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Richard Serra

Richard Serra (Estados Unidos, Califórnia, São Francisco, 2 de novembro de 1939) é um escultor, pintor, desenhista, produtor de televisão, video artist e artista visual americano. Considerado um dos mais celebrados artistas plásticos contemporâneos, conhecido por suas monumentais esculturas de aço feitas para cenários paisagísticos, urbanos e arquitectónicos específicos do local. Formado em inglês e pós-graduado em Arte na Universidade de Yale. Suas esculturas são notáveis pela sua qualidade material e exploração da relação entre o espectador, a obra, e o local. Obras que buscam radicalizar e alargar a definição de escultura. Uma das obras mais famosas e polêmicas é a "Tilted Arc - 1987", que foi retirada do local após mobilização dos habitantes de uma área nobre de Nova Iorque, por considerarem a escultura ofensiva. Premiado por diversas vezes, destacando-se no Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes em 2010. Realizou exposições em grandes cidades do mundo e possui obras na Espanha, nos Museus Rainha Sofía de Madri, de Arte Contemporânea de Barcelona e no Guggenheim de Bilbao.

Biografia – Wikipédia

Para alguns críticos é considerado como um dos artistas mais importantes do pós-guerra. Recentemente tem feito trabalhos de grande escala em aço, mas já realizou obras com diferentes tipos de materiais industriais como borracha, chumbo e lâmpadas.

Artista muito ligado aos escultores minimalistas tais como Donald Judd, Robert Morris e Frank Stella. Conhecido também por colocar em confronto a obra e o espaço público como na polêmica escultura "Tilted Arc - 1987", retirada do local após mobilização dos habitantes (de uma área nobre de Nova Iorque) que consideraram a escultura ofensiva.

Uma de suas obras, uma série de esculturas em aço corten, nomeada The Matter of Time é a única exposição permanente no museu Guggenheim da cidade de Bilbao (Espanha) é considerado o ponto alto entre as obras da coleção do museu.

Ainda adolescente trabalhava em suas férias numa siderúrgica onde teve seu primeiro contato com o metal e com o trabalho em altas temperaturas. Filho de um espanhol e de uma russa, Serra se formou em Inglês e pós-graduou em Arte na Universidade de Yale.

Após voltar de uma temporada na Europa na segunda metade da década de 1960, Serra mergulha na onda do minimalismo e da desconstrução. A escultura parecia encontrar a abstração em ângulos retos, tecnológicos, limpos e em muitas ocasiões, nada mais que experimentais. Logo após começa a trabalhar com o aço corten e a perceber a força e estabilidade que este material proporciona, placas de aço com diferentes comprimentos e alturas aplicadas ao meio urbano ou rural, mudando a percepção do local e do transeunte.

Peças que pesam toneladas e possuem autos sustentação (algo defendido desde sempre por Serra como uma condição para a criação destas obras). Não há pregos, amarras ao chão, fundações ou outros meios para manter as esculturas estáveis. Apenas a gravidade aplicada à massa do aço somados a cálculos precisos fazem tais estruturas manterem-se em pé, muitas vezes sendo curvadas e inclinadas em ângulos surpreendentes.

Com esses trabalhos Serra é visto pela crítica como um artista genuinamente contemporâneo, utilizando materiais novos, superando a indústria e a engenharia, com muitas inserções importantes da arte no meio urbano, tendo reconhecimento internacional e um grande portfólio.

Notícia publicada pela Agência de Notícias AFP:

Escultor Richard Serra recebe o prêmio Príncipe de Astúrias de Artes O escultor americano Richard Serra foi anunciado em 10/maio de 2010 como o vencedor do Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes em 2010 pela instituição espanhola que tem o nome do príncipe herdeiro da Espanha.

Serra foi premiado "pela coragem para articular de sua perspectiva minimalista os espaços urbanos mais significativos em escala internacional, através de obras de grande força visual que convidam à reflexão e ao assombro", afirma uma nota divulgada pelo júri.

"O escultor, muito vinculado à melhor tradição da arte europeia ao longo de sua brilhante trajetória, é um artista multifacetado cuja dimensão universal se expressa em formas contundentes e conceitos sugestivos", completa o texto.

Serra, nascido em São Francisco em 1939, filho de pai espanhol, tem obras na Espanha, nos Museus Rainha Sofía de Madri, de Arte Contemporânea de Barcelona e no Guggenheim de Bilbao.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 9 de janeiro de 2023.

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Existe Arte Pública? | Paleta Cultural

Caminhando pela Federal Plaza, em meio ao dinamismo metropolitano de Nova Iorque, o passo é interrompido por uma enorme estrutura de aço. Uma placa de 36,6 metros de comprimento por 3,6 metros de altura atravessava a área. Ao contorná-la, pra chegar a algum dos inúmeros prédios governamentais, podia-se ter sua real dimensão. Com uma leve curvatura e aspecto enferrujado, o objeto em meio à praça era uma obra do escultor Richard Serra, o Tilted Arc (ou Arco Inclinado).

Se hoje você for a Manhattan, não encontrará a escultura. O Tilted Arc foi retirado em 1989, apenas 8 anos após sua instalação. Mas é talvez na sua retirada, e destruição, que a obra ganhe maior valor para ser discutida.

Houve quem, ao dar de cara com a escultura, pensasse que ela destoava da praça, não entendesse o porquê dela ser arte e se incomodasse com a situação descrita no começo deste texto. Porém, a obra foi feita especialmente para aquele espaço e para aquela situação. Em 1979, o governo pretendia levar a espaços públicos de Nova Iorque uma série de obras de arte, e Serra foi o selecionado para ocupar a Federal Plaza.

Mas quem é Richard Serra?

O artista ficou conhecido por suas gigantescas esculturas de aço que questionam o espaço. Grande parte de suas criações são site-specific, ou seja, obras nas quais o espaço de exposição é incorporado à obra.

Uma das características da arte contemporânea é que, em diversas obras, o conceito tem maior valor do que os aspectos formais da peça – para entender melhor, podemos pensar em Comedian de Maurizio Cattelan, que formalmente é apenas uma banana afixada na parede, mas torna-se arte pela ideia que a envolve. Se essa obra foi pensada para um espaço específico, então esse espaço torna-se parte do conceito, pois ele interferirá em como a mensagem é transmitida – sendo grande responsável por quem é o público e qual a experiência que ele tem frente a obra.

É por isso que o Tilted Arc só era o Tilted Arc ali. Quando Serra foi convidado para construir a escultura para a Federal Plaza, não pensou apenas na dimensão da praça e no que caberia nela, mas que obra geraria uma experiência mais interessante naquele espaço – de alta circulação, importância nacional e repleto de edifícios federais.

Porém, nem todos compreenderam a proposta. Ainda em 1979, na aprovação do projeto, houve quem defendesse que a escultura parecia um muro separando as pessoas dos prédios do governo, como conta Rosalyn Deutsche em Tilted Arc and the uses of democracy, livro dedicado à controvérsia da obra. Porém, a Administração de Serviços Gerais dos Estados Unidos aprovou o projeto.

Em 1979, contrato fechado. 1981, Tilted Arc instalado. Deutsche conta que os trabalhadores e cidadãos que transitavam pelo local se manifestaram contra a obra. A escultura rompia a praça ao meio, fazendo com que a travessia levasse mais tempo e impedindo a utilização máxima do espaço. O “muro” tirava visibilidade e isso era um problema de segurança. Além disso, parte da população não entendia a peça de Serra, que passava a ser vista como “elitista”, e não como uma obra de arte pública como propunha o governo, explica Antonio Duran em sua tese.

Para além das fronteiras da arte

Foi por esses caminhos que se travaram os debates sobre o Tilted Arc. O governo ponderava a realocação da escultura, mas Serra se opôs. Se a obra era site-specific, era só ali, com as situações geradas por aquela territorialidade, que a obra existia. Movê-la era alterar seu conceito, era destruí-la.

Com isso, o assunto foi levado à corte, e a discussão extrapolou a esfera da arte. O governo defendia que a realocação da escultura poderia restituir à Federal Plaza sua harmonia e utilidade pública. Afirmava que a retirada da obra era vontade do povo. O assunto, na corte e na imprensa, gerou uma discussão sobre a própria noção de democracia e o significado de “uso público”.

O uso público seria apenas para bancos e instrumentos utilitários? A obra tinha um uso estético, ele não é público? Eram esses os argumentos dos defensores do Tilted Arc. Ao mesmo tempo, ao não ser compreendida por todos, a arte ainda é pública? Ao gerar conflitos e fazer com que a população queira sua retirada, não perde esse aspecto? Questionava o outro lado.

A obra de Serra realmente não se propunha a harmonizar ou adornar o espaço, pois como explica o próprio escultor em entrevista ao jornal O Globo, “o que artistas fazem é estabelecer um paradigma para ver o mundo de uma forma diferente”. Ela propunha uma nova experiência a quem circula pela Federal Plaza e gerava conflito – questionando inclusive se havia uso público ali a princípio, afirma Duran. O governo defendia que a retirada da obra era democrática, mas o conflito, gerado pela obra, não é antidemocrático. O conflito talvez seja, pelo contrário, um lado da democracia (que é um poder de um povo não homogêneo e que, geralmente, não vive em consenso).

Na audição, decidiu-se pela retirada da obra. Tilted Arc foi destruída em 1989 – a pedido de Serra, nunca foi realocada. Em seu lugar foram instalados bancos e jardins, para que a população pudesse utilizar o espaço de modo pragmático.

Fonte: Paleta Cultural, "Existe arte pública?", escrito por Giulia Garcia, publicado em 24 de julho de 2020. Consultado pela última vez em 9 de janeiro de 2023.

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Biografia Richard Serra | Trenfo

Richard Serra é um artista americano conhecido pelas suas esculturas de grande escala feitas para cenários paisagísticos, urbanos e arquitectónicos específicos do local. As esculturas de Serra são notáveis pela sua qualidade material e exploração da relação entre o espectador, a obra, e o local. Desde meados dos anos 60, Serra tem trabalhado para radicalizar e alargar a definição de escultura, começando pelas suas primeiras experiências com borracha, néon e chumbo, até às suas obras em aço de grande escala.

Serra nasceu em São Francisco, Califórnia, para Tony e Gladys Serra – o segundo de três filhos. Desde muito jovem, foi encorajado a desenhar pela sua mãe. O jovem Serra levava um pequeno caderno para os seus esboços e a sua mãe apresentava o seu filho como “Ricardo, o artista”. O seu pai trabalhava como montador de tubagens para um estaleiro naval perto de São Francisco. Serra conta a memória de uma visita ao estaleiro para ver o lançamento de um barco quando tinha quatro anos de idade. Ele assistiu à transformação do navio de um enorme peso para uma estrutura flutuante e flutuante e observa isso: “Toda a matéria-prima de que precisava está contida na reserva desta memória”.

Serra estudou literatura inglesa na Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1957, antes de se transferir para a Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, e formar-se em 1961 com um bacharelato em Literatura Inglesa. Em Santa Bárbara, Serra conheceu os muralistas, Rico Lebrun e Howard Warshaw. Ambos estavam no Departamento de Arte e tomaram Serra sob a sua asa. Durante este tempo, Serra trabalhou em siderurgias para ganhar a vida.

Serra estudou pintura na Universidade de Yale e licenciou-se em História da Arte em 1964. Entre os antigos alunos de Yale incluem-se Chuck Close, Rackstraw Downs, Nancy Graves, Brice Marden, e Robert Mangold. Em Yale Serra conheceram-se artistas visitantes da Escola de Nova Iorque, tais como Philip Guston, Robert Rauschenberg, Ad Reinhardt, e Frank Stella. Serra deu um curso de teoria da cor durante o seu último ano em Yale e depois de se formar foi-lhe pedido que ajudasse a provar o notável livro de Josef Albers sobre teoria da cor “Interacção da Cor”.

Em 1964, Serra recebeu de Yale uma bolsa de viagem de um ano e foi para Paris onde conheceu o compositor Philip Glass que se tornou um colaborador e amigo de longa data. Em Paris, Serra passou algum tempo a desenhar no estúdio de Constantino Brancusi, parcialmente reconstruído dentro do Musée national d”art moderno na avenida Presidente Wilson, permitindo a Serra estudar o trabalho de Brancusi, tirando mais tarde as suas próprias conclusões escultóricas. Uma réplica exacta do estúdio de Brancusi está agora localizada em frente ao Centro Pompidou. Serra passou o ano seguinte em Florença, Itália, com uma bolsa Fulbright. Em 1966, ainda em Itália, Serra fez uma viagem ao Museu do Prado em Espanha e viu a pintura de Diego Velázquez, “Las Meninas”. O artista percebeu que não iria ultrapassar a habilidade daquela pintura e tomou a decisão de se afastar da pintura.

Ainda na Europa, Serra começou a fazer experiências com material escultórico não tradicional. Realizou a sua primeira exposição individual “Habitats de Animais” na Galleria Salita, Roma. Expôs ali montagens feitas com animais vivos e de peluche que seriam referenciados como trabalhos iniciais do movimento Arte Povera.

Esculturas antigas

Serra regressou da Europa e mudou-se para a cidade de Nova Iorque em 1966. Continuou as suas construções utilizando materiais experimentais tais como borracha, látex, fibra de vidro, néon, e chumbo. As suas peças de cinto foram feitas com tiras de borracha e penduradas na parede usando a gravidade como dispositivo formador. Serra combinou néon com tiras contínuas de borracha nos seus cintos de escultura (1966-67) referindo-se à abstracção em série no Mural de Jackson Pollock (1963.) Por volta dessa altura Serra escreveu Lista de Verbos (1967) uma lista de verbos transitivos (i.e. fundir, rolar, rasgar, escorar, etc.) que ele utilizou como diretivas para as suas esculturas. Para Levantar (1967), e Trinta e Cinco Pés de Chumbo Enrolado (1968), Splash Piece (1968), e Casting (1969), foram algumas das obras baseadas na ação com origem na lista de verbos. Serra utilizou chumbo em muitas das suas construções devido à sua adaptabilidade. O chumbo é maleável o suficiente para ser enrolado, dobrado, rasgado e derretido. Com To Lift (com trinta e cinco pés de chumbo enrolado (1968), Serra, com a ajuda de Philip Glass, desenrolou e enrolou uma folha de chumbo o mais apertado que pôde.

Em 1968 Serra foi incluído na exposição colectiva “Nine at Castelli” no Castelli Warehouse em Nova Iorque onde mostrou Prop (1968), Scatter Piece (1968), e fez Splashing (1968) atirando chumbo fundido contra o ângulo do chão e da parede. Em 1969, a sua peça Casting foi incluída na exposição Anti-Illusion: Procedures Materials no Whitney Museum of American Art, em Nova Iorque. Em Casting, o artista atirou novamente chumbo fundido contra o ângulo do chão e da parede. Em seguida, retirou a fundição feita com o chumbo endurecido da parede e repetiu a acção de salpicar e fundir criando uma série de formas independentes.

“Para apoiar” é outro verbo transitivo da “Lista de Verbos” de Serra utilizado pelo artista para uma série de conjuntos de placas de chumbo e postes dependentes da inclinação e da gravidade como uma força para se manter na vertical. As primeiras Peças de Adereços de Serra, como o Adereço (1968), baseavam-se principalmente na parede como suporte. Serra queria afastar-se da parede para remover o que pensava ser uma convenção pictórica. Em 1969, ele escorou quatro placas de chumbo no chão como um castelo de cartas. A escultura One Ton Prop: House of Cards (1969) pesava 1 tonelada e as quatro placas eram auto-suficientes.

Outro momento crucial para Serra ocorreu em 1969 quando foi encarregado pelo artista Jasper Johns de fazer um Splash Piece no estúdio de Johns. Enquanto Serra aqueceu as placas de chumbo para salpicar contra a parede, pegou numa das placas maiores e colocou-a no canto onde se encontrava por si só. A quebra de Serra no espaço seguiu-se pouco depois com a greve de escultura: Para Roberta e Rudy (1969-71). Serra cravou uma placa de aço de 8 por 24 pés num canto e dividiu a sala em dois espaços iguais. A obra convidava o espectador a andar à volta da escultura, mudando a percepção do espectador sobre a sala enquanto caminhava.

Serra reconheceu pela primeira vez o potencial de trabalhar em grande escala com a sua série Skullcracker feita durante a exposição, “Arte e Tecnologia”, no Museu de Arte do Condado de L.A., em 1969. Passou dez semanas a construir uma série de peças efémeras de aço empilhadas no Kaiser Steelyard. Utilizando uma grua para explorar os princípios de contrapeso e gravidade, as pilhas tinham entre 30 e 40 pés de altura e pesavam entre 60 e 70 toneladas. No final de cada dia, eram derrubadas pelos trabalhadores do aço. A escala das pilhas permitiu a Serra começar a pensar no seu trabalho fora dos limites dos espaços das galerias e museus.

Trabalhos paisagísticos

Em 1970 Serra recebeu uma Bolsa Guggenheim e viajou para o Japão. As suas primeiras esculturas ao ar livre, To Encircle Base Plate (Hexagram) (1970) e Sugi Tree (1970), foram ambas instaladas no Parque Ueno como parte da “Bienal de Tóquio”.

Enquanto esteve no Japão, Serra passou a maior parte do seu tempo a estudar os jardins e templos Zen do Myoshin-ji em Quioto. A disposição dos jardins revelou a paisagem como um campo total que só pode ser experimentado caminhando. Os jardins mudaram a forma de Serra de ver o espaço em relação ao tempo. Ao regressar aos EUA, construiu o seu primeiro trabalho ao ar livre específico do local: Para circundar o Hexagrama da Placa Base, ângulos rectos invertidos (1970). Aqui Serra incorporou duas flanges de aço semi-circulares, formando um anel de 26 pés de diâmetro, na superfície da Rua 183 no Bronx. Um semicírculo media 1 polegada de largura e o segundo, 8 polegadas de largura. A obra era visível de duas perspectivas: ou quando o espectador se dirigia diretamente para cima ou de cima, numa escadaria com vista para a rua.

Ao longo dos anos 70, a Serra continuou a fazer escultura ao ar livre para áreas urbanas e paisagens. A Serra estava interessada na topologia da paisagem e na forma como se relaciona com ela através do movimento, espaço e tempo. O seu primeiro trabalho paisagístico foi realizado em finais de 1970, quando Serra foi encomendado pelos patronos da arte Joseph e Emily Rauh Pulitzer para construir uma escultura na sua propriedade fora de St. Louis, Missouri. Pulitzer Piece: Elevação Escalonada (1970-71) foi o primeiro trabalho paisagístico de grande escala da Serra. Três placas com 5 pés de altura por 40 a 50 pés de comprimento foram colocadas ao longo de aproximadamente 3 acres. A colocação das placas foi determinada pela queda da paisagem. Cada placa foi empalada no solo até que a sua subida fosse de 1,5 metros de altura. A intenção de Serra era que as placas funcionassem como cortes na paisagem que funcionassem como horizontes de substituição à medida que os espectadores caminhavam entre elas.

Shift (1970-72), o segundo empreendimento de Serra na paisagem, foi construído num campo de propriedade do colecionador Roger Davidson em King City, Ontário. A escultura é composta por seis secções de betão rectilíneo colocadas ao longo da paisagem inclinada. Em 2013, o Shift foi designado Sítio do Património ao abrigo da Lei do Patrimônio do Ontário. O Shift, tal como Pulitzer Piece, foi baseado na queda elevada do terreno ao longo de uma determinada distância. Os bordos superiores das placas funcionam como um horizonte sendo colocado em intervalos de elevação específicos à medida que se percorre todo o campo.

Os trabalhos subsequentes de Serra em paisagens específicas continuaram a explorar a topografia do terreno e a forma como a escultura se relaciona com esta topografia através do movimento, meditação e percepção do espectador. Entre as obras mais notáveis da paisagem estão Porten i Slugten (Afangar (Estações, Paragens na Estrada, Parar e Olhar): Forward and Back, To Take It All In) (Snake Eyes and Box Cars (e East-WestWest-East (2014) no Qatar. A escultura Porten i Slugten (1983-86) foi encomendada para o Museu de Arte Moderna da Louisiana, Humlebaek, Dinamarca. Depois de percorrer o terreno do museu, Serra escolheu uma ravina que corre em direção ao Mar de Kattegat como local para a sua escultura. A ravina era a única área do terreno que não tinha sido ajardinada. Duas placas foram colocadas num ângulo uma da outra no final de um trecho inclinado do caminho que faz frente ao barranco. As placas funcionam na sua localização como um portão que se abre enquanto o observador caminha pelo caminho em direção ao mar. Vistas do centro de uma ponte, que atravessa a ravina e conduz ao museu, as duas placas formam um único plano, como se o portão tivesse fechado. Ao descer do museu para o oceano abaixo, as placas parecem ter um movimento de balanço contínuo.

Em 1988, Serra foi convidado pela Galeria Nacional da Islândia para construir uma obra. Serra escolheu a Ilha Videy como local para Afangar (Estações, Paragens na Estrada, Para Parar e Olhar: Para a frente e para trás, Para levar tudo para dentro) (1990). A escultura é composta por nove pares de colunas de basalto (um material indígena da Islândia) e colocada ao longo da periferia de Vesturey, na parte noroeste da ilha. Todos os nove locais partilham as mesmas elevações, na medida em que as pedras de cada par estão situadas a uma elevação de 9 e 10 metros, respectivamente. Cada conjunto de pedras está ao nível do topo. Todas as pedras na elevação mais alta medem 3 metros; todas as pedras na elevação mais baixa medem 4 metros. Devido à variação da topografia, as pedras de um conjunto estão por vezes mais próximas umas das outras, por vezes mais afastadas. A subida e descida da Ilha Videy e da paisagem circundante é vista contra a medida fixa das pedras em pé. As pedras são visíveis ao longo do horizonte da ilha e orientam o espectador contra a ascensão e queda da paisagem circundante.

Te Tuhirangi Contour (2000-2) está localizado em vastas pastagens abertas na Quinta Gibbs em Kaipara, Nova Zelândia. A escultura tem 20 pés de altura e estende-se por 844 pés como um contorno contínuo que acompanha as colinas onduladas, a expansão e a contracção da paisagem. A elevação da escultura é perpendicular à queda da terra.

Este-Oeste-Oeste (2014), localizado num eixo Este-Oeste na Reserva Natural do Brouq no Qatar, foi encomendado por Sheika al-Mayassa al-Thani do Qatar. Consiste em quatro placas de aço com 54 34 ou 48 12 pés de altura. As placas são colocadas em intervalos irregulares num vale que se estende entre dois planaltos de gesso. As placas são niveladas uma à outra e a elevação dos planaltos adjacentes. O trabalho estende-se por menos de um quilómetro e todas as placas são visíveis de ambas as extremidades.

Obras urbanas

Na paisagem, os elementos escultóricos chamam a atenção do espectador para a topologia da terra à medida que esta caminha. As esculturas urbanas específicas do sítio da Serra concentram a atenção do espectador na própria escultura. Os seus locais, muitas vezes mais acessíveis ao público do que as obras da paisagem, convidam o espectador a caminhar no interior, passar por eles e mover-se à sua volta. Devido aos limites da arquitetura Urbana, esculturas como Sight Point (T.W.U. (Exchange (ou 7 (2011) num cais em Doha, Qatar), refletem a verticalidade da sua arquitetura circundante. Esculturas ao ar livre como o Arco Rotativo de São João (Arco Inclinado (Clara-Clara) (Junção de Berlim (são todas formas curvas ou arcos que se abrem e fecham dependendo da direção que o espectador toma ao andar à sua volta.

Sight Point (1972-75) foi o primeiro trabalho urbano vertical de Serra e uma continuação dos princípios de equilíbrio e contrapeso do seu anterior Prop Sight Point, no exterior do Museu Stedelijk, Amsterdam, Países Baixos, constituído por três placas verticais de aço de 10 pés de largura e 40 pés de altura que se inclinam num ângulo e formam um espaço triangular no chão com três aberturas que podem ser percorridas a pé. Uma vez dentro do espectador pode olhar para cima e ver o céu emoldurado pela forma triangular feita pelas placas inclinadas.

Outra escultura vertical, Terminal (1977), foi concebida para a “Documenta VI” em 1977. Foi permanentemente instalado numa ilha de tráfego entre os carris de carros de rua, em frente a uma estação de comboios em Bochum, Alemanha. A Serra escolheu o local devido à sua proximidade a uma zona de tráfego intenso. Exchange (1996), situado numa rotunda de veículos no topo de um túnel rodoviário, feito de sete placas trapezoidais. A escultura tem 60 pés de altura e pode ser vista pelos condutores à entrada e saída da cidade do Luxemburgo.

Em 1980 Serra instalou duas esculturas, com apoio do Fundo de Arte Pública, na cidade de Nova Iorque. T.W.U. (1980) e St. John”s Rotary Arc (1980) foram colocadas cada uma em áreas onde o tráfego e as pessoas convergiam. T.W.U.U., uma escultura vertical composta por três placas verticais, cada uma com 36 pés de altura, foi instalada numa entrada de metrô perto da West Broadway, entre as ruas Leonard e Franklin. A escultura está agora permanentemente instalada no exterior do Deichterhallen, Hamburgo, Alemanha. St. John”s Rotary Arc, uma das primeiras esculturas curvadas da Serra, tinha 12 pés de altura e uma envergadura de 180 pés. De 1980-88, a escultura específica do local foi instalada na rotunda à entrada e saída do Túnel Holandês.

No ano seguinte, em 1981, foi instalada uma segunda escultura curva específica do local Tilted Arc (1981) na praça federal da cidade de Nova Iorque. Comissionada pelo Programa Art-in-Architecture da Administração Geral de Serviços dos EUA, após um rigoroso processo de seleção, o arco da escultura estendeu-se por 120 pés e 12 pés de altura. A escultura era uma curva que se inclinava e se afastava da sua base. Foi ancorada na praça em ambas as extremidades, de modo que o centro da escultura foi elevado. A intenção de Serra para a escultura era chamar a atenção dos peões para a escultura à medida que atravessavam a praça. O Arco Inclinado foi recebido com resistência por uma fracção de trabalhadores no edifício federal. Seguiu-se uma campanha de oito anos para remover a escultura e o Arco Inclinado foi finalmente removido a 15 de Março de 1989. Na defesa de Serra para preservar a escultura, ele declarou “Remover a obra é destruir a obra”, defendendo um mantra de arte por arte de obras de arte específicas do local. O caso do Arco Inclinado continua a destacar a tensão em torno da natureza da arte pública e do público a que se destina. O Vortex de aço COR-TEN de 67 pés de altura foi instalado fora do Modern Art Museum of Fort Worth em 2002.

Galeria de obras

Serra já teve numerosas exposições em galerias e museus. As suas instalações em galerias específicas do local são por vezes utilizadas para testar ideias. A primeira exposição individual americana de Serra foi no Leo Castelli Warehouse, Nova Iorque, em 1969. Lá exibiu dez peças de adereço de chumbo, uma peça de dispersão: Dispositivo de Corte: Medida da Placa Base (1969), e uma Peça de Espalhamento: Splash with Four Molds (Para Eva Hesse) (1969).

Na sequência dos seus trabalhos baseados em processos do final dos anos 60 e início dos anos 70, Serra começou a utilizar exclusivamente aço laminado ou forjado na sua escultura. Berlin Block (para Charlie Chaplin) (1977) foi a primeira escultura forjada de Serra. Feita para a praça fora da Neue Nationalgalerie em Berlim, desenhada por Ludwig Mies van der Rohe, a escultura pesa 70 toneladas. Outras esculturas forjadas incluem Elevação para Mies (Philibert et Marguerite (Peso e Medida (Depósito de Santa Fe (e Equal (2015) no Museu de Arte Moderna, Nova Iorque).

A série de escultura mais conhecida de Serra utilizando chapas de aço laminadas são as elipses de Torqued. Em 1991, Serra visitou a Igreja de São Carlo alle Quattro Fontane de Borromini em Roma e confundiu as ovais da cúpula e o chão para serem compensadas entre si. Pensou em fazer uma escultura sob esta forma torcida. Serra construiu modelos desta forma percebida no seu estúdio cortando duas peças de madeira em forma de elipse e pregando uma cavilha entre elas. Depois virou as elipses de modo a que ficassem em ângulo reto umas com as outras e enrolou uma folha de chumbo à volta da forma. Depois de fazer um modelo dos modelos Serra trabalhou com um engenheiro para fabricar as esculturas. No total há sete elipses de Torque e quatro elipses de Torque duplo (uma elipse dentro de uma elipse) datadas entre 1996-2004. Cada escultura tem um grau ou torque diferente e mede até 13 pés de altura. Todas as esculturas têm uma abertura de modo a poderem ser percorridas e contornadas. Três elipses torcidas estão em vista permanente em Dia Beacon, Nova Iorque.

Em 2005 “The Matter of Time”, uma instalação encomendada, inaugurada no Museu Guggenheim, Bilbao, Espanha. Composta por oito esculturas que abrangem uma década de 1994-2005, “A Questão do Tempo” destaca a evolução das formas escultóricas de Serra. Serra optou por incluir cinco esculturas derivadas da elipse torcida inicial: uma simples, uma dupla elipse, e três espirais torcidas. As Espirais Torcidas seguiram-se após as Elipses de Torque duplo, quando Serra decidiu ligar uma elipse dupla numa forma de ferida que pode ser introduzida e atravessada. As restantes esculturas em “A Questão do Tempo” são uma fechada (e Snake: feita de três partes, cada uma compreendendo duas secções cónicas idênticas invertidas uma em relação à outra e abrangendo 104 pés no total. As esculturas são organizadas por Serra com intenção. A direção em que o espectador se desloca através do espaço cria uma sensação de escala e proporção variáveis, e uma consciência da passagem do tempo.

Em 2008 Serra participou na Monumenta, uma exposição anual realizada no Grand Palais de Paris com um único artista. Para Monumenta Serra instalou uma única escultura, Promenade (2008), composta por cinco placas, cada uma com 55 pés de altura e 13 pés de largura, colocadas a 100 pés uma da outra em todo o interior cavernoso do Grand Palais. No seu conjunto, a escultura tinha 656 pés de largura. As placas não foram colocadas em linha, mas sim lado a lado fora do eixo central do Grand Palais. Inclinavam-se para a esquerda ou para a direita, inclinavam-se na direção ou para longe de outra, e o espectador enquanto passeava à sua volta.

A escultura Equal (2014), na coleção do The Museum of Modern Art, Nova Iorque, é composta por oito blocos forjados. Cada bloco mede 5 por 5 ½ por 6 pés e pesa 40 toneladas. Os blocos são empilhados aos pares e posicionados nos seus lados mais compridos ou mais curtos, de modo a que cada pilha meça 11 pés de altura. Ao caminhar entre as quatro pilhas, o espectador toma consciência do seu próprio sentido de peso, equilíbrio, e gravidade em relação às esculturas.

Desenhos

O desenho é parte integrante da prática da Serra. A Serra faz desenhos em grandes folhas de lona ou papel artesanal. Incluem composições horizontais ou verticais; construções de folhas sobrepostas; ou desenhos de linhas. Os seus desenhos são feitos principalmente em pau de pintura, lápis de cera litográfica, ou carvão e são sempre pretos. Serra experimenta com diferentes técnicas e ferramentas para manipular e aplicar o meio. Empurra frequentemente as convenções do desenho para uma experiência táctil e fenomenológica de movimento, tempo e espaço. O artista tem dito que a sua prática de desenho está envolvida com “repetição, sabendo que não há possibilidade de repetição, sabendo que vai produzir algo diferente de cada vez”.

Após a sua invasão do espaço com esculturas como Strike: Para Roberta e Rudy (1969-71), Serra interessou-se pela redefinição do espaço arquitectónico também com o desenho. Em 1974, Serra começou a fazer os seus Desenhos de Instalação- folhas de lona em grande escala, completamente revestidas com tinta em bastão e agrafadas à parede. Os Desenhos de Instalação cobrem a parede, ou paredes, de um determinado espaço. Shafrazi e Zadikians foram dois dos primeiros Desenhos de Instalação da Serra. Ambos foram expostos na Galeria Leo Castelli, Nova Iorque em 1974 e mediam aproximadamente 10 ½ pés de altura e 18 pés de largura no total. Serra continuou a fazer Desenhos de Instalação ao longo da sua carreira. Outras séries de desenhos notáveis incluem: Dípticos (Rondas (Rondas de Ponto Verde) (Inversões Horizontais (Rua do Pomar (2018)).

Exposições nacionais e internacionais de levantamento de desenhos de Serra incluem Richard Serra: TekeningenDrawings 1971-1977 no Museu Stedelijk, Amsterdam em 1978; Richard Serra: TekeningenDrawings no Bonnefantenmuseum, Maastrict em 1990; Richard Serra Drawings: Uma Retrospectiva no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, no San Francisco Museum of Modern Art, e Menil Collection, Houston de 2011-12; e Richard Serra: Desenhos 2015-2017: Rampas, Composites, Rotterdam Verticals, Rotterdam Horizontals, Rifts no Museum Boijmans van Beuningen. Roterdã, Países Baixos, em 2017.

Impressões

Serra começou a fazer estampas em 1972. Trabalhando em estreita colaboração com a Gemini G.E.L. em Los Angeles, Serra desenvolveu técnicas de impressão não convencionais. Fez mais de 200 trabalhos impressos e, tal como a sua escultura e desenho, as suas gravuras reflectem um interesse no processo, escala e experimentação com material.

As suas litografias iniciais, com início em 1972, incluem o Circuito de gravuras; Balanço; Oito por Oito; ou 183rd & Webster Avenue, cada uma intitulada após uma escultura criada por volta da mesma época. Em 1981, Serra produziu a sua primeira série litográfica composta por sete edições, intitulada: Sketch

Depois de levar a litografia ao seu limite, Serra começou a trabalhar com serigrafia para produzir uma superfície única nas suas impressões. Fê-lo aplicando primeiro uma camada de tinta sobre o papel. Em seguida, aplicava uma camada de pau de tinta através do segundo ecrã, criando uma superfície saturada e texturizada.

Serra continuou a trabalhar esta sua técnica de serigrafia, por vezes combinando-a com gravura e aquatint. As séries de impressão incluem: Videy Afanger (Entre o Toro e a Esfera (Peso Elevado (e (2019)).

Exposições

A primeira exposição individual de Serra foi em 1966 na Galleria Salita em Roma, Itália. Sua primeira exposição individual nos Estados Unidos foi no Leo Castelli Warehouse, em Nova York, em 1969. Sua primeira exposição individual em museu foi realizada no Pasadena Art Museum, na Califórnia, em 1970.

A primeira retrospectiva de sua obra foi realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York em 1986. Uma segunda retrospectiva foi realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York em 2007.

A primeira exposição de levantamento de seus desenhos foi realizada no Museu Stedelijk, Amsterdã em 1977 e viajou para o Kunsthalle Tübingen em 1978. Uma segunda retrospectiva de desenhos foi apresentada no The Metropolitan Museum of Art, Nova York; o Museu de Arte Moderna de São Francisco; e The Menil Collection, Houston de 2011 a 2012. Uma visão geral do trabalho do artista em filme e vídeo esteve em exibição no Kunstmuseum Basel, em 2017.

Serra fez exposições individuais no Staatliche Kunsthalle Baden-Baden, 1978; Museu Boijmans Van Beuningen, Rotterdam, 1980; Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris, 1983-1984; Museu Haus Lange, Krefeld, 1985; Museu de Arte Moderna, Nova York, 1986 e 2007; Museu da Louisiana, Humlebæk, 1986; Museu do Estado da Vestefália para Arte e História Cultural, Münster, 1987; City Gallery no Lenbachhaus, Munique, 1987; Stedelijk Van Abbemuseum, Eindhoven, 1988; Museu Bonnefanten, Maastricht, 1990; Kunsthaus Zurique, 1990; CAPC Musée d'Art Contemporain, Bordéus, 1990; Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, 1992; Coleção de Arte da Renânia do Norte-Vestfália, Düsseldorf, 1992; Dia Center for the Arts, Nova York, 1997; Museu de Arte Contemporânea, Los Angeles, 1998-1999; Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 1997-1998; Mercado de Trajano, Roma, 1999–2000; Fundação Pulitzer para as Artes, St. Louis, 2003; e Museo Archeologico Nazionale di Napoli, Nápoles, 2004; e Museu Boijmans Van Beuningen, Rotterdam, em 2017.

Coleções

O trabalho de Serra está incluído em muitos museus e coleções públicas em todo o mundo. Coleções selecionadas de museus incluem o Museu de Arte Moderna de Nova York; O Museu Whitney de Arte Americana, Nova York; Galeria de Arte de Ontário, Toronto; Instituto de Arte de Chicago; Bonnefantenmuseum, Maastrict, Holanda; Centro Cultural Fundação La Caixa, Barcelona; Centre Georges Pompidou, Musée National d'Art Moderne, Paris; Museu de Arte Moderna de Fort Worth, Texas; Dia Art Foundation, Nova York; Museu Guggenheim Bilbao e Nova York; Hamburger Kunsthalle, Hamburgo, Alemanha; Museu Hirshhorn e Jardim de Esculturas, Smithsonian Institution, Washington, DC; Moderna Museet, Estocolmo; Museu Glenstone, Potomac, Maryland.

As coleções públicas selecionadas incluem a cidade de Bochum, Alemanha; Cidade de Chicago, Coleção de Arte Pública; Cidade de Goslar, Alemanha; Cidade de Hamburgo, Alemanha; Cidade de St. Louis, Missouri; Cidade de Tóquio, Japão; Cidade de Berlim, Alemanha; Cidade de Paris, França; Coleção Cidade de Reykjavic, Islândia.

Prêmios

Serra recebeu muitos prêmios e prêmios notáveis, incluindo Fulbright Grant (1965–66); Bolsa Guggenheim (1970); República Francesa, Ministério da Cultura e Comunicação Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras (1985 e 1991); Associação de Artes do Japão, Tokyo Praemium Imperiale (1994); um Leone d'Oro pelo conjunto da obra, Bienal de Veneza, Itália (2001); Academia Americana de Artes e Letras (2001); Orden for Merit für Wissenschaften und Künste, República Federal da Alemanha (2002); Orden de las Artes y las Letras de España, Espanha (2008); O National Arts Award: Lifetime Achievement Award (concedido por Americans for the Arts 2014); Prêmio da Hermitage Museum Foundation por contribuições vitalícias ao mundo da arte (2014); Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra, República da França (2015); Prêmio Landesmuseum Wiesbaden Alexej von Jawlensky (2017); e uma medalha J Paul Getty (2018).

Fonte: Trenfo, Richard Serra. Consultado pela última vez em 9 de janeiro de 2023.

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Notas e Críticas

Donald W. Thalacker, 1981:

"A escultura de Richard Serra, 'Tilted Arc' é sem dúvida umas das, senão a mais, sensacional obra de arte pública em toda Nova York. Agradeço pela grande e bela fotografia da mesma na primeira página do The Times (23 de Setembro).

'Tilted Arc' tem sido saudada como um trabalho ousado e magistral pelos curadores do MoMA, do Museu Gugguenheim, do Whitney Museum of American Art e pelo comissário de assuntos culturais de Nova York.

Essas petições que estão circulando contra o trabalho não são de todo surpreendente; a opinião pública inicial era similarmente contra o trabalho dos impressionistas franceses, Picasso e até Michelangelo. Felizmente, as obras mais controversas, como 'O último julgamento' de Michelangelo, não foram removidas ou destruídas. Vamos torcer para que as obra-primas dos dias de hoje também tenham a oportunidade do teste e da chance do tempo."

Donal. W. Thalacker, diretor do Art-in-Architecture Program [Programa de Arte em Arquitetura], General Services Administration [Administração de Serviços Gerais].

Fonte(s): THALACKER, Donald W. Sem Título. The New York Times. Washington,1981.

Douglas C. McGILL,1985:

ST. LOUIS ORDENA A REMOÇÃO DA OBRA DE SERRA

"O distrito de St Louis está considerando fazer um referendo sobre a remoção da grande escultura do artista Richard Serra na área central da cidade. 'Tilted Arc', no sul de Manhattan, está enfrentando uma possível relocação pela mesma Agência Federal que bancou a obra. Thomas Zych, presidente do Conselho Municipal de St Louis, disse que um documento escrito na sexta por um dos 28 membros do Conselho Municipal propunha que os eleitores de St. Louis decidam no próximo agosto se a escultura deve ser removida ou não. A escultura foi entitulada de 'Twain' (termo arcaico para dois) e cobre quase um bloco inteiro da cidade. 'Isto tem sido um mobiliário urbano controverso desde o dia em que foi instalado', disse Zych. 'Eu acho que muitos membros do conselho disseram silenciosamente: eu não gosto disto, mas quem sou eu para julgar o que é arte? Agora alguns estão dizendo que estes pedaços de ferro não são arte, só estão causando problemas de manutenção e é um valioso pedaço de propriedade que deveria ser desenvolvido."

Fonte(s): McGILL, Douglas C. St Louis Bid to remove Serra work. The New York Times; Cultural Desk Late City Final Edition, Section C, Page 13, Column 4, 775 words. Nova York, 1985.Robert Worthing, 1985:

O Arco do Imperador

"Alvin S. Lane, o advogado da arte, propõe que arte e decoração para edifícios do governo sejam escolhidos por pequenos grupos de especialistas, em oposição ao plano da GSA [Administração de Serviços Gerais] de permitir que o contribuinte tenha uma voz (Op-Ed, 13 de Julho). Seu esquema vai nos assegurar que muitas repetições de obras de arte como Tilted Arc de Richard Serra e todas essas outras esculturas que deixam a nós, pessoas comuns, nos perguntando se aquela obra de arte não é na verdade um caminhão de sucata que deixou parte de sua carga para trás.

Fídias, o Grande Ateniense, trabalhou em ouro e marfim; Michelangelo selecionou o melhor mármore de Carrara; Rodin trabalhou em bronze e em fina pedra; o norte-americano Frederic Remington e Charles M. Russell igualmente mostraram o que poderia ser feito com bronze, talento e inspiração.

Grupos seletos de 'especialistas em arte' continuarão nos dando as Roupas do Imperador, que qualquer garoto na rua pode avaliar. Não há nenhuma inspiração ou mensagem ao espectador, muitas vezes pouco talento ou acabamento. A única certeza: como Liberace, o artista irá rir todo o caminho até o banco."

Fonte(s): WORTHING, Robert. The emperor’s arc. The New York Times. Livingston, N.J., July 13, 1985.

Seção de Arte The New York Times, 1989:

Espaço aberto substitui arco

"Uma 'nova forma de arte-espaço aberto' irá substituir a escultura Tilted Arc de Richard Serra na Federal Plaza, no sul de Manhattan, nas palavras de William J. Diamond, o administrador regional da General Services Administration [Administração de Serviços Gerais].

A escultura foi removida no dia 17 de Março depois de uma amarga batalha judicial na qual o governo, que financiou o trabalho através do GSA, afirmou que a mesma oprimia o terreno.

'Estamos instalando 15 bancos e canteiros com árvores para que o público possa desfrutar da praça novamente', disse Diamond. 'Vamos redecorá-la na primeira semana de Julho. É uma revolução no nosso pensamento que o espaço aberto em si seja entendido como uma forma de arte e que deve ser tratado com o mesmo respeito com o qual as outras formas de arte são tratadas'.

Ele disse que 'Tilted Arc', desmontado em três segmentos e coberto por uma lona, deve permanecer numa garagem do governo no Brooklyn, 'onde aquilo toma mais de oito vagas."

Fonte(s): Seção de arte, The New York Times.Open Space Replaces 'Arc'. Nova York, 1989.

Richard Serra, 1990:

"Não é tão mal

Estar puto da vida

Quando existe alguma

Condição imposta, por quem seja, não

Importa quão perto

-Charles Olson, The Maximus Poems

O governo dos Estados Unidos da América destruiu Tilted Arc em 15 de março de 1989. Exercendo os direitos de proprietários, autoridades da Administração de Serviços Gerais (GSA) ordenaram a destruição da escultura pública que a própria agência financiou dez anos antes. A profanação derradeira seguida de cinco anos de más interpretações, falsas promessas, julgamentos abertos à mídia e as decepções dentro dos tribunais que ao final não só permitiram ao governo destruir Tilted Arc como também estabeleceram um precedente para a prioridade do direito à propriedade sobre a liberdade de expressão e os direitos morais dos artistas. Até o último minuto tentativas para testar a aplicabilidade da Berne Convention (que o congresso norte-americano assinou na primavera de 1988 e que entrou em vigor em 1º de Março de 1989) provaram-se fúteis. Depois de uma análise exaustiva sobre o trato, meus advogados concluíram que as leis da Berne Convention como abreviadas pelo congresso dos Estados Unidos eram inadequadas para proteger meu trabalho.

Uma vez que meu próprio depoimento no caso da escultura tinha sido finalmente negado pelos tribunais federais, William Diamond, o administrador regional da GSA (Administração de Serviços Gerais) e o principal responsável pela campanha contra Tilted Arc, agiu imediatamente para obter a remoção da escultura. Numa sinistra sessão que durou toda a noite de 15 de Março, equipes de trabalho especiais se esforçaram para desmontar Tilted Arc, brutalmente serrando e torcendo a peça. Finalmente, por volta de quatro e meia da manhã, Tilted Arc foi reduzida a matéria-prima, para ser transportado e armazenado numa garagem no Brooklyn, repetidamente aguardando relocação. 'Este é um dia de regojizo', disse Diamond, 'porque a praça retorna ao povo por direito'.

Diamond anunciou repetidamente que ele planejou relocar Tilted Arc para um lugar alternativo. No entanto Tilted Arc foi criada para um lugar e um único lugar. Eu deixei isto claro desde o início. Quando eu soube dos esforços para remover Tilted Arc em dezembro de 1984, escrevi a Diamond e a Donald Thalacker, depois ao diretor do Art-in-Architecture Program, que originalmente financiou o trabalho. Naquela época, disse, 'Eu quero deixar perfeitamente claro que Tilted Arc foi financiado e projetado para um lugar particular: a Federal Plaza. É um trabalho para um lugar específico e como tal não deve ser relocado. Remover o trabalho é destruir o trabalho'. Isto foi concluído. Tilted Arc está destruído.

Fonte(s): WEYERGRAF-SERRA, Clara; BUSKIRK,Martha; SERRA, Richard. The destruction of Tilted Arc: documents. October Books. Cambridge, Massachusetts. 1990. p. 3-4.

Amei Wallach, 1997:

Para um artista, uma afetuosa imagem; para outros, uma lembrança amarga

"Para a artista Louise Bourgeois, as esculturas de bronze de mãos entrelaçadas que ela mesma concebeu no ano passado para ficar no Battery Park City, que fica no lado oposto à Estátua da Liberdade, formava uma imagem afetuosa e convidativa. Para alguns funcionários do Battery Park City Authority e do Museum of Jewish Heritage [Museu da Herança Judaica] - um memorial vivo do Holocausto - no entanto, as mãos sugeriam partes mutiladas de corpos dos campos de concentração.

Preocupados em ofender sobreviventes do Holocausto e outros que visitam o museu, que abrirá no próximo mIes, autoridades oficiais abruptamente moveram o grupo de seis esculturas no início do mês de sua localização central perto das margens para um ponto aproximadamente 40 metros mais distante, cercado por canteiros de plantas e arbustos. A artista de 85 anos não foi consultada. Esta colisão entre a visão de Louise Bourgeois e a preocupação com a sensibilidade dos espectadores é só a última virada do debate em curso sobre obras de arte públicas. A questão sobre quem controla arte pública é espinhosa: despertou a ira das comunidades; desafiou a liberdade artística e, como no caso do escultor Richard Serra, a escultura Tilted Arc, levou a uma amarga batalha judicial.

Serra contestou a decisão do General Services Administration [Administração de Serviços Gerais] de remover a escultura da Federal Plaza no sul de Manhattan em 1989 depois de repetidas queixas de lojistas e moradores do bairro. Ele perdeu o caso, Tilted Arc foi desmontado e armazenado. Serra retirou seu nome do trabalho.

Ao contrário de Serra, Louise Bourgeois não insiste que alterando a instalação de seu trabalho é a equivalência de destruí-lo. O que a aflige é o fato de não terem a consultado ou a notificado sobre a relocação de sua obra de arte, The Welcoming Hands.

'Isto nunca me aconteceu', disse Bourgeois, artista que há 16 anos atrás se tornou a primeira mulher a ter uma retrospectiva no MoMA. 'Eu levei este trabalho muito a sério. Eu nunca soube porque a escultura tinha sido relocada e porque o contrato que eu tinha com as autoridades tinha sido violado. Isto é muito ruim'.

As duas outras esculturas do Battery Park City de Jim Dine e Tony Cragg também foram recentemente reposicionadas, embora por razões que nada tinham a ver com o museu, e pelo menos um dos artistas não foi informado."

Fonte(s): WALLACH, Amei.To an Artist, a Tender Image; To Others, a Grim Reminder. The New York Times. Nova York, 1997.

Fonte: UFBA (Universidade Federal da Bahia), Cronologia do Urbanismo. Consultado pela última vez em 10 de janeiro de 2023.

Crédito fotográfico: Wikipédia, fotografia de Oliver Mark. Consultado pela última vez em 9 de janeiro de 2023.

Richard Serra (Estados Unidos, Califórnia, São Francisco, 2 de novembro de 1939) é um escultor, pintor, desenhista, produtor de televisão, video artist e artista visual americano. Considerado um dos mais celebrados artistas plásticos contemporâneos, conhecido por suas monumentais esculturas de aço feitas para cenários paisagísticos, urbanos e arquitectónicos específicos do local. Formado em inglês e pós-graduado em Arte na Universidade de Yale. Suas esculturas são notáveis pela sua qualidade material e exploração da relação entre o espectador, a obra, e o local. Obras que buscam radicalizar e alargar a definição de escultura. Uma das obras mais famosas e polêmicas é a "Tilted Arc - 1987", que foi retirada do local após mobilização dos habitantes de uma área nobre de Nova Iorque, por considerarem a escultura ofensiva. Premiado por diversas vezes, destacando-se no Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes em 2010. Realizou exposições em grandes cidades do mundo e possui obras na Espanha, nos Museus Rainha Sofía de Madri, de Arte Contemporânea de Barcelona e no Guggenheim de Bilbao.

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Richard Serra

Richard Serra (Estados Unidos, Califórnia, São Francisco, 2 de novembro de 1939) é um escultor, pintor, desenhista, produtor de televisão, video artist e artista visual americano. Considerado um dos mais celebrados artistas plásticos contemporâneos, conhecido por suas monumentais esculturas de aço feitas para cenários paisagísticos, urbanos e arquitectónicos específicos do local. Formado em inglês e pós-graduado em Arte na Universidade de Yale. Suas esculturas são notáveis pela sua qualidade material e exploração da relação entre o espectador, a obra, e o local. Obras que buscam radicalizar e alargar a definição de escultura. Uma das obras mais famosas e polêmicas é a "Tilted Arc - 1987", que foi retirada do local após mobilização dos habitantes de uma área nobre de Nova Iorque, por considerarem a escultura ofensiva. Premiado por diversas vezes, destacando-se no Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes em 2010. Realizou exposições em grandes cidades do mundo e possui obras na Espanha, nos Museus Rainha Sofía de Madri, de Arte Contemporânea de Barcelona e no Guggenheim de Bilbao.

Videos

Richard Serra: Todos somos diferentes | 2014

Por trás dos desenhos de Richard Serra | 2012

História do artista: Richard Serra | 2015

Richard Serra: Por que fazer arte? | 2011

Richard Serra: Ferramentas & Estratégias | 2013

Diálogos Urbanos: Richard Serra e Michael Kimmelman | 2014

Biografia – Wikipédia

Para alguns críticos é considerado como um dos artistas mais importantes do pós-guerra. Recentemente tem feito trabalhos de grande escala em aço, mas já realizou obras com diferentes tipos de materiais industriais como borracha, chumbo e lâmpadas.

Artista muito ligado aos escultores minimalistas tais como Donald Judd, Robert Morris e Frank Stella. Conhecido também por colocar em confronto a obra e o espaço público como na polêmica escultura "Tilted Arc - 1987", retirada do local após mobilização dos habitantes (de uma área nobre de Nova Iorque) que consideraram a escultura ofensiva.

Uma de suas obras, uma série de esculturas em aço corten, nomeada The Matter of Time é a única exposição permanente no museu Guggenheim da cidade de Bilbao (Espanha) é considerado o ponto alto entre as obras da coleção do museu.

Ainda adolescente trabalhava em suas férias numa siderúrgica onde teve seu primeiro contato com o metal e com o trabalho em altas temperaturas. Filho de um espanhol e de uma russa, Serra se formou em Inglês e pós-graduou em Arte na Universidade de Yale.

Após voltar de uma temporada na Europa na segunda metade da década de 1960, Serra mergulha na onda do minimalismo e da desconstrução. A escultura parecia encontrar a abstração em ângulos retos, tecnológicos, limpos e em muitas ocasiões, nada mais que experimentais. Logo após começa a trabalhar com o aço corten e a perceber a força e estabilidade que este material proporciona, placas de aço com diferentes comprimentos e alturas aplicadas ao meio urbano ou rural, mudando a percepção do local e do transeunte.

Peças que pesam toneladas e possuem autos sustentação (algo defendido desde sempre por Serra como uma condição para a criação destas obras). Não há pregos, amarras ao chão, fundações ou outros meios para manter as esculturas estáveis. Apenas a gravidade aplicada à massa do aço somados a cálculos precisos fazem tais estruturas manterem-se em pé, muitas vezes sendo curvadas e inclinadas em ângulos surpreendentes.

Com esses trabalhos Serra é visto pela crítica como um artista genuinamente contemporâneo, utilizando materiais novos, superando a indústria e a engenharia, com muitas inserções importantes da arte no meio urbano, tendo reconhecimento internacional e um grande portfólio.

Notícia publicada pela Agência de Notícias AFP:

Escultor Richard Serra recebe o prêmio Príncipe de Astúrias de Artes O escultor americano Richard Serra foi anunciado em 10/maio de 2010 como o vencedor do Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes em 2010 pela instituição espanhola que tem o nome do príncipe herdeiro da Espanha.

Serra foi premiado "pela coragem para articular de sua perspectiva minimalista os espaços urbanos mais significativos em escala internacional, através de obras de grande força visual que convidam à reflexão e ao assombro", afirma uma nota divulgada pelo júri.

"O escultor, muito vinculado à melhor tradição da arte europeia ao longo de sua brilhante trajetória, é um artista multifacetado cuja dimensão universal se expressa em formas contundentes e conceitos sugestivos", completa o texto.

Serra, nascido em São Francisco em 1939, filho de pai espanhol, tem obras na Espanha, nos Museus Rainha Sofía de Madri, de Arte Contemporânea de Barcelona e no Guggenheim de Bilbao.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 9 de janeiro de 2023.

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Existe Arte Pública? | Paleta Cultural

Caminhando pela Federal Plaza, em meio ao dinamismo metropolitano de Nova Iorque, o passo é interrompido por uma enorme estrutura de aço. Uma placa de 36,6 metros de comprimento por 3,6 metros de altura atravessava a área. Ao contorná-la, pra chegar a algum dos inúmeros prédios governamentais, podia-se ter sua real dimensão. Com uma leve curvatura e aspecto enferrujado, o objeto em meio à praça era uma obra do escultor Richard Serra, o Tilted Arc (ou Arco Inclinado).

Se hoje você for a Manhattan, não encontrará a escultura. O Tilted Arc foi retirado em 1989, apenas 8 anos após sua instalação. Mas é talvez na sua retirada, e destruição, que a obra ganhe maior valor para ser discutida.

Houve quem, ao dar de cara com a escultura, pensasse que ela destoava da praça, não entendesse o porquê dela ser arte e se incomodasse com a situação descrita no começo deste texto. Porém, a obra foi feita especialmente para aquele espaço e para aquela situação. Em 1979, o governo pretendia levar a espaços públicos de Nova Iorque uma série de obras de arte, e Serra foi o selecionado para ocupar a Federal Plaza.

Mas quem é Richard Serra?

O artista ficou conhecido por suas gigantescas esculturas de aço que questionam o espaço. Grande parte de suas criações são site-specific, ou seja, obras nas quais o espaço de exposição é incorporado à obra.

Uma das características da arte contemporânea é que, em diversas obras, o conceito tem maior valor do que os aspectos formais da peça – para entender melhor, podemos pensar em Comedian de Maurizio Cattelan, que formalmente é apenas uma banana afixada na parede, mas torna-se arte pela ideia que a envolve. Se essa obra foi pensada para um espaço específico, então esse espaço torna-se parte do conceito, pois ele interferirá em como a mensagem é transmitida – sendo grande responsável por quem é o público e qual a experiência que ele tem frente a obra.

É por isso que o Tilted Arc só era o Tilted Arc ali. Quando Serra foi convidado para construir a escultura para a Federal Plaza, não pensou apenas na dimensão da praça e no que caberia nela, mas que obra geraria uma experiência mais interessante naquele espaço – de alta circulação, importância nacional e repleto de edifícios federais.

Porém, nem todos compreenderam a proposta. Ainda em 1979, na aprovação do projeto, houve quem defendesse que a escultura parecia um muro separando as pessoas dos prédios do governo, como conta Rosalyn Deutsche em Tilted Arc and the uses of democracy, livro dedicado à controvérsia da obra. Porém, a Administração de Serviços Gerais dos Estados Unidos aprovou o projeto.

Em 1979, contrato fechado. 1981, Tilted Arc instalado. Deutsche conta que os trabalhadores e cidadãos que transitavam pelo local se manifestaram contra a obra. A escultura rompia a praça ao meio, fazendo com que a travessia levasse mais tempo e impedindo a utilização máxima do espaço. O “muro” tirava visibilidade e isso era um problema de segurança. Além disso, parte da população não entendia a peça de Serra, que passava a ser vista como “elitista”, e não como uma obra de arte pública como propunha o governo, explica Antonio Duran em sua tese.

Para além das fronteiras da arte

Foi por esses caminhos que se travaram os debates sobre o Tilted Arc. O governo ponderava a realocação da escultura, mas Serra se opôs. Se a obra era site-specific, era só ali, com as situações geradas por aquela territorialidade, que a obra existia. Movê-la era alterar seu conceito, era destruí-la.

Com isso, o assunto foi levado à corte, e a discussão extrapolou a esfera da arte. O governo defendia que a realocação da escultura poderia restituir à Federal Plaza sua harmonia e utilidade pública. Afirmava que a retirada da obra era vontade do povo. O assunto, na corte e na imprensa, gerou uma discussão sobre a própria noção de democracia e o significado de “uso público”.

O uso público seria apenas para bancos e instrumentos utilitários? A obra tinha um uso estético, ele não é público? Eram esses os argumentos dos defensores do Tilted Arc. Ao mesmo tempo, ao não ser compreendida por todos, a arte ainda é pública? Ao gerar conflitos e fazer com que a população queira sua retirada, não perde esse aspecto? Questionava o outro lado.

A obra de Serra realmente não se propunha a harmonizar ou adornar o espaço, pois como explica o próprio escultor em entrevista ao jornal O Globo, “o que artistas fazem é estabelecer um paradigma para ver o mundo de uma forma diferente”. Ela propunha uma nova experiência a quem circula pela Federal Plaza e gerava conflito – questionando inclusive se havia uso público ali a princípio, afirma Duran. O governo defendia que a retirada da obra era democrática, mas o conflito, gerado pela obra, não é antidemocrático. O conflito talvez seja, pelo contrário, um lado da democracia (que é um poder de um povo não homogêneo e que, geralmente, não vive em consenso).

Na audição, decidiu-se pela retirada da obra. Tilted Arc foi destruída em 1989 – a pedido de Serra, nunca foi realocada. Em seu lugar foram instalados bancos e jardins, para que a população pudesse utilizar o espaço de modo pragmático.

Fonte: Paleta Cultural, "Existe arte pública?", escrito por Giulia Garcia, publicado em 24 de julho de 2020. Consultado pela última vez em 9 de janeiro de 2023.

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Biografia Richard Serra | Trenfo

Richard Serra é um artista americano conhecido pelas suas esculturas de grande escala feitas para cenários paisagísticos, urbanos e arquitectónicos específicos do local. As esculturas de Serra são notáveis pela sua qualidade material e exploração da relação entre o espectador, a obra, e o local. Desde meados dos anos 60, Serra tem trabalhado para radicalizar e alargar a definição de escultura, começando pelas suas primeiras experiências com borracha, néon e chumbo, até às suas obras em aço de grande escala.

Serra nasceu em São Francisco, Califórnia, para Tony e Gladys Serra – o segundo de três filhos. Desde muito jovem, foi encorajado a desenhar pela sua mãe. O jovem Serra levava um pequeno caderno para os seus esboços e a sua mãe apresentava o seu filho como “Ricardo, o artista”. O seu pai trabalhava como montador de tubagens para um estaleiro naval perto de São Francisco. Serra conta a memória de uma visita ao estaleiro para ver o lançamento de um barco quando tinha quatro anos de idade. Ele assistiu à transformação do navio de um enorme peso para uma estrutura flutuante e flutuante e observa isso: “Toda a matéria-prima de que precisava está contida na reserva desta memória”.

Serra estudou literatura inglesa na Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1957, antes de se transferir para a Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, e formar-se em 1961 com um bacharelato em Literatura Inglesa. Em Santa Bárbara, Serra conheceu os muralistas, Rico Lebrun e Howard Warshaw. Ambos estavam no Departamento de Arte e tomaram Serra sob a sua asa. Durante este tempo, Serra trabalhou em siderurgias para ganhar a vida.

Serra estudou pintura na Universidade de Yale e licenciou-se em História da Arte em 1964. Entre os antigos alunos de Yale incluem-se Chuck Close, Rackstraw Downs, Nancy Graves, Brice Marden, e Robert Mangold. Em Yale Serra conheceram-se artistas visitantes da Escola de Nova Iorque, tais como Philip Guston, Robert Rauschenberg, Ad Reinhardt, e Frank Stella. Serra deu um curso de teoria da cor durante o seu último ano em Yale e depois de se formar foi-lhe pedido que ajudasse a provar o notável livro de Josef Albers sobre teoria da cor “Interacção da Cor”.

Em 1964, Serra recebeu de Yale uma bolsa de viagem de um ano e foi para Paris onde conheceu o compositor Philip Glass que se tornou um colaborador e amigo de longa data. Em Paris, Serra passou algum tempo a desenhar no estúdio de Constantino Brancusi, parcialmente reconstruído dentro do Musée national d”art moderno na avenida Presidente Wilson, permitindo a Serra estudar o trabalho de Brancusi, tirando mais tarde as suas próprias conclusões escultóricas. Uma réplica exacta do estúdio de Brancusi está agora localizada em frente ao Centro Pompidou. Serra passou o ano seguinte em Florença, Itália, com uma bolsa Fulbright. Em 1966, ainda em Itália, Serra fez uma viagem ao Museu do Prado em Espanha e viu a pintura de Diego Velázquez, “Las Meninas”. O artista percebeu que não iria ultrapassar a habilidade daquela pintura e tomou a decisão de se afastar da pintura.

Ainda na Europa, Serra começou a fazer experiências com material escultórico não tradicional. Realizou a sua primeira exposição individual “Habitats de Animais” na Galleria Salita, Roma. Expôs ali montagens feitas com animais vivos e de peluche que seriam referenciados como trabalhos iniciais do movimento Arte Povera.

Esculturas antigas

Serra regressou da Europa e mudou-se para a cidade de Nova Iorque em 1966. Continuou as suas construções utilizando materiais experimentais tais como borracha, látex, fibra de vidro, néon, e chumbo. As suas peças de cinto foram feitas com tiras de borracha e penduradas na parede usando a gravidade como dispositivo formador. Serra combinou néon com tiras contínuas de borracha nos seus cintos de escultura (1966-67) referindo-se à abstracção em série no Mural de Jackson Pollock (1963.) Por volta dessa altura Serra escreveu Lista de Verbos (1967) uma lista de verbos transitivos (i.e. fundir, rolar, rasgar, escorar, etc.) que ele utilizou como diretivas para as suas esculturas. Para Levantar (1967), e Trinta e Cinco Pés de Chumbo Enrolado (1968), Splash Piece (1968), e Casting (1969), foram algumas das obras baseadas na ação com origem na lista de verbos. Serra utilizou chumbo em muitas das suas construções devido à sua adaptabilidade. O chumbo é maleável o suficiente para ser enrolado, dobrado, rasgado e derretido. Com To Lift (com trinta e cinco pés de chumbo enrolado (1968), Serra, com a ajuda de Philip Glass, desenrolou e enrolou uma folha de chumbo o mais apertado que pôde.

Em 1968 Serra foi incluído na exposição colectiva “Nine at Castelli” no Castelli Warehouse em Nova Iorque onde mostrou Prop (1968), Scatter Piece (1968), e fez Splashing (1968) atirando chumbo fundido contra o ângulo do chão e da parede. Em 1969, a sua peça Casting foi incluída na exposição Anti-Illusion: Procedures Materials no Whitney Museum of American Art, em Nova Iorque. Em Casting, o artista atirou novamente chumbo fundido contra o ângulo do chão e da parede. Em seguida, retirou a fundição feita com o chumbo endurecido da parede e repetiu a acção de salpicar e fundir criando uma série de formas independentes.

“Para apoiar” é outro verbo transitivo da “Lista de Verbos” de Serra utilizado pelo artista para uma série de conjuntos de placas de chumbo e postes dependentes da inclinação e da gravidade como uma força para se manter na vertical. As primeiras Peças de Adereços de Serra, como o Adereço (1968), baseavam-se principalmente na parede como suporte. Serra queria afastar-se da parede para remover o que pensava ser uma convenção pictórica. Em 1969, ele escorou quatro placas de chumbo no chão como um castelo de cartas. A escultura One Ton Prop: House of Cards (1969) pesava 1 tonelada e as quatro placas eram auto-suficientes.

Outro momento crucial para Serra ocorreu em 1969 quando foi encarregado pelo artista Jasper Johns de fazer um Splash Piece no estúdio de Johns. Enquanto Serra aqueceu as placas de chumbo para salpicar contra a parede, pegou numa das placas maiores e colocou-a no canto onde se encontrava por si só. A quebra de Serra no espaço seguiu-se pouco depois com a greve de escultura: Para Roberta e Rudy (1969-71). Serra cravou uma placa de aço de 8 por 24 pés num canto e dividiu a sala em dois espaços iguais. A obra convidava o espectador a andar à volta da escultura, mudando a percepção do espectador sobre a sala enquanto caminhava.

Serra reconheceu pela primeira vez o potencial de trabalhar em grande escala com a sua série Skullcracker feita durante a exposição, “Arte e Tecnologia”, no Museu de Arte do Condado de L.A., em 1969. Passou dez semanas a construir uma série de peças efémeras de aço empilhadas no Kaiser Steelyard. Utilizando uma grua para explorar os princípios de contrapeso e gravidade, as pilhas tinham entre 30 e 40 pés de altura e pesavam entre 60 e 70 toneladas. No final de cada dia, eram derrubadas pelos trabalhadores do aço. A escala das pilhas permitiu a Serra começar a pensar no seu trabalho fora dos limites dos espaços das galerias e museus.

Trabalhos paisagísticos

Em 1970 Serra recebeu uma Bolsa Guggenheim e viajou para o Japão. As suas primeiras esculturas ao ar livre, To Encircle Base Plate (Hexagram) (1970) e Sugi Tree (1970), foram ambas instaladas no Parque Ueno como parte da “Bienal de Tóquio”.

Enquanto esteve no Japão, Serra passou a maior parte do seu tempo a estudar os jardins e templos Zen do Myoshin-ji em Quioto. A disposição dos jardins revelou a paisagem como um campo total que só pode ser experimentado caminhando. Os jardins mudaram a forma de Serra de ver o espaço em relação ao tempo. Ao regressar aos EUA, construiu o seu primeiro trabalho ao ar livre específico do local: Para circundar o Hexagrama da Placa Base, ângulos rectos invertidos (1970). Aqui Serra incorporou duas flanges de aço semi-circulares, formando um anel de 26 pés de diâmetro, na superfície da Rua 183 no Bronx. Um semicírculo media 1 polegada de largura e o segundo, 8 polegadas de largura. A obra era visível de duas perspectivas: ou quando o espectador se dirigia diretamente para cima ou de cima, numa escadaria com vista para a rua.

Ao longo dos anos 70, a Serra continuou a fazer escultura ao ar livre para áreas urbanas e paisagens. A Serra estava interessada na topologia da paisagem e na forma como se relaciona com ela através do movimento, espaço e tempo. O seu primeiro trabalho paisagístico foi realizado em finais de 1970, quando Serra foi encomendado pelos patronos da arte Joseph e Emily Rauh Pulitzer para construir uma escultura na sua propriedade fora de St. Louis, Missouri. Pulitzer Piece: Elevação Escalonada (1970-71) foi o primeiro trabalho paisagístico de grande escala da Serra. Três placas com 5 pés de altura por 40 a 50 pés de comprimento foram colocadas ao longo de aproximadamente 3 acres. A colocação das placas foi determinada pela queda da paisagem. Cada placa foi empalada no solo até que a sua subida fosse de 1,5 metros de altura. A intenção de Serra era que as placas funcionassem como cortes na paisagem que funcionassem como horizontes de substituição à medida que os espectadores caminhavam entre elas.

Shift (1970-72), o segundo empreendimento de Serra na paisagem, foi construído num campo de propriedade do colecionador Roger Davidson em King City, Ontário. A escultura é composta por seis secções de betão rectilíneo colocadas ao longo da paisagem inclinada. Em 2013, o Shift foi designado Sítio do Património ao abrigo da Lei do Patrimônio do Ontário. O Shift, tal como Pulitzer Piece, foi baseado na queda elevada do terreno ao longo de uma determinada distância. Os bordos superiores das placas funcionam como um horizonte sendo colocado em intervalos de elevação específicos à medida que se percorre todo o campo.

Os trabalhos subsequentes de Serra em paisagens específicas continuaram a explorar a topografia do terreno e a forma como a escultura se relaciona com esta topografia através do movimento, meditação e percepção do espectador. Entre as obras mais notáveis da paisagem estão Porten i Slugten (Afangar (Estações, Paragens na Estrada, Parar e Olhar): Forward and Back, To Take It All In) (Snake Eyes and Box Cars (e East-WestWest-East (2014) no Qatar. A escultura Porten i Slugten (1983-86) foi encomendada para o Museu de Arte Moderna da Louisiana, Humlebaek, Dinamarca. Depois de percorrer o terreno do museu, Serra escolheu uma ravina que corre em direção ao Mar de Kattegat como local para a sua escultura. A ravina era a única área do terreno que não tinha sido ajardinada. Duas placas foram colocadas num ângulo uma da outra no final de um trecho inclinado do caminho que faz frente ao barranco. As placas funcionam na sua localização como um portão que se abre enquanto o observador caminha pelo caminho em direção ao mar. Vistas do centro de uma ponte, que atravessa a ravina e conduz ao museu, as duas placas formam um único plano, como se o portão tivesse fechado. Ao descer do museu para o oceano abaixo, as placas parecem ter um movimento de balanço contínuo.

Em 1988, Serra foi convidado pela Galeria Nacional da Islândia para construir uma obra. Serra escolheu a Ilha Videy como local para Afangar (Estações, Paragens na Estrada, Para Parar e Olhar: Para a frente e para trás, Para levar tudo para dentro) (1990). A escultura é composta por nove pares de colunas de basalto (um material indígena da Islândia) e colocada ao longo da periferia de Vesturey, na parte noroeste da ilha. Todos os nove locais partilham as mesmas elevações, na medida em que as pedras de cada par estão situadas a uma elevação de 9 e 10 metros, respectivamente. Cada conjunto de pedras está ao nível do topo. Todas as pedras na elevação mais alta medem 3 metros; todas as pedras na elevação mais baixa medem 4 metros. Devido à variação da topografia, as pedras de um conjunto estão por vezes mais próximas umas das outras, por vezes mais afastadas. A subida e descida da Ilha Videy e da paisagem circundante é vista contra a medida fixa das pedras em pé. As pedras são visíveis ao longo do horizonte da ilha e orientam o espectador contra a ascensão e queda da paisagem circundante.

Te Tuhirangi Contour (2000-2) está localizado em vastas pastagens abertas na Quinta Gibbs em Kaipara, Nova Zelândia. A escultura tem 20 pés de altura e estende-se por 844 pés como um contorno contínuo que acompanha as colinas onduladas, a expansão e a contracção da paisagem. A elevação da escultura é perpendicular à queda da terra.

Este-Oeste-Oeste (2014), localizado num eixo Este-Oeste na Reserva Natural do Brouq no Qatar, foi encomendado por Sheika al-Mayassa al-Thani do Qatar. Consiste em quatro placas de aço com 54 34 ou 48 12 pés de altura. As placas são colocadas em intervalos irregulares num vale que se estende entre dois planaltos de gesso. As placas são niveladas uma à outra e a elevação dos planaltos adjacentes. O trabalho estende-se por menos de um quilómetro e todas as placas são visíveis de ambas as extremidades.

Obras urbanas

Na paisagem, os elementos escultóricos chamam a atenção do espectador para a topologia da terra à medida que esta caminha. As esculturas urbanas específicas do sítio da Serra concentram a atenção do espectador na própria escultura. Os seus locais, muitas vezes mais acessíveis ao público do que as obras da paisagem, convidam o espectador a caminhar no interior, passar por eles e mover-se à sua volta. Devido aos limites da arquitetura Urbana, esculturas como Sight Point (T.W.U. (Exchange (ou 7 (2011) num cais em Doha, Qatar), refletem a verticalidade da sua arquitetura circundante. Esculturas ao ar livre como o Arco Rotativo de São João (Arco Inclinado (Clara-Clara) (Junção de Berlim (são todas formas curvas ou arcos que se abrem e fecham dependendo da direção que o espectador toma ao andar à sua volta.

Sight Point (1972-75) foi o primeiro trabalho urbano vertical de Serra e uma continuação dos princípios de equilíbrio e contrapeso do seu anterior Prop Sight Point, no exterior do Museu Stedelijk, Amsterdam, Países Baixos, constituído por três placas verticais de aço de 10 pés de largura e 40 pés de altura que se inclinam num ângulo e formam um espaço triangular no chão com três aberturas que podem ser percorridas a pé. Uma vez dentro do espectador pode olhar para cima e ver o céu emoldurado pela forma triangular feita pelas placas inclinadas.

Outra escultura vertical, Terminal (1977), foi concebida para a “Documenta VI” em 1977. Foi permanentemente instalado numa ilha de tráfego entre os carris de carros de rua, em frente a uma estação de comboios em Bochum, Alemanha. A Serra escolheu o local devido à sua proximidade a uma zona de tráfego intenso. Exchange (1996), situado numa rotunda de veículos no topo de um túnel rodoviário, feito de sete placas trapezoidais. A escultura tem 60 pés de altura e pode ser vista pelos condutores à entrada e saída da cidade do Luxemburgo.

Em 1980 Serra instalou duas esculturas, com apoio do Fundo de Arte Pública, na cidade de Nova Iorque. T.W.U. (1980) e St. John”s Rotary Arc (1980) foram colocadas cada uma em áreas onde o tráfego e as pessoas convergiam. T.W.U.U., uma escultura vertical composta por três placas verticais, cada uma com 36 pés de altura, foi instalada numa entrada de metrô perto da West Broadway, entre as ruas Leonard e Franklin. A escultura está agora permanentemente instalada no exterior do Deichterhallen, Hamburgo, Alemanha. St. John”s Rotary Arc, uma das primeiras esculturas curvadas da Serra, tinha 12 pés de altura e uma envergadura de 180 pés. De 1980-88, a escultura específica do local foi instalada na rotunda à entrada e saída do Túnel Holandês.

No ano seguinte, em 1981, foi instalada uma segunda escultura curva específica do local Tilted Arc (1981) na praça federal da cidade de Nova Iorque. Comissionada pelo Programa Art-in-Architecture da Administração Geral de Serviços dos EUA, após um rigoroso processo de seleção, o arco da escultura estendeu-se por 120 pés e 12 pés de altura. A escultura era uma curva que se inclinava e se afastava da sua base. Foi ancorada na praça em ambas as extremidades, de modo que o centro da escultura foi elevado. A intenção de Serra para a escultura era chamar a atenção dos peões para a escultura à medida que atravessavam a praça. O Arco Inclinado foi recebido com resistência por uma fracção de trabalhadores no edifício federal. Seguiu-se uma campanha de oito anos para remover a escultura e o Arco Inclinado foi finalmente removido a 15 de Março de 1989. Na defesa de Serra para preservar a escultura, ele declarou “Remover a obra é destruir a obra”, defendendo um mantra de arte por arte de obras de arte específicas do local. O caso do Arco Inclinado continua a destacar a tensão em torno da natureza da arte pública e do público a que se destina. O Vortex de aço COR-TEN de 67 pés de altura foi instalado fora do Modern Art Museum of Fort Worth em 2002.

Galeria de obras

Serra já teve numerosas exposições em galerias e museus. As suas instalações em galerias específicas do local são por vezes utilizadas para testar ideias. A primeira exposição individual americana de Serra foi no Leo Castelli Warehouse, Nova Iorque, em 1969. Lá exibiu dez peças de adereço de chumbo, uma peça de dispersão: Dispositivo de Corte: Medida da Placa Base (1969), e uma Peça de Espalhamento: Splash with Four Molds (Para Eva Hesse) (1969).

Na sequência dos seus trabalhos baseados em processos do final dos anos 60 e início dos anos 70, Serra começou a utilizar exclusivamente aço laminado ou forjado na sua escultura. Berlin Block (para Charlie Chaplin) (1977) foi a primeira escultura forjada de Serra. Feita para a praça fora da Neue Nationalgalerie em Berlim, desenhada por Ludwig Mies van der Rohe, a escultura pesa 70 toneladas. Outras esculturas forjadas incluem Elevação para Mies (Philibert et Marguerite (Peso e Medida (Depósito de Santa Fe (e Equal (2015) no Museu de Arte Moderna, Nova Iorque).

A série de escultura mais conhecida de Serra utilizando chapas de aço laminadas são as elipses de Torqued. Em 1991, Serra visitou a Igreja de São Carlo alle Quattro Fontane de Borromini em Roma e confundiu as ovais da cúpula e o chão para serem compensadas entre si. Pensou em fazer uma escultura sob esta forma torcida. Serra construiu modelos desta forma percebida no seu estúdio cortando duas peças de madeira em forma de elipse e pregando uma cavilha entre elas. Depois virou as elipses de modo a que ficassem em ângulo reto umas com as outras e enrolou uma folha de chumbo à volta da forma. Depois de fazer um modelo dos modelos Serra trabalhou com um engenheiro para fabricar as esculturas. No total há sete elipses de Torque e quatro elipses de Torque duplo (uma elipse dentro de uma elipse) datadas entre 1996-2004. Cada escultura tem um grau ou torque diferente e mede até 13 pés de altura. Todas as esculturas têm uma abertura de modo a poderem ser percorridas e contornadas. Três elipses torcidas estão em vista permanente em Dia Beacon, Nova Iorque.

Em 2005 “The Matter of Time”, uma instalação encomendada, inaugurada no Museu Guggenheim, Bilbao, Espanha. Composta por oito esculturas que abrangem uma década de 1994-2005, “A Questão do Tempo” destaca a evolução das formas escultóricas de Serra. Serra optou por incluir cinco esculturas derivadas da elipse torcida inicial: uma simples, uma dupla elipse, e três espirais torcidas. As Espirais Torcidas seguiram-se após as Elipses de Torque duplo, quando Serra decidiu ligar uma elipse dupla numa forma de ferida que pode ser introduzida e atravessada. As restantes esculturas em “A Questão do Tempo” são uma fechada (e Snake: feita de três partes, cada uma compreendendo duas secções cónicas idênticas invertidas uma em relação à outra e abrangendo 104 pés no total. As esculturas são organizadas por Serra com intenção. A direção em que o espectador se desloca através do espaço cria uma sensação de escala e proporção variáveis, e uma consciência da passagem do tempo.

Em 2008 Serra participou na Monumenta, uma exposição anual realizada no Grand Palais de Paris com um único artista. Para Monumenta Serra instalou uma única escultura, Promenade (2008), composta por cinco placas, cada uma com 55 pés de altura e 13 pés de largura, colocadas a 100 pés uma da outra em todo o interior cavernoso do Grand Palais. No seu conjunto, a escultura tinha 656 pés de largura. As placas não foram colocadas em linha, mas sim lado a lado fora do eixo central do Grand Palais. Inclinavam-se para a esquerda ou para a direita, inclinavam-se na direção ou para longe de outra, e o espectador enquanto passeava à sua volta.

A escultura Equal (2014), na coleção do The Museum of Modern Art, Nova Iorque, é composta por oito blocos forjados. Cada bloco mede 5 por 5 ½ por 6 pés e pesa 40 toneladas. Os blocos são empilhados aos pares e posicionados nos seus lados mais compridos ou mais curtos, de modo a que cada pilha meça 11 pés de altura. Ao caminhar entre as quatro pilhas, o espectador toma consciência do seu próprio sentido de peso, equilíbrio, e gravidade em relação às esculturas.

Desenhos

O desenho é parte integrante da prática da Serra. A Serra faz desenhos em grandes folhas de lona ou papel artesanal. Incluem composições horizontais ou verticais; construções de folhas sobrepostas; ou desenhos de linhas. Os seus desenhos são feitos principalmente em pau de pintura, lápis de cera litográfica, ou carvão e são sempre pretos. Serra experimenta com diferentes técnicas e ferramentas para manipular e aplicar o meio. Empurra frequentemente as convenções do desenho para uma experiência táctil e fenomenológica de movimento, tempo e espaço. O artista tem dito que a sua prática de desenho está envolvida com “repetição, sabendo que não há possibilidade de repetição, sabendo que vai produzir algo diferente de cada vez”.

Após a sua invasão do espaço com esculturas como Strike: Para Roberta e Rudy (1969-71), Serra interessou-se pela redefinição do espaço arquitectónico também com o desenho. Em 1974, Serra começou a fazer os seus Desenhos de Instalação- folhas de lona em grande escala, completamente revestidas com tinta em bastão e agrafadas à parede. Os Desenhos de Instalação cobrem a parede, ou paredes, de um determinado espaço. Shafrazi e Zadikians foram dois dos primeiros Desenhos de Instalação da Serra. Ambos foram expostos na Galeria Leo Castelli, Nova Iorque em 1974 e mediam aproximadamente 10 ½ pés de altura e 18 pés de largura no total. Serra continuou a fazer Desenhos de Instalação ao longo da sua carreira. Outras séries de desenhos notáveis incluem: Dípticos (Rondas (Rondas de Ponto Verde) (Inversões Horizontais (Rua do Pomar (2018)).

Exposições nacionais e internacionais de levantamento de desenhos de Serra incluem Richard Serra: TekeningenDrawings 1971-1977 no Museu Stedelijk, Amsterdam em 1978; Richard Serra: TekeningenDrawings no Bonnefantenmuseum, Maastrict em 1990; Richard Serra Drawings: Uma Retrospectiva no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, no San Francisco Museum of Modern Art, e Menil Collection, Houston de 2011-12; e Richard Serra: Desenhos 2015-2017: Rampas, Composites, Rotterdam Verticals, Rotterdam Horizontals, Rifts no Museum Boijmans van Beuningen. Roterdã, Países Baixos, em 2017.

Impressões

Serra começou a fazer estampas em 1972. Trabalhando em estreita colaboração com a Gemini G.E.L. em Los Angeles, Serra desenvolveu técnicas de impressão não convencionais. Fez mais de 200 trabalhos impressos e, tal como a sua escultura e desenho, as suas gravuras reflectem um interesse no processo, escala e experimentação com material.

As suas litografias iniciais, com início em 1972, incluem o Circuito de gravuras; Balanço; Oito por Oito; ou 183rd & Webster Avenue, cada uma intitulada após uma escultura criada por volta da mesma época. Em 1981, Serra produziu a sua primeira série litográfica composta por sete edições, intitulada: Sketch

Depois de levar a litografia ao seu limite, Serra começou a trabalhar com serigrafia para produzir uma superfície única nas suas impressões. Fê-lo aplicando primeiro uma camada de tinta sobre o papel. Em seguida, aplicava uma camada de pau de tinta através do segundo ecrã, criando uma superfície saturada e texturizada.

Serra continuou a trabalhar esta sua técnica de serigrafia, por vezes combinando-a com gravura e aquatint. As séries de impressão incluem: Videy Afanger (Entre o Toro e a Esfera (Peso Elevado (e (2019)).

Exposições

A primeira exposição individual de Serra foi em 1966 na Galleria Salita em Roma, Itália. Sua primeira exposição individual nos Estados Unidos foi no Leo Castelli Warehouse, em Nova York, em 1969. Sua primeira exposição individual em museu foi realizada no Pasadena Art Museum, na Califórnia, em 1970.

A primeira retrospectiva de sua obra foi realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York em 1986. Uma segunda retrospectiva foi realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York em 2007.

A primeira exposição de levantamento de seus desenhos foi realizada no Museu Stedelijk, Amsterdã em 1977 e viajou para o Kunsthalle Tübingen em 1978. Uma segunda retrospectiva de desenhos foi apresentada no The Metropolitan Museum of Art, Nova York; o Museu de Arte Moderna de São Francisco; e The Menil Collection, Houston de 2011 a 2012. Uma visão geral do trabalho do artista em filme e vídeo esteve em exibição no Kunstmuseum Basel, em 2017.

Serra fez exposições individuais no Staatliche Kunsthalle Baden-Baden, 1978; Museu Boijmans Van Beuningen, Rotterdam, 1980; Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris, 1983-1984; Museu Haus Lange, Krefeld, 1985; Museu de Arte Moderna, Nova York, 1986 e 2007; Museu da Louisiana, Humlebæk, 1986; Museu do Estado da Vestefália para Arte e História Cultural, Münster, 1987; City Gallery no Lenbachhaus, Munique, 1987; Stedelijk Van Abbemuseum, Eindhoven, 1988; Museu Bonnefanten, Maastricht, 1990; Kunsthaus Zurique, 1990; CAPC Musée d'Art Contemporain, Bordéus, 1990; Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, 1992; Coleção de Arte da Renânia do Norte-Vestfália, Düsseldorf, 1992; Dia Center for the Arts, Nova York, 1997; Museu de Arte Contemporânea, Los Angeles, 1998-1999; Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 1997-1998; Mercado de Trajano, Roma, 1999–2000; Fundação Pulitzer para as Artes, St. Louis, 2003; e Museo Archeologico Nazionale di Napoli, Nápoles, 2004; e Museu Boijmans Van Beuningen, Rotterdam, em 2017.

Coleções

O trabalho de Serra está incluído em muitos museus e coleções públicas em todo o mundo. Coleções selecionadas de museus incluem o Museu de Arte Moderna de Nova York; O Museu Whitney de Arte Americana, Nova York; Galeria de Arte de Ontário, Toronto; Instituto de Arte de Chicago; Bonnefantenmuseum, Maastrict, Holanda; Centro Cultural Fundação La Caixa, Barcelona; Centre Georges Pompidou, Musée National d'Art Moderne, Paris; Museu de Arte Moderna de Fort Worth, Texas; Dia Art Foundation, Nova York; Museu Guggenheim Bilbao e Nova York; Hamburger Kunsthalle, Hamburgo, Alemanha; Museu Hirshhorn e Jardim de Esculturas, Smithsonian Institution, Washington, DC; Moderna Museet, Estocolmo; Museu Glenstone, Potomac, Maryland.

As coleções públicas selecionadas incluem a cidade de Bochum, Alemanha; Cidade de Chicago, Coleção de Arte Pública; Cidade de Goslar, Alemanha; Cidade de Hamburgo, Alemanha; Cidade de St. Louis, Missouri; Cidade de Tóquio, Japão; Cidade de Berlim, Alemanha; Cidade de Paris, França; Coleção Cidade de Reykjavic, Islândia.

Prêmios

Serra recebeu muitos prêmios e prêmios notáveis, incluindo Fulbright Grant (1965–66); Bolsa Guggenheim (1970); República Francesa, Ministério da Cultura e Comunicação Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras (1985 e 1991); Associação de Artes do Japão, Tokyo Praemium Imperiale (1994); um Leone d'Oro pelo conjunto da obra, Bienal de Veneza, Itália (2001); Academia Americana de Artes e Letras (2001); Orden for Merit für Wissenschaften und Künste, República Federal da Alemanha (2002); Orden de las Artes y las Letras de España, Espanha (2008); O National Arts Award: Lifetime Achievement Award (concedido por Americans for the Arts 2014); Prêmio da Hermitage Museum Foundation por contribuições vitalícias ao mundo da arte (2014); Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra, República da França (2015); Prêmio Landesmuseum Wiesbaden Alexej von Jawlensky (2017); e uma medalha J Paul Getty (2018).

Fonte: Trenfo, Richard Serra. Consultado pela última vez em 9 de janeiro de 2023.

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Notas e Críticas

Donald W. Thalacker, 1981:

"A escultura de Richard Serra, 'Tilted Arc' é sem dúvida umas das, senão a mais, sensacional obra de arte pública em toda Nova York. Agradeço pela grande e bela fotografia da mesma na primeira página do The Times (23 de Setembro).

'Tilted Arc' tem sido saudada como um trabalho ousado e magistral pelos curadores do MoMA, do Museu Gugguenheim, do Whitney Museum of American Art e pelo comissário de assuntos culturais de Nova York.

Essas petições que estão circulando contra o trabalho não são de todo surpreendente; a opinião pública inicial era similarmente contra o trabalho dos impressionistas franceses, Picasso e até Michelangelo. Felizmente, as obras mais controversas, como 'O último julgamento' de Michelangelo, não foram removidas ou destruídas. Vamos torcer para que as obra-primas dos dias de hoje também tenham a oportunidade do teste e da chance do tempo."

Donal. W. Thalacker, diretor do Art-in-Architecture Program [Programa de Arte em Arquitetura], General Services Administration [Administração de Serviços Gerais].

Fonte(s): THALACKER, Donald W. Sem Título. The New York Times. Washington,1981.

Douglas C. McGILL,1985:

ST. LOUIS ORDENA A REMOÇÃO DA OBRA DE SERRA

"O distrito de St Louis está considerando fazer um referendo sobre a remoção da grande escultura do artista Richard Serra na área central da cidade. 'Tilted Arc', no sul de Manhattan, está enfrentando uma possível relocação pela mesma Agência Federal que bancou a obra. Thomas Zych, presidente do Conselho Municipal de St Louis, disse que um documento escrito na sexta por um dos 28 membros do Conselho Municipal propunha que os eleitores de St. Louis decidam no próximo agosto se a escultura deve ser removida ou não. A escultura foi entitulada de 'Twain' (termo arcaico para dois) e cobre quase um bloco inteiro da cidade. 'Isto tem sido um mobiliário urbano controverso desde o dia em que foi instalado', disse Zych. 'Eu acho que muitos membros do conselho disseram silenciosamente: eu não gosto disto, mas quem sou eu para julgar o que é arte? Agora alguns estão dizendo que estes pedaços de ferro não são arte, só estão causando problemas de manutenção e é um valioso pedaço de propriedade que deveria ser desenvolvido."

Fonte(s): McGILL, Douglas C. St Louis Bid to remove Serra work. The New York Times; Cultural Desk Late City Final Edition, Section C, Page 13, Column 4, 775 words. Nova York, 1985.Robert Worthing, 1985:

O Arco do Imperador

"Alvin S. Lane, o advogado da arte, propõe que arte e decoração para edifícios do governo sejam escolhidos por pequenos grupos de especialistas, em oposição ao plano da GSA [Administração de Serviços Gerais] de permitir que o contribuinte tenha uma voz (Op-Ed, 13 de Julho). Seu esquema vai nos assegurar que muitas repetições de obras de arte como Tilted Arc de Richard Serra e todas essas outras esculturas que deixam a nós, pessoas comuns, nos perguntando se aquela obra de arte não é na verdade um caminhão de sucata que deixou parte de sua carga para trás.

Fídias, o Grande Ateniense, trabalhou em ouro e marfim; Michelangelo selecionou o melhor mármore de Carrara; Rodin trabalhou em bronze e em fina pedra; o norte-americano Frederic Remington e Charles M. Russell igualmente mostraram o que poderia ser feito com bronze, talento e inspiração.

Grupos seletos de 'especialistas em arte' continuarão nos dando as Roupas do Imperador, que qualquer garoto na rua pode avaliar. Não há nenhuma inspiração ou mensagem ao espectador, muitas vezes pouco talento ou acabamento. A única certeza: como Liberace, o artista irá rir todo o caminho até o banco."

Fonte(s): WORTHING, Robert. The emperor’s arc. The New York Times. Livingston, N.J., July 13, 1985.

Seção de Arte The New York Times, 1989:

Espaço aberto substitui arco

"Uma 'nova forma de arte-espaço aberto' irá substituir a escultura Tilted Arc de Richard Serra na Federal Plaza, no sul de Manhattan, nas palavras de William J. Diamond, o administrador regional da General Services Administration [Administração de Serviços Gerais].

A escultura foi removida no dia 17 de Março depois de uma amarga batalha judicial na qual o governo, que financiou o trabalho através do GSA, afirmou que a mesma oprimia o terreno.

'Estamos instalando 15 bancos e canteiros com árvores para que o público possa desfrutar da praça novamente', disse Diamond. 'Vamos redecorá-la na primeira semana de Julho. É uma revolução no nosso pensamento que o espaço aberto em si seja entendido como uma forma de arte e que deve ser tratado com o mesmo respeito com o qual as outras formas de arte são tratadas'.

Ele disse que 'Tilted Arc', desmontado em três segmentos e coberto por uma lona, deve permanecer numa garagem do governo no Brooklyn, 'onde aquilo toma mais de oito vagas."

Fonte(s): Seção de arte, The New York Times.Open Space Replaces 'Arc'. Nova York, 1989.

Richard Serra, 1990:

"Não é tão mal

Estar puto da vida

Quando existe alguma

Condição imposta, por quem seja, não

Importa quão perto

-Charles Olson, The Maximus Poems

O governo dos Estados Unidos da América destruiu Tilted Arc em 15 de março de 1989. Exercendo os direitos de proprietários, autoridades da Administração de Serviços Gerais (GSA) ordenaram a destruição da escultura pública que a própria agência financiou dez anos antes. A profanação derradeira seguida de cinco anos de más interpretações, falsas promessas, julgamentos abertos à mídia e as decepções dentro dos tribunais que ao final não só permitiram ao governo destruir Tilted Arc como também estabeleceram um precedente para a prioridade do direito à propriedade sobre a liberdade de expressão e os direitos morais dos artistas. Até o último minuto tentativas para testar a aplicabilidade da Berne Convention (que o congresso norte-americano assinou na primavera de 1988 e que entrou em vigor em 1º de Março de 1989) provaram-se fúteis. Depois de uma análise exaustiva sobre o trato, meus advogados concluíram que as leis da Berne Convention como abreviadas pelo congresso dos Estados Unidos eram inadequadas para proteger meu trabalho.

Uma vez que meu próprio depoimento no caso da escultura tinha sido finalmente negado pelos tribunais federais, William Diamond, o administrador regional da GSA (Administração de Serviços Gerais) e o principal responsável pela campanha contra Tilted Arc, agiu imediatamente para obter a remoção da escultura. Numa sinistra sessão que durou toda a noite de 15 de Março, equipes de trabalho especiais se esforçaram para desmontar Tilted Arc, brutalmente serrando e torcendo a peça. Finalmente, por volta de quatro e meia da manhã, Tilted Arc foi reduzida a matéria-prima, para ser transportado e armazenado numa garagem no Brooklyn, repetidamente aguardando relocação. 'Este é um dia de regojizo', disse Diamond, 'porque a praça retorna ao povo por direito'.

Diamond anunciou repetidamente que ele planejou relocar Tilted Arc para um lugar alternativo. No entanto Tilted Arc foi criada para um lugar e um único lugar. Eu deixei isto claro desde o início. Quando eu soube dos esforços para remover Tilted Arc em dezembro de 1984, escrevi a Diamond e a Donald Thalacker, depois ao diretor do Art-in-Architecture Program, que originalmente financiou o trabalho. Naquela época, disse, 'Eu quero deixar perfeitamente claro que Tilted Arc foi financiado e projetado para um lugar particular: a Federal Plaza. É um trabalho para um lugar específico e como tal não deve ser relocado. Remover o trabalho é destruir o trabalho'. Isto foi concluído. Tilted Arc está destruído.

Fonte(s): WEYERGRAF-SERRA, Clara; BUSKIRK,Martha; SERRA, Richard. The destruction of Tilted Arc: documents. October Books. Cambridge, Massachusetts. 1990. p. 3-4.

Amei Wallach, 1997:

Para um artista, uma afetuosa imagem; para outros, uma lembrança amarga

"Para a artista Louise Bourgeois, as esculturas de bronze de mãos entrelaçadas que ela mesma concebeu no ano passado para ficar no Battery Park City, que fica no lado oposto à Estátua da Liberdade, formava uma imagem afetuosa e convidativa. Para alguns funcionários do Battery Park City Authority e do Museum of Jewish Heritage [Museu da Herança Judaica] - um memorial vivo do Holocausto - no entanto, as mãos sugeriam partes mutiladas de corpos dos campos de concentração.

Preocupados em ofender sobreviventes do Holocausto e outros que visitam o museu, que abrirá no próximo mIes, autoridades oficiais abruptamente moveram o grupo de seis esculturas no início do mês de sua localização central perto das margens para um ponto aproximadamente 40 metros mais distante, cercado por canteiros de plantas e arbustos. A artista de 85 anos não foi consultada. Esta colisão entre a visão de Louise Bourgeois e a preocupação com a sensibilidade dos espectadores é só a última virada do debate em curso sobre obras de arte públicas. A questão sobre quem controla arte pública é espinhosa: despertou a ira das comunidades; desafiou a liberdade artística e, como no caso do escultor Richard Serra, a escultura Tilted Arc, levou a uma amarga batalha judicial.

Serra contestou a decisão do General Services Administration [Administração de Serviços Gerais] de remover a escultura da Federal Plaza no sul de Manhattan em 1989 depois de repetidas queixas de lojistas e moradores do bairro. Ele perdeu o caso, Tilted Arc foi desmontado e armazenado. Serra retirou seu nome do trabalho.

Ao contrário de Serra, Louise Bourgeois não insiste que alterando a instalação de seu trabalho é a equivalência de destruí-lo. O que a aflige é o fato de não terem a consultado ou a notificado sobre a relocação de sua obra de arte, The Welcoming Hands.

'Isto nunca me aconteceu', disse Bourgeois, artista que há 16 anos atrás se tornou a primeira mulher a ter uma retrospectiva no MoMA. 'Eu levei este trabalho muito a sério. Eu nunca soube porque a escultura tinha sido relocada e porque o contrato que eu tinha com as autoridades tinha sido violado. Isto é muito ruim'.

As duas outras esculturas do Battery Park City de Jim Dine e Tony Cragg também foram recentemente reposicionadas, embora por razões que nada tinham a ver com o museu, e pelo menos um dos artistas não foi informado."

Fonte(s): WALLACH, Amei.To an Artist, a Tender Image; To Others, a Grim Reminder. The New York Times. Nova York, 1997.

Fonte: UFBA (Universidade Federal da Bahia), Cronologia do Urbanismo. Consultado pela última vez em 10 de janeiro de 2023.

Crédito fotográfico: Wikipédia, fotografia de Oliver Mark. Consultado pela última vez em 9 de janeiro de 2023.

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