Rubem Valentim (9 de novembro de 1922 – 30 de novembro de 1991), foi um escultor, pintor e gravador brasileiro. Iniciou a carreira como autodidata e participou do movimento de renovação artística na Bahia nos anos 1940. Suas obras exploram elementos religiosos por meio de formas estilizadas e cores vibrantes, criando uma conexão entre o misticismo afro-brasileiro e a estética modernista. Valentim é amplamente reconhecido por integrar a simbologia religiosa em uma linguagem artística abstrata e construtivista. Ao longo de sua carreira, Valentim realizou exposições em grandes eventos internacionais, como a Bienal de Veneza e a Bienal de São Paulo, e teve seu trabalho incorporado a importantes acervos, incluindo o MoMA em Nova York e o MASP em São Paulo. Deixou uma importante marca como professor na Universidade de Brasília e como criador de grandes obras públicas, como o "Templo de Oxalá". Seu legado é amplamente celebrado por sua contribuição à arte moderna brasileira e pela valorização da cultura afro-brasileira no cenário artístico global.
Rubem Valentim | Arremate Arte
Rubem Valentim (Salvador, 9 de novembro de 1922 – São Paulo, 30 de novembro de 1991) foi um renomado pintor, gravador e escultor brasileiro. Iniciou sua carreira como autodidata, antes de estudar na Escola de Belas Artes da Bahia. Originalmente formado em odontologia e jornalismo, Valentim abandonou essas profissões para dedicar-se à arte em tempo integral, integrando o movimento de renovação artística na Bahia na década de 1940.
Sua obra é marcada pela influência das religiões afro-brasileiras, especialmente o Candomblé e a Umbanda, cujos símbolos místicos ele transformava em formas geométricas e abstratas. A simbologia afro-brasileira se destaca em sua pintura, gravura e escultura, com o uso de cores e formas estilizadas que evocam o misticismo e a espiritualidade dessas religiões.
Ao longo de sua carreira, Valentim viveu e trabalhou em diversas cidades, como Rio de Janeiro, Roma e Brasília, onde atuou como professor na Universidade de Brasília.
Participou de grandes exposições internacionais, como a Bienal de Veneza, e suas obras integram coleções de importantes museus, incluindo o MoMA em Nova York, o MASP e o Museu Afro Brasil.
Seu legado artístico é amplamente reconhecido, tanto pelo seu papel na valorização da cultura afro-brasileira quanto pela sua contribuição ao modernismo brasileiro.
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Rubem Valentim | Itaú Cultural
Rubem Valentim (Salvador, Bahia, 1922 – São Paulo, São Paulo, 1991). Escultor, pintor, gravador, professor. As composições geométricas de Rubem Valentim exploram a variedade da cultura nacional e dão forma a símbolos e emblemas afro-brasileiros.
Inicia seu trabalho nas artes visuais na década de 1940, como autodidata. Desde o início de sua produção, nota-se forte interesse pelas tradições populares do Nordeste, como a cerâmica produzida no Recôncavo Baiano. Entre 1946 e 1947, participa do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, com Mario Cravo Júnior (1923-2018), Carlos Bastos (1925-2004) e outros artistas.
A partir da década de 1950, toma como referência para seu trabalho o universo religioso, principalmente aquele relacionado ao candomblé e à umbanda, com suas ferramentas de culto, suas estruturas dos altares e seus símbolos de entidades. Os signos e emblemas, originalmente geométricos, são reorganizados por uma geometria ainda mais rigorosa na obra de Valentim, formada por linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados, como aponta o historiador da arte italiano Giulio Carlo Argan (1909-1992). Dessa forma, ele compõe um repertório pessoal que, aliado ao uso criativo da cor, abre-se a várias possibilidades formais.
Forma-se em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1953 e publica artigos e crônicas sobre arte. Entre 1957 e 1963, reside no Rio de Janeiro, onde se torna professor assistente de Carlos Cavalcanti (1909-1973) no curso de história da arte, no Instituto de Belas Artes. Em 1962, realiza mostra individual na Galeria Relevo, no Rio de Janeiro, que lhe garante o prêmio de melhor exposição do ano pela Associação Brasileira dos Críticos de Arte.
Além da pintura, no final da década de 1960, passa a realizar murais, relevos e esculturas monumentais em madeira, mantendo sua poética sempre constante. Com o prêmio viagem ao exterior, obtido no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), reside em Roma entre 1963 e 1966.
Em 1966 participa do Festival Mundial de Artes Negras em Dacar, Senegal. No mesmo ano, retorna ao Brasil e transfere-se para Brasília, onde leciona pintura no Ateliê Livre do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB). Em 1968, período marcado pelo endurecimento da ditadura militar1 brasileira, se afasta da universidade. Em 1969, participa da X Bienal de São Paulo e da I Bienal Internacional de Arte Construtivista em Nuremberg, Alemanha.
Embora dialogue com linguagens artísticas de origem europeia, como o construtivismo e o concretismo, o trabalho de Valentim tem forte ancoragem na realidade nacional. Sobretudo por causa da representação de emblemas e símbolos das religiões afro-brasileiras, constrói imagens que, segundo a professora Angélica Madeira, visam “descolonizar o imaginário”.
Em 1972, realiza um mural de mármore de 120 metros quadrados para o edifício-sede da Novacap em Brasília, considerado sua primeira obra pública. O crítico de arte Frederico Morais (1936) elabora, em 1974, o audiovisual A arte de Rubem Valentim. Em 1976, o artista escreve Manifesto ainda que tardio, com alguns comentários sobre sua obra. Nesse texto, manifesta seu empenho de buscar as raízes e a “ressocialização da arte”, garantindo seu pertencimento ao povo. Valentim também expressa a aspiração de que seus trabalhos se integrassem em “espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos”.
Em 1977, na XVI Bienal Internacional de São Paulo, apresenta o Templo de Oxalá, com relevos e objetos emblemáticos brancos. Pela referência ao universo simbólico, alguns estudiosos aproximam seus trabalhos aos de outros abstratos latino-americanos, como o uruguaio Joaquín Torres-García (1874-1949). Dois anos depois, realiza escultura de concreto aparente na Praça da Sé, em São Paulo, definindo-a como o "Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira". No mesmo ano, é designado por uma comissão de críticos para executar cinco medalhões de ouro, prata e bronze, para os quais recria símbolos afro-brasileiros para a Casa da Moeda do Brasil.
Realiza mostra conjunta com Athos Bulcão (1918-2008) na Galeria Performance, Brasília, em 1986. Em 1998 o Museu de Arte da Moderna da Bahia (MAM/BA) inaugura no Parque de Esculturas a Sala Especial Rubem Valentim.
Sua obra participa de importantes acervos, como o do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e o da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_). Um painel feito por Valentim está exposto no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
A obra de Valentim se dedica à complexidade e à pluralidade da cultura brasileira. Com uso criativo das cores e geometria rigorosa, o artista explora elementos da simbologia de matriz africana.
Críticas
"Ele partiu, indiferente aos feitiços da natureza ambiente, que os olhos devoram, já de um plano antropológico cultural mais abstrato, isto é, o da criação coletiva intuitiva em si. Dominado pela carga simbólica dos signos mágicos da liturgia negra em meio dos quais crescera, transfigurou-os em formas pictóricas abstratas; geometricamente belas em si, e túrgidas. Ávido e pobre, procedeu por apropriação num instinto de possessão quase obsessivo. Há algo de antropofágico na sua arte no sentido oswaldiano - ser produto de deglutições culturais. Ao transmudar fetiches em imagens e signos litúrgicos em signos abstratos plásticos, Valentim os desenraíza de seu terreiro e, carregando-os de mais a mais de uma semântica própria, os leva ao campo da representação por assim dizer emblemática, ou numa heráldica, como disse o professor Giulio Carlo Argan. Nessa representação, os signos ganham em universalidade significativa o que perdem em carga original mágico-mítica. O artista projeta mesmo, abandonando também a fatalidade da tela, organiza seus signos no espaço, talhados como emblemas, brasões, broquéis, estandartes, barandões de uma insólita procissão, procissão talvez de um misticismo religioso sem igreja, sem dogmas a não ser a eterna crença das raças e povos oprimidos no advento do milênio, na fraternidade das raças, na ascensão do homem" — Mário Pedrosa (PEDROSA, Mário. A contemporaneidade de Rubem Valentim. In: VALENTIM, Rubem. 31 objetos emblemáticos e relevos emblemas. Rio de Janeiro: MAM, 1970).
"A escolha temática que está na raiz da pintura de Rubem Valentim resulta das próprias declarações do artista: os seus signos são deduzidos da simbologia mágica que se transmite com as tradições populares dos negros da Bahia. A evocação destes signos simbólicos-mágicos não tem, entretanto, nada de folclorístico, o que se vê dos sucessivos estados através dos quais passam antes de se constituírem como imagens pictóricas. É necessário expor, antes que eles aparecem subitamente imunizados, privados das suas próprias virtudes originárias, evocativas ou provocatórias: o artista os elabora até que a obscuridade ameaçadora do fetiche se esclareça na límpida forma de mito. Decompõem-nos e os geometriza, arranca-os da originária semente iconográfica; depois os reorganiza segundo simetrias rigorosas, os reduz à essencialidade de uma geometria primária, feita de verticais, horizontais, triângulos, círculos, quadrados, retângulos; enfim, torna-os macroscopicamente manifestos com acuradas, profundas zonas colorísticas, entre as quais procura precisas relações métricas, proporcionais, difíceis equivalências entre signos e fundo" — Giulio Carlo Argan (VALENTIM, Rubem. 31 objetos emblemáticos e relevos emblemas. Rio de Janeiro: MAM, 1970).
"Há, além disso, algo de muito específico na geometria de Valentim, que nasce das fontes em que bebe e o distingue de todos os demais artistas geométricos: a religiosidade. Falando de sua relação com o movimento concretista - já que, no tempo, o florescimento do concretismo e o da linguagem abstrata de Valentim coincidiram, e as aproximações foram sendo investigadas -, ele foi taxativo: 'Nunca fui concreto. Tomei conhecimento do concretismo por intermédio de amizades pessoais com alguns de seus integrantes. Mas logo percebi, pelo menos entre os paulistas, que o objetivo final de seu trabalho eram os jogos óticos, e isso não me interessava. Meu problema sempre foi conteudístico (a impregnação mística, a tomada de consciência de nossos valores culturais, de nosso povo, do sentir brasileiro)'. Talvez seja possível achar, hoje, que Valentim reduziu demasiado o escopo dos concretistas; mas isso não importa, no momento; importa que a 'impregnação mística' seja o primeiro dos conteúdos citados" — Olívio Tavares de Araújo (ARAÚJO, Olívio Tavares de. Penetrar no amor e na magia. In: VALENTIM, Rubem. Altares emblemáticos de Rubem Valentim. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1993).
Depoimentos
"Minha arte tem um sentido monumental intrínseco. Vem do rito, da festa. Busca as raízes e poderia reencontrá-las no espaço, como uma espécie de ressocialização da arte, pertencendo ao povo. É a mesma monumentalidade dos totens, ponto de referência de toda a tribo. Meus relevos e objetos pedem fundalmentalmente o espaço. Gostaria de integrá-los em espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos.
Meu pensamento sempre foi resultado de uma consciência da terra, de povo. Eu venho pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nehuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior - em revistas, bienais, etc. É a favor de um caminho voltado para as profundezas do ser brasileiro, suas raízes, seu sentir. A arte não é apanágio de nenhum povo, é um produto biológico vital" —Rubem Valentim (VALENTIM, Rubem. Rubem Valentim: artista da luz. São Paulo: Pinacoteca, 2001. p.30).
Acervos
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM/BA - Salvador BA
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp - São Paulo SP
Exposições Individuais
1954 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1954 - Salvador BA - Indvidual, no Palácio Rio Branco
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1961 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Relevo - prêmio da crítica como a melhor exposição do ano - ABCA
1965 - Roma (Itália) - Individual, na Galeria d'Arte della Casa do Brasil
1967 - Brasília DF - Individual, no Hotel Nacional
1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1970 - Brasília DF - 31 Objetos Emblemáticos e Relevos-Emblemas de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1970 - Rio de Janeiro - 31 Objetos Emblemáticos e Relevos-Emblemas de Rubem Valentim, no MAM/RJ
1971 - São Paulo SP - Individual, na Documenta Galeria de Arte
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1974 - Brasília DF - Individual, na Galeria Porta do Sol
1975 - Brasília DF - Panorama de Arte de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte
1978 - Brasília DF - Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1978 - Rio de Janeiro RJ - Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim, na Galeria Bonino
1980 - Brasília DF - Variações Meta-Sígnicas Visuais de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Valentim: pinturas emblemáticas, na Versailles Galeria de Arte
1990 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Letra Viva
1990 - São Paulo SP - Individual, na Miragem Escritório de Arte
1991 - Washington (Estados Unidos) - Individual, no Brazilian-American Cultural Institute
Exposições Coletivas
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1950 - Salvador BA - Novos Artistas Baianos, no Museu do Instituto Geográfico e Histórico
1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - Prêmio Universidade da Bahia
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 - Salvador BA - Artistas Modernos da Bahia, na Galeria Oxumaré
1957 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, no MAM/SP
1958 - Rio de Janeiro RJ - Oito Artistas Contemporâneos, na Funarte. Galeria Macunaíma
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1961 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte da Petite Galerie, na Petite Galerie - 1º prêmio
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao exterior
1962 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de ouro e prêmio de viagem ao exterior
1962 - Veneza (Itália) - 31ª Bienal de Veneza
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1965 - L'Aquila (Itália) - Alternative Attuali/2: ressegna di pittura, scultura, grafica
1966 - Dacar (Senegal) - Exposição de Arte Contemporânea: tendências e confrontações
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - prêmio pela contribuição à pintura brasileira
1967 - Brasília DF - 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, no Teatro Nacional
1967 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Abstratos Geométricos, na Funarte. Galeria Macunaíma
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - Prêmio Aquisição Itamaraty
1968 - Rio de Janeiro RJ - 6º Resumo de Arte JB
1969 - Nuremberg (Alemanha) - 1ª Bienal Internacional de Arte Construtiva de Nuremberg
1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - artista convidado
1970 - Brasília DF - Artistas Plásticos de Brasília, no Conselho Britânico
1970 - Medellín (Colômbia) - 2ª Bienal de Arte de Medellín, no Museu de Antioquia
1971 - Rio de Janeiro RJ - 9º Resumo de Arte JB, no MAM/RJ
1971 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Múltiplos, na Petite Galeria
1972 - Santiago (Chile) - 1ª Exposição Internacional de Pintura Contemporânea, no Museo Nacional de Bellas Artes do Chile
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 - Brasília DF - 1º Salão Global da Primavera - prêmio de viagem ao exterior
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - Prêmio Aquisição Itamaraty
1975 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - 1º prêmio
1976 - Campinas SP - 10º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1977 - Lagos (Nigéria) - 2º Festival Mundial da Arte Negra
1977 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Arte Agora: visão da terra, no MAM/RJ
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ
1977 - Roma (Itália) - 14ª Quadrienal de Roma
1977 - São Paulo SP - 14ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado
1978 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Arte Agora: América Latina, Geometria Sensível, no MAM/RJ
1978 - São Paulo SP - 10º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1979 - São Paulo SP - Coleção Theon Spanudis, no MAC/USP
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1981 - São Paulo SP - 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1981 - São Paulo SP - Arte Transcendente, no MAM/SP
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - Rio de Janeiro RJ - Madeira, Matéria de Arte, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 16º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1985 - São Paulo SP - 7 Pintores da Arte Contemporânea Brasileira, na Galeria de Arte Portal
1986 - Brasília DF - Rubem Valentim e Athos Bulcão, na Performance Galeria de Arte
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1986 - Rio de Janeiro RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris
1987 - São Paulo SP - Trabalhando com o Suporte: pintura, recorte e objeto, na Documenta Galeria de Arte
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada
1988 - São Paulo SP - 19º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - A Mão Afro-Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - Arte Atual de Brasília, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1988- Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, na Funarte
1989 - Los Angeles (Estados Unidos) - Introspectives: contemporary art by americans and brazilians of african descent, no The California Afro-American Museum
1989- São Paulo SP - A Estética do Candomblé, no MAC/USP
1990 - Chicago (Estados Unidos) - Expressões Singulares da Arte Brasileira, no Chicago Cultural Center
1990 - Chicago (Estados Unidos) - Brazil: crossroads of modern art, na Randolph Gallery
1990 - Nova York (Estados Unidos) - Introspectives: contemporary art by americans and brazilians of african descent, no The Bronx Museum
1991 - Belo Horizonte MG - Dois Retratos da Arte, no MAP
1991 - Brasília DF - Dois Retratos da Arte, no Museu Histórico e Diplomático - Palácio Itamaraty
1991 - Curitiba PR - Dois Retratos da Arte, na Fundação Cultural de Curitiba. Solar do Barão
1991 - Porto Alegre RS - Dois Retratos da Arte, no Margs
1991 - Recife PE - Dois Retratos da Arte, no Museu do Estado de Pernambuco
1991 - Rio de Janeiro RJ - Dois Retratos da Arte, no MAM/RJ
1991 - Salvador BA - Dois Retratos da Arte, no Museu de Arte da Bahia
1991 - São Paulo SP - Dois Retratos da Arte, no MAC/USP
Exposições Póstumas
1992 - Brasília DF - Forma e Cor Essencial, na Casa de Cultura da América Latina
1992 - Brasília DF - O Templo de Oxalá, no Palácio Itamaraty
1992 - Brasília DF - Os Guardadores de Símbolos e Axé na Praça da Sé, no MAB/DF
1992 - Brasília DF - Rubem Valentim: em memória, no Universidade Holística Internacional de Brasília. Espaço Cultural Rubem Valentim
1992 - Cidade do México (México) - Rubem Valentim: serigrafias, no Museo de La Estampa
1992 - Curitiba PR - 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba/Mostra América, no Museu da Gravura
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do MAC/USP, na Casa de Cultura de Poços de Caldas
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ
1992 - São Paulo SP - A Sedução dos Volumes: os tridimensionais do MAC, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Altares Emblemáticos de Rubem Valentim, na Pinacoteca do Estado
1992 - São Paulo SP - Bahia - Emblemas e Magia, no Memorial da América Latina
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus
1993 - Brasília DF - Athos Bulcão, Rubem Valentim, Tomie Ohtake, no Centro Cultural 508
1993 - Brasília DF - Triângulo, no Espaço Cultural 508 Sul
1993 - Fortaleza CE - Rubem Valentim: serigrafias, no Museu de Arte da UFCE
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Valentim: construção e símbolo, no CCBB
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Belo Horizonte MG - Os Herdeiros da Noite: fragmentos do imaginário negro, no Centro de Cultura de Belo Horizonte
1995 - Belo Horizonte MG - Rubem Valentim, no Palácio das Artes
1995 - Frankfurt (Alemanha) - Feira do Livro de Frankfurt
1996 - Niterói RJ - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini, no MAC/Niterói
1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no CCBB
1996 - São Paulo SP - 23ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1997 - Goiânia GO - Brasilidade: coletânea de artistas brasileiros, na Galeria de Arte Marina Potrich
1997 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: perfil de uma identidade, no Banco Safra
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1997 - Washington (Estados Unidos) - Escultura Brasileira: perfil de uma identidade, no Centro Cultural do BID
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, no MAC/Niterói
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ
1999 - Salvador BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra
2000 - Belo Horizonte MG - Ars Brasilis, na Galeria de Arte do Minas Tênis Clube
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Belo Horizonte MG - Rubem Valentim: artista da luz, no MAP
2001 - Brasília DF - Rubem Valentim: exposição retrospectiva, no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio
2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum
2001 - São Paulo SP - Rubem Valentim: artista da luz, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Fragmentos a Seu Ímã, no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio
2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Conjunto Cultural da Caixa
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Collección Cisneros, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2002 - São Paulo SP - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Colección Cisneros, no MAM/SP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - São Paulo SP - Papel e Tridimensional, no Arvani Arte
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Sala do Acervo, na Ricardo Camargo Galeria
Fonte: RUBEM Valentim. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 14 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Rubem Valentim | Wikipédia
Valentim formou-se em odontologia em 1946, exercendo a profissão sem deixar de pintar. Em 1948, deixou a odontologia para dedicar-se integralmente às artes plásticas. Passou a cursar Jornalismo e graduou-se bacharel pela Faculdade de Filosofia da Bahia em 1953. Participou do movimento renovador nas artes, iniciado na Bahia em 1978–1948.
Carreira
Em 1957, Valentim mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi agraciado com uma bolsa de viagem ao exterior em 1962 pelo XI Salão Nacional de Arte Moderna. Viajou para a Europa por 3 anos, expressando interesse pela arte dos povos primitivos. Ele acabou se estabelecendo em Roma, trabalhando e realizando exposições lá. Visitou as Bienais de Veneza de 1964 e 1966. Viajou para o Senegal para participar do Primeiro Festival Mundial de Arte Negra em Dacar, Senegal, em 1966. Retornou ao Brasil em 1966, após aceitar um convite do Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. Foi agraciado com um Prêmio Especial por "Contribuição à Pintura Brasileira".
As contribuições de Valentim ao mundo da arte como escritor e ensaísta estão documentadas nos arquivos de institutos de pesquisa e bibliotecas de museus nas Américas. Ele foi o autor e publicou o Manifesto ainda que tardio (“Manifesto, embora tardio”) em 1976. No texto, ele propõe uma agenda anticolonial nas artes. Seu trabalho recebeu atenção acadêmica tanto no Brasil quanto no exterior.
Em 2018, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) organizou um grande levantamento da trajetória artística, expondo 99 obras de Valentim, figura-chave da arte brasileira do século XX.
Obras de arte notáveis em coleções públicas
Sem título no Museu de Arte Moderna, 1956-1962
2x-2 no Museu de Arte Moderna, 1960
Composição 12, 1962. Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo
Pintura 1 (Painting 1), 1964. Museu de Belas Artes, Boston
Emblema logotipo poético de cultura afro-brasileira - Nº 8 , 1976. Museu de Arte de São Paulo, São Paulo
Emblema 79 (Emblema 79), 1979. Pérez Art Museum Miami
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Rubem Valentim | Almeida Dale
Rubem Valentim começou a pintar ainda criança e iniciou sua carreira artística profissional no final da década de 1940, quando participou de um movimento de renovação das artes na Bahia. Antes de se dedicar à carreira artística, trabalhou como Jornalista e Dentista. Sua formação multidisciplinar incluiu estudos em áreas como Jornalismo, História da Arte e Ciências Humanas em geral, cultura afro-brasileira e música popular. Nascido e criado em Salvador, cidade com maior população negra fora do continente africano, Valentim foi cercado pela simbologia mística do universo religioso africano no Brasil, principalmente o Candomblé e a Umbanda, que desempenham papel central no universo simbólico do artista.
Os instrumentos de culto, as estruturas físicas dos terreiros e a simbologia das entidades são retratados em sua obra como signos, imagens estilizadas criadas por meio da sóbria estetização dessas figuras. Duas características principais de suas obras são o uso simbólico de cores relacionadas aos orixás e as recorrentes formas geométricas como retângulos, círculos, triângulos e trapézios, que constituem os emblemas rigorosamente dispostos em suas pinturas, gravuras, relevos e esculturas. Indo além do mero uso formalista da imagética religiosa, Valentim mantém a conexão desses emblemas com suas origens, reforçando o vínculo com os significados que manifestam, como proteção, sexualidade, nascimento, morte, renascimento, ciclo da vida e natureza.
Valentim morou na Europa entre 1963 e 1966 após receber prêmio de viagem pela participação no 11º Salão Nacional de Arte Moderna. Sua primeira exposição individual fora do Brasil – a primeira individual internacional de um artista negro brasileiro – aconteceu em 1965 na sede da Embaixada do Brasil na Itália, o magnífico Palazzo Pamphilj, onde seu trabalho foi recentemente exposto na individual Rubem Valentim: A Riscadura Brasileira, em 2022. No mesmo ano, sua obra foi tema da retrospectiva Ilê Funfun: uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim], apresentado na Almeida & Dale; Museu Nacional da República, em Brasília; e Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador. Outras instituições importantes como o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP e a Pinacoteca do Estado de São Paulo organizaram recentemente mostras individuais da obra de Valentim.
A qualidade e relevância do seu trabalho foram amplamente reconhecidas durante e após a sua vida, com a sua participação em grandes exposições colectivas, como La Biennale di Venezia, em 1962; diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, de 1955 até a década de 2000, incluindo a 35ª Bienal em 2023; e o Festival Mundial de Artes Negras do Senegal, em 1966. Sua obra integra importantes acervos institucionais do Brasil e do exterior, como Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP, Guggenheim Abu Dhabi, Museu de Arte Moderna - MoMA, Galeria Nazionale d'Arte Moderna di Roma, e outros.
Fonte: Almeida Dale. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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MAM reinaugura Espaço Rubem Valentim com exposição permanente | Governo do Estado da Bahia
A reinauguração do ‘Espaço Rubem Valentim’ no Museu de Arte Moderna (MAM-Bahia) que acontece nesta sexta-feira (25), às 16h, com abertura de exposição gratuita e permanente é a principal atração do Novembro Negro no museu. O ato comemora não só o centenário de nascimento do artista baiano (1922-1991) que nomeia o espaço no museu, mas também finaliza as programações do MAM-Bahia em homenagem a ‘Semana de Arte Moderna de 1922’.
A sala foi reformada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) – órgão ao qual o MAM é ligado –, ambos da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA). “A reinauguração desta sala traz mais uma exposição permanente para o museu”, explica o diretor do MAM, Pola Ribeiro. No último mês de outubro o museu abriu outra mostra permanente do ‘Museu de Arte Popular’ trazendo esse acervo definitivamente para seu local de origem, o Solar do Unhão.
“Agora teremos as 20 esculturas e 10 relevos de Rubem Valentim abertos à visitação gratuita para o público; o conjunto forma o ‘Templo de Oxalá’, doado pela esposa do artista, Lúcia Alencastro, em 1997, e considerado a mais emblemática realização da carreira de Valentim”, completa Pola. O Espaço terá ainda vitrines com documentos originais do artista. O diretor do MAM informa que a sala tem cerca de 200 m² de área e fica na parte inferior do Mirante do MAM. “O acesso é pelo gradil criado pelo artista Carybé, ainda na entrada do museu, no mesmo nível da Avenida Contorno”, diz Pola.
O artista
Rubem Valentim nasceu em Salvador em 1922, começou sua trajetória nos anos 1940 como pintor autodidata e participou dos movimentos de correntes modernas da arte baiana, ao lado de Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos e Sante Scaldaferri, dentre outros. Desde os anos 1950, iniciou pesquisa relacionada às matrizes africanas, sobretudo sobre símbolos e ferramentas dos Orixás. Em 1966, participou do Festival Mundial de Artes Negras no Senegal. Tem uma escultura em concreto na Praça da Sé de São Paulo e o ‘Templo de Oxalá’ foi um dos grandes destaques da 16ª Bienal Internacional de São Paulo (1977).
O artista completaria 100 anos em novembro, por isso a escolha do MAM em reinaugurar o Espaço agora, com lançamento de filme e catálogo. Na publicação há ainda cronologia ilustrada com fotos, assinada por Claudia Fazzolari, que perpassa a vida de Valentim desde o nascimento, principais trabalhos, projetos e exposições no Brasil e no mundo, além de textos dos críticos Frederico Morais, Theon Spanudis e Alberto Beuttenmuller.
De acordo com o curador do MAM, Daniel Rangel, Valentim explicita o sincretismo religioso brasileiro de maneira abstrata e geométrica, a partir de elementos simbólicos da cultura popular e da semiótica afro-brasileira do candomblé. “Valentim buscava uma conexão sagrada sempre complementada com a estética e, com isso, temos esse conjunto de obras excepcional e seminal na arte brasileira que ele nos deixou”, diz Rangel.
Lançamento
Também na sexta-feira (25) o MAM faz lançamento na Bahia do Filme e Catálogo ‘Ilê Funfun: Uma homenagem ao Centenário de Rubem Valentim’, produzidos pela Almeida & Dale Galeria de Arte. de São Paulo. O filme será exibido às 16h no Cine MAM, e Catálogo será lançado no Espaço Rubem Valentim, às 17h. ‘Ilê Funfum’ é o nome da mostra que neste ano do ‘Centenário de Valentim’ passou por São Paulo e Brasília, produzida pela Almeida & Dale que também patrocinou a restauração da coleção ‘Templo de Oxalá’. Essa exposição itinerante teve curadoria de Daniel Rangel que também é o curador do MAM-Bahia.
“O conjunto ‘Templo de Oxalá’, cujas obras são predominantemente brancas, representam o panteão dos orixás saudando Obàtálá (o ‘grande orixá’ criador dos humanos) e foi apresentado pela primeira vez, em 1977, na XIV Bienal Internacional de São Paulo, em uma sala especial dedicada a Valentim”, relata Daniel Rangel. Com texto de apresentação de Daniel, o catálogo tem ainda importantes nomes, como Marcelo Gonczarowska Jorge e Sara Seilert, do Museu de Arte de Brasília e Museu Nacional da República, respectivamente.
Fonte: Governo da Bahia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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As abstrações geométricas de Rubem Valentim ganham o mundo | NeoFeed
Muito tempo antes das pautas identitárias começarem a ecoar no cenário da arte no Brasil, teve início no país uma retomada da produção do pintor e escultor baiano Rubem Valentim (1922-1991).
Famosas por mesclar a abstração geométrica com elementos das religiões de matriz africana, suas obras valorizaram de 21,46% por ano nas últimas duas décas, segundo a plataforma de investimentos alternativos Hurst Capital.
E os valores tendem a aumentar, com a inserção internacional da produção do artista em feiras, galerias e leilões. Em março, por exemplo, a Almeida & Dale realiza uma mostra solo de Valentim, em seu estande na feira ARCO Madri, na Espanha.
Como conta ao NeoFeed, Carlos Dale vai levar ao evento madrilenho cerca de 20 obras de Valentim, de diversos períodos e suportes, avaliadas entre US$ 25 mil e US$ 300 mil.
Além disso, vários europeus já o contataram, com o desejo de inserir criações do artista baiano em seus acervos. O mesmo vale para colecionadores particulares.
O galerista afirma ainda que, à medida que as obras forem sendo vendidas, a oferta ficará escassa, e “facilmente o valor deve ultrapassar sete dígitos em dólar”. “Hoje em dia, não se conta a história da arte brasileira e internacional sem se levar em conta Rubem Valentim”, defende Dale.
Muitos fatores contribuem para valorização de um artista e a internacionalização, certamente, é um deles, diz Ana Maria Carvalho, head de investimentos em obras de arte da Hurst, em conversa com o NeoFeed.
“Valentim tem um mercado já bem consolidado no Brasil, há períodos em que é difícil encontrar obras nas galerias”, diz Carvalho. “Mas ele ainda não esteve em leilões de casas como a Christie’s e Sotheby’s e só começa agora a ir para feiras internacionais”.
Recentemente, a Hurst Capital estruturou uma operação tokenizada com duas telas do artista - Emblema 81 3 Emblema 85, adquiridas junto à Pinacotheke Cultural e à Almeida & Dale, respectivamente. As telas estão estimadas em R$350mil cada uma.
Para o galerista e editor Max Perlingeiro, da Pinakotheke, a obra de Valentim vem passando por uma revisão histórica, com reverberação mercadológica, nos últimos 15 anos. “A obra de Valentim é de uma consistência muito grande”, diz ele, ao NeoFeed.
O grande público brasileiro foi (re)apresentado à produção do artista baiano – cujo auge aconteceu no fim dos anos 1970 – em grandes panorâmicas, como "Rubem Valentim: construções afro-atlânticas" (Masp, 2018) e Rubem Valentim (1922-1991) – Sagrada Geometria" (Pinakotheke Cultural, 2022), em celebração ao centenário de seu nascimento.
A mostra, também levada à sede da Pinakotheke, no Rio de Janeiro, foi eleita a melhor retrospectiva de 2022 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). E o livro, de mesmo título, do artista e curador Bené Fonteles, foi finalista do prêmio Jabuti, de 2022.
Também em 2023, o Instituto Inhotim apresentou a mostra Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim, e a instalação "Templo de Oxalá", de 1977, foi vista de forma integral na 35ª edição da Bienal de São Paulo, no ano passado.
"Manifesto que ainda tardio"
Valentim nasceu em 9 de novembro de 1922, em Salvador. Formou-se em 1946 em odontologia, exercendo o ofício por apenas dois anos.
Já em 1948 começou a participar da cena artística da capital baiana, ao lado de Mário Cravo Jr. e Jenner Augusto, entre outros. Em 1953, graduou-se em jornalismo e passou a publicar crônicas sobre arte na imprensa.
“Na virada dos anos 1940 para os anos 1950, ele era um pintor formal, de paisagens e naturezas mortas, fazia cópias de grandes mestres”, conta Perlingeiro. “A partir de meados da década de 1950, passou a seguir o viés da geometria ligada às religiões de matriz africana”.
Em 1964, Valentim fixou residência em Roma, na Itália, com um prêmio obtido no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM).
Cinco anos depois, ele integrou, ao lado de Waldemar Cordeiro (1925-1973), a representação brasileira na 1ª Bienal Internacional de Arte Construtiva, em Nuremberg, Alemanha.
A trajetória e o legado de Rubem Valentim têm grande peso institucional. O artista participou sete vezes da Bienal de São Paulo, e duas, da Bienal de Veneza.
Neste ano, suas obras voltam a ser apresentadas na exposição italiana, que tem curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp.
Os trabalhos de Valentim estão presentes em coleções no Brasil –MAM Rio, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MAC USP, entre outros.
No exterior, integram os acervos do Museu de Arte Moderna de Paris e do MoMA de Nova York. Um painel feito pelo artista está exposto no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Em seu "Manifesto ainda que tardio", de 1976, Valentim afirma que vinha “pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nenhuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior”.
Lançando mão de linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados em composições geométricas que aludem a símbolos e emblemas das religiões afro-brasileiros, dizia querer “estabelecer um ‘design’”, a que chamava de Riscadura Brasileira, “uma estrutura apta a revelar a nossa realidade”.
Fonte: NeoFeed, "As abstrações geométricas de Rubem Valentim ganham o mundo". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Exposição com acervo do MAM-Bahia dos 100 Anos de Rubem Valentim está em cartaz até agosto no Museu Nacional da República | Governo da Bahia
A exposição 'Ilê Funfun: Uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim' no Museu Nacional da República (museu.cultura.df.gov.br), em Brasília, Distrito Federal, fica em cartaz e aberta ao público até agosto/2022. Parte da mostra é formada pelo 'Templo de Oxalá', conjunto de obras de arte doadas ao Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-Bahia) em 1997, e emprestadas à exposição, considerado o ápice do trabalho de Rubem Valentim. Antes disso, a mesma mostra esteve em São Paulo, de abril a maio, na Almeida & Dale Galeria de Arte. Em novembro (2022) o MAM-Bahia abre a exposição na Sala Rubem Valentim e na Galeria 3, ambos espaços do museu baiano, em Salvador.
Na sequência, a exposição vem para Salvador e depois para a cidade de Roma, Itália. Estiveram presentes na abertura do dia 9.06, em Brasília, o diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), João Carlos de Oliveira, cujo órgão estadual congrega os principias museus baianos (www.ipac.ba.gov.br/museus), o diretor do MAM-Bahia, Pola Ribeiro, o curador da exposição e também curador do MAM-Bahia, Daniel Rangel, dentre outros representantes baianos.
"Esta exposição comprova o sucesso de parcerias como esta, que reúne três museus públicos e uma galeria privada para difusão e acessibilidade da população brasileira a um dos mais notórios artistas baianos, como Rubem Valentim; o IPAC/MAM-Bahia tem a honra de ter uma Sala fixa dedicada somente a esse artista", comemora o diretor do IPAC, João Carlos de Oliveira.
Rubem Valentim começou sua trajetória nos anos 1940 como pintor autodidata, e participou dos movimentos de correntes modernas da arte baiana, ao lado de Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos, Sante Scaldaferri, entre outros. Desde os anos 1950, iniciou uma pesquisa relacionada às matrizes africanas, sobretudo sobre símbolos e ferramentas dos Orixás. Nascido em Salvador (1922), o artista completaria 100 anos em novembro deste ano e a celebração com a mostra foi iniciada em São Paulo, passa agora em Brasília, chegando em Salvador em novembro.
"Para o Museu Nacional da República é uma honra receber um conjunto tão especial de obras de Rubem Valentim e apresentá-las ao público brasiliense. Valentim tem ligação profunda com Brasília, cidade onde viveu e consolidou sua pesquisa técnica e poética voltada à geometria construtiva e à simbologia de herança cultural africana. É também uma alegria comemorar o centenário de seu nascimento e colocar em destaque a produção de um artista preto, a visualidade e a poética de matriz africana neste museu, justamente no mesmo ano em que também se completa o centenário da Semana de Arte Moderna", diz Sara Seilert, diretora do Museu da República.
"Rubem Valentim é um artista seminal para a arte brasileira, o primeiro a propor um diálogo entre a pureza do abstracionismo geométrico e a cultura negra do país. Valentim foi professor da UnB, mas decidiu deixar a universidade quando as perseguições da Ditadura contra alunos e docentes se intensificaram. Mas ele nunca abandonou Brasília, que adotou como sua terra e na qual produziu um dos corpos de obras mais singulares da história nacional. Portanto, é um prestígio e um resgate da memória cultural da cidade receber a exposição aqui”, diz Marcelo Jorge, diretor do Museu de Arte de Brasília, o MAB, que mantém o 'antigo ateliê' doado pelo artista baiano.
"Valentim havia montado na sua residência - uma grande casa nas quadras 700 da Asa Sul de Brasília - um ateliê onde produzia suas obras com esmero quase artesanal. No entanto, ele morre na década de 1990 sem deixar filhos. Seus herdeiros, residentes em outros locais do país, decidiram legar para o MAB a integralidade dos objetos, móveis, documentos e obras de arte que formavam seu ateliê, antes de vender a casa. A doação ocorreu por intermédio de Bené Fonteles, amigo e confidente do artista baiano. Desde então, esse ateliê foi exposto pouquíssimas vezes, e era quase desconhecido dos especialistas no artista. Com a mostra Ilê Fun Fun, a obra circulou pelo país e retornará ao MAB, no fim, para ficar em exposição permanente", completa Marcelo Jorge.
EXPOSIÇÃO - Pensada a partir de três núcleos: o 'Templo de Oxalá', que é um conjunto de obras com 20 esculturas e 10 relevos de Rubem Valentim do MAM-BA e restauradas pela Almeida & Dale; "Ateliê", parte da exposição em que o processo criativo do artista é contemplado, com quadros que estavam sendo feitos quando ele morreu (1991), inacabados, e ferramentas que ele usava, com parte do acervo emprestado pelo MAB especialmente para esta exposição; e 'Cronologia', que traz sua história, a partir de recortes, pesquisas, documentos e arquivos pessoais, fotografias e cartazes. "O que é mais importante sobre Rubem Valentim está nesta exposição. Da religiosidade potente aos objetos que circundavam toda sua criação, apresentamos vida e obra deste grande artista", diz Daniel Rangel, curador da mostra e do MAM-Bahia.
O 'Templo de Oxalá', cuja cor branca é predominante, representando o panteão dos orixás saudando Obàtálá, foi apresentado pela primeira vez em 1977, na XIV Bienal Internacional de São Paulo, em uma sala especial dedicada ao artista. Em 'Ilê Funfun' está reunido o essencial da trajetória do artista: um potente conjunto artístico-sagrado e referências de seu universo particular, juntando ainda as coleções do MAM-Bahia, do Instituto Rubem Valentim, cuja sede está em São Paulo e do MAB/Brasília; locais que foram suas casas, espaços que foram seus ilês.
Após a exposição ser apresentada no MAM-BA, quando reinaugurará a sala especial de Rubem Valentim no museu, e integrando a comemoração internacional do centenário, haverá uma mostra com a produção do artista em Roma, onde Rubem viveu de 1963 a 1966, no Palazzo Pamphili, endereço da Embaixada Brasileira em Roma.
LIVRO ILÊ FUNFUN - A exposição é uma celebração da presença da obra Templo de Oxalá pela primeira vez fora no MAM-Bahia e à trajetória do artista baiano que faria 100 anos em 2022. Acompanhando o mesmo recorte, a Almeida & Dale Galeria de Arte produziu um livro, apresentado pelo curador Daniel Rangel com a colaboração de importantes nomes relacionados ao artista, que será lançado também no Museu Nacional. Marcelo Gonczarowska Jorge e Sara Seilert, do Museu de Arte de Brasília e Museu Nacional da República, respectivamente, assinam um texto contextualizando a relevância de Rubem Valentim nesses espaços. Pola Ribeiro, diretor do MAM Bahia, por sua vez, também escreve para o livro. Há também uma cronologia ilustrada com fotos de arquivo, assinada por Claudia Fazzolari, que perpassa a vida de Rubem Valentim desde o nascimento, principais trabalhos, projetos e exposições no Brasil e no mundo, além de textos dos críticos Frederico Morais, Theon Spanudis e Alberto Beuttenmuller, que com astúcia demonstram a grande importância de Valentim para além do concretismo. O desenho gráfico especial do livro garante por meio do papel transparente a sensação de abertura de um véu para adentrar o templo e suas fotografias de montagem.
Ilê Funfun: Uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim
Fonte: Governo da Bahia, "Exposição com acervo do MAM-Bahia dos 100 Anos de Rubem Valentim está em cartaz até agosto no Museu Nacional da República". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Rubem Valentim | Blog do Gutemberg
Artista plástico. Nasceu em Salvador simultaneamente na Semana de Arte Moderna, no dia 09 de novembro de 1922. Autodidata em pintura. Começou a pintar ainda criança, fazendo figuras e paisagens para presépios de Natal. Em 1946 formou-se em Odontologia, tendo exercido por pouco tempo a clínica sem entretanto deixar de pintar. Pintor autodidata, influenciado por Torres Garcia, experimentando uma aproximação com o concretismo nos anos 60 e voltando, no final da vida, às formas circulares. Essas “mandalas”, não são referenciais. Elas têm um sentido universal, ecumênico. Participou do movimento renovador das artes iniciado na Bahia em 1946/47. Em 1948 passou a dedicar-se exclusivamente às artes plásticas. Bacharelou-se em Jornalismo no ano de 1953. Em 1957 transfere-se para o Rio. Ganha, em 1962, o prêmio de viagem ao estrangeiro no XI Salão Nacional de Arte Moderna.
Viaja para a Europa onde permanece três anos e meio visitando museus, exposições e galerias de arte, interessando-se principalmente pela arte negra e dos povos primitivos e informando-se na época sobre o que havia da chamada vanguarda nos países ditos desenvolvidos/industrializados. Viaja pela Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal e Itália. Fixa-se em Roma, aí trabalha e expõe. Percorre toda a Itália. Visita as Bienais de Veneza de 1964 e 1966. Vai à África participando da Exposição de Arte Contemporânea do I Festival Mundial de Arte Negra, 1966, Dacar, Senegal. Retorna a Roma. Volta para o Brasil em setembro de 1966, atendendo convite do então Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. De 1949 a 1955 participou do Salão Baiano de Belas Artes. Em 1950, dos Novos Artistas Baianos. Em 1955, da III Bienal de São Paulo. Em 1966, a convite, da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador, com Sala Especial, obteve Prêmio Especial pela Contribuição à Pintura Brasileira. Nesse mesmo ano participa de uma mostra coletiva contemporânea em Roma. Com seis grandes relevos denominados Emblemas, participou como artista convidado da I Bienal Internacional de Arte Construtivista Nuremberg, Alemanha, em 1969; do Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e da X Bienal de SP. Nos anos 70 participou da II Bienal de Artes Plásticas Coltejer, em Medellin, Colombia; II Festival de Arte Negra, em Lagos, na Nigéria; Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu Nacional de Belas Artes, em Santiago, Chile; Japão, entre outras.
Seu primeiro prêmio foi em 1955, Universidade da Bahia, no Salão Baiano de Belas Artes. A partir daí não parou mais com muitas exposições individuais, centenas de mostras coletivas e inúmeros prêmios. Em 1974 o cineasta Aécio Andrade dirigiu um curta metragem em cores: Rubem Valentim e sua Obra Semiológica. André Paluch dirigiu nesse mesmo ano o curta em cores Artistas Brasileiros no Museu de Ontário, Canadá, e o crítico de arte Frederico Morais produziu o audio-visual A Arte de Rubem Valentim. Suas obras estão espalhadas por diversos museus, galerias, nas ruas, além de várias coleções importantes particulares no Brasil e no estrangeiro. Um bom exemplo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de SP, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes do RJ, Galeria Nazionale d’Arte Moderna de Roma, Itália; Museu de Ontário, Canadá; Palácio Residencial do Governo da Bahia, Ondina, Salvador; Palácio do Governo do Zaire, Kinsasha, África; Embaixada do Brasil em Roma e Bogotá; Museu de Arte e História de Genebra, Suiça; Museu de Arte Moderna de Paris, França; Museu de Lagos, Nigéria, entre outros.
Valentim é um dos mais originais e autênticos construtivistas brasileiros. “Minha linguagem plástico-visual-signográfica está ligada aos valores míticos profundos de uma cultura afro-brasileira (mestiça-animista-fetichista). Com o peso da Bahia sobre mim - a cultura vivenciada; com o sangue negro nas veias - o atavismo; com os olhos abertos para o que se faz no mundo - a contemporaneidade; criando os meus signos-símbolos procuro transformar em linguagem visual o mundo encantado, mágico, provavelmente místico ao que flui continuamente dentro de mim”, disse em uma de suas entrevistas. “A estilização de seus signos-fetiche do candomblé abriu seu espaço, que, se a princípio era bidimensional foi-se a terceira dimensão, como querendo respirar a sacralidade de um rito, a um só tempo poético, sacro e agnóstico. Os deuses da mitologia afro-baiana - Oxossi, Ogun, Xangô, Iansã, Iemanjá e Oxalá - ofereceram-lhe a motivação para criar uma obra intuitivamente construtivista e aparentente abstrata, mas na verdade de fundo místico/mítico/religioso, portanto sensorial e sensitiva. A memória cultural de sua raça, por isso mesmo, está tatuada na heráldica de seus deuses plásticos, como foram marcados, no passado, a ferro em brasa, seus irmãos negros nas senzalas”, escreveu o crítico de arte, Alberto Beuttenmuller, em 1977. Para o crítico Frederico Morais, “às vezes é preciso calar: usar um silêncio artifício, para dizer melhor e mais alto. Calar para que o silêncio cante toda a extraordinária beleza da vida, para que se possa ouvir este fio de água cantando, que vem das fontes primitivas. Sabedoria. Às vezes é preciso eliminar a cor, como se elimina o ruído, e chegar à dura pureza do branco. Luz. Contra o caos, Rubem Valentim propõe o cosmos”.
Ele morreu no dia 30 de dezembro de 1991, vítima de câncer, e os museus prestaram homenagens a um dos principais nomes do construtivismo brasileiro. Valentim morreu aos 69 anos sem concretizar seu projeto maior, o de criar uma fundação - em Brasília ou São Paulo - para abrigar sua obra, uma das raras no Brasil a merecer a atenção do crítico italiano Giulio Carlo Argan. O ensaista foi um dos primeiros a observar que o uso dos negros do candomblé por Rubem Valentim nada tinha de folclórico.
Fonte: Blog do Gutemberg, "Rubem Valentim". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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RUBEM VALENTIM (1922-1991) - Sagrada Geometria
Rubem Valentim: sagrada geometriaé o primeiro livro dedicado ao artista com mais profundidade, segundo seu autor, Bené Fonteles. No ano de seu centenário, a Pinakotheke resgata a sua obra pela perspectiva de sua es-piritualidade. Valentim queria essa conexão sagrada em complementação com a estética.
Rubem Valentim é um artista essencial para uma melhor compreen-são da tradição afro-brasileira; e Bené Fonteles, seu principal estudioso e interlocutor por sua conexão espiritual. A pedido do artista, Bené torna–se o Ogã (palavra que vem do iorubá e significa “Senhor da minha casa”) do terreiro de Valentim. Aquele que cuida de sua vida e, em consequência, de sua obra. É mais um caso de amizade que a Pinakotheke torna visível!
Em 1963, Valentim foi morar na Europa, precisamente em Roma, onde conheceu Giulio Carlo Argan (1909-1992), o grande teórico da arte moderna. Na ocasião, estava sendo criado o Museu de Arte Moderna de Roma, no qual Valentim teve três obras adquiridas pela nova instituição. Ao retornar ao Brasil, dá início a uma série de obras, transformando suas pinturas em relevos.
Bené Fonteles conheceu Valentim em 1977, ambos participando da XIV Bienal de São Paulo. Valentim expunha o “Templo de Oxalá”, uma instalação constituída de um painel de fundo azul com relevos brancos e esculturas móveis em madeira pintada branca, a partir de elementos sim-bólicos da cultura popular e da semiótica afro do Candomblé. Sem dúvida nenhuma, sua obra mais emblemática pertencente ao acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Em 1978, Bené vai morar em Brasília e, desse modo, pôde partici-par dos momentos marcantes de sua carreira, tornando-se seu herdeiro intelectual. Segundo o autor, “a casa do artista era um lugar sagrado. Sua arquitetura tinha a forma de uma cruz. Seu interior lembrava mais um mo-nastério. Ele vivia uma vida monástica, desde a sua alimentação até a sua forma de descansar. Seu quarto era uma cela, de extrema simplicidade. Tinha uma vida totalmente devota ao espiritual. Seus livros eram basica-mente espirituais e filosóficos, em que o artista criava os fundamentos para a sua produção”.
O artista sempre desejou ter um espaço destinado à sua obra. Para tanto, ao longo da vida, destinou 157 obras para a formação do núcleo principal dessa coleção ao cuidado de Lúcia Alencastro, sua esposa, pio-neira em arte-educação e fundadora da Escolinha de Arte do Brasil junto a Augusto Rodrigues (1913-1993). A fim de concretizar o sonho, comprou em Brasília um grande terreno na Asa Sul para construir o centro cultural. Infelizmente não foi possível, o que lhe causou uma grande frustração.
Aproximou-se também dos concretistas. Foi amigo de Hélio Oitici-ca. Valentim expõe com Waldemar Cordeiro em Roma. Sua produção era baseada de modo obsessivo na construção e na desconstrução dos sím-bolos que inventava. Havia, por exemplo, o alfabeto kitônico (que significa energia do centro da Terra), constituído de 15 símbolos, nos quais explicita o sincretismo religioso brasileiro, mas sempre de maneira abstrata e ge-ométrica. Elementos da Umbanda e do Candomblé povoam suas peças e ajudam a construir um universo muito particular, formado por linhas retas, triângulos, círculos e quadrados.
Ao longo de sua vida artística, participou de Bienais e exposições no Brasil e no exterior. Sempre teve o respeito e o reconhecimento de sua obra. A Pinakotheke sente-se honrada em publicar este livro essencial para uma melhor compreensão do artista quando se comemora o centenário de seu nascimento.
A edição conta ainda com um primoroso ensaio fotográfico de Chris-tian Cravo, realizado com obras do acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia durante a pandemia, o que proporcionou uma dramaticidade mar-cante no momento de sua produção. E, com o apoio do Itaú Cultural, entre-gamos esta publicação, que, sem dúvida, se constituirá uma fonte biblio-gráfica essencial.
Fonte: Pinacotheke. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
Crédito fotográfico: Governo da Bahia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
Rubem Valentim (9 de novembro de 1922 – 30 de novembro de 1991), foi um escultor, pintor e gravador brasileiro. Iniciou a carreira como autodidata e participou do movimento de renovação artística na Bahia nos anos 1940. Suas obras exploram elementos religiosos por meio de formas estilizadas e cores vibrantes, criando uma conexão entre o misticismo afro-brasileiro e a estética modernista. Valentim é amplamente reconhecido por integrar a simbologia religiosa em uma linguagem artística abstrata e construtivista. Ao longo de sua carreira, Valentim realizou exposições em grandes eventos internacionais, como a Bienal de Veneza e a Bienal de São Paulo, e teve seu trabalho incorporado a importantes acervos, incluindo o MoMA em Nova York e o MASP em São Paulo. Deixou uma importante marca como professor na Universidade de Brasília e como criador de grandes obras públicas, como o "Templo de Oxalá". Seu legado é amplamente celebrado por sua contribuição à arte moderna brasileira e pela valorização da cultura afro-brasileira no cenário artístico global.
Rubem Valentim | Arremate Arte
Rubem Valentim (Salvador, 9 de novembro de 1922 – São Paulo, 30 de novembro de 1991) foi um renomado pintor, gravador e escultor brasileiro. Iniciou sua carreira como autodidata, antes de estudar na Escola de Belas Artes da Bahia. Originalmente formado em odontologia e jornalismo, Valentim abandonou essas profissões para dedicar-se à arte em tempo integral, integrando o movimento de renovação artística na Bahia na década de 1940.
Sua obra é marcada pela influência das religiões afro-brasileiras, especialmente o Candomblé e a Umbanda, cujos símbolos místicos ele transformava em formas geométricas e abstratas. A simbologia afro-brasileira se destaca em sua pintura, gravura e escultura, com o uso de cores e formas estilizadas que evocam o misticismo e a espiritualidade dessas religiões.
Ao longo de sua carreira, Valentim viveu e trabalhou em diversas cidades, como Rio de Janeiro, Roma e Brasília, onde atuou como professor na Universidade de Brasília.
Participou de grandes exposições internacionais, como a Bienal de Veneza, e suas obras integram coleções de importantes museus, incluindo o MoMA em Nova York, o MASP e o Museu Afro Brasil.
Seu legado artístico é amplamente reconhecido, tanto pelo seu papel na valorização da cultura afro-brasileira quanto pela sua contribuição ao modernismo brasileiro.
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Rubem Valentim | Itaú Cultural
Rubem Valentim (Salvador, Bahia, 1922 – São Paulo, São Paulo, 1991). Escultor, pintor, gravador, professor. As composições geométricas de Rubem Valentim exploram a variedade da cultura nacional e dão forma a símbolos e emblemas afro-brasileiros.
Inicia seu trabalho nas artes visuais na década de 1940, como autodidata. Desde o início de sua produção, nota-se forte interesse pelas tradições populares do Nordeste, como a cerâmica produzida no Recôncavo Baiano. Entre 1946 e 1947, participa do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, com Mario Cravo Júnior (1923-2018), Carlos Bastos (1925-2004) e outros artistas.
A partir da década de 1950, toma como referência para seu trabalho o universo religioso, principalmente aquele relacionado ao candomblé e à umbanda, com suas ferramentas de culto, suas estruturas dos altares e seus símbolos de entidades. Os signos e emblemas, originalmente geométricos, são reorganizados por uma geometria ainda mais rigorosa na obra de Valentim, formada por linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados, como aponta o historiador da arte italiano Giulio Carlo Argan (1909-1992). Dessa forma, ele compõe um repertório pessoal que, aliado ao uso criativo da cor, abre-se a várias possibilidades formais.
Forma-se em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1953 e publica artigos e crônicas sobre arte. Entre 1957 e 1963, reside no Rio de Janeiro, onde se torna professor assistente de Carlos Cavalcanti (1909-1973) no curso de história da arte, no Instituto de Belas Artes. Em 1962, realiza mostra individual na Galeria Relevo, no Rio de Janeiro, que lhe garante o prêmio de melhor exposição do ano pela Associação Brasileira dos Críticos de Arte.
Além da pintura, no final da década de 1960, passa a realizar murais, relevos e esculturas monumentais em madeira, mantendo sua poética sempre constante. Com o prêmio viagem ao exterior, obtido no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), reside em Roma entre 1963 e 1966.
Em 1966 participa do Festival Mundial de Artes Negras em Dacar, Senegal. No mesmo ano, retorna ao Brasil e transfere-se para Brasília, onde leciona pintura no Ateliê Livre do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB). Em 1968, período marcado pelo endurecimento da ditadura militar1 brasileira, se afasta da universidade. Em 1969, participa da X Bienal de São Paulo e da I Bienal Internacional de Arte Construtivista em Nuremberg, Alemanha.
Embora dialogue com linguagens artísticas de origem europeia, como o construtivismo e o concretismo, o trabalho de Valentim tem forte ancoragem na realidade nacional. Sobretudo por causa da representação de emblemas e símbolos das religiões afro-brasileiras, constrói imagens que, segundo a professora Angélica Madeira, visam “descolonizar o imaginário”.
Em 1972, realiza um mural de mármore de 120 metros quadrados para o edifício-sede da Novacap em Brasília, considerado sua primeira obra pública. O crítico de arte Frederico Morais (1936) elabora, em 1974, o audiovisual A arte de Rubem Valentim. Em 1976, o artista escreve Manifesto ainda que tardio, com alguns comentários sobre sua obra. Nesse texto, manifesta seu empenho de buscar as raízes e a “ressocialização da arte”, garantindo seu pertencimento ao povo. Valentim também expressa a aspiração de que seus trabalhos se integrassem em “espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos”.
Em 1977, na XVI Bienal Internacional de São Paulo, apresenta o Templo de Oxalá, com relevos e objetos emblemáticos brancos. Pela referência ao universo simbólico, alguns estudiosos aproximam seus trabalhos aos de outros abstratos latino-americanos, como o uruguaio Joaquín Torres-García (1874-1949). Dois anos depois, realiza escultura de concreto aparente na Praça da Sé, em São Paulo, definindo-a como o "Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira". No mesmo ano, é designado por uma comissão de críticos para executar cinco medalhões de ouro, prata e bronze, para os quais recria símbolos afro-brasileiros para a Casa da Moeda do Brasil.
Realiza mostra conjunta com Athos Bulcão (1918-2008) na Galeria Performance, Brasília, em 1986. Em 1998 o Museu de Arte da Moderna da Bahia (MAM/BA) inaugura no Parque de Esculturas a Sala Especial Rubem Valentim.
Sua obra participa de importantes acervos, como o do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e o da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_). Um painel feito por Valentim está exposto no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
A obra de Valentim se dedica à complexidade e à pluralidade da cultura brasileira. Com uso criativo das cores e geometria rigorosa, o artista explora elementos da simbologia de matriz africana.
Críticas
"Ele partiu, indiferente aos feitiços da natureza ambiente, que os olhos devoram, já de um plano antropológico cultural mais abstrato, isto é, o da criação coletiva intuitiva em si. Dominado pela carga simbólica dos signos mágicos da liturgia negra em meio dos quais crescera, transfigurou-os em formas pictóricas abstratas; geometricamente belas em si, e túrgidas. Ávido e pobre, procedeu por apropriação num instinto de possessão quase obsessivo. Há algo de antropofágico na sua arte no sentido oswaldiano - ser produto de deglutições culturais. Ao transmudar fetiches em imagens e signos litúrgicos em signos abstratos plásticos, Valentim os desenraíza de seu terreiro e, carregando-os de mais a mais de uma semântica própria, os leva ao campo da representação por assim dizer emblemática, ou numa heráldica, como disse o professor Giulio Carlo Argan. Nessa representação, os signos ganham em universalidade significativa o que perdem em carga original mágico-mítica. O artista projeta mesmo, abandonando também a fatalidade da tela, organiza seus signos no espaço, talhados como emblemas, brasões, broquéis, estandartes, barandões de uma insólita procissão, procissão talvez de um misticismo religioso sem igreja, sem dogmas a não ser a eterna crença das raças e povos oprimidos no advento do milênio, na fraternidade das raças, na ascensão do homem" — Mário Pedrosa (PEDROSA, Mário. A contemporaneidade de Rubem Valentim. In: VALENTIM, Rubem. 31 objetos emblemáticos e relevos emblemas. Rio de Janeiro: MAM, 1970).
"A escolha temática que está na raiz da pintura de Rubem Valentim resulta das próprias declarações do artista: os seus signos são deduzidos da simbologia mágica que se transmite com as tradições populares dos negros da Bahia. A evocação destes signos simbólicos-mágicos não tem, entretanto, nada de folclorístico, o que se vê dos sucessivos estados através dos quais passam antes de se constituírem como imagens pictóricas. É necessário expor, antes que eles aparecem subitamente imunizados, privados das suas próprias virtudes originárias, evocativas ou provocatórias: o artista os elabora até que a obscuridade ameaçadora do fetiche se esclareça na límpida forma de mito. Decompõem-nos e os geometriza, arranca-os da originária semente iconográfica; depois os reorganiza segundo simetrias rigorosas, os reduz à essencialidade de uma geometria primária, feita de verticais, horizontais, triângulos, círculos, quadrados, retângulos; enfim, torna-os macroscopicamente manifestos com acuradas, profundas zonas colorísticas, entre as quais procura precisas relações métricas, proporcionais, difíceis equivalências entre signos e fundo" — Giulio Carlo Argan (VALENTIM, Rubem. 31 objetos emblemáticos e relevos emblemas. Rio de Janeiro: MAM, 1970).
"Há, além disso, algo de muito específico na geometria de Valentim, que nasce das fontes em que bebe e o distingue de todos os demais artistas geométricos: a religiosidade. Falando de sua relação com o movimento concretista - já que, no tempo, o florescimento do concretismo e o da linguagem abstrata de Valentim coincidiram, e as aproximações foram sendo investigadas -, ele foi taxativo: 'Nunca fui concreto. Tomei conhecimento do concretismo por intermédio de amizades pessoais com alguns de seus integrantes. Mas logo percebi, pelo menos entre os paulistas, que o objetivo final de seu trabalho eram os jogos óticos, e isso não me interessava. Meu problema sempre foi conteudístico (a impregnação mística, a tomada de consciência de nossos valores culturais, de nosso povo, do sentir brasileiro)'. Talvez seja possível achar, hoje, que Valentim reduziu demasiado o escopo dos concretistas; mas isso não importa, no momento; importa que a 'impregnação mística' seja o primeiro dos conteúdos citados" — Olívio Tavares de Araújo (ARAÚJO, Olívio Tavares de. Penetrar no amor e na magia. In: VALENTIM, Rubem. Altares emblemáticos de Rubem Valentim. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1993).
Depoimentos
"Minha arte tem um sentido monumental intrínseco. Vem do rito, da festa. Busca as raízes e poderia reencontrá-las no espaço, como uma espécie de ressocialização da arte, pertencendo ao povo. É a mesma monumentalidade dos totens, ponto de referência de toda a tribo. Meus relevos e objetos pedem fundalmentalmente o espaço. Gostaria de integrá-los em espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos.
Meu pensamento sempre foi resultado de uma consciência da terra, de povo. Eu venho pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nehuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior - em revistas, bienais, etc. É a favor de um caminho voltado para as profundezas do ser brasileiro, suas raízes, seu sentir. A arte não é apanágio de nenhum povo, é um produto biológico vital" —Rubem Valentim (VALENTIM, Rubem. Rubem Valentim: artista da luz. São Paulo: Pinacoteca, 2001. p.30).
Acervos
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM/BA - Salvador BA
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp - São Paulo SP
Exposições Individuais
1954 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1954 - Salvador BA - Indvidual, no Palácio Rio Branco
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1961 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Relevo - prêmio da crítica como a melhor exposição do ano - ABCA
1965 - Roma (Itália) - Individual, na Galeria d'Arte della Casa do Brasil
1967 - Brasília DF - Individual, no Hotel Nacional
1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1970 - Brasília DF - 31 Objetos Emblemáticos e Relevos-Emblemas de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1970 - Rio de Janeiro - 31 Objetos Emblemáticos e Relevos-Emblemas de Rubem Valentim, no MAM/RJ
1971 - São Paulo SP - Individual, na Documenta Galeria de Arte
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1974 - Brasília DF - Individual, na Galeria Porta do Sol
1975 - Brasília DF - Panorama de Arte de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte
1978 - Brasília DF - Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1978 - Rio de Janeiro RJ - Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim, na Galeria Bonino
1980 - Brasília DF - Variações Meta-Sígnicas Visuais de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Valentim: pinturas emblemáticas, na Versailles Galeria de Arte
1990 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Letra Viva
1990 - São Paulo SP - Individual, na Miragem Escritório de Arte
1991 - Washington (Estados Unidos) - Individual, no Brazilian-American Cultural Institute
Exposições Coletivas
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1950 - Salvador BA - Novos Artistas Baianos, no Museu do Instituto Geográfico e Histórico
1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - Prêmio Universidade da Bahia
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 - Salvador BA - Artistas Modernos da Bahia, na Galeria Oxumaré
1957 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, no MAM/SP
1958 - Rio de Janeiro RJ - Oito Artistas Contemporâneos, na Funarte. Galeria Macunaíma
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1961 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte da Petite Galerie, na Petite Galerie - 1º prêmio
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao exterior
1962 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de ouro e prêmio de viagem ao exterior
1962 - Veneza (Itália) - 31ª Bienal de Veneza
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1965 - L'Aquila (Itália) - Alternative Attuali/2: ressegna di pittura, scultura, grafica
1966 - Dacar (Senegal) - Exposição de Arte Contemporânea: tendências e confrontações
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - prêmio pela contribuição à pintura brasileira
1967 - Brasília DF - 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, no Teatro Nacional
1967 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Abstratos Geométricos, na Funarte. Galeria Macunaíma
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - Prêmio Aquisição Itamaraty
1968 - Rio de Janeiro RJ - 6º Resumo de Arte JB
1969 - Nuremberg (Alemanha) - 1ª Bienal Internacional de Arte Construtiva de Nuremberg
1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - artista convidado
1970 - Brasília DF - Artistas Plásticos de Brasília, no Conselho Britânico
1970 - Medellín (Colômbia) - 2ª Bienal de Arte de Medellín, no Museu de Antioquia
1971 - Rio de Janeiro RJ - 9º Resumo de Arte JB, no MAM/RJ
1971 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Múltiplos, na Petite Galeria
1972 - Santiago (Chile) - 1ª Exposição Internacional de Pintura Contemporânea, no Museo Nacional de Bellas Artes do Chile
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 - Brasília DF - 1º Salão Global da Primavera - prêmio de viagem ao exterior
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - Prêmio Aquisição Itamaraty
1975 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - 1º prêmio
1976 - Campinas SP - 10º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1977 - Lagos (Nigéria) - 2º Festival Mundial da Arte Negra
1977 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Arte Agora: visão da terra, no MAM/RJ
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ
1977 - Roma (Itália) - 14ª Quadrienal de Roma
1977 - São Paulo SP - 14ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado
1978 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Arte Agora: América Latina, Geometria Sensível, no MAM/RJ
1978 - São Paulo SP - 10º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1979 - São Paulo SP - Coleção Theon Spanudis, no MAC/USP
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1981 - São Paulo SP - 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1981 - São Paulo SP - Arte Transcendente, no MAM/SP
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - Rio de Janeiro RJ - Madeira, Matéria de Arte, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 16º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1985 - São Paulo SP - 7 Pintores da Arte Contemporânea Brasileira, na Galeria de Arte Portal
1986 - Brasília DF - Rubem Valentim e Athos Bulcão, na Performance Galeria de Arte
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1986 - Rio de Janeiro RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris
1987 - São Paulo SP - Trabalhando com o Suporte: pintura, recorte e objeto, na Documenta Galeria de Arte
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada
1988 - São Paulo SP - 19º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - A Mão Afro-Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - Arte Atual de Brasília, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1988- Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, na Funarte
1989 - Los Angeles (Estados Unidos) - Introspectives: contemporary art by americans and brazilians of african descent, no The California Afro-American Museum
1989- São Paulo SP - A Estética do Candomblé, no MAC/USP
1990 - Chicago (Estados Unidos) - Expressões Singulares da Arte Brasileira, no Chicago Cultural Center
1990 - Chicago (Estados Unidos) - Brazil: crossroads of modern art, na Randolph Gallery
1990 - Nova York (Estados Unidos) - Introspectives: contemporary art by americans and brazilians of african descent, no The Bronx Museum
1991 - Belo Horizonte MG - Dois Retratos da Arte, no MAP
1991 - Brasília DF - Dois Retratos da Arte, no Museu Histórico e Diplomático - Palácio Itamaraty
1991 - Curitiba PR - Dois Retratos da Arte, na Fundação Cultural de Curitiba. Solar do Barão
1991 - Porto Alegre RS - Dois Retratos da Arte, no Margs
1991 - Recife PE - Dois Retratos da Arte, no Museu do Estado de Pernambuco
1991 - Rio de Janeiro RJ - Dois Retratos da Arte, no MAM/RJ
1991 - Salvador BA - Dois Retratos da Arte, no Museu de Arte da Bahia
1991 - São Paulo SP - Dois Retratos da Arte, no MAC/USP
Exposições Póstumas
1992 - Brasília DF - Forma e Cor Essencial, na Casa de Cultura da América Latina
1992 - Brasília DF - O Templo de Oxalá, no Palácio Itamaraty
1992 - Brasília DF - Os Guardadores de Símbolos e Axé na Praça da Sé, no MAB/DF
1992 - Brasília DF - Rubem Valentim: em memória, no Universidade Holística Internacional de Brasília. Espaço Cultural Rubem Valentim
1992 - Cidade do México (México) - Rubem Valentim: serigrafias, no Museo de La Estampa
1992 - Curitiba PR - 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba/Mostra América, no Museu da Gravura
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do MAC/USP, na Casa de Cultura de Poços de Caldas
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ
1992 - São Paulo SP - A Sedução dos Volumes: os tridimensionais do MAC, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Altares Emblemáticos de Rubem Valentim, na Pinacoteca do Estado
1992 - São Paulo SP - Bahia - Emblemas e Magia, no Memorial da América Latina
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus
1993 - Brasília DF - Athos Bulcão, Rubem Valentim, Tomie Ohtake, no Centro Cultural 508
1993 - Brasília DF - Triângulo, no Espaço Cultural 508 Sul
1993 - Fortaleza CE - Rubem Valentim: serigrafias, no Museu de Arte da UFCE
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Valentim: construção e símbolo, no CCBB
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Belo Horizonte MG - Os Herdeiros da Noite: fragmentos do imaginário negro, no Centro de Cultura de Belo Horizonte
1995 - Belo Horizonte MG - Rubem Valentim, no Palácio das Artes
1995 - Frankfurt (Alemanha) - Feira do Livro de Frankfurt
1996 - Niterói RJ - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini, no MAC/Niterói
1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no CCBB
1996 - São Paulo SP - 23ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1997 - Goiânia GO - Brasilidade: coletânea de artistas brasileiros, na Galeria de Arte Marina Potrich
1997 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: perfil de uma identidade, no Banco Safra
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1997 - Washington (Estados Unidos) - Escultura Brasileira: perfil de uma identidade, no Centro Cultural do BID
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, no MAC/Niterói
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ
1999 - Salvador BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra
2000 - Belo Horizonte MG - Ars Brasilis, na Galeria de Arte do Minas Tênis Clube
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Belo Horizonte MG - Rubem Valentim: artista da luz, no MAP
2001 - Brasília DF - Rubem Valentim: exposição retrospectiva, no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio
2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum
2001 - São Paulo SP - Rubem Valentim: artista da luz, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Fragmentos a Seu Ímã, no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio
2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Conjunto Cultural da Caixa
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Collección Cisneros, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2002 - São Paulo SP - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Colección Cisneros, no MAM/SP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - São Paulo SP - Papel e Tridimensional, no Arvani Arte
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Sala do Acervo, na Ricardo Camargo Galeria
Fonte: RUBEM Valentim. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 14 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Rubem Valentim | Wikipédia
Valentim formou-se em odontologia em 1946, exercendo a profissão sem deixar de pintar. Em 1948, deixou a odontologia para dedicar-se integralmente às artes plásticas. Passou a cursar Jornalismo e graduou-se bacharel pela Faculdade de Filosofia da Bahia em 1953. Participou do movimento renovador nas artes, iniciado na Bahia em 1978–1948.
Carreira
Em 1957, Valentim mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi agraciado com uma bolsa de viagem ao exterior em 1962 pelo XI Salão Nacional de Arte Moderna. Viajou para a Europa por 3 anos, expressando interesse pela arte dos povos primitivos. Ele acabou se estabelecendo em Roma, trabalhando e realizando exposições lá. Visitou as Bienais de Veneza de 1964 e 1966. Viajou para o Senegal para participar do Primeiro Festival Mundial de Arte Negra em Dacar, Senegal, em 1966. Retornou ao Brasil em 1966, após aceitar um convite do Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. Foi agraciado com um Prêmio Especial por "Contribuição à Pintura Brasileira".
As contribuições de Valentim ao mundo da arte como escritor e ensaísta estão documentadas nos arquivos de institutos de pesquisa e bibliotecas de museus nas Américas. Ele foi o autor e publicou o Manifesto ainda que tardio (“Manifesto, embora tardio”) em 1976. No texto, ele propõe uma agenda anticolonial nas artes. Seu trabalho recebeu atenção acadêmica tanto no Brasil quanto no exterior.
Em 2018, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) organizou um grande levantamento da trajetória artística, expondo 99 obras de Valentim, figura-chave da arte brasileira do século XX.
Obras de arte notáveis em coleções públicas
Sem título no Museu de Arte Moderna, 1956-1962
2x-2 no Museu de Arte Moderna, 1960
Composição 12, 1962. Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo
Pintura 1 (Painting 1), 1964. Museu de Belas Artes, Boston
Emblema logotipo poético de cultura afro-brasileira - Nº 8 , 1976. Museu de Arte de São Paulo, São Paulo
Emblema 79 (Emblema 79), 1979. Pérez Art Museum Miami
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Rubem Valentim | Almeida Dale
Rubem Valentim começou a pintar ainda criança e iniciou sua carreira artística profissional no final da década de 1940, quando participou de um movimento de renovação das artes na Bahia. Antes de se dedicar à carreira artística, trabalhou como Jornalista e Dentista. Sua formação multidisciplinar incluiu estudos em áreas como Jornalismo, História da Arte e Ciências Humanas em geral, cultura afro-brasileira e música popular. Nascido e criado em Salvador, cidade com maior população negra fora do continente africano, Valentim foi cercado pela simbologia mística do universo religioso africano no Brasil, principalmente o Candomblé e a Umbanda, que desempenham papel central no universo simbólico do artista.
Os instrumentos de culto, as estruturas físicas dos terreiros e a simbologia das entidades são retratados em sua obra como signos, imagens estilizadas criadas por meio da sóbria estetização dessas figuras. Duas características principais de suas obras são o uso simbólico de cores relacionadas aos orixás e as recorrentes formas geométricas como retângulos, círculos, triângulos e trapézios, que constituem os emblemas rigorosamente dispostos em suas pinturas, gravuras, relevos e esculturas. Indo além do mero uso formalista da imagética religiosa, Valentim mantém a conexão desses emblemas com suas origens, reforçando o vínculo com os significados que manifestam, como proteção, sexualidade, nascimento, morte, renascimento, ciclo da vida e natureza.
Valentim morou na Europa entre 1963 e 1966 após receber prêmio de viagem pela participação no 11º Salão Nacional de Arte Moderna. Sua primeira exposição individual fora do Brasil – a primeira individual internacional de um artista negro brasileiro – aconteceu em 1965 na sede da Embaixada do Brasil na Itália, o magnífico Palazzo Pamphilj, onde seu trabalho foi recentemente exposto na individual Rubem Valentim: A Riscadura Brasileira, em 2022. No mesmo ano, sua obra foi tema da retrospectiva Ilê Funfun: uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim], apresentado na Almeida & Dale; Museu Nacional da República, em Brasília; e Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador. Outras instituições importantes como o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP e a Pinacoteca do Estado de São Paulo organizaram recentemente mostras individuais da obra de Valentim.
A qualidade e relevância do seu trabalho foram amplamente reconhecidas durante e após a sua vida, com a sua participação em grandes exposições colectivas, como La Biennale di Venezia, em 1962; diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, de 1955 até a década de 2000, incluindo a 35ª Bienal em 2023; e o Festival Mundial de Artes Negras do Senegal, em 1966. Sua obra integra importantes acervos institucionais do Brasil e do exterior, como Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP, Guggenheim Abu Dhabi, Museu de Arte Moderna - MoMA, Galeria Nazionale d'Arte Moderna di Roma, e outros.
Fonte: Almeida Dale. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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MAM reinaugura Espaço Rubem Valentim com exposição permanente | Governo do Estado da Bahia
A reinauguração do ‘Espaço Rubem Valentim’ no Museu de Arte Moderna (MAM-Bahia) que acontece nesta sexta-feira (25), às 16h, com abertura de exposição gratuita e permanente é a principal atração do Novembro Negro no museu. O ato comemora não só o centenário de nascimento do artista baiano (1922-1991) que nomeia o espaço no museu, mas também finaliza as programações do MAM-Bahia em homenagem a ‘Semana de Arte Moderna de 1922’.
A sala foi reformada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) – órgão ao qual o MAM é ligado –, ambos da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA). “A reinauguração desta sala traz mais uma exposição permanente para o museu”, explica o diretor do MAM, Pola Ribeiro. No último mês de outubro o museu abriu outra mostra permanente do ‘Museu de Arte Popular’ trazendo esse acervo definitivamente para seu local de origem, o Solar do Unhão.
“Agora teremos as 20 esculturas e 10 relevos de Rubem Valentim abertos à visitação gratuita para o público; o conjunto forma o ‘Templo de Oxalá’, doado pela esposa do artista, Lúcia Alencastro, em 1997, e considerado a mais emblemática realização da carreira de Valentim”, completa Pola. O Espaço terá ainda vitrines com documentos originais do artista. O diretor do MAM informa que a sala tem cerca de 200 m² de área e fica na parte inferior do Mirante do MAM. “O acesso é pelo gradil criado pelo artista Carybé, ainda na entrada do museu, no mesmo nível da Avenida Contorno”, diz Pola.
O artista
Rubem Valentim nasceu em Salvador em 1922, começou sua trajetória nos anos 1940 como pintor autodidata e participou dos movimentos de correntes modernas da arte baiana, ao lado de Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos e Sante Scaldaferri, dentre outros. Desde os anos 1950, iniciou pesquisa relacionada às matrizes africanas, sobretudo sobre símbolos e ferramentas dos Orixás. Em 1966, participou do Festival Mundial de Artes Negras no Senegal. Tem uma escultura em concreto na Praça da Sé de São Paulo e o ‘Templo de Oxalá’ foi um dos grandes destaques da 16ª Bienal Internacional de São Paulo (1977).
O artista completaria 100 anos em novembro, por isso a escolha do MAM em reinaugurar o Espaço agora, com lançamento de filme e catálogo. Na publicação há ainda cronologia ilustrada com fotos, assinada por Claudia Fazzolari, que perpassa a vida de Valentim desde o nascimento, principais trabalhos, projetos e exposições no Brasil e no mundo, além de textos dos críticos Frederico Morais, Theon Spanudis e Alberto Beuttenmuller.
De acordo com o curador do MAM, Daniel Rangel, Valentim explicita o sincretismo religioso brasileiro de maneira abstrata e geométrica, a partir de elementos simbólicos da cultura popular e da semiótica afro-brasileira do candomblé. “Valentim buscava uma conexão sagrada sempre complementada com a estética e, com isso, temos esse conjunto de obras excepcional e seminal na arte brasileira que ele nos deixou”, diz Rangel.
Lançamento
Também na sexta-feira (25) o MAM faz lançamento na Bahia do Filme e Catálogo ‘Ilê Funfun: Uma homenagem ao Centenário de Rubem Valentim’, produzidos pela Almeida & Dale Galeria de Arte. de São Paulo. O filme será exibido às 16h no Cine MAM, e Catálogo será lançado no Espaço Rubem Valentim, às 17h. ‘Ilê Funfum’ é o nome da mostra que neste ano do ‘Centenário de Valentim’ passou por São Paulo e Brasília, produzida pela Almeida & Dale que também patrocinou a restauração da coleção ‘Templo de Oxalá’. Essa exposição itinerante teve curadoria de Daniel Rangel que também é o curador do MAM-Bahia.
“O conjunto ‘Templo de Oxalá’, cujas obras são predominantemente brancas, representam o panteão dos orixás saudando Obàtálá (o ‘grande orixá’ criador dos humanos) e foi apresentado pela primeira vez, em 1977, na XIV Bienal Internacional de São Paulo, em uma sala especial dedicada a Valentim”, relata Daniel Rangel. Com texto de apresentação de Daniel, o catálogo tem ainda importantes nomes, como Marcelo Gonczarowska Jorge e Sara Seilert, do Museu de Arte de Brasília e Museu Nacional da República, respectivamente.
Fonte: Governo da Bahia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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As abstrações geométricas de Rubem Valentim ganham o mundo | NeoFeed
Muito tempo antes das pautas identitárias começarem a ecoar no cenário da arte no Brasil, teve início no país uma retomada da produção do pintor e escultor baiano Rubem Valentim (1922-1991).
Famosas por mesclar a abstração geométrica com elementos das religiões de matriz africana, suas obras valorizaram de 21,46% por ano nas últimas duas décas, segundo a plataforma de investimentos alternativos Hurst Capital.
E os valores tendem a aumentar, com a inserção internacional da produção do artista em feiras, galerias e leilões. Em março, por exemplo, a Almeida & Dale realiza uma mostra solo de Valentim, em seu estande na feira ARCO Madri, na Espanha.
Como conta ao NeoFeed, Carlos Dale vai levar ao evento madrilenho cerca de 20 obras de Valentim, de diversos períodos e suportes, avaliadas entre US$ 25 mil e US$ 300 mil.
Além disso, vários europeus já o contataram, com o desejo de inserir criações do artista baiano em seus acervos. O mesmo vale para colecionadores particulares.
O galerista afirma ainda que, à medida que as obras forem sendo vendidas, a oferta ficará escassa, e “facilmente o valor deve ultrapassar sete dígitos em dólar”. “Hoje em dia, não se conta a história da arte brasileira e internacional sem se levar em conta Rubem Valentim”, defende Dale.
Muitos fatores contribuem para valorização de um artista e a internacionalização, certamente, é um deles, diz Ana Maria Carvalho, head de investimentos em obras de arte da Hurst, em conversa com o NeoFeed.
“Valentim tem um mercado já bem consolidado no Brasil, há períodos em que é difícil encontrar obras nas galerias”, diz Carvalho. “Mas ele ainda não esteve em leilões de casas como a Christie’s e Sotheby’s e só começa agora a ir para feiras internacionais”.
Recentemente, a Hurst Capital estruturou uma operação tokenizada com duas telas do artista - Emblema 81 3 Emblema 85, adquiridas junto à Pinacotheke Cultural e à Almeida & Dale, respectivamente. As telas estão estimadas em R$350mil cada uma.
Para o galerista e editor Max Perlingeiro, da Pinakotheke, a obra de Valentim vem passando por uma revisão histórica, com reverberação mercadológica, nos últimos 15 anos. “A obra de Valentim é de uma consistência muito grande”, diz ele, ao NeoFeed.
O grande público brasileiro foi (re)apresentado à produção do artista baiano – cujo auge aconteceu no fim dos anos 1970 – em grandes panorâmicas, como "Rubem Valentim: construções afro-atlânticas" (Masp, 2018) e Rubem Valentim (1922-1991) – Sagrada Geometria" (Pinakotheke Cultural, 2022), em celebração ao centenário de seu nascimento.
A mostra, também levada à sede da Pinakotheke, no Rio de Janeiro, foi eleita a melhor retrospectiva de 2022 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). E o livro, de mesmo título, do artista e curador Bené Fonteles, foi finalista do prêmio Jabuti, de 2022.
Também em 2023, o Instituto Inhotim apresentou a mostra Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim, e a instalação "Templo de Oxalá", de 1977, foi vista de forma integral na 35ª edição da Bienal de São Paulo, no ano passado.
"Manifesto que ainda tardio"
Valentim nasceu em 9 de novembro de 1922, em Salvador. Formou-se em 1946 em odontologia, exercendo o ofício por apenas dois anos.
Já em 1948 começou a participar da cena artística da capital baiana, ao lado de Mário Cravo Jr. e Jenner Augusto, entre outros. Em 1953, graduou-se em jornalismo e passou a publicar crônicas sobre arte na imprensa.
“Na virada dos anos 1940 para os anos 1950, ele era um pintor formal, de paisagens e naturezas mortas, fazia cópias de grandes mestres”, conta Perlingeiro. “A partir de meados da década de 1950, passou a seguir o viés da geometria ligada às religiões de matriz africana”.
Em 1964, Valentim fixou residência em Roma, na Itália, com um prêmio obtido no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM).
Cinco anos depois, ele integrou, ao lado de Waldemar Cordeiro (1925-1973), a representação brasileira na 1ª Bienal Internacional de Arte Construtiva, em Nuremberg, Alemanha.
A trajetória e o legado de Rubem Valentim têm grande peso institucional. O artista participou sete vezes da Bienal de São Paulo, e duas, da Bienal de Veneza.
Neste ano, suas obras voltam a ser apresentadas na exposição italiana, que tem curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp.
Os trabalhos de Valentim estão presentes em coleções no Brasil –MAM Rio, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MAC USP, entre outros.
No exterior, integram os acervos do Museu de Arte Moderna de Paris e do MoMA de Nova York. Um painel feito pelo artista está exposto no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Em seu "Manifesto ainda que tardio", de 1976, Valentim afirma que vinha “pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nenhuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior”.
Lançando mão de linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados em composições geométricas que aludem a símbolos e emblemas das religiões afro-brasileiros, dizia querer “estabelecer um ‘design’”, a que chamava de Riscadura Brasileira, “uma estrutura apta a revelar a nossa realidade”.
Fonte: NeoFeed, "As abstrações geométricas de Rubem Valentim ganham o mundo". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Exposição com acervo do MAM-Bahia dos 100 Anos de Rubem Valentim está em cartaz até agosto no Museu Nacional da República | Governo da Bahia
A exposição 'Ilê Funfun: Uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim' no Museu Nacional da República (museu.cultura.df.gov.br), em Brasília, Distrito Federal, fica em cartaz e aberta ao público até agosto/2022. Parte da mostra é formada pelo 'Templo de Oxalá', conjunto de obras de arte doadas ao Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-Bahia) em 1997, e emprestadas à exposição, considerado o ápice do trabalho de Rubem Valentim. Antes disso, a mesma mostra esteve em São Paulo, de abril a maio, na Almeida & Dale Galeria de Arte. Em novembro (2022) o MAM-Bahia abre a exposição na Sala Rubem Valentim e na Galeria 3, ambos espaços do museu baiano, em Salvador.
Na sequência, a exposição vem para Salvador e depois para a cidade de Roma, Itália. Estiveram presentes na abertura do dia 9.06, em Brasília, o diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), João Carlos de Oliveira, cujo órgão estadual congrega os principias museus baianos (www.ipac.ba.gov.br/museus), o diretor do MAM-Bahia, Pola Ribeiro, o curador da exposição e também curador do MAM-Bahia, Daniel Rangel, dentre outros representantes baianos.
"Esta exposição comprova o sucesso de parcerias como esta, que reúne três museus públicos e uma galeria privada para difusão e acessibilidade da população brasileira a um dos mais notórios artistas baianos, como Rubem Valentim; o IPAC/MAM-Bahia tem a honra de ter uma Sala fixa dedicada somente a esse artista", comemora o diretor do IPAC, João Carlos de Oliveira.
Rubem Valentim começou sua trajetória nos anos 1940 como pintor autodidata, e participou dos movimentos de correntes modernas da arte baiana, ao lado de Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos, Sante Scaldaferri, entre outros. Desde os anos 1950, iniciou uma pesquisa relacionada às matrizes africanas, sobretudo sobre símbolos e ferramentas dos Orixás. Nascido em Salvador (1922), o artista completaria 100 anos em novembro deste ano e a celebração com a mostra foi iniciada em São Paulo, passa agora em Brasília, chegando em Salvador em novembro.
"Para o Museu Nacional da República é uma honra receber um conjunto tão especial de obras de Rubem Valentim e apresentá-las ao público brasiliense. Valentim tem ligação profunda com Brasília, cidade onde viveu e consolidou sua pesquisa técnica e poética voltada à geometria construtiva e à simbologia de herança cultural africana. É também uma alegria comemorar o centenário de seu nascimento e colocar em destaque a produção de um artista preto, a visualidade e a poética de matriz africana neste museu, justamente no mesmo ano em que também se completa o centenário da Semana de Arte Moderna", diz Sara Seilert, diretora do Museu da República.
"Rubem Valentim é um artista seminal para a arte brasileira, o primeiro a propor um diálogo entre a pureza do abstracionismo geométrico e a cultura negra do país. Valentim foi professor da UnB, mas decidiu deixar a universidade quando as perseguições da Ditadura contra alunos e docentes se intensificaram. Mas ele nunca abandonou Brasília, que adotou como sua terra e na qual produziu um dos corpos de obras mais singulares da história nacional. Portanto, é um prestígio e um resgate da memória cultural da cidade receber a exposição aqui”, diz Marcelo Jorge, diretor do Museu de Arte de Brasília, o MAB, que mantém o 'antigo ateliê' doado pelo artista baiano.
"Valentim havia montado na sua residência - uma grande casa nas quadras 700 da Asa Sul de Brasília - um ateliê onde produzia suas obras com esmero quase artesanal. No entanto, ele morre na década de 1990 sem deixar filhos. Seus herdeiros, residentes em outros locais do país, decidiram legar para o MAB a integralidade dos objetos, móveis, documentos e obras de arte que formavam seu ateliê, antes de vender a casa. A doação ocorreu por intermédio de Bené Fonteles, amigo e confidente do artista baiano. Desde então, esse ateliê foi exposto pouquíssimas vezes, e era quase desconhecido dos especialistas no artista. Com a mostra Ilê Fun Fun, a obra circulou pelo país e retornará ao MAB, no fim, para ficar em exposição permanente", completa Marcelo Jorge.
EXPOSIÇÃO - Pensada a partir de três núcleos: o 'Templo de Oxalá', que é um conjunto de obras com 20 esculturas e 10 relevos de Rubem Valentim do MAM-BA e restauradas pela Almeida & Dale; "Ateliê", parte da exposição em que o processo criativo do artista é contemplado, com quadros que estavam sendo feitos quando ele morreu (1991), inacabados, e ferramentas que ele usava, com parte do acervo emprestado pelo MAB especialmente para esta exposição; e 'Cronologia', que traz sua história, a partir de recortes, pesquisas, documentos e arquivos pessoais, fotografias e cartazes. "O que é mais importante sobre Rubem Valentim está nesta exposição. Da religiosidade potente aos objetos que circundavam toda sua criação, apresentamos vida e obra deste grande artista", diz Daniel Rangel, curador da mostra e do MAM-Bahia.
O 'Templo de Oxalá', cuja cor branca é predominante, representando o panteão dos orixás saudando Obàtálá, foi apresentado pela primeira vez em 1977, na XIV Bienal Internacional de São Paulo, em uma sala especial dedicada ao artista. Em 'Ilê Funfun' está reunido o essencial da trajetória do artista: um potente conjunto artístico-sagrado e referências de seu universo particular, juntando ainda as coleções do MAM-Bahia, do Instituto Rubem Valentim, cuja sede está em São Paulo e do MAB/Brasília; locais que foram suas casas, espaços que foram seus ilês.
Após a exposição ser apresentada no MAM-BA, quando reinaugurará a sala especial de Rubem Valentim no museu, e integrando a comemoração internacional do centenário, haverá uma mostra com a produção do artista em Roma, onde Rubem viveu de 1963 a 1966, no Palazzo Pamphili, endereço da Embaixada Brasileira em Roma.
LIVRO ILÊ FUNFUN - A exposição é uma celebração da presença da obra Templo de Oxalá pela primeira vez fora no MAM-Bahia e à trajetória do artista baiano que faria 100 anos em 2022. Acompanhando o mesmo recorte, a Almeida & Dale Galeria de Arte produziu um livro, apresentado pelo curador Daniel Rangel com a colaboração de importantes nomes relacionados ao artista, que será lançado também no Museu Nacional. Marcelo Gonczarowska Jorge e Sara Seilert, do Museu de Arte de Brasília e Museu Nacional da República, respectivamente, assinam um texto contextualizando a relevância de Rubem Valentim nesses espaços. Pola Ribeiro, diretor do MAM Bahia, por sua vez, também escreve para o livro. Há também uma cronologia ilustrada com fotos de arquivo, assinada por Claudia Fazzolari, que perpassa a vida de Rubem Valentim desde o nascimento, principais trabalhos, projetos e exposições no Brasil e no mundo, além de textos dos críticos Frederico Morais, Theon Spanudis e Alberto Beuttenmuller, que com astúcia demonstram a grande importância de Valentim para além do concretismo. O desenho gráfico especial do livro garante por meio do papel transparente a sensação de abertura de um véu para adentrar o templo e suas fotografias de montagem.
Ilê Funfun: Uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim
Fonte: Governo da Bahia, "Exposição com acervo do MAM-Bahia dos 100 Anos de Rubem Valentim está em cartaz até agosto no Museu Nacional da República". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Rubem Valentim | Blog do Gutemberg
Artista plástico. Nasceu em Salvador simultaneamente na Semana de Arte Moderna, no dia 09 de novembro de 1922. Autodidata em pintura. Começou a pintar ainda criança, fazendo figuras e paisagens para presépios de Natal. Em 1946 formou-se em Odontologia, tendo exercido por pouco tempo a clínica sem entretanto deixar de pintar. Pintor autodidata, influenciado por Torres Garcia, experimentando uma aproximação com o concretismo nos anos 60 e voltando, no final da vida, às formas circulares. Essas “mandalas”, não são referenciais. Elas têm um sentido universal, ecumênico. Participou do movimento renovador das artes iniciado na Bahia em 1946/47. Em 1948 passou a dedicar-se exclusivamente às artes plásticas. Bacharelou-se em Jornalismo no ano de 1953. Em 1957 transfere-se para o Rio. Ganha, em 1962, o prêmio de viagem ao estrangeiro no XI Salão Nacional de Arte Moderna.
Viaja para a Europa onde permanece três anos e meio visitando museus, exposições e galerias de arte, interessando-se principalmente pela arte negra e dos povos primitivos e informando-se na época sobre o que havia da chamada vanguarda nos países ditos desenvolvidos/industrializados. Viaja pela Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal e Itália. Fixa-se em Roma, aí trabalha e expõe. Percorre toda a Itália. Visita as Bienais de Veneza de 1964 e 1966. Vai à África participando da Exposição de Arte Contemporânea do I Festival Mundial de Arte Negra, 1966, Dacar, Senegal. Retorna a Roma. Volta para o Brasil em setembro de 1966, atendendo convite do então Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. De 1949 a 1955 participou do Salão Baiano de Belas Artes. Em 1950, dos Novos Artistas Baianos. Em 1955, da III Bienal de São Paulo. Em 1966, a convite, da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador, com Sala Especial, obteve Prêmio Especial pela Contribuição à Pintura Brasileira. Nesse mesmo ano participa de uma mostra coletiva contemporânea em Roma. Com seis grandes relevos denominados Emblemas, participou como artista convidado da I Bienal Internacional de Arte Construtivista Nuremberg, Alemanha, em 1969; do Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e da X Bienal de SP. Nos anos 70 participou da II Bienal de Artes Plásticas Coltejer, em Medellin, Colombia; II Festival de Arte Negra, em Lagos, na Nigéria; Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu Nacional de Belas Artes, em Santiago, Chile; Japão, entre outras.
Seu primeiro prêmio foi em 1955, Universidade da Bahia, no Salão Baiano de Belas Artes. A partir daí não parou mais com muitas exposições individuais, centenas de mostras coletivas e inúmeros prêmios. Em 1974 o cineasta Aécio Andrade dirigiu um curta metragem em cores: Rubem Valentim e sua Obra Semiológica. André Paluch dirigiu nesse mesmo ano o curta em cores Artistas Brasileiros no Museu de Ontário, Canadá, e o crítico de arte Frederico Morais produziu o audio-visual A Arte de Rubem Valentim. Suas obras estão espalhadas por diversos museus, galerias, nas ruas, além de várias coleções importantes particulares no Brasil e no estrangeiro. Um bom exemplo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de SP, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes do RJ, Galeria Nazionale d’Arte Moderna de Roma, Itália; Museu de Ontário, Canadá; Palácio Residencial do Governo da Bahia, Ondina, Salvador; Palácio do Governo do Zaire, Kinsasha, África; Embaixada do Brasil em Roma e Bogotá; Museu de Arte e História de Genebra, Suiça; Museu de Arte Moderna de Paris, França; Museu de Lagos, Nigéria, entre outros.
Valentim é um dos mais originais e autênticos construtivistas brasileiros. “Minha linguagem plástico-visual-signográfica está ligada aos valores míticos profundos de uma cultura afro-brasileira (mestiça-animista-fetichista). Com o peso da Bahia sobre mim - a cultura vivenciada; com o sangue negro nas veias - o atavismo; com os olhos abertos para o que se faz no mundo - a contemporaneidade; criando os meus signos-símbolos procuro transformar em linguagem visual o mundo encantado, mágico, provavelmente místico ao que flui continuamente dentro de mim”, disse em uma de suas entrevistas. “A estilização de seus signos-fetiche do candomblé abriu seu espaço, que, se a princípio era bidimensional foi-se a terceira dimensão, como querendo respirar a sacralidade de um rito, a um só tempo poético, sacro e agnóstico. Os deuses da mitologia afro-baiana - Oxossi, Ogun, Xangô, Iansã, Iemanjá e Oxalá - ofereceram-lhe a motivação para criar uma obra intuitivamente construtivista e aparentente abstrata, mas na verdade de fundo místico/mítico/religioso, portanto sensorial e sensitiva. A memória cultural de sua raça, por isso mesmo, está tatuada na heráldica de seus deuses plásticos, como foram marcados, no passado, a ferro em brasa, seus irmãos negros nas senzalas”, escreveu o crítico de arte, Alberto Beuttenmuller, em 1977. Para o crítico Frederico Morais, “às vezes é preciso calar: usar um silêncio artifício, para dizer melhor e mais alto. Calar para que o silêncio cante toda a extraordinária beleza da vida, para que se possa ouvir este fio de água cantando, que vem das fontes primitivas. Sabedoria. Às vezes é preciso eliminar a cor, como se elimina o ruído, e chegar à dura pureza do branco. Luz. Contra o caos, Rubem Valentim propõe o cosmos”.
Ele morreu no dia 30 de dezembro de 1991, vítima de câncer, e os museus prestaram homenagens a um dos principais nomes do construtivismo brasileiro. Valentim morreu aos 69 anos sem concretizar seu projeto maior, o de criar uma fundação - em Brasília ou São Paulo - para abrigar sua obra, uma das raras no Brasil a merecer a atenção do crítico italiano Giulio Carlo Argan. O ensaista foi um dos primeiros a observar que o uso dos negros do candomblé por Rubem Valentim nada tinha de folclórico.
Fonte: Blog do Gutemberg, "Rubem Valentim". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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RUBEM VALENTIM (1922-1991) - Sagrada Geometria
Rubem Valentim: sagrada geometriaé o primeiro livro dedicado ao artista com mais profundidade, segundo seu autor, Bené Fonteles. No ano de seu centenário, a Pinakotheke resgata a sua obra pela perspectiva de sua es-piritualidade. Valentim queria essa conexão sagrada em complementação com a estética.
Rubem Valentim é um artista essencial para uma melhor compreen-são da tradição afro-brasileira; e Bené Fonteles, seu principal estudioso e interlocutor por sua conexão espiritual. A pedido do artista, Bené torna–se o Ogã (palavra que vem do iorubá e significa “Senhor da minha casa”) do terreiro de Valentim. Aquele que cuida de sua vida e, em consequência, de sua obra. É mais um caso de amizade que a Pinakotheke torna visível!
Em 1963, Valentim foi morar na Europa, precisamente em Roma, onde conheceu Giulio Carlo Argan (1909-1992), o grande teórico da arte moderna. Na ocasião, estava sendo criado o Museu de Arte Moderna de Roma, no qual Valentim teve três obras adquiridas pela nova instituição. Ao retornar ao Brasil, dá início a uma série de obras, transformando suas pinturas em relevos.
Bené Fonteles conheceu Valentim em 1977, ambos participando da XIV Bienal de São Paulo. Valentim expunha o “Templo de Oxalá”, uma instalação constituída de um painel de fundo azul com relevos brancos e esculturas móveis em madeira pintada branca, a partir de elementos sim-bólicos da cultura popular e da semiótica afro do Candomblé. Sem dúvida nenhuma, sua obra mais emblemática pertencente ao acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Em 1978, Bené vai morar em Brasília e, desse modo, pôde partici-par dos momentos marcantes de sua carreira, tornando-se seu herdeiro intelectual. Segundo o autor, “a casa do artista era um lugar sagrado. Sua arquitetura tinha a forma de uma cruz. Seu interior lembrava mais um mo-nastério. Ele vivia uma vida monástica, desde a sua alimentação até a sua forma de descansar. Seu quarto era uma cela, de extrema simplicidade. Tinha uma vida totalmente devota ao espiritual. Seus livros eram basica-mente espirituais e filosóficos, em que o artista criava os fundamentos para a sua produção”.
O artista sempre desejou ter um espaço destinado à sua obra. Para tanto, ao longo da vida, destinou 157 obras para a formação do núcleo principal dessa coleção ao cuidado de Lúcia Alencastro, sua esposa, pio-neira em arte-educação e fundadora da Escolinha de Arte do Brasil junto a Augusto Rodrigues (1913-1993). A fim de concretizar o sonho, comprou em Brasília um grande terreno na Asa Sul para construir o centro cultural. Infelizmente não foi possível, o que lhe causou uma grande frustração.
Aproximou-se também dos concretistas. Foi amigo de Hélio Oitici-ca. Valentim expõe com Waldemar Cordeiro em Roma. Sua produção era baseada de modo obsessivo na construção e na desconstrução dos sím-bolos que inventava. Havia, por exemplo, o alfabeto kitônico (que significa energia do centro da Terra), constituído de 15 símbolos, nos quais explicita o sincretismo religioso brasileiro, mas sempre de maneira abstrata e ge-ométrica. Elementos da Umbanda e do Candomblé povoam suas peças e ajudam a construir um universo muito particular, formado por linhas retas, triângulos, círculos e quadrados.
Ao longo de sua vida artística, participou de Bienais e exposições no Brasil e no exterior. Sempre teve o respeito e o reconhecimento de sua obra. A Pinakotheke sente-se honrada em publicar este livro essencial para uma melhor compreensão do artista quando se comemora o centenário de seu nascimento.
A edição conta ainda com um primoroso ensaio fotográfico de Chris-tian Cravo, realizado com obras do acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia durante a pandemia, o que proporcionou uma dramaticidade mar-cante no momento de sua produção. E, com o apoio do Itaú Cultural, entre-gamos esta publicação, que, sem dúvida, se constituirá uma fonte biblio-gráfica essencial.
Fonte: Pinacotheke. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
Crédito fotográfico: Governo da Bahia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
Rubem Valentim (9 de novembro de 1922 – 30 de novembro de 1991), foi um escultor, pintor e gravador brasileiro. Iniciou a carreira como autodidata e participou do movimento de renovação artística na Bahia nos anos 1940. Suas obras exploram elementos religiosos por meio de formas estilizadas e cores vibrantes, criando uma conexão entre o misticismo afro-brasileiro e a estética modernista. Valentim é amplamente reconhecido por integrar a simbologia religiosa em uma linguagem artística abstrata e construtivista. Ao longo de sua carreira, Valentim realizou exposições em grandes eventos internacionais, como a Bienal de Veneza e a Bienal de São Paulo, e teve seu trabalho incorporado a importantes acervos, incluindo o MoMA em Nova York e o MASP em São Paulo. Deixou uma importante marca como professor na Universidade de Brasília e como criador de grandes obras públicas, como o "Templo de Oxalá". Seu legado é amplamente celebrado por sua contribuição à arte moderna brasileira e pela valorização da cultura afro-brasileira no cenário artístico global.
Rubem Valentim | Arremate Arte
Rubem Valentim (Salvador, 9 de novembro de 1922 – São Paulo, 30 de novembro de 1991) foi um renomado pintor, gravador e escultor brasileiro. Iniciou sua carreira como autodidata, antes de estudar na Escola de Belas Artes da Bahia. Originalmente formado em odontologia e jornalismo, Valentim abandonou essas profissões para dedicar-se à arte em tempo integral, integrando o movimento de renovação artística na Bahia na década de 1940.
Sua obra é marcada pela influência das religiões afro-brasileiras, especialmente o Candomblé e a Umbanda, cujos símbolos místicos ele transformava em formas geométricas e abstratas. A simbologia afro-brasileira se destaca em sua pintura, gravura e escultura, com o uso de cores e formas estilizadas que evocam o misticismo e a espiritualidade dessas religiões.
Ao longo de sua carreira, Valentim viveu e trabalhou em diversas cidades, como Rio de Janeiro, Roma e Brasília, onde atuou como professor na Universidade de Brasília.
Participou de grandes exposições internacionais, como a Bienal de Veneza, e suas obras integram coleções de importantes museus, incluindo o MoMA em Nova York, o MASP e o Museu Afro Brasil.
Seu legado artístico é amplamente reconhecido, tanto pelo seu papel na valorização da cultura afro-brasileira quanto pela sua contribuição ao modernismo brasileiro.
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Rubem Valentim | Itaú Cultural
Rubem Valentim (Salvador, Bahia, 1922 – São Paulo, São Paulo, 1991). Escultor, pintor, gravador, professor. As composições geométricas de Rubem Valentim exploram a variedade da cultura nacional e dão forma a símbolos e emblemas afro-brasileiros.
Inicia seu trabalho nas artes visuais na década de 1940, como autodidata. Desde o início de sua produção, nota-se forte interesse pelas tradições populares do Nordeste, como a cerâmica produzida no Recôncavo Baiano. Entre 1946 e 1947, participa do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, com Mario Cravo Júnior (1923-2018), Carlos Bastos (1925-2004) e outros artistas.
A partir da década de 1950, toma como referência para seu trabalho o universo religioso, principalmente aquele relacionado ao candomblé e à umbanda, com suas ferramentas de culto, suas estruturas dos altares e seus símbolos de entidades. Os signos e emblemas, originalmente geométricos, são reorganizados por uma geometria ainda mais rigorosa na obra de Valentim, formada por linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados, como aponta o historiador da arte italiano Giulio Carlo Argan (1909-1992). Dessa forma, ele compõe um repertório pessoal que, aliado ao uso criativo da cor, abre-se a várias possibilidades formais.
Forma-se em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1953 e publica artigos e crônicas sobre arte. Entre 1957 e 1963, reside no Rio de Janeiro, onde se torna professor assistente de Carlos Cavalcanti (1909-1973) no curso de história da arte, no Instituto de Belas Artes. Em 1962, realiza mostra individual na Galeria Relevo, no Rio de Janeiro, que lhe garante o prêmio de melhor exposição do ano pela Associação Brasileira dos Críticos de Arte.
Além da pintura, no final da década de 1960, passa a realizar murais, relevos e esculturas monumentais em madeira, mantendo sua poética sempre constante. Com o prêmio viagem ao exterior, obtido no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), reside em Roma entre 1963 e 1966.
Em 1966 participa do Festival Mundial de Artes Negras em Dacar, Senegal. No mesmo ano, retorna ao Brasil e transfere-se para Brasília, onde leciona pintura no Ateliê Livre do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB). Em 1968, período marcado pelo endurecimento da ditadura militar1 brasileira, se afasta da universidade. Em 1969, participa da X Bienal de São Paulo e da I Bienal Internacional de Arte Construtivista em Nuremberg, Alemanha.
Embora dialogue com linguagens artísticas de origem europeia, como o construtivismo e o concretismo, o trabalho de Valentim tem forte ancoragem na realidade nacional. Sobretudo por causa da representação de emblemas e símbolos das religiões afro-brasileiras, constrói imagens que, segundo a professora Angélica Madeira, visam “descolonizar o imaginário”.
Em 1972, realiza um mural de mármore de 120 metros quadrados para o edifício-sede da Novacap em Brasília, considerado sua primeira obra pública. O crítico de arte Frederico Morais (1936) elabora, em 1974, o audiovisual A arte de Rubem Valentim. Em 1976, o artista escreve Manifesto ainda que tardio, com alguns comentários sobre sua obra. Nesse texto, manifesta seu empenho de buscar as raízes e a “ressocialização da arte”, garantindo seu pertencimento ao povo. Valentim também expressa a aspiração de que seus trabalhos se integrassem em “espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos”.
Em 1977, na XVI Bienal Internacional de São Paulo, apresenta o Templo de Oxalá, com relevos e objetos emblemáticos brancos. Pela referência ao universo simbólico, alguns estudiosos aproximam seus trabalhos aos de outros abstratos latino-americanos, como o uruguaio Joaquín Torres-García (1874-1949). Dois anos depois, realiza escultura de concreto aparente na Praça da Sé, em São Paulo, definindo-a como o "Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira". No mesmo ano, é designado por uma comissão de críticos para executar cinco medalhões de ouro, prata e bronze, para os quais recria símbolos afro-brasileiros para a Casa da Moeda do Brasil.
Realiza mostra conjunta com Athos Bulcão (1918-2008) na Galeria Performance, Brasília, em 1986. Em 1998 o Museu de Arte da Moderna da Bahia (MAM/BA) inaugura no Parque de Esculturas a Sala Especial Rubem Valentim.
Sua obra participa de importantes acervos, como o do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e o da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_). Um painel feito por Valentim está exposto no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
A obra de Valentim se dedica à complexidade e à pluralidade da cultura brasileira. Com uso criativo das cores e geometria rigorosa, o artista explora elementos da simbologia de matriz africana.
Críticas
"Ele partiu, indiferente aos feitiços da natureza ambiente, que os olhos devoram, já de um plano antropológico cultural mais abstrato, isto é, o da criação coletiva intuitiva em si. Dominado pela carga simbólica dos signos mágicos da liturgia negra em meio dos quais crescera, transfigurou-os em formas pictóricas abstratas; geometricamente belas em si, e túrgidas. Ávido e pobre, procedeu por apropriação num instinto de possessão quase obsessivo. Há algo de antropofágico na sua arte no sentido oswaldiano - ser produto de deglutições culturais. Ao transmudar fetiches em imagens e signos litúrgicos em signos abstratos plásticos, Valentim os desenraíza de seu terreiro e, carregando-os de mais a mais de uma semântica própria, os leva ao campo da representação por assim dizer emblemática, ou numa heráldica, como disse o professor Giulio Carlo Argan. Nessa representação, os signos ganham em universalidade significativa o que perdem em carga original mágico-mítica. O artista projeta mesmo, abandonando também a fatalidade da tela, organiza seus signos no espaço, talhados como emblemas, brasões, broquéis, estandartes, barandões de uma insólita procissão, procissão talvez de um misticismo religioso sem igreja, sem dogmas a não ser a eterna crença das raças e povos oprimidos no advento do milênio, na fraternidade das raças, na ascensão do homem" — Mário Pedrosa (PEDROSA, Mário. A contemporaneidade de Rubem Valentim. In: VALENTIM, Rubem. 31 objetos emblemáticos e relevos emblemas. Rio de Janeiro: MAM, 1970).
"A escolha temática que está na raiz da pintura de Rubem Valentim resulta das próprias declarações do artista: os seus signos são deduzidos da simbologia mágica que se transmite com as tradições populares dos negros da Bahia. A evocação destes signos simbólicos-mágicos não tem, entretanto, nada de folclorístico, o que se vê dos sucessivos estados através dos quais passam antes de se constituírem como imagens pictóricas. É necessário expor, antes que eles aparecem subitamente imunizados, privados das suas próprias virtudes originárias, evocativas ou provocatórias: o artista os elabora até que a obscuridade ameaçadora do fetiche se esclareça na límpida forma de mito. Decompõem-nos e os geometriza, arranca-os da originária semente iconográfica; depois os reorganiza segundo simetrias rigorosas, os reduz à essencialidade de uma geometria primária, feita de verticais, horizontais, triângulos, círculos, quadrados, retângulos; enfim, torna-os macroscopicamente manifestos com acuradas, profundas zonas colorísticas, entre as quais procura precisas relações métricas, proporcionais, difíceis equivalências entre signos e fundo" — Giulio Carlo Argan (VALENTIM, Rubem. 31 objetos emblemáticos e relevos emblemas. Rio de Janeiro: MAM, 1970).
"Há, além disso, algo de muito específico na geometria de Valentim, que nasce das fontes em que bebe e o distingue de todos os demais artistas geométricos: a religiosidade. Falando de sua relação com o movimento concretista - já que, no tempo, o florescimento do concretismo e o da linguagem abstrata de Valentim coincidiram, e as aproximações foram sendo investigadas -, ele foi taxativo: 'Nunca fui concreto. Tomei conhecimento do concretismo por intermédio de amizades pessoais com alguns de seus integrantes. Mas logo percebi, pelo menos entre os paulistas, que o objetivo final de seu trabalho eram os jogos óticos, e isso não me interessava. Meu problema sempre foi conteudístico (a impregnação mística, a tomada de consciência de nossos valores culturais, de nosso povo, do sentir brasileiro)'. Talvez seja possível achar, hoje, que Valentim reduziu demasiado o escopo dos concretistas; mas isso não importa, no momento; importa que a 'impregnação mística' seja o primeiro dos conteúdos citados" — Olívio Tavares de Araújo (ARAÚJO, Olívio Tavares de. Penetrar no amor e na magia. In: VALENTIM, Rubem. Altares emblemáticos de Rubem Valentim. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1993).
Depoimentos
"Minha arte tem um sentido monumental intrínseco. Vem do rito, da festa. Busca as raízes e poderia reencontrá-las no espaço, como uma espécie de ressocialização da arte, pertencendo ao povo. É a mesma monumentalidade dos totens, ponto de referência de toda a tribo. Meus relevos e objetos pedem fundalmentalmente o espaço. Gostaria de integrá-los em espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos.
Meu pensamento sempre foi resultado de uma consciência da terra, de povo. Eu venho pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nehuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior - em revistas, bienais, etc. É a favor de um caminho voltado para as profundezas do ser brasileiro, suas raízes, seu sentir. A arte não é apanágio de nenhum povo, é um produto biológico vital" —Rubem Valentim (VALENTIM, Rubem. Rubem Valentim: artista da luz. São Paulo: Pinacoteca, 2001. p.30).
Acervos
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM/BA - Salvador BA
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp - São Paulo SP
Exposições Individuais
1954 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1954 - Salvador BA - Indvidual, no Palácio Rio Branco
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1961 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Relevo - prêmio da crítica como a melhor exposição do ano - ABCA
1965 - Roma (Itália) - Individual, na Galeria d'Arte della Casa do Brasil
1967 - Brasília DF - Individual, no Hotel Nacional
1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1970 - Brasília DF - 31 Objetos Emblemáticos e Relevos-Emblemas de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1970 - Rio de Janeiro - 31 Objetos Emblemáticos e Relevos-Emblemas de Rubem Valentim, no MAM/RJ
1971 - São Paulo SP - Individual, na Documenta Galeria de Arte
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1974 - Brasília DF - Individual, na Galeria Porta do Sol
1975 - Brasília DF - Panorama de Arte de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte
1978 - Brasília DF - Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1978 - Rio de Janeiro RJ - Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim, na Galeria Bonino
1980 - Brasília DF - Variações Meta-Sígnicas Visuais de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Valentim: pinturas emblemáticas, na Versailles Galeria de Arte
1990 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Letra Viva
1990 - São Paulo SP - Individual, na Miragem Escritório de Arte
1991 - Washington (Estados Unidos) - Individual, no Brazilian-American Cultural Institute
Exposições Coletivas
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1950 - Salvador BA - Novos Artistas Baianos, no Museu do Instituto Geográfico e Histórico
1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - Prêmio Universidade da Bahia
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 - Salvador BA - Artistas Modernos da Bahia, na Galeria Oxumaré
1957 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, no MAM/SP
1958 - Rio de Janeiro RJ - Oito Artistas Contemporâneos, na Funarte. Galeria Macunaíma
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1961 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte da Petite Galerie, na Petite Galerie - 1º prêmio
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao exterior
1962 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de ouro e prêmio de viagem ao exterior
1962 - Veneza (Itália) - 31ª Bienal de Veneza
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1965 - L'Aquila (Itália) - Alternative Attuali/2: ressegna di pittura, scultura, grafica
1966 - Dacar (Senegal) - Exposição de Arte Contemporânea: tendências e confrontações
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - prêmio pela contribuição à pintura brasileira
1967 - Brasília DF - 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, no Teatro Nacional
1967 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Abstratos Geométricos, na Funarte. Galeria Macunaíma
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - Prêmio Aquisição Itamaraty
1968 - Rio de Janeiro RJ - 6º Resumo de Arte JB
1969 - Nuremberg (Alemanha) - 1ª Bienal Internacional de Arte Construtiva de Nuremberg
1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - artista convidado
1970 - Brasília DF - Artistas Plásticos de Brasília, no Conselho Britânico
1970 - Medellín (Colômbia) - 2ª Bienal de Arte de Medellín, no Museu de Antioquia
1971 - Rio de Janeiro RJ - 9º Resumo de Arte JB, no MAM/RJ
1971 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Múltiplos, na Petite Galeria
1972 - Santiago (Chile) - 1ª Exposição Internacional de Pintura Contemporânea, no Museo Nacional de Bellas Artes do Chile
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 - Brasília DF - 1º Salão Global da Primavera - prêmio de viagem ao exterior
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - Prêmio Aquisição Itamaraty
1975 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - 1º prêmio
1976 - Campinas SP - 10º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1977 - Lagos (Nigéria) - 2º Festival Mundial da Arte Negra
1977 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Arte Agora: visão da terra, no MAM/RJ
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ
1977 - Roma (Itália) - 14ª Quadrienal de Roma
1977 - São Paulo SP - 14ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado
1978 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Arte Agora: América Latina, Geometria Sensível, no MAM/RJ
1978 - São Paulo SP - 10º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1979 - São Paulo SP - Coleção Theon Spanudis, no MAC/USP
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1981 - São Paulo SP - 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1981 - São Paulo SP - Arte Transcendente, no MAM/SP
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - Rio de Janeiro RJ - Madeira, Matéria de Arte, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 16º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1985 - São Paulo SP - 7 Pintores da Arte Contemporânea Brasileira, na Galeria de Arte Portal
1986 - Brasília DF - Rubem Valentim e Athos Bulcão, na Performance Galeria de Arte
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1986 - Rio de Janeiro RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris
1987 - São Paulo SP - Trabalhando com o Suporte: pintura, recorte e objeto, na Documenta Galeria de Arte
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada
1988 - São Paulo SP - 19º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - A Mão Afro-Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - Arte Atual de Brasília, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1988- Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, na Funarte
1989 - Los Angeles (Estados Unidos) - Introspectives: contemporary art by americans and brazilians of african descent, no The California Afro-American Museum
1989- São Paulo SP - A Estética do Candomblé, no MAC/USP
1990 - Chicago (Estados Unidos) - Expressões Singulares da Arte Brasileira, no Chicago Cultural Center
1990 - Chicago (Estados Unidos) - Brazil: crossroads of modern art, na Randolph Gallery
1990 - Nova York (Estados Unidos) - Introspectives: contemporary art by americans and brazilians of african descent, no The Bronx Museum
1991 - Belo Horizonte MG - Dois Retratos da Arte, no MAP
1991 - Brasília DF - Dois Retratos da Arte, no Museu Histórico e Diplomático - Palácio Itamaraty
1991 - Curitiba PR - Dois Retratos da Arte, na Fundação Cultural de Curitiba. Solar do Barão
1991 - Porto Alegre RS - Dois Retratos da Arte, no Margs
1991 - Recife PE - Dois Retratos da Arte, no Museu do Estado de Pernambuco
1991 - Rio de Janeiro RJ - Dois Retratos da Arte, no MAM/RJ
1991 - Salvador BA - Dois Retratos da Arte, no Museu de Arte da Bahia
1991 - São Paulo SP - Dois Retratos da Arte, no MAC/USP
Exposições Póstumas
1992 - Brasília DF - Forma e Cor Essencial, na Casa de Cultura da América Latina
1992 - Brasília DF - O Templo de Oxalá, no Palácio Itamaraty
1992 - Brasília DF - Os Guardadores de Símbolos e Axé na Praça da Sé, no MAB/DF
1992 - Brasília DF - Rubem Valentim: em memória, no Universidade Holística Internacional de Brasília. Espaço Cultural Rubem Valentim
1992 - Cidade do México (México) - Rubem Valentim: serigrafias, no Museo de La Estampa
1992 - Curitiba PR - 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba/Mostra América, no Museu da Gravura
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do MAC/USP, na Casa de Cultura de Poços de Caldas
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ
1992 - São Paulo SP - A Sedução dos Volumes: os tridimensionais do MAC, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Altares Emblemáticos de Rubem Valentim, na Pinacoteca do Estado
1992 - São Paulo SP - Bahia - Emblemas e Magia, no Memorial da América Latina
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus
1993 - Brasília DF - Athos Bulcão, Rubem Valentim, Tomie Ohtake, no Centro Cultural 508
1993 - Brasília DF - Triângulo, no Espaço Cultural 508 Sul
1993 - Fortaleza CE - Rubem Valentim: serigrafias, no Museu de Arte da UFCE
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Valentim: construção e símbolo, no CCBB
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Belo Horizonte MG - Os Herdeiros da Noite: fragmentos do imaginário negro, no Centro de Cultura de Belo Horizonte
1995 - Belo Horizonte MG - Rubem Valentim, no Palácio das Artes
1995 - Frankfurt (Alemanha) - Feira do Livro de Frankfurt
1996 - Niterói RJ - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini, no MAC/Niterói
1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no CCBB
1996 - São Paulo SP - 23ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1997 - Goiânia GO - Brasilidade: coletânea de artistas brasileiros, na Galeria de Arte Marina Potrich
1997 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: perfil de uma identidade, no Banco Safra
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1997 - Washington (Estados Unidos) - Escultura Brasileira: perfil de uma identidade, no Centro Cultural do BID
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, no MAC/Niterói
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ
1999 - Salvador BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra
2000 - Belo Horizonte MG - Ars Brasilis, na Galeria de Arte do Minas Tênis Clube
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Belo Horizonte MG - Rubem Valentim: artista da luz, no MAP
2001 - Brasília DF - Rubem Valentim: exposição retrospectiva, no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio
2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum
2001 - São Paulo SP - Rubem Valentim: artista da luz, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Fragmentos a Seu Ímã, no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio
2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Conjunto Cultural da Caixa
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Collección Cisneros, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2002 - São Paulo SP - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Colección Cisneros, no MAM/SP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - São Paulo SP - Papel e Tridimensional, no Arvani Arte
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Sala do Acervo, na Ricardo Camargo Galeria
Fonte: RUBEM Valentim. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 14 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Rubem Valentim | Wikipédia
Valentim formou-se em odontologia em 1946, exercendo a profissão sem deixar de pintar. Em 1948, deixou a odontologia para dedicar-se integralmente às artes plásticas. Passou a cursar Jornalismo e graduou-se bacharel pela Faculdade de Filosofia da Bahia em 1953. Participou do movimento renovador nas artes, iniciado na Bahia em 1978–1948.
Carreira
Em 1957, Valentim mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi agraciado com uma bolsa de viagem ao exterior em 1962 pelo XI Salão Nacional de Arte Moderna. Viajou para a Europa por 3 anos, expressando interesse pela arte dos povos primitivos. Ele acabou se estabelecendo em Roma, trabalhando e realizando exposições lá. Visitou as Bienais de Veneza de 1964 e 1966. Viajou para o Senegal para participar do Primeiro Festival Mundial de Arte Negra em Dacar, Senegal, em 1966. Retornou ao Brasil em 1966, após aceitar um convite do Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. Foi agraciado com um Prêmio Especial por "Contribuição à Pintura Brasileira".
As contribuições de Valentim ao mundo da arte como escritor e ensaísta estão documentadas nos arquivos de institutos de pesquisa e bibliotecas de museus nas Américas. Ele foi o autor e publicou o Manifesto ainda que tardio (“Manifesto, embora tardio”) em 1976. No texto, ele propõe uma agenda anticolonial nas artes. Seu trabalho recebeu atenção acadêmica tanto no Brasil quanto no exterior.
Em 2018, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) organizou um grande levantamento da trajetória artística, expondo 99 obras de Valentim, figura-chave da arte brasileira do século XX.
Obras de arte notáveis em coleções públicas
Sem título no Museu de Arte Moderna, 1956-1962
2x-2 no Museu de Arte Moderna, 1960
Composição 12, 1962. Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo
Pintura 1 (Painting 1), 1964. Museu de Belas Artes, Boston
Emblema logotipo poético de cultura afro-brasileira - Nº 8 , 1976. Museu de Arte de São Paulo, São Paulo
Emblema 79 (Emblema 79), 1979. Pérez Art Museum Miami
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Rubem Valentim | Almeida Dale
Rubem Valentim começou a pintar ainda criança e iniciou sua carreira artística profissional no final da década de 1940, quando participou de um movimento de renovação das artes na Bahia. Antes de se dedicar à carreira artística, trabalhou como Jornalista e Dentista. Sua formação multidisciplinar incluiu estudos em áreas como Jornalismo, História da Arte e Ciências Humanas em geral, cultura afro-brasileira e música popular. Nascido e criado em Salvador, cidade com maior população negra fora do continente africano, Valentim foi cercado pela simbologia mística do universo religioso africano no Brasil, principalmente o Candomblé e a Umbanda, que desempenham papel central no universo simbólico do artista.
Os instrumentos de culto, as estruturas físicas dos terreiros e a simbologia das entidades são retratados em sua obra como signos, imagens estilizadas criadas por meio da sóbria estetização dessas figuras. Duas características principais de suas obras são o uso simbólico de cores relacionadas aos orixás e as recorrentes formas geométricas como retângulos, círculos, triângulos e trapézios, que constituem os emblemas rigorosamente dispostos em suas pinturas, gravuras, relevos e esculturas. Indo além do mero uso formalista da imagética religiosa, Valentim mantém a conexão desses emblemas com suas origens, reforçando o vínculo com os significados que manifestam, como proteção, sexualidade, nascimento, morte, renascimento, ciclo da vida e natureza.
Valentim morou na Europa entre 1963 e 1966 após receber prêmio de viagem pela participação no 11º Salão Nacional de Arte Moderna. Sua primeira exposição individual fora do Brasil – a primeira individual internacional de um artista negro brasileiro – aconteceu em 1965 na sede da Embaixada do Brasil na Itália, o magnífico Palazzo Pamphilj, onde seu trabalho foi recentemente exposto na individual Rubem Valentim: A Riscadura Brasileira, em 2022. No mesmo ano, sua obra foi tema da retrospectiva Ilê Funfun: uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim], apresentado na Almeida & Dale; Museu Nacional da República, em Brasília; e Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador. Outras instituições importantes como o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP e a Pinacoteca do Estado de São Paulo organizaram recentemente mostras individuais da obra de Valentim.
A qualidade e relevância do seu trabalho foram amplamente reconhecidas durante e após a sua vida, com a sua participação em grandes exposições colectivas, como La Biennale di Venezia, em 1962; diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, de 1955 até a década de 2000, incluindo a 35ª Bienal em 2023; e o Festival Mundial de Artes Negras do Senegal, em 1966. Sua obra integra importantes acervos institucionais do Brasil e do exterior, como Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP, Guggenheim Abu Dhabi, Museu de Arte Moderna - MoMA, Galeria Nazionale d'Arte Moderna di Roma, e outros.
Fonte: Almeida Dale. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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MAM reinaugura Espaço Rubem Valentim com exposição permanente | Governo do Estado da Bahia
A reinauguração do ‘Espaço Rubem Valentim’ no Museu de Arte Moderna (MAM-Bahia) que acontece nesta sexta-feira (25), às 16h, com abertura de exposição gratuita e permanente é a principal atração do Novembro Negro no museu. O ato comemora não só o centenário de nascimento do artista baiano (1922-1991) que nomeia o espaço no museu, mas também finaliza as programações do MAM-Bahia em homenagem a ‘Semana de Arte Moderna de 1922’.
A sala foi reformada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) – órgão ao qual o MAM é ligado –, ambos da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA). “A reinauguração desta sala traz mais uma exposição permanente para o museu”, explica o diretor do MAM, Pola Ribeiro. No último mês de outubro o museu abriu outra mostra permanente do ‘Museu de Arte Popular’ trazendo esse acervo definitivamente para seu local de origem, o Solar do Unhão.
“Agora teremos as 20 esculturas e 10 relevos de Rubem Valentim abertos à visitação gratuita para o público; o conjunto forma o ‘Templo de Oxalá’, doado pela esposa do artista, Lúcia Alencastro, em 1997, e considerado a mais emblemática realização da carreira de Valentim”, completa Pola. O Espaço terá ainda vitrines com documentos originais do artista. O diretor do MAM informa que a sala tem cerca de 200 m² de área e fica na parte inferior do Mirante do MAM. “O acesso é pelo gradil criado pelo artista Carybé, ainda na entrada do museu, no mesmo nível da Avenida Contorno”, diz Pola.
O artista
Rubem Valentim nasceu em Salvador em 1922, começou sua trajetória nos anos 1940 como pintor autodidata e participou dos movimentos de correntes modernas da arte baiana, ao lado de Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos e Sante Scaldaferri, dentre outros. Desde os anos 1950, iniciou pesquisa relacionada às matrizes africanas, sobretudo sobre símbolos e ferramentas dos Orixás. Em 1966, participou do Festival Mundial de Artes Negras no Senegal. Tem uma escultura em concreto na Praça da Sé de São Paulo e o ‘Templo de Oxalá’ foi um dos grandes destaques da 16ª Bienal Internacional de São Paulo (1977).
O artista completaria 100 anos em novembro, por isso a escolha do MAM em reinaugurar o Espaço agora, com lançamento de filme e catálogo. Na publicação há ainda cronologia ilustrada com fotos, assinada por Claudia Fazzolari, que perpassa a vida de Valentim desde o nascimento, principais trabalhos, projetos e exposições no Brasil e no mundo, além de textos dos críticos Frederico Morais, Theon Spanudis e Alberto Beuttenmuller.
De acordo com o curador do MAM, Daniel Rangel, Valentim explicita o sincretismo religioso brasileiro de maneira abstrata e geométrica, a partir de elementos simbólicos da cultura popular e da semiótica afro-brasileira do candomblé. “Valentim buscava uma conexão sagrada sempre complementada com a estética e, com isso, temos esse conjunto de obras excepcional e seminal na arte brasileira que ele nos deixou”, diz Rangel.
Lançamento
Também na sexta-feira (25) o MAM faz lançamento na Bahia do Filme e Catálogo ‘Ilê Funfun: Uma homenagem ao Centenário de Rubem Valentim’, produzidos pela Almeida & Dale Galeria de Arte. de São Paulo. O filme será exibido às 16h no Cine MAM, e Catálogo será lançado no Espaço Rubem Valentim, às 17h. ‘Ilê Funfum’ é o nome da mostra que neste ano do ‘Centenário de Valentim’ passou por São Paulo e Brasília, produzida pela Almeida & Dale que também patrocinou a restauração da coleção ‘Templo de Oxalá’. Essa exposição itinerante teve curadoria de Daniel Rangel que também é o curador do MAM-Bahia.
“O conjunto ‘Templo de Oxalá’, cujas obras são predominantemente brancas, representam o panteão dos orixás saudando Obàtálá (o ‘grande orixá’ criador dos humanos) e foi apresentado pela primeira vez, em 1977, na XIV Bienal Internacional de São Paulo, em uma sala especial dedicada a Valentim”, relata Daniel Rangel. Com texto de apresentação de Daniel, o catálogo tem ainda importantes nomes, como Marcelo Gonczarowska Jorge e Sara Seilert, do Museu de Arte de Brasília e Museu Nacional da República, respectivamente.
Fonte: Governo da Bahia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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As abstrações geométricas de Rubem Valentim ganham o mundo | NeoFeed
Muito tempo antes das pautas identitárias começarem a ecoar no cenário da arte no Brasil, teve início no país uma retomada da produção do pintor e escultor baiano Rubem Valentim (1922-1991).
Famosas por mesclar a abstração geométrica com elementos das religiões de matriz africana, suas obras valorizaram de 21,46% por ano nas últimas duas décas, segundo a plataforma de investimentos alternativos Hurst Capital.
E os valores tendem a aumentar, com a inserção internacional da produção do artista em feiras, galerias e leilões. Em março, por exemplo, a Almeida & Dale realiza uma mostra solo de Valentim, em seu estande na feira ARCO Madri, na Espanha.
Como conta ao NeoFeed, Carlos Dale vai levar ao evento madrilenho cerca de 20 obras de Valentim, de diversos períodos e suportes, avaliadas entre US$ 25 mil e US$ 300 mil.
Além disso, vários europeus já o contataram, com o desejo de inserir criações do artista baiano em seus acervos. O mesmo vale para colecionadores particulares.
O galerista afirma ainda que, à medida que as obras forem sendo vendidas, a oferta ficará escassa, e “facilmente o valor deve ultrapassar sete dígitos em dólar”. “Hoje em dia, não se conta a história da arte brasileira e internacional sem se levar em conta Rubem Valentim”, defende Dale.
Muitos fatores contribuem para valorização de um artista e a internacionalização, certamente, é um deles, diz Ana Maria Carvalho, head de investimentos em obras de arte da Hurst, em conversa com o NeoFeed.
“Valentim tem um mercado já bem consolidado no Brasil, há períodos em que é difícil encontrar obras nas galerias”, diz Carvalho. “Mas ele ainda não esteve em leilões de casas como a Christie’s e Sotheby’s e só começa agora a ir para feiras internacionais”.
Recentemente, a Hurst Capital estruturou uma operação tokenizada com duas telas do artista - Emblema 81 3 Emblema 85, adquiridas junto à Pinacotheke Cultural e à Almeida & Dale, respectivamente. As telas estão estimadas em R$350mil cada uma.
Para o galerista e editor Max Perlingeiro, da Pinakotheke, a obra de Valentim vem passando por uma revisão histórica, com reverberação mercadológica, nos últimos 15 anos. “A obra de Valentim é de uma consistência muito grande”, diz ele, ao NeoFeed.
O grande público brasileiro foi (re)apresentado à produção do artista baiano – cujo auge aconteceu no fim dos anos 1970 – em grandes panorâmicas, como "Rubem Valentim: construções afro-atlânticas" (Masp, 2018) e Rubem Valentim (1922-1991) – Sagrada Geometria" (Pinakotheke Cultural, 2022), em celebração ao centenário de seu nascimento.
A mostra, também levada à sede da Pinakotheke, no Rio de Janeiro, foi eleita a melhor retrospectiva de 2022 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). E o livro, de mesmo título, do artista e curador Bené Fonteles, foi finalista do prêmio Jabuti, de 2022.
Também em 2023, o Instituto Inhotim apresentou a mostra Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim, e a instalação "Templo de Oxalá", de 1977, foi vista de forma integral na 35ª edição da Bienal de São Paulo, no ano passado.
"Manifesto que ainda tardio"
Valentim nasceu em 9 de novembro de 1922, em Salvador. Formou-se em 1946 em odontologia, exercendo o ofício por apenas dois anos.
Já em 1948 começou a participar da cena artística da capital baiana, ao lado de Mário Cravo Jr. e Jenner Augusto, entre outros. Em 1953, graduou-se em jornalismo e passou a publicar crônicas sobre arte na imprensa.
“Na virada dos anos 1940 para os anos 1950, ele era um pintor formal, de paisagens e naturezas mortas, fazia cópias de grandes mestres”, conta Perlingeiro. “A partir de meados da década de 1950, passou a seguir o viés da geometria ligada às religiões de matriz africana”.
Em 1964, Valentim fixou residência em Roma, na Itália, com um prêmio obtido no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM).
Cinco anos depois, ele integrou, ao lado de Waldemar Cordeiro (1925-1973), a representação brasileira na 1ª Bienal Internacional de Arte Construtiva, em Nuremberg, Alemanha.
A trajetória e o legado de Rubem Valentim têm grande peso institucional. O artista participou sete vezes da Bienal de São Paulo, e duas, da Bienal de Veneza.
Neste ano, suas obras voltam a ser apresentadas na exposição italiana, que tem curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp.
Os trabalhos de Valentim estão presentes em coleções no Brasil –MAM Rio, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MAC USP, entre outros.
No exterior, integram os acervos do Museu de Arte Moderna de Paris e do MoMA de Nova York. Um painel feito pelo artista está exposto no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Em seu "Manifesto ainda que tardio", de 1976, Valentim afirma que vinha “pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nenhuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior”.
Lançando mão de linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados em composições geométricas que aludem a símbolos e emblemas das religiões afro-brasileiros, dizia querer “estabelecer um ‘design’”, a que chamava de Riscadura Brasileira, “uma estrutura apta a revelar a nossa realidade”.
Fonte: NeoFeed, "As abstrações geométricas de Rubem Valentim ganham o mundo". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Exposição com acervo do MAM-Bahia dos 100 Anos de Rubem Valentim está em cartaz até agosto no Museu Nacional da República | Governo da Bahia
A exposição 'Ilê Funfun: Uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim' no Museu Nacional da República (museu.cultura.df.gov.br), em Brasília, Distrito Federal, fica em cartaz e aberta ao público até agosto/2022. Parte da mostra é formada pelo 'Templo de Oxalá', conjunto de obras de arte doadas ao Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-Bahia) em 1997, e emprestadas à exposição, considerado o ápice do trabalho de Rubem Valentim. Antes disso, a mesma mostra esteve em São Paulo, de abril a maio, na Almeida & Dale Galeria de Arte. Em novembro (2022) o MAM-Bahia abre a exposição na Sala Rubem Valentim e na Galeria 3, ambos espaços do museu baiano, em Salvador.
Na sequência, a exposição vem para Salvador e depois para a cidade de Roma, Itália. Estiveram presentes na abertura do dia 9.06, em Brasília, o diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), João Carlos de Oliveira, cujo órgão estadual congrega os principias museus baianos (www.ipac.ba.gov.br/museus), o diretor do MAM-Bahia, Pola Ribeiro, o curador da exposição e também curador do MAM-Bahia, Daniel Rangel, dentre outros representantes baianos.
"Esta exposição comprova o sucesso de parcerias como esta, que reúne três museus públicos e uma galeria privada para difusão e acessibilidade da população brasileira a um dos mais notórios artistas baianos, como Rubem Valentim; o IPAC/MAM-Bahia tem a honra de ter uma Sala fixa dedicada somente a esse artista", comemora o diretor do IPAC, João Carlos de Oliveira.
Rubem Valentim começou sua trajetória nos anos 1940 como pintor autodidata, e participou dos movimentos de correntes modernas da arte baiana, ao lado de Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos, Sante Scaldaferri, entre outros. Desde os anos 1950, iniciou uma pesquisa relacionada às matrizes africanas, sobretudo sobre símbolos e ferramentas dos Orixás. Nascido em Salvador (1922), o artista completaria 100 anos em novembro deste ano e a celebração com a mostra foi iniciada em São Paulo, passa agora em Brasília, chegando em Salvador em novembro.
"Para o Museu Nacional da República é uma honra receber um conjunto tão especial de obras de Rubem Valentim e apresentá-las ao público brasiliense. Valentim tem ligação profunda com Brasília, cidade onde viveu e consolidou sua pesquisa técnica e poética voltada à geometria construtiva e à simbologia de herança cultural africana. É também uma alegria comemorar o centenário de seu nascimento e colocar em destaque a produção de um artista preto, a visualidade e a poética de matriz africana neste museu, justamente no mesmo ano em que também se completa o centenário da Semana de Arte Moderna", diz Sara Seilert, diretora do Museu da República.
"Rubem Valentim é um artista seminal para a arte brasileira, o primeiro a propor um diálogo entre a pureza do abstracionismo geométrico e a cultura negra do país. Valentim foi professor da UnB, mas decidiu deixar a universidade quando as perseguições da Ditadura contra alunos e docentes se intensificaram. Mas ele nunca abandonou Brasília, que adotou como sua terra e na qual produziu um dos corpos de obras mais singulares da história nacional. Portanto, é um prestígio e um resgate da memória cultural da cidade receber a exposição aqui”, diz Marcelo Jorge, diretor do Museu de Arte de Brasília, o MAB, que mantém o 'antigo ateliê' doado pelo artista baiano.
"Valentim havia montado na sua residência - uma grande casa nas quadras 700 da Asa Sul de Brasília - um ateliê onde produzia suas obras com esmero quase artesanal. No entanto, ele morre na década de 1990 sem deixar filhos. Seus herdeiros, residentes em outros locais do país, decidiram legar para o MAB a integralidade dos objetos, móveis, documentos e obras de arte que formavam seu ateliê, antes de vender a casa. A doação ocorreu por intermédio de Bené Fonteles, amigo e confidente do artista baiano. Desde então, esse ateliê foi exposto pouquíssimas vezes, e era quase desconhecido dos especialistas no artista. Com a mostra Ilê Fun Fun, a obra circulou pelo país e retornará ao MAB, no fim, para ficar em exposição permanente", completa Marcelo Jorge.
EXPOSIÇÃO - Pensada a partir de três núcleos: o 'Templo de Oxalá', que é um conjunto de obras com 20 esculturas e 10 relevos de Rubem Valentim do MAM-BA e restauradas pela Almeida & Dale; "Ateliê", parte da exposição em que o processo criativo do artista é contemplado, com quadros que estavam sendo feitos quando ele morreu (1991), inacabados, e ferramentas que ele usava, com parte do acervo emprestado pelo MAB especialmente para esta exposição; e 'Cronologia', que traz sua história, a partir de recortes, pesquisas, documentos e arquivos pessoais, fotografias e cartazes. "O que é mais importante sobre Rubem Valentim está nesta exposição. Da religiosidade potente aos objetos que circundavam toda sua criação, apresentamos vida e obra deste grande artista", diz Daniel Rangel, curador da mostra e do MAM-Bahia.
O 'Templo de Oxalá', cuja cor branca é predominante, representando o panteão dos orixás saudando Obàtálá, foi apresentado pela primeira vez em 1977, na XIV Bienal Internacional de São Paulo, em uma sala especial dedicada ao artista. Em 'Ilê Funfun' está reunido o essencial da trajetória do artista: um potente conjunto artístico-sagrado e referências de seu universo particular, juntando ainda as coleções do MAM-Bahia, do Instituto Rubem Valentim, cuja sede está em São Paulo e do MAB/Brasília; locais que foram suas casas, espaços que foram seus ilês.
Após a exposição ser apresentada no MAM-BA, quando reinaugurará a sala especial de Rubem Valentim no museu, e integrando a comemoração internacional do centenário, haverá uma mostra com a produção do artista em Roma, onde Rubem viveu de 1963 a 1966, no Palazzo Pamphili, endereço da Embaixada Brasileira em Roma.
LIVRO ILÊ FUNFUN - A exposição é uma celebração da presença da obra Templo de Oxalá pela primeira vez fora no MAM-Bahia e à trajetória do artista baiano que faria 100 anos em 2022. Acompanhando o mesmo recorte, a Almeida & Dale Galeria de Arte produziu um livro, apresentado pelo curador Daniel Rangel com a colaboração de importantes nomes relacionados ao artista, que será lançado também no Museu Nacional. Marcelo Gonczarowska Jorge e Sara Seilert, do Museu de Arte de Brasília e Museu Nacional da República, respectivamente, assinam um texto contextualizando a relevância de Rubem Valentim nesses espaços. Pola Ribeiro, diretor do MAM Bahia, por sua vez, também escreve para o livro. Há também uma cronologia ilustrada com fotos de arquivo, assinada por Claudia Fazzolari, que perpassa a vida de Rubem Valentim desde o nascimento, principais trabalhos, projetos e exposições no Brasil e no mundo, além de textos dos críticos Frederico Morais, Theon Spanudis e Alberto Beuttenmuller, que com astúcia demonstram a grande importância de Valentim para além do concretismo. O desenho gráfico especial do livro garante por meio do papel transparente a sensação de abertura de um véu para adentrar o templo e suas fotografias de montagem.
Ilê Funfun: Uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim
Fonte: Governo da Bahia, "Exposição com acervo do MAM-Bahia dos 100 Anos de Rubem Valentim está em cartaz até agosto no Museu Nacional da República". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Rubem Valentim | Blog do Gutemberg
Artista plástico. Nasceu em Salvador simultaneamente na Semana de Arte Moderna, no dia 09 de novembro de 1922. Autodidata em pintura. Começou a pintar ainda criança, fazendo figuras e paisagens para presépios de Natal. Em 1946 formou-se em Odontologia, tendo exercido por pouco tempo a clínica sem entretanto deixar de pintar. Pintor autodidata, influenciado por Torres Garcia, experimentando uma aproximação com o concretismo nos anos 60 e voltando, no final da vida, às formas circulares. Essas “mandalas”, não são referenciais. Elas têm um sentido universal, ecumênico. Participou do movimento renovador das artes iniciado na Bahia em 1946/47. Em 1948 passou a dedicar-se exclusivamente às artes plásticas. Bacharelou-se em Jornalismo no ano de 1953. Em 1957 transfere-se para o Rio. Ganha, em 1962, o prêmio de viagem ao estrangeiro no XI Salão Nacional de Arte Moderna.
Viaja para a Europa onde permanece três anos e meio visitando museus, exposições e galerias de arte, interessando-se principalmente pela arte negra e dos povos primitivos e informando-se na época sobre o que havia da chamada vanguarda nos países ditos desenvolvidos/industrializados. Viaja pela Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal e Itália. Fixa-se em Roma, aí trabalha e expõe. Percorre toda a Itália. Visita as Bienais de Veneza de 1964 e 1966. Vai à África participando da Exposição de Arte Contemporânea do I Festival Mundial de Arte Negra, 1966, Dacar, Senegal. Retorna a Roma. Volta para o Brasil em setembro de 1966, atendendo convite do então Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. De 1949 a 1955 participou do Salão Baiano de Belas Artes. Em 1950, dos Novos Artistas Baianos. Em 1955, da III Bienal de São Paulo. Em 1966, a convite, da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador, com Sala Especial, obteve Prêmio Especial pela Contribuição à Pintura Brasileira. Nesse mesmo ano participa de uma mostra coletiva contemporânea em Roma. Com seis grandes relevos denominados Emblemas, participou como artista convidado da I Bienal Internacional de Arte Construtivista Nuremberg, Alemanha, em 1969; do Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e da X Bienal de SP. Nos anos 70 participou da II Bienal de Artes Plásticas Coltejer, em Medellin, Colombia; II Festival de Arte Negra, em Lagos, na Nigéria; Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu Nacional de Belas Artes, em Santiago, Chile; Japão, entre outras.
Seu primeiro prêmio foi em 1955, Universidade da Bahia, no Salão Baiano de Belas Artes. A partir daí não parou mais com muitas exposições individuais, centenas de mostras coletivas e inúmeros prêmios. Em 1974 o cineasta Aécio Andrade dirigiu um curta metragem em cores: Rubem Valentim e sua Obra Semiológica. André Paluch dirigiu nesse mesmo ano o curta em cores Artistas Brasileiros no Museu de Ontário, Canadá, e o crítico de arte Frederico Morais produziu o audio-visual A Arte de Rubem Valentim. Suas obras estão espalhadas por diversos museus, galerias, nas ruas, além de várias coleções importantes particulares no Brasil e no estrangeiro. Um bom exemplo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de SP, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes do RJ, Galeria Nazionale d’Arte Moderna de Roma, Itália; Museu de Ontário, Canadá; Palácio Residencial do Governo da Bahia, Ondina, Salvador; Palácio do Governo do Zaire, Kinsasha, África; Embaixada do Brasil em Roma e Bogotá; Museu de Arte e História de Genebra, Suiça; Museu de Arte Moderna de Paris, França; Museu de Lagos, Nigéria, entre outros.
Valentim é um dos mais originais e autênticos construtivistas brasileiros. “Minha linguagem plástico-visual-signográfica está ligada aos valores míticos profundos de uma cultura afro-brasileira (mestiça-animista-fetichista). Com o peso da Bahia sobre mim - a cultura vivenciada; com o sangue negro nas veias - o atavismo; com os olhos abertos para o que se faz no mundo - a contemporaneidade; criando os meus signos-símbolos procuro transformar em linguagem visual o mundo encantado, mágico, provavelmente místico ao que flui continuamente dentro de mim”, disse em uma de suas entrevistas. “A estilização de seus signos-fetiche do candomblé abriu seu espaço, que, se a princípio era bidimensional foi-se a terceira dimensão, como querendo respirar a sacralidade de um rito, a um só tempo poético, sacro e agnóstico. Os deuses da mitologia afro-baiana - Oxossi, Ogun, Xangô, Iansã, Iemanjá e Oxalá - ofereceram-lhe a motivação para criar uma obra intuitivamente construtivista e aparentente abstrata, mas na verdade de fundo místico/mítico/religioso, portanto sensorial e sensitiva. A memória cultural de sua raça, por isso mesmo, está tatuada na heráldica de seus deuses plásticos, como foram marcados, no passado, a ferro em brasa, seus irmãos negros nas senzalas”, escreveu o crítico de arte, Alberto Beuttenmuller, em 1977. Para o crítico Frederico Morais, “às vezes é preciso calar: usar um silêncio artifício, para dizer melhor e mais alto. Calar para que o silêncio cante toda a extraordinária beleza da vida, para que se possa ouvir este fio de água cantando, que vem das fontes primitivas. Sabedoria. Às vezes é preciso eliminar a cor, como se elimina o ruído, e chegar à dura pureza do branco. Luz. Contra o caos, Rubem Valentim propõe o cosmos”.
Ele morreu no dia 30 de dezembro de 1991, vítima de câncer, e os museus prestaram homenagens a um dos principais nomes do construtivismo brasileiro. Valentim morreu aos 69 anos sem concretizar seu projeto maior, o de criar uma fundação - em Brasília ou São Paulo - para abrigar sua obra, uma das raras no Brasil a merecer a atenção do crítico italiano Giulio Carlo Argan. O ensaista foi um dos primeiros a observar que o uso dos negros do candomblé por Rubem Valentim nada tinha de folclórico.
Fonte: Blog do Gutemberg, "Rubem Valentim". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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RUBEM VALENTIM (1922-1991) - Sagrada Geometria
Rubem Valentim: sagrada geometriaé o primeiro livro dedicado ao artista com mais profundidade, segundo seu autor, Bené Fonteles. No ano de seu centenário, a Pinakotheke resgata a sua obra pela perspectiva de sua es-piritualidade. Valentim queria essa conexão sagrada em complementação com a estética.
Rubem Valentim é um artista essencial para uma melhor compreen-são da tradição afro-brasileira; e Bené Fonteles, seu principal estudioso e interlocutor por sua conexão espiritual. A pedido do artista, Bené torna–se o Ogã (palavra que vem do iorubá e significa “Senhor da minha casa”) do terreiro de Valentim. Aquele que cuida de sua vida e, em consequência, de sua obra. É mais um caso de amizade que a Pinakotheke torna visível!
Em 1963, Valentim foi morar na Europa, precisamente em Roma, onde conheceu Giulio Carlo Argan (1909-1992), o grande teórico da arte moderna. Na ocasião, estava sendo criado o Museu de Arte Moderna de Roma, no qual Valentim teve três obras adquiridas pela nova instituição. Ao retornar ao Brasil, dá início a uma série de obras, transformando suas pinturas em relevos.
Bené Fonteles conheceu Valentim em 1977, ambos participando da XIV Bienal de São Paulo. Valentim expunha o “Templo de Oxalá”, uma instalação constituída de um painel de fundo azul com relevos brancos e esculturas móveis em madeira pintada branca, a partir de elementos sim-bólicos da cultura popular e da semiótica afro do Candomblé. Sem dúvida nenhuma, sua obra mais emblemática pertencente ao acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Em 1978, Bené vai morar em Brasília e, desse modo, pôde partici-par dos momentos marcantes de sua carreira, tornando-se seu herdeiro intelectual. Segundo o autor, “a casa do artista era um lugar sagrado. Sua arquitetura tinha a forma de uma cruz. Seu interior lembrava mais um mo-nastério. Ele vivia uma vida monástica, desde a sua alimentação até a sua forma de descansar. Seu quarto era uma cela, de extrema simplicidade. Tinha uma vida totalmente devota ao espiritual. Seus livros eram basica-mente espirituais e filosóficos, em que o artista criava os fundamentos para a sua produção”.
O artista sempre desejou ter um espaço destinado à sua obra. Para tanto, ao longo da vida, destinou 157 obras para a formação do núcleo principal dessa coleção ao cuidado de Lúcia Alencastro, sua esposa, pio-neira em arte-educação e fundadora da Escolinha de Arte do Brasil junto a Augusto Rodrigues (1913-1993). A fim de concretizar o sonho, comprou em Brasília um grande terreno na Asa Sul para construir o centro cultural. Infelizmente não foi possível, o que lhe causou uma grande frustração.
Aproximou-se também dos concretistas. Foi amigo de Hélio Oitici-ca. Valentim expõe com Waldemar Cordeiro em Roma. Sua produção era baseada de modo obsessivo na construção e na desconstrução dos sím-bolos que inventava. Havia, por exemplo, o alfabeto kitônico (que significa energia do centro da Terra), constituído de 15 símbolos, nos quais explicita o sincretismo religioso brasileiro, mas sempre de maneira abstrata e ge-ométrica. Elementos da Umbanda e do Candomblé povoam suas peças e ajudam a construir um universo muito particular, formado por linhas retas, triângulos, círculos e quadrados.
Ao longo de sua vida artística, participou de Bienais e exposições no Brasil e no exterior. Sempre teve o respeito e o reconhecimento de sua obra. A Pinakotheke sente-se honrada em publicar este livro essencial para uma melhor compreensão do artista quando se comemora o centenário de seu nascimento.
A edição conta ainda com um primoroso ensaio fotográfico de Chris-tian Cravo, realizado com obras do acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia durante a pandemia, o que proporcionou uma dramaticidade mar-cante no momento de sua produção. E, com o apoio do Itaú Cultural, entre-gamos esta publicação, que, sem dúvida, se constituirá uma fonte biblio-gráfica essencial.
Fonte: Pinacotheke. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
Crédito fotográfico: Governo da Bahia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
Rubem Valentim (9 de novembro de 1922 – 30 de novembro de 1991), foi um escultor, pintor e gravador brasileiro. Iniciou a carreira como autodidata e participou do movimento de renovação artística na Bahia nos anos 1940. Suas obras exploram elementos religiosos por meio de formas estilizadas e cores vibrantes, criando uma conexão entre o misticismo afro-brasileiro e a estética modernista. Valentim é amplamente reconhecido por integrar a simbologia religiosa em uma linguagem artística abstrata e construtivista. Ao longo de sua carreira, Valentim realizou exposições em grandes eventos internacionais, como a Bienal de Veneza e a Bienal de São Paulo, e teve seu trabalho incorporado a importantes acervos, incluindo o MoMA em Nova York e o MASP em São Paulo. Deixou uma importante marca como professor na Universidade de Brasília e como criador de grandes obras públicas, como o "Templo de Oxalá". Seu legado é amplamente celebrado por sua contribuição à arte moderna brasileira e pela valorização da cultura afro-brasileira no cenário artístico global.
Rubem Valentim | Arremate Arte
Rubem Valentim (Salvador, 9 de novembro de 1922 – São Paulo, 30 de novembro de 1991) foi um renomado pintor, gravador e escultor brasileiro. Iniciou sua carreira como autodidata, antes de estudar na Escola de Belas Artes da Bahia. Originalmente formado em odontologia e jornalismo, Valentim abandonou essas profissões para dedicar-se à arte em tempo integral, integrando o movimento de renovação artística na Bahia na década de 1940.
Sua obra é marcada pela influência das religiões afro-brasileiras, especialmente o Candomblé e a Umbanda, cujos símbolos místicos ele transformava em formas geométricas e abstratas. A simbologia afro-brasileira se destaca em sua pintura, gravura e escultura, com o uso de cores e formas estilizadas que evocam o misticismo e a espiritualidade dessas religiões.
Ao longo de sua carreira, Valentim viveu e trabalhou em diversas cidades, como Rio de Janeiro, Roma e Brasília, onde atuou como professor na Universidade de Brasília.
Participou de grandes exposições internacionais, como a Bienal de Veneza, e suas obras integram coleções de importantes museus, incluindo o MoMA em Nova York, o MASP e o Museu Afro Brasil.
Seu legado artístico é amplamente reconhecido, tanto pelo seu papel na valorização da cultura afro-brasileira quanto pela sua contribuição ao modernismo brasileiro.
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Rubem Valentim | Itaú Cultural
Rubem Valentim (Salvador, Bahia, 1922 – São Paulo, São Paulo, 1991). Escultor, pintor, gravador, professor. As composições geométricas de Rubem Valentim exploram a variedade da cultura nacional e dão forma a símbolos e emblemas afro-brasileiros.
Inicia seu trabalho nas artes visuais na década de 1940, como autodidata. Desde o início de sua produção, nota-se forte interesse pelas tradições populares do Nordeste, como a cerâmica produzida no Recôncavo Baiano. Entre 1946 e 1947, participa do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, com Mario Cravo Júnior (1923-2018), Carlos Bastos (1925-2004) e outros artistas.
A partir da década de 1950, toma como referência para seu trabalho o universo religioso, principalmente aquele relacionado ao candomblé e à umbanda, com suas ferramentas de culto, suas estruturas dos altares e seus símbolos de entidades. Os signos e emblemas, originalmente geométricos, são reorganizados por uma geometria ainda mais rigorosa na obra de Valentim, formada por linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados, como aponta o historiador da arte italiano Giulio Carlo Argan (1909-1992). Dessa forma, ele compõe um repertório pessoal que, aliado ao uso criativo da cor, abre-se a várias possibilidades formais.
Forma-se em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1953 e publica artigos e crônicas sobre arte. Entre 1957 e 1963, reside no Rio de Janeiro, onde se torna professor assistente de Carlos Cavalcanti (1909-1973) no curso de história da arte, no Instituto de Belas Artes. Em 1962, realiza mostra individual na Galeria Relevo, no Rio de Janeiro, que lhe garante o prêmio de melhor exposição do ano pela Associação Brasileira dos Críticos de Arte.
Além da pintura, no final da década de 1960, passa a realizar murais, relevos e esculturas monumentais em madeira, mantendo sua poética sempre constante. Com o prêmio viagem ao exterior, obtido no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), reside em Roma entre 1963 e 1966.
Em 1966 participa do Festival Mundial de Artes Negras em Dacar, Senegal. No mesmo ano, retorna ao Brasil e transfere-se para Brasília, onde leciona pintura no Ateliê Livre do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB). Em 1968, período marcado pelo endurecimento da ditadura militar1 brasileira, se afasta da universidade. Em 1969, participa da X Bienal de São Paulo e da I Bienal Internacional de Arte Construtivista em Nuremberg, Alemanha.
Embora dialogue com linguagens artísticas de origem europeia, como o construtivismo e o concretismo, o trabalho de Valentim tem forte ancoragem na realidade nacional. Sobretudo por causa da representação de emblemas e símbolos das religiões afro-brasileiras, constrói imagens que, segundo a professora Angélica Madeira, visam “descolonizar o imaginário”.
Em 1972, realiza um mural de mármore de 120 metros quadrados para o edifício-sede da Novacap em Brasília, considerado sua primeira obra pública. O crítico de arte Frederico Morais (1936) elabora, em 1974, o audiovisual A arte de Rubem Valentim. Em 1976, o artista escreve Manifesto ainda que tardio, com alguns comentários sobre sua obra. Nesse texto, manifesta seu empenho de buscar as raízes e a “ressocialização da arte”, garantindo seu pertencimento ao povo. Valentim também expressa a aspiração de que seus trabalhos se integrassem em “espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos”.
Em 1977, na XVI Bienal Internacional de São Paulo, apresenta o Templo de Oxalá, com relevos e objetos emblemáticos brancos. Pela referência ao universo simbólico, alguns estudiosos aproximam seus trabalhos aos de outros abstratos latino-americanos, como o uruguaio Joaquín Torres-García (1874-1949). Dois anos depois, realiza escultura de concreto aparente na Praça da Sé, em São Paulo, definindo-a como o "Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira". No mesmo ano, é designado por uma comissão de críticos para executar cinco medalhões de ouro, prata e bronze, para os quais recria símbolos afro-brasileiros para a Casa da Moeda do Brasil.
Realiza mostra conjunta com Athos Bulcão (1918-2008) na Galeria Performance, Brasília, em 1986. Em 1998 o Museu de Arte da Moderna da Bahia (MAM/BA) inaugura no Parque de Esculturas a Sala Especial Rubem Valentim.
Sua obra participa de importantes acervos, como o do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e o da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_). Um painel feito por Valentim está exposto no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
A obra de Valentim se dedica à complexidade e à pluralidade da cultura brasileira. Com uso criativo das cores e geometria rigorosa, o artista explora elementos da simbologia de matriz africana.
Críticas
"Ele partiu, indiferente aos feitiços da natureza ambiente, que os olhos devoram, já de um plano antropológico cultural mais abstrato, isto é, o da criação coletiva intuitiva em si. Dominado pela carga simbólica dos signos mágicos da liturgia negra em meio dos quais crescera, transfigurou-os em formas pictóricas abstratas; geometricamente belas em si, e túrgidas. Ávido e pobre, procedeu por apropriação num instinto de possessão quase obsessivo. Há algo de antropofágico na sua arte no sentido oswaldiano - ser produto de deglutições culturais. Ao transmudar fetiches em imagens e signos litúrgicos em signos abstratos plásticos, Valentim os desenraíza de seu terreiro e, carregando-os de mais a mais de uma semântica própria, os leva ao campo da representação por assim dizer emblemática, ou numa heráldica, como disse o professor Giulio Carlo Argan. Nessa representação, os signos ganham em universalidade significativa o que perdem em carga original mágico-mítica. O artista projeta mesmo, abandonando também a fatalidade da tela, organiza seus signos no espaço, talhados como emblemas, brasões, broquéis, estandartes, barandões de uma insólita procissão, procissão talvez de um misticismo religioso sem igreja, sem dogmas a não ser a eterna crença das raças e povos oprimidos no advento do milênio, na fraternidade das raças, na ascensão do homem" — Mário Pedrosa (PEDROSA, Mário. A contemporaneidade de Rubem Valentim. In: VALENTIM, Rubem. 31 objetos emblemáticos e relevos emblemas. Rio de Janeiro: MAM, 1970).
"A escolha temática que está na raiz da pintura de Rubem Valentim resulta das próprias declarações do artista: os seus signos são deduzidos da simbologia mágica que se transmite com as tradições populares dos negros da Bahia. A evocação destes signos simbólicos-mágicos não tem, entretanto, nada de folclorístico, o que se vê dos sucessivos estados através dos quais passam antes de se constituírem como imagens pictóricas. É necessário expor, antes que eles aparecem subitamente imunizados, privados das suas próprias virtudes originárias, evocativas ou provocatórias: o artista os elabora até que a obscuridade ameaçadora do fetiche se esclareça na límpida forma de mito. Decompõem-nos e os geometriza, arranca-os da originária semente iconográfica; depois os reorganiza segundo simetrias rigorosas, os reduz à essencialidade de uma geometria primária, feita de verticais, horizontais, triângulos, círculos, quadrados, retângulos; enfim, torna-os macroscopicamente manifestos com acuradas, profundas zonas colorísticas, entre as quais procura precisas relações métricas, proporcionais, difíceis equivalências entre signos e fundo" — Giulio Carlo Argan (VALENTIM, Rubem. 31 objetos emblemáticos e relevos emblemas. Rio de Janeiro: MAM, 1970).
"Há, além disso, algo de muito específico na geometria de Valentim, que nasce das fontes em que bebe e o distingue de todos os demais artistas geométricos: a religiosidade. Falando de sua relação com o movimento concretista - já que, no tempo, o florescimento do concretismo e o da linguagem abstrata de Valentim coincidiram, e as aproximações foram sendo investigadas -, ele foi taxativo: 'Nunca fui concreto. Tomei conhecimento do concretismo por intermédio de amizades pessoais com alguns de seus integrantes. Mas logo percebi, pelo menos entre os paulistas, que o objetivo final de seu trabalho eram os jogos óticos, e isso não me interessava. Meu problema sempre foi conteudístico (a impregnação mística, a tomada de consciência de nossos valores culturais, de nosso povo, do sentir brasileiro)'. Talvez seja possível achar, hoje, que Valentim reduziu demasiado o escopo dos concretistas; mas isso não importa, no momento; importa que a 'impregnação mística' seja o primeiro dos conteúdos citados" — Olívio Tavares de Araújo (ARAÚJO, Olívio Tavares de. Penetrar no amor e na magia. In: VALENTIM, Rubem. Altares emblemáticos de Rubem Valentim. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1993).
Depoimentos
"Minha arte tem um sentido monumental intrínseco. Vem do rito, da festa. Busca as raízes e poderia reencontrá-las no espaço, como uma espécie de ressocialização da arte, pertencendo ao povo. É a mesma monumentalidade dos totens, ponto de referência de toda a tribo. Meus relevos e objetos pedem fundalmentalmente o espaço. Gostaria de integrá-los em espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos.
Meu pensamento sempre foi resultado de uma consciência da terra, de povo. Eu venho pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nehuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior - em revistas, bienais, etc. É a favor de um caminho voltado para as profundezas do ser brasileiro, suas raízes, seu sentir. A arte não é apanágio de nenhum povo, é um produto biológico vital" —Rubem Valentim (VALENTIM, Rubem. Rubem Valentim: artista da luz. São Paulo: Pinacoteca, 2001. p.30).
Acervos
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM/BA - Salvador BA
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp - São Paulo SP
Exposições Individuais
1954 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1954 - Salvador BA - Indvidual, no Palácio Rio Branco
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1961 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Relevo - prêmio da crítica como a melhor exposição do ano - ABCA
1965 - Roma (Itália) - Individual, na Galeria d'Arte della Casa do Brasil
1967 - Brasília DF - Individual, no Hotel Nacional
1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1970 - Brasília DF - 31 Objetos Emblemáticos e Relevos-Emblemas de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1970 - Rio de Janeiro - 31 Objetos Emblemáticos e Relevos-Emblemas de Rubem Valentim, no MAM/RJ
1971 - São Paulo SP - Individual, na Documenta Galeria de Arte
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1974 - Brasília DF - Individual, na Galeria Porta do Sol
1975 - Brasília DF - Panorama de Arte de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Bolsa de Arte
1978 - Brasília DF - Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1978 - Rio de Janeiro RJ - Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim, na Galeria Bonino
1980 - Brasília DF - Variações Meta-Sígnicas Visuais de Rubem Valentim, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1988 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Valentim: pinturas emblemáticas, na Versailles Galeria de Arte
1990 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Letra Viva
1990 - São Paulo SP - Individual, na Miragem Escritório de Arte
1991 - Washington (Estados Unidos) - Individual, no Brazilian-American Cultural Institute
Exposições Coletivas
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia
1950 - Salvador BA - Novos Artistas Baianos, no Museu do Instituto Geográfico e Histórico
1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - Prêmio Universidade da Bahia
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 - Salvador BA - Artistas Modernos da Bahia, na Galeria Oxumaré
1957 - São Paulo SP - Artistas da Bahia, no MAM/SP
1958 - Rio de Janeiro RJ - Oito Artistas Contemporâneos, na Funarte. Galeria Macunaíma
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1961 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte da Petite Galerie, na Petite Galerie - 1º prêmio
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao exterior
1962 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de ouro e prêmio de viagem ao exterior
1962 - Veneza (Itália) - 31ª Bienal de Veneza
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1965 - L'Aquila (Itália) - Alternative Attuali/2: ressegna di pittura, scultura, grafica
1966 - Dacar (Senegal) - Exposição de Arte Contemporânea: tendências e confrontações
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - prêmio pela contribuição à pintura brasileira
1967 - Brasília DF - 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, no Teatro Nacional
1967 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Abstratos Geométricos, na Funarte. Galeria Macunaíma
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - Prêmio Aquisição Itamaraty
1968 - Rio de Janeiro RJ - 6º Resumo de Arte JB
1969 - Nuremberg (Alemanha) - 1ª Bienal Internacional de Arte Construtiva de Nuremberg
1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - artista convidado
1970 - Brasília DF - Artistas Plásticos de Brasília, no Conselho Britânico
1970 - Medellín (Colômbia) - 2ª Bienal de Arte de Medellín, no Museu de Antioquia
1971 - Rio de Janeiro RJ - 9º Resumo de Arte JB, no MAM/RJ
1971 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Múltiplos, na Petite Galeria
1972 - Santiago (Chile) - 1ª Exposição Internacional de Pintura Contemporânea, no Museo Nacional de Bellas Artes do Chile
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 - Brasília DF - 1º Salão Global da Primavera - prêmio de viagem ao exterior
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - Prêmio Aquisição Itamaraty
1975 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - 1º prêmio
1976 - Campinas SP - 10º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1977 - Lagos (Nigéria) - 2º Festival Mundial da Arte Negra
1977 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Arte Agora: visão da terra, no MAM/RJ
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ
1977 - Roma (Itália) - 14ª Quadrienal de Roma
1977 - São Paulo SP - 14ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado
1978 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Arte Agora: América Latina, Geometria Sensível, no MAM/RJ
1978 - São Paulo SP - 10º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1979 - São Paulo SP - Coleção Theon Spanudis, no MAC/USP
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1981 - São Paulo SP - 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1981 - São Paulo SP - Arte Transcendente, no MAM/SP
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - Rio de Janeiro RJ - Madeira, Matéria de Arte, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 16º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1985 - São Paulo SP - 7 Pintores da Arte Contemporânea Brasileira, na Galeria de Arte Portal
1986 - Brasília DF - Rubem Valentim e Athos Bulcão, na Performance Galeria de Arte
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1986 - Rio de Janeiro RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris
1987 - São Paulo SP - Trabalhando com o Suporte: pintura, recorte e objeto, na Documenta Galeria de Arte
1988 - São Paulo SP - 15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Mokiti Okada
1988 - São Paulo SP - 19º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - A Mão Afro-Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - Arte Atual de Brasília, no MAB/Faap
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1988- Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, na Funarte
1989 - Los Angeles (Estados Unidos) - Introspectives: contemporary art by americans and brazilians of african descent, no The California Afro-American Museum
1989- São Paulo SP - A Estética do Candomblé, no MAC/USP
1990 - Chicago (Estados Unidos) - Expressões Singulares da Arte Brasileira, no Chicago Cultural Center
1990 - Chicago (Estados Unidos) - Brazil: crossroads of modern art, na Randolph Gallery
1990 - Nova York (Estados Unidos) - Introspectives: contemporary art by americans and brazilians of african descent, no The Bronx Museum
1991 - Belo Horizonte MG - Dois Retratos da Arte, no MAP
1991 - Brasília DF - Dois Retratos da Arte, no Museu Histórico e Diplomático - Palácio Itamaraty
1991 - Curitiba PR - Dois Retratos da Arte, na Fundação Cultural de Curitiba. Solar do Barão
1991 - Porto Alegre RS - Dois Retratos da Arte, no Margs
1991 - Recife PE - Dois Retratos da Arte, no Museu do Estado de Pernambuco
1991 - Rio de Janeiro RJ - Dois Retratos da Arte, no MAM/RJ
1991 - Salvador BA - Dois Retratos da Arte, no Museu de Arte da Bahia
1991 - São Paulo SP - Dois Retratos da Arte, no MAC/USP
Exposições Póstumas
1992 - Brasília DF - Forma e Cor Essencial, na Casa de Cultura da América Latina
1992 - Brasília DF - O Templo de Oxalá, no Palácio Itamaraty
1992 - Brasília DF - Os Guardadores de Símbolos e Axé na Praça da Sé, no MAB/DF
1992 - Brasília DF - Rubem Valentim: em memória, no Universidade Holística Internacional de Brasília. Espaço Cultural Rubem Valentim
1992 - Cidade do México (México) - Rubem Valentim: serigrafias, no Museo de La Estampa
1992 - Curitiba PR - 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba/Mostra América, no Museu da Gravura
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do MAC/USP, na Casa de Cultura de Poços de Caldas
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ
1992 - São Paulo SP - A Sedução dos Volumes: os tridimensionais do MAC, no MAC/USP
1992 - São Paulo SP - Altares Emblemáticos de Rubem Valentim, na Pinacoteca do Estado
1992 - São Paulo SP - Bahia - Emblemas e Magia, no Memorial da América Latina
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus
1993 - Brasília DF - Athos Bulcão, Rubem Valentim, Tomie Ohtake, no Centro Cultural 508
1993 - Brasília DF - Triângulo, no Espaço Cultural 508 Sul
1993 - Fortaleza CE - Rubem Valentim: serigrafias, no Museu de Arte da UFCE
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1994 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Valentim: construção e símbolo, no CCBB
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Belo Horizonte MG - Os Herdeiros da Noite: fragmentos do imaginário negro, no Centro de Cultura de Belo Horizonte
1995 - Belo Horizonte MG - Rubem Valentim, no Palácio das Artes
1995 - Frankfurt (Alemanha) - Feira do Livro de Frankfurt
1996 - Niterói RJ - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini, no MAC/Niterói
1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no CCBB
1996 - São Paulo SP - 23ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1997 - Goiânia GO - Brasilidade: coletânea de artistas brasileiros, na Galeria de Arte Marina Potrich
1997 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: perfil de uma identidade, no Banco Safra
1997 - São Paulo SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1997 - Washington (Estados Unidos) - Escultura Brasileira: perfil de uma identidade, no Centro Cultural do BID
1998 - Belo Horizonte MG - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, no Itaú Cultural
1998 - Brasília DF - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, no MAC/Niterói
1998 - Penápolis SP - Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ
1999 - Salvador BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra
2000 - Belo Horizonte MG - Ars Brasilis, na Galeria de Arte do Minas Tênis Clube
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa
2000 - Curitiba PR - 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Belo Horizonte MG - Rubem Valentim: artista da luz, no MAP
2001 - Brasília DF - Rubem Valentim: exposição retrospectiva, no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio
2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum
2001 - São Paulo SP - Rubem Valentim: artista da luz, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Brasília DF - Fragmentos a Seu Ímã, no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio
2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Conjunto Cultural da Caixa
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Collección Cisneros, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2002 - São Paulo SP - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Colección Cisneros, no MAM/SP
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - São Paulo SP - Papel e Tridimensional, no Arvani Arte
2003 - São Paulo SP - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake
2004 - Rio de Janeiro RJ - Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, no MNBA
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Sala do Acervo, na Ricardo Camargo Galeria
Fonte: RUBEM Valentim. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 14 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Rubem Valentim | Wikipédia
Valentim formou-se em odontologia em 1946, exercendo a profissão sem deixar de pintar. Em 1948, deixou a odontologia para dedicar-se integralmente às artes plásticas. Passou a cursar Jornalismo e graduou-se bacharel pela Faculdade de Filosofia da Bahia em 1953. Participou do movimento renovador nas artes, iniciado na Bahia em 1978–1948.
Carreira
Em 1957, Valentim mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi agraciado com uma bolsa de viagem ao exterior em 1962 pelo XI Salão Nacional de Arte Moderna. Viajou para a Europa por 3 anos, expressando interesse pela arte dos povos primitivos. Ele acabou se estabelecendo em Roma, trabalhando e realizando exposições lá. Visitou as Bienais de Veneza de 1964 e 1966. Viajou para o Senegal para participar do Primeiro Festival Mundial de Arte Negra em Dacar, Senegal, em 1966. Retornou ao Brasil em 1966, após aceitar um convite do Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. Foi agraciado com um Prêmio Especial por "Contribuição à Pintura Brasileira".
As contribuições de Valentim ao mundo da arte como escritor e ensaísta estão documentadas nos arquivos de institutos de pesquisa e bibliotecas de museus nas Américas. Ele foi o autor e publicou o Manifesto ainda que tardio (“Manifesto, embora tardio”) em 1976. No texto, ele propõe uma agenda anticolonial nas artes. Seu trabalho recebeu atenção acadêmica tanto no Brasil quanto no exterior.
Em 2018, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) organizou um grande levantamento da trajetória artística, expondo 99 obras de Valentim, figura-chave da arte brasileira do século XX.
Obras de arte notáveis em coleções públicas
Sem título no Museu de Arte Moderna, 1956-1962
2x-2 no Museu de Arte Moderna, 1960
Composição 12, 1962. Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo
Pintura 1 (Painting 1), 1964. Museu de Belas Artes, Boston
Emblema logotipo poético de cultura afro-brasileira - Nº 8 , 1976. Museu de Arte de São Paulo, São Paulo
Emblema 79 (Emblema 79), 1979. Pérez Art Museum Miami
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Rubem Valentim | Almeida Dale
Rubem Valentim começou a pintar ainda criança e iniciou sua carreira artística profissional no final da década de 1940, quando participou de um movimento de renovação das artes na Bahia. Antes de se dedicar à carreira artística, trabalhou como Jornalista e Dentista. Sua formação multidisciplinar incluiu estudos em áreas como Jornalismo, História da Arte e Ciências Humanas em geral, cultura afro-brasileira e música popular. Nascido e criado em Salvador, cidade com maior população negra fora do continente africano, Valentim foi cercado pela simbologia mística do universo religioso africano no Brasil, principalmente o Candomblé e a Umbanda, que desempenham papel central no universo simbólico do artista.
Os instrumentos de culto, as estruturas físicas dos terreiros e a simbologia das entidades são retratados em sua obra como signos, imagens estilizadas criadas por meio da sóbria estetização dessas figuras. Duas características principais de suas obras são o uso simbólico de cores relacionadas aos orixás e as recorrentes formas geométricas como retângulos, círculos, triângulos e trapézios, que constituem os emblemas rigorosamente dispostos em suas pinturas, gravuras, relevos e esculturas. Indo além do mero uso formalista da imagética religiosa, Valentim mantém a conexão desses emblemas com suas origens, reforçando o vínculo com os significados que manifestam, como proteção, sexualidade, nascimento, morte, renascimento, ciclo da vida e natureza.
Valentim morou na Europa entre 1963 e 1966 após receber prêmio de viagem pela participação no 11º Salão Nacional de Arte Moderna. Sua primeira exposição individual fora do Brasil – a primeira individual internacional de um artista negro brasileiro – aconteceu em 1965 na sede da Embaixada do Brasil na Itália, o magnífico Palazzo Pamphilj, onde seu trabalho foi recentemente exposto na individual Rubem Valentim: A Riscadura Brasileira, em 2022. No mesmo ano, sua obra foi tema da retrospectiva Ilê Funfun: uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim], apresentado na Almeida & Dale; Museu Nacional da República, em Brasília; e Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador. Outras instituições importantes como o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP e a Pinacoteca do Estado de São Paulo organizaram recentemente mostras individuais da obra de Valentim.
A qualidade e relevância do seu trabalho foram amplamente reconhecidas durante e após a sua vida, com a sua participação em grandes exposições colectivas, como La Biennale di Venezia, em 1962; diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, de 1955 até a década de 2000, incluindo a 35ª Bienal em 2023; e o Festival Mundial de Artes Negras do Senegal, em 1966. Sua obra integra importantes acervos institucionais do Brasil e do exterior, como Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP, Guggenheim Abu Dhabi, Museu de Arte Moderna - MoMA, Galeria Nazionale d'Arte Moderna di Roma, e outros.
Fonte: Almeida Dale. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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MAM reinaugura Espaço Rubem Valentim com exposição permanente | Governo do Estado da Bahia
A reinauguração do ‘Espaço Rubem Valentim’ no Museu de Arte Moderna (MAM-Bahia) que acontece nesta sexta-feira (25), às 16h, com abertura de exposição gratuita e permanente é a principal atração do Novembro Negro no museu. O ato comemora não só o centenário de nascimento do artista baiano (1922-1991) que nomeia o espaço no museu, mas também finaliza as programações do MAM-Bahia em homenagem a ‘Semana de Arte Moderna de 1922’.
A sala foi reformada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) – órgão ao qual o MAM é ligado –, ambos da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA). “A reinauguração desta sala traz mais uma exposição permanente para o museu”, explica o diretor do MAM, Pola Ribeiro. No último mês de outubro o museu abriu outra mostra permanente do ‘Museu de Arte Popular’ trazendo esse acervo definitivamente para seu local de origem, o Solar do Unhão.
“Agora teremos as 20 esculturas e 10 relevos de Rubem Valentim abertos à visitação gratuita para o público; o conjunto forma o ‘Templo de Oxalá’, doado pela esposa do artista, Lúcia Alencastro, em 1997, e considerado a mais emblemática realização da carreira de Valentim”, completa Pola. O Espaço terá ainda vitrines com documentos originais do artista. O diretor do MAM informa que a sala tem cerca de 200 m² de área e fica na parte inferior do Mirante do MAM. “O acesso é pelo gradil criado pelo artista Carybé, ainda na entrada do museu, no mesmo nível da Avenida Contorno”, diz Pola.
O artista
Rubem Valentim nasceu em Salvador em 1922, começou sua trajetória nos anos 1940 como pintor autodidata e participou dos movimentos de correntes modernas da arte baiana, ao lado de Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos e Sante Scaldaferri, dentre outros. Desde os anos 1950, iniciou pesquisa relacionada às matrizes africanas, sobretudo sobre símbolos e ferramentas dos Orixás. Em 1966, participou do Festival Mundial de Artes Negras no Senegal. Tem uma escultura em concreto na Praça da Sé de São Paulo e o ‘Templo de Oxalá’ foi um dos grandes destaques da 16ª Bienal Internacional de São Paulo (1977).
O artista completaria 100 anos em novembro, por isso a escolha do MAM em reinaugurar o Espaço agora, com lançamento de filme e catálogo. Na publicação há ainda cronologia ilustrada com fotos, assinada por Claudia Fazzolari, que perpassa a vida de Valentim desde o nascimento, principais trabalhos, projetos e exposições no Brasil e no mundo, além de textos dos críticos Frederico Morais, Theon Spanudis e Alberto Beuttenmuller.
De acordo com o curador do MAM, Daniel Rangel, Valentim explicita o sincretismo religioso brasileiro de maneira abstrata e geométrica, a partir de elementos simbólicos da cultura popular e da semiótica afro-brasileira do candomblé. “Valentim buscava uma conexão sagrada sempre complementada com a estética e, com isso, temos esse conjunto de obras excepcional e seminal na arte brasileira que ele nos deixou”, diz Rangel.
Lançamento
Também na sexta-feira (25) o MAM faz lançamento na Bahia do Filme e Catálogo ‘Ilê Funfun: Uma homenagem ao Centenário de Rubem Valentim’, produzidos pela Almeida & Dale Galeria de Arte. de São Paulo. O filme será exibido às 16h no Cine MAM, e Catálogo será lançado no Espaço Rubem Valentim, às 17h. ‘Ilê Funfum’ é o nome da mostra que neste ano do ‘Centenário de Valentim’ passou por São Paulo e Brasília, produzida pela Almeida & Dale que também patrocinou a restauração da coleção ‘Templo de Oxalá’. Essa exposição itinerante teve curadoria de Daniel Rangel que também é o curador do MAM-Bahia.
“O conjunto ‘Templo de Oxalá’, cujas obras são predominantemente brancas, representam o panteão dos orixás saudando Obàtálá (o ‘grande orixá’ criador dos humanos) e foi apresentado pela primeira vez, em 1977, na XIV Bienal Internacional de São Paulo, em uma sala especial dedicada a Valentim”, relata Daniel Rangel. Com texto de apresentação de Daniel, o catálogo tem ainda importantes nomes, como Marcelo Gonczarowska Jorge e Sara Seilert, do Museu de Arte de Brasília e Museu Nacional da República, respectivamente.
Fonte: Governo da Bahia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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As abstrações geométricas de Rubem Valentim ganham o mundo | NeoFeed
Muito tempo antes das pautas identitárias começarem a ecoar no cenário da arte no Brasil, teve início no país uma retomada da produção do pintor e escultor baiano Rubem Valentim (1922-1991).
Famosas por mesclar a abstração geométrica com elementos das religiões de matriz africana, suas obras valorizaram de 21,46% por ano nas últimas duas décas, segundo a plataforma de investimentos alternativos Hurst Capital.
E os valores tendem a aumentar, com a inserção internacional da produção do artista em feiras, galerias e leilões. Em março, por exemplo, a Almeida & Dale realiza uma mostra solo de Valentim, em seu estande na feira ARCO Madri, na Espanha.
Como conta ao NeoFeed, Carlos Dale vai levar ao evento madrilenho cerca de 20 obras de Valentim, de diversos períodos e suportes, avaliadas entre US$ 25 mil e US$ 300 mil.
Além disso, vários europeus já o contataram, com o desejo de inserir criações do artista baiano em seus acervos. O mesmo vale para colecionadores particulares.
O galerista afirma ainda que, à medida que as obras forem sendo vendidas, a oferta ficará escassa, e “facilmente o valor deve ultrapassar sete dígitos em dólar”. “Hoje em dia, não se conta a história da arte brasileira e internacional sem se levar em conta Rubem Valentim”, defende Dale.
Muitos fatores contribuem para valorização de um artista e a internacionalização, certamente, é um deles, diz Ana Maria Carvalho, head de investimentos em obras de arte da Hurst, em conversa com o NeoFeed.
“Valentim tem um mercado já bem consolidado no Brasil, há períodos em que é difícil encontrar obras nas galerias”, diz Carvalho. “Mas ele ainda não esteve em leilões de casas como a Christie’s e Sotheby’s e só começa agora a ir para feiras internacionais”.
Recentemente, a Hurst Capital estruturou uma operação tokenizada com duas telas do artista - Emblema 81 3 Emblema 85, adquiridas junto à Pinacotheke Cultural e à Almeida & Dale, respectivamente. As telas estão estimadas em R$350mil cada uma.
Para o galerista e editor Max Perlingeiro, da Pinakotheke, a obra de Valentim vem passando por uma revisão histórica, com reverberação mercadológica, nos últimos 15 anos. “A obra de Valentim é de uma consistência muito grande”, diz ele, ao NeoFeed.
O grande público brasileiro foi (re)apresentado à produção do artista baiano – cujo auge aconteceu no fim dos anos 1970 – em grandes panorâmicas, como "Rubem Valentim: construções afro-atlânticas" (Masp, 2018) e Rubem Valentim (1922-1991) – Sagrada Geometria" (Pinakotheke Cultural, 2022), em celebração ao centenário de seu nascimento.
A mostra, também levada à sede da Pinakotheke, no Rio de Janeiro, foi eleita a melhor retrospectiva de 2022 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). E o livro, de mesmo título, do artista e curador Bené Fonteles, foi finalista do prêmio Jabuti, de 2022.
Também em 2023, o Instituto Inhotim apresentou a mostra Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim, e a instalação "Templo de Oxalá", de 1977, foi vista de forma integral na 35ª edição da Bienal de São Paulo, no ano passado.
"Manifesto que ainda tardio"
Valentim nasceu em 9 de novembro de 1922, em Salvador. Formou-se em 1946 em odontologia, exercendo o ofício por apenas dois anos.
Já em 1948 começou a participar da cena artística da capital baiana, ao lado de Mário Cravo Jr. e Jenner Augusto, entre outros. Em 1953, graduou-se em jornalismo e passou a publicar crônicas sobre arte na imprensa.
“Na virada dos anos 1940 para os anos 1950, ele era um pintor formal, de paisagens e naturezas mortas, fazia cópias de grandes mestres”, conta Perlingeiro. “A partir de meados da década de 1950, passou a seguir o viés da geometria ligada às religiões de matriz africana”.
Em 1964, Valentim fixou residência em Roma, na Itália, com um prêmio obtido no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM).
Cinco anos depois, ele integrou, ao lado de Waldemar Cordeiro (1925-1973), a representação brasileira na 1ª Bienal Internacional de Arte Construtiva, em Nuremberg, Alemanha.
A trajetória e o legado de Rubem Valentim têm grande peso institucional. O artista participou sete vezes da Bienal de São Paulo, e duas, da Bienal de Veneza.
Neste ano, suas obras voltam a ser apresentadas na exposição italiana, que tem curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp.
Os trabalhos de Valentim estão presentes em coleções no Brasil –MAM Rio, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MAC USP, entre outros.
No exterior, integram os acervos do Museu de Arte Moderna de Paris e do MoMA de Nova York. Um painel feito pelo artista está exposto no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Em seu "Manifesto ainda que tardio", de 1976, Valentim afirma que vinha “pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nenhuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior”.
Lançando mão de linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados em composições geométricas que aludem a símbolos e emblemas das religiões afro-brasileiros, dizia querer “estabelecer um ‘design’”, a que chamava de Riscadura Brasileira, “uma estrutura apta a revelar a nossa realidade”.
Fonte: NeoFeed, "As abstrações geométricas de Rubem Valentim ganham o mundo". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Exposição com acervo do MAM-Bahia dos 100 Anos de Rubem Valentim está em cartaz até agosto no Museu Nacional da República | Governo da Bahia
A exposição 'Ilê Funfun: Uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim' no Museu Nacional da República (museu.cultura.df.gov.br), em Brasília, Distrito Federal, fica em cartaz e aberta ao público até agosto/2022. Parte da mostra é formada pelo 'Templo de Oxalá', conjunto de obras de arte doadas ao Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-Bahia) em 1997, e emprestadas à exposição, considerado o ápice do trabalho de Rubem Valentim. Antes disso, a mesma mostra esteve em São Paulo, de abril a maio, na Almeida & Dale Galeria de Arte. Em novembro (2022) o MAM-Bahia abre a exposição na Sala Rubem Valentim e na Galeria 3, ambos espaços do museu baiano, em Salvador.
Na sequência, a exposição vem para Salvador e depois para a cidade de Roma, Itália. Estiveram presentes na abertura do dia 9.06, em Brasília, o diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), João Carlos de Oliveira, cujo órgão estadual congrega os principias museus baianos (www.ipac.ba.gov.br/museus), o diretor do MAM-Bahia, Pola Ribeiro, o curador da exposição e também curador do MAM-Bahia, Daniel Rangel, dentre outros representantes baianos.
"Esta exposição comprova o sucesso de parcerias como esta, que reúne três museus públicos e uma galeria privada para difusão e acessibilidade da população brasileira a um dos mais notórios artistas baianos, como Rubem Valentim; o IPAC/MAM-Bahia tem a honra de ter uma Sala fixa dedicada somente a esse artista", comemora o diretor do IPAC, João Carlos de Oliveira.
Rubem Valentim começou sua trajetória nos anos 1940 como pintor autodidata, e participou dos movimentos de correntes modernas da arte baiana, ao lado de Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos, Sante Scaldaferri, entre outros. Desde os anos 1950, iniciou uma pesquisa relacionada às matrizes africanas, sobretudo sobre símbolos e ferramentas dos Orixás. Nascido em Salvador (1922), o artista completaria 100 anos em novembro deste ano e a celebração com a mostra foi iniciada em São Paulo, passa agora em Brasília, chegando em Salvador em novembro.
"Para o Museu Nacional da República é uma honra receber um conjunto tão especial de obras de Rubem Valentim e apresentá-las ao público brasiliense. Valentim tem ligação profunda com Brasília, cidade onde viveu e consolidou sua pesquisa técnica e poética voltada à geometria construtiva e à simbologia de herança cultural africana. É também uma alegria comemorar o centenário de seu nascimento e colocar em destaque a produção de um artista preto, a visualidade e a poética de matriz africana neste museu, justamente no mesmo ano em que também se completa o centenário da Semana de Arte Moderna", diz Sara Seilert, diretora do Museu da República.
"Rubem Valentim é um artista seminal para a arte brasileira, o primeiro a propor um diálogo entre a pureza do abstracionismo geométrico e a cultura negra do país. Valentim foi professor da UnB, mas decidiu deixar a universidade quando as perseguições da Ditadura contra alunos e docentes se intensificaram. Mas ele nunca abandonou Brasília, que adotou como sua terra e na qual produziu um dos corpos de obras mais singulares da história nacional. Portanto, é um prestígio e um resgate da memória cultural da cidade receber a exposição aqui”, diz Marcelo Jorge, diretor do Museu de Arte de Brasília, o MAB, que mantém o 'antigo ateliê' doado pelo artista baiano.
"Valentim havia montado na sua residência - uma grande casa nas quadras 700 da Asa Sul de Brasília - um ateliê onde produzia suas obras com esmero quase artesanal. No entanto, ele morre na década de 1990 sem deixar filhos. Seus herdeiros, residentes em outros locais do país, decidiram legar para o MAB a integralidade dos objetos, móveis, documentos e obras de arte que formavam seu ateliê, antes de vender a casa. A doação ocorreu por intermédio de Bené Fonteles, amigo e confidente do artista baiano. Desde então, esse ateliê foi exposto pouquíssimas vezes, e era quase desconhecido dos especialistas no artista. Com a mostra Ilê Fun Fun, a obra circulou pelo país e retornará ao MAB, no fim, para ficar em exposição permanente", completa Marcelo Jorge.
EXPOSIÇÃO - Pensada a partir de três núcleos: o 'Templo de Oxalá', que é um conjunto de obras com 20 esculturas e 10 relevos de Rubem Valentim do MAM-BA e restauradas pela Almeida & Dale; "Ateliê", parte da exposição em que o processo criativo do artista é contemplado, com quadros que estavam sendo feitos quando ele morreu (1991), inacabados, e ferramentas que ele usava, com parte do acervo emprestado pelo MAB especialmente para esta exposição; e 'Cronologia', que traz sua história, a partir de recortes, pesquisas, documentos e arquivos pessoais, fotografias e cartazes. "O que é mais importante sobre Rubem Valentim está nesta exposição. Da religiosidade potente aos objetos que circundavam toda sua criação, apresentamos vida e obra deste grande artista", diz Daniel Rangel, curador da mostra e do MAM-Bahia.
O 'Templo de Oxalá', cuja cor branca é predominante, representando o panteão dos orixás saudando Obàtálá, foi apresentado pela primeira vez em 1977, na XIV Bienal Internacional de São Paulo, em uma sala especial dedicada ao artista. Em 'Ilê Funfun' está reunido o essencial da trajetória do artista: um potente conjunto artístico-sagrado e referências de seu universo particular, juntando ainda as coleções do MAM-Bahia, do Instituto Rubem Valentim, cuja sede está em São Paulo e do MAB/Brasília; locais que foram suas casas, espaços que foram seus ilês.
Após a exposição ser apresentada no MAM-BA, quando reinaugurará a sala especial de Rubem Valentim no museu, e integrando a comemoração internacional do centenário, haverá uma mostra com a produção do artista em Roma, onde Rubem viveu de 1963 a 1966, no Palazzo Pamphili, endereço da Embaixada Brasileira em Roma.
LIVRO ILÊ FUNFUN - A exposição é uma celebração da presença da obra Templo de Oxalá pela primeira vez fora no MAM-Bahia e à trajetória do artista baiano que faria 100 anos em 2022. Acompanhando o mesmo recorte, a Almeida & Dale Galeria de Arte produziu um livro, apresentado pelo curador Daniel Rangel com a colaboração de importantes nomes relacionados ao artista, que será lançado também no Museu Nacional. Marcelo Gonczarowska Jorge e Sara Seilert, do Museu de Arte de Brasília e Museu Nacional da República, respectivamente, assinam um texto contextualizando a relevância de Rubem Valentim nesses espaços. Pola Ribeiro, diretor do MAM Bahia, por sua vez, também escreve para o livro. Há também uma cronologia ilustrada com fotos de arquivo, assinada por Claudia Fazzolari, que perpassa a vida de Rubem Valentim desde o nascimento, principais trabalhos, projetos e exposições no Brasil e no mundo, além de textos dos críticos Frederico Morais, Theon Spanudis e Alberto Beuttenmuller, que com astúcia demonstram a grande importância de Valentim para além do concretismo. O desenho gráfico especial do livro garante por meio do papel transparente a sensação de abertura de um véu para adentrar o templo e suas fotografias de montagem.
Ilê Funfun: Uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim
Fonte: Governo da Bahia, "Exposição com acervo do MAM-Bahia dos 100 Anos de Rubem Valentim está em cartaz até agosto no Museu Nacional da República". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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Rubem Valentim | Blog do Gutemberg
Artista plástico. Nasceu em Salvador simultaneamente na Semana de Arte Moderna, no dia 09 de novembro de 1922. Autodidata em pintura. Começou a pintar ainda criança, fazendo figuras e paisagens para presépios de Natal. Em 1946 formou-se em Odontologia, tendo exercido por pouco tempo a clínica sem entretanto deixar de pintar. Pintor autodidata, influenciado por Torres Garcia, experimentando uma aproximação com o concretismo nos anos 60 e voltando, no final da vida, às formas circulares. Essas “mandalas”, não são referenciais. Elas têm um sentido universal, ecumênico. Participou do movimento renovador das artes iniciado na Bahia em 1946/47. Em 1948 passou a dedicar-se exclusivamente às artes plásticas. Bacharelou-se em Jornalismo no ano de 1953. Em 1957 transfere-se para o Rio. Ganha, em 1962, o prêmio de viagem ao estrangeiro no XI Salão Nacional de Arte Moderna.
Viaja para a Europa onde permanece três anos e meio visitando museus, exposições e galerias de arte, interessando-se principalmente pela arte negra e dos povos primitivos e informando-se na época sobre o que havia da chamada vanguarda nos países ditos desenvolvidos/industrializados. Viaja pela Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal e Itália. Fixa-se em Roma, aí trabalha e expõe. Percorre toda a Itália. Visita as Bienais de Veneza de 1964 e 1966. Vai à África participando da Exposição de Arte Contemporânea do I Festival Mundial de Arte Negra, 1966, Dacar, Senegal. Retorna a Roma. Volta para o Brasil em setembro de 1966, atendendo convite do então Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. De 1949 a 1955 participou do Salão Baiano de Belas Artes. Em 1950, dos Novos Artistas Baianos. Em 1955, da III Bienal de São Paulo. Em 1966, a convite, da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador, com Sala Especial, obteve Prêmio Especial pela Contribuição à Pintura Brasileira. Nesse mesmo ano participa de uma mostra coletiva contemporânea em Roma. Com seis grandes relevos denominados Emblemas, participou como artista convidado da I Bienal Internacional de Arte Construtivista Nuremberg, Alemanha, em 1969; do Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e da X Bienal de SP. Nos anos 70 participou da II Bienal de Artes Plásticas Coltejer, em Medellin, Colombia; II Festival de Arte Negra, em Lagos, na Nigéria; Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu Nacional de Belas Artes, em Santiago, Chile; Japão, entre outras.
Seu primeiro prêmio foi em 1955, Universidade da Bahia, no Salão Baiano de Belas Artes. A partir daí não parou mais com muitas exposições individuais, centenas de mostras coletivas e inúmeros prêmios. Em 1974 o cineasta Aécio Andrade dirigiu um curta metragem em cores: Rubem Valentim e sua Obra Semiológica. André Paluch dirigiu nesse mesmo ano o curta em cores Artistas Brasileiros no Museu de Ontário, Canadá, e o crítico de arte Frederico Morais produziu o audio-visual A Arte de Rubem Valentim. Suas obras estão espalhadas por diversos museus, galerias, nas ruas, além de várias coleções importantes particulares no Brasil e no estrangeiro. Um bom exemplo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de SP, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes do RJ, Galeria Nazionale d’Arte Moderna de Roma, Itália; Museu de Ontário, Canadá; Palácio Residencial do Governo da Bahia, Ondina, Salvador; Palácio do Governo do Zaire, Kinsasha, África; Embaixada do Brasil em Roma e Bogotá; Museu de Arte e História de Genebra, Suiça; Museu de Arte Moderna de Paris, França; Museu de Lagos, Nigéria, entre outros.
Valentim é um dos mais originais e autênticos construtivistas brasileiros. “Minha linguagem plástico-visual-signográfica está ligada aos valores míticos profundos de uma cultura afro-brasileira (mestiça-animista-fetichista). Com o peso da Bahia sobre mim - a cultura vivenciada; com o sangue negro nas veias - o atavismo; com os olhos abertos para o que se faz no mundo - a contemporaneidade; criando os meus signos-símbolos procuro transformar em linguagem visual o mundo encantado, mágico, provavelmente místico ao que flui continuamente dentro de mim”, disse em uma de suas entrevistas. “A estilização de seus signos-fetiche do candomblé abriu seu espaço, que, se a princípio era bidimensional foi-se a terceira dimensão, como querendo respirar a sacralidade de um rito, a um só tempo poético, sacro e agnóstico. Os deuses da mitologia afro-baiana - Oxossi, Ogun, Xangô, Iansã, Iemanjá e Oxalá - ofereceram-lhe a motivação para criar uma obra intuitivamente construtivista e aparentente abstrata, mas na verdade de fundo místico/mítico/religioso, portanto sensorial e sensitiva. A memória cultural de sua raça, por isso mesmo, está tatuada na heráldica de seus deuses plásticos, como foram marcados, no passado, a ferro em brasa, seus irmãos negros nas senzalas”, escreveu o crítico de arte, Alberto Beuttenmuller, em 1977. Para o crítico Frederico Morais, “às vezes é preciso calar: usar um silêncio artifício, para dizer melhor e mais alto. Calar para que o silêncio cante toda a extraordinária beleza da vida, para que se possa ouvir este fio de água cantando, que vem das fontes primitivas. Sabedoria. Às vezes é preciso eliminar a cor, como se elimina o ruído, e chegar à dura pureza do branco. Luz. Contra o caos, Rubem Valentim propõe o cosmos”.
Ele morreu no dia 30 de dezembro de 1991, vítima de câncer, e os museus prestaram homenagens a um dos principais nomes do construtivismo brasileiro. Valentim morreu aos 69 anos sem concretizar seu projeto maior, o de criar uma fundação - em Brasília ou São Paulo - para abrigar sua obra, uma das raras no Brasil a merecer a atenção do crítico italiano Giulio Carlo Argan. O ensaista foi um dos primeiros a observar que o uso dos negros do candomblé por Rubem Valentim nada tinha de folclórico.
Fonte: Blog do Gutemberg, "Rubem Valentim". Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
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RUBEM VALENTIM (1922-1991) - Sagrada Geometria
Rubem Valentim: sagrada geometriaé o primeiro livro dedicado ao artista com mais profundidade, segundo seu autor, Bené Fonteles. No ano de seu centenário, a Pinakotheke resgata a sua obra pela perspectiva de sua es-piritualidade. Valentim queria essa conexão sagrada em complementação com a estética.
Rubem Valentim é um artista essencial para uma melhor compreen-são da tradição afro-brasileira; e Bené Fonteles, seu principal estudioso e interlocutor por sua conexão espiritual. A pedido do artista, Bené torna–se o Ogã (palavra que vem do iorubá e significa “Senhor da minha casa”) do terreiro de Valentim. Aquele que cuida de sua vida e, em consequência, de sua obra. É mais um caso de amizade que a Pinakotheke torna visível!
Em 1963, Valentim foi morar na Europa, precisamente em Roma, onde conheceu Giulio Carlo Argan (1909-1992), o grande teórico da arte moderna. Na ocasião, estava sendo criado o Museu de Arte Moderna de Roma, no qual Valentim teve três obras adquiridas pela nova instituição. Ao retornar ao Brasil, dá início a uma série de obras, transformando suas pinturas em relevos.
Bené Fonteles conheceu Valentim em 1977, ambos participando da XIV Bienal de São Paulo. Valentim expunha o “Templo de Oxalá”, uma instalação constituída de um painel de fundo azul com relevos brancos e esculturas móveis em madeira pintada branca, a partir de elementos sim-bólicos da cultura popular e da semiótica afro do Candomblé. Sem dúvida nenhuma, sua obra mais emblemática pertencente ao acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Em 1978, Bené vai morar em Brasília e, desse modo, pôde partici-par dos momentos marcantes de sua carreira, tornando-se seu herdeiro intelectual. Segundo o autor, “a casa do artista era um lugar sagrado. Sua arquitetura tinha a forma de uma cruz. Seu interior lembrava mais um mo-nastério. Ele vivia uma vida monástica, desde a sua alimentação até a sua forma de descansar. Seu quarto era uma cela, de extrema simplicidade. Tinha uma vida totalmente devota ao espiritual. Seus livros eram basica-mente espirituais e filosóficos, em que o artista criava os fundamentos para a sua produção”.
O artista sempre desejou ter um espaço destinado à sua obra. Para tanto, ao longo da vida, destinou 157 obras para a formação do núcleo principal dessa coleção ao cuidado de Lúcia Alencastro, sua esposa, pio-neira em arte-educação e fundadora da Escolinha de Arte do Brasil junto a Augusto Rodrigues (1913-1993). A fim de concretizar o sonho, comprou em Brasília um grande terreno na Asa Sul para construir o centro cultural. Infelizmente não foi possível, o que lhe causou uma grande frustração.
Aproximou-se também dos concretistas. Foi amigo de Hélio Oitici-ca. Valentim expõe com Waldemar Cordeiro em Roma. Sua produção era baseada de modo obsessivo na construção e na desconstrução dos sím-bolos que inventava. Havia, por exemplo, o alfabeto kitônico (que significa energia do centro da Terra), constituído de 15 símbolos, nos quais explicita o sincretismo religioso brasileiro, mas sempre de maneira abstrata e ge-ométrica. Elementos da Umbanda e do Candomblé povoam suas peças e ajudam a construir um universo muito particular, formado por linhas retas, triângulos, círculos e quadrados.
Ao longo de sua vida artística, participou de Bienais e exposições no Brasil e no exterior. Sempre teve o respeito e o reconhecimento de sua obra. A Pinakotheke sente-se honrada em publicar este livro essencial para uma melhor compreensão do artista quando se comemora o centenário de seu nascimento.
A edição conta ainda com um primoroso ensaio fotográfico de Chris-tian Cravo, realizado com obras do acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia durante a pandemia, o que proporcionou uma dramaticidade mar-cante no momento de sua produção. E, com o apoio do Itaú Cultural, entre-gamos esta publicação, que, sem dúvida, se constituirá uma fonte biblio-gráfica essencial.
Fonte: Pinacotheke. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.
Crédito fotográfico: Governo da Bahia. Consultado pela última vez em 14 de outubro de 2024.