Cadastre-se e tenha a melhor experiência em leilões 🎉🥳

Hélio Mello

Hélio Holanda Melo (20 de julho de 1926, Boca do Acre, Amazonas – 22 de março de 2001, Goiânia, Brasil) foi um pintor, desenhista, escritor e músico autodidata brasileiro. Autodidata, cursou apenas até a terceira série do ensino fundamental e trabalhou como seringueiro, experiência que moldou toda a sua produção artística. Na arte visual, utilizava materiais simples e acessíveis, como folhas, pigmentos naturais extraídos de plantas e, mais tarde, tintas industriais. Suas obras expressam percorre o real e o fantástico, retratando não apenas o cotidiano dos povos da floresta, mas também as lendas, os sonhos e os medos do mundo amazônico. As paisagens são densas, vibrantes, com uma paleta de verdes, marrons e vermelhos, onde figuras humanas, animais e elementos míticos se entrelaçam em cenas oníricas e simbólicas. Teve obras expostas em importantes instituições como o Centre Georges Pompidou (França), MASP e MAR, e foi homenageado na 27ª Bienal de São Paulo (2006). Hélio foi um dos principais e mais importante cronista visual da Amazônia e um dos grandes nomes da arte popular brasileira. Além da pintura, Hélio publicou livros como Xapurí (1982) e O Cantador da Floresta (1993), combinando memória, poesia e crítica social, além de compor músicas e retratar o universo mítico da floresta.

Hélio Melo | Arremate Arte

Hélio Holanda Melo nasceu em 20 de julho de 1926, na Vila Antimari, em Boca do Acre, Amazonas, e se tornou um dos grandes nomes da arte popular brasileira, reconhecido por sua profunda conexão com a floresta amazônica e com o imaginário da vida seringueira. Autodidata, cursou apenas até a terceira série do ensino fundamental e trabalhou desde jovem como seringueiro no Acre — experiência que marcaria profundamente sua trajetória artística e poética.

Foi no silêncio da mata e no ritmo da vida ribeirinha que Hélio começou a pintar, escrever e compor. Utilizava materiais simples e acessíveis: folhas, pigmentos naturais extraídos de plantas e, mais tarde, tintas industriais. Suas obras expressam uma simbiose entre o real e o fantástico, retratando não apenas o cotidiano dos povos da floresta, mas também as lendas, os sonhos e os medos do mundo amazônico. As paisagens são densas, vibrantes, com uma paleta de verdes, marrons e vermelhos, onde figuras humanas, animais e elementos míticos se entrelaçam em cenas oníricas e simbólicas.

Além de artista plástico, Hélio foi músico, compositor e escritor. Lançou livros como Xapurí (1982) e O Cantador da Floresta (1993), nos quais mescla memória, poesia, denúncia social e elementos do realismo mágico. Sua arte chamou atenção de críticos e curadores no Brasil e no exterior. Participou da 27ª Bienal Internacional de São Paulo em 2006 (em homenagem póstuma), e teve obras adquiridas por instituições de prestígio como o Centre Georges Pompidou, na França, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e o Museu de Arte do Rio (MAR).

Faleceu em 22 de março de 2001, em Goiânia, mas sua obra continua viva como testemunho sensível e potente da alma amazônica. Ele é lembrado como o “pintor da selva”, um cronista visual e poético das florestas, dos povos invisibilizados e das memórias enraizadas na terra. Seu legado é um grito manso e encantado que ecoa entre rios, árvores e histórias do Norte do Brasil.

---

Hélio Mello | Wikipédia

Hélio Holanda Melo (Vila Antimari, Boca do Acre, 20 de julho de 1926 — Goiânia, 22 de março de 2001) foi um artista plástico, compositor, músico e escritor brasileiro, nascido no Estado do Amazonas. Foi também seringueiro, no seringal Senapólis, catraieiro, na travessia de pessoas entre as margens do rio Acre, barbeiro e vigia de empresa estatal.

Melo cursou até a terceira série do 1ª grau, e aos oito anos, já desenhava, como pintor autodidata, utilizando o nanquim e tintas naturais que preparava a partir do sumo que extraía de plantas.

Em sua homenagem, o governo do Acre criou um espaço cultural – o Theatro Hélio Melo – com capacidade de 150 lugares.

A obra de Hélio Melo está presente no acervo do MAR (Museu de Arte do Rio) através de quatro importantes desenhos doados por Luiz Paulo Montenegro em 2013. Esses desenhos participaram da exposição Pororoca nesse museu carioca em 2014. O catálogo Pororoca, editado pelo MAR, inclui o artigo "Arte de Ciclos da Borracha: seringueiros artistas" de Paulo Herkenhoff, em que, pela primeira vez, é analisada conjuntamente a obra de três artistas visuais da região amazônica: o imaginário e o simbolismo do serigueiro desenhado por Helio Melo, os delírios dos animais imaginários da selva de Chico da Silva e as memórias da batalha pelo látex durante a Segunda Guerra Mundial por Paulo Sampaio, o pintor soldado da borracha. Cada um deles construiu sua própria linguagem de modo singular. Herkenhoff analisa a deriva de Hélio Mello nos percalços do desenvolvimentismo brasileiro. Este autor afirma que Hélio Melo, "por seu aprendizado com a natureza e com os índios, criou uma agenda de interpretação da vida cotidiana e de um imaginário que mobilizava a dimensão simbólica dos conflitos sociais e ecológicos de seu ambiente".

Biografia

Viveu sua infancia e juventude nos seringais Floresta e Senápolis, deixa o seringal aos 33 anos de idade, para conhecer novos mundos, já despontava autodidaticamente pequenos desenhos e rabiscos. Com a morte da mãe vai para a cidade de Rio Branco, inicia seus primeiros contatos com as artes e objetos de desenho. Como todo o seringueiro a sobrevivência era essencial, passou a trabalhar como catraieiro fazendo a travessia de pessoas no Rio Acre, com a chegada das pontes sobre Rio Acre deixou a atividade, iniciando o trabalho de barbeiro ambulante. No ano de 1975 começa a trabalhar como vigia. Em 1978 é incentivado por Genésio Fernandes e Gregório Filho então Presidente da Fundação de Cultura do Acre a produzir mais desenhos para expor na Biblioteca Pública, daí começa a surgir o artista Hélio Melo.

Exposições no Brasil

  • Departamento de Atividades Culturais (DAC), Rio Branco, Acre, 1978 (Coletiva).

  • Centro de Artesanato, Rio Branco, 1978 (Coletiva)

  • Fundação Cultural de Brasilia, Distrito Federal, 1979 (Coletiva)

  • Universidade Federal do Acre, Rio Branco, 1979 (Coletiva)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, 1980 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Galeria de Arte da Tijuca, Rio de Janeiro, 1980 (Individual)

  • Casa de Cultura de Pernambuco, Recife, 1981 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio, Recife, 1981 (Individual)

  • Galeria Sérgio Millet, FUNARTE, Rio de Janeiro, 1981 (Individual)

  • Feira da Providência, Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, 1981 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio, Aracaju, Sergipe, 1981 (Coletiva)

  • IV Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, Rio de Janeiro, 1981 (Coletiva)

  • Mostra de Desenho, Museu de Arte de Belo Horizonte, Minas Gerais, 1983 (Coletiva)

  • Serviço Social do Comércio, Rio Branco, Acre, 1982 (Individual)

  • Exposição no Salão Paranaense, Curitiba, Paraná, 1982 (Coletiva)

  • Mostra de Desenho Brasileiro, Curitiba, Paraná, 1982 (Coletiva)

  • Serviço Social do Comércio, Rio Branco, Acre, 1983 (Individual)

  • Serviço Nacional do Comércio, Rio Branco, Acre, 1983(Individual)

  • Feira da Cultura Brasileira (BIENAL), São Paulo, 1983

  • Feira da Cultura, Curitiba, Paraná

  • Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Acre, 1983 (Coletiva)

  • Exposição em Plácido de Castro, Acre, 1983 (Individual)

  • Exposição na Fundação Cultural do Acre, Rio Branco, Acre, 1983 (Individual)

  • Salão Nacional de Artes Plásticas, Rio de Janeiro, 1983 (Coletiva)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Brasília, 1984 (Coletiva)

  • 7° Salão Nacional de Artes Plásticas - Rio de Janeiro - RJ -1985 (Coletiva)

  • Semana do Folclore, UFAC, Rio Branco, Acre (Coletiva)

  • Fundação Cultural do Acre, Rio Branco, Acre, 1984 (Individual)

  • Serviço Nacional do Comércio, Rio Branco, Acre, 1984 (Individual)

  • Palácio das Artes, Belo Horizontem, 1985

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, Acre, 1985 (Individual)

  • Exposição na UFAC, Rio Branco, Acre, 1985

  • Encontro Nacional do Seringueiro (Apresentação de música a desenhos), Brasília, 1985

  • 17° Salão Nacional de Arte, Museu de Arte de Belho Horizonte, Minas Gerais, 1985–1986 (Coletiva)

  • Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1985–1986

  • Encontro de Seringueiros de Xapuri, Xapuri, Acre, 1986

  • Feira dos Estados, Brasilia, 1986

  • Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Rio Branco, Acre, 1986 (Individual)

  • Centro Nacional de Divulgação, FUNARTE, Brasilia, 1986 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio do Carmo, São Paulo-SP, 1986

  • Serviço Social do Comércio Campestre, São Paulo-SP, 1986

  • Feira de Santos - Santos - São Paulo -1986

  • Feira dos Estados, Brasilia, 1986

  • Galeria Artur Viana, Belém, Pará, 1986 (Individual)

  • Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Rio Branco, Acre, 1987 (Individual)

  • Encontro dos Povos da Floresta, Rio Branco, Acre, 1989

  • Exposição na Prefeitura Municipal, São Paulo-SP, 1989 (Individual)

  • Fundação Chico Mendes, São Paulo-SP, 1989

  • Parque Lage, Rio de Janeiro, 1989

  • Rio-Cine-Festival, Rio de Janeiro, 1989

  • Exposição de desenhos, Xapuri, Acre, 1990

  • Circo Voador, EC01992, Rio de Janeiro–RJ, 1992

  • Galeria Sérgio Millet, Rio de Janeiro–RJ, 1992 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio, Salvador, Bahia, 1992 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Fortaleza, Ceará, 1992

  • BANERJ, Rio de Janeiro–RJ, 1992 (Individual)

  • Galeria Garibaldi Brasil, Rio Branco, Acre, 1993 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, Acre, 1994

  • Casa de Cultura, Brasilia, 1995

  • Senado Federal, Brasilia, 1995

  • Ministério da Cultura (Exposição I FUNARTE), Brasilia, 1995

  • Encontro Nacional dos Seringueiros, Brasilia, 1995

  • Centro Cultural Marieta Telles Machado, Goiânia, Goiás, 1995

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, Acre, 1996

  • Serviço Social do Comércio, Rio Branco, Acre, 1996

  • Parque Chico Mendes, Rio Branco, Acre, 1996

  • Colégio São José, Rio Branco, Acre, 1996

  • Exposição "Empate do Seringueiro", Brasília, 1997

  • Exposição de Desenhos sobre a Amazônia, Rio Branco, Acre, 1998

  • Exposição de Desenhos na inauguração da Casa Branca, Xapuri, Acre, 1998

  • Exposição durante um Curso de Enfermagem, Rio Grande do Norte, Natal,-1999

  • Museu da Vida, Espaço Cultural dos Correios, Rio de Janeiro–RJ, 1999

  • Colégio de Aplicação, Rio Branco, Acre, 1999

  • Teatrão, Fórum do Idoso, Comemoração aos Idosos, Rio Branco, Acre, 1999

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, Acre, 1999

  • Pororoca. Museu de Arte do Rio (MAR). Rio de Janeiro, 2014.

Exposições no exterior

  • Nouveau Salon de Paris, Paris, França, 1986 (Coletiva)

  • Museu de Smithsonian Institution (Amostra de desenho), Washington, EUA, 1988

  • Centro Missionário Diocesano, Chiesa de S. Cristoforo (Amostra de desenho), Luca, Itália, 1989

  • Amostra de desenho em Verona, Itália, 1989

  • Amostra de desenho em Florença, Itália, 1989

  • Amostra de desenho em Roma, Itália, 1989

  • Amostra de desenho em Pescara, Itália, 1989

  • Amostra no Fórum Global, Londres, Inglaterra, 1989

  • Exposição Itinerante Internacional "Arte Neo-Amazônica", Itália (Roma, Cremona, Mantova, Castel Goffredo, Grosseto), 1996

Publicações

  • História da Amazônia

  • Experiência do Caçador a os Mistérios da Caça

  • Os Mistérios da Mata

  • Os Mistérios dos Pássaros

  • Os Mistérios dos Peixes a dos Répteis

  • Via Sacra na Amazônia

  • Como salvar nossa Floresta

Premiações

  • Medalha de Mérito Cultural, conferida pela Universidade Federal do Acre, em 1988

  • Medalha de Honra ao Mérito, conferida pelo Colégio Acreano, em 1989

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Exposições Hélio Melo | Itaú Cultural

1981 - 4º Salão Nacional de Artes Plásticas

1982 - 5º Salão Nacional de Artes Plásticas

1984 - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas

1985 - Arte e seus Materiais

1985 - 17º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte

1992 - Individual de Hélio Melo

1994 - 2ª Bienal Brasileira de Arte Naif

2006 - 27ª Bienal Internacional de São Paulo

2010 - Amazônia, A Arte

2012 - Amazônia, Ciclos de Modernidade

2020 - Realce (obras do acervo)

2022 - Mapa da Estrada: novas obras no Acervo da Pinacoteca de São Paulo

2023 - Contra-Flecha: Arqueia mas não quebra

Fonte: HÉLIO Melo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 09 de abril de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

---

Hélio Mello | SP - Arte

A exposição Hélio Melo evidenciou a diversidade da trajetória de um artista singular. Sob curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, a mostra rememorou o percurso de Hélio Melo (1926–2001), cuja vida foi marcada por múltiplas profissões: seringueiro, catraieiro, barbeiro, vigia, escritor, poeta, músico e, acima de tudo, artista. Em fins da década de 1970, depois de se estabelecer em Rio Branco e começar a pintar a floresta pela memória, Melo participou de exposições locais, despertando o interesse de renomados artistas e críticos, como Sergio Camargo e Frederico Morais, que se converteram em entusiastas de seu trabalho. Para Jacopo, as obras de Melo apresentavam uma organização espacial de teor teatral ou cinematográfico, sugerindo encenação e mise en scéne, em detrimento de uma representação literal e simplista da realidade. A exposição apresentou a interpretação da floresta por Melo, retrato que manteve sua relevância mais de vinte anos após a morte do artista. Uma programação paralela incluiu uma Mostra de Filmes, veiculada no canal do YouTube da Almeida & Dale. A seleção exibiu obras históricas e recentes que ressaltavam o universo artístico, literário e musical de Melo, além de denunciar os impactos da ocupação da Amazônia Ocidental e seus efeitos sobre os povos da floresta. No Ciclo de Conversas que teve lugar na galeria e na Filmoteca Acreana, em Rio Branco no Acre, foram realizados encontros que tratavam de questões alinhadas ao espírito inquieto e á poética do artista, nos quais se exploraram as conexões entre seu legado e outras expressões artísticas e formas de narrativa, percorrendo temas como o Acre, a borracha, Chico Mendes, arte contemporânea, cinema, a vida do artista e fotografia.

Fonte: SP-Arte. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Hélio Melo | Espaço Hélio Melo

Hélio Melo foi um artista plástico, compositor, músico e escritor nascido em Vila Antimari, Boca do Acre, no Amazonas. Trabalhou como seringueiro no Acre, onde realizou tarefas árduas relacionadas à extração e transporte do látex. Essas experiências serviram de inspiração para sua carreira artística, musical e literária, todas autodidatas. Também foi barbeiro, vigia e catraieiro no Rio Acre. A obra de Melo destaca as vidas dos seringueiros e a exploração de milhões de brasileiros, refletindo a destruição metódica da floresta e defendendo alianças com seus verdadeiros guardiões.

Sua literatura narra suas experiências e mistura o imaginário pessoal com a cultura amazônica, incluindo lendas e histórias reais. Escreveu várias cartilhas didáticas para preservar o conhecimento sobre a história da borracha e a cultura amazônica. Melo estudou até a terceira série do ensino fundamental e, aos oito anos, já desenhava e pintava, utilizando nanquim e tintas naturais feitas a partir de plantas. Viveu sua infância e juventude nos seringais Floresta e Senápolis, deixando o seringal aos 33 anos.

O universo amazônico é central em sua produção artística, que contém referências a mitos, personagens e costumes da floresta. Seus desenhos e pinturas simbolizam o seringueiro e os aprendizados com a natureza e os povos indígenas, destacando conflitos sociais e ecológicos da região. Sua obra está ligada a experiências pessoais e fatos que vivenciou.

Como já foi observado, apesar da aparente simplicidade, ou até singeleza, da sua obra, o que realmente importa nos desenhos e nas pinturas de Hélio Melo não cabe na superfície, “temos que reconhecer que a obra principal do artista está por trás do que ele pinta, ou do que ele faz”. — Jacopo Crivelli Visconti.

Fonte: Espaço. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Acre e seu Hélio Melo | Fundação Clóvis Salgado

Bora falar de arte?

O quanto conhecemos o Brasil? E suas produções artísticas? É partindo dessas perguntas que o Bora se lança para mais um trabalho de inventariar o campo da arte contemporânea – observando que este inventário não tem a pretensão de determinar estruturas rígidas de referências. Tem, entretanto, a intenção de propor outras direções para se olhar; e com isso buscar compreender as diversas poéticas que constroem a cultura artística do país.

Assim, o Bora desta semana se aventurou pelo estado do Acre: localizado na Região Norte, no bioma da Amazônia, com o clima equatorial úmido e cuja capital é Rio Branco.

Embora possua uma população com muitos imigrantes (entre eles, brasileiros vindo do nordeste e do sul, além de venezuelanos, haitianos, bolivianos e peruanos; esses últimos cujos países fazem fronteiras com o Brasil), a matriz indígena teve grande influência na formação do povo acreano.

É dentro desse universo de matriz fortemente indígena que o Bora traz o artista Hélio Melo. Nascido na Vila Antinari, no Acre, autodidata e seringalista, Hélio desbravou o campo das artes se expressando em várias linguagens: música, literatura, teatro e artes visuais. Nessa última se aprofundou na convivência com os indígenas – também conhecidos como povos da floresta.

Dentro do universo das artes visuais, Hélio desenvolveu sua poética por meio do desenho e da pintura, misturando corantes naturais com tintas industriais, como o nanquim. O látex – da borracha – se tornava aglutinante; cascas de árvores, sementes e frutos, pigmentos; e tudo aquilo que ele vivia – a vida na natureza, os conflitos ambientais, as denúncias sociais, as trocas com os povos da floresta – se transformava em pinturas e em desenhos fabulosos, surreais, míticos e críticos.

“Seu Hélio”

No documentário “Seu Hélio”, de 38min22s, dirigido por Juca Badaró, podemos conhecer um pouquinho mais sobre a história e a poética desse artista que construiu na Amazônia, no seringal, seu ateliê mata adentro. É em meio à natureza, no cotidiano da floresta, que ele nos revela uma Amazônia mítica. Com temas telúricos e com seres fabulosos, nos encontramos com questões sociais, ambientais e humanas que ultrapassam a noção do território como uma ocupação do espaço e delimitação geográfica. Na poética de Hélio, sentimentos, experiências, memórias e vivências ancestrais confluem, criando um lugar – um território simbólico – significativo e potente que comunga com a realidade não só dos que vivem na região, mas de uma boa parte dos brasileiros.

Fonte: Fundação Clóvis Salgado. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Hélio Melo: do seringal à Bienal | Brazil Journal

A galeria paulistana Almeida & Dale apresenta uma exposição e um belíssimo livro resgatando a obra do artista Hélio Melo. Foram quatro anos de pesquisa intensa para reconstruir seu histórico e localizar suas obras.

Seringueiro, ativista, músico, contador de histórias, compositor, roteirista, desenhista e pintor, Hélio foi autodidata em tudo.

Nascido em 1925 na divisa do Amazonas com o Acre, de avós cearenses, o futuro pintor viveu 33 anos como seringueiro na floresta amazônica até se mudar para Rio Branco.

Parou de estudar aos 12 anos, quando foi trabalhar com índios e seringueiros no corte da seringa. Sua mãe gostava de desenhar, o que inspirou Hélio ainda criança a pintar com os materiais que tinha à mão, improvisando e inovando na criação de tintas e uso de suportes. Aos 18, começou a tocar sozinho violão, passando depois para o violino, sua maior paixão.

Mudou para Rio Branco em 1959 e foi trabalhar como catraieiro, transportando pessoas de uma margem à outra do rio. Como a concorrência entre os barcos era grande, para atrair clientes criou um jornal com suas histórias e desenhos para que as pessoas pudessem ler durante a travessia (era obcecado por notícias). O sucesso foi tanto que não só desbancou os concorrentes como foi reconhecido por seu talento artístico.

Com o declínio da borracha, a política desenvolvimentista do governo nos anos 70 estimulou grandes projetos madeireiros e agropecuários, gerando o começo do desmatamento na região.

“Meu desenho traz uma mensagem, é uma denúncia da derrubada da floresta,” dizia Hélio, que era visto mais como ativista do que artista naquela época.

Apesar da aparente simplicidade dos desenhos que retratavam a vida dos seringueiros, ele dominava complexos recursos pictóricos e iconográficos, disse Jacopo Visconti, o curador da exposição. O que importa em sua obra está além da superfície: a grande protagonista é a floresta.

Com a construção de uma ponte em Rio Branco, o trabalho de 11 anos como catraieiro chegou ao fim e Hélio foi ser vigia de um prédio. Nesse período, pôde se dedicar ao desenho, pintando com pigmentos feitos a partir do açaí, urucum, casca de melancia, melão e pigmentos de folhas de árvores, que ele misturava com nanquim para garantir durabilidade.

A dedicação às artes o levou a se inscrever num curso de desenho da Secretaria de Cultura local, mas, ao ver seus trabalhos, o professor declarou que Hélio não tinha nada a aprender e o convidou para uma exposição coletiva, o pontapé inicial para sua carreira como artista.

Em 1980, fez uma exposição no Rio, vendida quase toda para o escultor carioca Sérgio Camargo. “Havia nos desenhos uma sensibilidade intuitiva tão bem calculada para captar a luminosidade que superava a iconografia,” o escultor disse ao Jornal do Brasil na época.

A partir daí, Hélio passou a integrar o circuito de artistas regionais. Suas obras circularam pelo Brasil e no exterior, incluindo exposições em Paris e no Smithsonian, em 1988, na mostra Tropical Rainforests: A Disappearing Treasure.

A floresta de Helio encantava por ser mítica e fabulosa, com alegorias e personagens fantásticos, como o homem-burro, e metamorfoses entre homens, animais e plantas. Apesar do sofrimento retratado, havia espaço para poesia e beleza.

Luigi Pieretti, um missionário italiano que morava em Rio Branco na época, ficou encantado com a pluralidade artística do ex-seringueiro. Organizou uma viagem para que o artista e ativista visitasse diversas cidades italianas e participasse de debates em universidades e centros católicos, além da exposição de suas pinturas e desenhos em Luca, Florença, Verona e Pisa.

Para a viagem, Hélio criou um conjunto de 19 desenhos intitulado Via Sacra, traçando um paralelo entre a Paixão de Cristo e o sofrimento dos seringueiros (mal remunerados, trabalhavam de pé 18 horas por dia, em longas caminhadas  na floresta que podiam chegar a mais de 20 km diários).

Os desenhos ficaram guardados em um envelope, esquecido na arquidiocese de Luca e encontrado 30 anos depois da sua execução. O conjunto de desenhos é um dos grandes destaques da mostra da Almeida & Dale, que vai até 22 de julho.

Com o sucesso nacional e internacional, o Governo criou, em meados dos anos 90, a sala Hélio Melo, anexa ao espaço público chamado a Casa do Seringueiro, com acervo para pesquisa e difusão da cultura seringueira. O artista passava o dia em sua sala, alegremente recebendo visitantes, contando histórias e tocando violino.

Depois de sua morte, seus desenhos foram destaque na 27ª Bienal de São Paulo, em 2006, curada por Lisette Lagnado (tendo Adriano Pedrosa como assistente) e ampliaram a notoriedade de Hélio, que passou a ser objeto de pesquisas, dissertações, filmes e documentários.

“Hélio Melo, é um destes raros gênios da arte brasileira, que por ter nascido em uma região periférica da Amazônia foi deixado às margens da História da Arte, talvez pela distâncias dos grandes centros ou por seu estilo considerado por alguns como “naïf”. Entre sutis denúncias políticas da vida do seringueiro, o desgaste ambiental causado pelo extrativismo, alternados por suas criaturas fantásticas, o mistério e o folclore amazônico são representados de forma intrigante nos diversos verdes de um artista único,” João Paulo Siqueira Lopes, consultor de arte e fundador da Act, disse ao Brazil Journal.

Em meio aos eternos debates sobre desmatamento, exploração econômica na Amazônia e respeito aos direitos dos povos indígenas, o trabalho de Hélio Melo se mantém atual e relevante.

Fonte: Brazil Journal, “Hélio Melo: do seringal à Bienal”, escrito por Rita Drummond, em 28 de maio de 2023. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

O ambiente amazônico nas obras de Hélio Melo | Respositório

Hélio Holanda Melo (1926 -2001), que, a despeito de ter nascido na vila amazonense Floriano Peixoto, é considerado um artista acreano. Conhecido também como seu “Seo” Hélio, assim como milhares de seringueiros, foi obrigado a se deslocar para a cidade, aonde, ao chegar, ocupou a periferia social. Já no campo simbólico o artista transitou pelos vários territórios da arte, apropriando-se da linguagem da música, das artes visuais, da literatura e do teatro, que se deu na cidade de Rio Branco (AC). Quando se mudou para Rio Branco, levou a selva consigo e costumava dizer que as imagens o perseguiam e tinha a urgência de retratar a mata.

Nas décadas de setenta e oitenta do século XX, a pecuária e a agricultura extensivas devastavam a floresta amazônica num ritmo alucinado. Como resposta a esta insensatez, o seringueiro-artista Hélio Melo produzia freneticamente paisagens da floresta para advertir que a floresta era finita e deveria ser preservada para o bem comum da humanidade. Para se contrapor à devastação, “Seo” Hélio propunha a vastidão das matas, a diversidade da fauna, à propagação dos valores que aprendera com os índios. Sua obra revela a preocupação de registrar a grandeza da floresta e a noção de convivência harmoniosa com a natureza, a associação de tintas industriais como a tinta nanquim e corantes naturais, dá uma aparência singular às obras de Hélio Melo. Em alguns casos utiliza a textura das folhas para carimbar as nervuras, reproduzindo aspectos de ramagens, arbustos e a própria floresta. Registrou uma Amazônia mística, com animais peculiares e seres fabulosos,entremeados de fenômenos naturais e telúricos. 

A obra do artista está marcada por denúncias sociais, sem deixar demonstrar uma beleza simples e grandiosa.

1. O seringueiro

O artista, que teve como poética o ambiente amazônico a partir de sua vivência, teve três fases distintas. A primeira fase trata de um inventário da vida do seringueiro na floresta. Esta fase compreende o período de 1978 até 1984, onde “Seo” Hélio através de suas obras faz uma sociologia do Trabalho na Amazônia.

A floresta com toda sua grandiosidade aufere dignidade ao trabalhador florestal e neste espaço da mata representado por “Seo” Hélio, o ambiente é tranquilo, acolhedor, paradisíaco. Esta maneira de representação cria um paradoxo, embora seu trabalho seja penoso, o seringueiro encontra na floresta a razão de viver.

Sua pintura é composta por tonalidades de verde, pois para o artista “existe um verde vivo e outras cores que ninguém consegue definir” (Melo, 2000:144). A visão de mundo florestal do artista, foi decorrente de sua vivência como seringueiro. O termo “vivência” tem uma conotação filosófica introduzida por Gadamer, em que “algo se transforma em vivência na medida em que não somente foi vivenciado, mas que o seu ser-vivenciado teve uma ênfase especial,que lhe empresta um significado duradouro” (Gadamer, 1997:119).

Hélio Melo representa o seringueiro na sua lida diária de recolher o látex, que, usualmente, os seringueiros chamam leite da seringa. Ele trabalha com seus instrumentos e utensílios de trabalho. Na obra (Figura 1), o artista retratou à direita de quem olha, o seringueiro fazendo o corte na seringueira, isto é, com a lâmina faz o corte na madeira, a estes cortes ele chama de bandeira. Encostada na árvore percebe-se a espingarda para se proteger das feras e ou eventualmente caçar algum animal silvestre para sua sobrevivência e da sua família. Á esquerda de quem olha a obra o artista representou os utensílios básicos para o trabalho do seringueiro, de cima para baixo, são eles: machadinho; raspadeira, bornal; Poronga; tigelinha; balde; capanga ou bosoroca: faca de proteção; saco; espingarda; tubida; sapato de látex e estopa.

Na obra a seguir (Figura 2), o artista representa dois aspectos da árvore da borracha: “Vista de frente é a Hevea brasiliensis, vista em planta é a estrada de seringa” (Marchese, 2005:100). Na sua pesquisa sobre espaço, representação e identidade do seringueiro no Acre, Daniela Marchese constata, através de experiência de campo, que o desenho misto é o que melhor representa as relações espaciais que os seringueiros estabelecem com os elementos daquele lugar de vida e trabalho.

Pode-se observar a casa e o seringueiro desenhados frontalmente, enquanto a árvore da seringueira desempenha um duplo papel: se vista de frente, o seu tronco e seus ramos são os da Hevea brasiliensis, mas os mesmos elementos, vistos em planta, são o espigão e as estradas que o seringueiro percorre em giro.

A produção artística de Hélio Melo foi contextualizada numa época de fortes mudanças de paradigma no manejo da floresta amazônica e sua vocação econômica. O próprio artista sofreu na pele a consequência de uma política de trabalho baseada na exploração e escravização dos seringueiros pelos coronéis seringalistas. Essa expulsão do seringueiro do seu território decorreu da crise e queda mundial do preço da borracha, resultando na falência dos seringais, o que acarretou numa mudança de modelo econômico para a Amazônia, baseado na substituição da floresta por pasto para prática da pecuária extensiva e da derrubada de árvores para construir áreas de pastagem em larga escala.

2. Surrealismo metafórico

Na segunda fase, embora a obra de “Seo” Hélio retrate as lembranças da mata e a vida do seringueiro, ao sair da floresta para morar na cidade ele se apropriou da modernidade da vida citadina. O artista traz para a sua construção poética o distanciamento entre povo e a classe dominante. Tenta, através de metáforas, associar a classe dos mandatários ao animal burro. De acordo com a figura 3, o artista apresenta uma árvore de tronco forte, alta, acha-se quase no centro da obra, suportando em um de seus galhos o burro, representando o peso da hierarquia financeira, um sujeito patrão, que utilizou da simplicidade dos seringueiros, como degraus para chegar ao topo e desfrutar da condição de dono para desconstruir uma região transformando-a em algo extremamente nocivo para as futuras gerações. O trabalhador está representado bem abaixo da classe social, no chão. Além destas questões a representação do burro no galho de uma árvore e o trabalhador cabisbaixo e de costas para a árvore nos remete ao processo de expropriação do capitalismo nesses últimos 106 anos na Amazônia, resultando em grande massacre de indígenas de várias etnias desde a fronteira entre o Acre e o Peru, na fronteira entre o Acre e a Bolívia e na fronteira entre o Acre e o Amazonas. No tempo áureo da borracha o financiamento para as matanças dos índios conhecidos como correrias dizimou comunidades inteiras de índios.

Na obra “Expulsão dos seringueiros”, de forma metafórica e contundente, o artista denuncia que o gado na década de 1970 expulsou os seringueiros, substituindo assim a velha economia baseada nos seringais para a pecuária extensiva. A resistência dos seringueiros, que passaram de inimigos dos índios a parceiros contribuiu para o declínio da política contra a floresta. Esta luta que resultou na união de inimigos tradicionais — índios e seringueirospossibilitou a criação da Aliança dos Povos da Floresta, composta por três redes sociais da Amazônia: Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Coordenação das organizações indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que foram fundamentais na resistência a uma política de desflorestamento para implementação da Agropecuária.

3. A questão ambiental na obra de Hélio Melo

Nas obras da terceira fase, Hélio Melo, utiliza uma didática baseada na experiência. “Seo” Hélio com sua história peculiar, demonstra que, quanto mais circunscrito o repertório do artista, mas chance terá de se tornar universal, de maneira que, ao retratar a floresta, ele registra em sua obra o seringueiro, o Acre, a Amazônia, a questão ambiental e a sustentabilidade. Com isso, relaciona dialeticamente, questões locais com processos universais, globais. Para “Seo”Hélio a Educação Ambiental está relacionada com os conceitos internalizados de ética. Esta ética é aprendida através de contos e histórias fantásticas, em que seres sobrenaturais castigam quem maltrata a floresta. 

“Seo” Hélio explica que a Mãe Da Mata castiga o caçador que desobedece ao código mítico de regulação de acesso aos recursos naturais e acrescenta que quando isso acontece o caçador pode voltar para casa porque o cachorro não quer mais nada com a caçada. Neste universo mítico, seres como a Mãe d’água,

o Caboclinho, o Mapinguari, dentre outros seres do universo simbólico do homem da floresta funciona como poderoso código de regulação de acesso aos recursos naturais.

“Seo” Hélio procurou fazer a sua parte na tarefa de criar uma cidadania ambiental, promovia palestras em escolas desde a pré-escola até as universidades, hospitais e asilos, contando sua experiência e de outros seringueiros na convivência com a floresta. Discursava sobre as práticas sustentáveis oriundas de uma relação responsável com a natureza, questões como diminuição da pobreza, justiça social e ambiental, qualidade de vida para os trabalhadores extrativistas, mudança no modelo de desenvolvimento econômico-social da Amazônia e da utilização do conceito de construir sem destruir, baseado nos princípios de convivência sadia entre homem e natureza.

Conclusão

Questões histórico-sociais levaram o artista Hélio Melo a expressar uma cultura visual baseada na resistência à política de desflorestamento, contextualizada numa época de fortes mudanças de paradigma no manejo da floresta amazônica. 

Além disso, a produção do artista revela um inventário das relações de trabalho do homem que vive na floresta e seu modo de vida tradicional, decorrente de um processo de acomodação e adaptação ao meio que resultou numa sociologia do trabalho.

A produção crítica de Hélio Melo foi proporcionada por sua militância política e religiosa e, de forma muito pessoal, produziu imagens originais, condizentes com a conjuntura histórica. Desenhou e escreveu sobre as matas, os animais, os mitos e os povos da floresta, sempre tendo a consciência da sustentabilidade econômica dos recursos da selva, e o tema de sua obra é o ambiente amazônico.

Fonte: Repositório, “O ambiente amazônico nas obras de Hélio Melo", escrito por Norberto Stori e Rossini de Araújo Castro, em 2017. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

O pintor seringueiro Hélio Melo conquista novos colecionadores e ganha exposição | Folha de São Paulo

Pintor natural do Acre, Hélio Holanda Melo (1926-2001) recebeu o reconhecimento crítico de contemporâneos como o escultor carioca Sérgio Camargo (1930-1990), que colecionou suas obras, exibidas na 27.ª Bienal de São Paulo em 2006. Com a exposição dedicada ao artista pela galeria Almeida & Dale, que vai até 20 de maio, um fenômeno recoloca seu trabalho em outro patamar: Melo virou nome disputado entre colecionadores, dispostos a pagar a partir de R$ 130 mil por uma pintura sua (e 90% das obras da exposição atual não estão à venda).

Com curadoria do crítico Jacopo Crivelli Visconti, a mostra retrospectiva reúne mais de 60 obras de acervos institucionais e coleções particulares. Ela resume uma trajetória que começou quando Melo deixou o seringal, aos 33 anos, para se estabelecer em Rio Branco e seguir a carreira de pintor, tendo, antes, trabalhado como catraieiro. Com a instalação de pontes sobre o Rio Acre, ele abandonou a atividade. Virou barbeiro ambulante, depois vigia, até que, em 1978, conseguiu abrir uma exposição na Biblioteca Pública do Acre.

Esse percurso coincide com as transformações do território amazônico e da Região Norte do Brasil durante o regime militar. Crítico a respeito das mudanças impostas pelo espírito desenvolvimentista dos anos 1970, que afetou a vida dos seringueiros, expulsos de sua terras pelos criadores de gado, Melo retratou essa realidade. Não de maneira naturalista, ainda que pese sua fidelidade ao retratar a paisagem da região. É que em suas obras, francamente alegóricas, surgem elementos surrealistas como burrinhos sentados em galhos de árvores – como passarinhos – ou seringueiras que viram vacas leiteiras.

O uso de metáforas, contudo, não enfraquece a denúncia política. O curador Jacopo Crivelli Visconti observa que a arte de Melo “é ao mesmo tempo um retrato da violência promovida durante a ditadura sem abdicar da beleza da floresta, de seu mistério profundo”. Religioso, o pintor seringueiro, em 1990, chegou mesmo a incorporar o seringueiro numa releitura contemporânea da via-sacra que, um pouco à maneira de Guignard, confere à experiência do homem comum certa vocação transcendental.

“É quase uma construção teatral do espaço, que sugere uma encenação, não uma reprodução ingênua dessa realidade”, conclui Jacopo. Além disso, muitos dos temas em que aparecem personagens como o seringueiro sem terra – ou perseguido, como o Cristo da via-sacra – são recorrentes. “A floresta retratada por Melo é, ao mesmo tempo, ancestral, mítica e fabulosa, mas também extremamente atual”, reflete o curador. “Essa floresta é um universo vivo e reativo em que tudo está intimamente ligado”, explica, referindo-se aos mitos indígenas amazônicos que marcaram o pintor.

O crítico Paulo Herkenhoff destacou igualmente a importância do convívio de Hélio Melo com os indígenas. “Por seu aprendizado com a natureza e os índios, criou uma agenda de interpretação da vida cotidiana e de um imaginário que mobilizava a dimensão simbólica dos conflitos sociais e ecológicos de seu ambiente”, escreveu Herkenhoff.

Em ensaio produzido para um livro a ser lançado ainda em abril, a curadora Lisette Lagnado, que selecionou obras de Hélio Melo para a 27.ª Bienal de São Paulo, em 2006, aponta ainda outros parentescos, chegando a associar a poética transgressora do artista do Acre ao espírito revolucionário de um Hélio Oiticica, cuja identificação com os excluídos da sociedade brasileira justificaria essa proximidade.

A troca do mundo da floresta e do seringal pela cidade, ao se instalar em Rio Branco, só fez crescer a consciência de Hélio Melo sobre seu antigo ofício e a situação dos ex-seringueiros urbanizados. Aparentemente simples, essa pintura quase monocromática, em que predomina o verde, é um manifesto ao mesmo tempo contra a degradação ambiental e a perda de um mundo mítico que marcava a conduta desses trabalhadores irmanados com a floresta.

Numa das telas, inclusive, surge a figura do Mapinguari (um pajé transformado em besta por ter descoberto o segredo da imortalidade, retratado numa obra de 1989). Como na maioria das telas e desenhos, Melo usa nanquim e extrato de folhas. É essa pintura que o mundo começa a descobrir. Suas pinturas foram exibidas recentemente no Armory Show e devem voltar para outra exposição nos Estados Unidos, segundo pretende o curador Crivelli Visconti.

Fonte: Folha de São Paulo, O pintor seringueiro Hélio Melo conquista novos colecionadores e ganha exposição, escrito por Antônio Gonçalves Filho, publicado em 9 de abril de 2023. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Pouco conhecido, artista do Acre vai ser estrela na Bienal | Folha de São Paulo

O papel de parede da tela do laptop de José Roca, um dos quatro co-curadores da 27ª Bienal de São Paulo, é um detalhe de uma pintura do artista acreano Hélio Melo (1926-2001). Praticamente desconhecido no circuito da arte, Melo tem uma vinculação muito mais óbvia com arte popular, o que, possivelmente, trará surpresa aos iniciados na produção contemporânea quando o detalhe de sua tela sair do computador de Roca e chegar às paredes da Bienal, no próximo mês de outubro.

"Conheci o trabalho de Hélio Melo durante minha viagem de pesquisa a Rio Branco pelo programa Rumos Visuais, do Itaú Cultural. Foi no Acre, enquanto eu estava escrevendo meu projeto conceitual para a Bienal, que eu tive a intuição que esse Estado tinha uma riqueza histórica e geográfica absolutamente pertinente para a discussão de "Blocos Sem Fronteiras" que, naquela ocasião, era o título da Bienal", diz a curadora Lisette Lagnado, responsável pela mostra, finalmente intitulada "Como Viver Junto".

No projeto com o qual concorreu para a Bienal, Lagnado havia criado sete blocos e o Acre era um de seus temas. Atualmente, os sete blocos se transformaram em dois grandes eixos - Projetos Construtivos e Programas para a Vida -, mas o Acre se mantém na Bienal não só como tema de um dos seminários mas como local de residências artísticas.

"Não há produção contemporânea no Acre. Com as residências, quero deixar sementes na região", afirma Lagnado. Já Roca afirma que, agora, o Estado assumiu dentro da Bienal um conjunto de temas a serem abordados.

Fronteiras

"Discutir o Acre permite aprofundar a própria América Latina, pois além de abordar o que ocorre na região, podemos pensar em questões como território, fronteira, natureza e até mesmo inclusão do outro. A idéia de não trabalhar com fronteiras e sim com noções de vizinhança, coabitação e colaboração faz parte de meu trabalho desde sempre, como crítica e curadora independente. E como eu via quadros de Hélio Melo em quase todos os lugares, principalmente instituições públicas, fiquei fascinada não somente pela pintura, de excepcional fatura, como pela história do personagem", diz Lagnado

A empolgação da curadora não é isolada. Roca, que cuida da seleção de pinturas de Melo na Bienal e que, por isso, esteve no Acre em novembro passado, tampouco economiza elogios à obra do ex-seringueiro. "Toda a história dele, de seringueiro a artista, que até tocava violino na floresta, é adequada para a criação de um mito local. Entretanto, não se trata de mera curiosidade antropológica -sua produção visual é passível de muitas interpretações", disse o curador, que esteve em São Paulo, na última semana, para participar da reunião dos co-curadores, na qual foram definidos mais artistas que tomarão parte da Bienal, entre eles as brasileiros Lucia Koch, Cláudia Andujar e Marilá Dardot.

Voltando à pintura de Melo, a obra mais admirada por Roca, e que está sempre visível em seu computador, é um trabalho de 1983, sem título, que o curador considera "uma das obras mais fascinantes que encontrei nos últimos tempos". Em primeiro plano e no espaço inferior, como sempre nas telas do artista acreano, são vistas impressões verdes feitas por folhas, como um carimbo, que simulam uma mata. Já o motivo central da pintura é uma árvore cujos galhos se organizam como uma estrada, possível percurso de um seringueiro a recolher o látex dos caules. "Só sobre este trabalho é possível fazer uma conferência inteira. A obra dele não trata apenas da floresta mas também de questões de território", afirma o colombiano Roca.

O objetivo do curador, no momento, é reunir uma quantidade significativa de obras, e ele diz que 40 seria o número ideal de trabalhos para serem expostos na Bienal. "De tudo que vi, 90% pertence ao Estado do Acre. Li uma entrevista do Hélio Melo, na qual ele diz ter produzido 2.000 quadros. Espero ainda encontrar sua filha, responsável por cuidar de seu acervo, mas ela passa por Rio Branco apenas duas vezes por ano, a cada seis meses", diz Roca.

Ao trazer à Bienal um artista distante dos procedimentos contemporâneos de produção, que em geral falam mais aos iniciados do que ao público em geral, Lagnado busca "romper o preconceito entre o dito "popular" e o "contemporâneo'". "Ele tem algo de Arthur Bispo do Rosário, embora com outras características, e eu sempre gostei de sacudir as narrativas críticas e estéticas em vigor", diz a curadora.

Fonte: Folha de São Paulo, “Pouco conhecido, artista do Acre vai ser estrela na Bienal”, escrito por Fabio Cypriano, publicado em 15 de março de 2006. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

Crédito fotográfico: Onde Está A Arte? Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

Hélio Holanda Melo (20 de julho de 1926, Boca do Acre, Amazonas – 22 de março de 2001, Goiânia, Brasil) foi um pintor, desenhista, escritor e músico autodidata brasileiro. Autodidata, cursou apenas até a terceira série do ensino fundamental e trabalhou como seringueiro, experiência que moldou toda a sua produção artística. Na arte visual, utilizava materiais simples e acessíveis, como folhas, pigmentos naturais extraídos de plantas e, mais tarde, tintas industriais. Suas obras expressam percorre o real e o fantástico, retratando não apenas o cotidiano dos povos da floresta, mas também as lendas, os sonhos e os medos do mundo amazônico. As paisagens são densas, vibrantes, com uma paleta de verdes, marrons e vermelhos, onde figuras humanas, animais e elementos míticos se entrelaçam em cenas oníricas e simbólicas. Teve obras expostas em importantes instituições como o Centre Georges Pompidou (França), MASP e MAR, e foi homenageado na 27ª Bienal de São Paulo (2006). Hélio foi um dos principais e mais importante cronista visual da Amazônia e um dos grandes nomes da arte popular brasileira. Além da pintura, Hélio publicou livros como Xapurí (1982) e O Cantador da Floresta (1993), combinando memória, poesia e crítica social, além de compor músicas e retratar o universo mítico da floresta.

Hélio Mello

Hélio Holanda Melo (20 de julho de 1926, Boca do Acre, Amazonas – 22 de março de 2001, Goiânia, Brasil) foi um pintor, desenhista, escritor e músico autodidata brasileiro. Autodidata, cursou apenas até a terceira série do ensino fundamental e trabalhou como seringueiro, experiência que moldou toda a sua produção artística. Na arte visual, utilizava materiais simples e acessíveis, como folhas, pigmentos naturais extraídos de plantas e, mais tarde, tintas industriais. Suas obras expressam percorre o real e o fantástico, retratando não apenas o cotidiano dos povos da floresta, mas também as lendas, os sonhos e os medos do mundo amazônico. As paisagens são densas, vibrantes, com uma paleta de verdes, marrons e vermelhos, onde figuras humanas, animais e elementos míticos se entrelaçam em cenas oníricas e simbólicas. Teve obras expostas em importantes instituições como o Centre Georges Pompidou (França), MASP e MAR, e foi homenageado na 27ª Bienal de São Paulo (2006). Hélio foi um dos principais e mais importante cronista visual da Amazônia e um dos grandes nomes da arte popular brasileira. Além da pintura, Hélio publicou livros como Xapurí (1982) e O Cantador da Floresta (1993), combinando memória, poesia e crítica social, além de compor músicas e retratar o universo mítico da floresta.

Videos

O pintor da floresta | 2006

Depoimento Hélio Mello | 2024

Hélio Mello | 2011

Saudades do Seringal, por Hélio | 2020

Hélio Mello, o sábio da floresta | 2016

Homenagem a Hélio: Espetáculo "Origens" | 2013

"O Serrador", de Hélio Mello | 2017

A Peleja de Hélio com o Mapinguari do Antimary | 2024

A arte vivencial de Hélio Mello | 2017

Lembrança do Seringal | 2023

Documentário "Seo" Hélio | 2023

Hélio Melo | Arremate Arte

Hélio Holanda Melo nasceu em 20 de julho de 1926, na Vila Antimari, em Boca do Acre, Amazonas, e se tornou um dos grandes nomes da arte popular brasileira, reconhecido por sua profunda conexão com a floresta amazônica e com o imaginário da vida seringueira. Autodidata, cursou apenas até a terceira série do ensino fundamental e trabalhou desde jovem como seringueiro no Acre — experiência que marcaria profundamente sua trajetória artística e poética.

Foi no silêncio da mata e no ritmo da vida ribeirinha que Hélio começou a pintar, escrever e compor. Utilizava materiais simples e acessíveis: folhas, pigmentos naturais extraídos de plantas e, mais tarde, tintas industriais. Suas obras expressam uma simbiose entre o real e o fantástico, retratando não apenas o cotidiano dos povos da floresta, mas também as lendas, os sonhos e os medos do mundo amazônico. As paisagens são densas, vibrantes, com uma paleta de verdes, marrons e vermelhos, onde figuras humanas, animais e elementos míticos se entrelaçam em cenas oníricas e simbólicas.

Além de artista plástico, Hélio foi músico, compositor e escritor. Lançou livros como Xapurí (1982) e O Cantador da Floresta (1993), nos quais mescla memória, poesia, denúncia social e elementos do realismo mágico. Sua arte chamou atenção de críticos e curadores no Brasil e no exterior. Participou da 27ª Bienal Internacional de São Paulo em 2006 (em homenagem póstuma), e teve obras adquiridas por instituições de prestígio como o Centre Georges Pompidou, na França, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e o Museu de Arte do Rio (MAR).

Faleceu em 22 de março de 2001, em Goiânia, mas sua obra continua viva como testemunho sensível e potente da alma amazônica. Ele é lembrado como o “pintor da selva”, um cronista visual e poético das florestas, dos povos invisibilizados e das memórias enraizadas na terra. Seu legado é um grito manso e encantado que ecoa entre rios, árvores e histórias do Norte do Brasil.

---

Hélio Mello | Wikipédia

Hélio Holanda Melo (Vila Antimari, Boca do Acre, 20 de julho de 1926 — Goiânia, 22 de março de 2001) foi um artista plástico, compositor, músico e escritor brasileiro, nascido no Estado do Amazonas. Foi também seringueiro, no seringal Senapólis, catraieiro, na travessia de pessoas entre as margens do rio Acre, barbeiro e vigia de empresa estatal.

Melo cursou até a terceira série do 1ª grau, e aos oito anos, já desenhava, como pintor autodidata, utilizando o nanquim e tintas naturais que preparava a partir do sumo que extraía de plantas.

Em sua homenagem, o governo do Acre criou um espaço cultural – o Theatro Hélio Melo – com capacidade de 150 lugares.

A obra de Hélio Melo está presente no acervo do MAR (Museu de Arte do Rio) através de quatro importantes desenhos doados por Luiz Paulo Montenegro em 2013. Esses desenhos participaram da exposição Pororoca nesse museu carioca em 2014. O catálogo Pororoca, editado pelo MAR, inclui o artigo "Arte de Ciclos da Borracha: seringueiros artistas" de Paulo Herkenhoff, em que, pela primeira vez, é analisada conjuntamente a obra de três artistas visuais da região amazônica: o imaginário e o simbolismo do serigueiro desenhado por Helio Melo, os delírios dos animais imaginários da selva de Chico da Silva e as memórias da batalha pelo látex durante a Segunda Guerra Mundial por Paulo Sampaio, o pintor soldado da borracha. Cada um deles construiu sua própria linguagem de modo singular. Herkenhoff analisa a deriva de Hélio Mello nos percalços do desenvolvimentismo brasileiro. Este autor afirma que Hélio Melo, "por seu aprendizado com a natureza e com os índios, criou uma agenda de interpretação da vida cotidiana e de um imaginário que mobilizava a dimensão simbólica dos conflitos sociais e ecológicos de seu ambiente".

Biografia

Viveu sua infancia e juventude nos seringais Floresta e Senápolis, deixa o seringal aos 33 anos de idade, para conhecer novos mundos, já despontava autodidaticamente pequenos desenhos e rabiscos. Com a morte da mãe vai para a cidade de Rio Branco, inicia seus primeiros contatos com as artes e objetos de desenho. Como todo o seringueiro a sobrevivência era essencial, passou a trabalhar como catraieiro fazendo a travessia de pessoas no Rio Acre, com a chegada das pontes sobre Rio Acre deixou a atividade, iniciando o trabalho de barbeiro ambulante. No ano de 1975 começa a trabalhar como vigia. Em 1978 é incentivado por Genésio Fernandes e Gregório Filho então Presidente da Fundação de Cultura do Acre a produzir mais desenhos para expor na Biblioteca Pública, daí começa a surgir o artista Hélio Melo.

Exposições no Brasil

  • Departamento de Atividades Culturais (DAC), Rio Branco, Acre, 1978 (Coletiva).

  • Centro de Artesanato, Rio Branco, 1978 (Coletiva)

  • Fundação Cultural de Brasilia, Distrito Federal, 1979 (Coletiva)

  • Universidade Federal do Acre, Rio Branco, 1979 (Coletiva)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, 1980 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Galeria de Arte da Tijuca, Rio de Janeiro, 1980 (Individual)

  • Casa de Cultura de Pernambuco, Recife, 1981 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio, Recife, 1981 (Individual)

  • Galeria Sérgio Millet, FUNARTE, Rio de Janeiro, 1981 (Individual)

  • Feira da Providência, Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, 1981 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio, Aracaju, Sergipe, 1981 (Coletiva)

  • IV Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, Rio de Janeiro, 1981 (Coletiva)

  • Mostra de Desenho, Museu de Arte de Belo Horizonte, Minas Gerais, 1983 (Coletiva)

  • Serviço Social do Comércio, Rio Branco, Acre, 1982 (Individual)

  • Exposição no Salão Paranaense, Curitiba, Paraná, 1982 (Coletiva)

  • Mostra de Desenho Brasileiro, Curitiba, Paraná, 1982 (Coletiva)

  • Serviço Social do Comércio, Rio Branco, Acre, 1983 (Individual)

  • Serviço Nacional do Comércio, Rio Branco, Acre, 1983(Individual)

  • Feira da Cultura Brasileira (BIENAL), São Paulo, 1983

  • Feira da Cultura, Curitiba, Paraná

  • Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Acre, 1983 (Coletiva)

  • Exposição em Plácido de Castro, Acre, 1983 (Individual)

  • Exposição na Fundação Cultural do Acre, Rio Branco, Acre, 1983 (Individual)

  • Salão Nacional de Artes Plásticas, Rio de Janeiro, 1983 (Coletiva)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Brasília, 1984 (Coletiva)

  • 7° Salão Nacional de Artes Plásticas - Rio de Janeiro - RJ -1985 (Coletiva)

  • Semana do Folclore, UFAC, Rio Branco, Acre (Coletiva)

  • Fundação Cultural do Acre, Rio Branco, Acre, 1984 (Individual)

  • Serviço Nacional do Comércio, Rio Branco, Acre, 1984 (Individual)

  • Palácio das Artes, Belo Horizontem, 1985

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, Acre, 1985 (Individual)

  • Exposição na UFAC, Rio Branco, Acre, 1985

  • Encontro Nacional do Seringueiro (Apresentação de música a desenhos), Brasília, 1985

  • 17° Salão Nacional de Arte, Museu de Arte de Belho Horizonte, Minas Gerais, 1985–1986 (Coletiva)

  • Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1985–1986

  • Encontro de Seringueiros de Xapuri, Xapuri, Acre, 1986

  • Feira dos Estados, Brasilia, 1986

  • Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Rio Branco, Acre, 1986 (Individual)

  • Centro Nacional de Divulgação, FUNARTE, Brasilia, 1986 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio do Carmo, São Paulo-SP, 1986

  • Serviço Social do Comércio Campestre, São Paulo-SP, 1986

  • Feira de Santos - Santos - São Paulo -1986

  • Feira dos Estados, Brasilia, 1986

  • Galeria Artur Viana, Belém, Pará, 1986 (Individual)

  • Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Rio Branco, Acre, 1987 (Individual)

  • Encontro dos Povos da Floresta, Rio Branco, Acre, 1989

  • Exposição na Prefeitura Municipal, São Paulo-SP, 1989 (Individual)

  • Fundação Chico Mendes, São Paulo-SP, 1989

  • Parque Lage, Rio de Janeiro, 1989

  • Rio-Cine-Festival, Rio de Janeiro, 1989

  • Exposição de desenhos, Xapuri, Acre, 1990

  • Circo Voador, EC01992, Rio de Janeiro–RJ, 1992

  • Galeria Sérgio Millet, Rio de Janeiro–RJ, 1992 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio, Salvador, Bahia, 1992 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Fortaleza, Ceará, 1992

  • BANERJ, Rio de Janeiro–RJ, 1992 (Individual)

  • Galeria Garibaldi Brasil, Rio Branco, Acre, 1993 (Individual)

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, Acre, 1994

  • Casa de Cultura, Brasilia, 1995

  • Senado Federal, Brasilia, 1995

  • Ministério da Cultura (Exposição I FUNARTE), Brasilia, 1995

  • Encontro Nacional dos Seringueiros, Brasilia, 1995

  • Centro Cultural Marieta Telles Machado, Goiânia, Goiás, 1995

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, Acre, 1996

  • Serviço Social do Comércio, Rio Branco, Acre, 1996

  • Parque Chico Mendes, Rio Branco, Acre, 1996

  • Colégio São José, Rio Branco, Acre, 1996

  • Exposição "Empate do Seringueiro", Brasília, 1997

  • Exposição de Desenhos sobre a Amazônia, Rio Branco, Acre, 1998

  • Exposição de Desenhos na inauguração da Casa Branca, Xapuri, Acre, 1998

  • Exposição durante um Curso de Enfermagem, Rio Grande do Norte, Natal,-1999

  • Museu da Vida, Espaço Cultural dos Correios, Rio de Janeiro–RJ, 1999

  • Colégio de Aplicação, Rio Branco, Acre, 1999

  • Teatrão, Fórum do Idoso, Comemoração aos Idosos, Rio Branco, Acre, 1999

  • Serviço Social do Comércio (SESC), Rio Branco, Acre, 1999

  • Pororoca. Museu de Arte do Rio (MAR). Rio de Janeiro, 2014.

Exposições no exterior

  • Nouveau Salon de Paris, Paris, França, 1986 (Coletiva)

  • Museu de Smithsonian Institution (Amostra de desenho), Washington, EUA, 1988

  • Centro Missionário Diocesano, Chiesa de S. Cristoforo (Amostra de desenho), Luca, Itália, 1989

  • Amostra de desenho em Verona, Itália, 1989

  • Amostra de desenho em Florença, Itália, 1989

  • Amostra de desenho em Roma, Itália, 1989

  • Amostra de desenho em Pescara, Itália, 1989

  • Amostra no Fórum Global, Londres, Inglaterra, 1989

  • Exposição Itinerante Internacional "Arte Neo-Amazônica", Itália (Roma, Cremona, Mantova, Castel Goffredo, Grosseto), 1996

Publicações

  • História da Amazônia

  • Experiência do Caçador a os Mistérios da Caça

  • Os Mistérios da Mata

  • Os Mistérios dos Pássaros

  • Os Mistérios dos Peixes a dos Répteis

  • Via Sacra na Amazônia

  • Como salvar nossa Floresta

Premiações

  • Medalha de Mérito Cultural, conferida pela Universidade Federal do Acre, em 1988

  • Medalha de Honra ao Mérito, conferida pelo Colégio Acreano, em 1989

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Exposições Hélio Melo | Itaú Cultural

1981 - 4º Salão Nacional de Artes Plásticas

1982 - 5º Salão Nacional de Artes Plásticas

1984 - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas

1985 - Arte e seus Materiais

1985 - 17º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte

1992 - Individual de Hélio Melo

1994 - 2ª Bienal Brasileira de Arte Naif

2006 - 27ª Bienal Internacional de São Paulo

2010 - Amazônia, A Arte

2012 - Amazônia, Ciclos de Modernidade

2020 - Realce (obras do acervo)

2022 - Mapa da Estrada: novas obras no Acervo da Pinacoteca de São Paulo

2023 - Contra-Flecha: Arqueia mas não quebra

Fonte: HÉLIO Melo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 09 de abril de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

---

Hélio Mello | SP - Arte

A exposição Hélio Melo evidenciou a diversidade da trajetória de um artista singular. Sob curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, a mostra rememorou o percurso de Hélio Melo (1926–2001), cuja vida foi marcada por múltiplas profissões: seringueiro, catraieiro, barbeiro, vigia, escritor, poeta, músico e, acima de tudo, artista. Em fins da década de 1970, depois de se estabelecer em Rio Branco e começar a pintar a floresta pela memória, Melo participou de exposições locais, despertando o interesse de renomados artistas e críticos, como Sergio Camargo e Frederico Morais, que se converteram em entusiastas de seu trabalho. Para Jacopo, as obras de Melo apresentavam uma organização espacial de teor teatral ou cinematográfico, sugerindo encenação e mise en scéne, em detrimento de uma representação literal e simplista da realidade. A exposição apresentou a interpretação da floresta por Melo, retrato que manteve sua relevância mais de vinte anos após a morte do artista. Uma programação paralela incluiu uma Mostra de Filmes, veiculada no canal do YouTube da Almeida & Dale. A seleção exibiu obras históricas e recentes que ressaltavam o universo artístico, literário e musical de Melo, além de denunciar os impactos da ocupação da Amazônia Ocidental e seus efeitos sobre os povos da floresta. No Ciclo de Conversas que teve lugar na galeria e na Filmoteca Acreana, em Rio Branco no Acre, foram realizados encontros que tratavam de questões alinhadas ao espírito inquieto e á poética do artista, nos quais se exploraram as conexões entre seu legado e outras expressões artísticas e formas de narrativa, percorrendo temas como o Acre, a borracha, Chico Mendes, arte contemporânea, cinema, a vida do artista e fotografia.

Fonte: SP-Arte. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Hélio Melo | Espaço Hélio Melo

Hélio Melo foi um artista plástico, compositor, músico e escritor nascido em Vila Antimari, Boca do Acre, no Amazonas. Trabalhou como seringueiro no Acre, onde realizou tarefas árduas relacionadas à extração e transporte do látex. Essas experiências serviram de inspiração para sua carreira artística, musical e literária, todas autodidatas. Também foi barbeiro, vigia e catraieiro no Rio Acre. A obra de Melo destaca as vidas dos seringueiros e a exploração de milhões de brasileiros, refletindo a destruição metódica da floresta e defendendo alianças com seus verdadeiros guardiões.

Sua literatura narra suas experiências e mistura o imaginário pessoal com a cultura amazônica, incluindo lendas e histórias reais. Escreveu várias cartilhas didáticas para preservar o conhecimento sobre a história da borracha e a cultura amazônica. Melo estudou até a terceira série do ensino fundamental e, aos oito anos, já desenhava e pintava, utilizando nanquim e tintas naturais feitas a partir de plantas. Viveu sua infância e juventude nos seringais Floresta e Senápolis, deixando o seringal aos 33 anos.

O universo amazônico é central em sua produção artística, que contém referências a mitos, personagens e costumes da floresta. Seus desenhos e pinturas simbolizam o seringueiro e os aprendizados com a natureza e os povos indígenas, destacando conflitos sociais e ecológicos da região. Sua obra está ligada a experiências pessoais e fatos que vivenciou.

Como já foi observado, apesar da aparente simplicidade, ou até singeleza, da sua obra, o que realmente importa nos desenhos e nas pinturas de Hélio Melo não cabe na superfície, “temos que reconhecer que a obra principal do artista está por trás do que ele pinta, ou do que ele faz”. — Jacopo Crivelli Visconti.

Fonte: Espaço. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Acre e seu Hélio Melo | Fundação Clóvis Salgado

Bora falar de arte?

O quanto conhecemos o Brasil? E suas produções artísticas? É partindo dessas perguntas que o Bora se lança para mais um trabalho de inventariar o campo da arte contemporânea – observando que este inventário não tem a pretensão de determinar estruturas rígidas de referências. Tem, entretanto, a intenção de propor outras direções para se olhar; e com isso buscar compreender as diversas poéticas que constroem a cultura artística do país.

Assim, o Bora desta semana se aventurou pelo estado do Acre: localizado na Região Norte, no bioma da Amazônia, com o clima equatorial úmido e cuja capital é Rio Branco.

Embora possua uma população com muitos imigrantes (entre eles, brasileiros vindo do nordeste e do sul, além de venezuelanos, haitianos, bolivianos e peruanos; esses últimos cujos países fazem fronteiras com o Brasil), a matriz indígena teve grande influência na formação do povo acreano.

É dentro desse universo de matriz fortemente indígena que o Bora traz o artista Hélio Melo. Nascido na Vila Antinari, no Acre, autodidata e seringalista, Hélio desbravou o campo das artes se expressando em várias linguagens: música, literatura, teatro e artes visuais. Nessa última se aprofundou na convivência com os indígenas – também conhecidos como povos da floresta.

Dentro do universo das artes visuais, Hélio desenvolveu sua poética por meio do desenho e da pintura, misturando corantes naturais com tintas industriais, como o nanquim. O látex – da borracha – se tornava aglutinante; cascas de árvores, sementes e frutos, pigmentos; e tudo aquilo que ele vivia – a vida na natureza, os conflitos ambientais, as denúncias sociais, as trocas com os povos da floresta – se transformava em pinturas e em desenhos fabulosos, surreais, míticos e críticos.

“Seu Hélio”

No documentário “Seu Hélio”, de 38min22s, dirigido por Juca Badaró, podemos conhecer um pouquinho mais sobre a história e a poética desse artista que construiu na Amazônia, no seringal, seu ateliê mata adentro. É em meio à natureza, no cotidiano da floresta, que ele nos revela uma Amazônia mítica. Com temas telúricos e com seres fabulosos, nos encontramos com questões sociais, ambientais e humanas que ultrapassam a noção do território como uma ocupação do espaço e delimitação geográfica. Na poética de Hélio, sentimentos, experiências, memórias e vivências ancestrais confluem, criando um lugar – um território simbólico – significativo e potente que comunga com a realidade não só dos que vivem na região, mas de uma boa parte dos brasileiros.

Fonte: Fundação Clóvis Salgado. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Hélio Melo: do seringal à Bienal | Brazil Journal

A galeria paulistana Almeida & Dale apresenta uma exposição e um belíssimo livro resgatando a obra do artista Hélio Melo. Foram quatro anos de pesquisa intensa para reconstruir seu histórico e localizar suas obras.

Seringueiro, ativista, músico, contador de histórias, compositor, roteirista, desenhista e pintor, Hélio foi autodidata em tudo.

Nascido em 1925 na divisa do Amazonas com o Acre, de avós cearenses, o futuro pintor viveu 33 anos como seringueiro na floresta amazônica até se mudar para Rio Branco.

Parou de estudar aos 12 anos, quando foi trabalhar com índios e seringueiros no corte da seringa. Sua mãe gostava de desenhar, o que inspirou Hélio ainda criança a pintar com os materiais que tinha à mão, improvisando e inovando na criação de tintas e uso de suportes. Aos 18, começou a tocar sozinho violão, passando depois para o violino, sua maior paixão.

Mudou para Rio Branco em 1959 e foi trabalhar como catraieiro, transportando pessoas de uma margem à outra do rio. Como a concorrência entre os barcos era grande, para atrair clientes criou um jornal com suas histórias e desenhos para que as pessoas pudessem ler durante a travessia (era obcecado por notícias). O sucesso foi tanto que não só desbancou os concorrentes como foi reconhecido por seu talento artístico.

Com o declínio da borracha, a política desenvolvimentista do governo nos anos 70 estimulou grandes projetos madeireiros e agropecuários, gerando o começo do desmatamento na região.

“Meu desenho traz uma mensagem, é uma denúncia da derrubada da floresta,” dizia Hélio, que era visto mais como ativista do que artista naquela época.

Apesar da aparente simplicidade dos desenhos que retratavam a vida dos seringueiros, ele dominava complexos recursos pictóricos e iconográficos, disse Jacopo Visconti, o curador da exposição. O que importa em sua obra está além da superfície: a grande protagonista é a floresta.

Com a construção de uma ponte em Rio Branco, o trabalho de 11 anos como catraieiro chegou ao fim e Hélio foi ser vigia de um prédio. Nesse período, pôde se dedicar ao desenho, pintando com pigmentos feitos a partir do açaí, urucum, casca de melancia, melão e pigmentos de folhas de árvores, que ele misturava com nanquim para garantir durabilidade.

A dedicação às artes o levou a se inscrever num curso de desenho da Secretaria de Cultura local, mas, ao ver seus trabalhos, o professor declarou que Hélio não tinha nada a aprender e o convidou para uma exposição coletiva, o pontapé inicial para sua carreira como artista.

Em 1980, fez uma exposição no Rio, vendida quase toda para o escultor carioca Sérgio Camargo. “Havia nos desenhos uma sensibilidade intuitiva tão bem calculada para captar a luminosidade que superava a iconografia,” o escultor disse ao Jornal do Brasil na época.

A partir daí, Hélio passou a integrar o circuito de artistas regionais. Suas obras circularam pelo Brasil e no exterior, incluindo exposições em Paris e no Smithsonian, em 1988, na mostra Tropical Rainforests: A Disappearing Treasure.

A floresta de Helio encantava por ser mítica e fabulosa, com alegorias e personagens fantásticos, como o homem-burro, e metamorfoses entre homens, animais e plantas. Apesar do sofrimento retratado, havia espaço para poesia e beleza.

Luigi Pieretti, um missionário italiano que morava em Rio Branco na época, ficou encantado com a pluralidade artística do ex-seringueiro. Organizou uma viagem para que o artista e ativista visitasse diversas cidades italianas e participasse de debates em universidades e centros católicos, além da exposição de suas pinturas e desenhos em Luca, Florença, Verona e Pisa.

Para a viagem, Hélio criou um conjunto de 19 desenhos intitulado Via Sacra, traçando um paralelo entre a Paixão de Cristo e o sofrimento dos seringueiros (mal remunerados, trabalhavam de pé 18 horas por dia, em longas caminhadas  na floresta que podiam chegar a mais de 20 km diários).

Os desenhos ficaram guardados em um envelope, esquecido na arquidiocese de Luca e encontrado 30 anos depois da sua execução. O conjunto de desenhos é um dos grandes destaques da mostra da Almeida & Dale, que vai até 22 de julho.

Com o sucesso nacional e internacional, o Governo criou, em meados dos anos 90, a sala Hélio Melo, anexa ao espaço público chamado a Casa do Seringueiro, com acervo para pesquisa e difusão da cultura seringueira. O artista passava o dia em sua sala, alegremente recebendo visitantes, contando histórias e tocando violino.

Depois de sua morte, seus desenhos foram destaque na 27ª Bienal de São Paulo, em 2006, curada por Lisette Lagnado (tendo Adriano Pedrosa como assistente) e ampliaram a notoriedade de Hélio, que passou a ser objeto de pesquisas, dissertações, filmes e documentários.

“Hélio Melo, é um destes raros gênios da arte brasileira, que por ter nascido em uma região periférica da Amazônia foi deixado às margens da História da Arte, talvez pela distâncias dos grandes centros ou por seu estilo considerado por alguns como “naïf”. Entre sutis denúncias políticas da vida do seringueiro, o desgaste ambiental causado pelo extrativismo, alternados por suas criaturas fantásticas, o mistério e o folclore amazônico são representados de forma intrigante nos diversos verdes de um artista único,” João Paulo Siqueira Lopes, consultor de arte e fundador da Act, disse ao Brazil Journal.

Em meio aos eternos debates sobre desmatamento, exploração econômica na Amazônia e respeito aos direitos dos povos indígenas, o trabalho de Hélio Melo se mantém atual e relevante.

Fonte: Brazil Journal, “Hélio Melo: do seringal à Bienal”, escrito por Rita Drummond, em 28 de maio de 2023. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

O ambiente amazônico nas obras de Hélio Melo | Respositório

Hélio Holanda Melo (1926 -2001), que, a despeito de ter nascido na vila amazonense Floriano Peixoto, é considerado um artista acreano. Conhecido também como seu “Seo” Hélio, assim como milhares de seringueiros, foi obrigado a se deslocar para a cidade, aonde, ao chegar, ocupou a periferia social. Já no campo simbólico o artista transitou pelos vários territórios da arte, apropriando-se da linguagem da música, das artes visuais, da literatura e do teatro, que se deu na cidade de Rio Branco (AC). Quando se mudou para Rio Branco, levou a selva consigo e costumava dizer que as imagens o perseguiam e tinha a urgência de retratar a mata.

Nas décadas de setenta e oitenta do século XX, a pecuária e a agricultura extensivas devastavam a floresta amazônica num ritmo alucinado. Como resposta a esta insensatez, o seringueiro-artista Hélio Melo produzia freneticamente paisagens da floresta para advertir que a floresta era finita e deveria ser preservada para o bem comum da humanidade. Para se contrapor à devastação, “Seo” Hélio propunha a vastidão das matas, a diversidade da fauna, à propagação dos valores que aprendera com os índios. Sua obra revela a preocupação de registrar a grandeza da floresta e a noção de convivência harmoniosa com a natureza, a associação de tintas industriais como a tinta nanquim e corantes naturais, dá uma aparência singular às obras de Hélio Melo. Em alguns casos utiliza a textura das folhas para carimbar as nervuras, reproduzindo aspectos de ramagens, arbustos e a própria floresta. Registrou uma Amazônia mística, com animais peculiares e seres fabulosos,entremeados de fenômenos naturais e telúricos. 

A obra do artista está marcada por denúncias sociais, sem deixar demonstrar uma beleza simples e grandiosa.

1. O seringueiro

O artista, que teve como poética o ambiente amazônico a partir de sua vivência, teve três fases distintas. A primeira fase trata de um inventário da vida do seringueiro na floresta. Esta fase compreende o período de 1978 até 1984, onde “Seo” Hélio através de suas obras faz uma sociologia do Trabalho na Amazônia.

A floresta com toda sua grandiosidade aufere dignidade ao trabalhador florestal e neste espaço da mata representado por “Seo” Hélio, o ambiente é tranquilo, acolhedor, paradisíaco. Esta maneira de representação cria um paradoxo, embora seu trabalho seja penoso, o seringueiro encontra na floresta a razão de viver.

Sua pintura é composta por tonalidades de verde, pois para o artista “existe um verde vivo e outras cores que ninguém consegue definir” (Melo, 2000:144). A visão de mundo florestal do artista, foi decorrente de sua vivência como seringueiro. O termo “vivência” tem uma conotação filosófica introduzida por Gadamer, em que “algo se transforma em vivência na medida em que não somente foi vivenciado, mas que o seu ser-vivenciado teve uma ênfase especial,que lhe empresta um significado duradouro” (Gadamer, 1997:119).

Hélio Melo representa o seringueiro na sua lida diária de recolher o látex, que, usualmente, os seringueiros chamam leite da seringa. Ele trabalha com seus instrumentos e utensílios de trabalho. Na obra (Figura 1), o artista retratou à direita de quem olha, o seringueiro fazendo o corte na seringueira, isto é, com a lâmina faz o corte na madeira, a estes cortes ele chama de bandeira. Encostada na árvore percebe-se a espingarda para se proteger das feras e ou eventualmente caçar algum animal silvestre para sua sobrevivência e da sua família. Á esquerda de quem olha a obra o artista representou os utensílios básicos para o trabalho do seringueiro, de cima para baixo, são eles: machadinho; raspadeira, bornal; Poronga; tigelinha; balde; capanga ou bosoroca: faca de proteção; saco; espingarda; tubida; sapato de látex e estopa.

Na obra a seguir (Figura 2), o artista representa dois aspectos da árvore da borracha: “Vista de frente é a Hevea brasiliensis, vista em planta é a estrada de seringa” (Marchese, 2005:100). Na sua pesquisa sobre espaço, representação e identidade do seringueiro no Acre, Daniela Marchese constata, através de experiência de campo, que o desenho misto é o que melhor representa as relações espaciais que os seringueiros estabelecem com os elementos daquele lugar de vida e trabalho.

Pode-se observar a casa e o seringueiro desenhados frontalmente, enquanto a árvore da seringueira desempenha um duplo papel: se vista de frente, o seu tronco e seus ramos são os da Hevea brasiliensis, mas os mesmos elementos, vistos em planta, são o espigão e as estradas que o seringueiro percorre em giro.

A produção artística de Hélio Melo foi contextualizada numa época de fortes mudanças de paradigma no manejo da floresta amazônica e sua vocação econômica. O próprio artista sofreu na pele a consequência de uma política de trabalho baseada na exploração e escravização dos seringueiros pelos coronéis seringalistas. Essa expulsão do seringueiro do seu território decorreu da crise e queda mundial do preço da borracha, resultando na falência dos seringais, o que acarretou numa mudança de modelo econômico para a Amazônia, baseado na substituição da floresta por pasto para prática da pecuária extensiva e da derrubada de árvores para construir áreas de pastagem em larga escala.

2. Surrealismo metafórico

Na segunda fase, embora a obra de “Seo” Hélio retrate as lembranças da mata e a vida do seringueiro, ao sair da floresta para morar na cidade ele se apropriou da modernidade da vida citadina. O artista traz para a sua construção poética o distanciamento entre povo e a classe dominante. Tenta, através de metáforas, associar a classe dos mandatários ao animal burro. De acordo com a figura 3, o artista apresenta uma árvore de tronco forte, alta, acha-se quase no centro da obra, suportando em um de seus galhos o burro, representando o peso da hierarquia financeira, um sujeito patrão, que utilizou da simplicidade dos seringueiros, como degraus para chegar ao topo e desfrutar da condição de dono para desconstruir uma região transformando-a em algo extremamente nocivo para as futuras gerações. O trabalhador está representado bem abaixo da classe social, no chão. Além destas questões a representação do burro no galho de uma árvore e o trabalhador cabisbaixo e de costas para a árvore nos remete ao processo de expropriação do capitalismo nesses últimos 106 anos na Amazônia, resultando em grande massacre de indígenas de várias etnias desde a fronteira entre o Acre e o Peru, na fronteira entre o Acre e a Bolívia e na fronteira entre o Acre e o Amazonas. No tempo áureo da borracha o financiamento para as matanças dos índios conhecidos como correrias dizimou comunidades inteiras de índios.

Na obra “Expulsão dos seringueiros”, de forma metafórica e contundente, o artista denuncia que o gado na década de 1970 expulsou os seringueiros, substituindo assim a velha economia baseada nos seringais para a pecuária extensiva. A resistência dos seringueiros, que passaram de inimigos dos índios a parceiros contribuiu para o declínio da política contra a floresta. Esta luta que resultou na união de inimigos tradicionais — índios e seringueirospossibilitou a criação da Aliança dos Povos da Floresta, composta por três redes sociais da Amazônia: Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Coordenação das organizações indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que foram fundamentais na resistência a uma política de desflorestamento para implementação da Agropecuária.

3. A questão ambiental na obra de Hélio Melo

Nas obras da terceira fase, Hélio Melo, utiliza uma didática baseada na experiência. “Seo” Hélio com sua história peculiar, demonstra que, quanto mais circunscrito o repertório do artista, mas chance terá de se tornar universal, de maneira que, ao retratar a floresta, ele registra em sua obra o seringueiro, o Acre, a Amazônia, a questão ambiental e a sustentabilidade. Com isso, relaciona dialeticamente, questões locais com processos universais, globais. Para “Seo”Hélio a Educação Ambiental está relacionada com os conceitos internalizados de ética. Esta ética é aprendida através de contos e histórias fantásticas, em que seres sobrenaturais castigam quem maltrata a floresta. 

“Seo” Hélio explica que a Mãe Da Mata castiga o caçador que desobedece ao código mítico de regulação de acesso aos recursos naturais e acrescenta que quando isso acontece o caçador pode voltar para casa porque o cachorro não quer mais nada com a caçada. Neste universo mítico, seres como a Mãe d’água,

o Caboclinho, o Mapinguari, dentre outros seres do universo simbólico do homem da floresta funciona como poderoso código de regulação de acesso aos recursos naturais.

“Seo” Hélio procurou fazer a sua parte na tarefa de criar uma cidadania ambiental, promovia palestras em escolas desde a pré-escola até as universidades, hospitais e asilos, contando sua experiência e de outros seringueiros na convivência com a floresta. Discursava sobre as práticas sustentáveis oriundas de uma relação responsável com a natureza, questões como diminuição da pobreza, justiça social e ambiental, qualidade de vida para os trabalhadores extrativistas, mudança no modelo de desenvolvimento econômico-social da Amazônia e da utilização do conceito de construir sem destruir, baseado nos princípios de convivência sadia entre homem e natureza.

Conclusão

Questões histórico-sociais levaram o artista Hélio Melo a expressar uma cultura visual baseada na resistência à política de desflorestamento, contextualizada numa época de fortes mudanças de paradigma no manejo da floresta amazônica. 

Além disso, a produção do artista revela um inventário das relações de trabalho do homem que vive na floresta e seu modo de vida tradicional, decorrente de um processo de acomodação e adaptação ao meio que resultou numa sociologia do trabalho.

A produção crítica de Hélio Melo foi proporcionada por sua militância política e religiosa e, de forma muito pessoal, produziu imagens originais, condizentes com a conjuntura histórica. Desenhou e escreveu sobre as matas, os animais, os mitos e os povos da floresta, sempre tendo a consciência da sustentabilidade econômica dos recursos da selva, e o tema de sua obra é o ambiente amazônico.

Fonte: Repositório, “O ambiente amazônico nas obras de Hélio Melo", escrito por Norberto Stori e Rossini de Araújo Castro, em 2017. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

O pintor seringueiro Hélio Melo conquista novos colecionadores e ganha exposição | Folha de São Paulo

Pintor natural do Acre, Hélio Holanda Melo (1926-2001) recebeu o reconhecimento crítico de contemporâneos como o escultor carioca Sérgio Camargo (1930-1990), que colecionou suas obras, exibidas na 27.ª Bienal de São Paulo em 2006. Com a exposição dedicada ao artista pela galeria Almeida & Dale, que vai até 20 de maio, um fenômeno recoloca seu trabalho em outro patamar: Melo virou nome disputado entre colecionadores, dispostos a pagar a partir de R$ 130 mil por uma pintura sua (e 90% das obras da exposição atual não estão à venda).

Com curadoria do crítico Jacopo Crivelli Visconti, a mostra retrospectiva reúne mais de 60 obras de acervos institucionais e coleções particulares. Ela resume uma trajetória que começou quando Melo deixou o seringal, aos 33 anos, para se estabelecer em Rio Branco e seguir a carreira de pintor, tendo, antes, trabalhado como catraieiro. Com a instalação de pontes sobre o Rio Acre, ele abandonou a atividade. Virou barbeiro ambulante, depois vigia, até que, em 1978, conseguiu abrir uma exposição na Biblioteca Pública do Acre.

Esse percurso coincide com as transformações do território amazônico e da Região Norte do Brasil durante o regime militar. Crítico a respeito das mudanças impostas pelo espírito desenvolvimentista dos anos 1970, que afetou a vida dos seringueiros, expulsos de sua terras pelos criadores de gado, Melo retratou essa realidade. Não de maneira naturalista, ainda que pese sua fidelidade ao retratar a paisagem da região. É que em suas obras, francamente alegóricas, surgem elementos surrealistas como burrinhos sentados em galhos de árvores – como passarinhos – ou seringueiras que viram vacas leiteiras.

O uso de metáforas, contudo, não enfraquece a denúncia política. O curador Jacopo Crivelli Visconti observa que a arte de Melo “é ao mesmo tempo um retrato da violência promovida durante a ditadura sem abdicar da beleza da floresta, de seu mistério profundo”. Religioso, o pintor seringueiro, em 1990, chegou mesmo a incorporar o seringueiro numa releitura contemporânea da via-sacra que, um pouco à maneira de Guignard, confere à experiência do homem comum certa vocação transcendental.

“É quase uma construção teatral do espaço, que sugere uma encenação, não uma reprodução ingênua dessa realidade”, conclui Jacopo. Além disso, muitos dos temas em que aparecem personagens como o seringueiro sem terra – ou perseguido, como o Cristo da via-sacra – são recorrentes. “A floresta retratada por Melo é, ao mesmo tempo, ancestral, mítica e fabulosa, mas também extremamente atual”, reflete o curador. “Essa floresta é um universo vivo e reativo em que tudo está intimamente ligado”, explica, referindo-se aos mitos indígenas amazônicos que marcaram o pintor.

O crítico Paulo Herkenhoff destacou igualmente a importância do convívio de Hélio Melo com os indígenas. “Por seu aprendizado com a natureza e os índios, criou uma agenda de interpretação da vida cotidiana e de um imaginário que mobilizava a dimensão simbólica dos conflitos sociais e ecológicos de seu ambiente”, escreveu Herkenhoff.

Em ensaio produzido para um livro a ser lançado ainda em abril, a curadora Lisette Lagnado, que selecionou obras de Hélio Melo para a 27.ª Bienal de São Paulo, em 2006, aponta ainda outros parentescos, chegando a associar a poética transgressora do artista do Acre ao espírito revolucionário de um Hélio Oiticica, cuja identificação com os excluídos da sociedade brasileira justificaria essa proximidade.

A troca do mundo da floresta e do seringal pela cidade, ao se instalar em Rio Branco, só fez crescer a consciência de Hélio Melo sobre seu antigo ofício e a situação dos ex-seringueiros urbanizados. Aparentemente simples, essa pintura quase monocromática, em que predomina o verde, é um manifesto ao mesmo tempo contra a degradação ambiental e a perda de um mundo mítico que marcava a conduta desses trabalhadores irmanados com a floresta.

Numa das telas, inclusive, surge a figura do Mapinguari (um pajé transformado em besta por ter descoberto o segredo da imortalidade, retratado numa obra de 1989). Como na maioria das telas e desenhos, Melo usa nanquim e extrato de folhas. É essa pintura que o mundo começa a descobrir. Suas pinturas foram exibidas recentemente no Armory Show e devem voltar para outra exposição nos Estados Unidos, segundo pretende o curador Crivelli Visconti.

Fonte: Folha de São Paulo, O pintor seringueiro Hélio Melo conquista novos colecionadores e ganha exposição, escrito por Antônio Gonçalves Filho, publicado em 9 de abril de 2023. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

---

Pouco conhecido, artista do Acre vai ser estrela na Bienal | Folha de São Paulo

O papel de parede da tela do laptop de José Roca, um dos quatro co-curadores da 27ª Bienal de São Paulo, é um detalhe de uma pintura do artista acreano Hélio Melo (1926-2001). Praticamente desconhecido no circuito da arte, Melo tem uma vinculação muito mais óbvia com arte popular, o que, possivelmente, trará surpresa aos iniciados na produção contemporânea quando o detalhe de sua tela sair do computador de Roca e chegar às paredes da Bienal, no próximo mês de outubro.

"Conheci o trabalho de Hélio Melo durante minha viagem de pesquisa a Rio Branco pelo programa Rumos Visuais, do Itaú Cultural. Foi no Acre, enquanto eu estava escrevendo meu projeto conceitual para a Bienal, que eu tive a intuição que esse Estado tinha uma riqueza histórica e geográfica absolutamente pertinente para a discussão de "Blocos Sem Fronteiras" que, naquela ocasião, era o título da Bienal", diz a curadora Lisette Lagnado, responsável pela mostra, finalmente intitulada "Como Viver Junto".

No projeto com o qual concorreu para a Bienal, Lagnado havia criado sete blocos e o Acre era um de seus temas. Atualmente, os sete blocos se transformaram em dois grandes eixos - Projetos Construtivos e Programas para a Vida -, mas o Acre se mantém na Bienal não só como tema de um dos seminários mas como local de residências artísticas.

"Não há produção contemporânea no Acre. Com as residências, quero deixar sementes na região", afirma Lagnado. Já Roca afirma que, agora, o Estado assumiu dentro da Bienal um conjunto de temas a serem abordados.

Fronteiras

"Discutir o Acre permite aprofundar a própria América Latina, pois além de abordar o que ocorre na região, podemos pensar em questões como território, fronteira, natureza e até mesmo inclusão do outro. A idéia de não trabalhar com fronteiras e sim com noções de vizinhança, coabitação e colaboração faz parte de meu trabalho desde sempre, como crítica e curadora independente. E como eu via quadros de Hélio Melo em quase todos os lugares, principalmente instituições públicas, fiquei fascinada não somente pela pintura, de excepcional fatura, como pela história do personagem", diz Lagnado

A empolgação da curadora não é isolada. Roca, que cuida da seleção de pinturas de Melo na Bienal e que, por isso, esteve no Acre em novembro passado, tampouco economiza elogios à obra do ex-seringueiro. "Toda a história dele, de seringueiro a artista, que até tocava violino na floresta, é adequada para a criação de um mito local. Entretanto, não se trata de mera curiosidade antropológica -sua produção visual é passível de muitas interpretações", disse o curador, que esteve em São Paulo, na última semana, para participar da reunião dos co-curadores, na qual foram definidos mais artistas que tomarão parte da Bienal, entre eles as brasileiros Lucia Koch, Cláudia Andujar e Marilá Dardot.

Voltando à pintura de Melo, a obra mais admirada por Roca, e que está sempre visível em seu computador, é um trabalho de 1983, sem título, que o curador considera "uma das obras mais fascinantes que encontrei nos últimos tempos". Em primeiro plano e no espaço inferior, como sempre nas telas do artista acreano, são vistas impressões verdes feitas por folhas, como um carimbo, que simulam uma mata. Já o motivo central da pintura é uma árvore cujos galhos se organizam como uma estrada, possível percurso de um seringueiro a recolher o látex dos caules. "Só sobre este trabalho é possível fazer uma conferência inteira. A obra dele não trata apenas da floresta mas também de questões de território", afirma o colombiano Roca.

O objetivo do curador, no momento, é reunir uma quantidade significativa de obras, e ele diz que 40 seria o número ideal de trabalhos para serem expostos na Bienal. "De tudo que vi, 90% pertence ao Estado do Acre. Li uma entrevista do Hélio Melo, na qual ele diz ter produzido 2.000 quadros. Espero ainda encontrar sua filha, responsável por cuidar de seu acervo, mas ela passa por Rio Branco apenas duas vezes por ano, a cada seis meses", diz Roca.

Ao trazer à Bienal um artista distante dos procedimentos contemporâneos de produção, que em geral falam mais aos iniciados do que ao público em geral, Lagnado busca "romper o preconceito entre o dito "popular" e o "contemporâneo'". "Ele tem algo de Arthur Bispo do Rosário, embora com outras características, e eu sempre gostei de sacudir as narrativas críticas e estéticas em vigor", diz a curadora.

Fonte: Folha de São Paulo, “Pouco conhecido, artista do Acre vai ser estrela na Bienal”, escrito por Fabio Cypriano, publicado em 15 de março de 2006. Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

Crédito fotográfico: Onde Está A Arte? Consultado pela última vez em 9 de abril de 2025.

Arremate Arte
Feito com no Rio de Janeiro

Olá, boa noite!

Prepare-se para a melhor experiência em leilões, estamos chegando! 🎉 Por conta da pandemia que estamos enfrentando (Covid-19), optamos por adiar o lançamento oficial para 2023, mas, não resistimos e já liberamos uma prévia! Qualquer dúvida ou sugestão, fale conosco em ola@arrematearte.com.br, seu feedback é muito importante. Caso queira receber nossas novidades, registre-se abaixo. Obrigado e bons lances! ✌️