Tadashi Kaminagai (Hiroshima, Japão, 27 de setembro de 1899 – Paris, França, 14 de junho de 1982), mais conhecido como Kaminagai, foi um pintor, desenhista, moldureiro japonês, que passou por muitos países e produziu suas obras principalmente no Japão, Brasil e França, expoindo nesses países. Foi membro do grupo Seibi juntamente com outros artistas importantes da época, inclusive de origem japonesa. Suas obras são marcadas por pinceladas fortes e marcantes e foram apresentadas em exposições nacionais e internacionais.
Biografia AA
Com os olhos acostumados à contemplação, Tadashi Kaminagai captura cenas e paisagens em tons aquosos e formas oníricas. Impressionante é o seu trabalho de cor, evidenciado pela pintura simples, que vê beleza nas pequenezas do dia a dia.
Antes de dedicar-se à arte, foi monge budista. Ingressou num mosteiro aos 14, mudando-se para a Indonésia dois anos depois, onde atuou como missionário e agricultor. Até que, em 1927, optou pela carreira artística e se mudou para Paris, onde empreendeu 15 anos de estudo dedicado. O artista Tsuguharu Foujita foi um de seus primeiros mestres.
Para se sustentar, trabalhava ainda como moldureiro, chegando a emoldurar obras de grandes pintores - Henri Matisse, Marc Chagall, Vincent Van Gogh e Paul Cézanne. Foi na cidade da luz que realizou suas primeiras exposições.
Voltou para o Japão (1938), mas, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, veio para o Rio de Janeiro, abrindo ateliê em Santa Teresa. A guerra, no entanto, fazia parte de sua vida diariamente e, com o bombardeio a Hiroshima, perdeu os pais. No mesmo ano, expôs sua primeira individual no Brasil, organizada por Cândido Portinari.
Foi professor de muitos artistas brasileiros, sobretudo de origem nipônica - como Inimá de Paula e Flávio Shiró. Com Takashi Fukushima, desenvolveu amizade próxima. Os dois costumavam ir pescar, e o jovem ficava fascinado pelo trabalho - e pelas cores - do mestre.
Fontes:
Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de fevereiro de 2022.
TADASHI Kaminagai. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de fevereiro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
PRONEC (Programa Nacional de Educação e Cultura). Consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2022.
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Biografia – Itaú Cultural
Por iniciativa da família, ingressou aos 14 anos num mosteiro budista na cidade japonesa de Kobe. Dois anos depois, viaja para as Índias Ocidentais Holandesas, atual Indonésia, atuando como missionário e agricultor até 1927. Nesse ano, decidido a seguir carreira artística, muda-se para Paris, onde conhece o artista Tsuguharu Foujita (1886 - 1968), que o orienta na pintura. Paralelamente à atividade artística, trabalha como moldureiro.
No início da década de 1930, expõe quadros nos salões parisienses e retorna ao Japão em 1938. Embarca para o Brasil um ano após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945, trazendo consigo uma carta de recomendação endereçada a Cândido Portinari (1903 - 1962).
Fixa residência no Rio de Janeiro e em 1941 instala ateliê e oficina de molduras no bairro de Santa Teresa, onde trabalha e atua como professor de diversos artistas brasileiros e nipo-brasileiros, como Inimá de Paula (1918 - 1999), Flavio-Shiró (1928) e Tikashi Fukushima (1920 - 2001), entre outros. Sua primeira exposição individual, por volta de 1945, é organizada por Portinari e ocorre no Hotel Serrador, no Rio de Janeiro. Em 1947, passa a integrar o Grupo Seibi. Retornou ao Japão em 1954 e três anos mais tarde voltou a fixar-se em Paris. Vive entre o Japão, a França e o Brasil, até seu falecimento, em 1982.
Exposições Individuais
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Hotel Serrador
1946 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1951 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Museo Nacional de Bellas Artes
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Dezon
1970 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1973 - Paris (França) - Individual, na Galeria Chevreuse
1973 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1975 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1975 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1977 - Paris (França) - Individual, na Galeria Chevreuse
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1979 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1979 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1980 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1981 - Paris (França) - Individual, na Galerie Katia Granoff
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1930 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais
1930 - Paris (França) - Salon de Tuilleries
1930 - Paris (França) - Salon National de Beaux-Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata
1950 - Rio de Janeiro RJ - Grande Salão - diploma de alto mérito
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1958 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
1959 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1981 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais
1981 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
Exposições Póstumas
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1984 - Paris (França) - Individual, na Galerie Katia Granoff
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - Artistas Japoneses na Coleção do MAC, no MAC/USP
1985 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1986 - Rio de Janeiro RJ - Kaminagai: anêmonas, na Realidade Galeria de Arte
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - Mario Agostinelli e Tadashi Kaminagai, no Espaço Cultural Crefissul
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1987 - Tóquio (Japão) - Tadashi Kaminagai: retrospectiva, no Jornal Asahi
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Romulo Maiorana
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco. Instituto de Cultura
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MNBA
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, Casa da Cultura
1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ
1996 - Osasco SP - 3ª Mostra de Arte, no Centro Universitário Fieo
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - Osasco SP - 12ª Mostra de Arte, no Salão de Exposição da Fieo
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. O Olhar Distante, na Fundação Bienal
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2003 - Belém PA - 22º Salão Arte Pará, no Museu do Estado do Pará
Fonte: TADASHI Kaminagai. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de fevereiro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia – Wikipédia
Antes de ser pintor Kaminagai seguiu a vida monástica, primeiramente no Japão e depois nas Índias Orientais Holandesas, atual Indonésia, até que abandonou a vida de monge budista para se tornar artista. Foi bem sucedido como moldureiro, com uma série de trabalhos para artistas famosos, mas posteriormente ficou conhecido também pelo seu trabalho de pintor. Influenciou artistas e também foi professor de outros.
Suas obras foram apresentadas em exposições nacionais e internacionais. Também participou da Seibi-kai, tendo contato com inúmeros pintores, inclusive muitos de origem japonesa.
Carreira
Por iniciativa da família, ingressou num mosteiro budista em Kobe, com 14 anos. Dois anos depois, viajou para as Índias Orientais Holandesas, atual Indonésia, atuando como missionário e agricultor até 1927, ano que decidiu seguir carreira artística, mudou-se para Paris, onde conheceu o artista Tsuguharu Foujita, que o orientou na pintura.
Paralelamente à atividade artística, trabalhava como moldureiro, tornou-se reconhecido quando enquadrou obras-primas de Édouard Manet, Paul Cézanne e Vincent van Gogh. Dos artistas que encomendaram as molduras de Kaminagai estavam Henri Matisse, Kees van Dongen, Chaïm Soutine e Marc Chagall. Outro fato das molduras ficarem famosas também foi o uso delas pelo escritor e comerciante da área artística Ambroise Vollard. Com isso Kaminagai sentiu-se animado em inscrever alguns de seus quadros em salões parisienses.
No início da década de 1930, expôs nos salões parisienses, como o Salão de Outono e no Salon des Tuileries. Retornou ao Japão em 1938, mas por conta de um conselho de Foujita o fez mudar para o Brasil, após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, chegando no mesmo dia que o Japão efetuou os ataques a Pearl Harbor, trazendo consigo uma carta de recomendação endereçada a Candido Portinari. No Brasil viveu por um período de 14 anos. Fixou residência no Rio de Janeiro e em 1941 instalou ateliê e oficina de molduras no bairro de Santa Teresa, no térreo de um prédio onde a pintora Djanira da Motta e Silva tinha uma pensão, onde trabalhou e atuou como professor de diversos artistas brasileiros e nipo-brasileiros, como Inimá de Paula, Flávio Shiró, Tikashi Fukushima e outros.
Na década de 1940 a arte de Kaminagai influenciou muitos artistas, muitos dos quais seus conterrâneos. Em 1945, o pintor Tikashi Fukushima estava morando em São Paulo e trabalhando em uma oficina quando foi apresentado a Kaminagai pelo seu chefe, que naquele momento estava precisando de um auxiliar em uma oficina de molduras no Rio de Janeiro, Fukushima aceitou trabalhar para Kaminagai, e em 1946 mudou-se para Santa Teresa, Rio de Janeiro.
Kaminagai foi importante para a formação artística de Fukushima, pois Fukushima reconhecia Kaminagai como seu mestre, passava horas ouvindo as histórias de Kaminagai, de como ele fazia para sobreviver em Paris e expunha nos salões na década de 30. Também iam pescar juntos e levavam horas para chegar a um lugar considerado por eles como especial, e esse lugar encantou Fukushima e o inspirou a fazer a primeira sua pintura feita no Brasil, no Rio de Janeiro no ano de 1946 e foi intitulada "Paisagem".
Em 1996, Tikashi deu um depoimento para a jornalista Kuniko Kobayashi do jornal São Paulo-Shimbun, ao qual disse: “Aquele momento foi a sublimação. E consolidou a minha trajetória como artista plástico”.
Por volta de 1945, foi organizada por Portinari a primeira exposição individual de Kaminagai, que ocorreu no Hotel Serrador, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, Hiroshima foi bombardeada e Kaminagai perdeu seus pais. Em 1947, passa a integrar o Seibi-kai. Em 1951, viajou pelo Uruguai e Argentina.
No mesmo ano participou da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo. No ano seguinte teve seu trabalho apresentado no 1º Salão Nacional de Arte Moderna. Conheceu Manabu Mabe em 1952, Mabe foi um apreciador da arte de Kaminagai, e conta que ficava horas ao lado do artista "admirando as maravilhosas cores com que ele pintava uma arara, na varanda da casa do doutor Honda".
Cândido Portinari também fez elogios para a obra de Kaminagai, dizendo que ele "levou a cabo sua verdadeira formação de autêntico artista no decurso de longos 15 anos de estudo em Paris. Sua pintura austera, simples, inspirada na natureza, reveste-se de qualidades apreciáveis".
Na II Bienal de São Paulo, em 1953, são aceitos só dois artistas nipo-brasileiros, Kaminagai e Manabu Mabe. No mesmo ano, Tadashi, foi para Belém, como hóspede oficial do governo do Pará, para pintar as paisagens da Amazônia.
Na opinião da historiadora Aracy Amaral as cores da paisagem brasileira tiveram um grande impacto na obra do artista, que disse: "Gosto muito de viajar pela minha maneira de ser. Quando você viaja e conhece as coisas do lugar, principalmente a natureza que nos faz sentir, é importante tentar transmitir esses sentimentos. Mas não me considero um andarilho e sim um necessitado. Viajar é uma necessidade de trabalho".
Retornou ao Japão em 1954 e três anos mais tarde voltou a fixar-se em Paris. Segundo o próprio artista, a partir de 1955, começou a pintar com estilo próprio, sendo que expressa sua arte fazendo uso da liberdade de expressão a qualquer objeto, o artista sintetizou seu pensamento com a seguinte frase: "Eu trabalho com base no sentido que uma paisagem pode ter para mim, pois se a pintura seguir exatamente o que se visualiza, é melhor abandonar o pincel e pegar uma máquina fotográfica. Eu olho para o que vou pintar apenas para pegar a forma e o melhor trabalho, geralmente, é aquele feito rapidamente, quando as imagens ainda estão na cabeça".
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Kaminagai é "um dos últimos representantes da vida boêmia que os artistas levavam em Paris", pois, não tinha hora para trabalhar e, muitas vezes, passava toda a noite para conseguir uma cor nova para o quadro.
Kaminagai também foi importante para o pintor Jorge Mori, em que Mori desde criança já tinha uma habilidade para pintar e foi apresentado para Kaminagai por meio de Portinari. Na opinião do colunista Jorge Coli "os casos de crianças-prodígio na música são frequentes, mas raros na pintura. O auto-retrato de Jorge Mori que data de 1944 deixa qualquer um estatelado. Difícil se convencer de que aquele menino com jeito altivo, de 11 anos, tenha produzido uma pintura tão fenomenal. Há nela sinceridade, energia, domínio maduro e sem hesitação do ofício". Kaminagai recomendou-o numa carta para Foujita quando Mori foi a Paris em 1952. Nas palavras de Mori "Foujita falava de tudo, menos de pintura, mas Kaminagai era diferente, ele realmente me ensinou a viver".
Em 1958, Tadashi Kaminagai é descrito como um "artista de maior produção e maiores dotes", que naquela época tinha voltado ao Japão, e criou quadros inspirados no Brasil, tanto com temas urbanos quanto rurais. 1958 também é o ano do nascimento de seu filho, Yo Kaminagai e segundo a mulher de Tadashi, Mineko, "diria que suas cores ficaram mais vibrantes depois de sua estada brasileira, mas especialmente após o nascimento de nosso filho", ou seja, seu filho influenciou-o na pintura.
Por dois anos consecutivos expôs seus trabalhos no Salão Latino-Americano, em Paris, em 1958 e 1959. De 1973 até sua morte, viajou com frequência ao Brasil. Sobre uma exposição das obras de Kaminagai em 1977, foi publicado que boa parte das obras do artista eram influenciadas pela "impressionante força das cores e luz da paisagem brasileira", e que "pode ser considerado descendente direto dos mestres do pós-impressionismo francês", tais como Pierre Bonnard, André Derain, Albert Marquet e Raoul Dufy. Foi considerado também como um dos últimos impressionistas vivos da escola francesa. Em 1981, apresentou suas obras no Salão Latino-Americano de 1981.
Faleceu em 1982, vítima de câncer no intestino, no Hospital Vaugirard. O artista pediu para que quando morresse parte de suas cinzas ficassem no Brasil.
Após a sua morte
Logo após sua morte foi organizada uma exposição e o crítico José Roberto Teixeira Leite, disse que "sua influência sobre a arte brasileira não pode ser desprezada. Exerceu profunda influência não somente sobre um grupo de então jovens (hoje famosos) artistas japoneses, como também sobre alguns pintores que lhe assimilavam o estilo num ou outro momento em sua evolução".
Marinho de Azevedo da revista Veja, descreve Kaminagai como um artista que "que pintava com um prazer que explode em cada uma de suas telas". Azevedo também descreve o artista na mesma edição da revista de 1985, que Kaminagai "não cedeu, nos anos 50, às tentações do abstracionismo. Continuou pintando paisagens, flores e figuras, o que fez com que aos poucos fosse saindo de moda". Quando ao estilo de pintar Azevedo escreveu que "com tons fortes, pinceladas marcadas e traços soltos, cria um mundo vigoroso. Fascinado pelas paisagens, Kaminagai pintou-as todas com uma paleta parecida - assim, sua Amazônia não está muito longe da França. Mas, em todas as telas, a cor impera. Das cenas francesas ao portão da casa no Rio ou nos interiores cheios de luz, em tudo brilha uma vida feliz e se afirma um pincel com ênfase e sensibilidade".
Após a morte do pintor foram realizadas várias exposições, dentre elas a que foi realizada no MASP, recebeu o comentário do crítico de arte Mário Pedrosa, de que "sua obra é feita de marcos de realizações espontâneas que aparecem e se evaporam logo a seguir. Não se trata, entretanto, de um eclético que anda à cata de elementos ou de inspirações estranhas e opostas, para organizar seu bricabraque".
Em 1986, para as exposições denominadas "Tempos de Guerra" foi feita uma reportagem intitulada "Do nazismo às galerias de arte", no jornal O Estado de S. Paulo, Angélica de Moraes define que "duas dezenas de artistas vindos do exterior ajudaram a empurrar o Brasil para a modernidade", dentre os artistas vindos do Japão cita Tadashi Kaminagai e Tikashi Fukushima. Acrescenta dizendo que os japoneses tiveram uma dificuldade extra, a desconfiança de que fossem espiões a serviço do Eixo.
Em 1996, o cenógrafo Márcio Augusto Neiva confessou à polícia que fazia falsificações de pinturas a pedido do pintor Giuseppe Irlandini, ao qual entregava fotografias para Márcio e pagava US$ 200,00 por cada reprodução, entre as obras estavam os quadros de Kaminagai.
Em 2008, houve a exposição denominada "Círculo de Ligações: Foujita no Brasil, Kaminagai e o Jovem Mori", com a curadoria de Aracy Amaral, no mesmo ano houve também o lançamento do livro escrito pela curadora, com o mesmo título da exposição. Na mesma exposição também havia uma seção de documentos, com fotografias dos artistas no Brasil, jornais da época, caricaturas e manuscritos, com destaque para a carta que Foujita escreveu para Portinari apresentando Kaminagai.
No livro de 2010, denominado "Arte brasileira: cortes e recortes: leilão de maio de 2010" de Frederico Morais, o autor descreve o estilo de Kaminagai como bem a intensidade se sua obra da seguinte maneira: "Pintor fovista, foi um típico representante da escola de Paris, expressando seus temas, antes de tudo, através de da cor, que nele sempre foi vibrátil. Carregou sua pintura de um lirismo que é, ao mesmo tempo, uma lição de profundo amor à vida. Daí, também, a presença, ao lado da paisagem, de um outro tema recorrente, a flor, símbolo desse seu apego à vida, aos amigos, à família e, sobretudo, à própria pintura, fonte de prazer e de alegria. Soube captar e transmitir em suas telas a diversidade de nossa paisagem: o verde e a quietude amazônica, a agitação e luminosidade das praias cariocas, o colorido da arquitetura de Salvador e São Luís. Nunca se manteve a essa diversa paisagem que o comovia".
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de fevereiro de 2022.
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersou, só voltando a se reunir em março de 1947.
Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estendeu até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Arte Autêntica, "Tadashi Kaminagai - Um grande artista", publicado por Rui Dell'Avanzi Jr, em 28 de abril de 2009. Consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2022.
Tadashi Kaminagai (Hiroshima, Japão, 27 de setembro de 1899 – Paris, França, 14 de junho de 1982), mais conhecido como Kaminagai, foi um pintor, desenhista, moldureiro japonês, que passou por muitos países e produziu suas obras principalmente no Japão, Brasil e França, expoindo nesses países. Foi membro do grupo Seibi juntamente com outros artistas importantes da época, inclusive de origem japonesa. Suas obras são marcadas por pinceladas fortes e marcantes e foram apresentadas em exposições nacionais e internacionais.
Biografia AA
Com os olhos acostumados à contemplação, Tadashi Kaminagai captura cenas e paisagens em tons aquosos e formas oníricas. Impressionante é o seu trabalho de cor, evidenciado pela pintura simples, que vê beleza nas pequenezas do dia a dia.
Antes de dedicar-se à arte, foi monge budista. Ingressou num mosteiro aos 14, mudando-se para a Indonésia dois anos depois, onde atuou como missionário e agricultor. Até que, em 1927, optou pela carreira artística e se mudou para Paris, onde empreendeu 15 anos de estudo dedicado. O artista Tsuguharu Foujita foi um de seus primeiros mestres.
Para se sustentar, trabalhava ainda como moldureiro, chegando a emoldurar obras de grandes pintores - Henri Matisse, Marc Chagall, Vincent Van Gogh e Paul Cézanne. Foi na cidade da luz que realizou suas primeiras exposições.
Voltou para o Japão (1938), mas, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, veio para o Rio de Janeiro, abrindo ateliê em Santa Teresa. A guerra, no entanto, fazia parte de sua vida diariamente e, com o bombardeio a Hiroshima, perdeu os pais. No mesmo ano, expôs sua primeira individual no Brasil, organizada por Cândido Portinari.
Foi professor de muitos artistas brasileiros, sobretudo de origem nipônica - como Inimá de Paula e Flávio Shiró. Com Takashi Fukushima, desenvolveu amizade próxima. Os dois costumavam ir pescar, e o jovem ficava fascinado pelo trabalho - e pelas cores - do mestre.
Fontes:
Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de fevereiro de 2022.
TADASHI Kaminagai. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de fevereiro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
PRONEC (Programa Nacional de Educação e Cultura). Consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2022.
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Biografia – Itaú Cultural
Por iniciativa da família, ingressou aos 14 anos num mosteiro budista na cidade japonesa de Kobe. Dois anos depois, viaja para as Índias Ocidentais Holandesas, atual Indonésia, atuando como missionário e agricultor até 1927. Nesse ano, decidido a seguir carreira artística, muda-se para Paris, onde conhece o artista Tsuguharu Foujita (1886 - 1968), que o orienta na pintura. Paralelamente à atividade artística, trabalha como moldureiro.
No início da década de 1930, expõe quadros nos salões parisienses e retorna ao Japão em 1938. Embarca para o Brasil um ano após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945, trazendo consigo uma carta de recomendação endereçada a Cândido Portinari (1903 - 1962).
Fixa residência no Rio de Janeiro e em 1941 instala ateliê e oficina de molduras no bairro de Santa Teresa, onde trabalha e atua como professor de diversos artistas brasileiros e nipo-brasileiros, como Inimá de Paula (1918 - 1999), Flavio-Shiró (1928) e Tikashi Fukushima (1920 - 2001), entre outros. Sua primeira exposição individual, por volta de 1945, é organizada por Portinari e ocorre no Hotel Serrador, no Rio de Janeiro. Em 1947, passa a integrar o Grupo Seibi. Retornou ao Japão em 1954 e três anos mais tarde voltou a fixar-se em Paris. Vive entre o Japão, a França e o Brasil, até seu falecimento, em 1982.
Exposições Individuais
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Hotel Serrador
1946 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1951 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Museo Nacional de Bellas Artes
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Dezon
1970 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1973 - Paris (França) - Individual, na Galeria Chevreuse
1973 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1975 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1975 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1977 - Paris (França) - Individual, na Galeria Chevreuse
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1979 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1979 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1980 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1981 - Paris (França) - Individual, na Galerie Katia Granoff
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1930 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais
1930 - Paris (França) - Salon de Tuilleries
1930 - Paris (França) - Salon National de Beaux-Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata
1950 - Rio de Janeiro RJ - Grande Salão - diploma de alto mérito
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1958 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
1959 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1981 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais
1981 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
Exposições Póstumas
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1984 - Paris (França) - Individual, na Galerie Katia Granoff
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - Artistas Japoneses na Coleção do MAC, no MAC/USP
1985 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1986 - Rio de Janeiro RJ - Kaminagai: anêmonas, na Realidade Galeria de Arte
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - Mario Agostinelli e Tadashi Kaminagai, no Espaço Cultural Crefissul
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1987 - Tóquio (Japão) - Tadashi Kaminagai: retrospectiva, no Jornal Asahi
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Romulo Maiorana
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco. Instituto de Cultura
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MNBA
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, Casa da Cultura
1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ
1996 - Osasco SP - 3ª Mostra de Arte, no Centro Universitário Fieo
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - Osasco SP - 12ª Mostra de Arte, no Salão de Exposição da Fieo
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. O Olhar Distante, na Fundação Bienal
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2003 - Belém PA - 22º Salão Arte Pará, no Museu do Estado do Pará
Fonte: TADASHI Kaminagai. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de fevereiro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia – Wikipédia
Antes de ser pintor Kaminagai seguiu a vida monástica, primeiramente no Japão e depois nas Índias Orientais Holandesas, atual Indonésia, até que abandonou a vida de monge budista para se tornar artista. Foi bem sucedido como moldureiro, com uma série de trabalhos para artistas famosos, mas posteriormente ficou conhecido também pelo seu trabalho de pintor. Influenciou artistas e também foi professor de outros.
Suas obras foram apresentadas em exposições nacionais e internacionais. Também participou da Seibi-kai, tendo contato com inúmeros pintores, inclusive muitos de origem japonesa.
Carreira
Por iniciativa da família, ingressou num mosteiro budista em Kobe, com 14 anos. Dois anos depois, viajou para as Índias Orientais Holandesas, atual Indonésia, atuando como missionário e agricultor até 1927, ano que decidiu seguir carreira artística, mudou-se para Paris, onde conheceu o artista Tsuguharu Foujita, que o orientou na pintura.
Paralelamente à atividade artística, trabalhava como moldureiro, tornou-se reconhecido quando enquadrou obras-primas de Édouard Manet, Paul Cézanne e Vincent van Gogh. Dos artistas que encomendaram as molduras de Kaminagai estavam Henri Matisse, Kees van Dongen, Chaïm Soutine e Marc Chagall. Outro fato das molduras ficarem famosas também foi o uso delas pelo escritor e comerciante da área artística Ambroise Vollard. Com isso Kaminagai sentiu-se animado em inscrever alguns de seus quadros em salões parisienses.
No início da década de 1930, expôs nos salões parisienses, como o Salão de Outono e no Salon des Tuileries. Retornou ao Japão em 1938, mas por conta de um conselho de Foujita o fez mudar para o Brasil, após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, chegando no mesmo dia que o Japão efetuou os ataques a Pearl Harbor, trazendo consigo uma carta de recomendação endereçada a Candido Portinari. No Brasil viveu por um período de 14 anos. Fixou residência no Rio de Janeiro e em 1941 instalou ateliê e oficina de molduras no bairro de Santa Teresa, no térreo de um prédio onde a pintora Djanira da Motta e Silva tinha uma pensão, onde trabalhou e atuou como professor de diversos artistas brasileiros e nipo-brasileiros, como Inimá de Paula, Flávio Shiró, Tikashi Fukushima e outros.
Na década de 1940 a arte de Kaminagai influenciou muitos artistas, muitos dos quais seus conterrâneos. Em 1945, o pintor Tikashi Fukushima estava morando em São Paulo e trabalhando em uma oficina quando foi apresentado a Kaminagai pelo seu chefe, que naquele momento estava precisando de um auxiliar em uma oficina de molduras no Rio de Janeiro, Fukushima aceitou trabalhar para Kaminagai, e em 1946 mudou-se para Santa Teresa, Rio de Janeiro.
Kaminagai foi importante para a formação artística de Fukushima, pois Fukushima reconhecia Kaminagai como seu mestre, passava horas ouvindo as histórias de Kaminagai, de como ele fazia para sobreviver em Paris e expunha nos salões na década de 30. Também iam pescar juntos e levavam horas para chegar a um lugar considerado por eles como especial, e esse lugar encantou Fukushima e o inspirou a fazer a primeira sua pintura feita no Brasil, no Rio de Janeiro no ano de 1946 e foi intitulada "Paisagem".
Em 1996, Tikashi deu um depoimento para a jornalista Kuniko Kobayashi do jornal São Paulo-Shimbun, ao qual disse: “Aquele momento foi a sublimação. E consolidou a minha trajetória como artista plástico”.
Por volta de 1945, foi organizada por Portinari a primeira exposição individual de Kaminagai, que ocorreu no Hotel Serrador, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, Hiroshima foi bombardeada e Kaminagai perdeu seus pais. Em 1947, passa a integrar o Seibi-kai. Em 1951, viajou pelo Uruguai e Argentina.
No mesmo ano participou da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo. No ano seguinte teve seu trabalho apresentado no 1º Salão Nacional de Arte Moderna. Conheceu Manabu Mabe em 1952, Mabe foi um apreciador da arte de Kaminagai, e conta que ficava horas ao lado do artista "admirando as maravilhosas cores com que ele pintava uma arara, na varanda da casa do doutor Honda".
Cândido Portinari também fez elogios para a obra de Kaminagai, dizendo que ele "levou a cabo sua verdadeira formação de autêntico artista no decurso de longos 15 anos de estudo em Paris. Sua pintura austera, simples, inspirada na natureza, reveste-se de qualidades apreciáveis".
Na II Bienal de São Paulo, em 1953, são aceitos só dois artistas nipo-brasileiros, Kaminagai e Manabu Mabe. No mesmo ano, Tadashi, foi para Belém, como hóspede oficial do governo do Pará, para pintar as paisagens da Amazônia.
Na opinião da historiadora Aracy Amaral as cores da paisagem brasileira tiveram um grande impacto na obra do artista, que disse: "Gosto muito de viajar pela minha maneira de ser. Quando você viaja e conhece as coisas do lugar, principalmente a natureza que nos faz sentir, é importante tentar transmitir esses sentimentos. Mas não me considero um andarilho e sim um necessitado. Viajar é uma necessidade de trabalho".
Retornou ao Japão em 1954 e três anos mais tarde voltou a fixar-se em Paris. Segundo o próprio artista, a partir de 1955, começou a pintar com estilo próprio, sendo que expressa sua arte fazendo uso da liberdade de expressão a qualquer objeto, o artista sintetizou seu pensamento com a seguinte frase: "Eu trabalho com base no sentido que uma paisagem pode ter para mim, pois se a pintura seguir exatamente o que se visualiza, é melhor abandonar o pincel e pegar uma máquina fotográfica. Eu olho para o que vou pintar apenas para pegar a forma e o melhor trabalho, geralmente, é aquele feito rapidamente, quando as imagens ainda estão na cabeça".
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Kaminagai é "um dos últimos representantes da vida boêmia que os artistas levavam em Paris", pois, não tinha hora para trabalhar e, muitas vezes, passava toda a noite para conseguir uma cor nova para o quadro.
Kaminagai também foi importante para o pintor Jorge Mori, em que Mori desde criança já tinha uma habilidade para pintar e foi apresentado para Kaminagai por meio de Portinari. Na opinião do colunista Jorge Coli "os casos de crianças-prodígio na música são frequentes, mas raros na pintura. O auto-retrato de Jorge Mori que data de 1944 deixa qualquer um estatelado. Difícil se convencer de que aquele menino com jeito altivo, de 11 anos, tenha produzido uma pintura tão fenomenal. Há nela sinceridade, energia, domínio maduro e sem hesitação do ofício". Kaminagai recomendou-o numa carta para Foujita quando Mori foi a Paris em 1952. Nas palavras de Mori "Foujita falava de tudo, menos de pintura, mas Kaminagai era diferente, ele realmente me ensinou a viver".
Em 1958, Tadashi Kaminagai é descrito como um "artista de maior produção e maiores dotes", que naquela época tinha voltado ao Japão, e criou quadros inspirados no Brasil, tanto com temas urbanos quanto rurais. 1958 também é o ano do nascimento de seu filho, Yo Kaminagai e segundo a mulher de Tadashi, Mineko, "diria que suas cores ficaram mais vibrantes depois de sua estada brasileira, mas especialmente após o nascimento de nosso filho", ou seja, seu filho influenciou-o na pintura.
Por dois anos consecutivos expôs seus trabalhos no Salão Latino-Americano, em Paris, em 1958 e 1959. De 1973 até sua morte, viajou com frequência ao Brasil. Sobre uma exposição das obras de Kaminagai em 1977, foi publicado que boa parte das obras do artista eram influenciadas pela "impressionante força das cores e luz da paisagem brasileira", e que "pode ser considerado descendente direto dos mestres do pós-impressionismo francês", tais como Pierre Bonnard, André Derain, Albert Marquet e Raoul Dufy. Foi considerado também como um dos últimos impressionistas vivos da escola francesa. Em 1981, apresentou suas obras no Salão Latino-Americano de 1981.
Faleceu em 1982, vítima de câncer no intestino, no Hospital Vaugirard. O artista pediu para que quando morresse parte de suas cinzas ficassem no Brasil.
Após a sua morte
Logo após sua morte foi organizada uma exposição e o crítico José Roberto Teixeira Leite, disse que "sua influência sobre a arte brasileira não pode ser desprezada. Exerceu profunda influência não somente sobre um grupo de então jovens (hoje famosos) artistas japoneses, como também sobre alguns pintores que lhe assimilavam o estilo num ou outro momento em sua evolução".
Marinho de Azevedo da revista Veja, descreve Kaminagai como um artista que "que pintava com um prazer que explode em cada uma de suas telas". Azevedo também descreve o artista na mesma edição da revista de 1985, que Kaminagai "não cedeu, nos anos 50, às tentações do abstracionismo. Continuou pintando paisagens, flores e figuras, o que fez com que aos poucos fosse saindo de moda". Quando ao estilo de pintar Azevedo escreveu que "com tons fortes, pinceladas marcadas e traços soltos, cria um mundo vigoroso. Fascinado pelas paisagens, Kaminagai pintou-as todas com uma paleta parecida - assim, sua Amazônia não está muito longe da França. Mas, em todas as telas, a cor impera. Das cenas francesas ao portão da casa no Rio ou nos interiores cheios de luz, em tudo brilha uma vida feliz e se afirma um pincel com ênfase e sensibilidade".
Após a morte do pintor foram realizadas várias exposições, dentre elas a que foi realizada no MASP, recebeu o comentário do crítico de arte Mário Pedrosa, de que "sua obra é feita de marcos de realizações espontâneas que aparecem e se evaporam logo a seguir. Não se trata, entretanto, de um eclético que anda à cata de elementos ou de inspirações estranhas e opostas, para organizar seu bricabraque".
Em 1986, para as exposições denominadas "Tempos de Guerra" foi feita uma reportagem intitulada "Do nazismo às galerias de arte", no jornal O Estado de S. Paulo, Angélica de Moraes define que "duas dezenas de artistas vindos do exterior ajudaram a empurrar o Brasil para a modernidade", dentre os artistas vindos do Japão cita Tadashi Kaminagai e Tikashi Fukushima. Acrescenta dizendo que os japoneses tiveram uma dificuldade extra, a desconfiança de que fossem espiões a serviço do Eixo.
Em 1996, o cenógrafo Márcio Augusto Neiva confessou à polícia que fazia falsificações de pinturas a pedido do pintor Giuseppe Irlandini, ao qual entregava fotografias para Márcio e pagava US$ 200,00 por cada reprodução, entre as obras estavam os quadros de Kaminagai.
Em 2008, houve a exposição denominada "Círculo de Ligações: Foujita no Brasil, Kaminagai e o Jovem Mori", com a curadoria de Aracy Amaral, no mesmo ano houve também o lançamento do livro escrito pela curadora, com o mesmo título da exposição. Na mesma exposição também havia uma seção de documentos, com fotografias dos artistas no Brasil, jornais da época, caricaturas e manuscritos, com destaque para a carta que Foujita escreveu para Portinari apresentando Kaminagai.
No livro de 2010, denominado "Arte brasileira: cortes e recortes: leilão de maio de 2010" de Frederico Morais, o autor descreve o estilo de Kaminagai como bem a intensidade se sua obra da seguinte maneira: "Pintor fovista, foi um típico representante da escola de Paris, expressando seus temas, antes de tudo, através de da cor, que nele sempre foi vibrátil. Carregou sua pintura de um lirismo que é, ao mesmo tempo, uma lição de profundo amor à vida. Daí, também, a presença, ao lado da paisagem, de um outro tema recorrente, a flor, símbolo desse seu apego à vida, aos amigos, à família e, sobretudo, à própria pintura, fonte de prazer e de alegria. Soube captar e transmitir em suas telas a diversidade de nossa paisagem: o verde e a quietude amazônica, a agitação e luminosidade das praias cariocas, o colorido da arquitetura de Salvador e São Luís. Nunca se manteve a essa diversa paisagem que o comovia".
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de fevereiro de 2022.
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersou, só voltando a se reunir em março de 1947.
Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estendeu até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Arte Autêntica, "Tadashi Kaminagai - Um grande artista", publicado por Rui Dell'Avanzi Jr, em 28 de abril de 2009. Consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2022.
3 artistas relacionados
Tadashi Kaminagai (Hiroshima, Japão, 27 de setembro de 1899 – Paris, França, 14 de junho de 1982), mais conhecido como Kaminagai, foi um pintor, desenhista, moldureiro japonês, que passou por muitos países e produziu suas obras principalmente no Japão, Brasil e França, expoindo nesses países. Foi membro do grupo Seibi juntamente com outros artistas importantes da época, inclusive de origem japonesa. Suas obras são marcadas por pinceladas fortes e marcantes e foram apresentadas em exposições nacionais e internacionais.
Biografia AA
Com os olhos acostumados à contemplação, Tadashi Kaminagai captura cenas e paisagens em tons aquosos e formas oníricas. Impressionante é o seu trabalho de cor, evidenciado pela pintura simples, que vê beleza nas pequenezas do dia a dia.
Antes de dedicar-se à arte, foi monge budista. Ingressou num mosteiro aos 14, mudando-se para a Indonésia dois anos depois, onde atuou como missionário e agricultor. Até que, em 1927, optou pela carreira artística e se mudou para Paris, onde empreendeu 15 anos de estudo dedicado. O artista Tsuguharu Foujita foi um de seus primeiros mestres.
Para se sustentar, trabalhava ainda como moldureiro, chegando a emoldurar obras de grandes pintores - Henri Matisse, Marc Chagall, Vincent Van Gogh e Paul Cézanne. Foi na cidade da luz que realizou suas primeiras exposições.
Voltou para o Japão (1938), mas, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, veio para o Rio de Janeiro, abrindo ateliê em Santa Teresa. A guerra, no entanto, fazia parte de sua vida diariamente e, com o bombardeio a Hiroshima, perdeu os pais. No mesmo ano, expôs sua primeira individual no Brasil, organizada por Cândido Portinari.
Foi professor de muitos artistas brasileiros, sobretudo de origem nipônica - como Inimá de Paula e Flávio Shiró. Com Takashi Fukushima, desenvolveu amizade próxima. Os dois costumavam ir pescar, e o jovem ficava fascinado pelo trabalho - e pelas cores - do mestre.
Fontes:
Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de fevereiro de 2022.
TADASHI Kaminagai. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de fevereiro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
PRONEC (Programa Nacional de Educação e Cultura). Consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2022.
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Biografia – Itaú Cultural
Por iniciativa da família, ingressou aos 14 anos num mosteiro budista na cidade japonesa de Kobe. Dois anos depois, viaja para as Índias Ocidentais Holandesas, atual Indonésia, atuando como missionário e agricultor até 1927. Nesse ano, decidido a seguir carreira artística, muda-se para Paris, onde conhece o artista Tsuguharu Foujita (1886 - 1968), que o orienta na pintura. Paralelamente à atividade artística, trabalha como moldureiro.
No início da década de 1930, expõe quadros nos salões parisienses e retorna ao Japão em 1938. Embarca para o Brasil um ano após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945, trazendo consigo uma carta de recomendação endereçada a Cândido Portinari (1903 - 1962).
Fixa residência no Rio de Janeiro e em 1941 instala ateliê e oficina de molduras no bairro de Santa Teresa, onde trabalha e atua como professor de diversos artistas brasileiros e nipo-brasileiros, como Inimá de Paula (1918 - 1999), Flavio-Shiró (1928) e Tikashi Fukushima (1920 - 2001), entre outros. Sua primeira exposição individual, por volta de 1945, é organizada por Portinari e ocorre no Hotel Serrador, no Rio de Janeiro. Em 1947, passa a integrar o Grupo Seibi. Retornou ao Japão em 1954 e três anos mais tarde voltou a fixar-se em Paris. Vive entre o Japão, a França e o Brasil, até seu falecimento, em 1982.
Exposições Individuais
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Hotel Serrador
1946 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1951 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Museo Nacional de Bellas Artes
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Dezon
1970 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1973 - Paris (França) - Individual, na Galeria Chevreuse
1973 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1975 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1975 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1977 - Paris (França) - Individual, na Galeria Chevreuse
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1979 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1979 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1980 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1981 - Paris (França) - Individual, na Galerie Katia Granoff
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1930 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais
1930 - Paris (França) - Salon de Tuilleries
1930 - Paris (França) - Salon National de Beaux-Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata
1950 - Rio de Janeiro RJ - Grande Salão - diploma de alto mérito
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1958 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
1959 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1981 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais
1981 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
Exposições Póstumas
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1984 - Paris (França) - Individual, na Galerie Katia Granoff
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - Artistas Japoneses na Coleção do MAC, no MAC/USP
1985 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1986 - Rio de Janeiro RJ - Kaminagai: anêmonas, na Realidade Galeria de Arte
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - Mario Agostinelli e Tadashi Kaminagai, no Espaço Cultural Crefissul
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1987 - Tóquio (Japão) - Tadashi Kaminagai: retrospectiva, no Jornal Asahi
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Romulo Maiorana
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco. Instituto de Cultura
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MNBA
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, Casa da Cultura
1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ
1996 - Osasco SP - 3ª Mostra de Arte, no Centro Universitário Fieo
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - Osasco SP - 12ª Mostra de Arte, no Salão de Exposição da Fieo
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. O Olhar Distante, na Fundação Bienal
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2003 - Belém PA - 22º Salão Arte Pará, no Museu do Estado do Pará
Fonte: TADASHI Kaminagai. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de fevereiro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia – Wikipédia
Antes de ser pintor Kaminagai seguiu a vida monástica, primeiramente no Japão e depois nas Índias Orientais Holandesas, atual Indonésia, até que abandonou a vida de monge budista para se tornar artista. Foi bem sucedido como moldureiro, com uma série de trabalhos para artistas famosos, mas posteriormente ficou conhecido também pelo seu trabalho de pintor. Influenciou artistas e também foi professor de outros.
Suas obras foram apresentadas em exposições nacionais e internacionais. Também participou da Seibi-kai, tendo contato com inúmeros pintores, inclusive muitos de origem japonesa.
Carreira
Por iniciativa da família, ingressou num mosteiro budista em Kobe, com 14 anos. Dois anos depois, viajou para as Índias Orientais Holandesas, atual Indonésia, atuando como missionário e agricultor até 1927, ano que decidiu seguir carreira artística, mudou-se para Paris, onde conheceu o artista Tsuguharu Foujita, que o orientou na pintura.
Paralelamente à atividade artística, trabalhava como moldureiro, tornou-se reconhecido quando enquadrou obras-primas de Édouard Manet, Paul Cézanne e Vincent van Gogh. Dos artistas que encomendaram as molduras de Kaminagai estavam Henri Matisse, Kees van Dongen, Chaïm Soutine e Marc Chagall. Outro fato das molduras ficarem famosas também foi o uso delas pelo escritor e comerciante da área artística Ambroise Vollard. Com isso Kaminagai sentiu-se animado em inscrever alguns de seus quadros em salões parisienses.
No início da década de 1930, expôs nos salões parisienses, como o Salão de Outono e no Salon des Tuileries. Retornou ao Japão em 1938, mas por conta de um conselho de Foujita o fez mudar para o Brasil, após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, chegando no mesmo dia que o Japão efetuou os ataques a Pearl Harbor, trazendo consigo uma carta de recomendação endereçada a Candido Portinari. No Brasil viveu por um período de 14 anos. Fixou residência no Rio de Janeiro e em 1941 instalou ateliê e oficina de molduras no bairro de Santa Teresa, no térreo de um prédio onde a pintora Djanira da Motta e Silva tinha uma pensão, onde trabalhou e atuou como professor de diversos artistas brasileiros e nipo-brasileiros, como Inimá de Paula, Flávio Shiró, Tikashi Fukushima e outros.
Na década de 1940 a arte de Kaminagai influenciou muitos artistas, muitos dos quais seus conterrâneos. Em 1945, o pintor Tikashi Fukushima estava morando em São Paulo e trabalhando em uma oficina quando foi apresentado a Kaminagai pelo seu chefe, que naquele momento estava precisando de um auxiliar em uma oficina de molduras no Rio de Janeiro, Fukushima aceitou trabalhar para Kaminagai, e em 1946 mudou-se para Santa Teresa, Rio de Janeiro.
Kaminagai foi importante para a formação artística de Fukushima, pois Fukushima reconhecia Kaminagai como seu mestre, passava horas ouvindo as histórias de Kaminagai, de como ele fazia para sobreviver em Paris e expunha nos salões na década de 30. Também iam pescar juntos e levavam horas para chegar a um lugar considerado por eles como especial, e esse lugar encantou Fukushima e o inspirou a fazer a primeira sua pintura feita no Brasil, no Rio de Janeiro no ano de 1946 e foi intitulada "Paisagem".
Em 1996, Tikashi deu um depoimento para a jornalista Kuniko Kobayashi do jornal São Paulo-Shimbun, ao qual disse: “Aquele momento foi a sublimação. E consolidou a minha trajetória como artista plástico”.
Por volta de 1945, foi organizada por Portinari a primeira exposição individual de Kaminagai, que ocorreu no Hotel Serrador, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, Hiroshima foi bombardeada e Kaminagai perdeu seus pais. Em 1947, passa a integrar o Seibi-kai. Em 1951, viajou pelo Uruguai e Argentina.
No mesmo ano participou da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo. No ano seguinte teve seu trabalho apresentado no 1º Salão Nacional de Arte Moderna. Conheceu Manabu Mabe em 1952, Mabe foi um apreciador da arte de Kaminagai, e conta que ficava horas ao lado do artista "admirando as maravilhosas cores com que ele pintava uma arara, na varanda da casa do doutor Honda".
Cândido Portinari também fez elogios para a obra de Kaminagai, dizendo que ele "levou a cabo sua verdadeira formação de autêntico artista no decurso de longos 15 anos de estudo em Paris. Sua pintura austera, simples, inspirada na natureza, reveste-se de qualidades apreciáveis".
Na II Bienal de São Paulo, em 1953, são aceitos só dois artistas nipo-brasileiros, Kaminagai e Manabu Mabe. No mesmo ano, Tadashi, foi para Belém, como hóspede oficial do governo do Pará, para pintar as paisagens da Amazônia.
Na opinião da historiadora Aracy Amaral as cores da paisagem brasileira tiveram um grande impacto na obra do artista, que disse: "Gosto muito de viajar pela minha maneira de ser. Quando você viaja e conhece as coisas do lugar, principalmente a natureza que nos faz sentir, é importante tentar transmitir esses sentimentos. Mas não me considero um andarilho e sim um necessitado. Viajar é uma necessidade de trabalho".
Retornou ao Japão em 1954 e três anos mais tarde voltou a fixar-se em Paris. Segundo o próprio artista, a partir de 1955, começou a pintar com estilo próprio, sendo que expressa sua arte fazendo uso da liberdade de expressão a qualquer objeto, o artista sintetizou seu pensamento com a seguinte frase: "Eu trabalho com base no sentido que uma paisagem pode ter para mim, pois se a pintura seguir exatamente o que se visualiza, é melhor abandonar o pincel e pegar uma máquina fotográfica. Eu olho para o que vou pintar apenas para pegar a forma e o melhor trabalho, geralmente, é aquele feito rapidamente, quando as imagens ainda estão na cabeça".
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Kaminagai é "um dos últimos representantes da vida boêmia que os artistas levavam em Paris", pois, não tinha hora para trabalhar e, muitas vezes, passava toda a noite para conseguir uma cor nova para o quadro.
Kaminagai também foi importante para o pintor Jorge Mori, em que Mori desde criança já tinha uma habilidade para pintar e foi apresentado para Kaminagai por meio de Portinari. Na opinião do colunista Jorge Coli "os casos de crianças-prodígio na música são frequentes, mas raros na pintura. O auto-retrato de Jorge Mori que data de 1944 deixa qualquer um estatelado. Difícil se convencer de que aquele menino com jeito altivo, de 11 anos, tenha produzido uma pintura tão fenomenal. Há nela sinceridade, energia, domínio maduro e sem hesitação do ofício". Kaminagai recomendou-o numa carta para Foujita quando Mori foi a Paris em 1952. Nas palavras de Mori "Foujita falava de tudo, menos de pintura, mas Kaminagai era diferente, ele realmente me ensinou a viver".
Em 1958, Tadashi Kaminagai é descrito como um "artista de maior produção e maiores dotes", que naquela época tinha voltado ao Japão, e criou quadros inspirados no Brasil, tanto com temas urbanos quanto rurais. 1958 também é o ano do nascimento de seu filho, Yo Kaminagai e segundo a mulher de Tadashi, Mineko, "diria que suas cores ficaram mais vibrantes depois de sua estada brasileira, mas especialmente após o nascimento de nosso filho", ou seja, seu filho influenciou-o na pintura.
Por dois anos consecutivos expôs seus trabalhos no Salão Latino-Americano, em Paris, em 1958 e 1959. De 1973 até sua morte, viajou com frequência ao Brasil. Sobre uma exposição das obras de Kaminagai em 1977, foi publicado que boa parte das obras do artista eram influenciadas pela "impressionante força das cores e luz da paisagem brasileira", e que "pode ser considerado descendente direto dos mestres do pós-impressionismo francês", tais como Pierre Bonnard, André Derain, Albert Marquet e Raoul Dufy. Foi considerado também como um dos últimos impressionistas vivos da escola francesa. Em 1981, apresentou suas obras no Salão Latino-Americano de 1981.
Faleceu em 1982, vítima de câncer no intestino, no Hospital Vaugirard. O artista pediu para que quando morresse parte de suas cinzas ficassem no Brasil.
Após a sua morte
Logo após sua morte foi organizada uma exposição e o crítico José Roberto Teixeira Leite, disse que "sua influência sobre a arte brasileira não pode ser desprezada. Exerceu profunda influência não somente sobre um grupo de então jovens (hoje famosos) artistas japoneses, como também sobre alguns pintores que lhe assimilavam o estilo num ou outro momento em sua evolução".
Marinho de Azevedo da revista Veja, descreve Kaminagai como um artista que "que pintava com um prazer que explode em cada uma de suas telas". Azevedo também descreve o artista na mesma edição da revista de 1985, que Kaminagai "não cedeu, nos anos 50, às tentações do abstracionismo. Continuou pintando paisagens, flores e figuras, o que fez com que aos poucos fosse saindo de moda". Quando ao estilo de pintar Azevedo escreveu que "com tons fortes, pinceladas marcadas e traços soltos, cria um mundo vigoroso. Fascinado pelas paisagens, Kaminagai pintou-as todas com uma paleta parecida - assim, sua Amazônia não está muito longe da França. Mas, em todas as telas, a cor impera. Das cenas francesas ao portão da casa no Rio ou nos interiores cheios de luz, em tudo brilha uma vida feliz e se afirma um pincel com ênfase e sensibilidade".
Após a morte do pintor foram realizadas várias exposições, dentre elas a que foi realizada no MASP, recebeu o comentário do crítico de arte Mário Pedrosa, de que "sua obra é feita de marcos de realizações espontâneas que aparecem e se evaporam logo a seguir. Não se trata, entretanto, de um eclético que anda à cata de elementos ou de inspirações estranhas e opostas, para organizar seu bricabraque".
Em 1986, para as exposições denominadas "Tempos de Guerra" foi feita uma reportagem intitulada "Do nazismo às galerias de arte", no jornal O Estado de S. Paulo, Angélica de Moraes define que "duas dezenas de artistas vindos do exterior ajudaram a empurrar o Brasil para a modernidade", dentre os artistas vindos do Japão cita Tadashi Kaminagai e Tikashi Fukushima. Acrescenta dizendo que os japoneses tiveram uma dificuldade extra, a desconfiança de que fossem espiões a serviço do Eixo.
Em 1996, o cenógrafo Márcio Augusto Neiva confessou à polícia que fazia falsificações de pinturas a pedido do pintor Giuseppe Irlandini, ao qual entregava fotografias para Márcio e pagava US$ 200,00 por cada reprodução, entre as obras estavam os quadros de Kaminagai.
Em 2008, houve a exposição denominada "Círculo de Ligações: Foujita no Brasil, Kaminagai e o Jovem Mori", com a curadoria de Aracy Amaral, no mesmo ano houve também o lançamento do livro escrito pela curadora, com o mesmo título da exposição. Na mesma exposição também havia uma seção de documentos, com fotografias dos artistas no Brasil, jornais da época, caricaturas e manuscritos, com destaque para a carta que Foujita escreveu para Portinari apresentando Kaminagai.
No livro de 2010, denominado "Arte brasileira: cortes e recortes: leilão de maio de 2010" de Frederico Morais, o autor descreve o estilo de Kaminagai como bem a intensidade se sua obra da seguinte maneira: "Pintor fovista, foi um típico representante da escola de Paris, expressando seus temas, antes de tudo, através de da cor, que nele sempre foi vibrátil. Carregou sua pintura de um lirismo que é, ao mesmo tempo, uma lição de profundo amor à vida. Daí, também, a presença, ao lado da paisagem, de um outro tema recorrente, a flor, símbolo desse seu apego à vida, aos amigos, à família e, sobretudo, à própria pintura, fonte de prazer e de alegria. Soube captar e transmitir em suas telas a diversidade de nossa paisagem: o verde e a quietude amazônica, a agitação e luminosidade das praias cariocas, o colorido da arquitetura de Salvador e São Luís. Nunca se manteve a essa diversa paisagem que o comovia".
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de fevereiro de 2022.
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersou, só voltando a se reunir em março de 1947.
Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estendeu até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Arte Autêntica, "Tadashi Kaminagai - Um grande artista", publicado por Rui Dell'Avanzi Jr, em 28 de abril de 2009. Consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2022.
Tadashi Kaminagai (Hiroshima, Japão, 27 de setembro de 1899 – Paris, França, 14 de junho de 1982), mais conhecido como Kaminagai, foi um pintor, desenhista, moldureiro japonês, que passou por muitos países e produziu suas obras principalmente no Japão, Brasil e França, expoindo nesses países. Foi membro do grupo Seibi juntamente com outros artistas importantes da época, inclusive de origem japonesa. Suas obras são marcadas por pinceladas fortes e marcantes e foram apresentadas em exposições nacionais e internacionais.
Biografia AA
Com os olhos acostumados à contemplação, Tadashi Kaminagai captura cenas e paisagens em tons aquosos e formas oníricas. Impressionante é o seu trabalho de cor, evidenciado pela pintura simples, que vê beleza nas pequenezas do dia a dia.
Antes de dedicar-se à arte, foi monge budista. Ingressou num mosteiro aos 14, mudando-se para a Indonésia dois anos depois, onde atuou como missionário e agricultor. Até que, em 1927, optou pela carreira artística e se mudou para Paris, onde empreendeu 15 anos de estudo dedicado. O artista Tsuguharu Foujita foi um de seus primeiros mestres.
Para se sustentar, trabalhava ainda como moldureiro, chegando a emoldurar obras de grandes pintores - Henri Matisse, Marc Chagall, Vincent Van Gogh e Paul Cézanne. Foi na cidade da luz que realizou suas primeiras exposições.
Voltou para o Japão (1938), mas, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, veio para o Rio de Janeiro, abrindo ateliê em Santa Teresa. A guerra, no entanto, fazia parte de sua vida diariamente e, com o bombardeio a Hiroshima, perdeu os pais. No mesmo ano, expôs sua primeira individual no Brasil, organizada por Cândido Portinari.
Foi professor de muitos artistas brasileiros, sobretudo de origem nipônica - como Inimá de Paula e Flávio Shiró. Com Takashi Fukushima, desenvolveu amizade próxima. Os dois costumavam ir pescar, e o jovem ficava fascinado pelo trabalho - e pelas cores - do mestre.
Fontes:
Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de fevereiro de 2022.
TADASHI Kaminagai. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de fevereiro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
PRONEC (Programa Nacional de Educação e Cultura). Consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2022.
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Biografia – Itaú Cultural
Por iniciativa da família, ingressou aos 14 anos num mosteiro budista na cidade japonesa de Kobe. Dois anos depois, viaja para as Índias Ocidentais Holandesas, atual Indonésia, atuando como missionário e agricultor até 1927. Nesse ano, decidido a seguir carreira artística, muda-se para Paris, onde conhece o artista Tsuguharu Foujita (1886 - 1968), que o orienta na pintura. Paralelamente à atividade artística, trabalha como moldureiro.
No início da década de 1930, expõe quadros nos salões parisienses e retorna ao Japão em 1938. Embarca para o Brasil um ano após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945, trazendo consigo uma carta de recomendação endereçada a Cândido Portinari (1903 - 1962).
Fixa residência no Rio de Janeiro e em 1941 instala ateliê e oficina de molduras no bairro de Santa Teresa, onde trabalha e atua como professor de diversos artistas brasileiros e nipo-brasileiros, como Inimá de Paula (1918 - 1999), Flavio-Shiró (1928) e Tikashi Fukushima (1920 - 2001), entre outros. Sua primeira exposição individual, por volta de 1945, é organizada por Portinari e ocorre no Hotel Serrador, no Rio de Janeiro. Em 1947, passa a integrar o Grupo Seibi. Retornou ao Japão em 1954 e três anos mais tarde voltou a fixar-se em Paris. Vive entre o Japão, a França e o Brasil, até seu falecimento, em 1982.
Exposições Individuais
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Hotel Serrador
1946 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1951 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, no Museo Nacional de Bellas Artes
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Dezon
1970 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1973 - Paris (França) - Individual, na Galeria Chevreuse
1973 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1975 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1975 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1977 - Paris (França) - Individual, na Galeria Chevreuse
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1979 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1979 - Tóquio (Japão) - Individual, na Takashimaya Art Gallery
1980 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1981 - Paris (França) - Individual, na Galerie Katia Granoff
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1930 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais
1930 - Paris (França) - Salon de Tuilleries
1930 - Paris (França) - Salon National de Beaux-Arts
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata
1950 - Rio de Janeiro RJ - Grande Salão - diploma de alto mérito
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1958 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
1959 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1981 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais
1981 - Paris (França) - Salão Latino-Americano
Exposições Póstumas
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1984 - Paris (França) - Individual, na Galerie Katia Granoff
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1985 - São Paulo SP - Artistas Japoneses na Coleção do MAC, no MAC/USP
1985 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1986 - Rio de Janeiro RJ - Kaminagai: anêmonas, na Realidade Galeria de Arte
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - Mario Agostinelli e Tadashi Kaminagai, no Espaço Cultural Crefissul
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1987 - Tóquio (Japão) - Tadashi Kaminagai: retrospectiva, no Jornal Asahi
1988 - Belém PA - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Romulo Maiorana
1988 - Brasília DF - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Curitiba PR - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAC/PR
1988 - Manaus AM - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Pinacoteca do Estado
1988 - Porto Alegre RS - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no Margs
1988 - Recife PE - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, na Fundação Joaquim Nabuco. Instituto de Cultura
1988 - São Paulo SP - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Vida e Arte dos Japoneses no Brasil, no Masp
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - Rio de Janeiro RJ - Herança do Japão: aspectos das artes visuais nipo-brasileiras, no MNBA
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, Casa da Cultura
1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ
1996 - Osasco SP - 3ª Mostra de Arte, no Centro Universitário Fieo
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
1998 - São Paulo SP - Grupo Seibi, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - São Paulo: visão dos nipo-brasileiros, no Museu Lasar Segall
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - Osasco SP - 12ª Mostra de Arte, no Salão de Exposição da Fieo
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. O Olhar Distante, na Fundação Bienal
2001 - São Paulo SP - Arte Nipo-Brasileira: momentos, na Galeria Euroart Castelli
2003 - Belém PA - 22º Salão Arte Pará, no Museu do Estado do Pará
Fonte: TADASHI Kaminagai. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de fevereiro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia – Wikipédia
Antes de ser pintor Kaminagai seguiu a vida monástica, primeiramente no Japão e depois nas Índias Orientais Holandesas, atual Indonésia, até que abandonou a vida de monge budista para se tornar artista. Foi bem sucedido como moldureiro, com uma série de trabalhos para artistas famosos, mas posteriormente ficou conhecido também pelo seu trabalho de pintor. Influenciou artistas e também foi professor de outros.
Suas obras foram apresentadas em exposições nacionais e internacionais. Também participou da Seibi-kai, tendo contato com inúmeros pintores, inclusive muitos de origem japonesa.
Carreira
Por iniciativa da família, ingressou num mosteiro budista em Kobe, com 14 anos. Dois anos depois, viajou para as Índias Orientais Holandesas, atual Indonésia, atuando como missionário e agricultor até 1927, ano que decidiu seguir carreira artística, mudou-se para Paris, onde conheceu o artista Tsuguharu Foujita, que o orientou na pintura.
Paralelamente à atividade artística, trabalhava como moldureiro, tornou-se reconhecido quando enquadrou obras-primas de Édouard Manet, Paul Cézanne e Vincent van Gogh. Dos artistas que encomendaram as molduras de Kaminagai estavam Henri Matisse, Kees van Dongen, Chaïm Soutine e Marc Chagall. Outro fato das molduras ficarem famosas também foi o uso delas pelo escritor e comerciante da área artística Ambroise Vollard. Com isso Kaminagai sentiu-se animado em inscrever alguns de seus quadros em salões parisienses.
No início da década de 1930, expôs nos salões parisienses, como o Salão de Outono e no Salon des Tuileries. Retornou ao Japão em 1938, mas por conta de um conselho de Foujita o fez mudar para o Brasil, após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, chegando no mesmo dia que o Japão efetuou os ataques a Pearl Harbor, trazendo consigo uma carta de recomendação endereçada a Candido Portinari. No Brasil viveu por um período de 14 anos. Fixou residência no Rio de Janeiro e em 1941 instalou ateliê e oficina de molduras no bairro de Santa Teresa, no térreo de um prédio onde a pintora Djanira da Motta e Silva tinha uma pensão, onde trabalhou e atuou como professor de diversos artistas brasileiros e nipo-brasileiros, como Inimá de Paula, Flávio Shiró, Tikashi Fukushima e outros.
Na década de 1940 a arte de Kaminagai influenciou muitos artistas, muitos dos quais seus conterrâneos. Em 1945, o pintor Tikashi Fukushima estava morando em São Paulo e trabalhando em uma oficina quando foi apresentado a Kaminagai pelo seu chefe, que naquele momento estava precisando de um auxiliar em uma oficina de molduras no Rio de Janeiro, Fukushima aceitou trabalhar para Kaminagai, e em 1946 mudou-se para Santa Teresa, Rio de Janeiro.
Kaminagai foi importante para a formação artística de Fukushima, pois Fukushima reconhecia Kaminagai como seu mestre, passava horas ouvindo as histórias de Kaminagai, de como ele fazia para sobreviver em Paris e expunha nos salões na década de 30. Também iam pescar juntos e levavam horas para chegar a um lugar considerado por eles como especial, e esse lugar encantou Fukushima e o inspirou a fazer a primeira sua pintura feita no Brasil, no Rio de Janeiro no ano de 1946 e foi intitulada "Paisagem".
Em 1996, Tikashi deu um depoimento para a jornalista Kuniko Kobayashi do jornal São Paulo-Shimbun, ao qual disse: “Aquele momento foi a sublimação. E consolidou a minha trajetória como artista plástico”.
Por volta de 1945, foi organizada por Portinari a primeira exposição individual de Kaminagai, que ocorreu no Hotel Serrador, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, Hiroshima foi bombardeada e Kaminagai perdeu seus pais. Em 1947, passa a integrar o Seibi-kai. Em 1951, viajou pelo Uruguai e Argentina.
No mesmo ano participou da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo. No ano seguinte teve seu trabalho apresentado no 1º Salão Nacional de Arte Moderna. Conheceu Manabu Mabe em 1952, Mabe foi um apreciador da arte de Kaminagai, e conta que ficava horas ao lado do artista "admirando as maravilhosas cores com que ele pintava uma arara, na varanda da casa do doutor Honda".
Cândido Portinari também fez elogios para a obra de Kaminagai, dizendo que ele "levou a cabo sua verdadeira formação de autêntico artista no decurso de longos 15 anos de estudo em Paris. Sua pintura austera, simples, inspirada na natureza, reveste-se de qualidades apreciáveis".
Na II Bienal de São Paulo, em 1953, são aceitos só dois artistas nipo-brasileiros, Kaminagai e Manabu Mabe. No mesmo ano, Tadashi, foi para Belém, como hóspede oficial do governo do Pará, para pintar as paisagens da Amazônia.
Na opinião da historiadora Aracy Amaral as cores da paisagem brasileira tiveram um grande impacto na obra do artista, que disse: "Gosto muito de viajar pela minha maneira de ser. Quando você viaja e conhece as coisas do lugar, principalmente a natureza que nos faz sentir, é importante tentar transmitir esses sentimentos. Mas não me considero um andarilho e sim um necessitado. Viajar é uma necessidade de trabalho".
Retornou ao Japão em 1954 e três anos mais tarde voltou a fixar-se em Paris. Segundo o próprio artista, a partir de 1955, começou a pintar com estilo próprio, sendo que expressa sua arte fazendo uso da liberdade de expressão a qualquer objeto, o artista sintetizou seu pensamento com a seguinte frase: "Eu trabalho com base no sentido que uma paisagem pode ter para mim, pois se a pintura seguir exatamente o que se visualiza, é melhor abandonar o pincel e pegar uma máquina fotográfica. Eu olho para o que vou pintar apenas para pegar a forma e o melhor trabalho, geralmente, é aquele feito rapidamente, quando as imagens ainda estão na cabeça".
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Kaminagai é "um dos últimos representantes da vida boêmia que os artistas levavam em Paris", pois, não tinha hora para trabalhar e, muitas vezes, passava toda a noite para conseguir uma cor nova para o quadro.
Kaminagai também foi importante para o pintor Jorge Mori, em que Mori desde criança já tinha uma habilidade para pintar e foi apresentado para Kaminagai por meio de Portinari. Na opinião do colunista Jorge Coli "os casos de crianças-prodígio na música são frequentes, mas raros na pintura. O auto-retrato de Jorge Mori que data de 1944 deixa qualquer um estatelado. Difícil se convencer de que aquele menino com jeito altivo, de 11 anos, tenha produzido uma pintura tão fenomenal. Há nela sinceridade, energia, domínio maduro e sem hesitação do ofício". Kaminagai recomendou-o numa carta para Foujita quando Mori foi a Paris em 1952. Nas palavras de Mori "Foujita falava de tudo, menos de pintura, mas Kaminagai era diferente, ele realmente me ensinou a viver".
Em 1958, Tadashi Kaminagai é descrito como um "artista de maior produção e maiores dotes", que naquela época tinha voltado ao Japão, e criou quadros inspirados no Brasil, tanto com temas urbanos quanto rurais. 1958 também é o ano do nascimento de seu filho, Yo Kaminagai e segundo a mulher de Tadashi, Mineko, "diria que suas cores ficaram mais vibrantes depois de sua estada brasileira, mas especialmente após o nascimento de nosso filho", ou seja, seu filho influenciou-o na pintura.
Por dois anos consecutivos expôs seus trabalhos no Salão Latino-Americano, em Paris, em 1958 e 1959. De 1973 até sua morte, viajou com frequência ao Brasil. Sobre uma exposição das obras de Kaminagai em 1977, foi publicado que boa parte das obras do artista eram influenciadas pela "impressionante força das cores e luz da paisagem brasileira", e que "pode ser considerado descendente direto dos mestres do pós-impressionismo francês", tais como Pierre Bonnard, André Derain, Albert Marquet e Raoul Dufy. Foi considerado também como um dos últimos impressionistas vivos da escola francesa. Em 1981, apresentou suas obras no Salão Latino-Americano de 1981.
Faleceu em 1982, vítima de câncer no intestino, no Hospital Vaugirard. O artista pediu para que quando morresse parte de suas cinzas ficassem no Brasil.
Após a sua morte
Logo após sua morte foi organizada uma exposição e o crítico José Roberto Teixeira Leite, disse que "sua influência sobre a arte brasileira não pode ser desprezada. Exerceu profunda influência não somente sobre um grupo de então jovens (hoje famosos) artistas japoneses, como também sobre alguns pintores que lhe assimilavam o estilo num ou outro momento em sua evolução".
Marinho de Azevedo da revista Veja, descreve Kaminagai como um artista que "que pintava com um prazer que explode em cada uma de suas telas". Azevedo também descreve o artista na mesma edição da revista de 1985, que Kaminagai "não cedeu, nos anos 50, às tentações do abstracionismo. Continuou pintando paisagens, flores e figuras, o que fez com que aos poucos fosse saindo de moda". Quando ao estilo de pintar Azevedo escreveu que "com tons fortes, pinceladas marcadas e traços soltos, cria um mundo vigoroso. Fascinado pelas paisagens, Kaminagai pintou-as todas com uma paleta parecida - assim, sua Amazônia não está muito longe da França. Mas, em todas as telas, a cor impera. Das cenas francesas ao portão da casa no Rio ou nos interiores cheios de luz, em tudo brilha uma vida feliz e se afirma um pincel com ênfase e sensibilidade".
Após a morte do pintor foram realizadas várias exposições, dentre elas a que foi realizada no MASP, recebeu o comentário do crítico de arte Mário Pedrosa, de que "sua obra é feita de marcos de realizações espontâneas que aparecem e se evaporam logo a seguir. Não se trata, entretanto, de um eclético que anda à cata de elementos ou de inspirações estranhas e opostas, para organizar seu bricabraque".
Em 1986, para as exposições denominadas "Tempos de Guerra" foi feita uma reportagem intitulada "Do nazismo às galerias de arte", no jornal O Estado de S. Paulo, Angélica de Moraes define que "duas dezenas de artistas vindos do exterior ajudaram a empurrar o Brasil para a modernidade", dentre os artistas vindos do Japão cita Tadashi Kaminagai e Tikashi Fukushima. Acrescenta dizendo que os japoneses tiveram uma dificuldade extra, a desconfiança de que fossem espiões a serviço do Eixo.
Em 1996, o cenógrafo Márcio Augusto Neiva confessou à polícia que fazia falsificações de pinturas a pedido do pintor Giuseppe Irlandini, ao qual entregava fotografias para Márcio e pagava US$ 200,00 por cada reprodução, entre as obras estavam os quadros de Kaminagai.
Em 2008, houve a exposição denominada "Círculo de Ligações: Foujita no Brasil, Kaminagai e o Jovem Mori", com a curadoria de Aracy Amaral, no mesmo ano houve também o lançamento do livro escrito pela curadora, com o mesmo título da exposição. Na mesma exposição também havia uma seção de documentos, com fotografias dos artistas no Brasil, jornais da época, caricaturas e manuscritos, com destaque para a carta que Foujita escreveu para Portinari apresentando Kaminagai.
No livro de 2010, denominado "Arte brasileira: cortes e recortes: leilão de maio de 2010" de Frederico Morais, o autor descreve o estilo de Kaminagai como bem a intensidade se sua obra da seguinte maneira: "Pintor fovista, foi um típico representante da escola de Paris, expressando seus temas, antes de tudo, através de da cor, que nele sempre foi vibrátil. Carregou sua pintura de um lirismo que é, ao mesmo tempo, uma lição de profundo amor à vida. Daí, também, a presença, ao lado da paisagem, de um outro tema recorrente, a flor, símbolo desse seu apego à vida, aos amigos, à família e, sobretudo, à própria pintura, fonte de prazer e de alegria. Soube captar e transmitir em suas telas a diversidade de nossa paisagem: o verde e a quietude amazônica, a agitação e luminosidade das praias cariocas, o colorido da arquitetura de Salvador e São Luís. Nunca se manteve a essa diversa paisagem que o comovia".
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de fevereiro de 2022.
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Grupo Seibi
Seibi - nome formado pelas iniciais de palavras que, em japonês, significam Grupo de Artistas Plásticos de São Paulo. O grupo, formado em 1935, conta inicialmente com a participação de Tomoo Handa (1906 - 1996), Hajime Higaki (1908 - 1998), Shigeto Tanaka (1910 - 1970), Kiyoji Tomioka (1844 - 1985), Takahashi (1908 - 1977), Yuji Tamaki (1916 - 1979), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e o poeta e jornalista, Kikuo Furuno. Em 1938, aderem ao grupo Masato Aki e o escultor Iwakichi Yamamoto (1914).
O objetivo dessa reunião de artistas é a criação de um espaço para a produção, a divulgação e principalmente a discussão e a crítica das obras produzidas. Sem uma sede própria, eles se reúnem por um período na residência de Tomoo Handa, na Rua Alagoas 32 e, posteriormente, no porão de uma sociedade beneficente japonesa, situada na Rua Santa Luzia.
Em grande parte, os artistas que compõem o Seibi têm sua formação artística inteiramente realizada no Brasil. Estudam desenho e modelo vivo na Escola de Belas Artes de São Paulo ou frequentam a Escola Profissional Masculina do Brás. Todos são imigrantes japoneses e possuem outro meio de sobrevivência, além do trabalho artístico.
Com obras que se diferenciam da produção acadêmica - tanto pela proposta cromática quanto pela ausência de preocupação em retratar fielmente a realidade -, os artistas japoneses se dedicam principalmente aos gêneros da paisagem, do retrato e da natureza morta. Frequentemente realizam viagens à praia ou saem para pintar nos arredores dos bairros da Aclimação, Cambuci e Liberdade.
Na Escola de Belas Artes, entram em contato com os integrantes do Grupo Santa Helena, em especial com Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980), Fulvio Pennacchi (1905 - 1992) e Clóvis Graciano (1907 - 1988).
A primeira exposição realizada pelo grupo ocorre em 1938, na sede do Clube Japonês, na Rua Riachuelo 11. Pela pouca divulgação a mostra não tem grande repercussão. A partir de 1942, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, as reuniões e agremiações de japoneses e alemães ficaram proibidas no país. O grupo se dispersou, só voltando a se reunir em março de 1947.
Nessa nova fase, outros artistas passam participar, entre eles Manabu Mabe (1924 - 1997), Tikashi Fukushima (1920 - 2001), em torno de quem se articulará o grupo Guanabara, Tomie Ohtake (1913) e Flávio-Shiró (1928), entre outros.
Em 1952, é criado o salão Seibi Kai, que se estendeu até 1970, realizando um total de 14 mostras. Esses salões foram de grande importância para a projeção dos trabalhos realizados pelos artistas nipo-brasileiros.
Fonte: GRUPO Seibi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Arte Autêntica, "Tadashi Kaminagai - Um grande artista", publicado por Rui Dell'Avanzi Jr, em 28 de abril de 2009. Consultado pela última vez em 25 de fevereiro de 2022.