Yoshiya Takaoka (Tóquio, Japão, 11 de junho de 1909 - São Paulo, SP, 11 de agosto de 1978) foi um pintor, desenhista, caricaturista e cenógrafo japonês. Aprendeu pintura com Shin Kurihara, em Tóquio, Japão, entre 1921 e 1925. Veio para o Brasil em 1925, e no ano seguinte iniciou a formação artística na Escola Profissional Masculina, juntamente com Tomioka, Handa e Tamaki. Entre 1952 e 1954, vai para Paris, França, onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e o curso Leonardo da Vinci, no qual estuda a técnica de mosaico com Gino Severini. Pintor de paisagens urbanas e litorâneas do Brasil, Takaoka foi premiado por diversas vezes, entre elas o 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na Sede do Grupo, Rio de Janeiro, 1935; 44º Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1938 - medalha de prata; 1ª Exposição de Autorretratos, no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1944; Salão Paulista de Belas Artes, São Paulo, várias edições entre 1946 e 1971; 1ª e 5ª Bienal Internacional de São Paulo, 1951 e 1959; Grupo Seibi - Grupo do Santa Helena: década de 35 a 45, no MAB/Faap, São Paulo, 1977. Após a sua morte, sua obra participou de várias mostras: Yoshiya Takaoka: retrospectiva, no Masp, São Paulo, 1980; Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal de São Paulo, 1984 e Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira, São Paulo, 1998.
Biografia – Itaú Cultural
Aprendeu pintura com Shin Kurihara, em Tóquio, entre 1921 e 1925. Em 1925, veio com a família para o Brasil para trabalhar na lavoura de café. Atua como pintor de paredes e caricaturista.
Em São Paulo, de 1926 a 1929, cursou a Escola Profissional Masculina do Brás e, a partir de 1931, frequentou o Grupo Santa Helena. Transfere-se, em 1934, para o Rio de Janeiro, onde aperfeiçoa sua pintura com Bruno Lechowski (1887 - 1941) e na Escola Nacional de Belas Artes - Enba.
Integrou o Núcleo Bernardelli ao lado de José Pancetti (1902 - 1958), Edson Motta (1910 - 1981) e Milton Dacosta (1915 - 1988), entre outros. Participa de sua quarta exposição, em 1935. Nesse ano, faz parte do Grupo Seibi, de São Paulo, formado por artistas de origem japonesa. Voltou a viver na capital paulista em 1944.
Em 1948, forma o Grupo 15 ou "do Jacaré", com Tomoo Handa (1906 - 1996), Tamaki (1916 - 1979), Flavio Shiró (1928), Antônio Carelli (1926), Geraldo de Barros (1923 - 1998) e outros.
De 1950 a 1959, integrou o Grupo Guanabara, em São Paulo. Participou das edições de 1951 e 1959 da Bienal Internacional de São Paulo. Entre 1952 e 1954, vive em Paris, onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e estuda mosaico com Gino Severini (1883 - 1966), no curso Leonardo da Vinci. Participou da 1ª Bienal de Tóquio, em 1953. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP faz mostra em sua homenagem em 1955 e 1980.
Análise
Pintor de paisagens urbanas e litorâneas do Brasil, Yoshiya Takaoka tem um papel importante como formador e agitador cultural. Atua nas principais agremiações artísticas dos anos 1930 até 1950. Convive com os artistas do Grupo Santa Helena, com quem desenvolve afinidades, sobretudo o interesse pelo pós-impressionismo e pela pintura italiana. Mas, insatisfeito com o meio artístico paulistano, decide estudar pintura no Rio de Janeiro. Frequentou a Escola Nacional de Belas Artes - Enba e tem aulas com Bruno Lechowski (1887 - 1941), de quem recebe ensinamentos sobre a pintura européia.
Participa do ateliê livre do Núcleo Bernardelli, partilhando o interesse do grupo pelo "fazer artístico", mais do que por questões políticas ou intelectuais, tão marcantes no contexto da década de 1930. Os gêneros artísticos lá praticados são os que caracterizam sua produção: desenho, pintura ao ar livre, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos. Dessa prática advém a sua concepção da pintura como artesanato, e da tarefa de "resolver o quadro" como o principal desafio do pintor. Mas é possível que desse ambiente provenha também a transformação das investigações da pintura moderna em esquemas compositivos tradicionais, como a utilização de fortes diagonais, o uso de uma perspectiva ascensional na organização dos elementos da paisagem, conferindo peso aos últimos planos, bem como a pincelada gestual. Características que podem ser observadas em obras como Morro do Pinho, 1948, e na aquarela Barco no Cais, 1942.
Takaoka distancia-se das polêmicas entre modernos e acadêmicos, figurativos e abstratos. Não obstante, ele é ponto de referência para a geração de artistas que seguem o concretismo e passam à abstração. Sua influência pode ser identificada em obras como o auto-retrato fotográfico de Geraldo de Barros (1923 - 1998), 1947, que apresenta elementos de pose estudada e auto-irônica presentes nos diversos auto-retratos de Takaoka, que junto com suas aquarelas sobrevivem com grande interesse.
Críticas
"Suas telas, que revelam um grafismo frio e objetivo, ocuparam muitas 'cimaises', demonstrando sempre interesses bem determinados, como o casario das cidades coloniais e o auto-retrato. Fontes européias de certo impressionismo renoiresco ao grafismo nervoso de Hodler, combinados à visualidade inata do oriental, marcaram esse pintor, que tem muitos pontos em comum com os artistas brasileiros figurativos de sua geração" — Walter Zanini (ZANINI, Walter. In: PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969).
"Poucos artistas brasileiros se dispuseram a uma dedicação total à arte como ocorreu com Yoshiya Takaoka. Talvez sua própria origem modesta o tenha levado a compenetrar-se de que tinha pela frente uma missão a cumprir. Missão de transmitir nos desenhos e nas pinturas as emoções que a natureza não cessa de oferecer à sensibilidade dos que sabem admirá-la. Takaoka soube captar com frescor e talento todos os temas que explorou sempre com poesia e domínio técnico. (...) Nas dezenas de telas, desenhos e aquarelas em que trabalhou, Takaoka enfocou cenas e aspectos de nossas cidades antigas. Não se cansava de percorrer os locais históricos como Ouro Preto, Sabará, Mariana, Tiradentes, Parati e tantos outros para recriar o que seus olhos captavam. Também era um visitador permanente dos velhos bairros de São Paulo de outros tempos, como Rossi Ozir, Mário Zanini, Rebolo e outros. Pintou sempre. Um levantamento da obra realizada pelo artista nascido em Tóquio em 1909 e que já em 1925 se fixava em São Paulo, aqui formando grupos, orientando futuros artistas e participando de alguns dos nossos principais movimentos artísticos, mostra que jamais pôs de lado a fidelidade à obra figurativa. Para muitos não foi além de um acadêmico. Ocorre que Takaoka fugia à cópia do que via à frente. Antes, dava um toque recriativo no próprio local onde esboçava suas obras. Registre-se que ele sempre foi de compor casario e paisagens onde se encontravam, pouco inventado no 'atelier'. (...) As cenas rurais e urbanas, e os cavalos - estes de modo especial - motivaram a Takaoka centenas de aquarelas e desenhos. São trabalhos de amadurecida realização e forte colorido, síntese de quase meio século de alguém voltado para uma única e exigente meta: a Arte. E nela o artista encontrou-se plenamente" — Ivo Zanini (ZANINI, Ivo. Takaoka, o pintor que recriou a natureza. In: YOSHIYA Takaoka: vida, obras, depoimentos. São Paulo: MASP, 1980. color. p. 7-8).
"Da comitiva dos artistas japoneses que formaram e afirmaram a Escola da pintura nipônica em São Paulo, hoje florida e apreciada, Yoshiya Takaoka foi o mestre. Um dos primeiros a se radicar na capital, e por isso precursor e indicador de como se ambientar e se comportar aos conterrâneos que mal andavam aparecendo. De numerosos colegas foi cordial professor aquele que, tendo extraordinária experiência na técnica pictórica e da aquarela, proporcionou aulas e auxílio. De temperamento bom, paciente, sempre pronto a prestar seus notáveis socorros em todos os sentidos, pode-se dizer que Takaoka representou na São Paulo dos anos 30 e 40, figura característica. Professor de muitos jovens, entre eles o grande Mabe quando veio de Lins, de Jorge Mori, de Wega. Sua pintura a exercitava na figura e na paisagem com bravura e sensibilidade oriental, porém muito integrada nos modos ocidentais: um japonês de espírito, desenvolvendo sua atividade na metrópole, que muito lhe deve. Respeitado, amado sinceramente por todos os que o freqüentaram, reservado, um ser que Carlyle teria colocado no setor dos tácitos silenciosos, o caro Takaoka deixa uma lembrança grata e um nome de artista entre os melhores que o Japão deu ao Brasil" — Pietro Maria Bardi (BARDI, Pietro Maria. Apresentação. In: YOSHIYA Takaoka: vida, obras, depoimentos. Edição Museu de Arte de São Paulo (São Paulo SP); apresentação Pietro Maria Bardi. São Paulo: MASP, 1980. 74p. il. p.b. color. p.5).
Exposições Individuais
1936 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1937 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Le Connoisseur
1948 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Domus
1948 - Curitiba PR - Individual
1952 - São Paulo SP - Individual, no Clube Cerejeira
1954 - São Paulo SP - Individual, no Salão do Cine Niterói
1956 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Dezon
1958 - Campos do Jordão SP - Individual
1961 - Belo Horizonte MG - Individual, no Automóvel Club
1962 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico
1963 - São Paulo SP - Individual, na Casa dos Artista Plástico
1974 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: óleos e aquarelas recentes, na A Ponte Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1935 - Rio de Janeiro RJ - Tamaki, Yoshiya Takaoka, na Livraria Le Connoisseur
1935 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na sede do Grupo no porão da ENBA
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata
1943 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e Diplomático - Palácio Itamaraty
1944 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Auto-Retratos, no MNBA
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na ENBA
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição Governador do Estado
1948 - Rio de Janeiro RJ - 54º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1949 - São Paulo SP - Exposição do Grupo 15, no IAB/SP. Departamento de São Paulo
1950 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Grupo Guanabara, na Galeria Domus
1951 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1951 - São Paulo SP - 2ª Exposição do Grupo Guanabara, no no IAB/SP. Departamento de São Paulo
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - São Paulo SP - 1º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Clube Sakura
1953 - Tóquio (Japão) - 2ª Bienal de Tóquio
1954 - Paris (França) - Salon de la Société Nationale de Beaux-Arts
1957 - São Paulo SP - 22º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Prefeitura de São Paulo
1958 - São Paulo SP - 4ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1958 - São Paulo SP - 23º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Assembléia Legislativa
1958 - São Paulo SP - 4º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Salão do Cine Niterói
1959 - São Paulo SP - 24º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Mais - Prêmio Prefeitura de São Paulo
1959 - São Paulo SP - 5ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1959 - São Paulo SP - 5º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1960 - São Paulo SP - Exposição dos Sete, no Salão da Cooperativa Agrícola de Cotia
1960 - São Paulo SP - 25º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - Prêmio Comendador Mario Dedini
1960 - São Paulo SP - 6º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1961 - São Paulo SP - 26º Salão Paulista de Belas Artes - pequena medalha de ouro
1961 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - Bragança Paulista SP - Exposição dos Seis, no Clube Dois
1962 - São Paulo SP - 27º Salão Paulista de Belas Artes - 2º Prêmio Governo do Estado de São Paulo
1963 - São Paulo SP - 7º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1964 - São Paulo SP - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1964 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no MAM/RJ
1964 - São Paulo SP - 29º Salão Paulista de Belas Artes - 1º Prêmio Governo do Estado de São Paulo
1965 - São Paulo SP - 9º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1965 - Washington (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Oakland (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Tóquio (Japão) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1966 - São Paulo SP - 31º Salão Paulista de Belas Artes - grande medalha de ouro
1966 - São Paulo SP - 10º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1966 - São Paulo SP - Artistas Nipo-Brasileiros, no MAC/USP
1968 - São Paulo SP - 12º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1969 - São Paulo SP - 13º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1970 - São Paulo SP - 14º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1971 - São Paulo SP - 36º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Governador do Estado
1972 - São Paulo SP - 1º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1973 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Tóquio(Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Osaka (Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Atami (Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Brasília DF - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - São Paulo SP - Exposição de Pintura da Feira da Indústria Japonesa, no Palácio das Convenções do Anhembi
1973 - São Paulo SP - 2º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1974 - São Paulo SP - 3º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1975 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Azulão
1975 - São Paulo SP - 4º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1976 - São Paulo SP - 5º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall
1977 - São Paulo SP - Grupo Seibi - Grupo do Santa Helena: década de 35 a 45, no MAB-FAAP
1978 - São Paulo SP - A Arte e seus Processos: o papel como suporte, na Pinacoteca do Estado
1978 - São Paulo SP - Imigração 70, no Centro Campestre do Sesc
Exposições Póstumas
1980 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: retrospectiva, no Masp
1981 - Parati RJ - Yoshiya Takaoka: retrospectiva, na Galeria Maramar
1981 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: aquarelas, no Museu Lasar Segall
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, no Acervo Galeria de Arte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Penápolis SP - 6º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação das Artes de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada M.O.A
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Rômulo Maiorana
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB-FAAP
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MNBA
1992 - São Paulo SP - Grupo Guanabara: 1950-1959, no Renato Magalhães Gouvêa - Escritório de Arte
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB-FAAP
Fonte: YOSHIYA Takaoka. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 12 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia — Wikipédia
Em Tóquio estudou com Shin Kurihara. Chegou ao Brasil em 1925, morou em Cafelândia (São Paulo), onde trabalhou na lavoura como outros imigrantes japoneses. Em 1929, já na cidade de São Paulo, para se sustentar, foi caricaturista, pintor de paredes e vendedor de pastéis. Estudou na Escola Profissional Masculina do Brás onde teve como colega Tomoo Handa. Aos poucos foi conhecendo e formando amizades com pintores brasileiros.
No ano de 1934, junto com seu inseparável amigo, o pintor Yuji Tamaki, mudou-se para o Rio de Janeiro. Ambos ingressaram no Núcleo Bernardelli, sendo orientados pelo pintor polonês Bruno Lechowski. Ainda que residindo no Rio de Janeiro, participaram do grupo Seibi-kai criado em São Paulo no ano seguinte por pintores japoneses imigrantes como eles.
Voltou a residir na capital paulista em 1944. Foi um dos primeiros a expor fora da colônia.
Foi para Paris em 1952, onde estudou mosaico com Gino Severini e frequentou a Académie de la Grande Chaumière.
Expôs na Bienal de São Paulo, no Salão Paulista e no Salão Nacional de Belas Artes. Sua obras estão no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Museu Nacional de Belas Artes, na Pinacoteca do Estado, entre outra instituições e importantes coleções particulares.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 12 de julho de 2022.
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Grupo Santa Helena
A existência do Grupo Santa Helena, e outras associações de artistas, torna-se um elemento fundamental para a consolidação da arte moderna em São Paulo nos decênios de 1930 e 1940. No entanto, sua abordagem e a compreensão como grupo não deixam de ser um desafio para os historiadores da arte brasileira. Sem programas preestabelecidos, o Santa Helena surge da união espontânea de alguns artistas que utilizam salas como ateliê no Palacete Santa Helena, antigo edifício na Praça da Sé, em São Paulo, a partir de meados de 1934. O primeiro deles é Francisco Rebolo, que instala seu escritório de empreiteiro e artista-decorador na sala número 231 e começa a pintar, em 1935. Nesse ano Mário Zanini divide a sala com Rebolo, posteriormente alugando a de número 233, compondo a célula inicial do futuro agrupamento. Em datas diversas, uniram-se a eles, por ordem de chegada, Manoel Martins, Fulvio Pennacchi, Bonadei, Clóvis Graciano, Alfredo Volpi, Humberto Rosa e Rizzotti.
O ambiente criado nas salas de trabalho é de troca mútua, dividindo-se os conhecimentos técnicos de pintura e as sessões de modelo vivo, decidindo sobre a remessa de obras aos salões e organizando as famosas excursões de fim de semana aos subúrbios da cidade para execução da pintura ao ar livre. Relativamente afastado do meio artístico da época, o grupo só foi notado em outubro de 1936 por pintores mais experientes como Rossi Osir e Vittorio Gobbis, por ocasião da mostra Exposição de Pequenos Quadros, organizada pela Sociedade Paulista de Belas Artes no Palácio das Arcadas. Mas é como participantes da Família Artística Paulista - FAP, - agremiação co-fundada e dirigida por Rossi Osir, responsável por elaboração de salões -, que ganham visibilidade pública e passam a ser conhecidos pela crítica especializada como Grupo Santa Helena. Durante a curta duração dos ateliês conjuntos no palacete da Sé, não apresentaram nenhuma exposição de seus trabalhos sob essa rubrica.
Em 1939, após visita ao 2º salão organizado pela FAP, Mário de Andrade (1893 - 1945) identifica e tenta conceituar pela primeira vez a existência de uma "escola paulista", caracterizada por seu modernismo moderado, ocupando o campo litigioso entre as experimentações formais da vanguarda dos anos 1920 e o academismo ainda vigente no meio paulistano. Como elemento de unificação entre os expositores, enfatiza a preocupação com o apuro técnico, a volta à tradição do fazer pictórico e o interesse pela representação da realidade concreta.
Somente em 1944, em texto dedicado a Clóvis Graciano, Mário de Andrade lança a tese de que a origem proletária ou da pequena burguesia é o elo e elemento determinante na plástica do grupo. O crítico afirma: " A que atribuir, portanto, as tendências coletivas de cor, de técnica geral e de assunto dessa Família Artística Paulista, até hoje rastreáveis em sua arte? A meu ver, o que caracteriza o grupo é seu proletarismo. Isso lhe determina a psicologia coletiva, e consequentemente a sua expressão". Em geral, esses artistas têm sua formação básica em escolas profissionalizantes, como o Liceu de Artes e Ofícios e a Escola Profissional Masculina do Brás. Os que estudam no exterior passam ao largo dos ateliês e escolas frequentadas pelos modernistas de 1922. Na época do Santa Helena ganham, em sua maioria, a vida como artesãos ou pintores-decoradores, o que contribui para a consciência artesanal de suas obras. A pintura de cavalete é realizada nos momentos de folga. A influência européia - principalmente do impressionismo e pós-impressionismo, do novecento italiano e do expressionismo - que se faz sentir na produção dos santelenistas se dá pela leitura de livros e revistas e por exposições que chegam do exterior.
O apego à representação da realidade leva-os a pintar principalmente paisagens, cujos focos são as vistas dos subúrbios e arredores da cidade, as praias visitadas nos fins de semana e a paisagem urbana. Percebe-se a preferência por locais anônimos no limite entre o campo e a cidade. A despeito das diferenças estilísticas entre eles, identifica-se em suas obras uma preferência por tons rebaixados, de fatura fosca, dando uma tonalidade acinzentada aos quadros. Outros gêneros foram trabalhados pelo Grupo Santa Helena, como a natureza-morta, o retrato e o auto-retrato.
Com a dissolução natural do grupo, que começa a se desfazer no fim da década de 1930, seus artistas desenvolvem, muitas vezes com resultados desiguais, carreiras individuais. Entre eles, Alfredo Volpi é com certeza o que mais se destaca. Vale notar que artistas não-pertencentes ao Santa Helena guardam semelhanças estilísticas com os integrantes do grupo. Tais semelhanças apontam, com mais força e coesão, uma nova posição artística em São Paulo, autônoma em relação ao modernismo dos anos 1920 sem ser acadêmica.
Fonte: GRUPO Santa Helena. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022.. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Guanabara
A formação do Grupo Guanabara ocorre em 1950, em torno do pintor Tikashi Fukushima. Natural do Japão, ele vem para o Brasil em 1940 e se estabelece, a princípio, no interior do Estado de São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro. Em 1949, muda-se para a capital paulista e abre uma molduraria no antigo largo Guanabara, onde é atualmente a Estação Paraíso do Metrô. A oficina torna-se ponto de encontro de artistas que vêm em busca da excelência do trabalho de molduraria realizado por Fukushima. Os encontros conduzem a ideia de criação de um espaço em que os artistas pudessem discutir seus trabalhos preservando a diversidade de tendências de seus membros.
O grupo chega a contar com 34 membros, na maioria imigrantes italianos e japoneses ou seus descendentes, entre eles artistas que pertencem ao Grupo Seibi e ao Grupo dos 15. Entre seus fundadores estão Alzira Pecorari, Armando Pecorari, Arcangelo Ianelli, Marjô, Takeshi Suzuki, Tikashi Fukushima, Tomoo Handa, Yoshiya Takaoka, Tamaki. Posteriormente outros artistas se integram ao grupo, como Alina Okinaka, Hideomi Ohara, Ismenia Coaracy,Takahashi, Manabu Mabe, Masanosuke Hashimoto, Massao Okinaka, Thomaz, Tsukika Okayama e Wega Nery. Outros como Oswald de Andrade Filho e Tomie Ohtake, participam eventualmente das exposições realizadas pelo grupo.
Em sua trajetória o grupo promove cinco exposições coletivas. A primeira delas em 1950, na Galeria Domus. Osório César e Ibiapaba Martins, dois críticos do período, dão um destaque especial à mostra. A segunda, em 1951, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/SP, reúne obras recusadas no 16º Salão Paulista de Belas Artes. O crítico de arte Quirino da Silva defende os artistas e divulga o evento no jornal Diário da Noite. A terceira ocorre em 1953, no ateliê de Fukushima, não tem muita divulgação nem alcança muita repercussão. Em 1958, a quarta exposição é realizada na Associação Cristã de Moços - ACM. É a mais divulgada delas, conta com publicação de catálogo e palestras dos críticos Lourival Gomes Machado e Sérgio Milliet. A última mostra é realizada em 1959, praticamente uma reedição da anterior, montada no mesmo local.
Após dez anos de atividade, o grupo se desfaz. Em 1992, o Escritório de Arte Magalhães Gouveia organiza uma retrospectiva do grupo.
Fonte: GRUPO Guanabara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7.
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Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906-1996), Hajime Higaki (1908-1998), Shigeto Tanaka (1910-1970), Kiyoji Tomioka (1844-1985), Takahashi (1908-1977), Yuji Tamaki (1916-1979), Yoshiya Takaoka (1909-1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907-1971), Francisco Rebolo (1902-1980), Fulvio Pennacchi (1905-1992) e Clóvis Graciano (1907-1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersou, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924-1997), Tikashi Fukushima (1920-2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913-2015) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: AUTO-RETRATO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Yoshiya Takaoka (Tóquio, Japão, 11 de junho de 1909 - São Paulo, SP, 11 de agosto de 1978) foi um pintor, desenhista, caricaturista e cenógrafo japonês. Aprendeu pintura com Shin Kurihara, em Tóquio, Japão, entre 1921 e 1925. Veio para o Brasil em 1925, e no ano seguinte iniciou a formação artística na Escola Profissional Masculina, juntamente com Tomioka, Handa e Tamaki. Entre 1952 e 1954, vai para Paris, França, onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e o curso Leonardo da Vinci, no qual estuda a técnica de mosaico com Gino Severini. Pintor de paisagens urbanas e litorâneas do Brasil, Takaoka foi premiado por diversas vezes, entre elas o 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na Sede do Grupo, Rio de Janeiro, 1935; 44º Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1938 - medalha de prata; 1ª Exposição de Autorretratos, no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1944; Salão Paulista de Belas Artes, São Paulo, várias edições entre 1946 e 1971; 1ª e 5ª Bienal Internacional de São Paulo, 1951 e 1959; Grupo Seibi - Grupo do Santa Helena: década de 35 a 45, no MAB/Faap, São Paulo, 1977. Após a sua morte, sua obra participou de várias mostras: Yoshiya Takaoka: retrospectiva, no Masp, São Paulo, 1980; Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal de São Paulo, 1984 e Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira, São Paulo, 1998.
Biografia – Itaú Cultural
Aprendeu pintura com Shin Kurihara, em Tóquio, entre 1921 e 1925. Em 1925, veio com a família para o Brasil para trabalhar na lavoura de café. Atua como pintor de paredes e caricaturista.
Em São Paulo, de 1926 a 1929, cursou a Escola Profissional Masculina do Brás e, a partir de 1931, frequentou o Grupo Santa Helena. Transfere-se, em 1934, para o Rio de Janeiro, onde aperfeiçoa sua pintura com Bruno Lechowski (1887 - 1941) e na Escola Nacional de Belas Artes - Enba.
Integrou o Núcleo Bernardelli ao lado de José Pancetti (1902 - 1958), Edson Motta (1910 - 1981) e Milton Dacosta (1915 - 1988), entre outros. Participa de sua quarta exposição, em 1935. Nesse ano, faz parte do Grupo Seibi, de São Paulo, formado por artistas de origem japonesa. Voltou a viver na capital paulista em 1944.
Em 1948, forma o Grupo 15 ou "do Jacaré", com Tomoo Handa (1906 - 1996), Tamaki (1916 - 1979), Flavio Shiró (1928), Antônio Carelli (1926), Geraldo de Barros (1923 - 1998) e outros.
De 1950 a 1959, integrou o Grupo Guanabara, em São Paulo. Participou das edições de 1951 e 1959 da Bienal Internacional de São Paulo. Entre 1952 e 1954, vive em Paris, onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e estuda mosaico com Gino Severini (1883 - 1966), no curso Leonardo da Vinci. Participou da 1ª Bienal de Tóquio, em 1953. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP faz mostra em sua homenagem em 1955 e 1980.
Análise
Pintor de paisagens urbanas e litorâneas do Brasil, Yoshiya Takaoka tem um papel importante como formador e agitador cultural. Atua nas principais agremiações artísticas dos anos 1930 até 1950. Convive com os artistas do Grupo Santa Helena, com quem desenvolve afinidades, sobretudo o interesse pelo pós-impressionismo e pela pintura italiana. Mas, insatisfeito com o meio artístico paulistano, decide estudar pintura no Rio de Janeiro. Frequentou a Escola Nacional de Belas Artes - Enba e tem aulas com Bruno Lechowski (1887 - 1941), de quem recebe ensinamentos sobre a pintura européia.
Participa do ateliê livre do Núcleo Bernardelli, partilhando o interesse do grupo pelo "fazer artístico", mais do que por questões políticas ou intelectuais, tão marcantes no contexto da década de 1930. Os gêneros artísticos lá praticados são os que caracterizam sua produção: desenho, pintura ao ar livre, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos. Dessa prática advém a sua concepção da pintura como artesanato, e da tarefa de "resolver o quadro" como o principal desafio do pintor. Mas é possível que desse ambiente provenha também a transformação das investigações da pintura moderna em esquemas compositivos tradicionais, como a utilização de fortes diagonais, o uso de uma perspectiva ascensional na organização dos elementos da paisagem, conferindo peso aos últimos planos, bem como a pincelada gestual. Características que podem ser observadas em obras como Morro do Pinho, 1948, e na aquarela Barco no Cais, 1942.
Takaoka distancia-se das polêmicas entre modernos e acadêmicos, figurativos e abstratos. Não obstante, ele é ponto de referência para a geração de artistas que seguem o concretismo e passam à abstração. Sua influência pode ser identificada em obras como o auto-retrato fotográfico de Geraldo de Barros (1923 - 1998), 1947, que apresenta elementos de pose estudada e auto-irônica presentes nos diversos auto-retratos de Takaoka, que junto com suas aquarelas sobrevivem com grande interesse.
Críticas
"Suas telas, que revelam um grafismo frio e objetivo, ocuparam muitas 'cimaises', demonstrando sempre interesses bem determinados, como o casario das cidades coloniais e o auto-retrato. Fontes européias de certo impressionismo renoiresco ao grafismo nervoso de Hodler, combinados à visualidade inata do oriental, marcaram esse pintor, que tem muitos pontos em comum com os artistas brasileiros figurativos de sua geração" — Walter Zanini (ZANINI, Walter. In: PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969).
"Poucos artistas brasileiros se dispuseram a uma dedicação total à arte como ocorreu com Yoshiya Takaoka. Talvez sua própria origem modesta o tenha levado a compenetrar-se de que tinha pela frente uma missão a cumprir. Missão de transmitir nos desenhos e nas pinturas as emoções que a natureza não cessa de oferecer à sensibilidade dos que sabem admirá-la. Takaoka soube captar com frescor e talento todos os temas que explorou sempre com poesia e domínio técnico. (...) Nas dezenas de telas, desenhos e aquarelas em que trabalhou, Takaoka enfocou cenas e aspectos de nossas cidades antigas. Não se cansava de percorrer os locais históricos como Ouro Preto, Sabará, Mariana, Tiradentes, Parati e tantos outros para recriar o que seus olhos captavam. Também era um visitador permanente dos velhos bairros de São Paulo de outros tempos, como Rossi Ozir, Mário Zanini, Rebolo e outros. Pintou sempre. Um levantamento da obra realizada pelo artista nascido em Tóquio em 1909 e que já em 1925 se fixava em São Paulo, aqui formando grupos, orientando futuros artistas e participando de alguns dos nossos principais movimentos artísticos, mostra que jamais pôs de lado a fidelidade à obra figurativa. Para muitos não foi além de um acadêmico. Ocorre que Takaoka fugia à cópia do que via à frente. Antes, dava um toque recriativo no próprio local onde esboçava suas obras. Registre-se que ele sempre foi de compor casario e paisagens onde se encontravam, pouco inventado no 'atelier'. (...) As cenas rurais e urbanas, e os cavalos - estes de modo especial - motivaram a Takaoka centenas de aquarelas e desenhos. São trabalhos de amadurecida realização e forte colorido, síntese de quase meio século de alguém voltado para uma única e exigente meta: a Arte. E nela o artista encontrou-se plenamente" — Ivo Zanini (ZANINI, Ivo. Takaoka, o pintor que recriou a natureza. In: YOSHIYA Takaoka: vida, obras, depoimentos. São Paulo: MASP, 1980. color. p. 7-8).
"Da comitiva dos artistas japoneses que formaram e afirmaram a Escola da pintura nipônica em São Paulo, hoje florida e apreciada, Yoshiya Takaoka foi o mestre. Um dos primeiros a se radicar na capital, e por isso precursor e indicador de como se ambientar e se comportar aos conterrâneos que mal andavam aparecendo. De numerosos colegas foi cordial professor aquele que, tendo extraordinária experiência na técnica pictórica e da aquarela, proporcionou aulas e auxílio. De temperamento bom, paciente, sempre pronto a prestar seus notáveis socorros em todos os sentidos, pode-se dizer que Takaoka representou na São Paulo dos anos 30 e 40, figura característica. Professor de muitos jovens, entre eles o grande Mabe quando veio de Lins, de Jorge Mori, de Wega. Sua pintura a exercitava na figura e na paisagem com bravura e sensibilidade oriental, porém muito integrada nos modos ocidentais: um japonês de espírito, desenvolvendo sua atividade na metrópole, que muito lhe deve. Respeitado, amado sinceramente por todos os que o freqüentaram, reservado, um ser que Carlyle teria colocado no setor dos tácitos silenciosos, o caro Takaoka deixa uma lembrança grata e um nome de artista entre os melhores que o Japão deu ao Brasil" — Pietro Maria Bardi (BARDI, Pietro Maria. Apresentação. In: YOSHIYA Takaoka: vida, obras, depoimentos. Edição Museu de Arte de São Paulo (São Paulo SP); apresentação Pietro Maria Bardi. São Paulo: MASP, 1980. 74p. il. p.b. color. p.5).
Exposições Individuais
1936 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1937 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Le Connoisseur
1948 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Domus
1948 - Curitiba PR - Individual
1952 - São Paulo SP - Individual, no Clube Cerejeira
1954 - São Paulo SP - Individual, no Salão do Cine Niterói
1956 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Dezon
1958 - Campos do Jordão SP - Individual
1961 - Belo Horizonte MG - Individual, no Automóvel Club
1962 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico
1963 - São Paulo SP - Individual, na Casa dos Artista Plástico
1974 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: óleos e aquarelas recentes, na A Ponte Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1935 - Rio de Janeiro RJ - Tamaki, Yoshiya Takaoka, na Livraria Le Connoisseur
1935 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na sede do Grupo no porão da ENBA
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata
1943 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e Diplomático - Palácio Itamaraty
1944 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Auto-Retratos, no MNBA
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na ENBA
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição Governador do Estado
1948 - Rio de Janeiro RJ - 54º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1949 - São Paulo SP - Exposição do Grupo 15, no IAB/SP. Departamento de São Paulo
1950 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Grupo Guanabara, na Galeria Domus
1951 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1951 - São Paulo SP - 2ª Exposição do Grupo Guanabara, no no IAB/SP. Departamento de São Paulo
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - São Paulo SP - 1º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Clube Sakura
1953 - Tóquio (Japão) - 2ª Bienal de Tóquio
1954 - Paris (França) - Salon de la Société Nationale de Beaux-Arts
1957 - São Paulo SP - 22º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Prefeitura de São Paulo
1958 - São Paulo SP - 4ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1958 - São Paulo SP - 23º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Assembléia Legislativa
1958 - São Paulo SP - 4º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Salão do Cine Niterói
1959 - São Paulo SP - 24º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Mais - Prêmio Prefeitura de São Paulo
1959 - São Paulo SP - 5ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1959 - São Paulo SP - 5º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1960 - São Paulo SP - Exposição dos Sete, no Salão da Cooperativa Agrícola de Cotia
1960 - São Paulo SP - 25º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - Prêmio Comendador Mario Dedini
1960 - São Paulo SP - 6º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1961 - São Paulo SP - 26º Salão Paulista de Belas Artes - pequena medalha de ouro
1961 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - Bragança Paulista SP - Exposição dos Seis, no Clube Dois
1962 - São Paulo SP - 27º Salão Paulista de Belas Artes - 2º Prêmio Governo do Estado de São Paulo
1963 - São Paulo SP - 7º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1964 - São Paulo SP - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1964 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no MAM/RJ
1964 - São Paulo SP - 29º Salão Paulista de Belas Artes - 1º Prêmio Governo do Estado de São Paulo
1965 - São Paulo SP - 9º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1965 - Washington (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Oakland (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Tóquio (Japão) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1966 - São Paulo SP - 31º Salão Paulista de Belas Artes - grande medalha de ouro
1966 - São Paulo SP - 10º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1966 - São Paulo SP - Artistas Nipo-Brasileiros, no MAC/USP
1968 - São Paulo SP - 12º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1969 - São Paulo SP - 13º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1970 - São Paulo SP - 14º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1971 - São Paulo SP - 36º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Governador do Estado
1972 - São Paulo SP - 1º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1973 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Tóquio(Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Osaka (Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Atami (Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Brasília DF - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - São Paulo SP - Exposição de Pintura da Feira da Indústria Japonesa, no Palácio das Convenções do Anhembi
1973 - São Paulo SP - 2º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1974 - São Paulo SP - 3º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1975 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Azulão
1975 - São Paulo SP - 4º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1976 - São Paulo SP - 5º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall
1977 - São Paulo SP - Grupo Seibi - Grupo do Santa Helena: década de 35 a 45, no MAB-FAAP
1978 - São Paulo SP - A Arte e seus Processos: o papel como suporte, na Pinacoteca do Estado
1978 - São Paulo SP - Imigração 70, no Centro Campestre do Sesc
Exposições Póstumas
1980 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: retrospectiva, no Masp
1981 - Parati RJ - Yoshiya Takaoka: retrospectiva, na Galeria Maramar
1981 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: aquarelas, no Museu Lasar Segall
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, no Acervo Galeria de Arte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Penápolis SP - 6º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação das Artes de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada M.O.A
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Rômulo Maiorana
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB-FAAP
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MNBA
1992 - São Paulo SP - Grupo Guanabara: 1950-1959, no Renato Magalhães Gouvêa - Escritório de Arte
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB-FAAP
Fonte: YOSHIYA Takaoka. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 12 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia — Wikipédia
Em Tóquio estudou com Shin Kurihara. Chegou ao Brasil em 1925, morou em Cafelândia (São Paulo), onde trabalhou na lavoura como outros imigrantes japoneses. Em 1929, já na cidade de São Paulo, para se sustentar, foi caricaturista, pintor de paredes e vendedor de pastéis. Estudou na Escola Profissional Masculina do Brás onde teve como colega Tomoo Handa. Aos poucos foi conhecendo e formando amizades com pintores brasileiros.
No ano de 1934, junto com seu inseparável amigo, o pintor Yuji Tamaki, mudou-se para o Rio de Janeiro. Ambos ingressaram no Núcleo Bernardelli, sendo orientados pelo pintor polonês Bruno Lechowski. Ainda que residindo no Rio de Janeiro, participaram do grupo Seibi-kai criado em São Paulo no ano seguinte por pintores japoneses imigrantes como eles.
Voltou a residir na capital paulista em 1944. Foi um dos primeiros a expor fora da colônia.
Foi para Paris em 1952, onde estudou mosaico com Gino Severini e frequentou a Académie de la Grande Chaumière.
Expôs na Bienal de São Paulo, no Salão Paulista e no Salão Nacional de Belas Artes. Sua obras estão no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Museu Nacional de Belas Artes, na Pinacoteca do Estado, entre outra instituições e importantes coleções particulares.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 12 de julho de 2022.
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Grupo Santa Helena
A existência do Grupo Santa Helena, e outras associações de artistas, torna-se um elemento fundamental para a consolidação da arte moderna em São Paulo nos decênios de 1930 e 1940. No entanto, sua abordagem e a compreensão como grupo não deixam de ser um desafio para os historiadores da arte brasileira. Sem programas preestabelecidos, o Santa Helena surge da união espontânea de alguns artistas que utilizam salas como ateliê no Palacete Santa Helena, antigo edifício na Praça da Sé, em São Paulo, a partir de meados de 1934. O primeiro deles é Francisco Rebolo, que instala seu escritório de empreiteiro e artista-decorador na sala número 231 e começa a pintar, em 1935. Nesse ano Mário Zanini divide a sala com Rebolo, posteriormente alugando a de número 233, compondo a célula inicial do futuro agrupamento. Em datas diversas, uniram-se a eles, por ordem de chegada, Manoel Martins, Fulvio Pennacchi, Bonadei, Clóvis Graciano, Alfredo Volpi, Humberto Rosa e Rizzotti.
O ambiente criado nas salas de trabalho é de troca mútua, dividindo-se os conhecimentos técnicos de pintura e as sessões de modelo vivo, decidindo sobre a remessa de obras aos salões e organizando as famosas excursões de fim de semana aos subúrbios da cidade para execução da pintura ao ar livre. Relativamente afastado do meio artístico da época, o grupo só foi notado em outubro de 1936 por pintores mais experientes como Rossi Osir e Vittorio Gobbis, por ocasião da mostra Exposição de Pequenos Quadros, organizada pela Sociedade Paulista de Belas Artes no Palácio das Arcadas. Mas é como participantes da Família Artística Paulista - FAP, - agremiação co-fundada e dirigida por Rossi Osir, responsável por elaboração de salões -, que ganham visibilidade pública e passam a ser conhecidos pela crítica especializada como Grupo Santa Helena. Durante a curta duração dos ateliês conjuntos no palacete da Sé, não apresentaram nenhuma exposição de seus trabalhos sob essa rubrica.
Em 1939, após visita ao 2º salão organizado pela FAP, Mário de Andrade (1893 - 1945) identifica e tenta conceituar pela primeira vez a existência de uma "escola paulista", caracterizada por seu modernismo moderado, ocupando o campo litigioso entre as experimentações formais da vanguarda dos anos 1920 e o academismo ainda vigente no meio paulistano. Como elemento de unificação entre os expositores, enfatiza a preocupação com o apuro técnico, a volta à tradição do fazer pictórico e o interesse pela representação da realidade concreta.
Somente em 1944, em texto dedicado a Clóvis Graciano, Mário de Andrade lança a tese de que a origem proletária ou da pequena burguesia é o elo e elemento determinante na plástica do grupo. O crítico afirma: " A que atribuir, portanto, as tendências coletivas de cor, de técnica geral e de assunto dessa Família Artística Paulista, até hoje rastreáveis em sua arte? A meu ver, o que caracteriza o grupo é seu proletarismo. Isso lhe determina a psicologia coletiva, e consequentemente a sua expressão". Em geral, esses artistas têm sua formação básica em escolas profissionalizantes, como o Liceu de Artes e Ofícios e a Escola Profissional Masculina do Brás. Os que estudam no exterior passam ao largo dos ateliês e escolas frequentadas pelos modernistas de 1922. Na época do Santa Helena ganham, em sua maioria, a vida como artesãos ou pintores-decoradores, o que contribui para a consciência artesanal de suas obras. A pintura de cavalete é realizada nos momentos de folga. A influência européia - principalmente do impressionismo e pós-impressionismo, do novecento italiano e do expressionismo - que se faz sentir na produção dos santelenistas se dá pela leitura de livros e revistas e por exposições que chegam do exterior.
O apego à representação da realidade leva-os a pintar principalmente paisagens, cujos focos são as vistas dos subúrbios e arredores da cidade, as praias visitadas nos fins de semana e a paisagem urbana. Percebe-se a preferência por locais anônimos no limite entre o campo e a cidade. A despeito das diferenças estilísticas entre eles, identifica-se em suas obras uma preferência por tons rebaixados, de fatura fosca, dando uma tonalidade acinzentada aos quadros. Outros gêneros foram trabalhados pelo Grupo Santa Helena, como a natureza-morta, o retrato e o auto-retrato.
Com a dissolução natural do grupo, que começa a se desfazer no fim da década de 1930, seus artistas desenvolvem, muitas vezes com resultados desiguais, carreiras individuais. Entre eles, Alfredo Volpi é com certeza o que mais se destaca. Vale notar que artistas não-pertencentes ao Santa Helena guardam semelhanças estilísticas com os integrantes do grupo. Tais semelhanças apontam, com mais força e coesão, uma nova posição artística em São Paulo, autônoma em relação ao modernismo dos anos 1920 sem ser acadêmica.
Fonte: GRUPO Santa Helena. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022.. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Guanabara
A formação do Grupo Guanabara ocorre em 1950, em torno do pintor Tikashi Fukushima. Natural do Japão, ele vem para o Brasil em 1940 e se estabelece, a princípio, no interior do Estado de São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro. Em 1949, muda-se para a capital paulista e abre uma molduraria no antigo largo Guanabara, onde é atualmente a Estação Paraíso do Metrô. A oficina torna-se ponto de encontro de artistas que vêm em busca da excelência do trabalho de molduraria realizado por Fukushima. Os encontros conduzem a ideia de criação de um espaço em que os artistas pudessem discutir seus trabalhos preservando a diversidade de tendências de seus membros.
O grupo chega a contar com 34 membros, na maioria imigrantes italianos e japoneses ou seus descendentes, entre eles artistas que pertencem ao Grupo Seibi e ao Grupo dos 15. Entre seus fundadores estão Alzira Pecorari, Armando Pecorari, Arcangelo Ianelli, Marjô, Takeshi Suzuki, Tikashi Fukushima, Tomoo Handa, Yoshiya Takaoka, Tamaki. Posteriormente outros artistas se integram ao grupo, como Alina Okinaka, Hideomi Ohara, Ismenia Coaracy,Takahashi, Manabu Mabe, Masanosuke Hashimoto, Massao Okinaka, Thomaz, Tsukika Okayama e Wega Nery. Outros como Oswald de Andrade Filho e Tomie Ohtake, participam eventualmente das exposições realizadas pelo grupo.
Em sua trajetória o grupo promove cinco exposições coletivas. A primeira delas em 1950, na Galeria Domus. Osório César e Ibiapaba Martins, dois críticos do período, dão um destaque especial à mostra. A segunda, em 1951, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/SP, reúne obras recusadas no 16º Salão Paulista de Belas Artes. O crítico de arte Quirino da Silva defende os artistas e divulga o evento no jornal Diário da Noite. A terceira ocorre em 1953, no ateliê de Fukushima, não tem muita divulgação nem alcança muita repercussão. Em 1958, a quarta exposição é realizada na Associação Cristã de Moços - ACM. É a mais divulgada delas, conta com publicação de catálogo e palestras dos críticos Lourival Gomes Machado e Sérgio Milliet. A última mostra é realizada em 1959, praticamente uma reedição da anterior, montada no mesmo local.
Após dez anos de atividade, o grupo se desfaz. Em 1992, o Escritório de Arte Magalhães Gouveia organiza uma retrospectiva do grupo.
Fonte: GRUPO Guanabara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7.
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Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906-1996), Hajime Higaki (1908-1998), Shigeto Tanaka (1910-1970), Kiyoji Tomioka (1844-1985), Takahashi (1908-1977), Yuji Tamaki (1916-1979), Yoshiya Takaoka (1909-1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907-1971), Francisco Rebolo (1902-1980), Fulvio Pennacchi (1905-1992) e Clóvis Graciano (1907-1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersou, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924-1997), Tikashi Fukushima (1920-2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913-2015) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: AUTO-RETRATO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Yoshiya Takaoka (Tóquio, Japão, 11 de junho de 1909 - São Paulo, SP, 11 de agosto de 1978) foi um pintor, desenhista, caricaturista e cenógrafo japonês. Aprendeu pintura com Shin Kurihara, em Tóquio, Japão, entre 1921 e 1925. Veio para o Brasil em 1925, e no ano seguinte iniciou a formação artística na Escola Profissional Masculina, juntamente com Tomioka, Handa e Tamaki. Entre 1952 e 1954, vai para Paris, França, onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e o curso Leonardo da Vinci, no qual estuda a técnica de mosaico com Gino Severini. Pintor de paisagens urbanas e litorâneas do Brasil, Takaoka foi premiado por diversas vezes, entre elas o 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na Sede do Grupo, Rio de Janeiro, 1935; 44º Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1938 - medalha de prata; 1ª Exposição de Autorretratos, no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1944; Salão Paulista de Belas Artes, São Paulo, várias edições entre 1946 e 1971; 1ª e 5ª Bienal Internacional de São Paulo, 1951 e 1959; Grupo Seibi - Grupo do Santa Helena: década de 35 a 45, no MAB/Faap, São Paulo, 1977. Após a sua morte, sua obra participou de várias mostras: Yoshiya Takaoka: retrospectiva, no Masp, São Paulo, 1980; Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal de São Paulo, 1984 e Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira, São Paulo, 1998.
Biografia – Itaú Cultural
Aprendeu pintura com Shin Kurihara, em Tóquio, entre 1921 e 1925. Em 1925, veio com a família para o Brasil para trabalhar na lavoura de café. Atua como pintor de paredes e caricaturista.
Em São Paulo, de 1926 a 1929, cursou a Escola Profissional Masculina do Brás e, a partir de 1931, frequentou o Grupo Santa Helena. Transfere-se, em 1934, para o Rio de Janeiro, onde aperfeiçoa sua pintura com Bruno Lechowski (1887 - 1941) e na Escola Nacional de Belas Artes - Enba.
Integrou o Núcleo Bernardelli ao lado de José Pancetti (1902 - 1958), Edson Motta (1910 - 1981) e Milton Dacosta (1915 - 1988), entre outros. Participa de sua quarta exposição, em 1935. Nesse ano, faz parte do Grupo Seibi, de São Paulo, formado por artistas de origem japonesa. Voltou a viver na capital paulista em 1944.
Em 1948, forma o Grupo 15 ou "do Jacaré", com Tomoo Handa (1906 - 1996), Tamaki (1916 - 1979), Flavio Shiró (1928), Antônio Carelli (1926), Geraldo de Barros (1923 - 1998) e outros.
De 1950 a 1959, integrou o Grupo Guanabara, em São Paulo. Participou das edições de 1951 e 1959 da Bienal Internacional de São Paulo. Entre 1952 e 1954, vive em Paris, onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e estuda mosaico com Gino Severini (1883 - 1966), no curso Leonardo da Vinci. Participou da 1ª Bienal de Tóquio, em 1953. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP faz mostra em sua homenagem em 1955 e 1980.
Análise
Pintor de paisagens urbanas e litorâneas do Brasil, Yoshiya Takaoka tem um papel importante como formador e agitador cultural. Atua nas principais agremiações artísticas dos anos 1930 até 1950. Convive com os artistas do Grupo Santa Helena, com quem desenvolve afinidades, sobretudo o interesse pelo pós-impressionismo e pela pintura italiana. Mas, insatisfeito com o meio artístico paulistano, decide estudar pintura no Rio de Janeiro. Frequentou a Escola Nacional de Belas Artes - Enba e tem aulas com Bruno Lechowski (1887 - 1941), de quem recebe ensinamentos sobre a pintura européia.
Participa do ateliê livre do Núcleo Bernardelli, partilhando o interesse do grupo pelo "fazer artístico", mais do que por questões políticas ou intelectuais, tão marcantes no contexto da década de 1930. Os gêneros artísticos lá praticados são os que caracterizam sua produção: desenho, pintura ao ar livre, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos. Dessa prática advém a sua concepção da pintura como artesanato, e da tarefa de "resolver o quadro" como o principal desafio do pintor. Mas é possível que desse ambiente provenha também a transformação das investigações da pintura moderna em esquemas compositivos tradicionais, como a utilização de fortes diagonais, o uso de uma perspectiva ascensional na organização dos elementos da paisagem, conferindo peso aos últimos planos, bem como a pincelada gestual. Características que podem ser observadas em obras como Morro do Pinho, 1948, e na aquarela Barco no Cais, 1942.
Takaoka distancia-se das polêmicas entre modernos e acadêmicos, figurativos e abstratos. Não obstante, ele é ponto de referência para a geração de artistas que seguem o concretismo e passam à abstração. Sua influência pode ser identificada em obras como o auto-retrato fotográfico de Geraldo de Barros (1923 - 1998), 1947, que apresenta elementos de pose estudada e auto-irônica presentes nos diversos auto-retratos de Takaoka, que junto com suas aquarelas sobrevivem com grande interesse.
Críticas
"Suas telas, que revelam um grafismo frio e objetivo, ocuparam muitas 'cimaises', demonstrando sempre interesses bem determinados, como o casario das cidades coloniais e o auto-retrato. Fontes européias de certo impressionismo renoiresco ao grafismo nervoso de Hodler, combinados à visualidade inata do oriental, marcaram esse pintor, que tem muitos pontos em comum com os artistas brasileiros figurativos de sua geração" — Walter Zanini (ZANINI, Walter. In: PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969).
"Poucos artistas brasileiros se dispuseram a uma dedicação total à arte como ocorreu com Yoshiya Takaoka. Talvez sua própria origem modesta o tenha levado a compenetrar-se de que tinha pela frente uma missão a cumprir. Missão de transmitir nos desenhos e nas pinturas as emoções que a natureza não cessa de oferecer à sensibilidade dos que sabem admirá-la. Takaoka soube captar com frescor e talento todos os temas que explorou sempre com poesia e domínio técnico. (...) Nas dezenas de telas, desenhos e aquarelas em que trabalhou, Takaoka enfocou cenas e aspectos de nossas cidades antigas. Não se cansava de percorrer os locais históricos como Ouro Preto, Sabará, Mariana, Tiradentes, Parati e tantos outros para recriar o que seus olhos captavam. Também era um visitador permanente dos velhos bairros de São Paulo de outros tempos, como Rossi Ozir, Mário Zanini, Rebolo e outros. Pintou sempre. Um levantamento da obra realizada pelo artista nascido em Tóquio em 1909 e que já em 1925 se fixava em São Paulo, aqui formando grupos, orientando futuros artistas e participando de alguns dos nossos principais movimentos artísticos, mostra que jamais pôs de lado a fidelidade à obra figurativa. Para muitos não foi além de um acadêmico. Ocorre que Takaoka fugia à cópia do que via à frente. Antes, dava um toque recriativo no próprio local onde esboçava suas obras. Registre-se que ele sempre foi de compor casario e paisagens onde se encontravam, pouco inventado no 'atelier'. (...) As cenas rurais e urbanas, e os cavalos - estes de modo especial - motivaram a Takaoka centenas de aquarelas e desenhos. São trabalhos de amadurecida realização e forte colorido, síntese de quase meio século de alguém voltado para uma única e exigente meta: a Arte. E nela o artista encontrou-se plenamente" — Ivo Zanini (ZANINI, Ivo. Takaoka, o pintor que recriou a natureza. In: YOSHIYA Takaoka: vida, obras, depoimentos. São Paulo: MASP, 1980. color. p. 7-8).
"Da comitiva dos artistas japoneses que formaram e afirmaram a Escola da pintura nipônica em São Paulo, hoje florida e apreciada, Yoshiya Takaoka foi o mestre. Um dos primeiros a se radicar na capital, e por isso precursor e indicador de como se ambientar e se comportar aos conterrâneos que mal andavam aparecendo. De numerosos colegas foi cordial professor aquele que, tendo extraordinária experiência na técnica pictórica e da aquarela, proporcionou aulas e auxílio. De temperamento bom, paciente, sempre pronto a prestar seus notáveis socorros em todos os sentidos, pode-se dizer que Takaoka representou na São Paulo dos anos 30 e 40, figura característica. Professor de muitos jovens, entre eles o grande Mabe quando veio de Lins, de Jorge Mori, de Wega. Sua pintura a exercitava na figura e na paisagem com bravura e sensibilidade oriental, porém muito integrada nos modos ocidentais: um japonês de espírito, desenvolvendo sua atividade na metrópole, que muito lhe deve. Respeitado, amado sinceramente por todos os que o freqüentaram, reservado, um ser que Carlyle teria colocado no setor dos tácitos silenciosos, o caro Takaoka deixa uma lembrança grata e um nome de artista entre os melhores que o Japão deu ao Brasil" — Pietro Maria Bardi (BARDI, Pietro Maria. Apresentação. In: YOSHIYA Takaoka: vida, obras, depoimentos. Edição Museu de Arte de São Paulo (São Paulo SP); apresentação Pietro Maria Bardi. São Paulo: MASP, 1980. 74p. il. p.b. color. p.5).
Exposições Individuais
1936 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1937 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Le Connoisseur
1948 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Domus
1948 - Curitiba PR - Individual
1952 - São Paulo SP - Individual, no Clube Cerejeira
1954 - São Paulo SP - Individual, no Salão do Cine Niterói
1956 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Dezon
1958 - Campos do Jordão SP - Individual
1961 - Belo Horizonte MG - Individual, no Automóvel Club
1962 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico
1963 - São Paulo SP - Individual, na Casa dos Artista Plástico
1974 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: óleos e aquarelas recentes, na A Ponte Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1935 - Rio de Janeiro RJ - Tamaki, Yoshiya Takaoka, na Livraria Le Connoisseur
1935 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na sede do Grupo no porão da ENBA
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata
1943 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e Diplomático - Palácio Itamaraty
1944 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Auto-Retratos, no MNBA
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na ENBA
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição Governador do Estado
1948 - Rio de Janeiro RJ - 54º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1949 - São Paulo SP - Exposição do Grupo 15, no IAB/SP. Departamento de São Paulo
1950 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Grupo Guanabara, na Galeria Domus
1951 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1951 - São Paulo SP - 2ª Exposição do Grupo Guanabara, no no IAB/SP. Departamento de São Paulo
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - São Paulo SP - 1º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Clube Sakura
1953 - Tóquio (Japão) - 2ª Bienal de Tóquio
1954 - Paris (França) - Salon de la Société Nationale de Beaux-Arts
1957 - São Paulo SP - 22º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Prefeitura de São Paulo
1958 - São Paulo SP - 4ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1958 - São Paulo SP - 23º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Assembléia Legislativa
1958 - São Paulo SP - 4º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Salão do Cine Niterói
1959 - São Paulo SP - 24º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Mais - Prêmio Prefeitura de São Paulo
1959 - São Paulo SP - 5ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1959 - São Paulo SP - 5º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1960 - São Paulo SP - Exposição dos Sete, no Salão da Cooperativa Agrícola de Cotia
1960 - São Paulo SP - 25º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - Prêmio Comendador Mario Dedini
1960 - São Paulo SP - 6º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1961 - São Paulo SP - 26º Salão Paulista de Belas Artes - pequena medalha de ouro
1961 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - Bragança Paulista SP - Exposição dos Seis, no Clube Dois
1962 - São Paulo SP - 27º Salão Paulista de Belas Artes - 2º Prêmio Governo do Estado de São Paulo
1963 - São Paulo SP - 7º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1964 - São Paulo SP - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1964 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no MAM/RJ
1964 - São Paulo SP - 29º Salão Paulista de Belas Artes - 1º Prêmio Governo do Estado de São Paulo
1965 - São Paulo SP - 9º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1965 - Washington (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Oakland (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Tóquio (Japão) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1966 - São Paulo SP - 31º Salão Paulista de Belas Artes - grande medalha de ouro
1966 - São Paulo SP - 10º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1966 - São Paulo SP - Artistas Nipo-Brasileiros, no MAC/USP
1968 - São Paulo SP - 12º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1969 - São Paulo SP - 13º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1970 - São Paulo SP - 14º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1971 - São Paulo SP - 36º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Governador do Estado
1972 - São Paulo SP - 1º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1973 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Tóquio(Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Osaka (Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Atami (Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Brasília DF - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - São Paulo SP - Exposição de Pintura da Feira da Indústria Japonesa, no Palácio das Convenções do Anhembi
1973 - São Paulo SP - 2º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1974 - São Paulo SP - 3º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1975 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Azulão
1975 - São Paulo SP - 4º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1976 - São Paulo SP - 5º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall
1977 - São Paulo SP - Grupo Seibi - Grupo do Santa Helena: década de 35 a 45, no MAB-FAAP
1978 - São Paulo SP - A Arte e seus Processos: o papel como suporte, na Pinacoteca do Estado
1978 - São Paulo SP - Imigração 70, no Centro Campestre do Sesc
Exposições Póstumas
1980 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: retrospectiva, no Masp
1981 - Parati RJ - Yoshiya Takaoka: retrospectiva, na Galeria Maramar
1981 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: aquarelas, no Museu Lasar Segall
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, no Acervo Galeria de Arte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Penápolis SP - 6º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação das Artes de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada M.O.A
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Rômulo Maiorana
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB-FAAP
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MNBA
1992 - São Paulo SP - Grupo Guanabara: 1950-1959, no Renato Magalhães Gouvêa - Escritório de Arte
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB-FAAP
Fonte: YOSHIYA Takaoka. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 12 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia — Wikipédia
Em Tóquio estudou com Shin Kurihara. Chegou ao Brasil em 1925, morou em Cafelândia (São Paulo), onde trabalhou na lavoura como outros imigrantes japoneses. Em 1929, já na cidade de São Paulo, para se sustentar, foi caricaturista, pintor de paredes e vendedor de pastéis. Estudou na Escola Profissional Masculina do Brás onde teve como colega Tomoo Handa. Aos poucos foi conhecendo e formando amizades com pintores brasileiros.
No ano de 1934, junto com seu inseparável amigo, o pintor Yuji Tamaki, mudou-se para o Rio de Janeiro. Ambos ingressaram no Núcleo Bernardelli, sendo orientados pelo pintor polonês Bruno Lechowski. Ainda que residindo no Rio de Janeiro, participaram do grupo Seibi-kai criado em São Paulo no ano seguinte por pintores japoneses imigrantes como eles.
Voltou a residir na capital paulista em 1944. Foi um dos primeiros a expor fora da colônia.
Foi para Paris em 1952, onde estudou mosaico com Gino Severini e frequentou a Académie de la Grande Chaumière.
Expôs na Bienal de São Paulo, no Salão Paulista e no Salão Nacional de Belas Artes. Sua obras estão no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Museu Nacional de Belas Artes, na Pinacoteca do Estado, entre outra instituições e importantes coleções particulares.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 12 de julho de 2022.
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Grupo Santa Helena
A existência do Grupo Santa Helena, e outras associações de artistas, torna-se um elemento fundamental para a consolidação da arte moderna em São Paulo nos decênios de 1930 e 1940. No entanto, sua abordagem e a compreensão como grupo não deixam de ser um desafio para os historiadores da arte brasileira. Sem programas preestabelecidos, o Santa Helena surge da união espontânea de alguns artistas que utilizam salas como ateliê no Palacete Santa Helena, antigo edifício na Praça da Sé, em São Paulo, a partir de meados de 1934. O primeiro deles é Francisco Rebolo, que instala seu escritório de empreiteiro e artista-decorador na sala número 231 e começa a pintar, em 1935. Nesse ano Mário Zanini divide a sala com Rebolo, posteriormente alugando a de número 233, compondo a célula inicial do futuro agrupamento. Em datas diversas, uniram-se a eles, por ordem de chegada, Manoel Martins, Fulvio Pennacchi, Bonadei, Clóvis Graciano, Alfredo Volpi, Humberto Rosa e Rizzotti.
O ambiente criado nas salas de trabalho é de troca mútua, dividindo-se os conhecimentos técnicos de pintura e as sessões de modelo vivo, decidindo sobre a remessa de obras aos salões e organizando as famosas excursões de fim de semana aos subúrbios da cidade para execução da pintura ao ar livre. Relativamente afastado do meio artístico da época, o grupo só foi notado em outubro de 1936 por pintores mais experientes como Rossi Osir e Vittorio Gobbis, por ocasião da mostra Exposição de Pequenos Quadros, organizada pela Sociedade Paulista de Belas Artes no Palácio das Arcadas. Mas é como participantes da Família Artística Paulista - FAP, - agremiação co-fundada e dirigida por Rossi Osir, responsável por elaboração de salões -, que ganham visibilidade pública e passam a ser conhecidos pela crítica especializada como Grupo Santa Helena. Durante a curta duração dos ateliês conjuntos no palacete da Sé, não apresentaram nenhuma exposição de seus trabalhos sob essa rubrica.
Em 1939, após visita ao 2º salão organizado pela FAP, Mário de Andrade (1893 - 1945) identifica e tenta conceituar pela primeira vez a existência de uma "escola paulista", caracterizada por seu modernismo moderado, ocupando o campo litigioso entre as experimentações formais da vanguarda dos anos 1920 e o academismo ainda vigente no meio paulistano. Como elemento de unificação entre os expositores, enfatiza a preocupação com o apuro técnico, a volta à tradição do fazer pictórico e o interesse pela representação da realidade concreta.
Somente em 1944, em texto dedicado a Clóvis Graciano, Mário de Andrade lança a tese de que a origem proletária ou da pequena burguesia é o elo e elemento determinante na plástica do grupo. O crítico afirma: " A que atribuir, portanto, as tendências coletivas de cor, de técnica geral e de assunto dessa Família Artística Paulista, até hoje rastreáveis em sua arte? A meu ver, o que caracteriza o grupo é seu proletarismo. Isso lhe determina a psicologia coletiva, e consequentemente a sua expressão". Em geral, esses artistas têm sua formação básica em escolas profissionalizantes, como o Liceu de Artes e Ofícios e a Escola Profissional Masculina do Brás. Os que estudam no exterior passam ao largo dos ateliês e escolas frequentadas pelos modernistas de 1922. Na época do Santa Helena ganham, em sua maioria, a vida como artesãos ou pintores-decoradores, o que contribui para a consciência artesanal de suas obras. A pintura de cavalete é realizada nos momentos de folga. A influência européia - principalmente do impressionismo e pós-impressionismo, do novecento italiano e do expressionismo - que se faz sentir na produção dos santelenistas se dá pela leitura de livros e revistas e por exposições que chegam do exterior.
O apego à representação da realidade leva-os a pintar principalmente paisagens, cujos focos são as vistas dos subúrbios e arredores da cidade, as praias visitadas nos fins de semana e a paisagem urbana. Percebe-se a preferência por locais anônimos no limite entre o campo e a cidade. A despeito das diferenças estilísticas entre eles, identifica-se em suas obras uma preferência por tons rebaixados, de fatura fosca, dando uma tonalidade acinzentada aos quadros. Outros gêneros foram trabalhados pelo Grupo Santa Helena, como a natureza-morta, o retrato e o auto-retrato.
Com a dissolução natural do grupo, que começa a se desfazer no fim da década de 1930, seus artistas desenvolvem, muitas vezes com resultados desiguais, carreiras individuais. Entre eles, Alfredo Volpi é com certeza o que mais se destaca. Vale notar que artistas não-pertencentes ao Santa Helena guardam semelhanças estilísticas com os integrantes do grupo. Tais semelhanças apontam, com mais força e coesão, uma nova posição artística em São Paulo, autônoma em relação ao modernismo dos anos 1920 sem ser acadêmica.
Fonte: GRUPO Santa Helena. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022.. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Guanabara
A formação do Grupo Guanabara ocorre em 1950, em torno do pintor Tikashi Fukushima. Natural do Japão, ele vem para o Brasil em 1940 e se estabelece, a princípio, no interior do Estado de São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro. Em 1949, muda-se para a capital paulista e abre uma molduraria no antigo largo Guanabara, onde é atualmente a Estação Paraíso do Metrô. A oficina torna-se ponto de encontro de artistas que vêm em busca da excelência do trabalho de molduraria realizado por Fukushima. Os encontros conduzem a ideia de criação de um espaço em que os artistas pudessem discutir seus trabalhos preservando a diversidade de tendências de seus membros.
O grupo chega a contar com 34 membros, na maioria imigrantes italianos e japoneses ou seus descendentes, entre eles artistas que pertencem ao Grupo Seibi e ao Grupo dos 15. Entre seus fundadores estão Alzira Pecorari, Armando Pecorari, Arcangelo Ianelli, Marjô, Takeshi Suzuki, Tikashi Fukushima, Tomoo Handa, Yoshiya Takaoka, Tamaki. Posteriormente outros artistas se integram ao grupo, como Alina Okinaka, Hideomi Ohara, Ismenia Coaracy,Takahashi, Manabu Mabe, Masanosuke Hashimoto, Massao Okinaka, Thomaz, Tsukika Okayama e Wega Nery. Outros como Oswald de Andrade Filho e Tomie Ohtake, participam eventualmente das exposições realizadas pelo grupo.
Em sua trajetória o grupo promove cinco exposições coletivas. A primeira delas em 1950, na Galeria Domus. Osório César e Ibiapaba Martins, dois críticos do período, dão um destaque especial à mostra. A segunda, em 1951, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/SP, reúne obras recusadas no 16º Salão Paulista de Belas Artes. O crítico de arte Quirino da Silva defende os artistas e divulga o evento no jornal Diário da Noite. A terceira ocorre em 1953, no ateliê de Fukushima, não tem muita divulgação nem alcança muita repercussão. Em 1958, a quarta exposição é realizada na Associação Cristã de Moços - ACM. É a mais divulgada delas, conta com publicação de catálogo e palestras dos críticos Lourival Gomes Machado e Sérgio Milliet. A última mostra é realizada em 1959, praticamente uma reedição da anterior, montada no mesmo local.
Após dez anos de atividade, o grupo se desfaz. Em 1992, o Escritório de Arte Magalhães Gouveia organiza uma retrospectiva do grupo.
Fonte: GRUPO Guanabara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7.
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Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906-1996), Hajime Higaki (1908-1998), Shigeto Tanaka (1910-1970), Kiyoji Tomioka (1844-1985), Takahashi (1908-1977), Yuji Tamaki (1916-1979), Yoshiya Takaoka (1909-1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907-1971), Francisco Rebolo (1902-1980), Fulvio Pennacchi (1905-1992) e Clóvis Graciano (1907-1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersou, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924-1997), Tikashi Fukushima (1920-2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913-2015) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: AUTO-RETRATO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Yoshiya Takaoka (Tóquio, Japão, 11 de junho de 1909 - São Paulo, SP, 11 de agosto de 1978) foi um pintor, desenhista, caricaturista e cenógrafo japonês. Aprendeu pintura com Shin Kurihara, em Tóquio, Japão, entre 1921 e 1925. Veio para o Brasil em 1925, e no ano seguinte iniciou a formação artística na Escola Profissional Masculina, juntamente com Tomioka, Handa e Tamaki. Entre 1952 e 1954, vai para Paris, França, onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e o curso Leonardo da Vinci, no qual estuda a técnica de mosaico com Gino Severini. Pintor de paisagens urbanas e litorâneas do Brasil, Takaoka foi premiado por diversas vezes, entre elas o 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na Sede do Grupo, Rio de Janeiro, 1935; 44º Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1938 - medalha de prata; 1ª Exposição de Autorretratos, no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1944; Salão Paulista de Belas Artes, São Paulo, várias edições entre 1946 e 1971; 1ª e 5ª Bienal Internacional de São Paulo, 1951 e 1959; Grupo Seibi - Grupo do Santa Helena: década de 35 a 45, no MAB/Faap, São Paulo, 1977. Após a sua morte, sua obra participou de várias mostras: Yoshiya Takaoka: retrospectiva, no Masp, São Paulo, 1980; Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal de São Paulo, 1984 e Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira, São Paulo, 1998.
Biografia – Itaú Cultural
Aprendeu pintura com Shin Kurihara, em Tóquio, entre 1921 e 1925. Em 1925, veio com a família para o Brasil para trabalhar na lavoura de café. Atua como pintor de paredes e caricaturista.
Em São Paulo, de 1926 a 1929, cursou a Escola Profissional Masculina do Brás e, a partir de 1931, frequentou o Grupo Santa Helena. Transfere-se, em 1934, para o Rio de Janeiro, onde aperfeiçoa sua pintura com Bruno Lechowski (1887 - 1941) e na Escola Nacional de Belas Artes - Enba.
Integrou o Núcleo Bernardelli ao lado de José Pancetti (1902 - 1958), Edson Motta (1910 - 1981) e Milton Dacosta (1915 - 1988), entre outros. Participa de sua quarta exposição, em 1935. Nesse ano, faz parte do Grupo Seibi, de São Paulo, formado por artistas de origem japonesa. Voltou a viver na capital paulista em 1944.
Em 1948, forma o Grupo 15 ou "do Jacaré", com Tomoo Handa (1906 - 1996), Tamaki (1916 - 1979), Flavio Shiró (1928), Antônio Carelli (1926), Geraldo de Barros (1923 - 1998) e outros.
De 1950 a 1959, integrou o Grupo Guanabara, em São Paulo. Participou das edições de 1951 e 1959 da Bienal Internacional de São Paulo. Entre 1952 e 1954, vive em Paris, onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e estuda mosaico com Gino Severini (1883 - 1966), no curso Leonardo da Vinci. Participou da 1ª Bienal de Tóquio, em 1953. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP faz mostra em sua homenagem em 1955 e 1980.
Análise
Pintor de paisagens urbanas e litorâneas do Brasil, Yoshiya Takaoka tem um papel importante como formador e agitador cultural. Atua nas principais agremiações artísticas dos anos 1930 até 1950. Convive com os artistas do Grupo Santa Helena, com quem desenvolve afinidades, sobretudo o interesse pelo pós-impressionismo e pela pintura italiana. Mas, insatisfeito com o meio artístico paulistano, decide estudar pintura no Rio de Janeiro. Frequentou a Escola Nacional de Belas Artes - Enba e tem aulas com Bruno Lechowski (1887 - 1941), de quem recebe ensinamentos sobre a pintura européia.
Participa do ateliê livre do Núcleo Bernardelli, partilhando o interesse do grupo pelo "fazer artístico", mais do que por questões políticas ou intelectuais, tão marcantes no contexto da década de 1930. Os gêneros artísticos lá praticados são os que caracterizam sua produção: desenho, pintura ao ar livre, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos. Dessa prática advém a sua concepção da pintura como artesanato, e da tarefa de "resolver o quadro" como o principal desafio do pintor. Mas é possível que desse ambiente provenha também a transformação das investigações da pintura moderna em esquemas compositivos tradicionais, como a utilização de fortes diagonais, o uso de uma perspectiva ascensional na organização dos elementos da paisagem, conferindo peso aos últimos planos, bem como a pincelada gestual. Características que podem ser observadas em obras como Morro do Pinho, 1948, e na aquarela Barco no Cais, 1942.
Takaoka distancia-se das polêmicas entre modernos e acadêmicos, figurativos e abstratos. Não obstante, ele é ponto de referência para a geração de artistas que seguem o concretismo e passam à abstração. Sua influência pode ser identificada em obras como o auto-retrato fotográfico de Geraldo de Barros (1923 - 1998), 1947, que apresenta elementos de pose estudada e auto-irônica presentes nos diversos auto-retratos de Takaoka, que junto com suas aquarelas sobrevivem com grande interesse.
Críticas
"Suas telas, que revelam um grafismo frio e objetivo, ocuparam muitas 'cimaises', demonstrando sempre interesses bem determinados, como o casario das cidades coloniais e o auto-retrato. Fontes européias de certo impressionismo renoiresco ao grafismo nervoso de Hodler, combinados à visualidade inata do oriental, marcaram esse pintor, que tem muitos pontos em comum com os artistas brasileiros figurativos de sua geração" — Walter Zanini (ZANINI, Walter. In: PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969).
"Poucos artistas brasileiros se dispuseram a uma dedicação total à arte como ocorreu com Yoshiya Takaoka. Talvez sua própria origem modesta o tenha levado a compenetrar-se de que tinha pela frente uma missão a cumprir. Missão de transmitir nos desenhos e nas pinturas as emoções que a natureza não cessa de oferecer à sensibilidade dos que sabem admirá-la. Takaoka soube captar com frescor e talento todos os temas que explorou sempre com poesia e domínio técnico. (...) Nas dezenas de telas, desenhos e aquarelas em que trabalhou, Takaoka enfocou cenas e aspectos de nossas cidades antigas. Não se cansava de percorrer os locais históricos como Ouro Preto, Sabará, Mariana, Tiradentes, Parati e tantos outros para recriar o que seus olhos captavam. Também era um visitador permanente dos velhos bairros de São Paulo de outros tempos, como Rossi Ozir, Mário Zanini, Rebolo e outros. Pintou sempre. Um levantamento da obra realizada pelo artista nascido em Tóquio em 1909 e que já em 1925 se fixava em São Paulo, aqui formando grupos, orientando futuros artistas e participando de alguns dos nossos principais movimentos artísticos, mostra que jamais pôs de lado a fidelidade à obra figurativa. Para muitos não foi além de um acadêmico. Ocorre que Takaoka fugia à cópia do que via à frente. Antes, dava um toque recriativo no próprio local onde esboçava suas obras. Registre-se que ele sempre foi de compor casario e paisagens onde se encontravam, pouco inventado no 'atelier'. (...) As cenas rurais e urbanas, e os cavalos - estes de modo especial - motivaram a Takaoka centenas de aquarelas e desenhos. São trabalhos de amadurecida realização e forte colorido, síntese de quase meio século de alguém voltado para uma única e exigente meta: a Arte. E nela o artista encontrou-se plenamente" — Ivo Zanini (ZANINI, Ivo. Takaoka, o pintor que recriou a natureza. In: YOSHIYA Takaoka: vida, obras, depoimentos. São Paulo: MASP, 1980. color. p. 7-8).
"Da comitiva dos artistas japoneses que formaram e afirmaram a Escola da pintura nipônica em São Paulo, hoje florida e apreciada, Yoshiya Takaoka foi o mestre. Um dos primeiros a se radicar na capital, e por isso precursor e indicador de como se ambientar e se comportar aos conterrâneos que mal andavam aparecendo. De numerosos colegas foi cordial professor aquele que, tendo extraordinária experiência na técnica pictórica e da aquarela, proporcionou aulas e auxílio. De temperamento bom, paciente, sempre pronto a prestar seus notáveis socorros em todos os sentidos, pode-se dizer que Takaoka representou na São Paulo dos anos 30 e 40, figura característica. Professor de muitos jovens, entre eles o grande Mabe quando veio de Lins, de Jorge Mori, de Wega. Sua pintura a exercitava na figura e na paisagem com bravura e sensibilidade oriental, porém muito integrada nos modos ocidentais: um japonês de espírito, desenvolvendo sua atividade na metrópole, que muito lhe deve. Respeitado, amado sinceramente por todos os que o freqüentaram, reservado, um ser que Carlyle teria colocado no setor dos tácitos silenciosos, o caro Takaoka deixa uma lembrança grata e um nome de artista entre os melhores que o Japão deu ao Brasil" — Pietro Maria Bardi (BARDI, Pietro Maria. Apresentação. In: YOSHIYA Takaoka: vida, obras, depoimentos. Edição Museu de Arte de São Paulo (São Paulo SP); apresentação Pietro Maria Bardi. São Paulo: MASP, 1980. 74p. il. p.b. color. p.5).
Exposições Individuais
1936 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1937 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Le Connoisseur
1948 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Domus
1948 - Curitiba PR - Individual
1952 - São Paulo SP - Individual, no Clube Cerejeira
1954 - São Paulo SP - Individual, no Salão do Cine Niterói
1956 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Dezon
1958 - Campos do Jordão SP - Individual
1961 - Belo Horizonte MG - Individual, no Automóvel Club
1962 - São Paulo SP - Individual, na Casa do Artista Plástico
1963 - São Paulo SP - Individual, na Casa dos Artista Plástico
1974 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: óleos e aquarelas recentes, na A Ponte Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1935 - Rio de Janeiro RJ - Tamaki, Yoshiya Takaoka, na Livraria Le Connoisseur
1935 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na sede do Grupo no porão da ENBA
1937 - Rio de Janeiro RJ - 43º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata
1943 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Anti-Eixo, no Museu Histórico e Diplomático - Palácio Itamaraty
1944 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Auto-Retratos, no MNBA
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na ENBA
1946 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição Governador do Estado
1948 - Rio de Janeiro RJ - 54º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1949 - São Paulo SP - Exposição do Grupo 15, no IAB/SP. Departamento de São Paulo
1950 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Grupo Guanabara, na Galeria Domus
1951 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1951 - São Paulo SP - 2ª Exposição do Grupo Guanabara, no no IAB/SP. Departamento de São Paulo
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - São Paulo SP - 1º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Clube Sakura
1953 - Tóquio (Japão) - 2ª Bienal de Tóquio
1954 - Paris (França) - Salon de la Société Nationale de Beaux-Arts
1957 - São Paulo SP - 22º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Prefeitura de São Paulo
1958 - São Paulo SP - 4ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1958 - São Paulo SP - 23º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Assembléia Legislativa
1958 - São Paulo SP - 4º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Salão do Cine Niterói
1959 - São Paulo SP - 24º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Mais - Prêmio Prefeitura de São Paulo
1959 - São Paulo SP - 5ª Exposição do Grupo Guanabara, na ACM
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1959 - São Paulo SP - 5º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1960 - São Paulo SP - Exposição dos Sete, no Salão da Cooperativa Agrícola de Cotia
1960 - São Paulo SP - 25º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - Prêmio Comendador Mario Dedini
1960 - São Paulo SP - 6º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1961 - São Paulo SP - 26º Salão Paulista de Belas Artes - pequena medalha de ouro
1961 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - Bragança Paulista SP - Exposição dos Seis, no Clube Dois
1962 - São Paulo SP - 27º Salão Paulista de Belas Artes - 2º Prêmio Governo do Estado de São Paulo
1963 - São Paulo SP - 7º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1964 - São Paulo SP - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1964 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no MAM/RJ
1964 - São Paulo SP - 29º Salão Paulista de Belas Artes - 1º Prêmio Governo do Estado de São Paulo
1965 - São Paulo SP - 9º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1965 - Washington (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Oakland (Estados Unidos) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1965 - Tóquio (Japão) - Nippo-Brazilian Paintings Today
1966 - São Paulo SP - 31º Salão Paulista de Belas Artes - grande medalha de ouro
1966 - São Paulo SP - 10º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Paulista de Cultura Japonesa
1966 - São Paulo SP - Artistas Nipo-Brasileiros, no MAC/USP
1968 - São Paulo SP - 12º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1969 - São Paulo SP - 13º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1970 - São Paulo SP - 14º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1971 - São Paulo SP - 36º Salão Paulista de Belas Artes - Prêmio Governador do Estado
1972 - São Paulo SP - 1º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1973 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Tóquio(Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Osaka (Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Atami (Japão) - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - Brasília DF - 1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1973 - São Paulo SP - Exposição de Pintura da Feira da Indústria Japonesa, no Palácio das Convenções do Anhembi
1973 - São Paulo SP - 2º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1974 - São Paulo SP - 3º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1975 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Azulão
1975 - São Paulo SP - 4º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1976 - São Paulo SP - 5º Salão Bunkyo, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall
1977 - São Paulo SP - Grupo Seibi - Grupo do Santa Helena: década de 35 a 45, no MAB-FAAP
1978 - São Paulo SP - A Arte e seus Processos: o papel como suporte, na Pinacoteca do Estado
1978 - São Paulo SP - Imigração 70, no Centro Campestre do Sesc
Exposições Póstumas
1980 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: retrospectiva, no Masp
1981 - Parati RJ - Yoshiya Takaoka: retrospectiva, na Galeria Maramar
1981 - São Paulo SP - Yoshiya Takaoka: aquarelas, no Museu Lasar Segall
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, no Acervo Galeria de Arte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Penápolis SP - 6º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação das Artes de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada M.O.A
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Rômulo Maiorana
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB-FAAP
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MNBA
1992 - São Paulo SP - Grupo Guanabara: 1950-1959, no Renato Magalhães Gouvêa - Escritório de Arte
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB-FAAP
Fonte: YOSHIYA Takaoka. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 12 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia — Wikipédia
Em Tóquio estudou com Shin Kurihara. Chegou ao Brasil em 1925, morou em Cafelândia (São Paulo), onde trabalhou na lavoura como outros imigrantes japoneses. Em 1929, já na cidade de São Paulo, para se sustentar, foi caricaturista, pintor de paredes e vendedor de pastéis. Estudou na Escola Profissional Masculina do Brás onde teve como colega Tomoo Handa. Aos poucos foi conhecendo e formando amizades com pintores brasileiros.
No ano de 1934, junto com seu inseparável amigo, o pintor Yuji Tamaki, mudou-se para o Rio de Janeiro. Ambos ingressaram no Núcleo Bernardelli, sendo orientados pelo pintor polonês Bruno Lechowski. Ainda que residindo no Rio de Janeiro, participaram do grupo Seibi-kai criado em São Paulo no ano seguinte por pintores japoneses imigrantes como eles.
Voltou a residir na capital paulista em 1944. Foi um dos primeiros a expor fora da colônia.
Foi para Paris em 1952, onde estudou mosaico com Gino Severini e frequentou a Académie de la Grande Chaumière.
Expôs na Bienal de São Paulo, no Salão Paulista e no Salão Nacional de Belas Artes. Sua obras estão no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Museu Nacional de Belas Artes, na Pinacoteca do Estado, entre outra instituições e importantes coleções particulares.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 12 de julho de 2022.
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Grupo Santa Helena
A existência do Grupo Santa Helena, e outras associações de artistas, torna-se um elemento fundamental para a consolidação da arte moderna em São Paulo nos decênios de 1930 e 1940. No entanto, sua abordagem e a compreensão como grupo não deixam de ser um desafio para os historiadores da arte brasileira. Sem programas preestabelecidos, o Santa Helena surge da união espontânea de alguns artistas que utilizam salas como ateliê no Palacete Santa Helena, antigo edifício na Praça da Sé, em São Paulo, a partir de meados de 1934. O primeiro deles é Francisco Rebolo, que instala seu escritório de empreiteiro e artista-decorador na sala número 231 e começa a pintar, em 1935. Nesse ano Mário Zanini divide a sala com Rebolo, posteriormente alugando a de número 233, compondo a célula inicial do futuro agrupamento. Em datas diversas, uniram-se a eles, por ordem de chegada, Manoel Martins, Fulvio Pennacchi, Bonadei, Clóvis Graciano, Alfredo Volpi, Humberto Rosa e Rizzotti.
O ambiente criado nas salas de trabalho é de troca mútua, dividindo-se os conhecimentos técnicos de pintura e as sessões de modelo vivo, decidindo sobre a remessa de obras aos salões e organizando as famosas excursões de fim de semana aos subúrbios da cidade para execução da pintura ao ar livre. Relativamente afastado do meio artístico da época, o grupo só foi notado em outubro de 1936 por pintores mais experientes como Rossi Osir e Vittorio Gobbis, por ocasião da mostra Exposição de Pequenos Quadros, organizada pela Sociedade Paulista de Belas Artes no Palácio das Arcadas. Mas é como participantes da Família Artística Paulista - FAP, - agremiação co-fundada e dirigida por Rossi Osir, responsável por elaboração de salões -, que ganham visibilidade pública e passam a ser conhecidos pela crítica especializada como Grupo Santa Helena. Durante a curta duração dos ateliês conjuntos no palacete da Sé, não apresentaram nenhuma exposição de seus trabalhos sob essa rubrica.
Em 1939, após visita ao 2º salão organizado pela FAP, Mário de Andrade (1893 - 1945) identifica e tenta conceituar pela primeira vez a existência de uma "escola paulista", caracterizada por seu modernismo moderado, ocupando o campo litigioso entre as experimentações formais da vanguarda dos anos 1920 e o academismo ainda vigente no meio paulistano. Como elemento de unificação entre os expositores, enfatiza a preocupação com o apuro técnico, a volta à tradição do fazer pictórico e o interesse pela representação da realidade concreta.
Somente em 1944, em texto dedicado a Clóvis Graciano, Mário de Andrade lança a tese de que a origem proletária ou da pequena burguesia é o elo e elemento determinante na plástica do grupo. O crítico afirma: " A que atribuir, portanto, as tendências coletivas de cor, de técnica geral e de assunto dessa Família Artística Paulista, até hoje rastreáveis em sua arte? A meu ver, o que caracteriza o grupo é seu proletarismo. Isso lhe determina a psicologia coletiva, e consequentemente a sua expressão". Em geral, esses artistas têm sua formação básica em escolas profissionalizantes, como o Liceu de Artes e Ofícios e a Escola Profissional Masculina do Brás. Os que estudam no exterior passam ao largo dos ateliês e escolas frequentadas pelos modernistas de 1922. Na época do Santa Helena ganham, em sua maioria, a vida como artesãos ou pintores-decoradores, o que contribui para a consciência artesanal de suas obras. A pintura de cavalete é realizada nos momentos de folga. A influência européia - principalmente do impressionismo e pós-impressionismo, do novecento italiano e do expressionismo - que se faz sentir na produção dos santelenistas se dá pela leitura de livros e revistas e por exposições que chegam do exterior.
O apego à representação da realidade leva-os a pintar principalmente paisagens, cujos focos são as vistas dos subúrbios e arredores da cidade, as praias visitadas nos fins de semana e a paisagem urbana. Percebe-se a preferência por locais anônimos no limite entre o campo e a cidade. A despeito das diferenças estilísticas entre eles, identifica-se em suas obras uma preferência por tons rebaixados, de fatura fosca, dando uma tonalidade acinzentada aos quadros. Outros gêneros foram trabalhados pelo Grupo Santa Helena, como a natureza-morta, o retrato e o auto-retrato.
Com a dissolução natural do grupo, que começa a se desfazer no fim da década de 1930, seus artistas desenvolvem, muitas vezes com resultados desiguais, carreiras individuais. Entre eles, Alfredo Volpi é com certeza o que mais se destaca. Vale notar que artistas não-pertencentes ao Santa Helena guardam semelhanças estilísticas com os integrantes do grupo. Tais semelhanças apontam, com mais força e coesão, uma nova posição artística em São Paulo, autônoma em relação ao modernismo dos anos 1920 sem ser acadêmica.
Fonte: GRUPO Santa Helena. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022.. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Guanabara
A formação do Grupo Guanabara ocorre em 1950, em torno do pintor Tikashi Fukushima. Natural do Japão, ele vem para o Brasil em 1940 e se estabelece, a princípio, no interior do Estado de São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro. Em 1949, muda-se para a capital paulista e abre uma molduraria no antigo largo Guanabara, onde é atualmente a Estação Paraíso do Metrô. A oficina torna-se ponto de encontro de artistas que vêm em busca da excelência do trabalho de molduraria realizado por Fukushima. Os encontros conduzem a ideia de criação de um espaço em que os artistas pudessem discutir seus trabalhos preservando a diversidade de tendências de seus membros.
O grupo chega a contar com 34 membros, na maioria imigrantes italianos e japoneses ou seus descendentes, entre eles artistas que pertencem ao Grupo Seibi e ao Grupo dos 15. Entre seus fundadores estão Alzira Pecorari, Armando Pecorari, Arcangelo Ianelli, Marjô, Takeshi Suzuki, Tikashi Fukushima, Tomoo Handa, Yoshiya Takaoka, Tamaki. Posteriormente outros artistas se integram ao grupo, como Alina Okinaka, Hideomi Ohara, Ismenia Coaracy,Takahashi, Manabu Mabe, Masanosuke Hashimoto, Massao Okinaka, Thomaz, Tsukika Okayama e Wega Nery. Outros como Oswald de Andrade Filho e Tomie Ohtake, participam eventualmente das exposições realizadas pelo grupo.
Em sua trajetória o grupo promove cinco exposições coletivas. A primeira delas em 1950, na Galeria Domus. Osório César e Ibiapaba Martins, dois críticos do período, dão um destaque especial à mostra. A segunda, em 1951, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/SP, reúne obras recusadas no 16º Salão Paulista de Belas Artes. O crítico de arte Quirino da Silva defende os artistas e divulga o evento no jornal Diário da Noite. A terceira ocorre em 1953, no ateliê de Fukushima, não tem muita divulgação nem alcança muita repercussão. Em 1958, a quarta exposição é realizada na Associação Cristã de Moços - ACM. É a mais divulgada delas, conta com publicação de catálogo e palestras dos críticos Lourival Gomes Machado e Sérgio Milliet. A última mostra é realizada em 1959, praticamente uma reedição da anterior, montada no mesmo local.
Após dez anos de atividade, o grupo se desfaz. Em 1992, o Escritório de Arte Magalhães Gouveia organiza uma retrospectiva do grupo.
Fonte: GRUPO Guanabara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7.
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Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906-1996), Hajime Higaki (1908-1998), Shigeto Tanaka (1910-1970), Kiyoji Tomioka (1844-1985), Takahashi (1908-1977), Yuji Tamaki (1916-1979), Yoshiya Takaoka (1909-1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907-1971), Francisco Rebolo (1902-1980), Fulvio Pennacchi (1905-1992) e Clóvis Graciano (1907-1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersou, só voltando a se reunir em março de 1947. Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924-1997), Tikashi Fukushima (1920-2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913-2015) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estenderá até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: AUTO-RETRATO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 28 de julho de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7