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Di Cavalcanti

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (6 de setembro de 1897, Rio de Janeiro, Brasil — 26 de outubro de 1976, Rio de Janeiro, Brasil), mais conhecido como Di Cavalcanti, foi um pintor modernista, desenhista, ilustrador, muralista, caricaturista, jornalista, cenógrafo, gravador, escritor e advogado brasileiro. Iniciou sua trajetória artística como ilustrador da revista Fon-Fon e, em 1916, mudou-se para São Paulo, onde ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Lá, aproximou-se dos círculos modernistas e tornou-se um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, para a qual criou o cartaz e o catálogo. Di também viveu em Paris, onde teve contato com Pablo Picasso, Georges Braque, Henri Matisse e Fernand Léger, absorvendo influências do cubismo e do fauvismo, mas sempre valorizando a identidade brasileira. Ao retornar ao Brasil, consolidou sua obra com temas populares, retratando sambistas, trabalhadores, festas e, sobretudo, a mulher mestiça brasileira em composições vibrantes e sensuais. Entre suas obras, as mais conhecidas de sua carreira são "Samba" (1925), "Cinco Moças de Guaratinguetá" (1930), "Mulheres com Frutas" (1932), "Mulata" (1950) e "Pescadores" (1951), entre outras, onde se destacam, também, seus grandes murais. Além de ser um ativo artista, também foi militante comunista, o que lhe rendeu prisões e perseguições durante os governos de Getúlio Vargas e da Ditadura Militar. Participou de diversas Bienais de São Paulo e exposições internacionais, sendo amplamente reconhecido em vida. Faleceu em 1976, deixando um legado inestimável para a arte brasileira. Algumas de suas obras fazem parte de acervos de grandes museus e coleções.

Di Cavalcanti | Arremate Arte

Carioca, demonstrou talento para o desenho e, aos 14 anos, começou a trabalhar como ilustrador na revista Fon-Fon. Em 1916, mudou-se para São Paulo para estudar Direito, mas se envolveu com o movimento modernista e passou a frequentar os círculos intelectuais da cidade, onde conheceu Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Anita Malfatti. Foi um dos principais nomes da Semana de Arte Moderna de 1922, onde expôs 11 obras e criou o cartaz do evento, defendendo uma arte moderna que valorizasse a identidade brasileira sem perder a sofisticação formal.

Logo após a Semana, Di Cavalcanti viveu entre 1923 e 1925 em Paris, onde teve contato com artistas como Picasso, Matisse e Léger. Embora tenha absorvido influências do cubismo e do fauvismo, manteve seu foco na cultura brasileira. Ao retornar ao Brasil em 1926, consolidou sua carreira com obras que retratavam sambistas, trabalhadores, festas populares e, principalmente, a mulher mestiça brasileira.

Sua paleta de cores vibrantes e suas composições expressivas ajudaram a definir o modernismo nacional, tornando-o um dos principais pintores do Brasil.

Além de artista plástico, Di Cavalcanti foi ilustrador e muralista, colaborando com escritores como Jorge Amado e Manuel Bandeira. Seu envolvimento com a política o levou a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) nos anos 1930, o que resultou em perseguições e prisões durante o governo de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar. Mesmo com dificuldades, nunca abandonou sua visão de uma arte voltada para o povo. Participou de diversas Bienais de São Paulo e exposições internacionais, recebendo reconhecimento nacional e internacional por sua obra.

Em 26 de outubro de 1976, faleceu, no Rio de Janeiro. Seus últimos anos foram marcados por problemas de saúde e dificuldades financeiras, mas seu legado permanece vivo na história da arte. Suas obras continuam sendo referências na arte brasileira, principalmente no modernismo. Seu nome está presente em acervos de museus e coleções pelo mundo, sendo celebrado como um dos maiores expoentes da arte nacional.

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Di Cavalcanti | Itaú Cultural

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1897 – idem, 1976). Pintor, ilustrador, caricaturista, gravador, muralista, desenhista, jornalista, escritor e cenógrafo. Um dos expoentes da pintura brasileira, Di Cavalcanti (nome escolhido por ele para assinar seus quadros) destaca-se por retratar figuras populares em sua busca constante por constituir uma arte nacional.

Começa a trabalhar como ilustrador em 1914, no Rio de Janeiro, e publica sua primeira caricatura na revista Fon-Fon. Em 1917, muda-se para São Paulo, onde, além de frequentar a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, realiza sua primeira exposição individual de caricaturas e faz ilustrações e capas para a revista O Pirralho.

A efervescência cultural em alguns círculos modernos de São Paulo e a exposição de Anita Malfatti (1889-1964), em 1917, levam-no a retomar o estudo de pintura com o pintor e professor alemão Georg Elpons (1865-1939), no Rio de Janeiro. Em suas primeiras obras, Di Cavalcanti utiliza tons pastel e retrata personagens misteriosos, mergulhados na penumbra, como Figura (1920), e Mulher em Pé (ca.1920), o que faz com que o escritor e poeta Mário de Andrade (1893-1945) o chame de “menestrel dos tons velados”.

Nesse período, torna-se amigo de intelectuais paulistas como o próprio Mário de Andrade, Oswald de Andrade (1890-1954) e Guilherme de Almeida (1890-1969). Parte de Di Cavalcanti a ideia de realizar a Semana de Arte Moderna de 1922, para a qual cria o catálogo e o cartaz, e na qual expõe algumas obras. Em 1923, viaja a Paris, onde frequenta a Académie Ranson. A viagem possibilita-lhe o contato com importantes pintores contemporâneos, como o espanhol Pablo Picasso (1881-1973), os franceses Georges Braque (1882-1963), Fernand Léger (1881-1955) e Henri Matisse (1869-1954), influências que transparecem em suas obras, trabalhadas em uma linguagem muito pessoal.

A estada em Paris e o contato com esses artistas marcam um novo direcionamento em sua obra. Conciliando a influência das vanguardas europeias com a formulação de uma linguagem própria, adota uma temática nacionalista e se preocupa com a questão social. Isso pode ser observado em Samba (1925), considerada a obra-prima de Di Cavalcanti. Nessa tela, ele representa a figura da mulher negra seminua, recorrente ao longo de toda a sua obra, e o samba, um ícone da cultura popular brasileira. O diálogo com Picasso fica evidente no porte volumoso e monumental dos personagens e no tratamento dado às mãos e aos pés das figuras. Para se ter a dimensão da importância dessa tela, segundo Jones Bergamin, dono da casa de leilões Bolsa de Arte, ela tem um reconhecimento similar ao de Abaporu (1928), quadro de Tarsila do Amaral (1886-1973), sendo “uma das bandeiras da arte brasileira”

Ainda em 1925, o pintor retorna ao Brasil, e, em 1928, filia-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Por causa do contato com o expressionismo alemão, durante sua estada na Europa, Di Cavalcanti passa a apresentar em sua pintura um uso mais acentuado da cor, iluminando sua paleta. Exemplo dessa influência é a tela Cinco Moças de Guaratinguetá (1930). Nela, o artista revela a formulação de seu estilo na utilização de formas simplificadas e curvilíneas e de cores quentes, em especial vários tons de vermelho, trabalhadas em uma poética lírica. 

Funda em São Paulo, em 1932, com os pintores Flávio de Carvalho (1899-1973) e Antonio Gomide (1895-1967) e o artista plástico Carlos Prado (1908-1992), o Clube dos Artistas Modernos (CAM). No mesmo ano, durante a Revolução Paulista, Di Cavalcanti é preso pela primeira vez, e, no ano seguinte, publica o álbum A Realidade Brasileira (1933), série de 12 desenhos, nos quais satiriza o militarismo presente na época. Escreve ainda um artigo para o Diário Carioca sobre a exposição de Tarsila do Amaral, no qual ressalta a relação entre a produção artística e o compromisso social. É dessa época a obra Vênus (1938), em que está presente mais uma vez a mulher negra, com seus pés e mãos agigantados.

A década de 1940 marca sua maturidade artística e o reconhecimento público no cenário da arte moderna brasileira. Defensor ardoroso da arte figurativa, em 1948 pronuncia uma conferência no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), Os Mitos do Modernismo, publicada na revista Fundamentos, sob o título "Realismo e Abstracionismo", posicionando-se a favor de uma arte brasileira e contra o abstracionismo, tendência que começa a se expandir no país.

O pintor também tem obras significativas de arte muralista. Influenciado pelos murais do mexicano Diego Rivera (1886-1957), que contam episódios da história mexicana, Di Cavalcanti realiza diversos murais. Destacam-se: o painel do Hotel Jaraguá (1954), em São Paulo, antiga sede do jornal O Estado de São Paulo, no qual homenageia a imprensa; o painel em mosaico de vidro no Edifício Triângulo, projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) e inaugurado em 1955, que retrata os trabalhadores do café; e o painel Candangos (1960), feito em óleo sobre tela na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Di Cavalcanti, em sua produção, atenta para a formação de um repertório visual ligado à realidade brasileira, compreendendo a arte como uma forma de participação social. Dessa forma, o artista valoriza em suas obras temas de caráter realista e voltados para a construção da identidade nacional. 

Depoimentos

"... A arte de Di Cavalcanti, bem como sua pessoa humana, bem como seu método de ofício, está fundada na liberdade. Uma vocação de liberdade que tem sido a linha dominante de sua vida que fez dele - em certa época o único pintor social militante do Brasil - um revoltado contra as imposições drásticas dos partidos, um homem que sempre examina seus problemas, e que atingiu um elevado nível de consciência artística. Debaixo de aparências ligeiras, a carreira do Di Cavalcanti tem assumido aspectos patéticos de alto drama intelectual: este homem inquieto tem vivido em encruzilhadas, à procura de soluções plásticas, políticas e críticas, debatendo continuamente o caso do Brasil, o caso da anarquia universal e seu próprio caso que se misturou com outros."

“Eis o aparente paradoxo de Emiliano Di Cavalcanti: este grande individualista é um pintor social, este boêmio dispersivo é um trabalhador obstinado, este copiador de histórias pitorescas é um espírito sério capaz de disciplina. O homem Di Cavalcanti é rico em surpresas e imprevistos, solidário com outros no sofrimento e na alegria. Sabe que o prazer sempre foi um elemento importante na criação da obra de arte. Sabe que o prazer encerra também conflitos, abismos, contradições. Daí o aspecto triste, às vezes mesmo sinistro, de certos personagens festeiros de seus quadros. Todos nós sabemos que o substrato da alegria brasileira é carregado de tristeza. Em alguns dos melhores momentos de sua carreira Di Cavalcanti atingiu pela força da verdade plástica o cerne da nossa própria verdade metafísica na unificação de seus contrastes: de fato a gente brasileira foi ali recriada em síntese erudita...". — Murilo Mendes, 1949.

"Di nos dá na sua pintura, de onde rescendem todas as influências legítimas do tempo percorrido, a dimensão de uma terra pulsante de cor, ingênua e triste.

Di é um pintor bem maior do que se pensa, bem maior do que a fama cheia de rótulos com que o desiguaram. Porque o instinto estético de Di Cavalcanti, que é um homem de sensibilidade extrovertida, irreverente, requintada, independente e bem humorada no sentido às vezes sarcástico do bom humor, este instinto estético vem comandar as paixões, sobre as quais se tem a impressão de que Di escava no momento vivo do circuito. Toda sucessão de imagens nos despertam um estado de paixão equivalente, ou pelo menos nos inquietam em direção a um mundo palpitante em que vivemos, e, que nem sempre nos atinge." — Walmir Ayala, 1973

"Em Emiliano Di Cavalcanti encontrou a pintura um de seus maiores e mais originais intérpretes: sensual e expressivo, o fabuloso artista - numa carreira de mais de 50 anos -, vem criando mitos visuais que hão de permanecer como outros tantos pontos altos da arte nacional.

Nessas poucas linhas, que não pretendem ser de modo algum uma análise, apenas quero expressar a admiração pelo pintor e o privilégio, que me coube, de Ter por vezes podido desfrutar de sua companhia." — José Roberto Teixeira Leite, 1973

"(...) O que dará, porém, este clima de sensualidade aos quadros de Di Cavalcanti não será a figura da mulata em si, mas o tratamento que ele dará à pintura e principalmente à cor. A partir de 1926, em alguns trabalhos, como Cinco Moças de Guaratinguetá, nota-se o aparecimento de fortes contrastes cromáticos. No entanto, a cor ainda está dependente do desenho, uma vez que predomina o cuidado na relação entre os volumes e os planos”Carlos Zílio, 1982

"(...) quando assinala a tendência de Di Cavalcanti para o fauvismo, acentua Sérgio Milliet seu caráter instintivo. Mesmo certas aproximações expressionistas, evidentes e incontestáveis em alguns quadros da época, seriam meras coincidências, isto é, seriam menos derivadas de uma consciente filiação escolástica do que a indisciplinada, intuitiva e heróica necessidade de destruir, de negar, de contradizer todo o formidável acervo de banalidades e lugares-comuns que entupiam museus, salas de exposições e paredes de salões particulares no ano do centenário de nossa independência. Era um expressionismo natural e impulsivo, nascido da necessidade de satirizar, de combater e demolir a deformação que derivava da violência da caricatura, forma de combate que constituiu uma reação instintiva do inconformismo e da rebeldia.

(...). Assim como o seu expressionismo era uma forma de manifestar socialmente sua inadaptação à rotina, o seu fauvismo seria a necessidade de contradizer o habitualmente feito e passivamente aceito (...)." — Luís Martins (in Di Cavalcanti. Marcondes, Marcos Antônio. São Paulo, Art, 1983.)

"Emiliano Di Cavalcanti foi um jornalista do traço, um registrador, um irônico testemunho. Mas, também, um afetuoso contemplador das coisas nacionais, das fraquezas brasileiras, nas quais ele, afinal de contas, também se comprazia.

O desenho é, muitas vezes, revelador da personalidade do artista. Na história das artes, ele tem precedido a pintura. E, na história de Di Cavalcanti, ele foi pioneiro de seu temperamento. Pode ser observado como o autor deixa-se envolver pelas doutrinas de sua época, como absorve os seus colegas e, finalmente, como o seu temperamento e a sua profunda ligação com a vida e a criação terminam por se impor, tornando os seus trabalhos pessoais, únicos, impregnados de uma atmosfera própria.

Afastados da parte mais conhecida de sua obra, os desenhos fornecem elementos sobre um lado pouco estudado e explorado da carreira do artista. Acontece que esse lado, o gráfico, é profundamente revelador da personalidade e das tendências do artista Di Cavalcanti.

Por ele, é possível verificar, inclusive, que a famosa sensualidade de cenas e figuras do artista não dependem apenas da cor e da composição, mas são frutos de uma estrutura interna que o seu desenho possui, de um traço e tratamento mais demorado, vagaroso, barroco. Ou, ainda, que o sabor de certas pinturas obedecem ao ritmo ligeiro, ao risco irônico que o seu desenho possuía." — Jacob Klintowitz

"Tinha prazer com o ato de pintar e não se preocupava em alcançar a cada vez a obra-prima; queria basicamente expressar-se. Nos anos 20 e 30, sua produção é mais homogênea; nos 40 e 50, surgem numerosas e famosas obras magistrais; dos 60 em diante, elas se tornam raridade.

Apesar disso, Emiliano Di Cavalcanti permanecerá para sempre como um dos maiores pintores brasileiros, e o que melhor captou um determinado lado do país: o amoroso, o sensual.

O largo predomínio da figura humana em sua arte é também uma manifestação de seu humanismo essencial - o mesmo humanismo que o levou a ser um indivíduo da esquerda, embora não exatamente um ativista partidário. Como Segall, Ismael Nery e Portinari, Di fez do homem o objeto de sua atenção." — Olívio Tavares de Araújo (Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes. RJ: Editora 4 Estações, 1998. Pág.46-48.)

"... Que bom que existas, pintor
Enamorado das ruas
Que bom vivas, que bom sejas
Que bom lutes e construas
Poeta o mais carioca
Pintor o mais brasileiro
Entidade mais dileta
Do meu Rio de Janeiro
- Perdão meu irmão poeta
Nosso Rio de Janeiro" —
Vinícius de Morais, 1963

Exposições Individuais

1917 - Di Cavalcanti: caricaturas

1919 - Di Cavalcanti: pinturas

1920 - Di Cavalcanti: pinturas

1921 - Di Cavalcanti: desenhos

1925 - Individual de Di Cavalcanti

1932 - Individual de Di Cavalcanti

1947 - Individual de Di Cavalcanti

1948 - Di Cavalcanti: retrospectiva

1948 - Emiliano Di Cavalcanti: retrospectiva 1918 - 1948

1954 - Di Cavalcanti: retrospectiva

1954 - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos

1959 - Individual de Di Cavalcanti

1961 - Individual de Di Cavalcanti

1964 - Di Cavalcanti: 40 anos de pintura

1964 - 50 Desenhos e Guaches do Jovem Di Cavalcanti: coleção MAC/USP

1966 - Auto-Retratos

1966 - O Artista e a Máquina

1966 -  O Artista e a Máquina

1976 - Di Cavalcanti: retrospectiva

Exposições Coletivas

1916 - 1º Salão dos Humoristas

1922 - Semana de Arte Moderna

1930 - Exposição de uma Casa Modernista

1930 - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists

1931 - Salão Revolucionário

1931 - Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro

1933 - 3º Salão da Pró-Arte

1933 - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM

1934 - 4º Salão da Pró-Arte

1935 - Exposição de Arte Social

1937 - Exposição Internacional de Artes e Técnicas

1938 - 2º Salão de Maio

1939 - 3º Salão de Maio

1941 - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias

1944 - Exposição de Arte Moderna

1944 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1944 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - 20 Artistas Brasileños

1945 - 20 Artistas Brasileños

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - 20 Artistas Brasileños

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - 20 Artistas Brasileños

1946 - Exposição de Desenhos Originais de Artistas de São Paulo

1946 - Os Pintores vão à Escola do Povo

1947 - Bonadei, Di Cavalcanti, Noêmia Mourão, Lothar Charoux, Oswald de Andrade Filho, Lúcia Suané, Cesar Lacanna, Mario Zanini e Raphael Galvez

1947 - Exposição inaugural da Galeria Domus

1947 - 19 Pintores

1948 - Exposição da Pintura Paulista

1950 - 25ª Bienal de Veneza

1951 - 1ª Bienal Internacional de São Paulo

1952 - Exposição de Artistas Brasileiros

1953 - 2ª Bienal Internacional de São Paulo

1954 - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo

1955 - Arte Brasileira Contemporânea

1955 - 1ª Exposição de Arte Brasileira Contemporânea

1956 - 28º Bienal di Veneza

1956 - Mostra de Arte Sacra de Trieste

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - 30 Anos de Arte Brasileira

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - 40 Artistas do Brasil

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - 2ª Bienal Interamericana do México

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Galeria Bonino: Mostra Inaugural

1960 - Coleção Leirner

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1961 - Prêmio Formiplac

1961 - Desenhos, Óleos e Guaches

1962 - Exposição de Artistas Brasileiros

1962 - Exposição de Artistas Brasileiros

1962 - Exposição de Artistas Brasileiros

1962 - 1ª Bienal Americana de Arte

1962 - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf

1962 - O Retrato como Tema

1963 - Homenagem a Portinari

1963 - Pintura e Escultura Contemporâneas

1963 - A Paisagem como Tema

1963 - 7ª Bienal Internacional de São Paulo

1964 - O Nu na Arte Contemporânea

1964 - 21º Salão Paranaense de Belas Artes

1964 - Exposição Pequeno Tamanho

1965 - Carnaval Carioca

1965 - 3º Resumo de Arte JB

1966 - 2ª Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP

1966 - 2ª Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP

1966 - 2ª Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP

1966 - Meio Século de Arte Nova

1971 - 11ª Bienal Internacional de São Paulo

1971 - 50 anos de Arte: Di Cavalcanti

1972 - A Semana de 22: antecedentes e consequências

1972 - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois

1973 - Imagem do Brasil

1974 - O Mar

1974 - Tempo dos Modernistas

1974 - Coletiva na Galeria Guimar

1975 - O Modernismo de 1917 a 1930

1975  - SPAM e CAM

Exposições Póstumas

1976 - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo

1976 - Arte Brasileira: figuras e movimentos

1976 - Coletiva de inauguração

1976 - Di Cavalcanti: 100 obras do acervo

1979 - A Caricatura no Brasil: o desenho de humor

1979 - Coletiva no Salão de Exposições do Teatro Guaíra

1979 - 15ª Bienal Internacional de São Paulo

1980 - 20 Pintores Brasileños

1980 - Homenagem a Mário Pedrosa

1980 - Ochenta Años de Arte Brasileño

1980 - Coletiva de Inauguração

1981 - Universo do Carnaval: imagens e reflexões

1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand

1982 - 80 Anos de Arte Brasileira

1982 - Do Modernismo à Bienal

1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand

1982 - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares

1982 - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste

1982 - 80 Anos de Arte Brasileira

1982 - 80 Anos de Arte Brasileira

1982 - Auto-Retratos Brasileiros

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1983 - Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1984 - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira

1984 - Homenagem a Arte da Gravura no Brasil

1984 - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras

1984 - Grandes Obras

1984 - Salão de 31

1985 - Desenhos de Di Cavalcanti na Coleção do MAC

1985 - 18ª Bienal Internacional de São Paulo

1985 - 100 Obras Itaú

1985 - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho

1985 - A Arte do Imaginário

1986 - Caminhos do Desenho Brasileiro

1987 - O Ofício da Arte: pintura

1987 - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX

1987 - As Bienais no Acervo do MAC: 1951 a 1985

1987 - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand

1987 - Modernidade

1988 - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial

1988 - Modernidade: arte brasileira do século XX

1988 - Hedonismo: Coleção Gilberto Chateaubriand

1989 - 150 Anos de Pintura no Brasil

1989 - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho

1989 - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos

1990 -  Figurativismo/Abstracionismo: o vermelho na pintura brasileira

1990 -  Doações e Aquisições Recentes

1990 - Arte Brasileira

1990 - Figurativismo/Abstracionismo: o vermelho na pintura brasileira

1990 - Expressões Singulares da Arte Brasileira

1990 - Brazil: crossroads of modern art

1990 - Figurativismo/Abstracionismo: o vermelho na pintura brasileira

1991 - Coletiva na Caixa Cultural Rio de Janeiro

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - 21ª Bienal Internacional de São Paulo

1991 - 3ª Bienal Nacional de Santos

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Museu Municipal de Arte: acervo

1991 - Mário Pedrosa, arte, revolução e reflexão

1991 - Dois Retratos da Arte

1992 - Primeiro Aniversário da Grifo Galeria de Arte

1992 - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas

1992 - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung

1992 - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil

1992 - Mercado de Arte nº 1

1992 - Di Cavalcanti – Desenhos

1992 - Latin American Artists of the Twentieth Century

1992 - Voces de Ultramar: arte en América Latina y Canarias 1910-1960

1992 - A Formação do Olhar Modernista: Uma Seleção

1992 - Latin American Artists of the Twentieth Century

1992 - Voces de Ultramar: arte en América Latina y Canarias 1910-1960

1992 - 1º A Caminho de Niterói: coleção João Sattamini

1993 - Assis Chateaubriand: acervo artístico - UEPB

1993 - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura

1993 - Latin American Artists of the Twentieth Century

1993 - Latin American Artists of the Twentieth Century

1993 - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand

1993 - Obras para Ilustração do Suplemento Literário: 1956 - 1967

1993 - Retratos e Auto-Retratos na Coleção Gilberto Chateubriand

1993 - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira

1993 - Mário faz 100 Anos: 100 obras-primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura

1993 - A Arte Brasileira no Mundo, uma Trajetória: 24 artistas brasileiros

1993 - Xilogravura: do cordel à galeria

1993 - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna

1993 - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel

1993 - Figurativismo/Abstracionismo: o vermelho na pintura brasileira

1993 - Pinturas Importantes: brasileiras e estrangeiras: séculos XV a XX

1994 - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho

1994 - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand

1994 - Bienal Brasil Século XX

1994 - Bienal Brasil Século XX

1994 - Xilogravura: do cordel à galeria

1994 - Xilogravura: do cordel à galeria

1994 - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco

1994 - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira

1995 - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco

1995 - Modernismo Paris Anos 20: vivências e convivências

1995 - Coleções de Brasília

1995 - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos restaurados

1996 - Modernistas e Contemporâneos

1996 - Figura e Paisagem no Acervo do MAM: homenagem a Volpi

1996 - Visões do Rio

1996 - 12 Nomes da Pintura Brasileira

1996 - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970

1996 - 1ª Off Bienal

1997 - Mestres do Expressionismo no Brasil

1997 - Grandes Nomes da Pintura Brasileira

1997 - O Jovem Di: 1917-1935

1997 - Exposição Oficial de Abertura dos Eventos Comemorativos do Centenário de Di Cavalcanti

1997 - Di Cavalcanti 100 Anos: Di, meu brasileiro

1997 - Di Cavalcanti 100 Anos: as mulheres de Di

1997 - Individual de Di Cavalcanti

1997 - Exposição Paralela

1997 - Exposição do Acervo da Caixa Porto Alegre

1997 - Mário de Andrade e o Grupo Modernista

1997 - Exposição do Acervo da Caixa

1998 - 5º Salão de Arte e Antiguidades

1998 - A Coleção Constantini no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

1998 - A Coleção Constantini no Museu de Arte Moderna de São Paulo

1998 - Di Cavalcanti 100 Anos

1998 - Exposição do Acervo da Caixa

1998 - O Colecionador

1998 - Exposição do Acervo da Caixa

1998 - Coleção MAM Bahia: pinturas

1998 - Destaques da Coleção Unibanco

1998 - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira

1998 - Brasil: Anos 20 a 70

1998 - 24ª Bienal Internacional de São Paulo

1998 - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ

1998 - Fantasia Brasileira: o balé do IV Centenário

1998 - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares

1998 - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração

1998 - A Figura Feminina no Acervo do MAB

1998 - Mostra Rio Gravura. Acervo Banerj

1999 - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes

1999 - 60 Anos de Arte Brasileira

1999 - Picasso, Cubismo e América Latina

1999 - 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1999 - Cotidiano/Arte. O Consumo.

2000 - A Figura Feminina no Acervo do MAB

2000 - Brasil-brasis: cousas notaveis e espantosas. Olhares Modernistas

2000 - Brasil Sobre Papel: matizes e vivências

2000 - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento

2000 - A Cena Muda - Acervo do MASC

2000 - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX

2000 - Trabalho, Festa e Tradição - Nos Mestres da Arte Brasileira de Acervo da Caixa 2000 - 7º Salão de Arte e Antiguidades

2000 - 60 Anos de Arte Brasileira – Acervo da Caixa

2000 - Arte e Erotismo

2000 - Século 20: arte do Brasil

2000 - Mostra Itinerante do Acervo do Margs

2000 - A Figura Humana na Coleção Itaú

2000 - De la Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950

2000 - Mostra Itinerante do Acervo do Margs

2000 - Mostra Itinerante do Acervo do Margs

2000 - São Paulo: de vila a metrópole

2000 - Mostra Itinerante do Acervo do Margs

2000 - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960

2001 - Acervo da Arte Carioca

2001 - Trabalho, Festa e Tradição - Nos Mestres da Arte Brasileira do Acervo da Caixa

2001 - Gravuras Brasileiras do Acervo do MUnA: anos 60, 70 e 80

2001 - 30 Mestres da Pintura no Brasil

2001 - Aquarela Brasileira

2001 - Coleção Aldo Franco

2001 - Brazil: Body & Soul

2001 - Museu de Arte Brasileira: 40 anos

2001 - Caricaturistas Brasileiros

2001 - 4 Décadas

2001 - Figuras e Faces

2001 - A Permanência dos Gêneros Tradicionais da Arte: o retrato, a paisagem, a natureza morta

2002 - 9º Salão de Arte e Antiguidades

2002 - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand

2002 - Insólitos

2002 - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet

2002 - 22 e a Idéia do Moderno

2002 - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem

2002 - Espelho Selvagem: arte moderna no Brasil da primeira metade do século XX, Coleção Nemirovsky

2002 - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX

2002 - Arquipélagos: o universo plural do MAM

2002 - Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti: mito e realidade no modernismo brasileiro

2002 - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem

2002 - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950

2002 - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes

2002 - Tesouros da Caixa: mostra do acervo artístico da Caixa

2002 - JK - Uma Aventura Estética

2003 - Autonomia do Desenho

2003 - Natureza Morta

2003 - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas

Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem

2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica

2003 - A Aventura Modernista de Berta Singerman: uma voz argentina no Brasil

2003 - Traço, Humor e Cia

2003 - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa

2003 - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra

2003 - Novecento Sudamericano: relações artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai

2003 - 22º Salão Arte Pará

2003 - Anos 20: A Modernidade Emergente

2003 - Arte Brasileira no Acervo do MAP

2003 - Arteconhecimento: 70 anos USP

2003 - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone

2003 - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone

2004 - Di Cavalcanti

2004 - A Face Icônica da Arte Brasileira

2004 - Mestres do Modernismo

2004 - As Bienais: um olhar sobre a produção brasileira 1951/2002

2004 - O Olhar Modernista de JK

2004 - Gabinete de Papel

2004 - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho

2004 - Individual de Di Cavalcanti

2005 - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho

2005 - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará

2005 - Odorico Tavares: a minha casa baiana - sonhos e desejos de um colecionador

2005 - 100 Anos da Pinacoteca: a formação de um acervo

2005 - Obras-primas da Arte Brasileira

2005 - Odorico Tavares: a minha casa baiana - sonhos e desejos de um colecionador

2006 - Ciccillo: acervo MAC USP

2006 - O Olhar Modernista de JK

2006 - Ao Mesmo Tempo o Nosso Tempo

2006 - Traços do Acervo Caixa

2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real

2006 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2006 - Di Cavalcanti: um perfeito carioca

2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real

2006 - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950

2006 - 1º Salão de Arte

2006 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real

2006 - MAM [na] OCA: Arte Brasileira do Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo

2006 - Brasiliana Masp: moderna contemporânea

2006 - O Ócio e o Ácido (2006 : Brasília, DF)

2007 - Olhar Modernista de JK

2007 - Binária: acervo e coleções

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Brasil, Várias Vezes Moderno

2007 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2007 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Arte-Antropologia

2007 - Coluna Infinita

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti 110 Anos - De Flores e Amores

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2008 - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno

2008 - Acervo do Margs - Expressividade na Arte Brasileira

2008 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2008 - Arte Brasileira no Acervo MAC USP

2008 - Arte Brasileira no Acervo MAC USP

2008 - MAM 60

2008 - Acervo BM&FBOVESPA

2008 - Brasil Brasileiro

2008 - Coleção Gilberto Chateaubriand MAM RJ

2009 - Brasil Brasileiro

2009 - Contemporâneo x Moderno

2009 - Nus

2009 - Memorial Revisitado: 20 anos

2009 - Modernos de Sempre

2009 - Arte na França 1860-1960: o Realismo

2009 - A Arte de Colecionar-te

2009 - 50 Anos da Galeria André

2009 - Olhar da Crítica: Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios

2009 - Sob Um Céu Tropical

2009 - Campos do Lobato

2009 - Pagu Oswald Segall

2009 - Papéis em Destaque: mestres do século XX

2010 - Genealogias do Contemporâneo

2010 - Formas e Revelações: Modernistas no Acervo

2010 - Entre Atos 1964/68

2010 - Puras misturas

2010 - Coleção Domingos Giobbi: arte, uma relação afetiva

2010 - Coleção Domingos Giobbi: arte, uma relação afetiva

2010 - Memórias Reveladas

2010 - Brasilidade e Modernismo

2010 - Acervo Museu Oscar Niemeyer

2011 - Um Torneio Plástico * – Modernistas e Vicente do Rego Monteiro

2011 - Recortes de Coleções

2011 - Tarsila e o Brasil dos Modernistas

2011 - País Paisagem

2011 - Labirintos da Iconografia

2011 - 1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú

2011 - Arte nos Tempos do Café

2011 - O Secreto Discurso do Olhar

2011 - Brazil.Brasil

2011 - Modernismos no Brasil

2011 - Arte e Cultura no Vale do Paraíba

2011 - Vanguarda Modernista na Coleção Banco Central (2011 : Brasília, DF

2012 - O Retorno da Coleção Tamagni: até as estrelas por caminhos difíceis

2012 - Modernismos: 90 anos de 1922

2012 - Mulheres no Acervo MON

2012 - 90 Anos Depois - A Semana de Arte Moderna

2012 - Modernistas: a semana de 1922 em reflexão

2012 - Di - Alguns Inesquecíveis

2012 - 1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú

26.04.2012

2012 - Sentir Prá Ver: Gêneros da Pintura na Pinacoteca de São Paulo

2012 - Coleção Nemirosky: Destaques do Acervo

2012 - O Modernismo de Portinari e Di Cavalcanti (2012 : São Paulo, SP)

2012 - Da Seção de Arte ao Prêmio Aquisição: a gênese do Gabinete do Desenho

2012 - Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo

2012 - Mostra 31

2012 - Odorico Tavares : Sonhos e Desejos de um Colecionador

2013 - Calendário 2013

2013 - Artes visuais: experiência e transformação

2013 - Experiência ] e [Transformação

2013 - Rio de Imagens: uma paisagem em construção

2013 - O CO-LE-CI-O-NA-DOR: arte brasileira e internacional na Coleção Boghici

2013 - Vontade Construtiva na Coleção Fadel

2013 - 17º Unifor Plástica

2013 - Di Humanista

2013 - 100 anos de Arte Paulista no Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo

2013 - Retratos no Acervo da Pinacoteca do Estado

2013 - Narrativas Poéticas - Coleção Santander

2013 - Analogias

2013 - Exposição inaugural da nova sede da Pinacoteca Ruben Berta

2014 - Voto no Brasil

2014 - Vontade Construtiva na Coleção Fadel

2014 - Um olhar sobre a Pinacoteca

2014 - Do Valongo à Favela: imaginário e periferia

2014 - Tupi or not Tupi

2014 - Retratos da Brasilidade

2014 - Retratos da Brasilidade

2014 - Histórias Mestiças

2014 - Os grandes da Bienal: além da temática

2015 - Arte do Brasil no Século 20

2015 - Obras sob guarda do MON

2015 - Princípio & Consequências O Testemunho do Corpo

2015 - Mário de Andrade - Cartas do Modernismo (2015 : São Paulo, SP)

2015 - Acervo em Transformação

2015 - Di Cavalcanti - Conquistador de Lirismos

2015 - Galeria Ipanema: 50 anos de arte – Parte II

2016 - Linguagens do corpo carioca [a vertigem do Rio]

2016 - Antropofagia y Modernidad. Arte Brasileño en la Colección Fadel. 1908-1979

2016 - Visões da Arte no Acervo do MAC USP: 1900-1950

2016 - Arte no Brasil: Uma história na Pinacoteca de São Paulo. Galeria José e Paulina Nemirovsky - Arte moderna

2016 - Arte Moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz

2017 - O Mercado de Arte Moderna em São Paulo - 1947 - 1951

2017 - Mercado de Arte Moderna em São Paulo: 1947-1951

2017 - Eterna Trilogia

2017 - MUNDEZ, Brasília 57

2017 - Mário Pedrosa: On the Affective Nature of Form

2017 - Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos 

2017 - Di Cavalcanti, Muralista

2017 - No subúrbio da modernidade: Di Cavalcanti 120 anos

2017 - Di Cavalcanti - Papel em Destaque

2017 - Modernismo brasileiro na Coleção da Fundação Edson Queiroz

2017 - Alucinações à Beira-Mar

2017 - A Ventura do Moderno

2018 - O BANCO DO BRASIL E SUA HISTÓRIA (2018)

2018 - Verboamérica

2018 - P/B Acervo MAB

2018 - Tessituras

2018 - Da Terra Brasilis à Aldeia Global

2018 - The Art of Diplomacy - Brazilian Modernism Painted For War

2018 - O Rio do Samba: resistência e reinvenção

2018 - Modernos 10

2018 - O moderno que eu faço – narrativas da experiência

2018 - Acervo em transformação: comodato Masp B3

2019 - Histórias Afro-atlânticas

2019 - Modernos +

2019 - Maresia

2019 - O que vemos, o que nos fala

2019 - Aproximações - Breve introdução à arte brasileira do século XX

2019 - Corpointerior

2019 - Memorial do Desenho

2019 - Cor, ou não?

2019 - Exposição e Leilão Beneficente

2019 - O que resta após

2019 - Canção Enigmática - Relações entre arte e som nas Coleções MAM

2020 - Pinacoteca: Acervo

2020 - Acervo Dialogado

2021 - 50 Duetos

2021 - Di Cavalcanti no MAM: 50 anos x 2

2021 - A Máquina do Mundo: arte e indústria no Brasil 1901-2021

2021 - Era Uma Vez o Moderno [1910-1944]

2022 - Vários 22

2022 - Histórias brasileiras

2022 - Margens de 22: presenças populares

2023 - Brasil Futuro: as formas da democracia

2023 - Ensaios para o Museu das Origens

2023 - Ensaios para o Museu das Origens

2024 - Telmo Porto: colecionador e filantropo

Fonte: DI Cavalcanti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 18 de fevereiro de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Di Cavalcanti | Wikipédia

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo (Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1897 – Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1976), mais conhecido como Di Cavalcanti, foi um pintor modernista, desenhista, ilustrador, muralista e caricaturista brasileiro. Sua arte contribuiu significativamente para distinguir a arte brasileira de outros movimentos artísticos de sua época, através de suas reconhecidas cores vibrantes, formas sinuosas e temas tipicamente brasileiros como carnaval, mulatas e tropicalismos em geral. Suas principais obras são: Samba, Músicos, Cinco moças de Guaratinguetá, Mangue, Pierrete, Pierrot, entre outras.

Infância e Juventude

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque nasceu dia 6 de setembro de 1897 no Rio de Janeiro, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque de Melo e Rosalia de Sena. Seu pai era membro da tradicional família pernambucana Cavalcanti de Albuquerque. Já pelo lado materno, era sobrinho da esposa de José do Patrocínio, grande abolicionista negro brasileiro. Estudou no Colégio Pio Americano e aprendeu piano com Judith Levy, e começou a trabalhar fazendo ilustrações para a revista Fon-Fon, uma revista que consagrou-se principalmente na caricatura política, na charge social e na pintura de gênero. Em 1916, transferindo-se para São Paulo, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Seguiu fazendo ilustrações e começou a pintar. O jovem Di Cavalcanti frequentou o ateliê do impressionista George Fischer Elpons e tornou-se amigo de Mário e Oswald de Andrade.

Início de carreira

Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, idealizou e organizou a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, criando, para essa ocasião, as peças promocionais do evento: catálogo e programa. Fez sua primeira viagem à Europa em 1923, permanecendo em Paris até 1925. Frequentou a Academia Ranson. Expôs em diversas cidadesinhas: Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdã e Paris. Conheceu Pablo Picasso, Fernand Léger, Matisse, Erik Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses. Retornou ao Brasil em 1926 e ingressou no Partido Comunista. Seguiu fazendo ilustrações. Fez nova viagem a Paris e criou os painéis de decoração do Teatro João Caetano no Rio de Janeiro.

Os anos 1930 encontram um Di Cavalcanti imerso em dúvidas quanto à sua liberdade como homem e artista e quanto a dogmas partidários. Iniciou suas participações em exposições coletivas e salões nacionais e internacionais, como a International Art Center em Nova Iorque. Em 1932, fundou, em São Paulo, com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos. Sofreu sua primeira prisão em 1932 durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Casou-se com a pintora Noêmia Mourão. Publicou o álbum "A Realidade Brasileira", série de doze desenhos satirizando o militarismo da época. Em Paris, em 1938, trabalhou na rádio "Diffusion Française" nas emissões "Paris Mondial".

Viajou ao Recife e Lisboa, onde expôs no salão "O Século"; ao retornar, foi preso novamente no Rio de Janeiro. Em 1936, escondeu-se na Ilha de Paquetá e foi preso com Noêmia. Libertado por amigos, seguiu para Paris, lá permanecendo até 1940. Em 1937, recebeu medalha de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Técnica, em Paris. Com a iminência da Segunda Guerra, deixou Paris e retornou ao Brasil, fixando-se em São Paulo. Um lote de mais de quarenta obras despachadas da Europa não chegaram ao destino, extraviando-se.

Reconhecimento internacional

Passou a combater abertamente o abstracionismo através de conferências e artigos. Viajou para o Uruguai e Argentina, expondo em Buenos Aires. Conheceu Zuília, que se tornou uma de suas modelos preferidas. Em 1946, retornou a Paris em busca dos quadros desaparecidos; nesse mesmo ano, expôs no Rio de Janeiro, na Associação Brasileira de Imprensa. Ilustrou livros de Vinícius de Morais, Álvares de Azevedo e Jorge Amado. Em 1947, entrou em crise com Noêmia Mourão - "uma personalidade que se basta, uma artista, e de temperamento muito complicado...". Participou com Anita Malfatti e Lasar Segall do júri de premiação de pintura do Grupo dos 19. Seguiu criticando o abstracionismo. Expôs na Cidade do México em 1949.

Foi convidado e participou da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo em 1951. Fez uma doação generosa ao Museu de Arte Moderna de São Paulo, constituída de mais de quinhentos desenhos. Beryl passou a ser sua companheira. Negou-se a participar da Bienal de Veneza. Recebeu a láurea de melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo, prêmio dividido com Alfredo Volpi. Em 1954, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro realizou exposição retrospectiva de seus trabalhos. Fez novas exposições na Bacia do Prata, retornando a Montevidéu e Buenos Aires. Publicou "Viagem de minha vida". 1956 foi o ano de sua participação na Bienal de Veneza. Recebeu o I Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. Adotou Elizabeth, filha de Beryl. Seus trabalhos fizeram parte de exposição itinerante por países europeus. Recebeu proposta de Oscar Niemeyer para a criação de imagens para tapeçaria a ser instalada no Palácio da Alvorada; também pintou as estações para a via-sacra da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, em Brasília.

Últimos anos e morte

Ganhou uma sala Especial na Bienal Interamericana do México, recebendo Medalha de Ouro. Tornou-se artista exclusivo da Petite Galerie, no Rio de Janeiro. Viajo de Maio, em Paris, com a tela "Tempestade". Participou com Sala Especial na VII Bienal de São Paulo. Recebeu indicação do presidente brasileiro João Goulart para ser adido cultural na França. Embarcou para Paris mas não assumiu o cargo por causa do Golpe de 1964. Viveu em Paris com Ivete Bahia Rocha, apelidada de Divina. Lançou novo livro, "Reminiscências líricas de um perfeito carioca" e desenhou joias para Lucien Joaillier. Em 1966, seus trabalhos desaparecidos no início da década de 1940 foram localizados nos porões da embaixada brasileira. Candidatou-se a uma vaga na [Academia Brasileira de Letras], mas não se elegeu. Seu cinquentenário artístico foi comemorado.

A modelo Marina Montini foi a musa do pintor nessa década. Em 1971, o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou retrospectiva de sua obra. Recebeu prêmio da Associação Brasileira dos Críticos de Arte. Comemorou seus 75 anos no Rio de Janeiro, em seu apartamento no Catete. A Universidade Federal da Bahia outorgou-lhe o título de doutor honoris causa. Fez exposição de obras recentes na Bolsa de Arte e sua pintura Cinco moças de Guaratinguetá foi reproduzida em selo postal.

A 5 de Abril de 1975 foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.

Faleceu no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1976.

O diretor de cinema brasileiro Glauber Rocha, figura chave do cinema moderno brasileiro principalmente por seu trabalho no Cinema Novo, realizou o curta-metragem documentário Di-Glauber (1977) em homenagem ao pintor, quando de sua morte.

As musas do artista

Di Cavalcanti amava a vida boêmia, o carnaval e as mulheres, temas recorrentes de suas obras. Em cada década de seu trabalho como artista, ele teve uma musa, mulher que o inspirava, a quem retratava em muitas obras. A primeira foi Maria, com quem se casou em 1921; a segunda, a pintora Noêmia Mourão, que se tornou sua esposa em 1933; a terceira, Zuíla, a quem ele pintou muitas vezes enquanto ainda estava com Noêmia; a quarta, Beryl Tucker Gilman, sua companheira da década de 1950 e mãe de Elizabeth, sua filha adotiva; a quinta, Ivete Bahia Rocha, com quem viveu em Paris na década de 1960; e a derradeira musa, a modelo e atriz Marina Montini.

Centenário em 1997

Em 1997, ano do centenário de seu nascimento, diversas exposições comemorativas e retrospectivas de sua obra foram organizadas, entre as quais:

  • "As mulheres de Di", pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro

  • "Di, meu Brasil brasileiro", pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

  • "Di Cavalcanti, 100 anos", pelo Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado

Cronologia

1908 - Recebe aulas do pintor Gaspar Puga Garcia.

1914 – Publica seu primeiro trabalho como desenhista na Revista Fon-Fon.

1916 – Participa do III Salão dos Coadjuvantes. - Muda-se para São Paulo.

1917 – Primeira exposição individual na redação de A Cigarra, em São Paulo.

1919 – Ilustra o livro Carnaval, de Manuel Bandeira.

1921 – Ilustra Balada do sequestro de Reading, de Oscar Wilde.

1922 – Participa da Semana de Arte Moderna, fazendo a capa do trabalho e expondo 11 obras.

1923 – Vai para Europa, fixa residência em Paris como correspondente do jornal Correio da Manhã.

1925 – Volta ao Brasil, morando na Capital.

1929 – Pinta dois painéis para o Teatro João Caetano, no Rio de janeiro.

1935 – Volta novamente para a Europa.

1937 – Medalha de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Específica, em Chicago.

1940 – Volta para o Brasil, fixando-se em São Paulo.

1941 – Ilustra o livro Uma noite na taverna / Macário, de Álvares de Azevedo.

1947 – Expõe na Galeria Domus, no Rio de Janeiro.

1953 – Ganha, com Alfredo Volpi, o prêmio de melhor pintor nacional na IV Bienal de São Paulo.

1954 – Retrospectiva do seu nascimento no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

1955 – Publica Viagem de minha vida, livro de memórias.

1956 – Recebe nono prêmio na Mostra de Arte Sacra, na Itália.

1960 – Recebe medalha de ouro por sua participação com sala especial na IV Bienal Interamericana, no México.

1963 – Homenageado na VII Bienal de São Paulo.

1964 – Exposição comemorativa dos seus 60 anos de artista, na Galeria Relevo, RJ. - Publica o livro Reminiscências líricas de um perfeito cidadão carioca.

1971 – Retrospectiva da sua vida artística Museu de Arte Moderna de São Paulo.

1976 – Morre em sua cidade natal.

Principais obras

  • Pierrete - 1922

  • Pierrot - 1924

  • Samba - 1925

  • Mangue - 1929

  • Cinco moças de Guaratinguetá - 1930

  • Mulheres com frutas - 1932

  • Família na praia - 1935

  • Vênus - 1938

  • Ciganos - 1940

  • Mulheres protestando - 1941

  • Arlequins - 1943

  • Gafieira - 1944

  • Colonos - 1945

  • Abigail - 1947

  • Aldeia de Pescadores - 1950

  • Nu e figuras - 1950

  • Retrato de Beryl - 1955

  • Tempos Modernos - 1961

  • Tempestade - 1962

  • Retrato de Marina Montini - década de 1960

  • Duas Mulatas - 1964

  • Músicos - 1963

  • Ivette - 1963

  • Rio de Janeiro Noturno - 1963

  • Mulatas e pombas - 1966

  • Baile Popular - 1972

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 19 de fevereiro de 2025.

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Di Cavalcanti | Site Oficial

Di Cavalcanti: O enamorado da vida

Qualquer semelhança de espírito entre o poeta Vinícius de Moraes e o pintor Di Cavalcanti não será o que vulgarmente se chama de mera coincidência, é a mais pura afinidade. Cariocas que amaram - como poucos - o Rio de Janeiro além das incontáveis mulheres que passaram por suas vidas. Tudo cantado em versos, música, prosa e imagens para deleite das gerações futuras. Ambos poetas, escritores e boêmios, entendiam que da vida só se poderia levar prazeres. Nesse aspecto, o crítico Jaime Maurício assim frisou sobre o pintor do Catete: "...fez da boêmia uma bandeira romântica". E foi dessa maneira que esses dois gigantes da cultura brasileira levaram a vida: em constante alegria e celebração.

Não sabemos se Di Cavalcanti pintou Vinícius em suas cores tão brasileiras mas Vinícius cantou em versos, em 1963, o amigo pintor:

"...Que bom existas, pintor

Enamorado das ruas

Que bom vivas, que bom sejas..."

Esses versos refletem a alegria de um Brasil que encerrou-se um ano depois sob os ventos negros da ditadura militar que se instala no país e atinge os dois amigos: um refugiando-se em Paris (Di) , o outro em Roma.

Ainda de Jaime Maurício recolhemos na brilhante pesquisa coordenada pela curadora Denise Mattar um resumo perfeito do que foi o pintor Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Mello, autor da idéia da famosa Semana de Arte Moderna de 1922: " ...Na ausência de tradições e técnicas tipicamente nacionais, precisamos ter pintores dignos desse nome crescidos no Brasil, por ele sensorialmente formados. Como Di Cavalcanti que nos conta em lápis e tintas de modo tão brasileiro o que vê e sente. E isso com uma espontaneidade que não exclui muito labor... Nosso prazer diante das telas de Di nasce desse encontro do que subsiste na sua pintura de pessoalmente tumultuoso com o rigor da expressão definitiva, admiravelmente ordenada. No mundo do artista, feito de mulatas, pescadores, músicos, palhaços, meretrizes, circos, mercados, bordéis, portos e do mar nunca muito longe, nada há de pletórico, congestionado, ou simplesmente ornamental. Tudo, se bem que amplo, generoso, rico, permanece essencial, participa de uma realidade mais profunda e renovada." 

Este carioca que foi amigo de Picasso, Matisse e Jean Cocteau sempre declarou-se um admirador da mulher brasileira, sempre "soube revelar o rosado recôndito das mulatas” e mais que tudo: "é sempre o mais exato pintor das coisas nacionais" segundo o escritor Mário de Andrade.

Falar da pintura de Di Cavalcanti é falar da cara e do povo brasileiro, da exuberância tropical do pais, de sua sensualidade sem folclore. — Renato Rosa

Di, falando...

" - A mulata, para mim, é um símbolo do Brasil. 

Ela não é preta nem branca. 

Nem rica nem pobre. 

Gosta de música, gosta do futebol, como nosso povo. (...)" 

"Moço continuarei até a morte porque, além dos bens que obtenho com minha imaginação, nada mais ambiciono."

"No carnaval eu sempre senti em mim a presença de um demônio incubo que se desvendava como um monstro, feliz por suas travessuras inenarráveis. É uma das formas de meu carioquismo irremediável e eu me sinto demasiadamente povo nesses dias de desafogo dos sentimentos mais terrivelmente terrenos de meu ser..."

"... "Fon-Fon" publicou a primeira caricatura de minha autoria. Depois tomei o trem para São Paulo. Fui para Ribeirão Preto. Em Ribeirão Preto vivi uma vida estranha. Marcava dormentes na Mogiana, com meu querido tio Ariosto e frequentava os cabarés da cidade. Ribeirão Preto iniciou-me no amor ao cabaré. Voltei ao Rio. E decidi ser mais depressa possível um profissional das artes e, se possível, das letras."

"A exposição de Anita Malfatti em 1917 foi a revelação de algo mais novo do que o impressionismo, mas Anita vinha de fora, seu modernismo, como o de Brecheret e Lasar Segall, tinha o selo da convivência com Paris, Roma e Berlim. Meu modernismo coloria-se do anarquismo cultural brasileiro e, se ainda claudicava, possuía o Dom de nascer com os erros, a inexperiência e o lirismo brasileiros."

"...Paris pôs uma marca na minha inteligência. Foi como criar em mim uma nova natureza e o meu amor à Europa transformou meu amor à vida em amor a tudo que é civilizado. E como civilizado comecei a conhecer a minha terra."

Uma Flor para Di Cavalcanti

Esta é uma flor para Di,

uma flor em forma di-

ferente: de flor-mulher,

desabrochada onde quer

que exista amor e verão.

Verão como a cor cinti-

la nas curvas, e sorri

nesse púrpuro arrebol

que Di tirou do seu Rio

coado de mel e sol.

Uma flor-pintura, zi-

nindo o canto de amor

que acompanhou toda a vi-

da do pincel, o gozo-dor 

de criar e de sentir, di-

vina e tão sensual ração 

que coube, na Terra, a Di.

— Carlos Drummond de Andrade (in Andrade, Carlos Drummond de . Discurso de primavera e algumas sombras. In: ______ . Poesia e prosa. 8ª ed., pág.813)


... Que bom que existas, pintor

Enamorado das ruas

Que bom vivas, que bom sejas

Que bom lutes e construas

Poeta o mais carioca

Pintor o mais brasileiro

Entidade mais dileta

Do meu Rio de Janeiro

- Perdão meu irmão poeta

Nosso Rio de Janeiro

— Vinícius de Morais (setembro de 1963)

Cronologia

1903/1915 - Rio de Janeiro RJ - Realiza os primeiros estudos no Colégio de Aldéia Noronha e no Colégio Militar 

1900/1914 - Mora no Bairro São Cristóvão, no Rio de Janeiro RJ

1908 - Recebe aulas do pintor Gaspar Puga Garcia 

1914 - Publica seu primeiro trabalho como caricaturista na Revista Fon-Fon

1915 - Ilustra a capa da revista A Vida Moderna

1916 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão dos Humoristas, no Liceu de Artes e Ofícios

1916 - Rio de Janeiro RJ - Entra para a Faculdade de Direito

1917 - São Paulo SP - É revisor do jornal O Estado de S. Paulo

1917/1920 - Mora em São Paulo SP 

1917/1976 - Ilustra livros de autores nacionais e estrangeiros, entre eles Álvares de Azevedo, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida, Horácio Andrade, Jorge Amado, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Mário Mariani, Menotti Del Picchia, Newton Belleza, Oscar Wilde, Oswald de Andrade, Ribeiro Couto, Rosalina Coelho Lisboa, Sérgio Milliet

1917 - São Paulo SP - Transfere-se para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco

1917 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: caricaturas, na redação da revista A Cigarra 

1918 - São Paulo SP - Freqüenta o ateliê de Georg Elpons, pintor e professor alemão, filiado ao impressionismo europeu 

1918 - São Paulo SP - É diretor artístico da revista Panóplia

1918 - São Paulo SP - Integra um grupo de artistas e intelectuais de São Paulo com Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, entre outros

1920/1976 - Vive tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, com freqüentes estadas no exterior

1919 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: pinturas, na Casa Editora O Livro 

1920 - Rio de Janeiro RJ - Ilustrador em várias revistas, inclusive na recém-criada revista Guanabara. Usa o pseudônimo Urbano como cartunista

1920 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: caricaturas, na Casa Di Franco 

1921 - São Paulo SP - Lança o álbum Fantoches da Meia-Noite, prefaciado por Ribeiro Couto e publicado por Monteiro Lobato, e ilustra A Balada do Enforcado, de Oscar Wilde

1921 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: desenhos, na Casa Editora O Livro

1922 - São Paulo SP - Abandona o curso de direito 

1922 - São Paulo SP - É um dos idealizadores e organizadores da Semana de Arte Moderna. Ilustra a capa do programa e catálogo de exposição, realizada no Teatro Municipal

1922 - São Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal 

1923/1925 - Fixa-se em Paris como correspondente do jornal Correio da Manhã, retorna ao Rio de Janeiro, com o fechamento do jornal na Revolução de 1924. Tem contato com Brecheret, Anita Malfatti e Sérgio Milliet

1923 - Viaja para a Itália com o objetivo de conhecer as obras de alguns mestres italianos como Tiziano, Michelangelo e Leonardo da Vinci

1923 - Vive em Montparnasse (França), onde monta pequeno ateliê

1923 - Paris (França) - É correspondente do Correio da Manhã do Rio de Janeiro

1923 - Paris (França) - Freqüenta a Academia Ranson

1924 - Paris (França) - Conhece obras, artistas e escritores europeus de vanguarda como Picasso, Cocteau, Blaise Cendrars, Léger, Unamuno, Georges Braque, Henri Matisse e outros

1925 - Retorna ao Brasil, vive no Rio de Janeiro RJ

1925 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual: na Casa Laubisch & Hirt

1926 - São Paulo SP - Ilustra a capa da obra O Losango Cáqui, de Mário de Andrade

1926 - Colabora como jornalista e ilustrador no Diário da Noite

1927 - Colabora como desenhista no Teatro de Brinquedo, de Eugênia e Álvaro Moreyra

1928 - Filia-se ao Partido Comunista do Brasil 

1929 - Rio de Janeiro RJ - Decora o foyer do Teatro João Caetano

1930 - São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista

1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no International Art Center, no Roerich Museum

1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba

1932 - São Paulo SP - É um dos fundadores do CAM, Clube dos Artista Modernos , liderado por Flávio de Carvalho, com a participação de Noêmia Mourão, Antonio Gomide e Carlos Prado 

1932 - São Paulo SP - É preso durante três meses como getulista pela Revolução Constitucionalista

1932 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti, em A Gazeta 

1933 - São Paulo SP - Casa-se com a pintora Noêmia Mourão, sua aluna 

1933 - São Paulo SP - Publica o álbum A Realidade Brasileira, série de doze desenhos satirizando o militarismo da época

1933 - Rio de Janeiro RJ - Escreve artigo no Diário Carioca, de 15 de outubro, sobre as relações entre o trabalho artístico e a problemática social, a propósito da exposição de Tarsila do Amaral

1933 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM

1933 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Pró-Arte, na Enba

1934 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte, na Enba

1934 - Mora em Recife PE 

1935 - Rio de Janeiro RJ - Participa do comitê de redação do semanário Marcha, na sala de um edifício na Cinelândia, ao lado de Caio Prado Júnior, Carlos Lacerda, Newton Freitas e Rubem Braga

1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Social, no Clube de Cultura Moderna do Rio de Janeiro

1935 - No fim do ano, por razões políticas, refugia-se com a esposa, Noêmia Mourão, e Newton Freitas na casa de Battistelli (exilado no Brasil, antifascista ligado a Plínio Melo e Mário Pedrosa), em Mangaratiba 

1937/1940 - Mora na Europa

1937 - Paris (França) - Exposição Internacional de Artes e Técnicas, no Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira - medalha de ouro

1938 - Paris (França) - Trabalha na rádio Diffusion Française nas emissões Paris Mondial em língua portuguesa, com Noêmia Mourão

1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo

1939 - Viagem a Espanha 

1939 - São Paulo SP - 3º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo

1940/1941 - Mora em São Paulo SP

1942 - Viagem a Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina)

1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no MAP

1946 - Segue a Paris (França) com o objetivo de encontrar obras e quadros abandonados em 1940

1946 - Rio de Janeiro RJ - Tem dois poemas publicados na Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira (Ed. Z. Valverde)

1947 - Participa do júri de premiação de pintura na exposição do Grupo dos 19, com Anita Malfatti e Lasar Segall

1948 - São Paulo SP - Exposição Individual: Emiliano Di Cavalcanti: retrospectiva 1918-1948, no IAB/SP

1947 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Domus

1948 - São Paulo SP - Exposição Individual: Retrospectiva, no Masp 

1948/1949 - Regressa à Europa por seis meses

1949/1950 - Viagem ao México - Participa do Congresso de Intelectuais pela Paz, representando o Partido Comunista

1950 - São Paulo SP - Separa-se de Noêmia Mourão

1951 - Rio de Janeiro RJ - Ministra curso de cenografia, no Serviço Nacional de Teatro

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - artista convidado

1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ

1952 - São Paulo SP - Doa mais de 550 desenhos, produzidos ao longo de trinta anos de carreira, ao MAM/SP 

1952 - São Paulo SP, Rio de Janeiro RJ - Faz charges para o jornal Última Hora de São Paulo. No Última Hora do Rio de Janeiro, escreve a coluna Preto no Branco e executa cinco painéis para a redação do jornal

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - prêmio melhor pintor nacional, com Alfredo Volpi

1954 - São Paulo SP - Cria figurinos para o balé A Lenda do Amor Impossível, encenado pelo Corpo de Baile do 4º Centenário

1954 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual: Di Cavalcanti: retrospectiva, no MAM/RJ 

1954 - São Paulo SP - Exposição Individual: Emiliano Di CavalcantiI: desenhos, no MAM/SP

1955 - Viagem a Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina)

1955 - Rio de Janeiro RJ - Recebe convite para realizar cenário e figurinos do balé As Cirandas, de Villa-Lobos, pelo Corpo de Baile do Municipal

1955 - Rio de Janeiro RJ - Publica Viagem da Minha Vida: Memórias (Ed. Civilização Brasileira), primeiro livro de memórias, em três volumes: V.1 O Testamento da Alvorada - V.2 O Sol e as Estrelas - V.3 - Retrato de Meus Amigos e... dos Outros

1956 - Veneza (Itália) - 28ª Bienal de Veneza

1956 - Trieste (Itália) - Mostra de Arte Sacra de Trieste - 1º prêmio

1958 - Paris (França) - Executa cartões para tapeçarias do Palácio da Alvorada (salões de música e de recepção), encomendados por Niemeyer

1958 - Brasília DF - Pinta a via-sacra para a Catedral de Brasília

1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Enba

1959 - Recebe de Carlos Flexa Ribeiro o título de O Patriarca da Pintura Moderna Brasileira

1960 - Cidade do México (México) - Realiza painel sobre tela para os escritórios da Aviação Real

1960 - Cidade do México (México) - 2ª Bienal Interamericana do México, no Palácio de Belas Artes - sala especial - medalha de ouro

1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte da Folha

1961 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual:, na Petite Galeria

1962 - Viagem à Paris (França) e Moscou (Rússia) - Participa do Congresso da Paz incentivado pelo o amigo Emilio Gustino e logo presenteado com a pintura - Pescadores - de 1948 do proprio Di Cavalcanti

1962 - Córdoba (Argentina) - 1ª Bienal Americana de Arte

1962 - Rabat (Marrocos) - Exposição de Artistas Brasileiros

1963 - Paris (França) - Indicado pelo presidente João Goulart para o cargo de adido cultural do Brasil. Não toma posse do cargo em virtude do golpe de 1964

1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - sala especial

1964 - Rio de Janeiro RJ - Publica Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca (Civilização Brasileira) - ilustrações e texto 

1964 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual: Di Cavalcanti: 40 anos de pintura, na Galeria Relevo 

1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana

1964 - Curitiba PR - 21º Salão Paranaense de Belas Artes 

1964 - Rio de Janeiro RJ - Desenha jóias executadas pelo joalheiro Lucien

1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP - itinerante

1969 - Ilustra os bilhetes da Loteria Federal das extrações da Inconfidência Mineira, São João, Independência e Natal

1971 - São Paulo SP - Exposição Individual: Retrospectiva Di Cavalcanti, no Masp 

1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1971 - Recebe o Prêmio ABCA

1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria Collectio

1972 - Mora em Salvador BA

1972 - Salvador BA - Publica o álbum 7 Xilogravuras de Emiliano Di Cavalcanti, pela Editora Chile, apresentação de Luís Martins

1972 - Recebe o Prêmio Moinho Santista

1973 - Salvador BA - Recebe o título de doutor honoris causa pela UFBA

1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp

1974 - Exposição de obras recentes na Bolsa de Arte, Rio de Janeiro

1975 - São Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall

1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall

1976 - São Paulo SP - A prefeitura muda o nome da Rua 4, no Alto da Mooca, para Rua Emiliano Di Cavalcanti

1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, no MAM/RJ

1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, no MNBA

1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall

1976 - Morre no Rio de Janeiro RJ - 26 de outubro

1977 - Glauber Rocha realiza o filme - Di - que recebe o Prêmio Especial do Júri, Festival de Cannes 77

1977 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: 100 obras do acervo, no MAC/USP

1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap

1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto

1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE

1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP

1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão de 31 

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp

1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1985 - São Paulo SP - Desenhos de Di Cavalcanti na Coleção do MAC, no MAC/USP

1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

1987 - Rio de Janeiro RJ - Entre Dois Séculos: arte brasileira do século XX na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris

1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc

1987 - Rio de Janeiro RJ - Publicação de livro com as cartas escritas pelo artista, Cartas de Amor à Divina / E.Di Cavalcanti. Rio de Janeiro: Cor Editores, 5ª ed.

1988 - Rio de Janeiro RJ - Hedonismo: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Edifício Gilberto Chateaubriand

1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP

1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, na Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna

1991 - São Paulo SP - 21ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1991 - Santos SP - 3ª Bienal Nacional de Santos, no Centro Cultural Patrícia Galvão

1991 - Belo Horizonte MG, Brasília DF, Curitiba PR, Porto Alegre RS, Recife PE, Rio de Janeiro RJ, Salvador BA e São Paulo SP - Dois Retratos da Arte, no MAP, no Palácio Itamaraty, na Fundação Cultural de Curitiba, no Margs, no Museu do Estado de Pernambuco, no MAM/RJ, no Museu de Arte da Bahia e no MAC/USP

1992 - Paris (França) e Sevilha (Espanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century

1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade

1992 - São Paulo SP - Primeiro Aniversário da Grifo Galeria de Arte, na Grifo Galeria de Arte

1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus 

1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP

1993 - São Paulo SP - A Arte Brasileira no Mundo, uma Trajetória: 24 artistas brasileiros, na Dan Galeria

1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna: Coleção Sérgio Fadel, no MNBA

1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa da Cultura de Poços de Caldas

1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB

1993 - Nova York (Estados Unidos) e Colônia (Alemanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no The Museum of Modern Art

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB/Faap

1993 - São Paulo SP - Obras para Ilustração do Suplemento Literário: 1956-1967, no MAM/SP

1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, na Casa de Cultura de Poços de Caldas

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ

1995 - São Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos restaurados, na Galeria Sinduscon

1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP

1996 - São Paulo SP - 1ª Off Bienal, no MuBE

1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ

1997 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti 100 Anos: As Mulheres de Di, no CCBB

1997 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti 100 Anos: Di, Meu Brasileiro, no MAM/RJ

1997 - Santiago (Chile) - Di Cavalcanti, no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago

1997 - São Paulo SP - Exposição Oficial de Abertura dos Eventos Comemorativos do Centenário de Di Cavalcanti, na Dan Galeria

1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte

1997 - São Paulo SP - Mestres do Expressionismo no Brasil, no Masp

1997 - São Paulo SP - O Jovem Di: 1917-1935, no IEB/USP

1997 - Uma obra de Di Cavalcanti, "Flores", alcança o lance de R$ 724.500,00 (US$ 677,100) em Leilão da Bolsa de Arte, no Rio de Janeiro.

1998 - São Paulo SP - A Coleção Constantini no MAM, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - Coleção MAM da Bahia: pinturas, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles

1998 - São Paulo SP - Fantasia Brasileira: o balé do IV Centenário, no Sesc

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1999 - Porto Alegre RS - 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul - sala especial

1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap

1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura: Acervo Banerj, no Museu Histórico do Ingá

1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura: Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA

1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria

2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural

2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna e Negro de Corpo e Alma, na Fundação Bienal

2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa

Críticas

"... A arte de Di Cavalcanti, bem como sua pessoa humana, bem como seu método d ofício, está fundada na liberdade. Uma vocação de liberdade que tem sido a linha dominante de sua vida que fez dele - em certa época o único pintor social militante do Brasil - um revoltado contra as imposições drásticas dos partidos, um homem que sempre examina seus problemas, e que atingiu um elevado nível de consci6encia artística. Debaixo de apar6encias ligeiras, a carreira do Di Cavalcanti tem assumido aspectos patéticos de alto drama intelectual: este homem inquieto tem vivido em encruzilhadas, à procura de soluções plásticas, políticas e críticas, debatendo continuamente o caso do Brasil, o caso da anarquia universal e seu próprio caso que se misturou com outros.

Eis o aparente paradoxo de Emiliano Di Cavalcanti: este grande individualista é u m pintor social, este boêmio dispersivo é um trabalhador obstinado, este copiador de histórias pitorescas é um espírito sério capaz de disciplina. O homem Di Cavalcanti é rico em surpresas e imprevistos, solidário com outros no sofrimento e na alegria. Sabe que o prazer sempre foi um elemento importante na criação da obra de arte. Sabe que o prazer encerra também conflitos, abismos, contradições. Daí o aspecto triste, às vezes mesmo sinistro, de certos personagens festeiros de seus quadros. Todos nós sabemos que o substrato da alegria brasileira é carregado de tristeza. Em alguns dos melhores momentos de sua carreira Di Cavalcanti atingiu pela força da verdade plástica o cerne da nossa própria verdade metafísica na unificação de seus contrastes: de fato a gente brasileira foi ali recriada em síntese erudita...". — Murilo Mendes (1949).

“A grande força de Emiliano Di Cavalcanti, como artista, é a sua sinceridade e - embora a expressão me cause certa repugnância, pelo excesso com que vem sendo usada - a sua autenticidade. Realmente, não me ocorre outra para exprimir exatamente essa perfeita sincronização do homem com a obra realizada, expressão evidente de uma necessidade vital, na fidelidade com que espelha a grandeza humana de seu criador. Um quadro de Di Cavalcanti - qualquer quadro - é, antes de mais nada, uma projeção de sua sensibilidade e de sua personalidade; e daí, o seu extraordinário fascínio, o seu poderoso encanto, a sua capacidade de encantar instantaneamente a simpatia e a admiração de um público heterogêneo, em que se irmanam solidariamente leigos e entendidos. Diante de bem poucos artistas nacionais se poderia com rigorosa veracidade repetir, como diante de Di Cavalcanti, este aparente lugar-comum, muito menos comum, aliás, do que se imagina: a obra é o homem” — Luis Lopes Coelho (São Paulo, 1964).

“Di nos dá na sua pintura, de onde rescendem todas as influências legítimas do tempo percorrido, a dimensão de uma terra pulsante de cor, ingênua e triste.

Di é um pintor bem maior do que se pensa, bem maior do que a fama cheia de rótulos com que o desiguaram. Porque o instinto estético de Di Cavalcanti, que é um homem de sensibilidade extrovertida, irreverente, requintada, independente e bem humorada 9 no sentido às vezes sarcástico do bom humor) , este instinto estético vem comandar as paixões, sobre as quais se tem a impressão de que Di escava no momento vivo do circuito. Toda sucessão de imagens nos despertam um estado de paixão equivalente, ou pelo menos nos inquietam em direção a um mundo palpitante em que vivemos, e, que nem sempre nos atinge” — Walmir Ayala (Rio, 1973).

“Em EMILIANO DI CAVALCANTI encontrou a pintura um de seus maiores e mais originais intérpretes: sensual e expressivo, o fabuloso artista - numa carreira de mais de 50 anos -, vem criando mitos visuais que hão de permanecer como outros tantos pontos altos da arte nacional. Nessas poucas linhas, que não pretendem ser de modo algum uma análise, apenas quero expressar a admiração pelo pintor e o privilégio, que me coube, de Ter por vezes podido desfrutar de sua companhia” — José Roberto Teixeira Leite (Rio, 1973).

“Ao longo deste meio século transcorrido, Di Cavalcanti ocupou um lugar de 1o plano nas artes plásticas do Brasil. Além de idealizar a Semana de 1922, foi ainda o principal responsável pelo surto de uma pintura temática nacional, dominante após aquele movimento. Apesar de suas ligações com a Escola de Paris e o Cubismo, é um pintor profundamente carioca e brasileiro. A sua obra reflete como nenhuma outra, pela extensão no tempo, a vida do nosso povo. O carnaval, o ritmo e a ginga dos sambistas, as baianas, as mulatas capitosas, as mulheres da vida, os passistas, os malandros, os seresteiros, os bailes de gafieira, os trabalhadores, a paisagem, enfim a própria vida do País está presente em sua pintura, que é sempre vigorosa. A sensualidade brasileira está nas linhas, formas e cores, expressionistas de suas telas. E durante o fastígio da abstração, ele foi aqui o seu maior contestador, sendo também o primeiro a viticinar-lhe a próxima decadência” — Antonio Bento (Rio, 1973).

"(...) O que dará, porém, este clima de sensualidade aos quadros de Di Cavalcanti não será a figura da mulata em si, mas o tratamento que ele dará à pintura e principalmente à cor. A partir de 1926, em alguns trabalhos, como Cinco Moças de Guaratinguetá, nota-se o aparecimento de fortes contrastes cromáticos. No entanto, a cor ainda está dependente do desenho, uma vez que predomina o cuidado na relação entre os volumes e os plano”Carlos Zílio (1982).

"Talvez mais do que a sua própria obra de pintor e desenhista, observada isoladamente, é a totalidade do ser humano que passou um dia, muito cedo na vida, a assinar-se Di Cavalcanti, que se instaura como símbolo no modernismo brasileiro. Isso se acentua pelo fato de sua presença nunca ter-se restringido à área exclusiva das artes visuais, abrangendo também a prosa e a poesia, a ponto de ele preferir que o considerassem não como um pintor, mas como um intelectual que pintava. Por pretender agir sobre o mundo como algo mais do que as tintas e os pincéis, foi que ele logo se integrou, cabeça e mãos, na inteira militância contra o academismo amorfo na pintura e contra a rigidez parnasiana na literatura (...)."  — Roberto Pontual (in PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Prefácio de Gilberto Allard Chateaubriand e Antônio Houaiss. Apresentação de M. F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987).

"Di tinha um senso de humor muito rico, e muito sutil também. Em todos os momentos ele utilizava as circunstâncias como uma forma de exprimir o seu humor. Com isso ele foi, de certo modo, o precursor de algumas tendências muito modernas da antiarte, se bem que esse aspecto da sua obra tenha passado muitas vezes despercebido. Fazia por exemplo esse quadro propositadamente 'matado' em que a finalidade não era o quadro, era o gesto; e essa importância do gesto na sua atividade está muito relacionada com certos aspectos da arte conceitual. (...) Para uma avaliação da obra pictórica de Di Cavalcanti talvez ainda nos falte uma perspectiva histórica. Na minha opinião, uma das coisas mais importantes em Di foi a sua contínua preocupação em fazer uma arte brasileira, ligada aos aspectos cotidianos da vida brasileira e procurando através deles definir a nossa identidade cultural. Esta tendência foi tão forte nele que não conheço qualquer trabalho de Di Cavalcanti que não a reflita, não reflita esta preocupação. Qualquer trabalho de Di, bom ou ruim, é um trabalho brasileiro." — Mario Schenberg (in SCHENBERG, Mario. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988).

"Não tenho lembrança de quando o conheci. Ali por volta de 1943, 44. Desde então nos tornamos amigos à distância ao longo de encontros no Rio, em São Paulo, em Paris ou em Londres. Ele costumava aparecer no Alcazar, onde tomávamos chope quase todas as noites. Amigo de Rubem, Vinicius, Moacir Werneck, Carlos Lacerda. Como continuava sendo de Villa-Lobos, Jayme Ovalle, Ribeiro Couto, Dante Milano - os de sua geração. Era o único artista plástico que frequentava nossa roda de escritores. Quem o visitar hoje no seu apartamento na Rua do Catete compreenderá logo por quê. Para começar são dois apartamentos ligados pela área de serviço, completamente diferentes um do outro, como se pertencessem a dois moradores. Um abriga o pintor, o outro, o escritor...

... Este talvez seja, na história da arte brasileira, o único exemplo de grande pintor com formação cultural de um verdadeiro homem de letras...

... É incrível como a literatura está presente na vida deste homem. Poderia ter-se tornado um grande escritor, de que nos dão conta seus dois livros de memórias e a poesia que, embora esporádica, nunca o abandonou...

...Em dia com as últimas novidades no mundo dos livros, faz questão de me presentear com um exemplar de La Violence et le Sacré, de René Girard. Depois me convida a passar ao outro apartamento.

Seguimos por uma varandinha entre as duas cozinhas (de onde se avista o Corcovado, ele faz questão de me mostrar) deixando para trás o refúgio de Emiliano, este singular homem de letras. E penetramos no estúdio de Di Cavalcanti - esta grande figura humana que vem a ser um dos grandes pintores do nosso tempo." — Fernando Sabino (in Sabino, Fernando. Roteiro Literário do Pintor. obra reunida. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1996. n.p).

“Por ele, é possível verificar, inclusive, que a famosa sensualidade de cenas e figuras do artista não dependem apenas da cor e da composição. mas são frutos de uma estrutura interna que o seu desenho possui, de um traço e tratamento mais demorado, vagaroso, barroco. Ou, ainda, que o sabor de certas pinturas obedecem ao ritmo ligeiro, ao risco irônico que o seu desenho possuía” — Jacob Klintowitz

“Emiliano Di Cavalcanti, famoso pela sua maneira sensual e plástica de pintar, pouca gente sabe, começou como desenhista e ilustrador. Os seus desenhos estão entre o que de melhor já fez e marcam decisivamente uma época de nossa história” — Jacob Klintowitz

(In, Mestres do Desenho Brasileiro, 1983).

"Tinha prazer com o ato de pintar e não se preocupava em alcançar a cada vez a obra-prima; queria basicamente expressar-se. Nos anos 20 e 30, sua produção é mais homogênea; nos 40 e 50, surgem numerosas e famosas obras magistrais; dos 60 em diante, elas se tornam raridade.

Apesar disso, Emiliano Di Cavalcanti permanecerá para sempre como um dos maiores pintores brasileiros, e o que melhor captou um determinado lado do país: o amoroso, o sensual. O largo predomínio da figura humana em sua arte é também uma manifestação de seu humanismo essencial - o mesmo humanismo que o levou a ser um indivíduo da esquerda, embora não exatamente um ativista partidário. Como Segall, Ismael Nery e Portinari, Di fez do homem o objeto de sua atenção." — Olívio Tavares de Araújo

in ARAÚJO, Olívio Tavares de. Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes . Rio de Janeiro: Editora 4 Estações, 1998. Pág.46-48.

Fonte: Di Cavalcanti. Consultado pela última vez em 19 de fevereiro de 2025.

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A amizade de Di Cavalcanti | Crônicas Brasileiras

No apartamento de Fernando Sabino, em Copacabana, um leitão assado era oferecido em homenagem ao poeta Pablo Neruda, de passagem pelo Brasil. O primeiro convidado a chegar foi o pintor Di Cavalcanti, que tão logo se acomodou numa poltrona enquanto secava a testa com um lenço, disse sorridente: “Me aconteceu hoje uma coisa extraordinária”. E a coisa era esta: numa festinha na véspera, Di paquerara uma senhora argentina e os dois marcaram um encontro para o dia seguinte, na praia. Como ela não conhecia quase nada do Rio de Janeiro, não sabia precisar em que altura estaria. Tudo o que podia dar era uma pista de suas vestes: um maiô blanco por delante e colorado por detrás. E assim, o “gordo e lépido” apaixonado seguiu em peregrinação, do Posto 3 ao 4, à procura da banhista portenha, olhando todas as moças por delante e por detrás.

Contada por Di Cavalcanti, capaz de fazer os amigos chorarem de rir com a mais banal anedota, a trama certamente era mais engraçada. Em suas mãos, as mesmas que pintaram telas e painéis tão fundamentais para a arte brasileira, qualquer história virava uma coisa extraordinária. Certa vez, Rubem Braga ouviu o relato de um professor que jurava ter viajado de disco voador com marcianos. Disse o Braga: “Eu acredito; só que o professor não soube contar direito sua aventura; o Di contando uma viagem na barca de Niterói é cem vezes mais interessante”.

O relato está em “Di Cavalcanti, painel do Brasil” – um texto de Paulo Mendes Campos muito mais perfil do que crônica, mas que evoca tão bem a personalidade extraordinária do pintor que achamos por bem incluir nesta homenagem. Modernista da linha de frente, Di frequentava as rodas de música, de samba, as mesas da literatura, as boates, o Carnaval e todas as manifestações da cultura popular. Interessado na vida do Brasil real, retratou como ninguém o povo e as ruas, a favela e o operário, as mulheres negras. Por conta desse trânsito amplo, foi amigo de muitos cronistas, que com frequência o citavam e o usavam como personagem – um movimento natural, dada sua particularidade cativante.

Continua Paulo Mendes Campos: “Di Cavalcanti, de fato, é redondo: está equidistante de todos os acontecimentos; é intemporal; dá intimidade a tudo e a todos, capaz de passar uma tarde percorrendo a alma de uma cartomante do Irajá ou papeando com Jean-Paul Sartre”, cujos olhos estrábicos, aliás, brilharam ao presenciar o pintor dando acabamento a um grande mural para um edifício de Brasília – este, sorte a nossa, não sofreu a ira descabida de punhais recentes.

Em visita ao apartamento de Di, ao contrário do esperado, Paulo notou que quase não havia quadros na parede – só uns poucos, em geral de primitivos brasileiros, pelos quais se encantava, mas nenhum de sua própria lavra. Sua verdadeira paixão não era a tela, mas o livro. Tinha uma biblioteca “de dar inveja ao mais rico e requintado bibliófilo”, com livros “religiosamente encadernados e arrumados em preciosos armários, coleções completas de autores prediletos, revistas raras arrumadas com um carinho de solteirona por seus guardados”. Além de grande leitor, Di também foi escritor. Publicou suas memórias em prosa e praticou versos com modéstia, mas o suficiente para ser integrado à Antologia dos poetas brasileiros bissextos contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira em 1946.

O artista era um homem “inesperado, caloroso, fantasioso, agudo, capaz de chorar, capaz de chorar pra valer” e “amigo de milhares de pessoas de todas as raças de todas as partes do mundo” – inclusive de Antônio Maria, como não poderia deixar de ser. Di foi talvez o maior entusiasta da literatura de Maria, sempre insistindo que organizasse suas crônicas em livro, o que nunca aconteceu. Juntos, viajaram bastante a Paris, onde o pintor morou por vários períodos – um deles, de 1936 a 1940, para fugir da perseguição política no Brasil, depois de ter sido preso pela segunda vez.

Maria gostava de tratá-lo por seu primeiro nome, Emiliano. Em comemoração aos 66 anos do amigo, deu-lhe uma garrafa de uísque e a carinhosa crônica “Aniversário de Emiliano”, em que dizia gostar “muito de Emiliano, de sua arte, de sua inteligência, de sua cultura e de sua juventude. É um homem que não cede ao menor e ao pior em nenhum momento da vida”. “Além disso, é, como eu disse”, continua Maria, “um homem que chora, se sente com razão. Já o vi em todas as alegrias e em todas as desgraças. Num caso e noutro, sua felicidade estava intacta. Sua constante felicidade, que independe de sua alegria e de sua dor”.

Os dois conversavam muito por telefone. Di ligava “muitas vezes por dia, em vários estados de espírito”, para falar sobre qualquer coisa, como conta o cronista em “Di Cavalcanti e o mar”. Dispensava alôs e preferia continuar “uma conversa que nunca houve”, engatando in medias res: “Bem, nisso chegou uma amiga minha, de nome Fran-ci-ne (pronuncia silabando os nomes próprios femininos), cuja avó foi amante de Zola...”.

Di costurava assuntos variados com intermitências curtas. Sua única pontuação parecia ser a vírgula. Costumava terminar algumas frases com um “hein” característico que servia de deixa para recuperar o fôlego. De maneira caótica e em horários imprevistos, podia chamar de repente. Numa certa manhã de domingo, por exemplo, Antônio Maria não esperava atender o telefone e ouvir logo uma declaração de ódio à serra da Mantiqueira: “Bem, como você sabe, a natureza é uma coisa estúpida e eu detesto quem me diz que Campos do Jordão é lindo, hein (respirou)... Quando eu vejo a natureza, minha vontade é destruí-la”.

De tudo que escrevera na vida, Maria disse que só teria coragem de publicar quatro versinhos, “perfeitos” porque trazem em si toda “a angústia das origens noturnas”, embora ninguém entendesse muito bem. Deveriam ser cantados em ritmo de “Ninguém me ama”: “Emiliano/ Emiliquer/ Emilichama/ Di Cavalcanti”.

Fonte: Crônicas Brasileiras, escrito por Guilherme Tauil, em 2 de março de 2023. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025.

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Aniversário de Emiliano | Crônicas Brasileiras

Di Cavalcanti nasceu a 6 de setembro de 1897 e a prova disto é que na sexta-feira, às 11h:10, fez 66 anos. Fui lá levar-lhe uma garrafa de uísque, que entreguei com estas palavras de doce arcaísmo:

― Aqui está um mimo.

Gosto muito de Emiliano, de sua arte, de sua inteligência, de sua cultura e de sua juventude. É um homem que não cede ao menor e ao pior em nenhum momento da vida. Alegra-me o seu desprezo pelas pessoas a quem desprezo. Sua sensualíssima devoção pelas coisas e pessoas física ou espiritualmente belas. Além disso, é, como eu disse, um homem que chora, se sente com razão. Já o vi em todas as alegrias e em todas as desgraças. Num caso e noutro, sua felicidade estava intacta. Sua constante felicidade, que independe de sua alegria e de sua dor.

Das minhas viagens, a melhor que fiz foi aquela em que encontrei Di Cavalcanti em Paris. Mostrou-me uma Paris mais séria, bonita, uma Paris a pé pelas ruas transversas do Boulevard Saint Germain. Rue de Bourgogne, rue de Martignac, onde fica a igreja de Santa Clotilde, rue de Bellechasse, rue du Bac... Ah, revisores meus, escrevei certo os nomes dessas ruazinhas cujas placas estão em meus olhos, como a pequenina Saint Benoît, que, passando por Apollinaire, dá na cara da igreja de Saint Germain des Prés!

Os brasileiros insistem em chamar Saint Germain "des Près", com acento grave. Mas, mesmo assim, não transformam a igrejinha, fria por dentro, antiga por fora, onde tanto rezei para encontrar tudo o que ainda não havia. Ao lado, a pracinha Furstenberg, tão pequena, quase um pátio, tão grande, sempre em nossa lembrança.

Devia escrever sobre Di Cavalcanti, que fez anos, e não sobre Paris, separada de mim, para sempre, pela minha pobreza. Somos dois pobres Emilianos. As duas únicas pessoas "já velhinhas" que moram em casa alugada! A independência de quem não tem casa própria. A gente implica com o chuveiro, com a prise do bidê e se muda. Só eu e Emiliano podemos fazer isso! Ah, o futuro! Nós não temos nada a ver com o futuro. Somos perecíveis, como as flores. Nosso futuro é o "daqui a pouco", melhor para os que ficarem livres de nós. De que serve esse apego ao futuro, se a capital de Honduras é Tegucigalpa.

De tudo que escrevi, na vida, só quatro versos teria coragem de publicar, porque são perfeitos. Porque contêm a angústia das origens noturnas... e ninguém entende. Devem ser cantados com a música de "Ninguém me ama":

Emiliano

Emiliquer

Emilichama

Di Cavalcanti

No mais, toda a poesia é pretensiosa, ostensiva, desnorteada e vã.

Fonte: Crônicas Brasileiras, “Aniversário de Emiliano”, escrito por Antônio Maria, extraído de “Com vocês, Antônio Maria, Paz e Terra”, 1994, pp. 148-150. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025. 

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Di Cavalcanti e o mar | Crônicas Brasileiras

Os telefonemas de Di Cavalcanti são parte essencial da minha rotina, quase tão vitais quanto a digitalina. Ele me liga várias vezes ao dia, em diferentes estados de espírito, abordando temas que vão desde revoluções sentimentais e sociais até a necessidade de solidão ou companhia, a imprescindibilidade da mulher, o desespero, a dor e a humildade.

Essas chamadas são informais, sem um único "alô", iniciando como se continuassem uma conversa inacabada:

"Bem, nisso chegou uma amiga minha, de nome Fran-ci-ne" (ele pronuncia os nomes femininos silabando), "cuja avó foi amante de Zola..."

Sua única pontuação é a vírgula, e as pausas entre os assuntos são breves. Um tratado sobre os telefonemas de Di Cavalcanti não poderia ser escrito por apenas um de seus amigos, mas por cinco ou seis, que recebem suas ligações em horários, dias e humores os mais variados.

O telefonema clássico de Di começa com um "olha aqui". Cinco ou seis pessoas o recebem, vez ou outra:

"Olha aqui, está em minha casa uma pessoa que adora você e você adora. Ela disse que quer ver você e depois morrer. Chama-se Eu-ni-ce e Vi-lhe-na, prima de uma pessoa que você adora, hein..."

No "hein" que encerra a frase, Di respira.

Anteontem, domingo, Di me ligou três vezes; eis o que foi dito em cada uma:

Às 9h40: "Bem, como você sabe, a natureza é uma coisa estúpida, e eu detesto quem me diz que Campos do Jordão é lindo, hein..." (respira) "Quando vejo a natureza, minha vontade é destruí-la."

Às 10h10: "A flor, a rosa, todo mundo diz que rosa é bonita. Bonitos são os olhos do homem que veem a rosa, hein..." (respira) "Sonhei com você; nós dois em Paris, muito inquietos. Mas você precisa morar na rua do Catete; por aqui, a gente sai de casa e entra no cinema Azteca."

Às 11h40: "Olha aqui, Marie Claude foi ao meu apartamento e disse que ia escrever um livro, mas não seria como 'Le Bagage des Sables', porque ela acha que não há velhos, hein..." (respira) "Marie Claude usava meias pretas até o baixo ventre, como se diz no norte."

É assim, e disso sabem mais cinco ou seis pessoas que recebem os telefonemas de Emiliano Di Cavalcanti. Cinco ou seis privilegiados incitáveis, porque citá-los seria despertar o ciúme de 50 ou 60 "falsos donos" do pintor.

Di e eu. Um dia, com a devida licença de Hemingway, autor de "The Old Man and the Sea", escreverei um livro chamado "Di e eu". Ainda não comecei porque há nove anos discutimos, em trevas, qual dos dois é "the sea".

Di e eu, na opinião de Di, somos os dois únicos rebeldes brasileiros. Na minha opinião, somos, ao contrário, os dois grandes conformados diante do desfrute reinante. Gritamos, é verdade, mas pelo telefone, um com o outro. Nossos gritos só são ouvidos, raramente, quando a censura policial se lembra de nós. Mas isso é uma vez na vida, outra na morte.

Fonte: Crônicas Brasileiras, “Di Cavalcanti e o mar”, publicado por Antônio Maria. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025.

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Di Cavalcanti, painel do Brasil | Crônicas Brasileiras

Há 30 anos, no apartamento de Fernando Sabino, em Copacabana, esperávamos Pablo Neruda com o leitão assado que o poeta queria jantar. O primeiro convidado a chegar foi Di Cavalcanti. Gordo e lépido, acomodou-se como pôde numa cadeira rebuscada que se dizia funcional, pegou o copo, passou o lenço na testa e disse a sorrir: "Aconteceu hoje uma coisa extraordinária". A coisa era esta: na véspera, ele marcara encontro com uma bonita coroa argentina que acabara de paquerar numa festinha ocasional. Mal conhecendo o Rio, a mulher não sabia localizar bem em que ponto da praia se encontraria no dia seguinte. Mas deu uma dica: iria com um maiô blanco por delante e colorado por detrás. E lá foi o pintor, do Posto 3 ao 4, olhando as mulheres por detrás e por delante, à procura da banhista portenha. Um episódio banal, mas, vivido e contado por Di Cavalcanti, era de fato uma coisa extraordinária, que nos fazia derramar lágrimas de riso. Pouco depois encontrei-me novamente com ele e ouvi para início de conversa: "Me aconteceu hoje uma coisa extraordinária". Achava-se o pintor deitado na areia de Copacabana quando notou a presença de Benedito Valadares.

Cumprimentaram-se. "Então eu me levantei – contou-me o artista – e caí no mar, que estava muito forte. Atravessei a arrebentação e continuei nadando. De repente senti medo. Só então percebi que estava bancando o maior cretino deste mundo, querendo fazer bonito para o Valadares. Veja só!"

Nestas três décadas, sempre que nos vemos, meu secreto prazer tem sido verificar que a talentosa imaginação do pintor sempre o poupa do tédio: todas as coisas que lhe acontecem são extraordinárias.

Rubem Braga caracterizou isso muito bem, quando, há alguns anos, um professor de direito romano, da cidade de Santos, fez uma viagem num disco voador na companhia dos marcianos. Disse o Braga: "Eu acredito; só que o professor não soube contar direito sua aventura; o Di contando uma viagem na barca de Niterói é cem vezes mais interessante".

Di Cavalcanti, de fato, é redondo: está equidistante de todos os acontecimentos; é intemporal; dá intimidade a tudo e a todos, capaz de passar uma tarde percorrendo a alma de uma cartomante do Irajá ou papeando com Jean-Paul Sartre.

Dou de exemplo este último por ter estado presente a um encontro de ambos aqui no Rio (mais Simone de Beauvoir e Jorge Amado) e o filósofo teve dois momentos de entusiasmo: o primeiro, na churrascaria, quando chamou a nossa linguiça de saucisse extraordinaire; o segundo quando se viu à frente do grande mural que o pintor terminava para um edifício de Brasília. Di é a rua, da qual somente se retira para o silêncio da pintura; mas carrega inelutavelmente a rua para as telas.

Quem nasceu na rua do Riachuelo e se criou na travessa do Barata, em São Cristóvão, foge a seu destino caso não acabe fixando residência definitiva na rua do Catete. É onde mora, com muito orgulho de seu endereço, Emiliano Di Cavalcanti. O saudoso Stanislaw Ponte Preta foi uma vez visitá-lo e perguntou por que escolhera aquele ponto tumultuado. Di respondeu: "Porque, ao chegar lá na rua, a qualquer hora, conheço todas as pessoas. Sei, pelas caras, o que elas fazem, o que elas pensam, o que elas riem, o que elas sofrem".

O romancista Georges Bernanos disse que escrevia em cafés e bares para não perder a visão, a dimensão, do rosto humano. Di talvez não leve o cavalete para a rua porque iria perturbar o trânsito; ou porque, como sempre repete, a arte é seu silêncio; é a concentração desse homem disperso, o quarto escuro no qual se aclaram e tomam cores suas visões.

Ele próprio abre-me a porta. Quase tão malvestido quanto eu. É a primeira vez que o vejo depois de uma cirurgia e de uma virose hepática. O abatimento físico desaparece por encanto logo depois que ele começa a falar. Estava no momento a ler um livro de memórias de Oswald de Andrade, reeditado há pouco. Vai falando, não como quem se lembra, mas como quem vive ainda o passado:

O Oswald era um sujeito estranho. Neste livro de memórias ele narra fatos antigos de São Paulo como se soubesse certas coisas que só aprendeu muito mais tarde. Oswald foi muito católico. O pai dele quis que eu fizesse primeira comunhão. É muito estranho como o Oswald atraía desgraças: as mulheres dele acabavam tragicamente. Estive com ele no último dia: levantou-se e quis ir comigo ao jardim, começando a chorar desesperadamente. Fui-me embora, percebendo que minha presença...

Fonte: Crônicas Brasileiras, “Di Cavalcanti, painel do Brasil", publicado por Paulo Mendes Campos. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025.

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Semana de Arte Moderna | Itaú Cultural

Inserida nas festividades em comemoração do centenário da independência do Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna apresenta-se como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes no país desde o século XIX. Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, realiza-se no Theatro Municipal de São Paulo um festival com uma exposição com cerca de 100 obras e três sessões lítero-musicais noturnas. Entre os pintores participam Anita Malfatti (1899-1964), Di Cavalcanti (1897-1976), Ferrignac (1892-1958), Jonh Graz (1891-1980), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Zina Aita (1900-1968), Yan de Almeida Prado (1898-1991) e Antônio Paim Vieira (1895-1988), com dois trabalhos feitos a quatro mãos, e o carioca Alberto Martins Ribeiro, cujo trabalho não se desenvolveu depois da Semana de 22. No campo da escultura, estão Victor Brecheret (1894-1955), Wilhelm Haarberg (1891-1986) e Hildegardo Velloso (1899-1966). A arquitetura é representada por Antonio Moya (1891-1949) e Georg Przyrembel (1885-1956). Entre os literatos e poetas, tomam parte Graça Aranha (1868-1931), Guilherme de Almeida (18901-1969), Mário de Andrade (1893-1945), Menotti Del Picchia (1892-1988), Oswald de Andrade (1890-1954), Renato de Almeida, Ronald de Carvalho (1893-1935), Tácito de Almeida (1889-1940), além de Manuel Bandeira (1886-1968) com a leitura do poema Os Sapos. A programação musical traz composições de Villa-Lobos (1887-1959) e Debussy (1862-1918), interpretadas por Guiomar Novaes (1895-1979) e Ernani Braga (1888-1948), entre outros.

A Semana de 22 não foi um fato isolado e sem origens. As discussões em torno da necessidade de renovação das artes surgem em meados da década de 1910 em textos de revistas e em exposições, como a de Anita Malfatti em 1917. Em 1921 já existe, por parte de intelectuais como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, a intenção de transformar as comemorações do centenário em momento de emancipação artística. No entanto, é no salão do mecenas Paulo Prado, em fins desse ano, que a ideia de um festival com duração de uma semana, trazendo manifestações artísticas diversas, toma forma inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville, cidade francesa. Nota-se que sem o empenho desse mecenas o projeto não sairia do papel. Paulo Prado, homem influente e de prestígio na sociedade paulistana, consegue que outros barões do café e nomes de peso patrocinem, mediante doações, o aluguel do teatro para a realização do evento. Também é fundamental seu papel na adesão de Graça Aranha à causa dos artistas "revolucionários". Recém-chegado da Europa como romancista aclamado, a presença de Aranha serve estrategicamente para legitimar a seriedade das reivindicações do jovem e ainda desconhecido grupo modernista.

Sem programa estético definido, a Semana desempenha na história da arte brasileira muito mais uma etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo vigente na produção literária, musical e visual do que um acontecimento construtivo de propostas e criação de novas linguagens. Pois, se existe um elo de união entre seus tão diversos artífices, este é, segundo seus dois principais ideólogos, Mário e Oswald de Andrade, a negação de todo e qualquer "passadismo": a recusa à literatura e à arte importadas com os traços de uma civilização cada vez mais superada, no espaço e no tempo. Em geral todos clamam em seus discursos por liberdade de expressão e pelo fim de regras na arte. Faz-se presente também certo ideário futurista, que exige a deposição dos temas tradicionalistas em nome da sociedade da eletricidade, da máquina e da velocidade. Na palestra proferida por Mário de Andrade na tarde do dia 15, posteriormente publicada como o ensaio A Escrava que Não É Isaura , 1925, ocorre uma das primeiras tentativas de formulação de idéias estéticas modernas no país. Nessa conferência, o autor antevê a importância de temperar o processo de importação da estética moderna com o nativismo, o movimento de voltar-se para as raízes da cultura popular brasileira. A dinâmica entre nacional e internacional torna-se a questão principal desses artistas nos anos subsequentes.

Com a distância de mais de 80 anos, sabe-se que, com respeito à elaboração e à apresentação de uma linguagem verdadeiramente moderna, a Semana de 22 não representa um rompimento profundo na história da arte brasileira. Pois no conjunto de qualidade irregular de obras expostas não se identifica uma unidade de expressão, ou algo como uma estética radical do modernismo. No entanto, há de se reconhecer que, a despeito de todos os antagonismos, esse evento configura-se como um fato cultural fundamental para a compreensão do desenvolvimento da arte moderna no Brasil, e isso sobretudo pelos debates públicos mobilizados (cercados por reações negativas ou de apoio) e riqueza de seus desdobramentos na obra de alguns de seus realizadores.

Fonte: SEMANA de Arte Moderna. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 20 de fevereiro de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: Crônicas Brasileiras. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025.

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (6 de setembro de 1897, Rio de Janeiro, Brasil — 26 de outubro de 1976, Rio de Janeiro, Brasil), mais conhecido como Di Cavalcanti, foi um pintor modernista, desenhista, ilustrador, muralista, caricaturista, jornalista, cenógrafo, gravador, escritor e advogado brasileiro. Iniciou sua trajetória artística como ilustrador da revista Fon-Fon e, em 1916, mudou-se para São Paulo, onde ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Lá, aproximou-se dos círculos modernistas e tornou-se um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, para a qual criou o cartaz e o catálogo. Di também viveu em Paris, onde teve contato com Pablo Picasso, Georges Braque, Henri Matisse e Fernand Léger, absorvendo influências do cubismo e do fauvismo, mas sempre valorizando a identidade brasileira. Ao retornar ao Brasil, consolidou sua obra com temas populares, retratando sambistas, trabalhadores, festas e, sobretudo, a mulher mestiça brasileira em composições vibrantes e sensuais. Entre suas obras, as mais conhecidas de sua carreira são "Samba" (1925), "Cinco Moças de Guaratinguetá" (1930), "Mulheres com Frutas" (1932), "Mulata" (1950) e "Pescadores" (1951), entre outras, onde se destacam, também, seus grandes murais. Além de ser um ativo artista, também foi militante comunista, o que lhe rendeu prisões e perseguições durante os governos de Getúlio Vargas e da Ditadura Militar. Participou de diversas Bienais de São Paulo e exposições internacionais, sendo amplamente reconhecido em vida. Faleceu em 1976, deixando um legado inestimável para a arte brasileira. Algumas de suas obras fazem parte de acervos de grandes museus e coleções.

Di Cavalcanti

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (6 de setembro de 1897, Rio de Janeiro, Brasil — 26 de outubro de 1976, Rio de Janeiro, Brasil), mais conhecido como Di Cavalcanti, foi um pintor modernista, desenhista, ilustrador, muralista, caricaturista, jornalista, cenógrafo, gravador, escritor e advogado brasileiro. Iniciou sua trajetória artística como ilustrador da revista Fon-Fon e, em 1916, mudou-se para São Paulo, onde ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Lá, aproximou-se dos círculos modernistas e tornou-se um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, para a qual criou o cartaz e o catálogo. Di também viveu em Paris, onde teve contato com Pablo Picasso, Georges Braque, Henri Matisse e Fernand Léger, absorvendo influências do cubismo e do fauvismo, mas sempre valorizando a identidade brasileira. Ao retornar ao Brasil, consolidou sua obra com temas populares, retratando sambistas, trabalhadores, festas e, sobretudo, a mulher mestiça brasileira em composições vibrantes e sensuais. Entre suas obras, as mais conhecidas de sua carreira são "Samba" (1925), "Cinco Moças de Guaratinguetá" (1930), "Mulheres com Frutas" (1932), "Mulata" (1950) e "Pescadores" (1951), entre outras, onde se destacam, também, seus grandes murais. Além de ser um ativo artista, também foi militante comunista, o que lhe rendeu prisões e perseguições durante os governos de Getúlio Vargas e da Ditadura Militar. Participou de diversas Bienais de São Paulo e exposições internacionais, sendo amplamente reconhecido em vida. Faleceu em 1976, deixando um legado inestimável para a arte brasileira. Algumas de suas obras fazem parte de acervos de grandes museus e coleções.

Videos

Vida e Obra de Di Cavalcanti | 2019

Lá vem história: Di Cavalcanti | 2015

Identidade brasileira: Di Cavalcanti | 2017

Trajetória de Di Cavalcanti | 2022

Obras de Di Cavalcante são restauradas no Rio | 2022

Biografia do ícone brasileiro: Di Cavalcanti | 2023

Quadro "Candangos", de Di Cavalcanti | 2024

Biografia: Di Cavalcanti | 2022

Análise Visual de "Samba" (1925) | 2021

História do cinema brasileiro: Di Cavalcanti | 2017

Exposição traz obras raras de Di Cavalcanti | 2022

Resenha Cultural: Di Cavalcanti |

40 obras de Di Cavalcanti | 2020

Livros: Di Cavalcanti | 2016

Di Cavalcanti e os murais | 2021

Obras de Di Cavalcanti para investimentos | 2021

120 anos de Di Cavalcanti | 2017

Há 120 anos, nascia Di Cavalcanti | 2017

Telas do Brasil: Di Cavalcanti |

Exposição Di Cavalcanti no Tomie Ohtake | 2021

Di Cavalcanti é tema de exposição em SP | 2021

Di Cavalcanti | Arremate Arte

Carioca, demonstrou talento para o desenho e, aos 14 anos, começou a trabalhar como ilustrador na revista Fon-Fon. Em 1916, mudou-se para São Paulo para estudar Direito, mas se envolveu com o movimento modernista e passou a frequentar os círculos intelectuais da cidade, onde conheceu Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Anita Malfatti. Foi um dos principais nomes da Semana de Arte Moderna de 1922, onde expôs 11 obras e criou o cartaz do evento, defendendo uma arte moderna que valorizasse a identidade brasileira sem perder a sofisticação formal.

Logo após a Semana, Di Cavalcanti viveu entre 1923 e 1925 em Paris, onde teve contato com artistas como Picasso, Matisse e Léger. Embora tenha absorvido influências do cubismo e do fauvismo, manteve seu foco na cultura brasileira. Ao retornar ao Brasil em 1926, consolidou sua carreira com obras que retratavam sambistas, trabalhadores, festas populares e, principalmente, a mulher mestiça brasileira.

Sua paleta de cores vibrantes e suas composições expressivas ajudaram a definir o modernismo nacional, tornando-o um dos principais pintores do Brasil.

Além de artista plástico, Di Cavalcanti foi ilustrador e muralista, colaborando com escritores como Jorge Amado e Manuel Bandeira. Seu envolvimento com a política o levou a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) nos anos 1930, o que resultou em perseguições e prisões durante o governo de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar. Mesmo com dificuldades, nunca abandonou sua visão de uma arte voltada para o povo. Participou de diversas Bienais de São Paulo e exposições internacionais, recebendo reconhecimento nacional e internacional por sua obra.

Em 26 de outubro de 1976, faleceu, no Rio de Janeiro. Seus últimos anos foram marcados por problemas de saúde e dificuldades financeiras, mas seu legado permanece vivo na história da arte. Suas obras continuam sendo referências na arte brasileira, principalmente no modernismo. Seu nome está presente em acervos de museus e coleções pelo mundo, sendo celebrado como um dos maiores expoentes da arte nacional.

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Di Cavalcanti | Itaú Cultural

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1897 – idem, 1976). Pintor, ilustrador, caricaturista, gravador, muralista, desenhista, jornalista, escritor e cenógrafo. Um dos expoentes da pintura brasileira, Di Cavalcanti (nome escolhido por ele para assinar seus quadros) destaca-se por retratar figuras populares em sua busca constante por constituir uma arte nacional.

Começa a trabalhar como ilustrador em 1914, no Rio de Janeiro, e publica sua primeira caricatura na revista Fon-Fon. Em 1917, muda-se para São Paulo, onde, além de frequentar a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, realiza sua primeira exposição individual de caricaturas e faz ilustrações e capas para a revista O Pirralho.

A efervescência cultural em alguns círculos modernos de São Paulo e a exposição de Anita Malfatti (1889-1964), em 1917, levam-no a retomar o estudo de pintura com o pintor e professor alemão Georg Elpons (1865-1939), no Rio de Janeiro. Em suas primeiras obras, Di Cavalcanti utiliza tons pastel e retrata personagens misteriosos, mergulhados na penumbra, como Figura (1920), e Mulher em Pé (ca.1920), o que faz com que o escritor e poeta Mário de Andrade (1893-1945) o chame de “menestrel dos tons velados”.

Nesse período, torna-se amigo de intelectuais paulistas como o próprio Mário de Andrade, Oswald de Andrade (1890-1954) e Guilherme de Almeida (1890-1969). Parte de Di Cavalcanti a ideia de realizar a Semana de Arte Moderna de 1922, para a qual cria o catálogo e o cartaz, e na qual expõe algumas obras. Em 1923, viaja a Paris, onde frequenta a Académie Ranson. A viagem possibilita-lhe o contato com importantes pintores contemporâneos, como o espanhol Pablo Picasso (1881-1973), os franceses Georges Braque (1882-1963), Fernand Léger (1881-1955) e Henri Matisse (1869-1954), influências que transparecem em suas obras, trabalhadas em uma linguagem muito pessoal.

A estada em Paris e o contato com esses artistas marcam um novo direcionamento em sua obra. Conciliando a influência das vanguardas europeias com a formulação de uma linguagem própria, adota uma temática nacionalista e se preocupa com a questão social. Isso pode ser observado em Samba (1925), considerada a obra-prima de Di Cavalcanti. Nessa tela, ele representa a figura da mulher negra seminua, recorrente ao longo de toda a sua obra, e o samba, um ícone da cultura popular brasileira. O diálogo com Picasso fica evidente no porte volumoso e monumental dos personagens e no tratamento dado às mãos e aos pés das figuras. Para se ter a dimensão da importância dessa tela, segundo Jones Bergamin, dono da casa de leilões Bolsa de Arte, ela tem um reconhecimento similar ao de Abaporu (1928), quadro de Tarsila do Amaral (1886-1973), sendo “uma das bandeiras da arte brasileira”

Ainda em 1925, o pintor retorna ao Brasil, e, em 1928, filia-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Por causa do contato com o expressionismo alemão, durante sua estada na Europa, Di Cavalcanti passa a apresentar em sua pintura um uso mais acentuado da cor, iluminando sua paleta. Exemplo dessa influência é a tela Cinco Moças de Guaratinguetá (1930). Nela, o artista revela a formulação de seu estilo na utilização de formas simplificadas e curvilíneas e de cores quentes, em especial vários tons de vermelho, trabalhadas em uma poética lírica. 

Funda em São Paulo, em 1932, com os pintores Flávio de Carvalho (1899-1973) e Antonio Gomide (1895-1967) e o artista plástico Carlos Prado (1908-1992), o Clube dos Artistas Modernos (CAM). No mesmo ano, durante a Revolução Paulista, Di Cavalcanti é preso pela primeira vez, e, no ano seguinte, publica o álbum A Realidade Brasileira (1933), série de 12 desenhos, nos quais satiriza o militarismo presente na época. Escreve ainda um artigo para o Diário Carioca sobre a exposição de Tarsila do Amaral, no qual ressalta a relação entre a produção artística e o compromisso social. É dessa época a obra Vênus (1938), em que está presente mais uma vez a mulher negra, com seus pés e mãos agigantados.

A década de 1940 marca sua maturidade artística e o reconhecimento público no cenário da arte moderna brasileira. Defensor ardoroso da arte figurativa, em 1948 pronuncia uma conferência no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), Os Mitos do Modernismo, publicada na revista Fundamentos, sob o título "Realismo e Abstracionismo", posicionando-se a favor de uma arte brasileira e contra o abstracionismo, tendência que começa a se expandir no país.

O pintor também tem obras significativas de arte muralista. Influenciado pelos murais do mexicano Diego Rivera (1886-1957), que contam episódios da história mexicana, Di Cavalcanti realiza diversos murais. Destacam-se: o painel do Hotel Jaraguá (1954), em São Paulo, antiga sede do jornal O Estado de São Paulo, no qual homenageia a imprensa; o painel em mosaico de vidro no Edifício Triângulo, projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) e inaugurado em 1955, que retrata os trabalhadores do café; e o painel Candangos (1960), feito em óleo sobre tela na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Di Cavalcanti, em sua produção, atenta para a formação de um repertório visual ligado à realidade brasileira, compreendendo a arte como uma forma de participação social. Dessa forma, o artista valoriza em suas obras temas de caráter realista e voltados para a construção da identidade nacional. 

Depoimentos

"... A arte de Di Cavalcanti, bem como sua pessoa humana, bem como seu método de ofício, está fundada na liberdade. Uma vocação de liberdade que tem sido a linha dominante de sua vida que fez dele - em certa época o único pintor social militante do Brasil - um revoltado contra as imposições drásticas dos partidos, um homem que sempre examina seus problemas, e que atingiu um elevado nível de consciência artística. Debaixo de aparências ligeiras, a carreira do Di Cavalcanti tem assumido aspectos patéticos de alto drama intelectual: este homem inquieto tem vivido em encruzilhadas, à procura de soluções plásticas, políticas e críticas, debatendo continuamente o caso do Brasil, o caso da anarquia universal e seu próprio caso que se misturou com outros."

“Eis o aparente paradoxo de Emiliano Di Cavalcanti: este grande individualista é um pintor social, este boêmio dispersivo é um trabalhador obstinado, este copiador de histórias pitorescas é um espírito sério capaz de disciplina. O homem Di Cavalcanti é rico em surpresas e imprevistos, solidário com outros no sofrimento e na alegria. Sabe que o prazer sempre foi um elemento importante na criação da obra de arte. Sabe que o prazer encerra também conflitos, abismos, contradições. Daí o aspecto triste, às vezes mesmo sinistro, de certos personagens festeiros de seus quadros. Todos nós sabemos que o substrato da alegria brasileira é carregado de tristeza. Em alguns dos melhores momentos de sua carreira Di Cavalcanti atingiu pela força da verdade plástica o cerne da nossa própria verdade metafísica na unificação de seus contrastes: de fato a gente brasileira foi ali recriada em síntese erudita...". — Murilo Mendes, 1949.

"Di nos dá na sua pintura, de onde rescendem todas as influências legítimas do tempo percorrido, a dimensão de uma terra pulsante de cor, ingênua e triste.

Di é um pintor bem maior do que se pensa, bem maior do que a fama cheia de rótulos com que o desiguaram. Porque o instinto estético de Di Cavalcanti, que é um homem de sensibilidade extrovertida, irreverente, requintada, independente e bem humorada no sentido às vezes sarcástico do bom humor, este instinto estético vem comandar as paixões, sobre as quais se tem a impressão de que Di escava no momento vivo do circuito. Toda sucessão de imagens nos despertam um estado de paixão equivalente, ou pelo menos nos inquietam em direção a um mundo palpitante em que vivemos, e, que nem sempre nos atinge." — Walmir Ayala, 1973

"Em Emiliano Di Cavalcanti encontrou a pintura um de seus maiores e mais originais intérpretes: sensual e expressivo, o fabuloso artista - numa carreira de mais de 50 anos -, vem criando mitos visuais que hão de permanecer como outros tantos pontos altos da arte nacional.

Nessas poucas linhas, que não pretendem ser de modo algum uma análise, apenas quero expressar a admiração pelo pintor e o privilégio, que me coube, de Ter por vezes podido desfrutar de sua companhia." — José Roberto Teixeira Leite, 1973

"(...) O que dará, porém, este clima de sensualidade aos quadros de Di Cavalcanti não será a figura da mulata em si, mas o tratamento que ele dará à pintura e principalmente à cor. A partir de 1926, em alguns trabalhos, como Cinco Moças de Guaratinguetá, nota-se o aparecimento de fortes contrastes cromáticos. No entanto, a cor ainda está dependente do desenho, uma vez que predomina o cuidado na relação entre os volumes e os planos”Carlos Zílio, 1982

"(...) quando assinala a tendência de Di Cavalcanti para o fauvismo, acentua Sérgio Milliet seu caráter instintivo. Mesmo certas aproximações expressionistas, evidentes e incontestáveis em alguns quadros da época, seriam meras coincidências, isto é, seriam menos derivadas de uma consciente filiação escolástica do que a indisciplinada, intuitiva e heróica necessidade de destruir, de negar, de contradizer todo o formidável acervo de banalidades e lugares-comuns que entupiam museus, salas de exposições e paredes de salões particulares no ano do centenário de nossa independência. Era um expressionismo natural e impulsivo, nascido da necessidade de satirizar, de combater e demolir a deformação que derivava da violência da caricatura, forma de combate que constituiu uma reação instintiva do inconformismo e da rebeldia.

(...). Assim como o seu expressionismo era uma forma de manifestar socialmente sua inadaptação à rotina, o seu fauvismo seria a necessidade de contradizer o habitualmente feito e passivamente aceito (...)." — Luís Martins (in Di Cavalcanti. Marcondes, Marcos Antônio. São Paulo, Art, 1983.)

"Emiliano Di Cavalcanti foi um jornalista do traço, um registrador, um irônico testemunho. Mas, também, um afetuoso contemplador das coisas nacionais, das fraquezas brasileiras, nas quais ele, afinal de contas, também se comprazia.

O desenho é, muitas vezes, revelador da personalidade do artista. Na história das artes, ele tem precedido a pintura. E, na história de Di Cavalcanti, ele foi pioneiro de seu temperamento. Pode ser observado como o autor deixa-se envolver pelas doutrinas de sua época, como absorve os seus colegas e, finalmente, como o seu temperamento e a sua profunda ligação com a vida e a criação terminam por se impor, tornando os seus trabalhos pessoais, únicos, impregnados de uma atmosfera própria.

Afastados da parte mais conhecida de sua obra, os desenhos fornecem elementos sobre um lado pouco estudado e explorado da carreira do artista. Acontece que esse lado, o gráfico, é profundamente revelador da personalidade e das tendências do artista Di Cavalcanti.

Por ele, é possível verificar, inclusive, que a famosa sensualidade de cenas e figuras do artista não dependem apenas da cor e da composição, mas são frutos de uma estrutura interna que o seu desenho possui, de um traço e tratamento mais demorado, vagaroso, barroco. Ou, ainda, que o sabor de certas pinturas obedecem ao ritmo ligeiro, ao risco irônico que o seu desenho possuía." — Jacob Klintowitz

"Tinha prazer com o ato de pintar e não se preocupava em alcançar a cada vez a obra-prima; queria basicamente expressar-se. Nos anos 20 e 30, sua produção é mais homogênea; nos 40 e 50, surgem numerosas e famosas obras magistrais; dos 60 em diante, elas se tornam raridade.

Apesar disso, Emiliano Di Cavalcanti permanecerá para sempre como um dos maiores pintores brasileiros, e o que melhor captou um determinado lado do país: o amoroso, o sensual.

O largo predomínio da figura humana em sua arte é também uma manifestação de seu humanismo essencial - o mesmo humanismo que o levou a ser um indivíduo da esquerda, embora não exatamente um ativista partidário. Como Segall, Ismael Nery e Portinari, Di fez do homem o objeto de sua atenção." — Olívio Tavares de Araújo (Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes. RJ: Editora 4 Estações, 1998. Pág.46-48.)

"... Que bom que existas, pintor
Enamorado das ruas
Que bom vivas, que bom sejas
Que bom lutes e construas
Poeta o mais carioca
Pintor o mais brasileiro
Entidade mais dileta
Do meu Rio de Janeiro
- Perdão meu irmão poeta
Nosso Rio de Janeiro" —
Vinícius de Morais, 1963

Exposições Individuais

1917 - Di Cavalcanti: caricaturas

1919 - Di Cavalcanti: pinturas

1920 - Di Cavalcanti: pinturas

1921 - Di Cavalcanti: desenhos

1925 - Individual de Di Cavalcanti

1932 - Individual de Di Cavalcanti

1947 - Individual de Di Cavalcanti

1948 - Di Cavalcanti: retrospectiva

1948 - Emiliano Di Cavalcanti: retrospectiva 1918 - 1948

1954 - Di Cavalcanti: retrospectiva

1954 - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos

1959 - Individual de Di Cavalcanti

1961 - Individual de Di Cavalcanti

1964 - Di Cavalcanti: 40 anos de pintura

1964 - 50 Desenhos e Guaches do Jovem Di Cavalcanti: coleção MAC/USP

1966 - Auto-Retratos

1966 - O Artista e a Máquina

1966 -  O Artista e a Máquina

1976 - Di Cavalcanti: retrospectiva

Exposições Coletivas

1916 - 1º Salão dos Humoristas

1922 - Semana de Arte Moderna

1930 - Exposição de uma Casa Modernista

1930 - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists

1931 - Salão Revolucionário

1931 - Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro

1933 - 3º Salão da Pró-Arte

1933 - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM

1934 - 4º Salão da Pró-Arte

1935 - Exposição de Arte Social

1937 - Exposição Internacional de Artes e Técnicas

1938 - 2º Salão de Maio

1939 - 3º Salão de Maio

1941 - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias

1944 - Exposição de Arte Moderna

1944 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1944 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - 20 Artistas Brasileños

1945 - 20 Artistas Brasileños

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - 20 Artistas Brasileños

1945 - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1945 - 20 Artistas Brasileños

1946 - Exposição de Desenhos Originais de Artistas de São Paulo

1946 - Os Pintores vão à Escola do Povo

1947 - Bonadei, Di Cavalcanti, Noêmia Mourão, Lothar Charoux, Oswald de Andrade Filho, Lúcia Suané, Cesar Lacanna, Mario Zanini e Raphael Galvez

1947 - Exposição inaugural da Galeria Domus

1947 - 19 Pintores

1948 - Exposição da Pintura Paulista

1950 - 25ª Bienal de Veneza

1951 - 1ª Bienal Internacional de São Paulo

1952 - Exposição de Artistas Brasileiros

1953 - 2ª Bienal Internacional de São Paulo

1954 - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo

1955 - Arte Brasileira Contemporânea

1955 - 1ª Exposição de Arte Brasileira Contemporânea

1956 - 28º Bienal di Veneza

1956 - Mostra de Arte Sacra de Trieste

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - 30 Anos de Arte Brasileira

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - 40 Artistas do Brasil

1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - 2ª Bienal Interamericana do México

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Galeria Bonino: Mostra Inaugural

1960 - Coleção Leirner

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1961 - Prêmio Formiplac

1961 - Desenhos, Óleos e Guaches

1962 - Exposição de Artistas Brasileiros

1962 - Exposição de Artistas Brasileiros

1962 - Exposição de Artistas Brasileiros

1962 - 1ª Bienal Americana de Arte

1962 - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf

1962 - O Retrato como Tema

1963 - Homenagem a Portinari

1963 - Pintura e Escultura Contemporâneas

1963 - A Paisagem como Tema

1963 - 7ª Bienal Internacional de São Paulo

1964 - O Nu na Arte Contemporânea

1964 - 21º Salão Paranaense de Belas Artes

1964 - Exposição Pequeno Tamanho

1965 - Carnaval Carioca

1965 - 3º Resumo de Arte JB

1966 - 2ª Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP

1966 - 2ª Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP

1966 - 2ª Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP

1966 - Meio Século de Arte Nova

1971 - 11ª Bienal Internacional de São Paulo

1971 - 50 anos de Arte: Di Cavalcanti

1972 - A Semana de 22: antecedentes e consequências

1972 - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois

1973 - Imagem do Brasil

1974 - O Mar

1974 - Tempo dos Modernistas

1974 - Coletiva na Galeria Guimar

1975 - O Modernismo de 1917 a 1930

1975  - SPAM e CAM

Exposições Póstumas

1976 - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo

1976 - Arte Brasileira: figuras e movimentos

1976 - Coletiva de inauguração

1976 - Di Cavalcanti: 100 obras do acervo

1979 - A Caricatura no Brasil: o desenho de humor

1979 - Coletiva no Salão de Exposições do Teatro Guaíra

1979 - 15ª Bienal Internacional de São Paulo

1980 - 20 Pintores Brasileños

1980 - Homenagem a Mário Pedrosa

1980 - Ochenta Años de Arte Brasileño

1980 - Coletiva de Inauguração

1981 - Universo do Carnaval: imagens e reflexões

1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand

1982 - 80 Anos de Arte Brasileira

1982 - Do Modernismo à Bienal

1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand

1982 - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares

1982 - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste

1982 - 80 Anos de Arte Brasileira

1982 - 80 Anos de Arte Brasileira

1982 - Auto-Retratos Brasileiros

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1983 - Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1983 - 80 Anos de Arte Brasileira

1984 - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira

1984 - Homenagem a Arte da Gravura no Brasil

1984 - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras

1984 - Grandes Obras

1984 - Salão de 31

1985 - Desenhos de Di Cavalcanti na Coleção do MAC

1985 - 18ª Bienal Internacional de São Paulo

1985 - 100 Obras Itaú

1985 - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho

1985 - A Arte do Imaginário

1986 - Caminhos do Desenho Brasileiro

1987 - O Ofício da Arte: pintura

1987 - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX

1987 - As Bienais no Acervo do MAC: 1951 a 1985

1987 - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand

1987 - Modernidade

1988 - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial

1988 - Modernidade: arte brasileira do século XX

1988 - Hedonismo: Coleção Gilberto Chateaubriand

1989 - 150 Anos de Pintura no Brasil

1989 - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho

1989 - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos

1990 -  Figurativismo/Abstracionismo: o vermelho na pintura brasileira

1990 -  Doações e Aquisições Recentes

1990 - Arte Brasileira

1990 - Figurativismo/Abstracionismo: o vermelho na pintura brasileira

1990 - Expressões Singulares da Arte Brasileira

1990 - Brazil: crossroads of modern art

1990 - Figurativismo/Abstracionismo: o vermelho na pintura brasileira

1991 - Coletiva na Caixa Cultural Rio de Janeiro

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - 21ª Bienal Internacional de São Paulo

1991 - 3ª Bienal Nacional de Santos

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Dois Retratos da Arte

1991 - Museu Municipal de Arte: acervo

1991 - Mário Pedrosa, arte, revolução e reflexão

1991 - Dois Retratos da Arte

1992 - Primeiro Aniversário da Grifo Galeria de Arte

1992 - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas

1992 - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung

1992 - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil

1992 - Mercado de Arte nº 1

1992 - Di Cavalcanti – Desenhos

1992 - Latin American Artists of the Twentieth Century

1992 - Voces de Ultramar: arte en América Latina y Canarias 1910-1960

1992 - A Formação do Olhar Modernista: Uma Seleção

1992 - Latin American Artists of the Twentieth Century

1992 - Voces de Ultramar: arte en América Latina y Canarias 1910-1960

1992 - 1º A Caminho de Niterói: coleção João Sattamini

1993 - Assis Chateaubriand: acervo artístico - UEPB

1993 - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura

1993 - Latin American Artists of the Twentieth Century

1993 - Latin American Artists of the Twentieth Century

1993 - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand

1993 - Obras para Ilustração do Suplemento Literário: 1956 - 1967

1993 - Retratos e Auto-Retratos na Coleção Gilberto Chateubriand

1993 - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira

1993 - Mário faz 100 Anos: 100 obras-primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura

1993 - A Arte Brasileira no Mundo, uma Trajetória: 24 artistas brasileiros

1993 - Xilogravura: do cordel à galeria

1993 - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna

1993 - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel

1993 - Figurativismo/Abstracionismo: o vermelho na pintura brasileira

1993 - Pinturas Importantes: brasileiras e estrangeiras: séculos XV a XX

1994 - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho

1994 - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand

1994 - Bienal Brasil Século XX

1994 - Bienal Brasil Século XX

1994 - Xilogravura: do cordel à galeria

1994 - Xilogravura: do cordel à galeria

1994 - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco

1994 - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira

1995 - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco

1995 - Modernismo Paris Anos 20: vivências e convivências

1995 - Coleções de Brasília

1995 - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos restaurados

1996 - Modernistas e Contemporâneos

1996 - Figura e Paisagem no Acervo do MAM: homenagem a Volpi

1996 - Visões do Rio

1996 - 12 Nomes da Pintura Brasileira

1996 - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970

1996 - 1ª Off Bienal

1997 - Mestres do Expressionismo no Brasil

1997 - Grandes Nomes da Pintura Brasileira

1997 - O Jovem Di: 1917-1935

1997 - Exposição Oficial de Abertura dos Eventos Comemorativos do Centenário de Di Cavalcanti

1997 - Di Cavalcanti 100 Anos: Di, meu brasileiro

1997 - Di Cavalcanti 100 Anos: as mulheres de Di

1997 - Individual de Di Cavalcanti

1997 - Exposição Paralela

1997 - Exposição do Acervo da Caixa Porto Alegre

1997 - Mário de Andrade e o Grupo Modernista

1997 - Exposição do Acervo da Caixa

1998 - 5º Salão de Arte e Antiguidades

1998 - A Coleção Constantini no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

1998 - A Coleção Constantini no Museu de Arte Moderna de São Paulo

1998 - Di Cavalcanti 100 Anos

1998 - Exposição do Acervo da Caixa

1998 - O Colecionador

1998 - Exposição do Acervo da Caixa

1998 - Coleção MAM Bahia: pinturas

1998 - Destaques da Coleção Unibanco

1998 - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira

1998 - Brasil: Anos 20 a 70

1998 - 24ª Bienal Internacional de São Paulo

1998 - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ

1998 - Fantasia Brasileira: o balé do IV Centenário

1998 - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares

1998 - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração

1998 - A Figura Feminina no Acervo do MAB

1998 - Mostra Rio Gravura. Acervo Banerj

1999 - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes

1999 - 60 Anos de Arte Brasileira

1999 - Picasso, Cubismo e América Latina

1999 - 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1999 - Cotidiano/Arte. O Consumo.

2000 - A Figura Feminina no Acervo do MAB

2000 - Brasil-brasis: cousas notaveis e espantosas. Olhares Modernistas

2000 - Brasil Sobre Papel: matizes e vivências

2000 - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento

2000 - A Cena Muda - Acervo do MASC

2000 - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX

2000 - Trabalho, Festa e Tradição - Nos Mestres da Arte Brasileira de Acervo da Caixa 2000 - 7º Salão de Arte e Antiguidades

2000 - 60 Anos de Arte Brasileira – Acervo da Caixa

2000 - Arte e Erotismo

2000 - Século 20: arte do Brasil

2000 - Mostra Itinerante do Acervo do Margs

2000 - A Figura Humana na Coleção Itaú

2000 - De la Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950

2000 - Mostra Itinerante do Acervo do Margs

2000 - Mostra Itinerante do Acervo do Margs

2000 - São Paulo: de vila a metrópole

2000 - Mostra Itinerante do Acervo do Margs

2000 - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960

2001 - Acervo da Arte Carioca

2001 - Trabalho, Festa e Tradição - Nos Mestres da Arte Brasileira do Acervo da Caixa

2001 - Gravuras Brasileiras do Acervo do MUnA: anos 60, 70 e 80

2001 - 30 Mestres da Pintura no Brasil

2001 - Aquarela Brasileira

2001 - Coleção Aldo Franco

2001 - Brazil: Body & Soul

2001 - Museu de Arte Brasileira: 40 anos

2001 - Caricaturistas Brasileiros

2001 - 4 Décadas

2001 - Figuras e Faces

2001 - A Permanência dos Gêneros Tradicionais da Arte: o retrato, a paisagem, a natureza morta

2002 - 9º Salão de Arte e Antiguidades

2002 - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand

2002 - Insólitos

2002 - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet

2002 - 22 e a Idéia do Moderno

2002 - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem

2002 - Espelho Selvagem: arte moderna no Brasil da primeira metade do século XX, Coleção Nemirovsky

2002 - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX

2002 - Arquipélagos: o universo plural do MAM

2002 - Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti: mito e realidade no modernismo brasileiro

2002 - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem

2002 - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950

2002 - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes

2002 - Tesouros da Caixa: mostra do acervo artístico da Caixa

2002 - JK - Uma Aventura Estética

2003 - Autonomia do Desenho

2003 - Natureza Morta

2003 - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas

Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem

2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica

2003 - A Aventura Modernista de Berta Singerman: uma voz argentina no Brasil

2003 - Traço, Humor e Cia

2003 - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa

2003 - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra

2003 - Novecento Sudamericano: relações artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai

2003 - 22º Salão Arte Pará

2003 - Anos 20: A Modernidade Emergente

2003 - Arte Brasileira no Acervo do MAP

2003 - Arteconhecimento: 70 anos USP

2003 - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone

2003 - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone

2004 - Di Cavalcanti

2004 - A Face Icônica da Arte Brasileira

2004 - Mestres do Modernismo

2004 - As Bienais: um olhar sobre a produção brasileira 1951/2002

2004 - O Olhar Modernista de JK

2004 - Gabinete de Papel

2004 - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho

2004 - Individual de Di Cavalcanti

2005 - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho

2005 - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará

2005 - Odorico Tavares: a minha casa baiana - sonhos e desejos de um colecionador

2005 - 100 Anos da Pinacoteca: a formação de um acervo

2005 - Obras-primas da Arte Brasileira

2005 - Odorico Tavares: a minha casa baiana - sonhos e desejos de um colecionador

2006 - Ciccillo: acervo MAC USP

2006 - O Olhar Modernista de JK

2006 - Ao Mesmo Tempo o Nosso Tempo

2006 - Traços do Acervo Caixa

2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real

2006 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2006 - Di Cavalcanti: um perfeito carioca

2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real

2006 - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950

2006 - 1º Salão de Arte

2006 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real

2006 - MAM [na] OCA: Arte Brasileira do Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo

2006 - Brasiliana Masp: moderna contemporânea

2006 - O Ócio e o Ácido (2006 : Brasília, DF)

2007 - Olhar Modernista de JK

2007 - Binária: acervo e coleções

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Brasil, Várias Vezes Moderno

2007 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2007 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Arte-Antropologia

2007 - Coluna Infinita

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti 110 Anos - De Flores e Amores

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2007 - Di Cavalcanti: cronista de seu tempo

2008 - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno

2008 - Acervo do Margs - Expressividade na Arte Brasileira

2008 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2008 - Arte Brasileira no Acervo MAC USP

2008 - Arte Brasileira no Acervo MAC USP

2008 - MAM 60

2008 - Acervo BM&FBOVESPA

2008 - Brasil Brasileiro

2008 - Coleção Gilberto Chateaubriand MAM RJ

2009 - Brasil Brasileiro

2009 - Contemporâneo x Moderno

2009 - Nus

2009 - Memorial Revisitado: 20 anos

2009 - Modernos de Sempre

2009 - Arte na França 1860-1960: o Realismo

2009 - A Arte de Colecionar-te

2009 - 50 Anos da Galeria André

2009 - Olhar da Crítica: Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios

2009 - Sob Um Céu Tropical

2009 - Campos do Lobato

2009 - Pagu Oswald Segall

2009 - Papéis em Destaque: mestres do século XX

2010 - Genealogias do Contemporâneo

2010 - Formas e Revelações: Modernistas no Acervo

2010 - Entre Atos 1964/68

2010 - Puras misturas

2010 - Coleção Domingos Giobbi: arte, uma relação afetiva

2010 - Coleção Domingos Giobbi: arte, uma relação afetiva

2010 - Memórias Reveladas

2010 - Brasilidade e Modernismo

2010 - Acervo Museu Oscar Niemeyer

2011 - Um Torneio Plástico * – Modernistas e Vicente do Rego Monteiro

2011 - Recortes de Coleções

2011 - Tarsila e o Brasil dos Modernistas

2011 - País Paisagem

2011 - Labirintos da Iconografia

2011 - 1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú

2011 - Arte nos Tempos do Café

2011 - O Secreto Discurso do Olhar

2011 - Brazil.Brasil

2011 - Modernismos no Brasil

2011 - Arte e Cultura no Vale do Paraíba

2011 - Vanguarda Modernista na Coleção Banco Central (2011 : Brasília, DF

2012 - O Retorno da Coleção Tamagni: até as estrelas por caminhos difíceis

2012 - Modernismos: 90 anos de 1922

2012 - Mulheres no Acervo MON

2012 - 90 Anos Depois - A Semana de Arte Moderna

2012 - Modernistas: a semana de 1922 em reflexão

2012 - Di - Alguns Inesquecíveis

2012 - 1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú

26.04.2012

2012 - Sentir Prá Ver: Gêneros da Pintura na Pinacoteca de São Paulo

2012 - Coleção Nemirosky: Destaques do Acervo

2012 - O Modernismo de Portinari e Di Cavalcanti (2012 : São Paulo, SP)

2012 - Da Seção de Arte ao Prêmio Aquisição: a gênese do Gabinete do Desenho

2012 - Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo

2012 - Mostra 31

2012 - Odorico Tavares : Sonhos e Desejos de um Colecionador

2013 - Calendário 2013

2013 - Artes visuais: experiência e transformação

2013 - Experiência ] e [Transformação

2013 - Rio de Imagens: uma paisagem em construção

2013 - O CO-LE-CI-O-NA-DOR: arte brasileira e internacional na Coleção Boghici

2013 - Vontade Construtiva na Coleção Fadel

2013 - 17º Unifor Plástica

2013 - Di Humanista

2013 - 100 anos de Arte Paulista no Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo

2013 - Retratos no Acervo da Pinacoteca do Estado

2013 - Narrativas Poéticas - Coleção Santander

2013 - Analogias

2013 - Exposição inaugural da nova sede da Pinacoteca Ruben Berta

2014 - Voto no Brasil

2014 - Vontade Construtiva na Coleção Fadel

2014 - Um olhar sobre a Pinacoteca

2014 - Do Valongo à Favela: imaginário e periferia

2014 - Tupi or not Tupi

2014 - Retratos da Brasilidade

2014 - Retratos da Brasilidade

2014 - Histórias Mestiças

2014 - Os grandes da Bienal: além da temática

2015 - Arte do Brasil no Século 20

2015 - Obras sob guarda do MON

2015 - Princípio & Consequências O Testemunho do Corpo

2015 - Mário de Andrade - Cartas do Modernismo (2015 : São Paulo, SP)

2015 - Acervo em Transformação

2015 - Di Cavalcanti - Conquistador de Lirismos

2015 - Galeria Ipanema: 50 anos de arte – Parte II

2016 - Linguagens do corpo carioca [a vertigem do Rio]

2016 - Antropofagia y Modernidad. Arte Brasileño en la Colección Fadel. 1908-1979

2016 - Visões da Arte no Acervo do MAC USP: 1900-1950

2016 - Arte no Brasil: Uma história na Pinacoteca de São Paulo. Galeria José e Paulina Nemirovsky - Arte moderna

2016 - Arte Moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz

2017 - O Mercado de Arte Moderna em São Paulo - 1947 - 1951

2017 - Mercado de Arte Moderna em São Paulo: 1947-1951

2017 - Eterna Trilogia

2017 - MUNDEZ, Brasília 57

2017 - Mário Pedrosa: On the Affective Nature of Form

2017 - Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos 

2017 - Di Cavalcanti, Muralista

2017 - No subúrbio da modernidade: Di Cavalcanti 120 anos

2017 - Di Cavalcanti - Papel em Destaque

2017 - Modernismo brasileiro na Coleção da Fundação Edson Queiroz

2017 - Alucinações à Beira-Mar

2017 - A Ventura do Moderno

2018 - O BANCO DO BRASIL E SUA HISTÓRIA (2018)

2018 - Verboamérica

2018 - P/B Acervo MAB

2018 - Tessituras

2018 - Da Terra Brasilis à Aldeia Global

2018 - The Art of Diplomacy - Brazilian Modernism Painted For War

2018 - O Rio do Samba: resistência e reinvenção

2018 - Modernos 10

2018 - O moderno que eu faço – narrativas da experiência

2018 - Acervo em transformação: comodato Masp B3

2019 - Histórias Afro-atlânticas

2019 - Modernos +

2019 - Maresia

2019 - O que vemos, o que nos fala

2019 - Aproximações - Breve introdução à arte brasileira do século XX

2019 - Corpointerior

2019 - Memorial do Desenho

2019 - Cor, ou não?

2019 - Exposição e Leilão Beneficente

2019 - O que resta após

2019 - Canção Enigmática - Relações entre arte e som nas Coleções MAM

2020 - Pinacoteca: Acervo

2020 - Acervo Dialogado

2021 - 50 Duetos

2021 - Di Cavalcanti no MAM: 50 anos x 2

2021 - A Máquina do Mundo: arte e indústria no Brasil 1901-2021

2021 - Era Uma Vez o Moderno [1910-1944]

2022 - Vários 22

2022 - Histórias brasileiras

2022 - Margens de 22: presenças populares

2023 - Brasil Futuro: as formas da democracia

2023 - Ensaios para o Museu das Origens

2023 - Ensaios para o Museu das Origens

2024 - Telmo Porto: colecionador e filantropo

Fonte: DI Cavalcanti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 18 de fevereiro de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Di Cavalcanti | Wikipédia

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo (Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1897 – Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1976), mais conhecido como Di Cavalcanti, foi um pintor modernista, desenhista, ilustrador, muralista e caricaturista brasileiro. Sua arte contribuiu significativamente para distinguir a arte brasileira de outros movimentos artísticos de sua época, através de suas reconhecidas cores vibrantes, formas sinuosas e temas tipicamente brasileiros como carnaval, mulatas e tropicalismos em geral. Suas principais obras são: Samba, Músicos, Cinco moças de Guaratinguetá, Mangue, Pierrete, Pierrot, entre outras.

Infância e Juventude

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque nasceu dia 6 de setembro de 1897 no Rio de Janeiro, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque de Melo e Rosalia de Sena. Seu pai era membro da tradicional família pernambucana Cavalcanti de Albuquerque. Já pelo lado materno, era sobrinho da esposa de José do Patrocínio, grande abolicionista negro brasileiro. Estudou no Colégio Pio Americano e aprendeu piano com Judith Levy, e começou a trabalhar fazendo ilustrações para a revista Fon-Fon, uma revista que consagrou-se principalmente na caricatura política, na charge social e na pintura de gênero. Em 1916, transferindo-se para São Paulo, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Seguiu fazendo ilustrações e começou a pintar. O jovem Di Cavalcanti frequentou o ateliê do impressionista George Fischer Elpons e tornou-se amigo de Mário e Oswald de Andrade.

Início de carreira

Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, idealizou e organizou a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, criando, para essa ocasião, as peças promocionais do evento: catálogo e programa. Fez sua primeira viagem à Europa em 1923, permanecendo em Paris até 1925. Frequentou a Academia Ranson. Expôs em diversas cidadesinhas: Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdã e Paris. Conheceu Pablo Picasso, Fernand Léger, Matisse, Erik Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses. Retornou ao Brasil em 1926 e ingressou no Partido Comunista. Seguiu fazendo ilustrações. Fez nova viagem a Paris e criou os painéis de decoração do Teatro João Caetano no Rio de Janeiro.

Os anos 1930 encontram um Di Cavalcanti imerso em dúvidas quanto à sua liberdade como homem e artista e quanto a dogmas partidários. Iniciou suas participações em exposições coletivas e salões nacionais e internacionais, como a International Art Center em Nova Iorque. Em 1932, fundou, em São Paulo, com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos. Sofreu sua primeira prisão em 1932 durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Casou-se com a pintora Noêmia Mourão. Publicou o álbum "A Realidade Brasileira", série de doze desenhos satirizando o militarismo da época. Em Paris, em 1938, trabalhou na rádio "Diffusion Française" nas emissões "Paris Mondial".

Viajou ao Recife e Lisboa, onde expôs no salão "O Século"; ao retornar, foi preso novamente no Rio de Janeiro. Em 1936, escondeu-se na Ilha de Paquetá e foi preso com Noêmia. Libertado por amigos, seguiu para Paris, lá permanecendo até 1940. Em 1937, recebeu medalha de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Técnica, em Paris. Com a iminência da Segunda Guerra, deixou Paris e retornou ao Brasil, fixando-se em São Paulo. Um lote de mais de quarenta obras despachadas da Europa não chegaram ao destino, extraviando-se.

Reconhecimento internacional

Passou a combater abertamente o abstracionismo através de conferências e artigos. Viajou para o Uruguai e Argentina, expondo em Buenos Aires. Conheceu Zuília, que se tornou uma de suas modelos preferidas. Em 1946, retornou a Paris em busca dos quadros desaparecidos; nesse mesmo ano, expôs no Rio de Janeiro, na Associação Brasileira de Imprensa. Ilustrou livros de Vinícius de Morais, Álvares de Azevedo e Jorge Amado. Em 1947, entrou em crise com Noêmia Mourão - "uma personalidade que se basta, uma artista, e de temperamento muito complicado...". Participou com Anita Malfatti e Lasar Segall do júri de premiação de pintura do Grupo dos 19. Seguiu criticando o abstracionismo. Expôs na Cidade do México em 1949.

Foi convidado e participou da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo em 1951. Fez uma doação generosa ao Museu de Arte Moderna de São Paulo, constituída de mais de quinhentos desenhos. Beryl passou a ser sua companheira. Negou-se a participar da Bienal de Veneza. Recebeu a láurea de melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo, prêmio dividido com Alfredo Volpi. Em 1954, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro realizou exposição retrospectiva de seus trabalhos. Fez novas exposições na Bacia do Prata, retornando a Montevidéu e Buenos Aires. Publicou "Viagem de minha vida". 1956 foi o ano de sua participação na Bienal de Veneza. Recebeu o I Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. Adotou Elizabeth, filha de Beryl. Seus trabalhos fizeram parte de exposição itinerante por países europeus. Recebeu proposta de Oscar Niemeyer para a criação de imagens para tapeçaria a ser instalada no Palácio da Alvorada; também pintou as estações para a via-sacra da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, em Brasília.

Últimos anos e morte

Ganhou uma sala Especial na Bienal Interamericana do México, recebendo Medalha de Ouro. Tornou-se artista exclusivo da Petite Galerie, no Rio de Janeiro. Viajo de Maio, em Paris, com a tela "Tempestade". Participou com Sala Especial na VII Bienal de São Paulo. Recebeu indicação do presidente brasileiro João Goulart para ser adido cultural na França. Embarcou para Paris mas não assumiu o cargo por causa do Golpe de 1964. Viveu em Paris com Ivete Bahia Rocha, apelidada de Divina. Lançou novo livro, "Reminiscências líricas de um perfeito carioca" e desenhou joias para Lucien Joaillier. Em 1966, seus trabalhos desaparecidos no início da década de 1940 foram localizados nos porões da embaixada brasileira. Candidatou-se a uma vaga na [Academia Brasileira de Letras], mas não se elegeu. Seu cinquentenário artístico foi comemorado.

A modelo Marina Montini foi a musa do pintor nessa década. Em 1971, o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou retrospectiva de sua obra. Recebeu prêmio da Associação Brasileira dos Críticos de Arte. Comemorou seus 75 anos no Rio de Janeiro, em seu apartamento no Catete. A Universidade Federal da Bahia outorgou-lhe o título de doutor honoris causa. Fez exposição de obras recentes na Bolsa de Arte e sua pintura Cinco moças de Guaratinguetá foi reproduzida em selo postal.

A 5 de Abril de 1975 foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.

Faleceu no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1976.

O diretor de cinema brasileiro Glauber Rocha, figura chave do cinema moderno brasileiro principalmente por seu trabalho no Cinema Novo, realizou o curta-metragem documentário Di-Glauber (1977) em homenagem ao pintor, quando de sua morte.

As musas do artista

Di Cavalcanti amava a vida boêmia, o carnaval e as mulheres, temas recorrentes de suas obras. Em cada década de seu trabalho como artista, ele teve uma musa, mulher que o inspirava, a quem retratava em muitas obras. A primeira foi Maria, com quem se casou em 1921; a segunda, a pintora Noêmia Mourão, que se tornou sua esposa em 1933; a terceira, Zuíla, a quem ele pintou muitas vezes enquanto ainda estava com Noêmia; a quarta, Beryl Tucker Gilman, sua companheira da década de 1950 e mãe de Elizabeth, sua filha adotiva; a quinta, Ivete Bahia Rocha, com quem viveu em Paris na década de 1960; e a derradeira musa, a modelo e atriz Marina Montini.

Centenário em 1997

Em 1997, ano do centenário de seu nascimento, diversas exposições comemorativas e retrospectivas de sua obra foram organizadas, entre as quais:

  • "As mulheres de Di", pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro

  • "Di, meu Brasil brasileiro", pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

  • "Di Cavalcanti, 100 anos", pelo Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado

Cronologia

1908 - Recebe aulas do pintor Gaspar Puga Garcia.

1914 – Publica seu primeiro trabalho como desenhista na Revista Fon-Fon.

1916 – Participa do III Salão dos Coadjuvantes. - Muda-se para São Paulo.

1917 – Primeira exposição individual na redação de A Cigarra, em São Paulo.

1919 – Ilustra o livro Carnaval, de Manuel Bandeira.

1921 – Ilustra Balada do sequestro de Reading, de Oscar Wilde.

1922 – Participa da Semana de Arte Moderna, fazendo a capa do trabalho e expondo 11 obras.

1923 – Vai para Europa, fixa residência em Paris como correspondente do jornal Correio da Manhã.

1925 – Volta ao Brasil, morando na Capital.

1929 – Pinta dois painéis para o Teatro João Caetano, no Rio de janeiro.

1935 – Volta novamente para a Europa.

1937 – Medalha de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Específica, em Chicago.

1940 – Volta para o Brasil, fixando-se em São Paulo.

1941 – Ilustra o livro Uma noite na taverna / Macário, de Álvares de Azevedo.

1947 – Expõe na Galeria Domus, no Rio de Janeiro.

1953 – Ganha, com Alfredo Volpi, o prêmio de melhor pintor nacional na IV Bienal de São Paulo.

1954 – Retrospectiva do seu nascimento no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

1955 – Publica Viagem de minha vida, livro de memórias.

1956 – Recebe nono prêmio na Mostra de Arte Sacra, na Itália.

1960 – Recebe medalha de ouro por sua participação com sala especial na IV Bienal Interamericana, no México.

1963 – Homenageado na VII Bienal de São Paulo.

1964 – Exposição comemorativa dos seus 60 anos de artista, na Galeria Relevo, RJ. - Publica o livro Reminiscências líricas de um perfeito cidadão carioca.

1971 – Retrospectiva da sua vida artística Museu de Arte Moderna de São Paulo.

1976 – Morre em sua cidade natal.

Principais obras

  • Pierrete - 1922

  • Pierrot - 1924

  • Samba - 1925

  • Mangue - 1929

  • Cinco moças de Guaratinguetá - 1930

  • Mulheres com frutas - 1932

  • Família na praia - 1935

  • Vênus - 1938

  • Ciganos - 1940

  • Mulheres protestando - 1941

  • Arlequins - 1943

  • Gafieira - 1944

  • Colonos - 1945

  • Abigail - 1947

  • Aldeia de Pescadores - 1950

  • Nu e figuras - 1950

  • Retrato de Beryl - 1955

  • Tempos Modernos - 1961

  • Tempestade - 1962

  • Retrato de Marina Montini - década de 1960

  • Duas Mulatas - 1964

  • Músicos - 1963

  • Ivette - 1963

  • Rio de Janeiro Noturno - 1963

  • Mulatas e pombas - 1966

  • Baile Popular - 1972

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 19 de fevereiro de 2025.

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Di Cavalcanti | Site Oficial

Di Cavalcanti: O enamorado da vida

Qualquer semelhança de espírito entre o poeta Vinícius de Moraes e o pintor Di Cavalcanti não será o que vulgarmente se chama de mera coincidência, é a mais pura afinidade. Cariocas que amaram - como poucos - o Rio de Janeiro além das incontáveis mulheres que passaram por suas vidas. Tudo cantado em versos, música, prosa e imagens para deleite das gerações futuras. Ambos poetas, escritores e boêmios, entendiam que da vida só se poderia levar prazeres. Nesse aspecto, o crítico Jaime Maurício assim frisou sobre o pintor do Catete: "...fez da boêmia uma bandeira romântica". E foi dessa maneira que esses dois gigantes da cultura brasileira levaram a vida: em constante alegria e celebração.

Não sabemos se Di Cavalcanti pintou Vinícius em suas cores tão brasileiras mas Vinícius cantou em versos, em 1963, o amigo pintor:

"...Que bom existas, pintor

Enamorado das ruas

Que bom vivas, que bom sejas..."

Esses versos refletem a alegria de um Brasil que encerrou-se um ano depois sob os ventos negros da ditadura militar que se instala no país e atinge os dois amigos: um refugiando-se em Paris (Di) , o outro em Roma.

Ainda de Jaime Maurício recolhemos na brilhante pesquisa coordenada pela curadora Denise Mattar um resumo perfeito do que foi o pintor Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Mello, autor da idéia da famosa Semana de Arte Moderna de 1922: " ...Na ausência de tradições e técnicas tipicamente nacionais, precisamos ter pintores dignos desse nome crescidos no Brasil, por ele sensorialmente formados. Como Di Cavalcanti que nos conta em lápis e tintas de modo tão brasileiro o que vê e sente. E isso com uma espontaneidade que não exclui muito labor... Nosso prazer diante das telas de Di nasce desse encontro do que subsiste na sua pintura de pessoalmente tumultuoso com o rigor da expressão definitiva, admiravelmente ordenada. No mundo do artista, feito de mulatas, pescadores, músicos, palhaços, meretrizes, circos, mercados, bordéis, portos e do mar nunca muito longe, nada há de pletórico, congestionado, ou simplesmente ornamental. Tudo, se bem que amplo, generoso, rico, permanece essencial, participa de uma realidade mais profunda e renovada." 

Este carioca que foi amigo de Picasso, Matisse e Jean Cocteau sempre declarou-se um admirador da mulher brasileira, sempre "soube revelar o rosado recôndito das mulatas” e mais que tudo: "é sempre o mais exato pintor das coisas nacionais" segundo o escritor Mário de Andrade.

Falar da pintura de Di Cavalcanti é falar da cara e do povo brasileiro, da exuberância tropical do pais, de sua sensualidade sem folclore. — Renato Rosa

Di, falando...

" - A mulata, para mim, é um símbolo do Brasil. 

Ela não é preta nem branca. 

Nem rica nem pobre. 

Gosta de música, gosta do futebol, como nosso povo. (...)" 

"Moço continuarei até a morte porque, além dos bens que obtenho com minha imaginação, nada mais ambiciono."

"No carnaval eu sempre senti em mim a presença de um demônio incubo que se desvendava como um monstro, feliz por suas travessuras inenarráveis. É uma das formas de meu carioquismo irremediável e eu me sinto demasiadamente povo nesses dias de desafogo dos sentimentos mais terrivelmente terrenos de meu ser..."

"... "Fon-Fon" publicou a primeira caricatura de minha autoria. Depois tomei o trem para São Paulo. Fui para Ribeirão Preto. Em Ribeirão Preto vivi uma vida estranha. Marcava dormentes na Mogiana, com meu querido tio Ariosto e frequentava os cabarés da cidade. Ribeirão Preto iniciou-me no amor ao cabaré. Voltei ao Rio. E decidi ser mais depressa possível um profissional das artes e, se possível, das letras."

"A exposição de Anita Malfatti em 1917 foi a revelação de algo mais novo do que o impressionismo, mas Anita vinha de fora, seu modernismo, como o de Brecheret e Lasar Segall, tinha o selo da convivência com Paris, Roma e Berlim. Meu modernismo coloria-se do anarquismo cultural brasileiro e, se ainda claudicava, possuía o Dom de nascer com os erros, a inexperiência e o lirismo brasileiros."

"...Paris pôs uma marca na minha inteligência. Foi como criar em mim uma nova natureza e o meu amor à Europa transformou meu amor à vida em amor a tudo que é civilizado. E como civilizado comecei a conhecer a minha terra."

Uma Flor para Di Cavalcanti

Esta é uma flor para Di,

uma flor em forma di-

ferente: de flor-mulher,

desabrochada onde quer

que exista amor e verão.

Verão como a cor cinti-

la nas curvas, e sorri

nesse púrpuro arrebol

que Di tirou do seu Rio

coado de mel e sol.

Uma flor-pintura, zi-

nindo o canto de amor

que acompanhou toda a vi-

da do pincel, o gozo-dor 

de criar e de sentir, di-

vina e tão sensual ração 

que coube, na Terra, a Di.

— Carlos Drummond de Andrade (in Andrade, Carlos Drummond de . Discurso de primavera e algumas sombras. In: ______ . Poesia e prosa. 8ª ed., pág.813)


... Que bom que existas, pintor

Enamorado das ruas

Que bom vivas, que bom sejas

Que bom lutes e construas

Poeta o mais carioca

Pintor o mais brasileiro

Entidade mais dileta

Do meu Rio de Janeiro

- Perdão meu irmão poeta

Nosso Rio de Janeiro

— Vinícius de Morais (setembro de 1963)

Cronologia

1903/1915 - Rio de Janeiro RJ - Realiza os primeiros estudos no Colégio de Aldéia Noronha e no Colégio Militar 

1900/1914 - Mora no Bairro São Cristóvão, no Rio de Janeiro RJ

1908 - Recebe aulas do pintor Gaspar Puga Garcia 

1914 - Publica seu primeiro trabalho como caricaturista na Revista Fon-Fon

1915 - Ilustra a capa da revista A Vida Moderna

1916 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão dos Humoristas, no Liceu de Artes e Ofícios

1916 - Rio de Janeiro RJ - Entra para a Faculdade de Direito

1917 - São Paulo SP - É revisor do jornal O Estado de S. Paulo

1917/1920 - Mora em São Paulo SP 

1917/1976 - Ilustra livros de autores nacionais e estrangeiros, entre eles Álvares de Azevedo, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida, Horácio Andrade, Jorge Amado, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Mário Mariani, Menotti Del Picchia, Newton Belleza, Oscar Wilde, Oswald de Andrade, Ribeiro Couto, Rosalina Coelho Lisboa, Sérgio Milliet

1917 - São Paulo SP - Transfere-se para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco

1917 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: caricaturas, na redação da revista A Cigarra 

1918 - São Paulo SP - Freqüenta o ateliê de Georg Elpons, pintor e professor alemão, filiado ao impressionismo europeu 

1918 - São Paulo SP - É diretor artístico da revista Panóplia

1918 - São Paulo SP - Integra um grupo de artistas e intelectuais de São Paulo com Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, entre outros

1920/1976 - Vive tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, com freqüentes estadas no exterior

1919 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: pinturas, na Casa Editora O Livro 

1920 - Rio de Janeiro RJ - Ilustrador em várias revistas, inclusive na recém-criada revista Guanabara. Usa o pseudônimo Urbano como cartunista

1920 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: caricaturas, na Casa Di Franco 

1921 - São Paulo SP - Lança o álbum Fantoches da Meia-Noite, prefaciado por Ribeiro Couto e publicado por Monteiro Lobato, e ilustra A Balada do Enforcado, de Oscar Wilde

1921 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: desenhos, na Casa Editora O Livro

1922 - São Paulo SP - Abandona o curso de direito 

1922 - São Paulo SP - É um dos idealizadores e organizadores da Semana de Arte Moderna. Ilustra a capa do programa e catálogo de exposição, realizada no Teatro Municipal

1922 - São Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal 

1923/1925 - Fixa-se em Paris como correspondente do jornal Correio da Manhã, retorna ao Rio de Janeiro, com o fechamento do jornal na Revolução de 1924. Tem contato com Brecheret, Anita Malfatti e Sérgio Milliet

1923 - Viaja para a Itália com o objetivo de conhecer as obras de alguns mestres italianos como Tiziano, Michelangelo e Leonardo da Vinci

1923 - Vive em Montparnasse (França), onde monta pequeno ateliê

1923 - Paris (França) - É correspondente do Correio da Manhã do Rio de Janeiro

1923 - Paris (França) - Freqüenta a Academia Ranson

1924 - Paris (França) - Conhece obras, artistas e escritores europeus de vanguarda como Picasso, Cocteau, Blaise Cendrars, Léger, Unamuno, Georges Braque, Henri Matisse e outros

1925 - Retorna ao Brasil, vive no Rio de Janeiro RJ

1925 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual: na Casa Laubisch & Hirt

1926 - São Paulo SP - Ilustra a capa da obra O Losango Cáqui, de Mário de Andrade

1926 - Colabora como jornalista e ilustrador no Diário da Noite

1927 - Colabora como desenhista no Teatro de Brinquedo, de Eugênia e Álvaro Moreyra

1928 - Filia-se ao Partido Comunista do Brasil 

1929 - Rio de Janeiro RJ - Decora o foyer do Teatro João Caetano

1930 - São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista

1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no International Art Center, no Roerich Museum

1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba

1932 - São Paulo SP - É um dos fundadores do CAM, Clube dos Artista Modernos , liderado por Flávio de Carvalho, com a participação de Noêmia Mourão, Antonio Gomide e Carlos Prado 

1932 - São Paulo SP - É preso durante três meses como getulista pela Revolução Constitucionalista

1932 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti, em A Gazeta 

1933 - São Paulo SP - Casa-se com a pintora Noêmia Mourão, sua aluna 

1933 - São Paulo SP - Publica o álbum A Realidade Brasileira, série de doze desenhos satirizando o militarismo da época

1933 - Rio de Janeiro RJ - Escreve artigo no Diário Carioca, de 15 de outubro, sobre as relações entre o trabalho artístico e a problemática social, a propósito da exposição de Tarsila do Amaral

1933 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM

1933 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Pró-Arte, na Enba

1934 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte, na Enba

1934 - Mora em Recife PE 

1935 - Rio de Janeiro RJ - Participa do comitê de redação do semanário Marcha, na sala de um edifício na Cinelândia, ao lado de Caio Prado Júnior, Carlos Lacerda, Newton Freitas e Rubem Braga

1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Social, no Clube de Cultura Moderna do Rio de Janeiro

1935 - No fim do ano, por razões políticas, refugia-se com a esposa, Noêmia Mourão, e Newton Freitas na casa de Battistelli (exilado no Brasil, antifascista ligado a Plínio Melo e Mário Pedrosa), em Mangaratiba 

1937/1940 - Mora na Europa

1937 - Paris (França) - Exposição Internacional de Artes e Técnicas, no Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira - medalha de ouro

1938 - Paris (França) - Trabalha na rádio Diffusion Française nas emissões Paris Mondial em língua portuguesa, com Noêmia Mourão

1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo

1939 - Viagem a Espanha 

1939 - São Paulo SP - 3º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo

1940/1941 - Mora em São Paulo SP

1942 - Viagem a Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina)

1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no MAP

1946 - Segue a Paris (França) com o objetivo de encontrar obras e quadros abandonados em 1940

1946 - Rio de Janeiro RJ - Tem dois poemas publicados na Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira (Ed. Z. Valverde)

1947 - Participa do júri de premiação de pintura na exposição do Grupo dos 19, com Anita Malfatti e Lasar Segall

1948 - São Paulo SP - Exposição Individual: Emiliano Di Cavalcanti: retrospectiva 1918-1948, no IAB/SP

1947 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Domus

1948 - São Paulo SP - Exposição Individual: Retrospectiva, no Masp 

1948/1949 - Regressa à Europa por seis meses

1949/1950 - Viagem ao México - Participa do Congresso de Intelectuais pela Paz, representando o Partido Comunista

1950 - São Paulo SP - Separa-se de Noêmia Mourão

1951 - Rio de Janeiro RJ - Ministra curso de cenografia, no Serviço Nacional de Teatro

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - artista convidado

1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ

1952 - São Paulo SP - Doa mais de 550 desenhos, produzidos ao longo de trinta anos de carreira, ao MAM/SP 

1952 - São Paulo SP, Rio de Janeiro RJ - Faz charges para o jornal Última Hora de São Paulo. No Última Hora do Rio de Janeiro, escreve a coluna Preto no Branco e executa cinco painéis para a redação do jornal

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - prêmio melhor pintor nacional, com Alfredo Volpi

1954 - São Paulo SP - Cria figurinos para o balé A Lenda do Amor Impossível, encenado pelo Corpo de Baile do 4º Centenário

1954 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual: Di Cavalcanti: retrospectiva, no MAM/RJ 

1954 - São Paulo SP - Exposição Individual: Emiliano Di CavalcantiI: desenhos, no MAM/SP

1955 - Viagem a Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina)

1955 - Rio de Janeiro RJ - Recebe convite para realizar cenário e figurinos do balé As Cirandas, de Villa-Lobos, pelo Corpo de Baile do Municipal

1955 - Rio de Janeiro RJ - Publica Viagem da Minha Vida: Memórias (Ed. Civilização Brasileira), primeiro livro de memórias, em três volumes: V.1 O Testamento da Alvorada - V.2 O Sol e as Estrelas - V.3 - Retrato de Meus Amigos e... dos Outros

1956 - Veneza (Itália) - 28ª Bienal de Veneza

1956 - Trieste (Itália) - Mostra de Arte Sacra de Trieste - 1º prêmio

1958 - Paris (França) - Executa cartões para tapeçarias do Palácio da Alvorada (salões de música e de recepção), encomendados por Niemeyer

1958 - Brasília DF - Pinta a via-sacra para a Catedral de Brasília

1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Enba

1959 - Recebe de Carlos Flexa Ribeiro o título de O Patriarca da Pintura Moderna Brasileira

1960 - Cidade do México (México) - Realiza painel sobre tela para os escritórios da Aviação Real

1960 - Cidade do México (México) - 2ª Bienal Interamericana do México, no Palácio de Belas Artes - sala especial - medalha de ouro

1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte da Folha

1961 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual:, na Petite Galeria

1962 - Viagem à Paris (França) e Moscou (Rússia) - Participa do Congresso da Paz incentivado pelo o amigo Emilio Gustino e logo presenteado com a pintura - Pescadores - de 1948 do proprio Di Cavalcanti

1962 - Córdoba (Argentina) - 1ª Bienal Americana de Arte

1962 - Rabat (Marrocos) - Exposição de Artistas Brasileiros

1963 - Paris (França) - Indicado pelo presidente João Goulart para o cargo de adido cultural do Brasil. Não toma posse do cargo em virtude do golpe de 1964

1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - sala especial

1964 - Rio de Janeiro RJ - Publica Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca (Civilização Brasileira) - ilustrações e texto 

1964 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual: Di Cavalcanti: 40 anos de pintura, na Galeria Relevo 

1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana

1964 - Curitiba PR - 21º Salão Paranaense de Belas Artes 

1964 - Rio de Janeiro RJ - Desenha jóias executadas pelo joalheiro Lucien

1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP - itinerante

1969 - Ilustra os bilhetes da Loteria Federal das extrações da Inconfidência Mineira, São João, Independência e Natal

1971 - São Paulo SP - Exposição Individual: Retrospectiva Di Cavalcanti, no Masp 

1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1971 - Recebe o Prêmio ABCA

1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria Collectio

1972 - Mora em Salvador BA

1972 - Salvador BA - Publica o álbum 7 Xilogravuras de Emiliano Di Cavalcanti, pela Editora Chile, apresentação de Luís Martins

1972 - Recebe o Prêmio Moinho Santista

1973 - Salvador BA - Recebe o título de doutor honoris causa pela UFBA

1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp

1974 - Exposição de obras recentes na Bolsa de Arte, Rio de Janeiro

1975 - São Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall

1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall

1976 - São Paulo SP - A prefeitura muda o nome da Rua 4, no Alto da Mooca, para Rua Emiliano Di Cavalcanti

1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, no MAM/RJ

1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, no MNBA

1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall

1976 - Morre no Rio de Janeiro RJ - 26 de outubro

1977 - Glauber Rocha realiza o filme - Di - que recebe o Prêmio Especial do Júri, Festival de Cannes 77

1977 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: 100 obras do acervo, no MAC/USP

1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap

1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto

1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE

1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP

1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão de 31 

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp

1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1985 - São Paulo SP - Desenhos de Di Cavalcanti na Coleção do MAC, no MAC/USP

1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

1987 - Rio de Janeiro RJ - Entre Dois Séculos: arte brasileira do século XX na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris

1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc

1987 - Rio de Janeiro RJ - Publicação de livro com as cartas escritas pelo artista, Cartas de Amor à Divina / E.Di Cavalcanti. Rio de Janeiro: Cor Editores, 5ª ed.

1988 - Rio de Janeiro RJ - Hedonismo: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Edifício Gilberto Chateaubriand

1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP

1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, na Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna

1991 - São Paulo SP - 21ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1991 - Santos SP - 3ª Bienal Nacional de Santos, no Centro Cultural Patrícia Galvão

1991 - Belo Horizonte MG, Brasília DF, Curitiba PR, Porto Alegre RS, Recife PE, Rio de Janeiro RJ, Salvador BA e São Paulo SP - Dois Retratos da Arte, no MAP, no Palácio Itamaraty, na Fundação Cultural de Curitiba, no Margs, no Museu do Estado de Pernambuco, no MAM/RJ, no Museu de Arte da Bahia e no MAC/USP

1992 - Paris (França) e Sevilha (Espanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century

1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade

1992 - São Paulo SP - Primeiro Aniversário da Grifo Galeria de Arte, na Grifo Galeria de Arte

1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus 

1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP

1993 - São Paulo SP - A Arte Brasileira no Mundo, uma Trajetória: 24 artistas brasileiros, na Dan Galeria

1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna: Coleção Sérgio Fadel, no MNBA

1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa da Cultura de Poços de Caldas

1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB

1993 - Nova York (Estados Unidos) e Colônia (Alemanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no The Museum of Modern Art

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB/Faap

1993 - São Paulo SP - Obras para Ilustração do Suplemento Literário: 1956-1967, no MAM/SP

1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, na Casa de Cultura de Poços de Caldas

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ

1995 - São Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos restaurados, na Galeria Sinduscon

1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP

1996 - São Paulo SP - 1ª Off Bienal, no MuBE

1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ

1997 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti 100 Anos: As Mulheres de Di, no CCBB

1997 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti 100 Anos: Di, Meu Brasileiro, no MAM/RJ

1997 - Santiago (Chile) - Di Cavalcanti, no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago

1997 - São Paulo SP - Exposição Oficial de Abertura dos Eventos Comemorativos do Centenário de Di Cavalcanti, na Dan Galeria

1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte

1997 - São Paulo SP - Mestres do Expressionismo no Brasil, no Masp

1997 - São Paulo SP - O Jovem Di: 1917-1935, no IEB/USP

1997 - Uma obra de Di Cavalcanti, "Flores", alcança o lance de R$ 724.500,00 (US$ 677,100) em Leilão da Bolsa de Arte, no Rio de Janeiro.

1998 - São Paulo SP - A Coleção Constantini no MAM, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - Coleção MAM da Bahia: pinturas, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles

1998 - São Paulo SP - Fantasia Brasileira: o balé do IV Centenário, no Sesc

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1999 - Porto Alegre RS - 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul - sala especial

1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap

1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura: Acervo Banerj, no Museu Histórico do Ingá

1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura: Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA

1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria

2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural

2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna e Negro de Corpo e Alma, na Fundação Bienal

2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa

Críticas

"... A arte de Di Cavalcanti, bem como sua pessoa humana, bem como seu método d ofício, está fundada na liberdade. Uma vocação de liberdade que tem sido a linha dominante de sua vida que fez dele - em certa época o único pintor social militante do Brasil - um revoltado contra as imposições drásticas dos partidos, um homem que sempre examina seus problemas, e que atingiu um elevado nível de consci6encia artística. Debaixo de apar6encias ligeiras, a carreira do Di Cavalcanti tem assumido aspectos patéticos de alto drama intelectual: este homem inquieto tem vivido em encruzilhadas, à procura de soluções plásticas, políticas e críticas, debatendo continuamente o caso do Brasil, o caso da anarquia universal e seu próprio caso que se misturou com outros.

Eis o aparente paradoxo de Emiliano Di Cavalcanti: este grande individualista é u m pintor social, este boêmio dispersivo é um trabalhador obstinado, este copiador de histórias pitorescas é um espírito sério capaz de disciplina. O homem Di Cavalcanti é rico em surpresas e imprevistos, solidário com outros no sofrimento e na alegria. Sabe que o prazer sempre foi um elemento importante na criação da obra de arte. Sabe que o prazer encerra também conflitos, abismos, contradições. Daí o aspecto triste, às vezes mesmo sinistro, de certos personagens festeiros de seus quadros. Todos nós sabemos que o substrato da alegria brasileira é carregado de tristeza. Em alguns dos melhores momentos de sua carreira Di Cavalcanti atingiu pela força da verdade plástica o cerne da nossa própria verdade metafísica na unificação de seus contrastes: de fato a gente brasileira foi ali recriada em síntese erudita...". — Murilo Mendes (1949).

“A grande força de Emiliano Di Cavalcanti, como artista, é a sua sinceridade e - embora a expressão me cause certa repugnância, pelo excesso com que vem sendo usada - a sua autenticidade. Realmente, não me ocorre outra para exprimir exatamente essa perfeita sincronização do homem com a obra realizada, expressão evidente de uma necessidade vital, na fidelidade com que espelha a grandeza humana de seu criador. Um quadro de Di Cavalcanti - qualquer quadro - é, antes de mais nada, uma projeção de sua sensibilidade e de sua personalidade; e daí, o seu extraordinário fascínio, o seu poderoso encanto, a sua capacidade de encantar instantaneamente a simpatia e a admiração de um público heterogêneo, em que se irmanam solidariamente leigos e entendidos. Diante de bem poucos artistas nacionais se poderia com rigorosa veracidade repetir, como diante de Di Cavalcanti, este aparente lugar-comum, muito menos comum, aliás, do que se imagina: a obra é o homem” — Luis Lopes Coelho (São Paulo, 1964).

“Di nos dá na sua pintura, de onde rescendem todas as influências legítimas do tempo percorrido, a dimensão de uma terra pulsante de cor, ingênua e triste.

Di é um pintor bem maior do que se pensa, bem maior do que a fama cheia de rótulos com que o desiguaram. Porque o instinto estético de Di Cavalcanti, que é um homem de sensibilidade extrovertida, irreverente, requintada, independente e bem humorada 9 no sentido às vezes sarcástico do bom humor) , este instinto estético vem comandar as paixões, sobre as quais se tem a impressão de que Di escava no momento vivo do circuito. Toda sucessão de imagens nos despertam um estado de paixão equivalente, ou pelo menos nos inquietam em direção a um mundo palpitante em que vivemos, e, que nem sempre nos atinge” — Walmir Ayala (Rio, 1973).

“Em EMILIANO DI CAVALCANTI encontrou a pintura um de seus maiores e mais originais intérpretes: sensual e expressivo, o fabuloso artista - numa carreira de mais de 50 anos -, vem criando mitos visuais que hão de permanecer como outros tantos pontos altos da arte nacional. Nessas poucas linhas, que não pretendem ser de modo algum uma análise, apenas quero expressar a admiração pelo pintor e o privilégio, que me coube, de Ter por vezes podido desfrutar de sua companhia” — José Roberto Teixeira Leite (Rio, 1973).

“Ao longo deste meio século transcorrido, Di Cavalcanti ocupou um lugar de 1o plano nas artes plásticas do Brasil. Além de idealizar a Semana de 1922, foi ainda o principal responsável pelo surto de uma pintura temática nacional, dominante após aquele movimento. Apesar de suas ligações com a Escola de Paris e o Cubismo, é um pintor profundamente carioca e brasileiro. A sua obra reflete como nenhuma outra, pela extensão no tempo, a vida do nosso povo. O carnaval, o ritmo e a ginga dos sambistas, as baianas, as mulatas capitosas, as mulheres da vida, os passistas, os malandros, os seresteiros, os bailes de gafieira, os trabalhadores, a paisagem, enfim a própria vida do País está presente em sua pintura, que é sempre vigorosa. A sensualidade brasileira está nas linhas, formas e cores, expressionistas de suas telas. E durante o fastígio da abstração, ele foi aqui o seu maior contestador, sendo também o primeiro a viticinar-lhe a próxima decadência” — Antonio Bento (Rio, 1973).

"(...) O que dará, porém, este clima de sensualidade aos quadros de Di Cavalcanti não será a figura da mulata em si, mas o tratamento que ele dará à pintura e principalmente à cor. A partir de 1926, em alguns trabalhos, como Cinco Moças de Guaratinguetá, nota-se o aparecimento de fortes contrastes cromáticos. No entanto, a cor ainda está dependente do desenho, uma vez que predomina o cuidado na relação entre os volumes e os plano”Carlos Zílio (1982).

"Talvez mais do que a sua própria obra de pintor e desenhista, observada isoladamente, é a totalidade do ser humano que passou um dia, muito cedo na vida, a assinar-se Di Cavalcanti, que se instaura como símbolo no modernismo brasileiro. Isso se acentua pelo fato de sua presença nunca ter-se restringido à área exclusiva das artes visuais, abrangendo também a prosa e a poesia, a ponto de ele preferir que o considerassem não como um pintor, mas como um intelectual que pintava. Por pretender agir sobre o mundo como algo mais do que as tintas e os pincéis, foi que ele logo se integrou, cabeça e mãos, na inteira militância contra o academismo amorfo na pintura e contra a rigidez parnasiana na literatura (...)."  — Roberto Pontual (in PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Prefácio de Gilberto Allard Chateaubriand e Antônio Houaiss. Apresentação de M. F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987).

"Di tinha um senso de humor muito rico, e muito sutil também. Em todos os momentos ele utilizava as circunstâncias como uma forma de exprimir o seu humor. Com isso ele foi, de certo modo, o precursor de algumas tendências muito modernas da antiarte, se bem que esse aspecto da sua obra tenha passado muitas vezes despercebido. Fazia por exemplo esse quadro propositadamente 'matado' em que a finalidade não era o quadro, era o gesto; e essa importância do gesto na sua atividade está muito relacionada com certos aspectos da arte conceitual. (...) Para uma avaliação da obra pictórica de Di Cavalcanti talvez ainda nos falte uma perspectiva histórica. Na minha opinião, uma das coisas mais importantes em Di foi a sua contínua preocupação em fazer uma arte brasileira, ligada aos aspectos cotidianos da vida brasileira e procurando através deles definir a nossa identidade cultural. Esta tendência foi tão forte nele que não conheço qualquer trabalho de Di Cavalcanti que não a reflita, não reflita esta preocupação. Qualquer trabalho de Di, bom ou ruim, é um trabalho brasileiro." — Mario Schenberg (in SCHENBERG, Mario. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988).

"Não tenho lembrança de quando o conheci. Ali por volta de 1943, 44. Desde então nos tornamos amigos à distância ao longo de encontros no Rio, em São Paulo, em Paris ou em Londres. Ele costumava aparecer no Alcazar, onde tomávamos chope quase todas as noites. Amigo de Rubem, Vinicius, Moacir Werneck, Carlos Lacerda. Como continuava sendo de Villa-Lobos, Jayme Ovalle, Ribeiro Couto, Dante Milano - os de sua geração. Era o único artista plástico que frequentava nossa roda de escritores. Quem o visitar hoje no seu apartamento na Rua do Catete compreenderá logo por quê. Para começar são dois apartamentos ligados pela área de serviço, completamente diferentes um do outro, como se pertencessem a dois moradores. Um abriga o pintor, o outro, o escritor...

... Este talvez seja, na história da arte brasileira, o único exemplo de grande pintor com formação cultural de um verdadeiro homem de letras...

... É incrível como a literatura está presente na vida deste homem. Poderia ter-se tornado um grande escritor, de que nos dão conta seus dois livros de memórias e a poesia que, embora esporádica, nunca o abandonou...

...Em dia com as últimas novidades no mundo dos livros, faz questão de me presentear com um exemplar de La Violence et le Sacré, de René Girard. Depois me convida a passar ao outro apartamento.

Seguimos por uma varandinha entre as duas cozinhas (de onde se avista o Corcovado, ele faz questão de me mostrar) deixando para trás o refúgio de Emiliano, este singular homem de letras. E penetramos no estúdio de Di Cavalcanti - esta grande figura humana que vem a ser um dos grandes pintores do nosso tempo." — Fernando Sabino (in Sabino, Fernando. Roteiro Literário do Pintor. obra reunida. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1996. n.p).

“Por ele, é possível verificar, inclusive, que a famosa sensualidade de cenas e figuras do artista não dependem apenas da cor e da composição. mas são frutos de uma estrutura interna que o seu desenho possui, de um traço e tratamento mais demorado, vagaroso, barroco. Ou, ainda, que o sabor de certas pinturas obedecem ao ritmo ligeiro, ao risco irônico que o seu desenho possuía” — Jacob Klintowitz

“Emiliano Di Cavalcanti, famoso pela sua maneira sensual e plástica de pintar, pouca gente sabe, começou como desenhista e ilustrador. Os seus desenhos estão entre o que de melhor já fez e marcam decisivamente uma época de nossa história” — Jacob Klintowitz

(In, Mestres do Desenho Brasileiro, 1983).

"Tinha prazer com o ato de pintar e não se preocupava em alcançar a cada vez a obra-prima; queria basicamente expressar-se. Nos anos 20 e 30, sua produção é mais homogênea; nos 40 e 50, surgem numerosas e famosas obras magistrais; dos 60 em diante, elas se tornam raridade.

Apesar disso, Emiliano Di Cavalcanti permanecerá para sempre como um dos maiores pintores brasileiros, e o que melhor captou um determinado lado do país: o amoroso, o sensual. O largo predomínio da figura humana em sua arte é também uma manifestação de seu humanismo essencial - o mesmo humanismo que o levou a ser um indivíduo da esquerda, embora não exatamente um ativista partidário. Como Segall, Ismael Nery e Portinari, Di fez do homem o objeto de sua atenção." — Olívio Tavares de Araújo

in ARAÚJO, Olívio Tavares de. Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes . Rio de Janeiro: Editora 4 Estações, 1998. Pág.46-48.

Fonte: Di Cavalcanti. Consultado pela última vez em 19 de fevereiro de 2025.

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A amizade de Di Cavalcanti | Crônicas Brasileiras

No apartamento de Fernando Sabino, em Copacabana, um leitão assado era oferecido em homenagem ao poeta Pablo Neruda, de passagem pelo Brasil. O primeiro convidado a chegar foi o pintor Di Cavalcanti, que tão logo se acomodou numa poltrona enquanto secava a testa com um lenço, disse sorridente: “Me aconteceu hoje uma coisa extraordinária”. E a coisa era esta: numa festinha na véspera, Di paquerara uma senhora argentina e os dois marcaram um encontro para o dia seguinte, na praia. Como ela não conhecia quase nada do Rio de Janeiro, não sabia precisar em que altura estaria. Tudo o que podia dar era uma pista de suas vestes: um maiô blanco por delante e colorado por detrás. E assim, o “gordo e lépido” apaixonado seguiu em peregrinação, do Posto 3 ao 4, à procura da banhista portenha, olhando todas as moças por delante e por detrás.

Contada por Di Cavalcanti, capaz de fazer os amigos chorarem de rir com a mais banal anedota, a trama certamente era mais engraçada. Em suas mãos, as mesmas que pintaram telas e painéis tão fundamentais para a arte brasileira, qualquer história virava uma coisa extraordinária. Certa vez, Rubem Braga ouviu o relato de um professor que jurava ter viajado de disco voador com marcianos. Disse o Braga: “Eu acredito; só que o professor não soube contar direito sua aventura; o Di contando uma viagem na barca de Niterói é cem vezes mais interessante”.

O relato está em “Di Cavalcanti, painel do Brasil” – um texto de Paulo Mendes Campos muito mais perfil do que crônica, mas que evoca tão bem a personalidade extraordinária do pintor que achamos por bem incluir nesta homenagem. Modernista da linha de frente, Di frequentava as rodas de música, de samba, as mesas da literatura, as boates, o Carnaval e todas as manifestações da cultura popular. Interessado na vida do Brasil real, retratou como ninguém o povo e as ruas, a favela e o operário, as mulheres negras. Por conta desse trânsito amplo, foi amigo de muitos cronistas, que com frequência o citavam e o usavam como personagem – um movimento natural, dada sua particularidade cativante.

Continua Paulo Mendes Campos: “Di Cavalcanti, de fato, é redondo: está equidistante de todos os acontecimentos; é intemporal; dá intimidade a tudo e a todos, capaz de passar uma tarde percorrendo a alma de uma cartomante do Irajá ou papeando com Jean-Paul Sartre”, cujos olhos estrábicos, aliás, brilharam ao presenciar o pintor dando acabamento a um grande mural para um edifício de Brasília – este, sorte a nossa, não sofreu a ira descabida de punhais recentes.

Em visita ao apartamento de Di, ao contrário do esperado, Paulo notou que quase não havia quadros na parede – só uns poucos, em geral de primitivos brasileiros, pelos quais se encantava, mas nenhum de sua própria lavra. Sua verdadeira paixão não era a tela, mas o livro. Tinha uma biblioteca “de dar inveja ao mais rico e requintado bibliófilo”, com livros “religiosamente encadernados e arrumados em preciosos armários, coleções completas de autores prediletos, revistas raras arrumadas com um carinho de solteirona por seus guardados”. Além de grande leitor, Di também foi escritor. Publicou suas memórias em prosa e praticou versos com modéstia, mas o suficiente para ser integrado à Antologia dos poetas brasileiros bissextos contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira em 1946.

O artista era um homem “inesperado, caloroso, fantasioso, agudo, capaz de chorar, capaz de chorar pra valer” e “amigo de milhares de pessoas de todas as raças de todas as partes do mundo” – inclusive de Antônio Maria, como não poderia deixar de ser. Di foi talvez o maior entusiasta da literatura de Maria, sempre insistindo que organizasse suas crônicas em livro, o que nunca aconteceu. Juntos, viajaram bastante a Paris, onde o pintor morou por vários períodos – um deles, de 1936 a 1940, para fugir da perseguição política no Brasil, depois de ter sido preso pela segunda vez.

Maria gostava de tratá-lo por seu primeiro nome, Emiliano. Em comemoração aos 66 anos do amigo, deu-lhe uma garrafa de uísque e a carinhosa crônica “Aniversário de Emiliano”, em que dizia gostar “muito de Emiliano, de sua arte, de sua inteligência, de sua cultura e de sua juventude. É um homem que não cede ao menor e ao pior em nenhum momento da vida”. “Além disso, é, como eu disse”, continua Maria, “um homem que chora, se sente com razão. Já o vi em todas as alegrias e em todas as desgraças. Num caso e noutro, sua felicidade estava intacta. Sua constante felicidade, que independe de sua alegria e de sua dor”.

Os dois conversavam muito por telefone. Di ligava “muitas vezes por dia, em vários estados de espírito”, para falar sobre qualquer coisa, como conta o cronista em “Di Cavalcanti e o mar”. Dispensava alôs e preferia continuar “uma conversa que nunca houve”, engatando in medias res: “Bem, nisso chegou uma amiga minha, de nome Fran-ci-ne (pronuncia silabando os nomes próprios femininos), cuja avó foi amante de Zola...”.

Di costurava assuntos variados com intermitências curtas. Sua única pontuação parecia ser a vírgula. Costumava terminar algumas frases com um “hein” característico que servia de deixa para recuperar o fôlego. De maneira caótica e em horários imprevistos, podia chamar de repente. Numa certa manhã de domingo, por exemplo, Antônio Maria não esperava atender o telefone e ouvir logo uma declaração de ódio à serra da Mantiqueira: “Bem, como você sabe, a natureza é uma coisa estúpida e eu detesto quem me diz que Campos do Jordão é lindo, hein (respirou)... Quando eu vejo a natureza, minha vontade é destruí-la”.

De tudo que escrevera na vida, Maria disse que só teria coragem de publicar quatro versinhos, “perfeitos” porque trazem em si toda “a angústia das origens noturnas”, embora ninguém entendesse muito bem. Deveriam ser cantados em ritmo de “Ninguém me ama”: “Emiliano/ Emiliquer/ Emilichama/ Di Cavalcanti”.

Fonte: Crônicas Brasileiras, escrito por Guilherme Tauil, em 2 de março de 2023. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025.

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Aniversário de Emiliano | Crônicas Brasileiras

Di Cavalcanti nasceu a 6 de setembro de 1897 e a prova disto é que na sexta-feira, às 11h:10, fez 66 anos. Fui lá levar-lhe uma garrafa de uísque, que entreguei com estas palavras de doce arcaísmo:

― Aqui está um mimo.

Gosto muito de Emiliano, de sua arte, de sua inteligência, de sua cultura e de sua juventude. É um homem que não cede ao menor e ao pior em nenhum momento da vida. Alegra-me o seu desprezo pelas pessoas a quem desprezo. Sua sensualíssima devoção pelas coisas e pessoas física ou espiritualmente belas. Além disso, é, como eu disse, um homem que chora, se sente com razão. Já o vi em todas as alegrias e em todas as desgraças. Num caso e noutro, sua felicidade estava intacta. Sua constante felicidade, que independe de sua alegria e de sua dor.

Das minhas viagens, a melhor que fiz foi aquela em que encontrei Di Cavalcanti em Paris. Mostrou-me uma Paris mais séria, bonita, uma Paris a pé pelas ruas transversas do Boulevard Saint Germain. Rue de Bourgogne, rue de Martignac, onde fica a igreja de Santa Clotilde, rue de Bellechasse, rue du Bac... Ah, revisores meus, escrevei certo os nomes dessas ruazinhas cujas placas estão em meus olhos, como a pequenina Saint Benoît, que, passando por Apollinaire, dá na cara da igreja de Saint Germain des Prés!

Os brasileiros insistem em chamar Saint Germain "des Près", com acento grave. Mas, mesmo assim, não transformam a igrejinha, fria por dentro, antiga por fora, onde tanto rezei para encontrar tudo o que ainda não havia. Ao lado, a pracinha Furstenberg, tão pequena, quase um pátio, tão grande, sempre em nossa lembrança.

Devia escrever sobre Di Cavalcanti, que fez anos, e não sobre Paris, separada de mim, para sempre, pela minha pobreza. Somos dois pobres Emilianos. As duas únicas pessoas "já velhinhas" que moram em casa alugada! A independência de quem não tem casa própria. A gente implica com o chuveiro, com a prise do bidê e se muda. Só eu e Emiliano podemos fazer isso! Ah, o futuro! Nós não temos nada a ver com o futuro. Somos perecíveis, como as flores. Nosso futuro é o "daqui a pouco", melhor para os que ficarem livres de nós. De que serve esse apego ao futuro, se a capital de Honduras é Tegucigalpa.

De tudo que escrevi, na vida, só quatro versos teria coragem de publicar, porque são perfeitos. Porque contêm a angústia das origens noturnas... e ninguém entende. Devem ser cantados com a música de "Ninguém me ama":

Emiliano

Emiliquer

Emilichama

Di Cavalcanti

No mais, toda a poesia é pretensiosa, ostensiva, desnorteada e vã.

Fonte: Crônicas Brasileiras, “Aniversário de Emiliano”, escrito por Antônio Maria, extraído de “Com vocês, Antônio Maria, Paz e Terra”, 1994, pp. 148-150. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025. 

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Di Cavalcanti e o mar | Crônicas Brasileiras

Os telefonemas de Di Cavalcanti são parte essencial da minha rotina, quase tão vitais quanto a digitalina. Ele me liga várias vezes ao dia, em diferentes estados de espírito, abordando temas que vão desde revoluções sentimentais e sociais até a necessidade de solidão ou companhia, a imprescindibilidade da mulher, o desespero, a dor e a humildade.

Essas chamadas são informais, sem um único "alô", iniciando como se continuassem uma conversa inacabada:

"Bem, nisso chegou uma amiga minha, de nome Fran-ci-ne" (ele pronuncia os nomes femininos silabando), "cuja avó foi amante de Zola..."

Sua única pontuação é a vírgula, e as pausas entre os assuntos são breves. Um tratado sobre os telefonemas de Di Cavalcanti não poderia ser escrito por apenas um de seus amigos, mas por cinco ou seis, que recebem suas ligações em horários, dias e humores os mais variados.

O telefonema clássico de Di começa com um "olha aqui". Cinco ou seis pessoas o recebem, vez ou outra:

"Olha aqui, está em minha casa uma pessoa que adora você e você adora. Ela disse que quer ver você e depois morrer. Chama-se Eu-ni-ce e Vi-lhe-na, prima de uma pessoa que você adora, hein..."

No "hein" que encerra a frase, Di respira.

Anteontem, domingo, Di me ligou três vezes; eis o que foi dito em cada uma:

Às 9h40: "Bem, como você sabe, a natureza é uma coisa estúpida, e eu detesto quem me diz que Campos do Jordão é lindo, hein..." (respira) "Quando vejo a natureza, minha vontade é destruí-la."

Às 10h10: "A flor, a rosa, todo mundo diz que rosa é bonita. Bonitos são os olhos do homem que veem a rosa, hein..." (respira) "Sonhei com você; nós dois em Paris, muito inquietos. Mas você precisa morar na rua do Catete; por aqui, a gente sai de casa e entra no cinema Azteca."

Às 11h40: "Olha aqui, Marie Claude foi ao meu apartamento e disse que ia escrever um livro, mas não seria como 'Le Bagage des Sables', porque ela acha que não há velhos, hein..." (respira) "Marie Claude usava meias pretas até o baixo ventre, como se diz no norte."

É assim, e disso sabem mais cinco ou seis pessoas que recebem os telefonemas de Emiliano Di Cavalcanti. Cinco ou seis privilegiados incitáveis, porque citá-los seria despertar o ciúme de 50 ou 60 "falsos donos" do pintor.

Di e eu. Um dia, com a devida licença de Hemingway, autor de "The Old Man and the Sea", escreverei um livro chamado "Di e eu". Ainda não comecei porque há nove anos discutimos, em trevas, qual dos dois é "the sea".

Di e eu, na opinião de Di, somos os dois únicos rebeldes brasileiros. Na minha opinião, somos, ao contrário, os dois grandes conformados diante do desfrute reinante. Gritamos, é verdade, mas pelo telefone, um com o outro. Nossos gritos só são ouvidos, raramente, quando a censura policial se lembra de nós. Mas isso é uma vez na vida, outra na morte.

Fonte: Crônicas Brasileiras, “Di Cavalcanti e o mar”, publicado por Antônio Maria. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025.

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Di Cavalcanti, painel do Brasil | Crônicas Brasileiras

Há 30 anos, no apartamento de Fernando Sabino, em Copacabana, esperávamos Pablo Neruda com o leitão assado que o poeta queria jantar. O primeiro convidado a chegar foi Di Cavalcanti. Gordo e lépido, acomodou-se como pôde numa cadeira rebuscada que se dizia funcional, pegou o copo, passou o lenço na testa e disse a sorrir: "Aconteceu hoje uma coisa extraordinária". A coisa era esta: na véspera, ele marcara encontro com uma bonita coroa argentina que acabara de paquerar numa festinha ocasional. Mal conhecendo o Rio, a mulher não sabia localizar bem em que ponto da praia se encontraria no dia seguinte. Mas deu uma dica: iria com um maiô blanco por delante e colorado por detrás. E lá foi o pintor, do Posto 3 ao 4, olhando as mulheres por detrás e por delante, à procura da banhista portenha. Um episódio banal, mas, vivido e contado por Di Cavalcanti, era de fato uma coisa extraordinária, que nos fazia derramar lágrimas de riso. Pouco depois encontrei-me novamente com ele e ouvi para início de conversa: "Me aconteceu hoje uma coisa extraordinária". Achava-se o pintor deitado na areia de Copacabana quando notou a presença de Benedito Valadares.

Cumprimentaram-se. "Então eu me levantei – contou-me o artista – e caí no mar, que estava muito forte. Atravessei a arrebentação e continuei nadando. De repente senti medo. Só então percebi que estava bancando o maior cretino deste mundo, querendo fazer bonito para o Valadares. Veja só!"

Nestas três décadas, sempre que nos vemos, meu secreto prazer tem sido verificar que a talentosa imaginação do pintor sempre o poupa do tédio: todas as coisas que lhe acontecem são extraordinárias.

Rubem Braga caracterizou isso muito bem, quando, há alguns anos, um professor de direito romano, da cidade de Santos, fez uma viagem num disco voador na companhia dos marcianos. Disse o Braga: "Eu acredito; só que o professor não soube contar direito sua aventura; o Di contando uma viagem na barca de Niterói é cem vezes mais interessante".

Di Cavalcanti, de fato, é redondo: está equidistante de todos os acontecimentos; é intemporal; dá intimidade a tudo e a todos, capaz de passar uma tarde percorrendo a alma de uma cartomante do Irajá ou papeando com Jean-Paul Sartre.

Dou de exemplo este último por ter estado presente a um encontro de ambos aqui no Rio (mais Simone de Beauvoir e Jorge Amado) e o filósofo teve dois momentos de entusiasmo: o primeiro, na churrascaria, quando chamou a nossa linguiça de saucisse extraordinaire; o segundo quando se viu à frente do grande mural que o pintor terminava para um edifício de Brasília. Di é a rua, da qual somente se retira para o silêncio da pintura; mas carrega inelutavelmente a rua para as telas.

Quem nasceu na rua do Riachuelo e se criou na travessa do Barata, em São Cristóvão, foge a seu destino caso não acabe fixando residência definitiva na rua do Catete. É onde mora, com muito orgulho de seu endereço, Emiliano Di Cavalcanti. O saudoso Stanislaw Ponte Preta foi uma vez visitá-lo e perguntou por que escolhera aquele ponto tumultuado. Di respondeu: "Porque, ao chegar lá na rua, a qualquer hora, conheço todas as pessoas. Sei, pelas caras, o que elas fazem, o que elas pensam, o que elas riem, o que elas sofrem".

O romancista Georges Bernanos disse que escrevia em cafés e bares para não perder a visão, a dimensão, do rosto humano. Di talvez não leve o cavalete para a rua porque iria perturbar o trânsito; ou porque, como sempre repete, a arte é seu silêncio; é a concentração desse homem disperso, o quarto escuro no qual se aclaram e tomam cores suas visões.

Ele próprio abre-me a porta. Quase tão malvestido quanto eu. É a primeira vez que o vejo depois de uma cirurgia e de uma virose hepática. O abatimento físico desaparece por encanto logo depois que ele começa a falar. Estava no momento a ler um livro de memórias de Oswald de Andrade, reeditado há pouco. Vai falando, não como quem se lembra, mas como quem vive ainda o passado:

O Oswald era um sujeito estranho. Neste livro de memórias ele narra fatos antigos de São Paulo como se soubesse certas coisas que só aprendeu muito mais tarde. Oswald foi muito católico. O pai dele quis que eu fizesse primeira comunhão. É muito estranho como o Oswald atraía desgraças: as mulheres dele acabavam tragicamente. Estive com ele no último dia: levantou-se e quis ir comigo ao jardim, começando a chorar desesperadamente. Fui-me embora, percebendo que minha presença...

Fonte: Crônicas Brasileiras, “Di Cavalcanti, painel do Brasil", publicado por Paulo Mendes Campos. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025.

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Semana de Arte Moderna | Itaú Cultural

Inserida nas festividades em comemoração do centenário da independência do Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna apresenta-se como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes no país desde o século XIX. Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, realiza-se no Theatro Municipal de São Paulo um festival com uma exposição com cerca de 100 obras e três sessões lítero-musicais noturnas. Entre os pintores participam Anita Malfatti (1899-1964), Di Cavalcanti (1897-1976), Ferrignac (1892-1958), Jonh Graz (1891-1980), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Zina Aita (1900-1968), Yan de Almeida Prado (1898-1991) e Antônio Paim Vieira (1895-1988), com dois trabalhos feitos a quatro mãos, e o carioca Alberto Martins Ribeiro, cujo trabalho não se desenvolveu depois da Semana de 22. No campo da escultura, estão Victor Brecheret (1894-1955), Wilhelm Haarberg (1891-1986) e Hildegardo Velloso (1899-1966). A arquitetura é representada por Antonio Moya (1891-1949) e Georg Przyrembel (1885-1956). Entre os literatos e poetas, tomam parte Graça Aranha (1868-1931), Guilherme de Almeida (18901-1969), Mário de Andrade (1893-1945), Menotti Del Picchia (1892-1988), Oswald de Andrade (1890-1954), Renato de Almeida, Ronald de Carvalho (1893-1935), Tácito de Almeida (1889-1940), além de Manuel Bandeira (1886-1968) com a leitura do poema Os Sapos. A programação musical traz composições de Villa-Lobos (1887-1959) e Debussy (1862-1918), interpretadas por Guiomar Novaes (1895-1979) e Ernani Braga (1888-1948), entre outros.

A Semana de 22 não foi um fato isolado e sem origens. As discussões em torno da necessidade de renovação das artes surgem em meados da década de 1910 em textos de revistas e em exposições, como a de Anita Malfatti em 1917. Em 1921 já existe, por parte de intelectuais como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, a intenção de transformar as comemorações do centenário em momento de emancipação artística. No entanto, é no salão do mecenas Paulo Prado, em fins desse ano, que a ideia de um festival com duração de uma semana, trazendo manifestações artísticas diversas, toma forma inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville, cidade francesa. Nota-se que sem o empenho desse mecenas o projeto não sairia do papel. Paulo Prado, homem influente e de prestígio na sociedade paulistana, consegue que outros barões do café e nomes de peso patrocinem, mediante doações, o aluguel do teatro para a realização do evento. Também é fundamental seu papel na adesão de Graça Aranha à causa dos artistas "revolucionários". Recém-chegado da Europa como romancista aclamado, a presença de Aranha serve estrategicamente para legitimar a seriedade das reivindicações do jovem e ainda desconhecido grupo modernista.

Sem programa estético definido, a Semana desempenha na história da arte brasileira muito mais uma etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo vigente na produção literária, musical e visual do que um acontecimento construtivo de propostas e criação de novas linguagens. Pois, se existe um elo de união entre seus tão diversos artífices, este é, segundo seus dois principais ideólogos, Mário e Oswald de Andrade, a negação de todo e qualquer "passadismo": a recusa à literatura e à arte importadas com os traços de uma civilização cada vez mais superada, no espaço e no tempo. Em geral todos clamam em seus discursos por liberdade de expressão e pelo fim de regras na arte. Faz-se presente também certo ideário futurista, que exige a deposição dos temas tradicionalistas em nome da sociedade da eletricidade, da máquina e da velocidade. Na palestra proferida por Mário de Andrade na tarde do dia 15, posteriormente publicada como o ensaio A Escrava que Não É Isaura , 1925, ocorre uma das primeiras tentativas de formulação de idéias estéticas modernas no país. Nessa conferência, o autor antevê a importância de temperar o processo de importação da estética moderna com o nativismo, o movimento de voltar-se para as raízes da cultura popular brasileira. A dinâmica entre nacional e internacional torna-se a questão principal desses artistas nos anos subsequentes.

Com a distância de mais de 80 anos, sabe-se que, com respeito à elaboração e à apresentação de uma linguagem verdadeiramente moderna, a Semana de 22 não representa um rompimento profundo na história da arte brasileira. Pois no conjunto de qualidade irregular de obras expostas não se identifica uma unidade de expressão, ou algo como uma estética radical do modernismo. No entanto, há de se reconhecer que, a despeito de todos os antagonismos, esse evento configura-se como um fato cultural fundamental para a compreensão do desenvolvimento da arte moderna no Brasil, e isso sobretudo pelos debates públicos mobilizados (cercados por reações negativas ou de apoio) e riqueza de seus desdobramentos na obra de alguns de seus realizadores.

Fonte: SEMANA de Arte Moderna. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 20 de fevereiro de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: Crônicas Brasileiras. Consultado pela última vez em 20 de fevereiro de 2025.

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