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Hilda Campofiorito

Hilda Helena Eisenlohr Campofiorito (3 de agosto de 1901, Rio de Janeiro, Brasil — 16 de janeiro de 1997, Niterói, Brasil), mais conhecida como Hilda Campofiorito foi uma pintora, ceramista, tapeceira e designer de joias brasileira. Formou-se como aluna livre na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), entre 1924 e 1929, onde estudou com Modesto Brocos, Rodolfo Chambelland, João Baptista da Costa e Augusto Bracet. Entre 1929 e 1934, viveu na Europa e frequentou a Real Academia de Belas Artes de Roma e a Académie Julian de Paris. Casada com o pintor Quirino Campofiorito, absorveu influências do modernismo europeu e da cultura brasileira. Suas obras destacam-se pela sensibilidade poética e variedade de técnicas, incluindo óleo sobre tela, cerâmica esmaltada, tapeçaria e desenho, com temas ligados à paisagem brasileira, mitologia e questões sociais. Recebeu a Medalha de Ouro no Salão Nacional de Belas Artes (1945) e participou da 1ª Bienal Internacional de São Paulo (1951). Suas obras estão em acervos importantes e sua memória é preservada na Sala Hilda Campofiorito, em Niterói.

Hilda Campofiorito | Arremate Arte

Hilda Helena Eisenlohr Campofiorito (1901–1997) foi uma artista multifacetada que se destacou como pintora, ceramista, tapeceira, desenhista e designer de joias, deixando uma marca singular na arte brasileira do século XX. Nascida no Rio de Janeiro em 3 de agosto de 1901, iniciou sua formação na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) como aluna livre, entre 1924 e 1929, sendo orientada por mestres como Modesto Brocos, Rodolfo Chambelland, João Baptista da Costa e Augusto Bracet. Seu percurso artístico se expandiu na Europa, onde viveu entre 1929 e 1934 ao lado de seu marido, o pintor Quirino Campofiorito. Nesse período, aperfeiçoou sua técnica na Real Academia de Belas Artes, em Roma, e na tradicional Académie Julian, em Paris.

Sua produção revela um olhar sensível voltado para temas sociais, paisagens naturais e narrativas simbólicas, muitas vezes inspiradas na cultura brasileira e na Amazônia, como na obra “Lenda da Amazônia (Pahi-Tuna)”, cerâmica esmaltada de 1942. Hilda experimentou com maestria diferentes linguagens e suportes — do óleo sobre tela à tapeçaria e à cerâmica artística —, sempre aliando domínio técnico à expressão poética.

Participou de importantes eventos artísticos, como a 1ª Bienal Internacional de São Paulo (1951), e realizou exposições individuais em instituições de prestígio, como o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu Antonio Parreiras. Reconhecida por sua contribuição à arte brasileira, recebeu prêmios relevantes, como a Medalha de Ouro no Salão Nacional de Belas Artes, em 1945.

Ao longo da vida, manteve-se ativa na cena artística, sendo referência especialmente no cenário fluminense. Suas obras integram acervos de museus e coleções particulares, e sua memória é preservada na Sala Hilda Campofiorito, no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, em Niterói. Faleceu em 16 de janeiro de 1997, aos 95 anos, deixando um legado artístico sólido e diversificado, marcado pela delicadeza, força criativa e dedicação à arte em suas múltiplas formas.

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Hilda Campofiorito | Wikipédia

Hilda Eisenlohr Campofiorito (Rio de Janeiro, 3 de agosto de 1901 — Niterói, 16 de janeiro de 1997) foi uma pintora, desenhista, ceramista, tapeceira e designer de joias brasileira. Filha de Guilherme Eisenlohr.

Era casada com o também pintor Quirino Campofiorito, nora de Pietro Campofiorito e mãe de Italo Campofiorito, ambos arquitetos.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 6 de junho de 2025.

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Hilda Campofiorito | Itaú Cultural

Hilda Helena Eisenlohr Campofiorito (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1901 - Niterói, Rio de Janeiro, 1997). Pintora, desenhista, tapeceira, ceramista e designer de jóias. Estuda na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, como aluna livre, entre 1924 e 1929. Neste mesmo ano, acompanha seu marido o pintor Quirino Campofiorito (1902-1993) - agraciado com o Prêmio Viagem ao Estrangeiro pela Escola Nacional de Belas Artes - em uma viagem para a Europa, onde faz cursos de aperfeiçoamento na Real Academia de Belas Artes, em Roma (Itália) e na Academia Julien, em Paris (França), lá permanecendo até 1934. Retorna ao Brasil, em 1935, residindo por dois anos em Araraquara, no interior de São Paulo. Em 1937, fixa residência em Niterói. Leciona técnicas de batik na Galeria do Campo, em Niterói, em 1975.

Críticas

"Uma pintura forte, de matéria dramática, conscientizando a temática social de tão difícil tratamento, coloca-a ao lado dos pintores mais importantes do gênero. A sabedoria do enfoque grupal, tão evidente em Portinari, Di Cavalcanti e Sigaud, entre outros, encontra nela uma intérprete original. Nenhum toque de caráter feminil ou lírico, nesta pintora que soube com grandeza transmitir o problema eterno dos construtores anônimos do progresso, com pouca vantagem por isso. A valorização do processo artesanal, que ela aqui situa no ofício vivo de uma olaria, é outra resposta do homem à industrialização que sufoca o trabalho manual e seu estímulo de criatividade. Hilda Campofiorito concretiza este testemunho sem demagogia, com pulso de verdadeiro pintor" — Walmir Ayala (AYALA, Walmir. O Brasil por seus artistas = Brazil through its artists. trad. Tradução de John Stephen Morris, Ida Cecília Raiche de Araújo e Zuleika Santos Andrade. Rio de Janeiro: Nórdica; São Paulo: Círculo do Livro, s.d).

"Na década de trinta encontra-se na Itália, em companhia de seu marido, o pintor e crítico de arte Quirino Campofiorito. Na Europa, vivendo a efervescência cultural, a artista tem a oportunidade de entrar em contato com a nova pintura e o fogo das idéias que fizeram nosso século. Em Anticoli-Corrado, onde passa uma temporada, Hilda, imbuída de novos conceitos a respeito da arte, já tem os olhos mais livres para criar uma notável série de paisagens, denotando um colorido mais interpretativo, contando com composições mais elaboradas e um ponto de vista mais próprio. Este encontro com a luz mediterrânea acentua sua ligação e seu amor pela natureza. Após conhecer a França, para onde foi com Quirino, fugindo das ameaças do fascismo italiano, Hilda retorna ao Brasil, dando prosseguimento à sua arte, agora totalmente voltada para as formas livres. É, então, uma pintora que detém a técnica, o sentimento aguçado e uma vontade incomum de criar. A pintura, em suas variadas formas, não é mais seu único meio de expressão. A cerâmica, o trabalho em vidro e as técnicas orientais do batik são veículos para a artista conceber sua visão da natureza. Poucos são os criadores que mantêm uma relação tão íntima e verdadeira com o tema tratado. As paisagens, as raízes e os panôs de formas orgânicas são extraídos do contato diário da artista com o meio natural, formando assim uma unidade de significação forte, não de caráter racional ou mecânico, mas de conotação expressiva, em comunhão com a vida. Não podemos pretender separar na produção de Hilda Campofiorito a pintura da criação de objetos decorativos. Uma se relaciona com a outra, uma vive da outra. Este senso decorativo que permeia sua obra, que está presente em tudo o que a artista produz é o fio condutor para a compreensão de sua arte. Esta vocação decorativa é que a faz verdadeiramente moderna"Claudio Valerio Teixeira (CAMPOFIORITO, Hilda. Cerâmicas e vidros: comemorativa dos 90 anos da artista. Niterói: Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro, 1991. p. 9).

Depoimentos

"Aos vinte e pouco anos de idade, fiz uma exposição promovida pelo Diretório Acadêmico da Escola Nacional de Belas Artes, então na Rua Araújo Porto Alegre, no Rio de Janeiro. Como visitante, apareceu o mestre Eliseu Visconti, que olhou para meus trabalhos expostos e disse: 'Moça, você encontrou uma flor em seu caminho, cuide dela?. Quando ainda morávamos em Roma, fui ao ateliê de uma colega holandesa e lá deparei com uma raiz encontrada por ela numa floresta. Era linda. Fiquei realmente encantada e louca para encontrar, também eu, pelos caminhos que percorria, alguma coisa parecida. Inútil, mesmo porque nas ruas de Roma não poderia encontrar nada naquele sentido. Voltando ao Brasil, anos depois, e estando em Brasília quando Italo trabalhava com Oscar Niemeyer, encontrei entre galhos de árvores derrubadas tantas raízes que realmente me agradaram, que recolhi num saco grande e cheio, e pus-me a desenhá-las e a fazer das mesmas imagens as imagens dos meus primeiros nanquins lavados, o que Italo apreciou. Mais tarde na praia de Icaraí, sempre depois de uma ressaca, fui encontrando mais e mais raízes que pareciam Ter olhos, pernas, pés, mas de um modo todo especial. O crítico de arte Marc Berkowitz apreciava muito este tipo de trabalho que me agradou fazer durante bastante tempo. (...) Numa de minhas viagens pela Europa, passando pela Rue Saint Germain des Près, dei com uma vitrine só de batiks. Não conhecia nada daquela técnica e confesso que fiquei apaixonada por ela. Naquele tempo, viajava-se de navio e nós empregávamos os navios da Mala Real Inglesa, que levava treze dias para chegar ao Havre e dali seguíamos de trem para Paris. Custou para eu conseguir os nomes dos materiais necessários para fazer os batiks e tomar uma aulas. Despachei tudo: os papéis, os pincéis e os potes de tinta para o Brasil (no navio, cada passageiro podia levar duzentos quilos de carga!). (...) Ao voltarmos da Europa, Quirino foi convidado pelo deputado Bento de Abreu Sampaio Vidal para inaugurar e dirigir a Escola de Belas Artes de Araraquara, no Estado de São Paulo. (...) Foi um período agradável, cercado de todo carinho. Lá realizei trabalhos e alguns retratos, inclusive o da Moça de Amarelo, que ofereci ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. (...) Não poderia deixar de mencionar meu contato, em 1953, com uma grande artista americana, Margareth Spence, que morou no Brasil durante onze anos. (...) Inúmeras vezes ela nos convidou, a mim e a Quirino, para almoçar lá e um dia resolvi ir. Era na Avenida Suburbana, muito longe de Niterói, mas durante um ano e meio, freqüentei as aulas que ela dava' cobre esmaltado e os cinzeiros de vidro que tanto agradam a todos que vêem. (...) Eram cinco alunos, mas só eu continuei a aproveitar aqueles ensinamentos de tanto valor". — Hilda Campofiorito (CAMPOFIORITO, Hilda. Cerâmicas e vidros : comemorativa dos 90 anos da artista. Niterói : Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro, 1991. pp. 5-7).

Exposições Individuais

1935 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Pró-Arte

1936 - Araraquara SP - Individual

1943 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Diretório Acadêmico da Enba

1947 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Salão do Ministério da Educação e Cultura

1952 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na ABI

1962 - Rio de Janeiro RJ - Desenho e Tecido Pintado, no MAM/RJ

1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ

1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria H. Stern

1967 - Niterói RJ - Individual, no Centro Cultural Pascoal Carlos Magno

1968 - Niterói RJ - Individual, na Livraria Diálogo

1969 - Brasília DF - Individual, na Galeria Paiol

1970 - Londres (Inglaterra) - Individual de Tecido Pintado, no Salão da Embaixada do Brasil

1971 - Niterói RJ - Individual, na Sociedade Fluminense de Fotografia

1971 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Piccola Galeria

1973 - Niterói RJ - Individual, na Piccola Galeria

1973 - Niterói RJ - Individual, na Le Chat Gallerie

1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Mnba

1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Mnba

1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Estampa

1983 - Niterói RJ - Individual, na Galeria Daltro

1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Acervo - Prêmio Mário Pedrosa

1991 - Niterói RJ - Individual, no Clube Naval

1991 - Niterói RJ - Hilda Eisenlohr Campofiorito: Pinturas, Desenhos, Batiks, Cerâmicas e Vidros, no Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro

1994 - Niterói RJ - Viagem, Hilda Campofiorito: Pinturas, no Museu Antonio Parreiras e no no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno

Exposições Coletivas

1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 2º grau

1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de bronze categoria pintura

1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1929 - Niterói RJ - 1º Salão Fluminense de Belas Artes

1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1931 - Paris (França) - Salon des Artists Français, na Societé Nationale de Beaux Arts

1931 - Rio de Janeiro RJ - 38ª Exposição Geral de Belas Artes

1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba

1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Comemorativa do Jubileu da Sociedade Brasileira de Belas Artes, na Enba

1935 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - medalha de prata seção pintura

1936 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1937 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Campofiorito (Hilda, Quirino, Pedro e Violeta), no Salão da Associação dos Artistas Brasileiros

1937 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes

1938 - Califórnia (Estados Unidos) - Exposição Internacional da Califórnia

1938 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1939 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1940 - Niterói RJ - Salão Fluminense de Belas Artes

1940 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1941 - Niterói RJ - Salão Fluminense de Belas Artes

1941 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1942 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1943 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana

1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts

1944 - Londres e Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum

1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna, no Mnba - prêmio viagem ao país

1945 - Baht (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victory Art Gallery

1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery

1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición

1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery

1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery

1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes

1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery

1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura

1945 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna - Medalha de Ouro

1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, no Diretório Acadêmico da Enba

1947 - Buenos Aires (Argentina) - Exposição de Pintores Brasileiros, na Galeria Muller

1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1948 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Pintura Contemporânea, no Grupo Escola Dias Velho

1948 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1949 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1950 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1951 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon

1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna

1952 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão de Naturezas Mortas, na ABI - Prêmio Jornal de Letras

1953 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão de Naturezas Mortas, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro

1954 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão Nacional de Arte Moderna (Salão Branco e Preto), no Palácio da Cultura

1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna

1955 - Salvador BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, na Divisão de Arte Moderna

1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário, no MEC

1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna

1958 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Shell

1958 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1958 - Rio de Janeiro RJ - O Trabalho na Arte, no Mnba

1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança

1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna

1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna

1963 - Belém PA - Salão de Artes Plásticas do Pará

1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna

1964 - Rio de Janeiro RJ - 13º Salão Nacional de Arte Moderna

1965 - Belém PA - Salão de Artes Plásticas do Pará

1965 - Brasília DF - Salão de Artes Plásticas do Distrito Federal

1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1965 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no Copacabana Palace

1966 - Brasília DF - Salão de Artes Plásticas do Distrito Federal

1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas

1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna

1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1972 - Niterói RJ - 1º Mostra de Artes Visuais do Estado do Rio de Janeiro

1972 - Niterói RJ - 50 Anos de Arte Contemporânea, na UFF

1972 - Niterói RJ - Coletiva, na Le Chat Gallerie

1973 - Niterói RJ - 2º Mostra de Artes Visuais do Estado do Rio de Janeiro - Prêmio Aquisição

1974 - Niterói RJ - 3º Mostra de Artes Visuais do Estado do Rio de Janeiro

1974 - Petrópolis RJ - Mostra - Estado do Rio de Janeiro: Arte/Artistas/Tendências

1981 - Niterói RJ - Caminhos da Pintura, no Museu Antonio Parreira

1981 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Carnaval: imagens e reflexões, no Acervo Galeria de Arte

1982 - Niterói RJ - Artistas de Niterói, na Galeria da UFF

1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Niterói RJ - Arte Mulher, no Centro Cultural Pascoal Carlos Magno

1984 - Rio de Janeiro RJ - A Expressão da Mulher na Pintura Brasileira, na Biblioteca Nacional

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - Rio de Janeiro RJ - A Outra Geração 80, Sala Especial do Salão Nacional de Artes Plásticas

1986 - Rio de Janeiro RJ - Lagoa Rodrigo de Freitas: Imagens do Passado e do Presente, na Acervo Galeria de Arte

1987 - Niterói RJ - Aquarelas Brasileiras, na Galeria Santiago & Chalhub

1988 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Trabalho, no Mnba

1996 - Niterói RJ - Oito Mulheres, na Galeria de Arte Swains

Exposições Póstumas

2002 - São Paulo SP - Arte e Política, no MAM/SP

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

Fonte: HILDA Campofiorito. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 06 de junho de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Hilda Campofiorito | Cultura Niteroi 

Hilda Helena Eisenlohr Campofiorito nasceu na rua Conde de Bomfim, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro em 3 de agosto de 1901 e começou a pintar aos dezoito anos. Além da pintura, Hilda, ou HEC, como costumava assinar suas obras, cultivou outras expressões artísticas, como decoração de cerâmica, escultura, pintura em tecidos, mosaicos, ilustração gráfica, etc.

Foi uma artista consagrada na cena artística brasileira desde sua primeira coletiva no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1926, até sua última mostra, aos 93 anos, no Museu Antonio Parreiras, em Niterói, cidade que escolheu pra viver em 1923.

Aos quatro anos de idade a pequena Hilda ganhou uma caixa e aquarelas. Enquanto sua mãe procurava a menina travessa, ela estava pintando um livro de medicina de seu pai, o renomado médico Guilherme Eisenlohr. "Meu primeiro trabalho em pintura foi para estragar um livro de meu pai", conta ela sorrindo.

Discípula de Modesto Brocos, Rodolfo Chambelland, João Baptista da Costa e Augusto Bracet no Curso Livre da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), teve seu primeiro contato com a arte com o rígido professor Henrique Oswaldo: "A senhora precisa aprender a fazer ponta em lápis", dizia o mestre ainda acreditando que as mulheres aprendem pintura para pintar almofadas. Seu primeiro quadro foi uma vista da janela que dava para um paredão no vizinho. O professor olhou para o quadro - "Um buraco no céu" - e disse que não prestava.

Aos 18 anos, descobriu a professora Georgina de Albuquerque, passando a frequentar seu ateliê em Niterói. Georgina era uma professora que se dedicava inteiramente aos seus alunos e ensinava numa atmosfera de plena liberdade, procurando dar coragem e entusiasmo aos estudantes de pintura.

Em 1923, seu pai foi para a Europa em Comissão de Estudos e a estudante de pintura foi com a Mãe para Niterói, passar algum tempo em Icaraí. Lá conheceu um estudante da ENBA, Quirino Campofiorito (1902-1993), que passou a ser seu professor e a estimulou a estudar também na Escola. Hilda se preparou para prestar o concurso e em 1924 ingressou na mesma classe de Quirino. Hilda conta que conheceu o marido nadando na praia de Icaraí. "Remador, ele quase bateu com o remo em minha cabeça. Nos olhamos e começamos a conversar", disse ela em entrevista.

Viagem à Europa

Fizeram então juntos o curso de pintura em 5 anos, se apaixonaram, e quando Quirino recebeu da ENBA o "Prêmio de Viagem ao Estrangeiro", casaram, e foram passar uma temporada de aprendizado na Europa, onde estudou na Academia Julien, em Paris, e na Real Academia de Belas Artes, em Roma.

Antes da viagem, conta Hilda no livro "Cerâmicas e vidros", editado em 1991 em sua homenagem: "Na exposição que fiz em 1926 no Salão Nacional, recebi como visitante o mestre Eliseu Visconti, que olhou para meus trabalhos expostos e disse: 'Moça, você encontrou uma flor em seu caminho, cuide dela'". Foi o incentivo que faltava. Por sinal, no Salão Nacional Hilda foi considerada "hors concours", por ter recebido os prêmios de medalha de bronze (Pintura - 1926), prata (Pintura, com "Tacacá" - 1935) e Ouro (Arte Decorativa - 1949).

Moraram em Roma por dois anos, mas sempre que podiam viajavam pela Itália. Gênova, Florença, Turim, Siena, Milão, Nápoles, Pompéia e, principalmente Veneza, para ela, "a cidade mais bonita do mundo". "Em Veneza, ficávamos em um hotel próximo à Praça São Marcos, onde dorminamos ao som dos sinos da famosa Torre de Veneza, o que me proporcionava uma alegria imensa", relembra a artista.

Em Anticoli Corrado, uma cidadezinha medieval do século XI, a duas horas de trem da capital italiana, onde passou uma temporada, Hilda, imbuída de novos conceitos a respeito da arte, já tinha os olhos mais livres para criar uma notável série de paisagens, denotando um colorido mais interpretativo, contando com composições mais elaboradas e um ponto de vista mais próprio. Este encontro com a luz mediterrânea acentuou sua ligação e seu amor pela natureza. O casal visitou a Bélgica e ficou encantado com as paisagens e o casario medieval, depois retratados em vários trabalhos.

Novos horizontes artísticos

Em Paris, para onde foi com Quirino em fuga das ameaças do fascismo italiano, Hilda deu prosseguimento à sua arte, agora totalmente voltada para as formas livres. Grávida, Hilda temia que o regime do "Duce" impusesse a cidadania italiana ao bebê, afinal, neto do romano Pietro (Pedro) Campofiorito. Na capital francesa, em 1933, expôs no Salon de Paris e deu à luz ao filho Ítalo. É, então, uma pintora que detém a técnica, o sentimento aguçado e uma vontade incomum de criar.

Ao retornar ao Brasil no ano seguinte, a artista iniciou sua carreira profissional participando de exposições coletivas, em salões nacionais, além de várias exposições oficiais, como as realizadas em Londres e Buenos Aires. Em agosto de 1935 apresentou, no Salão da Pró-Arte, 46 telas reproduzindo cenários da França, Itália e Alemanha.

Sobre a mostra, escreveu Luiz Antônio Pimentel na Gazeta de Notícias: "Seus quadros, verdadeiros poemas de colorido, nos fazem lembrar poemas de Tagore. Hilda Campofiorito foi pintando bem, e voltou pintando melhor". Para Guerra Duval, "o vigor do contraste, um tanto brutal, não significa que deixa de haver harmonia. Essa existe, mas é uma harmonia que, em técnica musical, qualificaríamos de dissonante."

Ainda em 1935, Quirino foi convidado pelo deputado Bento de Abreu Sampaio Vidal para inaugurar e dirigir a Escola de Belas Artes de Araraquara (EBAA), no Estado de São Paulo. Lá Hilda realizou trabalhos e alguns retratos, inclusive o famoso "Moça de Amarelo", que foi, mais tarde, oferecido ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. E na EBAA, Hilda expôs seus quadros em 1936.

Em 1937, no Salão de Maio da Associação dos Artistas Brasileiros (AAB), no antigo Palace Hotel, no Centro do Rio, Hilda participou de uma exposição de obras da família Campofiorito: Hilda, Quirino, a cunhada Violeta e o sogro Pedro. Hilda apresentou, 15 telas, entre as quais se destaca a "Lenda Amazônica", onde domina o nu de uma jovem índia; e outra, representando a secagem e a escolha do café espalhado no terreiro. Com dois estudos executados no interior de uma fábrica, Hilda reafirmou, em 1939, no mesmo Salão de Maio, seu dom de analista do mundo que nos cerca.

Prêmio Viagem ao Interior

Com o quadro "Flores", foi agraciada, dois anos depois, pela AAB, o prêmio 'Djalma da Fonseca Hermes'. Sua mestra, Georgina de Albuquerque, também foi premiada pelo júri. Ainda em 1941, no Salão Nacional, apresentou três trabalhos, dos quais, se destacou, segundo Henri Kauffman, "Igreja N. S. do Rosário, cujas perspectivas adquirem força singular, graças à singeleza dos traços e das cores. A cena, ademais, é bem iluminada."

Ainda em 1941 juntou-se ao grupo que fundou a Divisão Moderna do National Art Hall, movimento que procurava estabelecer as tendências do movimento modernista, em contraponto ao tradicionalismo e o conservadorismo acadêmico. No Salão Nacional de 1942, apresentou, além de uma tela de grande equilíbrio, "Rachadores de lenha", dois ladrilhos, "Ubóia-Arara" e "Tuchaua", duas lendas amazônicas, em felicíssima estilização.

Sobre sua exposição no Diretório Acadêmico da Escola Nacional de Belas Artes, em 1943, escreveu o poeta Manuel Bandeira ao periódico carioca 'A Manhã': "A serenidade e discrição de d. Hilda Campofiorito empresta a toda sua obra um caráter repousante, que é um prazer sem mistura para os olhos" (ver na imagem o texto completo de Bandeira). Na mostra, Hilda apresentou uma coleção de estudos de assunto operário, acrescida de uma série de composições decorativas com pássaros e outros animais. Figuram ainda cerca de 30 peças de cerâmica rústica, ladrilhos e vasos ornamentados com motivos indígenas.

Em 1944, durante o 50º Salão Nacional de Belas Artes, tornou-se a primeira mulher a conquistar, na ENBA, o prêmio "Viagem ao País", com a obra "Operários de Fábrica", que a levou em missão artística ao interior do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Nessa viagem, se dedicou a captar cenas de Ouro Preto, Congonhas, São João del Rei, Parati e Cabo Frio. No ano seguinte, expôs, no Salão Nacional, duas obras produzidas nessas viagens.

Mas foi em 1947 que Hilda apresentou ao público, no Ministério da Educação e Saúde, uma mostra completa das obras produzidas nessas viagens pelo rico Brasil Colonial.

Apresentando uma coleção de cinquenta telas, uma dezena de guaches e várias peças de cerâmica rústica, a artista teve reconhecido o merecimento e o esforço no cumprimento de um dever que o alto prêmio obtido lhe exigira. O pintor e crítico de arte, Tomás Santa Rosa, encerrou assim sua crônica sobre a mostra: "É uma satisfação assistir ao progresso de um artista. Hilda Campofiorito está de parabéns".

De fato, captando os cenários dos rincões do país, Hilda manifestou uma das principais características de sua obra, justamente o apego à natureza, não com caráter racional ou mecânico, mas com conotação expressiva, em comunhão com a vida. Segundo o pintor e restaurador Cláudio Valério, "é um sentido decorativo que permeia toda a sua obra, e que lhe confere um caráter autenticamente moderno".

Novos materiais

Já buscando novos materiais como inspiração, em 1952, Hilda abriu na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro, a exposição "Ornamentos femininos", na qual mostrou um sedutor conjunto de peças de cerâmica e esmalte endereçadas ao gosto feminino, como broches, colares e brincos. No ano seguinte, conheceu a ceramista americana, Margareth Spencer - que morou no Brasil durante onze anos - e durante um ano e meio frequentou suas aulas de artes decorativas, em especial a pintura sobre o cobre esmaltado e cinzeiros de vidro.

Nesse mesmo período, foi convidada a decorar o Hospital Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, no bairro do Fonseca, em Niterói. foram pinturas a têmpera sobre 32 paredes de 17 enfermarias e 2 salas de recreação, num raro exemplo brasileiro de conjunto decorativo de amplas proporções. A artista orientou sua obra no sentido de corresponder estritamente à curiosidade das crianças enfermas, proporcionando-lhes uma recreação para o espírito.

Em 1954, ilustrou um livro póstumo de contos da autoria de Lúcio de Mendonça, em comemoração ao centenário de nascimento do escritor fluminense, nascido em Barra de Piraí. Em 1956, na Petite Galerie, em Copacabana, e em 1957, na Galeria Maloca, em Niterói, exibiu seus "Ornamentos femininas".


Na mostra da Galeria Módulo, também em Copacabana, em 1958, apresentou belos objetos funcionais e decorativos, além do batik em seda, seu mais novo experimento. O batik surgiu nos enfeites e objetos de ornamentação pessoal de antigas sociedades orientais. No mesmo ano, expôs seus trabalhos decorativos nas Galeria Tubenchlak Interiores, na Praia de Icaraí, Niterói. Essa foi a primeira mostra individual da artista na cidade.

Sobre seu contato com o batik, Hilda conta. "Numa de minhas viagens pela Europa, passando pela Rue Saint Germain des Près, dei com uma vitrine só de batiks. Não conhecia nada daquela técnica e confesso que fiquei apaixonada por ela. Naquele tempo, viajava-se de navio e nós empregávamos os navios da Mala Real Inglesa, que levava treze dias para chegar ao Havre e dali seguíamos de trem para Paris. Custou para eu conseguir os nomes dos materiais necessários para fazer os batiks e tomar uma aulas. Despachei tudo: os papéis, os pincéis e os potes de tinta para o Brasil (no navio, cada passageiro podia levar duzentos quilos de carga!).

Décadas mais tarde, o pintor e restaurador Cláudio Valério discorreu com propriedade sobre as transformações no trabalho da artista neste período: "A pintura, em suas variadas formas, não é mais seu único meio de expressão. A cerâmica, o trabalho em vidro e as técnicas orientais do batik são veículos para a artista conceber sua visão da natureza. As paisagens, as raízes e os panôs de formas orgânicas são extraídos do contato diário da artista com o meio natural, formando assim uma unidade de significação forte, não de caráter racional ou mecânico, mas de conotação expressiva, em comunhão com a vida. Não podemos pretender separar na produção de Hilda Campofiorito a pintura da criação de objetos decorativos. Uma se relaciona com a outra, uma vive da outra. Este senso decorativo que permeia sua obra, que está presente em tudo o que a artista produz é o fio condutor para a compreensão de sua arte. Esta vocação decorativa é que a faz verdadeiramente moderna".

Grande exposição no MAM

Sobre sua exposição denominada "Tecidos Pintado", no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), em 1962, escreveu o crítico de arte Antônio Bento no Diário Carioca: "Nesse domínio, a pintora é insuperável entre os demais artistas. Os seus tecidos pintados são incontestavelmente, do ponto de vista da técnica e da criação artística, os melhores feitos no país. Sobretudo no terreno da cor, a mostra é do maior interesse. A artista dá realmente uma prova convincente dos seus dons de colorista." Logo em seguida, a artista foi convidada pela direção do MAM para ministrar um curso sobre a técnica de pintura em tecido.

A convite da Universidade Federal do Pará, expôs nos anos de 1963 e 1965 seus trabalhos no Salão de Artes Plásticas de Belém. A Sala de Arte de H. Stern, no Centro do Rio, recebeu uma mostra de Hilda em 1967, com criações recentes de pinturas em tecido, nos mais variados processos, tradicionais e modernos, além de peças em vidro esmaltado e desenhos.

Como atração do curso "50 anos de Arte Moderna no Brasil Contemporâneo", em 1972, a Universidade Federal Fluminense convidou Hilda para uma exposição com trabalhos de batik. A mostra, realizada no saguão da Reitoria, em Icaraí, Niterói, contou também com quadros a óleo de seu marido, Quirino. No ano seguinte, expôs seus trabalhos, usando a mesma técnica, na Galeria "Le Chat", também em Icaraí.

De volta à pintura

Depois de anos dedicado à arte de decoração, Hilda Campofiorito retornou à pintura em duas exposições - 1979 e 1981 - no Museu Nacional de Belas Artes, com o mesmo entusiasmo e qualidade que sempre a caracterizam.

A exposição que realizou em 1985 na Galeria Acervo, em Botafogo, reuniu 87 pinturas entre óleos e aquarelas. A obra mais antiga, datada de 1932, representava a etapa em que a artista desenvolvia um trabalho de forte interesse pelas contradições sociais; os quadros mais recentes incluíam paisagens de diversas localidades do Estado do Rio, vistas urbanas de cidades europeias e brasileiras, além de naturezas mortas, sobretudo flores.

Comemorando seus 90 anos, a artista realizou três exposições, apresentando pinturas, desenhos, batiks, cerâmicas e vidros no Clube Naval de Niterói, no Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro e no Museu do Ingá. Por toda essa força artística e pelas inúmeras amizades que fez ao longo de sua trajetória artística, Hilda comemorou seu aniversário junto a centenas de amigos, em um jantar no Clube Português de Niterói. Em uma entrevista ao Jornal do Brasil, ela contou: "Hoje divido meu tempo entre três paixões: a pintura, o banho de mar e minhas plantas. Todos os dias caminho pela Praia de Icaraí, bem cedo, e às vezes não resisto a um delicioso banho de mar."

Centenário e homenagens

Comemorando o centenário do casal, em 2002 o recém inaugurado espaço cultural Solar Jambeiro, em Niterói, promoveu a mostra "Hilda e Quirino Campofiorito - Vida e obra". Com curadoria de Cláudio Valério e Elizabete Peixoto, a mostra reuniu cerca de 50 quadros, cerâmicas, vidros e gravuras.

A pintura de Hilda Campofiorito não revela a menor influência de seus antigos mestres. Sua personalidade se manteve afirmada e independente em todas as suas mensagens pictóricas, seja na natureza-morta, na paisagem urbana, além do uso da cerâmica, tapeçaria, da pintura sobre tecidos, da técnica do batik, na qual muito se distinguiu, e do desenho de joias. Hilda era uma pintora figurinista, que trabalhava em seus motivos populares com a paixão dos idealistas. Cultivava uma temática de natureza social, com ênfase nas atividades laboriosas, o homem e o trabalho foram os elementos preponderantes em seu potencial emotivo.

Hilda Campofiorito fez parte de várias instituições, como Associação dos Artistas Brasileiros, Instituto Brasileiro de História da Arte e Núcleo de Belas Artes de Araraquara (membro honorário). Várias vezes participou dos juris de seleção e premiação e da Comissão Organizadora do Salão Nacional de Arte Moderna.

Possui quadros em vários museus e galerias, como: Museu Nacional de Belas Artes, Museu Mariano Procópio, Galeria do Núcleo de Belas Artes de Araraquara, Galeria de Arte de Anticoli, na Itália, Museu de Arte Moderna, Tribunal Eleitoral de Brasília e em várias coleções particulares do Brasil e no exterior. O Museu Nacional de Belas Artes abriga uma tela sua que representa um tradicional costume paraense: "o Tacacá".

Hilda Campofiorito morreu em 16 de janeiro de 1997, aos 95 anos, em Niterói, deixando um filho, o arquiteto Ítalo Campofiorito (1933-2020). Três anos antes, ainda trabalhava com afinco, cinco horas por dia em seu ateliê produzindo as obras para sua última mostra, "Viagens", no Museu Antonio Parreiras.

Críticas

"Hilda Campofiorito vive o século e pinta o mundo. De suas andanças sempre traz aquarelas, desenhos, croquis e pinturas. Do Prêmio de Viagem ao País, em 1944, a artista aproveitou (e são raros os que o fizeram) para produzir cenas de Ouro Preto, Congonhas, São João del Rey, Parati e Cabo Frio. Obras da pintora que vê o mundo e se compraz com a natureza. Procura, como os pintores viajantes, captar o que impressiona, mas não de forma servil, documentadora, o mimetismo da paisagem. O que interessa a essa artista é o momento transfigurador da luz, o lapso do tempo, a memória da cor." (Cláudio Valério Teixeira, 1991)

"Uma exposição de paisagens: lugares variados, diversas datas e a pintura que fala por si - repleta de exuberante, renovada beleza e sentimento denso do mundo; a técnica do óleo sobre tela denota um formidável domínio pessoal da linguagem adotada. A liberdade de concepção formal é típica da mentalidade modernista, vinda para o Brasil através da Escola de Paris e dominante no meio cultural em que Hilda E. Campofiorito e o professor Quirino conviviam com seus velhos colegas de aventura: Guignard, Goeldi ou Pancetti. Ao longo de uma vida profissional que começou em Niterói, com a professora Georgina de Albuquerque e com a saudação inicial de Visconti: '... você encontrou uma flor, não a descuide...'" (Ítalo Campofiorito, 1994)

Hilda Campofiorito é uma pintora que realizou a sua arte sem maiores propagandas. O que tem maior relevo em suas composições proletárias é justamente aquilo que se relaciona com o ser humano. As figuras dos trabalhadores, sempre personagens de Hilda, são marcadas em face dos múltiplos problemas existenciais. Há como que uma verdadeira integração da artista no mundo interior de seus modelos. Tudo atingido com a utilização de um metier próprio, como os artistas autênticos que desprezam a violência das cores ou as deformações intencionais manifestações plásticas. A emotividade predomina fortemente em todas as obras dessa artista brasileira. Em suas figuras, como em suas paisagens, o espectador encontra sempre qualquer linguagem que se comunique com a sua sensibilidade. Mesmo quando Hilda se dedica às nossas lendas indígenas na sua curiosa arte decorativa percebe-se que a sua personalidade permanece mesmo onde o artesão tem algum serviço como auxiliar. As cerâmicas tão rústicas e trabalhadas com uma simplicidade primitiva deixam bem saliente o valor da artista. A policromia que apresentamos, "Trabalhadores de rua", é um óleo que representa perfeitamente a sua autora. Faz parte de uma série de trabalhos que com o mesmo ritmo situam Hilda entre os maiores pintores do Brasil e figura entre os quadros que serão apresentados este ano no Salão Nacional de Belas Artes. (Sylvia de Leon Chalreo, Revista Rio Social, 1943)

“Uma pintura forte, de matéria dramática, conscientizando a temática social de tão difícil tratamento, coloca-a ao lado dos pintores mais importantes do gênero. A sabedoria do enfoque grupal, tão evidente em Portinari, Di Cavalcanti e Sigaud, entre outros, encontra nela uma intérprete original. Nenhum toque de caráter feminil ou lírico, nesta pintora que soube com grandeza transmitir o problema eterno dos construtores anônimos do progresso, com pouca vantagem por isso. A valorização do processo artesanal, que ela aqui situa no ofício vivo de uma olaria, é outra resposta do homem à industrialização que sufoca o trabalho manual e seu estímulo de criatividade. Hilda Campofiorito concretiza este testemunho sem demagogia, com pulso de verdadeiro pintor". (Walmir Ayala)

"Dona de suas cores, sincera em sua condição de artista-plástica, inspirada em um material vivo, perfeita mente senhora de uma técnica libertada de preconceitos, Hilda serve e constrói quando realiza uma obra de arte. O artista precisa tirar das coisas o seu conteúdo verdadeiro e afirma seu processo com as respostas plásticas de sua emoção. Há em certos quadros de Hilda tamanha força de pureza e tão sentida penetração em seus personagens, que o espectador se convence totalmente. As ruas estreitas com velhas casas tudo muito enferrujado, tudo muito legítimo em sua cor e sua idade. As velhas igrejas, onde o povo faz suas preces e espera os milagres que enganam. Os homens do mar, os operários fortes das salinas, os embarcadiços, os operários da pá e da picareta com suas mulheres carregando os filhos. São quadros todos que confirmam as nossas observações. Outra característica muito em evidencia nas telas de Hilda é um acentuado bom gosto que se constata em suas composições. Há sempre um equilíbrio bem marcado que uma matéria "saborosa", podemos assim dizer, ainda dá maior realce. Hilda Campofiorito é uma artista nova, ou melhor, uma animadora da chamada Arte Moderna." (Sylvia de Leon Chalreo, jornal Momento Feminino, 1947)

"No gênero, a exposição feita presentemente por Hilda Campofiorito, no MAM, é a melhor das que aqui foram realizadas desde vários anos. Sobretudo no terreno da cor, a mostra é do maior interesse. A artista dá realmente uma prova convincente dos seus dons de colorista. Hilda, que deixou de parte, nos últimos anos, o quadro de cavalete, preferindo entrar para o campo dos tecidos pintados e dos objetos de esmalte, marchou para o domínio das artes aplicadas, tendo nesse sentido, realizados cuidadosos estudos e observações em suas recentes viagens à Europa. Os seus tecidos pintados são incontestavelmente, do ponto de vista da técnica e da criação artística, os melhores feitos no país. Nos seus processos de trabalho, a artista utiliza a pintura direta, tanto com os pincéis, como igualmente com as modalidades do tradicional "batik javanes ou do "roketsuzome" usado pelos japoneses. Daí essa surpreendente variedade de resultados pictóricos, de sedutora expressão plástica, nas peças expostas, que não se desligam, sem exceção, de uma autêntica criação, até mesmo com as possibilidades de serem consideradas no melhor limite de expressionalidade da pintura moderna." (Antônio Bento sobre exposição no MAM, Diário Carioca, 1962)

Fonte: Cultural Niteroi, “Hilda Campofiorito”. Consultado pela última vez em 6 de junho de 2025.

Crédito fotográfico: Cultura Niterói. Consultado pela última vez em 6 de junho de 2025.

Hilda Helena Eisenlohr Campofiorito (3 de agosto de 1901, Rio de Janeiro, Brasil — 16 de janeiro de 1997, Niterói, Brasil), mais conhecida como Hilda Campofiorito foi uma pintora, ceramista, tapeceira e designer de joias brasileira. Formou-se como aluna livre na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), entre 1924 e 1929, onde estudou com Modesto Brocos, Rodolfo Chambelland, João Baptista da Costa e Augusto Bracet. Entre 1929 e 1934, viveu na Europa e frequentou a Real Academia de Belas Artes de Roma e a Académie Julian de Paris. Casada com o pintor Quirino Campofiorito, absorveu influências do modernismo europeu e da cultura brasileira. Suas obras destacam-se pela sensibilidade poética e variedade de técnicas, incluindo óleo sobre tela, cerâmica esmaltada, tapeçaria e desenho, com temas ligados à paisagem brasileira, mitologia e questões sociais. Recebeu a Medalha de Ouro no Salão Nacional de Belas Artes (1945) e participou da 1ª Bienal Internacional de São Paulo (1951). Suas obras estão em acervos importantes e sua memória é preservada na Sala Hilda Campofiorito, em Niterói.

Hilda Campofiorito

Hilda Helena Eisenlohr Campofiorito (3 de agosto de 1901, Rio de Janeiro, Brasil — 16 de janeiro de 1997, Niterói, Brasil), mais conhecida como Hilda Campofiorito foi uma pintora, ceramista, tapeceira e designer de joias brasileira. Formou-se como aluna livre na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), entre 1924 e 1929, onde estudou com Modesto Brocos, Rodolfo Chambelland, João Baptista da Costa e Augusto Bracet. Entre 1929 e 1934, viveu na Europa e frequentou a Real Academia de Belas Artes de Roma e a Académie Julian de Paris. Casada com o pintor Quirino Campofiorito, absorveu influências do modernismo europeu e da cultura brasileira. Suas obras destacam-se pela sensibilidade poética e variedade de técnicas, incluindo óleo sobre tela, cerâmica esmaltada, tapeçaria e desenho, com temas ligados à paisagem brasileira, mitologia e questões sociais. Recebeu a Medalha de Ouro no Salão Nacional de Belas Artes (1945) e participou da 1ª Bienal Internacional de São Paulo (1951). Suas obras estão em acervos importantes e sua memória é preservada na Sala Hilda Campofiorito, em Niterói.

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Exposição Hilda Campofiorito | 1978

Hilda Campofiorito | Arremate Arte

Hilda Helena Eisenlohr Campofiorito (1901–1997) foi uma artista multifacetada que se destacou como pintora, ceramista, tapeceira, desenhista e designer de joias, deixando uma marca singular na arte brasileira do século XX. Nascida no Rio de Janeiro em 3 de agosto de 1901, iniciou sua formação na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) como aluna livre, entre 1924 e 1929, sendo orientada por mestres como Modesto Brocos, Rodolfo Chambelland, João Baptista da Costa e Augusto Bracet. Seu percurso artístico se expandiu na Europa, onde viveu entre 1929 e 1934 ao lado de seu marido, o pintor Quirino Campofiorito. Nesse período, aperfeiçoou sua técnica na Real Academia de Belas Artes, em Roma, e na tradicional Académie Julian, em Paris.

Sua produção revela um olhar sensível voltado para temas sociais, paisagens naturais e narrativas simbólicas, muitas vezes inspiradas na cultura brasileira e na Amazônia, como na obra “Lenda da Amazônia (Pahi-Tuna)”, cerâmica esmaltada de 1942. Hilda experimentou com maestria diferentes linguagens e suportes — do óleo sobre tela à tapeçaria e à cerâmica artística —, sempre aliando domínio técnico à expressão poética.

Participou de importantes eventos artísticos, como a 1ª Bienal Internacional de São Paulo (1951), e realizou exposições individuais em instituições de prestígio, como o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu Antonio Parreiras. Reconhecida por sua contribuição à arte brasileira, recebeu prêmios relevantes, como a Medalha de Ouro no Salão Nacional de Belas Artes, em 1945.

Ao longo da vida, manteve-se ativa na cena artística, sendo referência especialmente no cenário fluminense. Suas obras integram acervos de museus e coleções particulares, e sua memória é preservada na Sala Hilda Campofiorito, no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, em Niterói. Faleceu em 16 de janeiro de 1997, aos 95 anos, deixando um legado artístico sólido e diversificado, marcado pela delicadeza, força criativa e dedicação à arte em suas múltiplas formas.

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Hilda Campofiorito | Wikipédia

Hilda Eisenlohr Campofiorito (Rio de Janeiro, 3 de agosto de 1901 — Niterói, 16 de janeiro de 1997) foi uma pintora, desenhista, ceramista, tapeceira e designer de joias brasileira. Filha de Guilherme Eisenlohr.

Era casada com o também pintor Quirino Campofiorito, nora de Pietro Campofiorito e mãe de Italo Campofiorito, ambos arquitetos.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 6 de junho de 2025.

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Hilda Campofiorito | Itaú Cultural

Hilda Helena Eisenlohr Campofiorito (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1901 - Niterói, Rio de Janeiro, 1997). Pintora, desenhista, tapeceira, ceramista e designer de jóias. Estuda na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, como aluna livre, entre 1924 e 1929. Neste mesmo ano, acompanha seu marido o pintor Quirino Campofiorito (1902-1993) - agraciado com o Prêmio Viagem ao Estrangeiro pela Escola Nacional de Belas Artes - em uma viagem para a Europa, onde faz cursos de aperfeiçoamento na Real Academia de Belas Artes, em Roma (Itália) e na Academia Julien, em Paris (França), lá permanecendo até 1934. Retorna ao Brasil, em 1935, residindo por dois anos em Araraquara, no interior de São Paulo. Em 1937, fixa residência em Niterói. Leciona técnicas de batik na Galeria do Campo, em Niterói, em 1975.

Críticas

"Uma pintura forte, de matéria dramática, conscientizando a temática social de tão difícil tratamento, coloca-a ao lado dos pintores mais importantes do gênero. A sabedoria do enfoque grupal, tão evidente em Portinari, Di Cavalcanti e Sigaud, entre outros, encontra nela uma intérprete original. Nenhum toque de caráter feminil ou lírico, nesta pintora que soube com grandeza transmitir o problema eterno dos construtores anônimos do progresso, com pouca vantagem por isso. A valorização do processo artesanal, que ela aqui situa no ofício vivo de uma olaria, é outra resposta do homem à industrialização que sufoca o trabalho manual e seu estímulo de criatividade. Hilda Campofiorito concretiza este testemunho sem demagogia, com pulso de verdadeiro pintor" — Walmir Ayala (AYALA, Walmir. O Brasil por seus artistas = Brazil through its artists. trad. Tradução de John Stephen Morris, Ida Cecília Raiche de Araújo e Zuleika Santos Andrade. Rio de Janeiro: Nórdica; São Paulo: Círculo do Livro, s.d).

"Na década de trinta encontra-se na Itália, em companhia de seu marido, o pintor e crítico de arte Quirino Campofiorito. Na Europa, vivendo a efervescência cultural, a artista tem a oportunidade de entrar em contato com a nova pintura e o fogo das idéias que fizeram nosso século. Em Anticoli-Corrado, onde passa uma temporada, Hilda, imbuída de novos conceitos a respeito da arte, já tem os olhos mais livres para criar uma notável série de paisagens, denotando um colorido mais interpretativo, contando com composições mais elaboradas e um ponto de vista mais próprio. Este encontro com a luz mediterrânea acentua sua ligação e seu amor pela natureza. Após conhecer a França, para onde foi com Quirino, fugindo das ameaças do fascismo italiano, Hilda retorna ao Brasil, dando prosseguimento à sua arte, agora totalmente voltada para as formas livres. É, então, uma pintora que detém a técnica, o sentimento aguçado e uma vontade incomum de criar. A pintura, em suas variadas formas, não é mais seu único meio de expressão. A cerâmica, o trabalho em vidro e as técnicas orientais do batik são veículos para a artista conceber sua visão da natureza. Poucos são os criadores que mantêm uma relação tão íntima e verdadeira com o tema tratado. As paisagens, as raízes e os panôs de formas orgânicas são extraídos do contato diário da artista com o meio natural, formando assim uma unidade de significação forte, não de caráter racional ou mecânico, mas de conotação expressiva, em comunhão com a vida. Não podemos pretender separar na produção de Hilda Campofiorito a pintura da criação de objetos decorativos. Uma se relaciona com a outra, uma vive da outra. Este senso decorativo que permeia sua obra, que está presente em tudo o que a artista produz é o fio condutor para a compreensão de sua arte. Esta vocação decorativa é que a faz verdadeiramente moderna"Claudio Valerio Teixeira (CAMPOFIORITO, Hilda. Cerâmicas e vidros: comemorativa dos 90 anos da artista. Niterói: Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro, 1991. p. 9).

Depoimentos

"Aos vinte e pouco anos de idade, fiz uma exposição promovida pelo Diretório Acadêmico da Escola Nacional de Belas Artes, então na Rua Araújo Porto Alegre, no Rio de Janeiro. Como visitante, apareceu o mestre Eliseu Visconti, que olhou para meus trabalhos expostos e disse: 'Moça, você encontrou uma flor em seu caminho, cuide dela?. Quando ainda morávamos em Roma, fui ao ateliê de uma colega holandesa e lá deparei com uma raiz encontrada por ela numa floresta. Era linda. Fiquei realmente encantada e louca para encontrar, também eu, pelos caminhos que percorria, alguma coisa parecida. Inútil, mesmo porque nas ruas de Roma não poderia encontrar nada naquele sentido. Voltando ao Brasil, anos depois, e estando em Brasília quando Italo trabalhava com Oscar Niemeyer, encontrei entre galhos de árvores derrubadas tantas raízes que realmente me agradaram, que recolhi num saco grande e cheio, e pus-me a desenhá-las e a fazer das mesmas imagens as imagens dos meus primeiros nanquins lavados, o que Italo apreciou. Mais tarde na praia de Icaraí, sempre depois de uma ressaca, fui encontrando mais e mais raízes que pareciam Ter olhos, pernas, pés, mas de um modo todo especial. O crítico de arte Marc Berkowitz apreciava muito este tipo de trabalho que me agradou fazer durante bastante tempo. (...) Numa de minhas viagens pela Europa, passando pela Rue Saint Germain des Près, dei com uma vitrine só de batiks. Não conhecia nada daquela técnica e confesso que fiquei apaixonada por ela. Naquele tempo, viajava-se de navio e nós empregávamos os navios da Mala Real Inglesa, que levava treze dias para chegar ao Havre e dali seguíamos de trem para Paris. Custou para eu conseguir os nomes dos materiais necessários para fazer os batiks e tomar uma aulas. Despachei tudo: os papéis, os pincéis e os potes de tinta para o Brasil (no navio, cada passageiro podia levar duzentos quilos de carga!). (...) Ao voltarmos da Europa, Quirino foi convidado pelo deputado Bento de Abreu Sampaio Vidal para inaugurar e dirigir a Escola de Belas Artes de Araraquara, no Estado de São Paulo. (...) Foi um período agradável, cercado de todo carinho. Lá realizei trabalhos e alguns retratos, inclusive o da Moça de Amarelo, que ofereci ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. (...) Não poderia deixar de mencionar meu contato, em 1953, com uma grande artista americana, Margareth Spence, que morou no Brasil durante onze anos. (...) Inúmeras vezes ela nos convidou, a mim e a Quirino, para almoçar lá e um dia resolvi ir. Era na Avenida Suburbana, muito longe de Niterói, mas durante um ano e meio, freqüentei as aulas que ela dava' cobre esmaltado e os cinzeiros de vidro que tanto agradam a todos que vêem. (...) Eram cinco alunos, mas só eu continuei a aproveitar aqueles ensinamentos de tanto valor". — Hilda Campofiorito (CAMPOFIORITO, Hilda. Cerâmicas e vidros : comemorativa dos 90 anos da artista. Niterói : Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro, 1991. pp. 5-7).

Exposições Individuais

1935 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Pró-Arte

1936 - Araraquara SP - Individual

1943 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Diretório Acadêmico da Enba

1947 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Salão do Ministério da Educação e Cultura

1952 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na ABI

1962 - Rio de Janeiro RJ - Desenho e Tecido Pintado, no MAM/RJ

1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ

1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria H. Stern

1967 - Niterói RJ - Individual, no Centro Cultural Pascoal Carlos Magno

1968 - Niterói RJ - Individual, na Livraria Diálogo

1969 - Brasília DF - Individual, na Galeria Paiol

1970 - Londres (Inglaterra) - Individual de Tecido Pintado, no Salão da Embaixada do Brasil

1971 - Niterói RJ - Individual, na Sociedade Fluminense de Fotografia

1971 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Piccola Galeria

1973 - Niterói RJ - Individual, na Piccola Galeria

1973 - Niterói RJ - Individual, na Le Chat Gallerie

1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Mnba

1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Mnba

1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Estampa

1983 - Niterói RJ - Individual, na Galeria Daltro

1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Acervo - Prêmio Mário Pedrosa

1991 - Niterói RJ - Individual, no Clube Naval

1991 - Niterói RJ - Hilda Eisenlohr Campofiorito: Pinturas, Desenhos, Batiks, Cerâmicas e Vidros, no Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro

1994 - Niterói RJ - Viagem, Hilda Campofiorito: Pinturas, no Museu Antonio Parreiras e no no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno

Exposições Coletivas

1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa de 2º grau

1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de bronze categoria pintura

1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1929 - Niterói RJ - 1º Salão Fluminense de Belas Artes

1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1931 - Paris (França) - Salon des Artists Français, na Societé Nationale de Beaux Arts

1931 - Rio de Janeiro RJ - 38ª Exposição Geral de Belas Artes

1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba

1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Comemorativa do Jubileu da Sociedade Brasileira de Belas Artes, na Enba

1935 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - medalha de prata seção pintura

1936 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1937 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Campofiorito (Hilda, Quirino, Pedro e Violeta), no Salão da Associação dos Artistas Brasileiros

1937 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes

1938 - Califórnia (Estados Unidos) - Exposição Internacional da Califórnia

1938 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1939 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1940 - Niterói RJ - Salão Fluminense de Belas Artes

1940 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1941 - Niterói RJ - Salão Fluminense de Belas Artes

1941 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1942 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1943 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana

1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts

1944 - Londres e Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings

1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum

1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna, no Mnba - prêmio viagem ao país

1945 - Baht (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victory Art Gallery

1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery

1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición

1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery

1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery

1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes

1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery

1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura

1945 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna - Medalha de Ouro

1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, no Diretório Acadêmico da Enba

1947 - Buenos Aires (Argentina) - Exposição de Pintores Brasileiros, na Galeria Muller

1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1948 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Pintura Contemporânea, no Grupo Escola Dias Velho

1948 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1949 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1950 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1951 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon

1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna

1952 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão de Naturezas Mortas, na ABI - Prêmio Jornal de Letras

1953 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão de Naturezas Mortas, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro

1954 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão Nacional de Arte Moderna (Salão Branco e Preto), no Palácio da Cultura

1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna

1955 - Salvador BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, na Divisão de Arte Moderna

1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário, no MEC

1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna

1958 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Shell

1958 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1958 - Rio de Janeiro RJ - O Trabalho na Arte, no Mnba

1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança

1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna

1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna

1963 - Belém PA - Salão de Artes Plásticas do Pará

1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna

1964 - Rio de Janeiro RJ - 13º Salão Nacional de Arte Moderna

1965 - Belém PA - Salão de Artes Plásticas do Pará

1965 - Brasília DF - Salão de Artes Plásticas do Distrito Federal

1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1965 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no Copacabana Palace

1966 - Brasília DF - Salão de Artes Plásticas do Distrito Federal

1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas

1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna

1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1972 - Niterói RJ - 1º Mostra de Artes Visuais do Estado do Rio de Janeiro

1972 - Niterói RJ - 50 Anos de Arte Contemporânea, na UFF

1972 - Niterói RJ - Coletiva, na Le Chat Gallerie

1973 - Niterói RJ - 2º Mostra de Artes Visuais do Estado do Rio de Janeiro - Prêmio Aquisição

1974 - Niterói RJ - 3º Mostra de Artes Visuais do Estado do Rio de Janeiro

1974 - Petrópolis RJ - Mostra - Estado do Rio de Janeiro: Arte/Artistas/Tendências

1981 - Niterói RJ - Caminhos da Pintura, no Museu Antonio Parreira

1981 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Carnaval: imagens e reflexões, no Acervo Galeria de Arte

1982 - Niterói RJ - Artistas de Niterói, na Galeria da UFF

1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Niterói RJ - Arte Mulher, no Centro Cultural Pascoal Carlos Magno

1984 - Rio de Janeiro RJ - A Expressão da Mulher na Pintura Brasileira, na Biblioteca Nacional

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - Rio de Janeiro RJ - A Outra Geração 80, Sala Especial do Salão Nacional de Artes Plásticas

1986 - Rio de Janeiro RJ - Lagoa Rodrigo de Freitas: Imagens do Passado e do Presente, na Acervo Galeria de Arte

1987 - Niterói RJ - Aquarelas Brasileiras, na Galeria Santiago & Chalhub

1988 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Trabalho, no Mnba

1996 - Niterói RJ - Oito Mulheres, na Galeria de Arte Swains

Exposições Póstumas

2002 - São Paulo SP - Arte e Política, no MAM/SP

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

Fonte: HILDA Campofiorito. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 06 de junho de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Hilda Campofiorito | Cultura Niteroi 

Hilda Helena Eisenlohr Campofiorito nasceu na rua Conde de Bomfim, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro em 3 de agosto de 1901 e começou a pintar aos dezoito anos. Além da pintura, Hilda, ou HEC, como costumava assinar suas obras, cultivou outras expressões artísticas, como decoração de cerâmica, escultura, pintura em tecidos, mosaicos, ilustração gráfica, etc.

Foi uma artista consagrada na cena artística brasileira desde sua primeira coletiva no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1926, até sua última mostra, aos 93 anos, no Museu Antonio Parreiras, em Niterói, cidade que escolheu pra viver em 1923.

Aos quatro anos de idade a pequena Hilda ganhou uma caixa e aquarelas. Enquanto sua mãe procurava a menina travessa, ela estava pintando um livro de medicina de seu pai, o renomado médico Guilherme Eisenlohr. "Meu primeiro trabalho em pintura foi para estragar um livro de meu pai", conta ela sorrindo.

Discípula de Modesto Brocos, Rodolfo Chambelland, João Baptista da Costa e Augusto Bracet no Curso Livre da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), teve seu primeiro contato com a arte com o rígido professor Henrique Oswaldo: "A senhora precisa aprender a fazer ponta em lápis", dizia o mestre ainda acreditando que as mulheres aprendem pintura para pintar almofadas. Seu primeiro quadro foi uma vista da janela que dava para um paredão no vizinho. O professor olhou para o quadro - "Um buraco no céu" - e disse que não prestava.

Aos 18 anos, descobriu a professora Georgina de Albuquerque, passando a frequentar seu ateliê em Niterói. Georgina era uma professora que se dedicava inteiramente aos seus alunos e ensinava numa atmosfera de plena liberdade, procurando dar coragem e entusiasmo aos estudantes de pintura.

Em 1923, seu pai foi para a Europa em Comissão de Estudos e a estudante de pintura foi com a Mãe para Niterói, passar algum tempo em Icaraí. Lá conheceu um estudante da ENBA, Quirino Campofiorito (1902-1993), que passou a ser seu professor e a estimulou a estudar também na Escola. Hilda se preparou para prestar o concurso e em 1924 ingressou na mesma classe de Quirino. Hilda conta que conheceu o marido nadando na praia de Icaraí. "Remador, ele quase bateu com o remo em minha cabeça. Nos olhamos e começamos a conversar", disse ela em entrevista.

Viagem à Europa

Fizeram então juntos o curso de pintura em 5 anos, se apaixonaram, e quando Quirino recebeu da ENBA o "Prêmio de Viagem ao Estrangeiro", casaram, e foram passar uma temporada de aprendizado na Europa, onde estudou na Academia Julien, em Paris, e na Real Academia de Belas Artes, em Roma.

Antes da viagem, conta Hilda no livro "Cerâmicas e vidros", editado em 1991 em sua homenagem: "Na exposição que fiz em 1926 no Salão Nacional, recebi como visitante o mestre Eliseu Visconti, que olhou para meus trabalhos expostos e disse: 'Moça, você encontrou uma flor em seu caminho, cuide dela'". Foi o incentivo que faltava. Por sinal, no Salão Nacional Hilda foi considerada "hors concours", por ter recebido os prêmios de medalha de bronze (Pintura - 1926), prata (Pintura, com "Tacacá" - 1935) e Ouro (Arte Decorativa - 1949).

Moraram em Roma por dois anos, mas sempre que podiam viajavam pela Itália. Gênova, Florença, Turim, Siena, Milão, Nápoles, Pompéia e, principalmente Veneza, para ela, "a cidade mais bonita do mundo". "Em Veneza, ficávamos em um hotel próximo à Praça São Marcos, onde dorminamos ao som dos sinos da famosa Torre de Veneza, o que me proporcionava uma alegria imensa", relembra a artista.

Em Anticoli Corrado, uma cidadezinha medieval do século XI, a duas horas de trem da capital italiana, onde passou uma temporada, Hilda, imbuída de novos conceitos a respeito da arte, já tinha os olhos mais livres para criar uma notável série de paisagens, denotando um colorido mais interpretativo, contando com composições mais elaboradas e um ponto de vista mais próprio. Este encontro com a luz mediterrânea acentuou sua ligação e seu amor pela natureza. O casal visitou a Bélgica e ficou encantado com as paisagens e o casario medieval, depois retratados em vários trabalhos.

Novos horizontes artísticos

Em Paris, para onde foi com Quirino em fuga das ameaças do fascismo italiano, Hilda deu prosseguimento à sua arte, agora totalmente voltada para as formas livres. Grávida, Hilda temia que o regime do "Duce" impusesse a cidadania italiana ao bebê, afinal, neto do romano Pietro (Pedro) Campofiorito. Na capital francesa, em 1933, expôs no Salon de Paris e deu à luz ao filho Ítalo. É, então, uma pintora que detém a técnica, o sentimento aguçado e uma vontade incomum de criar.

Ao retornar ao Brasil no ano seguinte, a artista iniciou sua carreira profissional participando de exposições coletivas, em salões nacionais, além de várias exposições oficiais, como as realizadas em Londres e Buenos Aires. Em agosto de 1935 apresentou, no Salão da Pró-Arte, 46 telas reproduzindo cenários da França, Itália e Alemanha.

Sobre a mostra, escreveu Luiz Antônio Pimentel na Gazeta de Notícias: "Seus quadros, verdadeiros poemas de colorido, nos fazem lembrar poemas de Tagore. Hilda Campofiorito foi pintando bem, e voltou pintando melhor". Para Guerra Duval, "o vigor do contraste, um tanto brutal, não significa que deixa de haver harmonia. Essa existe, mas é uma harmonia que, em técnica musical, qualificaríamos de dissonante."

Ainda em 1935, Quirino foi convidado pelo deputado Bento de Abreu Sampaio Vidal para inaugurar e dirigir a Escola de Belas Artes de Araraquara (EBAA), no Estado de São Paulo. Lá Hilda realizou trabalhos e alguns retratos, inclusive o famoso "Moça de Amarelo", que foi, mais tarde, oferecido ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. E na EBAA, Hilda expôs seus quadros em 1936.

Em 1937, no Salão de Maio da Associação dos Artistas Brasileiros (AAB), no antigo Palace Hotel, no Centro do Rio, Hilda participou de uma exposição de obras da família Campofiorito: Hilda, Quirino, a cunhada Violeta e o sogro Pedro. Hilda apresentou, 15 telas, entre as quais se destaca a "Lenda Amazônica", onde domina o nu de uma jovem índia; e outra, representando a secagem e a escolha do café espalhado no terreiro. Com dois estudos executados no interior de uma fábrica, Hilda reafirmou, em 1939, no mesmo Salão de Maio, seu dom de analista do mundo que nos cerca.

Prêmio Viagem ao Interior

Com o quadro "Flores", foi agraciada, dois anos depois, pela AAB, o prêmio 'Djalma da Fonseca Hermes'. Sua mestra, Georgina de Albuquerque, também foi premiada pelo júri. Ainda em 1941, no Salão Nacional, apresentou três trabalhos, dos quais, se destacou, segundo Henri Kauffman, "Igreja N. S. do Rosário, cujas perspectivas adquirem força singular, graças à singeleza dos traços e das cores. A cena, ademais, é bem iluminada."

Ainda em 1941 juntou-se ao grupo que fundou a Divisão Moderna do National Art Hall, movimento que procurava estabelecer as tendências do movimento modernista, em contraponto ao tradicionalismo e o conservadorismo acadêmico. No Salão Nacional de 1942, apresentou, além de uma tela de grande equilíbrio, "Rachadores de lenha", dois ladrilhos, "Ubóia-Arara" e "Tuchaua", duas lendas amazônicas, em felicíssima estilização.

Sobre sua exposição no Diretório Acadêmico da Escola Nacional de Belas Artes, em 1943, escreveu o poeta Manuel Bandeira ao periódico carioca 'A Manhã': "A serenidade e discrição de d. Hilda Campofiorito empresta a toda sua obra um caráter repousante, que é um prazer sem mistura para os olhos" (ver na imagem o texto completo de Bandeira). Na mostra, Hilda apresentou uma coleção de estudos de assunto operário, acrescida de uma série de composições decorativas com pássaros e outros animais. Figuram ainda cerca de 30 peças de cerâmica rústica, ladrilhos e vasos ornamentados com motivos indígenas.

Em 1944, durante o 50º Salão Nacional de Belas Artes, tornou-se a primeira mulher a conquistar, na ENBA, o prêmio "Viagem ao País", com a obra "Operários de Fábrica", que a levou em missão artística ao interior do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Nessa viagem, se dedicou a captar cenas de Ouro Preto, Congonhas, São João del Rei, Parati e Cabo Frio. No ano seguinte, expôs, no Salão Nacional, duas obras produzidas nessas viagens.

Mas foi em 1947 que Hilda apresentou ao público, no Ministério da Educação e Saúde, uma mostra completa das obras produzidas nessas viagens pelo rico Brasil Colonial.

Apresentando uma coleção de cinquenta telas, uma dezena de guaches e várias peças de cerâmica rústica, a artista teve reconhecido o merecimento e o esforço no cumprimento de um dever que o alto prêmio obtido lhe exigira. O pintor e crítico de arte, Tomás Santa Rosa, encerrou assim sua crônica sobre a mostra: "É uma satisfação assistir ao progresso de um artista. Hilda Campofiorito está de parabéns".

De fato, captando os cenários dos rincões do país, Hilda manifestou uma das principais características de sua obra, justamente o apego à natureza, não com caráter racional ou mecânico, mas com conotação expressiva, em comunhão com a vida. Segundo o pintor e restaurador Cláudio Valério, "é um sentido decorativo que permeia toda a sua obra, e que lhe confere um caráter autenticamente moderno".

Novos materiais

Já buscando novos materiais como inspiração, em 1952, Hilda abriu na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro, a exposição "Ornamentos femininos", na qual mostrou um sedutor conjunto de peças de cerâmica e esmalte endereçadas ao gosto feminino, como broches, colares e brincos. No ano seguinte, conheceu a ceramista americana, Margareth Spencer - que morou no Brasil durante onze anos - e durante um ano e meio frequentou suas aulas de artes decorativas, em especial a pintura sobre o cobre esmaltado e cinzeiros de vidro.

Nesse mesmo período, foi convidada a decorar o Hospital Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, no bairro do Fonseca, em Niterói. foram pinturas a têmpera sobre 32 paredes de 17 enfermarias e 2 salas de recreação, num raro exemplo brasileiro de conjunto decorativo de amplas proporções. A artista orientou sua obra no sentido de corresponder estritamente à curiosidade das crianças enfermas, proporcionando-lhes uma recreação para o espírito.

Em 1954, ilustrou um livro póstumo de contos da autoria de Lúcio de Mendonça, em comemoração ao centenário de nascimento do escritor fluminense, nascido em Barra de Piraí. Em 1956, na Petite Galerie, em Copacabana, e em 1957, na Galeria Maloca, em Niterói, exibiu seus "Ornamentos femininas".


Na mostra da Galeria Módulo, também em Copacabana, em 1958, apresentou belos objetos funcionais e decorativos, além do batik em seda, seu mais novo experimento. O batik surgiu nos enfeites e objetos de ornamentação pessoal de antigas sociedades orientais. No mesmo ano, expôs seus trabalhos decorativos nas Galeria Tubenchlak Interiores, na Praia de Icaraí, Niterói. Essa foi a primeira mostra individual da artista na cidade.

Sobre seu contato com o batik, Hilda conta. "Numa de minhas viagens pela Europa, passando pela Rue Saint Germain des Près, dei com uma vitrine só de batiks. Não conhecia nada daquela técnica e confesso que fiquei apaixonada por ela. Naquele tempo, viajava-se de navio e nós empregávamos os navios da Mala Real Inglesa, que levava treze dias para chegar ao Havre e dali seguíamos de trem para Paris. Custou para eu conseguir os nomes dos materiais necessários para fazer os batiks e tomar uma aulas. Despachei tudo: os papéis, os pincéis e os potes de tinta para o Brasil (no navio, cada passageiro podia levar duzentos quilos de carga!).

Décadas mais tarde, o pintor e restaurador Cláudio Valério discorreu com propriedade sobre as transformações no trabalho da artista neste período: "A pintura, em suas variadas formas, não é mais seu único meio de expressão. A cerâmica, o trabalho em vidro e as técnicas orientais do batik são veículos para a artista conceber sua visão da natureza. As paisagens, as raízes e os panôs de formas orgânicas são extraídos do contato diário da artista com o meio natural, formando assim uma unidade de significação forte, não de caráter racional ou mecânico, mas de conotação expressiva, em comunhão com a vida. Não podemos pretender separar na produção de Hilda Campofiorito a pintura da criação de objetos decorativos. Uma se relaciona com a outra, uma vive da outra. Este senso decorativo que permeia sua obra, que está presente em tudo o que a artista produz é o fio condutor para a compreensão de sua arte. Esta vocação decorativa é que a faz verdadeiramente moderna".

Grande exposição no MAM

Sobre sua exposição denominada "Tecidos Pintado", no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), em 1962, escreveu o crítico de arte Antônio Bento no Diário Carioca: "Nesse domínio, a pintora é insuperável entre os demais artistas. Os seus tecidos pintados são incontestavelmente, do ponto de vista da técnica e da criação artística, os melhores feitos no país. Sobretudo no terreno da cor, a mostra é do maior interesse. A artista dá realmente uma prova convincente dos seus dons de colorista." Logo em seguida, a artista foi convidada pela direção do MAM para ministrar um curso sobre a técnica de pintura em tecido.

A convite da Universidade Federal do Pará, expôs nos anos de 1963 e 1965 seus trabalhos no Salão de Artes Plásticas de Belém. A Sala de Arte de H. Stern, no Centro do Rio, recebeu uma mostra de Hilda em 1967, com criações recentes de pinturas em tecido, nos mais variados processos, tradicionais e modernos, além de peças em vidro esmaltado e desenhos.

Como atração do curso "50 anos de Arte Moderna no Brasil Contemporâneo", em 1972, a Universidade Federal Fluminense convidou Hilda para uma exposição com trabalhos de batik. A mostra, realizada no saguão da Reitoria, em Icaraí, Niterói, contou também com quadros a óleo de seu marido, Quirino. No ano seguinte, expôs seus trabalhos, usando a mesma técnica, na Galeria "Le Chat", também em Icaraí.

De volta à pintura

Depois de anos dedicado à arte de decoração, Hilda Campofiorito retornou à pintura em duas exposições - 1979 e 1981 - no Museu Nacional de Belas Artes, com o mesmo entusiasmo e qualidade que sempre a caracterizam.

A exposição que realizou em 1985 na Galeria Acervo, em Botafogo, reuniu 87 pinturas entre óleos e aquarelas. A obra mais antiga, datada de 1932, representava a etapa em que a artista desenvolvia um trabalho de forte interesse pelas contradições sociais; os quadros mais recentes incluíam paisagens de diversas localidades do Estado do Rio, vistas urbanas de cidades europeias e brasileiras, além de naturezas mortas, sobretudo flores.

Comemorando seus 90 anos, a artista realizou três exposições, apresentando pinturas, desenhos, batiks, cerâmicas e vidros no Clube Naval de Niterói, no Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro e no Museu do Ingá. Por toda essa força artística e pelas inúmeras amizades que fez ao longo de sua trajetória artística, Hilda comemorou seu aniversário junto a centenas de amigos, em um jantar no Clube Português de Niterói. Em uma entrevista ao Jornal do Brasil, ela contou: "Hoje divido meu tempo entre três paixões: a pintura, o banho de mar e minhas plantas. Todos os dias caminho pela Praia de Icaraí, bem cedo, e às vezes não resisto a um delicioso banho de mar."

Centenário e homenagens

Comemorando o centenário do casal, em 2002 o recém inaugurado espaço cultural Solar Jambeiro, em Niterói, promoveu a mostra "Hilda e Quirino Campofiorito - Vida e obra". Com curadoria de Cláudio Valério e Elizabete Peixoto, a mostra reuniu cerca de 50 quadros, cerâmicas, vidros e gravuras.

A pintura de Hilda Campofiorito não revela a menor influência de seus antigos mestres. Sua personalidade se manteve afirmada e independente em todas as suas mensagens pictóricas, seja na natureza-morta, na paisagem urbana, além do uso da cerâmica, tapeçaria, da pintura sobre tecidos, da técnica do batik, na qual muito se distinguiu, e do desenho de joias. Hilda era uma pintora figurinista, que trabalhava em seus motivos populares com a paixão dos idealistas. Cultivava uma temática de natureza social, com ênfase nas atividades laboriosas, o homem e o trabalho foram os elementos preponderantes em seu potencial emotivo.

Hilda Campofiorito fez parte de várias instituições, como Associação dos Artistas Brasileiros, Instituto Brasileiro de História da Arte e Núcleo de Belas Artes de Araraquara (membro honorário). Várias vezes participou dos juris de seleção e premiação e da Comissão Organizadora do Salão Nacional de Arte Moderna.

Possui quadros em vários museus e galerias, como: Museu Nacional de Belas Artes, Museu Mariano Procópio, Galeria do Núcleo de Belas Artes de Araraquara, Galeria de Arte de Anticoli, na Itália, Museu de Arte Moderna, Tribunal Eleitoral de Brasília e em várias coleções particulares do Brasil e no exterior. O Museu Nacional de Belas Artes abriga uma tela sua que representa um tradicional costume paraense: "o Tacacá".

Hilda Campofiorito morreu em 16 de janeiro de 1997, aos 95 anos, em Niterói, deixando um filho, o arquiteto Ítalo Campofiorito (1933-2020). Três anos antes, ainda trabalhava com afinco, cinco horas por dia em seu ateliê produzindo as obras para sua última mostra, "Viagens", no Museu Antonio Parreiras.

Críticas

"Hilda Campofiorito vive o século e pinta o mundo. De suas andanças sempre traz aquarelas, desenhos, croquis e pinturas. Do Prêmio de Viagem ao País, em 1944, a artista aproveitou (e são raros os que o fizeram) para produzir cenas de Ouro Preto, Congonhas, São João del Rey, Parati e Cabo Frio. Obras da pintora que vê o mundo e se compraz com a natureza. Procura, como os pintores viajantes, captar o que impressiona, mas não de forma servil, documentadora, o mimetismo da paisagem. O que interessa a essa artista é o momento transfigurador da luz, o lapso do tempo, a memória da cor." (Cláudio Valério Teixeira, 1991)

"Uma exposição de paisagens: lugares variados, diversas datas e a pintura que fala por si - repleta de exuberante, renovada beleza e sentimento denso do mundo; a técnica do óleo sobre tela denota um formidável domínio pessoal da linguagem adotada. A liberdade de concepção formal é típica da mentalidade modernista, vinda para o Brasil através da Escola de Paris e dominante no meio cultural em que Hilda E. Campofiorito e o professor Quirino conviviam com seus velhos colegas de aventura: Guignard, Goeldi ou Pancetti. Ao longo de uma vida profissional que começou em Niterói, com a professora Georgina de Albuquerque e com a saudação inicial de Visconti: '... você encontrou uma flor, não a descuide...'" (Ítalo Campofiorito, 1994)

Hilda Campofiorito é uma pintora que realizou a sua arte sem maiores propagandas. O que tem maior relevo em suas composições proletárias é justamente aquilo que se relaciona com o ser humano. As figuras dos trabalhadores, sempre personagens de Hilda, são marcadas em face dos múltiplos problemas existenciais. Há como que uma verdadeira integração da artista no mundo interior de seus modelos. Tudo atingido com a utilização de um metier próprio, como os artistas autênticos que desprezam a violência das cores ou as deformações intencionais manifestações plásticas. A emotividade predomina fortemente em todas as obras dessa artista brasileira. Em suas figuras, como em suas paisagens, o espectador encontra sempre qualquer linguagem que se comunique com a sua sensibilidade. Mesmo quando Hilda se dedica às nossas lendas indígenas na sua curiosa arte decorativa percebe-se que a sua personalidade permanece mesmo onde o artesão tem algum serviço como auxiliar. As cerâmicas tão rústicas e trabalhadas com uma simplicidade primitiva deixam bem saliente o valor da artista. A policromia que apresentamos, "Trabalhadores de rua", é um óleo que representa perfeitamente a sua autora. Faz parte de uma série de trabalhos que com o mesmo ritmo situam Hilda entre os maiores pintores do Brasil e figura entre os quadros que serão apresentados este ano no Salão Nacional de Belas Artes. (Sylvia de Leon Chalreo, Revista Rio Social, 1943)

“Uma pintura forte, de matéria dramática, conscientizando a temática social de tão difícil tratamento, coloca-a ao lado dos pintores mais importantes do gênero. A sabedoria do enfoque grupal, tão evidente em Portinari, Di Cavalcanti e Sigaud, entre outros, encontra nela uma intérprete original. Nenhum toque de caráter feminil ou lírico, nesta pintora que soube com grandeza transmitir o problema eterno dos construtores anônimos do progresso, com pouca vantagem por isso. A valorização do processo artesanal, que ela aqui situa no ofício vivo de uma olaria, é outra resposta do homem à industrialização que sufoca o trabalho manual e seu estímulo de criatividade. Hilda Campofiorito concretiza este testemunho sem demagogia, com pulso de verdadeiro pintor". (Walmir Ayala)

"Dona de suas cores, sincera em sua condição de artista-plástica, inspirada em um material vivo, perfeita mente senhora de uma técnica libertada de preconceitos, Hilda serve e constrói quando realiza uma obra de arte. O artista precisa tirar das coisas o seu conteúdo verdadeiro e afirma seu processo com as respostas plásticas de sua emoção. Há em certos quadros de Hilda tamanha força de pureza e tão sentida penetração em seus personagens, que o espectador se convence totalmente. As ruas estreitas com velhas casas tudo muito enferrujado, tudo muito legítimo em sua cor e sua idade. As velhas igrejas, onde o povo faz suas preces e espera os milagres que enganam. Os homens do mar, os operários fortes das salinas, os embarcadiços, os operários da pá e da picareta com suas mulheres carregando os filhos. São quadros todos que confirmam as nossas observações. Outra característica muito em evidencia nas telas de Hilda é um acentuado bom gosto que se constata em suas composições. Há sempre um equilíbrio bem marcado que uma matéria "saborosa", podemos assim dizer, ainda dá maior realce. Hilda Campofiorito é uma artista nova, ou melhor, uma animadora da chamada Arte Moderna." (Sylvia de Leon Chalreo, jornal Momento Feminino, 1947)

"No gênero, a exposição feita presentemente por Hilda Campofiorito, no MAM, é a melhor das que aqui foram realizadas desde vários anos. Sobretudo no terreno da cor, a mostra é do maior interesse. A artista dá realmente uma prova convincente dos seus dons de colorista. Hilda, que deixou de parte, nos últimos anos, o quadro de cavalete, preferindo entrar para o campo dos tecidos pintados e dos objetos de esmalte, marchou para o domínio das artes aplicadas, tendo nesse sentido, realizados cuidadosos estudos e observações em suas recentes viagens à Europa. Os seus tecidos pintados são incontestavelmente, do ponto de vista da técnica e da criação artística, os melhores feitos no país. Nos seus processos de trabalho, a artista utiliza a pintura direta, tanto com os pincéis, como igualmente com as modalidades do tradicional "batik javanes ou do "roketsuzome" usado pelos japoneses. Daí essa surpreendente variedade de resultados pictóricos, de sedutora expressão plástica, nas peças expostas, que não se desligam, sem exceção, de uma autêntica criação, até mesmo com as possibilidades de serem consideradas no melhor limite de expressionalidade da pintura moderna." (Antônio Bento sobre exposição no MAM, Diário Carioca, 1962)

Fonte: Cultural Niteroi, “Hilda Campofiorito”. Consultado pela última vez em 6 de junho de 2025.

Crédito fotográfico: Cultura Niterói. Consultado pela última vez em 6 de junho de 2025.

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