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Tarsila do Amaral

Tarsila de Aguiar do Amaral (Capivari, 1 de setembro de 1886 — São Paulo, 17 de janeiro de 1973), mais conhecida como Tarsila do Amaral ou simplesmente Tarsila, foi uma pintora, desenhista e tradutora brasileira. É considerada uma das principais artistas modernistas latino-americanas, além de ser considerada a pintora que melhor alcançou as aspirações brasileiras de expressão nacionalista nesse estilo artístico. Suas obras são caracterizadas por cores mais ousadas e pinceladas mais marcadas. O quadro "Abaporu", de 1928 é a obra que teve maior destaque na vida da artista, tornando-se a obra brasileira mais valiosa do mundo.

Biografia – Site da Artista

Infância e aprendizado

Tarsila do Amaral nasceu em 1 de setembro de 1886, no Município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha do fazendeiro José Estanislau do Amaral e de Lydia Dias de Aguiar do Amaral, passou a infância nas fazendas de seu pai. Estudou em São Paulo, no Colégio Sion e depois em Barcelona, na Espanha, onde fez seu primeiro quadro aos 18 anos de idade, o ‘Sagrado Coração de Jesus’, em 1904.

Quando voltou, casou-se com André Teixeira Pinto, com quem teve a única filha, Dulce. Separaram-se alguns anos depois e então iniciou seus estudos em arte. Começou com escultura, com Zadig, passando a ter aulas de desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino em 1918, onde conheceu a pintora Anita Malfatti.

Em 1920, aos foi estudar em Paris, na Académie Julien e com Émile Renard. Ficou lá até junho de 1922, quando soube da Semana de Arte Moderna, que aconteceu em fevereiro de 1922, através das cartas da amiga Anita Malfatti.

Chegando no Brasil, Anita a introduziu no grupo modernista e Tarsila começou a namorar o escritor Oswald de Andrade. Formaram o grupo dos cinco: Tarsila, Anita, Oswald, e os escritores Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Agitaram culturalmente São Paulo com reuniões, festas e conferências. Tarsila disse que entrou em contato com a arte moderna em São Paulo, pois antes ela só havia feito estudos acadêmicos.

Em dezembro de 22, ela voltou a Paris e em seguida Oswald foi encontrá-la.


1923

Neste ano, Tarsila encontrava-se em Paris acompanhada do seu namorado Oswald de Andrade. Ambos conheceram o poeta franco suíço Blaise Cendrars, que apresentou toda a intelectualidade parisiense para eles. Foi então que ela estudou com o mestre cubista Fernand Léger.

Tarsila mostrou a ele a tela ‘A Negra’. Léger ficou entusiasmado e até chamou os outros alunos para ver o quadro. A figura da Negra tinha muita ligação com sua infância, pois essas negras eram geralmente filhas de escravos que tomavam conta das crianças e, algumas vezes, serviam até de amas de leite. Com esta tela, Tarsila entrou para a história da arte moderna brasileira.

A artista estudou também com Lhote e Gleizes, outros mestres cubistas. Cendrars também apresentou a Tarsila pintores como Picasso, o casal Delaunay, outros escritores importantes além dele, como Jean Cocteau, escultores como Brancusi, músicos como Stravinsky e Eric Satie. Ficou amiga dos brasileiros que estavam lá, como o compositor Villa Lobos, o pintor Di Cavalcanti e os mecenas Paulo Prado e Olívia Guedes Penteado.

Tarsila oferecia almoços bem brasileiros em seu ateliê, servindo feijoada e caipirinha. Além de linda, vestia-se com os melhores costureiros da época, como Paul Poiret e Jean Patou.

Em um jantar em homenagem a Santos Dumont, vestiu um casaco vermelho e chamou a atenção de todos por sua beleza e elegância. Pintou o autorretrato ‘Manteau Rouge’ em 1923 depois desta ocasião.


Pau-Brasil

Tarsila disse que foi em Minas que ela viu as cores que gostava desde sua infância, mas que seus mestres diziam que eram caipiras e ela não devia usar em seus quadros.

Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, …

E essas cores tornaram-se uma das marcas da sua obra, assim como a temática brasileira, com as paisagens rurais e urbanas do nosso país, além da nossa fauna, flora, folclore e do nosso povo. Ela dizia que queria ser a pintora do Brasil.

Além do tema e das cores, Tarsila trouxe a técnica do cubismo aprendida em Paris para os seus trabalhos. Esta fase da sua obra é chamada de Pau Brasil, e temos quadros maravilhosos como ‘Carnaval em Madureira’, ‘Morro da Favela’, ‘O Mamoeiro’, ‘O Pescador’, dentre outros. Ainda nesta viagem a artista fez uma das suas melhores séries de desenhos que inspirou Oswald no livro de poesias intitulado Pau-Brasil, e Cendrars no livro Feuilles de route – Le formose.

Em 1926, Tarsila fez sua primeira Exposição individual em Paris, com uma crítica bem favorável. Neste mesmo ano, ela casou-se com Oswald. Depois do casamento o casal passou longas temporadas na fazenda de Tarsila onde recebiam os amigos modernistas.


Antropofagia

Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de aniversário ao seu marido, Oswald de Andrade. Pintou o ‘Abaporu’. Quando Oswald viu, ficou impressionado e disse que era o melhor quadro que Tarsila já havia feito. Chamou o amigo e escritor Raul Bopp, que também achou o quadro fantástico. Batizou-se o quadro de Abaporu, que significa homem que come carne humana, o antropófago. E Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o Movimento Antropofágico.

A figura do Abaporu simbolizou o Movimento que queria deglutir, engolir, a cultura européia, que era a cultura vigente na época, e transformá-la em algo bem brasileiro. Valorizando o nosso país.

Outros exemplos de quadros desta fase dita Antropofágica são: ‘Sol Poente’, ‘A Lua’, ‘Cartão Postal’, ‘O Lago’, ‘Antropofagia’, etc. Nesta fase ela usou bichos e paisagens imaginárias, além das cores fortes.

A artista contou que o Abaporu era fruto de imagens do seu inconsciente, e tinha a ver com as histórias que as negras contavam para ela em sua infância.

Em 1929 Tarsila fez sua primeira Exposição Individual no Brasil, e a crítica dividiu-se, pois ainda muitas pessoas não entendiam sua arte. Neste mesmo ano, ocorrem a crise da bolsa de Nova Iorque e a crise do café no Brasil, e assim a realidade de Tarsila mudou. Seu pai perdeu muito dinheiro, teve as fazendas hipotecadas e ela teve que trabalhar. Separou-se de Oswald, pois este a traiu com a estudante de 18 anos Patrícia Galvão, conhecida como Pagu.


Social e NeoPau Brasil

Em 1931, já com novo namorado, o médico comunista Osório Cesar, Tarsila expôs em Moscou. Lá, sensibilizou-se com a causa operária, pois foi ciceroneada por um amigo dos tempos de Paris, Serge Romoff. Na volta ao Brasil participou de reuniões no Partido Comunista Brasileiro e foi presa por um mês.

Depois deste episódio, terminou o namoro com Osório e nunca mais se envolveu com política. Em 1933 pintou a tela ‘Operários’, pioneira da temática social no Brasil. Desta fase, temos também a tela ‘Segunda Classe’ e outras que podemos atribuir ao social, mas com menos destaque como ´Costureiras´ e ´Orfanato´. Em meados dos anos 30, Tarsila uniu-se com o escritor Luís Martins, mais de vinte anos mais novo que ela. O romance durou 18 anos.

Trabalhou como colunista nos Diários Associados do seu amigo Assis Chateaubriand de 1936 até meados dos anos 50. Em 1950, ela voltou com a temática do Pau Brasil com a tela ‘Fazenda’. Outras telas desta fase são ‘Vilarejo com ponte e mamoeiro´, ´Povoação I´ e ´Porto I´.

Em 1949, sua única neta Beatriz morreu afogada, tentando salvar uma amiga em um lago em Petrópolis. As duas meninas faleceram.

Tarsila participou da I Bienal de São Paulo em 1951, teve sala especial na VII Bienal de São Paulo, e participou da Bienal de Veneza em 1964. Em 1969, a doutora e curadora Aracy Amaral realizou a Exposição, ‘Tarsila 50 anos de pintura’.

Sua filha faleceu antes dela, em 1966.

Tarsila faleceu em janeiro de 1973, aos 87 anos.

Linha do tempo

1886: Nasceu em 1 de setembro em Capivari, Estado de São Paulo, filha de Lydia Dias de Aguiar do Amaral e José Estanislau do Amaral. Cresceu nas Fazendas São Bernardo, no então Município de Capivari (hoje Rafard) e na Fazenda Sertão, no então Município de Jundiaí (hoje Itupeva).

1898: Tarsila e sua irmã Cecília estudavam no Colégio Sion, na capital paulista.

1904: Estudou no Colégio ‘Sacre – Coeur de Jésus’ em Barcelona, onde pintou seu primeiro quadro, uma cópia de um ‘Sagrado Coração de Jesus’.

1906: Voltou ao Brasil e casou-se com André Teixeira Pinto. Da união, nasceu Dulce, sua única filha.

1913: Separou-se do marido e veio morar na cidade de São Paulo.

1916: Iniciou seus estudos em arte com a escultura, estando com Zadig e Mantovani. Nesta época esculpiu Anjo.

1917: Estudou desenho e pintura com Pedro Alexandrino, onde pintou o quadro Meu ateliê.

Em 1920: Estudou com Elpons e pintou Autorretrato com vestido laranja. Mais tarde, neste mesmo ano, Tarsila e Dulce partiram para Paris, onde estudou na Académie Julien e com Émile Renard. Fez também cursos de desenho livre. Levou a filha Dulce que ficou na Inglaterra estudando em Colégio Interno. A tela ‘Passaporte’ foi admitida no ‘Salon Officiel dês Artistes Français’.

1922: Em setembro expôs no Salão de Belas Artes de São Paulo, no Palácio das Indústrias. No final deste ano, Tarsila regressou à Europa.

1923: Viajou a Portugal e Espanha, acompanhada de Oswald. O romance ainda era escondido, pois a separação de Tarsila ainda não tinha ocorrido. Estudou com André Lhote. Depois conheceu Blaise Cendrars, que apresentou a eles a intelectualidade parisiense. Estudou também com Albert Gleizes e com Fernand Léger. Tarsila mostrou o quadro ‘A Negra’ a Léger que ficou muito impressionado. Esta obra deu a ela um lugar de destaque na arte brasileira na época. Neste ano, a artista viajou à Itália com Oswald e voltou ao Brasil em dezembro.

1924: Cendrars veio ao Brasil. Tarsila, Oswald e um grupo de modernistas o levaram para o Carnaval no Rio de Janeiro e a Semana Santa nas cidades históricas de Minas Gerais. Iniciou a fase ‘Pau-Brasil’ na pintura de Tarsila. Na Conferência de Cendrars em São Paulo, Tarsila apresentou a tela ‘E.F.C.B.’ (Estrada de Ferro Central do Brasil), fruto destas viagens.

Voltou a Paris em setembro, e ilustrou o livro de poemas de Cendrars, ‘Feuilles de Route – I. Le Formose’.

1925: Voltou ao Brasil em fevereiro. Preparou as telas para a Exposição em Paris, programada para o ano seguinte.

1926: O casal viajou com os filhos Dulce e Nonê (filho de Oswald) e mais dois casais para o Oriente Médio, onde visitaram a Grécia, Turquia, Israel, Egito, Síria, dentre outros países.

Ainda em 1926, Tarsila faz a sua primeira Exposição Individual de Tarsila em Paris, na Galerie Percier.

1928: Pintou o ‘Abaporu’ em janeiro para dar de presente de aniversário a Oswald. Esta tela inspirou o Movimento Antropofágico. De volta a Paris, fez sua segunda Exposição Individual em junho na mesma Galerie Percier. Inclui nesta Exposição telas da fase Antropofágica.

1929: Primeira Exposição Individual no Brasil, em julho, no Palace Hotel no Rio de Janeiro. Depois, esta Exposição aconteceu em São Paulo.

1930: Tarsila trabalhou na Pinacoteca do Estado como Diretora. Mas com a queda de Júlio Prestes, ela perdeu o emprego. Oswald traiu Tarsila com Patrícia Galvão, conhecida como Pagu. A pintora não aceitou e separou-se dele.

1932: Osório Cesar, namorado de Tarsila, que fazia parte do Partido Comunista Brasileiro

Ficou presa por um mês (por participar de reuniões do Partido Comunista).

1933: Em outubro, realizou Exposição Retrospectiva no Palace Hotel, no Rio de Janeiro. Aos 47 anos, começou o romance com Luís Martins, mais de vinte anos mais jovem que ela.

1934: Participou do 1º. Salão Paulista de Belas Artes, separou-se de Osório e se casou com Luiz, com quem viveu até os anos 50.

1936: Começou a trabalhar como colunista nos jornais ‘Diários Associados’ do seu amigo, Assis Chateaubriand.

1938: Pagou a dívida da hipoteca da Fazenda Santa Tereza do Alto.

1944: Com a obra "Segunda Classe" participou da exposição coletiva em Belo Horizonte.

1945: Faleceu Beatriz, filha de Dulce e única neta de Tarsila aos quinze anos.

1950: Paisagem com Lavadeira. Exposição Retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo, com apresentação de Sérgio Milliet.

1951: Participou da I Bienal de São Paulo e ganhou o ‘Prêmio Aquisição’.

1954: Fez o painel ‘Procissão do Santíssimo’ no Pavilhão de História do Parque do Ibirapuera, em comemoração ao IV Centenário de São Paulo.

1963: Ganhou uma aala especial na VII Bienal de São Paulo.

1964: Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 1964 – Robert Rauschenberg

Participação especial na XXXII Bienal de Veneza.

1966: Falece Dulce, sua filha.

1967: Homenagem a Tarsila na Galeria Tema de São Paulo.

1969: Retrospectiva da artista na Exposição: ‘Tarsila – 50 Anos de Pintura’, no Museu de Arte Moderna do Rio, e posteriormente no Museu de Arte Contemporânea em São Paulo, com curadoria da mestra Aracy Amaral.

1973: Falece Tarsila do Amaral, aos 87 anos.

Fontes:

  • Site Tarsila do Amaral, "Linha do Tempo". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

  • Site Tarsila do Amaral, "Biografia". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

  • Wikipédia. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.


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Biografia – Itaú Cultural

Influenciada por vanguardas europeias, especialmente pelo cubismo, cria um estilo próprio, explorando formas, temáticas e cores na busca por uma pintura de caráter tipicamente brasileiro.

Passou a infância nas fazendas da família no interior de São Paulo e em 1902 vai à Espanha para completar os estudos no colégio Sacré Couer de Barcelona, onde se inicia nas artes. Em 1913, voltou a São Paulo.

Em 1916, trabalha no ateliê do escultor sueco William Zadig (1884-1952), com quem aprende a modelar. Em 1917, estudou desenho e pintura com o pintor Pedro Alexandrino (1856-1942), e conheceu a pintora Anita Malfatti (1889-1964). Anos depois, faz aulas de pintura com o pintor alemão Georg Elpons (1865-1939), que lhe apresenta técnicas diferentes das acadêmicas.

Em 1920, Tarsila vai a Paris para entrar em contato com a produção europeia e se aperfeiçoar. Ingressou na Académie Julian, e também tem aulas com a pintora francesa Emile Renard (1850-1930). Tem os primeiros contatos com a arte moderna e a produção dos dadaístas e futuristas.

Em junho de 1922, depois da Semana de Arte Moderna, volta ao Brasil para “descobrir o modernismo” no país. Conheceu os escritores Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954) e Menotti del Picchia (1892-1988), e com eles e Anita Malfatti fundou o Grupo dos Cinco. Tarsila pinta com cores mais ousadas e pinceladas mais marcadas. Faz retratos de Mário de Andrade e Oswald de Andrade com cores expressionistas e gestualidade marcada.

Em 1923 volta a Paris e retoma as aulas, mas se distancia da educação convencional, acadêmica, para estudar as técnicas modernas. Entrou em contato com grandes nomes do modernismo parisiense e essa convivência a influencia profundamente. Tem aulas, entre outros, com o pintor francês Albert Gleizes (1881-1953), autor do primeiro grande tratado sobre o cubismo, De Cubisme (1912).

Faz uma pintura de inspiração cubista, porém, interessa-se cada vez mais pela figuração tipicamente brasileira, como se observa em A Negra (1923) e A Caipirinha (1923). Ambos representam um ponto importante da obra de Tarsila: o caráter popular, que se apresenta tanto nas figuras e paisagens que protagonizam os quadros da artista (negros, índios, fazenda, favela, plantas e animais) quanto na paleta de cores explorada por ela, consideradas cores “feias” ou de mau gosto (“azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante”, como chama a própria Tarsila).

A abordagem geométrica da iconografia brasileira origina a pintura Pau-Brasil (1924). O crítico de arte Sérgio Milliet (1898-1966) descreve os trabalhos dessa época como “a captação sintética de uma realidade brasileira sentimental e ingênua, de que haviam se envergonhado antes os artistas do nosso país”.

Em 1928, Tarsila presenteia Oswald de Andrade com seu mais famoso quadro, Abaporu. A pintura estimula o escritor a fundar o movimento antropofágico, cuja ideia central é “deglutir” a cultura européia da época para produzir uma cultura brasileira. Abaporu sintetiza essa ideia. Faz também uma crítica social ao representar o brasileiro comum (de rosto indefinido), que tem a cabeça pequena, mas braços e pernas grandes, pois tem sua força braçal explorada, mas não sua habilidade intelectual. Abaporu tornou-se a pintura brasileira mais valiosa no mundo.

Nas obras desse mesmo período, a geometria é abrandada. As formas crescem, tornam-se orgânicas e adquirem características fantásticas, oníricas. Telas como O Ovo, O Sono e A Lua, todas de 1928, compostas de figuras selvagens e misteriosas, aproximam Tarsila do surrealismo.

A partir de 1933, seu trabalho passa a ter uma aparência mais realista. Influenciada pela mobilização socialista, pinta, no mesmo ano, quadros como Operários e 2ª Classe, que apresentam uma preocupação com as mazelas sociais.

A partir de 1936, seus quadros ganham um modelado geométrico. As cores perdem a homogeneidade e tornam-se mais porosas e misturadas.

Na segunda metade dos anos 1940, as inquietações do período pau-brasil e da antropofagia são reformuladas, os temas rurais voltam de maneira simples. Em telas como Praia (1947) e Primavera (1946), as figuras agigantadas evocam o período antropofágico, mas aparecem agora sob forma mais tradicional, com passagens tonais de cor e modelado mais clássico, características da fase neo pau-brasil.

Em 1950, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) faz a primeira retrospectiva de seu trabalho. A exposição dá mais prestígio à artista, e as pinturas da fase neo pau-brasil são mostradas pela primeira vez.

O retorno a temas nacionais anima Tarsila a pintar dois murais de forte sentido patriótico: Procissão do Santíssimo (1954), encomendado para as comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo, e O Batizado de Macunaíma (1956), para a Editora Martins.

Em 2019, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) realiza a maior exposição dedicada à artista: Tarsila Popular.

Reunindo 92 obras da pintora, a mostra se propõe a apresentar Tarsila sob outras óticas, ressaltando o que caracteriza sua pintura como tipicamente brasileira. Tarsila Popular supera o recorde de visitação do Masp: 400 mil pessoas em três meses de exposição.

Tarsila do Amaral figura como um grande nome da pintura no cenário internacional, representando uma arte genuinamente brasileira ao contemplar elementos, temáticas e narrativas populares que constituem a identidade nacional forjada inicialmente pelo movimento modernista.


Críticas

"O Rio de Janeiro vai descobrir Tarsila e vai ter com essa descoberta a exata sensação de um maravilhoso encantamento. Tarsila é o maior pintor brasileiro. Nenhum, antes dela, atingiu aquela força plástica - admirável como invenção e como realização - que ela só possui, entre nós" (...) "Nem também nenhum penetrou tão bem quanto ele a selvageria de nossa terra, o homem bárbaro que é cada um de nós, os brasileiros de verdade que estamos comendo, com a ferocidade possível, a velha cultura de importação, a velha arte imprestável, todos os preconceitos, em suma, com que o Ocidente, através das manhas da catequese, nos envenenou a sensibilidade e o pensamento". – (Oswald de Andrade

ANDRADE, Oswald. [Texto originalmente publicado em entrevista de Oswald de Andrade a O Paiz em 1929]. In: AMARAL, Aracy. Tarsila: sua obra e seu tempo. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Edusp: Editora 34, 2003. p. 314).

"As fases pau-brasil e antropofágica de Tarsila são, sem sombra de dúvida, os pontos culminantes de sua carreira como pintora e as responsáveis pela sua inscrição na história da arte no Brasil. Elas sintetizam, plasticamente, o seu relacionamento genuíno com a terra, e sua picturalidade, como bem afirmou Haroldo de Campos, atualizada pelo contato com o cubismo, permitiu-lhe 'extrair essa lição não de coisas, mas de relações, que lhe permitiu fazer uma leitura estrutural da visualidade brasileira. Reduzindo tudo a poucos e simples elementos básicos, estabelecendo novas e imprevistas relações de vizinhança na sintagmática do quadro, Tarsila codificava em chave cubista a nossa paisagem ambiental e humana, ao mesmo tempo que redescobria o Brasil nessa releitura que fazia, em modo seletivo e crítico (sem por isso deixar de ser amoroso e lírico), das estruturas essenciais de uma visualidade que a rodeava desde a infância fazendeira' (...)". – (Aracy Amaral

AMARAL, Aracy. Tarsila: sua obra e seu tempo. São Paulo: Perspectiva: EDUSP, 1975. Estudos, 33).

"Através de sua atitude e obra, em particular nos anos 20 e 30, processa-se a redescoberta do Brasil, depois de séculos de alheamento e de subserviente absorção de modelos metropolitanos. Com ela, mundo e Brasil dialogam de igual para igual, e criadoramente. À geometria de angulosidade cubista acrescenta ritmos sinuosos e envolventes de uma tradição barroca mais nossa, tropicalizada; mescla também a recuperação de temas, iconografia e cores das manifestações genuinamente populares com o refinamento autoconquistado da técnica de tratá-los no âmbito de uma pintura que nunca pretendeu o ingenuísmo formal, ainda que vez ou outra indique atração pelo lirismo infantilmente fantástico de Henri Rousseau ou pelo humor quase caricatura, característico da irreverência modernista inicial.

Na pintura deixada por Tarsila, o universal se particulariza, o popular se refunde no erudito, a maturidade revisita a infância. Transformando-se em nosso o que a princípio não nos pertencia, mas que pelo contágio e ingestão consciente passou a incorporar-se à nossa individualidade em termos de nação, tudo se explica de novo, como se fosse pela primeira vez". – (Roberto Pontual, PONTUAL, Roberto. Tarsila do Amaral. In: Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1976. p. 75).

"A relação de Tarsila com a obra de Léger demonstra bem a inteligência com a qual analisa a arte francesa. O que ela irá absorver de determinante no sistema de Léger é a utilização do modelo da máquina. Mas a metáfora segundo a qual Léger irá desenvolver seu trabalho tem por objeto a sociedade industrial. Tarsila fará da 'brasilidade' o seu traço distintivo dessa formulação, adotando a 'linguagem de máquina' (assim como Oswald de Andrade se utiliza da linguagem telegráfica) como um desejo de atualização, no sentido de situar a percepção do Brasil a partir da ótica aberta pela industrialização. A máquina no seu trabalho não será apenas uma referência ao presente, será igualmente a tentativa de apreender o universo simbólico brasileiro, por um olhar compatível com seus aspectos mais contemporâneos. Em termos formais, as distinções que esta sua postura produzirá afastarão Tarsila de uma atitude servil diante do modelo de Léger. Neste último, as cores, quase sempre primárias ou com tonalidades metálicas, procuram o máximo de contrastes, como se apresentam na vida urbana. Seu desenho segue o mesmo sentido da sua pintura, sendo a cor substituída por claros e escuros que mantêm o contraste e sugerem volumes, como se fossem uma preparação para a tela. Já o desenho de Tarsila opera mais como uma anotação que busca, através da linha, revelar a estrutura definidora do objeto. Assim, o traço se desenvolve numa linha que flui e vai num ritmo suave construindo o objeto, ao mesmo tempo em que ocupa e organiza a superfície do papel". – (Carlos Zílio, ZÍLIO, Carlos. A querela do Brasil: A questão da identidade da arte brasileira: a obra de Tarsila, Di Cavalcanti e Portinari, 1922-1945. Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 2. ed., 1997).

"Feitas as contas, a maior qualidade da pintura de Tarsila é também a razão de sua assustadora fragilidade - aí está uma superfície discrepante (Torre Eiffel + carnaval em Madureira, como vemos em uma de suas telas...), mantida no fio da navalha, cheia de brechas, articulando um sem-número de polaridades. A bem da verdade, mesmo nos trabalhos mais admiráveis da artista, é possível assistir aos torneios formais em que ela se engalfinha para manejar com naturalidade o vocabulário moderno: freqüentemente as telas divergem entre a descrição quase naturalista dos tipos étnicos, das peculiaridades da paisagem regional, e a geometrização mais decidida das formas, respondendo à exigência moderna de uma franqueza construtiva.

Reconheçamos que em virtude dessa atitude dúplice (que quer abraçar ao mesmo tempo o mundo e o vilarejo natal) muitos detalhes de sua pintura tocam o pitoresco: Tarsila acaba astuciosamente trapaceando a lógica cubista, que aconselharia a redução da figura humana aos tipos anônimos da civilização urbana, e se entretém prazerosamente nos detalhes. Ela oscila, por exemplo, em meio a uma dezena de maneiras de pintar pés e mãos, e isto, como se vê, é quase um capricho sentimental para quem aspira à (alguma) generalização da forma, à percepção estrutural do espaço pictórico.

(...) falar em incompletude e incongruência em face da obra de Tarsila talvez seja também especular em torno de um modo específico de produtividade poética na arte brasileira que, como a pintura da artista revelou, seria movida pela disposição construtiva aprendida da arte moderna tanto quanto pelo seu inverso, a vocação para a tábula rasa, para embaralhar tudo, relativizar o peso excessivo e já normativo de determinada influência, recombinar e buscar novas sínteses culturais". – (Sônia Salzstein, SALZSTEIN, Sônia. A saga moderna de Tarsila. In: TARSILA, anos 20. Org. Sônia Salzstein. Textos de Aracy Amaral et al. São Paulo: Galeria de Arte do Sesi: Página Viva, 1997. p.13, p.16).

Depoimentos

"Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado... Mas depois vinguei-me da opressão passando-as para minhas telas: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, tudo em gradações mais ou menos fortes conforme a mistura de branco. Pintura limpa, sobretudo, sem medo de cânones convencionais. Liberdade e sinceridade, uma certa estilização que adatava a época moderna. Contornos nítidos, dando a impressão perfeita da distância que separa um objeto de outro". – (Tarsila do Amaral, AMARAL, Tarsila. Pintura Pau Brasil e Antropofagia. In: Revista Anual do Salão de Maio. São Paulo, nº 1, 1939. Revista editada por Flávio de Carvalho).

"O abstracionismo, cujos princípios se dirigem ou devem dirigir-se cem por cento à inteligência, não me comove hoje. Já fui partidária dele em 1923, quando estudei com Albert Gleizes o “cubismo integral”, cuja essência corresponde perfeitamente ao abstracionismo.

Todo calculado, pesos e contrapesos, equilíbrio, dinamismo convencional, linhas e cores variando ao infinito, mas sempre linhas e cores. Depois de um certo tempo a gente começa então a desejar evadir-se dessa eternidade artística, que só se dirige ao intelecto e a reagir com a volta ao sentimental, ao humano, já que no complexo humano os sentidos também têm seus direitos". – (Tarsila do Amaral. GOTLIB, Nádia Battella. Tarsila do Amaral, a modernista. São Paulo, Editora Senac São Paulo, 1998, p. 77).


Características de suas obras

Uso de cores vivas: Tarsila foi uma modernista, pintou o Brasil, desrespeitou normas clássicas da pintura tradicional e encheu suas telas de cores, muitas cores. Tarsila conseguiu traduzir em cores vibrantes todas as sombras de um país.

Influência do cubismo (uso de formas geométricas).

Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil.

Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase antropofágica).


Principais obras de Tarsila

Pátio com Coração de Jesus (Ilha de Wright) - 1921

A Espanhola (Paquita) - 1922

Chapéu Azul - 1922

Margaridas de Mário de Andrade - 1922

Árvore - 1922

O Passaporte (Portrait de femme) - 1922

Retrato de Oswald de Andrade - 1922

Retrato de Mário de Andrade - 1922

Estudo (Nu) - 1923

Manteau Rouge - 1923

Rio de Janeiro - 1923

A Negra - 1923

Caipirinha - 1923

Estudo (La Tasse) - 1923

Figura em Azul (Fundo com laranjas) - 1923

Natureza-morta com relógios - 1923

O Modelo - 1923

Pont Neuf - 1923

Rio de Janeiro - 1923

Retrato azul (Sérgio Milliet) - 1923

Retrato de Oswald de Andrade - 1923

Autorretrato - 1924

São Paulo (Gazo) - 1924

A Cuca - 1924

São Paulo - 1924

São Paulo (Gazo) - 1924

A Feira I - 1924

Morro da Favela - 1924

Carnaval em Madureira - 1924

Anjos - 1924

EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil) - 1924

O Pescador - 1925

A Família - 1925

Vendedor de Frutas - 1925

Paisagem com Touro I - 1925

A Gare - 1925

O Mamoeiro - 1925

A Feira II - 1925

Lagoa Santa - 1925

Palmeiras - 1925

Romance - 1925

Sagrado Coração de Jesus I - 1926

Religião Brasileira I - 1927

Manacá - 1927

Pastoral - 1927

A Boneca - 1928

O Sono - 1928

O Lago - 1928

Calmaria I - 1928

Distância - 1928

O Sapo - 1928

O Touro - 1928

O Ovo (Urutu) - 1928

A Lua - 1928

Abaporu - 1928

Cartão Postal - 1928

Antropofagia - 1929

Calmaria II - 1929

Cidade (A Rua) - 1929

Floresta - 1929

Sol Poente - 1929

Idílio - 1929

Distância - 1929

Retrato do Padre Bento - 1931

Operários - 1933

Segunda Classe - 1933

Crianças (Orfanato) - 1935/1949

Costureiras - 1936/1950

Altar (Reza) - 1939

O Casamento - 1940

Procissão - 1941

Terra - 1943

Primavera - 1946

Estratosfera - 1947

Praia - 1947

Fazenda - 1950

Porto I - 1953

Procissão(Painel) - 1954

Batizado de Macunaíma - 1956

A Metrópole - 1958

Passagem de nível III - 1965

Porto II - 1966

Religião Brasileira IV – 1970


Significado das telas

Chapéu Azul

Esta tela foi realizada depois de Tarsila frequentar o ateliê de Emile Renard. As telas dessa época possuem uma grande suavidade e uma atmosfera lírica.


Auto-retrato ou Manteau Rouge

Em Paris, Tarsila foi a um jantar em homenagem a Santos Dumont com esta maravilhosa capa (Manteau Rouge, em francês, significa casaco, manto vermelho). Além de linda, usava roupas muito elegantes e exóticas, e sua presença era marcante em todos os lugares que frequentava. Depois desse jantar, pintou este maravilhoso auto-retrato.


A Negra

Esta tela foi pintada por Tarsila em Paris, enquanto tomava aulas com Fernand Léger. A tela o impressionou tanto que ele a mostrou para todos os seus alunos, dizendo que se tratava de um trabalho excepcional. Em A Negra temos elementos cubistas no fundo da tela e ela também é considerada antecessora da Antropofagia na pintura de Tarsila. Essa negra de seios grandes, fez parte da infância de Tarsila, pois seu pai era um grande fazendeiro, e as negras, geralmente filhas de escravos, eram as amas-secas, espécies de babás que cuidavam das crianças.


EFCB (Estação de Ferro Central do Brasil)

Este quadro foi pintado depois da viagem a Minas Gerais com o grupo modernista. Foi então que Tarsila começou a pintura intitulada Pau-Brasil, com temas e cores bem brasileiras. Esta tela foi pintada para participar da exposição-conferência sobre modernismo do poeta Blaise Cendrars realizada em São Paulo, em junho de 1924.

Carnaval em Madureira

Tarsila veio de Paris e passou o carnaval de 1924 no Rio de Janeiro. É curioso ver que ela colocou a famosa Torre Eiffel no meio da favela carioca.

A Cuca

Tarsila pintou este quadro no começo de 1924 e escreveu à sua filha dizendo que estava fazendo uns quadros “bem brasileiros”, e a descreveu como “um bicho esquisito, no meio do mato, com um sapo, um tatu, e outro bicho inventado”. Este quadro é também considerado um prenúncio da Antropofagia na obra de Tarsila e foi doado por ela ao Museu de Grenoble na França.

O Pescador

Este quadro tem um colorido excepcional e trata de um tema bem brasileiro: um pescador num lago em meio a uma pequena vila com casinhas e vegetação típica. Este quadro foi exposto em Moscou, na Rússia em 1931 e foi comprado pelo governo russo.

Religião Brasileira

Certa vez Tarsila chegou de viagem da Europa, desembarcou no porto de Santos e foi comprar doces caseiros em uma casinha bem simples de pescadores. Ao entrar observou um pequeno altar com vários santinhos, enfeitados por vasinhos e flores de papel crepom. Achou aquilo tão pitoresco e pintou esta maravilhosa tela.

Manacá

Linda tela, com um colorido forte. Esta flor é representada por Tarsila de uma maneira particular, bem típica da obra dela.

Abaporu

Este é o quadro mais importante já produzido no Brasil. Tarsila pintou um quadro para dar de presente para o escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. Quando viu a tela, assustou-se e chamou seu amigo, o também escritor Raul Bopp.

Ficaram olhando aquela figura estranha e acharam que ela representava algo de excepcional. Tarsila lembrou-se então de seu dicionário tupi-guarani e batizaram o quadro como Abaporu (o homem que come). Foi aí que Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e criaram o Movimento Antropofágico, com a intenção de “deglutir” a cultura européia e transformá-la em algo bem brasileiro. Este Movimento, apesar de radical, foi muito importante para a arte brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura, mas de um modo bem brasileiro.

O “Abaporu” foi a tela mais cara vendida até hoje no Brasil, alcançando o valor de US$1.500.000. Foi comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini.

O Lago: Maravilhosa tela da fase Antropofágica, com o colorido e o tema tão típicos de Tarsila. Seu sobrinho Sérgio comprou a tela e permaneceu com ela por muitos anos.

O Ovo ou Urutu: Nesta tela temos símbolos muito importantes da Antropofagia. A cobra grande é um bicho que assusta e tem um poder de “degluti- ção”. A partir daí, o ovo é uma gênese, o nascimento de algo novo e esta era a proposta da Antropofagia. Esta tela pertence ao importante acervo de Gilberto Chateaubriand e está sempre sendo exibida em grandes exposições.

A Lua

Este quadro era o preferido de Oswald de Andrade, seu marido quando pintou a tela. Ele conservou o quadro até sua morte (mesmo já separado de Tarsila).

Cartão Postal

Vemos a lindíssima cidade do Rio de Janeiro nesta tela, que é o maior Cartão Postal do Brasil. O macaco é um bicho Antropofágico de Tarsila que compõe a tela.

Antropofagia

Nesta tela temos a junção do “Abaporu” com “A Negra”. Este aparece invertido em relação ao quadro original. Trata-se de uma das telas mais significativas de Tarsila e o colecionador Eduardo Costantini, dono do “Abaporu”, está muito interessado no quadro e já ofereceu uma soma muito alta por ele (que foi recusada pelos atuais donos).

Fonte: TARSILA do Amaral. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 3 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7


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Biografia – Wikipédia

Tarsila do Amaral é considerada uma das principais artistas modernistas latino-americanas, além de ser considerada a pintora que melhor alcançou as aspirações brasileiras de expressão nacionalista nesse estilo artístico.

Como integrante do Grupo dos Cinco, Tarsila também é considerada uma grande influência no movimento da arte moderna no Brasil, ao lado de Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Ela foi fundamental na formação do movimento estético, Antropofagia (1928-1929); na verdade, foi Tarsila quem com seu célebre quadro, Abaporu, inspirou o famoso Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade.

Infância e educação

Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, uma pequena cidade do interior do estado de São Paulo. Ela nasceu em uma família rica de fazendeiros e latifundiários que cultivavam café, dois anos antes do fim da escravidão no Brasil.

Naquela época, no Brasil, as mulheres não eram incentivadas a cursar o ensino superior, principalmente se viessem de famílias abastadas. No entanto, apesar de vir de uma família rica, Tarsila teve o apoio para obter o ensino superior.

Quando adolescente, Tarsila e seus pais viajaram para a Espanha, onde ela chamou a atenção das pessoas desenhando e pintando cópias das obras de arte que viu nos arquivos de sua escola. Tarsila frequentou a escola em Barcelona e mais tarde estudou em sua cidade natal com o pintor Pedro Alexandrino Borges (1864-1942). Ela também frequentou a Académie Julian em Paris e estudou com outros artistas proeminentes (1920-1923).

Carreira

A partir de 1916, Tarsila do Amaral começou a estudar pintura em São Paulo. Todos eram professores respeitados, mas conservadores. Como o Brasil não tinha um museu de arte público ou uma galeria comercial significativa até depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo da arte brasileira era esteticamente conservador e a exposição às tendências internacionais era limitada.

Acredita-se que nessa época (1913-1920) Amaral compôs uma canção em lá menor para voz e piano chamada "Rondo D'Amour". A música permaneceu desconhecida até novembro de 2021, quando sua partitura foi descoberta na casa de sua sobrinha-neta em Campinas.

Em 25 de janeiro de 2022, a música foi gravada no teatro da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte por três professores da instituição: o pianista Durval Cesetti, a soprano Elke Riedel e o tenor Kaio Morais.

Modernismo Brasileiro

Voltando a São Paulo em 1922, Tarsila foi exposta a muitas coisas depois de conhecer Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Esses colegas artistas formaram um grupo que recebeu o nome de Grupo dos Cinco. Antes de sua chegada a São Paulo vindo da Europa, o grupo havia organizado a Semana de Arte Moderna entre os dias 11 a 18 de fevereiro de 1922. O evento foi fundamental para o desenvolvimento do modernismo no Brasil.

Os participantes estavam interessados em mudar o estabelecimento artístico conservador brasileiro, incentivando um modo diferenciado de arte moderna. Tarsila foi convidada a se juntar ao movimento e juntos formaram o Grupo dos Cinco, que buscava promover a cultura brasileira, o uso de estilos não especificamente europeus e a inclusão de coisas indígenas do Brasil.

Durante um breve retorno a Paris em 1929, Tarsila foi exposta ao cubismo, futurismo e expressionismo enquanto estudava com André Lhote, Fernand Léger e Albert Gleizes. Artistas europeus em geral haviam desenvolvido um grande interesse em culturas africanas e primitivas em busca de inspiração. Isso levou Tarsila a utilizar as formas indígenas de seu próprio país enquanto incorporava os estilos modernos que havia estudado.

Nessa época, em Paris, pintou uma de suas obras mais famosas, A Negra (1923), cujo principal tema é uma grande figura de uma mulher negra com um único seio proeminente. Tarsila estilizou a figura e aplainou o espaço, preenchendo o fundo com formas geométricas.

Animada com seu estilo recém-desenvolvido e sentindo-se cada vez mais nacionalista, ela escreveu para sua família em abril de 1923:

"Me sinto cada vez mais brasileira. Quero ser a pintora do meu país. Como sou grata por ter passado toda a minha infância na fazenda. As memórias desses tempos tornaram-se preciosas para mim. Eu quero, na arte, ser a garotinha de São Bernardo, brincando com bonecas de palha, como na última foto que estou trabalhando. Não pense que esta tendência é vista negativamente aqui. Pelo contrário. O que eles querem aqui é que cada um traga a contribuição de seu próprio país. Isso explica o sucesso do balé russo, dos gráficos japoneses e da música negra. Paris estava farta da arte parisiense."


Fase Pau-Brasil

Oswald de Andrade, que se tornara seu companheiro de viagem, acompanhou-a por toda a Europa. Ao retornarem ao Brasil no final de 1923, Tarsila e Andrade viajaram pelo Brasil para explorar a variedade da cultura indígena e buscar inspiração para sua arte nacionalista. Nesse período, Tarsila fez desenhos dos vários lugares que visitaram, que serviram de base para muitas de suas próximas pinturas. Ela também ilustrou a poesia que Andrade escreveu durante suas viagens, incluindo seu livro fundamental de poemas intitulado Pau Brasil, publicado em 1924.

No manifesto de mesmo nome, Andrade destacou que a cultura brasileira era produto da importação da cultura europeia e convocou os artistas a criarem obras exclusivamente brasileiras para "exportar" a cultura brasileira, assim como a madeira do pau-brasil se tornou um importante exportação para o resto do mundo. Além disso, ele desafiou os artistas a usar uma abordagem modernista em sua arte, objetivo que eles buscavam durante a Semana de Arte Moderna em São Paulo.

Nesse período, as cores de Tarsila ficaram mais vibrantes. Na verdade, ela escreveu que havia encontrado as "cores que adorava quando criança. Mais tarde me ensinaram que elas eram feias e sem sofisticação". Sua pintura inicial desse período foi ECFB (Estrada de Ferro Central do Brasil), (1924). Além disso, na época, ela tinha interesse pela industrialização e seu impacto na sociedade.

Fase Antropofagia

Em 1926, Tarsila casou-se com Andrade e continuaram a viajar pela Europa e Oriente Médio. Em Paris, em 1926, fez sua primeira exposição individual na Galerie Percier. As pinturas apresentadas na exposição incluíam São Paulo(1924), A Negra (1923), Lagoa Santa (1925) e Morro de Favela (1924). Seus trabalhos foram elogiados e chamados de "exóticos", "originais", "ingênuos" e "cerebrais", e comentaram sobre seu uso de cores vivas e imagens tropicais.

Enquanto esteve em Paris, ela foi exposta ao surrealismo e ao retornar ao Brasil iniciou um novo período de pintura onde se afastou de paisagens e cenários urbanos e começou a incorporar o estilo surrealista em sua arte nacionalista. Essa mudança também coincidiu com um movimento artístico maior em São Paulo e em outras partes do Brasil, focado em celebrar o Brasil como o país das grandes cidades, também impactou a forma como sua arte foi formada. Incluindo representações verticais de edifícios em grandes cidades, como São Paulo, sua arte tornou-se icônica.

Essas peças de arte que ela fez podem incluir pequenos aspectos da cidade, como uma bomba de gasolina, ou grandes elementos, como edifícios. Sua mistura de detalhes era importante porque eles compunham a cidade. Com base nas ideias do movimento Pau-Brasil, os artistas se esforçaram para se apropriar de estilos e influências europeias para desenvolver modos e técnicas que eram exclusivamente deles e brasileiros. Esse movimento Pau-Brasil era um conceito modernista do Brasil.

A primeira pintura de Tarsila nessa fase artística foi Abaporu (1928), que havia sido dada como pintura sem título a Andrade em seu aniversário. O tema da obra é uma grande figura humana estilizada com pés enormes sentados no chão ao lado de um cacto com um sol fatiado de limão ao fundo. Andrade escolheu o título, Abaporu, que é um termo indígena para "o homem come", em colaboração com o poeta Raul Bopp. O nome da obra estava relacionado às ideias então atuais sobre a fusão de estilo e influências europeias.

Logo depois, Andrade escreveu seu Manifesto Antropófago, que literalmente chamava os brasileiros para devorar estilos europeus, livrando-se de todas as influências diretas, e criar seu próprio estilo e cultura. O colonialismo desempenhou um papel em seu trabalho; Tarsila incorporou esse conceito em sua arte. Em vez de serem devorados pela Europa, eles próprios devorariam a Europa.

Andrade usou o Abaporu para a capa do manifesto como representação de seus ideais. No ano seguinte, a influência do manifesto continuou, Tarsila pintou Antropofagia (1929), que apresentava a figura do Abaporu junto com a figura feminina de A Negra de 1923, além da folha de bananeira brasileira, cacto e, novamente, a fatia de limão sol.

Em 1929, Tarsila fez sua primeira exposição individual no Brasil, no Palace Hotel, no Rio de Janeiro, que foi seguida por outra no Salão Glória, em São Paulo. Em 1930, ela foi destaque em exposições em Nova York e Paris. No mesmo ano, o casamento de Tarsila e Andrade acabou, o que pôs fim à colaboração entre os dois artistas.

Em 1931, Tarsila viajou para a União Soviética. Enquanto esteve lá, ela fez exposições de suas obras em Moscou no Museu de Arte Ocidental e viajou para várias outras cidades e museus. A pobreza e a situação do povo russo tiveram um grande efeito sobre ela, como visto em sua pintura Operários (1933).

Ao retornar ao Brasil em 1932, envolveu-se na Revolta Constitucionalista de São Paulo contra a ditadura liderada por Getúlio Vargas. Junto com outros que eram vistos como esquerdistas, ela foi presa por um mês porque suas viagens a faziam parecer simpatizante do comunismo.

Final da carreira e morte

No restante de sua carreira, ela se concentrou em temas sociais. Representativa desse período é a pintura Segunda Classe (1931), que tinha como tema homens, mulheres e crianças russas empobrecidas. Ela também começou a escrever uma coluna semanal de arte e cultura para o Diário de São Paulo, que continuou até 1952.

Em 1938, Tarsila finalmente se estabeleceu definitivamente em São Paulo, onde passou o restante de sua carreira pintando pessoas e paisagens brasileiras. Em 1950, ela fez uma exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo onde um crítico a chamou de "a mais brasileira das pintoras daqui, que representa o sol, os pássaros e os espíritos juvenis de nosso país em desenvolvimento, tão simples quanto os elementos de nossa terra e natureza…”. Ela morreu em São Paulo 1973. A vida de Tarsila é marca do caloroso caráter brasileiro e expressão de sua exuberância tropical."

Legado

Além das 230 pinturas, centenas de desenhos, ilustrações, gravuras, murais e cinco esculturas, o legado de Tarsila é seu efeito na direção da arte latino-americana. Tarsila impulsionou o modernismo na América Latina e desenvolveu um estilo único no Brasil.

Seguindo seu exemplo, outros artistas latino-americanos foram influenciados a começar a utilizar o tema indígena brasileiro e desenvolver seu próprio estilo.

A cratera Amaral em Mercúrio recebeu o nome da pintora brasileira como uma homenagem da União Astronômica Internacional.

Em 2018, o Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova Iorque, abriu uma exposição individual de seu trabalho, a oitava retrospectiva sobre artistas da América Latina.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

Exposições Individuais

1926 - Paris (França) - Individual, na Galerie Percier

1928 - Paris (França) - Individual, na Galerie Percier

1929 - Rio de Janeiro RJ - Primeira individual no Brasil, no Palace Hotel

1931 - Moscou (Rússia) - Individual, no Museu de Arte Moderna Ocidental

1933 - Rio de Janeiro RJ - Tarsila do Amaral: retrospectiva, no Palace Hotel

1936 - São Paulo SP - Individual, no Palácio das Arcadas

1950 - São Paulo SP - Tarsila 1918-1950, no MAM/SP

1961 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico

1967 - São Paulo SP - Individual, na Tema Galeria de Arte

1969 - Rio de Janeiro RJ - Tarsila: 50 anos de pintura, no MAM/RJ

1969 - São Paulo SP - Tarsila: 50 anos de pintura, no MAC/USP

1970 - Belo Horizonte MG - Tarsila do Amaral, no MAP


Exposições Coletivas

1922 - Paris (França) - Salon Officiel des Artistes Français

1922 - São Paulo SP - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, no Palácio das Indústrias

1923 - Paris (França) - Exposição de Artistas Brasileiros, na Maison de l'Amérique Latine

1926 - Paris (França) - Salon des Indépendants

1928 - Paris (França) - Salon des Indépendants

1929 - Paris (França) - Salon des Surindépendants

1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists no Internacional Art Center, no Nicholas Roerich Museum

1930 - Recife PE - Exposition de l'École de Paris

1930 - Rio de Janeiro RJ - Exposition de l'École de Paris

1930 - São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista

1930 - São Paulo SP - Exposition de l'École de Paris

1931 - Paris (França) - Salon des Surindépendants

1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba

1931 - Rio de Janeiro RJ - Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro, na Rua Toneleros

1933 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, no Palacete Campinas

1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto

1937 - São Paulo SP - 1º Salão de Maio, no Esplanada Hotel

1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel

1939 - Nova York (Estados Unidos) - Exposição Latino-Americana de Artes Plásticas, no Riverside Museum

1939 - São Paulo SP - 3º Salão de Maio, na Galeria Itá

1941 - São Paulo SP - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias, no Parque da Água Branca

1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana

1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts

1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich CastleMuseum

1944 - Rio de Janeiro RJ - Pintores Norte-Americanos e Brasileiros

1944 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Brasileiro-Norte-Americana, na Galeria Prestes Maia

1945 - Baht (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victory Art Gallery

1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery

1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Salones Nacionales de Exposición

1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery of Scotland

1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery

1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes

1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery

1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura

1945 - Santiago (Chile) - 20 Artistas Brasileños, no Salones Nacionales de Exposición, na Universidad de Santiago

1946 - Santiago (Chile) - Exposición de Pintura Contemporánea Brasileña, na Universidad de Chile

1946 - Valparaíso (Chile) - Exposición de Pintura Contemporánea Brasileña, na Universidad de Chile

1947 - São Paulo SP - Galeria Domus: mostra inaugural

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon - prêmio aquisição e 2º prêmio nacional de pintura

1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ

1952 - Santiago (Chile) - Exposición de Pintura, Dibujos y Grabados Contemporáneos del Brasil, no Museo de Arte Contemporáneo de la Universidad de Chile

1952 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 1922, no MAM/SP

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados

1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP

1955 - Pittsburg (Estados Unidos) - The 1955 Pittsburgh International Exhibition of Contemporary Painting, no Departament of Fine Arts, Carnegie Institute

1956 - São Paulo SP - 50 Anos de Paisagem Brasileira, no MAM/SP

1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderno en Brasil, no Museo Nacional de Bellas Artes

1957 - Lima (Peru) - Arte Moderno en Brasil, no Museo de Arte de Lima

1957 - Rosário (Argentina) - Arte Moderno en Brasil, no Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino

1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderno en Brasil, no Museo de Arte Contemporáneo

1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Enba

1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP

1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP

1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes

1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - sala especial

1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana

1964 - Veneza (Itália) - 32ª Bienal de Veneza

1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery

1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na na The Yale University Art Gallery

1966 - New Orleans (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no Isaac Delgado Museum of Art

1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana

1966 - San Diego (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no La Jolla Museum of Art

1966 - San Francisco (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no San Francisco art Museum

1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP

1966 - Belo Horizonte MG - Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP, no Museu de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte

1966 - Curitiba PR - Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP

1966 - Porto Alegre RS - Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul

1967 - Nova York (Estados Unidos) - Precursors of Modernism in Latin America, no Inter American Art Center

1968 - São Paulo SP - Coleção Tamagni, no MAM/SP

1970 - Rio de Janeiro RJ - 8º Resumo de Arte JB

1970 - São Paulo SP - Mostra inaugural, na Galeria Astréia

1972 - São Paulo SP - 2ª Exposição Internacional de Gravura, no MAM/SP

1972 - São Paulo SP - A Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp

1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria Collectio.


Exposições Póstumas

1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - sala especial

1974 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Raquel Arnaud Babenco e Mônica Filgueiras de Almeida

1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp

1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1975 - São Paulo SP - Exposição SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall

1975 - São Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall

1976 - Paris (França) - Brasil: artistas do século XX, no Artcurial/Centre d'Art Plastique Contemporain

1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira Século XX: caminhos e tendências, na Galeria de Arte Global

1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall

1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira: figuras e movimentos, na Galeria Arte Global

1978 - Belo Horizonte MG - Tarsila do Amaral, na Galeria Guignard

1978 - São Paulo SP - A Paisagem na Coleção da Pinacoteca: Do Século XIX aos Anos 40, na Pinacoteca do Estado

1979 - São Paulo SP - Desenhos dos Anos 40: homenagem a Sérgio Milliet, na Biblioteca Mário de Andrade

1979 - São Paulo SP -15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes

1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes

1981 - Rio de Janeiro RJ - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Lisboa (Portugal) - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas

1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão de 31, no MAM/RJ

1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte

1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP

1984 - São Paulo SP - Grandes Obras, no Studio José Duarte de Aguiar

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos de Tarsila do Amaral, na Acervo Galeria de Arte

1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj

1985 - Rio de Janeiro RJ - Rio: vertente surrealista, na Galeria de Arte Banerj

1985 - São Paulo SP - Rio: vertente surrealista, no MAC/USP

1985 - Curitiba PR - Rio: vertente surrealista, no Museu Guido Viaro

1985 - Porto Alegre RS - Rio: vertente surrealista, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli

1985 - Rio de Janeiro RJ - Tarsila do Amaral: desenhos, na Acervo Galeria de Arte

1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp

1985 - São Paulo SP - Individual, na Secretaria Municipal da Cultura. Departamento de Bibliotecas Públicas

1986 - Porto Alegre RS - Caminhos do Desenho Brasileiro, no Margs - sala destaque

1986 - São Paulo SP - Tarsila 1886-1986, no MAC/USP

1987 - Indianápolis (Estados Unidos) - Art of The Fantastic Latin-America: 1920-1987, no Indianapolis Museum of Art

1987 - Nova York (Estados Unidos) - Art of The Fantastic Latin-America: 1920-1987, no The Queens Museum

1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand , no MAM/RJ

1987 - São Paulo SP - 19ª Bienal Internacional de São Paulo - Imaginários Singulares, na Fundação Bienal

1987 - São Paulo SP - As Bienais no Acervo do MAC: 1951 a 1985, no MAC/USP

1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc

1987 - São Paulo SP - Tarsila: desenhos de 1922 a 1952, na Studio José Duarte de Aguiar e Ricardo Camargo

1988 - Cidade do México (México) - Art of The Fantastic Latin-America: 1920-1987, no Centro Cultural/Arte Contemporáneo

1988 - Miami (Estados Unidos) - Art of The Fantastic Latin-America: 1920-1987, no Center for the Fine Arts

1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP

1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1989 - São Bernardo do Campo SP - Visões da Borda do Campo, na Marusan Galeria de Arte

1990 - São Paulo SP - A Coleção de Arte do Município de São Paulo, no Masp

1991 - Estocolmo (Suécia) - Viva Brasil Viva, no Kulturhuset, Konstavdelningen och Liljevalchs Konsthall

1992 - Las Palmas de Gran Canaria (Ilhas Canárias) - Vocês de Ultramar, Arte en América Latina y Canarias 1910-1960, no Centro Atlántico de Arte Moderno

1992 - Madri (Espanha) - Vocês de Ultramar, Arte en América Latina y Canarias 1910-1960, na Casa de América

1992 - Paris (França) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no Centre Georges Pompidou

1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa da Cultura de Poços de Caldas

1992 - Rio de Janeiro RJ - 1º A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial

1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB

1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade

1992 - São Paulo SP - A Formação do olhar modernista, no MAC/USP

1992 - Sevilha (Espanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century, na Estación Plaza de Armas

1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus

1993 - Colônia (Alemanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no Kunsthalle Cologne

1993 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no MoMA

1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa da Cultura de Poços de Caldas

1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil, 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA

1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB

1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP

1993 - São Paulo SP - A Arte Brasileira no Mundo, uma Trajetória: 24 artistas brasileiros, na Dan Galeria

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB/Faap

1993 - São Paulo SP - Sempre Tarsila, na Rua Guararapes, 78

1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura de Poços de Caldas

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ

1994 - Rio de Janeiro RJ - Trincheiras: arte e política no Brasil, no MAM/RJ

1994 - São Paulo SP - A Aventura Modernista: Coleção Gilberto Chateaubriand no acervo do MAM/RJ, na Galeria de Arte do Sesi

1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1995 - Brasília DF - Coleções de Brasília, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ

1995 - São Paulo SP - Modernismo Paris Anos 20: vivências e convivências, no MAC/USP

1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP 1920-1970, no MAC/USP

1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, no Paço das Artes

1996 - São Paulo SP - Figura e Paisagem no Acervo do MAM: homenagem a Volpi, no MAM/SP

1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP

1997 - Barcelona (Espanha) - Tarsila, Frida, Amélia: Tarsila do Amaral, Frida Kahlo, Amélia Peláez, no Centro Cultural de la Fundación la Caixa

1997 - Barra Mansa RJ - O Museu Visita a Galeria, no Centro Universitário de Barra Mansa

1997 - Madri (Espanha) - Tarsila, Frida, Amélia: Tarsila do Amaral, Frida Kahlo, Amélia Peláez, na Sala de Esposiciones da la Fundación la Caixa

1997 - São Paulo SP - Apropriações Antropofágicas, no Itaú Cultural

1997 - São Paulo SP - Mário de Andrade e o Grupo Modernista, no Centro Cultural e de Estudos Aúthos Paganos

1997 - São Paulo SP - Tarsila Anos 20, na Galeria de Arte do Sesi

1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores

1998 - Rio de Janeiro RJ - A Coleção Constantini no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no MAM/RJ

1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo - Núcleo Histórico: antropofagia e histórias de canibalismo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - A Coleção Constantini no MAM, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles

1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1999 - Niterói RJ - Mostra Rio Gravura. Acervo Banerj, no Museu do Ingá

1999 - Porto Alegre RS - 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1999 - Porto Alegre RS - Picasso, Cubismo e América Latina, no Margs

1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap

1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, na Faap

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural

1999 - São Paulo SP - O Brasil no Século da Arte, na Galeria de Arte do Sesi

1999 - São Paulo SP - Obras sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria

1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Espaço Cultural Banco Cidade

2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa

2000 - Caracas (Venezuela) - Território Comum, Miradas Diversas: artistas latinoamericanos em el siglo XX, no Espacios Unión

2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil-brasis: cousas notaveis e espantosas. Olhares Modernistas, no Museu do Chiado

2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial

2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap

2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna, na Fundação Bienal

2000 - São Paulo SP - Brasil Sobre Papel: matizes e vivências, no Espaço de Artes Unicid

2000 - São Paulo SP - São Paulo: de vila a metrópole, na Galeria Masp Prestes Maia

2000 - São Paulo SP - Um Certo Ponto de Vista: Pietro Maria Bardi 100 anos, na Pinacoteca do Estado

2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles

2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: bodysoul, no Solomon R. Guggenheim Museum

2001 - Rio de Janeiro RJ - Coleções do Moderno: Hecilda e Sergio Fadel na Chácara do Céu, no Museus Castro Maya Museu da Chácara do Céu

2001 - Rio de Janeiro RJ - Surrealismo, no CCBB

2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp

2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no Museu de Arte Brasileira

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Conjunto Cultural da Caixa

2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arquipélagos: o universo plural do MAM, no MAM/RJ

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

2002 - São Paulo SP - 22 e a Idéia do Moderno, no MAC/SP

2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB/SP

2002 - São Paulo SP - Espelho Selvagem: arte moderna no Brasil da primeira metade do século XX, Coleção Nemirovsky, no MAM/SP

2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos

2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP

2002 - São Paulo SP - No Tempo dos Modernistas: D. Olivia Penteado, a senhora das artes, no Museu de Arte Brasileira

2002 - São Paulo SP - Tesouros da Caixa: mostra do acervo artístico da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

2002 - São Paulo SP - Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti: mito e realidade no modernismo brasileiro, no MAM/SP

2003 - Belém PA - 22º Salão Arte Pará, no Museu de Arte do Paraná

2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Ribeirão Preto SP - Anos 20: A Modernidade Emergente, no Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi

2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP

2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/IUSP

2003 - São Paulo SP - Novecento Sudamericano: relações artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai, na Pinacoteca do Estado de São Paulo

2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB/SP

2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake

2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty

2004 - Curitiba PR - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Museu Oscar Niemeyer

2004 - Kyoto (Japão) - Brazil: body nostalgia, no National Museum of Modern Art

2004 - Madri (Espanha) - Arco/2004, no Parque Ferial Juan Carlos I

2004 - Rio de Janeiro RJ - A Face Icônica da Arte Brasileira, no MAM/RJ

2004 - Rio de Janeiro RJ - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA

2004 - São Paulo SP - As Bienais: um olhar sobre a produção brasileira 1951/2002, na Galeria Bergamin

2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP

2004 - São Paulo SP - Mestres do Modernismo, na Estação Pinacoteca

2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado

2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no Museu de Arte Brasileira - FAAP

2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural

2004 - São Paulo SP - Plataforma São Paulo 450 Anos, no MAC/USP

2004 - Tóquio (Japão) - Brazil: body nostalgia, no The National Museum of Modern Art

2005 - São Paulo SP - Faces de Mário, no IEB/USP

2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/USP

2005 - São Paulo SP - 100 Anos da Pinacoteca: a formação de um acervo, na Galeria de Arte do Sesi

2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor

2005 - Paris (França) - Tarsila do Amaral: o nascimento do modernismo no Brasil, na Maison de l´Amérique Latine

2006 - São Paulo SP - Tarsila do Amaral na BM&F: percurso afetivo - 120 anos de nascimento, no Espaço Cultural BM&F

2006 - São Paulo SP - Ao Mesmo Tempo o Nosso Tempo, no Museu de Arte Moderna

2006 - São Paulo SP - MAM na Oca, na Oca

2006 - São Paulo SP - Manobras Radicais, no Centro Cultural Banco do Brasil

2006 - São Paulo SP - O Olhar Modernista de JK, no MAB-FAAP

2006 - São Paulo SP - Sérgio Milliet e as Bienais, no Centro Cultural São Paulo. Divisão de Artes Plásticas

2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado

2006 - São Paulo SP - Viva Cultura Viva do Povo Brasileiro, no Museu Afro Brasil

2006 - Belém PA - Traços e Transições da Arte Contemporânea Brasileira, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas

2006 - Florianópolis SC - Traços do Acervo Caixa, no Museu de Arte de Santa Catarina

2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna

2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP

2007 - São Paulo SP - Mirada: latino-americanos do MAC USP no Memorial, na Galeria Marta Traba

2007 - Curitiba PR - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu Oscar Niemeyer

2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna da Bahia

2008 - São Paulo SP - Brasil Brasileiro, no Centro Cultural Banco do Brasil

2008 - São Paulo SP - Laços do Olhar, no Instituto Tomie Ohtake

2008 - São Paulo SP - MAM 60, na Oca

2008 - Buenos Aires (Argentina) - Tarsila Viajante, no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires

2008 - São Paulo SP - Tarsila Viajante, na Pinacoteca do Estado

2009 - São Paulo SP - Arte na França 1860-1960: o Realismo, no Museu de Arte de São Paulo

2009 - São Paulo SP - Fernand Léger: relações e amizades brasileiras, na Pinacoteca do Estado

2009 - São Paulo SP - Memorial Revisitado: 20 anos, na Galeria Marta Traba

2009 - São Paulo SP - Nus, na Galeria Fortes Vilaça

2009 - São Paulo SP - Olhar da Crítica: Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios, no Palácio dos Bandeirantes

2009 - São Paulo SP - Papéis em Destaque: mestres do século XX, na Dan Galeria

2009 - São Paulo SP - Tesouros da Coleção Roberto Marinho, no Espaço Cultural BM&FBovespa

2009 - Rio de Janeiro RJ - Brasil Brasileiro, no Centro Cultural Banco do Brasil

2009 - São Paulo SP - Sob Um Céu Tropical, na James Lisboa Escritório de Arte

2009 - Madri (Espanha) - Tarsila da Amaral, na Fundación Juan March

2009 - Rio de Janeiro RJ - Trabalhos em Papel, na Mercedes Viegas Escritório de Arte

2010 - São Paulo SP - Brasilidade e Modernismo, na Dan Galeria

2010 - São Paulo SP - Memórias Reveladas, no Museu de Arte Brasileira

2010 - São Paulo SP - Puras Misturas, no Pavilhão das Culturas Brasileiras

2010 - São Paulo SP - Versões do Modernismo, no Instituto de Arte Contemporânea

2010 - Ribeirão Preto SP - Animal, na Galeria de Arte Marcelo Guarnieri

2010 - Rio de Janeiro RJ - Genealogias do Contemporâneo, no Museu de Arte Moderna

2010 - São Paulo SP - 6ª Sp-arte, na Fundação Bienal

2010 - Vitória ES - Tarsila sobre Papel, no Museu de Arte do Espírito Santo

2011 - São Paulo SP - Modernismos no Brasil, no MAC/USP

2011 - São Paulo SP - Papéis Brasileiros: a arte da gravura - Coleção Masp, no Museu de Arte de São Paulo

2011 - São Paulo SP - Recortes de Coleções, na Galeria Ricardo Camargo

2011 - Belo Horizonte MG - 1911-2011 - Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes

2011 - Brasília DF - Mulheres: Artistas e Brasileiras, no Palácio do Planalto

2011 - São Paulo SP - 7ª Sp-arte, na Fundação Bienal

2011 - Campos do Jordão SP - Arte e Cultura no Vale do Paraíba, no Palácio Boa Vista

2011 - Nova Lima MG - Tarsila e o Brasil dos Modernistas, na Casa Fiat de Cultura

2012 - São Paulo SP - Da Seção de Arte ao Prêmio Aquisição: a gênese do Gabinete do Desenho, no Gabinete do Desenho

2012 - São Paulo SP - O Retorno da Coleção Tamagni: até as estrelas por caminhos difíceis, no Museu de Arte Moderna de São Paulo

2012 - São Paulo SP - Percurso Afetivo, no CCBB

2013 - São Paulo SP - Experiência e Transformação, no Museu de Arte Brasileira - FAAP

2013 - Campinas SP - 100 anos de Arte Paulista no Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, na Galeria de Arte da CPFL Cultura

Fonte: TARSILA do Amaral. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 3 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7



Exposições Permanentes

BRASIL

São Paulo

Composição ou Figura Só – MASP

Trabalhadores – MASP

Estudo (Nú) – MASP

Autorretrato com vestido laranja – MASP

Porto I – MASP

Antropofagia – Pinacoteca

Carnaval em Madureira – Pinacoteca

Distância – Pinacoteca

São Paulo – Pinacoteca

Palmeiras – Pinacoteca

Retrato do Padre Bento – Pinacoteca

A Negra – MAC

EFCB – MAC

A Floresta – MAC

Costureiras – MAC

Operários, Samaritana, Retrato de Fernanda de Castro, Retrato de Mário de Andrade, Autorretrato I, Religião Brasileira I, Calmaria, Santa Irapitinga do Segredo, Estratosfera, Estudo de Procissão – Acervo Artístico-Cultural do Palácio do Governo:

Procissão – Centro Cutural São Paulo

Retrato de Oswald de Andrade, O Sapo – Museu de Arte Brasileira FAAP

Rio de Janeiro – Fundação Cultural Ema Gordon Klabin

O Mamoeiro – Instituto de Estudos Brasileiros, IEB

Romance – Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado de SP

Retrato de Luis Martins – Banco Itaú, SP

Retratos de: Francisco Aranha Barreto, Frei Miguel Arcanjo da Anunciação, Joaquim Amaral de Camargo, Josè MAria Nunes Garcia, Marechal Arouche – Museu Paulista de Universidade de SPA

Procissão – Associação Paulista de Medicina

Paisagem da Fazenda Santa Tereza do Alto – MAM-SP

RIO DE JANEIRO

Manteau Rouge – Museu Nacional de Belas Artes

Urutu – MAM Rio

Vendedor de Frutas – MAM Rio

O Touro, Paisagem com flores Rosas e Roxas – Fundação Roberto Marinho

Anjos – MAM, RJ

BAHIA

Boi na Floresta – MAM Bahia

CEARÁ

Religião Brasileira IV – Fundação Edson Queiroz, Fortaleza

ITU

Retratos: Antonio de Toledo Piza, Jesuíno Pinto Bandeira, José Vaz Pinto de Mello, Luis de Antonio de Souza Ferraz, Pedro Alexandrino Rangel Aranha, Victor de Arruda Castanho – Museu Republicano Conveção de Itu, USP, Itu

GUARULHOS

Retrato do Padre Bento – Prefeitura de Guarulhos

RIO GRANDE DO SUL

Paisagem (com casario e Palmeiras) Uma – Museu de Arte da ASPES/FAT/URCAMP

OUTROS PAÍSES

ARGENTINA

Abaporu – MALBA

Pueblito ( Morro da Favela II) – Museu Nacional de Bellas Artes, Neuquem

ESTADOS UNIDOS

A Lua – MoMA

ESPANHA

A Família – Museu Rainha Sofia, Madri

Desenho Abaporu – Museu Rainha Sofia, Madri

FRANÇA

A Cuca – Museu de Grenoble, Grenoble, França

RÚSSIA

O Pescador – Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia

Fonte: Tarsila do Amaral, "Roteiro de obras". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.


Abaporu - A obra mais importante de Tarsila do Amaral

Abaporu é uma pintura a óleo da artista brasileira Tarsila do Amaral. É uma das principais obras do período antropofágico do movimento modernista no Brasil.


É a tela brasileira mais valorizada no mercado mundial das artes, com valor estimado de US$ 40 milhões, sendo comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini por US$ 2,5 milhões, em 1995, em um leilão realizado na Christies. Criador do Museu de arte latino-americana de Buenos Aires (MALBA), Costantini doou sua coleção para o museu, incluindo a Abaporu. Anteriormente a obra pertencia ao empresário brasileiro Raul Forbes, numa aquisição ocorrida em 1985.


Foi pintada em óleo sobre tela, em janeiro de 1928, por Tarsila do Amaral (1886-1973) como presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. O nome da obra foi conferido por ele e pelo poeta Raul Bopp, que indagou a Oswald ao ver o quadro: "Vamos fazer um movimento em torno desse quadro?". Os dois escritores escolheram um nome para a obra, que veio a ser Abaporu, que vem dos termos em tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando "homem que come gente". E também é uma referência para a criação da Antropofagia modernista brasileira, ou Movimento Antropofágico, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil.

Outras obras de Tarsila em sua fase antropofágica: A Lua (1928), O Lago (1928), Cartão Postal (1929) e Sol Poente (1929).


A escolha das cores, formas e perspectiva da obra refletem o desejo de Tarsila de mostrar o Brasil de verdade. “Tarsila desembarcava do ‘Massilia’, navio de luxo vindo de Paris, trazendo na bagagem tintas bonitas, muitos vestidos elegantes e muita renovação”.

O quadro faz parte da fase antropofágica de Tarsila que, assim como a fase pau-brasil, é considerada uma das mais importantes dentro da vida da pintora. Influenciada pelo cubismo, esse período na carreira da artista permitiu a ela fazer uma leitura visual das estruturas da sociedade brasileira.

Intinerário da Obra

Pintado como presente de aniversário para o então marido Oswald de Andrade, quando Tarsila e ele se separaram, o escritor aceitou trocar o quadro por um mais valorizado à época, O Enigma de Um Dia, de Giorgio de Chirico. O Abaporu permaneceu com a autora.

A tela foi exibida várias vezes publicamente nos anos seguintes: em 1928, pela primeira vez, em Paris; no ano seguinte, fez parte das duas primeiras mostras individuais de Tarsila, uma em São Paulo, outra no Rio.

Novamente, em 1933, no Rio de Janeiro, em 1950 e 1952 no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. O Abaporu participou também da VII Bienal Internacional de Arte de São Paulo em 1963, e da XXXII Bienal de Veneza em 1964.

Em 1969, fez parte de uma turnê por várias cidades brasileiras, na mostra Tarsila: 50 Anos de Pintura. Em 1972, foi exposta na comemoração dos 50 anos da Semana de Arte Moderna de 1922.

Nos anos 1960, Tarsila havia vendido o quadro para o colecionador, fundador e diretor do Museu de Arte de São Paulo - MASP, Pietro Maria Bardi. Tarsila tinha a expectativa de que o quadro integrasse a coleção do Museu, validando sua importância como obra capital da arte brasileira.

Bardi, no entanto, revendeu a obra para o colecionador Érico Stickel. Em 1984, o galerista Raul Forbes comprou o quadro por US$ 250 mil - então o valor mais caro já pago por uma pintura brasileira. Em 1995, Forbes decidiu leiloar Abaporu na casa de leilões Christie's, em Nova Iorque. Foi arrematada pelo empresário argentino Eduardo Constantini, por US$ 2,5 milhão, novamente um recorde nacional.

Constantini criaria o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires - Malba, para o qual doou a coleção. O Abaporu voltaria a ser exibido no Brasil em 2008, em mostra na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2011, no Palácio do Planalto, em Brasília; e em 2016, no Rio de Janeiro.

Em abril de 2019, a obra foi finalmente exposta no Masp, na exposição retrospectiva Tarsila Popular.


Abaporu no Brasil

Apesar de ser um dos símbolos do modernismo brasileiro, Abaporu não esteve na Semana de Arte Moderna de 1922, pois o quadro seria pintado somente em 1928. Em 1922, na data da realização da Semana (11 a 18 de fevereiro), Tarsila estava em Paris em busca de uma identidade artística e só retornaria ao país no final daquele ano.

Desde que Costantini adquiriu a tela em 1995, ela foi exposta no Brasil algumas vezes. Em 1998, em uma mostra no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) que exibiu obras do empresário argentino. Em 2002, esteve na Faap para a exposição Da Antropofagia a Brasília. Já em 2008, a pintura brasileira participou de Tarsila Viajante, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Mais uma vez na Faap, fez parte de Mulheres, Artistas e Brasileiras em 2011.

Durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o quadro esteve no Museu de Arte do Rio (MAR) na exposição A Cor do Brasil. Em 5 de abril de 2019, foi exposta pela primeira vez no Museu de Arte de São Paulo (MASP). De acordo com a sobrinha-neta da artista, Tarsilinha do Amaral, era seu sonho que o quadro fosse exposto no local.

Interpretação

Gonzalo Aguillar em seu artigo “O Abaporu, de Tarsila do Amaral: saberes do pé” mencionado em Antropofagia hoje? Oswald de Andrade em cena, livro de Jorge Ruffinelli e João Cezar de Castro Rocha, pensa o Abaporu na qualidade do gênero de retrato anti-humano, pois o rosto é apagado, o corpo é animalesco, porém os pés são bastante humanos e detalhados. Para Aguillar, a gestualidade humana do quadro é parodiada. O homem do quadro é desprovido de identidade, quase desumanizado.

Ortega y Gasset, em "A desumanização da arte", trata da arte e das vanguardas modernas do início do século XX como "nova arte". Para o autor, a desumanização, que tende a se distanciar do objeto e da realidade humana deformando-a pela ruptura e destruição de seu aspecto humano, é própria desta nova escola. Ou seja, a desumanização do Abaporu é uma tendência observada no período.

Para Ortega y Gasset, não se trata de pintar algo que seja completamente distinto de um homem, ou casa, ou montanha, mas sim de pintar um homem que pareça o menos possível com um homem, uma casa que conserve de tal o estritamente necessário para que assistamos à sua metamorfose, um cone que saiu milagrosamente do que era antes uma montanha, como a serpente sai de sua pele. O prazer estético para o artista novo emana desse triunfo sobre o humano; por isso é preciso concretizar a vitória e apresentar em cada caso a vítima estrangulada.

Para Deleuze e Guattari, em "Ano-zero Rostidade", no livro "Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia", o rosto do homem é uma superfície e um mapa, que surge do entrecruzamento dos eixos da significância e da subjetivação, o qual adquire o nome de muro branco-buraco negro. De acordo com os estudiosos, mesmo humana, a cabeça não é forçosamente um rosto. O rosto só se produz quando a cabeça deixa de fazer parte do corpo, quando para de ser codificada pelo corpo, quando ela mesma para de ter um código corporal polívoco multidimensional- quando o corpo, incluindo a cabeça, se encontra descodificado e deve ser sobrecodificado por algo que denominaremos Rosto.

A inversão da hierarquia face-restante do corpo na obra de Tarsila subverte a valorização da cultura ocidental em relação à parte superior do corpo, sobretudo, à cabeça, em uma espécie de provocação estética.

Bakthin trata do baixo e alto material corporal em seu livro "A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento". Para ele, o traço marcante do realismo grotesco é o rebaixamento, isto é, a transferência ao plano material e corporal, o da terra e do corpo na sua indissolúvel unidade, de tudo que é elevado, espiritual, ideal e abstrato.

Outra interpretação da pintura coloca em pauta a questão do trabalho. Para Nádia Battella Gotlib, a temática se manifesta na representação dos pés e das mãos da figura, os quais aparecem desproporcionalmente grandes, simbolizando o trabalho braçal realizado por grande parte da população brasileira. Enquanto isso, a cabeça, em menor evidência, representa o trabalho intelectual, relegado a uma reduzida elite econômica e acadêmica.


Estética

Alguns estudiosos ligam a gestualidade do Abaporu a O Pensador de Rodin. Nádia Regina Maffi Reckel, em sua tese "A tessitura da textualidade em Abaporu" afirma que no 'Abaporu' a re-escritura do 'Pensador' não se dá apenas pela posição corporal da personagem, mas também pela estética do fragmento e do bloco. E, se juntarmos a isso a reescrituração de brasilidade podemos compreender o texto por suas re-escriturações e, não apenas por sua forma ou conteúdo como é comumente lido pelos críticos de arte e educadores.

Outra ligação entre as obras é exemplificada pelo fragmento de sol. No ambiente, a luz é externa, refletindo suas marcas no corpo da personagem e no cacto. O sol é uma referência ao sol brasileiro, à brasilidade da obra.

Fonte: Wikipédia, "Abaporu". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.


Grupo dos Cinco

O Grupo dos Cinco foi um grupo de pintores e escritores influentes associados ao modernismo brasileiro. Eles trabalharam juntos de aproximadamente 1922 a 1929, embora seu trabalho individual como artistas e poetas existisse antes disso e continuasse após o término da colaboração. O grupo incluía Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mario de Andrade.

Enquanto Malfatti e Amaral eram pintoras, seus três homólogos masculinos eram poetas e escritores. O Grupo dos Cinco é conhecido por seu papel central na busca da identidade brasileira, bem como por seu trabalho e envolvimento com a Semana de Arte Moderna, embora Amaral não tenha participado.

Como grupo, eles desenvolveram ideias e manifestos que serviram de inspiração para futuras gerações de artistas brasileiros, como o manifesto poético Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.


Estilo Modelado

Na pintura, o estilo modelado é uma técnica que dá a ilusão de solidez tridimensional à figura humana e aos objetos representados numa superfície de duas dimensões. O efeito de volume é obtido pela variação da intensidade dos tons utilizados, que cria áreas de luz e sombras e resulta na sensação de profundidade.

Já na escultura, nomeia o processo de construção de formas feitas diretamente em materiais maleáveis, como a argila e a cera, e também o procedimento de confecção de um molde de uma escultura para posterior fundição.

Fonte: MODELADO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 3 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7


Entrevista Revista Veja (23/02/1972) - Leo Gilson Ribeiro


Veja: A senhora estava na Europa, durante a Semana. Mesmo assim, é considerada uma de suas figuras principais. Por que?

Tarsila: Embora eu estivesse na Europa, eu acho que participei da Semana de 22 pela carta que a Anita Malfatti me mandou, contando tudo, com todas as minúcias. Agora nem sei onde essa carta foi parar. Eu fiquei admirada do que ela me contou e com a grosseria do Monteiro Lobato quando falou sobre ela, sem compreender nada, muito reacionário, pois imagine que ele se julgava pintor, o Monteiro Lobato, sabe? Eu fiquei muito admirada: o que será esta coisa? A Anita ficou magoada com toda a ra zão, o Monteiro Lobato falava dos quadros dela como se fossem feitos por um burro com um pincel amarrado no rabo e conforme as moscas atormentavam o burro ele dava aquelas pinceladas assim na tela, não é?

Veja: Mas a Semana…

Tarsila: Nas vésperas de ir para a Europa eu aluguei meu atelier para um professor alemão, o professor Elpons, o único impressionista que estava no Brasil. Ele foi o único que me deu uma experiência dos quadros impressionistas porque aqui no Brasil não chegava nada, só através do professor Pedro Alexandrino, que esteve vinte anos em Paris e visitava muito, aqueles grandes pintores, que ele conhecia todos. Muita gente dizia: é perder tempo ir trabalhar no atelier de Pedro Alexandrino porque é um passadista; mas ele tinha preparo, pensando bem não era perder tempo não.

Veja: Como a senhora descobriu o seu talento?

Tarsila: Eu comecei a trabalhar (em São Paulo) sob a direção de Pedro Alexandrino e não me fez nada de mal de ver que era uma coisa antiga, acadêmica, tinha aquele método antigo de copiar à fusain para exercitar a mão, fiz até a cabeça de um negro, ele queria que eu tivesse a mão muito firme e me dava então aquele papel muito grande para trabalhar, não é? Ele ia me explicando tudo, fazer traços sem régua, sem nada. Comecei com o desenho, eu não era uma colorista no princípio, fazia cópias de gesso também, com sombreado, coisas de anatomia que tinha que copiar, conhecer bem. Ele trabalhava no Liceu de Artes e Ofícios e trazia aqueles modelos e era muito bom porque a pessoa aprendia anatomia e sabia as proporções, não é?

Veja: São Paulo era muito provinciana nas artes?

Tarsila: Ah, era, o gosto geral era pelas paisagens iguaizinhas à vida, era o reino da natureza morta também, as fulgurações do metal copiadas na tela, tão real! Isso não foi prejudicial para mim, foi uma fase preparatória. Quando cheguei na Europa fui logo para a Académie Julien, academia de nus, num grande salão, eu fui com meus trabalhos: uma cabeça de velho feita a pastel, depois uma holandesa com óleo já e o negro, que foi a carvão. Havia muitos ateliers e a moda era dos nus, punham o modelo só cinco minutos diante do artista para ele fazer rapidamente, eu gostava até porque já tinha prática. Depois fui estudar com um grande professor hors-concours, fazia exposições, gostava muito da minha pintura, agora me esqueci do nome dele. Ele chamava a atenção dos alunos para o que eu fazia, sabe? Eram muitos e como eu trabalhava rápido ele gostava e dizia para o atelier grande: Voyez ce qu´elle fait, comme c´est puissant (Olhem só o que ela faz, como tem força!) Eu voltei ao Brasil pouco depois da Semana, mas eu não gostava do que a Anita Malfatti fazia, era tudo assim muito deformado. Mas é claro que estava completamente chocada e contra o Monteiro Lobato. Depois, no fim do ano, a Anita foi trabalhar também com o Pedro Alexandrino, porque a mãe da Anita era muito passadista e vivia contra a filha e contra as inovações dela na pintura, dizia que aquilo não prestava. A Anita ficava muito desanimada da mãe se zangar por ela não fazer o parecido, a mãe não compreendia nada, era um horror!

Veja: A senhora achou um ambiente hostil quando voltou?

Tarsila: Eu cheguei nos primeiros dias de junho, vinha de navio, que não tinha a facilidade do avião, o Gago Coutinho é que ia atravessar o Atlântico logo depois. Mas era tão tranqüila a travessia por mar! Eram os navios da Mala Real inglesa, os melhores, e logo passou algum tempo a França fez também o Lutèce e o Marsília. Não, não achei um ambiente hostil quando voltei. Eu recebia muitas pessoas, poetas, no meu atelier da rua Vitória. Era uma casa que pertencia à minha família mesmo.

Veja: A senhora era uma mulher muito bonita…

Tarsila: Quem? Eu? Bom, naturalmente, naquele tempo eu estava melhor do que estou hoje. Aí tive o encontro com o Oswald de Andrade, que era muito extravagante, falava mal de todo mundo, quando ele achava que uma coisa era engraçada, tinha que dizer mesmo que ofendesse os amigos, sacrifica tudo por um bon mot. Uma vez Paulo Prado brigou com ele e nunca mais quis falar com ele, sabe? Eu nem sabia por que, no entanto o Paulo Prado tinha feito um prefácio muito bom para o livro do Oswald, Pau-Brasil, editado lá em Paris. Quando o Oswald tinha uma coisa para dizer, ele não resistia mesmo e aí falou sobre a dona Veridiana Prado e dizem que ela não era, bem ariana, que ela tinha uma misturazinha lá e o Oswald falou daquela gloriosa mulata que a dona Veridiana Prado. Ora, o Paulo Prado era parente muito próximo, de maneira que nunca mais falou com o Oswald.

Veja: Ele brigou também com Mário de Andrade?

Tarsila: Brigou também. Depois ficou com saudade dele, pediu que eu escrevesse uma carta para o Mário, Oswald era muito temperamental, eu estava casada com ele e escrevi mas Mário respondeu que era impossível, que o Oswald o tinha ofendido demais, que ele estava muito ressentido, que não era possível, que comigo era diferente, ele sempre foi muito meu amigo, o Mário. Aí, quando o Oswald viu que ele não voltava mesmo às boas, continuou a falar mal do Mário. Era uma pena esse traço do caráter do Oswald… E com uma obra tão séria, não? as ilustrações dos livros fui eu que fiz todas.

Veja: O famoso Abaporu partiu daí?

Tarsila: Não, eu quis fazer um quadro que assustasse o Oswald, sabe? que fosse uma coisa mesmo fora do comum. Aí é que vamos chegar no Abaporu. Eu mesma não sabia por que que eu queria fazer aquilo… depois é que eu descobri. O Abaporu era aquela figura monstruosa que o senhor conhece, não é? a cabecinha, o bracinho fino apoiado no cotovelo, aquelas pernas compridas, enormes, e junto tinha um cacto que dava a impressão de um sol como se fosse também uma flor e ao mesmo tempo um sol e então quando viu o quadro o Oswald ficou assustadíssimo e perguntou: Mas o que é isso? Que coisa extraordinária! Aí imediatamente telefonou para o Raul Bopp, que estava aqui, e disse: Venha imediatamente aqui que é pra você ver uma coisa! Aí o Bopp foi lá no meu atelier, ali na rua Barão de Piracicaba, um solar muito bonito que meu pai tinha comprado recentemente, o Bopp assustou-se também e o Oswald disse: Isso é como uma coisa como se fosse um selvagem, uma coisa do mato, e o Bopp foi da mesma opinião. Aí eu quis dar um nome selvagem também ao quadro, porque eu tinha um dicionário de Montoia, um padre jesuíta que dava tudo. Para dizer homem, por exemplo, na língua dos índios era Abá. Eu queria dizer homem antropófago, folheei o dicionário todo e não encontrei, só nas últimas páginas tinha uma porção de nomes e vi Puru e quando eu li dizia homem que come carne humana, então achei, ah, como vai ficar bem, Abaporu. E ficou com esse nome.

Veja -Então, a senhora foi a origem do movimento antropófago?

Tarsila: O Raul Bopp achou que devíamos fazer um movimento em torno desse quadro, achou esquisitíssimo, ele gostou muito e depois escreveu um livro interessantíssimo sobre o linguajar indígena do Amazonas. Todos começaram a dizer que o Oswald é que tinha feito o Abaporu e criado o movimento antropofágico. Ele aceitou que dissessem que era de autoria dele, achou interessante.

Veja: Daí ele passou a datar documentos a partir do ano em que os índios tinham comido na Bahia aquele bispo, o bispo Sardinha?

Tarsila: É, e fizeram o movimento da antropofagia e aí todas as quartas-feiras o Chateaubriand (com pronúncia francesa) ofereceu uma página no jornal para o movimento. Então vinha o Geraldo Ferraz, que era conhecido como o açougueiro, falar de arte, não é? Era, sim, açougueiro porque antropofagia era comer carne, então ele é que contava e distribuía entre os leitores. Mas aí, como havia muita irreverência com as famílias que assinavam o Diário de São Paulo o Chateaubriand viu-se obrigado a pedir que não continuassem porque estava perdendo todos os leitores.

Veja: O Aba-Puru com aquela figura deformada, monstruosa, parece coisa de pesadelo.

Tarsila: Engraçado o senhor falar nisto, eu gosto de inventar formas assim de coisas que eu nunca vi na vida, mas não sabia por que que eu tinha feito o Aba-Puru daquela forma. Eu me perguntava: Mas como é que eu fiz isto? Depois uma amiga que era casada com o prefeito me dizia: Sempre que eu vejo Aba-Puru; me lembro de uns pesadelos que eu tenho, e eu então liguei uma coisa a outra, disse que devia ser uma lembrança psíquica ou qualquer coisa assim e me lembrei de quando nós éramos crianças na fazenda. Naquele tempo tinha muita facilidade de empregadas, aquelas pretas que trabalhavam para nós na fazenda, depois do jantar elas reuniam a criançada para contar histórias de assombração, iam contando da assombração que estava no forro da casa, eu tinha muito medo, a gente ficava ouvindo, elas diziam: daqui a pouco da abertura vai cair um braço, vai cair uma perna e nunca esperávamos cair a cabeça, abríamos a porta correndo e nem queríamos saber de ver cair a assombração inteira. Quem sabe o Abaporu é um reflexo disso?

Veja: Assim como o movimento antropofágico tinha relações com as culturas primitivas, dos índios, da África, etc., o Fernand Léger, com a sua temática de máquinas, fábricas, sociedade moderna, teve influência na sua pintura também?

Tarsila: Eu gostava muito da obra dele, fui muito amiga dele, mas não frequentei o atelier do Léger, eu era amiga da mulher dele também, depois até inventaram que ele tinha desenhado brincos para mim, etc., imagine! Eu me inspirei em São Paulo mesmo, na sociedade fabril e foi uma novidade naquele tempo, no Brasil, o que eu fiz. E fui tão bem aceita, que o governo do Estado comprou a minha obra, sabe, um quadro grande, está em Campos do Jordão, imitando em cima uma fábrica. Na época da minha exposição no Rio tive um amigo pernambucano que me mandou todos os recortes da crítica quando foi exposto lá o Abaporu inclusive. Havia invenções incríveis, diziam que meu atelier era como o atelier do Renoir, cheio de nus e não sei o que mais e que eu mandava espalhar pelo atelier inteiro divãs cobertos de veludos roxos, cada uma! E me confundiam com a Anita Malfatti. Naquela época, o senhor imagina, uma jornalista do Rio chegou a escrever que o Oswald de Andrade nem chegara a se casar comigo! Falava de mim feito de um monumento de São Paulo, vale a pena conhecer TARSILA em São Paulo, virei atração turística, veja só! Quando meu casamento com o Oswald foi até um casamento de luxo, o Washington Luís esteve presente! Falavam de mim, de meus muitos amores!, até de lançadora de modas eu fui chamada. E claro, porque cada vez que eu voltava da Europa eu trazia as novidades, não é mesmo? Eu estava uma vez com um vestido lindíssimo, uma seda meio xadrez, com mangas bufantes e dois laços de fita bem largos, azuis (dona Anette mostra uma edição da Ilustração Brasileira e diz que foi em 1924) sabe? Foi o vestido que eu escolhi para o vernissage de obras minhas num conjunto de muitas salas, na rua Barão de Itapetininga, eu estava ali esperando os visitantes. Aí eu vi uma porção mesmo de rapazes que vinham na minha direção, como eu estava na porta eu perguntei: Os senhores querem entrar? Parecia que era o que eles queriam mesmo, e eu os recebi com muita cordialidade, convidei, mal eu sabia o que eles queriam fazer: todos vieram com giletes no bolso para arrasar com tudo o que eu tinha feito! Mas acho que me estranharam de ver num vestido assim tão bonito e não conseguiram o que pretendiam, não.

Veja: A senhora na sua infância morou em São Paulo ou no interior?

Tarsila: Quando eu era pequena eu morava numa fazenda, meu pai adorava tudo que era fazenda, comprava muitas terras, era um homem muito rico porque o pai dele também era conhecido na genealogia paulista como José Estanislau do Amaral, o Milionário. Ele começou a vida sem nada, fazendo óleo de mamona, tinha um ou dois escravos que o ajudavam a fazer isso e depois foi vendendo, foi melhorando, comprou fazendas, uma porção, vendia café em Santos também, onde ganhava muito com isso. Eu fui criada no campo, acho que é por isso que sou tão forte ainda com a minha idade. Na luta do braço (mostra o braço), até homem é difícil de me vencer, sabe?

Veja: E na sua pintura também está essa força da terra, do campo?

Tarsila: Exatamente. Sabe? Eu era pequena na fazenda e via minha mãe com muitos santinhos de igreja, já gostava de pintura, tanto que eu fazia as primeiras cópias mal feitas dos santos. São Franciso Xavier eu fiz quando eu tinha uns quatro anos. Adorava desenhar e viver rodeada de galinhas, de pintos e fazia um desenhozinho, de tudo que era animal que eu via. Aí me fizeram presente de uma gatinha branca, eu adorava gatos, chamava-se Falena, e ela arranjou muitos maridos e eu fiquei com quarenta gatos que me rodeavam miando, lá na fazenda de Capivari. Mas eu passava tempos também na fazenda de São Bernardo, que papai já tinha comprado naquela época, era uma casa muito grande e bonita e até foi vendo as letras da entrada da fazenda que eu fui aprendendo a ler. Sabe, eram letras quase do tamanho deste armário aqui. Minha mãe me ensinava: Olhe, isto aqui é um B, chama-se B esta letra, aqui é um A e eu me lembrava logo da forma das letras. Eu nem senti que estava sendo alfabetizada antes de entrar para a escola. E fazia também bonecas de mato: um mato que crescia com uns caules quadradinhos e dava flor, eu pegava e fazia com aqueles matos uma espécie de escultura, eu fazia braços e pernas e brincava com aquilo. Eu cresci nessa fazenda e como meu pai soube que ali perto tinha se estabelecido uma família belga, eram nobres Van Harenberg Val-mont, tinham uma filha de dezoito anos e, como eu tinha outros irmãos pequenos, papai mandou perguntar se a moça podia vir nos ensinar francês e ela veio mas não nos ensinou nada, mamãe é que ensinou portuguê para ela. O francês eu aprendi porque papai queria os filhos muito educados, então fomos para a Europa e nunca nenhum francês soube que eu não era francesa: me diziam sempre que eu falava completamente sem accent étranger, sabe?

Veja: Em Paris a senhora estava em contato com Picasso, com Apollinaire, com Breton?

Tarsila: Ah, estive, o Cocteau também era nosso grande amigo, eu fazia muitos almoços brasileiros no meu atelier em Paris, que o Paulo Prado descobriu que foi o atelier de Cézanne, na rua Moreau, num bairro até não muito recomendável, mas era tão difícil ter um atelier em Paris! Havia muitos artistas americanos, muitos estrangeiros e era difícil achar. O meu era no quinto andar, tinha que subir tudo a pé, não tinha

banheiro, era meio primitivo, banho mesmo era só no bain publique. Quem ia sempre era o Vila-Lobos e o Cocteau também frequentava, diziam até que ele era muito bom musicista. Vila-Lobos então improvisava num piano de cauda que tinha lá no meu atelier, tocava uma coisa e o Cocteau dizia, fazendo careta de tédio: Non, ça n’est pas quelque chose de neuff! (Não, isso não é nada de novo!) Aí o Vila-Lobos tocava outra coisa e o Cocteau balançava a cabeça Não, isso não é inédito, até que se sentou embaixo do piano alegando que era pour mieux entendre (para ouvir melhor), mas nunca aprovando a música do Vila-Lobos, o folclore brasileiro para ele era déjà entendu (já ouvido). O senhor pode imaginar as brigas que se armavam, com o Vila-Lobos muito espalhafatoso, muito exuberante… Era um clima, aliás, de constantes discussões, porque eram de partidos literários, políticos, estéticos diferentes e dava aquelas confusões eternas…

Veja: A senhora teve uma vida muito rica; quando foi que a senhora se sentiu mais feliz?

Tarsila: Foi quando justamente meu pai comprou um solar, que havia lá na rua Barão de Piracicaba, porque minha mãe gostava de casa bem grande, era uma mansão mesmo e lá é que eu dava festas, fazia jantares e tinha dois rapazinhos de quinze para dezesseis anos e que eram garçons, eu trouxe uma adega excelente, que ninguém conhecia igual em São Paulo, escolhida peça por peça por um sommelier franoh com o nome de um artista conhecido, não me lembro agora, Maurice Chevalier? Não, ele se chamava Charles Boyer, acho que era o nome de um artista do cinema, não era?

Veja: De onde a senhora tira tanta força para viver? Uma queda a deixou presa na cama a maior parte do dia. Recentemente, perdeu a única filha. Logo depois, morreu sua única neta, afogada. A senhora é religiosa?

Tarsila: Ih, sou, sim. Sou muito devota do Menino Jesus de Praga, porque alcancei muitas graças com as orações a ele. É uma novena milagrosa, eu sei tudo de cor: Oh Jesus que dissestes: Pedi e recebereis, procurai e achareis, batei e a porta se abrirá, quando eu li isso eu fiquei arrepiada, sabe? de imaginar assim aquela porta se abrindo, se abrindo… Isso me inspirou um quadro de Jesus Menino com um negrinho, que simboliza os humildes, também com japoneses e índios, eu dei de presente para um padre que dirige um orfanato para crianças. Eu copiava oleografias sacras…

Veja: O Portinari começou também copiando santos.

Tarsila: Ah, tive uma desilusão com Portinari quando conheci um exegeta do cubismo em Paris e freqüentei mais de seis meses esse grande professor e acho que o Portinari não sabia fazer pintura cubista. Por exemplo: ele ia fazer o Tiradentes. Fez com pincel e nanquim, desenhado, e depois colocou pedaços de papel e colou em cima do desenho, isso nunca foi cubismo!

Veja: Além do sentimento religioso, há um tom de lembrança em sua pintura…

Tarsila: Um dos meus quadros que fez muito sucesso quando eu o expus lá na Europa se chama A Negra. Porque eu tenho reminiscências de ter conhecido uma daquelas antigas escravas, quando eu era menina de cinco ou seis anos sabe? escravas que moravam lá na nossa fazenda, e ela tinha os lábios caídos e os seios enormes, porque, me contaram depois, naquele tempo as negras amarravam pedras nos seios para ficarem compridos e elas jogarem para trás e amamentarem a criança presa nas costas. Num quadro que pintei para o IV Centenário de São Paulo eu fiz uma procissão com uma negra em último plano e uma igreja barroca, era uma lembrança daquela negra da minha infância, eu acho. Eu invento tudo na minha pintura. E o que eu vi ou senti, como um belo por-de-sol ou essa negra, eu estilizo.

Veja: A sua pintura, tão poética, é então uma evocação enternecedora de uma infância feliz?

Tarsila: Acho que o senhor não está longe de ter acertado.

Fonte: Rachel – Almanaque Abril. Tarsila do Amaral. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

Crédito fotográfico: Wikipédia, Retrato de Tarsila, ca. 1925. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

Tarsila de Aguiar do Amaral (Capivari, 1 de setembro de 1886 — São Paulo, 17 de janeiro de 1973), mais conhecida como Tarsila do Amaral ou simplesmente Tarsila, foi uma pintora, desenhista e tradutora brasileira. É considerada uma das principais artistas modernistas latino-americanas, além de ser considerada a pintora que melhor alcançou as aspirações brasileiras de expressão nacionalista nesse estilo artístico. Suas obras são caracterizadas por cores mais ousadas e pinceladas mais marcadas. O quadro "Abaporu", de 1928 é a obra que teve maior destaque na vida da artista, tornando-se a obra brasileira mais valiosa do mundo.

Tarsila do Amaral

Tarsila de Aguiar do Amaral (Capivari, 1 de setembro de 1886 — São Paulo, 17 de janeiro de 1973), mais conhecida como Tarsila do Amaral ou simplesmente Tarsila, foi uma pintora, desenhista e tradutora brasileira. É considerada uma das principais artistas modernistas latino-americanas, além de ser considerada a pintora que melhor alcançou as aspirações brasileiras de expressão nacionalista nesse estilo artístico. Suas obras são caracterizadas por cores mais ousadas e pinceladas mais marcadas. O quadro "Abaporu", de 1928 é a obra que teve maior destaque na vida da artista, tornando-se a obra brasileira mais valiosa do mundo.

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Biografia – Site da Artista

Infância e aprendizado

Tarsila do Amaral nasceu em 1 de setembro de 1886, no Município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha do fazendeiro José Estanislau do Amaral e de Lydia Dias de Aguiar do Amaral, passou a infância nas fazendas de seu pai. Estudou em São Paulo, no Colégio Sion e depois em Barcelona, na Espanha, onde fez seu primeiro quadro aos 18 anos de idade, o ‘Sagrado Coração de Jesus’, em 1904.

Quando voltou, casou-se com André Teixeira Pinto, com quem teve a única filha, Dulce. Separaram-se alguns anos depois e então iniciou seus estudos em arte. Começou com escultura, com Zadig, passando a ter aulas de desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino em 1918, onde conheceu a pintora Anita Malfatti.

Em 1920, aos foi estudar em Paris, na Académie Julien e com Émile Renard. Ficou lá até junho de 1922, quando soube da Semana de Arte Moderna, que aconteceu em fevereiro de 1922, através das cartas da amiga Anita Malfatti.

Chegando no Brasil, Anita a introduziu no grupo modernista e Tarsila começou a namorar o escritor Oswald de Andrade. Formaram o grupo dos cinco: Tarsila, Anita, Oswald, e os escritores Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Agitaram culturalmente São Paulo com reuniões, festas e conferências. Tarsila disse que entrou em contato com a arte moderna em São Paulo, pois antes ela só havia feito estudos acadêmicos.

Em dezembro de 22, ela voltou a Paris e em seguida Oswald foi encontrá-la.


1923

Neste ano, Tarsila encontrava-se em Paris acompanhada do seu namorado Oswald de Andrade. Ambos conheceram o poeta franco suíço Blaise Cendrars, que apresentou toda a intelectualidade parisiense para eles. Foi então que ela estudou com o mestre cubista Fernand Léger.

Tarsila mostrou a ele a tela ‘A Negra’. Léger ficou entusiasmado e até chamou os outros alunos para ver o quadro. A figura da Negra tinha muita ligação com sua infância, pois essas negras eram geralmente filhas de escravos que tomavam conta das crianças e, algumas vezes, serviam até de amas de leite. Com esta tela, Tarsila entrou para a história da arte moderna brasileira.

A artista estudou também com Lhote e Gleizes, outros mestres cubistas. Cendrars também apresentou a Tarsila pintores como Picasso, o casal Delaunay, outros escritores importantes além dele, como Jean Cocteau, escultores como Brancusi, músicos como Stravinsky e Eric Satie. Ficou amiga dos brasileiros que estavam lá, como o compositor Villa Lobos, o pintor Di Cavalcanti e os mecenas Paulo Prado e Olívia Guedes Penteado.

Tarsila oferecia almoços bem brasileiros em seu ateliê, servindo feijoada e caipirinha. Além de linda, vestia-se com os melhores costureiros da época, como Paul Poiret e Jean Patou.

Em um jantar em homenagem a Santos Dumont, vestiu um casaco vermelho e chamou a atenção de todos por sua beleza e elegância. Pintou o autorretrato ‘Manteau Rouge’ em 1923 depois desta ocasião.


Pau-Brasil

Tarsila disse que foi em Minas que ela viu as cores que gostava desde sua infância, mas que seus mestres diziam que eram caipiras e ela não devia usar em seus quadros.

Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, …

E essas cores tornaram-se uma das marcas da sua obra, assim como a temática brasileira, com as paisagens rurais e urbanas do nosso país, além da nossa fauna, flora, folclore e do nosso povo. Ela dizia que queria ser a pintora do Brasil.

Além do tema e das cores, Tarsila trouxe a técnica do cubismo aprendida em Paris para os seus trabalhos. Esta fase da sua obra é chamada de Pau Brasil, e temos quadros maravilhosos como ‘Carnaval em Madureira’, ‘Morro da Favela’, ‘O Mamoeiro’, ‘O Pescador’, dentre outros. Ainda nesta viagem a artista fez uma das suas melhores séries de desenhos que inspirou Oswald no livro de poesias intitulado Pau-Brasil, e Cendrars no livro Feuilles de route – Le formose.

Em 1926, Tarsila fez sua primeira Exposição individual em Paris, com uma crítica bem favorável. Neste mesmo ano, ela casou-se com Oswald. Depois do casamento o casal passou longas temporadas na fazenda de Tarsila onde recebiam os amigos modernistas.


Antropofagia

Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de aniversário ao seu marido, Oswald de Andrade. Pintou o ‘Abaporu’. Quando Oswald viu, ficou impressionado e disse que era o melhor quadro que Tarsila já havia feito. Chamou o amigo e escritor Raul Bopp, que também achou o quadro fantástico. Batizou-se o quadro de Abaporu, que significa homem que come carne humana, o antropófago. E Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o Movimento Antropofágico.

A figura do Abaporu simbolizou o Movimento que queria deglutir, engolir, a cultura européia, que era a cultura vigente na época, e transformá-la em algo bem brasileiro. Valorizando o nosso país.

Outros exemplos de quadros desta fase dita Antropofágica são: ‘Sol Poente’, ‘A Lua’, ‘Cartão Postal’, ‘O Lago’, ‘Antropofagia’, etc. Nesta fase ela usou bichos e paisagens imaginárias, além das cores fortes.

A artista contou que o Abaporu era fruto de imagens do seu inconsciente, e tinha a ver com as histórias que as negras contavam para ela em sua infância.

Em 1929 Tarsila fez sua primeira Exposição Individual no Brasil, e a crítica dividiu-se, pois ainda muitas pessoas não entendiam sua arte. Neste mesmo ano, ocorrem a crise da bolsa de Nova Iorque e a crise do café no Brasil, e assim a realidade de Tarsila mudou. Seu pai perdeu muito dinheiro, teve as fazendas hipotecadas e ela teve que trabalhar. Separou-se de Oswald, pois este a traiu com a estudante de 18 anos Patrícia Galvão, conhecida como Pagu.


Social e NeoPau Brasil

Em 1931, já com novo namorado, o médico comunista Osório Cesar, Tarsila expôs em Moscou. Lá, sensibilizou-se com a causa operária, pois foi ciceroneada por um amigo dos tempos de Paris, Serge Romoff. Na volta ao Brasil participou de reuniões no Partido Comunista Brasileiro e foi presa por um mês.

Depois deste episódio, terminou o namoro com Osório e nunca mais se envolveu com política. Em 1933 pintou a tela ‘Operários’, pioneira da temática social no Brasil. Desta fase, temos também a tela ‘Segunda Classe’ e outras que podemos atribuir ao social, mas com menos destaque como ´Costureiras´ e ´Orfanato´. Em meados dos anos 30, Tarsila uniu-se com o escritor Luís Martins, mais de vinte anos mais novo que ela. O romance durou 18 anos.

Trabalhou como colunista nos Diários Associados do seu amigo Assis Chateaubriand de 1936 até meados dos anos 50. Em 1950, ela voltou com a temática do Pau Brasil com a tela ‘Fazenda’. Outras telas desta fase são ‘Vilarejo com ponte e mamoeiro´, ´Povoação I´ e ´Porto I´.

Em 1949, sua única neta Beatriz morreu afogada, tentando salvar uma amiga em um lago em Petrópolis. As duas meninas faleceram.

Tarsila participou da I Bienal de São Paulo em 1951, teve sala especial na VII Bienal de São Paulo, e participou da Bienal de Veneza em 1964. Em 1969, a doutora e curadora Aracy Amaral realizou a Exposição, ‘Tarsila 50 anos de pintura’.

Sua filha faleceu antes dela, em 1966.

Tarsila faleceu em janeiro de 1973, aos 87 anos.

Linha do tempo

1886: Nasceu em 1 de setembro em Capivari, Estado de São Paulo, filha de Lydia Dias de Aguiar do Amaral e José Estanislau do Amaral. Cresceu nas Fazendas São Bernardo, no então Município de Capivari (hoje Rafard) e na Fazenda Sertão, no então Município de Jundiaí (hoje Itupeva).

1898: Tarsila e sua irmã Cecília estudavam no Colégio Sion, na capital paulista.

1904: Estudou no Colégio ‘Sacre – Coeur de Jésus’ em Barcelona, onde pintou seu primeiro quadro, uma cópia de um ‘Sagrado Coração de Jesus’.

1906: Voltou ao Brasil e casou-se com André Teixeira Pinto. Da união, nasceu Dulce, sua única filha.

1913: Separou-se do marido e veio morar na cidade de São Paulo.

1916: Iniciou seus estudos em arte com a escultura, estando com Zadig e Mantovani. Nesta época esculpiu Anjo.

1917: Estudou desenho e pintura com Pedro Alexandrino, onde pintou o quadro Meu ateliê.

Em 1920: Estudou com Elpons e pintou Autorretrato com vestido laranja. Mais tarde, neste mesmo ano, Tarsila e Dulce partiram para Paris, onde estudou na Académie Julien e com Émile Renard. Fez também cursos de desenho livre. Levou a filha Dulce que ficou na Inglaterra estudando em Colégio Interno. A tela ‘Passaporte’ foi admitida no ‘Salon Officiel dês Artistes Français’.

1922: Em setembro expôs no Salão de Belas Artes de São Paulo, no Palácio das Indústrias. No final deste ano, Tarsila regressou à Europa.

1923: Viajou a Portugal e Espanha, acompanhada de Oswald. O romance ainda era escondido, pois a separação de Tarsila ainda não tinha ocorrido. Estudou com André Lhote. Depois conheceu Blaise Cendrars, que apresentou a eles a intelectualidade parisiense. Estudou também com Albert Gleizes e com Fernand Léger. Tarsila mostrou o quadro ‘A Negra’ a Léger que ficou muito impressionado. Esta obra deu a ela um lugar de destaque na arte brasileira na época. Neste ano, a artista viajou à Itália com Oswald e voltou ao Brasil em dezembro.

1924: Cendrars veio ao Brasil. Tarsila, Oswald e um grupo de modernistas o levaram para o Carnaval no Rio de Janeiro e a Semana Santa nas cidades históricas de Minas Gerais. Iniciou a fase ‘Pau-Brasil’ na pintura de Tarsila. Na Conferência de Cendrars em São Paulo, Tarsila apresentou a tela ‘E.F.C.B.’ (Estrada de Ferro Central do Brasil), fruto destas viagens.

Voltou a Paris em setembro, e ilustrou o livro de poemas de Cendrars, ‘Feuilles de Route – I. Le Formose’.

1925: Voltou ao Brasil em fevereiro. Preparou as telas para a Exposição em Paris, programada para o ano seguinte.

1926: O casal viajou com os filhos Dulce e Nonê (filho de Oswald) e mais dois casais para o Oriente Médio, onde visitaram a Grécia, Turquia, Israel, Egito, Síria, dentre outros países.

Ainda em 1926, Tarsila faz a sua primeira Exposição Individual de Tarsila em Paris, na Galerie Percier.

1928: Pintou o ‘Abaporu’ em janeiro para dar de presente de aniversário a Oswald. Esta tela inspirou o Movimento Antropofágico. De volta a Paris, fez sua segunda Exposição Individual em junho na mesma Galerie Percier. Inclui nesta Exposição telas da fase Antropofágica.

1929: Primeira Exposição Individual no Brasil, em julho, no Palace Hotel no Rio de Janeiro. Depois, esta Exposição aconteceu em São Paulo.

1930: Tarsila trabalhou na Pinacoteca do Estado como Diretora. Mas com a queda de Júlio Prestes, ela perdeu o emprego. Oswald traiu Tarsila com Patrícia Galvão, conhecida como Pagu. A pintora não aceitou e separou-se dele.

1932: Osório Cesar, namorado de Tarsila, que fazia parte do Partido Comunista Brasileiro

Ficou presa por um mês (por participar de reuniões do Partido Comunista).

1933: Em outubro, realizou Exposição Retrospectiva no Palace Hotel, no Rio de Janeiro. Aos 47 anos, começou o romance com Luís Martins, mais de vinte anos mais jovem que ela.

1934: Participou do 1º. Salão Paulista de Belas Artes, separou-se de Osório e se casou com Luiz, com quem viveu até os anos 50.

1936: Começou a trabalhar como colunista nos jornais ‘Diários Associados’ do seu amigo, Assis Chateaubriand.

1938: Pagou a dívida da hipoteca da Fazenda Santa Tereza do Alto.

1944: Com a obra "Segunda Classe" participou da exposição coletiva em Belo Horizonte.

1945: Faleceu Beatriz, filha de Dulce e única neta de Tarsila aos quinze anos.

1950: Paisagem com Lavadeira. Exposição Retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo, com apresentação de Sérgio Milliet.

1951: Participou da I Bienal de São Paulo e ganhou o ‘Prêmio Aquisição’.

1954: Fez o painel ‘Procissão do Santíssimo’ no Pavilhão de História do Parque do Ibirapuera, em comemoração ao IV Centenário de São Paulo.

1963: Ganhou uma aala especial na VII Bienal de São Paulo.

1964: Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 1964 – Robert Rauschenberg

Participação especial na XXXII Bienal de Veneza.

1966: Falece Dulce, sua filha.

1967: Homenagem a Tarsila na Galeria Tema de São Paulo.

1969: Retrospectiva da artista na Exposição: ‘Tarsila – 50 Anos de Pintura’, no Museu de Arte Moderna do Rio, e posteriormente no Museu de Arte Contemporânea em São Paulo, com curadoria da mestra Aracy Amaral.

1973: Falece Tarsila do Amaral, aos 87 anos.

Fontes:

  • Site Tarsila do Amaral, "Linha do Tempo". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

  • Site Tarsila do Amaral, "Biografia". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

  • Wikipédia. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.


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Biografia – Itaú Cultural

Influenciada por vanguardas europeias, especialmente pelo cubismo, cria um estilo próprio, explorando formas, temáticas e cores na busca por uma pintura de caráter tipicamente brasileiro.

Passou a infância nas fazendas da família no interior de São Paulo e em 1902 vai à Espanha para completar os estudos no colégio Sacré Couer de Barcelona, onde se inicia nas artes. Em 1913, voltou a São Paulo.

Em 1916, trabalha no ateliê do escultor sueco William Zadig (1884-1952), com quem aprende a modelar. Em 1917, estudou desenho e pintura com o pintor Pedro Alexandrino (1856-1942), e conheceu a pintora Anita Malfatti (1889-1964). Anos depois, faz aulas de pintura com o pintor alemão Georg Elpons (1865-1939), que lhe apresenta técnicas diferentes das acadêmicas.

Em 1920, Tarsila vai a Paris para entrar em contato com a produção europeia e se aperfeiçoar. Ingressou na Académie Julian, e também tem aulas com a pintora francesa Emile Renard (1850-1930). Tem os primeiros contatos com a arte moderna e a produção dos dadaístas e futuristas.

Em junho de 1922, depois da Semana de Arte Moderna, volta ao Brasil para “descobrir o modernismo” no país. Conheceu os escritores Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954) e Menotti del Picchia (1892-1988), e com eles e Anita Malfatti fundou o Grupo dos Cinco. Tarsila pinta com cores mais ousadas e pinceladas mais marcadas. Faz retratos de Mário de Andrade e Oswald de Andrade com cores expressionistas e gestualidade marcada.

Em 1923 volta a Paris e retoma as aulas, mas se distancia da educação convencional, acadêmica, para estudar as técnicas modernas. Entrou em contato com grandes nomes do modernismo parisiense e essa convivência a influencia profundamente. Tem aulas, entre outros, com o pintor francês Albert Gleizes (1881-1953), autor do primeiro grande tratado sobre o cubismo, De Cubisme (1912).

Faz uma pintura de inspiração cubista, porém, interessa-se cada vez mais pela figuração tipicamente brasileira, como se observa em A Negra (1923) e A Caipirinha (1923). Ambos representam um ponto importante da obra de Tarsila: o caráter popular, que se apresenta tanto nas figuras e paisagens que protagonizam os quadros da artista (negros, índios, fazenda, favela, plantas e animais) quanto na paleta de cores explorada por ela, consideradas cores “feias” ou de mau gosto (“azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante”, como chama a própria Tarsila).

A abordagem geométrica da iconografia brasileira origina a pintura Pau-Brasil (1924). O crítico de arte Sérgio Milliet (1898-1966) descreve os trabalhos dessa época como “a captação sintética de uma realidade brasileira sentimental e ingênua, de que haviam se envergonhado antes os artistas do nosso país”.

Em 1928, Tarsila presenteia Oswald de Andrade com seu mais famoso quadro, Abaporu. A pintura estimula o escritor a fundar o movimento antropofágico, cuja ideia central é “deglutir” a cultura européia da época para produzir uma cultura brasileira. Abaporu sintetiza essa ideia. Faz também uma crítica social ao representar o brasileiro comum (de rosto indefinido), que tem a cabeça pequena, mas braços e pernas grandes, pois tem sua força braçal explorada, mas não sua habilidade intelectual. Abaporu tornou-se a pintura brasileira mais valiosa no mundo.

Nas obras desse mesmo período, a geometria é abrandada. As formas crescem, tornam-se orgânicas e adquirem características fantásticas, oníricas. Telas como O Ovo, O Sono e A Lua, todas de 1928, compostas de figuras selvagens e misteriosas, aproximam Tarsila do surrealismo.

A partir de 1933, seu trabalho passa a ter uma aparência mais realista. Influenciada pela mobilização socialista, pinta, no mesmo ano, quadros como Operários e 2ª Classe, que apresentam uma preocupação com as mazelas sociais.

A partir de 1936, seus quadros ganham um modelado geométrico. As cores perdem a homogeneidade e tornam-se mais porosas e misturadas.

Na segunda metade dos anos 1940, as inquietações do período pau-brasil e da antropofagia são reformuladas, os temas rurais voltam de maneira simples. Em telas como Praia (1947) e Primavera (1946), as figuras agigantadas evocam o período antropofágico, mas aparecem agora sob forma mais tradicional, com passagens tonais de cor e modelado mais clássico, características da fase neo pau-brasil.

Em 1950, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) faz a primeira retrospectiva de seu trabalho. A exposição dá mais prestígio à artista, e as pinturas da fase neo pau-brasil são mostradas pela primeira vez.

O retorno a temas nacionais anima Tarsila a pintar dois murais de forte sentido patriótico: Procissão do Santíssimo (1954), encomendado para as comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo, e O Batizado de Macunaíma (1956), para a Editora Martins.

Em 2019, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) realiza a maior exposição dedicada à artista: Tarsila Popular.

Reunindo 92 obras da pintora, a mostra se propõe a apresentar Tarsila sob outras óticas, ressaltando o que caracteriza sua pintura como tipicamente brasileira. Tarsila Popular supera o recorde de visitação do Masp: 400 mil pessoas em três meses de exposição.

Tarsila do Amaral figura como um grande nome da pintura no cenário internacional, representando uma arte genuinamente brasileira ao contemplar elementos, temáticas e narrativas populares que constituem a identidade nacional forjada inicialmente pelo movimento modernista.


Críticas

"O Rio de Janeiro vai descobrir Tarsila e vai ter com essa descoberta a exata sensação de um maravilhoso encantamento. Tarsila é o maior pintor brasileiro. Nenhum, antes dela, atingiu aquela força plástica - admirável como invenção e como realização - que ela só possui, entre nós" (...) "Nem também nenhum penetrou tão bem quanto ele a selvageria de nossa terra, o homem bárbaro que é cada um de nós, os brasileiros de verdade que estamos comendo, com a ferocidade possível, a velha cultura de importação, a velha arte imprestável, todos os preconceitos, em suma, com que o Ocidente, através das manhas da catequese, nos envenenou a sensibilidade e o pensamento". – (Oswald de Andrade

ANDRADE, Oswald. [Texto originalmente publicado em entrevista de Oswald de Andrade a O Paiz em 1929]. In: AMARAL, Aracy. Tarsila: sua obra e seu tempo. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Edusp: Editora 34, 2003. p. 314).

"As fases pau-brasil e antropofágica de Tarsila são, sem sombra de dúvida, os pontos culminantes de sua carreira como pintora e as responsáveis pela sua inscrição na história da arte no Brasil. Elas sintetizam, plasticamente, o seu relacionamento genuíno com a terra, e sua picturalidade, como bem afirmou Haroldo de Campos, atualizada pelo contato com o cubismo, permitiu-lhe 'extrair essa lição não de coisas, mas de relações, que lhe permitiu fazer uma leitura estrutural da visualidade brasileira. Reduzindo tudo a poucos e simples elementos básicos, estabelecendo novas e imprevistas relações de vizinhança na sintagmática do quadro, Tarsila codificava em chave cubista a nossa paisagem ambiental e humana, ao mesmo tempo que redescobria o Brasil nessa releitura que fazia, em modo seletivo e crítico (sem por isso deixar de ser amoroso e lírico), das estruturas essenciais de uma visualidade que a rodeava desde a infância fazendeira' (...)". – (Aracy Amaral

AMARAL, Aracy. Tarsila: sua obra e seu tempo. São Paulo: Perspectiva: EDUSP, 1975. Estudos, 33).

"Através de sua atitude e obra, em particular nos anos 20 e 30, processa-se a redescoberta do Brasil, depois de séculos de alheamento e de subserviente absorção de modelos metropolitanos. Com ela, mundo e Brasil dialogam de igual para igual, e criadoramente. À geometria de angulosidade cubista acrescenta ritmos sinuosos e envolventes de uma tradição barroca mais nossa, tropicalizada; mescla também a recuperação de temas, iconografia e cores das manifestações genuinamente populares com o refinamento autoconquistado da técnica de tratá-los no âmbito de uma pintura que nunca pretendeu o ingenuísmo formal, ainda que vez ou outra indique atração pelo lirismo infantilmente fantástico de Henri Rousseau ou pelo humor quase caricatura, característico da irreverência modernista inicial.

Na pintura deixada por Tarsila, o universal se particulariza, o popular se refunde no erudito, a maturidade revisita a infância. Transformando-se em nosso o que a princípio não nos pertencia, mas que pelo contágio e ingestão consciente passou a incorporar-se à nossa individualidade em termos de nação, tudo se explica de novo, como se fosse pela primeira vez". – (Roberto Pontual, PONTUAL, Roberto. Tarsila do Amaral. In: Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1976. p. 75).

"A relação de Tarsila com a obra de Léger demonstra bem a inteligência com a qual analisa a arte francesa. O que ela irá absorver de determinante no sistema de Léger é a utilização do modelo da máquina. Mas a metáfora segundo a qual Léger irá desenvolver seu trabalho tem por objeto a sociedade industrial. Tarsila fará da 'brasilidade' o seu traço distintivo dessa formulação, adotando a 'linguagem de máquina' (assim como Oswald de Andrade se utiliza da linguagem telegráfica) como um desejo de atualização, no sentido de situar a percepção do Brasil a partir da ótica aberta pela industrialização. A máquina no seu trabalho não será apenas uma referência ao presente, será igualmente a tentativa de apreender o universo simbólico brasileiro, por um olhar compatível com seus aspectos mais contemporâneos. Em termos formais, as distinções que esta sua postura produzirá afastarão Tarsila de uma atitude servil diante do modelo de Léger. Neste último, as cores, quase sempre primárias ou com tonalidades metálicas, procuram o máximo de contrastes, como se apresentam na vida urbana. Seu desenho segue o mesmo sentido da sua pintura, sendo a cor substituída por claros e escuros que mantêm o contraste e sugerem volumes, como se fossem uma preparação para a tela. Já o desenho de Tarsila opera mais como uma anotação que busca, através da linha, revelar a estrutura definidora do objeto. Assim, o traço se desenvolve numa linha que flui e vai num ritmo suave construindo o objeto, ao mesmo tempo em que ocupa e organiza a superfície do papel". – (Carlos Zílio, ZÍLIO, Carlos. A querela do Brasil: A questão da identidade da arte brasileira: a obra de Tarsila, Di Cavalcanti e Portinari, 1922-1945. Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 2. ed., 1997).

"Feitas as contas, a maior qualidade da pintura de Tarsila é também a razão de sua assustadora fragilidade - aí está uma superfície discrepante (Torre Eiffel + carnaval em Madureira, como vemos em uma de suas telas...), mantida no fio da navalha, cheia de brechas, articulando um sem-número de polaridades. A bem da verdade, mesmo nos trabalhos mais admiráveis da artista, é possível assistir aos torneios formais em que ela se engalfinha para manejar com naturalidade o vocabulário moderno: freqüentemente as telas divergem entre a descrição quase naturalista dos tipos étnicos, das peculiaridades da paisagem regional, e a geometrização mais decidida das formas, respondendo à exigência moderna de uma franqueza construtiva.

Reconheçamos que em virtude dessa atitude dúplice (que quer abraçar ao mesmo tempo o mundo e o vilarejo natal) muitos detalhes de sua pintura tocam o pitoresco: Tarsila acaba astuciosamente trapaceando a lógica cubista, que aconselharia a redução da figura humana aos tipos anônimos da civilização urbana, e se entretém prazerosamente nos detalhes. Ela oscila, por exemplo, em meio a uma dezena de maneiras de pintar pés e mãos, e isto, como se vê, é quase um capricho sentimental para quem aspira à (alguma) generalização da forma, à percepção estrutural do espaço pictórico.

(...) falar em incompletude e incongruência em face da obra de Tarsila talvez seja também especular em torno de um modo específico de produtividade poética na arte brasileira que, como a pintura da artista revelou, seria movida pela disposição construtiva aprendida da arte moderna tanto quanto pelo seu inverso, a vocação para a tábula rasa, para embaralhar tudo, relativizar o peso excessivo e já normativo de determinada influência, recombinar e buscar novas sínteses culturais". – (Sônia Salzstein, SALZSTEIN, Sônia. A saga moderna de Tarsila. In: TARSILA, anos 20. Org. Sônia Salzstein. Textos de Aracy Amaral et al. São Paulo: Galeria de Arte do Sesi: Página Viva, 1997. p.13, p.16).

Depoimentos

"Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado... Mas depois vinguei-me da opressão passando-as para minhas telas: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, tudo em gradações mais ou menos fortes conforme a mistura de branco. Pintura limpa, sobretudo, sem medo de cânones convencionais. Liberdade e sinceridade, uma certa estilização que adatava a época moderna. Contornos nítidos, dando a impressão perfeita da distância que separa um objeto de outro". – (Tarsila do Amaral, AMARAL, Tarsila. Pintura Pau Brasil e Antropofagia. In: Revista Anual do Salão de Maio. São Paulo, nº 1, 1939. Revista editada por Flávio de Carvalho).

"O abstracionismo, cujos princípios se dirigem ou devem dirigir-se cem por cento à inteligência, não me comove hoje. Já fui partidária dele em 1923, quando estudei com Albert Gleizes o “cubismo integral”, cuja essência corresponde perfeitamente ao abstracionismo.

Todo calculado, pesos e contrapesos, equilíbrio, dinamismo convencional, linhas e cores variando ao infinito, mas sempre linhas e cores. Depois de um certo tempo a gente começa então a desejar evadir-se dessa eternidade artística, que só se dirige ao intelecto e a reagir com a volta ao sentimental, ao humano, já que no complexo humano os sentidos também têm seus direitos". – (Tarsila do Amaral. GOTLIB, Nádia Battella. Tarsila do Amaral, a modernista. São Paulo, Editora Senac São Paulo, 1998, p. 77).


Características de suas obras

Uso de cores vivas: Tarsila foi uma modernista, pintou o Brasil, desrespeitou normas clássicas da pintura tradicional e encheu suas telas de cores, muitas cores. Tarsila conseguiu traduzir em cores vibrantes todas as sombras de um país.

Influência do cubismo (uso de formas geométricas).

Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil.

Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase antropofágica).


Principais obras de Tarsila

Pátio com Coração de Jesus (Ilha de Wright) - 1921

A Espanhola (Paquita) - 1922

Chapéu Azul - 1922

Margaridas de Mário de Andrade - 1922

Árvore - 1922

O Passaporte (Portrait de femme) - 1922

Retrato de Oswald de Andrade - 1922

Retrato de Mário de Andrade - 1922

Estudo (Nu) - 1923

Manteau Rouge - 1923

Rio de Janeiro - 1923

A Negra - 1923

Caipirinha - 1923

Estudo (La Tasse) - 1923

Figura em Azul (Fundo com laranjas) - 1923

Natureza-morta com relógios - 1923

O Modelo - 1923

Pont Neuf - 1923

Rio de Janeiro - 1923

Retrato azul (Sérgio Milliet) - 1923

Retrato de Oswald de Andrade - 1923

Autorretrato - 1924

São Paulo (Gazo) - 1924

A Cuca - 1924

São Paulo - 1924

São Paulo (Gazo) - 1924

A Feira I - 1924

Morro da Favela - 1924

Carnaval em Madureira - 1924

Anjos - 1924

EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil) - 1924

O Pescador - 1925

A Família - 1925

Vendedor de Frutas - 1925

Paisagem com Touro I - 1925

A Gare - 1925

O Mamoeiro - 1925

A Feira II - 1925

Lagoa Santa - 1925

Palmeiras - 1925

Romance - 1925

Sagrado Coração de Jesus I - 1926

Religião Brasileira I - 1927

Manacá - 1927

Pastoral - 1927

A Boneca - 1928

O Sono - 1928

O Lago - 1928

Calmaria I - 1928

Distância - 1928

O Sapo - 1928

O Touro - 1928

O Ovo (Urutu) - 1928

A Lua - 1928

Abaporu - 1928

Cartão Postal - 1928

Antropofagia - 1929

Calmaria II - 1929

Cidade (A Rua) - 1929

Floresta - 1929

Sol Poente - 1929

Idílio - 1929

Distância - 1929

Retrato do Padre Bento - 1931

Operários - 1933

Segunda Classe - 1933

Crianças (Orfanato) - 1935/1949

Costureiras - 1936/1950

Altar (Reza) - 1939

O Casamento - 1940

Procissão - 1941

Terra - 1943

Primavera - 1946

Estratosfera - 1947

Praia - 1947

Fazenda - 1950

Porto I - 1953

Procissão(Painel) - 1954

Batizado de Macunaíma - 1956

A Metrópole - 1958

Passagem de nível III - 1965

Porto II - 1966

Religião Brasileira IV – 1970


Significado das telas

Chapéu Azul

Esta tela foi realizada depois de Tarsila frequentar o ateliê de Emile Renard. As telas dessa época possuem uma grande suavidade e uma atmosfera lírica.


Auto-retrato ou Manteau Rouge

Em Paris, Tarsila foi a um jantar em homenagem a Santos Dumont com esta maravilhosa capa (Manteau Rouge, em francês, significa casaco, manto vermelho). Além de linda, usava roupas muito elegantes e exóticas, e sua presença era marcante em todos os lugares que frequentava. Depois desse jantar, pintou este maravilhoso auto-retrato.


A Negra

Esta tela foi pintada por Tarsila em Paris, enquanto tomava aulas com Fernand Léger. A tela o impressionou tanto que ele a mostrou para todos os seus alunos, dizendo que se tratava de um trabalho excepcional. Em A Negra temos elementos cubistas no fundo da tela e ela também é considerada antecessora da Antropofagia na pintura de Tarsila. Essa negra de seios grandes, fez parte da infância de Tarsila, pois seu pai era um grande fazendeiro, e as negras, geralmente filhas de escravos, eram as amas-secas, espécies de babás que cuidavam das crianças.


EFCB (Estação de Ferro Central do Brasil)

Este quadro foi pintado depois da viagem a Minas Gerais com o grupo modernista. Foi então que Tarsila começou a pintura intitulada Pau-Brasil, com temas e cores bem brasileiras. Esta tela foi pintada para participar da exposição-conferência sobre modernismo do poeta Blaise Cendrars realizada em São Paulo, em junho de 1924.

Carnaval em Madureira

Tarsila veio de Paris e passou o carnaval de 1924 no Rio de Janeiro. É curioso ver que ela colocou a famosa Torre Eiffel no meio da favela carioca.

A Cuca

Tarsila pintou este quadro no começo de 1924 e escreveu à sua filha dizendo que estava fazendo uns quadros “bem brasileiros”, e a descreveu como “um bicho esquisito, no meio do mato, com um sapo, um tatu, e outro bicho inventado”. Este quadro é também considerado um prenúncio da Antropofagia na obra de Tarsila e foi doado por ela ao Museu de Grenoble na França.

O Pescador

Este quadro tem um colorido excepcional e trata de um tema bem brasileiro: um pescador num lago em meio a uma pequena vila com casinhas e vegetação típica. Este quadro foi exposto em Moscou, na Rússia em 1931 e foi comprado pelo governo russo.

Religião Brasileira

Certa vez Tarsila chegou de viagem da Europa, desembarcou no porto de Santos e foi comprar doces caseiros em uma casinha bem simples de pescadores. Ao entrar observou um pequeno altar com vários santinhos, enfeitados por vasinhos e flores de papel crepom. Achou aquilo tão pitoresco e pintou esta maravilhosa tela.

Manacá

Linda tela, com um colorido forte. Esta flor é representada por Tarsila de uma maneira particular, bem típica da obra dela.

Abaporu

Este é o quadro mais importante já produzido no Brasil. Tarsila pintou um quadro para dar de presente para o escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. Quando viu a tela, assustou-se e chamou seu amigo, o também escritor Raul Bopp.

Ficaram olhando aquela figura estranha e acharam que ela representava algo de excepcional. Tarsila lembrou-se então de seu dicionário tupi-guarani e batizaram o quadro como Abaporu (o homem que come). Foi aí que Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e criaram o Movimento Antropofágico, com a intenção de “deglutir” a cultura européia e transformá-la em algo bem brasileiro. Este Movimento, apesar de radical, foi muito importante para a arte brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura, mas de um modo bem brasileiro.

O “Abaporu” foi a tela mais cara vendida até hoje no Brasil, alcançando o valor de US$1.500.000. Foi comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini.

O Lago: Maravilhosa tela da fase Antropofágica, com o colorido e o tema tão típicos de Tarsila. Seu sobrinho Sérgio comprou a tela e permaneceu com ela por muitos anos.

O Ovo ou Urutu: Nesta tela temos símbolos muito importantes da Antropofagia. A cobra grande é um bicho que assusta e tem um poder de “degluti- ção”. A partir daí, o ovo é uma gênese, o nascimento de algo novo e esta era a proposta da Antropofagia. Esta tela pertence ao importante acervo de Gilberto Chateaubriand e está sempre sendo exibida em grandes exposições.

A Lua

Este quadro era o preferido de Oswald de Andrade, seu marido quando pintou a tela. Ele conservou o quadro até sua morte (mesmo já separado de Tarsila).

Cartão Postal

Vemos a lindíssima cidade do Rio de Janeiro nesta tela, que é o maior Cartão Postal do Brasil. O macaco é um bicho Antropofágico de Tarsila que compõe a tela.

Antropofagia

Nesta tela temos a junção do “Abaporu” com “A Negra”. Este aparece invertido em relação ao quadro original. Trata-se de uma das telas mais significativas de Tarsila e o colecionador Eduardo Costantini, dono do “Abaporu”, está muito interessado no quadro e já ofereceu uma soma muito alta por ele (que foi recusada pelos atuais donos).

Fonte: TARSILA do Amaral. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 3 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7


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Biografia – Wikipédia

Tarsila do Amaral é considerada uma das principais artistas modernistas latino-americanas, além de ser considerada a pintora que melhor alcançou as aspirações brasileiras de expressão nacionalista nesse estilo artístico.

Como integrante do Grupo dos Cinco, Tarsila também é considerada uma grande influência no movimento da arte moderna no Brasil, ao lado de Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Ela foi fundamental na formação do movimento estético, Antropofagia (1928-1929); na verdade, foi Tarsila quem com seu célebre quadro, Abaporu, inspirou o famoso Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade.

Infância e educação

Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, uma pequena cidade do interior do estado de São Paulo. Ela nasceu em uma família rica de fazendeiros e latifundiários que cultivavam café, dois anos antes do fim da escravidão no Brasil.

Naquela época, no Brasil, as mulheres não eram incentivadas a cursar o ensino superior, principalmente se viessem de famílias abastadas. No entanto, apesar de vir de uma família rica, Tarsila teve o apoio para obter o ensino superior.

Quando adolescente, Tarsila e seus pais viajaram para a Espanha, onde ela chamou a atenção das pessoas desenhando e pintando cópias das obras de arte que viu nos arquivos de sua escola. Tarsila frequentou a escola em Barcelona e mais tarde estudou em sua cidade natal com o pintor Pedro Alexandrino Borges (1864-1942). Ela também frequentou a Académie Julian em Paris e estudou com outros artistas proeminentes (1920-1923).

Carreira

A partir de 1916, Tarsila do Amaral começou a estudar pintura em São Paulo. Todos eram professores respeitados, mas conservadores. Como o Brasil não tinha um museu de arte público ou uma galeria comercial significativa até depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo da arte brasileira era esteticamente conservador e a exposição às tendências internacionais era limitada.

Acredita-se que nessa época (1913-1920) Amaral compôs uma canção em lá menor para voz e piano chamada "Rondo D'Amour". A música permaneceu desconhecida até novembro de 2021, quando sua partitura foi descoberta na casa de sua sobrinha-neta em Campinas.

Em 25 de janeiro de 2022, a música foi gravada no teatro da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte por três professores da instituição: o pianista Durval Cesetti, a soprano Elke Riedel e o tenor Kaio Morais.

Modernismo Brasileiro

Voltando a São Paulo em 1922, Tarsila foi exposta a muitas coisas depois de conhecer Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Esses colegas artistas formaram um grupo que recebeu o nome de Grupo dos Cinco. Antes de sua chegada a São Paulo vindo da Europa, o grupo havia organizado a Semana de Arte Moderna entre os dias 11 a 18 de fevereiro de 1922. O evento foi fundamental para o desenvolvimento do modernismo no Brasil.

Os participantes estavam interessados em mudar o estabelecimento artístico conservador brasileiro, incentivando um modo diferenciado de arte moderna. Tarsila foi convidada a se juntar ao movimento e juntos formaram o Grupo dos Cinco, que buscava promover a cultura brasileira, o uso de estilos não especificamente europeus e a inclusão de coisas indígenas do Brasil.

Durante um breve retorno a Paris em 1929, Tarsila foi exposta ao cubismo, futurismo e expressionismo enquanto estudava com André Lhote, Fernand Léger e Albert Gleizes. Artistas europeus em geral haviam desenvolvido um grande interesse em culturas africanas e primitivas em busca de inspiração. Isso levou Tarsila a utilizar as formas indígenas de seu próprio país enquanto incorporava os estilos modernos que havia estudado.

Nessa época, em Paris, pintou uma de suas obras mais famosas, A Negra (1923), cujo principal tema é uma grande figura de uma mulher negra com um único seio proeminente. Tarsila estilizou a figura e aplainou o espaço, preenchendo o fundo com formas geométricas.

Animada com seu estilo recém-desenvolvido e sentindo-se cada vez mais nacionalista, ela escreveu para sua família em abril de 1923:

"Me sinto cada vez mais brasileira. Quero ser a pintora do meu país. Como sou grata por ter passado toda a minha infância na fazenda. As memórias desses tempos tornaram-se preciosas para mim. Eu quero, na arte, ser a garotinha de São Bernardo, brincando com bonecas de palha, como na última foto que estou trabalhando. Não pense que esta tendência é vista negativamente aqui. Pelo contrário. O que eles querem aqui é que cada um traga a contribuição de seu próprio país. Isso explica o sucesso do balé russo, dos gráficos japoneses e da música negra. Paris estava farta da arte parisiense."


Fase Pau-Brasil

Oswald de Andrade, que se tornara seu companheiro de viagem, acompanhou-a por toda a Europa. Ao retornarem ao Brasil no final de 1923, Tarsila e Andrade viajaram pelo Brasil para explorar a variedade da cultura indígena e buscar inspiração para sua arte nacionalista. Nesse período, Tarsila fez desenhos dos vários lugares que visitaram, que serviram de base para muitas de suas próximas pinturas. Ela também ilustrou a poesia que Andrade escreveu durante suas viagens, incluindo seu livro fundamental de poemas intitulado Pau Brasil, publicado em 1924.

No manifesto de mesmo nome, Andrade destacou que a cultura brasileira era produto da importação da cultura europeia e convocou os artistas a criarem obras exclusivamente brasileiras para "exportar" a cultura brasileira, assim como a madeira do pau-brasil se tornou um importante exportação para o resto do mundo. Além disso, ele desafiou os artistas a usar uma abordagem modernista em sua arte, objetivo que eles buscavam durante a Semana de Arte Moderna em São Paulo.

Nesse período, as cores de Tarsila ficaram mais vibrantes. Na verdade, ela escreveu que havia encontrado as "cores que adorava quando criança. Mais tarde me ensinaram que elas eram feias e sem sofisticação". Sua pintura inicial desse período foi ECFB (Estrada de Ferro Central do Brasil), (1924). Além disso, na época, ela tinha interesse pela industrialização e seu impacto na sociedade.

Fase Antropofagia

Em 1926, Tarsila casou-se com Andrade e continuaram a viajar pela Europa e Oriente Médio. Em Paris, em 1926, fez sua primeira exposição individual na Galerie Percier. As pinturas apresentadas na exposição incluíam São Paulo(1924), A Negra (1923), Lagoa Santa (1925) e Morro de Favela (1924). Seus trabalhos foram elogiados e chamados de "exóticos", "originais", "ingênuos" e "cerebrais", e comentaram sobre seu uso de cores vivas e imagens tropicais.

Enquanto esteve em Paris, ela foi exposta ao surrealismo e ao retornar ao Brasil iniciou um novo período de pintura onde se afastou de paisagens e cenários urbanos e começou a incorporar o estilo surrealista em sua arte nacionalista. Essa mudança também coincidiu com um movimento artístico maior em São Paulo e em outras partes do Brasil, focado em celebrar o Brasil como o país das grandes cidades, também impactou a forma como sua arte foi formada. Incluindo representações verticais de edifícios em grandes cidades, como São Paulo, sua arte tornou-se icônica.

Essas peças de arte que ela fez podem incluir pequenos aspectos da cidade, como uma bomba de gasolina, ou grandes elementos, como edifícios. Sua mistura de detalhes era importante porque eles compunham a cidade. Com base nas ideias do movimento Pau-Brasil, os artistas se esforçaram para se apropriar de estilos e influências europeias para desenvolver modos e técnicas que eram exclusivamente deles e brasileiros. Esse movimento Pau-Brasil era um conceito modernista do Brasil.

A primeira pintura de Tarsila nessa fase artística foi Abaporu (1928), que havia sido dada como pintura sem título a Andrade em seu aniversário. O tema da obra é uma grande figura humana estilizada com pés enormes sentados no chão ao lado de um cacto com um sol fatiado de limão ao fundo. Andrade escolheu o título, Abaporu, que é um termo indígena para "o homem come", em colaboração com o poeta Raul Bopp. O nome da obra estava relacionado às ideias então atuais sobre a fusão de estilo e influências europeias.

Logo depois, Andrade escreveu seu Manifesto Antropófago, que literalmente chamava os brasileiros para devorar estilos europeus, livrando-se de todas as influências diretas, e criar seu próprio estilo e cultura. O colonialismo desempenhou um papel em seu trabalho; Tarsila incorporou esse conceito em sua arte. Em vez de serem devorados pela Europa, eles próprios devorariam a Europa.

Andrade usou o Abaporu para a capa do manifesto como representação de seus ideais. No ano seguinte, a influência do manifesto continuou, Tarsila pintou Antropofagia (1929), que apresentava a figura do Abaporu junto com a figura feminina de A Negra de 1923, além da folha de bananeira brasileira, cacto e, novamente, a fatia de limão sol.

Em 1929, Tarsila fez sua primeira exposição individual no Brasil, no Palace Hotel, no Rio de Janeiro, que foi seguida por outra no Salão Glória, em São Paulo. Em 1930, ela foi destaque em exposições em Nova York e Paris. No mesmo ano, o casamento de Tarsila e Andrade acabou, o que pôs fim à colaboração entre os dois artistas.

Em 1931, Tarsila viajou para a União Soviética. Enquanto esteve lá, ela fez exposições de suas obras em Moscou no Museu de Arte Ocidental e viajou para várias outras cidades e museus. A pobreza e a situação do povo russo tiveram um grande efeito sobre ela, como visto em sua pintura Operários (1933).

Ao retornar ao Brasil em 1932, envolveu-se na Revolta Constitucionalista de São Paulo contra a ditadura liderada por Getúlio Vargas. Junto com outros que eram vistos como esquerdistas, ela foi presa por um mês porque suas viagens a faziam parecer simpatizante do comunismo.

Final da carreira e morte

No restante de sua carreira, ela se concentrou em temas sociais. Representativa desse período é a pintura Segunda Classe (1931), que tinha como tema homens, mulheres e crianças russas empobrecidas. Ela também começou a escrever uma coluna semanal de arte e cultura para o Diário de São Paulo, que continuou até 1952.

Em 1938, Tarsila finalmente se estabeleceu definitivamente em São Paulo, onde passou o restante de sua carreira pintando pessoas e paisagens brasileiras. Em 1950, ela fez uma exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo onde um crítico a chamou de "a mais brasileira das pintoras daqui, que representa o sol, os pássaros e os espíritos juvenis de nosso país em desenvolvimento, tão simples quanto os elementos de nossa terra e natureza…”. Ela morreu em São Paulo 1973. A vida de Tarsila é marca do caloroso caráter brasileiro e expressão de sua exuberância tropical."

Legado

Além das 230 pinturas, centenas de desenhos, ilustrações, gravuras, murais e cinco esculturas, o legado de Tarsila é seu efeito na direção da arte latino-americana. Tarsila impulsionou o modernismo na América Latina e desenvolveu um estilo único no Brasil.

Seguindo seu exemplo, outros artistas latino-americanos foram influenciados a começar a utilizar o tema indígena brasileiro e desenvolver seu próprio estilo.

A cratera Amaral em Mercúrio recebeu o nome da pintora brasileira como uma homenagem da União Astronômica Internacional.

Em 2018, o Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova Iorque, abriu uma exposição individual de seu trabalho, a oitava retrospectiva sobre artistas da América Latina.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

Exposições Individuais

1926 - Paris (França) - Individual, na Galerie Percier

1928 - Paris (França) - Individual, na Galerie Percier

1929 - Rio de Janeiro RJ - Primeira individual no Brasil, no Palace Hotel

1931 - Moscou (Rússia) - Individual, no Museu de Arte Moderna Ocidental

1933 - Rio de Janeiro RJ - Tarsila do Amaral: retrospectiva, no Palace Hotel

1936 - São Paulo SP - Individual, no Palácio das Arcadas

1950 - São Paulo SP - Tarsila 1918-1950, no MAM/SP

1961 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico

1967 - São Paulo SP - Individual, na Tema Galeria de Arte

1969 - Rio de Janeiro RJ - Tarsila: 50 anos de pintura, no MAM/RJ

1969 - São Paulo SP - Tarsila: 50 anos de pintura, no MAC/USP

1970 - Belo Horizonte MG - Tarsila do Amaral, no MAP


Exposições Coletivas

1922 - Paris (França) - Salon Officiel des Artistes Français

1922 - São Paulo SP - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, no Palácio das Indústrias

1923 - Paris (França) - Exposição de Artistas Brasileiros, na Maison de l'Amérique Latine

1926 - Paris (França) - Salon des Indépendants

1928 - Paris (França) - Salon des Indépendants

1929 - Paris (França) - Salon des Surindépendants

1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists no Internacional Art Center, no Nicholas Roerich Museum

1930 - Recife PE - Exposition de l'École de Paris

1930 - Rio de Janeiro RJ - Exposition de l'École de Paris

1930 - São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista

1930 - São Paulo SP - Exposition de l'École de Paris

1931 - Paris (França) - Salon des Surindépendants

1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba

1931 - Rio de Janeiro RJ - Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro, na Rua Toneleros

1933 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, no Palacete Campinas

1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto

1937 - São Paulo SP - 1º Salão de Maio, no Esplanada Hotel

1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel

1939 - Nova York (Estados Unidos) - Exposição Latino-Americana de Artes Plásticas, no Riverside Museum

1939 - São Paulo SP - 3º Salão de Maio, na Galeria Itá

1941 - São Paulo SP - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias, no Parque da Água Branca

1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana

1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts

1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich CastleMuseum

1944 - Rio de Janeiro RJ - Pintores Norte-Americanos e Brasileiros

1944 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Brasileiro-Norte-Americana, na Galeria Prestes Maia

1945 - Baht (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victory Art Gallery

1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery

1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Salones Nacionales de Exposición

1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery of Scotland

1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery

1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes

1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery

1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura

1945 - Santiago (Chile) - 20 Artistas Brasileños, no Salones Nacionales de Exposición, na Universidad de Santiago

1946 - Santiago (Chile) - Exposición de Pintura Contemporánea Brasileña, na Universidad de Chile

1946 - Valparaíso (Chile) - Exposición de Pintura Contemporánea Brasileña, na Universidad de Chile

1947 - São Paulo SP - Galeria Domus: mostra inaugural

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon - prêmio aquisição e 2º prêmio nacional de pintura

1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ

1952 - Santiago (Chile) - Exposición de Pintura, Dibujos y Grabados Contemporáneos del Brasil, no Museo de Arte Contemporáneo de la Universidad de Chile

1952 - São Paulo SP - Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 1922, no MAM/SP

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados

1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP

1955 - Pittsburg (Estados Unidos) - The 1955 Pittsburgh International Exhibition of Contemporary Painting, no Departament of Fine Arts, Carnegie Institute

1956 - São Paulo SP - 50 Anos de Paisagem Brasileira, no MAM/SP

1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderno en Brasil, no Museo Nacional de Bellas Artes

1957 - Lima (Peru) - Arte Moderno en Brasil, no Museo de Arte de Lima

1957 - Rosário (Argentina) - Arte Moderno en Brasil, no Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino

1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderno en Brasil, no Museo de Arte Contemporáneo

1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Enba

1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP

1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP

1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes

1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - sala especial

1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana

1964 - Veneza (Itália) - 32ª Bienal de Veneza

1966 - Austin (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na The University of Texas at Austin. Archer M. Huntington Art Gallery

1966 - New Haven (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, na na The Yale University Art Gallery

1966 - New Orleans (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no Isaac Delgado Museum of Art

1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana

1966 - San Diego (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no La Jolla Museum of Art

1966 - San Francisco (Estados Unidos) - Art of Latin America since Independence, no San Francisco art Museum

1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP

1966 - Belo Horizonte MG - Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP, no Museu de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte

1966 - Curitiba PR - Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP

1966 - Porto Alegre RS - Exposição Circulante de Obras do Acervo do MAC/USP, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul

1967 - Nova York (Estados Unidos) - Precursors of Modernism in Latin America, no Inter American Art Center

1968 - São Paulo SP - Coleção Tamagni, no MAM/SP

1970 - Rio de Janeiro RJ - 8º Resumo de Arte JB

1970 - São Paulo SP - Mostra inaugural, na Galeria Astréia

1972 - São Paulo SP - 2ª Exposição Internacional de Gravura, no MAM/SP

1972 - São Paulo SP - A Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp

1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria Collectio.


Exposições Póstumas

1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - sala especial

1974 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Raquel Arnaud Babenco e Mônica Filgueiras de Almeida

1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp

1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1975 - São Paulo SP - Exposição SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall

1975 - São Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall

1976 - Paris (França) - Brasil: artistas do século XX, no Artcurial/Centre d'Art Plastique Contemporain

1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira Século XX: caminhos e tendências, na Galeria de Arte Global

1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall

1976 - São Paulo SP - Arte Brasileira: figuras e movimentos, na Galeria Arte Global

1978 - Belo Horizonte MG - Tarsila do Amaral, na Galeria Guignard

1978 - São Paulo SP - A Paisagem na Coleção da Pinacoteca: Do Século XIX aos Anos 40, na Pinacoteca do Estado

1979 - São Paulo SP - Desenhos dos Anos 40: homenagem a Sérgio Milliet, na Biblioteca Mário de Andrade

1979 - São Paulo SP -15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes

1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes

1981 - Rio de Janeiro RJ - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Lisboa (Portugal) - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas

1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão de 31, no MAM/RJ

1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte

1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP

1984 - São Paulo SP - Grandes Obras, no Studio José Duarte de Aguiar

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos de Tarsila do Amaral, na Acervo Galeria de Arte

1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj

1985 - Rio de Janeiro RJ - Rio: vertente surrealista, na Galeria de Arte Banerj

1985 - São Paulo SP - Rio: vertente surrealista, no MAC/USP

1985 - Curitiba PR - Rio: vertente surrealista, no Museu Guido Viaro

1985 - Porto Alegre RS - Rio: vertente surrealista, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli

1985 - Rio de Janeiro RJ - Tarsila do Amaral: desenhos, na Acervo Galeria de Arte

1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp

1985 - São Paulo SP - Individual, na Secretaria Municipal da Cultura. Departamento de Bibliotecas Públicas

1986 - Porto Alegre RS - Caminhos do Desenho Brasileiro, no Margs - sala destaque

1986 - São Paulo SP - Tarsila 1886-1986, no MAC/USP

1987 - Indianápolis (Estados Unidos) - Art of The Fantastic Latin-America: 1920-1987, no Indianapolis Museum of Art

1987 - Nova York (Estados Unidos) - Art of The Fantastic Latin-America: 1920-1987, no The Queens Museum

1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand , no MAM/RJ

1987 - São Paulo SP - 19ª Bienal Internacional de São Paulo - Imaginários Singulares, na Fundação Bienal

1987 - São Paulo SP - As Bienais no Acervo do MAC: 1951 a 1985, no MAC/USP

1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc

1987 - São Paulo SP - Tarsila: desenhos de 1922 a 1952, na Studio José Duarte de Aguiar e Ricardo Camargo

1988 - Cidade do México (México) - Art of The Fantastic Latin-America: 1920-1987, no Centro Cultural/Arte Contemporáneo

1988 - Miami (Estados Unidos) - Art of The Fantastic Latin-America: 1920-1987, no Center for the Fine Arts

1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP

1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1989 - São Bernardo do Campo SP - Visões da Borda do Campo, na Marusan Galeria de Arte

1990 - São Paulo SP - A Coleção de Arte do Município de São Paulo, no Masp

1991 - Estocolmo (Suécia) - Viva Brasil Viva, no Kulturhuset, Konstavdelningen och Liljevalchs Konsthall

1992 - Las Palmas de Gran Canaria (Ilhas Canárias) - Vocês de Ultramar, Arte en América Latina y Canarias 1910-1960, no Centro Atlántico de Arte Moderno

1992 - Madri (Espanha) - Vocês de Ultramar, Arte en América Latina y Canarias 1910-1960, na Casa de América

1992 - Paris (França) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no Centre Georges Pompidou

1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa da Cultura de Poços de Caldas

1992 - Rio de Janeiro RJ - 1º A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial

1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB

1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade

1992 - São Paulo SP - A Formação do olhar modernista, no MAC/USP

1992 - Sevilha (Espanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century, na Estación Plaza de Armas

1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus

1993 - Colônia (Alemanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no Kunsthalle Cologne

1993 - Nova York (Estados Unidos) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no MoMA

1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa da Cultura de Poços de Caldas

1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil, 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA

1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB

1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP

1993 - São Paulo SP - A Arte Brasileira no Mundo, uma Trajetória: 24 artistas brasileiros, na Dan Galeria

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB/Faap

1993 - São Paulo SP - Sempre Tarsila, na Rua Guararapes, 78

1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura de Poços de Caldas

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ

1994 - Rio de Janeiro RJ - Trincheiras: arte e política no Brasil, no MAM/RJ

1994 - São Paulo SP - A Aventura Modernista: Coleção Gilberto Chateaubriand no acervo do MAM/RJ, na Galeria de Arte do Sesi

1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1995 - Brasília DF - Coleções de Brasília, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ

1995 - São Paulo SP - Modernismo Paris Anos 20: vivências e convivências, no MAC/USP

1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP 1920-1970, no MAC/USP

1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, no Paço das Artes

1996 - São Paulo SP - Figura e Paisagem no Acervo do MAM: homenagem a Volpi, no MAM/SP

1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP

1997 - Barcelona (Espanha) - Tarsila, Frida, Amélia: Tarsila do Amaral, Frida Kahlo, Amélia Peláez, no Centro Cultural de la Fundación la Caixa

1997 - Barra Mansa RJ - O Museu Visita a Galeria, no Centro Universitário de Barra Mansa

1997 - Madri (Espanha) - Tarsila, Frida, Amélia: Tarsila do Amaral, Frida Kahlo, Amélia Peláez, na Sala de Esposiciones da la Fundación la Caixa

1997 - São Paulo SP - Apropriações Antropofágicas, no Itaú Cultural

1997 - São Paulo SP - Mário de Andrade e o Grupo Modernista, no Centro Cultural e de Estudos Aúthos Paganos

1997 - São Paulo SP - Tarsila Anos 20, na Galeria de Arte do Sesi

1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores

1998 - Rio de Janeiro RJ - A Coleção Constantini no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no MAM/RJ

1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo - Núcleo Histórico: antropofagia e histórias de canibalismo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - A Coleção Constantini no MAM, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles

1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1999 - Niterói RJ - Mostra Rio Gravura. Acervo Banerj, no Museu do Ingá

1999 - Porto Alegre RS - 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1999 - Porto Alegre RS - Picasso, Cubismo e América Latina, no Margs

1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap

1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, na Faap

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural

1999 - São Paulo SP - O Brasil no Século da Arte, na Galeria de Arte do Sesi

1999 - São Paulo SP - Obras sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria

1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Espaço Cultural Banco Cidade

2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa

2000 - Caracas (Venezuela) - Território Comum, Miradas Diversas: artistas latinoamericanos em el siglo XX, no Espacios Unión

2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil-brasis: cousas notaveis e espantosas. Olhares Modernistas, no Museu do Chiado

2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial

2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap

2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna, na Fundação Bienal

2000 - São Paulo SP - Brasil Sobre Papel: matizes e vivências, no Espaço de Artes Unicid

2000 - São Paulo SP - São Paulo: de vila a metrópole, na Galeria Masp Prestes Maia

2000 - São Paulo SP - Um Certo Ponto de Vista: Pietro Maria Bardi 100 anos, na Pinacoteca do Estado

2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles

2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: bodysoul, no Solomon R. Guggenheim Museum

2001 - Rio de Janeiro RJ - Coleções do Moderno: Hecilda e Sergio Fadel na Chácara do Céu, no Museus Castro Maya Museu da Chácara do Céu

2001 - Rio de Janeiro RJ - Surrealismo, no CCBB

2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp

2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no Museu de Arte Brasileira

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Conjunto Cultural da Caixa

2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arquipélagos: o universo plural do MAM, no MAM/RJ

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

2002 - São Paulo SP - 22 e a Idéia do Moderno, no MAC/SP

2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB/SP

2002 - São Paulo SP - Espelho Selvagem: arte moderna no Brasil da primeira metade do século XX, Coleção Nemirovsky, no MAM/SP

2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos

2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP

2002 - São Paulo SP - No Tempo dos Modernistas: D. Olivia Penteado, a senhora das artes, no Museu de Arte Brasileira

2002 - São Paulo SP - Tesouros da Caixa: mostra do acervo artístico da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

2002 - São Paulo SP - Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti: mito e realidade no modernismo brasileiro, no MAM/SP

2003 - Belém PA - 22º Salão Arte Pará, no Museu de Arte do Paraná

2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Ribeirão Preto SP - Anos 20: A Modernidade Emergente, no Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi

2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP

2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/IUSP

2003 - São Paulo SP - Novecento Sudamericano: relações artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai, na Pinacoteca do Estado de São Paulo

2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB/SP

2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake

2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty

2004 - Curitiba PR - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Museu Oscar Niemeyer

2004 - Kyoto (Japão) - Brazil: body nostalgia, no National Museum of Modern Art

2004 - Madri (Espanha) - Arco/2004, no Parque Ferial Juan Carlos I

2004 - Rio de Janeiro RJ - A Face Icônica da Arte Brasileira, no MAM/RJ

2004 - Rio de Janeiro RJ - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA

2004 - São Paulo SP - As Bienais: um olhar sobre a produção brasileira 1951/2002, na Galeria Bergamin

2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP

2004 - São Paulo SP - Mestres do Modernismo, na Estação Pinacoteca

2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado

2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no Museu de Arte Brasileira - FAAP

2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural

2004 - São Paulo SP - Plataforma São Paulo 450 Anos, no MAC/USP

2004 - Tóquio (Japão) - Brazil: body nostalgia, no The National Museum of Modern Art

2005 - São Paulo SP - Faces de Mário, no IEB/USP

2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/USP

2005 - São Paulo SP - 100 Anos da Pinacoteca: a formação de um acervo, na Galeria de Arte do Sesi

2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor

2005 - Paris (França) - Tarsila do Amaral: o nascimento do modernismo no Brasil, na Maison de l´Amérique Latine

2006 - São Paulo SP - Tarsila do Amaral na BM&F: percurso afetivo - 120 anos de nascimento, no Espaço Cultural BM&F

2006 - São Paulo SP - Ao Mesmo Tempo o Nosso Tempo, no Museu de Arte Moderna

2006 - São Paulo SP - MAM na Oca, na Oca

2006 - São Paulo SP - Manobras Radicais, no Centro Cultural Banco do Brasil

2006 - São Paulo SP - O Olhar Modernista de JK, no MAB-FAAP

2006 - São Paulo SP - Sérgio Milliet e as Bienais, no Centro Cultural São Paulo. Divisão de Artes Plásticas

2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado

2006 - São Paulo SP - Viva Cultura Viva do Povo Brasileiro, no Museu Afro Brasil

2006 - Belém PA - Traços e Transições da Arte Contemporânea Brasileira, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas

2006 - Florianópolis SC - Traços do Acervo Caixa, no Museu de Arte de Santa Catarina

2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna

2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP

2007 - São Paulo SP - Mirada: latino-americanos do MAC USP no Memorial, na Galeria Marta Traba

2007 - Curitiba PR - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu Oscar Niemeyer

2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna da Bahia

2008 - São Paulo SP - Brasil Brasileiro, no Centro Cultural Banco do Brasil

2008 - São Paulo SP - Laços do Olhar, no Instituto Tomie Ohtake

2008 - São Paulo SP - MAM 60, na Oca

2008 - Buenos Aires (Argentina) - Tarsila Viajante, no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires

2008 - São Paulo SP - Tarsila Viajante, na Pinacoteca do Estado

2009 - São Paulo SP - Arte na França 1860-1960: o Realismo, no Museu de Arte de São Paulo

2009 - São Paulo SP - Fernand Léger: relações e amizades brasileiras, na Pinacoteca do Estado

2009 - São Paulo SP - Memorial Revisitado: 20 anos, na Galeria Marta Traba

2009 - São Paulo SP - Nus, na Galeria Fortes Vilaça

2009 - São Paulo SP - Olhar da Crítica: Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios, no Palácio dos Bandeirantes

2009 - São Paulo SP - Papéis em Destaque: mestres do século XX, na Dan Galeria

2009 - São Paulo SP - Tesouros da Coleção Roberto Marinho, no Espaço Cultural BM&FBovespa

2009 - Rio de Janeiro RJ - Brasil Brasileiro, no Centro Cultural Banco do Brasil

2009 - São Paulo SP - Sob Um Céu Tropical, na James Lisboa Escritório de Arte

2009 - Madri (Espanha) - Tarsila da Amaral, na Fundación Juan March

2009 - Rio de Janeiro RJ - Trabalhos em Papel, na Mercedes Viegas Escritório de Arte

2010 - São Paulo SP - Brasilidade e Modernismo, na Dan Galeria

2010 - São Paulo SP - Memórias Reveladas, no Museu de Arte Brasileira

2010 - São Paulo SP - Puras Misturas, no Pavilhão das Culturas Brasileiras

2010 - São Paulo SP - Versões do Modernismo, no Instituto de Arte Contemporânea

2010 - Ribeirão Preto SP - Animal, na Galeria de Arte Marcelo Guarnieri

2010 - Rio de Janeiro RJ - Genealogias do Contemporâneo, no Museu de Arte Moderna

2010 - São Paulo SP - 6ª Sp-arte, na Fundação Bienal

2010 - Vitória ES - Tarsila sobre Papel, no Museu de Arte do Espírito Santo

2011 - São Paulo SP - Modernismos no Brasil, no MAC/USP

2011 - São Paulo SP - Papéis Brasileiros: a arte da gravura - Coleção Masp, no Museu de Arte de São Paulo

2011 - São Paulo SP - Recortes de Coleções, na Galeria Ricardo Camargo

2011 - Belo Horizonte MG - 1911-2011 - Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes

2011 - Brasília DF - Mulheres: Artistas e Brasileiras, no Palácio do Planalto

2011 - São Paulo SP - 7ª Sp-arte, na Fundação Bienal

2011 - Campos do Jordão SP - Arte e Cultura no Vale do Paraíba, no Palácio Boa Vista

2011 - Nova Lima MG - Tarsila e o Brasil dos Modernistas, na Casa Fiat de Cultura

2012 - São Paulo SP - Da Seção de Arte ao Prêmio Aquisição: a gênese do Gabinete do Desenho, no Gabinete do Desenho

2012 - São Paulo SP - O Retorno da Coleção Tamagni: até as estrelas por caminhos difíceis, no Museu de Arte Moderna de São Paulo

2012 - São Paulo SP - Percurso Afetivo, no CCBB

2013 - São Paulo SP - Experiência e Transformação, no Museu de Arte Brasileira - FAAP

2013 - Campinas SP - 100 anos de Arte Paulista no Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, na Galeria de Arte da CPFL Cultura

Fonte: TARSILA do Amaral. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 3 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7



Exposições Permanentes

BRASIL

São Paulo

Composição ou Figura Só – MASP

Trabalhadores – MASP

Estudo (Nú) – MASP

Autorretrato com vestido laranja – MASP

Porto I – MASP

Antropofagia – Pinacoteca

Carnaval em Madureira – Pinacoteca

Distância – Pinacoteca

São Paulo – Pinacoteca

Palmeiras – Pinacoteca

Retrato do Padre Bento – Pinacoteca

A Negra – MAC

EFCB – MAC

A Floresta – MAC

Costureiras – MAC

Operários, Samaritana, Retrato de Fernanda de Castro, Retrato de Mário de Andrade, Autorretrato I, Religião Brasileira I, Calmaria, Santa Irapitinga do Segredo, Estratosfera, Estudo de Procissão – Acervo Artístico-Cultural do Palácio do Governo:

Procissão – Centro Cutural São Paulo

Retrato de Oswald de Andrade, O Sapo – Museu de Arte Brasileira FAAP

Rio de Janeiro – Fundação Cultural Ema Gordon Klabin

O Mamoeiro – Instituto de Estudos Brasileiros, IEB

Romance – Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado de SP

Retrato de Luis Martins – Banco Itaú, SP

Retratos de: Francisco Aranha Barreto, Frei Miguel Arcanjo da Anunciação, Joaquim Amaral de Camargo, Josè MAria Nunes Garcia, Marechal Arouche – Museu Paulista de Universidade de SPA

Procissão – Associação Paulista de Medicina

Paisagem da Fazenda Santa Tereza do Alto – MAM-SP

RIO DE JANEIRO

Manteau Rouge – Museu Nacional de Belas Artes

Urutu – MAM Rio

Vendedor de Frutas – MAM Rio

O Touro, Paisagem com flores Rosas e Roxas – Fundação Roberto Marinho

Anjos – MAM, RJ

BAHIA

Boi na Floresta – MAM Bahia

CEARÁ

Religião Brasileira IV – Fundação Edson Queiroz, Fortaleza

ITU

Retratos: Antonio de Toledo Piza, Jesuíno Pinto Bandeira, José Vaz Pinto de Mello, Luis de Antonio de Souza Ferraz, Pedro Alexandrino Rangel Aranha, Victor de Arruda Castanho – Museu Republicano Conveção de Itu, USP, Itu

GUARULHOS

Retrato do Padre Bento – Prefeitura de Guarulhos

RIO GRANDE DO SUL

Paisagem (com casario e Palmeiras) Uma – Museu de Arte da ASPES/FAT/URCAMP

OUTROS PAÍSES

ARGENTINA

Abaporu – MALBA

Pueblito ( Morro da Favela II) – Museu Nacional de Bellas Artes, Neuquem

ESTADOS UNIDOS

A Lua – MoMA

ESPANHA

A Família – Museu Rainha Sofia, Madri

Desenho Abaporu – Museu Rainha Sofia, Madri

FRANÇA

A Cuca – Museu de Grenoble, Grenoble, França

RÚSSIA

O Pescador – Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia

Fonte: Tarsila do Amaral, "Roteiro de obras". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.


Abaporu - A obra mais importante de Tarsila do Amaral

Abaporu é uma pintura a óleo da artista brasileira Tarsila do Amaral. É uma das principais obras do período antropofágico do movimento modernista no Brasil.


É a tela brasileira mais valorizada no mercado mundial das artes, com valor estimado de US$ 40 milhões, sendo comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini por US$ 2,5 milhões, em 1995, em um leilão realizado na Christies. Criador do Museu de arte latino-americana de Buenos Aires (MALBA), Costantini doou sua coleção para o museu, incluindo a Abaporu. Anteriormente a obra pertencia ao empresário brasileiro Raul Forbes, numa aquisição ocorrida em 1985.


Foi pintada em óleo sobre tela, em janeiro de 1928, por Tarsila do Amaral (1886-1973) como presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. O nome da obra foi conferido por ele e pelo poeta Raul Bopp, que indagou a Oswald ao ver o quadro: "Vamos fazer um movimento em torno desse quadro?". Os dois escritores escolheram um nome para a obra, que veio a ser Abaporu, que vem dos termos em tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando "homem que come gente". E também é uma referência para a criação da Antropofagia modernista brasileira, ou Movimento Antropofágico, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil.

Outras obras de Tarsila em sua fase antropofágica: A Lua (1928), O Lago (1928), Cartão Postal (1929) e Sol Poente (1929).


A escolha das cores, formas e perspectiva da obra refletem o desejo de Tarsila de mostrar o Brasil de verdade. “Tarsila desembarcava do ‘Massilia’, navio de luxo vindo de Paris, trazendo na bagagem tintas bonitas, muitos vestidos elegantes e muita renovação”.

O quadro faz parte da fase antropofágica de Tarsila que, assim como a fase pau-brasil, é considerada uma das mais importantes dentro da vida da pintora. Influenciada pelo cubismo, esse período na carreira da artista permitiu a ela fazer uma leitura visual das estruturas da sociedade brasileira.

Intinerário da Obra

Pintado como presente de aniversário para o então marido Oswald de Andrade, quando Tarsila e ele se separaram, o escritor aceitou trocar o quadro por um mais valorizado à época, O Enigma de Um Dia, de Giorgio de Chirico. O Abaporu permaneceu com a autora.

A tela foi exibida várias vezes publicamente nos anos seguintes: em 1928, pela primeira vez, em Paris; no ano seguinte, fez parte das duas primeiras mostras individuais de Tarsila, uma em São Paulo, outra no Rio.

Novamente, em 1933, no Rio de Janeiro, em 1950 e 1952 no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. O Abaporu participou também da VII Bienal Internacional de Arte de São Paulo em 1963, e da XXXII Bienal de Veneza em 1964.

Em 1969, fez parte de uma turnê por várias cidades brasileiras, na mostra Tarsila: 50 Anos de Pintura. Em 1972, foi exposta na comemoração dos 50 anos da Semana de Arte Moderna de 1922.

Nos anos 1960, Tarsila havia vendido o quadro para o colecionador, fundador e diretor do Museu de Arte de São Paulo - MASP, Pietro Maria Bardi. Tarsila tinha a expectativa de que o quadro integrasse a coleção do Museu, validando sua importância como obra capital da arte brasileira.

Bardi, no entanto, revendeu a obra para o colecionador Érico Stickel. Em 1984, o galerista Raul Forbes comprou o quadro por US$ 250 mil - então o valor mais caro já pago por uma pintura brasileira. Em 1995, Forbes decidiu leiloar Abaporu na casa de leilões Christie's, em Nova Iorque. Foi arrematada pelo empresário argentino Eduardo Constantini, por US$ 2,5 milhão, novamente um recorde nacional.

Constantini criaria o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires - Malba, para o qual doou a coleção. O Abaporu voltaria a ser exibido no Brasil em 2008, em mostra na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2011, no Palácio do Planalto, em Brasília; e em 2016, no Rio de Janeiro.

Em abril de 2019, a obra foi finalmente exposta no Masp, na exposição retrospectiva Tarsila Popular.


Abaporu no Brasil

Apesar de ser um dos símbolos do modernismo brasileiro, Abaporu não esteve na Semana de Arte Moderna de 1922, pois o quadro seria pintado somente em 1928. Em 1922, na data da realização da Semana (11 a 18 de fevereiro), Tarsila estava em Paris em busca de uma identidade artística e só retornaria ao país no final daquele ano.

Desde que Costantini adquiriu a tela em 1995, ela foi exposta no Brasil algumas vezes. Em 1998, em uma mostra no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) que exibiu obras do empresário argentino. Em 2002, esteve na Faap para a exposição Da Antropofagia a Brasília. Já em 2008, a pintura brasileira participou de Tarsila Viajante, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Mais uma vez na Faap, fez parte de Mulheres, Artistas e Brasileiras em 2011.

Durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o quadro esteve no Museu de Arte do Rio (MAR) na exposição A Cor do Brasil. Em 5 de abril de 2019, foi exposta pela primeira vez no Museu de Arte de São Paulo (MASP). De acordo com a sobrinha-neta da artista, Tarsilinha do Amaral, era seu sonho que o quadro fosse exposto no local.

Interpretação

Gonzalo Aguillar em seu artigo “O Abaporu, de Tarsila do Amaral: saberes do pé” mencionado em Antropofagia hoje? Oswald de Andrade em cena, livro de Jorge Ruffinelli e João Cezar de Castro Rocha, pensa o Abaporu na qualidade do gênero de retrato anti-humano, pois o rosto é apagado, o corpo é animalesco, porém os pés são bastante humanos e detalhados. Para Aguillar, a gestualidade humana do quadro é parodiada. O homem do quadro é desprovido de identidade, quase desumanizado.

Ortega y Gasset, em "A desumanização da arte", trata da arte e das vanguardas modernas do início do século XX como "nova arte". Para o autor, a desumanização, que tende a se distanciar do objeto e da realidade humana deformando-a pela ruptura e destruição de seu aspecto humano, é própria desta nova escola. Ou seja, a desumanização do Abaporu é uma tendência observada no período.

Para Ortega y Gasset, não se trata de pintar algo que seja completamente distinto de um homem, ou casa, ou montanha, mas sim de pintar um homem que pareça o menos possível com um homem, uma casa que conserve de tal o estritamente necessário para que assistamos à sua metamorfose, um cone que saiu milagrosamente do que era antes uma montanha, como a serpente sai de sua pele. O prazer estético para o artista novo emana desse triunfo sobre o humano; por isso é preciso concretizar a vitória e apresentar em cada caso a vítima estrangulada.

Para Deleuze e Guattari, em "Ano-zero Rostidade", no livro "Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia", o rosto do homem é uma superfície e um mapa, que surge do entrecruzamento dos eixos da significância e da subjetivação, o qual adquire o nome de muro branco-buraco negro. De acordo com os estudiosos, mesmo humana, a cabeça não é forçosamente um rosto. O rosto só se produz quando a cabeça deixa de fazer parte do corpo, quando para de ser codificada pelo corpo, quando ela mesma para de ter um código corporal polívoco multidimensional- quando o corpo, incluindo a cabeça, se encontra descodificado e deve ser sobrecodificado por algo que denominaremos Rosto.

A inversão da hierarquia face-restante do corpo na obra de Tarsila subverte a valorização da cultura ocidental em relação à parte superior do corpo, sobretudo, à cabeça, em uma espécie de provocação estética.

Bakthin trata do baixo e alto material corporal em seu livro "A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento". Para ele, o traço marcante do realismo grotesco é o rebaixamento, isto é, a transferência ao plano material e corporal, o da terra e do corpo na sua indissolúvel unidade, de tudo que é elevado, espiritual, ideal e abstrato.

Outra interpretação da pintura coloca em pauta a questão do trabalho. Para Nádia Battella Gotlib, a temática se manifesta na representação dos pés e das mãos da figura, os quais aparecem desproporcionalmente grandes, simbolizando o trabalho braçal realizado por grande parte da população brasileira. Enquanto isso, a cabeça, em menor evidência, representa o trabalho intelectual, relegado a uma reduzida elite econômica e acadêmica.


Estética

Alguns estudiosos ligam a gestualidade do Abaporu a O Pensador de Rodin. Nádia Regina Maffi Reckel, em sua tese "A tessitura da textualidade em Abaporu" afirma que no 'Abaporu' a re-escritura do 'Pensador' não se dá apenas pela posição corporal da personagem, mas também pela estética do fragmento e do bloco. E, se juntarmos a isso a reescrituração de brasilidade podemos compreender o texto por suas re-escriturações e, não apenas por sua forma ou conteúdo como é comumente lido pelos críticos de arte e educadores.

Outra ligação entre as obras é exemplificada pelo fragmento de sol. No ambiente, a luz é externa, refletindo suas marcas no corpo da personagem e no cacto. O sol é uma referência ao sol brasileiro, à brasilidade da obra.

Fonte: Wikipédia, "Abaporu". Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.


Grupo dos Cinco

O Grupo dos Cinco foi um grupo de pintores e escritores influentes associados ao modernismo brasileiro. Eles trabalharam juntos de aproximadamente 1922 a 1929, embora seu trabalho individual como artistas e poetas existisse antes disso e continuasse após o término da colaboração. O grupo incluía Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mario de Andrade.

Enquanto Malfatti e Amaral eram pintoras, seus três homólogos masculinos eram poetas e escritores. O Grupo dos Cinco é conhecido por seu papel central na busca da identidade brasileira, bem como por seu trabalho e envolvimento com a Semana de Arte Moderna, embora Amaral não tenha participado.

Como grupo, eles desenvolveram ideias e manifestos que serviram de inspiração para futuras gerações de artistas brasileiros, como o manifesto poético Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.


Estilo Modelado

Na pintura, o estilo modelado é uma técnica que dá a ilusão de solidez tridimensional à figura humana e aos objetos representados numa superfície de duas dimensões. O efeito de volume é obtido pela variação da intensidade dos tons utilizados, que cria áreas de luz e sombras e resulta na sensação de profundidade.

Já na escultura, nomeia o processo de construção de formas feitas diretamente em materiais maleáveis, como a argila e a cera, e também o procedimento de confecção de um molde de uma escultura para posterior fundição.

Fonte: MODELADO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 3 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7


Entrevista Revista Veja (23/02/1972) - Leo Gilson Ribeiro


Veja: A senhora estava na Europa, durante a Semana. Mesmo assim, é considerada uma de suas figuras principais. Por que?

Tarsila: Embora eu estivesse na Europa, eu acho que participei da Semana de 22 pela carta que a Anita Malfatti me mandou, contando tudo, com todas as minúcias. Agora nem sei onde essa carta foi parar. Eu fiquei admirada do que ela me contou e com a grosseria do Monteiro Lobato quando falou sobre ela, sem compreender nada, muito reacionário, pois imagine que ele se julgava pintor, o Monteiro Lobato, sabe? Eu fiquei muito admirada: o que será esta coisa? A Anita ficou magoada com toda a ra zão, o Monteiro Lobato falava dos quadros dela como se fossem feitos por um burro com um pincel amarrado no rabo e conforme as moscas atormentavam o burro ele dava aquelas pinceladas assim na tela, não é?

Veja: Mas a Semana…

Tarsila: Nas vésperas de ir para a Europa eu aluguei meu atelier para um professor alemão, o professor Elpons, o único impressionista que estava no Brasil. Ele foi o único que me deu uma experiência dos quadros impressionistas porque aqui no Brasil não chegava nada, só através do professor Pedro Alexandrino, que esteve vinte anos em Paris e visitava muito, aqueles grandes pintores, que ele conhecia todos. Muita gente dizia: é perder tempo ir trabalhar no atelier de Pedro Alexandrino porque é um passadista; mas ele tinha preparo, pensando bem não era perder tempo não.

Veja: Como a senhora descobriu o seu talento?

Tarsila: Eu comecei a trabalhar (em São Paulo) sob a direção de Pedro Alexandrino e não me fez nada de mal de ver que era uma coisa antiga, acadêmica, tinha aquele método antigo de copiar à fusain para exercitar a mão, fiz até a cabeça de um negro, ele queria que eu tivesse a mão muito firme e me dava então aquele papel muito grande para trabalhar, não é? Ele ia me explicando tudo, fazer traços sem régua, sem nada. Comecei com o desenho, eu não era uma colorista no princípio, fazia cópias de gesso também, com sombreado, coisas de anatomia que tinha que copiar, conhecer bem. Ele trabalhava no Liceu de Artes e Ofícios e trazia aqueles modelos e era muito bom porque a pessoa aprendia anatomia e sabia as proporções, não é?

Veja: São Paulo era muito provinciana nas artes?

Tarsila: Ah, era, o gosto geral era pelas paisagens iguaizinhas à vida, era o reino da natureza morta também, as fulgurações do metal copiadas na tela, tão real! Isso não foi prejudicial para mim, foi uma fase preparatória. Quando cheguei na Europa fui logo para a Académie Julien, academia de nus, num grande salão, eu fui com meus trabalhos: uma cabeça de velho feita a pastel, depois uma holandesa com óleo já e o negro, que foi a carvão. Havia muitos ateliers e a moda era dos nus, punham o modelo só cinco minutos diante do artista para ele fazer rapidamente, eu gostava até porque já tinha prática. Depois fui estudar com um grande professor hors-concours, fazia exposições, gostava muito da minha pintura, agora me esqueci do nome dele. Ele chamava a atenção dos alunos para o que eu fazia, sabe? Eram muitos e como eu trabalhava rápido ele gostava e dizia para o atelier grande: Voyez ce qu´elle fait, comme c´est puissant (Olhem só o que ela faz, como tem força!) Eu voltei ao Brasil pouco depois da Semana, mas eu não gostava do que a Anita Malfatti fazia, era tudo assim muito deformado. Mas é claro que estava completamente chocada e contra o Monteiro Lobato. Depois, no fim do ano, a Anita foi trabalhar também com o Pedro Alexandrino, porque a mãe da Anita era muito passadista e vivia contra a filha e contra as inovações dela na pintura, dizia que aquilo não prestava. A Anita ficava muito desanimada da mãe se zangar por ela não fazer o parecido, a mãe não compreendia nada, era um horror!

Veja: A senhora achou um ambiente hostil quando voltou?

Tarsila: Eu cheguei nos primeiros dias de junho, vinha de navio, que não tinha a facilidade do avião, o Gago Coutinho é que ia atravessar o Atlântico logo depois. Mas era tão tranqüila a travessia por mar! Eram os navios da Mala Real inglesa, os melhores, e logo passou algum tempo a França fez também o Lutèce e o Marsília. Não, não achei um ambiente hostil quando voltei. Eu recebia muitas pessoas, poetas, no meu atelier da rua Vitória. Era uma casa que pertencia à minha família mesmo.

Veja: A senhora era uma mulher muito bonita…

Tarsila: Quem? Eu? Bom, naturalmente, naquele tempo eu estava melhor do que estou hoje. Aí tive o encontro com o Oswald de Andrade, que era muito extravagante, falava mal de todo mundo, quando ele achava que uma coisa era engraçada, tinha que dizer mesmo que ofendesse os amigos, sacrifica tudo por um bon mot. Uma vez Paulo Prado brigou com ele e nunca mais quis falar com ele, sabe? Eu nem sabia por que, no entanto o Paulo Prado tinha feito um prefácio muito bom para o livro do Oswald, Pau-Brasil, editado lá em Paris. Quando o Oswald tinha uma coisa para dizer, ele não resistia mesmo e aí falou sobre a dona Veridiana Prado e dizem que ela não era, bem ariana, que ela tinha uma misturazinha lá e o Oswald falou daquela gloriosa mulata que a dona Veridiana Prado. Ora, o Paulo Prado era parente muito próximo, de maneira que nunca mais falou com o Oswald.

Veja: Ele brigou também com Mário de Andrade?

Tarsila: Brigou também. Depois ficou com saudade dele, pediu que eu escrevesse uma carta para o Mário, Oswald era muito temperamental, eu estava casada com ele e escrevi mas Mário respondeu que era impossível, que o Oswald o tinha ofendido demais, que ele estava muito ressentido, que não era possível, que comigo era diferente, ele sempre foi muito meu amigo, o Mário. Aí, quando o Oswald viu que ele não voltava mesmo às boas, continuou a falar mal do Mário. Era uma pena esse traço do caráter do Oswald… E com uma obra tão séria, não? as ilustrações dos livros fui eu que fiz todas.

Veja: O famoso Abaporu partiu daí?

Tarsila: Não, eu quis fazer um quadro que assustasse o Oswald, sabe? que fosse uma coisa mesmo fora do comum. Aí é que vamos chegar no Abaporu. Eu mesma não sabia por que que eu queria fazer aquilo… depois é que eu descobri. O Abaporu era aquela figura monstruosa que o senhor conhece, não é? a cabecinha, o bracinho fino apoiado no cotovelo, aquelas pernas compridas, enormes, e junto tinha um cacto que dava a impressão de um sol como se fosse também uma flor e ao mesmo tempo um sol e então quando viu o quadro o Oswald ficou assustadíssimo e perguntou: Mas o que é isso? Que coisa extraordinária! Aí imediatamente telefonou para o Raul Bopp, que estava aqui, e disse: Venha imediatamente aqui que é pra você ver uma coisa! Aí o Bopp foi lá no meu atelier, ali na rua Barão de Piracicaba, um solar muito bonito que meu pai tinha comprado recentemente, o Bopp assustou-se também e o Oswald disse: Isso é como uma coisa como se fosse um selvagem, uma coisa do mato, e o Bopp foi da mesma opinião. Aí eu quis dar um nome selvagem também ao quadro, porque eu tinha um dicionário de Montoia, um padre jesuíta que dava tudo. Para dizer homem, por exemplo, na língua dos índios era Abá. Eu queria dizer homem antropófago, folheei o dicionário todo e não encontrei, só nas últimas páginas tinha uma porção de nomes e vi Puru e quando eu li dizia homem que come carne humana, então achei, ah, como vai ficar bem, Abaporu. E ficou com esse nome.

Veja -Então, a senhora foi a origem do movimento antropófago?

Tarsila: O Raul Bopp achou que devíamos fazer um movimento em torno desse quadro, achou esquisitíssimo, ele gostou muito e depois escreveu um livro interessantíssimo sobre o linguajar indígena do Amazonas. Todos começaram a dizer que o Oswald é que tinha feito o Abaporu e criado o movimento antropofágico. Ele aceitou que dissessem que era de autoria dele, achou interessante.

Veja: Daí ele passou a datar documentos a partir do ano em que os índios tinham comido na Bahia aquele bispo, o bispo Sardinha?

Tarsila: É, e fizeram o movimento da antropofagia e aí todas as quartas-feiras o Chateaubriand (com pronúncia francesa) ofereceu uma página no jornal para o movimento. Então vinha o Geraldo Ferraz, que era conhecido como o açougueiro, falar de arte, não é? Era, sim, açougueiro porque antropofagia era comer carne, então ele é que contava e distribuía entre os leitores. Mas aí, como havia muita irreverência com as famílias que assinavam o Diário de São Paulo o Chateaubriand viu-se obrigado a pedir que não continuassem porque estava perdendo todos os leitores.

Veja: O Aba-Puru com aquela figura deformada, monstruosa, parece coisa de pesadelo.

Tarsila: Engraçado o senhor falar nisto, eu gosto de inventar formas assim de coisas que eu nunca vi na vida, mas não sabia por que que eu tinha feito o Aba-Puru daquela forma. Eu me perguntava: Mas como é que eu fiz isto? Depois uma amiga que era casada com o prefeito me dizia: Sempre que eu vejo Aba-Puru; me lembro de uns pesadelos que eu tenho, e eu então liguei uma coisa a outra, disse que devia ser uma lembrança psíquica ou qualquer coisa assim e me lembrei de quando nós éramos crianças na fazenda. Naquele tempo tinha muita facilidade de empregadas, aquelas pretas que trabalhavam para nós na fazenda, depois do jantar elas reuniam a criançada para contar histórias de assombração, iam contando da assombração que estava no forro da casa, eu tinha muito medo, a gente ficava ouvindo, elas diziam: daqui a pouco da abertura vai cair um braço, vai cair uma perna e nunca esperávamos cair a cabeça, abríamos a porta correndo e nem queríamos saber de ver cair a assombração inteira. Quem sabe o Abaporu é um reflexo disso?

Veja: Assim como o movimento antropofágico tinha relações com as culturas primitivas, dos índios, da África, etc., o Fernand Léger, com a sua temática de máquinas, fábricas, sociedade moderna, teve influência na sua pintura também?

Tarsila: Eu gostava muito da obra dele, fui muito amiga dele, mas não frequentei o atelier do Léger, eu era amiga da mulher dele também, depois até inventaram que ele tinha desenhado brincos para mim, etc., imagine! Eu me inspirei em São Paulo mesmo, na sociedade fabril e foi uma novidade naquele tempo, no Brasil, o que eu fiz. E fui tão bem aceita, que o governo do Estado comprou a minha obra, sabe, um quadro grande, está em Campos do Jordão, imitando em cima uma fábrica. Na época da minha exposição no Rio tive um amigo pernambucano que me mandou todos os recortes da crítica quando foi exposto lá o Abaporu inclusive. Havia invenções incríveis, diziam que meu atelier era como o atelier do Renoir, cheio de nus e não sei o que mais e que eu mandava espalhar pelo atelier inteiro divãs cobertos de veludos roxos, cada uma! E me confundiam com a Anita Malfatti. Naquela época, o senhor imagina, uma jornalista do Rio chegou a escrever que o Oswald de Andrade nem chegara a se casar comigo! Falava de mim feito de um monumento de São Paulo, vale a pena conhecer TARSILA em São Paulo, virei atração turística, veja só! Quando meu casamento com o Oswald foi até um casamento de luxo, o Washington Luís esteve presente! Falavam de mim, de meus muitos amores!, até de lançadora de modas eu fui chamada. E claro, porque cada vez que eu voltava da Europa eu trazia as novidades, não é mesmo? Eu estava uma vez com um vestido lindíssimo, uma seda meio xadrez, com mangas bufantes e dois laços de fita bem largos, azuis (dona Anette mostra uma edição da Ilustração Brasileira e diz que foi em 1924) sabe? Foi o vestido que eu escolhi para o vernissage de obras minhas num conjunto de muitas salas, na rua Barão de Itapetininga, eu estava ali esperando os visitantes. Aí eu vi uma porção mesmo de rapazes que vinham na minha direção, como eu estava na porta eu perguntei: Os senhores querem entrar? Parecia que era o que eles queriam mesmo, e eu os recebi com muita cordialidade, convidei, mal eu sabia o que eles queriam fazer: todos vieram com giletes no bolso para arrasar com tudo o que eu tinha feito! Mas acho que me estranharam de ver num vestido assim tão bonito e não conseguiram o que pretendiam, não.

Veja: A senhora na sua infância morou em São Paulo ou no interior?

Tarsila: Quando eu era pequena eu morava numa fazenda, meu pai adorava tudo que era fazenda, comprava muitas terras, era um homem muito rico porque o pai dele também era conhecido na genealogia paulista como José Estanislau do Amaral, o Milionário. Ele começou a vida sem nada, fazendo óleo de mamona, tinha um ou dois escravos que o ajudavam a fazer isso e depois foi vendendo, foi melhorando, comprou fazendas, uma porção, vendia café em Santos também, onde ganhava muito com isso. Eu fui criada no campo, acho que é por isso que sou tão forte ainda com a minha idade. Na luta do braço (mostra o braço), até homem é difícil de me vencer, sabe?

Veja: E na sua pintura também está essa força da terra, do campo?

Tarsila: Exatamente. Sabe? Eu era pequena na fazenda e via minha mãe com muitos santinhos de igreja, já gostava de pintura, tanto que eu fazia as primeiras cópias mal feitas dos santos. São Franciso Xavier eu fiz quando eu tinha uns quatro anos. Adorava desenhar e viver rodeada de galinhas, de pintos e fazia um desenhozinho, de tudo que era animal que eu via. Aí me fizeram presente de uma gatinha branca, eu adorava gatos, chamava-se Falena, e ela arranjou muitos maridos e eu fiquei com quarenta gatos que me rodeavam miando, lá na fazenda de Capivari. Mas eu passava tempos também na fazenda de São Bernardo, que papai já tinha comprado naquela época, era uma casa muito grande e bonita e até foi vendo as letras da entrada da fazenda que eu fui aprendendo a ler. Sabe, eram letras quase do tamanho deste armário aqui. Minha mãe me ensinava: Olhe, isto aqui é um B, chama-se B esta letra, aqui é um A e eu me lembrava logo da forma das letras. Eu nem senti que estava sendo alfabetizada antes de entrar para a escola. E fazia também bonecas de mato: um mato que crescia com uns caules quadradinhos e dava flor, eu pegava e fazia com aqueles matos uma espécie de escultura, eu fazia braços e pernas e brincava com aquilo. Eu cresci nessa fazenda e como meu pai soube que ali perto tinha se estabelecido uma família belga, eram nobres Van Harenberg Val-mont, tinham uma filha de dezoito anos e, como eu tinha outros irmãos pequenos, papai mandou perguntar se a moça podia vir nos ensinar francês e ela veio mas não nos ensinou nada, mamãe é que ensinou portuguê para ela. O francês eu aprendi porque papai queria os filhos muito educados, então fomos para a Europa e nunca nenhum francês soube que eu não era francesa: me diziam sempre que eu falava completamente sem accent étranger, sabe?

Veja: Em Paris a senhora estava em contato com Picasso, com Apollinaire, com Breton?

Tarsila: Ah, estive, o Cocteau também era nosso grande amigo, eu fazia muitos almoços brasileiros no meu atelier em Paris, que o Paulo Prado descobriu que foi o atelier de Cézanne, na rua Moreau, num bairro até não muito recomendável, mas era tão difícil ter um atelier em Paris! Havia muitos artistas americanos, muitos estrangeiros e era difícil achar. O meu era no quinto andar, tinha que subir tudo a pé, não tinha

banheiro, era meio primitivo, banho mesmo era só no bain publique. Quem ia sempre era o Vila-Lobos e o Cocteau também frequentava, diziam até que ele era muito bom musicista. Vila-Lobos então improvisava num piano de cauda que tinha lá no meu atelier, tocava uma coisa e o Cocteau dizia, fazendo careta de tédio: Non, ça n’est pas quelque chose de neuff! (Não, isso não é nada de novo!) Aí o Vila-Lobos tocava outra coisa e o Cocteau balançava a cabeça Não, isso não é inédito, até que se sentou embaixo do piano alegando que era pour mieux entendre (para ouvir melhor), mas nunca aprovando a música do Vila-Lobos, o folclore brasileiro para ele era déjà entendu (já ouvido). O senhor pode imaginar as brigas que se armavam, com o Vila-Lobos muito espalhafatoso, muito exuberante… Era um clima, aliás, de constantes discussões, porque eram de partidos literários, políticos, estéticos diferentes e dava aquelas confusões eternas…

Veja: A senhora teve uma vida muito rica; quando foi que a senhora se sentiu mais feliz?

Tarsila: Foi quando justamente meu pai comprou um solar, que havia lá na rua Barão de Piracicaba, porque minha mãe gostava de casa bem grande, era uma mansão mesmo e lá é que eu dava festas, fazia jantares e tinha dois rapazinhos de quinze para dezesseis anos e que eram garçons, eu trouxe uma adega excelente, que ninguém conhecia igual em São Paulo, escolhida peça por peça por um sommelier franoh com o nome de um artista conhecido, não me lembro agora, Maurice Chevalier? Não, ele se chamava Charles Boyer, acho que era o nome de um artista do cinema, não era?

Veja: De onde a senhora tira tanta força para viver? Uma queda a deixou presa na cama a maior parte do dia. Recentemente, perdeu a única filha. Logo depois, morreu sua única neta, afogada. A senhora é religiosa?

Tarsila: Ih, sou, sim. Sou muito devota do Menino Jesus de Praga, porque alcancei muitas graças com as orações a ele. É uma novena milagrosa, eu sei tudo de cor: Oh Jesus que dissestes: Pedi e recebereis, procurai e achareis, batei e a porta se abrirá, quando eu li isso eu fiquei arrepiada, sabe? de imaginar assim aquela porta se abrindo, se abrindo… Isso me inspirou um quadro de Jesus Menino com um negrinho, que simboliza os humildes, também com japoneses e índios, eu dei de presente para um padre que dirige um orfanato para crianças. Eu copiava oleografias sacras…

Veja: O Portinari começou também copiando santos.

Tarsila: Ah, tive uma desilusão com Portinari quando conheci um exegeta do cubismo em Paris e freqüentei mais de seis meses esse grande professor e acho que o Portinari não sabia fazer pintura cubista. Por exemplo: ele ia fazer o Tiradentes. Fez com pincel e nanquim, desenhado, e depois colocou pedaços de papel e colou em cima do desenho, isso nunca foi cubismo!

Veja: Além do sentimento religioso, há um tom de lembrança em sua pintura…

Tarsila: Um dos meus quadros que fez muito sucesso quando eu o expus lá na Europa se chama A Negra. Porque eu tenho reminiscências de ter conhecido uma daquelas antigas escravas, quando eu era menina de cinco ou seis anos sabe? escravas que moravam lá na nossa fazenda, e ela tinha os lábios caídos e os seios enormes, porque, me contaram depois, naquele tempo as negras amarravam pedras nos seios para ficarem compridos e elas jogarem para trás e amamentarem a criança presa nas costas. Num quadro que pintei para o IV Centenário de São Paulo eu fiz uma procissão com uma negra em último plano e uma igreja barroca, era uma lembrança daquela negra da minha infância, eu acho. Eu invento tudo na minha pintura. E o que eu vi ou senti, como um belo por-de-sol ou essa negra, eu estilizo.

Veja: A sua pintura, tão poética, é então uma evocação enternecedora de uma infância feliz?

Tarsila: Acho que o senhor não está longe de ter acertado.

Fonte: Rachel – Almanaque Abril. Tarsila do Amaral. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

Crédito fotográfico: Wikipédia, Retrato de Tarsila, ca. 1925. Consultado pela última vez em 3 de março de 2022.

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