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Katie van Scherpenberg

Mildrid Catharina van Scherpenberg (1940, São Paulo, Brasil), mais conhecida como Katie van Scherpenberg, é uma pintora e artista visual brasileira. Formou-se na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique, na Alemanha, e estudou aquarela com Oskar Kokoschka, em Salzburgo, Áustria, em 1963. No Brasil, aprofundou-se em gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro entre 1966 e 1967. Nos anos 1970, viveu por cerca de 17 anos na Ilha de Santana, no Amapá, onde desenvolveu uma obra profundamente ligada à natureza, utilizando pigmentos orgânicos e explorando processos de transformação da matéria. Sua pintura, de caráter experimental e gestual, dialoga com a arte povera, o expressionismo abstrato e o land art, e é marcada pelo uso de materiais naturais, como terra, óxido de ferro e elementos vegetais. Participou de importantes exposições, como a 16ª e a 20ª Bienal Internacional de São Paulo, além de mostras no Brasil e no exterior. Lecionou em instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre os artistas que influenciaram sua trajetória estão Oskar Kokoschka e Georg Brenninger. Sua obra integra acervos como o do Museu Nacional de Belas Artes (RJ), Museu de Arte Contemporânea de Brasília, Blanton Museum of Art (EUA) e a Coleção Real da Suécia.

Katie Van Scherpenberg | Arremate Arte

Mildrid Catharina van Scherpenberg, mais conhecida como Katie van Scherpenberg, nasceu em 1940, na cidade de São Paulo, Brasil, e construiu uma das trajetórias mais singulares e radicais da arte contemporânea brasileira. Filha de imigrantes alemães, passou parte da infância na Inglaterra, retornando ao Brasil em 1946. Essa vivência multicultural viria a marcar profundamente sua sensibilidade artística. Seu percurso formativo começou no final da década de 1950, com aulas de pintura ministradas por Catherina Baratelli, no Rio de Janeiro, e ganhou projeção internacional com os estudos na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique, na Alemanha, sob a orientação do escultor Georg Brenninger. No verão de 1963, aperfeiçoou-se ainda em aquarela com Oskar Kokoschka, em Salzburgo, Áustria — experiência fundamental para o desenvolvimento de sua abordagem pictórica intuitiva e gestual.

De volta ao Brasil, em 1964, mergulhou nos estudos de gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), entre 1966 e 1967. No entanto, foi em 1968 que tomou a decisão que definiria de forma definitiva sua obra: mudou-se para a isolada Ilha de Santana, no Amapá, onde viveu por aproximadamente 17 anos. Distante dos centros urbanos e imersa na floresta amazônica, Katie desenvolveu uma prática artística visceral e orgânica, marcada pelo uso de pigmentos naturais extraídos do solo e por intervenções efêmeras na paisagem. Suas obras deste período — que dialogam com a arte povera, o land art e o expressionismo abstrato — são registros poéticos de um engajamento sensorial com a natureza, onde tempo, matéria e transformação tornam-se os próprios sujeitos da pintura.

A partir da década de 1980, sua obra ganha visibilidade no circuito institucional. Participa da 16ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1981, com a instalação “Kronos”, e volta a expor na Bienal em 1989 com “The Via Sacra”, série marcada por um uso ritualístico dos materiais e forte carga simbólica. Sua pesquisa, ancorada na materialidade da pintura, utiliza pigmentos como óxido de ferro e outros componentes orgânicos que se degradam ou se transformam com o tempo, conferindo às obras um caráter quase vivo, em constante mutação.

Katie também se destacou na formação de jovens artistas. Lecionou pintura entre 1983 e 1989 no MAM/RJ, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e na Universidade Santa Úrsula. Antes disso, fundou o Núcleo Experimental de Arte em Petrópolis, em 1978, ao lado da poeta Geni Marcondes, espaço que coordenou até 1984. No mesmo período, a convite do Instituto Nacional de Artes Plásticas, conduziu a pesquisa “Melhoria de Materiais”, analisando a durabilidade das tintas a óleo — estudo posteriormente publicado pela Funarte.

Sua obra integra acervos de instituições prestigiadas como o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Coleção Gilberto Chateaubriand), o Museu de Arte Contemporânea de Brasília, o Blanton Museum of Art (EUA) e a Coleção Real da Suécia. Exposições recentes, como “Olamapá” (2019) no Centro Cultural Oi Futuro, e “Overlooking the Amazon” (2021) na Cecilia Brunson Projects, em Londres, reafirmam a potência de sua pesquisa e sua relevância internacional.

Katie van Scherpenberg construiu uma obra que rompe limites entre pintura, matéria e paisagem. Ao tornar a natureza não apenas tema, mas também suporte e substância de sua criação, a artista propõe uma fusão entre corpo, tempo e território. Sua produção continua a ser um convite à contemplação do impermanente, um gesto profundo de escuta e pertencimento ao mundo.

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Katie Van Scherpenberg | Wikipédia

Mildrid Catharina van Scherpenberg (1940) é uma artista plástica, pintora, gravadora e professora brasileira.

Biografia

Nascida na Inglaterra, migrou para o Brasil em 1946. Estudou com Catherina Baratelli, entre 1958 e 1960, posteriormente viajou para a Alemanha para estudar na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique. Em 1963 estudou com Oscar Kokoschka em Salzburgo, Áustria.

Em 1966 retornou ao Rio de Janeiro para estudar gravura no Museu de Arte Moderna. Em 1976, participou da fundação da Associação Brasileira de Artistas Plásticos Profissionais. Em 1978, junto com a poetisa Geni Marcondes, fundou o Centro Experimental de Arte na cidade de Petrópolis, onde lecionou até 1984.

Em 1980 começou a expor individualmente.

De 1982 a 1985 trabalhou, a convite do Instituto Nacional de Artes Plásticas, no projeto Melhoria de Materiais, análise de óleo de tinta, pesquisa publicada pela Funarte.

De 1983 a 1989 deu aulas de pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e na Universidade de Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.

Exposições

1981 - Rio de Janeiro no Centro Científico e Cultural de Macau

1981 - Victoria na Galería de Arte e Investigación de la Ufes

1982 - Río de Janeiro, proyecto de arte contemporáneo de Brasil en el Museo de Arte Moderno de Río de Janeiro

1983 - Río de Janeiro en el Centro Científico y Cultural de Macau

1984 - Río de Janeiro en la Galería MP2

1985 - São Paulo en la Galería de Arte Contemporáneo Arco

1986 - Brasilia en la Galería Espacio Capital, Arte Contemporáneo

1987 - Río de Janeiro en la galería de arte Centro Empresarial Río

1988 - Brasilia en la Galería Espacio Capital, Arte Contemporáneo

1989 - Río de Janeiro en Galería Anna Maria Niemeyer

1989 - Río de Janeiro en la Galería Espacio de Arte

1992 - Río de Janeiro en Galería Anna Maria Niemeyer

1992 - Roma (Italia) en La Habitación Galería

1995 - París (Francia) en Galería Debret

1995 - Río de Janeiro en Anna Maria Niemeyer Galería

1995 - Río de Janeiro en el Museo del Palacio Imperial

1996 - Madrid (España) en Casa de América

1996 - Río de Janeiro en Centro Científico y Cultural de Macau

1999 - Madrid (España) en Casa de América

1999 - Río de Janeiro en Galería Anna Maria Niemeyer

2000 - Niterói Feuerbach y yo en el MAC

2000 - Niterói La indiferencia, intervención en Boa Viagem

2003 - Río de Janeiro - Individual en Anna Maria Niemeyer Galería

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Katie Van Scherpenberg | Itaú Cultural

Mildrid Catharina van Scherpenberg (São Paulo, São Paulo, 1940). Pintora, desenhista, gravadora e professora. Passa a infância na Inglaterra e vem com a família para o Brasil em 1946. Tem aulas de pintura com Catherina Baratelli, no Rio de Janeiro, entre 1958 e 1960. Em 1961, viaja para a Europa, faz curso na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique, na Alemanha. Em 1963, estuda com o pintor Oscar Kokoschka (1886 - 1980) em Salzburg, Áustria. Retorna para o Rio de Janeiro, e realiza curso de gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), entre 1966 e 1967. Em 1976, participa da fundação da Associação Brasileira de Artistas Plásticas Profissionais - Abapp. Cria, em 1978, ao lado da poeta Geni Marcondes (1916), o Núcleo Experimental de Arte na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, no qual leciona até 1984. Começa a expor individualmente nos anos 1980. A convite do Instituto Nacional de Artes Plásticas, trabalha no projeto Melhoria de Materiais - análise de tinta a óleo, de 1982 até 1985, quando a pesquisa é publicada pela Funarte. De 1983 a 1989, leciona pintura no MAM/RJ, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage) e na Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro. Realiza pinturas abstratas desde a década de 1980, utilizando materiais e pigmentos não convencionais, como óxido de ferro.

Análise

A obra de Katie van Scherpenberg, como nota o crítico de arte Fernando Cocchiarale, tem como base o seu amplo conhecimento dos materiais e das técnicas de pintura. Ao iniciar sua trajetória em um momento de crise dos meios tradicionais de expressão e de emergência da arte conceitual, a artista procura utilizar técnicas não usuais, como a têmpera.

No início da década de 1980, Scherpenberg começa a realizar trabalhos abstratos. Para Cocchiarale, a série Queda de Ícaro (1980/1981) é um marco em sua produção. É composta por uma sequência de cinco telas brancas, nas quais é colocado, sempre à mesma altura, um pequeno relevo cilíndrico branco construído pela superposição de um pedaço de tela sobre o suporte. Em cada quadro, pinta uma barra negra horizontal em diferentes posições, em relação ao relevo. Nesses trabalhos o ponto de interesse não é a perspectiva, mas a exploração de questões pictóricas.

Em obras posteriores, como nas instalações Rio Vermelho (1983) e Caveat (1984), ela realiza experiências cromáticas, com pinturas pensadas para serem expostas em ambientes completamente vermelhos. Esses trabalhos aproximam-se, assim, de obras de Hélio Oiticica (1937-1980) e de Cildo Meireles (1948).

O método de trabalho utilizado pela artista inclui as modificações que os materiais sofrem, como a deterioração natural dos pigmentos orgânicos. Em intervenção que realiza nos jardins da Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, no Rio de Janeiro, na mostra Território Ocupado, em 1986, leva em consideração o crescimento natural da vegetação para a obtenção do resultado final. Em 2000, em exposição realizada no Museu de Arte Contemporânea de Niterói - MAC-Niterói, mostra um conjunto de 50 pinturas da série Feuerbach e Eu, iniciada na década de 1990, e realiza uma intervenção pictórica na praia de Boa Viagem, adjacente ao museu, levando o espectador a refletir acerca das relações entre pintura e natureza.

Críticas

"Nas obras mais recentes, dos anos 80, o fundamento construído e o mecanismo expansivo de sua abstração encontraram um ponto eficaz de equilíbrio em que tanto a disciplina do comentário mental quanto o desembaraço da expressão cromática têm a devida e unida vez. É uma pintura que faz deliberada referência a outras pinturas, que revisita a história da arte, mas impondo à razão uma constante reciclagem na emoção. Constrói e vibra". — Roberto Pontual (PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Prefácio de Gilberto Allard Chateaubriand e Antônio Houaiss. Apresentação de M. F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987).

"Pintura é organizar esteticamente matéria letal. A pintura de Katie Van Scherpenberg é tornar algo visível, uma administração de venenos. Pintar é atividade iconoclástica que já não vê a presença divina na matéria da imagem, mas a história da arte como uma dimensão problemática do Homem. Emerge então uma outra morte: a da própria obra de arte, já desimpregnada do divino, mas almejando a permanência física, como evidência da história e do indivíduo. O desejo da permanência da obra é negociada com a eternidade, com o limite do tempo do sujeito pintor". — Paulo Herkenhoff (SCHERPENBERG, Katie van. Pinturas recentes. Fotografia Fausto Fleury; texto Paulo Herkenhoff; projeto gráfico Walter Duarte. Rio de Janeiro: Galeria Anna Maria Niemeyer, 1999).

Exposições Individuais

1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no CCCM

1981 - Vitória ES - Individual, na Galeira de Arte e Pesquisa da Ufes

1982 - Rio de Janeiro RJ - Projeto de Arte Brasileira Contemporânea, no MAM/RJ

1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no CCCM

1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria MP2

1985 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Arco Arte Contemporânea

1986 - Brasília DF - Individual, na Galeria Espaço Capital, Arte Contemporânea

1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte do Centro Empresarial Rio

1988 - Brasília DF - Individual, na Galeria Espaço Capital, Arte Contemporânea

1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Arte Espaço

1992 - Rio de Janeiro RJ - Obras Recentes, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1992 - Roma (Itália) - Individual, na Galeria Sala 1

1995 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret

1995 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1995 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Museu do Paço Imperial

1996 - Madri (Espanha) - Individual, na Casa de América

1996 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no CCCM

1999 - Madri (Espanha) - Mamá Prometo Ser Feliz, na Casa de América

1999 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

2000 - Niterói RJ - Feurbach e Eu, no MAC/Niterói

2000 - Niterói RJ - Indiferença, intervenção na Praia de Boa Viagem

2000 - Niterói RJ - Katie van Scherpenberg: Feuerbach e eu na paisagem, no MAC/Niterói 

2000 - Rio de Janeiro RJ - Desenhando o Tempo, no Museu do Telephone

2003 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

Exposições Coletiva

1957 - Londres (Inglaterra) - Coletiva, no Salão da Daily Telegrafh

1961 - Curitiba PR - Salão de Belas Artes da Primavera

1963 - Munique (Alemanha) - Young Artists Show, na Academie der Bildende Kunst University of Munich

1976 - Rio de Janeiro RJ - 25º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri

1978 - Curitiba PR - Salão Paranaense

1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA

1981 - São Paulo SP - 16ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1982 - Lisboa (Portugal) - Do Moderno ao Contemporâneo, na Calouste Gulbenkian Foudation

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão  

1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Barbican Art Gallery  

1982 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ 

1982 - São Paulo SP - Mulheres na Arte, no MAC/USP

1983 - Curitiba PR - Salão Paranaense - premiado

1983 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira do Século XX, no MNBA

1984 - Friedrikstad (Noruega) - 6º Graphic Bienal, no Friedrickstad - artista convidada

1985 - São Paulo SP - 6 Artistas, no MAC/USP

1986 - Rio de Janeiro RJ - Território Ocupado, na EAV/Parque Lage

1987 - Nova York (Estados Unidos) - Connections Project Conexus, no Museum of Contemporary Hispanic Art

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1989 - Rio de Janeiro RJ - Rio Hoje, no MAM/RJ

1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1989 - São Paulo SP - Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1990 - Brasília DF - Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no MAB/DF 

1990 - Grenoble (França) - Façades Imaginaire, no Musée de Grenoble

1990 - Rio de Janeiro RJ - Arte Contemporânea Brasileira, no MAM/RJ

1990 - Rio de Janeiro RJ - Pintores, Desenhos e Gravuras, com Anna Bella Geiger e Iberê Camargo, na UFF

1991 - Brasília DF - Prêmio Brasília, MAM/DF

1991 - Estocolmo (Suécia) - Viva Brasil Viva, no Liljevalks Konsthall

1991 - Rio de Janeiro RJ - Pintura, no Ibac

1991 - São Paulo SP - Aquisições Recentes do MAC/USP, no MAC/USP

1991 - São Paulo SP - O Clássico e o Contemporâneo, no MIS/SP

1991 - São Paulo SP - O Clássico no Contemporâneo, no Paço das Artes

1992 - Rio de Janeiro RJ - Brazilian Contemporary Art, na EAV/Parque Lage

1994 - Brasília DF - Cidade Imaginada-Imagined City, na Fundação Athos Bulcão

1995 - Beijing (China) - Papel do Brasil, no Working People's Cultural Palace

1995 - Lausanne (Suíça) - Rio: Mysteres et Frontieres, no Musée de Pully

1996 - Belém PA - 15º Salão Arte Pará, no Museu de Arte do Belém

1996 - Belo Horizonte MG - Impressões Itinerantes, no Palácio das Artes

1996 - Londres (Inglaterra) - The UECLLA Collection (University of Essex Collection of Latin American Art), no Simon Bolívar Hall

1996 - Rio de Janeiro RJ - Dialog, no Goethe Institut e no MAM/RJ

1996 - Rio de Janeiro RJ - Rio: mistérios e fronteiras, no MAM/RJ

1997 - Brasília DF - Recriando A Paisagem, Comemoração dos 20 Anos do Iphan, no Espaço Cultural 508

1997 - Curitiba PR - A Arte Contemporânea da Gravura, no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba

1998 - Brasília DF - Cien Recuerdos para Garcia Lorca, no Espaço Cultural 508 Sul

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

2000 - Niterói RJ - Coleção Sattamini: dos materiais às diferenças internas, no MAC/Niterói  

2000 - Roma (Itália) - La Ville, Le Jardin, la Mémoire, na L'Accademia di Francia a Villa Medicis

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural  

2002 - Niterói RJ - A Recente Coleção do MAC, no MAC/Niterói

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - Seleção do Acervo de Arte da UCAM, no Centro Cultural Candido Mendes

2002 - São Paulo SP - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Instituto Tomie Ohtake  

2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Diálogo, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte

2003 - Rio de Janeiro RJ - Vinte e Cinco Anos: Galeria de Arte Cândido Mendes, na Galeria Candido Mendes

2004 - Rio de Janeiro RJ - 30 Artistas, no Mercedes Viegas Escritório de Arte

2005 - Rio de Janeiro RJ - 10 Indicam 10, no Centro Cultural Candido Mendes

2005 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva 2005, no Mercedes Viegas Escritório de Arte

Fonte: KATIE van Scherpenberg. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/1065-katie-van-scherpenberg. Acesso em: 02 de abril de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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“Katie Van Scherpenberg: o corpo da obra” na Galatea | Arte Que Acontece

A individual Katie Van Scherpenberg: o corpo da obra se alinha a um dos fundamentos do programa da Galatea, que envolve resgates históricos e reposicionamento de grandes artistas cuja produção se encontre em certa medida distanciada da cena atual da arte brasileira. A mostra sela o acordo de representação pela Galatea da obra de Katie Van Scherpenberg (São Paulo, 1940), artista que vem contando com renovado reconhecimento e projeção internacional desde que passou a ser representada, em 2019, pela galeria londrina Cecilia Brunson Projects, com a qual a casa brasileira passa a colaborar.

Iniciada há cinquenta anos, a produção de Scherpenberg deriva das suas investigações a respeito da pintura e dos elementos estruturais e simbólicos que a constituem. A artista experimentou toda sorte de intervenção sobre tela e madeira, pesquisando pigmentos naturais, desenvolvendo a própria têmpera, desencadeando reações químicas e examinando as oxidações sofridas por diversos materiais.

Nesse caminho de questionamento da pintura, Scherpenberg chegou à paisagem, passando a intervir com a cor no espaço — na areia, na água, na grama, nas árvores. Ao registrar suas intervenções espaciais, chamadas de landscape paintings, a artista, até então pintora, entra em cena protagonizando performances e evidenciando o lugar do corpo na prática da pintura. O título da exposição, portanto, busca ressaltar a corporalidade na sua obra, que tensiona tanto a plasticidade dos materiais quanto o corpo físico da artista.

A mostra reúne cerca de 25 obras produzidas entre 1982 e 2008, além de trazer uma vitrine que apresenta ao público os registros das intervenções empreendidas pela artista na paisagem e documentos históricos.

Fernanda Morse, pesquisadora e curadora na Galatea, assina o texto crítico da exposição, e comenta:

“Katie Van Scherpenberg é uma artista que não perdeu a infância, ela examina a matéria como a criança que descobre o tato; interage os elementos como a criança que persegue a mágica, que se sonha alquimista ou cientista entre reagentes e tubos de ensaio. O intercâmbio entre o corpo da artista e o corpo da obra é o que anima — dá vida — a sua produção.”

Fonte: Arte que Acontece. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Katie Van Scherpenberg | Escola de Artes Visuais do Parque Laje

Katie van Scherpenberg nasceu em São Paulo, Estado de São Paulo. Pintora, gravadora e desenhista, professora e conferencista, com textos editados pela antiga FUNARTE, entre outras entidades.

Viveu sua infância na Inglaterra, imigrando junto com a família para o Brasil em 1946. Seu pai radicou-se a partir de 1950 no Território Federal do Amapá, no canal norte do Rio Amazonas.

Katie morou na Ilha de Santana situada no Rio Amazonas, até 1973, quando veio definitivamente para a cidade do Rio de Janeiro.Estudou no Brasil, Inglaterrana, e na Alemanha na Academie der Bildende Kunst.

Além do trabalho em pintura, a artista desenvolve desde 1976 uma carreira como professora de Artes Plásticas, tendo lecionado em Faculdades, Instituições de Arte e Escolas em todo o território nacional. Ministra workshops e debates no seu atelier.

Fundou em 1978 o Núcleo Experimental de Arte na cidade de Petrópolis (Estado do Rio de Janeiro) junto com a compositora e poeta Geny Marcondes. Lecionou no NEARTE até 1984. Foi uma das fundadoras da ABAPP (Associação Brasileira de Artistas Plásticas Profissionais) em 1976, tendo feito parte de sua diretoria até 1983. Em 1982 idealizou o Projeto “Melhoria de Materiais”. Trabalhou nesse projeto a convite do diretor do INAP (Instituto Nacional de Artes Plásticas) até 1985, quando foi publicado “Materiais de Arte no Brasil – análise das tintas a óleo” pela FUNARTE (Fundação Nacional de Arte) sobre o resultado das pesquisas feitas nos INCQS (Instituto Nacional para Controle de Qualidade na Saúde) do Instituto Oswaldo Cruz.

A partir do final dos anos oitenta, se dedica exclusivamente ao seu trabalho de pintura e de ensino. Participou da Bienal de S. Paulo, fazendo exposições nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Noruega, Suécia e China.

Trabalha e mora no Rio de Janeiro.

Fonte: Escola de Artes Visuais do Parque Laje. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Katie Van Scherpenberg inaugura OLAMAPÁ | ArtRio

Aconteceu no dia 4 de fevereiro às 19h, no Oi Futuro, a exposição OLAMAPÁ com trabalhos de Katie Van Scherpenberg, sob a curadoria de Gabriel Perez-Barreiro. A artista exibiu os vídeos Menarca e Landscape painting, a série de fotografias Esperando papai e a instalação Síntese. As obras referem-se à pesquisas pictóricas, sentimentos e a história dos 20 anos em que viveu na floresta amazônica com seu pai.

Com forte fundamento na pintura, seu trabalho transita por diversas linguagens como instalação, vídeo, arte ambiental e fotografia. A exposição OLAMAPÁ resgata um conjunto de trabalhos realizados sobre a região do Amapá (Amazonas), onde passou a maior parte da infância e retornou por alguns anos quando adulta. Nas obras mostradas articulam-se uma série de questões sobre a vida, o tempo, a matéria e a arte que fazem de sua obra referência chave na arte contemporânea.

Para o curador da mostra, Gabriel Perez-Barreiro, também curador da edição 2018 da Bienal Internacional de São Paulo, “a obra de Katie nos ensina ou nos faz lembrar que a arte e a vida não são categorias distintas – a arte não é uma reflexão sobre a vida, mas uma parte inseparável dela, feita da mesma materialidade e dos mesmos rumos. Olhar um trabalho de Katie van Scherpenberg é entregar-se a uma experiência de pathos no seu sentido mais exato, gerando uma resposta emocional por meio de um sentimento de rendição. Um trabalho que registra um processo implacável de decadência inevitável que nos faz conscientes da nossa própria mortalidade, um fato, aliás, da mais profunda indiferença para o mundo que nos cerca.”

Fonte: ArtRio. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Katie van Scherpenberg mergulha em seu passado na Amazônia em individual no Oi Futuro | O Globo

A formação cosmopolita de Katie van Scherpenberg — que passou parte da infância na Inglaterra, cursou a Academia de Belas Artes na Universidade de Munique, na Alemanha, e estudou pintura em Salzburg, na Áustria — não denota um ponto fundamental de sua biografia, que impactou diretamente sua produção artística: sua ligação com a Amazônia. Durante períodos distintos da vida, a pintora e gravadora morou na Ilha de Santana, no Amapá, local onde seu pai, um diplomata alemão naturalizado holandês, escolheu para se instalar no pós-Guerra e onde permaneceu até a morte, nos anos 1970.

Este dado autobiográfico está no centro da individual “Olamapá”, em cartaz no Oi Futuro do Flamengo até o fim de março, em obras como as da série fotográfica “Esperando por papai” (2004), na qual a artista aparece sentada em uma mesa parcialmente encoberta pelas águas do Rio Negro.

— A obra representa uma espera pessoal, de quando meu pai saía de barco pelos rios e eu nunca sabia se ele conseguiria voltar — recorda Katie. — Mas as imagens também se referem à realidade da Amazônia, onde sempre se espera alguma coisa. Pode ser a maré subir ou baixar, a chuva, o calor, a volta de alguém. O vida do ribeirinho é uma espera constante, de que algo aconteça, de que a vida melhore.

A mostra destaca um lado pouco conhecido da produção de Katie, com trabalhos em vídeo, fotografia e uma instalação. As investidas em outros suportes, no entanto, não estão desconectadas da pintura, já que para a artista todas essas experiências estão impregnadas de um olhar pictórico.

— Sou uma pintora, não sou videomaker nem artista conceitual. Quando comecei a fazer estes trabalhos, não imaginava que seriam expostos um dia, eram coisas que fazia para mim, para examinar certas questões. Eram experiências que, na época, não achava que teriam importância para serem mostradas. Talvez por isso as pessoas gostem deles hoje, os achem interessantes — pondera a artista de 79 anos.

A individual conta com a curadoria de Gabriel Perez-Barreiro, que esteve à frente da 33ª Bienal de São Paulo, no ano passado. Artista e curador conheceram-se na década de 1990, quando ele fazia doutorado na Universidade de Essex e ajudou a formar a coleção de arte latino-americana da instituição. O espanhol, que participa de um debate com a artista nesta quinta, às 18h, no Oi Futuro, está preparando um livro sobre Katie, com previsão de lançamento até o início do ano que vem.

— Estou aproveitando a viagem para o Rio para fazer uma série de entrevistas com a Katie — conta Barreiro. — A obra dela traz reflexões profundas a respeito da pintura, mas sem se limitar à tinta e à tela. Katie é uma artista incrível, mas muitas de suas obras não estão adequadamente documentadas. O livro vai criar uma coerência entre o corpo de trabalhos e suprir essa lacuna.

Embora produzidas com intervalo de anos, as obras da exposição mantém uma narrativa entre si, ao mesmo tempo em que reverberam questões recentes. É o caso do vídeo “Menarca”, de 2000, no qual Katie aparece nas águas da praia de Boa Viagem, em Niterói, envolta por um pigmento vermelho, que remete ao primeiro fluxo menstrual feminino mas, ao mesmo tempo, aponta para camadas de violência contra a mulher e a natureza.

— A montagem da exposição foi feito em meio ao terrível noticiário de Brumadinho, que não considero um desastre ambiental, mas um crime. Quando gravei o “Menarca”, o tempo todo fui acompanhada por um helicóptero da polícia sobrevoando a praia, talvez por achar que eu estava ferida. É impossível não lembrar disso vendo os helicópteros dos bombeiros sobrevoando aquela lama — relaciona a artista. — Vista agora, a obra ganha vários contornos atuais. Há a própria questão da mulher, do medo de nunca saber o que vai acontecer, de ser invadida, em um momento de tantas ameaças.

Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Katie van Scherpenberg apresenta no MAC, 'Feuerbach e eu na paisagem' | MAC Niterói

O Museu de Arte Contemporânea de Niterói inaugura no sábado, 02 de setembro de 2000, a exposição de obras da artista plástica Katie van Scherpenberg. "Feurbach e eu na paisagem" é o título da mostra que reúne 14 pinturas de uma série de trabalhos que começaram a ser realizados em 1993.

A exposição, que possui curadoria de Luiz Camilo Osório e Paulo Herkenhoff, apresenta paisagens criadas a partir de um quadro do pintor alemão Anselm Feuerbach, que Katie recebeu de seu pai.

"A paisagem de Anselm Feuerbach é o trabalho de pintura a que eu tive acesso. Não gosto nem desgosto. O interessante na realidade é o texto de Ludwig Feurberg - seu tio avô - no qual o pensamento é destituído da importância da presença divina. A pequena pintura é uma paisagem de Roma. Talvez uma lembrança", conta a artista, que é paulistana de nascimento.

As obras da artista foram elaboradas através de reagentes químicos distintos como sal, vinagre e urina, jogados sobre finas folhas de metal (cobre ou prata) coladas na tela. Esses materiais são usados por Katie para dar um efeito mais bonito à pintura.

Morte - Sobre "pensar a pintura depois da sua morte", a artista afirma que quando utiliza materiais que se deterioram com o resultado planejado de se transformarem em pigmentos, já está discutindo a morte da pintura. A pintora ainda complementa dizendo que "a morte é uma coisa material e a pintura, por ser um pensamento visível, gera lembranças, discussões, história, cultura, raízes".

Os trabalhos da artista são todos abstratos e constituem o que Katie chama de "paisagens do inconsciente". Todas as suas telas possuem um título batizado pelo que o quadro passa à pintora. "O título é uma intimidade desenvolvida entre o quadro e eu. É a pintura quem me dá seu próprio nome", conta.

As obras da artista fazem uma forte conexão entre passagem e paisagem. A pintora considera que a mostra é em si passageira na paisagem de sua pintura. Katie van Scherpenberg se distingue no cenário da arte pelo permanente tratamento da pintura como processo de problematização do olhar e da tradição artística.

"Detentora do conhecimento ímpar das técnicas da pintura, Katie é uma artista da investigação do fenômeno da pintura e como ela constitui um modo de olhar o mundo", diz o curador Paulo Herkenhoff. Katie se vê como artista da periferia que continua como pintora-artesã. "Há muito tempo escolhi a pintura como instrumento para poder pensar e chegar a um conhecimento, talvez até a algum saber", conclui.

Fonte: MAC Niterói. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Yakecan, de Katie van Scherpenberg + Jardim do céu, de Bernardo Magina | ArtSoul

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage inaugura, em 22 de julho de 2022, Yakecan, de Katie van Scherpenberg, e Jardim do céu, de Bernardo Magina, ambos professores em atividade na instituição. As mostras abrem o programa expositivo concebido pela nova comissão curatorial formada por André Sheik, Adriana Nakamuta e Xico Chaves, que pretende apresentar uma série de diálogos conceituais entre artistas que integram a Escola.

Na publicação Katie van Scherpenberg – Olamapá (Editora Gryphus, 2020), o museólogo e curador Alberto Saraiva, atual diretor da EAV Parque Lage, escreveu: “Em essência física, a pintura é constituída por uma série de acomodações de matéria que em determinado momento se consolidam em imagem. Contudo, além disso, a pintura tornou-se um modelo reflexivo de abordar o mundo, é linguagem… Um vocabulário em aberto. Eventualmente, um ou outro pintor, de modo específico, agrega a esse repertório novos signos comunicacionais. Para Deleuze, ‘cada pintor resume, a seu modo, a história da pintura’”.

Pois é ela, a pintura (e suas complexidades), o fio que conecta as exposições Yakecan e Jardim do céu, estabelecendo o diálogo poético entre Scherpenberg e Magina. A curadoria apresenta simultaneamente a produção de dois professores de gerações distantes que, apesar de integrarem o mesmo núcleo da EAV, pensam a experimentação no campo da pintura a partir de abordagens muito distintas.

Paulistana, 82 anos, descendente de alemães refugiados de guerra, Katie viveu com a família por um longo período na Ilha de Santana, no Rio Amazonas, antes de se estabelecer definitivamente em solo carioca, em 1973. Chegou à EAV em 1975, ano em que foi fundada a instituição onde lecionou por cerca de três décadas, tendo coordenado o núcleo de pintura. Por lá, orientou a formação de gerações que hoje projetam a arte brasileira internacionalmente - Beatriz Milhazes foi sua aluna. Em 1986, Katie realizou a icônica obra ‘Jardim vermelho’, na qual cobriu com pigmento de óxido de ferro toda a grama em frente ao palacete do Parque Lage com o intuito de materializar para seus alunos a diferença entre o verde e o vermelho. A intervenção se tornou um dos marcos fundamentais da pintura no Brasil, inaugurando o conceito de landscape painting na arte nacional. Scherpenberg, que há mais de 40 anos segue fazendo intervenções na paisagem e problematizando questões pictóricas, participou da Bienal de São Paulo e já expôs seu trabalho em países como Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Noruega, Suécia e China.

Bernardo Magina, 32, carioca, se considera “cria” da Escola de Artes Visuais. Em 2011 ingressou no programa de fundamentação artística da instituição e frequentou as aulas de Marcelo Campos, José Maria Dias da Cruz, João Goldberg e Suzana Queiroga, entre outros. Dois anos mais tarde já lecionava junto ao seu mentor Orlando Mollica de quem foi assistente de ateliê. Mestre em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ, ministra os cursos ‘Pintura Além do Quadro’, ‘Cor e Forma’, ‘Dinâmica das Cores’ e ‘Pintura Brasileira: lado B’. Em suas aulas, aborda os elementos construtivos da forma e questões de ritmo e harmonização de cores no espaço plástico. A pintura e suas possibilidades no campo expandido balizam sua prática artística. Magina é cofundador e sócio do Studio Travellero, que se dedica à concepção e execução de murais em território urbano.

As exposições Yakecan e Jardim do céu integram o Plano Anual de Atividades da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, que conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Yakecan, de Katie van Scherpenberg

Uma sala pintada de cinza. Uma linha tênue riscada na parede remete ao horizonte. No chão, um grande leito de carvão e, sobre ele, uma camada densa de sal grosso. Uma luz difusa ilumina a instalação. Assim é Yakecan, que em tupi-guarani significa “o som do céu”.

Segundo Katie, o trabalho a ser apresentado nas Cavalariças se refere diretamente à intervenção Síntese, feita por ela no Rio Negro, no Amazonas, em 2004. Na ocasião, a artista criou cinco quadrados com sal branco sobre a areia preta às margens do rio, para ressaltar a relação entre estas cores: “Há uma beleza intrínseca entre o preto e o branco”, diz.

Esta mesma obra gerou um resultado totalmente inesperado: “Conforme a maré subia, trazia pequenos restos de madeira chamuscada que se depositavam sobre o sal. Eu entendi como um aviso do Rio Negro que, a seu modo, já denunciava claramente as queimadas da floresta”, revela Scherpenberg.

Completa a intervenção uma foto que registra a volta de Katie à casa de seu pai, na Ilha de Santana (AM), 20 anos após a morte dele. “Tomada pela ação do tempo e pela floresta, a casa estava muito escura. Quando entrei no cômodo que era o quarto do meu pai, fiz uma foto aleatória, sem enxergar em detalhes o ambiente. Ao revelar a imagem, percebi que havia enquadrado um morcego de uma beleza extraordinária”, relembra a artista. “Fiz um blow up desta imagem, que será plotada em uma das paredes das Cavalariças”.

Jardim do céu, de Bernardo Magina

Magina - que em sua prática enfatiza a pintura para além do quadro - define o trabalho concebido para ocupar as quatro paredes da Capelinha do Parque Lage como um afresco contemporâneo. De acordo com ele, o sagrado residirá na imaginação e no transporte para outra dimensão que pretende evocar. “É uma pintura imersiva que cria um percurso visual. A ideia é que o público ‘se perca’ ao contemplar os trajetos sugeridos. Quero trabalhar a percepção do todo, mas também os momentos distintos que o compõem”.

O artista revela que seu processo não é pautado por projetos cartesianos e que preza sua liberdade criativa: “Hoje há uma cena mais livre, a pintura contemporânea se beneficia de uma vasta gama de referências. Diferentes vertentes coexistem e não há um manifesto a ser seguido. Isso não significa que eu não pré-estabeleça uma distribuição espacial ou que não haja um pensamento cromático minucioso. Vou trabalhar tons azulados que remetam à contemplação do céu e à ideia de transcendência. Apesar de intimista, a pintura incluirá pontos de intensidade para atrair o olho do espectador”.

Sobre expor seu trabalho em diálogo com a obra de Katie, Bernardo afirma: “Admiro demais o percurso e a produção dela, e me move muitíssimo a oportunidade gerada pela EAV. É uma honra ocupar esse espaço onde me formei e hoje leciono, dando sequência ao legado inspirador de mestres da pintura, como o Mollica e o José Maria”.

Sobre a EAV Parque Lage

A Escola de Artes Visuais foi criada em 1975, pelo artista Rubens Gerchman, para substituir o Instituto de Belas Artes (IBA). Seu surgimento acontece em plena Guerra Fria na América Latina, durante o período de forte censura e repressão militar no Brasil. A EAV afirma-se historicamente por seu caráter de vanguarda, como marco da não conformidade às fronteiras e categorias, e propõe regularmente perguntas à sociedade por meio da valorização do pensamento artístico.

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage está voltada prioritariamente para o campo das artes visuais contemporâneas, com ênfase em seus aspectos interdisciplinares e transversais. Abrange também outros campos de expressão artística (música, dança, cinema, teatro), assim como a literária, vistos em suas relações com a visualidade. As atividades da EAV contemplam tanto as práticas artísticas como seus fundamentos conceituais.

A EAV Parque Lage configura-se como centro educacional aberto de formação de artistas e profissionais do campo da arte contemporânea. Como referência nacional, com uma consistente imagem no meio da arte, a EAV busca criar mecanismos internos e linhas de atuação externa que permitam um diálogo produtivo com a cidade e com o circuito de arte nacional e internacional.

A instituição é um equipamento vinculado à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro (SECEC).

Fonte: ArtSoul. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Uma reflexão sobre a Mãe Natureza: Uma discussão sobre Katie van Scherpenberg e seus “Traces 1968-2007” em Cecilia Brunson Projects | NewCity Brasil

A galeria Cecilia Brunson Projects, sediada em Londres, apresenta “Katie van Scherpenberg: Traces 1968-2007”, da artista pioneira brasileira de ascendência holandesa, agora com oitenta e três anos de idade e vivendo em um enclave arborizado no Rio de Janeiro, onde um bando de macacos indígenas balançando nos galhos das árvores do ecossistema da Mata Atlântica dão vida ao cenário verdejante.

A discreta van Scherpenberg é aclamada por uma obra que abrange vários meios e gêneros, impulsionada por sua busca por investigações poéticas radicais que visam desafiar os cânones estabelecidos da arte e da técnica do meio da pintura. Como uma jovem artista no período de 1968 a 1985 — coincidindo com o regime militar de duas décadas do país — van Scherpenberg abandonou o nosso chamado mundo civilizado para viver em uma remota ilha fluvial na Amazônia e encontrou uma dimensão espiritual na pintura. Os destaques desses anos são suas performances e intervenções visionárias colorindo as águas escuras da Amazônia com pigmentos naturais que ela mesma desenvolveu a partir da flora tropical circundante e capturou em uma série de fotos. Com esses experimentos efêmeros visionários, van Scherpenberg introduziu o conceito de land art, também chamada de earth art, no Brasil e se tornou uma grande referência na arte contemporânea latino-americana.

Por muitos anos van Scherpenberg lecionou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro — Beatriz Milhazes está entre suas alunas. A obra da artista foi exposta duas vezes na Bienal de São Paulo (1981, 1989), e está presente nos acervos de grandes museus brasileiros e instituições no exterior, como o Blanton Museum of Art, Austin, Texas; a Coleção Patricia Phelps de Cisneros, Nova York; a Coleção Real da Suécia, Estocolmo; e a Coleção de Arte Latino-Americana da Universidade de Essex (ESCALA), Essex, Reino Unido.

Convidamos três especialistas em arte contemporânea e curadores que escreveram sobre van Scherpenberg e fizeram a curadoria de mostras anteriores dela no Brasil e no exterior para discutir suas visões sobre sua trajetória artística — Gabriel Pérez-Barreiro, Michèle Faguet e Kiki Mazzucchelli — assim como a artista conceitual brasileira Karin Lambrecht, que mora no Reino Unido e também é representada pela galeria. Esta é a segunda vez que a galeria homônima fundada pela chilena Cecilia Brunson, em 2013, em Londres, expõe o trabalho de van Scherpenberg — a primeira foi “Overlooking the Amazon” em 2021, com curadoria de Mazzucchelli, que também escreveu o texto crítico no catálogo da exposição. É importante notar que Cecilia Brunson Projects aborda uma lacuna na história da arte. A galeria é notável por mapear práticas artísticas experimentais de artistas latino-americanos e reconhecer sua influência na produção artística internacional.

Baseado em Madri, Gabriel Pérez-Barreiro é historiador de arte, curador e autor. Foi curador da 33ª Bienal de São Paulo e da 6ª Bienal do Mercosul. Pérez-Barreiro fez curadoria de exposições com obras de van Scherpenberg e escreveu sobre seu trabalho.

A jornada artística de Katie van Scherpenberg está intimamente conectada à Amazônia, onde ela residiu por muitos anos e desenvolveu sua abordagem à arte e à vida. Quando jovem, ela acompanhou seu aventureiro pai holandês à ilha de Santana, no Amapá, na região da grande Amazônia, estabelecendo um lar lá. Sua contemplação da passagem do tempo e da força dominante da natureza desencadeou uma profunda investigação sobre a essência e as práticas da pintura, inspirando-a a forjar uma linguagem artística onde a natureza, o tempo e a decadência se entrelaçam harmoniosamente como elementos integrais em seu trabalho.

“Nas obras de Van Scherpenberg, pigmentos naturais interagem organicamente com seus meios, promovendo condições onde as pinturas evoluem e se transformam ao longo do tempo. Em muitos casos, ela colocou pigmentos diretamente na natureza para observar os efeitos do tempo e da vida sobre eles. Em outros casos, como na série 'Mamãe, Prometo ser feliz' ou 'Feuerbach e eu', as pinturas em si são construções que encorajam a interação com seus ambientes circundantes, desafiando assim a noção ocidental tradicional de arte estática e permanente.”

Michèle Faguet é uma escritora e curadora freelancer que vive em Berlim. Ela é a autora do texto do catálogo (trecho abaixo) da atual exposição de van Scherpenberg.

“Ao longo do último meio século, Katie van Scherpenberg tem perseguido a prática de fazer arte como uma extensão orgânica de sua biografia nômade, seu ambiente natural e sua vida cotidiana. Embora o desenvolvimento de seu trabalho — da figuração abordando temas abertamente políticos à abstração geométrica e intervenções paisagísticas documentadas em filme e vídeo — espelhe muitas das trajetórias da arte do pós-guerra, tanto em seu Brasil natal quanto no exterior, seu interesse principal sempre foi o meio da pintura e sua qualidade intrinsecamente meditativa: 'A pintura é meu campo, o registro de pensamentos passageiros, pincelada por pincelada.'

“Na primeira dessas 'pinturas de paisagens', como ela as chamou, van Scherpenberg pintou o jardim da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, com pigmento vermelho de óxido de ferro, registrando fotograficamente o lento desaparecimento de sua intervenção com o crescimento de grama nova e a transformação gradual desse quadro vivo de vermelho escuro para verde brilhante. Há um elemento performático em jogo aqui; no entanto, o protagonista não é o artista deixando uma marca permanente na paisagem, como fizeram tantos praticantes (principalmente homens) de land art nas décadas de 1960 e 1970, mas a própria natureza, que às vezes escapa com sucesso das tentativas humanas de alterá-la ou dominá-la fundamentalmente. Em 2000, ela foi convidada pelo curador Paulo Herkenhoff para encenar uma intervenção semelhante na Praia de Boa Viagem, ao lado do Museu de Arte Contemporânea de Niterói. O vídeo 'Menarca (Menarche)' de 2007, cujo título se refere à primeira menstruação de uma mulher, mostra a artista submersa no oceano, onde ela libera pigmento vermelho que rapidamente mancha a água e envolve seu corpo, eventualmente indo para a costa em uma alusão direta à forma como as margens do Rio Amazonas são pintadas de vermelho pelo alto teor de óxido de ferro da água.”

A curadora e autora paulistana Kiki Mazzucchelli escreveu o texto do catálogo para a primeira exposição de van Scherpenberg na Cecilia Brunson Projects, “Overlooking the Amazon”, em 2021. A seguir, um fragmento do texto onde Mazzucchelli menciona a obra “The Fall of Icarus” (1980), atualmente em exibição na Cecilia Brunson Projects. (“The Fall of Icarus” foi exibido anteriormente em 2019/2020 na retrospectiva solo da artista “Olamapá”, no Centro Cultural Oi Futuro, Rio de Janeiro, com curadoria de Pérez-Barreiro). 

“Um ponto de virada na trajetória de van Scherpenberg foi a obra 'A Queda de Ícaro' (1980), que marcou sua primeira incursão no espaço tridimensional e na exploração do movimento e do tempo. A obra compreende cinco painéis quadrados de MDF pintados em têmpera branca instalados horizontalmente em uma parede coberta de veludo preto. Cada módulo apresenta um pequeno objeto de gesso branco colocado no lado esquerdo da superfície. Esses painéis são idênticos, exceto por uma faixa preta que atravessa cada peça horizontalmente, colocada na parte inferior do primeiro painel e se deslocando ligeiramente para cima a cada iteração. Aqui, o mito grego é traduzido em formas estritamente abstratas, com a queda trágica apenas tangencialmente sugerida pelo efeito visual das listras horizontais que cortam cada quadrado, como uma sequência de instantâneos de uma tira de filme em movimento. Segundo o curador Gabriel Pérez-Barreiro, em 'A Queda de Ícaro' a artista articula pela primeira vez 'a relação entre o corpo humano, a natureza, a tinta e a indiferença'. Como ele ressalta, a obra é desprovida de qualquer drama individual; o que ela mostra é um corpo caindo no espaço ou, nas palavras de Pérez-Barreiro, 'o drama da natureza e do próprio tempo'.”

Conversamos sobre a obra visionária de Katie van Scherpenberg com a artista conceitual brasileira Karin Lambrecht, que mora em Broadstairs, Reino Unido, desde 2017, e também é representada pela Cecilia Brunson Projects.

Karin, você pode nos dar uma ideia da obra de Katie van Scherpenberg?

Considero Katie, agora com oitenta e três anos, a maior mestra da arte da pintura do Brasil. Sua obra prospera em uma vasta e desafiadora experiência de seis décadas. Considerando a diversidade e o gênero, Katie está entre os pintores brasileiros que escolheram respeitar e estudar os rigores da história da arte na tradição europeia do modernismo. Seu trabalho expande os limites da pintura, fazendo com que o espectador não apenas veja, mas também ouça. Ela consegue isso usando diferentes materiais em composições que têm memória, com a tinta produzida à moda de processos alquímicos e a cor dependendo dos fluidos usados ​​para cada situação ou experimento. Seu trabalho abstrato desperta a espiritualidade e encoraja a reflexão sobre a Mãe Natureza, bem como a natureza psicanalítica/familiar da maternidade e da paternidade. Por outro lado, a fragilidade de sua obra efêmera induz a uma intimidade, como o silêncio evocado nas obras produzidas com as belas toalhas de mesa de sua mãe, enrijecidas por misturas líquidas inusitadas que tingem e mancham os tecidos, e nas obras feitas à beira das águas do rio Amazonas e na grama do jardim da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio.

E a atmosfera psicológica transmitida em seu trabalho?

Às vezes imagino que elas revelam histórias de amor, dor e, finalmente, morte. Às vezes, o trabalho de Katie traz à tona ocorrências trágicas expressas na sensualidade dos materiais que ela emprega. Outra característica crucial para uma melhor compreensão é o ritual envolvido, que em seus termos parece significar recuar para seu mundo interior, mas, ao mesmo tempo, é impelido a ressurgir e se transformar em linguagem pictórica e visual. Gostaria também de mencionar que sua pintura expande os limites do quadro formal. Para Katie, a pintura também é alcançada quando tinge o solo com um vermelho líquido e saturado de óxido de ferro, um pigmento natural brasileiro.

Mais alguma coisa que você gostaria de mencionar?

Ter seu trabalho neste momento de sua trajetória sendo exibido em uma exposição merecida em Londres é muito significativo. Seu trabalho está sendo recuperado, falado e reconhecido graças à Cecilia Brunson Projects, uma galeria especializada em arte latino-americana. Finalmente, para encerrar meus pensamentos sobre esta grande artista, devemos também ter em mente a importância do papel de Katie van Scherpenberg na formação de artistas e indivíduos de mente livre no Rio de Janeiro. É um resultado de sua generosidade em compartilhar seu precioso conhecimento adquirido ao longo de tantos anos por meio de seus experimentos poeticamente ousados ​​e experiência de vida incomum.

Fonte: New City. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

Crédito fotográfico: Escola de Artes Visuais do Parque Laje. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

Mildrid Catharina van Scherpenberg (1940, São Paulo, Brasil), mais conhecida como Katie van Scherpenberg, é uma pintora e artista visual brasileira. Formou-se na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique, na Alemanha, e estudou aquarela com Oskar Kokoschka, em Salzburgo, Áustria, em 1963. No Brasil, aprofundou-se em gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro entre 1966 e 1967. Nos anos 1970, viveu por cerca de 17 anos na Ilha de Santana, no Amapá, onde desenvolveu uma obra profundamente ligada à natureza, utilizando pigmentos orgânicos e explorando processos de transformação da matéria. Sua pintura, de caráter experimental e gestual, dialoga com a arte povera, o expressionismo abstrato e o land art, e é marcada pelo uso de materiais naturais, como terra, óxido de ferro e elementos vegetais. Participou de importantes exposições, como a 16ª e a 20ª Bienal Internacional de São Paulo, além de mostras no Brasil e no exterior. Lecionou em instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre os artistas que influenciaram sua trajetória estão Oskar Kokoschka e Georg Brenninger. Sua obra integra acervos como o do Museu Nacional de Belas Artes (RJ), Museu de Arte Contemporânea de Brasília, Blanton Museum of Art (EUA) e a Coleção Real da Suécia.

Katie van Scherpenberg

Mildrid Catharina van Scherpenberg (1940, São Paulo, Brasil), mais conhecida como Katie van Scherpenberg, é uma pintora e artista visual brasileira. Formou-se na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique, na Alemanha, e estudou aquarela com Oskar Kokoschka, em Salzburgo, Áustria, em 1963. No Brasil, aprofundou-se em gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro entre 1966 e 1967. Nos anos 1970, viveu por cerca de 17 anos na Ilha de Santana, no Amapá, onde desenvolveu uma obra profundamente ligada à natureza, utilizando pigmentos orgânicos e explorando processos de transformação da matéria. Sua pintura, de caráter experimental e gestual, dialoga com a arte povera, o expressionismo abstrato e o land art, e é marcada pelo uso de materiais naturais, como terra, óxido de ferro e elementos vegetais. Participou de importantes exposições, como a 16ª e a 20ª Bienal Internacional de São Paulo, além de mostras no Brasil e no exterior. Lecionou em instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre os artistas que influenciaram sua trajetória estão Oskar Kokoschka e Georg Brenninger. Sua obra integra acervos como o do Museu Nacional de Belas Artes (RJ), Museu de Arte Contemporânea de Brasília, Blanton Museum of Art (EUA) e a Coleção Real da Suécia.

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Katie Van Scherpenberg sobre seu trabalho | 2018

Paisagens de Katie Van Scherpenberg | 2020

Homenagem à Katie Van Scherpenberg (1/8) | 2020

Homenagem à Katie Van Scherpenberg (2/8) | 2020

Homenagem à Katie Van Scherpenberg (3/8) | 2020

Homenagem à Katie Van Scherpenberg (4/8) | 2020

Homenagem à Katie Van Scherpenberg (5/8) | 2020

Homenagem à Katie Van Scherpenberg (6/8) | 2020

Homenagem à Katie Van Scherpenberg (7/8) | 2020

Homenagem à Katie Van Scherpenberg (8/8) | 2020

Performance de Menarca | 2020

Katie Van Scherpenberg | Arremate Arte

Mildrid Catharina van Scherpenberg, mais conhecida como Katie van Scherpenberg, nasceu em 1940, na cidade de São Paulo, Brasil, e construiu uma das trajetórias mais singulares e radicais da arte contemporânea brasileira. Filha de imigrantes alemães, passou parte da infância na Inglaterra, retornando ao Brasil em 1946. Essa vivência multicultural viria a marcar profundamente sua sensibilidade artística. Seu percurso formativo começou no final da década de 1950, com aulas de pintura ministradas por Catherina Baratelli, no Rio de Janeiro, e ganhou projeção internacional com os estudos na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique, na Alemanha, sob a orientação do escultor Georg Brenninger. No verão de 1963, aperfeiçoou-se ainda em aquarela com Oskar Kokoschka, em Salzburgo, Áustria — experiência fundamental para o desenvolvimento de sua abordagem pictórica intuitiva e gestual.

De volta ao Brasil, em 1964, mergulhou nos estudos de gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), entre 1966 e 1967. No entanto, foi em 1968 que tomou a decisão que definiria de forma definitiva sua obra: mudou-se para a isolada Ilha de Santana, no Amapá, onde viveu por aproximadamente 17 anos. Distante dos centros urbanos e imersa na floresta amazônica, Katie desenvolveu uma prática artística visceral e orgânica, marcada pelo uso de pigmentos naturais extraídos do solo e por intervenções efêmeras na paisagem. Suas obras deste período — que dialogam com a arte povera, o land art e o expressionismo abstrato — são registros poéticos de um engajamento sensorial com a natureza, onde tempo, matéria e transformação tornam-se os próprios sujeitos da pintura.

A partir da década de 1980, sua obra ganha visibilidade no circuito institucional. Participa da 16ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1981, com a instalação “Kronos”, e volta a expor na Bienal em 1989 com “The Via Sacra”, série marcada por um uso ritualístico dos materiais e forte carga simbólica. Sua pesquisa, ancorada na materialidade da pintura, utiliza pigmentos como óxido de ferro e outros componentes orgânicos que se degradam ou se transformam com o tempo, conferindo às obras um caráter quase vivo, em constante mutação.

Katie também se destacou na formação de jovens artistas. Lecionou pintura entre 1983 e 1989 no MAM/RJ, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e na Universidade Santa Úrsula. Antes disso, fundou o Núcleo Experimental de Arte em Petrópolis, em 1978, ao lado da poeta Geni Marcondes, espaço que coordenou até 1984. No mesmo período, a convite do Instituto Nacional de Artes Plásticas, conduziu a pesquisa “Melhoria de Materiais”, analisando a durabilidade das tintas a óleo — estudo posteriormente publicado pela Funarte.

Sua obra integra acervos de instituições prestigiadas como o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Coleção Gilberto Chateaubriand), o Museu de Arte Contemporânea de Brasília, o Blanton Museum of Art (EUA) e a Coleção Real da Suécia. Exposições recentes, como “Olamapá” (2019) no Centro Cultural Oi Futuro, e “Overlooking the Amazon” (2021) na Cecilia Brunson Projects, em Londres, reafirmam a potência de sua pesquisa e sua relevância internacional.

Katie van Scherpenberg construiu uma obra que rompe limites entre pintura, matéria e paisagem. Ao tornar a natureza não apenas tema, mas também suporte e substância de sua criação, a artista propõe uma fusão entre corpo, tempo e território. Sua produção continua a ser um convite à contemplação do impermanente, um gesto profundo de escuta e pertencimento ao mundo.

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Katie Van Scherpenberg | Wikipédia

Mildrid Catharina van Scherpenberg (1940) é uma artista plástica, pintora, gravadora e professora brasileira.

Biografia

Nascida na Inglaterra, migrou para o Brasil em 1946. Estudou com Catherina Baratelli, entre 1958 e 1960, posteriormente viajou para a Alemanha para estudar na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique. Em 1963 estudou com Oscar Kokoschka em Salzburgo, Áustria.

Em 1966 retornou ao Rio de Janeiro para estudar gravura no Museu de Arte Moderna. Em 1976, participou da fundação da Associação Brasileira de Artistas Plásticos Profissionais. Em 1978, junto com a poetisa Geni Marcondes, fundou o Centro Experimental de Arte na cidade de Petrópolis, onde lecionou até 1984.

Em 1980 começou a expor individualmente.

De 1982 a 1985 trabalhou, a convite do Instituto Nacional de Artes Plásticas, no projeto Melhoria de Materiais, análise de óleo de tinta, pesquisa publicada pela Funarte.

De 1983 a 1989 deu aulas de pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e na Universidade de Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.

Exposições

1981 - Rio de Janeiro no Centro Científico e Cultural de Macau

1981 - Victoria na Galería de Arte e Investigación de la Ufes

1982 - Río de Janeiro, proyecto de arte contemporáneo de Brasil en el Museo de Arte Moderno de Río de Janeiro

1983 - Río de Janeiro en el Centro Científico y Cultural de Macau

1984 - Río de Janeiro en la Galería MP2

1985 - São Paulo en la Galería de Arte Contemporáneo Arco

1986 - Brasilia en la Galería Espacio Capital, Arte Contemporáneo

1987 - Río de Janeiro en la galería de arte Centro Empresarial Río

1988 - Brasilia en la Galería Espacio Capital, Arte Contemporáneo

1989 - Río de Janeiro en Galería Anna Maria Niemeyer

1989 - Río de Janeiro en la Galería Espacio de Arte

1992 - Río de Janeiro en Galería Anna Maria Niemeyer

1992 - Roma (Italia) en La Habitación Galería

1995 - París (Francia) en Galería Debret

1995 - Río de Janeiro en Anna Maria Niemeyer Galería

1995 - Río de Janeiro en el Museo del Palacio Imperial

1996 - Madrid (España) en Casa de América

1996 - Río de Janeiro en Centro Científico y Cultural de Macau

1999 - Madrid (España) en Casa de América

1999 - Río de Janeiro en Galería Anna Maria Niemeyer

2000 - Niterói Feuerbach y yo en el MAC

2000 - Niterói La indiferencia, intervención en Boa Viagem

2003 - Río de Janeiro - Individual en Anna Maria Niemeyer Galería

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Katie Van Scherpenberg | Itaú Cultural

Mildrid Catharina van Scherpenberg (São Paulo, São Paulo, 1940). Pintora, desenhista, gravadora e professora. Passa a infância na Inglaterra e vem com a família para o Brasil em 1946. Tem aulas de pintura com Catherina Baratelli, no Rio de Janeiro, entre 1958 e 1960. Em 1961, viaja para a Europa, faz curso na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique, na Alemanha. Em 1963, estuda com o pintor Oscar Kokoschka (1886 - 1980) em Salzburg, Áustria. Retorna para o Rio de Janeiro, e realiza curso de gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), entre 1966 e 1967. Em 1976, participa da fundação da Associação Brasileira de Artistas Plásticas Profissionais - Abapp. Cria, em 1978, ao lado da poeta Geni Marcondes (1916), o Núcleo Experimental de Arte na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, no qual leciona até 1984. Começa a expor individualmente nos anos 1980. A convite do Instituto Nacional de Artes Plásticas, trabalha no projeto Melhoria de Materiais - análise de tinta a óleo, de 1982 até 1985, quando a pesquisa é publicada pela Funarte. De 1983 a 1989, leciona pintura no MAM/RJ, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage) e na Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro. Realiza pinturas abstratas desde a década de 1980, utilizando materiais e pigmentos não convencionais, como óxido de ferro.

Análise

A obra de Katie van Scherpenberg, como nota o crítico de arte Fernando Cocchiarale, tem como base o seu amplo conhecimento dos materiais e das técnicas de pintura. Ao iniciar sua trajetória em um momento de crise dos meios tradicionais de expressão e de emergência da arte conceitual, a artista procura utilizar técnicas não usuais, como a têmpera.

No início da década de 1980, Scherpenberg começa a realizar trabalhos abstratos. Para Cocchiarale, a série Queda de Ícaro (1980/1981) é um marco em sua produção. É composta por uma sequência de cinco telas brancas, nas quais é colocado, sempre à mesma altura, um pequeno relevo cilíndrico branco construído pela superposição de um pedaço de tela sobre o suporte. Em cada quadro, pinta uma barra negra horizontal em diferentes posições, em relação ao relevo. Nesses trabalhos o ponto de interesse não é a perspectiva, mas a exploração de questões pictóricas.

Em obras posteriores, como nas instalações Rio Vermelho (1983) e Caveat (1984), ela realiza experiências cromáticas, com pinturas pensadas para serem expostas em ambientes completamente vermelhos. Esses trabalhos aproximam-se, assim, de obras de Hélio Oiticica (1937-1980) e de Cildo Meireles (1948).

O método de trabalho utilizado pela artista inclui as modificações que os materiais sofrem, como a deterioração natural dos pigmentos orgânicos. Em intervenção que realiza nos jardins da Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, no Rio de Janeiro, na mostra Território Ocupado, em 1986, leva em consideração o crescimento natural da vegetação para a obtenção do resultado final. Em 2000, em exposição realizada no Museu de Arte Contemporânea de Niterói - MAC-Niterói, mostra um conjunto de 50 pinturas da série Feuerbach e Eu, iniciada na década de 1990, e realiza uma intervenção pictórica na praia de Boa Viagem, adjacente ao museu, levando o espectador a refletir acerca das relações entre pintura e natureza.

Críticas

"Nas obras mais recentes, dos anos 80, o fundamento construído e o mecanismo expansivo de sua abstração encontraram um ponto eficaz de equilíbrio em que tanto a disciplina do comentário mental quanto o desembaraço da expressão cromática têm a devida e unida vez. É uma pintura que faz deliberada referência a outras pinturas, que revisita a história da arte, mas impondo à razão uma constante reciclagem na emoção. Constrói e vibra". — Roberto Pontual (PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Prefácio de Gilberto Allard Chateaubriand e Antônio Houaiss. Apresentação de M. F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987).

"Pintura é organizar esteticamente matéria letal. A pintura de Katie Van Scherpenberg é tornar algo visível, uma administração de venenos. Pintar é atividade iconoclástica que já não vê a presença divina na matéria da imagem, mas a história da arte como uma dimensão problemática do Homem. Emerge então uma outra morte: a da própria obra de arte, já desimpregnada do divino, mas almejando a permanência física, como evidência da história e do indivíduo. O desejo da permanência da obra é negociada com a eternidade, com o limite do tempo do sujeito pintor". — Paulo Herkenhoff (SCHERPENBERG, Katie van. Pinturas recentes. Fotografia Fausto Fleury; texto Paulo Herkenhoff; projeto gráfico Walter Duarte. Rio de Janeiro: Galeria Anna Maria Niemeyer, 1999).

Exposições Individuais

1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no CCCM

1981 - Vitória ES - Individual, na Galeira de Arte e Pesquisa da Ufes

1982 - Rio de Janeiro RJ - Projeto de Arte Brasileira Contemporânea, no MAM/RJ

1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no CCCM

1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria MP2

1985 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Arco Arte Contemporânea

1986 - Brasília DF - Individual, na Galeria Espaço Capital, Arte Contemporânea

1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte do Centro Empresarial Rio

1988 - Brasília DF - Individual, na Galeria Espaço Capital, Arte Contemporânea

1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Arte Espaço

1992 - Rio de Janeiro RJ - Obras Recentes, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1992 - Roma (Itália) - Individual, na Galeria Sala 1

1995 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret

1995 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

1995 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Museu do Paço Imperial

1996 - Madri (Espanha) - Individual, na Casa de América

1996 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no CCCM

1999 - Madri (Espanha) - Mamá Prometo Ser Feliz, na Casa de América

1999 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

2000 - Niterói RJ - Feurbach e Eu, no MAC/Niterói

2000 - Niterói RJ - Indiferença, intervenção na Praia de Boa Viagem

2000 - Niterói RJ - Katie van Scherpenberg: Feuerbach e eu na paisagem, no MAC/Niterói 

2000 - Rio de Janeiro RJ - Desenhando o Tempo, no Museu do Telephone

2003 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer

Exposições Coletiva

1957 - Londres (Inglaterra) - Coletiva, no Salão da Daily Telegrafh

1961 - Curitiba PR - Salão de Belas Artes da Primavera

1963 - Munique (Alemanha) - Young Artists Show, na Academie der Bildende Kunst University of Munich

1976 - Rio de Janeiro RJ - 25º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri

1978 - Curitiba PR - Salão Paranaense

1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA

1981 - São Paulo SP - 16ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1982 - Lisboa (Portugal) - Do Moderno ao Contemporâneo, na Calouste Gulbenkian Foudation

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão  

1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Barbican Art Gallery  

1982 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ 

1982 - São Paulo SP - Mulheres na Arte, no MAC/USP

1983 - Curitiba PR - Salão Paranaense - premiado

1983 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira do Século XX, no MNBA

1984 - Friedrikstad (Noruega) - 6º Graphic Bienal, no Friedrickstad - artista convidada

1985 - São Paulo SP - 6 Artistas, no MAC/USP

1986 - Rio de Janeiro RJ - Território Ocupado, na EAV/Parque Lage

1987 - Nova York (Estados Unidos) - Connections Project Conexus, no Museum of Contemporary Hispanic Art

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1989 - Rio de Janeiro RJ - Rio Hoje, no MAM/RJ

1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1989 - São Paulo SP - Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1990 - Brasília DF - Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no MAB/DF 

1990 - Grenoble (França) - Façades Imaginaire, no Musée de Grenoble

1990 - Rio de Janeiro RJ - Arte Contemporânea Brasileira, no MAM/RJ

1990 - Rio de Janeiro RJ - Pintores, Desenhos e Gravuras, com Anna Bella Geiger e Iberê Camargo, na UFF

1991 - Brasília DF - Prêmio Brasília, MAM/DF

1991 - Estocolmo (Suécia) - Viva Brasil Viva, no Liljevalks Konsthall

1991 - Rio de Janeiro RJ - Pintura, no Ibac

1991 - São Paulo SP - Aquisições Recentes do MAC/USP, no MAC/USP

1991 - São Paulo SP - O Clássico e o Contemporâneo, no MIS/SP

1991 - São Paulo SP - O Clássico no Contemporâneo, no Paço das Artes

1992 - Rio de Janeiro RJ - Brazilian Contemporary Art, na EAV/Parque Lage

1994 - Brasília DF - Cidade Imaginada-Imagined City, na Fundação Athos Bulcão

1995 - Beijing (China) - Papel do Brasil, no Working People's Cultural Palace

1995 - Lausanne (Suíça) - Rio: Mysteres et Frontieres, no Musée de Pully

1996 - Belém PA - 15º Salão Arte Pará, no Museu de Arte do Belém

1996 - Belo Horizonte MG - Impressões Itinerantes, no Palácio das Artes

1996 - Londres (Inglaterra) - The UECLLA Collection (University of Essex Collection of Latin American Art), no Simon Bolívar Hall

1996 - Rio de Janeiro RJ - Dialog, no Goethe Institut e no MAM/RJ

1996 - Rio de Janeiro RJ - Rio: mistérios e fronteiras, no MAM/RJ

1997 - Brasília DF - Recriando A Paisagem, Comemoração dos 20 Anos do Iphan, no Espaço Cultural 508

1997 - Curitiba PR - A Arte Contemporânea da Gravura, no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba

1998 - Brasília DF - Cien Recuerdos para Garcia Lorca, no Espaço Cultural 508 Sul

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

2000 - Niterói RJ - Coleção Sattamini: dos materiais às diferenças internas, no MAC/Niterói  

2000 - Roma (Itália) - La Ville, Le Jardin, la Mémoire, na L'Accademia di Francia a Villa Medicis

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural  

2002 - Niterói RJ - A Recente Coleção do MAC, no MAC/Niterói

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - Seleção do Acervo de Arte da UCAM, no Centro Cultural Candido Mendes

2002 - São Paulo SP - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Instituto Tomie Ohtake  

2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Diálogo, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte

2003 - Rio de Janeiro RJ - Vinte e Cinco Anos: Galeria de Arte Cândido Mendes, na Galeria Candido Mendes

2004 - Rio de Janeiro RJ - 30 Artistas, no Mercedes Viegas Escritório de Arte

2005 - Rio de Janeiro RJ - 10 Indicam 10, no Centro Cultural Candido Mendes

2005 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva 2005, no Mercedes Viegas Escritório de Arte

Fonte: KATIE van Scherpenberg. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/1065-katie-van-scherpenberg. Acesso em: 02 de abril de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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“Katie Van Scherpenberg: o corpo da obra” na Galatea | Arte Que Acontece

A individual Katie Van Scherpenberg: o corpo da obra se alinha a um dos fundamentos do programa da Galatea, que envolve resgates históricos e reposicionamento de grandes artistas cuja produção se encontre em certa medida distanciada da cena atual da arte brasileira. A mostra sela o acordo de representação pela Galatea da obra de Katie Van Scherpenberg (São Paulo, 1940), artista que vem contando com renovado reconhecimento e projeção internacional desde que passou a ser representada, em 2019, pela galeria londrina Cecilia Brunson Projects, com a qual a casa brasileira passa a colaborar.

Iniciada há cinquenta anos, a produção de Scherpenberg deriva das suas investigações a respeito da pintura e dos elementos estruturais e simbólicos que a constituem. A artista experimentou toda sorte de intervenção sobre tela e madeira, pesquisando pigmentos naturais, desenvolvendo a própria têmpera, desencadeando reações químicas e examinando as oxidações sofridas por diversos materiais.

Nesse caminho de questionamento da pintura, Scherpenberg chegou à paisagem, passando a intervir com a cor no espaço — na areia, na água, na grama, nas árvores. Ao registrar suas intervenções espaciais, chamadas de landscape paintings, a artista, até então pintora, entra em cena protagonizando performances e evidenciando o lugar do corpo na prática da pintura. O título da exposição, portanto, busca ressaltar a corporalidade na sua obra, que tensiona tanto a plasticidade dos materiais quanto o corpo físico da artista.

A mostra reúne cerca de 25 obras produzidas entre 1982 e 2008, além de trazer uma vitrine que apresenta ao público os registros das intervenções empreendidas pela artista na paisagem e documentos históricos.

Fernanda Morse, pesquisadora e curadora na Galatea, assina o texto crítico da exposição, e comenta:

“Katie Van Scherpenberg é uma artista que não perdeu a infância, ela examina a matéria como a criança que descobre o tato; interage os elementos como a criança que persegue a mágica, que se sonha alquimista ou cientista entre reagentes e tubos de ensaio. O intercâmbio entre o corpo da artista e o corpo da obra é o que anima — dá vida — a sua produção.”

Fonte: Arte que Acontece. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Katie Van Scherpenberg | Escola de Artes Visuais do Parque Laje

Katie van Scherpenberg nasceu em São Paulo, Estado de São Paulo. Pintora, gravadora e desenhista, professora e conferencista, com textos editados pela antiga FUNARTE, entre outras entidades.

Viveu sua infância na Inglaterra, imigrando junto com a família para o Brasil em 1946. Seu pai radicou-se a partir de 1950 no Território Federal do Amapá, no canal norte do Rio Amazonas.

Katie morou na Ilha de Santana situada no Rio Amazonas, até 1973, quando veio definitivamente para a cidade do Rio de Janeiro.Estudou no Brasil, Inglaterrana, e na Alemanha na Academie der Bildende Kunst.

Além do trabalho em pintura, a artista desenvolve desde 1976 uma carreira como professora de Artes Plásticas, tendo lecionado em Faculdades, Instituições de Arte e Escolas em todo o território nacional. Ministra workshops e debates no seu atelier.

Fundou em 1978 o Núcleo Experimental de Arte na cidade de Petrópolis (Estado do Rio de Janeiro) junto com a compositora e poeta Geny Marcondes. Lecionou no NEARTE até 1984. Foi uma das fundadoras da ABAPP (Associação Brasileira de Artistas Plásticas Profissionais) em 1976, tendo feito parte de sua diretoria até 1983. Em 1982 idealizou o Projeto “Melhoria de Materiais”. Trabalhou nesse projeto a convite do diretor do INAP (Instituto Nacional de Artes Plásticas) até 1985, quando foi publicado “Materiais de Arte no Brasil – análise das tintas a óleo” pela FUNARTE (Fundação Nacional de Arte) sobre o resultado das pesquisas feitas nos INCQS (Instituto Nacional para Controle de Qualidade na Saúde) do Instituto Oswaldo Cruz.

A partir do final dos anos oitenta, se dedica exclusivamente ao seu trabalho de pintura e de ensino. Participou da Bienal de S. Paulo, fazendo exposições nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Noruega, Suécia e China.

Trabalha e mora no Rio de Janeiro.

Fonte: Escola de Artes Visuais do Parque Laje. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Katie Van Scherpenberg inaugura OLAMAPÁ | ArtRio

Aconteceu no dia 4 de fevereiro às 19h, no Oi Futuro, a exposição OLAMAPÁ com trabalhos de Katie Van Scherpenberg, sob a curadoria de Gabriel Perez-Barreiro. A artista exibiu os vídeos Menarca e Landscape painting, a série de fotografias Esperando papai e a instalação Síntese. As obras referem-se à pesquisas pictóricas, sentimentos e a história dos 20 anos em que viveu na floresta amazônica com seu pai.

Com forte fundamento na pintura, seu trabalho transita por diversas linguagens como instalação, vídeo, arte ambiental e fotografia. A exposição OLAMAPÁ resgata um conjunto de trabalhos realizados sobre a região do Amapá (Amazonas), onde passou a maior parte da infância e retornou por alguns anos quando adulta. Nas obras mostradas articulam-se uma série de questões sobre a vida, o tempo, a matéria e a arte que fazem de sua obra referência chave na arte contemporânea.

Para o curador da mostra, Gabriel Perez-Barreiro, também curador da edição 2018 da Bienal Internacional de São Paulo, “a obra de Katie nos ensina ou nos faz lembrar que a arte e a vida não são categorias distintas – a arte não é uma reflexão sobre a vida, mas uma parte inseparável dela, feita da mesma materialidade e dos mesmos rumos. Olhar um trabalho de Katie van Scherpenberg é entregar-se a uma experiência de pathos no seu sentido mais exato, gerando uma resposta emocional por meio de um sentimento de rendição. Um trabalho que registra um processo implacável de decadência inevitável que nos faz conscientes da nossa própria mortalidade, um fato, aliás, da mais profunda indiferença para o mundo que nos cerca.”

Fonte: ArtRio. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Katie van Scherpenberg mergulha em seu passado na Amazônia em individual no Oi Futuro | O Globo

A formação cosmopolita de Katie van Scherpenberg — que passou parte da infância na Inglaterra, cursou a Academia de Belas Artes na Universidade de Munique, na Alemanha, e estudou pintura em Salzburg, na Áustria — não denota um ponto fundamental de sua biografia, que impactou diretamente sua produção artística: sua ligação com a Amazônia. Durante períodos distintos da vida, a pintora e gravadora morou na Ilha de Santana, no Amapá, local onde seu pai, um diplomata alemão naturalizado holandês, escolheu para se instalar no pós-Guerra e onde permaneceu até a morte, nos anos 1970.

Este dado autobiográfico está no centro da individual “Olamapá”, em cartaz no Oi Futuro do Flamengo até o fim de março, em obras como as da série fotográfica “Esperando por papai” (2004), na qual a artista aparece sentada em uma mesa parcialmente encoberta pelas águas do Rio Negro.

— A obra representa uma espera pessoal, de quando meu pai saía de barco pelos rios e eu nunca sabia se ele conseguiria voltar — recorda Katie. — Mas as imagens também se referem à realidade da Amazônia, onde sempre se espera alguma coisa. Pode ser a maré subir ou baixar, a chuva, o calor, a volta de alguém. O vida do ribeirinho é uma espera constante, de que algo aconteça, de que a vida melhore.

A mostra destaca um lado pouco conhecido da produção de Katie, com trabalhos em vídeo, fotografia e uma instalação. As investidas em outros suportes, no entanto, não estão desconectadas da pintura, já que para a artista todas essas experiências estão impregnadas de um olhar pictórico.

— Sou uma pintora, não sou videomaker nem artista conceitual. Quando comecei a fazer estes trabalhos, não imaginava que seriam expostos um dia, eram coisas que fazia para mim, para examinar certas questões. Eram experiências que, na época, não achava que teriam importância para serem mostradas. Talvez por isso as pessoas gostem deles hoje, os achem interessantes — pondera a artista de 79 anos.

A individual conta com a curadoria de Gabriel Perez-Barreiro, que esteve à frente da 33ª Bienal de São Paulo, no ano passado. Artista e curador conheceram-se na década de 1990, quando ele fazia doutorado na Universidade de Essex e ajudou a formar a coleção de arte latino-americana da instituição. O espanhol, que participa de um debate com a artista nesta quinta, às 18h, no Oi Futuro, está preparando um livro sobre Katie, com previsão de lançamento até o início do ano que vem.

— Estou aproveitando a viagem para o Rio para fazer uma série de entrevistas com a Katie — conta Barreiro. — A obra dela traz reflexões profundas a respeito da pintura, mas sem se limitar à tinta e à tela. Katie é uma artista incrível, mas muitas de suas obras não estão adequadamente documentadas. O livro vai criar uma coerência entre o corpo de trabalhos e suprir essa lacuna.

Embora produzidas com intervalo de anos, as obras da exposição mantém uma narrativa entre si, ao mesmo tempo em que reverberam questões recentes. É o caso do vídeo “Menarca”, de 2000, no qual Katie aparece nas águas da praia de Boa Viagem, em Niterói, envolta por um pigmento vermelho, que remete ao primeiro fluxo menstrual feminino mas, ao mesmo tempo, aponta para camadas de violência contra a mulher e a natureza.

— A montagem da exposição foi feito em meio ao terrível noticiário de Brumadinho, que não considero um desastre ambiental, mas um crime. Quando gravei o “Menarca”, o tempo todo fui acompanhada por um helicóptero da polícia sobrevoando a praia, talvez por achar que eu estava ferida. É impossível não lembrar disso vendo os helicópteros dos bombeiros sobrevoando aquela lama — relaciona a artista. — Vista agora, a obra ganha vários contornos atuais. Há a própria questão da mulher, do medo de nunca saber o que vai acontecer, de ser invadida, em um momento de tantas ameaças.

Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Katie van Scherpenberg apresenta no MAC, 'Feuerbach e eu na paisagem' | MAC Niterói

O Museu de Arte Contemporânea de Niterói inaugura no sábado, 02 de setembro de 2000, a exposição de obras da artista plástica Katie van Scherpenberg. "Feurbach e eu na paisagem" é o título da mostra que reúne 14 pinturas de uma série de trabalhos que começaram a ser realizados em 1993.

A exposição, que possui curadoria de Luiz Camilo Osório e Paulo Herkenhoff, apresenta paisagens criadas a partir de um quadro do pintor alemão Anselm Feuerbach, que Katie recebeu de seu pai.

"A paisagem de Anselm Feuerbach é o trabalho de pintura a que eu tive acesso. Não gosto nem desgosto. O interessante na realidade é o texto de Ludwig Feurberg - seu tio avô - no qual o pensamento é destituído da importância da presença divina. A pequena pintura é uma paisagem de Roma. Talvez uma lembrança", conta a artista, que é paulistana de nascimento.

As obras da artista foram elaboradas através de reagentes químicos distintos como sal, vinagre e urina, jogados sobre finas folhas de metal (cobre ou prata) coladas na tela. Esses materiais são usados por Katie para dar um efeito mais bonito à pintura.

Morte - Sobre "pensar a pintura depois da sua morte", a artista afirma que quando utiliza materiais que se deterioram com o resultado planejado de se transformarem em pigmentos, já está discutindo a morte da pintura. A pintora ainda complementa dizendo que "a morte é uma coisa material e a pintura, por ser um pensamento visível, gera lembranças, discussões, história, cultura, raízes".

Os trabalhos da artista são todos abstratos e constituem o que Katie chama de "paisagens do inconsciente". Todas as suas telas possuem um título batizado pelo que o quadro passa à pintora. "O título é uma intimidade desenvolvida entre o quadro e eu. É a pintura quem me dá seu próprio nome", conta.

As obras da artista fazem uma forte conexão entre passagem e paisagem. A pintora considera que a mostra é em si passageira na paisagem de sua pintura. Katie van Scherpenberg se distingue no cenário da arte pelo permanente tratamento da pintura como processo de problematização do olhar e da tradição artística.

"Detentora do conhecimento ímpar das técnicas da pintura, Katie é uma artista da investigação do fenômeno da pintura e como ela constitui um modo de olhar o mundo", diz o curador Paulo Herkenhoff. Katie se vê como artista da periferia que continua como pintora-artesã. "Há muito tempo escolhi a pintura como instrumento para poder pensar e chegar a um conhecimento, talvez até a algum saber", conclui.

Fonte: MAC Niterói. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Yakecan, de Katie van Scherpenberg + Jardim do céu, de Bernardo Magina | ArtSoul

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage inaugura, em 22 de julho de 2022, Yakecan, de Katie van Scherpenberg, e Jardim do céu, de Bernardo Magina, ambos professores em atividade na instituição. As mostras abrem o programa expositivo concebido pela nova comissão curatorial formada por André Sheik, Adriana Nakamuta e Xico Chaves, que pretende apresentar uma série de diálogos conceituais entre artistas que integram a Escola.

Na publicação Katie van Scherpenberg – Olamapá (Editora Gryphus, 2020), o museólogo e curador Alberto Saraiva, atual diretor da EAV Parque Lage, escreveu: “Em essência física, a pintura é constituída por uma série de acomodações de matéria que em determinado momento se consolidam em imagem. Contudo, além disso, a pintura tornou-se um modelo reflexivo de abordar o mundo, é linguagem… Um vocabulário em aberto. Eventualmente, um ou outro pintor, de modo específico, agrega a esse repertório novos signos comunicacionais. Para Deleuze, ‘cada pintor resume, a seu modo, a história da pintura’”.

Pois é ela, a pintura (e suas complexidades), o fio que conecta as exposições Yakecan e Jardim do céu, estabelecendo o diálogo poético entre Scherpenberg e Magina. A curadoria apresenta simultaneamente a produção de dois professores de gerações distantes que, apesar de integrarem o mesmo núcleo da EAV, pensam a experimentação no campo da pintura a partir de abordagens muito distintas.

Paulistana, 82 anos, descendente de alemães refugiados de guerra, Katie viveu com a família por um longo período na Ilha de Santana, no Rio Amazonas, antes de se estabelecer definitivamente em solo carioca, em 1973. Chegou à EAV em 1975, ano em que foi fundada a instituição onde lecionou por cerca de três décadas, tendo coordenado o núcleo de pintura. Por lá, orientou a formação de gerações que hoje projetam a arte brasileira internacionalmente - Beatriz Milhazes foi sua aluna. Em 1986, Katie realizou a icônica obra ‘Jardim vermelho’, na qual cobriu com pigmento de óxido de ferro toda a grama em frente ao palacete do Parque Lage com o intuito de materializar para seus alunos a diferença entre o verde e o vermelho. A intervenção se tornou um dos marcos fundamentais da pintura no Brasil, inaugurando o conceito de landscape painting na arte nacional. Scherpenberg, que há mais de 40 anos segue fazendo intervenções na paisagem e problematizando questões pictóricas, participou da Bienal de São Paulo e já expôs seu trabalho em países como Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Noruega, Suécia e China.

Bernardo Magina, 32, carioca, se considera “cria” da Escola de Artes Visuais. Em 2011 ingressou no programa de fundamentação artística da instituição e frequentou as aulas de Marcelo Campos, José Maria Dias da Cruz, João Goldberg e Suzana Queiroga, entre outros. Dois anos mais tarde já lecionava junto ao seu mentor Orlando Mollica de quem foi assistente de ateliê. Mestre em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ, ministra os cursos ‘Pintura Além do Quadro’, ‘Cor e Forma’, ‘Dinâmica das Cores’ e ‘Pintura Brasileira: lado B’. Em suas aulas, aborda os elementos construtivos da forma e questões de ritmo e harmonização de cores no espaço plástico. A pintura e suas possibilidades no campo expandido balizam sua prática artística. Magina é cofundador e sócio do Studio Travellero, que se dedica à concepção e execução de murais em território urbano.

As exposições Yakecan e Jardim do céu integram o Plano Anual de Atividades da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, que conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Yakecan, de Katie van Scherpenberg

Uma sala pintada de cinza. Uma linha tênue riscada na parede remete ao horizonte. No chão, um grande leito de carvão e, sobre ele, uma camada densa de sal grosso. Uma luz difusa ilumina a instalação. Assim é Yakecan, que em tupi-guarani significa “o som do céu”.

Segundo Katie, o trabalho a ser apresentado nas Cavalariças se refere diretamente à intervenção Síntese, feita por ela no Rio Negro, no Amazonas, em 2004. Na ocasião, a artista criou cinco quadrados com sal branco sobre a areia preta às margens do rio, para ressaltar a relação entre estas cores: “Há uma beleza intrínseca entre o preto e o branco”, diz.

Esta mesma obra gerou um resultado totalmente inesperado: “Conforme a maré subia, trazia pequenos restos de madeira chamuscada que se depositavam sobre o sal. Eu entendi como um aviso do Rio Negro que, a seu modo, já denunciava claramente as queimadas da floresta”, revela Scherpenberg.

Completa a intervenção uma foto que registra a volta de Katie à casa de seu pai, na Ilha de Santana (AM), 20 anos após a morte dele. “Tomada pela ação do tempo e pela floresta, a casa estava muito escura. Quando entrei no cômodo que era o quarto do meu pai, fiz uma foto aleatória, sem enxergar em detalhes o ambiente. Ao revelar a imagem, percebi que havia enquadrado um morcego de uma beleza extraordinária”, relembra a artista. “Fiz um blow up desta imagem, que será plotada em uma das paredes das Cavalariças”.

Jardim do céu, de Bernardo Magina

Magina - que em sua prática enfatiza a pintura para além do quadro - define o trabalho concebido para ocupar as quatro paredes da Capelinha do Parque Lage como um afresco contemporâneo. De acordo com ele, o sagrado residirá na imaginação e no transporte para outra dimensão que pretende evocar. “É uma pintura imersiva que cria um percurso visual. A ideia é que o público ‘se perca’ ao contemplar os trajetos sugeridos. Quero trabalhar a percepção do todo, mas também os momentos distintos que o compõem”.

O artista revela que seu processo não é pautado por projetos cartesianos e que preza sua liberdade criativa: “Hoje há uma cena mais livre, a pintura contemporânea se beneficia de uma vasta gama de referências. Diferentes vertentes coexistem e não há um manifesto a ser seguido. Isso não significa que eu não pré-estabeleça uma distribuição espacial ou que não haja um pensamento cromático minucioso. Vou trabalhar tons azulados que remetam à contemplação do céu e à ideia de transcendência. Apesar de intimista, a pintura incluirá pontos de intensidade para atrair o olho do espectador”.

Sobre expor seu trabalho em diálogo com a obra de Katie, Bernardo afirma: “Admiro demais o percurso e a produção dela, e me move muitíssimo a oportunidade gerada pela EAV. É uma honra ocupar esse espaço onde me formei e hoje leciono, dando sequência ao legado inspirador de mestres da pintura, como o Mollica e o José Maria”.

Sobre a EAV Parque Lage

A Escola de Artes Visuais foi criada em 1975, pelo artista Rubens Gerchman, para substituir o Instituto de Belas Artes (IBA). Seu surgimento acontece em plena Guerra Fria na América Latina, durante o período de forte censura e repressão militar no Brasil. A EAV afirma-se historicamente por seu caráter de vanguarda, como marco da não conformidade às fronteiras e categorias, e propõe regularmente perguntas à sociedade por meio da valorização do pensamento artístico.

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage está voltada prioritariamente para o campo das artes visuais contemporâneas, com ênfase em seus aspectos interdisciplinares e transversais. Abrange também outros campos de expressão artística (música, dança, cinema, teatro), assim como a literária, vistos em suas relações com a visualidade. As atividades da EAV contemplam tanto as práticas artísticas como seus fundamentos conceituais.

A EAV Parque Lage configura-se como centro educacional aberto de formação de artistas e profissionais do campo da arte contemporânea. Como referência nacional, com uma consistente imagem no meio da arte, a EAV busca criar mecanismos internos e linhas de atuação externa que permitam um diálogo produtivo com a cidade e com o circuito de arte nacional e internacional.

A instituição é um equipamento vinculado à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro (SECEC).

Fonte: ArtSoul. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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Uma reflexão sobre a Mãe Natureza: Uma discussão sobre Katie van Scherpenberg e seus “Traces 1968-2007” em Cecilia Brunson Projects | NewCity Brasil

A galeria Cecilia Brunson Projects, sediada em Londres, apresenta “Katie van Scherpenberg: Traces 1968-2007”, da artista pioneira brasileira de ascendência holandesa, agora com oitenta e três anos de idade e vivendo em um enclave arborizado no Rio de Janeiro, onde um bando de macacos indígenas balançando nos galhos das árvores do ecossistema da Mata Atlântica dão vida ao cenário verdejante.

A discreta van Scherpenberg é aclamada por uma obra que abrange vários meios e gêneros, impulsionada por sua busca por investigações poéticas radicais que visam desafiar os cânones estabelecidos da arte e da técnica do meio da pintura. Como uma jovem artista no período de 1968 a 1985 — coincidindo com o regime militar de duas décadas do país — van Scherpenberg abandonou o nosso chamado mundo civilizado para viver em uma remota ilha fluvial na Amazônia e encontrou uma dimensão espiritual na pintura. Os destaques desses anos são suas performances e intervenções visionárias colorindo as águas escuras da Amazônia com pigmentos naturais que ela mesma desenvolveu a partir da flora tropical circundante e capturou em uma série de fotos. Com esses experimentos efêmeros visionários, van Scherpenberg introduziu o conceito de land art, também chamada de earth art, no Brasil e se tornou uma grande referência na arte contemporânea latino-americana.

Por muitos anos van Scherpenberg lecionou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro — Beatriz Milhazes está entre suas alunas. A obra da artista foi exposta duas vezes na Bienal de São Paulo (1981, 1989), e está presente nos acervos de grandes museus brasileiros e instituições no exterior, como o Blanton Museum of Art, Austin, Texas; a Coleção Patricia Phelps de Cisneros, Nova York; a Coleção Real da Suécia, Estocolmo; e a Coleção de Arte Latino-Americana da Universidade de Essex (ESCALA), Essex, Reino Unido.

Convidamos três especialistas em arte contemporânea e curadores que escreveram sobre van Scherpenberg e fizeram a curadoria de mostras anteriores dela no Brasil e no exterior para discutir suas visões sobre sua trajetória artística — Gabriel Pérez-Barreiro, Michèle Faguet e Kiki Mazzucchelli — assim como a artista conceitual brasileira Karin Lambrecht, que mora no Reino Unido e também é representada pela galeria. Esta é a segunda vez que a galeria homônima fundada pela chilena Cecilia Brunson, em 2013, em Londres, expõe o trabalho de van Scherpenberg — a primeira foi “Overlooking the Amazon” em 2021, com curadoria de Mazzucchelli, que também escreveu o texto crítico no catálogo da exposição. É importante notar que Cecilia Brunson Projects aborda uma lacuna na história da arte. A galeria é notável por mapear práticas artísticas experimentais de artistas latino-americanos e reconhecer sua influência na produção artística internacional.

Baseado em Madri, Gabriel Pérez-Barreiro é historiador de arte, curador e autor. Foi curador da 33ª Bienal de São Paulo e da 6ª Bienal do Mercosul. Pérez-Barreiro fez curadoria de exposições com obras de van Scherpenberg e escreveu sobre seu trabalho.

A jornada artística de Katie van Scherpenberg está intimamente conectada à Amazônia, onde ela residiu por muitos anos e desenvolveu sua abordagem à arte e à vida. Quando jovem, ela acompanhou seu aventureiro pai holandês à ilha de Santana, no Amapá, na região da grande Amazônia, estabelecendo um lar lá. Sua contemplação da passagem do tempo e da força dominante da natureza desencadeou uma profunda investigação sobre a essência e as práticas da pintura, inspirando-a a forjar uma linguagem artística onde a natureza, o tempo e a decadência se entrelaçam harmoniosamente como elementos integrais em seu trabalho.

“Nas obras de Van Scherpenberg, pigmentos naturais interagem organicamente com seus meios, promovendo condições onde as pinturas evoluem e se transformam ao longo do tempo. Em muitos casos, ela colocou pigmentos diretamente na natureza para observar os efeitos do tempo e da vida sobre eles. Em outros casos, como na série 'Mamãe, Prometo ser feliz' ou 'Feuerbach e eu', as pinturas em si são construções que encorajam a interação com seus ambientes circundantes, desafiando assim a noção ocidental tradicional de arte estática e permanente.”

Michèle Faguet é uma escritora e curadora freelancer que vive em Berlim. Ela é a autora do texto do catálogo (trecho abaixo) da atual exposição de van Scherpenberg.

“Ao longo do último meio século, Katie van Scherpenberg tem perseguido a prática de fazer arte como uma extensão orgânica de sua biografia nômade, seu ambiente natural e sua vida cotidiana. Embora o desenvolvimento de seu trabalho — da figuração abordando temas abertamente políticos à abstração geométrica e intervenções paisagísticas documentadas em filme e vídeo — espelhe muitas das trajetórias da arte do pós-guerra, tanto em seu Brasil natal quanto no exterior, seu interesse principal sempre foi o meio da pintura e sua qualidade intrinsecamente meditativa: 'A pintura é meu campo, o registro de pensamentos passageiros, pincelada por pincelada.'

“Na primeira dessas 'pinturas de paisagens', como ela as chamou, van Scherpenberg pintou o jardim da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, com pigmento vermelho de óxido de ferro, registrando fotograficamente o lento desaparecimento de sua intervenção com o crescimento de grama nova e a transformação gradual desse quadro vivo de vermelho escuro para verde brilhante. Há um elemento performático em jogo aqui; no entanto, o protagonista não é o artista deixando uma marca permanente na paisagem, como fizeram tantos praticantes (principalmente homens) de land art nas décadas de 1960 e 1970, mas a própria natureza, que às vezes escapa com sucesso das tentativas humanas de alterá-la ou dominá-la fundamentalmente. Em 2000, ela foi convidada pelo curador Paulo Herkenhoff para encenar uma intervenção semelhante na Praia de Boa Viagem, ao lado do Museu de Arte Contemporânea de Niterói. O vídeo 'Menarca (Menarche)' de 2007, cujo título se refere à primeira menstruação de uma mulher, mostra a artista submersa no oceano, onde ela libera pigmento vermelho que rapidamente mancha a água e envolve seu corpo, eventualmente indo para a costa em uma alusão direta à forma como as margens do Rio Amazonas são pintadas de vermelho pelo alto teor de óxido de ferro da água.”

A curadora e autora paulistana Kiki Mazzucchelli escreveu o texto do catálogo para a primeira exposição de van Scherpenberg na Cecilia Brunson Projects, “Overlooking the Amazon”, em 2021. A seguir, um fragmento do texto onde Mazzucchelli menciona a obra “The Fall of Icarus” (1980), atualmente em exibição na Cecilia Brunson Projects. (“The Fall of Icarus” foi exibido anteriormente em 2019/2020 na retrospectiva solo da artista “Olamapá”, no Centro Cultural Oi Futuro, Rio de Janeiro, com curadoria de Pérez-Barreiro). 

“Um ponto de virada na trajetória de van Scherpenberg foi a obra 'A Queda de Ícaro' (1980), que marcou sua primeira incursão no espaço tridimensional e na exploração do movimento e do tempo. A obra compreende cinco painéis quadrados de MDF pintados em têmpera branca instalados horizontalmente em uma parede coberta de veludo preto. Cada módulo apresenta um pequeno objeto de gesso branco colocado no lado esquerdo da superfície. Esses painéis são idênticos, exceto por uma faixa preta que atravessa cada peça horizontalmente, colocada na parte inferior do primeiro painel e se deslocando ligeiramente para cima a cada iteração. Aqui, o mito grego é traduzido em formas estritamente abstratas, com a queda trágica apenas tangencialmente sugerida pelo efeito visual das listras horizontais que cortam cada quadrado, como uma sequência de instantâneos de uma tira de filme em movimento. Segundo o curador Gabriel Pérez-Barreiro, em 'A Queda de Ícaro' a artista articula pela primeira vez 'a relação entre o corpo humano, a natureza, a tinta e a indiferença'. Como ele ressalta, a obra é desprovida de qualquer drama individual; o que ela mostra é um corpo caindo no espaço ou, nas palavras de Pérez-Barreiro, 'o drama da natureza e do próprio tempo'.”

Conversamos sobre a obra visionária de Katie van Scherpenberg com a artista conceitual brasileira Karin Lambrecht, que mora em Broadstairs, Reino Unido, desde 2017, e também é representada pela Cecilia Brunson Projects.

Karin, você pode nos dar uma ideia da obra de Katie van Scherpenberg?

Considero Katie, agora com oitenta e três anos, a maior mestra da arte da pintura do Brasil. Sua obra prospera em uma vasta e desafiadora experiência de seis décadas. Considerando a diversidade e o gênero, Katie está entre os pintores brasileiros que escolheram respeitar e estudar os rigores da história da arte na tradição europeia do modernismo. Seu trabalho expande os limites da pintura, fazendo com que o espectador não apenas veja, mas também ouça. Ela consegue isso usando diferentes materiais em composições que têm memória, com a tinta produzida à moda de processos alquímicos e a cor dependendo dos fluidos usados ​​para cada situação ou experimento. Seu trabalho abstrato desperta a espiritualidade e encoraja a reflexão sobre a Mãe Natureza, bem como a natureza psicanalítica/familiar da maternidade e da paternidade. Por outro lado, a fragilidade de sua obra efêmera induz a uma intimidade, como o silêncio evocado nas obras produzidas com as belas toalhas de mesa de sua mãe, enrijecidas por misturas líquidas inusitadas que tingem e mancham os tecidos, e nas obras feitas à beira das águas do rio Amazonas e na grama do jardim da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio.

E a atmosfera psicológica transmitida em seu trabalho?

Às vezes imagino que elas revelam histórias de amor, dor e, finalmente, morte. Às vezes, o trabalho de Katie traz à tona ocorrências trágicas expressas na sensualidade dos materiais que ela emprega. Outra característica crucial para uma melhor compreensão é o ritual envolvido, que em seus termos parece significar recuar para seu mundo interior, mas, ao mesmo tempo, é impelido a ressurgir e se transformar em linguagem pictórica e visual. Gostaria também de mencionar que sua pintura expande os limites do quadro formal. Para Katie, a pintura também é alcançada quando tinge o solo com um vermelho líquido e saturado de óxido de ferro, um pigmento natural brasileiro.

Mais alguma coisa que você gostaria de mencionar?

Ter seu trabalho neste momento de sua trajetória sendo exibido em uma exposição merecida em Londres é muito significativo. Seu trabalho está sendo recuperado, falado e reconhecido graças à Cecilia Brunson Projects, uma galeria especializada em arte latino-americana. Finalmente, para encerrar meus pensamentos sobre esta grande artista, devemos também ter em mente a importância do papel de Katie van Scherpenberg na formação de artistas e indivíduos de mente livre no Rio de Janeiro. É um resultado de sua generosidade em compartilhar seu precioso conhecimento adquirido ao longo de tantos anos por meio de seus experimentos poeticamente ousados ​​e experiência de vida incomum.

Fonte: New City. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

Crédito fotográfico: Escola de Artes Visuais do Parque Laje. Consultado pela última vez em 2 de abril de 2025.

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