José de Souza Oliveira Filho (1952, Macaparana, Brasil), mais conhecido como Macaparana, é um artista plástico brasileiro cuja obra transita entre o figurativismo e a abstração geométrica. Autodidata, iniciou sua carreira explorando temas religiosos, especialmente ex-votos, até que, na década de 1980, influenciado por Willys de Castro e pelo neoconcretismo, adotou a arte geométrica como principal linguagem. Sua produção é marcada pelo uso de formas geométricas puras, como triângulos, quadrados e retângulos, e pela precisão no uso da cor e da composição espacial. Participou da 21ª Bienal Internacional de São Paulo (1991) e de diversas exposições no Brasil e no exterior, com obras presentes em importantes acervos, como o MASP, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o MAC/USP. Atualmente, Macaparana continua a produzir e expor, sendo reconhecido como um dos grandes nomes da arte geométrica contemporânea brasileira.
Macaparana | Arremate Arte
José de Souza Oliveira Filho, conhecido artisticamente como Macaparana, nasceu em 1952 na cidade homônima, no estado de Pernambuco, Brasil. Autodidata, iniciou sua trajetória artística como pintor figurativo, realizando sua primeira exposição individual em 1970, na Galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), em Recife.
Em 1972, mudou-se para o Rio de Janeiro e, no ano seguinte, estabeleceu-se em São Paulo, onde reside desde então. Durante aproximadamente uma década, suas obras exploraram o tema dos ex-votos — objetos de devoção religiosa oferecidos em agradecimento por graças alcançadas. Nesses trabalhos, Macaparana não apenas representava os ex-votos, mas também se interessava pelas texturas e volumes da madeira, material frequentemente utilizado nesses artefatos.
A partir de 1983, após contato com o artista Willys de Castro, expoente do neoconcretismo, sua produção artística passou por uma transformação significativa. Macaparana começou a incorporar elementos geométricos em suas obras, adotando formas como triângulos, retângulos e quadrados, e explorando segmentos de retas. Essa mudança marcou uma aproximação com a linguagem neoconcreta, caracterizada pela valorização da subjetividade e pela busca de uma expressão mais sensível na arte geométrica.
Ao longo de sua carreira, Macaparana participou de diversas exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo países como México, Japão, Estados Unidos, Espanha e Reino Unido. Em 1991, integrou a 21ª Bienal Internacional de São Paulo, consolidando sua presença no cenário artístico nacional.
Suas obras estão presentes em importantes acervos, como o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Atualmente, Macaparana continua a produzir e expor, sendo representado por galerias renomadas, como a DAN Galeria.
A arte de Macaparana é essencialmente brasileira, embora se situe no polo oposto ao brasileirismo de nossa arte modernista, que versava temas nacionais. Digo que sua arte é brasileira porque ela decorre de um outro processo estético, que começou no Brasil com a introdução da arte concreta, em começos da década de 1950.
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Macaparana | Itaú Cultural
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo. Realiza sua primeira mostra individual em Recife, em 1970, na Galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto. Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho. Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Análise
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal - o sertão pernambucano. Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista. Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material. Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana. O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Críticas
"Ex-votos de madeira, imitados à perfeição. O fundo desses quadros também aparentava placas de madeira com suas ranhuras, veios e nódulos. Era uma pintura ao mesmo tempo requintada (na técnica) e bárbara na expressão. Agora (...) já não há ex-votos nem qualquer outra figura nos quadros de Macaparana. (...) As pinturas são construções geométricas, estruturadas com rigor e visando um jogo de planos e níveis determinado pela variação tonal das cores. Os tons em geral são frios e soturnos, em contraste com outros de cor mais vibrante. A textura ainda induz à imitação da madeira, embora sem a preocupação imitativa da fase anterior. Os relevos são feitos em madeira mesmo, restos de obras, lascas, fragmentos, às vezes com a cor que tinham no tapume ou no objeto desfeito" — Ferreira Gullar (GULLAR, Ferreira. Reencontro com a infância: Macaparana. Isto É, São Paulo, 8 maio 1985).
"Macaparana (1952, Pernambuco) fez um percurso completo e pertinente com a evolução da arte contemporânea. Mas experimentou esse caminho em si mesmo e em poucos anos. Ele surgiu como um delicadíssimo pintor de paisagens agrestes e, depois, de figuras agrestes. Os únicos seres a povoarem esta pintura de desolação eram seres sem vida. A morte habitava a sua pintura através de personagens artificiais ou em desintegração. Destes personagens em paisagens desoladas, o artista concentrou-se na figura do ex-voto. Ele deu ao ex-voto o duvidoso papel de personagem inorgânico e sem vida. Macaparana pintou o Nordeste como um mundo despido de possibilidades vitais. Tudo se metamorfoseava em vivência sofrida e despida de existência vital. Destes ex-votos, matéria inorgânica e bela, Macaparana organizou, com a composição do trabalho, uma delicada rede construtiva para, atualmente, torná-la a própria essência da pintura. Um construtivismo delicado, inovador, pleno de invenção e de memórias. E esta construção sim, pela primeira vez, plena de vida" — Jacob Klintowitz (KLINTOWITZ, Jacob. O ofício da arte: a pintura. São Paulo, SESC, 1987).
Acervos
Museu de Arte Brasileira (MAB/Faap) - São Paulo SP
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna (MAM/SP) - São Paulo SP
Pinacoteca do Estado (Pesp) - São Paulo SP
Exposições Individuais
1970 - Recife PE - Individual, Galeria Empetur
1971 - Recife PE - Individual, Galeria Empetur
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Velha Mansão
1974 - Recife PE - Individual, Galeria Nega Fulô
1975 - São Paulo SP - Individual, Galeria Portal
1979 - São Paulo SP - Individual, Centro Campestre do Sesc
1979 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte de São Paulo
1980 - São Paulo SP - Individual, Galeria Seta
1983 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: pinturas, Galeria Bonino
1983 - São Paulo SP - Individual, Galeria Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: pinturas e relevos, Galeria Bonino
1985 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte Brasileira
1986 - São Paulo SP - Individual, Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1987 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: esculturas e relevos, Galeria Bonino
1987 - São Paulo SP - Individual, Sesc Pompéia
1988 - São Paulo SP - Macaparana - Pinturas Recentes, Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1989 - São Paulo SP - Individual, Sala Mira Schendel
1991 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte de São Paulo
1994 - São Paulo SP - Individual, Pinacoteca do Estado
2000 - São Paulo SP - Macaparana: obras recentes, Dan Galeria
2002 - Campinas SP - Macaparana: desenhos e pinturas, Galeria de Arte Unicamp/IA
2004 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Arte em Dobro
2004 - São Paulo SP - Individual, Dan Galeria
2009 - Madri (Espanha) - Individual, Galería Cayón
2010 - São Paulo SP - Macaparana: formas cortadas, Dan Galeria
2010 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, Jorge Mara-La Ruche
2011 - Paris (França) - Individual, Galerie Denise René
Exposições Coletivas
1972 - Londres (Reino Unido) - Coletiva, Portal Gallery
1973 - Londres (Reino Unido) - Coletiva, Willians & Son Gallery
1973 - São Paulo SP - 10 Artistas de Tendência Fantástica, No Sobrado Galerias de Arte
1984 - Cidade do México (México) - 4ª Bienal Ibero-Americana de Arte - artista convidado
1984 - São Paulo SP - Coletiva, Fundação Mokiti Okada
1985 - São Paulo SP - Coletiva, Museu de Arte de São Paulo
1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas-Artes Brasil-Japão, Fundação Mokiti Okada
1986 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, Fundação Bienal
1986 - São Paulo SP - Coletiva, Museu de Arte de São Paulo
1987 - Brasília DF - Paulistas em Brasília, Museu de Arte de Brasília
1987 - São Paulo SP - 18 Contemporâneos, Dan Galeria
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, Sesc
1988 - São Paulo SP - MAC 25 Anos: aquisições e doações recentes, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1991 - São Paulo SP - 21º Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo MAC USP: construção, medida e proporção, Centro Cultural Banco do Brasil
1996 - São Paulo SP - Mostra do Acervo, Sudameris Galleria
1997 - La Paz (Bolívia) - Arte Brasileira Contemporânea, Espaço Simón I. Patiño
1997 - Quito (Equador) - Arte Brasileira Contemporânea, Fundação das Artes Kingman
1997 - São Paulo - SP - Dimensões da Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1997 - São Paulo SP - Acervo Contemporâneos na Pinacoteca, Pinacoteca do Estado
1998 - São Paulo SP - 2ª Eletromídia de Arte: exposição virtual, Avenida Cidade Jardim x Avenida Brigadeiro Faria Lima
1998 - São Paulo SP - Doações Recentes 97/98, no Museu de Arte Moderna
1998 - São Paulo SP - Obras em Destaque, Dan Galeria
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, Almacén Galeria de Arte
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
2004 - São Paulo SP - Brasileiro, Brasileiros, Museu Afro-Brasil
2005 - Curitiba PR - Arte em Metrópolis, Museu Oscar Niemeyer
2005 - São Paulo SP - Arte em Metrópolis, Instituto Tomie Ohtake
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, Museu de Arte de São Paulo
2009 - Madri (Espanha) - 28ª Arco
2009 - Madri (Espanha) - Materia Gris, Galería Cayón
2009 - São Paulo SP - 40ª Chapel Art Show, Escola Maria Imaculada - Chapel School
2009 - São Paulo SP - Branco & Preto, Galeria Daslu
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
2011 - São Paulo SP - 7ª SP-Arte, Pavilhão da Bienal
Fonte: MACAPARANA. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 11 de fevereiro de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Conheça o artista Macaparana e a sua arte | ArteRef
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana, PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto, uma abreviação latina de ex-voto suscepto (“o voto realizado”).
O que significa ex-voto suscepto?
O termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos.
Influência de Willys de Castro
Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho.
Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Sobre a obra de Macaparana
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano.
Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material.
Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Como o trabalho de um artista é influenciado ou mesmo inspirado por seus pares mais próximos, com quem mantém relações profissionais e de amizade? Foi este questionamento que motivou Afinidades, exposição individual do artista Macaparana, em cartaz entre 15 de dezembro e 17 de fevereiro, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra, que passou pelo Museu Lasar Segall em junho deste ano, reúne trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração, e apresenta ainda um recorte de sua coleção pessoal.
“A exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo”, pontua Marlot.
O público poderá conferir uma seleção de 15 obras inéditas de Macaparana. São pinturas, desenhos, colagens e recortes sobre cartão que, combinados uns aos outros, formam um conjunto coeso e uniforme, ao mesmo tempo que diverso. Reflexo de influências várias.
O artista apresenta ainda preciosidades de seu acervo particular, onde figuram trabalhos de nomes como Josef Albers, Jean Arp, Max Bill, Hércules Barsotti e Willys de Castro, além de cerâmicas pré-colombianas.
Ao reunir esse conjunto, a exposição propõe ao observador um convite para a reflexão sobre a noção de transferência artística e também para a criação de narrativas a partir das semelhanças – ou não – entre os trabalhos do pernambucano com os daqueles que o cercaram e, naturalmente, o inspiraram.
“Não se trata exatamente de uma homenagem calculada, racional. Esses trabalhos não surgiram como releituras de obras que tenho em casa, presentes de artistas com quem convivi”, afirma Macaparana. “Quando você vive todos os dias tão próximo a uma obra de arte que ama tanto, é quase inevitável que ela apareça em sua própria produção. Influência e afinidades sempre foram uma coisa natural e bela entre artistas”, completa.
Fonte: ArteRef. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
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Pernambucano Macaparana ganha exposição no Museu Lasar Segall | Veja
O pintor e escultor Macaparana ganha uma exposição individual no Museu Lasar Segall, em São Paulo, a partir deste sábado. Afinidades reúne quinze obras inéditas do pernambucano que refletem sobre como um artista é influenciado pelas pessoas com quem ele mantém relação na vida pessoal e profissional.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra ainda conta com pinturas, desenhos, colagens e recortes de artistas como Josef Albers, Hércules Barsotti e Willys de Castro, que fazem parte do acervo pessoal de Macaparana.
Nascido em 1952, José de Souza Oliveira Filho teve contato com grandes nomes da arte brasileira enquanto vivia no Rio de Janeiro e São Paulo. Entre eles, estavam Lygia Clark, Amilcar de Castro, Ferreira Gullar e Antônio Maluf. Foi na sua primeira exposição individual no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1979, que ele começou a ser chamado pelo nome da cidade onde nasceu, Macaparana, a cerca de 120 quilômetros de Recife, Pernambuco.
Fonte: Veja. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
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Macaparana, Brasil, 1952
“A arte de Macaparana é essencialmente brasileira, embora se situe no polo oposto ao brasileirismo de nossa arte modernista, que versava temas nacionais.
Digo que sua arte é brasileira porque ela decorre de um outro processo estético, que começou no Brasil com a introdução da arte concreta, em começos da década de 1950.
(..)
O Concretismo, com sua linguagem geométrica, abre um novo caminho para as artes plásticas brasileiras mas, ao mesmo tempo, conduz a um impasse que dará origem ao neoconcretismo. É que, ao romper com as normas concretistas, o neoconcretismo introduz na arte construtiva opções outras, diversas das que apontava a estética da Escola de Ulm.
A inovação básica do neoconcretismo foi eliminar o quadro como elemento básico da linguagem pictórica. Ele é violentado e substituído pelo que os neoconcretistas chamavam de não-objeto. Em que pese à originalidade da arte de Macaparana – cuja contribuição própria é indiscutível – ela não teria nascido se os neoconcretos não tivessem mudado fundamentalmente a função do quadro como suporte da linguagem pictórica. Nasce aí, por assim dizer, uma nova linguagem.
Em que consiste essa nova linguagem? no fato de que o quadro deixa de ser o lugar onde a linguagem da pintura acontece para ser ele mesmo essa linguagem. Por essa razão, ele muda de forma já que fazer arte, agora, é reinventá-lo, fazer dele o objeto da arte.
Ao dizer isto, estou evidentemente falando de Lygia Clark, de Willys de Castro mas também de Macaparana, herdeiro desse novo caminho aberto à arte por artistas brasileiros.
Outra herança, presente na obra de Macaparana, é a geometria – as linhas retas, os retângulos, os hexágonos, como também formas inventadas, uma geometria outra, que tampouco se confunde com a figura abstrata sobre o espaço do quadro: não, a geometria, neste caso, é a obra mesma, a placa de madeira com a forma que o artista lhe dá.
Vejam bem: estou dizendo que a arte geométrica, no Brasil, realizou uma revolução que, seguindo essa linha, deixou de fazer pintura e passou a inventar com as cores e as formas geométricas um universo outro, uma geometria outra, de que a arte de Macaparana é exemplo notável.” — Ferreira Gullar (“Um Caminho Novo”, 2016).
Biografia
Pintor, desenhista e escultor, José de Souza Oliveira Filho, o Macaparana, é autoditada. Começa, ainda na adolescência e admirador de Frans Post, como pintor figurativo. Realiza sua primeira individual em Recife (1970), na Galeria da EMPETUR.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo. Por cerca de 10 anos expõe nas duas cidades seus trabalhos, com tons surrealistas e tendo como tem o ex-voto.
Mas seu encantamento não é com a religiosidade e sim com a madeira, cuja texturas reproduz com maestria e espontaneidade. Em 1983, conhece Willys de Castro, expoente do neoconcreto. E dá-se a transição: o assunto, no caso o ex-voto, perde a importância e o formal assume como valor central.
Diferentemente de muitos outros artistas, essa transição não se dá pelo estudo teórico, fruto puramente de esforços intelectuais, nem de fazer parte de qualquer grupo ou tendência, o que não é seu caso.
Bem observou Olivio Tavares de Araújo quando lhe confere o status de “um dos grandes geômetras sensíveis do país”. Suas exposições, individuais e coletivas, além da participaçãoo na XXI Bienal Internacional de São Paulo (1991), ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Buenos Aires, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009, é lançado o livro Macaparana – formas cortadas, na Dan Galeria (São Paulo) e em 2011 expõe individualmente na Galerie Denise René, Paris, França.
Fonte: Dan Galeria. Consultado pela última vez em 12 de fevereiro de 2025.
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Quem é Macaparana?
José de Souza Oliveira Filho nasceu em 1952, em Macaparana, cidade a cerca de 120 quilômetros de Recife, Pernambuco. Protagonista de uma das trajetórias mais notáveis da arte brasileira da segunda metade do século 20, foi autodidata, aprendendo a desenhar e a pintar com lápis e papel, em um período de convalescença durante a infância. Aos 18 anos de idade, expõe pela primeira vez, na galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), na capital do Estado.
Em 1972, realiza sua primeira individual no Rio de Janeiro, cidade onde passa a viver. Na capital fluminense, Macaparana convive com os maiores nomes do neoconcretismo brasileiro, como Lygia Clark (1920 – 1988), Lygia Pape (1927 – 2004), Amilcar de Castro (1920 – 2002) e o poeta e crítico de arte Ferreira Gullar (1930 -2016).
A mudança para São Paulo no ano seguinte vem acompanhada por um ponto de virada em sua trajetória – que entra em ascensão –, e em sua obra, com o abandono da pintura figurativa e a adoção do abstracionismo geométrico. Na cidade – onde vive até hoje –, conhece e se aproxima dos artistas Antônio Maluf (1926 – 2005), Willys de Castro (1926 – 1988) e Hércules Barsotti (1914 – 2010)
No final da década, em 1979, o artista realiza sua primeira individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Nesta ocasião, tem seu nome trocado pelo de sua cidade natal no convite da exposição – uma brincadeira de Pietro Maria Bardi, fundador e diretor do museu e seu amigo próximo. A partir de então, todos assim o chamariam.
Em 1991, expõe na 21ª Bienal de São Paulo e apresenta uma nova individual no MASP. Três anos depois, expõe na Pinacoteca do Estado de São Paulo, também em uma mostra somente sua. No exterior, já realizou mostras individuais na Galeria Cayón, de Madrid (2009); na Galeria Jorge Mara, de Buenos Aires (2010) e na Galeria Denise René, de Paris (2011 e 2016). Em 2018, realizou a mostra Afinidades no Museu Lasar Segall, em São Paulo e, posteriormente, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Macaparana apresenta mostra na Dan Galeria
Variedade de suportes protagoniza exposição que reúne trabalhos ao longo de sua trajetória
Se fosse preciso resumir a arte contemporânea em uma única palavra, esta poderia ser liberdade. Marcada pela multiplicidade de temas, linguagens e suportes, suas possibilidades são infinitas. Um artista contemporâneo pode tratar de determinada problemática de diversas formas, por diferentes ângulos. Tal versatilidade, inclusive, pode ser encontrada na obra de um único artista. É o que mostra a exposição formas / suportes, individual de Macaparana em cartaz na Dan Galeria entre 23 de março e 30 de abril.
A mostra reúne mais de 30 trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração. Trata-se de um recorte de sua coleção pessoal e do acervo da galeria, abarcando obras produzidas dos anos 1970 até os dias atuais. Nesta seleção, há trabalhos realizados em suportes variados, entre os quais tela, papel, madeira, acrílico, vidro, cerâmica, entre outros.
“Em meio à pesquisa para esta exposição, foi muito interessante perceber as diversas mudanças que se deram em minha produção. A liberdade para trabalhar e compor de várias formas me possibilitou alcançar diferentes resultados. Muitas vezes, eu mesmo fui surpreendido neste processo. Essa dinâmica foi bastante enriquecedora, tanto no que diz respeito ao processo de criação, quanto para o amadurecimento da minha obra”, afirma o artista.
Entre os trabalhos apresentados, uma escultura em aço inoxidável, sem título (2005), que traz duas formas ovais combinadas, materialização em três dimensões de duas telas de formato semelhante, sem título (2005), cobertas por pigmentos e tinta acrílica. De 1983, uma pintura sobre tela que parece figurar tocos de madeira sobrepostos. Dois anos depois, em 1985, Macaparana criou um trabalho semelhante, desta vez fazendo uso de pedaços de madeira de tipos diversos.
“Cada trabalho tem uma dinâmica própria. No meu caso, todos geralmente começam no papel, quase como um rascunho livre. Aos poucos, ele vai se materializando, ganhando corpo e pedindo suportes específicos. Tenho séries que nascem em um formato e ganham outro com o tempo. Os resultados são completamente distintos. No que diz respeito, inclusive, na relação que estabelecem com o público”, pontua o artista.
Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 12 de fevereiro de 2025.
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Conheça o artista Macaparana e a sua arte | ArtRef
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana, PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto, uma abreviação latina de ex-voto suscepto (“o voto realizado”).
O que significa ex-voto suscepto?
O termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos.
Influência de Willys de Castro
Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho.
Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Sobre a obra de Macaparana
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano.
Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material.
Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Como o trabalho de um artista é influenciado ou mesmo inspirado por seus pares mais próximos, com quem mantém relações profissionais e de amizade? Foi este questionamento que motivou Afinidades, exposição individual do artista Macaparana, em cartaz entre 15 de dezembro e 17 de fevereiro, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra, que passou pelo Museu Lasar Segall em junho deste ano, reúne trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração, e apresenta ainda um recorte de sua coleção pessoal.
“A exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo”, pontua Marlot.
O público poderá conferir uma seleção de 15 obras inéditas de Macaparana. São pinturas, desenhos, colagens e recortes sobre cartão que, combinados uns aos outros, formam um conjunto coeso e uniforme, ao mesmo tempo que diverso. Reflexo de influências várias.
O artista apresenta ainda preciosidades de seu acervo particular, onde figuram trabalhos de nomes como Josef Albers, Jean Arp, Max Bill, Hércules Barsotti e Willys de Castro, além de cerâmicas pré-colombianas.
Ao reunir esse conjunto, a exposição propõe ao observador um convite para a reflexão sobre a noção de transferência artística e também para a criação de narrativas a partir das semelhanças – ou não – entre os trabalhos do pernambucano com os daqueles que o cercaram e, naturalmente, o inspiraram.
“Não se trata exatamente de uma homenagem calculada, racional. Esses trabalhos não surgiram como releituras de obras que tenho em casa, presentes de artistas com quem convivi”, afirma Macaparana. “Quando você vive todos os dias tão próximo a uma obra de arte que ama tanto, é quase inevitável que ela apareça em sua própria produção. Influência e afinidades sempre foram uma coisa natural e bela entre artistas”, completa.
Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
Crédito fotográfico: Marión Art Gallery. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
José de Souza Oliveira Filho (1952, Macaparana, Brasil), mais conhecido como Macaparana, é um artista plástico brasileiro cuja obra transita entre o figurativismo e a abstração geométrica. Autodidata, iniciou sua carreira explorando temas religiosos, especialmente ex-votos, até que, na década de 1980, influenciado por Willys de Castro e pelo neoconcretismo, adotou a arte geométrica como principal linguagem. Sua produção é marcada pelo uso de formas geométricas puras, como triângulos, quadrados e retângulos, e pela precisão no uso da cor e da composição espacial. Participou da 21ª Bienal Internacional de São Paulo (1991) e de diversas exposições no Brasil e no exterior, com obras presentes em importantes acervos, como o MASP, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o MAC/USP. Atualmente, Macaparana continua a produzir e expor, sendo reconhecido como um dos grandes nomes da arte geométrica contemporânea brasileira.
Macaparana | Arremate Arte
José de Souza Oliveira Filho, conhecido artisticamente como Macaparana, nasceu em 1952 na cidade homônima, no estado de Pernambuco, Brasil. Autodidata, iniciou sua trajetória artística como pintor figurativo, realizando sua primeira exposição individual em 1970, na Galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), em Recife.
Em 1972, mudou-se para o Rio de Janeiro e, no ano seguinte, estabeleceu-se em São Paulo, onde reside desde então. Durante aproximadamente uma década, suas obras exploraram o tema dos ex-votos — objetos de devoção religiosa oferecidos em agradecimento por graças alcançadas. Nesses trabalhos, Macaparana não apenas representava os ex-votos, mas também se interessava pelas texturas e volumes da madeira, material frequentemente utilizado nesses artefatos.
A partir de 1983, após contato com o artista Willys de Castro, expoente do neoconcretismo, sua produção artística passou por uma transformação significativa. Macaparana começou a incorporar elementos geométricos em suas obras, adotando formas como triângulos, retângulos e quadrados, e explorando segmentos de retas. Essa mudança marcou uma aproximação com a linguagem neoconcreta, caracterizada pela valorização da subjetividade e pela busca de uma expressão mais sensível na arte geométrica.
Ao longo de sua carreira, Macaparana participou de diversas exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo países como México, Japão, Estados Unidos, Espanha e Reino Unido. Em 1991, integrou a 21ª Bienal Internacional de São Paulo, consolidando sua presença no cenário artístico nacional.
Suas obras estão presentes em importantes acervos, como o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Atualmente, Macaparana continua a produzir e expor, sendo representado por galerias renomadas, como a DAN Galeria.
A arte de Macaparana é essencialmente brasileira, embora se situe no polo oposto ao brasileirismo de nossa arte modernista, que versava temas nacionais. Digo que sua arte é brasileira porque ela decorre de um outro processo estético, que começou no Brasil com a introdução da arte concreta, em começos da década de 1950.
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Macaparana | Itaú Cultural
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo. Realiza sua primeira mostra individual em Recife, em 1970, na Galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto. Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho. Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Análise
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal - o sertão pernambucano. Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista. Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material. Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana. O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Críticas
"Ex-votos de madeira, imitados à perfeição. O fundo desses quadros também aparentava placas de madeira com suas ranhuras, veios e nódulos. Era uma pintura ao mesmo tempo requintada (na técnica) e bárbara na expressão. Agora (...) já não há ex-votos nem qualquer outra figura nos quadros de Macaparana. (...) As pinturas são construções geométricas, estruturadas com rigor e visando um jogo de planos e níveis determinado pela variação tonal das cores. Os tons em geral são frios e soturnos, em contraste com outros de cor mais vibrante. A textura ainda induz à imitação da madeira, embora sem a preocupação imitativa da fase anterior. Os relevos são feitos em madeira mesmo, restos de obras, lascas, fragmentos, às vezes com a cor que tinham no tapume ou no objeto desfeito" — Ferreira Gullar (GULLAR, Ferreira. Reencontro com a infância: Macaparana. Isto É, São Paulo, 8 maio 1985).
"Macaparana (1952, Pernambuco) fez um percurso completo e pertinente com a evolução da arte contemporânea. Mas experimentou esse caminho em si mesmo e em poucos anos. Ele surgiu como um delicadíssimo pintor de paisagens agrestes e, depois, de figuras agrestes. Os únicos seres a povoarem esta pintura de desolação eram seres sem vida. A morte habitava a sua pintura através de personagens artificiais ou em desintegração. Destes personagens em paisagens desoladas, o artista concentrou-se na figura do ex-voto. Ele deu ao ex-voto o duvidoso papel de personagem inorgânico e sem vida. Macaparana pintou o Nordeste como um mundo despido de possibilidades vitais. Tudo se metamorfoseava em vivência sofrida e despida de existência vital. Destes ex-votos, matéria inorgânica e bela, Macaparana organizou, com a composição do trabalho, uma delicada rede construtiva para, atualmente, torná-la a própria essência da pintura. Um construtivismo delicado, inovador, pleno de invenção e de memórias. E esta construção sim, pela primeira vez, plena de vida" — Jacob Klintowitz (KLINTOWITZ, Jacob. O ofício da arte: a pintura. São Paulo, SESC, 1987).
Acervos
Museu de Arte Brasileira (MAB/Faap) - São Paulo SP
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna (MAM/SP) - São Paulo SP
Pinacoteca do Estado (Pesp) - São Paulo SP
Exposições Individuais
1970 - Recife PE - Individual, Galeria Empetur
1971 - Recife PE - Individual, Galeria Empetur
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Velha Mansão
1974 - Recife PE - Individual, Galeria Nega Fulô
1975 - São Paulo SP - Individual, Galeria Portal
1979 - São Paulo SP - Individual, Centro Campestre do Sesc
1979 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte de São Paulo
1980 - São Paulo SP - Individual, Galeria Seta
1983 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: pinturas, Galeria Bonino
1983 - São Paulo SP - Individual, Galeria Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: pinturas e relevos, Galeria Bonino
1985 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte Brasileira
1986 - São Paulo SP - Individual, Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1987 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: esculturas e relevos, Galeria Bonino
1987 - São Paulo SP - Individual, Sesc Pompéia
1988 - São Paulo SP - Macaparana - Pinturas Recentes, Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1989 - São Paulo SP - Individual, Sala Mira Schendel
1991 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte de São Paulo
1994 - São Paulo SP - Individual, Pinacoteca do Estado
2000 - São Paulo SP - Macaparana: obras recentes, Dan Galeria
2002 - Campinas SP - Macaparana: desenhos e pinturas, Galeria de Arte Unicamp/IA
2004 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Arte em Dobro
2004 - São Paulo SP - Individual, Dan Galeria
2009 - Madri (Espanha) - Individual, Galería Cayón
2010 - São Paulo SP - Macaparana: formas cortadas, Dan Galeria
2010 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, Jorge Mara-La Ruche
2011 - Paris (França) - Individual, Galerie Denise René
Exposições Coletivas
1972 - Londres (Reino Unido) - Coletiva, Portal Gallery
1973 - Londres (Reino Unido) - Coletiva, Willians & Son Gallery
1973 - São Paulo SP - 10 Artistas de Tendência Fantástica, No Sobrado Galerias de Arte
1984 - Cidade do México (México) - 4ª Bienal Ibero-Americana de Arte - artista convidado
1984 - São Paulo SP - Coletiva, Fundação Mokiti Okada
1985 - São Paulo SP - Coletiva, Museu de Arte de São Paulo
1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas-Artes Brasil-Japão, Fundação Mokiti Okada
1986 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, Fundação Bienal
1986 - São Paulo SP - Coletiva, Museu de Arte de São Paulo
1987 - Brasília DF - Paulistas em Brasília, Museu de Arte de Brasília
1987 - São Paulo SP - 18 Contemporâneos, Dan Galeria
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, Sesc
1988 - São Paulo SP - MAC 25 Anos: aquisições e doações recentes, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1991 - São Paulo SP - 21º Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo MAC USP: construção, medida e proporção, Centro Cultural Banco do Brasil
1996 - São Paulo SP - Mostra do Acervo, Sudameris Galleria
1997 - La Paz (Bolívia) - Arte Brasileira Contemporânea, Espaço Simón I. Patiño
1997 - Quito (Equador) - Arte Brasileira Contemporânea, Fundação das Artes Kingman
1997 - São Paulo - SP - Dimensões da Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1997 - São Paulo SP - Acervo Contemporâneos na Pinacoteca, Pinacoteca do Estado
1998 - São Paulo SP - 2ª Eletromídia de Arte: exposição virtual, Avenida Cidade Jardim x Avenida Brigadeiro Faria Lima
1998 - São Paulo SP - Doações Recentes 97/98, no Museu de Arte Moderna
1998 - São Paulo SP - Obras em Destaque, Dan Galeria
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, Almacén Galeria de Arte
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
2004 - São Paulo SP - Brasileiro, Brasileiros, Museu Afro-Brasil
2005 - Curitiba PR - Arte em Metrópolis, Museu Oscar Niemeyer
2005 - São Paulo SP - Arte em Metrópolis, Instituto Tomie Ohtake
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, Museu de Arte de São Paulo
2009 - Madri (Espanha) - 28ª Arco
2009 - Madri (Espanha) - Materia Gris, Galería Cayón
2009 - São Paulo SP - 40ª Chapel Art Show, Escola Maria Imaculada - Chapel School
2009 - São Paulo SP - Branco & Preto, Galeria Daslu
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
2011 - São Paulo SP - 7ª SP-Arte, Pavilhão da Bienal
Fonte: MACAPARANA. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 11 de fevereiro de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Conheça o artista Macaparana e a sua arte | ArteRef
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana, PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto, uma abreviação latina de ex-voto suscepto (“o voto realizado”).
O que significa ex-voto suscepto?
O termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos.
Influência de Willys de Castro
Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho.
Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Sobre a obra de Macaparana
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano.
Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material.
Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Como o trabalho de um artista é influenciado ou mesmo inspirado por seus pares mais próximos, com quem mantém relações profissionais e de amizade? Foi este questionamento que motivou Afinidades, exposição individual do artista Macaparana, em cartaz entre 15 de dezembro e 17 de fevereiro, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra, que passou pelo Museu Lasar Segall em junho deste ano, reúne trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração, e apresenta ainda um recorte de sua coleção pessoal.
“A exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo”, pontua Marlot.
O público poderá conferir uma seleção de 15 obras inéditas de Macaparana. São pinturas, desenhos, colagens e recortes sobre cartão que, combinados uns aos outros, formam um conjunto coeso e uniforme, ao mesmo tempo que diverso. Reflexo de influências várias.
O artista apresenta ainda preciosidades de seu acervo particular, onde figuram trabalhos de nomes como Josef Albers, Jean Arp, Max Bill, Hércules Barsotti e Willys de Castro, além de cerâmicas pré-colombianas.
Ao reunir esse conjunto, a exposição propõe ao observador um convite para a reflexão sobre a noção de transferência artística e também para a criação de narrativas a partir das semelhanças – ou não – entre os trabalhos do pernambucano com os daqueles que o cercaram e, naturalmente, o inspiraram.
“Não se trata exatamente de uma homenagem calculada, racional. Esses trabalhos não surgiram como releituras de obras que tenho em casa, presentes de artistas com quem convivi”, afirma Macaparana. “Quando você vive todos os dias tão próximo a uma obra de arte que ama tanto, é quase inevitável que ela apareça em sua própria produção. Influência e afinidades sempre foram uma coisa natural e bela entre artistas”, completa.
Fonte: ArteRef. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
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Pernambucano Macaparana ganha exposição no Museu Lasar Segall | Veja
O pintor e escultor Macaparana ganha uma exposição individual no Museu Lasar Segall, em São Paulo, a partir deste sábado. Afinidades reúne quinze obras inéditas do pernambucano que refletem sobre como um artista é influenciado pelas pessoas com quem ele mantém relação na vida pessoal e profissional.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra ainda conta com pinturas, desenhos, colagens e recortes de artistas como Josef Albers, Hércules Barsotti e Willys de Castro, que fazem parte do acervo pessoal de Macaparana.
Nascido em 1952, José de Souza Oliveira Filho teve contato com grandes nomes da arte brasileira enquanto vivia no Rio de Janeiro e São Paulo. Entre eles, estavam Lygia Clark, Amilcar de Castro, Ferreira Gullar e Antônio Maluf. Foi na sua primeira exposição individual no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1979, que ele começou a ser chamado pelo nome da cidade onde nasceu, Macaparana, a cerca de 120 quilômetros de Recife, Pernambuco.
Fonte: Veja. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
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Macaparana, Brasil, 1952
“A arte de Macaparana é essencialmente brasileira, embora se situe no polo oposto ao brasileirismo de nossa arte modernista, que versava temas nacionais.
Digo que sua arte é brasileira porque ela decorre de um outro processo estético, que começou no Brasil com a introdução da arte concreta, em começos da década de 1950.
(..)
O Concretismo, com sua linguagem geométrica, abre um novo caminho para as artes plásticas brasileiras mas, ao mesmo tempo, conduz a um impasse que dará origem ao neoconcretismo. É que, ao romper com as normas concretistas, o neoconcretismo introduz na arte construtiva opções outras, diversas das que apontava a estética da Escola de Ulm.
A inovação básica do neoconcretismo foi eliminar o quadro como elemento básico da linguagem pictórica. Ele é violentado e substituído pelo que os neoconcretistas chamavam de não-objeto. Em que pese à originalidade da arte de Macaparana – cuja contribuição própria é indiscutível – ela não teria nascido se os neoconcretos não tivessem mudado fundamentalmente a função do quadro como suporte da linguagem pictórica. Nasce aí, por assim dizer, uma nova linguagem.
Em que consiste essa nova linguagem? no fato de que o quadro deixa de ser o lugar onde a linguagem da pintura acontece para ser ele mesmo essa linguagem. Por essa razão, ele muda de forma já que fazer arte, agora, é reinventá-lo, fazer dele o objeto da arte.
Ao dizer isto, estou evidentemente falando de Lygia Clark, de Willys de Castro mas também de Macaparana, herdeiro desse novo caminho aberto à arte por artistas brasileiros.
Outra herança, presente na obra de Macaparana, é a geometria – as linhas retas, os retângulos, os hexágonos, como também formas inventadas, uma geometria outra, que tampouco se confunde com a figura abstrata sobre o espaço do quadro: não, a geometria, neste caso, é a obra mesma, a placa de madeira com a forma que o artista lhe dá.
Vejam bem: estou dizendo que a arte geométrica, no Brasil, realizou uma revolução que, seguindo essa linha, deixou de fazer pintura e passou a inventar com as cores e as formas geométricas um universo outro, uma geometria outra, de que a arte de Macaparana é exemplo notável.” — Ferreira Gullar (“Um Caminho Novo”, 2016).
Biografia
Pintor, desenhista e escultor, José de Souza Oliveira Filho, o Macaparana, é autoditada. Começa, ainda na adolescência e admirador de Frans Post, como pintor figurativo. Realiza sua primeira individual em Recife (1970), na Galeria da EMPETUR.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo. Por cerca de 10 anos expõe nas duas cidades seus trabalhos, com tons surrealistas e tendo como tem o ex-voto.
Mas seu encantamento não é com a religiosidade e sim com a madeira, cuja texturas reproduz com maestria e espontaneidade. Em 1983, conhece Willys de Castro, expoente do neoconcreto. E dá-se a transição: o assunto, no caso o ex-voto, perde a importância e o formal assume como valor central.
Diferentemente de muitos outros artistas, essa transição não se dá pelo estudo teórico, fruto puramente de esforços intelectuais, nem de fazer parte de qualquer grupo ou tendência, o que não é seu caso.
Bem observou Olivio Tavares de Araújo quando lhe confere o status de “um dos grandes geômetras sensíveis do país”. Suas exposições, individuais e coletivas, além da participaçãoo na XXI Bienal Internacional de São Paulo (1991), ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Buenos Aires, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009, é lançado o livro Macaparana – formas cortadas, na Dan Galeria (São Paulo) e em 2011 expõe individualmente na Galerie Denise René, Paris, França.
Fonte: Dan Galeria. Consultado pela última vez em 12 de fevereiro de 2025.
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Quem é Macaparana?
José de Souza Oliveira Filho nasceu em 1952, em Macaparana, cidade a cerca de 120 quilômetros de Recife, Pernambuco. Protagonista de uma das trajetórias mais notáveis da arte brasileira da segunda metade do século 20, foi autodidata, aprendendo a desenhar e a pintar com lápis e papel, em um período de convalescença durante a infância. Aos 18 anos de idade, expõe pela primeira vez, na galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), na capital do Estado.
Em 1972, realiza sua primeira individual no Rio de Janeiro, cidade onde passa a viver. Na capital fluminense, Macaparana convive com os maiores nomes do neoconcretismo brasileiro, como Lygia Clark (1920 – 1988), Lygia Pape (1927 – 2004), Amilcar de Castro (1920 – 2002) e o poeta e crítico de arte Ferreira Gullar (1930 -2016).
A mudança para São Paulo no ano seguinte vem acompanhada por um ponto de virada em sua trajetória – que entra em ascensão –, e em sua obra, com o abandono da pintura figurativa e a adoção do abstracionismo geométrico. Na cidade – onde vive até hoje –, conhece e se aproxima dos artistas Antônio Maluf (1926 – 2005), Willys de Castro (1926 – 1988) e Hércules Barsotti (1914 – 2010)
No final da década, em 1979, o artista realiza sua primeira individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Nesta ocasião, tem seu nome trocado pelo de sua cidade natal no convite da exposição – uma brincadeira de Pietro Maria Bardi, fundador e diretor do museu e seu amigo próximo. A partir de então, todos assim o chamariam.
Em 1991, expõe na 21ª Bienal de São Paulo e apresenta uma nova individual no MASP. Três anos depois, expõe na Pinacoteca do Estado de São Paulo, também em uma mostra somente sua. No exterior, já realizou mostras individuais na Galeria Cayón, de Madrid (2009); na Galeria Jorge Mara, de Buenos Aires (2010) e na Galeria Denise René, de Paris (2011 e 2016). Em 2018, realizou a mostra Afinidades no Museu Lasar Segall, em São Paulo e, posteriormente, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Macaparana apresenta mostra na Dan Galeria
Variedade de suportes protagoniza exposição que reúne trabalhos ao longo de sua trajetória
Se fosse preciso resumir a arte contemporânea em uma única palavra, esta poderia ser liberdade. Marcada pela multiplicidade de temas, linguagens e suportes, suas possibilidades são infinitas. Um artista contemporâneo pode tratar de determinada problemática de diversas formas, por diferentes ângulos. Tal versatilidade, inclusive, pode ser encontrada na obra de um único artista. É o que mostra a exposição formas / suportes, individual de Macaparana em cartaz na Dan Galeria entre 23 de março e 30 de abril.
A mostra reúne mais de 30 trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração. Trata-se de um recorte de sua coleção pessoal e do acervo da galeria, abarcando obras produzidas dos anos 1970 até os dias atuais. Nesta seleção, há trabalhos realizados em suportes variados, entre os quais tela, papel, madeira, acrílico, vidro, cerâmica, entre outros.
“Em meio à pesquisa para esta exposição, foi muito interessante perceber as diversas mudanças que se deram em minha produção. A liberdade para trabalhar e compor de várias formas me possibilitou alcançar diferentes resultados. Muitas vezes, eu mesmo fui surpreendido neste processo. Essa dinâmica foi bastante enriquecedora, tanto no que diz respeito ao processo de criação, quanto para o amadurecimento da minha obra”, afirma o artista.
Entre os trabalhos apresentados, uma escultura em aço inoxidável, sem título (2005), que traz duas formas ovais combinadas, materialização em três dimensões de duas telas de formato semelhante, sem título (2005), cobertas por pigmentos e tinta acrílica. De 1983, uma pintura sobre tela que parece figurar tocos de madeira sobrepostos. Dois anos depois, em 1985, Macaparana criou um trabalho semelhante, desta vez fazendo uso de pedaços de madeira de tipos diversos.
“Cada trabalho tem uma dinâmica própria. No meu caso, todos geralmente começam no papel, quase como um rascunho livre. Aos poucos, ele vai se materializando, ganhando corpo e pedindo suportes específicos. Tenho séries que nascem em um formato e ganham outro com o tempo. Os resultados são completamente distintos. No que diz respeito, inclusive, na relação que estabelecem com o público”, pontua o artista.
Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 12 de fevereiro de 2025.
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Conheça o artista Macaparana e a sua arte | ArtRef
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana, PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto, uma abreviação latina de ex-voto suscepto (“o voto realizado”).
O que significa ex-voto suscepto?
O termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos.
Influência de Willys de Castro
Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho.
Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Sobre a obra de Macaparana
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano.
Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material.
Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Como o trabalho de um artista é influenciado ou mesmo inspirado por seus pares mais próximos, com quem mantém relações profissionais e de amizade? Foi este questionamento que motivou Afinidades, exposição individual do artista Macaparana, em cartaz entre 15 de dezembro e 17 de fevereiro, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra, que passou pelo Museu Lasar Segall em junho deste ano, reúne trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração, e apresenta ainda um recorte de sua coleção pessoal.
“A exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo”, pontua Marlot.
O público poderá conferir uma seleção de 15 obras inéditas de Macaparana. São pinturas, desenhos, colagens e recortes sobre cartão que, combinados uns aos outros, formam um conjunto coeso e uniforme, ao mesmo tempo que diverso. Reflexo de influências várias.
O artista apresenta ainda preciosidades de seu acervo particular, onde figuram trabalhos de nomes como Josef Albers, Jean Arp, Max Bill, Hércules Barsotti e Willys de Castro, além de cerâmicas pré-colombianas.
Ao reunir esse conjunto, a exposição propõe ao observador um convite para a reflexão sobre a noção de transferência artística e também para a criação de narrativas a partir das semelhanças – ou não – entre os trabalhos do pernambucano com os daqueles que o cercaram e, naturalmente, o inspiraram.
“Não se trata exatamente de uma homenagem calculada, racional. Esses trabalhos não surgiram como releituras de obras que tenho em casa, presentes de artistas com quem convivi”, afirma Macaparana. “Quando você vive todos os dias tão próximo a uma obra de arte que ama tanto, é quase inevitável que ela apareça em sua própria produção. Influência e afinidades sempre foram uma coisa natural e bela entre artistas”, completa.
Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
Crédito fotográfico: Marión Art Gallery. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
José de Souza Oliveira Filho (1952, Macaparana, Brasil), mais conhecido como Macaparana, é um artista plástico brasileiro cuja obra transita entre o figurativismo e a abstração geométrica. Autodidata, iniciou sua carreira explorando temas religiosos, especialmente ex-votos, até que, na década de 1980, influenciado por Willys de Castro e pelo neoconcretismo, adotou a arte geométrica como principal linguagem. Sua produção é marcada pelo uso de formas geométricas puras, como triângulos, quadrados e retângulos, e pela precisão no uso da cor e da composição espacial. Participou da 21ª Bienal Internacional de São Paulo (1991) e de diversas exposições no Brasil e no exterior, com obras presentes em importantes acervos, como o MASP, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o MAC/USP. Atualmente, Macaparana continua a produzir e expor, sendo reconhecido como um dos grandes nomes da arte geométrica contemporânea brasileira.
Macaparana | Arremate Arte
José de Souza Oliveira Filho, conhecido artisticamente como Macaparana, nasceu em 1952 na cidade homônima, no estado de Pernambuco, Brasil. Autodidata, iniciou sua trajetória artística como pintor figurativo, realizando sua primeira exposição individual em 1970, na Galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), em Recife.
Em 1972, mudou-se para o Rio de Janeiro e, no ano seguinte, estabeleceu-se em São Paulo, onde reside desde então. Durante aproximadamente uma década, suas obras exploraram o tema dos ex-votos — objetos de devoção religiosa oferecidos em agradecimento por graças alcançadas. Nesses trabalhos, Macaparana não apenas representava os ex-votos, mas também se interessava pelas texturas e volumes da madeira, material frequentemente utilizado nesses artefatos.
A partir de 1983, após contato com o artista Willys de Castro, expoente do neoconcretismo, sua produção artística passou por uma transformação significativa. Macaparana começou a incorporar elementos geométricos em suas obras, adotando formas como triângulos, retângulos e quadrados, e explorando segmentos de retas. Essa mudança marcou uma aproximação com a linguagem neoconcreta, caracterizada pela valorização da subjetividade e pela busca de uma expressão mais sensível na arte geométrica.
Ao longo de sua carreira, Macaparana participou de diversas exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo países como México, Japão, Estados Unidos, Espanha e Reino Unido. Em 1991, integrou a 21ª Bienal Internacional de São Paulo, consolidando sua presença no cenário artístico nacional.
Suas obras estão presentes em importantes acervos, como o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Atualmente, Macaparana continua a produzir e expor, sendo representado por galerias renomadas, como a DAN Galeria.
A arte de Macaparana é essencialmente brasileira, embora se situe no polo oposto ao brasileirismo de nossa arte modernista, que versava temas nacionais. Digo que sua arte é brasileira porque ela decorre de um outro processo estético, que começou no Brasil com a introdução da arte concreta, em começos da década de 1950.
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Macaparana | Itaú Cultural
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo. Realiza sua primeira mostra individual em Recife, em 1970, na Galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto. Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho. Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Análise
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal - o sertão pernambucano. Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista. Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material. Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana. O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Críticas
"Ex-votos de madeira, imitados à perfeição. O fundo desses quadros também aparentava placas de madeira com suas ranhuras, veios e nódulos. Era uma pintura ao mesmo tempo requintada (na técnica) e bárbara na expressão. Agora (...) já não há ex-votos nem qualquer outra figura nos quadros de Macaparana. (...) As pinturas são construções geométricas, estruturadas com rigor e visando um jogo de planos e níveis determinado pela variação tonal das cores. Os tons em geral são frios e soturnos, em contraste com outros de cor mais vibrante. A textura ainda induz à imitação da madeira, embora sem a preocupação imitativa da fase anterior. Os relevos são feitos em madeira mesmo, restos de obras, lascas, fragmentos, às vezes com a cor que tinham no tapume ou no objeto desfeito" — Ferreira Gullar (GULLAR, Ferreira. Reencontro com a infância: Macaparana. Isto É, São Paulo, 8 maio 1985).
"Macaparana (1952, Pernambuco) fez um percurso completo e pertinente com a evolução da arte contemporânea. Mas experimentou esse caminho em si mesmo e em poucos anos. Ele surgiu como um delicadíssimo pintor de paisagens agrestes e, depois, de figuras agrestes. Os únicos seres a povoarem esta pintura de desolação eram seres sem vida. A morte habitava a sua pintura através de personagens artificiais ou em desintegração. Destes personagens em paisagens desoladas, o artista concentrou-se na figura do ex-voto. Ele deu ao ex-voto o duvidoso papel de personagem inorgânico e sem vida. Macaparana pintou o Nordeste como um mundo despido de possibilidades vitais. Tudo se metamorfoseava em vivência sofrida e despida de existência vital. Destes ex-votos, matéria inorgânica e bela, Macaparana organizou, com a composição do trabalho, uma delicada rede construtiva para, atualmente, torná-la a própria essência da pintura. Um construtivismo delicado, inovador, pleno de invenção e de memórias. E esta construção sim, pela primeira vez, plena de vida" — Jacob Klintowitz (KLINTOWITZ, Jacob. O ofício da arte: a pintura. São Paulo, SESC, 1987).
Acervos
Museu de Arte Brasileira (MAB/Faap) - São Paulo SP
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna (MAM/SP) - São Paulo SP
Pinacoteca do Estado (Pesp) - São Paulo SP
Exposições Individuais
1970 - Recife PE - Individual, Galeria Empetur
1971 - Recife PE - Individual, Galeria Empetur
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Velha Mansão
1974 - Recife PE - Individual, Galeria Nega Fulô
1975 - São Paulo SP - Individual, Galeria Portal
1979 - São Paulo SP - Individual, Centro Campestre do Sesc
1979 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte de São Paulo
1980 - São Paulo SP - Individual, Galeria Seta
1983 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: pinturas, Galeria Bonino
1983 - São Paulo SP - Individual, Galeria Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: pinturas e relevos, Galeria Bonino
1985 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte Brasileira
1986 - São Paulo SP - Individual, Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1987 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: esculturas e relevos, Galeria Bonino
1987 - São Paulo SP - Individual, Sesc Pompéia
1988 - São Paulo SP - Macaparana - Pinturas Recentes, Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1989 - São Paulo SP - Individual, Sala Mira Schendel
1991 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte de São Paulo
1994 - São Paulo SP - Individual, Pinacoteca do Estado
2000 - São Paulo SP - Macaparana: obras recentes, Dan Galeria
2002 - Campinas SP - Macaparana: desenhos e pinturas, Galeria de Arte Unicamp/IA
2004 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Arte em Dobro
2004 - São Paulo SP - Individual, Dan Galeria
2009 - Madri (Espanha) - Individual, Galería Cayón
2010 - São Paulo SP - Macaparana: formas cortadas, Dan Galeria
2010 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, Jorge Mara-La Ruche
2011 - Paris (França) - Individual, Galerie Denise René
Exposições Coletivas
1972 - Londres (Reino Unido) - Coletiva, Portal Gallery
1973 - Londres (Reino Unido) - Coletiva, Willians & Son Gallery
1973 - São Paulo SP - 10 Artistas de Tendência Fantástica, No Sobrado Galerias de Arte
1984 - Cidade do México (México) - 4ª Bienal Ibero-Americana de Arte - artista convidado
1984 - São Paulo SP - Coletiva, Fundação Mokiti Okada
1985 - São Paulo SP - Coletiva, Museu de Arte de São Paulo
1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas-Artes Brasil-Japão, Fundação Mokiti Okada
1986 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, Fundação Bienal
1986 - São Paulo SP - Coletiva, Museu de Arte de São Paulo
1987 - Brasília DF - Paulistas em Brasília, Museu de Arte de Brasília
1987 - São Paulo SP - 18 Contemporâneos, Dan Galeria
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, Sesc
1988 - São Paulo SP - MAC 25 Anos: aquisições e doações recentes, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1991 - São Paulo SP - 21º Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo MAC USP: construção, medida e proporção, Centro Cultural Banco do Brasil
1996 - São Paulo SP - Mostra do Acervo, Sudameris Galleria
1997 - La Paz (Bolívia) - Arte Brasileira Contemporânea, Espaço Simón I. Patiño
1997 - Quito (Equador) - Arte Brasileira Contemporânea, Fundação das Artes Kingman
1997 - São Paulo - SP - Dimensões da Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1997 - São Paulo SP - Acervo Contemporâneos na Pinacoteca, Pinacoteca do Estado
1998 - São Paulo SP - 2ª Eletromídia de Arte: exposição virtual, Avenida Cidade Jardim x Avenida Brigadeiro Faria Lima
1998 - São Paulo SP - Doações Recentes 97/98, no Museu de Arte Moderna
1998 - São Paulo SP - Obras em Destaque, Dan Galeria
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, Almacén Galeria de Arte
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
2004 - São Paulo SP - Brasileiro, Brasileiros, Museu Afro-Brasil
2005 - Curitiba PR - Arte em Metrópolis, Museu Oscar Niemeyer
2005 - São Paulo SP - Arte em Metrópolis, Instituto Tomie Ohtake
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, Museu de Arte de São Paulo
2009 - Madri (Espanha) - 28ª Arco
2009 - Madri (Espanha) - Materia Gris, Galería Cayón
2009 - São Paulo SP - 40ª Chapel Art Show, Escola Maria Imaculada - Chapel School
2009 - São Paulo SP - Branco & Preto, Galeria Daslu
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
2011 - São Paulo SP - 7ª SP-Arte, Pavilhão da Bienal
Fonte: MACAPARANA. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 11 de fevereiro de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Conheça o artista Macaparana e a sua arte | ArteRef
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana, PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto, uma abreviação latina de ex-voto suscepto (“o voto realizado”).
O que significa ex-voto suscepto?
O termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos.
Influência de Willys de Castro
Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho.
Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Sobre a obra de Macaparana
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano.
Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material.
Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Como o trabalho de um artista é influenciado ou mesmo inspirado por seus pares mais próximos, com quem mantém relações profissionais e de amizade? Foi este questionamento que motivou Afinidades, exposição individual do artista Macaparana, em cartaz entre 15 de dezembro e 17 de fevereiro, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra, que passou pelo Museu Lasar Segall em junho deste ano, reúne trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração, e apresenta ainda um recorte de sua coleção pessoal.
“A exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo”, pontua Marlot.
O público poderá conferir uma seleção de 15 obras inéditas de Macaparana. São pinturas, desenhos, colagens e recortes sobre cartão que, combinados uns aos outros, formam um conjunto coeso e uniforme, ao mesmo tempo que diverso. Reflexo de influências várias.
O artista apresenta ainda preciosidades de seu acervo particular, onde figuram trabalhos de nomes como Josef Albers, Jean Arp, Max Bill, Hércules Barsotti e Willys de Castro, além de cerâmicas pré-colombianas.
Ao reunir esse conjunto, a exposição propõe ao observador um convite para a reflexão sobre a noção de transferência artística e também para a criação de narrativas a partir das semelhanças – ou não – entre os trabalhos do pernambucano com os daqueles que o cercaram e, naturalmente, o inspiraram.
“Não se trata exatamente de uma homenagem calculada, racional. Esses trabalhos não surgiram como releituras de obras que tenho em casa, presentes de artistas com quem convivi”, afirma Macaparana. “Quando você vive todos os dias tão próximo a uma obra de arte que ama tanto, é quase inevitável que ela apareça em sua própria produção. Influência e afinidades sempre foram uma coisa natural e bela entre artistas”, completa.
Fonte: ArteRef. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
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Pernambucano Macaparana ganha exposição no Museu Lasar Segall | Veja
O pintor e escultor Macaparana ganha uma exposição individual no Museu Lasar Segall, em São Paulo, a partir deste sábado. Afinidades reúne quinze obras inéditas do pernambucano que refletem sobre como um artista é influenciado pelas pessoas com quem ele mantém relação na vida pessoal e profissional.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra ainda conta com pinturas, desenhos, colagens e recortes de artistas como Josef Albers, Hércules Barsotti e Willys de Castro, que fazem parte do acervo pessoal de Macaparana.
Nascido em 1952, José de Souza Oliveira Filho teve contato com grandes nomes da arte brasileira enquanto vivia no Rio de Janeiro e São Paulo. Entre eles, estavam Lygia Clark, Amilcar de Castro, Ferreira Gullar e Antônio Maluf. Foi na sua primeira exposição individual no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1979, que ele começou a ser chamado pelo nome da cidade onde nasceu, Macaparana, a cerca de 120 quilômetros de Recife, Pernambuco.
Fonte: Veja. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
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Macaparana, Brasil, 1952
“A arte de Macaparana é essencialmente brasileira, embora se situe no polo oposto ao brasileirismo de nossa arte modernista, que versava temas nacionais.
Digo que sua arte é brasileira porque ela decorre de um outro processo estético, que começou no Brasil com a introdução da arte concreta, em começos da década de 1950.
(..)
O Concretismo, com sua linguagem geométrica, abre um novo caminho para as artes plásticas brasileiras mas, ao mesmo tempo, conduz a um impasse que dará origem ao neoconcretismo. É que, ao romper com as normas concretistas, o neoconcretismo introduz na arte construtiva opções outras, diversas das que apontava a estética da Escola de Ulm.
A inovação básica do neoconcretismo foi eliminar o quadro como elemento básico da linguagem pictórica. Ele é violentado e substituído pelo que os neoconcretistas chamavam de não-objeto. Em que pese à originalidade da arte de Macaparana – cuja contribuição própria é indiscutível – ela não teria nascido se os neoconcretos não tivessem mudado fundamentalmente a função do quadro como suporte da linguagem pictórica. Nasce aí, por assim dizer, uma nova linguagem.
Em que consiste essa nova linguagem? no fato de que o quadro deixa de ser o lugar onde a linguagem da pintura acontece para ser ele mesmo essa linguagem. Por essa razão, ele muda de forma já que fazer arte, agora, é reinventá-lo, fazer dele o objeto da arte.
Ao dizer isto, estou evidentemente falando de Lygia Clark, de Willys de Castro mas também de Macaparana, herdeiro desse novo caminho aberto à arte por artistas brasileiros.
Outra herança, presente na obra de Macaparana, é a geometria – as linhas retas, os retângulos, os hexágonos, como também formas inventadas, uma geometria outra, que tampouco se confunde com a figura abstrata sobre o espaço do quadro: não, a geometria, neste caso, é a obra mesma, a placa de madeira com a forma que o artista lhe dá.
Vejam bem: estou dizendo que a arte geométrica, no Brasil, realizou uma revolução que, seguindo essa linha, deixou de fazer pintura e passou a inventar com as cores e as formas geométricas um universo outro, uma geometria outra, de que a arte de Macaparana é exemplo notável.” — Ferreira Gullar (“Um Caminho Novo”, 2016).
Biografia
Pintor, desenhista e escultor, José de Souza Oliveira Filho, o Macaparana, é autoditada. Começa, ainda na adolescência e admirador de Frans Post, como pintor figurativo. Realiza sua primeira individual em Recife (1970), na Galeria da EMPETUR.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo. Por cerca de 10 anos expõe nas duas cidades seus trabalhos, com tons surrealistas e tendo como tem o ex-voto.
Mas seu encantamento não é com a religiosidade e sim com a madeira, cuja texturas reproduz com maestria e espontaneidade. Em 1983, conhece Willys de Castro, expoente do neoconcreto. E dá-se a transição: o assunto, no caso o ex-voto, perde a importância e o formal assume como valor central.
Diferentemente de muitos outros artistas, essa transição não se dá pelo estudo teórico, fruto puramente de esforços intelectuais, nem de fazer parte de qualquer grupo ou tendência, o que não é seu caso.
Bem observou Olivio Tavares de Araújo quando lhe confere o status de “um dos grandes geômetras sensíveis do país”. Suas exposições, individuais e coletivas, além da participaçãoo na XXI Bienal Internacional de São Paulo (1991), ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Buenos Aires, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009, é lançado o livro Macaparana – formas cortadas, na Dan Galeria (São Paulo) e em 2011 expõe individualmente na Galerie Denise René, Paris, França.
Fonte: Dan Galeria. Consultado pela última vez em 12 de fevereiro de 2025.
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Quem é Macaparana?
José de Souza Oliveira Filho nasceu em 1952, em Macaparana, cidade a cerca de 120 quilômetros de Recife, Pernambuco. Protagonista de uma das trajetórias mais notáveis da arte brasileira da segunda metade do século 20, foi autodidata, aprendendo a desenhar e a pintar com lápis e papel, em um período de convalescença durante a infância. Aos 18 anos de idade, expõe pela primeira vez, na galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), na capital do Estado.
Em 1972, realiza sua primeira individual no Rio de Janeiro, cidade onde passa a viver. Na capital fluminense, Macaparana convive com os maiores nomes do neoconcretismo brasileiro, como Lygia Clark (1920 – 1988), Lygia Pape (1927 – 2004), Amilcar de Castro (1920 – 2002) e o poeta e crítico de arte Ferreira Gullar (1930 -2016).
A mudança para São Paulo no ano seguinte vem acompanhada por um ponto de virada em sua trajetória – que entra em ascensão –, e em sua obra, com o abandono da pintura figurativa e a adoção do abstracionismo geométrico. Na cidade – onde vive até hoje –, conhece e se aproxima dos artistas Antônio Maluf (1926 – 2005), Willys de Castro (1926 – 1988) e Hércules Barsotti (1914 – 2010)
No final da década, em 1979, o artista realiza sua primeira individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Nesta ocasião, tem seu nome trocado pelo de sua cidade natal no convite da exposição – uma brincadeira de Pietro Maria Bardi, fundador e diretor do museu e seu amigo próximo. A partir de então, todos assim o chamariam.
Em 1991, expõe na 21ª Bienal de São Paulo e apresenta uma nova individual no MASP. Três anos depois, expõe na Pinacoteca do Estado de São Paulo, também em uma mostra somente sua. No exterior, já realizou mostras individuais na Galeria Cayón, de Madrid (2009); na Galeria Jorge Mara, de Buenos Aires (2010) e na Galeria Denise René, de Paris (2011 e 2016). Em 2018, realizou a mostra Afinidades no Museu Lasar Segall, em São Paulo e, posteriormente, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Macaparana apresenta mostra na Dan Galeria
Variedade de suportes protagoniza exposição que reúne trabalhos ao longo de sua trajetória
Se fosse preciso resumir a arte contemporânea em uma única palavra, esta poderia ser liberdade. Marcada pela multiplicidade de temas, linguagens e suportes, suas possibilidades são infinitas. Um artista contemporâneo pode tratar de determinada problemática de diversas formas, por diferentes ângulos. Tal versatilidade, inclusive, pode ser encontrada na obra de um único artista. É o que mostra a exposição formas / suportes, individual de Macaparana em cartaz na Dan Galeria entre 23 de março e 30 de abril.
A mostra reúne mais de 30 trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração. Trata-se de um recorte de sua coleção pessoal e do acervo da galeria, abarcando obras produzidas dos anos 1970 até os dias atuais. Nesta seleção, há trabalhos realizados em suportes variados, entre os quais tela, papel, madeira, acrílico, vidro, cerâmica, entre outros.
“Em meio à pesquisa para esta exposição, foi muito interessante perceber as diversas mudanças que se deram em minha produção. A liberdade para trabalhar e compor de várias formas me possibilitou alcançar diferentes resultados. Muitas vezes, eu mesmo fui surpreendido neste processo. Essa dinâmica foi bastante enriquecedora, tanto no que diz respeito ao processo de criação, quanto para o amadurecimento da minha obra”, afirma o artista.
Entre os trabalhos apresentados, uma escultura em aço inoxidável, sem título (2005), que traz duas formas ovais combinadas, materialização em três dimensões de duas telas de formato semelhante, sem título (2005), cobertas por pigmentos e tinta acrílica. De 1983, uma pintura sobre tela que parece figurar tocos de madeira sobrepostos. Dois anos depois, em 1985, Macaparana criou um trabalho semelhante, desta vez fazendo uso de pedaços de madeira de tipos diversos.
“Cada trabalho tem uma dinâmica própria. No meu caso, todos geralmente começam no papel, quase como um rascunho livre. Aos poucos, ele vai se materializando, ganhando corpo e pedindo suportes específicos. Tenho séries que nascem em um formato e ganham outro com o tempo. Os resultados são completamente distintos. No que diz respeito, inclusive, na relação que estabelecem com o público”, pontua o artista.
Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 12 de fevereiro de 2025.
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Conheça o artista Macaparana e a sua arte | ArtRef
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana, PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto, uma abreviação latina de ex-voto suscepto (“o voto realizado”).
O que significa ex-voto suscepto?
O termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos.
Influência de Willys de Castro
Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho.
Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Sobre a obra de Macaparana
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano.
Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material.
Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Como o trabalho de um artista é influenciado ou mesmo inspirado por seus pares mais próximos, com quem mantém relações profissionais e de amizade? Foi este questionamento que motivou Afinidades, exposição individual do artista Macaparana, em cartaz entre 15 de dezembro e 17 de fevereiro, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra, que passou pelo Museu Lasar Segall em junho deste ano, reúne trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração, e apresenta ainda um recorte de sua coleção pessoal.
“A exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo”, pontua Marlot.
O público poderá conferir uma seleção de 15 obras inéditas de Macaparana. São pinturas, desenhos, colagens e recortes sobre cartão que, combinados uns aos outros, formam um conjunto coeso e uniforme, ao mesmo tempo que diverso. Reflexo de influências várias.
O artista apresenta ainda preciosidades de seu acervo particular, onde figuram trabalhos de nomes como Josef Albers, Jean Arp, Max Bill, Hércules Barsotti e Willys de Castro, além de cerâmicas pré-colombianas.
Ao reunir esse conjunto, a exposição propõe ao observador um convite para a reflexão sobre a noção de transferência artística e também para a criação de narrativas a partir das semelhanças – ou não – entre os trabalhos do pernambucano com os daqueles que o cercaram e, naturalmente, o inspiraram.
“Não se trata exatamente de uma homenagem calculada, racional. Esses trabalhos não surgiram como releituras de obras que tenho em casa, presentes de artistas com quem convivi”, afirma Macaparana. “Quando você vive todos os dias tão próximo a uma obra de arte que ama tanto, é quase inevitável que ela apareça em sua própria produção. Influência e afinidades sempre foram uma coisa natural e bela entre artistas”, completa.
Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
Crédito fotográfico: Marión Art Gallery. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
José de Souza Oliveira Filho (1952, Macaparana, Brasil), mais conhecido como Macaparana, é um artista plástico brasileiro cuja obra transita entre o figurativismo e a abstração geométrica. Autodidata, iniciou sua carreira explorando temas religiosos, especialmente ex-votos, até que, na década de 1980, influenciado por Willys de Castro e pelo neoconcretismo, adotou a arte geométrica como principal linguagem. Sua produção é marcada pelo uso de formas geométricas puras, como triângulos, quadrados e retângulos, e pela precisão no uso da cor e da composição espacial. Participou da 21ª Bienal Internacional de São Paulo (1991) e de diversas exposições no Brasil e no exterior, com obras presentes em importantes acervos, como o MASP, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o MAC/USP. Atualmente, Macaparana continua a produzir e expor, sendo reconhecido como um dos grandes nomes da arte geométrica contemporânea brasileira.
Macaparana | Arremate Arte
José de Souza Oliveira Filho, conhecido artisticamente como Macaparana, nasceu em 1952 na cidade homônima, no estado de Pernambuco, Brasil. Autodidata, iniciou sua trajetória artística como pintor figurativo, realizando sua primeira exposição individual em 1970, na Galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), em Recife.
Em 1972, mudou-se para o Rio de Janeiro e, no ano seguinte, estabeleceu-se em São Paulo, onde reside desde então. Durante aproximadamente uma década, suas obras exploraram o tema dos ex-votos — objetos de devoção religiosa oferecidos em agradecimento por graças alcançadas. Nesses trabalhos, Macaparana não apenas representava os ex-votos, mas também se interessava pelas texturas e volumes da madeira, material frequentemente utilizado nesses artefatos.
A partir de 1983, após contato com o artista Willys de Castro, expoente do neoconcretismo, sua produção artística passou por uma transformação significativa. Macaparana começou a incorporar elementos geométricos em suas obras, adotando formas como triângulos, retângulos e quadrados, e explorando segmentos de retas. Essa mudança marcou uma aproximação com a linguagem neoconcreta, caracterizada pela valorização da subjetividade e pela busca de uma expressão mais sensível na arte geométrica.
Ao longo de sua carreira, Macaparana participou de diversas exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo países como México, Japão, Estados Unidos, Espanha e Reino Unido. Em 1991, integrou a 21ª Bienal Internacional de São Paulo, consolidando sua presença no cenário artístico nacional.
Suas obras estão presentes em importantes acervos, como o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Atualmente, Macaparana continua a produzir e expor, sendo representado por galerias renomadas, como a DAN Galeria.
A arte de Macaparana é essencialmente brasileira, embora se situe no polo oposto ao brasileirismo de nossa arte modernista, que versava temas nacionais. Digo que sua arte é brasileira porque ela decorre de um outro processo estético, que começou no Brasil com a introdução da arte concreta, em começos da década de 1950.
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Macaparana | Itaú Cultural
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo. Realiza sua primeira mostra individual em Recife, em 1970, na Galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto. Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho. Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Análise
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal - o sertão pernambucano. Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista. Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material. Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana. O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Críticas
"Ex-votos de madeira, imitados à perfeição. O fundo desses quadros também aparentava placas de madeira com suas ranhuras, veios e nódulos. Era uma pintura ao mesmo tempo requintada (na técnica) e bárbara na expressão. Agora (...) já não há ex-votos nem qualquer outra figura nos quadros de Macaparana. (...) As pinturas são construções geométricas, estruturadas com rigor e visando um jogo de planos e níveis determinado pela variação tonal das cores. Os tons em geral são frios e soturnos, em contraste com outros de cor mais vibrante. A textura ainda induz à imitação da madeira, embora sem a preocupação imitativa da fase anterior. Os relevos são feitos em madeira mesmo, restos de obras, lascas, fragmentos, às vezes com a cor que tinham no tapume ou no objeto desfeito" — Ferreira Gullar (GULLAR, Ferreira. Reencontro com a infância: Macaparana. Isto É, São Paulo, 8 maio 1985).
"Macaparana (1952, Pernambuco) fez um percurso completo e pertinente com a evolução da arte contemporânea. Mas experimentou esse caminho em si mesmo e em poucos anos. Ele surgiu como um delicadíssimo pintor de paisagens agrestes e, depois, de figuras agrestes. Os únicos seres a povoarem esta pintura de desolação eram seres sem vida. A morte habitava a sua pintura através de personagens artificiais ou em desintegração. Destes personagens em paisagens desoladas, o artista concentrou-se na figura do ex-voto. Ele deu ao ex-voto o duvidoso papel de personagem inorgânico e sem vida. Macaparana pintou o Nordeste como um mundo despido de possibilidades vitais. Tudo se metamorfoseava em vivência sofrida e despida de existência vital. Destes ex-votos, matéria inorgânica e bela, Macaparana organizou, com a composição do trabalho, uma delicada rede construtiva para, atualmente, torná-la a própria essência da pintura. Um construtivismo delicado, inovador, pleno de invenção e de memórias. E esta construção sim, pela primeira vez, plena de vida" — Jacob Klintowitz (KLINTOWITZ, Jacob. O ofício da arte: a pintura. São Paulo, SESC, 1987).
Acervos
Museu de Arte Brasileira (MAB/Faap) - São Paulo SP
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna (MAM/SP) - São Paulo SP
Pinacoteca do Estado (Pesp) - São Paulo SP
Exposições Individuais
1970 - Recife PE - Individual, Galeria Empetur
1971 - Recife PE - Individual, Galeria Empetur
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Velha Mansão
1974 - Recife PE - Individual, Galeria Nega Fulô
1975 - São Paulo SP - Individual, Galeria Portal
1979 - São Paulo SP - Individual, Centro Campestre do Sesc
1979 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte de São Paulo
1980 - São Paulo SP - Individual, Galeria Seta
1983 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: pinturas, Galeria Bonino
1983 - São Paulo SP - Individual, Galeria Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: pinturas e relevos, Galeria Bonino
1985 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte Brasileira
1986 - São Paulo SP - Individual, Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1987 - Rio de Janeiro RJ - Macaparana: esculturas e relevos, Galeria Bonino
1987 - São Paulo SP - Individual, Sesc Pompéia
1988 - São Paulo SP - Macaparana - Pinturas Recentes, Mônica Filgueiras de Almeida Galeria de Arte
1989 - São Paulo SP - Individual, Sala Mira Schendel
1991 - São Paulo SP - Individual, Museu de Arte de São Paulo
1994 - São Paulo SP - Individual, Pinacoteca do Estado
2000 - São Paulo SP - Macaparana: obras recentes, Dan Galeria
2002 - Campinas SP - Macaparana: desenhos e pinturas, Galeria de Arte Unicamp/IA
2004 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Arte em Dobro
2004 - São Paulo SP - Individual, Dan Galeria
2009 - Madri (Espanha) - Individual, Galería Cayón
2010 - São Paulo SP - Macaparana: formas cortadas, Dan Galeria
2010 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, Jorge Mara-La Ruche
2011 - Paris (França) - Individual, Galerie Denise René
Exposições Coletivas
1972 - Londres (Reino Unido) - Coletiva, Portal Gallery
1973 - Londres (Reino Unido) - Coletiva, Willians & Son Gallery
1973 - São Paulo SP - 10 Artistas de Tendência Fantástica, No Sobrado Galerias de Arte
1984 - Cidade do México (México) - 4ª Bienal Ibero-Americana de Arte - artista convidado
1984 - São Paulo SP - Coletiva, Fundação Mokiti Okada
1985 - São Paulo SP - Coletiva, Museu de Arte de São Paulo
1985 - Tóquio (Japão) - 7ª Exposição de Belas-Artes Brasil-Japão, Fundação Mokiti Okada
1986 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, Fundação Bienal
1986 - São Paulo SP - Coletiva, Museu de Arte de São Paulo
1987 - Brasília DF - Paulistas em Brasília, Museu de Arte de Brasília
1987 - São Paulo SP - 18 Contemporâneos, Dan Galeria
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, Sesc
1988 - São Paulo SP - MAC 25 Anos: aquisições e doações recentes, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1991 - São Paulo SP - 21º Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo MAC USP: construção, medida e proporção, Centro Cultural Banco do Brasil
1996 - São Paulo SP - Mostra do Acervo, Sudameris Galleria
1997 - La Paz (Bolívia) - Arte Brasileira Contemporânea, Espaço Simón I. Patiño
1997 - Quito (Equador) - Arte Brasileira Contemporânea, Fundação das Artes Kingman
1997 - São Paulo - SP - Dimensões da Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1997 - São Paulo SP - Acervo Contemporâneos na Pinacoteca, Pinacoteca do Estado
1998 - São Paulo SP - 2ª Eletromídia de Arte: exposição virtual, Avenida Cidade Jardim x Avenida Brigadeiro Faria Lima
1998 - São Paulo SP - Doações Recentes 97/98, no Museu de Arte Moderna
1998 - São Paulo SP - Obras em Destaque, Dan Galeria
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, Almacén Galeria de Arte
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
2004 - São Paulo SP - Brasileiro, Brasileiros, Museu Afro-Brasil
2005 - Curitiba PR - Arte em Metrópolis, Museu Oscar Niemeyer
2005 - São Paulo SP - Arte em Metrópolis, Instituto Tomie Ohtake
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, Museu de Arte de São Paulo
2009 - Madri (Espanha) - 28ª Arco
2009 - Madri (Espanha) - Materia Gris, Galería Cayón
2009 - São Paulo SP - 40ª Chapel Art Show, Escola Maria Imaculada - Chapel School
2009 - São Paulo SP - Branco & Preto, Galeria Daslu
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, Fundação Bienal
2011 - São Paulo SP - 7ª SP-Arte, Pavilhão da Bienal
Fonte: MACAPARANA. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 11 de fevereiro de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Conheça o artista Macaparana e a sua arte | ArteRef
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana, PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto, uma abreviação latina de ex-voto suscepto (“o voto realizado”).
O que significa ex-voto suscepto?
O termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos.
Influência de Willys de Castro
Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho.
Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Sobre a obra de Macaparana
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano.
Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material.
Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Como o trabalho de um artista é influenciado ou mesmo inspirado por seus pares mais próximos, com quem mantém relações profissionais e de amizade? Foi este questionamento que motivou Afinidades, exposição individual do artista Macaparana, em cartaz entre 15 de dezembro e 17 de fevereiro, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra, que passou pelo Museu Lasar Segall em junho deste ano, reúne trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração, e apresenta ainda um recorte de sua coleção pessoal.
“A exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo”, pontua Marlot.
O público poderá conferir uma seleção de 15 obras inéditas de Macaparana. São pinturas, desenhos, colagens e recortes sobre cartão que, combinados uns aos outros, formam um conjunto coeso e uniforme, ao mesmo tempo que diverso. Reflexo de influências várias.
O artista apresenta ainda preciosidades de seu acervo particular, onde figuram trabalhos de nomes como Josef Albers, Jean Arp, Max Bill, Hércules Barsotti e Willys de Castro, além de cerâmicas pré-colombianas.
Ao reunir esse conjunto, a exposição propõe ao observador um convite para a reflexão sobre a noção de transferência artística e também para a criação de narrativas a partir das semelhanças – ou não – entre os trabalhos do pernambucano com os daqueles que o cercaram e, naturalmente, o inspiraram.
“Não se trata exatamente de uma homenagem calculada, racional. Esses trabalhos não surgiram como releituras de obras que tenho em casa, presentes de artistas com quem convivi”, afirma Macaparana. “Quando você vive todos os dias tão próximo a uma obra de arte que ama tanto, é quase inevitável que ela apareça em sua própria produção. Influência e afinidades sempre foram uma coisa natural e bela entre artistas”, completa.
Fonte: ArteRef. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
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Pernambucano Macaparana ganha exposição no Museu Lasar Segall | Veja
O pintor e escultor Macaparana ganha uma exposição individual no Museu Lasar Segall, em São Paulo, a partir deste sábado. Afinidades reúne quinze obras inéditas do pernambucano que refletem sobre como um artista é influenciado pelas pessoas com quem ele mantém relação na vida pessoal e profissional.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra ainda conta com pinturas, desenhos, colagens e recortes de artistas como Josef Albers, Hércules Barsotti e Willys de Castro, que fazem parte do acervo pessoal de Macaparana.
Nascido em 1952, José de Souza Oliveira Filho teve contato com grandes nomes da arte brasileira enquanto vivia no Rio de Janeiro e São Paulo. Entre eles, estavam Lygia Clark, Amilcar de Castro, Ferreira Gullar e Antônio Maluf. Foi na sua primeira exposição individual no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1979, que ele começou a ser chamado pelo nome da cidade onde nasceu, Macaparana, a cerca de 120 quilômetros de Recife, Pernambuco.
Fonte: Veja. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
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Macaparana, Brasil, 1952
“A arte de Macaparana é essencialmente brasileira, embora se situe no polo oposto ao brasileirismo de nossa arte modernista, que versava temas nacionais.
Digo que sua arte é brasileira porque ela decorre de um outro processo estético, que começou no Brasil com a introdução da arte concreta, em começos da década de 1950.
(..)
O Concretismo, com sua linguagem geométrica, abre um novo caminho para as artes plásticas brasileiras mas, ao mesmo tempo, conduz a um impasse que dará origem ao neoconcretismo. É que, ao romper com as normas concretistas, o neoconcretismo introduz na arte construtiva opções outras, diversas das que apontava a estética da Escola de Ulm.
A inovação básica do neoconcretismo foi eliminar o quadro como elemento básico da linguagem pictórica. Ele é violentado e substituído pelo que os neoconcretistas chamavam de não-objeto. Em que pese à originalidade da arte de Macaparana – cuja contribuição própria é indiscutível – ela não teria nascido se os neoconcretos não tivessem mudado fundamentalmente a função do quadro como suporte da linguagem pictórica. Nasce aí, por assim dizer, uma nova linguagem.
Em que consiste essa nova linguagem? no fato de que o quadro deixa de ser o lugar onde a linguagem da pintura acontece para ser ele mesmo essa linguagem. Por essa razão, ele muda de forma já que fazer arte, agora, é reinventá-lo, fazer dele o objeto da arte.
Ao dizer isto, estou evidentemente falando de Lygia Clark, de Willys de Castro mas também de Macaparana, herdeiro desse novo caminho aberto à arte por artistas brasileiros.
Outra herança, presente na obra de Macaparana, é a geometria – as linhas retas, os retângulos, os hexágonos, como também formas inventadas, uma geometria outra, que tampouco se confunde com a figura abstrata sobre o espaço do quadro: não, a geometria, neste caso, é a obra mesma, a placa de madeira com a forma que o artista lhe dá.
Vejam bem: estou dizendo que a arte geométrica, no Brasil, realizou uma revolução que, seguindo essa linha, deixou de fazer pintura e passou a inventar com as cores e as formas geométricas um universo outro, uma geometria outra, de que a arte de Macaparana é exemplo notável.” — Ferreira Gullar (“Um Caminho Novo”, 2016).
Biografia
Pintor, desenhista e escultor, José de Souza Oliveira Filho, o Macaparana, é autoditada. Começa, ainda na adolescência e admirador de Frans Post, como pintor figurativo. Realiza sua primeira individual em Recife (1970), na Galeria da EMPETUR.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo. Por cerca de 10 anos expõe nas duas cidades seus trabalhos, com tons surrealistas e tendo como tem o ex-voto.
Mas seu encantamento não é com a religiosidade e sim com a madeira, cuja texturas reproduz com maestria e espontaneidade. Em 1983, conhece Willys de Castro, expoente do neoconcreto. E dá-se a transição: o assunto, no caso o ex-voto, perde a importância e o formal assume como valor central.
Diferentemente de muitos outros artistas, essa transição não se dá pelo estudo teórico, fruto puramente de esforços intelectuais, nem de fazer parte de qualquer grupo ou tendência, o que não é seu caso.
Bem observou Olivio Tavares de Araújo quando lhe confere o status de “um dos grandes geômetras sensíveis do país”. Suas exposições, individuais e coletivas, além da participaçãoo na XXI Bienal Internacional de São Paulo (1991), ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Buenos Aires, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009, é lançado o livro Macaparana – formas cortadas, na Dan Galeria (São Paulo) e em 2011 expõe individualmente na Galerie Denise René, Paris, França.
Fonte: Dan Galeria. Consultado pela última vez em 12 de fevereiro de 2025.
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Quem é Macaparana?
José de Souza Oliveira Filho nasceu em 1952, em Macaparana, cidade a cerca de 120 quilômetros de Recife, Pernambuco. Protagonista de uma das trajetórias mais notáveis da arte brasileira da segunda metade do século 20, foi autodidata, aprendendo a desenhar e a pintar com lápis e papel, em um período de convalescença durante a infância. Aos 18 anos de idade, expõe pela primeira vez, na galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), na capital do Estado.
Em 1972, realiza sua primeira individual no Rio de Janeiro, cidade onde passa a viver. Na capital fluminense, Macaparana convive com os maiores nomes do neoconcretismo brasileiro, como Lygia Clark (1920 – 1988), Lygia Pape (1927 – 2004), Amilcar de Castro (1920 – 2002) e o poeta e crítico de arte Ferreira Gullar (1930 -2016).
A mudança para São Paulo no ano seguinte vem acompanhada por um ponto de virada em sua trajetória – que entra em ascensão –, e em sua obra, com o abandono da pintura figurativa e a adoção do abstracionismo geométrico. Na cidade – onde vive até hoje –, conhece e se aproxima dos artistas Antônio Maluf (1926 – 2005), Willys de Castro (1926 – 1988) e Hércules Barsotti (1914 – 2010)
No final da década, em 1979, o artista realiza sua primeira individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Nesta ocasião, tem seu nome trocado pelo de sua cidade natal no convite da exposição – uma brincadeira de Pietro Maria Bardi, fundador e diretor do museu e seu amigo próximo. A partir de então, todos assim o chamariam.
Em 1991, expõe na 21ª Bienal de São Paulo e apresenta uma nova individual no MASP. Três anos depois, expõe na Pinacoteca do Estado de São Paulo, também em uma mostra somente sua. No exterior, já realizou mostras individuais na Galeria Cayón, de Madrid (2009); na Galeria Jorge Mara, de Buenos Aires (2010) e na Galeria Denise René, de Paris (2011 e 2016). Em 2018, realizou a mostra Afinidades no Museu Lasar Segall, em São Paulo e, posteriormente, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Macaparana apresenta mostra na Dan Galeria
Variedade de suportes protagoniza exposição que reúne trabalhos ao longo de sua trajetória
Se fosse preciso resumir a arte contemporânea em uma única palavra, esta poderia ser liberdade. Marcada pela multiplicidade de temas, linguagens e suportes, suas possibilidades são infinitas. Um artista contemporâneo pode tratar de determinada problemática de diversas formas, por diferentes ângulos. Tal versatilidade, inclusive, pode ser encontrada na obra de um único artista. É o que mostra a exposição formas / suportes, individual de Macaparana em cartaz na Dan Galeria entre 23 de março e 30 de abril.
A mostra reúne mais de 30 trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração. Trata-se de um recorte de sua coleção pessoal e do acervo da galeria, abarcando obras produzidas dos anos 1970 até os dias atuais. Nesta seleção, há trabalhos realizados em suportes variados, entre os quais tela, papel, madeira, acrílico, vidro, cerâmica, entre outros.
“Em meio à pesquisa para esta exposição, foi muito interessante perceber as diversas mudanças que se deram em minha produção. A liberdade para trabalhar e compor de várias formas me possibilitou alcançar diferentes resultados. Muitas vezes, eu mesmo fui surpreendido neste processo. Essa dinâmica foi bastante enriquecedora, tanto no que diz respeito ao processo de criação, quanto para o amadurecimento da minha obra”, afirma o artista.
Entre os trabalhos apresentados, uma escultura em aço inoxidável, sem título (2005), que traz duas formas ovais combinadas, materialização em três dimensões de duas telas de formato semelhante, sem título (2005), cobertas por pigmentos e tinta acrílica. De 1983, uma pintura sobre tela que parece figurar tocos de madeira sobrepostos. Dois anos depois, em 1985, Macaparana criou um trabalho semelhante, desta vez fazendo uso de pedaços de madeira de tipos diversos.
“Cada trabalho tem uma dinâmica própria. No meu caso, todos geralmente começam no papel, quase como um rascunho livre. Aos poucos, ele vai se materializando, ganhando corpo e pedindo suportes específicos. Tenho séries que nascem em um formato e ganham outro com o tempo. Os resultados são completamente distintos. No que diz respeito, inclusive, na relação que estabelecem com o público”, pontua o artista.
Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 12 de fevereiro de 2025.
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Conheça o artista Macaparana e a sua arte | ArtRef
José de Souza Oliveira Filho (Macaparana, PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto, uma abreviação latina de ex-voto suscepto (“o voto realizado”).
O que significa ex-voto suscepto?
O termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos.
Influência de Willys de Castro
Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho.
Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
Sobre a obra de Macaparana
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano.
Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material.
Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
Como o trabalho de um artista é influenciado ou mesmo inspirado por seus pares mais próximos, com quem mantém relações profissionais e de amizade? Foi este questionamento que motivou Afinidades, exposição individual do artista Macaparana, em cartaz entre 15 de dezembro e 17 de fevereiro, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra, que passou pelo Museu Lasar Segall em junho deste ano, reúne trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração, e apresenta ainda um recorte de sua coleção pessoal.
“A exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo”, pontua Marlot.
O público poderá conferir uma seleção de 15 obras inéditas de Macaparana. São pinturas, desenhos, colagens e recortes sobre cartão que, combinados uns aos outros, formam um conjunto coeso e uniforme, ao mesmo tempo que diverso. Reflexo de influências várias.
O artista apresenta ainda preciosidades de seu acervo particular, onde figuram trabalhos de nomes como Josef Albers, Jean Arp, Max Bill, Hércules Barsotti e Willys de Castro, além de cerâmicas pré-colombianas.
Ao reunir esse conjunto, a exposição propõe ao observador um convite para a reflexão sobre a noção de transferência artística e também para a criação de narrativas a partir das semelhanças – ou não – entre os trabalhos do pernambucano com os daqueles que o cercaram e, naturalmente, o inspiraram.
“Não se trata exatamente de uma homenagem calculada, racional. Esses trabalhos não surgiram como releituras de obras que tenho em casa, presentes de artistas com quem convivi”, afirma Macaparana. “Quando você vive todos os dias tão próximo a uma obra de arte que ama tanto, é quase inevitável que ela apareça em sua própria produção. Influência e afinidades sempre foram uma coisa natural e bela entre artistas”, completa.
Fonte: ArtRef. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.
Crédito fotográfico: Marión Art Gallery. Consultado pela última vez em 11 de fevereiro de 2025.