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Oswaldo Guayasamín

Oswaldo Guayasamín Calero (6 de julho de 1919, Quito, Equador — 10 de março de 1999, Baltimore, Estados Unidos), mais conhecido como Oswaldo Guayasamín, foi um pintor, desenhista, muralista e escultor equatoriano. Considerado um dos maiores expoentes da arte latino-americana do século XX, Oswaldo formou-se pela Escola de Belas Artes de Quito, onde destacou-se por seu talento precoce. Foi influenciado pelo expressionismo europeu, o muralismo mexicano (especialmente José Clemente Orozco e Diego Rivera) e as vivências de dor, desigualdade e resistência dos povos indígenas e latino-americanos, soube traduzir, com profundidade e humanidade, os dramas sociais e existenciais de seu tempo. Sua obra é marcada por uma paleta dramática refletida em tons terrosos, vermelhos, ocres e negros; e de traços expressivos e deformações intencionais da figura humana, especialmente das mãos e rostos, como metáforas da dor, da ternura e da luta. Recebeu inúmeros prêmios internacionais e criou murais de grande impacto, como os da Sede da UNESCO em Paris e do Aeroporto de Barajas, em Madri. Suas obras podem ser vistas na Fundación Guayasamín, em Quito, onde também está localizada a “Capilla del Hombre”, um memorial artístico e espiritual à dignidade humana e aos povos da América Latina.

Oswaldo Guayasamin | Arremate Arte

Nascido em Quito, Equador, no dia 6 de julho de 1919, Oswaldo Guayasamin foi um pintor, desenhista, muralista e escultor equatoriano, considerado um dos maiores expoentes da arte latino-americana do século XX.

Formou-se pela Escola de Belas Artes de Quito, onde destacou-se por seu talento precoce. Teve como influências marcantes o expressionismo europeu, o muralismo mexicano (especialmente José Clemente Orozco e Diego Rivera) e as vivências de dor, desigualdade e resistência dos povos indígenas e latino-americanos.

Amigo de intelectuais e líderes como Pablo Neruda, Fidel Castro, Gabriel García Márquez e Salvador Allende, Guayasamín soube traduzir, com profundidade e humanidade, os dramas sociais e existenciais de seu tempo.

Sua obra é marcada por uma paleta dramática, com tons terrosos, vermelhos, ocres e negros, traços expressivos e deformações intencionais da figura humana, especialmente das mãos e rostos, como metáforas da dor, da ternura e da luta. Entre suas séries mais notáveis estão Huacayñán (1946), La Edad de la Ira (1968) e La Edad de la Ternura (1993), que abordam a violência, a opressão e o amor materno. Recebeu inúmeros prêmios internacionais e criou murais de grande impacto, como os da Sede da UNESCO em Paris e do Aeroporto de Barajas, em Madri. Suas obras podem ser vistas na Fundación Guayasamín, em Quito, onde também está localizada a “Capilla del Hombre”, um memorial artístico e espiritual à dignidade humana e aos povos da América Latina.

Oswaldo Guayasamin | Wikipédia

Oswaldo Guayasamín Calero (6 de julho de 1919 - 10 de março de 1999) foi um pintor e escultor equatoriano de herança Kichwa e Mestiça.

Vida pregressa

Guayasamín nasceu em Quito, Equador, de pai nativo e mãe mestiça, ambos descendentes de Kichwa. Sua família era pobre e seu pai trabalhou como carpinteiro durante a maior parte de sua vida. Oswaldo Guayasamín mais tarde trabalhou como motorista de táxi e caminhão. Ele era o mais velho de dez filhos em sua família. Quando era jovem, gostava de desenhar caricaturas de seus professores e das crianças com quem brincava. Ele demonstrou um amor precoce pela arte. Ele criou uma arte pan-americana de desigualdades humanas e sociais que alcançou reconhecimento internacional.

Ele se formou na Escola de Belas Artes de Quito como pintor e escultor. Ele também estudou arquitetura lá. Ele fez sua primeira exposição quando tinha 23 anos, em 1942. Enquanto ele estava na faculdade, seu melhor amigo morreu durante uma manifestação em Quito. Este incidente mais tarde inspiraria uma de suas pinturas, Los Niños Muertos (As Crianças Mortas). Este evento também o ajudou a formar sua visão sobre as pessoas e a sociedade em que vivia.

Carreira

Guayasamín começou a pintar aos seis anos de idade. Ele amava desenhar desde aquela idade. Começando com aquarelas e transformando até suas peças de humanidade de assinatura, sua carreira artística teve muitos destaques. Embora a tragédia tenha moldado o trabalho de Guayasamín, foi a morte de seu amigo que o inspirou a pintar símbolos poderosos da verdade na sociedade e das injustiças ao seu redor. Embora seu interesse raramente fosse com seu trabalho escolar, ele começou a vender sua arte antes mesmo de saber ler. Após sua frequência na Escola de Belas Artes de Quito, sua carreira decolou.

La Galería Caspicara, uma galeria de arte aberta por Eduardo Kingman em 1940, foi um dos primeiros lugares onde Guayasamín foi apresentado. Seus temas de opressão nas classes sociais mais baixas permitiram que ele se destacasse e ganhasse mais reconhecimento. El Silencio em particular, foi uma pintura desta vitrine que se destacou. Ela marca uma mudança no trabalho de Guayasamín de contar histórias para focar em seus temas simbolizando todo o sofrimento humano.

Guayasamín conheceu José Clemente Orozco enquanto viajava pelos Estados Unidos da América e México de 1942 a 1943. Eles viajaram juntos para muitos dos diversos países da América do Sul. Eles visitaram Peru, Brasil, Chile, Argentina, Uruguai e outros países. Por meio dessas viagens, ele observou mais do estilo de vida indígena e da pobreza que apareciam em suas pinturas.

Oswaldo Guayasamín ganhou o primeiro prêmio no Salón Nacional de Acuarelistas y Dibujantes equatoriano em 1948. Também ganhou o primeiro prêmio na Terceira Bienal Hispano-Americana de Arte de Barcelona em 1955. Em 1957, na Quarta Bienal de São Paulo, foi eleito o melhor pintor sul-americano.

Em 1988, o Congresso do Equador pediu a Guayasamín que pintasse um mural retratando a história do Equador. Devido à sua natureza controversa, o governo dos Estados Unidos o criticou porque uma das figuras na pintura mostra um homem com um capacete nazista com as letras "CIA" nele.

As últimas exibições do artista foram inauguradas por ele pessoalmente no Palácio de Luxemburgo, em Paris, e no Palais de Glace, em Buenos Aires, em 1995. Em Quito, Guayasamín construiu um museu que apresenta seu trabalho. Suas imagens capturam a opressão política, o racismo, a pobreza, o estilo de vida latino-americano e a divisão de classes encontrados em grande parte da América do Sul. Guayasamín dedicou sua vida à pintura, escultura e colecionismo. Foi um fervoroso apoiador da Revolução Cubana comunista em geral e de Fidel Castro em particular. Recebeu um prêmio por "uma vida inteira de trabalho pela paz" da UNESCO . Sua morte em 10 de março de 1999 foi considerada uma grande perda para o Equador e ocorreu em meio a uma crise política e socioeconômica , com o dia marcado por greves dos povos indígenas (a quem passou a vida apoiando) e outros setores da sociedade. O próprio Guayasamín sofreu pessoalmente nos últimos meses de sua vida, depois que sua neta de 27 anos, Maita Madriñan Guayasamín, sua filha de 4 anos, Alejandra, e seu filho de 4 meses, Martín (ambos bisnetos de Guayasamín) morreram na queda do voo 389 da Cubana de Aviación em Quito em agosto de 1998.

Ele ainda é elogiado como um tesouro nacional e foi comparado ao Michelangelo da América Latina pelo historiador de arte espanhol José Camón Aznar. Em 2002, três anos após sua morte, um edifício co-projetado por Guayasamín, La Capilla del Hombre ("A Capela do Homem"), foi concluído e aberto ao público. A Capela pretende documentar não apenas a crueldade do homem para com o homem, mas também o potencial de grandeza dentro da humanidade. Está co-localizada com a casa de Guayasamín nas colinas com vista para Quito.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

Oswaldo Guayasamin | Universidade de São Paulo

Pintor, muralista e escultor, o “equatoriano universal cuja obra transcende todas as fronteiras…”, nas palavras de Pablo Neruda, era filho de um índio e de uma mestiça. Estudou na Escola de Belas-Artes de Quito entre 1932 e 1940. Em 1939, participou de uma exposição coletiva no Sindicato dos Escritores e Artistas do Equador. Sua primeira exposição individual foi realizada em 1942. Nos anos 1940, teve diversas obras compradas por Nelson Rockefeller, o que o levou aos Estados Unidos, onde expôs, em 1943, no Museum of Art (Três pintores sul-americanos em São Francisco) e no City Art Museum, Saint Louis (Artistas sul-americanos), com Susana Guevara, Enrique G. Brent e Candido Portinari. Ainda nesse ano, no México, estudou com José Clemente Orozco (1883-1949) a pintura em afresco.

Entre 1944 e 1945, Guayasamín viajou pela América do Sul, visitando o Peru, a Bolívia, a Argentina, o Uruguai e o Brasil. Além de expor nesses países, compôs uma série de quadros impactantes chamados Huacayñán, o “caminho das lágrimas” em língua quíchua, que foram apresentados no Museu de Arte Colonial, em Quito, em 1951, e no Museu de Belas-Artes de Caracas, em 1952 (e depois em diversas cidades do mundo). Em 1948, criou seu primeiro afresco, El incario y la conquista, para a Casa de Cultura do Equador. Em 1956, recebeu o Grande Prêmio da III Bienal Hispano-Americana Espanha de Arte, em Barcelona, e no ano seguinte o Grande Prêmio de Pintura na IV Bienal de São Paulo (que voltou a exibir suas telas na XX edição).

Nos anos 1950, expôs diversas vezes nos Estados Unidos, na Europa e em vários países da América Latina. Em 1960, recebeu uma sala de honra na II Bienal Interamericana de Pintura, Escultura e Gravura do México, onde também foi premiado. Nos anos 1960, criou uma série de 250 telas denominadas La edad de la ira, que foram exibidas em 1966 na Galeria Dois Mundos, em Roma, no Museu de Belas-Artes do México, em 1968, e no Museu de Belas-Arte de Santiago, Chile, em 1969, antes de seguir pelo resto do mundo. Em 1974, Guayasamín recebeu o título de “Officier de L’Ordre des Arts et des Lettres” do governo da França, que lhe concedeu também a Legião de Honra, em 1984.

Nos anos 1970, várias retrospectivas de sua obra tiveram lugar em São Francisco, 1974, Medellín (Colômbia), 1976, Quito, 1977, São Petersburgo (Museu L’Hermitage) e Havana (Museu Nacional), ambas em 1982. Em 1994, recebeu medalha da Unesco pela Defesa dos Direitos Humanos. Suas últimas exposições foram realizadas em 1995, no Museu do Palácio de Luxemburgo, em Paris, e no Museu Palais de Glace, em Buenos Aires.

Pouco antes de seu falecimento, o artista trabalhava em uma obra chamada La capilla del hombre. Deixou diversos murais em várias cidades, como Quito (nos Palácios de Governo e no Legislativo, na Universidade Central e no Conselho Provincial), Madri (Aeroporto de Barajas), Paris (na sede da Unesco) e São Paulo (Madre y niño, no Parlamento Latino-Americano, no Memorial da América Latina, edifício projetado por Oscar Niemeyer). Entre seus monumentos se destacam A la patria joven em Guayaquil (Equador) e A la resistencia (Rumiñahui), em Quito. Deixou também vários retratos de políticos e intelectuais, como Fidel Castro e Raúl Castro, François e Danielle Mitterrand, Gabriel García Márquez, Rigoberta Menchú e do presidente brasileiro Juscelino Kubitschek. Em 2001, a Casa da Cultura Equatoriana inaugurou a mostra Homenagem ao Mestre Oswaldo Guayasamín.

Fonte: Universidade São Paulo – USP. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

Exposição Descobrindo Guayasamín reúne pela primeira vez em São Paulo obra do artista plástico equatoriano, a partir do dia 10, na Galeria Marta Traba | Memorial

Com a exposição “Descobrindo Guayasamín”, o Memorial apresenta a obra de mais um “monstro sagrado” latino-americano – o equatoriano Oswaldo Guayasamín – depois de trazer no ano passado “A dor da Colômbia, por Botero, de Fernando Botero. Guayasamín é um modernista muito valorizado internacionalmente (“Madres y niños”, por exemplo, está na sede da Unesco, em Paris), mas pouco conhecido no Brasil.

É a primeira vez que a obra do artista, falecido em 1999, é exposta em São Paulo, apesar do óleo “Madre y nino” fazer parte do acervo do Memorial (está no Centro de Convenções, antigo Parlatino). Em cartaz de 11 de abril a 11 de maio, na Galeria Marta Traba, “Descobrindo Guayasamín” reúne 31 telas e 20 gravuras do pintor, algumas de grandes proporções, como o impressionante políptico de oito partes (2 x 1 m cada uma) chamado “La Espera”, da fase “La edad de la ira”.

No dia 10 de abril, às 17h, Verenice Guayasamín, filha do artista e vice-presidente da Fundação Guayasamín, estará presente no local para uma palestra. Às 19h, será a abertura da exposição, com estacionamento gratuito e entrada pelo portão 6. Oswaldo Guayasamín é um dos grandes pintores latino-americanos das décadas de 50, 60 e 70 do séc. XX, sobre quem o poeta chileno Pablo Neruda declarou: “Os nomes de Orozco, Rivera, Portinari, Tamayo e Guayasamín formam a estrutura andina do continente”.

Dono de um estilo inconfundível, alimentado pelas vanguardas do séx. XX, Guayasamín bebeu na fonte do muralismo mexicano, do Pablo Picasso de “Guernica” e dialoga com grandes brasileiros, como Portinari. Mas é inegável a influência da tradição milenar da arte pré-colombiana. O resultado é o que alguns chamam de “expressionismo indígena”.

Nascido na pobreza em Quito, em 6 de julho de 1919, filho de pai índio e mãe mestiça, Oswaldo Guayasamín desde os sete anos já expressava sua vocação artística e pintava seus primeiros quadros na tentativa de encontrar uma linguagem própria e pessoal. Realizou a primeira exposição quando tinha 23 anos, em 1942.

A pintura humanista de Guayasamín reflete a dor e a miséria por parte de grande parte da humanidade e denuncia a violência ao homem no contexto conturbado do século XX, marcado por guerras, campos de concentração e ditaduras, usando de seu talento para buscar um mundo mais justo e menos agressivo. 

A presença quase constante de dentes e olhos gritando, de ossos e lágrimas em seus quadros intensifica-se na atenção dada às mãos. “Tudo o que sabemos para sermos homens se dá através de nossa sensibilidade nas mãos”, diz Guayasamín como bom artesão-artista que é. O papel que as mãos desempenham como extremidades simbólicas adquire em toda a sua obra uma qualidade emblemática e única. Outra característica visual percebida é o número de rostos que aparecem em suas obras. Há sempre um olhar gritando, assustado.

Em 1976, junto com o filhos Pablo e Verenice, cria a Fundação Guayasamín, por intermédio da qual doa ao Equador todo o seu patrimônio: mais de 4.000 obras, o que constitui um dos legados mais significativos na história das formas e das imagens da América Latina. Já no final da vida, Guayasamín envolveu-se no projeto de construção da Capilla del Hombre (Capela do Homem), uma espécie de catedral laica, na qual o visitante é impactado pela espiritualidade de sua obra.

Embora ele nunca tenha ingressado em nenhum partido político, sempre militou pela paz e por mudanças no continente. Quando Guayasamín faleceu, Fidel Castro declarou: “É uma perda irreparável, porque homens com a sua estatura moral não se repetem. Não podemos admitir que morreu, porque homens como ele não morrem: se multiplicam em seus povos”.

Fonte: Memorial. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

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Oswaldo Guayasamín: pintura para ferir, arranhar e golpear o coração | Diário Esquerda

Em 6 de julho de 1919 nascia Guayasmin, excepcional pintor equatoriano. Suas obras pincelaram a história.

Suas pinceladas destilam memória; não esquece um centímetro da história da humanidade: nos pintou amando, chorando, implorando, roubando, nus, rezando, mutilados, sendo mortos, lutando, esperançosos.

Talvez, seu desejo de mostrar a humanidade em todas as suas dimensões, tenha se sintetizado em sua maior obra de arte: a Capela do Homem. Um museu de arte, construído em sua cidade natal, em homenagem ao ser humano, aos homens e mulheres da América Latina. Havia capelas para deuses de todas as cores, mas nenhum templo para o ser humano: “Pelas crianças que morreram brincando, pelos homens que desmaiaram trabalhando, pelos pobres que não amaram, pintarei com os estilhaços do fuzil, com o poder do relâmpago e com a fúria da batalha”. No museu, centenas e centenas de pinturas e retratos de Oswaldo refletem a história de homens e mulheres, principalmente latino-americanos.

Através da pintura, escultura, muralismo, desenho e graffiti, ele deixou sua alma encarnada em centenas de superfícies. Se identificava, a cada pincelada, com protesto e denúncia social, para se retratar com raiva; para chamar, desde seus traços, a uma sociedade mais justa e a uma vida melhor para os despossuídos:

“Esta sociedade é sombria, os ricos estão ficando mais ricos e os pobres estão cada vez mais tremendamente pobres. Cidades e países inteiros são transformados em prisões onde os muros da morte e do medo impõem o silêncio. Seria infantil pensar que se trata de casos patológicos isolados, patológico é o sistema que estabelece a violência como forma de governo”.

Oswaldo Guayasamín, usou o realismo social como figura pictórica, o que o colocaria como uma referência da pintura equatoriana e também uma grande referência internacional: “Quando pinto uma mão, uma boca, dentes ou olhos, eles não são apenas uma forma plástica. Quero expressar nisso mais do que a próprio plástica. Quero expressar esse olho que chora, esses dentes que mordem ou essas mãos angustiadas, tremendo”.

​​Ele nasceu em 1919 na cidade de Quito, filho de José Miguel Guayasamín, indígena de ascendência guarani, que trabalhava como carpinteiro, taxista e caminhoneiro. Ele se opôs à sua carreira de artista, enquanto sua mãe, Dolores Calero, de origem mestiça e dona de casa, sempre o apoiou. No final de sua obra, Guayasamín lhe dedica sua terceira grande série, intitulada La ternura.

Na época da “guerra dos quatro dias”, e em meio a um levante cívico-militar, conseguiu custear os estudos na Escola de Belas Artes de Quito, na qual se formou com honrarias. Se tratava de um confronto entre Neptalí Bonifaz, uma figura política a quem foi negada a presidência por sua nacionalidade peruana, e as tropas leais ao governo.

Guayasamin combinou a força dos temas indígenas com as conquistas das vanguardas do início do século, especialmente o cubismo e o expressionismo. Em 1957 recebeu o Prêmio de Melhor Pintor Sul-Americano, concedido pela Bienal de São Paulo, Brasil.

Em 1968 apresentou a sua segunda série de envergadura, intitulada La edad de la ira, composta por 260 obras agrupadas por séries, Mãos, Cabeças, Rosto de homem, Campos de concentração, Mulheres chorando, nas quais o pintor recolhe vários elementos da sua experiência de vida, para captar numa sucessão deslumbrante de telas, o drama e a tragédia do homem do nosso tempo: “O pesadelo do homem que se espalha, o medo de uma guerra atómica, o terror e a morte que semeiam ditaduras militares, a injustiça social que abre uma ferida cada vez mais profunda, a discriminação racial que destrói e mata; estão devorando lenta e duramente o espírito dos homens na terra”. “Enquanto houver gente que aprenda a matar, haverá vítimas. Na História dos tempos, tem de alvorecer o dia em que o soldado não tenha mais razão de ser”.

Em suas obras, vivifica sua postura em relação aos humanos e à sociedade, os quais estão atormentados por injustiças, desigualdades, humilhações, pobreza e esquecimento pelo respeito às raízes indígenas, distanciamento do passado ancestral do qual o mestiço equatoriano se alienou. Da mesma forma, mostra o sofrimento e as contradições humanas, bem como a vontade de buscar a luz, a saída, a libertação: “Se não tivermos força para apertar as mãos de todos, se não tivermos a ternura de acolher em nossos braços os filhos do mundo, se não tivermos a vontade de limpar a terra de todos os exércitos; este pequeno planeta será um corpo escuro e seco no espaço escuro.”

Ele faleceu em 10 de março de 1999 em Baltimore.

Sua arte nos convida a nos repensar, a nos perguntar para onde vamos, quais são as nossas raízes, de que somos feitos. Sua arte é história, é política, condensa as paixões humanas: ódio, guerra, amor, resistência, desejo de libertação. E talvez, por que não, suas três séries principais sejam análogas ao que passamos como homens e mulheres, na longa estrada da vida: o choro, a raiva e a ternura.

Fonte: Diário Esquerda. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

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Arte Equatoriana de Oswaldo Guayasamín | Por Neuza Guerrero

Foi através de Cremilda Medina que tomei contato com Oswaldo Guayasamin artista equatoriano de muitas obras. Confesso a minha ignorância. Nunca tinha ouvido falar nele. Mas, me interessei e sobre ele vou compor um texto com informações de Cremilda que o conheceu pessoalmente e tem dados para falar sobre ele, e com informações colhida em pesquisas comuns de Internet. Uma mistura das duas fontes certamente me levará a conhecer melhor o Equador e esse artista equatoriano.

Na minha frente, no meu escritório, tenho um mapa da América Latina que me dá uma overdose de conhecimentos visuais do Brasil e de nossos vizinhos. Nunca me dei conta da situação geográfica do Equador, e de seu pequeno tamanho. O país não faz divisa com o Brasil, mas merece que se conheça um pouco mais sobre ele também em termos de atividades culturais como conheço um pouco mais da Colômbia e Peru, não só pelo tamanho relativo, sua vizinhança com o Brasil, mas por suas expressões culturais como Fernando Botero e Garcia Marques, colombianos e Vargas Llosa, peruano.

Conhecendo um pouco do Equador em um pequeno apanhado

EQUADOR é uma república democrática representativa localizada na América do Sul limitada a norte pela Colômbia, a leste e sul pelo Peru e a oeste pelo Oceano Pacífico. É um dos dois países da região que não tem fronteiras comuns com o Brasil, além do Chile. Além do território continental, o Equador possui também as ilhas Galápagos, a cerca de 1000 km do território continental, sendo o país mais próximo daquelas ilhas. Seu território de 256 370 km² é cortado ao meio pela imaginária Linha do Equador.

A principal língua falada no país é o espanhol (94% da população). Entre os idiomas oficiais em comunidades nativas está o quíchua, A sua capital é a cidade de Quito, que foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1970, por ter o centro histórico mais bem preservado e menos alterado da América Latina. A maior cidade equatoriana, no entanto, é Guayaquil.

O centro histórico de Cuenca, a terceira maior cidade do país, foi declarado Patrimônio Mundial em 1999, como um exemplo notável de uma cidade planejada, de estilo espanhol colonial, no interior da América.

O país é o lar de uma grande variedade de espécies endêmicas, muitos delas nas Ilhas Galápagos. Esta diversidade de espécies faz do Equador um dos dezessete países megadiversos do mundo, sendo considerado o país de maior biodiversidade do mundo por unidade de área

Em 1531, com a Guerra Civil Inca, os espanhóis desembarcaram no Equador, então parte do Império inca, governado pelo Imperador Atahualpa que “temia os homens vestidos com roupas dos pés a cabeça, com longas barbas e cavalos (um animal que os incas não conheciam)”. Na cidade, Pizzaro montou uma armadilha para os incas que terminou com e a captura do imperador inca e domínio espanhol.

Nas primeiras décadas de dominação espanhola a população indígena foi dizimada pelo contágio de doenças às quais os nativos não eram imunes, tempo em que os nativos também foram forçados ao trabalho pelos proprietários de terras. A cidade de Quito foi um distrito administrativo da monarquia espanhola,

A luta pela independência do Equador foi parte de um movimento em toda a América Hispânica liderada por crioulos. O ressentimento com os privilégios dos chamados peninsulares (nascidos na Espanha) em relação aos crioulos foi o combustível da revolução contra o domínio colonial

Depois da Segunda Guerra Mundial, a recuperação do mercado agrícola e o crescimento da indústria da banana ajudaram a restabelecer a prosperidade e paz política do Equador. Depois do regime militar que se instalou no país, o Equador voltou a democracia em 1979, mas passou por vários governos militares.

Em 2003, o Coronel aposentado Lucio Gutiérrez, membro de uma das juntas militares que governou o pais, assumiu a presidência do Equador, mas deixou o poder em 2005 diante da falta de apoio das Forças Armadas e no meio de fortes protestos, o que conduziu a que seu vice-presidente, Alfredo Palacio, assumisse a presidência. Nas eleições seguintes, Rafael Correa foi eleito e assumiu o cargo em 15 de janeiro de 2007, sendo o atual presidente do país. Em 28 de setembro de 2008 foi adotada uma nova Constituição.

E aí chegamos a Owaldo Guayasamin um representante da arte equatoriana no século XX.

Cremilda Medina conheceu Oswaldo Guayasamín em 1972 e ela escreve;

(...) Ninguém passa incólume ao descobrir esse pintor no Brasil, quase desconhecido dos públicos do século XXI. Nem mesmo aqueles que estudam criticamente ou praticam as artes plásticas eximem-se de um contato afeto à carga emotiva dessa força da terra chamada Oswaldo Guayasamin, que tive o privilégio de conhecer em Quito, em 1972.

(...) Inconformada com a ausência de sua obra no Brasil, onde museus e galerias não o expunham, voltei a Quito em 1977 e aí, como depoimento do pintor ,publiquei no jornal O Estado de São Paulo um texto sobre ele. Na minha ingenuidade, pensava que essa publicação provocaria um rápido aceno para que uma instituição de arte o trouxesse ao Brasil. Não aconteceu. Trinta e um anos depois, em abril de 2008 O Memorial da América Latina mostra a obra desse artista equatoriano.”

Quem foi Oswaldo Guayasamin?

De pesquisa em pesquisa fico sabendo que:

Oswaldo Guayasamín nasceu em Quito em 6 de julho de 1919, de pai índio e mãe mestiça. Seu pai trabalhava como carpinteiro e mais tarde como taxista e caminhoneiro. A família vivia na miséria. Oswaldo foi o primeiro de dez filhos. Morreu em 10 de março de 1999.

Sempre irreverente, Guayasamin, cujo nome quéchua significa “Ave branca voando” contrariando o pai índio que o castigava para que não pintassem - algo que ele sempre fez desde cedo - se dedicava a pintar o sofrimento dos povos.

Diz Guayasimin: Mi pintura es de dos mundos. De piel para adentro es un grito contra el racismo y la pobreza; de piel para fuera es la síntesis del tiempo que me ha tocado vivir.

Em agosto de 1932 começou no Equador, “a guerra dos quatro dias.” Guayasamin era então um adolescente quando presenciou esses acontecimentos. Nessa guerra morre em uma manifestação seu melhor amigo. Preocupado com os problemas humanos, a violência, a pobreza e a injustiça, Guayasamin pinta o que viu em 1932, em seu quadro “Los niños muiertos”, simbolizando com eles todos os inocentes que morreram inutilmente.

Em suas obras sempre retrata temas sociais, refletem a dor e a miséria que há na maior parte da humanidade e denuncia a violência contra o ser humano, as guerras civis, os genocídios, os campos de concentração, as ditaduras, as torturas, a fome, a desigualdade, a não tolerância. Suas obras representam a luta, a esperança e a reivindicação dos mais humildes, vitimas de humilhação e abuso por parte dos organismos do poder. Ele foi um expoente da luta contra o colonialismo.

Etapas de sua obra pictórica:

A primeira grande série pictórica de Guayasamin Huacayñan . É uma palavra quichua que significa “El Camino Del Llanto” É uma série de 103 quadros pintados depois de percorrer durante dois anos por toda a America latina.

A segunda grande série pictórica é La Edad de La Ira. A temática fundamental desta série são as guerras e a violência que o homem faz contra ele mesmo. (...) “a série nasceu na Espanha , nas viagens que se multiplicaram de Leste a Oeste para a implacável coleta de irados e vítimas da ira.”

A terceira grande série é conhecida como La Edad de La Ternura, e uma série Madres - que ele dedica à sua mãe e às mães de todo o mundo e em cujos quadros podemos ver cores mais vivas que refletem o amor e a ternura entre mães e filhos, e a inocência das crianças.

Agora um recorte do texto que Cremilda Medina escreveu em 1977 para O Estado de São Paulo, tentando sensibilizar alguma instituição de arte para trazer as obras de Guayasamin para São Paulo.

(...) Para conhecer Guayasamin, basta captar a emoção dos olhos úmidos, um discurso verbal tenso e seu repertório de histórias que se remetem sempre às dores desta vida.

(...) Terminou há pouco, obra importante – Os Mutilados - seis quadros móveis podem compor “n” combinações em um conjunto que chega ás dimensões de um mural. Este trabalho custou-lhe três décadas de estudos, de liberação da imagem vivida intensamente. Estava ele num campo de futebol na Espanha em 1947 quando se deparou com um espetáculo insólito: Franco reservara um lugar de destaque no campo pra que, em todos os jogos, ali se acomodassem gratuitamente os mutilados da Guerra Civil. O jovem índio, nascido na marginalidade, muito consciente, portanto, da condição humana e, além de tudo, artista sensível, engoliu em seco essas imagens de um exibicionismo que ultrapassa qualquer limite. Foi tão difícil a assimilação do que via, quanto criar os quadros que resultaram dessa vivência. Em seus arquivos há milhares e milhares de desenhos, tentativas que só o satisfizeram na versão que terminou em 1977.

(...) Em depoimentos, Guayasamin diz que na sua obra maior La Edad dela Ira, está o seu sangue. O conjunto é um total de 250 quadros em que trabalha há 15 anos, praticamente todos os dias de manhã. Ainda se impõe dois outros ritmos: ora descansa nos retratos, (...) ora se entrega integralmente aos rostos míticos, ora faz concessões aos pedidos dos clientes. As joias e o artesanato significam, para ele, a pesquisa das raízes equatorianas.

(...) Quando se pergunta a Guayasamin das origens do profeta da “Idade da Ira”, ele logo lembra uma infância dramática: num quarto mínimo dormiam dez crianças das quase ele era o mais velho, e os pais. Outro lado que não esquece: “usei sapatos pela primeira vez aos 7 anos.” (...) costuma explicar pela natureza tremenda e insólita do ambiente geográfico a fatal adesão dos equatorianos às artes plásticas. A serra, os nevados, o verde, o casario espalhado nas faldas da montanha, os contrastes históricos - a Quito de 500 anos e a quito americanizada – a cor dos ponchos, o frio e o sol equatorial, tudo altera a química da sensibilidade artística. E Guayasamin definiu muito cedo, contra todas as limitações sociais, que sua vida seria a pintura.

(...) em sua história de vida fico sabendo que já em 1929 (com apenas 10 anos) começou a viver de sua arte: pinta então para os turistas a dois sucres o quadro.

(...) Na Escola de Belas Artes de Quito, Guayasamin se disciplinou com a seriedade nos estudos levada ás últimas consequências. Ao terminar a escola em 1940, a primeira responsabilidade familiar: o casamento. Mas, continua a viver da pintura.

(...) Explicando como é possível que esse índio de... se tenha tornado um milionário?

Guayasamin é realista: saiu da miséria, organizou-se para viver da Arte e diz que não tem culpa de a sociedade de consumo estabelecer regras do mercado artístico. Além disso, na colmeia que é sua casa – os filhos dos três casamentos, mais os filhos da última esposa, uma francesa muito eficiente na administração de bens – a azáfama é constante. Guayasamin, muito tranquilo, a posição de chefe do clã assegurada e o tempo livre para criar, diz que os Ateliês Guayasamin S.A. são “coisas da família”e que ele não se mete.

(...) Quito, ponto de encontro, linha de muitos cruzamentos importantes – da diplomacia à espionagem, da política à economia – oferece certas oportunidades de trânsito. E Nelson Rockefeller passando por lá, comprou quadros de Guayasamin e o convidou a uma visita a Nova York. Lá tomou contato com obras de El Greco, Cézanne e a desilusão com Gauguin. Passa pelo México e entra em contato com Orosco.

Nota de pesquisa: José Clemente Orozco 1883 - 1949) foi um dos maiores pintores mexicanos e um dos protagonistas do muralismo Mexicano, juntamente com Rivera. A temática central da sua obra é a revolução, a luta do povo para atingir os seus ideais e uma nova sociedade. A representação formal na sua obra reflete uma mistura de influências estéticas que vão do realismo ao expressionismo e passam pela arte renascentista italiana dos séculos XV e XVI.

(...) A opção pelo humanismo do século XX foi consciente e Guayasamin se lançou numa pesquisa sistemática por intermédio de suas viagens. No Peru e na Bolívia “o terrível espetáculo das populações indígenas.” No Chile e na Argentina, outra América... Dessas experiências saem 100 quadros em três ciclos: “Mestiços” – “Índios” e “Negros”.

(...) em 1976, por conta dessa consciência de identidade ancestral cria a Fundação Guayasamin, doando ao estado equatoriano todo o seu patrimônio.

Diz Cremilda:

(... Em tempos que não o acompanhei diretamente, já na fase final de sua vida – ele morreu em 10 de março de 1999- iniciou a criação de outro espaço a Capilla Del Hombre., onde iria concentrar a homenagem superlativa ao povo latino-americano, ao sofrimento e às conquistas do mundo pré-colombiano à colonização e á mestiçagem. A transcendência mestiça da cultura latino-americana aí foi reconhecida por todos os que contribuíram para que a utopia da arte se concretizasse.

Definido por críticos de sua época,

(...) Pablo Neruda já o definiu de forma majestosa: “Guayasamin realizou em sua obra, o Juízo Final que exigíamos aos solitários do renascimento. Poucos pintores da nossa América são tão poderosos como esse equatoriano intransferível: tem o toque da força; é o anfitrião de raízes, cotidiano á tempestade, á violência, á inexatidão. E com tudo isso a visão e paciência de nossos olhos são inundados de luz.”

Uma frase que atribuída a Guayasimin o caracteriza.

"Yo llore porque no tenia zapatos,hasta que vi aun niño que no tenia pies", traduzida "Chorei porque não tinha sapatos, até que vi uma criança que não tinha pés".

Fonte: Blog Vovó Neuza, "Arte equatoriana de Oswaldo Guayasamín", escrito por Neuza Guerreiro de Carvalho, em 2 de setembro de 2014. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

Crédito fotográfico: Getty Images. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

Oswaldo Guayasamín Calero (6 de julho de 1919, Quito, Equador — 10 de março de 1999, Baltimore, Estados Unidos), mais conhecido como Oswaldo Guayasamín, foi um pintor, desenhista, muralista e escultor equatoriano. Considerado um dos maiores expoentes da arte latino-americana do século XX, Oswaldo formou-se pela Escola de Belas Artes de Quito, onde destacou-se por seu talento precoce. Foi influenciado pelo expressionismo europeu, o muralismo mexicano (especialmente José Clemente Orozco e Diego Rivera) e as vivências de dor, desigualdade e resistência dos povos indígenas e latino-americanos, soube traduzir, com profundidade e humanidade, os dramas sociais e existenciais de seu tempo. Sua obra é marcada por uma paleta dramática refletida em tons terrosos, vermelhos, ocres e negros; e de traços expressivos e deformações intencionais da figura humana, especialmente das mãos e rostos, como metáforas da dor, da ternura e da luta. Recebeu inúmeros prêmios internacionais e criou murais de grande impacto, como os da Sede da UNESCO em Paris e do Aeroporto de Barajas, em Madri. Suas obras podem ser vistas na Fundación Guayasamín, em Quito, onde também está localizada a “Capilla del Hombre”, um memorial artístico e espiritual à dignidade humana e aos povos da América Latina.

Oswaldo Guayasamín

Oswaldo Guayasamín Calero (6 de julho de 1919, Quito, Equador — 10 de março de 1999, Baltimore, Estados Unidos), mais conhecido como Oswaldo Guayasamín, foi um pintor, desenhista, muralista e escultor equatoriano. Considerado um dos maiores expoentes da arte latino-americana do século XX, Oswaldo formou-se pela Escola de Belas Artes de Quito, onde destacou-se por seu talento precoce. Foi influenciado pelo expressionismo europeu, o muralismo mexicano (especialmente José Clemente Orozco e Diego Rivera) e as vivências de dor, desigualdade e resistência dos povos indígenas e latino-americanos, soube traduzir, com profundidade e humanidade, os dramas sociais e existenciais de seu tempo. Sua obra é marcada por uma paleta dramática refletida em tons terrosos, vermelhos, ocres e negros; e de traços expressivos e deformações intencionais da figura humana, especialmente das mãos e rostos, como metáforas da dor, da ternura e da luta. Recebeu inúmeros prêmios internacionais e criou murais de grande impacto, como os da Sede da UNESCO em Paris e do Aeroporto de Barajas, em Madri. Suas obras podem ser vistas na Fundación Guayasamín, em Quito, onde também está localizada a “Capilla del Hombre”, um memorial artístico e espiritual à dignidade humana e aos povos da América Latina.

Videos

Sobre Guayasamín | 2013

Sobre a vida e obra de Guayasamín | 2014

Guayasamín é prestigiado pelo seu trabalho | 2017

Segredos do sucesso de Guayasamín | 2021

Casa Guayasamín e Museu Capilla del Hombre | 2021

Pinturas de Oswaldo Guayasamín | 2022

Sobre Oswaldo Guayasamín | 2007

Conheça a casa de Guayasamín | 2022

A arte que capturou a dor da América Latina | 2024

Homenagem a Guayasamín | 2008

Guayasamín interpreta García Marquez | 2014

Oswaldo Guayasamin | Arremate Arte

Nascido em Quito, Equador, no dia 6 de julho de 1919, Oswaldo Guayasamin foi um pintor, desenhista, muralista e escultor equatoriano, considerado um dos maiores expoentes da arte latino-americana do século XX.

Formou-se pela Escola de Belas Artes de Quito, onde destacou-se por seu talento precoce. Teve como influências marcantes o expressionismo europeu, o muralismo mexicano (especialmente José Clemente Orozco e Diego Rivera) e as vivências de dor, desigualdade e resistência dos povos indígenas e latino-americanos.

Amigo de intelectuais e líderes como Pablo Neruda, Fidel Castro, Gabriel García Márquez e Salvador Allende, Guayasamín soube traduzir, com profundidade e humanidade, os dramas sociais e existenciais de seu tempo.

Sua obra é marcada por uma paleta dramática, com tons terrosos, vermelhos, ocres e negros, traços expressivos e deformações intencionais da figura humana, especialmente das mãos e rostos, como metáforas da dor, da ternura e da luta. Entre suas séries mais notáveis estão Huacayñán (1946), La Edad de la Ira (1968) e La Edad de la Ternura (1993), que abordam a violência, a opressão e o amor materno. Recebeu inúmeros prêmios internacionais e criou murais de grande impacto, como os da Sede da UNESCO em Paris e do Aeroporto de Barajas, em Madri. Suas obras podem ser vistas na Fundación Guayasamín, em Quito, onde também está localizada a “Capilla del Hombre”, um memorial artístico e espiritual à dignidade humana e aos povos da América Latina.

Oswaldo Guayasamin | Wikipédia

Oswaldo Guayasamín Calero (6 de julho de 1919 - 10 de março de 1999) foi um pintor e escultor equatoriano de herança Kichwa e Mestiça.

Vida pregressa

Guayasamín nasceu em Quito, Equador, de pai nativo e mãe mestiça, ambos descendentes de Kichwa. Sua família era pobre e seu pai trabalhou como carpinteiro durante a maior parte de sua vida. Oswaldo Guayasamín mais tarde trabalhou como motorista de táxi e caminhão. Ele era o mais velho de dez filhos em sua família. Quando era jovem, gostava de desenhar caricaturas de seus professores e das crianças com quem brincava. Ele demonstrou um amor precoce pela arte. Ele criou uma arte pan-americana de desigualdades humanas e sociais que alcançou reconhecimento internacional.

Ele se formou na Escola de Belas Artes de Quito como pintor e escultor. Ele também estudou arquitetura lá. Ele fez sua primeira exposição quando tinha 23 anos, em 1942. Enquanto ele estava na faculdade, seu melhor amigo morreu durante uma manifestação em Quito. Este incidente mais tarde inspiraria uma de suas pinturas, Los Niños Muertos (As Crianças Mortas). Este evento também o ajudou a formar sua visão sobre as pessoas e a sociedade em que vivia.

Carreira

Guayasamín começou a pintar aos seis anos de idade. Ele amava desenhar desde aquela idade. Começando com aquarelas e transformando até suas peças de humanidade de assinatura, sua carreira artística teve muitos destaques. Embora a tragédia tenha moldado o trabalho de Guayasamín, foi a morte de seu amigo que o inspirou a pintar símbolos poderosos da verdade na sociedade e das injustiças ao seu redor. Embora seu interesse raramente fosse com seu trabalho escolar, ele começou a vender sua arte antes mesmo de saber ler. Após sua frequência na Escola de Belas Artes de Quito, sua carreira decolou.

La Galería Caspicara, uma galeria de arte aberta por Eduardo Kingman em 1940, foi um dos primeiros lugares onde Guayasamín foi apresentado. Seus temas de opressão nas classes sociais mais baixas permitiram que ele se destacasse e ganhasse mais reconhecimento. El Silencio em particular, foi uma pintura desta vitrine que se destacou. Ela marca uma mudança no trabalho de Guayasamín de contar histórias para focar em seus temas simbolizando todo o sofrimento humano.

Guayasamín conheceu José Clemente Orozco enquanto viajava pelos Estados Unidos da América e México de 1942 a 1943. Eles viajaram juntos para muitos dos diversos países da América do Sul. Eles visitaram Peru, Brasil, Chile, Argentina, Uruguai e outros países. Por meio dessas viagens, ele observou mais do estilo de vida indígena e da pobreza que apareciam em suas pinturas.

Oswaldo Guayasamín ganhou o primeiro prêmio no Salón Nacional de Acuarelistas y Dibujantes equatoriano em 1948. Também ganhou o primeiro prêmio na Terceira Bienal Hispano-Americana de Arte de Barcelona em 1955. Em 1957, na Quarta Bienal de São Paulo, foi eleito o melhor pintor sul-americano.

Em 1988, o Congresso do Equador pediu a Guayasamín que pintasse um mural retratando a história do Equador. Devido à sua natureza controversa, o governo dos Estados Unidos o criticou porque uma das figuras na pintura mostra um homem com um capacete nazista com as letras "CIA" nele.

As últimas exibições do artista foram inauguradas por ele pessoalmente no Palácio de Luxemburgo, em Paris, e no Palais de Glace, em Buenos Aires, em 1995. Em Quito, Guayasamín construiu um museu que apresenta seu trabalho. Suas imagens capturam a opressão política, o racismo, a pobreza, o estilo de vida latino-americano e a divisão de classes encontrados em grande parte da América do Sul. Guayasamín dedicou sua vida à pintura, escultura e colecionismo. Foi um fervoroso apoiador da Revolução Cubana comunista em geral e de Fidel Castro em particular. Recebeu um prêmio por "uma vida inteira de trabalho pela paz" da UNESCO . Sua morte em 10 de março de 1999 foi considerada uma grande perda para o Equador e ocorreu em meio a uma crise política e socioeconômica , com o dia marcado por greves dos povos indígenas (a quem passou a vida apoiando) e outros setores da sociedade. O próprio Guayasamín sofreu pessoalmente nos últimos meses de sua vida, depois que sua neta de 27 anos, Maita Madriñan Guayasamín, sua filha de 4 anos, Alejandra, e seu filho de 4 meses, Martín (ambos bisnetos de Guayasamín) morreram na queda do voo 389 da Cubana de Aviación em Quito em agosto de 1998.

Ele ainda é elogiado como um tesouro nacional e foi comparado ao Michelangelo da América Latina pelo historiador de arte espanhol José Camón Aznar. Em 2002, três anos após sua morte, um edifício co-projetado por Guayasamín, La Capilla del Hombre ("A Capela do Homem"), foi concluído e aberto ao público. A Capela pretende documentar não apenas a crueldade do homem para com o homem, mas também o potencial de grandeza dentro da humanidade. Está co-localizada com a casa de Guayasamín nas colinas com vista para Quito.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

Oswaldo Guayasamin | Universidade de São Paulo

Pintor, muralista e escultor, o “equatoriano universal cuja obra transcende todas as fronteiras…”, nas palavras de Pablo Neruda, era filho de um índio e de uma mestiça. Estudou na Escola de Belas-Artes de Quito entre 1932 e 1940. Em 1939, participou de uma exposição coletiva no Sindicato dos Escritores e Artistas do Equador. Sua primeira exposição individual foi realizada em 1942. Nos anos 1940, teve diversas obras compradas por Nelson Rockefeller, o que o levou aos Estados Unidos, onde expôs, em 1943, no Museum of Art (Três pintores sul-americanos em São Francisco) e no City Art Museum, Saint Louis (Artistas sul-americanos), com Susana Guevara, Enrique G. Brent e Candido Portinari. Ainda nesse ano, no México, estudou com José Clemente Orozco (1883-1949) a pintura em afresco.

Entre 1944 e 1945, Guayasamín viajou pela América do Sul, visitando o Peru, a Bolívia, a Argentina, o Uruguai e o Brasil. Além de expor nesses países, compôs uma série de quadros impactantes chamados Huacayñán, o “caminho das lágrimas” em língua quíchua, que foram apresentados no Museu de Arte Colonial, em Quito, em 1951, e no Museu de Belas-Artes de Caracas, em 1952 (e depois em diversas cidades do mundo). Em 1948, criou seu primeiro afresco, El incario y la conquista, para a Casa de Cultura do Equador. Em 1956, recebeu o Grande Prêmio da III Bienal Hispano-Americana Espanha de Arte, em Barcelona, e no ano seguinte o Grande Prêmio de Pintura na IV Bienal de São Paulo (que voltou a exibir suas telas na XX edição).

Nos anos 1950, expôs diversas vezes nos Estados Unidos, na Europa e em vários países da América Latina. Em 1960, recebeu uma sala de honra na II Bienal Interamericana de Pintura, Escultura e Gravura do México, onde também foi premiado. Nos anos 1960, criou uma série de 250 telas denominadas La edad de la ira, que foram exibidas em 1966 na Galeria Dois Mundos, em Roma, no Museu de Belas-Artes do México, em 1968, e no Museu de Belas-Arte de Santiago, Chile, em 1969, antes de seguir pelo resto do mundo. Em 1974, Guayasamín recebeu o título de “Officier de L’Ordre des Arts et des Lettres” do governo da França, que lhe concedeu também a Legião de Honra, em 1984.

Nos anos 1970, várias retrospectivas de sua obra tiveram lugar em São Francisco, 1974, Medellín (Colômbia), 1976, Quito, 1977, São Petersburgo (Museu L’Hermitage) e Havana (Museu Nacional), ambas em 1982. Em 1994, recebeu medalha da Unesco pela Defesa dos Direitos Humanos. Suas últimas exposições foram realizadas em 1995, no Museu do Palácio de Luxemburgo, em Paris, e no Museu Palais de Glace, em Buenos Aires.

Pouco antes de seu falecimento, o artista trabalhava em uma obra chamada La capilla del hombre. Deixou diversos murais em várias cidades, como Quito (nos Palácios de Governo e no Legislativo, na Universidade Central e no Conselho Provincial), Madri (Aeroporto de Barajas), Paris (na sede da Unesco) e São Paulo (Madre y niño, no Parlamento Latino-Americano, no Memorial da América Latina, edifício projetado por Oscar Niemeyer). Entre seus monumentos se destacam A la patria joven em Guayaquil (Equador) e A la resistencia (Rumiñahui), em Quito. Deixou também vários retratos de políticos e intelectuais, como Fidel Castro e Raúl Castro, François e Danielle Mitterrand, Gabriel García Márquez, Rigoberta Menchú e do presidente brasileiro Juscelino Kubitschek. Em 2001, a Casa da Cultura Equatoriana inaugurou a mostra Homenagem ao Mestre Oswaldo Guayasamín.

Fonte: Universidade São Paulo – USP. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

Exposição Descobrindo Guayasamín reúne pela primeira vez em São Paulo obra do artista plástico equatoriano, a partir do dia 10, na Galeria Marta Traba | Memorial

Com a exposição “Descobrindo Guayasamín”, o Memorial apresenta a obra de mais um “monstro sagrado” latino-americano – o equatoriano Oswaldo Guayasamín – depois de trazer no ano passado “A dor da Colômbia, por Botero, de Fernando Botero. Guayasamín é um modernista muito valorizado internacionalmente (“Madres y niños”, por exemplo, está na sede da Unesco, em Paris), mas pouco conhecido no Brasil.

É a primeira vez que a obra do artista, falecido em 1999, é exposta em São Paulo, apesar do óleo “Madre y nino” fazer parte do acervo do Memorial (está no Centro de Convenções, antigo Parlatino). Em cartaz de 11 de abril a 11 de maio, na Galeria Marta Traba, “Descobrindo Guayasamín” reúne 31 telas e 20 gravuras do pintor, algumas de grandes proporções, como o impressionante políptico de oito partes (2 x 1 m cada uma) chamado “La Espera”, da fase “La edad de la ira”.

No dia 10 de abril, às 17h, Verenice Guayasamín, filha do artista e vice-presidente da Fundação Guayasamín, estará presente no local para uma palestra. Às 19h, será a abertura da exposição, com estacionamento gratuito e entrada pelo portão 6. Oswaldo Guayasamín é um dos grandes pintores latino-americanos das décadas de 50, 60 e 70 do séc. XX, sobre quem o poeta chileno Pablo Neruda declarou: “Os nomes de Orozco, Rivera, Portinari, Tamayo e Guayasamín formam a estrutura andina do continente”.

Dono de um estilo inconfundível, alimentado pelas vanguardas do séx. XX, Guayasamín bebeu na fonte do muralismo mexicano, do Pablo Picasso de “Guernica” e dialoga com grandes brasileiros, como Portinari. Mas é inegável a influência da tradição milenar da arte pré-colombiana. O resultado é o que alguns chamam de “expressionismo indígena”.

Nascido na pobreza em Quito, em 6 de julho de 1919, filho de pai índio e mãe mestiça, Oswaldo Guayasamín desde os sete anos já expressava sua vocação artística e pintava seus primeiros quadros na tentativa de encontrar uma linguagem própria e pessoal. Realizou a primeira exposição quando tinha 23 anos, em 1942.

A pintura humanista de Guayasamín reflete a dor e a miséria por parte de grande parte da humanidade e denuncia a violência ao homem no contexto conturbado do século XX, marcado por guerras, campos de concentração e ditaduras, usando de seu talento para buscar um mundo mais justo e menos agressivo. 

A presença quase constante de dentes e olhos gritando, de ossos e lágrimas em seus quadros intensifica-se na atenção dada às mãos. “Tudo o que sabemos para sermos homens se dá através de nossa sensibilidade nas mãos”, diz Guayasamín como bom artesão-artista que é. O papel que as mãos desempenham como extremidades simbólicas adquire em toda a sua obra uma qualidade emblemática e única. Outra característica visual percebida é o número de rostos que aparecem em suas obras. Há sempre um olhar gritando, assustado.

Em 1976, junto com o filhos Pablo e Verenice, cria a Fundação Guayasamín, por intermédio da qual doa ao Equador todo o seu patrimônio: mais de 4.000 obras, o que constitui um dos legados mais significativos na história das formas e das imagens da América Latina. Já no final da vida, Guayasamín envolveu-se no projeto de construção da Capilla del Hombre (Capela do Homem), uma espécie de catedral laica, na qual o visitante é impactado pela espiritualidade de sua obra.

Embora ele nunca tenha ingressado em nenhum partido político, sempre militou pela paz e por mudanças no continente. Quando Guayasamín faleceu, Fidel Castro declarou: “É uma perda irreparável, porque homens com a sua estatura moral não se repetem. Não podemos admitir que morreu, porque homens como ele não morrem: se multiplicam em seus povos”.

Fonte: Memorial. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

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Oswaldo Guayasamín: pintura para ferir, arranhar e golpear o coração | Diário Esquerda

Em 6 de julho de 1919 nascia Guayasmin, excepcional pintor equatoriano. Suas obras pincelaram a história.

Suas pinceladas destilam memória; não esquece um centímetro da história da humanidade: nos pintou amando, chorando, implorando, roubando, nus, rezando, mutilados, sendo mortos, lutando, esperançosos.

Talvez, seu desejo de mostrar a humanidade em todas as suas dimensões, tenha se sintetizado em sua maior obra de arte: a Capela do Homem. Um museu de arte, construído em sua cidade natal, em homenagem ao ser humano, aos homens e mulheres da América Latina. Havia capelas para deuses de todas as cores, mas nenhum templo para o ser humano: “Pelas crianças que morreram brincando, pelos homens que desmaiaram trabalhando, pelos pobres que não amaram, pintarei com os estilhaços do fuzil, com o poder do relâmpago e com a fúria da batalha”. No museu, centenas e centenas de pinturas e retratos de Oswaldo refletem a história de homens e mulheres, principalmente latino-americanos.

Através da pintura, escultura, muralismo, desenho e graffiti, ele deixou sua alma encarnada em centenas de superfícies. Se identificava, a cada pincelada, com protesto e denúncia social, para se retratar com raiva; para chamar, desde seus traços, a uma sociedade mais justa e a uma vida melhor para os despossuídos:

“Esta sociedade é sombria, os ricos estão ficando mais ricos e os pobres estão cada vez mais tremendamente pobres. Cidades e países inteiros são transformados em prisões onde os muros da morte e do medo impõem o silêncio. Seria infantil pensar que se trata de casos patológicos isolados, patológico é o sistema que estabelece a violência como forma de governo”.

Oswaldo Guayasamín, usou o realismo social como figura pictórica, o que o colocaria como uma referência da pintura equatoriana e também uma grande referência internacional: “Quando pinto uma mão, uma boca, dentes ou olhos, eles não são apenas uma forma plástica. Quero expressar nisso mais do que a próprio plástica. Quero expressar esse olho que chora, esses dentes que mordem ou essas mãos angustiadas, tremendo”.

​​Ele nasceu em 1919 na cidade de Quito, filho de José Miguel Guayasamín, indígena de ascendência guarani, que trabalhava como carpinteiro, taxista e caminhoneiro. Ele se opôs à sua carreira de artista, enquanto sua mãe, Dolores Calero, de origem mestiça e dona de casa, sempre o apoiou. No final de sua obra, Guayasamín lhe dedica sua terceira grande série, intitulada La ternura.

Na época da “guerra dos quatro dias”, e em meio a um levante cívico-militar, conseguiu custear os estudos na Escola de Belas Artes de Quito, na qual se formou com honrarias. Se tratava de um confronto entre Neptalí Bonifaz, uma figura política a quem foi negada a presidência por sua nacionalidade peruana, e as tropas leais ao governo.

Guayasamin combinou a força dos temas indígenas com as conquistas das vanguardas do início do século, especialmente o cubismo e o expressionismo. Em 1957 recebeu o Prêmio de Melhor Pintor Sul-Americano, concedido pela Bienal de São Paulo, Brasil.

Em 1968 apresentou a sua segunda série de envergadura, intitulada La edad de la ira, composta por 260 obras agrupadas por séries, Mãos, Cabeças, Rosto de homem, Campos de concentração, Mulheres chorando, nas quais o pintor recolhe vários elementos da sua experiência de vida, para captar numa sucessão deslumbrante de telas, o drama e a tragédia do homem do nosso tempo: “O pesadelo do homem que se espalha, o medo de uma guerra atómica, o terror e a morte que semeiam ditaduras militares, a injustiça social que abre uma ferida cada vez mais profunda, a discriminação racial que destrói e mata; estão devorando lenta e duramente o espírito dos homens na terra”. “Enquanto houver gente que aprenda a matar, haverá vítimas. Na História dos tempos, tem de alvorecer o dia em que o soldado não tenha mais razão de ser”.

Em suas obras, vivifica sua postura em relação aos humanos e à sociedade, os quais estão atormentados por injustiças, desigualdades, humilhações, pobreza e esquecimento pelo respeito às raízes indígenas, distanciamento do passado ancestral do qual o mestiço equatoriano se alienou. Da mesma forma, mostra o sofrimento e as contradições humanas, bem como a vontade de buscar a luz, a saída, a libertação: “Se não tivermos força para apertar as mãos de todos, se não tivermos a ternura de acolher em nossos braços os filhos do mundo, se não tivermos a vontade de limpar a terra de todos os exércitos; este pequeno planeta será um corpo escuro e seco no espaço escuro.”

Ele faleceu em 10 de março de 1999 em Baltimore.

Sua arte nos convida a nos repensar, a nos perguntar para onde vamos, quais são as nossas raízes, de que somos feitos. Sua arte é história, é política, condensa as paixões humanas: ódio, guerra, amor, resistência, desejo de libertação. E talvez, por que não, suas três séries principais sejam análogas ao que passamos como homens e mulheres, na longa estrada da vida: o choro, a raiva e a ternura.

Fonte: Diário Esquerda. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

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Arte Equatoriana de Oswaldo Guayasamín | Por Neuza Guerrero

Foi através de Cremilda Medina que tomei contato com Oswaldo Guayasamin artista equatoriano de muitas obras. Confesso a minha ignorância. Nunca tinha ouvido falar nele. Mas, me interessei e sobre ele vou compor um texto com informações de Cremilda que o conheceu pessoalmente e tem dados para falar sobre ele, e com informações colhida em pesquisas comuns de Internet. Uma mistura das duas fontes certamente me levará a conhecer melhor o Equador e esse artista equatoriano.

Na minha frente, no meu escritório, tenho um mapa da América Latina que me dá uma overdose de conhecimentos visuais do Brasil e de nossos vizinhos. Nunca me dei conta da situação geográfica do Equador, e de seu pequeno tamanho. O país não faz divisa com o Brasil, mas merece que se conheça um pouco mais sobre ele também em termos de atividades culturais como conheço um pouco mais da Colômbia e Peru, não só pelo tamanho relativo, sua vizinhança com o Brasil, mas por suas expressões culturais como Fernando Botero e Garcia Marques, colombianos e Vargas Llosa, peruano.

Conhecendo um pouco do Equador em um pequeno apanhado

EQUADOR é uma república democrática representativa localizada na América do Sul limitada a norte pela Colômbia, a leste e sul pelo Peru e a oeste pelo Oceano Pacífico. É um dos dois países da região que não tem fronteiras comuns com o Brasil, além do Chile. Além do território continental, o Equador possui também as ilhas Galápagos, a cerca de 1000 km do território continental, sendo o país mais próximo daquelas ilhas. Seu território de 256 370 km² é cortado ao meio pela imaginária Linha do Equador.

A principal língua falada no país é o espanhol (94% da população). Entre os idiomas oficiais em comunidades nativas está o quíchua, A sua capital é a cidade de Quito, que foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1970, por ter o centro histórico mais bem preservado e menos alterado da América Latina. A maior cidade equatoriana, no entanto, é Guayaquil.

O centro histórico de Cuenca, a terceira maior cidade do país, foi declarado Patrimônio Mundial em 1999, como um exemplo notável de uma cidade planejada, de estilo espanhol colonial, no interior da América.

O país é o lar de uma grande variedade de espécies endêmicas, muitos delas nas Ilhas Galápagos. Esta diversidade de espécies faz do Equador um dos dezessete países megadiversos do mundo, sendo considerado o país de maior biodiversidade do mundo por unidade de área

Em 1531, com a Guerra Civil Inca, os espanhóis desembarcaram no Equador, então parte do Império inca, governado pelo Imperador Atahualpa que “temia os homens vestidos com roupas dos pés a cabeça, com longas barbas e cavalos (um animal que os incas não conheciam)”. Na cidade, Pizzaro montou uma armadilha para os incas que terminou com e a captura do imperador inca e domínio espanhol.

Nas primeiras décadas de dominação espanhola a população indígena foi dizimada pelo contágio de doenças às quais os nativos não eram imunes, tempo em que os nativos também foram forçados ao trabalho pelos proprietários de terras. A cidade de Quito foi um distrito administrativo da monarquia espanhola,

A luta pela independência do Equador foi parte de um movimento em toda a América Hispânica liderada por crioulos. O ressentimento com os privilégios dos chamados peninsulares (nascidos na Espanha) em relação aos crioulos foi o combustível da revolução contra o domínio colonial

Depois da Segunda Guerra Mundial, a recuperação do mercado agrícola e o crescimento da indústria da banana ajudaram a restabelecer a prosperidade e paz política do Equador. Depois do regime militar que se instalou no país, o Equador voltou a democracia em 1979, mas passou por vários governos militares.

Em 2003, o Coronel aposentado Lucio Gutiérrez, membro de uma das juntas militares que governou o pais, assumiu a presidência do Equador, mas deixou o poder em 2005 diante da falta de apoio das Forças Armadas e no meio de fortes protestos, o que conduziu a que seu vice-presidente, Alfredo Palacio, assumisse a presidência. Nas eleições seguintes, Rafael Correa foi eleito e assumiu o cargo em 15 de janeiro de 2007, sendo o atual presidente do país. Em 28 de setembro de 2008 foi adotada uma nova Constituição.

E aí chegamos a Owaldo Guayasamin um representante da arte equatoriana no século XX.

Cremilda Medina conheceu Oswaldo Guayasamín em 1972 e ela escreve;

(...) Ninguém passa incólume ao descobrir esse pintor no Brasil, quase desconhecido dos públicos do século XXI. Nem mesmo aqueles que estudam criticamente ou praticam as artes plásticas eximem-se de um contato afeto à carga emotiva dessa força da terra chamada Oswaldo Guayasamin, que tive o privilégio de conhecer em Quito, em 1972.

(...) Inconformada com a ausência de sua obra no Brasil, onde museus e galerias não o expunham, voltei a Quito em 1977 e aí, como depoimento do pintor ,publiquei no jornal O Estado de São Paulo um texto sobre ele. Na minha ingenuidade, pensava que essa publicação provocaria um rápido aceno para que uma instituição de arte o trouxesse ao Brasil. Não aconteceu. Trinta e um anos depois, em abril de 2008 O Memorial da América Latina mostra a obra desse artista equatoriano.”

Quem foi Oswaldo Guayasamin?

De pesquisa em pesquisa fico sabendo que:

Oswaldo Guayasamín nasceu em Quito em 6 de julho de 1919, de pai índio e mãe mestiça. Seu pai trabalhava como carpinteiro e mais tarde como taxista e caminhoneiro. A família vivia na miséria. Oswaldo foi o primeiro de dez filhos. Morreu em 10 de março de 1999.

Sempre irreverente, Guayasamin, cujo nome quéchua significa “Ave branca voando” contrariando o pai índio que o castigava para que não pintassem - algo que ele sempre fez desde cedo - se dedicava a pintar o sofrimento dos povos.

Diz Guayasimin: Mi pintura es de dos mundos. De piel para adentro es un grito contra el racismo y la pobreza; de piel para fuera es la síntesis del tiempo que me ha tocado vivir.

Em agosto de 1932 começou no Equador, “a guerra dos quatro dias.” Guayasamin era então um adolescente quando presenciou esses acontecimentos. Nessa guerra morre em uma manifestação seu melhor amigo. Preocupado com os problemas humanos, a violência, a pobreza e a injustiça, Guayasamin pinta o que viu em 1932, em seu quadro “Los niños muiertos”, simbolizando com eles todos os inocentes que morreram inutilmente.

Em suas obras sempre retrata temas sociais, refletem a dor e a miséria que há na maior parte da humanidade e denuncia a violência contra o ser humano, as guerras civis, os genocídios, os campos de concentração, as ditaduras, as torturas, a fome, a desigualdade, a não tolerância. Suas obras representam a luta, a esperança e a reivindicação dos mais humildes, vitimas de humilhação e abuso por parte dos organismos do poder. Ele foi um expoente da luta contra o colonialismo.

Etapas de sua obra pictórica:

A primeira grande série pictórica de Guayasamin Huacayñan . É uma palavra quichua que significa “El Camino Del Llanto” É uma série de 103 quadros pintados depois de percorrer durante dois anos por toda a America latina.

A segunda grande série pictórica é La Edad de La Ira. A temática fundamental desta série são as guerras e a violência que o homem faz contra ele mesmo. (...) “a série nasceu na Espanha , nas viagens que se multiplicaram de Leste a Oeste para a implacável coleta de irados e vítimas da ira.”

A terceira grande série é conhecida como La Edad de La Ternura, e uma série Madres - que ele dedica à sua mãe e às mães de todo o mundo e em cujos quadros podemos ver cores mais vivas que refletem o amor e a ternura entre mães e filhos, e a inocência das crianças.

Agora um recorte do texto que Cremilda Medina escreveu em 1977 para O Estado de São Paulo, tentando sensibilizar alguma instituição de arte para trazer as obras de Guayasamin para São Paulo.

(...) Para conhecer Guayasamin, basta captar a emoção dos olhos úmidos, um discurso verbal tenso e seu repertório de histórias que se remetem sempre às dores desta vida.

(...) Terminou há pouco, obra importante – Os Mutilados - seis quadros móveis podem compor “n” combinações em um conjunto que chega ás dimensões de um mural. Este trabalho custou-lhe três décadas de estudos, de liberação da imagem vivida intensamente. Estava ele num campo de futebol na Espanha em 1947 quando se deparou com um espetáculo insólito: Franco reservara um lugar de destaque no campo pra que, em todos os jogos, ali se acomodassem gratuitamente os mutilados da Guerra Civil. O jovem índio, nascido na marginalidade, muito consciente, portanto, da condição humana e, além de tudo, artista sensível, engoliu em seco essas imagens de um exibicionismo que ultrapassa qualquer limite. Foi tão difícil a assimilação do que via, quanto criar os quadros que resultaram dessa vivência. Em seus arquivos há milhares e milhares de desenhos, tentativas que só o satisfizeram na versão que terminou em 1977.

(...) Em depoimentos, Guayasamin diz que na sua obra maior La Edad dela Ira, está o seu sangue. O conjunto é um total de 250 quadros em que trabalha há 15 anos, praticamente todos os dias de manhã. Ainda se impõe dois outros ritmos: ora descansa nos retratos, (...) ora se entrega integralmente aos rostos míticos, ora faz concessões aos pedidos dos clientes. As joias e o artesanato significam, para ele, a pesquisa das raízes equatorianas.

(...) Quando se pergunta a Guayasamin das origens do profeta da “Idade da Ira”, ele logo lembra uma infância dramática: num quarto mínimo dormiam dez crianças das quase ele era o mais velho, e os pais. Outro lado que não esquece: “usei sapatos pela primeira vez aos 7 anos.” (...) costuma explicar pela natureza tremenda e insólita do ambiente geográfico a fatal adesão dos equatorianos às artes plásticas. A serra, os nevados, o verde, o casario espalhado nas faldas da montanha, os contrastes históricos - a Quito de 500 anos e a quito americanizada – a cor dos ponchos, o frio e o sol equatorial, tudo altera a química da sensibilidade artística. E Guayasamin definiu muito cedo, contra todas as limitações sociais, que sua vida seria a pintura.

(...) em sua história de vida fico sabendo que já em 1929 (com apenas 10 anos) começou a viver de sua arte: pinta então para os turistas a dois sucres o quadro.

(...) Na Escola de Belas Artes de Quito, Guayasamin se disciplinou com a seriedade nos estudos levada ás últimas consequências. Ao terminar a escola em 1940, a primeira responsabilidade familiar: o casamento. Mas, continua a viver da pintura.

(...) Explicando como é possível que esse índio de... se tenha tornado um milionário?

Guayasamin é realista: saiu da miséria, organizou-se para viver da Arte e diz que não tem culpa de a sociedade de consumo estabelecer regras do mercado artístico. Além disso, na colmeia que é sua casa – os filhos dos três casamentos, mais os filhos da última esposa, uma francesa muito eficiente na administração de bens – a azáfama é constante. Guayasamin, muito tranquilo, a posição de chefe do clã assegurada e o tempo livre para criar, diz que os Ateliês Guayasamin S.A. são “coisas da família”e que ele não se mete.

(...) Quito, ponto de encontro, linha de muitos cruzamentos importantes – da diplomacia à espionagem, da política à economia – oferece certas oportunidades de trânsito. E Nelson Rockefeller passando por lá, comprou quadros de Guayasamin e o convidou a uma visita a Nova York. Lá tomou contato com obras de El Greco, Cézanne e a desilusão com Gauguin. Passa pelo México e entra em contato com Orosco.

Nota de pesquisa: José Clemente Orozco 1883 - 1949) foi um dos maiores pintores mexicanos e um dos protagonistas do muralismo Mexicano, juntamente com Rivera. A temática central da sua obra é a revolução, a luta do povo para atingir os seus ideais e uma nova sociedade. A representação formal na sua obra reflete uma mistura de influências estéticas que vão do realismo ao expressionismo e passam pela arte renascentista italiana dos séculos XV e XVI.

(...) A opção pelo humanismo do século XX foi consciente e Guayasamin se lançou numa pesquisa sistemática por intermédio de suas viagens. No Peru e na Bolívia “o terrível espetáculo das populações indígenas.” No Chile e na Argentina, outra América... Dessas experiências saem 100 quadros em três ciclos: “Mestiços” – “Índios” e “Negros”.

(...) em 1976, por conta dessa consciência de identidade ancestral cria a Fundação Guayasamin, doando ao estado equatoriano todo o seu patrimônio.

Diz Cremilda:

(... Em tempos que não o acompanhei diretamente, já na fase final de sua vida – ele morreu em 10 de março de 1999- iniciou a criação de outro espaço a Capilla Del Hombre., onde iria concentrar a homenagem superlativa ao povo latino-americano, ao sofrimento e às conquistas do mundo pré-colombiano à colonização e á mestiçagem. A transcendência mestiça da cultura latino-americana aí foi reconhecida por todos os que contribuíram para que a utopia da arte se concretizasse.

Definido por críticos de sua época,

(...) Pablo Neruda já o definiu de forma majestosa: “Guayasamin realizou em sua obra, o Juízo Final que exigíamos aos solitários do renascimento. Poucos pintores da nossa América são tão poderosos como esse equatoriano intransferível: tem o toque da força; é o anfitrião de raízes, cotidiano á tempestade, á violência, á inexatidão. E com tudo isso a visão e paciência de nossos olhos são inundados de luz.”

Uma frase que atribuída a Guayasimin o caracteriza.

"Yo llore porque no tenia zapatos,hasta que vi aun niño que no tenia pies", traduzida "Chorei porque não tinha sapatos, até que vi uma criança que não tinha pés".

Fonte: Blog Vovó Neuza, "Arte equatoriana de Oswaldo Guayasamín", escrito por Neuza Guerreiro de Carvalho, em 2 de setembro de 2014. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

Crédito fotográfico: Getty Images. Consultado pela última vez em 6 de abril de 2025.

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