná", na fachada do Palácio Iguaçu, em Curitiba, apresentada na inauguração do palácio, em 1953.
Painel em azulejos no Largo da Ordem, em Curitiba, representando carroças de verduras, e as colonas italianas e polonesas.
Monumento ao Tropeiro, na Lapa, Paraná.
Painel da fachada do Teatro Guaíra em frente à Praça Santos Andrade, em Curitiba. O painel feito inicialmente foi destruído pelo incêndio que destruiu o teatro posteriormente reconstruído, inclusive o painel.
"Evolução da Comunicação", tema dos vitrais da Biblioteca da PUC-Paraná.
Ilustrações de livros de Guimarães Rosa, Dalton Trevisan, Hermínio da Cunha César, Gilberto Freire.
A partir de 1967, fez cerca de 200 desenhos dos índios do Xingu, que foram expostos na Bélgica e em Londres.
Logomarca da "Sala do Artista", no Solar do Rosário, em Curitiba, feito em 1994, representando o artista plástico.
Em 1996, faz seu primeiro painel em concreto aparente.
Monumento Marco na Rodovia do Café, no Paraná, tendo como tema o café.
Painel Lendas Brasileiras no Crystal Palace Hotel, em Londrina, PR, 1985.
Painel para a Hidrelétrica de Itaipu, em 1998, em parceria com Adroaldo Renato Lenzi.
2 Painéis de azulejos na Sede da OAB-PR (Brasilino Moura 253, Curitiba - PR), em 2009.
Obras literárias Ilustradas
Grande Sertão: Veredas, Sagarana, Corpo de Baile e Magma de Guimarães Rosa;
Assombração do Recife Velho, Gilberto Freire;
Capitães da Areia, Jorge Amado;
Cinco Minutos e Iracema, José de Alencar;
Chapadão do Bugre, Mário Palmério;
Contos de Chekhov, Anton Pavlovich Chekhov;
Crônicas de Curitiba, Em busca de Curitiba Perdida, Dinorá, Ah, é?, Cemitério de Elefantes de Dalton Trevisan e ainda Mistérios de Curitiba e Noites de Insônia (livro formato cordel publicado pelo autor;
Gramática Expositiva do Chão, Manuel de Barros;
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quatro Contos, Helena e Iaiá Garcia, de Machado de Assis;
Parábolas e Fragmentos, Franz Kafka; Trilhos, Trilhas e Traços, Poty Lazzarotto e Valêncio Xavier;
O Quinze, Rachel de Queiroz;
Moby Dick, Herman Melville;
Cobra Norato e outros poemas, Raul Bopp;
Quem mata índio?, Poty e Moysés Paciornick;
Curitiba de Nós, Poty e Valêncio Xavier;
Traços, trilhos e trilhas, Poty e Valêncio Xavier;
Sem Família, Hector Malot (tradução de Virgínia Lefèvre), Editora e Livraria do Chain;
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
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Poty Lazzarotto | Itaú Cultural
Napoleon Potyguara Lazzarotto (Curitiba, Paraná, 1924 – Idem, 1998). Gravador, desenhista, ilustrador, muralista, professor. O artista possui extensa e eclética obra gráfica. No começo da carreira, cria diversas histórias em quadrinhos e ilustra livros de autores nacionais e estrangeiros. Grande propagador da gravura, atua como professor em diversas cidades brasileiras.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1942 e estuda pintura na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Frequenta o curso de gravura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Em 1946, viaja para Paris, onde permanece por um ano. Estuda litografia na École Supérieure des Beaux-Arts, com bolsa do governo francês. No campo da litografia, destaca-se por fazer uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da litografia: pedras litográficas previamente usadas na impressão de rótulos industriais são retrabalhadas pelo artista, que preserva nelas os traços das gravações anteriores.
Em 1950, funda, ao lado de Flávio Motta (1923-2016), a Escola Livre de Artes Plásticas, na qual leciona desenho e gravura. Nessa época, organiza o primeiro curso de gravura do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e, ao longo da década de 1950, estende-o para outras capitais brasileiras, como Curitiba, Salvador e Recife.
Desde os anos 1960 tem destaque como muralista, com diversas obras em edifícios públicos e particulares no país e no exterior. Tem relevante atuação como ilustrador de obras literárias, como as de Jorge Amado (1912-2001), Graciliano Ramos (1892-1953) e Euclides da Cunha (1808-1909). Sobre seu desenho, por vezes busca na estilização das formas o efeito da xilogravura. Entretanto, pode também se alternar entre a mancha e o traço, aproximando-se, por exemplo, da obra de Aldemir Martins (1922-2006) e de outros artistas da geração de 1940 e 1950.
Em 1968, é convidado pelos sertanistas Orlando Villas Boas (1914-2002) e Noel Nutels (1913-1973) para uma estada no Parque Nacional do Xingu, durante a qual realiza cerca de duzentos desenhos sobre os hábitos e costumes dos indígenas. Para a crítica de arte Nilza Procopiak, nesses trabalhos, o artista demonstra notável domínio da forma e da técnica, tanto na gradação entre as espessuras das linhas, como nos planos, nos contornos e na observação dos motivos geométricos presentes na cestaria e na cerâmica.
Poty dedica-se também à realização de obras monumentais em madeira, concreto e cerâmica. Seus murais, vitrais e painéis apresentam ampla relação com a atividade de gravador, principalmente pela aproximação da visualidade da xilogravura. Para o estudioso Orlando DaSilva (1923-2012), um elemento comum em sua produção é o vigor no traço dos desenhos, no corte decisivo e profundo tanto na madeira para a gravura, como na talha e nos murais.
É autor dos livros A propósito de figurinhas (1986) e Curitiba, de nós(1989), em parceria com Valêncio Xavier Niculitcheff (1933-2008). Executa diversos murais, como o da Casa do Brasil, em Paris, em 1950, e o painel para o Memorial da América Latina, em São Paulo, em 1988. A partir dos anos 1980 são lançadas várias publicações sobre sua produção: Poty ilustrador (1988), de Antônio Houaiss (1915-1999); Poty: trilhos, trilhas e traços (1994), de Valêncio Xavier Niculitcheff, e Poty: o lirismo dos anos 90 (2000), de Regina Casillo.
Poty Lazzarotto é um nome de destaque no panorama das artes visuais brasileira. Versátil, sua produção caminha entre a ilustração, a gravura, o mural, o painel e o vitral, além de sua atuação como professor, essencial para a divulgação da gravura no Brasil.
Análise
Poty possui uma extensa obra gráfica, tendo realizado inicialmente diversas histórias em quadrinhos e ilustrado livros de diversos autores nacionais e estrangeiros. Grande propagador da gravura, atua como professor em diversas cidades brasileiras. A ele se deve uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da litografia: pedras litográficas previamente usadas na impressão de rótulos industriais são re-trabalhadas pelo artista que mantém traços das gravações anteriores.
Por vezes seu desenho busca na estilização das formas o efeito da xilogravura. Entretanto, pode também alternar-se entre a mancha e o traço, aproximando-se, por exemplo, da obra de Aldemir Martins (1922-2006) e de outros artistas da geração de 1940 e 1950. Em 1968, o artista é convidado pelos sertanistas Orlando Villas Boas e Noel Nütels para uma estada no Parque Nacional do Xingu, durante a qual realiza cerca de 200 desenhos sobre os hábitos e costumes dos indígenas. Para a crítica de arte Nilza Procopiak, nesses trabalhos, o artista demonstra notável domínio da forma e da técnica, tanto na gradação entre as espessuras das linhas, como nos planos, contornos, na observação dos motivos geométricos presentes na cestaria e na cerâmica.
Poty dedica-se também à realização de obras monumentais em madeira, concreto e cerâmica. Seus murais, vitrais e painéis apresentam ampla relação com a sua atividade de gravador, principalmente pela aproximação à visualidade da xilogravura. Para o estudioso Orlando DaSilva, um elemento em comum em sua produção é o vigor presente no traço dos desenhos, no corte decisivo e profundo da madeira para a gravura, assim como na talha e nos murais.
Críticas
"Ao analisar o conjunto da obra gravada de Poty temos que tomar conhecimento, nem que seja numa olhada panorâmica, de seus trabalhos em outras técnicas. Temos que conhecer o artista gravador, desenhista, ilustrador, muralista, decorador, escultor e isso se transforma em um desafio. Como conciliar seu trabalho mural, especialmente quando em concreto, com as obras gráficas em metal, madeira ou pedra; por que a linha decorativa, quase sempre presente em suas xilos, raramente aparece em suas calcogravuras?
Na sua xilo muitas vezes encontramos vinculações com o mural, mesmo porque em inúmeros casos o material usado é o mesmo, a madeira.
Mas há uma linha comum que une toda a sua obra: é o vigor, quer no traço enérgico de seus desenhos lançados rápida e nervosamente no papel, quer no corte decisivo e fundo na madeira para a xilo, a talha ou o mural; é a tinta engordurando a pedra nas suas litos e criando contrastes marcantes; é o relevo acentuado de seus murais de concreto; é a ferida profunda causada pela ponta-seca ou ácido nas gravuras em metal.
Sabendo de sua personalidade só nos é possível compreender o decorativismo de seus murais e xilos, não só através do estudo do material empregado, mas tomando conhecimento também de sua facilidade e habilidade manual, somando ainda a memória visual, que lhe facilita a linha simplificada e corrida. Essa convivência fácil com a técnica, sem necessidade de evidenciá-la, faz com que encontremos Poty em toda a sua obra, mesmo sendo esta expressa com linguagens diversas.
Percorrendo seus trabalhos vamos nos deter com um pouco mais de atenção nas suas gravuras em metal, que proporcionam chão firme para o estudo que ora fazemos. Elas nos facilitam a compreensão das outras obras suas com técnicas diferentes, mostram-nos seu início, com o artista apresentando-se totalmente despido do ensino escolarizante, que por vezes afoga a personalidade pessoal do aluno. A gravura em metal, dentre todos os trabalhos de técnicas diversas que pratica, é a que melhor deixa revelar o desenhista que, por sua vez, é quem melhor divulga o seu 'eu'. Queremos acentuar aqui que, antes de tudo, Poty é um desenhista". — Orlando DaSilva (DASILVA, Orlando. Poty, o artista gráfico. Curitiba: Fundação Cultural Curitiba, 1980).
"A Poty se deve uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da pedra litográfica usada industrialmente na impressão de rótulos, latas, e outros, que encontram ecos ulteriores em Lotus Lobo e João Câmara: usando as de Ciccillo Matarazzo, com as quais a indústria deste imprimia latas, generalizou o uso artístico delas, o que também fez na Bahia, pondo a serviço dos artistas, aos quais ensinou litografia, as pedras que imprimiam selos de charuto. O trabalho gráfico de Poty é monumental, tanto nos pequenos formatos, como vinhetas e ilustrações de livros da editora José Olympio, onde ilustra, entre outros, Guimarães Rosa e Mário Palmério, quanto nos grandes, em que a mesma limpeza estilizada dos pequenos se estampa, o mais das vezes ritmicamente. Em Poty, a estilização do desenho pode buscar o efeito da xilogravura, pois, muito estilizado no cortante e nos cheios alternados com vazios, vai ao essencial: essencialista, a obra de Poty em todas as técnicas, excetuando-se, genericamente, o metal, tende a mimetizar a xilogravura, decerto na talha, mas também no vitral e no painel de concreto. Seu desenho, entretanto, pode alternar o borrão e o traço, como Aldemir Martins em outra chave, ambos se encontrando na conjugação da mancha abertíssima e da linha muito marcada, traço corrente nos anos 40 e 50". — Leon Kossovitch e Mayra Laudanna (GRAVURA Brasileira: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000. p. 32-33).
Exposições Individuais
1943 - Curitiba PR - Individual, no Cine Palácio
1943 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1944 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1946 - São Paulo SP - Individual, na Biblioteca Municipal
1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1949 - Curitiba PR - Individual, no Cine Broadway
1950 - Salvador BA - Individual, no Teatro Guarany
1951 - Salvador BA - Individual, no Teatro Castro Alves
1953 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Biblioteca Nacional
1957 - Curitiba PR - Individual, na Biblioteca Pública do Paraná
1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1969 - Bruxelas (Bélgica) - Xingu: índios e mitos
1969 - Curitiba PR - Individual, na Galeria Paulo Valente
1969 - Washington (Estados Unidos) - Individual, no Brasilian-American Cultural Institute
1973 - Rio de Janeiro RJ - Garagem do Edifício do Artista, na Rua Senador Vergueiro, 66/702
1974 - Curitiba PR - Poty: 50 anos, no Badep
1974 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Centro Cultural Lume
1982 - Curitiba PR - Individual, na Galeria de Arte Banestado
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Banerj
1982 - Salvador BA - Poty: desenhos, gravuras, tapeçarias, madeiras entalhadas, no Desenbanco. Núcleo de Artes
1983 - Curitiba PR - 40 Anos de Trabalho, no Museu da Gravura
1984 - Curitiba PR - Poty: desenho e gravura, na Galeria de Arte Banestado
1986 - Londrina PR - Poty: desenho, na Galeria de Arte Banestado
1988 - Curitiba PR - Poty e a PUC, na PUC/PR
1988 - Curitiba PR - Poty e o Cinema, no MIS/PR
1988 - Curitiba PR - Poty Ilustrador, no Espaço Cultural IBM
1988 - Rio de Janeiro RJ - Poty Ilustrador, no MNBA
1988 - Brasília DF - Poty Ilustrador, no MAB/DF
1989 - São Paulo SP - Poty Ilustrador, no Museu Lasar Segall
1990 - Curitiba PR - Poty e a Ponta Seca, no Museu da Gravura
1990 - Curitiba PR - Poty Lazzarotto, no Studio R. Krieger
1990 - Curitiba PR - Poty: desenho, na Galeria de Arte Banestado
1993 - Curitiba PR - Poty Lazzarotto e os 300 Anos, na Sala de Pedra - FCC
1994 - Curitiba PR - 40 Desenhos de Poty, na Biblioteca Pública do Paraná
1994 - Curitiba PR - Individual, out-doors espalhados na cidade de Curitiba
1994 - Curitiba PR - Individual, no Museu Metropolitano de Curitiba
1994 - Curitiba PR - Individual, na Associação Cultural Solar do Rosário
1994 - Florianópolis SC - Individual, no Masc
1994 - São Paulo SP - Individual, no Memorial da América Latina
1997 - Curitiba PR - Poty e o Livro, no Museu de Arte do Paraná
1997 - Curitiba PR - Poty: novas gravuras, na Associação Cultural Solar do Rosário
1998 - Curitiba PR - A Obra Monumental de Poty, no Conjunto Cultural da Caixa - itinerante
1998 - Curitiba PR - Individual, na Livraria Curitiba
Exposições Coletivas
1942 - Londres (Inglaterra) - Exposição em Homenagem à RAF
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - menção honrosa em desenho
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição em Homenagem à RAF
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata em desenho e artes gráficas
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Royal Academy of Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata em desenho
1945 - Rio de Janeiro RJ - 51º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze em gravura e pintura
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores Vão à Escola do Povo, na Enba
1948 - Ponta Grossa PR - Arte do Paraná
1949 - Curitiba PR - 6º Salão Paranaense de Belas Artes, no Instituto de Educação - medalha de prata
1949 - Rio de Janeiro RJ - 55º Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna, no MNBA - prêmio viagem ao país
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1950 - Curitiba PR - 1º Salão de Maio, no Centro Cultural Inter Americano
1950 - Curitiba PR - 7º Salão Paranaense de Belas Artes, no Instituto de Educação
1950 - Rio de Janeiro RJ - 56º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de ouro em desenho
1950 - Salvador BA - 2º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - medalha de ouro em gravura
1951 - Curitiba PR - 8º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura
1951 - Salvador BA - 3º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Curitiba PR - 9º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura - medalha de ouro
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, na Funarte
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1953 - Salvador BA - Poty, Carlos Bastos e Raimundo Oliveira, na Galeria Oxumaré
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Genebra (Suíça) - Gravadores Brasileiros, no Museu Rath
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Curitiba PR - 1º Salão da Cidade, na Câmara Municipal - como homenagem dos organizadores ao artista, são expostas, fora de concurso, cinco gravuras
1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - medalha de ouro em gravura
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Porto Alegre RS - 7º Salão de Belas Artes, no Instituto de Belas Artes - medalha de prata em gravura
1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário - 1º prêmio em gravura
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Lima (Peru) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Rio de Janeiro RJ - Salão para Todos, no MEC
1957 - Salvador BA - Nós e as Artes Populares, na Galeria Oxumaré
1959 - Leverkusen (Alemanha) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Viena (Áustria) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Curitiba PR - 1º Salão Anual de Curitiba, no Diário do Paraná
1960 - Hamburgo (Alemanha) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Utrecht (Holanda) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - Curitiba PR - 18º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná
1962 - Roma (Itália) - Bienal de Arte Sacra
1962 - Salzsburgo (Áustria) - Bienal de Arte Sacra
1963 - Lagos (Nigéria) - Artistas Brasileiros Contemporâneos
1965 - Londrina PR - 1º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1965 - Salvador BA - A Gravura na Bahia, na Galeria Convivium
1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The Yale University Art Gallery
1966 - San Diego (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no La Jolla Museum of Art
1966 - New Orleans (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no Isaac Delgado Museum of Art
1966 - San Francisco (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no San Francisco art Museum
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1968 - Rio de Janeiro RJ - A Gravura Brasileira, no Museu Histórico Nacional
1969 - Bruxelas (Bélgica) - Feira organizada pelo Ministério da Indústria e Comércio
1969 - Londrina PR - 5º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1970 - Liverpool (Inglaterra) - 12 Artistas Contemporâneos Brasileiros, na Universidade de Liverpool
1971 - Curitiba PR - 28º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1972 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses
1973 - Curitiba PR - 200 Anos de Arte Religiosa, no DAC
1973 - Curitiba PR - 2ª Feira das Bandeiras - Mostra de Artistas Paranaenses
1973 - Curitiba PR - 30º Salão Paranaense, no Teatro Guaíra
1973 - Curitiba PR - Mostra de Arte - Acervos Particulares, no Badep
1974 - Curitiba PR - Artistas Contemporâneos Paranaenses, na Galeria Eucatexpo
1974 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses de Todos os Tempos, na Galeria Eucatexpo
1974 - Curitiba PR - Coletiva 74, na Galeria Acaiaca
1974 - Londrina PR - 6º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1975 - Curitiba PR - Accrochage do 1º Aniversário, na Galeria Acaiaca
1975 - Curitiba PR - Folia de Reis, na Casa de Arte Alpendre
1976 - Curitiba PR - 1º Salão Passarola, na Galeria Acaiaca
1976 - Curitiba PR - Coletiva Classe A, na Galeria Acaiaca
1976 - Curitiba PR - Exposição São Francisco, na Casa de Arte Alpendre
1976 - Curitiba PR - Panorama da Arte no Paraná: 3 artistas contemporâneos, no Badep
1976 - Curitiba PR - Verão 76, na Galeria Acaiaca
1977 - Curitiba PR - Arte & Economia, no Badep
1977 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1977 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1978 - Curitiba PR - A Arte da Gravura, no Badep
1979 - Curitiba PR - 1ª Mostra do Desenho Brasileiro, no Museu de Arte do Paraná
1979 - Curitiba PR - A Gravura em Madeira, no Badep
1979 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1979 - Curitiba PR - Galeria de Arte Cocaco: 20 anos depois, na Galeria Cocaco
1979 - Curitiba PR - Os Italianos no Paraná, no Badep
1980 - Curitiba PR - 3ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, no Museu da Gravura
1980 - Curitiba PR - Encontro Nacional de Críticos de Arte, na FCC
1980 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1980 - Curitiba PR - Verão: Arte, na Galeria Acaiaca
1981 - Curitiba PR - Ano 7, na Galeria Acaiaca
1981 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1982 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1982 - Penápolis SP - Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - São Paulo SP - Seis Gravadores Expressionistas do Brasil: Segall, Goeldi, Abramo, Renina, Poty, Grassmann, no Museu Lasar Segall
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Recife PE - 50 Anos de Casa Grande & Senzala: exposição itinerante, na Fundação Joaquim Nabuco
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas - sala especial, no MAM/RJ
1984 - Aracaju SE - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - Brasília DF - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - Curitiba PR - Arte Classe Acaiaca, na Galeria Acaiaca
1984 - Curitiba PR - Verão Arte, na Galeria Acaiaca
1984 - Lisboa (Portugal) - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala, no Museu Gulbenkian da Fundação Calouste Gulbenkian
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, no MNBA
1984 - Salvador BA - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - São Paulo SP - Artistas Paranaenses, na Faap
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1984 - Vitória ES - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1985 - Curitiba PR - Desenho, Cor e Forma, no Studio R. Krieger
1985 - Curitiba PR - Ferroviarte, na Estação Rodoferroviária
1985 - Curitiba PR - Vinte Vezes Francisco, na Galeria Acaiaca
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão Preto e Branco, na Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade/Funarte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Um Panorama do Rio, no MNBA
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Curitiba PR - 7ª Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba
1986 - Curitiba PR - 7º Acervo do Museu Nacional da Gravura - Casa da Gravura, no Museu Guido Viaro
1986 - Curitiba PR - Tradição/Contradição, no MAC/PR
1986 - Rio de Janeiro RJ - A Nova Flor de Abacate, Grupo Guignard - 1943 e Os Dissidentes - 1942, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Paraná, Cor e Forma, no MNBA
1987 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses, no Artespaço Saint German des Prés
1987 - Curitiba PR - Coletiva, na Galeria de Arte Banestado
1987 - Curitiba PR - Doze Mestres da Pintura, no Ufizzi Galeria de Arte
1987 - Curitiba PR - Exposição Inaugural do Museu Municipal
1987 - Curitiba PR - São Francisco Revisitado, na Galeria Acaiaca
1987 - Curitiba PR - Verão Arte, na Galeria Acaiaca
1988 - Brasília DF - Poty Ilustrador, no MAB/DF
1988 - Curitiba PR - 8ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, na Casa de Gravura. Solar do Barão
1988 - Curitiba PR - Exposição Inaugural do Museu Municipal, no Museu Municipal de Arte
1988 - Curitiba PR - 8º Gravadores Paranaenses das Décadas de 50/60, no Museu Municipal de Arte
1988 - Curitiba PR - Marinhas: homenagem a Nilo Previdi, no Studio R. Krieger
1988 - Curitiba PR - São Francisco de Assis, na Galeria Acaiaca
1988 - Salvador BA - Os Ilustradores de Jorge Amado, na Fundação Casa de Jorge Amado
1989 - Curitiba PR - 30 Anos, na Galeria Cocaco
1989 - Curitiba PR - Auto-Retrato na Pintura Paranaense, no Museu de Arte do Paraná
1989 - Curitiba PR - Cocaco 30 Anos, na Galeria de Arte Cocaco
1989 - Curitiba PR - Desenho, Cor e Forma, no Studio R. Krieger
1989 - Rio de Janeiro RJ - Gravura Brasileira: 4 temas, na EAV/Parque Lage
1990 - Curitiba PR - 297 Vezes Curitiba, na Galeria Acaiaca
1990 - Curitiba PR - São Francisco da Ordem, na Galeria Acaiaca
1990 - Londrina PR - Coletiva, na Galeria de Arte Banestado
1991 - Curitiba PR - Curitiba Nosso Amor, na Galeria Acaiaca
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Curitiba PR - Reflexão dos Anos 80, no MAC/PR
1992 - Curitiba PR - 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu de Gravura
1992 - Curitiba PR - Enfocando a Gravura em Metal, no Museu da Gravura
1992 - Curitiba PR - Novas Aquisições Minigravuras, no Museu Municipal de Arte
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, no CCBB
1993 - Curitiba PR - Coletiva, na Catedral Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
1993 - Curitiba PR - Homenagens aos 300 Anos de Curitiba, na Galeria Acaiaca
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1993 - Londrina PR - Imagens Gravadas: obras do Acervo do Museu da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu de Arte de Londrina
1994 - Curitiba PR - 301 Anos de Curitiba, na Galeria Acaiaca
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1996 - Curitiba PR - Exposição de Peças e Pinturas, no Museu da Arquidiocese de Curitiba
1996 - Curitiba PR - Há 50 Anos... Joaquim, no Seec
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, no Paço das Artes
1997 - Curitiba PR - A Arte Contemporânea da Gravura, no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba
1997 - São Paulo SP - Paranaenses, na Faap
1998 - Curitiba PR - Traços & Palavras, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rouen (França) - Feira Internacional de Rouen: Poty, Rogério Dias e Armando Merege
Exposições Póstumas
1998 - Curitiba PR - Arte Paranaense: movimento de renovação, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - Curitiba PR - Arte e Cultura: PUC 40 anos, na PUC/PR
1999 - Curitiba PR - Panorama da Arte Brasileira, no Graciosa Country Club
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Literatura Brasileira e Gravura, na ABL
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - Curitiba PR - Exposição Acervo Badep, na Seec
2000 - Curitiba PR - Publicação da Coleção Brasil 500 Anos, na Fundação Cultural de Curitiba
2000 - São Paulo SP - Investigação. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB/Faap
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB/Faap
Fonte: POTY Lazzarotto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 23 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia.vISBN: 978-85-7979-060-7
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100 anos de Poty Lazzarotto: cerca de 500 obras serão expostas no MON | CasaCor
A partir de 12 de abril, a exposição Trilhos e Traços – Poty 100 anos, estará disponível para o público no Museu Oscar Niemeyer (MON). Pensada para comemorar o centenário do desenhista, gravurista e muralista brasileiro, a mostra reúne aproximadamente 500 obras — um recorte da doação de 4 mil peças realizada pela família do artista ao Museu — e possui curadoria de Maria José Justino e Fabricio Vaz Nunes.
Segundo os curadores, além de destacar a importância de sua obra no cenário paranaense, a exposição procura extrapolar as fronteiras regionais e apresentar Poty em sua dimensão universal. “Na sua atividade artística incessante e obstinada, recriou, em imagens, o universo criativo da literatura; em seus murais, plasmou a grande aventura da história universal”, afirmam.
Na mostra, as obras foram organizadas em torno de nove núcleos temáticos presentes na trajetória artística de Poty, representativos das suas diferentes facetas: o Narrador, o Trabalho, o Xingu, o Sagrado, a Guerra, o Cotidiano, o Viajante, o Muralista e o Retratista. “Mas Poty, o piá do Capanema que amava o cinema e as histórias em quadrinhos, é ainda mais que tudo isso”, dizem os curadores.
Sobre o artista
Na literatura brasileira, Poty ilustrou obras destacadas, como Os sertões, de Euclides da Cunha, e Grande Sertão:
Veredas, de Guimarães Rosa, e deu vida aos curitibanos controversos retratados nos contos de Dalton Trevisan.
Mas com seus monumentos ou painéis de azulejo e de concreto aparente, presentes em toda Curitiba, o artista também deixou sua marca no urbanismo. Nos painéis da travessa Nestor de Castro, Poty mostra, de um lado, a cena de uma Curitiba que já não existe, e do outro, a evolução da cidade, surgida em meio ao pinheiral, habitada por imigrantes.
Acervo MON
Em 29 de março de 2022, dia do aniversário de Curitiba – e coincidentemente, data de nascimento do artista Poty Lazzarotto – o MON recebeu a maior coleção já doada à instituição: aproximadamente 4,5 mil peças que constituem um verdadeiro material etnográfico sobre o artista. Tal coleção conta com mais de 3 mil desenhos e 366 gravuras, além de tapeçarias, entalhes, serigrafias e esculturas, entre outros. A doação foi feita diretamente pelo irmão do artista, João Lazzarotto.
Um recorte dessa vasta coleção de Poty poderá ser visto nessa exposição. O eixo central do prédio do Museu se transformará em palco para as maiores coleções recebidas pelo MON, ao lado das mostras de arte asiática e africana.
“Poty, em seu centenário, segue atual, incomparável, e essa nova exposição reforça a importância do artista para a identidade cultural paranaense. Tenho certeza de que a mostra no Museu Oscar Niemeyer introduzirá seu trabalho singular para milhares de pessoas e também para as novas gerações”, afirma Luciana Casagrande Pereira, secretária de estado da Cultura do Paraná.
Fonte: CasaCor. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
Crédito fotográfico: Governo do Paraná. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
Napoleão Potyguara Lazzarotto (Brasil, Curitiba, 29 de março de 1924 - Idem, 8 de maio de 1998), mais conhecido como Poty Lazzarotto ou simplesmente Poty, foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro. Ainda criança, demonstrava um talento notável para o desenho e a pintura, o que não passou despercebido por sua família, que o incentivou a seguir essa vocação. Estudou na Escola de Belas Artes do Paraná e, posteriormente, na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, antes de aperfeiçoar suas habilidades na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em Paris. Influenciado pelo modernismo europeu, Poty tornou-se um dos principais muralistas do Brasil, conhecido por suas obras vibrantes e temáticas que celebram a cultura e a história brasileira. Seus murais, gravuras e desenhos, caracterizados pela simplicidade das formas e cores vivas, estão espalhados por diversas cidades brasileiras, com destaque para Curitiba com mais de 60 de suas obras. Além dos murais, Poty Lazzarotto também ganhou projeção nacional como ilustrador, com mais de 170 títulos ilustrados de autores brasileiros e estrangeiros, incluindo obras de Machado de Assis e Guimarães Rosa. Sua arte, uma celebração da brasilidade, transformava espaços comuns em verdadeiras galerias a céu aberto. Poty recebeu diversas homenagens e prêmios ao longo de sua vida, e seu legado é preservado pelo Instituto Poty Lazzarotto.
Poty Lazzarotto | Arremate Arte
Napoleão Potyguara Lazzarotto, também conhecido como Poty Lazzarotto, foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro. Nasceu em 29 de março de 1924, em Curitiba, Paraná e, desde cedo, a arte pulsava em suas veias. Ainda criança, demonstrava um talento notável para o desenho e a pintura, o que não passou despercebido por sua família, que o incentivou a seguir essa vocação.
Poty ingressou na Escola de Belas Artes do Paraná, onde começou a moldar sua visão artística. Em busca de maior aperfeiçoamento, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na renomada Escola Nacional de Belas Artes. Sua sede de conhecimento o levou, em 1946, à École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em Paris. Na França, Poty teve contato direto com a vanguarda europeia e se deixou influenciar pelos grandes mestres do modernismo.
De volta ao Brasil, Poty rapidamente se destacou como um dos principais muralistas do país. Seu estilo único, que combinava modernismo com influências regionais, encantou críticos e público. Poty tinha uma capacidade rara de transformar espaços comuns em verdadeiras galerias de arte a céu aberto.
Poty é autor de inúmeros murais espalhados por diversas cidades brasileiras. Suas obras são marcadas pela simplicidade das formas, uso vibrante de cores e temas que celebram a cultura e a história do Brasil. Entre suas obras mais icônicas estão os murais na Biblioteca Pública do Paraná, no Teatro Guaíra, na Universidade Federal do Paraná e no Aeroporto Internacional Afonso Pena, todos em Curitiba. Cada mural é uma narrativa visual que capta a essência do povo brasileiro e suas tradições.
Embora seja mais conhecido por seus murais, Poty também se destacou em outras formas de arte. Suas gravuras e desenhos são igualmente impressionantes, caracterizados por um traço firme e expressivo. Além disso, Poty aventurou-se na escultura e na cerâmica, sempre trazendo a mesma paixão e atenção aos detalhes que marcaram sua carreira.
O trabalho de Poty Lazzarotto é uma celebração da brasilidade. Seus murais frequentemente exploram temas do cotidiano, da cultura popular e da história brasileira. Ele tinha um dom especial para capturar a vida em suas diversas facetas, desde cenas rurais até a urbanidade pulsante das grandes cidades. Poty conseguia transformar o banal em belo, o cotidiano em extraordinário.
Poty era um mestre no uso das cores e formas. Seus murais são vibrantes, com uma paleta de cores que captura a atenção e transmite uma energia contagiante. Ele usava formas simples e linhas claras para criar composições complexas e profundamente impactantes.
Ao longo de sua vida, Poty recebeu inúmeras homenagens e prêmios, reconhecendo sua contribuição inestimável à arte e cultura brasileira. Sua obra é objeto de estudo e admiração por críticos de arte, historiadores e o público em geral.
Em homenagem ao legado de Poty, foi criado o Instituto Poty Lazzarotto. Esta instituição se dedica a preservar e divulgar sua obra, além de promover a arte e a cultura no Paraná. O Instituto é um testemunho vivo do impacto duradouro de Poty na cena artística brasileira.
As obras de Poty Lazzarotto já foram exibidas em inúmeras exposições, tanto no Brasil quanto no exterior. Seus murais, desenhos, gravuras e esculturas continuam a encantar e inspirar novas gerações. Além disso, várias publicações sobre sua vida e obra ajudam a manter viva a memória desse grande artista.
Poty Lazzarotto é, sem dúvida, um dos maiores nomes da arte brasileira. Sua capacidade de transformar espaços públicos em galerias de arte, sua habilidade em capturar a essência da cultura brasileira e seu talento versátil fazem dele um artista inesquecível. Seus murais, desenhos e esculturas são um testemunho de seu gênio criativo e continuam a inspirar e encantar.
Poty Lazzarotto não é apenas um nome na história da arte brasileira; ele é uma lenda viva, cuja obra continua a dialogar com o público, transcendo o tempo e as fronteiras. Seu legado é um tesouro nacional, uma celebração da criatividade e da cultura do Brasil.
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Uma marca machista: o gênero da obra de Poty | Governo do Paraná
Poty Lazzarotto é o artista nascido no Paraná que alcançou maior destaque na arte moderna brasileira. Tornou-se conhecido como gravador, ilustrador, e pela grande produção de murais. Esta obra muralista se encontra, sobretudo no Paraná e em Curitiba, onde estão 60 de seus painéis. Na obra de Poty aparecem as marcas paranistas: o pinhão, a araucária, a gralha-azul, como simbolizações do Estado e da identidade do paranaense e do curitibano. Estas obras são alegorias sobre o Paraná, um misto de história e ficção, nos quais sob as imagens e a argamassa jazem ideologias, “idéias que não pertenciam” ao artista (Thompson, 2002), promotoras de um modelo de paranaense, muito interessante ao poder.
A crítica de arte Nilza Procopiak diz que o estilo de Poty é, "uma impressão visceral intrínseca [...] que permanece comparável a uma marca – uma espécie de carimbo mental indelével" (1994, p.8).
Nem só o estilo marca. A onipresença da obra e sua divulgação, o sucesso artístico de Lazzarotto no panorama artístico, a noção romântica do gênio, ― que neste caso, é ampliada pela coincidência do gênio ser nativo e aniversariar com a cidade. Existe ainda uma marca invisível, a mesma que Paulo Freire percebeu em si e em sua obra e a chamou de "marca machista".
Na obra de Poty aparecem as marcas paranistas: o pinhão, a araucária, a gralha-azul, como simbolizações do Estado e da identidade do paranaense e do curitibano. Também existe uma marca invisível, a mesma que Paulo Freire percebeu em si e em sua obra e a chamou de "marca machista".
Freire, ao lançar a Pedagogia do Oprimido, nos Estados Unidos, recebeu, em Genebra, inúmeras cartas de mulheres americanas. As cartas falavam do incômodo por serem excluídas da obra desse educador, e em muito o surpreenderam. Diziam que Freire discutia a opressão, a libertação, criticava, com justa indignação, as estruturas opressoras, mas "com uma linguagem machista, portanto discriminatória", em que não havia lugar para as mulheres (FREIRE, 1992, p.66).
Ora, quando eu falo homem, a mulher necessariamente está incluída. Em certo momento de minhas tentativas, puramente ideológicas, de justificar a mim mesmo a linguagem machista que usava, percebi a mentira ou a ocultação da verdade que havia na afirmação: "quando falo homem, a mulher está incluída". E por que os homens não se acham incluídos quando dizemos: "As mulheres estão decididas a mudar o mundo"? (FREIRE, 1992, p.67).
Anos mais tarde, ao rever sua obra para uma reedição, o educador, assumindo a "marca machista" que sua escrita trazia, compreendeu seu "débito àquelas mulheres [...], por me terem feito ver o quanto a linguagem tem de ideologia" (FREIRE, 1992, p.67). Contudo, o texto revisto parece ter sido publicado apenas nos Estados Unidos. As reedições no Brasil permaneceram com a mesma ideologia. De todo modo, Freire pôde descobrir-se machista.
O que esta reflexão pretende é analisar como esta marca se faz nas pessoas, de que modo ela pôde ser construída, em um homem como Freire, que conseguiu desvelar esquemas tão nefastos da sociedade às pessoas. Qual teria sido a base desta formação em sua época? Quais os instrumentos sociais que teriam auxiliado essa construção naquela época?
Freire nasceu em Recife em 1921, e, como todos então, teve na família o modelo principal de sua formação. Aquele era o esquema da família moderna; quer fosse humilde ou abastada, o modelo era o mesmo. As diferenças de padrões socioculturais não o alteravam. Nele, o pai era o mantenedor, trabalhava para o sustento da casa, esposa e filhos. A mãe, por sua vez, era considerada do lar, doméstica ou manteúda.
As funções do casal nesse esquema surgiram com o desenvolvimento da sociedade capitalista e a indústria moderna, no momento de toda uma redefinição de classes e gêneros. Foi quando estas funções produtivas determinaram, nas práticas e no social, o mundo masculino – da rua – como público, construindo como oposto o mundo privado – da casa – como feminino (VAISTMAN, 2001, p.34). Griselda Pollock diz que as mulheres na modernidade foram vítimas de violência de diferentes formas, o que lhes negou o direito à mobilidade (POLLOCK, 2005, p.127), um espaço restrito, da cozinha para um determinado comércio.
Essa realidade é perceptível ao analisarmos a sociedade brasileira da primeira metade do século XX pela música popular brasileira: "Ela é a dona de tudo, ela é a rainha do lar, ela vale mais para mim, que o céu, que a terra e que o mar. [...] Mamãe, Mamãe, Mamãe, eu te lembro o chinelo na mão, o avental todo sujo de ovo [...]". Esta canção, "Mamãe", de Herivelton Martins e David Nasser, é um exemplo de como esta realidade era vista e reproduzida na sociedade.
Em 1956, à véspera do Dia das Mães, esta valsa, gravada pela cantora Angela Maria (1928), foi um sucesso de vendas nunca mais visto no País: "Pela primeira vez se fez fila para comprar um disco no Brasil. Em uma semana, vendi 300 mil exemplares do 78 rotações com "Mamãe", comenta a cantora. A letra da música descrevia o ideal de "rainha do lar" (FAOUR, 2002, p.67).
Voltando ao início daquele século, três anos depois de Freire nascia Poty, em Curitiba. É possível dizer que a família dos dois não foi construída segundo aquele mesmo esquema: a mãe, responsável pela educação dos filhos e trabalhos domésticos; o pai, responsável pela manutenção da família.
Seria tolo dizer que eles e todos os homens de seu tempo, e mesmo os atuais, não aprenderam de seus pais e mães, e de todo o seu meio, o machismo. A reprodução disso cabe em parte à mulher, escrava de si própria ao criar o homem machista, como disse Simone de Beauvoir, mas a mulher não o faz só (CASTAÑEDA, 2006, p.11). Como disse Hanna Arendt (1906-1975), "estar vivo é estar entre os homens" (ARENDT, 1989), e Freire e Poty foram educados entre os homens de seu tempo. O outro e indispensável modelo nessa construção, para legitimar as emoções e representações, foi o universo simbólico que apresentava, e ainda apresenta, pelas músicas, filmes, novelas e publicidade, "espelhos" às emoções da sociedade.
No documentário "A obra monumental de Poty", aparecem, em meio ao material do artista, catalogado após seu falecimento, revistas (cadernos, desenhos), alguns exemplares da "Revista do Rádio", publicação muito popular entre todas as classes a partir de 1948 até 1970 (FAOUR, 2002, p.21).
Essa revista apresentava detalhes da vida dos astros da rádio, programações, fofocas. Uma de suas colunas era "A pergunta da semana". No número 159 (23/9/1952) a revista indagava: "Qual a melhor profissão para a mulher?". A resposta de algumas celebridades serve para mostrar o imaginário sobre a questão: "Embora eu esteja perfeitamente satisfeita com a minha profissão, acho que a melhor profissão é a de dona de casa", respondia Dircinha Batista (1922-1999), conhecida cantora (FAOUR, 2002, p.122).
Como mencionado, aquele gênero de canção expresso em letras como: "Você só me bate, pretinho, não faz um carinho pra me consolar, e eu que sou tão boazinha, tão direitinha, sei lhe respeitaria [...]"
reproduzia os papéis sociais de homens e mulheres, um "inconsciente ao mesmo tempo coletivo e individual, traço incorporado de uma história individual que impõe a todos os agentes, homens e mulheres, seu sistema de pressupostos imperativos" (BOURDIEU, 2003, p.70) a serem obedecidos e reproduzidos.
A rádio apresentava elementos a legalizar as emoções da sociedade, pois as emoções são sociais, e historicamente construídas (JAGAAR, 1997, p.173). Ensinava pelas músicas, pelas novelas e pelos mitos os comportamentos, como hoje faz a televisão: constrói fantasias, apazigua dores, impulsiona paixões e ensina a homens e mulheres, entre tantas outras coisas, a dominação masculina e o machismo. É uma forma de atribuirmos significações, e esta operação vai além da vida social, "de modo que o indivíduo pode 'localizar-se' nele (o mundo simbólico) mesmo em suas mais solitárias experiências" (BERGER, 2002, p.132).
Poty teve no cinema e na literatura os pilares da formação de seu imaginário. Em suas palavras:
Me lembro até hoje duma fita alemã que vi lá em cima. Guardo muito bem a cena: o pai em mangas de camisa, ao lado dele a mãe compungida, de cabeça baixa o filho. Não me lembro o nome da fita. O filho era um xupô. [...] É um policial alemão: matou uma mulher da vida. Ela acolhia ele nos aposentos dela. Andava mais com a mulher do que com outra coisa. Matou com todos os requintes, estrangulou. Paixão, amor e perdição. Eu não sabia que mulher tinha essas características. Eu não sabia dessas coisas, coisas que o padre chamava de feias no catecismo, mas eu não estava estranhando o assunto (apud NICULITCHEFF, 1994, p. 30).
Possivelmente, o cinema, a literatura e a música certificaram, para Poty, algumas idéias sobre as mulheres e os homens, além de lhe assegurar um museu de imagens em movimento e preto e branco. Com isso, é previsível a representação que Poty daria, em sua obra, aos homens e às mulheres.
Formado em uma sociedade com tais princípios, o artista os reproduziria, cumprindo o papel que lhe foi ensinado.
É este ensinamento, pelos exemplos da família e da sociedade espelhados no simbólico, o que, segundo Pierre Bourdieu, move no homem a "dominação masculina", o fato de que tudo o que recebeu da sociedade faz com que ele tenha que desempenhar este papel e venha a se cobrar por isso. Nas palavras do autor, "deve cumprir para estar agindo corretamente para consigo mesmo, para permanecer digno, a seus próprios olhos, de uma certa idéia de homem" (2003, p.61). Nas suas palavras, o ponto de honra, o princípio do sistema de estratégias de reprodução pelas quais os homens, detentores do monopólio dos instrumentos de produção e reprodução do capital simbólico, visam assegurar a conservação ou o aumento deste capital, estratégias de fecundidade, estratégias de sucessão, estratégias matrimoniais e estratégias educativas [...] pela necessidade da ordem simbólica tornada virtude [...] se perpetuar através da ação de seus agentes (BOURDIEU, 2003, p.62).
Ao observarmos pelo prisma das ciências sociais, podemos perceber sua obra em relação com sua cultura, identificamos em sua mãe a imagem de mulher – representação ideal – que o artista manteve como modelo, não apenas na arte, mas em certos padrões sociais indispensáveis a seu tempo, e que, indiscutivelmente, estiveram presentes na escolha da mulher que seria "a sua".
Analisando a obra pública de Poty quanto à questão da representação dos gêneros, percebe-se o quanto, parafraseando Freire, sua linguagem tem de ideologia machista. Sua primeira obra pública foi a participação na Praça 19 de Dezembro, monumento em comemoração aos 100 anos de emancipação política do Paraná, em que, ao lado de Erbo Stenzel (1911-1980) e Humberto Cozzo, lhe coube a criação do painel de azulejos.
Nessa obra, a imagem da mulher aparece três vezes. Elas figuram na formação da cidade, na recepção a Zacarias Góes de Wasconcellos, o então nomeado primeiro presidente da nova província.
São lavradoras.
Há um detalhe sugestivo: uma das mulheres, abaixada, parece colher algo do chão, enquanto a outra corta o capim junto à araucária, "um enfoque para a cultura da terra, retratada pela trabalhadora rural, que estrategicamente é colocada próximo ao pinheiro" (PEDROSO, 2006, p.25).
No fundo aparece a cidade de Curitiba. É possível que a mulher agachada esteja colhendo pinhões da araucária. Se esta interpretação for pertinente, vale lembrar os signos que o pinhão e a araucária passam a representar no Estado, após o Paranismo. Emblemas identitários e de cunho político.
No primeiro plano, cumprimenta o presidente Zacarias um casal de lavradores. A camponesa traz junto à cintura uma bolsa de semear, o homem um ancinho. Por não aparecer na alegoria nenhuma outra imagem relacionada à agricultura, apenas a colhedora de pinhão, poder-se-ia pensar que é a mata de Araucárias o que ela semeia.
Ao analisar a imagem da mulher que acompanha o homem na recepção ao primeiro presidente, pode-se pensar tratar-se da mesma mulher que se abaixa para colher, dado que há similaridades entre as três figuras: lenço na cabeça e saia ampla. A simbologia da semeadura está ligada à fecundidade. A mulher que semeia, a mesma imagem da produtora, a imagem ligada à mãe, a terra, ao fruto da terra.
Em outra praça de Curitiba, a Praça 29 de Março, uma alegoria de Poty comemora a fundação da cidade e apresenta uma narração de seu desenvolvimento. O nome da praça corresponde à data de aniversário da cidade e, coincidentemente, do artista. Este painel foi realizado em 1967. Toda a imagem empregada nesta narração segue um fio histórico que se inicia com os indígenas, passando pelos ciclos econômicos e pela instalação das instituições na cidade. Há uma menção ao plano urbanístico da cidade.
Ao lado do esquema desse mapa aparecem as linhas de transporte urbano da cidade, que previa o desenvolvimento desta aos seus extremos, norte e sul. Aparentemente, a partir da planta da cidade Lazzarotto teve a sugestão de um movimento humano, de um bailarino que impulsiona um salto.
No texto junto ao painel há uma menção ao futuro: "É dever de cada governante transmitir esta cidade, nem menor nem igual a que recebeu, porém, sob todos os aspectos, mais bela, mais humana e mais sorridente", assinada pelo artista: Potyguara.
Nesse painel as imagens da mulher apresentadas são: a lavradora junto ao homem, a religiosa da Santa Casa de Misericórdia, a esposa enganchada ao esposo, trazendo o filho pela mão, e a santa, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, a padroeira da cidade. Como a representação na alegoria é histórica, a matriz da mulher ideal no esquema moderno é a retratada.
Na alegoria As Artes, na fachada do Teatro Guaíra, em Curitiba, Poty apresenta na composição diversas cenas, algumas delas evidentes com relação ao título, outras cujo emprego é difícil de compreender, como a expulsão de Adão e Eva do Paraíso.
A representação toma um fio histórico a partir de ritos pré-históricos. Chegando ao cinema Poty representa a mulher apenas na ópera, cantando junto ao homem, e na bailarina suspensa nos braços do par.
Ao completar 70 anos, Poty foi homenageado pela Prefeitura de Curitiba com o livro Poty: trilhos, trilhas e traços. A cidade comemorava 300 anos. Este livro foi utilizado na presente pesquisa por apresentar a história do artista. Nele, a biografia é cruzada com reproduções de desenhos e fotos.Trata-se de uma entrevista informal em que Poty conta suas memórias e fatos da cidade ao escritor e amigo Valêncio Xavier. Nas frases do artista, algumas representações da mulher no seu imaginário são perceptíveis:
"Minha avó eu acompanhava quando ia vender verduras", ou ainda: "Foi no Eu Sei Tudo que ouvi falar, pela primeira vez, em Frinéia: os juízes da Grécia Antiga e ela peladinha da silva, magicamente ilustrada por Matamia" (apud NICULITCHEFF, 1994, p.55, grifo do autor).
O livro conta com 207 páginas, das quais 112 são ilustradas. Deste montante de imagens a figura da mulher surge em 12 páginas: a esposa Célia Naves Lazzarotto, a mãe Dona Júlia, a avó lavradora, duas imagens de prostitutas; uma da série de gravuras Mangue (de 1940) e outra mais recente.
Ainda aparecem a mulher lavadeira e duas cenas de sexo. Em uma delas tem-se o homem deitado sobre a mulher, enquanto ela o esfaqueia nas costas; na outra, a mulher no colo do parceiro. A imagem da mulher nua, escapando de um flagrante por dentre as pernas de um general sem calças, é outro desenho de Poty, e uma imagem curiosa, a de mulher negra gestante sendo esfaqueada, ou em pé, sofrendo uma cesariana feita por um homem que não é médico. Há também a jovem retratada na janela.
Outra imagem muito significativa que sugere uma percepção masculina machista ilustra os diversos telefonemas de mulheres que Poty recebeu ao enviuvar. Transparecem, neste desenho, o enfado do homem com a conversa, as intenções das mulheres ao viúvo e a tagarelice. Valêncio comenta que Poty teve o cuidado de tornar ilegíveis os textos que acompanham a fala das mulheres para a publicação da imagem (NICULITCHEFF, 1994, p.193).
É interessante pensar que o artista iniciou sua carreira nos anos quarenta, produzindo em gravura nos primeiros anos, passando à produção de sua obra monumental, à qual se dedicou até o final do século, vendo ao largo o feminismo.
Os anos sessenta foram o período efervescente no debate sobre a condição feminina, o machismo e a dominação. Desde então a participação da mulher na economia e na política tornou-se inegável e fundamental. O feminismo dos anos 60 e 70 foi um dos fatores a descentralizar o sujeito da identidade fixa do período moderno (HALL, 2005, p.46). Auxiliou na transformação daquela realidade, permitindo que a mulher tivesse como escolhas a esfera doméstica, conseqüente ao matrimônio, com ou sem filhos, ou, ainda, a vida profissional aliada à família.
Na mesma época, este movimento, o feminismo, geraria um outro: "A crise do homem". Esta crise seria uma "conseqüência de uma constatação difícil: o carcereiro é também seu prisioneiro ou, em outras palavras, 'a coroa pesa'" (LISBÔA, 1998, p.131). Segundo Maria Regina, esta crise teria se desencadeado com as transformações de comportamento da mulher em relação ao sexo e à moral, e"do questionamento da posição dominadora e patriarcal dos homens na sociedade e na família".
Para a autora, esta crise foi um fenômeno restrito em termos sócio-culturais, e pontuado a um tempo específico. Os homens atingidos pela crise teriam entre 35 e 50 anos e teriam em comum "a constatação dos valores herdados de seus pais". Seriam estes homens jovens nos anos 60 e teriam tomado algum contato "com as novas idéias sobre o relacionamento homem/mulher, relações interpessoais, sexualidade, enfim, o que se convencionou chamar movimentos da contracultura". Segundo Maria Regina,"estes homens tiveram de se rever, se repensar a partir de um novo código, diferente daquele hierárquico em que foram priorizados" (LISBOA, 2000, p.132).
É interessar pensar o "peso da coroa" que Poty, como homem, aprendeu a representar. E, do mesmo modo que a representação que faz da mulher é machista, também o é a representação que faz do homem. Este homem que o artista representou forte, macho, trabalhador, que precisa vencer, nunca falhar. É ele, o homem, quem impulsionaria a economia rumo ao futuro. A coroa, de fato, pesa. A angústia da masculinidade frente a essas imagens do poder masculino não são e não devem ter sido leves no passado.
Marco Radice escreveu O último homem, confissões sobre a crise do papel masculino, em que toma alguns depoimentos anônimos sobre o assunto e aponta algumas idéias interessantes: "não podemos esperar do movimento feminista nenhuma contribuição à revolução cultural do homem que todos os dias toca na sua solidão. Teremos de andar com as próprias pernas" (1982, p.13).
Um de seus anônimos confessores, ao falar do peso da formação machista sobre sua masculinidade, diz, em crise, que não pretendia "inverter o papel e fazer-se de vítima" (RADICE, 1982, p.23). O mesmo confessor, O Intelectual, diz: "não sei modificar meu papel de macho. Não quero dizer 'sou macho até o fim' como defensores do 'quanto pior melhor'. Queria viver minhas contradições e viver, dolorosamente, a condição de homem".
À época, a crise tomou tanta força nas discussões intelectuais que ocorreu em 1985 o primeiro"Simpósio do homem", o que resultou no livro Macho, Masculino-Homem: a sexualidade, o machismo e a crise de identidade do homem brasileiro (LISBÔA, 2000, p.131). No entanto, até as últimas obras públicas de Lazzarotto, a representação da mulher e do homem, nas alegorias, permanece. A representação da mulher é a da esposa e mãe, e, a do homem, o homem do futuro e o pai de família.
Na alegoria de 1987 "O Paraná", a representação da mulher é a da mãe imigrante. O painel, mais que qualquer outro, traz uma mensagem androcêntrica. Neste painel, o homem é o semeador do futuro, ligado ao progresso do Estado, junto a uma revoada de gralhas-azuis, e o chefe de família imigrante também aparece.
Em 1992, Poty termina o painel para a Torre da Telepar, inaugurada um ano antes. A Telepar foi a antiga empresa de telefonia do Estado, vendida naqueles anos. O painel conta a história de Curitiba, e o fio histórico é o mesmo: dos índios àquela atualidade com implementos da telefonia e os que a prefeitura recentemente construíra as estações-tubo do "Ligeirinho".
Este é o painel em que Lazzarotto alcança o maior desenvolvimento técnico. A obra é circular, contornando o centro da torre. Recobre a parede interna, do outro lado, e pelo vidro tem-se a vista panorâmica da cidade. Nesta obra, passados 39 anos da primeira obra pública, a representação da mulher e do homem permanece a mesma.
Nos anos 90, Poty passa a trabalhar em sua poética um misto de suas memórias de infância com o presente. Permanece representando a cidade que viveu no final do século, sustentando o ideal de mulher e de homem dos anos 30, e a família moderna.
Lazzarotto teve a marca machista construída em si e herdou o papel de legá-la ao futuro, fazendo-o por imagens. Produto de determinada sociedade e cultura, sua obra mostra a formação que recebeu, um homem criado em uma sociedade machista, em uma família do esquema moderno, tendo aprendido a reproduzir essas marcas no social.
Fonte: Uma marca machista: o gênero da obra de Poty. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
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Poty Lazzarotto | Wikipédia
Napoleon Potyguara Lazzarotto, conhecido artisticamente como Poty (Curitiba, 29 de março de 1924 – Curitiba, 8 de maio de 1998), foi um desenhista, gravurista, ilustrador, capista e muralista brasileiro.
Filho dos italianos Issac Lazzarotto e Julia Tortato Lazzarotto, começou a se interessar por desenho ainda bem criança. O seu pai era ferroviário e a sua mãe mantinha um restaurante na cidade, o "Vagão do Armistício", muito frequentado por intelectuais paranaenses.
O pai de Poty perdeu um dos braços, devido a um acidente, e para ajudar no orçamento familiar procurava peças de alumínio que eram modeladas em quadros da Santa Ceia, para vender. Poty e seus amigos de infância frequentavam o barracão de seu pai, para ajudar a mover o fole. O barracão que o pai ergueu frente a sua casa, em Curitiba, passou a se chamar "Vagão do Armistício", tornando-se um restaurante desde 1937, sob os cuidados de sua mãe. O governador do Paraná, Manuel Ribas, frequentava o restaurante e, em 1942, premiou Poty com uma bolsa de estudos na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Em 1938, com 14 anos de idade, Poty publicou no jornal Diário da Tarde a história "Haroldo, o Homem Relâmpago", em 6 capítulos.
Em 1943, Hermínio da Cunha César convida Poty para ilustrar seu livro "Lenda da Herva Mate Sapecada", no Rio de Janeiro. Foi o primeiro livro ilustrado por Poty e publicado.
Em 1946, Dalton Trevisan cria a revista "Joaquim", e Poty participa de todos os números, seja com ilustrações, notícias do mundo das artes visuais e/ou comentários sobre arte enviadas da Europa. A "Joaquim", que é editada até 1948, representa uma revolução cultural no Estado do Paraná, tanto no sentido de transformação da literatura, via Dalton, quanto da sua linha editorial, crítica e renovadora como informação e como linguagem. A "Joaquim" representa a primeira conexão do Paraná com outros centros da federação, que publicam na revista seus textos críticos e ensaios, bem como autores estrangeiros nas mais diversas áreas do conhecimento.
Da Europa, graças a uma bolsa de estudos do francês, Poty tem contato com a técnica litográfica, em permanente contribuição à "Joaquim". Voltou ao Brasil em 1948, indo trabalhar no jornal Manhã, de Samuel Wainer, realizando ilustrações para vários jornais do Rio de Janeiro.
Ao longo de sua vida, trabalhou principalmente com desenhos, gravuras, murais, serigrafia, litografia.
Os murais são representativos de sua obra, embora tenha sido o desenho o seu principal veículo de expressão, notadamente as ilustrações que realizou para os mais diversos autores, destacando-se entre esses Dalton Trevisan, considerado o maior contista brasileiro. Em sua execução, Poty empregava materiais diversos, como madeira, vidro (vitrais), cerâmica, azulejo e concreto aparente, esse último um de seus materiais de predileção.
Há obras de Poty espalhadas por diversas cidades do Brasil e do exterior, incluindo murais em Portugal, na França e na Alemanha.
Suas obras também podem ser vistas em diversos locais públicos de Curitiba, como os painéis do pórtico do teatro Guaíra, no saguão do aeroporto Afonso Pena, na praça 29 de Março, na praça 19 de Dezembro e na torre da Telepar.
Faleceu de câncer no pulmão, em 1998. Estava trabalhando, então, em um painel encomendado para a Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Seu último trabalho foi a ilustração para um cartaz encomendado pelo Hospital de Clínicas, em Curitiba, para sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de doações. Foi sepultado no Cemitério Municipal do Água Verde, em Curitiba.
Patrimônio cultural
Em agosto de 2014, algumas de suas obras foram tombadas pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (CEPHA) e reconhecidas como Patrimônio Cultural do Paraná. As obras, com este reconhecimentos, são as localizadas em áreas públicas, como os painéis do Palácio Iguaçu e do Teatro Guaíra.
Dados biográficos
Formou-se na Escola Nacional de Belas Artes em 1945, como resultado de uma bolsa de estudos recebida após a conclusão do curso secundário.
Participou do Liceu de Artes e Ofícios de Carlos Oswald.
Em 1944, realizou ilustrações para os artigos de Ademar Cavalcanti e Carlos Drumond de Andrade no jornal Folha Carioca.
Mudou-se para Paris em 1946, para realizar um curso de artes gráficas, com duração de dois anos, patrocinado pelo governo francês. Nesta ocasião, aprendeu litografia.
Foi responsável pela criação do primeiro mural na União Nacional dos Estudantes (UNE), na Praia do Flamengo, sob o tema O Processo de Kafka. Infelizmente, este trabalho foi destruído pelo Golpe Militar de 1964.
No início da década de 1950 residiu em São Paulo, quando organizou e ministrou cursos de gravura e desenho.
Ganhou o primeiro prêmio da exposição "Gravadores Brasileiros" em Genebra.
Realizou diversas exposições individuais em cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Curitiba.
Realizou exposições individuais no exterior, em Bruxelas, Londres e Washington.
No fim da década de 1960, viajou com os sertanistas Orlando Villas Boas e Noel Nutels para o Xingu, onde fez ilustrações baseadas nos usos e costumes indígenas.
Obras principais
Painel no Centro Politécnico da UFPR, Curitiba, 1961.
Mural na sede da UNE, na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, em 1946. A sede foi destruída e incendiada logo no primeiro dia do Golpe Militar de 1964. Foi seu primeiro mural encomendado.
Mural no Hotel Aeroporto, de propriedade de Ingeborg Rusti, em 1953, como homenagem à emancipação do Paraná. Foi seu primeiro mural no estado do Paraná.
"Monumento ao Primeiro Centenário do Paraná", painel histórico em azulejos na Praça 19 de Dezembro, Curitiba, em 1953.
Murais para o pórtico do Pavilhão de Exposições do Centenário.
"Alegoria ao Paraná", na fachada do Palácio Iguaçu, em Curitiba, apresentada na inauguração do palácio, em 1953.
Painel em azulejos no Largo da Ordem, em Curitiba, representando carroças de verduras, e as colonas italianas e polonesas.
Monumento ao Tropeiro, na Lapa, Paraná.
Painel da fachada do Teatro Guaíra em frente à Praça Santos Andrade, em Curitiba. O painel feito inicialmente foi destruído pelo incêndio que destruiu o teatro posteriormente reconstruído, inclusive o painel.
"Evolução da Comunicação", tema dos vitrais da Biblioteca da PUC-Paraná.
Ilustrações de livros de Guimarães Rosa, Dalton Trevisan, Hermínio da Cunha César, Gilberto Freire.
A partir de 1967, fez cerca de 200 desenhos dos índios do Xingu, que foram expostos na Bélgica e em Londres.
Logomarca da "Sala do Artista", no Solar do Rosário, em Curitiba, feito em 1994, representando o artista plástico.
Em 1996, faz seu primeiro painel em concreto aparente.
Monumento Marco na Rodovia do Café, no Paraná, tendo como tema o café.
Painel Lendas Brasileiras no Crystal Palace Hotel, em Londrina, PR, 1985.
Painel para a Hidrelétrica de Itaipu, em 1998, em parceria com Adroaldo Renato Lenzi.
2 Painéis de azulejos na Sede da OAB-PR (Brasilino Moura 253, Curitiba - PR), em 2009.
Obras literárias Ilustradas
Grande Sertão: Veredas, Sagarana, Corpo de Baile e Magma de Guimarães Rosa;
Assombração do Recife Velho, Gilberto Freire;
Capitães da Areia, Jorge Amado;
Cinco Minutos e Iracema, José de Alencar;
Chapadão do Bugre, Mário Palmério;
Contos de Chekhov, Anton Pavlovich Chekhov;
Crônicas de Curitiba, Em busca de Curitiba Perdida, Dinorá, Ah, é?, Cemitério de Elefantes de Dalton Trevisan e ainda Mistérios de Curitiba e Noites de Insônia (livro formato cordel publicado pelo autor;
Gramática Expositiva do Chão, Manuel de Barros;
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quatro Contos, Helena e Iaiá Garcia, de Machado de Assis;
Parábolas e Fragmentos, Franz Kafka; Trilhos, Trilhas e Traços, Poty Lazzarotto e Valêncio Xavier;
O Quinze, Rachel de Queiroz;
Moby Dick, Herman Melville;
Cobra Norato e outros poemas, Raul Bopp;
Quem mata índio?, Poty e Moysés Paciornick;
Curitiba de Nós, Poty e Valêncio Xavier;
Traços, trilhos e trilhas, Poty e Valêncio Xavier;
Sem Família, Hector Malot (tradução de Virgínia Lefèvre), Editora e Livraria do Chain;
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
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Poty Lazzarotto | Itaú Cultural
Napoleon Potyguara Lazzarotto (Curitiba, Paraná, 1924 – Idem, 1998). Gravador, desenhista, ilustrador, muralista, professor. O artista possui extensa e eclética obra gráfica. No começo da carreira, cria diversas histórias em quadrinhos e ilustra livros de autores nacionais e estrangeiros. Grande propagador da gravura, atua como professor em diversas cidades brasileiras.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1942 e estuda pintura na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Frequenta o curso de gravura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Em 1946, viaja para Paris, onde permanece por um ano. Estuda litografia na École Supérieure des Beaux-Arts, com bolsa do governo francês. No campo da litografia, destaca-se por fazer uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da litografia: pedras litográficas previamente usadas na impressão de rótulos industriais são retrabalhadas pelo artista, que preserva nelas os traços das gravações anteriores.
Em 1950, funda, ao lado de Flávio Motta (1923-2016), a Escola Livre de Artes Plásticas, na qual leciona desenho e gravura. Nessa época, organiza o primeiro curso de gravura do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e, ao longo da década de 1950, estende-o para outras capitais brasileiras, como Curitiba, Salvador e Recife.
Desde os anos 1960 tem destaque como muralista, com diversas obras em edifícios públicos e particulares no país e no exterior. Tem relevante atuação como ilustrador de obras literárias, como as de Jorge Amado (1912-2001), Graciliano Ramos (1892-1953) e Euclides da Cunha (1808-1909). Sobre seu desenho, por vezes busca na estilização das formas o efeito da xilogravura. Entretanto, pode também se alternar entre a mancha e o traço, aproximando-se, por exemplo, da obra de Aldemir Martins (1922-2006) e de outros artistas da geração de 1940 e 1950.
Em 1968, é convidado pelos sertanistas Orlando Villas Boas (1914-2002) e Noel Nutels (1913-1973) para uma estada no Parque Nacional do Xingu, durante a qual realiza cerca de duzentos desenhos sobre os hábitos e costumes dos indígenas. Para a crítica de arte Nilza Procopiak, nesses trabalhos, o artista demonstra notável domínio da forma e da técnica, tanto na gradação entre as espessuras das linhas, como nos planos, nos contornos e na observação dos motivos geométricos presentes na cestaria e na cerâmica.
Poty dedica-se também à realização de obras monumentais em madeira, concreto e cerâmica. Seus murais, vitrais e painéis apresentam ampla relação com a atividade de gravador, principalmente pela aproximação da visualidade da xilogravura. Para o estudioso Orlando DaSilva (1923-2012), um elemento comum em sua produção é o vigor no traço dos desenhos, no corte decisivo e profundo tanto na madeira para a gravura, como na talha e nos murais.
É autor dos livros A propósito de figurinhas (1986) e Curitiba, de nós(1989), em parceria com Valêncio Xavier Niculitcheff (1933-2008). Executa diversos murais, como o da Casa do Brasil, em Paris, em 1950, e o painel para o Memorial da América Latina, em São Paulo, em 1988. A partir dos anos 1980 são lançadas várias publicações sobre sua produção: Poty ilustrador (1988), de Antônio Houaiss (1915-1999); Poty: trilhos, trilhas e traços (1994), de Valêncio Xavier Niculitcheff, e Poty: o lirismo dos anos 90 (2000), de Regina Casillo.
Poty Lazzarotto é um nome de destaque no panorama das artes visuais brasileira. Versátil, sua produção caminha entre a ilustração, a gravura, o mural, o painel e o vitral, além de sua atuação como professor, essencial para a divulgação da gravura no Brasil.
Análise
Poty possui uma extensa obra gráfica, tendo realizado inicialmente diversas histórias em quadrinhos e ilustrado livros de diversos autores nacionais e estrangeiros. Grande propagador da gravura, atua como professor em diversas cidades brasileiras. A ele se deve uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da litografia: pedras litográficas previamente usadas na impressão de rótulos industriais são re-trabalhadas pelo artista que mantém traços das gravações anteriores.
Por vezes seu desenho busca na estilização das formas o efeito da xilogravura. Entretanto, pode também alternar-se entre a mancha e o traço, aproximando-se, por exemplo, da obra de Aldemir Martins (1922-2006) e de outros artistas da geração de 1940 e 1950. Em 1968, o artista é convidado pelos sertanistas Orlando Villas Boas e Noel Nütels para uma estada no Parque Nacional do Xingu, durante a qual realiza cerca de 200 desenhos sobre os hábitos e costumes dos indígenas. Para a crítica de arte Nilza Procopiak, nesses trabalhos, o artista demonstra notável domínio da forma e da técnica, tanto na gradação entre as espessuras das linhas, como nos planos, contornos, na observação dos motivos geométricos presentes na cestaria e na cerâmica.
Poty dedica-se também à realização de obras monumentais em madeira, concreto e cerâmica. Seus murais, vitrais e painéis apresentam ampla relação com a sua atividade de gravador, principalmente pela aproximação à visualidade da xilogravura. Para o estudioso Orlando DaSilva, um elemento em comum em sua produção é o vigor presente no traço dos desenhos, no corte decisivo e profundo da madeira para a gravura, assim como na talha e nos murais.
Críticas
"Ao analisar o conjunto da obra gravada de Poty temos que tomar conhecimento, nem que seja numa olhada panorâmica, de seus trabalhos em outras técnicas. Temos que conhecer o artista gravador, desenhista, ilustrador, muralista, decorador, escultor e isso se transforma em um desafio. Como conciliar seu trabalho mural, especialmente quando em concreto, com as obras gráficas em metal, madeira ou pedra; por que a linha decorativa, quase sempre presente em suas xilos, raramente aparece em suas calcogravuras?
Na sua xilo muitas vezes encontramos vinculações com o mural, mesmo porque em inúmeros casos o material usado é o mesmo, a madeira.
Mas há uma linha comum que une toda a sua obra: é o vigor, quer no traço enérgico de seus desenhos lançados rápida e nervosamente no papel, quer no corte decisivo e fundo na madeira para a xilo, a talha ou o mural; é a tinta engordurando a pedra nas suas litos e criando contrastes marcantes; é o relevo acentuado de seus murais de concreto; é a ferida profunda causada pela ponta-seca ou ácido nas gravuras em metal.
Sabendo de sua personalidade só nos é possível compreender o decorativismo de seus murais e xilos, não só através do estudo do material empregado, mas tomando conhecimento também de sua facilidade e habilidade manual, somando ainda a memória visual, que lhe facilita a linha simplificada e corrida. Essa convivência fácil com a técnica, sem necessidade de evidenciá-la, faz com que encontremos Poty em toda a sua obra, mesmo sendo esta expressa com linguagens diversas.
Percorrendo seus trabalhos vamos nos deter com um pouco mais de atenção nas suas gravuras em metal, que proporcionam chão firme para o estudo que ora fazemos. Elas nos facilitam a compreensão das outras obras suas com técnicas diferentes, mostram-nos seu início, com o artista apresentando-se totalmente despido do ensino escolarizante, que por vezes afoga a personalidade pessoal do aluno. A gravura em metal, dentre todos os trabalhos de técnicas diversas que pratica, é a que melhor deixa revelar o desenhista que, por sua vez, é quem melhor divulga o seu 'eu'. Queremos acentuar aqui que, antes de tudo, Poty é um desenhista". — Orlando DaSilva (DASILVA, Orlando. Poty, o artista gráfico. Curitiba: Fundação Cultural Curitiba, 1980).
"A Poty se deve uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da pedra litográfica usada industrialmente na impressão de rótulos, latas, e outros, que encontram ecos ulteriores em Lotus Lobo e João Câmara: usando as de Ciccillo Matarazzo, com as quais a indústria deste imprimia latas, generalizou o uso artístico delas, o que também fez na Bahia, pondo a serviço dos artistas, aos quais ensinou litografia, as pedras que imprimiam selos de charuto. O trabalho gráfico de Poty é monumental, tanto nos pequenos formatos, como vinhetas e ilustrações de livros da editora José Olympio, onde ilustra, entre outros, Guimarães Rosa e Mário Palmério, quanto nos grandes, em que a mesma limpeza estilizada dos pequenos se estampa, o mais das vezes ritmicamente. Em Poty, a estilização do desenho pode buscar o efeito da xilogravura, pois, muito estilizado no cortante e nos cheios alternados com vazios, vai ao essencial: essencialista, a obra de Poty em todas as técnicas, excetuando-se, genericamente, o metal, tende a mimetizar a xilogravura, decerto na talha, mas também no vitral e no painel de concreto. Seu desenho, entretanto, pode alternar o borrão e o traço, como Aldemir Martins em outra chave, ambos se encontrando na conjugação da mancha abertíssima e da linha muito marcada, traço corrente nos anos 40 e 50". — Leon Kossovitch e Mayra Laudanna (GRAVURA Brasileira: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000. p. 32-33).
Exposições Individuais
1943 - Curitiba PR - Individual, no Cine Palácio
1943 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1944 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1946 - São Paulo SP - Individual, na Biblioteca Municipal
1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1949 - Curitiba PR - Individual, no Cine Broadway
1950 - Salvador BA - Individual, no Teatro Guarany
1951 - Salvador BA - Individual, no Teatro Castro Alves
1953 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Biblioteca Nacional
1957 - Curitiba PR - Individual, na Biblioteca Pública do Paraná
1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1969 - Bruxelas (Bélgica) - Xingu: índios e mitos
1969 - Curitiba PR - Individual, na Galeria Paulo Valente
1969 - Washington (Estados Unidos) - Individual, no Brasilian-American Cultural Institute
1973 - Rio de Janeiro RJ - Garagem do Edifício do Artista, na Rua Senador Vergueiro, 66/702
1974 - Curitiba PR - Poty: 50 anos, no Badep
1974 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Centro Cultural Lume
1982 - Curitiba PR - Individual, na Galeria de Arte Banestado
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Banerj
1982 - Salvador BA - Poty: desenhos, gravuras, tapeçarias, madeiras entalhadas, no Desenbanco. Núcleo de Artes
1983 - Curitiba PR - 40 Anos de Trabalho, no Museu da Gravura
1984 - Curitiba PR - Poty: desenho e gravura, na Galeria de Arte Banestado
1986 - Londrina PR - Poty: desenho, na Galeria de Arte Banestado
1988 - Curitiba PR - Poty e a PUC, na PUC/PR
1988 - Curitiba PR - Poty e o Cinema, no MIS/PR
1988 - Curitiba PR - Poty Ilustrador, no Espaço Cultural IBM
1988 - Rio de Janeiro RJ - Poty Ilustrador, no MNBA
1988 - Brasília DF - Poty Ilustrador, no MAB/DF
1989 - São Paulo SP - Poty Ilustrador, no Museu Lasar Segall
1990 - Curitiba PR - Poty e a Ponta Seca, no Museu da Gravura
1990 - Curitiba PR - Poty Lazzarotto, no Studio R. Krieger
1990 - Curitiba PR - Poty: desenho, na Galeria de Arte Banestado
1993 - Curitiba PR - Poty Lazzarotto e os 300 Anos, na Sala de Pedra - FCC
1994 - Curitiba PR - 40 Desenhos de Poty, na Biblioteca Pública do Paraná
1994 - Curitiba PR - Individual, out-doors espalhados na cidade de Curitiba
1994 - Curitiba PR - Individual, no Museu Metropolitano de Curitiba
1994 - Curitiba PR - Individual, na Associação Cultural Solar do Rosário
1994 - Florianópolis SC - Individual, no Masc
1994 - São Paulo SP - Individual, no Memorial da América Latina
1997 - Curitiba PR - Poty e o Livro, no Museu de Arte do Paraná
1997 - Curitiba PR - Poty: novas gravuras, na Associação Cultural Solar do Rosário
1998 - Curitiba PR - A Obra Monumental de Poty, no Conjunto Cultural da Caixa - itinerante
1998 - Curitiba PR - Individual, na Livraria Curitiba
Exposições Coletivas
1942 - Londres (Inglaterra) - Exposição em Homenagem à RAF
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - menção honrosa em desenho
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição em Homenagem à RAF
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata em desenho e artes gráficas
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Royal Academy of Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata em desenho
1945 - Rio de Janeiro RJ - 51º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze em gravura e pintura
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores Vão à Escola do Povo, na Enba
1948 - Ponta Grossa PR - Arte do Paraná
1949 - Curitiba PR - 6º Salão Paranaense de Belas Artes, no Instituto de Educação - medalha de prata
1949 - Rio de Janeiro RJ - 55º Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna, no MNBA - prêmio viagem ao país
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1950 - Curitiba PR - 1º Salão de Maio, no Centro Cultural Inter Americano
1950 - Curitiba PR - 7º Salão Paranaense de Belas Artes, no Instituto de Educação
1950 - Rio de Janeiro RJ - 56º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de ouro em desenho
1950 - Salvador BA - 2º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - medalha de ouro em gravura
1951 - Curitiba PR - 8º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura
1951 - Salvador BA - 3º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Curitiba PR - 9º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura - medalha de ouro
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, na Funarte
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1953 - Salvador BA - Poty, Carlos Bastos e Raimundo Oliveira, na Galeria Oxumaré
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Genebra (Suíça) - Gravadores Brasileiros, no Museu Rath
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Curitiba PR - 1º Salão da Cidade, na Câmara Municipal - como homenagem dos organizadores ao artista, são expostas, fora de concurso, cinco gravuras
1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - medalha de ouro em gravura
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Porto Alegre RS - 7º Salão de Belas Artes, no Instituto de Belas Artes - medalha de prata em gravura
1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário - 1º prêmio em gravura
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Lima (Peru) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Rio de Janeiro RJ - Salão para Todos, no MEC
1957 - Salvador BA - Nós e as Artes Populares, na Galeria Oxumaré
1959 - Leverkusen (Alemanha) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Viena (Áustria) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Curitiba PR - 1º Salão Anual de Curitiba, no Diário do Paraná
1960 - Hamburgo (Alemanha) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Utrecht (Holanda) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - Curitiba PR - 18º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná
1962 - Roma (Itália) - Bienal de Arte Sacra
1962 - Salzsburgo (Áustria) - Bienal de Arte Sacra
1963 - Lagos (Nigéria) - Artistas Brasileiros Contemporâneos
1965 - Londrina PR - 1º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1965 - Salvador BA - A Gravura na Bahia, na Galeria Convivium
1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The Yale University Art Gallery
1966 - San Diego (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no La Jolla Museum of Art
1966 - New Orleans (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no Isaac Delgado Museum of Art
1966 - San Francisco (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no San Francisco art Museum
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1968 - Rio de Janeiro RJ - A Gravura Brasileira, no Museu Histórico Nacional
1969 - Bruxelas (Bélgica) - Feira organizada pelo Ministério da Indústria e Comércio
1969 - Londrina PR - 5º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1970 - Liverpool (Inglaterra) - 12 Artistas Contemporâneos Brasileiros, na Universidade de Liverpool
1971 - Curitiba PR - 28º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1972 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses
1973 - Curitiba PR - 200 Anos de Arte Religiosa, no DAC
1973 - Curitiba PR - 2ª Feira das Bandeiras - Mostra de Artistas Paranaenses
1973 - Curitiba PR - 30º Salão Paranaense, no Teatro Guaíra
1973 - Curitiba PR - Mostra de Arte - Acervos Particulares, no Badep
1974 - Curitiba PR - Artistas Contemporâneos Paranaenses, na Galeria Eucatexpo
1974 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses de Todos os Tempos, na Galeria Eucatexpo
1974 - Curitiba PR - Coletiva 74, na Galeria Acaiaca
1974 - Londrina PR - 6º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1975 - Curitiba PR - Accrochage do 1º Aniversário, na Galeria Acaiaca
1975 - Curitiba PR - Folia de Reis, na Casa de Arte Alpendre
1976 - Curitiba PR - 1º Salão Passarola, na Galeria Acaiaca
1976 - Curitiba PR - Coletiva Classe A, na Galeria Acaiaca
1976 - Curitiba PR - Exposição São Francisco, na Casa de Arte Alpendre
1976 - Curitiba PR - Panorama da Arte no Paraná: 3 artistas contemporâneos, no Badep
1976 - Curitiba PR - Verão 76, na Galeria Acaiaca
1977 - Curitiba PR - Arte & Economia, no Badep
1977 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1977 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1978 - Curitiba PR - A Arte da Gravura, no Badep
1979 - Curitiba PR - 1ª Mostra do Desenho Brasileiro, no Museu de Arte do Paraná
1979 - Curitiba PR - A Gravura em Madeira, no Badep
1979 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1979 - Curitiba PR - Galeria de Arte Cocaco: 20 anos depois, na Galeria Cocaco
1979 - Curitiba PR - Os Italianos no Paraná, no Badep
1980 - Curitiba PR - 3ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, no Museu da Gravura
1980 - Curitiba PR - Encontro Nacional de Críticos de Arte, na FCC
1980 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1980 - Curitiba PR - Verão: Arte, na Galeria Acaiaca
1981 - Curitiba PR - Ano 7, na Galeria Acaiaca
1981 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1982 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1982 - Penápolis SP - Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - São Paulo SP - Seis Gravadores Expressionistas do Brasil: Segall, Goeldi, Abramo, Renina, Poty, Grassmann, no Museu Lasar Segall
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Recife PE - 50 Anos de Casa Grande & Senzala: exposição itinerante, na Fundação Joaquim Nabuco
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas - sala especial, no MAM/RJ
1984 - Aracaju SE - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - Brasília DF - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - Curitiba PR - Arte Classe Acaiaca, na Galeria Acaiaca
1984 - Curitiba PR - Verão Arte, na Galeria Acaiaca
1984 - Lisboa (Portugal) - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala, no Museu Gulbenkian da Fundação Calouste Gulbenkian
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, no MNBA
1984 - Salvador BA - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - São Paulo SP - Artistas Paranaenses, na Faap
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1984 - Vitória ES - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1985 - Curitiba PR - Desenho, Cor e Forma, no Studio R. Krieger
1985 - Curitiba PR - Ferroviarte, na Estação Rodoferroviária
1985 - Curitiba PR - Vinte Vezes Francisco, na Galeria Acaiaca
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão Preto e Branco, na Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade/Funarte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Um Panorama do Rio, no MNBA
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Curitiba PR - 7ª Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba
1986 - Curitiba PR - 7º Acervo do Museu Nacional da Gravura - Casa da Gravura, no Museu Guido Viaro
1986 - Curitiba PR - Tradição/Contradição, no MAC/PR
1986 - Rio de Janeiro RJ - A Nova Flor de Abacate, Grupo Guignard - 1943 e Os Dissidentes - 1942, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Paraná, Cor e Forma, no MNBA
1987 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses, no Artespaço Saint German des Prés
1987 - Curitiba PR - Coletiva, na Galeria de Arte Banestado
1987 - Curitiba PR - Doze Mestres da Pintura, no Ufizzi Galeria de Arte
1987 - Curitiba PR - Exposição Inaugural do Museu Municipal
1987 - Curitiba PR - São Francisco Revisitado, na Galeria Acaiaca
1987 - Curitiba PR - Verão Arte, na Galeria Acaiaca
1988 - Brasília DF - Poty Ilustrador, no MAB/DF
1988 - Curitiba PR - 8ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, na Casa de Gravura. Solar do Barão
1988 - Curitiba PR - Exposição Inaugural do Museu Municipal, no Museu Municipal de Arte
1988 - Curitiba PR - 8º Gravadores Paranaenses das Décadas de 50/60, no Museu Municipal de Arte
1988 - Curitiba PR - Marinhas: homenagem a Nilo Previdi, no Studio R. Krieger
1988 - Curitiba PR - São Francisco de Assis, na Galeria Acaiaca
1988 - Salvador BA - Os Ilustradores de Jorge Amado, na Fundação Casa de Jorge Amado
1989 - Curitiba PR - 30 Anos, na Galeria Cocaco
1989 - Curitiba PR - Auto-Retrato na Pintura Paranaense, no Museu de Arte do Paraná
1989 - Curitiba PR - Cocaco 30 Anos, na Galeria de Arte Cocaco
1989 - Curitiba PR - Desenho, Cor e Forma, no Studio R. Krieger
1989 - Rio de Janeiro RJ - Gravura Brasileira: 4 temas, na EAV/Parque Lage
1990 - Curitiba PR - 297 Vezes Curitiba, na Galeria Acaiaca
1990 - Curitiba PR - São Francisco da Ordem, na Galeria Acaiaca
1990 - Londrina PR - Coletiva, na Galeria de Arte Banestado
1991 - Curitiba PR - Curitiba Nosso Amor, na Galeria Acaiaca
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Curitiba PR - Reflexão dos Anos 80, no MAC/PR
1992 - Curitiba PR - 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu de Gravura
1992 - Curitiba PR - Enfocando a Gravura em Metal, no Museu da Gravura
1992 - Curitiba PR - Novas Aquisições Minigravuras, no Museu Municipal de Arte
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, no CCBB
1993 - Curitiba PR - Coletiva, na Catedral Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
1993 - Curitiba PR - Homenagens aos 300 Anos de Curitiba, na Galeria Acaiaca
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1993 - Londrina PR - Imagens Gravadas: obras do Acervo do Museu da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu de Arte de Londrina
1994 - Curitiba PR - 301 Anos de Curitiba, na Galeria Acaiaca
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1996 - Curitiba PR - Exposição de Peças e Pinturas, no Museu da Arquidiocese de Curitiba
1996 - Curitiba PR - Há 50 Anos... Joaquim, no Seec
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, no Paço das Artes
1997 - Curitiba PR - A Arte Contemporânea da Gravura, no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba
1997 - São Paulo SP - Paranaenses, na Faap
1998 - Curitiba PR - Traços & Palavras, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rouen (França) - Feira Internacional de Rouen: Poty, Rogério Dias e Armando Merege
Exposições Póstumas
1998 - Curitiba PR - Arte Paranaense: movimento de renovação, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - Curitiba PR - Arte e Cultura: PUC 40 anos, na PUC/PR
1999 - Curitiba PR - Panorama da Arte Brasileira, no Graciosa Country Club
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Literatura Brasileira e Gravura, na ABL
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - Curitiba PR - Exposição Acervo Badep, na Seec
2000 - Curitiba PR - Publicação da Coleção Brasil 500 Anos, na Fundação Cultural de Curitiba
2000 - São Paulo SP - Investigação. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB/Faap
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB/Faap
Fonte: POTY Lazzarotto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 23 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia.vISBN: 978-85-7979-060-7
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100 anos de Poty Lazzarotto: cerca de 500 obras serão expostas no MON | CasaCor
A partir de 12 de abril, a exposição Trilhos e Traços – Poty 100 anos, estará disponível para o público no Museu Oscar Niemeyer (MON). Pensada para comemorar o centenário do desenhista, gravurista e muralista brasileiro, a mostra reúne aproximadamente 500 obras — um recorte da doação de 4 mil peças realizada pela família do artista ao Museu — e possui curadoria de Maria José Justino e Fabricio Vaz Nunes.
Segundo os curadores, além de destacar a importância de sua obra no cenário paranaense, a exposição procura extrapolar as fronteiras regionais e apresentar Poty em sua dimensão universal. “Na sua atividade artística incessante e obstinada, recriou, em imagens, o universo criativo da literatura; em seus murais, plasmou a grande aventura da história universal”, afirmam.
Na mostra, as obras foram organizadas em torno de nove núcleos temáticos presentes na trajetória artística de Poty, representativos das suas diferentes facetas: o Narrador, o Trabalho, o Xingu, o Sagrado, a Guerra, o Cotidiano, o Viajante, o Muralista e o Retratista. “Mas Poty, o piá do Capanema que amava o cinema e as histórias em quadrinhos, é ainda mais que tudo isso”, dizem os curadores.
Sobre o artista
Na literatura brasileira, Poty ilustrou obras destacadas, como Os sertões, de Euclides da Cunha, e Grande Sertão:
Veredas, de Guimarães Rosa, e deu vida aos curitibanos controversos retratados nos contos de Dalton Trevisan.
Mas com seus monumentos ou painéis de azulejo e de concreto aparente, presentes em toda Curitiba, o artista também deixou sua marca no urbanismo. Nos painéis da travessa Nestor de Castro, Poty mostra, de um lado, a cena de uma Curitiba que já não existe, e do outro, a evolução da cidade, surgida em meio ao pinheiral, habitada por imigrantes.
Acervo MON
Em 29 de março de 2022, dia do aniversário de Curitiba – e coincidentemente, data de nascimento do artista Poty Lazzarotto – o MON recebeu a maior coleção já doada à instituição: aproximadamente 4,5 mil peças que constituem um verdadeiro material etnográfico sobre o artista. Tal coleção conta com mais de 3 mil desenhos e 366 gravuras, além de tapeçarias, entalhes, serigrafias e esculturas, entre outros. A doação foi feita diretamente pelo irmão do artista, João Lazzarotto.
Um recorte dessa vasta coleção de Poty poderá ser visto nessa exposição. O eixo central do prédio do Museu se transformará em palco para as maiores coleções recebidas pelo MON, ao lado das mostras de arte asiática e africana.
“Poty, em seu centenário, segue atual, incomparável, e essa nova exposição reforça a importância do artista para a identidade cultural paranaense. Tenho certeza de que a mostra no Museu Oscar Niemeyer introduzirá seu trabalho singular para milhares de pessoas e também para as novas gerações”, afirma Luciana Casagrande Pereira, secretária de estado da Cultura do Paraná.
Fonte: CasaCor. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
Crédito fotográfico: Governo do Paraná. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
Napoleão Potyguara Lazzarotto (Brasil, Curitiba, 29 de março de 1924 - Idem, 8 de maio de 1998), mais conhecido como Poty Lazzarotto ou simplesmente Poty, foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro. Ainda criança, demonstrava um talento notável para o desenho e a pintura, o que não passou despercebido por sua família, que o incentivou a seguir essa vocação. Estudou na Escola de Belas Artes do Paraná e, posteriormente, na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, antes de aperfeiçoar suas habilidades na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em Paris. Influenciado pelo modernismo europeu, Poty tornou-se um dos principais muralistas do Brasil, conhecido por suas obras vibrantes e temáticas que celebram a cultura e a história brasileira. Seus murais, gravuras e desenhos, caracterizados pela simplicidade das formas e cores vivas, estão espalhados por diversas cidades brasileiras, com destaque para Curitiba com mais de 60 de suas obras. Além dos murais, Poty Lazzarotto também ganhou projeção nacional como ilustrador, com mais de 170 títulos ilustrados de autores brasileiros e estrangeiros, incluindo obras de Machado de Assis e Guimarães Rosa. Sua arte, uma celebração da brasilidade, transformava espaços comuns em verdadeiras galerias a céu aberto. Poty recebeu diversas homenagens e prêmios ao longo de sua vida, e seu legado é preservado pelo Instituto Poty Lazzarotto.
Poty Lazzarotto | Arremate Arte
Napoleão Potyguara Lazzarotto, também conhecido como Poty Lazzarotto, foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro. Nasceu em 29 de março de 1924, em Curitiba, Paraná e, desde cedo, a arte pulsava em suas veias. Ainda criança, demonstrava um talento notável para o desenho e a pintura, o que não passou despercebido por sua família, que o incentivou a seguir essa vocação.
Poty ingressou na Escola de Belas Artes do Paraná, onde começou a moldar sua visão artística. Em busca de maior aperfeiçoamento, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na renomada Escola Nacional de Belas Artes. Sua sede de conhecimento o levou, em 1946, à École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em Paris. Na França, Poty teve contato direto com a vanguarda europeia e se deixou influenciar pelos grandes mestres do modernismo.
De volta ao Brasil, Poty rapidamente se destacou como um dos principais muralistas do país. Seu estilo único, que combinava modernismo com influências regionais, encantou críticos e público. Poty tinha uma capacidade rara de transformar espaços comuns em verdadeiras galerias de arte a céu aberto.
Poty é autor de inúmeros murais espalhados por diversas cidades brasileiras. Suas obras são marcadas pela simplicidade das formas, uso vibrante de cores e temas que celebram a cultura e a história do Brasil. Entre suas obras mais icônicas estão os murais na Biblioteca Pública do Paraná, no Teatro Guaíra, na Universidade Federal do Paraná e no Aeroporto Internacional Afonso Pena, todos em Curitiba. Cada mural é uma narrativa visual que capta a essência do povo brasileiro e suas tradições.
Embora seja mais conhecido por seus murais, Poty também se destacou em outras formas de arte. Suas gravuras e desenhos são igualmente impressionantes, caracterizados por um traço firme e expressivo. Além disso, Poty aventurou-se na escultura e na cerâmica, sempre trazendo a mesma paixão e atenção aos detalhes que marcaram sua carreira.
O trabalho de Poty Lazzarotto é uma celebração da brasilidade. Seus murais frequentemente exploram temas do cotidiano, da cultura popular e da história brasileira. Ele tinha um dom especial para capturar a vida em suas diversas facetas, desde cenas rurais até a urbanidade pulsante das grandes cidades. Poty conseguia transformar o banal em belo, o cotidiano em extraordinário.
Poty era um mestre no uso das cores e formas. Seus murais são vibrantes, com uma paleta de cores que captura a atenção e transmite uma energia contagiante. Ele usava formas simples e linhas claras para criar composições complexas e profundamente impactantes.
Ao longo de sua vida, Poty recebeu inúmeras homenagens e prêmios, reconhecendo sua contribuição inestimável à arte e cultura brasileira. Sua obra é objeto de estudo e admiração por críticos de arte, historiadores e o público em geral.
Em homenagem ao legado de Poty, foi criado o Instituto Poty Lazzarotto. Esta instituição se dedica a preservar e divulgar sua obra, além de promover a arte e a cultura no Paraná. O Instituto é um testemunho vivo do impacto duradouro de Poty na cena artística brasileira.
As obras de Poty Lazzarotto já foram exibidas em inúmeras exposições, tanto no Brasil quanto no exterior. Seus murais, desenhos, gravuras e esculturas continuam a encantar e inspirar novas gerações. Além disso, várias publicações sobre sua vida e obra ajudam a manter viva a memória desse grande artista.
Poty Lazzarotto é, sem dúvida, um dos maiores nomes da arte brasileira. Sua capacidade de transformar espaços públicos em galerias de arte, sua habilidade em capturar a essência da cultura brasileira e seu talento versátil fazem dele um artista inesquecível. Seus murais, desenhos e esculturas são um testemunho de seu gênio criativo e continuam a inspirar e encantar.
Poty Lazzarotto não é apenas um nome na história da arte brasileira; ele é uma lenda viva, cuja obra continua a dialogar com o público, transcendo o tempo e as fronteiras. Seu legado é um tesouro nacional, uma celebração da criatividade e da cultura do Brasil.
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Uma marca machista: o gênero da obra de Poty | Governo do Paraná
Poty Lazzarotto é o artista nascido no Paraná que alcançou maior destaque na arte moderna brasileira. Tornou-se conhecido como gravador, ilustrador, e pela grande produção de murais. Esta obra muralista se encontra, sobretudo no Paraná e em Curitiba, onde estão 60 de seus painéis. Na obra de Poty aparecem as marcas paranistas: o pinhão, a araucária, a gralha-azul, como simbolizações do Estado e da identidade do paranaense e do curitibano. Estas obras são alegorias sobre o Paraná, um misto de história e ficção, nos quais sob as imagens e a argamassa jazem ideologias, “idéias que não pertenciam” ao artista (Thompson, 2002), promotoras de um modelo de paranaense, muito interessante ao poder.
A crítica de arte Nilza Procopiak diz que o estilo de Poty é, "uma impressão visceral intrínseca [...] que permanece comparável a uma marca – uma espécie de carimbo mental indelével" (1994, p.8).
Nem só o estilo marca. A onipresença da obra e sua divulgação, o sucesso artístico de Lazzarotto no panorama artístico, a noção romântica do gênio, ― que neste caso, é ampliada pela coincidência do gênio ser nativo e aniversariar com a cidade. Existe ainda uma marca invisível, a mesma que Paulo Freire percebeu em si e em sua obra e a chamou de "marca machista".
Na obra de Poty aparecem as marcas paranistas: o pinhão, a araucária, a gralha-azul, como simbolizações do Estado e da identidade do paranaense e do curitibano. Também existe uma marca invisível, a mesma que Paulo Freire percebeu em si e em sua obra e a chamou de "marca machista".
Freire, ao lançar a Pedagogia do Oprimido, nos Estados Unidos, recebeu, em Genebra, inúmeras cartas de mulheres americanas. As cartas falavam do incômodo por serem excluídas da obra desse educador, e em muito o surpreenderam. Diziam que Freire discutia a opressão, a libertação, criticava, com justa indignação, as estruturas opressoras, mas "com uma linguagem machista, portanto discriminatória", em que não havia lugar para as mulheres (FREIRE, 1992, p.66).
Ora, quando eu falo homem, a mulher necessariamente está incluída. Em certo momento de minhas tentativas, puramente ideológicas, de justificar a mim mesmo a linguagem machista que usava, percebi a mentira ou a ocultação da verdade que havia na afirmação: "quando falo homem, a mulher está incluída". E por que os homens não se acham incluídos quando dizemos: "As mulheres estão decididas a mudar o mundo"? (FREIRE, 1992, p.67).
Anos mais tarde, ao rever sua obra para uma reedição, o educador, assumindo a "marca machista" que sua escrita trazia, compreendeu seu "débito àquelas mulheres [...], por me terem feito ver o quanto a linguagem tem de ideologia" (FREIRE, 1992, p.67). Contudo, o texto revisto parece ter sido publicado apenas nos Estados Unidos. As reedições no Brasil permaneceram com a mesma ideologia. De todo modo, Freire pôde descobrir-se machista.
O que esta reflexão pretende é analisar como esta marca se faz nas pessoas, de que modo ela pôde ser construída, em um homem como Freire, que conseguiu desvelar esquemas tão nefastos da sociedade às pessoas. Qual teria sido a base desta formação em sua época? Quais os instrumentos sociais que teriam auxiliado essa construção naquela época?
Freire nasceu em Recife em 1921, e, como todos então, teve na família o modelo principal de sua formação. Aquele era o esquema da família moderna; quer fosse humilde ou abastada, o modelo era o mesmo. As diferenças de padrões socioculturais não o alteravam. Nele, o pai era o mantenedor, trabalhava para o sustento da casa, esposa e filhos. A mãe, por sua vez, era considerada do lar, doméstica ou manteúda.
As funções do casal nesse esquema surgiram com o desenvolvimento da sociedade capitalista e a indústria moderna, no momento de toda uma redefinição de classes e gêneros. Foi quando estas funções produtivas determinaram, nas práticas e no social, o mundo masculino – da rua – como público, construindo como oposto o mundo privado – da casa – como feminino (VAISTMAN, 2001, p.34). Griselda Pollock diz que as mulheres na modernidade foram vítimas de violência de diferentes formas, o que lhes negou o direito à mobilidade (POLLOCK, 2005, p.127), um espaço restrito, da cozinha para um determinado comércio.
Essa realidade é perceptível ao analisarmos a sociedade brasileira da primeira metade do século XX pela música popular brasileira: "Ela é a dona de tudo, ela é a rainha do lar, ela vale mais para mim, que o céu, que a terra e que o mar. [...] Mamãe, Mamãe, Mamãe, eu te lembro o chinelo na mão, o avental todo sujo de ovo [...]". Esta canção, "Mamãe", de Herivelton Martins e David Nasser, é um exemplo de como esta realidade era vista e reproduzida na sociedade.
Em 1956, à véspera do Dia das Mães, esta valsa, gravada pela cantora Angela Maria (1928), foi um sucesso de vendas nunca mais visto no País: "Pela primeira vez se fez fila para comprar um disco no Brasil. Em uma semana, vendi 300 mil exemplares do 78 rotações com "Mamãe", comenta a cantora. A letra da música descrevia o ideal de "rainha do lar" (FAOUR, 2002, p.67).
Voltando ao início daquele século, três anos depois de Freire nascia Poty, em Curitiba. É possível dizer que a família dos dois não foi construída segundo aquele mesmo esquema: a mãe, responsável pela educação dos filhos e trabalhos domésticos; o pai, responsável pela manutenção da família.
Seria tolo dizer que eles e todos os homens de seu tempo, e mesmo os atuais, não aprenderam de seus pais e mães, e de todo o seu meio, o machismo. A reprodução disso cabe em parte à mulher, escrava de si própria ao criar o homem machista, como disse Simone de Beauvoir, mas a mulher não o faz só (CASTAÑEDA, 2006, p.11). Como disse Hanna Arendt (1906-1975), "estar vivo é estar entre os homens" (ARENDT, 1989), e Freire e Poty foram educados entre os homens de seu tempo. O outro e indispensável modelo nessa construção, para legitimar as emoções e representações, foi o universo simbólico que apresentava, e ainda apresenta, pelas músicas, filmes, novelas e publicidade, "espelhos" às emoções da sociedade.
No documentário "A obra monumental de Poty", aparecem, em meio ao material do artista, catalogado após seu falecimento, revistas (cadernos, desenhos), alguns exemplares da "Revista do Rádio", publicação muito popular entre todas as classes a partir de 1948 até 1970 (FAOUR, 2002, p.21).
Essa revista apresentava detalhes da vida dos astros da rádio, programações, fofocas. Uma de suas colunas era "A pergunta da semana". No número 159 (23/9/1952) a revista indagava: "Qual a melhor profissão para a mulher?". A resposta de algumas celebridades serve para mostrar o imaginário sobre a questão: "Embora eu esteja perfeitamente satisfeita com a minha profissão, acho que a melhor profissão é a de dona de casa", respondia Dircinha Batista (1922-1999), conhecida cantora (FAOUR, 2002, p.122).
Como mencionado, aquele gênero de canção expresso em letras como: "Você só me bate, pretinho, não faz um carinho pra me consolar, e eu que sou tão boazinha, tão direitinha, sei lhe respeitaria [...]"
reproduzia os papéis sociais de homens e mulheres, um "inconsciente ao mesmo tempo coletivo e individual, traço incorporado de uma história individual que impõe a todos os agentes, homens e mulheres, seu sistema de pressupostos imperativos" (BOURDIEU, 2003, p.70) a serem obedecidos e reproduzidos.
A rádio apresentava elementos a legalizar as emoções da sociedade, pois as emoções são sociais, e historicamente construídas (JAGAAR, 1997, p.173). Ensinava pelas músicas, pelas novelas e pelos mitos os comportamentos, como hoje faz a televisão: constrói fantasias, apazigua dores, impulsiona paixões e ensina a homens e mulheres, entre tantas outras coisas, a dominação masculina e o machismo. É uma forma de atribuirmos significações, e esta operação vai além da vida social, "de modo que o indivíduo pode 'localizar-se' nele (o mundo simbólico) mesmo em suas mais solitárias experiências" (BERGER, 2002, p.132).
Poty teve no cinema e na literatura os pilares da formação de seu imaginário. Em suas palavras:
Me lembro até hoje duma fita alemã que vi lá em cima. Guardo muito bem a cena: o pai em mangas de camisa, ao lado dele a mãe compungida, de cabeça baixa o filho. Não me lembro o nome da fita. O filho era um xupô. [...] É um policial alemão: matou uma mulher da vida. Ela acolhia ele nos aposentos dela. Andava mais com a mulher do que com outra coisa. Matou com todos os requintes, estrangulou. Paixão, amor e perdição. Eu não sabia que mulher tinha essas características. Eu não sabia dessas coisas, coisas que o padre chamava de feias no catecismo, mas eu não estava estranhando o assunto (apud NICULITCHEFF, 1994, p. 30).
Possivelmente, o cinema, a literatura e a música certificaram, para Poty, algumas idéias sobre as mulheres e os homens, além de lhe assegurar um museu de imagens em movimento e preto e branco. Com isso, é previsível a representação que Poty daria, em sua obra, aos homens e às mulheres.
Formado em uma sociedade com tais princípios, o artista os reproduziria, cumprindo o papel que lhe foi ensinado.
É este ensinamento, pelos exemplos da família e da sociedade espelhados no simbólico, o que, segundo Pierre Bourdieu, move no homem a "dominação masculina", o fato de que tudo o que recebeu da sociedade faz com que ele tenha que desempenhar este papel e venha a se cobrar por isso. Nas palavras do autor, "deve cumprir para estar agindo corretamente para consigo mesmo, para permanecer digno, a seus próprios olhos, de uma certa idéia de homem" (2003, p.61). Nas suas palavras, o ponto de honra, o princípio do sistema de estratégias de reprodução pelas quais os homens, detentores do monopólio dos instrumentos de produção e reprodução do capital simbólico, visam assegurar a conservação ou o aumento deste capital, estratégias de fecundidade, estratégias de sucessão, estratégias matrimoniais e estratégias educativas [...] pela necessidade da ordem simbólica tornada virtude [...] se perpetuar através da ação de seus agentes (BOURDIEU, 2003, p.62).
Ao observarmos pelo prisma das ciências sociais, podemos perceber sua obra em relação com sua cultura, identificamos em sua mãe a imagem de mulher – representação ideal – que o artista manteve como modelo, não apenas na arte, mas em certos padrões sociais indispensáveis a seu tempo, e que, indiscutivelmente, estiveram presentes na escolha da mulher que seria "a sua".
Analisando a obra pública de Poty quanto à questão da representação dos gêneros, percebe-se o quanto, parafraseando Freire, sua linguagem tem de ideologia machista. Sua primeira obra pública foi a participação na Praça 19 de Dezembro, monumento em comemoração aos 100 anos de emancipação política do Paraná, em que, ao lado de Erbo Stenzel (1911-1980) e Humberto Cozzo, lhe coube a criação do painel de azulejos.
Nessa obra, a imagem da mulher aparece três vezes. Elas figuram na formação da cidade, na recepção a Zacarias Góes de Wasconcellos, o então nomeado primeiro presidente da nova província.
São lavradoras.
Há um detalhe sugestivo: uma das mulheres, abaixada, parece colher algo do chão, enquanto a outra corta o capim junto à araucária, "um enfoque para a cultura da terra, retratada pela trabalhadora rural, que estrategicamente é colocada próximo ao pinheiro" (PEDROSO, 2006, p.25).
No fundo aparece a cidade de Curitiba. É possível que a mulher agachada esteja colhendo pinhões da araucária. Se esta interpretação for pertinente, vale lembrar os signos que o pinhão e a araucária passam a representar no Estado, após o Paranismo. Emblemas identitários e de cunho político.
No primeiro plano, cumprimenta o presidente Zacarias um casal de lavradores. A camponesa traz junto à cintura uma bolsa de semear, o homem um ancinho. Por não aparecer na alegoria nenhuma outra imagem relacionada à agricultura, apenas a colhedora de pinhão, poder-se-ia pensar que é a mata de Araucárias o que ela semeia.
Ao analisar a imagem da mulher que acompanha o homem na recepção ao primeiro presidente, pode-se pensar tratar-se da mesma mulher que se abaixa para colher, dado que há similaridades entre as três figuras: lenço na cabeça e saia ampla. A simbologia da semeadura está ligada à fecundidade. A mulher que semeia, a mesma imagem da produtora, a imagem ligada à mãe, a terra, ao fruto da terra.
Em outra praça de Curitiba, a Praça 29 de Março, uma alegoria de Poty comemora a fundação da cidade e apresenta uma narração de seu desenvolvimento. O nome da praça corresponde à data de aniversário da cidade e, coincidentemente, do artista. Este painel foi realizado em 1967. Toda a imagem empregada nesta narração segue um fio histórico que se inicia com os indígenas, passando pelos ciclos econômicos e pela instalação das instituições na cidade. Há uma menção ao plano urbanístico da cidade.
Ao lado do esquema desse mapa aparecem as linhas de transporte urbano da cidade, que previa o desenvolvimento desta aos seus extremos, norte e sul. Aparentemente, a partir da planta da cidade Lazzarotto teve a sugestão de um movimento humano, de um bailarino que impulsiona um salto.
No texto junto ao painel há uma menção ao futuro: "É dever de cada governante transmitir esta cidade, nem menor nem igual a que recebeu, porém, sob todos os aspectos, mais bela, mais humana e mais sorridente", assinada pelo artista: Potyguara.
Nesse painel as imagens da mulher apresentadas são: a lavradora junto ao homem, a religiosa da Santa Casa de Misericórdia, a esposa enganchada ao esposo, trazendo o filho pela mão, e a santa, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, a padroeira da cidade. Como a representação na alegoria é histórica, a matriz da mulher ideal no esquema moderno é a retratada.
Na alegoria As Artes, na fachada do Teatro Guaíra, em Curitiba, Poty apresenta na composição diversas cenas, algumas delas evidentes com relação ao título, outras cujo emprego é difícil de compreender, como a expulsão de Adão e Eva do Paraíso.
A representação toma um fio histórico a partir de ritos pré-históricos. Chegando ao cinema Poty representa a mulher apenas na ópera, cantando junto ao homem, e na bailarina suspensa nos braços do par.
Ao completar 70 anos, Poty foi homenageado pela Prefeitura de Curitiba com o livro Poty: trilhos, trilhas e traços. A cidade comemorava 300 anos. Este livro foi utilizado na presente pesquisa por apresentar a história do artista. Nele, a biografia é cruzada com reproduções de desenhos e fotos.Trata-se de uma entrevista informal em que Poty conta suas memórias e fatos da cidade ao escritor e amigo Valêncio Xavier. Nas frases do artista, algumas representações da mulher no seu imaginário são perceptíveis:
"Minha avó eu acompanhava quando ia vender verduras", ou ainda: "Foi no Eu Sei Tudo que ouvi falar, pela primeira vez, em Frinéia: os juízes da Grécia Antiga e ela peladinha da silva, magicamente ilustrada por Matamia" (apud NICULITCHEFF, 1994, p.55, grifo do autor).
O livro conta com 207 páginas, das quais 112 são ilustradas. Deste montante de imagens a figura da mulher surge em 12 páginas: a esposa Célia Naves Lazzarotto, a mãe Dona Júlia, a avó lavradora, duas imagens de prostitutas; uma da série de gravuras Mangue (de 1940) e outra mais recente.
Ainda aparecem a mulher lavadeira e duas cenas de sexo. Em uma delas tem-se o homem deitado sobre a mulher, enquanto ela o esfaqueia nas costas; na outra, a mulher no colo do parceiro. A imagem da mulher nua, escapando de um flagrante por dentre as pernas de um general sem calças, é outro desenho de Poty, e uma imagem curiosa, a de mulher negra gestante sendo esfaqueada, ou em pé, sofrendo uma cesariana feita por um homem que não é médico. Há também a jovem retratada na janela.
Outra imagem muito significativa que sugere uma percepção masculina machista ilustra os diversos telefonemas de mulheres que Poty recebeu ao enviuvar. Transparecem, neste desenho, o enfado do homem com a conversa, as intenções das mulheres ao viúvo e a tagarelice. Valêncio comenta que Poty teve o cuidado de tornar ilegíveis os textos que acompanham a fala das mulheres para a publicação da imagem (NICULITCHEFF, 1994, p.193).
É interessante pensar que o artista iniciou sua carreira nos anos quarenta, produzindo em gravura nos primeiros anos, passando à produção de sua obra monumental, à qual se dedicou até o final do século, vendo ao largo o feminismo.
Os anos sessenta foram o período efervescente no debate sobre a condição feminina, o machismo e a dominação. Desde então a participação da mulher na economia e na política tornou-se inegável e fundamental. O feminismo dos anos 60 e 70 foi um dos fatores a descentralizar o sujeito da identidade fixa do período moderno (HALL, 2005, p.46). Auxiliou na transformação daquela realidade, permitindo que a mulher tivesse como escolhas a esfera doméstica, conseqüente ao matrimônio, com ou sem filhos, ou, ainda, a vida profissional aliada à família.
Na mesma época, este movimento, o feminismo, geraria um outro: "A crise do homem". Esta crise seria uma "conseqüência de uma constatação difícil: o carcereiro é também seu prisioneiro ou, em outras palavras, 'a coroa pesa'" (LISBÔA, 1998, p.131). Segundo Maria Regina, esta crise teria se desencadeado com as transformações de comportamento da mulher em relação ao sexo e à moral, e"do questionamento da posição dominadora e patriarcal dos homens na sociedade e na família".
Para a autora, esta crise foi um fenômeno restrito em termos sócio-culturais, e pontuado a um tempo específico. Os homens atingidos pela crise teriam entre 35 e 50 anos e teriam em comum "a constatação dos valores herdados de seus pais". Seriam estes homens jovens nos anos 60 e teriam tomado algum contato "com as novas idéias sobre o relacionamento homem/mulher, relações interpessoais, sexualidade, enfim, o que se convencionou chamar movimentos da contracultura". Segundo Maria Regina,"estes homens tiveram de se rever, se repensar a partir de um novo código, diferente daquele hierárquico em que foram priorizados" (LISBOA, 2000, p.132).
É interessar pensar o "peso da coroa" que Poty, como homem, aprendeu a representar. E, do mesmo modo que a representação que faz da mulher é machista, também o é a representação que faz do homem. Este homem que o artista representou forte, macho, trabalhador, que precisa vencer, nunca falhar. É ele, o homem, quem impulsionaria a economia rumo ao futuro. A coroa, de fato, pesa. A angústia da masculinidade frente a essas imagens do poder masculino não são e não devem ter sido leves no passado.
Marco Radice escreveu O último homem, confissões sobre a crise do papel masculino, em que toma alguns depoimentos anônimos sobre o assunto e aponta algumas idéias interessantes: "não podemos esperar do movimento feminista nenhuma contribuição à revolução cultural do homem que todos os dias toca na sua solidão. Teremos de andar com as próprias pernas" (1982, p.13).
Um de seus anônimos confessores, ao falar do peso da formação machista sobre sua masculinidade, diz, em crise, que não pretendia "inverter o papel e fazer-se de vítima" (RADICE, 1982, p.23). O mesmo confessor, O Intelectual, diz: "não sei modificar meu papel de macho. Não quero dizer 'sou macho até o fim' como defensores do 'quanto pior melhor'. Queria viver minhas contradições e viver, dolorosamente, a condição de homem".
À época, a crise tomou tanta força nas discussões intelectuais que ocorreu em 1985 o primeiro"Simpósio do homem", o que resultou no livro Macho, Masculino-Homem: a sexualidade, o machismo e a crise de identidade do homem brasileiro (LISBÔA, 2000, p.131). No entanto, até as últimas obras públicas de Lazzarotto, a representação da mulher e do homem, nas alegorias, permanece. A representação da mulher é a da esposa e mãe, e, a do homem, o homem do futuro e o pai de família.
Na alegoria de 1987 "O Paraná", a representação da mulher é a da mãe imigrante. O painel, mais que qualquer outro, traz uma mensagem androcêntrica. Neste painel, o homem é o semeador do futuro, ligado ao progresso do Estado, junto a uma revoada de gralhas-azuis, e o chefe de família imigrante também aparece.
Em 1992, Poty termina o painel para a Torre da Telepar, inaugurada um ano antes. A Telepar foi a antiga empresa de telefonia do Estado, vendida naqueles anos. O painel conta a história de Curitiba, e o fio histórico é o mesmo: dos índios àquela atualidade com implementos da telefonia e os que a prefeitura recentemente construíra as estações-tubo do "Ligeirinho".
Este é o painel em que Lazzarotto alcança o maior desenvolvimento técnico. A obra é circular, contornando o centro da torre. Recobre a parede interna, do outro lado, e pelo vidro tem-se a vista panorâmica da cidade. Nesta obra, passados 39 anos da primeira obra pública, a representação da mulher e do homem permanece a mesma.
Nos anos 90, Poty passa a trabalhar em sua poética um misto de suas memórias de infância com o presente. Permanece representando a cidade que viveu no final do século, sustentando o ideal de mulher e de homem dos anos 30, e a família moderna.
Lazzarotto teve a marca machista construída em si e herdou o papel de legá-la ao futuro, fazendo-o por imagens. Produto de determinada sociedade e cultura, sua obra mostra a formação que recebeu, um homem criado em uma sociedade machista, em uma família do esquema moderno, tendo aprendido a reproduzir essas marcas no social.
Fonte: Uma marca machista: o gênero da obra de Poty. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
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Poty Lazzarotto | Wikipédia
Napoleon Potyguara Lazzarotto, conhecido artisticamente como Poty (Curitiba, 29 de março de 1924 – Curitiba, 8 de maio de 1998), foi um desenhista, gravurista, ilustrador, capista e muralista brasileiro.
Filho dos italianos Issac Lazzarotto e Julia Tortato Lazzarotto, começou a se interessar por desenho ainda bem criança. O seu pai era ferroviário e a sua mãe mantinha um restaurante na cidade, o "Vagão do Armistício", muito frequentado por intelectuais paranaenses.
O pai de Poty perdeu um dos braços, devido a um acidente, e para ajudar no orçamento familiar procurava peças de alumínio que eram modeladas em quadros da Santa Ceia, para vender. Poty e seus amigos de infância frequentavam o barracão de seu pai, para ajudar a mover o fole. O barracão que o pai ergueu frente a sua casa, em Curitiba, passou a se chamar "Vagão do Armistício", tornando-se um restaurante desde 1937, sob os cuidados de sua mãe. O governador do Paraná, Manuel Ribas, frequentava o restaurante e, em 1942, premiou Poty com uma bolsa de estudos na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Em 1938, com 14 anos de idade, Poty publicou no jornal Diário da Tarde a história "Haroldo, o Homem Relâmpago", em 6 capítulos.
Em 1943, Hermínio da Cunha César convida Poty para ilustrar seu livro "Lenda da Herva Mate Sapecada", no Rio de Janeiro. Foi o primeiro livro ilustrado por Poty e publicado.
Em 1946, Dalton Trevisan cria a revista "Joaquim", e Poty participa de todos os números, seja com ilustrações, notícias do mundo das artes visuais e/ou comentários sobre arte enviadas da Europa. A "Joaquim", que é editada até 1948, representa uma revolução cultural no Estado do Paraná, tanto no sentido de transformação da literatura, via Dalton, quanto da sua linha editorial, crítica e renovadora como informação e como linguagem. A "Joaquim" representa a primeira conexão do Paraná com outros centros da federação, que publicam na revista seus textos críticos e ensaios, bem como autores estrangeiros nas mais diversas áreas do conhecimento.
Da Europa, graças a uma bolsa de estudos do francês, Poty tem contato com a técnica litográfica, em permanente contribuição à "Joaquim". Voltou ao Brasil em 1948, indo trabalhar no jornal Manhã, de Samuel Wainer, realizando ilustrações para vários jornais do Rio de Janeiro.
Ao longo de sua vida, trabalhou principalmente com desenhos, gravuras, murais, serigrafia, litografia.
Os murais são representativos de sua obra, embora tenha sido o desenho o seu principal veículo de expressão, notadamente as ilustrações que realizou para os mais diversos autores, destacando-se entre esses Dalton Trevisan, considerado o maior contista brasileiro. Em sua execução, Poty empregava materiais diversos, como madeira, vidro (vitrais), cerâmica, azulejo e concreto aparente, esse último um de seus materiais de predileção.
Há obras de Poty espalhadas por diversas cidades do Brasil e do exterior, incluindo murais em Portugal, na França e na Alemanha.
Suas obras também podem ser vistas em diversos locais públicos de Curitiba, como os painéis do pórtico do teatro Guaíra, no saguão do aeroporto Afonso Pena, na praça 29 de Março, na praça 19 de Dezembro e na torre da Telepar.
Faleceu de câncer no pulmão, em 1998. Estava trabalhando, então, em um painel encomendado para a Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Seu último trabalho foi a ilustração para um cartaz encomendado pelo Hospital de Clínicas, em Curitiba, para sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de doações. Foi sepultado no Cemitério Municipal do Água Verde, em Curitiba.
Patrimônio cultural
Em agosto de 2014, algumas de suas obras foram tombadas pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (CEPHA) e reconhecidas como Patrimônio Cultural do Paraná. As obras, com este reconhecimentos, são as localizadas em áreas públicas, como os painéis do Palácio Iguaçu e do Teatro Guaíra.
Dados biográficos
Formou-se na Escola Nacional de Belas Artes em 1945, como resultado de uma bolsa de estudos recebida após a conclusão do curso secundário.
Participou do Liceu de Artes e Ofícios de Carlos Oswald.
Em 1944, realizou ilustrações para os artigos de Ademar Cavalcanti e Carlos Drumond de Andrade no jornal Folha Carioca.
Mudou-se para Paris em 1946, para realizar um curso de artes gráficas, com duração de dois anos, patrocinado pelo governo francês. Nesta ocasião, aprendeu litografia.
Foi responsável pela criação do primeiro mural na União Nacional dos Estudantes (UNE), na Praia do Flamengo, sob o tema O Processo de Kafka. Infelizmente, este trabalho foi destruído pelo Golpe Militar de 1964.
No início da década de 1950 residiu em São Paulo, quando organizou e ministrou cursos de gravura e desenho.
Ganhou o primeiro prêmio da exposição "Gravadores Brasileiros" em Genebra.
Realizou diversas exposições individuais em cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Curitiba.
Realizou exposições individuais no exterior, em Bruxelas, Londres e Washington.
No fim da década de 1960, viajou com os sertanistas Orlando Villas Boas e Noel Nutels para o Xingu, onde fez ilustrações baseadas nos usos e costumes indígenas.
Obras principais
Painel no Centro Politécnico da UFPR, Curitiba, 1961.
Mural na sede da UNE, na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, em 1946. A sede foi destruída e incendiada logo no primeiro dia do Golpe Militar de 1964. Foi seu primeiro mural encomendado.
Mural no Hotel Aeroporto, de propriedade de Ingeborg Rusti, em 1953, como homenagem à emancipação do Paraná. Foi seu primeiro mural no estado do Paraná.
"Monumento ao Primeiro Centenário do Paraná", painel histórico em azulejos na Praça 19 de Dezembro, Curitiba, em 1953.
Murais para o pórtico do Pavilhão de Exposições do Centenário.
"Alegoria ao Paraná", na fachada do Palácio Iguaçu, em Curitiba, apresentada na inauguração do palácio, em 1953.
Painel em azulejos no Largo da Ordem, em Curitiba, representando carroças de verduras, e as colonas italianas e polonesas.
Monumento ao Tropeiro, na Lapa, Paraná.
Painel da fachada do Teatro Guaíra em frente à Praça Santos Andrade, em Curitiba. O painel feito inicialmente foi destruído pelo incêndio que destruiu o teatro posteriormente reconstruído, inclusive o painel.
"Evolução da Comunicação", tema dos vitrais da Biblioteca da PUC-Paraná.
Ilustrações de livros de Guimarães Rosa, Dalton Trevisan, Hermínio da Cunha César, Gilberto Freire.
A partir de 1967, fez cerca de 200 desenhos dos índios do Xingu, que foram expostos na Bélgica e em Londres.
Logomarca da "Sala do Artista", no Solar do Rosário, em Curitiba, feito em 1994, representando o artista plástico.
Em 1996, faz seu primeiro painel em concreto aparente.
Monumento Marco na Rodovia do Café, no Paraná, tendo como tema o café.
Painel Lendas Brasileiras no Crystal Palace Hotel, em Londrina, PR, 1985.
Painel para a Hidrelétrica de Itaipu, em 1998, em parceria com Adroaldo Renato Lenzi.
2 Painéis de azulejos na Sede da OAB-PR (Brasilino Moura 253, Curitiba - PR), em 2009.
Obras literárias Ilustradas
Grande Sertão: Veredas, Sagarana, Corpo de Baile e Magma de Guimarães Rosa;
Assombração do Recife Velho, Gilberto Freire;
Capitães da Areia, Jorge Amado;
Cinco Minutos e Iracema, José de Alencar;
Chapadão do Bugre, Mário Palmério;
Contos de Chekhov, Anton Pavlovich Chekhov;
Crônicas de Curitiba, Em busca de Curitiba Perdida, Dinorá, Ah, é?, Cemitério de Elefantes de Dalton Trevisan e ainda Mistérios de Curitiba e Noites de Insônia (livro formato cordel publicado pelo autor;
Gramática Expositiva do Chão, Manuel de Barros;
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quatro Contos, Helena e Iaiá Garcia, de Machado de Assis;
Parábolas e Fragmentos, Franz Kafka; Trilhos, Trilhas e Traços, Poty Lazzarotto e Valêncio Xavier;
O Quinze, Rachel de Queiroz;
Moby Dick, Herman Melville;
Cobra Norato e outros poemas, Raul Bopp;
Quem mata índio?, Poty e Moysés Paciornick;
Curitiba de Nós, Poty e Valêncio Xavier;
Traços, trilhos e trilhas, Poty e Valêncio Xavier;
Sem Família, Hector Malot (tradução de Virgínia Lefèvre), Editora e Livraria do Chain;
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 23 de julho de 2024.
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Poty Lazzarotto | Itaú Cultural
Napoleon Potyguara Lazzarotto (Curitiba, Paraná, 1924 – Idem, 1998). Gravador, desenhista, ilustrador, muralista, professor. O artista possui extensa e eclética obra gráfica. No começo da carreira, cria diversas histórias em quadrinhos e ilustra livros de autores nacionais e estrangeiros. Grande propagador da gravura, atua como professor em diversas cidades brasileiras.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1942 e estuda pintura na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Frequenta o curso de gravura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Em 1946, viaja para Paris, onde permanece por um ano. Estuda litografia na École Supérieure des Beaux-Arts, com bolsa do governo francês. No campo da litografia, destaca-se por fazer uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da litografia: pedras litográficas previamente usadas na impressão de rótulos industriais são retrabalhadas pelo artista, que preserva nelas os traços das gravações anteriores.
Em 1950, funda, ao lado de Flávio Motta (1923-2016), a Escola Livre de Artes Plásticas, na qual leciona desenho e gravura. Nessa época, organiza o primeiro curso de gravura do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e, ao longo da década de 1950, estende-o para outras capitais brasileiras, como Curitiba, Salvador e Recife.
Desde os anos 1960 tem destaque como muralista, com diversas obras em edifícios públicos e particulares no país e no exterior. Tem relevante atuação como ilustrador de obras literárias, como as de Jorge Amado (1912-2001), Graciliano Ramos (1892-1953) e Euclides da Cunha (1808-1909). Sobre seu desenho, por vezes busca na estilização das formas o efeito da xilogravura. Entretanto, pode também se alternar entre a mancha e o traço, aproximando-se, por exemplo, da obra de Aldemir Martins (1922-2006) e de outros artistas da geração de 1940 e 1950.
Em 1968, é convidado pelos sertanistas Orlando Villas Boas (1914-2002) e Noel Nutels (1913-1973) para uma estada no Parque Nacional do Xingu, durante a qual realiza cerca de duzentos desenhos sobre os hábitos e costumes dos indígenas. Para a crítica de arte Nilza Procopiak, nesses trabalhos, o artista demonstra notável domínio da forma e da técnica, tanto na gradação entre as espessuras das linhas, como nos planos, nos contornos e na observação dos motivos geométricos presentes na cestaria e na cerâmica.
Poty dedica-se também à realização de obras monumentais em madeira, concreto e cerâmica. Seus murais, vitrais e painéis apresentam ampla relação com a atividade de gravador, principalmente pela aproximação da visualidade da xilogravura. Para o estudioso Orlando DaSilva (1923-2012), um elemento comum em sua produção é o vigor no traço dos desenhos, no corte decisivo e profundo tanto na madeira para a gravura, como na talha e nos murais.
É autor dos livros A propósito de figurinhas (1986) e Curitiba, de nós(1989), em parceria com Valêncio Xavier Niculitcheff (1933-2008). Executa diversos murais, como o da Casa do Brasil, em Paris, em 1950, e o painel para o Memorial da América Latina, em São Paulo, em 1988. A partir dos anos 1980 são lançadas várias publicações sobre sua produção: Poty ilustrador (1988), de Antônio Houaiss (1915-1999); Poty: trilhos, trilhas e traços (1994), de Valêncio Xavier Niculitcheff, e Poty: o lirismo dos anos 90 (2000), de Regina Casillo.
Poty Lazzarotto é um nome de destaque no panorama das artes visuais brasileira. Versátil, sua produção caminha entre a ilustração, a gravura, o mural, o painel e o vitral, além de sua atuação como professor, essencial para a divulgação da gravura no Brasil.
Análise
Poty possui uma extensa obra gráfica, tendo realizado inicialmente diversas histórias em quadrinhos e ilustrado livros de diversos autores nacionais e estrangeiros. Grande propagador da gravura, atua como professor em diversas cidades brasileiras. A ele se deve uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da litografia: pedras litográficas previamente usadas na impressão de rótulos industriais são re-trabalhadas pelo artista que mantém traços das gravações anteriores.
Por vezes seu desenho busca na estilização das formas o efeito da xilogravura. Entretanto, pode também alternar-se entre a mancha e o traço, aproximando-se, por exemplo, da obra de Aldemir Martins (1922-2006) e de outros artistas da geração de 1940 e 1950. Em 1968, o artista é convidado pelos sertanistas Orlando Villas Boas e Noel Nütels para uma estada no Parque Nacional do Xingu, durante a qual realiza cerca de 200 desenhos sobre os hábitos e costumes dos indígenas. Para a crítica de arte Nilza Procopiak, nesses trabalhos, o artista demonstra notável domínio da forma e da técnica, tanto na gradação entre as espessuras das linhas, como nos planos, contornos, na observação dos motivos geométricos presentes na cestaria e na cerâmica.
Poty dedica-se também à realização de obras monumentais em madeira, concreto e cerâmica. Seus murais, vitrais e painéis apresentam ampla relação com a sua atividade de gravador, principalmente pela aproximação à visualidade da xilogravura. Para o estudioso Orlando DaSilva, um elemento em comum em sua produção é o vigor presente no traço dos desenhos, no corte decisivo e profundo da madeira para a gravura, assim como na talha e nos murais.
Críticas
"Ao analisar o conjunto da obra gravada de Poty temos que tomar conhecimento, nem que seja numa olhada panorâmica, de seus trabalhos em outras técnicas. Temos que conhecer o artista gravador, desenhista, ilustrador, muralista, decorador, escultor e isso se transforma em um desafio. Como conciliar seu trabalho mural, especialmente quando em concreto, com as obras gráficas em metal, madeira ou pedra; por que a linha decorativa, quase sempre presente em suas xilos, raramente aparece em suas calcogravuras?
Na sua xilo muitas vezes encontramos vinculações com o mural, mesmo porque em inúmeros casos o material usado é o mesmo, a madeira.
Mas há uma linha comum que une toda a sua obra: é o vigor, quer no traço enérgico de seus desenhos lançados rápida e nervosamente no papel, quer no corte decisivo e fundo na madeira para a xilo, a talha ou o mural; é a tinta engordurando a pedra nas suas litos e criando contrastes marcantes; é o relevo acentuado de seus murais de concreto; é a ferida profunda causada pela ponta-seca ou ácido nas gravuras em metal.
Sabendo de sua personalidade só nos é possível compreender o decorativismo de seus murais e xilos, não só através do estudo do material empregado, mas tomando conhecimento também de sua facilidade e habilidade manual, somando ainda a memória visual, que lhe facilita a linha simplificada e corrida. Essa convivência fácil com a técnica, sem necessidade de evidenciá-la, faz com que encontremos Poty em toda a sua obra, mesmo sendo esta expressa com linguagens diversas.
Percorrendo seus trabalhos vamos nos deter com um pouco mais de atenção nas suas gravuras em metal, que proporcionam chão firme para o estudo que ora fazemos. Elas nos facilitam a compreensão das outras obras suas com técnicas diferentes, mostram-nos seu início, com o artista apresentando-se totalmente despido do ensino escolarizante, que por vezes afoga a personalidade pessoal do aluno. A gravura em metal, dentre todos os trabalhos de técnicas diversas que pratica, é a que melhor deixa revelar o desenhista que, por sua vez, é quem melhor divulga o seu 'eu'. Queremos acentuar aqui que, antes de tudo, Poty é um desenhista". — Orlando DaSilva (DASILVA, Orlando. Poty, o artista gráfico. Curitiba: Fundação Cultural Curitiba, 1980).
"A Poty se deve uma das primeiras apropriações artísticas conhecidas da pedra litográfica usada industrialmente na impressão de rótulos, latas, e outros, que encontram ecos ulteriores em Lotus Lobo e João Câmara: usando as de Ciccillo Matarazzo, com as quais a indústria deste imprimia latas, generalizou o uso artístico delas, o que também fez na Bahia, pondo a serviço dos artistas, aos quais ensinou litografia, as pedras que imprimiam selos de charuto. O trabalho gráfico de Poty é monumental, tanto nos pequenos formatos, como vinhetas e ilustrações de livros da editora José Olympio, onde ilustra, entre outros, Guimarães Rosa e Mário Palmério, quanto nos grandes, em que a mesma limpeza estilizada dos pequenos se estampa, o mais das vezes ritmicamente. Em Poty, a estilização do desenho pode buscar o efeito da xilogravura, pois, muito estilizado no cortante e nos cheios alternados com vazios, vai ao essencial: essencialista, a obra de Poty em todas as técnicas, excetuando-se, genericamente, o metal, tende a mimetizar a xilogravura, decerto na talha, mas também no vitral e no painel de concreto. Seu desenho, entretanto, pode alternar o borrão e o traço, como Aldemir Martins em outra chave, ambos se encontrando na conjugação da mancha abertíssima e da linha muito marcada, traço corrente nos anos 40 e 50". — Leon Kossovitch e Mayra Laudanna (GRAVURA Brasileira: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000. p. 32-33).
Exposições Individuais
1943 - Curitiba PR - Individual, no Cine Palácio
1943 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1944 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1946 - São Paulo SP - Individual, na Biblioteca Municipal
1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1949 - Curitiba PR - Individual, no Cine Broadway
1950 - Salvador BA - Individual, no Teatro Guarany
1951 - Salvador BA - Individual, no Teatro Castro Alves
1953 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Biblioteca Nacional
1957 - Curitiba PR - Individual, na Biblioteca Pública do Paraná
1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1969 - Bruxelas (Bélgica) - Xingu: índios e mitos
1969 - Curitiba PR - Individual, na Galeria Paulo Valente
1969 - Washington (Estados Unidos) - Individual, no Brasilian-American Cultural Institute
1973 - Rio de Janeiro RJ - Garagem do Edifício do Artista, na Rua Senador Vergueiro, 66/702
1974 - Curitiba PR - Poty: 50 anos, no Badep
1974 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Centro Cultural Lume
1982 - Curitiba PR - Individual, na Galeria de Arte Banestado
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Banerj
1982 - Salvador BA - Poty: desenhos, gravuras, tapeçarias, madeiras entalhadas, no Desenbanco. Núcleo de Artes
1983 - Curitiba PR - 40 Anos de Trabalho, no Museu da Gravura
1984 - Curitiba PR - Poty: desenho e gravura, na Galeria de Arte Banestado
1986 - Londrina PR - Poty: desenho, na Galeria de Arte Banestado
1988 - Curitiba PR - Poty e a PUC, na PUC/PR
1988 - Curitiba PR - Poty e o Cinema, no MIS/PR
1988 - Curitiba PR - Poty Ilustrador, no Espaço Cultural IBM
1988 - Rio de Janeiro RJ - Poty Ilustrador, no MNBA
1988 - Brasília DF - Poty Ilustrador, no MAB/DF
1989 - São Paulo SP - Poty Ilustrador, no Museu Lasar Segall
1990 - Curitiba PR - Poty e a Ponta Seca, no Museu da Gravura
1990 - Curitiba PR - Poty Lazzarotto, no Studio R. Krieger
1990 - Curitiba PR - Poty: desenho, na Galeria de Arte Banestado
1993 - Curitiba PR - Poty Lazzarotto e os 300 Anos, na Sala de Pedra - FCC
1994 - Curitiba PR - 40 Desenhos de Poty, na Biblioteca Pública do Paraná
1994 - Curitiba PR - Individual, out-doors espalhados na cidade de Curitiba
1994 - Curitiba PR - Individual, no Museu Metropolitano de Curitiba
1994 - Curitiba PR - Individual, na Associação Cultural Solar do Rosário
1994 - Florianópolis SC - Individual, no Masc
1994 - São Paulo SP - Individual, no Memorial da América Latina
1997 - Curitiba PR - Poty e o Livro, no Museu de Arte do Paraná
1997 - Curitiba PR - Poty: novas gravuras, na Associação Cultural Solar do Rosário
1998 - Curitiba PR - A Obra Monumental de Poty, no Conjunto Cultural da Caixa - itinerante
1998 - Curitiba PR - Individual, na Livraria Curitiba
Exposições Coletivas
1942 - Londres (Inglaterra) - Exposição em Homenagem à RAF
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - menção honrosa em desenho
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição em Homenagem à RAF
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata em desenho e artes gráficas
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Royal Academy of Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata em desenho
1945 - Rio de Janeiro RJ - 51º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze em gravura e pintura
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores Vão à Escola do Povo, na Enba
1948 - Ponta Grossa PR - Arte do Paraná
1949 - Curitiba PR - 6º Salão Paranaense de Belas Artes, no Instituto de Educação - medalha de prata
1949 - Rio de Janeiro RJ - 55º Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna, no MNBA - prêmio viagem ao país
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1950 - Curitiba PR - 1º Salão de Maio, no Centro Cultural Inter Americano
1950 - Curitiba PR - 7º Salão Paranaense de Belas Artes, no Instituto de Educação
1950 - Rio de Janeiro RJ - 56º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de ouro em desenho
1950 - Salvador BA - 2º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - medalha de ouro em gravura
1951 - Curitiba PR - 8º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura
1951 - Salvador BA - 3º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Curitiba PR - 9º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura - medalha de ouro
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, na Funarte
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1953 - Salvador BA - Poty, Carlos Bastos e Raimundo Oliveira, na Galeria Oxumaré
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Genebra (Suíça) - Gravadores Brasileiros, no Museu Rath
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Curitiba PR - 1º Salão da Cidade, na Câmara Municipal - como homenagem dos organizadores ao artista, são expostas, fora de concurso, cinco gravuras
1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - medalha de ouro em gravura
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Porto Alegre RS - 7º Salão de Belas Artes, no Instituto de Belas Artes - medalha de prata em gravura
1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário - 1º prêmio em gravura
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Lima (Peru) - Arte Moderna do Brasil
1957 - Rio de Janeiro RJ - Salão para Todos, no MEC
1957 - Salvador BA - Nós e as Artes Populares, na Galeria Oxumaré
1959 - Leverkusen (Alemanha) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Viena (Áustria) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Curitiba PR - 1º Salão Anual de Curitiba, no Diário do Paraná
1960 - Hamburgo (Alemanha) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Utrecht (Holanda) - 1ª Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - Curitiba PR - 18º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná
1962 - Roma (Itália) - Bienal de Arte Sacra
1962 - Salzsburgo (Áustria) - Bienal de Arte Sacra
1963 - Lagos (Nigéria) - Artistas Brasileiros Contemporâneos
1965 - Londrina PR - 1º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1965 - Salvador BA - A Gravura na Bahia, na Galeria Convivium
1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The Yale University Art Gallery
1966 - San Diego (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no La Jolla Museum of Art
1966 - New Orleans (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no Isaac Delgado Museum of Art
1966 - San Francisco (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no San Francisco art Museum
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1968 - Rio de Janeiro RJ - A Gravura Brasileira, no Museu Histórico Nacional
1969 - Bruxelas (Bélgica) - Feira organizada pelo Ministério da Indústria e Comércio
1969 - Londrina PR - 5º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1970 - Liverpool (Inglaterra) - 12 Artistas Contemporâneos Brasileiros, na Universidade de Liverpool
1971 - Curitiba PR - 28º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1972 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses
1973 - Curitiba PR - 200 Anos de Arte Religiosa, no DAC
1973 - Curitiba PR - 2ª Feira das Bandeiras - Mostra de Artistas Paranaenses
1973 - Curitiba PR - 30º Salão Paranaense, no Teatro Guaíra
1973 - Curitiba PR - Mostra de Arte - Acervos Particulares, no Badep
1974 - Curitiba PR - Artistas Contemporâneos Paranaenses, na Galeria Eucatexpo
1974 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses de Todos os Tempos, na Galeria Eucatexpo
1974 - Curitiba PR - Coletiva 74, na Galeria Acaiaca
1974 - Londrina PR - 6º Salão de Arte Religiosa Brasileira, no Seec
1975 - Curitiba PR - Accrochage do 1º Aniversário, na Galeria Acaiaca
1975 - Curitiba PR - Folia de Reis, na Casa de Arte Alpendre
1976 - Curitiba PR - 1º Salão Passarola, na Galeria Acaiaca
1976 - Curitiba PR - Coletiva Classe A, na Galeria Acaiaca
1976 - Curitiba PR - Exposição São Francisco, na Casa de Arte Alpendre
1976 - Curitiba PR - Panorama da Arte no Paraná: 3 artistas contemporâneos, no Badep
1976 - Curitiba PR - Verão 76, na Galeria Acaiaca
1977 - Curitiba PR - Arte & Economia, no Badep
1977 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1977 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1978 - Curitiba PR - A Arte da Gravura, no Badep
1979 - Curitiba PR - 1ª Mostra do Desenho Brasileiro, no Museu de Arte do Paraná
1979 - Curitiba PR - A Gravura em Madeira, no Badep
1979 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1979 - Curitiba PR - Galeria de Arte Cocaco: 20 anos depois, na Galeria Cocaco
1979 - Curitiba PR - Os Italianos no Paraná, no Badep
1980 - Curitiba PR - 3ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, no Museu da Gravura
1980 - Curitiba PR - Encontro Nacional de Críticos de Arte, na FCC
1980 - Curitiba PR - Festa das Cores, na Galeria Acaiaca
1980 - Curitiba PR - Verão: Arte, na Galeria Acaiaca
1981 - Curitiba PR - Ano 7, na Galeria Acaiaca
1981 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1982 - Curitiba PR - Arte Classe A, na Galeria Acaiaca
1982 - Penápolis SP - Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - São Paulo SP - Seis Gravadores Expressionistas do Brasil: Segall, Goeldi, Abramo, Renina, Poty, Grassmann, no Museu Lasar Segall
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Recife PE - 50 Anos de Casa Grande & Senzala: exposição itinerante, na Fundação Joaquim Nabuco
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas - sala especial, no MAM/RJ
1984 - Aracaju SE - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - Brasília DF - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - Curitiba PR - Arte Classe Acaiaca, na Galeria Acaiaca
1984 - Curitiba PR - Verão Arte, na Galeria Acaiaca
1984 - Lisboa (Portugal) - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala, no Museu Gulbenkian da Fundação Calouste Gulbenkian
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, no MNBA
1984 - Salvador BA - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1984 - São Paulo SP - Artistas Paranaenses, na Faap
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1984 - Vitória ES - 50 Anos de Casa-Grande & Senzala
1985 - Curitiba PR - Desenho, Cor e Forma, no Studio R. Krieger
1985 - Curitiba PR - Ferroviarte, na Estação Rodoferroviária
1985 - Curitiba PR - Vinte Vezes Francisco, na Galeria Acaiaca
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão Preto e Branco, na Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade/Funarte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Um Panorama do Rio, no MNBA
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Curitiba PR - 7ª Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba
1986 - Curitiba PR - 7º Acervo do Museu Nacional da Gravura - Casa da Gravura, no Museu Guido Viaro
1986 - Curitiba PR - Tradição/Contradição, no MAC/PR
1986 - Rio de Janeiro RJ - A Nova Flor de Abacate, Grupo Guignard - 1943 e Os Dissidentes - 1942, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Paraná, Cor e Forma, no MNBA
1987 - Curitiba PR - Artistas Paranaenses, no Artespaço Saint German des Prés
1987 - Curitiba PR - Coletiva, na Galeria de Arte Banestado
1987 - Curitiba PR - Doze Mestres da Pintura, no Ufizzi Galeria de Arte
1987 - Curitiba PR - Exposição Inaugural do Museu Municipal
1987 - Curitiba PR - São Francisco Revisitado, na Galeria Acaiaca
1987 - Curitiba PR - Verão Arte, na Galeria Acaiaca
1988 - Brasília DF - Poty Ilustrador, no MAB/DF
1988 - Curitiba PR - 8ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, na Casa de Gravura. Solar do Barão
1988 - Curitiba PR - Exposição Inaugural do Museu Municipal, no Museu Municipal de Arte
1988 - Curitiba PR - 8º Gravadores Paranaenses das Décadas de 50/60, no Museu Municipal de Arte
1988 - Curitiba PR - Marinhas: homenagem a Nilo Previdi, no Studio R. Krieger
1988 - Curitiba PR - São Francisco de Assis, na Galeria Acaiaca
1988 - Salvador BA - Os Ilustradores de Jorge Amado, na Fundação Casa de Jorge Amado
1989 - Curitiba PR - 30 Anos, na Galeria Cocaco
1989 - Curitiba PR - Auto-Retrato na Pintura Paranaense, no Museu de Arte do Paraná
1989 - Curitiba PR - Cocaco 30 Anos, na Galeria de Arte Cocaco
1989 - Curitiba PR - Desenho, Cor e Forma, no Studio R. Krieger
1989 - Rio de Janeiro RJ - Gravura Brasileira: 4 temas, na EAV/Parque Lage
1990 - Curitiba PR - 297 Vezes Curitiba, na Galeria Acaiaca
1990 - Curitiba PR - São Francisco da Ordem, na Galeria Acaiaca
1990 - Londrina PR - Coletiva, na Galeria de Arte Banestado
1991 - Curitiba PR - Curitiba Nosso Amor, na Galeria Acaiaca
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Curitiba PR - Reflexão dos Anos 80, no MAC/PR
1992 - Curitiba PR - 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu de Gravura
1992 - Curitiba PR - Enfocando a Gravura em Metal, no Museu da Gravura
1992 - Curitiba PR - Novas Aquisições Minigravuras, no Museu Municipal de Arte
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, no CCBB
1993 - Curitiba PR - Coletiva, na Catedral Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
1993 - Curitiba PR - Homenagens aos 300 Anos de Curitiba, na Galeria Acaiaca
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1993 - Londrina PR - Imagens Gravadas: obras do Acervo do Museu da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu de Arte de Londrina
1994 - Curitiba PR - 301 Anos de Curitiba, na Galeria Acaiaca
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1996 - Curitiba PR - Exposição de Peças e Pinturas, no Museu da Arquidiocese de Curitiba
1996 - Curitiba PR - Há 50 Anos... Joaquim, no Seec
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, no Paço das Artes
1997 - Curitiba PR - A Arte Contemporânea da Gravura, no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba
1997 - São Paulo SP - Paranaenses, na Faap
1998 - Curitiba PR - Traços & Palavras, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rouen (França) - Feira Internacional de Rouen: Poty, Rogério Dias e Armando Merege
Exposições Póstumas
1998 - Curitiba PR - Arte Paranaense: movimento de renovação, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - Curitiba PR - Arte e Cultura: PUC 40 anos, na PUC/PR
1999 - Curitiba PR - Panorama da Arte Brasileira, no Graciosa Country Club
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Literatura Brasileira e Gravura, na ABL
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - Curitiba PR - Exposição Acervo Badep, na Seec
2000 - Curitiba PR - Publicação da Coleção Brasil 500 Anos, na Fundação Cultural de Curitiba
2000 - São Paulo SP - Investigação. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB/Faap
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB/Faap
Fonte: POTY Lazzarotto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 23 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia.vISBN: 978-85-7979-060-7
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100 anos de Poty Lazzarotto: cerca de 500 obras serão expostas no MON | CasaCor
A partir de 12 de abril, a exposição Trilhos e Traços – Poty 100 anos, estará disponível para o público no Museu Oscar Niemeyer (MON). Pensada para comemorar o centenário do desenhista, gravurista e muralista brasileiro, a mostra reúne aproximadamente 500 obras — um recorte da doação de 4 mil peças realizada pela família do artista ao Museu — e possui curadoria de Maria José Justino e Fabricio Vaz Nunes.
Segundo os curadores, além de destacar a importância de sua obra no cenário paranaense, a exposição procura extrapolar as fronteiras regionais e apresentar Poty em sua dimensão universal. “Na sua atividade artística incessante e obstinada, recriou, em imagens, o universo criativo da literatura; em seus murais, plasmou a grande aventura da história universal”, afirmam.
Na mostra, as obras foram organizadas em torno de nove núcleos temáticos presentes na trajetória artística de Poty, representativos das suas diferentes facetas: o Narrador, o Trabalho, o Xingu, o Sagrado, a Guerra, o Cotidiano, o Viajante, o Muralista e o Retratista. “Mas Poty, o piá do Capanema que amava o cinema e as histórias em quadrinhos, é ainda mais que tudo isso”, dizem os curadores.
Sobre o artista
Na literatura brasileira, Poty ilustrou obras destacadas, como Os sertões, de Euclides da Cunha, e Grande Sertão:
Veredas, de Guimarães Rosa, e deu vida aos curitibanos controversos retratados nos contos de Dalton Trevisan.
Mas com seus monumentos ou painéis de azulejo e de concreto aparente, presentes em toda Curitiba, o artista também deixou sua marca no urbanismo. Nos painéis da travessa Nestor de Castro, Poty mostra, de um lado, a cena de uma Curitiba que já não existe, e do outro, a evolução da cidade, surgida em meio ao pinheiral, habitada por imigrantes.
Acervo MON
Em 29 de março de 2022, dia do aniversário de Curitiba – e coincidentemente, data de nascimento do artista Poty Lazzarotto – o MON recebeu a maior coleção já doada à instituição: aproximadamente 4,5 mil peças que constituem um verdadeiro material etnográfico sobre o artista. Tal coleção conta com mais de 3 mil desenhos e 366 gravuras, além de tapeçarias, entalhes, serigrafias e esculturas, entre outros. A doação foi feita diretamente pelo irmão do artista, João Lazzarotto.
Um recorte dessa vasta coleção de Poty poderá ser visto nessa exposição. O eixo central do prédio do Museu se transformará em palco para as maiores coleções recebidas pelo MON, ao lado das mostras de arte asiática e africana.
“Poty, em seu centenário, segue atual, incomparável, e essa nova exposição reforça a importância do artista para a identidade cultural paranaense. Tenho certeza de que a mostra no Museu Oscar Niemeyer introduzirá seu trabalho singular para milhares de pessoas e também para as novas gerações”, afirma Luciana Casagrande Pereira, secretária de estado da Cultura do Paraná.
Fonte: CasaCor. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.
Crédito fotográfico: Governo do Paraná. Consultado pela última vez em 22 de julho de 2024.