Salvatore Ferragamo S.p.A. (Florença, Itália, 1927), mais conhecida como Salvatore Ferragamo é uma empresa italiana de bens de luxo, fundada por Salvatore Ferragamo (Nápoles, Itália, 5 de junho de 1898 – Florença, Itália, 7 de agosto de 1960), especializada em sapatos, roupas, bolsas, echarpes, até gravatas, óculos, relógios e perfumes, tanto femininos quanto masculinos. Destaca-se no mercado mundial por sua expertise e alto nível dos artigos em couro feitos artesanalmente, revolucionando o mundo com seus sapatos femininos sendo, até hoje, o grande nome da moda de calçados, atendendo homens e mulheres com estilo e sofisticação indiscutível. A Salvatore Ferragamo S.P.A. é a empresa-mãe do Grupo Ferragamo, que emprega cerca de 4.000 pessoas e mantém uma rede de mais de 662 lojas em mais de 90 países. Com faturamento superior a €1.4 bilhões em 2015, a SALVATORE FERRAGAMO se transformou em um dos mais importantes impérios da moda italiana.
Salvatore Ferragamo – Mundo das Marcas
Salvatore Ferragamo foi um artista em sintonia com o clima cultural de seu tempo. Inspirado, dedicou sua vida à arte dos sapatos. Para ele um pé bem calçado podia valer mais do que mil palavras. Perfumes e acessórios merecem destaque na elegante coleção da luxuosa marca italiana SALVATORE FERRAGAMO, caracterizada por sofisticação, beleza, conforto e arte. Apesar de morto há mais de 50 anos, o sucesso dele perpetua-se pelo sucesso da sofisticada grife italiana que leva o seu nome.
A história
Nascido no dia 5 de junho de 1898, em Bonito, vilarejo rural do interior da Campania, com pouco mais de 2 mil habitantes, a 100 quilômetros de Nápoles, na Itália, Salvatore Ferragamo desde pequeno mostrou ter uma vocação: a de fazer sapatos. Aos 9 anos nascia um artista. Uma noite, viu a irmã chorar porque não tinha sapatos brancos para usar na primeira comunhão. Decidiu produzir um par - sozinho e escondido - para total surpresa da família. Já aos 11 anos foi aprendiz de sapateiro trabalhando junto com Luigi Festa, com quem aprendeu tudo sobre a profissão, e aos 13 anos abriu uma pequena sapataria em sua cidade natal, onde não se limitou a fazer reparos e confeccionar botas de fazendeiros, mas também desenhar modelos exclusivos e literalmente criar moda para os pés femininos. Perspicaz, o designer escolheu um domingo para inaugurar sua loja, que ficava exatamente em frente à igreja local. Depois da missa, uma pequena multidão de curiosos se aproximou e o sucesso foi imediato, apesar das piadas sobre a idade do pequeno empreendedor. Em 1912, aos 14 anos, o designer já contava com clientes nas cidades vizinhas e seis assistentes na loja. Foi quando, mais uma vez, sentiu que podia ampliar os horizontes e partir em busca de novos desafios. Dessa vez, embarcou rumo aos Estados Unidos para juntar-se aos irmãos mais velhos.
Decepcionado com a qualidade e o acabamento dos sapatos produzidos em série nas grandes fábricas de Boston, onde um de seus irmãos trabalhava, Salvatore foi ao encontro dos outros parentes em Santa Bárbara, na Califórnia, próximo aos grandes estúdios de cinema. A partir daí, abriu uma pequena loja para confecção e reparos de sapatos, passou a produzir modelos para figurino de cinema e, de quebra, começou a receber encomendas de calçados sob medida das maiores estrelas de cinema da época, como Ava Gardner, Marilyn Monroe, Sophia Loren, Marlene Dietrich e Greta Garbo. Enquanto isso, em sua constante busca por “sapatos que se ajustassem perfeitamente” ele estudou anatomia humana, engenharia química e matemática na Universidade de Los Angeles. Salvatore foi obrigado a se mudar para Hollywood por causa de sua clientela e lá abriu sua famosa Hollywood Boot Shop em 1923, criando calçados para grandes produções cinematográficas como o famoso “Os Dez Mandamentos”. Os personagens mais célebres do cinema foram seus clientes, e a Salvatore Ferragamo foram dados os apelidos de “sapateiro das estrelas” e “sapateiro dos sonhos”. Seu sucesso foi tamanho que a loja não conseguia acompanhar a demanda de pedidos e a mão-de-obra americana não podia confeccionar os sapatos com a qualidade que ele desejava.
Assim, em 1927, ele decidiu voltar para a Itália, estabelecendo-se em Florença, cidade tradicionalmente riquíssima em artesanato e pelo trabalho em couro. Com isso, fundou uma pequena fábrica de sapatos totalmente confeccionados à mão, com uma equipe de 60 artesãos treinados diretamente pelo mestre, e mais tarde uma pequena loja no Palácio Spini Feroni. Lá, o sonho de um homem se transformou em uma empresa que passou a produzir mais de 350 pares de sapatos por dia. A fama de seus calçados, apreciados pela beleza e comodidade dos modelos e por sua refinada elaboração, se estendeu por toda Itália e pela Europa, fazendo do Palácio Spini Feroni, nas margens do Rio Arno e que ele adquiriu por inteiro em 1938, ponto de parada internacional dos atores de cinema.
Mas foi nos anos de 1930 e 1940 que Salvatore mostrou a seu verdadeiro espírito inovador, desenvolvendo sapatos com novos materiais como celofane e cortiça, tudo graças à escassez do couro que dominou o mercado na época. Com a crise na Europa, ele começou a utilizar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi uma palmilha compensada. Ele ficou conhecido por não gostar da produção em série porque acreditava que cada par deveria ser desenhado em detalhes. Sempre pensando no conforto, suas criações eram, além de belas, anatômicas. Assim como os grandes nomes do design inventou novas formas, baseando-se nas necessidades funcionais e estéticas, como o solado inclinado de cortiça, de 1937, projetado para dar maior estabilidade. O salto anabela, de 1938, é outra prova disso. E somente aconteceu porque no período fascista ele se viu sem a possibilidade de importar o metal que constituía parte importante para o conforto de seus calçados, que davam sustento à curva do pé. Então ele teve uma grande ideia: fechar completamente o espaço entre o salto e a parte da frente, e assim foi inventado o salto anabela. Ferragamo usou um material típico italiano, a cortiça da Sardenha, que era ao mesmo tempo resistente e leve. No início as mulheres não aceitaram facilmente a novidade, mas o tempo se encarregou de transformá-la em uma invenção de sucesso.
Sempre conectado com o mundo contemporâneo, Ferragamo era particularmente interessado em arte, design e arquitetura. O sapato que ele criou em 1939, por exemplo, com salto alto em mosaicos, remete a tendência da arquitetura utilizada no interior dos edifícios na época. O estilo dele era também caracterizado pelo forte uso de cores. Sua paleta era composta por tons fortes e ousados, quebrando os padrões da época, que utilizavam as cores bege, branco e preto. Apesar das sandálias de ouro, das plataformas multicoloridas, das sandálias romanas com tiras que se amarravam e dos sapatos com salto-agulha de metal, esses últimos imortalizados por Marilyn Monroe, o primeiro grande sucesso de Ferragamo foi a sandália invisível, de 1947, feita, em parte, com tiras transparentes de náilon. A criação lhe rendeu naquele ano o prêmio Neiman Marcus (importante premiação de moda norte-americana que, até então, nunca havia sido concedida a um designer de sapatos). Outro destaque de sua carreira foi a sandália Calipso, produzida com tiras de cetim pretas, em 1955. Nessa época a marca SALVATORE FERRAGAMO era um verdadeiro sucesso.
Até 1957, o gênio italiano havia criado mais de 20 mil modelos e registrado 350 patentes. O estilista morreu vítima de câncer no dia 7 de agosto de 1960, mas sua família continuou à frente do ateliê, no Palazzo Spini Feroni, um prédio de características medievais que até hoje é mantido como sede da empresa, erguido em 1289 na Via Tornabuoni. Seus seis filhos e sua mulher Wanda herdaram o gosto pela perfeição e mantiveram viva a história do pai dando continuidade ao trabalho artesanal, reeditando clássicos e lançando a partir dos anos de 1960 coleções de roupas femininas, produtos de couro e calçados masculinos. Nas décadas seguintes surgiram coleções de lenços, cosméticos, perfumes, óculos, e acessórios para homens e mulheres, um velho sonho do mestre Salvatore. Além disso, este período foi marcado pelo início de uma forte expansão da marca no continente asiático com inaugurações de lojas em Hong Kong (1986), Nagoia (1991), Xangai (1994) e Seul (1995).
O crescimento contínuo do Grupo Ferragamo, que, em manobra pioneira, adquiriu a sofisticada grife francesa Emanuel Ungaro em 1996 e, desde 1997, também dirige quatro hotéis em Florença e um em Roma, permitiu que os mais de 20 herdeiros, entre filhos, primos e netos, participem ativamente dos negócios. Pouco depois, em 1999, inaugurou sua primeira loja própria na América Latina, no México. Com a chegada do novo milênio a SALVATORE FERRAGAMO inaugurou lojas em novos mercados, como por exemplo, na Índia (2006) e Emirados Árabes Unidos (2009). Ainda em 2009, lançou seu comércio eletrônico na Europa e nos Estados Unidos, e ampliou sua rede de lojas para mais de 500 unidades, incluindo 19 novas unidades inauguradas em importantes aeroportos mundiais. O crescimento continuou no ano seguinte, puxado principalmente pelos mercados asiáticos, especialmente a China (onde atingiu 91 lojas), fez com que a marca italiana superasse US$ 1 bilhão em faturamento. Ainda nesse mesmo ano inaugurou novas lojas em cidades como Istambul, Cairo, Doha e Johanesburgo. Já no Brasil, a marca italiana está presente desde meados dos anos de 1990, onde tinha um ponto de venda dentro da antiga Daslu, para depois evoluir para corners personalizados dentro da Daslu, e por fim, em 2002, a abertura de uma primeira loja própria no Shopping Iguatemi em São Paulo.
A linha do tempo
1920
● Criação das sandálias romanas, com tiras que se amarram nos tornozelos.
1938
● Criação da MAHARANI, inspirada nas célebres sandálias feitas para a princesa Indira Devi, de Cooch Behar. O nome “Maharani” é um termo que, na Índia, define a mulher do marajá.
● Lançamento da RAINBOW, uma sandália entrelaçada em camadas volumosas revestidas de camurça colorida, que adornou os pés da atriz Judy Garland.
● Inauguração de lojas em Roma e Londres.
1948
● Inauguração de sua primeira loja nos Estados Unidos localizada na Quinta Avenida em Nova York.
1949
● Lançamento da primeira bolsa da grife.
1955
● Lançamento dos primeiros lenços de seda da grife italiana.
1958
● Criação de um modelo de bolsa onde aparecia pela primeira vez o fecho GANCINI, que se tornaria uma das marcas registradas da grife italiana.
1965
● Lançamento de sua primeira coleção de roupas femininas e da primeira linha de produtos de couro.
1970
● Lançamento das primeiras coleções de sapatos masculinos.
1978
● Lançamento do sapato feminino VARA, que possuía bico arredondado, laço na frente e se tornaria o modelo mais famoso da marca. Em 2008 foi lançada uma releitura desse sapato, como uma sapatilha, batizada de VARINA. Ambos são vendidos até hoje.
1998
● Lançamento de sua primeira coleção de armações de receituário e óculos solares para mulheres e homens através de uma parceria com a Luxottica.
● Lançamento de seu primeiro perfume chamado SALVATORE FERRAGAMO POUR FEMME.
● Lançamento de uma fragrância masculina.
2002
● Lançamento do perfume masculino SUBTIL.
2003
● Lançamento do perfume INCANTO.
● Lançamento dos primeiros cosméticos e produtos para o corpo.
● Inauguração de lojas âncoras nas cidades de Nova York e Tóquio.
2004
● Lançamento da coleção de óculos PICNIC, que teve como base um memorável par de sapatos criado em 1938, coberto de flores coloridas de ráfia bordadas à mão.
● Introdução do serviço personalizado de fabricação sob medida de sapatos masculinos.
2006
● Lançamento do perfume feminino F by FERRAGAMO. A versão masculina foi lançada no ano seguinte.
2007
● Lançamento do perfume feminino F for FASCINATING.
● Lançamento do PREZIOSI (do italiano, “precioso”), uma série de armações e óculos solares com aplicação de pedras semipreciosas em formato de gota nas hastes.
2008
● Lançamento de uma sofisticada linha de relógios.
● Lançamento da nova fragrância unissex, a TUSCAN SOUL, um perfume que é oferecido sob a forma de produtos para o banho, exclusivamente para quem voa pela Singapore Airlines desde 2006, e que chegava às lojas em todo mundo.
2009
● Lançamento de ECO FERRAGAMO, uma linha de bolsas feitas a partir de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro é tingido com uma tinta derivada da casca de árvores por meio de um processo certificado pelo Instituto Alemão SG. As bolsas são também biodegradáveis e resistentes à água. A marca decidiu revestir as bolsas dessa linha com cânhamo fiado à mão, já que o cânhamo é resistente e não requer o uso de pesticidas. A linha é composta de cinco bolsas nas cores tabaco, amarelo limão e rosa.
2010
● Lançamento do perfume feminino ATTIMO (que significa “instante” em italiano).
● Lançamento do projeto RED CARPET, uma iniciativa que permite as clientes da grife personalizarem seus sapatos, escolhendo entre seis estilos que vão desde escarpins a sandálias. As consumidoras poderão escolher entre 23 cores diferentes de cetim, além de acrescentar às suas criações um monograma personalizado. O processo leva aproximadamente seis semanas.
2012
● Lançamento do perfume feminino SIGNORINA.
2015
● Lançamento do perfume feminino EMOZIONE.
A arte
Salvatore Ferragamo foi o primeiro designer a produzir sapatos feitos à mão em grande escala. E a manufatura de sua oficina, instalada em Florença desde 1927, continua impecável: até hoje o couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo moldada. Atualmente a fábrica produz mais de 11 mil pares de sapatos por dia. É quase impossível não achar um de seus modelos que não fique perfeito nos pés. Audrey Hepburn, Sophia Loren (foto) e Carmem Miranda eram clientes fiéis. Marlene Dietrich nunca repetia um modelo mais de duas vezes. Greta Garbo chegou a encomendar 70 pares de uma vez. O artista pop americano Andy Warhol e a eterna Princesa Diana também eram clientes assíduos da marca.
Sua aptidão de trabalhar com os mais variados materiais e sua incrível habilidade técnica e artística, fizeram com que a marca introduzisse e eternizasse novidades no concorrido segmento dos calçados. Abaixo algumas das matérias-primas mais utilizadas por Salvatore Ferragamo:
Tecido pintado à mão
Os sapatos eram fabricados em tecidos e levados a um artista que imprimiria sobre eles uma imagem da escolha do cliente: o animal favorito, jogos de cartas, cenas famosas de Londres, Paris, Nova York ou Roma, árvores, pássaros, flores, castelos. O efeito era fascinante e o custo extremamente baixo, considerando o alto padrão artístico e pelo fato de que, não importava quão comum fosse o estilo do sapato, as pinturas davam um toque de glamour a uma criação única e exclusiva.
Materiais baratos
A seleção de materiais mais baratos, consequência da escassez do couro e tecidos mais nobres, tornou-se cada vez mais comum na indústria de calçados e vestuário a partir de 1935 e durante a Segunda Guerra Mundial. Foi durante este período que Ferragamo desenvolveu algumas de suas mais belas e inovadoras criações, demonstrando uma incrível habilidade em trabalhar com materiais diversos, que testavam sua criatividade e técnica impecável. Cortiça, papel celofane, lã, algodão, fios de malha, ráfia e linho bordado. Entre outras criações patenteou o uso, na parte que cobre o dorso do pé, o feltro reforçado e o solado feito de resíduos prensados de seda.
Couro
Salvatore frequentemente usava couro em suas criações, principalmente de cabra. A pele era tingida em uma extraordinária variedade de cores e combinada com outros materiais como couro de lagarto ou cetim, para os sapatos de noite. O couro de boi era especialmente utilizado para calçados casuais e de inverno.
Peles exóticas
No final dos anos de 1920, a demanda por peles exóticas aumentou significativamente. Na maioria das vezes, eram combinadas com materiais polidos, camurças, couro de vitela e cabra, além das imitações em pele de cobra, que apareceram regularmente nas criações de Ferragamo, nos anos de 1920 e 1930. A recuperação da economia após a guerra levou ao retorno dos bens de luxo e acessórios de peles finas, principalmente crocodilo e lagarto. No final dos anos de 1950, muitas peles também foram utilizadas, especialmente de jaguatirica, girafa e zebra.
Plástico
Resinas de vinil eram cada vez mais utilizadas na produção de calçados e acessórios, saltos e solados, pela flexibilidade do material, variedade de cores possíveis e resistência. Em 1955, Salvatore, que fazia uso constante do vinil, lançou a inovadora sola transparente e invisível.
Escamas de peixe
Durante a década de 1920 novos materiais foram explorados para criar diferentes efeitos. No final desta década os chamados “couros do mar” foram inventados. As “peles de peixe” eram preparadas de forma especial e seu tamanho reduzido exigia grande habilidade no manuseio e no design do sapato. Desde 1928, a grife italiana utilizava pele do sea-leopard, um peixe encontrado nas águas do norte. Com a Segunda Guerra Mundial, esse material desapareceu do mercado, sendo reintroduzido por Ferragamo em 1954.
Solas e saltos brilhantes
Saltos em aço ou bronze foram utilizados nos sapatos da marca desde a década de 1920. Mas eles estiveram no auge da moda, sobretudo nos anos de 1950. Em 1955, a marca apresentou uma série de criações importantes. Uma delas foi o salto metalizado em várias cores, revestido com uma lâmina de alumínio, a outra era uma espécie de gaiola no calcanhar, oca e leve, mas bastante resistente. A terceira, e ainda mais engenhosa, era um salto adornado com pedras preciosas, ouro, prata ou metal, cuidadosamente feito à mão. Mas a invenção mais extraordinária foi o solado de metal que Ferragamo desenvolveu em 1956, quando foi chamado para criar o sapato mais caro que já havia produzido: uma sandália em ouro 18 quilates.
Palha e ráfia
O uso de fibras vegetais e palha na confecção de calçados não era exatamente uma novidade, mas antes de Ferragamo reavivá-los, no início dos anos de 1930, o material havia caído em desuso. Quando se instalou em Florença, a indústria de palha, uma das atividades mais prósperas da cidade, inspirou a reintrodução do uso deste material em calçados. A favorita de Ferragamo era a ráfia, uma fibra derivada da folha de uma palmeira do leste africano, que o designer explorava em suas criações de luxo. A inovação proposta foi a adotar essa trama para a parte do dorso do pé, essencialmente nas coleções de verão. Em 1950, palha e ráfia estavam em falta, sendo gradualmente substituídas pelas fibras sintéticas. Ferragamo favoreceu a disseminação de um tipo específico de ráfia sintética chamada “pontovo”, produzida principalmente em Bonito, sua cidade natal.
Celofane
Com as guerras, as indústrias de calçados e vestuário, foram obrigadas a encontrar materiais substitutos para a confecção dos produtos. “Meu primeiro grande desafio foi encontrar um substituto de alta qualidade para pele de cabra. Experimentei muitos materiais, mas nenhum foi satisfatório. Foi então que, numa manhã de domingo, eu encontrei a solução. Minha mãe gostava muito de chocolates, e neste dia eu havia comprado uma caixa de bombons. Ao desembrulhar o chocolate, fiquei encantado com o papel transparente e pensei: aqui pode estar o substituto que eu tanto procurava”. Isso marcou o início da produção de sapatos da SALVATORE FERRAGAMO em papel celofane, trabalhado frequentemente em composições com algodão e outros materiais.
A criatividade de Salvatore Ferragamo contribuiu para o sucesso do design e da moda italiana com invenções que mudaram a história do calçado e que ainda são fontes de inspiração para muitos dos estilistas. As criações dele foram perpetuadas pelos seus filhos, em particular Fiamma, que desenvolveu uma gama de sapatos e acessórios que se tornariam os emblemas mais conhecidos da marca. Até hoje, 90% do processo de produção dos calçados é artesanal, o que faz com não exista dois sapatos da marca absolutamente idênticos. Por dia, cada 30 funcionários produzem, em média, 30 calçados. O couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo montada, em um total de 200 etapas.
O museu
O Museo Salvatore Ferragamo é um museu privado, dedicado à história da empresa SALVATORE FERRAGAMO, a vida de seu fundador e suas criações: as peças de calçados, síntese de busca da estética e de técnicas artesanais inovadoras. Inaugurado no mês de maio de 1995, o museu nasceu por iniciativa da família Ferragamo com a intenção de disponibilizar ao público, estudiosos e, sobretudo, aos jovens, as qualidades artísticas do estilista e o importante papel que desempenhou na história do setor de calçados e também da moda internacional. Seus estudos sobre a anatomia do pé e sobre as formas o levaram a inventar o “método Ferragamo”, uma técnica de artesanato de calçados revolucionária.
O museu está localizado no centro histórico de Florença na Itália. Está instalado no segundo piso do Palácio Spini Feroni, situado na Rua Tornabuoni, nº 2, onde se encontrava o “formarino”, o arquivo de formas em madeira dos pés mais ilustres do mundo do cinema e de famílias reais. No térreo encontra-se a atual loja da SALVATORE FERRAGAMO e pela entrada principal do palácio, através de uma escadaria se tem acesso ao museu que fica no andar superior. São fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos, além da exibição bienal da coleção com mais de 10 mil modelos de sapatos, expostos em rodízio, ordenados cronologicamente e colocados em estantes transparentes que garantem a conservação e correta exposição, para contar de forma única a história da marca e do estilista. A coleção de calçados do museu documenta a intensa atividade desenvolvida por Salvatore Ferragamo desde seu regresso a Itália em 1927 até 1960, ano de sua morte. A coleção manifesta a capacidade técnica e artística de Salvatore, que na escolha das cores, na fantasia dos modelos e na experimentação dos materiais, ofereceu uma contribuição fundamental ao desenvolvimento e a firmação do conceito “Made in Italy” no mundo.
Alguns modelos demonstram o contato entre Salvatore Ferragamo e os artistas da época, tal como o pintor futurista Lucio Venna, autor de quatro esboços da conhecida marca de calçados; outros provam sua contínua experimentação em busca da perfeita aderência do calçado ao pé, e na invenção de detalhes e materiais, desde a famosa sola de cunha de cortiça, patenteada em 1936 e imediatamente copiada por todo o mundo, até a utilização da ráfia, pele de peixe e celofane, que foi usada por ele durante o período das guerras. Não foi por acaso que Salvatore Ferragamo ao regressar para a Itália dos Estados Unidos, se instalou em Florença. Suas belezas, seu passado, seus monumentos, o artesanato ativo, constituem um patrimônio que pertence não somente a Itália, mas ao mundo inteiro. Cidade da arte, Florença é um símbolo também de elegância e do estilo italiano. Para quem, como Ferragamo, havia levado seu ofício a uma atividade artística, não existia lugar melhor para estabelecer-se e organizar seu próprio trabalho e sua vida privada. Por tudo isso, Florença é parte integrante da cultura da marca SALVATORE FERRAGAMO, tal como é o Palácio Spini Feroni, a sede do museu.
Dados corporativos
● Origem: Itália
● Fundação: 1927
● Fundador: Salvatore Ferragamo
● Sede mundial: Florença, Itália
● Proprietário da marca: Salvatore Ferragamo S.p.A.
● Capital aberto: Sim (2011)
● Chairman: Ferrucio Ferragamo
● CEO: Eraldo Poletto
● Faturamento: €1.43 bilhões (2015)
● Lucro: €174.5 milhões (2015)
● Valor de mercado: €3.49 bilhões (setembro/2016)
● Lojas: 662
● Presença global: 90 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 4.000
● Segmento: Moda e calçados de luxo
● Principais produtos: Sapatos, roupas, bolsas e perfumes
● Concorrentes diretos: Jimmy Choo, Manolo Blahnik, Christian Louboutin, Roger Vivier, Christian Dior, Prada, Fendi, Gucci, Missoni e Chanel
● Ícones: Os luxuosos sapatos
● Website: www.ferragamo.com
A marca no mundo
Atualmente a marca possui 662 lojas localizadas em mais de 90 países, apresentando produtos que englobam de sapatos, roupas, bolsas, echarpes, até gravatas, óculos, relógios e perfumes, tanto femininos como masculinos. Com faturamento superior a €1.4 bilhões em 2015, a SALVATORE FERRAGAMO se transformou em um dos mais importantes impérios da moda italiana. Os calçados representam 42% do faturamento, seguidos pelos produtos de couro e bolsas com 37%. Mundialmente, a região da Ásia-Pacífico representa 36.1% das vendas da grife, a Europa responde por 26.6%, a América do Norte por 23.3% e o somente Japão é responsável por 8.9% do faturamento. Os perfumes, assim como os outros produtos, são “Made in Italy” e exportados para as mais de 15.000 perfumarias que comercializam SALVATORE FERRAGAMO.
Você sabia?
● À SALVATORE FERRAGAMO foi concedida a primeira patente de uma criação de moda, em 1937.
● São assinados pela SALVATORE FERRAGAMO todos os sapatos usados pela cantora Madonna para encarnar Evita, no filme de Alan Parker, de 1996.
● Lungarno Hotels Collection é a coleção de hotéis luxuosos da família Ferragamo, que possui quatro propriedades em Florença e uma em Roma. O Portrait Suites, na capital italiana, é o mais novo e seus interiores contam a história do patriarca Salvatore Ferragamo. Já em Florença, o Gallery Hotel Art, reúne uma clientela descolada e tem sempre exibições de arte e fotografia no lobby. No Hotel Lungarno, todos os espaços comuns oferecem vista espetacular para o Rio Arno. Já o Lungarno Suites, transmite a sensação de estar em um apartamento florentino. E o Continentale inspira-se nos anos de 1950 para os viajantes românticos. A coleção inclui, ainda, uma vila nos arredores de Florença, a Villa Le Rose (para ser inteiramente alugada) e um veleiro com quatro suítes e tripulação, na costa da Toscana.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Travel Whiz, View, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor Econômico), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
Fonte: Mundo das Marcas, publicado em 28 de julho de 2006, atualizado em 1 de setembro de 2016. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Linha do tempo - Site Salvatore Ferragamo
1898 - Salvatore Ferragamo nasce em Bonito
Salvatore Ferragamo nasceu em 5 de junho de 1898 em Bonito, a cem quilômetros de Nápoles. Ele era o décimo primeiro de 14 filhos, e seus pais, Antonio e Mariantonia Ferragamo, trabalhavam nos campos que possuíam, cada um com quatro hectares ou um pouco mais.
A família era pobre e a vida era difícil. Muitos dos irmãos de Salvatore foram forçados a deixar a Itália e emigrar para os Estados Unidos para tentar a sorte. Salvatore os seguiria em breve.
Desde criança, o pequeno Salvatore sonhava em ser sapateiro. Ele passou suas horas assistindo o sapateiro no trabalho da cidade, embora seu pai o desaprovasse porque ser sapateiro era considerado a profissão mais humilde. Quando sua irmã Giuseppina ia fazer a Primeira Comunhão, a família Ferragamo não tinha dinheiro para pagar pelos sapatos brancos ditados pela tradição. Foi uma vergonha para a família.
Salvatore pegou emprestado unhas, fios, telas brancas e as ferramentas necessárias do sapateiro da aldeia. Naquela noite, em segredo, ele começou a fazer seu primeiro par de sapatos. Eles estavam prontos pela manhã e sua irmã pôde ir à igreja com sapatos brancos novos para o espanto de todos. Salvatore tinha nove anos na época. Ele encontrou seu destino. Eu seria um sapateiro.
1909 - Pobre em Nápoles
Aos 11 anos, com apenas alguns centavos no bolso, Salvatore veio a Nápoles para aprender mais sobre a fabricação de calçados. A cidade foi e continuou sendo uma das capitais do luxo. Salvatore abriu sua própria loja de sapatos em sua cidade natal com seis trabalhadores, todos mais velhos que ele.
1915 - Emigração para os Estados Unidos
Em 24 de março de 1915, o nome Ferragamo apareceu na lista de passageiros do navio a vapor Stampalia, originalmente de Nápoles com destino a Nova York. O jovem de dezesseis anos decidiu deixar seu negócio para se encontrar com seus irmãos que emigraram para a América. Foi motivado por um desejo de melhorar a si mesmo, de aprender o segredo do sapato perfeito. Por 200 liras, ele comprou um ingresso de terceira classe. Sua cabine era tão suja e estreita que, durante a viagem, ele decidiu subir para a segunda classe pagando uma diferença de 75 liras, o que representava quase todo o dinheiro que ele trouxe. Salvatore finalmente desembarca na Ilha Ellis em 7 de abril de 1915, depois de quinze dias no mar.
Para entrar nos Estados Unidos, ele teve que provar ao escritório de imigração que tinha US$ 20. Salvatore decidiu trocar o pouco dinheiro que havia deixado por uma nota de um dólar e o envolveu em um rolo de pedaços de papel amarrados com um elástico. Eu esperava que os funcionários da alfândega estivessem muito ocupados e que não percebessem o engano. É assim que ele entra na América e imediatamente se sente em casa. Durante duas semanas, ele trabalhou na fábrica de calçados em Boston, uma das empresas mais importantes da Costa Leste, mas não ficou surpreso. Os sapatos feitos à máquina não tinham a mesma qualidade que ele e a maioria dos artesãos italianos poderiam fazer à mão.
Santa Bárbara
Em 1915, Salvatore Ferragamo se mudou para Santa Bárbara, na Califórnia, para se reunir com seus irmãos Alfonso, Girolamo e Secondino. Ele ficou impressionado com a beleza da paisagem, que o lembrava da Itália, e ficou muito fascinado com a cidade, que já era um destino turístico, e onde os primeiros estúdios de cinema logo seriam construídos. Sua entrada no mundo do cinema foi através de seu irmão Alfonso, que tinha um emprego na American Film Company engomando trajes de passar, e seu primo Jerry, que teve um papel recorrente na série The Diamond from the Sky (1915), para a qual Ferragamo forneceria seus primeiros sapatos. A série estrelou Lottie Pickford, irmã da mais conhecida Mary Pickford. E foi no armário do estúdio que Salvatore viu pela primeira vez um par de botas jeans que foram usadas em filmes de faroeste. Ele sentiu que seu novo desafio seria aperfeiçoar esse tipo de sapato. Ele completou com sucesso um pedido de botas jeans, confortáveis e bem feitas, e com isso as portas de Hollywood se abrem para ele. Ele imediatamente se sente em casa.
Salvatore abriu uma loja em Mission Canyon, perto da Mission Street, onde a American Film Company estava localizada. Pouco depois, ele e seus irmãos mudaram a loja para a 1033 State Street e se mudaram para morar na 719 California Street. Lottie e Mary Pickford, Pola Negri, as irmãs Costello, Lolita Lee, Dolores del Río, Barbara La Marr se tornaram seus clientes fiéis.
1916 - O sapato perfeito
Salvatore Ferragamo rapidamente aprendeu inglês e se sentiu pronto para estudar anatomia para entender a estrutura do pé, sobre a qual todo o esqueleto repousa. Essa foi a razão pela qual ele veio para a América. Em 1916, ele se matriculou nas aulas noturnas da Divisão Estendida da Universidade do Sul da Califórnia em Los Angeles e, no final do curso, descobriu o segredo do ajuste perfeito. Ele descobriu que o peso do corpo repousa sobre o arco.
Na fabricação tradicional de calçados, os sapatos eram fabricados apoiando a junta e o calcanhar, sem se preocupar se eram confortáveis. Isso não significa, diz Salvatore, que o arco do pé deve ter um suporte?
A natureza criou o pé humano com essa forma arqueada para que, como na arquitetura, ele possa suportar mais peso do que uma superfície plana. A tarefa do arco plantar, no entanto, vai muito além, uma vez que suporta o peso em movimento.
Como os arquitetos, Salvatore usou uma fileira de chumbo para suas demonstrações para encontrar a linha média que desce verticalmente da cabeça até o arco do pé. Salvatore inseriu uma chapa de aço para apoiar o arco, dando ao pé a oportunidade de se mover como um pêndulo. Esta foi a descoberta que o levou ao sucesso.
1920 - A primeira patente
Quando a American Film Manufacturing Company decidiu se mudar para Hollywood, que estava ganhando a liderança na indústria cinematográfica global, Ferragamo, cada vez mais envolvido nas produções do estúdio, também começou a pensar em deixar Santa Barbara. No entanto, o plano foi quase frustrado em 4 de fevereiro de 1920, quando ele estava dirigindo em Ventura e seu carro falhou, causando um acidente e a morte de seu irmão Eliodoro. No Bard Memorial Hospital, em Ventura, ele foi submetido a um tratamento extremamente doloroso para puxar a perna com uma tala, o que foi ineficaz. A medicina ortopédica naquela época ainda estava se separando da medicina geral e a fisioterapia estava apenas começando. Salvatore colocou em prática em seu próprio corpo o que havia aprendido em suas aulas de anatomia. Durante os seis meses em que esteve no hospital, ele criou e construiu um cilindro para segurar a perna, que mais tarde patenteou como um dispositivo para apoiar os membros feridos. Eventualmente, seria distribuído por uma empresa com sede em Chicago, especializada em itens ortopédicos.
1923 - A loja de botas de Hollywood
Em abril de 1923, a imprensa de Hollywood informou que John Bohannon havia vendido a Salvatore Ferragamo a licença da Hollywood Boot Shop, uma das empresas mais antigas e elegantes da cidade.
O edifício de dois andares, que estava localizado na 6687 Hollywood Boulevard, na esquina da Las Palmas Boulevard, gozava de uma localização invejável em frente ao Grauman's Egyptian Theatre, onde todas as estreias de filmes e muitas apresentações teatrais ocorreram. Em 4 de dezembro de 1923, o Teatro Egípcio mostrou Os Dez Mandamentos, dirigido por Cecil B. DeMille, que pediu a Ferragamo para projetar e produzir os sapatos para o filme.
A partir desse momento, a produção de Salvatore em Hollywood foi dividida em três categorias: sapatos para estúdios, sapatos encomendados por clientes particulares e sapatos para as apresentações de Grauman.
Salvatore morava na 2222 North Beachwood Drive.
1923-1927 - Colaboração com cinema
Em 1923, Cecil B. DeMille contratou Ferragamo para projetar e produzir os sapatos para seu novo épico, Os Dez Mandamentos (1923). O trabalho foi intenso e levou Ferragamo à biblioteca da cidade para investigar os designs e soluções que funcionariam melhor com os figurinos projetados por Clare West. O diretor ficou encantado com seu trabalho e, em 1926, pediu a Ferragamo para fazer os sapatos para "The Volga Boatman". Em 1927, DeMille contratou Ferragamo para fazer os sapatos para outro filme importante, "King of Kings" (1927). DeMille não foi o único diretor com quem Ferragamo trabalhou. Havia David Wark Griffith com "Way Down East" (1920) e "The White Rose" (1923), James Cruze com "The Covered Wagon" (1923) e Raoul Wash com "The Thief of Baghdad" (1924), estrelado por Douglas Fairbanks, que frequentava regularmente a loja. Muitas estrelas tinham a mesma idade que Salvatore ou eram ainda mais jovens, e Ferragamo não era apenas o homem que fazia seus sapatos. Ele era um amigo. Seu compatriota italiano Rudolph Valentino costumava passar por um prato de espaguete e John Gilbert, Valentino e Fairbanks passaram seus fins de semana com Ferragamo, nadando no Lago Arrowhead.
1925 - A abertura da loja de Hollywood
Em 19 de fevereiro de 1925, após uma longa remodelação, Ferragamo abriu a nova loja na 6683 Hollywood Boulevard, uma porta a leste da entrada anterior. Os interiores foram decorados no estilo do Renascimento italiano, com colunas clássicas, batik nas paredes para se parecer com tapeçarias do século XIV, sofás esculpidos à mão e cortinas exuberantes. A imagem que Ferragamo pretendia projetar era a da Itália que os americanos amavam, da Itália renascentista, arte e cultura. Mais do que uma loja, era uma sala de estar com uma atmosfera calorosa e íntima. A fotografia da inauguração mostra os inúmeros convidados, incluindo várias estrelas de cinema, como Mary Pickford, Douglas Fairbanks, Gloria Swanson, Monty Banks e Rudolph Valentino. A Hollywood Boot Shop era tão famosa que apareceu no filme Show People, do Rei Vidor, em 1928. Em sua autobiografia de 1957, Salvatore Ferragamo lembra as ordens incomuns que recebeu de estrelas como Gloria Swanson, Lillian Gish, Jean Harlow e Greta Garbo. Ele criou uma bota elástica para Lola Todd usar como meia com sua pele de leopardo. Para Alice White, a secretária de Charlie Chaplin que virou atriz, considerada uma verdadeira entusiasta da moda, projetou saltos elegantes de dois tons. O Arquivo de Salvatore Ferragamo mantém muitos desses sapatos hoje. O par mais extravagante que ele fez naquele período foi para uma princesa indiana, decorada com as penas do beija-flor, o menor animal do mundo. Ele pagou US$ 500 pelos sapatos, o que naquela época era uma fortuna.
1926 - Cidadania Americana
O designer de vinte e cinco anos ganhou o respeito de líderes proeminentes da cidade e, em 19 de fevereiro de 1926, tornou-se cidadão dos Estados Unidos.
Ferra-gamo Inc. e o retorno à Itália
Em 1926, Salvatore Ferragamo havia feito seu nome no mercado em torno da indústria cinematográfica americana, mas não parou por aí. Eu queria mais do que fazer sapatos personalizados para um pequeno número de clientes ricos. Eu queria expandir a produção, mantendo a mesma alta qualidade e estilo.
Em fevereiro de 1926, com financiamento de investidores, ele fundou a Ferra-Gamo Incorporated, da qual foi presidente. Ele teve uma ideia para os sapatos feitos na Itália e distribuídos pela loja de Hollywood para clientes americanos e talvez europeus.
Ferragamo deixou os Estados Unidos para a Itália em 1926 ou início de 1927, de acordo com alguns jornais.
1927 - A chegada em Florença
Depois de uma turnê pela Itália e uma estadia em Nápoles, onde Salvatore recebeu seu treinamento, no verão de 1927 ele chegou a Florença, que escolheu por sua reputação histórica como uma cidade de arte, cultura e negócios. Ferragamo foi cativado pela beleza da capital toscana e filmou a cidade com a câmera que havia comprado na América, capturando a Galeria Uffizi, o Lungarno (as ruas ao longo do rio Arno), a Piazzale Michelangelo e a colina de Fiesole, onde logo faria sua casa. Florença havia se tornado recentemente o centro da estratégia nacional do governo fascista para relançar o artesanato e o turismo italianos. No entanto, as reuniões de Ferragamo com mestres sapateiros o deixaram desapontado. Muitos estavam céticos sobre suas novas técnicas para fazer sapatos e medir pés. Apenas os artesãos mais jovens mostraram curiosidade e interesse em seu plano. Salvatore então abriu uma fábrica que serviria como campo de treinamento para 75 aprendizes sob sua supervisão. Ele resgatou o patrimônio artesanal da cidade e o fundiu com o sistema de produção das fábricas americanas, dividindo o processo em etapas. Sua fábrica estava localizada na via Mannelli 57 (o prédio agora é a 109th Street), perto da estação de trem Campo di Marte, que serve a linha ferroviária Florença- Roma, a primeira etapa da viagem que seus sapatos fariam para chegar aos Estados Unidos. Iniciativas para promover artesãos na Itália convenceram Ferragamo a ficar e solicitar residência em Florença.
1928-1930 - Os primeiros anúncios publicitários
Ferragamo colocou em prática a pesquisa que realizou na Califórnia, combinando suas descobertas com artesanato tradicional florentino, como bordados, rendas Tavarnelle e palha tecida que foram usadas para fazer os famosos chapéus florentinos. Para seus sapatos de cana de palha criados em 1930, ele registrou uma marca específica, "Pompeian by Ferragamo", em homenagem às recentes descobertas na Villa dei Misteri, em Pompéia.
A relação de Salvatore com os movimentos artísticos e culturais da época era igualmente próxima e transcendente. Essa relação está documentada em suas colchas de retalhos inspiradas nos têxteis americanos e no trabalho de Sonia Delaunay e em seu uso de cores brilhantes e brilhantes e telas pintadas. Salvatore conheceu o pintor futurista Giuseppe Landsmann, conhecido por todos como Lucio Venna, que abriu uma empresa de publicidade e design gráfico em Borgo degli Albizi, Florença.
O sapateiro contratou Lúcio Venna para projetar o logotipo de seus sapatos, anúncios e um folheto.
1929 - Patentes para invenções e decorações
Em 9 de julho de 1929, Salvatore Ferragamo registrou uma patente na Itália por sua invenção mais famosa, a chapa de aço inserida em seus sapatos para segurar o arco do pé. Ele também patenteou muitos estilos de calçados, mostrando sua extraordinária previsão. Ele não apenas criou sapatos artesanais exclusivos, mas também considerou como eles poderiam ser copiados e como ele poderia protegê-los.
A empresa estava florescendo e seu presidente decidiu solicitar residência em Florença em 24 de janeiro de 1929. Enquanto isso, ele optou pela cidadania italiana e decidiu se juntar à sua família.
1929-1933 - A queda de Wall Street e a falência
A queda do mercado de ações em 1929 não deixou a Ferra-Gamo Incorporated ilesa, já que os negócios da empresa estavam profundamente entrelaçados com os Estados Unidos. A pressão de seus acionistas americanos e a decisão, que Ferragamo antecipou o máximo que pôde, de vender a loja de Hollywood, levaram Salvatore a estabelecer uma empresa totalmente italiana, da qual ele seria de propriedade integral. Quando a década de 1930 chegou, a jovem empresa estava lidando com os efeitos negativos da crise: a instabilidade econômica nos Estados Unidos e em todo o mundo exacerbou as dificuldades de um modelo produtivo que precisava consolidar estratégias e processos organizacionais. Ferragamo tentou se manter à tona, mas a situação piorou e o levou a declarar falência perante a Corte de Florença em agosto de 1933.
Mais uma vez, o modelo de produção teve que ser redesenhado e Ferragamo viu a importância de ter clientes locais e uma fábrica no coração de Florença.
1937 - A patente do salto de cunha
A criatividade de Salvatore Ferragamo disparou na década de 1930 e durante a guerra, quando os obstáculos pareciam estimulá-lo. Em março de 1936, Benito Mussolini impôs um extenso programa de nacionalização e protecionista no país, que foi resumido como autarquia. Foi sua resposta às sanções comerciais que a Liga das Nações adotou contra a Itália em outubro de 1935 por sua agressão militar na Etiópia. O melhor aço era necessário para as armas e a qualidade do aço alternativo era tão ruim que Ferragamo não poderia usá-lo para as placas que tornavam seus sapatos tão únicos. Salvatore resolveu o problema preenchendo o espaço entre o calcanhar e a sola do pé com pedaços de cortiça da Sardenha, que ele pressionou e bateu. Nasceu o primeiro salto de cunha. Ele era atraente e confortável, e rapidamente se tornou seu estilo mais popular.
A invenção aparece na patente 354889 de 13 de dezembro de 1937.
A primeira loja Ferragamo no Palácio Altoviti Sangalletti
A primeira loja documentada de Salvatore Ferragamo em Florença consiste em um quarto individual com uma borda na rua dentro do Palácio Altoviti Sangalletti na via Tornabuoni. A existência da loja é documentada por fotos de arquivo e um item de moda que apareceu em "Vogue USA" em 1937. Neste último, acompanhado por um esboço que mostra a projeção com a vitrine, o jornalista descreve a experiência dentro da loja: "não mais do que 4 metros de largura", mobiliado com quatro assentos e os sapatos visíveis no chão.
Como pode ser visto na placa na janela, a atividade é chamada de Ferragamo e é apresentada na forma de uma sociedade limitada.
1938 - A Salvatore Ferragamo S.P.A. é fundada e Ferragamo inicia o processo de compra do Palazzo Spini Feroni e do Palagio
Em 1936, Ferragamo aluga, através de sua irmã, já que foi proibido de negociar devido à falência, algumas salas do histórico Palácio Spini Feroni, um edifício simbólico da Florença medieval e reinicia toda a sua atividade. Apenas alguns anos após a falência, Salvatore retorna ao sucesso e funda a Salvatore Ferragamo S.p.A. Também consegue iniciar o processo de compra gradual de diferentes pacotes de ações da propriedade da Palazzo Feroni Joint Stock Company, constituída em Florença em 1928. Desde então, o Palácio Spini Feroni tem sido a sede da empresa Ferragamo. No mesmo ano, ele abriu uma loja na Via Condotti, 65 em Roma, e na Old Bond Street, 24 em Londres.
Um mês depois de começar a adquirir as ações do palácio, ele começa a procurar uma casa para comprar e encontra a que corresponde aos seus desejos, nas colinas de Fiesole, o Palácio.
1939 - Guerra e escassez de materiais
Nestes anos, a escassez de materiais para calçados exacerba a imaginação de Ferragamo. É assim que nascem os dentes do pé de cânhamo, feltro e pele de peixe. Salvatore também recorre ao celofane, observando o papel dos chocolates, brilhantes e elásticos. Torcido com fios de seda coloridos, pode ser de malha ou malha, produzindo um efeito original e elegante.
Em 1939, Salvatore Ferragamo abriu uma loja em Milão, na Via Montenapoleone, 23 anos.
Na véspera da eclosão do segundo conflito mundial, a empresa tinha 400 funcionários e uma produção de 200 pares de sapatos por dia, mas com a entrada direta da Itália na guerra, ela é drasticamente reduzida.
1940 - Casamento com Wanda Miletti
Em 9 de novembro de 1940, Salvatore Ferragamo se casou com Wanda Miletti em Nápoles. Wanda era filha do prefeito e doutor de Bonito. Ela tinha apenas 19 anos quando o casal se casou logo após o encontro durante uma das viagens de Salvatore à sua cidade natal. Foi amor à primeira vista.
1942 - "Documento de moda"
"Documento Moda" foi uma revista de moda e têxtil publicada pelo National Fashion Institute, uma organização fascista criada para promover o desenvolvimento do estilo italiano. Entre 1941 e 1943, a revista dedicou uma série de edições a Ferragamo, que era famoso por ter comercializado com sucesso seus sapatos em outros países, especialmente nos Estados Unidos, promovendo a qualidade do artesanato italiano fora da Itália e por ter usado os materiais disponíveis durante a autarquia, como cânhamo, celofane e cortiça.
Patentes para defesa
Nem todas as patentes de Ferragamo eram para sapatos. A patente 405472, de 14 de agosto de 1943, era para um sistema de ataque e defesa de aeronaves. A patente 405527, emitida em 18 de agosto de 1943, era para a construção de um forte marítimo, uma unidade independente a bordo que poderia mergulhar e operar quando estivesse parcialmente submersa. A patente 405769 para um torpedo de lançamento múltiplo foi aprovada em 7 de setembro de 1943.
1945 - Uma chamada para recomeçar
Na edição de novembro de 1945 da prestigiada revista de moda "Bellezza", Riccardo Magni, um pintor e ilustrador florentino, publicou um desenho representando um sapato Ferragamo como o único sobrevivente dos bombardeios de Florença.
No mesmo mês, novembro de 1945, a Ferragamo estabeleceu uma sociedade de responsabilidade limitada chamada "Ferragamo Esercizi & C. S.p.A." distribuir exclusivamente os produtos da empresa Salvatore Ferragamo, com sede em Florença. A nova empresa já obteve lucros um ano depois, mas 1947 marcou a recuperação definitiva dos negócios da Ferragamo, quando novas lojas foram abertas em Roma, Milão e Gênova e a marca ressurgiu nos mercados europeu e americano.
1946 - "Primeiros passos"
Em 1946, a Ferragamo lançou uma nova linha de sapatos infantis chamada "Primi passi" ou "First Steps", com uma sola antiderrapante com espaços ocos para aliviar seu peso e um piso para agarrar a superfície.
1947 - O prêmio Neiman Marcus
No verão de 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a famosa loja de departamentos americana Neiman Marcus convidou Salvatore Ferragamo para Dallas para receber o prêmio de moda Neiman Marcus por ter combinado o classicismo italiano e a tradição artesanal com a engenhosidade moderna. Estabelecido em 1938, o prestigioso prêmio só havia sido concedido a designers americanos até 1947, quando, em seu 40o aniversário, Neiman Marcus abriu as portas para a moda europeia. Junto com Ferragamo, os outros vencedores foram Christian Dior como a principal criadora da moda francesa, Irene de Hollywood por seu gosto impecável em exibir moda através da indústria cinematográfica americana e Norman Hartnell, o alfaiate da família real inglesa, por seu trabalho como criadora versátil de moda simples e sofisticada. Em 22 de agosto, Ferragamo e sua esposa Wanda embarcaram na rainha Elizabeth com destino a Nova York. Christian Dior, a quem Salvatore nunca conheceu, também era um passageiro. O alfaiate francês perguntou a Ferragamo se ele poderia dar uma olhada nos sapatos que o sapateiro havia trazido com ele e estava animado ao descobrir que os sapatos eram o complemento perfeito para suas roupas, embora Ferragamo nunca o tivesse visto antes.
A cerimônia de premiação foi realizada em 8 de setembro de 1947 perante o vice-presidente da Neiman Marcus, Stanley Marcus, e foi seguida por um desfile de moda, no qual os sapatos Ferragamo foram combinados com peças Dior.
Os sapatos que Salvatore Ferragamo trouxe com ele para Dallas em 1947 incluíam as sandálias "invisíveis" de Ferragamo com um salto de cunha de madeira em forma de "F". A cunha era coberta de couro e a parte superior era feita de linha de pesca de nylon transparente. Ferragamo teve a ideia de um trabalhador, Alfonso Caldini, que depois de pescar no Arno, retornou com um peixe grande que havia capturado com um novo tipo de linha de pesca feita de nylon. "O peixe não consegue ver", explicou ele a Salvatore.
A sandália invisível foi um grande sucesso, em parte graças à sua cobertura favorável na imprensa internacional. O preço de um par foi de US$ 29,75, o equivalente ao preço de quatro toneladas de carvão.
Eva Perón, cliente da Salvatore Ferragamo
Em 24 de outubro de 1946, Juan Domingo Perón foi eleito presidente da República Argentina. Sua esposa Eva, chamada Evita pelo povo, se torna primeira-dama. Em junho de 1947, Evita e seu marido viajaram para a Europa. Entre as etapas estão a Itália e Roma. A partir desse momento, ele se tornou cliente de Salvatore Ferragamo até sua morte em 26 de julho de 1952. Salvatore Ferragamo cria muitos modelos para ela, quase todos feitos com peles de animais originários dos Andes e da América do Sul. Ferragamo a define em sua autobiografia como "a mulher mais inteligente" que ela já conheceu.
Em 1996, o filme Evita, de Alan Parker, interpretado por Madonna, foi lançado. Salvatore Ferragamo fabrica os sapatos para a atriz, em colaboração com a figurinista Penny Rose, que reproduz alguns dos modelos que Salvatore havia feito para a esposa do primeiro-ministro na década de 1950.
1948 - Salvatore Ferragamo abre sua primeira loja em Nova York
Em 1948, a primeira loja operada diretamente pela marca foi inaugurada na 424 Park Avenue.
1949 - Salvatore Ferragamo convida Christian Dior para Florença
Em abril de 1949, Christian Dior chegou a Florença a convite de Ferragamo para participar de uma exposição de moda realizada em várias partes da cidade. Os dois designers falaram sobre a criação de um centro de moda em Florença no Palazzo Spini Feroni, sede da Ferragamo, que celebraria a moda internacional, mas o projeto nunca foi realizado.
Pietro Annigoni pinta Salvatore Ferragamo
Em 1949, o artista florentino Pietro Annigoni, que Ferragamo conhecia desde a década de 1930, quando o Palazzo Spini Feroni abrigou a galeria de arte Bellini, pintou um retrato de Salvatore Ferragamo como artista, criando uma de suas melhores obras.
1949-1960 - Estrelas no Palazzo Spini Feroni
Durante o boom econômico, o "sapaiteiro das estrelas", como Salvatore Ferragamo era conhecido, atingiu o auge de seu sucesso, contando entre seus clientes as mais famosas estrelas de cinema italianas e internacionais, de Audrey Hepburn a Anna Magnani, de Greta Garbo a Sophia Loren, bem como membros da alta sociedade, como Soraya da Pérsia Quando Audrey Hepburn chegou ao Palazzo Spini Feroni em 1954, ela tinha acabado de ganhar o Oscar por sua atuação no Roman Holiday. Ela estava acompanhada por Anita Loos, cliente de Ferragamo por um longo tempo desde seus dias em Hollywood e famosa autora do livro Gentlemen Prefer Blonds. Ferragamo criou uma de suas patentes mais famosas para Audrey Hepburn, a sola em forma de concha, que é mais usada em seus sapatos de balé.
Salvatore dividiu as mulheres que compraram seus sapatos em três categorias de acordo com o tamanho de seus pés. Cinderela usava sapatos menores que seis. De acordo com Ferragamo, eles eram femininos e amantes da moda. Para serem verdadeiramente felizes, disse ele, eles devem estar apaixonados. Ele listou Mary Pickford, Joan Crawford e Jean Harlow, bem como a Rainha da Grécia, a Duquesa de Windsor e o Maharani de Cooch Behar, como Cinderela. A Vênus era tamanho seis. Eles geralmente eram muito bonitos, mas sob seu exterior brilhante eles amavam as coisas simples da vida e muitas vezes eram mal interpretados devido a esses dois traços. Ferragamo considerou Marilyn Monroe uma Vênus. Os aristocratas eram tamanho sete em diante, como Greta Garbo, Audrey Hepburn e Lauren Bacall. Ele os descreveu como sensíveis com grande compreensão, mas apontou que eles poderiam estar irritados.
1951 - Salvatore Ferragamo participa do primeiro desfile de moda italiano
Em 12 de fevereiro de 1951, Salvatore Ferragamo participou do primeiro desfile de moda verdadeiramente italiano organizado pelo comprador Giovanni Battista Giorgini no salão de baile de sua casa, Villa Torrigiani, em Florença, com a imprensa internacional e os compradores americanos.
Ferragamo participou do desfile com a sandália Kimo criada para os vestidos projetados pelo alfaiate romano Emilio Schuberth. Inspirado no sapato tabi japonês, ele foi usado com uma meia de couro ou cetim para combinar com a cor de cada vestido.
A arquitetura da loja de Florença
Em fevereiro de 1951, a loja de Salvatore Ferragamo em Florença foi publicada na revista "Architetti".
1952 - A parente do anemômetro e o enxerto de um picos duplos
Os muitos interesses de Salvatore Ferragamo também são demonstrados por patentes que não se referem a sapatos. Entre eles está a patente 469884 emitida em 14 de outubro de 1950 e aprovada em 17 de março de 1952, que se refere à construção de um dispositivo para carregar acumuladores elétricos, usando a energia motriz do vento.
Entre as outras paixões de Salvatore, havia também agricultura e cuidados com as plantas. Wanda Ferragamo lembra que Salvatore, através de seus testes de enxerto, obteve uma espiga dupla de trigo.
1954 - Salvatore Ferragamo colabora com Elda Cecchele
A partir de 1954, Salvatore Ferragamo, por alguns anos, fez alguns sapatos com tecidos especiais, obtidos entrelaçando couros, fios metálicos e fios de celofane, criados por Elda Cecchele, uma tecelã habilidosa e criativa que faz seus tecidos em sua oficina de artesanato em Galliera Veneta (Pádua).
A loja de Nápoles em Piazza Dei Martiri
Em abril de 1954, Salvatore Ferragamo abriu uma loja na Piazza dei Martiri, 60 anos, em Nápoles, a cidade onde morava há alguns meses quando era muito jovem. A loja, criada pelo arquiteto e designer Roberto Mango, tem a aparência de uma sala discreta e reservada, em vez de um estabelecimento comercial.
1954-1962 - Marilyn Monroe e Salvatore Ferragamo
Marilyn Monroe comprou na loja Ferragamo na Park Avenue depois de se mudar para Nova York em 1954 para ter aulas de atuação no Actors Studio. Ele amava os sapatos de Salvatore Ferragamo e os usava em todos os seus filmes. Ele até pediu a sua amiga Amy Greene, esposa do fotógrafo Milton Greene, para comprar alguns pares para ele na Itália. Este foi um momento de transformação para Marilyn, que mudou sua maneira de ser e se vestir. Ele leu, se interessou por arte e poesia, começou a frequentar intelectuais como Karen Blixen, Truman Capote e Arthur Miller, com quem se apaixonou e se casou. Ele comprou dezenas de sapatos Ferragamo até 1962, o ano de sua morte, como mostram as ordens do Arquivo Salvatore Ferragamo. Seus estilos favoritos eram as bombas Filetia e Viatica e, embora ambas tivessem agulhas vertiginosas de dez centímetros, elas nunca ficaram desconfortáveis porque Ferragamo havia patenteado um salto especial para ela, metade madeira, metade aço. Os sapatos agora fazem parte do Arquivo Salvatore Ferragamo. No topo das ordens de sapatos há um desenho do Palazzo Spini Feroni, sede da Ferragamo em Florença, baseado na pintura original de Pietro Annigoni, que foi perdida.
1955 - Pele de leopardo marinho
Em 1954, Ferragamo recuperou a pele dos leopardos marinhos, um peixe encontrado no Mar do Norte, que ele havia usado durante a guerra. Ele chegou a um acordo na Dinamarca com a Sipo Trading Company, que distribuiu pele de leão marinha. O peixe foi capturado ao largo da costa de Thule, enviado para o Royal Greenland Trading Quay e levado de trem para curtidores em Strib, onde não apenas os odores foram eliminados, mas um sistema foi desenvolvido para tingir as peles com novas cores vivas que não desapareceram com o tempo.
Os resultados foram incríveis. O acordo, que afiou um produto nacional dinamarquês com uma marca de renome internacional, foi amplamente divulgado na imprensa e nas redes de televisão locais, obtendo o apoio do governo dinamarquês e da rainha Ingrid, que encomendou sapatos de leopardo marinho para si e suas filhas Margrethe e Anne-Marie em uma variedade de cores
Para celebrar o evento, em 1955, Ferragamo realizou uma recepção no Open Gate Club, em Roma, com Sophia Loren como convidada especial, padroeira e rosto da nova moda.
1956 "Ferragamo DEBS"
Em 1956, a Ferragamo lançou o rótulo "Ferragamo Debs" para sapatos feitos na Inglaterra e parcialmente feitos à máquina. A constante expansão internacional da empresa criou a necessidade de maior produção e a Ferragamo foi forçada a usar máquinas.
A sandália dourada
A sandália de ouro de 18 quilates que Salvatore Ferragamo fez em colaboração com os ourives do Palazzo dell'Oro, perto de Ponte Vecchio, foi uma de suas criações mais incríveis. Para projetar o sapato, ele desenvolveu uma solução interessante para uma sola de metal, que se tornou uma patente 546658, 28 de julho de 1956. Ele criou a sandália para um cliente americano rico que pagou mil dólares.
1957 - Sapateiro dos sonhos
Em 1957, a autobiografia de Ferragamo, Shoemaker of Dreams, foi publicada em inglês. Ele não tinha a intenção de glorificar seu sucesso, mas contar a história de sua vida e obra na primeira metade do século, entre duas guerras e dois mundos, Itália e América.
Dois escritores ingleses, John Desmond Currie e Elisabeth Warner, colaboraram no projeto. Ferragamo agradeceu "por sua ajuda na preparação do manuscrito para a imprensa". Sabemos que John Desmond Currie e Elizabeth Warner usaram o pseudônimo Douglas Warner e que escreveram romances para os filmes.
1958 - A filha de Ferragamo, Fiamma, se junta ao pai para criar sapatos femininos
Em 1958, a filha mais velha de Salvatore e Wanda, Fiamma (3 de setembro de 1941 - 28 de setembro de 1998), deixou o ensino médio para trabalhar com seu pai na criação e produção de sapatos femininos.
Viagem à Austrália e Japão
Em setembro de 1958, Salvatore Ferragamo viajou para a Austrália, onde foi entrevistado no rádio e falou sobre sua autobiografia. O Arquivo Salvatore Ferragamo salva as gravações dessa entrevista.
Durante sua viagem, ele também parou no Japão, um país que sonhava em visitar desde seus dias em Hollywood.
1959 - Giovanna Ferragamo tem seu primeiro desfile de moda no plaza hotel em Nova York
Giovanna, a segunda filha de Salvatore e Wanda Ferragamo (nascida em 26 de março de 1943), deixou seus estudos sobre os Clássicos para fazer cursos de design de moda na Scuola Lucrezia Tornabuoni. O sonho de seu pai era transformar sua empresa, até então especializada em sapatos de luxo para mulheres, em uma casa de moda que pudesse vestir homens e mulheres "da cabeça aos pés", como ele gostava de dizer. Seus seis filhos, uma vez que crescessem, tornariam esse sonho realidade.
Em 1959, Giovanna Ferragamo projetou a primeira coleção de resorts, que ela apresentou no Plaza Hotel, em Nova York. Isso levou à abertura da primeira boutique da marca no segundo andar do Palazzo Spini Feroni e de outra boutique em Beverly Hills, o luxuoso bairro de Los Angeles. Um artigo de 1960 inclui uma fotografia de Giovanna com suas criações: uma saia impressa feita com duas mastigações de seda inspirada em Romo Toninelli, um industrial de Como, que representa e reinterpreta um detalhe da série de pinturas Histórias de Santa Úrsula de Vittore Carpaccio no Museo dell'Accademia em Veneza. As mastigações refletem a prática comum na moda italiana na época de usar padrões retirados do folclore tradicional e da arte italiana.
1960 - A morte de Salvatore Ferragamo
Salvatore tinha uma perspectiva otimista, mas seu estado de saúde se deteriorou no verão de 1960, forçando-o a conceder à sua esposa Wanda maiores poderes para a administração ordinária e extraordinária da Ferragamo S.p.A. em julho. Em 7 de agosto de 1960, em Poveruomo, perto do Forte dei Marmi, Salvatore Ferragamo morreu. Ele foi enterrado no cemitério de San Domenico, perto de Fiesole, na capela da família. Wanda, que até então era dona de casa e mãe de seis filhos, assumiu a empresa, tornando-se uma empresária astuta e capaz. Ao lado dele estavam suas filhas mais velhas, Fiamma e Giovanna.
Wanda Ferragamo está à frente da empresa
Wanda, a quem Salvatore Ferragamo, um mês antes de sua morte, já havia delegado poderes ordinários e extraordinários, se torna um motor de mudança de negócios, apoiado pelas filhas do lado criativo e por Jerry, filho de um irmão de Salvatore, em termos de estratégias para otimizar a mecanização da produção de calçados.
A partir desse momento, Wanda se torna a guia inteligente e sólida da empresa Salvatore Ferragamo, conseguindo combinar perfeitamente feminilidade e cuidado familiar com compromisso em seu trabalho e na sociedade. Um resultado alcançado sem grande orgulho, mas com firmeza.
A marca de calçados foi alterada neste período para incluir o nome do fundador, Salvatore. Em 1982, o logotipo passará por um redesenho que incluirá a estilização de sua assinatura.
1961 - Lenço de um artista
O primeiro lenço assinado pela Ferragamo foi produzido em 1961 pela empresa Ravasi de Como e foi assinado por um artista, Álvaro Monnini, fundador da Geometric Abstentionism, que naqueles anos também se dedicava a gráficos publicitários. O lenço representa o Palácio Spini Feroni em Florença, casa de Salvatore Ferragamo desde 1938. É provável que a ideia tenha nascido mais cedo, quando Salvatore Ferragamo ainda estava vivo devido à interpretação irônica e de conto de fadas que permeia o design, com uma correlação precisa entre o edifício histórico e a profissão do proprietário, também na borda que representa as ferramentas do comércio do sapateiro. Este lenço não é apenas um acessório para usar, mas também um anúncio para a empresa.
1961 - Nasce a primeira fragrância de Ferragamo
Gilio foi a primeira fragrância de Salvatore Ferragamo. Foi criado pelo testamento de Wanda Ferragamo, embora provavelmente já tenha sido concebido quando Salvatore Ferragamo ainda estava vivo. Com seu belo frasco de vidro Baccarat e embalagens refinadas, foi mais um presente para os melhores clientes do que um produto de venda. O nome lembra o lírio da cidade de Florença, mas, como no exterior eles teriam pronunciado "Gi-g-lio" com um G duro, o "g" foi removido e chamado de Gilio. Só foi comercializado nas lojas Ferragamo por alguns anos.
Em 2019, este perfume foi relançado na linha Ferragamo's Creations.
1963 - Ferruccio Ferragamo se junta à empresa
Em 1963, Ferruccio Ferragamo, terceiro filho da classe 1945 (9 de setembro), por ordem de nascimento de Salvatore e Wanda Ferragamo, entra na empresa familiar, com um plano de treinamento que o leva a experimentar os diferentes departamentos da empresa, desde a loja de calçados ou o arquivo, até a produção de calçados femininos com Jerry Ferragamo, em um momento fundamental para a empresa Salvatore Ferragamo, na qual o artesanato e a fabricação sob encomenda são abandonados em favor da produção industrial, mantendo a qualidade pela qual a marca Ferragamo foi reconhecida. em todo o mundo.
Juntamente com Fiamma e Jerry, Ferruccio foi o criador de uma nova linha de sapatos de grande sucesso, a "Salvatore Ferragamo Boutique", mais comercial e menos cara em termos de produção, mas que continuou a atender aos critérios de conforto da marca.
1965 - Giovanna Ferragamo estreia na sala branca
Giovanna Ferragamo estreia em 1965 na prestigiada Sala Branca do Palácio Pitti, em Florença, onde duas vezes por ano as novidades da moda italiana desfilavam, com suas coleções prontas para usar. Suas roupas estarão presentes na passarela de Pitti, até 1982, quando as apresentações de moda feminina são definitivamente transferidas para Milão.
Uma semana antes do desfile na Sala Branca, Giovan Battista Giorgini, organizador dos desfiles na Sala Bianca, vai ao Palácio Spini Feroni para ver a coleção de Giovanna Ferragamo e decidir se ela faz jus ao prestigiado evento. Um teste importante para Giovanna, que estava esperando seu primeiro filho, Gaetano.
1967 - Fiamma ganha o prêmio Neiman Marcus
Em 9 de fevereiro de 1967, Grand Ballroom do Sheraton-Dallas Hotel. Fiamma Ferragamo, a mais velha dos filhos de Salvatore e Wanda Ferragamo, à frente do setor de calçados e bolsas da empresa, recebe o Prêmio Neiman Marcus em Dallas, o famoso Oscar de moda concedido a seu pai vinte anos antes. Junto com ela, eles recebem o prêmio Valentino, Lydia di Roma, Venturini di Lucca e Emilio Pucci em nome de todos os artesãos florentinos danificados pela inundação de Florença em 1966. A prestigiada revista "Life" dedica uma de suas capas à Fiamma.
A fábrica de osmannoro é inaugurada
Em 1967, a expansão produtiva e organizacional da empresa se concretiza com a transferência do laboratório Varlungo na Via Aretina e dos escritórios administrativos do Palácio Spini Feroni nas maiores instalações da nova fábrica na via Lucchese em Osmannoro, e com a mudança do propósito corporativo da empresa para "fabricação e comércio de calçados Na nova fábrica de Osmannoro, as fases de prototipagem e construção foram concentradas, cuja produção foi baseada em uma rede de pequenas empresas e laboratórios, ligados por contratos exclusivos para Ferragamo, na área napolitana e nos distritos industriais próximos a Florença.
1969 - Editoriais sobre as primeiras bolsas de Ferragamo
Por muitos anos, as lojas Ferragamo venderam bolsas Roberta di Camerino como complemento aos sapatos. Com a morte de Salvatore Ferragamo, a colaboração durou alguns anos até que, na segunda metade dos anos sessenta, com a entrada na empresa de uma designer de calçados, foi decidido criar bolsas e pequenos artigos de couro internamente. O primeiro artigo salvo no Arquivo Salvatore Ferragamo, onde aparece uma bolsa Ferragamo, é de 1969. Inicialmente, os modelos tinham que ser complementares em estilo e cor aos sapatos. Eles então se tornaram acessórios cada vez mais importantes na linha de produtos Salvatore Ferragamo.
1971 - Nascem cachecóis Ferragamo
Em 1971, Fulvia Ferragamo, uma das filhas de Salvatore e Wanda Ferragamo (nascida em 2 de julho de 1950) convenceu Madre Wanda a produzir tecidos exclusivos e estampas de seda com a marca Ferragamo. Assim, ele criou os primeiros lenços com um design original, que seriam seguidos por vinte anos: animais feitos com uma colcha de retalhos de flores. Não se sabe de onde veio a ideia, talvez dos retratos do artista renascentista Arcimboldo compostos de colcha de retalhos de flores e vegetais, ou de alguns passos de Salvatore Ferragamo feitos com uma colcha de retalhos de diferentes materiais e cores. Albertina Porro, que naqueles anos trabalhou com Butti-Ostinelli, os primeiros produtores de lenços Ferragamo, lembra que a ideia foi sugerida por alguns filmes de animação do diretor tcheco Jiri Trnka transmitidos na Rai2 de outubro de 1970 a fevereiro de 1971.
No início da década de 1970, a produção mensal registrou 40.000 pares de sapatos, 8.000 roupas prontas para usar e 4.000 bolsas.
Ferragamo F é produzido, a segunda fragrância
F de Ferragamo é a fragrância lançada no início dos anos setenta: um buquê floral com fundo de couro e madeiras exóticas com um toque do Oriente. Era uma licença de uma empresa suíça.
Alguns anos depois, em 1974, F de Ferragamo Monsieur foi colocado à venda, a fragrância para homens com um buquê de couro precioso e madeira, com toda uma linha de produtos de higiene pessoal. A garrafa é verde e marrom.
1972 - O Women's Wear Daily publica uma bolsa ferragamo com um fechamento "gancini"
Em 21 de janeiro de 1972, o prestigiado jornal americano "Women's Wear Daily", publica uma bolsa Ferragamo onde um acessório em forma de gancho de metal aparece como um fechamento, que se tornaria um símbolo da marca. A origem do design é desconhecida. De acordo com uma tradição oral da empresa, a fonte de inspiração foi a porta de ferro forjado do Palácio Spini Feroni, a sede medieval de Ferragamo, em Florença, ou os ganchos aos quais os cavalos estavam amarrados, que aparecem na famosa fachada. O fato é que, desde então, o fechamento Gancini tem sido cada vez mais usado em acessórios de couro e calçados, motivando seu sucesso no equilíbrio entre estilo e funcionalidade. Em 26 de julho de 1978, o pedido de patente n. ° 46069C/78 para o projeto "Gancini", que é aprovado em 23 de outubro do mesmo ano (patente n. No 318701).
1973 - Leonardo Ferragamo se junta a Salvatore Ferragamo
Em 1973, Leonardo Ferragamo (23 de julho de 1953), o quinto filho em ordem de idade de Salvatore e Wanda Ferragamo, se juntou à empresa Salvatore Ferragamo. Começou sob as ordens de Jerry Ferragamo no departamento de produção de calçados femininos. Essa experiência lhe permite lançar as bases para o desenvolvimento de uma produção contínua de calçados masculinos, que até então só havia sido criado para pedidos especiais. O primeiro modelo em que Leonardo Ferragamo experimenta o ajuste e o calçado de seu tio Jerry é um tamanco de praia chamado "Nemo".
1974 - A loja abre na Quinta Avenida
Em 1974, a loja Salvatore Ferragamo foi inaugurada na 717 5th Avenue, na esquina da 56th Street, no piso térreo de um palácio de aço e vidro construído em 1959 pelos arquitetos Harrison, Abramovitz e Abbe. O lado da 5a Avenida era de 8 metros, o lado da Rua 56 era de 32 metros. O design de interiores foi confiado aos arquitetos Giancarlo e Luigi Bitocchi e Roberto Monsani, que projetaram um espaço contemporâneo e funcional, adequado para melhorar a qualidade dos produtos.
1976 - Nasce uma produção contínua de acessórios e roupas masculinas
Salvatore Ferragamo já havia criado sapatos masculinos, na época de Santa Barbara e Hollywood, mas apenas para atender às demandas de amigos e personalidades importantes que queriam sapatos artesanais, bonitos e confortáveis. A produção contínua de calçados e roupas masculinas foi totalmente desenvolvida em 1976, sob a direção de Leonardo Ferragamo, completando a gama de gravatas de seda e quadrados e cintos de bolso e pequenos artigos de couro.
Em 2 de abril de 1976, Leonardo Ferragamo apresenta a nova coleção de sapatos masculinos na Saks Fifth Avenue, em Beverly Hills.
O primeiro pedido significativo de sapatos masculinos vem da Sanford Sacks & Co. no Texas para suas novas lojas.
Apesar da crise econômica do período, Salvatore Ferragamo triplica seu lucro em relação ao ano anterior para chegar a quase um bilhão de liras, graças em parte à sua nova linha de produção.
1978 - O modelo mais famoso de Ferragamo é criado entre os calçados femininos: Vara
O icônico sapato de salão de Ferragamo com um salto de 3 cm foi projetado em 1978 para a coleção de inverno de 1978-1979. Este primeiro modelo se chamava Lillaz e já tinha as características que fizeram de Vara um ícone de estilo: a laço plano e a placa de metal com a assinatura Ferragamo. O modelo Lillaz era feito de pele de bezerro ou pele de cabra; a sola era feita de couro. O sapato, no entanto, não recebeu o favor do mercado dos EUA, já que tinha o calcanhar coberto com camadas de couro.
No ano seguinte, o sapato Lillaz foi lançado novamente nos Estados Unidos com o calcanhar forrado com a mesma pele do peito do pé.
A versão original, com o salto coberto de couro, tornou-se o famoso sapato de salão Vara.
Podemos dizer que este sapato constitui, no mundo do calçado, um dos poucos exemplos de grande longevidade do mesmo modelo, que tem sido um dos maiores sucessos da marca, graças também ao seu extremo conforto, sua versatilidade para atender às necessidades de todas as idades e ocasiões de uso.
Fonte: Site Salvatore Ferragamo, "Linha do tempo''. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Biografia — Wikipédia
História
Salvatore Ferragamo emigrou do sul da Itália para os EUA, primeiro para Boston e depois para a Califórnia em 1914. Ele abriu a Hollywood Boot Shop em 1923 e fez sapatos para estrelas de cinema como Joan Crawford e Gloria Swanson, bem como para filmes como Cecil B. O longa-metragem de DeMille, Os Dez Mandamentos. Ele retornou à Itália e montou uma loja de sapatos em Florença em 1927. No entanto, a atual empresa de fabricação de calçados considera 1928 como a data de sua fundação e, portanto, comemorou seu 80o aniversário em 2008.
Salvatore Ferragamo entrou com pedido de falência em 1933, durante a Grande Depressão, mas em 1938, ele estava em posição de comprar o Palazzo Spini Feroni, um dos grandes palácios de Florença. Isso abriga a principal loja da empresa e um museu dedicado à vida e obra de Ferragamo.
A empresa floresceu após a Segunda Guerra Mundial, expandindo a força de trabalho para 700 artesãos produzindo 350 pares de sapatos artesanais por dia. Após a morte de Salvatore em 1960, sua viúva, Wada, assumiu o funcionamento do negócio e expandiu suas operações para incluir óculos, perfume, cintos, cachecóis, bolsas, relógios e uma linha de roupas pronta para usar.
Os proprietários majoritários da empresa continuam sendo a família Ferragamo, que em novembro de 2006, incluía a viúva de Salvatore, Wanda, cinco filhos, 23 netos e outros parentes. Há uma regra de que apenas três membros da família podem trabalhar na empresa, levando a uma concorrência feroz. Para aliviar essas tensões, em setembro de 2006, a família anunciou um plano para flutuar 48% da empresa no mercado de ações e, desde outubro de 2006, Michele Norsa é gerente e diretora geral. No entanto, a partir de janeiro de 2008, esse plano pode ser suspenso em meio à recessão no mercado financeiro. Se a listagem no mercado de ações prosseguir, o fundo será direcionado principalmente para a construção de suas posições na China. A empresa está realizando sua exposição de aniversário de 80 anos em Xangai.
Em 2011, a empresa foi listada na bolsa de valores.
Em 2 de agosto de 2016, Eraldo Poletto foi nomeado como novo CEO do grupo. Em 8 de março de 2017, a conclusão da relação com Poletto concedeu poderes de gestão interino ao presidente, Ferruccio Ferragamo.
Em 31 de julho de 2018, Micaela le Divelec é nomeada como nova CEO do grupo. Em janeiro de 2022, Marco Gobbetti foi nomeado como novo CEO do grupo.
Em 14 de março de 2022, o designer britânico Maximilian Davis foi nomeado como o novo diretor criativo da marca, em um esforço para revitalizar sua linha de pronto-a-vestir.
Inovações
Ao longo de sua história, a empresa tem sido conhecida por projetos inovadores e uso de materiais. Essa engenhosidade remonta ao tempo de Salvatore na Califórnia, quando ele estudou anatomia para fazer sapatos mais confortáveis. Inovações notáveis incluem o salto de cunha, a sola em forma de concha, a sandália "invisível", saltos e solas de metal, a sandália de ouro de 18 quilates, o sapato de meia, os saltos de escultura e o sapato de arco enluvado criado para o Maharani de Cooch Behar em 1938. Saltos agulha reforçados com metal ficaram famosos por Marilyn Monroe. A empresa também é conhecida pela decoração 'Gancini', pela bomba de balé patenteada 'Vara', pela bolsa Salvatore e pelo uso de retalhos. Também fabrica óculos e relógios em parceria com a Marchon e o Timex Group. Começou a adicionar etiquetas NFC aos seus produtos em 2014 para combater falsificações.
Clientes
Salvatore trabalhou com estrelas de cinema e celebridades desde seus primeiros dias em Hollywood. Os clientes ao longo dos anos incluíram Audrey Hepburn, Sophia Loren e Greta Garbo, bem como Andy Warhol, Seulgi, Grace Mugabe e Diana, Princesa de Gales, Namal Rajapaksha. A empresa fez as famosas bolsas de Margaret Thatcher e para o rei Jigme Khesar Namgyal Wangchuck durante a coroação em 6 de novembro de 2008, em Thimpu, Butão.
Oficiais e gerência
Wanda Ferragamo Miletti: lidera o grupo desde 1960, quando seu marido e fundador da empresa, Salvatore, morreu. Ela foi presidente honorária até sua morte.
Ferruccio Ferragamo: atualmente presidente da Ferragamo Finanziaria S.p.A., a holding que controla o Grupo Salvatore Ferragamo
Marco Gobbetti: CEO da Salvatore Ferragamo S.p.A.
Giovanna Gentile Ferragamo: atualmente presidente da Fondazione Ferragamo
Leonardo Ferragamo: a partir de abril de 2021 é presidente da Salvatore Ferragamo e vice-presidente executivo da Fondazione Ferragamo.
Massimo Ferragamo: ele é presidente da Ferragamo USA, a empresa Ferragamo que lida com a distribuição da marca na América do Norte desde a década de 1950.
James Ferragamo: é diretor de produtos e comunicação da marca da empresa
Angelica Visconti: ela foi nomeada vice-presidente em 14 de dezembro de 2021. Lidera o Departamento Global de Atacado e Varejo de Viagens e é membro do conselho de administração.
Diego di San Giuliano: atualmente vice-presidente da holding do grupo Ferragamo Finanziaria S.p.A..
Novembro de 2016 uma nova estrutura dos departamentos criativos do grupo com a entrada de Paul Andrew nomeado diretor de design da Women's Footwear, Fulvio Rigoni nomeado diretor de design da Women's RTW, Guillame Meilland nomeado diretor de design da Men's RTW
Em outubro de 2017, após a saída de Fulvio Rigoni, Paul Andrew é nomeado diretor criativo da Coleção Feminina. De fevereiro de 2019 a abril de 2021, Paul Andrew foi nomeado diretor criativo de todas as linhas Salvatore Ferragamo.
Maio de 2020 Michele Norsa foi cooptada para o conselho de administração, como diretora e vice-presidente executiva da empresa e assumiu os poderes executivos anteriormente exercidos pelo presidente Ferruccio Ferragamo.
Janeiro de 2022 Marco Gobbetti é nomeado como novo CEO e diretor administrativo da Salvatore Ferragamo S.p.A
Salvatore Ferragamo
(Bonito, 5 de junho de 1898 – Florença, 7 de agosto de 1960) foi um estilista de sapatos italiano, fundador da marca homônima.
Em 1914 partiu para os Estados Unidos, a fim de encontrar um dos seus irmãos, que trabalhava em uma fábrica de sapatos em Boston. Após uma breve permanência na cidade, transferiu-se para Santa Bárbara (Califórnia). Ali instalou uma loja de consertos e fabricação de calçados sob medida. Em 1923, mudou-se para Hollywood, onde abriu a Hollywood Boot Shop, ganhando, em pouco tempo, a preferência das estrelas do cinema. Calçou ícones como Sophia Loren, Carmen Miranda, Greta Garbo, Katharine Hepburn, Marlene Dietrich, Ava Gardner, Gary Cooper e Marilyn Monroe. Ferragamo foi pioneiro na utilização da cortiça na criação de saltos e plataformas.
Apesar de morto há mais de 40 anos, perpetua-se no sucesso da marca que leva seu nome. A sede da empresa está instalada no Palazzo Spini Feroni, em Florença, onde foi instalado um museu em homenagem ao mestre calçadista, com fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos. Além disso, o museu exibe a coleção de mais de 10 mil modelos.
No Brasil, a marca tem lojas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, em São Paulo localizadas no shopping Iguatemi, no Shopping Cidade Jardim e na Rua Haddock Lobo e no Rio de Janeiro, no Shopping Leblon, no bairro de mesmo nome e no Village Mall, na barra da Tijuca.
Fontes: Wikipédia - Ferragamo e Wikipédia - Salvatore Ferragamo, consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Salvatore Ferragamo – o empreendedor de um grande sucesso
Salvatore Ferragamo foi um verdadeiro artista que seguia em harmonia com a cultura do tempo em que vivia. Atribuiu todo o seu talento em sapatos, afinal como ele mesmo dizia, um pé bem calçado vale mais do que mil palavras.
Mas além de sapatos, o artista investiu também em acessórios e perfumes que ganharam destaque na marca italiana. Atualmente, Salvatore Ferragamo já falecido, detém um nome de muito sucesso no mercado internacional da alta costura.
A história de Salvatore Ferragamo
O estilista nasceu em Bonito, um vilarejo localizado no interior da Campania, na Itália, no dia 5 de junho de 1898. Desde muito pequeno o menino demonstrava ter um grande talento: o de fazer sapatos. Em certo momento da sua vida, viu sua irmã chorar por não ter sapatos brancos para calçar na primeira comunhão e para surpresa da família, decidiu criar ele mesmo um modelo.
O estilista se tornou famosos pela sua criação
Foi aprendiz de sapateiro aos 11 anos junto com Luigi Festa, que foi o seu mestre e ensinou tudo sobre a profissão. Quando completou 13 anos, abriu uma simples sapataria localizada em sua cidade, onde se permitiu ir além de confeccionar botas para fazendeiros e reparos de sapatos, criando modelos exclusivos. Passou a lançar moda para os pés femininos.
A mente visionária
Com uma mente visionária desde muito novo, escolheu um dia estratégico para a inauguração da sua pequena empresa, que se localizava, especialmente, em frente à igreja local. Logo após a missa, os fiéis curiosos se aproximaram da loja e o resultado não poderia ser outro além um grande sucesso, mesmo com algumas piadas referente a idade do artista.
Aos 14 anos, Salvatore já contava com seis assistentes em sua loja e já conquistava o coração de clientes das cidades vizinhas. Foi nesse momento que percebeu que poderia ultrapassar limites e ampliar seus horizontes. Atrás de novos desafios, o jovem viajou rumo aos Estados Unidos para se unir aos irmãos mais velhos e estabelecer novas metas.
Foi decepcionante para Salvatore quando chegou em Boston e se deparou com a péssima qualidade dos sapatos que eram produzidos nas fábricas que seus irmãos faziam parte. Foi então que o jovem design foi a procura dos outros parentes da família que viviam na Califórnia, mais especificamente em Santa Bárbara, que ficava perto dos estúdios de cinema.
Os sapatos sob uma nova ótica
E a partir desse momento Salvatore inaugurou uma loja para reparos e confecção de sapatos. Com o tempo, começou a produzir modelos para compor os figurinos de cinema e, consequentemente, passou a ter encomendas de sapatos feitos sob medida para celebridades como Greta Garbo, Marlene Dietrich, Sophia Loren, Marilyn Monroe e Ava Gardner.
Enquanto procurava por fórmulas de criar sapatos que se encaixassem perfeitamente, frequentou a Universidade de Los Angeles e estudou matemática, engenharia química e anatomia humana. Logo após, o design se viu obrigado a se transferir Hollywood por causa de seus clientes que estavam crescendo.
Foi então que inaugurou em 1923 a renomada Hollywood Boot Shop e começou a criar modelos para produções importantes do cinema, como no famoso “Os Dez Mandamentos”.
As personalidades do cinema
Salvatore Ferragamo calçou os personagens mais ilustres do cinema e que por consequência se tornaram seus clientes. Ganhou apelidos carinhosos como o “sapateiro dos sonhos’’ ou “sapateiro das estrelas”.
O sucesso foi tão grande e imediato que a pequena empresa não estava dando conta da demanda de encomendas e a mão de obra americana não conseguia produzir os produtos com a mesma qualidade que o design desejava e necessitava.
Em 1927, Salvatore Ferragamo tomou a decisão de voltar para a Itália, na Florença, uma cidade que é reconhecida por seu trabalho em couro e o rico artesanato. Ele fundou uma simples fábrica com 60 artesãos especializados diretamente pelo o próprio design para que todos os sapatos sejam confeccionados à mão.
Em seguida ele abriu uma loja no Palácio Spini Feroni e foi nesse local que o sonho de Salvatore começou a se tornar realidade. A pequena empresa se transformou em uma grande produção de sapatos, chegando a fabricar 350 modelos por dia.
O reconhecimento do modelo feito à mão
O reconhecimento por seus calçados, que eram prestigiados desde a beleza até o conforto e qualidade, contava com a refinada elaboração. Sua fama cresceu por toda Itália e na Europa, transformando a sua loja Palácio Spini Feroni, em um ponto de referência da alta costura e o lugar escolhido por atores de cinema internacionalmente.
Mas como o design não cansava de inovar, foi em 1930 e 1940 que Salvatore Ferragamo mostrou o seu verdadeiro dom de criar, desenhando e elaborando modelos de sapatos com novos materiais, como a cortiça e o celofane, sem deixar de dar créditos à escassez do couro que predominou no mercado durante a época.
Durante a crise que ocorreu na Europa, Salvatore passou a usar materiais mais baratos para a produção, como a palha, cânhamo e os materiais sintéticos. E um ícone inovador foi a palmilha compensada.
O design ficou reconhecido por não apreciar produções em série, pois acreditava no conceito de que cada par de sapatos deveria ser desenhado e confeccionado com atenção e em detalhes.
Sempre buscou o conforto, porque suas criações além de muito bonitas, eram também anatômicas. Nesse segmento, Salvatore Ferragamo inovou criando novas formas, se baseando nas necessidades estéticas e funcionais, como em 1937 com o solado inclinado de cortiça, produzido para dar ao usuário maior estabilidade.
As inovações do artista
O famoso salto Anabela é uma das provas das suas criações de 1938. A criação aconteceu porque durante o período fascista ele não conseguiu importar o metal que tinha parte necessária para o conforto dos calçados e que davam a sustentabilidade à curva do pé.
Foi quando surgiu a ideia de fechar completamente o salto, se encontrando o salto com a parte da frente do calçado. Assim que nasceu o salto Anabela. O design utilizou uma espécie de material específico da Itália chamado de cortiça da Sardenha, que ao mesmo tempo era leve e resistente.
No começo do lançamento a novidade não foi aceita facilmente pelo público feminino, mas logo se transformou em um grande sucesso.
Salvatore Ferragamo sempre esteve muito atualizado e antenado no mundo contemporâneo e sempre teve interesse em áreas da arquitetura, design e artes.
Um dos exemplos, é a criação de 1939, um salto alto em mosaicos, que traz a referência da arquitetura usada no interior dos edifícios da década.
Ousadia nas cores
Uma característica que sempre remeteu a marca foi o uso das cores, em tons ousados e fortes, quebrando tabus e as cores padrões que eram preto, branco e bege. Porém, com todo o sucesso dos sapatos que foram consagrados por Marilyn Monroe, como o de salto-agulha de metal, sandálias romanas com tiras que amarram, plataformas super coloridas e as sandálias de ouro.
O primeiro grande ícone foi criado em 1947, a sandália invisível, que foi produzida em partes do produto com tiras transparentes de náilon.
Esse importante destaque das criações de Salvatore lhe proporcionou o prêmio Neiman Marus, que é uma célebre premiação de moda dos Estados Unidos e que até o momento, nenhum design de sapatos tinha ganhado. Outra criação importante foi feita em 1955, a sandália de Calipso, que foram elaboradas com tiras de cetim pretas.
Vida e morte de Salvatore
Em meados dos anos 1957, o design italiano já tinha desenhado cerca de 20 mil sapatos e patenteados 340 modelos. Infelizmente por vítima do câncer, Salvatore Farragamo morreu no dia 7 de agosto de 1960, mas o sucesso da marca não parou por aí.
A família do estilista continuou com o ateliê, cujo a empresa é mantida até hoje sede da marca, um prédio com estrutura medieval e localizado na Via Tornabuoni, erguido em 1289.
Salvatore foi casado com Wanda e juntos tiveram seis filhos. Tanto a mulher quanto os filhos herdaram do estilista o desejo de perfeição e mantiveram vivo o conceito do artista, continuando com a produção artesanal e reinterpretando os ícones tradicionais, lançando desde os anos 60, linhas de roupas voltadas para o público feminino, produtos feitos de couro e sapatos masculinos.
A partir desse momento, os produtos foram cada vez mais se diversificando. Teve lançamentos de acessórios para mulheres e homens, óculos, perfumes, cosméticos e lenços, que era uma das metas e sonhos do design italiano. Foi durante essa época que ocorreu importantes decisões para a marca com inaugurações de loja em 1995 na Seul, em 1994 na Xangai, em 1991 na Nagoia e em 1986 em Hong Kong.
O crescimento internacional da marca
A empresa cresceu constantemente e adquiriu a requintada marca francesa Emanuel Ungaro, em 1996. E a partir de 1997, gerencia um total de quatro hotéis localizados em Florença e um em Roma.
Três anos depois, a marca abriu a sua primeira loja na América Latina, no México. E alguns anos depois a Salvatore Ferragamo levou novas unidades para o mercado da Índia em 2006 e no Emirados Árabes Unidos em 2009. Ainda nesse mesmo ano, a marca levou o seu comércio eletrônico para o Estados Unidos e Europa e teve uma grande ampliação, sendo contada mais de 500 localizações da marca, que se inclui 19 dessas unidades abertas em aeroportos do mundo todo.
O crescimento da marca não parou por aí. No ano seguinte, os mercados asiáticos também entraram para o time, mais especificamente a China, que contabiliza hoje 91 lojas e que foi um dos principais mercados que revolucionou no faturamento da marca, levando a US$ 1 bilhão.
Ganhando ainda mais campo no mercado, inaugurou novas unidades em cidades como Johanesburgo, Doha, Cairo e Istambul. Na região brasileira, a luxuosa grife já estava presente desde 1990. O ponto de venda se encontrava no interior da antiga Daslu e logo depois progrediu para coners que foram especialmente personalizados dentro da Daslu. Em 2002, foi inaugurada a primeira unidade própria da marca italiana no shopping Iguatemi, em São Paulo.
A arte de Salvatore Ferragamo
O grande artista foi pioneiro na confecção de modelos de sapatos à mão em grande escala e de perfeita qualidade. E a mão de obra da sua fábrica em Florença, instalada desde 1927 continua trabalhando de forma impecável até os dias atuais.
Cada peça em couro é cortada a mão e o produto passa cinco dias sendo desenvolvido. Hoje em dia, a oficina confecciona cerca de 11 mil de sapatos no dia.
Os sapatos do design são inconfundíveis e quase impossível de encontrar um modelo que não fique perfeito nos pés. Estrelas como Carmem Miranda, Sophia Loren e Audrey Hepburn entram na lista de clientes assíduos da marca.
Outras celebridades como a eterna princesa e a estrela do pop americano Andy Warhol também entram como clientes fiéis da grife. Greta Garbo já chegou a fazer um pedido de 70 pares de uma só vez. Marlene Dietrich tinha uma tradição de nunca repetir mais de duas vezes um mesmo modelo.
As matérias-primas de Salvatore
O seu talento em trabalhar com os mais diversos materiais, além da habilidade e competência técnica e artística, fez com que a Salvatore Farragamo inovasse e consequentemente consagrasse novidades na linha de calçados. Entre as matérias-primas usadas pelo design estão:
Tecido elaborado e pintado à mão
Os modelos de sapatos eram elaborados em tecidos e em seguida levados até uma artista que desenhava sobre os mesmo uma imagem da escolha do usuário, como por exemplo cenas famosas de Roma, Nova York, Paris ou Londres, jogos de cartas, o animal favorito, castelos, árvores e entre outros.
O efeito sobre o produto era encantador e o preço baixo, levando em conta o alto padrão artístico. Não interessa quão simples era o sapato, as imagens eram o foco principal e transformavam a peça em um modelo exclusivo e único no mundo todo.
Materiais baratos
O estilista buscava os melhores materiais para as suas criações, mas o melhor nem sempre é o mais caro e em consequência da escassez do couro e outros materiais mais superiores, os materiais de baixo custo se tornaram muito comuns no mercado de vestuário e calçados na Segunda Guerra Mundial, em 1953.
E foi nesse momento que Salvatore Ferragamo demonstrou toda a sua habilidade e criatividade em trabalhar os mais variados materiais, criando algumas das suas mais inovadoras e belas obras de arte em forma de sapatos.
Os materiais se variam entre linho bordado, ráfia, fios de malha, algodão, lã, celofane, papel e cortiça.
O Couro
O design utilizava com grande frequência em suas obras o couro, especialmente o de cabra. A pele passava pelo tingimento de uma grande variedade de cores e se misturava com outros materiais como cetim e o couro de lagarto.
Peles exóticas
A demanda por peles exóticas cresceu abundantemente no final dos anos 20. E em algumas criações eram combinadas com instrumentos polidos, imitações de pele de cobra, camurças, cabra, couro de vitela, que se apresenta de forma regular nas inspirações do estilista entre 1920 e 1930.
Com o passar da crise após a guerra, os acessórios de peles fina, como lagarto e crocodilo e produtos de luxo voltaram para o mercado. Outras peles como zebra, girafa e jaguatirica foram usadas no final dos anos 50.
Plástico
Cada vez mais material como a resinas de vinil foram usadas para a confecção de acessórios e calçados, solados e saltos, por uma questão de flexibilidade, resistência e diversidade de cores.
Salvatore lançou a grande novidade da sola transparente com a utilização do vinil em 1955.
Escamas de peixe
Em 1920, muitas ferramentas foram buscadas para dar efeitos diversos para as peças. No final desse ano, foi descoberto o “couro do mar”, ou melhor, a “pele de peixe” que foi preparada de maneira cuidadosa devido o seu tamanho, que necessitava de muita habilidade na hora da utilização.
Salvatore Ferragamo usava a pele de um peixe que foi descoberto nas águas do norte em 1920. Mas com a Segunda Guerra Mundial o sea-leopard desapareceu e só retornou em 1954.
Solas e saltos brilhantes
Desde de 1920, saltos ou solas de aço e bronze foram usados pela grife para desenvolver belos sapatos. Porém, o grande auge e sucesso desse material foi nos anos 50. Cinco anos depois, a Salvatore Ferragamo lançou muitas criações importantes para marca, e uma das que entra nesse quesito é o salto metalizado em muitas cores, coberto com uma lâmina de alumínio.
A segunda se representava como um tipo de gaiola no calcanhar, leve, oca e muito resistente e a terceira era ainda mais elaborada, com um salto em pedras preciosas e raras, podendo ser em metal, prata ou ouro. Mas quando o design foi desafiado a construir o modelo mais caro entre as suas obras, ele criou o solado de metal, uma sandália em ouro 18 quilates.
Palha e ráfia
A utilização de fibras vegetais e palha na fabricação de sapatos não era exatamente uma grande inovação. Mas antes do design trazer de volta, o material já não tinha tanto uso em 1930. Ao se instalar na cidade, a fábrica de palha, um dos trabalhos mais prósperos de Florença, trouxe a inspiração do uso deste material para a confecção de calçados.
A preferida do design italiano era ráfia, uma fibra que vinha da folha de uma palmeira do leste africano, que Ferragamo explorava em suas invenções sofisticadas. A novidade foi trazer essa proposta para a trama da parte do dorso do pé, especialmente nas criações de verão.
A palha e a ráfia estavam em falta no ano de 1950. Foram trocadas pelas fibras sintéticas. O estilista beneficiou a dissipação de uma espécie de ráfia sintética, nomeada de “pontovo” e desenvolvida, principalmente, em Bonito, a cidade onde nasceu.
Celofane
Por causa das guerras, as fábricas de vestuário e calçado se viram obrigadas a substituir materiais para a produção dos produtos. E o primeiro e grande desafio do estilista foi descobrir o material perfeito para substituir a pele de cabra.
E foi em um domingo de manhã que surgiu uma grande ideia. Lembrou-se que sua mãe adorava chocolates e nesse dia tinha comprado uma caixa deles. E ao abrir os chocolates ficou fascinado com o papel transparente e pensou que acabara de encontrar o material ideal para substituir a pele de cabra.
A partir de então, foi o grande marco da história da marca!
Um talento único
A grande habilidade e criatividade do artista de criar e inovar cada vez mais mudou a história dos calçados, trazendo um enorme sucesso para a marca e para a moda italiana, sendo uma grande referência para inspirações de outros estilistas.
As criações de Ferragamo foram eternizadas por seus herdeiros, mais especificamente Fiamma, que criou e desenvolveu uma série de modelos de sapatos e acessórios que se transformariam nos emblemas mais reconhecidos e importantes da grife.
Até os dias atuais, cerca de 90% das confecções dos calçados é artesanal, o que consequentemente faz que não exista mais de um sapato igual. Ao dia, aproximadamente, 30 modelos são produzido por 30 colaboradores.
Cada peça tem em cerca 200 etapas para passar, precisando de, em média, cinco dias para a sua produção.
O museu Salvatore Ferragamo
O lugar é um espaço privado, que se dedica a contar à história da marca, a vida do artista e empreendedor e todas as suas invenções. Entre elas estão técnicas artesanais inovadoras.
O museu foi inaugurado em 1995 e o espaço foi fundado por iniciativa família Ferragamo, que tinha o objetivo de disponibilizar para todos os clientes, jovens, estudiosos, as habilidades artísticas e o marco que Salvatore deixou no histórico no segmento de calçados.
Em uma das suas pesquisas em relação a anatomia do pé ele criou o “método Ferragamo”, que foi uma técnica revolucionária no mundo do artesanato de calçados.
A localização do museu fica em Florença, na Itália, em um centro histórico da cidade, na Rua Tornabuoni e está instalado no segundo andar do Palácio Spini Feroni. É o lugar que se encontra o “formarino”, um artigo de formas em madeira dos pés mais importantes do mundo cinematográfico.
No primeiro andar do prédio é possível encontrar a loja Salvatore Ferragamo e pela porta principal encontra-se uma escada que dá o livre acesso ao ilustre museu, que conta de uma maneira única e exclusiva a história da carreira do artista com revistas, livros, patentes, fotografias e madeiras em forma de pés célebres. Conta também uma grande exposição bienal de linhas de sapatos com mais de 10 mil modelos.
O museu documenta o desenvolvimento da extensa trajetória do design desde a sua volta para a Itália até a sua morte (1927 a 1960). Demonstrando a competência artística e técnica do mesmo, desde o desenho até a experimentação dos materiais, que foi importante na construção do conceito “made in Italy” no mundo todo.
Algumas das criações ilustram o contato de outros artistas da época com o mestre Salvatore. Entre eles é possível citar o pintor Lucio Venna, que é autor de quatro criações da marca. Outros modelos demonstram ainda a grande busca pela perfeição do produto no pé e na inovação de materiais, que começou com a sola de cunha de cortiça que foi registrada em 1936 e em seguida copiada por marcas do mundo todo.
Não foi à toa que Ferragamo escolheu Florença para se instalar após sua volta dos Estados Unidos. Questões que contribuíram para essa escolha foi o artesanato ativo, monumentos, seu passado e suas belezas que não representam apenas a Itália, mas o resto do mundo também.
A cidade é um sinônimo de estilo, elegância italiana e da arte. Para alguém como Salvatore, que queria construir seu império a partir de atividade artística, não poderia ter feito escolha melhor. Por essas questões a cidade que fica na Itália é uma parte importante na cultura da marca, assim como o Palácio Spini Feroni, onde se localiza a sede do museu.
Salvatore Ferragamo no mundo
Nos dias atuais, a grife tem em torno de 662 lojas que estão localizadas em aproximadamente 90 países. Conta com uma grande diversidade produtos, entre eles estão os perfumes masculinos e femininos, relógios, óculos, gravatas, echarpes, bolsas, roupas e claro, os famosos sapatos.
O seu faturamento registrado em 2015 chega a superar €1.4 bilhões. Hoje, a Salvatore Ferragamo é um dos mais importantes impérios da moda italiana. Os sapatos representam 42% dos lucros. Em seguida são os produtos de couro e bolsas com 37%.
A região da Ásia-Pacífico tem uma representação mundial de 36.1% das vendas e a Europa com 26.6%, na América do Norte esse percentual é de 23.3% e o Japão responde por 8.9% das vendas da grife.
Os perfumes e todos os outros produtos da marca são “Made in Italy’’ e atravessam o mundo no segmento de 15.000 perfumarias, que vendem Salvatore Ferragamo.
A linha do tempo
1920: Lançamento das sandálias romanas que se amarravam nos tornozelos com tiras.
1938: Foi a vez da Maharani, uma sandália inspirada na princesa Indira Devi, Cooch Behar. O nome dessa criação veio da Índia e significa mulher do marajá. Nesse mesmo ano, a criação Rainbow foi lançada no mercado. Uma sandália entrelaçada em várias camadas, feitas de camurça colorida e foi usada pela atriz Judy Garland.
1948: Inauguração da primeira loja em Nova York, nos Estados Unidos.
1949: Foi lançada no mercado a primeira bolsa da marca.
1955: Foi a vez dos primeiros lenços de seda da marca serem lançados no mercado.
1958: Lançamento da primeira bolsa que apareceu com o nome Gancini, que logo depois se transformaria em uma das marcas registradas da Salvatore Ferragamo.
1965: Foi a vez da primeira coleção de produtos de couro e da primeira linha de roupas femininas a serem lançadas.
1970: Os primeiros sapatos voltados para o público masculino foram lançados.
1978: O Vara, que era um modelo de sapato feminino foi lançado. O produto possuía um bico arredondado e com um laço na parte da frente. Logo se transformaria no sapato mais famoso da grife. Em 2008 foi criada uma versão de sapatilha deste modelo, nomeada de Varina e os dois modelos são vendido até os dias atuais.
1998: Parceria com a Luxttica. Ccom isso surgiu o lançamento da primeira coleção de óculos solares e armações de receituário. Nesse mesmo ano, a criação de um perfume feminino ganhou a atenção da marca, o Salvatore Ferragamo Pour Femme.
2002: Lançamento do Subtil, um perfume masculino.
2003: Lançamento oficial do Incanto, uma fragrância da marca. Foi lançado, neste mesmo ano, os primeiros produtos para o corpo e cosméticos.
2004: Foi realizado o lançamento do Picnic. Uma linha de óculos que teve como referência um memorável par de sapatos que foi criado em 1938, revestido de ráfia bordadas à mão e flores coloridas. Nesse ano também foi feita a introdução da técnica personalizada de confecção de sapatos masculinos sob medida.
2006: O F by Ferragamo foi lançado no mercado, um perfume feminino e a sua versão masculina tinha data prevista para o próximo ano.
2007 o F for Fascinating, um perfume voltado para o público masculino foi lançado. Durante esse mesmo ano, o Preziosi, que significa precioso, foi lançado. Um gama de óculos solares e armações que continham aplicações de pedras semipreciosas em forma de gota nas hastes.
2008: Foi a vez de uma luxuosa coleção de relógios da grife serem lançados. Também lançou um perfume unissex, uma fragrância que é desenvolvida sob forma de produtos para banho, especialmente para quem voa pela Singapore Airlines a partir de 2006. Foi chamado de Tuscan Soul.
2009: Foi a vez do Eco Ferragamo, uma coleção de bolsas que era produzida através de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro era pintado com uma tinta derivada da casca de árvores através de um método certificado pelo Instituto Alemão SG. Um grande diferencial desse produto foi que elas eram resistentes a água e biodegradáveis. A grife resolveu revestir as bolsas dessa coleção com cânhamo fiado à mão, pois o material não requer uso de pesticidas e é bem resistente. A coleção compõe cerca de cinco modelos de bolsas, sendo elas nas cores: rosa, amarelo limão e tabaco.
2010: O Attimo foi lançado, um perfume feminino e o nome significa “instante” do italiano. Durante esse mesmo ano o projeto Red Carpet foi construído e lançado. O objetivo da proposta é oferecer aos clientes a oportunidade de personalizar seus sapatos, podendo escolher entre seis modelos desde escarpins a sandálias. São 23 cores de cetim para a clientela escolher e um monograma personalizado. O desenvolvimento desse processo leva em torno de seis semanas.
2012: O Signorina foi lançado, um perfume feminino.
2015: Foi a vez do Emozione, um perfume feminino. ganhar as prateleiras.
Curiosidades da marca
– Foi a Salvatore Ferragamo que registrou a primeira patente, em 1937, de uma criação de moda.
– Quando Madonna viveu Evita no cinema em 1996, um filme de Alan Parker, todos os sapatos usados pela personagem são assinados pela Salvatore Ferragamo.
– Os hotéis de luxo da família são conhecidos como Lungarno Hotels Collection, sendo quatro localizações em Florença e uma em Roma. Na Capital da Itália, o Portrait Suites é o mais novo hotel e sua estrutura interior conta a história do design italiano. Em foco de um público mais jovem e descolado, o Gallery Hotel Art une fotografias e arte no lobby. Com uma vista espetacular para o Rio Arno, o Hotel Lungarno oferece essa bela visão em todos os seus espaços. O hotel que transmite uma sensação de estar em um apartamento florentino é o Lungarno Suites. E para finalizar o Continentale traz a inspiração dos anos 50 para os românticos. Essa coleção ainda compõe uma vila nos arredores da cidade, a Villa Le Rose, que está disponibilizada para alugação e um veleiro que contém quatro suítes e tripulação, localizado na costa da Toscana.
Fonte: Etiqueta Única, "Salvatore Ferragamo – o empreendedor de um grande sucesso". Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
Crédito fotográfico: Logo Salvatore. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
Salvatore Ferragamo S.p.A. (Florença, Itália, 1927), mais conhecida como Salvatore Ferragamo é uma empresa italiana de bens de luxo, fundada por Salvatore Ferragamo (Nápoles, Itália, 5 de junho de 1898 – Florença, Itália, 7 de agosto de 1960), especializada em sapatos, roupas, bolsas, echarpes, até gravatas, óculos, relógios e perfumes, tanto femininos quanto masculinos. Destaca-se no mercado mundial por sua expertise e alto nível dos artigos em couro feitos artesanalmente, revolucionando o mundo com seus sapatos femininos sendo, até hoje, o grande nome da moda de calçados, atendendo homens e mulheres com estilo e sofisticação indiscutível. A Salvatore Ferragamo S.P.A. é a empresa-mãe do Grupo Ferragamo, que emprega cerca de 4.000 pessoas e mantém uma rede de mais de 662 lojas em mais de 90 países. Com faturamento superior a €1.4 bilhões em 2015, a SALVATORE FERRAGAMO se transformou em um dos mais importantes impérios da moda italiana.
Salvatore Ferragamo – Mundo das Marcas
Salvatore Ferragamo foi um artista em sintonia com o clima cultural de seu tempo. Inspirado, dedicou sua vida à arte dos sapatos. Para ele um pé bem calçado podia valer mais do que mil palavras. Perfumes e acessórios merecem destaque na elegante coleção da luxuosa marca italiana SALVATORE FERRAGAMO, caracterizada por sofisticação, beleza, conforto e arte. Apesar de morto há mais de 50 anos, o sucesso dele perpetua-se pelo sucesso da sofisticada grife italiana que leva o seu nome.
A história
Nascido no dia 5 de junho de 1898, em Bonito, vilarejo rural do interior da Campania, com pouco mais de 2 mil habitantes, a 100 quilômetros de Nápoles, na Itália, Salvatore Ferragamo desde pequeno mostrou ter uma vocação: a de fazer sapatos. Aos 9 anos nascia um artista. Uma noite, viu a irmã chorar porque não tinha sapatos brancos para usar na primeira comunhão. Decidiu produzir um par - sozinho e escondido - para total surpresa da família. Já aos 11 anos foi aprendiz de sapateiro trabalhando junto com Luigi Festa, com quem aprendeu tudo sobre a profissão, e aos 13 anos abriu uma pequena sapataria em sua cidade natal, onde não se limitou a fazer reparos e confeccionar botas de fazendeiros, mas também desenhar modelos exclusivos e literalmente criar moda para os pés femininos. Perspicaz, o designer escolheu um domingo para inaugurar sua loja, que ficava exatamente em frente à igreja local. Depois da missa, uma pequena multidão de curiosos se aproximou e o sucesso foi imediato, apesar das piadas sobre a idade do pequeno empreendedor. Em 1912, aos 14 anos, o designer já contava com clientes nas cidades vizinhas e seis assistentes na loja. Foi quando, mais uma vez, sentiu que podia ampliar os horizontes e partir em busca de novos desafios. Dessa vez, embarcou rumo aos Estados Unidos para juntar-se aos irmãos mais velhos.
Decepcionado com a qualidade e o acabamento dos sapatos produzidos em série nas grandes fábricas de Boston, onde um de seus irmãos trabalhava, Salvatore foi ao encontro dos outros parentes em Santa Bárbara, na Califórnia, próximo aos grandes estúdios de cinema. A partir daí, abriu uma pequena loja para confecção e reparos de sapatos, passou a produzir modelos para figurino de cinema e, de quebra, começou a receber encomendas de calçados sob medida das maiores estrelas de cinema da época, como Ava Gardner, Marilyn Monroe, Sophia Loren, Marlene Dietrich e Greta Garbo. Enquanto isso, em sua constante busca por “sapatos que se ajustassem perfeitamente” ele estudou anatomia humana, engenharia química e matemática na Universidade de Los Angeles. Salvatore foi obrigado a se mudar para Hollywood por causa de sua clientela e lá abriu sua famosa Hollywood Boot Shop em 1923, criando calçados para grandes produções cinematográficas como o famoso “Os Dez Mandamentos”. Os personagens mais célebres do cinema foram seus clientes, e a Salvatore Ferragamo foram dados os apelidos de “sapateiro das estrelas” e “sapateiro dos sonhos”. Seu sucesso foi tamanho que a loja não conseguia acompanhar a demanda de pedidos e a mão-de-obra americana não podia confeccionar os sapatos com a qualidade que ele desejava.
Assim, em 1927, ele decidiu voltar para a Itália, estabelecendo-se em Florença, cidade tradicionalmente riquíssima em artesanato e pelo trabalho em couro. Com isso, fundou uma pequena fábrica de sapatos totalmente confeccionados à mão, com uma equipe de 60 artesãos treinados diretamente pelo mestre, e mais tarde uma pequena loja no Palácio Spini Feroni. Lá, o sonho de um homem se transformou em uma empresa que passou a produzir mais de 350 pares de sapatos por dia. A fama de seus calçados, apreciados pela beleza e comodidade dos modelos e por sua refinada elaboração, se estendeu por toda Itália e pela Europa, fazendo do Palácio Spini Feroni, nas margens do Rio Arno e que ele adquiriu por inteiro em 1938, ponto de parada internacional dos atores de cinema.
Mas foi nos anos de 1930 e 1940 que Salvatore mostrou a seu verdadeiro espírito inovador, desenvolvendo sapatos com novos materiais como celofane e cortiça, tudo graças à escassez do couro que dominou o mercado na época. Com a crise na Europa, ele começou a utilizar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi uma palmilha compensada. Ele ficou conhecido por não gostar da produção em série porque acreditava que cada par deveria ser desenhado em detalhes. Sempre pensando no conforto, suas criações eram, além de belas, anatômicas. Assim como os grandes nomes do design inventou novas formas, baseando-se nas necessidades funcionais e estéticas, como o solado inclinado de cortiça, de 1937, projetado para dar maior estabilidade. O salto anabela, de 1938, é outra prova disso. E somente aconteceu porque no período fascista ele se viu sem a possibilidade de importar o metal que constituía parte importante para o conforto de seus calçados, que davam sustento à curva do pé. Então ele teve uma grande ideia: fechar completamente o espaço entre o salto e a parte da frente, e assim foi inventado o salto anabela. Ferragamo usou um material típico italiano, a cortiça da Sardenha, que era ao mesmo tempo resistente e leve. No início as mulheres não aceitaram facilmente a novidade, mas o tempo se encarregou de transformá-la em uma invenção de sucesso.
Sempre conectado com o mundo contemporâneo, Ferragamo era particularmente interessado em arte, design e arquitetura. O sapato que ele criou em 1939, por exemplo, com salto alto em mosaicos, remete a tendência da arquitetura utilizada no interior dos edifícios na época. O estilo dele era também caracterizado pelo forte uso de cores. Sua paleta era composta por tons fortes e ousados, quebrando os padrões da época, que utilizavam as cores bege, branco e preto. Apesar das sandálias de ouro, das plataformas multicoloridas, das sandálias romanas com tiras que se amarravam e dos sapatos com salto-agulha de metal, esses últimos imortalizados por Marilyn Monroe, o primeiro grande sucesso de Ferragamo foi a sandália invisível, de 1947, feita, em parte, com tiras transparentes de náilon. A criação lhe rendeu naquele ano o prêmio Neiman Marcus (importante premiação de moda norte-americana que, até então, nunca havia sido concedida a um designer de sapatos). Outro destaque de sua carreira foi a sandália Calipso, produzida com tiras de cetim pretas, em 1955. Nessa época a marca SALVATORE FERRAGAMO era um verdadeiro sucesso.
Até 1957, o gênio italiano havia criado mais de 20 mil modelos e registrado 350 patentes. O estilista morreu vítima de câncer no dia 7 de agosto de 1960, mas sua família continuou à frente do ateliê, no Palazzo Spini Feroni, um prédio de características medievais que até hoje é mantido como sede da empresa, erguido em 1289 na Via Tornabuoni. Seus seis filhos e sua mulher Wanda herdaram o gosto pela perfeição e mantiveram viva a história do pai dando continuidade ao trabalho artesanal, reeditando clássicos e lançando a partir dos anos de 1960 coleções de roupas femininas, produtos de couro e calçados masculinos. Nas décadas seguintes surgiram coleções de lenços, cosméticos, perfumes, óculos, e acessórios para homens e mulheres, um velho sonho do mestre Salvatore. Além disso, este período foi marcado pelo início de uma forte expansão da marca no continente asiático com inaugurações de lojas em Hong Kong (1986), Nagoia (1991), Xangai (1994) e Seul (1995).
O crescimento contínuo do Grupo Ferragamo, que, em manobra pioneira, adquiriu a sofisticada grife francesa Emanuel Ungaro em 1996 e, desde 1997, também dirige quatro hotéis em Florença e um em Roma, permitiu que os mais de 20 herdeiros, entre filhos, primos e netos, participem ativamente dos negócios. Pouco depois, em 1999, inaugurou sua primeira loja própria na América Latina, no México. Com a chegada do novo milênio a SALVATORE FERRAGAMO inaugurou lojas em novos mercados, como por exemplo, na Índia (2006) e Emirados Árabes Unidos (2009). Ainda em 2009, lançou seu comércio eletrônico na Europa e nos Estados Unidos, e ampliou sua rede de lojas para mais de 500 unidades, incluindo 19 novas unidades inauguradas em importantes aeroportos mundiais. O crescimento continuou no ano seguinte, puxado principalmente pelos mercados asiáticos, especialmente a China (onde atingiu 91 lojas), fez com que a marca italiana superasse US$ 1 bilhão em faturamento. Ainda nesse mesmo ano inaugurou novas lojas em cidades como Istambul, Cairo, Doha e Johanesburgo. Já no Brasil, a marca italiana está presente desde meados dos anos de 1990, onde tinha um ponto de venda dentro da antiga Daslu, para depois evoluir para corners personalizados dentro da Daslu, e por fim, em 2002, a abertura de uma primeira loja própria no Shopping Iguatemi em São Paulo.
A linha do tempo
1920
● Criação das sandálias romanas, com tiras que se amarram nos tornozelos.
1938
● Criação da MAHARANI, inspirada nas célebres sandálias feitas para a princesa Indira Devi, de Cooch Behar. O nome “Maharani” é um termo que, na Índia, define a mulher do marajá.
● Lançamento da RAINBOW, uma sandália entrelaçada em camadas volumosas revestidas de camurça colorida, que adornou os pés da atriz Judy Garland.
● Inauguração de lojas em Roma e Londres.
1948
● Inauguração de sua primeira loja nos Estados Unidos localizada na Quinta Avenida em Nova York.
1949
● Lançamento da primeira bolsa da grife.
1955
● Lançamento dos primeiros lenços de seda da grife italiana.
1958
● Criação de um modelo de bolsa onde aparecia pela primeira vez o fecho GANCINI, que se tornaria uma das marcas registradas da grife italiana.
1965
● Lançamento de sua primeira coleção de roupas femininas e da primeira linha de produtos de couro.
1970
● Lançamento das primeiras coleções de sapatos masculinos.
1978
● Lançamento do sapato feminino VARA, que possuía bico arredondado, laço na frente e se tornaria o modelo mais famoso da marca. Em 2008 foi lançada uma releitura desse sapato, como uma sapatilha, batizada de VARINA. Ambos são vendidos até hoje.
1998
● Lançamento de sua primeira coleção de armações de receituário e óculos solares para mulheres e homens através de uma parceria com a Luxottica.
● Lançamento de seu primeiro perfume chamado SALVATORE FERRAGAMO POUR FEMME.
● Lançamento de uma fragrância masculina.
2002
● Lançamento do perfume masculino SUBTIL.
2003
● Lançamento do perfume INCANTO.
● Lançamento dos primeiros cosméticos e produtos para o corpo.
● Inauguração de lojas âncoras nas cidades de Nova York e Tóquio.
2004
● Lançamento da coleção de óculos PICNIC, que teve como base um memorável par de sapatos criado em 1938, coberto de flores coloridas de ráfia bordadas à mão.
● Introdução do serviço personalizado de fabricação sob medida de sapatos masculinos.
2006
● Lançamento do perfume feminino F by FERRAGAMO. A versão masculina foi lançada no ano seguinte.
2007
● Lançamento do perfume feminino F for FASCINATING.
● Lançamento do PREZIOSI (do italiano, “precioso”), uma série de armações e óculos solares com aplicação de pedras semipreciosas em formato de gota nas hastes.
2008
● Lançamento de uma sofisticada linha de relógios.
● Lançamento da nova fragrância unissex, a TUSCAN SOUL, um perfume que é oferecido sob a forma de produtos para o banho, exclusivamente para quem voa pela Singapore Airlines desde 2006, e que chegava às lojas em todo mundo.
2009
● Lançamento de ECO FERRAGAMO, uma linha de bolsas feitas a partir de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro é tingido com uma tinta derivada da casca de árvores por meio de um processo certificado pelo Instituto Alemão SG. As bolsas são também biodegradáveis e resistentes à água. A marca decidiu revestir as bolsas dessa linha com cânhamo fiado à mão, já que o cânhamo é resistente e não requer o uso de pesticidas. A linha é composta de cinco bolsas nas cores tabaco, amarelo limão e rosa.
2010
● Lançamento do perfume feminino ATTIMO (que significa “instante” em italiano).
● Lançamento do projeto RED CARPET, uma iniciativa que permite as clientes da grife personalizarem seus sapatos, escolhendo entre seis estilos que vão desde escarpins a sandálias. As consumidoras poderão escolher entre 23 cores diferentes de cetim, além de acrescentar às suas criações um monograma personalizado. O processo leva aproximadamente seis semanas.
2012
● Lançamento do perfume feminino SIGNORINA.
2015
● Lançamento do perfume feminino EMOZIONE.
A arte
Salvatore Ferragamo foi o primeiro designer a produzir sapatos feitos à mão em grande escala. E a manufatura de sua oficina, instalada em Florença desde 1927, continua impecável: até hoje o couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo moldada. Atualmente a fábrica produz mais de 11 mil pares de sapatos por dia. É quase impossível não achar um de seus modelos que não fique perfeito nos pés. Audrey Hepburn, Sophia Loren (foto) e Carmem Miranda eram clientes fiéis. Marlene Dietrich nunca repetia um modelo mais de duas vezes. Greta Garbo chegou a encomendar 70 pares de uma vez. O artista pop americano Andy Warhol e a eterna Princesa Diana também eram clientes assíduos da marca.
Sua aptidão de trabalhar com os mais variados materiais e sua incrível habilidade técnica e artística, fizeram com que a marca introduzisse e eternizasse novidades no concorrido segmento dos calçados. Abaixo algumas das matérias-primas mais utilizadas por Salvatore Ferragamo:
Tecido pintado à mão
Os sapatos eram fabricados em tecidos e levados a um artista que imprimiria sobre eles uma imagem da escolha do cliente: o animal favorito, jogos de cartas, cenas famosas de Londres, Paris, Nova York ou Roma, árvores, pássaros, flores, castelos. O efeito era fascinante e o custo extremamente baixo, considerando o alto padrão artístico e pelo fato de que, não importava quão comum fosse o estilo do sapato, as pinturas davam um toque de glamour a uma criação única e exclusiva.
Materiais baratos
A seleção de materiais mais baratos, consequência da escassez do couro e tecidos mais nobres, tornou-se cada vez mais comum na indústria de calçados e vestuário a partir de 1935 e durante a Segunda Guerra Mundial. Foi durante este período que Ferragamo desenvolveu algumas de suas mais belas e inovadoras criações, demonstrando uma incrível habilidade em trabalhar com materiais diversos, que testavam sua criatividade e técnica impecável. Cortiça, papel celofane, lã, algodão, fios de malha, ráfia e linho bordado. Entre outras criações patenteou o uso, na parte que cobre o dorso do pé, o feltro reforçado e o solado feito de resíduos prensados de seda.
Couro
Salvatore frequentemente usava couro em suas criações, principalmente de cabra. A pele era tingida em uma extraordinária variedade de cores e combinada com outros materiais como couro de lagarto ou cetim, para os sapatos de noite. O couro de boi era especialmente utilizado para calçados casuais e de inverno.
Peles exóticas
No final dos anos de 1920, a demanda por peles exóticas aumentou significativamente. Na maioria das vezes, eram combinadas com materiais polidos, camurças, couro de vitela e cabra, além das imitações em pele de cobra, que apareceram regularmente nas criações de Ferragamo, nos anos de 1920 e 1930. A recuperação da economia após a guerra levou ao retorno dos bens de luxo e acessórios de peles finas, principalmente crocodilo e lagarto. No final dos anos de 1950, muitas peles também foram utilizadas, especialmente de jaguatirica, girafa e zebra.
Plástico
Resinas de vinil eram cada vez mais utilizadas na produção de calçados e acessórios, saltos e solados, pela flexibilidade do material, variedade de cores possíveis e resistência. Em 1955, Salvatore, que fazia uso constante do vinil, lançou a inovadora sola transparente e invisível.
Escamas de peixe
Durante a década de 1920 novos materiais foram explorados para criar diferentes efeitos. No final desta década os chamados “couros do mar” foram inventados. As “peles de peixe” eram preparadas de forma especial e seu tamanho reduzido exigia grande habilidade no manuseio e no design do sapato. Desde 1928, a grife italiana utilizava pele do sea-leopard, um peixe encontrado nas águas do norte. Com a Segunda Guerra Mundial, esse material desapareceu do mercado, sendo reintroduzido por Ferragamo em 1954.
Solas e saltos brilhantes
Saltos em aço ou bronze foram utilizados nos sapatos da marca desde a década de 1920. Mas eles estiveram no auge da moda, sobretudo nos anos de 1950. Em 1955, a marca apresentou uma série de criações importantes. Uma delas foi o salto metalizado em várias cores, revestido com uma lâmina de alumínio, a outra era uma espécie de gaiola no calcanhar, oca e leve, mas bastante resistente. A terceira, e ainda mais engenhosa, era um salto adornado com pedras preciosas, ouro, prata ou metal, cuidadosamente feito à mão. Mas a invenção mais extraordinária foi o solado de metal que Ferragamo desenvolveu em 1956, quando foi chamado para criar o sapato mais caro que já havia produzido: uma sandália em ouro 18 quilates.
Palha e ráfia
O uso de fibras vegetais e palha na confecção de calçados não era exatamente uma novidade, mas antes de Ferragamo reavivá-los, no início dos anos de 1930, o material havia caído em desuso. Quando se instalou em Florença, a indústria de palha, uma das atividades mais prósperas da cidade, inspirou a reintrodução do uso deste material em calçados. A favorita de Ferragamo era a ráfia, uma fibra derivada da folha de uma palmeira do leste africano, que o designer explorava em suas criações de luxo. A inovação proposta foi a adotar essa trama para a parte do dorso do pé, essencialmente nas coleções de verão. Em 1950, palha e ráfia estavam em falta, sendo gradualmente substituídas pelas fibras sintéticas. Ferragamo favoreceu a disseminação de um tipo específico de ráfia sintética chamada “pontovo”, produzida principalmente em Bonito, sua cidade natal.
Celofane
Com as guerras, as indústrias de calçados e vestuário, foram obrigadas a encontrar materiais substitutos para a confecção dos produtos. “Meu primeiro grande desafio foi encontrar um substituto de alta qualidade para pele de cabra. Experimentei muitos materiais, mas nenhum foi satisfatório. Foi então que, numa manhã de domingo, eu encontrei a solução. Minha mãe gostava muito de chocolates, e neste dia eu havia comprado uma caixa de bombons. Ao desembrulhar o chocolate, fiquei encantado com o papel transparente e pensei: aqui pode estar o substituto que eu tanto procurava”. Isso marcou o início da produção de sapatos da SALVATORE FERRAGAMO em papel celofane, trabalhado frequentemente em composições com algodão e outros materiais.
A criatividade de Salvatore Ferragamo contribuiu para o sucesso do design e da moda italiana com invenções que mudaram a história do calçado e que ainda são fontes de inspiração para muitos dos estilistas. As criações dele foram perpetuadas pelos seus filhos, em particular Fiamma, que desenvolveu uma gama de sapatos e acessórios que se tornariam os emblemas mais conhecidos da marca. Até hoje, 90% do processo de produção dos calçados é artesanal, o que faz com não exista dois sapatos da marca absolutamente idênticos. Por dia, cada 30 funcionários produzem, em média, 30 calçados. O couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo montada, em um total de 200 etapas.
O museu
O Museo Salvatore Ferragamo é um museu privado, dedicado à história da empresa SALVATORE FERRAGAMO, a vida de seu fundador e suas criações: as peças de calçados, síntese de busca da estética e de técnicas artesanais inovadoras. Inaugurado no mês de maio de 1995, o museu nasceu por iniciativa da família Ferragamo com a intenção de disponibilizar ao público, estudiosos e, sobretudo, aos jovens, as qualidades artísticas do estilista e o importante papel que desempenhou na história do setor de calçados e também da moda internacional. Seus estudos sobre a anatomia do pé e sobre as formas o levaram a inventar o “método Ferragamo”, uma técnica de artesanato de calçados revolucionária.
O museu está localizado no centro histórico de Florença na Itália. Está instalado no segundo piso do Palácio Spini Feroni, situado na Rua Tornabuoni, nº 2, onde se encontrava o “formarino”, o arquivo de formas em madeira dos pés mais ilustres do mundo do cinema e de famílias reais. No térreo encontra-se a atual loja da SALVATORE FERRAGAMO e pela entrada principal do palácio, através de uma escadaria se tem acesso ao museu que fica no andar superior. São fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos, além da exibição bienal da coleção com mais de 10 mil modelos de sapatos, expostos em rodízio, ordenados cronologicamente e colocados em estantes transparentes que garantem a conservação e correta exposição, para contar de forma única a história da marca e do estilista. A coleção de calçados do museu documenta a intensa atividade desenvolvida por Salvatore Ferragamo desde seu regresso a Itália em 1927 até 1960, ano de sua morte. A coleção manifesta a capacidade técnica e artística de Salvatore, que na escolha das cores, na fantasia dos modelos e na experimentação dos materiais, ofereceu uma contribuição fundamental ao desenvolvimento e a firmação do conceito “Made in Italy” no mundo.
Alguns modelos demonstram o contato entre Salvatore Ferragamo e os artistas da época, tal como o pintor futurista Lucio Venna, autor de quatro esboços da conhecida marca de calçados; outros provam sua contínua experimentação em busca da perfeita aderência do calçado ao pé, e na invenção de detalhes e materiais, desde a famosa sola de cunha de cortiça, patenteada em 1936 e imediatamente copiada por todo o mundo, até a utilização da ráfia, pele de peixe e celofane, que foi usada por ele durante o período das guerras. Não foi por acaso que Salvatore Ferragamo ao regressar para a Itália dos Estados Unidos, se instalou em Florença. Suas belezas, seu passado, seus monumentos, o artesanato ativo, constituem um patrimônio que pertence não somente a Itália, mas ao mundo inteiro. Cidade da arte, Florença é um símbolo também de elegância e do estilo italiano. Para quem, como Ferragamo, havia levado seu ofício a uma atividade artística, não existia lugar melhor para estabelecer-se e organizar seu próprio trabalho e sua vida privada. Por tudo isso, Florença é parte integrante da cultura da marca SALVATORE FERRAGAMO, tal como é o Palácio Spini Feroni, a sede do museu.
Dados corporativos
● Origem: Itália
● Fundação: 1927
● Fundador: Salvatore Ferragamo
● Sede mundial: Florença, Itália
● Proprietário da marca: Salvatore Ferragamo S.p.A.
● Capital aberto: Sim (2011)
● Chairman: Ferrucio Ferragamo
● CEO: Eraldo Poletto
● Faturamento: €1.43 bilhões (2015)
● Lucro: €174.5 milhões (2015)
● Valor de mercado: €3.49 bilhões (setembro/2016)
● Lojas: 662
● Presença global: 90 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 4.000
● Segmento: Moda e calçados de luxo
● Principais produtos: Sapatos, roupas, bolsas e perfumes
● Concorrentes diretos: Jimmy Choo, Manolo Blahnik, Christian Louboutin, Roger Vivier, Christian Dior, Prada, Fendi, Gucci, Missoni e Chanel
● Ícones: Os luxuosos sapatos
● Website: www.ferragamo.com
A marca no mundo
Atualmente a marca possui 662 lojas localizadas em mais de 90 países, apresentando produtos que englobam de sapatos, roupas, bolsas, echarpes, até gravatas, óculos, relógios e perfumes, tanto femininos como masculinos. Com faturamento superior a €1.4 bilhões em 2015, a SALVATORE FERRAGAMO se transformou em um dos mais importantes impérios da moda italiana. Os calçados representam 42% do faturamento, seguidos pelos produtos de couro e bolsas com 37%. Mundialmente, a região da Ásia-Pacífico representa 36.1% das vendas da grife, a Europa responde por 26.6%, a América do Norte por 23.3% e o somente Japão é responsável por 8.9% do faturamento. Os perfumes, assim como os outros produtos, são “Made in Italy” e exportados para as mais de 15.000 perfumarias que comercializam SALVATORE FERRAGAMO.
Você sabia?
● À SALVATORE FERRAGAMO foi concedida a primeira patente de uma criação de moda, em 1937.
● São assinados pela SALVATORE FERRAGAMO todos os sapatos usados pela cantora Madonna para encarnar Evita, no filme de Alan Parker, de 1996.
● Lungarno Hotels Collection é a coleção de hotéis luxuosos da família Ferragamo, que possui quatro propriedades em Florença e uma em Roma. O Portrait Suites, na capital italiana, é o mais novo e seus interiores contam a história do patriarca Salvatore Ferragamo. Já em Florença, o Gallery Hotel Art, reúne uma clientela descolada e tem sempre exibições de arte e fotografia no lobby. No Hotel Lungarno, todos os espaços comuns oferecem vista espetacular para o Rio Arno. Já o Lungarno Suites, transmite a sensação de estar em um apartamento florentino. E o Continentale inspira-se nos anos de 1950 para os viajantes românticos. A coleção inclui, ainda, uma vila nos arredores de Florença, a Villa Le Rose (para ser inteiramente alugada) e um veleiro com quatro suítes e tripulação, na costa da Toscana.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Travel Whiz, View, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor Econômico), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
Fonte: Mundo das Marcas, publicado em 28 de julho de 2006, atualizado em 1 de setembro de 2016. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Linha do tempo - Site Salvatore Ferragamo
1898 - Salvatore Ferragamo nasce em Bonito
Salvatore Ferragamo nasceu em 5 de junho de 1898 em Bonito, a cem quilômetros de Nápoles. Ele era o décimo primeiro de 14 filhos, e seus pais, Antonio e Mariantonia Ferragamo, trabalhavam nos campos que possuíam, cada um com quatro hectares ou um pouco mais.
A família era pobre e a vida era difícil. Muitos dos irmãos de Salvatore foram forçados a deixar a Itália e emigrar para os Estados Unidos para tentar a sorte. Salvatore os seguiria em breve.
Desde criança, o pequeno Salvatore sonhava em ser sapateiro. Ele passou suas horas assistindo o sapateiro no trabalho da cidade, embora seu pai o desaprovasse porque ser sapateiro era considerado a profissão mais humilde. Quando sua irmã Giuseppina ia fazer a Primeira Comunhão, a família Ferragamo não tinha dinheiro para pagar pelos sapatos brancos ditados pela tradição. Foi uma vergonha para a família.
Salvatore pegou emprestado unhas, fios, telas brancas e as ferramentas necessárias do sapateiro da aldeia. Naquela noite, em segredo, ele começou a fazer seu primeiro par de sapatos. Eles estavam prontos pela manhã e sua irmã pôde ir à igreja com sapatos brancos novos para o espanto de todos. Salvatore tinha nove anos na época. Ele encontrou seu destino. Eu seria um sapateiro.
1909 - Pobre em Nápoles
Aos 11 anos, com apenas alguns centavos no bolso, Salvatore veio a Nápoles para aprender mais sobre a fabricação de calçados. A cidade foi e continuou sendo uma das capitais do luxo. Salvatore abriu sua própria loja de sapatos em sua cidade natal com seis trabalhadores, todos mais velhos que ele.
1915 - Emigração para os Estados Unidos
Em 24 de março de 1915, o nome Ferragamo apareceu na lista de passageiros do navio a vapor Stampalia, originalmente de Nápoles com destino a Nova York. O jovem de dezesseis anos decidiu deixar seu negócio para se encontrar com seus irmãos que emigraram para a América. Foi motivado por um desejo de melhorar a si mesmo, de aprender o segredo do sapato perfeito. Por 200 liras, ele comprou um ingresso de terceira classe. Sua cabine era tão suja e estreita que, durante a viagem, ele decidiu subir para a segunda classe pagando uma diferença de 75 liras, o que representava quase todo o dinheiro que ele trouxe. Salvatore finalmente desembarca na Ilha Ellis em 7 de abril de 1915, depois de quinze dias no mar.
Para entrar nos Estados Unidos, ele teve que provar ao escritório de imigração que tinha US$ 20. Salvatore decidiu trocar o pouco dinheiro que havia deixado por uma nota de um dólar e o envolveu em um rolo de pedaços de papel amarrados com um elástico. Eu esperava que os funcionários da alfândega estivessem muito ocupados e que não percebessem o engano. É assim que ele entra na América e imediatamente se sente em casa. Durante duas semanas, ele trabalhou na fábrica de calçados em Boston, uma das empresas mais importantes da Costa Leste, mas não ficou surpreso. Os sapatos feitos à máquina não tinham a mesma qualidade que ele e a maioria dos artesãos italianos poderiam fazer à mão.
Santa Bárbara
Em 1915, Salvatore Ferragamo se mudou para Santa Bárbara, na Califórnia, para se reunir com seus irmãos Alfonso, Girolamo e Secondino. Ele ficou impressionado com a beleza da paisagem, que o lembrava da Itália, e ficou muito fascinado com a cidade, que já era um destino turístico, e onde os primeiros estúdios de cinema logo seriam construídos. Sua entrada no mundo do cinema foi através de seu irmão Alfonso, que tinha um emprego na American Film Company engomando trajes de passar, e seu primo Jerry, que teve um papel recorrente na série The Diamond from the Sky (1915), para a qual Ferragamo forneceria seus primeiros sapatos. A série estrelou Lottie Pickford, irmã da mais conhecida Mary Pickford. E foi no armário do estúdio que Salvatore viu pela primeira vez um par de botas jeans que foram usadas em filmes de faroeste. Ele sentiu que seu novo desafio seria aperfeiçoar esse tipo de sapato. Ele completou com sucesso um pedido de botas jeans, confortáveis e bem feitas, e com isso as portas de Hollywood se abrem para ele. Ele imediatamente se sente em casa.
Salvatore abriu uma loja em Mission Canyon, perto da Mission Street, onde a American Film Company estava localizada. Pouco depois, ele e seus irmãos mudaram a loja para a 1033 State Street e se mudaram para morar na 719 California Street. Lottie e Mary Pickford, Pola Negri, as irmãs Costello, Lolita Lee, Dolores del Río, Barbara La Marr se tornaram seus clientes fiéis.
1916 - O sapato perfeito
Salvatore Ferragamo rapidamente aprendeu inglês e se sentiu pronto para estudar anatomia para entender a estrutura do pé, sobre a qual todo o esqueleto repousa. Essa foi a razão pela qual ele veio para a América. Em 1916, ele se matriculou nas aulas noturnas da Divisão Estendida da Universidade do Sul da Califórnia em Los Angeles e, no final do curso, descobriu o segredo do ajuste perfeito. Ele descobriu que o peso do corpo repousa sobre o arco.
Na fabricação tradicional de calçados, os sapatos eram fabricados apoiando a junta e o calcanhar, sem se preocupar se eram confortáveis. Isso não significa, diz Salvatore, que o arco do pé deve ter um suporte?
A natureza criou o pé humano com essa forma arqueada para que, como na arquitetura, ele possa suportar mais peso do que uma superfície plana. A tarefa do arco plantar, no entanto, vai muito além, uma vez que suporta o peso em movimento.
Como os arquitetos, Salvatore usou uma fileira de chumbo para suas demonstrações para encontrar a linha média que desce verticalmente da cabeça até o arco do pé. Salvatore inseriu uma chapa de aço para apoiar o arco, dando ao pé a oportunidade de se mover como um pêndulo. Esta foi a descoberta que o levou ao sucesso.
1920 - A primeira patente
Quando a American Film Manufacturing Company decidiu se mudar para Hollywood, que estava ganhando a liderança na indústria cinematográfica global, Ferragamo, cada vez mais envolvido nas produções do estúdio, também começou a pensar em deixar Santa Barbara. No entanto, o plano foi quase frustrado em 4 de fevereiro de 1920, quando ele estava dirigindo em Ventura e seu carro falhou, causando um acidente e a morte de seu irmão Eliodoro. No Bard Memorial Hospital, em Ventura, ele foi submetido a um tratamento extremamente doloroso para puxar a perna com uma tala, o que foi ineficaz. A medicina ortopédica naquela época ainda estava se separando da medicina geral e a fisioterapia estava apenas começando. Salvatore colocou em prática em seu próprio corpo o que havia aprendido em suas aulas de anatomia. Durante os seis meses em que esteve no hospital, ele criou e construiu um cilindro para segurar a perna, que mais tarde patenteou como um dispositivo para apoiar os membros feridos. Eventualmente, seria distribuído por uma empresa com sede em Chicago, especializada em itens ortopédicos.
1923 - A loja de botas de Hollywood
Em abril de 1923, a imprensa de Hollywood informou que John Bohannon havia vendido a Salvatore Ferragamo a licença da Hollywood Boot Shop, uma das empresas mais antigas e elegantes da cidade.
O edifício de dois andares, que estava localizado na 6687 Hollywood Boulevard, na esquina da Las Palmas Boulevard, gozava de uma localização invejável em frente ao Grauman's Egyptian Theatre, onde todas as estreias de filmes e muitas apresentações teatrais ocorreram. Em 4 de dezembro de 1923, o Teatro Egípcio mostrou Os Dez Mandamentos, dirigido por Cecil B. DeMille, que pediu a Ferragamo para projetar e produzir os sapatos para o filme.
A partir desse momento, a produção de Salvatore em Hollywood foi dividida em três categorias: sapatos para estúdios, sapatos encomendados por clientes particulares e sapatos para as apresentações de Grauman.
Salvatore morava na 2222 North Beachwood Drive.
1923-1927 - Colaboração com cinema
Em 1923, Cecil B. DeMille contratou Ferragamo para projetar e produzir os sapatos para seu novo épico, Os Dez Mandamentos (1923). O trabalho foi intenso e levou Ferragamo à biblioteca da cidade para investigar os designs e soluções que funcionariam melhor com os figurinos projetados por Clare West. O diretor ficou encantado com seu trabalho e, em 1926, pediu a Ferragamo para fazer os sapatos para "The Volga Boatman". Em 1927, DeMille contratou Ferragamo para fazer os sapatos para outro filme importante, "King of Kings" (1927). DeMille não foi o único diretor com quem Ferragamo trabalhou. Havia David Wark Griffith com "Way Down East" (1920) e "The White Rose" (1923), James Cruze com "The Covered Wagon" (1923) e Raoul Wash com "The Thief of Baghdad" (1924), estrelado por Douglas Fairbanks, que frequentava regularmente a loja. Muitas estrelas tinham a mesma idade que Salvatore ou eram ainda mais jovens, e Ferragamo não era apenas o homem que fazia seus sapatos. Ele era um amigo. Seu compatriota italiano Rudolph Valentino costumava passar por um prato de espaguete e John Gilbert, Valentino e Fairbanks passaram seus fins de semana com Ferragamo, nadando no Lago Arrowhead.
1925 - A abertura da loja de Hollywood
Em 19 de fevereiro de 1925, após uma longa remodelação, Ferragamo abriu a nova loja na 6683 Hollywood Boulevard, uma porta a leste da entrada anterior. Os interiores foram decorados no estilo do Renascimento italiano, com colunas clássicas, batik nas paredes para se parecer com tapeçarias do século XIV, sofás esculpidos à mão e cortinas exuberantes. A imagem que Ferragamo pretendia projetar era a da Itália que os americanos amavam, da Itália renascentista, arte e cultura. Mais do que uma loja, era uma sala de estar com uma atmosfera calorosa e íntima. A fotografia da inauguração mostra os inúmeros convidados, incluindo várias estrelas de cinema, como Mary Pickford, Douglas Fairbanks, Gloria Swanson, Monty Banks e Rudolph Valentino. A Hollywood Boot Shop era tão famosa que apareceu no filme Show People, do Rei Vidor, em 1928. Em sua autobiografia de 1957, Salvatore Ferragamo lembra as ordens incomuns que recebeu de estrelas como Gloria Swanson, Lillian Gish, Jean Harlow e Greta Garbo. Ele criou uma bota elástica para Lola Todd usar como meia com sua pele de leopardo. Para Alice White, a secretária de Charlie Chaplin que virou atriz, considerada uma verdadeira entusiasta da moda, projetou saltos elegantes de dois tons. O Arquivo de Salvatore Ferragamo mantém muitos desses sapatos hoje. O par mais extravagante que ele fez naquele período foi para uma princesa indiana, decorada com as penas do beija-flor, o menor animal do mundo. Ele pagou US$ 500 pelos sapatos, o que naquela época era uma fortuna.
1926 - Cidadania Americana
O designer de vinte e cinco anos ganhou o respeito de líderes proeminentes da cidade e, em 19 de fevereiro de 1926, tornou-se cidadão dos Estados Unidos.
Ferra-gamo Inc. e o retorno à Itália
Em 1926, Salvatore Ferragamo havia feito seu nome no mercado em torno da indústria cinematográfica americana, mas não parou por aí. Eu queria mais do que fazer sapatos personalizados para um pequeno número de clientes ricos. Eu queria expandir a produção, mantendo a mesma alta qualidade e estilo.
Em fevereiro de 1926, com financiamento de investidores, ele fundou a Ferra-Gamo Incorporated, da qual foi presidente. Ele teve uma ideia para os sapatos feitos na Itália e distribuídos pela loja de Hollywood para clientes americanos e talvez europeus.
Ferragamo deixou os Estados Unidos para a Itália em 1926 ou início de 1927, de acordo com alguns jornais.
1927 - A chegada em Florença
Depois de uma turnê pela Itália e uma estadia em Nápoles, onde Salvatore recebeu seu treinamento, no verão de 1927 ele chegou a Florença, que escolheu por sua reputação histórica como uma cidade de arte, cultura e negócios. Ferragamo foi cativado pela beleza da capital toscana e filmou a cidade com a câmera que havia comprado na América, capturando a Galeria Uffizi, o Lungarno (as ruas ao longo do rio Arno), a Piazzale Michelangelo e a colina de Fiesole, onde logo faria sua casa. Florença havia se tornado recentemente o centro da estratégia nacional do governo fascista para relançar o artesanato e o turismo italianos. No entanto, as reuniões de Ferragamo com mestres sapateiros o deixaram desapontado. Muitos estavam céticos sobre suas novas técnicas para fazer sapatos e medir pés. Apenas os artesãos mais jovens mostraram curiosidade e interesse em seu plano. Salvatore então abriu uma fábrica que serviria como campo de treinamento para 75 aprendizes sob sua supervisão. Ele resgatou o patrimônio artesanal da cidade e o fundiu com o sistema de produção das fábricas americanas, dividindo o processo em etapas. Sua fábrica estava localizada na via Mannelli 57 (o prédio agora é a 109th Street), perto da estação de trem Campo di Marte, que serve a linha ferroviária Florença- Roma, a primeira etapa da viagem que seus sapatos fariam para chegar aos Estados Unidos. Iniciativas para promover artesãos na Itália convenceram Ferragamo a ficar e solicitar residência em Florença.
1928-1930 - Os primeiros anúncios publicitários
Ferragamo colocou em prática a pesquisa que realizou na Califórnia, combinando suas descobertas com artesanato tradicional florentino, como bordados, rendas Tavarnelle e palha tecida que foram usadas para fazer os famosos chapéus florentinos. Para seus sapatos de cana de palha criados em 1930, ele registrou uma marca específica, "Pompeian by Ferragamo", em homenagem às recentes descobertas na Villa dei Misteri, em Pompéia.
A relação de Salvatore com os movimentos artísticos e culturais da época era igualmente próxima e transcendente. Essa relação está documentada em suas colchas de retalhos inspiradas nos têxteis americanos e no trabalho de Sonia Delaunay e em seu uso de cores brilhantes e brilhantes e telas pintadas. Salvatore conheceu o pintor futurista Giuseppe Landsmann, conhecido por todos como Lucio Venna, que abriu uma empresa de publicidade e design gráfico em Borgo degli Albizi, Florença.
O sapateiro contratou Lúcio Venna para projetar o logotipo de seus sapatos, anúncios e um folheto.
1929 - Patentes para invenções e decorações
Em 9 de julho de 1929, Salvatore Ferragamo registrou uma patente na Itália por sua invenção mais famosa, a chapa de aço inserida em seus sapatos para segurar o arco do pé. Ele também patenteou muitos estilos de calçados, mostrando sua extraordinária previsão. Ele não apenas criou sapatos artesanais exclusivos, mas também considerou como eles poderiam ser copiados e como ele poderia protegê-los.
A empresa estava florescendo e seu presidente decidiu solicitar residência em Florença em 24 de janeiro de 1929. Enquanto isso, ele optou pela cidadania italiana e decidiu se juntar à sua família.
1929-1933 - A queda de Wall Street e a falência
A queda do mercado de ações em 1929 não deixou a Ferra-Gamo Incorporated ilesa, já que os negócios da empresa estavam profundamente entrelaçados com os Estados Unidos. A pressão de seus acionistas americanos e a decisão, que Ferragamo antecipou o máximo que pôde, de vender a loja de Hollywood, levaram Salvatore a estabelecer uma empresa totalmente italiana, da qual ele seria de propriedade integral. Quando a década de 1930 chegou, a jovem empresa estava lidando com os efeitos negativos da crise: a instabilidade econômica nos Estados Unidos e em todo o mundo exacerbou as dificuldades de um modelo produtivo que precisava consolidar estratégias e processos organizacionais. Ferragamo tentou se manter à tona, mas a situação piorou e o levou a declarar falência perante a Corte de Florença em agosto de 1933.
Mais uma vez, o modelo de produção teve que ser redesenhado e Ferragamo viu a importância de ter clientes locais e uma fábrica no coração de Florença.
1937 - A patente do salto de cunha
A criatividade de Salvatore Ferragamo disparou na década de 1930 e durante a guerra, quando os obstáculos pareciam estimulá-lo. Em março de 1936, Benito Mussolini impôs um extenso programa de nacionalização e protecionista no país, que foi resumido como autarquia. Foi sua resposta às sanções comerciais que a Liga das Nações adotou contra a Itália em outubro de 1935 por sua agressão militar na Etiópia. O melhor aço era necessário para as armas e a qualidade do aço alternativo era tão ruim que Ferragamo não poderia usá-lo para as placas que tornavam seus sapatos tão únicos. Salvatore resolveu o problema preenchendo o espaço entre o calcanhar e a sola do pé com pedaços de cortiça da Sardenha, que ele pressionou e bateu. Nasceu o primeiro salto de cunha. Ele era atraente e confortável, e rapidamente se tornou seu estilo mais popular.
A invenção aparece na patente 354889 de 13 de dezembro de 1937.
A primeira loja Ferragamo no Palácio Altoviti Sangalletti
A primeira loja documentada de Salvatore Ferragamo em Florença consiste em um quarto individual com uma borda na rua dentro do Palácio Altoviti Sangalletti na via Tornabuoni. A existência da loja é documentada por fotos de arquivo e um item de moda que apareceu em "Vogue USA" em 1937. Neste último, acompanhado por um esboço que mostra a projeção com a vitrine, o jornalista descreve a experiência dentro da loja: "não mais do que 4 metros de largura", mobiliado com quatro assentos e os sapatos visíveis no chão.
Como pode ser visto na placa na janela, a atividade é chamada de Ferragamo e é apresentada na forma de uma sociedade limitada.
1938 - A Salvatore Ferragamo S.P.A. é fundada e Ferragamo inicia o processo de compra do Palazzo Spini Feroni e do Palagio
Em 1936, Ferragamo aluga, através de sua irmã, já que foi proibido de negociar devido à falência, algumas salas do histórico Palácio Spini Feroni, um edifício simbólico da Florença medieval e reinicia toda a sua atividade. Apenas alguns anos após a falência, Salvatore retorna ao sucesso e funda a Salvatore Ferragamo S.p.A. Também consegue iniciar o processo de compra gradual de diferentes pacotes de ações da propriedade da Palazzo Feroni Joint Stock Company, constituída em Florença em 1928. Desde então, o Palácio Spini Feroni tem sido a sede da empresa Ferragamo. No mesmo ano, ele abriu uma loja na Via Condotti, 65 em Roma, e na Old Bond Street, 24 em Londres.
Um mês depois de começar a adquirir as ações do palácio, ele começa a procurar uma casa para comprar e encontra a que corresponde aos seus desejos, nas colinas de Fiesole, o Palácio.
1939 - Guerra e escassez de materiais
Nestes anos, a escassez de materiais para calçados exacerba a imaginação de Ferragamo. É assim que nascem os dentes do pé de cânhamo, feltro e pele de peixe. Salvatore também recorre ao celofane, observando o papel dos chocolates, brilhantes e elásticos. Torcido com fios de seda coloridos, pode ser de malha ou malha, produzindo um efeito original e elegante.
Em 1939, Salvatore Ferragamo abriu uma loja em Milão, na Via Montenapoleone, 23 anos.
Na véspera da eclosão do segundo conflito mundial, a empresa tinha 400 funcionários e uma produção de 200 pares de sapatos por dia, mas com a entrada direta da Itália na guerra, ela é drasticamente reduzida.
1940 - Casamento com Wanda Miletti
Em 9 de novembro de 1940, Salvatore Ferragamo se casou com Wanda Miletti em Nápoles. Wanda era filha do prefeito e doutor de Bonito. Ela tinha apenas 19 anos quando o casal se casou logo após o encontro durante uma das viagens de Salvatore à sua cidade natal. Foi amor à primeira vista.
1942 - "Documento de moda"
"Documento Moda" foi uma revista de moda e têxtil publicada pelo National Fashion Institute, uma organização fascista criada para promover o desenvolvimento do estilo italiano. Entre 1941 e 1943, a revista dedicou uma série de edições a Ferragamo, que era famoso por ter comercializado com sucesso seus sapatos em outros países, especialmente nos Estados Unidos, promovendo a qualidade do artesanato italiano fora da Itália e por ter usado os materiais disponíveis durante a autarquia, como cânhamo, celofane e cortiça.
Patentes para defesa
Nem todas as patentes de Ferragamo eram para sapatos. A patente 405472, de 14 de agosto de 1943, era para um sistema de ataque e defesa de aeronaves. A patente 405527, emitida em 18 de agosto de 1943, era para a construção de um forte marítimo, uma unidade independente a bordo que poderia mergulhar e operar quando estivesse parcialmente submersa. A patente 405769 para um torpedo de lançamento múltiplo foi aprovada em 7 de setembro de 1943.
1945 - Uma chamada para recomeçar
Na edição de novembro de 1945 da prestigiada revista de moda "Bellezza", Riccardo Magni, um pintor e ilustrador florentino, publicou um desenho representando um sapato Ferragamo como o único sobrevivente dos bombardeios de Florença.
No mesmo mês, novembro de 1945, a Ferragamo estabeleceu uma sociedade de responsabilidade limitada chamada "Ferragamo Esercizi & C. S.p.A." distribuir exclusivamente os produtos da empresa Salvatore Ferragamo, com sede em Florença. A nova empresa já obteve lucros um ano depois, mas 1947 marcou a recuperação definitiva dos negócios da Ferragamo, quando novas lojas foram abertas em Roma, Milão e Gênova e a marca ressurgiu nos mercados europeu e americano.
1946 - "Primeiros passos"
Em 1946, a Ferragamo lançou uma nova linha de sapatos infantis chamada "Primi passi" ou "First Steps", com uma sola antiderrapante com espaços ocos para aliviar seu peso e um piso para agarrar a superfície.
1947 - O prêmio Neiman Marcus
No verão de 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a famosa loja de departamentos americana Neiman Marcus convidou Salvatore Ferragamo para Dallas para receber o prêmio de moda Neiman Marcus por ter combinado o classicismo italiano e a tradição artesanal com a engenhosidade moderna. Estabelecido em 1938, o prestigioso prêmio só havia sido concedido a designers americanos até 1947, quando, em seu 40o aniversário, Neiman Marcus abriu as portas para a moda europeia. Junto com Ferragamo, os outros vencedores foram Christian Dior como a principal criadora da moda francesa, Irene de Hollywood por seu gosto impecável em exibir moda através da indústria cinematográfica americana e Norman Hartnell, o alfaiate da família real inglesa, por seu trabalho como criadora versátil de moda simples e sofisticada. Em 22 de agosto, Ferragamo e sua esposa Wanda embarcaram na rainha Elizabeth com destino a Nova York. Christian Dior, a quem Salvatore nunca conheceu, também era um passageiro. O alfaiate francês perguntou a Ferragamo se ele poderia dar uma olhada nos sapatos que o sapateiro havia trazido com ele e estava animado ao descobrir que os sapatos eram o complemento perfeito para suas roupas, embora Ferragamo nunca o tivesse visto antes.
A cerimônia de premiação foi realizada em 8 de setembro de 1947 perante o vice-presidente da Neiman Marcus, Stanley Marcus, e foi seguida por um desfile de moda, no qual os sapatos Ferragamo foram combinados com peças Dior.
Os sapatos que Salvatore Ferragamo trouxe com ele para Dallas em 1947 incluíam as sandálias "invisíveis" de Ferragamo com um salto de cunha de madeira em forma de "F". A cunha era coberta de couro e a parte superior era feita de linha de pesca de nylon transparente. Ferragamo teve a ideia de um trabalhador, Alfonso Caldini, que depois de pescar no Arno, retornou com um peixe grande que havia capturado com um novo tipo de linha de pesca feita de nylon. "O peixe não consegue ver", explicou ele a Salvatore.
A sandália invisível foi um grande sucesso, em parte graças à sua cobertura favorável na imprensa internacional. O preço de um par foi de US$ 29,75, o equivalente ao preço de quatro toneladas de carvão.
Eva Perón, cliente da Salvatore Ferragamo
Em 24 de outubro de 1946, Juan Domingo Perón foi eleito presidente da República Argentina. Sua esposa Eva, chamada Evita pelo povo, se torna primeira-dama. Em junho de 1947, Evita e seu marido viajaram para a Europa. Entre as etapas estão a Itália e Roma. A partir desse momento, ele se tornou cliente de Salvatore Ferragamo até sua morte em 26 de julho de 1952. Salvatore Ferragamo cria muitos modelos para ela, quase todos feitos com peles de animais originários dos Andes e da América do Sul. Ferragamo a define em sua autobiografia como "a mulher mais inteligente" que ela já conheceu.
Em 1996, o filme Evita, de Alan Parker, interpretado por Madonna, foi lançado. Salvatore Ferragamo fabrica os sapatos para a atriz, em colaboração com a figurinista Penny Rose, que reproduz alguns dos modelos que Salvatore havia feito para a esposa do primeiro-ministro na década de 1950.
1948 - Salvatore Ferragamo abre sua primeira loja em Nova York
Em 1948, a primeira loja operada diretamente pela marca foi inaugurada na 424 Park Avenue.
1949 - Salvatore Ferragamo convida Christian Dior para Florença
Em abril de 1949, Christian Dior chegou a Florença a convite de Ferragamo para participar de uma exposição de moda realizada em várias partes da cidade. Os dois designers falaram sobre a criação de um centro de moda em Florença no Palazzo Spini Feroni, sede da Ferragamo, que celebraria a moda internacional, mas o projeto nunca foi realizado.
Pietro Annigoni pinta Salvatore Ferragamo
Em 1949, o artista florentino Pietro Annigoni, que Ferragamo conhecia desde a década de 1930, quando o Palazzo Spini Feroni abrigou a galeria de arte Bellini, pintou um retrato de Salvatore Ferragamo como artista, criando uma de suas melhores obras.
1949-1960 - Estrelas no Palazzo Spini Feroni
Durante o boom econômico, o "sapaiteiro das estrelas", como Salvatore Ferragamo era conhecido, atingiu o auge de seu sucesso, contando entre seus clientes as mais famosas estrelas de cinema italianas e internacionais, de Audrey Hepburn a Anna Magnani, de Greta Garbo a Sophia Loren, bem como membros da alta sociedade, como Soraya da Pérsia Quando Audrey Hepburn chegou ao Palazzo Spini Feroni em 1954, ela tinha acabado de ganhar o Oscar por sua atuação no Roman Holiday. Ela estava acompanhada por Anita Loos, cliente de Ferragamo por um longo tempo desde seus dias em Hollywood e famosa autora do livro Gentlemen Prefer Blonds. Ferragamo criou uma de suas patentes mais famosas para Audrey Hepburn, a sola em forma de concha, que é mais usada em seus sapatos de balé.
Salvatore dividiu as mulheres que compraram seus sapatos em três categorias de acordo com o tamanho de seus pés. Cinderela usava sapatos menores que seis. De acordo com Ferragamo, eles eram femininos e amantes da moda. Para serem verdadeiramente felizes, disse ele, eles devem estar apaixonados. Ele listou Mary Pickford, Joan Crawford e Jean Harlow, bem como a Rainha da Grécia, a Duquesa de Windsor e o Maharani de Cooch Behar, como Cinderela. A Vênus era tamanho seis. Eles geralmente eram muito bonitos, mas sob seu exterior brilhante eles amavam as coisas simples da vida e muitas vezes eram mal interpretados devido a esses dois traços. Ferragamo considerou Marilyn Monroe uma Vênus. Os aristocratas eram tamanho sete em diante, como Greta Garbo, Audrey Hepburn e Lauren Bacall. Ele os descreveu como sensíveis com grande compreensão, mas apontou que eles poderiam estar irritados.
1951 - Salvatore Ferragamo participa do primeiro desfile de moda italiano
Em 12 de fevereiro de 1951, Salvatore Ferragamo participou do primeiro desfile de moda verdadeiramente italiano organizado pelo comprador Giovanni Battista Giorgini no salão de baile de sua casa, Villa Torrigiani, em Florença, com a imprensa internacional e os compradores americanos.
Ferragamo participou do desfile com a sandália Kimo criada para os vestidos projetados pelo alfaiate romano Emilio Schuberth. Inspirado no sapato tabi japonês, ele foi usado com uma meia de couro ou cetim para combinar com a cor de cada vestido.
A arquitetura da loja de Florença
Em fevereiro de 1951, a loja de Salvatore Ferragamo em Florença foi publicada na revista "Architetti".
1952 - A parente do anemômetro e o enxerto de um picos duplos
Os muitos interesses de Salvatore Ferragamo também são demonstrados por patentes que não se referem a sapatos. Entre eles está a patente 469884 emitida em 14 de outubro de 1950 e aprovada em 17 de março de 1952, que se refere à construção de um dispositivo para carregar acumuladores elétricos, usando a energia motriz do vento.
Entre as outras paixões de Salvatore, havia também agricultura e cuidados com as plantas. Wanda Ferragamo lembra que Salvatore, através de seus testes de enxerto, obteve uma espiga dupla de trigo.
1954 - Salvatore Ferragamo colabora com Elda Cecchele
A partir de 1954, Salvatore Ferragamo, por alguns anos, fez alguns sapatos com tecidos especiais, obtidos entrelaçando couros, fios metálicos e fios de celofane, criados por Elda Cecchele, uma tecelã habilidosa e criativa que faz seus tecidos em sua oficina de artesanato em Galliera Veneta (Pádua).
A loja de Nápoles em Piazza Dei Martiri
Em abril de 1954, Salvatore Ferragamo abriu uma loja na Piazza dei Martiri, 60 anos, em Nápoles, a cidade onde morava há alguns meses quando era muito jovem. A loja, criada pelo arquiteto e designer Roberto Mango, tem a aparência de uma sala discreta e reservada, em vez de um estabelecimento comercial.
1954-1962 - Marilyn Monroe e Salvatore Ferragamo
Marilyn Monroe comprou na loja Ferragamo na Park Avenue depois de se mudar para Nova York em 1954 para ter aulas de atuação no Actors Studio. Ele amava os sapatos de Salvatore Ferragamo e os usava em todos os seus filmes. Ele até pediu a sua amiga Amy Greene, esposa do fotógrafo Milton Greene, para comprar alguns pares para ele na Itália. Este foi um momento de transformação para Marilyn, que mudou sua maneira de ser e se vestir. Ele leu, se interessou por arte e poesia, começou a frequentar intelectuais como Karen Blixen, Truman Capote e Arthur Miller, com quem se apaixonou e se casou. Ele comprou dezenas de sapatos Ferragamo até 1962, o ano de sua morte, como mostram as ordens do Arquivo Salvatore Ferragamo. Seus estilos favoritos eram as bombas Filetia e Viatica e, embora ambas tivessem agulhas vertiginosas de dez centímetros, elas nunca ficaram desconfortáveis porque Ferragamo havia patenteado um salto especial para ela, metade madeira, metade aço. Os sapatos agora fazem parte do Arquivo Salvatore Ferragamo. No topo das ordens de sapatos há um desenho do Palazzo Spini Feroni, sede da Ferragamo em Florença, baseado na pintura original de Pietro Annigoni, que foi perdida.
1955 - Pele de leopardo marinho
Em 1954, Ferragamo recuperou a pele dos leopardos marinhos, um peixe encontrado no Mar do Norte, que ele havia usado durante a guerra. Ele chegou a um acordo na Dinamarca com a Sipo Trading Company, que distribuiu pele de leão marinha. O peixe foi capturado ao largo da costa de Thule, enviado para o Royal Greenland Trading Quay e levado de trem para curtidores em Strib, onde não apenas os odores foram eliminados, mas um sistema foi desenvolvido para tingir as peles com novas cores vivas que não desapareceram com o tempo.
Os resultados foram incríveis. O acordo, que afiou um produto nacional dinamarquês com uma marca de renome internacional, foi amplamente divulgado na imprensa e nas redes de televisão locais, obtendo o apoio do governo dinamarquês e da rainha Ingrid, que encomendou sapatos de leopardo marinho para si e suas filhas Margrethe e Anne-Marie em uma variedade de cores
Para celebrar o evento, em 1955, Ferragamo realizou uma recepção no Open Gate Club, em Roma, com Sophia Loren como convidada especial, padroeira e rosto da nova moda.
1956 "Ferragamo DEBS"
Em 1956, a Ferragamo lançou o rótulo "Ferragamo Debs" para sapatos feitos na Inglaterra e parcialmente feitos à máquina. A constante expansão internacional da empresa criou a necessidade de maior produção e a Ferragamo foi forçada a usar máquinas.
A sandália dourada
A sandália de ouro de 18 quilates que Salvatore Ferragamo fez em colaboração com os ourives do Palazzo dell'Oro, perto de Ponte Vecchio, foi uma de suas criações mais incríveis. Para projetar o sapato, ele desenvolveu uma solução interessante para uma sola de metal, que se tornou uma patente 546658, 28 de julho de 1956. Ele criou a sandália para um cliente americano rico que pagou mil dólares.
1957 - Sapateiro dos sonhos
Em 1957, a autobiografia de Ferragamo, Shoemaker of Dreams, foi publicada em inglês. Ele não tinha a intenção de glorificar seu sucesso, mas contar a história de sua vida e obra na primeira metade do século, entre duas guerras e dois mundos, Itália e América.
Dois escritores ingleses, John Desmond Currie e Elisabeth Warner, colaboraram no projeto. Ferragamo agradeceu "por sua ajuda na preparação do manuscrito para a imprensa". Sabemos que John Desmond Currie e Elizabeth Warner usaram o pseudônimo Douglas Warner e que escreveram romances para os filmes.
1958 - A filha de Ferragamo, Fiamma, se junta ao pai para criar sapatos femininos
Em 1958, a filha mais velha de Salvatore e Wanda, Fiamma (3 de setembro de 1941 - 28 de setembro de 1998), deixou o ensino médio para trabalhar com seu pai na criação e produção de sapatos femininos.
Viagem à Austrália e Japão
Em setembro de 1958, Salvatore Ferragamo viajou para a Austrália, onde foi entrevistado no rádio e falou sobre sua autobiografia. O Arquivo Salvatore Ferragamo salva as gravações dessa entrevista.
Durante sua viagem, ele também parou no Japão, um país que sonhava em visitar desde seus dias em Hollywood.
1959 - Giovanna Ferragamo tem seu primeiro desfile de moda no plaza hotel em Nova York
Giovanna, a segunda filha de Salvatore e Wanda Ferragamo (nascida em 26 de março de 1943), deixou seus estudos sobre os Clássicos para fazer cursos de design de moda na Scuola Lucrezia Tornabuoni. O sonho de seu pai era transformar sua empresa, até então especializada em sapatos de luxo para mulheres, em uma casa de moda que pudesse vestir homens e mulheres "da cabeça aos pés", como ele gostava de dizer. Seus seis filhos, uma vez que crescessem, tornariam esse sonho realidade.
Em 1959, Giovanna Ferragamo projetou a primeira coleção de resorts, que ela apresentou no Plaza Hotel, em Nova York. Isso levou à abertura da primeira boutique da marca no segundo andar do Palazzo Spini Feroni e de outra boutique em Beverly Hills, o luxuoso bairro de Los Angeles. Um artigo de 1960 inclui uma fotografia de Giovanna com suas criações: uma saia impressa feita com duas mastigações de seda inspirada em Romo Toninelli, um industrial de Como, que representa e reinterpreta um detalhe da série de pinturas Histórias de Santa Úrsula de Vittore Carpaccio no Museo dell'Accademia em Veneza. As mastigações refletem a prática comum na moda italiana na época de usar padrões retirados do folclore tradicional e da arte italiana.
1960 - A morte de Salvatore Ferragamo
Salvatore tinha uma perspectiva otimista, mas seu estado de saúde se deteriorou no verão de 1960, forçando-o a conceder à sua esposa Wanda maiores poderes para a administração ordinária e extraordinária da Ferragamo S.p.A. em julho. Em 7 de agosto de 1960, em Poveruomo, perto do Forte dei Marmi, Salvatore Ferragamo morreu. Ele foi enterrado no cemitério de San Domenico, perto de Fiesole, na capela da família. Wanda, que até então era dona de casa e mãe de seis filhos, assumiu a empresa, tornando-se uma empresária astuta e capaz. Ao lado dele estavam suas filhas mais velhas, Fiamma e Giovanna.
Wanda Ferragamo está à frente da empresa
Wanda, a quem Salvatore Ferragamo, um mês antes de sua morte, já havia delegado poderes ordinários e extraordinários, se torna um motor de mudança de negócios, apoiado pelas filhas do lado criativo e por Jerry, filho de um irmão de Salvatore, em termos de estratégias para otimizar a mecanização da produção de calçados.
A partir desse momento, Wanda se torna a guia inteligente e sólida da empresa Salvatore Ferragamo, conseguindo combinar perfeitamente feminilidade e cuidado familiar com compromisso em seu trabalho e na sociedade. Um resultado alcançado sem grande orgulho, mas com firmeza.
A marca de calçados foi alterada neste período para incluir o nome do fundador, Salvatore. Em 1982, o logotipo passará por um redesenho que incluirá a estilização de sua assinatura.
1961 - Lenço de um artista
O primeiro lenço assinado pela Ferragamo foi produzido em 1961 pela empresa Ravasi de Como e foi assinado por um artista, Álvaro Monnini, fundador da Geometric Abstentionism, que naqueles anos também se dedicava a gráficos publicitários. O lenço representa o Palácio Spini Feroni em Florença, casa de Salvatore Ferragamo desde 1938. É provável que a ideia tenha nascido mais cedo, quando Salvatore Ferragamo ainda estava vivo devido à interpretação irônica e de conto de fadas que permeia o design, com uma correlação precisa entre o edifício histórico e a profissão do proprietário, também na borda que representa as ferramentas do comércio do sapateiro. Este lenço não é apenas um acessório para usar, mas também um anúncio para a empresa.
1961 - Nasce a primeira fragrância de Ferragamo
Gilio foi a primeira fragrância de Salvatore Ferragamo. Foi criado pelo testamento de Wanda Ferragamo, embora provavelmente já tenha sido concebido quando Salvatore Ferragamo ainda estava vivo. Com seu belo frasco de vidro Baccarat e embalagens refinadas, foi mais um presente para os melhores clientes do que um produto de venda. O nome lembra o lírio da cidade de Florença, mas, como no exterior eles teriam pronunciado "Gi-g-lio" com um G duro, o "g" foi removido e chamado de Gilio. Só foi comercializado nas lojas Ferragamo por alguns anos.
Em 2019, este perfume foi relançado na linha Ferragamo's Creations.
1963 - Ferruccio Ferragamo se junta à empresa
Em 1963, Ferruccio Ferragamo, terceiro filho da classe 1945 (9 de setembro), por ordem de nascimento de Salvatore e Wanda Ferragamo, entra na empresa familiar, com um plano de treinamento que o leva a experimentar os diferentes departamentos da empresa, desde a loja de calçados ou o arquivo, até a produção de calçados femininos com Jerry Ferragamo, em um momento fundamental para a empresa Salvatore Ferragamo, na qual o artesanato e a fabricação sob encomenda são abandonados em favor da produção industrial, mantendo a qualidade pela qual a marca Ferragamo foi reconhecida. em todo o mundo.
Juntamente com Fiamma e Jerry, Ferruccio foi o criador de uma nova linha de sapatos de grande sucesso, a "Salvatore Ferragamo Boutique", mais comercial e menos cara em termos de produção, mas que continuou a atender aos critérios de conforto da marca.
1965 - Giovanna Ferragamo estreia na sala branca
Giovanna Ferragamo estreia em 1965 na prestigiada Sala Branca do Palácio Pitti, em Florença, onde duas vezes por ano as novidades da moda italiana desfilavam, com suas coleções prontas para usar. Suas roupas estarão presentes na passarela de Pitti, até 1982, quando as apresentações de moda feminina são definitivamente transferidas para Milão.
Uma semana antes do desfile na Sala Branca, Giovan Battista Giorgini, organizador dos desfiles na Sala Bianca, vai ao Palácio Spini Feroni para ver a coleção de Giovanna Ferragamo e decidir se ela faz jus ao prestigiado evento. Um teste importante para Giovanna, que estava esperando seu primeiro filho, Gaetano.
1967 - Fiamma ganha o prêmio Neiman Marcus
Em 9 de fevereiro de 1967, Grand Ballroom do Sheraton-Dallas Hotel. Fiamma Ferragamo, a mais velha dos filhos de Salvatore e Wanda Ferragamo, à frente do setor de calçados e bolsas da empresa, recebe o Prêmio Neiman Marcus em Dallas, o famoso Oscar de moda concedido a seu pai vinte anos antes. Junto com ela, eles recebem o prêmio Valentino, Lydia di Roma, Venturini di Lucca e Emilio Pucci em nome de todos os artesãos florentinos danificados pela inundação de Florença em 1966. A prestigiada revista "Life" dedica uma de suas capas à Fiamma.
A fábrica de osmannoro é inaugurada
Em 1967, a expansão produtiva e organizacional da empresa se concretiza com a transferência do laboratório Varlungo na Via Aretina e dos escritórios administrativos do Palácio Spini Feroni nas maiores instalações da nova fábrica na via Lucchese em Osmannoro, e com a mudança do propósito corporativo da empresa para "fabricação e comércio de calçados Na nova fábrica de Osmannoro, as fases de prototipagem e construção foram concentradas, cuja produção foi baseada em uma rede de pequenas empresas e laboratórios, ligados por contratos exclusivos para Ferragamo, na área napolitana e nos distritos industriais próximos a Florença.
1969 - Editoriais sobre as primeiras bolsas de Ferragamo
Por muitos anos, as lojas Ferragamo venderam bolsas Roberta di Camerino como complemento aos sapatos. Com a morte de Salvatore Ferragamo, a colaboração durou alguns anos até que, na segunda metade dos anos sessenta, com a entrada na empresa de uma designer de calçados, foi decidido criar bolsas e pequenos artigos de couro internamente. O primeiro artigo salvo no Arquivo Salvatore Ferragamo, onde aparece uma bolsa Ferragamo, é de 1969. Inicialmente, os modelos tinham que ser complementares em estilo e cor aos sapatos. Eles então se tornaram acessórios cada vez mais importantes na linha de produtos Salvatore Ferragamo.
1971 - Nascem cachecóis Ferragamo
Em 1971, Fulvia Ferragamo, uma das filhas de Salvatore e Wanda Ferragamo (nascida em 2 de julho de 1950) convenceu Madre Wanda a produzir tecidos exclusivos e estampas de seda com a marca Ferragamo. Assim, ele criou os primeiros lenços com um design original, que seriam seguidos por vinte anos: animais feitos com uma colcha de retalhos de flores. Não se sabe de onde veio a ideia, talvez dos retratos do artista renascentista Arcimboldo compostos de colcha de retalhos de flores e vegetais, ou de alguns passos de Salvatore Ferragamo feitos com uma colcha de retalhos de diferentes materiais e cores. Albertina Porro, que naqueles anos trabalhou com Butti-Ostinelli, os primeiros produtores de lenços Ferragamo, lembra que a ideia foi sugerida por alguns filmes de animação do diretor tcheco Jiri Trnka transmitidos na Rai2 de outubro de 1970 a fevereiro de 1971.
No início da década de 1970, a produção mensal registrou 40.000 pares de sapatos, 8.000 roupas prontas para usar e 4.000 bolsas.
Ferragamo F é produzido, a segunda fragrância
F de Ferragamo é a fragrância lançada no início dos anos setenta: um buquê floral com fundo de couro e madeiras exóticas com um toque do Oriente. Era uma licença de uma empresa suíça.
Alguns anos depois, em 1974, F de Ferragamo Monsieur foi colocado à venda, a fragrância para homens com um buquê de couro precioso e madeira, com toda uma linha de produtos de higiene pessoal. A garrafa é verde e marrom.
1972 - O Women's Wear Daily publica uma bolsa ferragamo com um fechamento "gancini"
Em 21 de janeiro de 1972, o prestigiado jornal americano "Women's Wear Daily", publica uma bolsa Ferragamo onde um acessório em forma de gancho de metal aparece como um fechamento, que se tornaria um símbolo da marca. A origem do design é desconhecida. De acordo com uma tradição oral da empresa, a fonte de inspiração foi a porta de ferro forjado do Palácio Spini Feroni, a sede medieval de Ferragamo, em Florença, ou os ganchos aos quais os cavalos estavam amarrados, que aparecem na famosa fachada. O fato é que, desde então, o fechamento Gancini tem sido cada vez mais usado em acessórios de couro e calçados, motivando seu sucesso no equilíbrio entre estilo e funcionalidade. Em 26 de julho de 1978, o pedido de patente n. ° 46069C/78 para o projeto "Gancini", que é aprovado em 23 de outubro do mesmo ano (patente n. No 318701).
1973 - Leonardo Ferragamo se junta a Salvatore Ferragamo
Em 1973, Leonardo Ferragamo (23 de julho de 1953), o quinto filho em ordem de idade de Salvatore e Wanda Ferragamo, se juntou à empresa Salvatore Ferragamo. Começou sob as ordens de Jerry Ferragamo no departamento de produção de calçados femininos. Essa experiência lhe permite lançar as bases para o desenvolvimento de uma produção contínua de calçados masculinos, que até então só havia sido criado para pedidos especiais. O primeiro modelo em que Leonardo Ferragamo experimenta o ajuste e o calçado de seu tio Jerry é um tamanco de praia chamado "Nemo".
1974 - A loja abre na Quinta Avenida
Em 1974, a loja Salvatore Ferragamo foi inaugurada na 717 5th Avenue, na esquina da 56th Street, no piso térreo de um palácio de aço e vidro construído em 1959 pelos arquitetos Harrison, Abramovitz e Abbe. O lado da 5a Avenida era de 8 metros, o lado da Rua 56 era de 32 metros. O design de interiores foi confiado aos arquitetos Giancarlo e Luigi Bitocchi e Roberto Monsani, que projetaram um espaço contemporâneo e funcional, adequado para melhorar a qualidade dos produtos.
1976 - Nasce uma produção contínua de acessórios e roupas masculinas
Salvatore Ferragamo já havia criado sapatos masculinos, na época de Santa Barbara e Hollywood, mas apenas para atender às demandas de amigos e personalidades importantes que queriam sapatos artesanais, bonitos e confortáveis. A produção contínua de calçados e roupas masculinas foi totalmente desenvolvida em 1976, sob a direção de Leonardo Ferragamo, completando a gama de gravatas de seda e quadrados e cintos de bolso e pequenos artigos de couro.
Em 2 de abril de 1976, Leonardo Ferragamo apresenta a nova coleção de sapatos masculinos na Saks Fifth Avenue, em Beverly Hills.
O primeiro pedido significativo de sapatos masculinos vem da Sanford Sacks & Co. no Texas para suas novas lojas.
Apesar da crise econômica do período, Salvatore Ferragamo triplica seu lucro em relação ao ano anterior para chegar a quase um bilhão de liras, graças em parte à sua nova linha de produção.
1978 - O modelo mais famoso de Ferragamo é criado entre os calçados femininos: Vara
O icônico sapato de salão de Ferragamo com um salto de 3 cm foi projetado em 1978 para a coleção de inverno de 1978-1979. Este primeiro modelo se chamava Lillaz e já tinha as características que fizeram de Vara um ícone de estilo: a laço plano e a placa de metal com a assinatura Ferragamo. O modelo Lillaz era feito de pele de bezerro ou pele de cabra; a sola era feita de couro. O sapato, no entanto, não recebeu o favor do mercado dos EUA, já que tinha o calcanhar coberto com camadas de couro.
No ano seguinte, o sapato Lillaz foi lançado novamente nos Estados Unidos com o calcanhar forrado com a mesma pele do peito do pé.
A versão original, com o salto coberto de couro, tornou-se o famoso sapato de salão Vara.
Podemos dizer que este sapato constitui, no mundo do calçado, um dos poucos exemplos de grande longevidade do mesmo modelo, que tem sido um dos maiores sucessos da marca, graças também ao seu extremo conforto, sua versatilidade para atender às necessidades de todas as idades e ocasiões de uso.
Fonte: Site Salvatore Ferragamo, "Linha do tempo''. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Biografia — Wikipédia
História
Salvatore Ferragamo emigrou do sul da Itália para os EUA, primeiro para Boston e depois para a Califórnia em 1914. Ele abriu a Hollywood Boot Shop em 1923 e fez sapatos para estrelas de cinema como Joan Crawford e Gloria Swanson, bem como para filmes como Cecil B. O longa-metragem de DeMille, Os Dez Mandamentos. Ele retornou à Itália e montou uma loja de sapatos em Florença em 1927. No entanto, a atual empresa de fabricação de calçados considera 1928 como a data de sua fundação e, portanto, comemorou seu 80o aniversário em 2008.
Salvatore Ferragamo entrou com pedido de falência em 1933, durante a Grande Depressão, mas em 1938, ele estava em posição de comprar o Palazzo Spini Feroni, um dos grandes palácios de Florença. Isso abriga a principal loja da empresa e um museu dedicado à vida e obra de Ferragamo.
A empresa floresceu após a Segunda Guerra Mundial, expandindo a força de trabalho para 700 artesãos produzindo 350 pares de sapatos artesanais por dia. Após a morte de Salvatore em 1960, sua viúva, Wada, assumiu o funcionamento do negócio e expandiu suas operações para incluir óculos, perfume, cintos, cachecóis, bolsas, relógios e uma linha de roupas pronta para usar.
Os proprietários majoritários da empresa continuam sendo a família Ferragamo, que em novembro de 2006, incluía a viúva de Salvatore, Wanda, cinco filhos, 23 netos e outros parentes. Há uma regra de que apenas três membros da família podem trabalhar na empresa, levando a uma concorrência feroz. Para aliviar essas tensões, em setembro de 2006, a família anunciou um plano para flutuar 48% da empresa no mercado de ações e, desde outubro de 2006, Michele Norsa é gerente e diretora geral. No entanto, a partir de janeiro de 2008, esse plano pode ser suspenso em meio à recessão no mercado financeiro. Se a listagem no mercado de ações prosseguir, o fundo será direcionado principalmente para a construção de suas posições na China. A empresa está realizando sua exposição de aniversário de 80 anos em Xangai.
Em 2011, a empresa foi listada na bolsa de valores.
Em 2 de agosto de 2016, Eraldo Poletto foi nomeado como novo CEO do grupo. Em 8 de março de 2017, a conclusão da relação com Poletto concedeu poderes de gestão interino ao presidente, Ferruccio Ferragamo.
Em 31 de julho de 2018, Micaela le Divelec é nomeada como nova CEO do grupo. Em janeiro de 2022, Marco Gobbetti foi nomeado como novo CEO do grupo.
Em 14 de março de 2022, o designer britânico Maximilian Davis foi nomeado como o novo diretor criativo da marca, em um esforço para revitalizar sua linha de pronto-a-vestir.
Inovações
Ao longo de sua história, a empresa tem sido conhecida por projetos inovadores e uso de materiais. Essa engenhosidade remonta ao tempo de Salvatore na Califórnia, quando ele estudou anatomia para fazer sapatos mais confortáveis. Inovações notáveis incluem o salto de cunha, a sola em forma de concha, a sandália "invisível", saltos e solas de metal, a sandália de ouro de 18 quilates, o sapato de meia, os saltos de escultura e o sapato de arco enluvado criado para o Maharani de Cooch Behar em 1938. Saltos agulha reforçados com metal ficaram famosos por Marilyn Monroe. A empresa também é conhecida pela decoração 'Gancini', pela bomba de balé patenteada 'Vara', pela bolsa Salvatore e pelo uso de retalhos. Também fabrica óculos e relógios em parceria com a Marchon e o Timex Group. Começou a adicionar etiquetas NFC aos seus produtos em 2014 para combater falsificações.
Clientes
Salvatore trabalhou com estrelas de cinema e celebridades desde seus primeiros dias em Hollywood. Os clientes ao longo dos anos incluíram Audrey Hepburn, Sophia Loren e Greta Garbo, bem como Andy Warhol, Seulgi, Grace Mugabe e Diana, Princesa de Gales, Namal Rajapaksha. A empresa fez as famosas bolsas de Margaret Thatcher e para o rei Jigme Khesar Namgyal Wangchuck durante a coroação em 6 de novembro de 2008, em Thimpu, Butão.
Oficiais e gerência
Wanda Ferragamo Miletti: lidera o grupo desde 1960, quando seu marido e fundador da empresa, Salvatore, morreu. Ela foi presidente honorária até sua morte.
Ferruccio Ferragamo: atualmente presidente da Ferragamo Finanziaria S.p.A., a holding que controla o Grupo Salvatore Ferragamo
Marco Gobbetti: CEO da Salvatore Ferragamo S.p.A.
Giovanna Gentile Ferragamo: atualmente presidente da Fondazione Ferragamo
Leonardo Ferragamo: a partir de abril de 2021 é presidente da Salvatore Ferragamo e vice-presidente executivo da Fondazione Ferragamo.
Massimo Ferragamo: ele é presidente da Ferragamo USA, a empresa Ferragamo que lida com a distribuição da marca na América do Norte desde a década de 1950.
James Ferragamo: é diretor de produtos e comunicação da marca da empresa
Angelica Visconti: ela foi nomeada vice-presidente em 14 de dezembro de 2021. Lidera o Departamento Global de Atacado e Varejo de Viagens e é membro do conselho de administração.
Diego di San Giuliano: atualmente vice-presidente da holding do grupo Ferragamo Finanziaria S.p.A..
Novembro de 2016 uma nova estrutura dos departamentos criativos do grupo com a entrada de Paul Andrew nomeado diretor de design da Women's Footwear, Fulvio Rigoni nomeado diretor de design da Women's RTW, Guillame Meilland nomeado diretor de design da Men's RTW
Em outubro de 2017, após a saída de Fulvio Rigoni, Paul Andrew é nomeado diretor criativo da Coleção Feminina. De fevereiro de 2019 a abril de 2021, Paul Andrew foi nomeado diretor criativo de todas as linhas Salvatore Ferragamo.
Maio de 2020 Michele Norsa foi cooptada para o conselho de administração, como diretora e vice-presidente executiva da empresa e assumiu os poderes executivos anteriormente exercidos pelo presidente Ferruccio Ferragamo.
Janeiro de 2022 Marco Gobbetti é nomeado como novo CEO e diretor administrativo da Salvatore Ferragamo S.p.A
Salvatore Ferragamo
(Bonito, 5 de junho de 1898 – Florença, 7 de agosto de 1960) foi um estilista de sapatos italiano, fundador da marca homônima.
Em 1914 partiu para os Estados Unidos, a fim de encontrar um dos seus irmãos, que trabalhava em uma fábrica de sapatos em Boston. Após uma breve permanência na cidade, transferiu-se para Santa Bárbara (Califórnia). Ali instalou uma loja de consertos e fabricação de calçados sob medida. Em 1923, mudou-se para Hollywood, onde abriu a Hollywood Boot Shop, ganhando, em pouco tempo, a preferência das estrelas do cinema. Calçou ícones como Sophia Loren, Carmen Miranda, Greta Garbo, Katharine Hepburn, Marlene Dietrich, Ava Gardner, Gary Cooper e Marilyn Monroe. Ferragamo foi pioneiro na utilização da cortiça na criação de saltos e plataformas.
Apesar de morto há mais de 40 anos, perpetua-se no sucesso da marca que leva seu nome. A sede da empresa está instalada no Palazzo Spini Feroni, em Florença, onde foi instalado um museu em homenagem ao mestre calçadista, com fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos. Além disso, o museu exibe a coleção de mais de 10 mil modelos.
No Brasil, a marca tem lojas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, em São Paulo localizadas no shopping Iguatemi, no Shopping Cidade Jardim e na Rua Haddock Lobo e no Rio de Janeiro, no Shopping Leblon, no bairro de mesmo nome e no Village Mall, na barra da Tijuca.
Fontes: Wikipédia - Ferragamo e Wikipédia - Salvatore Ferragamo, consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Salvatore Ferragamo – o empreendedor de um grande sucesso
Salvatore Ferragamo foi um verdadeiro artista que seguia em harmonia com a cultura do tempo em que vivia. Atribuiu todo o seu talento em sapatos, afinal como ele mesmo dizia, um pé bem calçado vale mais do que mil palavras.
Mas além de sapatos, o artista investiu também em acessórios e perfumes que ganharam destaque na marca italiana. Atualmente, Salvatore Ferragamo já falecido, detém um nome de muito sucesso no mercado internacional da alta costura.
A história de Salvatore Ferragamo
O estilista nasceu em Bonito, um vilarejo localizado no interior da Campania, na Itália, no dia 5 de junho de 1898. Desde muito pequeno o menino demonstrava ter um grande talento: o de fazer sapatos. Em certo momento da sua vida, viu sua irmã chorar por não ter sapatos brancos para calçar na primeira comunhão e para surpresa da família, decidiu criar ele mesmo um modelo.
O estilista se tornou famosos pela sua criação
Foi aprendiz de sapateiro aos 11 anos junto com Luigi Festa, que foi o seu mestre e ensinou tudo sobre a profissão. Quando completou 13 anos, abriu uma simples sapataria localizada em sua cidade, onde se permitiu ir além de confeccionar botas para fazendeiros e reparos de sapatos, criando modelos exclusivos. Passou a lançar moda para os pés femininos.
A mente visionária
Com uma mente visionária desde muito novo, escolheu um dia estratégico para a inauguração da sua pequena empresa, que se localizava, especialmente, em frente à igreja local. Logo após a missa, os fiéis curiosos se aproximaram da loja e o resultado não poderia ser outro além um grande sucesso, mesmo com algumas piadas referente a idade do artista.
Aos 14 anos, Salvatore já contava com seis assistentes em sua loja e já conquistava o coração de clientes das cidades vizinhas. Foi nesse momento que percebeu que poderia ultrapassar limites e ampliar seus horizontes. Atrás de novos desafios, o jovem viajou rumo aos Estados Unidos para se unir aos irmãos mais velhos e estabelecer novas metas.
Foi decepcionante para Salvatore quando chegou em Boston e se deparou com a péssima qualidade dos sapatos que eram produzidos nas fábricas que seus irmãos faziam parte. Foi então que o jovem design foi a procura dos outros parentes da família que viviam na Califórnia, mais especificamente em Santa Bárbara, que ficava perto dos estúdios de cinema.
Os sapatos sob uma nova ótica
E a partir desse momento Salvatore inaugurou uma loja para reparos e confecção de sapatos. Com o tempo, começou a produzir modelos para compor os figurinos de cinema e, consequentemente, passou a ter encomendas de sapatos feitos sob medida para celebridades como Greta Garbo, Marlene Dietrich, Sophia Loren, Marilyn Monroe e Ava Gardner.
Enquanto procurava por fórmulas de criar sapatos que se encaixassem perfeitamente, frequentou a Universidade de Los Angeles e estudou matemática, engenharia química e anatomia humana. Logo após, o design se viu obrigado a se transferir Hollywood por causa de seus clientes que estavam crescendo.
Foi então que inaugurou em 1923 a renomada Hollywood Boot Shop e começou a criar modelos para produções importantes do cinema, como no famoso “Os Dez Mandamentos”.
As personalidades do cinema
Salvatore Ferragamo calçou os personagens mais ilustres do cinema e que por consequência se tornaram seus clientes. Ganhou apelidos carinhosos como o “sapateiro dos sonhos’’ ou “sapateiro das estrelas”.
O sucesso foi tão grande e imediato que a pequena empresa não estava dando conta da demanda de encomendas e a mão de obra americana não conseguia produzir os produtos com a mesma qualidade que o design desejava e necessitava.
Em 1927, Salvatore Ferragamo tomou a decisão de voltar para a Itália, na Florença, uma cidade que é reconhecida por seu trabalho em couro e o rico artesanato. Ele fundou uma simples fábrica com 60 artesãos especializados diretamente pelo o próprio design para que todos os sapatos sejam confeccionados à mão.
Em seguida ele abriu uma loja no Palácio Spini Feroni e foi nesse local que o sonho de Salvatore começou a se tornar realidade. A pequena empresa se transformou em uma grande produção de sapatos, chegando a fabricar 350 modelos por dia.
O reconhecimento do modelo feito à mão
O reconhecimento por seus calçados, que eram prestigiados desde a beleza até o conforto e qualidade, contava com a refinada elaboração. Sua fama cresceu por toda Itália e na Europa, transformando a sua loja Palácio Spini Feroni, em um ponto de referência da alta costura e o lugar escolhido por atores de cinema internacionalmente.
Mas como o design não cansava de inovar, foi em 1930 e 1940 que Salvatore Ferragamo mostrou o seu verdadeiro dom de criar, desenhando e elaborando modelos de sapatos com novos materiais, como a cortiça e o celofane, sem deixar de dar créditos à escassez do couro que predominou no mercado durante a época.
Durante a crise que ocorreu na Europa, Salvatore passou a usar materiais mais baratos para a produção, como a palha, cânhamo e os materiais sintéticos. E um ícone inovador foi a palmilha compensada.
O design ficou reconhecido por não apreciar produções em série, pois acreditava no conceito de que cada par de sapatos deveria ser desenhado e confeccionado com atenção e em detalhes.
Sempre buscou o conforto, porque suas criações além de muito bonitas, eram também anatômicas. Nesse segmento, Salvatore Ferragamo inovou criando novas formas, se baseando nas necessidades estéticas e funcionais, como em 1937 com o solado inclinado de cortiça, produzido para dar ao usuário maior estabilidade.
As inovações do artista
O famoso salto Anabela é uma das provas das suas criações de 1938. A criação aconteceu porque durante o período fascista ele não conseguiu importar o metal que tinha parte necessária para o conforto dos calçados e que davam a sustentabilidade à curva do pé.
Foi quando surgiu a ideia de fechar completamente o salto, se encontrando o salto com a parte da frente do calçado. Assim que nasceu o salto Anabela. O design utilizou uma espécie de material específico da Itália chamado de cortiça da Sardenha, que ao mesmo tempo era leve e resistente.
No começo do lançamento a novidade não foi aceita facilmente pelo público feminino, mas logo se transformou em um grande sucesso.
Salvatore Ferragamo sempre esteve muito atualizado e antenado no mundo contemporâneo e sempre teve interesse em áreas da arquitetura, design e artes.
Um dos exemplos, é a criação de 1939, um salto alto em mosaicos, que traz a referência da arquitetura usada no interior dos edifícios da década.
Ousadia nas cores
Uma característica que sempre remeteu a marca foi o uso das cores, em tons ousados e fortes, quebrando tabus e as cores padrões que eram preto, branco e bege. Porém, com todo o sucesso dos sapatos que foram consagrados por Marilyn Monroe, como o de salto-agulha de metal, sandálias romanas com tiras que amarram, plataformas super coloridas e as sandálias de ouro.
O primeiro grande ícone foi criado em 1947, a sandália invisível, que foi produzida em partes do produto com tiras transparentes de náilon.
Esse importante destaque das criações de Salvatore lhe proporcionou o prêmio Neiman Marus, que é uma célebre premiação de moda dos Estados Unidos e que até o momento, nenhum design de sapatos tinha ganhado. Outra criação importante foi feita em 1955, a sandália de Calipso, que foram elaboradas com tiras de cetim pretas.
Vida e morte de Salvatore
Em meados dos anos 1957, o design italiano já tinha desenhado cerca de 20 mil sapatos e patenteados 340 modelos. Infelizmente por vítima do câncer, Salvatore Farragamo morreu no dia 7 de agosto de 1960, mas o sucesso da marca não parou por aí.
A família do estilista continuou com o ateliê, cujo a empresa é mantida até hoje sede da marca, um prédio com estrutura medieval e localizado na Via Tornabuoni, erguido em 1289.
Salvatore foi casado com Wanda e juntos tiveram seis filhos. Tanto a mulher quanto os filhos herdaram do estilista o desejo de perfeição e mantiveram vivo o conceito do artista, continuando com a produção artesanal e reinterpretando os ícones tradicionais, lançando desde os anos 60, linhas de roupas voltadas para o público feminino, produtos feitos de couro e sapatos masculinos.
A partir desse momento, os produtos foram cada vez mais se diversificando. Teve lançamentos de acessórios para mulheres e homens, óculos, perfumes, cosméticos e lenços, que era uma das metas e sonhos do design italiano. Foi durante essa época que ocorreu importantes decisões para a marca com inaugurações de loja em 1995 na Seul, em 1994 na Xangai, em 1991 na Nagoia e em 1986 em Hong Kong.
O crescimento internacional da marca
A empresa cresceu constantemente e adquiriu a requintada marca francesa Emanuel Ungaro, em 1996. E a partir de 1997, gerencia um total de quatro hotéis localizados em Florença e um em Roma.
Três anos depois, a marca abriu a sua primeira loja na América Latina, no México. E alguns anos depois a Salvatore Ferragamo levou novas unidades para o mercado da Índia em 2006 e no Emirados Árabes Unidos em 2009. Ainda nesse mesmo ano, a marca levou o seu comércio eletrônico para o Estados Unidos e Europa e teve uma grande ampliação, sendo contada mais de 500 localizações da marca, que se inclui 19 dessas unidades abertas em aeroportos do mundo todo.
O crescimento da marca não parou por aí. No ano seguinte, os mercados asiáticos também entraram para o time, mais especificamente a China, que contabiliza hoje 91 lojas e que foi um dos principais mercados que revolucionou no faturamento da marca, levando a US$ 1 bilhão.
Ganhando ainda mais campo no mercado, inaugurou novas unidades em cidades como Johanesburgo, Doha, Cairo e Istambul. Na região brasileira, a luxuosa grife já estava presente desde 1990. O ponto de venda se encontrava no interior da antiga Daslu e logo depois progrediu para coners que foram especialmente personalizados dentro da Daslu. Em 2002, foi inaugurada a primeira unidade própria da marca italiana no shopping Iguatemi, em São Paulo.
A arte de Salvatore Ferragamo
O grande artista foi pioneiro na confecção de modelos de sapatos à mão em grande escala e de perfeita qualidade. E a mão de obra da sua fábrica em Florença, instalada desde 1927 continua trabalhando de forma impecável até os dias atuais.
Cada peça em couro é cortada a mão e o produto passa cinco dias sendo desenvolvido. Hoje em dia, a oficina confecciona cerca de 11 mil de sapatos no dia.
Os sapatos do design são inconfundíveis e quase impossível de encontrar um modelo que não fique perfeito nos pés. Estrelas como Carmem Miranda, Sophia Loren e Audrey Hepburn entram na lista de clientes assíduos da marca.
Outras celebridades como a eterna princesa e a estrela do pop americano Andy Warhol também entram como clientes fiéis da grife. Greta Garbo já chegou a fazer um pedido de 70 pares de uma só vez. Marlene Dietrich tinha uma tradição de nunca repetir mais de duas vezes um mesmo modelo.
As matérias-primas de Salvatore
O seu talento em trabalhar com os mais diversos materiais, além da habilidade e competência técnica e artística, fez com que a Salvatore Farragamo inovasse e consequentemente consagrasse novidades na linha de calçados. Entre as matérias-primas usadas pelo design estão:
Tecido elaborado e pintado à mão
Os modelos de sapatos eram elaborados em tecidos e em seguida levados até uma artista que desenhava sobre os mesmo uma imagem da escolha do usuário, como por exemplo cenas famosas de Roma, Nova York, Paris ou Londres, jogos de cartas, o animal favorito, castelos, árvores e entre outros.
O efeito sobre o produto era encantador e o preço baixo, levando em conta o alto padrão artístico. Não interessa quão simples era o sapato, as imagens eram o foco principal e transformavam a peça em um modelo exclusivo e único no mundo todo.
Materiais baratos
O estilista buscava os melhores materiais para as suas criações, mas o melhor nem sempre é o mais caro e em consequência da escassez do couro e outros materiais mais superiores, os materiais de baixo custo se tornaram muito comuns no mercado de vestuário e calçados na Segunda Guerra Mundial, em 1953.
E foi nesse momento que Salvatore Ferragamo demonstrou toda a sua habilidade e criatividade em trabalhar os mais variados materiais, criando algumas das suas mais inovadoras e belas obras de arte em forma de sapatos.
Os materiais se variam entre linho bordado, ráfia, fios de malha, algodão, lã, celofane, papel e cortiça.
O Couro
O design utilizava com grande frequência em suas obras o couro, especialmente o de cabra. A pele passava pelo tingimento de uma grande variedade de cores e se misturava com outros materiais como cetim e o couro de lagarto.
Peles exóticas
A demanda por peles exóticas cresceu abundantemente no final dos anos 20. E em algumas criações eram combinadas com instrumentos polidos, imitações de pele de cobra, camurças, cabra, couro de vitela, que se apresenta de forma regular nas inspirações do estilista entre 1920 e 1930.
Com o passar da crise após a guerra, os acessórios de peles fina, como lagarto e crocodilo e produtos de luxo voltaram para o mercado. Outras peles como zebra, girafa e jaguatirica foram usadas no final dos anos 50.
Plástico
Cada vez mais material como a resinas de vinil foram usadas para a confecção de acessórios e calçados, solados e saltos, por uma questão de flexibilidade, resistência e diversidade de cores.
Salvatore lançou a grande novidade da sola transparente com a utilização do vinil em 1955.
Escamas de peixe
Em 1920, muitas ferramentas foram buscadas para dar efeitos diversos para as peças. No final desse ano, foi descoberto o “couro do mar”, ou melhor, a “pele de peixe” que foi preparada de maneira cuidadosa devido o seu tamanho, que necessitava de muita habilidade na hora da utilização.
Salvatore Ferragamo usava a pele de um peixe que foi descoberto nas águas do norte em 1920. Mas com a Segunda Guerra Mundial o sea-leopard desapareceu e só retornou em 1954.
Solas e saltos brilhantes
Desde de 1920, saltos ou solas de aço e bronze foram usados pela grife para desenvolver belos sapatos. Porém, o grande auge e sucesso desse material foi nos anos 50. Cinco anos depois, a Salvatore Ferragamo lançou muitas criações importantes para marca, e uma das que entra nesse quesito é o salto metalizado em muitas cores, coberto com uma lâmina de alumínio.
A segunda se representava como um tipo de gaiola no calcanhar, leve, oca e muito resistente e a terceira era ainda mais elaborada, com um salto em pedras preciosas e raras, podendo ser em metal, prata ou ouro. Mas quando o design foi desafiado a construir o modelo mais caro entre as suas obras, ele criou o solado de metal, uma sandália em ouro 18 quilates.
Palha e ráfia
A utilização de fibras vegetais e palha na fabricação de sapatos não era exatamente uma grande inovação. Mas antes do design trazer de volta, o material já não tinha tanto uso em 1930. Ao se instalar na cidade, a fábrica de palha, um dos trabalhos mais prósperos de Florença, trouxe a inspiração do uso deste material para a confecção de calçados.
A preferida do design italiano era ráfia, uma fibra que vinha da folha de uma palmeira do leste africano, que Ferragamo explorava em suas invenções sofisticadas. A novidade foi trazer essa proposta para a trama da parte do dorso do pé, especialmente nas criações de verão.
A palha e a ráfia estavam em falta no ano de 1950. Foram trocadas pelas fibras sintéticas. O estilista beneficiou a dissipação de uma espécie de ráfia sintética, nomeada de “pontovo” e desenvolvida, principalmente, em Bonito, a cidade onde nasceu.
Celofane
Por causa das guerras, as fábricas de vestuário e calçado se viram obrigadas a substituir materiais para a produção dos produtos. E o primeiro e grande desafio do estilista foi descobrir o material perfeito para substituir a pele de cabra.
E foi em um domingo de manhã que surgiu uma grande ideia. Lembrou-se que sua mãe adorava chocolates e nesse dia tinha comprado uma caixa deles. E ao abrir os chocolates ficou fascinado com o papel transparente e pensou que acabara de encontrar o material ideal para substituir a pele de cabra.
A partir de então, foi o grande marco da história da marca!
Um talento único
A grande habilidade e criatividade do artista de criar e inovar cada vez mais mudou a história dos calçados, trazendo um enorme sucesso para a marca e para a moda italiana, sendo uma grande referência para inspirações de outros estilistas.
As criações de Ferragamo foram eternizadas por seus herdeiros, mais especificamente Fiamma, que criou e desenvolveu uma série de modelos de sapatos e acessórios que se transformariam nos emblemas mais reconhecidos e importantes da grife.
Até os dias atuais, cerca de 90% das confecções dos calçados é artesanal, o que consequentemente faz que não exista mais de um sapato igual. Ao dia, aproximadamente, 30 modelos são produzido por 30 colaboradores.
Cada peça tem em cerca 200 etapas para passar, precisando de, em média, cinco dias para a sua produção.
O museu Salvatore Ferragamo
O lugar é um espaço privado, que se dedica a contar à história da marca, a vida do artista e empreendedor e todas as suas invenções. Entre elas estão técnicas artesanais inovadoras.
O museu foi inaugurado em 1995 e o espaço foi fundado por iniciativa família Ferragamo, que tinha o objetivo de disponibilizar para todos os clientes, jovens, estudiosos, as habilidades artísticas e o marco que Salvatore deixou no histórico no segmento de calçados.
Em uma das suas pesquisas em relação a anatomia do pé ele criou o “método Ferragamo”, que foi uma técnica revolucionária no mundo do artesanato de calçados.
A localização do museu fica em Florença, na Itália, em um centro histórico da cidade, na Rua Tornabuoni e está instalado no segundo andar do Palácio Spini Feroni. É o lugar que se encontra o “formarino”, um artigo de formas em madeira dos pés mais importantes do mundo cinematográfico.
No primeiro andar do prédio é possível encontrar a loja Salvatore Ferragamo e pela porta principal encontra-se uma escada que dá o livre acesso ao ilustre museu, que conta de uma maneira única e exclusiva a história da carreira do artista com revistas, livros, patentes, fotografias e madeiras em forma de pés célebres. Conta também uma grande exposição bienal de linhas de sapatos com mais de 10 mil modelos.
O museu documenta o desenvolvimento da extensa trajetória do design desde a sua volta para a Itália até a sua morte (1927 a 1960). Demonstrando a competência artística e técnica do mesmo, desde o desenho até a experimentação dos materiais, que foi importante na construção do conceito “made in Italy” no mundo todo.
Algumas das criações ilustram o contato de outros artistas da época com o mestre Salvatore. Entre eles é possível citar o pintor Lucio Venna, que é autor de quatro criações da marca. Outros modelos demonstram ainda a grande busca pela perfeição do produto no pé e na inovação de materiais, que começou com a sola de cunha de cortiça que foi registrada em 1936 e em seguida copiada por marcas do mundo todo.
Não foi à toa que Ferragamo escolheu Florença para se instalar após sua volta dos Estados Unidos. Questões que contribuíram para essa escolha foi o artesanato ativo, monumentos, seu passado e suas belezas que não representam apenas a Itália, mas o resto do mundo também.
A cidade é um sinônimo de estilo, elegância italiana e da arte. Para alguém como Salvatore, que queria construir seu império a partir de atividade artística, não poderia ter feito escolha melhor. Por essas questões a cidade que fica na Itália é uma parte importante na cultura da marca, assim como o Palácio Spini Feroni, onde se localiza a sede do museu.
Salvatore Ferragamo no mundo
Nos dias atuais, a grife tem em torno de 662 lojas que estão localizadas em aproximadamente 90 países. Conta com uma grande diversidade produtos, entre eles estão os perfumes masculinos e femininos, relógios, óculos, gravatas, echarpes, bolsas, roupas e claro, os famosos sapatos.
O seu faturamento registrado em 2015 chega a superar €1.4 bilhões. Hoje, a Salvatore Ferragamo é um dos mais importantes impérios da moda italiana. Os sapatos representam 42% dos lucros. Em seguida são os produtos de couro e bolsas com 37%.
A região da Ásia-Pacífico tem uma representação mundial de 36.1% das vendas e a Europa com 26.6%, na América do Norte esse percentual é de 23.3% e o Japão responde por 8.9% das vendas da grife.
Os perfumes e todos os outros produtos da marca são “Made in Italy’’ e atravessam o mundo no segmento de 15.000 perfumarias, que vendem Salvatore Ferragamo.
A linha do tempo
1920: Lançamento das sandálias romanas que se amarravam nos tornozelos com tiras.
1938: Foi a vez da Maharani, uma sandália inspirada na princesa Indira Devi, Cooch Behar. O nome dessa criação veio da Índia e significa mulher do marajá. Nesse mesmo ano, a criação Rainbow foi lançada no mercado. Uma sandália entrelaçada em várias camadas, feitas de camurça colorida e foi usada pela atriz Judy Garland.
1948: Inauguração da primeira loja em Nova York, nos Estados Unidos.
1949: Foi lançada no mercado a primeira bolsa da marca.
1955: Foi a vez dos primeiros lenços de seda da marca serem lançados no mercado.
1958: Lançamento da primeira bolsa que apareceu com o nome Gancini, que logo depois se transformaria em uma das marcas registradas da Salvatore Ferragamo.
1965: Foi a vez da primeira coleção de produtos de couro e da primeira linha de roupas femininas a serem lançadas.
1970: Os primeiros sapatos voltados para o público masculino foram lançados.
1978: O Vara, que era um modelo de sapato feminino foi lançado. O produto possuía um bico arredondado e com um laço na parte da frente. Logo se transformaria no sapato mais famoso da grife. Em 2008 foi criada uma versão de sapatilha deste modelo, nomeada de Varina e os dois modelos são vendido até os dias atuais.
1998: Parceria com a Luxttica. Ccom isso surgiu o lançamento da primeira coleção de óculos solares e armações de receituário. Nesse mesmo ano, a criação de um perfume feminino ganhou a atenção da marca, o Salvatore Ferragamo Pour Femme.
2002: Lançamento do Subtil, um perfume masculino.
2003: Lançamento oficial do Incanto, uma fragrância da marca. Foi lançado, neste mesmo ano, os primeiros produtos para o corpo e cosméticos.
2004: Foi realizado o lançamento do Picnic. Uma linha de óculos que teve como referência um memorável par de sapatos que foi criado em 1938, revestido de ráfia bordadas à mão e flores coloridas. Nesse ano também foi feita a introdução da técnica personalizada de confecção de sapatos masculinos sob medida.
2006: O F by Ferragamo foi lançado no mercado, um perfume feminino e a sua versão masculina tinha data prevista para o próximo ano.
2007 o F for Fascinating, um perfume voltado para o público masculino foi lançado. Durante esse mesmo ano, o Preziosi, que significa precioso, foi lançado. Um gama de óculos solares e armações que continham aplicações de pedras semipreciosas em forma de gota nas hastes.
2008: Foi a vez de uma luxuosa coleção de relógios da grife serem lançados. Também lançou um perfume unissex, uma fragrância que é desenvolvida sob forma de produtos para banho, especialmente para quem voa pela Singapore Airlines a partir de 2006. Foi chamado de Tuscan Soul.
2009: Foi a vez do Eco Ferragamo, uma coleção de bolsas que era produzida através de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro era pintado com uma tinta derivada da casca de árvores através de um método certificado pelo Instituto Alemão SG. Um grande diferencial desse produto foi que elas eram resistentes a água e biodegradáveis. A grife resolveu revestir as bolsas dessa coleção com cânhamo fiado à mão, pois o material não requer uso de pesticidas e é bem resistente. A coleção compõe cerca de cinco modelos de bolsas, sendo elas nas cores: rosa, amarelo limão e tabaco.
2010: O Attimo foi lançado, um perfume feminino e o nome significa “instante” do italiano. Durante esse mesmo ano o projeto Red Carpet foi construído e lançado. O objetivo da proposta é oferecer aos clientes a oportunidade de personalizar seus sapatos, podendo escolher entre seis modelos desde escarpins a sandálias. São 23 cores de cetim para a clientela escolher e um monograma personalizado. O desenvolvimento desse processo leva em torno de seis semanas.
2012: O Signorina foi lançado, um perfume feminino.
2015: Foi a vez do Emozione, um perfume feminino. ganhar as prateleiras.
Curiosidades da marca
– Foi a Salvatore Ferragamo que registrou a primeira patente, em 1937, de uma criação de moda.
– Quando Madonna viveu Evita no cinema em 1996, um filme de Alan Parker, todos os sapatos usados pela personagem são assinados pela Salvatore Ferragamo.
– Os hotéis de luxo da família são conhecidos como Lungarno Hotels Collection, sendo quatro localizações em Florença e uma em Roma. Na Capital da Itália, o Portrait Suites é o mais novo hotel e sua estrutura interior conta a história do design italiano. Em foco de um público mais jovem e descolado, o Gallery Hotel Art une fotografias e arte no lobby. Com uma vista espetacular para o Rio Arno, o Hotel Lungarno oferece essa bela visão em todos os seus espaços. O hotel que transmite uma sensação de estar em um apartamento florentino é o Lungarno Suites. E para finalizar o Continentale traz a inspiração dos anos 50 para os românticos. Essa coleção ainda compõe uma vila nos arredores da cidade, a Villa Le Rose, que está disponibilizada para alugação e um veleiro que contém quatro suítes e tripulação, localizado na costa da Toscana.
Fonte: Etiqueta Única, "Salvatore Ferragamo – o empreendedor de um grande sucesso". Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
Crédito fotográfico: Logo Salvatore. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
Salvatore Ferragamo S.p.A. (Florença, Itália, 1927), mais conhecida como Salvatore Ferragamo é uma empresa italiana de bens de luxo, fundada por Salvatore Ferragamo (Nápoles, Itália, 5 de junho de 1898 – Florença, Itália, 7 de agosto de 1960), especializada em sapatos, roupas, bolsas, echarpes, até gravatas, óculos, relógios e perfumes, tanto femininos quanto masculinos. Destaca-se no mercado mundial por sua expertise e alto nível dos artigos em couro feitos artesanalmente, revolucionando o mundo com seus sapatos femininos sendo, até hoje, o grande nome da moda de calçados, atendendo homens e mulheres com estilo e sofisticação indiscutível. A Salvatore Ferragamo S.P.A. é a empresa-mãe do Grupo Ferragamo, que emprega cerca de 4.000 pessoas e mantém uma rede de mais de 662 lojas em mais de 90 países. Com faturamento superior a €1.4 bilhões em 2015, a SALVATORE FERRAGAMO se transformou em um dos mais importantes impérios da moda italiana.
Salvatore Ferragamo – Mundo das Marcas
Salvatore Ferragamo foi um artista em sintonia com o clima cultural de seu tempo. Inspirado, dedicou sua vida à arte dos sapatos. Para ele um pé bem calçado podia valer mais do que mil palavras. Perfumes e acessórios merecem destaque na elegante coleção da luxuosa marca italiana SALVATORE FERRAGAMO, caracterizada por sofisticação, beleza, conforto e arte. Apesar de morto há mais de 50 anos, o sucesso dele perpetua-se pelo sucesso da sofisticada grife italiana que leva o seu nome.
A história
Nascido no dia 5 de junho de 1898, em Bonito, vilarejo rural do interior da Campania, com pouco mais de 2 mil habitantes, a 100 quilômetros de Nápoles, na Itália, Salvatore Ferragamo desde pequeno mostrou ter uma vocação: a de fazer sapatos. Aos 9 anos nascia um artista. Uma noite, viu a irmã chorar porque não tinha sapatos brancos para usar na primeira comunhão. Decidiu produzir um par - sozinho e escondido - para total surpresa da família. Já aos 11 anos foi aprendiz de sapateiro trabalhando junto com Luigi Festa, com quem aprendeu tudo sobre a profissão, e aos 13 anos abriu uma pequena sapataria em sua cidade natal, onde não se limitou a fazer reparos e confeccionar botas de fazendeiros, mas também desenhar modelos exclusivos e literalmente criar moda para os pés femininos. Perspicaz, o designer escolheu um domingo para inaugurar sua loja, que ficava exatamente em frente à igreja local. Depois da missa, uma pequena multidão de curiosos se aproximou e o sucesso foi imediato, apesar das piadas sobre a idade do pequeno empreendedor. Em 1912, aos 14 anos, o designer já contava com clientes nas cidades vizinhas e seis assistentes na loja. Foi quando, mais uma vez, sentiu que podia ampliar os horizontes e partir em busca de novos desafios. Dessa vez, embarcou rumo aos Estados Unidos para juntar-se aos irmãos mais velhos.
Decepcionado com a qualidade e o acabamento dos sapatos produzidos em série nas grandes fábricas de Boston, onde um de seus irmãos trabalhava, Salvatore foi ao encontro dos outros parentes em Santa Bárbara, na Califórnia, próximo aos grandes estúdios de cinema. A partir daí, abriu uma pequena loja para confecção e reparos de sapatos, passou a produzir modelos para figurino de cinema e, de quebra, começou a receber encomendas de calçados sob medida das maiores estrelas de cinema da época, como Ava Gardner, Marilyn Monroe, Sophia Loren, Marlene Dietrich e Greta Garbo. Enquanto isso, em sua constante busca por “sapatos que se ajustassem perfeitamente” ele estudou anatomia humana, engenharia química e matemática na Universidade de Los Angeles. Salvatore foi obrigado a se mudar para Hollywood por causa de sua clientela e lá abriu sua famosa Hollywood Boot Shop em 1923, criando calçados para grandes produções cinematográficas como o famoso “Os Dez Mandamentos”. Os personagens mais célebres do cinema foram seus clientes, e a Salvatore Ferragamo foram dados os apelidos de “sapateiro das estrelas” e “sapateiro dos sonhos”. Seu sucesso foi tamanho que a loja não conseguia acompanhar a demanda de pedidos e a mão-de-obra americana não podia confeccionar os sapatos com a qualidade que ele desejava.
Assim, em 1927, ele decidiu voltar para a Itália, estabelecendo-se em Florença, cidade tradicionalmente riquíssima em artesanato e pelo trabalho em couro. Com isso, fundou uma pequena fábrica de sapatos totalmente confeccionados à mão, com uma equipe de 60 artesãos treinados diretamente pelo mestre, e mais tarde uma pequena loja no Palácio Spini Feroni. Lá, o sonho de um homem se transformou em uma empresa que passou a produzir mais de 350 pares de sapatos por dia. A fama de seus calçados, apreciados pela beleza e comodidade dos modelos e por sua refinada elaboração, se estendeu por toda Itália e pela Europa, fazendo do Palácio Spini Feroni, nas margens do Rio Arno e que ele adquiriu por inteiro em 1938, ponto de parada internacional dos atores de cinema.
Mas foi nos anos de 1930 e 1940 que Salvatore mostrou a seu verdadeiro espírito inovador, desenvolvendo sapatos com novos materiais como celofane e cortiça, tudo graças à escassez do couro que dominou o mercado na época. Com a crise na Europa, ele começou a utilizar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi uma palmilha compensada. Ele ficou conhecido por não gostar da produção em série porque acreditava que cada par deveria ser desenhado em detalhes. Sempre pensando no conforto, suas criações eram, além de belas, anatômicas. Assim como os grandes nomes do design inventou novas formas, baseando-se nas necessidades funcionais e estéticas, como o solado inclinado de cortiça, de 1937, projetado para dar maior estabilidade. O salto anabela, de 1938, é outra prova disso. E somente aconteceu porque no período fascista ele se viu sem a possibilidade de importar o metal que constituía parte importante para o conforto de seus calçados, que davam sustento à curva do pé. Então ele teve uma grande ideia: fechar completamente o espaço entre o salto e a parte da frente, e assim foi inventado o salto anabela. Ferragamo usou um material típico italiano, a cortiça da Sardenha, que era ao mesmo tempo resistente e leve. No início as mulheres não aceitaram facilmente a novidade, mas o tempo se encarregou de transformá-la em uma invenção de sucesso.
Sempre conectado com o mundo contemporâneo, Ferragamo era particularmente interessado em arte, design e arquitetura. O sapato que ele criou em 1939, por exemplo, com salto alto em mosaicos, remete a tendência da arquitetura utilizada no interior dos edifícios na época. O estilo dele era também caracterizado pelo forte uso de cores. Sua paleta era composta por tons fortes e ousados, quebrando os padrões da época, que utilizavam as cores bege, branco e preto. Apesar das sandálias de ouro, das plataformas multicoloridas, das sandálias romanas com tiras que se amarravam e dos sapatos com salto-agulha de metal, esses últimos imortalizados por Marilyn Monroe, o primeiro grande sucesso de Ferragamo foi a sandália invisível, de 1947, feita, em parte, com tiras transparentes de náilon. A criação lhe rendeu naquele ano o prêmio Neiman Marcus (importante premiação de moda norte-americana que, até então, nunca havia sido concedida a um designer de sapatos). Outro destaque de sua carreira foi a sandália Calipso, produzida com tiras de cetim pretas, em 1955. Nessa época a marca SALVATORE FERRAGAMO era um verdadeiro sucesso.
Até 1957, o gênio italiano havia criado mais de 20 mil modelos e registrado 350 patentes. O estilista morreu vítima de câncer no dia 7 de agosto de 1960, mas sua família continuou à frente do ateliê, no Palazzo Spini Feroni, um prédio de características medievais que até hoje é mantido como sede da empresa, erguido em 1289 na Via Tornabuoni. Seus seis filhos e sua mulher Wanda herdaram o gosto pela perfeição e mantiveram viva a história do pai dando continuidade ao trabalho artesanal, reeditando clássicos e lançando a partir dos anos de 1960 coleções de roupas femininas, produtos de couro e calçados masculinos. Nas décadas seguintes surgiram coleções de lenços, cosméticos, perfumes, óculos, e acessórios para homens e mulheres, um velho sonho do mestre Salvatore. Além disso, este período foi marcado pelo início de uma forte expansão da marca no continente asiático com inaugurações de lojas em Hong Kong (1986), Nagoia (1991), Xangai (1994) e Seul (1995).
O crescimento contínuo do Grupo Ferragamo, que, em manobra pioneira, adquiriu a sofisticada grife francesa Emanuel Ungaro em 1996 e, desde 1997, também dirige quatro hotéis em Florença e um em Roma, permitiu que os mais de 20 herdeiros, entre filhos, primos e netos, participem ativamente dos negócios. Pouco depois, em 1999, inaugurou sua primeira loja própria na América Latina, no México. Com a chegada do novo milênio a SALVATORE FERRAGAMO inaugurou lojas em novos mercados, como por exemplo, na Índia (2006) e Emirados Árabes Unidos (2009). Ainda em 2009, lançou seu comércio eletrônico na Europa e nos Estados Unidos, e ampliou sua rede de lojas para mais de 500 unidades, incluindo 19 novas unidades inauguradas em importantes aeroportos mundiais. O crescimento continuou no ano seguinte, puxado principalmente pelos mercados asiáticos, especialmente a China (onde atingiu 91 lojas), fez com que a marca italiana superasse US$ 1 bilhão em faturamento. Ainda nesse mesmo ano inaugurou novas lojas em cidades como Istambul, Cairo, Doha e Johanesburgo. Já no Brasil, a marca italiana está presente desde meados dos anos de 1990, onde tinha um ponto de venda dentro da antiga Daslu, para depois evoluir para corners personalizados dentro da Daslu, e por fim, em 2002, a abertura de uma primeira loja própria no Shopping Iguatemi em São Paulo.
A linha do tempo
1920
● Criação das sandálias romanas, com tiras que se amarram nos tornozelos.
1938
● Criação da MAHARANI, inspirada nas célebres sandálias feitas para a princesa Indira Devi, de Cooch Behar. O nome “Maharani” é um termo que, na Índia, define a mulher do marajá.
● Lançamento da RAINBOW, uma sandália entrelaçada em camadas volumosas revestidas de camurça colorida, que adornou os pés da atriz Judy Garland.
● Inauguração de lojas em Roma e Londres.
1948
● Inauguração de sua primeira loja nos Estados Unidos localizada na Quinta Avenida em Nova York.
1949
● Lançamento da primeira bolsa da grife.
1955
● Lançamento dos primeiros lenços de seda da grife italiana.
1958
● Criação de um modelo de bolsa onde aparecia pela primeira vez o fecho GANCINI, que se tornaria uma das marcas registradas da grife italiana.
1965
● Lançamento de sua primeira coleção de roupas femininas e da primeira linha de produtos de couro.
1970
● Lançamento das primeiras coleções de sapatos masculinos.
1978
● Lançamento do sapato feminino VARA, que possuía bico arredondado, laço na frente e se tornaria o modelo mais famoso da marca. Em 2008 foi lançada uma releitura desse sapato, como uma sapatilha, batizada de VARINA. Ambos são vendidos até hoje.
1998
● Lançamento de sua primeira coleção de armações de receituário e óculos solares para mulheres e homens através de uma parceria com a Luxottica.
● Lançamento de seu primeiro perfume chamado SALVATORE FERRAGAMO POUR FEMME.
● Lançamento de uma fragrância masculina.
2002
● Lançamento do perfume masculino SUBTIL.
2003
● Lançamento do perfume INCANTO.
● Lançamento dos primeiros cosméticos e produtos para o corpo.
● Inauguração de lojas âncoras nas cidades de Nova York e Tóquio.
2004
● Lançamento da coleção de óculos PICNIC, que teve como base um memorável par de sapatos criado em 1938, coberto de flores coloridas de ráfia bordadas à mão.
● Introdução do serviço personalizado de fabricação sob medida de sapatos masculinos.
2006
● Lançamento do perfume feminino F by FERRAGAMO. A versão masculina foi lançada no ano seguinte.
2007
● Lançamento do perfume feminino F for FASCINATING.
● Lançamento do PREZIOSI (do italiano, “precioso”), uma série de armações e óculos solares com aplicação de pedras semipreciosas em formato de gota nas hastes.
2008
● Lançamento de uma sofisticada linha de relógios.
● Lançamento da nova fragrância unissex, a TUSCAN SOUL, um perfume que é oferecido sob a forma de produtos para o banho, exclusivamente para quem voa pela Singapore Airlines desde 2006, e que chegava às lojas em todo mundo.
2009
● Lançamento de ECO FERRAGAMO, uma linha de bolsas feitas a partir de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro é tingido com uma tinta derivada da casca de árvores por meio de um processo certificado pelo Instituto Alemão SG. As bolsas são também biodegradáveis e resistentes à água. A marca decidiu revestir as bolsas dessa linha com cânhamo fiado à mão, já que o cânhamo é resistente e não requer o uso de pesticidas. A linha é composta de cinco bolsas nas cores tabaco, amarelo limão e rosa.
2010
● Lançamento do perfume feminino ATTIMO (que significa “instante” em italiano).
● Lançamento do projeto RED CARPET, uma iniciativa que permite as clientes da grife personalizarem seus sapatos, escolhendo entre seis estilos que vão desde escarpins a sandálias. As consumidoras poderão escolher entre 23 cores diferentes de cetim, além de acrescentar às suas criações um monograma personalizado. O processo leva aproximadamente seis semanas.
2012
● Lançamento do perfume feminino SIGNORINA.
2015
● Lançamento do perfume feminino EMOZIONE.
A arte
Salvatore Ferragamo foi o primeiro designer a produzir sapatos feitos à mão em grande escala. E a manufatura de sua oficina, instalada em Florença desde 1927, continua impecável: até hoje o couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo moldada. Atualmente a fábrica produz mais de 11 mil pares de sapatos por dia. É quase impossível não achar um de seus modelos que não fique perfeito nos pés. Audrey Hepburn, Sophia Loren (foto) e Carmem Miranda eram clientes fiéis. Marlene Dietrich nunca repetia um modelo mais de duas vezes. Greta Garbo chegou a encomendar 70 pares de uma vez. O artista pop americano Andy Warhol e a eterna Princesa Diana também eram clientes assíduos da marca.
Sua aptidão de trabalhar com os mais variados materiais e sua incrível habilidade técnica e artística, fizeram com que a marca introduzisse e eternizasse novidades no concorrido segmento dos calçados. Abaixo algumas das matérias-primas mais utilizadas por Salvatore Ferragamo:
Tecido pintado à mão
Os sapatos eram fabricados em tecidos e levados a um artista que imprimiria sobre eles uma imagem da escolha do cliente: o animal favorito, jogos de cartas, cenas famosas de Londres, Paris, Nova York ou Roma, árvores, pássaros, flores, castelos. O efeito era fascinante e o custo extremamente baixo, considerando o alto padrão artístico e pelo fato de que, não importava quão comum fosse o estilo do sapato, as pinturas davam um toque de glamour a uma criação única e exclusiva.
Materiais baratos
A seleção de materiais mais baratos, consequência da escassez do couro e tecidos mais nobres, tornou-se cada vez mais comum na indústria de calçados e vestuário a partir de 1935 e durante a Segunda Guerra Mundial. Foi durante este período que Ferragamo desenvolveu algumas de suas mais belas e inovadoras criações, demonstrando uma incrível habilidade em trabalhar com materiais diversos, que testavam sua criatividade e técnica impecável. Cortiça, papel celofane, lã, algodão, fios de malha, ráfia e linho bordado. Entre outras criações patenteou o uso, na parte que cobre o dorso do pé, o feltro reforçado e o solado feito de resíduos prensados de seda.
Couro
Salvatore frequentemente usava couro em suas criações, principalmente de cabra. A pele era tingida em uma extraordinária variedade de cores e combinada com outros materiais como couro de lagarto ou cetim, para os sapatos de noite. O couro de boi era especialmente utilizado para calçados casuais e de inverno.
Peles exóticas
No final dos anos de 1920, a demanda por peles exóticas aumentou significativamente. Na maioria das vezes, eram combinadas com materiais polidos, camurças, couro de vitela e cabra, além das imitações em pele de cobra, que apareceram regularmente nas criações de Ferragamo, nos anos de 1920 e 1930. A recuperação da economia após a guerra levou ao retorno dos bens de luxo e acessórios de peles finas, principalmente crocodilo e lagarto. No final dos anos de 1950, muitas peles também foram utilizadas, especialmente de jaguatirica, girafa e zebra.
Plástico
Resinas de vinil eram cada vez mais utilizadas na produção de calçados e acessórios, saltos e solados, pela flexibilidade do material, variedade de cores possíveis e resistência. Em 1955, Salvatore, que fazia uso constante do vinil, lançou a inovadora sola transparente e invisível.
Escamas de peixe
Durante a década de 1920 novos materiais foram explorados para criar diferentes efeitos. No final desta década os chamados “couros do mar” foram inventados. As “peles de peixe” eram preparadas de forma especial e seu tamanho reduzido exigia grande habilidade no manuseio e no design do sapato. Desde 1928, a grife italiana utilizava pele do sea-leopard, um peixe encontrado nas águas do norte. Com a Segunda Guerra Mundial, esse material desapareceu do mercado, sendo reintroduzido por Ferragamo em 1954.
Solas e saltos brilhantes
Saltos em aço ou bronze foram utilizados nos sapatos da marca desde a década de 1920. Mas eles estiveram no auge da moda, sobretudo nos anos de 1950. Em 1955, a marca apresentou uma série de criações importantes. Uma delas foi o salto metalizado em várias cores, revestido com uma lâmina de alumínio, a outra era uma espécie de gaiola no calcanhar, oca e leve, mas bastante resistente. A terceira, e ainda mais engenhosa, era um salto adornado com pedras preciosas, ouro, prata ou metal, cuidadosamente feito à mão. Mas a invenção mais extraordinária foi o solado de metal que Ferragamo desenvolveu em 1956, quando foi chamado para criar o sapato mais caro que já havia produzido: uma sandália em ouro 18 quilates.
Palha e ráfia
O uso de fibras vegetais e palha na confecção de calçados não era exatamente uma novidade, mas antes de Ferragamo reavivá-los, no início dos anos de 1930, o material havia caído em desuso. Quando se instalou em Florença, a indústria de palha, uma das atividades mais prósperas da cidade, inspirou a reintrodução do uso deste material em calçados. A favorita de Ferragamo era a ráfia, uma fibra derivada da folha de uma palmeira do leste africano, que o designer explorava em suas criações de luxo. A inovação proposta foi a adotar essa trama para a parte do dorso do pé, essencialmente nas coleções de verão. Em 1950, palha e ráfia estavam em falta, sendo gradualmente substituídas pelas fibras sintéticas. Ferragamo favoreceu a disseminação de um tipo específico de ráfia sintética chamada “pontovo”, produzida principalmente em Bonito, sua cidade natal.
Celofane
Com as guerras, as indústrias de calçados e vestuário, foram obrigadas a encontrar materiais substitutos para a confecção dos produtos. “Meu primeiro grande desafio foi encontrar um substituto de alta qualidade para pele de cabra. Experimentei muitos materiais, mas nenhum foi satisfatório. Foi então que, numa manhã de domingo, eu encontrei a solução. Minha mãe gostava muito de chocolates, e neste dia eu havia comprado uma caixa de bombons. Ao desembrulhar o chocolate, fiquei encantado com o papel transparente e pensei: aqui pode estar o substituto que eu tanto procurava”. Isso marcou o início da produção de sapatos da SALVATORE FERRAGAMO em papel celofane, trabalhado frequentemente em composições com algodão e outros materiais.
A criatividade de Salvatore Ferragamo contribuiu para o sucesso do design e da moda italiana com invenções que mudaram a história do calçado e que ainda são fontes de inspiração para muitos dos estilistas. As criações dele foram perpetuadas pelos seus filhos, em particular Fiamma, que desenvolveu uma gama de sapatos e acessórios que se tornariam os emblemas mais conhecidos da marca. Até hoje, 90% do processo de produção dos calçados é artesanal, o que faz com não exista dois sapatos da marca absolutamente idênticos. Por dia, cada 30 funcionários produzem, em média, 30 calçados. O couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo montada, em um total de 200 etapas.
O museu
O Museo Salvatore Ferragamo é um museu privado, dedicado à história da empresa SALVATORE FERRAGAMO, a vida de seu fundador e suas criações: as peças de calçados, síntese de busca da estética e de técnicas artesanais inovadoras. Inaugurado no mês de maio de 1995, o museu nasceu por iniciativa da família Ferragamo com a intenção de disponibilizar ao público, estudiosos e, sobretudo, aos jovens, as qualidades artísticas do estilista e o importante papel que desempenhou na história do setor de calçados e também da moda internacional. Seus estudos sobre a anatomia do pé e sobre as formas o levaram a inventar o “método Ferragamo”, uma técnica de artesanato de calçados revolucionária.
O museu está localizado no centro histórico de Florença na Itália. Está instalado no segundo piso do Palácio Spini Feroni, situado na Rua Tornabuoni, nº 2, onde se encontrava o “formarino”, o arquivo de formas em madeira dos pés mais ilustres do mundo do cinema e de famílias reais. No térreo encontra-se a atual loja da SALVATORE FERRAGAMO e pela entrada principal do palácio, através de uma escadaria se tem acesso ao museu que fica no andar superior. São fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos, além da exibição bienal da coleção com mais de 10 mil modelos de sapatos, expostos em rodízio, ordenados cronologicamente e colocados em estantes transparentes que garantem a conservação e correta exposição, para contar de forma única a história da marca e do estilista. A coleção de calçados do museu documenta a intensa atividade desenvolvida por Salvatore Ferragamo desde seu regresso a Itália em 1927 até 1960, ano de sua morte. A coleção manifesta a capacidade técnica e artística de Salvatore, que na escolha das cores, na fantasia dos modelos e na experimentação dos materiais, ofereceu uma contribuição fundamental ao desenvolvimento e a firmação do conceito “Made in Italy” no mundo.
Alguns modelos demonstram o contato entre Salvatore Ferragamo e os artistas da época, tal como o pintor futurista Lucio Venna, autor de quatro esboços da conhecida marca de calçados; outros provam sua contínua experimentação em busca da perfeita aderência do calçado ao pé, e na invenção de detalhes e materiais, desde a famosa sola de cunha de cortiça, patenteada em 1936 e imediatamente copiada por todo o mundo, até a utilização da ráfia, pele de peixe e celofane, que foi usada por ele durante o período das guerras. Não foi por acaso que Salvatore Ferragamo ao regressar para a Itália dos Estados Unidos, se instalou em Florença. Suas belezas, seu passado, seus monumentos, o artesanato ativo, constituem um patrimônio que pertence não somente a Itália, mas ao mundo inteiro. Cidade da arte, Florença é um símbolo também de elegância e do estilo italiano. Para quem, como Ferragamo, havia levado seu ofício a uma atividade artística, não existia lugar melhor para estabelecer-se e organizar seu próprio trabalho e sua vida privada. Por tudo isso, Florença é parte integrante da cultura da marca SALVATORE FERRAGAMO, tal como é o Palácio Spini Feroni, a sede do museu.
Dados corporativos
● Origem: Itália
● Fundação: 1927
● Fundador: Salvatore Ferragamo
● Sede mundial: Florença, Itália
● Proprietário da marca: Salvatore Ferragamo S.p.A.
● Capital aberto: Sim (2011)
● Chairman: Ferrucio Ferragamo
● CEO: Eraldo Poletto
● Faturamento: €1.43 bilhões (2015)
● Lucro: €174.5 milhões (2015)
● Valor de mercado: €3.49 bilhões (setembro/2016)
● Lojas: 662
● Presença global: 90 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 4.000
● Segmento: Moda e calçados de luxo
● Principais produtos: Sapatos, roupas, bolsas e perfumes
● Concorrentes diretos: Jimmy Choo, Manolo Blahnik, Christian Louboutin, Roger Vivier, Christian Dior, Prada, Fendi, Gucci, Missoni e Chanel
● Ícones: Os luxuosos sapatos
● Website: www.ferragamo.com
A marca no mundo
Atualmente a marca possui 662 lojas localizadas em mais de 90 países, apresentando produtos que englobam de sapatos, roupas, bolsas, echarpes, até gravatas, óculos, relógios e perfumes, tanto femininos como masculinos. Com faturamento superior a €1.4 bilhões em 2015, a SALVATORE FERRAGAMO se transformou em um dos mais importantes impérios da moda italiana. Os calçados representam 42% do faturamento, seguidos pelos produtos de couro e bolsas com 37%. Mundialmente, a região da Ásia-Pacífico representa 36.1% das vendas da grife, a Europa responde por 26.6%, a América do Norte por 23.3% e o somente Japão é responsável por 8.9% do faturamento. Os perfumes, assim como os outros produtos, são “Made in Italy” e exportados para as mais de 15.000 perfumarias que comercializam SALVATORE FERRAGAMO.
Você sabia?
● À SALVATORE FERRAGAMO foi concedida a primeira patente de uma criação de moda, em 1937.
● São assinados pela SALVATORE FERRAGAMO todos os sapatos usados pela cantora Madonna para encarnar Evita, no filme de Alan Parker, de 1996.
● Lungarno Hotels Collection é a coleção de hotéis luxuosos da família Ferragamo, que possui quatro propriedades em Florença e uma em Roma. O Portrait Suites, na capital italiana, é o mais novo e seus interiores contam a história do patriarca Salvatore Ferragamo. Já em Florença, o Gallery Hotel Art, reúne uma clientela descolada e tem sempre exibições de arte e fotografia no lobby. No Hotel Lungarno, todos os espaços comuns oferecem vista espetacular para o Rio Arno. Já o Lungarno Suites, transmite a sensação de estar em um apartamento florentino. E o Continentale inspira-se nos anos de 1950 para os viajantes românticos. A coleção inclui, ainda, uma vila nos arredores de Florença, a Villa Le Rose (para ser inteiramente alugada) e um veleiro com quatro suítes e tripulação, na costa da Toscana.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Travel Whiz, View, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor Econômico), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
Fonte: Mundo das Marcas, publicado em 28 de julho de 2006, atualizado em 1 de setembro de 2016. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Linha do tempo - Site Salvatore Ferragamo
1898 - Salvatore Ferragamo nasce em Bonito
Salvatore Ferragamo nasceu em 5 de junho de 1898 em Bonito, a cem quilômetros de Nápoles. Ele era o décimo primeiro de 14 filhos, e seus pais, Antonio e Mariantonia Ferragamo, trabalhavam nos campos que possuíam, cada um com quatro hectares ou um pouco mais.
A família era pobre e a vida era difícil. Muitos dos irmãos de Salvatore foram forçados a deixar a Itália e emigrar para os Estados Unidos para tentar a sorte. Salvatore os seguiria em breve.
Desde criança, o pequeno Salvatore sonhava em ser sapateiro. Ele passou suas horas assistindo o sapateiro no trabalho da cidade, embora seu pai o desaprovasse porque ser sapateiro era considerado a profissão mais humilde. Quando sua irmã Giuseppina ia fazer a Primeira Comunhão, a família Ferragamo não tinha dinheiro para pagar pelos sapatos brancos ditados pela tradição. Foi uma vergonha para a família.
Salvatore pegou emprestado unhas, fios, telas brancas e as ferramentas necessárias do sapateiro da aldeia. Naquela noite, em segredo, ele começou a fazer seu primeiro par de sapatos. Eles estavam prontos pela manhã e sua irmã pôde ir à igreja com sapatos brancos novos para o espanto de todos. Salvatore tinha nove anos na época. Ele encontrou seu destino. Eu seria um sapateiro.
1909 - Pobre em Nápoles
Aos 11 anos, com apenas alguns centavos no bolso, Salvatore veio a Nápoles para aprender mais sobre a fabricação de calçados. A cidade foi e continuou sendo uma das capitais do luxo. Salvatore abriu sua própria loja de sapatos em sua cidade natal com seis trabalhadores, todos mais velhos que ele.
1915 - Emigração para os Estados Unidos
Em 24 de março de 1915, o nome Ferragamo apareceu na lista de passageiros do navio a vapor Stampalia, originalmente de Nápoles com destino a Nova York. O jovem de dezesseis anos decidiu deixar seu negócio para se encontrar com seus irmãos que emigraram para a América. Foi motivado por um desejo de melhorar a si mesmo, de aprender o segredo do sapato perfeito. Por 200 liras, ele comprou um ingresso de terceira classe. Sua cabine era tão suja e estreita que, durante a viagem, ele decidiu subir para a segunda classe pagando uma diferença de 75 liras, o que representava quase todo o dinheiro que ele trouxe. Salvatore finalmente desembarca na Ilha Ellis em 7 de abril de 1915, depois de quinze dias no mar.
Para entrar nos Estados Unidos, ele teve que provar ao escritório de imigração que tinha US$ 20. Salvatore decidiu trocar o pouco dinheiro que havia deixado por uma nota de um dólar e o envolveu em um rolo de pedaços de papel amarrados com um elástico. Eu esperava que os funcionários da alfândega estivessem muito ocupados e que não percebessem o engano. É assim que ele entra na América e imediatamente se sente em casa. Durante duas semanas, ele trabalhou na fábrica de calçados em Boston, uma das empresas mais importantes da Costa Leste, mas não ficou surpreso. Os sapatos feitos à máquina não tinham a mesma qualidade que ele e a maioria dos artesãos italianos poderiam fazer à mão.
Santa Bárbara
Em 1915, Salvatore Ferragamo se mudou para Santa Bárbara, na Califórnia, para se reunir com seus irmãos Alfonso, Girolamo e Secondino. Ele ficou impressionado com a beleza da paisagem, que o lembrava da Itália, e ficou muito fascinado com a cidade, que já era um destino turístico, e onde os primeiros estúdios de cinema logo seriam construídos. Sua entrada no mundo do cinema foi através de seu irmão Alfonso, que tinha um emprego na American Film Company engomando trajes de passar, e seu primo Jerry, que teve um papel recorrente na série The Diamond from the Sky (1915), para a qual Ferragamo forneceria seus primeiros sapatos. A série estrelou Lottie Pickford, irmã da mais conhecida Mary Pickford. E foi no armário do estúdio que Salvatore viu pela primeira vez um par de botas jeans que foram usadas em filmes de faroeste. Ele sentiu que seu novo desafio seria aperfeiçoar esse tipo de sapato. Ele completou com sucesso um pedido de botas jeans, confortáveis e bem feitas, e com isso as portas de Hollywood se abrem para ele. Ele imediatamente se sente em casa.
Salvatore abriu uma loja em Mission Canyon, perto da Mission Street, onde a American Film Company estava localizada. Pouco depois, ele e seus irmãos mudaram a loja para a 1033 State Street e se mudaram para morar na 719 California Street. Lottie e Mary Pickford, Pola Negri, as irmãs Costello, Lolita Lee, Dolores del Río, Barbara La Marr se tornaram seus clientes fiéis.
1916 - O sapato perfeito
Salvatore Ferragamo rapidamente aprendeu inglês e se sentiu pronto para estudar anatomia para entender a estrutura do pé, sobre a qual todo o esqueleto repousa. Essa foi a razão pela qual ele veio para a América. Em 1916, ele se matriculou nas aulas noturnas da Divisão Estendida da Universidade do Sul da Califórnia em Los Angeles e, no final do curso, descobriu o segredo do ajuste perfeito. Ele descobriu que o peso do corpo repousa sobre o arco.
Na fabricação tradicional de calçados, os sapatos eram fabricados apoiando a junta e o calcanhar, sem se preocupar se eram confortáveis. Isso não significa, diz Salvatore, que o arco do pé deve ter um suporte?
A natureza criou o pé humano com essa forma arqueada para que, como na arquitetura, ele possa suportar mais peso do que uma superfície plana. A tarefa do arco plantar, no entanto, vai muito além, uma vez que suporta o peso em movimento.
Como os arquitetos, Salvatore usou uma fileira de chumbo para suas demonstrações para encontrar a linha média que desce verticalmente da cabeça até o arco do pé. Salvatore inseriu uma chapa de aço para apoiar o arco, dando ao pé a oportunidade de se mover como um pêndulo. Esta foi a descoberta que o levou ao sucesso.
1920 - A primeira patente
Quando a American Film Manufacturing Company decidiu se mudar para Hollywood, que estava ganhando a liderança na indústria cinematográfica global, Ferragamo, cada vez mais envolvido nas produções do estúdio, também começou a pensar em deixar Santa Barbara. No entanto, o plano foi quase frustrado em 4 de fevereiro de 1920, quando ele estava dirigindo em Ventura e seu carro falhou, causando um acidente e a morte de seu irmão Eliodoro. No Bard Memorial Hospital, em Ventura, ele foi submetido a um tratamento extremamente doloroso para puxar a perna com uma tala, o que foi ineficaz. A medicina ortopédica naquela época ainda estava se separando da medicina geral e a fisioterapia estava apenas começando. Salvatore colocou em prática em seu próprio corpo o que havia aprendido em suas aulas de anatomia. Durante os seis meses em que esteve no hospital, ele criou e construiu um cilindro para segurar a perna, que mais tarde patenteou como um dispositivo para apoiar os membros feridos. Eventualmente, seria distribuído por uma empresa com sede em Chicago, especializada em itens ortopédicos.
1923 - A loja de botas de Hollywood
Em abril de 1923, a imprensa de Hollywood informou que John Bohannon havia vendido a Salvatore Ferragamo a licença da Hollywood Boot Shop, uma das empresas mais antigas e elegantes da cidade.
O edifício de dois andares, que estava localizado na 6687 Hollywood Boulevard, na esquina da Las Palmas Boulevard, gozava de uma localização invejável em frente ao Grauman's Egyptian Theatre, onde todas as estreias de filmes e muitas apresentações teatrais ocorreram. Em 4 de dezembro de 1923, o Teatro Egípcio mostrou Os Dez Mandamentos, dirigido por Cecil B. DeMille, que pediu a Ferragamo para projetar e produzir os sapatos para o filme.
A partir desse momento, a produção de Salvatore em Hollywood foi dividida em três categorias: sapatos para estúdios, sapatos encomendados por clientes particulares e sapatos para as apresentações de Grauman.
Salvatore morava na 2222 North Beachwood Drive.
1923-1927 - Colaboração com cinema
Em 1923, Cecil B. DeMille contratou Ferragamo para projetar e produzir os sapatos para seu novo épico, Os Dez Mandamentos (1923). O trabalho foi intenso e levou Ferragamo à biblioteca da cidade para investigar os designs e soluções que funcionariam melhor com os figurinos projetados por Clare West. O diretor ficou encantado com seu trabalho e, em 1926, pediu a Ferragamo para fazer os sapatos para "The Volga Boatman". Em 1927, DeMille contratou Ferragamo para fazer os sapatos para outro filme importante, "King of Kings" (1927). DeMille não foi o único diretor com quem Ferragamo trabalhou. Havia David Wark Griffith com "Way Down East" (1920) e "The White Rose" (1923), James Cruze com "The Covered Wagon" (1923) e Raoul Wash com "The Thief of Baghdad" (1924), estrelado por Douglas Fairbanks, que frequentava regularmente a loja. Muitas estrelas tinham a mesma idade que Salvatore ou eram ainda mais jovens, e Ferragamo não era apenas o homem que fazia seus sapatos. Ele era um amigo. Seu compatriota italiano Rudolph Valentino costumava passar por um prato de espaguete e John Gilbert, Valentino e Fairbanks passaram seus fins de semana com Ferragamo, nadando no Lago Arrowhead.
1925 - A abertura da loja de Hollywood
Em 19 de fevereiro de 1925, após uma longa remodelação, Ferragamo abriu a nova loja na 6683 Hollywood Boulevard, uma porta a leste da entrada anterior. Os interiores foram decorados no estilo do Renascimento italiano, com colunas clássicas, batik nas paredes para se parecer com tapeçarias do século XIV, sofás esculpidos à mão e cortinas exuberantes. A imagem que Ferragamo pretendia projetar era a da Itália que os americanos amavam, da Itália renascentista, arte e cultura. Mais do que uma loja, era uma sala de estar com uma atmosfera calorosa e íntima. A fotografia da inauguração mostra os inúmeros convidados, incluindo várias estrelas de cinema, como Mary Pickford, Douglas Fairbanks, Gloria Swanson, Monty Banks e Rudolph Valentino. A Hollywood Boot Shop era tão famosa que apareceu no filme Show People, do Rei Vidor, em 1928. Em sua autobiografia de 1957, Salvatore Ferragamo lembra as ordens incomuns que recebeu de estrelas como Gloria Swanson, Lillian Gish, Jean Harlow e Greta Garbo. Ele criou uma bota elástica para Lola Todd usar como meia com sua pele de leopardo. Para Alice White, a secretária de Charlie Chaplin que virou atriz, considerada uma verdadeira entusiasta da moda, projetou saltos elegantes de dois tons. O Arquivo de Salvatore Ferragamo mantém muitos desses sapatos hoje. O par mais extravagante que ele fez naquele período foi para uma princesa indiana, decorada com as penas do beija-flor, o menor animal do mundo. Ele pagou US$ 500 pelos sapatos, o que naquela época era uma fortuna.
1926 - Cidadania Americana
O designer de vinte e cinco anos ganhou o respeito de líderes proeminentes da cidade e, em 19 de fevereiro de 1926, tornou-se cidadão dos Estados Unidos.
Ferra-gamo Inc. e o retorno à Itália
Em 1926, Salvatore Ferragamo havia feito seu nome no mercado em torno da indústria cinematográfica americana, mas não parou por aí. Eu queria mais do que fazer sapatos personalizados para um pequeno número de clientes ricos. Eu queria expandir a produção, mantendo a mesma alta qualidade e estilo.
Em fevereiro de 1926, com financiamento de investidores, ele fundou a Ferra-Gamo Incorporated, da qual foi presidente. Ele teve uma ideia para os sapatos feitos na Itália e distribuídos pela loja de Hollywood para clientes americanos e talvez europeus.
Ferragamo deixou os Estados Unidos para a Itália em 1926 ou início de 1927, de acordo com alguns jornais.
1927 - A chegada em Florença
Depois de uma turnê pela Itália e uma estadia em Nápoles, onde Salvatore recebeu seu treinamento, no verão de 1927 ele chegou a Florença, que escolheu por sua reputação histórica como uma cidade de arte, cultura e negócios. Ferragamo foi cativado pela beleza da capital toscana e filmou a cidade com a câmera que havia comprado na América, capturando a Galeria Uffizi, o Lungarno (as ruas ao longo do rio Arno), a Piazzale Michelangelo e a colina de Fiesole, onde logo faria sua casa. Florença havia se tornado recentemente o centro da estratégia nacional do governo fascista para relançar o artesanato e o turismo italianos. No entanto, as reuniões de Ferragamo com mestres sapateiros o deixaram desapontado. Muitos estavam céticos sobre suas novas técnicas para fazer sapatos e medir pés. Apenas os artesãos mais jovens mostraram curiosidade e interesse em seu plano. Salvatore então abriu uma fábrica que serviria como campo de treinamento para 75 aprendizes sob sua supervisão. Ele resgatou o patrimônio artesanal da cidade e o fundiu com o sistema de produção das fábricas americanas, dividindo o processo em etapas. Sua fábrica estava localizada na via Mannelli 57 (o prédio agora é a 109th Street), perto da estação de trem Campo di Marte, que serve a linha ferroviária Florença- Roma, a primeira etapa da viagem que seus sapatos fariam para chegar aos Estados Unidos. Iniciativas para promover artesãos na Itália convenceram Ferragamo a ficar e solicitar residência em Florença.
1928-1930 - Os primeiros anúncios publicitários
Ferragamo colocou em prática a pesquisa que realizou na Califórnia, combinando suas descobertas com artesanato tradicional florentino, como bordados, rendas Tavarnelle e palha tecida que foram usadas para fazer os famosos chapéus florentinos. Para seus sapatos de cana de palha criados em 1930, ele registrou uma marca específica, "Pompeian by Ferragamo", em homenagem às recentes descobertas na Villa dei Misteri, em Pompéia.
A relação de Salvatore com os movimentos artísticos e culturais da época era igualmente próxima e transcendente. Essa relação está documentada em suas colchas de retalhos inspiradas nos têxteis americanos e no trabalho de Sonia Delaunay e em seu uso de cores brilhantes e brilhantes e telas pintadas. Salvatore conheceu o pintor futurista Giuseppe Landsmann, conhecido por todos como Lucio Venna, que abriu uma empresa de publicidade e design gráfico em Borgo degli Albizi, Florença.
O sapateiro contratou Lúcio Venna para projetar o logotipo de seus sapatos, anúncios e um folheto.
1929 - Patentes para invenções e decorações
Em 9 de julho de 1929, Salvatore Ferragamo registrou uma patente na Itália por sua invenção mais famosa, a chapa de aço inserida em seus sapatos para segurar o arco do pé. Ele também patenteou muitos estilos de calçados, mostrando sua extraordinária previsão. Ele não apenas criou sapatos artesanais exclusivos, mas também considerou como eles poderiam ser copiados e como ele poderia protegê-los.
A empresa estava florescendo e seu presidente decidiu solicitar residência em Florença em 24 de janeiro de 1929. Enquanto isso, ele optou pela cidadania italiana e decidiu se juntar à sua família.
1929-1933 - A queda de Wall Street e a falência
A queda do mercado de ações em 1929 não deixou a Ferra-Gamo Incorporated ilesa, já que os negócios da empresa estavam profundamente entrelaçados com os Estados Unidos. A pressão de seus acionistas americanos e a decisão, que Ferragamo antecipou o máximo que pôde, de vender a loja de Hollywood, levaram Salvatore a estabelecer uma empresa totalmente italiana, da qual ele seria de propriedade integral. Quando a década de 1930 chegou, a jovem empresa estava lidando com os efeitos negativos da crise: a instabilidade econômica nos Estados Unidos e em todo o mundo exacerbou as dificuldades de um modelo produtivo que precisava consolidar estratégias e processos organizacionais. Ferragamo tentou se manter à tona, mas a situação piorou e o levou a declarar falência perante a Corte de Florença em agosto de 1933.
Mais uma vez, o modelo de produção teve que ser redesenhado e Ferragamo viu a importância de ter clientes locais e uma fábrica no coração de Florença.
1937 - A patente do salto de cunha
A criatividade de Salvatore Ferragamo disparou na década de 1930 e durante a guerra, quando os obstáculos pareciam estimulá-lo. Em março de 1936, Benito Mussolini impôs um extenso programa de nacionalização e protecionista no país, que foi resumido como autarquia. Foi sua resposta às sanções comerciais que a Liga das Nações adotou contra a Itália em outubro de 1935 por sua agressão militar na Etiópia. O melhor aço era necessário para as armas e a qualidade do aço alternativo era tão ruim que Ferragamo não poderia usá-lo para as placas que tornavam seus sapatos tão únicos. Salvatore resolveu o problema preenchendo o espaço entre o calcanhar e a sola do pé com pedaços de cortiça da Sardenha, que ele pressionou e bateu. Nasceu o primeiro salto de cunha. Ele era atraente e confortável, e rapidamente se tornou seu estilo mais popular.
A invenção aparece na patente 354889 de 13 de dezembro de 1937.
A primeira loja Ferragamo no Palácio Altoviti Sangalletti
A primeira loja documentada de Salvatore Ferragamo em Florença consiste em um quarto individual com uma borda na rua dentro do Palácio Altoviti Sangalletti na via Tornabuoni. A existência da loja é documentada por fotos de arquivo e um item de moda que apareceu em "Vogue USA" em 1937. Neste último, acompanhado por um esboço que mostra a projeção com a vitrine, o jornalista descreve a experiência dentro da loja: "não mais do que 4 metros de largura", mobiliado com quatro assentos e os sapatos visíveis no chão.
Como pode ser visto na placa na janela, a atividade é chamada de Ferragamo e é apresentada na forma de uma sociedade limitada.
1938 - A Salvatore Ferragamo S.P.A. é fundada e Ferragamo inicia o processo de compra do Palazzo Spini Feroni e do Palagio
Em 1936, Ferragamo aluga, através de sua irmã, já que foi proibido de negociar devido à falência, algumas salas do histórico Palácio Spini Feroni, um edifício simbólico da Florença medieval e reinicia toda a sua atividade. Apenas alguns anos após a falência, Salvatore retorna ao sucesso e funda a Salvatore Ferragamo S.p.A. Também consegue iniciar o processo de compra gradual de diferentes pacotes de ações da propriedade da Palazzo Feroni Joint Stock Company, constituída em Florença em 1928. Desde então, o Palácio Spini Feroni tem sido a sede da empresa Ferragamo. No mesmo ano, ele abriu uma loja na Via Condotti, 65 em Roma, e na Old Bond Street, 24 em Londres.
Um mês depois de começar a adquirir as ações do palácio, ele começa a procurar uma casa para comprar e encontra a que corresponde aos seus desejos, nas colinas de Fiesole, o Palácio.
1939 - Guerra e escassez de materiais
Nestes anos, a escassez de materiais para calçados exacerba a imaginação de Ferragamo. É assim que nascem os dentes do pé de cânhamo, feltro e pele de peixe. Salvatore também recorre ao celofane, observando o papel dos chocolates, brilhantes e elásticos. Torcido com fios de seda coloridos, pode ser de malha ou malha, produzindo um efeito original e elegante.
Em 1939, Salvatore Ferragamo abriu uma loja em Milão, na Via Montenapoleone, 23 anos.
Na véspera da eclosão do segundo conflito mundial, a empresa tinha 400 funcionários e uma produção de 200 pares de sapatos por dia, mas com a entrada direta da Itália na guerra, ela é drasticamente reduzida.
1940 - Casamento com Wanda Miletti
Em 9 de novembro de 1940, Salvatore Ferragamo se casou com Wanda Miletti em Nápoles. Wanda era filha do prefeito e doutor de Bonito. Ela tinha apenas 19 anos quando o casal se casou logo após o encontro durante uma das viagens de Salvatore à sua cidade natal. Foi amor à primeira vista.
1942 - "Documento de moda"
"Documento Moda" foi uma revista de moda e têxtil publicada pelo National Fashion Institute, uma organização fascista criada para promover o desenvolvimento do estilo italiano. Entre 1941 e 1943, a revista dedicou uma série de edições a Ferragamo, que era famoso por ter comercializado com sucesso seus sapatos em outros países, especialmente nos Estados Unidos, promovendo a qualidade do artesanato italiano fora da Itália e por ter usado os materiais disponíveis durante a autarquia, como cânhamo, celofane e cortiça.
Patentes para defesa
Nem todas as patentes de Ferragamo eram para sapatos. A patente 405472, de 14 de agosto de 1943, era para um sistema de ataque e defesa de aeronaves. A patente 405527, emitida em 18 de agosto de 1943, era para a construção de um forte marítimo, uma unidade independente a bordo que poderia mergulhar e operar quando estivesse parcialmente submersa. A patente 405769 para um torpedo de lançamento múltiplo foi aprovada em 7 de setembro de 1943.
1945 - Uma chamada para recomeçar
Na edição de novembro de 1945 da prestigiada revista de moda "Bellezza", Riccardo Magni, um pintor e ilustrador florentino, publicou um desenho representando um sapato Ferragamo como o único sobrevivente dos bombardeios de Florença.
No mesmo mês, novembro de 1945, a Ferragamo estabeleceu uma sociedade de responsabilidade limitada chamada "Ferragamo Esercizi & C. S.p.A." distribuir exclusivamente os produtos da empresa Salvatore Ferragamo, com sede em Florença. A nova empresa já obteve lucros um ano depois, mas 1947 marcou a recuperação definitiva dos negócios da Ferragamo, quando novas lojas foram abertas em Roma, Milão e Gênova e a marca ressurgiu nos mercados europeu e americano.
1946 - "Primeiros passos"
Em 1946, a Ferragamo lançou uma nova linha de sapatos infantis chamada "Primi passi" ou "First Steps", com uma sola antiderrapante com espaços ocos para aliviar seu peso e um piso para agarrar a superfície.
1947 - O prêmio Neiman Marcus
No verão de 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a famosa loja de departamentos americana Neiman Marcus convidou Salvatore Ferragamo para Dallas para receber o prêmio de moda Neiman Marcus por ter combinado o classicismo italiano e a tradição artesanal com a engenhosidade moderna. Estabelecido em 1938, o prestigioso prêmio só havia sido concedido a designers americanos até 1947, quando, em seu 40o aniversário, Neiman Marcus abriu as portas para a moda europeia. Junto com Ferragamo, os outros vencedores foram Christian Dior como a principal criadora da moda francesa, Irene de Hollywood por seu gosto impecável em exibir moda através da indústria cinematográfica americana e Norman Hartnell, o alfaiate da família real inglesa, por seu trabalho como criadora versátil de moda simples e sofisticada. Em 22 de agosto, Ferragamo e sua esposa Wanda embarcaram na rainha Elizabeth com destino a Nova York. Christian Dior, a quem Salvatore nunca conheceu, também era um passageiro. O alfaiate francês perguntou a Ferragamo se ele poderia dar uma olhada nos sapatos que o sapateiro havia trazido com ele e estava animado ao descobrir que os sapatos eram o complemento perfeito para suas roupas, embora Ferragamo nunca o tivesse visto antes.
A cerimônia de premiação foi realizada em 8 de setembro de 1947 perante o vice-presidente da Neiman Marcus, Stanley Marcus, e foi seguida por um desfile de moda, no qual os sapatos Ferragamo foram combinados com peças Dior.
Os sapatos que Salvatore Ferragamo trouxe com ele para Dallas em 1947 incluíam as sandálias "invisíveis" de Ferragamo com um salto de cunha de madeira em forma de "F". A cunha era coberta de couro e a parte superior era feita de linha de pesca de nylon transparente. Ferragamo teve a ideia de um trabalhador, Alfonso Caldini, que depois de pescar no Arno, retornou com um peixe grande que havia capturado com um novo tipo de linha de pesca feita de nylon. "O peixe não consegue ver", explicou ele a Salvatore.
A sandália invisível foi um grande sucesso, em parte graças à sua cobertura favorável na imprensa internacional. O preço de um par foi de US$ 29,75, o equivalente ao preço de quatro toneladas de carvão.
Eva Perón, cliente da Salvatore Ferragamo
Em 24 de outubro de 1946, Juan Domingo Perón foi eleito presidente da República Argentina. Sua esposa Eva, chamada Evita pelo povo, se torna primeira-dama. Em junho de 1947, Evita e seu marido viajaram para a Europa. Entre as etapas estão a Itália e Roma. A partir desse momento, ele se tornou cliente de Salvatore Ferragamo até sua morte em 26 de julho de 1952. Salvatore Ferragamo cria muitos modelos para ela, quase todos feitos com peles de animais originários dos Andes e da América do Sul. Ferragamo a define em sua autobiografia como "a mulher mais inteligente" que ela já conheceu.
Em 1996, o filme Evita, de Alan Parker, interpretado por Madonna, foi lançado. Salvatore Ferragamo fabrica os sapatos para a atriz, em colaboração com a figurinista Penny Rose, que reproduz alguns dos modelos que Salvatore havia feito para a esposa do primeiro-ministro na década de 1950.
1948 - Salvatore Ferragamo abre sua primeira loja em Nova York
Em 1948, a primeira loja operada diretamente pela marca foi inaugurada na 424 Park Avenue.
1949 - Salvatore Ferragamo convida Christian Dior para Florença
Em abril de 1949, Christian Dior chegou a Florença a convite de Ferragamo para participar de uma exposição de moda realizada em várias partes da cidade. Os dois designers falaram sobre a criação de um centro de moda em Florença no Palazzo Spini Feroni, sede da Ferragamo, que celebraria a moda internacional, mas o projeto nunca foi realizado.
Pietro Annigoni pinta Salvatore Ferragamo
Em 1949, o artista florentino Pietro Annigoni, que Ferragamo conhecia desde a década de 1930, quando o Palazzo Spini Feroni abrigou a galeria de arte Bellini, pintou um retrato de Salvatore Ferragamo como artista, criando uma de suas melhores obras.
1949-1960 - Estrelas no Palazzo Spini Feroni
Durante o boom econômico, o "sapaiteiro das estrelas", como Salvatore Ferragamo era conhecido, atingiu o auge de seu sucesso, contando entre seus clientes as mais famosas estrelas de cinema italianas e internacionais, de Audrey Hepburn a Anna Magnani, de Greta Garbo a Sophia Loren, bem como membros da alta sociedade, como Soraya da Pérsia Quando Audrey Hepburn chegou ao Palazzo Spini Feroni em 1954, ela tinha acabado de ganhar o Oscar por sua atuação no Roman Holiday. Ela estava acompanhada por Anita Loos, cliente de Ferragamo por um longo tempo desde seus dias em Hollywood e famosa autora do livro Gentlemen Prefer Blonds. Ferragamo criou uma de suas patentes mais famosas para Audrey Hepburn, a sola em forma de concha, que é mais usada em seus sapatos de balé.
Salvatore dividiu as mulheres que compraram seus sapatos em três categorias de acordo com o tamanho de seus pés. Cinderela usava sapatos menores que seis. De acordo com Ferragamo, eles eram femininos e amantes da moda. Para serem verdadeiramente felizes, disse ele, eles devem estar apaixonados. Ele listou Mary Pickford, Joan Crawford e Jean Harlow, bem como a Rainha da Grécia, a Duquesa de Windsor e o Maharani de Cooch Behar, como Cinderela. A Vênus era tamanho seis. Eles geralmente eram muito bonitos, mas sob seu exterior brilhante eles amavam as coisas simples da vida e muitas vezes eram mal interpretados devido a esses dois traços. Ferragamo considerou Marilyn Monroe uma Vênus. Os aristocratas eram tamanho sete em diante, como Greta Garbo, Audrey Hepburn e Lauren Bacall. Ele os descreveu como sensíveis com grande compreensão, mas apontou que eles poderiam estar irritados.
1951 - Salvatore Ferragamo participa do primeiro desfile de moda italiano
Em 12 de fevereiro de 1951, Salvatore Ferragamo participou do primeiro desfile de moda verdadeiramente italiano organizado pelo comprador Giovanni Battista Giorgini no salão de baile de sua casa, Villa Torrigiani, em Florença, com a imprensa internacional e os compradores americanos.
Ferragamo participou do desfile com a sandália Kimo criada para os vestidos projetados pelo alfaiate romano Emilio Schuberth. Inspirado no sapato tabi japonês, ele foi usado com uma meia de couro ou cetim para combinar com a cor de cada vestido.
A arquitetura da loja de Florença
Em fevereiro de 1951, a loja de Salvatore Ferragamo em Florença foi publicada na revista "Architetti".
1952 - A parente do anemômetro e o enxerto de um picos duplos
Os muitos interesses de Salvatore Ferragamo também são demonstrados por patentes que não se referem a sapatos. Entre eles está a patente 469884 emitida em 14 de outubro de 1950 e aprovada em 17 de março de 1952, que se refere à construção de um dispositivo para carregar acumuladores elétricos, usando a energia motriz do vento.
Entre as outras paixões de Salvatore, havia também agricultura e cuidados com as plantas. Wanda Ferragamo lembra que Salvatore, através de seus testes de enxerto, obteve uma espiga dupla de trigo.
1954 - Salvatore Ferragamo colabora com Elda Cecchele
A partir de 1954, Salvatore Ferragamo, por alguns anos, fez alguns sapatos com tecidos especiais, obtidos entrelaçando couros, fios metálicos e fios de celofane, criados por Elda Cecchele, uma tecelã habilidosa e criativa que faz seus tecidos em sua oficina de artesanato em Galliera Veneta (Pádua).
A loja de Nápoles em Piazza Dei Martiri
Em abril de 1954, Salvatore Ferragamo abriu uma loja na Piazza dei Martiri, 60 anos, em Nápoles, a cidade onde morava há alguns meses quando era muito jovem. A loja, criada pelo arquiteto e designer Roberto Mango, tem a aparência de uma sala discreta e reservada, em vez de um estabelecimento comercial.
1954-1962 - Marilyn Monroe e Salvatore Ferragamo
Marilyn Monroe comprou na loja Ferragamo na Park Avenue depois de se mudar para Nova York em 1954 para ter aulas de atuação no Actors Studio. Ele amava os sapatos de Salvatore Ferragamo e os usava em todos os seus filmes. Ele até pediu a sua amiga Amy Greene, esposa do fotógrafo Milton Greene, para comprar alguns pares para ele na Itália. Este foi um momento de transformação para Marilyn, que mudou sua maneira de ser e se vestir. Ele leu, se interessou por arte e poesia, começou a frequentar intelectuais como Karen Blixen, Truman Capote e Arthur Miller, com quem se apaixonou e se casou. Ele comprou dezenas de sapatos Ferragamo até 1962, o ano de sua morte, como mostram as ordens do Arquivo Salvatore Ferragamo. Seus estilos favoritos eram as bombas Filetia e Viatica e, embora ambas tivessem agulhas vertiginosas de dez centímetros, elas nunca ficaram desconfortáveis porque Ferragamo havia patenteado um salto especial para ela, metade madeira, metade aço. Os sapatos agora fazem parte do Arquivo Salvatore Ferragamo. No topo das ordens de sapatos há um desenho do Palazzo Spini Feroni, sede da Ferragamo em Florença, baseado na pintura original de Pietro Annigoni, que foi perdida.
1955 - Pele de leopardo marinho
Em 1954, Ferragamo recuperou a pele dos leopardos marinhos, um peixe encontrado no Mar do Norte, que ele havia usado durante a guerra. Ele chegou a um acordo na Dinamarca com a Sipo Trading Company, que distribuiu pele de leão marinha. O peixe foi capturado ao largo da costa de Thule, enviado para o Royal Greenland Trading Quay e levado de trem para curtidores em Strib, onde não apenas os odores foram eliminados, mas um sistema foi desenvolvido para tingir as peles com novas cores vivas que não desapareceram com o tempo.
Os resultados foram incríveis. O acordo, que afiou um produto nacional dinamarquês com uma marca de renome internacional, foi amplamente divulgado na imprensa e nas redes de televisão locais, obtendo o apoio do governo dinamarquês e da rainha Ingrid, que encomendou sapatos de leopardo marinho para si e suas filhas Margrethe e Anne-Marie em uma variedade de cores
Para celebrar o evento, em 1955, Ferragamo realizou uma recepção no Open Gate Club, em Roma, com Sophia Loren como convidada especial, padroeira e rosto da nova moda.
1956 "Ferragamo DEBS"
Em 1956, a Ferragamo lançou o rótulo "Ferragamo Debs" para sapatos feitos na Inglaterra e parcialmente feitos à máquina. A constante expansão internacional da empresa criou a necessidade de maior produção e a Ferragamo foi forçada a usar máquinas.
A sandália dourada
A sandália de ouro de 18 quilates que Salvatore Ferragamo fez em colaboração com os ourives do Palazzo dell'Oro, perto de Ponte Vecchio, foi uma de suas criações mais incríveis. Para projetar o sapato, ele desenvolveu uma solução interessante para uma sola de metal, que se tornou uma patente 546658, 28 de julho de 1956. Ele criou a sandália para um cliente americano rico que pagou mil dólares.
1957 - Sapateiro dos sonhos
Em 1957, a autobiografia de Ferragamo, Shoemaker of Dreams, foi publicada em inglês. Ele não tinha a intenção de glorificar seu sucesso, mas contar a história de sua vida e obra na primeira metade do século, entre duas guerras e dois mundos, Itália e América.
Dois escritores ingleses, John Desmond Currie e Elisabeth Warner, colaboraram no projeto. Ferragamo agradeceu "por sua ajuda na preparação do manuscrito para a imprensa". Sabemos que John Desmond Currie e Elizabeth Warner usaram o pseudônimo Douglas Warner e que escreveram romances para os filmes.
1958 - A filha de Ferragamo, Fiamma, se junta ao pai para criar sapatos femininos
Em 1958, a filha mais velha de Salvatore e Wanda, Fiamma (3 de setembro de 1941 - 28 de setembro de 1998), deixou o ensino médio para trabalhar com seu pai na criação e produção de sapatos femininos.
Viagem à Austrália e Japão
Em setembro de 1958, Salvatore Ferragamo viajou para a Austrália, onde foi entrevistado no rádio e falou sobre sua autobiografia. O Arquivo Salvatore Ferragamo salva as gravações dessa entrevista.
Durante sua viagem, ele também parou no Japão, um país que sonhava em visitar desde seus dias em Hollywood.
1959 - Giovanna Ferragamo tem seu primeiro desfile de moda no plaza hotel em Nova York
Giovanna, a segunda filha de Salvatore e Wanda Ferragamo (nascida em 26 de março de 1943), deixou seus estudos sobre os Clássicos para fazer cursos de design de moda na Scuola Lucrezia Tornabuoni. O sonho de seu pai era transformar sua empresa, até então especializada em sapatos de luxo para mulheres, em uma casa de moda que pudesse vestir homens e mulheres "da cabeça aos pés", como ele gostava de dizer. Seus seis filhos, uma vez que crescessem, tornariam esse sonho realidade.
Em 1959, Giovanna Ferragamo projetou a primeira coleção de resorts, que ela apresentou no Plaza Hotel, em Nova York. Isso levou à abertura da primeira boutique da marca no segundo andar do Palazzo Spini Feroni e de outra boutique em Beverly Hills, o luxuoso bairro de Los Angeles. Um artigo de 1960 inclui uma fotografia de Giovanna com suas criações: uma saia impressa feita com duas mastigações de seda inspirada em Romo Toninelli, um industrial de Como, que representa e reinterpreta um detalhe da série de pinturas Histórias de Santa Úrsula de Vittore Carpaccio no Museo dell'Accademia em Veneza. As mastigações refletem a prática comum na moda italiana na época de usar padrões retirados do folclore tradicional e da arte italiana.
1960 - A morte de Salvatore Ferragamo
Salvatore tinha uma perspectiva otimista, mas seu estado de saúde se deteriorou no verão de 1960, forçando-o a conceder à sua esposa Wanda maiores poderes para a administração ordinária e extraordinária da Ferragamo S.p.A. em julho. Em 7 de agosto de 1960, em Poveruomo, perto do Forte dei Marmi, Salvatore Ferragamo morreu. Ele foi enterrado no cemitério de San Domenico, perto de Fiesole, na capela da família. Wanda, que até então era dona de casa e mãe de seis filhos, assumiu a empresa, tornando-se uma empresária astuta e capaz. Ao lado dele estavam suas filhas mais velhas, Fiamma e Giovanna.
Wanda Ferragamo está à frente da empresa
Wanda, a quem Salvatore Ferragamo, um mês antes de sua morte, já havia delegado poderes ordinários e extraordinários, se torna um motor de mudança de negócios, apoiado pelas filhas do lado criativo e por Jerry, filho de um irmão de Salvatore, em termos de estratégias para otimizar a mecanização da produção de calçados.
A partir desse momento, Wanda se torna a guia inteligente e sólida da empresa Salvatore Ferragamo, conseguindo combinar perfeitamente feminilidade e cuidado familiar com compromisso em seu trabalho e na sociedade. Um resultado alcançado sem grande orgulho, mas com firmeza.
A marca de calçados foi alterada neste período para incluir o nome do fundador, Salvatore. Em 1982, o logotipo passará por um redesenho que incluirá a estilização de sua assinatura.
1961 - Lenço de um artista
O primeiro lenço assinado pela Ferragamo foi produzido em 1961 pela empresa Ravasi de Como e foi assinado por um artista, Álvaro Monnini, fundador da Geometric Abstentionism, que naqueles anos também se dedicava a gráficos publicitários. O lenço representa o Palácio Spini Feroni em Florença, casa de Salvatore Ferragamo desde 1938. É provável que a ideia tenha nascido mais cedo, quando Salvatore Ferragamo ainda estava vivo devido à interpretação irônica e de conto de fadas que permeia o design, com uma correlação precisa entre o edifício histórico e a profissão do proprietário, também na borda que representa as ferramentas do comércio do sapateiro. Este lenço não é apenas um acessório para usar, mas também um anúncio para a empresa.
1961 - Nasce a primeira fragrância de Ferragamo
Gilio foi a primeira fragrância de Salvatore Ferragamo. Foi criado pelo testamento de Wanda Ferragamo, embora provavelmente já tenha sido concebido quando Salvatore Ferragamo ainda estava vivo. Com seu belo frasco de vidro Baccarat e embalagens refinadas, foi mais um presente para os melhores clientes do que um produto de venda. O nome lembra o lírio da cidade de Florença, mas, como no exterior eles teriam pronunciado "Gi-g-lio" com um G duro, o "g" foi removido e chamado de Gilio. Só foi comercializado nas lojas Ferragamo por alguns anos.
Em 2019, este perfume foi relançado na linha Ferragamo's Creations.
1963 - Ferruccio Ferragamo se junta à empresa
Em 1963, Ferruccio Ferragamo, terceiro filho da classe 1945 (9 de setembro), por ordem de nascimento de Salvatore e Wanda Ferragamo, entra na empresa familiar, com um plano de treinamento que o leva a experimentar os diferentes departamentos da empresa, desde a loja de calçados ou o arquivo, até a produção de calçados femininos com Jerry Ferragamo, em um momento fundamental para a empresa Salvatore Ferragamo, na qual o artesanato e a fabricação sob encomenda são abandonados em favor da produção industrial, mantendo a qualidade pela qual a marca Ferragamo foi reconhecida. em todo o mundo.
Juntamente com Fiamma e Jerry, Ferruccio foi o criador de uma nova linha de sapatos de grande sucesso, a "Salvatore Ferragamo Boutique", mais comercial e menos cara em termos de produção, mas que continuou a atender aos critérios de conforto da marca.
1965 - Giovanna Ferragamo estreia na sala branca
Giovanna Ferragamo estreia em 1965 na prestigiada Sala Branca do Palácio Pitti, em Florença, onde duas vezes por ano as novidades da moda italiana desfilavam, com suas coleções prontas para usar. Suas roupas estarão presentes na passarela de Pitti, até 1982, quando as apresentações de moda feminina são definitivamente transferidas para Milão.
Uma semana antes do desfile na Sala Branca, Giovan Battista Giorgini, organizador dos desfiles na Sala Bianca, vai ao Palácio Spini Feroni para ver a coleção de Giovanna Ferragamo e decidir se ela faz jus ao prestigiado evento. Um teste importante para Giovanna, que estava esperando seu primeiro filho, Gaetano.
1967 - Fiamma ganha o prêmio Neiman Marcus
Em 9 de fevereiro de 1967, Grand Ballroom do Sheraton-Dallas Hotel. Fiamma Ferragamo, a mais velha dos filhos de Salvatore e Wanda Ferragamo, à frente do setor de calçados e bolsas da empresa, recebe o Prêmio Neiman Marcus em Dallas, o famoso Oscar de moda concedido a seu pai vinte anos antes. Junto com ela, eles recebem o prêmio Valentino, Lydia di Roma, Venturini di Lucca e Emilio Pucci em nome de todos os artesãos florentinos danificados pela inundação de Florença em 1966. A prestigiada revista "Life" dedica uma de suas capas à Fiamma.
A fábrica de osmannoro é inaugurada
Em 1967, a expansão produtiva e organizacional da empresa se concretiza com a transferência do laboratório Varlungo na Via Aretina e dos escritórios administrativos do Palácio Spini Feroni nas maiores instalações da nova fábrica na via Lucchese em Osmannoro, e com a mudança do propósito corporativo da empresa para "fabricação e comércio de calçados Na nova fábrica de Osmannoro, as fases de prototipagem e construção foram concentradas, cuja produção foi baseada em uma rede de pequenas empresas e laboratórios, ligados por contratos exclusivos para Ferragamo, na área napolitana e nos distritos industriais próximos a Florença.
1969 - Editoriais sobre as primeiras bolsas de Ferragamo
Por muitos anos, as lojas Ferragamo venderam bolsas Roberta di Camerino como complemento aos sapatos. Com a morte de Salvatore Ferragamo, a colaboração durou alguns anos até que, na segunda metade dos anos sessenta, com a entrada na empresa de uma designer de calçados, foi decidido criar bolsas e pequenos artigos de couro internamente. O primeiro artigo salvo no Arquivo Salvatore Ferragamo, onde aparece uma bolsa Ferragamo, é de 1969. Inicialmente, os modelos tinham que ser complementares em estilo e cor aos sapatos. Eles então se tornaram acessórios cada vez mais importantes na linha de produtos Salvatore Ferragamo.
1971 - Nascem cachecóis Ferragamo
Em 1971, Fulvia Ferragamo, uma das filhas de Salvatore e Wanda Ferragamo (nascida em 2 de julho de 1950) convenceu Madre Wanda a produzir tecidos exclusivos e estampas de seda com a marca Ferragamo. Assim, ele criou os primeiros lenços com um design original, que seriam seguidos por vinte anos: animais feitos com uma colcha de retalhos de flores. Não se sabe de onde veio a ideia, talvez dos retratos do artista renascentista Arcimboldo compostos de colcha de retalhos de flores e vegetais, ou de alguns passos de Salvatore Ferragamo feitos com uma colcha de retalhos de diferentes materiais e cores. Albertina Porro, que naqueles anos trabalhou com Butti-Ostinelli, os primeiros produtores de lenços Ferragamo, lembra que a ideia foi sugerida por alguns filmes de animação do diretor tcheco Jiri Trnka transmitidos na Rai2 de outubro de 1970 a fevereiro de 1971.
No início da década de 1970, a produção mensal registrou 40.000 pares de sapatos, 8.000 roupas prontas para usar e 4.000 bolsas.
Ferragamo F é produzido, a segunda fragrância
F de Ferragamo é a fragrância lançada no início dos anos setenta: um buquê floral com fundo de couro e madeiras exóticas com um toque do Oriente. Era uma licença de uma empresa suíça.
Alguns anos depois, em 1974, F de Ferragamo Monsieur foi colocado à venda, a fragrância para homens com um buquê de couro precioso e madeira, com toda uma linha de produtos de higiene pessoal. A garrafa é verde e marrom.
1972 - O Women's Wear Daily publica uma bolsa ferragamo com um fechamento "gancini"
Em 21 de janeiro de 1972, o prestigiado jornal americano "Women's Wear Daily", publica uma bolsa Ferragamo onde um acessório em forma de gancho de metal aparece como um fechamento, que se tornaria um símbolo da marca. A origem do design é desconhecida. De acordo com uma tradição oral da empresa, a fonte de inspiração foi a porta de ferro forjado do Palácio Spini Feroni, a sede medieval de Ferragamo, em Florença, ou os ganchos aos quais os cavalos estavam amarrados, que aparecem na famosa fachada. O fato é que, desde então, o fechamento Gancini tem sido cada vez mais usado em acessórios de couro e calçados, motivando seu sucesso no equilíbrio entre estilo e funcionalidade. Em 26 de julho de 1978, o pedido de patente n. ° 46069C/78 para o projeto "Gancini", que é aprovado em 23 de outubro do mesmo ano (patente n. No 318701).
1973 - Leonardo Ferragamo se junta a Salvatore Ferragamo
Em 1973, Leonardo Ferragamo (23 de julho de 1953), o quinto filho em ordem de idade de Salvatore e Wanda Ferragamo, se juntou à empresa Salvatore Ferragamo. Começou sob as ordens de Jerry Ferragamo no departamento de produção de calçados femininos. Essa experiência lhe permite lançar as bases para o desenvolvimento de uma produção contínua de calçados masculinos, que até então só havia sido criado para pedidos especiais. O primeiro modelo em que Leonardo Ferragamo experimenta o ajuste e o calçado de seu tio Jerry é um tamanco de praia chamado "Nemo".
1974 - A loja abre na Quinta Avenida
Em 1974, a loja Salvatore Ferragamo foi inaugurada na 717 5th Avenue, na esquina da 56th Street, no piso térreo de um palácio de aço e vidro construído em 1959 pelos arquitetos Harrison, Abramovitz e Abbe. O lado da 5a Avenida era de 8 metros, o lado da Rua 56 era de 32 metros. O design de interiores foi confiado aos arquitetos Giancarlo e Luigi Bitocchi e Roberto Monsani, que projetaram um espaço contemporâneo e funcional, adequado para melhorar a qualidade dos produtos.
1976 - Nasce uma produção contínua de acessórios e roupas masculinas
Salvatore Ferragamo já havia criado sapatos masculinos, na época de Santa Barbara e Hollywood, mas apenas para atender às demandas de amigos e personalidades importantes que queriam sapatos artesanais, bonitos e confortáveis. A produção contínua de calçados e roupas masculinas foi totalmente desenvolvida em 1976, sob a direção de Leonardo Ferragamo, completando a gama de gravatas de seda e quadrados e cintos de bolso e pequenos artigos de couro.
Em 2 de abril de 1976, Leonardo Ferragamo apresenta a nova coleção de sapatos masculinos na Saks Fifth Avenue, em Beverly Hills.
O primeiro pedido significativo de sapatos masculinos vem da Sanford Sacks & Co. no Texas para suas novas lojas.
Apesar da crise econômica do período, Salvatore Ferragamo triplica seu lucro em relação ao ano anterior para chegar a quase um bilhão de liras, graças em parte à sua nova linha de produção.
1978 - O modelo mais famoso de Ferragamo é criado entre os calçados femininos: Vara
O icônico sapato de salão de Ferragamo com um salto de 3 cm foi projetado em 1978 para a coleção de inverno de 1978-1979. Este primeiro modelo se chamava Lillaz e já tinha as características que fizeram de Vara um ícone de estilo: a laço plano e a placa de metal com a assinatura Ferragamo. O modelo Lillaz era feito de pele de bezerro ou pele de cabra; a sola era feita de couro. O sapato, no entanto, não recebeu o favor do mercado dos EUA, já que tinha o calcanhar coberto com camadas de couro.
No ano seguinte, o sapato Lillaz foi lançado novamente nos Estados Unidos com o calcanhar forrado com a mesma pele do peito do pé.
A versão original, com o salto coberto de couro, tornou-se o famoso sapato de salão Vara.
Podemos dizer que este sapato constitui, no mundo do calçado, um dos poucos exemplos de grande longevidade do mesmo modelo, que tem sido um dos maiores sucessos da marca, graças também ao seu extremo conforto, sua versatilidade para atender às necessidades de todas as idades e ocasiões de uso.
Fonte: Site Salvatore Ferragamo, "Linha do tempo''. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Biografia — Wikipédia
História
Salvatore Ferragamo emigrou do sul da Itália para os EUA, primeiro para Boston e depois para a Califórnia em 1914. Ele abriu a Hollywood Boot Shop em 1923 e fez sapatos para estrelas de cinema como Joan Crawford e Gloria Swanson, bem como para filmes como Cecil B. O longa-metragem de DeMille, Os Dez Mandamentos. Ele retornou à Itália e montou uma loja de sapatos em Florença em 1927. No entanto, a atual empresa de fabricação de calçados considera 1928 como a data de sua fundação e, portanto, comemorou seu 80o aniversário em 2008.
Salvatore Ferragamo entrou com pedido de falência em 1933, durante a Grande Depressão, mas em 1938, ele estava em posição de comprar o Palazzo Spini Feroni, um dos grandes palácios de Florença. Isso abriga a principal loja da empresa e um museu dedicado à vida e obra de Ferragamo.
A empresa floresceu após a Segunda Guerra Mundial, expandindo a força de trabalho para 700 artesãos produzindo 350 pares de sapatos artesanais por dia. Após a morte de Salvatore em 1960, sua viúva, Wada, assumiu o funcionamento do negócio e expandiu suas operações para incluir óculos, perfume, cintos, cachecóis, bolsas, relógios e uma linha de roupas pronta para usar.
Os proprietários majoritários da empresa continuam sendo a família Ferragamo, que em novembro de 2006, incluía a viúva de Salvatore, Wanda, cinco filhos, 23 netos e outros parentes. Há uma regra de que apenas três membros da família podem trabalhar na empresa, levando a uma concorrência feroz. Para aliviar essas tensões, em setembro de 2006, a família anunciou um plano para flutuar 48% da empresa no mercado de ações e, desde outubro de 2006, Michele Norsa é gerente e diretora geral. No entanto, a partir de janeiro de 2008, esse plano pode ser suspenso em meio à recessão no mercado financeiro. Se a listagem no mercado de ações prosseguir, o fundo será direcionado principalmente para a construção de suas posições na China. A empresa está realizando sua exposição de aniversário de 80 anos em Xangai.
Em 2011, a empresa foi listada na bolsa de valores.
Em 2 de agosto de 2016, Eraldo Poletto foi nomeado como novo CEO do grupo. Em 8 de março de 2017, a conclusão da relação com Poletto concedeu poderes de gestão interino ao presidente, Ferruccio Ferragamo.
Em 31 de julho de 2018, Micaela le Divelec é nomeada como nova CEO do grupo. Em janeiro de 2022, Marco Gobbetti foi nomeado como novo CEO do grupo.
Em 14 de março de 2022, o designer britânico Maximilian Davis foi nomeado como o novo diretor criativo da marca, em um esforço para revitalizar sua linha de pronto-a-vestir.
Inovações
Ao longo de sua história, a empresa tem sido conhecida por projetos inovadores e uso de materiais. Essa engenhosidade remonta ao tempo de Salvatore na Califórnia, quando ele estudou anatomia para fazer sapatos mais confortáveis. Inovações notáveis incluem o salto de cunha, a sola em forma de concha, a sandália "invisível", saltos e solas de metal, a sandália de ouro de 18 quilates, o sapato de meia, os saltos de escultura e o sapato de arco enluvado criado para o Maharani de Cooch Behar em 1938. Saltos agulha reforçados com metal ficaram famosos por Marilyn Monroe. A empresa também é conhecida pela decoração 'Gancini', pela bomba de balé patenteada 'Vara', pela bolsa Salvatore e pelo uso de retalhos. Também fabrica óculos e relógios em parceria com a Marchon e o Timex Group. Começou a adicionar etiquetas NFC aos seus produtos em 2014 para combater falsificações.
Clientes
Salvatore trabalhou com estrelas de cinema e celebridades desde seus primeiros dias em Hollywood. Os clientes ao longo dos anos incluíram Audrey Hepburn, Sophia Loren e Greta Garbo, bem como Andy Warhol, Seulgi, Grace Mugabe e Diana, Princesa de Gales, Namal Rajapaksha. A empresa fez as famosas bolsas de Margaret Thatcher e para o rei Jigme Khesar Namgyal Wangchuck durante a coroação em 6 de novembro de 2008, em Thimpu, Butão.
Oficiais e gerência
Wanda Ferragamo Miletti: lidera o grupo desde 1960, quando seu marido e fundador da empresa, Salvatore, morreu. Ela foi presidente honorária até sua morte.
Ferruccio Ferragamo: atualmente presidente da Ferragamo Finanziaria S.p.A., a holding que controla o Grupo Salvatore Ferragamo
Marco Gobbetti: CEO da Salvatore Ferragamo S.p.A.
Giovanna Gentile Ferragamo: atualmente presidente da Fondazione Ferragamo
Leonardo Ferragamo: a partir de abril de 2021 é presidente da Salvatore Ferragamo e vice-presidente executivo da Fondazione Ferragamo.
Massimo Ferragamo: ele é presidente da Ferragamo USA, a empresa Ferragamo que lida com a distribuição da marca na América do Norte desde a década de 1950.
James Ferragamo: é diretor de produtos e comunicação da marca da empresa
Angelica Visconti: ela foi nomeada vice-presidente em 14 de dezembro de 2021. Lidera o Departamento Global de Atacado e Varejo de Viagens e é membro do conselho de administração.
Diego di San Giuliano: atualmente vice-presidente da holding do grupo Ferragamo Finanziaria S.p.A..
Novembro de 2016 uma nova estrutura dos departamentos criativos do grupo com a entrada de Paul Andrew nomeado diretor de design da Women's Footwear, Fulvio Rigoni nomeado diretor de design da Women's RTW, Guillame Meilland nomeado diretor de design da Men's RTW
Em outubro de 2017, após a saída de Fulvio Rigoni, Paul Andrew é nomeado diretor criativo da Coleção Feminina. De fevereiro de 2019 a abril de 2021, Paul Andrew foi nomeado diretor criativo de todas as linhas Salvatore Ferragamo.
Maio de 2020 Michele Norsa foi cooptada para o conselho de administração, como diretora e vice-presidente executiva da empresa e assumiu os poderes executivos anteriormente exercidos pelo presidente Ferruccio Ferragamo.
Janeiro de 2022 Marco Gobbetti é nomeado como novo CEO e diretor administrativo da Salvatore Ferragamo S.p.A
Salvatore Ferragamo
(Bonito, 5 de junho de 1898 – Florença, 7 de agosto de 1960) foi um estilista de sapatos italiano, fundador da marca homônima.
Em 1914 partiu para os Estados Unidos, a fim de encontrar um dos seus irmãos, que trabalhava em uma fábrica de sapatos em Boston. Após uma breve permanência na cidade, transferiu-se para Santa Bárbara (Califórnia). Ali instalou uma loja de consertos e fabricação de calçados sob medida. Em 1923, mudou-se para Hollywood, onde abriu a Hollywood Boot Shop, ganhando, em pouco tempo, a preferência das estrelas do cinema. Calçou ícones como Sophia Loren, Carmen Miranda, Greta Garbo, Katharine Hepburn, Marlene Dietrich, Ava Gardner, Gary Cooper e Marilyn Monroe. Ferragamo foi pioneiro na utilização da cortiça na criação de saltos e plataformas.
Apesar de morto há mais de 40 anos, perpetua-se no sucesso da marca que leva seu nome. A sede da empresa está instalada no Palazzo Spini Feroni, em Florença, onde foi instalado um museu em homenagem ao mestre calçadista, com fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos. Além disso, o museu exibe a coleção de mais de 10 mil modelos.
No Brasil, a marca tem lojas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, em São Paulo localizadas no shopping Iguatemi, no Shopping Cidade Jardim e na Rua Haddock Lobo e no Rio de Janeiro, no Shopping Leblon, no bairro de mesmo nome e no Village Mall, na barra da Tijuca.
Fontes: Wikipédia - Ferragamo e Wikipédia - Salvatore Ferragamo, consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Salvatore Ferragamo – o empreendedor de um grande sucesso
Salvatore Ferragamo foi um verdadeiro artista que seguia em harmonia com a cultura do tempo em que vivia. Atribuiu todo o seu talento em sapatos, afinal como ele mesmo dizia, um pé bem calçado vale mais do que mil palavras.
Mas além de sapatos, o artista investiu também em acessórios e perfumes que ganharam destaque na marca italiana. Atualmente, Salvatore Ferragamo já falecido, detém um nome de muito sucesso no mercado internacional da alta costura.
A história de Salvatore Ferragamo
O estilista nasceu em Bonito, um vilarejo localizado no interior da Campania, na Itália, no dia 5 de junho de 1898. Desde muito pequeno o menino demonstrava ter um grande talento: o de fazer sapatos. Em certo momento da sua vida, viu sua irmã chorar por não ter sapatos brancos para calçar na primeira comunhão e para surpresa da família, decidiu criar ele mesmo um modelo.
O estilista se tornou famosos pela sua criação
Foi aprendiz de sapateiro aos 11 anos junto com Luigi Festa, que foi o seu mestre e ensinou tudo sobre a profissão. Quando completou 13 anos, abriu uma simples sapataria localizada em sua cidade, onde se permitiu ir além de confeccionar botas para fazendeiros e reparos de sapatos, criando modelos exclusivos. Passou a lançar moda para os pés femininos.
A mente visionária
Com uma mente visionária desde muito novo, escolheu um dia estratégico para a inauguração da sua pequena empresa, que se localizava, especialmente, em frente à igreja local. Logo após a missa, os fiéis curiosos se aproximaram da loja e o resultado não poderia ser outro além um grande sucesso, mesmo com algumas piadas referente a idade do artista.
Aos 14 anos, Salvatore já contava com seis assistentes em sua loja e já conquistava o coração de clientes das cidades vizinhas. Foi nesse momento que percebeu que poderia ultrapassar limites e ampliar seus horizontes. Atrás de novos desafios, o jovem viajou rumo aos Estados Unidos para se unir aos irmãos mais velhos e estabelecer novas metas.
Foi decepcionante para Salvatore quando chegou em Boston e se deparou com a péssima qualidade dos sapatos que eram produzidos nas fábricas que seus irmãos faziam parte. Foi então que o jovem design foi a procura dos outros parentes da família que viviam na Califórnia, mais especificamente em Santa Bárbara, que ficava perto dos estúdios de cinema.
Os sapatos sob uma nova ótica
E a partir desse momento Salvatore inaugurou uma loja para reparos e confecção de sapatos. Com o tempo, começou a produzir modelos para compor os figurinos de cinema e, consequentemente, passou a ter encomendas de sapatos feitos sob medida para celebridades como Greta Garbo, Marlene Dietrich, Sophia Loren, Marilyn Monroe e Ava Gardner.
Enquanto procurava por fórmulas de criar sapatos que se encaixassem perfeitamente, frequentou a Universidade de Los Angeles e estudou matemática, engenharia química e anatomia humana. Logo após, o design se viu obrigado a se transferir Hollywood por causa de seus clientes que estavam crescendo.
Foi então que inaugurou em 1923 a renomada Hollywood Boot Shop e começou a criar modelos para produções importantes do cinema, como no famoso “Os Dez Mandamentos”.
As personalidades do cinema
Salvatore Ferragamo calçou os personagens mais ilustres do cinema e que por consequência se tornaram seus clientes. Ganhou apelidos carinhosos como o “sapateiro dos sonhos’’ ou “sapateiro das estrelas”.
O sucesso foi tão grande e imediato que a pequena empresa não estava dando conta da demanda de encomendas e a mão de obra americana não conseguia produzir os produtos com a mesma qualidade que o design desejava e necessitava.
Em 1927, Salvatore Ferragamo tomou a decisão de voltar para a Itália, na Florença, uma cidade que é reconhecida por seu trabalho em couro e o rico artesanato. Ele fundou uma simples fábrica com 60 artesãos especializados diretamente pelo o próprio design para que todos os sapatos sejam confeccionados à mão.
Em seguida ele abriu uma loja no Palácio Spini Feroni e foi nesse local que o sonho de Salvatore começou a se tornar realidade. A pequena empresa se transformou em uma grande produção de sapatos, chegando a fabricar 350 modelos por dia.
O reconhecimento do modelo feito à mão
O reconhecimento por seus calçados, que eram prestigiados desde a beleza até o conforto e qualidade, contava com a refinada elaboração. Sua fama cresceu por toda Itália e na Europa, transformando a sua loja Palácio Spini Feroni, em um ponto de referência da alta costura e o lugar escolhido por atores de cinema internacionalmente.
Mas como o design não cansava de inovar, foi em 1930 e 1940 que Salvatore Ferragamo mostrou o seu verdadeiro dom de criar, desenhando e elaborando modelos de sapatos com novos materiais, como a cortiça e o celofane, sem deixar de dar créditos à escassez do couro que predominou no mercado durante a época.
Durante a crise que ocorreu na Europa, Salvatore passou a usar materiais mais baratos para a produção, como a palha, cânhamo e os materiais sintéticos. E um ícone inovador foi a palmilha compensada.
O design ficou reconhecido por não apreciar produções em série, pois acreditava no conceito de que cada par de sapatos deveria ser desenhado e confeccionado com atenção e em detalhes.
Sempre buscou o conforto, porque suas criações além de muito bonitas, eram também anatômicas. Nesse segmento, Salvatore Ferragamo inovou criando novas formas, se baseando nas necessidades estéticas e funcionais, como em 1937 com o solado inclinado de cortiça, produzido para dar ao usuário maior estabilidade.
As inovações do artista
O famoso salto Anabela é uma das provas das suas criações de 1938. A criação aconteceu porque durante o período fascista ele não conseguiu importar o metal que tinha parte necessária para o conforto dos calçados e que davam a sustentabilidade à curva do pé.
Foi quando surgiu a ideia de fechar completamente o salto, se encontrando o salto com a parte da frente do calçado. Assim que nasceu o salto Anabela. O design utilizou uma espécie de material específico da Itália chamado de cortiça da Sardenha, que ao mesmo tempo era leve e resistente.
No começo do lançamento a novidade não foi aceita facilmente pelo público feminino, mas logo se transformou em um grande sucesso.
Salvatore Ferragamo sempre esteve muito atualizado e antenado no mundo contemporâneo e sempre teve interesse em áreas da arquitetura, design e artes.
Um dos exemplos, é a criação de 1939, um salto alto em mosaicos, que traz a referência da arquitetura usada no interior dos edifícios da década.
Ousadia nas cores
Uma característica que sempre remeteu a marca foi o uso das cores, em tons ousados e fortes, quebrando tabus e as cores padrões que eram preto, branco e bege. Porém, com todo o sucesso dos sapatos que foram consagrados por Marilyn Monroe, como o de salto-agulha de metal, sandálias romanas com tiras que amarram, plataformas super coloridas e as sandálias de ouro.
O primeiro grande ícone foi criado em 1947, a sandália invisível, que foi produzida em partes do produto com tiras transparentes de náilon.
Esse importante destaque das criações de Salvatore lhe proporcionou o prêmio Neiman Marus, que é uma célebre premiação de moda dos Estados Unidos e que até o momento, nenhum design de sapatos tinha ganhado. Outra criação importante foi feita em 1955, a sandália de Calipso, que foram elaboradas com tiras de cetim pretas.
Vida e morte de Salvatore
Em meados dos anos 1957, o design italiano já tinha desenhado cerca de 20 mil sapatos e patenteados 340 modelos. Infelizmente por vítima do câncer, Salvatore Farragamo morreu no dia 7 de agosto de 1960, mas o sucesso da marca não parou por aí.
A família do estilista continuou com o ateliê, cujo a empresa é mantida até hoje sede da marca, um prédio com estrutura medieval e localizado na Via Tornabuoni, erguido em 1289.
Salvatore foi casado com Wanda e juntos tiveram seis filhos. Tanto a mulher quanto os filhos herdaram do estilista o desejo de perfeição e mantiveram vivo o conceito do artista, continuando com a produção artesanal e reinterpretando os ícones tradicionais, lançando desde os anos 60, linhas de roupas voltadas para o público feminino, produtos feitos de couro e sapatos masculinos.
A partir desse momento, os produtos foram cada vez mais se diversificando. Teve lançamentos de acessórios para mulheres e homens, óculos, perfumes, cosméticos e lenços, que era uma das metas e sonhos do design italiano. Foi durante essa época que ocorreu importantes decisões para a marca com inaugurações de loja em 1995 na Seul, em 1994 na Xangai, em 1991 na Nagoia e em 1986 em Hong Kong.
O crescimento internacional da marca
A empresa cresceu constantemente e adquiriu a requintada marca francesa Emanuel Ungaro, em 1996. E a partir de 1997, gerencia um total de quatro hotéis localizados em Florença e um em Roma.
Três anos depois, a marca abriu a sua primeira loja na América Latina, no México. E alguns anos depois a Salvatore Ferragamo levou novas unidades para o mercado da Índia em 2006 e no Emirados Árabes Unidos em 2009. Ainda nesse mesmo ano, a marca levou o seu comércio eletrônico para o Estados Unidos e Europa e teve uma grande ampliação, sendo contada mais de 500 localizações da marca, que se inclui 19 dessas unidades abertas em aeroportos do mundo todo.
O crescimento da marca não parou por aí. No ano seguinte, os mercados asiáticos também entraram para o time, mais especificamente a China, que contabiliza hoje 91 lojas e que foi um dos principais mercados que revolucionou no faturamento da marca, levando a US$ 1 bilhão.
Ganhando ainda mais campo no mercado, inaugurou novas unidades em cidades como Johanesburgo, Doha, Cairo e Istambul. Na região brasileira, a luxuosa grife já estava presente desde 1990. O ponto de venda se encontrava no interior da antiga Daslu e logo depois progrediu para coners que foram especialmente personalizados dentro da Daslu. Em 2002, foi inaugurada a primeira unidade própria da marca italiana no shopping Iguatemi, em São Paulo.
A arte de Salvatore Ferragamo
O grande artista foi pioneiro na confecção de modelos de sapatos à mão em grande escala e de perfeita qualidade. E a mão de obra da sua fábrica em Florença, instalada desde 1927 continua trabalhando de forma impecável até os dias atuais.
Cada peça em couro é cortada a mão e o produto passa cinco dias sendo desenvolvido. Hoje em dia, a oficina confecciona cerca de 11 mil de sapatos no dia.
Os sapatos do design são inconfundíveis e quase impossível de encontrar um modelo que não fique perfeito nos pés. Estrelas como Carmem Miranda, Sophia Loren e Audrey Hepburn entram na lista de clientes assíduos da marca.
Outras celebridades como a eterna princesa e a estrela do pop americano Andy Warhol também entram como clientes fiéis da grife. Greta Garbo já chegou a fazer um pedido de 70 pares de uma só vez. Marlene Dietrich tinha uma tradição de nunca repetir mais de duas vezes um mesmo modelo.
As matérias-primas de Salvatore
O seu talento em trabalhar com os mais diversos materiais, além da habilidade e competência técnica e artística, fez com que a Salvatore Farragamo inovasse e consequentemente consagrasse novidades na linha de calçados. Entre as matérias-primas usadas pelo design estão:
Tecido elaborado e pintado à mão
Os modelos de sapatos eram elaborados em tecidos e em seguida levados até uma artista que desenhava sobre os mesmo uma imagem da escolha do usuário, como por exemplo cenas famosas de Roma, Nova York, Paris ou Londres, jogos de cartas, o animal favorito, castelos, árvores e entre outros.
O efeito sobre o produto era encantador e o preço baixo, levando em conta o alto padrão artístico. Não interessa quão simples era o sapato, as imagens eram o foco principal e transformavam a peça em um modelo exclusivo e único no mundo todo.
Materiais baratos
O estilista buscava os melhores materiais para as suas criações, mas o melhor nem sempre é o mais caro e em consequência da escassez do couro e outros materiais mais superiores, os materiais de baixo custo se tornaram muito comuns no mercado de vestuário e calçados na Segunda Guerra Mundial, em 1953.
E foi nesse momento que Salvatore Ferragamo demonstrou toda a sua habilidade e criatividade em trabalhar os mais variados materiais, criando algumas das suas mais inovadoras e belas obras de arte em forma de sapatos.
Os materiais se variam entre linho bordado, ráfia, fios de malha, algodão, lã, celofane, papel e cortiça.
O Couro
O design utilizava com grande frequência em suas obras o couro, especialmente o de cabra. A pele passava pelo tingimento de uma grande variedade de cores e se misturava com outros materiais como cetim e o couro de lagarto.
Peles exóticas
A demanda por peles exóticas cresceu abundantemente no final dos anos 20. E em algumas criações eram combinadas com instrumentos polidos, imitações de pele de cobra, camurças, cabra, couro de vitela, que se apresenta de forma regular nas inspirações do estilista entre 1920 e 1930.
Com o passar da crise após a guerra, os acessórios de peles fina, como lagarto e crocodilo e produtos de luxo voltaram para o mercado. Outras peles como zebra, girafa e jaguatirica foram usadas no final dos anos 50.
Plástico
Cada vez mais material como a resinas de vinil foram usadas para a confecção de acessórios e calçados, solados e saltos, por uma questão de flexibilidade, resistência e diversidade de cores.
Salvatore lançou a grande novidade da sola transparente com a utilização do vinil em 1955.
Escamas de peixe
Em 1920, muitas ferramentas foram buscadas para dar efeitos diversos para as peças. No final desse ano, foi descoberto o “couro do mar”, ou melhor, a “pele de peixe” que foi preparada de maneira cuidadosa devido o seu tamanho, que necessitava de muita habilidade na hora da utilização.
Salvatore Ferragamo usava a pele de um peixe que foi descoberto nas águas do norte em 1920. Mas com a Segunda Guerra Mundial o sea-leopard desapareceu e só retornou em 1954.
Solas e saltos brilhantes
Desde de 1920, saltos ou solas de aço e bronze foram usados pela grife para desenvolver belos sapatos. Porém, o grande auge e sucesso desse material foi nos anos 50. Cinco anos depois, a Salvatore Ferragamo lançou muitas criações importantes para marca, e uma das que entra nesse quesito é o salto metalizado em muitas cores, coberto com uma lâmina de alumínio.
A segunda se representava como um tipo de gaiola no calcanhar, leve, oca e muito resistente e a terceira era ainda mais elaborada, com um salto em pedras preciosas e raras, podendo ser em metal, prata ou ouro. Mas quando o design foi desafiado a construir o modelo mais caro entre as suas obras, ele criou o solado de metal, uma sandália em ouro 18 quilates.
Palha e ráfia
A utilização de fibras vegetais e palha na fabricação de sapatos não era exatamente uma grande inovação. Mas antes do design trazer de volta, o material já não tinha tanto uso em 1930. Ao se instalar na cidade, a fábrica de palha, um dos trabalhos mais prósperos de Florença, trouxe a inspiração do uso deste material para a confecção de calçados.
A preferida do design italiano era ráfia, uma fibra que vinha da folha de uma palmeira do leste africano, que Ferragamo explorava em suas invenções sofisticadas. A novidade foi trazer essa proposta para a trama da parte do dorso do pé, especialmente nas criações de verão.
A palha e a ráfia estavam em falta no ano de 1950. Foram trocadas pelas fibras sintéticas. O estilista beneficiou a dissipação de uma espécie de ráfia sintética, nomeada de “pontovo” e desenvolvida, principalmente, em Bonito, a cidade onde nasceu.
Celofane
Por causa das guerras, as fábricas de vestuário e calçado se viram obrigadas a substituir materiais para a produção dos produtos. E o primeiro e grande desafio do estilista foi descobrir o material perfeito para substituir a pele de cabra.
E foi em um domingo de manhã que surgiu uma grande ideia. Lembrou-se que sua mãe adorava chocolates e nesse dia tinha comprado uma caixa deles. E ao abrir os chocolates ficou fascinado com o papel transparente e pensou que acabara de encontrar o material ideal para substituir a pele de cabra.
A partir de então, foi o grande marco da história da marca!
Um talento único
A grande habilidade e criatividade do artista de criar e inovar cada vez mais mudou a história dos calçados, trazendo um enorme sucesso para a marca e para a moda italiana, sendo uma grande referência para inspirações de outros estilistas.
As criações de Ferragamo foram eternizadas por seus herdeiros, mais especificamente Fiamma, que criou e desenvolveu uma série de modelos de sapatos e acessórios que se transformariam nos emblemas mais reconhecidos e importantes da grife.
Até os dias atuais, cerca de 90% das confecções dos calçados é artesanal, o que consequentemente faz que não exista mais de um sapato igual. Ao dia, aproximadamente, 30 modelos são produzido por 30 colaboradores.
Cada peça tem em cerca 200 etapas para passar, precisando de, em média, cinco dias para a sua produção.
O museu Salvatore Ferragamo
O lugar é um espaço privado, que se dedica a contar à história da marca, a vida do artista e empreendedor e todas as suas invenções. Entre elas estão técnicas artesanais inovadoras.
O museu foi inaugurado em 1995 e o espaço foi fundado por iniciativa família Ferragamo, que tinha o objetivo de disponibilizar para todos os clientes, jovens, estudiosos, as habilidades artísticas e o marco que Salvatore deixou no histórico no segmento de calçados.
Em uma das suas pesquisas em relação a anatomia do pé ele criou o “método Ferragamo”, que foi uma técnica revolucionária no mundo do artesanato de calçados.
A localização do museu fica em Florença, na Itália, em um centro histórico da cidade, na Rua Tornabuoni e está instalado no segundo andar do Palácio Spini Feroni. É o lugar que se encontra o “formarino”, um artigo de formas em madeira dos pés mais importantes do mundo cinematográfico.
No primeiro andar do prédio é possível encontrar a loja Salvatore Ferragamo e pela porta principal encontra-se uma escada que dá o livre acesso ao ilustre museu, que conta de uma maneira única e exclusiva a história da carreira do artista com revistas, livros, patentes, fotografias e madeiras em forma de pés célebres. Conta também uma grande exposição bienal de linhas de sapatos com mais de 10 mil modelos.
O museu documenta o desenvolvimento da extensa trajetória do design desde a sua volta para a Itália até a sua morte (1927 a 1960). Demonstrando a competência artística e técnica do mesmo, desde o desenho até a experimentação dos materiais, que foi importante na construção do conceito “made in Italy” no mundo todo.
Algumas das criações ilustram o contato de outros artistas da época com o mestre Salvatore. Entre eles é possível citar o pintor Lucio Venna, que é autor de quatro criações da marca. Outros modelos demonstram ainda a grande busca pela perfeição do produto no pé e na inovação de materiais, que começou com a sola de cunha de cortiça que foi registrada em 1936 e em seguida copiada por marcas do mundo todo.
Não foi à toa que Ferragamo escolheu Florença para se instalar após sua volta dos Estados Unidos. Questões que contribuíram para essa escolha foi o artesanato ativo, monumentos, seu passado e suas belezas que não representam apenas a Itália, mas o resto do mundo também.
A cidade é um sinônimo de estilo, elegância italiana e da arte. Para alguém como Salvatore, que queria construir seu império a partir de atividade artística, não poderia ter feito escolha melhor. Por essas questões a cidade que fica na Itália é uma parte importante na cultura da marca, assim como o Palácio Spini Feroni, onde se localiza a sede do museu.
Salvatore Ferragamo no mundo
Nos dias atuais, a grife tem em torno de 662 lojas que estão localizadas em aproximadamente 90 países. Conta com uma grande diversidade produtos, entre eles estão os perfumes masculinos e femininos, relógios, óculos, gravatas, echarpes, bolsas, roupas e claro, os famosos sapatos.
O seu faturamento registrado em 2015 chega a superar €1.4 bilhões. Hoje, a Salvatore Ferragamo é um dos mais importantes impérios da moda italiana. Os sapatos representam 42% dos lucros. Em seguida são os produtos de couro e bolsas com 37%.
A região da Ásia-Pacífico tem uma representação mundial de 36.1% das vendas e a Europa com 26.6%, na América do Norte esse percentual é de 23.3% e o Japão responde por 8.9% das vendas da grife.
Os perfumes e todos os outros produtos da marca são “Made in Italy’’ e atravessam o mundo no segmento de 15.000 perfumarias, que vendem Salvatore Ferragamo.
A linha do tempo
1920: Lançamento das sandálias romanas que se amarravam nos tornozelos com tiras.
1938: Foi a vez da Maharani, uma sandália inspirada na princesa Indira Devi, Cooch Behar. O nome dessa criação veio da Índia e significa mulher do marajá. Nesse mesmo ano, a criação Rainbow foi lançada no mercado. Uma sandália entrelaçada em várias camadas, feitas de camurça colorida e foi usada pela atriz Judy Garland.
1948: Inauguração da primeira loja em Nova York, nos Estados Unidos.
1949: Foi lançada no mercado a primeira bolsa da marca.
1955: Foi a vez dos primeiros lenços de seda da marca serem lançados no mercado.
1958: Lançamento da primeira bolsa que apareceu com o nome Gancini, que logo depois se transformaria em uma das marcas registradas da Salvatore Ferragamo.
1965: Foi a vez da primeira coleção de produtos de couro e da primeira linha de roupas femininas a serem lançadas.
1970: Os primeiros sapatos voltados para o público masculino foram lançados.
1978: O Vara, que era um modelo de sapato feminino foi lançado. O produto possuía um bico arredondado e com um laço na parte da frente. Logo se transformaria no sapato mais famoso da grife. Em 2008 foi criada uma versão de sapatilha deste modelo, nomeada de Varina e os dois modelos são vendido até os dias atuais.
1998: Parceria com a Luxttica. Ccom isso surgiu o lançamento da primeira coleção de óculos solares e armações de receituário. Nesse mesmo ano, a criação de um perfume feminino ganhou a atenção da marca, o Salvatore Ferragamo Pour Femme.
2002: Lançamento do Subtil, um perfume masculino.
2003: Lançamento oficial do Incanto, uma fragrância da marca. Foi lançado, neste mesmo ano, os primeiros produtos para o corpo e cosméticos.
2004: Foi realizado o lançamento do Picnic. Uma linha de óculos que teve como referência um memorável par de sapatos que foi criado em 1938, revestido de ráfia bordadas à mão e flores coloridas. Nesse ano também foi feita a introdução da técnica personalizada de confecção de sapatos masculinos sob medida.
2006: O F by Ferragamo foi lançado no mercado, um perfume feminino e a sua versão masculina tinha data prevista para o próximo ano.
2007 o F for Fascinating, um perfume voltado para o público masculino foi lançado. Durante esse mesmo ano, o Preziosi, que significa precioso, foi lançado. Um gama de óculos solares e armações que continham aplicações de pedras semipreciosas em forma de gota nas hastes.
2008: Foi a vez de uma luxuosa coleção de relógios da grife serem lançados. Também lançou um perfume unissex, uma fragrância que é desenvolvida sob forma de produtos para banho, especialmente para quem voa pela Singapore Airlines a partir de 2006. Foi chamado de Tuscan Soul.
2009: Foi a vez do Eco Ferragamo, uma coleção de bolsas que era produzida através de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro era pintado com uma tinta derivada da casca de árvores através de um método certificado pelo Instituto Alemão SG. Um grande diferencial desse produto foi que elas eram resistentes a água e biodegradáveis. A grife resolveu revestir as bolsas dessa coleção com cânhamo fiado à mão, pois o material não requer uso de pesticidas e é bem resistente. A coleção compõe cerca de cinco modelos de bolsas, sendo elas nas cores: rosa, amarelo limão e tabaco.
2010: O Attimo foi lançado, um perfume feminino e o nome significa “instante” do italiano. Durante esse mesmo ano o projeto Red Carpet foi construído e lançado. O objetivo da proposta é oferecer aos clientes a oportunidade de personalizar seus sapatos, podendo escolher entre seis modelos desde escarpins a sandálias. São 23 cores de cetim para a clientela escolher e um monograma personalizado. O desenvolvimento desse processo leva em torno de seis semanas.
2012: O Signorina foi lançado, um perfume feminino.
2015: Foi a vez do Emozione, um perfume feminino. ganhar as prateleiras.
Curiosidades da marca
– Foi a Salvatore Ferragamo que registrou a primeira patente, em 1937, de uma criação de moda.
– Quando Madonna viveu Evita no cinema em 1996, um filme de Alan Parker, todos os sapatos usados pela personagem são assinados pela Salvatore Ferragamo.
– Os hotéis de luxo da família são conhecidos como Lungarno Hotels Collection, sendo quatro localizações em Florença e uma em Roma. Na Capital da Itália, o Portrait Suites é o mais novo hotel e sua estrutura interior conta a história do design italiano. Em foco de um público mais jovem e descolado, o Gallery Hotel Art une fotografias e arte no lobby. Com uma vista espetacular para o Rio Arno, o Hotel Lungarno oferece essa bela visão em todos os seus espaços. O hotel que transmite uma sensação de estar em um apartamento florentino é o Lungarno Suites. E para finalizar o Continentale traz a inspiração dos anos 50 para os românticos. Essa coleção ainda compõe uma vila nos arredores da cidade, a Villa Le Rose, que está disponibilizada para alugação e um veleiro que contém quatro suítes e tripulação, localizado na costa da Toscana.
Fonte: Etiqueta Única, "Salvatore Ferragamo – o empreendedor de um grande sucesso". Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
Crédito fotográfico: Logo Salvatore. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
Salvatore Ferragamo S.p.A. (Florença, Itália, 1927), mais conhecida como Salvatore Ferragamo é uma empresa italiana de bens de luxo, fundada por Salvatore Ferragamo (Nápoles, Itália, 5 de junho de 1898 – Florença, Itália, 7 de agosto de 1960), especializada em sapatos, roupas, bolsas, echarpes, até gravatas, óculos, relógios e perfumes, tanto femininos quanto masculinos. Destaca-se no mercado mundial por sua expertise e alto nível dos artigos em couro feitos artesanalmente, revolucionando o mundo com seus sapatos femininos sendo, até hoje, o grande nome da moda de calçados, atendendo homens e mulheres com estilo e sofisticação indiscutível. A Salvatore Ferragamo S.P.A. é a empresa-mãe do Grupo Ferragamo, que emprega cerca de 4.000 pessoas e mantém uma rede de mais de 662 lojas em mais de 90 países. Com faturamento superior a €1.4 bilhões em 2015, a SALVATORE FERRAGAMO se transformou em um dos mais importantes impérios da moda italiana.
Salvatore Ferragamo – Mundo das Marcas
Salvatore Ferragamo foi um artista em sintonia com o clima cultural de seu tempo. Inspirado, dedicou sua vida à arte dos sapatos. Para ele um pé bem calçado podia valer mais do que mil palavras. Perfumes e acessórios merecem destaque na elegante coleção da luxuosa marca italiana SALVATORE FERRAGAMO, caracterizada por sofisticação, beleza, conforto e arte. Apesar de morto há mais de 50 anos, o sucesso dele perpetua-se pelo sucesso da sofisticada grife italiana que leva o seu nome.
A história
Nascido no dia 5 de junho de 1898, em Bonito, vilarejo rural do interior da Campania, com pouco mais de 2 mil habitantes, a 100 quilômetros de Nápoles, na Itália, Salvatore Ferragamo desde pequeno mostrou ter uma vocação: a de fazer sapatos. Aos 9 anos nascia um artista. Uma noite, viu a irmã chorar porque não tinha sapatos brancos para usar na primeira comunhão. Decidiu produzir um par - sozinho e escondido - para total surpresa da família. Já aos 11 anos foi aprendiz de sapateiro trabalhando junto com Luigi Festa, com quem aprendeu tudo sobre a profissão, e aos 13 anos abriu uma pequena sapataria em sua cidade natal, onde não se limitou a fazer reparos e confeccionar botas de fazendeiros, mas também desenhar modelos exclusivos e literalmente criar moda para os pés femininos. Perspicaz, o designer escolheu um domingo para inaugurar sua loja, que ficava exatamente em frente à igreja local. Depois da missa, uma pequena multidão de curiosos se aproximou e o sucesso foi imediato, apesar das piadas sobre a idade do pequeno empreendedor. Em 1912, aos 14 anos, o designer já contava com clientes nas cidades vizinhas e seis assistentes na loja. Foi quando, mais uma vez, sentiu que podia ampliar os horizontes e partir em busca de novos desafios. Dessa vez, embarcou rumo aos Estados Unidos para juntar-se aos irmãos mais velhos.
Decepcionado com a qualidade e o acabamento dos sapatos produzidos em série nas grandes fábricas de Boston, onde um de seus irmãos trabalhava, Salvatore foi ao encontro dos outros parentes em Santa Bárbara, na Califórnia, próximo aos grandes estúdios de cinema. A partir daí, abriu uma pequena loja para confecção e reparos de sapatos, passou a produzir modelos para figurino de cinema e, de quebra, começou a receber encomendas de calçados sob medida das maiores estrelas de cinema da época, como Ava Gardner, Marilyn Monroe, Sophia Loren, Marlene Dietrich e Greta Garbo. Enquanto isso, em sua constante busca por “sapatos que se ajustassem perfeitamente” ele estudou anatomia humana, engenharia química e matemática na Universidade de Los Angeles. Salvatore foi obrigado a se mudar para Hollywood por causa de sua clientela e lá abriu sua famosa Hollywood Boot Shop em 1923, criando calçados para grandes produções cinematográficas como o famoso “Os Dez Mandamentos”. Os personagens mais célebres do cinema foram seus clientes, e a Salvatore Ferragamo foram dados os apelidos de “sapateiro das estrelas” e “sapateiro dos sonhos”. Seu sucesso foi tamanho que a loja não conseguia acompanhar a demanda de pedidos e a mão-de-obra americana não podia confeccionar os sapatos com a qualidade que ele desejava.
Assim, em 1927, ele decidiu voltar para a Itália, estabelecendo-se em Florença, cidade tradicionalmente riquíssima em artesanato e pelo trabalho em couro. Com isso, fundou uma pequena fábrica de sapatos totalmente confeccionados à mão, com uma equipe de 60 artesãos treinados diretamente pelo mestre, e mais tarde uma pequena loja no Palácio Spini Feroni. Lá, o sonho de um homem se transformou em uma empresa que passou a produzir mais de 350 pares de sapatos por dia. A fama de seus calçados, apreciados pela beleza e comodidade dos modelos e por sua refinada elaboração, se estendeu por toda Itália e pela Europa, fazendo do Palácio Spini Feroni, nas margens do Rio Arno e que ele adquiriu por inteiro em 1938, ponto de parada internacional dos atores de cinema.
Mas foi nos anos de 1930 e 1940 que Salvatore mostrou a seu verdadeiro espírito inovador, desenvolvendo sapatos com novos materiais como celofane e cortiça, tudo graças à escassez do couro que dominou o mercado na época. Com a crise na Europa, ele começou a utilizar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi uma palmilha compensada. Ele ficou conhecido por não gostar da produção em série porque acreditava que cada par deveria ser desenhado em detalhes. Sempre pensando no conforto, suas criações eram, além de belas, anatômicas. Assim como os grandes nomes do design inventou novas formas, baseando-se nas necessidades funcionais e estéticas, como o solado inclinado de cortiça, de 1937, projetado para dar maior estabilidade. O salto anabela, de 1938, é outra prova disso. E somente aconteceu porque no período fascista ele se viu sem a possibilidade de importar o metal que constituía parte importante para o conforto de seus calçados, que davam sustento à curva do pé. Então ele teve uma grande ideia: fechar completamente o espaço entre o salto e a parte da frente, e assim foi inventado o salto anabela. Ferragamo usou um material típico italiano, a cortiça da Sardenha, que era ao mesmo tempo resistente e leve. No início as mulheres não aceitaram facilmente a novidade, mas o tempo se encarregou de transformá-la em uma invenção de sucesso.
Sempre conectado com o mundo contemporâneo, Ferragamo era particularmente interessado em arte, design e arquitetura. O sapato que ele criou em 1939, por exemplo, com salto alto em mosaicos, remete a tendência da arquitetura utilizada no interior dos edifícios na época. O estilo dele era também caracterizado pelo forte uso de cores. Sua paleta era composta por tons fortes e ousados, quebrando os padrões da época, que utilizavam as cores bege, branco e preto. Apesar das sandálias de ouro, das plataformas multicoloridas, das sandálias romanas com tiras que se amarravam e dos sapatos com salto-agulha de metal, esses últimos imortalizados por Marilyn Monroe, o primeiro grande sucesso de Ferragamo foi a sandália invisível, de 1947, feita, em parte, com tiras transparentes de náilon. A criação lhe rendeu naquele ano o prêmio Neiman Marcus (importante premiação de moda norte-americana que, até então, nunca havia sido concedida a um designer de sapatos). Outro destaque de sua carreira foi a sandália Calipso, produzida com tiras de cetim pretas, em 1955. Nessa época a marca SALVATORE FERRAGAMO era um verdadeiro sucesso.
Até 1957, o gênio italiano havia criado mais de 20 mil modelos e registrado 350 patentes. O estilista morreu vítima de câncer no dia 7 de agosto de 1960, mas sua família continuou à frente do ateliê, no Palazzo Spini Feroni, um prédio de características medievais que até hoje é mantido como sede da empresa, erguido em 1289 na Via Tornabuoni. Seus seis filhos e sua mulher Wanda herdaram o gosto pela perfeição e mantiveram viva a história do pai dando continuidade ao trabalho artesanal, reeditando clássicos e lançando a partir dos anos de 1960 coleções de roupas femininas, produtos de couro e calçados masculinos. Nas décadas seguintes surgiram coleções de lenços, cosméticos, perfumes, óculos, e acessórios para homens e mulheres, um velho sonho do mestre Salvatore. Além disso, este período foi marcado pelo início de uma forte expansão da marca no continente asiático com inaugurações de lojas em Hong Kong (1986), Nagoia (1991), Xangai (1994) e Seul (1995).
O crescimento contínuo do Grupo Ferragamo, que, em manobra pioneira, adquiriu a sofisticada grife francesa Emanuel Ungaro em 1996 e, desde 1997, também dirige quatro hotéis em Florença e um em Roma, permitiu que os mais de 20 herdeiros, entre filhos, primos e netos, participem ativamente dos negócios. Pouco depois, em 1999, inaugurou sua primeira loja própria na América Latina, no México. Com a chegada do novo milênio a SALVATORE FERRAGAMO inaugurou lojas em novos mercados, como por exemplo, na Índia (2006) e Emirados Árabes Unidos (2009). Ainda em 2009, lançou seu comércio eletrônico na Europa e nos Estados Unidos, e ampliou sua rede de lojas para mais de 500 unidades, incluindo 19 novas unidades inauguradas em importantes aeroportos mundiais. O crescimento continuou no ano seguinte, puxado principalmente pelos mercados asiáticos, especialmente a China (onde atingiu 91 lojas), fez com que a marca italiana superasse US$ 1 bilhão em faturamento. Ainda nesse mesmo ano inaugurou novas lojas em cidades como Istambul, Cairo, Doha e Johanesburgo. Já no Brasil, a marca italiana está presente desde meados dos anos de 1990, onde tinha um ponto de venda dentro da antiga Daslu, para depois evoluir para corners personalizados dentro da Daslu, e por fim, em 2002, a abertura de uma primeira loja própria no Shopping Iguatemi em São Paulo.
A linha do tempo
1920
● Criação das sandálias romanas, com tiras que se amarram nos tornozelos.
1938
● Criação da MAHARANI, inspirada nas célebres sandálias feitas para a princesa Indira Devi, de Cooch Behar. O nome “Maharani” é um termo que, na Índia, define a mulher do marajá.
● Lançamento da RAINBOW, uma sandália entrelaçada em camadas volumosas revestidas de camurça colorida, que adornou os pés da atriz Judy Garland.
● Inauguração de lojas em Roma e Londres.
1948
● Inauguração de sua primeira loja nos Estados Unidos localizada na Quinta Avenida em Nova York.
1949
● Lançamento da primeira bolsa da grife.
1955
● Lançamento dos primeiros lenços de seda da grife italiana.
1958
● Criação de um modelo de bolsa onde aparecia pela primeira vez o fecho GANCINI, que se tornaria uma das marcas registradas da grife italiana.
1965
● Lançamento de sua primeira coleção de roupas femininas e da primeira linha de produtos de couro.
1970
● Lançamento das primeiras coleções de sapatos masculinos.
1978
● Lançamento do sapato feminino VARA, que possuía bico arredondado, laço na frente e se tornaria o modelo mais famoso da marca. Em 2008 foi lançada uma releitura desse sapato, como uma sapatilha, batizada de VARINA. Ambos são vendidos até hoje.
1998
● Lançamento de sua primeira coleção de armações de receituário e óculos solares para mulheres e homens através de uma parceria com a Luxottica.
● Lançamento de seu primeiro perfume chamado SALVATORE FERRAGAMO POUR FEMME.
● Lançamento de uma fragrância masculina.
2002
● Lançamento do perfume masculino SUBTIL.
2003
● Lançamento do perfume INCANTO.
● Lançamento dos primeiros cosméticos e produtos para o corpo.
● Inauguração de lojas âncoras nas cidades de Nova York e Tóquio.
2004
● Lançamento da coleção de óculos PICNIC, que teve como base um memorável par de sapatos criado em 1938, coberto de flores coloridas de ráfia bordadas à mão.
● Introdução do serviço personalizado de fabricação sob medida de sapatos masculinos.
2006
● Lançamento do perfume feminino F by FERRAGAMO. A versão masculina foi lançada no ano seguinte.
2007
● Lançamento do perfume feminino F for FASCINATING.
● Lançamento do PREZIOSI (do italiano, “precioso”), uma série de armações e óculos solares com aplicação de pedras semipreciosas em formato de gota nas hastes.
2008
● Lançamento de uma sofisticada linha de relógios.
● Lançamento da nova fragrância unissex, a TUSCAN SOUL, um perfume que é oferecido sob a forma de produtos para o banho, exclusivamente para quem voa pela Singapore Airlines desde 2006, e que chegava às lojas em todo mundo.
2009
● Lançamento de ECO FERRAGAMO, uma linha de bolsas feitas a partir de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro é tingido com uma tinta derivada da casca de árvores por meio de um processo certificado pelo Instituto Alemão SG. As bolsas são também biodegradáveis e resistentes à água. A marca decidiu revestir as bolsas dessa linha com cânhamo fiado à mão, já que o cânhamo é resistente e não requer o uso de pesticidas. A linha é composta de cinco bolsas nas cores tabaco, amarelo limão e rosa.
2010
● Lançamento do perfume feminino ATTIMO (que significa “instante” em italiano).
● Lançamento do projeto RED CARPET, uma iniciativa que permite as clientes da grife personalizarem seus sapatos, escolhendo entre seis estilos que vão desde escarpins a sandálias. As consumidoras poderão escolher entre 23 cores diferentes de cetim, além de acrescentar às suas criações um monograma personalizado. O processo leva aproximadamente seis semanas.
2012
● Lançamento do perfume feminino SIGNORINA.
2015
● Lançamento do perfume feminino EMOZIONE.
A arte
Salvatore Ferragamo foi o primeiro designer a produzir sapatos feitos à mão em grande escala. E a manufatura de sua oficina, instalada em Florença desde 1927, continua impecável: até hoje o couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo moldada. Atualmente a fábrica produz mais de 11 mil pares de sapatos por dia. É quase impossível não achar um de seus modelos que não fique perfeito nos pés. Audrey Hepburn, Sophia Loren (foto) e Carmem Miranda eram clientes fiéis. Marlene Dietrich nunca repetia um modelo mais de duas vezes. Greta Garbo chegou a encomendar 70 pares de uma vez. O artista pop americano Andy Warhol e a eterna Princesa Diana também eram clientes assíduos da marca.
Sua aptidão de trabalhar com os mais variados materiais e sua incrível habilidade técnica e artística, fizeram com que a marca introduzisse e eternizasse novidades no concorrido segmento dos calçados. Abaixo algumas das matérias-primas mais utilizadas por Salvatore Ferragamo:
Tecido pintado à mão
Os sapatos eram fabricados em tecidos e levados a um artista que imprimiria sobre eles uma imagem da escolha do cliente: o animal favorito, jogos de cartas, cenas famosas de Londres, Paris, Nova York ou Roma, árvores, pássaros, flores, castelos. O efeito era fascinante e o custo extremamente baixo, considerando o alto padrão artístico e pelo fato de que, não importava quão comum fosse o estilo do sapato, as pinturas davam um toque de glamour a uma criação única e exclusiva.
Materiais baratos
A seleção de materiais mais baratos, consequência da escassez do couro e tecidos mais nobres, tornou-se cada vez mais comum na indústria de calçados e vestuário a partir de 1935 e durante a Segunda Guerra Mundial. Foi durante este período que Ferragamo desenvolveu algumas de suas mais belas e inovadoras criações, demonstrando uma incrível habilidade em trabalhar com materiais diversos, que testavam sua criatividade e técnica impecável. Cortiça, papel celofane, lã, algodão, fios de malha, ráfia e linho bordado. Entre outras criações patenteou o uso, na parte que cobre o dorso do pé, o feltro reforçado e o solado feito de resíduos prensados de seda.
Couro
Salvatore frequentemente usava couro em suas criações, principalmente de cabra. A pele era tingida em uma extraordinária variedade de cores e combinada com outros materiais como couro de lagarto ou cetim, para os sapatos de noite. O couro de boi era especialmente utilizado para calçados casuais e de inverno.
Peles exóticas
No final dos anos de 1920, a demanda por peles exóticas aumentou significativamente. Na maioria das vezes, eram combinadas com materiais polidos, camurças, couro de vitela e cabra, além das imitações em pele de cobra, que apareceram regularmente nas criações de Ferragamo, nos anos de 1920 e 1930. A recuperação da economia após a guerra levou ao retorno dos bens de luxo e acessórios de peles finas, principalmente crocodilo e lagarto. No final dos anos de 1950, muitas peles também foram utilizadas, especialmente de jaguatirica, girafa e zebra.
Plástico
Resinas de vinil eram cada vez mais utilizadas na produção de calçados e acessórios, saltos e solados, pela flexibilidade do material, variedade de cores possíveis e resistência. Em 1955, Salvatore, que fazia uso constante do vinil, lançou a inovadora sola transparente e invisível.
Escamas de peixe
Durante a década de 1920 novos materiais foram explorados para criar diferentes efeitos. No final desta década os chamados “couros do mar” foram inventados. As “peles de peixe” eram preparadas de forma especial e seu tamanho reduzido exigia grande habilidade no manuseio e no design do sapato. Desde 1928, a grife italiana utilizava pele do sea-leopard, um peixe encontrado nas águas do norte. Com a Segunda Guerra Mundial, esse material desapareceu do mercado, sendo reintroduzido por Ferragamo em 1954.
Solas e saltos brilhantes
Saltos em aço ou bronze foram utilizados nos sapatos da marca desde a década de 1920. Mas eles estiveram no auge da moda, sobretudo nos anos de 1950. Em 1955, a marca apresentou uma série de criações importantes. Uma delas foi o salto metalizado em várias cores, revestido com uma lâmina de alumínio, a outra era uma espécie de gaiola no calcanhar, oca e leve, mas bastante resistente. A terceira, e ainda mais engenhosa, era um salto adornado com pedras preciosas, ouro, prata ou metal, cuidadosamente feito à mão. Mas a invenção mais extraordinária foi o solado de metal que Ferragamo desenvolveu em 1956, quando foi chamado para criar o sapato mais caro que já havia produzido: uma sandália em ouro 18 quilates.
Palha e ráfia
O uso de fibras vegetais e palha na confecção de calçados não era exatamente uma novidade, mas antes de Ferragamo reavivá-los, no início dos anos de 1930, o material havia caído em desuso. Quando se instalou em Florença, a indústria de palha, uma das atividades mais prósperas da cidade, inspirou a reintrodução do uso deste material em calçados. A favorita de Ferragamo era a ráfia, uma fibra derivada da folha de uma palmeira do leste africano, que o designer explorava em suas criações de luxo. A inovação proposta foi a adotar essa trama para a parte do dorso do pé, essencialmente nas coleções de verão. Em 1950, palha e ráfia estavam em falta, sendo gradualmente substituídas pelas fibras sintéticas. Ferragamo favoreceu a disseminação de um tipo específico de ráfia sintética chamada “pontovo”, produzida principalmente em Bonito, sua cidade natal.
Celofane
Com as guerras, as indústrias de calçados e vestuário, foram obrigadas a encontrar materiais substitutos para a confecção dos produtos. “Meu primeiro grande desafio foi encontrar um substituto de alta qualidade para pele de cabra. Experimentei muitos materiais, mas nenhum foi satisfatório. Foi então que, numa manhã de domingo, eu encontrei a solução. Minha mãe gostava muito de chocolates, e neste dia eu havia comprado uma caixa de bombons. Ao desembrulhar o chocolate, fiquei encantado com o papel transparente e pensei: aqui pode estar o substituto que eu tanto procurava”. Isso marcou o início da produção de sapatos da SALVATORE FERRAGAMO em papel celofane, trabalhado frequentemente em composições com algodão e outros materiais.
A criatividade de Salvatore Ferragamo contribuiu para o sucesso do design e da moda italiana com invenções que mudaram a história do calçado e que ainda são fontes de inspiração para muitos dos estilistas. As criações dele foram perpetuadas pelos seus filhos, em particular Fiamma, que desenvolveu uma gama de sapatos e acessórios que se tornariam os emblemas mais conhecidos da marca. Até hoje, 90% do processo de produção dos calçados é artesanal, o que faz com não exista dois sapatos da marca absolutamente idênticos. Por dia, cada 30 funcionários produzem, em média, 30 calçados. O couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo montada, em um total de 200 etapas.
O museu
O Museo Salvatore Ferragamo é um museu privado, dedicado à história da empresa SALVATORE FERRAGAMO, a vida de seu fundador e suas criações: as peças de calçados, síntese de busca da estética e de técnicas artesanais inovadoras. Inaugurado no mês de maio de 1995, o museu nasceu por iniciativa da família Ferragamo com a intenção de disponibilizar ao público, estudiosos e, sobretudo, aos jovens, as qualidades artísticas do estilista e o importante papel que desempenhou na história do setor de calçados e também da moda internacional. Seus estudos sobre a anatomia do pé e sobre as formas o levaram a inventar o “método Ferragamo”, uma técnica de artesanato de calçados revolucionária.
O museu está localizado no centro histórico de Florença na Itália. Está instalado no segundo piso do Palácio Spini Feroni, situado na Rua Tornabuoni, nº 2, onde se encontrava o “formarino”, o arquivo de formas em madeira dos pés mais ilustres do mundo do cinema e de famílias reais. No térreo encontra-se a atual loja da SALVATORE FERRAGAMO e pela entrada principal do palácio, através de uma escadaria se tem acesso ao museu que fica no andar superior. São fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos, além da exibição bienal da coleção com mais de 10 mil modelos de sapatos, expostos em rodízio, ordenados cronologicamente e colocados em estantes transparentes que garantem a conservação e correta exposição, para contar de forma única a história da marca e do estilista. A coleção de calçados do museu documenta a intensa atividade desenvolvida por Salvatore Ferragamo desde seu regresso a Itália em 1927 até 1960, ano de sua morte. A coleção manifesta a capacidade técnica e artística de Salvatore, que na escolha das cores, na fantasia dos modelos e na experimentação dos materiais, ofereceu uma contribuição fundamental ao desenvolvimento e a firmação do conceito “Made in Italy” no mundo.
Alguns modelos demonstram o contato entre Salvatore Ferragamo e os artistas da época, tal como o pintor futurista Lucio Venna, autor de quatro esboços da conhecida marca de calçados; outros provam sua contínua experimentação em busca da perfeita aderência do calçado ao pé, e na invenção de detalhes e materiais, desde a famosa sola de cunha de cortiça, patenteada em 1936 e imediatamente copiada por todo o mundo, até a utilização da ráfia, pele de peixe e celofane, que foi usada por ele durante o período das guerras. Não foi por acaso que Salvatore Ferragamo ao regressar para a Itália dos Estados Unidos, se instalou em Florença. Suas belezas, seu passado, seus monumentos, o artesanato ativo, constituem um patrimônio que pertence não somente a Itália, mas ao mundo inteiro. Cidade da arte, Florença é um símbolo também de elegância e do estilo italiano. Para quem, como Ferragamo, havia levado seu ofício a uma atividade artística, não existia lugar melhor para estabelecer-se e organizar seu próprio trabalho e sua vida privada. Por tudo isso, Florença é parte integrante da cultura da marca SALVATORE FERRAGAMO, tal como é o Palácio Spini Feroni, a sede do museu.
Dados corporativos
● Origem: Itália
● Fundação: 1927
● Fundador: Salvatore Ferragamo
● Sede mundial: Florença, Itália
● Proprietário da marca: Salvatore Ferragamo S.p.A.
● Capital aberto: Sim (2011)
● Chairman: Ferrucio Ferragamo
● CEO: Eraldo Poletto
● Faturamento: €1.43 bilhões (2015)
● Lucro: €174.5 milhões (2015)
● Valor de mercado: €3.49 bilhões (setembro/2016)
● Lojas: 662
● Presença global: 90 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 4.000
● Segmento: Moda e calçados de luxo
● Principais produtos: Sapatos, roupas, bolsas e perfumes
● Concorrentes diretos: Jimmy Choo, Manolo Blahnik, Christian Louboutin, Roger Vivier, Christian Dior, Prada, Fendi, Gucci, Missoni e Chanel
● Ícones: Os luxuosos sapatos
● Website: www.ferragamo.com
A marca no mundo
Atualmente a marca possui 662 lojas localizadas em mais de 90 países, apresentando produtos que englobam de sapatos, roupas, bolsas, echarpes, até gravatas, óculos, relógios e perfumes, tanto femininos como masculinos. Com faturamento superior a €1.4 bilhões em 2015, a SALVATORE FERRAGAMO se transformou em um dos mais importantes impérios da moda italiana. Os calçados representam 42% do faturamento, seguidos pelos produtos de couro e bolsas com 37%. Mundialmente, a região da Ásia-Pacífico representa 36.1% das vendas da grife, a Europa responde por 26.6%, a América do Norte por 23.3% e o somente Japão é responsável por 8.9% do faturamento. Os perfumes, assim como os outros produtos, são “Made in Italy” e exportados para as mais de 15.000 perfumarias que comercializam SALVATORE FERRAGAMO.
Você sabia?
● À SALVATORE FERRAGAMO foi concedida a primeira patente de uma criação de moda, em 1937.
● São assinados pela SALVATORE FERRAGAMO todos os sapatos usados pela cantora Madonna para encarnar Evita, no filme de Alan Parker, de 1996.
● Lungarno Hotels Collection é a coleção de hotéis luxuosos da família Ferragamo, que possui quatro propriedades em Florença e uma em Roma. O Portrait Suites, na capital italiana, é o mais novo e seus interiores contam a história do patriarca Salvatore Ferragamo. Já em Florença, o Gallery Hotel Art, reúne uma clientela descolada e tem sempre exibições de arte e fotografia no lobby. No Hotel Lungarno, todos os espaços comuns oferecem vista espetacular para o Rio Arno. Já o Lungarno Suites, transmite a sensação de estar em um apartamento florentino. E o Continentale inspira-se nos anos de 1950 para os viajantes românticos. A coleção inclui, ainda, uma vila nos arredores de Florença, a Villa Le Rose (para ser inteiramente alugada) e um veleiro com quatro suítes e tripulação, na costa da Toscana.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Travel Whiz, View, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor Econômico), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
Fonte: Mundo das Marcas, publicado em 28 de julho de 2006, atualizado em 1 de setembro de 2016. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Linha do tempo - Site Salvatore Ferragamo
1898 - Salvatore Ferragamo nasce em Bonito
Salvatore Ferragamo nasceu em 5 de junho de 1898 em Bonito, a cem quilômetros de Nápoles. Ele era o décimo primeiro de 14 filhos, e seus pais, Antonio e Mariantonia Ferragamo, trabalhavam nos campos que possuíam, cada um com quatro hectares ou um pouco mais.
A família era pobre e a vida era difícil. Muitos dos irmãos de Salvatore foram forçados a deixar a Itália e emigrar para os Estados Unidos para tentar a sorte. Salvatore os seguiria em breve.
Desde criança, o pequeno Salvatore sonhava em ser sapateiro. Ele passou suas horas assistindo o sapateiro no trabalho da cidade, embora seu pai o desaprovasse porque ser sapateiro era considerado a profissão mais humilde. Quando sua irmã Giuseppina ia fazer a Primeira Comunhão, a família Ferragamo não tinha dinheiro para pagar pelos sapatos brancos ditados pela tradição. Foi uma vergonha para a família.
Salvatore pegou emprestado unhas, fios, telas brancas e as ferramentas necessárias do sapateiro da aldeia. Naquela noite, em segredo, ele começou a fazer seu primeiro par de sapatos. Eles estavam prontos pela manhã e sua irmã pôde ir à igreja com sapatos brancos novos para o espanto de todos. Salvatore tinha nove anos na época. Ele encontrou seu destino. Eu seria um sapateiro.
1909 - Pobre em Nápoles
Aos 11 anos, com apenas alguns centavos no bolso, Salvatore veio a Nápoles para aprender mais sobre a fabricação de calçados. A cidade foi e continuou sendo uma das capitais do luxo. Salvatore abriu sua própria loja de sapatos em sua cidade natal com seis trabalhadores, todos mais velhos que ele.
1915 - Emigração para os Estados Unidos
Em 24 de março de 1915, o nome Ferragamo apareceu na lista de passageiros do navio a vapor Stampalia, originalmente de Nápoles com destino a Nova York. O jovem de dezesseis anos decidiu deixar seu negócio para se encontrar com seus irmãos que emigraram para a América. Foi motivado por um desejo de melhorar a si mesmo, de aprender o segredo do sapato perfeito. Por 200 liras, ele comprou um ingresso de terceira classe. Sua cabine era tão suja e estreita que, durante a viagem, ele decidiu subir para a segunda classe pagando uma diferença de 75 liras, o que representava quase todo o dinheiro que ele trouxe. Salvatore finalmente desembarca na Ilha Ellis em 7 de abril de 1915, depois de quinze dias no mar.
Para entrar nos Estados Unidos, ele teve que provar ao escritório de imigração que tinha US$ 20. Salvatore decidiu trocar o pouco dinheiro que havia deixado por uma nota de um dólar e o envolveu em um rolo de pedaços de papel amarrados com um elástico. Eu esperava que os funcionários da alfândega estivessem muito ocupados e que não percebessem o engano. É assim que ele entra na América e imediatamente se sente em casa. Durante duas semanas, ele trabalhou na fábrica de calçados em Boston, uma das empresas mais importantes da Costa Leste, mas não ficou surpreso. Os sapatos feitos à máquina não tinham a mesma qualidade que ele e a maioria dos artesãos italianos poderiam fazer à mão.
Santa Bárbara
Em 1915, Salvatore Ferragamo se mudou para Santa Bárbara, na Califórnia, para se reunir com seus irmãos Alfonso, Girolamo e Secondino. Ele ficou impressionado com a beleza da paisagem, que o lembrava da Itália, e ficou muito fascinado com a cidade, que já era um destino turístico, e onde os primeiros estúdios de cinema logo seriam construídos. Sua entrada no mundo do cinema foi através de seu irmão Alfonso, que tinha um emprego na American Film Company engomando trajes de passar, e seu primo Jerry, que teve um papel recorrente na série The Diamond from the Sky (1915), para a qual Ferragamo forneceria seus primeiros sapatos. A série estrelou Lottie Pickford, irmã da mais conhecida Mary Pickford. E foi no armário do estúdio que Salvatore viu pela primeira vez um par de botas jeans que foram usadas em filmes de faroeste. Ele sentiu que seu novo desafio seria aperfeiçoar esse tipo de sapato. Ele completou com sucesso um pedido de botas jeans, confortáveis e bem feitas, e com isso as portas de Hollywood se abrem para ele. Ele imediatamente se sente em casa.
Salvatore abriu uma loja em Mission Canyon, perto da Mission Street, onde a American Film Company estava localizada. Pouco depois, ele e seus irmãos mudaram a loja para a 1033 State Street e se mudaram para morar na 719 California Street. Lottie e Mary Pickford, Pola Negri, as irmãs Costello, Lolita Lee, Dolores del Río, Barbara La Marr se tornaram seus clientes fiéis.
1916 - O sapato perfeito
Salvatore Ferragamo rapidamente aprendeu inglês e se sentiu pronto para estudar anatomia para entender a estrutura do pé, sobre a qual todo o esqueleto repousa. Essa foi a razão pela qual ele veio para a América. Em 1916, ele se matriculou nas aulas noturnas da Divisão Estendida da Universidade do Sul da Califórnia em Los Angeles e, no final do curso, descobriu o segredo do ajuste perfeito. Ele descobriu que o peso do corpo repousa sobre o arco.
Na fabricação tradicional de calçados, os sapatos eram fabricados apoiando a junta e o calcanhar, sem se preocupar se eram confortáveis. Isso não significa, diz Salvatore, que o arco do pé deve ter um suporte?
A natureza criou o pé humano com essa forma arqueada para que, como na arquitetura, ele possa suportar mais peso do que uma superfície plana. A tarefa do arco plantar, no entanto, vai muito além, uma vez que suporta o peso em movimento.
Como os arquitetos, Salvatore usou uma fileira de chumbo para suas demonstrações para encontrar a linha média que desce verticalmente da cabeça até o arco do pé. Salvatore inseriu uma chapa de aço para apoiar o arco, dando ao pé a oportunidade de se mover como um pêndulo. Esta foi a descoberta que o levou ao sucesso.
1920 - A primeira patente
Quando a American Film Manufacturing Company decidiu se mudar para Hollywood, que estava ganhando a liderança na indústria cinematográfica global, Ferragamo, cada vez mais envolvido nas produções do estúdio, também começou a pensar em deixar Santa Barbara. No entanto, o plano foi quase frustrado em 4 de fevereiro de 1920, quando ele estava dirigindo em Ventura e seu carro falhou, causando um acidente e a morte de seu irmão Eliodoro. No Bard Memorial Hospital, em Ventura, ele foi submetido a um tratamento extremamente doloroso para puxar a perna com uma tala, o que foi ineficaz. A medicina ortopédica naquela época ainda estava se separando da medicina geral e a fisioterapia estava apenas começando. Salvatore colocou em prática em seu próprio corpo o que havia aprendido em suas aulas de anatomia. Durante os seis meses em que esteve no hospital, ele criou e construiu um cilindro para segurar a perna, que mais tarde patenteou como um dispositivo para apoiar os membros feridos. Eventualmente, seria distribuído por uma empresa com sede em Chicago, especializada em itens ortopédicos.
1923 - A loja de botas de Hollywood
Em abril de 1923, a imprensa de Hollywood informou que John Bohannon havia vendido a Salvatore Ferragamo a licença da Hollywood Boot Shop, uma das empresas mais antigas e elegantes da cidade.
O edifício de dois andares, que estava localizado na 6687 Hollywood Boulevard, na esquina da Las Palmas Boulevard, gozava de uma localização invejável em frente ao Grauman's Egyptian Theatre, onde todas as estreias de filmes e muitas apresentações teatrais ocorreram. Em 4 de dezembro de 1923, o Teatro Egípcio mostrou Os Dez Mandamentos, dirigido por Cecil B. DeMille, que pediu a Ferragamo para projetar e produzir os sapatos para o filme.
A partir desse momento, a produção de Salvatore em Hollywood foi dividida em três categorias: sapatos para estúdios, sapatos encomendados por clientes particulares e sapatos para as apresentações de Grauman.
Salvatore morava na 2222 North Beachwood Drive.
1923-1927 - Colaboração com cinema
Em 1923, Cecil B. DeMille contratou Ferragamo para projetar e produzir os sapatos para seu novo épico, Os Dez Mandamentos (1923). O trabalho foi intenso e levou Ferragamo à biblioteca da cidade para investigar os designs e soluções que funcionariam melhor com os figurinos projetados por Clare West. O diretor ficou encantado com seu trabalho e, em 1926, pediu a Ferragamo para fazer os sapatos para "The Volga Boatman". Em 1927, DeMille contratou Ferragamo para fazer os sapatos para outro filme importante, "King of Kings" (1927). DeMille não foi o único diretor com quem Ferragamo trabalhou. Havia David Wark Griffith com "Way Down East" (1920) e "The White Rose" (1923), James Cruze com "The Covered Wagon" (1923) e Raoul Wash com "The Thief of Baghdad" (1924), estrelado por Douglas Fairbanks, que frequentava regularmente a loja. Muitas estrelas tinham a mesma idade que Salvatore ou eram ainda mais jovens, e Ferragamo não era apenas o homem que fazia seus sapatos. Ele era um amigo. Seu compatriota italiano Rudolph Valentino costumava passar por um prato de espaguete e John Gilbert, Valentino e Fairbanks passaram seus fins de semana com Ferragamo, nadando no Lago Arrowhead.
1925 - A abertura da loja de Hollywood
Em 19 de fevereiro de 1925, após uma longa remodelação, Ferragamo abriu a nova loja na 6683 Hollywood Boulevard, uma porta a leste da entrada anterior. Os interiores foram decorados no estilo do Renascimento italiano, com colunas clássicas, batik nas paredes para se parecer com tapeçarias do século XIV, sofás esculpidos à mão e cortinas exuberantes. A imagem que Ferragamo pretendia projetar era a da Itália que os americanos amavam, da Itália renascentista, arte e cultura. Mais do que uma loja, era uma sala de estar com uma atmosfera calorosa e íntima. A fotografia da inauguração mostra os inúmeros convidados, incluindo várias estrelas de cinema, como Mary Pickford, Douglas Fairbanks, Gloria Swanson, Monty Banks e Rudolph Valentino. A Hollywood Boot Shop era tão famosa que apareceu no filme Show People, do Rei Vidor, em 1928. Em sua autobiografia de 1957, Salvatore Ferragamo lembra as ordens incomuns que recebeu de estrelas como Gloria Swanson, Lillian Gish, Jean Harlow e Greta Garbo. Ele criou uma bota elástica para Lola Todd usar como meia com sua pele de leopardo. Para Alice White, a secretária de Charlie Chaplin que virou atriz, considerada uma verdadeira entusiasta da moda, projetou saltos elegantes de dois tons. O Arquivo de Salvatore Ferragamo mantém muitos desses sapatos hoje. O par mais extravagante que ele fez naquele período foi para uma princesa indiana, decorada com as penas do beija-flor, o menor animal do mundo. Ele pagou US$ 500 pelos sapatos, o que naquela época era uma fortuna.
1926 - Cidadania Americana
O designer de vinte e cinco anos ganhou o respeito de líderes proeminentes da cidade e, em 19 de fevereiro de 1926, tornou-se cidadão dos Estados Unidos.
Ferra-gamo Inc. e o retorno à Itália
Em 1926, Salvatore Ferragamo havia feito seu nome no mercado em torno da indústria cinematográfica americana, mas não parou por aí. Eu queria mais do que fazer sapatos personalizados para um pequeno número de clientes ricos. Eu queria expandir a produção, mantendo a mesma alta qualidade e estilo.
Em fevereiro de 1926, com financiamento de investidores, ele fundou a Ferra-Gamo Incorporated, da qual foi presidente. Ele teve uma ideia para os sapatos feitos na Itália e distribuídos pela loja de Hollywood para clientes americanos e talvez europeus.
Ferragamo deixou os Estados Unidos para a Itália em 1926 ou início de 1927, de acordo com alguns jornais.
1927 - A chegada em Florença
Depois de uma turnê pela Itália e uma estadia em Nápoles, onde Salvatore recebeu seu treinamento, no verão de 1927 ele chegou a Florença, que escolheu por sua reputação histórica como uma cidade de arte, cultura e negócios. Ferragamo foi cativado pela beleza da capital toscana e filmou a cidade com a câmera que havia comprado na América, capturando a Galeria Uffizi, o Lungarno (as ruas ao longo do rio Arno), a Piazzale Michelangelo e a colina de Fiesole, onde logo faria sua casa. Florença havia se tornado recentemente o centro da estratégia nacional do governo fascista para relançar o artesanato e o turismo italianos. No entanto, as reuniões de Ferragamo com mestres sapateiros o deixaram desapontado. Muitos estavam céticos sobre suas novas técnicas para fazer sapatos e medir pés. Apenas os artesãos mais jovens mostraram curiosidade e interesse em seu plano. Salvatore então abriu uma fábrica que serviria como campo de treinamento para 75 aprendizes sob sua supervisão. Ele resgatou o patrimônio artesanal da cidade e o fundiu com o sistema de produção das fábricas americanas, dividindo o processo em etapas. Sua fábrica estava localizada na via Mannelli 57 (o prédio agora é a 109th Street), perto da estação de trem Campo di Marte, que serve a linha ferroviária Florença- Roma, a primeira etapa da viagem que seus sapatos fariam para chegar aos Estados Unidos. Iniciativas para promover artesãos na Itália convenceram Ferragamo a ficar e solicitar residência em Florença.
1928-1930 - Os primeiros anúncios publicitários
Ferragamo colocou em prática a pesquisa que realizou na Califórnia, combinando suas descobertas com artesanato tradicional florentino, como bordados, rendas Tavarnelle e palha tecida que foram usadas para fazer os famosos chapéus florentinos. Para seus sapatos de cana de palha criados em 1930, ele registrou uma marca específica, "Pompeian by Ferragamo", em homenagem às recentes descobertas na Villa dei Misteri, em Pompéia.
A relação de Salvatore com os movimentos artísticos e culturais da época era igualmente próxima e transcendente. Essa relação está documentada em suas colchas de retalhos inspiradas nos têxteis americanos e no trabalho de Sonia Delaunay e em seu uso de cores brilhantes e brilhantes e telas pintadas. Salvatore conheceu o pintor futurista Giuseppe Landsmann, conhecido por todos como Lucio Venna, que abriu uma empresa de publicidade e design gráfico em Borgo degli Albizi, Florença.
O sapateiro contratou Lúcio Venna para projetar o logotipo de seus sapatos, anúncios e um folheto.
1929 - Patentes para invenções e decorações
Em 9 de julho de 1929, Salvatore Ferragamo registrou uma patente na Itália por sua invenção mais famosa, a chapa de aço inserida em seus sapatos para segurar o arco do pé. Ele também patenteou muitos estilos de calçados, mostrando sua extraordinária previsão. Ele não apenas criou sapatos artesanais exclusivos, mas também considerou como eles poderiam ser copiados e como ele poderia protegê-los.
A empresa estava florescendo e seu presidente decidiu solicitar residência em Florença em 24 de janeiro de 1929. Enquanto isso, ele optou pela cidadania italiana e decidiu se juntar à sua família.
1929-1933 - A queda de Wall Street e a falência
A queda do mercado de ações em 1929 não deixou a Ferra-Gamo Incorporated ilesa, já que os negócios da empresa estavam profundamente entrelaçados com os Estados Unidos. A pressão de seus acionistas americanos e a decisão, que Ferragamo antecipou o máximo que pôde, de vender a loja de Hollywood, levaram Salvatore a estabelecer uma empresa totalmente italiana, da qual ele seria de propriedade integral. Quando a década de 1930 chegou, a jovem empresa estava lidando com os efeitos negativos da crise: a instabilidade econômica nos Estados Unidos e em todo o mundo exacerbou as dificuldades de um modelo produtivo que precisava consolidar estratégias e processos organizacionais. Ferragamo tentou se manter à tona, mas a situação piorou e o levou a declarar falência perante a Corte de Florença em agosto de 1933.
Mais uma vez, o modelo de produção teve que ser redesenhado e Ferragamo viu a importância de ter clientes locais e uma fábrica no coração de Florença.
1937 - A patente do salto de cunha
A criatividade de Salvatore Ferragamo disparou na década de 1930 e durante a guerra, quando os obstáculos pareciam estimulá-lo. Em março de 1936, Benito Mussolini impôs um extenso programa de nacionalização e protecionista no país, que foi resumido como autarquia. Foi sua resposta às sanções comerciais que a Liga das Nações adotou contra a Itália em outubro de 1935 por sua agressão militar na Etiópia. O melhor aço era necessário para as armas e a qualidade do aço alternativo era tão ruim que Ferragamo não poderia usá-lo para as placas que tornavam seus sapatos tão únicos. Salvatore resolveu o problema preenchendo o espaço entre o calcanhar e a sola do pé com pedaços de cortiça da Sardenha, que ele pressionou e bateu. Nasceu o primeiro salto de cunha. Ele era atraente e confortável, e rapidamente se tornou seu estilo mais popular.
A invenção aparece na patente 354889 de 13 de dezembro de 1937.
A primeira loja Ferragamo no Palácio Altoviti Sangalletti
A primeira loja documentada de Salvatore Ferragamo em Florença consiste em um quarto individual com uma borda na rua dentro do Palácio Altoviti Sangalletti na via Tornabuoni. A existência da loja é documentada por fotos de arquivo e um item de moda que apareceu em "Vogue USA" em 1937. Neste último, acompanhado por um esboço que mostra a projeção com a vitrine, o jornalista descreve a experiência dentro da loja: "não mais do que 4 metros de largura", mobiliado com quatro assentos e os sapatos visíveis no chão.
Como pode ser visto na placa na janela, a atividade é chamada de Ferragamo e é apresentada na forma de uma sociedade limitada.
1938 - A Salvatore Ferragamo S.P.A. é fundada e Ferragamo inicia o processo de compra do Palazzo Spini Feroni e do Palagio
Em 1936, Ferragamo aluga, através de sua irmã, já que foi proibido de negociar devido à falência, algumas salas do histórico Palácio Spini Feroni, um edifício simbólico da Florença medieval e reinicia toda a sua atividade. Apenas alguns anos após a falência, Salvatore retorna ao sucesso e funda a Salvatore Ferragamo S.p.A. Também consegue iniciar o processo de compra gradual de diferentes pacotes de ações da propriedade da Palazzo Feroni Joint Stock Company, constituída em Florença em 1928. Desde então, o Palácio Spini Feroni tem sido a sede da empresa Ferragamo. No mesmo ano, ele abriu uma loja na Via Condotti, 65 em Roma, e na Old Bond Street, 24 em Londres.
Um mês depois de começar a adquirir as ações do palácio, ele começa a procurar uma casa para comprar e encontra a que corresponde aos seus desejos, nas colinas de Fiesole, o Palácio.
1939 - Guerra e escassez de materiais
Nestes anos, a escassez de materiais para calçados exacerba a imaginação de Ferragamo. É assim que nascem os dentes do pé de cânhamo, feltro e pele de peixe. Salvatore também recorre ao celofane, observando o papel dos chocolates, brilhantes e elásticos. Torcido com fios de seda coloridos, pode ser de malha ou malha, produzindo um efeito original e elegante.
Em 1939, Salvatore Ferragamo abriu uma loja em Milão, na Via Montenapoleone, 23 anos.
Na véspera da eclosão do segundo conflito mundial, a empresa tinha 400 funcionários e uma produção de 200 pares de sapatos por dia, mas com a entrada direta da Itália na guerra, ela é drasticamente reduzida.
1940 - Casamento com Wanda Miletti
Em 9 de novembro de 1940, Salvatore Ferragamo se casou com Wanda Miletti em Nápoles. Wanda era filha do prefeito e doutor de Bonito. Ela tinha apenas 19 anos quando o casal se casou logo após o encontro durante uma das viagens de Salvatore à sua cidade natal. Foi amor à primeira vista.
1942 - "Documento de moda"
"Documento Moda" foi uma revista de moda e têxtil publicada pelo National Fashion Institute, uma organização fascista criada para promover o desenvolvimento do estilo italiano. Entre 1941 e 1943, a revista dedicou uma série de edições a Ferragamo, que era famoso por ter comercializado com sucesso seus sapatos em outros países, especialmente nos Estados Unidos, promovendo a qualidade do artesanato italiano fora da Itália e por ter usado os materiais disponíveis durante a autarquia, como cânhamo, celofane e cortiça.
Patentes para defesa
Nem todas as patentes de Ferragamo eram para sapatos. A patente 405472, de 14 de agosto de 1943, era para um sistema de ataque e defesa de aeronaves. A patente 405527, emitida em 18 de agosto de 1943, era para a construção de um forte marítimo, uma unidade independente a bordo que poderia mergulhar e operar quando estivesse parcialmente submersa. A patente 405769 para um torpedo de lançamento múltiplo foi aprovada em 7 de setembro de 1943.
1945 - Uma chamada para recomeçar
Na edição de novembro de 1945 da prestigiada revista de moda "Bellezza", Riccardo Magni, um pintor e ilustrador florentino, publicou um desenho representando um sapato Ferragamo como o único sobrevivente dos bombardeios de Florença.
No mesmo mês, novembro de 1945, a Ferragamo estabeleceu uma sociedade de responsabilidade limitada chamada "Ferragamo Esercizi & C. S.p.A." distribuir exclusivamente os produtos da empresa Salvatore Ferragamo, com sede em Florença. A nova empresa já obteve lucros um ano depois, mas 1947 marcou a recuperação definitiva dos negócios da Ferragamo, quando novas lojas foram abertas em Roma, Milão e Gênova e a marca ressurgiu nos mercados europeu e americano.
1946 - "Primeiros passos"
Em 1946, a Ferragamo lançou uma nova linha de sapatos infantis chamada "Primi passi" ou "First Steps", com uma sola antiderrapante com espaços ocos para aliviar seu peso e um piso para agarrar a superfície.
1947 - O prêmio Neiman Marcus
No verão de 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a famosa loja de departamentos americana Neiman Marcus convidou Salvatore Ferragamo para Dallas para receber o prêmio de moda Neiman Marcus por ter combinado o classicismo italiano e a tradição artesanal com a engenhosidade moderna. Estabelecido em 1938, o prestigioso prêmio só havia sido concedido a designers americanos até 1947, quando, em seu 40o aniversário, Neiman Marcus abriu as portas para a moda europeia. Junto com Ferragamo, os outros vencedores foram Christian Dior como a principal criadora da moda francesa, Irene de Hollywood por seu gosto impecável em exibir moda através da indústria cinematográfica americana e Norman Hartnell, o alfaiate da família real inglesa, por seu trabalho como criadora versátil de moda simples e sofisticada. Em 22 de agosto, Ferragamo e sua esposa Wanda embarcaram na rainha Elizabeth com destino a Nova York. Christian Dior, a quem Salvatore nunca conheceu, também era um passageiro. O alfaiate francês perguntou a Ferragamo se ele poderia dar uma olhada nos sapatos que o sapateiro havia trazido com ele e estava animado ao descobrir que os sapatos eram o complemento perfeito para suas roupas, embora Ferragamo nunca o tivesse visto antes.
A cerimônia de premiação foi realizada em 8 de setembro de 1947 perante o vice-presidente da Neiman Marcus, Stanley Marcus, e foi seguida por um desfile de moda, no qual os sapatos Ferragamo foram combinados com peças Dior.
Os sapatos que Salvatore Ferragamo trouxe com ele para Dallas em 1947 incluíam as sandálias "invisíveis" de Ferragamo com um salto de cunha de madeira em forma de "F". A cunha era coberta de couro e a parte superior era feita de linha de pesca de nylon transparente. Ferragamo teve a ideia de um trabalhador, Alfonso Caldini, que depois de pescar no Arno, retornou com um peixe grande que havia capturado com um novo tipo de linha de pesca feita de nylon. "O peixe não consegue ver", explicou ele a Salvatore.
A sandália invisível foi um grande sucesso, em parte graças à sua cobertura favorável na imprensa internacional. O preço de um par foi de US$ 29,75, o equivalente ao preço de quatro toneladas de carvão.
Eva Perón, cliente da Salvatore Ferragamo
Em 24 de outubro de 1946, Juan Domingo Perón foi eleito presidente da República Argentina. Sua esposa Eva, chamada Evita pelo povo, se torna primeira-dama. Em junho de 1947, Evita e seu marido viajaram para a Europa. Entre as etapas estão a Itália e Roma. A partir desse momento, ele se tornou cliente de Salvatore Ferragamo até sua morte em 26 de julho de 1952. Salvatore Ferragamo cria muitos modelos para ela, quase todos feitos com peles de animais originários dos Andes e da América do Sul. Ferragamo a define em sua autobiografia como "a mulher mais inteligente" que ela já conheceu.
Em 1996, o filme Evita, de Alan Parker, interpretado por Madonna, foi lançado. Salvatore Ferragamo fabrica os sapatos para a atriz, em colaboração com a figurinista Penny Rose, que reproduz alguns dos modelos que Salvatore havia feito para a esposa do primeiro-ministro na década de 1950.
1948 - Salvatore Ferragamo abre sua primeira loja em Nova York
Em 1948, a primeira loja operada diretamente pela marca foi inaugurada na 424 Park Avenue.
1949 - Salvatore Ferragamo convida Christian Dior para Florença
Em abril de 1949, Christian Dior chegou a Florença a convite de Ferragamo para participar de uma exposição de moda realizada em várias partes da cidade. Os dois designers falaram sobre a criação de um centro de moda em Florença no Palazzo Spini Feroni, sede da Ferragamo, que celebraria a moda internacional, mas o projeto nunca foi realizado.
Pietro Annigoni pinta Salvatore Ferragamo
Em 1949, o artista florentino Pietro Annigoni, que Ferragamo conhecia desde a década de 1930, quando o Palazzo Spini Feroni abrigou a galeria de arte Bellini, pintou um retrato de Salvatore Ferragamo como artista, criando uma de suas melhores obras.
1949-1960 - Estrelas no Palazzo Spini Feroni
Durante o boom econômico, o "sapaiteiro das estrelas", como Salvatore Ferragamo era conhecido, atingiu o auge de seu sucesso, contando entre seus clientes as mais famosas estrelas de cinema italianas e internacionais, de Audrey Hepburn a Anna Magnani, de Greta Garbo a Sophia Loren, bem como membros da alta sociedade, como Soraya da Pérsia Quando Audrey Hepburn chegou ao Palazzo Spini Feroni em 1954, ela tinha acabado de ganhar o Oscar por sua atuação no Roman Holiday. Ela estava acompanhada por Anita Loos, cliente de Ferragamo por um longo tempo desde seus dias em Hollywood e famosa autora do livro Gentlemen Prefer Blonds. Ferragamo criou uma de suas patentes mais famosas para Audrey Hepburn, a sola em forma de concha, que é mais usada em seus sapatos de balé.
Salvatore dividiu as mulheres que compraram seus sapatos em três categorias de acordo com o tamanho de seus pés. Cinderela usava sapatos menores que seis. De acordo com Ferragamo, eles eram femininos e amantes da moda. Para serem verdadeiramente felizes, disse ele, eles devem estar apaixonados. Ele listou Mary Pickford, Joan Crawford e Jean Harlow, bem como a Rainha da Grécia, a Duquesa de Windsor e o Maharani de Cooch Behar, como Cinderela. A Vênus era tamanho seis. Eles geralmente eram muito bonitos, mas sob seu exterior brilhante eles amavam as coisas simples da vida e muitas vezes eram mal interpretados devido a esses dois traços. Ferragamo considerou Marilyn Monroe uma Vênus. Os aristocratas eram tamanho sete em diante, como Greta Garbo, Audrey Hepburn e Lauren Bacall. Ele os descreveu como sensíveis com grande compreensão, mas apontou que eles poderiam estar irritados.
1951 - Salvatore Ferragamo participa do primeiro desfile de moda italiano
Em 12 de fevereiro de 1951, Salvatore Ferragamo participou do primeiro desfile de moda verdadeiramente italiano organizado pelo comprador Giovanni Battista Giorgini no salão de baile de sua casa, Villa Torrigiani, em Florença, com a imprensa internacional e os compradores americanos.
Ferragamo participou do desfile com a sandália Kimo criada para os vestidos projetados pelo alfaiate romano Emilio Schuberth. Inspirado no sapato tabi japonês, ele foi usado com uma meia de couro ou cetim para combinar com a cor de cada vestido.
A arquitetura da loja de Florença
Em fevereiro de 1951, a loja de Salvatore Ferragamo em Florença foi publicada na revista "Architetti".
1952 - A parente do anemômetro e o enxerto de um picos duplos
Os muitos interesses de Salvatore Ferragamo também são demonstrados por patentes que não se referem a sapatos. Entre eles está a patente 469884 emitida em 14 de outubro de 1950 e aprovada em 17 de março de 1952, que se refere à construção de um dispositivo para carregar acumuladores elétricos, usando a energia motriz do vento.
Entre as outras paixões de Salvatore, havia também agricultura e cuidados com as plantas. Wanda Ferragamo lembra que Salvatore, através de seus testes de enxerto, obteve uma espiga dupla de trigo.
1954 - Salvatore Ferragamo colabora com Elda Cecchele
A partir de 1954, Salvatore Ferragamo, por alguns anos, fez alguns sapatos com tecidos especiais, obtidos entrelaçando couros, fios metálicos e fios de celofane, criados por Elda Cecchele, uma tecelã habilidosa e criativa que faz seus tecidos em sua oficina de artesanato em Galliera Veneta (Pádua).
A loja de Nápoles em Piazza Dei Martiri
Em abril de 1954, Salvatore Ferragamo abriu uma loja na Piazza dei Martiri, 60 anos, em Nápoles, a cidade onde morava há alguns meses quando era muito jovem. A loja, criada pelo arquiteto e designer Roberto Mango, tem a aparência de uma sala discreta e reservada, em vez de um estabelecimento comercial.
1954-1962 - Marilyn Monroe e Salvatore Ferragamo
Marilyn Monroe comprou na loja Ferragamo na Park Avenue depois de se mudar para Nova York em 1954 para ter aulas de atuação no Actors Studio. Ele amava os sapatos de Salvatore Ferragamo e os usava em todos os seus filmes. Ele até pediu a sua amiga Amy Greene, esposa do fotógrafo Milton Greene, para comprar alguns pares para ele na Itália. Este foi um momento de transformação para Marilyn, que mudou sua maneira de ser e se vestir. Ele leu, se interessou por arte e poesia, começou a frequentar intelectuais como Karen Blixen, Truman Capote e Arthur Miller, com quem se apaixonou e se casou. Ele comprou dezenas de sapatos Ferragamo até 1962, o ano de sua morte, como mostram as ordens do Arquivo Salvatore Ferragamo. Seus estilos favoritos eram as bombas Filetia e Viatica e, embora ambas tivessem agulhas vertiginosas de dez centímetros, elas nunca ficaram desconfortáveis porque Ferragamo havia patenteado um salto especial para ela, metade madeira, metade aço. Os sapatos agora fazem parte do Arquivo Salvatore Ferragamo. No topo das ordens de sapatos há um desenho do Palazzo Spini Feroni, sede da Ferragamo em Florença, baseado na pintura original de Pietro Annigoni, que foi perdida.
1955 - Pele de leopardo marinho
Em 1954, Ferragamo recuperou a pele dos leopardos marinhos, um peixe encontrado no Mar do Norte, que ele havia usado durante a guerra. Ele chegou a um acordo na Dinamarca com a Sipo Trading Company, que distribuiu pele de leão marinha. O peixe foi capturado ao largo da costa de Thule, enviado para o Royal Greenland Trading Quay e levado de trem para curtidores em Strib, onde não apenas os odores foram eliminados, mas um sistema foi desenvolvido para tingir as peles com novas cores vivas que não desapareceram com o tempo.
Os resultados foram incríveis. O acordo, que afiou um produto nacional dinamarquês com uma marca de renome internacional, foi amplamente divulgado na imprensa e nas redes de televisão locais, obtendo o apoio do governo dinamarquês e da rainha Ingrid, que encomendou sapatos de leopardo marinho para si e suas filhas Margrethe e Anne-Marie em uma variedade de cores
Para celebrar o evento, em 1955, Ferragamo realizou uma recepção no Open Gate Club, em Roma, com Sophia Loren como convidada especial, padroeira e rosto da nova moda.
1956 "Ferragamo DEBS"
Em 1956, a Ferragamo lançou o rótulo "Ferragamo Debs" para sapatos feitos na Inglaterra e parcialmente feitos à máquina. A constante expansão internacional da empresa criou a necessidade de maior produção e a Ferragamo foi forçada a usar máquinas.
A sandália dourada
A sandália de ouro de 18 quilates que Salvatore Ferragamo fez em colaboração com os ourives do Palazzo dell'Oro, perto de Ponte Vecchio, foi uma de suas criações mais incríveis. Para projetar o sapato, ele desenvolveu uma solução interessante para uma sola de metal, que se tornou uma patente 546658, 28 de julho de 1956. Ele criou a sandália para um cliente americano rico que pagou mil dólares.
1957 - Sapateiro dos sonhos
Em 1957, a autobiografia de Ferragamo, Shoemaker of Dreams, foi publicada em inglês. Ele não tinha a intenção de glorificar seu sucesso, mas contar a história de sua vida e obra na primeira metade do século, entre duas guerras e dois mundos, Itália e América.
Dois escritores ingleses, John Desmond Currie e Elisabeth Warner, colaboraram no projeto. Ferragamo agradeceu "por sua ajuda na preparação do manuscrito para a imprensa". Sabemos que John Desmond Currie e Elizabeth Warner usaram o pseudônimo Douglas Warner e que escreveram romances para os filmes.
1958 - A filha de Ferragamo, Fiamma, se junta ao pai para criar sapatos femininos
Em 1958, a filha mais velha de Salvatore e Wanda, Fiamma (3 de setembro de 1941 - 28 de setembro de 1998), deixou o ensino médio para trabalhar com seu pai na criação e produção de sapatos femininos.
Viagem à Austrália e Japão
Em setembro de 1958, Salvatore Ferragamo viajou para a Austrália, onde foi entrevistado no rádio e falou sobre sua autobiografia. O Arquivo Salvatore Ferragamo salva as gravações dessa entrevista.
Durante sua viagem, ele também parou no Japão, um país que sonhava em visitar desde seus dias em Hollywood.
1959 - Giovanna Ferragamo tem seu primeiro desfile de moda no plaza hotel em Nova York
Giovanna, a segunda filha de Salvatore e Wanda Ferragamo (nascida em 26 de março de 1943), deixou seus estudos sobre os Clássicos para fazer cursos de design de moda na Scuola Lucrezia Tornabuoni. O sonho de seu pai era transformar sua empresa, até então especializada em sapatos de luxo para mulheres, em uma casa de moda que pudesse vestir homens e mulheres "da cabeça aos pés", como ele gostava de dizer. Seus seis filhos, uma vez que crescessem, tornariam esse sonho realidade.
Em 1959, Giovanna Ferragamo projetou a primeira coleção de resorts, que ela apresentou no Plaza Hotel, em Nova York. Isso levou à abertura da primeira boutique da marca no segundo andar do Palazzo Spini Feroni e de outra boutique em Beverly Hills, o luxuoso bairro de Los Angeles. Um artigo de 1960 inclui uma fotografia de Giovanna com suas criações: uma saia impressa feita com duas mastigações de seda inspirada em Romo Toninelli, um industrial de Como, que representa e reinterpreta um detalhe da série de pinturas Histórias de Santa Úrsula de Vittore Carpaccio no Museo dell'Accademia em Veneza. As mastigações refletem a prática comum na moda italiana na época de usar padrões retirados do folclore tradicional e da arte italiana.
1960 - A morte de Salvatore Ferragamo
Salvatore tinha uma perspectiva otimista, mas seu estado de saúde se deteriorou no verão de 1960, forçando-o a conceder à sua esposa Wanda maiores poderes para a administração ordinária e extraordinária da Ferragamo S.p.A. em julho. Em 7 de agosto de 1960, em Poveruomo, perto do Forte dei Marmi, Salvatore Ferragamo morreu. Ele foi enterrado no cemitério de San Domenico, perto de Fiesole, na capela da família. Wanda, que até então era dona de casa e mãe de seis filhos, assumiu a empresa, tornando-se uma empresária astuta e capaz. Ao lado dele estavam suas filhas mais velhas, Fiamma e Giovanna.
Wanda Ferragamo está à frente da empresa
Wanda, a quem Salvatore Ferragamo, um mês antes de sua morte, já havia delegado poderes ordinários e extraordinários, se torna um motor de mudança de negócios, apoiado pelas filhas do lado criativo e por Jerry, filho de um irmão de Salvatore, em termos de estratégias para otimizar a mecanização da produção de calçados.
A partir desse momento, Wanda se torna a guia inteligente e sólida da empresa Salvatore Ferragamo, conseguindo combinar perfeitamente feminilidade e cuidado familiar com compromisso em seu trabalho e na sociedade. Um resultado alcançado sem grande orgulho, mas com firmeza.
A marca de calçados foi alterada neste período para incluir o nome do fundador, Salvatore. Em 1982, o logotipo passará por um redesenho que incluirá a estilização de sua assinatura.
1961 - Lenço de um artista
O primeiro lenço assinado pela Ferragamo foi produzido em 1961 pela empresa Ravasi de Como e foi assinado por um artista, Álvaro Monnini, fundador da Geometric Abstentionism, que naqueles anos também se dedicava a gráficos publicitários. O lenço representa o Palácio Spini Feroni em Florença, casa de Salvatore Ferragamo desde 1938. É provável que a ideia tenha nascido mais cedo, quando Salvatore Ferragamo ainda estava vivo devido à interpretação irônica e de conto de fadas que permeia o design, com uma correlação precisa entre o edifício histórico e a profissão do proprietário, também na borda que representa as ferramentas do comércio do sapateiro. Este lenço não é apenas um acessório para usar, mas também um anúncio para a empresa.
1961 - Nasce a primeira fragrância de Ferragamo
Gilio foi a primeira fragrância de Salvatore Ferragamo. Foi criado pelo testamento de Wanda Ferragamo, embora provavelmente já tenha sido concebido quando Salvatore Ferragamo ainda estava vivo. Com seu belo frasco de vidro Baccarat e embalagens refinadas, foi mais um presente para os melhores clientes do que um produto de venda. O nome lembra o lírio da cidade de Florença, mas, como no exterior eles teriam pronunciado "Gi-g-lio" com um G duro, o "g" foi removido e chamado de Gilio. Só foi comercializado nas lojas Ferragamo por alguns anos.
Em 2019, este perfume foi relançado na linha Ferragamo's Creations.
1963 - Ferruccio Ferragamo se junta à empresa
Em 1963, Ferruccio Ferragamo, terceiro filho da classe 1945 (9 de setembro), por ordem de nascimento de Salvatore e Wanda Ferragamo, entra na empresa familiar, com um plano de treinamento que o leva a experimentar os diferentes departamentos da empresa, desde a loja de calçados ou o arquivo, até a produção de calçados femininos com Jerry Ferragamo, em um momento fundamental para a empresa Salvatore Ferragamo, na qual o artesanato e a fabricação sob encomenda são abandonados em favor da produção industrial, mantendo a qualidade pela qual a marca Ferragamo foi reconhecida. em todo o mundo.
Juntamente com Fiamma e Jerry, Ferruccio foi o criador de uma nova linha de sapatos de grande sucesso, a "Salvatore Ferragamo Boutique", mais comercial e menos cara em termos de produção, mas que continuou a atender aos critérios de conforto da marca.
1965 - Giovanna Ferragamo estreia na sala branca
Giovanna Ferragamo estreia em 1965 na prestigiada Sala Branca do Palácio Pitti, em Florença, onde duas vezes por ano as novidades da moda italiana desfilavam, com suas coleções prontas para usar. Suas roupas estarão presentes na passarela de Pitti, até 1982, quando as apresentações de moda feminina são definitivamente transferidas para Milão.
Uma semana antes do desfile na Sala Branca, Giovan Battista Giorgini, organizador dos desfiles na Sala Bianca, vai ao Palácio Spini Feroni para ver a coleção de Giovanna Ferragamo e decidir se ela faz jus ao prestigiado evento. Um teste importante para Giovanna, que estava esperando seu primeiro filho, Gaetano.
1967 - Fiamma ganha o prêmio Neiman Marcus
Em 9 de fevereiro de 1967, Grand Ballroom do Sheraton-Dallas Hotel. Fiamma Ferragamo, a mais velha dos filhos de Salvatore e Wanda Ferragamo, à frente do setor de calçados e bolsas da empresa, recebe o Prêmio Neiman Marcus em Dallas, o famoso Oscar de moda concedido a seu pai vinte anos antes. Junto com ela, eles recebem o prêmio Valentino, Lydia di Roma, Venturini di Lucca e Emilio Pucci em nome de todos os artesãos florentinos danificados pela inundação de Florença em 1966. A prestigiada revista "Life" dedica uma de suas capas à Fiamma.
A fábrica de osmannoro é inaugurada
Em 1967, a expansão produtiva e organizacional da empresa se concretiza com a transferência do laboratório Varlungo na Via Aretina e dos escritórios administrativos do Palácio Spini Feroni nas maiores instalações da nova fábrica na via Lucchese em Osmannoro, e com a mudança do propósito corporativo da empresa para "fabricação e comércio de calçados Na nova fábrica de Osmannoro, as fases de prototipagem e construção foram concentradas, cuja produção foi baseada em uma rede de pequenas empresas e laboratórios, ligados por contratos exclusivos para Ferragamo, na área napolitana e nos distritos industriais próximos a Florença.
1969 - Editoriais sobre as primeiras bolsas de Ferragamo
Por muitos anos, as lojas Ferragamo venderam bolsas Roberta di Camerino como complemento aos sapatos. Com a morte de Salvatore Ferragamo, a colaboração durou alguns anos até que, na segunda metade dos anos sessenta, com a entrada na empresa de uma designer de calçados, foi decidido criar bolsas e pequenos artigos de couro internamente. O primeiro artigo salvo no Arquivo Salvatore Ferragamo, onde aparece uma bolsa Ferragamo, é de 1969. Inicialmente, os modelos tinham que ser complementares em estilo e cor aos sapatos. Eles então se tornaram acessórios cada vez mais importantes na linha de produtos Salvatore Ferragamo.
1971 - Nascem cachecóis Ferragamo
Em 1971, Fulvia Ferragamo, uma das filhas de Salvatore e Wanda Ferragamo (nascida em 2 de julho de 1950) convenceu Madre Wanda a produzir tecidos exclusivos e estampas de seda com a marca Ferragamo. Assim, ele criou os primeiros lenços com um design original, que seriam seguidos por vinte anos: animais feitos com uma colcha de retalhos de flores. Não se sabe de onde veio a ideia, talvez dos retratos do artista renascentista Arcimboldo compostos de colcha de retalhos de flores e vegetais, ou de alguns passos de Salvatore Ferragamo feitos com uma colcha de retalhos de diferentes materiais e cores. Albertina Porro, que naqueles anos trabalhou com Butti-Ostinelli, os primeiros produtores de lenços Ferragamo, lembra que a ideia foi sugerida por alguns filmes de animação do diretor tcheco Jiri Trnka transmitidos na Rai2 de outubro de 1970 a fevereiro de 1971.
No início da década de 1970, a produção mensal registrou 40.000 pares de sapatos, 8.000 roupas prontas para usar e 4.000 bolsas.
Ferragamo F é produzido, a segunda fragrância
F de Ferragamo é a fragrância lançada no início dos anos setenta: um buquê floral com fundo de couro e madeiras exóticas com um toque do Oriente. Era uma licença de uma empresa suíça.
Alguns anos depois, em 1974, F de Ferragamo Monsieur foi colocado à venda, a fragrância para homens com um buquê de couro precioso e madeira, com toda uma linha de produtos de higiene pessoal. A garrafa é verde e marrom.
1972 - O Women's Wear Daily publica uma bolsa ferragamo com um fechamento "gancini"
Em 21 de janeiro de 1972, o prestigiado jornal americano "Women's Wear Daily", publica uma bolsa Ferragamo onde um acessório em forma de gancho de metal aparece como um fechamento, que se tornaria um símbolo da marca. A origem do design é desconhecida. De acordo com uma tradição oral da empresa, a fonte de inspiração foi a porta de ferro forjado do Palácio Spini Feroni, a sede medieval de Ferragamo, em Florença, ou os ganchos aos quais os cavalos estavam amarrados, que aparecem na famosa fachada. O fato é que, desde então, o fechamento Gancini tem sido cada vez mais usado em acessórios de couro e calçados, motivando seu sucesso no equilíbrio entre estilo e funcionalidade. Em 26 de julho de 1978, o pedido de patente n. ° 46069C/78 para o projeto "Gancini", que é aprovado em 23 de outubro do mesmo ano (patente n. No 318701).
1973 - Leonardo Ferragamo se junta a Salvatore Ferragamo
Em 1973, Leonardo Ferragamo (23 de julho de 1953), o quinto filho em ordem de idade de Salvatore e Wanda Ferragamo, se juntou à empresa Salvatore Ferragamo. Começou sob as ordens de Jerry Ferragamo no departamento de produção de calçados femininos. Essa experiência lhe permite lançar as bases para o desenvolvimento de uma produção contínua de calçados masculinos, que até então só havia sido criado para pedidos especiais. O primeiro modelo em que Leonardo Ferragamo experimenta o ajuste e o calçado de seu tio Jerry é um tamanco de praia chamado "Nemo".
1974 - A loja abre na Quinta Avenida
Em 1974, a loja Salvatore Ferragamo foi inaugurada na 717 5th Avenue, na esquina da 56th Street, no piso térreo de um palácio de aço e vidro construído em 1959 pelos arquitetos Harrison, Abramovitz e Abbe. O lado da 5a Avenida era de 8 metros, o lado da Rua 56 era de 32 metros. O design de interiores foi confiado aos arquitetos Giancarlo e Luigi Bitocchi e Roberto Monsani, que projetaram um espaço contemporâneo e funcional, adequado para melhorar a qualidade dos produtos.
1976 - Nasce uma produção contínua de acessórios e roupas masculinas
Salvatore Ferragamo já havia criado sapatos masculinos, na época de Santa Barbara e Hollywood, mas apenas para atender às demandas de amigos e personalidades importantes que queriam sapatos artesanais, bonitos e confortáveis. A produção contínua de calçados e roupas masculinas foi totalmente desenvolvida em 1976, sob a direção de Leonardo Ferragamo, completando a gama de gravatas de seda e quadrados e cintos de bolso e pequenos artigos de couro.
Em 2 de abril de 1976, Leonardo Ferragamo apresenta a nova coleção de sapatos masculinos na Saks Fifth Avenue, em Beverly Hills.
O primeiro pedido significativo de sapatos masculinos vem da Sanford Sacks & Co. no Texas para suas novas lojas.
Apesar da crise econômica do período, Salvatore Ferragamo triplica seu lucro em relação ao ano anterior para chegar a quase um bilhão de liras, graças em parte à sua nova linha de produção.
1978 - O modelo mais famoso de Ferragamo é criado entre os calçados femininos: Vara
O icônico sapato de salão de Ferragamo com um salto de 3 cm foi projetado em 1978 para a coleção de inverno de 1978-1979. Este primeiro modelo se chamava Lillaz e já tinha as características que fizeram de Vara um ícone de estilo: a laço plano e a placa de metal com a assinatura Ferragamo. O modelo Lillaz era feito de pele de bezerro ou pele de cabra; a sola era feita de couro. O sapato, no entanto, não recebeu o favor do mercado dos EUA, já que tinha o calcanhar coberto com camadas de couro.
No ano seguinte, o sapato Lillaz foi lançado novamente nos Estados Unidos com o calcanhar forrado com a mesma pele do peito do pé.
A versão original, com o salto coberto de couro, tornou-se o famoso sapato de salão Vara.
Podemos dizer que este sapato constitui, no mundo do calçado, um dos poucos exemplos de grande longevidade do mesmo modelo, que tem sido um dos maiores sucessos da marca, graças também ao seu extremo conforto, sua versatilidade para atender às necessidades de todas as idades e ocasiões de uso.
Fonte: Site Salvatore Ferragamo, "Linha do tempo''. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Biografia — Wikipédia
História
Salvatore Ferragamo emigrou do sul da Itália para os EUA, primeiro para Boston e depois para a Califórnia em 1914. Ele abriu a Hollywood Boot Shop em 1923 e fez sapatos para estrelas de cinema como Joan Crawford e Gloria Swanson, bem como para filmes como Cecil B. O longa-metragem de DeMille, Os Dez Mandamentos. Ele retornou à Itália e montou uma loja de sapatos em Florença em 1927. No entanto, a atual empresa de fabricação de calçados considera 1928 como a data de sua fundação e, portanto, comemorou seu 80o aniversário em 2008.
Salvatore Ferragamo entrou com pedido de falência em 1933, durante a Grande Depressão, mas em 1938, ele estava em posição de comprar o Palazzo Spini Feroni, um dos grandes palácios de Florença. Isso abriga a principal loja da empresa e um museu dedicado à vida e obra de Ferragamo.
A empresa floresceu após a Segunda Guerra Mundial, expandindo a força de trabalho para 700 artesãos produzindo 350 pares de sapatos artesanais por dia. Após a morte de Salvatore em 1960, sua viúva, Wada, assumiu o funcionamento do negócio e expandiu suas operações para incluir óculos, perfume, cintos, cachecóis, bolsas, relógios e uma linha de roupas pronta para usar.
Os proprietários majoritários da empresa continuam sendo a família Ferragamo, que em novembro de 2006, incluía a viúva de Salvatore, Wanda, cinco filhos, 23 netos e outros parentes. Há uma regra de que apenas três membros da família podem trabalhar na empresa, levando a uma concorrência feroz. Para aliviar essas tensões, em setembro de 2006, a família anunciou um plano para flutuar 48% da empresa no mercado de ações e, desde outubro de 2006, Michele Norsa é gerente e diretora geral. No entanto, a partir de janeiro de 2008, esse plano pode ser suspenso em meio à recessão no mercado financeiro. Se a listagem no mercado de ações prosseguir, o fundo será direcionado principalmente para a construção de suas posições na China. A empresa está realizando sua exposição de aniversário de 80 anos em Xangai.
Em 2011, a empresa foi listada na bolsa de valores.
Em 2 de agosto de 2016, Eraldo Poletto foi nomeado como novo CEO do grupo. Em 8 de março de 2017, a conclusão da relação com Poletto concedeu poderes de gestão interino ao presidente, Ferruccio Ferragamo.
Em 31 de julho de 2018, Micaela le Divelec é nomeada como nova CEO do grupo. Em janeiro de 2022, Marco Gobbetti foi nomeado como novo CEO do grupo.
Em 14 de março de 2022, o designer britânico Maximilian Davis foi nomeado como o novo diretor criativo da marca, em um esforço para revitalizar sua linha de pronto-a-vestir.
Inovações
Ao longo de sua história, a empresa tem sido conhecida por projetos inovadores e uso de materiais. Essa engenhosidade remonta ao tempo de Salvatore na Califórnia, quando ele estudou anatomia para fazer sapatos mais confortáveis. Inovações notáveis incluem o salto de cunha, a sola em forma de concha, a sandália "invisível", saltos e solas de metal, a sandália de ouro de 18 quilates, o sapato de meia, os saltos de escultura e o sapato de arco enluvado criado para o Maharani de Cooch Behar em 1938. Saltos agulha reforçados com metal ficaram famosos por Marilyn Monroe. A empresa também é conhecida pela decoração 'Gancini', pela bomba de balé patenteada 'Vara', pela bolsa Salvatore e pelo uso de retalhos. Também fabrica óculos e relógios em parceria com a Marchon e o Timex Group. Começou a adicionar etiquetas NFC aos seus produtos em 2014 para combater falsificações.
Clientes
Salvatore trabalhou com estrelas de cinema e celebridades desde seus primeiros dias em Hollywood. Os clientes ao longo dos anos incluíram Audrey Hepburn, Sophia Loren e Greta Garbo, bem como Andy Warhol, Seulgi, Grace Mugabe e Diana, Princesa de Gales, Namal Rajapaksha. A empresa fez as famosas bolsas de Margaret Thatcher e para o rei Jigme Khesar Namgyal Wangchuck durante a coroação em 6 de novembro de 2008, em Thimpu, Butão.
Oficiais e gerência
Wanda Ferragamo Miletti: lidera o grupo desde 1960, quando seu marido e fundador da empresa, Salvatore, morreu. Ela foi presidente honorária até sua morte.
Ferruccio Ferragamo: atualmente presidente da Ferragamo Finanziaria S.p.A., a holding que controla o Grupo Salvatore Ferragamo
Marco Gobbetti: CEO da Salvatore Ferragamo S.p.A.
Giovanna Gentile Ferragamo: atualmente presidente da Fondazione Ferragamo
Leonardo Ferragamo: a partir de abril de 2021 é presidente da Salvatore Ferragamo e vice-presidente executivo da Fondazione Ferragamo.
Massimo Ferragamo: ele é presidente da Ferragamo USA, a empresa Ferragamo que lida com a distribuição da marca na América do Norte desde a década de 1950.
James Ferragamo: é diretor de produtos e comunicação da marca da empresa
Angelica Visconti: ela foi nomeada vice-presidente em 14 de dezembro de 2021. Lidera o Departamento Global de Atacado e Varejo de Viagens e é membro do conselho de administração.
Diego di San Giuliano: atualmente vice-presidente da holding do grupo Ferragamo Finanziaria S.p.A..
Novembro de 2016 uma nova estrutura dos departamentos criativos do grupo com a entrada de Paul Andrew nomeado diretor de design da Women's Footwear, Fulvio Rigoni nomeado diretor de design da Women's RTW, Guillame Meilland nomeado diretor de design da Men's RTW
Em outubro de 2017, após a saída de Fulvio Rigoni, Paul Andrew é nomeado diretor criativo da Coleção Feminina. De fevereiro de 2019 a abril de 2021, Paul Andrew foi nomeado diretor criativo de todas as linhas Salvatore Ferragamo.
Maio de 2020 Michele Norsa foi cooptada para o conselho de administração, como diretora e vice-presidente executiva da empresa e assumiu os poderes executivos anteriormente exercidos pelo presidente Ferruccio Ferragamo.
Janeiro de 2022 Marco Gobbetti é nomeado como novo CEO e diretor administrativo da Salvatore Ferragamo S.p.A
Salvatore Ferragamo
(Bonito, 5 de junho de 1898 – Florença, 7 de agosto de 1960) foi um estilista de sapatos italiano, fundador da marca homônima.
Em 1914 partiu para os Estados Unidos, a fim de encontrar um dos seus irmãos, que trabalhava em uma fábrica de sapatos em Boston. Após uma breve permanência na cidade, transferiu-se para Santa Bárbara (Califórnia). Ali instalou uma loja de consertos e fabricação de calçados sob medida. Em 1923, mudou-se para Hollywood, onde abriu a Hollywood Boot Shop, ganhando, em pouco tempo, a preferência das estrelas do cinema. Calçou ícones como Sophia Loren, Carmen Miranda, Greta Garbo, Katharine Hepburn, Marlene Dietrich, Ava Gardner, Gary Cooper e Marilyn Monroe. Ferragamo foi pioneiro na utilização da cortiça na criação de saltos e plataformas.
Apesar de morto há mais de 40 anos, perpetua-se no sucesso da marca que leva seu nome. A sede da empresa está instalada no Palazzo Spini Feroni, em Florença, onde foi instalado um museu em homenagem ao mestre calçadista, com fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos. Além disso, o museu exibe a coleção de mais de 10 mil modelos.
No Brasil, a marca tem lojas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, em São Paulo localizadas no shopping Iguatemi, no Shopping Cidade Jardim e na Rua Haddock Lobo e no Rio de Janeiro, no Shopping Leblon, no bairro de mesmo nome e no Village Mall, na barra da Tijuca.
Fontes: Wikipédia - Ferragamo e Wikipédia - Salvatore Ferragamo, consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
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Salvatore Ferragamo – o empreendedor de um grande sucesso
Salvatore Ferragamo foi um verdadeiro artista que seguia em harmonia com a cultura do tempo em que vivia. Atribuiu todo o seu talento em sapatos, afinal como ele mesmo dizia, um pé bem calçado vale mais do que mil palavras.
Mas além de sapatos, o artista investiu também em acessórios e perfumes que ganharam destaque na marca italiana. Atualmente, Salvatore Ferragamo já falecido, detém um nome de muito sucesso no mercado internacional da alta costura.
A história de Salvatore Ferragamo
O estilista nasceu em Bonito, um vilarejo localizado no interior da Campania, na Itália, no dia 5 de junho de 1898. Desde muito pequeno o menino demonstrava ter um grande talento: o de fazer sapatos. Em certo momento da sua vida, viu sua irmã chorar por não ter sapatos brancos para calçar na primeira comunhão e para surpresa da família, decidiu criar ele mesmo um modelo.
O estilista se tornou famosos pela sua criação
Foi aprendiz de sapateiro aos 11 anos junto com Luigi Festa, que foi o seu mestre e ensinou tudo sobre a profissão. Quando completou 13 anos, abriu uma simples sapataria localizada em sua cidade, onde se permitiu ir além de confeccionar botas para fazendeiros e reparos de sapatos, criando modelos exclusivos. Passou a lançar moda para os pés femininos.
A mente visionária
Com uma mente visionária desde muito novo, escolheu um dia estratégico para a inauguração da sua pequena empresa, que se localizava, especialmente, em frente à igreja local. Logo após a missa, os fiéis curiosos se aproximaram da loja e o resultado não poderia ser outro além um grande sucesso, mesmo com algumas piadas referente a idade do artista.
Aos 14 anos, Salvatore já contava com seis assistentes em sua loja e já conquistava o coração de clientes das cidades vizinhas. Foi nesse momento que percebeu que poderia ultrapassar limites e ampliar seus horizontes. Atrás de novos desafios, o jovem viajou rumo aos Estados Unidos para se unir aos irmãos mais velhos e estabelecer novas metas.
Foi decepcionante para Salvatore quando chegou em Boston e se deparou com a péssima qualidade dos sapatos que eram produzidos nas fábricas que seus irmãos faziam parte. Foi então que o jovem design foi a procura dos outros parentes da família que viviam na Califórnia, mais especificamente em Santa Bárbara, que ficava perto dos estúdios de cinema.
Os sapatos sob uma nova ótica
E a partir desse momento Salvatore inaugurou uma loja para reparos e confecção de sapatos. Com o tempo, começou a produzir modelos para compor os figurinos de cinema e, consequentemente, passou a ter encomendas de sapatos feitos sob medida para celebridades como Greta Garbo, Marlene Dietrich, Sophia Loren, Marilyn Monroe e Ava Gardner.
Enquanto procurava por fórmulas de criar sapatos que se encaixassem perfeitamente, frequentou a Universidade de Los Angeles e estudou matemática, engenharia química e anatomia humana. Logo após, o design se viu obrigado a se transferir Hollywood por causa de seus clientes que estavam crescendo.
Foi então que inaugurou em 1923 a renomada Hollywood Boot Shop e começou a criar modelos para produções importantes do cinema, como no famoso “Os Dez Mandamentos”.
As personalidades do cinema
Salvatore Ferragamo calçou os personagens mais ilustres do cinema e que por consequência se tornaram seus clientes. Ganhou apelidos carinhosos como o “sapateiro dos sonhos’’ ou “sapateiro das estrelas”.
O sucesso foi tão grande e imediato que a pequena empresa não estava dando conta da demanda de encomendas e a mão de obra americana não conseguia produzir os produtos com a mesma qualidade que o design desejava e necessitava.
Em 1927, Salvatore Ferragamo tomou a decisão de voltar para a Itália, na Florença, uma cidade que é reconhecida por seu trabalho em couro e o rico artesanato. Ele fundou uma simples fábrica com 60 artesãos especializados diretamente pelo o próprio design para que todos os sapatos sejam confeccionados à mão.
Em seguida ele abriu uma loja no Palácio Spini Feroni e foi nesse local que o sonho de Salvatore começou a se tornar realidade. A pequena empresa se transformou em uma grande produção de sapatos, chegando a fabricar 350 modelos por dia.
O reconhecimento do modelo feito à mão
O reconhecimento por seus calçados, que eram prestigiados desde a beleza até o conforto e qualidade, contava com a refinada elaboração. Sua fama cresceu por toda Itália e na Europa, transformando a sua loja Palácio Spini Feroni, em um ponto de referência da alta costura e o lugar escolhido por atores de cinema internacionalmente.
Mas como o design não cansava de inovar, foi em 1930 e 1940 que Salvatore Ferragamo mostrou o seu verdadeiro dom de criar, desenhando e elaborando modelos de sapatos com novos materiais, como a cortiça e o celofane, sem deixar de dar créditos à escassez do couro que predominou no mercado durante a época.
Durante a crise que ocorreu na Europa, Salvatore passou a usar materiais mais baratos para a produção, como a palha, cânhamo e os materiais sintéticos. E um ícone inovador foi a palmilha compensada.
O design ficou reconhecido por não apreciar produções em série, pois acreditava no conceito de que cada par de sapatos deveria ser desenhado e confeccionado com atenção e em detalhes.
Sempre buscou o conforto, porque suas criações além de muito bonitas, eram também anatômicas. Nesse segmento, Salvatore Ferragamo inovou criando novas formas, se baseando nas necessidades estéticas e funcionais, como em 1937 com o solado inclinado de cortiça, produzido para dar ao usuário maior estabilidade.
As inovações do artista
O famoso salto Anabela é uma das provas das suas criações de 1938. A criação aconteceu porque durante o período fascista ele não conseguiu importar o metal que tinha parte necessária para o conforto dos calçados e que davam a sustentabilidade à curva do pé.
Foi quando surgiu a ideia de fechar completamente o salto, se encontrando o salto com a parte da frente do calçado. Assim que nasceu o salto Anabela. O design utilizou uma espécie de material específico da Itália chamado de cortiça da Sardenha, que ao mesmo tempo era leve e resistente.
No começo do lançamento a novidade não foi aceita facilmente pelo público feminino, mas logo se transformou em um grande sucesso.
Salvatore Ferragamo sempre esteve muito atualizado e antenado no mundo contemporâneo e sempre teve interesse em áreas da arquitetura, design e artes.
Um dos exemplos, é a criação de 1939, um salto alto em mosaicos, que traz a referência da arquitetura usada no interior dos edifícios da década.
Ousadia nas cores
Uma característica que sempre remeteu a marca foi o uso das cores, em tons ousados e fortes, quebrando tabus e as cores padrões que eram preto, branco e bege. Porém, com todo o sucesso dos sapatos que foram consagrados por Marilyn Monroe, como o de salto-agulha de metal, sandálias romanas com tiras que amarram, plataformas super coloridas e as sandálias de ouro.
O primeiro grande ícone foi criado em 1947, a sandália invisível, que foi produzida em partes do produto com tiras transparentes de náilon.
Esse importante destaque das criações de Salvatore lhe proporcionou o prêmio Neiman Marus, que é uma célebre premiação de moda dos Estados Unidos e que até o momento, nenhum design de sapatos tinha ganhado. Outra criação importante foi feita em 1955, a sandália de Calipso, que foram elaboradas com tiras de cetim pretas.
Vida e morte de Salvatore
Em meados dos anos 1957, o design italiano já tinha desenhado cerca de 20 mil sapatos e patenteados 340 modelos. Infelizmente por vítima do câncer, Salvatore Farragamo morreu no dia 7 de agosto de 1960, mas o sucesso da marca não parou por aí.
A família do estilista continuou com o ateliê, cujo a empresa é mantida até hoje sede da marca, um prédio com estrutura medieval e localizado na Via Tornabuoni, erguido em 1289.
Salvatore foi casado com Wanda e juntos tiveram seis filhos. Tanto a mulher quanto os filhos herdaram do estilista o desejo de perfeição e mantiveram vivo o conceito do artista, continuando com a produção artesanal e reinterpretando os ícones tradicionais, lançando desde os anos 60, linhas de roupas voltadas para o público feminino, produtos feitos de couro e sapatos masculinos.
A partir desse momento, os produtos foram cada vez mais se diversificando. Teve lançamentos de acessórios para mulheres e homens, óculos, perfumes, cosméticos e lenços, que era uma das metas e sonhos do design italiano. Foi durante essa época que ocorreu importantes decisões para a marca com inaugurações de loja em 1995 na Seul, em 1994 na Xangai, em 1991 na Nagoia e em 1986 em Hong Kong.
O crescimento internacional da marca
A empresa cresceu constantemente e adquiriu a requintada marca francesa Emanuel Ungaro, em 1996. E a partir de 1997, gerencia um total de quatro hotéis localizados em Florença e um em Roma.
Três anos depois, a marca abriu a sua primeira loja na América Latina, no México. E alguns anos depois a Salvatore Ferragamo levou novas unidades para o mercado da Índia em 2006 e no Emirados Árabes Unidos em 2009. Ainda nesse mesmo ano, a marca levou o seu comércio eletrônico para o Estados Unidos e Europa e teve uma grande ampliação, sendo contada mais de 500 localizações da marca, que se inclui 19 dessas unidades abertas em aeroportos do mundo todo.
O crescimento da marca não parou por aí. No ano seguinte, os mercados asiáticos também entraram para o time, mais especificamente a China, que contabiliza hoje 91 lojas e que foi um dos principais mercados que revolucionou no faturamento da marca, levando a US$ 1 bilhão.
Ganhando ainda mais campo no mercado, inaugurou novas unidades em cidades como Johanesburgo, Doha, Cairo e Istambul. Na região brasileira, a luxuosa grife já estava presente desde 1990. O ponto de venda se encontrava no interior da antiga Daslu e logo depois progrediu para coners que foram especialmente personalizados dentro da Daslu. Em 2002, foi inaugurada a primeira unidade própria da marca italiana no shopping Iguatemi, em São Paulo.
A arte de Salvatore Ferragamo
O grande artista foi pioneiro na confecção de modelos de sapatos à mão em grande escala e de perfeita qualidade. E a mão de obra da sua fábrica em Florença, instalada desde 1927 continua trabalhando de forma impecável até os dias atuais.
Cada peça em couro é cortada a mão e o produto passa cinco dias sendo desenvolvido. Hoje em dia, a oficina confecciona cerca de 11 mil de sapatos no dia.
Os sapatos do design são inconfundíveis e quase impossível de encontrar um modelo que não fique perfeito nos pés. Estrelas como Carmem Miranda, Sophia Loren e Audrey Hepburn entram na lista de clientes assíduos da marca.
Outras celebridades como a eterna princesa e a estrela do pop americano Andy Warhol também entram como clientes fiéis da grife. Greta Garbo já chegou a fazer um pedido de 70 pares de uma só vez. Marlene Dietrich tinha uma tradição de nunca repetir mais de duas vezes um mesmo modelo.
As matérias-primas de Salvatore
O seu talento em trabalhar com os mais diversos materiais, além da habilidade e competência técnica e artística, fez com que a Salvatore Farragamo inovasse e consequentemente consagrasse novidades na linha de calçados. Entre as matérias-primas usadas pelo design estão:
Tecido elaborado e pintado à mão
Os modelos de sapatos eram elaborados em tecidos e em seguida levados até uma artista que desenhava sobre os mesmo uma imagem da escolha do usuário, como por exemplo cenas famosas de Roma, Nova York, Paris ou Londres, jogos de cartas, o animal favorito, castelos, árvores e entre outros.
O efeito sobre o produto era encantador e o preço baixo, levando em conta o alto padrão artístico. Não interessa quão simples era o sapato, as imagens eram o foco principal e transformavam a peça em um modelo exclusivo e único no mundo todo.
Materiais baratos
O estilista buscava os melhores materiais para as suas criações, mas o melhor nem sempre é o mais caro e em consequência da escassez do couro e outros materiais mais superiores, os materiais de baixo custo se tornaram muito comuns no mercado de vestuário e calçados na Segunda Guerra Mundial, em 1953.
E foi nesse momento que Salvatore Ferragamo demonstrou toda a sua habilidade e criatividade em trabalhar os mais variados materiais, criando algumas das suas mais inovadoras e belas obras de arte em forma de sapatos.
Os materiais se variam entre linho bordado, ráfia, fios de malha, algodão, lã, celofane, papel e cortiça.
O Couro
O design utilizava com grande frequência em suas obras o couro, especialmente o de cabra. A pele passava pelo tingimento de uma grande variedade de cores e se misturava com outros materiais como cetim e o couro de lagarto.
Peles exóticas
A demanda por peles exóticas cresceu abundantemente no final dos anos 20. E em algumas criações eram combinadas com instrumentos polidos, imitações de pele de cobra, camurças, cabra, couro de vitela, que se apresenta de forma regular nas inspirações do estilista entre 1920 e 1930.
Com o passar da crise após a guerra, os acessórios de peles fina, como lagarto e crocodilo e produtos de luxo voltaram para o mercado. Outras peles como zebra, girafa e jaguatirica foram usadas no final dos anos 50.
Plástico
Cada vez mais material como a resinas de vinil foram usadas para a confecção de acessórios e calçados, solados e saltos, por uma questão de flexibilidade, resistência e diversidade de cores.
Salvatore lançou a grande novidade da sola transparente com a utilização do vinil em 1955.
Escamas de peixe
Em 1920, muitas ferramentas foram buscadas para dar efeitos diversos para as peças. No final desse ano, foi descoberto o “couro do mar”, ou melhor, a “pele de peixe” que foi preparada de maneira cuidadosa devido o seu tamanho, que necessitava de muita habilidade na hora da utilização.
Salvatore Ferragamo usava a pele de um peixe que foi descoberto nas águas do norte em 1920. Mas com a Segunda Guerra Mundial o sea-leopard desapareceu e só retornou em 1954.
Solas e saltos brilhantes
Desde de 1920, saltos ou solas de aço e bronze foram usados pela grife para desenvolver belos sapatos. Porém, o grande auge e sucesso desse material foi nos anos 50. Cinco anos depois, a Salvatore Ferragamo lançou muitas criações importantes para marca, e uma das que entra nesse quesito é o salto metalizado em muitas cores, coberto com uma lâmina de alumínio.
A segunda se representava como um tipo de gaiola no calcanhar, leve, oca e muito resistente e a terceira era ainda mais elaborada, com um salto em pedras preciosas e raras, podendo ser em metal, prata ou ouro. Mas quando o design foi desafiado a construir o modelo mais caro entre as suas obras, ele criou o solado de metal, uma sandália em ouro 18 quilates.
Palha e ráfia
A utilização de fibras vegetais e palha na fabricação de sapatos não era exatamente uma grande inovação. Mas antes do design trazer de volta, o material já não tinha tanto uso em 1930. Ao se instalar na cidade, a fábrica de palha, um dos trabalhos mais prósperos de Florença, trouxe a inspiração do uso deste material para a confecção de calçados.
A preferida do design italiano era ráfia, uma fibra que vinha da folha de uma palmeira do leste africano, que Ferragamo explorava em suas invenções sofisticadas. A novidade foi trazer essa proposta para a trama da parte do dorso do pé, especialmente nas criações de verão.
A palha e a ráfia estavam em falta no ano de 1950. Foram trocadas pelas fibras sintéticas. O estilista beneficiou a dissipação de uma espécie de ráfia sintética, nomeada de “pontovo” e desenvolvida, principalmente, em Bonito, a cidade onde nasceu.
Celofane
Por causa das guerras, as fábricas de vestuário e calçado se viram obrigadas a substituir materiais para a produção dos produtos. E o primeiro e grande desafio do estilista foi descobrir o material perfeito para substituir a pele de cabra.
E foi em um domingo de manhã que surgiu uma grande ideia. Lembrou-se que sua mãe adorava chocolates e nesse dia tinha comprado uma caixa deles. E ao abrir os chocolates ficou fascinado com o papel transparente e pensou que acabara de encontrar o material ideal para substituir a pele de cabra.
A partir de então, foi o grande marco da história da marca!
Um talento único
A grande habilidade e criatividade do artista de criar e inovar cada vez mais mudou a história dos calçados, trazendo um enorme sucesso para a marca e para a moda italiana, sendo uma grande referência para inspirações de outros estilistas.
As criações de Ferragamo foram eternizadas por seus herdeiros, mais especificamente Fiamma, que criou e desenvolveu uma série de modelos de sapatos e acessórios que se transformariam nos emblemas mais reconhecidos e importantes da grife.
Até os dias atuais, cerca de 90% das confecções dos calçados é artesanal, o que consequentemente faz que não exista mais de um sapato igual. Ao dia, aproximadamente, 30 modelos são produzido por 30 colaboradores.
Cada peça tem em cerca 200 etapas para passar, precisando de, em média, cinco dias para a sua produção.
O museu Salvatore Ferragamo
O lugar é um espaço privado, que se dedica a contar à história da marca, a vida do artista e empreendedor e todas as suas invenções. Entre elas estão técnicas artesanais inovadoras.
O museu foi inaugurado em 1995 e o espaço foi fundado por iniciativa família Ferragamo, que tinha o objetivo de disponibilizar para todos os clientes, jovens, estudiosos, as habilidades artísticas e o marco que Salvatore deixou no histórico no segmento de calçados.
Em uma das suas pesquisas em relação a anatomia do pé ele criou o “método Ferragamo”, que foi uma técnica revolucionária no mundo do artesanato de calçados.
A localização do museu fica em Florença, na Itália, em um centro histórico da cidade, na Rua Tornabuoni e está instalado no segundo andar do Palácio Spini Feroni. É o lugar que se encontra o “formarino”, um artigo de formas em madeira dos pés mais importantes do mundo cinematográfico.
No primeiro andar do prédio é possível encontrar a loja Salvatore Ferragamo e pela porta principal encontra-se uma escada que dá o livre acesso ao ilustre museu, que conta de uma maneira única e exclusiva a história da carreira do artista com revistas, livros, patentes, fotografias e madeiras em forma de pés célebres. Conta também uma grande exposição bienal de linhas de sapatos com mais de 10 mil modelos.
O museu documenta o desenvolvimento da extensa trajetória do design desde a sua volta para a Itália até a sua morte (1927 a 1960). Demonstrando a competência artística e técnica do mesmo, desde o desenho até a experimentação dos materiais, que foi importante na construção do conceito “made in Italy” no mundo todo.
Algumas das criações ilustram o contato de outros artistas da época com o mestre Salvatore. Entre eles é possível citar o pintor Lucio Venna, que é autor de quatro criações da marca. Outros modelos demonstram ainda a grande busca pela perfeição do produto no pé e na inovação de materiais, que começou com a sola de cunha de cortiça que foi registrada em 1936 e em seguida copiada por marcas do mundo todo.
Não foi à toa que Ferragamo escolheu Florença para se instalar após sua volta dos Estados Unidos. Questões que contribuíram para essa escolha foi o artesanato ativo, monumentos, seu passado e suas belezas que não representam apenas a Itália, mas o resto do mundo também.
A cidade é um sinônimo de estilo, elegância italiana e da arte. Para alguém como Salvatore, que queria construir seu império a partir de atividade artística, não poderia ter feito escolha melhor. Por essas questões a cidade que fica na Itália é uma parte importante na cultura da marca, assim como o Palácio Spini Feroni, onde se localiza a sede do museu.
Salvatore Ferragamo no mundo
Nos dias atuais, a grife tem em torno de 662 lojas que estão localizadas em aproximadamente 90 países. Conta com uma grande diversidade produtos, entre eles estão os perfumes masculinos e femininos, relógios, óculos, gravatas, echarpes, bolsas, roupas e claro, os famosos sapatos.
O seu faturamento registrado em 2015 chega a superar €1.4 bilhões. Hoje, a Salvatore Ferragamo é um dos mais importantes impérios da moda italiana. Os sapatos representam 42% dos lucros. Em seguida são os produtos de couro e bolsas com 37%.
A região da Ásia-Pacífico tem uma representação mundial de 36.1% das vendas e a Europa com 26.6%, na América do Norte esse percentual é de 23.3% e o Japão responde por 8.9% das vendas da grife.
Os perfumes e todos os outros produtos da marca são “Made in Italy’’ e atravessam o mundo no segmento de 15.000 perfumarias, que vendem Salvatore Ferragamo.
A linha do tempo
1920: Lançamento das sandálias romanas que se amarravam nos tornozelos com tiras.
1938: Foi a vez da Maharani, uma sandália inspirada na princesa Indira Devi, Cooch Behar. O nome dessa criação veio da Índia e significa mulher do marajá. Nesse mesmo ano, a criação Rainbow foi lançada no mercado. Uma sandália entrelaçada em várias camadas, feitas de camurça colorida e foi usada pela atriz Judy Garland.
1948: Inauguração da primeira loja em Nova York, nos Estados Unidos.
1949: Foi lançada no mercado a primeira bolsa da marca.
1955: Foi a vez dos primeiros lenços de seda da marca serem lançados no mercado.
1958: Lançamento da primeira bolsa que apareceu com o nome Gancini, que logo depois se transformaria em uma das marcas registradas da Salvatore Ferragamo.
1965: Foi a vez da primeira coleção de produtos de couro e da primeira linha de roupas femininas a serem lançadas.
1970: Os primeiros sapatos voltados para o público masculino foram lançados.
1978: O Vara, que era um modelo de sapato feminino foi lançado. O produto possuía um bico arredondado e com um laço na parte da frente. Logo se transformaria no sapato mais famoso da grife. Em 2008 foi criada uma versão de sapatilha deste modelo, nomeada de Varina e os dois modelos são vendido até os dias atuais.
1998: Parceria com a Luxttica. Ccom isso surgiu o lançamento da primeira coleção de óculos solares e armações de receituário. Nesse mesmo ano, a criação de um perfume feminino ganhou a atenção da marca, o Salvatore Ferragamo Pour Femme.
2002: Lançamento do Subtil, um perfume masculino.
2003: Lançamento oficial do Incanto, uma fragrância da marca. Foi lançado, neste mesmo ano, os primeiros produtos para o corpo e cosméticos.
2004: Foi realizado o lançamento do Picnic. Uma linha de óculos que teve como referência um memorável par de sapatos que foi criado em 1938, revestido de ráfia bordadas à mão e flores coloridas. Nesse ano também foi feita a introdução da técnica personalizada de confecção de sapatos masculinos sob medida.
2006: O F by Ferragamo foi lançado no mercado, um perfume feminino e a sua versão masculina tinha data prevista para o próximo ano.
2007 o F for Fascinating, um perfume voltado para o público masculino foi lançado. Durante esse mesmo ano, o Preziosi, que significa precioso, foi lançado. Um gama de óculos solares e armações que continham aplicações de pedras semipreciosas em forma de gota nas hastes.
2008: Foi a vez de uma luxuosa coleção de relógios da grife serem lançados. Também lançou um perfume unissex, uma fragrância que é desenvolvida sob forma de produtos para banho, especialmente para quem voa pela Singapore Airlines a partir de 2006. Foi chamado de Tuscan Soul.
2009: Foi a vez do Eco Ferragamo, uma coleção de bolsas que era produzida através de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro era pintado com uma tinta derivada da casca de árvores através de um método certificado pelo Instituto Alemão SG. Um grande diferencial desse produto foi que elas eram resistentes a água e biodegradáveis. A grife resolveu revestir as bolsas dessa coleção com cânhamo fiado à mão, pois o material não requer uso de pesticidas e é bem resistente. A coleção compõe cerca de cinco modelos de bolsas, sendo elas nas cores: rosa, amarelo limão e tabaco.
2010: O Attimo foi lançado, um perfume feminino e o nome significa “instante” do italiano. Durante esse mesmo ano o projeto Red Carpet foi construído e lançado. O objetivo da proposta é oferecer aos clientes a oportunidade de personalizar seus sapatos, podendo escolher entre seis modelos desde escarpins a sandálias. São 23 cores de cetim para a clientela escolher e um monograma personalizado. O desenvolvimento desse processo leva em torno de seis semanas.
2012: O Signorina foi lançado, um perfume feminino.
2015: Foi a vez do Emozione, um perfume feminino. ganhar as prateleiras.
Curiosidades da marca
– Foi a Salvatore Ferragamo que registrou a primeira patente, em 1937, de uma criação de moda.
– Quando Madonna viveu Evita no cinema em 1996, um filme de Alan Parker, todos os sapatos usados pela personagem são assinados pela Salvatore Ferragamo.
– Os hotéis de luxo da família são conhecidos como Lungarno Hotels Collection, sendo quatro localizações em Florença e uma em Roma. Na Capital da Itália, o Portrait Suites é o mais novo hotel e sua estrutura interior conta a história do design italiano. Em foco de um público mais jovem e descolado, o Gallery Hotel Art une fotografias e arte no lobby. Com uma vista espetacular para o Rio Arno, o Hotel Lungarno oferece essa bela visão em todos os seus espaços. O hotel que transmite uma sensação de estar em um apartamento florentino é o Lungarno Suites. E para finalizar o Continentale traz a inspiração dos anos 50 para os românticos. Essa coleção ainda compõe uma vila nos arredores da cidade, a Villa Le Rose, que está disponibilizada para alugação e um veleiro que contém quatro suítes e tripulação, localizado na costa da Toscana.
Fonte: Etiqueta Única, "Salvatore Ferragamo – o empreendedor de um grande sucesso". Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.
Crédito fotográfico: Logo Salvatore. Consultado pela última vez em 7 de abril de 2022.