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Barrão

Jorge Velloso Borges Leão Teixeira (27 de julho de 1959, Rio de Janeiro, RJ), mais conhecido como Barrão, é um escultor, desenhista, pintor e artista multimídia brasileiro. Autodidata, Barrão iniciou sua trajetória artística no início da década de 1980 como integrante do grupo Seis Mãos, ao lado de Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta. O coletivo realizou intervenções urbanas, performances e experimentações visuais e sonoras. Sua obra é marcada pela reutilização de objetos do cotidiano, como televisores, brinquedos, eletrodomésticos e sucatas, seguindo a lógica da bricolagem e do ready-made. Influenciado pelo neodadaísmo, pop art, arte povera e o universo infantil, no qual explora o humor, a ironia e a crítica à obsolescência da cultura de consumo. Fundadou o grupo Chelpa Ferro (1995), com Luiz Zerbini, Sérgio Mekler e Chico Neves, que une escultura, instalação sonora e música eletrônica em criações tecnológicas. Realizou exposições coletivas e individuais. Recebeu o prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Museu de Arte de Brasília. Suas obras integram acervos de instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói), o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, além de estar em acervos particulares.

Barrão | Arremate Arte

Jorge Velloso Borges Leão Teixeira, conhecido artisticamente como Barrão, nasceu em 1959, no Rio de Janeiro, Brasil. Autodidata, iniciou sua trajetória artística no final da década de 1970, explorando diversas formas de expressão. Em 1983, fundou o Grupo Seis Mãos, ao lado de Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta. O coletivo promovia atividades que mesclavam vídeo, pintura ao vivo, shows musicais e performances, levando arte a espaços públicos como ruas e praças. ​

A primeira exposição do grupo ocorreu em 1983, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, Barrão participou das mostras "Arte na Rua I" e "Pintura! Pintura!". Em 1984, realizou sua primeira exposição individual, "Televisões", na Galeria Contemporânea, e integrou a coletiva "Como Vai Você, Geração 80?", na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. ​

A obra de Barrão é marcada pela reutilização de objetos cotidianos e sucatas, conferindo-lhes novos significados por meio da bricolagem. Seus trabalhos incluem esculturas que combinam peças de cerâmica e porcelana, resultando em composições híbridas e bem-humoradas. Essa abordagem crítica e lúdica reflete sobre a sociedade contemporânea e o consumo. ​

Em 1995, Barrão cofundou o coletivo multimídia Chelpa Ferro, juntamente com Luiz Zerbini e Sergio Mekler. O grupo explora a plasticidade do som e do silêncio por meio de esculturas, instalações tecnológicas e música eletrônica, desafiando as percepções sensoriais do público. ​

Barrão participou de diversas exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior. Destacam-se "Natureza Morta" na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa (2010), e "Paleotoca" no Galpão Fortes Vilaça, em São Paulo (2016). Suas obras integram coleções de importantes instituições, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu de Arte Moderna de São Paulo. ​

A produção artística de Barrão continua a provocar reflexões sobre o cotidiano e o consumo, consolidando-o como uma figura relevante na arte contemporânea brasileira.

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Barrão | Itaú Cultural

Jorge Velloso Borges Leão Teixeira (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1959). Desenhista, pintor, escultor, artista multimídia. Reaproveita objetos do cotidiano e sucatas, conferindo-lhes novos significados, a partir da lógica da bricolagem.

Autodidata, inicia sua carreira artística no Grupo Seis Mãos, formado também por Ricardo Basbaum (1961) e Alexandre Dacosta (1959). O coletivo desenvolve atividades com vídeo, pinturas ao vivo, shows musicais e performances e promove o projeto Improviso de Pintura e Música, em ruas, praças públicas, faculdades e dentre outros locais.

A primeira exposição dos três artistas ocorre em 1983, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Neste ano, Barrão participa das mostras Arte na Rua e Pintura! Pintura!, na mesma cidade. Em 1984, realiza a primeira exposição individual, intitulada Televisões, na Galeria Contemporânea, e participa da coletiva Como Vai Você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Em 1990, recebe o Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Museu de Arte de Brasília.

Em suas obras, os objetos, desligados de seus contextos e usos originais, reaparecem transformados, embora tragam a memória do passado. Itens domésticos, como televisão, refrigerador, brinquedo e liquidificador, figuram como peças de composições diversas. Auto-pista (1987), por exemplo, apresenta uma grade de ventilador sobre uma pista de autorama. Em outras obras, bonecos de plástico e um motor de vitrola são dispostos sobre uma porta de refrigerador; ou uma escada de metal é apoiada sobre carrinhos de ferro. Estes são alguns engenhos do artista.

Um impulso lúdico e infantil parece animar toda essa produção. É possível identificar nela o espírito curioso do menino cuja brincadeira é desmontar os objetos, ver como são feitos para, a partir daí, arriscar novas construções, indica o crítico Marcio Doctors (1952).

Diante dos resultados dessas operações de encaixe e desencaixe, pode-se pensar em uma crítica implícita à sociedade contemporânea. O riso, a princípio inevitável, dá lugar a uma certa melancolia provocada pela identificação das peças desgastadas, parte de um mundo familiar, não tão distante, mas já completamente passado, morto.

Realiza, com Sandra Kogut (1965), os vídeos 7 horas de sono e A geladeira. Faz ainda vinhetas eletrônicas para televisão, trabalhos de cenografia e capas de discos. Em 1995, cria o grupo Chelpa Ferro, que trabalha com escultura, instalações tecnológicas e música eletrônica, em parceria com o artista Luiz Zerbini (1959), o editor de vídeo e cinema Sérgio Mekler (1963) e o produtor musical Chico Neves (1960).

Como um adulto que mantém vivo o espírito infantil, o autodidata Barrão desmonta, remonta e ressignifica objetos ordinários do cotidiano para criar esculturas, instalações, peças musicais e outras obras de arte.

Críticas

"Na área do eletrodoméstico como suporte, Jorge Barrão é sem dúvida uma revelação dos últimos anos: suporte violentado, e onde a frase-clichê ´muda a função muda a significação plástica´ nem sempre é válida posto que apesar de alterado o visual o suporte é identificável. Mas o elemento ´surpresa´, humoroso, como o exige o espírito da geração do autor, se revela na aproximação do ´contemplador´, ou em sua participação em contato com este objeto (uma máquina de lavar, ou uma televisão, ou uma geladeira), usualmente de diálogo tão mecânico com o espectador, e que aqui é surpreendido pela ´resposta´ da peça: criador da máquina desconcertante, de continente que é uma armadilha" — Aracy Amaral (Amaral, Aracy. In: A nova dimensão do objeto. n. p).

"Barrão é um escultor de piadas visuais para gargalhadas invisíveis. A arte de transformar televisores, enceradeiras e outros eletrodomésticos em artigos de primeira inutilidade obteve o efeito instantâneo de uma batedeira de ovos sobre as artes plásticas brasileiras. Qualquer um que, instalado numa poltrona, já tenha assistido à TV está, de antemão, familiarizado com seus objetos. A meio caminho entre os museus e os magazines de utilidades para o lar, eles dizem respeito a qualquer sociedade industrial, mas têm um humor tipicamente carioca. Humor que é a marca pessoal de um dos artistas mais importantes projetados pela exposição Como Vai Você, Geração 80?, em 1984, no Parque Lage. Seja nas vinhetas sujas do finado Programa Legal, na cenografia kitsch de Santa Clara Poliergerst, em capas de disco de rock ou nas próprias artes plásticas, sua linguagem se firmou por ser modelável como o barro e contemporânea como o chip" — Fernando G.

(Fernando G. Jorge Barrão: o artista plástico que transforma fogões e TVs em peças de humor. Jornal do Brasil).

"Durante muito tempo, o trabalho de Barrão foi lido sob o ponto de vista pop, por ter construído objetos a partir de apropriações do grande consumo popular. Televisões, geladeiras, liquidificadores, toda a parafernália eletrônica de uso doméstico passou pela ´reciclagem´ irônica do artista. Não era tanto, talvez, a crítica ao racionalismo da técnica ou ao consumo burguês o que interessava, mas a irreverência lúdica de deslocar esses objetos para o espaço livre da imaginação. A acidez crítica das apropriações dadaístas e a neutralidade das imagens pop eram então substituídas por um outro tipo de assemblage, mais engenhoso e fantasmático, mais ingênuo até, entendendo-se a ingenuidade como um potencial de singeleza e espontaneidade positivo.

Hoje vemos que o interesse, o verdadeiro centro da questão, era mais o mundo da máquina, do engenho, do movimento mecânico, do que propriamente a imagem pop ou kitsch de que se apropriava. O trabalho foi se depurando até chegar, tout court, ao cinetismo puro, ao pólo exclusivo do seu fascínio, que é a possibilidade de a imagem se mover, se transformar, se estruturar mesmo a partir de um mecanismo motor. No trabalho dessa exposição, Barrão suga a água do mar que contorna o Museu por meio de uma bomba, desenha o percurso dessa água pela galeria, fazendo-a passar através de uma mangueira, até devolvê-la ao mar por uma janela. Estão em jogo aí várias relações: o diálogo entre arte e natureza; a possibilidade de interligar o espaço interno ao externo; a tentativa de se ´apropriar´ da própria natureza como um ready-made; o esforço em re-criar a realidade circundante como ficção" — Ligia Canongia (Canongia, Ligia. Sobre os artistas e as obras de escultura plural. In: Escultura plural. n. p).

Exposições

1983 - Seis Mãos

1983 - Arte na Rua

1983 - Pintura! Pintura!

1984 - Televisões (1984 : Rio de Janeiro, RJ)

1984 - Como Vai Você, Geração 80?

1984 - Arte na Rua 2

1984 - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas

1985 - Olhos, Discos e Eletrodomésticos

1985 - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas

1986 - Individual de Barrão

1986 - Pinturas: escrete volador

1986 - A Nova Dimensão do Objeto

1987 - Trip (1987 : São Paulo, SP)

1987 - Pintura Fora do Quadro: 10 artistas contemporâneos

1988 - Dimensão Planar

1988 - Subindo a Serra

1988 - 88 x 68: um balanço dos anos

1988 - 19º Panorama de Arte Atual Brasileira

1989 - Individual de Barrão

1989 - Olhar para o Futuro

1989 - Individual de Barrão

1989 - Rio Hoje

1990 - Prêmio Brasília de Artes Plásticas

1991 - Consumir o consumo

1991 - Consumir o consumo

1991 - Centro Cultural Candido Mendes: 10 anos de acervo

1991 - Viva Brasil Viva

1991 - Brasil: la nueva generación

1991 - Processo nº 738.765-2

1992 - Luiz Zerbini e Jorge Barrão

1992 - Consumir o consumo

1992 - Individual de Barrão

1992 - Coca-Cola 50 Anos com Arte

1992 - Coca-Cola 50 Anos com Arte

1992 - Eco-Sensorial: extrativismo urbano

1992 - Individual de Barrão

1992 - As Artes do Poder

1992 - A Sedução dos Volumes: os tridimensionais do MAC

1992 - Diferenças

1992 - Brazilian Contemporary Art

1992 - Brazilian Contemporary Art

1992 - 1º A Caminho de Niterói: coleção João Sattamini

1993 - Barrão, Basbaum, Canale e Dacosta

1993 - Brazilian Contemporary Art

1993 - Rio Gráfico

1993 - Café Eletrônico

1993 - Brasil: segni d'arte libri e video 1950-1993

1993 - A Presença do Ready-Made: 80 anos

1993 - O Papel do Rio

1993 - Brasil: segni d'arte libri e video 1950-1993

1993 - Brasil: segni d'arte libri e video 1950-1993

1993 - Brasil: segni d'arte libri e video 1950-1993

1993 - Brasil: imagens dos anos 80 e 90

1994 - Escultura Carioca

1994 - Bienal Brasil Século XX

1994 - Brasil: imagens dos anos 80 e 90

1994 - 5ª Bienal de Havana

1994 - Brasil: imagens dos anos 80 e 90

1994 - 2ª Mostra de Artes Plásticas: espaço

1995 - Anos 80: o palco da diversidade

1995 - Dezoito

1995 - Anos 80: o palco da diversidade

1995 - A Infância Perversa: fábulas sobre a memória e o tempo

1995 - A Infância Perversa: fábulas sobre a memória e o tempo

1995 - Artistas Colecionistas

1996 - Escultura Plural

1997 - Escultura Plural

1997 - Apropriações

1997 - Ar: exposição de artes plásticas, brinquedos, objetos e maquetes

1997 - Imaginário Objetual

1997 - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1998 - O Bonequinho Viu: 60 anos 1938-1998

1998 - O Bonequinho Viu: 60 anos 1938-1998

1998 - A Imagem do Som de Caetano Veloso

1999 - Fundição em Conserto

1999 - Cotidiano/Arte. Objeto Anos 60-90

1999 - Cotidiano/Arte. Objeto Anos 60-90

1999 - Cotidiano/Arte. A Técnica. Máquinas de arte

1999 - Ciberarte: zonas de interação

1999 - Cotidiano/Arte. O Consumo.

1999 - Cotidiano/Arte. O Consumo.

1999 - A Imagem do Som de Chico Buarque

2000 - Cotidiano/Arte. O Consumo. Beba Mona Lisa

2000 - Coleção Sattamini: dos materiais às diferenças internas

2000 - A Imagem do Som de Gilberto Gil

2001 - Arco das Rosas: marchand como curador

2001 - Espelho Cego: seleções de uma coleção contemporânea

2001 - Espelho Cego: seleções de uma coleção contemporânea

2001 - 27º Panorama da Arte Brasileira

2001 - A Imagem do Som de Antônio Carlos Jobim

2002 - 27º Panorama da Arte Brasileira Rio de Janeiro

2002 - Rotativa Fase 2

2002 - 27º Panorama da Arte Brasileira (Bahia)

2002 - Diálogo, Antagonismo e Replicação na Coleção Sattamini

2002 - Caminhos do Contemporâneo: 1952/2002

2002 - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói

2002 - Pot

2002 - Infláveis

2002 - poT

2002 - Fragmentos a seu Ímã: obras primas do MAB

2003 - Arte em Movimento

2003 - Chelpa Ferro

2003 - Apropriações: Curto-Circuito de Experiências Participativas

2004 - A Face Icônica da Arte Brasileira

2004 - Onde Está Você, Geração 80?

2005 - Onde Está Você, Geração 80?

2005 - Coleções VI

2005 - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem

2006 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2006 - Volpi e as Heranças Contemporâneas

2006 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2006 - Individual de Barrão

2007 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2007 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2007 - 80/90: modernos, pós-modernos, etc

2007 - 30º Panorama da Arte Brasileira

2008 - 30º Panorama da Arte Brasileira

2008 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2008 - 3º Arquivo Geral

2009 - Alcova

2009 - Individual de Barrão

2009 - 7ª Bienal do Mercosul

2009 - 7ª Bienal do Mercosul

2010 - 29º Salão Arte Pará

2010 - Individual de Barrão

2011 - Escultura Aventura: arte que (quase) se move

2011 - Départ

2011 - Expo Vinis

2012 - E os Amigos Sinceros Também

2012 - Mashups

2012 - Individual de Barrão

2012 - Espelho Refletido: O Surrealismo e a Arte Contemporânea Brasileira

2012 - Sombras: Livro objeto de Franco Terranova

2014 - Inventário da Paixão: homenagem a Marcantonio Vilaça

2014 - Lugar nenhum

2015 - Barrão: fora daqui

2015 - Geração 80: ousadia & afirmação

2015 - Ficções

2015 - A Casa

2015 - Arrumação

2015 - 10ª Bienal do Mercosul

2016 - Paleotoca

2016 - Do clube para a praça

2017 - Fronteiras, Limites, Interseções: entre a arte e o design

2017 - Troposphere – Chinese & Brazilian Contemporary Art Exhibition

2019 - ARTE NAÏF (Nenhum museu a menos)

2021 - Brasilidade Pós-Modernismo

2021 - Brasilidade Pós-Modernismo

2022 - Brasilidade Pós-Modernismo

2022 - Brasilidade Pós-Modernismo

2024 - Funil

Fonte: BARRÃO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 03 de abril de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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A vida das coisas nas obras da mostra de Barrão | O Globo

— No ateliê que mantém desde os primórdios da Bhering, na Zona Portuária do Rio, Barrão guarda centenas de peças de louças. Há prateleiras dedicadas a cachorros, outras a imagens de Buda ou a objetos cor de rosa. Cachorros, budas e vasinhos vêm de feiras como a da Praça XV, da Ladra, em Lisboa, ou de Dusseldorf, na Alemanha. Estão lá, na Bhering, desde os anos 2000, quando o artista começou essa espécie de coleção que vem dando origem a muitas de suas obras.

Na exposição “Arrumação”, que a galeria Laura Marsiaj abre amanhã, às 19h, ele expõe sete esculturas criadas com os cacarecos de louça ora inteiros, ora quebrados e reorganizados em formas improváveis, já distantes da função de objeto decorativo que um dia tiveram. Há um gato de louça azul (coletado na Praça XV) de cujo rabo parece explodir uma forma alongada, composta de vasos e seus cacos. Trata-se de “Rastro”, obra que ele concluiu em 2013, mas que há pelo menos um ano vem sendo desenvolvida no ateliê.

A colagem de objetos já prontos é algo recorrente na obra de Barrão. Nos anos 1980, ele lembra, comprava aspiradores de pó e até motores de geladeiras e fogões que rearranjava em obras de arte. Naquele tempo, os eletrodomésticos, e não os objetos de louça, apinhavam o ateliê.

— Na verdade, eu não encaro esses objetos que guardo como uma coleção, mas a maneira como trabalho passa um pouco por essa coisa de colecionar, de acumular coisas — diz o artista. — Tinha pensado, lá atrás, no final dos anos 1980, em fazer um trabalho com louça, mas era só um, com uns bichos colados e tal. Nunca fiz esse trabalho e passou. Um dia resolvi fazer. No ano 2000, fui atrás dessas coisas, fiz e achei que o resultado estava legal, gostei de como tudo se misturava. Aí fiz outro e outro...

Então, Barrão passou a comprar objetos de louça em feiras populares. Primeiro, ia aos locais focado: comprava apenas objetos em forma de cachorros, por exemplo. Depois, o artista diz ter percebido que a diversidade seria útil — e, assim, começou a comprar e levar de tudo um pouco para o ateliê.

— Esse jeito de criar um acervo para trabalhar é algo que sempre foi assim para mim. Não sei ter uma ideia e sair para comprar, produzir. Preciso ter as coisas para pensar a partir delas — explica.

Assim, uma série de Budas prateados que Barrão encontrou em Dusseldorf acabou agrupada a pequeninos bules brancos num objeto de parede. Uma mulher esculpida em louça azul, recostada em troncos (também azuis), forma uma composição com um cofre de moedas em forma de pênis, chuchus, um cachimbo, legumes — tudo em louça, tudo fálico, como pretendia Barrão.

Embora os objetos criados pelo artista carioca possam ter estética um tanto kitsch, ele diz que não é isso, “de forma alguma”, o que pretende com essas esculturas.

— Nem penso nisso. Talvez eu tenha um sentimento mais flexível em relação a isso. Quer dizer, eu não enquadro as peças como kitsch, de jeito nenhum. Nem gosto quando é um objeto muito característico, ou algo de muito valor ou de uma estética valiosa. Gosto de quando os objetos perdem suas características individuais e se descobrem novamente numa reunião com outra coisa.

O processo de criação das esculturas, ele completa, é longo. Justamente porque é preciso encontrar peças que se encaixem ou “produzir” cacos perfeitos que completem uma obra. E Barrão faz quase tudo sozinho (tem um assistente no ateliê, que o ajuda em questões técnicas e, por conviver com o artista, também dá sugestões para as criações).

— Não gosto muito de delegar, gosto de fazer — afirma. — Me interessa muito esse imaginário popular, que tem uns bichos, umas decorações, umas coisas que acho muito bonitas, e outras, bem loucas. Essa diversidade cria uma possibilidade de misturar tudo.

Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 3 abril de 2025.

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Entre a ordem e o caos, Barrão abre individual no Jacaranda | O Globo

Antes de se transformarem nas assemblages que se tornaram umas das marcas mais fortes da obra de Barrão, desde os anos 1980, os objetos de louça adquiridos em feiras de antiguidades são precisamente organizados nas estantes do ateliê do artista, na Fábrica Bhering, no Santo Cristo. Assim como as miniaturas são separadas por tamanhos e “identidades” (cachorros, elefantes, aves, Budas), o método também é visível na forma como são guardados outros trabalhos em produção ou os cabos e pedais usados no Chelpa Ferro (coletivo multimídia criado por Barrão com o pintor Luiz Zerbini e o editor Sergio Mekler). Da ordem, surgiu o caos — ou melhor, “Mufa caos”, título da individual que o artista abre hoje no Jacaranda, na Glória, com trabalhos realizados nos últimos três anos. Além das obras em louça, Barrão apresenta esculturas em resina, aquarelas e obras experimentais, que mesclam materiais como vidro, metal e cerâmica, no primeiro solo realizado no Rio após a mostra “Fora daqui”, na Casa França-Brasil, em 2015.

— O processo de criação das novas obras tem um lado mais caótico do que quem vê de fora pode perceber. Há uma formalidade no meu trabalho que fico tentando quebrar e expandir, essas obras são tentativas de explorar coisas que não estão totalmente decodificadas ou dominadas para mim — conta Barrão. — Os momentos em que você está menos confortável com sua produção são bons para colocar algumas coisas em questão. Era uma boa oportunidade para mostrar o que estava fazendo também. O “Mufa caos” vem um pouco daí.

A possibilidade de expor os 34 trabalhos recentes surgiu com o convite do Jacaranda, espaço criado por artistas como Raul Mourão, Carlos Vergara, José Bechara e Daniel Senise, para que Barrão fizesse a primeira individual no local.

— O fato de o Jacaranda ser um espaço híbrido, que não é uma galeria comercial nem tem a formalidade de uma instituição, propicia uma certa liberdade de mostrar obras que tivessem um caráter experimental — comenta Luiza Mello, curadora da exposição. — A gente não tem ideia do quanto ele realmente faz várias coisas ao mesmo tempo até vê-lo no ateliê, pintando uma aquarela enquanto a cola de uma escultura está secando. A ideia é levar um pouco deste clima para a exposição.

Há cerca de um ano trabalhando sem assistentes fixos no ateliê, Barrão pôde explorar com mais tempo outras expressões artísticas, como as aquarelas que apresenta agora na individual. O diálogo com os trabalhos escultóricos se dá com o uso de antigos carimbos infantis, com formatos de animais, como ponto de partida das telas — assim como nas assemblages, objetos comuns são deslocados de seu uso cotidiano ao se integrarem às obras.

— Nunca deixei de pintar, mas fazia isso quase sempre fora do ateliê, não era uma coisa integrada à minha rotina diária. Quando se trabalha em equipe, é preciso ter um ritmo para que tudo funcione. Para fazer as aquarelas é preciso calma, é uma coisa mais íntima. Não dá para interromper a cada cinco minutos para resolver um problema ou parar de pintar para continuar no dia seguinte — observa o artista. — Trabalhando sozinho, o clima do ateliê mudou, tive a tranquilidade para desenvolver essa série.

Já as obras em resina foram desenvolvidas a partir de um processo que Barrão já havia experimentado na época da mostra de 2015, com esculturas em gesso. Agora, o artista faz moldes de objetos como garrafas de plástico, pneus, isopores, miniaturas e pedaços de madeira, para em seguida criar formas em resina a serem recombinadas posteriormente.

— As obras em louça têm uma construção elaborada, é preciso calcular que parte entra em cada espaço e como reforçar o conjunto. E tem o tempo de secagem da cola, umas duas horas, em média. Às vezes sentia que a cabeça ia mais rápido que o trabalho, queria algo mais ágil — lembra Barrão. — Então comecei a fazer os moldes e recombiná-los. Consegui ampliar o universo das obras em louça, mas no fundo acabei criando uma etapa a mais nesse processo.

Finalizando as últimas obras, Barrão se divertia ao pensar como explicar ao público processos que ainda tenta decifrar nos trabalhos:

— Como fazer visita guiada a uma exposição chamada “Mufa caos”? As pessoas têm que sair sem entender nada, para manter uma coerência com a obra (risos).

Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 3 de abril de 2025.

Crédito fotográfico: Folha de São Paulo. Consultado pela última vez em 3 abril de 2025.

Jorge Velloso Borges Leão Teixeira (27 de julho de 1959, Rio de Janeiro, RJ), mais conhecido como Barrão, é um escultor, desenhista, pintor e artista multimídia brasileiro. Autodidata, Barrão iniciou sua trajetória artística no início da década de 1980 como integrante do grupo Seis Mãos, ao lado de Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta. O coletivo realizou intervenções urbanas, performances e experimentações visuais e sonoras. Sua obra é marcada pela reutilização de objetos do cotidiano, como televisores, brinquedos, eletrodomésticos e sucatas, seguindo a lógica da bricolagem e do ready-made. Influenciado pelo neodadaísmo, pop art, arte povera e o universo infantil, no qual explora o humor, a ironia e a crítica à obsolescência da cultura de consumo. Fundadou o grupo Chelpa Ferro (1995), com Luiz Zerbini, Sérgio Mekler e Chico Neves, que une escultura, instalação sonora e música eletrônica em criações tecnológicas. Realizou exposições coletivas e individuais. Recebeu o prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Museu de Arte de Brasília. Suas obras integram acervos de instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói), o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, além de estar em acervos particulares.

Barrão

Jorge Velloso Borges Leão Teixeira (27 de julho de 1959, Rio de Janeiro, RJ), mais conhecido como Barrão, é um escultor, desenhista, pintor e artista multimídia brasileiro. Autodidata, Barrão iniciou sua trajetória artística no início da década de 1980 como integrante do grupo Seis Mãos, ao lado de Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta. O coletivo realizou intervenções urbanas, performances e experimentações visuais e sonoras. Sua obra é marcada pela reutilização de objetos do cotidiano, como televisores, brinquedos, eletrodomésticos e sucatas, seguindo a lógica da bricolagem e do ready-made. Influenciado pelo neodadaísmo, pop art, arte povera e o universo infantil, no qual explora o humor, a ironia e a crítica à obsolescência da cultura de consumo. Fundadou o grupo Chelpa Ferro (1995), com Luiz Zerbini, Sérgio Mekler e Chico Neves, que une escultura, instalação sonora e música eletrônica em criações tecnológicas. Realizou exposições coletivas e individuais. Recebeu o prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Museu de Arte de Brasília. Suas obras integram acervos de instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói), o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, além de estar em acervos particulares.

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Jorge Velloso Borges Leão Teixeira, conhecido artisticamente como Barrão, nasceu em 1959, no Rio de Janeiro, Brasil. Autodidata, iniciou sua trajetória artística no final da década de 1970, explorando diversas formas de expressão. Em 1983, fundou o Grupo Seis Mãos, ao lado de Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta. O coletivo promovia atividades que mesclavam vídeo, pintura ao vivo, shows musicais e performances, levando arte a espaços públicos como ruas e praças. ​

A primeira exposição do grupo ocorreu em 1983, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, Barrão participou das mostras "Arte na Rua I" e "Pintura! Pintura!". Em 1984, realizou sua primeira exposição individual, "Televisões", na Galeria Contemporânea, e integrou a coletiva "Como Vai Você, Geração 80?", na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. ​

A obra de Barrão é marcada pela reutilização de objetos cotidianos e sucatas, conferindo-lhes novos significados por meio da bricolagem. Seus trabalhos incluem esculturas que combinam peças de cerâmica e porcelana, resultando em composições híbridas e bem-humoradas. Essa abordagem crítica e lúdica reflete sobre a sociedade contemporânea e o consumo. ​

Em 1995, Barrão cofundou o coletivo multimídia Chelpa Ferro, juntamente com Luiz Zerbini e Sergio Mekler. O grupo explora a plasticidade do som e do silêncio por meio de esculturas, instalações tecnológicas e música eletrônica, desafiando as percepções sensoriais do público. ​

Barrão participou de diversas exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior. Destacam-se "Natureza Morta" na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa (2010), e "Paleotoca" no Galpão Fortes Vilaça, em São Paulo (2016). Suas obras integram coleções de importantes instituições, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu de Arte Moderna de São Paulo. ​

A produção artística de Barrão continua a provocar reflexões sobre o cotidiano e o consumo, consolidando-o como uma figura relevante na arte contemporânea brasileira.

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Barrão | Itaú Cultural

Jorge Velloso Borges Leão Teixeira (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1959). Desenhista, pintor, escultor, artista multimídia. Reaproveita objetos do cotidiano e sucatas, conferindo-lhes novos significados, a partir da lógica da bricolagem.

Autodidata, inicia sua carreira artística no Grupo Seis Mãos, formado também por Ricardo Basbaum (1961) e Alexandre Dacosta (1959). O coletivo desenvolve atividades com vídeo, pinturas ao vivo, shows musicais e performances e promove o projeto Improviso de Pintura e Música, em ruas, praças públicas, faculdades e dentre outros locais.

A primeira exposição dos três artistas ocorre em 1983, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Neste ano, Barrão participa das mostras Arte na Rua e Pintura! Pintura!, na mesma cidade. Em 1984, realiza a primeira exposição individual, intitulada Televisões, na Galeria Contemporânea, e participa da coletiva Como Vai Você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Em 1990, recebe o Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Museu de Arte de Brasília.

Em suas obras, os objetos, desligados de seus contextos e usos originais, reaparecem transformados, embora tragam a memória do passado. Itens domésticos, como televisão, refrigerador, brinquedo e liquidificador, figuram como peças de composições diversas. Auto-pista (1987), por exemplo, apresenta uma grade de ventilador sobre uma pista de autorama. Em outras obras, bonecos de plástico e um motor de vitrola são dispostos sobre uma porta de refrigerador; ou uma escada de metal é apoiada sobre carrinhos de ferro. Estes são alguns engenhos do artista.

Um impulso lúdico e infantil parece animar toda essa produção. É possível identificar nela o espírito curioso do menino cuja brincadeira é desmontar os objetos, ver como são feitos para, a partir daí, arriscar novas construções, indica o crítico Marcio Doctors (1952).

Diante dos resultados dessas operações de encaixe e desencaixe, pode-se pensar em uma crítica implícita à sociedade contemporânea. O riso, a princípio inevitável, dá lugar a uma certa melancolia provocada pela identificação das peças desgastadas, parte de um mundo familiar, não tão distante, mas já completamente passado, morto.

Realiza, com Sandra Kogut (1965), os vídeos 7 horas de sono e A geladeira. Faz ainda vinhetas eletrônicas para televisão, trabalhos de cenografia e capas de discos. Em 1995, cria o grupo Chelpa Ferro, que trabalha com escultura, instalações tecnológicas e música eletrônica, em parceria com o artista Luiz Zerbini (1959), o editor de vídeo e cinema Sérgio Mekler (1963) e o produtor musical Chico Neves (1960).

Como um adulto que mantém vivo o espírito infantil, o autodidata Barrão desmonta, remonta e ressignifica objetos ordinários do cotidiano para criar esculturas, instalações, peças musicais e outras obras de arte.

Críticas

"Na área do eletrodoméstico como suporte, Jorge Barrão é sem dúvida uma revelação dos últimos anos: suporte violentado, e onde a frase-clichê ´muda a função muda a significação plástica´ nem sempre é válida posto que apesar de alterado o visual o suporte é identificável. Mas o elemento ´surpresa´, humoroso, como o exige o espírito da geração do autor, se revela na aproximação do ´contemplador´, ou em sua participação em contato com este objeto (uma máquina de lavar, ou uma televisão, ou uma geladeira), usualmente de diálogo tão mecânico com o espectador, e que aqui é surpreendido pela ´resposta´ da peça: criador da máquina desconcertante, de continente que é uma armadilha" — Aracy Amaral (Amaral, Aracy. In: A nova dimensão do objeto. n. p).

"Barrão é um escultor de piadas visuais para gargalhadas invisíveis. A arte de transformar televisores, enceradeiras e outros eletrodomésticos em artigos de primeira inutilidade obteve o efeito instantâneo de uma batedeira de ovos sobre as artes plásticas brasileiras. Qualquer um que, instalado numa poltrona, já tenha assistido à TV está, de antemão, familiarizado com seus objetos. A meio caminho entre os museus e os magazines de utilidades para o lar, eles dizem respeito a qualquer sociedade industrial, mas têm um humor tipicamente carioca. Humor que é a marca pessoal de um dos artistas mais importantes projetados pela exposição Como Vai Você, Geração 80?, em 1984, no Parque Lage. Seja nas vinhetas sujas do finado Programa Legal, na cenografia kitsch de Santa Clara Poliergerst, em capas de disco de rock ou nas próprias artes plásticas, sua linguagem se firmou por ser modelável como o barro e contemporânea como o chip" — Fernando G.

(Fernando G. Jorge Barrão: o artista plástico que transforma fogões e TVs em peças de humor. Jornal do Brasil).

"Durante muito tempo, o trabalho de Barrão foi lido sob o ponto de vista pop, por ter construído objetos a partir de apropriações do grande consumo popular. Televisões, geladeiras, liquidificadores, toda a parafernália eletrônica de uso doméstico passou pela ´reciclagem´ irônica do artista. Não era tanto, talvez, a crítica ao racionalismo da técnica ou ao consumo burguês o que interessava, mas a irreverência lúdica de deslocar esses objetos para o espaço livre da imaginação. A acidez crítica das apropriações dadaístas e a neutralidade das imagens pop eram então substituídas por um outro tipo de assemblage, mais engenhoso e fantasmático, mais ingênuo até, entendendo-se a ingenuidade como um potencial de singeleza e espontaneidade positivo.

Hoje vemos que o interesse, o verdadeiro centro da questão, era mais o mundo da máquina, do engenho, do movimento mecânico, do que propriamente a imagem pop ou kitsch de que se apropriava. O trabalho foi se depurando até chegar, tout court, ao cinetismo puro, ao pólo exclusivo do seu fascínio, que é a possibilidade de a imagem se mover, se transformar, se estruturar mesmo a partir de um mecanismo motor. No trabalho dessa exposição, Barrão suga a água do mar que contorna o Museu por meio de uma bomba, desenha o percurso dessa água pela galeria, fazendo-a passar através de uma mangueira, até devolvê-la ao mar por uma janela. Estão em jogo aí várias relações: o diálogo entre arte e natureza; a possibilidade de interligar o espaço interno ao externo; a tentativa de se ´apropriar´ da própria natureza como um ready-made; o esforço em re-criar a realidade circundante como ficção" — Ligia Canongia (Canongia, Ligia. Sobre os artistas e as obras de escultura plural. In: Escultura plural. n. p).

Exposições

1983 - Seis Mãos

1983 - Arte na Rua

1983 - Pintura! Pintura!

1984 - Televisões (1984 : Rio de Janeiro, RJ)

1984 - Como Vai Você, Geração 80?

1984 - Arte na Rua 2

1984 - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas

1985 - Olhos, Discos e Eletrodomésticos

1985 - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas

1986 - Individual de Barrão

1986 - Pinturas: escrete volador

1986 - A Nova Dimensão do Objeto

1987 - Trip (1987 : São Paulo, SP)

1987 - Pintura Fora do Quadro: 10 artistas contemporâneos

1988 - Dimensão Planar

1988 - Subindo a Serra

1988 - 88 x 68: um balanço dos anos

1988 - 19º Panorama de Arte Atual Brasileira

1989 - Individual de Barrão

1989 - Olhar para o Futuro

1989 - Individual de Barrão

1989 - Rio Hoje

1990 - Prêmio Brasília de Artes Plásticas

1991 - Consumir o consumo

1991 - Consumir o consumo

1991 - Centro Cultural Candido Mendes: 10 anos de acervo

1991 - Viva Brasil Viva

1991 - Brasil: la nueva generación

1991 - Processo nº 738.765-2

1992 - Luiz Zerbini e Jorge Barrão

1992 - Consumir o consumo

1992 - Individual de Barrão

1992 - Coca-Cola 50 Anos com Arte

1992 - Coca-Cola 50 Anos com Arte

1992 - Eco-Sensorial: extrativismo urbano

1992 - Individual de Barrão

1992 - As Artes do Poder

1992 - A Sedução dos Volumes: os tridimensionais do MAC

1992 - Diferenças

1992 - Brazilian Contemporary Art

1992 - Brazilian Contemporary Art

1992 - 1º A Caminho de Niterói: coleção João Sattamini

1993 - Barrão, Basbaum, Canale e Dacosta

1993 - Brazilian Contemporary Art

1993 - Rio Gráfico

1993 - Café Eletrônico

1993 - Brasil: segni d'arte libri e video 1950-1993

1993 - A Presença do Ready-Made: 80 anos

1993 - O Papel do Rio

1993 - Brasil: segni d'arte libri e video 1950-1993

1993 - Brasil: segni d'arte libri e video 1950-1993

1993 - Brasil: segni d'arte libri e video 1950-1993

1993 - Brasil: imagens dos anos 80 e 90

1994 - Escultura Carioca

1994 - Bienal Brasil Século XX

1994 - Brasil: imagens dos anos 80 e 90

1994 - 5ª Bienal de Havana

1994 - Brasil: imagens dos anos 80 e 90

1994 - 2ª Mostra de Artes Plásticas: espaço

1995 - Anos 80: o palco da diversidade

1995 - Dezoito

1995 - Anos 80: o palco da diversidade

1995 - A Infância Perversa: fábulas sobre a memória e o tempo

1995 - A Infância Perversa: fábulas sobre a memória e o tempo

1995 - Artistas Colecionistas

1996 - Escultura Plural

1997 - Escultura Plural

1997 - Apropriações

1997 - Ar: exposição de artes plásticas, brinquedos, objetos e maquetes

1997 - Imaginário Objetual

1997 - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1998 - O Bonequinho Viu: 60 anos 1938-1998

1998 - O Bonequinho Viu: 60 anos 1938-1998

1998 - A Imagem do Som de Caetano Veloso

1999 - Fundição em Conserto

1999 - Cotidiano/Arte. Objeto Anos 60-90

1999 - Cotidiano/Arte. Objeto Anos 60-90

1999 - Cotidiano/Arte. A Técnica. Máquinas de arte

1999 - Ciberarte: zonas de interação

1999 - Cotidiano/Arte. O Consumo.

1999 - Cotidiano/Arte. O Consumo.

1999 - A Imagem do Som de Chico Buarque

2000 - Cotidiano/Arte. O Consumo. Beba Mona Lisa

2000 - Coleção Sattamini: dos materiais às diferenças internas

2000 - A Imagem do Som de Gilberto Gil

2001 - Arco das Rosas: marchand como curador

2001 - Espelho Cego: seleções de uma coleção contemporânea

2001 - Espelho Cego: seleções de uma coleção contemporânea

2001 - 27º Panorama da Arte Brasileira

2001 - A Imagem do Som de Antônio Carlos Jobim

2002 - 27º Panorama da Arte Brasileira Rio de Janeiro

2002 - Rotativa Fase 2

2002 - 27º Panorama da Arte Brasileira (Bahia)

2002 - Diálogo, Antagonismo e Replicação na Coleção Sattamini

2002 - Caminhos do Contemporâneo: 1952/2002

2002 - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói

2002 - Pot

2002 - Infláveis

2002 - poT

2002 - Fragmentos a seu Ímã: obras primas do MAB

2003 - Arte em Movimento

2003 - Chelpa Ferro

2003 - Apropriações: Curto-Circuito de Experiências Participativas

2004 - A Face Icônica da Arte Brasileira

2004 - Onde Está Você, Geração 80?

2005 - Onde Está Você, Geração 80?

2005 - Coleções VI

2005 - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem

2006 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2006 - Volpi e as Heranças Contemporâneas

2006 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2006 - Individual de Barrão

2007 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2007 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2007 - 80/90: modernos, pós-modernos, etc

2007 - 30º Panorama da Arte Brasileira

2008 - 30º Panorama da Arte Brasileira

2008 - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand

2008 - 3º Arquivo Geral

2009 - Alcova

2009 - Individual de Barrão

2009 - 7ª Bienal do Mercosul

2009 - 7ª Bienal do Mercosul

2010 - 29º Salão Arte Pará

2010 - Individual de Barrão

2011 - Escultura Aventura: arte que (quase) se move

2011 - Départ

2011 - Expo Vinis

2012 - E os Amigos Sinceros Também

2012 - Mashups

2012 - Individual de Barrão

2012 - Espelho Refletido: O Surrealismo e a Arte Contemporânea Brasileira

2012 - Sombras: Livro objeto de Franco Terranova

2014 - Inventário da Paixão: homenagem a Marcantonio Vilaça

2014 - Lugar nenhum

2015 - Barrão: fora daqui

2015 - Geração 80: ousadia & afirmação

2015 - Ficções

2015 - A Casa

2015 - Arrumação

2015 - 10ª Bienal do Mercosul

2016 - Paleotoca

2016 - Do clube para a praça

2017 - Fronteiras, Limites, Interseções: entre a arte e o design

2017 - Troposphere – Chinese & Brazilian Contemporary Art Exhibition

2019 - ARTE NAÏF (Nenhum museu a menos)

2021 - Brasilidade Pós-Modernismo

2021 - Brasilidade Pós-Modernismo

2022 - Brasilidade Pós-Modernismo

2022 - Brasilidade Pós-Modernismo

2024 - Funil

Fonte: BARRÃO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 03 de abril de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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A vida das coisas nas obras da mostra de Barrão | O Globo

— No ateliê que mantém desde os primórdios da Bhering, na Zona Portuária do Rio, Barrão guarda centenas de peças de louças. Há prateleiras dedicadas a cachorros, outras a imagens de Buda ou a objetos cor de rosa. Cachorros, budas e vasinhos vêm de feiras como a da Praça XV, da Ladra, em Lisboa, ou de Dusseldorf, na Alemanha. Estão lá, na Bhering, desde os anos 2000, quando o artista começou essa espécie de coleção que vem dando origem a muitas de suas obras.

Na exposição “Arrumação”, que a galeria Laura Marsiaj abre amanhã, às 19h, ele expõe sete esculturas criadas com os cacarecos de louça ora inteiros, ora quebrados e reorganizados em formas improváveis, já distantes da função de objeto decorativo que um dia tiveram. Há um gato de louça azul (coletado na Praça XV) de cujo rabo parece explodir uma forma alongada, composta de vasos e seus cacos. Trata-se de “Rastro”, obra que ele concluiu em 2013, mas que há pelo menos um ano vem sendo desenvolvida no ateliê.

A colagem de objetos já prontos é algo recorrente na obra de Barrão. Nos anos 1980, ele lembra, comprava aspiradores de pó e até motores de geladeiras e fogões que rearranjava em obras de arte. Naquele tempo, os eletrodomésticos, e não os objetos de louça, apinhavam o ateliê.

— Na verdade, eu não encaro esses objetos que guardo como uma coleção, mas a maneira como trabalho passa um pouco por essa coisa de colecionar, de acumular coisas — diz o artista. — Tinha pensado, lá atrás, no final dos anos 1980, em fazer um trabalho com louça, mas era só um, com uns bichos colados e tal. Nunca fiz esse trabalho e passou. Um dia resolvi fazer. No ano 2000, fui atrás dessas coisas, fiz e achei que o resultado estava legal, gostei de como tudo se misturava. Aí fiz outro e outro...

Então, Barrão passou a comprar objetos de louça em feiras populares. Primeiro, ia aos locais focado: comprava apenas objetos em forma de cachorros, por exemplo. Depois, o artista diz ter percebido que a diversidade seria útil — e, assim, começou a comprar e levar de tudo um pouco para o ateliê.

— Esse jeito de criar um acervo para trabalhar é algo que sempre foi assim para mim. Não sei ter uma ideia e sair para comprar, produzir. Preciso ter as coisas para pensar a partir delas — explica.

Assim, uma série de Budas prateados que Barrão encontrou em Dusseldorf acabou agrupada a pequeninos bules brancos num objeto de parede. Uma mulher esculpida em louça azul, recostada em troncos (também azuis), forma uma composição com um cofre de moedas em forma de pênis, chuchus, um cachimbo, legumes — tudo em louça, tudo fálico, como pretendia Barrão.

Embora os objetos criados pelo artista carioca possam ter estética um tanto kitsch, ele diz que não é isso, “de forma alguma”, o que pretende com essas esculturas.

— Nem penso nisso. Talvez eu tenha um sentimento mais flexível em relação a isso. Quer dizer, eu não enquadro as peças como kitsch, de jeito nenhum. Nem gosto quando é um objeto muito característico, ou algo de muito valor ou de uma estética valiosa. Gosto de quando os objetos perdem suas características individuais e se descobrem novamente numa reunião com outra coisa.

O processo de criação das esculturas, ele completa, é longo. Justamente porque é preciso encontrar peças que se encaixem ou “produzir” cacos perfeitos que completem uma obra. E Barrão faz quase tudo sozinho (tem um assistente no ateliê, que o ajuda em questões técnicas e, por conviver com o artista, também dá sugestões para as criações).

— Não gosto muito de delegar, gosto de fazer — afirma. — Me interessa muito esse imaginário popular, que tem uns bichos, umas decorações, umas coisas que acho muito bonitas, e outras, bem loucas. Essa diversidade cria uma possibilidade de misturar tudo.

Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 3 abril de 2025.

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Entre a ordem e o caos, Barrão abre individual no Jacaranda | O Globo

Antes de se transformarem nas assemblages que se tornaram umas das marcas mais fortes da obra de Barrão, desde os anos 1980, os objetos de louça adquiridos em feiras de antiguidades são precisamente organizados nas estantes do ateliê do artista, na Fábrica Bhering, no Santo Cristo. Assim como as miniaturas são separadas por tamanhos e “identidades” (cachorros, elefantes, aves, Budas), o método também é visível na forma como são guardados outros trabalhos em produção ou os cabos e pedais usados no Chelpa Ferro (coletivo multimídia criado por Barrão com o pintor Luiz Zerbini e o editor Sergio Mekler). Da ordem, surgiu o caos — ou melhor, “Mufa caos”, título da individual que o artista abre hoje no Jacaranda, na Glória, com trabalhos realizados nos últimos três anos. Além das obras em louça, Barrão apresenta esculturas em resina, aquarelas e obras experimentais, que mesclam materiais como vidro, metal e cerâmica, no primeiro solo realizado no Rio após a mostra “Fora daqui”, na Casa França-Brasil, em 2015.

— O processo de criação das novas obras tem um lado mais caótico do que quem vê de fora pode perceber. Há uma formalidade no meu trabalho que fico tentando quebrar e expandir, essas obras são tentativas de explorar coisas que não estão totalmente decodificadas ou dominadas para mim — conta Barrão. — Os momentos em que você está menos confortável com sua produção são bons para colocar algumas coisas em questão. Era uma boa oportunidade para mostrar o que estava fazendo também. O “Mufa caos” vem um pouco daí.

A possibilidade de expor os 34 trabalhos recentes surgiu com o convite do Jacaranda, espaço criado por artistas como Raul Mourão, Carlos Vergara, José Bechara e Daniel Senise, para que Barrão fizesse a primeira individual no local.

— O fato de o Jacaranda ser um espaço híbrido, que não é uma galeria comercial nem tem a formalidade de uma instituição, propicia uma certa liberdade de mostrar obras que tivessem um caráter experimental — comenta Luiza Mello, curadora da exposição. — A gente não tem ideia do quanto ele realmente faz várias coisas ao mesmo tempo até vê-lo no ateliê, pintando uma aquarela enquanto a cola de uma escultura está secando. A ideia é levar um pouco deste clima para a exposição.

Há cerca de um ano trabalhando sem assistentes fixos no ateliê, Barrão pôde explorar com mais tempo outras expressões artísticas, como as aquarelas que apresenta agora na individual. O diálogo com os trabalhos escultóricos se dá com o uso de antigos carimbos infantis, com formatos de animais, como ponto de partida das telas — assim como nas assemblages, objetos comuns são deslocados de seu uso cotidiano ao se integrarem às obras.

— Nunca deixei de pintar, mas fazia isso quase sempre fora do ateliê, não era uma coisa integrada à minha rotina diária. Quando se trabalha em equipe, é preciso ter um ritmo para que tudo funcione. Para fazer as aquarelas é preciso calma, é uma coisa mais íntima. Não dá para interromper a cada cinco minutos para resolver um problema ou parar de pintar para continuar no dia seguinte — observa o artista. — Trabalhando sozinho, o clima do ateliê mudou, tive a tranquilidade para desenvolver essa série.

Já as obras em resina foram desenvolvidas a partir de um processo que Barrão já havia experimentado na época da mostra de 2015, com esculturas em gesso. Agora, o artista faz moldes de objetos como garrafas de plástico, pneus, isopores, miniaturas e pedaços de madeira, para em seguida criar formas em resina a serem recombinadas posteriormente.

— As obras em louça têm uma construção elaborada, é preciso calcular que parte entra em cada espaço e como reforçar o conjunto. E tem o tempo de secagem da cola, umas duas horas, em média. Às vezes sentia que a cabeça ia mais rápido que o trabalho, queria algo mais ágil — lembra Barrão. — Então comecei a fazer os moldes e recombiná-los. Consegui ampliar o universo das obras em louça, mas no fundo acabei criando uma etapa a mais nesse processo.

Finalizando as últimas obras, Barrão se divertia ao pensar como explicar ao público processos que ainda tenta decifrar nos trabalhos:

— Como fazer visita guiada a uma exposição chamada “Mufa caos”? As pessoas têm que sair sem entender nada, para manter uma coerência com a obra (risos).

Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 3 de abril de 2025.

Crédito fotográfico: Folha de São Paulo. Consultado pela última vez em 3 abril de 2025.

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