Regina Maria da Motta Vater (Rio de Janeiro, 11 de maio de 1943), mais conhecida como Regina Vater, é uma arquiteta, desenhista, pintora, artista plástica, fotógrafa, produtora de televisão e curadora de arte brasileira. Formada em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Regina é uma artista ativista que entende a natureza, o homem e suas ancestralidades como elementos indissociáveis.
Biografia – Itaú Cultural
Regina Maria da Motta Vater estuda desenho e pintura no ateliê de Frank Schaeffer (1917), entre 1958 e 1962, e com Iberê Camargo (1914 - 1994), de 1962 até 1965, no Rio de Janeiro. No início da década de 1960, ingressa na Faculdade Nacional de Arquitetura, atual Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro - FAU/UFRJ, onde permanece até 1964, quando interrompe os estudos. Nesse ano, realizou sua primeira individual, na Galeria Alpendre, Rio de Janeiro. No início dos anos 1970, muda-se para São Paulo e atua como assistente de direção nas agências de publicidade DPZ e MPM. Em 1972, ganha o prêmio de viagem ao exterior, concedido pela União Nacional de Arte Moderna, e vai pela primeira vez para Nova York, onde mantém contato e realiza trabalho com Hélio Oiticica (1937 - 1980). Estuda silkscreen no Pratt Institute. Mora em Paris entre junho de 1974 e fevereiro de 1975. Realiza exposição individual em Nova York, na Galeria do Bleeker Cinema em 1975 e, de volta ao Brasil, faz curso de filme super-8, na Escola Griffe, em São Paulo. É autora, entre outros, dos livros infantis Tungo Tungo e Uma Amizade Bem Temperada, publicados no fim da década de 1970. Organiza a primeira exposição de arte contemporânea e experimental brasileira em Nova York: Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery, em 1979. Como bolsista da Fundação Guggenheim, retorna a Nova York, em 1980, para desenvolver pesquisas sobre instalações, iniciada em 1970. Em 1983, edita um número da revista Flue, publicada pelo Franklin Furnance Archives, dedicado à arte experimental produzida na América Latina. Três anos depois, passa a viver em Austin, Estados Unidos, com o marido, também artista, Bill Lundberg (1942). Em 1998, como integrante do programa de artista em residência da ArtPace Foundation, em San Antonio, Estados Unidos, cria cinco instalações e, no ano seguinte, as exibe nessa instituição. Em 2000, ministra palestra sobre a exposição Blurring the Boundaries, no Blanton Museum, em Austin. É curadora da exposição Brazilian Visual Poetry, com participação de 51 artistas, no Mexic-Arte Museum, Austin, 2002.
Análise
Regina Vater dedica-se inicialmente à pintura e ao desenho, passando, na década de 1970, a desenvolver trabalhos em diferentes suportes. Em 1978, passa a documentar fotograficamente a existência da planta Dieffembachia picta Schott (Comigo-ninguém-pode) na entrada de residências e estabelecimentos comerciais, trabalho que se origina de uma pesquisa sobre cultura popular. Posteriormente, adquire fotografias para carteira de identidade de pessoas das mais variadas idades e condições sociais. O material coletado permite a realização da instalação Comigo-Ninguém-Pode, 1988, a primeira de uma série que se estende até 1995.
Sua produção inclui vídeos, mail-art, livros de artista e poesia visual. Uma de suas temáticas mais constante é a reelaboração de elementos da cultura afro-brasileira e indígena, como nas instalações Retrotempo e Orora, ambas de 1995 ou Cosmologies, 1999. Já Camões' Feast [O Festim de Camões], 2002 é uma instalação baseada no poeta português Luís de Camões, na qual Regina Vater estabelece relações entre arte e poesia, apresentando uma seleção de poemas de autores brasileiros.
Críticas
"Uma das características da aventura artística de Regina Vater é o impulso transmidiático da sua criatividade. Entre a natureza e a tecnologia, o desenho e a textura, as artes plásticas e a poesia, o artesanato e o vídeo, evoca a linhagem de artistas transgressores como Duchamp ou Cage. Como eles, Regina está sempre, salutarmente, 'fora do lugar'. Autêntica 'outsider', está dentro e fora da ART - conceito que ela recons/des/truiu numa exposição do fim dos anos 70, montando e desmontando o vocábulo, da pregnância tridimensional ao bordado artesanal, do rabisco na praia à videoart, até chegar ao vazio-landscape que projeta o vocábulo binocularmente ao alcance do olho, para olhografar o mundo com olhos livres. Thou Art... Essa estratégia a levou, naturalmente, a privilegiar a instalação, ambiente que favorece o trânsito entre o estático e o cinético, o olhar e o andar, o artificial e o natural. A poesia sempre a inspirou, sugerindo-lhe 'imaginary landscapes' a partir do visionário poeta brasileiro, Souzândrade (1832-1902), que, em Nova York, flagrou, há um século, pré-poundianamente, os pregões da usura nas estrofes do 'Inferno de Wall Street'. Ezra Pound via em Arnaut Daniel o protótipo dos artistas-inventores. Por isso mesmo os poetas concretos brasileiros, da geração que antecedeu à de Regina, os elegeram - Pound e Arnaut, fundidos na palavra-enigma provençal 'noigandres' - paradigmas da contracorrente das poéticas visuais neste século. Mas, no seu rol de 'impossibilia' (amasso o ar, caço a lebre com boi, nado contra a maré), os versos trovadorescos escolhidos por Regina como um dos seus 'mottos', articulados com a temática poundiana da usura, parecem definir não só a obstinação do artista-inventor com a sua arte não-mercadológica. Insinuam também outra razão utópica que alimenta artistas como ela, cujas provocações criativas apostam na idéia generosa de que nalgum lugar-sem-lugar ainda será possível, contra a maré da egologia predatória, conciliar a ecologia e a tecnogia, o animal e a alma, o vídeo e a vida" — Augusto de Campos (CAMPOS, Augusto de. [Texto de apresentação]. In: VOICES and visions. Austin: Mexic-Arte Museum, 1997. [Texto escrito em 1996]).
"'Festim de Camões' celebra um mito da história da literatura portuguesa e a especial importância da poesia na cultura brasileira. Quem quer que tenha estado no Brasil deve ter notado que é comum se publicarem poemas nos jornais de primeira tiragem e que poesia tem o seu lugar garantido na cultura popular através das edições de Cordel, com as suas capas em xilogravura - num jeito jamais visto em outros países. A instalação de Regina - um simbólico tableau que representa o famoso banquete de Camões, no qual cada prato, quando revirado de boca para cima revelava um dos seus poemas, evoca o encanto do descobrir o ordinário, elevado ao nível de arte. Na versão por Regina, cada prato contém um poema de um poeta contemporâneo brasileiro, alimentando-nos o pensamento, além de nos prover com o conteúdo visual da instalação.
Regina Vater vem explorando a arte da instalação em formas bem diversas, tendo já produzido mais de 100 instalações desde 1970. Ela também tem sido uma prodigiosa criadora de poesia visual. Bem de família. O seu tataravô, Odorico Mendes, foi o primeiro tradutor de Homero para o português brasileiro, além de ser um poeta muito respeitado. Esta obra de Regina integra a palavra escrita nas suas estruturas visuais e físicas. As chaves visuais da instalação, as folhas de louro, os pratos negros, as rosas, evocam níveis de significados subjetivos que vão além das referências literais. E nós somos convidados a nos banquetear nos pensamentos desses famosos poetas brasileiros e viajar nas veredas de nossas próprias associações" — Bill Lundberg (LUNDBERG, Bill. O espírito da festa. In: VATER, Regina. Camões' Feast. Austin, 2002).
"É interessante observar como o Tempo e o Espaço sempre foram um tema central e constante na obra da artista, em termos de suas investigações pessoais e em seu trabalho, levando-a inicialmente a pesquisar e estudar os mitos da Amazônia, e em seguida, a outras cosmologias brasileiras e mundiais. Através de sua obra, a artista nos faz lembrar constantemente o quanto o mundo contemporâneo necessita dos conhecimentos contidos nessas cosmologias. Para a artista, as cosmologias são os verdadeiros repositórios da antiga sabedoria, fonte inestimável que amplia o horizonte de nossas almas. Os conhecimentos transmitidos por essas mitologias revelaram à artista a importância de uma visão espiritual na qual o ser humano é parte integrante da natureza, e não uma entidade externa destinada a subjugá-la a seu bel prazer. Em consequência de suas investigações sobre o tempo e o espaço, e de suas pesquisas sobre as mitologias e cosmologias antigas, Regina Vater compreendeu a importância de incorporar a ecologia como uma de suas principais preocupações e temas artísticos. Efetivamente, ela tem a seu crédito o fato de ser uma das primeiras artistas a lidar com o tema da ecologia, tendo participado do primeiro e mais importante evento internacional que tratou do assunto: a Bienal Internacional de Veneza de 1976.
(...)
Segundo as próprias palavras da artista: 'Meu trabalho tem a ver com idéias, com poesia e com uma maneira xamanística de abordar a arte. Para mim, qualquer tipo de arte, mesmo que de forma inconsciente, é um processo de contato com as forças criativas e regenerativas do universo'.
Na qualidade de um entre os muitos admiradores de seu trabalho, posso concluir somente constatando que, dentro do contexto atual de tanta arte e atitudes terminais, Regina Vater conta com toda a minha gratidão por compartilhar suas idéias provocadoras e os talentos que recebeu, contribuindo para criar uma Arte que nos arrebata pelo seu poder de inclusão orgânica à teia da vida" — Mario S. Mieli (MIELI, Mario S. "Cascavida" ou a arte como experiência da consciência. In: VATER, Regina. Shellife. Austin: Women & Their Work Gallery, 2003. [Texto escrito em Nova York, em 2003]).
Depoimentos
"A arte deveria ser tratada pelos meios de comunicação mais como uma maneira de pensar do que como mera diversão. Esta face oculta do discurso artístico deveria ser muito mais enfatizada do que a inefabilidade de formatos e formas.
(...)
A arte deveria se originar mais da experimentação intrínseca ao fazer artístico do que da tirania de alguns críticos e galerias" — Regina Vater (VATER, Regina. Notes of Ambition. High Performance Magazine, n. 41-42, p. 71, Spring Summer 1988).
"Quando a arte é filosófica e poética, pode exercer um papel significativo, ajudando a restabelecer as nossas conexões perdidas com a natureza. Eu acredito que uma arte voltada para a ecologia deve ser capaz de despertar no espectador o sentimento de maravilhamento com relação ao sagrado da natureza.
Isto é o que tento transmitir quando crio. Sinto que a mitologia, com toda as suas imagens metafóricas e poéticas relativas à natureza, é uma fantástica fonte de inspiração por possuir o dom de tocar as pessoas num nível psicológico muito profundo.
O fator de eu ter nascido, ter sido criada e ter me formado culturalmente no Brasil, espontaneamente rodeada pelas influências das tradições indígenas e africanas, tem me permitido ver essas tradições como umas das últimas poderosas fontes no Ocidente que facilitam uma aproximação mítica e metafísica com a natureza. A qualidade prístina da natureza é a base de todos os rituais tanto da cultura africana quanto da indígena, porque para seus adeptos é no seio da natureza que as forcas cósmicas do sagrado residem e interagem.
Minhas instalações, fotos, vídeos e trabalhos em outras mídias estão freqüentemente conectados com esses veios de pensamento e poesia. Esta conexão é uma forma de reverência para com a sabedoria antiga, tão arrogantemente ignorada e espezinhada sob a dominação eurocêntrica passada e presente" — Regina Vater (VATER, Regina. The poetic and mythological crossroads of ecological art. Art Journal, New York, v. 51, n. 2, p. 25, Summer 1992).
Acervos
Austin Museum of Arts - Austin (Estados Unidos)
Bibliothèque Nationale - Paris (França)
Blanton Museum of the University of Texas at Austin - Austin (Estados Unidos)
Coleção de Vídeo da Biblioteca Municipal - Salvador BA
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Franklin Furnance Museum - Nova York (Estados Unidos)
Mexic-Arte Museum - Austin (Estados Unidos)
Museu da Imagem e do Som - MIS/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu da Imagem e do Som - MIS/SP - São Paulo SP
Museu de Arte Brasileira - MAB/Faap - São Paulo SP
Museu de Arte de Santa Catarina - Masc - Florianópolis SC
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Museum of Modern Art - Nova York (Estados Unidos)
San Antonio Museum of Art - San Antonio (Estados Unidos)
Southeast Museum of Photography - Daytona Beach (Estados Unidos)
The Ruth and Marvin Sackner Archive of Concrete and Visual Poetry - Miami Beach (Estados Unidos)
Video Annex/Long Beach Museum of Art - Califórnia (Estados Unidos)
Exposições Individuais
1964 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Alpendre
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Piccola Galeria, no Instituto Italiano de Cultura
1968 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Damarco Gallery
1968 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Delaparra
1973 - Rio de Janeiro - Individual, na Galeria Grupo-B
1973 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Mobile
1974 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Ar-Co
1975 - New Orleans (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da Loyola University
1975 - Nova York (Estados Unidos) - Tracks and Traces, na Galeria do Bleeker Cinema
1975 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1976 - São Paulo SP - Individual, no Gabinete de Artes Gráficas
1976 - São Paulo SP - Restos da Paisagem, no MAB/Faap
1977 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1977 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Arte Multiple
1977 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Galeria C-Space
1977 - São Paulo SP - Individual, no MAB/Faap
1978 - São Paulo SP - Veart, na Galeria Arte Global
1981 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Álbum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Eugenia Cucalon Gallery
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Parallel Window, Chelsea
1985 - Austin (Estados Unidos) - Black Installation for Silver Turtles, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1986 - Austin (Estados Unidos) - Individual, no Blanton Museum
1986 - Chicago (Estados Unidos) - Comigo Ninguém Pode, no Artist Book Works
1989 - Austin (Estados Unidos) - Individual, na Women & Their Work Gallery
1989 - Rosendale (Estados Unidos) - Individual, no Women Studio Workshop
1992 - Nova York (Estados Unidos) - Green, na The Donnell Library Center
1992 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Figueiredo
1993 - Daytona Beach (Estados Unidos) - Individual, no Southeast Museum of Photography
1993 - San Antonio (Estados Unidos) - Individual, na Carrington/Gallagher, Ltd. Fine Art
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retrotempo, no Ibeu Copacabana
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retrotempo, no Ibeu Madureira
1995 - São Paulo SP - Comigo Ninguém Pode, na Galeria Sesc Paulista
1997 - Austin (Estados Unidos) - Curandarte, na Women & Their Work Gallery
1999 - San Antonio (Estados Unidos) - Individual, na ArtPace Foundation
2000 - Natal RN - Individual, no Centro de Cultura da UFRN
2003 - Austin (Estados Unidos) - Sounds Good, na Book People
2003 - Austin (Estados Unidos) - Shellife, na Women & Their Work Gallery
2003 - Fortaleza CE - A Arte como Processo Xamânico, no Museu de Arte Contemporânea,
2007 - Rio de Janeiro RJ - Cultivare, no Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho - Castelinho do Flamengo
Exposições Coletivas
1961 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Novos da Petite Galerie, no Copacabana Palace
1961 - São Paulo SP - Mostra 11 do Rio, no Masp
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1965 - Rio de Janeiro RJ - Semana de Arte Contemporânea, na PUC/RJ
1966 - Belo Horizonte MG - 21º Salão de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte, no MAP
1966 - Brasília DF - 3º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1966 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Abril, no MAM/RJ
1966 - Rio de Janeiro RJ - Salão Air France, no MAM/RJ
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC - prêmio aquisição
1967 - Ouro Preto MG - 1º Salão Nacional do Desenho Brasileiro - 1º prêmio
1967 - Paris (França) - 5ª Bienal dos Jovens
1967 - Petrópolis RJ - 1º Salão Nacional de Pintura Jovem, no Hotel Quitandinha - premiada
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna
1967 - Rio de Janeiro RJ - 3º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1967 - Rio de Janeiro RJ - Representantes do Brasil na Bienal dos Jovens de Paris, na Galeria Bonino
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Pintura Jovem, na Piccola Galeria - prêmio em desenho
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão das Caixas, na Petite Galerie - prêmio aquisição
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional da Pintura Jovem - 1º prêmio em desenho
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - 1ª Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1968 - Campinas SP - 4º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1968 - Lima (Peru) - Bienal de Lima
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1970 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria do Ibeu
1970 - São Paulo SP - Jovem Desenho Contemporâneo, no MAC/USP
1971 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1972 - Rio de Janeiro RJ - 21º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao exterior
1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte Contemporânea, no MAP
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1974 - Londres (Inglaterra) - Coletiva, no Artist Meeting Place
1974 - São Paulo SP - 8º Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1975 - Buenos Aires (Argentina) - Fourth International Open Encounter on Video, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1975 - Buenos Aires (Argentina) - The Last International Exhibition of Mail Art' 75
1975 - Lund (Suécia) - Graphicien du Rio de la Plata, na Galaerie S. T. Petri - Institute of Art History of the University of Lund
1975 - Nova York (Estados Unidos) - First Post Card Show, na New York University
1975 - Rockford (Estados Unidos) - Exposição de Arte Conceitual, no Burpee Art Museum
1976 - Antuérpia (Bélgica) - Fifth International Open Encounter on Video, no International Cultural Centrun
1976 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños - Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1976 - Kassel (Alemanha) - Coletiva, na Bickard Botinelli Gallery
1976 - Montecatini (Itália) - Coletiva, no Spazio Alternative 2
1976 - São Paulo SP - 2º Multimedia, no MAC/USP
1976 - São Paulo SP - Aquisições e Doações Recentes, no MAC/USP
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1976 - Veneza (Itália) - 38ª Bienal de Veneza
1977 - Austin (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1977 - Barcelona (Espanha) - Latin-America 76, na Fundació Joan Miró
1977 - Costa Rica - La Decada de 70, na Universidad de Costa Rica
1977 - Little Rock (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision
1977 - Miami (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision
1977 - São Paulo SP - 14ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - Poéticas Visuais, no MAC/USP
1978 - Nova York (Estados Unidos) - Annual Group Show, na Nobè Gallery
1978 - Nova York (Estados Unidos) - Eight Assemblies, no Pratt Institute
1978 - Providence (Estados Unidos) - Pot Tv, na Amy Arts Center
1978 - São Paulo SP - 1º Encontro Internacional de Videoarte de São Paulo, no MIS/SP
1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap
1978 - São Paulo SP - Poucos e Raros, no Masp
1979 - Bialystock (Polônia) - Other Child Books, na Znak Gallery
1979 - Buenos Aires (Argentina) - 1ª Trienal Latinoamericana del Grabado, nas Salas Nacionales de Exposición
1979 - Mendonza (Argentina) - 1ª Trienal Latinoamericana del Grabado, no Museo de Arte Moderno
1979 - Nova York (Estados Unidos) - Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery
1979 - São Paulo SP - Cooperativa dos Artistas plásticos, na Pinacoteca do Estado
1979 - São Paulo SP - Multimídia Internacional, na ECA/USP
1980 - Nova York (Estados Unidos) - On the Shelf, na 14 Sculptors Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Ikon Logos, no Alternative Museum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Woman Artists, na Soho 20 Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Woman Artists, no Bronx Museum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Schemes: a decade of installation drawings, na Elise Meyer Inc
1981 - São Paulo SP - 16ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Spirits of Brazil, na Janapa Photography Gallery
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste. 1º Encontro Nacional dos Gravadores, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Zwolle (Holanda) - A White Sheet of Paper, na Zwolle Public Library
1983 - Carolina do Norte (Estados Unidos) - Traditions and Configurations, na Wake Forest University
1983 - Nova York (Estados Unidos) - 5th Annual Artists as Filmakers, na Air Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Artist's Books Show, Franklin Furnance
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Film as Installation, no P.S.1 Contemporary Art Center. Galeria do Clock Tower
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Hispanic Achievement, na Equitable Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Multiples by Latin-American Artists, Franklin Furnance
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - A Seqüência na Fotografia, na Arco Arte Contemporânea
1984 - Los Angeles (Estados Unidos) - Aqui, na University of South California. Fisher Gallery
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Carnival Knowledge, Franklin Furnance
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Message and Metaphor, no Art Awareness Gallery
1985 - Nova York (Estados Unidos) - Collaborations, no Alternative Museum
1985 - São Paulo SP - Artes Novos Meios/Multimeios - Brasil 1970-1980, na MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro de Artista no Brasil, no CCSP
1987 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Artists Living in New York since 1970, no Blanton Museum
1987 - Cuiabá MT - Artistas pela Natureza, na Casa de Cultura
1987 - Nova York (Estados Unidos) - Transmedia/Transculture, na Exit Art Gallery
1987 - São Paulo SP - Foto/Idéia, no MAC/USP
1987 - São Paulo SP - Palavra Imágica, no MAC/USP
1988 - Austin (Estados Unidos) - A Different Place, no Laguna Gloria Museum
1988 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Drawings from the Barbara Duncan Collection, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1988 - Houston (Estados Unidos) - 1st Texas Triennial, no Contemporary Arts Museum
1988 - Kansas (Estados Unidos) - Current Works, na Leedy-Voulkos Gallery
1988 - New Orleans (Estados Unidos) - Latin American Artists of the Southeast Costal Region, mostra itinerante organizada pelo Contemporary Arts Center of New Orleans
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Debt, na Exit Art Gallery
1988 - Ohio (Estados Unidos) - The Video Medium: an overview, no Geoffrey Taber Gallery
1988 - São Paulo SP - Civilidades da Selva: mitos e iconografias indígenas, no MAC/USP
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Here and There: travels part 2, no The Institute for Contemporary Art. The Clocktower Gallery
1990 - Birmingham (Inglaterra) - Transcontinental, na Ikon Gallery
1990 - El Paso (Estados Unidos) - 1st Texas Triennial Exhibition. Instalação de Regina Vater e Bill Lundberg, no Bridge Center for Contemporary Art
1990 - Houston (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Museu de Arte Contemporânea
1990 - Manchester (Inglaterra) - Transcontinental, na Corner House Gallery
1990 - Massachusets (Estados Unidos) - Poetics of Presence, na SMU Gallery, Southeastern Massachusets University
1990 - Nova York (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Pratt Institute
1991 - Atlanta (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Nexus Contemporary Arts Center
1991 - San Antonio (Estados Unidos) - The Revered Earth, na Blue Star Gallery
1991 - San Diego (Estados Unidos) - Counter-Colonialism, no Centro Cultural de la Raza
1991 - San Diego (Estados Unidos) - Latin American Drawings Today, San Diego Museum of Art
1991 - Tucson (Estados Unidos) - The Revered Earth, na Dinnerware Artists Cooperative
1992 - Antuérpia (Bélgica) - America, the Bride of the Sun, no Koninklijk National Royal Museum
1992 - Austin (Estados Unidos) - Installation, no Mexic-Arte Museum
1992 - Minesota (Estados Unidos) - Completing the Circle - Artists Books on the Environment, no Center for Art Books
1992 - Rio de Janeiro RJ - Regina Vater e Bill Lundberg, no Solar Grandjean de Montigny
1992 - São Paulo SP - Regina Vater e Bill Lunddberg, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Vozes da Diáspora, na Pinacoteca do Estado
1992 - São Paulo SP - Vozes dos Minerais, na Galeria Miriam Mamber
1993 - San Francisco (Estados Unidos) - Ceremony of Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no The Mexican Museum
1993 - Washington (Estados Unidos) - Ultramodern: the art of contemporary Brazil, no The National Museum of Women in the Arts
1994 - Austin (Estados Unidos) - Rethinking La Maliche, no Mexic-Arte Museum
1994 - Baltimore (Estados Unidos) - Rejoining the Spiritual: the land in contemporary latin american art, no Maryland Institute, College of Arts
1994 - Brasília DF - Arte Põe Gráfica, na Gibiteca Espaço Cultural, Fundação Cultural Ibac
1994 - Filadélfia (Estados Unidos) - Outside from Within: paper as sculpture, na The University of the Arts. Rosenwald-Woulf Gallery
1994 - New Paltz (Estados Unidos) - WSW XX Years - A Retrospective, na State University of New York at New Paltz
1994 - São Francisco (Estados Unidos) - Brazil by Brazilians, no Center of the Arts
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Austin (Estados Unidos) - Ceremony of the Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no Laguna Gloria Museum
1995 - Brasilia DF - Terra Brasília, no Espaço Cultural 508 Sul
1995 - El Paso (Estados Unidos) - Rethinking La Malinche, no Bridge Center for Contemporary Art
1995 - Natal RN - Mostra Nacional de Poesia Visual, na Galeria Conviv'Art/UFRN
1996 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Artists Books, no Mexic-Arte Museum
1996 - Nova York (Estados Unidos) - Ceremony of the Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no Harlem Studio Museum
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page. Livros de Artistas, no Paço das Artes
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Austin (Estados Unidos) - Sniper's Nest: art that has lived with Lucy Lippard, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1997 - Austin (Estados Unidos) - Voices and Visions, no Mexic-Arte Museum
1997 - Barra Mansa RJ - O Museu Visita a Galeria, no Centro Universitário de Barra Mansa
1999 - San Antonio (Estados Unidos) - Mostra do Programa de Artista em Residência da ArtPace Foundation
1999 - Wisconsin (Estados Unidos) - Home Altars: sacred space in the domestic realm, no John Michael Kohler Arts Center
2000 - Austin (Estados Unidos) - Exposição de Pequeno Formato, na Texas Fine Arts Association
2000 - Nova York (Estados Unidos) - The End: an independent vision of contemporary culture, 1982-2000, na Exit Art
2000 - São Paulo, SP - Arte Conceitual e Conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC/USP, na Galeria de Arte do Sesi
2001 - São Paulo SP - Cultura Brasileira 1, na Casa das Rosas
2002 - Austin (Estados Unidos) - Brazilian Visual Poetry, no Mexic-Arte Museum
2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Fotografias no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
2003 - Brasília DF - Artefoto, no CCBB
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Natureza Morta, no Espaço Cultural BM&F
2004 - São Paulo SP - Still Life / Natureza Morta, na Galeria de Arte do Sesi
2005 - Belém PA - 24º Salão Arte Pará 2005, na Fundação Romulo Maiorana
2007 - Rio de Janeiro RJ - Mais Precioso que Prata, na Caixa Cultural
2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP
2007 - São Paulo SP - Anos 70 - Arte como Questão, no Instituto Tomie Ohtake
Fonte: REGINA Vater. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 19 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia — Wikipédia
Vater nasceu em 1943, na cidade do Rio de Janeiro. A partir de 1958 estuda desenho e pintura com Frank Schaeffer, até o ano de 1962, e daí com Iberê Camargo até 1965. Durante essa época ela também estudou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, porém não chegou a concluir sua graduação. Em 1964, mesmo ano em que cessou seus estudos na universidade, realizou sua primeira exposição individual, na Galeria Alpendre. Em 1970 se mudou para São Paulo, onde trabalhou como assistente de direção de agências de publicidade. No ano de 1972, através de um prêmio da União Nacional de Arte Moderna, viajou para Nova York, onde trabalhou com o artista Hélio Oiticica e estudou serigrafia no Instituto Pratt.
No ano de 1974 vai morar em Paris, onde realiza um registro fotográfico dos atores da companhia de Ruth Escobar. Vater retorna ao Brasil no final da década de 1970, quando realiza um curso de super-8 na Escola Griffe, na cidade de São Paulo. Em 1980, como bolsista da Fundação Guggenheim, Vater volta para Nova York.
É casada com o artista Bill Lundberg e mora em Austin, Texas.
Exposições Individuais
1964: Exposição de estréia, Galeria Alpendre;
2017: Oxalá que Dê Bom Tempo, Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
Exposições Coletivas
1976: 37ª Bienal de Veneza;
2019: "Manjar", Solar dos Abacaxis.
Coleções Permanentes
As suas obras estão presentes em coleções de vários museus, nomeadamente:
National Library of France, Paris, França
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil
Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil
The Nelson A. Rockefeller Center for Latin American Art, San Antonio, Texas
The Blanton Museum of the University of Texas, Austin, Texas
The Ruth and Marvin Sackner Visual Poetry Archives, Miami, Florida
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 18 de julho de 2022.
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A boa arte de Regina Vater – SP Arte
Regina Vater (Rio de Janeiro, 1943) é a suma do que pode ser chamada de artista transmidiática: do lápis aos pincéis, de instalações a vídeos, Vater não se limita. A experimentação dita e acompanha os seus trabalhos, que não somente se baseiam em reflexões profundas e muitas vezes científicas, mas exigem de seu observador um exercício intelectual que leva seus discursos para casa.
O diálogo entre sociedade, natureza e tecnologia tem sido mote da sua arte nas últimas quatro décadas, e é a partir dele que Regina Vater debate sobre ecologia, religião e história e desbanca discursos estabelecidos sobre o corpo feminino e a presença brasileira no mundo.
“A Celebration for the GOoD Time“
Na retrospectiva em cartaz pela Galeria Jaqueline Martins, o visitante é recebido por “Oferenda ao ancestral” (1988) — trabalho inspirado no Kuarup, ritual que homenageia a memória dos mortos, celebrado tribos indígenas do Xingu brasileiro —, seguida de críticas à exploração predatória e consequente morte da natureza, como em “Nature Morte”, que ironiza a presença da fartura da natureza brasileira, ora lado a lado, ora contida em objetos de luxo e prataria.
Trabalhos sobre tempo e mortalidade introduzem a obra de Vater que, nos últimos pisos da galeria, faz uma figuração metaforizada de suas inspirações em crenças e tradições originárias e declara “Que saudade do Brasil”. O trajeto da artista culmina em uma crítica-lamento, com “Deus dá nozes a quem não tem dentes”. Vater encontra beleza nos mitos e crenças indígenas e africanos, se sente provocada pela suposta “malandragem” do jabuti, herói solar, e, finalmente, junta isso àquilo e idealiza a alma brasileira.
“O mundo é mágico, não é?”
Paula Nunes: Você escreve muito sobre como as suas instalações vão além de oposições entre natureza e cultura, buscando encontro e fusão entre arte e vida. Queria ouvir de você sobre isso.
Regina Vater: Bom, na minha opinião, tudo que se faz com um certo cuidado, com uma certa beleza… pra mim é arte. Como fazer uma comida maravilhosa, de apelo degustativo e colocá-la de uma maneira muito bonita na mesa, eu acho que é um ato de arte, uma performance. Deixar a sua casa de uma maneira muito agradável para quem entra ou para que você mesmo exista nela, acho que é uma maneira de fazer arte. Fiz um trabalho no início dos anos 1970 que se chamava “X-Range” onde fotografei várias casas, inclusive de artistas. Acho que viver em sua casa é ser artista em termos da sua própria existência, tá entendendo?
Não acho que tudo na arte é essa beleza convencional que nós ocidentais construímos, esse gosto, estética ocidental. A beleza pode vir de muitas maneiras. Por exemplo, quando Picasso fez Demoiselles D’avignon, ele foi buscar um outro tipo de beleza que era uma coisa feia para os ocidentais. As máscaras africanas não cabiam no padrão de beleza da estética ocidental, mas ele quis quebrar com aquilo.
Eu tenho até uma certa birra com ele. Ele não está interessado no que aquela estética traz, no conteúdo daquela estética. Porque as máscaras africanas não são feitas pra decoração, elas são feitas para rituais. Então ele não estava interessado na verdadeira cultura africana, ele tava interessado na embalagem da cultura africana.
Minha instalação “Golias”, que tá na galeria, tem a ver com isso.
Aliás eu acho que a boa arte é aquela que você entra no museu e leva pra casa. É aquela que você às vezes não consegue nem dormir porque fica pensando nela; e aquela você se lembra sempre porque ela te marcou, quer dizer, ela tem uma marca forte em você.
Paula Nunes: Você pode se aprofundar um pouco sobre essas influências e inspirações nas culturas indígena e africana no seu trabalho? Qual a sua relação com elas?
Regina Vater: Desde pequena, a coisa do tempo sempre me intrigou, por ser uma dimensão na qual a gente vive mas que não consegue explicar. Varia muito, é uma dimensão elástica. Eu fiz até um trabalho sobre isso em Paris, em 1974, chamado “Christmas Underground“
Essa minha curiosidade do que é do tempo desde a adolescência me levou mais tarde a ler sobre tempo, procurar investigar vários autores, Jorge Luis Borges, o Santo Agostinho, Heráclito. Aí eu me dei conta de que com certeza haveriam outras definições de tempo em outras culturas, e fui procurar investigar os mitos amazônicos.
“Para mim, tudo é lápis”
Paula Nunes: Sobre sua passagem para o vídeo e mídias digitais: o que te levou a esse lugar de criação? Como você explicaria essa passagem para obras e mídias digitais?
Regina Vater: Desde criança eu fui uma pessoa que adorava experimentar coisas, tentar uma coisa nova ou então me inspirar, algo assim! Quando tinha nove anos, fiz um jardim com as flores dos vasos da casa de mamãe. Tinha tido uma festa, a casa estava cheia de flores… eu abri a cera entre os assoalhos de madeira, enfiei as flores e quando minha mãe chegou eu tava regando.
Em arte eu nunca me contentei de ficar numa coisa só. Eu nunca me restringi. Qualquer técnica pra mim é um instrumento. Um vídeo pra mim é como um lápis. Arte é como ciência. É um campo onde você faz as suas indagações sobre a sua existência, sobre o mundo e a maneira como você vê as coisas. Então, a arte pra mim tem essa liberdade total.
Mas eu acho interessante tentar, digamos assim, violar o estabelecido. Pra mim, o que existe é um instrumento. Eu comecei usando lápis e pra mim tudo é lápis. Eu não vejo limitação não.
Paula Nunes: Pensando nessa liberdade de criar sobre o que você comenta, fico curiosa em relação a como que é seu processo de experimentação, e que foi vivido, eu imagino, junto com o Hélio Oiticica e outros artistas também.
Regina Vater: O Hélio foi um garantidor da minha liberdade. Até quando eu fiz o trabalho do coelho ele me deu a maior força. Ele disse “Genial”. Eu tive algumas parteiras na vida. Uma foi o Iberê, e a outra com certeza o Hélio – e a Lígia Clark também.
O Hélio foi uma pessoa que realmente abriu muito a minha cabeça. Ele disse: “Você tá na arte, a arte é o caminho da experimentação, você não tem nada que ficar em em regras acadêmicas e tal”. E realmente foi uma coisa que me deu muito fôlego.
Paula Nunes: Você comenta muito sobre beleza e a ligação da arte com a vida. Vejo um sentimento de reencantamento do mundo e, ao mesmo tempo, um de revolta nos seus trabalhos. Como você vê essas duas “vertentes” na sua obra?
Regina Vater: O meu modo de operar é tentar chegar às pessoas, à existência, seduzir pela beleza, mesmo de uma coisa cruel. Por exemplo nas “Nature morte”, que estão na galeria.
As fotografias, feitas entre 1987 e 1988, retratam restos de animais, as penas e peles e que Vater encara como “vestígios dessa tragédia que foi a colonização das Américas. […] Violenta mesmo. E muito hipócrita, uma coisa que destruía com uma face sorridente, amigável, essa coisa gentil… que nada! Os índios estão muito revoltados, com certeza. E têm toda a razão.”
Fonte: SP–Arte "A boa arte de Regina Vater", escrito por Paula Nunes, em 28 de setembro de 2021. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
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As matrizes africanas e indígenas na obra de Regina Vater
Mostra "A Celebration for the GOoD Time" traça um recorte de 40 anos na produção da artista/ativista que entende a natureza, o homem e suas ancestralidades como elementos indissociáveis
A Celebration for the GOoD Time, de Regina Vater, em cartaz na galeria Jaqueline Martins até 30 de outubro, simboliza o desejo da artista tanto por mudanças do atual governo brasileiro quanto da política no combate à Covid-19. Torna-se evidente a relação simbólica entre a festa/performance/ritual que dá nome à exposição – realizada em 1983 no Central Park, em Nova York, onde Regina morava – e o momento em que estamos. “Os Estados Unidos viviam um clima político e social pesado com o governo de Ronald Reagan. Para piorar, havia a debacle da arte, quando a má pintura dominava o mercado. Qualquer pessoa que pintasse mal virava um grande artista.”
O evento nova-iorquino foi organizado por ela no início da primavera como um renascimento, logo após um inverno rigoroso. O tempo, no Candomblé, é um orixá cujo símbolo é uma bandeira branca que tremula no topo da árvore da vida e assim foi feito no Central Park. Regina convidou os amigos artistas Antoni Miralda, Alison Knowles, Anne Twitty, Bill Lundberg (seu marido), Catalina Parra, Coco Gordon, Karen Bacon e Marylin Wood, entre outros, para se apresentarem vestidos de branco e contribuírem com arte e comida igualmente brancas. “Algumas pessoas foram convidadas e outras se aproximaram espontaneamente. Foi uma espécie de depuração geral, limpeza de uma época muito ruim.” O vídeo que é exibido na galeria, durante toda a mostra, transparece a alegria e a suavidade do evento, com clima despojado e de esperança.
O arco que abrange essa exposição são os 40 anos de produção de uma artista que viveu em várias cidades e países realizando trabalhos colaborativos contaminados pelo entorno. Obras datadas de 1980 a 2020 tomam os três andares da galeria com instalações, vídeos, fotografias, desenhos e objetos. Toda uma zona de enigma toma conta da instalação Rama Dourada, ligada a um dos primeiros romances da humanidade, a epopeia de Gilgamesh, um antigo poema épico. “A história conta que para adentrar o mundo subterrâneo, a deusa dá a Gilgamesh uma rama dourada como passaporte. Na Eneida acontece a mesma coisa, uma deusa também oferece a rama dourada a Eneias para penetrar no mundo das almas e dos mortos, para encontrar e obter ajuda de seu pai. O rito da árvore da rama dourada tem a ver com a Amazônia e os ritmos regenerativos da natureza.”
Odorico Mendes, tataravô de Regina, traduziu Virgílio e Homero. Na década de 1840, se exilou em Paris, onde estava seu amigo e poeta Gonçalves Dias. Eles decidiram voltar juntos para o Brasil, mas ocorreu uma fatalidade. “Meu tataravô morreu de tuberculose num trem em Marselha e o navio de Gonçalves Dias naufragou nas costas do Maranhão. Os dois estavam fadados à morte. Haroldo de Campos considerava a tradução dele a melhor já publicada.” Com fortes certezas culturais, históricas e afetivas, nessa instalação Regina homenageia de uma só vez a tradição poética da humanidade, o romance gerado por Gilgamesh e o tataravô.
A utopia contida nos trabalhos da artista amplia os limites do possível, como na instalação Deus dá nozes a quem não tem dentes, apoiada num dito com timbres da cultura popular muito falado entre os que se sentiram rejeitados pela sorte, ou a tiveram e não souberam aproveitá-la. Dezenas de nozes pintadas de dourado, simbolizando a riqueza, instaladas no piso da galeria, formam um tapete diante da frase escrita na parede, como se fosse um altar, uma alegoria presente não como organização da totalidade, mas como sintaxe de fragmentos.
Em outra obra, trabalhando uma estrutura ficcional narrativa, Regina apresenta Golias, uma instalação que nasce de um desenho realizado em 1985, quando ela e o marido deixavam Nova York para Bill Lundberg assumir o convite para ensinar na Universidade do Texas, em Austin. “Nesse ínterim fiz esses desenhos sobre os mitos amazônicos e essa tartaruga que acabei materializando em uma instalação na galeria Woman in the World, no Texas, que só expunha mulheres.” A artista sempre investiu no que considera importante, desde o material utilizado até o deslocamento físico. Suas obras são potencializadas pelas descobertas e desejos pessoais. A tartaruga, vinda de uma tribo indígena, ganha potência de ninja, recebe o nome de Golias, puxa cordas, que são cordas de um estilingue gigante que atravessa a galeria. Do outro lado da peça, uma grande pedra é enlaçada por essas cordas. O que desloca esse espírito de um lugar do campo intelectual para o outro é a imaginação.
Sobre o cenário da tartaruga, o teto da galeria exibe um olho pintado por Picasso, que é o olho dele. Nessa ficção narrativa, a tartaruga Golias desafia o gigante Picasso que o pintor se tornou. “A exemplo da tela Les Demoiselles d’Avignon, ele só pegou o invólucro africano, quer dizer, as dançarinas, sem se interessar pelo significado, conteúdo e simbologia das imagens daquelas mulheres e das narrativas nelas contidas. Picasso é o próprio colonizador que se apropria de uma cultura nativa. A tela Les Demoiselles d’Avignon hoje daria para resolver muitas dívidas de alguns países africanos. A cultura ocidental é uma cultura muito oportunista, que começa pelo descobrimento – que não foi descobrimento, foi uma invasão e usurpação das terras dos povos originários para gerar lucro aos europeus.” O otimismo não é um ponto destacado do discurso da artista sobre a história oficial. “Hoje tentam se redimir e começam uma releitura de vários episódios históricos, mas nem por isso vejo melhoras na situação dos indígenas ou dos afrodescendentes.”
A artista passou a se interessar pelas culturas arcaicas desde criança, quando teve a curiosidade de entender o tempo. “Um tempo para você é uma coisa, para um astronauta é outra completamente diferente.” Com essa reflexão ela entrou nessa ancestralidade para perguntar a eles o significado do tempo. “A tartaruga tem tudo a ver com isso, ela é um ser cósmico, é um sol que corre com a lua, é o dia que corre com a noite. E, na cultura afro-brasileira tem o Deus Tempo, que Caetano cantou: ‘Tempo, tempo, tempo, tempo’, que é uma bandeira branca.”
Regina pode mudar de territórios, cidades, continentes, mas sempre carrega dentro dela essa acumulação primitiva, a formação primeira de artista/ecologista, ativista/antropóloga afetada por uma humanidade em franca decadência. “Nossa vida é um repositório de experiências que depois se transmudam no trabalho que fazemos e se torna uma antena para o universo. Você também recebe as coisas, eterniza com o teu tempo, o chamado Zeitgeist (espírito da época) dos alemães. Quer dizer, tudo é divino e misterioso.”
Fonte: Arte Brasileiros, "As matrizes africanas e indígenas na obra de Regina Vater", escrito por Leonor Amarante, publicado em 2 de setembro de 2021. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
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Regina Vater – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Regina Vater participa de Composições para tempos insurgentes com a remontagem de duas obras: Para um tempo de guerra (1987) e Janaína (2007). A primeira, composta por cerca de 300 pães e pedras dispostas em espiral no chão, é acompanhada de um poema de César Vallejo. Neste trabalho, o que resta dos escombros e o que encerra a fome são colocados em paralelo, aproximando-se.
Janaína é uma instalação composta por pedras brancas, conchas e uma bacia de metal, organizadas em um círculo sobre uma superfície acima do chão. O título do trabalho remete a um dos diversos nomes usados na cultura afro-brasileira para referenciar Iemanjá. Os materiais que fazem parte da instalação, com origem do mar, também reforçam essa referência ao orixá ligado aos mares.
Artista multimídia, curadora e escritora, Regina Vater ingressou na faculdade de arquitetura da UFRJ em 1961, além de estudar com artistas como Frank Schaeffer e Iberê Camargo. Sua extensa produção, de natureza transmidiática e polissêmica, transita entre as novas figurações dos anos 1960, a arte conceitual e as experiências relacionais, construindo uma poética singular nas conexões entre arte e cultura, natureza e técnica.
Fonte: MAM Rio, textos escritos pelas equipes de educação e curadoria. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
Crédito fotográfico: MAM Rio, "Composições para tempos insurgentes Regina Vater". Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
Regina Maria da Motta Vater (Rio de Janeiro, 11 de maio de 1943), mais conhecida como Regina Vater, é uma arquiteta, desenhista, pintora, artista plástica, fotógrafa, produtora de televisão e curadora de arte brasileira. Formada em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Regina é uma artista ativista que entende a natureza, o homem e suas ancestralidades como elementos indissociáveis.
Biografia – Itaú Cultural
Regina Maria da Motta Vater estuda desenho e pintura no ateliê de Frank Schaeffer (1917), entre 1958 e 1962, e com Iberê Camargo (1914 - 1994), de 1962 até 1965, no Rio de Janeiro. No início da década de 1960, ingressa na Faculdade Nacional de Arquitetura, atual Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro - FAU/UFRJ, onde permanece até 1964, quando interrompe os estudos. Nesse ano, realizou sua primeira individual, na Galeria Alpendre, Rio de Janeiro. No início dos anos 1970, muda-se para São Paulo e atua como assistente de direção nas agências de publicidade DPZ e MPM. Em 1972, ganha o prêmio de viagem ao exterior, concedido pela União Nacional de Arte Moderna, e vai pela primeira vez para Nova York, onde mantém contato e realiza trabalho com Hélio Oiticica (1937 - 1980). Estuda silkscreen no Pratt Institute. Mora em Paris entre junho de 1974 e fevereiro de 1975. Realiza exposição individual em Nova York, na Galeria do Bleeker Cinema em 1975 e, de volta ao Brasil, faz curso de filme super-8, na Escola Griffe, em São Paulo. É autora, entre outros, dos livros infantis Tungo Tungo e Uma Amizade Bem Temperada, publicados no fim da década de 1970. Organiza a primeira exposição de arte contemporânea e experimental brasileira em Nova York: Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery, em 1979. Como bolsista da Fundação Guggenheim, retorna a Nova York, em 1980, para desenvolver pesquisas sobre instalações, iniciada em 1970. Em 1983, edita um número da revista Flue, publicada pelo Franklin Furnance Archives, dedicado à arte experimental produzida na América Latina. Três anos depois, passa a viver em Austin, Estados Unidos, com o marido, também artista, Bill Lundberg (1942). Em 1998, como integrante do programa de artista em residência da ArtPace Foundation, em San Antonio, Estados Unidos, cria cinco instalações e, no ano seguinte, as exibe nessa instituição. Em 2000, ministra palestra sobre a exposição Blurring the Boundaries, no Blanton Museum, em Austin. É curadora da exposição Brazilian Visual Poetry, com participação de 51 artistas, no Mexic-Arte Museum, Austin, 2002.
Análise
Regina Vater dedica-se inicialmente à pintura e ao desenho, passando, na década de 1970, a desenvolver trabalhos em diferentes suportes. Em 1978, passa a documentar fotograficamente a existência da planta Dieffembachia picta Schott (Comigo-ninguém-pode) na entrada de residências e estabelecimentos comerciais, trabalho que se origina de uma pesquisa sobre cultura popular. Posteriormente, adquire fotografias para carteira de identidade de pessoas das mais variadas idades e condições sociais. O material coletado permite a realização da instalação Comigo-Ninguém-Pode, 1988, a primeira de uma série que se estende até 1995.
Sua produção inclui vídeos, mail-art, livros de artista e poesia visual. Uma de suas temáticas mais constante é a reelaboração de elementos da cultura afro-brasileira e indígena, como nas instalações Retrotempo e Orora, ambas de 1995 ou Cosmologies, 1999. Já Camões' Feast [O Festim de Camões], 2002 é uma instalação baseada no poeta português Luís de Camões, na qual Regina Vater estabelece relações entre arte e poesia, apresentando uma seleção de poemas de autores brasileiros.
Críticas
"Uma das características da aventura artística de Regina Vater é o impulso transmidiático da sua criatividade. Entre a natureza e a tecnologia, o desenho e a textura, as artes plásticas e a poesia, o artesanato e o vídeo, evoca a linhagem de artistas transgressores como Duchamp ou Cage. Como eles, Regina está sempre, salutarmente, 'fora do lugar'. Autêntica 'outsider', está dentro e fora da ART - conceito que ela recons/des/truiu numa exposição do fim dos anos 70, montando e desmontando o vocábulo, da pregnância tridimensional ao bordado artesanal, do rabisco na praia à videoart, até chegar ao vazio-landscape que projeta o vocábulo binocularmente ao alcance do olho, para olhografar o mundo com olhos livres. Thou Art... Essa estratégia a levou, naturalmente, a privilegiar a instalação, ambiente que favorece o trânsito entre o estático e o cinético, o olhar e o andar, o artificial e o natural. A poesia sempre a inspirou, sugerindo-lhe 'imaginary landscapes' a partir do visionário poeta brasileiro, Souzândrade (1832-1902), que, em Nova York, flagrou, há um século, pré-poundianamente, os pregões da usura nas estrofes do 'Inferno de Wall Street'. Ezra Pound via em Arnaut Daniel o protótipo dos artistas-inventores. Por isso mesmo os poetas concretos brasileiros, da geração que antecedeu à de Regina, os elegeram - Pound e Arnaut, fundidos na palavra-enigma provençal 'noigandres' - paradigmas da contracorrente das poéticas visuais neste século. Mas, no seu rol de 'impossibilia' (amasso o ar, caço a lebre com boi, nado contra a maré), os versos trovadorescos escolhidos por Regina como um dos seus 'mottos', articulados com a temática poundiana da usura, parecem definir não só a obstinação do artista-inventor com a sua arte não-mercadológica. Insinuam também outra razão utópica que alimenta artistas como ela, cujas provocações criativas apostam na idéia generosa de que nalgum lugar-sem-lugar ainda será possível, contra a maré da egologia predatória, conciliar a ecologia e a tecnogia, o animal e a alma, o vídeo e a vida" — Augusto de Campos (CAMPOS, Augusto de. [Texto de apresentação]. In: VOICES and visions. Austin: Mexic-Arte Museum, 1997. [Texto escrito em 1996]).
"'Festim de Camões' celebra um mito da história da literatura portuguesa e a especial importância da poesia na cultura brasileira. Quem quer que tenha estado no Brasil deve ter notado que é comum se publicarem poemas nos jornais de primeira tiragem e que poesia tem o seu lugar garantido na cultura popular através das edições de Cordel, com as suas capas em xilogravura - num jeito jamais visto em outros países. A instalação de Regina - um simbólico tableau que representa o famoso banquete de Camões, no qual cada prato, quando revirado de boca para cima revelava um dos seus poemas, evoca o encanto do descobrir o ordinário, elevado ao nível de arte. Na versão por Regina, cada prato contém um poema de um poeta contemporâneo brasileiro, alimentando-nos o pensamento, além de nos prover com o conteúdo visual da instalação.
Regina Vater vem explorando a arte da instalação em formas bem diversas, tendo já produzido mais de 100 instalações desde 1970. Ela também tem sido uma prodigiosa criadora de poesia visual. Bem de família. O seu tataravô, Odorico Mendes, foi o primeiro tradutor de Homero para o português brasileiro, além de ser um poeta muito respeitado. Esta obra de Regina integra a palavra escrita nas suas estruturas visuais e físicas. As chaves visuais da instalação, as folhas de louro, os pratos negros, as rosas, evocam níveis de significados subjetivos que vão além das referências literais. E nós somos convidados a nos banquetear nos pensamentos desses famosos poetas brasileiros e viajar nas veredas de nossas próprias associações" — Bill Lundberg (LUNDBERG, Bill. O espírito da festa. In: VATER, Regina. Camões' Feast. Austin, 2002).
"É interessante observar como o Tempo e o Espaço sempre foram um tema central e constante na obra da artista, em termos de suas investigações pessoais e em seu trabalho, levando-a inicialmente a pesquisar e estudar os mitos da Amazônia, e em seguida, a outras cosmologias brasileiras e mundiais. Através de sua obra, a artista nos faz lembrar constantemente o quanto o mundo contemporâneo necessita dos conhecimentos contidos nessas cosmologias. Para a artista, as cosmologias são os verdadeiros repositórios da antiga sabedoria, fonte inestimável que amplia o horizonte de nossas almas. Os conhecimentos transmitidos por essas mitologias revelaram à artista a importância de uma visão espiritual na qual o ser humano é parte integrante da natureza, e não uma entidade externa destinada a subjugá-la a seu bel prazer. Em consequência de suas investigações sobre o tempo e o espaço, e de suas pesquisas sobre as mitologias e cosmologias antigas, Regina Vater compreendeu a importância de incorporar a ecologia como uma de suas principais preocupações e temas artísticos. Efetivamente, ela tem a seu crédito o fato de ser uma das primeiras artistas a lidar com o tema da ecologia, tendo participado do primeiro e mais importante evento internacional que tratou do assunto: a Bienal Internacional de Veneza de 1976.
(...)
Segundo as próprias palavras da artista: 'Meu trabalho tem a ver com idéias, com poesia e com uma maneira xamanística de abordar a arte. Para mim, qualquer tipo de arte, mesmo que de forma inconsciente, é um processo de contato com as forças criativas e regenerativas do universo'.
Na qualidade de um entre os muitos admiradores de seu trabalho, posso concluir somente constatando que, dentro do contexto atual de tanta arte e atitudes terminais, Regina Vater conta com toda a minha gratidão por compartilhar suas idéias provocadoras e os talentos que recebeu, contribuindo para criar uma Arte que nos arrebata pelo seu poder de inclusão orgânica à teia da vida" — Mario S. Mieli (MIELI, Mario S. "Cascavida" ou a arte como experiência da consciência. In: VATER, Regina. Shellife. Austin: Women & Their Work Gallery, 2003. [Texto escrito em Nova York, em 2003]).
Depoimentos
"A arte deveria ser tratada pelos meios de comunicação mais como uma maneira de pensar do que como mera diversão. Esta face oculta do discurso artístico deveria ser muito mais enfatizada do que a inefabilidade de formatos e formas.
(...)
A arte deveria se originar mais da experimentação intrínseca ao fazer artístico do que da tirania de alguns críticos e galerias" — Regina Vater (VATER, Regina. Notes of Ambition. High Performance Magazine, n. 41-42, p. 71, Spring Summer 1988).
"Quando a arte é filosófica e poética, pode exercer um papel significativo, ajudando a restabelecer as nossas conexões perdidas com a natureza. Eu acredito que uma arte voltada para a ecologia deve ser capaz de despertar no espectador o sentimento de maravilhamento com relação ao sagrado da natureza.
Isto é o que tento transmitir quando crio. Sinto que a mitologia, com toda as suas imagens metafóricas e poéticas relativas à natureza, é uma fantástica fonte de inspiração por possuir o dom de tocar as pessoas num nível psicológico muito profundo.
O fator de eu ter nascido, ter sido criada e ter me formado culturalmente no Brasil, espontaneamente rodeada pelas influências das tradições indígenas e africanas, tem me permitido ver essas tradições como umas das últimas poderosas fontes no Ocidente que facilitam uma aproximação mítica e metafísica com a natureza. A qualidade prístina da natureza é a base de todos os rituais tanto da cultura africana quanto da indígena, porque para seus adeptos é no seio da natureza que as forcas cósmicas do sagrado residem e interagem.
Minhas instalações, fotos, vídeos e trabalhos em outras mídias estão freqüentemente conectados com esses veios de pensamento e poesia. Esta conexão é uma forma de reverência para com a sabedoria antiga, tão arrogantemente ignorada e espezinhada sob a dominação eurocêntrica passada e presente" — Regina Vater (VATER, Regina. The poetic and mythological crossroads of ecological art. Art Journal, New York, v. 51, n. 2, p. 25, Summer 1992).
Acervos
Austin Museum of Arts - Austin (Estados Unidos)
Bibliothèque Nationale - Paris (França)
Blanton Museum of the University of Texas at Austin - Austin (Estados Unidos)
Coleção de Vídeo da Biblioteca Municipal - Salvador BA
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Franklin Furnance Museum - Nova York (Estados Unidos)
Mexic-Arte Museum - Austin (Estados Unidos)
Museu da Imagem e do Som - MIS/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu da Imagem e do Som - MIS/SP - São Paulo SP
Museu de Arte Brasileira - MAB/Faap - São Paulo SP
Museu de Arte de Santa Catarina - Masc - Florianópolis SC
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Museum of Modern Art - Nova York (Estados Unidos)
San Antonio Museum of Art - San Antonio (Estados Unidos)
Southeast Museum of Photography - Daytona Beach (Estados Unidos)
The Ruth and Marvin Sackner Archive of Concrete and Visual Poetry - Miami Beach (Estados Unidos)
Video Annex/Long Beach Museum of Art - Califórnia (Estados Unidos)
Exposições Individuais
1964 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Alpendre
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Piccola Galeria, no Instituto Italiano de Cultura
1968 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Damarco Gallery
1968 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Delaparra
1973 - Rio de Janeiro - Individual, na Galeria Grupo-B
1973 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Mobile
1974 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Ar-Co
1975 - New Orleans (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da Loyola University
1975 - Nova York (Estados Unidos) - Tracks and Traces, na Galeria do Bleeker Cinema
1975 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1976 - São Paulo SP - Individual, no Gabinete de Artes Gráficas
1976 - São Paulo SP - Restos da Paisagem, no MAB/Faap
1977 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1977 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Arte Multiple
1977 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Galeria C-Space
1977 - São Paulo SP - Individual, no MAB/Faap
1978 - São Paulo SP - Veart, na Galeria Arte Global
1981 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Álbum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Eugenia Cucalon Gallery
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Parallel Window, Chelsea
1985 - Austin (Estados Unidos) - Black Installation for Silver Turtles, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1986 - Austin (Estados Unidos) - Individual, no Blanton Museum
1986 - Chicago (Estados Unidos) - Comigo Ninguém Pode, no Artist Book Works
1989 - Austin (Estados Unidos) - Individual, na Women & Their Work Gallery
1989 - Rosendale (Estados Unidos) - Individual, no Women Studio Workshop
1992 - Nova York (Estados Unidos) - Green, na The Donnell Library Center
1992 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Figueiredo
1993 - Daytona Beach (Estados Unidos) - Individual, no Southeast Museum of Photography
1993 - San Antonio (Estados Unidos) - Individual, na Carrington/Gallagher, Ltd. Fine Art
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retrotempo, no Ibeu Copacabana
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retrotempo, no Ibeu Madureira
1995 - São Paulo SP - Comigo Ninguém Pode, na Galeria Sesc Paulista
1997 - Austin (Estados Unidos) - Curandarte, na Women & Their Work Gallery
1999 - San Antonio (Estados Unidos) - Individual, na ArtPace Foundation
2000 - Natal RN - Individual, no Centro de Cultura da UFRN
2003 - Austin (Estados Unidos) - Sounds Good, na Book People
2003 - Austin (Estados Unidos) - Shellife, na Women & Their Work Gallery
2003 - Fortaleza CE - A Arte como Processo Xamânico, no Museu de Arte Contemporânea,
2007 - Rio de Janeiro RJ - Cultivare, no Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho - Castelinho do Flamengo
Exposições Coletivas
1961 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Novos da Petite Galerie, no Copacabana Palace
1961 - São Paulo SP - Mostra 11 do Rio, no Masp
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1965 - Rio de Janeiro RJ - Semana de Arte Contemporânea, na PUC/RJ
1966 - Belo Horizonte MG - 21º Salão de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte, no MAP
1966 - Brasília DF - 3º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1966 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Abril, no MAM/RJ
1966 - Rio de Janeiro RJ - Salão Air France, no MAM/RJ
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC - prêmio aquisição
1967 - Ouro Preto MG - 1º Salão Nacional do Desenho Brasileiro - 1º prêmio
1967 - Paris (França) - 5ª Bienal dos Jovens
1967 - Petrópolis RJ - 1º Salão Nacional de Pintura Jovem, no Hotel Quitandinha - premiada
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna
1967 - Rio de Janeiro RJ - 3º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1967 - Rio de Janeiro RJ - Representantes do Brasil na Bienal dos Jovens de Paris, na Galeria Bonino
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Pintura Jovem, na Piccola Galeria - prêmio em desenho
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão das Caixas, na Petite Galerie - prêmio aquisição
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional da Pintura Jovem - 1º prêmio em desenho
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - 1ª Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1968 - Campinas SP - 4º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1968 - Lima (Peru) - Bienal de Lima
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1970 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria do Ibeu
1970 - São Paulo SP - Jovem Desenho Contemporâneo, no MAC/USP
1971 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1972 - Rio de Janeiro RJ - 21º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao exterior
1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte Contemporânea, no MAP
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1974 - Londres (Inglaterra) - Coletiva, no Artist Meeting Place
1974 - São Paulo SP - 8º Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1975 - Buenos Aires (Argentina) - Fourth International Open Encounter on Video, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1975 - Buenos Aires (Argentina) - The Last International Exhibition of Mail Art' 75
1975 - Lund (Suécia) - Graphicien du Rio de la Plata, na Galaerie S. T. Petri - Institute of Art History of the University of Lund
1975 - Nova York (Estados Unidos) - First Post Card Show, na New York University
1975 - Rockford (Estados Unidos) - Exposição de Arte Conceitual, no Burpee Art Museum
1976 - Antuérpia (Bélgica) - Fifth International Open Encounter on Video, no International Cultural Centrun
1976 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños - Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1976 - Kassel (Alemanha) - Coletiva, na Bickard Botinelli Gallery
1976 - Montecatini (Itália) - Coletiva, no Spazio Alternative 2
1976 - São Paulo SP - 2º Multimedia, no MAC/USP
1976 - São Paulo SP - Aquisições e Doações Recentes, no MAC/USP
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1976 - Veneza (Itália) - 38ª Bienal de Veneza
1977 - Austin (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1977 - Barcelona (Espanha) - Latin-America 76, na Fundació Joan Miró
1977 - Costa Rica - La Decada de 70, na Universidad de Costa Rica
1977 - Little Rock (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision
1977 - Miami (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision
1977 - São Paulo SP - 14ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - Poéticas Visuais, no MAC/USP
1978 - Nova York (Estados Unidos) - Annual Group Show, na Nobè Gallery
1978 - Nova York (Estados Unidos) - Eight Assemblies, no Pratt Institute
1978 - Providence (Estados Unidos) - Pot Tv, na Amy Arts Center
1978 - São Paulo SP - 1º Encontro Internacional de Videoarte de São Paulo, no MIS/SP
1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap
1978 - São Paulo SP - Poucos e Raros, no Masp
1979 - Bialystock (Polônia) - Other Child Books, na Znak Gallery
1979 - Buenos Aires (Argentina) - 1ª Trienal Latinoamericana del Grabado, nas Salas Nacionales de Exposición
1979 - Mendonza (Argentina) - 1ª Trienal Latinoamericana del Grabado, no Museo de Arte Moderno
1979 - Nova York (Estados Unidos) - Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery
1979 - São Paulo SP - Cooperativa dos Artistas plásticos, na Pinacoteca do Estado
1979 - São Paulo SP - Multimídia Internacional, na ECA/USP
1980 - Nova York (Estados Unidos) - On the Shelf, na 14 Sculptors Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Ikon Logos, no Alternative Museum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Woman Artists, na Soho 20 Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Woman Artists, no Bronx Museum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Schemes: a decade of installation drawings, na Elise Meyer Inc
1981 - São Paulo SP - 16ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Spirits of Brazil, na Janapa Photography Gallery
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste. 1º Encontro Nacional dos Gravadores, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Zwolle (Holanda) - A White Sheet of Paper, na Zwolle Public Library
1983 - Carolina do Norte (Estados Unidos) - Traditions and Configurations, na Wake Forest University
1983 - Nova York (Estados Unidos) - 5th Annual Artists as Filmakers, na Air Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Artist's Books Show, Franklin Furnance
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Film as Installation, no P.S.1 Contemporary Art Center. Galeria do Clock Tower
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Hispanic Achievement, na Equitable Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Multiples by Latin-American Artists, Franklin Furnance
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - A Seqüência na Fotografia, na Arco Arte Contemporânea
1984 - Los Angeles (Estados Unidos) - Aqui, na University of South California. Fisher Gallery
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Carnival Knowledge, Franklin Furnance
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Message and Metaphor, no Art Awareness Gallery
1985 - Nova York (Estados Unidos) - Collaborations, no Alternative Museum
1985 - São Paulo SP - Artes Novos Meios/Multimeios - Brasil 1970-1980, na MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro de Artista no Brasil, no CCSP
1987 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Artists Living in New York since 1970, no Blanton Museum
1987 - Cuiabá MT - Artistas pela Natureza, na Casa de Cultura
1987 - Nova York (Estados Unidos) - Transmedia/Transculture, na Exit Art Gallery
1987 - São Paulo SP - Foto/Idéia, no MAC/USP
1987 - São Paulo SP - Palavra Imágica, no MAC/USP
1988 - Austin (Estados Unidos) - A Different Place, no Laguna Gloria Museum
1988 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Drawings from the Barbara Duncan Collection, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1988 - Houston (Estados Unidos) - 1st Texas Triennial, no Contemporary Arts Museum
1988 - Kansas (Estados Unidos) - Current Works, na Leedy-Voulkos Gallery
1988 - New Orleans (Estados Unidos) - Latin American Artists of the Southeast Costal Region, mostra itinerante organizada pelo Contemporary Arts Center of New Orleans
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Debt, na Exit Art Gallery
1988 - Ohio (Estados Unidos) - The Video Medium: an overview, no Geoffrey Taber Gallery
1988 - São Paulo SP - Civilidades da Selva: mitos e iconografias indígenas, no MAC/USP
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Here and There: travels part 2, no The Institute for Contemporary Art. The Clocktower Gallery
1990 - Birmingham (Inglaterra) - Transcontinental, na Ikon Gallery
1990 - El Paso (Estados Unidos) - 1st Texas Triennial Exhibition. Instalação de Regina Vater e Bill Lundberg, no Bridge Center for Contemporary Art
1990 - Houston (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Museu de Arte Contemporânea
1990 - Manchester (Inglaterra) - Transcontinental, na Corner House Gallery
1990 - Massachusets (Estados Unidos) - Poetics of Presence, na SMU Gallery, Southeastern Massachusets University
1990 - Nova York (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Pratt Institute
1991 - Atlanta (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Nexus Contemporary Arts Center
1991 - San Antonio (Estados Unidos) - The Revered Earth, na Blue Star Gallery
1991 - San Diego (Estados Unidos) - Counter-Colonialism, no Centro Cultural de la Raza
1991 - San Diego (Estados Unidos) - Latin American Drawings Today, San Diego Museum of Art
1991 - Tucson (Estados Unidos) - The Revered Earth, na Dinnerware Artists Cooperative
1992 - Antuérpia (Bélgica) - America, the Bride of the Sun, no Koninklijk National Royal Museum
1992 - Austin (Estados Unidos) - Installation, no Mexic-Arte Museum
1992 - Minesota (Estados Unidos) - Completing the Circle - Artists Books on the Environment, no Center for Art Books
1992 - Rio de Janeiro RJ - Regina Vater e Bill Lundberg, no Solar Grandjean de Montigny
1992 - São Paulo SP - Regina Vater e Bill Lunddberg, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Vozes da Diáspora, na Pinacoteca do Estado
1992 - São Paulo SP - Vozes dos Minerais, na Galeria Miriam Mamber
1993 - San Francisco (Estados Unidos) - Ceremony of Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no The Mexican Museum
1993 - Washington (Estados Unidos) - Ultramodern: the art of contemporary Brazil, no The National Museum of Women in the Arts
1994 - Austin (Estados Unidos) - Rethinking La Maliche, no Mexic-Arte Museum
1994 - Baltimore (Estados Unidos) - Rejoining the Spiritual: the land in contemporary latin american art, no Maryland Institute, College of Arts
1994 - Brasília DF - Arte Põe Gráfica, na Gibiteca Espaço Cultural, Fundação Cultural Ibac
1994 - Filadélfia (Estados Unidos) - Outside from Within: paper as sculpture, na The University of the Arts. Rosenwald-Woulf Gallery
1994 - New Paltz (Estados Unidos) - WSW XX Years - A Retrospective, na State University of New York at New Paltz
1994 - São Francisco (Estados Unidos) - Brazil by Brazilians, no Center of the Arts
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Austin (Estados Unidos) - Ceremony of the Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no Laguna Gloria Museum
1995 - Brasilia DF - Terra Brasília, no Espaço Cultural 508 Sul
1995 - El Paso (Estados Unidos) - Rethinking La Malinche, no Bridge Center for Contemporary Art
1995 - Natal RN - Mostra Nacional de Poesia Visual, na Galeria Conviv'Art/UFRN
1996 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Artists Books, no Mexic-Arte Museum
1996 - Nova York (Estados Unidos) - Ceremony of the Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no Harlem Studio Museum
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page. Livros de Artistas, no Paço das Artes
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Austin (Estados Unidos) - Sniper's Nest: art that has lived with Lucy Lippard, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1997 - Austin (Estados Unidos) - Voices and Visions, no Mexic-Arte Museum
1997 - Barra Mansa RJ - O Museu Visita a Galeria, no Centro Universitário de Barra Mansa
1999 - San Antonio (Estados Unidos) - Mostra do Programa de Artista em Residência da ArtPace Foundation
1999 - Wisconsin (Estados Unidos) - Home Altars: sacred space in the domestic realm, no John Michael Kohler Arts Center
2000 - Austin (Estados Unidos) - Exposição de Pequeno Formato, na Texas Fine Arts Association
2000 - Nova York (Estados Unidos) - The End: an independent vision of contemporary culture, 1982-2000, na Exit Art
2000 - São Paulo, SP - Arte Conceitual e Conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC/USP, na Galeria de Arte do Sesi
2001 - São Paulo SP - Cultura Brasileira 1, na Casa das Rosas
2002 - Austin (Estados Unidos) - Brazilian Visual Poetry, no Mexic-Arte Museum
2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Fotografias no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
2003 - Brasília DF - Artefoto, no CCBB
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Natureza Morta, no Espaço Cultural BM&F
2004 - São Paulo SP - Still Life / Natureza Morta, na Galeria de Arte do Sesi
2005 - Belém PA - 24º Salão Arte Pará 2005, na Fundação Romulo Maiorana
2007 - Rio de Janeiro RJ - Mais Precioso que Prata, na Caixa Cultural
2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP
2007 - São Paulo SP - Anos 70 - Arte como Questão, no Instituto Tomie Ohtake
Fonte: REGINA Vater. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 19 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia — Wikipédia
Vater nasceu em 1943, na cidade do Rio de Janeiro. A partir de 1958 estuda desenho e pintura com Frank Schaeffer, até o ano de 1962, e daí com Iberê Camargo até 1965. Durante essa época ela também estudou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, porém não chegou a concluir sua graduação. Em 1964, mesmo ano em que cessou seus estudos na universidade, realizou sua primeira exposição individual, na Galeria Alpendre. Em 1970 se mudou para São Paulo, onde trabalhou como assistente de direção de agências de publicidade. No ano de 1972, através de um prêmio da União Nacional de Arte Moderna, viajou para Nova York, onde trabalhou com o artista Hélio Oiticica e estudou serigrafia no Instituto Pratt.
No ano de 1974 vai morar em Paris, onde realiza um registro fotográfico dos atores da companhia de Ruth Escobar. Vater retorna ao Brasil no final da década de 1970, quando realiza um curso de super-8 na Escola Griffe, na cidade de São Paulo. Em 1980, como bolsista da Fundação Guggenheim, Vater volta para Nova York.
É casada com o artista Bill Lundberg e mora em Austin, Texas.
Exposições Individuais
1964: Exposição de estréia, Galeria Alpendre;
2017: Oxalá que Dê Bom Tempo, Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
Exposições Coletivas
1976: 37ª Bienal de Veneza;
2019: "Manjar", Solar dos Abacaxis.
Coleções Permanentes
As suas obras estão presentes em coleções de vários museus, nomeadamente:
National Library of France, Paris, França
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil
Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil
The Nelson A. Rockefeller Center for Latin American Art, San Antonio, Texas
The Blanton Museum of the University of Texas, Austin, Texas
The Ruth and Marvin Sackner Visual Poetry Archives, Miami, Florida
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 18 de julho de 2022.
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A boa arte de Regina Vater – SP Arte
Regina Vater (Rio de Janeiro, 1943) é a suma do que pode ser chamada de artista transmidiática: do lápis aos pincéis, de instalações a vídeos, Vater não se limita. A experimentação dita e acompanha os seus trabalhos, que não somente se baseiam em reflexões profundas e muitas vezes científicas, mas exigem de seu observador um exercício intelectual que leva seus discursos para casa.
O diálogo entre sociedade, natureza e tecnologia tem sido mote da sua arte nas últimas quatro décadas, e é a partir dele que Regina Vater debate sobre ecologia, religião e história e desbanca discursos estabelecidos sobre o corpo feminino e a presença brasileira no mundo.
“A Celebration for the GOoD Time“
Na retrospectiva em cartaz pela Galeria Jaqueline Martins, o visitante é recebido por “Oferenda ao ancestral” (1988) — trabalho inspirado no Kuarup, ritual que homenageia a memória dos mortos, celebrado tribos indígenas do Xingu brasileiro —, seguida de críticas à exploração predatória e consequente morte da natureza, como em “Nature Morte”, que ironiza a presença da fartura da natureza brasileira, ora lado a lado, ora contida em objetos de luxo e prataria.
Trabalhos sobre tempo e mortalidade introduzem a obra de Vater que, nos últimos pisos da galeria, faz uma figuração metaforizada de suas inspirações em crenças e tradições originárias e declara “Que saudade do Brasil”. O trajeto da artista culmina em uma crítica-lamento, com “Deus dá nozes a quem não tem dentes”. Vater encontra beleza nos mitos e crenças indígenas e africanos, se sente provocada pela suposta “malandragem” do jabuti, herói solar, e, finalmente, junta isso àquilo e idealiza a alma brasileira.
“O mundo é mágico, não é?”
Paula Nunes: Você escreve muito sobre como as suas instalações vão além de oposições entre natureza e cultura, buscando encontro e fusão entre arte e vida. Queria ouvir de você sobre isso.
Regina Vater: Bom, na minha opinião, tudo que se faz com um certo cuidado, com uma certa beleza… pra mim é arte. Como fazer uma comida maravilhosa, de apelo degustativo e colocá-la de uma maneira muito bonita na mesa, eu acho que é um ato de arte, uma performance. Deixar a sua casa de uma maneira muito agradável para quem entra ou para que você mesmo exista nela, acho que é uma maneira de fazer arte. Fiz um trabalho no início dos anos 1970 que se chamava “X-Range” onde fotografei várias casas, inclusive de artistas. Acho que viver em sua casa é ser artista em termos da sua própria existência, tá entendendo?
Não acho que tudo na arte é essa beleza convencional que nós ocidentais construímos, esse gosto, estética ocidental. A beleza pode vir de muitas maneiras. Por exemplo, quando Picasso fez Demoiselles D’avignon, ele foi buscar um outro tipo de beleza que era uma coisa feia para os ocidentais. As máscaras africanas não cabiam no padrão de beleza da estética ocidental, mas ele quis quebrar com aquilo.
Eu tenho até uma certa birra com ele. Ele não está interessado no que aquela estética traz, no conteúdo daquela estética. Porque as máscaras africanas não são feitas pra decoração, elas são feitas para rituais. Então ele não estava interessado na verdadeira cultura africana, ele tava interessado na embalagem da cultura africana.
Minha instalação “Golias”, que tá na galeria, tem a ver com isso.
Aliás eu acho que a boa arte é aquela que você entra no museu e leva pra casa. É aquela que você às vezes não consegue nem dormir porque fica pensando nela; e aquela você se lembra sempre porque ela te marcou, quer dizer, ela tem uma marca forte em você.
Paula Nunes: Você pode se aprofundar um pouco sobre essas influências e inspirações nas culturas indígena e africana no seu trabalho? Qual a sua relação com elas?
Regina Vater: Desde pequena, a coisa do tempo sempre me intrigou, por ser uma dimensão na qual a gente vive mas que não consegue explicar. Varia muito, é uma dimensão elástica. Eu fiz até um trabalho sobre isso em Paris, em 1974, chamado “Christmas Underground“
Essa minha curiosidade do que é do tempo desde a adolescência me levou mais tarde a ler sobre tempo, procurar investigar vários autores, Jorge Luis Borges, o Santo Agostinho, Heráclito. Aí eu me dei conta de que com certeza haveriam outras definições de tempo em outras culturas, e fui procurar investigar os mitos amazônicos.
“Para mim, tudo é lápis”
Paula Nunes: Sobre sua passagem para o vídeo e mídias digitais: o que te levou a esse lugar de criação? Como você explicaria essa passagem para obras e mídias digitais?
Regina Vater: Desde criança eu fui uma pessoa que adorava experimentar coisas, tentar uma coisa nova ou então me inspirar, algo assim! Quando tinha nove anos, fiz um jardim com as flores dos vasos da casa de mamãe. Tinha tido uma festa, a casa estava cheia de flores… eu abri a cera entre os assoalhos de madeira, enfiei as flores e quando minha mãe chegou eu tava regando.
Em arte eu nunca me contentei de ficar numa coisa só. Eu nunca me restringi. Qualquer técnica pra mim é um instrumento. Um vídeo pra mim é como um lápis. Arte é como ciência. É um campo onde você faz as suas indagações sobre a sua existência, sobre o mundo e a maneira como você vê as coisas. Então, a arte pra mim tem essa liberdade total.
Mas eu acho interessante tentar, digamos assim, violar o estabelecido. Pra mim, o que existe é um instrumento. Eu comecei usando lápis e pra mim tudo é lápis. Eu não vejo limitação não.
Paula Nunes: Pensando nessa liberdade de criar sobre o que você comenta, fico curiosa em relação a como que é seu processo de experimentação, e que foi vivido, eu imagino, junto com o Hélio Oiticica e outros artistas também.
Regina Vater: O Hélio foi um garantidor da minha liberdade. Até quando eu fiz o trabalho do coelho ele me deu a maior força. Ele disse “Genial”. Eu tive algumas parteiras na vida. Uma foi o Iberê, e a outra com certeza o Hélio – e a Lígia Clark também.
O Hélio foi uma pessoa que realmente abriu muito a minha cabeça. Ele disse: “Você tá na arte, a arte é o caminho da experimentação, você não tem nada que ficar em em regras acadêmicas e tal”. E realmente foi uma coisa que me deu muito fôlego.
Paula Nunes: Você comenta muito sobre beleza e a ligação da arte com a vida. Vejo um sentimento de reencantamento do mundo e, ao mesmo tempo, um de revolta nos seus trabalhos. Como você vê essas duas “vertentes” na sua obra?
Regina Vater: O meu modo de operar é tentar chegar às pessoas, à existência, seduzir pela beleza, mesmo de uma coisa cruel. Por exemplo nas “Nature morte”, que estão na galeria.
As fotografias, feitas entre 1987 e 1988, retratam restos de animais, as penas e peles e que Vater encara como “vestígios dessa tragédia que foi a colonização das Américas. […] Violenta mesmo. E muito hipócrita, uma coisa que destruía com uma face sorridente, amigável, essa coisa gentil… que nada! Os índios estão muito revoltados, com certeza. E têm toda a razão.”
Fonte: SP–Arte "A boa arte de Regina Vater", escrito por Paula Nunes, em 28 de setembro de 2021. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
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As matrizes africanas e indígenas na obra de Regina Vater
Mostra "A Celebration for the GOoD Time" traça um recorte de 40 anos na produção da artista/ativista que entende a natureza, o homem e suas ancestralidades como elementos indissociáveis
A Celebration for the GOoD Time, de Regina Vater, em cartaz na galeria Jaqueline Martins até 30 de outubro, simboliza o desejo da artista tanto por mudanças do atual governo brasileiro quanto da política no combate à Covid-19. Torna-se evidente a relação simbólica entre a festa/performance/ritual que dá nome à exposição – realizada em 1983 no Central Park, em Nova York, onde Regina morava – e o momento em que estamos. “Os Estados Unidos viviam um clima político e social pesado com o governo de Ronald Reagan. Para piorar, havia a debacle da arte, quando a má pintura dominava o mercado. Qualquer pessoa que pintasse mal virava um grande artista.”
O evento nova-iorquino foi organizado por ela no início da primavera como um renascimento, logo após um inverno rigoroso. O tempo, no Candomblé, é um orixá cujo símbolo é uma bandeira branca que tremula no topo da árvore da vida e assim foi feito no Central Park. Regina convidou os amigos artistas Antoni Miralda, Alison Knowles, Anne Twitty, Bill Lundberg (seu marido), Catalina Parra, Coco Gordon, Karen Bacon e Marylin Wood, entre outros, para se apresentarem vestidos de branco e contribuírem com arte e comida igualmente brancas. “Algumas pessoas foram convidadas e outras se aproximaram espontaneamente. Foi uma espécie de depuração geral, limpeza de uma época muito ruim.” O vídeo que é exibido na galeria, durante toda a mostra, transparece a alegria e a suavidade do evento, com clima despojado e de esperança.
O arco que abrange essa exposição são os 40 anos de produção de uma artista que viveu em várias cidades e países realizando trabalhos colaborativos contaminados pelo entorno. Obras datadas de 1980 a 2020 tomam os três andares da galeria com instalações, vídeos, fotografias, desenhos e objetos. Toda uma zona de enigma toma conta da instalação Rama Dourada, ligada a um dos primeiros romances da humanidade, a epopeia de Gilgamesh, um antigo poema épico. “A história conta que para adentrar o mundo subterrâneo, a deusa dá a Gilgamesh uma rama dourada como passaporte. Na Eneida acontece a mesma coisa, uma deusa também oferece a rama dourada a Eneias para penetrar no mundo das almas e dos mortos, para encontrar e obter ajuda de seu pai. O rito da árvore da rama dourada tem a ver com a Amazônia e os ritmos regenerativos da natureza.”
Odorico Mendes, tataravô de Regina, traduziu Virgílio e Homero. Na década de 1840, se exilou em Paris, onde estava seu amigo e poeta Gonçalves Dias. Eles decidiram voltar juntos para o Brasil, mas ocorreu uma fatalidade. “Meu tataravô morreu de tuberculose num trem em Marselha e o navio de Gonçalves Dias naufragou nas costas do Maranhão. Os dois estavam fadados à morte. Haroldo de Campos considerava a tradução dele a melhor já publicada.” Com fortes certezas culturais, históricas e afetivas, nessa instalação Regina homenageia de uma só vez a tradição poética da humanidade, o romance gerado por Gilgamesh e o tataravô.
A utopia contida nos trabalhos da artista amplia os limites do possível, como na instalação Deus dá nozes a quem não tem dentes, apoiada num dito com timbres da cultura popular muito falado entre os que se sentiram rejeitados pela sorte, ou a tiveram e não souberam aproveitá-la. Dezenas de nozes pintadas de dourado, simbolizando a riqueza, instaladas no piso da galeria, formam um tapete diante da frase escrita na parede, como se fosse um altar, uma alegoria presente não como organização da totalidade, mas como sintaxe de fragmentos.
Em outra obra, trabalhando uma estrutura ficcional narrativa, Regina apresenta Golias, uma instalação que nasce de um desenho realizado em 1985, quando ela e o marido deixavam Nova York para Bill Lundberg assumir o convite para ensinar na Universidade do Texas, em Austin. “Nesse ínterim fiz esses desenhos sobre os mitos amazônicos e essa tartaruga que acabei materializando em uma instalação na galeria Woman in the World, no Texas, que só expunha mulheres.” A artista sempre investiu no que considera importante, desde o material utilizado até o deslocamento físico. Suas obras são potencializadas pelas descobertas e desejos pessoais. A tartaruga, vinda de uma tribo indígena, ganha potência de ninja, recebe o nome de Golias, puxa cordas, que são cordas de um estilingue gigante que atravessa a galeria. Do outro lado da peça, uma grande pedra é enlaçada por essas cordas. O que desloca esse espírito de um lugar do campo intelectual para o outro é a imaginação.
Sobre o cenário da tartaruga, o teto da galeria exibe um olho pintado por Picasso, que é o olho dele. Nessa ficção narrativa, a tartaruga Golias desafia o gigante Picasso que o pintor se tornou. “A exemplo da tela Les Demoiselles d’Avignon, ele só pegou o invólucro africano, quer dizer, as dançarinas, sem se interessar pelo significado, conteúdo e simbologia das imagens daquelas mulheres e das narrativas nelas contidas. Picasso é o próprio colonizador que se apropria de uma cultura nativa. A tela Les Demoiselles d’Avignon hoje daria para resolver muitas dívidas de alguns países africanos. A cultura ocidental é uma cultura muito oportunista, que começa pelo descobrimento – que não foi descobrimento, foi uma invasão e usurpação das terras dos povos originários para gerar lucro aos europeus.” O otimismo não é um ponto destacado do discurso da artista sobre a história oficial. “Hoje tentam se redimir e começam uma releitura de vários episódios históricos, mas nem por isso vejo melhoras na situação dos indígenas ou dos afrodescendentes.”
A artista passou a se interessar pelas culturas arcaicas desde criança, quando teve a curiosidade de entender o tempo. “Um tempo para você é uma coisa, para um astronauta é outra completamente diferente.” Com essa reflexão ela entrou nessa ancestralidade para perguntar a eles o significado do tempo. “A tartaruga tem tudo a ver com isso, ela é um ser cósmico, é um sol que corre com a lua, é o dia que corre com a noite. E, na cultura afro-brasileira tem o Deus Tempo, que Caetano cantou: ‘Tempo, tempo, tempo, tempo’, que é uma bandeira branca.”
Regina pode mudar de territórios, cidades, continentes, mas sempre carrega dentro dela essa acumulação primitiva, a formação primeira de artista/ecologista, ativista/antropóloga afetada por uma humanidade em franca decadência. “Nossa vida é um repositório de experiências que depois se transmudam no trabalho que fazemos e se torna uma antena para o universo. Você também recebe as coisas, eterniza com o teu tempo, o chamado Zeitgeist (espírito da época) dos alemães. Quer dizer, tudo é divino e misterioso.”
Fonte: Arte Brasileiros, "As matrizes africanas e indígenas na obra de Regina Vater", escrito por Leonor Amarante, publicado em 2 de setembro de 2021. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
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Regina Vater – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Regina Vater participa de Composições para tempos insurgentes com a remontagem de duas obras: Para um tempo de guerra (1987) e Janaína (2007). A primeira, composta por cerca de 300 pães e pedras dispostas em espiral no chão, é acompanhada de um poema de César Vallejo. Neste trabalho, o que resta dos escombros e o que encerra a fome são colocados em paralelo, aproximando-se.
Janaína é uma instalação composta por pedras brancas, conchas e uma bacia de metal, organizadas em um círculo sobre uma superfície acima do chão. O título do trabalho remete a um dos diversos nomes usados na cultura afro-brasileira para referenciar Iemanjá. Os materiais que fazem parte da instalação, com origem do mar, também reforçam essa referência ao orixá ligado aos mares.
Artista multimídia, curadora e escritora, Regina Vater ingressou na faculdade de arquitetura da UFRJ em 1961, além de estudar com artistas como Frank Schaeffer e Iberê Camargo. Sua extensa produção, de natureza transmidiática e polissêmica, transita entre as novas figurações dos anos 1960, a arte conceitual e as experiências relacionais, construindo uma poética singular nas conexões entre arte e cultura, natureza e técnica.
Fonte: MAM Rio, textos escritos pelas equipes de educação e curadoria. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
Crédito fotográfico: MAM Rio, "Composições para tempos insurgentes Regina Vater". Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
2 artistas relacionados
Regina Maria da Motta Vater (Rio de Janeiro, 11 de maio de 1943), mais conhecida como Regina Vater, é uma arquiteta, desenhista, pintora, artista plástica, fotógrafa, produtora de televisão e curadora de arte brasileira. Formada em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Regina é uma artista ativista que entende a natureza, o homem e suas ancestralidades como elementos indissociáveis.
Biografia – Itaú Cultural
Regina Maria da Motta Vater estuda desenho e pintura no ateliê de Frank Schaeffer (1917), entre 1958 e 1962, e com Iberê Camargo (1914 - 1994), de 1962 até 1965, no Rio de Janeiro. No início da década de 1960, ingressa na Faculdade Nacional de Arquitetura, atual Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro - FAU/UFRJ, onde permanece até 1964, quando interrompe os estudos. Nesse ano, realizou sua primeira individual, na Galeria Alpendre, Rio de Janeiro. No início dos anos 1970, muda-se para São Paulo e atua como assistente de direção nas agências de publicidade DPZ e MPM. Em 1972, ganha o prêmio de viagem ao exterior, concedido pela União Nacional de Arte Moderna, e vai pela primeira vez para Nova York, onde mantém contato e realiza trabalho com Hélio Oiticica (1937 - 1980). Estuda silkscreen no Pratt Institute. Mora em Paris entre junho de 1974 e fevereiro de 1975. Realiza exposição individual em Nova York, na Galeria do Bleeker Cinema em 1975 e, de volta ao Brasil, faz curso de filme super-8, na Escola Griffe, em São Paulo. É autora, entre outros, dos livros infantis Tungo Tungo e Uma Amizade Bem Temperada, publicados no fim da década de 1970. Organiza a primeira exposição de arte contemporânea e experimental brasileira em Nova York: Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery, em 1979. Como bolsista da Fundação Guggenheim, retorna a Nova York, em 1980, para desenvolver pesquisas sobre instalações, iniciada em 1970. Em 1983, edita um número da revista Flue, publicada pelo Franklin Furnance Archives, dedicado à arte experimental produzida na América Latina. Três anos depois, passa a viver em Austin, Estados Unidos, com o marido, também artista, Bill Lundberg (1942). Em 1998, como integrante do programa de artista em residência da ArtPace Foundation, em San Antonio, Estados Unidos, cria cinco instalações e, no ano seguinte, as exibe nessa instituição. Em 2000, ministra palestra sobre a exposição Blurring the Boundaries, no Blanton Museum, em Austin. É curadora da exposição Brazilian Visual Poetry, com participação de 51 artistas, no Mexic-Arte Museum, Austin, 2002.
Análise
Regina Vater dedica-se inicialmente à pintura e ao desenho, passando, na década de 1970, a desenvolver trabalhos em diferentes suportes. Em 1978, passa a documentar fotograficamente a existência da planta Dieffembachia picta Schott (Comigo-ninguém-pode) na entrada de residências e estabelecimentos comerciais, trabalho que se origina de uma pesquisa sobre cultura popular. Posteriormente, adquire fotografias para carteira de identidade de pessoas das mais variadas idades e condições sociais. O material coletado permite a realização da instalação Comigo-Ninguém-Pode, 1988, a primeira de uma série que se estende até 1995.
Sua produção inclui vídeos, mail-art, livros de artista e poesia visual. Uma de suas temáticas mais constante é a reelaboração de elementos da cultura afro-brasileira e indígena, como nas instalações Retrotempo e Orora, ambas de 1995 ou Cosmologies, 1999. Já Camões' Feast [O Festim de Camões], 2002 é uma instalação baseada no poeta português Luís de Camões, na qual Regina Vater estabelece relações entre arte e poesia, apresentando uma seleção de poemas de autores brasileiros.
Críticas
"Uma das características da aventura artística de Regina Vater é o impulso transmidiático da sua criatividade. Entre a natureza e a tecnologia, o desenho e a textura, as artes plásticas e a poesia, o artesanato e o vídeo, evoca a linhagem de artistas transgressores como Duchamp ou Cage. Como eles, Regina está sempre, salutarmente, 'fora do lugar'. Autêntica 'outsider', está dentro e fora da ART - conceito que ela recons/des/truiu numa exposição do fim dos anos 70, montando e desmontando o vocábulo, da pregnância tridimensional ao bordado artesanal, do rabisco na praia à videoart, até chegar ao vazio-landscape que projeta o vocábulo binocularmente ao alcance do olho, para olhografar o mundo com olhos livres. Thou Art... Essa estratégia a levou, naturalmente, a privilegiar a instalação, ambiente que favorece o trânsito entre o estático e o cinético, o olhar e o andar, o artificial e o natural. A poesia sempre a inspirou, sugerindo-lhe 'imaginary landscapes' a partir do visionário poeta brasileiro, Souzândrade (1832-1902), que, em Nova York, flagrou, há um século, pré-poundianamente, os pregões da usura nas estrofes do 'Inferno de Wall Street'. Ezra Pound via em Arnaut Daniel o protótipo dos artistas-inventores. Por isso mesmo os poetas concretos brasileiros, da geração que antecedeu à de Regina, os elegeram - Pound e Arnaut, fundidos na palavra-enigma provençal 'noigandres' - paradigmas da contracorrente das poéticas visuais neste século. Mas, no seu rol de 'impossibilia' (amasso o ar, caço a lebre com boi, nado contra a maré), os versos trovadorescos escolhidos por Regina como um dos seus 'mottos', articulados com a temática poundiana da usura, parecem definir não só a obstinação do artista-inventor com a sua arte não-mercadológica. Insinuam também outra razão utópica que alimenta artistas como ela, cujas provocações criativas apostam na idéia generosa de que nalgum lugar-sem-lugar ainda será possível, contra a maré da egologia predatória, conciliar a ecologia e a tecnogia, o animal e a alma, o vídeo e a vida" — Augusto de Campos (CAMPOS, Augusto de. [Texto de apresentação]. In: VOICES and visions. Austin: Mexic-Arte Museum, 1997. [Texto escrito em 1996]).
"'Festim de Camões' celebra um mito da história da literatura portuguesa e a especial importância da poesia na cultura brasileira. Quem quer que tenha estado no Brasil deve ter notado que é comum se publicarem poemas nos jornais de primeira tiragem e que poesia tem o seu lugar garantido na cultura popular através das edições de Cordel, com as suas capas em xilogravura - num jeito jamais visto em outros países. A instalação de Regina - um simbólico tableau que representa o famoso banquete de Camões, no qual cada prato, quando revirado de boca para cima revelava um dos seus poemas, evoca o encanto do descobrir o ordinário, elevado ao nível de arte. Na versão por Regina, cada prato contém um poema de um poeta contemporâneo brasileiro, alimentando-nos o pensamento, além de nos prover com o conteúdo visual da instalação.
Regina Vater vem explorando a arte da instalação em formas bem diversas, tendo já produzido mais de 100 instalações desde 1970. Ela também tem sido uma prodigiosa criadora de poesia visual. Bem de família. O seu tataravô, Odorico Mendes, foi o primeiro tradutor de Homero para o português brasileiro, além de ser um poeta muito respeitado. Esta obra de Regina integra a palavra escrita nas suas estruturas visuais e físicas. As chaves visuais da instalação, as folhas de louro, os pratos negros, as rosas, evocam níveis de significados subjetivos que vão além das referências literais. E nós somos convidados a nos banquetear nos pensamentos desses famosos poetas brasileiros e viajar nas veredas de nossas próprias associações" — Bill Lundberg (LUNDBERG, Bill. O espírito da festa. In: VATER, Regina. Camões' Feast. Austin, 2002).
"É interessante observar como o Tempo e o Espaço sempre foram um tema central e constante na obra da artista, em termos de suas investigações pessoais e em seu trabalho, levando-a inicialmente a pesquisar e estudar os mitos da Amazônia, e em seguida, a outras cosmologias brasileiras e mundiais. Através de sua obra, a artista nos faz lembrar constantemente o quanto o mundo contemporâneo necessita dos conhecimentos contidos nessas cosmologias. Para a artista, as cosmologias são os verdadeiros repositórios da antiga sabedoria, fonte inestimável que amplia o horizonte de nossas almas. Os conhecimentos transmitidos por essas mitologias revelaram à artista a importância de uma visão espiritual na qual o ser humano é parte integrante da natureza, e não uma entidade externa destinada a subjugá-la a seu bel prazer. Em consequência de suas investigações sobre o tempo e o espaço, e de suas pesquisas sobre as mitologias e cosmologias antigas, Regina Vater compreendeu a importância de incorporar a ecologia como uma de suas principais preocupações e temas artísticos. Efetivamente, ela tem a seu crédito o fato de ser uma das primeiras artistas a lidar com o tema da ecologia, tendo participado do primeiro e mais importante evento internacional que tratou do assunto: a Bienal Internacional de Veneza de 1976.
(...)
Segundo as próprias palavras da artista: 'Meu trabalho tem a ver com idéias, com poesia e com uma maneira xamanística de abordar a arte. Para mim, qualquer tipo de arte, mesmo que de forma inconsciente, é um processo de contato com as forças criativas e regenerativas do universo'.
Na qualidade de um entre os muitos admiradores de seu trabalho, posso concluir somente constatando que, dentro do contexto atual de tanta arte e atitudes terminais, Regina Vater conta com toda a minha gratidão por compartilhar suas idéias provocadoras e os talentos que recebeu, contribuindo para criar uma Arte que nos arrebata pelo seu poder de inclusão orgânica à teia da vida" — Mario S. Mieli (MIELI, Mario S. "Cascavida" ou a arte como experiência da consciência. In: VATER, Regina. Shellife. Austin: Women & Their Work Gallery, 2003. [Texto escrito em Nova York, em 2003]).
Depoimentos
"A arte deveria ser tratada pelos meios de comunicação mais como uma maneira de pensar do que como mera diversão. Esta face oculta do discurso artístico deveria ser muito mais enfatizada do que a inefabilidade de formatos e formas.
(...)
A arte deveria se originar mais da experimentação intrínseca ao fazer artístico do que da tirania de alguns críticos e galerias" — Regina Vater (VATER, Regina. Notes of Ambition. High Performance Magazine, n. 41-42, p. 71, Spring Summer 1988).
"Quando a arte é filosófica e poética, pode exercer um papel significativo, ajudando a restabelecer as nossas conexões perdidas com a natureza. Eu acredito que uma arte voltada para a ecologia deve ser capaz de despertar no espectador o sentimento de maravilhamento com relação ao sagrado da natureza.
Isto é o que tento transmitir quando crio. Sinto que a mitologia, com toda as suas imagens metafóricas e poéticas relativas à natureza, é uma fantástica fonte de inspiração por possuir o dom de tocar as pessoas num nível psicológico muito profundo.
O fator de eu ter nascido, ter sido criada e ter me formado culturalmente no Brasil, espontaneamente rodeada pelas influências das tradições indígenas e africanas, tem me permitido ver essas tradições como umas das últimas poderosas fontes no Ocidente que facilitam uma aproximação mítica e metafísica com a natureza. A qualidade prístina da natureza é a base de todos os rituais tanto da cultura africana quanto da indígena, porque para seus adeptos é no seio da natureza que as forcas cósmicas do sagrado residem e interagem.
Minhas instalações, fotos, vídeos e trabalhos em outras mídias estão freqüentemente conectados com esses veios de pensamento e poesia. Esta conexão é uma forma de reverência para com a sabedoria antiga, tão arrogantemente ignorada e espezinhada sob a dominação eurocêntrica passada e presente" — Regina Vater (VATER, Regina. The poetic and mythological crossroads of ecological art. Art Journal, New York, v. 51, n. 2, p. 25, Summer 1992).
Acervos
Austin Museum of Arts - Austin (Estados Unidos)
Bibliothèque Nationale - Paris (França)
Blanton Museum of the University of Texas at Austin - Austin (Estados Unidos)
Coleção de Vídeo da Biblioteca Municipal - Salvador BA
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Franklin Furnance Museum - Nova York (Estados Unidos)
Mexic-Arte Museum - Austin (Estados Unidos)
Museu da Imagem e do Som - MIS/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu da Imagem e do Som - MIS/SP - São Paulo SP
Museu de Arte Brasileira - MAB/Faap - São Paulo SP
Museu de Arte de Santa Catarina - Masc - Florianópolis SC
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Museum of Modern Art - Nova York (Estados Unidos)
San Antonio Museum of Art - San Antonio (Estados Unidos)
Southeast Museum of Photography - Daytona Beach (Estados Unidos)
The Ruth and Marvin Sackner Archive of Concrete and Visual Poetry - Miami Beach (Estados Unidos)
Video Annex/Long Beach Museum of Art - Califórnia (Estados Unidos)
Exposições Individuais
1964 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Alpendre
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Piccola Galeria, no Instituto Italiano de Cultura
1968 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Damarco Gallery
1968 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Delaparra
1973 - Rio de Janeiro - Individual, na Galeria Grupo-B
1973 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Mobile
1974 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Ar-Co
1975 - New Orleans (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da Loyola University
1975 - Nova York (Estados Unidos) - Tracks and Traces, na Galeria do Bleeker Cinema
1975 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1976 - São Paulo SP - Individual, no Gabinete de Artes Gráficas
1976 - São Paulo SP - Restos da Paisagem, no MAB/Faap
1977 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1977 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Arte Multiple
1977 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Galeria C-Space
1977 - São Paulo SP - Individual, no MAB/Faap
1978 - São Paulo SP - Veart, na Galeria Arte Global
1981 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Álbum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Eugenia Cucalon Gallery
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Parallel Window, Chelsea
1985 - Austin (Estados Unidos) - Black Installation for Silver Turtles, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1986 - Austin (Estados Unidos) - Individual, no Blanton Museum
1986 - Chicago (Estados Unidos) - Comigo Ninguém Pode, no Artist Book Works
1989 - Austin (Estados Unidos) - Individual, na Women & Their Work Gallery
1989 - Rosendale (Estados Unidos) - Individual, no Women Studio Workshop
1992 - Nova York (Estados Unidos) - Green, na The Donnell Library Center
1992 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Figueiredo
1993 - Daytona Beach (Estados Unidos) - Individual, no Southeast Museum of Photography
1993 - San Antonio (Estados Unidos) - Individual, na Carrington/Gallagher, Ltd. Fine Art
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retrotempo, no Ibeu Copacabana
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retrotempo, no Ibeu Madureira
1995 - São Paulo SP - Comigo Ninguém Pode, na Galeria Sesc Paulista
1997 - Austin (Estados Unidos) - Curandarte, na Women & Their Work Gallery
1999 - San Antonio (Estados Unidos) - Individual, na ArtPace Foundation
2000 - Natal RN - Individual, no Centro de Cultura da UFRN
2003 - Austin (Estados Unidos) - Sounds Good, na Book People
2003 - Austin (Estados Unidos) - Shellife, na Women & Their Work Gallery
2003 - Fortaleza CE - A Arte como Processo Xamânico, no Museu de Arte Contemporânea,
2007 - Rio de Janeiro RJ - Cultivare, no Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho - Castelinho do Flamengo
Exposições Coletivas
1961 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Novos da Petite Galerie, no Copacabana Palace
1961 - São Paulo SP - Mostra 11 do Rio, no Masp
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1965 - Rio de Janeiro RJ - Semana de Arte Contemporânea, na PUC/RJ
1966 - Belo Horizonte MG - 21º Salão de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte, no MAP
1966 - Brasília DF - 3º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1966 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Abril, no MAM/RJ
1966 - Rio de Janeiro RJ - Salão Air France, no MAM/RJ
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC - prêmio aquisição
1967 - Ouro Preto MG - 1º Salão Nacional do Desenho Brasileiro - 1º prêmio
1967 - Paris (França) - 5ª Bienal dos Jovens
1967 - Petrópolis RJ - 1º Salão Nacional de Pintura Jovem, no Hotel Quitandinha - premiada
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna
1967 - Rio de Janeiro RJ - 3º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1967 - Rio de Janeiro RJ - Representantes do Brasil na Bienal dos Jovens de Paris, na Galeria Bonino
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Pintura Jovem, na Piccola Galeria - prêmio em desenho
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão das Caixas, na Petite Galerie - prêmio aquisição
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional da Pintura Jovem - 1º prêmio em desenho
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - 1ª Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1968 - Campinas SP - 4º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1968 - Lima (Peru) - Bienal de Lima
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1970 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria do Ibeu
1970 - São Paulo SP - Jovem Desenho Contemporâneo, no MAC/USP
1971 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1972 - Rio de Janeiro RJ - 21º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao exterior
1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte Contemporânea, no MAP
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1974 - Londres (Inglaterra) - Coletiva, no Artist Meeting Place
1974 - São Paulo SP - 8º Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1975 - Buenos Aires (Argentina) - Fourth International Open Encounter on Video, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1975 - Buenos Aires (Argentina) - The Last International Exhibition of Mail Art' 75
1975 - Lund (Suécia) - Graphicien du Rio de la Plata, na Galaerie S. T. Petri - Institute of Art History of the University of Lund
1975 - Nova York (Estados Unidos) - First Post Card Show, na New York University
1975 - Rockford (Estados Unidos) - Exposição de Arte Conceitual, no Burpee Art Museum
1976 - Antuérpia (Bélgica) - Fifth International Open Encounter on Video, no International Cultural Centrun
1976 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños - Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1976 - Kassel (Alemanha) - Coletiva, na Bickard Botinelli Gallery
1976 - Montecatini (Itália) - Coletiva, no Spazio Alternative 2
1976 - São Paulo SP - 2º Multimedia, no MAC/USP
1976 - São Paulo SP - Aquisições e Doações Recentes, no MAC/USP
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1976 - Veneza (Itália) - 38ª Bienal de Veneza
1977 - Austin (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1977 - Barcelona (Espanha) - Latin-America 76, na Fundació Joan Miró
1977 - Costa Rica - La Decada de 70, na Universidad de Costa Rica
1977 - Little Rock (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision
1977 - Miami (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision
1977 - São Paulo SP - 14ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - Poéticas Visuais, no MAC/USP
1978 - Nova York (Estados Unidos) - Annual Group Show, na Nobè Gallery
1978 - Nova York (Estados Unidos) - Eight Assemblies, no Pratt Institute
1978 - Providence (Estados Unidos) - Pot Tv, na Amy Arts Center
1978 - São Paulo SP - 1º Encontro Internacional de Videoarte de São Paulo, no MIS/SP
1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap
1978 - São Paulo SP - Poucos e Raros, no Masp
1979 - Bialystock (Polônia) - Other Child Books, na Znak Gallery
1979 - Buenos Aires (Argentina) - 1ª Trienal Latinoamericana del Grabado, nas Salas Nacionales de Exposición
1979 - Mendonza (Argentina) - 1ª Trienal Latinoamericana del Grabado, no Museo de Arte Moderno
1979 - Nova York (Estados Unidos) - Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery
1979 - São Paulo SP - Cooperativa dos Artistas plásticos, na Pinacoteca do Estado
1979 - São Paulo SP - Multimídia Internacional, na ECA/USP
1980 - Nova York (Estados Unidos) - On the Shelf, na 14 Sculptors Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Ikon Logos, no Alternative Museum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Woman Artists, na Soho 20 Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Woman Artists, no Bronx Museum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Schemes: a decade of installation drawings, na Elise Meyer Inc
1981 - São Paulo SP - 16ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Spirits of Brazil, na Janapa Photography Gallery
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste. 1º Encontro Nacional dos Gravadores, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Zwolle (Holanda) - A White Sheet of Paper, na Zwolle Public Library
1983 - Carolina do Norte (Estados Unidos) - Traditions and Configurations, na Wake Forest University
1983 - Nova York (Estados Unidos) - 5th Annual Artists as Filmakers, na Air Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Artist's Books Show, Franklin Furnance
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Film as Installation, no P.S.1 Contemporary Art Center. Galeria do Clock Tower
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Hispanic Achievement, na Equitable Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Multiples by Latin-American Artists, Franklin Furnance
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - A Seqüência na Fotografia, na Arco Arte Contemporânea
1984 - Los Angeles (Estados Unidos) - Aqui, na University of South California. Fisher Gallery
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Carnival Knowledge, Franklin Furnance
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Message and Metaphor, no Art Awareness Gallery
1985 - Nova York (Estados Unidos) - Collaborations, no Alternative Museum
1985 - São Paulo SP - Artes Novos Meios/Multimeios - Brasil 1970-1980, na MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro de Artista no Brasil, no CCSP
1987 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Artists Living in New York since 1970, no Blanton Museum
1987 - Cuiabá MT - Artistas pela Natureza, na Casa de Cultura
1987 - Nova York (Estados Unidos) - Transmedia/Transculture, na Exit Art Gallery
1987 - São Paulo SP - Foto/Idéia, no MAC/USP
1987 - São Paulo SP - Palavra Imágica, no MAC/USP
1988 - Austin (Estados Unidos) - A Different Place, no Laguna Gloria Museum
1988 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Drawings from the Barbara Duncan Collection, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1988 - Houston (Estados Unidos) - 1st Texas Triennial, no Contemporary Arts Museum
1988 - Kansas (Estados Unidos) - Current Works, na Leedy-Voulkos Gallery
1988 - New Orleans (Estados Unidos) - Latin American Artists of the Southeast Costal Region, mostra itinerante organizada pelo Contemporary Arts Center of New Orleans
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Debt, na Exit Art Gallery
1988 - Ohio (Estados Unidos) - The Video Medium: an overview, no Geoffrey Taber Gallery
1988 - São Paulo SP - Civilidades da Selva: mitos e iconografias indígenas, no MAC/USP
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Here and There: travels part 2, no The Institute for Contemporary Art. The Clocktower Gallery
1990 - Birmingham (Inglaterra) - Transcontinental, na Ikon Gallery
1990 - El Paso (Estados Unidos) - 1st Texas Triennial Exhibition. Instalação de Regina Vater e Bill Lundberg, no Bridge Center for Contemporary Art
1990 - Houston (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Museu de Arte Contemporânea
1990 - Manchester (Inglaterra) - Transcontinental, na Corner House Gallery
1990 - Massachusets (Estados Unidos) - Poetics of Presence, na SMU Gallery, Southeastern Massachusets University
1990 - Nova York (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Pratt Institute
1991 - Atlanta (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Nexus Contemporary Arts Center
1991 - San Antonio (Estados Unidos) - The Revered Earth, na Blue Star Gallery
1991 - San Diego (Estados Unidos) - Counter-Colonialism, no Centro Cultural de la Raza
1991 - San Diego (Estados Unidos) - Latin American Drawings Today, San Diego Museum of Art
1991 - Tucson (Estados Unidos) - The Revered Earth, na Dinnerware Artists Cooperative
1992 - Antuérpia (Bélgica) - America, the Bride of the Sun, no Koninklijk National Royal Museum
1992 - Austin (Estados Unidos) - Installation, no Mexic-Arte Museum
1992 - Minesota (Estados Unidos) - Completing the Circle - Artists Books on the Environment, no Center for Art Books
1992 - Rio de Janeiro RJ - Regina Vater e Bill Lundberg, no Solar Grandjean de Montigny
1992 - São Paulo SP - Regina Vater e Bill Lunddberg, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Vozes da Diáspora, na Pinacoteca do Estado
1992 - São Paulo SP - Vozes dos Minerais, na Galeria Miriam Mamber
1993 - San Francisco (Estados Unidos) - Ceremony of Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no The Mexican Museum
1993 - Washington (Estados Unidos) - Ultramodern: the art of contemporary Brazil, no The National Museum of Women in the Arts
1994 - Austin (Estados Unidos) - Rethinking La Maliche, no Mexic-Arte Museum
1994 - Baltimore (Estados Unidos) - Rejoining the Spiritual: the land in contemporary latin american art, no Maryland Institute, College of Arts
1994 - Brasília DF - Arte Põe Gráfica, na Gibiteca Espaço Cultural, Fundação Cultural Ibac
1994 - Filadélfia (Estados Unidos) - Outside from Within: paper as sculpture, na The University of the Arts. Rosenwald-Woulf Gallery
1994 - New Paltz (Estados Unidos) - WSW XX Years - A Retrospective, na State University of New York at New Paltz
1994 - São Francisco (Estados Unidos) - Brazil by Brazilians, no Center of the Arts
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Austin (Estados Unidos) - Ceremony of the Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no Laguna Gloria Museum
1995 - Brasilia DF - Terra Brasília, no Espaço Cultural 508 Sul
1995 - El Paso (Estados Unidos) - Rethinking La Malinche, no Bridge Center for Contemporary Art
1995 - Natal RN - Mostra Nacional de Poesia Visual, na Galeria Conviv'Art/UFRN
1996 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Artists Books, no Mexic-Arte Museum
1996 - Nova York (Estados Unidos) - Ceremony of the Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no Harlem Studio Museum
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page. Livros de Artistas, no Paço das Artes
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Austin (Estados Unidos) - Sniper's Nest: art that has lived with Lucy Lippard, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1997 - Austin (Estados Unidos) - Voices and Visions, no Mexic-Arte Museum
1997 - Barra Mansa RJ - O Museu Visita a Galeria, no Centro Universitário de Barra Mansa
1999 - San Antonio (Estados Unidos) - Mostra do Programa de Artista em Residência da ArtPace Foundation
1999 - Wisconsin (Estados Unidos) - Home Altars: sacred space in the domestic realm, no John Michael Kohler Arts Center
2000 - Austin (Estados Unidos) - Exposição de Pequeno Formato, na Texas Fine Arts Association
2000 - Nova York (Estados Unidos) - The End: an independent vision of contemporary culture, 1982-2000, na Exit Art
2000 - São Paulo, SP - Arte Conceitual e Conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC/USP, na Galeria de Arte do Sesi
2001 - São Paulo SP - Cultura Brasileira 1, na Casa das Rosas
2002 - Austin (Estados Unidos) - Brazilian Visual Poetry, no Mexic-Arte Museum
2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Fotografias no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
2003 - Brasília DF - Artefoto, no CCBB
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Natureza Morta, no Espaço Cultural BM&F
2004 - São Paulo SP - Still Life / Natureza Morta, na Galeria de Arte do Sesi
2005 - Belém PA - 24º Salão Arte Pará 2005, na Fundação Romulo Maiorana
2007 - Rio de Janeiro RJ - Mais Precioso que Prata, na Caixa Cultural
2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP
2007 - São Paulo SP - Anos 70 - Arte como Questão, no Instituto Tomie Ohtake
Fonte: REGINA Vater. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 19 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia — Wikipédia
Vater nasceu em 1943, na cidade do Rio de Janeiro. A partir de 1958 estuda desenho e pintura com Frank Schaeffer, até o ano de 1962, e daí com Iberê Camargo até 1965. Durante essa época ela também estudou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, porém não chegou a concluir sua graduação. Em 1964, mesmo ano em que cessou seus estudos na universidade, realizou sua primeira exposição individual, na Galeria Alpendre. Em 1970 se mudou para São Paulo, onde trabalhou como assistente de direção de agências de publicidade. No ano de 1972, através de um prêmio da União Nacional de Arte Moderna, viajou para Nova York, onde trabalhou com o artista Hélio Oiticica e estudou serigrafia no Instituto Pratt.
No ano de 1974 vai morar em Paris, onde realiza um registro fotográfico dos atores da companhia de Ruth Escobar. Vater retorna ao Brasil no final da década de 1970, quando realiza um curso de super-8 na Escola Griffe, na cidade de São Paulo. Em 1980, como bolsista da Fundação Guggenheim, Vater volta para Nova York.
É casada com o artista Bill Lundberg e mora em Austin, Texas.
Exposições Individuais
1964: Exposição de estréia, Galeria Alpendre;
2017: Oxalá que Dê Bom Tempo, Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
Exposições Coletivas
1976: 37ª Bienal de Veneza;
2019: "Manjar", Solar dos Abacaxis.
Coleções Permanentes
As suas obras estão presentes em coleções de vários museus, nomeadamente:
National Library of France, Paris, França
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil
Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil
The Nelson A. Rockefeller Center for Latin American Art, San Antonio, Texas
The Blanton Museum of the University of Texas, Austin, Texas
The Ruth and Marvin Sackner Visual Poetry Archives, Miami, Florida
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 18 de julho de 2022.
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A boa arte de Regina Vater – SP Arte
Regina Vater (Rio de Janeiro, 1943) é a suma do que pode ser chamada de artista transmidiática: do lápis aos pincéis, de instalações a vídeos, Vater não se limita. A experimentação dita e acompanha os seus trabalhos, que não somente se baseiam em reflexões profundas e muitas vezes científicas, mas exigem de seu observador um exercício intelectual que leva seus discursos para casa.
O diálogo entre sociedade, natureza e tecnologia tem sido mote da sua arte nas últimas quatro décadas, e é a partir dele que Regina Vater debate sobre ecologia, religião e história e desbanca discursos estabelecidos sobre o corpo feminino e a presença brasileira no mundo.
“A Celebration for the GOoD Time“
Na retrospectiva em cartaz pela Galeria Jaqueline Martins, o visitante é recebido por “Oferenda ao ancestral” (1988) — trabalho inspirado no Kuarup, ritual que homenageia a memória dos mortos, celebrado tribos indígenas do Xingu brasileiro —, seguida de críticas à exploração predatória e consequente morte da natureza, como em “Nature Morte”, que ironiza a presença da fartura da natureza brasileira, ora lado a lado, ora contida em objetos de luxo e prataria.
Trabalhos sobre tempo e mortalidade introduzem a obra de Vater que, nos últimos pisos da galeria, faz uma figuração metaforizada de suas inspirações em crenças e tradições originárias e declara “Que saudade do Brasil”. O trajeto da artista culmina em uma crítica-lamento, com “Deus dá nozes a quem não tem dentes”. Vater encontra beleza nos mitos e crenças indígenas e africanos, se sente provocada pela suposta “malandragem” do jabuti, herói solar, e, finalmente, junta isso àquilo e idealiza a alma brasileira.
“O mundo é mágico, não é?”
Paula Nunes: Você escreve muito sobre como as suas instalações vão além de oposições entre natureza e cultura, buscando encontro e fusão entre arte e vida. Queria ouvir de você sobre isso.
Regina Vater: Bom, na minha opinião, tudo que se faz com um certo cuidado, com uma certa beleza… pra mim é arte. Como fazer uma comida maravilhosa, de apelo degustativo e colocá-la de uma maneira muito bonita na mesa, eu acho que é um ato de arte, uma performance. Deixar a sua casa de uma maneira muito agradável para quem entra ou para que você mesmo exista nela, acho que é uma maneira de fazer arte. Fiz um trabalho no início dos anos 1970 que se chamava “X-Range” onde fotografei várias casas, inclusive de artistas. Acho que viver em sua casa é ser artista em termos da sua própria existência, tá entendendo?
Não acho que tudo na arte é essa beleza convencional que nós ocidentais construímos, esse gosto, estética ocidental. A beleza pode vir de muitas maneiras. Por exemplo, quando Picasso fez Demoiselles D’avignon, ele foi buscar um outro tipo de beleza que era uma coisa feia para os ocidentais. As máscaras africanas não cabiam no padrão de beleza da estética ocidental, mas ele quis quebrar com aquilo.
Eu tenho até uma certa birra com ele. Ele não está interessado no que aquela estética traz, no conteúdo daquela estética. Porque as máscaras africanas não são feitas pra decoração, elas são feitas para rituais. Então ele não estava interessado na verdadeira cultura africana, ele tava interessado na embalagem da cultura africana.
Minha instalação “Golias”, que tá na galeria, tem a ver com isso.
Aliás eu acho que a boa arte é aquela que você entra no museu e leva pra casa. É aquela que você às vezes não consegue nem dormir porque fica pensando nela; e aquela você se lembra sempre porque ela te marcou, quer dizer, ela tem uma marca forte em você.
Paula Nunes: Você pode se aprofundar um pouco sobre essas influências e inspirações nas culturas indígena e africana no seu trabalho? Qual a sua relação com elas?
Regina Vater: Desde pequena, a coisa do tempo sempre me intrigou, por ser uma dimensão na qual a gente vive mas que não consegue explicar. Varia muito, é uma dimensão elástica. Eu fiz até um trabalho sobre isso em Paris, em 1974, chamado “Christmas Underground“
Essa minha curiosidade do que é do tempo desde a adolescência me levou mais tarde a ler sobre tempo, procurar investigar vários autores, Jorge Luis Borges, o Santo Agostinho, Heráclito. Aí eu me dei conta de que com certeza haveriam outras definições de tempo em outras culturas, e fui procurar investigar os mitos amazônicos.
“Para mim, tudo é lápis”
Paula Nunes: Sobre sua passagem para o vídeo e mídias digitais: o que te levou a esse lugar de criação? Como você explicaria essa passagem para obras e mídias digitais?
Regina Vater: Desde criança eu fui uma pessoa que adorava experimentar coisas, tentar uma coisa nova ou então me inspirar, algo assim! Quando tinha nove anos, fiz um jardim com as flores dos vasos da casa de mamãe. Tinha tido uma festa, a casa estava cheia de flores… eu abri a cera entre os assoalhos de madeira, enfiei as flores e quando minha mãe chegou eu tava regando.
Em arte eu nunca me contentei de ficar numa coisa só. Eu nunca me restringi. Qualquer técnica pra mim é um instrumento. Um vídeo pra mim é como um lápis. Arte é como ciência. É um campo onde você faz as suas indagações sobre a sua existência, sobre o mundo e a maneira como você vê as coisas. Então, a arte pra mim tem essa liberdade total.
Mas eu acho interessante tentar, digamos assim, violar o estabelecido. Pra mim, o que existe é um instrumento. Eu comecei usando lápis e pra mim tudo é lápis. Eu não vejo limitação não.
Paula Nunes: Pensando nessa liberdade de criar sobre o que você comenta, fico curiosa em relação a como que é seu processo de experimentação, e que foi vivido, eu imagino, junto com o Hélio Oiticica e outros artistas também.
Regina Vater: O Hélio foi um garantidor da minha liberdade. Até quando eu fiz o trabalho do coelho ele me deu a maior força. Ele disse “Genial”. Eu tive algumas parteiras na vida. Uma foi o Iberê, e a outra com certeza o Hélio – e a Lígia Clark também.
O Hélio foi uma pessoa que realmente abriu muito a minha cabeça. Ele disse: “Você tá na arte, a arte é o caminho da experimentação, você não tem nada que ficar em em regras acadêmicas e tal”. E realmente foi uma coisa que me deu muito fôlego.
Paula Nunes: Você comenta muito sobre beleza e a ligação da arte com a vida. Vejo um sentimento de reencantamento do mundo e, ao mesmo tempo, um de revolta nos seus trabalhos. Como você vê essas duas “vertentes” na sua obra?
Regina Vater: O meu modo de operar é tentar chegar às pessoas, à existência, seduzir pela beleza, mesmo de uma coisa cruel. Por exemplo nas “Nature morte”, que estão na galeria.
As fotografias, feitas entre 1987 e 1988, retratam restos de animais, as penas e peles e que Vater encara como “vestígios dessa tragédia que foi a colonização das Américas. […] Violenta mesmo. E muito hipócrita, uma coisa que destruía com uma face sorridente, amigável, essa coisa gentil… que nada! Os índios estão muito revoltados, com certeza. E têm toda a razão.”
Fonte: SP–Arte "A boa arte de Regina Vater", escrito por Paula Nunes, em 28 de setembro de 2021. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
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As matrizes africanas e indígenas na obra de Regina Vater
Mostra "A Celebration for the GOoD Time" traça um recorte de 40 anos na produção da artista/ativista que entende a natureza, o homem e suas ancestralidades como elementos indissociáveis
A Celebration for the GOoD Time, de Regina Vater, em cartaz na galeria Jaqueline Martins até 30 de outubro, simboliza o desejo da artista tanto por mudanças do atual governo brasileiro quanto da política no combate à Covid-19. Torna-se evidente a relação simbólica entre a festa/performance/ritual que dá nome à exposição – realizada em 1983 no Central Park, em Nova York, onde Regina morava – e o momento em que estamos. “Os Estados Unidos viviam um clima político e social pesado com o governo de Ronald Reagan. Para piorar, havia a debacle da arte, quando a má pintura dominava o mercado. Qualquer pessoa que pintasse mal virava um grande artista.”
O evento nova-iorquino foi organizado por ela no início da primavera como um renascimento, logo após um inverno rigoroso. O tempo, no Candomblé, é um orixá cujo símbolo é uma bandeira branca que tremula no topo da árvore da vida e assim foi feito no Central Park. Regina convidou os amigos artistas Antoni Miralda, Alison Knowles, Anne Twitty, Bill Lundberg (seu marido), Catalina Parra, Coco Gordon, Karen Bacon e Marylin Wood, entre outros, para se apresentarem vestidos de branco e contribuírem com arte e comida igualmente brancas. “Algumas pessoas foram convidadas e outras se aproximaram espontaneamente. Foi uma espécie de depuração geral, limpeza de uma época muito ruim.” O vídeo que é exibido na galeria, durante toda a mostra, transparece a alegria e a suavidade do evento, com clima despojado e de esperança.
O arco que abrange essa exposição são os 40 anos de produção de uma artista que viveu em várias cidades e países realizando trabalhos colaborativos contaminados pelo entorno. Obras datadas de 1980 a 2020 tomam os três andares da galeria com instalações, vídeos, fotografias, desenhos e objetos. Toda uma zona de enigma toma conta da instalação Rama Dourada, ligada a um dos primeiros romances da humanidade, a epopeia de Gilgamesh, um antigo poema épico. “A história conta que para adentrar o mundo subterrâneo, a deusa dá a Gilgamesh uma rama dourada como passaporte. Na Eneida acontece a mesma coisa, uma deusa também oferece a rama dourada a Eneias para penetrar no mundo das almas e dos mortos, para encontrar e obter ajuda de seu pai. O rito da árvore da rama dourada tem a ver com a Amazônia e os ritmos regenerativos da natureza.”
Odorico Mendes, tataravô de Regina, traduziu Virgílio e Homero. Na década de 1840, se exilou em Paris, onde estava seu amigo e poeta Gonçalves Dias. Eles decidiram voltar juntos para o Brasil, mas ocorreu uma fatalidade. “Meu tataravô morreu de tuberculose num trem em Marselha e o navio de Gonçalves Dias naufragou nas costas do Maranhão. Os dois estavam fadados à morte. Haroldo de Campos considerava a tradução dele a melhor já publicada.” Com fortes certezas culturais, históricas e afetivas, nessa instalação Regina homenageia de uma só vez a tradição poética da humanidade, o romance gerado por Gilgamesh e o tataravô.
A utopia contida nos trabalhos da artista amplia os limites do possível, como na instalação Deus dá nozes a quem não tem dentes, apoiada num dito com timbres da cultura popular muito falado entre os que se sentiram rejeitados pela sorte, ou a tiveram e não souberam aproveitá-la. Dezenas de nozes pintadas de dourado, simbolizando a riqueza, instaladas no piso da galeria, formam um tapete diante da frase escrita na parede, como se fosse um altar, uma alegoria presente não como organização da totalidade, mas como sintaxe de fragmentos.
Em outra obra, trabalhando uma estrutura ficcional narrativa, Regina apresenta Golias, uma instalação que nasce de um desenho realizado em 1985, quando ela e o marido deixavam Nova York para Bill Lundberg assumir o convite para ensinar na Universidade do Texas, em Austin. “Nesse ínterim fiz esses desenhos sobre os mitos amazônicos e essa tartaruga que acabei materializando em uma instalação na galeria Woman in the World, no Texas, que só expunha mulheres.” A artista sempre investiu no que considera importante, desde o material utilizado até o deslocamento físico. Suas obras são potencializadas pelas descobertas e desejos pessoais. A tartaruga, vinda de uma tribo indígena, ganha potência de ninja, recebe o nome de Golias, puxa cordas, que são cordas de um estilingue gigante que atravessa a galeria. Do outro lado da peça, uma grande pedra é enlaçada por essas cordas. O que desloca esse espírito de um lugar do campo intelectual para o outro é a imaginação.
Sobre o cenário da tartaruga, o teto da galeria exibe um olho pintado por Picasso, que é o olho dele. Nessa ficção narrativa, a tartaruga Golias desafia o gigante Picasso que o pintor se tornou. “A exemplo da tela Les Demoiselles d’Avignon, ele só pegou o invólucro africano, quer dizer, as dançarinas, sem se interessar pelo significado, conteúdo e simbologia das imagens daquelas mulheres e das narrativas nelas contidas. Picasso é o próprio colonizador que se apropria de uma cultura nativa. A tela Les Demoiselles d’Avignon hoje daria para resolver muitas dívidas de alguns países africanos. A cultura ocidental é uma cultura muito oportunista, que começa pelo descobrimento – que não foi descobrimento, foi uma invasão e usurpação das terras dos povos originários para gerar lucro aos europeus.” O otimismo não é um ponto destacado do discurso da artista sobre a história oficial. “Hoje tentam se redimir e começam uma releitura de vários episódios históricos, mas nem por isso vejo melhoras na situação dos indígenas ou dos afrodescendentes.”
A artista passou a se interessar pelas culturas arcaicas desde criança, quando teve a curiosidade de entender o tempo. “Um tempo para você é uma coisa, para um astronauta é outra completamente diferente.” Com essa reflexão ela entrou nessa ancestralidade para perguntar a eles o significado do tempo. “A tartaruga tem tudo a ver com isso, ela é um ser cósmico, é um sol que corre com a lua, é o dia que corre com a noite. E, na cultura afro-brasileira tem o Deus Tempo, que Caetano cantou: ‘Tempo, tempo, tempo, tempo’, que é uma bandeira branca.”
Regina pode mudar de territórios, cidades, continentes, mas sempre carrega dentro dela essa acumulação primitiva, a formação primeira de artista/ecologista, ativista/antropóloga afetada por uma humanidade em franca decadência. “Nossa vida é um repositório de experiências que depois se transmudam no trabalho que fazemos e se torna uma antena para o universo. Você também recebe as coisas, eterniza com o teu tempo, o chamado Zeitgeist (espírito da época) dos alemães. Quer dizer, tudo é divino e misterioso.”
Fonte: Arte Brasileiros, "As matrizes africanas e indígenas na obra de Regina Vater", escrito por Leonor Amarante, publicado em 2 de setembro de 2021. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
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Regina Vater – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Regina Vater participa de Composições para tempos insurgentes com a remontagem de duas obras: Para um tempo de guerra (1987) e Janaína (2007). A primeira, composta por cerca de 300 pães e pedras dispostas em espiral no chão, é acompanhada de um poema de César Vallejo. Neste trabalho, o que resta dos escombros e o que encerra a fome são colocados em paralelo, aproximando-se.
Janaína é uma instalação composta por pedras brancas, conchas e uma bacia de metal, organizadas em um círculo sobre uma superfície acima do chão. O título do trabalho remete a um dos diversos nomes usados na cultura afro-brasileira para referenciar Iemanjá. Os materiais que fazem parte da instalação, com origem do mar, também reforçam essa referência ao orixá ligado aos mares.
Artista multimídia, curadora e escritora, Regina Vater ingressou na faculdade de arquitetura da UFRJ em 1961, além de estudar com artistas como Frank Schaeffer e Iberê Camargo. Sua extensa produção, de natureza transmidiática e polissêmica, transita entre as novas figurações dos anos 1960, a arte conceitual e as experiências relacionais, construindo uma poética singular nas conexões entre arte e cultura, natureza e técnica.
Fonte: MAM Rio, textos escritos pelas equipes de educação e curadoria. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
Crédito fotográfico: MAM Rio, "Composições para tempos insurgentes Regina Vater". Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
Regina Maria da Motta Vater (Rio de Janeiro, 11 de maio de 1943), mais conhecida como Regina Vater, é uma arquiteta, desenhista, pintora, artista plástica, fotógrafa, produtora de televisão e curadora de arte brasileira. Formada em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Regina é uma artista ativista que entende a natureza, o homem e suas ancestralidades como elementos indissociáveis.
Biografia – Itaú Cultural
Regina Maria da Motta Vater estuda desenho e pintura no ateliê de Frank Schaeffer (1917), entre 1958 e 1962, e com Iberê Camargo (1914 - 1994), de 1962 até 1965, no Rio de Janeiro. No início da década de 1960, ingressa na Faculdade Nacional de Arquitetura, atual Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro - FAU/UFRJ, onde permanece até 1964, quando interrompe os estudos. Nesse ano, realizou sua primeira individual, na Galeria Alpendre, Rio de Janeiro. No início dos anos 1970, muda-se para São Paulo e atua como assistente de direção nas agências de publicidade DPZ e MPM. Em 1972, ganha o prêmio de viagem ao exterior, concedido pela União Nacional de Arte Moderna, e vai pela primeira vez para Nova York, onde mantém contato e realiza trabalho com Hélio Oiticica (1937 - 1980). Estuda silkscreen no Pratt Institute. Mora em Paris entre junho de 1974 e fevereiro de 1975. Realiza exposição individual em Nova York, na Galeria do Bleeker Cinema em 1975 e, de volta ao Brasil, faz curso de filme super-8, na Escola Griffe, em São Paulo. É autora, entre outros, dos livros infantis Tungo Tungo e Uma Amizade Bem Temperada, publicados no fim da década de 1970. Organiza a primeira exposição de arte contemporânea e experimental brasileira em Nova York: Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery, em 1979. Como bolsista da Fundação Guggenheim, retorna a Nova York, em 1980, para desenvolver pesquisas sobre instalações, iniciada em 1970. Em 1983, edita um número da revista Flue, publicada pelo Franklin Furnance Archives, dedicado à arte experimental produzida na América Latina. Três anos depois, passa a viver em Austin, Estados Unidos, com o marido, também artista, Bill Lundberg (1942). Em 1998, como integrante do programa de artista em residência da ArtPace Foundation, em San Antonio, Estados Unidos, cria cinco instalações e, no ano seguinte, as exibe nessa instituição. Em 2000, ministra palestra sobre a exposição Blurring the Boundaries, no Blanton Museum, em Austin. É curadora da exposição Brazilian Visual Poetry, com participação de 51 artistas, no Mexic-Arte Museum, Austin, 2002.
Análise
Regina Vater dedica-se inicialmente à pintura e ao desenho, passando, na década de 1970, a desenvolver trabalhos em diferentes suportes. Em 1978, passa a documentar fotograficamente a existência da planta Dieffembachia picta Schott (Comigo-ninguém-pode) na entrada de residências e estabelecimentos comerciais, trabalho que se origina de uma pesquisa sobre cultura popular. Posteriormente, adquire fotografias para carteira de identidade de pessoas das mais variadas idades e condições sociais. O material coletado permite a realização da instalação Comigo-Ninguém-Pode, 1988, a primeira de uma série que se estende até 1995.
Sua produção inclui vídeos, mail-art, livros de artista e poesia visual. Uma de suas temáticas mais constante é a reelaboração de elementos da cultura afro-brasileira e indígena, como nas instalações Retrotempo e Orora, ambas de 1995 ou Cosmologies, 1999. Já Camões' Feast [O Festim de Camões], 2002 é uma instalação baseada no poeta português Luís de Camões, na qual Regina Vater estabelece relações entre arte e poesia, apresentando uma seleção de poemas de autores brasileiros.
Críticas
"Uma das características da aventura artística de Regina Vater é o impulso transmidiático da sua criatividade. Entre a natureza e a tecnologia, o desenho e a textura, as artes plásticas e a poesia, o artesanato e o vídeo, evoca a linhagem de artistas transgressores como Duchamp ou Cage. Como eles, Regina está sempre, salutarmente, 'fora do lugar'. Autêntica 'outsider', está dentro e fora da ART - conceito que ela recons/des/truiu numa exposição do fim dos anos 70, montando e desmontando o vocábulo, da pregnância tridimensional ao bordado artesanal, do rabisco na praia à videoart, até chegar ao vazio-landscape que projeta o vocábulo binocularmente ao alcance do olho, para olhografar o mundo com olhos livres. Thou Art... Essa estratégia a levou, naturalmente, a privilegiar a instalação, ambiente que favorece o trânsito entre o estático e o cinético, o olhar e o andar, o artificial e o natural. A poesia sempre a inspirou, sugerindo-lhe 'imaginary landscapes' a partir do visionário poeta brasileiro, Souzândrade (1832-1902), que, em Nova York, flagrou, há um século, pré-poundianamente, os pregões da usura nas estrofes do 'Inferno de Wall Street'. Ezra Pound via em Arnaut Daniel o protótipo dos artistas-inventores. Por isso mesmo os poetas concretos brasileiros, da geração que antecedeu à de Regina, os elegeram - Pound e Arnaut, fundidos na palavra-enigma provençal 'noigandres' - paradigmas da contracorrente das poéticas visuais neste século. Mas, no seu rol de 'impossibilia' (amasso o ar, caço a lebre com boi, nado contra a maré), os versos trovadorescos escolhidos por Regina como um dos seus 'mottos', articulados com a temática poundiana da usura, parecem definir não só a obstinação do artista-inventor com a sua arte não-mercadológica. Insinuam também outra razão utópica que alimenta artistas como ela, cujas provocações criativas apostam na idéia generosa de que nalgum lugar-sem-lugar ainda será possível, contra a maré da egologia predatória, conciliar a ecologia e a tecnogia, o animal e a alma, o vídeo e a vida" — Augusto de Campos (CAMPOS, Augusto de. [Texto de apresentação]. In: VOICES and visions. Austin: Mexic-Arte Museum, 1997. [Texto escrito em 1996]).
"'Festim de Camões' celebra um mito da história da literatura portuguesa e a especial importância da poesia na cultura brasileira. Quem quer que tenha estado no Brasil deve ter notado que é comum se publicarem poemas nos jornais de primeira tiragem e que poesia tem o seu lugar garantido na cultura popular através das edições de Cordel, com as suas capas em xilogravura - num jeito jamais visto em outros países. A instalação de Regina - um simbólico tableau que representa o famoso banquete de Camões, no qual cada prato, quando revirado de boca para cima revelava um dos seus poemas, evoca o encanto do descobrir o ordinário, elevado ao nível de arte. Na versão por Regina, cada prato contém um poema de um poeta contemporâneo brasileiro, alimentando-nos o pensamento, além de nos prover com o conteúdo visual da instalação.
Regina Vater vem explorando a arte da instalação em formas bem diversas, tendo já produzido mais de 100 instalações desde 1970. Ela também tem sido uma prodigiosa criadora de poesia visual. Bem de família. O seu tataravô, Odorico Mendes, foi o primeiro tradutor de Homero para o português brasileiro, além de ser um poeta muito respeitado. Esta obra de Regina integra a palavra escrita nas suas estruturas visuais e físicas. As chaves visuais da instalação, as folhas de louro, os pratos negros, as rosas, evocam níveis de significados subjetivos que vão além das referências literais. E nós somos convidados a nos banquetear nos pensamentos desses famosos poetas brasileiros e viajar nas veredas de nossas próprias associações" — Bill Lundberg (LUNDBERG, Bill. O espírito da festa. In: VATER, Regina. Camões' Feast. Austin, 2002).
"É interessante observar como o Tempo e o Espaço sempre foram um tema central e constante na obra da artista, em termos de suas investigações pessoais e em seu trabalho, levando-a inicialmente a pesquisar e estudar os mitos da Amazônia, e em seguida, a outras cosmologias brasileiras e mundiais. Através de sua obra, a artista nos faz lembrar constantemente o quanto o mundo contemporâneo necessita dos conhecimentos contidos nessas cosmologias. Para a artista, as cosmologias são os verdadeiros repositórios da antiga sabedoria, fonte inestimável que amplia o horizonte de nossas almas. Os conhecimentos transmitidos por essas mitologias revelaram à artista a importância de uma visão espiritual na qual o ser humano é parte integrante da natureza, e não uma entidade externa destinada a subjugá-la a seu bel prazer. Em consequência de suas investigações sobre o tempo e o espaço, e de suas pesquisas sobre as mitologias e cosmologias antigas, Regina Vater compreendeu a importância de incorporar a ecologia como uma de suas principais preocupações e temas artísticos. Efetivamente, ela tem a seu crédito o fato de ser uma das primeiras artistas a lidar com o tema da ecologia, tendo participado do primeiro e mais importante evento internacional que tratou do assunto: a Bienal Internacional de Veneza de 1976.
(...)
Segundo as próprias palavras da artista: 'Meu trabalho tem a ver com idéias, com poesia e com uma maneira xamanística de abordar a arte. Para mim, qualquer tipo de arte, mesmo que de forma inconsciente, é um processo de contato com as forças criativas e regenerativas do universo'.
Na qualidade de um entre os muitos admiradores de seu trabalho, posso concluir somente constatando que, dentro do contexto atual de tanta arte e atitudes terminais, Regina Vater conta com toda a minha gratidão por compartilhar suas idéias provocadoras e os talentos que recebeu, contribuindo para criar uma Arte que nos arrebata pelo seu poder de inclusão orgânica à teia da vida" — Mario S. Mieli (MIELI, Mario S. "Cascavida" ou a arte como experiência da consciência. In: VATER, Regina. Shellife. Austin: Women & Their Work Gallery, 2003. [Texto escrito em Nova York, em 2003]).
Depoimentos
"A arte deveria ser tratada pelos meios de comunicação mais como uma maneira de pensar do que como mera diversão. Esta face oculta do discurso artístico deveria ser muito mais enfatizada do que a inefabilidade de formatos e formas.
(...)
A arte deveria se originar mais da experimentação intrínseca ao fazer artístico do que da tirania de alguns críticos e galerias" — Regina Vater (VATER, Regina. Notes of Ambition. High Performance Magazine, n. 41-42, p. 71, Spring Summer 1988).
"Quando a arte é filosófica e poética, pode exercer um papel significativo, ajudando a restabelecer as nossas conexões perdidas com a natureza. Eu acredito que uma arte voltada para a ecologia deve ser capaz de despertar no espectador o sentimento de maravilhamento com relação ao sagrado da natureza.
Isto é o que tento transmitir quando crio. Sinto que a mitologia, com toda as suas imagens metafóricas e poéticas relativas à natureza, é uma fantástica fonte de inspiração por possuir o dom de tocar as pessoas num nível psicológico muito profundo.
O fator de eu ter nascido, ter sido criada e ter me formado culturalmente no Brasil, espontaneamente rodeada pelas influências das tradições indígenas e africanas, tem me permitido ver essas tradições como umas das últimas poderosas fontes no Ocidente que facilitam uma aproximação mítica e metafísica com a natureza. A qualidade prístina da natureza é a base de todos os rituais tanto da cultura africana quanto da indígena, porque para seus adeptos é no seio da natureza que as forcas cósmicas do sagrado residem e interagem.
Minhas instalações, fotos, vídeos e trabalhos em outras mídias estão freqüentemente conectados com esses veios de pensamento e poesia. Esta conexão é uma forma de reverência para com a sabedoria antiga, tão arrogantemente ignorada e espezinhada sob a dominação eurocêntrica passada e presente" — Regina Vater (VATER, Regina. The poetic and mythological crossroads of ecological art. Art Journal, New York, v. 51, n. 2, p. 25, Summer 1992).
Acervos
Austin Museum of Arts - Austin (Estados Unidos)
Bibliothèque Nationale - Paris (França)
Blanton Museum of the University of Texas at Austin - Austin (Estados Unidos)
Coleção de Vídeo da Biblioteca Municipal - Salvador BA
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Franklin Furnance Museum - Nova York (Estados Unidos)
Mexic-Arte Museum - Austin (Estados Unidos)
Museu da Imagem e do Som - MIS/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu da Imagem e do Som - MIS/SP - São Paulo SP
Museu de Arte Brasileira - MAB/Faap - São Paulo SP
Museu de Arte de Santa Catarina - Masc - Florianópolis SC
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Museum of Modern Art - Nova York (Estados Unidos)
San Antonio Museum of Art - San Antonio (Estados Unidos)
Southeast Museum of Photography - Daytona Beach (Estados Unidos)
The Ruth and Marvin Sackner Archive of Concrete and Visual Poetry - Miami Beach (Estados Unidos)
Video Annex/Long Beach Museum of Art - Califórnia (Estados Unidos)
Exposições Individuais
1964 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Alpendre
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Piccola Galeria, no Instituto Italiano de Cultura
1968 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Damarco Gallery
1968 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Delaparra
1973 - Rio de Janeiro - Individual, na Galeria Grupo-B
1973 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Mobile
1974 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Ar-Co
1975 - New Orleans (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da Loyola University
1975 - Nova York (Estados Unidos) - Tracks and Traces, na Galeria do Bleeker Cinema
1975 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1976 - São Paulo SP - Individual, no Gabinete de Artes Gráficas
1976 - São Paulo SP - Restos da Paisagem, no MAB/Faap
1977 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1977 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Arte Multiple
1977 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Galeria C-Space
1977 - São Paulo SP - Individual, no MAB/Faap
1978 - São Paulo SP - Veart, na Galeria Arte Global
1981 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Álbum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Eugenia Cucalon Gallery
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Parallel Window, Chelsea
1985 - Austin (Estados Unidos) - Black Installation for Silver Turtles, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1986 - Austin (Estados Unidos) - Individual, no Blanton Museum
1986 - Chicago (Estados Unidos) - Comigo Ninguém Pode, no Artist Book Works
1989 - Austin (Estados Unidos) - Individual, na Women & Their Work Gallery
1989 - Rosendale (Estados Unidos) - Individual, no Women Studio Workshop
1992 - Nova York (Estados Unidos) - Green, na The Donnell Library Center
1992 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Figueiredo
1993 - Daytona Beach (Estados Unidos) - Individual, no Southeast Museum of Photography
1993 - San Antonio (Estados Unidos) - Individual, na Carrington/Gallagher, Ltd. Fine Art
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retrotempo, no Ibeu Copacabana
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retrotempo, no Ibeu Madureira
1995 - São Paulo SP - Comigo Ninguém Pode, na Galeria Sesc Paulista
1997 - Austin (Estados Unidos) - Curandarte, na Women & Their Work Gallery
1999 - San Antonio (Estados Unidos) - Individual, na ArtPace Foundation
2000 - Natal RN - Individual, no Centro de Cultura da UFRN
2003 - Austin (Estados Unidos) - Sounds Good, na Book People
2003 - Austin (Estados Unidos) - Shellife, na Women & Their Work Gallery
2003 - Fortaleza CE - A Arte como Processo Xamânico, no Museu de Arte Contemporânea,
2007 - Rio de Janeiro RJ - Cultivare, no Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho - Castelinho do Flamengo
Exposições Coletivas
1961 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Novos da Petite Galerie, no Copacabana Palace
1961 - São Paulo SP - Mostra 11 do Rio, no Masp
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1965 - Rio de Janeiro RJ - Semana de Arte Contemporânea, na PUC/RJ
1966 - Belo Horizonte MG - 21º Salão de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte, no MAP
1966 - Brasília DF - 3º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1966 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Abril, no MAM/RJ
1966 - Rio de Janeiro RJ - Salão Air France, no MAM/RJ
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC - prêmio aquisição
1967 - Ouro Preto MG - 1º Salão Nacional do Desenho Brasileiro - 1º prêmio
1967 - Paris (França) - 5ª Bienal dos Jovens
1967 - Petrópolis RJ - 1º Salão Nacional de Pintura Jovem, no Hotel Quitandinha - premiada
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna
1967 - Rio de Janeiro RJ - 3º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1967 - Rio de Janeiro RJ - Representantes do Brasil na Bienal dos Jovens de Paris, na Galeria Bonino
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Pintura Jovem, na Piccola Galeria - prêmio em desenho
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão das Caixas, na Petite Galerie - prêmio aquisição
1967 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional da Pintura Jovem - 1º prêmio em desenho
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - 1ª Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1968 - Campinas SP - 4º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1968 - Lima (Peru) - Bienal de Lima
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1970 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria do Ibeu
1970 - São Paulo SP - Jovem Desenho Contemporâneo, no MAC/USP
1971 - Rio de Janeiro RJ - 20º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1972 - Rio de Janeiro RJ - 21º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao exterior
1973 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Nacional de Arte Contemporânea, no MAP
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1974 - Londres (Inglaterra) - Coletiva, no Artist Meeting Place
1974 - São Paulo SP - 8º Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1975 - Buenos Aires (Argentina) - Fourth International Open Encounter on Video, no Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1975 - Buenos Aires (Argentina) - The Last International Exhibition of Mail Art' 75
1975 - Lund (Suécia) - Graphicien du Rio de la Plata, na Galaerie S. T. Petri - Institute of Art History of the University of Lund
1975 - Nova York (Estados Unidos) - First Post Card Show, na New York University
1975 - Rockford (Estados Unidos) - Exposição de Arte Conceitual, no Burpee Art Museum
1976 - Antuérpia (Bélgica) - Fifth International Open Encounter on Video, no International Cultural Centrun
1976 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños - Centro de Arte y Comunicación - CAYC
1976 - Kassel (Alemanha) - Coletiva, na Bickard Botinelli Gallery
1976 - Montecatini (Itália) - Coletiva, no Spazio Alternative 2
1976 - São Paulo SP - 2º Multimedia, no MAC/USP
1976 - São Paulo SP - Aquisições e Doações Recentes, no MAC/USP
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1976 - Veneza (Itália) - 38ª Bienal de Veneza
1977 - Austin (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1977 - Barcelona (Espanha) - Latin-America 76, na Fundació Joan Miró
1977 - Costa Rica - La Decada de 70, na Universidad de Costa Rica
1977 - Little Rock (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision
1977 - Miami (Estados Unidos) - Recent Latin American Drawing in 1969-1976: lines of vision
1977 - São Paulo SP - 14ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - Poéticas Visuais, no MAC/USP
1978 - Nova York (Estados Unidos) - Annual Group Show, na Nobè Gallery
1978 - Nova York (Estados Unidos) - Eight Assemblies, no Pratt Institute
1978 - Providence (Estados Unidos) - Pot Tv, na Amy Arts Center
1978 - São Paulo SP - 1º Encontro Internacional de Videoarte de São Paulo, no MIS/SP
1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap
1978 - São Paulo SP - Poucos e Raros, no Masp
1979 - Bialystock (Polônia) - Other Child Books, na Znak Gallery
1979 - Buenos Aires (Argentina) - 1ª Trienal Latinoamericana del Grabado, nas Salas Nacionales de Exposición
1979 - Mendonza (Argentina) - 1ª Trienal Latinoamericana del Grabado, no Museo de Arte Moderno
1979 - Nova York (Estados Unidos) - Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery
1979 - São Paulo SP - Cooperativa dos Artistas plásticos, na Pinacoteca do Estado
1979 - São Paulo SP - Multimídia Internacional, na ECA/USP
1980 - Nova York (Estados Unidos) - On the Shelf, na 14 Sculptors Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Ikon Logos, no Alternative Museum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Woman Artists, na Soho 20 Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Woman Artists, no Bronx Museum
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Schemes: a decade of installation drawings, na Elise Meyer Inc
1981 - São Paulo SP - 16ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Spirits of Brazil, na Janapa Photography Gallery
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste. 1º Encontro Nacional dos Gravadores, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Zwolle (Holanda) - A White Sheet of Paper, na Zwolle Public Library
1983 - Carolina do Norte (Estados Unidos) - Traditions and Configurations, na Wake Forest University
1983 - Nova York (Estados Unidos) - 5th Annual Artists as Filmakers, na Air Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Artist's Books Show, Franklin Furnance
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Film as Installation, no P.S.1 Contemporary Art Center. Galeria do Clock Tower
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Hispanic Achievement, na Equitable Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Multiples by Latin-American Artists, Franklin Furnance
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - A Seqüência na Fotografia, na Arco Arte Contemporânea
1984 - Los Angeles (Estados Unidos) - Aqui, na University of South California. Fisher Gallery
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Carnival Knowledge, Franklin Furnance
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Message and Metaphor, no Art Awareness Gallery
1985 - Nova York (Estados Unidos) - Collaborations, no Alternative Museum
1985 - São Paulo SP - Artes Novos Meios/Multimeios - Brasil 1970-1980, na MAB/Faap
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro de Artista no Brasil, no CCSP
1987 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Artists Living in New York since 1970, no Blanton Museum
1987 - Cuiabá MT - Artistas pela Natureza, na Casa de Cultura
1987 - Nova York (Estados Unidos) - Transmedia/Transculture, na Exit Art Gallery
1987 - São Paulo SP - Foto/Idéia, no MAC/USP
1987 - São Paulo SP - Palavra Imágica, no MAC/USP
1988 - Austin (Estados Unidos) - A Different Place, no Laguna Gloria Museum
1988 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Drawings from the Barbara Duncan Collection, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1988 - Houston (Estados Unidos) - 1st Texas Triennial, no Contemporary Arts Museum
1988 - Kansas (Estados Unidos) - Current Works, na Leedy-Voulkos Gallery
1988 - New Orleans (Estados Unidos) - Latin American Artists of the Southeast Costal Region, mostra itinerante organizada pelo Contemporary Arts Center of New Orleans
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Debt, na Exit Art Gallery
1988 - Ohio (Estados Unidos) - The Video Medium: an overview, no Geoffrey Taber Gallery
1988 - São Paulo SP - Civilidades da Selva: mitos e iconografias indígenas, no MAC/USP
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Here and There: travels part 2, no The Institute for Contemporary Art. The Clocktower Gallery
1990 - Birmingham (Inglaterra) - Transcontinental, na Ikon Gallery
1990 - El Paso (Estados Unidos) - 1st Texas Triennial Exhibition. Instalação de Regina Vater e Bill Lundberg, no Bridge Center for Contemporary Art
1990 - Houston (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Museu de Arte Contemporânea
1990 - Manchester (Inglaterra) - Transcontinental, na Corner House Gallery
1990 - Massachusets (Estados Unidos) - Poetics of Presence, na SMU Gallery, Southeastern Massachusets University
1990 - Nova York (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Pratt Institute
1991 - Atlanta (Estados Unidos) - The Revered Earth, no Nexus Contemporary Arts Center
1991 - San Antonio (Estados Unidos) - The Revered Earth, na Blue Star Gallery
1991 - San Diego (Estados Unidos) - Counter-Colonialism, no Centro Cultural de la Raza
1991 - San Diego (Estados Unidos) - Latin American Drawings Today, San Diego Museum of Art
1991 - Tucson (Estados Unidos) - The Revered Earth, na Dinnerware Artists Cooperative
1992 - Antuérpia (Bélgica) - America, the Bride of the Sun, no Koninklijk National Royal Museum
1992 - Austin (Estados Unidos) - Installation, no Mexic-Arte Museum
1992 - Minesota (Estados Unidos) - Completing the Circle - Artists Books on the Environment, no Center for Art Books
1992 - Rio de Janeiro RJ - Regina Vater e Bill Lundberg, no Solar Grandjean de Montigny
1992 - São Paulo SP - Regina Vater e Bill Lunddberg, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Vozes da Diáspora, na Pinacoteca do Estado
1992 - São Paulo SP - Vozes dos Minerais, na Galeria Miriam Mamber
1993 - San Francisco (Estados Unidos) - Ceremony of Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no The Mexican Museum
1993 - Washington (Estados Unidos) - Ultramodern: the art of contemporary Brazil, no The National Museum of Women in the Arts
1994 - Austin (Estados Unidos) - Rethinking La Maliche, no Mexic-Arte Museum
1994 - Baltimore (Estados Unidos) - Rejoining the Spiritual: the land in contemporary latin american art, no Maryland Institute, College of Arts
1994 - Brasília DF - Arte Põe Gráfica, na Gibiteca Espaço Cultural, Fundação Cultural Ibac
1994 - Filadélfia (Estados Unidos) - Outside from Within: paper as sculpture, na The University of the Arts. Rosenwald-Woulf Gallery
1994 - New Paltz (Estados Unidos) - WSW XX Years - A Retrospective, na State University of New York at New Paltz
1994 - São Francisco (Estados Unidos) - Brazil by Brazilians, no Center of the Arts
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Austin (Estados Unidos) - Ceremony of the Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no Laguna Gloria Museum
1995 - Brasilia DF - Terra Brasília, no Espaço Cultural 508 Sul
1995 - El Paso (Estados Unidos) - Rethinking La Malinche, no Bridge Center for Contemporary Art
1995 - Natal RN - Mostra Nacional de Poesia Visual, na Galeria Conviv'Art/UFRN
1996 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Artists Books, no Mexic-Arte Museum
1996 - Nova York (Estados Unidos) - Ceremony of the Spirit: nature and memory in contemporary latino art, no Harlem Studio Museum
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page. Livros de Artistas, no Paço das Artes
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Austin (Estados Unidos) - Sniper's Nest: art that has lived with Lucy Lippard, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery
1997 - Austin (Estados Unidos) - Voices and Visions, no Mexic-Arte Museum
1997 - Barra Mansa RJ - O Museu Visita a Galeria, no Centro Universitário de Barra Mansa
1999 - San Antonio (Estados Unidos) - Mostra do Programa de Artista em Residência da ArtPace Foundation
1999 - Wisconsin (Estados Unidos) - Home Altars: sacred space in the domestic realm, no John Michael Kohler Arts Center
2000 - Austin (Estados Unidos) - Exposição de Pequeno Formato, na Texas Fine Arts Association
2000 - Nova York (Estados Unidos) - The End: an independent vision of contemporary culture, 1982-2000, na Exit Art
2000 - São Paulo, SP - Arte Conceitual e Conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC/USP, na Galeria de Arte do Sesi
2001 - São Paulo SP - Cultura Brasileira 1, na Casa das Rosas
2002 - Austin (Estados Unidos) - Brazilian Visual Poetry, no Mexic-Arte Museum
2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Fotografias no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
2003 - Brasília DF - Artefoto, no CCBB
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Natureza Morta, no Espaço Cultural BM&F
2004 - São Paulo SP - Still Life / Natureza Morta, na Galeria de Arte do Sesi
2005 - Belém PA - 24º Salão Arte Pará 2005, na Fundação Romulo Maiorana
2007 - Rio de Janeiro RJ - Mais Precioso que Prata, na Caixa Cultural
2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP
2007 - São Paulo SP - Anos 70 - Arte como Questão, no Instituto Tomie Ohtake
Fonte: REGINA Vater. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 19 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia — Wikipédia
Vater nasceu em 1943, na cidade do Rio de Janeiro. A partir de 1958 estuda desenho e pintura com Frank Schaeffer, até o ano de 1962, e daí com Iberê Camargo até 1965. Durante essa época ela também estudou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, porém não chegou a concluir sua graduação. Em 1964, mesmo ano em que cessou seus estudos na universidade, realizou sua primeira exposição individual, na Galeria Alpendre. Em 1970 se mudou para São Paulo, onde trabalhou como assistente de direção de agências de publicidade. No ano de 1972, através de um prêmio da União Nacional de Arte Moderna, viajou para Nova York, onde trabalhou com o artista Hélio Oiticica e estudou serigrafia no Instituto Pratt.
No ano de 1974 vai morar em Paris, onde realiza um registro fotográfico dos atores da companhia de Ruth Escobar. Vater retorna ao Brasil no final da década de 1970, quando realiza um curso de super-8 na Escola Griffe, na cidade de São Paulo. Em 1980, como bolsista da Fundação Guggenheim, Vater volta para Nova York.
É casada com o artista Bill Lundberg e mora em Austin, Texas.
Exposições Individuais
1964: Exposição de estréia, Galeria Alpendre;
2017: Oxalá que Dê Bom Tempo, Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
Exposições Coletivas
1976: 37ª Bienal de Veneza;
2019: "Manjar", Solar dos Abacaxis.
Coleções Permanentes
As suas obras estão presentes em coleções de vários museus, nomeadamente:
National Library of France, Paris, França
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil
Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil
The Nelson A. Rockefeller Center for Latin American Art, San Antonio, Texas
The Blanton Museum of the University of Texas, Austin, Texas
The Ruth and Marvin Sackner Visual Poetry Archives, Miami, Florida
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 18 de julho de 2022.
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A boa arte de Regina Vater – SP Arte
Regina Vater (Rio de Janeiro, 1943) é a suma do que pode ser chamada de artista transmidiática: do lápis aos pincéis, de instalações a vídeos, Vater não se limita. A experimentação dita e acompanha os seus trabalhos, que não somente se baseiam em reflexões profundas e muitas vezes científicas, mas exigem de seu observador um exercício intelectual que leva seus discursos para casa.
O diálogo entre sociedade, natureza e tecnologia tem sido mote da sua arte nas últimas quatro décadas, e é a partir dele que Regina Vater debate sobre ecologia, religião e história e desbanca discursos estabelecidos sobre o corpo feminino e a presença brasileira no mundo.
“A Celebration for the GOoD Time“
Na retrospectiva em cartaz pela Galeria Jaqueline Martins, o visitante é recebido por “Oferenda ao ancestral” (1988) — trabalho inspirado no Kuarup, ritual que homenageia a memória dos mortos, celebrado tribos indígenas do Xingu brasileiro —, seguida de críticas à exploração predatória e consequente morte da natureza, como em “Nature Morte”, que ironiza a presença da fartura da natureza brasileira, ora lado a lado, ora contida em objetos de luxo e prataria.
Trabalhos sobre tempo e mortalidade introduzem a obra de Vater que, nos últimos pisos da galeria, faz uma figuração metaforizada de suas inspirações em crenças e tradições originárias e declara “Que saudade do Brasil”. O trajeto da artista culmina em uma crítica-lamento, com “Deus dá nozes a quem não tem dentes”. Vater encontra beleza nos mitos e crenças indígenas e africanos, se sente provocada pela suposta “malandragem” do jabuti, herói solar, e, finalmente, junta isso àquilo e idealiza a alma brasileira.
“O mundo é mágico, não é?”
Paula Nunes: Você escreve muito sobre como as suas instalações vão além de oposições entre natureza e cultura, buscando encontro e fusão entre arte e vida. Queria ouvir de você sobre isso.
Regina Vater: Bom, na minha opinião, tudo que se faz com um certo cuidado, com uma certa beleza… pra mim é arte. Como fazer uma comida maravilhosa, de apelo degustativo e colocá-la de uma maneira muito bonita na mesa, eu acho que é um ato de arte, uma performance. Deixar a sua casa de uma maneira muito agradável para quem entra ou para que você mesmo exista nela, acho que é uma maneira de fazer arte. Fiz um trabalho no início dos anos 1970 que se chamava “X-Range” onde fotografei várias casas, inclusive de artistas. Acho que viver em sua casa é ser artista em termos da sua própria existência, tá entendendo?
Não acho que tudo na arte é essa beleza convencional que nós ocidentais construímos, esse gosto, estética ocidental. A beleza pode vir de muitas maneiras. Por exemplo, quando Picasso fez Demoiselles D’avignon, ele foi buscar um outro tipo de beleza que era uma coisa feia para os ocidentais. As máscaras africanas não cabiam no padrão de beleza da estética ocidental, mas ele quis quebrar com aquilo.
Eu tenho até uma certa birra com ele. Ele não está interessado no que aquela estética traz, no conteúdo daquela estética. Porque as máscaras africanas não são feitas pra decoração, elas são feitas para rituais. Então ele não estava interessado na verdadeira cultura africana, ele tava interessado na embalagem da cultura africana.
Minha instalação “Golias”, que tá na galeria, tem a ver com isso.
Aliás eu acho que a boa arte é aquela que você entra no museu e leva pra casa. É aquela que você às vezes não consegue nem dormir porque fica pensando nela; e aquela você se lembra sempre porque ela te marcou, quer dizer, ela tem uma marca forte em você.
Paula Nunes: Você pode se aprofundar um pouco sobre essas influências e inspirações nas culturas indígena e africana no seu trabalho? Qual a sua relação com elas?
Regina Vater: Desde pequena, a coisa do tempo sempre me intrigou, por ser uma dimensão na qual a gente vive mas que não consegue explicar. Varia muito, é uma dimensão elástica. Eu fiz até um trabalho sobre isso em Paris, em 1974, chamado “Christmas Underground“
Essa minha curiosidade do que é do tempo desde a adolescência me levou mais tarde a ler sobre tempo, procurar investigar vários autores, Jorge Luis Borges, o Santo Agostinho, Heráclito. Aí eu me dei conta de que com certeza haveriam outras definições de tempo em outras culturas, e fui procurar investigar os mitos amazônicos.
“Para mim, tudo é lápis”
Paula Nunes: Sobre sua passagem para o vídeo e mídias digitais: o que te levou a esse lugar de criação? Como você explicaria essa passagem para obras e mídias digitais?
Regina Vater: Desde criança eu fui uma pessoa que adorava experimentar coisas, tentar uma coisa nova ou então me inspirar, algo assim! Quando tinha nove anos, fiz um jardim com as flores dos vasos da casa de mamãe. Tinha tido uma festa, a casa estava cheia de flores… eu abri a cera entre os assoalhos de madeira, enfiei as flores e quando minha mãe chegou eu tava regando.
Em arte eu nunca me contentei de ficar numa coisa só. Eu nunca me restringi. Qualquer técnica pra mim é um instrumento. Um vídeo pra mim é como um lápis. Arte é como ciência. É um campo onde você faz as suas indagações sobre a sua existência, sobre o mundo e a maneira como você vê as coisas. Então, a arte pra mim tem essa liberdade total.
Mas eu acho interessante tentar, digamos assim, violar o estabelecido. Pra mim, o que existe é um instrumento. Eu comecei usando lápis e pra mim tudo é lápis. Eu não vejo limitação não.
Paula Nunes: Pensando nessa liberdade de criar sobre o que você comenta, fico curiosa em relação a como que é seu processo de experimentação, e que foi vivido, eu imagino, junto com o Hélio Oiticica e outros artistas também.
Regina Vater: O Hélio foi um garantidor da minha liberdade. Até quando eu fiz o trabalho do coelho ele me deu a maior força. Ele disse “Genial”. Eu tive algumas parteiras na vida. Uma foi o Iberê, e a outra com certeza o Hélio – e a Lígia Clark também.
O Hélio foi uma pessoa que realmente abriu muito a minha cabeça. Ele disse: “Você tá na arte, a arte é o caminho da experimentação, você não tem nada que ficar em em regras acadêmicas e tal”. E realmente foi uma coisa que me deu muito fôlego.
Paula Nunes: Você comenta muito sobre beleza e a ligação da arte com a vida. Vejo um sentimento de reencantamento do mundo e, ao mesmo tempo, um de revolta nos seus trabalhos. Como você vê essas duas “vertentes” na sua obra?
Regina Vater: O meu modo de operar é tentar chegar às pessoas, à existência, seduzir pela beleza, mesmo de uma coisa cruel. Por exemplo nas “Nature morte”, que estão na galeria.
As fotografias, feitas entre 1987 e 1988, retratam restos de animais, as penas e peles e que Vater encara como “vestígios dessa tragédia que foi a colonização das Américas. […] Violenta mesmo. E muito hipócrita, uma coisa que destruía com uma face sorridente, amigável, essa coisa gentil… que nada! Os índios estão muito revoltados, com certeza. E têm toda a razão.”
Fonte: SP–Arte "A boa arte de Regina Vater", escrito por Paula Nunes, em 28 de setembro de 2021. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
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As matrizes africanas e indígenas na obra de Regina Vater
Mostra "A Celebration for the GOoD Time" traça um recorte de 40 anos na produção da artista/ativista que entende a natureza, o homem e suas ancestralidades como elementos indissociáveis
A Celebration for the GOoD Time, de Regina Vater, em cartaz na galeria Jaqueline Martins até 30 de outubro, simboliza o desejo da artista tanto por mudanças do atual governo brasileiro quanto da política no combate à Covid-19. Torna-se evidente a relação simbólica entre a festa/performance/ritual que dá nome à exposição – realizada em 1983 no Central Park, em Nova York, onde Regina morava – e o momento em que estamos. “Os Estados Unidos viviam um clima político e social pesado com o governo de Ronald Reagan. Para piorar, havia a debacle da arte, quando a má pintura dominava o mercado. Qualquer pessoa que pintasse mal virava um grande artista.”
O evento nova-iorquino foi organizado por ela no início da primavera como um renascimento, logo após um inverno rigoroso. O tempo, no Candomblé, é um orixá cujo símbolo é uma bandeira branca que tremula no topo da árvore da vida e assim foi feito no Central Park. Regina convidou os amigos artistas Antoni Miralda, Alison Knowles, Anne Twitty, Bill Lundberg (seu marido), Catalina Parra, Coco Gordon, Karen Bacon e Marylin Wood, entre outros, para se apresentarem vestidos de branco e contribuírem com arte e comida igualmente brancas. “Algumas pessoas foram convidadas e outras se aproximaram espontaneamente. Foi uma espécie de depuração geral, limpeza de uma época muito ruim.” O vídeo que é exibido na galeria, durante toda a mostra, transparece a alegria e a suavidade do evento, com clima despojado e de esperança.
O arco que abrange essa exposição são os 40 anos de produção de uma artista que viveu em várias cidades e países realizando trabalhos colaborativos contaminados pelo entorno. Obras datadas de 1980 a 2020 tomam os três andares da galeria com instalações, vídeos, fotografias, desenhos e objetos. Toda uma zona de enigma toma conta da instalação Rama Dourada, ligada a um dos primeiros romances da humanidade, a epopeia de Gilgamesh, um antigo poema épico. “A história conta que para adentrar o mundo subterrâneo, a deusa dá a Gilgamesh uma rama dourada como passaporte. Na Eneida acontece a mesma coisa, uma deusa também oferece a rama dourada a Eneias para penetrar no mundo das almas e dos mortos, para encontrar e obter ajuda de seu pai. O rito da árvore da rama dourada tem a ver com a Amazônia e os ritmos regenerativos da natureza.”
Odorico Mendes, tataravô de Regina, traduziu Virgílio e Homero. Na década de 1840, se exilou em Paris, onde estava seu amigo e poeta Gonçalves Dias. Eles decidiram voltar juntos para o Brasil, mas ocorreu uma fatalidade. “Meu tataravô morreu de tuberculose num trem em Marselha e o navio de Gonçalves Dias naufragou nas costas do Maranhão. Os dois estavam fadados à morte. Haroldo de Campos considerava a tradução dele a melhor já publicada.” Com fortes certezas culturais, históricas e afetivas, nessa instalação Regina homenageia de uma só vez a tradição poética da humanidade, o romance gerado por Gilgamesh e o tataravô.
A utopia contida nos trabalhos da artista amplia os limites do possível, como na instalação Deus dá nozes a quem não tem dentes, apoiada num dito com timbres da cultura popular muito falado entre os que se sentiram rejeitados pela sorte, ou a tiveram e não souberam aproveitá-la. Dezenas de nozes pintadas de dourado, simbolizando a riqueza, instaladas no piso da galeria, formam um tapete diante da frase escrita na parede, como se fosse um altar, uma alegoria presente não como organização da totalidade, mas como sintaxe de fragmentos.
Em outra obra, trabalhando uma estrutura ficcional narrativa, Regina apresenta Golias, uma instalação que nasce de um desenho realizado em 1985, quando ela e o marido deixavam Nova York para Bill Lundberg assumir o convite para ensinar na Universidade do Texas, em Austin. “Nesse ínterim fiz esses desenhos sobre os mitos amazônicos e essa tartaruga que acabei materializando em uma instalação na galeria Woman in the World, no Texas, que só expunha mulheres.” A artista sempre investiu no que considera importante, desde o material utilizado até o deslocamento físico. Suas obras são potencializadas pelas descobertas e desejos pessoais. A tartaruga, vinda de uma tribo indígena, ganha potência de ninja, recebe o nome de Golias, puxa cordas, que são cordas de um estilingue gigante que atravessa a galeria. Do outro lado da peça, uma grande pedra é enlaçada por essas cordas. O que desloca esse espírito de um lugar do campo intelectual para o outro é a imaginação.
Sobre o cenário da tartaruga, o teto da galeria exibe um olho pintado por Picasso, que é o olho dele. Nessa ficção narrativa, a tartaruga Golias desafia o gigante Picasso que o pintor se tornou. “A exemplo da tela Les Demoiselles d’Avignon, ele só pegou o invólucro africano, quer dizer, as dançarinas, sem se interessar pelo significado, conteúdo e simbologia das imagens daquelas mulheres e das narrativas nelas contidas. Picasso é o próprio colonizador que se apropria de uma cultura nativa. A tela Les Demoiselles d’Avignon hoje daria para resolver muitas dívidas de alguns países africanos. A cultura ocidental é uma cultura muito oportunista, que começa pelo descobrimento – que não foi descobrimento, foi uma invasão e usurpação das terras dos povos originários para gerar lucro aos europeus.” O otimismo não é um ponto destacado do discurso da artista sobre a história oficial. “Hoje tentam se redimir e começam uma releitura de vários episódios históricos, mas nem por isso vejo melhoras na situação dos indígenas ou dos afrodescendentes.”
A artista passou a se interessar pelas culturas arcaicas desde criança, quando teve a curiosidade de entender o tempo. “Um tempo para você é uma coisa, para um astronauta é outra completamente diferente.” Com essa reflexão ela entrou nessa ancestralidade para perguntar a eles o significado do tempo. “A tartaruga tem tudo a ver com isso, ela é um ser cósmico, é um sol que corre com a lua, é o dia que corre com a noite. E, na cultura afro-brasileira tem o Deus Tempo, que Caetano cantou: ‘Tempo, tempo, tempo, tempo’, que é uma bandeira branca.”
Regina pode mudar de territórios, cidades, continentes, mas sempre carrega dentro dela essa acumulação primitiva, a formação primeira de artista/ecologista, ativista/antropóloga afetada por uma humanidade em franca decadência. “Nossa vida é um repositório de experiências que depois se transmudam no trabalho que fazemos e se torna uma antena para o universo. Você também recebe as coisas, eterniza com o teu tempo, o chamado Zeitgeist (espírito da época) dos alemães. Quer dizer, tudo é divino e misterioso.”
Fonte: Arte Brasileiros, "As matrizes africanas e indígenas na obra de Regina Vater", escrito por Leonor Amarante, publicado em 2 de setembro de 2021. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
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Regina Vater – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Regina Vater participa de Composições para tempos insurgentes com a remontagem de duas obras: Para um tempo de guerra (1987) e Janaína (2007). A primeira, composta por cerca de 300 pães e pedras dispostas em espiral no chão, é acompanhada de um poema de César Vallejo. Neste trabalho, o que resta dos escombros e o que encerra a fome são colocados em paralelo, aproximando-se.
Janaína é uma instalação composta por pedras brancas, conchas e uma bacia de metal, organizadas em um círculo sobre uma superfície acima do chão. O título do trabalho remete a um dos diversos nomes usados na cultura afro-brasileira para referenciar Iemanjá. Os materiais que fazem parte da instalação, com origem do mar, também reforçam essa referência ao orixá ligado aos mares.
Artista multimídia, curadora e escritora, Regina Vater ingressou na faculdade de arquitetura da UFRJ em 1961, além de estudar com artistas como Frank Schaeffer e Iberê Camargo. Sua extensa produção, de natureza transmidiática e polissêmica, transita entre as novas figurações dos anos 1960, a arte conceitual e as experiências relacionais, construindo uma poética singular nas conexões entre arte e cultura, natureza e técnica.
Fonte: MAM Rio, textos escritos pelas equipes de educação e curadoria. Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.
Crédito fotográfico: MAM Rio, "Composições para tempos insurgentes Regina Vater". Consultado pela última vez em 19 de julho de 2022.