Anita Catarina Malfatti (São Paulo, SP, 2 de dezembro de 1889 — idem, 6 de novembro de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora ítalo-brasileira.
Biografia
Mais conhecida por fazer parte da Semana de Arte Moderna (1922), Anita Malfatti é considerada a primeira representante do modernismo no Brasil. Filha de um italiano e uma norte-americana, estudou pintura na Europa (1910) e nos Estados Unidos (1914) no período em que a arte moderna ganhava força no velho continente. Sua obra, desvinculada do academicismo, não foi bem recebida no Brasil.
Depois de retornar ao país, já consagrada, Anita organizou uma exposição individual (1917), pela qual foi duramente criticada. Em artigo publicado n'O Estado de São Paulo, Monteiro Lobato, crítico de arte na época escreveu: “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas (…). A outra formada pelos que vêem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (…) Essas considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia”.
O resultado foi rejeição por parte da elite paulistana, com obras devolvidas e mesmo uma tentativa de agressão à artista. Tais acontecimentos fazem de Malfatti uma das figuras mais controvertidas da história da arte nacional, muito embora isso se deva ao seu pioneirismo.
Além da estética rebelde e do gosto pela figura humana, chama atenção em seus trabalhos o uso da cor para exprimir emoção. Um exemplo, e uma de suas principais obras, é O Homem de Sete Cores, onde aplicou as tintas diretamente na tela, sem misturá-las na paleta. O quadro remete à natureza brasileira, tanto nos tons escolhidos quanto pela presença de folhas de bananeira e um girassol.
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Biografia Itaú Cultural
Inicia seu aprendizado artístico com a mãe, Bety Malfatti (1866 - 1952). Devido a uma atrofia congênita no braço e na mão direita, utiliza a esquerda para pintar. No ano de 1909, pinta algumas obras, entre elas a chamada Primeira Tela de Anita Malfatti. Reside na Alemanha entre 1910 e 1914, onde tem contato com a arte dos museus, freqüenta por um ano a Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim, e posteriormente estuda com Fritz Burger-Mühlfeld (1867 - 1927), Lovis Corinth (1858 - 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Nesse período também se dedica ao estudo da gravura. De 1915 a 1916 reside em Nova York e tem aulas com George Brant Bridgman (1864 - 1943), Dimitri Romanoffsky (s.d. - 1971) e Dodge, na Arts Students League of New York, e com Homer Boss (1882 - 1956), na Independent School of Art. Sua primeira individual acontece em São Paulo, em 1914, no Mappin Stores, mas é a partir de 1917 que se torna conhecida quando em uma exposição protagonizada pela artista - em que também expunham artistas norte-americanos - recebe críticas de Monteiro Lobato (1882 - 1948) no artigo A Propósito da Exposição Malfatti, mais tarde transcrito em livro com o título Paranóia ou Mistificação? Em sua defesa, Oswald de Andrade (1890 - 1954) publica, em 1918, artigo no Jornal do Comércio. Estuda pintura com Pedro Alexandrino (1856 - 1942) e com Georg Elpons (1865 - 1939) exercita-se no modelo nu. Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna expondo 20 trabalhos, entre eles O Homem Amarelo (1915/1916) e integra, ao lado de Tarsila do Amaral (1886 - 1973), Mário de Andrade (1893 - 1945), Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Menotti Del Pichia (1892 - 1988), o Grupo dos Cinco. No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e parte para Paris, onde é aluna de Maurice Denis (1870 - 1943), freqüenta cursos livres de arte e mantém contatos com Fernand Léger (1881 - 1955), Henri Matisse (1869 - 1954) e Tsugouharu Foujita (1886 - 1968). Retorna ao Brasil em 1928 e leciona desenho e pintura no Mackenzie College, na Escola Normal Americana, na Associação Cívica Feminina e em seu ateliê. Na década de 1930, em São Paulo, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna - SPAM, a Família Artística Paulista - FAP e participa do Salão Revolucionário. A primeira retrospectiva acontece em 1949, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Em 1951, participa do 1º Salão Paulista de Arte Moderna e da 1ª Bienal Internacional de São Paulo.
Análise
Anita Malfatti inicia, bem jovem, o aprendizado em artes com a mãe, Bety Malfatti (1866 - 1952). Aos 20 anos, procura aperfeiçoar seus estudos na Europa. Graças à ajuda financeira de seu tio o engenheiro-arquiteto George Krug (1869 - 1919), consegue mudar-se para Alemanha e ingressar na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim. Nessa cidade a artista ganha familiaridade com as coleções dos museus e das galerias. A Alemanha, em 1910, vive uma efervescência do expressionismo, que mobiliza a produção nacional e o debate em torno dela.
No primeiro ano, Anita toma contato com toda a agitação modernista, visitando as exposições com grande curiosidade, mas seus estudos são ainda bastante tradicionais. Na academia ela tem aulas de desenho, perspectiva e história da arte. O interesse pelas novas linguagens se amplia nas aulas particulares que tem com o professor Fritz Burger-Mühlfeld (1867 - 1927). Este artista, ligado ao pós-impressionismo alemão, lhe oferece possibilidades artísticas além das abordagens tradicionais. A presença do modernismo em sua formação é acentuada nos cursos com Lovis Corinth (1858 - 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Em 1912, ao visitar a grande retrospectiva de arte moderna Sonderbund em Colônia, Anita já se familiarizara com a produção moderna. Nos retratos pintados pela artista no período transparecem o aprendizado das novas poéticas. O contorno clássico prevalece, mas as cores são usadas de modo expressivo, demonstram uma movimentação maior e mais contrastada que a do desenho. Embora não entrem em conflito com as formas, é perceptível que os elementos operam em dinâmicas distintas. Anita expõe esses quadros em sua primeira individual, em 1914, depois de retornar a São Paulo.
Em 1915, a artista parte para mais um período de estudos, desta vez nos Estados Unidos, onde tem aulas com Homer Boss (1882 - 1956) na Independent School of Art. A convivência com este professor americano e com o clima vanguardista da escola irá levar adiante o desenvolvimento da liberdade moderna cultivada na Alemanha. É aí que ela realiza seus trabalhos mais conhecidos, como O Farol (1915), Torso/Ritmo (1915/1916) e O Homem Amarelo (1915/1916). Nesses quadros, o desenho perde o compromisso com a verossimilhança clássica e ganha sentido mais interpretativo. Por vezes, o contorno grosso e sinuoso apresenta as figuras como uma massa pesada e volumosa. Em outros trabalhos, com o traço mais fechado, a cor é aplainada e compõe retratos e paisagens livres, pela articulação de superfícies em cores contrastantes.
No Brasil, em 1917, a artista associa essa liberdade de compor com formas à crítica nacionalista aos modelos importados de representação. Pinturas como Tropical (1917), originalmente intitulada Negra Baiana, e Caboclinha (1907) fazem parte desse esforço. Todas essas pinturas são reunidas em sua segunda individual: Exposição de Arte Moderna, em dezembro de 1917. A mostra tem repercussões decisivas para o seu trabalho. As reações são diversas. Se por um lado a exposição anima uma aproximação dos artistas e intelectuais que, mais tarde, realizariam em São Paulo a Semana de Arte Moderna de 1922, por outro ela vira alvo de uma reação violenta às linguagens modernas. As posições contrárias às vanguardas de origem européia, que têm como maior expoente Monteiro Lobato (1882 - 1948), consideram a exposição um desperdício do talento de Anita, que se entregava a estrangeirismos deslumbrados e mistificadores.
Tal reação, para alguns, irá abalar a confiança da artista, causando impacto violento em sua carreira; para outros, Anita já vinha oscilando esquemas formais mais realistas e soluções mais próximas do modernismo internacional. Depois da exposição de 1917, ela se aproxima da linguagem tradicional e faz aulas com o acadêmico Pedro Alexandrino (1856 - 1942). Seus trabalhos também se tornam mais realistas. Encorajada pelo grupo que iria realizar a Semana de Arte Moderna, como Menotti Del Pichia (1892 - 1988), Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Mário de Andrade (1893 - 1945), Anita, por volta de 1921, interessa-se novamente pelas linguagens de vanguarda. Na Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922, a artista expõe novamente as telas mostradas em 1917 junto com novos trabalhos modernistas, sendo considerada por Sérgio Milliet (1898 - 1966) a maior artista da exposição.
Em 1923, Anita conquista finalmente a bolsa do Pensionato Artístico do Estado - que não havia conseguido com a exposição de 1914 - e segue para Paris, onde permanece por cinco anos. Em sua estada, ela toma distância de posições polêmicas da vanguarda. Pinta cenas de interiores como Interior de Mônaco e La Rentrée, e se aproxima do fauvismo e da simplicidade da pintura primitiva. A artista não nega o modernismo, mas evita o que ele tem de ruptura. Ao voltar para o Brasil, em 1928, interessa-se por temas regionalistas e se volta às formas tradicionais, como a pintura renascentista e a arte Naïf.
O interesse por uma pintura mais fluente e descompromissada aproxima Anita do grupo de pintores da Família Artística Paulista - FAP. Ela se identifica com a busca de uma pintura espontânea e bem-feita, não presa a modelos consagrados nem perdida no desejo de inovação. Dos anos 40 em diante, a artista passa a pintar, cada vez mais, cenas da vida popular. Nos anos 50, o popular não é só tema, mas também passa a ser incorporado nas formas, influenciado pela arte não culta. Em 1963, um ano antes de falecer, realiza uma individual na Casa do Artista Plástico e ganha uma retrospectiva de seu trabalho na 7ª Bienal Internacional de São Paulo. É a última homenagem que recebe em vida.
Críticas
"Com Anita Malfatti desapareceu a personalidade historicamente mais importante do movimento modernista. Já é fato sabido, registrado em tantos pronunciamentos, que sua exposição de 1917 se constituiu na abertura de um apaixonado debate, até então desconhecido no país, entre as velhas concepções estéticas e as novas tendências, já vitoriosas nos grandes centros artísticos universais. Por isso, em outra oportunidade, chamamo-la de 'exposição insurrecional'. E foi sem dúvida a violência da reação, dos ataques que lhe foram então dirigidos, que determinou dialeticamente a necessidade da arregimentação dos elementos dispersos, partidários das idéias renovadoras, o que veio afinal desembocar na Semana de Arte Moderna, de 1922".
Paulo Mendes de Almeida (Mario de Andrade e a "sensitiva do Brasil". In: De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva: Diâmetros Empreendimentos, 1976. cap. 2, p. 17.)
"Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes através de uma obra torcida para má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes. Percebe-se de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é independente, como é original, como é inventiva, em alto grau possui um sem-número de qualidades inatas e adquiridas das mais fecundas para construir uma sólida individualidade artística. Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios dum impressionismo (sic) discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura. Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma - caricatura que não visa, como a primitiva, ressaltar uma idéia cômica, mas sim desnortear, aparvalhar o espectador. A fisionomia de quem sai de uma destas exposições é das mais sugestivas. Nenhuma impressão de prazer, ou de beleza, denunciam as caras; em todas, porém, se lê o desapontamento de quem está incerto, duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de racioconar, e muito desconfiado de que o mistificam habilmente(...)".
Monteiro Lobato (A propósito da exposição Malfatti. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p.165. - Texto extraído do artigo A propósito da exposição Malfatti, escrito em 1917)
"Possuidora de uma alta consciência do que faz, levada por um notával instinto para a apaixonada eleição dos seus assuntos e da sua maneira, a vibrante artista não temeu levantar com os seus cinqüenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes hostilidades. Era natural que elas surgissem no acanhamento da nossa vida artística. A impressão inicial que produzem os seus quadros é de originalidade e de diferente visão. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas exposições de pintura. A sua arte é a negação da cópia, a ojeriza da oleografia".
Oswald de Andrade (A Exposição Anita Malfatti. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo. v. 1. p.175. - Texto publicado originalmente no Jornal do Commércio em 11 de janeiro de 1918)
"Monteiro Lobato - estilo clava, estilo pelúcia - tem no diabólico prestígio da sua pena um mágico poder de sedução às vezes perigosos. Com tais artimanhas tece os seus períodos, que o nosso espírito nele se enrosca, se prende; é como visgo para pássaros inexpertos; é como um aranhol para mosquitos incautos...Caí, a respeito de Anita Malfatti, no visgo do seu estilo e, preso por ele, julguei, com o critério de Lobato, sem ver todas as obras da artista, toda a obra dela." Comigo milhares de paulistas, aprioristicamente, assim julgaram essa mulher singular, que, quando não tivesse outro mérito, teria o de haver rompido, com audácia de arte independente e nova, a nossa sonolência de retardatários e paralíticos da pintura....Quando defrontei as telas de Anita, comecei a maturar se a acidez de Lobato era justa, e acabei achando-o cruel e exagerado na formidável catilinária que pespegou na nossa brilhante patrícia..."
Menotti del Picchia (Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p. 213 - Texto publicado no Correio Paulistano em novembro de 1920)
"Anita Malfatti antecedeu, em diversos anos, o primeiro grupo de vanguarda de modernistas brasileiros, que vem dar suas contribuições característicamente modernas a partir de 1923, quando iniciam as fases mais importantes de suas carrieras. O aparecimento prematuro e isolado da expressionoista brasileira contribuiu para sua desestruturação, enquanto que, para o meio, foi da maior utilidade, sendo um dos fatores que o fez entrar em fermentação".
Marta Rossetti Batista (Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1.p.255)
"Depois da exposição Anita se retirou. Foi para casa e desapareceu, ferida. Mulher que sofre, diria depois Mário de Andrade. Poderíamos dizer que também os primeiros adeptos 'se retiraram', para uma lenta assimilação do 'novo' - levariam anos para passar daquela 'intuição divinatória' à construção de sua própria linguagem, mais característica do século XX. Depois da exposição, da agressão às telas, da devolução dos quadros - e enquanto os futuros modernistas se atualizavam para depois eclodir com força - a pintora, cercada de uma aura de 'maldita', viu sua obra ser silenciada. Ela confessaria mais tarde: 'Então começou o peso do ostracismo. Todo o meu trabalho ficou cortado - alunas, vendas de quadros, e começaram as brigas nos jornais'. Anita Malfatti conhecia agora toda a extensão do fosso que separava as suas obras das acadêmicas locais, pudera avaliar a distância entre as idéias e preocupações artísticas e a realidade do meio intelectual paulistano. Ficou sabendo que não poderiam estimular, compreender, e nem mesmo aceitar 'aquelas coisas dantescas' - violara com elas praticamente todos os padrões da arte acadêmica, e ainda alguns sociais".
Marta Rossetti Batista (Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p.196)
"Resultado de um fenômeno mais comum do que ainda hoje se imagina no Brasil, a partir da eclosão da I Guerra Mundial vários artistas da vanguarda internacional passaram por um processo de recuperação dos valores da arte anteriores às experimentações estéticas dos primeiros anos do século XX. Alguns, como Picasso e Matisse, enveredaram pela grande tradição da arte européia, sem esquecerem os ensinamentos basilares de Cézanne. Outros, como Derain e Severini, investiram fundo nessa 'implosão', recuperando uma visualidade que às vezes resvalou para um naturalismo de qualidade discutível. Mario Sironi e Carlo Carrà - igualmente sem esquecer Cézanne - preferiram resgatar valores estéticos do primeiro Renascimento. Se Nestor Pestana tivesse visto os desenhos que Malfatti produziu em Paris nos anos 20 - alguns dos quais presentes nessa exposição -, sem dúvida acreditaria que a artista, na encruzilhada percebida em Tropical, havia optado pela senda dos 'abacaxis tão bem acabados'. Logicamente, nesses desenhos não se percebe de forma alguma a artista presa a qualquer surto naturalista radical. Mas, indubitavelmente, ali a linha já não configura mais a forma através de frêmitos expressivos, registros nervosos da ação da artista sobre a matéria do mundo. Anita Malfatti, em seu longo processo de retorno a uma suposta ordem perene da arte, tem nesses desenhos um dos pontos mais altos de sua obra. Neles, a nobre simplicidade e a grandeza serena requeridas por Winckelmann para a obra de arte (e reclamadas por Pestana, Lobato e outros críticos paulistanos) são recuperadas por um traço ainda sensível, porém disciplinado pela observação do caráter linear das obras de artistas como Ingres. Como Picasso e Matisse, Malfatti soube captar na produção daquele mestre francês do século XIX a sensualidade sutil da linha, construindo a forma sem sobressaltos, com absoluta objetividade e requinte. Soube plasmar à expressão interior os códigos da linguagem gráfica mais pura, obtendo não mais registros de uma ação circunstancial, cheia de drama, mas formas que aspiram à eternidade ideal".
Tadeu Chiarelli (Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999. p. 165-167.)
Depoimentos Anita Malfatti
"Quando cheguei à Europa, vi pela primeira vez a pintura. Quando visitei os museus fiquei tonta. Comecei a querer descobrir no que os grandes santos das escolas italianas eram diferentes dos santinhos dos colégios. Tanto me encantavam uns quanto os outros. Fiquei infeliz porque a emoção não era de deslumbramento, mas de perturbação e de infinito cansaço diante do desconhecido. Assim passei semanas voltando diariamente ao Museu de Dresde. Em Berlim continuei a busca e comecei a desenhar. Desenhei seis meses dia e noite. Um belo dia fui com uma colega ver uma grande exposição de pintura moderna. Eram quadros grandes. Havia emprego de quilos de tinta e de todas as cores. Um jogo formidável. Uma confusão, um arrebatamento, cada acidente de forma pintado com todas as cores. O artista não havia tomado tempo para misturar as cores, o que para mim foi uma revelação e minha primeira descoberta. Pensei, o artista está certo. A luz do sol é composta de três cores primárias e quatro derivadas. Os objetos se acusam só quando saem da sombra, isto é, quando envolvidos na luz. Tudo é resultado da luz que os acusa, participando de todas as cores. Comecei a ver tudo acusado por todas as cores. Nada nesse mundo é incolor ou sem luz. Procurei o homem de todas as cores, Lovis Corinth, e dentro de uma semana comecei a trabalhar na aula desse professor. Comprei incontinente uma porção de tintas, e a festa começou. Continuava a ter medo da grande pintura como se tem medo de um cálculo integral".
Anita Malfatti (BATISTA, Marta Rossetti (Org. ); LOPEZ, Telé Ancona (Org. ); LIMA, Yvone Soares de (Org. ). Brasil: 1º tempo modernista 1917/25: documentação. São Paulo: IEB: USP, 1972, p. 41.)
Acervos
Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. - São Paulo SP
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil. - São Paulo SP
Casa Guilherme de Almeida - São Paulo SP
Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP - São Paulo SP
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte Brasileira - MAB/Faap - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Exposições Individuais
1914 - São Paulo SP - Primeira Individual, no Mappin Stores
1917 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti, na Rua Líbero Badaró nº 111
1920 - São Paulo SP - Individual, no Clube Comercial
1921 - Santos SP - Individual, no Vestíbulo do Politeama Rio Branco
1926 - Paris (França) - Individual, na Galerie André
1929 - São Paulo SP - Individual, na Rua Líbero Badaró nº 20 - sobreloja
1935 - São Paulo SP - Individual, no Palácio das Arcadas
1937 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1938 - São Paulo SP - Individual, na Exposição de Arte e Decoração
1938 - São Paulo SP - Individual, na Rua Ceará, 219 (Atelier da Artista)
1945 - São Paulo SP - Individual, no IAB/SP
1949 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Masp
1950 - São Paulo SP - Individual,na Rua Ceará, 219 (Atelier da Artista)
1955 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1957 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa do Quadragésimo Aniversário da Exposição de 1917, no Clubinho
1963 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico
Exposições Coletivas
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1917 - São Paulo SP - Exposição do Saci, na Rua Líbero Badaró nº 111
1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - São Paulo SP - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, no Palácio das Indústrias
1922 - São Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Theatro Municipal
1923 - Paris (França) - Exposição de Artistas Brasileiros, na Maison de L'Amérique Latine
1924 - Paris (França) - 17º Salão de Outono, no Grand Palais
1924 - Paris (França) - Exposition d'Art Latin Américain, no Musée Galleria
1925 - Paris (França) - 18º Salão de Outono, no Grand Palais
1926 - Paris (França) - 19º Salão de Outono, no Palais de Bois
1926 - Paris (França) - 37ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Palais de Bois
1926 - Paris (França) - Salon du Franc, no Musée Galliera
1927 - Paris (França) - 20º Salão de Outono, no Grand Palais
1927 - Paris (França) - 38ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Grand Palais
1927 - Paris (França) - 5º Salon des Tuileries, no Palais de Bois
1928 - Paris (França) - 39ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Grand Palais
1930 - Nova York (Estados Unidos) - International Art Center, no Nicholas Roerich Museum
1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no Nicholas Roerich Museum
1930 - São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista
1931 - Rio de Janeiro RJ - Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro, na Rua Toneleros
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, no Palacete Campinas
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Belas Artes
1935 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Belas Artes
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - São Paulo SP - 1º Salão da Família Artística Paulista, no Esplanada Hotel de São Paulo
1938 - São Paulo SP - 4º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1939 - São Paulo SP - 2º Salão da Família Artística Paulista, no Automóvel Clube
1939 - São Paulo SP - 3º Salão de Maio, na Galeria Itá
1939 - São Paulo SP - 5º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1940 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Família Artística Paulista, no Palace Hotel
1941 - São Paulo SP - 6º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1941 - São Paulo SP - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias, no Parque da Água Branca
1943 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e Diplomático. Palácio Itamaraty
1943 - São Paulo SP - 8º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1943 - São Paulo SP - Exposição Anti-Eixo, na Galeria Prestes Maia
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artes Plásticas, no ABI
1944 - São Paulo SP - 9º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1944 - São Paulo SP - Anita Malfati, Clóvis Graciano, Hilde Weber, Nelson Nóbrega, Francisco Rebolo, na Galeria Jaraguá
1944 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Brasileira-Norte-Americana, na Galeria Prestes Maia
1945 - São Paulo SP - Anita Malfati, Virgínia Artigas, Clóvis Graciano, Mick Carnicelli, Oswald de Andrade Filho, José Pancetti, Carlos Prado, Francisco Rebolo, Quirino da Silva, Alfredo Volpi, Mario Zanini, na Galeria Itapetininga
1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1946 - São Paulo SP - Exposição de Desenhos Originais de Artistas de São Paulo, NA Biblioteca Municipal Alceu Amoroso Lima
1946 - São Paulo SP - Homenagem Póstuma a Mário de Andrade, na Galeria Itá
1948 - São Paulo SP - Exposição de Artes Plásticas de Pintoras e Escultoras de São Paulo, no Theatro Municipal
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1952 - Santiago (Chile) - Exposición de Pintura, Dibujos y Grabados Contemporáneos del Brasil, na Universidad de Chile. Museo de Arte Contemporáneo
1952 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 22, no MAM/SP
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Atibaia SP - 1ª Exposição Oficial de Pintura, no Clube Recreativo Atibaiense
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Moderno
1957 - Lima (Peru) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte de Lima
1957 - Rosario (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino
1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Contemporáneo
1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas do País, no MAM/SP
1962 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 22, na Petite Galerie
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Pequeno Tamanho, na Galeria Bonino
Exposições Póstumas
1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - homenagem póstuma
1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na Yale University Art Gallery
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1971 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAB-Faap
1972 - Rio de Janeiro RJ - 50 Anos de Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Ibeu Copacabana
1972 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Centro de Artes Novo Mundo
1972 - São Paulo SP - Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp
1973 - São Paulo SP - Retrospectiva, no MAC/USP
1974 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1975 - São Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall
1975 - São Paulo SP - O Tema é Mulher, na Azulão Galeria
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall
1976 - Paris (França) - Brasil: artistas do século XX, na Artcurial
1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira no Século XX: caminhos e tendências, na Galeria Arte Global
1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira: figuras e movimentos, na Galeria Arte Global
1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall
1977 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAC/USP
1978 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1978 - São Paulo SP - A Paisagem na Coleção da Pinacoteca: Do Século XIX aos Anos 40, na Pinacoteca do Estado
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB-Faap
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - SPAM: a história de um sonho, no Museu Lasar Segall
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro de Artista no Brasil, no CCSP
1986 - Rio de Janeiro RJ - Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial
1986 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1986 - São Paulo SP - Seis Tempos: 80 anos, na Pinacoteca do Estado
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado
1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/USP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAC/USP
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - Retrospectiva em comemoração do centenário de nascimento da artista, no IEB/USP
1990 - São Paulo SP - A Coleção de Arte do Município de São Paulo, no Masp
1990 - São Paulo SP - Anita e Oswald de Volta ao Parque, na Associação Pró Parque Modernista
1991 - São Paulo SP - O Desejo na Academia: 1847-1916, na Pinacoteca do Estado
1991 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Espaço de Arte José Duarte Aguiar e Ricardo Camargo
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa da Cultura
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1992 - São Paulo SP - A Formação do olhar modernista, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa de Cultura
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB-Faap
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi
1995 - São Paulo SP - Modernismo Paris Anos 20: vivências e convivências, no MAC/USP
1995 - São Paulo SP - Nús: desenhos de Anita Malfatti, na Galeria Sinduscon
1996 - Rio de Janeiro RJ - Anita Malfatti e Seu Tempo, no CCBB
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920 - 1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1997 - São Paulo SP - Mário de Andrade e o Grupo Modernista, no Centro Cultural e de Estudos Aúthos Paganos
1997 - São Paulo SP - Mestres do Expressionismo no Brasil, no Masp
1997 - São Paulo SP - O Toque Revelador: retratos e auto-retratos, no MAC/USP
1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB
1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1998 - São Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB-Faap
1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no MAB-Faap. Salão Cultural
1999 - São Paulo SP - O Brasil no Século da Arte, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2000 - Belém PA - Arte Pará 2000, no Museu de Arte Sacra
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa
2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil-brasis: cousas notaveis e espantosas. Olhares Modernistas, no Museu do Chiado
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - 7º Salão de Arte e Antiguidades, na A Hebraica
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB-Faap
2000 - São Paulo SP - Ars Erótica: sexo e erotismo na arte brasileira, no MAM/SP
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - O Papel da Arte, no Galeria de Arte do Sesi
2000 - São Paulo SP - Um Certo Ponto de Vista: Pietro Maria Bardi 100 anos, na Pinacoteca do Estado
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - Rio de Janeiro RJ - Coleções do Moderno: Hecilda e Sergio Fadel na Chácara do Céu, nos Museus Castro Maya. Museu da Chácara do Céu
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - Auto-Retrato o Espelho do Artista, na Galeria de Arte do Sesi
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB-Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - São Paulo SP - Uma viagem com Anita. A festa da forma e da cor, no MAB-Faap
2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Centro Cultural da Caixa
2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arquipélagos: o universo plural do MAM, no MAM/RJ
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - 22 e a Idéia do Moderno, no MAC/USP
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB-Faap
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Ribeirão Preto SP - Anos 20: A Modernidade Emergente, no Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Pintores do Litoral Paulista, na Sociarte
2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB-Faap
2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2004 - Madri (Espanha) - Arco/2004, no Parque Ferial Juan Carlos I
2004 - Rio de Janeiro RJ - A Face Icônica da Arte Brasileira, no MAM/RJ
2004 - São Paulo SP - Individual, no Conjunto Cultural da Caixa
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Obras-Primas de Anita Malfatti, no Espaço Cultural BM&F
2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor
2005 - Rio de Janeiro RJ - Obras-primas da Arte Brasileira, no Centro de Exposições do Rio Design Barra
2005 - São Paulo SP - 100 Anos da Pinacoteca: a formação de um acervo, na Galeria de Arte do Sesi
2005 - São Paulo SP - Anita Malfatti Gravadora - Uma Recuperação, no IE/USP
2005 - São Paulo SP - Erotica: os sentidos na arte, no Centro Cultural Banco do Brasil
2005 - São Paulo SP - Faces de Mário, no IEB/USP
2006 - Rio de Janeiro RJ - Erotica: os sentidos na arte, no Centro Cultural Banco do Brasil
2006 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950, no Museu de Arte Moderna
2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - O Olhar Modernista de JK, no MAB-FAAP
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, no Museu de Arte de São Paulo
2006 - São Paulo SP - Manobras Radicais, no Centro Cultural Banco do Brasil
2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado
2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna da Bahia
2007 - São Paulo SP - Anita Malfatti Gravadora - Uma Recuperação, na Casa de Dona Yayá
2007 - São Paulo SP - Brasil, Várias Vezes Moderno, no Espaço Arte MorumbiShopping
2008 - São Paulo SP - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno, no Museu de Arte de São Paulo
2008 - São Paulo SP - Acervo BM&FBOVESPA, no Espaço Cultural BM&FBovespa
2008 - São Paulo SP - Brasil Brasileiro, no Centro Cultural Banco do Brasil
2008 - São Paulo SP - Laços do Olhar, no Instituto Tomie Ohtake
2008 - São Paulo SP - MAM 60, na Oca
2009 - São Paulo SP - A Arte Sacra de Anita Malfatti, no Museu de Arte Sacra
2009 - Rio de Janeiro RJ - Brasil Brasileiro, Centro Cultural Banco do Brasil
2009 - São Paulo SP - Recentes na Coleção, Museu de Arte Brasileira
2009 - São Paulo SP - Nus, Galeria Fortes Vilaça
2009 - São Paulo SP - Arte na França 1860-1960: o Realismo, Museu de Arte de São Paulo
2009 - São Paulo SP - Olhar da Crítica: Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios, Palácio dos Bandeirantes
2009 - São Paulo SP - Tesouros da Coleção Roberto Marinho, Espaço Cultural BM&FBovespa
2009 - São Paulo SP - Modernos de Sempre, na Dan Galeria
2010 - São Paulo SP - Genealogias do Contemporâneo, Museu de Arte Moderna
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
2010 - Brasília DF - Anita Malfatti: 120 anos de nascimento, Centro Cultural Banco do Brasil
2010 - Rio de Janeiro RJ - Anita Malfatti: 120 anos de nascimento, Centro Cultural Banco do Brasil
2010 - São Paulo SP - Memórias Reveladas, Museu de Arte Brasileira
2010 - São Paulo SP - Brasilidade e Modernismo, Dan Galeria
2011 - Brasília DF - Mulheres Artistas e Brasileiras - Produção do Século 20, Palácio do Planalto
2011 - Campos do Jordão SP - Arte e Cultura no Vale do Paraíba, no Palácio Boa Vista
2011 - Curitiba PR - Anita Malfatti, no Museu Oscar Niemeyer
2011 - São Paulo SP - Arte no Brasil: Uma História na Pinacoteca de São Paulo, na Pinacoteca do Estado
2011 - São Paulo SP - Marcas do Expressionismo, no MAB-FAAP
2011 - São Paulo SP - Modernismos no Brasil, no MAC/USP
2011 - São Paulo SP - 7ª sp-arte, na Fundação Bienal
2012 - Rio de Janeiro RJ - Amazônia, Ciclos de Modernidade, no CCBB
2013 - São Paulo SP - Experiência ] e [Transformação, no MAB-FAAP
2013 - São Paulo SP - O Agora, O Antes: uma síntese do acervo do MAC USP, no Museu de AC/USP
2013 - Fortaleza CE - Trajetórias: Arte Brasileira na Coleção Fundação Edson Queiroz - Unifor 40 Anos, no Espaço Cultural Unifor (Fortaleza, CE)
Fonte: ANITA Malfatti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Mai. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Semana de Arte Moderna - Itaú Cultural
Inserida nas festividades em comemoração do centenário da independência do Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna apresenta-se como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes no país desde o século XIX. Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, realiza-se no Theatro Municipal de São Paulo um festival com uma exposição com cerca de 100 obras e três sessões lítero-musicais noturnas. Entre os pintores participam Anita Malfatti (1899-1964), Di Cavalcanti (1897-1976), Ferrignac (1892-1958), Jonh Graz (1891-1980), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Zina Aita (1900-1968), Yan de Almeida Prado (1898-1991) e Antônio Paim Vieira (1895-1988), com dois trabalhos feitos a quatro mãos, e o carioca Alberto Martins Ribeiro, cujo trabalho não se desenvolveu depois da Semana de 22. No campo da escultura, estão Victor Brecheret (1894-1955), Wilhelm Haarberg (1891-1986) e Hildegardo Velloso (1899-1966). A arquitetura é representada por Antonio Moya (1891-1949) e Georg Przyrembel (1885-1956). Entre os literatos e poetas, tomam parte Graça Aranha (1868-1931), Guilherme de Almeida (18901-1969), Mário de Andrade (1893-1945), Menotti Del Picchia (1892-1988), Oswald de Andrade (1890-1954), Renato de Almeida, Ronald de Carvalho (1893-1935), Tácito de Almeida (1889-1940), além de Manuel Bandeira (1886-1968) com a leitura do poema Os Sapos. A programação musical traz composições de Villa-Lobos (1887-1959) e Debussy (1862-1918), interpretadas por Guiomar Novaes (1895-1979) e Ernani Braga (1888-1948), entre outros.
A Semana de 22 não foi um fato isolado e sem origens. As discussões em torno da necessidade de renovação das artes surgem em meados da década de 1910 em textos de revistas e em exposições, como a de Anita Malfatti em 1917. Em 1921 já existe, por parte de intelectuais como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, a intenção de transformar as comemorações do centenário em momento de emancipação artística. No entanto, é no salão do mecenas Paulo Prado, em fins desse ano, que a ideia de um festival com duração de uma semana, trazendo manifestações artísticas diversas, toma forma inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville, cidade francesa. Nota-se que sem o empenho desse mecenas o projeto não sairia do papel. Paulo Prado, homem influente e de prestígio na sociedade paulistana, consegue que outros barões do café e nomes de peso patrocinem, mediante doações, o aluguel do teatro para a realização do evento. Também é fundamental seu papel na adesão de Graça Aranha à causa dos artistas "revolucionários". Recém-chegado da Europa como romancista aclamado, a presença de Aranha serve estrategicamente para legitimar a seriedade das reivindicações do jovem e ainda desconhecido grupo modernista.
Sem programa estético definido, a Semana desempenha na história da arte brasileira muito mais uma etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo vigente na produção literária, musical e visual do que um acontecimento construtivo de propostas e criação de novas linguagens. Pois, se existe um elo de união entre seus tão diversos artífices, este é, segundo seus dois principais ideólogos, Mário e Oswald de Andrade, a negação de todo e qualquer "passadismo": a recusa à literatura e à arte importadas com os traços de uma civilização cada vez mais superada, no espaço e no tempo. Em geral todos clamam em seus discursos por liberdade de expressão e pelo fim de regras na arte. Faz-se presente também certo ideário futurista, que exige a deposição dos temas tradicionalistas em nome da sociedade da eletricidade, da máquina e da velocidade. Na palestra proferida por Mário de Andrade na tarde do dia 15, posteriormente publicada como o ensaio A Escrava que Não É Isaura , 1925, ocorre uma das primeiras tentativas de formulação de idéias estéticas modernas no país. Nessa conferência, o autor antevê a importância de temperar o processo de importação da estética moderna com o nativismo, o movimento de voltar-se para as raízes da cultura popular brasileira. A dinâmica entre nacional e internacional torna-se a questão principal desses artistas nos anos subseqüentes.
Com a distância de mais de 80 anos, sabe-se que, com respeito à elaboração e à apresentação de uma linguagem verdadeiramente moderna, a Semana de 22 não representa um rompimento profundo na história da arte brasileira. Pois no conjunto de qualidade irregular de obras expostas não se identifica uma unidade de expressão, ou algo como uma estética radical do modernismo. No entanto, há de se reconhecer que, a despeito de todos os antagonismos, esse evento configura-se como um fato cultural fundamental para a compreensão do desenvolvimento da arte moderna no Brasil, e isso sobretudo pelos debates públicos mobilizados (cercados por reações negativas ou de apoio) e riqueza de seus desdobramentos na obra de alguns de seus realizadores.
Fonte: SEMANA de Arte Moderna. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Mai. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Filha do engenheiro italiano Samuele Malfatti e de mãe norte-americana Eleonora Elizabeth "Betty" Krug, Anita Malfatti nasceu na cidade de São Paulo, em 2 de dezembro de 1889. Segunda filha do casal, nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais à cidade de Lucca, na Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da vida. Voltando ao Brasil, teve à sua disposição Miss Browne, que a ajudou no desenvolvimento do uso da escrita e no aprendizado do desenho com a mão esquerda. Essa Miss Browne deve ter sido a educadora norte-americana Márcia P. Browne que assessorou Caetano de Campos na reforma que empreendeu no ensino primário e normal em São Paulo, nos primórdios da República. Miss Browne organizou e foi a primeira diretora da Escola Modelo anexa à Escola Normal.
Iniciou seus estudos em 1897 no Externato São José de freiras católicas, hoje não mais existente, outrora localizado na Rua da Glória, onde foi alfabetizada. Logo depois passou a estudar em escolas protestantes: na Escola Americana, em 1903, e pouco depois no Mackenzie College onde, em 1906, recebe o diploma de normalista.
Surge a pintora
Nesse meio tempo morreu Samuele Malfatti, esteio moral e financeiro da família. Sem recursos para o sustento dos filhos, Betty passou a dar aulas particulares de idiomas e também de desenho e pintura. Chegou a pedir orientações do pintor Carlo de Servi para ela com mais segurança ensinar suas discípulas. Anita acompanhava as aulas que tomavam a maior parte de seu tempo, foi portanto sua própria mãe quem lhe ensinou os rudimentos das artes plásticas.
Na Alemanha
Anita pretendia estudar em Paris, mas sem a ajuda do pai parecia impossível, tendo em vista que sua avó vivia entrevada numa cama e sua mãe passava o dia dando aulas de pintura e de idiomas. Anita tinha umas amigas, as irmãs Shalders, que estavam prestes a viajar à Europa para estudar música. Assim surgiu a ideia de acompanhá-las à Alemanha e seu tio e padrinho, o engenheiro Jorge Krug, aceitou financiar a viagem.
Anita e as Shalders chegaram a Berlim em 1910, ano marcante na história da Arte Moderna alemã. Berlim era então o grande centro musical da Europa. Acompanhando suas amigas às aulas no centro musical, ali recebeu a sugestão para estudar no ateliê do artista pintor Fritz Burger. Fritz Burger era um retratista que dominava a técnica pontilhista ou divisionista. Foi o primeiro mestre alemão de Anita. Nessa época ela ingressou na Academia de Belas Artes de Berlim.
Durante as férias de verão, Anita e as amigas foram às montanhas de Harz, em Treseburg, região frequentada por pintores. Continuando sua viagem, visitou a 4° Sonderbund, uma exposição que aconteceu em Colônia na Alemanha, na qual conheceu trabalhos de pintores modernos e famosos, incluindo-se Van Gogh.
Teve aulas também com Lovis Corinth, nome mais conhecido do que seu primeiro mestre. Alguns anos antes Corinth sofrera um acidente vascular cerebral (AVC) que, como sequela, tal como a aluna, lhe deixara alguma dificuldade motora na mão direita. Anita estava cada vez mais interessada pela pintura expressionista. Desejava aprender seu conceito e sua técnica. Em 1913, inicia aulas com o professor Ernst Bischoff-Culm da mesma escola de Corinth. Com a instabilidade política e social causada por uma guerra que se mostrava iminente, Anita Malfatti resolve deixar Berlim e passando rapidamente por Paris, retorna ao Brasil.
Primeira exposição individual - 1914
Em 1914, Anita tinha 24 anos e, depois de quatro anos de estudo na Europa, voltava para o seio familiar. Anita ainda tinha o desejo de partir mais uma vez em viagem de estudos. Sem condições financeiras, tentou pleitear uma bolsa junto ao Pensionato Artístico do Estado de São Paulo. Por essa razão, montou no dia 23 de maio de 1914, uma exposição com obras de sua autoria, exposição essa que ficou aberta até meados de junho.
O senador José de Freitas Valle foi visitar a exposição. Dependia dele a concessão da bolsa. Mas o influente político não gostou das obras de Anita, chegando a criticá-las publicamente. Entretanto, independentemente da opinião do senador, a bolsa não seria concedida. Notícias do iminente início da guerra na Europa fizeram com que o Pensionato as cancelasse. Foi aí que, mais uma vez, financiada pelo tio, o engenheiro e arquiteto Jorge Krug, Anita embarca para os Estados Unidos.
Nos Estados Unidos
No início de 1915, Anita Malfatti já se encontrava em Nova Iorque e matriculada na tradicional Art Student's League. Nessa escola, Anita ia de um professor a outro na tentativa de encontrar o caminho que sonhava para seus trabalhos. Após três meses de estudos, desistiu de qualquer curso de pintura ou desenho nessa instituição, reservando-a apenas para os estudos de gravura. Anita ficou sabendo de um professor que deixava os alunos pintarem à vontade - ele lecionava na Independent School of Art e se chamava Homer Boss.
Nas férias de verão, Homer Boss levou os alunos para pintar na costa do Maine, na ilha de Monhegan. Esse Estado litorâneo mais ao nordeste, fronteira com o Canadá, tornara-se há muito o refúgio dos artistas. Foi nessa ilha que Anita pintou, entre outras, a paisagem intitulada O farol. Passado o verão, Anita voltou à Independent School of Art. Em meados de 1916, preparava-se para voltar ao Brasil.
De volta ao Brasil e segunda exposição individual - 1917
Em 1917, Anita resolveu promover sua segunda exposição.
Após a crítica de Lobato, publicada em O Estado de S.Paulo, edição da tarde, em 20 de dezembro de 1917, com o título de A propósito da exposição Malfatti, as telas vendidas foram devolvidas, algumas quase foram destruídas a bengaladas. Apesar da mágoa, Anita ilustrou livros de Monteiro Lobato e na década de 40 participou de um programa na Rádio Cultura chamado "Desafiando os Catedráticos", juntamente com Menotti Del Picchia e Monteiro Lobato. Os ouvintes telefonavam fazendo perguntas para que o trio respondesse. Anita inicia estudos com o pintor acadêmico Pedro Alexandrino no ano de 1919, e também com o alemão George Fischer Elpons um pouco mais avançado do que o velho mestre das naturezas mortas. Foi nessa ocasião que conheceu Tarsila do Amaral que tinha aulas com os mesmos professores. Depois do pai, o tio Jorge Krug, que a havia ajudado tanto, também faleceu e Anita precisou buscar caminhos para vender suas obras. Pedro Alexandrino já era um pintor de renome e vendia com facilidade seus trabalhos.
A Semana de Arte Moderna de 1922
Após o período de recesso, a Semana de Arte Moderna, mais uma vez, movimentou a vida artística insípida de São Paulo. Anita participou dela com 22 trabalhos. Uma vez que o círculo modernista vinha ao encontro de suas aspirações artísticas, ela entraria também para o grupo dos cinco.
A Europa nos loucos anos 20
Anita embarcava mais uma vez, em viagem de estudos para Paris. Seriam cinco anos de estudos pela bolsa do Pensionato. Este seria o último e o seu mais longo período fora do Brasil. Em agosto de 1922, ela tinha 33 anos e embarcava no vapor Mosella rumo à França. Mário de Andrade que não conseguiu chegar a tempo da partida de Anita e enviou-lhe um telegrama de desculpas. Apesar das muitas dúvidas que ainda tinha em relação a que caminho seguir na sua arte, não deixou de produzir.
Brasil, 1928
No final de setembro de 1928 Anita já se encontrava no Brasil. O ambiente artístico encontrado por Anita na volta era diferente do que deixara em 1923; o grupo inicial evoluíra, surgiam novos adeptos e novos movimentos. O número de artistas plásticos também crescera. Na chegada, Mário de Andrade noticiou imediatamente sua chegada, relembrando quem ela era.
Em 1929 abria em São Paulo sua quarta individual. Depois de fechar sua exposição, até 1932, Anita dedicou-se ao ensino escolar. Retomou suas aulas na Escola Normal Americana e foi trabalhar também na Escola Normal do Mackenzie College. Em 1933, muda-se para a Rua Ceará, no bairro de Higienópolis, onde instala seu ateliê e dá aulas, inclusive para Oswald de Andrade Filho, onde permanece até 1952, com a venda da casa, em razão da morte de sua mãe.
Malfatti faleceu em 6 de novembro de 1964, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. ela está sepultada no Cemitério dos Protestantes, na Rua Sergipe, número 117, bairro da Consolação, São Paulo.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 12 de maio de 2018.
Anita Catarina Malfatti (São Paulo, SP, 2 de dezembro de 1889 — idem, 6 de novembro de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora ítalo-brasileira.
Biografia
Mais conhecida por fazer parte da Semana de Arte Moderna (1922), Anita Malfatti é considerada a primeira representante do modernismo no Brasil. Filha de um italiano e uma norte-americana, estudou pintura na Europa (1910) e nos Estados Unidos (1914) no período em que a arte moderna ganhava força no velho continente. Sua obra, desvinculada do academicismo, não foi bem recebida no Brasil.
Depois de retornar ao país, já consagrada, Anita organizou uma exposição individual (1917), pela qual foi duramente criticada. Em artigo publicado n'O Estado de São Paulo, Monteiro Lobato, crítico de arte na época escreveu: “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas (…). A outra formada pelos que vêem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (…) Essas considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia”.
O resultado foi rejeição por parte da elite paulistana, com obras devolvidas e mesmo uma tentativa de agressão à artista. Tais acontecimentos fazem de Malfatti uma das figuras mais controvertidas da história da arte nacional, muito embora isso se deva ao seu pioneirismo.
Além da estética rebelde e do gosto pela figura humana, chama atenção em seus trabalhos o uso da cor para exprimir emoção. Um exemplo, e uma de suas principais obras, é O Homem de Sete Cores, onde aplicou as tintas diretamente na tela, sem misturá-las na paleta. O quadro remete à natureza brasileira, tanto nos tons escolhidos quanto pela presença de folhas de bananeira e um girassol.
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Biografia Itaú Cultural
Inicia seu aprendizado artístico com a mãe, Bety Malfatti (1866 - 1952). Devido a uma atrofia congênita no braço e na mão direita, utiliza a esquerda para pintar. No ano de 1909, pinta algumas obras, entre elas a chamada Primeira Tela de Anita Malfatti. Reside na Alemanha entre 1910 e 1914, onde tem contato com a arte dos museus, freqüenta por um ano a Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim, e posteriormente estuda com Fritz Burger-Mühlfeld (1867 - 1927), Lovis Corinth (1858 - 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Nesse período também se dedica ao estudo da gravura. De 1915 a 1916 reside em Nova York e tem aulas com George Brant Bridgman (1864 - 1943), Dimitri Romanoffsky (s.d. - 1971) e Dodge, na Arts Students League of New York, e com Homer Boss (1882 - 1956), na Independent School of Art. Sua primeira individual acontece em São Paulo, em 1914, no Mappin Stores, mas é a partir de 1917 que se torna conhecida quando em uma exposição protagonizada pela artista - em que também expunham artistas norte-americanos - recebe críticas de Monteiro Lobato (1882 - 1948) no artigo A Propósito da Exposição Malfatti, mais tarde transcrito em livro com o título Paranóia ou Mistificação? Em sua defesa, Oswald de Andrade (1890 - 1954) publica, em 1918, artigo no Jornal do Comércio. Estuda pintura com Pedro Alexandrino (1856 - 1942) e com Georg Elpons (1865 - 1939) exercita-se no modelo nu. Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna expondo 20 trabalhos, entre eles O Homem Amarelo (1915/1916) e integra, ao lado de Tarsila do Amaral (1886 - 1973), Mário de Andrade (1893 - 1945), Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Menotti Del Pichia (1892 - 1988), o Grupo dos Cinco. No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e parte para Paris, onde é aluna de Maurice Denis (1870 - 1943), freqüenta cursos livres de arte e mantém contatos com Fernand Léger (1881 - 1955), Henri Matisse (1869 - 1954) e Tsugouharu Foujita (1886 - 1968). Retorna ao Brasil em 1928 e leciona desenho e pintura no Mackenzie College, na Escola Normal Americana, na Associação Cívica Feminina e em seu ateliê. Na década de 1930, em São Paulo, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna - SPAM, a Família Artística Paulista - FAP e participa do Salão Revolucionário. A primeira retrospectiva acontece em 1949, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Em 1951, participa do 1º Salão Paulista de Arte Moderna e da 1ª Bienal Internacional de São Paulo.
Análise
Anita Malfatti inicia, bem jovem, o aprendizado em artes com a mãe, Bety Malfatti (1866 - 1952). Aos 20 anos, procura aperfeiçoar seus estudos na Europa. Graças à ajuda financeira de seu tio o engenheiro-arquiteto George Krug (1869 - 1919), consegue mudar-se para Alemanha e ingressar na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim. Nessa cidade a artista ganha familiaridade com as coleções dos museus e das galerias. A Alemanha, em 1910, vive uma efervescência do expressionismo, que mobiliza a produção nacional e o debate em torno dela.
No primeiro ano, Anita toma contato com toda a agitação modernista, visitando as exposições com grande curiosidade, mas seus estudos são ainda bastante tradicionais. Na academia ela tem aulas de desenho, perspectiva e história da arte. O interesse pelas novas linguagens se amplia nas aulas particulares que tem com o professor Fritz Burger-Mühlfeld (1867 - 1927). Este artista, ligado ao pós-impressionismo alemão, lhe oferece possibilidades artísticas além das abordagens tradicionais. A presença do modernismo em sua formação é acentuada nos cursos com Lovis Corinth (1858 - 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Em 1912, ao visitar a grande retrospectiva de arte moderna Sonderbund em Colônia, Anita já se familiarizara com a produção moderna. Nos retratos pintados pela artista no período transparecem o aprendizado das novas poéticas. O contorno clássico prevalece, mas as cores são usadas de modo expressivo, demonstram uma movimentação maior e mais contrastada que a do desenho. Embora não entrem em conflito com as formas, é perceptível que os elementos operam em dinâmicas distintas. Anita expõe esses quadros em sua primeira individual, em 1914, depois de retornar a São Paulo.
Em 1915, a artista parte para mais um período de estudos, desta vez nos Estados Unidos, onde tem aulas com Homer Boss (1882 - 1956) na Independent School of Art. A convivência com este professor americano e com o clima vanguardista da escola irá levar adiante o desenvolvimento da liberdade moderna cultivada na Alemanha. É aí que ela realiza seus trabalhos mais conhecidos, como O Farol (1915), Torso/Ritmo (1915/1916) e O Homem Amarelo (1915/1916). Nesses quadros, o desenho perde o compromisso com a verossimilhança clássica e ganha sentido mais interpretativo. Por vezes, o contorno grosso e sinuoso apresenta as figuras como uma massa pesada e volumosa. Em outros trabalhos, com o traço mais fechado, a cor é aplainada e compõe retratos e paisagens livres, pela articulação de superfícies em cores contrastantes.
No Brasil, em 1917, a artista associa essa liberdade de compor com formas à crítica nacionalista aos modelos importados de representação. Pinturas como Tropical (1917), originalmente intitulada Negra Baiana, e Caboclinha (1907) fazem parte desse esforço. Todas essas pinturas são reunidas em sua segunda individual: Exposição de Arte Moderna, em dezembro de 1917. A mostra tem repercussões decisivas para o seu trabalho. As reações são diversas. Se por um lado a exposição anima uma aproximação dos artistas e intelectuais que, mais tarde, realizariam em São Paulo a Semana de Arte Moderna de 1922, por outro ela vira alvo de uma reação violenta às linguagens modernas. As posições contrárias às vanguardas de origem européia, que têm como maior expoente Monteiro Lobato (1882 - 1948), consideram a exposição um desperdício do talento de Anita, que se entregava a estrangeirismos deslumbrados e mistificadores.
Tal reação, para alguns, irá abalar a confiança da artista, causando impacto violento em sua carreira; para outros, Anita já vinha oscilando esquemas formais mais realistas e soluções mais próximas do modernismo internacional. Depois da exposição de 1917, ela se aproxima da linguagem tradicional e faz aulas com o acadêmico Pedro Alexandrino (1856 - 1942). Seus trabalhos também se tornam mais realistas. Encorajada pelo grupo que iria realizar a Semana de Arte Moderna, como Menotti Del Pichia (1892 - 1988), Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Mário de Andrade (1893 - 1945), Anita, por volta de 1921, interessa-se novamente pelas linguagens de vanguarda. Na Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922, a artista expõe novamente as telas mostradas em 1917 junto com novos trabalhos modernistas, sendo considerada por Sérgio Milliet (1898 - 1966) a maior artista da exposição.
Em 1923, Anita conquista finalmente a bolsa do Pensionato Artístico do Estado - que não havia conseguido com a exposição de 1914 - e segue para Paris, onde permanece por cinco anos. Em sua estada, ela toma distância de posições polêmicas da vanguarda. Pinta cenas de interiores como Interior de Mônaco e La Rentrée, e se aproxima do fauvismo e da simplicidade da pintura primitiva. A artista não nega o modernismo, mas evita o que ele tem de ruptura. Ao voltar para o Brasil, em 1928, interessa-se por temas regionalistas e se volta às formas tradicionais, como a pintura renascentista e a arte Naïf.
O interesse por uma pintura mais fluente e descompromissada aproxima Anita do grupo de pintores da Família Artística Paulista - FAP. Ela se identifica com a busca de uma pintura espontânea e bem-feita, não presa a modelos consagrados nem perdida no desejo de inovação. Dos anos 40 em diante, a artista passa a pintar, cada vez mais, cenas da vida popular. Nos anos 50, o popular não é só tema, mas também passa a ser incorporado nas formas, influenciado pela arte não culta. Em 1963, um ano antes de falecer, realiza uma individual na Casa do Artista Plástico e ganha uma retrospectiva de seu trabalho na 7ª Bienal Internacional de São Paulo. É a última homenagem que recebe em vida.
Críticas
"Com Anita Malfatti desapareceu a personalidade historicamente mais importante do movimento modernista. Já é fato sabido, registrado em tantos pronunciamentos, que sua exposição de 1917 se constituiu na abertura de um apaixonado debate, até então desconhecido no país, entre as velhas concepções estéticas e as novas tendências, já vitoriosas nos grandes centros artísticos universais. Por isso, em outra oportunidade, chamamo-la de 'exposição insurrecional'. E foi sem dúvida a violência da reação, dos ataques que lhe foram então dirigidos, que determinou dialeticamente a necessidade da arregimentação dos elementos dispersos, partidários das idéias renovadoras, o que veio afinal desembocar na Semana de Arte Moderna, de 1922".
Paulo Mendes de Almeida (Mario de Andrade e a "sensitiva do Brasil". In: De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva: Diâmetros Empreendimentos, 1976. cap. 2, p. 17.)
"Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes através de uma obra torcida para má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes. Percebe-se de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é independente, como é original, como é inventiva, em alto grau possui um sem-número de qualidades inatas e adquiridas das mais fecundas para construir uma sólida individualidade artística. Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios dum impressionismo (sic) discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura. Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma - caricatura que não visa, como a primitiva, ressaltar uma idéia cômica, mas sim desnortear, aparvalhar o espectador. A fisionomia de quem sai de uma destas exposições é das mais sugestivas. Nenhuma impressão de prazer, ou de beleza, denunciam as caras; em todas, porém, se lê o desapontamento de quem está incerto, duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de racioconar, e muito desconfiado de que o mistificam habilmente(...)".
Monteiro Lobato (A propósito da exposição Malfatti. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p.165. - Texto extraído do artigo A propósito da exposição Malfatti, escrito em 1917)
"Possuidora de uma alta consciência do que faz, levada por um notával instinto para a apaixonada eleição dos seus assuntos e da sua maneira, a vibrante artista não temeu levantar com os seus cinqüenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes hostilidades. Era natural que elas surgissem no acanhamento da nossa vida artística. A impressão inicial que produzem os seus quadros é de originalidade e de diferente visão. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas exposições de pintura. A sua arte é a negação da cópia, a ojeriza da oleografia".
Oswald de Andrade (A Exposição Anita Malfatti. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo. v. 1. p.175. - Texto publicado originalmente no Jornal do Commércio em 11 de janeiro de 1918)
"Monteiro Lobato - estilo clava, estilo pelúcia - tem no diabólico prestígio da sua pena um mágico poder de sedução às vezes perigosos. Com tais artimanhas tece os seus períodos, que o nosso espírito nele se enrosca, se prende; é como visgo para pássaros inexpertos; é como um aranhol para mosquitos incautos...Caí, a respeito de Anita Malfatti, no visgo do seu estilo e, preso por ele, julguei, com o critério de Lobato, sem ver todas as obras da artista, toda a obra dela." Comigo milhares de paulistas, aprioristicamente, assim julgaram essa mulher singular, que, quando não tivesse outro mérito, teria o de haver rompido, com audácia de arte independente e nova, a nossa sonolência de retardatários e paralíticos da pintura....Quando defrontei as telas de Anita, comecei a maturar se a acidez de Lobato era justa, e acabei achando-o cruel e exagerado na formidável catilinária que pespegou na nossa brilhante patrícia..."
Menotti del Picchia (Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p. 213 - Texto publicado no Correio Paulistano em novembro de 1920)
"Anita Malfatti antecedeu, em diversos anos, o primeiro grupo de vanguarda de modernistas brasileiros, que vem dar suas contribuições característicamente modernas a partir de 1923, quando iniciam as fases mais importantes de suas carrieras. O aparecimento prematuro e isolado da expressionoista brasileira contribuiu para sua desestruturação, enquanto que, para o meio, foi da maior utilidade, sendo um dos fatores que o fez entrar em fermentação".
Marta Rossetti Batista (Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1.p.255)
"Depois da exposição Anita se retirou. Foi para casa e desapareceu, ferida. Mulher que sofre, diria depois Mário de Andrade. Poderíamos dizer que também os primeiros adeptos 'se retiraram', para uma lenta assimilação do 'novo' - levariam anos para passar daquela 'intuição divinatória' à construção de sua própria linguagem, mais característica do século XX. Depois da exposição, da agressão às telas, da devolução dos quadros - e enquanto os futuros modernistas se atualizavam para depois eclodir com força - a pintora, cercada de uma aura de 'maldita', viu sua obra ser silenciada. Ela confessaria mais tarde: 'Então começou o peso do ostracismo. Todo o meu trabalho ficou cortado - alunas, vendas de quadros, e começaram as brigas nos jornais'. Anita Malfatti conhecia agora toda a extensão do fosso que separava as suas obras das acadêmicas locais, pudera avaliar a distância entre as idéias e preocupações artísticas e a realidade do meio intelectual paulistano. Ficou sabendo que não poderiam estimular, compreender, e nem mesmo aceitar 'aquelas coisas dantescas' - violara com elas praticamente todos os padrões da arte acadêmica, e ainda alguns sociais".
Marta Rossetti Batista (Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p.196)
"Resultado de um fenômeno mais comum do que ainda hoje se imagina no Brasil, a partir da eclosão da I Guerra Mundial vários artistas da vanguarda internacional passaram por um processo de recuperação dos valores da arte anteriores às experimentações estéticas dos primeiros anos do século XX. Alguns, como Picasso e Matisse, enveredaram pela grande tradição da arte européia, sem esquecerem os ensinamentos basilares de Cézanne. Outros, como Derain e Severini, investiram fundo nessa 'implosão', recuperando uma visualidade que às vezes resvalou para um naturalismo de qualidade discutível. Mario Sironi e Carlo Carrà - igualmente sem esquecer Cézanne - preferiram resgatar valores estéticos do primeiro Renascimento. Se Nestor Pestana tivesse visto os desenhos que Malfatti produziu em Paris nos anos 20 - alguns dos quais presentes nessa exposição -, sem dúvida acreditaria que a artista, na encruzilhada percebida em Tropical, havia optado pela senda dos 'abacaxis tão bem acabados'. Logicamente, nesses desenhos não se percebe de forma alguma a artista presa a qualquer surto naturalista radical. Mas, indubitavelmente, ali a linha já não configura mais a forma através de frêmitos expressivos, registros nervosos da ação da artista sobre a matéria do mundo. Anita Malfatti, em seu longo processo de retorno a uma suposta ordem perene da arte, tem nesses desenhos um dos pontos mais altos de sua obra. Neles, a nobre simplicidade e a grandeza serena requeridas por Winckelmann para a obra de arte (e reclamadas por Pestana, Lobato e outros críticos paulistanos) são recuperadas por um traço ainda sensível, porém disciplinado pela observação do caráter linear das obras de artistas como Ingres. Como Picasso e Matisse, Malfatti soube captar na produção daquele mestre francês do século XIX a sensualidade sutil da linha, construindo a forma sem sobressaltos, com absoluta objetividade e requinte. Soube plasmar à expressão interior os códigos da linguagem gráfica mais pura, obtendo não mais registros de uma ação circunstancial, cheia de drama, mas formas que aspiram à eternidade ideal".
Tadeu Chiarelli (Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999. p. 165-167.)
Depoimentos Anita Malfatti
"Quando cheguei à Europa, vi pela primeira vez a pintura. Quando visitei os museus fiquei tonta. Comecei a querer descobrir no que os grandes santos das escolas italianas eram diferentes dos santinhos dos colégios. Tanto me encantavam uns quanto os outros. Fiquei infeliz porque a emoção não era de deslumbramento, mas de perturbação e de infinito cansaço diante do desconhecido. Assim passei semanas voltando diariamente ao Museu de Dresde. Em Berlim continuei a busca e comecei a desenhar. Desenhei seis meses dia e noite. Um belo dia fui com uma colega ver uma grande exposição de pintura moderna. Eram quadros grandes. Havia emprego de quilos de tinta e de todas as cores. Um jogo formidável. Uma confusão, um arrebatamento, cada acidente de forma pintado com todas as cores. O artista não havia tomado tempo para misturar as cores, o que para mim foi uma revelação e minha primeira descoberta. Pensei, o artista está certo. A luz do sol é composta de três cores primárias e quatro derivadas. Os objetos se acusam só quando saem da sombra, isto é, quando envolvidos na luz. Tudo é resultado da luz que os acusa, participando de todas as cores. Comecei a ver tudo acusado por todas as cores. Nada nesse mundo é incolor ou sem luz. Procurei o homem de todas as cores, Lovis Corinth, e dentro de uma semana comecei a trabalhar na aula desse professor. Comprei incontinente uma porção de tintas, e a festa começou. Continuava a ter medo da grande pintura como se tem medo de um cálculo integral".
Anita Malfatti (BATISTA, Marta Rossetti (Org. ); LOPEZ, Telé Ancona (Org. ); LIMA, Yvone Soares de (Org. ). Brasil: 1º tempo modernista 1917/25: documentação. São Paulo: IEB: USP, 1972, p. 41.)
Acervos
Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. - São Paulo SP
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil. - São Paulo SP
Casa Guilherme de Almeida - São Paulo SP
Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP - São Paulo SP
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte Brasileira - MAB/Faap - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Exposições Individuais
1914 - São Paulo SP - Primeira Individual, no Mappin Stores
1917 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti, na Rua Líbero Badaró nº 111
1920 - São Paulo SP - Individual, no Clube Comercial
1921 - Santos SP - Individual, no Vestíbulo do Politeama Rio Branco
1926 - Paris (França) - Individual, na Galerie André
1929 - São Paulo SP - Individual, na Rua Líbero Badaró nº 20 - sobreloja
1935 - São Paulo SP - Individual, no Palácio das Arcadas
1937 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1938 - São Paulo SP - Individual, na Exposição de Arte e Decoração
1938 - São Paulo SP - Individual, na Rua Ceará, 219 (Atelier da Artista)
1945 - São Paulo SP - Individual, no IAB/SP
1949 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Masp
1950 - São Paulo SP - Individual,na Rua Ceará, 219 (Atelier da Artista)
1955 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1957 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa do Quadragésimo Aniversário da Exposição de 1917, no Clubinho
1963 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico
Exposições Coletivas
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1917 - São Paulo SP - Exposição do Saci, na Rua Líbero Badaró nº 111
1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - São Paulo SP - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, no Palácio das Indústrias
1922 - São Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Theatro Municipal
1923 - Paris (França) - Exposição de Artistas Brasileiros, na Maison de L'Amérique Latine
1924 - Paris (França) - 17º Salão de Outono, no Grand Palais
1924 - Paris (França) - Exposition d'Art Latin Américain, no Musée Galleria
1925 - Paris (França) - 18º Salão de Outono, no Grand Palais
1926 - Paris (França) - 19º Salão de Outono, no Palais de Bois
1926 - Paris (França) - 37ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Palais de Bois
1926 - Paris (França) - Salon du Franc, no Musée Galliera
1927 - Paris (França) - 20º Salão de Outono, no Grand Palais
1927 - Paris (França) - 38ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Grand Palais
1927 - Paris (França) - 5º Salon des Tuileries, no Palais de Bois
1928 - Paris (França) - 39ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Grand Palais
1930 - Nova York (Estados Unidos) - International Art Center, no Nicholas Roerich Museum
1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no Nicholas Roerich Museum
1930 - São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista
1931 - Rio de Janeiro RJ - Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro, na Rua Toneleros
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, no Palacete Campinas
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Belas Artes
1935 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Belas Artes
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - São Paulo SP - 1º Salão da Família Artística Paulista, no Esplanada Hotel de São Paulo
1938 - São Paulo SP - 4º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1939 - São Paulo SP - 2º Salão da Família Artística Paulista, no Automóvel Clube
1939 - São Paulo SP - 3º Salão de Maio, na Galeria Itá
1939 - São Paulo SP - 5º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1940 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Família Artística Paulista, no Palace Hotel
1941 - São Paulo SP - 6º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1941 - São Paulo SP - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias, no Parque da Água Branca
1943 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e Diplomático. Palácio Itamaraty
1943 - São Paulo SP - 8º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1943 - São Paulo SP - Exposição Anti-Eixo, na Galeria Prestes Maia
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artes Plásticas, no ABI
1944 - São Paulo SP - 9º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1944 - São Paulo SP - Anita Malfati, Clóvis Graciano, Hilde Weber, Nelson Nóbrega, Francisco Rebolo, na Galeria Jaraguá
1944 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Brasileira-Norte-Americana, na Galeria Prestes Maia
1945 - São Paulo SP - Anita Malfati, Virgínia Artigas, Clóvis Graciano, Mick Carnicelli, Oswald de Andrade Filho, José Pancetti, Carlos Prado, Francisco Rebolo, Quirino da Silva, Alfredo Volpi, Mario Zanini, na Galeria Itapetininga
1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1946 - São Paulo SP - Exposição de Desenhos Originais de Artistas de São Paulo, NA Biblioteca Municipal Alceu Amoroso Lima
1946 - São Paulo SP - Homenagem Póstuma a Mário de Andrade, na Galeria Itá
1948 - São Paulo SP - Exposição de Artes Plásticas de Pintoras e Escultoras de São Paulo, no Theatro Municipal
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1952 - Santiago (Chile) - Exposición de Pintura, Dibujos y Grabados Contemporáneos del Brasil, na Universidad de Chile. Museo de Arte Contemporáneo
1952 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 22, no MAM/SP
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Atibaia SP - 1ª Exposição Oficial de Pintura, no Clube Recreativo Atibaiense
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Moderno
1957 - Lima (Peru) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte de Lima
1957 - Rosario (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino
1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Contemporáneo
1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas do País, no MAM/SP
1962 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 22, na Petite Galerie
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Pequeno Tamanho, na Galeria Bonino
Exposições Póstumas
1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - homenagem póstuma
1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na Yale University Art Gallery
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1971 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAB-Faap
1972 - Rio de Janeiro RJ - 50 Anos de Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Ibeu Copacabana
1972 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Centro de Artes Novo Mundo
1972 - São Paulo SP - Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp
1973 - São Paulo SP - Retrospectiva, no MAC/USP
1974 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1975 - São Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall
1975 - São Paulo SP - O Tema é Mulher, na Azulão Galeria
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall
1976 - Paris (França) - Brasil: artistas do século XX, na Artcurial
1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira no Século XX: caminhos e tendências, na Galeria Arte Global
1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira: figuras e movimentos, na Galeria Arte Global
1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall
1977 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAC/USP
1978 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1978 - São Paulo SP - A Paisagem na Coleção da Pinacoteca: Do Século XIX aos Anos 40, na Pinacoteca do Estado
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB-Faap
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - SPAM: a história de um sonho, no Museu Lasar Segall
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro de Artista no Brasil, no CCSP
1986 - Rio de Janeiro RJ - Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial
1986 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1986 - São Paulo SP - Seis Tempos: 80 anos, na Pinacoteca do Estado
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado
1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/USP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAC/USP
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - Retrospectiva em comemoração do centenário de nascimento da artista, no IEB/USP
1990 - São Paulo SP - A Coleção de Arte do Município de São Paulo, no Masp
1990 - São Paulo SP - Anita e Oswald de Volta ao Parque, na Associação Pró Parque Modernista
1991 - São Paulo SP - O Desejo na Academia: 1847-1916, na Pinacoteca do Estado
1991 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Espaço de Arte José Duarte Aguiar e Ricardo Camargo
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa da Cultura
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1992 - São Paulo SP - A Formação do olhar modernista, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa de Cultura
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB-Faap
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi
1995 - São Paulo SP - Modernismo Paris Anos 20: vivências e convivências, no MAC/USP
1995 - São Paulo SP - Nús: desenhos de Anita Malfatti, na Galeria Sinduscon
1996 - Rio de Janeiro RJ - Anita Malfatti e Seu Tempo, no CCBB
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920 - 1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1997 - São Paulo SP - Mário de Andrade e o Grupo Modernista, no Centro Cultural e de Estudos Aúthos Paganos
1997 - São Paulo SP - Mestres do Expressionismo no Brasil, no Masp
1997 - São Paulo SP - O Toque Revelador: retratos e auto-retratos, no MAC/USP
1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB
1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1998 - São Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB-Faap
1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no MAB-Faap. Salão Cultural
1999 - São Paulo SP - O Brasil no Século da Arte, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2000 - Belém PA - Arte Pará 2000, no Museu de Arte Sacra
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa
2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil-brasis: cousas notaveis e espantosas. Olhares Modernistas, no Museu do Chiado
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - 7º Salão de Arte e Antiguidades, na A Hebraica
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB-Faap
2000 - São Paulo SP - Ars Erótica: sexo e erotismo na arte brasileira, no MAM/SP
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - O Papel da Arte, no Galeria de Arte do Sesi
2000 - São Paulo SP - Um Certo Ponto de Vista: Pietro Maria Bardi 100 anos, na Pinacoteca do Estado
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - Rio de Janeiro RJ - Coleções do Moderno: Hecilda e Sergio Fadel na Chácara do Céu, nos Museus Castro Maya. Museu da Chácara do Céu
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - Auto-Retrato o Espelho do Artista, na Galeria de Arte do Sesi
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB-Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - São Paulo SP - Uma viagem com Anita. A festa da forma e da cor, no MAB-Faap
2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Centro Cultural da Caixa
2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arquipélagos: o universo plural do MAM, no MAM/RJ
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - 22 e a Idéia do Moderno, no MAC/USP
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB-Faap
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Ribeirão Preto SP - Anos 20: A Modernidade Emergente, no Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Pintores do Litoral Paulista, na Sociarte
2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB-Faap
2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2004 - Madri (Espanha) - Arco/2004, no Parque Ferial Juan Carlos I
2004 - Rio de Janeiro RJ - A Face Icônica da Arte Brasileira, no MAM/RJ
2004 - São Paulo SP - Individual, no Conjunto Cultural da Caixa
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Obras-Primas de Anita Malfatti, no Espaço Cultural BM&F
2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor
2005 - Rio de Janeiro RJ - Obras-primas da Arte Brasileira, no Centro de Exposições do Rio Design Barra
2005 - São Paulo SP - 100 Anos da Pinacoteca: a formação de um acervo, na Galeria de Arte do Sesi
2005 - São Paulo SP - Anita Malfatti Gravadora - Uma Recuperação, no IE/USP
2005 - São Paulo SP - Erotica: os sentidos na arte, no Centro Cultural Banco do Brasil
2005 - São Paulo SP - Faces de Mário, no IEB/USP
2006 - Rio de Janeiro RJ - Erotica: os sentidos na arte, no Centro Cultural Banco do Brasil
2006 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950, no Museu de Arte Moderna
2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - O Olhar Modernista de JK, no MAB-FAAP
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, no Museu de Arte de São Paulo
2006 - São Paulo SP - Manobras Radicais, no Centro Cultural Banco do Brasil
2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado
2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna da Bahia
2007 - São Paulo SP - Anita Malfatti Gravadora - Uma Recuperação, na Casa de Dona Yayá
2007 - São Paulo SP - Brasil, Várias Vezes Moderno, no Espaço Arte MorumbiShopping
2008 - São Paulo SP - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno, no Museu de Arte de São Paulo
2008 - São Paulo SP - Acervo BM&FBOVESPA, no Espaço Cultural BM&FBovespa
2008 - São Paulo SP - Brasil Brasileiro, no Centro Cultural Banco do Brasil
2008 - São Paulo SP - Laços do Olhar, no Instituto Tomie Ohtake
2008 - São Paulo SP - MAM 60, na Oca
2009 - São Paulo SP - A Arte Sacra de Anita Malfatti, no Museu de Arte Sacra
2009 - Rio de Janeiro RJ - Brasil Brasileiro, Centro Cultural Banco do Brasil
2009 - São Paulo SP - Recentes na Coleção, Museu de Arte Brasileira
2009 - São Paulo SP - Nus, Galeria Fortes Vilaça
2009 - São Paulo SP - Arte na França 1860-1960: o Realismo, Museu de Arte de São Paulo
2009 - São Paulo SP - Olhar da Crítica: Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios, Palácio dos Bandeirantes
2009 - São Paulo SP - Tesouros da Coleção Roberto Marinho, Espaço Cultural BM&FBovespa
2009 - São Paulo SP - Modernos de Sempre, na Dan Galeria
2010 - São Paulo SP - Genealogias do Contemporâneo, Museu de Arte Moderna
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
2010 - Brasília DF - Anita Malfatti: 120 anos de nascimento, Centro Cultural Banco do Brasil
2010 - Rio de Janeiro RJ - Anita Malfatti: 120 anos de nascimento, Centro Cultural Banco do Brasil
2010 - São Paulo SP - Memórias Reveladas, Museu de Arte Brasileira
2010 - São Paulo SP - Brasilidade e Modernismo, Dan Galeria
2011 - Brasília DF - Mulheres Artistas e Brasileiras - Produção do Século 20, Palácio do Planalto
2011 - Campos do Jordão SP - Arte e Cultura no Vale do Paraíba, no Palácio Boa Vista
2011 - Curitiba PR - Anita Malfatti, no Museu Oscar Niemeyer
2011 - São Paulo SP - Arte no Brasil: Uma História na Pinacoteca de São Paulo, na Pinacoteca do Estado
2011 - São Paulo SP - Marcas do Expressionismo, no MAB-FAAP
2011 - São Paulo SP - Modernismos no Brasil, no MAC/USP
2011 - São Paulo SP - 7ª sp-arte, na Fundação Bienal
2012 - Rio de Janeiro RJ - Amazônia, Ciclos de Modernidade, no CCBB
2013 - São Paulo SP - Experiência ] e [Transformação, no MAB-FAAP
2013 - São Paulo SP - O Agora, O Antes: uma síntese do acervo do MAC USP, no Museu de AC/USP
2013 - Fortaleza CE - Trajetórias: Arte Brasileira na Coleção Fundação Edson Queiroz - Unifor 40 Anos, no Espaço Cultural Unifor (Fortaleza, CE)
Fonte: ANITA Malfatti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Mai. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Semana de Arte Moderna - Itaú Cultural
Inserida nas festividades em comemoração do centenário da independência do Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna apresenta-se como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes no país desde o século XIX. Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, realiza-se no Theatro Municipal de São Paulo um festival com uma exposição com cerca de 100 obras e três sessões lítero-musicais noturnas. Entre os pintores participam Anita Malfatti (1899-1964), Di Cavalcanti (1897-1976), Ferrignac (1892-1958), Jonh Graz (1891-1980), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Zina Aita (1900-1968), Yan de Almeida Prado (1898-1991) e Antônio Paim Vieira (1895-1988), com dois trabalhos feitos a quatro mãos, e o carioca Alberto Martins Ribeiro, cujo trabalho não se desenvolveu depois da Semana de 22. No campo da escultura, estão Victor Brecheret (1894-1955), Wilhelm Haarberg (1891-1986) e Hildegardo Velloso (1899-1966). A arquitetura é representada por Antonio Moya (1891-1949) e Georg Przyrembel (1885-1956). Entre os literatos e poetas, tomam parte Graça Aranha (1868-1931), Guilherme de Almeida (18901-1969), Mário de Andrade (1893-1945), Menotti Del Picchia (1892-1988), Oswald de Andrade (1890-1954), Renato de Almeida, Ronald de Carvalho (1893-1935), Tácito de Almeida (1889-1940), além de Manuel Bandeira (1886-1968) com a leitura do poema Os Sapos. A programação musical traz composições de Villa-Lobos (1887-1959) e Debussy (1862-1918), interpretadas por Guiomar Novaes (1895-1979) e Ernani Braga (1888-1948), entre outros.
A Semana de 22 não foi um fato isolado e sem origens. As discussões em torno da necessidade de renovação das artes surgem em meados da década de 1910 em textos de revistas e em exposições, como a de Anita Malfatti em 1917. Em 1921 já existe, por parte de intelectuais como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, a intenção de transformar as comemorações do centenário em momento de emancipação artística. No entanto, é no salão do mecenas Paulo Prado, em fins desse ano, que a ideia de um festival com duração de uma semana, trazendo manifestações artísticas diversas, toma forma inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville, cidade francesa. Nota-se que sem o empenho desse mecenas o projeto não sairia do papel. Paulo Prado, homem influente e de prestígio na sociedade paulistana, consegue que outros barões do café e nomes de peso patrocinem, mediante doações, o aluguel do teatro para a realização do evento. Também é fundamental seu papel na adesão de Graça Aranha à causa dos artistas "revolucionários". Recém-chegado da Europa como romancista aclamado, a presença de Aranha serve estrategicamente para legitimar a seriedade das reivindicações do jovem e ainda desconhecido grupo modernista.
Sem programa estético definido, a Semana desempenha na história da arte brasileira muito mais uma etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo vigente na produção literária, musical e visual do que um acontecimento construtivo de propostas e criação de novas linguagens. Pois, se existe um elo de união entre seus tão diversos artífices, este é, segundo seus dois principais ideólogos, Mário e Oswald de Andrade, a negação de todo e qualquer "passadismo": a recusa à literatura e à arte importadas com os traços de uma civilização cada vez mais superada, no espaço e no tempo. Em geral todos clamam em seus discursos por liberdade de expressão e pelo fim de regras na arte. Faz-se presente também certo ideário futurista, que exige a deposição dos temas tradicionalistas em nome da sociedade da eletricidade, da máquina e da velocidade. Na palestra proferida por Mário de Andrade na tarde do dia 15, posteriormente publicada como o ensaio A Escrava que Não É Isaura , 1925, ocorre uma das primeiras tentativas de formulação de idéias estéticas modernas no país. Nessa conferência, o autor antevê a importância de temperar o processo de importação da estética moderna com o nativismo, o movimento de voltar-se para as raízes da cultura popular brasileira. A dinâmica entre nacional e internacional torna-se a questão principal desses artistas nos anos subseqüentes.
Com a distância de mais de 80 anos, sabe-se que, com respeito à elaboração e à apresentação de uma linguagem verdadeiramente moderna, a Semana de 22 não representa um rompimento profundo na história da arte brasileira. Pois no conjunto de qualidade irregular de obras expostas não se identifica uma unidade de expressão, ou algo como uma estética radical do modernismo. No entanto, há de se reconhecer que, a despeito de todos os antagonismos, esse evento configura-se como um fato cultural fundamental para a compreensão do desenvolvimento da arte moderna no Brasil, e isso sobretudo pelos debates públicos mobilizados (cercados por reações negativas ou de apoio) e riqueza de seus desdobramentos na obra de alguns de seus realizadores.
Fonte: SEMANA de Arte Moderna. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Mai. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Filha do engenheiro italiano Samuele Malfatti e de mãe norte-americana Eleonora Elizabeth "Betty" Krug, Anita Malfatti nasceu na cidade de São Paulo, em 2 de dezembro de 1889. Segunda filha do casal, nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais à cidade de Lucca, na Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da vida. Voltando ao Brasil, teve à sua disposição Miss Browne, que a ajudou no desenvolvimento do uso da escrita e no aprendizado do desenho com a mão esquerda. Essa Miss Browne deve ter sido a educadora norte-americana Márcia P. Browne que assessorou Caetano de Campos na reforma que empreendeu no ensino primário e normal em São Paulo, nos primórdios da República. Miss Browne organizou e foi a primeira diretora da Escola Modelo anexa à Escola Normal.
Iniciou seus estudos em 1897 no Externato São José de freiras católicas, hoje não mais existente, outrora localizado na Rua da Glória, onde foi alfabetizada. Logo depois passou a estudar em escolas protestantes: na Escola Americana, em 1903, e pouco depois no Mackenzie College onde, em 1906, recebe o diploma de normalista.
Surge a pintora
Nesse meio tempo morreu Samuele Malfatti, esteio moral e financeiro da família. Sem recursos para o sustento dos filhos, Betty passou a dar aulas particulares de idiomas e também de desenho e pintura. Chegou a pedir orientações do pintor Carlo de Servi para ela com mais segurança ensinar suas discípulas. Anita acompanhava as aulas que tomavam a maior parte de seu tempo, foi portanto sua própria mãe quem lhe ensinou os rudimentos das artes plásticas.
Na Alemanha
Anita pretendia estudar em Paris, mas sem a ajuda do pai parecia impossível, tendo em vista que sua avó vivia entrevada numa cama e sua mãe passava o dia dando aulas de pintura e de idiomas. Anita tinha umas amigas, as irmãs Shalders, que estavam prestes a viajar à Europa para estudar música. Assim surgiu a ideia de acompanhá-las à Alemanha e seu tio e padrinho, o engenheiro Jorge Krug, aceitou financiar a viagem.
Anita e as Shalders chegaram a Berlim em 1910, ano marcante na história da Arte Moderna alemã. Berlim era então o grande centro musical da Europa. Acompanhando suas amigas às aulas no centro musical, ali recebeu a sugestão para estudar no ateliê do artista pintor Fritz Burger. Fritz Burger era um retratista que dominava a técnica pontilhista ou divisionista. Foi o primeiro mestre alemão de Anita. Nessa época ela ingressou na Academia de Belas Artes de Berlim.
Durante as férias de verão, Anita e as amigas foram às montanhas de Harz, em Treseburg, região frequentada por pintores. Continuando sua viagem, visitou a 4° Sonderbund, uma exposição que aconteceu em Colônia na Alemanha, na qual conheceu trabalhos de pintores modernos e famosos, incluindo-se Van Gogh.
Teve aulas também com Lovis Corinth, nome mais conhecido do que seu primeiro mestre. Alguns anos antes Corinth sofrera um acidente vascular cerebral (AVC) que, como sequela, tal como a aluna, lhe deixara alguma dificuldade motora na mão direita. Anita estava cada vez mais interessada pela pintura expressionista. Desejava aprender seu conceito e sua técnica. Em 1913, inicia aulas com o professor Ernst Bischoff-Culm da mesma escola de Corinth. Com a instabilidade política e social causada por uma guerra que se mostrava iminente, Anita Malfatti resolve deixar Berlim e passando rapidamente por Paris, retorna ao Brasil.
Primeira exposição individual - 1914
Em 1914, Anita tinha 24 anos e, depois de quatro anos de estudo na Europa, voltava para o seio familiar. Anita ainda tinha o desejo de partir mais uma vez em viagem de estudos. Sem condições financeiras, tentou pleitear uma bolsa junto ao Pensionato Artístico do Estado de São Paulo. Por essa razão, montou no dia 23 de maio de 1914, uma exposição com obras de sua autoria, exposição essa que ficou aberta até meados de junho.
O senador José de Freitas Valle foi visitar a exposição. Dependia dele a concessão da bolsa. Mas o influente político não gostou das obras de Anita, chegando a criticá-las publicamente. Entretanto, independentemente da opinião do senador, a bolsa não seria concedida. Notícias do iminente início da guerra na Europa fizeram com que o Pensionato as cancelasse. Foi aí que, mais uma vez, financiada pelo tio, o engenheiro e arquiteto Jorge Krug, Anita embarca para os Estados Unidos.
Nos Estados Unidos
No início de 1915, Anita Malfatti já se encontrava em Nova Iorque e matriculada na tradicional Art Student's League. Nessa escola, Anita ia de um professor a outro na tentativa de encontrar o caminho que sonhava para seus trabalhos. Após três meses de estudos, desistiu de qualquer curso de pintura ou desenho nessa instituição, reservando-a apenas para os estudos de gravura. Anita ficou sabendo de um professor que deixava os alunos pintarem à vontade - ele lecionava na Independent School of Art e se chamava Homer Boss.
Nas férias de verão, Homer Boss levou os alunos para pintar na costa do Maine, na ilha de Monhegan. Esse Estado litorâneo mais ao nordeste, fronteira com o Canadá, tornara-se há muito o refúgio dos artistas. Foi nessa ilha que Anita pintou, entre outras, a paisagem intitulada O farol. Passado o verão, Anita voltou à Independent School of Art. Em meados de 1916, preparava-se para voltar ao Brasil.
De volta ao Brasil e segunda exposição individual - 1917
Em 1917, Anita resolveu promover sua segunda exposição.
Após a crítica de Lobato, publicada em O Estado de S.Paulo, edição da tarde, em 20 de dezembro de 1917, com o título de A propósito da exposição Malfatti, as telas vendidas foram devolvidas, algumas quase foram destruídas a bengaladas. Apesar da mágoa, Anita ilustrou livros de Monteiro Lobato e na década de 40 participou de um programa na Rádio Cultura chamado "Desafiando os Catedráticos", juntamente com Menotti Del Picchia e Monteiro Lobato. Os ouvintes telefonavam fazendo perguntas para que o trio respondesse. Anita inicia estudos com o pintor acadêmico Pedro Alexandrino no ano de 1919, e também com o alemão George Fischer Elpons um pouco mais avançado do que o velho mestre das naturezas mortas. Foi nessa ocasião que conheceu Tarsila do Amaral que tinha aulas com os mesmos professores. Depois do pai, o tio Jorge Krug, que a havia ajudado tanto, também faleceu e Anita precisou buscar caminhos para vender suas obras. Pedro Alexandrino já era um pintor de renome e vendia com facilidade seus trabalhos.
A Semana de Arte Moderna de 1922
Após o período de recesso, a Semana de Arte Moderna, mais uma vez, movimentou a vida artística insípida de São Paulo. Anita participou dela com 22 trabalhos. Uma vez que o círculo modernista vinha ao encontro de suas aspirações artísticas, ela entraria também para o grupo dos cinco.
A Europa nos loucos anos 20
Anita embarcava mais uma vez, em viagem de estudos para Paris. Seriam cinco anos de estudos pela bolsa do Pensionato. Este seria o último e o seu mais longo período fora do Brasil. Em agosto de 1922, ela tinha 33 anos e embarcava no vapor Mosella rumo à França. Mário de Andrade que não conseguiu chegar a tempo da partida de Anita e enviou-lhe um telegrama de desculpas. Apesar das muitas dúvidas que ainda tinha em relação a que caminho seguir na sua arte, não deixou de produzir.
Brasil, 1928
No final de setembro de 1928 Anita já se encontrava no Brasil. O ambiente artístico encontrado por Anita na volta era diferente do que deixara em 1923; o grupo inicial evoluíra, surgiam novos adeptos e novos movimentos. O número de artistas plásticos também crescera. Na chegada, Mário de Andrade noticiou imediatamente sua chegada, relembrando quem ela era.
Em 1929 abria em São Paulo sua quarta individual. Depois de fechar sua exposição, até 1932, Anita dedicou-se ao ensino escolar. Retomou suas aulas na Escola Normal Americana e foi trabalhar também na Escola Normal do Mackenzie College. Em 1933, muda-se para a Rua Ceará, no bairro de Higienópolis, onde instala seu ateliê e dá aulas, inclusive para Oswald de Andrade Filho, onde permanece até 1952, com a venda da casa, em razão da morte de sua mãe.
Malfatti faleceu em 6 de novembro de 1964, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. ela está sepultada no Cemitério dos Protestantes, na Rua Sergipe, número 117, bairro da Consolação, São Paulo.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 12 de maio de 2018.
Anita Catarina Malfatti (São Paulo, SP, 2 de dezembro de 1889 — idem, 6 de novembro de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora ítalo-brasileira.
Biografia
Mais conhecida por fazer parte da Semana de Arte Moderna (1922), Anita Malfatti é considerada a primeira representante do modernismo no Brasil. Filha de um italiano e uma norte-americana, estudou pintura na Europa (1910) e nos Estados Unidos (1914) no período em que a arte moderna ganhava força no velho continente. Sua obra, desvinculada do academicismo, não foi bem recebida no Brasil.
Depois de retornar ao país, já consagrada, Anita organizou uma exposição individual (1917), pela qual foi duramente criticada. Em artigo publicado n'O Estado de São Paulo, Monteiro Lobato, crítico de arte na época escreveu: “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas (…). A outra formada pelos que vêem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (…) Essas considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia”.
O resultado foi rejeição por parte da elite paulistana, com obras devolvidas e mesmo uma tentativa de agressão à artista. Tais acontecimentos fazem de Malfatti uma das figuras mais controvertidas da história da arte nacional, muito embora isso se deva ao seu pioneirismo.
Além da estética rebelde e do gosto pela figura humana, chama atenção em seus trabalhos o uso da cor para exprimir emoção. Um exemplo, e uma de suas principais obras, é O Homem de Sete Cores, onde aplicou as tintas diretamente na tela, sem misturá-las na paleta. O quadro remete à natureza brasileira, tanto nos tons escolhidos quanto pela presença de folhas de bananeira e um girassol.
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Biografia Itaú Cultural
Inicia seu aprendizado artístico com a mãe, Bety Malfatti (1866 - 1952). Devido a uma atrofia congênita no braço e na mão direita, utiliza a esquerda para pintar. No ano de 1909, pinta algumas obras, entre elas a chamada Primeira Tela de Anita Malfatti. Reside na Alemanha entre 1910 e 1914, onde tem contato com a arte dos museus, freqüenta por um ano a Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim, e posteriormente estuda com Fritz Burger-Mühlfeld (1867 - 1927), Lovis Corinth (1858 - 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Nesse período também se dedica ao estudo da gravura. De 1915 a 1916 reside em Nova York e tem aulas com George Brant Bridgman (1864 - 1943), Dimitri Romanoffsky (s.d. - 1971) e Dodge, na Arts Students League of New York, e com Homer Boss (1882 - 1956), na Independent School of Art. Sua primeira individual acontece em São Paulo, em 1914, no Mappin Stores, mas é a partir de 1917 que se torna conhecida quando em uma exposição protagonizada pela artista - em que também expunham artistas norte-americanos - recebe críticas de Monteiro Lobato (1882 - 1948) no artigo A Propósito da Exposição Malfatti, mais tarde transcrito em livro com o título Paranóia ou Mistificação? Em sua defesa, Oswald de Andrade (1890 - 1954) publica, em 1918, artigo no Jornal do Comércio. Estuda pintura com Pedro Alexandrino (1856 - 1942) e com Georg Elpons (1865 - 1939) exercita-se no modelo nu. Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna expondo 20 trabalhos, entre eles O Homem Amarelo (1915/1916) e integra, ao lado de Tarsila do Amaral (1886 - 1973), Mário de Andrade (1893 - 1945), Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Menotti Del Pichia (1892 - 1988), o Grupo dos Cinco. No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e parte para Paris, onde é aluna de Maurice Denis (1870 - 1943), freqüenta cursos livres de arte e mantém contatos com Fernand Léger (1881 - 1955), Henri Matisse (1869 - 1954) e Tsugouharu Foujita (1886 - 1968). Retorna ao Brasil em 1928 e leciona desenho e pintura no Mackenzie College, na Escola Normal Americana, na Associação Cívica Feminina e em seu ateliê. Na década de 1930, em São Paulo, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna - SPAM, a Família Artística Paulista - FAP e participa do Salão Revolucionário. A primeira retrospectiva acontece em 1949, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Em 1951, participa do 1º Salão Paulista de Arte Moderna e da 1ª Bienal Internacional de São Paulo.
Análise
Anita Malfatti inicia, bem jovem, o aprendizado em artes com a mãe, Bety Malfatti (1866 - 1952). Aos 20 anos, procura aperfeiçoar seus estudos na Europa. Graças à ajuda financeira de seu tio o engenheiro-arquiteto George Krug (1869 - 1919), consegue mudar-se para Alemanha e ingressar na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim. Nessa cidade a artista ganha familiaridade com as coleções dos museus e das galerias. A Alemanha, em 1910, vive uma efervescência do expressionismo, que mobiliza a produção nacional e o debate em torno dela.
No primeiro ano, Anita toma contato com toda a agitação modernista, visitando as exposições com grande curiosidade, mas seus estudos são ainda bastante tradicionais. Na academia ela tem aulas de desenho, perspectiva e história da arte. O interesse pelas novas linguagens se amplia nas aulas particulares que tem com o professor Fritz Burger-Mühlfeld (1867 - 1927). Este artista, ligado ao pós-impressionismo alemão, lhe oferece possibilidades artísticas além das abordagens tradicionais. A presença do modernismo em sua formação é acentuada nos cursos com Lovis Corinth (1858 - 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Em 1912, ao visitar a grande retrospectiva de arte moderna Sonderbund em Colônia, Anita já se familiarizara com a produção moderna. Nos retratos pintados pela artista no período transparecem o aprendizado das novas poéticas. O contorno clássico prevalece, mas as cores são usadas de modo expressivo, demonstram uma movimentação maior e mais contrastada que a do desenho. Embora não entrem em conflito com as formas, é perceptível que os elementos operam em dinâmicas distintas. Anita expõe esses quadros em sua primeira individual, em 1914, depois de retornar a São Paulo.
Em 1915, a artista parte para mais um período de estudos, desta vez nos Estados Unidos, onde tem aulas com Homer Boss (1882 - 1956) na Independent School of Art. A convivência com este professor americano e com o clima vanguardista da escola irá levar adiante o desenvolvimento da liberdade moderna cultivada na Alemanha. É aí que ela realiza seus trabalhos mais conhecidos, como O Farol (1915), Torso/Ritmo (1915/1916) e O Homem Amarelo (1915/1916). Nesses quadros, o desenho perde o compromisso com a verossimilhança clássica e ganha sentido mais interpretativo. Por vezes, o contorno grosso e sinuoso apresenta as figuras como uma massa pesada e volumosa. Em outros trabalhos, com o traço mais fechado, a cor é aplainada e compõe retratos e paisagens livres, pela articulação de superfícies em cores contrastantes.
No Brasil, em 1917, a artista associa essa liberdade de compor com formas à crítica nacionalista aos modelos importados de representação. Pinturas como Tropical (1917), originalmente intitulada Negra Baiana, e Caboclinha (1907) fazem parte desse esforço. Todas essas pinturas são reunidas em sua segunda individual: Exposição de Arte Moderna, em dezembro de 1917. A mostra tem repercussões decisivas para o seu trabalho. As reações são diversas. Se por um lado a exposição anima uma aproximação dos artistas e intelectuais que, mais tarde, realizariam em São Paulo a Semana de Arte Moderna de 1922, por outro ela vira alvo de uma reação violenta às linguagens modernas. As posições contrárias às vanguardas de origem européia, que têm como maior expoente Monteiro Lobato (1882 - 1948), consideram a exposição um desperdício do talento de Anita, que se entregava a estrangeirismos deslumbrados e mistificadores.
Tal reação, para alguns, irá abalar a confiança da artista, causando impacto violento em sua carreira; para outros, Anita já vinha oscilando esquemas formais mais realistas e soluções mais próximas do modernismo internacional. Depois da exposição de 1917, ela se aproxima da linguagem tradicional e faz aulas com o acadêmico Pedro Alexandrino (1856 - 1942). Seus trabalhos também se tornam mais realistas. Encorajada pelo grupo que iria realizar a Semana de Arte Moderna, como Menotti Del Pichia (1892 - 1988), Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Mário de Andrade (1893 - 1945), Anita, por volta de 1921, interessa-se novamente pelas linguagens de vanguarda. Na Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922, a artista expõe novamente as telas mostradas em 1917 junto com novos trabalhos modernistas, sendo considerada por Sérgio Milliet (1898 - 1966) a maior artista da exposição.
Em 1923, Anita conquista finalmente a bolsa do Pensionato Artístico do Estado - que não havia conseguido com a exposição de 1914 - e segue para Paris, onde permanece por cinco anos. Em sua estada, ela toma distância de posições polêmicas da vanguarda. Pinta cenas de interiores como Interior de Mônaco e La Rentrée, e se aproxima do fauvismo e da simplicidade da pintura primitiva. A artista não nega o modernismo, mas evita o que ele tem de ruptura. Ao voltar para o Brasil, em 1928, interessa-se por temas regionalistas e se volta às formas tradicionais, como a pintura renascentista e a arte Naïf.
O interesse por uma pintura mais fluente e descompromissada aproxima Anita do grupo de pintores da Família Artística Paulista - FAP. Ela se identifica com a busca de uma pintura espontânea e bem-feita, não presa a modelos consagrados nem perdida no desejo de inovação. Dos anos 40 em diante, a artista passa a pintar, cada vez mais, cenas da vida popular. Nos anos 50, o popular não é só tema, mas também passa a ser incorporado nas formas, influenciado pela arte não culta. Em 1963, um ano antes de falecer, realiza uma individual na Casa do Artista Plástico e ganha uma retrospectiva de seu trabalho na 7ª Bienal Internacional de São Paulo. É a última homenagem que recebe em vida.
Críticas
"Com Anita Malfatti desapareceu a personalidade historicamente mais importante do movimento modernista. Já é fato sabido, registrado em tantos pronunciamentos, que sua exposição de 1917 se constituiu na abertura de um apaixonado debate, até então desconhecido no país, entre as velhas concepções estéticas e as novas tendências, já vitoriosas nos grandes centros artísticos universais. Por isso, em outra oportunidade, chamamo-la de 'exposição insurrecional'. E foi sem dúvida a violência da reação, dos ataques que lhe foram então dirigidos, que determinou dialeticamente a necessidade da arregimentação dos elementos dispersos, partidários das idéias renovadoras, o que veio afinal desembocar na Semana de Arte Moderna, de 1922".
Paulo Mendes de Almeida (Mario de Andrade e a "sensitiva do Brasil". In: De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva: Diâmetros Empreendimentos, 1976. cap. 2, p. 17.)
"Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes através de uma obra torcida para má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes. Percebe-se de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é independente, como é original, como é inventiva, em alto grau possui um sem-número de qualidades inatas e adquiridas das mais fecundas para construir uma sólida individualidade artística. Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios dum impressionismo (sic) discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura. Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma - caricatura que não visa, como a primitiva, ressaltar uma idéia cômica, mas sim desnortear, aparvalhar o espectador. A fisionomia de quem sai de uma destas exposições é das mais sugestivas. Nenhuma impressão de prazer, ou de beleza, denunciam as caras; em todas, porém, se lê o desapontamento de quem está incerto, duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de racioconar, e muito desconfiado de que o mistificam habilmente(...)".
Monteiro Lobato (A propósito da exposição Malfatti. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p.165. - Texto extraído do artigo A propósito da exposição Malfatti, escrito em 1917)
"Possuidora de uma alta consciência do que faz, levada por um notával instinto para a apaixonada eleição dos seus assuntos e da sua maneira, a vibrante artista não temeu levantar com os seus cinqüenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes hostilidades. Era natural que elas surgissem no acanhamento da nossa vida artística. A impressão inicial que produzem os seus quadros é de originalidade e de diferente visão. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas exposições de pintura. A sua arte é a negação da cópia, a ojeriza da oleografia".
Oswald de Andrade (A Exposição Anita Malfatti. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo. v. 1. p.175. - Texto publicado originalmente no Jornal do Commércio em 11 de janeiro de 1918)
"Monteiro Lobato - estilo clava, estilo pelúcia - tem no diabólico prestígio da sua pena um mágico poder de sedução às vezes perigosos. Com tais artimanhas tece os seus períodos, que o nosso espírito nele se enrosca, se prende; é como visgo para pássaros inexpertos; é como um aranhol para mosquitos incautos...Caí, a respeito de Anita Malfatti, no visgo do seu estilo e, preso por ele, julguei, com o critério de Lobato, sem ver todas as obras da artista, toda a obra dela." Comigo milhares de paulistas, aprioristicamente, assim julgaram essa mulher singular, que, quando não tivesse outro mérito, teria o de haver rompido, com audácia de arte independente e nova, a nossa sonolência de retardatários e paralíticos da pintura....Quando defrontei as telas de Anita, comecei a maturar se a acidez de Lobato era justa, e acabei achando-o cruel e exagerado na formidável catilinária que pespegou na nossa brilhante patrícia..."
Menotti del Picchia (Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p. 213 - Texto publicado no Correio Paulistano em novembro de 1920)
"Anita Malfatti antecedeu, em diversos anos, o primeiro grupo de vanguarda de modernistas brasileiros, que vem dar suas contribuições característicamente modernas a partir de 1923, quando iniciam as fases mais importantes de suas carrieras. O aparecimento prematuro e isolado da expressionoista brasileira contribuiu para sua desestruturação, enquanto que, para o meio, foi da maior utilidade, sendo um dos fatores que o fez entrar em fermentação".
Marta Rossetti Batista (Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1.p.255)
"Depois da exposição Anita se retirou. Foi para casa e desapareceu, ferida. Mulher que sofre, diria depois Mário de Andrade. Poderíamos dizer que também os primeiros adeptos 'se retiraram', para uma lenta assimilação do 'novo' - levariam anos para passar daquela 'intuição divinatória' à construção de sua própria linguagem, mais característica do século XX. Depois da exposição, da agressão às telas, da devolução dos quadros - e enquanto os futuros modernistas se atualizavam para depois eclodir com força - a pintora, cercada de uma aura de 'maldita', viu sua obra ser silenciada. Ela confessaria mais tarde: 'Então começou o peso do ostracismo. Todo o meu trabalho ficou cortado - alunas, vendas de quadros, e começaram as brigas nos jornais'. Anita Malfatti conhecia agora toda a extensão do fosso que separava as suas obras das acadêmicas locais, pudera avaliar a distância entre as idéias e preocupações artísticas e a realidade do meio intelectual paulistano. Ficou sabendo que não poderiam estimular, compreender, e nem mesmo aceitar 'aquelas coisas dantescas' - violara com elas praticamente todos os padrões da arte acadêmica, e ainda alguns sociais".
Marta Rossetti Batista (Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p.196)
"Resultado de um fenômeno mais comum do que ainda hoje se imagina no Brasil, a partir da eclosão da I Guerra Mundial vários artistas da vanguarda internacional passaram por um processo de recuperação dos valores da arte anteriores às experimentações estéticas dos primeiros anos do século XX. Alguns, como Picasso e Matisse, enveredaram pela grande tradição da arte européia, sem esquecerem os ensinamentos basilares de Cézanne. Outros, como Derain e Severini, investiram fundo nessa 'implosão', recuperando uma visualidade que às vezes resvalou para um naturalismo de qualidade discutível. Mario Sironi e Carlo Carrà - igualmente sem esquecer Cézanne - preferiram resgatar valores estéticos do primeiro Renascimento. Se Nestor Pestana tivesse visto os desenhos que Malfatti produziu em Paris nos anos 20 - alguns dos quais presentes nessa exposição -, sem dúvida acreditaria que a artista, na encruzilhada percebida em Tropical, havia optado pela senda dos 'abacaxis tão bem acabados'. Logicamente, nesses desenhos não se percebe de forma alguma a artista presa a qualquer surto naturalista radical. Mas, indubitavelmente, ali a linha já não configura mais a forma através de frêmitos expressivos, registros nervosos da ação da artista sobre a matéria do mundo. Anita Malfatti, em seu longo processo de retorno a uma suposta ordem perene da arte, tem nesses desenhos um dos pontos mais altos de sua obra. Neles, a nobre simplicidade e a grandeza serena requeridas por Winckelmann para a obra de arte (e reclamadas por Pestana, Lobato e outros críticos paulistanos) são recuperadas por um traço ainda sensível, porém disciplinado pela observação do caráter linear das obras de artistas como Ingres. Como Picasso e Matisse, Malfatti soube captar na produção daquele mestre francês do século XIX a sensualidade sutil da linha, construindo a forma sem sobressaltos, com absoluta objetividade e requinte. Soube plasmar à expressão interior os códigos da linguagem gráfica mais pura, obtendo não mais registros de uma ação circunstancial, cheia de drama, mas formas que aspiram à eternidade ideal".
Tadeu Chiarelli (Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999. p. 165-167.)
Depoimentos Anita Malfatti
"Quando cheguei à Europa, vi pela primeira vez a pintura. Quando visitei os museus fiquei tonta. Comecei a querer descobrir no que os grandes santos das escolas italianas eram diferentes dos santinhos dos colégios. Tanto me encantavam uns quanto os outros. Fiquei infeliz porque a emoção não era de deslumbramento, mas de perturbação e de infinito cansaço diante do desconhecido. Assim passei semanas voltando diariamente ao Museu de Dresde. Em Berlim continuei a busca e comecei a desenhar. Desenhei seis meses dia e noite. Um belo dia fui com uma colega ver uma grande exposição de pintura moderna. Eram quadros grandes. Havia emprego de quilos de tinta e de todas as cores. Um jogo formidável. Uma confusão, um arrebatamento, cada acidente de forma pintado com todas as cores. O artista não havia tomado tempo para misturar as cores, o que para mim foi uma revelação e minha primeira descoberta. Pensei, o artista está certo. A luz do sol é composta de três cores primárias e quatro derivadas. Os objetos se acusam só quando saem da sombra, isto é, quando envolvidos na luz. Tudo é resultado da luz que os acusa, participando de todas as cores. Comecei a ver tudo acusado por todas as cores. Nada nesse mundo é incolor ou sem luz. Procurei o homem de todas as cores, Lovis Corinth, e dentro de uma semana comecei a trabalhar na aula desse professor. Comprei incontinente uma porção de tintas, e a festa começou. Continuava a ter medo da grande pintura como se tem medo de um cálculo integral".
Anita Malfatti (BATISTA, Marta Rossetti (Org. ); LOPEZ, Telé Ancona (Org. ); LIMA, Yvone Soares de (Org. ). Brasil: 1º tempo modernista 1917/25: documentação. São Paulo: IEB: USP, 1972, p. 41.)
Acervos
Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. - São Paulo SP
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil. - São Paulo SP
Casa Guilherme de Almeida - São Paulo SP
Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP - São Paulo SP
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte Brasileira - MAB/Faap - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Exposições Individuais
1914 - São Paulo SP - Primeira Individual, no Mappin Stores
1917 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti, na Rua Líbero Badaró nº 111
1920 - São Paulo SP - Individual, no Clube Comercial
1921 - Santos SP - Individual, no Vestíbulo do Politeama Rio Branco
1926 - Paris (França) - Individual, na Galerie André
1929 - São Paulo SP - Individual, na Rua Líbero Badaró nº 20 - sobreloja
1935 - São Paulo SP - Individual, no Palácio das Arcadas
1937 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1938 - São Paulo SP - Individual, na Exposição de Arte e Decoração
1938 - São Paulo SP - Individual, na Rua Ceará, 219 (Atelier da Artista)
1945 - São Paulo SP - Individual, no IAB/SP
1949 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Masp
1950 - São Paulo SP - Individual,na Rua Ceará, 219 (Atelier da Artista)
1955 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1957 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa do Quadragésimo Aniversário da Exposição de 1917, no Clubinho
1963 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico
Exposições Coletivas
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1917 - São Paulo SP - Exposição do Saci, na Rua Líbero Badaró nº 111
1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - São Paulo SP - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, no Palácio das Indústrias
1922 - São Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Theatro Municipal
1923 - Paris (França) - Exposição de Artistas Brasileiros, na Maison de L'Amérique Latine
1924 - Paris (França) - 17º Salão de Outono, no Grand Palais
1924 - Paris (França) - Exposition d'Art Latin Américain, no Musée Galleria
1925 - Paris (França) - 18º Salão de Outono, no Grand Palais
1926 - Paris (França) - 19º Salão de Outono, no Palais de Bois
1926 - Paris (França) - 37ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Palais de Bois
1926 - Paris (França) - Salon du Franc, no Musée Galliera
1927 - Paris (França) - 20º Salão de Outono, no Grand Palais
1927 - Paris (França) - 38ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Grand Palais
1927 - Paris (França) - 5º Salon des Tuileries, no Palais de Bois
1928 - Paris (França) - 39ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Grand Palais
1930 - Nova York (Estados Unidos) - International Art Center, no Nicholas Roerich Museum
1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no Nicholas Roerich Museum
1930 - São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista
1931 - Rio de Janeiro RJ - Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro, na Rua Toneleros
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, no Palacete Campinas
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Belas Artes
1935 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Belas Artes
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - São Paulo SP - 1º Salão da Família Artística Paulista, no Esplanada Hotel de São Paulo
1938 - São Paulo SP - 4º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1939 - São Paulo SP - 2º Salão da Família Artística Paulista, no Automóvel Clube
1939 - São Paulo SP - 3º Salão de Maio, na Galeria Itá
1939 - São Paulo SP - 5º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1940 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Família Artística Paulista, no Palace Hotel
1941 - São Paulo SP - 6º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1941 - São Paulo SP - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias, no Parque da Água Branca
1943 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e Diplomático. Palácio Itamaraty
1943 - São Paulo SP - 8º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1943 - São Paulo SP - Exposição Anti-Eixo, na Galeria Prestes Maia
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artes Plásticas, no ABI
1944 - São Paulo SP - 9º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1944 - São Paulo SP - Anita Malfati, Clóvis Graciano, Hilde Weber, Nelson Nóbrega, Francisco Rebolo, na Galeria Jaraguá
1944 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Brasileira-Norte-Americana, na Galeria Prestes Maia
1945 - São Paulo SP - Anita Malfati, Virgínia Artigas, Clóvis Graciano, Mick Carnicelli, Oswald de Andrade Filho, José Pancetti, Carlos Prado, Francisco Rebolo, Quirino da Silva, Alfredo Volpi, Mario Zanini, na Galeria Itapetininga
1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1946 - São Paulo SP - Exposição de Desenhos Originais de Artistas de São Paulo, NA Biblioteca Municipal Alceu Amoroso Lima
1946 - São Paulo SP - Homenagem Póstuma a Mário de Andrade, na Galeria Itá
1948 - São Paulo SP - Exposição de Artes Plásticas de Pintoras e Escultoras de São Paulo, no Theatro Municipal
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1952 - Santiago (Chile) - Exposición de Pintura, Dibujos y Grabados Contemporáneos del Brasil, na Universidad de Chile. Museo de Arte Contemporáneo
1952 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 22, no MAM/SP
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Atibaia SP - 1ª Exposição Oficial de Pintura, no Clube Recreativo Atibaiense
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Moderno
1957 - Lima (Peru) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte de Lima
1957 - Rosario (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino
1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Contemporáneo
1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas do País, no MAM/SP
1962 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 22, na Petite Galerie
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Pequeno Tamanho, na Galeria Bonino
Exposições Póstumas
1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - homenagem póstuma
1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na Yale University Art Gallery
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1971 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAB-Faap
1972 - Rio de Janeiro RJ - 50 Anos de Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Ibeu Copacabana
1972 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Centro de Artes Novo Mundo
1972 - São Paulo SP - Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp
1973 - São Paulo SP - Retrospectiva, no MAC/USP
1974 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1975 - São Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall
1975 - São Paulo SP - O Tema é Mulher, na Azulão Galeria
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall
1976 - Paris (França) - Brasil: artistas do século XX, na Artcurial
1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira no Século XX: caminhos e tendências, na Galeria Arte Global
1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira: figuras e movimentos, na Galeria Arte Global
1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall
1977 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAC/USP
1978 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1978 - São Paulo SP - A Paisagem na Coleção da Pinacoteca: Do Século XIX aos Anos 40, na Pinacoteca do Estado
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB-Faap
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - SPAM: a história de um sonho, no Museu Lasar Segall
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro de Artista no Brasil, no CCSP
1986 - Rio de Janeiro RJ - Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial
1986 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1986 - São Paulo SP - Seis Tempos: 80 anos, na Pinacoteca do Estado
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado
1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/USP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAC/USP
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - Retrospectiva em comemoração do centenário de nascimento da artista, no IEB/USP
1990 - São Paulo SP - A Coleção de Arte do Município de São Paulo, no Masp
1990 - São Paulo SP - Anita e Oswald de Volta ao Parque, na Associação Pró Parque Modernista
1991 - São Paulo SP - O Desejo na Academia: 1847-1916, na Pinacoteca do Estado
1991 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Espaço de Arte José Duarte Aguiar e Ricardo Camargo
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa da Cultura
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1992 - São Paulo SP - A Formação do olhar modernista, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa de Cultura
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB-Faap
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi
1995 - São Paulo SP - Modernismo Paris Anos 20: vivências e convivências, no MAC/USP
1995 - São Paulo SP - Nús: desenhos de Anita Malfatti, na Galeria Sinduscon
1996 - Rio de Janeiro RJ - Anita Malfatti e Seu Tempo, no CCBB
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920 - 1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1997 - São Paulo SP - Mário de Andrade e o Grupo Modernista, no Centro Cultural e de Estudos Aúthos Paganos
1997 - São Paulo SP - Mestres do Expressionismo no Brasil, no Masp
1997 - São Paulo SP - O Toque Revelador: retratos e auto-retratos, no MAC/USP
1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB
1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1998 - São Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB-Faap
1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no MAB-Faap. Salão Cultural
1999 - São Paulo SP - O Brasil no Século da Arte, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2000 - Belém PA - Arte Pará 2000, no Museu de Arte Sacra
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa
2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil-brasis: cousas notaveis e espantosas. Olhares Modernistas, no Museu do Chiado
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - 7º Salão de Arte e Antiguidades, na A Hebraica
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB-Faap
2000 - São Paulo SP - Ars Erótica: sexo e erotismo na arte brasileira, no MAM/SP
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - O Papel da Arte, no Galeria de Arte do Sesi
2000 - São Paulo SP - Um Certo Ponto de Vista: Pietro Maria Bardi 100 anos, na Pinacoteca do Estado
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - Rio de Janeiro RJ - Coleções do Moderno: Hecilda e Sergio Fadel na Chácara do Céu, nos Museus Castro Maya. Museu da Chácara do Céu
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - Auto-Retrato o Espelho do Artista, na Galeria de Arte do Sesi
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB-Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - São Paulo SP - Uma viagem com Anita. A festa da forma e da cor, no MAB-Faap
2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Centro Cultural da Caixa
2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arquipélagos: o universo plural do MAM, no MAM/RJ
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - 22 e a Idéia do Moderno, no MAC/USP
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB-Faap
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Ribeirão Preto SP - Anos 20: A Modernidade Emergente, no Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Pintores do Litoral Paulista, na Sociarte
2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB-Faap
2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2004 - Madri (Espanha) - Arco/2004, no Parque Ferial Juan Carlos I
2004 - Rio de Janeiro RJ - A Face Icônica da Arte Brasileira, no MAM/RJ
2004 - São Paulo SP - Individual, no Conjunto Cultural da Caixa
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Obras-Primas de Anita Malfatti, no Espaço Cultural BM&F
2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor
2005 - Rio de Janeiro RJ - Obras-primas da Arte Brasileira, no Centro de Exposições do Rio Design Barra
2005 - São Paulo SP - 100 Anos da Pinacoteca: a formação de um acervo, na Galeria de Arte do Sesi
2005 - São Paulo SP - Anita Malfatti Gravadora - Uma Recuperação, no IE/USP
2005 - São Paulo SP - Erotica: os sentidos na arte, no Centro Cultural Banco do Brasil
2005 - São Paulo SP - Faces de Mário, no IEB/USP
2006 - Rio de Janeiro RJ - Erotica: os sentidos na arte, no Centro Cultural Banco do Brasil
2006 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950, no Museu de Arte Moderna
2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - O Olhar Modernista de JK, no MAB-FAAP
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, no Museu de Arte de São Paulo
2006 - São Paulo SP - Manobras Radicais, no Centro Cultural Banco do Brasil
2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado
2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna da Bahia
2007 - São Paulo SP - Anita Malfatti Gravadora - Uma Recuperação, na Casa de Dona Yayá
2007 - São Paulo SP - Brasil, Várias Vezes Moderno, no Espaço Arte MorumbiShopping
2008 - São Paulo SP - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno, no Museu de Arte de São Paulo
2008 - São Paulo SP - Acervo BM&FBOVESPA, no Espaço Cultural BM&FBovespa
2008 - São Paulo SP - Brasil Brasileiro, no Centro Cultural Banco do Brasil
2008 - São Paulo SP - Laços do Olhar, no Instituto Tomie Ohtake
2008 - São Paulo SP - MAM 60, na Oca
2009 - São Paulo SP - A Arte Sacra de Anita Malfatti, no Museu de Arte Sacra
2009 - Rio de Janeiro RJ - Brasil Brasileiro, Centro Cultural Banco do Brasil
2009 - São Paulo SP - Recentes na Coleção, Museu de Arte Brasileira
2009 - São Paulo SP - Nus, Galeria Fortes Vilaça
2009 - São Paulo SP - Arte na França 1860-1960: o Realismo, Museu de Arte de São Paulo
2009 - São Paulo SP - Olhar da Crítica: Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios, Palácio dos Bandeirantes
2009 - São Paulo SP - Tesouros da Coleção Roberto Marinho, Espaço Cultural BM&FBovespa
2009 - São Paulo SP - Modernos de Sempre, na Dan Galeria
2010 - São Paulo SP - Genealogias do Contemporâneo, Museu de Arte Moderna
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
2010 - Brasília DF - Anita Malfatti: 120 anos de nascimento, Centro Cultural Banco do Brasil
2010 - Rio de Janeiro RJ - Anita Malfatti: 120 anos de nascimento, Centro Cultural Banco do Brasil
2010 - São Paulo SP - Memórias Reveladas, Museu de Arte Brasileira
2010 - São Paulo SP - Brasilidade e Modernismo, Dan Galeria
2011 - Brasília DF - Mulheres Artistas e Brasileiras - Produção do Século 20, Palácio do Planalto
2011 - Campos do Jordão SP - Arte e Cultura no Vale do Paraíba, no Palácio Boa Vista
2011 - Curitiba PR - Anita Malfatti, no Museu Oscar Niemeyer
2011 - São Paulo SP - Arte no Brasil: Uma História na Pinacoteca de São Paulo, na Pinacoteca do Estado
2011 - São Paulo SP - Marcas do Expressionismo, no MAB-FAAP
2011 - São Paulo SP - Modernismos no Brasil, no MAC/USP
2011 - São Paulo SP - 7ª sp-arte, na Fundação Bienal
2012 - Rio de Janeiro RJ - Amazônia, Ciclos de Modernidade, no CCBB
2013 - São Paulo SP - Experiência ] e [Transformação, no MAB-FAAP
2013 - São Paulo SP - O Agora, O Antes: uma síntese do acervo do MAC USP, no Museu de AC/USP
2013 - Fortaleza CE - Trajetórias: Arte Brasileira na Coleção Fundação Edson Queiroz - Unifor 40 Anos, no Espaço Cultural Unifor (Fortaleza, CE)
Fonte: ANITA Malfatti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Mai. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Semana de Arte Moderna - Itaú Cultural
Inserida nas festividades em comemoração do centenário da independência do Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna apresenta-se como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes no país desde o século XIX. Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, realiza-se no Theatro Municipal de São Paulo um festival com uma exposição com cerca de 100 obras e três sessões lítero-musicais noturnas. Entre os pintores participam Anita Malfatti (1899-1964), Di Cavalcanti (1897-1976), Ferrignac (1892-1958), Jonh Graz (1891-1980), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Zina Aita (1900-1968), Yan de Almeida Prado (1898-1991) e Antônio Paim Vieira (1895-1988), com dois trabalhos feitos a quatro mãos, e o carioca Alberto Martins Ribeiro, cujo trabalho não se desenvolveu depois da Semana de 22. No campo da escultura, estão Victor Brecheret (1894-1955), Wilhelm Haarberg (1891-1986) e Hildegardo Velloso (1899-1966). A arquitetura é representada por Antonio Moya (1891-1949) e Georg Przyrembel (1885-1956). Entre os literatos e poetas, tomam parte Graça Aranha (1868-1931), Guilherme de Almeida (18901-1969), Mário de Andrade (1893-1945), Menotti Del Picchia (1892-1988), Oswald de Andrade (1890-1954), Renato de Almeida, Ronald de Carvalho (1893-1935), Tácito de Almeida (1889-1940), além de Manuel Bandeira (1886-1968) com a leitura do poema Os Sapos. A programação musical traz composições de Villa-Lobos (1887-1959) e Debussy (1862-1918), interpretadas por Guiomar Novaes (1895-1979) e Ernani Braga (1888-1948), entre outros.
A Semana de 22 não foi um fato isolado e sem origens. As discussões em torno da necessidade de renovação das artes surgem em meados da década de 1910 em textos de revistas e em exposições, como a de Anita Malfatti em 1917. Em 1921 já existe, por parte de intelectuais como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, a intenção de transformar as comemorações do centenário em momento de emancipação artística. No entanto, é no salão do mecenas Paulo Prado, em fins desse ano, que a ideia de um festival com duração de uma semana, trazendo manifestações artísticas diversas, toma forma inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville, cidade francesa. Nota-se que sem o empenho desse mecenas o projeto não sairia do papel. Paulo Prado, homem influente e de prestígio na sociedade paulistana, consegue que outros barões do café e nomes de peso patrocinem, mediante doações, o aluguel do teatro para a realização do evento. Também é fundamental seu papel na adesão de Graça Aranha à causa dos artistas "revolucionários". Recém-chegado da Europa como romancista aclamado, a presença de Aranha serve estrategicamente para legitimar a seriedade das reivindicações do jovem e ainda desconhecido grupo modernista.
Sem programa estético definido, a Semana desempenha na história da arte brasileira muito mais uma etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo vigente na produção literária, musical e visual do que um acontecimento construtivo de propostas e criação de novas linguagens. Pois, se existe um elo de união entre seus tão diversos artífices, este é, segundo seus dois principais ideólogos, Mário e Oswald de Andrade, a negação de todo e qualquer "passadismo": a recusa à literatura e à arte importadas com os traços de uma civilização cada vez mais superada, no espaço e no tempo. Em geral todos clamam em seus discursos por liberdade de expressão e pelo fim de regras na arte. Faz-se presente também certo ideário futurista, que exige a deposição dos temas tradicionalistas em nome da sociedade da eletricidade, da máquina e da velocidade. Na palestra proferida por Mário de Andrade na tarde do dia 15, posteriormente publicada como o ensaio A Escrava que Não É Isaura , 1925, ocorre uma das primeiras tentativas de formulação de idéias estéticas modernas no país. Nessa conferência, o autor antevê a importância de temperar o processo de importação da estética moderna com o nativismo, o movimento de voltar-se para as raízes da cultura popular brasileira. A dinâmica entre nacional e internacional torna-se a questão principal desses artistas nos anos subseqüentes.
Com a distância de mais de 80 anos, sabe-se que, com respeito à elaboração e à apresentação de uma linguagem verdadeiramente moderna, a Semana de 22 não representa um rompimento profundo na história da arte brasileira. Pois no conjunto de qualidade irregular de obras expostas não se identifica uma unidade de expressão, ou algo como uma estética radical do modernismo. No entanto, há de se reconhecer que, a despeito de todos os antagonismos, esse evento configura-se como um fato cultural fundamental para a compreensão do desenvolvimento da arte moderna no Brasil, e isso sobretudo pelos debates públicos mobilizados (cercados por reações negativas ou de apoio) e riqueza de seus desdobramentos na obra de alguns de seus realizadores.
Fonte: SEMANA de Arte Moderna. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Mai. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Filha do engenheiro italiano Samuele Malfatti e de mãe norte-americana Eleonora Elizabeth "Betty" Krug, Anita Malfatti nasceu na cidade de São Paulo, em 2 de dezembro de 1889. Segunda filha do casal, nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais à cidade de Lucca, na Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da vida. Voltando ao Brasil, teve à sua disposição Miss Browne, que a ajudou no desenvolvimento do uso da escrita e no aprendizado do desenho com a mão esquerda. Essa Miss Browne deve ter sido a educadora norte-americana Márcia P. Browne que assessorou Caetano de Campos na reforma que empreendeu no ensino primário e normal em São Paulo, nos primórdios da República. Miss Browne organizou e foi a primeira diretora da Escola Modelo anexa à Escola Normal.
Iniciou seus estudos em 1897 no Externato São José de freiras católicas, hoje não mais existente, outrora localizado na Rua da Glória, onde foi alfabetizada. Logo depois passou a estudar em escolas protestantes: na Escola Americana, em 1903, e pouco depois no Mackenzie College onde, em 1906, recebe o diploma de normalista.
Surge a pintora
Nesse meio tempo morreu Samuele Malfatti, esteio moral e financeiro da família. Sem recursos para o sustento dos filhos, Betty passou a dar aulas particulares de idiomas e também de desenho e pintura. Chegou a pedir orientações do pintor Carlo de Servi para ela com mais segurança ensinar suas discípulas. Anita acompanhava as aulas que tomavam a maior parte de seu tempo, foi portanto sua própria mãe quem lhe ensinou os rudimentos das artes plásticas.
Na Alemanha
Anita pretendia estudar em Paris, mas sem a ajuda do pai parecia impossível, tendo em vista que sua avó vivia entrevada numa cama e sua mãe passava o dia dando aulas de pintura e de idiomas. Anita tinha umas amigas, as irmãs Shalders, que estavam prestes a viajar à Europa para estudar música. Assim surgiu a ideia de acompanhá-las à Alemanha e seu tio e padrinho, o engenheiro Jorge Krug, aceitou financiar a viagem.
Anita e as Shalders chegaram a Berlim em 1910, ano marcante na história da Arte Moderna alemã. Berlim era então o grande centro musical da Europa. Acompanhando suas amigas às aulas no centro musical, ali recebeu a sugestão para estudar no ateliê do artista pintor Fritz Burger. Fritz Burger era um retratista que dominava a técnica pontilhista ou divisionista. Foi o primeiro mestre alemão de Anita. Nessa época ela ingressou na Academia de Belas Artes de Berlim.
Durante as férias de verão, Anita e as amigas foram às montanhas de Harz, em Treseburg, região frequentada por pintores. Continuando sua viagem, visitou a 4° Sonderbund, uma exposição que aconteceu em Colônia na Alemanha, na qual conheceu trabalhos de pintores modernos e famosos, incluindo-se Van Gogh.
Teve aulas também com Lovis Corinth, nome mais conhecido do que seu primeiro mestre. Alguns anos antes Corinth sofrera um acidente vascular cerebral (AVC) que, como sequela, tal como a aluna, lhe deixara alguma dificuldade motora na mão direita. Anita estava cada vez mais interessada pela pintura expressionista. Desejava aprender seu conceito e sua técnica. Em 1913, inicia aulas com o professor Ernst Bischoff-Culm da mesma escola de Corinth. Com a instabilidade política e social causada por uma guerra que se mostrava iminente, Anita Malfatti resolve deixar Berlim e passando rapidamente por Paris, retorna ao Brasil.
Primeira exposição individual - 1914
Em 1914, Anita tinha 24 anos e, depois de quatro anos de estudo na Europa, voltava para o seio familiar. Anita ainda tinha o desejo de partir mais uma vez em viagem de estudos. Sem condições financeiras, tentou pleitear uma bolsa junto ao Pensionato Artístico do Estado de São Paulo. Por essa razão, montou no dia 23 de maio de 1914, uma exposição com obras de sua autoria, exposição essa que ficou aberta até meados de junho.
O senador José de Freitas Valle foi visitar a exposição. Dependia dele a concessão da bolsa. Mas o influente político não gostou das obras de Anita, chegando a criticá-las publicamente. Entretanto, independentemente da opinião do senador, a bolsa não seria concedida. Notícias do iminente início da guerra na Europa fizeram com que o Pensionato as cancelasse. Foi aí que, mais uma vez, financiada pelo tio, o engenheiro e arquiteto Jorge Krug, Anita embarca para os Estados Unidos.
Nos Estados Unidos
No início de 1915, Anita Malfatti já se encontrava em Nova Iorque e matriculada na tradicional Art Student's League. Nessa escola, Anita ia de um professor a outro na tentativa de encontrar o caminho que sonhava para seus trabalhos. Após três meses de estudos, desistiu de qualquer curso de pintura ou desenho nessa instituição, reservando-a apenas para os estudos de gravura. Anita ficou sabendo de um professor que deixava os alunos pintarem à vontade - ele lecionava na Independent School of Art e se chamava Homer Boss.
Nas férias de verão, Homer Boss levou os alunos para pintar na costa do Maine, na ilha de Monhegan. Esse Estado litorâneo mais ao nordeste, fronteira com o Canadá, tornara-se há muito o refúgio dos artistas. Foi nessa ilha que Anita pintou, entre outras, a paisagem intitulada O farol. Passado o verão, Anita voltou à Independent School of Art. Em meados de 1916, preparava-se para voltar ao Brasil.
De volta ao Brasil e segunda exposição individual - 1917
Em 1917, Anita resolveu promover sua segunda exposição.
Após a crítica de Lobato, publicada em O Estado de S.Paulo, edição da tarde, em 20 de dezembro de 1917, com o título de A propósito da exposição Malfatti, as telas vendidas foram devolvidas, algumas quase foram destruídas a bengaladas. Apesar da mágoa, Anita ilustrou livros de Monteiro Lobato e na década de 40 participou de um programa na Rádio Cultura chamado "Desafiando os Catedráticos", juntamente com Menotti Del Picchia e Monteiro Lobato. Os ouvintes telefonavam fazendo perguntas para que o trio respondesse. Anita inicia estudos com o pintor acadêmico Pedro Alexandrino no ano de 1919, e também com o alemão George Fischer Elpons um pouco mais avançado do que o velho mestre das naturezas mortas. Foi nessa ocasião que conheceu Tarsila do Amaral que tinha aulas com os mesmos professores. Depois do pai, o tio Jorge Krug, que a havia ajudado tanto, também faleceu e Anita precisou buscar caminhos para vender suas obras. Pedro Alexandrino já era um pintor de renome e vendia com facilidade seus trabalhos.
A Semana de Arte Moderna de 1922
Após o período de recesso, a Semana de Arte Moderna, mais uma vez, movimentou a vida artística insípida de São Paulo. Anita participou dela com 22 trabalhos. Uma vez que o círculo modernista vinha ao encontro de suas aspirações artísticas, ela entraria também para o grupo dos cinco.
A Europa nos loucos anos 20
Anita embarcava mais uma vez, em viagem de estudos para Paris. Seriam cinco anos de estudos pela bolsa do Pensionato. Este seria o último e o seu mais longo período fora do Brasil. Em agosto de 1922, ela tinha 33 anos e embarcava no vapor Mosella rumo à França. Mário de Andrade que não conseguiu chegar a tempo da partida de Anita e enviou-lhe um telegrama de desculpas. Apesar das muitas dúvidas que ainda tinha em relação a que caminho seguir na sua arte, não deixou de produzir.
Brasil, 1928
No final de setembro de 1928 Anita já se encontrava no Brasil. O ambiente artístico encontrado por Anita na volta era diferente do que deixara em 1923; o grupo inicial evoluíra, surgiam novos adeptos e novos movimentos. O número de artistas plásticos também crescera. Na chegada, Mário de Andrade noticiou imediatamente sua chegada, relembrando quem ela era.
Em 1929 abria em São Paulo sua quarta individual. Depois de fechar sua exposição, até 1932, Anita dedicou-se ao ensino escolar. Retomou suas aulas na Escola Normal Americana e foi trabalhar também na Escola Normal do Mackenzie College. Em 1933, muda-se para a Rua Ceará, no bairro de Higienópolis, onde instala seu ateliê e dá aulas, inclusive para Oswald de Andrade Filho, onde permanece até 1952, com a venda da casa, em razão da morte de sua mãe.
Malfatti faleceu em 6 de novembro de 1964, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. ela está sepultada no Cemitério dos Protestantes, na Rua Sergipe, número 117, bairro da Consolação, São Paulo.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 12 de maio de 2018.
Anita Catarina Malfatti (São Paulo, SP, 2 de dezembro de 1889 — idem, 6 de novembro de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora ítalo-brasileira.
Biografia
Mais conhecida por fazer parte da Semana de Arte Moderna (1922), Anita Malfatti é considerada a primeira representante do modernismo no Brasil. Filha de um italiano e uma norte-americana, estudou pintura na Europa (1910) e nos Estados Unidos (1914) no período em que a arte moderna ganhava força no velho continente. Sua obra, desvinculada do academicismo, não foi bem recebida no Brasil.
Depois de retornar ao país, já consagrada, Anita organizou uma exposição individual (1917), pela qual foi duramente criticada. Em artigo publicado n'O Estado de São Paulo, Monteiro Lobato, crítico de arte na época escreveu: “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas (…). A outra formada pelos que vêem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (…) Essas considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia”.
O resultado foi rejeição por parte da elite paulistana, com obras devolvidas e mesmo uma tentativa de agressão à artista. Tais acontecimentos fazem de Malfatti uma das figuras mais controvertidas da história da arte nacional, muito embora isso se deva ao seu pioneirismo.
Além da estética rebelde e do gosto pela figura humana, chama atenção em seus trabalhos o uso da cor para exprimir emoção. Um exemplo, e uma de suas principais obras, é O Homem de Sete Cores, onde aplicou as tintas diretamente na tela, sem misturá-las na paleta. O quadro remete à natureza brasileira, tanto nos tons escolhidos quanto pela presença de folhas de bananeira e um girassol.
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Biografia Itaú Cultural
Inicia seu aprendizado artístico com a mãe, Bety Malfatti (1866 - 1952). Devido a uma atrofia congênita no braço e na mão direita, utiliza a esquerda para pintar. No ano de 1909, pinta algumas obras, entre elas a chamada Primeira Tela de Anita Malfatti. Reside na Alemanha entre 1910 e 1914, onde tem contato com a arte dos museus, freqüenta por um ano a Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim, e posteriormente estuda com Fritz Burger-Mühlfeld (1867 - 1927), Lovis Corinth (1858 - 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Nesse período também se dedica ao estudo da gravura. De 1915 a 1916 reside em Nova York e tem aulas com George Brant Bridgman (1864 - 1943), Dimitri Romanoffsky (s.d. - 1971) e Dodge, na Arts Students League of New York, e com Homer Boss (1882 - 1956), na Independent School of Art. Sua primeira individual acontece em São Paulo, em 1914, no Mappin Stores, mas é a partir de 1917 que se torna conhecida quando em uma exposição protagonizada pela artista - em que também expunham artistas norte-americanos - recebe críticas de Monteiro Lobato (1882 - 1948) no artigo A Propósito da Exposição Malfatti, mais tarde transcrito em livro com o título Paranóia ou Mistificação? Em sua defesa, Oswald de Andrade (1890 - 1954) publica, em 1918, artigo no Jornal do Comércio. Estuda pintura com Pedro Alexandrino (1856 - 1942) e com Georg Elpons (1865 - 1939) exercita-se no modelo nu. Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna expondo 20 trabalhos, entre eles O Homem Amarelo (1915/1916) e integra, ao lado de Tarsila do Amaral (1886 - 1973), Mário de Andrade (1893 - 1945), Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Menotti Del Pichia (1892 - 1988), o Grupo dos Cinco. No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e parte para Paris, onde é aluna de Maurice Denis (1870 - 1943), freqüenta cursos livres de arte e mantém contatos com Fernand Léger (1881 - 1955), Henri Matisse (1869 - 1954) e Tsugouharu Foujita (1886 - 1968). Retorna ao Brasil em 1928 e leciona desenho e pintura no Mackenzie College, na Escola Normal Americana, na Associação Cívica Feminina e em seu ateliê. Na década de 1930, em São Paulo, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna - SPAM, a Família Artística Paulista - FAP e participa do Salão Revolucionário. A primeira retrospectiva acontece em 1949, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Em 1951, participa do 1º Salão Paulista de Arte Moderna e da 1ª Bienal Internacional de São Paulo.
Análise
Anita Malfatti inicia, bem jovem, o aprendizado em artes com a mãe, Bety Malfatti (1866 - 1952). Aos 20 anos, procura aperfeiçoar seus estudos na Europa. Graças à ajuda financeira de seu tio o engenheiro-arquiteto George Krug (1869 - 1919), consegue mudar-se para Alemanha e ingressar na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim. Nessa cidade a artista ganha familiaridade com as coleções dos museus e das galerias. A Alemanha, em 1910, vive uma efervescência do expressionismo, que mobiliza a produção nacional e o debate em torno dela.
No primeiro ano, Anita toma contato com toda a agitação modernista, visitando as exposições com grande curiosidade, mas seus estudos são ainda bastante tradicionais. Na academia ela tem aulas de desenho, perspectiva e história da arte. O interesse pelas novas linguagens se amplia nas aulas particulares que tem com o professor Fritz Burger-Mühlfeld (1867 - 1927). Este artista, ligado ao pós-impressionismo alemão, lhe oferece possibilidades artísticas além das abordagens tradicionais. A presença do modernismo em sua formação é acentuada nos cursos com Lovis Corinth (1858 - 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Em 1912, ao visitar a grande retrospectiva de arte moderna Sonderbund em Colônia, Anita já se familiarizara com a produção moderna. Nos retratos pintados pela artista no período transparecem o aprendizado das novas poéticas. O contorno clássico prevalece, mas as cores são usadas de modo expressivo, demonstram uma movimentação maior e mais contrastada que a do desenho. Embora não entrem em conflito com as formas, é perceptível que os elementos operam em dinâmicas distintas. Anita expõe esses quadros em sua primeira individual, em 1914, depois de retornar a São Paulo.
Em 1915, a artista parte para mais um período de estudos, desta vez nos Estados Unidos, onde tem aulas com Homer Boss (1882 - 1956) na Independent School of Art. A convivência com este professor americano e com o clima vanguardista da escola irá levar adiante o desenvolvimento da liberdade moderna cultivada na Alemanha. É aí que ela realiza seus trabalhos mais conhecidos, como O Farol (1915), Torso/Ritmo (1915/1916) e O Homem Amarelo (1915/1916). Nesses quadros, o desenho perde o compromisso com a verossimilhança clássica e ganha sentido mais interpretativo. Por vezes, o contorno grosso e sinuoso apresenta as figuras como uma massa pesada e volumosa. Em outros trabalhos, com o traço mais fechado, a cor é aplainada e compõe retratos e paisagens livres, pela articulação de superfícies em cores contrastantes.
No Brasil, em 1917, a artista associa essa liberdade de compor com formas à crítica nacionalista aos modelos importados de representação. Pinturas como Tropical (1917), originalmente intitulada Negra Baiana, e Caboclinha (1907) fazem parte desse esforço. Todas essas pinturas são reunidas em sua segunda individual: Exposição de Arte Moderna, em dezembro de 1917. A mostra tem repercussões decisivas para o seu trabalho. As reações são diversas. Se por um lado a exposição anima uma aproximação dos artistas e intelectuais que, mais tarde, realizariam em São Paulo a Semana de Arte Moderna de 1922, por outro ela vira alvo de uma reação violenta às linguagens modernas. As posições contrárias às vanguardas de origem européia, que têm como maior expoente Monteiro Lobato (1882 - 1948), consideram a exposição um desperdício do talento de Anita, que se entregava a estrangeirismos deslumbrados e mistificadores.
Tal reação, para alguns, irá abalar a confiança da artista, causando impacto violento em sua carreira; para outros, Anita já vinha oscilando esquemas formais mais realistas e soluções mais próximas do modernismo internacional. Depois da exposição de 1917, ela se aproxima da linguagem tradicional e faz aulas com o acadêmico Pedro Alexandrino (1856 - 1942). Seus trabalhos também se tornam mais realistas. Encorajada pelo grupo que iria realizar a Semana de Arte Moderna, como Menotti Del Pichia (1892 - 1988), Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Mário de Andrade (1893 - 1945), Anita, por volta de 1921, interessa-se novamente pelas linguagens de vanguarda. Na Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922, a artista expõe novamente as telas mostradas em 1917 junto com novos trabalhos modernistas, sendo considerada por Sérgio Milliet (1898 - 1966) a maior artista da exposição.
Em 1923, Anita conquista finalmente a bolsa do Pensionato Artístico do Estado - que não havia conseguido com a exposição de 1914 - e segue para Paris, onde permanece por cinco anos. Em sua estada, ela toma distância de posições polêmicas da vanguarda. Pinta cenas de interiores como Interior de Mônaco e La Rentrée, e se aproxima do fauvismo e da simplicidade da pintura primitiva. A artista não nega o modernismo, mas evita o que ele tem de ruptura. Ao voltar para o Brasil, em 1928, interessa-se por temas regionalistas e se volta às formas tradicionais, como a pintura renascentista e a arte Naïf.
O interesse por uma pintura mais fluente e descompromissada aproxima Anita do grupo de pintores da Família Artística Paulista - FAP. Ela se identifica com a busca de uma pintura espontânea e bem-feita, não presa a modelos consagrados nem perdida no desejo de inovação. Dos anos 40 em diante, a artista passa a pintar, cada vez mais, cenas da vida popular. Nos anos 50, o popular não é só tema, mas também passa a ser incorporado nas formas, influenciado pela arte não culta. Em 1963, um ano antes de falecer, realiza uma individual na Casa do Artista Plástico e ganha uma retrospectiva de seu trabalho na 7ª Bienal Internacional de São Paulo. É a última homenagem que recebe em vida.
Críticas
"Com Anita Malfatti desapareceu a personalidade historicamente mais importante do movimento modernista. Já é fato sabido, registrado em tantos pronunciamentos, que sua exposição de 1917 se constituiu na abertura de um apaixonado debate, até então desconhecido no país, entre as velhas concepções estéticas e as novas tendências, já vitoriosas nos grandes centros artísticos universais. Por isso, em outra oportunidade, chamamo-la de 'exposição insurrecional'. E foi sem dúvida a violência da reação, dos ataques que lhe foram então dirigidos, que determinou dialeticamente a necessidade da arregimentação dos elementos dispersos, partidários das idéias renovadoras, o que veio afinal desembocar na Semana de Arte Moderna, de 1922".
Paulo Mendes de Almeida (Mario de Andrade e a "sensitiva do Brasil". In: De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva: Diâmetros Empreendimentos, 1976. cap. 2, p. 17.)
"Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes através de uma obra torcida para má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes. Percebe-se de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é independente, como é original, como é inventiva, em alto grau possui um sem-número de qualidades inatas e adquiridas das mais fecundas para construir uma sólida individualidade artística. Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios dum impressionismo (sic) discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura. Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma - caricatura que não visa, como a primitiva, ressaltar uma idéia cômica, mas sim desnortear, aparvalhar o espectador. A fisionomia de quem sai de uma destas exposições é das mais sugestivas. Nenhuma impressão de prazer, ou de beleza, denunciam as caras; em todas, porém, se lê o desapontamento de quem está incerto, duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de racioconar, e muito desconfiado de que o mistificam habilmente(...)".
Monteiro Lobato (A propósito da exposição Malfatti. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p.165. - Texto extraído do artigo A propósito da exposição Malfatti, escrito em 1917)
"Possuidora de uma alta consciência do que faz, levada por um notával instinto para a apaixonada eleição dos seus assuntos e da sua maneira, a vibrante artista não temeu levantar com os seus cinqüenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes hostilidades. Era natural que elas surgissem no acanhamento da nossa vida artística. A impressão inicial que produzem os seus quadros é de originalidade e de diferente visão. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas exposições de pintura. A sua arte é a negação da cópia, a ojeriza da oleografia".
Oswald de Andrade (A Exposição Anita Malfatti. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo. v. 1. p.175. - Texto publicado originalmente no Jornal do Commércio em 11 de janeiro de 1918)
"Monteiro Lobato - estilo clava, estilo pelúcia - tem no diabólico prestígio da sua pena um mágico poder de sedução às vezes perigosos. Com tais artimanhas tece os seus períodos, que o nosso espírito nele se enrosca, se prende; é como visgo para pássaros inexpertos; é como um aranhol para mosquitos incautos...Caí, a respeito de Anita Malfatti, no visgo do seu estilo e, preso por ele, julguei, com o critério de Lobato, sem ver todas as obras da artista, toda a obra dela." Comigo milhares de paulistas, aprioristicamente, assim julgaram essa mulher singular, que, quando não tivesse outro mérito, teria o de haver rompido, com audácia de arte independente e nova, a nossa sonolência de retardatários e paralíticos da pintura....Quando defrontei as telas de Anita, comecei a maturar se a acidez de Lobato era justa, e acabei achando-o cruel e exagerado na formidável catilinária que pespegou na nossa brilhante patrícia..."
Menotti del Picchia (Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p. 213 - Texto publicado no Correio Paulistano em novembro de 1920)
"Anita Malfatti antecedeu, em diversos anos, o primeiro grupo de vanguarda de modernistas brasileiros, que vem dar suas contribuições característicamente modernas a partir de 1923, quando iniciam as fases mais importantes de suas carrieras. O aparecimento prematuro e isolado da expressionoista brasileira contribuiu para sua desestruturação, enquanto que, para o meio, foi da maior utilidade, sendo um dos fatores que o fez entrar em fermentação".
Marta Rossetti Batista (Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1.p.255)
"Depois da exposição Anita se retirou. Foi para casa e desapareceu, ferida. Mulher que sofre, diria depois Mário de Andrade. Poderíamos dizer que também os primeiros adeptos 'se retiraram', para uma lenta assimilação do 'novo' - levariam anos para passar daquela 'intuição divinatória' à construção de sua própria linguagem, mais característica do século XX. Depois da exposição, da agressão às telas, da devolução dos quadros - e enquanto os futuros modernistas se atualizavam para depois eclodir com força - a pintora, cercada de uma aura de 'maldita', viu sua obra ser silenciada. Ela confessaria mais tarde: 'Então começou o peso do ostracismo. Todo o meu trabalho ficou cortado - alunas, vendas de quadros, e começaram as brigas nos jornais'. Anita Malfatti conhecia agora toda a extensão do fosso que separava as suas obras das acadêmicas locais, pudera avaliar a distância entre as idéias e preocupações artísticas e a realidade do meio intelectual paulistano. Ficou sabendo que não poderiam estimular, compreender, e nem mesmo aceitar 'aquelas coisas dantescas' - violara com elas praticamente todos os padrões da arte acadêmica, e ainda alguns sociais".
Marta Rossetti Batista (Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p.196)
"Resultado de um fenômeno mais comum do que ainda hoje se imagina no Brasil, a partir da eclosão da I Guerra Mundial vários artistas da vanguarda internacional passaram por um processo de recuperação dos valores da arte anteriores às experimentações estéticas dos primeiros anos do século XX. Alguns, como Picasso e Matisse, enveredaram pela grande tradição da arte européia, sem esquecerem os ensinamentos basilares de Cézanne. Outros, como Derain e Severini, investiram fundo nessa 'implosão', recuperando uma visualidade que às vezes resvalou para um naturalismo de qualidade discutível. Mario Sironi e Carlo Carrà - igualmente sem esquecer Cézanne - preferiram resgatar valores estéticos do primeiro Renascimento. Se Nestor Pestana tivesse visto os desenhos que Malfatti produziu em Paris nos anos 20 - alguns dos quais presentes nessa exposição -, sem dúvida acreditaria que a artista, na encruzilhada percebida em Tropical, havia optado pela senda dos 'abacaxis tão bem acabados'. Logicamente, nesses desenhos não se percebe de forma alguma a artista presa a qualquer surto naturalista radical. Mas, indubitavelmente, ali a linha já não configura mais a forma através de frêmitos expressivos, registros nervosos da ação da artista sobre a matéria do mundo. Anita Malfatti, em seu longo processo de retorno a uma suposta ordem perene da arte, tem nesses desenhos um dos pontos mais altos de sua obra. Neles, a nobre simplicidade e a grandeza serena requeridas por Winckelmann para a obra de arte (e reclamadas por Pestana, Lobato e outros críticos paulistanos) são recuperadas por um traço ainda sensível, porém disciplinado pela observação do caráter linear das obras de artistas como Ingres. Como Picasso e Matisse, Malfatti soube captar na produção daquele mestre francês do século XIX a sensualidade sutil da linha, construindo a forma sem sobressaltos, com absoluta objetividade e requinte. Soube plasmar à expressão interior os códigos da linguagem gráfica mais pura, obtendo não mais registros de uma ação circunstancial, cheia de drama, mas formas que aspiram à eternidade ideal".
Tadeu Chiarelli (Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999. p. 165-167.)
Depoimentos Anita Malfatti
"Quando cheguei à Europa, vi pela primeira vez a pintura. Quando visitei os museus fiquei tonta. Comecei a querer descobrir no que os grandes santos das escolas italianas eram diferentes dos santinhos dos colégios. Tanto me encantavam uns quanto os outros. Fiquei infeliz porque a emoção não era de deslumbramento, mas de perturbação e de infinito cansaço diante do desconhecido. Assim passei semanas voltando diariamente ao Museu de Dresde. Em Berlim continuei a busca e comecei a desenhar. Desenhei seis meses dia e noite. Um belo dia fui com uma colega ver uma grande exposição de pintura moderna. Eram quadros grandes. Havia emprego de quilos de tinta e de todas as cores. Um jogo formidável. Uma confusão, um arrebatamento, cada acidente de forma pintado com todas as cores. O artista não havia tomado tempo para misturar as cores, o que para mim foi uma revelação e minha primeira descoberta. Pensei, o artista está certo. A luz do sol é composta de três cores primárias e quatro derivadas. Os objetos se acusam só quando saem da sombra, isto é, quando envolvidos na luz. Tudo é resultado da luz que os acusa, participando de todas as cores. Comecei a ver tudo acusado por todas as cores. Nada nesse mundo é incolor ou sem luz. Procurei o homem de todas as cores, Lovis Corinth, e dentro de uma semana comecei a trabalhar na aula desse professor. Comprei incontinente uma porção de tintas, e a festa começou. Continuava a ter medo da grande pintura como se tem medo de um cálculo integral".
Anita Malfatti (BATISTA, Marta Rossetti (Org. ); LOPEZ, Telé Ancona (Org. ); LIMA, Yvone Soares de (Org. ). Brasil: 1º tempo modernista 1917/25: documentação. São Paulo: IEB: USP, 1972, p. 41.)
Acervos
Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. - São Paulo SP
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil. - São Paulo SP
Casa Guilherme de Almeida - São Paulo SP
Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP - São Paulo SP
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte Brasileira - MAB/Faap - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Exposições Individuais
1914 - São Paulo SP - Primeira Individual, no Mappin Stores
1917 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti, na Rua Líbero Badaró nº 111
1920 - São Paulo SP - Individual, no Clube Comercial
1921 - Santos SP - Individual, no Vestíbulo do Politeama Rio Branco
1926 - Paris (França) - Individual, na Galerie André
1929 - São Paulo SP - Individual, na Rua Líbero Badaró nº 20 - sobreloja
1935 - São Paulo SP - Individual, no Palácio das Arcadas
1937 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1938 - São Paulo SP - Individual, na Exposição de Arte e Decoração
1938 - São Paulo SP - Individual, na Rua Ceará, 219 (Atelier da Artista)
1945 - São Paulo SP - Individual, no IAB/SP
1949 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Masp
1950 - São Paulo SP - Individual,na Rua Ceará, 219 (Atelier da Artista)
1955 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1957 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa do Quadragésimo Aniversário da Exposição de 1917, no Clubinho
1963 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico
Exposições Coletivas
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1917 - São Paulo SP - Exposição do Saci, na Rua Líbero Badaró nº 111
1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - São Paulo SP - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, no Palácio das Indústrias
1922 - São Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Theatro Municipal
1923 - Paris (França) - Exposição de Artistas Brasileiros, na Maison de L'Amérique Latine
1924 - Paris (França) - 17º Salão de Outono, no Grand Palais
1924 - Paris (França) - Exposition d'Art Latin Américain, no Musée Galleria
1925 - Paris (França) - 18º Salão de Outono, no Grand Palais
1926 - Paris (França) - 19º Salão de Outono, no Palais de Bois
1926 - Paris (França) - 37ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Palais de Bois
1926 - Paris (França) - Salon du Franc, no Musée Galliera
1927 - Paris (França) - 20º Salão de Outono, no Grand Palais
1927 - Paris (França) - 38ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Grand Palais
1927 - Paris (França) - 5º Salon des Tuileries, no Palais de Bois
1928 - Paris (França) - 39ª Exposition Societé des Artistes Indépendants, no Grand Palais
1930 - Nova York (Estados Unidos) - International Art Center, no Nicholas Roerich Museum
1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no Nicholas Roerich Museum
1930 - São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista
1931 - Rio de Janeiro RJ - Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro, na Rua Toneleros
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, no Palacete Campinas
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Belas Artes
1935 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Belas Artes
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - São Paulo SP - 1º Salão da Família Artística Paulista, no Esplanada Hotel de São Paulo
1938 - São Paulo SP - 4º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1939 - São Paulo SP - 2º Salão da Família Artística Paulista, no Automóvel Clube
1939 - São Paulo SP - 3º Salão de Maio, na Galeria Itá
1939 - São Paulo SP - 5º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1940 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Família Artística Paulista, no Palace Hotel
1941 - São Paulo SP - 6º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1941 - São Paulo SP - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias, no Parque da Água Branca
1943 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e Diplomático. Palácio Itamaraty
1943 - São Paulo SP - 8º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1943 - São Paulo SP - Exposição Anti-Eixo, na Galeria Prestes Maia
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artes Plásticas, no ABI
1944 - São Paulo SP - 9º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1944 - São Paulo SP - Anita Malfati, Clóvis Graciano, Hilde Weber, Nelson Nóbrega, Francisco Rebolo, na Galeria Jaraguá
1944 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Brasileira-Norte-Americana, na Galeria Prestes Maia
1945 - São Paulo SP - Anita Malfati, Virgínia Artigas, Clóvis Graciano, Mick Carnicelli, Oswald de Andrade Filho, José Pancetti, Carlos Prado, Francisco Rebolo, Quirino da Silva, Alfredo Volpi, Mario Zanini, na Galeria Itapetininga
1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1946 - São Paulo SP - Exposição de Desenhos Originais de Artistas de São Paulo, NA Biblioteca Municipal Alceu Amoroso Lima
1946 - São Paulo SP - Homenagem Póstuma a Mário de Andrade, na Galeria Itá
1948 - São Paulo SP - Exposição de Artes Plásticas de Pintoras e Escultoras de São Paulo, no Theatro Municipal
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1952 - Santiago (Chile) - Exposición de Pintura, Dibujos y Grabados Contemporáneos del Brasil, na Universidad de Chile. Museo de Arte Contemporáneo
1952 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 22, no MAM/SP
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Atibaia SP - 1ª Exposição Oficial de Pintura, no Clube Recreativo Atibaiense
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Moderno
1957 - Lima (Peru) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte de Lima
1957 - Rosario (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino
1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Contemporáneo
1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas do País, no MAM/SP
1962 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 22, na Petite Galerie
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Pequeno Tamanho, na Galeria Bonino
Exposições Póstumas
1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - homenagem póstuma
1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na Yale University Art Gallery
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1971 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAB-Faap
1972 - Rio de Janeiro RJ - 50 Anos de Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Ibeu Copacabana
1972 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Centro de Artes Novo Mundo
1972 - São Paulo SP - Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp
1973 - São Paulo SP - Retrospectiva, no MAC/USP
1974 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1975 - São Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall
1975 - São Paulo SP - O Tema é Mulher, na Azulão Galeria
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall
1976 - Paris (França) - Brasil: artistas do século XX, na Artcurial
1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira no Século XX: caminhos e tendências, na Galeria Arte Global
1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira: figuras e movimentos, na Galeria Arte Global
1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall
1977 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAC/USP
1978 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1978 - São Paulo SP - A Paisagem na Coleção da Pinacoteca: Do Século XIX aos Anos 40, na Pinacoteca do Estado
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB-Faap
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - SPAM: a história de um sonho, no Museu Lasar Segall
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro de Artista no Brasil, no CCSP
1986 - Rio de Janeiro RJ - Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial
1986 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1986 - São Paulo SP - Seis Tempos: 80 anos, na Pinacoteca do Estado
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado
1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/USP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - Anita Malfatti: retrospectiva, no MAC/USP
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - Retrospectiva em comemoração do centenário de nascimento da artista, no IEB/USP
1990 - São Paulo SP - A Coleção de Arte do Município de São Paulo, no Masp
1990 - São Paulo SP - Anita e Oswald de Volta ao Parque, na Associação Pró Parque Modernista
1991 - São Paulo SP - O Desejo na Academia: 1847-1916, na Pinacoteca do Estado
1991 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Espaço de Arte José Duarte Aguiar e Ricardo Camargo
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa da Cultura
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1992 - São Paulo SP - A Formação do olhar modernista, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa de Cultura
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB-Faap
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi
1995 - São Paulo SP - Modernismo Paris Anos 20: vivências e convivências, no MAC/USP
1995 - São Paulo SP - Nús: desenhos de Anita Malfatti, na Galeria Sinduscon
1996 - Rio de Janeiro RJ - Anita Malfatti e Seu Tempo, no CCBB
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920 - 1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1997 - São Paulo SP - Mário de Andrade e o Grupo Modernista, no Centro Cultural e de Estudos Aúthos Paganos
1997 - São Paulo SP - Mestres do Expressionismo no Brasil, no Masp
1997 - São Paulo SP - O Toque Revelador: retratos e auto-retratos, no MAC/USP
1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB
1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1998 - São Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB-Faap
1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no MAB-Faap. Salão Cultural
1999 - São Paulo SP - O Brasil no Século da Arte, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2000 - Belém PA - Arte Pará 2000, no Museu de Arte Sacra
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa
2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil-brasis: cousas notaveis e espantosas. Olhares Modernistas, no Museu do Chiado
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - 7º Salão de Arte e Antiguidades, na A Hebraica
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB-Faap
2000 - São Paulo SP - Ars Erótica: sexo e erotismo na arte brasileira, no MAM/SP
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - O Papel da Arte, no Galeria de Arte do Sesi
2000 - São Paulo SP - Um Certo Ponto de Vista: Pietro Maria Bardi 100 anos, na Pinacoteca do Estado
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - Rio de Janeiro RJ - Coleções do Moderno: Hecilda e Sergio Fadel na Chácara do Céu, nos Museus Castro Maya. Museu da Chácara do Céu
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - Auto-Retrato o Espelho do Artista, na Galeria de Arte do Sesi
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB-Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - São Paulo SP - Uma viagem com Anita. A festa da forma e da cor, no MAB-Faap
2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Centro Cultural da Caixa
2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arquipélagos: o universo plural do MAM, no MAM/RJ
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - 22 e a Idéia do Moderno, no MAC/USP
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB-Faap
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Ribeirão Preto SP - Anos 20: A Modernidade Emergente, no Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Pintores do Litoral Paulista, na Sociarte
2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB-Faap
2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2004 - Madri (Espanha) - Arco/2004, no Parque Ferial Juan Carlos I
2004 - Rio de Janeiro RJ - A Face Icônica da Arte Brasileira, no MAM/RJ
2004 - São Paulo SP - Individual, no Conjunto Cultural da Caixa
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Obras-Primas de Anita Malfatti, no Espaço Cultural BM&F
2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor
2005 - Rio de Janeiro RJ - Obras-primas da Arte Brasileira, no Centro de Exposições do Rio Design Barra
2005 - São Paulo SP - 100 Anos da Pinacoteca: a formação de um acervo, na Galeria de Arte do Sesi
2005 - São Paulo SP - Anita Malfatti Gravadora - Uma Recuperação, no IE/USP
2005 - São Paulo SP - Erotica: os sentidos na arte, no Centro Cultural Banco do Brasil
2005 - São Paulo SP - Faces de Mário, no IEB/USP
2006 - Rio de Janeiro RJ - Erotica: os sentidos na arte, no Centro Cultural Banco do Brasil
2006 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950, no Museu de Arte Moderna
2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - O Olhar Modernista de JK, no MAB-FAAP
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, no Museu de Arte de São Paulo
2006 - São Paulo SP - Manobras Radicais, no Centro Cultural Banco do Brasil
2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado
2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna da Bahia
2007 - São Paulo SP - Anita Malfatti Gravadora - Uma Recuperação, na Casa de Dona Yayá
2007 - São Paulo SP - Brasil, Várias Vezes Moderno, no Espaço Arte MorumbiShopping
2008 - São Paulo SP - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno, no Museu de Arte de São Paulo
2008 - São Paulo SP - Acervo BM&FBOVESPA, no Espaço Cultural BM&FBovespa
2008 - São Paulo SP - Brasil Brasileiro, no Centro Cultural Banco do Brasil
2008 - São Paulo SP - Laços do Olhar, no Instituto Tomie Ohtake
2008 - São Paulo SP - MAM 60, na Oca
2009 - São Paulo SP - A Arte Sacra de Anita Malfatti, no Museu de Arte Sacra
2009 - Rio de Janeiro RJ - Brasil Brasileiro, Centro Cultural Banco do Brasil
2009 - São Paulo SP - Recentes na Coleção, Museu de Arte Brasileira
2009 - São Paulo SP - Nus, Galeria Fortes Vilaça
2009 - São Paulo SP - Arte na França 1860-1960: o Realismo, Museu de Arte de São Paulo
2009 - São Paulo SP - Olhar da Crítica: Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios, Palácio dos Bandeirantes
2009 - São Paulo SP - Tesouros da Coleção Roberto Marinho, Espaço Cultural BM&FBovespa
2009 - São Paulo SP - Modernos de Sempre, na Dan Galeria
2010 - São Paulo SP - Genealogias do Contemporâneo, Museu de Arte Moderna
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
2010 - Brasília DF - Anita Malfatti: 120 anos de nascimento, Centro Cultural Banco do Brasil
2010 - Rio de Janeiro RJ - Anita Malfatti: 120 anos de nascimento, Centro Cultural Banco do Brasil
2010 - São Paulo SP - Memórias Reveladas, Museu de Arte Brasileira
2010 - São Paulo SP - Brasilidade e Modernismo, Dan Galeria
2011 - Brasília DF - Mulheres Artistas e Brasileiras - Produção do Século 20, Palácio do Planalto
2011 - Campos do Jordão SP - Arte e Cultura no Vale do Paraíba, no Palácio Boa Vista
2011 - Curitiba PR - Anita Malfatti, no Museu Oscar Niemeyer
2011 - São Paulo SP - Arte no Brasil: Uma História na Pinacoteca de São Paulo, na Pinacoteca do Estado
2011 - São Paulo SP - Marcas do Expressionismo, no MAB-FAAP
2011 - São Paulo SP - Modernismos no Brasil, no MAC/USP
2011 - São Paulo SP - 7ª sp-arte, na Fundação Bienal
2012 - Rio de Janeiro RJ - Amazônia, Ciclos de Modernidade, no CCBB
2013 - São Paulo SP - Experiência ] e [Transformação, no MAB-FAAP
2013 - São Paulo SP - O Agora, O Antes: uma síntese do acervo do MAC USP, no Museu de AC/USP
2013 - Fortaleza CE - Trajetórias: Arte Brasileira na Coleção Fundação Edson Queiroz - Unifor 40 Anos, no Espaço Cultural Unifor (Fortaleza, CE)
Fonte: ANITA Malfatti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Mai. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Semana de Arte Moderna - Itaú Cultural
Inserida nas festividades em comemoração do centenário da independência do Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna apresenta-se como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes no país desde o século XIX. Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, realiza-se no Theatro Municipal de São Paulo um festival com uma exposição com cerca de 100 obras e três sessões lítero-musicais noturnas. Entre os pintores participam Anita Malfatti (1899-1964), Di Cavalcanti (1897-1976), Ferrignac (1892-1958), Jonh Graz (1891-1980), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Zina Aita (1900-1968), Yan de Almeida Prado (1898-1991) e Antônio Paim Vieira (1895-1988), com dois trabalhos feitos a quatro mãos, e o carioca Alberto Martins Ribeiro, cujo trabalho não se desenvolveu depois da Semana de 22. No campo da escultura, estão Victor Brecheret (1894-1955), Wilhelm Haarberg (1891-1986) e Hildegardo Velloso (1899-1966). A arquitetura é representada por Antonio Moya (1891-1949) e Georg Przyrembel (1885-1956). Entre os literatos e poetas, tomam parte Graça Aranha (1868-1931), Guilherme de Almeida (18901-1969), Mário de Andrade (1893-1945), Menotti Del Picchia (1892-1988), Oswald de Andrade (1890-1954), Renato de Almeida, Ronald de Carvalho (1893-1935), Tácito de Almeida (1889-1940), além de Manuel Bandeira (1886-1968) com a leitura do poema Os Sapos. A programação musical traz composições de Villa-Lobos (1887-1959) e Debussy (1862-1918), interpretadas por Guiomar Novaes (1895-1979) e Ernani Braga (1888-1948), entre outros.
A Semana de 22 não foi um fato isolado e sem origens. As discussões em torno da necessidade de renovação das artes surgem em meados da década de 1910 em textos de revistas e em exposições, como a de Anita Malfatti em 1917. Em 1921 já existe, por parte de intelectuais como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, a intenção de transformar as comemorações do centenário em momento de emancipação artística. No entanto, é no salão do mecenas Paulo Prado, em fins desse ano, que a ideia de um festival com duração de uma semana, trazendo manifestações artísticas diversas, toma forma inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville, cidade francesa. Nota-se que sem o empenho desse mecenas o projeto não sairia do papel. Paulo Prado, homem influente e de prestígio na sociedade paulistana, consegue que outros barões do café e nomes de peso patrocinem, mediante doações, o aluguel do teatro para a realização do evento. Também é fundamental seu papel na adesão de Graça Aranha à causa dos artistas "revolucionários". Recém-chegado da Europa como romancista aclamado, a presença de Aranha serve estrategicamente para legitimar a seriedade das reivindicações do jovem e ainda desconhecido grupo modernista.
Sem programa estético definido, a Semana desempenha na história da arte brasileira muito mais uma etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo vigente na produção literária, musical e visual do que um acontecimento construtivo de propostas e criação de novas linguagens. Pois, se existe um elo de união entre seus tão diversos artífices, este é, segundo seus dois principais ideólogos, Mário e Oswald de Andrade, a negação de todo e qualquer "passadismo": a recusa à literatura e à arte importadas com os traços de uma civilização cada vez mais superada, no espaço e no tempo. Em geral todos clamam em seus discursos por liberdade de expressão e pelo fim de regras na arte. Faz-se presente também certo ideário futurista, que exige a deposição dos temas tradicionalistas em nome da sociedade da eletricidade, da máquina e da velocidade. Na palestra proferida por Mário de Andrade na tarde do dia 15, posteriormente publicada como o ensaio A Escrava que Não É Isaura , 1925, ocorre uma das primeiras tentativas de formulação de idéias estéticas modernas no país. Nessa conferência, o autor antevê a importância de temperar o processo de importação da estética moderna com o nativismo, o movimento de voltar-se para as raízes da cultura popular brasileira. A dinâmica entre nacional e internacional torna-se a questão principal desses artistas nos anos subseqüentes.
Com a distância de mais de 80 anos, sabe-se que, com respeito à elaboração e à apresentação de uma linguagem verdadeiramente moderna, a Semana de 22 não representa um rompimento profundo na história da arte brasileira. Pois no conjunto de qualidade irregular de obras expostas não se identifica uma unidade de expressão, ou algo como uma estética radical do modernismo. No entanto, há de se reconhecer que, a despeito de todos os antagonismos, esse evento configura-se como um fato cultural fundamental para a compreensão do desenvolvimento da arte moderna no Brasil, e isso sobretudo pelos debates públicos mobilizados (cercados por reações negativas ou de apoio) e riqueza de seus desdobramentos na obra de alguns de seus realizadores.
Fonte: SEMANA de Arte Moderna. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 12 de Mai. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Filha do engenheiro italiano Samuele Malfatti e de mãe norte-americana Eleonora Elizabeth "Betty" Krug, Anita Malfatti nasceu na cidade de São Paulo, em 2 de dezembro de 1889. Segunda filha do casal, nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais à cidade de Lucca, na Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da vida. Voltando ao Brasil, teve à sua disposição Miss Browne, que a ajudou no desenvolvimento do uso da escrita e no aprendizado do desenho com a mão esquerda. Essa Miss Browne deve ter sido a educadora norte-americana Márcia P. Browne que assessorou Caetano de Campos na reforma que empreendeu no ensino primário e normal em São Paulo, nos primórdios da República. Miss Browne organizou e foi a primeira diretora da Escola Modelo anexa à Escola Normal.
Iniciou seus estudos em 1897 no Externato São José de freiras católicas, hoje não mais existente, outrora localizado na Rua da Glória, onde foi alfabetizada. Logo depois passou a estudar em escolas protestantes: na Escola Americana, em 1903, e pouco depois no Mackenzie College onde, em 1906, recebe o diploma de normalista.
Surge a pintora
Nesse meio tempo morreu Samuele Malfatti, esteio moral e financeiro da família. Sem recursos para o sustento dos filhos, Betty passou a dar aulas particulares de idiomas e também de desenho e pintura. Chegou a pedir orientações do pintor Carlo de Servi para ela com mais segurança ensinar suas discípulas. Anita acompanhava as aulas que tomavam a maior parte de seu tempo, foi portanto sua própria mãe quem lhe ensinou os rudimentos das artes plásticas.
Na Alemanha
Anita pretendia estudar em Paris, mas sem a ajuda do pai parecia impossível, tendo em vista que sua avó vivia entrevada numa cama e sua mãe passava o dia dando aulas de pintura e de idiomas. Anita tinha umas amigas, as irmãs Shalders, que estavam prestes a viajar à Europa para estudar música. Assim surgiu a ideia de acompanhá-las à Alemanha e seu tio e padrinho, o engenheiro Jorge Krug, aceitou financiar a viagem.
Anita e as Shalders chegaram a Berlim em 1910, ano marcante na história da Arte Moderna alemã. Berlim era então o grande centro musical da Europa. Acompanhando suas amigas às aulas no centro musical, ali recebeu a sugestão para estudar no ateliê do artista pintor Fritz Burger. Fritz Burger era um retratista que dominava a técnica pontilhista ou divisionista. Foi o primeiro mestre alemão de Anita. Nessa época ela ingressou na Academia de Belas Artes de Berlim.
Durante as férias de verão, Anita e as amigas foram às montanhas de Harz, em Treseburg, região frequentada por pintores. Continuando sua viagem, visitou a 4° Sonderbund, uma exposição que aconteceu em Colônia na Alemanha, na qual conheceu trabalhos de pintores modernos e famosos, incluindo-se Van Gogh.
Teve aulas também com Lovis Corinth, nome mais conhecido do que seu primeiro mestre. Alguns anos antes Corinth sofrera um acidente vascular cerebral (AVC) que, como sequela, tal como a aluna, lhe deixara alguma dificuldade motora na mão direita. Anita estava cada vez mais interessada pela pintura expressionista. Desejava aprender seu conceito e sua técnica. Em 1913, inicia aulas com o professor Ernst Bischoff-Culm da mesma escola de Corinth. Com a instabilidade política e social causada por uma guerra que se mostrava iminente, Anita Malfatti resolve deixar Berlim e passando rapidamente por Paris, retorna ao Brasil.
Primeira exposição individual - 1914
Em 1914, Anita tinha 24 anos e, depois de quatro anos de estudo na Europa, voltava para o seio familiar. Anita ainda tinha o desejo de partir mais uma vez em viagem de estudos. Sem condições financeiras, tentou pleitear uma bolsa junto ao Pensionato Artístico do Estado de São Paulo. Por essa razão, montou no dia 23 de maio de 1914, uma exposição com obras de sua autoria, exposição essa que ficou aberta até meados de junho.
O senador José de Freitas Valle foi visitar a exposição. Dependia dele a concessão da bolsa. Mas o influente político não gostou das obras de Anita, chegando a criticá-las publicamente. Entretanto, independentemente da opinião do senador, a bolsa não seria concedida. Notícias do iminente início da guerra na Europa fizeram com que o Pensionato as cancelasse. Foi aí que, mais uma vez, financiada pelo tio, o engenheiro e arquiteto Jorge Krug, Anita embarca para os Estados Unidos.
Nos Estados Unidos
No início de 1915, Anita Malfatti já se encontrava em Nova Iorque e matriculada na tradicional Art Student's League. Nessa escola, Anita ia de um professor a outro na tentativa de encontrar o caminho que sonhava para seus trabalhos. Após três meses de estudos, desistiu de qualquer curso de pintura ou desenho nessa instituição, reservando-a apenas para os estudos de gravura. Anita ficou sabendo de um professor que deixava os alunos pintarem à vontade - ele lecionava na Independent School of Art e se chamava Homer Boss.
Nas férias de verão, Homer Boss levou os alunos para pintar na costa do Maine, na ilha de Monhegan. Esse Estado litorâneo mais ao nordeste, fronteira com o Canadá, tornara-se há muito o refúgio dos artistas. Foi nessa ilha que Anita pintou, entre outras, a paisagem intitulada O farol. Passado o verão, Anita voltou à Independent School of Art. Em meados de 1916, preparava-se para voltar ao Brasil.
De volta ao Brasil e segunda exposição individual - 1917
Em 1917, Anita resolveu promover sua segunda exposição.
Após a crítica de Lobato, publicada em O Estado de S.Paulo, edição da tarde, em 20 de dezembro de 1917, com o título de A propósito da exposição Malfatti, as telas vendidas foram devolvidas, algumas quase foram destruídas a bengaladas. Apesar da mágoa, Anita ilustrou livros de Monteiro Lobato e na década de 40 participou de um programa na Rádio Cultura chamado "Desafiando os Catedráticos", juntamente com Menotti Del Picchia e Monteiro Lobato. Os ouvintes telefonavam fazendo perguntas para que o trio respondesse. Anita inicia estudos com o pintor acadêmico Pedro Alexandrino no ano de 1919, e também com o alemão George Fischer Elpons um pouco mais avançado do que o velho mestre das naturezas mortas. Foi nessa ocasião que conheceu Tarsila do Amaral que tinha aulas com os mesmos professores. Depois do pai, o tio Jorge Krug, que a havia ajudado tanto, também faleceu e Anita precisou buscar caminhos para vender suas obras. Pedro Alexandrino já era um pintor de renome e vendia com facilidade seus trabalhos.
A Semana de Arte Moderna de 1922
Após o período de recesso, a Semana de Arte Moderna, mais uma vez, movimentou a vida artística insípida de São Paulo. Anita participou dela com 22 trabalhos. Uma vez que o círculo modernista vinha ao encontro de suas aspirações artísticas, ela entraria também para o grupo dos cinco.
A Europa nos loucos anos 20
Anita embarcava mais uma vez, em viagem de estudos para Paris. Seriam cinco anos de estudos pela bolsa do Pensionato. Este seria o último e o seu mais longo período fora do Brasil. Em agosto de 1922, ela tinha 33 anos e embarcava no vapor Mosella rumo à França. Mário de Andrade que não conseguiu chegar a tempo da partida de Anita e enviou-lhe um telegrama de desculpas. Apesar das muitas dúvidas que ainda tinha em relação a que caminho seguir na sua arte, não deixou de produzir.
Brasil, 1928
No final de setembro de 1928 Anita já se encontrava no Brasil. O ambiente artístico encontrado por Anita na volta era diferente do que deixara em 1923; o grupo inicial evoluíra, surgiam novos adeptos e novos movimentos. O número de artistas plásticos também crescera. Na chegada, Mário de Andrade noticiou imediatamente sua chegada, relembrando quem ela era.
Em 1929 abria em São Paulo sua quarta individual. Depois de fechar sua exposição, até 1932, Anita dedicou-se ao ensino escolar. Retomou suas aulas na Escola Normal Americana e foi trabalhar também na Escola Normal do Mackenzie College. Em 1933, muda-se para a Rua Ceará, no bairro de Higienópolis, onde instala seu ateliê e dá aulas, inclusive para Oswald de Andrade Filho, onde permanece até 1952, com a venda da casa, em razão da morte de sua mãe.
Malfatti faleceu em 6 de novembro de 1964, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. ela está sepultada no Cemitério dos Protestantes, na Rua Sergipe, número 117, bairro da Consolação, São Paulo.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 12 de maio de 2018.