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Antonio Manuel

Antonio Manuel da Silva Oliveira (Avelãs de Caminho, Portugal, 22 de outubro de 1947), mais conhecido como Antonio Manuel, é um escultor, pintor, gravador e desenhista português. Sua arte relaciona-se a um contexto de repressão política e de censura aos meios de comunicação. Um dos grandes acontecimentos envolvendo o artista foi a exposição no MAM do Rio de Janeiro, onde propôs o próprio corpo como obra, tinha como principal finalidade questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. Mesmo sem autorização, exibiu seu próprio corpo nu como forma de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor na época. Antonio também produziu vários filmes curta-metragem, realizou diversas pinturas de caráter abstrato geométrico, nas quais explora as ortogonais e a sugestão de labirinto. Com utilização de várias formas de expressão, sua obra reflete ao público a sensação de inquietude e de constante reflexão sobre o contexto social e político brasileiro. Reconhecido nacional e internacionalmente, ganhando prêmios e medalhas, suas obras já foram expostas em diversas galerias de arte do Brasil e, também, de outros países como Itália, França, Japão e Portugal.

Biografia — Itaú Cultural

Antonio Manuel da Silva Oliveira chega ao Brasil em 1953 e fixa residência com a família no Rio de Janeiro. Em meados da década de 1960, estudou na Escolinha de Arte do Brasil, com Augusto Rodrigues (1913-1993), e frequentou o ateliê de Ivan Serpa (1923-1973).

Nessa época, é também aluno ouvinte da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Inicialmente, utiliza o jornal e sua matriz - o flan - como suporte para seus trabalhos.

Realiza interferências e inventa notícias, nas quais aborda temas políticos e discussões estéticas. Em 1968, na exposição Apocalipopótese, organizada por Hélio Oiticica (1937-1980) e Rogério Duarte, apresenta as Urnas Quentes - caixas de madeira lacradas que deveriam ser arrebentadas pelo público.

Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Posteriormente, produz vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Semi-Ótica (1975).

A partir da década de 1980, realiza pinturas de caráter abstrato-geométrico, nas quais explora as ortogonais e a sugestão de labirinto. Apresenta, em 1994, a primeira versão da instalação Fantasma que, como outras obras do artista, solicita uma reflexão sobre o contexto social e político brasileiro.

Análise

No início da carreira, usa o jornal como suporte de seus trabalhos. Realizando interferências com tinta nanquim, anula algumas notícias ou imagens, acrescenta ou ilumina outras. Passa, em seguida, a utilizar o flan - cartão plastificado em relevo, que é a matriz para a impressão de jornais. Chega a elaborar os próprios flans, inventando as notícias e os jornais impressos são distribuídos nas bancas, como se fossem autênticos.

Criou uma série de jornais abordando temas políticos, como o movimento estudantil de 1968, ou ligados a discussões estéticas e poéticas. Em 1968, na exposição Apocalipopótese, realizada no Aterro do Flamengo, cuja proposta, idealizada por Hélio Oiticica e Rogério Duarte, era ser uma experiência coletiva de arte, Antonio Manuel apresenta as Urnas Quentes - caixas de madeira fechadas e lacradas, que deveriam ser arrebentadas pelo público, para que pudesse ser conhecido seu conteúdo. Nas caixas o artista coloca textos referentes a situações políticas ou estéticas ao lado de imagens relacionadas à violência, recortadas de jornais. Como em outros trabalhos do período, o evento convida à participação do espectador, que passa a ser co-realizador da obra.

Esses trabalhos relacionam-se a um contexto de repressão política e de censura aos meios de comunicação. Em 1970, Antonio Manuel propôs o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderno do Rio de Janeiro (MAM/RJ). A proposta é recusada pelo júri. Na noite da abertura da exposição, o artista apresenta ao público seu corpo nu. Segundo o artista, com O Corpo É a Obra, a ideia é questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. O ato passa a ter o caráter de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor.

Sobre a performance, o crítico Mário Pedrosa escreve que o artista faz "o exercício experimental da liberdade". A partir desse momento, seu interesse centra-se na questão do corpo e seus sentidos. Antonio Manuel realizou vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Arte Hoje (1976). Desde a década de 1980, dedica-se à pintura em acrílico e realiza telas de caráter geométrico-abstrato, em que explora a sugestão de labirinto. Em 1994, apresenta a primeira versão da instalação Fantasma, um espaço repleto de carvões, suspensos por fios de nylon que parecem flutuar no espaço da galeria.

O público é convidado a percorrer o espaço, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. Segundo o artista, a fotografia que integra a exposição é de um personagem real que, ao ter sua imagem divulgada pela imprensa como testemunha de um crime, passa a viver escondido, perdendo sua identidade. Com utilização de várias formas de expressão, a obra de Antonio Manuel traz um caráter de inquietude e de constante reflexão sobre o contexto social e político brasileiro.


Críticas

"(...) Os primeiros e mais conhecidos trabalhos significativos de Antonio Manuel datam de 1966/67 e neles o artista utilizou primeiro a folha de jornal, depois o próprio flan, como suporte de seu trabalho, redesenhando fotos e manchetes (...)

Em 1968 foi um dos integrantes da manifestação denominada Apocalipopótese desenvolvida por Hélio Oiticica, no aterro do Flamengo, apresentando suas Urnas Quentes e, em 1969, foi um dos premiados no Salão da Bússola que, sem o desejar, lançou definitivamente esta geração de contra-artistas. Mas a proposição mais radical de Antonio Manuel foi o seu 'desnudamento' para um público atônito na inauguração do Salão Nacional de arte Moderna, cujo júri, do qual fiz parte, não aceitou como obra(...)

A propósito desse streaking de Antonio Manuel, o crítico Mário Pedrosa, num diálogo com o artista disse: 'A sua atitude transcende o plano da discussão puramente estética em função de uma obra. É a própria vida. Não se discute mais uma obra feita, mas uma ação criadora. É uma arte eminentemente de vanguarda. É um aspecto da revolução cultural, onde se rompem os tabus. O fato de, hoje, você ter feito isso, sacode toda a perspectiva da arte, a discussão estética, a discussão sobre arte. Discute tudo. E com uma autenticidade enorme. O que Antonio Manuel está fazendo é o exercício experimental de liberdade' (...)". — Frederico Morais (MORAIS, Frederico. Antonio Manoel, rompendo tabus. O Globo - Rio de Janeiro 29. 04. 1977. In: ALVARADO, Daisy Valle Machado Peccinini de (coord. ). Objeto na arte: Brasil anos 60. São Paulo: FAAP, 1978).


"Sublimada a carga política e literária, o trabalho volta-se agora para a sua origem - a visualidade, a inteligência intraduzível do olhar. Vejo aí uma lição de sinceridade do artista. Com Mondrian, Klee, Torres Garcia e Volpi, entre outros, ele retoma as linguagens que afinal possibilitaram a sua. E no perímetro limitado e tradicional do quadro, A. Manuel estaria obrigado a construir outras espécies de ´Urnas-quentes´: propiciar a experiência do ocultamento e do desocultamento, do segredo e da liberação. De um modo mais íntimo, é claro, as novas telas propõem um jogo desse gênero: violar a interioridade para reencontrar um espaço aberto que reúna e atravesse a todos. E isto transmitindo a sensação dos obstáculos e barreiras que se interpõem entre nós e esse sonhado espaço. Os esquemas de Mondrian vão ser, portanto, literalmente vulgarizados. Destituídos de intenções metafísicas, apontam para as contraditórias relações de uma metrópole caótica. Contudo, exprimem ainda a ânsia de achar ordem e sentido por trás daquilo que só se vê como miséria e desordem - por exemplo, a favela e sua rede inextricável de relações. (...)" — Ronaldo Brito (ANTONIO Manuel. Textos de Antonio Manuel et al. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1984. (Arte brasileira contemporânea).


"Desafiador e inquieto, Antonio Manuel investiu sempre uma carga constante de agressividade em seus trabalhos. Não foi único, no entanto, foi dos poucos a dimensionar essa situação de desconforto diante do medo. Esse desafio foi núcleo do seu trabalho. Reagia ao contexto provocando-o. Mas como não era estritamente uma atitude reativa e sim constitutiva, o traço da agressividade permaneceu como uma manifestação de inquietude e insatisfação. Como certos provocadores trazia na provocação uma dimensão do afeto, embora avessa a sentimentos e boas intenções, mostrava certos impasses da revolta, o conflito em se auto-infligir, desnudar-se no Museu, expor a opressão exibindo o oprimido, conflito que se por uma lado era ético permaneceu como um traço latente em sua pintura.

(...) o elemento inicial em Antonio não são as linhas, as cores, é o espaço; mas o espaço está concentrado na célula, não célula biológica, mas célula geométrica com a dinâmica imprevisível do social. Ela prolifera, invade o espaço. (...) O percurso da pintura de Antonio é uma história sintética e evocativa da memória e da atualidade do espaço que vivemos.

Suas telas atuais sugerem a ultrapassagem de um ponto de saturação, onde tudo se consumiu e é preciso recomeçar. Então o trabalho se volta sobre si mesmo e sobre o artista, situação que Antonio chama de 'realismo', isto é, o trabalho se transforma numa nova realidade, exige uma nova realidade. Então o trabalho retorna ao seu começo para novamente se transformar". — Paulo Venancio Filho (VENANCIO FILHO, Paulo. In: Sombras e Cintilações. São Paulo: Gabinete de Arte Raquel Arnaud, 1990).


"O artista é aquele que nunca perde o contato com a natureza. Os outros costumam perder, mas o artista é aquele que não perde o contato mesmo num outro plano, dentro das máquinas. Ele vê as coisas numa relação direta - ele e o mundo. Ele e a realidade. Ele e a natureza.

E, sem dúvida, o Antonio Manuel com isso levou adiante todo o processo da arte de despojamento - arte tipicamente antiacadêmica - e desmanchou inclusive o mito de fazer arte sem obra. (...)

O que o Antonio Manuel está fazendo é o exercício experimental de liberdade. Ele não está querendo dominar os outros. Está apenas propondo a autenticidade total, que é sempre criativa. (...)

A época moderna é uma época à procura exatamente da autenticidade final das coisas, das atitudes. Para romper com a mistificação da sociedade de consumo de massa, e mesmo da cultura de massa, o que há é a revolução cultural. A cultura de massa existe fundada em um folclore do urbano. É a mídia, que no fundo diz que ninguém existe individualmente. E esta mídia, que tem um poder de comunicação extraordinário, não é autêntica. Ela é um intermediário, uma mediação. Ela se imagina autêntica em função de uma aceitação do imediato, do cotidiano massificado.

Então, a arte é a única maneira de romper com esse tabu, para pôr os problemas na sua autenticidade final. Um ato como o do Antonio Manuel, que é um ato em si, é que é um legítimo comunicador, já que a comunicação autêntica não se faz através da mídia. Não é a mídia que se comunica com os outros, é o fato em si - a unidade fundamental irredutível do homem - que se comunica com o outro. (...)

A arte é a única coisa que é contra a entropia do mundo". — Mário Pedrosa (PEDROSA, Mário. Trechos de depoimento sobre O Corpo é a Obra, maio de 1970. In: MANUEL, Antonio. Antonio Manuel. Rio de Janeiro: Centro de Arte Hélio Oiticica, 1997).


Exposições Individuais

1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Goeldi

1973 - Rio de Janeiro RJ - De 0 às 24 Horas, nas bancas de jornais, trabalho editado em suplemento de O Jornal

1975 - Rio de Janeiro RJ - Isso É que É, na Petite Galerie

1976 - São Paulo SP - Isso É que É, na Galeria Arte Global

1980 - Rio de Janeiro RJ - Frutos do Espaço, no Espaço Arte Brasileira Contemporânea, no Parque da Catacumba

1983 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Manuel: pinturas, na Galeria GB Arte

1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Saramenha

1986 - São Paulo SP - Individual, na Gabinete de Arte

1986 - São Paulo SP - Quadro a Quadro, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

1986 - Rio de Janeiro RJ - Tudo isso Existe, na Petite Galerie

1988 - Rio de Janeiro RJ - Por Tudo, na Galeria Montesanti

1990 - São Paulo SP - Sombras e Cintilações, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

1993 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Manuel: pinturas, na Galeria Goudard

1997 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Centro de Arte Hélio Oiticica

1998 - Vitória ES - Antonio Manuel: pinturas e desenhos, na Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes

1998 - Niterói RJ - Antonio Manuel, no MAC/Niterói

1999 - Paris (França) - Fantasma - instalação, na Galerie Nationale du Jeu de Paume

1999 - São Paulo SP - Individual, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2000 - Porto (Portugal) - Individual, na Fundação de Serralves

2001 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na H.A.P Galeria

2002 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Manuel, no Museu da Chácara do Céu

2002 - São Paulo SP - Antonio Manuel, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2003 - São Paulo SP - Antonio Manuel, no CCSP


Exposições Coletivas

1965 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Adolescentes

1966 - Curitiba PR - 23º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná - prêmio de desenho

1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna

1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas

1967 - Brasília DF - 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, no Teatro Nacional de Brasília

1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea - grande medalha de prata

1967 - Petrópolis RJ - 1º Salão Nacional de Pintura Jovem, no Hotel Quitandinha

1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna

1967 - Rio de Janeiro RJ - Nova Objetividade Brasileira, no MAM/RJ

1967 - Rio de Janeiro RJ - Tropicália, no MAM/RJ

1967 - São Paulo SP - 9º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - prêmio aquisição

1968 - Campinas SP - 4º Salão de Arte Contemporânea, no MAC/Campinas - prêmio de desenho

1968 - Curitiba PR - 25º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná - prêmio de gravura

1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna

1968 - Rio de Janeiro RJ - Apocalipopótese, no Pavilhão Japonês

1968 - Rio de Janeiro RJ - Arte no Aterro: um mês de arte pública, no Aterro do Flamengo e Pavilhão Japonês.

1968 - Rio de Janeiro RJ - O Artista Brasileiro e a Iconografia de Massa, na Esdi

1968 - Salvador BA - 2ª Bienal Nacional de Artes Plásticas

1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ - prêmio aquisição

1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1971 - Tóquio (Japão) - International Biennial Exhibition of Prints

1971 - Kyoto (Japão) - International Biennial Exhibition of Prints

1973 - São Paulo SP - Expo-Projeção 73, no Espaço Grife

1975 - Rio de Janeiro RJ - Mostra de Arte Experimental de Filmes Super-8, Audiovisual e Videotape, na Galeria Maison de France

1976 - Veneza (Itália) - 38º Bienal de Veneza - Setor Atualidade Internacional

1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap

1979 - Lisboa (Portugal) - Lis´79: Lisbon International Show

1980 - Milão (Itália) - Quasi Cinema, no Centro Internazionale di Brera

1980 - Rio de Janeiro RJ - Frutos do Espaço, no Espaço ABC

1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1981 - Curitiba PR - Antonio Manuel, Reinaldo Jardim e Rettamazzo, no Solar do Rosário

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1983 - Rio de Janeiro RJ - A Flor da Pele: pintura e prazer, no Centro Empresarial Rio

1983 - Rio de Janeiro RJ - Instalação, no Parque da Catacumba

1984 - Niterói RJ - Arte Brasileira Atual, na UFF

1984 - Rio de Janeiro RJ - Intervenções no Espaço Urbano, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet

1985 - Rio de Janeiro RJ - Encontros, na Petite Galerie

1986 - Rio de Janeiro RJ - Depoimento de uma Geração: 1969-1970, na Galeria de Arte Banerj

1986 - São Paulo SP - Coletiva, no Gabinete de Arte

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1988 - Ribeirão Preto SP - Arte Hoje 88, na Casa da Cultural - artista convidado

1988 - Rio de Janeiro RJ - O Eterno é Efêmero, na Petite Galerie

1989 - Rio de Janeiro RJ - Gravura Brasileira: 4 temas, na EAV/Parque Lage

1989 - Rio de Janeiro RJ - Rio Hoje, no MAM/RJ

1990 - São Paulo SP - Figurativismo/Abstracionismo. O Vermelho na Pintura Brasileira, no Itaú Cultural

1991 - Lisboa (Portugal) - Coletiva, na Secretaria de Cultura de Lisboa

1991 - Rio de Janeiro RJ - Imagem sobre Imagem, no Espaço Cultural Sérgio Porto

1991 - Rio de Janeiro RJ - Mário Pedrosa, Arte Revolução, Reflexão, no CCBB

1992 - Porto Alegre RS - Mário Pedrosa, Arte, Revolução e Reflexão, no Centro Municipal de Cultura

1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial

1992 - Rio de Janeiro RJ - Coca-Coca 50 Anos com Arte, no MAM/RJ

1992 - São Paulo SP - Coca-Coca 50 Anos com Arte, no MAM/SP

1992 - São Paulo SP - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - Brasília DF - Um Olhar sobre Joseph Beuys, no MAB/DF

1993 - Florença (Itália) - Brasil: Segni d'Art, na Biblioteca Nationale Centrale di Firenze

1993 - Milão (Itália) - Brasil: Segni d'Arte, na Biblioteca Nazionale Braidense

1993 - Rio de Janeiro RJ - Arte Erótica, no MAM/RJ

1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - Veneza, Milão, Florença e Roma (Itália) - Brasil, Segni d'Arte, na Querini Stanpalia, na Biblioteca Braidense, na Biblioteca Nationale e no Centro de Estudos Brasileiros

1994 - Belo Horizonte MG - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70

1994 - Penápolis SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, na Galeria Itaú Cultural

1994 - Rio de Janeiro RJ - Instalação, Fantasma, na Galeria do Ibeu - premiado

1994 - Rio de Janeiro RJ - LivroObjeto: a fronteira dos vazios, no CCBB

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ

1994 - Rio de Janeiro RJ - Trincheiras: arte e política no Brasil, no MAM/RJ

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1994 - São Paulo SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, no Itaú Cultural

1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi

1995 - Erfurt (Alemanha) - Configura 2 - Dialog der Kulturen, na Gallery Fischmark

1995 - Rio de Janeiro RJ - A Arma Fálica, no Rio Arte

1995 - São Paulo SP - Livro-Objeto: a fronteira dos vazios, no MAM/SP

1996 - Brasília DF - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, no Itaú Galeria

1996 - Niterói RJ - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini, no MAC/Niterói

1997 - Nova York (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no El Museo del Barrio

1997 - Little Rock (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Arkansas Art Center

1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1998 - Austin (Estados Unidos), Caracas (Venezuela) e Monterrey (México) - Re-Aligning: alternative currents in South American drawing, na Archer M. Huntington Art Gallery, Museo de Bellas Artes e no Museo de Arte Contemporáneo

1998 - Niterói RJ - Ocupações Descobrimentos, no MAC/Niterói

1998 - Rio de Janeiro RJ - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1998 - Rio de Janeiro RJ - Trinta Anos de 68, no CCBB

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - Formas Transitivas: arte brasileira, construção e invenção 1970/1998, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural

1998 - São Paulo SP - Múltiplos, na Valu Oria Galeria de Arte

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1998 - São Paulo SP - Teoria dos Valores, no MAM/SP

1999 - Miami (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Miami Art Museum

1999 - Nova York (Estados Unidos) - Global Conceptualism: points of origins 1950s-1980s, no The Queens Museum of Art

1999 - Nova York - Global Conceptualism: point of origin 1950-80, no Queens Museum of Art

1999 - Minneapolis - Global Conceptualism: point of origin 1950-80, no Walker Art Center

1999 - Miami (Estados Unidos) - Global Conceptualism: point of origin 1950-80, no Miami Art Museum

1999 - Rio de Janeiro RJ - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no MAM/RJ

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo - Beba Mona Lisa, no Itaú Cultural

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no Itaú Cultural

2000 - Madri (Espanha) - Versiones del Sur: Cinco Propuestas en Torno a la Arte en América, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía

2000 - Niterói RJ - Pinturas na Coleção João Sattamini, no Museu de Arte Contemporânea

2000 - Rio de Janeiro RJ - Jornal Aberto, no Museu do Telephone

2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira anos 70, na Fundação Casa França-Brasil

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Contemporânea, na Fundação Bienal

2000 - São Paulo SP - Leituras Construtivas, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2001 - Campinas SP - (quase) Efêmera Arte, no Itaú Cultural

2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum

2001 - Oxford (Reino Unido) - Experiment Experiência: art in Brazil 1958-2000, no Museum of Modern Art

2001 - Rio de Janeiro RJ - A Trajetória: o experimento do artista, a trajetória e o processo, na Funarte

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2001 - Rio de Janeiro RJ - O Espírito de Nossa Época, no MAM/RJ

2001 - São Paulo SP - Anos 70: Trajetórias, no Itaú Cultural

2001 - São Paulo SP - O Espírito de Nossa Época, no MAM/SP

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no CCBB

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Imagem e a Palavra: módulo 2, na Sala MAM-Cittá América

2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

2002 - São Paulo SP - A Forma e a Imagem Técnica na Arte do Rio de Janeiro: 1950-1975, no Paço das Artes

2002 - São Paulo SP - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Instituto Tomie Ohtake

2003 - Brasília DF - Artefoto, no CCBB

2003 - Campos dos Goytacazes RJ - Poema Planar-Espacial, no Sesc

2003 - Madri (Espanha) - Arco/2003, no Parque Ferial Juan Carlos I

2003 - Nova Friburgo RJ - Poema Planar-Espacial, na Galeria Sesc Nova Friburgo

2003 - Rio de Janeiro RJ - Bandeiras do Brasil, no Museu da República

2003 - São Paulo SP - A Subversão dos Meios, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - Arco 2003, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

2004 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: uma história em aberto, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, na Léo Bahia Arte Contemporânea Manuel

Fonte: ANTONIO Manuel. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 22 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia — Wikipédia

Desembarcou no Brasil em 1953 e radicou-se com a família no Rio de Janeiro. Em meados da década de 1960, estuda na Escolinha de Arte do Brasil (EAB), com Augusto Rodrigues (1913-1993), e frequenta o ateliê de Ivan Serpa (1923-1973).

Na mesma época, é também aluno ouvinte da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). No início, utilizava o jornal e sua matriz — o flan — como suporte para seus trabalhos. Realiza interferências e inventa notícias, nas quais aborda temas políticos e discussões estéticas.

Em 1968, na exposição Apocalipopótese, organizada por Hélio Oiticica (1937-1980) e Rogério Duarte (1939), apresenta as Urnas Quentes — caixas de madeira lacradas que deveriam ser arrebentadas pelo público.

Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). Posteriormente, produz vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Semi-Ótica (1975).

A partir da década de 1980, realiza pinturas de caráter abstrato-geométrico, nas quais explora as ortogonais e a sugestão de labirinto.

Em 1994, apresenta a primeira versão da instalação Fantasma que, como outras obras do artista, solicita uma reflexão sobre o contexto social e político brasileiro. A instalação “Fantasma” é composta por dezenas de pedaços de carvão, suspensos por fios de nylon, que parecem flutuar no espaço.

O público é convidado a percorrer a instalação, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. No meio da instalação, há a fotografia de uma testemunha da chacina na favela de Vigário Geral (1993), encapuzada e cercada por microfones da imprensa. Lanternas iluminam a imagem.

Apresentada inicialmente em 1994, na Galeria de Arte IBEU, no Rio de Janeiro, e depois mostrada na 24ª Bienal de São Paulo, no museu Jeu de Paume, em Paris, no Museu Serralves, em Portugal, e no museu Guggenheim, em Nova York, a obra foi adquirida pela MAM Rio em 2001, a partir do Programa Petrobras Artes Visuais.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 22 de março de 2022.

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Antonio Manuel: ‘Foi como se me mutilassem’

RIO — Era como se o tempo estivesse fechando. Tudo escureceu, o clima ficou denso. Eu tinha 16 anos, estava buscando uma direção para meu trabalho. Ouvi pelo rádio quando anunciaram que havia ocorrido um golpe militar. Lembro-me do zunzum, os vizinhos conversando em voz baixa, as rádios noticiando o golpe. Era uma espécie de feriado fascista.

Nessa época, eu fazia obras sobre papéis diversos e trabalhava numa agência de publicidade. Foi lá que tive uma maior consciência política, convivendo com colegas desenhistas, redatores que auxiliavam o jornal do Partido Comunista, intelectuais de esquerda e pensadores.

Em 1966, ganhei meu primeiro prêmio, no Salão Paranaense de Belas Artes, com o trabalho “Domínio”, realizado sobre jornal. Minha obra já era política, de contestação ao poder religioso. O trabalho mostrava uma multidão de pessoas de boca aberta, ansiosas por milagres prometidos, enquanto padres rezavam a missa. A multidão carregava a bandeira do Brasil, como uma narrativa inconformista. Em 1967, os trabalhos ficaram mais politizados, mas foi em 1968 que senti de forma mais clara o impacto da violência da ditadura.

Naquele ano, fui selecionado para a 2º Bienal da Bahia. Até ali só existiam as bienais de São Paulo, Paris e Veneza. Eu mostraria um painel de quatro metros, com diversas imagens de jornais impressos em silk screen sobre um fundo vermelho, que tratava da violência de rua entre policiais e estudantes. No dia da inauguração, a Bienal da Bahia foi fechada pelo Exército, e o painel desapareceu. Até hoje, nunca me foi devolvido. Nesse painel estava escrito, entre outras coisas, “Repressão outra vez”. Na inauguração da bienal, o clima já era estranho, pessoas falando ao pé do ouvido e a sensação intensa de que algo iria acontecer. De repente, foram fechando as portas e fomos empurrados para o pátio do Convento da Lapa, em Salvador, onde ocorreria a bienal, e soubemos que, sim, algo acontecia: ela fora invadida pelo Exército e, em seguida, fechada.

No pátio, artistas, críticos e o público discutíamos o que fazer. Alguns sugeriam que as obras fossem cobertas com uma tarja preta, outros queriam retirar. Eu estava lá, inconformado, quando alguém me disse que tinham retirado meu trabalho da parede, assim como as obras de Teresa Simões e Antônio Lima Dias. Foi uma sensação de vazio, de impotência. Aliás, não me lembro de outra ocasião em que tenha sentido medo como naquela bienal. Naquele mesmo dia vi no “Jornal da Bahia” a manchete “Arsenal apreendido em aparelho político” e, ao lado, a foto da serigrafia do Che Guevara, que eu havia realizado tempos antes, na parede do apartamento.

A situação para mim ficou perigosa, não só pelo fechamento da bienal, mas também pela notícia do jornal. Wanda Pimentel, artista e amiga, me levou até a rodoviária. Com medo de ser denunciado ou preso no ônibus, ou que desaparecessem comigo no trajeto até o Rio, escrevi em um papel nome, telefone e endereço e um relato da situação na qual viajava, e guardei o depoimento dentro de uma caixa de fósforos. Fiz todo o trajeto de volta acordado e segurando a caixa porque, caso acontecesse algo, eu a largaria discretamente no chão, na esperança de que alguém a encontrasse.

Jornalista escondeu obra

Em 1969, fui convidado para participar da pré-Bienal de Paris, mostra no MAM que serviria para selecionar as obras dos artistas que iriam a Paris. Infelizmente, a exposição não chegou sequer a ser inaugurada. Na montagem, o general Montana foi ao MAM com vários militares armados. Meus trabalhos eram panos pretos que cobriam painéis vermelhos com imagens de violência de rua. O espectador puxava uma corda, levantava o pano e revelava a imagem da violência. Cinco painéis como esses foram selecionados, mas infelizmente não puderam viajar, pois a mostra foi brutalmente invadida e fechada pelo Exército.

A jornalista Niomar Muniz Sodré, que eu não conhecia pessoalmente, telefonou-me pedindo que fosse encontrá-la no “Correio da Manhã”. Contou que, ao saber do caso, pediu aos funcionários do MAM que escondessem as obras. Eu estava sentado no sofá quando ela me disse: “Olhe, seus trabalhos estão atrás de você”. A obra estava sendo procurada, e Niomar a tinha escondido em sua sala de trabalho.

Então, o crítico Mario Pedrosa, que era jurado da pré-seleção, organizou um grande boicote à Bienal de São Paulo, para demonstrar a situação de exceção que vivia o país. Pedrosa depois foi perseguido e exilado no consulado do Chile, por divulgar notícias da repressão no Brasil.

Sempre me recordo desse dia no MAM com muita tristeza. Foi como se me mutilassem. Uma obra de arte é parte da alma e do espírito do artista, uma extensão de seu pensamento, e é como se tivessem arrancado isso de mim de forma brutal. Não há palavras para descrever tamanha violência.

*Em depoimento a Audrey Furlaneto.

Fonte: O Globo, "Antonio Manuel: ‘Foi como se me mutilassem", publicado em 23 de março de 2014.

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Repressão outra vez-eis o saldo – Bienal.Org

Em 1973, Antonio Manuel alterou as manchetes de uma série de jornais O Dia e os recolocou para distribuição e venda no Rio de Janeiro. Não seria a primeira vez que o público brasileiro seria impactado pela ousadia do artista.

Em 1973, o artista Antonio Manuel alterou as manchetes, notícias e fotos de uma série de jornais O Dia e os recolocou para distribuição e venda no Rio de Janeiro. Não seria a primeira vez que o público brasileiro seria impactado pela ousadia do artista, cuja produção esteve muito próxima a às tendências concretas e neoconcretas, protagonizada e reconhecida por nomes como Augusto de Campos e Décio Pignatari: "Fui uma pessoa muito próxima ao Hélio Oiticica, com quem fiz o parangolé Nirvana, à Lygia Pape, com quem fiz parcerias em filmes super-8, e ao Aluísio Carvão, Ivan Serpa… todo esse grupo neoconcreto que está aqui hoje", diz, observando as obras do colega Raimundo Collares, no 3º andar da exposição 30 × Bienal.

Na seleção de Paulo Venancio Filho, um conjunto de três obras do artista estão em exposição, todas explícitas do viés questionador e pulsante que embarca sua narrativa: Corpobra (1970), técnica mista que exibe o corpo nu do artista, O Corpo é a obra (1970), registro fotográfico de uma performance realizada no MAM-RJ, e Repressão outra vez-eis o saldo (1968) um dos destaques da 29ª Bienal de São Paulo.

Vinculada à resistência à ditadura militar no Brasil, Repressão... traz imagens de protesto alternadas a palavras, chamando atenção para a violência produzida pelo momento político no país. A tensão presente nas imagens é reforçada pela combinação de cores que compõem o trabalho: preto e vermelho. Em um dos painéis, que nos remetem a uma página de jornal tingida de rubro, se lê: "eis o saldo: garoto morto, morreu um estudante".

"Em 2013, esse trabalho fica atual por esse clima de violência que está pelo Brasil inteiro. Tem uma linguagem, uma identificação talvez com esse período em que a obra foi criada. Em 1968, eu não poderia imaginar que isso estaria em contexto hoje. Queria que isso fosse superado, na verdade… - comenta Antonio Manuel - Mas uma coisa que permanece é que não podemos suportar tanta corrupção, tanta miséria… Por isso todos esses movimentos de rua, externos, que estamos vendo hoje, são bem-vindos. E que estes políticos sem-vergonha criem vergonha e entreguem seus cargos, declarem-se incompetentes e vão embora!" - completa, com toda sinceridade que lhe é própria. Sabe-se bem da impossibilidade de dissociar o idioleto do artista de suas próprias ideias, e Antonio Manuel é exemplo claro disso.

Fonte: Bienal.org, "Repressão outra vez-eis o saldo", publicado em 7 de outubro de 2013. Consultado pela última vez em 23 de março de 2022.

Crédito fotográfico: Fabio Seixo. O Globo. Consultado pela última vez em 23 de março de 2022.

Antonio Manuel da Silva Oliveira (Avelãs de Caminho, Portugal, 22 de outubro de 1947), mais conhecido como Antonio Manuel, é um escultor, pintor, gravador e desenhista português. Sua arte relaciona-se a um contexto de repressão política e de censura aos meios de comunicação. Um dos grandes acontecimentos envolvendo o artista foi a exposição no MAM do Rio de Janeiro, onde propôs o próprio corpo como obra, tinha como principal finalidade questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. Mesmo sem autorização, exibiu seu próprio corpo nu como forma de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor na época. Antonio também produziu vários filmes curta-metragem, realizou diversas pinturas de caráter abstrato geométrico, nas quais explora as ortogonais e a sugestão de labirinto. Com utilização de várias formas de expressão, sua obra reflete ao público a sensação de inquietude e de constante reflexão sobre o contexto social e político brasileiro. Reconhecido nacional e internacionalmente, ganhando prêmios e medalhas, suas obras já foram expostas em diversas galerias de arte do Brasil e, também, de outros países como Itália, França, Japão e Portugal.

Antonio Manuel

Antonio Manuel da Silva Oliveira (Avelãs de Caminho, Portugal, 22 de outubro de 1947), mais conhecido como Antonio Manuel, é um escultor, pintor, gravador e desenhista português. Sua arte relaciona-se a um contexto de repressão política e de censura aos meios de comunicação. Um dos grandes acontecimentos envolvendo o artista foi a exposição no MAM do Rio de Janeiro, onde propôs o próprio corpo como obra, tinha como principal finalidade questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. Mesmo sem autorização, exibiu seu próprio corpo nu como forma de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor na época. Antonio também produziu vários filmes curta-metragem, realizou diversas pinturas de caráter abstrato geométrico, nas quais explora as ortogonais e a sugestão de labirinto. Com utilização de várias formas de expressão, sua obra reflete ao público a sensação de inquietude e de constante reflexão sobre o contexto social e político brasileiro. Reconhecido nacional e internacionalmente, ganhando prêmios e medalhas, suas obras já foram expostas em diversas galerias de arte do Brasil e, também, de outros países como Itália, França, Japão e Portugal.

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Biografia — Itaú Cultural

Antonio Manuel da Silva Oliveira chega ao Brasil em 1953 e fixa residência com a família no Rio de Janeiro. Em meados da década de 1960, estudou na Escolinha de Arte do Brasil, com Augusto Rodrigues (1913-1993), e frequentou o ateliê de Ivan Serpa (1923-1973).

Nessa época, é também aluno ouvinte da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Inicialmente, utiliza o jornal e sua matriz - o flan - como suporte para seus trabalhos.

Realiza interferências e inventa notícias, nas quais aborda temas políticos e discussões estéticas. Em 1968, na exposição Apocalipopótese, organizada por Hélio Oiticica (1937-1980) e Rogério Duarte, apresenta as Urnas Quentes - caixas de madeira lacradas que deveriam ser arrebentadas pelo público.

Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Posteriormente, produz vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Semi-Ótica (1975).

A partir da década de 1980, realiza pinturas de caráter abstrato-geométrico, nas quais explora as ortogonais e a sugestão de labirinto. Apresenta, em 1994, a primeira versão da instalação Fantasma que, como outras obras do artista, solicita uma reflexão sobre o contexto social e político brasileiro.

Análise

No início da carreira, usa o jornal como suporte de seus trabalhos. Realizando interferências com tinta nanquim, anula algumas notícias ou imagens, acrescenta ou ilumina outras. Passa, em seguida, a utilizar o flan - cartão plastificado em relevo, que é a matriz para a impressão de jornais. Chega a elaborar os próprios flans, inventando as notícias e os jornais impressos são distribuídos nas bancas, como se fossem autênticos.

Criou uma série de jornais abordando temas políticos, como o movimento estudantil de 1968, ou ligados a discussões estéticas e poéticas. Em 1968, na exposição Apocalipopótese, realizada no Aterro do Flamengo, cuja proposta, idealizada por Hélio Oiticica e Rogério Duarte, era ser uma experiência coletiva de arte, Antonio Manuel apresenta as Urnas Quentes - caixas de madeira fechadas e lacradas, que deveriam ser arrebentadas pelo público, para que pudesse ser conhecido seu conteúdo. Nas caixas o artista coloca textos referentes a situações políticas ou estéticas ao lado de imagens relacionadas à violência, recortadas de jornais. Como em outros trabalhos do período, o evento convida à participação do espectador, que passa a ser co-realizador da obra.

Esses trabalhos relacionam-se a um contexto de repressão política e de censura aos meios de comunicação. Em 1970, Antonio Manuel propôs o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderno do Rio de Janeiro (MAM/RJ). A proposta é recusada pelo júri. Na noite da abertura da exposição, o artista apresenta ao público seu corpo nu. Segundo o artista, com O Corpo É a Obra, a ideia é questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. O ato passa a ter o caráter de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor.

Sobre a performance, o crítico Mário Pedrosa escreve que o artista faz "o exercício experimental da liberdade". A partir desse momento, seu interesse centra-se na questão do corpo e seus sentidos. Antonio Manuel realizou vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Arte Hoje (1976). Desde a década de 1980, dedica-se à pintura em acrílico e realiza telas de caráter geométrico-abstrato, em que explora a sugestão de labirinto. Em 1994, apresenta a primeira versão da instalação Fantasma, um espaço repleto de carvões, suspensos por fios de nylon que parecem flutuar no espaço da galeria.

O público é convidado a percorrer o espaço, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. Segundo o artista, a fotografia que integra a exposição é de um personagem real que, ao ter sua imagem divulgada pela imprensa como testemunha de um crime, passa a viver escondido, perdendo sua identidade. Com utilização de várias formas de expressão, a obra de Antonio Manuel traz um caráter de inquietude e de constante reflexão sobre o contexto social e político brasileiro.


Críticas

"(...) Os primeiros e mais conhecidos trabalhos significativos de Antonio Manuel datam de 1966/67 e neles o artista utilizou primeiro a folha de jornal, depois o próprio flan, como suporte de seu trabalho, redesenhando fotos e manchetes (...)

Em 1968 foi um dos integrantes da manifestação denominada Apocalipopótese desenvolvida por Hélio Oiticica, no aterro do Flamengo, apresentando suas Urnas Quentes e, em 1969, foi um dos premiados no Salão da Bússola que, sem o desejar, lançou definitivamente esta geração de contra-artistas. Mas a proposição mais radical de Antonio Manuel foi o seu 'desnudamento' para um público atônito na inauguração do Salão Nacional de arte Moderna, cujo júri, do qual fiz parte, não aceitou como obra(...)

A propósito desse streaking de Antonio Manuel, o crítico Mário Pedrosa, num diálogo com o artista disse: 'A sua atitude transcende o plano da discussão puramente estética em função de uma obra. É a própria vida. Não se discute mais uma obra feita, mas uma ação criadora. É uma arte eminentemente de vanguarda. É um aspecto da revolução cultural, onde se rompem os tabus. O fato de, hoje, você ter feito isso, sacode toda a perspectiva da arte, a discussão estética, a discussão sobre arte. Discute tudo. E com uma autenticidade enorme. O que Antonio Manuel está fazendo é o exercício experimental de liberdade' (...)". — Frederico Morais (MORAIS, Frederico. Antonio Manoel, rompendo tabus. O Globo - Rio de Janeiro 29. 04. 1977. In: ALVARADO, Daisy Valle Machado Peccinini de (coord. ). Objeto na arte: Brasil anos 60. São Paulo: FAAP, 1978).


"Sublimada a carga política e literária, o trabalho volta-se agora para a sua origem - a visualidade, a inteligência intraduzível do olhar. Vejo aí uma lição de sinceridade do artista. Com Mondrian, Klee, Torres Garcia e Volpi, entre outros, ele retoma as linguagens que afinal possibilitaram a sua. E no perímetro limitado e tradicional do quadro, A. Manuel estaria obrigado a construir outras espécies de ´Urnas-quentes´: propiciar a experiência do ocultamento e do desocultamento, do segredo e da liberação. De um modo mais íntimo, é claro, as novas telas propõem um jogo desse gênero: violar a interioridade para reencontrar um espaço aberto que reúna e atravesse a todos. E isto transmitindo a sensação dos obstáculos e barreiras que se interpõem entre nós e esse sonhado espaço. Os esquemas de Mondrian vão ser, portanto, literalmente vulgarizados. Destituídos de intenções metafísicas, apontam para as contraditórias relações de uma metrópole caótica. Contudo, exprimem ainda a ânsia de achar ordem e sentido por trás daquilo que só se vê como miséria e desordem - por exemplo, a favela e sua rede inextricável de relações. (...)" — Ronaldo Brito (ANTONIO Manuel. Textos de Antonio Manuel et al. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1984. (Arte brasileira contemporânea).


"Desafiador e inquieto, Antonio Manuel investiu sempre uma carga constante de agressividade em seus trabalhos. Não foi único, no entanto, foi dos poucos a dimensionar essa situação de desconforto diante do medo. Esse desafio foi núcleo do seu trabalho. Reagia ao contexto provocando-o. Mas como não era estritamente uma atitude reativa e sim constitutiva, o traço da agressividade permaneceu como uma manifestação de inquietude e insatisfação. Como certos provocadores trazia na provocação uma dimensão do afeto, embora avessa a sentimentos e boas intenções, mostrava certos impasses da revolta, o conflito em se auto-infligir, desnudar-se no Museu, expor a opressão exibindo o oprimido, conflito que se por uma lado era ético permaneceu como um traço latente em sua pintura.

(...) o elemento inicial em Antonio não são as linhas, as cores, é o espaço; mas o espaço está concentrado na célula, não célula biológica, mas célula geométrica com a dinâmica imprevisível do social. Ela prolifera, invade o espaço. (...) O percurso da pintura de Antonio é uma história sintética e evocativa da memória e da atualidade do espaço que vivemos.

Suas telas atuais sugerem a ultrapassagem de um ponto de saturação, onde tudo se consumiu e é preciso recomeçar. Então o trabalho se volta sobre si mesmo e sobre o artista, situação que Antonio chama de 'realismo', isto é, o trabalho se transforma numa nova realidade, exige uma nova realidade. Então o trabalho retorna ao seu começo para novamente se transformar". — Paulo Venancio Filho (VENANCIO FILHO, Paulo. In: Sombras e Cintilações. São Paulo: Gabinete de Arte Raquel Arnaud, 1990).


"O artista é aquele que nunca perde o contato com a natureza. Os outros costumam perder, mas o artista é aquele que não perde o contato mesmo num outro plano, dentro das máquinas. Ele vê as coisas numa relação direta - ele e o mundo. Ele e a realidade. Ele e a natureza.

E, sem dúvida, o Antonio Manuel com isso levou adiante todo o processo da arte de despojamento - arte tipicamente antiacadêmica - e desmanchou inclusive o mito de fazer arte sem obra. (...)

O que o Antonio Manuel está fazendo é o exercício experimental de liberdade. Ele não está querendo dominar os outros. Está apenas propondo a autenticidade total, que é sempre criativa. (...)

A época moderna é uma época à procura exatamente da autenticidade final das coisas, das atitudes. Para romper com a mistificação da sociedade de consumo de massa, e mesmo da cultura de massa, o que há é a revolução cultural. A cultura de massa existe fundada em um folclore do urbano. É a mídia, que no fundo diz que ninguém existe individualmente. E esta mídia, que tem um poder de comunicação extraordinário, não é autêntica. Ela é um intermediário, uma mediação. Ela se imagina autêntica em função de uma aceitação do imediato, do cotidiano massificado.

Então, a arte é a única maneira de romper com esse tabu, para pôr os problemas na sua autenticidade final. Um ato como o do Antonio Manuel, que é um ato em si, é que é um legítimo comunicador, já que a comunicação autêntica não se faz através da mídia. Não é a mídia que se comunica com os outros, é o fato em si - a unidade fundamental irredutível do homem - que se comunica com o outro. (...)

A arte é a única coisa que é contra a entropia do mundo". — Mário Pedrosa (PEDROSA, Mário. Trechos de depoimento sobre O Corpo é a Obra, maio de 1970. In: MANUEL, Antonio. Antonio Manuel. Rio de Janeiro: Centro de Arte Hélio Oiticica, 1997).


Exposições Individuais

1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Goeldi

1973 - Rio de Janeiro RJ - De 0 às 24 Horas, nas bancas de jornais, trabalho editado em suplemento de O Jornal

1975 - Rio de Janeiro RJ - Isso É que É, na Petite Galerie

1976 - São Paulo SP - Isso É que É, na Galeria Arte Global

1980 - Rio de Janeiro RJ - Frutos do Espaço, no Espaço Arte Brasileira Contemporânea, no Parque da Catacumba

1983 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Manuel: pinturas, na Galeria GB Arte

1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Saramenha

1986 - São Paulo SP - Individual, na Gabinete de Arte

1986 - São Paulo SP - Quadro a Quadro, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

1986 - Rio de Janeiro RJ - Tudo isso Existe, na Petite Galerie

1988 - Rio de Janeiro RJ - Por Tudo, na Galeria Montesanti

1990 - São Paulo SP - Sombras e Cintilações, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

1993 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Manuel: pinturas, na Galeria Goudard

1997 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Centro de Arte Hélio Oiticica

1998 - Vitória ES - Antonio Manuel: pinturas e desenhos, na Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes

1998 - Niterói RJ - Antonio Manuel, no MAC/Niterói

1999 - Paris (França) - Fantasma - instalação, na Galerie Nationale du Jeu de Paume

1999 - São Paulo SP - Individual, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2000 - Porto (Portugal) - Individual, na Fundação de Serralves

2001 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na H.A.P Galeria

2002 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Manuel, no Museu da Chácara do Céu

2002 - São Paulo SP - Antonio Manuel, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2003 - São Paulo SP - Antonio Manuel, no CCSP


Exposições Coletivas

1965 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Adolescentes

1966 - Curitiba PR - 23º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná - prêmio de desenho

1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna

1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas

1967 - Brasília DF - 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, no Teatro Nacional de Brasília

1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea - grande medalha de prata

1967 - Petrópolis RJ - 1º Salão Nacional de Pintura Jovem, no Hotel Quitandinha

1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna

1967 - Rio de Janeiro RJ - Nova Objetividade Brasileira, no MAM/RJ

1967 - Rio de Janeiro RJ - Tropicália, no MAM/RJ

1967 - São Paulo SP - 9º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - prêmio aquisição

1968 - Campinas SP - 4º Salão de Arte Contemporânea, no MAC/Campinas - prêmio de desenho

1968 - Curitiba PR - 25º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná - prêmio de gravura

1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna

1968 - Rio de Janeiro RJ - Apocalipopótese, no Pavilhão Japonês

1968 - Rio de Janeiro RJ - Arte no Aterro: um mês de arte pública, no Aterro do Flamengo e Pavilhão Japonês.

1968 - Rio de Janeiro RJ - O Artista Brasileiro e a Iconografia de Massa, na Esdi

1968 - Salvador BA - 2ª Bienal Nacional de Artes Plásticas

1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ - prêmio aquisição

1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1971 - Tóquio (Japão) - International Biennial Exhibition of Prints

1971 - Kyoto (Japão) - International Biennial Exhibition of Prints

1973 - São Paulo SP - Expo-Projeção 73, no Espaço Grife

1975 - Rio de Janeiro RJ - Mostra de Arte Experimental de Filmes Super-8, Audiovisual e Videotape, na Galeria Maison de France

1976 - Veneza (Itália) - 38º Bienal de Veneza - Setor Atualidade Internacional

1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap

1979 - Lisboa (Portugal) - Lis´79: Lisbon International Show

1980 - Milão (Itália) - Quasi Cinema, no Centro Internazionale di Brera

1980 - Rio de Janeiro RJ - Frutos do Espaço, no Espaço ABC

1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1981 - Curitiba PR - Antonio Manuel, Reinaldo Jardim e Rettamazzo, no Solar do Rosário

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1983 - Rio de Janeiro RJ - A Flor da Pele: pintura e prazer, no Centro Empresarial Rio

1983 - Rio de Janeiro RJ - Instalação, no Parque da Catacumba

1984 - Niterói RJ - Arte Brasileira Atual, na UFF

1984 - Rio de Janeiro RJ - Intervenções no Espaço Urbano, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet

1985 - Rio de Janeiro RJ - Encontros, na Petite Galerie

1986 - Rio de Janeiro RJ - Depoimento de uma Geração: 1969-1970, na Galeria de Arte Banerj

1986 - São Paulo SP - Coletiva, no Gabinete de Arte

1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1988 - Ribeirão Preto SP - Arte Hoje 88, na Casa da Cultural - artista convidado

1988 - Rio de Janeiro RJ - O Eterno é Efêmero, na Petite Galerie

1989 - Rio de Janeiro RJ - Gravura Brasileira: 4 temas, na EAV/Parque Lage

1989 - Rio de Janeiro RJ - Rio Hoje, no MAM/RJ

1990 - São Paulo SP - Figurativismo/Abstracionismo. O Vermelho na Pintura Brasileira, no Itaú Cultural

1991 - Lisboa (Portugal) - Coletiva, na Secretaria de Cultura de Lisboa

1991 - Rio de Janeiro RJ - Imagem sobre Imagem, no Espaço Cultural Sérgio Porto

1991 - Rio de Janeiro RJ - Mário Pedrosa, Arte Revolução, Reflexão, no CCBB

1992 - Porto Alegre RS - Mário Pedrosa, Arte, Revolução e Reflexão, no Centro Municipal de Cultura

1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial

1992 - Rio de Janeiro RJ - Coca-Coca 50 Anos com Arte, no MAM/RJ

1992 - São Paulo SP - Coca-Coca 50 Anos com Arte, no MAM/SP

1992 - São Paulo SP - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - Brasília DF - Um Olhar sobre Joseph Beuys, no MAB/DF

1993 - Florença (Itália) - Brasil: Segni d'Art, na Biblioteca Nationale Centrale di Firenze

1993 - Milão (Itália) - Brasil: Segni d'Arte, na Biblioteca Nazionale Braidense

1993 - Rio de Janeiro RJ - Arte Erótica, no MAM/RJ

1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1993 - Veneza, Milão, Florença e Roma (Itália) - Brasil, Segni d'Arte, na Querini Stanpalia, na Biblioteca Braidense, na Biblioteca Nationale e no Centro de Estudos Brasileiros

1994 - Belo Horizonte MG - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70

1994 - Penápolis SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, na Galeria Itaú Cultural

1994 - Rio de Janeiro RJ - Instalação, Fantasma, na Galeria do Ibeu - premiado

1994 - Rio de Janeiro RJ - LivroObjeto: a fronteira dos vazios, no CCBB

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ

1994 - Rio de Janeiro RJ - Trincheiras: arte e política no Brasil, no MAM/RJ

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1994 - São Paulo SP - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, no Itaú Cultural

1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi

1995 - Erfurt (Alemanha) - Configura 2 - Dialog der Kulturen, na Gallery Fischmark

1995 - Rio de Janeiro RJ - A Arma Fálica, no Rio Arte

1995 - São Paulo SP - Livro-Objeto: a fronteira dos vazios, no MAM/SP

1996 - Brasília DF - O Efêmero na Arte Brasileira: anos 60/70, no Itaú Galeria

1996 - Niterói RJ - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini, no MAC/Niterói

1997 - Nova York (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no El Museo del Barrio

1997 - Little Rock (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Arkansas Art Center

1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul

1998 - Austin (Estados Unidos), Caracas (Venezuela) e Monterrey (México) - Re-Aligning: alternative currents in South American drawing, na Archer M. Huntington Art Gallery, Museo de Bellas Artes e no Museo de Arte Contemporáneo

1998 - Niterói RJ - Ocupações Descobrimentos, no MAC/Niterói

1998 - Rio de Janeiro RJ - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1998 - Rio de Janeiro RJ - Trinta Anos de 68, no CCBB

1998 - São Paulo SP - 24ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1998 - São Paulo SP - Formas Transitivas: arte brasileira, construção e invenção 1970/1998, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural

1998 - São Paulo SP - Múltiplos, na Valu Oria Galeria de Arte

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1998 - São Paulo SP - Teoria dos Valores, no MAM/SP

1999 - Miami (Estados Unidos) - Re-Aligning Visions: alternative currents in South American drawing, no Miami Art Museum

1999 - Nova York (Estados Unidos) - Global Conceptualism: points of origins 1950s-1980s, no The Queens Museum of Art

1999 - Nova York - Global Conceptualism: point of origin 1950-80, no Queens Museum of Art

1999 - Minneapolis - Global Conceptualism: point of origin 1950-80, no Walker Art Center

1999 - Miami (Estados Unidos) - Global Conceptualism: point of origin 1950-80, no Miami Art Museum

1999 - Rio de Janeiro RJ - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no MAM/RJ

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo - Beba Mona Lisa, no Itaú Cultural

1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Objeto - Anos 60/90, no Itaú Cultural

2000 - Madri (Espanha) - Versiones del Sur: Cinco Propuestas en Torno a la Arte en América, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía

2000 - Niterói RJ - Pinturas na Coleção João Sattamini, no Museu de Arte Contemporânea

2000 - Rio de Janeiro RJ - Jornal Aberto, no Museu do Telephone

2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira anos 70, na Fundação Casa França-Brasil

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Contemporânea, na Fundação Bienal

2000 - São Paulo SP - Leituras Construtivas, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2001 - Campinas SP - (quase) Efêmera Arte, no Itaú Cultural

2001 - Nova York (Estados Unidos) - Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum

2001 - Oxford (Reino Unido) - Experiment Experiência: art in Brazil 1958-2000, no Museum of Modern Art

2001 - Rio de Janeiro RJ - A Trajetória: o experimento do artista, a trajetória e o processo, na Funarte

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2001 - Rio de Janeiro RJ - O Espírito de Nossa Época, no MAM/RJ

2001 - São Paulo SP - Anos 70: Trajetórias, no Itaú Cultural

2001 - São Paulo SP - O Espírito de Nossa Época, no MAM/SP

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no CCBB

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Imagem e a Palavra: módulo 2, na Sala MAM-Cittá América

2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

2002 - São Paulo SP - A Forma e a Imagem Técnica na Arte do Rio de Janeiro: 1950-1975, no Paço das Artes

2002 - São Paulo SP - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Instituto Tomie Ohtake

2003 - Brasília DF - Artefoto, no CCBB

2003 - Campos dos Goytacazes RJ - Poema Planar-Espacial, no Sesc

2003 - Madri (Espanha) - Arco/2003, no Parque Ferial Juan Carlos I

2003 - Nova Friburgo RJ - Poema Planar-Espacial, na Galeria Sesc Nova Friburgo

2003 - Rio de Janeiro RJ - Bandeiras do Brasil, no Museu da República

2003 - São Paulo SP - A Subversão dos Meios, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - Arco 2003, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

2004 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: uma história em aberto, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, na Léo Bahia Arte Contemporânea Manuel

Fonte: ANTONIO Manuel. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 22 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia — Wikipédia

Desembarcou no Brasil em 1953 e radicou-se com a família no Rio de Janeiro. Em meados da década de 1960, estuda na Escolinha de Arte do Brasil (EAB), com Augusto Rodrigues (1913-1993), e frequenta o ateliê de Ivan Serpa (1923-1973).

Na mesma época, é também aluno ouvinte da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). No início, utilizava o jornal e sua matriz — o flan — como suporte para seus trabalhos. Realiza interferências e inventa notícias, nas quais aborda temas políticos e discussões estéticas.

Em 1968, na exposição Apocalipopótese, organizada por Hélio Oiticica (1937-1980) e Rogério Duarte (1939), apresenta as Urnas Quentes — caixas de madeira lacradas que deveriam ser arrebentadas pelo público.

Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). Posteriormente, produz vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Semi-Ótica (1975).

A partir da década de 1980, realiza pinturas de caráter abstrato-geométrico, nas quais explora as ortogonais e a sugestão de labirinto.

Em 1994, apresenta a primeira versão da instalação Fantasma que, como outras obras do artista, solicita uma reflexão sobre o contexto social e político brasileiro. A instalação “Fantasma” é composta por dezenas de pedaços de carvão, suspensos por fios de nylon, que parecem flutuar no espaço.

O público é convidado a percorrer a instalação, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. No meio da instalação, há a fotografia de uma testemunha da chacina na favela de Vigário Geral (1993), encapuzada e cercada por microfones da imprensa. Lanternas iluminam a imagem.

Apresentada inicialmente em 1994, na Galeria de Arte IBEU, no Rio de Janeiro, e depois mostrada na 24ª Bienal de São Paulo, no museu Jeu de Paume, em Paris, no Museu Serralves, em Portugal, e no museu Guggenheim, em Nova York, a obra foi adquirida pela MAM Rio em 2001, a partir do Programa Petrobras Artes Visuais.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 22 de março de 2022.

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Antonio Manuel: ‘Foi como se me mutilassem’

RIO — Era como se o tempo estivesse fechando. Tudo escureceu, o clima ficou denso. Eu tinha 16 anos, estava buscando uma direção para meu trabalho. Ouvi pelo rádio quando anunciaram que havia ocorrido um golpe militar. Lembro-me do zunzum, os vizinhos conversando em voz baixa, as rádios noticiando o golpe. Era uma espécie de feriado fascista.

Nessa época, eu fazia obras sobre papéis diversos e trabalhava numa agência de publicidade. Foi lá que tive uma maior consciência política, convivendo com colegas desenhistas, redatores que auxiliavam o jornal do Partido Comunista, intelectuais de esquerda e pensadores.

Em 1966, ganhei meu primeiro prêmio, no Salão Paranaense de Belas Artes, com o trabalho “Domínio”, realizado sobre jornal. Minha obra já era política, de contestação ao poder religioso. O trabalho mostrava uma multidão de pessoas de boca aberta, ansiosas por milagres prometidos, enquanto padres rezavam a missa. A multidão carregava a bandeira do Brasil, como uma narrativa inconformista. Em 1967, os trabalhos ficaram mais politizados, mas foi em 1968 que senti de forma mais clara o impacto da violência da ditadura.

Naquele ano, fui selecionado para a 2º Bienal da Bahia. Até ali só existiam as bienais de São Paulo, Paris e Veneza. Eu mostraria um painel de quatro metros, com diversas imagens de jornais impressos em silk screen sobre um fundo vermelho, que tratava da violência de rua entre policiais e estudantes. No dia da inauguração, a Bienal da Bahia foi fechada pelo Exército, e o painel desapareceu. Até hoje, nunca me foi devolvido. Nesse painel estava escrito, entre outras coisas, “Repressão outra vez”. Na inauguração da bienal, o clima já era estranho, pessoas falando ao pé do ouvido e a sensação intensa de que algo iria acontecer. De repente, foram fechando as portas e fomos empurrados para o pátio do Convento da Lapa, em Salvador, onde ocorreria a bienal, e soubemos que, sim, algo acontecia: ela fora invadida pelo Exército e, em seguida, fechada.

No pátio, artistas, críticos e o público discutíamos o que fazer. Alguns sugeriam que as obras fossem cobertas com uma tarja preta, outros queriam retirar. Eu estava lá, inconformado, quando alguém me disse que tinham retirado meu trabalho da parede, assim como as obras de Teresa Simões e Antônio Lima Dias. Foi uma sensação de vazio, de impotência. Aliás, não me lembro de outra ocasião em que tenha sentido medo como naquela bienal. Naquele mesmo dia vi no “Jornal da Bahia” a manchete “Arsenal apreendido em aparelho político” e, ao lado, a foto da serigrafia do Che Guevara, que eu havia realizado tempos antes, na parede do apartamento.

A situação para mim ficou perigosa, não só pelo fechamento da bienal, mas também pela notícia do jornal. Wanda Pimentel, artista e amiga, me levou até a rodoviária. Com medo de ser denunciado ou preso no ônibus, ou que desaparecessem comigo no trajeto até o Rio, escrevi em um papel nome, telefone e endereço e um relato da situação na qual viajava, e guardei o depoimento dentro de uma caixa de fósforos. Fiz todo o trajeto de volta acordado e segurando a caixa porque, caso acontecesse algo, eu a largaria discretamente no chão, na esperança de que alguém a encontrasse.

Jornalista escondeu obra

Em 1969, fui convidado para participar da pré-Bienal de Paris, mostra no MAM que serviria para selecionar as obras dos artistas que iriam a Paris. Infelizmente, a exposição não chegou sequer a ser inaugurada. Na montagem, o general Montana foi ao MAM com vários militares armados. Meus trabalhos eram panos pretos que cobriam painéis vermelhos com imagens de violência de rua. O espectador puxava uma corda, levantava o pano e revelava a imagem da violência. Cinco painéis como esses foram selecionados, mas infelizmente não puderam viajar, pois a mostra foi brutalmente invadida e fechada pelo Exército.

A jornalista Niomar Muniz Sodré, que eu não conhecia pessoalmente, telefonou-me pedindo que fosse encontrá-la no “Correio da Manhã”. Contou que, ao saber do caso, pediu aos funcionários do MAM que escondessem as obras. Eu estava sentado no sofá quando ela me disse: “Olhe, seus trabalhos estão atrás de você”. A obra estava sendo procurada, e Niomar a tinha escondido em sua sala de trabalho.

Então, o crítico Mario Pedrosa, que era jurado da pré-seleção, organizou um grande boicote à Bienal de São Paulo, para demonstrar a situação de exceção que vivia o país. Pedrosa depois foi perseguido e exilado no consulado do Chile, por divulgar notícias da repressão no Brasil.

Sempre me recordo desse dia no MAM com muita tristeza. Foi como se me mutilassem. Uma obra de arte é parte da alma e do espírito do artista, uma extensão de seu pensamento, e é como se tivessem arrancado isso de mim de forma brutal. Não há palavras para descrever tamanha violência.

*Em depoimento a Audrey Furlaneto.

Fonte: O Globo, "Antonio Manuel: ‘Foi como se me mutilassem", publicado em 23 de março de 2014.

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Repressão outra vez-eis o saldo – Bienal.Org

Em 1973, Antonio Manuel alterou as manchetes de uma série de jornais O Dia e os recolocou para distribuição e venda no Rio de Janeiro. Não seria a primeira vez que o público brasileiro seria impactado pela ousadia do artista.

Em 1973, o artista Antonio Manuel alterou as manchetes, notícias e fotos de uma série de jornais O Dia e os recolocou para distribuição e venda no Rio de Janeiro. Não seria a primeira vez que o público brasileiro seria impactado pela ousadia do artista, cuja produção esteve muito próxima a às tendências concretas e neoconcretas, protagonizada e reconhecida por nomes como Augusto de Campos e Décio Pignatari: "Fui uma pessoa muito próxima ao Hélio Oiticica, com quem fiz o parangolé Nirvana, à Lygia Pape, com quem fiz parcerias em filmes super-8, e ao Aluísio Carvão, Ivan Serpa… todo esse grupo neoconcreto que está aqui hoje", diz, observando as obras do colega Raimundo Collares, no 3º andar da exposição 30 × Bienal.

Na seleção de Paulo Venancio Filho, um conjunto de três obras do artista estão em exposição, todas explícitas do viés questionador e pulsante que embarca sua narrativa: Corpobra (1970), técnica mista que exibe o corpo nu do artista, O Corpo é a obra (1970), registro fotográfico de uma performance realizada no MAM-RJ, e Repressão outra vez-eis o saldo (1968) um dos destaques da 29ª Bienal de São Paulo.

Vinculada à resistência à ditadura militar no Brasil, Repressão... traz imagens de protesto alternadas a palavras, chamando atenção para a violência produzida pelo momento político no país. A tensão presente nas imagens é reforçada pela combinação de cores que compõem o trabalho: preto e vermelho. Em um dos painéis, que nos remetem a uma página de jornal tingida de rubro, se lê: "eis o saldo: garoto morto, morreu um estudante".

"Em 2013, esse trabalho fica atual por esse clima de violência que está pelo Brasil inteiro. Tem uma linguagem, uma identificação talvez com esse período em que a obra foi criada. Em 1968, eu não poderia imaginar que isso estaria em contexto hoje. Queria que isso fosse superado, na verdade… - comenta Antonio Manuel - Mas uma coisa que permanece é que não podemos suportar tanta corrupção, tanta miséria… Por isso todos esses movimentos de rua, externos, que estamos vendo hoje, são bem-vindos. E que estes políticos sem-vergonha criem vergonha e entreguem seus cargos, declarem-se incompetentes e vão embora!" - completa, com toda sinceridade que lhe é própria. Sabe-se bem da impossibilidade de dissociar o idioleto do artista de suas próprias ideias, e Antonio Manuel é exemplo claro disso.

Fonte: Bienal.org, "Repressão outra vez-eis o saldo", publicado em 7 de outubro de 2013. Consultado pela última vez em 23 de março de 2022.

Crédito fotográfico: Fabio Seixo. O Globo. Consultado pela última vez em 23 de março de 2022.

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