Pedro Luiz Correia de Araújo (Paris, França, 1874 – Rio de Janeiro, Brasil, 1955) foi um pintor, desenhista e professor brasileiro de origem pernambucana. Educado em Recife, onde se formou em Direito, ele abandonou a carreira jurídica para estudar arte em Paris no início do século XX. Lá, aproximou-se de artistas das vanguardas da época e dirigiu brevemente a Académie Ranson, conhecida por sua ligação com o movimento Nabi e a estética simbolista. Ao retornar ao Brasil em 1929, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde manteve ateliê, lecionou pintura e participou de importantes exposições, como o Salão Revolucionário de 1931. Sua obra é caracterizada por uma leve deformação no desenho, uso de luz artificial e uma abordagem que aproxima suas pinturas do realismo mágico. Pedro Correia de Araújo também se envolveu na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de lecionar no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. Seus trabalhos exploram temas ligados à identidade brasileira, utilizando figuras étnicas e cores nacionais, como em "Pureza" (1938).
Pedro Correia de Araujo | Arremate Arte
Educado em Recife, onde se formou em Direito, ele abandonou a carreira jurídica para estudar arte em Paris no início do século XX. Lá, aproximou-se de artistas das vanguardas da época e dirigiu brevemente a Académie Ranson, conhecida por sua ligação com o movimento Nabi e a estética simbolista.
Ao retornar ao Brasil em 1929, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde manteve ateliê, lecionou pintura e participou de importantes exposições, como o Salão Revolucionário de 1931.
Sua obra é caracterizada por uma leve deformação no desenho, uso de luz artificial e uma abordagem que aproxima suas pinturas do realismo mágico. Pedro Correia de Araújo também se envolveu na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de lecionar no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal.
Seus trabalhos exploram temas ligados à identidade brasileira, utilizando figuras étnicas e cores nacionais. Entre suas obras mais notáveis estão "Les Fantoches" (1935), uma pintura que se destaca pela deformação sutil do desenho e pelo uso de luz artificial, conferindo um aspecto de realismo mágico, e "Pureza" (1938), que retrata uma mulata nua, banhada em luzes verde e amarela, uma representação alegórica da pureza brasileira. Outra obra significativa é "Mulata e os Arcos" (1940), que dialoga com a pesquisa estética de outros grandes nomes como Cândido Portinari e Di Cavalcanti, buscando um tipo humano que representasse alegoricamente o Brasil.
Correia de Araújo teve participação em exposições que ganharam visibilidade na mídia e contribuíram para a divulgação de sua obra. Ele participou do Salão Revolucionário de 1931, um evento crucial que reuniu a primeira geração de artistas modernistas no Brasil. Outro momento de destaque foi sua participação no 1º Salão Nacional de Arte Moderna em 1952, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), onde suas obras foram expostas ao lado de outros artistas de renome. Nesse mesmo ano, ele também participou da Exposição de Artistas Brasileiros no MAM/RJ, consolidando sua presença no cenário artístico nacional.
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Pedro Correia de Araujo | Itaú Cultural
Pedro Luiz Correia de Araújo (Paris, França, 1874 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,1955). Pintor, desenhista e professor. De família tradicional pernambucana, é educado em Recife, onde se forma em Direito. Abandona a carreira jurídica e vai a Paris no início do século XX para estudar arte. Afasta-se dos métodos acadêmicos e torna-se autodidata. Aproxima-se de artistas ligados a diferentes vertentes da vanguarda do período, como o pintor Maurice Denis (1870-1943), a quem substitui por breve período, em 1917, na direção da Académie Ranson. Fundada em 1908, essa escola é conhecida por ter como professores artistas, ligados ao movimento Nabi e à estética simbolista. Ainda em Paris, estabelece, em 1918, uma escola de arte, na qual introduz estudos de geometria plástica e cromática.
Quando vem pela segunda vez ao Brasil, em 1929, radica-se na cidade do Rio de Janeiro, onde mantém ateliê e leciona pintura. Participa do Salão Revolucionário de 1931 com trabalhos desenvolvidos entre 1911 e 1930. Contribui na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937, tornando-se um de seus principais especialistas. Entre 1935 e 1937, leciona no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. No Salão Nacional de Belas Artes de 1947, expõe um quadro-objeto, obra que chama atenção do público. Em 1952, participa do 1º Salão Nacional de Arte Moderna e da Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Mantém durante alguns anos coluna de crítica de arte no jornal carioca Correio da Manhã.
Análise
Ainda pouco conhecida e estudada, a obra de Pedro Luiz Correia de Araújo insere-se nos debates artísticos nacionais e internacionais de sua época, procurando relacionar-se com ambos. Uma leve deformação no desenho, enfatizada pelo destaque das linhas de contorno das figuras, e uma construção sempre artificial da luz conferem um aspecto de irrealidade a obras como Les Fantoches (1935), aproximando-as do que o crítico alemão Franz Roh (1890-1965) chama, em 1925, “realismo mágico”.
Também naturezas-mortas com títulos alegóricos, como Eterno Problema (1937), sugerem diálogos com artistas do Novecento italiano. Por um lado, isso mostra que está atento a determinadas vertentes artísticas internacionais. Por outro, indica que em diversos trabalhos procura participar, ainda que tardiamente, do debate local acerca das possibilidades de uma arte nacional. Pinturas como Mulata e os Arcos 1940, sem abrir mão da referência estética àquelas vertentes, aproximam-se das pesquisas por um tipo humano capaz de representar alegoricamente o Brasil, empreendidas também em obras de Candido Portinari (1903-1962) e Di Cavalcanti (1897-1976).
A representação da nação aparece na escolha étnica das figuras e nas cores verde e amarelo dos trajes que vestem muitas de suas mulheres brasileiras. Também na luz verde e amarela, que banha a figura central do quadro Pureza (1938): uma mulata nua, alegoria da pureza brasileira.
Exposições Coletivas
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Pró-Arte
1934 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
Exposições Póstumas
1961 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, na Galeria Santa Rosa
1963 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva, no MAP
1981 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte André
1981 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Pinacoteca do Estado - organizada pelo Masp
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/Olinda
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
Fonte: PEDRO Luiz Correia de Araújo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 14 de agosto de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Pedro Correia de Araujo: Erótica | MASP
Pedro Correia de Araújo é um artista que se encontra no cruzamento entre dois tempos, geografias, escolas: entre os séculos 19 e 20, entre a França e o Brasil, entre o acadêmico e o moderno. Talvez por essa razão tenha sido marginalizado pela história da arte brasileira, algo que esta exposição procura reverter.
De família pernambucana, nasceu em Paris, onde, a partir dos anos 1910, estudou numa escola alternativa de arte, aprendendo a utilizar a geometria na construção de seus trabalhos, como se pode observar em Pureza (1938), pintura na qual o corpo da mulher se estrutura em volumes circulares, quadrados, triangulares ou hexagonais, deixados intencionalmente à mostra.
Não por acaso, o erotismo de sua obra se manifesta como algo racional, matemático. Não se resume a mera tentativa de expressão pessoal – que o artista desprezava –, mas integra um programa amplo e ambicioso.
Em seus trabalhos, o erotismo evita se ocultar sob uma tentativa de estetização do mundo e dos objetos, não é cenográfico ou decorativo (caso das mulatas típicas de seu contemporâneo Di Cavalcanti (1897-1976), por exemplo), mas integra uma matriz geométrica, essa que estrutura a representação de suas figuras – como provam as linhas horizontais, verticais e diagonais deixadas à mostra em alguns de seus desenhos e pinturas.
A seleção de obras enfoca a sensualidade latente que atravessa sua produção da fase brasileira, de 1929 a 1955, ressaltando, no entanto, a presença do erotismo não apenas nos nus ou na série de desenhos sexualmente mais explícitos, mas também e especialmente nos demais núcleos, formados pelas representações de retratos femininos de caboclas, índias, negras e mulatas, e danças brasileiras, como em Jongo (sem data), seu trabalho mais singular e extraordinário.
Em Mulheres na Lapa (sem data), o vigor do corpo das figuras femininas que estão em primeiro plano é assombrado pela presença iminente da chegada da morte, simbolizada por um esqueleto, que as observa da janela, em segundo plano, à esquerda. A ideia de finitude da vida e do corpo, presente na história da arte, também se revela em Mulata e São Sebastião (sem data) por meio de uma natureza-morta representada no canto inferior esquerdo da tela.
Apesar de suas muitas pinturas de nus e de prostitutas, o artista nunca foi seduzido pela possibilidade do voyeurismo banal, e fez de suas mulheres figuras complexas e repletas de caráter, verdadeiras representações de força e segurança, características que se podem observar em Moça com flor (1937), Mulata e os arcos (1939), Cabocla (sem data) e outras obras apresentadas nesta exposição.
— CURADORIA Fernando Oliva, curador, MASP.
Fonte: MASP - Museu de Arte de São Paulo. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
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A arte erótica de Pedro Correia de Araújo é tema de mostra no Masp | Vogue
Entre os nomes que integraram o Salão Revolucionário de 1931 – evento que reuniu a primeira geração de artistas modernistas –, o de Pedro Correia de Araújo (1874-1955) estava longe de ser o mais glamoroso, talvez ofuscado por outros como o de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
Ao contrário dos três, o pernambucano não teve a oportunidade de ver seus trabalhos reunidos em uma exposição individual ainda em vida. Quase quatro décadas depois da última vez que sua obra alcançou tal graça, o Masp, em São Paulo, reúne agora 66 trabalhos em Pedro Correia de Araújo: erótica, a partir de 24.08.
Parte da programação do museu que gira em torno do tema Histórias da Sexualidade – e que inaugurou as mostras de Toulouse-Lautrec e Wanda Pimentel – as pinturas de Correia de Araújo serão divididas em quatro eixos: nus, danças, retratos e a chamada série Erótica.
Nascido em Paris, mas criado em Recife, o artista retratou frequentemente as mulheres negras do País em telas carregadas de sensualidade. Ainda que tenha se debruçado sobre a temática nacional, pouco se sabe sobre a trajetória do pintor. Por isso, o museu irá lançar também um catálogo com reproduções de obras, documentos raros e textos críticos. Fundamental para a história da arte.
Fonte: Vogue. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
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A intrigante arte de Pedro Luiz Correia de Araújo é desnudada na mostra "Erótica" no MASP | Blima Bracher
Entre os nomes que integraram o Salão Revolucionário de 1931 – evento que reuniu a primeira geração de artistas modernistas – estava o de Pedro Luiz Correia de Araújo (1874-1955), junto com outros grandes da pintura como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
A obra deste mestre, que foi amigo pessoal de Matisse, pode ser conferida até o dia 14 de novembro no Masp, em São Paulo. São 66 trabalhos na mostra Pedro Correia de Araújo: Erótica.
Parte da programação do museu que gira em torno do tema Histórias da Sexualidade – e que inaugurou as mostras de Toulouse-Lautrec e Wanda Pimentel – as pinturas de Correia de Araújo serão divididas em quatro eixos: nus, danças, retratos e a chamada série Erótica.
Nascido em Paris, mas criado em Recife, o artista retratou frequentemente as mulheres negras do País em telas carregadas de sensualidade. Ainda que tenha se debruçado sobre a temática nacional, pouco se sabe sobre a trajetória do pintor. Por isso, o museu lançou também um catálogo com reproduções de obras, documentos raros (como a correspondência com Matisse) e textos críticos. Fundamental para a história da arte.
Pedro Luiz foi marido de Lili Correia de Araújo, fundadora do Pouso do Chico Rei, em Ouro Preto. Atualmente a pousada histórica (que já hospedou Vinícius de Moraes, Elizabeth Bishop, Jean Paul Sartre, Guignard, Henry Kissinger, Jorge Amado, entre outras personalidades de renome internacional) atualmente é gerida pelo neto do pintor Pedro Luiz, Ricardo Correia de Araújo.
Pintor, desenhista e professor, Pedro Luiz Correia de Araújo nasceu em Paris, em 1874 e faleceu no Rio de Janeiro, em1955. De família tradicional pernambucana, é educado em Recife, onde se forma em Direito. Abandona a carreira jurídica e vai a Paris no início do século XX para estudar arte. Afasta-se dos métodos acadêmicos e torna-se autodidata. Aproxima-se de artistas ligados a diferentes vertentes da vanguarda do período, como o pintor Maurice Denis (1870-1943), a quem substitui por breve período, em 1917, na direção da Académie Ranson. Fundada em 1908, essa escola é conhecida por ter como professores artistas, ligados ao movimento Nabi e à estética simbolista. Ainda em Paris, estabelece, em 1918, uma escola de arte, na qual introduz estudos de geometria plástica e cromática.
Quando vem pela segunda vez ao Brasil, em 1929, radica-se na cidade do Rio de Janeiro, onde mantém ateliê e leciona pintura. Participa do Salão Revolucionário de 1931 com trabalhos desenvolvidos entre 1911 e 1930. Contribui na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937, tornando-se um de seus principais especialistas. Entre 1935 e 1937, leciona no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. No Salão Nacional de Belas Artes de 1947, expõe um quadro-objeto, obra que chama atenção do público. Em 1952, participa do 1º Salão Nacional de Arte Moderna e da Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro MAM /RJ. Mantém durante alguns anos coluna de crítica de arte no jornal carioca Correio da Manhã.
Ainda pouco conhecida e estudada, a obra de Pedro Luiz Correia de Araújo insere-se nos debates artísticos nacionais e internacionais de sua época, procurando relacionar-se com ambos. Uma leve deformação no desenho, enfatizada pelo destaque das linhas de contorno das figuras, e uma construção sempre artificial da luz conferem um aspecto de irrealidade a obras como Les Fantoches (1935), aproximando-as do que o crítico alemão Franz Roh (1890-1965) chama, em 1925, “realismo mágico”1.
Também naturezas-mortas com títulos alegóricos, como Eterno Problema (1937), sugerem diálogos com artistas do Novecento italiano. Por um lado, isso mostra que está atento a determinadas vertentes artísticas internacionais. Por outro, indica que em diversos trabalhos procura participar, ainda que tardiamente, do debate local acerca das possibilidades de uma arte nacional. Pinturas como Mulata e os Arcos 1940, sem abrir mão da referência estética àquelas vertentes, aproximam-se das pesquisas por um tipo humano capaz de representar alegoricamente o Brasil, empreendidas também em obras de Cândido Portinari (1903 – 1962) e Di Cavalcanti (1897 – 1976).
A representação da nação aparece na escolha étnica das figuras e nas cores verde e amarelo dos trajes que vestem muitas de suas mulheres brasileiras. Também na luz verde e amarela, que banha a figura central do quadro Pureza (1938): uma mulata nua, alegoria da pureza brasileira.
Fonte: Blima Bracher. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
Crédito fotográfico: Parentesco. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
Pedro Luiz Correia de Araújo (Paris, França, 1874 – Rio de Janeiro, Brasil, 1955) foi um pintor, desenhista e professor brasileiro de origem pernambucana. Educado em Recife, onde se formou em Direito, ele abandonou a carreira jurídica para estudar arte em Paris no início do século XX. Lá, aproximou-se de artistas das vanguardas da época e dirigiu brevemente a Académie Ranson, conhecida por sua ligação com o movimento Nabi e a estética simbolista. Ao retornar ao Brasil em 1929, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde manteve ateliê, lecionou pintura e participou de importantes exposições, como o Salão Revolucionário de 1931. Sua obra é caracterizada por uma leve deformação no desenho, uso de luz artificial e uma abordagem que aproxima suas pinturas do realismo mágico. Pedro Correia de Araújo também se envolveu na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de lecionar no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. Seus trabalhos exploram temas ligados à identidade brasileira, utilizando figuras étnicas e cores nacionais, como em "Pureza" (1938).
Pedro Correia de Araujo | Arremate Arte
Educado em Recife, onde se formou em Direito, ele abandonou a carreira jurídica para estudar arte em Paris no início do século XX. Lá, aproximou-se de artistas das vanguardas da época e dirigiu brevemente a Académie Ranson, conhecida por sua ligação com o movimento Nabi e a estética simbolista.
Ao retornar ao Brasil em 1929, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde manteve ateliê, lecionou pintura e participou de importantes exposições, como o Salão Revolucionário de 1931.
Sua obra é caracterizada por uma leve deformação no desenho, uso de luz artificial e uma abordagem que aproxima suas pinturas do realismo mágico. Pedro Correia de Araújo também se envolveu na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de lecionar no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal.
Seus trabalhos exploram temas ligados à identidade brasileira, utilizando figuras étnicas e cores nacionais. Entre suas obras mais notáveis estão "Les Fantoches" (1935), uma pintura que se destaca pela deformação sutil do desenho e pelo uso de luz artificial, conferindo um aspecto de realismo mágico, e "Pureza" (1938), que retrata uma mulata nua, banhada em luzes verde e amarela, uma representação alegórica da pureza brasileira. Outra obra significativa é "Mulata e os Arcos" (1940), que dialoga com a pesquisa estética de outros grandes nomes como Cândido Portinari e Di Cavalcanti, buscando um tipo humano que representasse alegoricamente o Brasil.
Correia de Araújo teve participação em exposições que ganharam visibilidade na mídia e contribuíram para a divulgação de sua obra. Ele participou do Salão Revolucionário de 1931, um evento crucial que reuniu a primeira geração de artistas modernistas no Brasil. Outro momento de destaque foi sua participação no 1º Salão Nacional de Arte Moderna em 1952, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), onde suas obras foram expostas ao lado de outros artistas de renome. Nesse mesmo ano, ele também participou da Exposição de Artistas Brasileiros no MAM/RJ, consolidando sua presença no cenário artístico nacional.
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Pedro Correia de Araujo | Itaú Cultural
Pedro Luiz Correia de Araújo (Paris, França, 1874 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,1955). Pintor, desenhista e professor. De família tradicional pernambucana, é educado em Recife, onde se forma em Direito. Abandona a carreira jurídica e vai a Paris no início do século XX para estudar arte. Afasta-se dos métodos acadêmicos e torna-se autodidata. Aproxima-se de artistas ligados a diferentes vertentes da vanguarda do período, como o pintor Maurice Denis (1870-1943), a quem substitui por breve período, em 1917, na direção da Académie Ranson. Fundada em 1908, essa escola é conhecida por ter como professores artistas, ligados ao movimento Nabi e à estética simbolista. Ainda em Paris, estabelece, em 1918, uma escola de arte, na qual introduz estudos de geometria plástica e cromática.
Quando vem pela segunda vez ao Brasil, em 1929, radica-se na cidade do Rio de Janeiro, onde mantém ateliê e leciona pintura. Participa do Salão Revolucionário de 1931 com trabalhos desenvolvidos entre 1911 e 1930. Contribui na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937, tornando-se um de seus principais especialistas. Entre 1935 e 1937, leciona no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. No Salão Nacional de Belas Artes de 1947, expõe um quadro-objeto, obra que chama atenção do público. Em 1952, participa do 1º Salão Nacional de Arte Moderna e da Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Mantém durante alguns anos coluna de crítica de arte no jornal carioca Correio da Manhã.
Análise
Ainda pouco conhecida e estudada, a obra de Pedro Luiz Correia de Araújo insere-se nos debates artísticos nacionais e internacionais de sua época, procurando relacionar-se com ambos. Uma leve deformação no desenho, enfatizada pelo destaque das linhas de contorno das figuras, e uma construção sempre artificial da luz conferem um aspecto de irrealidade a obras como Les Fantoches (1935), aproximando-as do que o crítico alemão Franz Roh (1890-1965) chama, em 1925, “realismo mágico”.
Também naturezas-mortas com títulos alegóricos, como Eterno Problema (1937), sugerem diálogos com artistas do Novecento italiano. Por um lado, isso mostra que está atento a determinadas vertentes artísticas internacionais. Por outro, indica que em diversos trabalhos procura participar, ainda que tardiamente, do debate local acerca das possibilidades de uma arte nacional. Pinturas como Mulata e os Arcos 1940, sem abrir mão da referência estética àquelas vertentes, aproximam-se das pesquisas por um tipo humano capaz de representar alegoricamente o Brasil, empreendidas também em obras de Candido Portinari (1903-1962) e Di Cavalcanti (1897-1976).
A representação da nação aparece na escolha étnica das figuras e nas cores verde e amarelo dos trajes que vestem muitas de suas mulheres brasileiras. Também na luz verde e amarela, que banha a figura central do quadro Pureza (1938): uma mulata nua, alegoria da pureza brasileira.
Exposições Coletivas
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Pró-Arte
1934 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
Exposições Póstumas
1961 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, na Galeria Santa Rosa
1963 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva, no MAP
1981 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte André
1981 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Pinacoteca do Estado - organizada pelo Masp
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/Olinda
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
Fonte: PEDRO Luiz Correia de Araújo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 14 de agosto de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Pedro Correia de Araujo: Erótica | MASP
Pedro Correia de Araújo é um artista que se encontra no cruzamento entre dois tempos, geografias, escolas: entre os séculos 19 e 20, entre a França e o Brasil, entre o acadêmico e o moderno. Talvez por essa razão tenha sido marginalizado pela história da arte brasileira, algo que esta exposição procura reverter.
De família pernambucana, nasceu em Paris, onde, a partir dos anos 1910, estudou numa escola alternativa de arte, aprendendo a utilizar a geometria na construção de seus trabalhos, como se pode observar em Pureza (1938), pintura na qual o corpo da mulher se estrutura em volumes circulares, quadrados, triangulares ou hexagonais, deixados intencionalmente à mostra.
Não por acaso, o erotismo de sua obra se manifesta como algo racional, matemático. Não se resume a mera tentativa de expressão pessoal – que o artista desprezava –, mas integra um programa amplo e ambicioso.
Em seus trabalhos, o erotismo evita se ocultar sob uma tentativa de estetização do mundo e dos objetos, não é cenográfico ou decorativo (caso das mulatas típicas de seu contemporâneo Di Cavalcanti (1897-1976), por exemplo), mas integra uma matriz geométrica, essa que estrutura a representação de suas figuras – como provam as linhas horizontais, verticais e diagonais deixadas à mostra em alguns de seus desenhos e pinturas.
A seleção de obras enfoca a sensualidade latente que atravessa sua produção da fase brasileira, de 1929 a 1955, ressaltando, no entanto, a presença do erotismo não apenas nos nus ou na série de desenhos sexualmente mais explícitos, mas também e especialmente nos demais núcleos, formados pelas representações de retratos femininos de caboclas, índias, negras e mulatas, e danças brasileiras, como em Jongo (sem data), seu trabalho mais singular e extraordinário.
Em Mulheres na Lapa (sem data), o vigor do corpo das figuras femininas que estão em primeiro plano é assombrado pela presença iminente da chegada da morte, simbolizada por um esqueleto, que as observa da janela, em segundo plano, à esquerda. A ideia de finitude da vida e do corpo, presente na história da arte, também se revela em Mulata e São Sebastião (sem data) por meio de uma natureza-morta representada no canto inferior esquerdo da tela.
Apesar de suas muitas pinturas de nus e de prostitutas, o artista nunca foi seduzido pela possibilidade do voyeurismo banal, e fez de suas mulheres figuras complexas e repletas de caráter, verdadeiras representações de força e segurança, características que se podem observar em Moça com flor (1937), Mulata e os arcos (1939), Cabocla (sem data) e outras obras apresentadas nesta exposição.
— CURADORIA Fernando Oliva, curador, MASP.
Fonte: MASP - Museu de Arte de São Paulo. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
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A arte erótica de Pedro Correia de Araújo é tema de mostra no Masp | Vogue
Entre os nomes que integraram o Salão Revolucionário de 1931 – evento que reuniu a primeira geração de artistas modernistas –, o de Pedro Correia de Araújo (1874-1955) estava longe de ser o mais glamoroso, talvez ofuscado por outros como o de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
Ao contrário dos três, o pernambucano não teve a oportunidade de ver seus trabalhos reunidos em uma exposição individual ainda em vida. Quase quatro décadas depois da última vez que sua obra alcançou tal graça, o Masp, em São Paulo, reúne agora 66 trabalhos em Pedro Correia de Araújo: erótica, a partir de 24.08.
Parte da programação do museu que gira em torno do tema Histórias da Sexualidade – e que inaugurou as mostras de Toulouse-Lautrec e Wanda Pimentel – as pinturas de Correia de Araújo serão divididas em quatro eixos: nus, danças, retratos e a chamada série Erótica.
Nascido em Paris, mas criado em Recife, o artista retratou frequentemente as mulheres negras do País em telas carregadas de sensualidade. Ainda que tenha se debruçado sobre a temática nacional, pouco se sabe sobre a trajetória do pintor. Por isso, o museu irá lançar também um catálogo com reproduções de obras, documentos raros e textos críticos. Fundamental para a história da arte.
Fonte: Vogue. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
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A intrigante arte de Pedro Luiz Correia de Araújo é desnudada na mostra "Erótica" no MASP | Blima Bracher
Entre os nomes que integraram o Salão Revolucionário de 1931 – evento que reuniu a primeira geração de artistas modernistas – estava o de Pedro Luiz Correia de Araújo (1874-1955), junto com outros grandes da pintura como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
A obra deste mestre, que foi amigo pessoal de Matisse, pode ser conferida até o dia 14 de novembro no Masp, em São Paulo. São 66 trabalhos na mostra Pedro Correia de Araújo: Erótica.
Parte da programação do museu que gira em torno do tema Histórias da Sexualidade – e que inaugurou as mostras de Toulouse-Lautrec e Wanda Pimentel – as pinturas de Correia de Araújo serão divididas em quatro eixos: nus, danças, retratos e a chamada série Erótica.
Nascido em Paris, mas criado em Recife, o artista retratou frequentemente as mulheres negras do País em telas carregadas de sensualidade. Ainda que tenha se debruçado sobre a temática nacional, pouco se sabe sobre a trajetória do pintor. Por isso, o museu lançou também um catálogo com reproduções de obras, documentos raros (como a correspondência com Matisse) e textos críticos. Fundamental para a história da arte.
Pedro Luiz foi marido de Lili Correia de Araújo, fundadora do Pouso do Chico Rei, em Ouro Preto. Atualmente a pousada histórica (que já hospedou Vinícius de Moraes, Elizabeth Bishop, Jean Paul Sartre, Guignard, Henry Kissinger, Jorge Amado, entre outras personalidades de renome internacional) atualmente é gerida pelo neto do pintor Pedro Luiz, Ricardo Correia de Araújo.
Pintor, desenhista e professor, Pedro Luiz Correia de Araújo nasceu em Paris, em 1874 e faleceu no Rio de Janeiro, em1955. De família tradicional pernambucana, é educado em Recife, onde se forma em Direito. Abandona a carreira jurídica e vai a Paris no início do século XX para estudar arte. Afasta-se dos métodos acadêmicos e torna-se autodidata. Aproxima-se de artistas ligados a diferentes vertentes da vanguarda do período, como o pintor Maurice Denis (1870-1943), a quem substitui por breve período, em 1917, na direção da Académie Ranson. Fundada em 1908, essa escola é conhecida por ter como professores artistas, ligados ao movimento Nabi e à estética simbolista. Ainda em Paris, estabelece, em 1918, uma escola de arte, na qual introduz estudos de geometria plástica e cromática.
Quando vem pela segunda vez ao Brasil, em 1929, radica-se na cidade do Rio de Janeiro, onde mantém ateliê e leciona pintura. Participa do Salão Revolucionário de 1931 com trabalhos desenvolvidos entre 1911 e 1930. Contribui na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937, tornando-se um de seus principais especialistas. Entre 1935 e 1937, leciona no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. No Salão Nacional de Belas Artes de 1947, expõe um quadro-objeto, obra que chama atenção do público. Em 1952, participa do 1º Salão Nacional de Arte Moderna e da Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro MAM /RJ. Mantém durante alguns anos coluna de crítica de arte no jornal carioca Correio da Manhã.
Ainda pouco conhecida e estudada, a obra de Pedro Luiz Correia de Araújo insere-se nos debates artísticos nacionais e internacionais de sua época, procurando relacionar-se com ambos. Uma leve deformação no desenho, enfatizada pelo destaque das linhas de contorno das figuras, e uma construção sempre artificial da luz conferem um aspecto de irrealidade a obras como Les Fantoches (1935), aproximando-as do que o crítico alemão Franz Roh (1890-1965) chama, em 1925, “realismo mágico”1.
Também naturezas-mortas com títulos alegóricos, como Eterno Problema (1937), sugerem diálogos com artistas do Novecento italiano. Por um lado, isso mostra que está atento a determinadas vertentes artísticas internacionais. Por outro, indica que em diversos trabalhos procura participar, ainda que tardiamente, do debate local acerca das possibilidades de uma arte nacional. Pinturas como Mulata e os Arcos 1940, sem abrir mão da referência estética àquelas vertentes, aproximam-se das pesquisas por um tipo humano capaz de representar alegoricamente o Brasil, empreendidas também em obras de Cândido Portinari (1903 – 1962) e Di Cavalcanti (1897 – 1976).
A representação da nação aparece na escolha étnica das figuras e nas cores verde e amarelo dos trajes que vestem muitas de suas mulheres brasileiras. Também na luz verde e amarela, que banha a figura central do quadro Pureza (1938): uma mulata nua, alegoria da pureza brasileira.
Fonte: Blima Bracher. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
Crédito fotográfico: Parentesco. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
Pedro Luiz Correia de Araújo (Paris, França, 1874 – Rio de Janeiro, Brasil, 1955) foi um pintor, desenhista e professor brasileiro de origem pernambucana. Educado em Recife, onde se formou em Direito, ele abandonou a carreira jurídica para estudar arte em Paris no início do século XX. Lá, aproximou-se de artistas das vanguardas da época e dirigiu brevemente a Académie Ranson, conhecida por sua ligação com o movimento Nabi e a estética simbolista. Ao retornar ao Brasil em 1929, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde manteve ateliê, lecionou pintura e participou de importantes exposições, como o Salão Revolucionário de 1931. Sua obra é caracterizada por uma leve deformação no desenho, uso de luz artificial e uma abordagem que aproxima suas pinturas do realismo mágico. Pedro Correia de Araújo também se envolveu na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de lecionar no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. Seus trabalhos exploram temas ligados à identidade brasileira, utilizando figuras étnicas e cores nacionais, como em "Pureza" (1938).
Pedro Correia de Araujo | Arremate Arte
Educado em Recife, onde se formou em Direito, ele abandonou a carreira jurídica para estudar arte em Paris no início do século XX. Lá, aproximou-se de artistas das vanguardas da época e dirigiu brevemente a Académie Ranson, conhecida por sua ligação com o movimento Nabi e a estética simbolista.
Ao retornar ao Brasil em 1929, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde manteve ateliê, lecionou pintura e participou de importantes exposições, como o Salão Revolucionário de 1931.
Sua obra é caracterizada por uma leve deformação no desenho, uso de luz artificial e uma abordagem que aproxima suas pinturas do realismo mágico. Pedro Correia de Araújo também se envolveu na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de lecionar no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal.
Seus trabalhos exploram temas ligados à identidade brasileira, utilizando figuras étnicas e cores nacionais. Entre suas obras mais notáveis estão "Les Fantoches" (1935), uma pintura que se destaca pela deformação sutil do desenho e pelo uso de luz artificial, conferindo um aspecto de realismo mágico, e "Pureza" (1938), que retrata uma mulata nua, banhada em luzes verde e amarela, uma representação alegórica da pureza brasileira. Outra obra significativa é "Mulata e os Arcos" (1940), que dialoga com a pesquisa estética de outros grandes nomes como Cândido Portinari e Di Cavalcanti, buscando um tipo humano que representasse alegoricamente o Brasil.
Correia de Araújo teve participação em exposições que ganharam visibilidade na mídia e contribuíram para a divulgação de sua obra. Ele participou do Salão Revolucionário de 1931, um evento crucial que reuniu a primeira geração de artistas modernistas no Brasil. Outro momento de destaque foi sua participação no 1º Salão Nacional de Arte Moderna em 1952, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), onde suas obras foram expostas ao lado de outros artistas de renome. Nesse mesmo ano, ele também participou da Exposição de Artistas Brasileiros no MAM/RJ, consolidando sua presença no cenário artístico nacional.
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Pedro Correia de Araujo | Itaú Cultural
Pedro Luiz Correia de Araújo (Paris, França, 1874 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,1955). Pintor, desenhista e professor. De família tradicional pernambucana, é educado em Recife, onde se forma em Direito. Abandona a carreira jurídica e vai a Paris no início do século XX para estudar arte. Afasta-se dos métodos acadêmicos e torna-se autodidata. Aproxima-se de artistas ligados a diferentes vertentes da vanguarda do período, como o pintor Maurice Denis (1870-1943), a quem substitui por breve período, em 1917, na direção da Académie Ranson. Fundada em 1908, essa escola é conhecida por ter como professores artistas, ligados ao movimento Nabi e à estética simbolista. Ainda em Paris, estabelece, em 1918, uma escola de arte, na qual introduz estudos de geometria plástica e cromática.
Quando vem pela segunda vez ao Brasil, em 1929, radica-se na cidade do Rio de Janeiro, onde mantém ateliê e leciona pintura. Participa do Salão Revolucionário de 1931 com trabalhos desenvolvidos entre 1911 e 1930. Contribui na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937, tornando-se um de seus principais especialistas. Entre 1935 e 1937, leciona no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. No Salão Nacional de Belas Artes de 1947, expõe um quadro-objeto, obra que chama atenção do público. Em 1952, participa do 1º Salão Nacional de Arte Moderna e da Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Mantém durante alguns anos coluna de crítica de arte no jornal carioca Correio da Manhã.
Análise
Ainda pouco conhecida e estudada, a obra de Pedro Luiz Correia de Araújo insere-se nos debates artísticos nacionais e internacionais de sua época, procurando relacionar-se com ambos. Uma leve deformação no desenho, enfatizada pelo destaque das linhas de contorno das figuras, e uma construção sempre artificial da luz conferem um aspecto de irrealidade a obras como Les Fantoches (1935), aproximando-as do que o crítico alemão Franz Roh (1890-1965) chama, em 1925, “realismo mágico”.
Também naturezas-mortas com títulos alegóricos, como Eterno Problema (1937), sugerem diálogos com artistas do Novecento italiano. Por um lado, isso mostra que está atento a determinadas vertentes artísticas internacionais. Por outro, indica que em diversos trabalhos procura participar, ainda que tardiamente, do debate local acerca das possibilidades de uma arte nacional. Pinturas como Mulata e os Arcos 1940, sem abrir mão da referência estética àquelas vertentes, aproximam-se das pesquisas por um tipo humano capaz de representar alegoricamente o Brasil, empreendidas também em obras de Candido Portinari (1903-1962) e Di Cavalcanti (1897-1976).
A representação da nação aparece na escolha étnica das figuras e nas cores verde e amarelo dos trajes que vestem muitas de suas mulheres brasileiras. Também na luz verde e amarela, que banha a figura central do quadro Pureza (1938): uma mulata nua, alegoria da pureza brasileira.
Exposições Coletivas
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Pró-Arte
1934 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
Exposições Póstumas
1961 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, na Galeria Santa Rosa
1963 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva, no MAP
1981 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte André
1981 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Pinacoteca do Estado - organizada pelo Masp
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/Olinda
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
Fonte: PEDRO Luiz Correia de Araújo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 14 de agosto de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Pedro Correia de Araujo: Erótica | MASP
Pedro Correia de Araújo é um artista que se encontra no cruzamento entre dois tempos, geografias, escolas: entre os séculos 19 e 20, entre a França e o Brasil, entre o acadêmico e o moderno. Talvez por essa razão tenha sido marginalizado pela história da arte brasileira, algo que esta exposição procura reverter.
De família pernambucana, nasceu em Paris, onde, a partir dos anos 1910, estudou numa escola alternativa de arte, aprendendo a utilizar a geometria na construção de seus trabalhos, como se pode observar em Pureza (1938), pintura na qual o corpo da mulher se estrutura em volumes circulares, quadrados, triangulares ou hexagonais, deixados intencionalmente à mostra.
Não por acaso, o erotismo de sua obra se manifesta como algo racional, matemático. Não se resume a mera tentativa de expressão pessoal – que o artista desprezava –, mas integra um programa amplo e ambicioso.
Em seus trabalhos, o erotismo evita se ocultar sob uma tentativa de estetização do mundo e dos objetos, não é cenográfico ou decorativo (caso das mulatas típicas de seu contemporâneo Di Cavalcanti (1897-1976), por exemplo), mas integra uma matriz geométrica, essa que estrutura a representação de suas figuras – como provam as linhas horizontais, verticais e diagonais deixadas à mostra em alguns de seus desenhos e pinturas.
A seleção de obras enfoca a sensualidade latente que atravessa sua produção da fase brasileira, de 1929 a 1955, ressaltando, no entanto, a presença do erotismo não apenas nos nus ou na série de desenhos sexualmente mais explícitos, mas também e especialmente nos demais núcleos, formados pelas representações de retratos femininos de caboclas, índias, negras e mulatas, e danças brasileiras, como em Jongo (sem data), seu trabalho mais singular e extraordinário.
Em Mulheres na Lapa (sem data), o vigor do corpo das figuras femininas que estão em primeiro plano é assombrado pela presença iminente da chegada da morte, simbolizada por um esqueleto, que as observa da janela, em segundo plano, à esquerda. A ideia de finitude da vida e do corpo, presente na história da arte, também se revela em Mulata e São Sebastião (sem data) por meio de uma natureza-morta representada no canto inferior esquerdo da tela.
Apesar de suas muitas pinturas de nus e de prostitutas, o artista nunca foi seduzido pela possibilidade do voyeurismo banal, e fez de suas mulheres figuras complexas e repletas de caráter, verdadeiras representações de força e segurança, características que se podem observar em Moça com flor (1937), Mulata e os arcos (1939), Cabocla (sem data) e outras obras apresentadas nesta exposição.
— CURADORIA Fernando Oliva, curador, MASP.
Fonte: MASP - Museu de Arte de São Paulo. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
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A arte erótica de Pedro Correia de Araújo é tema de mostra no Masp | Vogue
Entre os nomes que integraram o Salão Revolucionário de 1931 – evento que reuniu a primeira geração de artistas modernistas –, o de Pedro Correia de Araújo (1874-1955) estava longe de ser o mais glamoroso, talvez ofuscado por outros como o de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
Ao contrário dos três, o pernambucano não teve a oportunidade de ver seus trabalhos reunidos em uma exposição individual ainda em vida. Quase quatro décadas depois da última vez que sua obra alcançou tal graça, o Masp, em São Paulo, reúne agora 66 trabalhos em Pedro Correia de Araújo: erótica, a partir de 24.08.
Parte da programação do museu que gira em torno do tema Histórias da Sexualidade – e que inaugurou as mostras de Toulouse-Lautrec e Wanda Pimentel – as pinturas de Correia de Araújo serão divididas em quatro eixos: nus, danças, retratos e a chamada série Erótica.
Nascido em Paris, mas criado em Recife, o artista retratou frequentemente as mulheres negras do País em telas carregadas de sensualidade. Ainda que tenha se debruçado sobre a temática nacional, pouco se sabe sobre a trajetória do pintor. Por isso, o museu irá lançar também um catálogo com reproduções de obras, documentos raros e textos críticos. Fundamental para a história da arte.
Fonte: Vogue. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
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A intrigante arte de Pedro Luiz Correia de Araújo é desnudada na mostra "Erótica" no MASP | Blima Bracher
Entre os nomes que integraram o Salão Revolucionário de 1931 – evento que reuniu a primeira geração de artistas modernistas – estava o de Pedro Luiz Correia de Araújo (1874-1955), junto com outros grandes da pintura como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
A obra deste mestre, que foi amigo pessoal de Matisse, pode ser conferida até o dia 14 de novembro no Masp, em São Paulo. São 66 trabalhos na mostra Pedro Correia de Araújo: Erótica.
Parte da programação do museu que gira em torno do tema Histórias da Sexualidade – e que inaugurou as mostras de Toulouse-Lautrec e Wanda Pimentel – as pinturas de Correia de Araújo serão divididas em quatro eixos: nus, danças, retratos e a chamada série Erótica.
Nascido em Paris, mas criado em Recife, o artista retratou frequentemente as mulheres negras do País em telas carregadas de sensualidade. Ainda que tenha se debruçado sobre a temática nacional, pouco se sabe sobre a trajetória do pintor. Por isso, o museu lançou também um catálogo com reproduções de obras, documentos raros (como a correspondência com Matisse) e textos críticos. Fundamental para a história da arte.
Pedro Luiz foi marido de Lili Correia de Araújo, fundadora do Pouso do Chico Rei, em Ouro Preto. Atualmente a pousada histórica (que já hospedou Vinícius de Moraes, Elizabeth Bishop, Jean Paul Sartre, Guignard, Henry Kissinger, Jorge Amado, entre outras personalidades de renome internacional) atualmente é gerida pelo neto do pintor Pedro Luiz, Ricardo Correia de Araújo.
Pintor, desenhista e professor, Pedro Luiz Correia de Araújo nasceu em Paris, em 1874 e faleceu no Rio de Janeiro, em1955. De família tradicional pernambucana, é educado em Recife, onde se forma em Direito. Abandona a carreira jurídica e vai a Paris no início do século XX para estudar arte. Afasta-se dos métodos acadêmicos e torna-se autodidata. Aproxima-se de artistas ligados a diferentes vertentes da vanguarda do período, como o pintor Maurice Denis (1870-1943), a quem substitui por breve período, em 1917, na direção da Académie Ranson. Fundada em 1908, essa escola é conhecida por ter como professores artistas, ligados ao movimento Nabi e à estética simbolista. Ainda em Paris, estabelece, em 1918, uma escola de arte, na qual introduz estudos de geometria plástica e cromática.
Quando vem pela segunda vez ao Brasil, em 1929, radica-se na cidade do Rio de Janeiro, onde mantém ateliê e leciona pintura. Participa do Salão Revolucionário de 1931 com trabalhos desenvolvidos entre 1911 e 1930. Contribui na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937, tornando-se um de seus principais especialistas. Entre 1935 e 1937, leciona no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. No Salão Nacional de Belas Artes de 1947, expõe um quadro-objeto, obra que chama atenção do público. Em 1952, participa do 1º Salão Nacional de Arte Moderna e da Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro MAM /RJ. Mantém durante alguns anos coluna de crítica de arte no jornal carioca Correio da Manhã.
Ainda pouco conhecida e estudada, a obra de Pedro Luiz Correia de Araújo insere-se nos debates artísticos nacionais e internacionais de sua época, procurando relacionar-se com ambos. Uma leve deformação no desenho, enfatizada pelo destaque das linhas de contorno das figuras, e uma construção sempre artificial da luz conferem um aspecto de irrealidade a obras como Les Fantoches (1935), aproximando-as do que o crítico alemão Franz Roh (1890-1965) chama, em 1925, “realismo mágico”1.
Também naturezas-mortas com títulos alegóricos, como Eterno Problema (1937), sugerem diálogos com artistas do Novecento italiano. Por um lado, isso mostra que está atento a determinadas vertentes artísticas internacionais. Por outro, indica que em diversos trabalhos procura participar, ainda que tardiamente, do debate local acerca das possibilidades de uma arte nacional. Pinturas como Mulata e os Arcos 1940, sem abrir mão da referência estética àquelas vertentes, aproximam-se das pesquisas por um tipo humano capaz de representar alegoricamente o Brasil, empreendidas também em obras de Cândido Portinari (1903 – 1962) e Di Cavalcanti (1897 – 1976).
A representação da nação aparece na escolha étnica das figuras e nas cores verde e amarelo dos trajes que vestem muitas de suas mulheres brasileiras. Também na luz verde e amarela, que banha a figura central do quadro Pureza (1938): uma mulata nua, alegoria da pureza brasileira.
Fonte: Blima Bracher. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
Crédito fotográfico: Parentesco. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
Pedro Luiz Correia de Araújo (Paris, França, 1874 – Rio de Janeiro, Brasil, 1955) foi um pintor, desenhista e professor brasileiro de origem pernambucana. Educado em Recife, onde se formou em Direito, ele abandonou a carreira jurídica para estudar arte em Paris no início do século XX. Lá, aproximou-se de artistas das vanguardas da época e dirigiu brevemente a Académie Ranson, conhecida por sua ligação com o movimento Nabi e a estética simbolista. Ao retornar ao Brasil em 1929, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde manteve ateliê, lecionou pintura e participou de importantes exposições, como o Salão Revolucionário de 1931. Sua obra é caracterizada por uma leve deformação no desenho, uso de luz artificial e uma abordagem que aproxima suas pinturas do realismo mágico. Pedro Correia de Araújo também se envolveu na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de lecionar no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. Seus trabalhos exploram temas ligados à identidade brasileira, utilizando figuras étnicas e cores nacionais, como em "Pureza" (1938).
Pedro Correia de Araujo | Arremate Arte
Educado em Recife, onde se formou em Direito, ele abandonou a carreira jurídica para estudar arte em Paris no início do século XX. Lá, aproximou-se de artistas das vanguardas da época e dirigiu brevemente a Académie Ranson, conhecida por sua ligação com o movimento Nabi e a estética simbolista.
Ao retornar ao Brasil em 1929, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde manteve ateliê, lecionou pintura e participou de importantes exposições, como o Salão Revolucionário de 1931.
Sua obra é caracterizada por uma leve deformação no desenho, uso de luz artificial e uma abordagem que aproxima suas pinturas do realismo mágico. Pedro Correia de Araújo também se envolveu na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de lecionar no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal.
Seus trabalhos exploram temas ligados à identidade brasileira, utilizando figuras étnicas e cores nacionais. Entre suas obras mais notáveis estão "Les Fantoches" (1935), uma pintura que se destaca pela deformação sutil do desenho e pelo uso de luz artificial, conferindo um aspecto de realismo mágico, e "Pureza" (1938), que retrata uma mulata nua, banhada em luzes verde e amarela, uma representação alegórica da pureza brasileira. Outra obra significativa é "Mulata e os Arcos" (1940), que dialoga com a pesquisa estética de outros grandes nomes como Cândido Portinari e Di Cavalcanti, buscando um tipo humano que representasse alegoricamente o Brasil.
Correia de Araújo teve participação em exposições que ganharam visibilidade na mídia e contribuíram para a divulgação de sua obra. Ele participou do Salão Revolucionário de 1931, um evento crucial que reuniu a primeira geração de artistas modernistas no Brasil. Outro momento de destaque foi sua participação no 1º Salão Nacional de Arte Moderna em 1952, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), onde suas obras foram expostas ao lado de outros artistas de renome. Nesse mesmo ano, ele também participou da Exposição de Artistas Brasileiros no MAM/RJ, consolidando sua presença no cenário artístico nacional.
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Pedro Correia de Araujo | Itaú Cultural
Pedro Luiz Correia de Araújo (Paris, França, 1874 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,1955). Pintor, desenhista e professor. De família tradicional pernambucana, é educado em Recife, onde se forma em Direito. Abandona a carreira jurídica e vai a Paris no início do século XX para estudar arte. Afasta-se dos métodos acadêmicos e torna-se autodidata. Aproxima-se de artistas ligados a diferentes vertentes da vanguarda do período, como o pintor Maurice Denis (1870-1943), a quem substitui por breve período, em 1917, na direção da Académie Ranson. Fundada em 1908, essa escola é conhecida por ter como professores artistas, ligados ao movimento Nabi e à estética simbolista. Ainda em Paris, estabelece, em 1918, uma escola de arte, na qual introduz estudos de geometria plástica e cromática.
Quando vem pela segunda vez ao Brasil, em 1929, radica-se na cidade do Rio de Janeiro, onde mantém ateliê e leciona pintura. Participa do Salão Revolucionário de 1931 com trabalhos desenvolvidos entre 1911 e 1930. Contribui na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937, tornando-se um de seus principais especialistas. Entre 1935 e 1937, leciona no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. No Salão Nacional de Belas Artes de 1947, expõe um quadro-objeto, obra que chama atenção do público. Em 1952, participa do 1º Salão Nacional de Arte Moderna e da Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Mantém durante alguns anos coluna de crítica de arte no jornal carioca Correio da Manhã.
Análise
Ainda pouco conhecida e estudada, a obra de Pedro Luiz Correia de Araújo insere-se nos debates artísticos nacionais e internacionais de sua época, procurando relacionar-se com ambos. Uma leve deformação no desenho, enfatizada pelo destaque das linhas de contorno das figuras, e uma construção sempre artificial da luz conferem um aspecto de irrealidade a obras como Les Fantoches (1935), aproximando-as do que o crítico alemão Franz Roh (1890-1965) chama, em 1925, “realismo mágico”.
Também naturezas-mortas com títulos alegóricos, como Eterno Problema (1937), sugerem diálogos com artistas do Novecento italiano. Por um lado, isso mostra que está atento a determinadas vertentes artísticas internacionais. Por outro, indica que em diversos trabalhos procura participar, ainda que tardiamente, do debate local acerca das possibilidades de uma arte nacional. Pinturas como Mulata e os Arcos 1940, sem abrir mão da referência estética àquelas vertentes, aproximam-se das pesquisas por um tipo humano capaz de representar alegoricamente o Brasil, empreendidas também em obras de Candido Portinari (1903-1962) e Di Cavalcanti (1897-1976).
A representação da nação aparece na escolha étnica das figuras e nas cores verde e amarelo dos trajes que vestem muitas de suas mulheres brasileiras. Também na luz verde e amarela, que banha a figura central do quadro Pureza (1938): uma mulata nua, alegoria da pureza brasileira.
Exposições Coletivas
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Pró-Arte
1934 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
Exposições Póstumas
1961 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, na Galeria Santa Rosa
1963 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva, no MAP
1981 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte André
1981 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Pinacoteca do Estado - organizada pelo Masp
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/Olinda
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
Fonte: PEDRO Luiz Correia de Araújo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 14 de agosto de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Pedro Correia de Araujo: Erótica | MASP
Pedro Correia de Araújo é um artista que se encontra no cruzamento entre dois tempos, geografias, escolas: entre os séculos 19 e 20, entre a França e o Brasil, entre o acadêmico e o moderno. Talvez por essa razão tenha sido marginalizado pela história da arte brasileira, algo que esta exposição procura reverter.
De família pernambucana, nasceu em Paris, onde, a partir dos anos 1910, estudou numa escola alternativa de arte, aprendendo a utilizar a geometria na construção de seus trabalhos, como se pode observar em Pureza (1938), pintura na qual o corpo da mulher se estrutura em volumes circulares, quadrados, triangulares ou hexagonais, deixados intencionalmente à mostra.
Não por acaso, o erotismo de sua obra se manifesta como algo racional, matemático. Não se resume a mera tentativa de expressão pessoal – que o artista desprezava –, mas integra um programa amplo e ambicioso.
Em seus trabalhos, o erotismo evita se ocultar sob uma tentativa de estetização do mundo e dos objetos, não é cenográfico ou decorativo (caso das mulatas típicas de seu contemporâneo Di Cavalcanti (1897-1976), por exemplo), mas integra uma matriz geométrica, essa que estrutura a representação de suas figuras – como provam as linhas horizontais, verticais e diagonais deixadas à mostra em alguns de seus desenhos e pinturas.
A seleção de obras enfoca a sensualidade latente que atravessa sua produção da fase brasileira, de 1929 a 1955, ressaltando, no entanto, a presença do erotismo não apenas nos nus ou na série de desenhos sexualmente mais explícitos, mas também e especialmente nos demais núcleos, formados pelas representações de retratos femininos de caboclas, índias, negras e mulatas, e danças brasileiras, como em Jongo (sem data), seu trabalho mais singular e extraordinário.
Em Mulheres na Lapa (sem data), o vigor do corpo das figuras femininas que estão em primeiro plano é assombrado pela presença iminente da chegada da morte, simbolizada por um esqueleto, que as observa da janela, em segundo plano, à esquerda. A ideia de finitude da vida e do corpo, presente na história da arte, também se revela em Mulata e São Sebastião (sem data) por meio de uma natureza-morta representada no canto inferior esquerdo da tela.
Apesar de suas muitas pinturas de nus e de prostitutas, o artista nunca foi seduzido pela possibilidade do voyeurismo banal, e fez de suas mulheres figuras complexas e repletas de caráter, verdadeiras representações de força e segurança, características que se podem observar em Moça com flor (1937), Mulata e os arcos (1939), Cabocla (sem data) e outras obras apresentadas nesta exposição.
— CURADORIA Fernando Oliva, curador, MASP.
Fonte: MASP - Museu de Arte de São Paulo. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
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A arte erótica de Pedro Correia de Araújo é tema de mostra no Masp | Vogue
Entre os nomes que integraram o Salão Revolucionário de 1931 – evento que reuniu a primeira geração de artistas modernistas –, o de Pedro Correia de Araújo (1874-1955) estava longe de ser o mais glamoroso, talvez ofuscado por outros como o de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
Ao contrário dos três, o pernambucano não teve a oportunidade de ver seus trabalhos reunidos em uma exposição individual ainda em vida. Quase quatro décadas depois da última vez que sua obra alcançou tal graça, o Masp, em São Paulo, reúne agora 66 trabalhos em Pedro Correia de Araújo: erótica, a partir de 24.08.
Parte da programação do museu que gira em torno do tema Histórias da Sexualidade – e que inaugurou as mostras de Toulouse-Lautrec e Wanda Pimentel – as pinturas de Correia de Araújo serão divididas em quatro eixos: nus, danças, retratos e a chamada série Erótica.
Nascido em Paris, mas criado em Recife, o artista retratou frequentemente as mulheres negras do País em telas carregadas de sensualidade. Ainda que tenha se debruçado sobre a temática nacional, pouco se sabe sobre a trajetória do pintor. Por isso, o museu irá lançar também um catálogo com reproduções de obras, documentos raros e textos críticos. Fundamental para a história da arte.
Fonte: Vogue. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
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A intrigante arte de Pedro Luiz Correia de Araújo é desnudada na mostra "Erótica" no MASP | Blima Bracher
Entre os nomes que integraram o Salão Revolucionário de 1931 – evento que reuniu a primeira geração de artistas modernistas – estava o de Pedro Luiz Correia de Araújo (1874-1955), junto com outros grandes da pintura como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
A obra deste mestre, que foi amigo pessoal de Matisse, pode ser conferida até o dia 14 de novembro no Masp, em São Paulo. São 66 trabalhos na mostra Pedro Correia de Araújo: Erótica.
Parte da programação do museu que gira em torno do tema Histórias da Sexualidade – e que inaugurou as mostras de Toulouse-Lautrec e Wanda Pimentel – as pinturas de Correia de Araújo serão divididas em quatro eixos: nus, danças, retratos e a chamada série Erótica.
Nascido em Paris, mas criado em Recife, o artista retratou frequentemente as mulheres negras do País em telas carregadas de sensualidade. Ainda que tenha se debruçado sobre a temática nacional, pouco se sabe sobre a trajetória do pintor. Por isso, o museu lançou também um catálogo com reproduções de obras, documentos raros (como a correspondência com Matisse) e textos críticos. Fundamental para a história da arte.
Pedro Luiz foi marido de Lili Correia de Araújo, fundadora do Pouso do Chico Rei, em Ouro Preto. Atualmente a pousada histórica (que já hospedou Vinícius de Moraes, Elizabeth Bishop, Jean Paul Sartre, Guignard, Henry Kissinger, Jorge Amado, entre outras personalidades de renome internacional) atualmente é gerida pelo neto do pintor Pedro Luiz, Ricardo Correia de Araújo.
Pintor, desenhista e professor, Pedro Luiz Correia de Araújo nasceu em Paris, em 1874 e faleceu no Rio de Janeiro, em1955. De família tradicional pernambucana, é educado em Recife, onde se forma em Direito. Abandona a carreira jurídica e vai a Paris no início do século XX para estudar arte. Afasta-se dos métodos acadêmicos e torna-se autodidata. Aproxima-se de artistas ligados a diferentes vertentes da vanguarda do período, como o pintor Maurice Denis (1870-1943), a quem substitui por breve período, em 1917, na direção da Académie Ranson. Fundada em 1908, essa escola é conhecida por ter como professores artistas, ligados ao movimento Nabi e à estética simbolista. Ainda em Paris, estabelece, em 1918, uma escola de arte, na qual introduz estudos de geometria plástica e cromática.
Quando vem pela segunda vez ao Brasil, em 1929, radica-se na cidade do Rio de Janeiro, onde mantém ateliê e leciona pintura. Participa do Salão Revolucionário de 1931 com trabalhos desenvolvidos entre 1911 e 1930. Contribui na organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937, tornando-se um de seus principais especialistas. Entre 1935 e 1937, leciona no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. No Salão Nacional de Belas Artes de 1947, expõe um quadro-objeto, obra que chama atenção do público. Em 1952, participa do 1º Salão Nacional de Arte Moderna e da Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro MAM /RJ. Mantém durante alguns anos coluna de crítica de arte no jornal carioca Correio da Manhã.
Ainda pouco conhecida e estudada, a obra de Pedro Luiz Correia de Araújo insere-se nos debates artísticos nacionais e internacionais de sua época, procurando relacionar-se com ambos. Uma leve deformação no desenho, enfatizada pelo destaque das linhas de contorno das figuras, e uma construção sempre artificial da luz conferem um aspecto de irrealidade a obras como Les Fantoches (1935), aproximando-as do que o crítico alemão Franz Roh (1890-1965) chama, em 1925, “realismo mágico”1.
Também naturezas-mortas com títulos alegóricos, como Eterno Problema (1937), sugerem diálogos com artistas do Novecento italiano. Por um lado, isso mostra que está atento a determinadas vertentes artísticas internacionais. Por outro, indica que em diversos trabalhos procura participar, ainda que tardiamente, do debate local acerca das possibilidades de uma arte nacional. Pinturas como Mulata e os Arcos 1940, sem abrir mão da referência estética àquelas vertentes, aproximam-se das pesquisas por um tipo humano capaz de representar alegoricamente o Brasil, empreendidas também em obras de Cândido Portinari (1903 – 1962) e Di Cavalcanti (1897 – 1976).
A representação da nação aparece na escolha étnica das figuras e nas cores verde e amarelo dos trajes que vestem muitas de suas mulheres brasileiras. Também na luz verde e amarela, que banha a figura central do quadro Pureza (1938): uma mulata nua, alegoria da pureza brasileira.
Fonte: Blima Bracher. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.
Crédito fotográfico: Parentesco. Consultado pela última vez em 14 de agosto de 2024.