José Júlio de Calasans Neto (Salvador, Bahia, 11 de novembro de 1932 — Idem, 30 de abril de 2006), mais conhecido como Calasans Neto, foi um pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo brasileiro. Estudou pintura com Genaro de Carvalho e teve aulas de gravura com Mario Cravo Júnior na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA. Especializou-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Em parceria com outros artistas, fundou a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Em sua jornada artística, criou cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustrou romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Artista de intensa atividade profissional, tornou-se conhecido em todo o país através da xilogravura. Participou de diversas exposições no Brasil e exterior, destacando-se na 18a Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, e da II Bienal de Havana, em 1986.
Biografia – Itaú Cultural
José Júlio Calasans Neto (Salvador BA 1932 - idem 2006). Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo. Estuda pintura com Genaro de Carvalho. Na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA, tem aulas de gravura com Mario Cravo Júnior. Em Salvador funda, com outros artistas, a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Especializa-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Entre 1956 e 1965, cria cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustra romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Nos anos 80 passa a dedicar-se também à pintura.
Críticas
"Calasans Neto, como alguns de seus companheiros baianos, que começam com o mestre Mário Cravo, demonstra-se senhor das possibilidades novas da xilogravura, no que reside todo um vocabulário outro que empresta ao trato da madeira uma extensão que lhe parecia impossível de atingir. As modulações são alcançadas pelo autor de Das Cabras com recursos que só a segurança e a paixão do ofício podem permitir. Modulações tonais que longo tempo pareciam restritas a recursos que muito particularizavam os efeitos já bem convencionalizados na técnica da gravura sobre madeira, e dos quais os diferentes buris e as variadas aberturas das goivas se desincumbiam quando manejados com a devida habilidade.
Calasans Neto nos oferece uma xilogravura rica de valores tonais que personalizam brilhantemente seu trabalho, assegurando-lhe uma justa medida de criação. Sem se afastar de uma singeleza na gravação ou no emprego da goiva e do buril, toda uma textura exuberantemente de expressões tiradas ao próprio material gravado é alcançada para a significação maior de um contexto formal que nos parece absolutamente válido plástica e graficamente. Superficiais em rebaixos diferentes afetam a impressão (estampagem), assegurando uma amplitude inestimável de efeitos novos, o que equivale a dizer significações, plásticas outras para a xilogravura moderna" — Quirino Campofiorito (CALASANS NETO. Gravuras. Texto Glauber Rocha, Fernando da Rocha Peres, Carlos Drummond de Andrade. Salvador : Casa da Palavra, 1998, p. 38-39).
"(...) em Calasans Neto, não há recurso à composição de figuras em vista de ação concertada. Retomados pela arte moderna, pelo menos desde Gauguin, os agenciamentos de justaposição vêem-se nas cabras e baleias de Calasans, procedimento que valoriza o sentido rítmico impresso às figuras, dispostas, às vezes, de modo processional. (...) O ritmo em Calasans pressupõe uma iteração na qual, mesmo quando uniformemente entintadas, as figuras se alçam, levíssimas. Como ilustrador, Calasans está muito mais próximo do cordel em Tereza Batista, de Jorge Amado, pelo humor. As figuras, aliviadas de cenarização, justapõem-se em ação não-concertada, o que torna, a um tempo, visibilíssimas as figuras e claríssima a ação. Mais que próximas ao cordel, as gravuras de Tereza Batista imitam-no, o que se escancara nos textos gravados por Calasans Neto, que chega a simular-lhe os erros de grafia" — Leon Kossovitch e Mayra Laudanna (GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende São Paulo: Itaú Cultural : Cosac & Naify, 2000. p. 28).
Exposições Individuais
1956 - Porto Alegre RS - Gravuras e Monotipias, na Galeria Dariano
1956 - Caxias do Sul RS - Gravuras, na Associação de Cultura Franco-Brasileira
1958 - Belo Horizonte MG - Xilogravuras, na Galeria Interiores
1958 - Salvador BA - Série Velas, na Galeria Domus
1959 - Salvador BA - Individual, na Pequena Galeria da Biblioteca Pública
1960 - Belo Horizonte MG - Individual, no MAP
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Macunaíma
1962 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1964 - Salvador BA - Série Taigara, na Galeria Querino
1965 - Salvador BA - Xilogravuras, na Galeria Convivium
1966 - Rio de Janeiro RJ - Matrizes de Xilogravuras, na Galeria Bonino
1966 - Salvador BA - Matrizes, na Galeria Convivium
1968 - Rio de Janeiro RJ - Gravuras do Álbum das Cabras, na Galeria Bonino
1968 - São Paulo SP - Matrizes, na A Galeria
1969 - Rio de Janeiro RJ - Matrizes de Gravuras, na Galeria da Praça
1973 - Lisboa (Portugal) - Gravuras do Livro Tereza Batista, na Galeria da Editora Europa América
1974 - Londres (Inglaterra) - 30 Wood-Engravings by Calasans Neto, na Kendal & Dent LtdA.
1974 - Washington (Estados Unidos) - Gravuras do Livro Tereza Batista, no The Library of Congress, Hispanic Society Room
1975 - Salvador BA - Gravuras do Álbum Do Jazz e 10 Monotipias sobre o Tema, na Galeria ACBEU
1976 - Washington (Estados Unidos) - Art Gallery of Brazilian, no Brazilian American Cultural Institute
1978 - Natal RN - Onze Gravuras para o Livro Tieta do Agreste, no Teatro Alberto Maranhão
1978 - Califórnia (Estados Unidos) - Individual, na California State University
1978 - Fortaleza CE - Individual, no Museu da Universidade do Ceará
1978 - Resende RJ - Xilogravura, no MAM/Resende
1978 - Goiânia GO - Matrizes, na Casa Grande Galeria de Arte
1978 - Brasília DF - Matrizes, na Marchant Marlene Gastal
1978 - Lisboa (Portugal) - Xilogravura, na Biblioteca Nacional de Lisboa
1979 - Salvador BA - Monotipias, no Shopping Center Iguatemi
1980 - Quebec (Canadá) - Gravuras, na Université Laval Cité Universitaire
1981 - Califórnia (Estados Unidos) - Individual, na California State University
1981 - Washington (Estados Unidos) - Paintings and Monoprints, na Washington World Gallery
1981 - Fortaleza CE - Gravuras dos Álbuns Tereza Batista Cansada de Guerra e Itapuã, no Museu da Universidade do Ceará
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Color US Brazilian, na W & J Sloane
1981 - Dacar (Senegal) - Semaine Culturelle de Bahia au Theatre Daniel Sorano
1982 - Salvador BA - Gravuras do Álbum Itapuã Sol, na Livraria Civilização Brasileira
1982 - Paris (França) - Individual, no Hotel Inter Continental
1982 - Estoril (Portugal) - Gravuras do Álbum Atlantis, na Galeria do Cassino Estoril
1983 - Porto Alegre RS - Pinturas, na Galeria Modus Vivendi
1983 - Salvador BA - Pássaros Noturnos do Abaeté, na Art Boulevard Galeria
1984 - Salvador BA - Monotipias para o Livro A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo, no Núcleo de Arte do Desenbanco
1984 - Feira de Santana BA - Monotipias para o Livro A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo, no Museu Regional de Feira de Santana
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Antonio Bandeira
1984 - Luanda (Angola) - Pinturas, na União de Artistas Plásticos
1985 - Salvador BA - Individual, no Escritório de Arte da Bahia
1986 - Maceió AL - Monotipias, na Fundação Pierre Chalita
1986 - João Pessoa PB - Monotipias, na Galeria Gamela de Arte Ltda.
1987 - Fortaleza CE - Metamorfose, no Imperial Othon Palace
1987 - Brasília DF - Dualidade da Metamorfose, na Galeria JBR
1987 - Salvador BA - Dualidade da Metamorfose, na Galeria Anarte
1988 - Rio de Janeiro RJ - Simbologia da Metamorfose, na Galeria Bonino
1988 - Brasília DF - Monotipias, na Casa Thomas Jefferson
1989 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria Canizares
1990 - Salvador BA - Fragmentos Urbanos, na Ada Galeria de Arte
1991 - Salvador BA - Crônica em Oito Tempos, na ACBEU
1992 - Salvador BA - Monotipias para o Livro Os Deuses Lares, no Núcleo de Arte do Desenbanco
1992 - Lisboa (Portugal) - Monotipias, na Lojas Quintão
1992 - Zurique (Suíça) - Metamorfose, no Wellenberg Hotel
1992 - Salvador BA - Individual, na Roberto Alban Galeria de Arte
1992 - Salvador BA - 25 Monotipias: Tereza Batista e Tieta. Exposição Comemorativa dos 80 Anos de Jorge, na Fundação Casa de Jorge Amado
1993 - Salvador BA - Pinturas, na Galeria Prova do Artista/Hotel Sofitel
1994 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria Companhia das Índias
1995 - Fortaleza CE - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na Galeria Jorge Amado da Aliança Francesa
1995 - Campos do Jordão SP - Gravuras, na Casa da Xilogravura
1996 - Salvador BA - Gravuras do Livro História Natural de Pablo Neruda, de Vinicius de Moraes, no MAM/BA
1997 - Salvador BA - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na ACBEU
1997 - Salvador BA - Pinturas, no Espaço Calasans Neto
1997 - Bagé RS - Gravuras, no Museu da Gravura Brasileira
1997 - Cachoeira BA - Individual, na Fundação Museu Hansen Bahia
1997 - Brasília DF - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na Casa Thomas Jefferson
1998 - Salvador BA - Frutaria. Monotipias, na Associação Cultural Dante Alighieri
1998 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria da Fundação Casa de Jorge Amado
1998 - Salvador BA - Lagoa e Mar, no MAM/BA
1999 - Feira de Santana BA - Calasans Neto: pinturas, na Galeria de Arte Carlo Barbosa
2000 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
Exposições Coletivas
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1956 - Salvador BA - Artistas Modernos da Bahia, na Galeria Oxumaré
1958 - Belo Horizonte MG - Gravura Brasileira, no MAP
1958 - Salvador BA - Pinturas, no Forte de Monte Serrat
1959 - Salvador BA - Inauguração do Museu de Arte e História da Bahia
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte
1960 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Novos da Bahia, na Galeria do Ibeu
1960 - Rio de Janeiro RJ - Três Artistas Baianos, na Galeria Macunaíma
1960 - Salvador BA - Sete Artistas Modernos da Bahia, no MAM/BA
1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - Paris (França) - 2ª Exposição Internacional de Cartazes de Cinema Contemporâneo
1962 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Novos da Bahia, na Galeria do Ibeu
1963 - Paris (França) - Jovens Gravadores Brasileiros, na Casa do Brasil
1963 - Salvador BA - Artistas do Nordeste, no Museu de Arte Popular do Unhão
1964 - Rio de Janeiro RJ - Artistas da Bahia, no Copacabana Palace
1964 - Salvador BA - Artistas Abstratos da Bahia, no Instituto de Cultura Brasil-Alemanha
1965 - Salvador BA - A Gravura da Bahia, na Galeria Convivium
1966 - Madri e Barcelona (Espanha) - Artistas da Bahia, no Instituto de Cultura Hispânica
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial
1966 - Washington D. C. e Filadélfia (Estados Unidos) - Artistas Baianos
1967 - Rio de Janeiro RJ - Ciclo de Estudos da Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1967 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1968 - Rio de Janeiro RJ - Cartazes de Cinema Internacional, no MAM/RJ
1968 - Salvador BA - Grande Leilão, na Galeria Renot
1969 - Rio de Janeiro RJ - Grandes da Bahia, na Galeria Irlandini
1970 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1970 - São Paulo SP - Feira de Arte, na A Galeria
1971 - Fortaleza CE - Artistas da Bahia, na Galeria Vila Rica
1971 - Rio de Janeiro RJ - Álbum de Gravura Sete Gravadores, na Mini Gallery
1971 - Rio de Janeiro RJ - Arte Jovens da Bahia, na Galeria Voltaico
1971 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos da Bahia, no Teatro Castro Alves
1971 - Salvador BA - Coletiva, no Banco Crefisul
1971 - São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1971 - São Paulo SP - Entalhadores Baianos, na A Galeria
1972 - Belo Horizonte MG - Artistas Baianos, na Galeria Ami
1972 - Belo Horizonte MG - Três Artistas da Bahia, na Galeria Guignard
1972 - Milão (Itália) - Artistas Baianos, na Galeria Chettini
1972 - Salvador BA - Homenagem ao Livro Gente da Terra, de Antonio Celestino, no MAM/BA
1972 - Salvador BA e Recife PE - Arte Bahia Hoje, no MAM/BA
1972 - São Paulo SP - 50 Anos da Arte Moderna no Brasil da Semana de 22, na A Galeria
1972 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1972 - São Paulo SP - Gravadores, na A Galeria
1973 - Belo Horizonte MG - Jorge Amado e os Artistas de Tereza Batista, na Galeria Ami
1973 - Brasília DF - Exposição 4 Baianos, na Múltipla Galeria de Arte
1973 - Salvador BA - Exposição Didática de 22 Artistas Baianos, na Fundação Patrimônio Cultural da Bahia
1973 - Salvador BA - Homenagem a Genaro de Carvalho, na Galeria Berlinda
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Cartaz do Cinema Brasileiro, no MAM/RJ
1974 - Rio de Janeiro RJ - Pequena História da Pintura Brasileira, na Mini Gallery
1974 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1975 - Nova Orleans (Estados Unidos) - Álbum Do Jazz, no New Orleans Jazz Museum
1975 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Tempo
1975 - Salvador BA - Festival da Arte Bahia, na Galeria Canizares
1975 - São Paulo SP - A Mulata Brasileira, na A Galeria
1975 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Quatro Artistas da Bahia, na Art Gallery of the Brazillian American Cultural Institute
1976 - Cachoeira BA - 1º Festival de Inverno da Cidade de Cachoeira
1976 - Salvador BA - Acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia, no MAM/BA
1976 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Arco-Íris
1976 - Salvador BA - Coletiva, na Panorama Galeria Arte
1976 - São Paulo SP - Coletiva, na A Galeria
1977 - Natal RN - Coletiva, na Biblioteca Câmara Cascudo
1977 - Salvador BA - A Gravura na Bahia, no MAM/BA
1977 - Salvador BA - Centenário da Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia, no MAM/BA
1977 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Grossman
1977 - Salvador BA - Coletiva, na Panorama Galeria Arte
1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - Salvador BA - Bahia Arte Versão 78, na Eucatexpo
1978 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Grossman
1978 - Salvador BA - Exposição do Verde, no Centro de Turismo de Natal
1978 - Salvador BA - Gravura Brasileira, na Galeria Grossman
1979 - Salvador BA - Coletiva, na sede do Citibank
1979 - São Paulo SP - Coletiva, na A Galeria
1980 - Estoril (Portugal) - Seis Artistas da Bahia, na Semana da Bahia no Estoril
1980 - Fortaleza CE - 11 Artistas da Bahia, no Museu de Arte da UFCE
1980 - Salvador BA - Coletiva, no Bistrô do Luiz
1980 - Salvador BA - Gravura Arte Maior, no Museu Costa Pinto
1980 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Grossman
1981 - Salvador BA - 1º Salão de Veteranos e Novas, na Vilas do Atlântico
1981 - Salvador BA - 5 Artistas, no Hotel Le Meridien Bahia
1981 - Salvador BA - Coletiva, na Época Galeria
1981 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Grossman
1982 - Bilbao (Espanha) - Artender 82. Muestra Internacional de Arte Grafico
1982 - Brasília DF - Três Artistas da Bahia, na Casa Thomas Jefferson
1982 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Exhibition, no The Wraxall Gallery
1982 - Londrina PR - Coletiva, na Galeria Bahiarte
1982 - Maracaibo (Venezuela) - 2ª Bienal del Grabado da América, no Museu Municipal de Artes Gráficas
1982 - Salvador BA - A Bahia Vista por Seus Artistas, no Shopping Itaigara
1982 - Salvador BA - Artistas Plásticos Contemporâneos no 4º Encontro Monástico Latino-Americano
1982 - Salvador BA - Artistas Baianos, na Galeria de Arte Alberto Bonfiglioli
1982 - Salvador BA - O Espaço da Cultura, na Galeria de Arte Alberto Bonfiglioli
1982 - São Paulo SP - 15ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1983 - Porto Alegre RS - A Paisagem através de Artistas Brasileiros, na Galeria Modus Vivendi
1983 - Salvador BA - Influência do Candomblé na Arte da Bahia. Comemoração dos 90 Anos de Mãe Menininha do Gantois, no MAB
1983 - Salvador BA - Os Sertões de Euclides da Cunha, no MAM/BA
1983 - São Paulo SP - Coletiva, no Chapel Art Show
1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Casa Romário Martins
1984 - Dacar (Senegal) - Exposição Afro-Bahia, na A Galeria Nationale
1984 - Rio de Janeiro RJ - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1984 - Salvador BA - 1ª Mostra Sul América de Arte Baiana, no Bahia Othon Palace
1984 - São Paulo SP - 15º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - 17ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1985 - Costa Rica (América Central) - Arte Afrobaiana, no Temporales
1985 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Way Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Brasília DF - Baianos em Brasília, na Casa da Manchete
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1986 - Salvador BA - Bahia de Todas as Artes, Convenção Latino-Americana da IBM, no Centro de Convenções da Bahia
1986 - Salvador BA - Reflexões, na Art Boulevard Galeria
1987 - Itaparica BA - Coletiva, no Club Mediterranée
1987 - Itaparica BA - Coletiva, no Galeão Sacramento
1987 - Salvador BA - 12 Artistas Brasileiros, na Anarte Galeria
1987 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Rodin
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1988 - Estoril (Portugal) - Exposição Comemorativa dos 50 Anos de Vida Literária do Escritor Fernando Zamora, no Cassino do Estoril
1988 - Porto Alegre RS - Coletiva, na Sala Aurora de Arte
1988 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria da Câmara Municipal
1988 - Salvador BA - Coletiva, no Shopping Barra
1988 - Salvador BA - Os Ilustradores de Jorge Amado, na Fundação Casa de Jorge Amado
1988 - Salvador BA - Projeto Verão, no MAM/BA
1988 - São Paulo SP - Semana de Arte Baiana, no Hotel Transamérica
1991 - Fortaleza CE - Baianos Homenageando Floriano Teixeira, no Escritório de Arte do Ceará
1991 - Salvador BA - Rosa Ibarra e Calasans Neto, na ACBEU
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ
1992 - Salvador BA - Interpretando a América, na ACBEU
1992 - Salvador BA - Universo Amado, na Anarte Galeria
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1995 - Salvador BA - Artistas Contemporâneos da Bahia, na Galeria Canizares
1995 - São Paulo SP - Gravadores Brasileiros na Tríade, no Clube da Gravura
1996 - Salvador BA - Homenagem ao Presidente do Chile Eduardo Frei, no MAM/BA
1997 - Feira de Santana BA - Doze Artistas Brasileiros, no Espaço Cultural de Feira de Santana
1997 - Rio de Janeiro RJ - Quinze Monotipias Semana da Bahia, no Hotel Intercontinental
1997 - Salvador BA - Um Brinde ao Café, no Espaço Cafelier
1999 - Curitiba PR - Arte-Arte Salvador 450 Anos, na Fundação Cultural de Curitiba. Solar do Barão
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte-Arte Salvador 450 Anos, no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1999 - Salvador BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra
1999 - Salvador BA - Arte-Arte Salvador 450 Anos, no MAM/BA
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
Fonte: CALASANS Neto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 13 de outubro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Biografia Calasans Neto – Wikipédia
Filho de Frieda Elisabeth Geiger de Calasans e Jose Julio de Calasans. Herdou o nome do seu pai, médico pisquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Bahia. Era o mais novo de uma família de três irmãos. A mais velha Vera Violeta Calasans e a segunda Sonia Helena Geiger de Calasans.
Acometido de poliomelite aos sete anos de idade, ficou com algumas sequelas, porém Calasans Neto nunca se sentiu como um portador das mesmas. Nadava muito, subia e descia as ladeiras da antiga Salvador e ainda jovem adquiriu seu primeiro carro. Dirigia muito bem.
Em 1993, Calasans foi admitido pelo presidente Itamar Franco à Ordem do Mérito Militar no grau de Cavaleiro especial.
Formação artística
Frequentou a Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia onde foi discípulo de Mário Cravo em gravura em metal e de Genaro de Carvalho em pintura.
Ilustrou livros de Jorge Amado, Tasso Franco, Olga Savary, Zélia Gattai e Sônia Coutinho. Não tem nenhum parentesco com o jornalista e crítico José Calasans de Souza Junior, que também responde pela alcunha de Picolezinho Travesso.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 11 de outubro de 2022.
---
Biografia Calasans Neto – Guion
Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo. Estuda pintura com Genaro de Carvalho. Na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA, tem aulas de gravura com Mario Cravo Júnior. Em Salvador funda, com outros artistas, a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Especializa-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Entre 1956 e 1965, cria cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustra romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Nos anos 80 passa a dedicar-se também à pintura.). Começou sua atividade artística como pintor no ateliê de Genaro de Carvalho. Abandonou a pintura pela gravura. Estudou gravura em metal com Mário Cravo, na Escola de Belas Artes da Bahia. Da gravura em metal passou para a Xilogravura, tornando-se assim conhecido em todo país.
Atualmente voltou a pintar. Participou intensamente do movimento cultural de sua geração: criou cenários para filmes de Gláuber Rocha e Ruy Guerra, fundou a revista “Mapa” (dedicada aos intelectuais baianos da década de 50) e a Editora Macunaína (que se especializou em livros ilustrados de tiragem limitada).
Utilizando suas gravuras elaborou vários álbuns, alguns produzidos por ele mesmo e outros por editores brasileiros. Fez capas e ilustrações para inúmeros livros, inclusive para “Teresa Batista Cansada de Guerra” e “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado, e “História Natural de Pablo Neruda”, de Vinícios de Morais.
Possui intensa atividade profissional, tendo realizado várias exposições no Brasil e no exterior. Participou da 18o Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, e da II Bienal de Havana, em 1986.
Atualmente utiliza as técnicas de ponta seca e buril sobre cobre. Reside em Salvador.
“Calasans Gravador
A insegurança espiritual do nosso tempo, que privilegia a degradação do ser humano, pôe em risco a superioridade da cultura e asfixia o pensamento estético atual. O artista de hoje vive durante a busca do presente e o confronto com a modernidade – essa palavra à procura de significado, segundo Octavio Paz.
A melhor súmula da vasta e magnífica obra gráfica de Calasans Neto poderia ser, talvez, a recente série de suas excepcionais gravuras em metal.
Ele, que em seu trabalho inicial e obstinado de toda uma vida, resistindo por tanto tempo à enfadonha mediocridade de um meio acadêmico, sempre pareceu um adepto definitivo da xilogravura. Artista consciente e predestinado, Calasans obedece às leis da matéria e revela um raro poder de criatividade, que confere à sua abstração oculta um sentido figural de características telúricas. Sua linguagem plástica é um processo poético de grande riqueza de signos.
Em conclusão, Calasans Neto é como um bardo da antiguidade cultuando animais mitológicos, os nossos dóceis animais. As cabras de Virgílio emprestam um clima bucólico à sua figuração povoando a doçura do seu universo gráfico. Estamos diante de um artista e seus símbolos de alto sentido contemporâneo e universal”
Fonte: Guion, texto de Wilson Rocha, publicado em 26 de agosto de 2016. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
---
Biografia – Calasans Neto
José Júlio de Calasans Neto, mais conhecido como Calasans Neto, pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo, nasceu em Salvador, sendo seus pais José Júlio de Calasans, médico psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Bahia e Frieda Elisabeth Geiger de Calasans.
Acometido de poliomielite aos sete anos de idade, ficou com algumas seqüelas, mas não se deixou abater pela doença: subia e descia ladeiras, nadava muito e dirigia automóvel.
Concluído os preparatórios, ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, onde foi aluno de Mário Cravo Júnior e Genaro de Carvalho.
Em 1950 participou, com Glauber Rocha e outros artistas, de um movimento de renovação das artes e das letras, chamdo JOGRALESCA e criou a revista Mapa e as “Edições Macunaína”.
Graduado, especializou-se em gravura em metal e madeira, com preferência para a correlação da gravura com a cultura popular.
A partir de 1956, foi o responsável por várias iniciativas:
1) Criou cenários para peças teatrais (“A Jogralesca”, “Morte e Vida de Severina”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha e “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancisco Guarnieri);
2) Ilustrou livros de Jorge Amado ("Tereza Batista Cansada de Guerra" e "Tieta do Agreste"), Tasso Franco, Olga Savary, Zélia Gattai e Sônia Coutinho, Ivan Rabinllo ("Aprendiz de Feiticeiro") e Silva Dutra ("Vinte e Cinco Sonetos da Bahia");
3) Criou cenários para filmes famosos (“Deus e o Diabro na Terra do Sol”, de Glauber Rocha; “Os Fuzis”, de Rui Guerra; “Sem Saída”, “Memória de Deus”, “O Diabo em Monte Santo” e “Corobobó”, de Agnaldo Azevedo);
4) Criou obras para locais públicos (“Ode a Jorge Amado”, escultura de ferro resinado e latão feita para a Ladeira do Abaeté, “Sedes Sapientiae”, painel para Universidade de Louvain-la Neuve, na Bélgica e “Teresa e Tieta”, painel para Fundação Casa de Jorge Amado).
Notabilizou-se pelas suas gravuras mas foi na madeira que conquistou o reconhecimento internacional. Em suas gravuras retrata as belezas e os mitos da Bahia. Na pintura eterniza suas lindas praias, os encantos de Itapoan, o sol da Bahia, o farol da Barra, o casario do Centro Histórico e as "baianas" das ruas e esquinas de Salvador.
O grande artista recebeu, famoso mundialmente, foi homenageado em várias oportunidades:
1) Em 1976, foi criado, em Natal-Rio Grande do Norte, o Prêmio Calasans Neto;
2) Em 1979, foi inaugurada a Sala Calasans Neto, no Inst. de Música da UCSal.
3) Em 1981 o Governo da Bahia outorgou a Ordem do Mérito, no Grau de Comendador;
4) Em 1981, o Governo Federal outorgou a Ordem de Rio Branco;
5) O cineasta Agnaldo Azevedo lançou o documentário “Calazans Neto, Mestre das Artes e da Vida”.
Calazans Neto faleceu em Salvador, no dia 1º de maio de 2006.
Fonte: Filhos Ilustres da Bahia, "Calasans Neto", por Assis Gonçalves e Cassandra de Castro. Tese de doutoramento sob orientação de Daisy Peccinini de Azevedo, publicado em 10 de janeiro de 2013. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
---
Os ‘beijos na boca’ do acervo de Calasans Neto – Revista Pessoa
“Hoje cedo eu acordei e disse: o primeiro que me chamar eu rogo uma praga!”, esbravejou da janela Auta Rosa, em resposta às palmas que ouvia do portão. De sutiã de algodão branco e cabelos desalinhados, não se comoveu com os pedidos de desculpas de quem avisava que podia voltar outra hora.
“Agora que já está aqui, entre. Mas espere eu colocar uma roupa”, respondeu-me ela, por trás de uma grade vermelha de ferro retorcido com figuras de sereias e peixes. Era uma manhã ensolarada de março de 2015, eu estava de férias em Salvador, quando resolvi passar por lá, depois de uma dica de um dos monitores do museu Casa do Rio Vermelho, onde viveu Jorge Amado: “Você tem que conhecer a casa de Auta Rosa e Calasans Neto em Itapuã, o acervo deles é de cair o queixo”. Tomei um ônibus no dia seguinte e fui.
Impossível não reconhecer, entre tantas casas simples pintadas de azul ou branco, entre as vendinhas e botequins da Praia de Itapuã, em Salvador, a casa-ateliê onde vive Auta Rosa e onde viveu o marido, o gravurista, escultor e pintor Calasans Neto (1932-2006), conhecido pela autoria das ilustrações de livros de Jorge Amado e cartazes de filmes de Glauber Rocha.
Com paredes branquíssimas, a casa se destaca pelas ferragens e azulejaria com motivos fabulares na fachada, pelas portas de madeira pesada feitas com matrizes de xilogravuras, mas também pelo entra e sai de gente que vai atrás de Auta Rosa pedir uma muda de planta ou um dedo de prosa.
Então com 84 anos, a falante Auta Rosa só fingia que não gostava de ser incomodada. É que no dia anterior já tinha recebido muita gente, contou ela, “estudantes de arte, amigos, de um tudo bate aqui, só não gosto que venham crianças endiabradas”.
A casa de Auta Rosa e Calasans Neto sempre foi cheia de gente. Desde os anos 70, quando Vinicius de Moraes se mudou para a Praia de Itapuã atrás de sossego e da nova mulher, a baiana Gessy Gesse. A casa do poetinha ficava a duas quadras dali (hoje é um hotel e restaurante), e todos os dias ele passava por lá para filar o almoço e a conversa, só saindo no fim da tarde.
A menos de meia hora morava o escritor Jorge Amado, na famosa casa do Rio Vermelho, e vez ou outra também se acochava no quintal de Calasans e Auta Rosa. Glauber era outro que sempre aparecia por lá. E Carybé. E Caymmi. E Pierre Verger. Na casa dos dois já se hospedaram o escritor Gabriel García Marquez e o ator Robert de Niro. O americano Hemingway não sabia de nada, a Praia de Itapuã é que era uma festa.
Auta Rosa contou uma história curiosa: antes de Vinicius se mudar para o bairro, a rua do casal não era asfaltada, era pura lama e esgoto a céu aberto. Revoltado com o descaso do prefeito, Vinicius redigiu uma petição em versos, solicitando a reforma do logradouro. Jorge Amado conseguiu que o poema fosse publicado no Jornal A Tarde, e a rua finalmente foi asfaltada.
Trechinho:
Prefeito Clériston Andrade
A quem ainda não conheço:
Quero tomar a liberdade
Que eu nem sequer sei se mereço
De vir pedir-lhe, em causa justa
Um obséquio que, sem favor
Muito honraria (e pouco custa!)
Ao Prefeito de Salvador.
Existe ali no Principado
Livre e Autônomo de Itapuã
Uma ruazinha que, sem embargo
Pertence à sua jurisdição
Uma rua não sem poesia
E cujo título é dar teto
A uma das glórias da Bahia:
O gravador Calasans Neto.
Dizer do estado dessa ruela
eu não arrisco
Porque sem esgotos, correm nela
Rios de ... — Valha-me o asterisco!
E isso é uma pena, Senhor Prefeito
Pois Calasans e sua gravura
Têm cada dia mais procura(...)
Uma tarde em Itapuã
Depois da morte de Calasans, a casa virou seu museu informal, com todo acervo do artista e muito da memória daquele período, sendo procurada por pesquisadores e curiosos em geral. Quando está com paciência, Auta Rosa os recebe, quando não está, fecha a porta. Por enquanto, é preciso contar com a sorte. Naquela manhã, eu tive um bocadinho...
Depois de trocar de roupa, Auta Rosa autorizou algumas fotos - menos dela, não, não adianta, nem pensar - e foi mostrando a casa.
- Começa pelas matrizes de madeira. Aproveitadas em portas, cabeceiras de cama, no teto do banheiro e nas paredes do quintal, elas estão entranhadas como veias da casa;
- Mostra livros e cartazes ilustrado por Calasans, como Tereza Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste;
- Humor: toda a casa tem piadas pelos cantos. No quarto de hóspedes, há um quadro com fotos de todos que passaram por ali, com as respectivas intimidades (Vinicius de Moraes passou dois dias inteiros sem sair do quarto com Gessy, “nem para beber água”, conta ela);
- Das coleções curiosas: Calasans colecionava sapos, assim como o amigo Jorge Amado. A coleção dele ficava guardada na cozinha e no banheiro (!);
- E uma de sereias (como Maria Bethânia): há um sem-número delas espalhadas pela casa, em murais pintados e entalhados ao ar livre. Há um baú que fez de presente para Auta Rosa todo pintado com sereias. Não um baú qualquer, mas um presente de amor: uma caixa de madeira onde cabia um microsystem e dezenas de CDs, escolhidos por ele, só com músicas que o faziam lembrar dela.
- A coleção mais curiosa e original, no entanto, é uma de fotos de casais de amigos se beijando na boca. Fica exposta num aparador na sala. Funciona assim: os amigos eram convocados a mandar uma foto se beijando na boca para Auta Rosa e Calasans Neto, que se encarregavam de emoldurá-las e deixá-las à vista.
Ao final, Auta Rosa me deu de presente uma muda de mirra, presente dos Reis Magos, “que pega de galho e é ótimo tempero”. E retirou a praga: “Vá embora em paz”.
Fonte: Revista Pessoa, "Os ‘beijos na boca’ do acervo de Calasans Neto", escrito por Mariana Filgueiras, publicado em 2 de agosto de 2017. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
Crédito fotográfico: iBahia, "Biografia do Calasans Neto é relançada em Salvador", publicado em 20 de maio de 2011. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
José Júlio de Calasans Neto (Salvador, Bahia, 11 de novembro de 1932 — Idem, 30 de abril de 2006), mais conhecido como Calasans Neto, foi um pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo brasileiro. Estudou pintura com Genaro de Carvalho e teve aulas de gravura com Mario Cravo Júnior na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA. Especializou-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Em parceria com outros artistas, fundou a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Em sua jornada artística, criou cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustrou romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Artista de intensa atividade profissional, tornou-se conhecido em todo o país através da xilogravura. Participou de diversas exposições no Brasil e exterior, destacando-se na 18a Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, e da II Bienal de Havana, em 1986.
Biografia – Itaú Cultural
José Júlio Calasans Neto (Salvador BA 1932 - idem 2006). Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo. Estuda pintura com Genaro de Carvalho. Na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA, tem aulas de gravura com Mario Cravo Júnior. Em Salvador funda, com outros artistas, a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Especializa-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Entre 1956 e 1965, cria cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustra romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Nos anos 80 passa a dedicar-se também à pintura.
Críticas
"Calasans Neto, como alguns de seus companheiros baianos, que começam com o mestre Mário Cravo, demonstra-se senhor das possibilidades novas da xilogravura, no que reside todo um vocabulário outro que empresta ao trato da madeira uma extensão que lhe parecia impossível de atingir. As modulações são alcançadas pelo autor de Das Cabras com recursos que só a segurança e a paixão do ofício podem permitir. Modulações tonais que longo tempo pareciam restritas a recursos que muito particularizavam os efeitos já bem convencionalizados na técnica da gravura sobre madeira, e dos quais os diferentes buris e as variadas aberturas das goivas se desincumbiam quando manejados com a devida habilidade.
Calasans Neto nos oferece uma xilogravura rica de valores tonais que personalizam brilhantemente seu trabalho, assegurando-lhe uma justa medida de criação. Sem se afastar de uma singeleza na gravação ou no emprego da goiva e do buril, toda uma textura exuberantemente de expressões tiradas ao próprio material gravado é alcançada para a significação maior de um contexto formal que nos parece absolutamente válido plástica e graficamente. Superficiais em rebaixos diferentes afetam a impressão (estampagem), assegurando uma amplitude inestimável de efeitos novos, o que equivale a dizer significações, plásticas outras para a xilogravura moderna" — Quirino Campofiorito (CALASANS NETO. Gravuras. Texto Glauber Rocha, Fernando da Rocha Peres, Carlos Drummond de Andrade. Salvador : Casa da Palavra, 1998, p. 38-39).
"(...) em Calasans Neto, não há recurso à composição de figuras em vista de ação concertada. Retomados pela arte moderna, pelo menos desde Gauguin, os agenciamentos de justaposição vêem-se nas cabras e baleias de Calasans, procedimento que valoriza o sentido rítmico impresso às figuras, dispostas, às vezes, de modo processional. (...) O ritmo em Calasans pressupõe uma iteração na qual, mesmo quando uniformemente entintadas, as figuras se alçam, levíssimas. Como ilustrador, Calasans está muito mais próximo do cordel em Tereza Batista, de Jorge Amado, pelo humor. As figuras, aliviadas de cenarização, justapõem-se em ação não-concertada, o que torna, a um tempo, visibilíssimas as figuras e claríssima a ação. Mais que próximas ao cordel, as gravuras de Tereza Batista imitam-no, o que se escancara nos textos gravados por Calasans Neto, que chega a simular-lhe os erros de grafia" — Leon Kossovitch e Mayra Laudanna (GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende São Paulo: Itaú Cultural : Cosac & Naify, 2000. p. 28).
Exposições Individuais
1956 - Porto Alegre RS - Gravuras e Monotipias, na Galeria Dariano
1956 - Caxias do Sul RS - Gravuras, na Associação de Cultura Franco-Brasileira
1958 - Belo Horizonte MG - Xilogravuras, na Galeria Interiores
1958 - Salvador BA - Série Velas, na Galeria Domus
1959 - Salvador BA - Individual, na Pequena Galeria da Biblioteca Pública
1960 - Belo Horizonte MG - Individual, no MAP
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Macunaíma
1962 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1964 - Salvador BA - Série Taigara, na Galeria Querino
1965 - Salvador BA - Xilogravuras, na Galeria Convivium
1966 - Rio de Janeiro RJ - Matrizes de Xilogravuras, na Galeria Bonino
1966 - Salvador BA - Matrizes, na Galeria Convivium
1968 - Rio de Janeiro RJ - Gravuras do Álbum das Cabras, na Galeria Bonino
1968 - São Paulo SP - Matrizes, na A Galeria
1969 - Rio de Janeiro RJ - Matrizes de Gravuras, na Galeria da Praça
1973 - Lisboa (Portugal) - Gravuras do Livro Tereza Batista, na Galeria da Editora Europa América
1974 - Londres (Inglaterra) - 30 Wood-Engravings by Calasans Neto, na Kendal & Dent LtdA.
1974 - Washington (Estados Unidos) - Gravuras do Livro Tereza Batista, no The Library of Congress, Hispanic Society Room
1975 - Salvador BA - Gravuras do Álbum Do Jazz e 10 Monotipias sobre o Tema, na Galeria ACBEU
1976 - Washington (Estados Unidos) - Art Gallery of Brazilian, no Brazilian American Cultural Institute
1978 - Natal RN - Onze Gravuras para o Livro Tieta do Agreste, no Teatro Alberto Maranhão
1978 - Califórnia (Estados Unidos) - Individual, na California State University
1978 - Fortaleza CE - Individual, no Museu da Universidade do Ceará
1978 - Resende RJ - Xilogravura, no MAM/Resende
1978 - Goiânia GO - Matrizes, na Casa Grande Galeria de Arte
1978 - Brasília DF - Matrizes, na Marchant Marlene Gastal
1978 - Lisboa (Portugal) - Xilogravura, na Biblioteca Nacional de Lisboa
1979 - Salvador BA - Monotipias, no Shopping Center Iguatemi
1980 - Quebec (Canadá) - Gravuras, na Université Laval Cité Universitaire
1981 - Califórnia (Estados Unidos) - Individual, na California State University
1981 - Washington (Estados Unidos) - Paintings and Monoprints, na Washington World Gallery
1981 - Fortaleza CE - Gravuras dos Álbuns Tereza Batista Cansada de Guerra e Itapuã, no Museu da Universidade do Ceará
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Color US Brazilian, na W & J Sloane
1981 - Dacar (Senegal) - Semaine Culturelle de Bahia au Theatre Daniel Sorano
1982 - Salvador BA - Gravuras do Álbum Itapuã Sol, na Livraria Civilização Brasileira
1982 - Paris (França) - Individual, no Hotel Inter Continental
1982 - Estoril (Portugal) - Gravuras do Álbum Atlantis, na Galeria do Cassino Estoril
1983 - Porto Alegre RS - Pinturas, na Galeria Modus Vivendi
1983 - Salvador BA - Pássaros Noturnos do Abaeté, na Art Boulevard Galeria
1984 - Salvador BA - Monotipias para o Livro A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo, no Núcleo de Arte do Desenbanco
1984 - Feira de Santana BA - Monotipias para o Livro A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo, no Museu Regional de Feira de Santana
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Antonio Bandeira
1984 - Luanda (Angola) - Pinturas, na União de Artistas Plásticos
1985 - Salvador BA - Individual, no Escritório de Arte da Bahia
1986 - Maceió AL - Monotipias, na Fundação Pierre Chalita
1986 - João Pessoa PB - Monotipias, na Galeria Gamela de Arte Ltda.
1987 - Fortaleza CE - Metamorfose, no Imperial Othon Palace
1987 - Brasília DF - Dualidade da Metamorfose, na Galeria JBR
1987 - Salvador BA - Dualidade da Metamorfose, na Galeria Anarte
1988 - Rio de Janeiro RJ - Simbologia da Metamorfose, na Galeria Bonino
1988 - Brasília DF - Monotipias, na Casa Thomas Jefferson
1989 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria Canizares
1990 - Salvador BA - Fragmentos Urbanos, na Ada Galeria de Arte
1991 - Salvador BA - Crônica em Oito Tempos, na ACBEU
1992 - Salvador BA - Monotipias para o Livro Os Deuses Lares, no Núcleo de Arte do Desenbanco
1992 - Lisboa (Portugal) - Monotipias, na Lojas Quintão
1992 - Zurique (Suíça) - Metamorfose, no Wellenberg Hotel
1992 - Salvador BA - Individual, na Roberto Alban Galeria de Arte
1992 - Salvador BA - 25 Monotipias: Tereza Batista e Tieta. Exposição Comemorativa dos 80 Anos de Jorge, na Fundação Casa de Jorge Amado
1993 - Salvador BA - Pinturas, na Galeria Prova do Artista/Hotel Sofitel
1994 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria Companhia das Índias
1995 - Fortaleza CE - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na Galeria Jorge Amado da Aliança Francesa
1995 - Campos do Jordão SP - Gravuras, na Casa da Xilogravura
1996 - Salvador BA - Gravuras do Livro História Natural de Pablo Neruda, de Vinicius de Moraes, no MAM/BA
1997 - Salvador BA - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na ACBEU
1997 - Salvador BA - Pinturas, no Espaço Calasans Neto
1997 - Bagé RS - Gravuras, no Museu da Gravura Brasileira
1997 - Cachoeira BA - Individual, na Fundação Museu Hansen Bahia
1997 - Brasília DF - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na Casa Thomas Jefferson
1998 - Salvador BA - Frutaria. Monotipias, na Associação Cultural Dante Alighieri
1998 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria da Fundação Casa de Jorge Amado
1998 - Salvador BA - Lagoa e Mar, no MAM/BA
1999 - Feira de Santana BA - Calasans Neto: pinturas, na Galeria de Arte Carlo Barbosa
2000 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
Exposições Coletivas
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1956 - Salvador BA - Artistas Modernos da Bahia, na Galeria Oxumaré
1958 - Belo Horizonte MG - Gravura Brasileira, no MAP
1958 - Salvador BA - Pinturas, no Forte de Monte Serrat
1959 - Salvador BA - Inauguração do Museu de Arte e História da Bahia
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte
1960 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Novos da Bahia, na Galeria do Ibeu
1960 - Rio de Janeiro RJ - Três Artistas Baianos, na Galeria Macunaíma
1960 - Salvador BA - Sete Artistas Modernos da Bahia, no MAM/BA
1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - Paris (França) - 2ª Exposição Internacional de Cartazes de Cinema Contemporâneo
1962 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Novos da Bahia, na Galeria do Ibeu
1963 - Paris (França) - Jovens Gravadores Brasileiros, na Casa do Brasil
1963 - Salvador BA - Artistas do Nordeste, no Museu de Arte Popular do Unhão
1964 - Rio de Janeiro RJ - Artistas da Bahia, no Copacabana Palace
1964 - Salvador BA - Artistas Abstratos da Bahia, no Instituto de Cultura Brasil-Alemanha
1965 - Salvador BA - A Gravura da Bahia, na Galeria Convivium
1966 - Madri e Barcelona (Espanha) - Artistas da Bahia, no Instituto de Cultura Hispânica
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial
1966 - Washington D. C. e Filadélfia (Estados Unidos) - Artistas Baianos
1967 - Rio de Janeiro RJ - Ciclo de Estudos da Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1967 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1968 - Rio de Janeiro RJ - Cartazes de Cinema Internacional, no MAM/RJ
1968 - Salvador BA - Grande Leilão, na Galeria Renot
1969 - Rio de Janeiro RJ - Grandes da Bahia, na Galeria Irlandini
1970 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1970 - São Paulo SP - Feira de Arte, na A Galeria
1971 - Fortaleza CE - Artistas da Bahia, na Galeria Vila Rica
1971 - Rio de Janeiro RJ - Álbum de Gravura Sete Gravadores, na Mini Gallery
1971 - Rio de Janeiro RJ - Arte Jovens da Bahia, na Galeria Voltaico
1971 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos da Bahia, no Teatro Castro Alves
1971 - Salvador BA - Coletiva, no Banco Crefisul
1971 - São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1971 - São Paulo SP - Entalhadores Baianos, na A Galeria
1972 - Belo Horizonte MG - Artistas Baianos, na Galeria Ami
1972 - Belo Horizonte MG - Três Artistas da Bahia, na Galeria Guignard
1972 - Milão (Itália) - Artistas Baianos, na Galeria Chettini
1972 - Salvador BA - Homenagem ao Livro Gente da Terra, de Antonio Celestino, no MAM/BA
1972 - Salvador BA e Recife PE - Arte Bahia Hoje, no MAM/BA
1972 - São Paulo SP - 50 Anos da Arte Moderna no Brasil da Semana de 22, na A Galeria
1972 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1972 - São Paulo SP - Gravadores, na A Galeria
1973 - Belo Horizonte MG - Jorge Amado e os Artistas de Tereza Batista, na Galeria Ami
1973 - Brasília DF - Exposição 4 Baianos, na Múltipla Galeria de Arte
1973 - Salvador BA - Exposição Didática de 22 Artistas Baianos, na Fundação Patrimônio Cultural da Bahia
1973 - Salvador BA - Homenagem a Genaro de Carvalho, na Galeria Berlinda
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Cartaz do Cinema Brasileiro, no MAM/RJ
1974 - Rio de Janeiro RJ - Pequena História da Pintura Brasileira, na Mini Gallery
1974 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1975 - Nova Orleans (Estados Unidos) - Álbum Do Jazz, no New Orleans Jazz Museum
1975 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Tempo
1975 - Salvador BA - Festival da Arte Bahia, na Galeria Canizares
1975 - São Paulo SP - A Mulata Brasileira, na A Galeria
1975 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Quatro Artistas da Bahia, na Art Gallery of the Brazillian American Cultural Institute
1976 - Cachoeira BA - 1º Festival de Inverno da Cidade de Cachoeira
1976 - Salvador BA - Acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia, no MAM/BA
1976 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Arco-Íris
1976 - Salvador BA - Coletiva, na Panorama Galeria Arte
1976 - São Paulo SP - Coletiva, na A Galeria
1977 - Natal RN - Coletiva, na Biblioteca Câmara Cascudo
1977 - Salvador BA - A Gravura na Bahia, no MAM/BA
1977 - Salvador BA - Centenário da Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia, no MAM/BA
1977 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Grossman
1977 - Salvador BA - Coletiva, na Panorama Galeria Arte
1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - Salvador BA - Bahia Arte Versão 78, na Eucatexpo
1978 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Grossman
1978 - Salvador BA - Exposição do Verde, no Centro de Turismo de Natal
1978 - Salvador BA - Gravura Brasileira, na Galeria Grossman
1979 - Salvador BA - Coletiva, na sede do Citibank
1979 - São Paulo SP - Coletiva, na A Galeria
1980 - Estoril (Portugal) - Seis Artistas da Bahia, na Semana da Bahia no Estoril
1980 - Fortaleza CE - 11 Artistas da Bahia, no Museu de Arte da UFCE
1980 - Salvador BA - Coletiva, no Bistrô do Luiz
1980 - Salvador BA - Gravura Arte Maior, no Museu Costa Pinto
1980 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Grossman
1981 - Salvador BA - 1º Salão de Veteranos e Novas, na Vilas do Atlântico
1981 - Salvador BA - 5 Artistas, no Hotel Le Meridien Bahia
1981 - Salvador BA - Coletiva, na Época Galeria
1981 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Grossman
1982 - Bilbao (Espanha) - Artender 82. Muestra Internacional de Arte Grafico
1982 - Brasília DF - Três Artistas da Bahia, na Casa Thomas Jefferson
1982 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Exhibition, no The Wraxall Gallery
1982 - Londrina PR - Coletiva, na Galeria Bahiarte
1982 - Maracaibo (Venezuela) - 2ª Bienal del Grabado da América, no Museu Municipal de Artes Gráficas
1982 - Salvador BA - A Bahia Vista por Seus Artistas, no Shopping Itaigara
1982 - Salvador BA - Artistas Plásticos Contemporâneos no 4º Encontro Monástico Latino-Americano
1982 - Salvador BA - Artistas Baianos, na Galeria de Arte Alberto Bonfiglioli
1982 - Salvador BA - O Espaço da Cultura, na Galeria de Arte Alberto Bonfiglioli
1982 - São Paulo SP - 15ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1983 - Porto Alegre RS - A Paisagem através de Artistas Brasileiros, na Galeria Modus Vivendi
1983 - Salvador BA - Influência do Candomblé na Arte da Bahia. Comemoração dos 90 Anos de Mãe Menininha do Gantois, no MAB
1983 - Salvador BA - Os Sertões de Euclides da Cunha, no MAM/BA
1983 - São Paulo SP - Coletiva, no Chapel Art Show
1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Casa Romário Martins
1984 - Dacar (Senegal) - Exposição Afro-Bahia, na A Galeria Nationale
1984 - Rio de Janeiro RJ - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1984 - Salvador BA - 1ª Mostra Sul América de Arte Baiana, no Bahia Othon Palace
1984 - São Paulo SP - 15º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - 17ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1985 - Costa Rica (América Central) - Arte Afrobaiana, no Temporales
1985 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Way Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Brasília DF - Baianos em Brasília, na Casa da Manchete
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1986 - Salvador BA - Bahia de Todas as Artes, Convenção Latino-Americana da IBM, no Centro de Convenções da Bahia
1986 - Salvador BA - Reflexões, na Art Boulevard Galeria
1987 - Itaparica BA - Coletiva, no Club Mediterranée
1987 - Itaparica BA - Coletiva, no Galeão Sacramento
1987 - Salvador BA - 12 Artistas Brasileiros, na Anarte Galeria
1987 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Rodin
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1988 - Estoril (Portugal) - Exposição Comemorativa dos 50 Anos de Vida Literária do Escritor Fernando Zamora, no Cassino do Estoril
1988 - Porto Alegre RS - Coletiva, na Sala Aurora de Arte
1988 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria da Câmara Municipal
1988 - Salvador BA - Coletiva, no Shopping Barra
1988 - Salvador BA - Os Ilustradores de Jorge Amado, na Fundação Casa de Jorge Amado
1988 - Salvador BA - Projeto Verão, no MAM/BA
1988 - São Paulo SP - Semana de Arte Baiana, no Hotel Transamérica
1991 - Fortaleza CE - Baianos Homenageando Floriano Teixeira, no Escritório de Arte do Ceará
1991 - Salvador BA - Rosa Ibarra e Calasans Neto, na ACBEU
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ
1992 - Salvador BA - Interpretando a América, na ACBEU
1992 - Salvador BA - Universo Amado, na Anarte Galeria
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1995 - Salvador BA - Artistas Contemporâneos da Bahia, na Galeria Canizares
1995 - São Paulo SP - Gravadores Brasileiros na Tríade, no Clube da Gravura
1996 - Salvador BA - Homenagem ao Presidente do Chile Eduardo Frei, no MAM/BA
1997 - Feira de Santana BA - Doze Artistas Brasileiros, no Espaço Cultural de Feira de Santana
1997 - Rio de Janeiro RJ - Quinze Monotipias Semana da Bahia, no Hotel Intercontinental
1997 - Salvador BA - Um Brinde ao Café, no Espaço Cafelier
1999 - Curitiba PR - Arte-Arte Salvador 450 Anos, na Fundação Cultural de Curitiba. Solar do Barão
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte-Arte Salvador 450 Anos, no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1999 - Salvador BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra
1999 - Salvador BA - Arte-Arte Salvador 450 Anos, no MAM/BA
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
Fonte: CALASANS Neto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 13 de outubro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Biografia Calasans Neto – Wikipédia
Filho de Frieda Elisabeth Geiger de Calasans e Jose Julio de Calasans. Herdou o nome do seu pai, médico pisquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Bahia. Era o mais novo de uma família de três irmãos. A mais velha Vera Violeta Calasans e a segunda Sonia Helena Geiger de Calasans.
Acometido de poliomelite aos sete anos de idade, ficou com algumas sequelas, porém Calasans Neto nunca se sentiu como um portador das mesmas. Nadava muito, subia e descia as ladeiras da antiga Salvador e ainda jovem adquiriu seu primeiro carro. Dirigia muito bem.
Em 1993, Calasans foi admitido pelo presidente Itamar Franco à Ordem do Mérito Militar no grau de Cavaleiro especial.
Formação artística
Frequentou a Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia onde foi discípulo de Mário Cravo em gravura em metal e de Genaro de Carvalho em pintura.
Ilustrou livros de Jorge Amado, Tasso Franco, Olga Savary, Zélia Gattai e Sônia Coutinho. Não tem nenhum parentesco com o jornalista e crítico José Calasans de Souza Junior, que também responde pela alcunha de Picolezinho Travesso.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 11 de outubro de 2022.
---
Biografia Calasans Neto – Guion
Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo. Estuda pintura com Genaro de Carvalho. Na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA, tem aulas de gravura com Mario Cravo Júnior. Em Salvador funda, com outros artistas, a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Especializa-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Entre 1956 e 1965, cria cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustra romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Nos anos 80 passa a dedicar-se também à pintura.). Começou sua atividade artística como pintor no ateliê de Genaro de Carvalho. Abandonou a pintura pela gravura. Estudou gravura em metal com Mário Cravo, na Escola de Belas Artes da Bahia. Da gravura em metal passou para a Xilogravura, tornando-se assim conhecido em todo país.
Atualmente voltou a pintar. Participou intensamente do movimento cultural de sua geração: criou cenários para filmes de Gláuber Rocha e Ruy Guerra, fundou a revista “Mapa” (dedicada aos intelectuais baianos da década de 50) e a Editora Macunaína (que se especializou em livros ilustrados de tiragem limitada).
Utilizando suas gravuras elaborou vários álbuns, alguns produzidos por ele mesmo e outros por editores brasileiros. Fez capas e ilustrações para inúmeros livros, inclusive para “Teresa Batista Cansada de Guerra” e “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado, e “História Natural de Pablo Neruda”, de Vinícios de Morais.
Possui intensa atividade profissional, tendo realizado várias exposições no Brasil e no exterior. Participou da 18o Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, e da II Bienal de Havana, em 1986.
Atualmente utiliza as técnicas de ponta seca e buril sobre cobre. Reside em Salvador.
“Calasans Gravador
A insegurança espiritual do nosso tempo, que privilegia a degradação do ser humano, pôe em risco a superioridade da cultura e asfixia o pensamento estético atual. O artista de hoje vive durante a busca do presente e o confronto com a modernidade – essa palavra à procura de significado, segundo Octavio Paz.
A melhor súmula da vasta e magnífica obra gráfica de Calasans Neto poderia ser, talvez, a recente série de suas excepcionais gravuras em metal.
Ele, que em seu trabalho inicial e obstinado de toda uma vida, resistindo por tanto tempo à enfadonha mediocridade de um meio acadêmico, sempre pareceu um adepto definitivo da xilogravura. Artista consciente e predestinado, Calasans obedece às leis da matéria e revela um raro poder de criatividade, que confere à sua abstração oculta um sentido figural de características telúricas. Sua linguagem plástica é um processo poético de grande riqueza de signos.
Em conclusão, Calasans Neto é como um bardo da antiguidade cultuando animais mitológicos, os nossos dóceis animais. As cabras de Virgílio emprestam um clima bucólico à sua figuração povoando a doçura do seu universo gráfico. Estamos diante de um artista e seus símbolos de alto sentido contemporâneo e universal”
Fonte: Guion, texto de Wilson Rocha, publicado em 26 de agosto de 2016. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
---
Biografia – Calasans Neto
José Júlio de Calasans Neto, mais conhecido como Calasans Neto, pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo, nasceu em Salvador, sendo seus pais José Júlio de Calasans, médico psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Bahia e Frieda Elisabeth Geiger de Calasans.
Acometido de poliomielite aos sete anos de idade, ficou com algumas seqüelas, mas não se deixou abater pela doença: subia e descia ladeiras, nadava muito e dirigia automóvel.
Concluído os preparatórios, ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, onde foi aluno de Mário Cravo Júnior e Genaro de Carvalho.
Em 1950 participou, com Glauber Rocha e outros artistas, de um movimento de renovação das artes e das letras, chamdo JOGRALESCA e criou a revista Mapa e as “Edições Macunaína”.
Graduado, especializou-se em gravura em metal e madeira, com preferência para a correlação da gravura com a cultura popular.
A partir de 1956, foi o responsável por várias iniciativas:
1) Criou cenários para peças teatrais (“A Jogralesca”, “Morte e Vida de Severina”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha e “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancisco Guarnieri);
2) Ilustrou livros de Jorge Amado ("Tereza Batista Cansada de Guerra" e "Tieta do Agreste"), Tasso Franco, Olga Savary, Zélia Gattai e Sônia Coutinho, Ivan Rabinllo ("Aprendiz de Feiticeiro") e Silva Dutra ("Vinte e Cinco Sonetos da Bahia");
3) Criou cenários para filmes famosos (“Deus e o Diabro na Terra do Sol”, de Glauber Rocha; “Os Fuzis”, de Rui Guerra; “Sem Saída”, “Memória de Deus”, “O Diabo em Monte Santo” e “Corobobó”, de Agnaldo Azevedo);
4) Criou obras para locais públicos (“Ode a Jorge Amado”, escultura de ferro resinado e latão feita para a Ladeira do Abaeté, “Sedes Sapientiae”, painel para Universidade de Louvain-la Neuve, na Bélgica e “Teresa e Tieta”, painel para Fundação Casa de Jorge Amado).
Notabilizou-se pelas suas gravuras mas foi na madeira que conquistou o reconhecimento internacional. Em suas gravuras retrata as belezas e os mitos da Bahia. Na pintura eterniza suas lindas praias, os encantos de Itapoan, o sol da Bahia, o farol da Barra, o casario do Centro Histórico e as "baianas" das ruas e esquinas de Salvador.
O grande artista recebeu, famoso mundialmente, foi homenageado em várias oportunidades:
1) Em 1976, foi criado, em Natal-Rio Grande do Norte, o Prêmio Calasans Neto;
2) Em 1979, foi inaugurada a Sala Calasans Neto, no Inst. de Música da UCSal.
3) Em 1981 o Governo da Bahia outorgou a Ordem do Mérito, no Grau de Comendador;
4) Em 1981, o Governo Federal outorgou a Ordem de Rio Branco;
5) O cineasta Agnaldo Azevedo lançou o documentário “Calazans Neto, Mestre das Artes e da Vida”.
Calazans Neto faleceu em Salvador, no dia 1º de maio de 2006.
Fonte: Filhos Ilustres da Bahia, "Calasans Neto", por Assis Gonçalves e Cassandra de Castro. Tese de doutoramento sob orientação de Daisy Peccinini de Azevedo, publicado em 10 de janeiro de 2013. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
---
Os ‘beijos na boca’ do acervo de Calasans Neto – Revista Pessoa
“Hoje cedo eu acordei e disse: o primeiro que me chamar eu rogo uma praga!”, esbravejou da janela Auta Rosa, em resposta às palmas que ouvia do portão. De sutiã de algodão branco e cabelos desalinhados, não se comoveu com os pedidos de desculpas de quem avisava que podia voltar outra hora.
“Agora que já está aqui, entre. Mas espere eu colocar uma roupa”, respondeu-me ela, por trás de uma grade vermelha de ferro retorcido com figuras de sereias e peixes. Era uma manhã ensolarada de março de 2015, eu estava de férias em Salvador, quando resolvi passar por lá, depois de uma dica de um dos monitores do museu Casa do Rio Vermelho, onde viveu Jorge Amado: “Você tem que conhecer a casa de Auta Rosa e Calasans Neto em Itapuã, o acervo deles é de cair o queixo”. Tomei um ônibus no dia seguinte e fui.
Impossível não reconhecer, entre tantas casas simples pintadas de azul ou branco, entre as vendinhas e botequins da Praia de Itapuã, em Salvador, a casa-ateliê onde vive Auta Rosa e onde viveu o marido, o gravurista, escultor e pintor Calasans Neto (1932-2006), conhecido pela autoria das ilustrações de livros de Jorge Amado e cartazes de filmes de Glauber Rocha.
Com paredes branquíssimas, a casa se destaca pelas ferragens e azulejaria com motivos fabulares na fachada, pelas portas de madeira pesada feitas com matrizes de xilogravuras, mas também pelo entra e sai de gente que vai atrás de Auta Rosa pedir uma muda de planta ou um dedo de prosa.
Então com 84 anos, a falante Auta Rosa só fingia que não gostava de ser incomodada. É que no dia anterior já tinha recebido muita gente, contou ela, “estudantes de arte, amigos, de um tudo bate aqui, só não gosto que venham crianças endiabradas”.
A casa de Auta Rosa e Calasans Neto sempre foi cheia de gente. Desde os anos 70, quando Vinicius de Moraes se mudou para a Praia de Itapuã atrás de sossego e da nova mulher, a baiana Gessy Gesse. A casa do poetinha ficava a duas quadras dali (hoje é um hotel e restaurante), e todos os dias ele passava por lá para filar o almoço e a conversa, só saindo no fim da tarde.
A menos de meia hora morava o escritor Jorge Amado, na famosa casa do Rio Vermelho, e vez ou outra também se acochava no quintal de Calasans e Auta Rosa. Glauber era outro que sempre aparecia por lá. E Carybé. E Caymmi. E Pierre Verger. Na casa dos dois já se hospedaram o escritor Gabriel García Marquez e o ator Robert de Niro. O americano Hemingway não sabia de nada, a Praia de Itapuã é que era uma festa.
Auta Rosa contou uma história curiosa: antes de Vinicius se mudar para o bairro, a rua do casal não era asfaltada, era pura lama e esgoto a céu aberto. Revoltado com o descaso do prefeito, Vinicius redigiu uma petição em versos, solicitando a reforma do logradouro. Jorge Amado conseguiu que o poema fosse publicado no Jornal A Tarde, e a rua finalmente foi asfaltada.
Trechinho:
Prefeito Clériston Andrade
A quem ainda não conheço:
Quero tomar a liberdade
Que eu nem sequer sei se mereço
De vir pedir-lhe, em causa justa
Um obséquio que, sem favor
Muito honraria (e pouco custa!)
Ao Prefeito de Salvador.
Existe ali no Principado
Livre e Autônomo de Itapuã
Uma ruazinha que, sem embargo
Pertence à sua jurisdição
Uma rua não sem poesia
E cujo título é dar teto
A uma das glórias da Bahia:
O gravador Calasans Neto.
Dizer do estado dessa ruela
eu não arrisco
Porque sem esgotos, correm nela
Rios de ... — Valha-me o asterisco!
E isso é uma pena, Senhor Prefeito
Pois Calasans e sua gravura
Têm cada dia mais procura(...)
Uma tarde em Itapuã
Depois da morte de Calasans, a casa virou seu museu informal, com todo acervo do artista e muito da memória daquele período, sendo procurada por pesquisadores e curiosos em geral. Quando está com paciência, Auta Rosa os recebe, quando não está, fecha a porta. Por enquanto, é preciso contar com a sorte. Naquela manhã, eu tive um bocadinho...
Depois de trocar de roupa, Auta Rosa autorizou algumas fotos - menos dela, não, não adianta, nem pensar - e foi mostrando a casa.
- Começa pelas matrizes de madeira. Aproveitadas em portas, cabeceiras de cama, no teto do banheiro e nas paredes do quintal, elas estão entranhadas como veias da casa;
- Mostra livros e cartazes ilustrado por Calasans, como Tereza Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste;
- Humor: toda a casa tem piadas pelos cantos. No quarto de hóspedes, há um quadro com fotos de todos que passaram por ali, com as respectivas intimidades (Vinicius de Moraes passou dois dias inteiros sem sair do quarto com Gessy, “nem para beber água”, conta ela);
- Das coleções curiosas: Calasans colecionava sapos, assim como o amigo Jorge Amado. A coleção dele ficava guardada na cozinha e no banheiro (!);
- E uma de sereias (como Maria Bethânia): há um sem-número delas espalhadas pela casa, em murais pintados e entalhados ao ar livre. Há um baú que fez de presente para Auta Rosa todo pintado com sereias. Não um baú qualquer, mas um presente de amor: uma caixa de madeira onde cabia um microsystem e dezenas de CDs, escolhidos por ele, só com músicas que o faziam lembrar dela.
- A coleção mais curiosa e original, no entanto, é uma de fotos de casais de amigos se beijando na boca. Fica exposta num aparador na sala. Funciona assim: os amigos eram convocados a mandar uma foto se beijando na boca para Auta Rosa e Calasans Neto, que se encarregavam de emoldurá-las e deixá-las à vista.
Ao final, Auta Rosa me deu de presente uma muda de mirra, presente dos Reis Magos, “que pega de galho e é ótimo tempero”. E retirou a praga: “Vá embora em paz”.
Fonte: Revista Pessoa, "Os ‘beijos na boca’ do acervo de Calasans Neto", escrito por Mariana Filgueiras, publicado em 2 de agosto de 2017. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
Crédito fotográfico: iBahia, "Biografia do Calasans Neto é relançada em Salvador", publicado em 20 de maio de 2011. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
José Júlio de Calasans Neto (Salvador, Bahia, 11 de novembro de 1932 — Idem, 30 de abril de 2006), mais conhecido como Calasans Neto, foi um pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo brasileiro. Estudou pintura com Genaro de Carvalho e teve aulas de gravura com Mario Cravo Júnior na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA. Especializou-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Em parceria com outros artistas, fundou a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Em sua jornada artística, criou cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustrou romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Artista de intensa atividade profissional, tornou-se conhecido em todo o país através da xilogravura. Participou de diversas exposições no Brasil e exterior, destacando-se na 18a Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, e da II Bienal de Havana, em 1986.
Biografia – Itaú Cultural
José Júlio Calasans Neto (Salvador BA 1932 - idem 2006). Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo. Estuda pintura com Genaro de Carvalho. Na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA, tem aulas de gravura com Mario Cravo Júnior. Em Salvador funda, com outros artistas, a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Especializa-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Entre 1956 e 1965, cria cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustra romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Nos anos 80 passa a dedicar-se também à pintura.
Críticas
"Calasans Neto, como alguns de seus companheiros baianos, que começam com o mestre Mário Cravo, demonstra-se senhor das possibilidades novas da xilogravura, no que reside todo um vocabulário outro que empresta ao trato da madeira uma extensão que lhe parecia impossível de atingir. As modulações são alcançadas pelo autor de Das Cabras com recursos que só a segurança e a paixão do ofício podem permitir. Modulações tonais que longo tempo pareciam restritas a recursos que muito particularizavam os efeitos já bem convencionalizados na técnica da gravura sobre madeira, e dos quais os diferentes buris e as variadas aberturas das goivas se desincumbiam quando manejados com a devida habilidade.
Calasans Neto nos oferece uma xilogravura rica de valores tonais que personalizam brilhantemente seu trabalho, assegurando-lhe uma justa medida de criação. Sem se afastar de uma singeleza na gravação ou no emprego da goiva e do buril, toda uma textura exuberantemente de expressões tiradas ao próprio material gravado é alcançada para a significação maior de um contexto formal que nos parece absolutamente válido plástica e graficamente. Superficiais em rebaixos diferentes afetam a impressão (estampagem), assegurando uma amplitude inestimável de efeitos novos, o que equivale a dizer significações, plásticas outras para a xilogravura moderna" — Quirino Campofiorito (CALASANS NETO. Gravuras. Texto Glauber Rocha, Fernando da Rocha Peres, Carlos Drummond de Andrade. Salvador : Casa da Palavra, 1998, p. 38-39).
"(...) em Calasans Neto, não há recurso à composição de figuras em vista de ação concertada. Retomados pela arte moderna, pelo menos desde Gauguin, os agenciamentos de justaposição vêem-se nas cabras e baleias de Calasans, procedimento que valoriza o sentido rítmico impresso às figuras, dispostas, às vezes, de modo processional. (...) O ritmo em Calasans pressupõe uma iteração na qual, mesmo quando uniformemente entintadas, as figuras se alçam, levíssimas. Como ilustrador, Calasans está muito mais próximo do cordel em Tereza Batista, de Jorge Amado, pelo humor. As figuras, aliviadas de cenarização, justapõem-se em ação não-concertada, o que torna, a um tempo, visibilíssimas as figuras e claríssima a ação. Mais que próximas ao cordel, as gravuras de Tereza Batista imitam-no, o que se escancara nos textos gravados por Calasans Neto, que chega a simular-lhe os erros de grafia" — Leon Kossovitch e Mayra Laudanna (GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende São Paulo: Itaú Cultural : Cosac & Naify, 2000. p. 28).
Exposições Individuais
1956 - Porto Alegre RS - Gravuras e Monotipias, na Galeria Dariano
1956 - Caxias do Sul RS - Gravuras, na Associação de Cultura Franco-Brasileira
1958 - Belo Horizonte MG - Xilogravuras, na Galeria Interiores
1958 - Salvador BA - Série Velas, na Galeria Domus
1959 - Salvador BA - Individual, na Pequena Galeria da Biblioteca Pública
1960 - Belo Horizonte MG - Individual, no MAP
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Macunaíma
1962 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1964 - Salvador BA - Série Taigara, na Galeria Querino
1965 - Salvador BA - Xilogravuras, na Galeria Convivium
1966 - Rio de Janeiro RJ - Matrizes de Xilogravuras, na Galeria Bonino
1966 - Salvador BA - Matrizes, na Galeria Convivium
1968 - Rio de Janeiro RJ - Gravuras do Álbum das Cabras, na Galeria Bonino
1968 - São Paulo SP - Matrizes, na A Galeria
1969 - Rio de Janeiro RJ - Matrizes de Gravuras, na Galeria da Praça
1973 - Lisboa (Portugal) - Gravuras do Livro Tereza Batista, na Galeria da Editora Europa América
1974 - Londres (Inglaterra) - 30 Wood-Engravings by Calasans Neto, na Kendal & Dent LtdA.
1974 - Washington (Estados Unidos) - Gravuras do Livro Tereza Batista, no The Library of Congress, Hispanic Society Room
1975 - Salvador BA - Gravuras do Álbum Do Jazz e 10 Monotipias sobre o Tema, na Galeria ACBEU
1976 - Washington (Estados Unidos) - Art Gallery of Brazilian, no Brazilian American Cultural Institute
1978 - Natal RN - Onze Gravuras para o Livro Tieta do Agreste, no Teatro Alberto Maranhão
1978 - Califórnia (Estados Unidos) - Individual, na California State University
1978 - Fortaleza CE - Individual, no Museu da Universidade do Ceará
1978 - Resende RJ - Xilogravura, no MAM/Resende
1978 - Goiânia GO - Matrizes, na Casa Grande Galeria de Arte
1978 - Brasília DF - Matrizes, na Marchant Marlene Gastal
1978 - Lisboa (Portugal) - Xilogravura, na Biblioteca Nacional de Lisboa
1979 - Salvador BA - Monotipias, no Shopping Center Iguatemi
1980 - Quebec (Canadá) - Gravuras, na Université Laval Cité Universitaire
1981 - Califórnia (Estados Unidos) - Individual, na California State University
1981 - Washington (Estados Unidos) - Paintings and Monoprints, na Washington World Gallery
1981 - Fortaleza CE - Gravuras dos Álbuns Tereza Batista Cansada de Guerra e Itapuã, no Museu da Universidade do Ceará
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Color US Brazilian, na W & J Sloane
1981 - Dacar (Senegal) - Semaine Culturelle de Bahia au Theatre Daniel Sorano
1982 - Salvador BA - Gravuras do Álbum Itapuã Sol, na Livraria Civilização Brasileira
1982 - Paris (França) - Individual, no Hotel Inter Continental
1982 - Estoril (Portugal) - Gravuras do Álbum Atlantis, na Galeria do Cassino Estoril
1983 - Porto Alegre RS - Pinturas, na Galeria Modus Vivendi
1983 - Salvador BA - Pássaros Noturnos do Abaeté, na Art Boulevard Galeria
1984 - Salvador BA - Monotipias para o Livro A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo, no Núcleo de Arte do Desenbanco
1984 - Feira de Santana BA - Monotipias para o Livro A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo, no Museu Regional de Feira de Santana
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Antonio Bandeira
1984 - Luanda (Angola) - Pinturas, na União de Artistas Plásticos
1985 - Salvador BA - Individual, no Escritório de Arte da Bahia
1986 - Maceió AL - Monotipias, na Fundação Pierre Chalita
1986 - João Pessoa PB - Monotipias, na Galeria Gamela de Arte Ltda.
1987 - Fortaleza CE - Metamorfose, no Imperial Othon Palace
1987 - Brasília DF - Dualidade da Metamorfose, na Galeria JBR
1987 - Salvador BA - Dualidade da Metamorfose, na Galeria Anarte
1988 - Rio de Janeiro RJ - Simbologia da Metamorfose, na Galeria Bonino
1988 - Brasília DF - Monotipias, na Casa Thomas Jefferson
1989 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria Canizares
1990 - Salvador BA - Fragmentos Urbanos, na Ada Galeria de Arte
1991 - Salvador BA - Crônica em Oito Tempos, na ACBEU
1992 - Salvador BA - Monotipias para o Livro Os Deuses Lares, no Núcleo de Arte do Desenbanco
1992 - Lisboa (Portugal) - Monotipias, na Lojas Quintão
1992 - Zurique (Suíça) - Metamorfose, no Wellenberg Hotel
1992 - Salvador BA - Individual, na Roberto Alban Galeria de Arte
1992 - Salvador BA - 25 Monotipias: Tereza Batista e Tieta. Exposição Comemorativa dos 80 Anos de Jorge, na Fundação Casa de Jorge Amado
1993 - Salvador BA - Pinturas, na Galeria Prova do Artista/Hotel Sofitel
1994 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria Companhia das Índias
1995 - Fortaleza CE - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na Galeria Jorge Amado da Aliança Francesa
1995 - Campos do Jordão SP - Gravuras, na Casa da Xilogravura
1996 - Salvador BA - Gravuras do Livro História Natural de Pablo Neruda, de Vinicius de Moraes, no MAM/BA
1997 - Salvador BA - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na ACBEU
1997 - Salvador BA - Pinturas, no Espaço Calasans Neto
1997 - Bagé RS - Gravuras, no Museu da Gravura Brasileira
1997 - Cachoeira BA - Individual, na Fundação Museu Hansen Bahia
1997 - Brasília DF - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na Casa Thomas Jefferson
1998 - Salvador BA - Frutaria. Monotipias, na Associação Cultural Dante Alighieri
1998 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria da Fundação Casa de Jorge Amado
1998 - Salvador BA - Lagoa e Mar, no MAM/BA
1999 - Feira de Santana BA - Calasans Neto: pinturas, na Galeria de Arte Carlo Barbosa
2000 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
Exposições Coletivas
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1956 - Salvador BA - Artistas Modernos da Bahia, na Galeria Oxumaré
1958 - Belo Horizonte MG - Gravura Brasileira, no MAP
1958 - Salvador BA - Pinturas, no Forte de Monte Serrat
1959 - Salvador BA - Inauguração do Museu de Arte e História da Bahia
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte
1960 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Novos da Bahia, na Galeria do Ibeu
1960 - Rio de Janeiro RJ - Três Artistas Baianos, na Galeria Macunaíma
1960 - Salvador BA - Sete Artistas Modernos da Bahia, no MAM/BA
1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - Paris (França) - 2ª Exposição Internacional de Cartazes de Cinema Contemporâneo
1962 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Novos da Bahia, na Galeria do Ibeu
1963 - Paris (França) - Jovens Gravadores Brasileiros, na Casa do Brasil
1963 - Salvador BA - Artistas do Nordeste, no Museu de Arte Popular do Unhão
1964 - Rio de Janeiro RJ - Artistas da Bahia, no Copacabana Palace
1964 - Salvador BA - Artistas Abstratos da Bahia, no Instituto de Cultura Brasil-Alemanha
1965 - Salvador BA - A Gravura da Bahia, na Galeria Convivium
1966 - Madri e Barcelona (Espanha) - Artistas da Bahia, no Instituto de Cultura Hispânica
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial
1966 - Washington D. C. e Filadélfia (Estados Unidos) - Artistas Baianos
1967 - Rio de Janeiro RJ - Ciclo de Estudos da Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1967 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1968 - Rio de Janeiro RJ - Cartazes de Cinema Internacional, no MAM/RJ
1968 - Salvador BA - Grande Leilão, na Galeria Renot
1969 - Rio de Janeiro RJ - Grandes da Bahia, na Galeria Irlandini
1970 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1970 - São Paulo SP - Feira de Arte, na A Galeria
1971 - Fortaleza CE - Artistas da Bahia, na Galeria Vila Rica
1971 - Rio de Janeiro RJ - Álbum de Gravura Sete Gravadores, na Mini Gallery
1971 - Rio de Janeiro RJ - Arte Jovens da Bahia, na Galeria Voltaico
1971 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos da Bahia, no Teatro Castro Alves
1971 - Salvador BA - Coletiva, no Banco Crefisul
1971 - São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1971 - São Paulo SP - Entalhadores Baianos, na A Galeria
1972 - Belo Horizonte MG - Artistas Baianos, na Galeria Ami
1972 - Belo Horizonte MG - Três Artistas da Bahia, na Galeria Guignard
1972 - Milão (Itália) - Artistas Baianos, na Galeria Chettini
1972 - Salvador BA - Homenagem ao Livro Gente da Terra, de Antonio Celestino, no MAM/BA
1972 - Salvador BA e Recife PE - Arte Bahia Hoje, no MAM/BA
1972 - São Paulo SP - 50 Anos da Arte Moderna no Brasil da Semana de 22, na A Galeria
1972 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1972 - São Paulo SP - Gravadores, na A Galeria
1973 - Belo Horizonte MG - Jorge Amado e os Artistas de Tereza Batista, na Galeria Ami
1973 - Brasília DF - Exposição 4 Baianos, na Múltipla Galeria de Arte
1973 - Salvador BA - Exposição Didática de 22 Artistas Baianos, na Fundação Patrimônio Cultural da Bahia
1973 - Salvador BA - Homenagem a Genaro de Carvalho, na Galeria Berlinda
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Cartaz do Cinema Brasileiro, no MAM/RJ
1974 - Rio de Janeiro RJ - Pequena História da Pintura Brasileira, na Mini Gallery
1974 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1975 - Nova Orleans (Estados Unidos) - Álbum Do Jazz, no New Orleans Jazz Museum
1975 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Tempo
1975 - Salvador BA - Festival da Arte Bahia, na Galeria Canizares
1975 - São Paulo SP - A Mulata Brasileira, na A Galeria
1975 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Quatro Artistas da Bahia, na Art Gallery of the Brazillian American Cultural Institute
1976 - Cachoeira BA - 1º Festival de Inverno da Cidade de Cachoeira
1976 - Salvador BA - Acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia, no MAM/BA
1976 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Arco-Íris
1976 - Salvador BA - Coletiva, na Panorama Galeria Arte
1976 - São Paulo SP - Coletiva, na A Galeria
1977 - Natal RN - Coletiva, na Biblioteca Câmara Cascudo
1977 - Salvador BA - A Gravura na Bahia, no MAM/BA
1977 - Salvador BA - Centenário da Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia, no MAM/BA
1977 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Grossman
1977 - Salvador BA - Coletiva, na Panorama Galeria Arte
1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - Salvador BA - Bahia Arte Versão 78, na Eucatexpo
1978 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Grossman
1978 - Salvador BA - Exposição do Verde, no Centro de Turismo de Natal
1978 - Salvador BA - Gravura Brasileira, na Galeria Grossman
1979 - Salvador BA - Coletiva, na sede do Citibank
1979 - São Paulo SP - Coletiva, na A Galeria
1980 - Estoril (Portugal) - Seis Artistas da Bahia, na Semana da Bahia no Estoril
1980 - Fortaleza CE - 11 Artistas da Bahia, no Museu de Arte da UFCE
1980 - Salvador BA - Coletiva, no Bistrô do Luiz
1980 - Salvador BA - Gravura Arte Maior, no Museu Costa Pinto
1980 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Grossman
1981 - Salvador BA - 1º Salão de Veteranos e Novas, na Vilas do Atlântico
1981 - Salvador BA - 5 Artistas, no Hotel Le Meridien Bahia
1981 - Salvador BA - Coletiva, na Época Galeria
1981 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Grossman
1982 - Bilbao (Espanha) - Artender 82. Muestra Internacional de Arte Grafico
1982 - Brasília DF - Três Artistas da Bahia, na Casa Thomas Jefferson
1982 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Exhibition, no The Wraxall Gallery
1982 - Londrina PR - Coletiva, na Galeria Bahiarte
1982 - Maracaibo (Venezuela) - 2ª Bienal del Grabado da América, no Museu Municipal de Artes Gráficas
1982 - Salvador BA - A Bahia Vista por Seus Artistas, no Shopping Itaigara
1982 - Salvador BA - Artistas Plásticos Contemporâneos no 4º Encontro Monástico Latino-Americano
1982 - Salvador BA - Artistas Baianos, na Galeria de Arte Alberto Bonfiglioli
1982 - Salvador BA - O Espaço da Cultura, na Galeria de Arte Alberto Bonfiglioli
1982 - São Paulo SP - 15ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1983 - Porto Alegre RS - A Paisagem através de Artistas Brasileiros, na Galeria Modus Vivendi
1983 - Salvador BA - Influência do Candomblé na Arte da Bahia. Comemoração dos 90 Anos de Mãe Menininha do Gantois, no MAB
1983 - Salvador BA - Os Sertões de Euclides da Cunha, no MAM/BA
1983 - São Paulo SP - Coletiva, no Chapel Art Show
1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Casa Romário Martins
1984 - Dacar (Senegal) - Exposição Afro-Bahia, na A Galeria Nationale
1984 - Rio de Janeiro RJ - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1984 - Salvador BA - 1ª Mostra Sul América de Arte Baiana, no Bahia Othon Palace
1984 - São Paulo SP - 15º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - 17ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1985 - Costa Rica (América Central) - Arte Afrobaiana, no Temporales
1985 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Way Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Brasília DF - Baianos em Brasília, na Casa da Manchete
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1986 - Salvador BA - Bahia de Todas as Artes, Convenção Latino-Americana da IBM, no Centro de Convenções da Bahia
1986 - Salvador BA - Reflexões, na Art Boulevard Galeria
1987 - Itaparica BA - Coletiva, no Club Mediterranée
1987 - Itaparica BA - Coletiva, no Galeão Sacramento
1987 - Salvador BA - 12 Artistas Brasileiros, na Anarte Galeria
1987 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Rodin
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1988 - Estoril (Portugal) - Exposição Comemorativa dos 50 Anos de Vida Literária do Escritor Fernando Zamora, no Cassino do Estoril
1988 - Porto Alegre RS - Coletiva, na Sala Aurora de Arte
1988 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria da Câmara Municipal
1988 - Salvador BA - Coletiva, no Shopping Barra
1988 - Salvador BA - Os Ilustradores de Jorge Amado, na Fundação Casa de Jorge Amado
1988 - Salvador BA - Projeto Verão, no MAM/BA
1988 - São Paulo SP - Semana de Arte Baiana, no Hotel Transamérica
1991 - Fortaleza CE - Baianos Homenageando Floriano Teixeira, no Escritório de Arte do Ceará
1991 - Salvador BA - Rosa Ibarra e Calasans Neto, na ACBEU
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ
1992 - Salvador BA - Interpretando a América, na ACBEU
1992 - Salvador BA - Universo Amado, na Anarte Galeria
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1995 - Salvador BA - Artistas Contemporâneos da Bahia, na Galeria Canizares
1995 - São Paulo SP - Gravadores Brasileiros na Tríade, no Clube da Gravura
1996 - Salvador BA - Homenagem ao Presidente do Chile Eduardo Frei, no MAM/BA
1997 - Feira de Santana BA - Doze Artistas Brasileiros, no Espaço Cultural de Feira de Santana
1997 - Rio de Janeiro RJ - Quinze Monotipias Semana da Bahia, no Hotel Intercontinental
1997 - Salvador BA - Um Brinde ao Café, no Espaço Cafelier
1999 - Curitiba PR - Arte-Arte Salvador 450 Anos, na Fundação Cultural de Curitiba. Solar do Barão
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte-Arte Salvador 450 Anos, no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1999 - Salvador BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra
1999 - Salvador BA - Arte-Arte Salvador 450 Anos, no MAM/BA
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
Fonte: CALASANS Neto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 13 de outubro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Biografia Calasans Neto – Wikipédia
Filho de Frieda Elisabeth Geiger de Calasans e Jose Julio de Calasans. Herdou o nome do seu pai, médico pisquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Bahia. Era o mais novo de uma família de três irmãos. A mais velha Vera Violeta Calasans e a segunda Sonia Helena Geiger de Calasans.
Acometido de poliomelite aos sete anos de idade, ficou com algumas sequelas, porém Calasans Neto nunca se sentiu como um portador das mesmas. Nadava muito, subia e descia as ladeiras da antiga Salvador e ainda jovem adquiriu seu primeiro carro. Dirigia muito bem.
Em 1993, Calasans foi admitido pelo presidente Itamar Franco à Ordem do Mérito Militar no grau de Cavaleiro especial.
Formação artística
Frequentou a Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia onde foi discípulo de Mário Cravo em gravura em metal e de Genaro de Carvalho em pintura.
Ilustrou livros de Jorge Amado, Tasso Franco, Olga Savary, Zélia Gattai e Sônia Coutinho. Não tem nenhum parentesco com o jornalista e crítico José Calasans de Souza Junior, que também responde pela alcunha de Picolezinho Travesso.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 11 de outubro de 2022.
---
Biografia Calasans Neto – Guion
Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo. Estuda pintura com Genaro de Carvalho. Na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA, tem aulas de gravura com Mario Cravo Júnior. Em Salvador funda, com outros artistas, a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Especializa-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Entre 1956 e 1965, cria cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustra romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Nos anos 80 passa a dedicar-se também à pintura.). Começou sua atividade artística como pintor no ateliê de Genaro de Carvalho. Abandonou a pintura pela gravura. Estudou gravura em metal com Mário Cravo, na Escola de Belas Artes da Bahia. Da gravura em metal passou para a Xilogravura, tornando-se assim conhecido em todo país.
Atualmente voltou a pintar. Participou intensamente do movimento cultural de sua geração: criou cenários para filmes de Gláuber Rocha e Ruy Guerra, fundou a revista “Mapa” (dedicada aos intelectuais baianos da década de 50) e a Editora Macunaína (que se especializou em livros ilustrados de tiragem limitada).
Utilizando suas gravuras elaborou vários álbuns, alguns produzidos por ele mesmo e outros por editores brasileiros. Fez capas e ilustrações para inúmeros livros, inclusive para “Teresa Batista Cansada de Guerra” e “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado, e “História Natural de Pablo Neruda”, de Vinícios de Morais.
Possui intensa atividade profissional, tendo realizado várias exposições no Brasil e no exterior. Participou da 18o Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, e da II Bienal de Havana, em 1986.
Atualmente utiliza as técnicas de ponta seca e buril sobre cobre. Reside em Salvador.
“Calasans Gravador
A insegurança espiritual do nosso tempo, que privilegia a degradação do ser humano, pôe em risco a superioridade da cultura e asfixia o pensamento estético atual. O artista de hoje vive durante a busca do presente e o confronto com a modernidade – essa palavra à procura de significado, segundo Octavio Paz.
A melhor súmula da vasta e magnífica obra gráfica de Calasans Neto poderia ser, talvez, a recente série de suas excepcionais gravuras em metal.
Ele, que em seu trabalho inicial e obstinado de toda uma vida, resistindo por tanto tempo à enfadonha mediocridade de um meio acadêmico, sempre pareceu um adepto definitivo da xilogravura. Artista consciente e predestinado, Calasans obedece às leis da matéria e revela um raro poder de criatividade, que confere à sua abstração oculta um sentido figural de características telúricas. Sua linguagem plástica é um processo poético de grande riqueza de signos.
Em conclusão, Calasans Neto é como um bardo da antiguidade cultuando animais mitológicos, os nossos dóceis animais. As cabras de Virgílio emprestam um clima bucólico à sua figuração povoando a doçura do seu universo gráfico. Estamos diante de um artista e seus símbolos de alto sentido contemporâneo e universal”
Fonte: Guion, texto de Wilson Rocha, publicado em 26 de agosto de 2016. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
---
Biografia – Calasans Neto
José Júlio de Calasans Neto, mais conhecido como Calasans Neto, pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo, nasceu em Salvador, sendo seus pais José Júlio de Calasans, médico psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Bahia e Frieda Elisabeth Geiger de Calasans.
Acometido de poliomielite aos sete anos de idade, ficou com algumas seqüelas, mas não se deixou abater pela doença: subia e descia ladeiras, nadava muito e dirigia automóvel.
Concluído os preparatórios, ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, onde foi aluno de Mário Cravo Júnior e Genaro de Carvalho.
Em 1950 participou, com Glauber Rocha e outros artistas, de um movimento de renovação das artes e das letras, chamdo JOGRALESCA e criou a revista Mapa e as “Edições Macunaína”.
Graduado, especializou-se em gravura em metal e madeira, com preferência para a correlação da gravura com a cultura popular.
A partir de 1956, foi o responsável por várias iniciativas:
1) Criou cenários para peças teatrais (“A Jogralesca”, “Morte e Vida de Severina”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha e “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancisco Guarnieri);
2) Ilustrou livros de Jorge Amado ("Tereza Batista Cansada de Guerra" e "Tieta do Agreste"), Tasso Franco, Olga Savary, Zélia Gattai e Sônia Coutinho, Ivan Rabinllo ("Aprendiz de Feiticeiro") e Silva Dutra ("Vinte e Cinco Sonetos da Bahia");
3) Criou cenários para filmes famosos (“Deus e o Diabro na Terra do Sol”, de Glauber Rocha; “Os Fuzis”, de Rui Guerra; “Sem Saída”, “Memória de Deus”, “O Diabo em Monte Santo” e “Corobobó”, de Agnaldo Azevedo);
4) Criou obras para locais públicos (“Ode a Jorge Amado”, escultura de ferro resinado e latão feita para a Ladeira do Abaeté, “Sedes Sapientiae”, painel para Universidade de Louvain-la Neuve, na Bélgica e “Teresa e Tieta”, painel para Fundação Casa de Jorge Amado).
Notabilizou-se pelas suas gravuras mas foi na madeira que conquistou o reconhecimento internacional. Em suas gravuras retrata as belezas e os mitos da Bahia. Na pintura eterniza suas lindas praias, os encantos de Itapoan, o sol da Bahia, o farol da Barra, o casario do Centro Histórico e as "baianas" das ruas e esquinas de Salvador.
O grande artista recebeu, famoso mundialmente, foi homenageado em várias oportunidades:
1) Em 1976, foi criado, em Natal-Rio Grande do Norte, o Prêmio Calasans Neto;
2) Em 1979, foi inaugurada a Sala Calasans Neto, no Inst. de Música da UCSal.
3) Em 1981 o Governo da Bahia outorgou a Ordem do Mérito, no Grau de Comendador;
4) Em 1981, o Governo Federal outorgou a Ordem de Rio Branco;
5) O cineasta Agnaldo Azevedo lançou o documentário “Calazans Neto, Mestre das Artes e da Vida”.
Calazans Neto faleceu em Salvador, no dia 1º de maio de 2006.
Fonte: Filhos Ilustres da Bahia, "Calasans Neto", por Assis Gonçalves e Cassandra de Castro. Tese de doutoramento sob orientação de Daisy Peccinini de Azevedo, publicado em 10 de janeiro de 2013. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
---
Os ‘beijos na boca’ do acervo de Calasans Neto – Revista Pessoa
“Hoje cedo eu acordei e disse: o primeiro que me chamar eu rogo uma praga!”, esbravejou da janela Auta Rosa, em resposta às palmas que ouvia do portão. De sutiã de algodão branco e cabelos desalinhados, não se comoveu com os pedidos de desculpas de quem avisava que podia voltar outra hora.
“Agora que já está aqui, entre. Mas espere eu colocar uma roupa”, respondeu-me ela, por trás de uma grade vermelha de ferro retorcido com figuras de sereias e peixes. Era uma manhã ensolarada de março de 2015, eu estava de férias em Salvador, quando resolvi passar por lá, depois de uma dica de um dos monitores do museu Casa do Rio Vermelho, onde viveu Jorge Amado: “Você tem que conhecer a casa de Auta Rosa e Calasans Neto em Itapuã, o acervo deles é de cair o queixo”. Tomei um ônibus no dia seguinte e fui.
Impossível não reconhecer, entre tantas casas simples pintadas de azul ou branco, entre as vendinhas e botequins da Praia de Itapuã, em Salvador, a casa-ateliê onde vive Auta Rosa e onde viveu o marido, o gravurista, escultor e pintor Calasans Neto (1932-2006), conhecido pela autoria das ilustrações de livros de Jorge Amado e cartazes de filmes de Glauber Rocha.
Com paredes branquíssimas, a casa se destaca pelas ferragens e azulejaria com motivos fabulares na fachada, pelas portas de madeira pesada feitas com matrizes de xilogravuras, mas também pelo entra e sai de gente que vai atrás de Auta Rosa pedir uma muda de planta ou um dedo de prosa.
Então com 84 anos, a falante Auta Rosa só fingia que não gostava de ser incomodada. É que no dia anterior já tinha recebido muita gente, contou ela, “estudantes de arte, amigos, de um tudo bate aqui, só não gosto que venham crianças endiabradas”.
A casa de Auta Rosa e Calasans Neto sempre foi cheia de gente. Desde os anos 70, quando Vinicius de Moraes se mudou para a Praia de Itapuã atrás de sossego e da nova mulher, a baiana Gessy Gesse. A casa do poetinha ficava a duas quadras dali (hoje é um hotel e restaurante), e todos os dias ele passava por lá para filar o almoço e a conversa, só saindo no fim da tarde.
A menos de meia hora morava o escritor Jorge Amado, na famosa casa do Rio Vermelho, e vez ou outra também se acochava no quintal de Calasans e Auta Rosa. Glauber era outro que sempre aparecia por lá. E Carybé. E Caymmi. E Pierre Verger. Na casa dos dois já se hospedaram o escritor Gabriel García Marquez e o ator Robert de Niro. O americano Hemingway não sabia de nada, a Praia de Itapuã é que era uma festa.
Auta Rosa contou uma história curiosa: antes de Vinicius se mudar para o bairro, a rua do casal não era asfaltada, era pura lama e esgoto a céu aberto. Revoltado com o descaso do prefeito, Vinicius redigiu uma petição em versos, solicitando a reforma do logradouro. Jorge Amado conseguiu que o poema fosse publicado no Jornal A Tarde, e a rua finalmente foi asfaltada.
Trechinho:
Prefeito Clériston Andrade
A quem ainda não conheço:
Quero tomar a liberdade
Que eu nem sequer sei se mereço
De vir pedir-lhe, em causa justa
Um obséquio que, sem favor
Muito honraria (e pouco custa!)
Ao Prefeito de Salvador.
Existe ali no Principado
Livre e Autônomo de Itapuã
Uma ruazinha que, sem embargo
Pertence à sua jurisdição
Uma rua não sem poesia
E cujo título é dar teto
A uma das glórias da Bahia:
O gravador Calasans Neto.
Dizer do estado dessa ruela
eu não arrisco
Porque sem esgotos, correm nela
Rios de ... — Valha-me o asterisco!
E isso é uma pena, Senhor Prefeito
Pois Calasans e sua gravura
Têm cada dia mais procura(...)
Uma tarde em Itapuã
Depois da morte de Calasans, a casa virou seu museu informal, com todo acervo do artista e muito da memória daquele período, sendo procurada por pesquisadores e curiosos em geral. Quando está com paciência, Auta Rosa os recebe, quando não está, fecha a porta. Por enquanto, é preciso contar com a sorte. Naquela manhã, eu tive um bocadinho...
Depois de trocar de roupa, Auta Rosa autorizou algumas fotos - menos dela, não, não adianta, nem pensar - e foi mostrando a casa.
- Começa pelas matrizes de madeira. Aproveitadas em portas, cabeceiras de cama, no teto do banheiro e nas paredes do quintal, elas estão entranhadas como veias da casa;
- Mostra livros e cartazes ilustrado por Calasans, como Tereza Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste;
- Humor: toda a casa tem piadas pelos cantos. No quarto de hóspedes, há um quadro com fotos de todos que passaram por ali, com as respectivas intimidades (Vinicius de Moraes passou dois dias inteiros sem sair do quarto com Gessy, “nem para beber água”, conta ela);
- Das coleções curiosas: Calasans colecionava sapos, assim como o amigo Jorge Amado. A coleção dele ficava guardada na cozinha e no banheiro (!);
- E uma de sereias (como Maria Bethânia): há um sem-número delas espalhadas pela casa, em murais pintados e entalhados ao ar livre. Há um baú que fez de presente para Auta Rosa todo pintado com sereias. Não um baú qualquer, mas um presente de amor: uma caixa de madeira onde cabia um microsystem e dezenas de CDs, escolhidos por ele, só com músicas que o faziam lembrar dela.
- A coleção mais curiosa e original, no entanto, é uma de fotos de casais de amigos se beijando na boca. Fica exposta num aparador na sala. Funciona assim: os amigos eram convocados a mandar uma foto se beijando na boca para Auta Rosa e Calasans Neto, que se encarregavam de emoldurá-las e deixá-las à vista.
Ao final, Auta Rosa me deu de presente uma muda de mirra, presente dos Reis Magos, “que pega de galho e é ótimo tempero”. E retirou a praga: “Vá embora em paz”.
Fonte: Revista Pessoa, "Os ‘beijos na boca’ do acervo de Calasans Neto", escrito por Mariana Filgueiras, publicado em 2 de agosto de 2017. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
Crédito fotográfico: iBahia, "Biografia do Calasans Neto é relançada em Salvador", publicado em 20 de maio de 2011. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
José Júlio de Calasans Neto (Salvador, Bahia, 11 de novembro de 1932 — Idem, 30 de abril de 2006), mais conhecido como Calasans Neto, foi um pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo brasileiro. Estudou pintura com Genaro de Carvalho e teve aulas de gravura com Mario Cravo Júnior na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA. Especializou-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Em parceria com outros artistas, fundou a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Em sua jornada artística, criou cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustrou romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Artista de intensa atividade profissional, tornou-se conhecido em todo o país através da xilogravura. Participou de diversas exposições no Brasil e exterior, destacando-se na 18a Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, e da II Bienal de Havana, em 1986.
Biografia – Itaú Cultural
José Júlio Calasans Neto (Salvador BA 1932 - idem 2006). Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo. Estuda pintura com Genaro de Carvalho. Na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA, tem aulas de gravura com Mario Cravo Júnior. Em Salvador funda, com outros artistas, a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Especializa-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Entre 1956 e 1965, cria cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustra romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Nos anos 80 passa a dedicar-se também à pintura.
Críticas
"Calasans Neto, como alguns de seus companheiros baianos, que começam com o mestre Mário Cravo, demonstra-se senhor das possibilidades novas da xilogravura, no que reside todo um vocabulário outro que empresta ao trato da madeira uma extensão que lhe parecia impossível de atingir. As modulações são alcançadas pelo autor de Das Cabras com recursos que só a segurança e a paixão do ofício podem permitir. Modulações tonais que longo tempo pareciam restritas a recursos que muito particularizavam os efeitos já bem convencionalizados na técnica da gravura sobre madeira, e dos quais os diferentes buris e as variadas aberturas das goivas se desincumbiam quando manejados com a devida habilidade.
Calasans Neto nos oferece uma xilogravura rica de valores tonais que personalizam brilhantemente seu trabalho, assegurando-lhe uma justa medida de criação. Sem se afastar de uma singeleza na gravação ou no emprego da goiva e do buril, toda uma textura exuberantemente de expressões tiradas ao próprio material gravado é alcançada para a significação maior de um contexto formal que nos parece absolutamente válido plástica e graficamente. Superficiais em rebaixos diferentes afetam a impressão (estampagem), assegurando uma amplitude inestimável de efeitos novos, o que equivale a dizer significações, plásticas outras para a xilogravura moderna" — Quirino Campofiorito (CALASANS NETO. Gravuras. Texto Glauber Rocha, Fernando da Rocha Peres, Carlos Drummond de Andrade. Salvador : Casa da Palavra, 1998, p. 38-39).
"(...) em Calasans Neto, não há recurso à composição de figuras em vista de ação concertada. Retomados pela arte moderna, pelo menos desde Gauguin, os agenciamentos de justaposição vêem-se nas cabras e baleias de Calasans, procedimento que valoriza o sentido rítmico impresso às figuras, dispostas, às vezes, de modo processional. (...) O ritmo em Calasans pressupõe uma iteração na qual, mesmo quando uniformemente entintadas, as figuras se alçam, levíssimas. Como ilustrador, Calasans está muito mais próximo do cordel em Tereza Batista, de Jorge Amado, pelo humor. As figuras, aliviadas de cenarização, justapõem-se em ação não-concertada, o que torna, a um tempo, visibilíssimas as figuras e claríssima a ação. Mais que próximas ao cordel, as gravuras de Tereza Batista imitam-no, o que se escancara nos textos gravados por Calasans Neto, que chega a simular-lhe os erros de grafia" — Leon Kossovitch e Mayra Laudanna (GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende São Paulo: Itaú Cultural : Cosac & Naify, 2000. p. 28).
Exposições Individuais
1956 - Porto Alegre RS - Gravuras e Monotipias, na Galeria Dariano
1956 - Caxias do Sul RS - Gravuras, na Associação de Cultura Franco-Brasileira
1958 - Belo Horizonte MG - Xilogravuras, na Galeria Interiores
1958 - Salvador BA - Série Velas, na Galeria Domus
1959 - Salvador BA - Individual, na Pequena Galeria da Biblioteca Pública
1960 - Belo Horizonte MG - Individual, no MAP
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Macunaíma
1962 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1964 - Salvador BA - Série Taigara, na Galeria Querino
1965 - Salvador BA - Xilogravuras, na Galeria Convivium
1966 - Rio de Janeiro RJ - Matrizes de Xilogravuras, na Galeria Bonino
1966 - Salvador BA - Matrizes, na Galeria Convivium
1968 - Rio de Janeiro RJ - Gravuras do Álbum das Cabras, na Galeria Bonino
1968 - São Paulo SP - Matrizes, na A Galeria
1969 - Rio de Janeiro RJ - Matrizes de Gravuras, na Galeria da Praça
1973 - Lisboa (Portugal) - Gravuras do Livro Tereza Batista, na Galeria da Editora Europa América
1974 - Londres (Inglaterra) - 30 Wood-Engravings by Calasans Neto, na Kendal & Dent LtdA.
1974 - Washington (Estados Unidos) - Gravuras do Livro Tereza Batista, no The Library of Congress, Hispanic Society Room
1975 - Salvador BA - Gravuras do Álbum Do Jazz e 10 Monotipias sobre o Tema, na Galeria ACBEU
1976 - Washington (Estados Unidos) - Art Gallery of Brazilian, no Brazilian American Cultural Institute
1978 - Natal RN - Onze Gravuras para o Livro Tieta do Agreste, no Teatro Alberto Maranhão
1978 - Califórnia (Estados Unidos) - Individual, na California State University
1978 - Fortaleza CE - Individual, no Museu da Universidade do Ceará
1978 - Resende RJ - Xilogravura, no MAM/Resende
1978 - Goiânia GO - Matrizes, na Casa Grande Galeria de Arte
1978 - Brasília DF - Matrizes, na Marchant Marlene Gastal
1978 - Lisboa (Portugal) - Xilogravura, na Biblioteca Nacional de Lisboa
1979 - Salvador BA - Monotipias, no Shopping Center Iguatemi
1980 - Quebec (Canadá) - Gravuras, na Université Laval Cité Universitaire
1981 - Califórnia (Estados Unidos) - Individual, na California State University
1981 - Washington (Estados Unidos) - Paintings and Monoprints, na Washington World Gallery
1981 - Fortaleza CE - Gravuras dos Álbuns Tereza Batista Cansada de Guerra e Itapuã, no Museu da Universidade do Ceará
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Color US Brazilian, na W & J Sloane
1981 - Dacar (Senegal) - Semaine Culturelle de Bahia au Theatre Daniel Sorano
1982 - Salvador BA - Gravuras do Álbum Itapuã Sol, na Livraria Civilização Brasileira
1982 - Paris (França) - Individual, no Hotel Inter Continental
1982 - Estoril (Portugal) - Gravuras do Álbum Atlantis, na Galeria do Cassino Estoril
1983 - Porto Alegre RS - Pinturas, na Galeria Modus Vivendi
1983 - Salvador BA - Pássaros Noturnos do Abaeté, na Art Boulevard Galeria
1984 - Salvador BA - Monotipias para o Livro A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo, no Núcleo de Arte do Desenbanco
1984 - Feira de Santana BA - Monotipias para o Livro A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo, no Museu Regional de Feira de Santana
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Antonio Bandeira
1984 - Luanda (Angola) - Pinturas, na União de Artistas Plásticos
1985 - Salvador BA - Individual, no Escritório de Arte da Bahia
1986 - Maceió AL - Monotipias, na Fundação Pierre Chalita
1986 - João Pessoa PB - Monotipias, na Galeria Gamela de Arte Ltda.
1987 - Fortaleza CE - Metamorfose, no Imperial Othon Palace
1987 - Brasília DF - Dualidade da Metamorfose, na Galeria JBR
1987 - Salvador BA - Dualidade da Metamorfose, na Galeria Anarte
1988 - Rio de Janeiro RJ - Simbologia da Metamorfose, na Galeria Bonino
1988 - Brasília DF - Monotipias, na Casa Thomas Jefferson
1989 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria Canizares
1990 - Salvador BA - Fragmentos Urbanos, na Ada Galeria de Arte
1991 - Salvador BA - Crônica em Oito Tempos, na ACBEU
1992 - Salvador BA - Monotipias para o Livro Os Deuses Lares, no Núcleo de Arte do Desenbanco
1992 - Lisboa (Portugal) - Monotipias, na Lojas Quintão
1992 - Zurique (Suíça) - Metamorfose, no Wellenberg Hotel
1992 - Salvador BA - Individual, na Roberto Alban Galeria de Arte
1992 - Salvador BA - 25 Monotipias: Tereza Batista e Tieta. Exposição Comemorativa dos 80 Anos de Jorge, na Fundação Casa de Jorge Amado
1993 - Salvador BA - Pinturas, na Galeria Prova do Artista/Hotel Sofitel
1994 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria Companhia das Índias
1995 - Fortaleza CE - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na Galeria Jorge Amado da Aliança Francesa
1995 - Campos do Jordão SP - Gravuras, na Casa da Xilogravura
1996 - Salvador BA - Gravuras do Livro História Natural de Pablo Neruda, de Vinicius de Moraes, no MAM/BA
1997 - Salvador BA - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na ACBEU
1997 - Salvador BA - Pinturas, no Espaço Calasans Neto
1997 - Bagé RS - Gravuras, no Museu da Gravura Brasileira
1997 - Cachoeira BA - Individual, na Fundação Museu Hansen Bahia
1997 - Brasília DF - Gravuras Ponta-Seca e Buril, na Casa Thomas Jefferson
1998 - Salvador BA - Frutaria. Monotipias, na Associação Cultural Dante Alighieri
1998 - Salvador BA - Monotipias, na Galeria da Fundação Casa de Jorge Amado
1998 - Salvador BA - Lagoa e Mar, no MAM/BA
1999 - Feira de Santana BA - Calasans Neto: pinturas, na Galeria de Arte Carlo Barbosa
2000 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
Exposições Coletivas
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1956 - Salvador BA - Artistas Modernos da Bahia, na Galeria Oxumaré
1958 - Belo Horizonte MG - Gravura Brasileira, no MAP
1958 - Salvador BA - Pinturas, no Forte de Monte Serrat
1959 - Salvador BA - Inauguração do Museu de Arte e História da Bahia
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte
1960 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Novos da Bahia, na Galeria do Ibeu
1960 - Rio de Janeiro RJ - Três Artistas Baianos, na Galeria Macunaíma
1960 - Salvador BA - Sete Artistas Modernos da Bahia, no MAM/BA
1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - Paris (França) - 2ª Exposição Internacional de Cartazes de Cinema Contemporâneo
1962 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Novos da Bahia, na Galeria do Ibeu
1963 - Paris (França) - Jovens Gravadores Brasileiros, na Casa do Brasil
1963 - Salvador BA - Artistas do Nordeste, no Museu de Arte Popular do Unhão
1964 - Rio de Janeiro RJ - Artistas da Bahia, no Copacabana Palace
1964 - Salvador BA - Artistas Abstratos da Bahia, no Instituto de Cultura Brasil-Alemanha
1965 - Salvador BA - A Gravura da Bahia, na Galeria Convivium
1966 - Madri e Barcelona (Espanha) - Artistas da Bahia, no Instituto de Cultura Hispânica
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial
1966 - Washington D. C. e Filadélfia (Estados Unidos) - Artistas Baianos
1967 - Rio de Janeiro RJ - Ciclo de Estudos da Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1967 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1968 - Rio de Janeiro RJ - Cartazes de Cinema Internacional, no MAM/RJ
1968 - Salvador BA - Grande Leilão, na Galeria Renot
1969 - Rio de Janeiro RJ - Grandes da Bahia, na Galeria Irlandini
1970 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1970 - São Paulo SP - Feira de Arte, na A Galeria
1971 - Fortaleza CE - Artistas da Bahia, na Galeria Vila Rica
1971 - Rio de Janeiro RJ - Álbum de Gravura Sete Gravadores, na Mini Gallery
1971 - Rio de Janeiro RJ - Arte Jovens da Bahia, na Galeria Voltaico
1971 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos da Bahia, no Teatro Castro Alves
1971 - Salvador BA - Coletiva, no Banco Crefisul
1971 - São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1971 - São Paulo SP - Entalhadores Baianos, na A Galeria
1972 - Belo Horizonte MG - Artistas Baianos, na Galeria Ami
1972 - Belo Horizonte MG - Três Artistas da Bahia, na Galeria Guignard
1972 - Milão (Itália) - Artistas Baianos, na Galeria Chettini
1972 - Salvador BA - Homenagem ao Livro Gente da Terra, de Antonio Celestino, no MAM/BA
1972 - Salvador BA e Recife PE - Arte Bahia Hoje, no MAM/BA
1972 - São Paulo SP - 50 Anos da Arte Moderna no Brasil da Semana de 22, na A Galeria
1972 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1972 - São Paulo SP - Gravadores, na A Galeria
1973 - Belo Horizonte MG - Jorge Amado e os Artistas de Tereza Batista, na Galeria Ami
1973 - Brasília DF - Exposição 4 Baianos, na Múltipla Galeria de Arte
1973 - Salvador BA - Exposição Didática de 22 Artistas Baianos, na Fundação Patrimônio Cultural da Bahia
1973 - Salvador BA - Homenagem a Genaro de Carvalho, na Galeria Berlinda
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Cartaz do Cinema Brasileiro, no MAM/RJ
1974 - Rio de Janeiro RJ - Pequena História da Pintura Brasileira, na Mini Gallery
1974 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, na A Galeria
1975 - Nova Orleans (Estados Unidos) - Álbum Do Jazz, no New Orleans Jazz Museum
1975 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Tempo
1975 - Salvador BA - Festival da Arte Bahia, na Galeria Canizares
1975 - São Paulo SP - A Mulata Brasileira, na A Galeria
1975 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Quatro Artistas da Bahia, na Art Gallery of the Brazillian American Cultural Institute
1976 - Cachoeira BA - 1º Festival de Inverno da Cidade de Cachoeira
1976 - Salvador BA - Acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia, no MAM/BA
1976 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Arco-Íris
1976 - Salvador BA - Coletiva, na Panorama Galeria Arte
1976 - São Paulo SP - Coletiva, na A Galeria
1977 - Natal RN - Coletiva, na Biblioteca Câmara Cascudo
1977 - Salvador BA - A Gravura na Bahia, no MAM/BA
1977 - Salvador BA - Centenário da Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia, no MAM/BA
1977 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Grossman
1977 - Salvador BA - Coletiva, na Panorama Galeria Arte
1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - Salvador BA - Bahia Arte Versão 78, na Eucatexpo
1978 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Grossman
1978 - Salvador BA - Exposição do Verde, no Centro de Turismo de Natal
1978 - Salvador BA - Gravura Brasileira, na Galeria Grossman
1979 - Salvador BA - Coletiva, na sede do Citibank
1979 - São Paulo SP - Coletiva, na A Galeria
1980 - Estoril (Portugal) - Seis Artistas da Bahia, na Semana da Bahia no Estoril
1980 - Fortaleza CE - 11 Artistas da Bahia, no Museu de Arte da UFCE
1980 - Salvador BA - Coletiva, no Bistrô do Luiz
1980 - Salvador BA - Gravura Arte Maior, no Museu Costa Pinto
1980 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Grossman
1981 - Salvador BA - 1º Salão de Veteranos e Novas, na Vilas do Atlântico
1981 - Salvador BA - 5 Artistas, no Hotel Le Meridien Bahia
1981 - Salvador BA - Coletiva, na Época Galeria
1981 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Grossman
1982 - Bilbao (Espanha) - Artender 82. Muestra Internacional de Arte Grafico
1982 - Brasília DF - Três Artistas da Bahia, na Casa Thomas Jefferson
1982 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Exhibition, no The Wraxall Gallery
1982 - Londrina PR - Coletiva, na Galeria Bahiarte
1982 - Maracaibo (Venezuela) - 2ª Bienal del Grabado da América, no Museu Municipal de Artes Gráficas
1982 - Salvador BA - A Bahia Vista por Seus Artistas, no Shopping Itaigara
1982 - Salvador BA - Artistas Plásticos Contemporâneos no 4º Encontro Monástico Latino-Americano
1982 - Salvador BA - Artistas Baianos, na Galeria de Arte Alberto Bonfiglioli
1982 - Salvador BA - O Espaço da Cultura, na Galeria de Arte Alberto Bonfiglioli
1982 - São Paulo SP - 15ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1983 - Porto Alegre RS - A Paisagem através de Artistas Brasileiros, na Galeria Modus Vivendi
1983 - Salvador BA - Influência do Candomblé na Arte da Bahia. Comemoração dos 90 Anos de Mãe Menininha do Gantois, no MAB
1983 - Salvador BA - Os Sertões de Euclides da Cunha, no MAM/BA
1983 - São Paulo SP - Coletiva, no Chapel Art Show
1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Casa Romário Martins
1984 - Dacar (Senegal) - Exposição Afro-Bahia, na A Galeria Nationale
1984 - Rio de Janeiro RJ - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1984 - Salvador BA - 1ª Mostra Sul América de Arte Baiana, no Bahia Othon Palace
1984 - São Paulo SP - 15º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - 17ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1985 - Costa Rica (América Central) - Arte Afrobaiana, no Temporales
1985 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Way Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Brasília DF - Baianos em Brasília, na Casa da Manchete
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1986 - Salvador BA - Bahia de Todas as Artes, Convenção Latino-Americana da IBM, no Centro de Convenções da Bahia
1986 - Salvador BA - Reflexões, na Art Boulevard Galeria
1987 - Itaparica BA - Coletiva, no Club Mediterranée
1987 - Itaparica BA - Coletiva, no Galeão Sacramento
1987 - Salvador BA - 12 Artistas Brasileiros, na Anarte Galeria
1987 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria Rodin
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1988 - Estoril (Portugal) - Exposição Comemorativa dos 50 Anos de Vida Literária do Escritor Fernando Zamora, no Cassino do Estoril
1988 - Porto Alegre RS - Coletiva, na Sala Aurora de Arte
1988 - Salvador BA - Coletiva, na Galeria da Câmara Municipal
1988 - Salvador BA - Coletiva, no Shopping Barra
1988 - Salvador BA - Os Ilustradores de Jorge Amado, na Fundação Casa de Jorge Amado
1988 - Salvador BA - Projeto Verão, no MAM/BA
1988 - São Paulo SP - Semana de Arte Baiana, no Hotel Transamérica
1991 - Fortaleza CE - Baianos Homenageando Floriano Teixeira, no Escritório de Arte do Ceará
1991 - Salvador BA - Rosa Ibarra e Calasans Neto, na ACBEU
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ
1992 - Salvador BA - Interpretando a América, na ACBEU
1992 - Salvador BA - Universo Amado, na Anarte Galeria
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1995 - Salvador BA - Artistas Contemporâneos da Bahia, na Galeria Canizares
1995 - São Paulo SP - Gravadores Brasileiros na Tríade, no Clube da Gravura
1996 - Salvador BA - Homenagem ao Presidente do Chile Eduardo Frei, no MAM/BA
1997 - Feira de Santana BA - Doze Artistas Brasileiros, no Espaço Cultural de Feira de Santana
1997 - Rio de Janeiro RJ - Quinze Monotipias Semana da Bahia, no Hotel Intercontinental
1997 - Salvador BA - Um Brinde ao Café, no Espaço Cafelier
1999 - Curitiba PR - Arte-Arte Salvador 450 Anos, na Fundação Cultural de Curitiba. Solar do Barão
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte-Arte Salvador 450 Anos, no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1999 - Salvador BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra
1999 - Salvador BA - Arte-Arte Salvador 450 Anos, no MAM/BA
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
Fonte: CALASANS Neto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 13 de outubro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Biografia Calasans Neto – Wikipédia
Filho de Frieda Elisabeth Geiger de Calasans e Jose Julio de Calasans. Herdou o nome do seu pai, médico pisquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Bahia. Era o mais novo de uma família de três irmãos. A mais velha Vera Violeta Calasans e a segunda Sonia Helena Geiger de Calasans.
Acometido de poliomelite aos sete anos de idade, ficou com algumas sequelas, porém Calasans Neto nunca se sentiu como um portador das mesmas. Nadava muito, subia e descia as ladeiras da antiga Salvador e ainda jovem adquiriu seu primeiro carro. Dirigia muito bem.
Em 1993, Calasans foi admitido pelo presidente Itamar Franco à Ordem do Mérito Militar no grau de Cavaleiro especial.
Formação artística
Frequentou a Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia onde foi discípulo de Mário Cravo em gravura em metal e de Genaro de Carvalho em pintura.
Ilustrou livros de Jorge Amado, Tasso Franco, Olga Savary, Zélia Gattai e Sônia Coutinho. Não tem nenhum parentesco com o jornalista e crítico José Calasans de Souza Junior, que também responde pela alcunha de Picolezinho Travesso.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 11 de outubro de 2022.
---
Biografia Calasans Neto – Guion
Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo. Estuda pintura com Genaro de Carvalho. Na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA, tem aulas de gravura com Mario Cravo Júnior. Em Salvador funda, com outros artistas, a Jogralesca (teatralização de poemas), a revista Mapa e a Editora Macunaíma. Especializa-se em gravura em metal e madeira e empenha-se na relação da gravura com a cultura popular e o cordel. Entre 1956 e 1965, cria cenários para produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ilustra romances como Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Nos anos 80 passa a dedicar-se também à pintura.). Começou sua atividade artística como pintor no ateliê de Genaro de Carvalho. Abandonou a pintura pela gravura. Estudou gravura em metal com Mário Cravo, na Escola de Belas Artes da Bahia. Da gravura em metal passou para a Xilogravura, tornando-se assim conhecido em todo país.
Atualmente voltou a pintar. Participou intensamente do movimento cultural de sua geração: criou cenários para filmes de Gláuber Rocha e Ruy Guerra, fundou a revista “Mapa” (dedicada aos intelectuais baianos da década de 50) e a Editora Macunaína (que se especializou em livros ilustrados de tiragem limitada).
Utilizando suas gravuras elaborou vários álbuns, alguns produzidos por ele mesmo e outros por editores brasileiros. Fez capas e ilustrações para inúmeros livros, inclusive para “Teresa Batista Cansada de Guerra” e “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado, e “História Natural de Pablo Neruda”, de Vinícios de Morais.
Possui intensa atividade profissional, tendo realizado várias exposições no Brasil e no exterior. Participou da 18o Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, e da II Bienal de Havana, em 1986.
Atualmente utiliza as técnicas de ponta seca e buril sobre cobre. Reside em Salvador.
“Calasans Gravador
A insegurança espiritual do nosso tempo, que privilegia a degradação do ser humano, pôe em risco a superioridade da cultura e asfixia o pensamento estético atual. O artista de hoje vive durante a busca do presente e o confronto com a modernidade – essa palavra à procura de significado, segundo Octavio Paz.
A melhor súmula da vasta e magnífica obra gráfica de Calasans Neto poderia ser, talvez, a recente série de suas excepcionais gravuras em metal.
Ele, que em seu trabalho inicial e obstinado de toda uma vida, resistindo por tanto tempo à enfadonha mediocridade de um meio acadêmico, sempre pareceu um adepto definitivo da xilogravura. Artista consciente e predestinado, Calasans obedece às leis da matéria e revela um raro poder de criatividade, que confere à sua abstração oculta um sentido figural de características telúricas. Sua linguagem plástica é um processo poético de grande riqueza de signos.
Em conclusão, Calasans Neto é como um bardo da antiguidade cultuando animais mitológicos, os nossos dóceis animais. As cabras de Virgílio emprestam um clima bucólico à sua figuração povoando a doçura do seu universo gráfico. Estamos diante de um artista e seus símbolos de alto sentido contemporâneo e universal”
Fonte: Guion, texto de Wilson Rocha, publicado em 26 de agosto de 2016. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
---
Biografia – Calasans Neto
José Júlio de Calasans Neto, mais conhecido como Calasans Neto, pintor, gravador, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo, nasceu em Salvador, sendo seus pais José Júlio de Calasans, médico psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Bahia e Frieda Elisabeth Geiger de Calasans.
Acometido de poliomielite aos sete anos de idade, ficou com algumas seqüelas, mas não se deixou abater pela doença: subia e descia ladeiras, nadava muito e dirigia automóvel.
Concluído os preparatórios, ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, onde foi aluno de Mário Cravo Júnior e Genaro de Carvalho.
Em 1950 participou, com Glauber Rocha e outros artistas, de um movimento de renovação das artes e das letras, chamdo JOGRALESCA e criou a revista Mapa e as “Edições Macunaína”.
Graduado, especializou-se em gravura em metal e madeira, com preferência para a correlação da gravura com a cultura popular.
A partir de 1956, foi o responsável por várias iniciativas:
1) Criou cenários para peças teatrais (“A Jogralesca”, “Morte e Vida de Severina”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha e “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancisco Guarnieri);
2) Ilustrou livros de Jorge Amado ("Tereza Batista Cansada de Guerra" e "Tieta do Agreste"), Tasso Franco, Olga Savary, Zélia Gattai e Sônia Coutinho, Ivan Rabinllo ("Aprendiz de Feiticeiro") e Silva Dutra ("Vinte e Cinco Sonetos da Bahia");
3) Criou cenários para filmes famosos (“Deus e o Diabro na Terra do Sol”, de Glauber Rocha; “Os Fuzis”, de Rui Guerra; “Sem Saída”, “Memória de Deus”, “O Diabo em Monte Santo” e “Corobobó”, de Agnaldo Azevedo);
4) Criou obras para locais públicos (“Ode a Jorge Amado”, escultura de ferro resinado e latão feita para a Ladeira do Abaeté, “Sedes Sapientiae”, painel para Universidade de Louvain-la Neuve, na Bélgica e “Teresa e Tieta”, painel para Fundação Casa de Jorge Amado).
Notabilizou-se pelas suas gravuras mas foi na madeira que conquistou o reconhecimento internacional. Em suas gravuras retrata as belezas e os mitos da Bahia. Na pintura eterniza suas lindas praias, os encantos de Itapoan, o sol da Bahia, o farol da Barra, o casario do Centro Histórico e as "baianas" das ruas e esquinas de Salvador.
O grande artista recebeu, famoso mundialmente, foi homenageado em várias oportunidades:
1) Em 1976, foi criado, em Natal-Rio Grande do Norte, o Prêmio Calasans Neto;
2) Em 1979, foi inaugurada a Sala Calasans Neto, no Inst. de Música da UCSal.
3) Em 1981 o Governo da Bahia outorgou a Ordem do Mérito, no Grau de Comendador;
4) Em 1981, o Governo Federal outorgou a Ordem de Rio Branco;
5) O cineasta Agnaldo Azevedo lançou o documentário “Calazans Neto, Mestre das Artes e da Vida”.
Calazans Neto faleceu em Salvador, no dia 1º de maio de 2006.
Fonte: Filhos Ilustres da Bahia, "Calasans Neto", por Assis Gonçalves e Cassandra de Castro. Tese de doutoramento sob orientação de Daisy Peccinini de Azevedo, publicado em 10 de janeiro de 2013. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
---
Os ‘beijos na boca’ do acervo de Calasans Neto – Revista Pessoa
“Hoje cedo eu acordei e disse: o primeiro que me chamar eu rogo uma praga!”, esbravejou da janela Auta Rosa, em resposta às palmas que ouvia do portão. De sutiã de algodão branco e cabelos desalinhados, não se comoveu com os pedidos de desculpas de quem avisava que podia voltar outra hora.
“Agora que já está aqui, entre. Mas espere eu colocar uma roupa”, respondeu-me ela, por trás de uma grade vermelha de ferro retorcido com figuras de sereias e peixes. Era uma manhã ensolarada de março de 2015, eu estava de férias em Salvador, quando resolvi passar por lá, depois de uma dica de um dos monitores do museu Casa do Rio Vermelho, onde viveu Jorge Amado: “Você tem que conhecer a casa de Auta Rosa e Calasans Neto em Itapuã, o acervo deles é de cair o queixo”. Tomei um ônibus no dia seguinte e fui.
Impossível não reconhecer, entre tantas casas simples pintadas de azul ou branco, entre as vendinhas e botequins da Praia de Itapuã, em Salvador, a casa-ateliê onde vive Auta Rosa e onde viveu o marido, o gravurista, escultor e pintor Calasans Neto (1932-2006), conhecido pela autoria das ilustrações de livros de Jorge Amado e cartazes de filmes de Glauber Rocha.
Com paredes branquíssimas, a casa se destaca pelas ferragens e azulejaria com motivos fabulares na fachada, pelas portas de madeira pesada feitas com matrizes de xilogravuras, mas também pelo entra e sai de gente que vai atrás de Auta Rosa pedir uma muda de planta ou um dedo de prosa.
Então com 84 anos, a falante Auta Rosa só fingia que não gostava de ser incomodada. É que no dia anterior já tinha recebido muita gente, contou ela, “estudantes de arte, amigos, de um tudo bate aqui, só não gosto que venham crianças endiabradas”.
A casa de Auta Rosa e Calasans Neto sempre foi cheia de gente. Desde os anos 70, quando Vinicius de Moraes se mudou para a Praia de Itapuã atrás de sossego e da nova mulher, a baiana Gessy Gesse. A casa do poetinha ficava a duas quadras dali (hoje é um hotel e restaurante), e todos os dias ele passava por lá para filar o almoço e a conversa, só saindo no fim da tarde.
A menos de meia hora morava o escritor Jorge Amado, na famosa casa do Rio Vermelho, e vez ou outra também se acochava no quintal de Calasans e Auta Rosa. Glauber era outro que sempre aparecia por lá. E Carybé. E Caymmi. E Pierre Verger. Na casa dos dois já se hospedaram o escritor Gabriel García Marquez e o ator Robert de Niro. O americano Hemingway não sabia de nada, a Praia de Itapuã é que era uma festa.
Auta Rosa contou uma história curiosa: antes de Vinicius se mudar para o bairro, a rua do casal não era asfaltada, era pura lama e esgoto a céu aberto. Revoltado com o descaso do prefeito, Vinicius redigiu uma petição em versos, solicitando a reforma do logradouro. Jorge Amado conseguiu que o poema fosse publicado no Jornal A Tarde, e a rua finalmente foi asfaltada.
Trechinho:
Prefeito Clériston Andrade
A quem ainda não conheço:
Quero tomar a liberdade
Que eu nem sequer sei se mereço
De vir pedir-lhe, em causa justa
Um obséquio que, sem favor
Muito honraria (e pouco custa!)
Ao Prefeito de Salvador.
Existe ali no Principado
Livre e Autônomo de Itapuã
Uma ruazinha que, sem embargo
Pertence à sua jurisdição
Uma rua não sem poesia
E cujo título é dar teto
A uma das glórias da Bahia:
O gravador Calasans Neto.
Dizer do estado dessa ruela
eu não arrisco
Porque sem esgotos, correm nela
Rios de ... — Valha-me o asterisco!
E isso é uma pena, Senhor Prefeito
Pois Calasans e sua gravura
Têm cada dia mais procura(...)
Uma tarde em Itapuã
Depois da morte de Calasans, a casa virou seu museu informal, com todo acervo do artista e muito da memória daquele período, sendo procurada por pesquisadores e curiosos em geral. Quando está com paciência, Auta Rosa os recebe, quando não está, fecha a porta. Por enquanto, é preciso contar com a sorte. Naquela manhã, eu tive um bocadinho...
Depois de trocar de roupa, Auta Rosa autorizou algumas fotos - menos dela, não, não adianta, nem pensar - e foi mostrando a casa.
- Começa pelas matrizes de madeira. Aproveitadas em portas, cabeceiras de cama, no teto do banheiro e nas paredes do quintal, elas estão entranhadas como veias da casa;
- Mostra livros e cartazes ilustrado por Calasans, como Tereza Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste;
- Humor: toda a casa tem piadas pelos cantos. No quarto de hóspedes, há um quadro com fotos de todos que passaram por ali, com as respectivas intimidades (Vinicius de Moraes passou dois dias inteiros sem sair do quarto com Gessy, “nem para beber água”, conta ela);
- Das coleções curiosas: Calasans colecionava sapos, assim como o amigo Jorge Amado. A coleção dele ficava guardada na cozinha e no banheiro (!);
- E uma de sereias (como Maria Bethânia): há um sem-número delas espalhadas pela casa, em murais pintados e entalhados ao ar livre. Há um baú que fez de presente para Auta Rosa todo pintado com sereias. Não um baú qualquer, mas um presente de amor: uma caixa de madeira onde cabia um microsystem e dezenas de CDs, escolhidos por ele, só com músicas que o faziam lembrar dela.
- A coleção mais curiosa e original, no entanto, é uma de fotos de casais de amigos se beijando na boca. Fica exposta num aparador na sala. Funciona assim: os amigos eram convocados a mandar uma foto se beijando na boca para Auta Rosa e Calasans Neto, que se encarregavam de emoldurá-las e deixá-las à vista.
Ao final, Auta Rosa me deu de presente uma muda de mirra, presente dos Reis Magos, “que pega de galho e é ótimo tempero”. E retirou a praga: “Vá embora em paz”.
Fonte: Revista Pessoa, "Os ‘beijos na boca’ do acervo de Calasans Neto", escrito por Mariana Filgueiras, publicado em 2 de agosto de 2017. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.
Crédito fotográfico: iBahia, "Biografia do Calasans Neto é relançada em Salvador", publicado em 20 de maio de 2011. Consultado pela última vez em 13 de outubro de 2022.