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Carlo Hauner

Carlo Hauner (Brescia, Itália, 28 de março de 1927 — Ilha de Salina, Itália, 26 de fevereiro de 1996), foi um designer italiano. Estudou design técnico e artístico na Accademia di Belle Arti di Brera, em Milão. Em 1948, emigrou para o Brasil com a sua família e fundou a empresa Móveis Artesanal em São Paulo com seu irmão, onde produzia móveis sob medida para arquitetos como Gregori Warchavchik e Lina Bo Bardi​. Em 1953, Hauner formou uma parceria Martin Eisler, e criou a Forma, uma empresa que tornou-se um marco no design brasileiro, destacando-se pelo uso de madeiras brasileiras e estruturas tubulares finas em suas peças. Assinou uma parceria coma Knoll International em 1959, que trouxe nomes renomados do design internacional para o Brasil. Hauner retornou para Itália no final dos anos 1950, onde continuou a carreira como pintor e também se envolveu na produção de vinho. Apesar de sua saída, a Forma permaneceu um dos maiores nomes do design de móveis no Brasil sob a direção de Martin Eisler​. Voltando para a Itália, Carlo Hauner criou a Forma di Brescia, que produziu móveis para a embaixada brasileira naquele país.

Biografia Carlo Hauner | Arremate Arte

Carlo Hauner (1927-1996) foi um designer italiano renomado, cuja carreira se destacou principalmente no Brasil. Nascido em Brescia, Itália, Hauner estudou design técnico e artístico na Accademia di Belle Arti di Brera, em Milão. Em 1948, ele e sua família emigraram para o Brasil, onde muitas figuras artísticas e intelectuais europeias buscavam refúgio após a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, Hauner fundou a empresa Móveis Artesanal em São Paulo com seu irmão Ernesto, produzindo móveis sob medida para arquitetos como Gregori Warchavchik e Lina Bo Bardi​.

Em 1953, Hauner formou uma parceria significativa com o arquiteto austríaco Martin Eisler, o que levou à criação da icônica empresa de móveis Forma. Forma se tornou um marco no design brasileiro, destacando-se pelo uso de madeiras brasileiras e estruturas tubulares finas em suas peças. A empresa rapidamente ganhou reconhecimento internacional, especialmente após assinar um contrato com a Knoll International em 1959, que trouxe nomes renomados do design internacional para o Brasil.

Hauner se mudou de volta para a Itália no final dos anos 1950, onde continuou a carreira como pintor e também se envolveu na produção de vinho. Apesar de sua saída, a Forma permaneceu um dos maiores nomes do design de móveis no Brasil sob a direção de Martin Eisler​.

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Biografia Carlo Hauner | Itaú Cultural

Carlo Hauner (Brescia, Itália, 1927 – Ilha de Salina, Itália, 1996). Pintor e designer. Integra, nos anos 1950, uma geração pioneira do design brasileiro moderno de móveis. Na empresa Móveis Artesanal, fundada por ele em 1950, trabalha em parceria com os designers/ arquitetos Sergio Rodrigues (1927-2014), Lina Bo Bardi (1914-1992), Martin Eisler (1913-1977), entre outros.

Hauner estuda desenho técnico e artístico na Academia de Brera, Milão. Muda-se para o Brasil em 1948, para onde seu irmão Ernesto Hauner (1931-2002) e a família vêm pouco depois. Ao se estabelecer em São Paulo, integra o grupo de artistas e intelectuais imigrantes italianos, entre os quais está o casal Pietro Maria Bardi (1900-1999) e Lina Bo Bardi. No mesmo ano, participou da Bienal de Veneza.

Embora tenha trabalhado como artista, consagra-se na área de produção e comercialização de móveis. Atua no Studio de Arte e Arquitetura Palma – escritório de Giancarlo Palanti (1906-1977), Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi, criado para incentivar a produção de móveis modernos. Assume o negócio quando a empresa fecha. A nova marca, em 1950, passa a se chamar Móveis Artesanal, uma "pioneira no país em aliar com sucesso um escritório de projetos com linguagem moderna, um sistema de fabricação com seriação e espaços comerciais inovadores, tendo um papel importante na história do design no Brasil", como define a pesquisadora Mina Warchavchik Hugerth.

Os desenhos iniciais de peças para a nova empresa são feitos por Lina Bo Bardi para o MASP, mas logo Carlo assume a elaboração dos móveis, revelando diferenças em relação à produção anterior. Enquanto o pensamento em voga entre os arquitetos modernos brasileiros explora materiais locais, a Artesanal alinha-se a uma produção universal, com maior uso de estruturas metálicas, por exemplo.  

Em 1953, a segunda fase da marca inicia-se com a entrada de dois sócios, o colecionador alemão Ernesto Wolf (1918-2003) e o designer e arquiteto austríaco Martin Eisler. Ambos são imigrantes que, como Carlo, chegaram ao Brasil após a Segunda Guerra, estabelecendo-se em São Paulo. Naquele ano, a empresa inaugurou uma nova loja na rua Barão de Itapetininga – a Galeria Artesanal, espaço de três andares que funciona também como galeria de arte. A fábrica localiza-se no Itaim Bibi. Também em 1953, é inaugurada a Móveis Artesanal Paranaense, filial da marca em Curitiba, que funcionou por seis meses, sob o comando do designer Sérgio Rodrigues, que também havia trabalhado na Galeria. Outro nome importante a despontar nessa época é o de Georgia Morpurgo (1931), que cuida da vitrine e da cenografia da Galeria Artesanal.

A Artesanal passa por uma transformação em 1954 e dá origem à Forma. Em matéria publicada na revista AD Arquitetura e Decoração daquele ano, a nova marca, atribuída apenas a Carlo Hauner e seu irmão, é apresentada como "uma das mais interessantes realizações comerciais e artísticas levadas a efeito em São Paulo, nesses últimos meses"; com "concepção gráfica que obedece aos princípios essenciais da decoração moderna". Na edição seguinte da AD Arquitetura e Decoração, outro artigo destaca a produção da fábrica H. Cerâmica, marca que Carlo Hauner mantém em parceria com Milton Guper: "A nova cerâmica moderna feita em São Paulo é digna das maiores realizações plásticas industriais que justificam plenamente as condições atuais da arquitetura moderna brasileira e a sua repercussão pelo mundo".

Embora envolvido na criação da Forma, Carlo desliga-se dela, por desentendimentos com os sócios e volta para a Itália em 1958. No país de origem, cria outra loja também com este nome e segue comercializando peças projetadas por ele ou outros designers, além de trabalhar para empresas europeias. Algum tempo depois, entretanto, abandona a carreira e muda-se para a Ilha de Salina, onde volta a pintar e produz vinhos.

Apesar de curta, a trajetória de Carlo Hauner no Brasil é importante para o desenvolvimento do design industrial no país em suas primeiras décadas, marcado por intercâmbios culturais e mistura de influências locais e europeias.

Fonte: CARLO Hauner. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 01 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Carlo Hauner, Martin Eisler e a modernização do móvel no Brasil | Vitruvius

No meio do século 20, o Brasil passou por profundas mudanças econômicas e sociais que resultaram no crescimento e verticalização de seus centros urbanos.

Contingentes de imigrantes, muitos dos quais vieram ao país depois da Segunda Guerra Mundial para começar uma nova vida, dirigiam-se a essas cidades, e um otimismo pairava no ar. Na arquitetura e no design, o desenvolvimento de uma linguagem moderna e de uma indústria apta a produzir novos materiais dava ferramentas para responder aos desafios de mobiliar um novo tipo de moradia e atender a um estilo de vida cosmopolita.

Foi nesse cenário que se inseriu Carlo Hauner (1927-96), italiano que chegou a São Paulo em 1948 e em 1950 fundou a empresa Móveis Artesanal para produzir móveis modernos. Hauner foi o principal designer na empresa até a entrada do também imigrante Martin Eisler (1913-77), arquiteto austríaco que veio ao Brasil pela Argentina, em 1953. Os dois seriam responsáveis pelo desenho de peças que se tornaram clássicos do design moderno brasileiro e por gerir uma loja que se estabeleceu como referência de sofisticação à época.

A Artesanal foi ainda incubadora de muitos designers de peso no Brasil, tendo tido funcionários do escalão de Ernesto e Georgia Hauner e Sergio Rodrigues. Embora bem-sucedida, contudo, a empresa teve vida curta: em 1955 reestruturou-se como Forma e Carlo Hauner desligou-se da sociedade.

Esta é a maior exposição já feita no Brasil sobre o trabalho destes dois ilustres designers durante o período em que estiveram à frente da Móveis Artesanal e Forma. Importantes peças estão aqui reunidas num mesmo espaço pela primeira vez desde os anos 1950, retratando o que foi este momento e quais caminhos se abriram a partir dos encontros proporcionados pela empresa.

Fonte: Vitruvius. Consultado pela última vez em 1 de julho de 2024.

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A Forma – o atalho para um negócio próprio | Instituto Sérgio Rodrigues

Era o ano de 1954. Sergio foi para São Paulo com a família e acabou indo morar numa casa enorme, de dois andares, perto da fábrica da Móveis Artesanal, no bairro que hoje é o Itaim Bibi. “Aí a vida foi escandalosa.”

A experiência em São Paulo o aproximou definitivamente da criação. “Frequentava a fábrica no Itaim, onde tive os primeiros contatos com uma indústria de móveis, suas máquinas e seus problemas.” Seus primeiros móveis tinham sido criados em Curitiba – uma mesa de jogo e uma escrivaninha – e desenvolvidos em uma pequena oficina e eram vendidos na Móveis Artesanal. Para ele, a fábrica fazia móveis de alto nível, com acabamento maravilhoso. “Eu fiquei entusiasmado, passava o dia inteiro lá, imaginando coisas. E já arriscava uns desenhos.”

Foi quando foi convidado por Carlo e Ernesto Hauner e os outros sócios para chefiar o departamento de criação de arquitetura de interiores da recém-inaugurada loja Forma, em São Paulo, expressiva indústria de móveis, mas ainda ligada à linguagem funcionalista que dominava o design internacional. Já trabalhando na Forma, que ocupava um casarão de três andares na rua Barão de Itapetininga, Sergio começou a ariscar mais desenhos. Fazia peças avulsas, como mesinhas de chá e laterais.

Nessa época, Sergio conheceu Lina Bo Bardi, que aparecia na fábrica para mandar produzir alguns projetos seus. Lina criava móveis considerados de vanguarda para seus projetos de arquiteturas e com ela Sergio manteve uma amizade que incluía longas conversas sobre o móvel moderno. Na capital paulistana, conheceu também importantes arquitetos como Ícaro de Castro Mello e J. Vilanova Artigas, que visitavam a Forma frequentemente, e o criador da casa modernista, Gregori Warchavchik. Eram trocas preciosas entre o jovem arquiteto, que sonhava em criar móveis, com importantes expoentes da modernidade na arquitetura e no mobiliário.

Com a veia criativa já querendo se soltar dos grilhões, Sergio, um dia, desenhou uma mesa maravilhosa e um sofá robusto ao qual deu o nome de sofá Hauner, em homenagem ao amigo. “Ele ficou entusiasmadíssimo.” Era um sofá com estrutura de madeira, assento e encosto com almofadões soltos e uma prateleira atrás. Mas quando apresentou o projeto aos outros sócios recebeu uma ducha fria. “Sofri uma decepção enorme. Joguei tudo naquela peça, acreditava na coisa. A firma já não era a Artesanal, porque havia mudado de sócios. Era a Forma. Um dos sócios, Martin Eisler, cheio de empáfia, disse: ‘Sergio deixa de fazer desenho de móvel, você não dá para isso, não tem futuro. O que você está fazendo aí não tem nada a ver. Quem vai comprar isso?’”

Frustrado, Sergio jurou que teria seu próprio negócio. Apesar de curta, a passagem por São Paulo tinha sido muito proveitosa. Sergio fez muitos contatos com arquitetos importantes, com fabricantes de móveis e profissionais que trabalhavam com madeira, tecidos e objetos de arte. O sofá, criado e desprezado em 1954, só foi produzido tempos depois e apresentado na loja que Sergio criaria no Rio no ano seguinte, a Oca. O sofá apareceu com a sigla SO-3. Mas naquele momento Sergio ficou tão desanimado que avisou a Hauner que voltaria para o Rio. Ernesto e Carlo haviam se tornado bons amigos de Sergio, sobretudo Ernesto. Carlo tinha se desentendido com os outros sócios da Forma e saiu por um período.

– Não tem mais lugar para mim aqui, vou para o Rio – disse Sergio.

Carlo Hauner o incentivou:

– Vai porque lá você conhece todo mundo, tem seu esquema montado e vai ter sucesso.

Com quase 30 anos, Sergio foi para o Rio “com uma mão na frente e outra atrás”, a mulher e a filha Ângela. Levou também o fusca, que a essa altura tinha se acidentado e, por um erro qualquer, fora pintado de maneira extravagante e chamava a atenção nas ruas de São Paulo.

Fonte: Instituto Sérgio Rodrigues. Consultado pela última vez em 1 de julho de 2024.

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Forma: Brasil Móveis Projetados por Carlo Hauner e Martin Eisler | R-and-Company

A R & Company anuncia sua primeira exposição de móveis históricos brasileiros pela empresa de design Forma, com abertura em 13 de setembro. Exibida na galeria do andar superior na 64 White Street, Forma: Brazil Furniture designs de Carlo Hauner e Martin Eisler abre em um momento crucial em que o design moderno brasileiro ganhou um interesse renovado e começou a se infiltrar no mercado global de arte e design. Em exibição está uma apresentação com curadoria de designs icônicos cobiçados produzidos pela Forma nas décadas de 1950 e 1960, que a galeria vem colecionando e defendendo há quase duas décadas.

Carlo Hauner e Martin Eisler foram os principais designers da Forma. A empresa internacional personificou a inovação da indústria brasileira de design moderno. Trabalhar em São Paulo quando a cidade estava crescendo rapidamente e no auge da industrialização proporcionou a Eisler e Hauner a oportunidade de produzir móveis personalizados. Ambos compartilhavam uma apreciação pelo design elevado e sua intenção com a Forma era trazer estilo para o lar brasileiro. Seus designs para a Forma incorporavam a elegância de obras únicas vindas dos ateliês tradicionais do Rio de Janeiro e São Paulo em meados do século XX , mas, diferentemente de seus contemporâneos, Eisler e Hauner personalizaram a produção. Eles criaram móveis modernos altamente artesanais, usando materiais locais ricos, como madeira de lei, couro e ferro, resultando em peças polidas e diversas que eram acessíveis a um público maior.

Tanto Eisler quanto Hauner são lembrados como inovadores que desenvolveram a industrialização do mundo do design no Brasil. Agora reconhecida internacionalmente como uma das principais empresas de design brasileiras, a Forma é destaque na publicação aclamada internacionalmente Brazil Modern: The Rediscovery of Twentieth-Century Brazilian Furniture publicada pela R & Company e Monacelli Press em 2016. O diretor da R & Company, Zesty Meyers, afirma: "Você pode sentir a influência que a Forma tem no mundo do design hoje. A Forma criou formas angulares e futuristas que na época eram modernas para a nova casa no Brasil, mas agora são consideradas icônicas. A visão de Eisler e Hauner era nova e atemporal e, embora seus designs sejam do passado, eles não parecem ultrapassados. Eles sempre tiveram o futuro em mente."

A R & Company foi pioneira no design moderno brasileiro e, por meio de pesquisa, coleta e apresentação, a galeria contribuiu para criar o crescente sucesso e interesse global neste movimento. A exposição Forma foi projetada para replicar um ambiente de vida com uma apresentação imersiva de assentos, mesas e camas. Em exibição estão alguns dos designs mais importantes da Forma, incluindo duas elegantes poltronas com assentos assimétricos e armações de ferro. Ambas as peças, projetadas na década de 1950 por Martin Eisler, foram inspiradas pela tecnologia avançada da indústria automotiva e as formas redondas de seus assentos foram diretamente destinadas a replicar o formato de um para-choque de carro. Também em exibição está uma série de suas clássicas “Rib Chairs”, um conjunto de poltronas curvas feitas em jacarandá e projetadas em 1955. Embora as peças tenham sido produzidas sob medida, cada uma de suas obras possui forma, artesanato e material excepcionais. Vistos juntos na exposição, os designs da Forma mostram a energia imensamente criativa na cena do design do Brasil na segunda metade do século XX.

Forma abre em 13 de setembro na 64 White Street e acontece simultaneamente à exposição individual de Rogan Gregory, Known Unknown, e à exposição individual de Renate Müller, Fun and Fantasy.

Fonte: R and Company. Consultado pela última vez em 1 de julho de 2024.

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Loja Forma | Itaú Cultural

A loja Forma é um estabelecimento comercial de venda de mobiliário moderno, constituído e mantido com a participação de designers imigrantes e brasileiros. Sua fundação, na cidade de São Paulo, data da década de 1950, e seu funcionamento prossegue ao longo da segunda metade do século XX.

A Forma nasce da empresa Móveis Artesanal Ltda., que funciona na capital paulista entre 1950 e 1955. Opera nas instalações fabris que pertenciam ao Studio de Arte Palma e à Fábrica de Móveis Pau Brasil, do curador italiano Pietro Maria Bardi (1900-1999), da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992) e do arquiteto italiano Giancarlo Palanti (1906-1977).

O trio repassa suas oficinas e seu quadro de funcionários especializados – na maioria, imigrantes vindos da Itália – para os designers italianos Carlo Hauner (1927-1996) e Ernesto Hauner (1931-2002). A pesquisadora Mina Warchavchik Hugerth descreve a empresa como a “pioneira no país em aliar com sucesso um escritório de projetos com linguagem moderna, um sistema de fabricação com seriação e espaços comerciais inovadores”1.

Após a fundação da Móveis Artesanal, entram na sociedade o colecionador alemão Ernesto Wolf (1918-2003) e o arquiteto austro-argentino Martin Eisler (1913-1977) – ambos moram na Argentina desde o entreguerras. Wolf muda-se para São Paulo na década de 1940, envolve-se na organização da I Bienal de Arte em 1951 e convida o cunhado, Eisler, para fazer o projeto de interiores de seu apartamento em 1953. A execução do mobiliário desenhado por Martin Eisler é encomendada à Móveis Artesanal. Carlo Hauner gosta dos desenhos e convida-o para ser parceiro na empresa.

Ao longo dos anos, surgem diversos estabelecimentos vinculados a essa sociedade. Um deles é a Galeria Artesanal, loja de três andares para exposições de arte e venda de móveis, inaugurada no final de 1953, na Rua Barão de Itapetininga, centro de São Paulo.

Entre os proeminentes colaboradores da Móveis Artesanal está o designer carioca Sergio Rodrigues (1927-2014), que conhece Hauner em Curitiba no período em que é um dos responsáveis pelo projeto do Centro Cívico. Fazem amizade e abrem uma filial na cidade em 1953, a Móveis Artesanal Paranaense, que tem longevidade de seis meses, com muitos visitantes e poucos compradores. Em 1954, Rodrigues muda-se para São Paulo e passa a chefiar o setor de criação de arquitetura de interiores da empresa. Sua permanência na capital paulista é de apenas um ano, no qual tem contato direto com a produção fabril.

Outra profissional que se agrega à equipe é a designer e cenógrafa croata Georgia Hauner (1931). Contratada como desenhista da Móveis Artesanal em 1954, torna-se responsável pelas vitrines e pela ambientação interna da loja.

Ainda em 1954, os quatro sócios abrem outra loja na rua Augusta para venda de peças de cerâmica e objetos de decoração: esse estabelecimento é batizado de Forma. Há matérias sobre a Galeria Artesanal e a Móveis Artesanal até abril de 1955, entretanto, Sergio Rodrigues e Georgia Hauner atestam que as lojas e a assinatura dos móveis passam a empregar o nome Forma ainda em 1954. Juridicamente, a empresa Forma S.A. Móveis e Objetos de Arte é registrada em 24 de janeiro de 19562.

Carlo Hauner permanece no Brasil por curto período após a renomeação da empresa: ele retorna à Itália, vende suas ações ao irmão e funda uma loja também chamada Forma na cidade de Brescia, com móveis projetados e fabricados por ele. Em 1957, Ernesto e Georgia Hauner saem da empresa, permanecem um ano na Itália e, de volta ao Brasil, fundam uma companhia de estantes modulares em madeira maciça intitulada Mobilinea.

Ernesto Wolf e Martin Eisler permanecem com a Forma. Nesse período, Eisler desenha a icônica poltrona Costela, com uma estrutura metálica de finos perfis tubulares pretos que sustentam oito peças curvas de madeira – em conjunto, tem formato semelhante a uma caixa torácica. Sobre a estrutura, amarra-se uma almofada que serve de assento e encosto.

Em 1959, a Forma passa a ter a licença da firma Knoll Internacional para fabricar, com exclusividade no Brasil, móveis icônicos, desenhados por importantes nomes do design estrangeiro. Entre eles, o arquiteto húngaro-americano Marcel Breuer (1902-1981), como a cadeira Wassily; arquiteto alemão Mies van der Rohe (1886-1969), como a cadeira Barcelona; o arquiteto finlandês Eero Saarinen (1910-1961), como a mesa Saarinen, e o designer ítalo-americano Harry Bertoia (1915-1978), como a cadeira Bertoia.

Nas décadas de 1960 e 1970, a Forma estabelece um departamento nacional para desenho de mobiliário modular, com ênfase em ambientes de trabalho, liderado pela designer húngara-brasileira Adriana Adam (1946).Os projetos recebem várias premiações no Brasil, como ocorre com a linha de móveis infantis na Bienal Internacional de Desenho Industrial do Rio de Janeiro, em 1970.

A última sede da loja Forma é um projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha (1928), localizado na avenida Cidade Jardim, zona sul de São Paulo. Há uma relação direta entre o projeto arquitetônico e o detalhamento do mobiliário internacional ali apresentado, como se percebe na descrição do professor Edson Mahfuz: “A precisão está presente em todos os recantos da loja Forma, tanto no modo em que os elementos são projetados, na coordenação entre eles, assim como nas suas junções e terminações”.

Desde seu período como Móveis Artesanal, a loja Forma é pioneira no mobiliário moderno no Brasil, sendo berço de proeminentes designers imigrantes e brasileiros. Desde 1959, é a principal vitrine de difusão do mobiliário internacional moderno no país.

Fonte: LOJA Forma. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 02 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: Brazil Modernist. Consultado pela última vez em 1 de julho de 2024.

Carlo Hauner (Brescia, Itália, 28 de março de 1927 — Ilha de Salina, Itália, 26 de fevereiro de 1996), foi um designer italiano. Estudou design técnico e artístico na Accademia di Belle Arti di Brera, em Milão. Em 1948, emigrou para o Brasil com a sua família e fundou a empresa Móveis Artesanal em São Paulo com seu irmão, onde produzia móveis sob medida para arquitetos como Gregori Warchavchik e Lina Bo Bardi​. Em 1953, Hauner formou uma parceria Martin Eisler, e criou a Forma, uma empresa que tornou-se um marco no design brasileiro, destacando-se pelo uso de madeiras brasileiras e estruturas tubulares finas em suas peças. Assinou uma parceria coma Knoll International em 1959, que trouxe nomes renomados do design internacional para o Brasil. Hauner retornou para Itália no final dos anos 1950, onde continuou a carreira como pintor e também se envolveu na produção de vinho. Apesar de sua saída, a Forma permaneceu um dos maiores nomes do design de móveis no Brasil sob a direção de Martin Eisler​. Voltando para a Itália, Carlo Hauner criou a Forma di Brescia, que produziu móveis para a embaixada brasileira naquele país.

Carlo Hauner

Carlo Hauner (Brescia, Itália, 28 de março de 1927 — Ilha de Salina, Itália, 26 de fevereiro de 1996), foi um designer italiano. Estudou design técnico e artístico na Accademia di Belle Arti di Brera, em Milão. Em 1948, emigrou para o Brasil com a sua família e fundou a empresa Móveis Artesanal em São Paulo com seu irmão, onde produzia móveis sob medida para arquitetos como Gregori Warchavchik e Lina Bo Bardi​. Em 1953, Hauner formou uma parceria Martin Eisler, e criou a Forma, uma empresa que tornou-se um marco no design brasileiro, destacando-se pelo uso de madeiras brasileiras e estruturas tubulares finas em suas peças. Assinou uma parceria coma Knoll International em 1959, que trouxe nomes renomados do design internacional para o Brasil. Hauner retornou para Itália no final dos anos 1950, onde continuou a carreira como pintor e também se envolveu na produção de vinho. Apesar de sua saída, a Forma permaneceu um dos maiores nomes do design de móveis no Brasil sob a direção de Martin Eisler​. Voltando para a Itália, Carlo Hauner criou a Forma di Brescia, que produziu móveis para a embaixada brasileira naquele país.

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Biografia Carlo Hauner | Arremate Arte

Carlo Hauner (1927-1996) foi um designer italiano renomado, cuja carreira se destacou principalmente no Brasil. Nascido em Brescia, Itália, Hauner estudou design técnico e artístico na Accademia di Belle Arti di Brera, em Milão. Em 1948, ele e sua família emigraram para o Brasil, onde muitas figuras artísticas e intelectuais europeias buscavam refúgio após a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, Hauner fundou a empresa Móveis Artesanal em São Paulo com seu irmão Ernesto, produzindo móveis sob medida para arquitetos como Gregori Warchavchik e Lina Bo Bardi​.

Em 1953, Hauner formou uma parceria significativa com o arquiteto austríaco Martin Eisler, o que levou à criação da icônica empresa de móveis Forma. Forma se tornou um marco no design brasileiro, destacando-se pelo uso de madeiras brasileiras e estruturas tubulares finas em suas peças. A empresa rapidamente ganhou reconhecimento internacional, especialmente após assinar um contrato com a Knoll International em 1959, que trouxe nomes renomados do design internacional para o Brasil.

Hauner se mudou de volta para a Itália no final dos anos 1950, onde continuou a carreira como pintor e também se envolveu na produção de vinho. Apesar de sua saída, a Forma permaneceu um dos maiores nomes do design de móveis no Brasil sob a direção de Martin Eisler​.

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Biografia Carlo Hauner | Itaú Cultural

Carlo Hauner (Brescia, Itália, 1927 – Ilha de Salina, Itália, 1996). Pintor e designer. Integra, nos anos 1950, uma geração pioneira do design brasileiro moderno de móveis. Na empresa Móveis Artesanal, fundada por ele em 1950, trabalha em parceria com os designers/ arquitetos Sergio Rodrigues (1927-2014), Lina Bo Bardi (1914-1992), Martin Eisler (1913-1977), entre outros.

Hauner estuda desenho técnico e artístico na Academia de Brera, Milão. Muda-se para o Brasil em 1948, para onde seu irmão Ernesto Hauner (1931-2002) e a família vêm pouco depois. Ao se estabelecer em São Paulo, integra o grupo de artistas e intelectuais imigrantes italianos, entre os quais está o casal Pietro Maria Bardi (1900-1999) e Lina Bo Bardi. No mesmo ano, participou da Bienal de Veneza.

Embora tenha trabalhado como artista, consagra-se na área de produção e comercialização de móveis. Atua no Studio de Arte e Arquitetura Palma – escritório de Giancarlo Palanti (1906-1977), Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi, criado para incentivar a produção de móveis modernos. Assume o negócio quando a empresa fecha. A nova marca, em 1950, passa a se chamar Móveis Artesanal, uma "pioneira no país em aliar com sucesso um escritório de projetos com linguagem moderna, um sistema de fabricação com seriação e espaços comerciais inovadores, tendo um papel importante na história do design no Brasil", como define a pesquisadora Mina Warchavchik Hugerth.

Os desenhos iniciais de peças para a nova empresa são feitos por Lina Bo Bardi para o MASP, mas logo Carlo assume a elaboração dos móveis, revelando diferenças em relação à produção anterior. Enquanto o pensamento em voga entre os arquitetos modernos brasileiros explora materiais locais, a Artesanal alinha-se a uma produção universal, com maior uso de estruturas metálicas, por exemplo.  

Em 1953, a segunda fase da marca inicia-se com a entrada de dois sócios, o colecionador alemão Ernesto Wolf (1918-2003) e o designer e arquiteto austríaco Martin Eisler. Ambos são imigrantes que, como Carlo, chegaram ao Brasil após a Segunda Guerra, estabelecendo-se em São Paulo. Naquele ano, a empresa inaugurou uma nova loja na rua Barão de Itapetininga – a Galeria Artesanal, espaço de três andares que funciona também como galeria de arte. A fábrica localiza-se no Itaim Bibi. Também em 1953, é inaugurada a Móveis Artesanal Paranaense, filial da marca em Curitiba, que funcionou por seis meses, sob o comando do designer Sérgio Rodrigues, que também havia trabalhado na Galeria. Outro nome importante a despontar nessa época é o de Georgia Morpurgo (1931), que cuida da vitrine e da cenografia da Galeria Artesanal.

A Artesanal passa por uma transformação em 1954 e dá origem à Forma. Em matéria publicada na revista AD Arquitetura e Decoração daquele ano, a nova marca, atribuída apenas a Carlo Hauner e seu irmão, é apresentada como "uma das mais interessantes realizações comerciais e artísticas levadas a efeito em São Paulo, nesses últimos meses"; com "concepção gráfica que obedece aos princípios essenciais da decoração moderna". Na edição seguinte da AD Arquitetura e Decoração, outro artigo destaca a produção da fábrica H. Cerâmica, marca que Carlo Hauner mantém em parceria com Milton Guper: "A nova cerâmica moderna feita em São Paulo é digna das maiores realizações plásticas industriais que justificam plenamente as condições atuais da arquitetura moderna brasileira e a sua repercussão pelo mundo".

Embora envolvido na criação da Forma, Carlo desliga-se dela, por desentendimentos com os sócios e volta para a Itália em 1958. No país de origem, cria outra loja também com este nome e segue comercializando peças projetadas por ele ou outros designers, além de trabalhar para empresas europeias. Algum tempo depois, entretanto, abandona a carreira e muda-se para a Ilha de Salina, onde volta a pintar e produz vinhos.

Apesar de curta, a trajetória de Carlo Hauner no Brasil é importante para o desenvolvimento do design industrial no país em suas primeiras décadas, marcado por intercâmbios culturais e mistura de influências locais e europeias.

Fonte: CARLO Hauner. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 01 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Carlo Hauner, Martin Eisler e a modernização do móvel no Brasil | Vitruvius

No meio do século 20, o Brasil passou por profundas mudanças econômicas e sociais que resultaram no crescimento e verticalização de seus centros urbanos.

Contingentes de imigrantes, muitos dos quais vieram ao país depois da Segunda Guerra Mundial para começar uma nova vida, dirigiam-se a essas cidades, e um otimismo pairava no ar. Na arquitetura e no design, o desenvolvimento de uma linguagem moderna e de uma indústria apta a produzir novos materiais dava ferramentas para responder aos desafios de mobiliar um novo tipo de moradia e atender a um estilo de vida cosmopolita.

Foi nesse cenário que se inseriu Carlo Hauner (1927-96), italiano que chegou a São Paulo em 1948 e em 1950 fundou a empresa Móveis Artesanal para produzir móveis modernos. Hauner foi o principal designer na empresa até a entrada do também imigrante Martin Eisler (1913-77), arquiteto austríaco que veio ao Brasil pela Argentina, em 1953. Os dois seriam responsáveis pelo desenho de peças que se tornaram clássicos do design moderno brasileiro e por gerir uma loja que se estabeleceu como referência de sofisticação à época.

A Artesanal foi ainda incubadora de muitos designers de peso no Brasil, tendo tido funcionários do escalão de Ernesto e Georgia Hauner e Sergio Rodrigues. Embora bem-sucedida, contudo, a empresa teve vida curta: em 1955 reestruturou-se como Forma e Carlo Hauner desligou-se da sociedade.

Esta é a maior exposição já feita no Brasil sobre o trabalho destes dois ilustres designers durante o período em que estiveram à frente da Móveis Artesanal e Forma. Importantes peças estão aqui reunidas num mesmo espaço pela primeira vez desde os anos 1950, retratando o que foi este momento e quais caminhos se abriram a partir dos encontros proporcionados pela empresa.

Fonte: Vitruvius. Consultado pela última vez em 1 de julho de 2024.

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A Forma – o atalho para um negócio próprio | Instituto Sérgio Rodrigues

Era o ano de 1954. Sergio foi para São Paulo com a família e acabou indo morar numa casa enorme, de dois andares, perto da fábrica da Móveis Artesanal, no bairro que hoje é o Itaim Bibi. “Aí a vida foi escandalosa.”

A experiência em São Paulo o aproximou definitivamente da criação. “Frequentava a fábrica no Itaim, onde tive os primeiros contatos com uma indústria de móveis, suas máquinas e seus problemas.” Seus primeiros móveis tinham sido criados em Curitiba – uma mesa de jogo e uma escrivaninha – e desenvolvidos em uma pequena oficina e eram vendidos na Móveis Artesanal. Para ele, a fábrica fazia móveis de alto nível, com acabamento maravilhoso. “Eu fiquei entusiasmado, passava o dia inteiro lá, imaginando coisas. E já arriscava uns desenhos.”

Foi quando foi convidado por Carlo e Ernesto Hauner e os outros sócios para chefiar o departamento de criação de arquitetura de interiores da recém-inaugurada loja Forma, em São Paulo, expressiva indústria de móveis, mas ainda ligada à linguagem funcionalista que dominava o design internacional. Já trabalhando na Forma, que ocupava um casarão de três andares na rua Barão de Itapetininga, Sergio começou a ariscar mais desenhos. Fazia peças avulsas, como mesinhas de chá e laterais.

Nessa época, Sergio conheceu Lina Bo Bardi, que aparecia na fábrica para mandar produzir alguns projetos seus. Lina criava móveis considerados de vanguarda para seus projetos de arquiteturas e com ela Sergio manteve uma amizade que incluía longas conversas sobre o móvel moderno. Na capital paulistana, conheceu também importantes arquitetos como Ícaro de Castro Mello e J. Vilanova Artigas, que visitavam a Forma frequentemente, e o criador da casa modernista, Gregori Warchavchik. Eram trocas preciosas entre o jovem arquiteto, que sonhava em criar móveis, com importantes expoentes da modernidade na arquitetura e no mobiliário.

Com a veia criativa já querendo se soltar dos grilhões, Sergio, um dia, desenhou uma mesa maravilhosa e um sofá robusto ao qual deu o nome de sofá Hauner, em homenagem ao amigo. “Ele ficou entusiasmadíssimo.” Era um sofá com estrutura de madeira, assento e encosto com almofadões soltos e uma prateleira atrás. Mas quando apresentou o projeto aos outros sócios recebeu uma ducha fria. “Sofri uma decepção enorme. Joguei tudo naquela peça, acreditava na coisa. A firma já não era a Artesanal, porque havia mudado de sócios. Era a Forma. Um dos sócios, Martin Eisler, cheio de empáfia, disse: ‘Sergio deixa de fazer desenho de móvel, você não dá para isso, não tem futuro. O que você está fazendo aí não tem nada a ver. Quem vai comprar isso?’”

Frustrado, Sergio jurou que teria seu próprio negócio. Apesar de curta, a passagem por São Paulo tinha sido muito proveitosa. Sergio fez muitos contatos com arquitetos importantes, com fabricantes de móveis e profissionais que trabalhavam com madeira, tecidos e objetos de arte. O sofá, criado e desprezado em 1954, só foi produzido tempos depois e apresentado na loja que Sergio criaria no Rio no ano seguinte, a Oca. O sofá apareceu com a sigla SO-3. Mas naquele momento Sergio ficou tão desanimado que avisou a Hauner que voltaria para o Rio. Ernesto e Carlo haviam se tornado bons amigos de Sergio, sobretudo Ernesto. Carlo tinha se desentendido com os outros sócios da Forma e saiu por um período.

– Não tem mais lugar para mim aqui, vou para o Rio – disse Sergio.

Carlo Hauner o incentivou:

– Vai porque lá você conhece todo mundo, tem seu esquema montado e vai ter sucesso.

Com quase 30 anos, Sergio foi para o Rio “com uma mão na frente e outra atrás”, a mulher e a filha Ângela. Levou também o fusca, que a essa altura tinha se acidentado e, por um erro qualquer, fora pintado de maneira extravagante e chamava a atenção nas ruas de São Paulo.

Fonte: Instituto Sérgio Rodrigues. Consultado pela última vez em 1 de julho de 2024.

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Forma: Brasil Móveis Projetados por Carlo Hauner e Martin Eisler | R-and-Company

A R & Company anuncia sua primeira exposição de móveis históricos brasileiros pela empresa de design Forma, com abertura em 13 de setembro. Exibida na galeria do andar superior na 64 White Street, Forma: Brazil Furniture designs de Carlo Hauner e Martin Eisler abre em um momento crucial em que o design moderno brasileiro ganhou um interesse renovado e começou a se infiltrar no mercado global de arte e design. Em exibição está uma apresentação com curadoria de designs icônicos cobiçados produzidos pela Forma nas décadas de 1950 e 1960, que a galeria vem colecionando e defendendo há quase duas décadas.

Carlo Hauner e Martin Eisler foram os principais designers da Forma. A empresa internacional personificou a inovação da indústria brasileira de design moderno. Trabalhar em São Paulo quando a cidade estava crescendo rapidamente e no auge da industrialização proporcionou a Eisler e Hauner a oportunidade de produzir móveis personalizados. Ambos compartilhavam uma apreciação pelo design elevado e sua intenção com a Forma era trazer estilo para o lar brasileiro. Seus designs para a Forma incorporavam a elegância de obras únicas vindas dos ateliês tradicionais do Rio de Janeiro e São Paulo em meados do século XX , mas, diferentemente de seus contemporâneos, Eisler e Hauner personalizaram a produção. Eles criaram móveis modernos altamente artesanais, usando materiais locais ricos, como madeira de lei, couro e ferro, resultando em peças polidas e diversas que eram acessíveis a um público maior.

Tanto Eisler quanto Hauner são lembrados como inovadores que desenvolveram a industrialização do mundo do design no Brasil. Agora reconhecida internacionalmente como uma das principais empresas de design brasileiras, a Forma é destaque na publicação aclamada internacionalmente Brazil Modern: The Rediscovery of Twentieth-Century Brazilian Furniture publicada pela R & Company e Monacelli Press em 2016. O diretor da R & Company, Zesty Meyers, afirma: "Você pode sentir a influência que a Forma tem no mundo do design hoje. A Forma criou formas angulares e futuristas que na época eram modernas para a nova casa no Brasil, mas agora são consideradas icônicas. A visão de Eisler e Hauner era nova e atemporal e, embora seus designs sejam do passado, eles não parecem ultrapassados. Eles sempre tiveram o futuro em mente."

A R & Company foi pioneira no design moderno brasileiro e, por meio de pesquisa, coleta e apresentação, a galeria contribuiu para criar o crescente sucesso e interesse global neste movimento. A exposição Forma foi projetada para replicar um ambiente de vida com uma apresentação imersiva de assentos, mesas e camas. Em exibição estão alguns dos designs mais importantes da Forma, incluindo duas elegantes poltronas com assentos assimétricos e armações de ferro. Ambas as peças, projetadas na década de 1950 por Martin Eisler, foram inspiradas pela tecnologia avançada da indústria automotiva e as formas redondas de seus assentos foram diretamente destinadas a replicar o formato de um para-choque de carro. Também em exibição está uma série de suas clássicas “Rib Chairs”, um conjunto de poltronas curvas feitas em jacarandá e projetadas em 1955. Embora as peças tenham sido produzidas sob medida, cada uma de suas obras possui forma, artesanato e material excepcionais. Vistos juntos na exposição, os designs da Forma mostram a energia imensamente criativa na cena do design do Brasil na segunda metade do século XX.

Forma abre em 13 de setembro na 64 White Street e acontece simultaneamente à exposição individual de Rogan Gregory, Known Unknown, e à exposição individual de Renate Müller, Fun and Fantasy.

Fonte: R and Company. Consultado pela última vez em 1 de julho de 2024.

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Loja Forma | Itaú Cultural

A loja Forma é um estabelecimento comercial de venda de mobiliário moderno, constituído e mantido com a participação de designers imigrantes e brasileiros. Sua fundação, na cidade de São Paulo, data da década de 1950, e seu funcionamento prossegue ao longo da segunda metade do século XX.

A Forma nasce da empresa Móveis Artesanal Ltda., que funciona na capital paulista entre 1950 e 1955. Opera nas instalações fabris que pertenciam ao Studio de Arte Palma e à Fábrica de Móveis Pau Brasil, do curador italiano Pietro Maria Bardi (1900-1999), da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992) e do arquiteto italiano Giancarlo Palanti (1906-1977).

O trio repassa suas oficinas e seu quadro de funcionários especializados – na maioria, imigrantes vindos da Itália – para os designers italianos Carlo Hauner (1927-1996) e Ernesto Hauner (1931-2002). A pesquisadora Mina Warchavchik Hugerth descreve a empresa como a “pioneira no país em aliar com sucesso um escritório de projetos com linguagem moderna, um sistema de fabricação com seriação e espaços comerciais inovadores”1.

Após a fundação da Móveis Artesanal, entram na sociedade o colecionador alemão Ernesto Wolf (1918-2003) e o arquiteto austro-argentino Martin Eisler (1913-1977) – ambos moram na Argentina desde o entreguerras. Wolf muda-se para São Paulo na década de 1940, envolve-se na organização da I Bienal de Arte em 1951 e convida o cunhado, Eisler, para fazer o projeto de interiores de seu apartamento em 1953. A execução do mobiliário desenhado por Martin Eisler é encomendada à Móveis Artesanal. Carlo Hauner gosta dos desenhos e convida-o para ser parceiro na empresa.

Ao longo dos anos, surgem diversos estabelecimentos vinculados a essa sociedade. Um deles é a Galeria Artesanal, loja de três andares para exposições de arte e venda de móveis, inaugurada no final de 1953, na Rua Barão de Itapetininga, centro de São Paulo.

Entre os proeminentes colaboradores da Móveis Artesanal está o designer carioca Sergio Rodrigues (1927-2014), que conhece Hauner em Curitiba no período em que é um dos responsáveis pelo projeto do Centro Cívico. Fazem amizade e abrem uma filial na cidade em 1953, a Móveis Artesanal Paranaense, que tem longevidade de seis meses, com muitos visitantes e poucos compradores. Em 1954, Rodrigues muda-se para São Paulo e passa a chefiar o setor de criação de arquitetura de interiores da empresa. Sua permanência na capital paulista é de apenas um ano, no qual tem contato direto com a produção fabril.

Outra profissional que se agrega à equipe é a designer e cenógrafa croata Georgia Hauner (1931). Contratada como desenhista da Móveis Artesanal em 1954, torna-se responsável pelas vitrines e pela ambientação interna da loja.

Ainda em 1954, os quatro sócios abrem outra loja na rua Augusta para venda de peças de cerâmica e objetos de decoração: esse estabelecimento é batizado de Forma. Há matérias sobre a Galeria Artesanal e a Móveis Artesanal até abril de 1955, entretanto, Sergio Rodrigues e Georgia Hauner atestam que as lojas e a assinatura dos móveis passam a empregar o nome Forma ainda em 1954. Juridicamente, a empresa Forma S.A. Móveis e Objetos de Arte é registrada em 24 de janeiro de 19562.

Carlo Hauner permanece no Brasil por curto período após a renomeação da empresa: ele retorna à Itália, vende suas ações ao irmão e funda uma loja também chamada Forma na cidade de Brescia, com móveis projetados e fabricados por ele. Em 1957, Ernesto e Georgia Hauner saem da empresa, permanecem um ano na Itália e, de volta ao Brasil, fundam uma companhia de estantes modulares em madeira maciça intitulada Mobilinea.

Ernesto Wolf e Martin Eisler permanecem com a Forma. Nesse período, Eisler desenha a icônica poltrona Costela, com uma estrutura metálica de finos perfis tubulares pretos que sustentam oito peças curvas de madeira – em conjunto, tem formato semelhante a uma caixa torácica. Sobre a estrutura, amarra-se uma almofada que serve de assento e encosto.

Em 1959, a Forma passa a ter a licença da firma Knoll Internacional para fabricar, com exclusividade no Brasil, móveis icônicos, desenhados por importantes nomes do design estrangeiro. Entre eles, o arquiteto húngaro-americano Marcel Breuer (1902-1981), como a cadeira Wassily; arquiteto alemão Mies van der Rohe (1886-1969), como a cadeira Barcelona; o arquiteto finlandês Eero Saarinen (1910-1961), como a mesa Saarinen, e o designer ítalo-americano Harry Bertoia (1915-1978), como a cadeira Bertoia.

Nas décadas de 1960 e 1970, a Forma estabelece um departamento nacional para desenho de mobiliário modular, com ênfase em ambientes de trabalho, liderado pela designer húngara-brasileira Adriana Adam (1946).Os projetos recebem várias premiações no Brasil, como ocorre com a linha de móveis infantis na Bienal Internacional de Desenho Industrial do Rio de Janeiro, em 1970.

A última sede da loja Forma é um projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha (1928), localizado na avenida Cidade Jardim, zona sul de São Paulo. Há uma relação direta entre o projeto arquitetônico e o detalhamento do mobiliário internacional ali apresentado, como se percebe na descrição do professor Edson Mahfuz: “A precisão está presente em todos os recantos da loja Forma, tanto no modo em que os elementos são projetados, na coordenação entre eles, assim como nas suas junções e terminações”.

Desde seu período como Móveis Artesanal, a loja Forma é pioneira no mobiliário moderno no Brasil, sendo berço de proeminentes designers imigrantes e brasileiros. Desde 1959, é a principal vitrine de difusão do mobiliário internacional moderno no país.

Fonte: LOJA Forma. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 02 de julho de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: Brazil Modernist. Consultado pela última vez em 1 de julho de 2024.

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