Djanira da Motta e Silva (Avaré, SP, 20 de junho de 1914 — Rio de Janeiro, RJ, 31 de maio de 1979), conhecida entre os amigos e familiares como Dja, foi uma pintora, desenhista, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora brasileira.
Biografia Itaú Cultural
Cresce em Porto União, Santa Catarina. Muda-se para São Paulo em 1932. Em 1937, é internada com tuberculose em sanatório de São José dos Campos, no qual começa a desenhar. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1939 e abre uma pensão no bairro de Santa Teresa, onde convive com artistas modernos como Milton Dacosta (1915-1988), a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), o húngaro Arpad Szènes (1897-1985), o Carlos Scliar (1920-2001) e o romeno Emeric Marcier (1916-1990). Também em 1939 assiste a aulas de pintura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Em 1942, expõe pela primeira vez na Divisão Moderna do Salão de Belas Artes e no ano seguinte , faz sua primeira individual no edifício da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. Em 1943, participa da exposição Pintura Moderna Brasileira na Royal Academy of Arts, em Londres, Inglaterra. Nessa época, também expõe suas obras na Argentina, no Uruguai e no Chile. Entre 1944 e 1947, mora nos Estados Unidos.
Em 1946, realiza exposição individual na New School for Social Research, em Nova York, e expõe em Washington e Boston. Também participa da exposição de Arte Moderna no Musée National d'Art Moderne [Museu Nacional de Arte Moderna], em Paris. Após voltar ao Brasil conhece, em 1950, o poeta e historiador José Shaw da Motta e Silva (1920- s/d), com quem se casa. Nos anos 1950 e 1960, além de participar de diversas exposições, realiza projetos como: o mural Candomblé (1957), para a casa do escritor Jorge Amado (1912-2001); os azulejos da Capela de Santa Bárbara (1958), Rio de Janeiro; e as ilustrações do livro Campo Geral (1964), do escritor Guimarães Rosa (1908-1967). Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro, promove retrospectiva de sua trajetória. Após sua morte, seus quadros são expostos em diversas exposições nacionais e internacionais. No acervo do MNBA estão abrigadas 813 de suas obras.
Análise
Pintora importante do modernismo brasileiro. Na obra de Djanira coexistem a religiosidade e a diversidade de cenas e paisagens brasileiras. Sua trajetória permite compreender a condensação de elementos apresentada em seus desenhos, pinturas e gravuras.
A infância e a adolescência da artista se caracterizam pela vida simples e pelo trabalho no campo. Avaré, cidade no interior de São Paulo onde nasce, e Porto União, cidade de Santa Catarina onde cresce e trabalha na lavoura. Esses temas reaparecem em sua pintura, ofício que começa a exercer nos anos 1940. É o caso do quadro Cafezal (1952). A artista retrata aquilo que habita sua memória e o que a rodeia no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro: o cotidiano de trabalhadores, as festas de rua, as paisagens, os amigos e parentes. A expressão deste mundo insere-se no contexto artes do Brasil dos anos 1940. O início da carreira artística de Djanira coincide com a convivência com pintores modernos como Milton Dacosta (1915-1988) e Emeric Marcier (1916-1990), com quem tem aulas de pintura durante alguns meses, em 1940. Assim, sua obra possui temas caros à chamada arte primitiva ou ingênua, como as festas folclóricas, mas com elementos do modernismo: um exemplo são as padronagens, como a do quadro Costureira (1951), e as imagens sem perspectiva em que os corpos parecem colagens, como o cartaz para a peça Orfeu para Conceição (1956), que lembram os trabalhos do pintor francês Henri Matisse (1869-1954). O escritor Paulo Mendes Campos (1922-1991) nota essa ambivalência em seu trabalho e afirma que Djanira “nos comunica a ingenuidade brasileira” com “técnica muito disciplinada”.
Nos anos 1950, após temporada nos Estados Unidos, Djanira volta ao Brasil e decide viajar o país e retratar sua diversidade. Se antes as cenas representadas eram seu ambiente natural de vida e trabalho, agora a artista viaja em busca de material para sua produção. Em diversos estados brasileiros, realiza pinturas de colhedores de café, vaqueiros, mulheres no campo e na praia, índios, tecelões, oleiros e trabalhadores de usinas de cana-de-açúcar. As cenas não se restringem ao trabalho rural: há operários da indústria automobilística e mineiros, como mostram as pinturas dos anos 1960 e 1970. Seu interesse nas cenas únicas do cotidiano dos trabalhadores resulta numa pintura que transcende essa singularidade e busca o “aspecto permanente do assunto”, conforme afirma o crítico José Valladares (s/d). Um vendedor de gaiolas revela uma espécie de personalidade comum a todos os outros vendedores, como se Djanira buscasse, na multiplicidade da cultura brasileira, arquétipos que se repetem.
O aspecto religioso dos trabalhos de Djanira está presente desde seu primeiro desenho – um Cristo (1939) feito no sanatório de São José dos Campos. Para o crítico Clarival do Prado Valladares (1918-1983), também aparece nas obras em que não há a figura de santos e outros seres celestes. Os temas prosaicos ganham “transcendência plástica”, levando o objeto captado para outro plano. Valladares afirma, além disso, que a dualidade da obra de Djanira, composta pela fusão entre pintura mística e pintura terrena, tem “resultado” que “surpreende pela poesia e drama”.
Críticas
"(...) Essa artista vive em permanente estado de graça contemplativa. O povo está nos temas e nas cores. E ainda em grande parte na fatura plástica. São cores irremediavelmente quentes, às vezes sem nenhuma passagem fria para as equilibrar - ameaçam explodir. Uma fatura lisa de arte cem por cento decorativa, cartaz, tapete, painel ou ilustração de livro. Ela pertence à fase em que a arte se alimenta de sangue folclórico, fontes primitivas, arte rudemente lírica e popular. Sua pintura passou pelas neves de Nova York e voltou como era em espírito. Mesmo as cenas da Babilônia gelada assumem não sei que misteriosa atmosfera camponesa e plebéia. Brenghel visita o subúrbio. Arte decorativa, pedindo cafés e circos e barracas para ornamentar. Muros de diversões de jardins da infância. Pintura que não está muito à vontade no destino de uma arte de cavalete para salão de luxo. (...) Essa pintura tem a verve do que está próximo à tradição do folclore e à infância. (...) Mas há também, nessa arte, um certo lado individual meditativo e sonhador, e nesse terreno a viagem à América permitiu conferir os próprios sonhos com os de um mestre fraternal: Marc Chagall".
Rubem Navarra (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
"Djanira trabalha como respira. Horas e horas, com ou sem saúde, nesse fazer arte, em que muitas vezes se gasta a própria existência para semear com seu sopro mágico uma outra vida. A do criador e a da criação. E com isso a possibilidade de sentir-se realizada ao realizar a sua obra, ao tornar real a sua fantasia. (...). A força incontida de Djanira é vital e fecunda. É uma gênese, uma gestação, é o nascimento de um mundo, mundo brasileiro por excelência e na essência. Todos sabem que sempre que posso corro a ver pinturas de Djanira. A base de seu universo é também do mundo brasileiro: Rio Negro e o Maranhão, Belém do Pará e o São Francisco. O Beberibe de João Cabral e o extremo sul: São Paulo e os cafezais, Ouro Preto, o Rio Paraíba, a Bahia e Parati. Djanira penetrou profundamente nos ambientes rurais, em contato com os homens e as mulheres do povo, com sua gente que é o verdadeiro país. Ela os percebe e fixa com o dom do amor e a faculdade da criação artística que possui em tão alto grau. Diferentemente doutro poeta do mundo exterior - o russo israelita Marc Chagall -, não é sonhadora. É realista, efetivamente realista. Sua obra emana de uma visão aplicada às coisas, com lirismo".
Mário Barata (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
"(...) Moça do interior de São Paulo, que viveu a primeira fase de sua vida em contato com os animais, os trabalhadores do campo, a vida simples e dura, que foi também a sua, Djanira iria mais tarde dar forma de arte a essa experiência indelével. (...) Procuraria manter, ao longo da vida, o vínculo com esse passado: viveu cercada de pássaros, plantas e bichos, e, sempre que as condições de saúde permitiam, viajava pelo interior do país, como para renovar o contato com as fontes inspiradoras de sua arte e mesmo de sua vida. Nascida do povo, manteve-se uma mulher do povo, uma artista do povo identificada com ele em seus sofrimentos e em suas lutas. (...) Essa identificação com seu povo e sua terra, essa generosidade de sentimentos teriam, inevitavelmente, que se refletir na obra da pintora, onde a paisagem e os homens brasileiros ocupam o primeiro plano. Esses elementos - como outros também ligados a eles - constituem o seu universo, o mundo que ela necessitava organizar, transfigurar, salvar da morte. E o fez instilando neles a força do seu lirismo e a beleza que a sua sensibilidade apreendia e revelava nas coisas mais simples, nas cenas mais comuns do trabalho e da vida diária".
Ferreira Gullar (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
Exposições Individuais
1943 - Rio de Janeiro RJ - Primeira individual, na ABI
1945 - Boston (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da União Pan-Americana
1945 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da União Pan-Americana
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1945 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na New School for Social Research
1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MEC
1949 - Petrópolis RJ - Individual, no Museu Imperial de Petrópolis - primeira exposição de um artista neste museu
1958 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MAM/RJ
1958 - Munique (Alemanha) - Retrospectiva, no Haus der Kunst
1958 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Galeria de Arte da Folha
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual de inauguração da Galeria Bonino
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1976 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1978 - Viena (Áustria) - Individual - primeira exposição da artista na Europa
Exposições Coletivas
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no Mnba
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no Mnba - menção honrosa
1944 - Argentina - 20 Artistas Brasileiros
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Chile - 20 Artistas Brasileiros
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze
1944 - Uruguai - 20 Artistas Brasileiros
1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victiry Art Gallery
1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición
1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura
1949 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - medalha de prata
1950 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Municipal de Belas Artes
1950 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Distrito Federal - medalha de prata
1951 - Rio de Janeiro - Salão de Naturezas-Mortas - prêmio Ipase
1951 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna - pequena medalha de ouro
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1952 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1953 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Municipal de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze
1953 - São Paulo SP - Congresso Extraordinário da Associação Internacional de Críticos de Arte , no Masp
1953 - São Paulo SP -2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1954 - Hungria - Coletiva de Artistas Brasileiros
1954 - Polônia - Coletiva de Artistas Brasileiros
1954 - Tchecoslováquia - Coletiva de Artistas Brasileiros
1955 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Cristo Negro - primeiro prêmio de pintura
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição
1956 - Neuchâtel (Suíça) - Arts Primitifs Modernes Brésiliens, no Musée d´Ethnografie de Neuchâtel
1957 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio do Diário de Notícias
1958 - Nova York (Estados Unidos) - Guggenheim International Award - Prêmio Guggenheim
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Mar
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa (1959 : Viena, Áustria) - Local> informação não encontrada
1960 - Cidade do México (México) - 2ª Bienal Interamericana do México - artista convidada
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Arte Moderna Brasileira, no Museu de Arte Moderna
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - Rio de Janeiro RJ - 1º Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil - medalha de prata
1963 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem como Tema, Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1967 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva Mostra Atelier, no MAM/RJ
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
Exposições Póstumas
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1981 - Maceió AL - Artistas Brasileiros da Primeira Metade do Século XX, no Instituto Histórico e Geográfico
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, no MNBA
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Porto Alegre RS - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Margs
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - Brasília DF - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Teatro Nacional Cláudio Santoro
1986 - Rio de Janeiro RJ - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no MAM/RJ
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1986 - São Paulo SP - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Masp
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no The Bronx Museum of the Arts
1988 - Rio de Janeiro RJ - Djanira - de 1939 a 1977, na Galeria de Arte Ipanema
1989 - El Paso (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no El Paso Museum of Art
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - San Juan (Puerto Rico) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Instituto de Cultura Puertorriqueña
1989 - San Diego (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no San Diego Museum of Art
1990 - Miami (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Center for the Fine Arts Miami Art Museum of Date
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1992 - Rio de Janeiro RJ - Vivendo Djanira, na Oficina de Arte Maria Teresa Vieira
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Fundação Espaço Cultural da Paraíba
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, na Companhia do Metropolitano de São Paulo
1995 - Brasília DF - Coleções de Brasília, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - Niterói RJ - Mostra Rio Gravura. Acervo Banerj, no Museu do Ingá
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2000 - Rio de Janeiro RJ - Djanira, no Centro Cultural Light
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - O Feminino na Arte, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado
2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP
Fonte: DJANIRA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2028. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Nasceu em Avaré, filha de Oscar Paiva e Pia Job Paiva, foi registrada inicialmente como Dijanira e que mais tarde retificado pela artista em ação judicial. Seus familiares a tratavam como Dja. Na década de 1930 casou-se com Bartolomeu Gomes Pereira, um oficial da Marinha Mercante, que morre na Segunda Guerra Mundial, quando passou a se chamar Djanira Gomes Pereira.
Aos 23 anos, é internada com virus no Sanatório Dória, em São José dos Campos onde fez seu primeiro desenho: um Cristo no Gólgota. Com a melhora, continua o tratamento no Rio de Janeiro, e reside em Santa Teresa, por causa do seu ar puro. Em 1930, aluga uma pequena casa no bairro e instala uma pensão familiar.
Merio Marcier a incentivava e lhe dava aulas de pintura. Djanira também frequentava, à noite, o curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, Nesse período trava contato com o casal Árpád Szenes e Maria Helena Vieira da Silva, com Milton Dacosta, Carlos Scliar, e outros que vivem em Santa Teresa e frequentam o meio artístico.
No fim da década de 1930, na capital fluminense, tem suas primeiras instruções de arte em curso noturno de desenho no Liceu de Artes e Ofícios e com o pintor Emeric Marcier, hóspede da pensão que Djanira instala no bairro de Santa Teresa. Os contatos com os artistas Carlos Scliar, Milton Dacosta, Árpád Szenes, Maria Helena Vieira da Silva e Jean-Pierre Chabloz, frequentadores da pensão, proporcionam um ambiente estimulador que a leva a expor no 48º Salão Nacional de Belas Artes, em 1942. No ano seguinte, realiza sua primeira mostra individual, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Em 1945, viaja para Nova York, onde conhece a obra de Pieter Bruegel e entra em contato com Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. De volta ao Brasil, realiza o mural Candomblé para a residência do escritor Jorge Amado, em Salvador, e painel para o Liceu Municipal de Petrópolis. Entre 1953 e 1954, viaja a estudo para a União Soviética.
A sua pintura dos anos 40 é geralmente sombria, utiliza tons rebaixados, como cinza, marrom e negro, mas já apresenta o gosto pela disciplina geométrica das formas. Na década seguinte, sua palheta se diversifica, com uso de cores vibrantes, e em algumas obras trabalha com gradações tonais que vão do branco ao cinza claro. Apresenta em seus tipos humanos uma expressão de solene dignidade.
A artista sempre busca aproximar-se dos temas de suas obras: no fim da década de 1950, após convivência de seis meses, pinta os índios Canela, do Maranhão. Em 1950 em sua estada em Salvador ela conhece José Shaw da Motta e Silva, o Motinha, funcionário público, nascido em Salvador em 29 de janeiro de 1920 e com ele se casa no Rio de Janeiro em 15 de maio de 1952, e muda o nome para Djanira da Motta e Silva.
De volta ao Rio de Janeiro, torna-se uma das líderes do movimento pelo Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura. Realiza em 1963, o painel de azulejos Santa Bárbara, para a capela do túnel Santa Bárbara, Laranjeiras, Rio de Janeiro. No ano de 1966, a editora Cultrix publica um álbum com poemas e serigrafias de sua autoria. Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes, realiza uma grande retrospectiva de sua obra.
Na década de 1970, desce às minas de carvão de Santa Catarina para sentir de perto a vida dos mineiros e viaja para Itabira para conhecer o serviço de extração de ferro.
Djanira trabalha ainda com xilogravura, gravura em metal, e faz desenhos para tapeçaria e azulejaria. Em sua produção, destaca-se o painel monumental de azulejos para a capela do túnel Santa Bárbara (1958) no Rio de Janeiro. Inicialmente nomeada como “primitiva”, gradualmente sua obra alcança maior reconhecimento da crítica. Como aponta o crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981), Djanira é uma artista que não improvisa, não se deixa arrebatar, e, embora possuam uma aparência ingênua e instintiva, seus trabalhos são consequência de cuidadosa elaboração para chegar à solução final.
Luto em Avaré pela morte da artista
O prefeito Fernando Cruz Pimentel, decretou luto oficial por três dias em homenagem póstuma a Djanira da Motta e Silva, falecida em 31 de maio de 1979 (quinta-feira) às 11h25 min., no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte. Contava com 65 anos. Seu médico particular era Dr. Nataliel Rodrigues.
A pintora manifestou em vida o desejo de ser enterrada descalça e com o hábito de irmã da Ordem Terceira do Carmo, instituição religiosa a que estava ligada nos últimos anos. Ela se tornou freira da Ordem das Carmelitas em 1972.
Em sua memória, é criado em 31 de maio de 2000 o Centro Cultural Djanira da Motta, pelo prefeito em exercício Joselyr Benedito Silvestre, instalado em meio a um bosque na área urbana, onde funcionou no passado a estatal agrícola CAIC. O local recebeu o nome da pintora Djanira, significando o tributo do município de Avaré à “maior artista avareense de todos os tempos”, cujas telas ficaram mundialmente conhecidas por retratarem de forma genuína as cores do Brasil. O espaço abriga a Biblioteca Municipal “Prof. Francisco Rodrigues dos Santos”.
No mesmo local foi criado em 2 de abril de 2008 o Memorial Djanira da Motta e Silva mostra de objetos pessoais, obras e material de referência.
Obras mais conhecidas
Painel de Santa Bárbara, 1958 (acervo do Museu Nacional de Belas Artes MNBA – RJ)
Festa do Divino em Parati, 1962 (acervo do Palácio dos Bandeirantes)
O circo, 1944 (acervo da Funarte)
Senhora Sant'Ana de Pé (acervo do Museu de Arte Moderna do Vaticano)
Inconfidência, 1975 (acervo do Governo do Estado de Minas Gerais)
Serradores, 1959 (coleção Roberto Marinho)
Anjo com Acordeão, 1962 (Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu Arte Moderna RJ).
Pescadores, 1956 (Coleção Embaixador Taylor)
Obras da artista em Avaré
Embarque de Bananas, 1957 (óleo sobre tela)
Sem título, década de 40, (óleo sobre tela)
Viagem, 1967 (poema ilustrado)
Canção, 1967 (poema ilustrado)
Acalanto, 1967 (partitura musical para órgão)
O Corvo, 1967 (poema ilustrado)
Prelúdio para o Motta, 1967 (partitura musical para órgão)
Fabrico do açúcar, 1966 (serigrafia)
Citações
Djanira nas palavras do amigo e escritor Jorge Amado:
“Djanira traz o Brasil em suas mãos, sua ciência é a do povo, seu saber é esse do coração aberto à paisagem, à cor, ao perfume, P'as alegrias, dores e esperanças dos brasileiros.
Sendo um dos grandes pintores de nossa terra, ela é mais do que isso, é a própria terra, o chão onde crescem as plantações, o terreiro da macumba, as máquinas de fiação, o homem resistindo à miséria. Cada uma de sua telas é um pouco do Brasil.”
Djanira homenageada pelo poeta Paulo Mendes Campos:
"Cantiga para Djanira
O vento é o aprendiz das horas lentas,
Traz suas invisíveis ferramentas,
Suas lixas, seus pentes-finos,
Cinzela seus castelos pequeninos,
Onde não cabem gigantes contrafeitos,
E, sem emendar jamais os seus defeitos,
Já rosna descontente e guaia
De aflição e dispara à outra praia,
Onde talvez possa assentar
Seu monumento de areia – e descansar."
Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado pela última vez em 17 de abril de 2018.
Djanira da Motta e Silva (Avaré, SP, 20 de junho de 1914 — Rio de Janeiro, RJ, 31 de maio de 1979), conhecida entre os amigos e familiares como Dja, foi uma pintora, desenhista, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora brasileira.
Biografia Itaú Cultural
Cresce em Porto União, Santa Catarina. Muda-se para São Paulo em 1932. Em 1937, é internada com tuberculose em sanatório de São José dos Campos, no qual começa a desenhar. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1939 e abre uma pensão no bairro de Santa Teresa, onde convive com artistas modernos como Milton Dacosta (1915-1988), a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), o húngaro Arpad Szènes (1897-1985), o Carlos Scliar (1920-2001) e o romeno Emeric Marcier (1916-1990). Também em 1939 assiste a aulas de pintura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Em 1942, expõe pela primeira vez na Divisão Moderna do Salão de Belas Artes e no ano seguinte , faz sua primeira individual no edifício da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. Em 1943, participa da exposição Pintura Moderna Brasileira na Royal Academy of Arts, em Londres, Inglaterra. Nessa época, também expõe suas obras na Argentina, no Uruguai e no Chile. Entre 1944 e 1947, mora nos Estados Unidos.
Em 1946, realiza exposição individual na New School for Social Research, em Nova York, e expõe em Washington e Boston. Também participa da exposição de Arte Moderna no Musée National d'Art Moderne [Museu Nacional de Arte Moderna], em Paris. Após voltar ao Brasil conhece, em 1950, o poeta e historiador José Shaw da Motta e Silva (1920- s/d), com quem se casa. Nos anos 1950 e 1960, além de participar de diversas exposições, realiza projetos como: o mural Candomblé (1957), para a casa do escritor Jorge Amado (1912-2001); os azulejos da Capela de Santa Bárbara (1958), Rio de Janeiro; e as ilustrações do livro Campo Geral (1964), do escritor Guimarães Rosa (1908-1967). Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro, promove retrospectiva de sua trajetória. Após sua morte, seus quadros são expostos em diversas exposições nacionais e internacionais. No acervo do MNBA estão abrigadas 813 de suas obras.
Análise
Pintora importante do modernismo brasileiro. Na obra de Djanira coexistem a religiosidade e a diversidade de cenas e paisagens brasileiras. Sua trajetória permite compreender a condensação de elementos apresentada em seus desenhos, pinturas e gravuras.
A infância e a adolescência da artista se caracterizam pela vida simples e pelo trabalho no campo. Avaré, cidade no interior de São Paulo onde nasce, e Porto União, cidade de Santa Catarina onde cresce e trabalha na lavoura. Esses temas reaparecem em sua pintura, ofício que começa a exercer nos anos 1940. É o caso do quadro Cafezal (1952). A artista retrata aquilo que habita sua memória e o que a rodeia no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro: o cotidiano de trabalhadores, as festas de rua, as paisagens, os amigos e parentes. A expressão deste mundo insere-se no contexto artes do Brasil dos anos 1940. O início da carreira artística de Djanira coincide com a convivência com pintores modernos como Milton Dacosta (1915-1988) e Emeric Marcier (1916-1990), com quem tem aulas de pintura durante alguns meses, em 1940. Assim, sua obra possui temas caros à chamada arte primitiva ou ingênua, como as festas folclóricas, mas com elementos do modernismo: um exemplo são as padronagens, como a do quadro Costureira (1951), e as imagens sem perspectiva em que os corpos parecem colagens, como o cartaz para a peça Orfeu para Conceição (1956), que lembram os trabalhos do pintor francês Henri Matisse (1869-1954). O escritor Paulo Mendes Campos (1922-1991) nota essa ambivalência em seu trabalho e afirma que Djanira “nos comunica a ingenuidade brasileira” com “técnica muito disciplinada”.
Nos anos 1950, após temporada nos Estados Unidos, Djanira volta ao Brasil e decide viajar o país e retratar sua diversidade. Se antes as cenas representadas eram seu ambiente natural de vida e trabalho, agora a artista viaja em busca de material para sua produção. Em diversos estados brasileiros, realiza pinturas de colhedores de café, vaqueiros, mulheres no campo e na praia, índios, tecelões, oleiros e trabalhadores de usinas de cana-de-açúcar. As cenas não se restringem ao trabalho rural: há operários da indústria automobilística e mineiros, como mostram as pinturas dos anos 1960 e 1970. Seu interesse nas cenas únicas do cotidiano dos trabalhadores resulta numa pintura que transcende essa singularidade e busca o “aspecto permanente do assunto”, conforme afirma o crítico José Valladares (s/d). Um vendedor de gaiolas revela uma espécie de personalidade comum a todos os outros vendedores, como se Djanira buscasse, na multiplicidade da cultura brasileira, arquétipos que se repetem.
O aspecto religioso dos trabalhos de Djanira está presente desde seu primeiro desenho – um Cristo (1939) feito no sanatório de São José dos Campos. Para o crítico Clarival do Prado Valladares (1918-1983), também aparece nas obras em que não há a figura de santos e outros seres celestes. Os temas prosaicos ganham “transcendência plástica”, levando o objeto captado para outro plano. Valladares afirma, além disso, que a dualidade da obra de Djanira, composta pela fusão entre pintura mística e pintura terrena, tem “resultado” que “surpreende pela poesia e drama”.
Críticas
"(...) Essa artista vive em permanente estado de graça contemplativa. O povo está nos temas e nas cores. E ainda em grande parte na fatura plástica. São cores irremediavelmente quentes, às vezes sem nenhuma passagem fria para as equilibrar - ameaçam explodir. Uma fatura lisa de arte cem por cento decorativa, cartaz, tapete, painel ou ilustração de livro. Ela pertence à fase em que a arte se alimenta de sangue folclórico, fontes primitivas, arte rudemente lírica e popular. Sua pintura passou pelas neves de Nova York e voltou como era em espírito. Mesmo as cenas da Babilônia gelada assumem não sei que misteriosa atmosfera camponesa e plebéia. Brenghel visita o subúrbio. Arte decorativa, pedindo cafés e circos e barracas para ornamentar. Muros de diversões de jardins da infância. Pintura que não está muito à vontade no destino de uma arte de cavalete para salão de luxo. (...) Essa pintura tem a verve do que está próximo à tradição do folclore e à infância. (...) Mas há também, nessa arte, um certo lado individual meditativo e sonhador, e nesse terreno a viagem à América permitiu conferir os próprios sonhos com os de um mestre fraternal: Marc Chagall".
Rubem Navarra (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
"Djanira trabalha como respira. Horas e horas, com ou sem saúde, nesse fazer arte, em que muitas vezes se gasta a própria existência para semear com seu sopro mágico uma outra vida. A do criador e a da criação. E com isso a possibilidade de sentir-se realizada ao realizar a sua obra, ao tornar real a sua fantasia. (...). A força incontida de Djanira é vital e fecunda. É uma gênese, uma gestação, é o nascimento de um mundo, mundo brasileiro por excelência e na essência. Todos sabem que sempre que posso corro a ver pinturas de Djanira. A base de seu universo é também do mundo brasileiro: Rio Negro e o Maranhão, Belém do Pará e o São Francisco. O Beberibe de João Cabral e o extremo sul: São Paulo e os cafezais, Ouro Preto, o Rio Paraíba, a Bahia e Parati. Djanira penetrou profundamente nos ambientes rurais, em contato com os homens e as mulheres do povo, com sua gente que é o verdadeiro país. Ela os percebe e fixa com o dom do amor e a faculdade da criação artística que possui em tão alto grau. Diferentemente doutro poeta do mundo exterior - o russo israelita Marc Chagall -, não é sonhadora. É realista, efetivamente realista. Sua obra emana de uma visão aplicada às coisas, com lirismo".
Mário Barata (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
"(...) Moça do interior de São Paulo, que viveu a primeira fase de sua vida em contato com os animais, os trabalhadores do campo, a vida simples e dura, que foi também a sua, Djanira iria mais tarde dar forma de arte a essa experiência indelével. (...) Procuraria manter, ao longo da vida, o vínculo com esse passado: viveu cercada de pássaros, plantas e bichos, e, sempre que as condições de saúde permitiam, viajava pelo interior do país, como para renovar o contato com as fontes inspiradoras de sua arte e mesmo de sua vida. Nascida do povo, manteve-se uma mulher do povo, uma artista do povo identificada com ele em seus sofrimentos e em suas lutas. (...) Essa identificação com seu povo e sua terra, essa generosidade de sentimentos teriam, inevitavelmente, que se refletir na obra da pintora, onde a paisagem e os homens brasileiros ocupam o primeiro plano. Esses elementos - como outros também ligados a eles - constituem o seu universo, o mundo que ela necessitava organizar, transfigurar, salvar da morte. E o fez instilando neles a força do seu lirismo e a beleza que a sua sensibilidade apreendia e revelava nas coisas mais simples, nas cenas mais comuns do trabalho e da vida diária".
Ferreira Gullar (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
Exposições Individuais
1943 - Rio de Janeiro RJ - Primeira individual, na ABI
1945 - Boston (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da União Pan-Americana
1945 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da União Pan-Americana
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1945 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na New School for Social Research
1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MEC
1949 - Petrópolis RJ - Individual, no Museu Imperial de Petrópolis - primeira exposição de um artista neste museu
1958 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MAM/RJ
1958 - Munique (Alemanha) - Retrospectiva, no Haus der Kunst
1958 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Galeria de Arte da Folha
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual de inauguração da Galeria Bonino
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1976 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1978 - Viena (Áustria) - Individual - primeira exposição da artista na Europa
Exposições Coletivas
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no Mnba
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no Mnba - menção honrosa
1944 - Argentina - 20 Artistas Brasileiros
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Chile - 20 Artistas Brasileiros
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze
1944 - Uruguai - 20 Artistas Brasileiros
1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victiry Art Gallery
1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición
1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura
1949 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - medalha de prata
1950 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Municipal de Belas Artes
1950 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Distrito Federal - medalha de prata
1951 - Rio de Janeiro - Salão de Naturezas-Mortas - prêmio Ipase
1951 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna - pequena medalha de ouro
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1952 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1953 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Municipal de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze
1953 - São Paulo SP - Congresso Extraordinário da Associação Internacional de Críticos de Arte , no Masp
1953 - São Paulo SP -2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1954 - Hungria - Coletiva de Artistas Brasileiros
1954 - Polônia - Coletiva de Artistas Brasileiros
1954 - Tchecoslováquia - Coletiva de Artistas Brasileiros
1955 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Cristo Negro - primeiro prêmio de pintura
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição
1956 - Neuchâtel (Suíça) - Arts Primitifs Modernes Brésiliens, no Musée d´Ethnografie de Neuchâtel
1957 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio do Diário de Notícias
1958 - Nova York (Estados Unidos) - Guggenheim International Award - Prêmio Guggenheim
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Mar
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa (1959 : Viena, Áustria) - Local> informação não encontrada
1960 - Cidade do México (México) - 2ª Bienal Interamericana do México - artista convidada
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Arte Moderna Brasileira, no Museu de Arte Moderna
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - Rio de Janeiro RJ - 1º Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil - medalha de prata
1963 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem como Tema, Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1967 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva Mostra Atelier, no MAM/RJ
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
Exposições Póstumas
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1981 - Maceió AL - Artistas Brasileiros da Primeira Metade do Século XX, no Instituto Histórico e Geográfico
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, no MNBA
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Porto Alegre RS - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Margs
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - Brasília DF - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Teatro Nacional Cláudio Santoro
1986 - Rio de Janeiro RJ - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no MAM/RJ
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1986 - São Paulo SP - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Masp
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no The Bronx Museum of the Arts
1988 - Rio de Janeiro RJ - Djanira - de 1939 a 1977, na Galeria de Arte Ipanema
1989 - El Paso (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no El Paso Museum of Art
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - San Juan (Puerto Rico) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Instituto de Cultura Puertorriqueña
1989 - San Diego (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no San Diego Museum of Art
1990 - Miami (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Center for the Fine Arts Miami Art Museum of Date
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1992 - Rio de Janeiro RJ - Vivendo Djanira, na Oficina de Arte Maria Teresa Vieira
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Fundação Espaço Cultural da Paraíba
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, na Companhia do Metropolitano de São Paulo
1995 - Brasília DF - Coleções de Brasília, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - Niterói RJ - Mostra Rio Gravura. Acervo Banerj, no Museu do Ingá
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2000 - Rio de Janeiro RJ - Djanira, no Centro Cultural Light
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - O Feminino na Arte, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado
2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP
Fonte: DJANIRA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2028. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Nasceu em Avaré, filha de Oscar Paiva e Pia Job Paiva, foi registrada inicialmente como Dijanira e que mais tarde retificado pela artista em ação judicial. Seus familiares a tratavam como Dja. Na década de 1930 casou-se com Bartolomeu Gomes Pereira, um oficial da Marinha Mercante, que morre na Segunda Guerra Mundial, quando passou a se chamar Djanira Gomes Pereira.
Aos 23 anos, é internada com virus no Sanatório Dória, em São José dos Campos onde fez seu primeiro desenho: um Cristo no Gólgota. Com a melhora, continua o tratamento no Rio de Janeiro, e reside em Santa Teresa, por causa do seu ar puro. Em 1930, aluga uma pequena casa no bairro e instala uma pensão familiar.
Merio Marcier a incentivava e lhe dava aulas de pintura. Djanira também frequentava, à noite, o curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, Nesse período trava contato com o casal Árpád Szenes e Maria Helena Vieira da Silva, com Milton Dacosta, Carlos Scliar, e outros que vivem em Santa Teresa e frequentam o meio artístico.
No fim da década de 1930, na capital fluminense, tem suas primeiras instruções de arte em curso noturno de desenho no Liceu de Artes e Ofícios e com o pintor Emeric Marcier, hóspede da pensão que Djanira instala no bairro de Santa Teresa. Os contatos com os artistas Carlos Scliar, Milton Dacosta, Árpád Szenes, Maria Helena Vieira da Silva e Jean-Pierre Chabloz, frequentadores da pensão, proporcionam um ambiente estimulador que a leva a expor no 48º Salão Nacional de Belas Artes, em 1942. No ano seguinte, realiza sua primeira mostra individual, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Em 1945, viaja para Nova York, onde conhece a obra de Pieter Bruegel e entra em contato com Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. De volta ao Brasil, realiza o mural Candomblé para a residência do escritor Jorge Amado, em Salvador, e painel para o Liceu Municipal de Petrópolis. Entre 1953 e 1954, viaja a estudo para a União Soviética.
A sua pintura dos anos 40 é geralmente sombria, utiliza tons rebaixados, como cinza, marrom e negro, mas já apresenta o gosto pela disciplina geométrica das formas. Na década seguinte, sua palheta se diversifica, com uso de cores vibrantes, e em algumas obras trabalha com gradações tonais que vão do branco ao cinza claro. Apresenta em seus tipos humanos uma expressão de solene dignidade.
A artista sempre busca aproximar-se dos temas de suas obras: no fim da década de 1950, após convivência de seis meses, pinta os índios Canela, do Maranhão. Em 1950 em sua estada em Salvador ela conhece José Shaw da Motta e Silva, o Motinha, funcionário público, nascido em Salvador em 29 de janeiro de 1920 e com ele se casa no Rio de Janeiro em 15 de maio de 1952, e muda o nome para Djanira da Motta e Silva.
De volta ao Rio de Janeiro, torna-se uma das líderes do movimento pelo Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura. Realiza em 1963, o painel de azulejos Santa Bárbara, para a capela do túnel Santa Bárbara, Laranjeiras, Rio de Janeiro. No ano de 1966, a editora Cultrix publica um álbum com poemas e serigrafias de sua autoria. Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes, realiza uma grande retrospectiva de sua obra.
Na década de 1970, desce às minas de carvão de Santa Catarina para sentir de perto a vida dos mineiros e viaja para Itabira para conhecer o serviço de extração de ferro.
Djanira trabalha ainda com xilogravura, gravura em metal, e faz desenhos para tapeçaria e azulejaria. Em sua produção, destaca-se o painel monumental de azulejos para a capela do túnel Santa Bárbara (1958) no Rio de Janeiro. Inicialmente nomeada como “primitiva”, gradualmente sua obra alcança maior reconhecimento da crítica. Como aponta o crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981), Djanira é uma artista que não improvisa, não se deixa arrebatar, e, embora possuam uma aparência ingênua e instintiva, seus trabalhos são consequência de cuidadosa elaboração para chegar à solução final.
Luto em Avaré pela morte da artista
O prefeito Fernando Cruz Pimentel, decretou luto oficial por três dias em homenagem póstuma a Djanira da Motta e Silva, falecida em 31 de maio de 1979 (quinta-feira) às 11h25 min., no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte. Contava com 65 anos. Seu médico particular era Dr. Nataliel Rodrigues.
A pintora manifestou em vida o desejo de ser enterrada descalça e com o hábito de irmã da Ordem Terceira do Carmo, instituição religiosa a que estava ligada nos últimos anos. Ela se tornou freira da Ordem das Carmelitas em 1972.
Em sua memória, é criado em 31 de maio de 2000 o Centro Cultural Djanira da Motta, pelo prefeito em exercício Joselyr Benedito Silvestre, instalado em meio a um bosque na área urbana, onde funcionou no passado a estatal agrícola CAIC. O local recebeu o nome da pintora Djanira, significando o tributo do município de Avaré à “maior artista avareense de todos os tempos”, cujas telas ficaram mundialmente conhecidas por retratarem de forma genuína as cores do Brasil. O espaço abriga a Biblioteca Municipal “Prof. Francisco Rodrigues dos Santos”.
No mesmo local foi criado em 2 de abril de 2008 o Memorial Djanira da Motta e Silva mostra de objetos pessoais, obras e material de referência.
Obras mais conhecidas
Painel de Santa Bárbara, 1958 (acervo do Museu Nacional de Belas Artes MNBA – RJ)
Festa do Divino em Parati, 1962 (acervo do Palácio dos Bandeirantes)
O circo, 1944 (acervo da Funarte)
Senhora Sant'Ana de Pé (acervo do Museu de Arte Moderna do Vaticano)
Inconfidência, 1975 (acervo do Governo do Estado de Minas Gerais)
Serradores, 1959 (coleção Roberto Marinho)
Anjo com Acordeão, 1962 (Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu Arte Moderna RJ).
Pescadores, 1956 (Coleção Embaixador Taylor)
Obras da artista em Avaré
Embarque de Bananas, 1957 (óleo sobre tela)
Sem título, década de 40, (óleo sobre tela)
Viagem, 1967 (poema ilustrado)
Canção, 1967 (poema ilustrado)
Acalanto, 1967 (partitura musical para órgão)
O Corvo, 1967 (poema ilustrado)
Prelúdio para o Motta, 1967 (partitura musical para órgão)
Fabrico do açúcar, 1966 (serigrafia)
Citações
Djanira nas palavras do amigo e escritor Jorge Amado:
“Djanira traz o Brasil em suas mãos, sua ciência é a do povo, seu saber é esse do coração aberto à paisagem, à cor, ao perfume, P'as alegrias, dores e esperanças dos brasileiros.
Sendo um dos grandes pintores de nossa terra, ela é mais do que isso, é a própria terra, o chão onde crescem as plantações, o terreiro da macumba, as máquinas de fiação, o homem resistindo à miséria. Cada uma de sua telas é um pouco do Brasil.”
Djanira homenageada pelo poeta Paulo Mendes Campos:
"Cantiga para Djanira
O vento é o aprendiz das horas lentas,
Traz suas invisíveis ferramentas,
Suas lixas, seus pentes-finos,
Cinzela seus castelos pequeninos,
Onde não cabem gigantes contrafeitos,
E, sem emendar jamais os seus defeitos,
Já rosna descontente e guaia
De aflição e dispara à outra praia,
Onde talvez possa assentar
Seu monumento de areia – e descansar."
Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado pela última vez em 17 de abril de 2018.
Djanira da Motta e Silva (Avaré, SP, 20 de junho de 1914 — Rio de Janeiro, RJ, 31 de maio de 1979), conhecida entre os amigos e familiares como Dja, foi uma pintora, desenhista, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora brasileira.
Biografia Itaú Cultural
Cresce em Porto União, Santa Catarina. Muda-se para São Paulo em 1932. Em 1937, é internada com tuberculose em sanatório de São José dos Campos, no qual começa a desenhar. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1939 e abre uma pensão no bairro de Santa Teresa, onde convive com artistas modernos como Milton Dacosta (1915-1988), a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), o húngaro Arpad Szènes (1897-1985), o Carlos Scliar (1920-2001) e o romeno Emeric Marcier (1916-1990). Também em 1939 assiste a aulas de pintura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Em 1942, expõe pela primeira vez na Divisão Moderna do Salão de Belas Artes e no ano seguinte , faz sua primeira individual no edifício da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. Em 1943, participa da exposição Pintura Moderna Brasileira na Royal Academy of Arts, em Londres, Inglaterra. Nessa época, também expõe suas obras na Argentina, no Uruguai e no Chile. Entre 1944 e 1947, mora nos Estados Unidos.
Em 1946, realiza exposição individual na New School for Social Research, em Nova York, e expõe em Washington e Boston. Também participa da exposição de Arte Moderna no Musée National d'Art Moderne [Museu Nacional de Arte Moderna], em Paris. Após voltar ao Brasil conhece, em 1950, o poeta e historiador José Shaw da Motta e Silva (1920- s/d), com quem se casa. Nos anos 1950 e 1960, além de participar de diversas exposições, realiza projetos como: o mural Candomblé (1957), para a casa do escritor Jorge Amado (1912-2001); os azulejos da Capela de Santa Bárbara (1958), Rio de Janeiro; e as ilustrações do livro Campo Geral (1964), do escritor Guimarães Rosa (1908-1967). Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro, promove retrospectiva de sua trajetória. Após sua morte, seus quadros são expostos em diversas exposições nacionais e internacionais. No acervo do MNBA estão abrigadas 813 de suas obras.
Análise
Pintora importante do modernismo brasileiro. Na obra de Djanira coexistem a religiosidade e a diversidade de cenas e paisagens brasileiras. Sua trajetória permite compreender a condensação de elementos apresentada em seus desenhos, pinturas e gravuras.
A infância e a adolescência da artista se caracterizam pela vida simples e pelo trabalho no campo. Avaré, cidade no interior de São Paulo onde nasce, e Porto União, cidade de Santa Catarina onde cresce e trabalha na lavoura. Esses temas reaparecem em sua pintura, ofício que começa a exercer nos anos 1940. É o caso do quadro Cafezal (1952). A artista retrata aquilo que habita sua memória e o que a rodeia no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro: o cotidiano de trabalhadores, as festas de rua, as paisagens, os amigos e parentes. A expressão deste mundo insere-se no contexto artes do Brasil dos anos 1940. O início da carreira artística de Djanira coincide com a convivência com pintores modernos como Milton Dacosta (1915-1988) e Emeric Marcier (1916-1990), com quem tem aulas de pintura durante alguns meses, em 1940. Assim, sua obra possui temas caros à chamada arte primitiva ou ingênua, como as festas folclóricas, mas com elementos do modernismo: um exemplo são as padronagens, como a do quadro Costureira (1951), e as imagens sem perspectiva em que os corpos parecem colagens, como o cartaz para a peça Orfeu para Conceição (1956), que lembram os trabalhos do pintor francês Henri Matisse (1869-1954). O escritor Paulo Mendes Campos (1922-1991) nota essa ambivalência em seu trabalho e afirma que Djanira “nos comunica a ingenuidade brasileira” com “técnica muito disciplinada”.
Nos anos 1950, após temporada nos Estados Unidos, Djanira volta ao Brasil e decide viajar o país e retratar sua diversidade. Se antes as cenas representadas eram seu ambiente natural de vida e trabalho, agora a artista viaja em busca de material para sua produção. Em diversos estados brasileiros, realiza pinturas de colhedores de café, vaqueiros, mulheres no campo e na praia, índios, tecelões, oleiros e trabalhadores de usinas de cana-de-açúcar. As cenas não se restringem ao trabalho rural: há operários da indústria automobilística e mineiros, como mostram as pinturas dos anos 1960 e 1970. Seu interesse nas cenas únicas do cotidiano dos trabalhadores resulta numa pintura que transcende essa singularidade e busca o “aspecto permanente do assunto”, conforme afirma o crítico José Valladares (s/d). Um vendedor de gaiolas revela uma espécie de personalidade comum a todos os outros vendedores, como se Djanira buscasse, na multiplicidade da cultura brasileira, arquétipos que se repetem.
O aspecto religioso dos trabalhos de Djanira está presente desde seu primeiro desenho – um Cristo (1939) feito no sanatório de São José dos Campos. Para o crítico Clarival do Prado Valladares (1918-1983), também aparece nas obras em que não há a figura de santos e outros seres celestes. Os temas prosaicos ganham “transcendência plástica”, levando o objeto captado para outro plano. Valladares afirma, além disso, que a dualidade da obra de Djanira, composta pela fusão entre pintura mística e pintura terrena, tem “resultado” que “surpreende pela poesia e drama”.
Críticas
"(...) Essa artista vive em permanente estado de graça contemplativa. O povo está nos temas e nas cores. E ainda em grande parte na fatura plástica. São cores irremediavelmente quentes, às vezes sem nenhuma passagem fria para as equilibrar - ameaçam explodir. Uma fatura lisa de arte cem por cento decorativa, cartaz, tapete, painel ou ilustração de livro. Ela pertence à fase em que a arte se alimenta de sangue folclórico, fontes primitivas, arte rudemente lírica e popular. Sua pintura passou pelas neves de Nova York e voltou como era em espírito. Mesmo as cenas da Babilônia gelada assumem não sei que misteriosa atmosfera camponesa e plebéia. Brenghel visita o subúrbio. Arte decorativa, pedindo cafés e circos e barracas para ornamentar. Muros de diversões de jardins da infância. Pintura que não está muito à vontade no destino de uma arte de cavalete para salão de luxo. (...) Essa pintura tem a verve do que está próximo à tradição do folclore e à infância. (...) Mas há também, nessa arte, um certo lado individual meditativo e sonhador, e nesse terreno a viagem à América permitiu conferir os próprios sonhos com os de um mestre fraternal: Marc Chagall".
Rubem Navarra (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
"Djanira trabalha como respira. Horas e horas, com ou sem saúde, nesse fazer arte, em que muitas vezes se gasta a própria existência para semear com seu sopro mágico uma outra vida. A do criador e a da criação. E com isso a possibilidade de sentir-se realizada ao realizar a sua obra, ao tornar real a sua fantasia. (...). A força incontida de Djanira é vital e fecunda. É uma gênese, uma gestação, é o nascimento de um mundo, mundo brasileiro por excelência e na essência. Todos sabem que sempre que posso corro a ver pinturas de Djanira. A base de seu universo é também do mundo brasileiro: Rio Negro e o Maranhão, Belém do Pará e o São Francisco. O Beberibe de João Cabral e o extremo sul: São Paulo e os cafezais, Ouro Preto, o Rio Paraíba, a Bahia e Parati. Djanira penetrou profundamente nos ambientes rurais, em contato com os homens e as mulheres do povo, com sua gente que é o verdadeiro país. Ela os percebe e fixa com o dom do amor e a faculdade da criação artística que possui em tão alto grau. Diferentemente doutro poeta do mundo exterior - o russo israelita Marc Chagall -, não é sonhadora. É realista, efetivamente realista. Sua obra emana de uma visão aplicada às coisas, com lirismo".
Mário Barata (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
"(...) Moça do interior de São Paulo, que viveu a primeira fase de sua vida em contato com os animais, os trabalhadores do campo, a vida simples e dura, que foi também a sua, Djanira iria mais tarde dar forma de arte a essa experiência indelével. (...) Procuraria manter, ao longo da vida, o vínculo com esse passado: viveu cercada de pássaros, plantas e bichos, e, sempre que as condições de saúde permitiam, viajava pelo interior do país, como para renovar o contato com as fontes inspiradoras de sua arte e mesmo de sua vida. Nascida do povo, manteve-se uma mulher do povo, uma artista do povo identificada com ele em seus sofrimentos e em suas lutas. (...) Essa identificação com seu povo e sua terra, essa generosidade de sentimentos teriam, inevitavelmente, que se refletir na obra da pintora, onde a paisagem e os homens brasileiros ocupam o primeiro plano. Esses elementos - como outros também ligados a eles - constituem o seu universo, o mundo que ela necessitava organizar, transfigurar, salvar da morte. E o fez instilando neles a força do seu lirismo e a beleza que a sua sensibilidade apreendia e revelava nas coisas mais simples, nas cenas mais comuns do trabalho e da vida diária".
Ferreira Gullar (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
Exposições Individuais
1943 - Rio de Janeiro RJ - Primeira individual, na ABI
1945 - Boston (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da União Pan-Americana
1945 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da União Pan-Americana
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1945 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na New School for Social Research
1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MEC
1949 - Petrópolis RJ - Individual, no Museu Imperial de Petrópolis - primeira exposição de um artista neste museu
1958 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MAM/RJ
1958 - Munique (Alemanha) - Retrospectiva, no Haus der Kunst
1958 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Galeria de Arte da Folha
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual de inauguração da Galeria Bonino
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1976 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1978 - Viena (Áustria) - Individual - primeira exposição da artista na Europa
Exposições Coletivas
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no Mnba
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no Mnba - menção honrosa
1944 - Argentina - 20 Artistas Brasileiros
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Chile - 20 Artistas Brasileiros
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze
1944 - Uruguai - 20 Artistas Brasileiros
1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victiry Art Gallery
1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición
1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura
1949 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - medalha de prata
1950 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Municipal de Belas Artes
1950 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Distrito Federal - medalha de prata
1951 - Rio de Janeiro - Salão de Naturezas-Mortas - prêmio Ipase
1951 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna - pequena medalha de ouro
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1952 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1953 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Municipal de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze
1953 - São Paulo SP - Congresso Extraordinário da Associação Internacional de Críticos de Arte , no Masp
1953 - São Paulo SP -2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1954 - Hungria - Coletiva de Artistas Brasileiros
1954 - Polônia - Coletiva de Artistas Brasileiros
1954 - Tchecoslováquia - Coletiva de Artistas Brasileiros
1955 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Cristo Negro - primeiro prêmio de pintura
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição
1956 - Neuchâtel (Suíça) - Arts Primitifs Modernes Brésiliens, no Musée d´Ethnografie de Neuchâtel
1957 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio do Diário de Notícias
1958 - Nova York (Estados Unidos) - Guggenheim International Award - Prêmio Guggenheim
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Mar
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa (1959 : Viena, Áustria) - Local> informação não encontrada
1960 - Cidade do México (México) - 2ª Bienal Interamericana do México - artista convidada
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Arte Moderna Brasileira, no Museu de Arte Moderna
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - Rio de Janeiro RJ - 1º Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil - medalha de prata
1963 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem como Tema, Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1967 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva Mostra Atelier, no MAM/RJ
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
Exposições Póstumas
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1981 - Maceió AL - Artistas Brasileiros da Primeira Metade do Século XX, no Instituto Histórico e Geográfico
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, no MNBA
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Porto Alegre RS - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Margs
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - Brasília DF - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Teatro Nacional Cláudio Santoro
1986 - Rio de Janeiro RJ - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no MAM/RJ
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1986 - São Paulo SP - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Masp
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no The Bronx Museum of the Arts
1988 - Rio de Janeiro RJ - Djanira - de 1939 a 1977, na Galeria de Arte Ipanema
1989 - El Paso (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no El Paso Museum of Art
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - San Juan (Puerto Rico) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Instituto de Cultura Puertorriqueña
1989 - San Diego (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no San Diego Museum of Art
1990 - Miami (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Center for the Fine Arts Miami Art Museum of Date
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1992 - Rio de Janeiro RJ - Vivendo Djanira, na Oficina de Arte Maria Teresa Vieira
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Fundação Espaço Cultural da Paraíba
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, na Companhia do Metropolitano de São Paulo
1995 - Brasília DF - Coleções de Brasília, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - Niterói RJ - Mostra Rio Gravura. Acervo Banerj, no Museu do Ingá
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2000 - Rio de Janeiro RJ - Djanira, no Centro Cultural Light
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - O Feminino na Arte, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado
2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP
Fonte: DJANIRA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2028. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Nasceu em Avaré, filha de Oscar Paiva e Pia Job Paiva, foi registrada inicialmente como Dijanira e que mais tarde retificado pela artista em ação judicial. Seus familiares a tratavam como Dja. Na década de 1930 casou-se com Bartolomeu Gomes Pereira, um oficial da Marinha Mercante, que morre na Segunda Guerra Mundial, quando passou a se chamar Djanira Gomes Pereira.
Aos 23 anos, é internada com virus no Sanatório Dória, em São José dos Campos onde fez seu primeiro desenho: um Cristo no Gólgota. Com a melhora, continua o tratamento no Rio de Janeiro, e reside em Santa Teresa, por causa do seu ar puro. Em 1930, aluga uma pequena casa no bairro e instala uma pensão familiar.
Merio Marcier a incentivava e lhe dava aulas de pintura. Djanira também frequentava, à noite, o curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, Nesse período trava contato com o casal Árpád Szenes e Maria Helena Vieira da Silva, com Milton Dacosta, Carlos Scliar, e outros que vivem em Santa Teresa e frequentam o meio artístico.
No fim da década de 1930, na capital fluminense, tem suas primeiras instruções de arte em curso noturno de desenho no Liceu de Artes e Ofícios e com o pintor Emeric Marcier, hóspede da pensão que Djanira instala no bairro de Santa Teresa. Os contatos com os artistas Carlos Scliar, Milton Dacosta, Árpád Szenes, Maria Helena Vieira da Silva e Jean-Pierre Chabloz, frequentadores da pensão, proporcionam um ambiente estimulador que a leva a expor no 48º Salão Nacional de Belas Artes, em 1942. No ano seguinte, realiza sua primeira mostra individual, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Em 1945, viaja para Nova York, onde conhece a obra de Pieter Bruegel e entra em contato com Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. De volta ao Brasil, realiza o mural Candomblé para a residência do escritor Jorge Amado, em Salvador, e painel para o Liceu Municipal de Petrópolis. Entre 1953 e 1954, viaja a estudo para a União Soviética.
A sua pintura dos anos 40 é geralmente sombria, utiliza tons rebaixados, como cinza, marrom e negro, mas já apresenta o gosto pela disciplina geométrica das formas. Na década seguinte, sua palheta se diversifica, com uso de cores vibrantes, e em algumas obras trabalha com gradações tonais que vão do branco ao cinza claro. Apresenta em seus tipos humanos uma expressão de solene dignidade.
A artista sempre busca aproximar-se dos temas de suas obras: no fim da década de 1950, após convivência de seis meses, pinta os índios Canela, do Maranhão. Em 1950 em sua estada em Salvador ela conhece José Shaw da Motta e Silva, o Motinha, funcionário público, nascido em Salvador em 29 de janeiro de 1920 e com ele se casa no Rio de Janeiro em 15 de maio de 1952, e muda o nome para Djanira da Motta e Silva.
De volta ao Rio de Janeiro, torna-se uma das líderes do movimento pelo Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura. Realiza em 1963, o painel de azulejos Santa Bárbara, para a capela do túnel Santa Bárbara, Laranjeiras, Rio de Janeiro. No ano de 1966, a editora Cultrix publica um álbum com poemas e serigrafias de sua autoria. Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes, realiza uma grande retrospectiva de sua obra.
Na década de 1970, desce às minas de carvão de Santa Catarina para sentir de perto a vida dos mineiros e viaja para Itabira para conhecer o serviço de extração de ferro.
Djanira trabalha ainda com xilogravura, gravura em metal, e faz desenhos para tapeçaria e azulejaria. Em sua produção, destaca-se o painel monumental de azulejos para a capela do túnel Santa Bárbara (1958) no Rio de Janeiro. Inicialmente nomeada como “primitiva”, gradualmente sua obra alcança maior reconhecimento da crítica. Como aponta o crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981), Djanira é uma artista que não improvisa, não se deixa arrebatar, e, embora possuam uma aparência ingênua e instintiva, seus trabalhos são consequência de cuidadosa elaboração para chegar à solução final.
Luto em Avaré pela morte da artista
O prefeito Fernando Cruz Pimentel, decretou luto oficial por três dias em homenagem póstuma a Djanira da Motta e Silva, falecida em 31 de maio de 1979 (quinta-feira) às 11h25 min., no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte. Contava com 65 anos. Seu médico particular era Dr. Nataliel Rodrigues.
A pintora manifestou em vida o desejo de ser enterrada descalça e com o hábito de irmã da Ordem Terceira do Carmo, instituição religiosa a que estava ligada nos últimos anos. Ela se tornou freira da Ordem das Carmelitas em 1972.
Em sua memória, é criado em 31 de maio de 2000 o Centro Cultural Djanira da Motta, pelo prefeito em exercício Joselyr Benedito Silvestre, instalado em meio a um bosque na área urbana, onde funcionou no passado a estatal agrícola CAIC. O local recebeu o nome da pintora Djanira, significando o tributo do município de Avaré à “maior artista avareense de todos os tempos”, cujas telas ficaram mundialmente conhecidas por retratarem de forma genuína as cores do Brasil. O espaço abriga a Biblioteca Municipal “Prof. Francisco Rodrigues dos Santos”.
No mesmo local foi criado em 2 de abril de 2008 o Memorial Djanira da Motta e Silva mostra de objetos pessoais, obras e material de referência.
Obras mais conhecidas
Painel de Santa Bárbara, 1958 (acervo do Museu Nacional de Belas Artes MNBA – RJ)
Festa do Divino em Parati, 1962 (acervo do Palácio dos Bandeirantes)
O circo, 1944 (acervo da Funarte)
Senhora Sant'Ana de Pé (acervo do Museu de Arte Moderna do Vaticano)
Inconfidência, 1975 (acervo do Governo do Estado de Minas Gerais)
Serradores, 1959 (coleção Roberto Marinho)
Anjo com Acordeão, 1962 (Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu Arte Moderna RJ).
Pescadores, 1956 (Coleção Embaixador Taylor)
Obras da artista em Avaré
Embarque de Bananas, 1957 (óleo sobre tela)
Sem título, década de 40, (óleo sobre tela)
Viagem, 1967 (poema ilustrado)
Canção, 1967 (poema ilustrado)
Acalanto, 1967 (partitura musical para órgão)
O Corvo, 1967 (poema ilustrado)
Prelúdio para o Motta, 1967 (partitura musical para órgão)
Fabrico do açúcar, 1966 (serigrafia)
Citações
Djanira nas palavras do amigo e escritor Jorge Amado:
“Djanira traz o Brasil em suas mãos, sua ciência é a do povo, seu saber é esse do coração aberto à paisagem, à cor, ao perfume, P'as alegrias, dores e esperanças dos brasileiros.
Sendo um dos grandes pintores de nossa terra, ela é mais do que isso, é a própria terra, o chão onde crescem as plantações, o terreiro da macumba, as máquinas de fiação, o homem resistindo à miséria. Cada uma de sua telas é um pouco do Brasil.”
Djanira homenageada pelo poeta Paulo Mendes Campos:
"Cantiga para Djanira
O vento é o aprendiz das horas lentas,
Traz suas invisíveis ferramentas,
Suas lixas, seus pentes-finos,
Cinzela seus castelos pequeninos,
Onde não cabem gigantes contrafeitos,
E, sem emendar jamais os seus defeitos,
Já rosna descontente e guaia
De aflição e dispara à outra praia,
Onde talvez possa assentar
Seu monumento de areia – e descansar."
Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado pela última vez em 17 de abril de 2018.
Djanira da Motta e Silva (Avaré, SP, 20 de junho de 1914 — Rio de Janeiro, RJ, 31 de maio de 1979), conhecida entre os amigos e familiares como Dja, foi uma pintora, desenhista, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora brasileira.
Biografia Itaú Cultural
Cresce em Porto União, Santa Catarina. Muda-se para São Paulo em 1932. Em 1937, é internada com tuberculose em sanatório de São José dos Campos, no qual começa a desenhar. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1939 e abre uma pensão no bairro de Santa Teresa, onde convive com artistas modernos como Milton Dacosta (1915-1988), a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), o húngaro Arpad Szènes (1897-1985), o Carlos Scliar (1920-2001) e o romeno Emeric Marcier (1916-1990). Também em 1939 assiste a aulas de pintura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Em 1942, expõe pela primeira vez na Divisão Moderna do Salão de Belas Artes e no ano seguinte , faz sua primeira individual no edifício da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. Em 1943, participa da exposição Pintura Moderna Brasileira na Royal Academy of Arts, em Londres, Inglaterra. Nessa época, também expõe suas obras na Argentina, no Uruguai e no Chile. Entre 1944 e 1947, mora nos Estados Unidos.
Em 1946, realiza exposição individual na New School for Social Research, em Nova York, e expõe em Washington e Boston. Também participa da exposição de Arte Moderna no Musée National d'Art Moderne [Museu Nacional de Arte Moderna], em Paris. Após voltar ao Brasil conhece, em 1950, o poeta e historiador José Shaw da Motta e Silva (1920- s/d), com quem se casa. Nos anos 1950 e 1960, além de participar de diversas exposições, realiza projetos como: o mural Candomblé (1957), para a casa do escritor Jorge Amado (1912-2001); os azulejos da Capela de Santa Bárbara (1958), Rio de Janeiro; e as ilustrações do livro Campo Geral (1964), do escritor Guimarães Rosa (1908-1967). Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro, promove retrospectiva de sua trajetória. Após sua morte, seus quadros são expostos em diversas exposições nacionais e internacionais. No acervo do MNBA estão abrigadas 813 de suas obras.
Análise
Pintora importante do modernismo brasileiro. Na obra de Djanira coexistem a religiosidade e a diversidade de cenas e paisagens brasileiras. Sua trajetória permite compreender a condensação de elementos apresentada em seus desenhos, pinturas e gravuras.
A infância e a adolescência da artista se caracterizam pela vida simples e pelo trabalho no campo. Avaré, cidade no interior de São Paulo onde nasce, e Porto União, cidade de Santa Catarina onde cresce e trabalha na lavoura. Esses temas reaparecem em sua pintura, ofício que começa a exercer nos anos 1940. É o caso do quadro Cafezal (1952). A artista retrata aquilo que habita sua memória e o que a rodeia no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro: o cotidiano de trabalhadores, as festas de rua, as paisagens, os amigos e parentes. A expressão deste mundo insere-se no contexto artes do Brasil dos anos 1940. O início da carreira artística de Djanira coincide com a convivência com pintores modernos como Milton Dacosta (1915-1988) e Emeric Marcier (1916-1990), com quem tem aulas de pintura durante alguns meses, em 1940. Assim, sua obra possui temas caros à chamada arte primitiva ou ingênua, como as festas folclóricas, mas com elementos do modernismo: um exemplo são as padronagens, como a do quadro Costureira (1951), e as imagens sem perspectiva em que os corpos parecem colagens, como o cartaz para a peça Orfeu para Conceição (1956), que lembram os trabalhos do pintor francês Henri Matisse (1869-1954). O escritor Paulo Mendes Campos (1922-1991) nota essa ambivalência em seu trabalho e afirma que Djanira “nos comunica a ingenuidade brasileira” com “técnica muito disciplinada”.
Nos anos 1950, após temporada nos Estados Unidos, Djanira volta ao Brasil e decide viajar o país e retratar sua diversidade. Se antes as cenas representadas eram seu ambiente natural de vida e trabalho, agora a artista viaja em busca de material para sua produção. Em diversos estados brasileiros, realiza pinturas de colhedores de café, vaqueiros, mulheres no campo e na praia, índios, tecelões, oleiros e trabalhadores de usinas de cana-de-açúcar. As cenas não se restringem ao trabalho rural: há operários da indústria automobilística e mineiros, como mostram as pinturas dos anos 1960 e 1970. Seu interesse nas cenas únicas do cotidiano dos trabalhadores resulta numa pintura que transcende essa singularidade e busca o “aspecto permanente do assunto”, conforme afirma o crítico José Valladares (s/d). Um vendedor de gaiolas revela uma espécie de personalidade comum a todos os outros vendedores, como se Djanira buscasse, na multiplicidade da cultura brasileira, arquétipos que se repetem.
O aspecto religioso dos trabalhos de Djanira está presente desde seu primeiro desenho – um Cristo (1939) feito no sanatório de São José dos Campos. Para o crítico Clarival do Prado Valladares (1918-1983), também aparece nas obras em que não há a figura de santos e outros seres celestes. Os temas prosaicos ganham “transcendência plástica”, levando o objeto captado para outro plano. Valladares afirma, além disso, que a dualidade da obra de Djanira, composta pela fusão entre pintura mística e pintura terrena, tem “resultado” que “surpreende pela poesia e drama”.
Críticas
"(...) Essa artista vive em permanente estado de graça contemplativa. O povo está nos temas e nas cores. E ainda em grande parte na fatura plástica. São cores irremediavelmente quentes, às vezes sem nenhuma passagem fria para as equilibrar - ameaçam explodir. Uma fatura lisa de arte cem por cento decorativa, cartaz, tapete, painel ou ilustração de livro. Ela pertence à fase em que a arte se alimenta de sangue folclórico, fontes primitivas, arte rudemente lírica e popular. Sua pintura passou pelas neves de Nova York e voltou como era em espírito. Mesmo as cenas da Babilônia gelada assumem não sei que misteriosa atmosfera camponesa e plebéia. Brenghel visita o subúrbio. Arte decorativa, pedindo cafés e circos e barracas para ornamentar. Muros de diversões de jardins da infância. Pintura que não está muito à vontade no destino de uma arte de cavalete para salão de luxo. (...) Essa pintura tem a verve do que está próximo à tradição do folclore e à infância. (...) Mas há também, nessa arte, um certo lado individual meditativo e sonhador, e nesse terreno a viagem à América permitiu conferir os próprios sonhos com os de um mestre fraternal: Marc Chagall".
Rubem Navarra (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
"Djanira trabalha como respira. Horas e horas, com ou sem saúde, nesse fazer arte, em que muitas vezes se gasta a própria existência para semear com seu sopro mágico uma outra vida. A do criador e a da criação. E com isso a possibilidade de sentir-se realizada ao realizar a sua obra, ao tornar real a sua fantasia. (...). A força incontida de Djanira é vital e fecunda. É uma gênese, uma gestação, é o nascimento de um mundo, mundo brasileiro por excelência e na essência. Todos sabem que sempre que posso corro a ver pinturas de Djanira. A base de seu universo é também do mundo brasileiro: Rio Negro e o Maranhão, Belém do Pará e o São Francisco. O Beberibe de João Cabral e o extremo sul: São Paulo e os cafezais, Ouro Preto, o Rio Paraíba, a Bahia e Parati. Djanira penetrou profundamente nos ambientes rurais, em contato com os homens e as mulheres do povo, com sua gente que é o verdadeiro país. Ela os percebe e fixa com o dom do amor e a faculdade da criação artística que possui em tão alto grau. Diferentemente doutro poeta do mundo exterior - o russo israelita Marc Chagall -, não é sonhadora. É realista, efetivamente realista. Sua obra emana de uma visão aplicada às coisas, com lirismo".
Mário Barata (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
"(...) Moça do interior de São Paulo, que viveu a primeira fase de sua vida em contato com os animais, os trabalhadores do campo, a vida simples e dura, que foi também a sua, Djanira iria mais tarde dar forma de arte a essa experiência indelével. (...) Procuraria manter, ao longo da vida, o vínculo com esse passado: viveu cercada de pássaros, plantas e bichos, e, sempre que as condições de saúde permitiam, viajava pelo interior do país, como para renovar o contato com as fontes inspiradoras de sua arte e mesmo de sua vida. Nascida do povo, manteve-se uma mulher do povo, uma artista do povo identificada com ele em seus sofrimentos e em suas lutas. (...) Essa identificação com seu povo e sua terra, essa generosidade de sentimentos teriam, inevitavelmente, que se refletir na obra da pintora, onde a paisagem e os homens brasileiros ocupam o primeiro plano. Esses elementos - como outros também ligados a eles - constituem o seu universo, o mundo que ela necessitava organizar, transfigurar, salvar da morte. E o fez instilando neles a força do seu lirismo e a beleza que a sua sensibilidade apreendia e revelava nas coisas mais simples, nas cenas mais comuns do trabalho e da vida diária".
Ferreira Gullar (DJANIRA: acervo do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Colorama, 1985.)
Exposições Individuais
1943 - Rio de Janeiro RJ - Primeira individual, na ABI
1945 - Boston (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da União Pan-Americana
1945 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Individual, na Galeria da União Pan-Americana
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1945 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na New School for Social Research
1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MEC
1949 - Petrópolis RJ - Individual, no Museu Imperial de Petrópolis - primeira exposição de um artista neste museu
1958 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MAM/RJ
1958 - Munique (Alemanha) - Retrospectiva, no Haus der Kunst
1958 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Galeria de Arte da Folha
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual de inauguração da Galeria Bonino
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1976 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1978 - Viena (Áustria) - Individual - primeira exposição da artista na Europa
Exposições Coletivas
1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no Mnba
1943 - Rio de Janeiro RJ - 49º Salão Nacional de Belas Artes, no Mnba - menção honrosa
1944 - Argentina - 20 Artistas Brasileiros
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Chile - 20 Artistas Brasileiros
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze
1944 - Uruguai - 20 Artistas Brasileiros
1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victiry Art Gallery
1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición
1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura
1949 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - medalha de prata
1950 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Municipal de Belas Artes
1950 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Distrito Federal - medalha de prata
1951 - Rio de Janeiro - Salão de Naturezas-Mortas - prêmio Ipase
1951 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna - pequena medalha de ouro
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1952 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1953 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Municipal de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze
1953 - São Paulo SP - Congresso Extraordinário da Associação Internacional de Críticos de Arte , no Masp
1953 - São Paulo SP -2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1954 - Hungria - Coletiva de Artistas Brasileiros
1954 - Polônia - Coletiva de Artistas Brasileiros
1954 - Tchecoslováquia - Coletiva de Artistas Brasileiros
1955 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Cristo Negro - primeiro prêmio de pintura
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição
1956 - Neuchâtel (Suíça) - Arts Primitifs Modernes Brésiliens, no Musée d´Ethnografie de Neuchâtel
1957 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio do Diário de Notícias
1958 - Nova York (Estados Unidos) - Guggenheim International Award - Prêmio Guggenheim
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão do Mar
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa (1959 : Viena, Áustria) - Local> informação não encontrada
1960 - Cidade do México (México) - 2ª Bienal Interamericana do México - artista convidada
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Arte Moderna Brasileira, no Museu de Arte Moderna
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - Rio de Janeiro RJ - 1º Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil - medalha de prata
1963 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem como Tema, Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1967 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva Mostra Atelier, no MAM/RJ
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
Exposições Póstumas
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1981 - Maceió AL - Artistas Brasileiros da Primeira Metade do Século XX, no Instituto Histórico e Geográfico
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, no MNBA
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Porto Alegre RS - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Margs
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrato do Colecionador na sua Coleção, na Galeria de Arte Banerj
1985 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - Brasília DF - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Teatro Nacional Cláudio Santoro
1986 - Rio de Janeiro RJ - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no MAM/RJ
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1986 - São Paulo SP - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Masp
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1988 - Nova York (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no The Bronx Museum of the Arts
1988 - Rio de Janeiro RJ - Djanira - de 1939 a 1977, na Galeria de Arte Ipanema
1989 - El Paso (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no El Paso Museum of Art
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - San Juan (Puerto Rico) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Instituto de Cultura Puertorriqueña
1989 - San Diego (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no San Diego Museum of Art
1990 - Miami (Estados Unidos) - The Latin American Spirit: art and artists in the United States, 1920-1970, no Center for the Fine Arts Miami Art Museum of Date
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1992 - Rio de Janeiro RJ - Vivendo Djanira, na Oficina de Arte Maria Teresa Vieira
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Fundação Espaço Cultural da Paraíba
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, na Companhia do Metropolitano de São Paulo
1995 - Brasília DF - Coleções de Brasília, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1996 - São Paulo SP - Mulheres Artistas no Acervo do MAC, no MAC/USP
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - Niterói RJ - Mostra Rio Gravura. Acervo Banerj, no Museu do Ingá
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria
1999 - São Paulo SP - Sobre Papel, Grafite e Nanquim, no Banco Cidade
2000 - Rio de Janeiro RJ - Djanira, no Centro Cultural Light
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - O Feminino na Arte, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado
2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP
Fonte: DJANIRA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2028. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Nasceu em Avaré, filha de Oscar Paiva e Pia Job Paiva, foi registrada inicialmente como Dijanira e que mais tarde retificado pela artista em ação judicial. Seus familiares a tratavam como Dja. Na década de 1930 casou-se com Bartolomeu Gomes Pereira, um oficial da Marinha Mercante, que morre na Segunda Guerra Mundial, quando passou a se chamar Djanira Gomes Pereira.
Aos 23 anos, é internada com virus no Sanatório Dória, em São José dos Campos onde fez seu primeiro desenho: um Cristo no Gólgota. Com a melhora, continua o tratamento no Rio de Janeiro, e reside em Santa Teresa, por causa do seu ar puro. Em 1930, aluga uma pequena casa no bairro e instala uma pensão familiar.
Merio Marcier a incentivava e lhe dava aulas de pintura. Djanira também frequentava, à noite, o curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, Nesse período trava contato com o casal Árpád Szenes e Maria Helena Vieira da Silva, com Milton Dacosta, Carlos Scliar, e outros que vivem em Santa Teresa e frequentam o meio artístico.
No fim da década de 1930, na capital fluminense, tem suas primeiras instruções de arte em curso noturno de desenho no Liceu de Artes e Ofícios e com o pintor Emeric Marcier, hóspede da pensão que Djanira instala no bairro de Santa Teresa. Os contatos com os artistas Carlos Scliar, Milton Dacosta, Árpád Szenes, Maria Helena Vieira da Silva e Jean-Pierre Chabloz, frequentadores da pensão, proporcionam um ambiente estimulador que a leva a expor no 48º Salão Nacional de Belas Artes, em 1942. No ano seguinte, realiza sua primeira mostra individual, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Em 1945, viaja para Nova York, onde conhece a obra de Pieter Bruegel e entra em contato com Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. De volta ao Brasil, realiza o mural Candomblé para a residência do escritor Jorge Amado, em Salvador, e painel para o Liceu Municipal de Petrópolis. Entre 1953 e 1954, viaja a estudo para a União Soviética.
A sua pintura dos anos 40 é geralmente sombria, utiliza tons rebaixados, como cinza, marrom e negro, mas já apresenta o gosto pela disciplina geométrica das formas. Na década seguinte, sua palheta se diversifica, com uso de cores vibrantes, e em algumas obras trabalha com gradações tonais que vão do branco ao cinza claro. Apresenta em seus tipos humanos uma expressão de solene dignidade.
A artista sempre busca aproximar-se dos temas de suas obras: no fim da década de 1950, após convivência de seis meses, pinta os índios Canela, do Maranhão. Em 1950 em sua estada em Salvador ela conhece José Shaw da Motta e Silva, o Motinha, funcionário público, nascido em Salvador em 29 de janeiro de 1920 e com ele se casa no Rio de Janeiro em 15 de maio de 1952, e muda o nome para Djanira da Motta e Silva.
De volta ao Rio de Janeiro, torna-se uma das líderes do movimento pelo Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura. Realiza em 1963, o painel de azulejos Santa Bárbara, para a capela do túnel Santa Bárbara, Laranjeiras, Rio de Janeiro. No ano de 1966, a editora Cultrix publica um álbum com poemas e serigrafias de sua autoria. Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes, realiza uma grande retrospectiva de sua obra.
Na década de 1970, desce às minas de carvão de Santa Catarina para sentir de perto a vida dos mineiros e viaja para Itabira para conhecer o serviço de extração de ferro.
Djanira trabalha ainda com xilogravura, gravura em metal, e faz desenhos para tapeçaria e azulejaria. Em sua produção, destaca-se o painel monumental de azulejos para a capela do túnel Santa Bárbara (1958) no Rio de Janeiro. Inicialmente nomeada como “primitiva”, gradualmente sua obra alcança maior reconhecimento da crítica. Como aponta o crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981), Djanira é uma artista que não improvisa, não se deixa arrebatar, e, embora possuam uma aparência ingênua e instintiva, seus trabalhos são consequência de cuidadosa elaboração para chegar à solução final.
Luto em Avaré pela morte da artista
O prefeito Fernando Cruz Pimentel, decretou luto oficial por três dias em homenagem póstuma a Djanira da Motta e Silva, falecida em 31 de maio de 1979 (quinta-feira) às 11h25 min., no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte. Contava com 65 anos. Seu médico particular era Dr. Nataliel Rodrigues.
A pintora manifestou em vida o desejo de ser enterrada descalça e com o hábito de irmã da Ordem Terceira do Carmo, instituição religiosa a que estava ligada nos últimos anos. Ela se tornou freira da Ordem das Carmelitas em 1972.
Em sua memória, é criado em 31 de maio de 2000 o Centro Cultural Djanira da Motta, pelo prefeito em exercício Joselyr Benedito Silvestre, instalado em meio a um bosque na área urbana, onde funcionou no passado a estatal agrícola CAIC. O local recebeu o nome da pintora Djanira, significando o tributo do município de Avaré à “maior artista avareense de todos os tempos”, cujas telas ficaram mundialmente conhecidas por retratarem de forma genuína as cores do Brasil. O espaço abriga a Biblioteca Municipal “Prof. Francisco Rodrigues dos Santos”.
No mesmo local foi criado em 2 de abril de 2008 o Memorial Djanira da Motta e Silva mostra de objetos pessoais, obras e material de referência.
Obras mais conhecidas
Painel de Santa Bárbara, 1958 (acervo do Museu Nacional de Belas Artes MNBA – RJ)
Festa do Divino em Parati, 1962 (acervo do Palácio dos Bandeirantes)
O circo, 1944 (acervo da Funarte)
Senhora Sant'Ana de Pé (acervo do Museu de Arte Moderna do Vaticano)
Inconfidência, 1975 (acervo do Governo do Estado de Minas Gerais)
Serradores, 1959 (coleção Roberto Marinho)
Anjo com Acordeão, 1962 (Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu Arte Moderna RJ).
Pescadores, 1956 (Coleção Embaixador Taylor)
Obras da artista em Avaré
Embarque de Bananas, 1957 (óleo sobre tela)
Sem título, década de 40, (óleo sobre tela)
Viagem, 1967 (poema ilustrado)
Canção, 1967 (poema ilustrado)
Acalanto, 1967 (partitura musical para órgão)
O Corvo, 1967 (poema ilustrado)
Prelúdio para o Motta, 1967 (partitura musical para órgão)
Fabrico do açúcar, 1966 (serigrafia)
Citações
Djanira nas palavras do amigo e escritor Jorge Amado:
“Djanira traz o Brasil em suas mãos, sua ciência é a do povo, seu saber é esse do coração aberto à paisagem, à cor, ao perfume, P'as alegrias, dores e esperanças dos brasileiros.
Sendo um dos grandes pintores de nossa terra, ela é mais do que isso, é a própria terra, o chão onde crescem as plantações, o terreiro da macumba, as máquinas de fiação, o homem resistindo à miséria. Cada uma de sua telas é um pouco do Brasil.”
Djanira homenageada pelo poeta Paulo Mendes Campos:
"Cantiga para Djanira
O vento é o aprendiz das horas lentas,
Traz suas invisíveis ferramentas,
Suas lixas, seus pentes-finos,
Cinzela seus castelos pequeninos,
Onde não cabem gigantes contrafeitos,
E, sem emendar jamais os seus defeitos,
Já rosna descontente e guaia
De aflição e dispara à outra praia,
Onde talvez possa assentar
Seu monumento de areia – e descansar."
Fonte e crédito fotográfico: Wikipédia, consultado pela última vez em 17 de abril de 2018.