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Milton Dacosta

Milton Rodrigues da Costa, mais conhecido como Milton Dacosta, (Niterói, RJ, 19 de outubro de 1915 — Rio de Janeiro, RJ, 4 de setembro de 1988) foi um pintor, desenhista, gravador e ilustrador brasileiro, tendo ajudado a formar o famoso Núcleo Bernardelli. Foi casado durante 37 anos com a pintora Maria Leontina e é pai do também artista plástico Alexandre Dacosta.

Biografia

Seus primeiros retratos e paisagens já demonstram características que acompanhariam toda a produção do artista Milton Dacosta. O senso formal de construção, a capacidade de captar a essência dos objetos representados são as mais marcantes. A figura sempre esteve presente, primeiro em formas alongadas, por influência da escola de Paris, principalmente de Cézanne. Em seguida, suas obras ganham contornos construtivistas, um de seus momentos mais importantes.

Ajudou a fundar o famoso Núcleo Bernardelli - ao lado de grandes nomes da pintura brasileira - como Bustamante Sá, José Pancetti, Joaquim Tenreiro e Rescala.

Em Paris, quando estudou na Académie de La Grande Chamière, conheceu importantes artistas que ali viviam. Pablo Picasso, Georges Braque e Georges Rouault são alguns deles.

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Biografia - Itaú Cultural

Inicia estudos de desenho e pintura em 1929 com o professor alemão August Hantv. No ano seguinte matricula-se no curso livre de Marques Júnior (1887-1960), na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), que é fechada pela Revolução de 1930. Milton Dacosta, com Edson Motta (1910-1981), Bustamante Sá (1907-1988) e Ado Malagoli (1906-1994), entre outros, cria o Núcleo Bernardelli em 1931. Sua primeira exposição individual ocorre em 1936, no Rio de Janeiro. Nesse ano recebe menção honrosa no Salão Nacional de Belas Artes. Viaja para Estados Unidos em 1945, com o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Belas Artes do ano anterior. Na cidade de Nova York, estuda na Art's Students League of New York. Em 1946, vai para Lisboa, e conhece Almada Negreiros (1893-1970) e Antonio Pedro (1909-1966). Após visita a vários países da Europa, fixa-se em Paris, onde estuda na Académie de La Grande Chaumière. Conhece Pablo Picasso (1881-1973), por intermédio de Cicero Dias (1907-2003), e frequenta os ateliês de Georges Braque (1882-1963) e Georges Rouault (1871-1958). Expõe no Salon d'Automne e regressa ao Brasil em 1947. Em 1949, casa-se com a pintora Maria Leontina (1917-1984) e passa a residir em São Paulo. Na década de 1950, desenvolve uma obra de cunho construtivista, característica que muda na década seguinte; retorna ao figurativo com a série de gravuras coloridas em metal com o tema Vênus.

Análise

Milton Dacosta constrói uma trajetória peculiar dentro da história da arte brasileira. Em cerca de 50 anos de produção, atinge sua maturidade artística em meados dos anos 1950, com telas abstratas de tendência construtiva, desenvolvidas com base no embate reflexivo e silencioso com alguns dos principais artistas e movimentos da arte moderna.1

Seguindo sua vocação precoce, inicia-se em 1929 no desenho e na pintura no ateliê do professor alemão August Hantv, em Niterói, sua cidade natal. Em 1930 frequenta por três meses o curso livre de Marques Júnior na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, Rio de Janeiro. Nessa época conhece Antônio Parreiras (1860-1937), com quem não tem uma aprendizagem formal, mas visita seu ateliê e mostra os primeiros trabalhos que realiza. Interessa-se por uma pintura pós-impressionistas. Aos 16 anos, ajuda a fundar o Núcleo Bernardelli, conjunto independente de artistas instalados no porão da Enba, coordenados por Edson Motta.2 Anos depois, indagado sobre o que ficou de sua experiência no Núcleo, Dacosta declara: "Além dos amigos, a liberdade de criação artística e ainda uma maior disponibilidade para a pesquisa".

A produção do artista nos anos 1930 se caracteriza pela aquisição dos princípios da pintura moderna, tendo como modelo a Escola de Paris. Paisagens, nus, marinhas, vistas urbanas, retratos, não importa muito o tema a ser pintado. O artista preocupa-se em adquirir, com disciplina sistemática, os elementos de tal pintura. Observa-se que sua produção não se preocupa com o detalhe pitoresco, a fixação de uma "brasilidade"; sua cor não é mais local. Ao contrário, autônoma, se afirma em pinceladas modulares e estruturais, numa incorporação natural de Paul Cézanne (1839-1906). Como observou o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), entre a consciência perceptiva do artista e a realidade externa se insere, nesses trabalhos, uma formalização geométrica. Em telas como Paisagem em Santa Teresa (1937) já se percebe "que num nível elementar a pintura de Dacosta é regida por um princípio de economia. Ele não se detém em demoradas elaborações mas na captação sintética da estrutura plástica".3

No início dos anos 1940, o artista aproxima-se da pintura metafísica de Giorgio de Chirico (1888-1978). Em obras como Composição (1942), a superfície da tela apresenta definidos planos de cor e um espaço enigmático, ambos fundamentais em seu desenvolvimento construtivo posterior. Em 1944 recebe o prêmio de viagem ao exterior na Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes, partindo para Nova York no ano seguinte. Entre 1945 e 1946, Dacosta permanece no exterior, indo dos Estados Unidos diretamente para a Europa. Durante sua estada fora do Brasil não produziu muito. Dedicou-se a visitar museus e exposições e a estudar de perto os artistas que só conhecia por ilustrações - Georges Braque, Cézanne, os impressionistas, Henri Matisse (1869-1954), Amedeo Modigliani (1884-1920), Piet Mondrian (1872-1944), Pablo Picasso. Sobre essa experiência afirma: "Fez com que voltasse com maior segurança para uma mais completa disciplina conceptual e formal, presente em toda minha obra". Regressa ao Brasil em 1947 e em 1949 casa-se com a pintora Maria Leontina.

Entre 1949 e 1951, Dacosta realiza as séries Figuras e Naturezas-Mortas em que se percebem uma maior geometrização das figuras e do espaço e a utilização da linha como um importante elemento estruturador. Aqui o artista conversa com o cubismo analítico, entretanto, diferentemente de Picasso, mantém a unidade da figura, o mistério de sua interioridade. Sua temporalidade está mais próxima da fixação do que da simultaneidade. Também a cor é densa e opaca, resistindo à total exterioridade da transparência. Esses trabalhos contêm uma das principais características de sua pintura: o conflito entre a clareza da estrutura, universal e despersonalizada, e a subjetividade do artista revelada na cor.

Entre 1952 e 1954 permanece na Europa com a esposa, estudando. Ao voltar, inicia as séries de naturezas-mortas organizadas como uma grade geométrica, que não perpassa a totalidade do quadro, ficando a composição centralizada. Inicia também a série Castelos e Cidades, na qual a figura é reduzida a retângulos e quadrados coloridos, acumulados no centro da tela em coloração viva, mas sóbria, em geral sobre fundo preto. A série anuncia o singular cruzamento entre Mondrian e Giorgio Morandi (1890-1964),4 gerador de uma poética própria, que se desenvolve poucos anos depois em puras abstrações construtivas, nas quais a tela é limitada ao jogo de linhas verticais e horizontais e poucos elementos geométricos no centro do quadro. Nas telas Em Vermelho (diversas versões, 1957-1958), Em Branco (1959) e Composição (1958-1959) o artista sintetiza silenciosamente sua maior contribuição à pintura brasileira. Em oposição à racionalidade universal e impessoal do construtivismo o trabalho de Milton Dacosta traz a mediação de nossa cultura, pois é "intimista, instropectivo, centrado num eu lírico comedido".5 Ou melhor, a pintura é confrontada com a persistência em uma unidade misteriosa, capaz de resistir a indiferenciação e generalização do indivíduo no mundo moderno.6

Contudo, como aponta o crítico Paulo Venâncio Filho, é por uma produção menos autêntica e de menor nível artístico que o artista conhece sua notoriedade pública: a série de figuras femininas conhecidas como Vênus, desenvolvidas por Dacosta de meados dos anos 1960 até o fim de sua vida. Ao contrário, suas obras construtivas ainda são apreciadas por poucos.

Exposições Individuais

1936 - Rio de Janeiro, RJ - Primeira individual, na Galeria Santo Antonio

1945 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, no IAB/RJ

1949 - São Paulo, SP - Milton Dacosta: guaches e desenhos, na Galeria Jaraguá

1950 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, no Ministério da Educação e Cultura

1950 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Itapetininga

1951 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Ambiente

1951 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Domus

1955 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Petite Galerie

1956 - São Paulo, SP - Individual, no MAM/SP - Prêmio Isai Leirner de Arte Contemporânea

1959 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta: retrospectiva, na Galeria GEA

1959 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta: retrospectiva 1939-1959, no MAM/RJ

1963 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Galeria Ambiente-Spazio

1964 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Mobilínea

1967 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Galeria Módulo

1967 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Galeria Barcinsky

1971 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Petite Galerie

1971 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Petite Galerie

1973 - Rio de Janeiro, RJ - Homenagem a Milton Dacosta, na Galeria da Praça

1974 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Arte Global

1976 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Galeria da Praça

1977 - São Paulo, SP - Individual, no Escritório de Arte Luís Caetano

1979 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Acervo Galeria de Arte

1981 - São Paulo, SP - Milton Dacosta: retrospectiva, no MAM/SP

1982 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta: revisão da década de 50, na Galeria Paulo Klabin

1982 - São Paulo, SP - Milton Dacosta: revisão da década de 50, na Documenta Galeria de Arte

1983 - Rio de Janeiro, RJ - Individual

1986 - São Paulo, SP - Milton Dacosta: fase construtiva 1954-1960, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

1987 - São Paulo, SP - Individual, na Companhia das Artes

1988 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta, Anos 50, na Funarte

1988 - São Paulo, SP - Individual, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade

1989 Salvador, BA - Milton Dacosta: Gravuras, na Prova do Artista Galeria

2005 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na galeria de Arte Ipanema

2006 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Bergamin

Exposições Coletivas

1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1934 - Rio de Janeiro, RJ - 3º Salão do Núcleo Bernardelli, na Enba

1936 - Rio de Janeiro, RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto de Previdência - menção honrosa

1937 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta e Bustamante Sá, na Galeria Santo Antônio

1939 - Rio de Janeiro, RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze

1941 - Rio de Janeiro, RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata e isenção de júri

1944 - Belo Horizonte, MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana

1944 - Londres, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts

1944 - Norwich, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich CastleMuseum

1944 - Rio de Janeiro, RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao exterior

1945 - Baht, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victory Art Gallery

1945 - Bristol, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery

1945 - Buenos Aires, Argentina - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición

1945 - Edimburgo, Escócia - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery

1945 - Glasgow, Escócia - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery

1945 - La Plata, Argentina - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes

1945 - Manchester, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery

1945 - Montevidéu, Uruguai - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura

1945 - Santiago, Chile - 20 Artistas Brasileños, na Universidad de Santiago do Chile

1947 - Paris, França - Salon d"Automne, no Grand Palais

1950 - Veneza, Itália - 25ª Bienal de Veneza

1951 - Rio de Janeiro, RJ - Exposição de Naturezas Mortas, no Serviço de Alimentação e Previdência Social

1951 - São Paulo, SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon

1951 - São Paulo, SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - Prêmio Governo do Estado

1952 - Paris, França - 38º Salão de Maio

1952 - Rio de Janeiro, RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ

1952 - Santiago, Chile - Exposición de Pintura, Dibujos e Grabados Contemporáneos del Brasil, na Universidad de Chile. Museo de Arte Contemporáneo

1953 - São Paulo SP - Congresso Extraordinário da Associação Internacional de Críticos de Arte, no Masp

1954 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta e José Pedrosa, na Galeria Tenreiro

1954 - Salvador, BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia - medalha de prata/pintura

1954 - São Paulo, SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP

1955 - Lissone, Itália - 9º Prêmio Internacional de Lissone

1955 - Lugano, Suíça - Mostra organizada pelo MAM/SP e MAM/RJ

1955 - São Paulo, SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações - prêmio melhor pintor brasileiro

1956 - Rio de Janeiro, RJ - Mostra Nacional do Prêmio Guggenheim, no MAM/RJ

1957 - Nova York, Estados Unidos - Guggenheim International Award: 1956, no Solomon R. Guggenheim Museum

1957 - São Paulo, SP - 4ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - prêmio aquisição

1958 - Pittsburg, Estados Unidos - 43ª Exposição Internacional de Pintura e Escultura Contemporâneas

1959 - Leverkusen, Alemanha - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Munique, Alemanha - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus

1959 - Rio de Janeiro, RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma

1959 - São Paulo, SP - Milton Dacosta e Maria Leontina, na Associação dos Amigos do MAM/SP

1959 - Viena, Áustria - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Hamburgo, Alemanha - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Lisboa, Portugal - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Madri, Espanha - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Paris, França - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Rio de Janeiro, RJ - Coletiva inaugural da Galeria Bonino

1960 - São Paulo, SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas

1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1961 - Rio de Janeiro, RJ - 1º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana

1961 - Rio de Janeiro, RJ - Salão de Arte da Petite Galerie, na Petite Galerie - primeiro prêmio

1961 - São Paulo, SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - sala especial

1962 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta e Anna Letycia, na Petite Galerie

1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP

1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes

1963 - Rio de Janeiro, RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil

1963 - Rio de Janeiro, RJ - A Paisagem como Tema, na Galeria Ibeu Copacabana

1964 - Lisboa (Portugal) - Coletiva, no Palácio da Foz

1964 - Rio de Janeiro, RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana

1966 - Rio de Janeiro, RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana

1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial

1966 - São Paulo, SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP

1971 - São Paulo, SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1971 - São Paulo, SP - Coletiva, na Galeria Astréia

1972 - São Paulo, SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio

1976 - São Paulo, SP - Arte Brasileira no Século XX: caminhos e tendências, na Galeria Arte Global

1976 - São Paulo, SP - O Desenho Jovem dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado

1977 - Rio de Janeiro, RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ

1977 - São Paulo, SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado

1978 - São Paulo, SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall

1979 - São Paulo, SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1980 - Rio de Janeiro, RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1980 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta, Volpi, Bruno Giorgi, na Acervo Galeria de Arte

1981 - São Paulo, SP - Arte Transcendente, no MAM/SP

1982 - Lisboa, Portugal - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres, Inglaterra - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1982 - Penápolis, SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - Salvador, BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto

1982 - São Paulo, SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1982 - São Paulo, SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, na Acervo Galeria de Arte

1983 - Rio de Janeiro, RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1983 - Rio de Janeiro, RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Rio de Janeiro, RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras

1984 - São Paulo, SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP

1984 - São Paulo, SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - Porto Alegre, RS - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Margs

1985 - Rio de Janeiro, RJ - Encontros, na Petite Galerie

1985 - Rio de Janeiro, RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

1985 - São Paulo, SP - 100 Obras Itaú, no Masp

1986 - Brasília, DF - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Teatro Nacional Cláudio Santoro

1986 - Rio de Janeiro, RJ - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no MAM/RJ

1986 - Rio de Janeiro, RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte

1986 - Rio de Janeiro, RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj

1986 - Rio de Janeiro, RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj

1986 - São Paulo, SP - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Masp

1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d"Art Moderne de la Ville de Paris

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1987 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro, Fevereiro, Março: do modernismo à geração 80, na Galeria de Arte Banerj

1987 - São Paulo SP - As Bienais no Acervo do MAC: 1951 a 1985, no MAC/USP

1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc

1988 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, na Funarte. Centro de Artes

1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/USP

1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP

Fonte: MILTON Dacosta. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 07 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Núcleo Bernardelli

Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).

A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.

Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.

Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.

Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia Wikipédia

Inicialmente Dacosta pintou composições figurativas e paisagens. Em 1941, começou a fazer figuras humanas geometrizadas, tendo como referência o Cubismo. Em 1946, vai para Lisboa, e conhece Almada Negreiros (1893—1970) e António Pedro (1909—1966). Após visita a vários países da Europa, fixa-se em Paris, onde estuda na Académie de la Grande Chaumière. Conhece Pablo Picasso (1881—1973), por intermédio de Cícero Dias (1907—2003), e freqüenta os ateliês de Georges Braque (1882—1963) e Georges Rouault (1871—1958). Expõe no Salon d'Automne e regressa ao Brasil em 1947. Em 1949, casa-se com a pintora Maria Leontina da Costa (1917—1984) e passa a residir em São Paulo. Na década de 1950 aderiu ao Abstracionismo Geométrico, e sua pintura é marcada por influências concretas e neo-concretas.

Em 1931, ao lado de Bustamante Sá, Ado Malagoli, João José Rescála, José Pancetti, Joaquim Tenreiro entre outros, participou da fundação do Núcleo Bernardelli, coordenado por Edson Motta.

Fonte: Wikipédia, consultado pela útima vez em 07 de abril de 2018.

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A arte ao alcance de todos

Era uma acanhada sala, no primeiro andar de um velho sobrado da rua São José, no Rio de Janeiro, em cujo térreo funcionava a loja da Casa Cavalier.

No canto esquerdo, um modelo vivo. Pela sala, espalhavam-se, como podiam, jovens alunos de pintura, dois ou três com cavaletes, os restantes com prancha de desenho, cada um buscando um melhor ângulo para reproduzir o corpo nu, diante de si.

Nada de professores. Era o Núcleo Bernardelli que se reunia, todas as noites no mesmo local, contestando o ensino tradicional, especialmente a Escola Nacional de Belas Artes, perdida nas sombras do passado, a ensinar, em plena década de 30, a pintura romântica e neoclássica, minando qualquer iniciativa pela modernização da arte.

Aqui, a pintura era livre, ninguém obedecia a métodos ou técnicas prefixados. Cada um pintava como queria, dava largas à imaginação, numa luta sem tréguas entre tintas e pincéis, que tentavam conciliar-se, sem resultados patentes.

Entre os experimentadores da arte livre, estavam o marinheiro José Pancetti (1902-1958), Ado Malagoli (1906-1994) Milton Dacosta (1915-1988) e, é claro, o fundador do núcleo, Edson Mota (1910-1981).

O veredicto do mestre

Trabalho pronto, perfeito e acabado, foi convidado um expert para dar suas impressões sobre a evolução daqueles jovens aspirantes. O mestre era Manuel Santiago (1897-1987), na plenitude de seus 37 anos, mas já com uma respeitável bagagem, tendo participado de várias exposições no Brasil e na França, onde esteve, aproveitando um premio de viagem conquistado em 1927 no salão da Escola Nacional de Belas Artes. Uma autoridade e tanto para avaliar as possibilidades daqueles ansiosos jovens.

Santiago caminhou, atônico, pelos quadros que lhe foram expostos, quase não acreditando no que via, examinando e reavaliando cada um, para se certificar de que não era um sonho, mas sim a realidade do trabalho executado por cada um dos participantes do Grupo.

O que eles fazem é uma goiabada da mais ordinária, pensando serem independentes e terem personalidade - escreve ele, mais tarde, à sua mulher, a pintora Haydea Santiago (1896-1980). É uma crítica pesada, mas corrige-se, em seguida, aclarando o pensamento:

Fiquei querendo bem a esta turma de barbouilleurs (lambuzões) e penso que vou dedicar-me inteiramente a eles, pois mostram ter força de vontade e precisam de um bom amigo, mais velho, para fazer deles ótimos pintores.

Os progressos de um lambuzão

Milton Dacosta, um dos barbouilleurs a que se referia Santiago, nasceu em Niteroi, Estado do Rio de Janeiro, em 1915, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 1988, demonstrando atração para o desenho desde a infância, quando fazia seus rabiscos sobre qualquer material que estivesse ao seu alcance, como caixas de sapatos, pedaços de papelão e o que mais fosse.

Aos 14 anos, conheceu um professor alemão, Augusto Hantz, com quem tomou as primeiras aulas e, no ano seguinte, matriculou-se no curso livre que era ministrado por Augusto José Marques Júnior (1860-1937) na Escola Nacional de Belas Artes.

Não era isso o que queria e, aos 16 anos, participou da fundação do Núcleo Bernardelli, um projeto equivocado, mas que foi a primeira fase para a libertar sua pintura dos cânones acadêmicos.

O Salão abre suas portas

Em 1936, após realizar uma individual, que alcançou relativo sucesso, Dacosta sentiu-se incentivado a tentar, uma vez mais, inscrever-se no Salão Nacional de Belas Artes.

Na tentativa anterior, saiu-se frustrado, pois seus quadros não só foram recusados pelo Salão como ridicularizados. Desta vez, porém, não só expôs, como recebeu menção honrosa, uma indicação de que os acadêmicos, refratários a mudanças, começavam a fazer concessões aos novos pintores.

Isso se tornou mais patente nas exposições seguintes, quando ganhou medalha de bronze, de prata e, em 1944, o cobiçado prêmio de viagem ao exterior. Foi assim que, em 1945, viajou para os Estados Unidos, em companhia da pintora Djanira e, de lá, seguiu para a Europa, ficando em Paris por dois anos.

Evolução gradual e segura

A pintura de Dacosta já não era a mesma, desde os primeiros rabiscos de sua infância e os borrões em livre estilo praticados na primeira fase do núcleo Bernardelli. Dacosta evoluiu, mas evoluiu gradativamente, degrau a degrau, sem queimar etapas.

Em seus primeiros momentos, como costuma acontecer aos principiantes, sentiu uma atração irresistível pelo Impressionismo, caminhando seqüencialmente para o Expressionismo, o Cubismo, o Concretismo, voltando por fim ao Cubismo, como opção definitiva.

Milton Dacosta casou-se, em 1949 com a pintora Maria Leontina, um casamento que durou 37 anos e só se extinguiu com a morte dela, em 1984. Juntos percorreram o caminho da vida e o caminho da arte, participaram de Bienais, viajaram ao exterior em cursos de aperfeiçoamento, serviram de suporte um ao outro, crescendo juntos na missão que escolheram, de tornar o mundo mais belo.

Quatro anos após a viuvez, morre também Dacosta, quando vivia a fase mais importante de sua pintura, numa série que ele denominou como Vênus e os Pássaros.

Comparando-se os quadros pintados a partir de 1963, dentro dessa série, com as pinturas feitas na década de 40, percebe-se que a ingenuidade dos traços e do colorido deu lugar à maturidade do artista, onde a forma se sobrepõe à cor, onde o apuro de estilo, com sobriedade e elegância, domina o quadro em sua totalidade.

Fonte: Texto de Paulo Victorino

Milton Rodrigues da Costa, mais conhecido como Milton Dacosta, (Niterói, RJ, 19 de outubro de 1915 — Rio de Janeiro, RJ, 4 de setembro de 1988) foi um pintor, desenhista, gravador e ilustrador brasileiro, tendo ajudado a formar o famoso Núcleo Bernardelli. Foi casado durante 37 anos com a pintora Maria Leontina e é pai do também artista plástico Alexandre Dacosta.

Milton Dacosta

Milton Rodrigues da Costa, mais conhecido como Milton Dacosta, (Niterói, RJ, 19 de outubro de 1915 — Rio de Janeiro, RJ, 4 de setembro de 1988) foi um pintor, desenhista, gravador e ilustrador brasileiro, tendo ajudado a formar o famoso Núcleo Bernardelli. Foi casado durante 37 anos com a pintora Maria Leontina e é pai do também artista plástico Alexandre Dacosta.

Videos

Milton Dacosta (1973)

Milton Dacosta: O Silêncio da Cor - por Paulo Sérgio Duarte

Milton Dacosta: O Silêncio da Cor - por Alexandre Dacosta

Milton Dacosta: O Silêncio da Cor - por Denise Mattar e Ana Prata

Milton Dacosta: O Silêncio da Cor - por Cauê Alves, Lilia Schwartz e Paulo Pasta

Milton Dacosta: O Silêncio da Cor - por Vanda Klabin e Ronaldo Brito

Milton Rodrigues da Costa- Luiz Bonfa - Manha de carnaval

Biografia

Seus primeiros retratos e paisagens já demonstram características que acompanhariam toda a produção do artista Milton Dacosta. O senso formal de construção, a capacidade de captar a essência dos objetos representados são as mais marcantes. A figura sempre esteve presente, primeiro em formas alongadas, por influência da escola de Paris, principalmente de Cézanne. Em seguida, suas obras ganham contornos construtivistas, um de seus momentos mais importantes.

Ajudou a fundar o famoso Núcleo Bernardelli - ao lado de grandes nomes da pintura brasileira - como Bustamante Sá, José Pancetti, Joaquim Tenreiro e Rescala.

Em Paris, quando estudou na Académie de La Grande Chamière, conheceu importantes artistas que ali viviam. Pablo Picasso, Georges Braque e Georges Rouault são alguns deles.

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Biografia - Itaú Cultural

Inicia estudos de desenho e pintura em 1929 com o professor alemão August Hantv. No ano seguinte matricula-se no curso livre de Marques Júnior (1887-1960), na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), que é fechada pela Revolução de 1930. Milton Dacosta, com Edson Motta (1910-1981), Bustamante Sá (1907-1988) e Ado Malagoli (1906-1994), entre outros, cria o Núcleo Bernardelli em 1931. Sua primeira exposição individual ocorre em 1936, no Rio de Janeiro. Nesse ano recebe menção honrosa no Salão Nacional de Belas Artes. Viaja para Estados Unidos em 1945, com o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Belas Artes do ano anterior. Na cidade de Nova York, estuda na Art's Students League of New York. Em 1946, vai para Lisboa, e conhece Almada Negreiros (1893-1970) e Antonio Pedro (1909-1966). Após visita a vários países da Europa, fixa-se em Paris, onde estuda na Académie de La Grande Chaumière. Conhece Pablo Picasso (1881-1973), por intermédio de Cicero Dias (1907-2003), e frequenta os ateliês de Georges Braque (1882-1963) e Georges Rouault (1871-1958). Expõe no Salon d'Automne e regressa ao Brasil em 1947. Em 1949, casa-se com a pintora Maria Leontina (1917-1984) e passa a residir em São Paulo. Na década de 1950, desenvolve uma obra de cunho construtivista, característica que muda na década seguinte; retorna ao figurativo com a série de gravuras coloridas em metal com o tema Vênus.

Análise

Milton Dacosta constrói uma trajetória peculiar dentro da história da arte brasileira. Em cerca de 50 anos de produção, atinge sua maturidade artística em meados dos anos 1950, com telas abstratas de tendência construtiva, desenvolvidas com base no embate reflexivo e silencioso com alguns dos principais artistas e movimentos da arte moderna.1

Seguindo sua vocação precoce, inicia-se em 1929 no desenho e na pintura no ateliê do professor alemão August Hantv, em Niterói, sua cidade natal. Em 1930 frequenta por três meses o curso livre de Marques Júnior na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, Rio de Janeiro. Nessa época conhece Antônio Parreiras (1860-1937), com quem não tem uma aprendizagem formal, mas visita seu ateliê e mostra os primeiros trabalhos que realiza. Interessa-se por uma pintura pós-impressionistas. Aos 16 anos, ajuda a fundar o Núcleo Bernardelli, conjunto independente de artistas instalados no porão da Enba, coordenados por Edson Motta.2 Anos depois, indagado sobre o que ficou de sua experiência no Núcleo, Dacosta declara: "Além dos amigos, a liberdade de criação artística e ainda uma maior disponibilidade para a pesquisa".

A produção do artista nos anos 1930 se caracteriza pela aquisição dos princípios da pintura moderna, tendo como modelo a Escola de Paris. Paisagens, nus, marinhas, vistas urbanas, retratos, não importa muito o tema a ser pintado. O artista preocupa-se em adquirir, com disciplina sistemática, os elementos de tal pintura. Observa-se que sua produção não se preocupa com o detalhe pitoresco, a fixação de uma "brasilidade"; sua cor não é mais local. Ao contrário, autônoma, se afirma em pinceladas modulares e estruturais, numa incorporação natural de Paul Cézanne (1839-1906). Como observou o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), entre a consciência perceptiva do artista e a realidade externa se insere, nesses trabalhos, uma formalização geométrica. Em telas como Paisagem em Santa Teresa (1937) já se percebe "que num nível elementar a pintura de Dacosta é regida por um princípio de economia. Ele não se detém em demoradas elaborações mas na captação sintética da estrutura plástica".3

No início dos anos 1940, o artista aproxima-se da pintura metafísica de Giorgio de Chirico (1888-1978). Em obras como Composição (1942), a superfície da tela apresenta definidos planos de cor e um espaço enigmático, ambos fundamentais em seu desenvolvimento construtivo posterior. Em 1944 recebe o prêmio de viagem ao exterior na Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes, partindo para Nova York no ano seguinte. Entre 1945 e 1946, Dacosta permanece no exterior, indo dos Estados Unidos diretamente para a Europa. Durante sua estada fora do Brasil não produziu muito. Dedicou-se a visitar museus e exposições e a estudar de perto os artistas que só conhecia por ilustrações - Georges Braque, Cézanne, os impressionistas, Henri Matisse (1869-1954), Amedeo Modigliani (1884-1920), Piet Mondrian (1872-1944), Pablo Picasso. Sobre essa experiência afirma: "Fez com que voltasse com maior segurança para uma mais completa disciplina conceptual e formal, presente em toda minha obra". Regressa ao Brasil em 1947 e em 1949 casa-se com a pintora Maria Leontina.

Entre 1949 e 1951, Dacosta realiza as séries Figuras e Naturezas-Mortas em que se percebem uma maior geometrização das figuras e do espaço e a utilização da linha como um importante elemento estruturador. Aqui o artista conversa com o cubismo analítico, entretanto, diferentemente de Picasso, mantém a unidade da figura, o mistério de sua interioridade. Sua temporalidade está mais próxima da fixação do que da simultaneidade. Também a cor é densa e opaca, resistindo à total exterioridade da transparência. Esses trabalhos contêm uma das principais características de sua pintura: o conflito entre a clareza da estrutura, universal e despersonalizada, e a subjetividade do artista revelada na cor.

Entre 1952 e 1954 permanece na Europa com a esposa, estudando. Ao voltar, inicia as séries de naturezas-mortas organizadas como uma grade geométrica, que não perpassa a totalidade do quadro, ficando a composição centralizada. Inicia também a série Castelos e Cidades, na qual a figura é reduzida a retângulos e quadrados coloridos, acumulados no centro da tela em coloração viva, mas sóbria, em geral sobre fundo preto. A série anuncia o singular cruzamento entre Mondrian e Giorgio Morandi (1890-1964),4 gerador de uma poética própria, que se desenvolve poucos anos depois em puras abstrações construtivas, nas quais a tela é limitada ao jogo de linhas verticais e horizontais e poucos elementos geométricos no centro do quadro. Nas telas Em Vermelho (diversas versões, 1957-1958), Em Branco (1959) e Composição (1958-1959) o artista sintetiza silenciosamente sua maior contribuição à pintura brasileira. Em oposição à racionalidade universal e impessoal do construtivismo o trabalho de Milton Dacosta traz a mediação de nossa cultura, pois é "intimista, instropectivo, centrado num eu lírico comedido".5 Ou melhor, a pintura é confrontada com a persistência em uma unidade misteriosa, capaz de resistir a indiferenciação e generalização do indivíduo no mundo moderno.6

Contudo, como aponta o crítico Paulo Venâncio Filho, é por uma produção menos autêntica e de menor nível artístico que o artista conhece sua notoriedade pública: a série de figuras femininas conhecidas como Vênus, desenvolvidas por Dacosta de meados dos anos 1960 até o fim de sua vida. Ao contrário, suas obras construtivas ainda são apreciadas por poucos.

Exposições Individuais

1936 - Rio de Janeiro, RJ - Primeira individual, na Galeria Santo Antonio

1945 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, no IAB/RJ

1949 - São Paulo, SP - Milton Dacosta: guaches e desenhos, na Galeria Jaraguá

1950 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, no Ministério da Educação e Cultura

1950 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Itapetininga

1951 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Ambiente

1951 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Domus

1955 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Petite Galerie

1956 - São Paulo, SP - Individual, no MAM/SP - Prêmio Isai Leirner de Arte Contemporânea

1959 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta: retrospectiva, na Galeria GEA

1959 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta: retrospectiva 1939-1959, no MAM/RJ

1963 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Galeria Ambiente-Spazio

1964 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Mobilínea

1967 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Galeria Módulo

1967 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Galeria Barcinsky

1971 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Petite Galerie

1971 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Petite Galerie

1973 - Rio de Janeiro, RJ - Homenagem a Milton Dacosta, na Galeria da Praça

1974 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Arte Global

1976 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Galeria da Praça

1977 - São Paulo, SP - Individual, no Escritório de Arte Luís Caetano

1979 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na Acervo Galeria de Arte

1981 - São Paulo, SP - Milton Dacosta: retrospectiva, no MAM/SP

1982 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta: revisão da década de 50, na Galeria Paulo Klabin

1982 - São Paulo, SP - Milton Dacosta: revisão da década de 50, na Documenta Galeria de Arte

1983 - Rio de Janeiro, RJ - Individual

1986 - São Paulo, SP - Milton Dacosta: fase construtiva 1954-1960, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

1987 - São Paulo, SP - Individual, na Companhia das Artes

1988 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta, Anos 50, na Funarte

1988 - São Paulo, SP - Individual, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade

1989 Salvador, BA - Milton Dacosta: Gravuras, na Prova do Artista Galeria

2005 - Rio de Janeiro, RJ - Individual, na galeria de Arte Ipanema

2006 - São Paulo, SP - Individual, na Galeria Bergamin

Exposições Coletivas

1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1934 - Rio de Janeiro, RJ - 3º Salão do Núcleo Bernardelli, na Enba

1936 - Rio de Janeiro, RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto de Previdência - menção honrosa

1937 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta e Bustamante Sá, na Galeria Santo Antônio

1939 - Rio de Janeiro, RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de bronze

1941 - Rio de Janeiro, RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata e isenção de júri

1944 - Belo Horizonte, MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana

1944 - Londres, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts

1944 - Norwich, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich CastleMuseum

1944 - Rio de Janeiro, RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao exterior

1945 - Baht, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victory Art Gallery

1945 - Bristol, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery

1945 - Buenos Aires, Argentina - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición

1945 - Edimburgo, Escócia - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery

1945 - Glasgow, Escócia - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery

1945 - La Plata, Argentina - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes

1945 - Manchester, Inglaterra - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery

1945 - Montevidéu, Uruguai - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura

1945 - Santiago, Chile - 20 Artistas Brasileños, na Universidad de Santiago do Chile

1947 - Paris, França - Salon d"Automne, no Grand Palais

1950 - Veneza, Itália - 25ª Bienal de Veneza

1951 - Rio de Janeiro, RJ - Exposição de Naturezas Mortas, no Serviço de Alimentação e Previdência Social

1951 - São Paulo, SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon

1951 - São Paulo, SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - Prêmio Governo do Estado

1952 - Paris, França - 38º Salão de Maio

1952 - Rio de Janeiro, RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ

1952 - Santiago, Chile - Exposición de Pintura, Dibujos e Grabados Contemporáneos del Brasil, na Universidad de Chile. Museo de Arte Contemporáneo

1953 - São Paulo SP - Congresso Extraordinário da Associação Internacional de Críticos de Arte, no Masp

1954 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta e José Pedrosa, na Galeria Tenreiro

1954 - Salvador, BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia - medalha de prata/pintura

1954 - São Paulo, SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP

1955 - Lissone, Itália - 9º Prêmio Internacional de Lissone

1955 - Lugano, Suíça - Mostra organizada pelo MAM/SP e MAM/RJ

1955 - São Paulo, SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações - prêmio melhor pintor brasileiro

1956 - Rio de Janeiro, RJ - Mostra Nacional do Prêmio Guggenheim, no MAM/RJ

1957 - Nova York, Estados Unidos - Guggenheim International Award: 1956, no Solomon R. Guggenheim Museum

1957 - São Paulo, SP - 4ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - prêmio aquisição

1958 - Pittsburg, Estados Unidos - 43ª Exposição Internacional de Pintura e Escultura Contemporâneas

1959 - Leverkusen, Alemanha - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Munique, Alemanha - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus

1959 - Rio de Janeiro, RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma

1959 - São Paulo, SP - Milton Dacosta e Maria Leontina, na Associação dos Amigos do MAM/SP

1959 - Viena, Áustria - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Hamburgo, Alemanha - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Lisboa, Portugal - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Madri, Espanha - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Paris, França - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Rio de Janeiro, RJ - Coletiva inaugural da Galeria Bonino

1960 - São Paulo, SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas

1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1961 - Rio de Janeiro, RJ - 1º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana

1961 - Rio de Janeiro, RJ - Salão de Arte da Petite Galerie, na Petite Galerie - primeiro prêmio

1961 - São Paulo, SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - sala especial

1962 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta e Anna Letycia, na Petite Galerie

1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP

1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes

1963 - Rio de Janeiro, RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil

1963 - Rio de Janeiro, RJ - A Paisagem como Tema, na Galeria Ibeu Copacabana

1964 - Lisboa (Portugal) - Coletiva, no Palácio da Foz

1964 - Rio de Janeiro, RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana

1966 - Rio de Janeiro, RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana

1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial

1966 - São Paulo, SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP

1971 - São Paulo, SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1971 - São Paulo, SP - Coletiva, na Galeria Astréia

1972 - São Paulo, SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio

1976 - São Paulo, SP - Arte Brasileira no Século XX: caminhos e tendências, na Galeria Arte Global

1976 - São Paulo, SP - O Desenho Jovem dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado

1977 - Rio de Janeiro, RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ

1977 - São Paulo, SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado

1978 - São Paulo, SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall

1979 - São Paulo, SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1980 - Rio de Janeiro, RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1980 - Rio de Janeiro, RJ - Milton Dacosta, Volpi, Bruno Giorgi, na Acervo Galeria de Arte

1981 - São Paulo, SP - Arte Transcendente, no MAM/SP

1982 - Lisboa, Portugal - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres, Inglaterra - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1982 - Penápolis, SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - Salvador, BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto

1982 - São Paulo, SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1982 - São Paulo, SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, na Acervo Galeria de Arte

1983 - Rio de Janeiro, RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1983 - Rio de Janeiro, RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Rio de Janeiro, RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras

1984 - São Paulo, SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP

1984 - São Paulo, SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - Porto Alegre, RS - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Margs

1985 - Rio de Janeiro, RJ - Encontros, na Petite Galerie

1985 - Rio de Janeiro, RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

1985 - São Paulo, SP - 100 Obras Itaú, no Masp

1986 - Brasília, DF - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Teatro Nacional Cláudio Santoro

1986 - Rio de Janeiro, RJ - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no MAM/RJ

1986 - Rio de Janeiro, RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte

1986 - Rio de Janeiro, RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj

1986 - Rio de Janeiro, RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj

1986 - São Paulo, SP - Iberê Camargo: trajetória e encontros, no Masp

1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d"Art Moderne de la Ville de Paris

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1987 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro, Fevereiro, Março: do modernismo à geração 80, na Galeria de Arte Banerj

1987 - São Paulo SP - As Bienais no Acervo do MAC: 1951 a 1985, no MAC/USP

1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc

1988 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, na Funarte. Centro de Artes

1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/USP

1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP

Fonte: MILTON Dacosta. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 07 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Núcleo Bernardelli

Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).

A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.

Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.

Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.

Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia Wikipédia

Inicialmente Dacosta pintou composições figurativas e paisagens. Em 1941, começou a fazer figuras humanas geometrizadas, tendo como referência o Cubismo. Em 1946, vai para Lisboa, e conhece Almada Negreiros (1893—1970) e António Pedro (1909—1966). Após visita a vários países da Europa, fixa-se em Paris, onde estuda na Académie de la Grande Chaumière. Conhece Pablo Picasso (1881—1973), por intermédio de Cícero Dias (1907—2003), e freqüenta os ateliês de Georges Braque (1882—1963) e Georges Rouault (1871—1958). Expõe no Salon d'Automne e regressa ao Brasil em 1947. Em 1949, casa-se com a pintora Maria Leontina da Costa (1917—1984) e passa a residir em São Paulo. Na década de 1950 aderiu ao Abstracionismo Geométrico, e sua pintura é marcada por influências concretas e neo-concretas.

Em 1931, ao lado de Bustamante Sá, Ado Malagoli, João José Rescála, José Pancetti, Joaquim Tenreiro entre outros, participou da fundação do Núcleo Bernardelli, coordenado por Edson Motta.

Fonte: Wikipédia, consultado pela útima vez em 07 de abril de 2018.

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A arte ao alcance de todos

Era uma acanhada sala, no primeiro andar de um velho sobrado da rua São José, no Rio de Janeiro, em cujo térreo funcionava a loja da Casa Cavalier.

No canto esquerdo, um modelo vivo. Pela sala, espalhavam-se, como podiam, jovens alunos de pintura, dois ou três com cavaletes, os restantes com prancha de desenho, cada um buscando um melhor ângulo para reproduzir o corpo nu, diante de si.

Nada de professores. Era o Núcleo Bernardelli que se reunia, todas as noites no mesmo local, contestando o ensino tradicional, especialmente a Escola Nacional de Belas Artes, perdida nas sombras do passado, a ensinar, em plena década de 30, a pintura romântica e neoclássica, minando qualquer iniciativa pela modernização da arte.

Aqui, a pintura era livre, ninguém obedecia a métodos ou técnicas prefixados. Cada um pintava como queria, dava largas à imaginação, numa luta sem tréguas entre tintas e pincéis, que tentavam conciliar-se, sem resultados patentes.

Entre os experimentadores da arte livre, estavam o marinheiro José Pancetti (1902-1958), Ado Malagoli (1906-1994) Milton Dacosta (1915-1988) e, é claro, o fundador do núcleo, Edson Mota (1910-1981).

O veredicto do mestre

Trabalho pronto, perfeito e acabado, foi convidado um expert para dar suas impressões sobre a evolução daqueles jovens aspirantes. O mestre era Manuel Santiago (1897-1987), na plenitude de seus 37 anos, mas já com uma respeitável bagagem, tendo participado de várias exposições no Brasil e na França, onde esteve, aproveitando um premio de viagem conquistado em 1927 no salão da Escola Nacional de Belas Artes. Uma autoridade e tanto para avaliar as possibilidades daqueles ansiosos jovens.

Santiago caminhou, atônico, pelos quadros que lhe foram expostos, quase não acreditando no que via, examinando e reavaliando cada um, para se certificar de que não era um sonho, mas sim a realidade do trabalho executado por cada um dos participantes do Grupo.

O que eles fazem é uma goiabada da mais ordinária, pensando serem independentes e terem personalidade - escreve ele, mais tarde, à sua mulher, a pintora Haydea Santiago (1896-1980). É uma crítica pesada, mas corrige-se, em seguida, aclarando o pensamento:

Fiquei querendo bem a esta turma de barbouilleurs (lambuzões) e penso que vou dedicar-me inteiramente a eles, pois mostram ter força de vontade e precisam de um bom amigo, mais velho, para fazer deles ótimos pintores.

Os progressos de um lambuzão

Milton Dacosta, um dos barbouilleurs a que se referia Santiago, nasceu em Niteroi, Estado do Rio de Janeiro, em 1915, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 1988, demonstrando atração para o desenho desde a infância, quando fazia seus rabiscos sobre qualquer material que estivesse ao seu alcance, como caixas de sapatos, pedaços de papelão e o que mais fosse.

Aos 14 anos, conheceu um professor alemão, Augusto Hantz, com quem tomou as primeiras aulas e, no ano seguinte, matriculou-se no curso livre que era ministrado por Augusto José Marques Júnior (1860-1937) na Escola Nacional de Belas Artes.

Não era isso o que queria e, aos 16 anos, participou da fundação do Núcleo Bernardelli, um projeto equivocado, mas que foi a primeira fase para a libertar sua pintura dos cânones acadêmicos.

O Salão abre suas portas

Em 1936, após realizar uma individual, que alcançou relativo sucesso, Dacosta sentiu-se incentivado a tentar, uma vez mais, inscrever-se no Salão Nacional de Belas Artes.

Na tentativa anterior, saiu-se frustrado, pois seus quadros não só foram recusados pelo Salão como ridicularizados. Desta vez, porém, não só expôs, como recebeu menção honrosa, uma indicação de que os acadêmicos, refratários a mudanças, começavam a fazer concessões aos novos pintores.

Isso se tornou mais patente nas exposições seguintes, quando ganhou medalha de bronze, de prata e, em 1944, o cobiçado prêmio de viagem ao exterior. Foi assim que, em 1945, viajou para os Estados Unidos, em companhia da pintora Djanira e, de lá, seguiu para a Europa, ficando em Paris por dois anos.

Evolução gradual e segura

A pintura de Dacosta já não era a mesma, desde os primeiros rabiscos de sua infância e os borrões em livre estilo praticados na primeira fase do núcleo Bernardelli. Dacosta evoluiu, mas evoluiu gradativamente, degrau a degrau, sem queimar etapas.

Em seus primeiros momentos, como costuma acontecer aos principiantes, sentiu uma atração irresistível pelo Impressionismo, caminhando seqüencialmente para o Expressionismo, o Cubismo, o Concretismo, voltando por fim ao Cubismo, como opção definitiva.

Milton Dacosta casou-se, em 1949 com a pintora Maria Leontina, um casamento que durou 37 anos e só se extinguiu com a morte dela, em 1984. Juntos percorreram o caminho da vida e o caminho da arte, participaram de Bienais, viajaram ao exterior em cursos de aperfeiçoamento, serviram de suporte um ao outro, crescendo juntos na missão que escolheram, de tornar o mundo mais belo.

Quatro anos após a viuvez, morre também Dacosta, quando vivia a fase mais importante de sua pintura, numa série que ele denominou como Vênus e os Pássaros.

Comparando-se os quadros pintados a partir de 1963, dentro dessa série, com as pinturas feitas na década de 40, percebe-se que a ingenuidade dos traços e do colorido deu lugar à maturidade do artista, onde a forma se sobrepõe à cor, onde o apuro de estilo, com sobriedade e elegância, domina o quadro em sua totalidade.

Fonte: Texto de Paulo Victorino

Arremate Arte
Feito com no Rio de Janeiro

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