Maria Teresa Vieira da Silva Branquinho (Maceió, Alagoas, 30 de outubro de 1932 — Rio de Janeiro, RJ, 1998), mais conhecida como Maria Teresa Vieira, foi uma pintora e desenhista brasileira. Aos 16 anos, iniciou seus estudos de pintura com Miguel Torres e Lourenço Peixoto e, em 1949, realizou sua primeira exposição individual, o que lhe rendeu uma bolsa de estudos para a Escola Nacional de Belas Artes (Enba) no Rio de Janeiro. Lá, estudou com mestres como Henrique Cavalleiro, Edson Motta, e Georgina de Albuquerque. Destacou-se por suas paisagens e representações do cotidiano, o que lhe rendeu ao longo da vida premiações no Salão Nacional de Arte Moderna, destacando-se também por transformar o sobrado doado pela Prefeitura do Rio em um centro cultural e ateliê, que serviu como espaço para ensinar e promover as artes. Maria Tereza foi reconhecida por sua contribuição artística e cultural, tendo participado de diversas edições do Salão Nacional de Arte Moderna e de exposições importantes, como a Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais. Sua dedicação à arte e ao ensino marcou o cenário cultural carioca, especialmente por sua atuação no bairro de Santa Teresa, onde viveu e produziu muitas de suas obras.
Maria Tereza Vieira | Arremate Arte
Maria Tereza Vieira da Silva (nascida em 1932, Maceió, Alagoas) é uma artista brasileira que se destacou como pintora e desenhista. Ela iniciou seus estudos de pintura aos 16 anos, primeiramente com Miguel Torres e depois com Lourenço Peixoto, e em 1949 realizou sua primeira exposição individual na Câmara Municipal de Maceió, recebendo uma bolsa para estudar no Rio de Janeiro. Em 1950, mudou-se para a capital fluminense e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde teve aulas com mestres como Henrique Cavalleiro, Edson Motta, e Georgina de Albuquerque. Durante os anos 1960, Maria Tereza retratou o bairro de Santa Teresa, onde residia, destacando-se por paisagens que representavam o cotidiano carioca.
Ao longo de sua carreira, Maria Tereza Vieira participou de várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna e foi premiada, em 1965, com o Prêmio Viagem ao País. Ela também esteve envolvida na formação de jovens artistas, incluindo sua sobrinha, Maria Amélia Vieira. Em reconhecimento à sua contribuição artística e cultural, a Prefeitura do Rio de Janeiro doou um sobrado para a artista, que transformou o espaço em um centro de arte, ateliê e residência. Esse local, situado na Rua da Carioca, tornou-se um importante ponto de referência para as artes na cidade.
Maria Tereza também participou de diversas exposições ao longo das décadas, incluindo a Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais (1954) e várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna nos anos 1960 e 1970. Após sua morte, em 1998, seu trabalho continuou a ser valorizado, com suas obras sendo exibidas em exposições póstumas como Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real em 2006. Seu legado inclui não apenas suas obras, mas também sua influência como educadora, sempre incentivando a liberdade criativa e o desenvolvimento pessoal através da arte no Centro de Arte Maria Teresa Vieira.
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Maria Tereza Vieira | Itaú Cultural
Maria Tereza Vieira da Silva (Maceió AL 1932). Pintora, desenhista. Inicia aos 16 anos estudos de pintura com Miguel Torres (1904 - 1977) e, em seguida, com Lourenço Peixoto (1897 - 1984). Em 1949, realiza exposição individual na Câmara Municipal de Maceió, ocasião em que ganha bolsa de estudos no Rio de Janeiro. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1950 e ingressa na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesta cidade, é aluna de Henrique Cavalleiro (1892 - 1975), Edson Motta (1910 - 1981) e Georgina de Albuquerque (1885 - 1962). Em 1965, recebe Prêmio Viagem ao País do 14º Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM. Dá aula de pintura para sua sobrinha, Maria Amélia Vieira (1955). Pinta diversas paisagens e, nos anos 1960, retrata o bairro carioca de Santa Tereza, onde reside. A prefeitura do Rio de Janeiro lhe doa um sobrado, na rua da Carioca, que torna-se centro educacional, ateliê e residência da artista.
Exposições
1954 - Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais
1968 - 17º Salão Nacional de Arte Moderna
1969 - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1997 - Poemas Visitados
Exposições Póstumas
07.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
08.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
10.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
Fonte: MARIA Tereza Vieira. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 07 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Maria Tereza Vieira sobre ela mesma
Passei minha vida dos 16 aos 50 anos que hoje completo numa constante e única meta. A arte foi para mim o ponto seguro que me ajudou, que assistiu a tudo que comigo aconteceu, em todos os momentos, os mais alegres e os mais tristes, foi na pintura que encontrei as respostas. Minha pintura foi a ponte para encontrar meus melhores amigos e as vezes afastá-los também.
Muitas vezes penso em algo que possa ter acontecido comigo sem responsabilizar minha carreira. A pintura, porém, foi a iniciadora de todos os contatos que até agora fiz ou que fizeram comigo, não encontrando absolutamente nada que tenha conquistado, ganho ou perdido fora dela. É com ela que me encontro com o povo, com os poetas, com as crianças e com os menos jovens.
Tanto nos momentos de euforia, como nos mais sofridos, olho para os lados e me envolvo nos meus pincéis e no meu material de trabalho.
Estou aprendendo agora outra profissão, ou melhor, ampliando minhas atividades plásticas. Estou também escrevendo, vivendo, plantando, esculpindo, ensinando, estou amando. E não é tudo isto a vida?
Em 1948 eu tinha 16 anos quando senti que expor meus trabalhos era um ato de amor para o povo. Acreditava nisto e acredito ainda hoje. Toda vez que exponho, relaciono textos críticos, amigos e poetas que falaram sobre meu trabalho.
Lembro-me da frase de um pescador. “Quem... Quem foi o macho que fez isso? "Também não esqueço Portinari quando me falou: “Quero ver este mesmo desenho quando estiver com 50 anos”. O amigo Edson Motta encorajou-me dizendo “Ela não muda constantemente na arte como se fosse roupas novas”. Sou grata a Sérgio Bernardes. O digno e terno amigo Carlos Drummond de Andrade apoiando-me sempre. Geni Marcondes foi um incentivo inesquecível, Rubem Braga, este ajudou-me muito. Não posso esquecer de Joel Silveira. Lembro-me de Goeldi que era severíssimo comigo e nos amávamos tanto. José Roberto Teixeira Leite fortificou-me com seus comentários. Faiga Ostrower, minha bússola, minha amiga.
Quantas vezes um museu mandava fazer cópias, por que ninguém pode botar um original em todos os museus! O estudante ia preparar uma cópia para botar no lugar de um grande mestre, fazia parte do exercício do artista de ontem. Portinari não fazia cópia. Fazia re-leitura.
“És um riacho que as grandes enchentes não mudam o rumo”.
No salão de Arte Moderna, ganhei Isenção de Júri em 1963 e em 1965 Prêmio de Viagem ao Brasil. Porém, deixei de viajar ao exterior porque acreditei nas leis brasileiras. E o que hoje lhes ofereço é o resultado de mim mesma e acredito que a forma mais justa que consegui para atuar na vida foi a minha arte. Minha alegria em evoluir dentro do meu velho hábito me fez saber que a verdade de cada um é a única maneira nova de se realizar.
Como operária sigo minha meta procurando o que o meu coração pede e o que minha razão endossa.
Fonte: Conteúdo extraído de publicação do Centro de Arte Maria Tereza Vieira, texto de Maria Teresa Vieira. Publicado em 30 de Outubro de 1982. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Sinais de fumaça... O retorno de Maria Teresa Vieira, por Domingo Gonzales
"Conheci Maria Teresa Vieira bem de perto. Eu ouvia, via, mais do que falava. E Teresa pintava com palavras e pinceis um imaginário expressionista - eterna viagem nas cores, nas tintas, nos traços e nas explicações para futuros artistas plásticos, ou amantes da arte expressiva nos abismos espaciais.
A inteligência pictórica de Teresa não tinha fronteiras. Sensível. Repudiava molduras.
- "A paisagem continua além do papel e da tela" - disse com serenidade envolvente. Fiquei de boca aberta, perdido no espanto.
Madrugou um dia para atirar uma lata de Tinta Vermelha sobre o toco de uma árvore que foi cruelmente cortada, na rua onde está situada a Oficina de Arte Maria Teresa Vieira, perto da praça Tiradentes. E admitiu quando eu menos esperava:
- "Domingo, às vezes, eu.penso que sou tinta!"
Thiers Martins Moreira, Rosita Martins Moreira e Carlos Drummond de Andrade sabiam da obstinação dessa artista incansável. Madrugava pintando, guimba de cigarro esquecida nos lábios.
Foi uma menina que muito cedo viu-se envolvida pelos pigmentos e não largou mais o desejo de crescer para além deles, indo até às pessoas, com sua forma apaixonada de ser.
Agora, após a longa despedida, os herdeiros, amigos e admiradores pretendem reapresentar o acervo e as inquietudes de Teresa, no sobrado que ela tanto amou e ajudou a reconstruir. Fica bem perto do centro cultural Hélio Oiticica, outro gigante criativo.
Um ex-ministro da República dá apoio, artistas se emocionam no abraço realizado ao redor da Oficina, com a qual ela tanto sonhou. Deixou um livro de memórias para debater arte-educação, o existencialismo da Arte, a trajetória saindo de Maceió (Alagoas) até o Rio de Janeiro, com apenas 18 anos de idade para estudar artes plásticas. Que assim seja, Teresa. Bom retorno!"
Fonte: Publicação do Centro de Arte Maria Tereza Vieira. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024., texto de Domingo Gonzales. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Maria Tereza Vieira | ArtFacts
Maria Tereza Vieira é uma artista brasileira nascida em (BR). A primeira exposição verificada de Maria Tereza Vieira foi Arte Moderna em Contexto - Coleção ABN AMRO Real no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, RJ em 2006, e a exposição mais recente foi "Was ist Plastik? 100 Jahre - 100 Köpfe- Das Jahrhundert moderner Skulptur" no Museu Lehmbruck em Duisburg em 2006. Maria Tereza Vieira é mais frequentemente exibida na Alemanha, mas também teve exposições no Brasil. Vieira não tem pelo menos nenhuma exposição individual, mas duas coletivas (para mais informações, veja biografia). Uma exposição notável foi Arte Moderna em Contexto - Coleção ABN AMRO Real no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, RJ em 2006. Outra exposição notável foi no Museu Lehmbruck em Duisburg. Maria Tereza Vieira foi exposta com Joachim Bandau e Mechthild Frisch. A melhor classificação de Vieira foi em 2007, com a mudança mais dramática em 2017.
Fonte: ArtFacts. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Texto de Maria Tereza Vieira | Centro de Artes Maria Tereza Vieira
Há 91 anos, em 30 de outubro nasceu a artista visual e arte-educadora Maria Teresa Vieira (1932-1998) em Maceió/Alagoas.
"A vida existia.
Você nasce, abre os olhos e se encontra em algum lugar. Eu fui nascer em Maceió, no ano de 1932."
"Eu tinha grande interesse no desenho, no lápis e na pintura. Acredito que comecei a trabalhar com 7 ou 8 anos de idade. Fazia experiências de misturar barro com goma arábica (resina de plantas em banho-maria). Eu juntava ovo com terra. No fundo estava fazendo têmpera a ovo."
"Dos 8 aos 14 anos foi uma fase de grandes sacrifícios. Eu tinha uma vida eucarística cotidiana, pela convicção de achar que Deus estava ali."
"Aos 14 anos, a religião católica, as figuras de Gandhi, Nitzche, Marx e Paulo de Tarso predominavam no meu espírito."
"Quando completei 16 anos, fui filha de Maria e comecei a busca da Arte. Exercitava o ato religioso.
A época que acreditava em Deus foi tão verdadeira, quanto a época que não mais acredito."
"Eu e minha irmã Ana íamos visitar o Santíssimo nas horas em que Ele estava sozinho. Nós fazíamos adoração a Jesus. Não podíamos dizer palavrão, beijar namorado depois das 22 h. Não comíamos nada após a meia-noite porque íamos comungar no dia seguinte.
Não foi a toa que passei doze anos fazendo psicanálise."
"Pensei em ir para um convento. Cheguei a ser noviça. Mas, não poderia dançar, nem desenhar ou fazer teatro. Desisti. Não quis ser mais freira. Fui Filha de Maria e da Ação Católica. Resolvi me preparar para ser artista plástica."
"Em 1948 eu tinha 16 anos quando senti que expor meus trabalhos era um ato de amor para o povo. Acreditava e acredito até hoje."
Fonte: Texto de Maria Tereza Vieira, publicado em Centro de Artes Maria Tereza Vieira. Consultado pela última em 7 de outubro de 2024.
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Centro de Arte Maria Teresa Vieira | Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro
Conhecida pela dedicação em prol das artes e pelos inusitados métodos de ensino, a artista plástica e arte-educadora Maria Teresa Vieira (1932-1998) contribuiu para a formação de vários artistas, sempre estimulando a capacidade criativa dos alunos para que eles encontrassem sua própria expressão artística. Durante seus 50 anos de carreira, realizou várias exposições, recebeu prêmios, pintou inúmeras telas e escreveu várias reflexões. Esse conjunto de obras compõe um rico acervo que está sendo restaurado.
Generosa e seguindo sua missão de educadora nata, muitas vezes ensinava arte fornecendo os materiais de pintura aos alunos. Caso o aluno não pudesse pagar, as aulas eram permutadas por serviços no ateliê.
Na década de 80, seus alunos fizeram uma campanha para conseguir um local onde ela pudesse morar e ter um ateliê-escola e, em 1986, o prefeito Marcelo Alencar disponibilizou uma casa antiga que estava em ruínas. O imóvel foi restaurado com a ajuda de doações de empresas e de muitos amigos, alunos e artistas. Após a conclusão das obras, em 1989, foi inaugurado oficialmente o Centro de Arte Maria Teresa Vieira, que permanece em plena atividade no mesmo local até hoje.
O Centro oferece cursos e oficinas de artes. Atualmente são 16 opções, tais como técnicas de desenho, escultura, pintura, cerâmica de baixa e alta temperatura, música e história da arte, entre outros. Os preços são acessíveis e ninguém fica sem aula. Se o aluno não puder pagar, poderá permutar as aulas por serviços prestados à instituição.
O Instituto Maria Teresa Vieira (IMTV) atende hoje 60 alunos de diversas faixas etárias. É possível agendar uma primeira aula sem compromisso e sem pagar nada. Para os artistas-mirins é oferecida a Oficina de Criatividade (desenho, música e teatro), realizada aos sábados, das 10h às 13h.
O Centro de Arte Maria Teresa Viana também conta com uma galeria de arte — o Salão Rogério Steinberg — onde são realizadas exposições de artistas contemporâneos.
Tanto o Instituto quanto o Centro de Arte são atualmente comandados por um dos filhos da artista, Arnaldo Vieira de Alancastre, que também é produtor cultural, músico e compositor, comprovando que herdou da mãe o talento para as artes.
O Centro de Arte também realiza eventos de música, encontros poéticos, lançamentos literários e festas temáticas, que costumam acontecer às sextas e/ou sábados. O ingresso pode ser gratuito ou não, e a programação é divulgada na imprensa ou na fan page oficial no Facebook.
Como sempre sonhou sua fundadora, a casa é ponto de encontro para a expressão artística, em suas formas mais variadas e ecléticas, e está sempre de portas abertas para visitação e para acolher novos talentos e amantes das artes.
Fonte: Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro, "Centro de Arte Maria Teresa Vieira". Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Por que Maria Teresa é importante para o Rio de Janeiro? | Benfeitoria
Pioneira da inclusão social e da educação inclusiva através da arte no Brasil, Maria Teresa rompe com os métodos tradicionais de ensino e faz da arte um agente transformador, de sensibilização, expressão e autoconhecimento.
Em suas palavras, define:
"com o objetivo de propiciar a capacidade criadora, dando aulas em grupo com tratamento individualizado, sem interferência na criação do aluno e com respeito ao seu processo particular, incentivando a pesquisa interior, a sua bagagem pessoal e valorizando a importância de canalizá-la em busca da sua expressão artística e de vida."
Antecedendo as políticas públicas de inclusão social, desde a década de 1950 e 60 no bairro de Santa Teresa, e nas décadas seguintes no Jardim Botânico, em Botafogo, Laranjeiras e Centro da Cidade, Maria Teresa cria métodos de ensino e contribui na formação de várias gerações de artistas.
Recebe crianças, jovens e adultos de todas as classes sociais, com um programa de bolsas e permutas que levaria por toda vida, dando acesso à arte a todos indiscriminadamente.
Alunos com necessidades sociais e especiais, psicomotoras, são integrados naturalmente nas turmas e o processo artístico funciona também como suporte terapêutico, confirmando-se aquilo que dizia:
“Acredito que através da arte o homem possa se encontrar. É como se ele conhecendo o material, possa conhecer a si mesmo. Ele traçando a linha, está traçando a sua linha. E no continuar, ele vai resolvendo, dando soluções para suas coisas.”
Biografia
Maria Teresa Vieira nasce em 30 de Outubro de 1932 em Maceió - Alagoas, filha de Antídio, um funcionário público e de Dorinha, uma dona de casa.
Desde cedo mostra-se carismática, corajosa, irreverente, original, impetuosa, contestadora e generosa. Rompe com o conservadorismo patriarcal ao se lançar ao mundo das artes aos 17 anos com a convicção de que a arte lhe traria tudo. E não estava errada, trouxe.
O processo se inicia com sete anos de idade, quando começa a desenhar e pintar, com 14 se aprofunda nos estudos com dois mestres alagoanos e dois anos depois conclui o ensino médio e faz sua primeira exposição individual em 1949.
Em reconhecimento ao seu talento, a Câmara de Vereadores de Maceió lhe concede uma bolsa de estudos para cursar a Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro a partir do ano seguinte, onde tem como professores os grandes mestres Georgina de Albuquerque, Henrique Cavaleiro e Edson Mota, e pessoalmente, Cândido Portinari como um conselheiro.
Paralelo aos estudos, a partir de 1950, Maria Teresa classifica-se periodicamente ao Salão de Arte Moderna, o que lhe confere reconhecimento precoce, bem como em meados da década a ilustrar poemas e crônicas nas revistas da época como Fon Fon, O Cruzeiro, Fatos e Fotos e a dar aulas em grupo em seu ateliê-residência no bairro de Santa Teresa.
Passa a ser admirada por grandes personalidades como Carlos Drummond de Andrade (que lhe rascunha, entre outros, o magistral poema sete faces, trocando Carlos por Teresa: "Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra, disse: Vai Teresa, ser gauche na vida".
Além de Drummond, trava amizade com Fayga Ostrower (“minha bússola”), Nise da Silveira (conterrânea alagoana), Ziraldo, Geny Marcondes, Edino Krieger, Augusto Rodrigues, Aurélio Buarque de Holanda, Edna Savaget, Fernando Pamplona, Sérgio Bernardes, Rubem Braga, Darel, Djanira, Billy Blanco, Adir Botelho, Walmir Ayala, Martha Pires Ferreira, entre tantos outros que a apoiaram em sua trajetória profissional.
Incessante, Maria Teresa produz mais de oito mil obras em 50 anos de arte e 65 de vida. Em 1963 é contemplada com o prêmio Isenção de Júri e, em 1967, com o I Prêmio de Viajem ao País no Salão de Arte Moderna, impulsiona sua vasta carreira com exposições, projetos e palestras, difundindo a arte-educação em universidades e instituições brasileiras.
No final da década de 1950, ministrou aulas em seu ateliê-residencia no alto de Santa Teresa, e em sua oficina de serigrafia artística na Escola de Belas no centro da cidade, tranferida anos depois para o prédio da UNE na Praia do Flamengo e destruída no incêndio ao prédio no dia do golpe militar de 1964, quando interrompe seu ativismo político.
Em 1968, casada e com três filhos, muda-se para o Jardim Botânico onde transforma seu ateliê numa escola-oficina de arte em duas casas geminadas, produzindo, além de exposições periódicas, turmas de vários níveis de suas aulas de técnicas variadas da pintura e do desenho, e uma grade de vários cursos de outras linguagens convidando artistas para darem aulas de cerâmica, escultura, fotografia, xilogravura, gravura em metal, história de arte, expressão corporal, expressão da palavra...
As décadas de 1970 e 80 foram de intensa produção, além de suas exposições e de coordenar e ministrar aulas, Maria Teresa dirige um grupo de atividades artísticas infantis formado por seus alunos, entre eles seus filhos.
O Centro de Arte Maria Teresa Vieira
Em reconhecimento a sua contribuição sociocultural à cidade, além de dar seu nome a uma rua e um abrigo, a Prefeitura do Rio de Janeiro lhe concede uma casa na tradicional Rua da Carioca, para servir de centro de arte e atelier-residência.
A casa estava em ruínas, mas ali, em mais um ímpeto de desafio, vislumbrou a sede do Centro de Arte Maria Teresa Vieira, no centro da cidade.
Em 1986, inicia essa parceria público-privada apoiada por educadores, artistas, alunos e vários setores da sociedade civil, para a reconstrução do antigo casarão e inaugura em 1989 o Centro de Arte dando continuidade à sua residência-escola de arte.
A inauguração contou com a presença do então prefeito Marcelo Alencar, dos deputados Roberto D’ávila e Sérgio Arouca, a Dra Clara e o Dr. Jacob Steinberg da Construtora Servenco, patrocinadora da reconstrução, além de Roberto Curi, da sociedade dos amigos da Rua da Carioca, e amigos, parceiros, apoiadores, artistas e estudantes.
O Centro de Arte foi a instituição privada pioneira na revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro e, integrado ao corredor cultural da Rua da Carioca e Praça Tiradentes teve suas fachadas restauradas tombadas pelo INEPAC.
Além da continuidade da sua escola/oficina de arte, retoma a atividade de curadora e galerista, que havia feito entre 1968 e 1974 no Jardim Botânico, a produção de exposições de artistas novos e experientes do cenário profissional, agora no centro histórico onde convergem os movimentos artísticos de toda a cidade, do Estado, do país e do exterior.
A continuação do projeto de arte-educação
Os filhos dão continuidade as atividades do centro de arte e em 2004, seguem carreira solo e Arnaldo assume e cria uma sociedade civil de artistas e educadores com o propósito de preservar e divulgar a obra e o legado da artista, assim como fortificar projetos de apoio ao estudante e ao profissional das artes, passando a incentivar e promover com mais ênfase as demandas contemporâneas de expressões artísticas populares de grupos, coletivos, movimentos, companhias e instituições de Direitos Humanos.
Hoje, a frente do SOS Acervo Maria Teresa Vieira, Arnaldo reúne o apoio de todos para recuperar o acervo reunido e implantar um salão permanente para exposição de sua vida, obra e legado, bem como reestruturar o espaço com manutenções emergenciais e melhorias básicas.
Fonte: Benfeitoria. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
Crédito fotográfico: Imagem extraída do Instagram do Centro de Arte Maria Tereza Vieira. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
Maria Teresa Vieira da Silva Branquinho (Maceió, Alagoas, 30 de outubro de 1932 — Rio de Janeiro, RJ, 1998), mais conhecida como Maria Teresa Vieira, foi uma pintora e desenhista brasileira. Aos 16 anos, iniciou seus estudos de pintura com Miguel Torres e Lourenço Peixoto e, em 1949, realizou sua primeira exposição individual, o que lhe rendeu uma bolsa de estudos para a Escola Nacional de Belas Artes (Enba) no Rio de Janeiro. Lá, estudou com mestres como Henrique Cavalleiro, Edson Motta, e Georgina de Albuquerque. Destacou-se por suas paisagens e representações do cotidiano, o que lhe rendeu ao longo da vida premiações no Salão Nacional de Arte Moderna, destacando-se também por transformar o sobrado doado pela Prefeitura do Rio em um centro cultural e ateliê, que serviu como espaço para ensinar e promover as artes. Maria Tereza foi reconhecida por sua contribuição artística e cultural, tendo participado de diversas edições do Salão Nacional de Arte Moderna e de exposições importantes, como a Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais. Sua dedicação à arte e ao ensino marcou o cenário cultural carioca, especialmente por sua atuação no bairro de Santa Teresa, onde viveu e produziu muitas de suas obras.
Maria Tereza Vieira | Arremate Arte
Maria Tereza Vieira da Silva (nascida em 1932, Maceió, Alagoas) é uma artista brasileira que se destacou como pintora e desenhista. Ela iniciou seus estudos de pintura aos 16 anos, primeiramente com Miguel Torres e depois com Lourenço Peixoto, e em 1949 realizou sua primeira exposição individual na Câmara Municipal de Maceió, recebendo uma bolsa para estudar no Rio de Janeiro. Em 1950, mudou-se para a capital fluminense e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde teve aulas com mestres como Henrique Cavalleiro, Edson Motta, e Georgina de Albuquerque. Durante os anos 1960, Maria Tereza retratou o bairro de Santa Teresa, onde residia, destacando-se por paisagens que representavam o cotidiano carioca.
Ao longo de sua carreira, Maria Tereza Vieira participou de várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna e foi premiada, em 1965, com o Prêmio Viagem ao País. Ela também esteve envolvida na formação de jovens artistas, incluindo sua sobrinha, Maria Amélia Vieira. Em reconhecimento à sua contribuição artística e cultural, a Prefeitura do Rio de Janeiro doou um sobrado para a artista, que transformou o espaço em um centro de arte, ateliê e residência. Esse local, situado na Rua da Carioca, tornou-se um importante ponto de referência para as artes na cidade.
Maria Tereza também participou de diversas exposições ao longo das décadas, incluindo a Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais (1954) e várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna nos anos 1960 e 1970. Após sua morte, em 1998, seu trabalho continuou a ser valorizado, com suas obras sendo exibidas em exposições póstumas como Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real em 2006. Seu legado inclui não apenas suas obras, mas também sua influência como educadora, sempre incentivando a liberdade criativa e o desenvolvimento pessoal através da arte no Centro de Arte Maria Teresa Vieira.
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Maria Tereza Vieira | Itaú Cultural
Maria Tereza Vieira da Silva (Maceió AL 1932). Pintora, desenhista. Inicia aos 16 anos estudos de pintura com Miguel Torres (1904 - 1977) e, em seguida, com Lourenço Peixoto (1897 - 1984). Em 1949, realiza exposição individual na Câmara Municipal de Maceió, ocasião em que ganha bolsa de estudos no Rio de Janeiro. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1950 e ingressa na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesta cidade, é aluna de Henrique Cavalleiro (1892 - 1975), Edson Motta (1910 - 1981) e Georgina de Albuquerque (1885 - 1962). Em 1965, recebe Prêmio Viagem ao País do 14º Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM. Dá aula de pintura para sua sobrinha, Maria Amélia Vieira (1955). Pinta diversas paisagens e, nos anos 1960, retrata o bairro carioca de Santa Tereza, onde reside. A prefeitura do Rio de Janeiro lhe doa um sobrado, na rua da Carioca, que torna-se centro educacional, ateliê e residência da artista.
Exposições
1954 - Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais
1968 - 17º Salão Nacional de Arte Moderna
1969 - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1997 - Poemas Visitados
Exposições Póstumas
07.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
08.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
10.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
Fonte: MARIA Tereza Vieira. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 07 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Maria Tereza Vieira sobre ela mesma
Passei minha vida dos 16 aos 50 anos que hoje completo numa constante e única meta. A arte foi para mim o ponto seguro que me ajudou, que assistiu a tudo que comigo aconteceu, em todos os momentos, os mais alegres e os mais tristes, foi na pintura que encontrei as respostas. Minha pintura foi a ponte para encontrar meus melhores amigos e as vezes afastá-los também.
Muitas vezes penso em algo que possa ter acontecido comigo sem responsabilizar minha carreira. A pintura, porém, foi a iniciadora de todos os contatos que até agora fiz ou que fizeram comigo, não encontrando absolutamente nada que tenha conquistado, ganho ou perdido fora dela. É com ela que me encontro com o povo, com os poetas, com as crianças e com os menos jovens.
Tanto nos momentos de euforia, como nos mais sofridos, olho para os lados e me envolvo nos meus pincéis e no meu material de trabalho.
Estou aprendendo agora outra profissão, ou melhor, ampliando minhas atividades plásticas. Estou também escrevendo, vivendo, plantando, esculpindo, ensinando, estou amando. E não é tudo isto a vida?
Em 1948 eu tinha 16 anos quando senti que expor meus trabalhos era um ato de amor para o povo. Acreditava nisto e acredito ainda hoje. Toda vez que exponho, relaciono textos críticos, amigos e poetas que falaram sobre meu trabalho.
Lembro-me da frase de um pescador. “Quem... Quem foi o macho que fez isso? "Também não esqueço Portinari quando me falou: “Quero ver este mesmo desenho quando estiver com 50 anos”. O amigo Edson Motta encorajou-me dizendo “Ela não muda constantemente na arte como se fosse roupas novas”. Sou grata a Sérgio Bernardes. O digno e terno amigo Carlos Drummond de Andrade apoiando-me sempre. Geni Marcondes foi um incentivo inesquecível, Rubem Braga, este ajudou-me muito. Não posso esquecer de Joel Silveira. Lembro-me de Goeldi que era severíssimo comigo e nos amávamos tanto. José Roberto Teixeira Leite fortificou-me com seus comentários. Faiga Ostrower, minha bússola, minha amiga.
Quantas vezes um museu mandava fazer cópias, por que ninguém pode botar um original em todos os museus! O estudante ia preparar uma cópia para botar no lugar de um grande mestre, fazia parte do exercício do artista de ontem. Portinari não fazia cópia. Fazia re-leitura.
“És um riacho que as grandes enchentes não mudam o rumo”.
No salão de Arte Moderna, ganhei Isenção de Júri em 1963 e em 1965 Prêmio de Viagem ao Brasil. Porém, deixei de viajar ao exterior porque acreditei nas leis brasileiras. E o que hoje lhes ofereço é o resultado de mim mesma e acredito que a forma mais justa que consegui para atuar na vida foi a minha arte. Minha alegria em evoluir dentro do meu velho hábito me fez saber que a verdade de cada um é a única maneira nova de se realizar.
Como operária sigo minha meta procurando o que o meu coração pede e o que minha razão endossa.
Fonte: Conteúdo extraído de publicação do Centro de Arte Maria Tereza Vieira, texto de Maria Teresa Vieira. Publicado em 30 de Outubro de 1982. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Sinais de fumaça... O retorno de Maria Teresa Vieira, por Domingo Gonzales
"Conheci Maria Teresa Vieira bem de perto. Eu ouvia, via, mais do que falava. E Teresa pintava com palavras e pinceis um imaginário expressionista - eterna viagem nas cores, nas tintas, nos traços e nas explicações para futuros artistas plásticos, ou amantes da arte expressiva nos abismos espaciais.
A inteligência pictórica de Teresa não tinha fronteiras. Sensível. Repudiava molduras.
- "A paisagem continua além do papel e da tela" - disse com serenidade envolvente. Fiquei de boca aberta, perdido no espanto.
Madrugou um dia para atirar uma lata de Tinta Vermelha sobre o toco de uma árvore que foi cruelmente cortada, na rua onde está situada a Oficina de Arte Maria Teresa Vieira, perto da praça Tiradentes. E admitiu quando eu menos esperava:
- "Domingo, às vezes, eu.penso que sou tinta!"
Thiers Martins Moreira, Rosita Martins Moreira e Carlos Drummond de Andrade sabiam da obstinação dessa artista incansável. Madrugava pintando, guimba de cigarro esquecida nos lábios.
Foi uma menina que muito cedo viu-se envolvida pelos pigmentos e não largou mais o desejo de crescer para além deles, indo até às pessoas, com sua forma apaixonada de ser.
Agora, após a longa despedida, os herdeiros, amigos e admiradores pretendem reapresentar o acervo e as inquietudes de Teresa, no sobrado que ela tanto amou e ajudou a reconstruir. Fica bem perto do centro cultural Hélio Oiticica, outro gigante criativo.
Um ex-ministro da República dá apoio, artistas se emocionam no abraço realizado ao redor da Oficina, com a qual ela tanto sonhou. Deixou um livro de memórias para debater arte-educação, o existencialismo da Arte, a trajetória saindo de Maceió (Alagoas) até o Rio de Janeiro, com apenas 18 anos de idade para estudar artes plásticas. Que assim seja, Teresa. Bom retorno!"
Fonte: Publicação do Centro de Arte Maria Tereza Vieira. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024., texto de Domingo Gonzales. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Maria Tereza Vieira | ArtFacts
Maria Tereza Vieira é uma artista brasileira nascida em (BR). A primeira exposição verificada de Maria Tereza Vieira foi Arte Moderna em Contexto - Coleção ABN AMRO Real no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, RJ em 2006, e a exposição mais recente foi "Was ist Plastik? 100 Jahre - 100 Köpfe- Das Jahrhundert moderner Skulptur" no Museu Lehmbruck em Duisburg em 2006. Maria Tereza Vieira é mais frequentemente exibida na Alemanha, mas também teve exposições no Brasil. Vieira não tem pelo menos nenhuma exposição individual, mas duas coletivas (para mais informações, veja biografia). Uma exposição notável foi Arte Moderna em Contexto - Coleção ABN AMRO Real no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, RJ em 2006. Outra exposição notável foi no Museu Lehmbruck em Duisburg. Maria Tereza Vieira foi exposta com Joachim Bandau e Mechthild Frisch. A melhor classificação de Vieira foi em 2007, com a mudança mais dramática em 2017.
Fonte: ArtFacts. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Texto de Maria Tereza Vieira | Centro de Artes Maria Tereza Vieira
Há 91 anos, em 30 de outubro nasceu a artista visual e arte-educadora Maria Teresa Vieira (1932-1998) em Maceió/Alagoas.
"A vida existia.
Você nasce, abre os olhos e se encontra em algum lugar. Eu fui nascer em Maceió, no ano de 1932."
"Eu tinha grande interesse no desenho, no lápis e na pintura. Acredito que comecei a trabalhar com 7 ou 8 anos de idade. Fazia experiências de misturar barro com goma arábica (resina de plantas em banho-maria). Eu juntava ovo com terra. No fundo estava fazendo têmpera a ovo."
"Dos 8 aos 14 anos foi uma fase de grandes sacrifícios. Eu tinha uma vida eucarística cotidiana, pela convicção de achar que Deus estava ali."
"Aos 14 anos, a religião católica, as figuras de Gandhi, Nitzche, Marx e Paulo de Tarso predominavam no meu espírito."
"Quando completei 16 anos, fui filha de Maria e comecei a busca da Arte. Exercitava o ato religioso.
A época que acreditava em Deus foi tão verdadeira, quanto a época que não mais acredito."
"Eu e minha irmã Ana íamos visitar o Santíssimo nas horas em que Ele estava sozinho. Nós fazíamos adoração a Jesus. Não podíamos dizer palavrão, beijar namorado depois das 22 h. Não comíamos nada após a meia-noite porque íamos comungar no dia seguinte.
Não foi a toa que passei doze anos fazendo psicanálise."
"Pensei em ir para um convento. Cheguei a ser noviça. Mas, não poderia dançar, nem desenhar ou fazer teatro. Desisti. Não quis ser mais freira. Fui Filha de Maria e da Ação Católica. Resolvi me preparar para ser artista plástica."
"Em 1948 eu tinha 16 anos quando senti que expor meus trabalhos era um ato de amor para o povo. Acreditava e acredito até hoje."
Fonte: Texto de Maria Tereza Vieira, publicado em Centro de Artes Maria Tereza Vieira. Consultado pela última em 7 de outubro de 2024.
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Centro de Arte Maria Teresa Vieira | Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro
Conhecida pela dedicação em prol das artes e pelos inusitados métodos de ensino, a artista plástica e arte-educadora Maria Teresa Vieira (1932-1998) contribuiu para a formação de vários artistas, sempre estimulando a capacidade criativa dos alunos para que eles encontrassem sua própria expressão artística. Durante seus 50 anos de carreira, realizou várias exposições, recebeu prêmios, pintou inúmeras telas e escreveu várias reflexões. Esse conjunto de obras compõe um rico acervo que está sendo restaurado.
Generosa e seguindo sua missão de educadora nata, muitas vezes ensinava arte fornecendo os materiais de pintura aos alunos. Caso o aluno não pudesse pagar, as aulas eram permutadas por serviços no ateliê.
Na década de 80, seus alunos fizeram uma campanha para conseguir um local onde ela pudesse morar e ter um ateliê-escola e, em 1986, o prefeito Marcelo Alencar disponibilizou uma casa antiga que estava em ruínas. O imóvel foi restaurado com a ajuda de doações de empresas e de muitos amigos, alunos e artistas. Após a conclusão das obras, em 1989, foi inaugurado oficialmente o Centro de Arte Maria Teresa Vieira, que permanece em plena atividade no mesmo local até hoje.
O Centro oferece cursos e oficinas de artes. Atualmente são 16 opções, tais como técnicas de desenho, escultura, pintura, cerâmica de baixa e alta temperatura, música e história da arte, entre outros. Os preços são acessíveis e ninguém fica sem aula. Se o aluno não puder pagar, poderá permutar as aulas por serviços prestados à instituição.
O Instituto Maria Teresa Vieira (IMTV) atende hoje 60 alunos de diversas faixas etárias. É possível agendar uma primeira aula sem compromisso e sem pagar nada. Para os artistas-mirins é oferecida a Oficina de Criatividade (desenho, música e teatro), realizada aos sábados, das 10h às 13h.
O Centro de Arte Maria Teresa Viana também conta com uma galeria de arte — o Salão Rogério Steinberg — onde são realizadas exposições de artistas contemporâneos.
Tanto o Instituto quanto o Centro de Arte são atualmente comandados por um dos filhos da artista, Arnaldo Vieira de Alancastre, que também é produtor cultural, músico e compositor, comprovando que herdou da mãe o talento para as artes.
O Centro de Arte também realiza eventos de música, encontros poéticos, lançamentos literários e festas temáticas, que costumam acontecer às sextas e/ou sábados. O ingresso pode ser gratuito ou não, e a programação é divulgada na imprensa ou na fan page oficial no Facebook.
Como sempre sonhou sua fundadora, a casa é ponto de encontro para a expressão artística, em suas formas mais variadas e ecléticas, e está sempre de portas abertas para visitação e para acolher novos talentos e amantes das artes.
Fonte: Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro, "Centro de Arte Maria Teresa Vieira". Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Por que Maria Teresa é importante para o Rio de Janeiro? | Benfeitoria
Pioneira da inclusão social e da educação inclusiva através da arte no Brasil, Maria Teresa rompe com os métodos tradicionais de ensino e faz da arte um agente transformador, de sensibilização, expressão e autoconhecimento.
Em suas palavras, define:
"com o objetivo de propiciar a capacidade criadora, dando aulas em grupo com tratamento individualizado, sem interferência na criação do aluno e com respeito ao seu processo particular, incentivando a pesquisa interior, a sua bagagem pessoal e valorizando a importância de canalizá-la em busca da sua expressão artística e de vida."
Antecedendo as políticas públicas de inclusão social, desde a década de 1950 e 60 no bairro de Santa Teresa, e nas décadas seguintes no Jardim Botânico, em Botafogo, Laranjeiras e Centro da Cidade, Maria Teresa cria métodos de ensino e contribui na formação de várias gerações de artistas.
Recebe crianças, jovens e adultos de todas as classes sociais, com um programa de bolsas e permutas que levaria por toda vida, dando acesso à arte a todos indiscriminadamente.
Alunos com necessidades sociais e especiais, psicomotoras, são integrados naturalmente nas turmas e o processo artístico funciona também como suporte terapêutico, confirmando-se aquilo que dizia:
“Acredito que através da arte o homem possa se encontrar. É como se ele conhecendo o material, possa conhecer a si mesmo. Ele traçando a linha, está traçando a sua linha. E no continuar, ele vai resolvendo, dando soluções para suas coisas.”
Biografia
Maria Teresa Vieira nasce em 30 de Outubro de 1932 em Maceió - Alagoas, filha de Antídio, um funcionário público e de Dorinha, uma dona de casa.
Desde cedo mostra-se carismática, corajosa, irreverente, original, impetuosa, contestadora e generosa. Rompe com o conservadorismo patriarcal ao se lançar ao mundo das artes aos 17 anos com a convicção de que a arte lhe traria tudo. E não estava errada, trouxe.
O processo se inicia com sete anos de idade, quando começa a desenhar e pintar, com 14 se aprofunda nos estudos com dois mestres alagoanos e dois anos depois conclui o ensino médio e faz sua primeira exposição individual em 1949.
Em reconhecimento ao seu talento, a Câmara de Vereadores de Maceió lhe concede uma bolsa de estudos para cursar a Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro a partir do ano seguinte, onde tem como professores os grandes mestres Georgina de Albuquerque, Henrique Cavaleiro e Edson Mota, e pessoalmente, Cândido Portinari como um conselheiro.
Paralelo aos estudos, a partir de 1950, Maria Teresa classifica-se periodicamente ao Salão de Arte Moderna, o que lhe confere reconhecimento precoce, bem como em meados da década a ilustrar poemas e crônicas nas revistas da época como Fon Fon, O Cruzeiro, Fatos e Fotos e a dar aulas em grupo em seu ateliê-residência no bairro de Santa Teresa.
Passa a ser admirada por grandes personalidades como Carlos Drummond de Andrade (que lhe rascunha, entre outros, o magistral poema sete faces, trocando Carlos por Teresa: "Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra, disse: Vai Teresa, ser gauche na vida".
Além de Drummond, trava amizade com Fayga Ostrower (“minha bússola”), Nise da Silveira (conterrânea alagoana), Ziraldo, Geny Marcondes, Edino Krieger, Augusto Rodrigues, Aurélio Buarque de Holanda, Edna Savaget, Fernando Pamplona, Sérgio Bernardes, Rubem Braga, Darel, Djanira, Billy Blanco, Adir Botelho, Walmir Ayala, Martha Pires Ferreira, entre tantos outros que a apoiaram em sua trajetória profissional.
Incessante, Maria Teresa produz mais de oito mil obras em 50 anos de arte e 65 de vida. Em 1963 é contemplada com o prêmio Isenção de Júri e, em 1967, com o I Prêmio de Viajem ao País no Salão de Arte Moderna, impulsiona sua vasta carreira com exposições, projetos e palestras, difundindo a arte-educação em universidades e instituições brasileiras.
No final da década de 1950, ministrou aulas em seu ateliê-residencia no alto de Santa Teresa, e em sua oficina de serigrafia artística na Escola de Belas no centro da cidade, tranferida anos depois para o prédio da UNE na Praia do Flamengo e destruída no incêndio ao prédio no dia do golpe militar de 1964, quando interrompe seu ativismo político.
Em 1968, casada e com três filhos, muda-se para o Jardim Botânico onde transforma seu ateliê numa escola-oficina de arte em duas casas geminadas, produzindo, além de exposições periódicas, turmas de vários níveis de suas aulas de técnicas variadas da pintura e do desenho, e uma grade de vários cursos de outras linguagens convidando artistas para darem aulas de cerâmica, escultura, fotografia, xilogravura, gravura em metal, história de arte, expressão corporal, expressão da palavra...
As décadas de 1970 e 80 foram de intensa produção, além de suas exposições e de coordenar e ministrar aulas, Maria Teresa dirige um grupo de atividades artísticas infantis formado por seus alunos, entre eles seus filhos.
O Centro de Arte Maria Teresa Vieira
Em reconhecimento a sua contribuição sociocultural à cidade, além de dar seu nome a uma rua e um abrigo, a Prefeitura do Rio de Janeiro lhe concede uma casa na tradicional Rua da Carioca, para servir de centro de arte e atelier-residência.
A casa estava em ruínas, mas ali, em mais um ímpeto de desafio, vislumbrou a sede do Centro de Arte Maria Teresa Vieira, no centro da cidade.
Em 1986, inicia essa parceria público-privada apoiada por educadores, artistas, alunos e vários setores da sociedade civil, para a reconstrução do antigo casarão e inaugura em 1989 o Centro de Arte dando continuidade à sua residência-escola de arte.
A inauguração contou com a presença do então prefeito Marcelo Alencar, dos deputados Roberto D’ávila e Sérgio Arouca, a Dra Clara e o Dr. Jacob Steinberg da Construtora Servenco, patrocinadora da reconstrução, além de Roberto Curi, da sociedade dos amigos da Rua da Carioca, e amigos, parceiros, apoiadores, artistas e estudantes.
O Centro de Arte foi a instituição privada pioneira na revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro e, integrado ao corredor cultural da Rua da Carioca e Praça Tiradentes teve suas fachadas restauradas tombadas pelo INEPAC.
Além da continuidade da sua escola/oficina de arte, retoma a atividade de curadora e galerista, que havia feito entre 1968 e 1974 no Jardim Botânico, a produção de exposições de artistas novos e experientes do cenário profissional, agora no centro histórico onde convergem os movimentos artísticos de toda a cidade, do Estado, do país e do exterior.
A continuação do projeto de arte-educação
Os filhos dão continuidade as atividades do centro de arte e em 2004, seguem carreira solo e Arnaldo assume e cria uma sociedade civil de artistas e educadores com o propósito de preservar e divulgar a obra e o legado da artista, assim como fortificar projetos de apoio ao estudante e ao profissional das artes, passando a incentivar e promover com mais ênfase as demandas contemporâneas de expressões artísticas populares de grupos, coletivos, movimentos, companhias e instituições de Direitos Humanos.
Hoje, a frente do SOS Acervo Maria Teresa Vieira, Arnaldo reúne o apoio de todos para recuperar o acervo reunido e implantar um salão permanente para exposição de sua vida, obra e legado, bem como reestruturar o espaço com manutenções emergenciais e melhorias básicas.
Fonte: Benfeitoria. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
Crédito fotográfico: Imagem extraída do Instagram do Centro de Arte Maria Tereza Vieira. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
Maria Teresa Vieira da Silva Branquinho (Maceió, Alagoas, 30 de outubro de 1932 — Rio de Janeiro, RJ, 1998), mais conhecida como Maria Teresa Vieira, foi uma pintora e desenhista brasileira. Aos 16 anos, iniciou seus estudos de pintura com Miguel Torres e Lourenço Peixoto e, em 1949, realizou sua primeira exposição individual, o que lhe rendeu uma bolsa de estudos para a Escola Nacional de Belas Artes (Enba) no Rio de Janeiro. Lá, estudou com mestres como Henrique Cavalleiro, Edson Motta, e Georgina de Albuquerque. Destacou-se por suas paisagens e representações do cotidiano, o que lhe rendeu ao longo da vida premiações no Salão Nacional de Arte Moderna, destacando-se também por transformar o sobrado doado pela Prefeitura do Rio em um centro cultural e ateliê, que serviu como espaço para ensinar e promover as artes. Maria Tereza foi reconhecida por sua contribuição artística e cultural, tendo participado de diversas edições do Salão Nacional de Arte Moderna e de exposições importantes, como a Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais. Sua dedicação à arte e ao ensino marcou o cenário cultural carioca, especialmente por sua atuação no bairro de Santa Teresa, onde viveu e produziu muitas de suas obras.
Maria Tereza Vieira | Arremate Arte
Maria Tereza Vieira da Silva (nascida em 1932, Maceió, Alagoas) é uma artista brasileira que se destacou como pintora e desenhista. Ela iniciou seus estudos de pintura aos 16 anos, primeiramente com Miguel Torres e depois com Lourenço Peixoto, e em 1949 realizou sua primeira exposição individual na Câmara Municipal de Maceió, recebendo uma bolsa para estudar no Rio de Janeiro. Em 1950, mudou-se para a capital fluminense e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde teve aulas com mestres como Henrique Cavalleiro, Edson Motta, e Georgina de Albuquerque. Durante os anos 1960, Maria Tereza retratou o bairro de Santa Teresa, onde residia, destacando-se por paisagens que representavam o cotidiano carioca.
Ao longo de sua carreira, Maria Tereza Vieira participou de várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna e foi premiada, em 1965, com o Prêmio Viagem ao País. Ela também esteve envolvida na formação de jovens artistas, incluindo sua sobrinha, Maria Amélia Vieira. Em reconhecimento à sua contribuição artística e cultural, a Prefeitura do Rio de Janeiro doou um sobrado para a artista, que transformou o espaço em um centro de arte, ateliê e residência. Esse local, situado na Rua da Carioca, tornou-se um importante ponto de referência para as artes na cidade.
Maria Tereza também participou de diversas exposições ao longo das décadas, incluindo a Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais (1954) e várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna nos anos 1960 e 1970. Após sua morte, em 1998, seu trabalho continuou a ser valorizado, com suas obras sendo exibidas em exposições póstumas como Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real em 2006. Seu legado inclui não apenas suas obras, mas também sua influência como educadora, sempre incentivando a liberdade criativa e o desenvolvimento pessoal através da arte no Centro de Arte Maria Teresa Vieira.
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Maria Tereza Vieira | Itaú Cultural
Maria Tereza Vieira da Silva (Maceió AL 1932). Pintora, desenhista. Inicia aos 16 anos estudos de pintura com Miguel Torres (1904 - 1977) e, em seguida, com Lourenço Peixoto (1897 - 1984). Em 1949, realiza exposição individual na Câmara Municipal de Maceió, ocasião em que ganha bolsa de estudos no Rio de Janeiro. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1950 e ingressa na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesta cidade, é aluna de Henrique Cavalleiro (1892 - 1975), Edson Motta (1910 - 1981) e Georgina de Albuquerque (1885 - 1962). Em 1965, recebe Prêmio Viagem ao País do 14º Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM. Dá aula de pintura para sua sobrinha, Maria Amélia Vieira (1955). Pinta diversas paisagens e, nos anos 1960, retrata o bairro carioca de Santa Tereza, onde reside. A prefeitura do Rio de Janeiro lhe doa um sobrado, na rua da Carioca, que torna-se centro educacional, ateliê e residência da artista.
Exposições
1954 - Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais
1968 - 17º Salão Nacional de Arte Moderna
1969 - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1997 - Poemas Visitados
Exposições Póstumas
07.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
08.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
10.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
Fonte: MARIA Tereza Vieira. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 07 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Maria Tereza Vieira sobre ela mesma
Passei minha vida dos 16 aos 50 anos que hoje completo numa constante e única meta. A arte foi para mim o ponto seguro que me ajudou, que assistiu a tudo que comigo aconteceu, em todos os momentos, os mais alegres e os mais tristes, foi na pintura que encontrei as respostas. Minha pintura foi a ponte para encontrar meus melhores amigos e as vezes afastá-los também.
Muitas vezes penso em algo que possa ter acontecido comigo sem responsabilizar minha carreira. A pintura, porém, foi a iniciadora de todos os contatos que até agora fiz ou que fizeram comigo, não encontrando absolutamente nada que tenha conquistado, ganho ou perdido fora dela. É com ela que me encontro com o povo, com os poetas, com as crianças e com os menos jovens.
Tanto nos momentos de euforia, como nos mais sofridos, olho para os lados e me envolvo nos meus pincéis e no meu material de trabalho.
Estou aprendendo agora outra profissão, ou melhor, ampliando minhas atividades plásticas. Estou também escrevendo, vivendo, plantando, esculpindo, ensinando, estou amando. E não é tudo isto a vida?
Em 1948 eu tinha 16 anos quando senti que expor meus trabalhos era um ato de amor para o povo. Acreditava nisto e acredito ainda hoje. Toda vez que exponho, relaciono textos críticos, amigos e poetas que falaram sobre meu trabalho.
Lembro-me da frase de um pescador. “Quem... Quem foi o macho que fez isso? "Também não esqueço Portinari quando me falou: “Quero ver este mesmo desenho quando estiver com 50 anos”. O amigo Edson Motta encorajou-me dizendo “Ela não muda constantemente na arte como se fosse roupas novas”. Sou grata a Sérgio Bernardes. O digno e terno amigo Carlos Drummond de Andrade apoiando-me sempre. Geni Marcondes foi um incentivo inesquecível, Rubem Braga, este ajudou-me muito. Não posso esquecer de Joel Silveira. Lembro-me de Goeldi que era severíssimo comigo e nos amávamos tanto. José Roberto Teixeira Leite fortificou-me com seus comentários. Faiga Ostrower, minha bússola, minha amiga.
Quantas vezes um museu mandava fazer cópias, por que ninguém pode botar um original em todos os museus! O estudante ia preparar uma cópia para botar no lugar de um grande mestre, fazia parte do exercício do artista de ontem. Portinari não fazia cópia. Fazia re-leitura.
“És um riacho que as grandes enchentes não mudam o rumo”.
No salão de Arte Moderna, ganhei Isenção de Júri em 1963 e em 1965 Prêmio de Viagem ao Brasil. Porém, deixei de viajar ao exterior porque acreditei nas leis brasileiras. E o que hoje lhes ofereço é o resultado de mim mesma e acredito que a forma mais justa que consegui para atuar na vida foi a minha arte. Minha alegria em evoluir dentro do meu velho hábito me fez saber que a verdade de cada um é a única maneira nova de se realizar.
Como operária sigo minha meta procurando o que o meu coração pede e o que minha razão endossa.
Fonte: Conteúdo extraído de publicação do Centro de Arte Maria Tereza Vieira, texto de Maria Teresa Vieira. Publicado em 30 de Outubro de 1982. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Sinais de fumaça... O retorno de Maria Teresa Vieira, por Domingo Gonzales
"Conheci Maria Teresa Vieira bem de perto. Eu ouvia, via, mais do que falava. E Teresa pintava com palavras e pinceis um imaginário expressionista - eterna viagem nas cores, nas tintas, nos traços e nas explicações para futuros artistas plásticos, ou amantes da arte expressiva nos abismos espaciais.
A inteligência pictórica de Teresa não tinha fronteiras. Sensível. Repudiava molduras.
- "A paisagem continua além do papel e da tela" - disse com serenidade envolvente. Fiquei de boca aberta, perdido no espanto.
Madrugou um dia para atirar uma lata de Tinta Vermelha sobre o toco de uma árvore que foi cruelmente cortada, na rua onde está situada a Oficina de Arte Maria Teresa Vieira, perto da praça Tiradentes. E admitiu quando eu menos esperava:
- "Domingo, às vezes, eu.penso que sou tinta!"
Thiers Martins Moreira, Rosita Martins Moreira e Carlos Drummond de Andrade sabiam da obstinação dessa artista incansável. Madrugava pintando, guimba de cigarro esquecida nos lábios.
Foi uma menina que muito cedo viu-se envolvida pelos pigmentos e não largou mais o desejo de crescer para além deles, indo até às pessoas, com sua forma apaixonada de ser.
Agora, após a longa despedida, os herdeiros, amigos e admiradores pretendem reapresentar o acervo e as inquietudes de Teresa, no sobrado que ela tanto amou e ajudou a reconstruir. Fica bem perto do centro cultural Hélio Oiticica, outro gigante criativo.
Um ex-ministro da República dá apoio, artistas se emocionam no abraço realizado ao redor da Oficina, com a qual ela tanto sonhou. Deixou um livro de memórias para debater arte-educação, o existencialismo da Arte, a trajetória saindo de Maceió (Alagoas) até o Rio de Janeiro, com apenas 18 anos de idade para estudar artes plásticas. Que assim seja, Teresa. Bom retorno!"
Fonte: Publicação do Centro de Arte Maria Tereza Vieira. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024., texto de Domingo Gonzales. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Maria Tereza Vieira | ArtFacts
Maria Tereza Vieira é uma artista brasileira nascida em (BR). A primeira exposição verificada de Maria Tereza Vieira foi Arte Moderna em Contexto - Coleção ABN AMRO Real no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, RJ em 2006, e a exposição mais recente foi "Was ist Plastik? 100 Jahre - 100 Köpfe- Das Jahrhundert moderner Skulptur" no Museu Lehmbruck em Duisburg em 2006. Maria Tereza Vieira é mais frequentemente exibida na Alemanha, mas também teve exposições no Brasil. Vieira não tem pelo menos nenhuma exposição individual, mas duas coletivas (para mais informações, veja biografia). Uma exposição notável foi Arte Moderna em Contexto - Coleção ABN AMRO Real no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, RJ em 2006. Outra exposição notável foi no Museu Lehmbruck em Duisburg. Maria Tereza Vieira foi exposta com Joachim Bandau e Mechthild Frisch. A melhor classificação de Vieira foi em 2007, com a mudança mais dramática em 2017.
Fonte: ArtFacts. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Texto de Maria Tereza Vieira | Centro de Artes Maria Tereza Vieira
Há 91 anos, em 30 de outubro nasceu a artista visual e arte-educadora Maria Teresa Vieira (1932-1998) em Maceió/Alagoas.
"A vida existia.
Você nasce, abre os olhos e se encontra em algum lugar. Eu fui nascer em Maceió, no ano de 1932."
"Eu tinha grande interesse no desenho, no lápis e na pintura. Acredito que comecei a trabalhar com 7 ou 8 anos de idade. Fazia experiências de misturar barro com goma arábica (resina de plantas em banho-maria). Eu juntava ovo com terra. No fundo estava fazendo têmpera a ovo."
"Dos 8 aos 14 anos foi uma fase de grandes sacrifícios. Eu tinha uma vida eucarística cotidiana, pela convicção de achar que Deus estava ali."
"Aos 14 anos, a religião católica, as figuras de Gandhi, Nitzche, Marx e Paulo de Tarso predominavam no meu espírito."
"Quando completei 16 anos, fui filha de Maria e comecei a busca da Arte. Exercitava o ato religioso.
A época que acreditava em Deus foi tão verdadeira, quanto a época que não mais acredito."
"Eu e minha irmã Ana íamos visitar o Santíssimo nas horas em que Ele estava sozinho. Nós fazíamos adoração a Jesus. Não podíamos dizer palavrão, beijar namorado depois das 22 h. Não comíamos nada após a meia-noite porque íamos comungar no dia seguinte.
Não foi a toa que passei doze anos fazendo psicanálise."
"Pensei em ir para um convento. Cheguei a ser noviça. Mas, não poderia dançar, nem desenhar ou fazer teatro. Desisti. Não quis ser mais freira. Fui Filha de Maria e da Ação Católica. Resolvi me preparar para ser artista plástica."
"Em 1948 eu tinha 16 anos quando senti que expor meus trabalhos era um ato de amor para o povo. Acreditava e acredito até hoje."
Fonte: Texto de Maria Tereza Vieira, publicado em Centro de Artes Maria Tereza Vieira. Consultado pela última em 7 de outubro de 2024.
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Centro de Arte Maria Teresa Vieira | Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro
Conhecida pela dedicação em prol das artes e pelos inusitados métodos de ensino, a artista plástica e arte-educadora Maria Teresa Vieira (1932-1998) contribuiu para a formação de vários artistas, sempre estimulando a capacidade criativa dos alunos para que eles encontrassem sua própria expressão artística. Durante seus 50 anos de carreira, realizou várias exposições, recebeu prêmios, pintou inúmeras telas e escreveu várias reflexões. Esse conjunto de obras compõe um rico acervo que está sendo restaurado.
Generosa e seguindo sua missão de educadora nata, muitas vezes ensinava arte fornecendo os materiais de pintura aos alunos. Caso o aluno não pudesse pagar, as aulas eram permutadas por serviços no ateliê.
Na década de 80, seus alunos fizeram uma campanha para conseguir um local onde ela pudesse morar e ter um ateliê-escola e, em 1986, o prefeito Marcelo Alencar disponibilizou uma casa antiga que estava em ruínas. O imóvel foi restaurado com a ajuda de doações de empresas e de muitos amigos, alunos e artistas. Após a conclusão das obras, em 1989, foi inaugurado oficialmente o Centro de Arte Maria Teresa Vieira, que permanece em plena atividade no mesmo local até hoje.
O Centro oferece cursos e oficinas de artes. Atualmente são 16 opções, tais como técnicas de desenho, escultura, pintura, cerâmica de baixa e alta temperatura, música e história da arte, entre outros. Os preços são acessíveis e ninguém fica sem aula. Se o aluno não puder pagar, poderá permutar as aulas por serviços prestados à instituição.
O Instituto Maria Teresa Vieira (IMTV) atende hoje 60 alunos de diversas faixas etárias. É possível agendar uma primeira aula sem compromisso e sem pagar nada. Para os artistas-mirins é oferecida a Oficina de Criatividade (desenho, música e teatro), realizada aos sábados, das 10h às 13h.
O Centro de Arte Maria Teresa Viana também conta com uma galeria de arte — o Salão Rogério Steinberg — onde são realizadas exposições de artistas contemporâneos.
Tanto o Instituto quanto o Centro de Arte são atualmente comandados por um dos filhos da artista, Arnaldo Vieira de Alancastre, que também é produtor cultural, músico e compositor, comprovando que herdou da mãe o talento para as artes.
O Centro de Arte também realiza eventos de música, encontros poéticos, lançamentos literários e festas temáticas, que costumam acontecer às sextas e/ou sábados. O ingresso pode ser gratuito ou não, e a programação é divulgada na imprensa ou na fan page oficial no Facebook.
Como sempre sonhou sua fundadora, a casa é ponto de encontro para a expressão artística, em suas formas mais variadas e ecléticas, e está sempre de portas abertas para visitação e para acolher novos talentos e amantes das artes.
Fonte: Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro, "Centro de Arte Maria Teresa Vieira". Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Por que Maria Teresa é importante para o Rio de Janeiro? | Benfeitoria
Pioneira da inclusão social e da educação inclusiva através da arte no Brasil, Maria Teresa rompe com os métodos tradicionais de ensino e faz da arte um agente transformador, de sensibilização, expressão e autoconhecimento.
Em suas palavras, define:
"com o objetivo de propiciar a capacidade criadora, dando aulas em grupo com tratamento individualizado, sem interferência na criação do aluno e com respeito ao seu processo particular, incentivando a pesquisa interior, a sua bagagem pessoal e valorizando a importância de canalizá-la em busca da sua expressão artística e de vida."
Antecedendo as políticas públicas de inclusão social, desde a década de 1950 e 60 no bairro de Santa Teresa, e nas décadas seguintes no Jardim Botânico, em Botafogo, Laranjeiras e Centro da Cidade, Maria Teresa cria métodos de ensino e contribui na formação de várias gerações de artistas.
Recebe crianças, jovens e adultos de todas as classes sociais, com um programa de bolsas e permutas que levaria por toda vida, dando acesso à arte a todos indiscriminadamente.
Alunos com necessidades sociais e especiais, psicomotoras, são integrados naturalmente nas turmas e o processo artístico funciona também como suporte terapêutico, confirmando-se aquilo que dizia:
“Acredito que através da arte o homem possa se encontrar. É como se ele conhecendo o material, possa conhecer a si mesmo. Ele traçando a linha, está traçando a sua linha. E no continuar, ele vai resolvendo, dando soluções para suas coisas.”
Biografia
Maria Teresa Vieira nasce em 30 de Outubro de 1932 em Maceió - Alagoas, filha de Antídio, um funcionário público e de Dorinha, uma dona de casa.
Desde cedo mostra-se carismática, corajosa, irreverente, original, impetuosa, contestadora e generosa. Rompe com o conservadorismo patriarcal ao se lançar ao mundo das artes aos 17 anos com a convicção de que a arte lhe traria tudo. E não estava errada, trouxe.
O processo se inicia com sete anos de idade, quando começa a desenhar e pintar, com 14 se aprofunda nos estudos com dois mestres alagoanos e dois anos depois conclui o ensino médio e faz sua primeira exposição individual em 1949.
Em reconhecimento ao seu talento, a Câmara de Vereadores de Maceió lhe concede uma bolsa de estudos para cursar a Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro a partir do ano seguinte, onde tem como professores os grandes mestres Georgina de Albuquerque, Henrique Cavaleiro e Edson Mota, e pessoalmente, Cândido Portinari como um conselheiro.
Paralelo aos estudos, a partir de 1950, Maria Teresa classifica-se periodicamente ao Salão de Arte Moderna, o que lhe confere reconhecimento precoce, bem como em meados da década a ilustrar poemas e crônicas nas revistas da época como Fon Fon, O Cruzeiro, Fatos e Fotos e a dar aulas em grupo em seu ateliê-residência no bairro de Santa Teresa.
Passa a ser admirada por grandes personalidades como Carlos Drummond de Andrade (que lhe rascunha, entre outros, o magistral poema sete faces, trocando Carlos por Teresa: "Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra, disse: Vai Teresa, ser gauche na vida".
Além de Drummond, trava amizade com Fayga Ostrower (“minha bússola”), Nise da Silveira (conterrânea alagoana), Ziraldo, Geny Marcondes, Edino Krieger, Augusto Rodrigues, Aurélio Buarque de Holanda, Edna Savaget, Fernando Pamplona, Sérgio Bernardes, Rubem Braga, Darel, Djanira, Billy Blanco, Adir Botelho, Walmir Ayala, Martha Pires Ferreira, entre tantos outros que a apoiaram em sua trajetória profissional.
Incessante, Maria Teresa produz mais de oito mil obras em 50 anos de arte e 65 de vida. Em 1963 é contemplada com o prêmio Isenção de Júri e, em 1967, com o I Prêmio de Viajem ao País no Salão de Arte Moderna, impulsiona sua vasta carreira com exposições, projetos e palestras, difundindo a arte-educação em universidades e instituições brasileiras.
No final da década de 1950, ministrou aulas em seu ateliê-residencia no alto de Santa Teresa, e em sua oficina de serigrafia artística na Escola de Belas no centro da cidade, tranferida anos depois para o prédio da UNE na Praia do Flamengo e destruída no incêndio ao prédio no dia do golpe militar de 1964, quando interrompe seu ativismo político.
Em 1968, casada e com três filhos, muda-se para o Jardim Botânico onde transforma seu ateliê numa escola-oficina de arte em duas casas geminadas, produzindo, além de exposições periódicas, turmas de vários níveis de suas aulas de técnicas variadas da pintura e do desenho, e uma grade de vários cursos de outras linguagens convidando artistas para darem aulas de cerâmica, escultura, fotografia, xilogravura, gravura em metal, história de arte, expressão corporal, expressão da palavra...
As décadas de 1970 e 80 foram de intensa produção, além de suas exposições e de coordenar e ministrar aulas, Maria Teresa dirige um grupo de atividades artísticas infantis formado por seus alunos, entre eles seus filhos.
O Centro de Arte Maria Teresa Vieira
Em reconhecimento a sua contribuição sociocultural à cidade, além de dar seu nome a uma rua e um abrigo, a Prefeitura do Rio de Janeiro lhe concede uma casa na tradicional Rua da Carioca, para servir de centro de arte e atelier-residência.
A casa estava em ruínas, mas ali, em mais um ímpeto de desafio, vislumbrou a sede do Centro de Arte Maria Teresa Vieira, no centro da cidade.
Em 1986, inicia essa parceria público-privada apoiada por educadores, artistas, alunos e vários setores da sociedade civil, para a reconstrução do antigo casarão e inaugura em 1989 o Centro de Arte dando continuidade à sua residência-escola de arte.
A inauguração contou com a presença do então prefeito Marcelo Alencar, dos deputados Roberto D’ávila e Sérgio Arouca, a Dra Clara e o Dr. Jacob Steinberg da Construtora Servenco, patrocinadora da reconstrução, além de Roberto Curi, da sociedade dos amigos da Rua da Carioca, e amigos, parceiros, apoiadores, artistas e estudantes.
O Centro de Arte foi a instituição privada pioneira na revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro e, integrado ao corredor cultural da Rua da Carioca e Praça Tiradentes teve suas fachadas restauradas tombadas pelo INEPAC.
Além da continuidade da sua escola/oficina de arte, retoma a atividade de curadora e galerista, que havia feito entre 1968 e 1974 no Jardim Botânico, a produção de exposições de artistas novos e experientes do cenário profissional, agora no centro histórico onde convergem os movimentos artísticos de toda a cidade, do Estado, do país e do exterior.
A continuação do projeto de arte-educação
Os filhos dão continuidade as atividades do centro de arte e em 2004, seguem carreira solo e Arnaldo assume e cria uma sociedade civil de artistas e educadores com o propósito de preservar e divulgar a obra e o legado da artista, assim como fortificar projetos de apoio ao estudante e ao profissional das artes, passando a incentivar e promover com mais ênfase as demandas contemporâneas de expressões artísticas populares de grupos, coletivos, movimentos, companhias e instituições de Direitos Humanos.
Hoje, a frente do SOS Acervo Maria Teresa Vieira, Arnaldo reúne o apoio de todos para recuperar o acervo reunido e implantar um salão permanente para exposição de sua vida, obra e legado, bem como reestruturar o espaço com manutenções emergenciais e melhorias básicas.
Fonte: Benfeitoria. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
Crédito fotográfico: Imagem extraída do Instagram do Centro de Arte Maria Tereza Vieira. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
Maria Teresa Vieira da Silva Branquinho (Maceió, Alagoas, 30 de outubro de 1932 — Rio de Janeiro, RJ, 1998), mais conhecida como Maria Teresa Vieira, foi uma pintora e desenhista brasileira. Aos 16 anos, iniciou seus estudos de pintura com Miguel Torres e Lourenço Peixoto e, em 1949, realizou sua primeira exposição individual, o que lhe rendeu uma bolsa de estudos para a Escola Nacional de Belas Artes (Enba) no Rio de Janeiro. Lá, estudou com mestres como Henrique Cavalleiro, Edson Motta, e Georgina de Albuquerque. Destacou-se por suas paisagens e representações do cotidiano, o que lhe rendeu ao longo da vida premiações no Salão Nacional de Arte Moderna, destacando-se também por transformar o sobrado doado pela Prefeitura do Rio em um centro cultural e ateliê, que serviu como espaço para ensinar e promover as artes. Maria Tereza foi reconhecida por sua contribuição artística e cultural, tendo participado de diversas edições do Salão Nacional de Arte Moderna e de exposições importantes, como a Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais. Sua dedicação à arte e ao ensino marcou o cenário cultural carioca, especialmente por sua atuação no bairro de Santa Teresa, onde viveu e produziu muitas de suas obras.
Maria Tereza Vieira | Arremate Arte
Maria Tereza Vieira da Silva (nascida em 1932, Maceió, Alagoas) é uma artista brasileira que se destacou como pintora e desenhista. Ela iniciou seus estudos de pintura aos 16 anos, primeiramente com Miguel Torres e depois com Lourenço Peixoto, e em 1949 realizou sua primeira exposição individual na Câmara Municipal de Maceió, recebendo uma bolsa para estudar no Rio de Janeiro. Em 1950, mudou-se para a capital fluminense e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde teve aulas com mestres como Henrique Cavalleiro, Edson Motta, e Georgina de Albuquerque. Durante os anos 1960, Maria Tereza retratou o bairro de Santa Teresa, onde residia, destacando-se por paisagens que representavam o cotidiano carioca.
Ao longo de sua carreira, Maria Tereza Vieira participou de várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna e foi premiada, em 1965, com o Prêmio Viagem ao País. Ela também esteve envolvida na formação de jovens artistas, incluindo sua sobrinha, Maria Amélia Vieira. Em reconhecimento à sua contribuição artística e cultural, a Prefeitura do Rio de Janeiro doou um sobrado para a artista, que transformou o espaço em um centro de arte, ateliê e residência. Esse local, situado na Rua da Carioca, tornou-se um importante ponto de referência para as artes na cidade.
Maria Tereza também participou de diversas exposições ao longo das décadas, incluindo a Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais (1954) e várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna nos anos 1960 e 1970. Após sua morte, em 1998, seu trabalho continuou a ser valorizado, com suas obras sendo exibidas em exposições póstumas como Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real em 2006. Seu legado inclui não apenas suas obras, mas também sua influência como educadora, sempre incentivando a liberdade criativa e o desenvolvimento pessoal através da arte no Centro de Arte Maria Teresa Vieira.
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Maria Tereza Vieira | Itaú Cultural
Maria Tereza Vieira da Silva (Maceió AL 1932). Pintora, desenhista. Inicia aos 16 anos estudos de pintura com Miguel Torres (1904 - 1977) e, em seguida, com Lourenço Peixoto (1897 - 1984). Em 1949, realiza exposição individual na Câmara Municipal de Maceió, ocasião em que ganha bolsa de estudos no Rio de Janeiro. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1950 e ingressa na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Nesta cidade, é aluna de Henrique Cavalleiro (1892 - 1975), Edson Motta (1910 - 1981) e Georgina de Albuquerque (1885 - 1962). Em 1965, recebe Prêmio Viagem ao País do 14º Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM. Dá aula de pintura para sua sobrinha, Maria Amélia Vieira (1955). Pinta diversas paisagens e, nos anos 1960, retrata o bairro carioca de Santa Tereza, onde reside. A prefeitura do Rio de Janeiro lhe doa um sobrado, na rua da Carioca, que torna-se centro educacional, ateliê e residência da artista.
Exposições
1954 - Exposição comemorativa do I Congresso Nacional de Intelectuais
1968 - 17º Salão Nacional de Arte Moderna
1969 - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1997 - Poemas Visitados
Exposições Póstumas
07.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
08.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
10.2006 - Arte Moderna em Contexto: coleção ABN AMRO Real
Fonte: MARIA Tereza Vieira. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Acesso em: 07 de outubro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Maria Tereza Vieira sobre ela mesma
Passei minha vida dos 16 aos 50 anos que hoje completo numa constante e única meta. A arte foi para mim o ponto seguro que me ajudou, que assistiu a tudo que comigo aconteceu, em todos os momentos, os mais alegres e os mais tristes, foi na pintura que encontrei as respostas. Minha pintura foi a ponte para encontrar meus melhores amigos e as vezes afastá-los também.
Muitas vezes penso em algo que possa ter acontecido comigo sem responsabilizar minha carreira. A pintura, porém, foi a iniciadora de todos os contatos que até agora fiz ou que fizeram comigo, não encontrando absolutamente nada que tenha conquistado, ganho ou perdido fora dela. É com ela que me encontro com o povo, com os poetas, com as crianças e com os menos jovens.
Tanto nos momentos de euforia, como nos mais sofridos, olho para os lados e me envolvo nos meus pincéis e no meu material de trabalho.
Estou aprendendo agora outra profissão, ou melhor, ampliando minhas atividades plásticas. Estou também escrevendo, vivendo, plantando, esculpindo, ensinando, estou amando. E não é tudo isto a vida?
Em 1948 eu tinha 16 anos quando senti que expor meus trabalhos era um ato de amor para o povo. Acreditava nisto e acredito ainda hoje. Toda vez que exponho, relaciono textos críticos, amigos e poetas que falaram sobre meu trabalho.
Lembro-me da frase de um pescador. “Quem... Quem foi o macho que fez isso? "Também não esqueço Portinari quando me falou: “Quero ver este mesmo desenho quando estiver com 50 anos”. O amigo Edson Motta encorajou-me dizendo “Ela não muda constantemente na arte como se fosse roupas novas”. Sou grata a Sérgio Bernardes. O digno e terno amigo Carlos Drummond de Andrade apoiando-me sempre. Geni Marcondes foi um incentivo inesquecível, Rubem Braga, este ajudou-me muito. Não posso esquecer de Joel Silveira. Lembro-me de Goeldi que era severíssimo comigo e nos amávamos tanto. José Roberto Teixeira Leite fortificou-me com seus comentários. Faiga Ostrower, minha bússola, minha amiga.
Quantas vezes um museu mandava fazer cópias, por que ninguém pode botar um original em todos os museus! O estudante ia preparar uma cópia para botar no lugar de um grande mestre, fazia parte do exercício do artista de ontem. Portinari não fazia cópia. Fazia re-leitura.
“És um riacho que as grandes enchentes não mudam o rumo”.
No salão de Arte Moderna, ganhei Isenção de Júri em 1963 e em 1965 Prêmio de Viagem ao Brasil. Porém, deixei de viajar ao exterior porque acreditei nas leis brasileiras. E o que hoje lhes ofereço é o resultado de mim mesma e acredito que a forma mais justa que consegui para atuar na vida foi a minha arte. Minha alegria em evoluir dentro do meu velho hábito me fez saber que a verdade de cada um é a única maneira nova de se realizar.
Como operária sigo minha meta procurando o que o meu coração pede e o que minha razão endossa.
Fonte: Conteúdo extraído de publicação do Centro de Arte Maria Tereza Vieira, texto de Maria Teresa Vieira. Publicado em 30 de Outubro de 1982. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Sinais de fumaça... O retorno de Maria Teresa Vieira, por Domingo Gonzales
"Conheci Maria Teresa Vieira bem de perto. Eu ouvia, via, mais do que falava. E Teresa pintava com palavras e pinceis um imaginário expressionista - eterna viagem nas cores, nas tintas, nos traços e nas explicações para futuros artistas plásticos, ou amantes da arte expressiva nos abismos espaciais.
A inteligência pictórica de Teresa não tinha fronteiras. Sensível. Repudiava molduras.
- "A paisagem continua além do papel e da tela" - disse com serenidade envolvente. Fiquei de boca aberta, perdido no espanto.
Madrugou um dia para atirar uma lata de Tinta Vermelha sobre o toco de uma árvore que foi cruelmente cortada, na rua onde está situada a Oficina de Arte Maria Teresa Vieira, perto da praça Tiradentes. E admitiu quando eu menos esperava:
- "Domingo, às vezes, eu.penso que sou tinta!"
Thiers Martins Moreira, Rosita Martins Moreira e Carlos Drummond de Andrade sabiam da obstinação dessa artista incansável. Madrugava pintando, guimba de cigarro esquecida nos lábios.
Foi uma menina que muito cedo viu-se envolvida pelos pigmentos e não largou mais o desejo de crescer para além deles, indo até às pessoas, com sua forma apaixonada de ser.
Agora, após a longa despedida, os herdeiros, amigos e admiradores pretendem reapresentar o acervo e as inquietudes de Teresa, no sobrado que ela tanto amou e ajudou a reconstruir. Fica bem perto do centro cultural Hélio Oiticica, outro gigante criativo.
Um ex-ministro da República dá apoio, artistas se emocionam no abraço realizado ao redor da Oficina, com a qual ela tanto sonhou. Deixou um livro de memórias para debater arte-educação, o existencialismo da Arte, a trajetória saindo de Maceió (Alagoas) até o Rio de Janeiro, com apenas 18 anos de idade para estudar artes plásticas. Que assim seja, Teresa. Bom retorno!"
Fonte: Publicação do Centro de Arte Maria Tereza Vieira. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024., texto de Domingo Gonzales. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Maria Tereza Vieira | ArtFacts
Maria Tereza Vieira é uma artista brasileira nascida em (BR). A primeira exposição verificada de Maria Tereza Vieira foi Arte Moderna em Contexto - Coleção ABN AMRO Real no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, RJ em 2006, e a exposição mais recente foi "Was ist Plastik? 100 Jahre - 100 Köpfe- Das Jahrhundert moderner Skulptur" no Museu Lehmbruck em Duisburg em 2006. Maria Tereza Vieira é mais frequentemente exibida na Alemanha, mas também teve exposições no Brasil. Vieira não tem pelo menos nenhuma exposição individual, mas duas coletivas (para mais informações, veja biografia). Uma exposição notável foi Arte Moderna em Contexto - Coleção ABN AMRO Real no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, RJ em 2006. Outra exposição notável foi no Museu Lehmbruck em Duisburg. Maria Tereza Vieira foi exposta com Joachim Bandau e Mechthild Frisch. A melhor classificação de Vieira foi em 2007, com a mudança mais dramática em 2017.
Fonte: ArtFacts. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Texto de Maria Tereza Vieira | Centro de Artes Maria Tereza Vieira
Há 91 anos, em 30 de outubro nasceu a artista visual e arte-educadora Maria Teresa Vieira (1932-1998) em Maceió/Alagoas.
"A vida existia.
Você nasce, abre os olhos e se encontra em algum lugar. Eu fui nascer em Maceió, no ano de 1932."
"Eu tinha grande interesse no desenho, no lápis e na pintura. Acredito que comecei a trabalhar com 7 ou 8 anos de idade. Fazia experiências de misturar barro com goma arábica (resina de plantas em banho-maria). Eu juntava ovo com terra. No fundo estava fazendo têmpera a ovo."
"Dos 8 aos 14 anos foi uma fase de grandes sacrifícios. Eu tinha uma vida eucarística cotidiana, pela convicção de achar que Deus estava ali."
"Aos 14 anos, a religião católica, as figuras de Gandhi, Nitzche, Marx e Paulo de Tarso predominavam no meu espírito."
"Quando completei 16 anos, fui filha de Maria e comecei a busca da Arte. Exercitava o ato religioso.
A época que acreditava em Deus foi tão verdadeira, quanto a época que não mais acredito."
"Eu e minha irmã Ana íamos visitar o Santíssimo nas horas em que Ele estava sozinho. Nós fazíamos adoração a Jesus. Não podíamos dizer palavrão, beijar namorado depois das 22 h. Não comíamos nada após a meia-noite porque íamos comungar no dia seguinte.
Não foi a toa que passei doze anos fazendo psicanálise."
"Pensei em ir para um convento. Cheguei a ser noviça. Mas, não poderia dançar, nem desenhar ou fazer teatro. Desisti. Não quis ser mais freira. Fui Filha de Maria e da Ação Católica. Resolvi me preparar para ser artista plástica."
"Em 1948 eu tinha 16 anos quando senti que expor meus trabalhos era um ato de amor para o povo. Acreditava e acredito até hoje."
Fonte: Texto de Maria Tereza Vieira, publicado em Centro de Artes Maria Tereza Vieira. Consultado pela última em 7 de outubro de 2024.
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Centro de Arte Maria Teresa Vieira | Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro
Conhecida pela dedicação em prol das artes e pelos inusitados métodos de ensino, a artista plástica e arte-educadora Maria Teresa Vieira (1932-1998) contribuiu para a formação de vários artistas, sempre estimulando a capacidade criativa dos alunos para que eles encontrassem sua própria expressão artística. Durante seus 50 anos de carreira, realizou várias exposições, recebeu prêmios, pintou inúmeras telas e escreveu várias reflexões. Esse conjunto de obras compõe um rico acervo que está sendo restaurado.
Generosa e seguindo sua missão de educadora nata, muitas vezes ensinava arte fornecendo os materiais de pintura aos alunos. Caso o aluno não pudesse pagar, as aulas eram permutadas por serviços no ateliê.
Na década de 80, seus alunos fizeram uma campanha para conseguir um local onde ela pudesse morar e ter um ateliê-escola e, em 1986, o prefeito Marcelo Alencar disponibilizou uma casa antiga que estava em ruínas. O imóvel foi restaurado com a ajuda de doações de empresas e de muitos amigos, alunos e artistas. Após a conclusão das obras, em 1989, foi inaugurado oficialmente o Centro de Arte Maria Teresa Vieira, que permanece em plena atividade no mesmo local até hoje.
O Centro oferece cursos e oficinas de artes. Atualmente são 16 opções, tais como técnicas de desenho, escultura, pintura, cerâmica de baixa e alta temperatura, música e história da arte, entre outros. Os preços são acessíveis e ninguém fica sem aula. Se o aluno não puder pagar, poderá permutar as aulas por serviços prestados à instituição.
O Instituto Maria Teresa Vieira (IMTV) atende hoje 60 alunos de diversas faixas etárias. É possível agendar uma primeira aula sem compromisso e sem pagar nada. Para os artistas-mirins é oferecida a Oficina de Criatividade (desenho, música e teatro), realizada aos sábados, das 10h às 13h.
O Centro de Arte Maria Teresa Viana também conta com uma galeria de arte — o Salão Rogério Steinberg — onde são realizadas exposições de artistas contemporâneos.
Tanto o Instituto quanto o Centro de Arte são atualmente comandados por um dos filhos da artista, Arnaldo Vieira de Alancastre, que também é produtor cultural, músico e compositor, comprovando que herdou da mãe o talento para as artes.
O Centro de Arte também realiza eventos de música, encontros poéticos, lançamentos literários e festas temáticas, que costumam acontecer às sextas e/ou sábados. O ingresso pode ser gratuito ou não, e a programação é divulgada na imprensa ou na fan page oficial no Facebook.
Como sempre sonhou sua fundadora, a casa é ponto de encontro para a expressão artística, em suas formas mais variadas e ecléticas, e está sempre de portas abertas para visitação e para acolher novos talentos e amantes das artes.
Fonte: Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro, "Centro de Arte Maria Teresa Vieira". Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
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Por que Maria Teresa é importante para o Rio de Janeiro? | Benfeitoria
Pioneira da inclusão social e da educação inclusiva através da arte no Brasil, Maria Teresa rompe com os métodos tradicionais de ensino e faz da arte um agente transformador, de sensibilização, expressão e autoconhecimento.
Em suas palavras, define:
"com o objetivo de propiciar a capacidade criadora, dando aulas em grupo com tratamento individualizado, sem interferência na criação do aluno e com respeito ao seu processo particular, incentivando a pesquisa interior, a sua bagagem pessoal e valorizando a importância de canalizá-la em busca da sua expressão artística e de vida."
Antecedendo as políticas públicas de inclusão social, desde a década de 1950 e 60 no bairro de Santa Teresa, e nas décadas seguintes no Jardim Botânico, em Botafogo, Laranjeiras e Centro da Cidade, Maria Teresa cria métodos de ensino e contribui na formação de várias gerações de artistas.
Recebe crianças, jovens e adultos de todas as classes sociais, com um programa de bolsas e permutas que levaria por toda vida, dando acesso à arte a todos indiscriminadamente.
Alunos com necessidades sociais e especiais, psicomotoras, são integrados naturalmente nas turmas e o processo artístico funciona também como suporte terapêutico, confirmando-se aquilo que dizia:
“Acredito que através da arte o homem possa se encontrar. É como se ele conhecendo o material, possa conhecer a si mesmo. Ele traçando a linha, está traçando a sua linha. E no continuar, ele vai resolvendo, dando soluções para suas coisas.”
Biografia
Maria Teresa Vieira nasce em 30 de Outubro de 1932 em Maceió - Alagoas, filha de Antídio, um funcionário público e de Dorinha, uma dona de casa.
Desde cedo mostra-se carismática, corajosa, irreverente, original, impetuosa, contestadora e generosa. Rompe com o conservadorismo patriarcal ao se lançar ao mundo das artes aos 17 anos com a convicção de que a arte lhe traria tudo. E não estava errada, trouxe.
O processo se inicia com sete anos de idade, quando começa a desenhar e pintar, com 14 se aprofunda nos estudos com dois mestres alagoanos e dois anos depois conclui o ensino médio e faz sua primeira exposição individual em 1949.
Em reconhecimento ao seu talento, a Câmara de Vereadores de Maceió lhe concede uma bolsa de estudos para cursar a Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro a partir do ano seguinte, onde tem como professores os grandes mestres Georgina de Albuquerque, Henrique Cavaleiro e Edson Mota, e pessoalmente, Cândido Portinari como um conselheiro.
Paralelo aos estudos, a partir de 1950, Maria Teresa classifica-se periodicamente ao Salão de Arte Moderna, o que lhe confere reconhecimento precoce, bem como em meados da década a ilustrar poemas e crônicas nas revistas da época como Fon Fon, O Cruzeiro, Fatos e Fotos e a dar aulas em grupo em seu ateliê-residência no bairro de Santa Teresa.
Passa a ser admirada por grandes personalidades como Carlos Drummond de Andrade (que lhe rascunha, entre outros, o magistral poema sete faces, trocando Carlos por Teresa: "Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra, disse: Vai Teresa, ser gauche na vida".
Além de Drummond, trava amizade com Fayga Ostrower (“minha bússola”), Nise da Silveira (conterrânea alagoana), Ziraldo, Geny Marcondes, Edino Krieger, Augusto Rodrigues, Aurélio Buarque de Holanda, Edna Savaget, Fernando Pamplona, Sérgio Bernardes, Rubem Braga, Darel, Djanira, Billy Blanco, Adir Botelho, Walmir Ayala, Martha Pires Ferreira, entre tantos outros que a apoiaram em sua trajetória profissional.
Incessante, Maria Teresa produz mais de oito mil obras em 50 anos de arte e 65 de vida. Em 1963 é contemplada com o prêmio Isenção de Júri e, em 1967, com o I Prêmio de Viajem ao País no Salão de Arte Moderna, impulsiona sua vasta carreira com exposições, projetos e palestras, difundindo a arte-educação em universidades e instituições brasileiras.
No final da década de 1950, ministrou aulas em seu ateliê-residencia no alto de Santa Teresa, e em sua oficina de serigrafia artística na Escola de Belas no centro da cidade, tranferida anos depois para o prédio da UNE na Praia do Flamengo e destruída no incêndio ao prédio no dia do golpe militar de 1964, quando interrompe seu ativismo político.
Em 1968, casada e com três filhos, muda-se para o Jardim Botânico onde transforma seu ateliê numa escola-oficina de arte em duas casas geminadas, produzindo, além de exposições periódicas, turmas de vários níveis de suas aulas de técnicas variadas da pintura e do desenho, e uma grade de vários cursos de outras linguagens convidando artistas para darem aulas de cerâmica, escultura, fotografia, xilogravura, gravura em metal, história de arte, expressão corporal, expressão da palavra...
As décadas de 1970 e 80 foram de intensa produção, além de suas exposições e de coordenar e ministrar aulas, Maria Teresa dirige um grupo de atividades artísticas infantis formado por seus alunos, entre eles seus filhos.
O Centro de Arte Maria Teresa Vieira
Em reconhecimento a sua contribuição sociocultural à cidade, além de dar seu nome a uma rua e um abrigo, a Prefeitura do Rio de Janeiro lhe concede uma casa na tradicional Rua da Carioca, para servir de centro de arte e atelier-residência.
A casa estava em ruínas, mas ali, em mais um ímpeto de desafio, vislumbrou a sede do Centro de Arte Maria Teresa Vieira, no centro da cidade.
Em 1986, inicia essa parceria público-privada apoiada por educadores, artistas, alunos e vários setores da sociedade civil, para a reconstrução do antigo casarão e inaugura em 1989 o Centro de Arte dando continuidade à sua residência-escola de arte.
A inauguração contou com a presença do então prefeito Marcelo Alencar, dos deputados Roberto D’ávila e Sérgio Arouca, a Dra Clara e o Dr. Jacob Steinberg da Construtora Servenco, patrocinadora da reconstrução, além de Roberto Curi, da sociedade dos amigos da Rua da Carioca, e amigos, parceiros, apoiadores, artistas e estudantes.
O Centro de Arte foi a instituição privada pioneira na revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro e, integrado ao corredor cultural da Rua da Carioca e Praça Tiradentes teve suas fachadas restauradas tombadas pelo INEPAC.
Além da continuidade da sua escola/oficina de arte, retoma a atividade de curadora e galerista, que havia feito entre 1968 e 1974 no Jardim Botânico, a produção de exposições de artistas novos e experientes do cenário profissional, agora no centro histórico onde convergem os movimentos artísticos de toda a cidade, do Estado, do país e do exterior.
A continuação do projeto de arte-educação
Os filhos dão continuidade as atividades do centro de arte e em 2004, seguem carreira solo e Arnaldo assume e cria uma sociedade civil de artistas e educadores com o propósito de preservar e divulgar a obra e o legado da artista, assim como fortificar projetos de apoio ao estudante e ao profissional das artes, passando a incentivar e promover com mais ênfase as demandas contemporâneas de expressões artísticas populares de grupos, coletivos, movimentos, companhias e instituições de Direitos Humanos.
Hoje, a frente do SOS Acervo Maria Teresa Vieira, Arnaldo reúne o apoio de todos para recuperar o acervo reunido e implantar um salão permanente para exposição de sua vida, obra e legado, bem como reestruturar o espaço com manutenções emergenciais e melhorias básicas.
Fonte: Benfeitoria. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.
Crédito fotográfico: Imagem extraída do Instagram do Centro de Arte Maria Tereza Vieira. Consultado pela última vez em 7 de outubro de 2024.