Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife, PE, 31 de janeiro de 1925 — Idem, 23 de julho de 2019), mais conhecido como Reynaldo Fonseca, é um pintor, ilustrador, muralista e gravador brasileiro. Conhecido por seu estilo figurativo e influências surrealistas, Reynaldo iniciou sua trajetória artística como ouvinte na Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde foi aluno de Lula Cardoso Ayres. Em 1944, mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou com Cândido Portinari. Foi um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), que buscava romper com o ensino acadêmico tradicional. Ao longo de sua carreira, Fonseca explorou diversas técnicas, incluindo gravura em metal, aquarela e óleo sobre tela, sempre com um foco na representação figurativa, destacando temas como cenas familiares e paisagens urbanas. Reynaldo Fonseca se destacou também como professor catedrático na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi responsável por diversos murais, incluindo o realizado para o Banco do Brasil em Recife, em 1964. Suas obras foram amplamente expostas, incluindo retrospectivas promovidas pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre 1993 e 1994. Ao longo de sua vida, foi admirado por seu domínio técnico e pela abordagem introspectiva e misteriosa de suas cenas, sendo reconhecido por críticos como José Roberto Teixeira Leite e Walmir Ayala.
Reynaldo Fonseca | Arremate Arte
Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife, PE, 1936), mais conhecido como Reynaldo Fonseca, é um ilustrador e muralista brasileiro. Ele começou sua trajetória artística como ouvinte na Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde estudou com Lula Cardoso Ayres.
Em 1944, Fonseca mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou com Cândido Portinari por seis meses, uma experiência que influenciou seu desenvolvimento artístico.
Fonseca é também um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), que visava romper com o ensino acadêmico tradicional. Em 1948, fez uma viagem de estudos pela Europa, e entre 1949 e 1951, estudou gravura com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Fonseca trabalhou com diferentes técnicas, incluindo gravura em metal, aquarela e, predominantemente, óleo sobre tela, focando na arte figurativa. Em 1952, ele tornou-se professor de desenho artístico na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e participou do Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora.
Em 1964, realizou um mural para o Banco do Brasil no Recife, e entre 1969 e 1980, viveu novamente no Rio de Janeiro, retornando ao Recife no início da década de 1980.
Entre seus trabalhos importantes, Fonseca ilustrou o livro "Pintura e Poesia Brasileiras" em 1980, com poemas de João Cabral de Melo Neto.
Em 1993 e 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promoveu uma retrospectiva de sua obra no Rio de Janeiro e em São Paulo, consolidando sua relevância no cenário artístico brasileiro.
Faleceu no dia 23 de julho de 2019, vítima de uma disfunção cardíaca.
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Reynaldo Fonseca | Itaú Cultural
Frequentou como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco, no Recife, em 1936, onde é aluno de Lula Cardoso Ayres, e fez curso de magistério em desenho. Em 1944, reside no Rio de Janeiro, e estudou com Cândido Portinari por seis meses. É um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino.
Realiza viagem de estudos à Europa, em 1948. Estudou gravura em metal com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, entre 1949 e 1951. Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela, apresentando uma produção figurativa.
Em meados de 1952, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). Frequenta o Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora, e realiza cursos de desenho. Realiza mural para o Banco do Brasil, no Recife, em 1964.
Voltou a residir no Rio de Janeiro em 1969, e retornou ao Recife no início da década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1980. Entre 1993 e 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promove mostra retrospectiva de sua produção no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Análise
Reynaldo Fonseca é um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino e a criação de um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de educação, cultura, artes plásticas, teatro e música. Participa ainda do Ateliê Coletivo, em Recife, realizando cursos de desenho. Posteriormente afasta-se da "escola pernambucana de pintura" e da temática regional.
O pintor mantém-se deliberadamente à margem das correntes artísticas que buscam renovar a arte no país. Com uma produção figurativa, realiza trabalhos em aquarela, gravura e principalmente em óleo sobre tela ou duratex. Revela grande domínio do desenho e o uso cuidadoso da gama cromática. Utiliza freqüentemente recortes de fotografias impressas em jornais e revistas, como inspiração para seus quadros.
Mantém ao longo de sua carreira temas recorrentes, como as cenas familiares com crianças e animais, nas quais predomina um clima de sonho, inquietação e estranheza, que evoca o surrealismo e a pintura metafísica. O artista inspira-se em pinturas do primeiro Renascimento italiano e flamengo, também nos pintores primitivos norte-americanos dos séculos XVIII e XIX e nos surrealistas em geral. Como aponta Roberto Pontual, Reynaldo Fonseca concentra-se na armação de enigmas, a meio caminho entre o metafísico e o fantástico. A retomada da história da arte é realizada de forma paciente, e por vezes com uma parcela de ironia.
Críticas
"Reynaldo Fonseca mantém-se deliberadamente apartado das correntes que buscam renovar a arte brasileira, ou contribuir com qualquer inovação estilística para o seu desenvolvimento. Dotado de boa técnica, fazendo uso de sólido desenho e de colorido suave e sensível, consegue por vezes incluir em seus personagens e objetos alguma coisa de inefável, certa nostálgica carga de poesia e silêncio, que em seus mais frágeis momentos roça o piegas, mas nos melhores adquire conotação transcendental" — José Roberto Teixeira Leite.
"Reynaldo é um pintor que domina todas as técnicas de seu ofício. No entanto, do lápis ao pincel, passando por trabalhos em gravura e aquarela, sua grande obra é realizada em óleo sobre tela ou duratex. É, indiscutivelmente, o que pode-se chamar um virtuose do desenho. Toda a sua obra, a despeito do longo período de produção, obedece a uma unicidade de temas e estilos que lhe permite o reconhecimento imediato, o que revela uma consistência raramente equiparável na pintura moderna. A percepção de sua pintura figurativa como abstração tem o seu fundamento no clima de sonho e mistério em que as "cenas familiares", como ele chama seus quadros, parecem estar envolvidas. Por outro lado, um sentido de estranhamento, como resultado de figuras e animais improváveis, encontra respaldo na opinião de diversos críticos, para quem os personagens de Reynaldo Fonseca "são de porcelana, já morreram há muito" (Walmir Ayala), ou, assim como seus objetos, têm "alguma coisa de inefável" (José Roberto Teixeira Leite)" — Weydson Barros Leal.
"Soube superar a dicotomia - quase obrigatória na produção visual do século XX - entre a arte que se comunica em larga escala e a que possui um conteúdo efetivamente instigante" — Olívio tavares de Araújo.
"Reynaldo Fonseca pinta o êxtase e a solidão do homem que não é medieval e nem cósmico (ou contemporâneo)" — Olney Krüse.
"Digamos que olhar um quadro deste pintor nos peça um instante de sossego, uma parada na vertigem. Estou certo de que esta tranquilidade ser logo invadida de uma perversa inquietação(consciente ou não). (...) É na confessada admiração por certos gênios de outros tempos, enfim, que ele busca a chave para algumas de suas soluções. lembra, por exemplo, o vermelho das capas das personagens de van eyck como provável explicação de seu fascínio por esta cor" — Walmir Ayala.
Exposições individuais
1943 – Recife PE – Primeira individual
1952 – Recife PE – Individual
1958 – Pernambuco – Individual
1958 – Rio de Janeiro – Individual
1971 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria Bonino
1972 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1973 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1974 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1975 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1979 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1988 – Recife PE – Individual, na Galeria Estúdio A
1993 – Rio de Janeiro RJ – Mostra Retrospectiva, no Centro Cultural Banco do Brasil
1994 – São Paulo SP – Mostra Retrospectiva, no Centro Cultural Banco do Brasil
1997 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 – Recife PE – Reynaldo Fonseca: riscos e rabiscos, na Galeria Massangana
2003 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
2004 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
2007 – São Paulo – SP – “Reynaldo Fonseca: O Imaginário de Reynaldo Fonseca”
Exposições coletivas
1943 – Rio de Janeiro RJ – 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1944 – Rio de Janeiro RJ – 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1949 – Recife PE – 8º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1950 – Recife PE – 9º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1951 – Rio de Janeiro RJ – 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1954 – Recife PE – 13º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1955 – Rio de Janeiro RJ – 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 – Recife PE – 15º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco – 1º prêmio
1958 – Rio de Janeiro RJ – Salão de Arte a Mãe e a Criança, organizado pela Escolinha de Arte do Brasil
1959 – São Paulo SP – 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1967 – São Paulo SP – 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1970 – Rio de Janeiro RJ – 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1972 – São Paulo SP – Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 – São Paulo SP – 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 – São Paulo SP – 8º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 – São Paulo SP – O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler
1976 – São Paulo SP – O Desenho Jovem dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado
1977 – Belo Horizonte MG – Coletiva, na Galeria Cronos
1977 – Curitiba PR – Coletiva, na Waldir Simões Galeria
1977 – São Paulo SP – 3ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1977 – São Paulo SP – 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1982 – Rio de Janeiro RJ – Universo do Futebol, no MAM/RJ
1983 – Rio de Janeiro RJ – Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 – Rio de Janeiro RJ – Pequena Retrospectiva do Período 1970-1983, na Galeria Ipanema
1984 – São Paulo SP – Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-Retrato da arte brasileira, no MAM/ SP
1984 – São Paulo SP – Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1986 – Brasília DF – Pernambucanos em Brasília, na ECT Galeria de Arte
1986 – Rio de Janeiro RJ – Território Ocupado, na EAV/Parque Lage
1987 – Rio de Janeiro RJ – Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1989 – São Paulo SP – Cor de Pernambuco, na Ranulpho Galeria de Arte
1989 – São Paulo SP – Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, na Ranulpho Galeria de Arte
1990 – São Paulo SP – Frutas, Flores e Cores, na Ranulpho Galeria de Arte
1990 – São Paulo SP – Gatos Pintados, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – A Música na Pintura, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – Chico e os Bichos, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – Siron, Reynaldo e Scliar, na Ranulpho Galeria de Arte
1992 – Rio de Janeiro RJ – Eco Art, no MAM/RJ
1993 – São Paulo SP – O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 – Rio de Janeiro RJ – O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1997 – Curitiba PR – Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 – Recife PE – Projeto Riscos e Rabiscos, na Galeria Vicente do Rego Monteiro
1998 – São Paulo SP – 5º Salão de Arte e Antiguidades, no Clube Paineiras do Morumby
1999 – Curitiba PR – Destaques da Pintura Brasileira, na Simões de Assis Galeria de Arte
2001 – Rio de Janeiro RJ – Acervo de Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 – São Paulo SP – 8º Salão de Arte e Antiguidades, na A Hebraica
2003 – Rio de Janeiro RJ – Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 – Rio de Janeiro RJ – Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte
2003 – Rio de Janeiro RJ – Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
Bienais e salões de arte
1943 - XLIX Salão Nacional de Belas Artes - Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1944 - L Salão Nacional de Belas Artes Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1949 - viii salão Anual de pintura, recife/pe
1950 - iX salão Anual de pintura, recife/pe
1951 - LVII Salão Nacional de Belas Artes - Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1954 - Xiii salão Anual de pintura, recife/pe
1955 - IV Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1956 - Xv salão Anual de pintura, recife/pe (1º prêmio)
1959 - v bienal são paulo, Fundação bienal, são paulo/sp
1967 - iX bienal de são paulo, Fundação bienal, são paulo/sp
1970 - XIX Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ.
Acervos
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ
Museu de Arte Moderna de São paulo, SP
Museu do estado do pernambuco, PE
Monumento da independência de Caracas, mural no banco do Brasil, PE
Coleção Gilberto Chateaubriand e em diversas outras coleções particulares do Brasil, França, Itália e Espanha.
Fonte: REYNALDO Fonseca. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 09 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Reynaldo Fonseca | Wikipédia
Frequentou como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco, no Recife, em 1936, onde é aluno de Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987), e faz curso de magistério em desenho.
Em 1944, reside no Rio de Janeiro, e estudou com Candido Portinari (1903 - 1962) por seis meses. É um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino.
Realiza viagem de estudos à Europa, em 1948. Estudou gravura em metal com Henrique Oswald (1918 - 1965) no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, entre 1949 e 1951. Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela, apresentando uma produção figurativa.
Em meados de 1952, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Pernambuco - UFPE. Frequenta o Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora (1924), e realiza cursos de desenho. Realiza mural para o Banco do Brasil, no Recife, em 1964.
Voltou a residir no Rio de Janeiro em 1969, e retornou ao Recife no início da década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas de João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999), publicado em 1980. Entre 1993 e 1994 o Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB promove mostra retrospectiva de sua produção no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Fonte: Wikipédia, última consulta em 10 de março de 2018.
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Artista plástico Reynaldo Fonseca morre aos 94 anos no Recife | G1
O artista plástico pernambucano Reynaldo de Aquino Fonseca morreu, na manhã desta terça-feira (23), aos 94 anos. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Memorial São José, no Recife.
Por meio de nota, o hospital afirmou que Reynaldo Fonseca estava "internado em virtude de disfunção cardíaca, vindo a morrer por falência orgânica múltipla".
Reynaldo Fonseca não deixa filhos e esposa. O velório teve início às 15h, no Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O enterro ocorreu às 17h, no mesmo local.
Com óleos sobre tela, aquarelas e obras feitas com pincel seco, Reynaldo costumava retratar famílias, mulheres e crianças em suas obras. Durante sua carreira, foi aluno de artistas como Cândido Portinari e Lula Cardoso Ayres.
Pesar
Por meio de nota, a prefeitura do Recife lamentou o falecimento de Reynaldo Fonseca e disse que, durante a vida, "o artista plástico brindou a sociedade recifense com a luz e cores que se fizeram tão presentes em suas obras" e que "ele parte deixando como legado uma bela e extensa obra, além do exemplo de dedicação à arte."
Perfil
Nascido na capital pernambucana em 1925, Reynaldo teve contato com a arte ainda criança, ao pintar o primeiro quadro aos 5 anos. Passou alguns períodos de sua carreira no Rio de Janeiro, mas nos anos 1980, retornou à capital pernambucana.
Fonte: G1, "Artista plástico Reynaldo Fonseca morre aos 94 anos no Recife". Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
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Livro investiga evolução dos traços do pintor Reynaldo Fonseca | Diário de Pernambuco
Há quem nasça para a arte e quem dela nunca se afaste até o fim da vida. Reynaldo Fonseca teve o privilégio de viver ambas as realidades. Aos cinco anos, pintou o seu primeiro quadro e, ao completar 75 anos de carreira, brindou a data com um álbum de gravuras. Ao longo desse percurso, ganhou uma legião de admiradores entre o público geral, críticos e colecionadores. O legado do artista na arte pernambucana, muitas vezes esquecido nas páginas dos jornais e documentos da época, será celebrado hoje, às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), com o lançamento do livro "Reynaldo Fonseca".
Com textos em português e inglês, em 272 páginas, a publicação compila o extenso acervo do pintor, desde os anos 1930 até sua morte. A maioria das obras sobre Reynaldo se restringem ao seu período no Rio de Janeiro, durante os anos 1980, e subestimam a importante contribuição dele para a cena artística do Recife. “Acho que as pessoas só conhecem uma parte da história do Reynaldo, não sabem como ele chegou ao seu estilo de trabalho nem como ele o desenvolveu. A proposta do livro é exatamente essa: mostrar desde o começo da carreira dele como seu trabalho evoluiu”, diz a co-autora Denise Mattar, também responsável pela curadoria. A publicação foi realizada com o patrocínio do REC Cultural, através da Lei de Incentivo à Cultura.
Colaborador na obra, Maurício Redig de Campos, sobrinho de Reynaldo, exalta a maestria do tio na pintura. “Reynaldo Fonseca é conhecido como um artista dedicado aos detalhes, cuja vida foi marcada pelo constante aprimoramento de sua arte. Cada um de seus desenhos é uma obra-prima, onde cada traço é meticulosamente planejado e executado com maestria. Sua busca incansável pela perfeição e harmonia nas cores o levou a criar um universo único, facilmente reconhecível como seu”.
Praticamente autodidata, Reynaldo recebeu poucas orientações sobre técnicas de pintura. Ele frequentou a Escola de Belas Artes de Pernambuco como ouvinte aos 11 anos, quando foi aluno de Lula Cardoso Ayres e fez curso de magistério em desenho. Depois, se mudou para o Rio e estudou durante seis meses com Cândido Portinari. “Reynaldo não foi propriamente aluno do Portinari, mas ia ao Rio de Janeiro e, uma vez por semana, levava sua produção para ser orientado por ele. Reynaldo considerava o Portinari um de seus mestres”, comenta Mattar.
A curadora se debruçou sobre a vida e obra de Reynaldo Fonseca a partir de 2019, em parceria com a família, que cedeu acesso para o acervo inteiro. De acordo com Mattar, foram encontrados relatos inéditos sobre as inspirações de Reynaldo e como a fotografia moldou seu trabalho artístico. “Incluímos a fotografia, o desenho e, depois, a obra final, explicando como ele chegava ao resultado. Na verdade, ele nunca copiava uma fotografia; se inspirava em um gesto, em um detalhe, porque era completamente antissocial. Gostava de ficar quieto no seu canto e dizia que ter um modelo seria algo que o incomodaria muito. Por isso, preferia trabalhar com fotografias.
Desde os primeiros traços feitos aos 5 anos até o domínio dos pincéis, Reynaldo explorou diferentes formas de pintura, como a aquarela, bico de pena, pincel seco e, por último, óleo sobre tela. Ele aplicava camadas finas de tinta, visando alcançar a transparência ou a cor desejada. Logo, começou a ter sucesso nas vendas, mas todo o dinheiro arrecadado era reinvestido em sua própria obra. À medida que sua situação financeira melhorava, comprava molduras, telas e tintas de qualidade superior. “Ele era, de fato, um artista inteiramente voltado para sua pintura, que buscava questões eternas”, destaca a curadora.
Após ganhar dinheiro e obter reconhecimento com a pintura, ele interrompeu seu trabalho e passou a se dedicar exclusivamente às artes gráficas na década de 1950, produzindo ilustrações para livros e artigos de jornal no Gráfico Amador. A motivação por trás disso era desconhecida, até que Denise Mattar encontrou uma carta de Reynaldo destinada ao crítico de arte Jaime Maurício. Ela afirma que foi a descoberta mais relevante no processo de pesquisa. “Ele diz que ficou tão insatisfeito com a pintura em um certo momento que resolveu trabalhar apenas com gravura e desenho. Quando encontra seu caminho, decide segui-lo, embora com muitas variações, até o final da vida”.
Fonte: Diário de Pernambuco, "Livro investiga evolução dos traços do pintor Reynaldo Fonseca". Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
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Sociedade de Arte Moderna do Recife | Itaú Cultural
"Não se poderia imaginar a arte em Pernambuco se retirássemos dela os artistas saídos do Ateliê Coletivo, sem falar nos descendentes", afirma o pintor José Cláudio (1932), um dos integrantes do grupo. Criado e dirigido pelo escultor Abelardo da Hora (1924-2014), entre 1952 e 1957, o Ateliê nasce como resultado direto da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), fundada quatro anos antes por iniciativa do próprio Abelardo e do arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó (1913-1991). A criação da SAMR, em 1948, marca o rompimento com o sistema acadêmico de ensino implantado pela Escola de Belas Artes local. Trata-se de um dos primeiros movimentos de artistas organizados na capital pernambucana, responsável, entre outros, pelos 3º e 4º Salões de Arte Moderna, como continuação dos 1º e 2º Salões dos Independentes da década anterior. No Ateliê Coletivo, o objetivo central é "valorizar a arte e revigorar o caráter brasileiro de nossa criação artística", indica seu diretor. A despeito da diversidade do grupo - Ladjane Bandeira (1927-1999), Gilvan Samico (1928-2013), Ionaldo (1933-2002), Wilton de Souza (1933), Ivan Carneiro (1929-2009), Wellington Virgolino (1929-1988), Reynaldo Fonseca (1925), Mário Lauritz, entre outros -, é possível apontar alguns de seus traços comuns: o trabalho com a figuração, a adesão aos cânones do realismo social, o diálogo entre arte e artesanato (o artista é pensado como um artesão que trabalha coletivamente), a temática regional e a preocupação em levar a arte para o povo.
Desenho com modelo vivo, pintura, escultura e gravura - principalmente linoleogravura - são as modalidades artísticas praticadas pelo grupo. O privilégio da gravura se relaciona à inspiração tomada nos Clubes de Gravura, como o de Porto Alegre, dirigido por Carlos Scliar (1920-2001) - em que a técnica é exercitada com base em temáticas sociais e políticas -, mas tem a ver diretamente com a cultura popular nordestina e com as xilogravuras que ilustram os folhetos de cordel, que os artistas visam retomar. Nesse sentido, a arte proposta pelo grupo dialoga com as conquistas técnicas da arte contemporânea mas possui forte enraizamento regional. Descrever a paisagem social e a realidade, ensinam os cancioneiros populares, os artistas mexicanos ligados ao muralismo e também à literatura latino-americana, não significa abrir mão da imaginação e dos elementos fantásticos. Ao contrário, o recurso ao absurdo, ao mundo da fábula e dos mitos é parte constitutiva do universo temático do grupo.
A combinação entre realismo social e fantasia se explicita de modo evidente nas xilogravuras de Samico. Sua obra tem clara inspiração nas xilogravuras nordestinas que ilustram os folhetos de cordel, em que os elementos fantásticos - caboclos, santos, anjos, monstros, diabos e bichos - são acionados para narrar a vida do povo. A poesia popular dos cancioneiros é recriada pelo artista por meio dos espaços brancos contornados pelas linhas negras, das tramas interpostas, dos toques de cor: vermelho, verde, amarelo e azul. Os críticos mencionam freqüentemente a "gravura limpa, precisa, sucinta, clara, direta e despojada" de Samico, que se beneficia dos ensinamentos de Lívio Abramo (1903-2002) e de Oswaldo Goeldi (1895-1961), seus professores em 1957 e 1958, respectivamente.
A obra de Abelardo da Hora parte de princípios semelhantes, mas encontra outros rendimentos. A combinação de materiais diferentes - pedra, cimento, areia, barro e gesso - é mobilizada para reconstruir a vida cotidiana do povo: os ambulantes nas cidades, o trabalho na terra, as festas populares. O intenso contato com a obra de Lasar Segall (1891-1957) em sua estada paulistana (1943) confere a figuras e desenhos de Abelardo conotação expressionista, como ele próprio gosta de afirmar. No início da carreira, realiza séries de pratos reproduzindo a temática popular: Bangüê (ciclo da cana-de-açúcar), Casa de Farinha (ciclo da mandioca). Executa também jarros desenhados com elementos da flora e da fauna. Ao lado de um eixo mais propriamente social e político de seu trabalho, encontra-se uma veia mais erótica e impregnada de sensualidade, que ele explora nas figuras e corpos femininos. Membro do Partido Comunista Brasileiro - PCB até 1964, Abelardo da Hora teve participação intensa no governo de Miguel Arraes, com o Movimento de Cultura Popular. Aí, trabalha na integração das artes plásticas com o teatro, a música e o artesanato, que já está em pauta quando atua no Ateliê Coletivo. O muralismo mexicano marca de perto a obra de Abelardo da Hora, sobretudo na ambição à monumentalidade que impregna o seu registro da cena social. Isso fica particularmente claro em suas tapeçarias e painéis.
Hélio Feijó, embora na origem do Ateliê Coletivo e compartilhando com o grupo uma série de pressupostos comuns, encaminha sua produção em direção um pouco diversa. Sua experiência como arquiteto, integrante da equipe de Luiz Nunes (1909-1937) e Joaquim Cardozo (1897-1978), à frente da renovação urbanística da cidade do Recife na década de 1930, aproxima-o dos debates da arquitetura moderna empreendidos pelo grupo de Lucio Costa (1902-1998), no Rio de Janeiro, ao qual Nunes era ligado. Não por acaso Feijó participa do salão de 1931, na curta gestão de Lucio Costa na direção da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Se a obra de Hélio Feijó sofre de perto as influências de Candido Portinari (1903-1962), com quem convive no Rio de Janeiro em 1931, aproximando-se dos temas sociais e da dicção realista do Ateliê Coletivo, ele parece atraído desde cedo pela abstração geométrica, como indicam seus desenhos e ilustrações.
Fonte: ATELIÊ Coletivo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 09 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Diário de Pernambuco. Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife, PE, 31 de janeiro de 1925 — Idem, 23 de julho de 2019), mais conhecido como Reynaldo Fonseca, é um pintor, ilustrador, muralista e gravador brasileiro. Conhecido por seu estilo figurativo e influências surrealistas, Reynaldo iniciou sua trajetória artística como ouvinte na Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde foi aluno de Lula Cardoso Ayres. Em 1944, mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou com Cândido Portinari. Foi um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), que buscava romper com o ensino acadêmico tradicional. Ao longo de sua carreira, Fonseca explorou diversas técnicas, incluindo gravura em metal, aquarela e óleo sobre tela, sempre com um foco na representação figurativa, destacando temas como cenas familiares e paisagens urbanas. Reynaldo Fonseca se destacou também como professor catedrático na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi responsável por diversos murais, incluindo o realizado para o Banco do Brasil em Recife, em 1964. Suas obras foram amplamente expostas, incluindo retrospectivas promovidas pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre 1993 e 1994. Ao longo de sua vida, foi admirado por seu domínio técnico e pela abordagem introspectiva e misteriosa de suas cenas, sendo reconhecido por críticos como José Roberto Teixeira Leite e Walmir Ayala.
Reynaldo Fonseca | Arremate Arte
Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife, PE, 1936), mais conhecido como Reynaldo Fonseca, é um ilustrador e muralista brasileiro. Ele começou sua trajetória artística como ouvinte na Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde estudou com Lula Cardoso Ayres.
Em 1944, Fonseca mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou com Cândido Portinari por seis meses, uma experiência que influenciou seu desenvolvimento artístico.
Fonseca é também um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), que visava romper com o ensino acadêmico tradicional. Em 1948, fez uma viagem de estudos pela Europa, e entre 1949 e 1951, estudou gravura com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Fonseca trabalhou com diferentes técnicas, incluindo gravura em metal, aquarela e, predominantemente, óleo sobre tela, focando na arte figurativa. Em 1952, ele tornou-se professor de desenho artístico na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e participou do Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora.
Em 1964, realizou um mural para o Banco do Brasil no Recife, e entre 1969 e 1980, viveu novamente no Rio de Janeiro, retornando ao Recife no início da década de 1980.
Entre seus trabalhos importantes, Fonseca ilustrou o livro "Pintura e Poesia Brasileiras" em 1980, com poemas de João Cabral de Melo Neto.
Em 1993 e 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promoveu uma retrospectiva de sua obra no Rio de Janeiro e em São Paulo, consolidando sua relevância no cenário artístico brasileiro.
Faleceu no dia 23 de julho de 2019, vítima de uma disfunção cardíaca.
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Reynaldo Fonseca | Itaú Cultural
Frequentou como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco, no Recife, em 1936, onde é aluno de Lula Cardoso Ayres, e fez curso de magistério em desenho. Em 1944, reside no Rio de Janeiro, e estudou com Cândido Portinari por seis meses. É um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino.
Realiza viagem de estudos à Europa, em 1948. Estudou gravura em metal com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, entre 1949 e 1951. Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela, apresentando uma produção figurativa.
Em meados de 1952, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). Frequenta o Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora, e realiza cursos de desenho. Realiza mural para o Banco do Brasil, no Recife, em 1964.
Voltou a residir no Rio de Janeiro em 1969, e retornou ao Recife no início da década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1980. Entre 1993 e 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promove mostra retrospectiva de sua produção no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Análise
Reynaldo Fonseca é um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino e a criação de um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de educação, cultura, artes plásticas, teatro e música. Participa ainda do Ateliê Coletivo, em Recife, realizando cursos de desenho. Posteriormente afasta-se da "escola pernambucana de pintura" e da temática regional.
O pintor mantém-se deliberadamente à margem das correntes artísticas que buscam renovar a arte no país. Com uma produção figurativa, realiza trabalhos em aquarela, gravura e principalmente em óleo sobre tela ou duratex. Revela grande domínio do desenho e o uso cuidadoso da gama cromática. Utiliza freqüentemente recortes de fotografias impressas em jornais e revistas, como inspiração para seus quadros.
Mantém ao longo de sua carreira temas recorrentes, como as cenas familiares com crianças e animais, nas quais predomina um clima de sonho, inquietação e estranheza, que evoca o surrealismo e a pintura metafísica. O artista inspira-se em pinturas do primeiro Renascimento italiano e flamengo, também nos pintores primitivos norte-americanos dos séculos XVIII e XIX e nos surrealistas em geral. Como aponta Roberto Pontual, Reynaldo Fonseca concentra-se na armação de enigmas, a meio caminho entre o metafísico e o fantástico. A retomada da história da arte é realizada de forma paciente, e por vezes com uma parcela de ironia.
Críticas
"Reynaldo Fonseca mantém-se deliberadamente apartado das correntes que buscam renovar a arte brasileira, ou contribuir com qualquer inovação estilística para o seu desenvolvimento. Dotado de boa técnica, fazendo uso de sólido desenho e de colorido suave e sensível, consegue por vezes incluir em seus personagens e objetos alguma coisa de inefável, certa nostálgica carga de poesia e silêncio, que em seus mais frágeis momentos roça o piegas, mas nos melhores adquire conotação transcendental" — José Roberto Teixeira Leite.
"Reynaldo é um pintor que domina todas as técnicas de seu ofício. No entanto, do lápis ao pincel, passando por trabalhos em gravura e aquarela, sua grande obra é realizada em óleo sobre tela ou duratex. É, indiscutivelmente, o que pode-se chamar um virtuose do desenho. Toda a sua obra, a despeito do longo período de produção, obedece a uma unicidade de temas e estilos que lhe permite o reconhecimento imediato, o que revela uma consistência raramente equiparável na pintura moderna. A percepção de sua pintura figurativa como abstração tem o seu fundamento no clima de sonho e mistério em que as "cenas familiares", como ele chama seus quadros, parecem estar envolvidas. Por outro lado, um sentido de estranhamento, como resultado de figuras e animais improváveis, encontra respaldo na opinião de diversos críticos, para quem os personagens de Reynaldo Fonseca "são de porcelana, já morreram há muito" (Walmir Ayala), ou, assim como seus objetos, têm "alguma coisa de inefável" (José Roberto Teixeira Leite)" — Weydson Barros Leal.
"Soube superar a dicotomia - quase obrigatória na produção visual do século XX - entre a arte que se comunica em larga escala e a que possui um conteúdo efetivamente instigante" — Olívio tavares de Araújo.
"Reynaldo Fonseca pinta o êxtase e a solidão do homem que não é medieval e nem cósmico (ou contemporâneo)" — Olney Krüse.
"Digamos que olhar um quadro deste pintor nos peça um instante de sossego, uma parada na vertigem. Estou certo de que esta tranquilidade ser logo invadida de uma perversa inquietação(consciente ou não). (...) É na confessada admiração por certos gênios de outros tempos, enfim, que ele busca a chave para algumas de suas soluções. lembra, por exemplo, o vermelho das capas das personagens de van eyck como provável explicação de seu fascínio por esta cor" — Walmir Ayala.
Exposições individuais
1943 – Recife PE – Primeira individual
1952 – Recife PE – Individual
1958 – Pernambuco – Individual
1958 – Rio de Janeiro – Individual
1971 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria Bonino
1972 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1973 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1974 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1975 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1979 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1988 – Recife PE – Individual, na Galeria Estúdio A
1993 – Rio de Janeiro RJ – Mostra Retrospectiva, no Centro Cultural Banco do Brasil
1994 – São Paulo SP – Mostra Retrospectiva, no Centro Cultural Banco do Brasil
1997 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 – Recife PE – Reynaldo Fonseca: riscos e rabiscos, na Galeria Massangana
2003 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
2004 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
2007 – São Paulo – SP – “Reynaldo Fonseca: O Imaginário de Reynaldo Fonseca”
Exposições coletivas
1943 – Rio de Janeiro RJ – 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1944 – Rio de Janeiro RJ – 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1949 – Recife PE – 8º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1950 – Recife PE – 9º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1951 – Rio de Janeiro RJ – 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1954 – Recife PE – 13º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1955 – Rio de Janeiro RJ – 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 – Recife PE – 15º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco – 1º prêmio
1958 – Rio de Janeiro RJ – Salão de Arte a Mãe e a Criança, organizado pela Escolinha de Arte do Brasil
1959 – São Paulo SP – 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1967 – São Paulo SP – 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1970 – Rio de Janeiro RJ – 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1972 – São Paulo SP – Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 – São Paulo SP – 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 – São Paulo SP – 8º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 – São Paulo SP – O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler
1976 – São Paulo SP – O Desenho Jovem dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado
1977 – Belo Horizonte MG – Coletiva, na Galeria Cronos
1977 – Curitiba PR – Coletiva, na Waldir Simões Galeria
1977 – São Paulo SP – 3ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1977 – São Paulo SP – 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1982 – Rio de Janeiro RJ – Universo do Futebol, no MAM/RJ
1983 – Rio de Janeiro RJ – Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 – Rio de Janeiro RJ – Pequena Retrospectiva do Período 1970-1983, na Galeria Ipanema
1984 – São Paulo SP – Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-Retrato da arte brasileira, no MAM/ SP
1984 – São Paulo SP – Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1986 – Brasília DF – Pernambucanos em Brasília, na ECT Galeria de Arte
1986 – Rio de Janeiro RJ – Território Ocupado, na EAV/Parque Lage
1987 – Rio de Janeiro RJ – Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1989 – São Paulo SP – Cor de Pernambuco, na Ranulpho Galeria de Arte
1989 – São Paulo SP – Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, na Ranulpho Galeria de Arte
1990 – São Paulo SP – Frutas, Flores e Cores, na Ranulpho Galeria de Arte
1990 – São Paulo SP – Gatos Pintados, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – A Música na Pintura, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – Chico e os Bichos, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – Siron, Reynaldo e Scliar, na Ranulpho Galeria de Arte
1992 – Rio de Janeiro RJ – Eco Art, no MAM/RJ
1993 – São Paulo SP – O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 – Rio de Janeiro RJ – O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1997 – Curitiba PR – Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 – Recife PE – Projeto Riscos e Rabiscos, na Galeria Vicente do Rego Monteiro
1998 – São Paulo SP – 5º Salão de Arte e Antiguidades, no Clube Paineiras do Morumby
1999 – Curitiba PR – Destaques da Pintura Brasileira, na Simões de Assis Galeria de Arte
2001 – Rio de Janeiro RJ – Acervo de Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 – São Paulo SP – 8º Salão de Arte e Antiguidades, na A Hebraica
2003 – Rio de Janeiro RJ – Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 – Rio de Janeiro RJ – Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte
2003 – Rio de Janeiro RJ – Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
Bienais e salões de arte
1943 - XLIX Salão Nacional de Belas Artes - Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1944 - L Salão Nacional de Belas Artes Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1949 - viii salão Anual de pintura, recife/pe
1950 - iX salão Anual de pintura, recife/pe
1951 - LVII Salão Nacional de Belas Artes - Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1954 - Xiii salão Anual de pintura, recife/pe
1955 - IV Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1956 - Xv salão Anual de pintura, recife/pe (1º prêmio)
1959 - v bienal são paulo, Fundação bienal, são paulo/sp
1967 - iX bienal de são paulo, Fundação bienal, são paulo/sp
1970 - XIX Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ.
Acervos
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ
Museu de Arte Moderna de São paulo, SP
Museu do estado do pernambuco, PE
Monumento da independência de Caracas, mural no banco do Brasil, PE
Coleção Gilberto Chateaubriand e em diversas outras coleções particulares do Brasil, França, Itália e Espanha.
Fonte: REYNALDO Fonseca. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 09 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Reynaldo Fonseca | Wikipédia
Frequentou como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco, no Recife, em 1936, onde é aluno de Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987), e faz curso de magistério em desenho.
Em 1944, reside no Rio de Janeiro, e estudou com Candido Portinari (1903 - 1962) por seis meses. É um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino.
Realiza viagem de estudos à Europa, em 1948. Estudou gravura em metal com Henrique Oswald (1918 - 1965) no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, entre 1949 e 1951. Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela, apresentando uma produção figurativa.
Em meados de 1952, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Pernambuco - UFPE. Frequenta o Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora (1924), e realiza cursos de desenho. Realiza mural para o Banco do Brasil, no Recife, em 1964.
Voltou a residir no Rio de Janeiro em 1969, e retornou ao Recife no início da década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas de João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999), publicado em 1980. Entre 1993 e 1994 o Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB promove mostra retrospectiva de sua produção no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Fonte: Wikipédia, última consulta em 10 de março de 2018.
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Artista plástico Reynaldo Fonseca morre aos 94 anos no Recife | G1
O artista plástico pernambucano Reynaldo de Aquino Fonseca morreu, na manhã desta terça-feira (23), aos 94 anos. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Memorial São José, no Recife.
Por meio de nota, o hospital afirmou que Reynaldo Fonseca estava "internado em virtude de disfunção cardíaca, vindo a morrer por falência orgânica múltipla".
Reynaldo Fonseca não deixa filhos e esposa. O velório teve início às 15h, no Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O enterro ocorreu às 17h, no mesmo local.
Com óleos sobre tela, aquarelas e obras feitas com pincel seco, Reynaldo costumava retratar famílias, mulheres e crianças em suas obras. Durante sua carreira, foi aluno de artistas como Cândido Portinari e Lula Cardoso Ayres.
Pesar
Por meio de nota, a prefeitura do Recife lamentou o falecimento de Reynaldo Fonseca e disse que, durante a vida, "o artista plástico brindou a sociedade recifense com a luz e cores que se fizeram tão presentes em suas obras" e que "ele parte deixando como legado uma bela e extensa obra, além do exemplo de dedicação à arte."
Perfil
Nascido na capital pernambucana em 1925, Reynaldo teve contato com a arte ainda criança, ao pintar o primeiro quadro aos 5 anos. Passou alguns períodos de sua carreira no Rio de Janeiro, mas nos anos 1980, retornou à capital pernambucana.
Fonte: G1, "Artista plástico Reynaldo Fonseca morre aos 94 anos no Recife". Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
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Livro investiga evolução dos traços do pintor Reynaldo Fonseca | Diário de Pernambuco
Há quem nasça para a arte e quem dela nunca se afaste até o fim da vida. Reynaldo Fonseca teve o privilégio de viver ambas as realidades. Aos cinco anos, pintou o seu primeiro quadro e, ao completar 75 anos de carreira, brindou a data com um álbum de gravuras. Ao longo desse percurso, ganhou uma legião de admiradores entre o público geral, críticos e colecionadores. O legado do artista na arte pernambucana, muitas vezes esquecido nas páginas dos jornais e documentos da época, será celebrado hoje, às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), com o lançamento do livro "Reynaldo Fonseca".
Com textos em português e inglês, em 272 páginas, a publicação compila o extenso acervo do pintor, desde os anos 1930 até sua morte. A maioria das obras sobre Reynaldo se restringem ao seu período no Rio de Janeiro, durante os anos 1980, e subestimam a importante contribuição dele para a cena artística do Recife. “Acho que as pessoas só conhecem uma parte da história do Reynaldo, não sabem como ele chegou ao seu estilo de trabalho nem como ele o desenvolveu. A proposta do livro é exatamente essa: mostrar desde o começo da carreira dele como seu trabalho evoluiu”, diz a co-autora Denise Mattar, também responsável pela curadoria. A publicação foi realizada com o patrocínio do REC Cultural, através da Lei de Incentivo à Cultura.
Colaborador na obra, Maurício Redig de Campos, sobrinho de Reynaldo, exalta a maestria do tio na pintura. “Reynaldo Fonseca é conhecido como um artista dedicado aos detalhes, cuja vida foi marcada pelo constante aprimoramento de sua arte. Cada um de seus desenhos é uma obra-prima, onde cada traço é meticulosamente planejado e executado com maestria. Sua busca incansável pela perfeição e harmonia nas cores o levou a criar um universo único, facilmente reconhecível como seu”.
Praticamente autodidata, Reynaldo recebeu poucas orientações sobre técnicas de pintura. Ele frequentou a Escola de Belas Artes de Pernambuco como ouvinte aos 11 anos, quando foi aluno de Lula Cardoso Ayres e fez curso de magistério em desenho. Depois, se mudou para o Rio e estudou durante seis meses com Cândido Portinari. “Reynaldo não foi propriamente aluno do Portinari, mas ia ao Rio de Janeiro e, uma vez por semana, levava sua produção para ser orientado por ele. Reynaldo considerava o Portinari um de seus mestres”, comenta Mattar.
A curadora se debruçou sobre a vida e obra de Reynaldo Fonseca a partir de 2019, em parceria com a família, que cedeu acesso para o acervo inteiro. De acordo com Mattar, foram encontrados relatos inéditos sobre as inspirações de Reynaldo e como a fotografia moldou seu trabalho artístico. “Incluímos a fotografia, o desenho e, depois, a obra final, explicando como ele chegava ao resultado. Na verdade, ele nunca copiava uma fotografia; se inspirava em um gesto, em um detalhe, porque era completamente antissocial. Gostava de ficar quieto no seu canto e dizia que ter um modelo seria algo que o incomodaria muito. Por isso, preferia trabalhar com fotografias.
Desde os primeiros traços feitos aos 5 anos até o domínio dos pincéis, Reynaldo explorou diferentes formas de pintura, como a aquarela, bico de pena, pincel seco e, por último, óleo sobre tela. Ele aplicava camadas finas de tinta, visando alcançar a transparência ou a cor desejada. Logo, começou a ter sucesso nas vendas, mas todo o dinheiro arrecadado era reinvestido em sua própria obra. À medida que sua situação financeira melhorava, comprava molduras, telas e tintas de qualidade superior. “Ele era, de fato, um artista inteiramente voltado para sua pintura, que buscava questões eternas”, destaca a curadora.
Após ganhar dinheiro e obter reconhecimento com a pintura, ele interrompeu seu trabalho e passou a se dedicar exclusivamente às artes gráficas na década de 1950, produzindo ilustrações para livros e artigos de jornal no Gráfico Amador. A motivação por trás disso era desconhecida, até que Denise Mattar encontrou uma carta de Reynaldo destinada ao crítico de arte Jaime Maurício. Ela afirma que foi a descoberta mais relevante no processo de pesquisa. “Ele diz que ficou tão insatisfeito com a pintura em um certo momento que resolveu trabalhar apenas com gravura e desenho. Quando encontra seu caminho, decide segui-lo, embora com muitas variações, até o final da vida”.
Fonte: Diário de Pernambuco, "Livro investiga evolução dos traços do pintor Reynaldo Fonseca". Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
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Sociedade de Arte Moderna do Recife | Itaú Cultural
"Não se poderia imaginar a arte em Pernambuco se retirássemos dela os artistas saídos do Ateliê Coletivo, sem falar nos descendentes", afirma o pintor José Cláudio (1932), um dos integrantes do grupo. Criado e dirigido pelo escultor Abelardo da Hora (1924-2014), entre 1952 e 1957, o Ateliê nasce como resultado direto da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), fundada quatro anos antes por iniciativa do próprio Abelardo e do arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó (1913-1991). A criação da SAMR, em 1948, marca o rompimento com o sistema acadêmico de ensino implantado pela Escola de Belas Artes local. Trata-se de um dos primeiros movimentos de artistas organizados na capital pernambucana, responsável, entre outros, pelos 3º e 4º Salões de Arte Moderna, como continuação dos 1º e 2º Salões dos Independentes da década anterior. No Ateliê Coletivo, o objetivo central é "valorizar a arte e revigorar o caráter brasileiro de nossa criação artística", indica seu diretor. A despeito da diversidade do grupo - Ladjane Bandeira (1927-1999), Gilvan Samico (1928-2013), Ionaldo (1933-2002), Wilton de Souza (1933), Ivan Carneiro (1929-2009), Wellington Virgolino (1929-1988), Reynaldo Fonseca (1925), Mário Lauritz, entre outros -, é possível apontar alguns de seus traços comuns: o trabalho com a figuração, a adesão aos cânones do realismo social, o diálogo entre arte e artesanato (o artista é pensado como um artesão que trabalha coletivamente), a temática regional e a preocupação em levar a arte para o povo.
Desenho com modelo vivo, pintura, escultura e gravura - principalmente linoleogravura - são as modalidades artísticas praticadas pelo grupo. O privilégio da gravura se relaciona à inspiração tomada nos Clubes de Gravura, como o de Porto Alegre, dirigido por Carlos Scliar (1920-2001) - em que a técnica é exercitada com base em temáticas sociais e políticas -, mas tem a ver diretamente com a cultura popular nordestina e com as xilogravuras que ilustram os folhetos de cordel, que os artistas visam retomar. Nesse sentido, a arte proposta pelo grupo dialoga com as conquistas técnicas da arte contemporânea mas possui forte enraizamento regional. Descrever a paisagem social e a realidade, ensinam os cancioneiros populares, os artistas mexicanos ligados ao muralismo e também à literatura latino-americana, não significa abrir mão da imaginação e dos elementos fantásticos. Ao contrário, o recurso ao absurdo, ao mundo da fábula e dos mitos é parte constitutiva do universo temático do grupo.
A combinação entre realismo social e fantasia se explicita de modo evidente nas xilogravuras de Samico. Sua obra tem clara inspiração nas xilogravuras nordestinas que ilustram os folhetos de cordel, em que os elementos fantásticos - caboclos, santos, anjos, monstros, diabos e bichos - são acionados para narrar a vida do povo. A poesia popular dos cancioneiros é recriada pelo artista por meio dos espaços brancos contornados pelas linhas negras, das tramas interpostas, dos toques de cor: vermelho, verde, amarelo e azul. Os críticos mencionam freqüentemente a "gravura limpa, precisa, sucinta, clara, direta e despojada" de Samico, que se beneficia dos ensinamentos de Lívio Abramo (1903-2002) e de Oswaldo Goeldi (1895-1961), seus professores em 1957 e 1958, respectivamente.
A obra de Abelardo da Hora parte de princípios semelhantes, mas encontra outros rendimentos. A combinação de materiais diferentes - pedra, cimento, areia, barro e gesso - é mobilizada para reconstruir a vida cotidiana do povo: os ambulantes nas cidades, o trabalho na terra, as festas populares. O intenso contato com a obra de Lasar Segall (1891-1957) em sua estada paulistana (1943) confere a figuras e desenhos de Abelardo conotação expressionista, como ele próprio gosta de afirmar. No início da carreira, realiza séries de pratos reproduzindo a temática popular: Bangüê (ciclo da cana-de-açúcar), Casa de Farinha (ciclo da mandioca). Executa também jarros desenhados com elementos da flora e da fauna. Ao lado de um eixo mais propriamente social e político de seu trabalho, encontra-se uma veia mais erótica e impregnada de sensualidade, que ele explora nas figuras e corpos femininos. Membro do Partido Comunista Brasileiro - PCB até 1964, Abelardo da Hora teve participação intensa no governo de Miguel Arraes, com o Movimento de Cultura Popular. Aí, trabalha na integração das artes plásticas com o teatro, a música e o artesanato, que já está em pauta quando atua no Ateliê Coletivo. O muralismo mexicano marca de perto a obra de Abelardo da Hora, sobretudo na ambição à monumentalidade que impregna o seu registro da cena social. Isso fica particularmente claro em suas tapeçarias e painéis.
Hélio Feijó, embora na origem do Ateliê Coletivo e compartilhando com o grupo uma série de pressupostos comuns, encaminha sua produção em direção um pouco diversa. Sua experiência como arquiteto, integrante da equipe de Luiz Nunes (1909-1937) e Joaquim Cardozo (1897-1978), à frente da renovação urbanística da cidade do Recife na década de 1930, aproxima-o dos debates da arquitetura moderna empreendidos pelo grupo de Lucio Costa (1902-1998), no Rio de Janeiro, ao qual Nunes era ligado. Não por acaso Feijó participa do salão de 1931, na curta gestão de Lucio Costa na direção da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Se a obra de Hélio Feijó sofre de perto as influências de Candido Portinari (1903-1962), com quem convive no Rio de Janeiro em 1931, aproximando-se dos temas sociais e da dicção realista do Ateliê Coletivo, ele parece atraído desde cedo pela abstração geométrica, como indicam seus desenhos e ilustrações.
Fonte: ATELIÊ Coletivo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 09 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Diário de Pernambuco. Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife, PE, 31 de janeiro de 1925 — Idem, 23 de julho de 2019), mais conhecido como Reynaldo Fonseca, é um pintor, ilustrador, muralista e gravador brasileiro. Conhecido por seu estilo figurativo e influências surrealistas, Reynaldo iniciou sua trajetória artística como ouvinte na Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde foi aluno de Lula Cardoso Ayres. Em 1944, mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou com Cândido Portinari. Foi um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), que buscava romper com o ensino acadêmico tradicional. Ao longo de sua carreira, Fonseca explorou diversas técnicas, incluindo gravura em metal, aquarela e óleo sobre tela, sempre com um foco na representação figurativa, destacando temas como cenas familiares e paisagens urbanas. Reynaldo Fonseca se destacou também como professor catedrático na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi responsável por diversos murais, incluindo o realizado para o Banco do Brasil em Recife, em 1964. Suas obras foram amplamente expostas, incluindo retrospectivas promovidas pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre 1993 e 1994. Ao longo de sua vida, foi admirado por seu domínio técnico e pela abordagem introspectiva e misteriosa de suas cenas, sendo reconhecido por críticos como José Roberto Teixeira Leite e Walmir Ayala.
Reynaldo Fonseca | Arremate Arte
Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife, PE, 1936), mais conhecido como Reynaldo Fonseca, é um ilustrador e muralista brasileiro. Ele começou sua trajetória artística como ouvinte na Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde estudou com Lula Cardoso Ayres.
Em 1944, Fonseca mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou com Cândido Portinari por seis meses, uma experiência que influenciou seu desenvolvimento artístico.
Fonseca é também um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), que visava romper com o ensino acadêmico tradicional. Em 1948, fez uma viagem de estudos pela Europa, e entre 1949 e 1951, estudou gravura com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Fonseca trabalhou com diferentes técnicas, incluindo gravura em metal, aquarela e, predominantemente, óleo sobre tela, focando na arte figurativa. Em 1952, ele tornou-se professor de desenho artístico na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e participou do Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora.
Em 1964, realizou um mural para o Banco do Brasil no Recife, e entre 1969 e 1980, viveu novamente no Rio de Janeiro, retornando ao Recife no início da década de 1980.
Entre seus trabalhos importantes, Fonseca ilustrou o livro "Pintura e Poesia Brasileiras" em 1980, com poemas de João Cabral de Melo Neto.
Em 1993 e 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promoveu uma retrospectiva de sua obra no Rio de Janeiro e em São Paulo, consolidando sua relevância no cenário artístico brasileiro.
Faleceu no dia 23 de julho de 2019, vítima de uma disfunção cardíaca.
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Reynaldo Fonseca | Itaú Cultural
Frequentou como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco, no Recife, em 1936, onde é aluno de Lula Cardoso Ayres, e fez curso de magistério em desenho. Em 1944, reside no Rio de Janeiro, e estudou com Cândido Portinari por seis meses. É um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino.
Realiza viagem de estudos à Europa, em 1948. Estudou gravura em metal com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, entre 1949 e 1951. Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela, apresentando uma produção figurativa.
Em meados de 1952, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). Frequenta o Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora, e realiza cursos de desenho. Realiza mural para o Banco do Brasil, no Recife, em 1964.
Voltou a residir no Rio de Janeiro em 1969, e retornou ao Recife no início da década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1980. Entre 1993 e 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promove mostra retrospectiva de sua produção no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Análise
Reynaldo Fonseca é um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino e a criação de um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de educação, cultura, artes plásticas, teatro e música. Participa ainda do Ateliê Coletivo, em Recife, realizando cursos de desenho. Posteriormente afasta-se da "escola pernambucana de pintura" e da temática regional.
O pintor mantém-se deliberadamente à margem das correntes artísticas que buscam renovar a arte no país. Com uma produção figurativa, realiza trabalhos em aquarela, gravura e principalmente em óleo sobre tela ou duratex. Revela grande domínio do desenho e o uso cuidadoso da gama cromática. Utiliza freqüentemente recortes de fotografias impressas em jornais e revistas, como inspiração para seus quadros.
Mantém ao longo de sua carreira temas recorrentes, como as cenas familiares com crianças e animais, nas quais predomina um clima de sonho, inquietação e estranheza, que evoca o surrealismo e a pintura metafísica. O artista inspira-se em pinturas do primeiro Renascimento italiano e flamengo, também nos pintores primitivos norte-americanos dos séculos XVIII e XIX e nos surrealistas em geral. Como aponta Roberto Pontual, Reynaldo Fonseca concentra-se na armação de enigmas, a meio caminho entre o metafísico e o fantástico. A retomada da história da arte é realizada de forma paciente, e por vezes com uma parcela de ironia.
Críticas
"Reynaldo Fonseca mantém-se deliberadamente apartado das correntes que buscam renovar a arte brasileira, ou contribuir com qualquer inovação estilística para o seu desenvolvimento. Dotado de boa técnica, fazendo uso de sólido desenho e de colorido suave e sensível, consegue por vezes incluir em seus personagens e objetos alguma coisa de inefável, certa nostálgica carga de poesia e silêncio, que em seus mais frágeis momentos roça o piegas, mas nos melhores adquire conotação transcendental" — José Roberto Teixeira Leite.
"Reynaldo é um pintor que domina todas as técnicas de seu ofício. No entanto, do lápis ao pincel, passando por trabalhos em gravura e aquarela, sua grande obra é realizada em óleo sobre tela ou duratex. É, indiscutivelmente, o que pode-se chamar um virtuose do desenho. Toda a sua obra, a despeito do longo período de produção, obedece a uma unicidade de temas e estilos que lhe permite o reconhecimento imediato, o que revela uma consistência raramente equiparável na pintura moderna. A percepção de sua pintura figurativa como abstração tem o seu fundamento no clima de sonho e mistério em que as "cenas familiares", como ele chama seus quadros, parecem estar envolvidas. Por outro lado, um sentido de estranhamento, como resultado de figuras e animais improváveis, encontra respaldo na opinião de diversos críticos, para quem os personagens de Reynaldo Fonseca "são de porcelana, já morreram há muito" (Walmir Ayala), ou, assim como seus objetos, têm "alguma coisa de inefável" (José Roberto Teixeira Leite)" — Weydson Barros Leal.
"Soube superar a dicotomia - quase obrigatória na produção visual do século XX - entre a arte que se comunica em larga escala e a que possui um conteúdo efetivamente instigante" — Olívio tavares de Araújo.
"Reynaldo Fonseca pinta o êxtase e a solidão do homem que não é medieval e nem cósmico (ou contemporâneo)" — Olney Krüse.
"Digamos que olhar um quadro deste pintor nos peça um instante de sossego, uma parada na vertigem. Estou certo de que esta tranquilidade ser logo invadida de uma perversa inquietação(consciente ou não). (...) É na confessada admiração por certos gênios de outros tempos, enfim, que ele busca a chave para algumas de suas soluções. lembra, por exemplo, o vermelho das capas das personagens de van eyck como provável explicação de seu fascínio por esta cor" — Walmir Ayala.
Exposições individuais
1943 – Recife PE – Primeira individual
1952 – Recife PE – Individual
1958 – Pernambuco – Individual
1958 – Rio de Janeiro – Individual
1971 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria Bonino
1972 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1973 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1974 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1975 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1979 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1988 – Recife PE – Individual, na Galeria Estúdio A
1993 – Rio de Janeiro RJ – Mostra Retrospectiva, no Centro Cultural Banco do Brasil
1994 – São Paulo SP – Mostra Retrospectiva, no Centro Cultural Banco do Brasil
1997 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 – Recife PE – Reynaldo Fonseca: riscos e rabiscos, na Galeria Massangana
2003 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
2004 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
2007 – São Paulo – SP – “Reynaldo Fonseca: O Imaginário de Reynaldo Fonseca”
Exposições coletivas
1943 – Rio de Janeiro RJ – 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1944 – Rio de Janeiro RJ – 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1949 – Recife PE – 8º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1950 – Recife PE – 9º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1951 – Rio de Janeiro RJ – 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1954 – Recife PE – 13º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1955 – Rio de Janeiro RJ – 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 – Recife PE – 15º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco – 1º prêmio
1958 – Rio de Janeiro RJ – Salão de Arte a Mãe e a Criança, organizado pela Escolinha de Arte do Brasil
1959 – São Paulo SP – 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1967 – São Paulo SP – 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1970 – Rio de Janeiro RJ – 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1972 – São Paulo SP – Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 – São Paulo SP – 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 – São Paulo SP – 8º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 – São Paulo SP – O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler
1976 – São Paulo SP – O Desenho Jovem dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado
1977 – Belo Horizonte MG – Coletiva, na Galeria Cronos
1977 – Curitiba PR – Coletiva, na Waldir Simões Galeria
1977 – São Paulo SP – 3ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1977 – São Paulo SP – 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1982 – Rio de Janeiro RJ – Universo do Futebol, no MAM/RJ
1983 – Rio de Janeiro RJ – Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 – Rio de Janeiro RJ – Pequena Retrospectiva do Período 1970-1983, na Galeria Ipanema
1984 – São Paulo SP – Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-Retrato da arte brasileira, no MAM/ SP
1984 – São Paulo SP – Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1986 – Brasília DF – Pernambucanos em Brasília, na ECT Galeria de Arte
1986 – Rio de Janeiro RJ – Território Ocupado, na EAV/Parque Lage
1987 – Rio de Janeiro RJ – Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1989 – São Paulo SP – Cor de Pernambuco, na Ranulpho Galeria de Arte
1989 – São Paulo SP – Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, na Ranulpho Galeria de Arte
1990 – São Paulo SP – Frutas, Flores e Cores, na Ranulpho Galeria de Arte
1990 – São Paulo SP – Gatos Pintados, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – A Música na Pintura, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – Chico e os Bichos, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – Siron, Reynaldo e Scliar, na Ranulpho Galeria de Arte
1992 – Rio de Janeiro RJ – Eco Art, no MAM/RJ
1993 – São Paulo SP – O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 – Rio de Janeiro RJ – O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1997 – Curitiba PR – Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 – Recife PE – Projeto Riscos e Rabiscos, na Galeria Vicente do Rego Monteiro
1998 – São Paulo SP – 5º Salão de Arte e Antiguidades, no Clube Paineiras do Morumby
1999 – Curitiba PR – Destaques da Pintura Brasileira, na Simões de Assis Galeria de Arte
2001 – Rio de Janeiro RJ – Acervo de Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 – São Paulo SP – 8º Salão de Arte e Antiguidades, na A Hebraica
2003 – Rio de Janeiro RJ – Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 – Rio de Janeiro RJ – Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte
2003 – Rio de Janeiro RJ – Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
Bienais e salões de arte
1943 - XLIX Salão Nacional de Belas Artes - Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1944 - L Salão Nacional de Belas Artes Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1949 - viii salão Anual de pintura, recife/pe
1950 - iX salão Anual de pintura, recife/pe
1951 - LVII Salão Nacional de Belas Artes - Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1954 - Xiii salão Anual de pintura, recife/pe
1955 - IV Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1956 - Xv salão Anual de pintura, recife/pe (1º prêmio)
1959 - v bienal são paulo, Fundação bienal, são paulo/sp
1967 - iX bienal de são paulo, Fundação bienal, são paulo/sp
1970 - XIX Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ.
Acervos
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ
Museu de Arte Moderna de São paulo, SP
Museu do estado do pernambuco, PE
Monumento da independência de Caracas, mural no banco do Brasil, PE
Coleção Gilberto Chateaubriand e em diversas outras coleções particulares do Brasil, França, Itália e Espanha.
Fonte: REYNALDO Fonseca. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 09 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Reynaldo Fonseca | Wikipédia
Frequentou como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco, no Recife, em 1936, onde é aluno de Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987), e faz curso de magistério em desenho.
Em 1944, reside no Rio de Janeiro, e estudou com Candido Portinari (1903 - 1962) por seis meses. É um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino.
Realiza viagem de estudos à Europa, em 1948. Estudou gravura em metal com Henrique Oswald (1918 - 1965) no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, entre 1949 e 1951. Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela, apresentando uma produção figurativa.
Em meados de 1952, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Pernambuco - UFPE. Frequenta o Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora (1924), e realiza cursos de desenho. Realiza mural para o Banco do Brasil, no Recife, em 1964.
Voltou a residir no Rio de Janeiro em 1969, e retornou ao Recife no início da década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas de João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999), publicado em 1980. Entre 1993 e 1994 o Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB promove mostra retrospectiva de sua produção no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Fonte: Wikipédia, última consulta em 10 de março de 2018.
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Artista plástico Reynaldo Fonseca morre aos 94 anos no Recife | G1
O artista plástico pernambucano Reynaldo de Aquino Fonseca morreu, na manhã desta terça-feira (23), aos 94 anos. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Memorial São José, no Recife.
Por meio de nota, o hospital afirmou que Reynaldo Fonseca estava "internado em virtude de disfunção cardíaca, vindo a morrer por falência orgânica múltipla".
Reynaldo Fonseca não deixa filhos e esposa. O velório teve início às 15h, no Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O enterro ocorreu às 17h, no mesmo local.
Com óleos sobre tela, aquarelas e obras feitas com pincel seco, Reynaldo costumava retratar famílias, mulheres e crianças em suas obras. Durante sua carreira, foi aluno de artistas como Cândido Portinari e Lula Cardoso Ayres.
Pesar
Por meio de nota, a prefeitura do Recife lamentou o falecimento de Reynaldo Fonseca e disse que, durante a vida, "o artista plástico brindou a sociedade recifense com a luz e cores que se fizeram tão presentes em suas obras" e que "ele parte deixando como legado uma bela e extensa obra, além do exemplo de dedicação à arte."
Perfil
Nascido na capital pernambucana em 1925, Reynaldo teve contato com a arte ainda criança, ao pintar o primeiro quadro aos 5 anos. Passou alguns períodos de sua carreira no Rio de Janeiro, mas nos anos 1980, retornou à capital pernambucana.
Fonte: G1, "Artista plástico Reynaldo Fonseca morre aos 94 anos no Recife". Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
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Livro investiga evolução dos traços do pintor Reynaldo Fonseca | Diário de Pernambuco
Há quem nasça para a arte e quem dela nunca se afaste até o fim da vida. Reynaldo Fonseca teve o privilégio de viver ambas as realidades. Aos cinco anos, pintou o seu primeiro quadro e, ao completar 75 anos de carreira, brindou a data com um álbum de gravuras. Ao longo desse percurso, ganhou uma legião de admiradores entre o público geral, críticos e colecionadores. O legado do artista na arte pernambucana, muitas vezes esquecido nas páginas dos jornais e documentos da época, será celebrado hoje, às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), com o lançamento do livro "Reynaldo Fonseca".
Com textos em português e inglês, em 272 páginas, a publicação compila o extenso acervo do pintor, desde os anos 1930 até sua morte. A maioria das obras sobre Reynaldo se restringem ao seu período no Rio de Janeiro, durante os anos 1980, e subestimam a importante contribuição dele para a cena artística do Recife. “Acho que as pessoas só conhecem uma parte da história do Reynaldo, não sabem como ele chegou ao seu estilo de trabalho nem como ele o desenvolveu. A proposta do livro é exatamente essa: mostrar desde o começo da carreira dele como seu trabalho evoluiu”, diz a co-autora Denise Mattar, também responsável pela curadoria. A publicação foi realizada com o patrocínio do REC Cultural, através da Lei de Incentivo à Cultura.
Colaborador na obra, Maurício Redig de Campos, sobrinho de Reynaldo, exalta a maestria do tio na pintura. “Reynaldo Fonseca é conhecido como um artista dedicado aos detalhes, cuja vida foi marcada pelo constante aprimoramento de sua arte. Cada um de seus desenhos é uma obra-prima, onde cada traço é meticulosamente planejado e executado com maestria. Sua busca incansável pela perfeição e harmonia nas cores o levou a criar um universo único, facilmente reconhecível como seu”.
Praticamente autodidata, Reynaldo recebeu poucas orientações sobre técnicas de pintura. Ele frequentou a Escola de Belas Artes de Pernambuco como ouvinte aos 11 anos, quando foi aluno de Lula Cardoso Ayres e fez curso de magistério em desenho. Depois, se mudou para o Rio e estudou durante seis meses com Cândido Portinari. “Reynaldo não foi propriamente aluno do Portinari, mas ia ao Rio de Janeiro e, uma vez por semana, levava sua produção para ser orientado por ele. Reynaldo considerava o Portinari um de seus mestres”, comenta Mattar.
A curadora se debruçou sobre a vida e obra de Reynaldo Fonseca a partir de 2019, em parceria com a família, que cedeu acesso para o acervo inteiro. De acordo com Mattar, foram encontrados relatos inéditos sobre as inspirações de Reynaldo e como a fotografia moldou seu trabalho artístico. “Incluímos a fotografia, o desenho e, depois, a obra final, explicando como ele chegava ao resultado. Na verdade, ele nunca copiava uma fotografia; se inspirava em um gesto, em um detalhe, porque era completamente antissocial. Gostava de ficar quieto no seu canto e dizia que ter um modelo seria algo que o incomodaria muito. Por isso, preferia trabalhar com fotografias.
Desde os primeiros traços feitos aos 5 anos até o domínio dos pincéis, Reynaldo explorou diferentes formas de pintura, como a aquarela, bico de pena, pincel seco e, por último, óleo sobre tela. Ele aplicava camadas finas de tinta, visando alcançar a transparência ou a cor desejada. Logo, começou a ter sucesso nas vendas, mas todo o dinheiro arrecadado era reinvestido em sua própria obra. À medida que sua situação financeira melhorava, comprava molduras, telas e tintas de qualidade superior. “Ele era, de fato, um artista inteiramente voltado para sua pintura, que buscava questões eternas”, destaca a curadora.
Após ganhar dinheiro e obter reconhecimento com a pintura, ele interrompeu seu trabalho e passou a se dedicar exclusivamente às artes gráficas na década de 1950, produzindo ilustrações para livros e artigos de jornal no Gráfico Amador. A motivação por trás disso era desconhecida, até que Denise Mattar encontrou uma carta de Reynaldo destinada ao crítico de arte Jaime Maurício. Ela afirma que foi a descoberta mais relevante no processo de pesquisa. “Ele diz que ficou tão insatisfeito com a pintura em um certo momento que resolveu trabalhar apenas com gravura e desenho. Quando encontra seu caminho, decide segui-lo, embora com muitas variações, até o final da vida”.
Fonte: Diário de Pernambuco, "Livro investiga evolução dos traços do pintor Reynaldo Fonseca". Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
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Sociedade de Arte Moderna do Recife | Itaú Cultural
"Não se poderia imaginar a arte em Pernambuco se retirássemos dela os artistas saídos do Ateliê Coletivo, sem falar nos descendentes", afirma o pintor José Cláudio (1932), um dos integrantes do grupo. Criado e dirigido pelo escultor Abelardo da Hora (1924-2014), entre 1952 e 1957, o Ateliê nasce como resultado direto da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), fundada quatro anos antes por iniciativa do próprio Abelardo e do arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó (1913-1991). A criação da SAMR, em 1948, marca o rompimento com o sistema acadêmico de ensino implantado pela Escola de Belas Artes local. Trata-se de um dos primeiros movimentos de artistas organizados na capital pernambucana, responsável, entre outros, pelos 3º e 4º Salões de Arte Moderna, como continuação dos 1º e 2º Salões dos Independentes da década anterior. No Ateliê Coletivo, o objetivo central é "valorizar a arte e revigorar o caráter brasileiro de nossa criação artística", indica seu diretor. A despeito da diversidade do grupo - Ladjane Bandeira (1927-1999), Gilvan Samico (1928-2013), Ionaldo (1933-2002), Wilton de Souza (1933), Ivan Carneiro (1929-2009), Wellington Virgolino (1929-1988), Reynaldo Fonseca (1925), Mário Lauritz, entre outros -, é possível apontar alguns de seus traços comuns: o trabalho com a figuração, a adesão aos cânones do realismo social, o diálogo entre arte e artesanato (o artista é pensado como um artesão que trabalha coletivamente), a temática regional e a preocupação em levar a arte para o povo.
Desenho com modelo vivo, pintura, escultura e gravura - principalmente linoleogravura - são as modalidades artísticas praticadas pelo grupo. O privilégio da gravura se relaciona à inspiração tomada nos Clubes de Gravura, como o de Porto Alegre, dirigido por Carlos Scliar (1920-2001) - em que a técnica é exercitada com base em temáticas sociais e políticas -, mas tem a ver diretamente com a cultura popular nordestina e com as xilogravuras que ilustram os folhetos de cordel, que os artistas visam retomar. Nesse sentido, a arte proposta pelo grupo dialoga com as conquistas técnicas da arte contemporânea mas possui forte enraizamento regional. Descrever a paisagem social e a realidade, ensinam os cancioneiros populares, os artistas mexicanos ligados ao muralismo e também à literatura latino-americana, não significa abrir mão da imaginação e dos elementos fantásticos. Ao contrário, o recurso ao absurdo, ao mundo da fábula e dos mitos é parte constitutiva do universo temático do grupo.
A combinação entre realismo social e fantasia se explicita de modo evidente nas xilogravuras de Samico. Sua obra tem clara inspiração nas xilogravuras nordestinas que ilustram os folhetos de cordel, em que os elementos fantásticos - caboclos, santos, anjos, monstros, diabos e bichos - são acionados para narrar a vida do povo. A poesia popular dos cancioneiros é recriada pelo artista por meio dos espaços brancos contornados pelas linhas negras, das tramas interpostas, dos toques de cor: vermelho, verde, amarelo e azul. Os críticos mencionam freqüentemente a "gravura limpa, precisa, sucinta, clara, direta e despojada" de Samico, que se beneficia dos ensinamentos de Lívio Abramo (1903-2002) e de Oswaldo Goeldi (1895-1961), seus professores em 1957 e 1958, respectivamente.
A obra de Abelardo da Hora parte de princípios semelhantes, mas encontra outros rendimentos. A combinação de materiais diferentes - pedra, cimento, areia, barro e gesso - é mobilizada para reconstruir a vida cotidiana do povo: os ambulantes nas cidades, o trabalho na terra, as festas populares. O intenso contato com a obra de Lasar Segall (1891-1957) em sua estada paulistana (1943) confere a figuras e desenhos de Abelardo conotação expressionista, como ele próprio gosta de afirmar. No início da carreira, realiza séries de pratos reproduzindo a temática popular: Bangüê (ciclo da cana-de-açúcar), Casa de Farinha (ciclo da mandioca). Executa também jarros desenhados com elementos da flora e da fauna. Ao lado de um eixo mais propriamente social e político de seu trabalho, encontra-se uma veia mais erótica e impregnada de sensualidade, que ele explora nas figuras e corpos femininos. Membro do Partido Comunista Brasileiro - PCB até 1964, Abelardo da Hora teve participação intensa no governo de Miguel Arraes, com o Movimento de Cultura Popular. Aí, trabalha na integração das artes plásticas com o teatro, a música e o artesanato, que já está em pauta quando atua no Ateliê Coletivo. O muralismo mexicano marca de perto a obra de Abelardo da Hora, sobretudo na ambição à monumentalidade que impregna o seu registro da cena social. Isso fica particularmente claro em suas tapeçarias e painéis.
Hélio Feijó, embora na origem do Ateliê Coletivo e compartilhando com o grupo uma série de pressupostos comuns, encaminha sua produção em direção um pouco diversa. Sua experiência como arquiteto, integrante da equipe de Luiz Nunes (1909-1937) e Joaquim Cardozo (1897-1978), à frente da renovação urbanística da cidade do Recife na década de 1930, aproxima-o dos debates da arquitetura moderna empreendidos pelo grupo de Lucio Costa (1902-1998), no Rio de Janeiro, ao qual Nunes era ligado. Não por acaso Feijó participa do salão de 1931, na curta gestão de Lucio Costa na direção da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Se a obra de Hélio Feijó sofre de perto as influências de Candido Portinari (1903-1962), com quem convive no Rio de Janeiro em 1931, aproximando-se dos temas sociais e da dicção realista do Ateliê Coletivo, ele parece atraído desde cedo pela abstração geométrica, como indicam seus desenhos e ilustrações.
Fonte: ATELIÊ Coletivo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 09 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Diário de Pernambuco. Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife, PE, 31 de janeiro de 1925 — Idem, 23 de julho de 2019), mais conhecido como Reynaldo Fonseca, é um pintor, ilustrador, muralista e gravador brasileiro. Conhecido por seu estilo figurativo e influências surrealistas, Reynaldo iniciou sua trajetória artística como ouvinte na Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde foi aluno de Lula Cardoso Ayres. Em 1944, mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou com Cândido Portinari. Foi um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), que buscava romper com o ensino acadêmico tradicional. Ao longo de sua carreira, Fonseca explorou diversas técnicas, incluindo gravura em metal, aquarela e óleo sobre tela, sempre com um foco na representação figurativa, destacando temas como cenas familiares e paisagens urbanas. Reynaldo Fonseca se destacou também como professor catedrático na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi responsável por diversos murais, incluindo o realizado para o Banco do Brasil em Recife, em 1964. Suas obras foram amplamente expostas, incluindo retrospectivas promovidas pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre 1993 e 1994. Ao longo de sua vida, foi admirado por seu domínio técnico e pela abordagem introspectiva e misteriosa de suas cenas, sendo reconhecido por críticos como José Roberto Teixeira Leite e Walmir Ayala.
Reynaldo Fonseca | Arremate Arte
Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife, PE, 1936), mais conhecido como Reynaldo Fonseca, é um ilustrador e muralista brasileiro. Ele começou sua trajetória artística como ouvinte na Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde estudou com Lula Cardoso Ayres.
Em 1944, Fonseca mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou com Cândido Portinari por seis meses, uma experiência que influenciou seu desenvolvimento artístico.
Fonseca é também um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), que visava romper com o ensino acadêmico tradicional. Em 1948, fez uma viagem de estudos pela Europa, e entre 1949 e 1951, estudou gravura com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Fonseca trabalhou com diferentes técnicas, incluindo gravura em metal, aquarela e, predominantemente, óleo sobre tela, focando na arte figurativa. Em 1952, ele tornou-se professor de desenho artístico na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e participou do Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora.
Em 1964, realizou um mural para o Banco do Brasil no Recife, e entre 1969 e 1980, viveu novamente no Rio de Janeiro, retornando ao Recife no início da década de 1980.
Entre seus trabalhos importantes, Fonseca ilustrou o livro "Pintura e Poesia Brasileiras" em 1980, com poemas de João Cabral de Melo Neto.
Em 1993 e 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promoveu uma retrospectiva de sua obra no Rio de Janeiro e em São Paulo, consolidando sua relevância no cenário artístico brasileiro.
Faleceu no dia 23 de julho de 2019, vítima de uma disfunção cardíaca.
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Reynaldo Fonseca | Itaú Cultural
Frequentou como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco, no Recife, em 1936, onde é aluno de Lula Cardoso Ayres, e fez curso de magistério em desenho. Em 1944, reside no Rio de Janeiro, e estudou com Cândido Portinari por seis meses. É um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino.
Realiza viagem de estudos à Europa, em 1948. Estudou gravura em metal com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, entre 1949 e 1951. Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela, apresentando uma produção figurativa.
Em meados de 1952, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). Frequenta o Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora, e realiza cursos de desenho. Realiza mural para o Banco do Brasil, no Recife, em 1964.
Voltou a residir no Rio de Janeiro em 1969, e retornou ao Recife no início da década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1980. Entre 1993 e 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promove mostra retrospectiva de sua produção no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Análise
Reynaldo Fonseca é um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino e a criação de um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de educação, cultura, artes plásticas, teatro e música. Participa ainda do Ateliê Coletivo, em Recife, realizando cursos de desenho. Posteriormente afasta-se da "escola pernambucana de pintura" e da temática regional.
O pintor mantém-se deliberadamente à margem das correntes artísticas que buscam renovar a arte no país. Com uma produção figurativa, realiza trabalhos em aquarela, gravura e principalmente em óleo sobre tela ou duratex. Revela grande domínio do desenho e o uso cuidadoso da gama cromática. Utiliza freqüentemente recortes de fotografias impressas em jornais e revistas, como inspiração para seus quadros.
Mantém ao longo de sua carreira temas recorrentes, como as cenas familiares com crianças e animais, nas quais predomina um clima de sonho, inquietação e estranheza, que evoca o surrealismo e a pintura metafísica. O artista inspira-se em pinturas do primeiro Renascimento italiano e flamengo, também nos pintores primitivos norte-americanos dos séculos XVIII e XIX e nos surrealistas em geral. Como aponta Roberto Pontual, Reynaldo Fonseca concentra-se na armação de enigmas, a meio caminho entre o metafísico e o fantástico. A retomada da história da arte é realizada de forma paciente, e por vezes com uma parcela de ironia.
Críticas
"Reynaldo Fonseca mantém-se deliberadamente apartado das correntes que buscam renovar a arte brasileira, ou contribuir com qualquer inovação estilística para o seu desenvolvimento. Dotado de boa técnica, fazendo uso de sólido desenho e de colorido suave e sensível, consegue por vezes incluir em seus personagens e objetos alguma coisa de inefável, certa nostálgica carga de poesia e silêncio, que em seus mais frágeis momentos roça o piegas, mas nos melhores adquire conotação transcendental" — José Roberto Teixeira Leite.
"Reynaldo é um pintor que domina todas as técnicas de seu ofício. No entanto, do lápis ao pincel, passando por trabalhos em gravura e aquarela, sua grande obra é realizada em óleo sobre tela ou duratex. É, indiscutivelmente, o que pode-se chamar um virtuose do desenho. Toda a sua obra, a despeito do longo período de produção, obedece a uma unicidade de temas e estilos que lhe permite o reconhecimento imediato, o que revela uma consistência raramente equiparável na pintura moderna. A percepção de sua pintura figurativa como abstração tem o seu fundamento no clima de sonho e mistério em que as "cenas familiares", como ele chama seus quadros, parecem estar envolvidas. Por outro lado, um sentido de estranhamento, como resultado de figuras e animais improváveis, encontra respaldo na opinião de diversos críticos, para quem os personagens de Reynaldo Fonseca "são de porcelana, já morreram há muito" (Walmir Ayala), ou, assim como seus objetos, têm "alguma coisa de inefável" (José Roberto Teixeira Leite)" — Weydson Barros Leal.
"Soube superar a dicotomia - quase obrigatória na produção visual do século XX - entre a arte que se comunica em larga escala e a que possui um conteúdo efetivamente instigante" — Olívio tavares de Araújo.
"Reynaldo Fonseca pinta o êxtase e a solidão do homem que não é medieval e nem cósmico (ou contemporâneo)" — Olney Krüse.
"Digamos que olhar um quadro deste pintor nos peça um instante de sossego, uma parada na vertigem. Estou certo de que esta tranquilidade ser logo invadida de uma perversa inquietação(consciente ou não). (...) É na confessada admiração por certos gênios de outros tempos, enfim, que ele busca a chave para algumas de suas soluções. lembra, por exemplo, o vermelho das capas das personagens de van eyck como provável explicação de seu fascínio por esta cor" — Walmir Ayala.
Exposições individuais
1943 – Recife PE – Primeira individual
1952 – Recife PE – Individual
1958 – Pernambuco – Individual
1958 – Rio de Janeiro – Individual
1971 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria Bonino
1972 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1973 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1974 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1975 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1979 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1988 – Recife PE – Individual, na Galeria Estúdio A
1993 – Rio de Janeiro RJ – Mostra Retrospectiva, no Centro Cultural Banco do Brasil
1994 – São Paulo SP – Mostra Retrospectiva, no Centro Cultural Banco do Brasil
1997 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 – Recife PE – Reynaldo Fonseca: riscos e rabiscos, na Galeria Massangana
2003 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
2004 – Curitiba PR – Individual, na Simões de Assis Galeria de Arte
2007 – São Paulo – SP – “Reynaldo Fonseca: O Imaginário de Reynaldo Fonseca”
Exposições coletivas
1943 – Rio de Janeiro RJ – 49º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1944 – Rio de Janeiro RJ – 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1949 – Recife PE – 8º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1950 – Recife PE – 9º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1951 – Rio de Janeiro RJ – 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA – Divisão Moderna
1954 – Recife PE – 13º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco
1955 – Rio de Janeiro RJ – 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 – Recife PE – 15º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco – 1º prêmio
1958 – Rio de Janeiro RJ – Salão de Arte a Mãe e a Criança, organizado pela Escolinha de Arte do Brasil
1959 – São Paulo SP – 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1967 – São Paulo SP – 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1970 – Rio de Janeiro RJ – 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1972 – São Paulo SP – Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 – São Paulo SP – 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 – São Paulo SP – 8º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 – São Paulo SP – O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler
1976 – São Paulo SP – O Desenho Jovem dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado
1977 – Belo Horizonte MG – Coletiva, na Galeria Cronos
1977 – Curitiba PR – Coletiva, na Waldir Simões Galeria
1977 – São Paulo SP – 3ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1977 – São Paulo SP – 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1982 – Rio de Janeiro RJ – Universo do Futebol, no MAM/RJ
1983 – Rio de Janeiro RJ – Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 – Rio de Janeiro RJ – Pequena Retrospectiva do Período 1970-1983, na Galeria Ipanema
1984 – São Paulo SP – Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-Retrato da arte brasileira, no MAM/ SP
1984 – São Paulo SP – Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1986 – Brasília DF – Pernambucanos em Brasília, na ECT Galeria de Arte
1986 – Rio de Janeiro RJ – Território Ocupado, na EAV/Parque Lage
1987 – Rio de Janeiro RJ – Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1989 – São Paulo SP – Cor de Pernambuco, na Ranulpho Galeria de Arte
1989 – São Paulo SP – Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, na Ranulpho Galeria de Arte
1990 – São Paulo SP – Frutas, Flores e Cores, na Ranulpho Galeria de Arte
1990 – São Paulo SP – Gatos Pintados, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – A Música na Pintura, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – Chico e os Bichos, na Ranulpho Galeria de Arte
1991 – São Paulo SP – Siron, Reynaldo e Scliar, na Ranulpho Galeria de Arte
1992 – Rio de Janeiro RJ – Eco Art, no MAM/RJ
1993 – São Paulo SP – O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 – Rio de Janeiro RJ – O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1997 – Curitiba PR – Casa Cor Sul, na Simões de Assis Galeria de Arte
1997 – Recife PE – Projeto Riscos e Rabiscos, na Galeria Vicente do Rego Monteiro
1998 – São Paulo SP – 5º Salão de Arte e Antiguidades, no Clube Paineiras do Morumby
1999 – Curitiba PR – Destaques da Pintura Brasileira, na Simões de Assis Galeria de Arte
2001 – Rio de Janeiro RJ – Acervo de Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 – São Paulo SP – 8º Salão de Arte e Antiguidades, na A Hebraica
2003 – Rio de Janeiro RJ – Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 – Rio de Janeiro RJ – Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte
2003 – Rio de Janeiro RJ – Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
Bienais e salões de arte
1943 - XLIX Salão Nacional de Belas Artes - Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1944 - L Salão Nacional de Belas Artes Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1949 - viii salão Anual de pintura, recife/pe
1950 - iX salão Anual de pintura, recife/pe
1951 - LVII Salão Nacional de Belas Artes - Divisão de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1954 - Xiii salão Anual de pintura, recife/pe
1955 - IV Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ
1956 - Xv salão Anual de pintura, recife/pe (1º prêmio)
1959 - v bienal são paulo, Fundação bienal, são paulo/sp
1967 - iX bienal de são paulo, Fundação bienal, são paulo/sp
1970 - XIX Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro/RJ.
Acervos
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ
Museu de Arte Moderna de São paulo, SP
Museu do estado do pernambuco, PE
Monumento da independência de Caracas, mural no banco do Brasil, PE
Coleção Gilberto Chateaubriand e em diversas outras coleções particulares do Brasil, França, Itália e Espanha.
Fonte: REYNALDO Fonseca. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 09 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Reynaldo Fonseca | Wikipédia
Frequentou como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco, no Recife, em 1936, onde é aluno de Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987), e faz curso de magistério em desenho.
Em 1944, reside no Rio de Janeiro, e estudou com Candido Portinari (1903 - 1962) por seis meses. É um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino.
Realiza viagem de estudos à Europa, em 1948. Estudou gravura em metal com Henrique Oswald (1918 - 1965) no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, entre 1949 e 1951. Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela, apresentando uma produção figurativa.
Em meados de 1952, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Pernambuco - UFPE. Frequenta o Ateliê Coletivo, fundado por Abelardo da Hora (1924), e realiza cursos de desenho. Realiza mural para o Banco do Brasil, no Recife, em 1964.
Voltou a residir no Rio de Janeiro em 1969, e retornou ao Recife no início da década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas de João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999), publicado em 1980. Entre 1993 e 1994 o Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB promove mostra retrospectiva de sua produção no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Fonte: Wikipédia, última consulta em 10 de março de 2018.
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Artista plástico Reynaldo Fonseca morre aos 94 anos no Recife | G1
O artista plástico pernambucano Reynaldo de Aquino Fonseca morreu, na manhã desta terça-feira (23), aos 94 anos. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Memorial São José, no Recife.
Por meio de nota, o hospital afirmou que Reynaldo Fonseca estava "internado em virtude de disfunção cardíaca, vindo a morrer por falência orgânica múltipla".
Reynaldo Fonseca não deixa filhos e esposa. O velório teve início às 15h, no Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O enterro ocorreu às 17h, no mesmo local.
Com óleos sobre tela, aquarelas e obras feitas com pincel seco, Reynaldo costumava retratar famílias, mulheres e crianças em suas obras. Durante sua carreira, foi aluno de artistas como Cândido Portinari e Lula Cardoso Ayres.
Pesar
Por meio de nota, a prefeitura do Recife lamentou o falecimento de Reynaldo Fonseca e disse que, durante a vida, "o artista plástico brindou a sociedade recifense com a luz e cores que se fizeram tão presentes em suas obras" e que "ele parte deixando como legado uma bela e extensa obra, além do exemplo de dedicação à arte."
Perfil
Nascido na capital pernambucana em 1925, Reynaldo teve contato com a arte ainda criança, ao pintar o primeiro quadro aos 5 anos. Passou alguns períodos de sua carreira no Rio de Janeiro, mas nos anos 1980, retornou à capital pernambucana.
Fonte: G1, "Artista plástico Reynaldo Fonseca morre aos 94 anos no Recife". Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
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Livro investiga evolução dos traços do pintor Reynaldo Fonseca | Diário de Pernambuco
Há quem nasça para a arte e quem dela nunca se afaste até o fim da vida. Reynaldo Fonseca teve o privilégio de viver ambas as realidades. Aos cinco anos, pintou o seu primeiro quadro e, ao completar 75 anos de carreira, brindou a data com um álbum de gravuras. Ao longo desse percurso, ganhou uma legião de admiradores entre o público geral, críticos e colecionadores. O legado do artista na arte pernambucana, muitas vezes esquecido nas páginas dos jornais e documentos da época, será celebrado hoje, às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), com o lançamento do livro "Reynaldo Fonseca".
Com textos em português e inglês, em 272 páginas, a publicação compila o extenso acervo do pintor, desde os anos 1930 até sua morte. A maioria das obras sobre Reynaldo se restringem ao seu período no Rio de Janeiro, durante os anos 1980, e subestimam a importante contribuição dele para a cena artística do Recife. “Acho que as pessoas só conhecem uma parte da história do Reynaldo, não sabem como ele chegou ao seu estilo de trabalho nem como ele o desenvolveu. A proposta do livro é exatamente essa: mostrar desde o começo da carreira dele como seu trabalho evoluiu”, diz a co-autora Denise Mattar, também responsável pela curadoria. A publicação foi realizada com o patrocínio do REC Cultural, através da Lei de Incentivo à Cultura.
Colaborador na obra, Maurício Redig de Campos, sobrinho de Reynaldo, exalta a maestria do tio na pintura. “Reynaldo Fonseca é conhecido como um artista dedicado aos detalhes, cuja vida foi marcada pelo constante aprimoramento de sua arte. Cada um de seus desenhos é uma obra-prima, onde cada traço é meticulosamente planejado e executado com maestria. Sua busca incansável pela perfeição e harmonia nas cores o levou a criar um universo único, facilmente reconhecível como seu”.
Praticamente autodidata, Reynaldo recebeu poucas orientações sobre técnicas de pintura. Ele frequentou a Escola de Belas Artes de Pernambuco como ouvinte aos 11 anos, quando foi aluno de Lula Cardoso Ayres e fez curso de magistério em desenho. Depois, se mudou para o Rio e estudou durante seis meses com Cândido Portinari. “Reynaldo não foi propriamente aluno do Portinari, mas ia ao Rio de Janeiro e, uma vez por semana, levava sua produção para ser orientado por ele. Reynaldo considerava o Portinari um de seus mestres”, comenta Mattar.
A curadora se debruçou sobre a vida e obra de Reynaldo Fonseca a partir de 2019, em parceria com a família, que cedeu acesso para o acervo inteiro. De acordo com Mattar, foram encontrados relatos inéditos sobre as inspirações de Reynaldo e como a fotografia moldou seu trabalho artístico. “Incluímos a fotografia, o desenho e, depois, a obra final, explicando como ele chegava ao resultado. Na verdade, ele nunca copiava uma fotografia; se inspirava em um gesto, em um detalhe, porque era completamente antissocial. Gostava de ficar quieto no seu canto e dizia que ter um modelo seria algo que o incomodaria muito. Por isso, preferia trabalhar com fotografias.
Desde os primeiros traços feitos aos 5 anos até o domínio dos pincéis, Reynaldo explorou diferentes formas de pintura, como a aquarela, bico de pena, pincel seco e, por último, óleo sobre tela. Ele aplicava camadas finas de tinta, visando alcançar a transparência ou a cor desejada. Logo, começou a ter sucesso nas vendas, mas todo o dinheiro arrecadado era reinvestido em sua própria obra. À medida que sua situação financeira melhorava, comprava molduras, telas e tintas de qualidade superior. “Ele era, de fato, um artista inteiramente voltado para sua pintura, que buscava questões eternas”, destaca a curadora.
Após ganhar dinheiro e obter reconhecimento com a pintura, ele interrompeu seu trabalho e passou a se dedicar exclusivamente às artes gráficas na década de 1950, produzindo ilustrações para livros e artigos de jornal no Gráfico Amador. A motivação por trás disso era desconhecida, até que Denise Mattar encontrou uma carta de Reynaldo destinada ao crítico de arte Jaime Maurício. Ela afirma que foi a descoberta mais relevante no processo de pesquisa. “Ele diz que ficou tão insatisfeito com a pintura em um certo momento que resolveu trabalhar apenas com gravura e desenho. Quando encontra seu caminho, decide segui-lo, embora com muitas variações, até o final da vida”.
Fonte: Diário de Pernambuco, "Livro investiga evolução dos traços do pintor Reynaldo Fonseca". Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.
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Sociedade de Arte Moderna do Recife | Itaú Cultural
"Não se poderia imaginar a arte em Pernambuco se retirássemos dela os artistas saídos do Ateliê Coletivo, sem falar nos descendentes", afirma o pintor José Cláudio (1932), um dos integrantes do grupo. Criado e dirigido pelo escultor Abelardo da Hora (1924-2014), entre 1952 e 1957, o Ateliê nasce como resultado direto da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), fundada quatro anos antes por iniciativa do próprio Abelardo e do arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó (1913-1991). A criação da SAMR, em 1948, marca o rompimento com o sistema acadêmico de ensino implantado pela Escola de Belas Artes local. Trata-se de um dos primeiros movimentos de artistas organizados na capital pernambucana, responsável, entre outros, pelos 3º e 4º Salões de Arte Moderna, como continuação dos 1º e 2º Salões dos Independentes da década anterior. No Ateliê Coletivo, o objetivo central é "valorizar a arte e revigorar o caráter brasileiro de nossa criação artística", indica seu diretor. A despeito da diversidade do grupo - Ladjane Bandeira (1927-1999), Gilvan Samico (1928-2013), Ionaldo (1933-2002), Wilton de Souza (1933), Ivan Carneiro (1929-2009), Wellington Virgolino (1929-1988), Reynaldo Fonseca (1925), Mário Lauritz, entre outros -, é possível apontar alguns de seus traços comuns: o trabalho com a figuração, a adesão aos cânones do realismo social, o diálogo entre arte e artesanato (o artista é pensado como um artesão que trabalha coletivamente), a temática regional e a preocupação em levar a arte para o povo.
Desenho com modelo vivo, pintura, escultura e gravura - principalmente linoleogravura - são as modalidades artísticas praticadas pelo grupo. O privilégio da gravura se relaciona à inspiração tomada nos Clubes de Gravura, como o de Porto Alegre, dirigido por Carlos Scliar (1920-2001) - em que a técnica é exercitada com base em temáticas sociais e políticas -, mas tem a ver diretamente com a cultura popular nordestina e com as xilogravuras que ilustram os folhetos de cordel, que os artistas visam retomar. Nesse sentido, a arte proposta pelo grupo dialoga com as conquistas técnicas da arte contemporânea mas possui forte enraizamento regional. Descrever a paisagem social e a realidade, ensinam os cancioneiros populares, os artistas mexicanos ligados ao muralismo e também à literatura latino-americana, não significa abrir mão da imaginação e dos elementos fantásticos. Ao contrário, o recurso ao absurdo, ao mundo da fábula e dos mitos é parte constitutiva do universo temático do grupo.
A combinação entre realismo social e fantasia se explicita de modo evidente nas xilogravuras de Samico. Sua obra tem clara inspiração nas xilogravuras nordestinas que ilustram os folhetos de cordel, em que os elementos fantásticos - caboclos, santos, anjos, monstros, diabos e bichos - são acionados para narrar a vida do povo. A poesia popular dos cancioneiros é recriada pelo artista por meio dos espaços brancos contornados pelas linhas negras, das tramas interpostas, dos toques de cor: vermelho, verde, amarelo e azul. Os críticos mencionam freqüentemente a "gravura limpa, precisa, sucinta, clara, direta e despojada" de Samico, que se beneficia dos ensinamentos de Lívio Abramo (1903-2002) e de Oswaldo Goeldi (1895-1961), seus professores em 1957 e 1958, respectivamente.
A obra de Abelardo da Hora parte de princípios semelhantes, mas encontra outros rendimentos. A combinação de materiais diferentes - pedra, cimento, areia, barro e gesso - é mobilizada para reconstruir a vida cotidiana do povo: os ambulantes nas cidades, o trabalho na terra, as festas populares. O intenso contato com a obra de Lasar Segall (1891-1957) em sua estada paulistana (1943) confere a figuras e desenhos de Abelardo conotação expressionista, como ele próprio gosta de afirmar. No início da carreira, realiza séries de pratos reproduzindo a temática popular: Bangüê (ciclo da cana-de-açúcar), Casa de Farinha (ciclo da mandioca). Executa também jarros desenhados com elementos da flora e da fauna. Ao lado de um eixo mais propriamente social e político de seu trabalho, encontra-se uma veia mais erótica e impregnada de sensualidade, que ele explora nas figuras e corpos femininos. Membro do Partido Comunista Brasileiro - PCB até 1964, Abelardo da Hora teve participação intensa no governo de Miguel Arraes, com o Movimento de Cultura Popular. Aí, trabalha na integração das artes plásticas com o teatro, a música e o artesanato, que já está em pauta quando atua no Ateliê Coletivo. O muralismo mexicano marca de perto a obra de Abelardo da Hora, sobretudo na ambição à monumentalidade que impregna o seu registro da cena social. Isso fica particularmente claro em suas tapeçarias e painéis.
Hélio Feijó, embora na origem do Ateliê Coletivo e compartilhando com o grupo uma série de pressupostos comuns, encaminha sua produção em direção um pouco diversa. Sua experiência como arquiteto, integrante da equipe de Luiz Nunes (1909-1937) e Joaquim Cardozo (1897-1978), à frente da renovação urbanística da cidade do Recife na década de 1930, aproxima-o dos debates da arquitetura moderna empreendidos pelo grupo de Lucio Costa (1902-1998), no Rio de Janeiro, ao qual Nunes era ligado. Não por acaso Feijó participa do salão de 1931, na curta gestão de Lucio Costa na direção da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Se a obra de Hélio Feijó sofre de perto as influências de Candido Portinari (1903-1962), com quem convive no Rio de Janeiro em 1931, aproximando-se dos temas sociais e da dicção realista do Ateliê Coletivo, ele parece atraído desde cedo pela abstração geométrica, como indicam seus desenhos e ilustrações.
Fonte: ATELIÊ Coletivo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 09 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Diário de Pernambuco. Consultado pela última vez em 9 de outubro de 2024.