Carlos Alberto de Araujo Filho (São Paulo, SP, 6 de abril de 1950), mais conhecido como Carlos Araujo, é um pintor, desenhista, escultor e litógrafo brasileiro. Começou a pintar nos anos 60 com temáticas sociais. Nos anos 70, ganha repercussão após duas exposições individuais no MASP. Pouco depois, converte para a reflexão teológica e a meditação espiritual. Expôs em 79 o painel “Anunciação” no Vaticano, e desde então dedica-se à pintura religiosa.
Biografia - Itaú Cultural
Inicia em 1963 estudos autodidáticos com o painel Alegoria ao Carnaval. Entre 1971 e 1975 cursa engenharia na Universidade Mackenzie, em São Paulo. Em 1973, é convidado a participar da exposição Imagens do Brasil, em Bruxelas. No ano seguinte, faz a primeira exposição individual, no Masp, local em que realiza outras exposições. Além da pintura, trabalha outras técnicas, como desenho e litografia. Lança em Paris, em 1989, o livro de litogravuras Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Na sua obra observam-se elementos da pintura renascentista. No decorrer de sua carreira, realiza diversas exposições individuais e coletivas, no Brasil e exterior. Em 1980, o painel Anunciação, de sua autoria, é enviado pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II. Em 1984, é premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA.
Críticas
"Anjos, demônios, espectros. pessoas comuns: o universo espectral de Carlos Araújo é povoado de sombras e de aparências anônimas, de silhuetas aprisionadas na fração de uma atitude. Os contornos das formas e dos rostos mal se recortam na fluidez de um espaço sem peso nem profundidade outra que a produzida pelo efeito apoiado do traço ou do toque do pincel. Os tons bistres pálidos ou azulados evocam as aquarelas clássicas do renascimento quanto ao espírito ´romântico-crepuscular´ do autor. (.) Não é sem fundamento que Carlos Araújo reivindica a influência dos ´mestres´ renascentistas, Michelangelo em primeiro lugar, que ele admira tanto por seu gênio visionário quanto por seu poder de trabalho. De fato, esses rostos de mulheres, esses corpos de trabalhadores, essas silhuetas de indígenas, de crianças ou de gente de circo têm, nas posturas e nas proporções, como que uma aparência furtiva, aspectos familiares que lembram os personagens da Capela Sistina. Em suas notas de trabalho, que constituem um comentário analítico de tocante lucidez, Carlos Araújo reencontra com naturalidade os toques leonardianos ou michelangelescos para evocar seus métodos de trabalho, o curso de seu pensamento, os pontos de ancoração de sua visão entre os arrebatamentos do sentimento e as exigências da feitura".
Pierre Restany
"(.). O Trabalho de Araújo mostra a tensão que existe dentro da humanidade de certa maneira, é a convicção de que a Bíblia manifesta a mensagem de salvação da história humana. Sua crônica, que ocorre através das alegorias e freqüentemente é inspirada por fontes religiosas, se dirige ao Brasil tumultuoso e mutante de hoje, e de todos os tempos. (.) Os homens e mulheres de Araújo são feitos de carne e osso, são impressões do Brasil libertados pelo artista para realizar, de sua própria maneira, uma versão de Gênesis e a previsão de outro Juízo Final. (.). O mundo habitual de Araújo é o mundo das pessoas pequenas, do povo anônimo e sofredor do Brasil. Ele é o testemunho e a memória dos excluídos, dos pescadores, dos tristes, dos amedrontados: o trabalho de Araújo é uma crônica de abandono".
Jorge Glusberg
Exposições Individuais
1974 - São Paulo SP - Carlos Araújo: pinturas, no Masp
1979 - São Paulo SP - Carlos Araújo: pinturas, no Masp
1982 - São Paulo SP - Individual, no Centro Campestre do Sesc
1984 - São Paulo SP - Individual, no Clube Atlético Monte Líbano. São Paulo SP - Trinta Painéis de Carlos Araújo, no MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Aplicada
1986 - Salvador BA - Individual, no Escritório de Arte da Bahia
1987 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1989 - Paris (França) - Carlos Araújo: pinturas e esculturas, na Galerie Furstemberg
1992 - Panamá (Panamá) - Individual, na Bernhein Gallery
1996 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Votre Galeria de Arte
1997 - Curitiba PR - Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
1998 - Fortaleza CE - Individual, na Galeria Multiarte
2000 - Miami (Estados Unidos) - Cenas da Bíblia, na Praxis Art International Gallery. Nova York (Estados Unidos) - Individual, na. Praxis Art International Gallery. Nova York (Estados Unidos) - Cenas da Bíblia, na Praxis Art International Gallery. São Paulo SP - Ascensão, no Espaço de Artes Unicid
2001 - Curitiba PR - Cenas da Bíblia, na Simões de Assis Galeria de Arte. São Paulo SP - Cenas da Bíblia, na Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa
Exposições Coletivas
1973 Bruxelas (Bélgica) - Imagens do Brasil
1976 - Penápolis SP - 2º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1977 - São Paulo SP - Mostra de Arte, no Grupo Financeiro BBI
1978 - Cidade do México (México) - 1ª Bienal Ibero-Americana de Pintura
Penápolis SP - 3º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1979 - São Paulo SP - Arte no Brasil: uma história de cinco séculos, no Masp
1980 - Penápolis SP - 4º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis. São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC. Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR. Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1985 - São Paulo SP - 7 Pintores da Arte Contemporânea Brasileira, na Galeria de Arte Portal
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1991 - Chicago (Estados Unidos) - Art Chicago International Art Exposition
1992 - Miami (Estados Unidos) - Art Miami International Art Exposition. Santo André SP - Litogravura: métodos e conceitos, no Paço Municipal
1995 - Buenos Aires (Argentina) - Feira de Arte de Buenos Aires
1997 - Curitiba PR - Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1999 - Curitiba PR - Destaques da Pintura Brasileira, na Simões de Assis Galeria de Arte
São Paulo SP - Litografia: fidelidade e memória, no Espaço de Arte Unicid
2001 - Caracas (Venezuela) - Feira Ibero Americana de Arte. Miami (Estados Unidos) - Art Miami
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte
2004 - São Paulo SP - Coletiva de Artistas Contemporâneos, no Esporte Clube Sírio
Cronologia
1980 - O painel Anunciação é enviado pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II. A obra encontra-se hoje no Museu do Vaticano
1981 - São Paulo SP - Executa o painel Os Trabalhadores, para o Banco Itaú, iniciando fase social
1984 - São Paulo SP - Recebe o prêmio da APCA
1987 - Paris (França) - Claude Draeger edita monografia ilustrada, intitulada Araújo, sobre sua pintura, com apresentação de Pietro Maria Bardi e Pierre Restany, reeditada em 1995
1989 - Paris (França) - Lançamento do livro de litogravuras Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, editado por Ariene Lancell, inspirado na obra de Blasco Ibañez
1996 - São Paulo - Artista homenageado na 28º Chapel Art Show
Fonte: CARLOS Araújo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 13 Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Espiritual contemporâneo
O brasileiro Carlos Araujo é o primeiro artista a expor no Pantheon de Roma, 300 anos depois do renascentista Rafael
Rafael forma com Michelangelo e Leonardo Da Vinci a tríade dos grandes artistas do Renascimento. Nasceu em Urbino, em 1483, e viveu os 12 últimos anos de sua vida em Roma, trabalhando intensamente para o Vaticano. Seu prestígio era tal que em 1520 foi enterrado no Panteão de Roma, um dos mais bem preservados edifícios da Roma antiga, convertido em 609 d.C. pela igreja católica em Basílica romana de Santa Maria e Mártires. Duzentos anos depois a morte, o pintor teve uma exposição póstuma no local.
Três séculos depois de Rafael, o Pantheon abre novamente suas portas para uma exposição de arte. Quem lá expõe é um brasileiro de 65 anos. Segundo o Monsenhor Daniele Micheletti, arcebispo da Basílica, “Carlos Araujo, ilustre pintor, sua pintura e sua Bíblia de cores e luzes”.
Engenheiro de formação e artista autodidata, o paulistano Carlos Araujo começou a pintar nos anos 1960, engajado em temáticas de viés sócio-político, como boa parte de sua geração. Nos anos 1970, ganha repercussão após duas individuais no MASP. Sua história com o Vaticano começa pouco depois disso, quando converte sua pintura para a reflexão teológica e a meditação espiritual. Dono de um estilo virtuoso e vigoroso, expôs em 1979 o painel “Anunciação” no Vaticano, e desde então dedica-se com paixão à pintura religiosa.
Em 2007, concluiu seu grande projeto: “Bíblia Citações”, uma versão do livro sagrado com 1028 pinturas. O primeiro exemplar foi entregue ao papa Bento XVI pelo Governo do Estado de São Paulo, e assim começou a costurar-se o projeto da presente exposição. Durante uma semana, do sábado 26 ao sábado 3 de outubro, Araujo apresenta no Pantheon 32 telas que ilustram passagens bíblicas do Gênesis. Com esse trabalho, afirma se comunicar não apenas com católicos, mas também com budistas, judeus, muçulmanos e ateus.
“O livro do Gênesis contém uma mensagem comum a três grandes religiões e nos remete à remota lembrança de termos sido criados no Sexto Dia, um vínculo de fraternidade que deve ser exercido. Uma grande oportunidade para os chefes de poder transformarem confrontos em convivência pacífica”, diz Araujo à Istoé. “O Pantheon de Roma é a catedral mais antiga do mundo e foi palco de inúmeras demonstrações de fé. A exposição tenta mais uma vez mostrar esta mensagem a meio milhão de passantes, peregrinos e turistas em um local que, de certa forma, já a contém desde o inicio, desde o Gênesis”.
Fonte: Istoé, publicado em 30 de setembro de 2015.
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Biografia - Wikipédia
Carlos Araujo nasceu em 1950 no Hospital Pro Matre, na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Cresceu nas regiões de Perdizes e Vila Buarque. Quando pequeno, pintava com qualquer material que encontrasse. Sua veia artística ficava explícita até na decoração do espaço: no teto, pendurou duas bicicletas velhas, para deixar o ambiente com o aspecto de um quadro. Introvertido e autodidata, Araujo passava o dia pintando e sonhava em se dedicar à arte. Seu primeiro quadro catalogado, "Alegoria ao Carnaval", data de 1963. Tinha receio de não conseguir uma boa renda com a vida de artista e, por influência do pai, formou-se em engenharia civil na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Porém, não chegou a se dedicar à profissão.
Aos 20 anos, foi descoberto por Pietro Maria Bardi, então diretor do MASP. Em 1973 foi convidado a participar da exposição "Imagens do Brasil", em Bruxelas com a obra "O Próximo Passo", executada dez anos antes. Sua primeira exposição individual foi realizada em 1974 no MASP. Em 1979, criou o painel intitulado "Independência" para a exposição "5 Séculos de Arte no Brasil", realizada no MASP. Naquele mesmo ano, no mesmo Museu apresenta uma exposição com temática metafísica em grandes painéis incluindo "O Último dos Tapuias", "O Centauro de Bourdelle Brincando com a Morte" e "Sonhos de São Jorge". Em 1987, expôs novamente no MASP.
Em maio de 2007, o então governador de São Paulo, José Serra, presenteou Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil com um dos livros de Carlos Araujo. O livro, intitulado "Bíblia Citações", foi concluído no mesmo ano. Tem 629 páginas e pesa mais de oito quilos, trazendo 1028 pinturas que ilustram citações da Bíblia.
Já expôs seu trabalho na Bienal de Florença (2007), na Itália, e no Carrousel du Louvre, em Paris (2008). Em 2010, expôs 25 grandes painéis no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE).
Foi escolhido para reabrir em setembro de 2015 o Panteão, em Roma, que havia ficado três séculos sem receber exposição. Araujo foi o primeiro artista contemporâneo a expor no monumento que já exibiu obras de Rafael Sanzio. O artista teve de reunir 32 pinturas em uma mostra, que ilustram passagens bíblicas do Gênesis. Além do Panteão, teve concomitantemente uma exposição individual na Galleria D’Arte Benucci, também em Roma.
Em junho de 2018 participou da exposição "Revelação e Luz das Formas do Imaginário", desenvolvida pelo artista e pelos participantes do projeto "Resgatando Cultura", do Instituto Olga Kos de Inclusão Social (IOK). O objetivo da exposição foi mostrar como os participantes do projeto deixaram-se conduzir por imagens que se revelavam em manchas de tinta que foram aprimoradas, com finas camadas, ou, ainda, retirando aos poucos o pigmento dos suportes.
Livros
"Araujo", por Claude Draeger, 1984
"Bíblia Citações", por Carlos Araujo, 2007
"Pinturas Antigo e Novo testamento", por Carlos Araujo, 2010
"Gênesis", por Carlos Araujo, 2013
"A Arte e a Sacralidade na Arte", por Jacob Klintowitz, 2018
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 13 de junho de 2020.
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Conheça de perto um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira.
Autodidata, Carlos Araújo começou a pintar aos 13 anos. Foi pela tinta à óleo que se apaixonou, apesar de litografia e desenhos fazerem parte de seu trabalho
“O artista? Ele voa, voa, por isso preciso racionalizar o processo”, disse Carlos Araújo para mim em seu ateliê, em São Paulo. Algumas de suas obras são enormes e quase batem no teto de uma casa de vila no Morumbi cercada de árvores. Em sua calça jeans, respingos de tinta. Em seu rosto, uma simpatia imensa. Em uma parede branca, quase não se via, mas havia vários telefones anotados e alguns recados marcados a lápis: “sua agenda”- me disse uma pessoa que o conhece bem, desde quando era jovem.
Estava diante de um dos maiores artistas brasileiros, e de um homem com um dom imenso: o dom da arte, das palavras, e dom de alguém que procurou olhar para dentro de si em busca de encontrar seu caminho.
Do homem ao criador
Carlos Alberto de Araújo Filho é um artista brasileiro que iniciou seu trabalho nos anos 60. Autodidata, começou a pintar aos 13 anos inspirado pelos entornos da sua janela. Engenheiro por formação, foi durante o curso que sua carreira começou a crescer.
Com a ajuda de um querido professor (Pietro Maria Bardi) fez sua 1ª exposição individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP), aos 18 anos e depois, começou a expor suas obras no exterior. Seus temas, na época, apresentavam as atitudes do homem, a sociedade brasileira, as misérias e tragédias humanas. Entre os materiais com os quais trabalha estão o óleo sobre tela, desenho e a litografia.
Aos 23 anos, Carlos foi convidado para criar um livro sobre o homem no Brasil. O artista viajava muito e conhecia pessoas que materialmente não tinham nada ou quase nada, mas espiritualmente, se sobressaiam a qualquer outra que havia conhecido em São Paulo.
A dicotomia que existia entre a felicidade e a matéria o levaram a um questionamento pessoal sobre tudo aquilo que ele havia aprendido. Carlos Araújo entrou em uma pesquisa muito profunda de vida, de quase dois anos, sobre quais os valores que ele deveria seguir.
Durante este período de “deserto” como ele mesmo chama, se deparou com o convite de uma editora de Paris que havia trabalhado com grandes artistas como Salvador Dalí e Ernst Fuchs, que pintavam o significado de Deus. Esses trabalhos então, eram transformados em livros-objetos, de aproximadamente 1 metro de altura.
Logo, ele foi convidado para criar um livro de São João do Apocalipse. Lançou 100 cópias e fez uma exposição na Galeria Furstenberg, na França, mas a questão sobre a sua verdade ainda o perseguia. Sua busca pela felicidade e pelo sorriso das pessoas que havia conhecido em suas viagens, mesmo com tão pouco, sondava sua alma.
A transformação
O alívio desse momento de crise veio com a palavra bíblica, quando ele começou a ler, por uma questão até de desespero e entender a palavra de Deus, coisa que antes achava arcaico. E como uma bomba que estourou em seu espírito, percebeu que esse talvez fosse o seu caminho. Mergulhou na leitura dela e ali encontrou muitas respostas à miséria humana e para a sua vida pessoal.
O artista conta que para ele foi um caminho natural. “No começo eu ficava assim, num barco à deriva”. Mas hoje, o que podemos chamar de ‘seguir a intuição’, para Carlos isso foi visto como orientação – e ele se enxerga como um instrumento dessa orientação. “Quando o artista desenvolve algo para o benefício de um próximo, não é ele que o faz, ele é um instrumento de uma força maior e tem que se entender com tal.”
Assim, ele começou a pintar espectros, obras transcendentais e etéreas. No abstracionismo de suas telas surgem inspirações dos mestres renascentistas, em especial de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Carl Bloch, os flamengos, artistas que demonstraram a situação do homem e sua solução para melhora com a luz (Deus).
Dessa forma, Carlos Araújo sempre foi muito dedicado a representar essa palavra por meio da pintura.
Um projeto de vida
Há anos, iniciou um projeto ousado: pintar telas retratando passagens de toda a Bíblia. Até hoje foram mais de 2 mil quadros. Muitos foram reproduzidos no livro “Bíblia – Citações”, junto com uma versão ecumênica do texto sagrado, resultando em uma publicação de 685 páginas, que mede 50cm por 30cm e pesa 7 quilos.
O trabalho agradou tanto o Papa Bento XVI a ponto de fazê-lo escrever um prefácio para a 1ª edição, que foi lançada em Florença, na Itália. Cada Bíblia vem com uma gravura feita por Carlos especialmente para a edição – são 35 imagens diferentes com cem cópias cada, totalizando 3.500 exemplares da tiragem em português.
Suas obras ficaram bastante conhecidas para além do Brasil também, tanto que até o Papa João Paulo II era seu fã. Os quadros de Carlos Araújo foram expostos no Pantheon em Roma, local que ficou 3 séculos sem receber nenhuma exposição, além do Vaticano.
Sobre o futuro
Carlos Araújo conta que precisa acabar 100 passagens bíblicas que está elaborando para a divulgação de uma exposição na Itália, no Vaticano e no Pantheon. E completa: “Pense em quantas coisas do bem e do mal ocorreram naquele espaço…Olha o intervalo do tempo que eu demorei para fazer uma exposição lá no Pantheon, 4 mil anos? É o que digo, você nunca esteve sozinho na batalha”.
Foram ao todo mais de 800 telas grandes e 12 mil telas pequenas pintadas ao longo de sua carreira e que hoje encontram-se em inúmeras coleções particulares e museus. Seu trabalho garante ao artista o título como um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira.
Para finalizar, Carlos Araújo diz: “Demorei cerca de 30 anos para melhorar um pouquinho, dar importância ao espírito e desimportância à carne. Se você trabalha com o bem ao próximo, isso é eterno. Você ajudou ele evoluir. Isso é que é bonito na vida, é o que fica. Cada um sabe o que o afasta da luz”.
Fonte: Follow the colours, por Carol T. Moré, publicado em 13 de agosto de 2019.
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Como ser um artista? – Por Carlos Araújo
Desde que se entende por gente, Carlos Araújo pinta. Foi aos 13 anos que, autodidata, deu início às suas criações. Carlos já frequentava a Casa do Artista para comprar materiais, fazer pesquisas e tirar suas dúvidas técnicas. E é o local em que confia até hoje. Há anos que conhece os colaboradores e muitos viraram até grandes amigos. Foi pela pintura a óleo que ele se apaixonou, mas desenhos e litografia fazem parte de seus trabalhos.
A preparação de suas telas leva 3 demãos de branco de titânio, já que utiliza a técnica de velatura, ou seja, camadas e mais camadas que vão se formando. Um quadro para ser finalizado às vezes leva 40 camadas. Por conta disso, nem todas as pinturas de Carlos foram terminadas em seu ateliê.
A visualização do contexto da obra já começa com a preparação do fundo e das camadas de tinta que Carlos costuma fazer. O artista diz que as imagens bíblicas são pintadas com as cores já definidas e o desenho ultima todo o entorno, mas que já está inerente e ali é gravado com uma ponta seca de uma única vez. Para proteger a obra, por último, Carlos passa uma camada de cera de abelha.
De quando começou até hoje, Araújo acha que a qualidade dos materiais melhoraram muito. Os pigmentos já estavam em estado de excelência, porém, o refinamento e sua fabricação têm maior durabilidade. Carlos disse que agora, além de suas pinturas, aprendeu a escanear e a fotografar suas obras, para eternizá-las.
Para os artistas em evolução, ele nos dá algumas dicas:
Lição 1 – Persesrverança
“A quantidade de artistas que existe hoje é enorme, então, a sobrevivência se torna cada vez mais difícil. O que deve alimentá-lo é ter recebido o talento de ter se tornado artista, então não deve haver nenhuma dúvida, porque isso é a força que o alimenta. Tenha perseverança.”
Lição 2 – Escute seu dom
“Ao artista foi dado um dom de transmitir uma mensagem, que pode ser através da escrita, da escultura, do amor à sua profissão como marceneiro, que seja. Não são todos que recebem esse dom. À medida que você se reconhece como artista, você tem uma responsabilidade muito grande. E você tem que todo dia agradecer por ter tido esse dom e entender que sua profissão é difícil.”
Lição 3 – Não enalteça o ego
“O artista de forma nenhuma deve enaltecer o ego. A partir daí, são consequências. Troque com outros artistas suas angústias, intenções, esperanças e reafirme o seu valor, independente do reconhecimento. Dentro de todas as profissões, o artista deve levar uma boa mensagem e não no sentido de enaltecer o ego, senão você estará se destruindo”.
Fonte: Follow the colors, por Carol T. Moré, publicado em 22 de agosto de 2019.
Crédito fotográfico: Estadão, o pintor Carlos Araújo em foto divulgação do acervo pessoal.
Carlos Alberto de Araujo Filho (São Paulo, SP, 6 de abril de 1950), mais conhecido como Carlos Araujo, é um pintor, desenhista, escultor e litógrafo brasileiro. Começou a pintar nos anos 60 com temáticas sociais. Nos anos 70, ganha repercussão após duas exposições individuais no MASP. Pouco depois, converte para a reflexão teológica e a meditação espiritual. Expôs em 79 o painel “Anunciação” no Vaticano, e desde então dedica-se à pintura religiosa.
Biografia - Itaú Cultural
Inicia em 1963 estudos autodidáticos com o painel Alegoria ao Carnaval. Entre 1971 e 1975 cursa engenharia na Universidade Mackenzie, em São Paulo. Em 1973, é convidado a participar da exposição Imagens do Brasil, em Bruxelas. No ano seguinte, faz a primeira exposição individual, no Masp, local em que realiza outras exposições. Além da pintura, trabalha outras técnicas, como desenho e litografia. Lança em Paris, em 1989, o livro de litogravuras Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Na sua obra observam-se elementos da pintura renascentista. No decorrer de sua carreira, realiza diversas exposições individuais e coletivas, no Brasil e exterior. Em 1980, o painel Anunciação, de sua autoria, é enviado pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II. Em 1984, é premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA.
Críticas
"Anjos, demônios, espectros. pessoas comuns: o universo espectral de Carlos Araújo é povoado de sombras e de aparências anônimas, de silhuetas aprisionadas na fração de uma atitude. Os contornos das formas e dos rostos mal se recortam na fluidez de um espaço sem peso nem profundidade outra que a produzida pelo efeito apoiado do traço ou do toque do pincel. Os tons bistres pálidos ou azulados evocam as aquarelas clássicas do renascimento quanto ao espírito ´romântico-crepuscular´ do autor. (.) Não é sem fundamento que Carlos Araújo reivindica a influência dos ´mestres´ renascentistas, Michelangelo em primeiro lugar, que ele admira tanto por seu gênio visionário quanto por seu poder de trabalho. De fato, esses rostos de mulheres, esses corpos de trabalhadores, essas silhuetas de indígenas, de crianças ou de gente de circo têm, nas posturas e nas proporções, como que uma aparência furtiva, aspectos familiares que lembram os personagens da Capela Sistina. Em suas notas de trabalho, que constituem um comentário analítico de tocante lucidez, Carlos Araújo reencontra com naturalidade os toques leonardianos ou michelangelescos para evocar seus métodos de trabalho, o curso de seu pensamento, os pontos de ancoração de sua visão entre os arrebatamentos do sentimento e as exigências da feitura".
Pierre Restany
"(.). O Trabalho de Araújo mostra a tensão que existe dentro da humanidade de certa maneira, é a convicção de que a Bíblia manifesta a mensagem de salvação da história humana. Sua crônica, que ocorre através das alegorias e freqüentemente é inspirada por fontes religiosas, se dirige ao Brasil tumultuoso e mutante de hoje, e de todos os tempos. (.) Os homens e mulheres de Araújo são feitos de carne e osso, são impressões do Brasil libertados pelo artista para realizar, de sua própria maneira, uma versão de Gênesis e a previsão de outro Juízo Final. (.). O mundo habitual de Araújo é o mundo das pessoas pequenas, do povo anônimo e sofredor do Brasil. Ele é o testemunho e a memória dos excluídos, dos pescadores, dos tristes, dos amedrontados: o trabalho de Araújo é uma crônica de abandono".
Jorge Glusberg
Exposições Individuais
1974 - São Paulo SP - Carlos Araújo: pinturas, no Masp
1979 - São Paulo SP - Carlos Araújo: pinturas, no Masp
1982 - São Paulo SP - Individual, no Centro Campestre do Sesc
1984 - São Paulo SP - Individual, no Clube Atlético Monte Líbano. São Paulo SP - Trinta Painéis de Carlos Araújo, no MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Aplicada
1986 - Salvador BA - Individual, no Escritório de Arte da Bahia
1987 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1989 - Paris (França) - Carlos Araújo: pinturas e esculturas, na Galerie Furstemberg
1992 - Panamá (Panamá) - Individual, na Bernhein Gallery
1996 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Votre Galeria de Arte
1997 - Curitiba PR - Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
1998 - Fortaleza CE - Individual, na Galeria Multiarte
2000 - Miami (Estados Unidos) - Cenas da Bíblia, na Praxis Art International Gallery. Nova York (Estados Unidos) - Individual, na. Praxis Art International Gallery. Nova York (Estados Unidos) - Cenas da Bíblia, na Praxis Art International Gallery. São Paulo SP - Ascensão, no Espaço de Artes Unicid
2001 - Curitiba PR - Cenas da Bíblia, na Simões de Assis Galeria de Arte. São Paulo SP - Cenas da Bíblia, na Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa
Exposições Coletivas
1973 Bruxelas (Bélgica) - Imagens do Brasil
1976 - Penápolis SP - 2º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1977 - São Paulo SP - Mostra de Arte, no Grupo Financeiro BBI
1978 - Cidade do México (México) - 1ª Bienal Ibero-Americana de Pintura
Penápolis SP - 3º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1979 - São Paulo SP - Arte no Brasil: uma história de cinco séculos, no Masp
1980 - Penápolis SP - 4º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis. São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC. Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR. Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1985 - São Paulo SP - 7 Pintores da Arte Contemporânea Brasileira, na Galeria de Arte Portal
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1991 - Chicago (Estados Unidos) - Art Chicago International Art Exposition
1992 - Miami (Estados Unidos) - Art Miami International Art Exposition. Santo André SP - Litogravura: métodos e conceitos, no Paço Municipal
1995 - Buenos Aires (Argentina) - Feira de Arte de Buenos Aires
1997 - Curitiba PR - Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1999 - Curitiba PR - Destaques da Pintura Brasileira, na Simões de Assis Galeria de Arte
São Paulo SP - Litografia: fidelidade e memória, no Espaço de Arte Unicid
2001 - Caracas (Venezuela) - Feira Ibero Americana de Arte. Miami (Estados Unidos) - Art Miami
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte
2004 - São Paulo SP - Coletiva de Artistas Contemporâneos, no Esporte Clube Sírio
Cronologia
1980 - O painel Anunciação é enviado pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II. A obra encontra-se hoje no Museu do Vaticano
1981 - São Paulo SP - Executa o painel Os Trabalhadores, para o Banco Itaú, iniciando fase social
1984 - São Paulo SP - Recebe o prêmio da APCA
1987 - Paris (França) - Claude Draeger edita monografia ilustrada, intitulada Araújo, sobre sua pintura, com apresentação de Pietro Maria Bardi e Pierre Restany, reeditada em 1995
1989 - Paris (França) - Lançamento do livro de litogravuras Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, editado por Ariene Lancell, inspirado na obra de Blasco Ibañez
1996 - São Paulo - Artista homenageado na 28º Chapel Art Show
Fonte: CARLOS Araújo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 13 Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Espiritual contemporâneo
O brasileiro Carlos Araujo é o primeiro artista a expor no Pantheon de Roma, 300 anos depois do renascentista Rafael
Rafael forma com Michelangelo e Leonardo Da Vinci a tríade dos grandes artistas do Renascimento. Nasceu em Urbino, em 1483, e viveu os 12 últimos anos de sua vida em Roma, trabalhando intensamente para o Vaticano. Seu prestígio era tal que em 1520 foi enterrado no Panteão de Roma, um dos mais bem preservados edifícios da Roma antiga, convertido em 609 d.C. pela igreja católica em Basílica romana de Santa Maria e Mártires. Duzentos anos depois a morte, o pintor teve uma exposição póstuma no local.
Três séculos depois de Rafael, o Pantheon abre novamente suas portas para uma exposição de arte. Quem lá expõe é um brasileiro de 65 anos. Segundo o Monsenhor Daniele Micheletti, arcebispo da Basílica, “Carlos Araujo, ilustre pintor, sua pintura e sua Bíblia de cores e luzes”.
Engenheiro de formação e artista autodidata, o paulistano Carlos Araujo começou a pintar nos anos 1960, engajado em temáticas de viés sócio-político, como boa parte de sua geração. Nos anos 1970, ganha repercussão após duas individuais no MASP. Sua história com o Vaticano começa pouco depois disso, quando converte sua pintura para a reflexão teológica e a meditação espiritual. Dono de um estilo virtuoso e vigoroso, expôs em 1979 o painel “Anunciação” no Vaticano, e desde então dedica-se com paixão à pintura religiosa.
Em 2007, concluiu seu grande projeto: “Bíblia Citações”, uma versão do livro sagrado com 1028 pinturas. O primeiro exemplar foi entregue ao papa Bento XVI pelo Governo do Estado de São Paulo, e assim começou a costurar-se o projeto da presente exposição. Durante uma semana, do sábado 26 ao sábado 3 de outubro, Araujo apresenta no Pantheon 32 telas que ilustram passagens bíblicas do Gênesis. Com esse trabalho, afirma se comunicar não apenas com católicos, mas também com budistas, judeus, muçulmanos e ateus.
“O livro do Gênesis contém uma mensagem comum a três grandes religiões e nos remete à remota lembrança de termos sido criados no Sexto Dia, um vínculo de fraternidade que deve ser exercido. Uma grande oportunidade para os chefes de poder transformarem confrontos em convivência pacífica”, diz Araujo à Istoé. “O Pantheon de Roma é a catedral mais antiga do mundo e foi palco de inúmeras demonstrações de fé. A exposição tenta mais uma vez mostrar esta mensagem a meio milhão de passantes, peregrinos e turistas em um local que, de certa forma, já a contém desde o inicio, desde o Gênesis”.
Fonte: Istoé, publicado em 30 de setembro de 2015.
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Biografia - Wikipédia
Carlos Araujo nasceu em 1950 no Hospital Pro Matre, na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Cresceu nas regiões de Perdizes e Vila Buarque. Quando pequeno, pintava com qualquer material que encontrasse. Sua veia artística ficava explícita até na decoração do espaço: no teto, pendurou duas bicicletas velhas, para deixar o ambiente com o aspecto de um quadro. Introvertido e autodidata, Araujo passava o dia pintando e sonhava em se dedicar à arte. Seu primeiro quadro catalogado, "Alegoria ao Carnaval", data de 1963. Tinha receio de não conseguir uma boa renda com a vida de artista e, por influência do pai, formou-se em engenharia civil na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Porém, não chegou a se dedicar à profissão.
Aos 20 anos, foi descoberto por Pietro Maria Bardi, então diretor do MASP. Em 1973 foi convidado a participar da exposição "Imagens do Brasil", em Bruxelas com a obra "O Próximo Passo", executada dez anos antes. Sua primeira exposição individual foi realizada em 1974 no MASP. Em 1979, criou o painel intitulado "Independência" para a exposição "5 Séculos de Arte no Brasil", realizada no MASP. Naquele mesmo ano, no mesmo Museu apresenta uma exposição com temática metafísica em grandes painéis incluindo "O Último dos Tapuias", "O Centauro de Bourdelle Brincando com a Morte" e "Sonhos de São Jorge". Em 1987, expôs novamente no MASP.
Em maio de 2007, o então governador de São Paulo, José Serra, presenteou Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil com um dos livros de Carlos Araujo. O livro, intitulado "Bíblia Citações", foi concluído no mesmo ano. Tem 629 páginas e pesa mais de oito quilos, trazendo 1028 pinturas que ilustram citações da Bíblia.
Já expôs seu trabalho na Bienal de Florença (2007), na Itália, e no Carrousel du Louvre, em Paris (2008). Em 2010, expôs 25 grandes painéis no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE).
Foi escolhido para reabrir em setembro de 2015 o Panteão, em Roma, que havia ficado três séculos sem receber exposição. Araujo foi o primeiro artista contemporâneo a expor no monumento que já exibiu obras de Rafael Sanzio. O artista teve de reunir 32 pinturas em uma mostra, que ilustram passagens bíblicas do Gênesis. Além do Panteão, teve concomitantemente uma exposição individual na Galleria D’Arte Benucci, também em Roma.
Em junho de 2018 participou da exposição "Revelação e Luz das Formas do Imaginário", desenvolvida pelo artista e pelos participantes do projeto "Resgatando Cultura", do Instituto Olga Kos de Inclusão Social (IOK). O objetivo da exposição foi mostrar como os participantes do projeto deixaram-se conduzir por imagens que se revelavam em manchas de tinta que foram aprimoradas, com finas camadas, ou, ainda, retirando aos poucos o pigmento dos suportes.
Livros
"Araujo", por Claude Draeger, 1984
"Bíblia Citações", por Carlos Araujo, 2007
"Pinturas Antigo e Novo testamento", por Carlos Araujo, 2010
"Gênesis", por Carlos Araujo, 2013
"A Arte e a Sacralidade na Arte", por Jacob Klintowitz, 2018
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 13 de junho de 2020.
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Conheça de perto um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira.
Autodidata, Carlos Araújo começou a pintar aos 13 anos. Foi pela tinta à óleo que se apaixonou, apesar de litografia e desenhos fazerem parte de seu trabalho
“O artista? Ele voa, voa, por isso preciso racionalizar o processo”, disse Carlos Araújo para mim em seu ateliê, em São Paulo. Algumas de suas obras são enormes e quase batem no teto de uma casa de vila no Morumbi cercada de árvores. Em sua calça jeans, respingos de tinta. Em seu rosto, uma simpatia imensa. Em uma parede branca, quase não se via, mas havia vários telefones anotados e alguns recados marcados a lápis: “sua agenda”- me disse uma pessoa que o conhece bem, desde quando era jovem.
Estava diante de um dos maiores artistas brasileiros, e de um homem com um dom imenso: o dom da arte, das palavras, e dom de alguém que procurou olhar para dentro de si em busca de encontrar seu caminho.
Do homem ao criador
Carlos Alberto de Araújo Filho é um artista brasileiro que iniciou seu trabalho nos anos 60. Autodidata, começou a pintar aos 13 anos inspirado pelos entornos da sua janela. Engenheiro por formação, foi durante o curso que sua carreira começou a crescer.
Com a ajuda de um querido professor (Pietro Maria Bardi) fez sua 1ª exposição individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP), aos 18 anos e depois, começou a expor suas obras no exterior. Seus temas, na época, apresentavam as atitudes do homem, a sociedade brasileira, as misérias e tragédias humanas. Entre os materiais com os quais trabalha estão o óleo sobre tela, desenho e a litografia.
Aos 23 anos, Carlos foi convidado para criar um livro sobre o homem no Brasil. O artista viajava muito e conhecia pessoas que materialmente não tinham nada ou quase nada, mas espiritualmente, se sobressaiam a qualquer outra que havia conhecido em São Paulo.
A dicotomia que existia entre a felicidade e a matéria o levaram a um questionamento pessoal sobre tudo aquilo que ele havia aprendido. Carlos Araújo entrou em uma pesquisa muito profunda de vida, de quase dois anos, sobre quais os valores que ele deveria seguir.
Durante este período de “deserto” como ele mesmo chama, se deparou com o convite de uma editora de Paris que havia trabalhado com grandes artistas como Salvador Dalí e Ernst Fuchs, que pintavam o significado de Deus. Esses trabalhos então, eram transformados em livros-objetos, de aproximadamente 1 metro de altura.
Logo, ele foi convidado para criar um livro de São João do Apocalipse. Lançou 100 cópias e fez uma exposição na Galeria Furstenberg, na França, mas a questão sobre a sua verdade ainda o perseguia. Sua busca pela felicidade e pelo sorriso das pessoas que havia conhecido em suas viagens, mesmo com tão pouco, sondava sua alma.
A transformação
O alívio desse momento de crise veio com a palavra bíblica, quando ele começou a ler, por uma questão até de desespero e entender a palavra de Deus, coisa que antes achava arcaico. E como uma bomba que estourou em seu espírito, percebeu que esse talvez fosse o seu caminho. Mergulhou na leitura dela e ali encontrou muitas respostas à miséria humana e para a sua vida pessoal.
O artista conta que para ele foi um caminho natural. “No começo eu ficava assim, num barco à deriva”. Mas hoje, o que podemos chamar de ‘seguir a intuição’, para Carlos isso foi visto como orientação – e ele se enxerga como um instrumento dessa orientação. “Quando o artista desenvolve algo para o benefício de um próximo, não é ele que o faz, ele é um instrumento de uma força maior e tem que se entender com tal.”
Assim, ele começou a pintar espectros, obras transcendentais e etéreas. No abstracionismo de suas telas surgem inspirações dos mestres renascentistas, em especial de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Carl Bloch, os flamengos, artistas que demonstraram a situação do homem e sua solução para melhora com a luz (Deus).
Dessa forma, Carlos Araújo sempre foi muito dedicado a representar essa palavra por meio da pintura.
Um projeto de vida
Há anos, iniciou um projeto ousado: pintar telas retratando passagens de toda a Bíblia. Até hoje foram mais de 2 mil quadros. Muitos foram reproduzidos no livro “Bíblia – Citações”, junto com uma versão ecumênica do texto sagrado, resultando em uma publicação de 685 páginas, que mede 50cm por 30cm e pesa 7 quilos.
O trabalho agradou tanto o Papa Bento XVI a ponto de fazê-lo escrever um prefácio para a 1ª edição, que foi lançada em Florença, na Itália. Cada Bíblia vem com uma gravura feita por Carlos especialmente para a edição – são 35 imagens diferentes com cem cópias cada, totalizando 3.500 exemplares da tiragem em português.
Suas obras ficaram bastante conhecidas para além do Brasil também, tanto que até o Papa João Paulo II era seu fã. Os quadros de Carlos Araújo foram expostos no Pantheon em Roma, local que ficou 3 séculos sem receber nenhuma exposição, além do Vaticano.
Sobre o futuro
Carlos Araújo conta que precisa acabar 100 passagens bíblicas que está elaborando para a divulgação de uma exposição na Itália, no Vaticano e no Pantheon. E completa: “Pense em quantas coisas do bem e do mal ocorreram naquele espaço…Olha o intervalo do tempo que eu demorei para fazer uma exposição lá no Pantheon, 4 mil anos? É o que digo, você nunca esteve sozinho na batalha”.
Foram ao todo mais de 800 telas grandes e 12 mil telas pequenas pintadas ao longo de sua carreira e que hoje encontram-se em inúmeras coleções particulares e museus. Seu trabalho garante ao artista o título como um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira.
Para finalizar, Carlos Araújo diz: “Demorei cerca de 30 anos para melhorar um pouquinho, dar importância ao espírito e desimportância à carne. Se você trabalha com o bem ao próximo, isso é eterno. Você ajudou ele evoluir. Isso é que é bonito na vida, é o que fica. Cada um sabe o que o afasta da luz”.
Fonte: Follow the colours, por Carol T. Moré, publicado em 13 de agosto de 2019.
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Como ser um artista? – Por Carlos Araújo
Desde que se entende por gente, Carlos Araújo pinta. Foi aos 13 anos que, autodidata, deu início às suas criações. Carlos já frequentava a Casa do Artista para comprar materiais, fazer pesquisas e tirar suas dúvidas técnicas. E é o local em que confia até hoje. Há anos que conhece os colaboradores e muitos viraram até grandes amigos. Foi pela pintura a óleo que ele se apaixonou, mas desenhos e litografia fazem parte de seus trabalhos.
A preparação de suas telas leva 3 demãos de branco de titânio, já que utiliza a técnica de velatura, ou seja, camadas e mais camadas que vão se formando. Um quadro para ser finalizado às vezes leva 40 camadas. Por conta disso, nem todas as pinturas de Carlos foram terminadas em seu ateliê.
A visualização do contexto da obra já começa com a preparação do fundo e das camadas de tinta que Carlos costuma fazer. O artista diz que as imagens bíblicas são pintadas com as cores já definidas e o desenho ultima todo o entorno, mas que já está inerente e ali é gravado com uma ponta seca de uma única vez. Para proteger a obra, por último, Carlos passa uma camada de cera de abelha.
De quando começou até hoje, Araújo acha que a qualidade dos materiais melhoraram muito. Os pigmentos já estavam em estado de excelência, porém, o refinamento e sua fabricação têm maior durabilidade. Carlos disse que agora, além de suas pinturas, aprendeu a escanear e a fotografar suas obras, para eternizá-las.
Para os artistas em evolução, ele nos dá algumas dicas:
Lição 1 – Persesrverança
“A quantidade de artistas que existe hoje é enorme, então, a sobrevivência se torna cada vez mais difícil. O que deve alimentá-lo é ter recebido o talento de ter se tornado artista, então não deve haver nenhuma dúvida, porque isso é a força que o alimenta. Tenha perseverança.”
Lição 2 – Escute seu dom
“Ao artista foi dado um dom de transmitir uma mensagem, que pode ser através da escrita, da escultura, do amor à sua profissão como marceneiro, que seja. Não são todos que recebem esse dom. À medida que você se reconhece como artista, você tem uma responsabilidade muito grande. E você tem que todo dia agradecer por ter tido esse dom e entender que sua profissão é difícil.”
Lição 3 – Não enalteça o ego
“O artista de forma nenhuma deve enaltecer o ego. A partir daí, são consequências. Troque com outros artistas suas angústias, intenções, esperanças e reafirme o seu valor, independente do reconhecimento. Dentro de todas as profissões, o artista deve levar uma boa mensagem e não no sentido de enaltecer o ego, senão você estará se destruindo”.
Fonte: Follow the colors, por Carol T. Moré, publicado em 22 de agosto de 2019.
Crédito fotográfico: Estadão, o pintor Carlos Araújo em foto divulgação do acervo pessoal.
Carlos Alberto de Araujo Filho (São Paulo, SP, 6 de abril de 1950), mais conhecido como Carlos Araujo, é um pintor, desenhista, escultor e litógrafo brasileiro. Começou a pintar nos anos 60 com temáticas sociais. Nos anos 70, ganha repercussão após duas exposições individuais no MASP. Pouco depois, converte para a reflexão teológica e a meditação espiritual. Expôs em 79 o painel “Anunciação” no Vaticano, e desde então dedica-se à pintura religiosa.
Biografia - Itaú Cultural
Inicia em 1963 estudos autodidáticos com o painel Alegoria ao Carnaval. Entre 1971 e 1975 cursa engenharia na Universidade Mackenzie, em São Paulo. Em 1973, é convidado a participar da exposição Imagens do Brasil, em Bruxelas. No ano seguinte, faz a primeira exposição individual, no Masp, local em que realiza outras exposições. Além da pintura, trabalha outras técnicas, como desenho e litografia. Lança em Paris, em 1989, o livro de litogravuras Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Na sua obra observam-se elementos da pintura renascentista. No decorrer de sua carreira, realiza diversas exposições individuais e coletivas, no Brasil e exterior. Em 1980, o painel Anunciação, de sua autoria, é enviado pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II. Em 1984, é premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA.
Críticas
"Anjos, demônios, espectros. pessoas comuns: o universo espectral de Carlos Araújo é povoado de sombras e de aparências anônimas, de silhuetas aprisionadas na fração de uma atitude. Os contornos das formas e dos rostos mal se recortam na fluidez de um espaço sem peso nem profundidade outra que a produzida pelo efeito apoiado do traço ou do toque do pincel. Os tons bistres pálidos ou azulados evocam as aquarelas clássicas do renascimento quanto ao espírito ´romântico-crepuscular´ do autor. (.) Não é sem fundamento que Carlos Araújo reivindica a influência dos ´mestres´ renascentistas, Michelangelo em primeiro lugar, que ele admira tanto por seu gênio visionário quanto por seu poder de trabalho. De fato, esses rostos de mulheres, esses corpos de trabalhadores, essas silhuetas de indígenas, de crianças ou de gente de circo têm, nas posturas e nas proporções, como que uma aparência furtiva, aspectos familiares que lembram os personagens da Capela Sistina. Em suas notas de trabalho, que constituem um comentário analítico de tocante lucidez, Carlos Araújo reencontra com naturalidade os toques leonardianos ou michelangelescos para evocar seus métodos de trabalho, o curso de seu pensamento, os pontos de ancoração de sua visão entre os arrebatamentos do sentimento e as exigências da feitura".
Pierre Restany
"(.). O Trabalho de Araújo mostra a tensão que existe dentro da humanidade de certa maneira, é a convicção de que a Bíblia manifesta a mensagem de salvação da história humana. Sua crônica, que ocorre através das alegorias e freqüentemente é inspirada por fontes religiosas, se dirige ao Brasil tumultuoso e mutante de hoje, e de todos os tempos. (.) Os homens e mulheres de Araújo são feitos de carne e osso, são impressões do Brasil libertados pelo artista para realizar, de sua própria maneira, uma versão de Gênesis e a previsão de outro Juízo Final. (.). O mundo habitual de Araújo é o mundo das pessoas pequenas, do povo anônimo e sofredor do Brasil. Ele é o testemunho e a memória dos excluídos, dos pescadores, dos tristes, dos amedrontados: o trabalho de Araújo é uma crônica de abandono".
Jorge Glusberg
Exposições Individuais
1974 - São Paulo SP - Carlos Araújo: pinturas, no Masp
1979 - São Paulo SP - Carlos Araújo: pinturas, no Masp
1982 - São Paulo SP - Individual, no Centro Campestre do Sesc
1984 - São Paulo SP - Individual, no Clube Atlético Monte Líbano. São Paulo SP - Trinta Painéis de Carlos Araújo, no MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Aplicada
1986 - Salvador BA - Individual, no Escritório de Arte da Bahia
1987 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1989 - Paris (França) - Carlos Araújo: pinturas e esculturas, na Galerie Furstemberg
1992 - Panamá (Panamá) - Individual, na Bernhein Gallery
1996 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Votre Galeria de Arte
1997 - Curitiba PR - Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
1998 - Fortaleza CE - Individual, na Galeria Multiarte
2000 - Miami (Estados Unidos) - Cenas da Bíblia, na Praxis Art International Gallery. Nova York (Estados Unidos) - Individual, na. Praxis Art International Gallery. Nova York (Estados Unidos) - Cenas da Bíblia, na Praxis Art International Gallery. São Paulo SP - Ascensão, no Espaço de Artes Unicid
2001 - Curitiba PR - Cenas da Bíblia, na Simões de Assis Galeria de Arte. São Paulo SP - Cenas da Bíblia, na Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa
Exposições Coletivas
1973 Bruxelas (Bélgica) - Imagens do Brasil
1976 - Penápolis SP - 2º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1977 - São Paulo SP - Mostra de Arte, no Grupo Financeiro BBI
1978 - Cidade do México (México) - 1ª Bienal Ibero-Americana de Pintura
Penápolis SP - 3º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1979 - São Paulo SP - Arte no Brasil: uma história de cinco séculos, no Masp
1980 - Penápolis SP - 4º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis. São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC. Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR. Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1985 - São Paulo SP - 7 Pintores da Arte Contemporânea Brasileira, na Galeria de Arte Portal
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1991 - Chicago (Estados Unidos) - Art Chicago International Art Exposition
1992 - Miami (Estados Unidos) - Art Miami International Art Exposition. Santo André SP - Litogravura: métodos e conceitos, no Paço Municipal
1995 - Buenos Aires (Argentina) - Feira de Arte de Buenos Aires
1997 - Curitiba PR - Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1999 - Curitiba PR - Destaques da Pintura Brasileira, na Simões de Assis Galeria de Arte
São Paulo SP - Litografia: fidelidade e memória, no Espaço de Arte Unicid
2001 - Caracas (Venezuela) - Feira Ibero Americana de Arte. Miami (Estados Unidos) - Art Miami
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte
2004 - São Paulo SP - Coletiva de Artistas Contemporâneos, no Esporte Clube Sírio
Cronologia
1980 - O painel Anunciação é enviado pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II. A obra encontra-se hoje no Museu do Vaticano
1981 - São Paulo SP - Executa o painel Os Trabalhadores, para o Banco Itaú, iniciando fase social
1984 - São Paulo SP - Recebe o prêmio da APCA
1987 - Paris (França) - Claude Draeger edita monografia ilustrada, intitulada Araújo, sobre sua pintura, com apresentação de Pietro Maria Bardi e Pierre Restany, reeditada em 1995
1989 - Paris (França) - Lançamento do livro de litogravuras Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, editado por Ariene Lancell, inspirado na obra de Blasco Ibañez
1996 - São Paulo - Artista homenageado na 28º Chapel Art Show
Fonte: CARLOS Araújo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 13 Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Espiritual contemporâneo
O brasileiro Carlos Araujo é o primeiro artista a expor no Pantheon de Roma, 300 anos depois do renascentista Rafael
Rafael forma com Michelangelo e Leonardo Da Vinci a tríade dos grandes artistas do Renascimento. Nasceu em Urbino, em 1483, e viveu os 12 últimos anos de sua vida em Roma, trabalhando intensamente para o Vaticano. Seu prestígio era tal que em 1520 foi enterrado no Panteão de Roma, um dos mais bem preservados edifícios da Roma antiga, convertido em 609 d.C. pela igreja católica em Basílica romana de Santa Maria e Mártires. Duzentos anos depois a morte, o pintor teve uma exposição póstuma no local.
Três séculos depois de Rafael, o Pantheon abre novamente suas portas para uma exposição de arte. Quem lá expõe é um brasileiro de 65 anos. Segundo o Monsenhor Daniele Micheletti, arcebispo da Basílica, “Carlos Araujo, ilustre pintor, sua pintura e sua Bíblia de cores e luzes”.
Engenheiro de formação e artista autodidata, o paulistano Carlos Araujo começou a pintar nos anos 1960, engajado em temáticas de viés sócio-político, como boa parte de sua geração. Nos anos 1970, ganha repercussão após duas individuais no MASP. Sua história com o Vaticano começa pouco depois disso, quando converte sua pintura para a reflexão teológica e a meditação espiritual. Dono de um estilo virtuoso e vigoroso, expôs em 1979 o painel “Anunciação” no Vaticano, e desde então dedica-se com paixão à pintura religiosa.
Em 2007, concluiu seu grande projeto: “Bíblia Citações”, uma versão do livro sagrado com 1028 pinturas. O primeiro exemplar foi entregue ao papa Bento XVI pelo Governo do Estado de São Paulo, e assim começou a costurar-se o projeto da presente exposição. Durante uma semana, do sábado 26 ao sábado 3 de outubro, Araujo apresenta no Pantheon 32 telas que ilustram passagens bíblicas do Gênesis. Com esse trabalho, afirma se comunicar não apenas com católicos, mas também com budistas, judeus, muçulmanos e ateus.
“O livro do Gênesis contém uma mensagem comum a três grandes religiões e nos remete à remota lembrança de termos sido criados no Sexto Dia, um vínculo de fraternidade que deve ser exercido. Uma grande oportunidade para os chefes de poder transformarem confrontos em convivência pacífica”, diz Araujo à Istoé. “O Pantheon de Roma é a catedral mais antiga do mundo e foi palco de inúmeras demonstrações de fé. A exposição tenta mais uma vez mostrar esta mensagem a meio milhão de passantes, peregrinos e turistas em um local que, de certa forma, já a contém desde o inicio, desde o Gênesis”.
Fonte: Istoé, publicado em 30 de setembro de 2015.
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Biografia - Wikipédia
Carlos Araujo nasceu em 1950 no Hospital Pro Matre, na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Cresceu nas regiões de Perdizes e Vila Buarque. Quando pequeno, pintava com qualquer material que encontrasse. Sua veia artística ficava explícita até na decoração do espaço: no teto, pendurou duas bicicletas velhas, para deixar o ambiente com o aspecto de um quadro. Introvertido e autodidata, Araujo passava o dia pintando e sonhava em se dedicar à arte. Seu primeiro quadro catalogado, "Alegoria ao Carnaval", data de 1963. Tinha receio de não conseguir uma boa renda com a vida de artista e, por influência do pai, formou-se em engenharia civil na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Porém, não chegou a se dedicar à profissão.
Aos 20 anos, foi descoberto por Pietro Maria Bardi, então diretor do MASP. Em 1973 foi convidado a participar da exposição "Imagens do Brasil", em Bruxelas com a obra "O Próximo Passo", executada dez anos antes. Sua primeira exposição individual foi realizada em 1974 no MASP. Em 1979, criou o painel intitulado "Independência" para a exposição "5 Séculos de Arte no Brasil", realizada no MASP. Naquele mesmo ano, no mesmo Museu apresenta uma exposição com temática metafísica em grandes painéis incluindo "O Último dos Tapuias", "O Centauro de Bourdelle Brincando com a Morte" e "Sonhos de São Jorge". Em 1987, expôs novamente no MASP.
Em maio de 2007, o então governador de São Paulo, José Serra, presenteou Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil com um dos livros de Carlos Araujo. O livro, intitulado "Bíblia Citações", foi concluído no mesmo ano. Tem 629 páginas e pesa mais de oito quilos, trazendo 1028 pinturas que ilustram citações da Bíblia.
Já expôs seu trabalho na Bienal de Florença (2007), na Itália, e no Carrousel du Louvre, em Paris (2008). Em 2010, expôs 25 grandes painéis no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE).
Foi escolhido para reabrir em setembro de 2015 o Panteão, em Roma, que havia ficado três séculos sem receber exposição. Araujo foi o primeiro artista contemporâneo a expor no monumento que já exibiu obras de Rafael Sanzio. O artista teve de reunir 32 pinturas em uma mostra, que ilustram passagens bíblicas do Gênesis. Além do Panteão, teve concomitantemente uma exposição individual na Galleria D’Arte Benucci, também em Roma.
Em junho de 2018 participou da exposição "Revelação e Luz das Formas do Imaginário", desenvolvida pelo artista e pelos participantes do projeto "Resgatando Cultura", do Instituto Olga Kos de Inclusão Social (IOK). O objetivo da exposição foi mostrar como os participantes do projeto deixaram-se conduzir por imagens que se revelavam em manchas de tinta que foram aprimoradas, com finas camadas, ou, ainda, retirando aos poucos o pigmento dos suportes.
Livros
"Araujo", por Claude Draeger, 1984
"Bíblia Citações", por Carlos Araujo, 2007
"Pinturas Antigo e Novo testamento", por Carlos Araujo, 2010
"Gênesis", por Carlos Araujo, 2013
"A Arte e a Sacralidade na Arte", por Jacob Klintowitz, 2018
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 13 de junho de 2020.
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Conheça de perto um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira.
Autodidata, Carlos Araújo começou a pintar aos 13 anos. Foi pela tinta à óleo que se apaixonou, apesar de litografia e desenhos fazerem parte de seu trabalho
“O artista? Ele voa, voa, por isso preciso racionalizar o processo”, disse Carlos Araújo para mim em seu ateliê, em São Paulo. Algumas de suas obras são enormes e quase batem no teto de uma casa de vila no Morumbi cercada de árvores. Em sua calça jeans, respingos de tinta. Em seu rosto, uma simpatia imensa. Em uma parede branca, quase não se via, mas havia vários telefones anotados e alguns recados marcados a lápis: “sua agenda”- me disse uma pessoa que o conhece bem, desde quando era jovem.
Estava diante de um dos maiores artistas brasileiros, e de um homem com um dom imenso: o dom da arte, das palavras, e dom de alguém que procurou olhar para dentro de si em busca de encontrar seu caminho.
Do homem ao criador
Carlos Alberto de Araújo Filho é um artista brasileiro que iniciou seu trabalho nos anos 60. Autodidata, começou a pintar aos 13 anos inspirado pelos entornos da sua janela. Engenheiro por formação, foi durante o curso que sua carreira começou a crescer.
Com a ajuda de um querido professor (Pietro Maria Bardi) fez sua 1ª exposição individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP), aos 18 anos e depois, começou a expor suas obras no exterior. Seus temas, na época, apresentavam as atitudes do homem, a sociedade brasileira, as misérias e tragédias humanas. Entre os materiais com os quais trabalha estão o óleo sobre tela, desenho e a litografia.
Aos 23 anos, Carlos foi convidado para criar um livro sobre o homem no Brasil. O artista viajava muito e conhecia pessoas que materialmente não tinham nada ou quase nada, mas espiritualmente, se sobressaiam a qualquer outra que havia conhecido em São Paulo.
A dicotomia que existia entre a felicidade e a matéria o levaram a um questionamento pessoal sobre tudo aquilo que ele havia aprendido. Carlos Araújo entrou em uma pesquisa muito profunda de vida, de quase dois anos, sobre quais os valores que ele deveria seguir.
Durante este período de “deserto” como ele mesmo chama, se deparou com o convite de uma editora de Paris que havia trabalhado com grandes artistas como Salvador Dalí e Ernst Fuchs, que pintavam o significado de Deus. Esses trabalhos então, eram transformados em livros-objetos, de aproximadamente 1 metro de altura.
Logo, ele foi convidado para criar um livro de São João do Apocalipse. Lançou 100 cópias e fez uma exposição na Galeria Furstenberg, na França, mas a questão sobre a sua verdade ainda o perseguia. Sua busca pela felicidade e pelo sorriso das pessoas que havia conhecido em suas viagens, mesmo com tão pouco, sondava sua alma.
A transformação
O alívio desse momento de crise veio com a palavra bíblica, quando ele começou a ler, por uma questão até de desespero e entender a palavra de Deus, coisa que antes achava arcaico. E como uma bomba que estourou em seu espírito, percebeu que esse talvez fosse o seu caminho. Mergulhou na leitura dela e ali encontrou muitas respostas à miséria humana e para a sua vida pessoal.
O artista conta que para ele foi um caminho natural. “No começo eu ficava assim, num barco à deriva”. Mas hoje, o que podemos chamar de ‘seguir a intuição’, para Carlos isso foi visto como orientação – e ele se enxerga como um instrumento dessa orientação. “Quando o artista desenvolve algo para o benefício de um próximo, não é ele que o faz, ele é um instrumento de uma força maior e tem que se entender com tal.”
Assim, ele começou a pintar espectros, obras transcendentais e etéreas. No abstracionismo de suas telas surgem inspirações dos mestres renascentistas, em especial de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Carl Bloch, os flamengos, artistas que demonstraram a situação do homem e sua solução para melhora com a luz (Deus).
Dessa forma, Carlos Araújo sempre foi muito dedicado a representar essa palavra por meio da pintura.
Um projeto de vida
Há anos, iniciou um projeto ousado: pintar telas retratando passagens de toda a Bíblia. Até hoje foram mais de 2 mil quadros. Muitos foram reproduzidos no livro “Bíblia – Citações”, junto com uma versão ecumênica do texto sagrado, resultando em uma publicação de 685 páginas, que mede 50cm por 30cm e pesa 7 quilos.
O trabalho agradou tanto o Papa Bento XVI a ponto de fazê-lo escrever um prefácio para a 1ª edição, que foi lançada em Florença, na Itália. Cada Bíblia vem com uma gravura feita por Carlos especialmente para a edição – são 35 imagens diferentes com cem cópias cada, totalizando 3.500 exemplares da tiragem em português.
Suas obras ficaram bastante conhecidas para além do Brasil também, tanto que até o Papa João Paulo II era seu fã. Os quadros de Carlos Araújo foram expostos no Pantheon em Roma, local que ficou 3 séculos sem receber nenhuma exposição, além do Vaticano.
Sobre o futuro
Carlos Araújo conta que precisa acabar 100 passagens bíblicas que está elaborando para a divulgação de uma exposição na Itália, no Vaticano e no Pantheon. E completa: “Pense em quantas coisas do bem e do mal ocorreram naquele espaço…Olha o intervalo do tempo que eu demorei para fazer uma exposição lá no Pantheon, 4 mil anos? É o que digo, você nunca esteve sozinho na batalha”.
Foram ao todo mais de 800 telas grandes e 12 mil telas pequenas pintadas ao longo de sua carreira e que hoje encontram-se em inúmeras coleções particulares e museus. Seu trabalho garante ao artista o título como um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira.
Para finalizar, Carlos Araújo diz: “Demorei cerca de 30 anos para melhorar um pouquinho, dar importância ao espírito e desimportância à carne. Se você trabalha com o bem ao próximo, isso é eterno. Você ajudou ele evoluir. Isso é que é bonito na vida, é o que fica. Cada um sabe o que o afasta da luz”.
Fonte: Follow the colours, por Carol T. Moré, publicado em 13 de agosto de 2019.
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Como ser um artista? – Por Carlos Araújo
Desde que se entende por gente, Carlos Araújo pinta. Foi aos 13 anos que, autodidata, deu início às suas criações. Carlos já frequentava a Casa do Artista para comprar materiais, fazer pesquisas e tirar suas dúvidas técnicas. E é o local em que confia até hoje. Há anos que conhece os colaboradores e muitos viraram até grandes amigos. Foi pela pintura a óleo que ele se apaixonou, mas desenhos e litografia fazem parte de seus trabalhos.
A preparação de suas telas leva 3 demãos de branco de titânio, já que utiliza a técnica de velatura, ou seja, camadas e mais camadas que vão se formando. Um quadro para ser finalizado às vezes leva 40 camadas. Por conta disso, nem todas as pinturas de Carlos foram terminadas em seu ateliê.
A visualização do contexto da obra já começa com a preparação do fundo e das camadas de tinta que Carlos costuma fazer. O artista diz que as imagens bíblicas são pintadas com as cores já definidas e o desenho ultima todo o entorno, mas que já está inerente e ali é gravado com uma ponta seca de uma única vez. Para proteger a obra, por último, Carlos passa uma camada de cera de abelha.
De quando começou até hoje, Araújo acha que a qualidade dos materiais melhoraram muito. Os pigmentos já estavam em estado de excelência, porém, o refinamento e sua fabricação têm maior durabilidade. Carlos disse que agora, além de suas pinturas, aprendeu a escanear e a fotografar suas obras, para eternizá-las.
Para os artistas em evolução, ele nos dá algumas dicas:
Lição 1 – Persesrverança
“A quantidade de artistas que existe hoje é enorme, então, a sobrevivência se torna cada vez mais difícil. O que deve alimentá-lo é ter recebido o talento de ter se tornado artista, então não deve haver nenhuma dúvida, porque isso é a força que o alimenta. Tenha perseverança.”
Lição 2 – Escute seu dom
“Ao artista foi dado um dom de transmitir uma mensagem, que pode ser através da escrita, da escultura, do amor à sua profissão como marceneiro, que seja. Não são todos que recebem esse dom. À medida que você se reconhece como artista, você tem uma responsabilidade muito grande. E você tem que todo dia agradecer por ter tido esse dom e entender que sua profissão é difícil.”
Lição 3 – Não enalteça o ego
“O artista de forma nenhuma deve enaltecer o ego. A partir daí, são consequências. Troque com outros artistas suas angústias, intenções, esperanças e reafirme o seu valor, independente do reconhecimento. Dentro de todas as profissões, o artista deve levar uma boa mensagem e não no sentido de enaltecer o ego, senão você estará se destruindo”.
Fonte: Follow the colors, por Carol T. Moré, publicado em 22 de agosto de 2019.
Crédito fotográfico: Estadão, o pintor Carlos Araújo em foto divulgação do acervo pessoal.
Carlos Alberto de Araujo Filho (São Paulo, SP, 6 de abril de 1950), mais conhecido como Carlos Araujo, é um pintor, desenhista, escultor e litógrafo brasileiro. Começou a pintar nos anos 60 com temáticas sociais. Nos anos 70, ganha repercussão após duas exposições individuais no MASP. Pouco depois, converte para a reflexão teológica e a meditação espiritual. Expôs em 79 o painel “Anunciação” no Vaticano, e desde então dedica-se à pintura religiosa.
Biografia - Itaú Cultural
Inicia em 1963 estudos autodidáticos com o painel Alegoria ao Carnaval. Entre 1971 e 1975 cursa engenharia na Universidade Mackenzie, em São Paulo. Em 1973, é convidado a participar da exposição Imagens do Brasil, em Bruxelas. No ano seguinte, faz a primeira exposição individual, no Masp, local em que realiza outras exposições. Além da pintura, trabalha outras técnicas, como desenho e litografia. Lança em Paris, em 1989, o livro de litogravuras Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Na sua obra observam-se elementos da pintura renascentista. No decorrer de sua carreira, realiza diversas exposições individuais e coletivas, no Brasil e exterior. Em 1980, o painel Anunciação, de sua autoria, é enviado pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II. Em 1984, é premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA.
Críticas
"Anjos, demônios, espectros. pessoas comuns: o universo espectral de Carlos Araújo é povoado de sombras e de aparências anônimas, de silhuetas aprisionadas na fração de uma atitude. Os contornos das formas e dos rostos mal se recortam na fluidez de um espaço sem peso nem profundidade outra que a produzida pelo efeito apoiado do traço ou do toque do pincel. Os tons bistres pálidos ou azulados evocam as aquarelas clássicas do renascimento quanto ao espírito ´romântico-crepuscular´ do autor. (.) Não é sem fundamento que Carlos Araújo reivindica a influência dos ´mestres´ renascentistas, Michelangelo em primeiro lugar, que ele admira tanto por seu gênio visionário quanto por seu poder de trabalho. De fato, esses rostos de mulheres, esses corpos de trabalhadores, essas silhuetas de indígenas, de crianças ou de gente de circo têm, nas posturas e nas proporções, como que uma aparência furtiva, aspectos familiares que lembram os personagens da Capela Sistina. Em suas notas de trabalho, que constituem um comentário analítico de tocante lucidez, Carlos Araújo reencontra com naturalidade os toques leonardianos ou michelangelescos para evocar seus métodos de trabalho, o curso de seu pensamento, os pontos de ancoração de sua visão entre os arrebatamentos do sentimento e as exigências da feitura".
Pierre Restany
"(.). O Trabalho de Araújo mostra a tensão que existe dentro da humanidade de certa maneira, é a convicção de que a Bíblia manifesta a mensagem de salvação da história humana. Sua crônica, que ocorre através das alegorias e freqüentemente é inspirada por fontes religiosas, se dirige ao Brasil tumultuoso e mutante de hoje, e de todos os tempos. (.) Os homens e mulheres de Araújo são feitos de carne e osso, são impressões do Brasil libertados pelo artista para realizar, de sua própria maneira, uma versão de Gênesis e a previsão de outro Juízo Final. (.). O mundo habitual de Araújo é o mundo das pessoas pequenas, do povo anônimo e sofredor do Brasil. Ele é o testemunho e a memória dos excluídos, dos pescadores, dos tristes, dos amedrontados: o trabalho de Araújo é uma crônica de abandono".
Jorge Glusberg
Exposições Individuais
1974 - São Paulo SP - Carlos Araújo: pinturas, no Masp
1979 - São Paulo SP - Carlos Araújo: pinturas, no Masp
1982 - São Paulo SP - Individual, no Centro Campestre do Sesc
1984 - São Paulo SP - Individual, no Clube Atlético Monte Líbano. São Paulo SP - Trinta Painéis de Carlos Araújo, no MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Aplicada
1986 - Salvador BA - Individual, no Escritório de Arte da Bahia
1987 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1989 - Paris (França) - Carlos Araújo: pinturas e esculturas, na Galerie Furstemberg
1992 - Panamá (Panamá) - Individual, na Bernhein Gallery
1996 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Votre Galeria de Arte
1997 - Curitiba PR - Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
1998 - Fortaleza CE - Individual, na Galeria Multiarte
2000 - Miami (Estados Unidos) - Cenas da Bíblia, na Praxis Art International Gallery. Nova York (Estados Unidos) - Individual, na. Praxis Art International Gallery. Nova York (Estados Unidos) - Cenas da Bíblia, na Praxis Art International Gallery. São Paulo SP - Ascensão, no Espaço de Artes Unicid
2001 - Curitiba PR - Cenas da Bíblia, na Simões de Assis Galeria de Arte. São Paulo SP - Cenas da Bíblia, na Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa
Exposições Coletivas
1973 Bruxelas (Bélgica) - Imagens do Brasil
1976 - Penápolis SP - 2º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1977 - São Paulo SP - Mostra de Arte, no Grupo Financeiro BBI
1978 - Cidade do México (México) - 1ª Bienal Ibero-Americana de Pintura
Penápolis SP - 3º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1979 - São Paulo SP - Arte no Brasil: uma história de cinco séculos, no Masp
1980 - Penápolis SP - 4º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis. São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC. Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR. Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira. Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1985 - São Paulo SP - 7 Pintores da Arte Contemporânea Brasileira, na Galeria de Arte Portal
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1991 - Chicago (Estados Unidos) - Art Chicago International Art Exposition
1992 - Miami (Estados Unidos) - Art Miami International Art Exposition. Santo André SP - Litogravura: métodos e conceitos, no Paço Municipal
1995 - Buenos Aires (Argentina) - Feira de Arte de Buenos Aires
1997 - Curitiba PR - Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1999 - Curitiba PR - Destaques da Pintura Brasileira, na Simões de Assis Galeria de Arte
São Paulo SP - Litografia: fidelidade e memória, no Espaço de Arte Unicid
2001 - Caracas (Venezuela) - Feira Ibero Americana de Arte. Miami (Estados Unidos) - Art Miami
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte
2004 - São Paulo SP - Coletiva de Artistas Contemporâneos, no Esporte Clube Sírio
Cronologia
1980 - O painel Anunciação é enviado pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II. A obra encontra-se hoje no Museu do Vaticano
1981 - São Paulo SP - Executa o painel Os Trabalhadores, para o Banco Itaú, iniciando fase social
1984 - São Paulo SP - Recebe o prêmio da APCA
1987 - Paris (França) - Claude Draeger edita monografia ilustrada, intitulada Araújo, sobre sua pintura, com apresentação de Pietro Maria Bardi e Pierre Restany, reeditada em 1995
1989 - Paris (França) - Lançamento do livro de litogravuras Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, editado por Ariene Lancell, inspirado na obra de Blasco Ibañez
1996 - São Paulo - Artista homenageado na 28º Chapel Art Show
Fonte: CARLOS Araújo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 13 Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Espiritual contemporâneo
O brasileiro Carlos Araujo é o primeiro artista a expor no Pantheon de Roma, 300 anos depois do renascentista Rafael
Rafael forma com Michelangelo e Leonardo Da Vinci a tríade dos grandes artistas do Renascimento. Nasceu em Urbino, em 1483, e viveu os 12 últimos anos de sua vida em Roma, trabalhando intensamente para o Vaticano. Seu prestígio era tal que em 1520 foi enterrado no Panteão de Roma, um dos mais bem preservados edifícios da Roma antiga, convertido em 609 d.C. pela igreja católica em Basílica romana de Santa Maria e Mártires. Duzentos anos depois a morte, o pintor teve uma exposição póstuma no local.
Três séculos depois de Rafael, o Pantheon abre novamente suas portas para uma exposição de arte. Quem lá expõe é um brasileiro de 65 anos. Segundo o Monsenhor Daniele Micheletti, arcebispo da Basílica, “Carlos Araujo, ilustre pintor, sua pintura e sua Bíblia de cores e luzes”.
Engenheiro de formação e artista autodidata, o paulistano Carlos Araujo começou a pintar nos anos 1960, engajado em temáticas de viés sócio-político, como boa parte de sua geração. Nos anos 1970, ganha repercussão após duas individuais no MASP. Sua história com o Vaticano começa pouco depois disso, quando converte sua pintura para a reflexão teológica e a meditação espiritual. Dono de um estilo virtuoso e vigoroso, expôs em 1979 o painel “Anunciação” no Vaticano, e desde então dedica-se com paixão à pintura religiosa.
Em 2007, concluiu seu grande projeto: “Bíblia Citações”, uma versão do livro sagrado com 1028 pinturas. O primeiro exemplar foi entregue ao papa Bento XVI pelo Governo do Estado de São Paulo, e assim começou a costurar-se o projeto da presente exposição. Durante uma semana, do sábado 26 ao sábado 3 de outubro, Araujo apresenta no Pantheon 32 telas que ilustram passagens bíblicas do Gênesis. Com esse trabalho, afirma se comunicar não apenas com católicos, mas também com budistas, judeus, muçulmanos e ateus.
“O livro do Gênesis contém uma mensagem comum a três grandes religiões e nos remete à remota lembrança de termos sido criados no Sexto Dia, um vínculo de fraternidade que deve ser exercido. Uma grande oportunidade para os chefes de poder transformarem confrontos em convivência pacífica”, diz Araujo à Istoé. “O Pantheon de Roma é a catedral mais antiga do mundo e foi palco de inúmeras demonstrações de fé. A exposição tenta mais uma vez mostrar esta mensagem a meio milhão de passantes, peregrinos e turistas em um local que, de certa forma, já a contém desde o inicio, desde o Gênesis”.
Fonte: Istoé, publicado em 30 de setembro de 2015.
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Biografia - Wikipédia
Carlos Araujo nasceu em 1950 no Hospital Pro Matre, na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Cresceu nas regiões de Perdizes e Vila Buarque. Quando pequeno, pintava com qualquer material que encontrasse. Sua veia artística ficava explícita até na decoração do espaço: no teto, pendurou duas bicicletas velhas, para deixar o ambiente com o aspecto de um quadro. Introvertido e autodidata, Araujo passava o dia pintando e sonhava em se dedicar à arte. Seu primeiro quadro catalogado, "Alegoria ao Carnaval", data de 1963. Tinha receio de não conseguir uma boa renda com a vida de artista e, por influência do pai, formou-se em engenharia civil na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Porém, não chegou a se dedicar à profissão.
Aos 20 anos, foi descoberto por Pietro Maria Bardi, então diretor do MASP. Em 1973 foi convidado a participar da exposição "Imagens do Brasil", em Bruxelas com a obra "O Próximo Passo", executada dez anos antes. Sua primeira exposição individual foi realizada em 1974 no MASP. Em 1979, criou o painel intitulado "Independência" para a exposição "5 Séculos de Arte no Brasil", realizada no MASP. Naquele mesmo ano, no mesmo Museu apresenta uma exposição com temática metafísica em grandes painéis incluindo "O Último dos Tapuias", "O Centauro de Bourdelle Brincando com a Morte" e "Sonhos de São Jorge". Em 1987, expôs novamente no MASP.
Em maio de 2007, o então governador de São Paulo, José Serra, presenteou Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil com um dos livros de Carlos Araujo. O livro, intitulado "Bíblia Citações", foi concluído no mesmo ano. Tem 629 páginas e pesa mais de oito quilos, trazendo 1028 pinturas que ilustram citações da Bíblia.
Já expôs seu trabalho na Bienal de Florença (2007), na Itália, e no Carrousel du Louvre, em Paris (2008). Em 2010, expôs 25 grandes painéis no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE).
Foi escolhido para reabrir em setembro de 2015 o Panteão, em Roma, que havia ficado três séculos sem receber exposição. Araujo foi o primeiro artista contemporâneo a expor no monumento que já exibiu obras de Rafael Sanzio. O artista teve de reunir 32 pinturas em uma mostra, que ilustram passagens bíblicas do Gênesis. Além do Panteão, teve concomitantemente uma exposição individual na Galleria D’Arte Benucci, também em Roma.
Em junho de 2018 participou da exposição "Revelação e Luz das Formas do Imaginário", desenvolvida pelo artista e pelos participantes do projeto "Resgatando Cultura", do Instituto Olga Kos de Inclusão Social (IOK). O objetivo da exposição foi mostrar como os participantes do projeto deixaram-se conduzir por imagens que se revelavam em manchas de tinta que foram aprimoradas, com finas camadas, ou, ainda, retirando aos poucos o pigmento dos suportes.
Livros
"Araujo", por Claude Draeger, 1984
"Bíblia Citações", por Carlos Araujo, 2007
"Pinturas Antigo e Novo testamento", por Carlos Araujo, 2010
"Gênesis", por Carlos Araujo, 2013
"A Arte e a Sacralidade na Arte", por Jacob Klintowitz, 2018
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 13 de junho de 2020.
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Conheça de perto um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira.
Autodidata, Carlos Araújo começou a pintar aos 13 anos. Foi pela tinta à óleo que se apaixonou, apesar de litografia e desenhos fazerem parte de seu trabalho
“O artista? Ele voa, voa, por isso preciso racionalizar o processo”, disse Carlos Araújo para mim em seu ateliê, em São Paulo. Algumas de suas obras são enormes e quase batem no teto de uma casa de vila no Morumbi cercada de árvores. Em sua calça jeans, respingos de tinta. Em seu rosto, uma simpatia imensa. Em uma parede branca, quase não se via, mas havia vários telefones anotados e alguns recados marcados a lápis: “sua agenda”- me disse uma pessoa que o conhece bem, desde quando era jovem.
Estava diante de um dos maiores artistas brasileiros, e de um homem com um dom imenso: o dom da arte, das palavras, e dom de alguém que procurou olhar para dentro de si em busca de encontrar seu caminho.
Do homem ao criador
Carlos Alberto de Araújo Filho é um artista brasileiro que iniciou seu trabalho nos anos 60. Autodidata, começou a pintar aos 13 anos inspirado pelos entornos da sua janela. Engenheiro por formação, foi durante o curso que sua carreira começou a crescer.
Com a ajuda de um querido professor (Pietro Maria Bardi) fez sua 1ª exposição individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP), aos 18 anos e depois, começou a expor suas obras no exterior. Seus temas, na época, apresentavam as atitudes do homem, a sociedade brasileira, as misérias e tragédias humanas. Entre os materiais com os quais trabalha estão o óleo sobre tela, desenho e a litografia.
Aos 23 anos, Carlos foi convidado para criar um livro sobre o homem no Brasil. O artista viajava muito e conhecia pessoas que materialmente não tinham nada ou quase nada, mas espiritualmente, se sobressaiam a qualquer outra que havia conhecido em São Paulo.
A dicotomia que existia entre a felicidade e a matéria o levaram a um questionamento pessoal sobre tudo aquilo que ele havia aprendido. Carlos Araújo entrou em uma pesquisa muito profunda de vida, de quase dois anos, sobre quais os valores que ele deveria seguir.
Durante este período de “deserto” como ele mesmo chama, se deparou com o convite de uma editora de Paris que havia trabalhado com grandes artistas como Salvador Dalí e Ernst Fuchs, que pintavam o significado de Deus. Esses trabalhos então, eram transformados em livros-objetos, de aproximadamente 1 metro de altura.
Logo, ele foi convidado para criar um livro de São João do Apocalipse. Lançou 100 cópias e fez uma exposição na Galeria Furstenberg, na França, mas a questão sobre a sua verdade ainda o perseguia. Sua busca pela felicidade e pelo sorriso das pessoas que havia conhecido em suas viagens, mesmo com tão pouco, sondava sua alma.
A transformação
O alívio desse momento de crise veio com a palavra bíblica, quando ele começou a ler, por uma questão até de desespero e entender a palavra de Deus, coisa que antes achava arcaico. E como uma bomba que estourou em seu espírito, percebeu que esse talvez fosse o seu caminho. Mergulhou na leitura dela e ali encontrou muitas respostas à miséria humana e para a sua vida pessoal.
O artista conta que para ele foi um caminho natural. “No começo eu ficava assim, num barco à deriva”. Mas hoje, o que podemos chamar de ‘seguir a intuição’, para Carlos isso foi visto como orientação – e ele se enxerga como um instrumento dessa orientação. “Quando o artista desenvolve algo para o benefício de um próximo, não é ele que o faz, ele é um instrumento de uma força maior e tem que se entender com tal.”
Assim, ele começou a pintar espectros, obras transcendentais e etéreas. No abstracionismo de suas telas surgem inspirações dos mestres renascentistas, em especial de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Carl Bloch, os flamengos, artistas que demonstraram a situação do homem e sua solução para melhora com a luz (Deus).
Dessa forma, Carlos Araújo sempre foi muito dedicado a representar essa palavra por meio da pintura.
Um projeto de vida
Há anos, iniciou um projeto ousado: pintar telas retratando passagens de toda a Bíblia. Até hoje foram mais de 2 mil quadros. Muitos foram reproduzidos no livro “Bíblia – Citações”, junto com uma versão ecumênica do texto sagrado, resultando em uma publicação de 685 páginas, que mede 50cm por 30cm e pesa 7 quilos.
O trabalho agradou tanto o Papa Bento XVI a ponto de fazê-lo escrever um prefácio para a 1ª edição, que foi lançada em Florença, na Itália. Cada Bíblia vem com uma gravura feita por Carlos especialmente para a edição – são 35 imagens diferentes com cem cópias cada, totalizando 3.500 exemplares da tiragem em português.
Suas obras ficaram bastante conhecidas para além do Brasil também, tanto que até o Papa João Paulo II era seu fã. Os quadros de Carlos Araújo foram expostos no Pantheon em Roma, local que ficou 3 séculos sem receber nenhuma exposição, além do Vaticano.
Sobre o futuro
Carlos Araújo conta que precisa acabar 100 passagens bíblicas que está elaborando para a divulgação de uma exposição na Itália, no Vaticano e no Pantheon. E completa: “Pense em quantas coisas do bem e do mal ocorreram naquele espaço…Olha o intervalo do tempo que eu demorei para fazer uma exposição lá no Pantheon, 4 mil anos? É o que digo, você nunca esteve sozinho na batalha”.
Foram ao todo mais de 800 telas grandes e 12 mil telas pequenas pintadas ao longo de sua carreira e que hoje encontram-se em inúmeras coleções particulares e museus. Seu trabalho garante ao artista o título como um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira.
Para finalizar, Carlos Araújo diz: “Demorei cerca de 30 anos para melhorar um pouquinho, dar importância ao espírito e desimportância à carne. Se você trabalha com o bem ao próximo, isso é eterno. Você ajudou ele evoluir. Isso é que é bonito na vida, é o que fica. Cada um sabe o que o afasta da luz”.
Fonte: Follow the colours, por Carol T. Moré, publicado em 13 de agosto de 2019.
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Como ser um artista? – Por Carlos Araújo
Desde que se entende por gente, Carlos Araújo pinta. Foi aos 13 anos que, autodidata, deu início às suas criações. Carlos já frequentava a Casa do Artista para comprar materiais, fazer pesquisas e tirar suas dúvidas técnicas. E é o local em que confia até hoje. Há anos que conhece os colaboradores e muitos viraram até grandes amigos. Foi pela pintura a óleo que ele se apaixonou, mas desenhos e litografia fazem parte de seus trabalhos.
A preparação de suas telas leva 3 demãos de branco de titânio, já que utiliza a técnica de velatura, ou seja, camadas e mais camadas que vão se formando. Um quadro para ser finalizado às vezes leva 40 camadas. Por conta disso, nem todas as pinturas de Carlos foram terminadas em seu ateliê.
A visualização do contexto da obra já começa com a preparação do fundo e das camadas de tinta que Carlos costuma fazer. O artista diz que as imagens bíblicas são pintadas com as cores já definidas e o desenho ultima todo o entorno, mas que já está inerente e ali é gravado com uma ponta seca de uma única vez. Para proteger a obra, por último, Carlos passa uma camada de cera de abelha.
De quando começou até hoje, Araújo acha que a qualidade dos materiais melhoraram muito. Os pigmentos já estavam em estado de excelência, porém, o refinamento e sua fabricação têm maior durabilidade. Carlos disse que agora, além de suas pinturas, aprendeu a escanear e a fotografar suas obras, para eternizá-las.
Para os artistas em evolução, ele nos dá algumas dicas:
Lição 1 – Persesrverança
“A quantidade de artistas que existe hoje é enorme, então, a sobrevivência se torna cada vez mais difícil. O que deve alimentá-lo é ter recebido o talento de ter se tornado artista, então não deve haver nenhuma dúvida, porque isso é a força que o alimenta. Tenha perseverança.”
Lição 2 – Escute seu dom
“Ao artista foi dado um dom de transmitir uma mensagem, que pode ser através da escrita, da escultura, do amor à sua profissão como marceneiro, que seja. Não são todos que recebem esse dom. À medida que você se reconhece como artista, você tem uma responsabilidade muito grande. E você tem que todo dia agradecer por ter tido esse dom e entender que sua profissão é difícil.”
Lição 3 – Não enalteça o ego
“O artista de forma nenhuma deve enaltecer o ego. A partir daí, são consequências. Troque com outros artistas suas angústias, intenções, esperanças e reafirme o seu valor, independente do reconhecimento. Dentro de todas as profissões, o artista deve levar uma boa mensagem e não no sentido de enaltecer o ego, senão você estará se destruindo”.
Fonte: Follow the colors, por Carol T. Moré, publicado em 22 de agosto de 2019.
Crédito fotográfico: Estadão, o pintor Carlos Araújo em foto divulgação do acervo pessoal.