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Pedro Alexandrino

Pedro Alexandrino Borges (São Paulo, 26 de novembro de 1856 — São Paulo, 19 de julho de 1942), mais conhecido como Pedro Alexandrino, foi um pintor, desenhista, decorador e professor brasileiro. Iniciou sua carreira artística muito jovem, aos 11 anos, como aprendiz do decorador francês Claude-Paul Barandier, com quem trabalhou na decoração de igrejas e palacetes. Formou-se na Academia Imperial de Belas Artes, do Rio de Janeiro, onde estudou com mestres como Almeida Júnior, Zeferino da Costa e José Maria de Medeiros. Em Paris, aperfeiçoou sua técnica com Antoine Vollon e René-Louis Chrétien, absorvendo influências do realismo e impressionismo, que aplicaria em suas naturezas-mortas, gênero pelo qual tornou-se reconhecido. Sua habilidade em representar texturas, especialmente em objetos metálicos e vidros, utilizando uma paleta de cores vibrantes sobre fundos escuros, chama atenção e confere dramaticidade às suas composições. Suas obras, como "Cozinha na Roça" (1894) e "A Copa" (1912), foram exibidas em importantes exposições no Brasil e na França, onde também recebeu diversas honrarias, incluindo medalhas de ouro na Exposição Geral de Belas Artes e o título de Comendador da Coroa da Itália. Seu legado inclui não apenas suas obras, mas também a influência que exerceu sobre artistas modernistas como Tarsila do Amaral e Anita Malfatti.

Pedro Alexandrino | Arremate Arte

Pedro Alexandrino Borges (São Paulo, 26 de novembro de 1856 - São Paulo, 19 de julho de 1942) foi um renomado pintor, desenhista, decorador e professor brasileiro, amplamente reconhecido por suas naturezas-mortas. Sua obra reflete a transição da arte brasileira do século XIX para o século XX, destacando-se pela precisão técnica e pela sensibilidade estética na representação de objetos cotidianos.Nascido na capital paulista, Pedro Alexandrino cresceu em uma família com inclinações artísticas. Seu pai, envolvido com música e decoração, influenciou seus primeiros passos na arte. Aos 11 anos, começou a trabalhar como aprendiz do decorador francês Claude-Paul Barandier, colaborando na decoração da Catedral Metropolitana de Campinas. Posteriormente, também trabalhou com o decorador francês Stevaux em São Paulo, o que lhe proporcionou uma base sólida em técnicas decorativas.

Em 1880, Pedro Alexandrino teve suas primeiras lições formais de pintura com o mato-grossense João Boaventura da Cruz. Três anos depois, passou a estudar com o renomado pintor Almeida Júnior, que se tornaria uma figura crucial em sua formação artística. Nesse período, atuou como assistente e modelo de Almeida Júnior, absorvendo o estilo naturalista do mestre.

Pedro Alexandrino continuou sua formação na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), no Rio de Janeiro, onde estudou desenho com José Maria de Medeiros e pintura com Zeferino da Costa. Apesar de não concluir o curso na Escola Nacional de Belas Artes, esses anos de estudo foram fundamentais para seu desenvolvimento.

Em 1897, viajou para Paris, onde aprofundou seus estudos sob a orientação de mestres como Antoine Vollon e René-Louis Chrétien. O contato com a vibrante cena artística parisiense refinou sua técnica, especialmente na pintura de naturezas-mortas, gênero pelo qual seria mais conhecido. Em Paris, suas pinceladas tornaram-se mais largas e soltas, suas composições mais complexas, e seu domínio sobre a representação de diferentes materiais, como metais e vidros, mais evidente.

Ao retornar ao Brasil, Pedro Alexandrino estabeleceu-se em São Paulo, onde lecionou desenho e pintura, influenciando uma geração de artistas que incluiria nomes como Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. Sua obra, caracterizada pela precisão na representação de objetos e pela utilização de cores vibrantes e fundos escuros, foi amplamente apreciada por colecionadores e críticos.

Durante sua carreira, Alexandrino participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, recebendo diversas honrarias. Destaca-se a medalha de ouro de terceira classe na 1ª Exposição Geral de Belas Artes no Rio de Janeiro, em 1894, e o título de Comendador da Coroa da Itália, concedido em 1936.

Pedro Alexandrino é particularmente lembrado por suas naturezas-mortas, onde demonstrava uma habilidade excepcional em captar texturas e brilhos, especialmente em objetos metálicos. Sua predileção por frutas e objetos de uso cotidiano em composições equilibradas e realistas, frequentemente dispostas sobre mesas rústicas, conferiu-lhe o título de "Mestre dos Metais".

Além de sua maestria técnica, Alexandrino trouxe para a arte brasileira uma visão que combinava a serenidade das cenas cotidianas com a sofisticação das técnicas adquiridas na Europa, fazendo de suas obras uma ponte entre o tradicional e o moderno.

Pedro Alexandrino foi uma figura reservada, dedicada à sua arte e ao ensino. Era conhecido por seu estilo de vida simples e por evitar os holofotes, preferindo a tranquilidade de seu ateliê. Apesar das dificuldades financeiras em alguns períodos de sua vida, sua obra alcançou grande popularidade, sendo disputada por colecionadores e admirada pela crítica.

Faleceu em 1942, em São Paulo, aos 85 anos, deixando um legado indelével na história da pintura brasileira. Sua influência perdura não apenas em suas obras, muitas das quais se encontram em importantes acervos no Brasil e no exterior, mas também nos artistas que formou e inspirou ao longo de sua carreira.

Pedro Alexandrino é lembrado como um dos grandes mestres da pintura de natureza-morta no Brasil, um artista que, através de suas obras, capturou a essência da vida cotidiana com precisão e beleza, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da arte no país.

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Pedro Alexandrino | Itaú Cultural

Pedro Alexandrino Borges (São Paulo, São Paulo, 1856 - idem 1942). Pintor, decorador, desenhista e professor. Inicia-se na pintura aos 11 anos, ao trabalhar com o decorador francês Barandier (ca.1812-1867), na catedral de Campinas, São Paulo. Nessa época, também auxilia o decorador francês Stevaux em São Paulo e realiza trabalhos em igrejas, residências e palacetes. Em 1880, recebe as primeiras lições de pintura do pintor mato-grossense João Boaventura da Cruz. A partir de 1883, estuda com Almeida Júnior (1850-1899) em seu ateliê, na Rua da Glória, em São Paulo. De 1887 a 1888, estuda desenho com José Maria de Medeiros (1849-1925) e pintura com Zeferino da Costa (1840-1915), como aluno bolsista da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), no Rio de Janeiro. Entre 1890 e 1892, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), mas não conclui o curso. De volta a São Paulo, leciona desenho no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp), em 1895 e 1896. Viaja para Paris em companhia de Almeida Júnior, como pensionista do Estado de São Paulo, e freqüenta o ateliê de René-Loui Chrétien (1867-1942) e a Académie Fernand Carmon. Conhece Antoine Vollon (1833-1900), e com ele estuda a partir de 1899. Freqüenta também o Ateliê Lauri e estuda com o pintor Monroy. Retorna ao Brasil na primeira década do século XX, estabelece-se em São Paulo, onde leciona desenho e pintura. Tem como alunos Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964) e Bonadei (1906-1974), entre outros.

Análise

Antes mesmo de sua viagem de estudos a Paris, Pedro Alexandrino já é um artista especializado em natureza-morta. Segundo a historiadora da arte Ruth Tarasantchi, sua produção desse período é influenciada por seu mestre, Almeida Júnior, principalmente na fatura lisa e na utilização de planos de fundo escuros. Em Cozinha na Roça (1894), apresenta uma composição com pinceladas mais livres, na qual é possível observar a habilidade do pintor no uso das cores.

Na França, tem contato com a obra de Antoine Vollon e de René-Louis Chrétien. Em Paris, como aponta Tarasantchi, suas composições tornam-se mais complexas, realizadas com pinceladas mais largas, com menor preocupação com detalhes. O gosto do artista por formas arrendondadas ou cilíndricas revela-se em Flores e Doces (s.d.) ou em Metais, Porcelanas e Morangos (s.d.)

Alexandrino é conhecido pela representação de objetos em metal, dos quais consegue transmitir a impressão de volume e brilho. Reúne, por vezes, em uma mesma pintura, dois ou três tipos diferentes de metais, demonstrando sua habilidade em reproduzir os diferentes tons de cada peça. Outra constante em seu trabalho é a exploração dos efeitos de transparência, quando pinta cristais ou garrafas de vidro.

Críticas

"Pedro Alexandrino (...) demonstrou ser o artista que, em sua época, a nossa sociedade demandava. Vinha suprir as necessidades dos colecionadores, pois seus quadros, de fácil leitura, satisfaziam os sentidos, não tendo que recorrer à cultura artística que não possuíam. Pintava com realismo objetos e frutas que faziam parte da vida ou das aspirações da sociedade paulistana; por isso, através de sua obra temos uma idéia do nosso meio no fim do século passado e até quase meados deste. Foi ele, mais do que qualquer outro pintor, que nos fez entrever o nosso meio provinciano, de pouca cultura, ao mesmo tempo que pretensioso, procurando afrancesar-se". — Ruth Sprung Tarasantchi (TARASANTCHI, Ruth Sprung. A vida silenciosa na pintura de Pedro Alexandrino. 1981. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes - ECA/USP, São Paulo, 1981).

"Pedro Alexandrino, mais feliz do que os outros, foi para o agitado foco parisiense aperfeiçoar-se nas oficinas de especialistas notáveis e consagrados (...). Mas terá, com isso, conquistado faros reaes de completo e verdadeiro artista, terá dado á sua obra o indispensavel cunho educativo que immortaliza, na historia de cada povo, as grandes concepções dos seus esthetas? Francamente, parece-me que não. Si o papel da arte é (...) contribuir para a cultura perene dos sentimentos affectivos do homem, no lar, na patria e no mundo, (...) si tal é a super-eminente função social da arte em todos os tempos da evolução planetaria, chegaremos a esta conclusão inapelavel: a natureza morta é uma verdadeira aberração. Que idéas elevadas e que proveitosas cogitações pódem suggerir-nos, por exemplo, uma loira penca de bananas amadurecidas (...)? Pódem, quando muito, acordar-nos o instinto inferior da gula". — Alberto de Sousa (TARASANTCHI, Ruth Sprung. A vida silenciosa na pintura de Pedro Alexandrino. 1981. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes - ECA/USP, São Paulo, 1981).

"Pedro Alexandrino especializou-se em natureza morta porque esse é o gênero mais de accordo com o seu temperamento placido e prudente. Nunca sentiu a attracção do desconnhecido, nunca enveredou por caminhos confusos que lhe perturbassem a serenidade encontrada na convicção artística. A sua arte sem pretensões à genialidade creadora é solida porque elle é incontestavelmente um mestre do desenho naturalista, é sincera porque a alegria das cores transborda dos seus quadros em pinceladas firmes e conscientes, é honesto porque não transgride na sua arte dos principios que adoptou como sendo os verdadeiros". — Tarsila do Amaral (TARASANTCHI, Ruth Sprung. A vida silenciosa na pintura de Pedro Alexandrino. 1981. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes - ECA/USP, São Paulo, 1981).

Exposições Individuais

1880 - São Paulo SP - Individual, na Livraria Garraux 

1881 - São Paulo SP - Individual, na Livraria Garraux 

1883 - São Paulo SP - Individual, na Livraria Garraux 

1890 - São Paulo SP - Individual, na Casa Henschel

1890 - São Paulo SP - Individual, na Casa Apollo 

1891 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Casa Apollo

1891 - Rio de Janeiro RJ - Individual 

1891 - São Paulo SP - Individual, na Casa Apollo 

1896 - São Paulo SP - Individual, no Salão do Grêmio dos Guarda-Livros

1905 - São Paulo SP - Individual, no Liceu de Artes e Ofícios

1906 - Campinas SP - Individual, no Museu Carlos Gomes

1910 - São Paulo SP - Individual, no Liceu de Artes e Ofícios

1922 - Santos SP - Individual, no Bazar Americano

Exposições Coletivas

1894 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de 3ª classe

1895 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de 2ª classe

1895 - São Paulo SP - Almeida Júnior e Pedro Alexandrino, no Ateliê Almeida Júnior

1899 - Paris (França) - Salão de Paris

1900 - Paris (França) - Salão de Paris

1901 - Paris (França) - Salão de Paris

1903 - Paris (França) - Salão de Paris

1907 - Paris (França) - Salão de Paris 

1908 - Paris (França) - Salão de Paris

1911 - São Paulo SP - 1ª Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios

1912 - São Paulo SP - 2ª Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios

1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes

1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Contemporânea

1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência

1922 - São Paulo SP - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, no Palácio das Indústrias - medalha de ouro

1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas

1928 - São Paulo SP - Salão de Belas Artes Muse Italiche, no Palácio das Indústrias  

1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes - prêmio de honra e medalha de ouro

1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes

1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes - medalha de honra

1939 - Santos SP - Exposição de Pintura, comemorativa do primeiro centenário da elevação de Santos à categoria de cidade

1939 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Belas Artes

1940 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Belas Artes

1940 - São Paulo SP - Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos

Exposições Póstumas

1943 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia 

1944 - São Paulo SP - É homenageado no Salão de Belas Artes

1944c. - São Paulo SP - Acervo exposto na Sala Pedro Alexandrino, na Pinacoteca do Estado

1946 - São Paulo SP - Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia 

1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA

1954 - São Paulo SP - 19º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia 

1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970

1976 - São Paulo SP - O Retrato na Coleção da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado

1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú

1980 - São Paulo SP - Destaque no Mês de Março, na Galeria Sesc Paulista

1981 - São Paulo SP - Quatro Grandes Pintores em São Paulo, na Fundação Bienal

1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira

1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira 

1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap

1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall

1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes

1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC  

1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR  

1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira  

1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André

1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado

1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp 

1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado

1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo Banco Itaú, na Itaugaleria

1990 - São Paulo SP - A Coleção de Arte do Município de São Paulo, no Masp

1992 - São Paulo SP - Pedro Alexandrino Revisitado, na Pinacoteca do Estado  

1993 - Santos SP - Seis Grandes Pintores, na Pinacoteca Benedito Calixto  

1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado

2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, no Margs 

2000 - São Paulo SP - 51º Salão Paulista de Belas Artes, na Assembléia Legislativa de São Paulo

2000 - São Paulo SP - Almeida Júnior: um artista revisitado, na Pinacoteca do Estado

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte do Século XIX, na Fundação Bienal

2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB/Faap

2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty

2003 - São Paulo SP - Pintores do Litoral Paulista, no Sociarte

Fonte: PEDRO Alexandrino. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 26 de agosto de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Pedro Alexandrino | Wikipédia

Pedro Alexandrino Borges dos Santos Fernandes (São Paulo, 26 de novembro de 1856 — São Paulo, 19 de julho de 1942) foi um pintor, desenhista, decorador e professor brasileiro. Teve participação importante no movimento naturalista brasileiro dentro das artes plásticas. Grande parte de sua obra é baseada em pinturas em óleo sobre tela de paisagens, ambientes internos e natureza morta. Desenvolveu seu trabalho no estado de São Paulo, principalmente na capital e na cidade de Campinas.

Biografia

Pedro Alexandrino Borges nasceu na cidade de São Paulo, na Rua Libero Badaró, à época, Rua São José. É filho de Francisco Joaquim Borges Albuquerqui, descendente de mineiros, e Rosa Francisca de Toledo, paulistana, nascida na atual Freguesia do Ó. Foi batizado na Igreja da Sé, em 6 de janeiro de 1857.

Pedro Alexandrino tinha em sua família relação com o campo artístico. Seu pai era tocador de instrumentos musicais em igrejas e festas e pintor de objetos usados em comemorações típicas regionais. Seu avô seria Francisco Rabecão, que carregava no sobrenome o instrumento que tocava. Foi o avô o responsável por alfabetizá-lo.

Desde criança e principalmente na adolescência, desenvolve o desejo pela pintura. Em 1867, com 11 anos, começa a trabalhar com o decorador francês Claude-Paul Barandier na decoração da Catedral Metropolitana de Campinas. Em São Paulo, neste mesmo período realiza trabalhos em palacetes, casas e outras igrejas. Em 1873, atua como ajudante de pintor-decorador em igrejas e casas particulares com os construtores Simão da Costa e José Lucas Medeiros. Com o pintor mato-grossense João Boaventura da Cruz (formado na Academia Imperial de Belas Artes) teve suas primeiras lições como pintor, em 1880. João Boaventura veio a São Paulo, acompanhado de um grupo de estudantes de direito do Rio de Janeiro. Os dois trabalharam juntos na decoração da igreja de Pirapora. Ainda neste período, Pedro Alexandrino começa a desenvolver seus primeiros trabalhos individuais, em residências e palacetes da capital e do interior paulista. Mas, em 1883, começa a estudar com Almeida Júnior, em seu ateliê, na Rua da Glória, no bairro da Liberdade, servindo-lhe inclusive de modelo para algumas obras. Também estudou com José Maria de Medeiros e Zeferino da Costa.

Formação acadêmica

Sua formação acadêmica começa na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, como aluno bolsista, financiado pelo governo do estado de São Paulo. Foi incentivado pelo pintor-decorador espanhol Villaronga, que esteve em São Paulo neste período e financiou Pedro Alexandrino em momentos de dificuldade financeira. Joaquim Egídio de Sousa Aranha, o Marquês de Três Rios, poderia ter sido seu mentor, mas negou ajudar um patrício. Antes, o artista já havia decorado a casa do marquês (hoje sede da Escola Politécnica da USP). Entre 1890 e 1892, esteve na Escola Nacional de Belas Artes, ainda na capital fluminense, mas não terminou os estudos. Apesar de receber prêmios e ser reconhecido pelas obras, Pedro Alexandrino passa por dificuldade financeira. Reside com a esposa, Ana Justina Moreira, com quem se casara em 1884, em um quarto, usando uma esteira como cama. Durante dois anos (1895 e 1896), foi professor no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Em abril de 1888, sua esposa morre, vítima de tifo. Em 1894, recebe medalha de ouro da Terceira Classe pela obra Cozinha na Roça. No mesmo ano, abre ateliê na Rua Lavapés, no bairro do Cambuci, em São Paulo.

Mais tarde, em 1897, viaja para a Europa, com a nova esposa, Cândida Rosa Maria, e Almeida Júnior. Especialmente em Paris, tem contato com diversos artistas, entre eles: René-Loui Chrétien, Antoine Vollon - outra inspiração para a predileção pelas pinturas de natureza-morta - e Monroy. Frequenta a Academia Fernand Cormon, Escola Comunal Quinelau e o ateliê Lauri. Na França, leva uma vida calma, sem grandes preocupações, mas com diversos passeios e visitas. Recebe convite para ir ao Estados Unidos por parte do barão de Rothschild. Ao mesmo tempo, um político brasileiro se mostra interessado em colocar quadros de Alexandrino no palácio de Campos Elísios. Apesar de estar condicionado a aceitar o convite do barão, Alexandrino volta ao Brasil e chegando aqui lhe é informado que os quadros não poderiam ser expostos nas paredes de madeira do palácio. De volta ao Brasil, e sem dinheiro para voltar para Paris, em 1905, realiza exposição individual, no Liceu de Artes e Ofícios, com 110 quadros, 84 deles naturezas-mortas, gênero que o consagrou. Foi professor particular de alguns modernistas como Tarsila do Amaral (a partir de 1917), Anita Malfatti (a partir de 1919) e Aldo Bonadei (a partir de 1925). Detentor de várias premiações, expôs sua obra no Brasil e no exterior. Tendo sonhado sempre com um retorno, volta a Paris em 1907, ficando em terras francesas até 1909. Sobre esta viagem, porém, não há informações.

Pouco tempo depois, no início de 1907, Alexandrino realiza seu desejo e volta a Paris. Se Pedro Alexandrino pudesse teria vivido sempre em Paris. A cidade luz era seu tema preferido em todas as conversas e costumava apelida-la como “cidade da cultura”. Depois de mais um retorno ao Brasil, morou no bairro da República, na Rua Sete de Abril, e, mais tarde, na Rua Major Sertório, Vila Buarque, também na região central da capital paulista.

Pedro Alexandrino gostava de reunir amigos em seu ateliê às sextas-feiras para tomar chá e comer bolo, servidos por sua esposa, Dona Candinha. Conversavam sobre diversos temas, mas não se fazia comentários sobre outras pessoas. Alexandrino mantinha seu sotaque caipira, mesmo quando usava vocabulário francês. Pedro Alexandrino teve como grande admirador o escritor Monteiro Lobato, que via em suas obras um meio para tornar a arte uma prática diária de absorção. Lobato escrevia artigos em que recomendava visitas ao ateliê de Alexandrino. Apesar de ser convidado a frequentas espaços mais nobres, junto à grande sociedade, o artista normalmente os recusa e prefere manter seu estilo mais caseiro e pessoal.

Auge da carreira

Durante e depois da Primeira Guerra Mundial, o movimento nacionalista ganha forças entre as camadas sociais. Pedro Alexandrino se insere neste contexto e fazia contestações à permissividade do governo brasileiro na entrada de arte estrangeira não-ocidental no país. Tanto que critica e não se insere nos movimentos artísticos modernos. Também critica evoluções tecnológicas e a mecanização da sociedade.

Na década de 1920, Pedro Alexandrino é premiado pela Academia de Belas Artes de Gênova. A repercussão foi grande e houve movimento de moradores das Ruas 13 de maio e da Abolição para que elas passassem a se chamar Pedro Alexandrino. Além de Monteiro Lobato, Pedro Alexandrino tinha muitos admiradores, entre eles: Paulo de Siqueira, Prestes Maia, Julio Mesquita Filho, Amadeu Amaral, Pedro Calmon Duran, Nestor Pestana, Venceslau de Queirós, entre outros.

Neste período, em São Paulo, passa a ser questão de status ter um quadro de Pedro Alexandrino em casa. Tê-lo trazia admiração de vizinhos, amigos e da alta sociedade. Pelo alto número de vendas, a Pedro Alexandrino restam poucos quadros e não consegue abrir exposições. Por ser uma pessoa restrita, pouco se sabe sobre a escolha religiosa do artista, mas acredita-se que era ateu, apesar de ter bastante contato com padres da Igreja Católica. Individualista e com medo de perder seu espaço no campo artístico, Pedro Alexandrino recusa valorizar outros artistas que pintem natureza-morta. Crê ser essa opção como única e exclusivamente sua. Em 1936, sob proposta do governo italiano, Pedro Alexandrino recebe o título de Comendador da Coroa da Itália, concedido por S.M. Vittorio Emanuele II.

Na velhice, perde o entusiasmo com a arte, porém segue pintado quadros em seu ateliê toda manhã. Em 19 de julho de 1942, às 16 horas, Pedro Alexandrino morre, aos 85 anos, vítima de uma gripe que evoluiu para uma pneumonia. A Pinacoteca do Estado de São Paulo hasteia bandeira à meio-mastro. As aulas na Escola de Belas Artes foram suspensas. Seu funeral é realizado com custos pagos pelo estado.

Análise

Atribui-se a Almeida Júnior a sugestão para Pedro Alexandrino dedicar-se à pintura de natureza-morta. A relação com Almeida Júnior era intensa, principalmente, no início da carreira. Além de servir-lhe como modelo para quadros, como Conversão de São Paulo, Pedro Alexandrino copiava, em forma de treinamento, as pinturas feitas por seu mestre. O artista contava que Almeida Júnior não sabia reconhecer qual era a sua versão de determinados quadros e qual era de seu aluno.

Em suas primeiras exposições, Pedro Alexandrino é criticado por seu estilo pessoal e forte, caracterizado por empastamentos. Com o tempo, porém, as opiniões mudaram, e o artista tornou-se popular, devido ao fácil entendimento do conteúdo de suas obras.

Natureza-morta é considerado um dos gêneros mais difíceis de ser representado, pois em análises das obras, pequenos detalhes e objetos têm grande significado para compreender as intenções do artista.

Antes mesmo de ir para a Europa, Pedro Alexandrino já era conhecido no país pela pintura de natureza-morta. Mas precisava se especializar e aprender novas técnicas. No início, teve grande influência de Estêvão Silva. Fazia traçado alisado, em que não aparentava as pinceladas. Preferia os quadros pequenos, ainda artificial e com pouco espontaneidade. Mais tarde, começa a pintar quadros maiores e cria estilo próprio, com toques rápidos, curtos, vibrantes, minuciosos e rigorosos.

Estilo

Entre as principais características de Pedro Alexandrino está seu traço vigoroso e as opções pela disposição dos objetos da cena em locais que se situam normal e naturalmente. Na maioria de suas obras, os objetos estão situados acima de uma mesa de madeira rústica, semi-coberta por uma toalha, como em A Copa. Valoriza ainda as formas côncavas e convexas.

Além de frutas e flores, Pedro Alexandrino gosta de demonstrar suas capacidades a partir da pintura de objetos metálicos, que exigem além da escolha correta pelas cores, a representação do reflexo que eles proporcionam. Fica conhecido como “Mestre dos metais”. Não se limita a representar apenas um tipo de metal (bronze, prata, entre outros).

Entende-se que Pedro Alexandrino é um pintor que não comete excessos em suas representações artísticas, tanto em cor e quantidade de objetos em cena. Deste modo, suas obras ficam de fácil entendimento e não fogem da realidade. O que chama a atenção em sua obra não são os detalhes, mas o conjunto. Não é por isso, entretanto, que suas pinturas não sejam ricas em detalhes. A queijeira é um objeto frequente em suas obras, característica comum às pinturas de Chrétien.

Iluminação é outro detalhe importante das obras de Pedro Alexandrino. Esta se repete na maioria de suas pinturas. Parte do lado direito do observador, deixando, por conseguinte, o fundo escuro ou na penumbra. Essa característica, Pedro Alexandrino adquiriu na França, no período em que esteve lá. Aprendeu a usar pinceladas largas, desordenadas e com pouca tinta para alcançar estes tons. Pelas características da iluminação, suas obras são normalmente vistas como dramáticas e sinceras. Diz-se também que as obra de Alexandrino são substituições de pinturas antigas e, por isso, antiquadas para a época. Pedro Alexandrino preza por representar hábitos cotidianos e alimentares, por vezes, com objetos luxuosos e frutas caras, ou objetos simples e rústicos. Entre as frutas preferidas em retratar estavam as estrangeiras: uva, maçã, peras, castanhas, damascos e pêssegos. Nem sempre, Pedro Alexandrino tinha dinheiro para comprar estas frutas importadas. Por isso, em muitas ocasiões, recebia as frutas junto com as encomendas de quadros. Ele também retratava cebolas, mangas, frutas do conde, carambolas, jabuticabas, bananas, abacaxis, laranjas, figos, romãs e cajus. Ele poucas vezes retratou mamíferos, um dos poucos foi um coelho, pendurado em um prego, já morto, como elemento de um quadro. Entre as aves, pintou patos, gansos e perus. Gostava de retratar, em suas pinturas, crustáceos refinados, presentes na alimentação aristocrata e burguesa, como camarões e lagostas.

De modo geral, no período anterior à sua viagem à Europa, Pedro Alexandrino limita-se a fazer cópias do que vê, com temática simples e pinceladas delicadas. Na França, não se limita a uma única escola e oscila entre o realismo e o impressionismo, com pinceladas espontâneas e naturais. Mas, isso se perde em seu retorno ao Brasil, quando recupera o estilo pesado e composições simples.

Trabalhos

Pedro Alexandrino não se dedicou muito ao paisagismo e, por isso, ficou pouco conhecido por suas atividades nesta área. Esta fase foi mais intensa na juventude. Chega a pintar paisagens de Pirapora e Salto de Itu. Não havia ordem se realização de obras de tamanhos grandes ou pequenos. Aqui, suas pinceladas são pouco perceptíveis, aparentam ingenuidade, talvez pelo início de carreira.

Antes de sua primeira viagem para a Europa, Pedro Alexandrino realiza exposição no Grêmio do Comércio. Levou 21 naturezas-mortas e cinco paisagens. O paisagismo não era do que Alexandrino mais se aproximava e repete a escolha por cores usadas na Europa e que pouco tinham relação com o Brasil. Esta característica só mudará com o nascimento de pintores modernistas. Pedro Alexandrino desenvolveu grande parte de sua coleção como paisagista em Paris. Utilizava como fundo o Jardim de Luxemburgo e o campo de Villeneuf.

Pedro Alexandrino não foi um retratista, apesar de ter pintado algumas telas com esta temática, atendendo a encomendas.

Pedro Alexandrino chega a pintar interiores, em pequena quantidade – cerca de dez –, porém com qualidade alta e influência holandesa.

Personalidade

Pedro Alexandrino não era uma pessoa preocupada com a aparência, tinha pouca vaidade. Mas não gostava de revelar a idade, sob a justificativa de que um artista nunca deveria contá-la. Era caracterizado pelos amigos como uma pessoa caseira, que fugia dos holofotes. Não gostava de frequentar ambientes luxuosos, preferindo a comodidade de sua casa e seu ateliê.

Vida Pessoal

Casou-se com Ana Justina Moreira, em 1884. Ela morre em 1888, vítima de tifo. Porém, pouco tempo depois, apaixona-se pela cunhada, Cândida Rosa Maria (Dona Candinha), que tinha, à época, apenas 17 anos. O casal teve dois filhos, Rubens e Van Dick, que morrem ainda crianças, devido a falta de recurso da família.

Exposições

1890 - Expõe a obra Salto de Itu na casa de exposições Henscher, na Rua Direita, em São Paulo.

1890 - Expõe retrato de Prudente de Moraes, na Casa Apollo, também na Rua Direita, em São Paulo.

1891 - Expõe, novamente na Casa Apollo, Retrato de Menina.

1894 - Expõe 6 quadros na Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde recebe medalha de ouro de Terceira Classe.

1895 - Expõe 26 telas no ateliê de Almeida Júnior (Rua da Glória, Liberdade, São Paulo)

1895 - Participa da Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro e recebe medalha de ouro de Segunda Classe.

1906 - Expõe 34 telas no Centro de Ciências, Artes e Telas de Campinas.

1907 - Expõe Ananas et Verre Ancien no Salon de Paris.

1908 - Expõe Coinge et Chaudron no Salon de Paris.

1910 - Expõe individualmente 109 quadros no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

1912 - Expõe A Copa na Primeira Exposição de Belas Artes de São Paulo.

1922 - Expõe A Copa no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, conquistando a Grande Medalha de Ouro. O quadro foi vendido por 10 mil réis.

1922 - Expõe 3 quadros na Exposição de Arte Contemporânea e Retrospectiva no Rio de Janeiro.

1925 - Expõe 3 quadros no Salão do Centenário da Independência no Rio de Janeiro.

1934 - Expõe 3 obras no I Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo.

1939 - Expõe no XIV Salão de Belas Artes do Rio de Janeiro, recebendo apenas Medalha de Honra.

1939 - Expõe 3 quadros no VI Salão Paulista de Belas Artes.

1939 - Participa com 15 quadros da Exposição de Pintura em Santos, em comemoração do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade.

1940 - Expõe um único quadro Frutas e Metal no VII Salão Paulista de Belas Artes.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de agosto de 2024.

Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de agosto de 2024.

Pedro Alexandrino Borges (São Paulo, 26 de novembro de 1856 — São Paulo, 19 de julho de 1942), mais conhecido como Pedro Alexandrino, foi um pintor, desenhista, decorador e professor brasileiro. Iniciou sua carreira artística muito jovem, aos 11 anos, como aprendiz do decorador francês Claude-Paul Barandier, com quem trabalhou na decoração de igrejas e palacetes. Formou-se na Academia Imperial de Belas Artes, do Rio de Janeiro, onde estudou com mestres como Almeida Júnior, Zeferino da Costa e José Maria de Medeiros. Em Paris, aperfeiçoou sua técnica com Antoine Vollon e René-Louis Chrétien, absorvendo influências do realismo e impressionismo, que aplicaria em suas naturezas-mortas, gênero pelo qual tornou-se reconhecido. Sua habilidade em representar texturas, especialmente em objetos metálicos e vidros, utilizando uma paleta de cores vibrantes sobre fundos escuros, chama atenção e confere dramaticidade às suas composições. Suas obras, como "Cozinha na Roça" (1894) e "A Copa" (1912), foram exibidas em importantes exposições no Brasil e na França, onde também recebeu diversas honrarias, incluindo medalhas de ouro na Exposição Geral de Belas Artes e o título de Comendador da Coroa da Itália. Seu legado inclui não apenas suas obras, mas também a influência que exerceu sobre artistas modernistas como Tarsila do Amaral e Anita Malfatti.

Pedro Alexandrino

Pedro Alexandrino Borges (São Paulo, 26 de novembro de 1856 — São Paulo, 19 de julho de 1942), mais conhecido como Pedro Alexandrino, foi um pintor, desenhista, decorador e professor brasileiro. Iniciou sua carreira artística muito jovem, aos 11 anos, como aprendiz do decorador francês Claude-Paul Barandier, com quem trabalhou na decoração de igrejas e palacetes. Formou-se na Academia Imperial de Belas Artes, do Rio de Janeiro, onde estudou com mestres como Almeida Júnior, Zeferino da Costa e José Maria de Medeiros. Em Paris, aperfeiçoou sua técnica com Antoine Vollon e René-Louis Chrétien, absorvendo influências do realismo e impressionismo, que aplicaria em suas naturezas-mortas, gênero pelo qual tornou-se reconhecido. Sua habilidade em representar texturas, especialmente em objetos metálicos e vidros, utilizando uma paleta de cores vibrantes sobre fundos escuros, chama atenção e confere dramaticidade às suas composições. Suas obras, como "Cozinha na Roça" (1894) e "A Copa" (1912), foram exibidas em importantes exposições no Brasil e na França, onde também recebeu diversas honrarias, incluindo medalhas de ouro na Exposição Geral de Belas Artes e o título de Comendador da Coroa da Itália. Seu legado inclui não apenas suas obras, mas também a influência que exerceu sobre artistas modernistas como Tarsila do Amaral e Anita Malfatti.

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Pedro Alexandrino | Arremate Arte

Pedro Alexandrino Borges (São Paulo, 26 de novembro de 1856 - São Paulo, 19 de julho de 1942) foi um renomado pintor, desenhista, decorador e professor brasileiro, amplamente reconhecido por suas naturezas-mortas. Sua obra reflete a transição da arte brasileira do século XIX para o século XX, destacando-se pela precisão técnica e pela sensibilidade estética na representação de objetos cotidianos.Nascido na capital paulista, Pedro Alexandrino cresceu em uma família com inclinações artísticas. Seu pai, envolvido com música e decoração, influenciou seus primeiros passos na arte. Aos 11 anos, começou a trabalhar como aprendiz do decorador francês Claude-Paul Barandier, colaborando na decoração da Catedral Metropolitana de Campinas. Posteriormente, também trabalhou com o decorador francês Stevaux em São Paulo, o que lhe proporcionou uma base sólida em técnicas decorativas.

Em 1880, Pedro Alexandrino teve suas primeiras lições formais de pintura com o mato-grossense João Boaventura da Cruz. Três anos depois, passou a estudar com o renomado pintor Almeida Júnior, que se tornaria uma figura crucial em sua formação artística. Nesse período, atuou como assistente e modelo de Almeida Júnior, absorvendo o estilo naturalista do mestre.

Pedro Alexandrino continuou sua formação na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), no Rio de Janeiro, onde estudou desenho com José Maria de Medeiros e pintura com Zeferino da Costa. Apesar de não concluir o curso na Escola Nacional de Belas Artes, esses anos de estudo foram fundamentais para seu desenvolvimento.

Em 1897, viajou para Paris, onde aprofundou seus estudos sob a orientação de mestres como Antoine Vollon e René-Louis Chrétien. O contato com a vibrante cena artística parisiense refinou sua técnica, especialmente na pintura de naturezas-mortas, gênero pelo qual seria mais conhecido. Em Paris, suas pinceladas tornaram-se mais largas e soltas, suas composições mais complexas, e seu domínio sobre a representação de diferentes materiais, como metais e vidros, mais evidente.

Ao retornar ao Brasil, Pedro Alexandrino estabeleceu-se em São Paulo, onde lecionou desenho e pintura, influenciando uma geração de artistas que incluiria nomes como Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. Sua obra, caracterizada pela precisão na representação de objetos e pela utilização de cores vibrantes e fundos escuros, foi amplamente apreciada por colecionadores e críticos.

Durante sua carreira, Alexandrino participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, recebendo diversas honrarias. Destaca-se a medalha de ouro de terceira classe na 1ª Exposição Geral de Belas Artes no Rio de Janeiro, em 1894, e o título de Comendador da Coroa da Itália, concedido em 1936.

Pedro Alexandrino é particularmente lembrado por suas naturezas-mortas, onde demonstrava uma habilidade excepcional em captar texturas e brilhos, especialmente em objetos metálicos. Sua predileção por frutas e objetos de uso cotidiano em composições equilibradas e realistas, frequentemente dispostas sobre mesas rústicas, conferiu-lhe o título de "Mestre dos Metais".

Além de sua maestria técnica, Alexandrino trouxe para a arte brasileira uma visão que combinava a serenidade das cenas cotidianas com a sofisticação das técnicas adquiridas na Europa, fazendo de suas obras uma ponte entre o tradicional e o moderno.

Pedro Alexandrino foi uma figura reservada, dedicada à sua arte e ao ensino. Era conhecido por seu estilo de vida simples e por evitar os holofotes, preferindo a tranquilidade de seu ateliê. Apesar das dificuldades financeiras em alguns períodos de sua vida, sua obra alcançou grande popularidade, sendo disputada por colecionadores e admirada pela crítica.

Faleceu em 1942, em São Paulo, aos 85 anos, deixando um legado indelével na história da pintura brasileira. Sua influência perdura não apenas em suas obras, muitas das quais se encontram em importantes acervos no Brasil e no exterior, mas também nos artistas que formou e inspirou ao longo de sua carreira.

Pedro Alexandrino é lembrado como um dos grandes mestres da pintura de natureza-morta no Brasil, um artista que, através de suas obras, capturou a essência da vida cotidiana com precisão e beleza, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da arte no país.

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Pedro Alexandrino | Itaú Cultural

Pedro Alexandrino Borges (São Paulo, São Paulo, 1856 - idem 1942). Pintor, decorador, desenhista e professor. Inicia-se na pintura aos 11 anos, ao trabalhar com o decorador francês Barandier (ca.1812-1867), na catedral de Campinas, São Paulo. Nessa época, também auxilia o decorador francês Stevaux em São Paulo e realiza trabalhos em igrejas, residências e palacetes. Em 1880, recebe as primeiras lições de pintura do pintor mato-grossense João Boaventura da Cruz. A partir de 1883, estuda com Almeida Júnior (1850-1899) em seu ateliê, na Rua da Glória, em São Paulo. De 1887 a 1888, estuda desenho com José Maria de Medeiros (1849-1925) e pintura com Zeferino da Costa (1840-1915), como aluno bolsista da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), no Rio de Janeiro. Entre 1890 e 1892, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), mas não conclui o curso. De volta a São Paulo, leciona desenho no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp), em 1895 e 1896. Viaja para Paris em companhia de Almeida Júnior, como pensionista do Estado de São Paulo, e freqüenta o ateliê de René-Loui Chrétien (1867-1942) e a Académie Fernand Carmon. Conhece Antoine Vollon (1833-1900), e com ele estuda a partir de 1899. Freqüenta também o Ateliê Lauri e estuda com o pintor Monroy. Retorna ao Brasil na primeira década do século XX, estabelece-se em São Paulo, onde leciona desenho e pintura. Tem como alunos Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964) e Bonadei (1906-1974), entre outros.

Análise

Antes mesmo de sua viagem de estudos a Paris, Pedro Alexandrino já é um artista especializado em natureza-morta. Segundo a historiadora da arte Ruth Tarasantchi, sua produção desse período é influenciada por seu mestre, Almeida Júnior, principalmente na fatura lisa e na utilização de planos de fundo escuros. Em Cozinha na Roça (1894), apresenta uma composição com pinceladas mais livres, na qual é possível observar a habilidade do pintor no uso das cores.

Na França, tem contato com a obra de Antoine Vollon e de René-Louis Chrétien. Em Paris, como aponta Tarasantchi, suas composições tornam-se mais complexas, realizadas com pinceladas mais largas, com menor preocupação com detalhes. O gosto do artista por formas arrendondadas ou cilíndricas revela-se em Flores e Doces (s.d.) ou em Metais, Porcelanas e Morangos (s.d.)

Alexandrino é conhecido pela representação de objetos em metal, dos quais consegue transmitir a impressão de volume e brilho. Reúne, por vezes, em uma mesma pintura, dois ou três tipos diferentes de metais, demonstrando sua habilidade em reproduzir os diferentes tons de cada peça. Outra constante em seu trabalho é a exploração dos efeitos de transparência, quando pinta cristais ou garrafas de vidro.

Críticas

"Pedro Alexandrino (...) demonstrou ser o artista que, em sua época, a nossa sociedade demandava. Vinha suprir as necessidades dos colecionadores, pois seus quadros, de fácil leitura, satisfaziam os sentidos, não tendo que recorrer à cultura artística que não possuíam. Pintava com realismo objetos e frutas que faziam parte da vida ou das aspirações da sociedade paulistana; por isso, através de sua obra temos uma idéia do nosso meio no fim do século passado e até quase meados deste. Foi ele, mais do que qualquer outro pintor, que nos fez entrever o nosso meio provinciano, de pouca cultura, ao mesmo tempo que pretensioso, procurando afrancesar-se". — Ruth Sprung Tarasantchi (TARASANTCHI, Ruth Sprung. A vida silenciosa na pintura de Pedro Alexandrino. 1981. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes - ECA/USP, São Paulo, 1981).

"Pedro Alexandrino, mais feliz do que os outros, foi para o agitado foco parisiense aperfeiçoar-se nas oficinas de especialistas notáveis e consagrados (...). Mas terá, com isso, conquistado faros reaes de completo e verdadeiro artista, terá dado á sua obra o indispensavel cunho educativo que immortaliza, na historia de cada povo, as grandes concepções dos seus esthetas? Francamente, parece-me que não. Si o papel da arte é (...) contribuir para a cultura perene dos sentimentos affectivos do homem, no lar, na patria e no mundo, (...) si tal é a super-eminente função social da arte em todos os tempos da evolução planetaria, chegaremos a esta conclusão inapelavel: a natureza morta é uma verdadeira aberração. Que idéas elevadas e que proveitosas cogitações pódem suggerir-nos, por exemplo, uma loira penca de bananas amadurecidas (...)? Pódem, quando muito, acordar-nos o instinto inferior da gula". — Alberto de Sousa (TARASANTCHI, Ruth Sprung. A vida silenciosa na pintura de Pedro Alexandrino. 1981. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes - ECA/USP, São Paulo, 1981).

"Pedro Alexandrino especializou-se em natureza morta porque esse é o gênero mais de accordo com o seu temperamento placido e prudente. Nunca sentiu a attracção do desconnhecido, nunca enveredou por caminhos confusos que lhe perturbassem a serenidade encontrada na convicção artística. A sua arte sem pretensões à genialidade creadora é solida porque elle é incontestavelmente um mestre do desenho naturalista, é sincera porque a alegria das cores transborda dos seus quadros em pinceladas firmes e conscientes, é honesto porque não transgride na sua arte dos principios que adoptou como sendo os verdadeiros". — Tarsila do Amaral (TARASANTCHI, Ruth Sprung. A vida silenciosa na pintura de Pedro Alexandrino. 1981. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes - ECA/USP, São Paulo, 1981).

Exposições Individuais

1880 - São Paulo SP - Individual, na Livraria Garraux 

1881 - São Paulo SP - Individual, na Livraria Garraux 

1883 - São Paulo SP - Individual, na Livraria Garraux 

1890 - São Paulo SP - Individual, na Casa Henschel

1890 - São Paulo SP - Individual, na Casa Apollo 

1891 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Casa Apollo

1891 - Rio de Janeiro RJ - Individual 

1891 - São Paulo SP - Individual, na Casa Apollo 

1896 - São Paulo SP - Individual, no Salão do Grêmio dos Guarda-Livros

1905 - São Paulo SP - Individual, no Liceu de Artes e Ofícios

1906 - Campinas SP - Individual, no Museu Carlos Gomes

1910 - São Paulo SP - Individual, no Liceu de Artes e Ofícios

1922 - Santos SP - Individual, no Bazar Americano

Exposições Coletivas

1894 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de 3ª classe

1895 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de 2ª classe

1895 - São Paulo SP - Almeida Júnior e Pedro Alexandrino, no Ateliê Almeida Júnior

1899 - Paris (França) - Salão de Paris

1900 - Paris (França) - Salão de Paris

1901 - Paris (França) - Salão de Paris

1903 - Paris (França) - Salão de Paris

1907 - Paris (França) - Salão de Paris 

1908 - Paris (França) - Salão de Paris

1911 - São Paulo SP - 1ª Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios

1912 - São Paulo SP - 2ª Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios

1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes

1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Contemporânea

1922 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Centenário da Independência

1922 - São Paulo SP - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, no Palácio das Indústrias - medalha de ouro

1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas

1928 - São Paulo SP - Salão de Belas Artes Muse Italiche, no Palácio das Indústrias  

1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes - prêmio de honra e medalha de ouro

1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes

1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes - medalha de honra

1939 - Santos SP - Exposição de Pintura, comemorativa do primeiro centenário da elevação de Santos à categoria de cidade

1939 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Belas Artes

1940 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Belas Artes

1940 - São Paulo SP - Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos

Exposições Póstumas

1943 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia 

1944 - São Paulo SP - É homenageado no Salão de Belas Artes

1944c. - São Paulo SP - Acervo exposto na Sala Pedro Alexandrino, na Pinacoteca do Estado

1946 - São Paulo SP - Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia 

1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA

1954 - São Paulo SP - 19º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia 

1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970

1976 - São Paulo SP - O Retrato na Coleção da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado

1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú

1980 - São Paulo SP - Destaque no Mês de Março, na Galeria Sesc Paulista

1981 - São Paulo SP - Quatro Grandes Pintores em São Paulo, na Fundação Bienal

1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira

1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira 

1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap

1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall

1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes

1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC  

1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR  

1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira  

1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André

1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado

1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp 

1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado

1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo Banco Itaú, na Itaugaleria

1990 - São Paulo SP - A Coleção de Arte do Município de São Paulo, no Masp

1992 - São Paulo SP - Pedro Alexandrino Revisitado, na Pinacoteca do Estado  

1993 - Santos SP - Seis Grandes Pintores, na Pinacoteca Benedito Calixto  

1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado

2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, no Margs 

2000 - São Paulo SP - 51º Salão Paulista de Belas Artes, na Assembléia Legislativa de São Paulo

2000 - São Paulo SP - Almeida Júnior: um artista revisitado, na Pinacoteca do Estado

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte do Século XIX, na Fundação Bienal

2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB/Faap

2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty

2003 - São Paulo SP - Pintores do Litoral Paulista, no Sociarte

Fonte: PEDRO Alexandrino. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 26 de agosto de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Pedro Alexandrino | Wikipédia

Pedro Alexandrino Borges dos Santos Fernandes (São Paulo, 26 de novembro de 1856 — São Paulo, 19 de julho de 1942) foi um pintor, desenhista, decorador e professor brasileiro. Teve participação importante no movimento naturalista brasileiro dentro das artes plásticas. Grande parte de sua obra é baseada em pinturas em óleo sobre tela de paisagens, ambientes internos e natureza morta. Desenvolveu seu trabalho no estado de São Paulo, principalmente na capital e na cidade de Campinas.

Biografia

Pedro Alexandrino Borges nasceu na cidade de São Paulo, na Rua Libero Badaró, à época, Rua São José. É filho de Francisco Joaquim Borges Albuquerqui, descendente de mineiros, e Rosa Francisca de Toledo, paulistana, nascida na atual Freguesia do Ó. Foi batizado na Igreja da Sé, em 6 de janeiro de 1857.

Pedro Alexandrino tinha em sua família relação com o campo artístico. Seu pai era tocador de instrumentos musicais em igrejas e festas e pintor de objetos usados em comemorações típicas regionais. Seu avô seria Francisco Rabecão, que carregava no sobrenome o instrumento que tocava. Foi o avô o responsável por alfabetizá-lo.

Desde criança e principalmente na adolescência, desenvolve o desejo pela pintura. Em 1867, com 11 anos, começa a trabalhar com o decorador francês Claude-Paul Barandier na decoração da Catedral Metropolitana de Campinas. Em São Paulo, neste mesmo período realiza trabalhos em palacetes, casas e outras igrejas. Em 1873, atua como ajudante de pintor-decorador em igrejas e casas particulares com os construtores Simão da Costa e José Lucas Medeiros. Com o pintor mato-grossense João Boaventura da Cruz (formado na Academia Imperial de Belas Artes) teve suas primeiras lições como pintor, em 1880. João Boaventura veio a São Paulo, acompanhado de um grupo de estudantes de direito do Rio de Janeiro. Os dois trabalharam juntos na decoração da igreja de Pirapora. Ainda neste período, Pedro Alexandrino começa a desenvolver seus primeiros trabalhos individuais, em residências e palacetes da capital e do interior paulista. Mas, em 1883, começa a estudar com Almeida Júnior, em seu ateliê, na Rua da Glória, no bairro da Liberdade, servindo-lhe inclusive de modelo para algumas obras. Também estudou com José Maria de Medeiros e Zeferino da Costa.

Formação acadêmica

Sua formação acadêmica começa na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, como aluno bolsista, financiado pelo governo do estado de São Paulo. Foi incentivado pelo pintor-decorador espanhol Villaronga, que esteve em São Paulo neste período e financiou Pedro Alexandrino em momentos de dificuldade financeira. Joaquim Egídio de Sousa Aranha, o Marquês de Três Rios, poderia ter sido seu mentor, mas negou ajudar um patrício. Antes, o artista já havia decorado a casa do marquês (hoje sede da Escola Politécnica da USP). Entre 1890 e 1892, esteve na Escola Nacional de Belas Artes, ainda na capital fluminense, mas não terminou os estudos. Apesar de receber prêmios e ser reconhecido pelas obras, Pedro Alexandrino passa por dificuldade financeira. Reside com a esposa, Ana Justina Moreira, com quem se casara em 1884, em um quarto, usando uma esteira como cama. Durante dois anos (1895 e 1896), foi professor no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Em abril de 1888, sua esposa morre, vítima de tifo. Em 1894, recebe medalha de ouro da Terceira Classe pela obra Cozinha na Roça. No mesmo ano, abre ateliê na Rua Lavapés, no bairro do Cambuci, em São Paulo.

Mais tarde, em 1897, viaja para a Europa, com a nova esposa, Cândida Rosa Maria, e Almeida Júnior. Especialmente em Paris, tem contato com diversos artistas, entre eles: René-Loui Chrétien, Antoine Vollon - outra inspiração para a predileção pelas pinturas de natureza-morta - e Monroy. Frequenta a Academia Fernand Cormon, Escola Comunal Quinelau e o ateliê Lauri. Na França, leva uma vida calma, sem grandes preocupações, mas com diversos passeios e visitas. Recebe convite para ir ao Estados Unidos por parte do barão de Rothschild. Ao mesmo tempo, um político brasileiro se mostra interessado em colocar quadros de Alexandrino no palácio de Campos Elísios. Apesar de estar condicionado a aceitar o convite do barão, Alexandrino volta ao Brasil e chegando aqui lhe é informado que os quadros não poderiam ser expostos nas paredes de madeira do palácio. De volta ao Brasil, e sem dinheiro para voltar para Paris, em 1905, realiza exposição individual, no Liceu de Artes e Ofícios, com 110 quadros, 84 deles naturezas-mortas, gênero que o consagrou. Foi professor particular de alguns modernistas como Tarsila do Amaral (a partir de 1917), Anita Malfatti (a partir de 1919) e Aldo Bonadei (a partir de 1925). Detentor de várias premiações, expôs sua obra no Brasil e no exterior. Tendo sonhado sempre com um retorno, volta a Paris em 1907, ficando em terras francesas até 1909. Sobre esta viagem, porém, não há informações.

Pouco tempo depois, no início de 1907, Alexandrino realiza seu desejo e volta a Paris. Se Pedro Alexandrino pudesse teria vivido sempre em Paris. A cidade luz era seu tema preferido em todas as conversas e costumava apelida-la como “cidade da cultura”. Depois de mais um retorno ao Brasil, morou no bairro da República, na Rua Sete de Abril, e, mais tarde, na Rua Major Sertório, Vila Buarque, também na região central da capital paulista.

Pedro Alexandrino gostava de reunir amigos em seu ateliê às sextas-feiras para tomar chá e comer bolo, servidos por sua esposa, Dona Candinha. Conversavam sobre diversos temas, mas não se fazia comentários sobre outras pessoas. Alexandrino mantinha seu sotaque caipira, mesmo quando usava vocabulário francês. Pedro Alexandrino teve como grande admirador o escritor Monteiro Lobato, que via em suas obras um meio para tornar a arte uma prática diária de absorção. Lobato escrevia artigos em que recomendava visitas ao ateliê de Alexandrino. Apesar de ser convidado a frequentas espaços mais nobres, junto à grande sociedade, o artista normalmente os recusa e prefere manter seu estilo mais caseiro e pessoal.

Auge da carreira

Durante e depois da Primeira Guerra Mundial, o movimento nacionalista ganha forças entre as camadas sociais. Pedro Alexandrino se insere neste contexto e fazia contestações à permissividade do governo brasileiro na entrada de arte estrangeira não-ocidental no país. Tanto que critica e não se insere nos movimentos artísticos modernos. Também critica evoluções tecnológicas e a mecanização da sociedade.

Na década de 1920, Pedro Alexandrino é premiado pela Academia de Belas Artes de Gênova. A repercussão foi grande e houve movimento de moradores das Ruas 13 de maio e da Abolição para que elas passassem a se chamar Pedro Alexandrino. Além de Monteiro Lobato, Pedro Alexandrino tinha muitos admiradores, entre eles: Paulo de Siqueira, Prestes Maia, Julio Mesquita Filho, Amadeu Amaral, Pedro Calmon Duran, Nestor Pestana, Venceslau de Queirós, entre outros.

Neste período, em São Paulo, passa a ser questão de status ter um quadro de Pedro Alexandrino em casa. Tê-lo trazia admiração de vizinhos, amigos e da alta sociedade. Pelo alto número de vendas, a Pedro Alexandrino restam poucos quadros e não consegue abrir exposições. Por ser uma pessoa restrita, pouco se sabe sobre a escolha religiosa do artista, mas acredita-se que era ateu, apesar de ter bastante contato com padres da Igreja Católica. Individualista e com medo de perder seu espaço no campo artístico, Pedro Alexandrino recusa valorizar outros artistas que pintem natureza-morta. Crê ser essa opção como única e exclusivamente sua. Em 1936, sob proposta do governo italiano, Pedro Alexandrino recebe o título de Comendador da Coroa da Itália, concedido por S.M. Vittorio Emanuele II.

Na velhice, perde o entusiasmo com a arte, porém segue pintado quadros em seu ateliê toda manhã. Em 19 de julho de 1942, às 16 horas, Pedro Alexandrino morre, aos 85 anos, vítima de uma gripe que evoluiu para uma pneumonia. A Pinacoteca do Estado de São Paulo hasteia bandeira à meio-mastro. As aulas na Escola de Belas Artes foram suspensas. Seu funeral é realizado com custos pagos pelo estado.

Análise

Atribui-se a Almeida Júnior a sugestão para Pedro Alexandrino dedicar-se à pintura de natureza-morta. A relação com Almeida Júnior era intensa, principalmente, no início da carreira. Além de servir-lhe como modelo para quadros, como Conversão de São Paulo, Pedro Alexandrino copiava, em forma de treinamento, as pinturas feitas por seu mestre. O artista contava que Almeida Júnior não sabia reconhecer qual era a sua versão de determinados quadros e qual era de seu aluno.

Em suas primeiras exposições, Pedro Alexandrino é criticado por seu estilo pessoal e forte, caracterizado por empastamentos. Com o tempo, porém, as opiniões mudaram, e o artista tornou-se popular, devido ao fácil entendimento do conteúdo de suas obras.

Natureza-morta é considerado um dos gêneros mais difíceis de ser representado, pois em análises das obras, pequenos detalhes e objetos têm grande significado para compreender as intenções do artista.

Antes mesmo de ir para a Europa, Pedro Alexandrino já era conhecido no país pela pintura de natureza-morta. Mas precisava se especializar e aprender novas técnicas. No início, teve grande influência de Estêvão Silva. Fazia traçado alisado, em que não aparentava as pinceladas. Preferia os quadros pequenos, ainda artificial e com pouco espontaneidade. Mais tarde, começa a pintar quadros maiores e cria estilo próprio, com toques rápidos, curtos, vibrantes, minuciosos e rigorosos.

Estilo

Entre as principais características de Pedro Alexandrino está seu traço vigoroso e as opções pela disposição dos objetos da cena em locais que se situam normal e naturalmente. Na maioria de suas obras, os objetos estão situados acima de uma mesa de madeira rústica, semi-coberta por uma toalha, como em A Copa. Valoriza ainda as formas côncavas e convexas.

Além de frutas e flores, Pedro Alexandrino gosta de demonstrar suas capacidades a partir da pintura de objetos metálicos, que exigem além da escolha correta pelas cores, a representação do reflexo que eles proporcionam. Fica conhecido como “Mestre dos metais”. Não se limita a representar apenas um tipo de metal (bronze, prata, entre outros).

Entende-se que Pedro Alexandrino é um pintor que não comete excessos em suas representações artísticas, tanto em cor e quantidade de objetos em cena. Deste modo, suas obras ficam de fácil entendimento e não fogem da realidade. O que chama a atenção em sua obra não são os detalhes, mas o conjunto. Não é por isso, entretanto, que suas pinturas não sejam ricas em detalhes. A queijeira é um objeto frequente em suas obras, característica comum às pinturas de Chrétien.

Iluminação é outro detalhe importante das obras de Pedro Alexandrino. Esta se repete na maioria de suas pinturas. Parte do lado direito do observador, deixando, por conseguinte, o fundo escuro ou na penumbra. Essa característica, Pedro Alexandrino adquiriu na França, no período em que esteve lá. Aprendeu a usar pinceladas largas, desordenadas e com pouca tinta para alcançar estes tons. Pelas características da iluminação, suas obras são normalmente vistas como dramáticas e sinceras. Diz-se também que as obra de Alexandrino são substituições de pinturas antigas e, por isso, antiquadas para a época. Pedro Alexandrino preza por representar hábitos cotidianos e alimentares, por vezes, com objetos luxuosos e frutas caras, ou objetos simples e rústicos. Entre as frutas preferidas em retratar estavam as estrangeiras: uva, maçã, peras, castanhas, damascos e pêssegos. Nem sempre, Pedro Alexandrino tinha dinheiro para comprar estas frutas importadas. Por isso, em muitas ocasiões, recebia as frutas junto com as encomendas de quadros. Ele também retratava cebolas, mangas, frutas do conde, carambolas, jabuticabas, bananas, abacaxis, laranjas, figos, romãs e cajus. Ele poucas vezes retratou mamíferos, um dos poucos foi um coelho, pendurado em um prego, já morto, como elemento de um quadro. Entre as aves, pintou patos, gansos e perus. Gostava de retratar, em suas pinturas, crustáceos refinados, presentes na alimentação aristocrata e burguesa, como camarões e lagostas.

De modo geral, no período anterior à sua viagem à Europa, Pedro Alexandrino limita-se a fazer cópias do que vê, com temática simples e pinceladas delicadas. Na França, não se limita a uma única escola e oscila entre o realismo e o impressionismo, com pinceladas espontâneas e naturais. Mas, isso se perde em seu retorno ao Brasil, quando recupera o estilo pesado e composições simples.

Trabalhos

Pedro Alexandrino não se dedicou muito ao paisagismo e, por isso, ficou pouco conhecido por suas atividades nesta área. Esta fase foi mais intensa na juventude. Chega a pintar paisagens de Pirapora e Salto de Itu. Não havia ordem se realização de obras de tamanhos grandes ou pequenos. Aqui, suas pinceladas são pouco perceptíveis, aparentam ingenuidade, talvez pelo início de carreira.

Antes de sua primeira viagem para a Europa, Pedro Alexandrino realiza exposição no Grêmio do Comércio. Levou 21 naturezas-mortas e cinco paisagens. O paisagismo não era do que Alexandrino mais se aproximava e repete a escolha por cores usadas na Europa e que pouco tinham relação com o Brasil. Esta característica só mudará com o nascimento de pintores modernistas. Pedro Alexandrino desenvolveu grande parte de sua coleção como paisagista em Paris. Utilizava como fundo o Jardim de Luxemburgo e o campo de Villeneuf.

Pedro Alexandrino não foi um retratista, apesar de ter pintado algumas telas com esta temática, atendendo a encomendas.

Pedro Alexandrino chega a pintar interiores, em pequena quantidade – cerca de dez –, porém com qualidade alta e influência holandesa.

Personalidade

Pedro Alexandrino não era uma pessoa preocupada com a aparência, tinha pouca vaidade. Mas não gostava de revelar a idade, sob a justificativa de que um artista nunca deveria contá-la. Era caracterizado pelos amigos como uma pessoa caseira, que fugia dos holofotes. Não gostava de frequentar ambientes luxuosos, preferindo a comodidade de sua casa e seu ateliê.

Vida Pessoal

Casou-se com Ana Justina Moreira, em 1884. Ela morre em 1888, vítima de tifo. Porém, pouco tempo depois, apaixona-se pela cunhada, Cândida Rosa Maria (Dona Candinha), que tinha, à época, apenas 17 anos. O casal teve dois filhos, Rubens e Van Dick, que morrem ainda crianças, devido a falta de recurso da família.

Exposições

1890 - Expõe a obra Salto de Itu na casa de exposições Henscher, na Rua Direita, em São Paulo.

1890 - Expõe retrato de Prudente de Moraes, na Casa Apollo, também na Rua Direita, em São Paulo.

1891 - Expõe, novamente na Casa Apollo, Retrato de Menina.

1894 - Expõe 6 quadros na Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde recebe medalha de ouro de Terceira Classe.

1895 - Expõe 26 telas no ateliê de Almeida Júnior (Rua da Glória, Liberdade, São Paulo)

1895 - Participa da Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro e recebe medalha de ouro de Segunda Classe.

1906 - Expõe 34 telas no Centro de Ciências, Artes e Telas de Campinas.

1907 - Expõe Ananas et Verre Ancien no Salon de Paris.

1908 - Expõe Coinge et Chaudron no Salon de Paris.

1910 - Expõe individualmente 109 quadros no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

1912 - Expõe A Copa na Primeira Exposição de Belas Artes de São Paulo.

1922 - Expõe A Copa no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, conquistando a Grande Medalha de Ouro. O quadro foi vendido por 10 mil réis.

1922 - Expõe 3 quadros na Exposição de Arte Contemporânea e Retrospectiva no Rio de Janeiro.

1925 - Expõe 3 quadros no Salão do Centenário da Independência no Rio de Janeiro.

1934 - Expõe 3 obras no I Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo.

1939 - Expõe no XIV Salão de Belas Artes do Rio de Janeiro, recebendo apenas Medalha de Honra.

1939 - Expõe 3 quadros no VI Salão Paulista de Belas Artes.

1939 - Participa com 15 quadros da Exposição de Pintura em Santos, em comemoração do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade.

1940 - Expõe um único quadro Frutas e Metal no VII Salão Paulista de Belas Artes.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de agosto de 2024.

Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de agosto de 2024.

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